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LUCIRENE VITÓRIA GÓES FRANÇA
MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY: um
estudo de caso para a indústria automobilística
Sorocaba
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LUCIRENE VITÓRIA GÓES FRANÇA
MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL UTILIZANDO A TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY: um estudo de caso para a
indústria automobilística
Dissertação de Mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação
em Ciências Ambientais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” – Campus de Sorocaba - na Área de Concentração
Diagnóstico, Tratamento e Recuperação Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. José Arnaldo Frutuoso Roveda
Co-Orientador: Prof. Dr. Admilson Irio Ribeiro
Sorocaba 2014
3
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Unesp
Câmpus Experimental de Sorocaba
França, Lucirene Vitória Góes. Modelo de avaliação de impacto ambiental utilizando a teoria dos conjuntos fuzzy: um estudo de caso para a indústria automobilística / Lucirene Vitória Góes França, 2015. 104 f. : il. Orientador: José Arnaldo Frutuoso Roveda Coorientador: Admilson Írio Ribeiro Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista. Câmpus Experimental de Sorocaba, Sorocaba, 2015. 1. Impacto ambiental - Avaliação. 2. Conjuntos difusos. 3. Sistemas difusos. I. Universidade Estadual Paulista. Câmpus Experimental de Sorocaba. II. Título.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. José Arnaldo Frutuoso Roveda (Orientador)
Departamento de Engenharia Ambiental
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Campus de Sorocaba
Profa. Dra. Neli Regina Siqueira Ortega Faculdade de Medicina
Universidade Estadual Paulista – USP
Prof. Dr. Gerson Araújo de Medeiros Departamento de Engenharia Ambiental
UNESP – Universidade Estadual Paulista
Campus de Sorocaba
Sorocaba, 13 de Fevereiro de 2015.
3
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Carmen Lúcia Góis França e José da Costa França, pelo carinho e dedicação. Não há palavras suficientes para
agradecer-lhes por tudo de bom que ambos fizeram e ainda fazem por
mim.
Ao amor da minha vida, Jonas Caçador Cavalca de Barros, pelo
carinho, paciência e dedicação. Tê-lo ao meu lado tornou minha
caminhada mais suave e me deu forças para seguir em frente.
Às minhas irmãs, Jeanice, Luciene (a Lu da minha casa) e
Lucilene (Vivi), e aos meus oito sobrinhos, pelo carinho e alegria
mesmo nos momentos mais difíceis e fatigantes.
Aos meus amigos, Amanda, Carolina (Carol), Vinicius (Bene) e
Giovanna (Gi), que tenho orgulho de dizer que são minha família, pois o
carinho e apoio incondicional tornaram possível superar mais esta etapa
da minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
À UNESP - Univ Estadual Paulista, na pessoa do diretor do
Campus de Sorocaba, Prof. Dr. André Henrique Rosa.
Ao Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, na
pessoa do coordenador Prof. Dr.Leonardo Fernandes Fraceto.
Aos docentes do Programa de Pós-graduação em Ciências
Ambientais.
Ao Prof. Dr. José Arnaldo Frutuoso Roveda, pela dedicação, pela
amizade e pela paciência sempre.
À Profa. Dra. Sandra Regina Monteiro Masalskiene Roveda, pelo
apoio, amizade e dedicação.
Ao Prof. Dr. Admilson Írio Ribeiro, pela paciência e disposição em
esclarecer os termos ambientais.
Ao amigo e companheiro Adriano Bressane pelo convívio fraterno,
apoio e dedicação.
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9
1 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) ........................................................ 13
1.1 HISTÓRICO ........................................................................................................................ 13
1.2 AIA NO BRASIL ................................................................................................................. 14
2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................ 18
2.1 MÉTODOS DE ANÁLISE ..................................................................................................... 18
2.2 INSTRUMENTOS LEGAIS .................................................................................................... 19
3 TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY ........................................................................... 27
3.1 HISTÓRICO ........................................................................................................................ 27
3.2 DEFINIÇÕES ...................................................................................................................... 29
3.2.1 Variáveis Linguísticas .......................................................................................... 32
3.3 SISTEMA DE INFERÊNCIA FUZZY ....................................................................................... 34
4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 37
4.1 ESCOLHA DO EIA/RIMA DA EMPRESA AUTOMOBILÍSTICA ............................................... 37
4.1.1 Aspectos Descritivos do EIA/RIMA da empresa automobilística .................. 38
4.2 PARTICIPAÇÃO DOS ESPECIALISTAS ................................................................................. 44
4.3 DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA BASEADO EM REGRAS FUZZY (SBRF) ...................... 45
4.3.1 Primeiro Sistema - SBRF1: Significância .......................................................... 46
4.3.2 Segundo Sistema – SBRF2: Relevância .......................................................... 49
5 RESULTADOS .............................................................................................................. 53
5.1 DESENVOLVIMENTO DOS SISTEMAS BASEADOS EM REGRAS FUZZY .............................. 53
5.1.1 Primeiro Sistema: Significância .......................................................................... 54
5.1.2 Segundo Sistema: Relevância............................................................................ 57
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................................. 62
6.1 PRIMEIRO SISTEMA: SIGNIFICÂNCIA ................................................................................. 62
6.2 SEGUNDO SISTEMA: RELEVÂNCIA .................................................................................... 62
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 64
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 65
ANEXO 1 – DESCRIÇÃO DOS IMPACTOS PARA CADA MEIO E FASE DE
OCORRÊNCIA COM AS ATIVIDADES POTENCIALMENTE CAUSADORAS .................. I
ANEXO 2 – DEFINIÇÃO E LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA PARA
AUXÍLIO NOS VALORES A SEREM ATRÍBUIDOS À VARIÁVEL MAGNITUDE ..... XXVIII
França L V G. Modelo de avaliação de impacto ambiental utilizando a teoria dos conjuntos fuzzy: um estudo de caso para a indústria automobilística [dissertação]. Sorocaba (SP): Pós-Graduação em Ciências Ambientais, UNESP – Universidade Estadual Paulista; 2015.
RESUMO
O processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) surgiu na década de 1960, nos EUA e começou a ser utilizado no Brasil, a partir da década de 1970, principalmente para fins de licenciamento ambiental. É composto por um conjunto de procedimentos utilizados para prever, recuperar e/ou mitigar os danos causados ao meio ambiente. Estudos para a otimização desse processo são feitos frequentemente de forma a buscar ferramentas que auxiliem na tomada de decisão e agilização na liberação de licenças ambientais. Os principais métodos utilizados para a previsão e avaliação de impactos são: listas de verificação, matrizes e redes de interação, superposição de mapas e modelos de simulação. Esta dissertação apresenta uma metodologia que aplica a Teoria dos Conjuntos Fuzzy para ser utilizada no processo de AIA. A intenção é mostrar uma ferramenta que auxilie na análise de impacto ambiental e/ou possibilite que a mesma seja realizada de forma mais abrangente. A partir dos parâmetros Duração, Temporalidade, Reversibilidade e Magnitude, apresentados na matriz de avaliação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de um empreendimento automobilístico, construiu-se dois sistemas baseados em regras para determinar a Significância e a Relevância dos impactos. Os resultados foram bastante significativos de modo que o uso da metodologia mostrou-se bastante interessante por fazer uma análise integrada dos parâmetros, o que geralmente não acontece nos EIAs que fazem análise de forma fragmentada sem esclarecer a forma de agregação das variáveis.
Palavras-chave: Avaliação de Impacto Ambiental. Modelagem Matemática. Teoria dos Conjuntos Fuzzy. Sistemas Fuzzy.
França L V G. Environmental impact assessment model using the fuzzy set theory: a case study for the automotive industry. [dissertation] Sorocaba (SP): Environmental Sciences Graduate Program, UNESP - São Paulo State University; 2015.
ABSTRACT The process of Environmental Impact Assessment (EIA) emerged in the 1960s, in US and began to be used in Brazil, from the 1970s, mainly for environmental licensing. It consists of a set of procedures used to predict, recover and / or mitigate the damage caused to the environment. Studies for the optimization of this process are often made in order to seek tools that help in decision making and speeding up the release of environmental licenses. The main methods used for prediction and assessment of impacts are: checklists, interaction matrices, interaction networks, overlay maps and simulation models. This work presents a methodology that applies the Fuzzy Set Theory to be used in the EIA process. The intention is to show a tool to assist in the environmental impact assessment and / or allows it to be carried out more widely. From the parameters: duration, temporality, reversibility and Magnitude, presented in the impact assessment matrix of the Environmental Impact Statement (EIS) of an automobile enterprise, was built two rules-based systems to determine the significance and relevance of impacts. The results were very significant so that the use of the methodology demonstrated much interesting to make integrated analysis of the parameters, which usually not occur in EIAs because these make analysis a fragmented way without explaining the form of aggregation of variables. Keywords: Environmental Impact Assessment. Mathematical Modeling. Fuzzy Set Theory. Fuzzy systems.
INTRODUÇÃO
No final da década de 1960, surge nos EUA a Avaliação de
Impacto Ambiental (AIA), que apresenta múltiplas definições na literatura
especializada. Segundo Moreira (1985) e Sánchez (2008), a AIA é
entendida como um processo composto por um conjunto de
procedimentos utilizados para prever, recuperar e/ou mitigar os danos
causados ao meio ambiente. No Brasil, está vinculada ao licenciamento
ambiental de qualquer obra ou atividade que implique na degradação
ambiental. Esse processo começou a ser realizado a partir da década de
1970, mas somente nos anos 80, após a aprovação pelo Congresso
Nacional do projeto de lei sobre Política Nacional do Meio Ambiente, em
31 de agosto de 1981, e confirmada com o art. 225 da Constituição
Federal de 1988, ela passou a fazer parte da legislação brasileira.
Com a exigência dos processos de AIA para o licenciamento
ambiental de empreendimentos, métodos de avaliação foram criados e
estão em contínuo processo de aperfeiçoamento. Selecionar o método
adequado depende da finalidade e objeto de análise, podendo, muitas
vezes, haver a combinação de dois ou mais métodos de acordo com a
especificidade do que será avaliado.
A perspectiva multidisciplinar vinculada aos mecanismos de AIA
desencadeia grandes desafios na busca de integrar, de maneira clara, os
diferentes instrumentos, procedimentos e pontos de vista, na investigação
de cada processo. Além disso, em geral, grande parte dos fatores
ambientais são de natureza qualitativa e exigem avaliações com base no
julgamento humano, o que acaba por caracterizar o mecanismo de AIA
como um processo bastante complexo, com incertezas e subjetividades
que emergem dos julgamentos realizados.
10
É justamente nesse ponto que as pesquisas sobre AIA e Teoria de
Conjuntos Fuzzy, também idealizada na década de 1960, se entrelaçam
na tentativa de encontrar métodos que possam auxiliar a tomada de
decisão por parte dos órgão responsáveis por liberação de licenças e
certificação.
Ao trabalhar com problemas de classificação de conjuntos cuja
transição é feita de forma suave, isto é, não abrupta, Lofti A. Zadeh em
1964, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, apresenta a Teoria de
Conjuntos fuzzy e publica essa ideia em 1965 (ZADEH, 1965), sendo este
trabalho o marco do início do desenvolvimento da Teoria de Conjuntos
Fuzzy. Zadeh propõe uma extensão da Teoria de Conjuntos Clássica,
onde a classificação de um elemento como pertencente ou não a um
determinado conjunto é muito bem definida pela função característica.
Porém, para situações onde esta classificação não está bem definida,
Zadeh propõe a função de pertinência, cuja imagem deixa de ser o
conjunto {0,1}, da função característica, para ser o intervalo [0,1], fazendo
com que os elementos possam pertencer parcialmente a um
determinado conjunto. (ORTEGA, 2001).
Alguns pesquisadores da área de Avaliação Ambiental têm
utilizado a Teoria dos Conjuntos Fuzzy em suas propostas. Dentre eles
podemos citar Phillis e Andriantiatsaholiniaina (2001) e Phillis e Davis
(2009), que partindo do fato de que a sustentabilidade é um conceito
difuso, emprega o raciocínio fuzzy para criar um índice de
sustentabilidade ambiental para empresas e países de vários continentes.
Pislaru e Trandabat (2012) utilizou a lógica fuzzy para avaliar o impacto
ambiental no funcionamento de uma empresa automobilística na
Romênia. Em seu trabalho são utilizados indicadores para água, solo e
água na fase de operação da empresa para gerar um índice de
sustentabilidade. Aqui a intenção é criar um indicador que possa orientar
quanto a tomada de decisão com relação às ações que precisam ser
11
realizadas para mitigar, compensar ou maximizar os impactos levantados
no processo de AIA.
No Brasil, a abordagem fuzzy nos estudo de AIA também tem sido
aplicada a setores específicos como avaliação de paisagem (FRANÇA et
al., 2014), estudo para melhor localização de aterros sanitários
(MALUTTA, 2004), avaliação de atividades agropecuárias (FERNANDES,
et. al., 2002), avaliação de usinas de grande porte (MELO, 2009, STAMM,
2003), entre outros.
Nesta dissertação, a proposta é fazer uma classificação dos
impactos quanto à sua relevância, desde a fase de planejamento até a
sua operação, comparando os impactos apresentados nos documentos
Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) - EIA/RIMA - de uma empresa automobilística, discutindo o que foi
considerado mais relevante em relação as medidas compensatórias,
mitigadoras e potencializadoras.
Para esclarecer o desenvolvimento desta proposta metodológica, é
apresentado no capítulo 1, o histórico e a descrição de como é feito o
processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
O capítulo 2 apresenta os principais documentos requeridos para o
processo de AIA e os instrumentos legais que norteiam a elaboração
desses.
No capítulo 3, é apresentado o histórico da Teoria de Conjuntos
Fuzzy e algumas possíveis aplicações dentro do panorama mundial.
A metodologia aplicada para o desenvolvimento da proposta
apresentada se encontra no capítulo 4.
Os resultados da implementação dessa metodologia em um
empreendimento automobilístico e as principais discussões sobre o uso
da ferramenta são apresentadas no capítulo 5.
No capítulo 6, Conclusões, mostra o quanto a Teoria de Conjuntos
Fuzzy pode auxiliar na melhoria da análise dos diferentes impactos,
levantados em um processo de Avaliação de Impacto Ambiental,
12
auxiliando na tomada de decisão por parte dos órgãos responsáveis pelo
licenciamento ambiental e também os elaboradores de EIA.
Através da relevância obtida, é possível fazer uma análise dos
impactos significativos e abrangentes, colocando o conhecimento de
especialistas em uma ferramenta que trabalha muito bem com termos
qualitativos e quantitativos, por meio de conjuntos cuja fronteira nem
sempre é bem definida.
A metodologia é interessante por dar suporte às análises de
impacto, uma vez que no EIA/RIMA a avaliação é feita de forma
fragmentada e a proposta aqui apresentada faz uma análise integrada
para a determinação dos impactos mais significativos e abrangentes.
1 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)
1.1 Histórico
A partir da década de 60, nos países industrializados, e em alguns
em desenvolvimento, iniciou-se um movimento visando à conscientização
da sociedade acerca da rápida evolução da degradação ambiental
decorrente, entre outros fatores, do contínuo crescimento urbano e do uso
desordenado de recursos naturais.
O processo de AIA se iniciou nos EUA com os movimentos
ambientalistas em 1969, que conseguiram que o Congresso instituísse o
“National Environmental Policy Act” (NEPA), que começou a vigorar em 1º
de janeiro de 1970. Essa lei passou a nortear todas as propostas de
ações, projetos e legislações que afetassem o meio ambiente por meio de
princípios e objetivos claros, de forma a se obter informações detalhadas
a respeito dos danos causados ao meio ambiente e como poderiam ser
recuperados ou mitigados (MOREIRA, 1985).
Nessa lei foi exigido que a avaliação passasse a ser feita de modo
sistemático e interdisciplinar, desenvolvendo métodos e procedimentos,
com detalhamento por parte de um responsável a respeito dos impactos
ambientais da proposta, alternativas de ação, relação entre uso e
manutenção do local do projeto e responsabilidade sobre o
comprometimento com relação aos impactos irreversíveis (IAIA, 1999).
Como parte da lei (NEPA), foi criada a instituição “Council on
Environmental Quality” (CEQ) - Conselho de Qualidade Ambiental, que
tinha por função principal assegurar que as implicações das ações sobre
o ambiente sejam levadas em conta antes do processo decisório (CEQ,
2014). Essa instituição tem por obrigação publicar um relatório anual, em
que consta a forma como a NEPA é aplicada e desenvolvida em vários
14
setores. Esse conselho publicou no relatório de 1973 diretrizes para a
elaboração do “Environmental Impact Statement” (EIS) – Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) que teve seu primeiro modelo baseado em
checklists (CEQ, 1973).
A partir de 1975, devido às pressões de organizações
ambientalistas, os grandes órgãos financeiros internacionais,
principalmente o Banco Mundial, começaram a exigir que os países que
pretendiam conseguir financiamento para projetos adotassem o processo
de AIA em seus planos de governo (MOREIRA, 1985).
Procurando maior clareza nos processos de AIA, a International
Association for Impact Assessment (IAIA, 1999) estabelece os objetivos
da avaliação de impacto ambiental:
1. Assegurar que as condições ambientais sejam
explicitamente tratadas e incorporadas ao processo
decisório;
2. Antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos
negativos relevantes biofísicos, sociais e outros;
3. Proteger a produtividade e a capacidade dos
sistemas naturais, assim como os processos
ecológicos que mantêm suas funções;
4. Promover o desenvolvimento sustentável e
aperfeiçoar o uso e as oportunidades de gestão de
recursos.
1.2 AIA no Brasil
Embora, no Brasil, a década de 70 tenha sido marcada pela
expansão econômica e territorial, através de grandes investimentos
15
governamentais como a rodovia Transamazônica e a barragem de Itaipu,
a avaliação de impacto ambiental ficou postergada para a década de 80.
Os primeiros estudos, como o caso da hidrelétrica de Tucuruí, em 1977,
foram elaborados por um único profissional e não influenciaram a decisão
de realizar o projeto, visto que as obras já estavam em andamento. No
entanto, em 1978, um Plano de Trabalho Integrado para Controle
Ambiental serviu como orientação na adoção de medidas mitigadoras
(SÁNCHEZ, 2008).
O processo de AIA passa a fazer parte da legislação brasileira,
após a aprovação, pelo Congresso, do projeto de lei sobre Política
Nacional do Meio Ambiente, em 31 de agosto de 1981, e confirmada com
o art. 225 da Constituição Federal de 1988, conforme já mencionado
anteriormente.
Como afirma Sánchez (2008), a lei deu ao Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA) uma série de atribuições entre as quais se
estabeleceu que:
dentro do processo de avaliação de impacto ambiental, o proponente do projeto deveria apresentar dois documentos, preparados por equipe técnica multidisciplinar independente:
� O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e � O Relatório de Impacto Ambiental (Rima), documento
destinado à informação e consulta pública e que, por tal razão, deve ser escrito em linguagem não-técnica e trazer conclusões do EIA.”(p. 66).
No Brasil, o processo de AIA é vinculado ao licenciamento
ambiental, sendo inicialmente de competência estadual e transferido para
o Poder Municipal através do artigo 6º da resolução nº 237/97 do
CONAMA. Essa transferência, segundo Basso e Verdum (2006), trouxe
alguns agravantes para a realização de fiscalização no procedimento de
licenciamento: a falta de técnicos capacitados, os poucos recursos
financeiros e condições precárias de infraestrutura impossibilitaram que o
processo de licenciamento fosse realizado de forma satisfatória.
16
Os critérios e diretrizes gerais do processo de AIA são
apresentados na resolução Conama 1/86, sendo de acordo com Sánchez
(2008, p. 101 - 102):
� Triagem: é feita por meio de uma lista positiva (Art. 2º); � Determinação do escopo: cabe ao órgão licenciador
definir “instruções adicionais” para a preparação dos estudos de impacto ambiental (Art. 6º);
� Elaboração do EIA e do RIMA: estabelece conteúdo mínimo e diretrizes e define que a responsabilidade pela execução é de uma equipe multidisciplinar habilitada (Arts. 5º, 6º, 7º, 8º e 9º)
� Análise técnica do EIA: prazo de manifestação do órgão licenciador (Art. 10);
� Consulta pública:o RIMA deve ser acessível ao público e, se for o caso, promoção de audiência pública para apresentação e discussão do RIMA (Art. 11);
� Decisão: Cabe aos “órgão ambientais competentes” (Art. 4º);
� Acompanhamento e monitoramento: “atividade técnica” exigida para o estudo de impacto ambiental. (Art. 6º, IV).
Dessa forma, o processo de AIA para uma proposta pode ser
generalizado de acordo com o esquema da Figura 1.
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Figura 1 - Esquema resumido norteador do Licenciamento Ambiental
Fonte: Adaptado de Sanchez (2008)
2 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
Uma das etapas cruciais do processo de AIA é o estudo de impacto
ambiental, pois nele se faz as análises dos impactos identificados e dos
que poderão surgir com a implantação dos projetos, norteando as
decisões principais com relação às ações de mitigação ou compensação
dos impactos.
2.1 Métodos de Análise
Muitos métodos foram desenvolvidos para o estudo de impacto
ambiental. Segundo Moreira (1985), os primeiros métodos criados foram
as check-lists (listas de verificação), que tinham como função enumerar
os indicadores de impacto de determinados fatores ambientais, sem
considerar as relações de causa e efeito, tal como fazem as matrizes de interação, entre as quais a mais utilizada é a Matriz de Leopold que
atribui magnitude e grau de importância dos impactos. No entanto, tais
matrizes avaliam apenas os efeitos diretos, desconsiderando os efeitos
secundários e a dinâmica dos sistemas ambientais.
Assim, pensando em melhorar esse aspecto, surgiram as redes de interação que estabelecem relações do tipo causas-condições-efeitos,
permitindo retratar, a partir do impacto inicial, o conjunto de ações que o
desencadeou direta ou indiretamente (PIMENTEL e PIRES, 2013). Dessa
maneira, por meio de mapas e diagramas, constrói-se um histórico das
ações causadoras do impacto e identificam os que são adversos sem
associá-los ao grau de importância.
19
Outro método é o “overlay mapping” (superposição de mapas)
que envolve técnicas cartográficas que são utilizadas na
localização/extensão de impactos, na determinação de aptidão e uso de
solos, na resolução de áreas de relevante interesse ecológico, cultural,
arqueológico, sócio-econômico, em zoneamentos e gerenciamentos
ambientais. Estas cartas se interagem para produzir uma síntese da
situação ambiental em determinadas áreas geográficas, favorecendo a
representação visual. (GONÇALVES, 2007). Atualmente sua utilização se
tornou muito popular devido ao avanço de softwares de para análise de
informação geográficas (SIG).
Há ainda, os modelos de simulação que procuram, através de
modelos matemáticos, representar a estrutura e o funcionamento dos
sistemas ambientais, sem deixar de lado as relações existentes entre os
fatores físicos, biológicos e socioeconômicos (MOREIRA, 1985).
Como estudos utilizando a Teoria dos conjuntos fuzzy, podemos
citar Kaya e Kahraman (2011) que utilizam a técnica AHP-Fuzzy em uma
abordagem de avaliação de impacto ambiental no contexto do
planejamento urbano; Liu e Lai (2009) que propõem um quadro de apoio
à decisão integrada aplicando a lógica fuzzy em EIAs de projetos de
construção, entre outros.
2.2 Instrumentos legais
No Brasil, apesar do termo estudos ambientais ter a sua definição
na Resolução nº 237/97 da Conama em seu Art. 1º, inciso III, vários
estudos já eram realizados e regulamentados pela resolução Conama
01/86 e complementados por muitos decretos dos órgãos estaduais e
municipais.
20
De acordo com a Resolução nº 237/97 da Conama em seu Art. 1º,
inciso III:
“Estudos Ambientais: são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.”
Assim, os estudos técnicos necessários para o licenciamento pode
variar de acordo com a natureza do projeto. De acordo com Sánchez
(2008) temos uma série de estudos, com diversas aplicações que são
previstos na legislação brasileira:
� Estudo prévio de impacto ambiental: De acordo
com Diniz (2014) é uma avaliação realizada por
equipe multidisciplinar da área onde se tem a
intenção de fazer a instalação de
empreendimentos de significativa degradação
ambiental e foi instituído através da Constituição
Federal, Art. nº 225,§1º, inciso IV. As diretrizes
com relação ao conteúdo mínimo e requisitos
técnicos foram determinados pela Resolução
Conama nº 01/86;
� Estudo de impacto ambiental (EIA): Goulart e
Callisto (2003) afirmam que o EIA é um
instrumento de política ambiental, que busca a
consideração dos impactos ambientais de
projetos, buscando a participação pública e
adotando medidas que eliminem ou mitiguem
esses impactos. Essa afirmação se completa
21
com a Resolução SMA – 54 de 2004, que
declara que o EIA é composto por estudos
técnicos e científicos desenvolvidos por equipe
multidisciplinar que, além de oferecer
instrumentos para a análise da viabilidade
ambiental avalia sistematicamente as
consequências consideradas causadoras de
significativa degradação do meio ambiente,
propondo medidas mitigadoras e/ou
compensatórias com vistas à sua implantação
(BRASIL, 2004). É exigido para licenciamento de
atividades modificadoras do meio ambiente
como as exemplificadas no Art. 2º da Resolução
Conama nº 01/86;
� Relatório de impacto ambiental (RIMA): O RIMA
é um documento que reflete as conclusões do
EIA e deve ser apresentado de forma clara e
objetiva, de forma que se possa entender as
consequências ambientais do empreendimento
(BRASIL, 2004) e o seu conteúdo mínimo é
apresentado no Art. 9º da Resolução Conama nº
01/86;
� Projeto Básico ambiental (PBA): É um
documento que contém de forma detalhada os
programas socioambientais propostos no estudo
ambiental prévio para obter licença de instalação
de projetos do setor elétrico, determinado pela
Resolução Conama nº 06/87;
� Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
(PRAD): o Decreto Federal nº 97.632/89
regulamenta o inciso VIII do artigo 2º da Lei n°
22
6.938/81 e determina que o PRAD deve ser
composto por um conjunto de ações para a
recuperação da área afetada por todos os
projetos de mineração e deve ser incorporado no
EIA de novos projetos (BRASIL, 1989);
� Plano de Controle Ambiental (PCA): Este estudo
determina quais medidas devem ser executadas
para que um projeto viabilizado cause menos
danos ao ambiente. É exigido para obtenção de
licença de instalação de projetos de mineração,
com diretrizes determinadas pela resolução
Conama nº 09/90, instalação de projetos de
irrigação, pela Resolução Conama nº 286/01 e
licença de operação para produção de petróleo e
gás, pela Resolução Conama nº23/94;
� Relatório de Controle Ambiental (RCA): É o
documento norteador das ações mitigadoras
propostas no PCA, visando solucionar os
problemas detectados. É exigido para obtenção
de licença de instalação de projetos de extração
de bens minerais para uso na construção civil,
com suas diretrizes definidas pela Resolução
Conama nº10/90 e Licença prévia para
perfuração de petróleo pela Resolução Conama
nº23/94 (BRASIL, 2004);
� Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA): é um
documento que contêm a avaliação de todas as
particularidades da área em que se deseja
instalar um empreendimento, permitindo ter as
melhores alternativas locacionais. É exigido na
obtenção de licença prévia para o estudo de
23
viabilidade econômica de campo petrolífero com
diretrizes dadas pela Resolução Conama
nº23/94;
� Relatório de Avaliação Ambiental (RAA): Este
documento apresenta um diagnóstico ambiental
da área onde já foi implantado um
empreendimento, descrição de novos ou
ampliação e medidas mitigadoras considerando
a introdução de outros empreendimentos. De
acordo com Sanchez (2008), a Resolução
Conama nº23/94 declara que este documento é
exigido para obtenção de licença de instalação
para perfuração de poços de petróleo;
� Estudo de Viabilidade de Queima (EVQ): Este
documento é exigido para licenciamento de co-
processamento de resíduos em fornos de
fabricação de cimento e apresenta os dados
sobre a geração do resíduo e da planta dos
fornos. As diretrizes para a sua elaboração são
definidas nas Resoluções Conama nº 264/99 e
CONSEMA nº 02/00;
� Plano de Encerramento: Consiste em determinar
a existência de eventual contaminação e
consequente remediação e recuperação do meio
ambiente, caso haja necessidade de
descontaminação (SANCHEZ, 2008). É exigido
para desativação de postos de combustíveis, e
suas diretrizes são determinadas pela Resolução
Conama nº 273/00;
� Relatório ambiental Simplificado (RAS): De
acordo com a Resolução Conama 279/01, o
24
RAS é composto pelos estudos relativos aos
aspectos ambientais do empreendimento,
apresentados como subsídio para a concessão
da licença prévia requerida, e deve apresentar
informações relativas ao diagnóstico ambiental
da região de inserção do empreendimento. É
exigido para obtenção de licença prévia para
projetos do setor elétrico de pequeno potencial
de impacto ambiental, com suas diretrizes de
elaboração definidas pela mesma resolução
(BRASIL, 2012);
� Plano de Emergência Individual: É definido na
Resolução Conama nº 398/08, como sendo um
conjunto de documentos com informações e
descrição dos procedimentos de resposta no
caso de incidente de poluição por óleo,
decorrente das atividades do empreendimento.
É exigido para licenciamento de portos
organizados, instalações portuárias, terminais,
dutos, plataformas e instalações de apoio e suas
diretrizes são apresentadas na Resolução
Conama nº 398/08.
� Planos de Contingência e Plano de Emergência:
De acordo com Brasil (2012), a Resolução
Conama nº 316/02 afirma que estes são
obrigatórios no licenciamento de unidades de
tratamento térmico de resíduos e têm a
finalidade de identificar as respostas para um
conjunto de situações de emergência, tendo
suas diretrizes determinadas pela mesma
resolução;
25
� Plano de Desativação: Suas diretrizes de
elaboração são determinadas pela Resolução
Conama nº 316/02, e é obrigatório para
encerramento de atividades em unidades de
tratamento térmico de resíduos (BRASIL, 2012);
� Relatório Ambiental Preliminar (RAP): De acordo
com Kirchhoff (2004), a objetivo principal do RAP
é verificar se há a necessidade ou não da
elaboração de um EIA/RIMA. Suas diretrizes
foram elaboradas pela Secretaria do Meio
Ambiente de São Paulo para instruir
requerimentos de licenciamento ambiental de
projetos que possam causa impactos
significativos, apresentadas na Resolução SMA-
SP nº 42/94 (BRASIL, 1994);
� Estudo Ambiental Simplificado (EAS): Tendo
suas diretrizes elaboradas pela Secretaria do
Meio Ambiente de São Paulo, através da
Resolução SMA-SP nº 54/04 tem como
finalidade analisar e avaliar as consequências
ambientais de atividades e empreendimentos
considerados de impactos ambientais muito
pequenos ou não significativos (BRASIL, 2004);
� Estudo de Análise de Riscos (EAR): De acordo
com a Norma Técnica CETESB P 4.261/03,
revisada em 2011, EAR é um estudo quantitativo
de risco de um empreendimento, onde são
apresentados os perigos decorrentes de
substâncias inflamáveis e/ou tóxicas para o meio
ambiente e entorno da instalação industrial, e
26
mostra a necessidade de elaboração do PGR e
PAE (BRASIL, 2011);
� Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR):
É o documento que define a política e diretrizes
de um sistema de gestão, com vista à prevenção
de acidentes em instalações ou atividades
potencialmente perigosas (BRASIL, 2003). Suas
diretrizes de elaboração são determinadas pela
Norma Técnica CETESB P 4.261/03, revisada
em 2011 (BRASIL, 2011);
� Plano de Ação de Emergência (PAE): Este
documento têm suas diretrizes de elaboração
criadas pela CETESB para o licenciamento de
atividades industriais perigosas na Norma
Técnica CETESB P 4.261/03, revisada em
2011e sua finalidade é definir as
responsabilidades, diretrizes e informações,
visando a adoção de procedimentos técnicos e
administrativos, estruturados de forma a
propiciar respostas rápidas e eficientes em
situações emergenciais (BRASIL, 2011);
� Plano de Desativação: Apresenta a situação
ambiental existente e, se for o caso, informa a
necessidade das medidas de restauração e de
recuperação da qualidade ambiental das áreas
que serão desativadas ou desocupadas. Exigido
para o encerramento de projetos sujeitos ao
licenciamento, cujas diretrizes são apresentadas
no Decreto Estadual SP nº 47.400/02.
3 TEORIA DOS CONJUNTOS FUZZY
Neste capítulo encontra-se um resumo da Teoria dos Conjuntos
Fuzzy, começando pelo histórico, passando por suas ferramentas,
operações e finalizando com algumas possíveis aplicações.
3.1 Histórico
De acordo com Cesar, Machado e Oliveira (2006), em 1920, Jan
Lukasiewicz apresenta uma expansão da lógica binária, a partir das
dificuldades encontradas para trabalhar com problemas complexos,
envolvendo situações mais realistas, onde 1 é verdadeiro, 0 é falso e 1/2
é possível.
Em 1964 Lofti Askar Zadeh, com a mesma intenção, apresenta, na
Universidade da Califórnia, uma proposta de extensão da lógica clássica
em que a pertinência dos elementos em um conjunto deixa de possuir
apenas dois valores (1 quando pertence ou 0 quando não pertence) e
passa a ter graus de pertinência em um intervalo que vai de 0 (não
pertinência) a 1 (pertinência total), fazendo com que um elemento possa
pertencer parcialmente a um determinado conjunto (ORTEGA, 2001).
Segundo Ortega (2001), a extensão da função característica para a
função de pertinência no intervalo [0, 1] deu origem aos conjuntos fuzzy e
possibilitou a utilização de variáveis linguísticas, tornando possível a
exploração do conhecimento empírico no desenvolvimento de muitos
sistemas.
28
Em 1974, o professor Ebrahim Mamdani publicou um relato de
aplicação prática utilizando lógica fuzzy, em um motor a vapor construído
em laboratório (MAMDANI, 1974); no ano seguinte juntamente com o
professor Sedrak Assilian, de Londres, desenvolve o sistema em escala
industrial, publicando o trabalho intitulado “An experiment in linguistic
synthesis with a fuzzy logic controller”, onde descrevem o sucesso da
utilização da lógica fuzzy para converter regras de controle humano de
uma máquina a vapor em “uma estratégia de controle automático”
(MAMDANI e ASSILIAN, 1975).
A partir daí, a teoria dos conjuntos fuzzy foi ganhando espaço para
pesquisas em diversas aplicações, culminando na criação, da
International Fuzzy Systems Association (IFSA) - Sociedade Internacional
de Sistemas Fuzzy, em 1984, que se dedica ao suporte, desenvolvimento
e promoção das questões fundamentais da teoria Fuzzy.
A Teoria de Conjuntos Fuzzy tem sido utilizada como ferramenta
para aplicação em vários setores, inclusive agregando ferramentas já
existentes como redes neurais. Podemos citar o livro “Foundations of
Neuro-Fuzzy Systems”, que reflete a tendência em pesquisa de sistemas
inteligentes para a integração de redes neurais e lógica fuzzy além de
mostrar como a combinação de ambas as técnicas melhora o
desempenho de sistemas de controle, tomada de decisão e análise de
dados. (NAUCK, KLAWONN e KRUSE, 1997)
Mapas cognitivos, que segundo De Carvalho (2001), é uma rede
neural mais simplificada, também podem ser integrados à lógica fuzzy
para Modelação e Simulação da Dinâmica de Sistemas Qualitativos.
Em Simões (2005) são apresentadas algumas aplicações de
modelos de análise multivariada fuzzy ou cluster.
Em 2014 foi publicado o livro “Fuzzy Social Choice Models:
Explaining the Government Formation Process” que explora o quanto a
lógica fuzzy pode superar algumas das lacunas da teoria da escolha
29
pública, especialmente no caso das preferências sociais. (CASEY et. al.,
2014).
3.2 Definições
Na Teoria de Conjuntos Clássica, podemos definir um conjunto
pela função característica, que indica quais elementos são membros, ou
não, de um conjunto. Por exemplo:
Um conjunto A, pertencente ao conjunto universo U, é definido por
sua função característica:
��(�) = �1, �� � ����� �� � ∈ 0, �� � ����� �� � ∉ (1)
onde x é um elemento de U.
Na teoria dos conjuntos fuzzy, existe um grau de pertinência para
cada elemento em um determinado conjunto, que é representado por uma
função de pertinência.
De acordo com Barros e Bassanezi (2006):
Definição 1: A função de pertinência de um conjunto fuzzy
ordinário F é denotada por:
μ�: X → [0,1] (2)
onde, � denota um conjunto universo que pode ser um conjunto clássico
e �, um conjunto fuzzy, subconjunto de �. Para cada � ∈ �, o valor μ�(x)
indica o grau de pertinência do elemento � no conjunto fuzzy �, sendo
que para ��(�) = 0, x não pertence ao conjunto e µF(x) = 1 indica que x
pertence completamente.
30
Definição 2: Um subconjunto fuzzy F é composto de elementos x
de um conjunto clássico X, providos de um valor de pertinência a F, dado
por µF(x). Pode-se dizer que um subconjunto fuzzy F de X é dado por um
conjunto (clássico) de pares ordenados:
F = ��x, μ�(x)�, x ∈ X� (3)
As funções de pertinência mais utilizadas são a triangular
��(�) =⎩⎪⎨⎪⎧ 0 �� � ≤ ��!"
#!" �� � < � ≤ $�!%#!% �� $ < � ≤ &
0 �� � ≥ & (4)
e a trapezoidal
��(�) =⎩⎪⎨⎪⎧
�!"%!" �� � ≤ � < &
1 �� & ≤ � ≤ *+!�+!- �� * < � < .0 *��� *��/á/2�
(5)
Existem três operações padrões de conjuntos fuzzy: intersecção
(operador e), união (operador ou) e complementar (operador negação).
De acordo com essas operações, dados dois ou mais conjuntos fuzzy,
estes produzem novos conjuntos fuzzy, dados por:
Definição 3: Sejam F e G subconjuntos fuzzy de X.
A intersecção padrão entre F e G é o subconjunto de X dado pela
função de pertinência:
31
μ(�∩4)(x) = min5∈6 {μ�(x), μ4(x)} (6)
A união padrão entre F e G é o subconjunto fuzzy de X cuja função
de pertinência se denota por:
μ(�∪4)(x) = max5∈6 {μ�(x), μ4(x)} (7)
O complementar do subconjunto F é o subconjunto fuzzy F’ de X
em que a função de pertinência é dada por:
μ�8(x) = 1 − μ�(x), onde x ∈ X (8)
As funções F e G e as operações definidas estão representadas na Figura
2.
Figura 2 – Curvas das funções F e G e suas operações: a) funções F e G; b)
intersecção; c) união; d) complementar.
32
Fonte: Próprio Autor
3.2.1 Variáveis Linguísticas
De acordo com Ganga, Carpinetti e Politano (2011) Variável
Linguística é uma variável cujo valor é expresso qualitativamente por
termos linguísticos (que fornecem um conceito à variável) e
quantitativamente por uma função de pertinência, o que entra em
consenso com Gomide, Gudwin e Trancheit (1995) que afirmam que uma
variável linguística é uma variável cujos valores são nomes de conjuntos
fuzzy.
Como exemplo, podemos citar a variável “Temporalidade” - período
que leva para que o impacto seja desencadeado. Esta variável é
composta pelos valores (medidos em anos): Imediato (I); Curto Prazo (C);
Médio Prazo (M); Longo Prazo (L) que são conjuntos fuzzy com as
funções de pertinência mostradas a seguir (Figura 3).
a)
b)
c)
d)
33
Figura 3 – Variável Linguística Temporalidade
Fonte: Próprio Autor
Assim, de acordo com Pedrycz e Gomide (1998) podemos
formalizar a definição de variável linguística da seguinte forma:
Definição 4: Uma variável linguística é caracterizada por uma
quíntupla denotada por:
<N, δ(N), X, G, M>
em que:
N é o nome da variável,
δ(N) é o conjunto de termos de N cujos elementos são dados por
valores linguísticos,
X é o intervalo de variação de δ(N),
G é a gramática utilizada para gerar o nome de N,
M é a regra semântica para associação de medida para cada valor
do conjunto δ(N).
Desta forma, voltando ao exemplo inicial, tem-se que a variável
linguística “Temporalidade” (N = T), pode ter os seus valores atribuídos
34
pelos termos linguísticos: Imediato, Curto Prazo, Médio Prazo e Longo
Prazo (δ(T) = {Imediato, Curto Prazo, Médio Prazo, Longo Prazo}). O
domínio X da variável é o suporte que varia de 0 a 12 anos, G é
substantivo, pois temporalidade é um substantivo relacionado ao tempo
de desencadeamento do impacto e cada termo linguístico tem a ele
associado regras semânticas que constroem cada um dos conjuntos fuzzy
M(δ), ou seja, (M(Imediato), M(Curto Prazo), M(Médio Prazo) e M(Longo
Prazo)) que caracteriza a variável Temporalidade, conforme ilustrado na
Figura 3.
3.3 Sistema de Inferência Fuzzy
Um sistema baseado em regras utiliza-se do conhecimento
empírico ou teórico, de alguém especializado em determinado assunto,
que tem por objetivo auxiliar na solução de problemas, tornando-se assim
um sistema de apoio à tomada de decisão. Tal conhecimento humano é
armazenado em regras, formando uma Base de Regras, que são então
processadas por algum método de inferência. No caso dos Sistemas
Baseados em Regras Fuzzy, os elementos que compõem estas regras
são conjuntos fuzzy e o método de inferência utiliza a Lógica Fuzzy para a
realização dos cálculos. Desta forma, os sistemas baseados em regras
oferecem saídas para cada uma das entradas fuzzy e os sistemas que
utilizam o método de inferência tipo Mamdani possuem, basicamente,
quatro etapas: fuzzificação, base de regras, sistema de inferência e
defuzzificação ilustradas na figura 4.
Figura 4 - Sistema Baseado em Regras Fuzzy
35
Fonte: Próprio Autor
A etapa de fuzzificação envolve todo o processo de definição das
variáveis de entrada e de saída, assim como das funções de pertinência
que transformam um valor numérico de uma variável em uma grade de
pertinência para um conjunto fuzzy que descreva uma possível
propriedade dessa variável. A participação do especialista é muito
importante nesta etapa.
A Base de Regras, segunda etapa do processo também depende
do conhecimento e participação do especialista. Inclui a aplicação de
operadores para múltiplos antecedentes e de métodos de implicação
desses antecedentes para o consequente, ou múltiplos consequentes
quando for o caso, em cada uma das regras.
De acordo com Almeida e Evuskoff (2003), uma regra geralmente é
formada de duas partes principais:
SE <antecedente> ENTÃO <consequente>
O antecedente é composto por condições e o consequente é
composto por um conjunto de ações, diagnósticos, ou apenas
classificações.
O módulo de inferência fuzzy, que juntamente com a base de
regras, compõe o que chamamos “Núcleo do Controlador fuzzy”, avalia,
36
matematicamente, as informações subjetivas definidas na base de regras.
(ROVEDA; ROVEDA; LOURENÇO, 2012).
É basicamente dessa parte que dependerá o sucesso do sistema,
pois irá gerar as saídas fuzzy para a etapa seguinte. As regras “se-então”,
explicadas anteriormente, são definidas pelo produto cartesiano fuzzy dos
conjuntos fuzzy que compõem o antecedente e o consequente da regra.
O Método de Mamdani agrega essas regras utilizando o operador ou, ou
seja, operador máximo, e em cada uma das regras é utilizado o operador
e, operador mínimo.
Um exemplo de regra deste modelo pode ser:
SE Magnitude é Muito Pequena E Significância é Média
ENTÃO Relevância é Pouco Relevante
A defuzzificação, quarta e última etapa do Sistema, pode ser
descrita como o processo inverso da fuzzificação, pois consiste em
transformar a saída fuzzy em um número real. Entre os métodos de
defuzzificação mais conhecidos, têm-se: centro de gravidade, centro dos
máximos, média dos máximos. O método mais utilizado é o centro de
gravidade que se assemelha à média ponderada para distribuição de
dados, porém os pesos são valores 9�(�;), indicando o grau de
compatibilidade do xi com a modelagem do conjunto fuzzy F. (BARROS e
BASSANEZI, 2006).
4 METODOLOGIA
O desenvolvimento da proposta metodológica apresentada nesta
dissertação consiste em construir sistemas baseados em regras fuzzy
para classificar impactos quanto à relevância, visando auxiliar a tomada
de decisão por parte dos órgãos responsáveis pela liberação de licenças
ambientais, utilizando-se como estudo de caso a implantação de uma
indústria automobilística.
Assim, temos uma descrição de como são compostos os principais
documentos utilizados na avaliação de impactos ambientais (EIA/RIMA), o
método utilizado na consulta aos especialistas e como esses dois fatores
se combinam para a construção da ferramenta fuzzy, para a obtenção da
classificação dos impactos.
4.1 Escolha do EIA/RIMA da empresa automobilística
Para o presente trabalho, foi selecionado o EIA/RIMA da empresa
automobilística Toyota do Brasil por estar instalada na cidade de
Sorocaba e pela facilidade de acesso aos documentos, uma vez que
estes estão disponíveis on-line na biblioteca da CETESB.
Assim, é apresentada a seguir, uma síntese do conteúdo dos
documentos principais que nortearam o processo de AIA da empresa
(EIA/RIMA) contendo os dados que serviram de base para a aplicação da
proposta metodológica apresentada nesta dissertação.
38
4.1.1 Aspectos Descritivos do EIA/RIMA da empresa automobilística
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi realizado pela empresa de
consultoria ECP-LENC (ECP Sistemas Ambientais e Administração de
Bens LTDA) e contou com uma equipe técnica de 34 especialistas, com 1
Engenheiro Civil e 1 Engenheiro Químico como responsáveis técnicos, 2
Gestores Ambientais responsáveis pela Caracterização e
Sustentabilidade do Empreendimento, 3 Geólogos, 1 Tecnólogo em
Gestão Ambiental, 1 Biólogo, 3 Engenheiros Civil, sendo 1 especializado
em Segurança do Trabalho, 1 Engenheiro Eletricista e Segurança do
Trabalho e 1 Engenheiro Ambiental responsáveis pela avaliação do meio
Físico. Para a avaliação do meio Biótico temos como responsáveis 7
Biólogos, 1 Engenheiro Florestal, 1 Gestor Ambiental e 1 Ecólogo. Para o
meio antrópico, que envolve os meios Socioeconômico e Arqueologia,
temos 1 Sociólogo, 2 Geógrafos, 1 Advogado, 3 Arqueólogos, 1
Historiador, 1 Técnólogo em Gestão Ambiental e 1 Desenhista.
O documento contém 571 páginas divididas em 13 capítulos.
Dentre eles, os capítulos oito e nove são o foco da proposta desta
dissertação, pois tratam do diagnóstico ambiental e impactos ambientais,
respectivamente.
Para a elaboração do EIA, o território foi dividido em três partes,
definidas como Áreas de Abrangência:
� Área de influência Indireta (AII): região que
poderá ser afetada indiretamente pelo ambiente;
� Área de Influência Direta (AID): região que
poderá sofrer os impactos decorrentes do
empreendimento;
� Área Diretamente Afetada (ADA): corresponde a
área que será ocupada pelo empreendimento.
39
No oitavo capítulo do EIA, realizou-se um diagnóstico para o qual
foram feitos levantamentos e estudos de campo e laboratoriais de acordo
com os meios Físico, Biótico, Socioeconômico e Arqueologia, para a
análise dessas áreas.
O estudo realizado para o meio Físico levou em consideração os
seguintes parâmetros: Clima, Qualidade do Ar, Geologia, Geomorfologia,
Geotecnia, Pedologia, Recursos Hídricos Superficiais, Qualidade da água
superficial, Recursos Hídricos Subterrâneos e Disponibilidade Hídrica,
balanço hídrico, ruídos, relevo/declividade e Qualidade do Solo.
Para o estudo e entendimento do meio Biótico foram analisados:
Vegetação, Fauna no Contexto Regional, Avifauna, Mastofauna,
Herpetofauna, Ictiofauna, Liminologia, Fitoplancton, Caracterização da
Vegetação, Caracterização e delimitação das áreas de preservação
permanente (APP), Intervenções na vegetação e nas áreas de
preservação permanente, Unidades de Conservação, Áreas de interesse
conservacionista e corredores ecológicos.
Considerando o meio Socioeconômico, foram analisados os
seguintes parâmetros: Histórico, Uso e Ocupação, Perfil Demográfico,
Perfil Socioeconômico da População e Atividade Econômica, Indicadores
de Qualidade de Vida e Infraestrutura Social, Uso do Solo, Análise da
Dinâmica Econômica, Estrutura Urbana, Legislação Incidente e
Organização Social.
Por fim, o meio Arqueologia foi analisado através de diagnóstico
regional e análise do potencial arqueológico.
O capítulo nove apresenta os levantamentos dos impactos
causados, obtendo-se uma matriz de avaliação a partir de vários
parâmetros e/ou atributos e suas definições apresentados na Tabela 1 e
descritos na sequência:
40
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42
Fase – Etapas de desenvolvimento do empreendimento que são
classificadas como: Planejamento (P), Implantação (I) e Operação (O).
Neste trabalho as fases foram consideradas separadamente, fazendo o
estudo individual dos impactos para cada uma delas.
Natureza – É a natureza do impacto, ou seja, consiste em
classificar os impactos como benéficos ou adversos, sendo definida como
Positiva (P) ou Negativa (N).
Ordem – É definida como sendo a forma como decorre da ação
geradora, podendo ser Direta (D) (relação de causa e efeito da ação
geradora) ou Indireta (I) (relação secundária). Não utilizamos esse critério
e/ou parâmetro na metodologia, pois a análise dos impactos independe
da ordem.
Magnitude – De acordo com o EIA, está diretamente relacionada
com a intensidade do impacto em face de um determinado fator ambiental
ou área de ocorrência definido em sua abrangência espacial. Nesta
dissertação consideramos, após discussão com especialistas, a avaliação
deste critério através da área de abrangência dos impactos. Foi
classificada em Pequena (P) para áreas que variam de 0 a 5000 ha,
Média (M) para áreas de 400 a 100000 hectares e Grande (G), para áreas
a partir de 50000. Os valores onde os conjuntos entrelaçam são os
valores de transição onde os graus de pertinência variam entre 0 e 1.
Significância – Segundo o EIA estudado, a significância está
relacionada à avaliação do impacto, frente a outros impactos e quadro
ambiental e está classificada em Baixa (B), Média (M) e Alta (A). Para
este parâmetro, foi feita uma análise da Significância agregando os
critérios duração, temporalidade e reversibilidade em um Sistema
Baseado em Regras Fuzzy.
Abrangência Espacial – É definida como a área de abrangência do
impacto, sendo classificada por Área de Influência Indireta (AII), Área de
Influência Direta (AID) e Área Diretamente Afetada (ADA). Este critério foi
43
utilizado para auxiliar a construção dos conjuntos fuzzy do critério
Magnitude.
Duração – Este critério está relacionado à permanência dos efeitos
do impacto ao longo do tempo, sendo classificado no EIA como
Temporário (T) - quando o impacto ocorre em período de tempo definido,
cessando após a realização de determinada ação, ou Permanente (P) -
quando desencadeado, atua durante e além da vida útil do
empreendimento. Este parâmetro irá compor a análise da significância,
uma vez que pode influenciar diretamente na importância do impacto
analisado.
Ocorrência – Foi definida no EIA pela distinção do impacto com
relação à probabilidade de acontecer o impacto e foi classificada como
Certa (C), Provável (P) ou Existente (E). Esse critério não entrou no
escopo do trabalho, uma vez que no estudo foram analisados apenas os
impactos relacionados com o empreendimento, ou seja, a ocorrência foi
classificada como certa para todos os impactos apresentados.
Temporalidade ou Prazo de Ocorrência – Classificado como
Imediato (I), Curto Prazo (C), Médio Prazo (M) e Longo Prazo (L), está
relacionado ao período em que o impacto será desencadeado. Este
parâmetro compõe a análise da significância, uma vez que a
temporalidade pode afetar a importância do impacto analisado.
Reversibilidade – Este critério é diretamente relacionado à
possibilidade de reverter a alteração ambiental ocorrida por meio da
adoção de medidas, sendo classificado em Total (T), Parcial (P) e
Praticamente Nula (PN). Este também é um parâmetro que influencia a
análise da importância do impacto, portanto foi utilizado como variável de
entrada no sistema que determina a Significância.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) estudado para o
desenvolvimento desta dissertação contém 136 páginas, divididas em 11
capítulos, e o foco, nesse caso, foram os capítulos 6 a 8, que descrevem
44
o diagnóstico ambiental, os impactos estudados, medidas tomadas, plano
de gestão e conclusões em relação à viabilidade do empreendimento.
O diagnóstico ambiental, tema do capítulo 6, apresenta um resumo
do que foi feito em relação aos parâmetros analisados para cada uma das
áreas, de acordo com cada meio.
No capítulo 7, Impactos Ambientais, foram feitos os levantamentos
das atividades causadoras de impacto em cada uma das fases do
empreendimento, dos procedimentos metodológicos para a avaliação
ambiental, e da identificação e balanço geral dos impactos, formando uma
das bases para a discussão dos resultados apresentada adiante.
Foram apresentadas, no capítulo oito, as medidas mitigadoras,
compensatórias e potencializadoras. As duas primeiras visam atenuar e
compensar os impactos negativos identificados e a última tem a função de
otimizar e/ou ampliar os efeitos dos impactos benéficos.
Para o desenvolvimento do trabalho, considerou-se os meios
Físico, Biótico e Antrópico, sendo este último o conjunto dos meios
Socioeconômico e Arquelogia.
4.2 Participação dos especialistas
Neste trabalho contamos com a participação de oito especialistas
(1 Engenheiro Agrícola, 2 Agrônomos, 2 Engenheiros Ambiental, 1
Biólogo, 2 Matemáticos) para a construção dos conjuntos fuzzy,
determinação da base de regras e para a ponderação dos termos
qualitativos apresentados na matriz de avaliação de impactos
apresentada no EIA em valores numéricos.
Essa participação ocorreu através de reuniões em que se baseou
no princípio da técnica Delphi, um método utilizado para estimar a
probabilidade e o impacto de acontecimentos futuros e incertos, onde um
45
grupo de peritos é consultado para auxiliar na identificação de riscos e
suposições de premissas a eles associados, e cada um, individualmente,
apresenta suas estimativas e premissas para um facilitador, que analisa
os dados e emite um relatório de síntese. Em seguida, os membros do
grupo discutem a analisam o relatório de síntese e, também de forma
individual, apresentam novas estimativas e premissas, agora atualizada e
influenciada pela opinião dos demais participantes. Este processo
continua até que todos os participantes cheguem a um consenso
(MARTINO, 1993).
Para esta dissertação, os especialistas receberam explicações de
como se constrói um conjunto fuzzy e quais os conceitos a serem
utilizados para cada um dos parâmetros e impactos apresentados no EIA,
utilizado como estudo de caso.
Com base no que foi levantado no estudo do EIA/RIMA e nas
reuniões com os especialistas, foi possível desenvolver dois sistemas
baseados em regras para obter a classificação dos impactos com relação
à relevância.
4.3 Desenvolvimento do Sistema Baseado em Regras Fuzzy (SBRF)
Para a classificação dos impactos, levando em consideração todas
as fases do empreendimento, foram desenvolvidos dois sistemas
baseados em regras, que utilizam o Método de Inferência de Mamdani e o
centroide como método de defuzzificação, conforme mostra a Figura 4.
46
Figura 2 - Esquema simplificado para obtenção da classificação dos impactos
Fonte: Próprio Autor
4.3.1 Primeiro Sistema - SBRF1: Significância
Esse sistema determina a Significância utilizando como parâmetros
de entrada: Duração, Temporalidade e Reversibilidade. Através da
colaboração dos especialistas foram construídas 24 regras (Tabela 2) que
determinam as condições para obtenção da significância. Para quatro
destas regras não há uma saída válida, uma vez que ficou determinado
junto aos especialistas que um impacto irreversível não pode ser
temporário.
A fuzzificação das variáveis de entrada e saída são explicadas a
seguir de acordo com suas funções de pertinência.
A variável Duração foi determinada em função de > , onde > =?(;@A"-?B)
?("çãB) , sendo t(impacto) o tempo de duração do impacto e t(ação) o
tempo de duração da atividade (aspecto) que o causa, medidos em anos
e é representada na Figura 5.
47
Tabela 2 – Base de Regras para determinação da Significância
A variável Temporalidade, ou Prazo de Ocorrência é determinada
em anos e suas funções de pertinência são mostradas na Figura 3 que se
encontra no capítulo 3.
SAÍDADuração Temporalidade Reversibilidade Significância
Total Muito baixaParcial Muito baixaIrreversivelTotal Muito baixaParcial Muito baixaIrreversivelTotal baixaParcial baixaIrreversivelTotal moderadaParcial moderadaIrreversivelTotal moderadaParcial moderadaIrreversivel Muito AltaTotal moderadaParcial AltaIrreversivel Muito AltaTotal moderadaParcial AltaIrreversivel Muito AltaTotal AltaParcial Muito AltaIrreversivel Muito Alta
ENTRADAS
Temporário
Permanente
Curto Prazo
Curto Prazo
Imediato
Médio Prazo
Longo Prazo
Imediato
Médio Prazo
Longo Prazo
48
Figura 5 – Variável Duração
Para a variável Reversibilidade, o domínio é dado pelo percentual
do quanto o impacto pode ser reversível, obtendo assim os seguintes
conjuntos (Figura 6).
Figura 6 – Variável Reversibilidade
Para a variável de saída,Significância, foi proposto, pelos
especialistas, que fosse uma nota de 0 a 10, conforme mostra a figura 7.
49
Figura 7 – Variável de saída: Significância
O resultado obtido nesse sistema é utilizado como uma das
variáveis de entrada do segundo sistema, para a obtenção da
classificação dos impactos quanto à sua relevância.
4.3.2 Segundo Sistema – SBRF2: Relevância
Para este sistema as variáveis de entrada são a Significância,
obtida no primeiro sistema, e a Magnitude, tendo como variável de saída
a Relevância. As condições do sistema de Inferência foram determinadas
por 15 regras que estão apresentadas na Tabela 3.
50
Tabela 3 – Base de Regras para determinação da Relevância
Os conjuntos fuzzy das variáveis são apresentados nas Figuras de
8 a 9, sendo que para aa variável Magnitude, utilizou-se o hectare como
escala e a delimitação foi feita de acordo com a área de abrangência
apresentada no EIA/RIMA do empreendimento.
51
Figura 8 – Variável de entrada: Magnitude
Neste segundo sistema a variável Significância possui a mesma
escala e fuzzificação que foi apresentada na figura 7.
A variável Relevância é a variável de saída final e representa a
classificação dos impactos quanto a sua significância e abrangência
espacial. Foi utilizada a escala de 0 a 10 e sua fuzzificação está
representada a seguir:
Figura 9 – Variável de saída: Relevância
Para a implementação dos sistemas, a matriz de avaliação
apresentada na Tabela 1 foi redefinida em fases e meios e através de
52
textos explicativos (Anexos 1 e 2), os especialistas deram valores
numéricos para cada um dos parâmetros utilizados em tabelas como a
mostrada na Tabela 4.
Foram montadas tabelas, que serão apresentadas nos resultados e
discussões, com a média dos valores determinados pelos especialistas e
os resultados obtidos nos sistemas.
Tabela 4 – Dados dos Impactos de Natureza Negativa da fase de Planejamento para o
meio Antrópico
Magnitude Significância Duração Temporalidade ReversibilidadeAlterações no padrão de Uso da Terra M B P M PNDesvalorização Imobiliária em Nível Local P B T M TRiscos de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades da Área Diretamente Afetada
M B P M T
Magnitude Significância Duração Temporalidade ReversibilidadeAlterações no padrão de Uso da TerraDesvalorização Imobiliária em Nível LocalRiscos de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades da Área Diretamente Afetada
Magnitude Significância Duração Temporalidade Reversibilidade(P) Pequena (B) Baixa (T) Temporário (I) Imediato (T) Total(M) Média (M) Média (P) Permanente (C) Curto Prazo (P) Parcial
(G) Grande (A) Alta (M) Médio Prazo (PN) Praticamente Nula
(L) Longo Prazo
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bien
tal
Legenda
Critérios
Meio AntrópicoDados Toyota
Dados EspecialistasCritérios
5 RESULTADOS
5.1 Desenvolvimento dos Sistemas Baseados em Regras Fuzzy
Foram desenvolvidos dois sistemas: o primeiro para determinação
da significância e o segundo para a classificação dos impactos quanto à
relevância.
Para tanto, ocorreram três reuniões com duração aproximada de
quatro horas, contando com a participação de oito especialistas (Figura
10), ao longo do ano de 2014, para a construção dos conjuntos fuzzy das
variáveis envolvidas e posterior desenvolvimento das Bases de Regras de
cada um dos sistemas.
Figura 10 – Foto de uma das reuniões com os especialistas
54
A primeira reunião foi explicativa, onde foi exposta a proposta do
trabalho e como funciona um sistema baseado em regras. A segunda,
através dos documentos explicativos (Anexo 1 e 2), construiu-se,
inicialmente de forma individual, os conjuntos fuzzy das variáveis de
entrada e saída e a base de regras para os dois sistemas. Após cada
especialista mostrar a sua construção discutiu-se os resultados até
chegar a um consenso dos conjuntos que seriam utilizados no sistema
(Figuras 3, 5, 6, 7, 8 e 9). Na terceira reunião, o tempo foi utilizado para
que cada especialista atribuisse valores às variáveis (Tabela 4) e para a
implementação do sistema foi calculada a média desses valores.
5.1.1 Primeiro Sistema: Significância
Este sistema foi construído com três variáveis de entrada –
Duração (Figura 5), Temporalidade (Figura 3) e Reversibilidade (Figura 6)
– e uma variável de saída - Significância (Figura 7). As variáveis foram
fuzzificadas com o auxílio do grupo de especialistas e a escala utilizada
nos conjuntos estão demonstradas conforme a Tabela 5.
Tabela 5 – Escala utilizada para a construção das variáveis
A base de regras desse sistema foi apresentada na metodologia e
apresentada na Tabela 2.
Após o processo de defuzzificação, a Significância foi avaliada de
acordo com a Figura 11 e os resultados para cada fase do
empreendimento são apresentadas nas Tabelas de 6 a 8.
Duração Conjuntos Fuzzy Temporalidade Conjuntos Fuzzy Reversibilidade Conjuntos Fuzzy Significância Conjuntos FuzzyTemporário [0 0 1 1,5] Imediato [0 0 0 1] Irreversível [0 0 0 20] Muito Baixa [0 0 1,5 2,5]Permanente [1 1,5 2,5 2,5] Curto Prazo [ 0 1 1,5 2,5] Parcial [ 0 20 80 100] Baixa [1,5 2,5 3,5 4,5]
Médio Prazo [1,5 2,5 9 11] Total [80 100 100 100] Moderada [3,5 4,5 5,5 6,5]Longo Prazo [9 11 12 12] Alta [5,5 6,5 7,5 8,5]]
Muito Alta [7,5 8,5 10 10]
Primeiro Sistema (SBRF1): Significância
55
Figura 11 – Escala com os valores após a defuzzificação da variável Significância
Fase de Planejamento Na Fase de Planejamento (Tabela 6) foram elencados dois
Impactos no meio Antrópico e foram obtidos valores baixos de
significância assm como no EIA do estudo de caso.
Tabela 6 – Fase: Planejamento – Dados de Entrada e Saída do Sistema
Fase de Implantação Para a Fase de Implantação (Tabela 7), foram previstos trinta e três
impactos, sendo oito no meio Físico (todos de natureza negativa), treze
no meio Biótico (apenas um de natureza positiva) e doze no meio
Antrópico com cinco impactos positivos.
Para os valores de Significância dos impactos na fase de
implantação, na comparação destes com os valores do estudo de caso,
os impactos do meio Físico concordaram em 37,5%, os do meio Biótico
em 23,1% e os do meio antrópico em 33,3%.
Natureza Duração Temporalidade Reversibilidade Significância SBRF1 EIAInsegurança da População Negativa 1,10 1,22 50,83 2,50 B BMobilização Social Positiva 0,69 0,68 64,17 1,06 B B
ClassificaçãoFase - Planejamento
Antrópico
ParâmetrosMeio Impacto Ambiental
56
Tabela 7 – Fase: Implantação - Dados de Entrada e Saída do Sistema
Fase de Operação Na Fase de Operação, a Tabela 8 mostra dezessete impactos:
quatro impactos no meio Físico, três no meio Biótico e dez no meio
Antrópico. Nesta fase, os impactos positivos só ocorreram no meio
Antrópico em um total de sete.
Para os valores de Significância dos impactos na fase de operação,
na comparação destes com os valores do estudo de caso, os impactos do
meio Físico coincidiram em 75%, os do meio Biótico em 33,3% e os do
meio Antrópico em 40%.
Natureza Duração Temporalidade Reversibilidade Significância SBRF1 EIAInterferência nos Processos de Dinâmica Superficial
Negativa 0,86 0,35 54,75 1,07 B M
Alteração da Qualidade do Ar Negativa 0,96 0,80 68,67 1,04 B AAlteração da Qualidade do Solo Negativa 1,08 0,77 42,83 2,61 B MAlteração da Qualidade das Águas Superficiais Negativa 1,23 0,73 73,00 4,09 M MAlteração da Qualidade das Águas Subterrêneas Negativa 1,21 0,80 73,00 3,88 B MGeração de resíduos sólidos e efluentes líquidos Negativa 1,25 0,33 72,17 4,04 M ADegradação de Áreas para Disposição de Material Excedente das Escavações e Exploração de Jazidas
Negativa 1,95 0,58 32,08 6,14 M M
Alteração dos Níveis de Ruído Negativa 0,97 0,27 66,17 1,05 B BSupressão de Vegetação Ciliar e Aquática em Áreas de Preservação Permanente
Negativa 1,78 0,13 21,08 5,30 M A
Alteração da Vegetação Ripária das drenagens Negativa 1,97 0,70 15,58 6,77 M AFragmentação do maciço florestal da microbacia Negativa 2,22 0,28 21,83 5,60 M MAlteração de Disponibilidade e/ou qualidade de recursos para a sobrevivência
Negativa 1,55 0,42 34,67 5,86 M M
Perdas de Indivíduos de Fauna Terrestre Negativa 1,77 1,66 24,67 7,00 A MPerturbações da Fauna Negativa 1,38 0,85 31,33 5,40 M BAlterações da Comunidade Aquática Negativa 1,41 0,77 41,33 5,60 M MAlterações da Comunidade Limnológica Negativa 1,41 1,88 39,67 5,30 M AModificação de Habitats da Ictiofauna Negativa 1,39 0,83 82,00 5,49 M BCriação de Habitats da Ictiofauna Positiva 1,84 0,50 4,50 7,46 A MRedução de Habitats da Fauna Negativa 2,22 0,42 63,67 5,86 M BAumento do Risco de Atropelamento de Fauna Negativa 1,60 0,30 71,00 5,64 M BAumento da Pressão de Caça Negativa 1,17 0,30 68,50 3,53 B MMobilização Social Positiva 1,10 0,97 55,50 2,55 B BAlteração do Nível de Emprego Direto e Indireto Positiva 1,55 6,92 9,33 7,96 A AImpactos na Saúde Pública Negativa 1,43 1,65 58,33 5,77 M BImpactos nas Receitas Fiscais Positiva 1,90 7,50 5,17 8,39 A AAlterações na Paisagem Negativa 2,33 6,52 8,17 8,08 A MPressão na Demanda/Oferta dos Serviços Sociais Básicos
Negativa 1,27 3,58 72,83 5,13 M B
Alterações no Padrão de Uso da Terra Negativa 2,25 3,35 4,50 8,46 A BInterrupções Temporárias e Permanentes da vias de Circulação
Negativa 1,15 0,93 64,17 3,19 B B
Riscos de Acidentes Viários nas Proximidades das Obras
Negativa 0,98 1,53 85,33 1,14 B M
Dinamização do Setor Terciário Positiva 1,46 7,42 3,83 7,99 A MAlteração no Padrão de Acessibilidade da Área Diretamente Afetada
Positiva 2,21 2,67 4,67 8,44 A B
Interferências com o Patrimônio Arqueológico Negativa 2,17 0,37 13,33 6,47 M A
ClassificaçãoFase - Implantação
Antrópico
ParâmetrosMeio Impacto Ambiental
Físico
Biótico
57
Tabela 8 – Fase Operação
5.1.2 Segundo Sistema: Relevância
O segundo sistema foi aplicado em todos os meios e fases do
empreendimento para obter a classificação dos impactos, quanto à
relevância, que é a avaliação do impacto em sua significância e
abrangência espacial.
As variáveis de entrada deste sistema são a Significância, obtida
no primeiro sistema, e a Magnitude, tendo como variável de saída a
Relevância, sendo as escalas utilizadas conforme a Tabela 9.
Tabela 9 – Escala utilizada para a construção das variáveis
Natureza Duração Temporalidade Reversibilidade Significância SBRF1 EIAAlteração da Qualidade do Solo Negativa 1,69 0,67 41,83 6,31 M MAlteração da Qualidade das Águas Superficiais Negativa 1,48 1,12 73,50 6,72 M MAlteração da Qualidade das Águas Subterrêneas Negativa 1,48 1,69 48,00 6,56 M MGeração de resíduos sólidos e efluentes líquidos Negativa 1,69 0,78 74,33 6,52 M AAfugentamento da Fauna Negativa 1,23 2,93 76,83 4,87 M BAumento do Risco de Atropelamento de Fauna Negativa 1,92 0,55 75,17 6,09 M BAumento da Pressão de Caça Negativa 1,27 0,55 76,67 4,47 M MAlteração do Nível de Emprego Direto e Indireto Positiva 1,42 8,35 8,50 7,17 A AImpactos nas Receitas Fiscais Positiva 1,98 8,52 1,83 8,77 A AAlterações no Padrão de Uso da Terra Negativa 2,10 4,77 2,67 8,67 A BDinamização do Setor Terciário Positiva 1,31 8,68 1,83 7,83 A MAumento do Grau de Atratividade para a Instalação de Atividades Comerciais e Industriais
Positiva 1,61 8,35 20,00 7,00 A A
Impacto nos Níveis de Investimento Privado Positiva 0,98 8,52 22,67 3,00 B AValorização Imobiliária em Nível Regional Positiva 0,78 4,77 11,00 3,00 B MDesvalorização Imobiliária em Nível Local Negativa 0,85 4,43 71,83 3,00 B BAlteração no Padrão de Acessibilidade da Área Diretamente Afetada
Positiva 1,96 2,35 3,50 8,57 A B
Risco de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades da Área Diretamente Afetada
Negativa 2,10 5,93 74,33 7,00 A B
ClassificaçãoFase - Operação
Antrópico
ParâmetrosMeio Impacto Ambiental
Físico
Biótico
Magnitude Conjuntos Fuzzy Significância Conjuntos Fuzzy Relevância Conjuntos FuzzyPequena [0 0 400 5000] Muito Baixa [0 0 1,5 2,5] Irrelevante [0 0 1,5 2,5]Média [400 5000 50000 100000] Baixa [1,5 2,5 3,5 4,5] Pouco Relevante [1,5 2,5 3,5 4,5] Grande [50000 100000 200000 200000] Moderada [3,5 4,5 5,5 6,5] Relevante [3,5 4,5 5,5 6,5]
Alta [5,5 6,5 7,5 8,5] Muito Relevante [5,5 6,5 7,5 8,5]Muito Alta [7,5 8,5 10 10] Fortemente Relevante [7,5 8,5 10 10]
Segundo Sistema: Relevância
58
Para fins de discussão em termos qualitativos, também criou-se
uma escala após a defuzzificação para a variável Relevância (Figura 12).
Figura 12 – Escala com os valores após a defuzzificação da variável Relevância
As matrizes de avaliação com os valores utilizados no sistema são
apresentadas nas Tabelas de 11 a 13 e utilizam para a variável
Relevância, a legenda apresentada na Tabela 10.
Tabela 10 – Legenda utilizada para a variável Relevância
Fase de Planejamento Na Fase de Planejamento (Tabela 11) os dois Impactos que
ocorreram no meio Antrópico foram classificados como Pouco Relevante.
Tabela 11 – Relevância: Fase Planejamento
Fase de Implantação Na Fase de Implantação (Tabela 12), no meio Físico, observou-se
um impacto Muito Relevante e os demais foram avaliados como Pouco
Relevante. A Degradação de Áreas para Disposição de Material
Pouco Relevante PRRelevante R
Muito Relevante MR
Relevância
Natureza Magnitude SignificânciaInsegurança da População Negativa 44980,00 2,50 3,00 PRMobilização Social Positiva 44980,00 1,06 3,00 PR
Antrópico
Meio Impacto AmbientalRelevância
ParâmetrosFase Planejamento
59
Excedente das Escavações e Exploração de Jazidas foi o impacto
classificado no sistema como Muito Relevante, já que foi avaliado como
de grande abrangência, uma vez que pode afetar áreas fora do
empreendimento. Foi avaliado no EIA com Magnitude e Significância
Média, uma vez que no documento é afirmada a não previsão do uso de
áreas de empréstimo de solo e bota-fora.
No meio Biótico, observou-se um impacto Muito Relevante, dois
classsificados como Relevante e os demais foram classificados como
Pouco Relevante.
O impacto Muito Relevante é a Alteração da Vegetação Ripária das
Drenagens e foi avaliado no EIA como sendo um impacto de grande
magnitude e alta significância.
Perturbações da Fauna, Modificação de Habitats da Ictiofauna,
Redução de Habitats da Fauna, Afugentamento da Fauna e Aumento do
Risco de Atropelamento de Fauna foram classificados como impactos
Pouco Relevante e avaliados no estudo de caso como impactos de
pequena magnitude e baixa significância.
Os impactos que obtiveram valores maiores na classificação, foram
observados no meio Antrópico. Na fase de Implantação, cinco impactos
foram classificados como Muito Relevante, quatro como Relevante e três
como Pouco Relevante.
60
Tabela 12 – Relevância: Fase Implantação
Fase de Operação
Natureza Magnitude SignificânciaInterferência nos Processos de Dinâmica Superficial
Negativa 435,50 1,07 1,02 PR
Alteração da Qualidade do Ar Negativa 435,50 1,04 1,02 PRAlteração da Qualidade do Solo Negativa 435,50 2,61 3,00 PRAlteração da Qualidade das Águas Superficiais Negativa 711,85 4,09 3,21 PRAlteração da Qualidade das Águas Subterrêneas Negativa 711,85 3,88 3,21 PRGeração de resíduos sólidos e efluentes líquidos Negativa 435,50 4,04 3,03 PRDegradação de Áreas para Disposição de Material Excedente das Escavações e Exploração de Jazidas
Negativa 605138,90 6,14 8,18 MR
Alteração dos Níveis de Ruído Negativa 435,50 1,05 1,02 PRSupressão de Vegetação Ciliar e Aquática em Áreas de Preservação Permanente
Negativa 188,90 5,30 3,00 PR
Alteração da Vegetação Ripária das drenagens Negativa 604950,25 6,77 9,00 MRFragmentação do maciço florestal da microbacia Negativa 213,80 5,60 3,23 PRAlteração de Disponibilidade e/ou qualidade de recursos para a sobrevivência
Negativa 620,77 5,86 3,90 PR
Perdas de Indivíduos de Fauna Terrestre Negativa 213,33 7,00 5,00 RPerturbações da Fauna Negativa 1441,50 5,40 3,50 PRAlterações da Comunidade Aquática Negativa 189,10 5,60 3,23 PRAlterações da Comunidade Limnológica Negativa 188,94 5,30 3,00 PRModificação de Habitats da Ictiofauna Negativa 596,34 5,49 3,10 PRCriação de Habitats da Ictiofauna Positiva 596,10 7,46 5,10 RRedução de Habitats da Fauna Negativa 213,81 5,86 3,75 PRAumento do Risco de Atropelamento de Fauna Negativa 605,85 5,64 3,49 PRAumento da Pressão de Caça Negativa 596,10 3,53 3,07 PRMobilização Social Positiva 44980,00 2,55 3,00 PRAlteração do Nível de Emprego Direto e Indireto Positiva 104908,00 7,96 8,91 MRImpactos na Saúde Pública Negativa 2638,90 5,77 4,63 RImpactos nas Receitas Fiscais Positiva 44980,00 8,39 8,73 MRAlterações na Paisagem Negativa 2638,90 8,08 6,98 RPressão na Demanda/Oferta dos Serviços Sociais Básicos
Negativa 44980,00 5,13 5,00 R
Alterações no Padrão de Uso da Terra Negativa 4084,60 8,46 8,37 MRInterrupções Temporárias e Permanentes da vias de Circulação
Negativa 4084,60 3,19 3,00 PR
Riscos de Acidentes Viários nas Proximidades das Obras
Negativa 4084,60 1,14 2,65 PR
Dinamização do Setor Terciário Positiva 44980,00 7,99 7,88 MRAlteração no Padrão de Acessibilidade da Área Diretamente Afetada
Positiva 4084,60 8,44 8,31 MR
Interferências com o Patrimônio Arqueológico Negativa 2638,90 6,47 5,89 R
Antrópico
Meio Impacto Ambiental
Físico
Biótico
Fase ImplantaçãoParâmetros
Relevância
61
Todos os impactos do meio Físico (Tabela 13) ocorrem também na
Fase de Implantação, mas obtiveram valores diferentes de relevância,
deixando claro que que há uma diferença de avaliação entre as fases de
ocorrência do impacto.
No meio antrópico, seis dos dez impactos analisados foram
classificados como Muito Relevante, dois (Valorização Imobiliária em
Nivel Regional e Risco de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades
da Área Diretamente Afetada) foram classificados como Relevante e
Impacto nos Níveis de Investimento Privado e Desvalorização Imobiliária
em Nível Local foram classificados como Pouco Relevante.
Tabela 13 - Relevância: Fase Operação
Natureza Magnitude SignificânciaAlteração da Qualidade do Solo N 435,50 6,31 4,60 RAlteração da Qualidade das Águas Superficiais N 435,50 6,72 5,02 RAlteração da Qualidade das Águas Subterrêneas N 711,85 6,56 5,16 RGeração de resíduos sólidos e efluentes líquidos N 435,50 6,52 5,02 RAfugentamento da Fauna N 1441,50 4,87 3,50 PRAumento do Risco de Atropelamento de Fauna N 605,85 6,09 4,29 RAumento da Pressão de Caça N 596,10 4,47 3,10 PRAlteração do Nível de Emprego Direto e Indireto P 104908,00 7,17 9,00 MRImpactos nas Receitas Fiscais P 44980,00 8,77 9,00 MRAlterações no Padrão de Uso da Terra N 4084,60 8,67 8,52 MRDinamização do Setor Terciário P 44980,00 7,83 7,58 MRAumento do Grau de Atratividade para a Instalação de Atividades Comerciais e Industriais
P 24124,60 7,00 7,00 MR
Impacto nos Níveis de Investimento Privado P 24124,60 3,00 3,00 PRValorização Imobiliária em Nível Regional P 82418,00 3,00 4,27 RDesvalorização Imobiliária em Nível Local N 4084,60 3,00 3,00 PRAlteração no Padrão de Acessibilidade da Área Diretamente Afetada
N 4084,60 8,57 8,52 MR
Risco de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades da Área Diretamente Afetada
N 4084,60 7,00 6,56 R
Antrópico
Meio Impacto Ambiental
Físico
Biótico
Fase OperaçãoParâmetros
Relevância
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
6.1 Primeiro Sistema: Significância
O primeiro sistema, relacionado à Significância, foi comparado com
os valores apresentados para Significância no EIA/RIMA do estudo de
caso.
Ficou claro que a variável Significância pode ser obtida da
agregação de outras variáveis e que a estrutura apresentada é
transparente com relação aos valores obtidos. Os documentos
apresentados para obtenção de licenças ambientais descrevem os
critérios que serão utilizados para a avaliação, explica os métodos
utilizados em campo, mas não esclarecem como foi obtida a matriz de
avaliação final.
Esse sistema apresenta uma estrutura lógica que facilita a
visualização do resultado final e oferece a oportunidade de adaptação
com relação ao empreendimento e localização.
Para esse sistema, foram realizadas cinquenta e duas avaliações
comparando com os resultados apresentados no EIA, temos
concordância de valores em 38,46% dos casos (vinte avaliações).
Obteve-se a mesma porcentagem para a qual o sistema foi mais rígido,
ou seja, apresentou valores maiores para a Significância e foi menos
restritivo em 23,08% das avaliações (12 casos).
6.2 Segundo Sistema: Relevância
63
Esse sistema foi criado para inserir uma nova variável na avaliação
de impacto, visando a classificação para auxiliar na orientação das
medidas e programas que são necessários que existam para mitigar ou
compensar os impactos adversos ou potencializar os impactos benéficos
apresentados na proposta de um empreendimento.
A Relevância foi obtida a partir da Magnitude e Significância, o que
a define como sendo a classificação do quanto um impacto pode ser
abrangente e significativo.
Como parâmetro de discussão, utilizou-se os impactos para os
quais foram adotados medidas e/ou programas ambientais. Assim, os
impactos classificados com valores maiores para a Relevância foram
observados nas Fases de Implantação e Operação, que também é
observado no RIMA (EPC, 2008, p. 119), onde foi afirmado que “as
medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras foram
determinadas para os impactos identificados nas fases de Implantação e
Operação”.
Na Fase Implantação, foram identificados como Muito Relevante,
um impacto no meio Físico, um no Biótico e cinco no Antrópico. Vale
ressaltar que desses sete impactos, quatro são positivos e nem sempre é
necessário que se tenha medidas potencializadoras, como é o caso dos
impactos Dinamização do Setor Terciário e Alteração no Padrão de
Acessibilidade da Área Diretamente Afetada.
O sistema avaliou na Fase Operação seis impactos como Muito
Relevante, todos no meio Antrópico e quatro são de natureza positiva.
Para os treze impactos classificados como Muito Relevante, foram
observadas medidas para onze.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pelo exposto, essa metodologia tem a intenção de proporcionar
uma contribuição à análise, inserindo a variável Relevância como um
indicador que possa auxiliar e/ou nortear a elaboração e avaliação dos
EIAs por parte dos órgãos responsáveis. Essa contribuição torna-se
pertinente uma vez que no primeiro sistema, entre os impactos que não
obtiveram valores coincidentes de Significância, dezoito (69,23%) foram
avaliados com valores maiores do que foi apresentado no EIA, mostrando
uma forma mais robusta de análise.
Dessa forma, os sistemas possibilitam análise integrada das
variáveis para determinar a Significância e, posteriormente, a relevância,
na forma índices que resultaram de um procedimento estruturado de
cálculo que possibilita uma padronização da avaliação de impacto. O EIA
analisa de forma fragmentada cada uma das variáveis sem esclarecer a
forma de agregação para o levantamento dos impactos mais críticos.
Assim, a proposta apresentada nesta dissertação pode servir de grande
auxílio, tanto para os elaboradores de EIA, quanto para os órgãos
responsáveis pela avaliação e tomada de decisão com relação à liberação
de licenças ambientais.
No EIA, estudo de caso selecionado (EPC, 2008 p. 508 – 545),
foram apresentadas medidas e programas ambientais para 62,5% dos
impactos levantados nessa fase.
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I
ANEXO 1 – Descrição dos Impactos para cada Meio e Fase de
Ocorrência com as Atividades Potencialmente Causadoras Descrição dos impactos para cada meio e fase de ocorrência com as atividades potencialmente causadoras Meio Físico Interferência nos processos de dinâmica superficial (erosões, escorregamentos e outros movimentos de massa) - IMPLANTAÇÃO Como processo de dinâmica superficial, entende-se principalmente, os
processos erosivos, como sulcos, ravinas e boçorocas, e de
movimentação de massa, como escorregamentos.
Atividades - Os serviços de limpeza do terreno, através da remoção da
cobertura vegetal, a terraplenagem e a alteração da geometria do terreno,
através da execução de cortes e aterros, são os fatores que poderão
contribuir para o desencadeamento de processos erosivos, devido à
exposição dos horizontes de solo aliada à incidência de águas pluviais.
Também poderão ocorrer movimentações de massa, os quais ocorrem
basicamente sob a ação da gravidade, sem atuação direta de um meio
transportador, como a água, por exemplo.
Considerando que os solos presentes no terreno apresentam
características argilosas e arenosas, o que lhes confere diferentes graus
de erodibilidade e permeabilidade, a execução das obras pode induzir ou
agravar a possibilidade de instalação de processos erosivos.
Esse impacto está relacionado à fase de implantação do
empreendimento, onde se concentram as intervenções no terreno
relacionadas à movimentação de terra.
No entanto, em função das características do terreno, não são esperados
problemas significativos relacionados a erosões e escorregamentos.
II
Durante a operação do mesmo, não são esperados impactos
relacionados aos processos de dinâmica superficial, devido à
conformação do terreno prevista e ao sistema de drenagem definitivo, que
estará implantado e em pleno funcionamento, cabendo apenas sua
manutenção preventiva para garantir as condições de equilíbrio do meio
físico. Os aterros compactados a serem construídos também contarão
com sistema de drenagem e recobrimento vegetal, minimizando a
possibilidade de escorregamentos.
Alteração da qualidade do ar - IMPLANTAÇÃO Durante a operação do empreendimento, as contribuições de poluentes
serão menores que os padrões primários de qualidade do ar para os
parâmetros Partículas Inaláveis, Monóxido de Carbono e Dióxido de
Nitrogênio da Resolução CONAMA 03/90, na sua área de influência, ou
seja, a operação da nova unidade não irá causar impactos relacionados à
alteração da qualidade do ar na região de influência do empreendimento.
Tendo em vista a implantação da unidade automobilística em área já
saturada pelo Ozônio, conforme apontado pelo diagnóstico da qualidade
do ar deste estudo, a Toyota do Brasil buscou formas de compensação
ambiental, ainda que seu o empreendimento não possua características
de emissão deste poluente.
Assim, através de entendimentos entre o empreendedor e o Governo do
Estado de São Paulo, foi assumido o compromisso que o Estado irá
prover os créditos de carbono necessários à compensação ambiental da
implantação da unidade da Toyota, conforme Ofício GS.SD nº 437/07 da
Secretaria de Desenvolvimento.
Atividades - Portanto, este impacto poderá ocorrer somente na fase de
implantação do empreendimento, devido à circulação de máquinas e
veículos em áreas com solo exposto.
Durante a realização das obras, as atividades de escavação e
terraplenagem, através da movimentação de veículos pesados, poderão
III
incrementar a concentração de poeira no ar e, consequentemente, causar
incômodo às ocupações do entorno do terreno, principalmente no período
de seca.
Cabe ressaltar que, a região do entorno do empreendimento apresenta
baixa concentração de moradias e, portanto, não são esperados impactos
significativos da qualidade do ar local.
Alteração da qualidade do solo – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Por alteração da qualidade do solo, entendem-se as modificações na
situação original do solo anteriormente à implantação do empreendimento
proposto.
As análises de solo realizadas em 2008 mostraram que, atualmente, não
há indícios de contaminação no local, uma vez que os resultados
encontrados atendem às especificações conforme os Valores
Orientadores da CETESB para uso industrial.
Atividades - Durante a fase de obras poderão ocorrer impactos no solo
relacionados às atividades do canteiro de obras, tais como geração de
resíduos sólidos, lançamento de esgotos sanitários, vazamentos de óleos
e combustíveis de máquinas e equipamentos.
No entanto, na eventual ocorrência de vazamentos, as áreas afetadas
serão de pequenas dimensões sendo, portanto, um impacto pontual e
restrito aos limites do terreno.
Durante a operação do empreendimento, eventuais impactos na
qualidade do solo poderão ocorrer devido à falta de manutenção da rede
de coleta e afastamento de esgoto, cujos efluentes poderão gerar
contaminações no solo.
Alteração da qualidade das águas superficiais – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Atividades - Devido à proximidade do empreendimento com cursos
d’água, poderão ocorrer impactos relacionados à alteração da qualidade
IV
das águas superficiais em virtude do lançamento de resíduos e efluentes
nas drenagens durante a fase de implantação das obras.
A poluição dos cursos hídricos poderá ocorrer associada aos serviços de
implantação da infraestrutura, canteiro de obras, pátio de máquinas e
equipamentos, entre outros, onde poderão ocorrer acidentes e
vazamentos de óleos, combustíveis, tintas, etc.
Além disso, poderá ocorrer o assoreamento dos corpos d’água caso os
processos erosivos não sejam controlados durante a execução das obras.
O carreamento de material particulado (principalmente solos) para as
drenagens poderá causar o aumento da turbidez das águas e o
assoreamento dos canais. Na época das chuvas, a situação poderá ser
agravada pela alteração do padrão geral do escoamento e ocasionar
inundações em áreas baixas ou planas.
Durante a operação do empreendimento, os possíveis impactos na
qualidade da água superficial poderão ocorrer devido à falta de
manutenção da rede de coleta e afastamento de esgoto, cujos efluentes
poderão gerar contaminações dos cursos hídricos.
Quanto à influência do empreendimento sobre a disponibilidade hídrica,
são esperados impactos, pois o projeto prevê a captação das águas
pluviais para sua posterior devolução aos corpos d’água, buscando assim
a compensação da recarga hídrica.
Alteração da qualidade das águas subterrâneas – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Atividades - Se, durante a fase de obras, ocorrer o vazamento de
combustíveis e óleos lubrificantes de máquinas e equipamentos, ou se
houver deficiência no sistema de coleta do esgoto sanitário do canteiro,
os contaminantes poderão atingir o nível do freático local, causando a
poluição dos recursos hídricos subterrâneos.
V
Durante a operação do empreendimento, a eventual falta de manutenção
da rede de coleta e afastamento de esgoto, também poderá afetar a
qualidade das águas subterrâneas.
Geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Atividades - Durante a fase de implantação do empreendimento, serão
gerados resíduos sólidos no canteiro de obras (lixo e resíduos da
construção civil) e efluentes líquidos oriundos das instalações sanitárias
dos operários e da lavagem e manutenção de máquinas e veículos
utilizados nas obras. Durante a operação da unidade, os resíduos sólidos
e os efluentes líquidos serão provenientes do processo de fabricação de
veículos e das instalações dos funcionários.
Atualmente, na unidade existente e em operação localizada em
Indaiatuba, 91% dos resíduos gerados são recicláveis e 5% vão para
compostagem. Os outros 4% estão divididos entre coprocessamento,
incineração, aterro sanitário e retorno ao fabricante.
Ressalta-se que, a nova unidade da Toyota em Sorocaba seguirá os
mesmos princípios da planta de Indaiatuba, minimizando ao máximo o
envio de resíduos a aterros sanitários.
Quanto aos efluentes líquidos a serem gerados durante as fases de
implantação e operação do empreendimento, ressalta-se que o sistema
da unidade será ligado ao sistema de coleta e afastamento de esgotos do
município, conforme Certidão da Prefeitura de Sorocaba.
Degradação de áreas para disposição de material excedente das escavações e exploração de jazidas - IMPLANTAÇÃO Atividades - Embora não esteja prevista a utilização de áreas de
empréstimo de solo e bota-foras, pois as atividades de terraplenagem irão
procurar o balanceamento dos volumes de corte e aterro no próprio
VI
terreno, é possível que, durante as obras, seja verificada a necessidade
de utilização de áreas de apoio fora da propriedade.
Neste caso, a exploração de áreas para obtenção de material para aterro
ou para disposição de material excedente pode provocar degradação
ambiental se não forem adotados os necessários cuidados.
Os possíveis impactos decorrentes desta atividade estão relacionados à
possibilidade de geração de processos erosivos, escorregamentos e
carreamento de material para as drenagens do entorno das áreas de
apoio.
Os locais destinados à deposição final do material excedente deverão
contar com medidas de proteção do solo e, ao final de sua utilização, as
áreas deverão estar recuperadas através da implantação de proteção
superficial.
Cabe ressaltar que, as áreas de apoio comerciais eventualmente
utilizadas deverão estar legalizadas perante os órgãos ambientais
(DEPRN e CETESB) e, no caso de utilização de áreas próprias (não
comerciais), a escolha irá priorizar áreas sem restrições ambientais
(cobertura arbórea significativa e drenagens naturais) ou áreas
atualmente degradadas, visando à recuperação das mesmas ao final de
sua utilização.
Alteração dos níveis de ruído - IMPLANTAÇÃO De acordo com a avaliação acústica da área apresentada neste EIA,
durante a operação da unidade não são esperadas alterações dos níveis
de ruído na área de influência do empreendimento, devido à inexistência
de receptores no entorno e aos atuais níveis de ruído gerados pelo
tráfego de veículos na rodovia, podendo ocorrer somente na área interna
da unidade e nas imediações dos equipamentos.
Atividades - Assim, este impacto ocorrerá principalmente durante a fase
de implantação da unidade, nas imediações das principais estruturas a
serem construídas e nos acessos da obra.
VII
O acréscimo previsto refere-se aos atuais padrões vigentes no local da
obra, e decorre do acréscimo do fluxo de veículos e do funcionamento de
máquinas e equipamentos.
Nessa fase serão emitidos ruídos por máquinas, necessárias às obras
civis, tais como: serras, perfuratrizes pneumáticas, equipamentos para
escavações e carregamentos, etc., além dos caminhões de transporte de
material. Tais equipamentos são capazes de emitir ruídos de forma a
atingir uma pressão sonora de cerca de 90 dB(A), a 7m de distância.
Como se trata de área rural, o ruído de fundo é muito pequeno, tanto
menor quanto se distancia a Rodovia Castelo Branco, e a população que
reside na região do entorno do empreendimento ocorre de modo muito
esparso, podendo-se afirmar que tais ruídos não causarão incômodos
significativos aos moradores locais, nas circunstâncias como eles
ocorrem. Este impacto poderá ter maior relevância na interface com o
Projeto do GAP Brasil (Great Ape Project), um projeto de conservação
que envolve a proteção dos grandes primatas, especialmente
Chimpanzés, uma vez que excesso de ruído tende a causar stress nos
animais mantidos em cativeiro, induzindo alterações comportamentais.
Além dos moradores e animais do GAP Brasil, também os trabalhadores
poderão sofrer interferências neste sentido, embora pouco significativas
devido ao uso de protetores auriculares, relativamente a um incremento
no grau de ruído no local.
Meio Biótico Supressão de vegetação ciliar e aquática em Áreas de Preservação Permanente - IMPLANTAÇÃO Atividades - Algumas intervenções previstas na Área Diretamente
Afetada ocorrerão em locais definidos como Áreas de Preservação
Permanente, de acordo com o Código Florestal (Lei Federal n° 4771, de
15/09/65, alterada pela Lei n° 7.803, de 18/07/89, Art. 2°), como
VIII
cabeceiras e travessias de drenagem. A vegetação presente ao longo do
Córrego da Campininha que venha a ser impactada pelo empreendimento
em análise terá de ser suprimida, independentemente do estágio
sucessional e o grau de degradação antrópica que se encontra.
Os estudos florísticos e fitossociológicos realizados nas áreas de
interesse do projeto não registraram a presença de indivíduos de
espécies ameaçadas de extinção. A supressão de vegetação também
intensificará o efeito de borda, com conseqüente alteração dos processos
sucessionais nesta zona. Em conjunto, essas alterações podem acarretar
na alteração do fluxo gênico entre populações e na redução da
diversidade vegetal, tanto florística quanto genética, nesses trechos de
vegetação. Ao longo do tempo, também pode ser possível que ocorra a
alteração da composição e estrutura florística decorrente dos
deslocamentos da fauna, diminuição da oferta de alimentos e destruição
de abrigos e ninhos, resultando na alteração da fisionomia das áreas
florestadas existentes no entorno das áreas onde serão efetuados os
desmatamentos.
Alteração da vegetação ripária das drenagens fluviais - IMPLANTAÇÃO Atividades - Esse impacto pode ocorrer em função do aterro e
assoreamento das cabeceiras do Córrego da Campininha e propensão à
erosão que a mobilização de material terroso traz embutida no seu
contexto. A ação do deságue refletirá diretamente no escoamento do
Córrego da Campininha pelo incremento, em sua vazão, das descargas
das águas. Esse aumento de volume poderá produzir mudanças
geomórficas no leito, eliminação de curvas naturais e trechos de remanso,
podendo ampliar as áreas de cheia que alcançarão vegetação até então
restrita a ambientes não alagáveis. Tal efeito terá, no entanto, pouco
significado, visto que o Córrego da Campininha, atualmente, apresenta a
maior parte de suas margens ocupadas por vegetação alterada, diferente
IX
da cobertura vegetal primitiva que se deseja proteger. Com a
intensificação dos processos erosivos, o corpo receptor corre o risco de
ter seu canal assoreado, ampliando a área de alagamento do rio e,
consequentemente, atingindo a cobertura vegetal até então adaptada a
cheias periódicas naturais dos períodos chuvosos, e não à inundação
permanente.
A cobertura vegetal marginal ripária poderá ser afetada com a morte dos
seus indivíduos pela ausência de ar no solo. Aquelas mais afastadas da
faixa marginal, adaptadas a solos menos úmidos, poderão perder, então,
espaço para espécies adaptadas aos solos mais úmidos, típicos das
margens, que no caso, os sucederão.
Fragmentação do maciço florestal da microbacia - IMPLANTAÇÃO Atividades - Esse impacto está associado à remoção da cobertura
vegetal na fase de implantação do empreendimento. O processo de
desmatamento parcial cria um mosaico na paisagem de áreas florestadas
(fragmentos florestais) circundadas por atividades econômicas diversas,
que representam barreiras capazes de interromper ou diminuir o fluxo de
animais, pólens e sementes. Dessa forma, pelo isolamento do fragmento,
a reprodução de algumas espécies se restringirá aos indivíduos que
habitam esse local, podendo até mesmo ocorrer a extinção local dessas
populações. Além dos aspectos reprodutivos, quando ocorre a
fragmentação da floresta, as mudanças imediatas e pronunciadas de
luminosidade, temperatura, umidade e velocidade do vento na região de
borda florestal refletem num aumento no crescimento de espécies
pioneiras, especialmente cipós. Quanto maior a razão borda/interior,
maior é a fração do fragmento sujeita ao efeito de borda e maior é o grau
de perturbação do fragmento florestal.
Em fragmentos com alta relação borda/interior, a composição das
comunidades de plantas e animais deve apresentar menor diversidade
(com dominância de espécies pioneiras cosmopolitas), do que aquelas
X
situadas em fragmentos com baixa relação borda/interior. A implantação
do empreendimento implicará na remoção de 01 ha de formação florestal
nos estágios inicial e médio de sucessão, aumentando a área antropizada
no mosaico de vegetação existente na microbacia do Córrego da
Campininha. Esta microbacia está próxima ao grande continuum de
vegetação que ocupa a várzea do Rio Sorocaba.
Alteração de disponibilidade e/ou qualidade de recursos para a sobrevivência da Fauna - IMPLANTAÇÃO Acompanhando a remoção de vegetação nas fases transição e operação,
ocorrerão modificações quantitativas e/ou qualitativas, temporárias ou
definitivas, graduais ou abruptas, de recursos indispensáveis à
sobrevivência de indivíduos da fauna, podendo abranger demandas
específicas referentes a habitat (micro e macro), nicho, abrigo e proteção
para trânsito, procriação e/ou estar, alimentação ou suprimento de água.
O diagnóstico ambiental registrou para a microbacia do Córrego da
Campininha o predomínio em todos os grupos faunísticos de elementos
associados à vegetação em vários estágios sucessionais, reflexo do
caráter perturbado e antrópico que vigora na AID do empreendimento.
A microbacia onde se insere o empreendimento apresentou boa
representatividade de fauna característica de ambientes florestais, o que
pode ser atribuído ao fato de sua inserção numa matriz ainda florestal.
Na microbacia do Córrego da Campininha, constituída de áreas
fortemente antropizadas e partes desprovidas de vegetação florestal no
seu entorno imediato, encontrou-se uma fauna mais empobrecida e
marcada principalmente por espécies de habitats abertos, marginais e
secundários, menos exigentes quanto a qualidade de recursos. A redução
da cobertura vegetal que suporta direta ou indiretamente parte da fauna
registrada pode levar a desequilíbrios ou perdas populacionais
localizadas, envolvendo indivíduos isolados ou pequenos grupos,
distribuídos entre os diversos componentes da fauna terrestre.
XI
Perdas diretas e indiretas de indivíduos da fauna terrestre - IMPLANTAÇÃO Representantes da fauna podem ser excluídos diretamente, no momento
da remoção da vegetação e do solo orgânico, principalmente pelo
esmagamento (pisoteio ou atropelamento por máquinas e veículos in
loco) de animais estacionários ou com hábitos fossoriais. Pequenos
mamíferos que apresentam maior atividade noturna e, desta forma, por
ocasião das atividades de remoção da vegetação estariam em repouso
em seus abrigos, poderão também ser atingidos, porém em menor
proporção. A perda direta deverá ocorrer mais frequentemente associada
ao carregamento e transporte pelos eventuais atropelamentos de animais
nas vias de acesso e interligação entre os elementos do empreendimento.
As perdas, nesses casos, deverão se concentrar entre os répteis e
anfíbios. Indiretamente, indivíduos da fauna terrestre poderão ser
excluídos em decorrência da debilitação das funções provedoras da
vegetação para os animais. Nesse sentido, a perda de habitat (micro e
macro) e a diminuição de recursos alimentares, promovem o
deslocamento de animais para áreas adjacentes, onde, então, ocorre um
aumento da tensão de competição, a qual eventualmente pode resultar na
exclusão de indivíduos.
A presença de organismos estranhos à biota local mesmo que sejam
representantes da fauna, da flora ou da microbiota, podem alterar também
a dinâmica das tensões de competição, e/ou, ainda, introduzir ou
disseminar pragas e/ou doenças, promovendo um desequilíbrio entre ou
dentro das populações residentes e/ou uma descaracterização da
comunidade biótica em escala local.
Conforme anteriormente comentado, a microbacia do Córrego da
Campininha apresenta uma composição faunística ainda característica da
Mata Atlântica, mas que agrega grupos faunísticos de elementos
XII
associados à vegetação em vários estágios sucessionais, indicativo do
caráter perturbado e antropizado da área do empreendimento.
Perturbação da fauna - IMPLANTAÇÃO O empreendimento poderá promover perturbação à comunidade de fauna
terrestre quando motivar o deslocamento e/ou o afugentamento de
animais, alterando seus hábitos e/ou sua rotina e, desta forma, expô-los a
riscos de acidentes e/ou confrontos ou, ainda, submetendo-os às
condições de stress, crônico ou agudo. Entende-se como stress um
conjunto de reações físicas, fisiológicas ou comportamentais prejudiciais à
saúde ou ao convívio entre animais. A movimentação e a presença de
pessoas e o funcionamento de máquinas e equipamentos podem causar
uma série de transtornos aos animais, promovendo stress,
afugentamento, privações e deslocamento. O deslocamento pode
envolver distâncias variadas, atingir indivíduos ou grupos e restringir as
condições de vida, promovendo a exposição dos animais a confrontos
e/ou risco. Esse impacto poderá ocorrer associado à implantação de
infraestrutura de apoio, remoção da vegetação, remoção do solo
orgânico, perfuração e desmonte e carregamento e transporte nas fases
de transição/implantação e operação do empreendimento.
Alteração da comunidade limnológica - IMPLANTAÇÃO Este impacto tem origem indireta, a partir da intensificação dos processos
erosivos, que resultam no aporte de sedimentos para os corpos d’água,
que, por sua vez, poderá modificar o aspecto físico e químico do ambiente
aquático e, consequentemente, alterar a biota. Essas modificações
poderão ser: redução da profundidade, redução da transparência e
penetração de luz na coluna d’água, e alteração da estrutura física do
leito dos rios e córregos, as quais, em última instância, poderão acarretar
o empobrecimento das comunidades bentônicas, de fitoplâncton e de
XIII
zooplâncton, por falta de condições de desenvolvimento e instalação dos
organismos.
As ações com potencial de causar este impacto são: a remoção da
vegetação, a remoção do solo orgânico e os desvios da drenagem do
Córrego da Campininha e suas nascentes. O deságüe da água no
Córrego da Campininha também tem o potencial de intensificar os
processos erosivos, dependendo da velocidade do lançamento.
Modificação de habitats da ictiofauna - IMPLANTAÇÃO As atividades de supressão de vegetação localizada nas cabeceiras do
Córrego da Campininha devem resultar na perda de hábitat para a
ictiofauna como resultado inerente aos objetivos das intervenções. Após a
canalização, espera-se que a diversidade das espécies seja reduzida,
visto que poucas espécies estarão adaptadas às novas condições.
Contudo, os resultados do diagnóstico indicaram baixa riqueza de
espécies na AID, provavelmente por se tratar de área de cabeceiras, onde
naturalmente a riqueza é baixa, quando comparada com trechos médios e
inferiores dos rios. Soma-se a isto, o fato de vários trechos dos riachos
amostrados não possuírem mata ciliar, o que poderia estar
comprometendo a integridade do ambiente aquático.
Redução de habitats da fauna - IMPLANTAÇÃO O efeito da fragmentação de remanescentes florestais sobre a extinção e
a composição de espécies nas comunidades animais, está diretamente
relacionado à diminuição total de área, causando redução da
heterogeneidade interna dos habitats e aumento da área sob efeito de
borda, além de isolamento dos fragmentos. Considerando-se o tamanho e
o grau de alteração dos fragmentos presentes na Área Diretamente
Afetada, a supressão de vegetação ocorrerá somente na cabeceira do
Córrego da Campininha, a qual deverá afetar as comunidades animais,
XIV
especialmente, a ictiofana, a avifauna e a herptofauna num primeiro
momento.
Em geral, o aumento das áreas de borda nos fragmentos florestais
favorece a diversificação das espécies de borda, muitas vezes
predadoras e parasitas, e de espécies generalistas que tendem a excluir,
por competição ou predação, as espécies típicas do interior, comumente,
mais sensíveis à fragmentação.
Trata-se de um impacto negativo, de ocorrência certa e imediata,
localizado e como uma nova forma de interferência, de duração
permanente.
Afugentamento da fauna - OPERAÇÃO Ruídos provenientes de atividades humanas, especialmente envolvendo
máquinas e equipamentos de construção civil, interferem de maneira
significativa no comportamento de espécies animais que habitam
fragmentos florestais, próximos a obras e/ou atividades de transporte e
canteiros de obra, e se caracterizam como importantes fontes de
afugentamento da fauna local.
As emissões de ruído na fase de operação do empreendimento,
provenientes do fluxo de veículos e emissão de luzes durante a noite,
deverão atingir as espécies dos remanescentes florestais. Esses efeitos
deverão ser mais significativos para as comunidades animais dos
fragmentos florestais inseridos na Área de Influência Direta. Dessa forma,
o impacto desencadeado na fase de instalação do empreendimento,
relacionado ao afugentamento da fauna presente nos fragmentos
florestais, deverá continuar na fase de operação, porém com menor
intensidade.
Aumento dos riscos de atropelamento de fauna – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO
XV
É grande o risco de atropelamento de animais silvestres em estradas
existentes nas imediações de fragmentos de mata. Esse risco é maior
para aves, répteis e mamíferos terrestres de pequeno e médio porte. Os
locais de travessia de fauna, ou seja, locais onde seus ambientes de
ocorrência estão representados em ambas as margens da estrada
municipal, são os pontos mais críticos de atropelamentos de animais
silvestres.
Aumento da pressão de caça – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO No trecho de implantação do empreendimento não deverá haver alteração
na situação atual, pois a prática da caça já é estabelecida há muitos anos.
A pressão de caça ocorre nos fragmentos mais preservados situados ao
longo do Córrego da Campininha.
Impactos de Natureza Positiva
Criação de habitats da ictiofauna - IMPLANTAÇÃO A coleção de água proveniente da canalização do Córrego da Campininha
deve resultar na formação de um lago, incorporando mais um hábitat para
a ictiofauna da AID. O lago será formado em um substrato
predominantemente argiloso, e espera-se em conseqüência disto que o
pH da água fique na faixa em 6,5 e 7, faixa esta muito propícia ao
desenvolvimento da vida aquática. O período de enchimento será
marcado pela estabilização, quando as partículas
em suspensão devem decantar, promovendo a progressiva redução da
turbidez. Inicialmente vislumbra-se uma produção primária pequena
devido à quase ausência de fitoplâncton, e cadeia trófica simples. Esta
situação deverá ser alterada com o passar do tempo, pelo aporte de
comunidade e matéria orgânica do próprio Córrego da Campininha. As
características físicoquímicas da água deverão favorecer inicialmente o
surgimento de um icitiofauna pouco exigente, constituída de lambaris e
XVI
carás. Esta comunidade progressivamente se tornará mais diversa, até
atingir uma condição de equilíbrio estabilizado. Há que se destacar que o
lago deverá atrair também espécies de aves aquáticas, anfíbios,
entomofauna, e demais grupos que se valem deste tipo de ambiente.
Meio Antrópico Insegurança da População - PLANEJAMENTO Embora o empreendedor de um projeto de grande porte, como no
presente caso, procure manter certo sigilo sobre seu empreendimento
durante a fase de planejamento, principalmente por conta de anúncios
temerários que poderiam provocar insegurança na população com relação
ao comprometimento dos seus imóveis, parte das informações sempre
acaba sendo divulgada na região de sua inserção, mesmo que extra-
oficialmente, o que afeta negativamente a população do local, ainda que
em áreas de baixíssima densidade populacional.
Este impacto é causado, principalmente, pelo fato da população ignorar o
traçado do perímetro de terras necessário para a implantação do
empreendimento, o que acarreta insegurança quanto à possibilidade de
comprometimento do imóvel de uso residencial (no caso, principalmente
voltado à segunda residência campestre / chácaras de lazer) ou
profissional a ser utilizado.
Adicionalmente, parte da população sente insegurança quanto à
possibilidade de transtornos a serem gerados durante a fase de obras,
que possam causar prejuízo nos deslocamentos usuais e na sua rotina,
mesmo que seus imóveis não se situem em locais diretamente afetados
pelas obras.
Impactos na Saúde Pública - IMPLANTAÇÃO Os impactos mais significativos associados à saúde pública, quando da
implantação do empreendimento, serão os resultantes das variações na
XVII
qualidade do ar e da indução de problemas pontuais de alagamento ou
acúmulo de detritos em áreas restritas, especialmente em períodos de
chuvas.
A circulação de máquinas e veículos durante a implantação do
empreendimento tende a emanar material particulado para a atmosfera e
monóxido de carbono. Estes poluentes geram efeitos nocivos sobre a
saúde, especialmente sobre o sistema respiratório dos indivíduos.
Neste aspecto, todos os cuidados serão tomados com relação à proteção
da saúde dos trabalhadores das obras.
Quanto à indução de alagamentos e acúmulo de detritos em áreas
restritas às obras, o maior problema diz respeito à criação de locais
propícios à reprodução de organismos endêmicos, como insetos e
roedores. Esse tipo de problema deverá ser evitado durante as obras,
cuidando-se da higiene, evitando-se a ocorrência de alagamentos, poças
d’água e o acúmulo de detritos.
Já durante a operação da unidade, não são esperados impactos
associados à saúde pública resultantes das variações na qualidade do ar,
pois as contribuições de poluentes serão menores que os padrões
primários de qualidade do ar para os parâmetros Partículas Inaláveis,
Monóxido de Carbono e Dióxido de Nitrogênio da Resolução CONAMA
03/90, na sua área de influência. Ou seja, a operação da nova unidade
não irá causar impactos relacionados à alteração da qualidade do ar na
região de influência do empreendimento..
Além disso, os alagamentos pontuais e os detritos porventura acumulados
na fase de implantação deverão ser recuperados anteriormente ao início
da operação da unidade.
Alterações na Paisagem - IMPLANTAÇÃO As intervenções relacionadas à implantação do empreendimento causam
alterações na paisagem na medida da sua interação com a configuração
do sítio físico, especialmente hidrográfico e geomorfológico e com os
XVIII
padrões de ocupação rural existentes. É importante salientar que estas
alterações ocorrem na fase de implantação e têm continuidade na fase de
operação do empreendimento. Como principal fator de alteração, deve-se
citar a criação de uma unidade industrial em área de uso tipicamente
rural, de plantio de cana de açúcar, com estruturas que não faziam parte
da paisagem original.
Pressão na Demanda / Oferta dos Serviços Sociais Básicos - IMPLANTAÇÃO Como foi registrado no diagnóstico da AID, a oferta de serviços de saúde
e educação no Município de Sorocaba atende à demanda atual, porém,
esta poderá ser aumentada, considerando-se a população de
trabalhadores prevista para a obra, mesmo que de modo pouco
significativo.
Neste sentido, a qualidade dos serviços prestados em Sorocaba
(município que integra a AII do empreendimento e polariza esses serviços
na região) representa uma garantia de suprimento ao acréscimo de
demanda advinda da eventual introdução de novos trabalhadores na
região.
Alterações no Padrão de Uso da Terra – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Em consequência da implantação do empreendimento, o uso da terra no
local sofrerá alteração, passando do padrão tipicamente rural atual para
um padrão industrial, ao menos na ADA.
Essa alteração no uso da terra da região assume relevância em
decorrência da necessidade de preservação da qualidade ambiental e de
vida da população regional que, em certa escala, tem uma base
relacionada à paisagem rural e à beleza cênica da região. A implantação
do empreendimento no local poderá acarretar também, uma ligeira
ocupação desordenada e sem estrutura adequada de saneamento básico
XIX
nos arredores durante a fase de implantação das obras (pequenos
comércios e serviços), o que deve ser evitado por meio de ações de
planejamento.
Interrupções Temporárias e Permanentes de Vias de Circulação - IMPLANTAÇÃO A acessibilidade à ADA é estabelecida por um sistema viário secundário
tipicamente rural.
Essas vias interligam as propriedades entre si e estas com as vias
principais que estabelecem ligações com os sítios e fazendas, bem como
com as cidades da região.
Considerando-se o raio de abrangência da ADA, a interferência da
implantação do empreendimento na interrupção de acessibilidade poderá
ser relevante, havendo necessidade de desvios para a circulação de
pessoas e mercadorias entre a ADA e as áreas externas.
Riscos de Acidentes Viários nas Proximidades das Obras - IMPLANTAÇÃO As áreas de maior probabilidade de acidentes são aquelas onde haverá
interseções entre o sistema viário local e os pontos da implantação da
unidade industrial e canteiro de obras. Além disso, haverá trânsito de
veículos pesados nas vias locais, alterando o seu perfil atual, e um
acréscimo do número de veículos que circula pelo sistema viário local,
tanto de trabalhadores da obra como de atividades paralelas, associadas
a ela.
Sendo assim, o fluxo de veículos leves e pesados será intensificado e
totalmente diverso do ritmo de tráfego existente no local, pois estima-se a
circulação de 75 veículos/dia (25 caminhões betoneira/comuns e 50
ônibus/caminhões), havendo a necessidade de cuidados especiais para
evitar acidentes.
XX
Já na fase de operação do empreendimento não são esperados impactos
no sistema viário (acidentes ou aumento do fluxo de tráfego), pois a
circulação prevista de 726 caminhões/dia (ou 30,25 caminhões/hora)
equivale à passagem de 01 caminhão a cada 02 minutos, não sendo um
fluxo impactante para as condições atuais da rodovia.
Desvalorização Imobiliária em Nível Local - OPERAÇÃO O empreendimento poderá induzir desvalorização imobiliária em nível
local, na eventualidade da ocorrência das seguintes situações especiais:
� Ocupação residencial de baixa renda no entorno,
proporcionada pela maior oportunidade de
emprego; e
� Ocupação por imóveis comerciais ou de
pequenos serviços em locais atualmente não
ocupados.
Essas situações deverão ser evitadas preventivamente, por meio de
ações de planejamento.
Risco de Uso Desordenado do Solo nas Proximidades da ADA – OPERAÇÃO Como decorrência do incentivo às atividades industriais na ADA e no seu
entorno, poderão surgir formas de ocupação desordenadas e sem infra-
estrutura de saneamento ambiental, prejudicando as condições
ecológicas atuais.
Interferências com o Patrimônio Arqueológico - IMPLANTAÇÃO A área de implantação da Nova Unidade de Fabricação de Veículos da
Toyota Brasil apresenta características ambientais favoráveis à ocorrência
de vestígios e sítios arqueológicos.
XXI
O diagnóstico apresentado para o patrimônio arqueológico e etno-
histórico indicou que a área de inserção do empreendimento apresenta
grande potencial para a ocorrência de remanescentes arqueológicos do
período pré-colonial e histórico, demonstrado pelos sítios arqueológicos já
pesquisados na AID do empreendimento e, principalmente, pelas
ocorrências arqueológicas identificados durante o levantamento extensivo
realizado na ADA.
Considerando-se o relevante potencial arqueológico indicado e o fato de
que o levantamento extensivo realizado para a elaboração do diagnóstico
não exauriu as possibilidades de identificação de bens arqueológicos na
área diretamente afetada pelo empreendimento, avalia-se que existe o
risco de que as obras necessárias para a implantação da unidade
comprometam a integridade de sítios arqueológicos.
O risco que o empreendimento poderá causar no que se refere ao
patrimônio arqueológico regional é a interferência na matriz de
sustentação de eventuais sítios arqueológicos até o momento não
identificados.
Por interferência total ou parcial em sítios arqueológicos, entende-se a
ocorrência de ações que levem à depredação ou à profunda
desestruturação espacial e estratigráfica de antigos assentamentos,
indígenas ou históricos, subtraindo-os à memória nacional.
Os fatores que podem gerar tal impacto estão todos ligados às obras de
implantação do empreendimento, em especial as que implicam serviços
de limpeza de terrenos (supressão de vegetação), de terraplenagem para
a instalação das áreas de apoio e infra-estrutura (canteiros, alojamento,
vias de acesso, áreas de empréstimo e bota-fora, etc.), e para a
instalação da unidade industrial propriamente dita.
A limpeza de terrenos pode causar interferência parcial em sítios
arqueológicos, pois incide sobre camadas superficiais do solo e em
porções restritas do terreno, sendo este impacto mais intenso nos sítios
XXII
superficiais, nos quais o material arqueológico se dispõe na superfície
e/ou nas primeiras camadas do solo (até 0,50 metros).
Já as obras de terraplenagem e de escavação podem causar interferência
total em sítios arqueológicos, pois incidem de forma profunda em porções
restritas (escavação de fundações) ou abrangentes (terraplenagem) do
terreno, gerando impacto tanto nos sítios superficiais como naqueles que
apresentam material em camadas profundas (abaixo de 0,50 metros).
Impactos de Natureza Positiva
Mobilização Social – PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO A mobilização social é um fato que decorre da insegurança da população
(impacto anteriormente descrito) com a divulgação do empreendimento na
fase de planejamento, e tende a adquirir intensidade progressivamente
maior à medida que se aproxima o momento de início das obras, em
razão de alguns efeitos que tendem a causar na população, como
transtornos relacionados ao tráfego pelas vias de acesso, excesso de
ruído, entre outros. Esta mobilização é positiva, pois, além de favorecer a
divulgação de informações sobre o empreendimento para a população da
AID, possibilita a inserção de críticas, expectativas, sugestões e
reivindicações locais na análise de alternativas de projeto por parte do
empreendedor, em casos de comprometimento indevido de interesses, e
na prevenção de problemas com os quais a população e o empreendedor
não precisam conviver, além de proporcionar uma aproximação maior
entre ambas as partes.
Alteração do Nível de Emprego Direto e Indireto – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO A implantação do empreendimento deverá gerar um efeito positivo sobre
o nível de emprego local, uma vez que acarretará incremento e
mobilização do contingente de mão-de-obra, com grande potencial de
XXIII
geração de novos empregos. Na fase de implantação, estima-se que o
empreendimento irá gerar, nos meses de pico, cerca de 4.500 empregos
diretos. Por outro lado, na operação da unidade será necessária a
contratação de mão-de-obra ligada aos setores de produção e
administrativo do empreendimento, quando está prevista a criação de até
5.000 empregos diretos. Quanto aos empregos indiretos, eles são de
difícil quantificação e possuem um caráter difuso, porém, estimativas
otimistas, mas dentro da realidade, apontam para um patamar de geração
de cerca de 25% do total de empregos diretos. Esses empregos indiretos
seriam gerados nos setores de indústria, comércio e serviços locais,
necessários para abastecer e suprir a obra. Já durante a operação da
unidade, pode-se afirmar que os empregos indiretos deverão ser
potencializados, uma vez que aumentará o grau de atratividade da área
diretamente afetada em relação às regiões vizinhas, o que acarretará um
maior incremento na oferta de empregos da região como um todo.
Considerando-se estes fatos, admite-se que haverá a manutenção dos
empregos indiretos gerados pelo empreendimento na fase de obras, com
um ligeiro acréscimo derivado da sua entrada em operação.
Impactos nas Receitas Fiscais – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO Este impacto advém das alterações nas atividades produtivas locais
decorrentes da obra e do recolhimento de impostos e taxas diretamente a
ela associados.
Neste aspecto, o Município de Sorocaba deverá ser afetado de modo
relevante, principalmente em decorrência das alterações provocadas no
comércio e serviços que servirão de suporte para a obra e do
recolhimento direto de impostos e taxas, mesmo levando-se em conta a
sua pujança econômica e a polarização que exerce nos municípios ao
redor.
Como em Sorocaba a arrecadação de impostos como o ISS é
componente importante da receita municipal total, o município sofrerá um
XXIV
impacto significativo com a implantação do empreendimento na forma
prevista.
Com a entrada em operação da unidade, o empreendimento deverá
causar uma elevação nos níveis atuais de receita municipal, tanto de
modo direto quanto indireto, na medida em que trará certa atratividade
para aquela porção do seu território para a implantação de novas
atividades econômicas, bem como em razão da indução à ocupação e
adensamento e alterações no mercado imobiliário. A tendência, portanto,
é de aumento nas receitas fiscais, configurando-se como um impacto
positivo para o município de Sorocaba.
Dinamização do Setor Terciário – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO A chegada de novos contingentes de mão-de-obra ou mesmo
arregimentados na região trará novas demandas aos setores de
hospedagem, alimentação, abastecimento, saúde, lazer, entre outros, de
Sorocaba ocasionando, mesmo em pequena escala, aumento da renda
de parte da população local, com a criação de novas dinâmicas de
consumo.
Assim, durante a construção e operação do empreendimento, ocorrerão
mudanças na configuração atual dos setores de comércio e serviços de
Sorocaba.
Aumento do Grau de Atratividade para a Instalação de Atividades Comerciais e Industriais - OPERAÇÃO Há uma tendência geral de aumento do grau de atratividade para a
instalação de atividades industriais e comerciais, em virtude da
localização, proximidade de grandes centros e facilidades de acesso. Esta
tendência decorre da melhoria de infra-estrutura voltada para os setores
industriais e comerciais na região, o que gera consequentemente, a
aceleração do processo de ocupação e adensamento no local. Disto
decorre um aumento de competitividade, de concorrência e de outros
XXV
fatores inerentes ao próprio mercado, dinamizando as atividades
econômicas locais. Assim, o empreendimento em análise poderá produzir
um efeito positivo de atratividade, contribuindo para tornar a ADA e o
município de Sorocaba (AID) um local alternativo de implantação de
atividades econômicas.
Impacto nos Níveis de Investimento Privado - OPERAÇÃO O empreendimento deverá incrementar ligeiramente os atuais níveis de
investimento privado no município de Sorocaba, especialmente ligados ao
setor terciário da economia. Assim, este impacto pode ser considerado
como positivo e derivado do aumento de atratividade do local para
instalação de outras atividades econômicas.
Valorização Imobiliária em Nível Regional - OPERAÇÃO Considerando-se que haverá uma melhoria da infra-estrutura e do padrão
de visibilidade econômica da ADA após a entrada em operação do
empreendimento, este fator deverá gerar, em consonância com as regras
do mercado imobiliário, em curto e médio prazo, um processo de
valorização imobiliária em escala regional.
De modo geral, pode-se afirmar que os locais mais beneficiados com este
processo serão aqueles menos valorizados antes da implantação do
empreendimento, além dos imóveis localizados no eixo da Rodovia Pres.
Castelo Branco.
Alteração no Padrão de Acessibilidade da ADA – IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO A acessibilidade à unidade industrial deverá ser dada através de um novo
sistema, a ser implantado em momento anterior ao funcionamento,
visando garantir a acessibilidade dos moradores, proprietários e
trabalhadores locais. Espera-se que o novo padrão do sistema viário seja
XXVI
melhor do que o atual, uma vez que será realizado projeto específico para
esta finalidade.
Atualmente, o acesso à propriedade pode ser feito diretamente pelo km
93 da SP-280 e pela Estrada Municipal de Itavuvu. Na fase de
implantação do empreendimento será construído um trevo de acesso,
cujo projeto deverá ser previamente aprovado pela Rodovias das Colinas,
atual concessionária deste trecho da rodovia. Na operação da fábrica, a
entrada e saída de caminhões e de veículos dos funcionários serão feitas
por este dispositivo de acesso.
Medidas
Interferência nos processos de dinâmica superficial (erosões, escorregamentos e outros movimentos de massa) Para minimizar ou até mesmo evitar esses impactos, serão adotadas
medidas de controle durante as obras, descritas detalhadamente no Item 10, as quais possuem alto grau de resolução para os impactos
identificados, quando corretamente aplicadas.
Supressão de vegetação ciliar e aquática em Áreas de Preservação Permanente
Estima-se que este impacto relacionado à supressão de vegetação e
intervenção em Área de Preservação Permanente (APP), não deverá
ocorrer na ocasião da implantação da Nova Unidade da Toyota, pois
prevê-se que o terreno da Fazenda Itavuvu já terá sido objeto de
intervenção pelo SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, para a
implantação do Parque Tecnológico de Sorocaba e que, portanto, a área
a ser ocupada pelo empreendimento não irá interferir com a vegetação
nem com as APPs remanescentes.
XXVII
Salienta-se que o SAAE já solicitou a autorização para a supressão de
vegetação e intervenção em APP junto ao DEPRN e a outorga para o uso
das águas das nascentes do Córrego da Campininha junto ao DAEE.
Fragmentação do maciço florestal da microbacia
Estima-se que este impacto não deverá ocorrer na ocasião da
implantação da Nova Unidade da Toyota, pois prevê-se que o terreno da
Fazenda Itavuvu já terá sido objeto de intervenção pelo SAAE – Serviço
Autônomo de Água e Esgoto, para a implantação do Parque Tecnológico
de Sorocaba e que, portanto, a área a ser ocupada pelo empreendimento
não irá interferir com a vegetação remanescente.
XXVIII
ANEXO 2 – Definição e Localização das Áreas de Influência para Auxílio
nos Valores a serem Atríbuidos à Variável Magnitude Definição e Localização das Áreas de Influência Foram considerados três níveis de abrangência para as áreas de
influência do empreendimento e avaliação dos impactos ambientais, a
saber:
� Área de Influência Indireta (AII): região que
poderá ser afetada indiretamente pelo
empreendimento;
� Área de Influência Direta (AID): região que poderá
sofrer os impactos decorrentes do
empreendimento; e
� Área Diretamente Afetada (ADA): corresponde à
área que será ocupada pelo empreendimento.
Área de Influência Indireta – AII Para o diagnóstico ambiental dos meios físico e biótico, adotou-se como
AII o limite do município de Sorocaba combinado com o limite da Unidade
de Gerenciamento de Recursos Hídricos – UGRHI 10 – Sorocaba e Médio
Tietê (Figura 1).
A área total da UGRHI 10 é de 12.099 Km² (1209900 ha) -(a área
territorial do município de Sorocaba é de 449,80 Km² (44980 ha) (assim a
AII para os meios Físico e Biótico abrange uma área de 11.649,20 Km²
(1164920 ha).
XXIX
Figura 1 – Localização da AII do empreendimento para os meios físico e biótico.
Fonte: RIMA (EPC, 2008, p. 52)
Para os estudos relativos ao meio socioeconômico, a AII é diferenciada das inerentes ao meio biótico e físico, uma vez que a área de influência é definida em função do alcance dos impactos e que, no caso do meio socioeconômico, estes não se restringem a limites naturais. Assim, com base em critérios como a proximidade de áreas urbanas e acessibilidade para o local de implantação do futuro empreendimento,
XXX
entende-se que a AII do empreendimento seja constituída pelos municípios de Sorocaba, Itu e Porto Feliz (Figura 2). Sabendo que a área territorial de Itu é de 642 Km² (64200 ha) e a de Porto Feliz é de 556,56 Km² (55656 ha), temos para a AII do meio Socioeconômico, uma área de 1.648,36 Km² (164836 ha).
Figura 2 – Localização da AII para o meio socioeconômico
Fonte: RIMA (EPC, 2008, p. 53)
Área de Influência Direta – AID Para o diagnóstico ambiental do meio físico adotou-se como Área de Influência Direta (AID) uma área de 500 metros no entorno do terreno objeto de implantação do projeto. Esta área tem aproximadamente 4,932 Km² (8,71 – 3,778) (493,2 ha)
XXXI
Já para o meio biótico foi considerada uma área de 1 km em volta do terreno. Esta área tem aproximadamente 11,922 Km² (15,7 – 3,778) (1192,2 ha). A delimitação da AID dos meios físico e biótico é mostrada na Figura 3.
Figura 3 – Localização da AID do empreendimento para os meios físico e biótico.
Fonte: RIMA (EPC, 2008, p. 54)
Para o Meio Socioeconômico, considerando-se o alcance espacial dos impactos diretos do empreendimento, principalmente a geração de emprego (direto e indireto), renda e arrecadação de impostos, a Área de
XXXII
Influência Direta – AID corresponde ao território completo do Município de Sorocaba, ou seja, uma área de 449,80 Km² (44980 ha) (Figura 4).
Figura 4 – Localização da AID do meio socioeconômico
Fonte: RIMA (EPC, 2008, p. 55)
Área Diretamente Afetada – ADA Para o diagnóstico ambiental dos meios físico e biótico, adotou-se como
Área Diretamente Afetada (ADA) o limite do terreno objeto de implantação
do projeto com área de 3,778 Km² (377,8 ha) (Figura 5).
XXXIII
Figura 5 – Localização da ADA do empreendimento para os meios físico e biótico.
Fonte: Próprio Autor
Para o Meio Socioeconômico, a ADA do empreendimento corresponde ao local onde se pretende implantá-lo efetivamente e aos aglomerados humanos existentes no entorno imediato (Figura 6). Área de aproximadamente 49,00 Km² (52,8 – 3,778) (4900 ha).
Figura 6 – Localização da ADA e entorno do meio socioeconômico.
Fonte: Próprio Autor