intercept comentada. 2015 prof. gabriel habib

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Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III. Autor: Gabriel Habib. Ed. Juspodivm. 1 LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA LEI Nº 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996. Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. 1. Objeto da lei. A presente lei trata da autorização, regulamentação e limites para a realização da interceptação telefônica como meio de prova no curso da persecução penal. Em poucos artigos, o legislador tratou da regulamentação do tema, da competência para a autorização da sua realização, das hipóteses de incidência e de não incidência deste meio de prova, dos requisitos a serem demonstrados para que a interceptação seja autorizada, do tempo de sua duração, do procedimento a ser seguido na interceptação, do destino do objeto dessa prova, e, por fim, puniu como crime a conduta de realizar a interceptação telefônica fora dos moldes previstos na lei. 2. Meios de prova. Pelo seu conteúdo, podemos concluir que a presente lei tem conteúdo predominantemente processual. Embora ela traga um tipo penal no art. 10, a maior parte do seu conteúdo tem como objeto a regulamentação da obtenção de um meio de prova, que é a interceptação telefônica, que, na realidade, será apenas mais um elemento de prova dentro do processo, não podendo prevalecer sobre nenhuma outra prova, nem ser desprezado em detrimento de qualquer outro elemento probatório, em homanagem ao princípio da relatividade das provas.

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Lei de intercpp conmentada habib 2015

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  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    1

    LEI DE INTERCEPTAO TELEFNICA

    LEI N 9.296, DE 24 DE JULHO DE 1996.

    Art. 1 A interceptao de comunicaes telefnicas, de

    qualquer natureza, para prova em investigao criminal e em

    instruo processual penal, observar o disposto nesta Lei e

    depender de ordem do juiz competente da ao principal, sob

    segredo de justia.

    Pargrafo nico. O disposto nesta Lei aplica-se

    interceptao do fluxo de comunicaes em sistemas de

    informtica e telemtica.

    1. Objeto da lei. A presente lei trata da autorizao, regulamentao e limites para a

    realizao da interceptao telefnica como meio de prova no curso da persecuo

    penal. Em poucos artigos, o legislador tratou da regulamentao do tema, da

    competncia para a autorizao da sua realizao, das hipteses de incidncia e de

    no incidncia deste meio de prova, dos requisitos a serem demonstrados para que a

    interceptao seja autorizada, do tempo de sua durao, do procedimento a ser

    seguido na interceptao, do destino do objeto dessa prova, e, por fim, puniu como

    crime a conduta de realizar a interceptao telefnica fora dos moldes previstos na

    lei.

    2. Meios de prova. Pelo seu contedo, podemos concluir que a presente lei tem

    contedo predominantemente processual. Embora ela traga um tipo penal no art. 10,

    a maior parte do seu contedo tem como objeto a regulamentao da obteno de um

    meio de prova, que a interceptao telefnica, que, na realidade, ser apenas mais

    um elemento de prova dentro do processo, no podendo prevalecer sobre nenhuma

    outra prova, nem ser desprezado em detrimento de qualquer outro elemento

    probatrio, em homanagem ao princpio da relatividade das provas.

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

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    3. Abrangncia. Ao empregar as expresses em investigao criminal e em instruo

    processual penal o legislador deixou clara a abrangncia da realizao da

    interceptao telefnica, pois pretendeu abranger as duas fases da persecuo

    criminal, seja na sua 1 fase, que a do inqurito policial, seja na sua 2 fase, em que

    se tem a ao penal.

    4. Objeto de interceptao. Questo relevante versa sobre o que pode ser objeto de

    interceptao. A discusso decorre da redao do dispositivo constitucional. Confira-

    se a redao art. 5, XII da CR/88: inviolvel o sigilo da correspondncia e das

    comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo

    caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de

    investigao criminal ou instruo processual penal. A redao constitucional levou

    parcela da doutrina a afirmar que a interceptao pode ser feita de qualquer forma de

    comunicao, ou seja, pode abranger a comunicao telegrfica, de dados e as

    comunicaes telefnicas, desde que seja para fins criminais. Contudo, pensamos

    que a norma que se retira do comando constitucional outra. Alis, no vemos o

    porqu da discusso diante de uma norma constitucional clara. Com efeito, o

    dispositivo dispe sobre a inviolabilidade das comunicaes telegrficas, de dados e

    telefnicas, fazendo uma ressalva em relao s comunicaes telefnicas ao dispor

    salvo, no ltimo caso. A Constituio tratou de trs formas de comunicao: 1.

    telegrfica; 2. de dados; e 3. telefnicas. Aps a enumerao, o constituinte disps

    salvo, no ltimo caso. De forma clara todas as luzes, o legislador constituinte

    enumerou trs casos e depois ressalvou o ltimo caso. Pergunta-se: qual seria o

    ltimo caso? A resposta bvia: o terceiro caso. E qual ? As comunicaes

    telefnicas. Se a ressalva abrangesse todas as hipteses, qual teria sido a razo para

    o legislador constituinte inserir a expresso no ltimo caso? Data venia de

    entendimentos em sentido contrrio, pensamos que a norma constitucional no deixa

    margem para dvidas ou controvrsias. Temos que a norma que se retira do inciso

    XII do art. 5 da CR/88 a seguinte: o sigilo das comunicaes telegrficas, de dados

    e das comunicaes telefnicas inviolvel, ressalvado esse ltimo caso, das

    comunicaes telefnicas, em que o ele pode ser afastado por ordem judicial, nos

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

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    casos previstos em lei para fins de investigao criminal ou instruo processual

    penal. No vemos como retirar outra norma do comando constitucional.

    5. Conceito de interceptao telefnica. Interceptar significa cortar a passagem de

    algo, interromper o fluxo de algo. Assim, por interceptao telefnica entenda-se o ato

    de interromper, realizar uma interferncia no fluxo de comunicao telefnica entre

    duas pessoas diferentes do interceptador. O interceptador capta o fluxo da

    comunicao entre duas pessoas estranhas a ele.

    6. Direito intimidade e ao sigilo das comunicaes telegrficas de dados e das

    comunicaes telefnicas. A realizao da interceptao telefnica oferece srios

    riscos a alguns direitos fundamentais previstos na CR/88, como o direito intimidade,

    positivado no art. 5, X (so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a

    imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral

    decorrente de sua violao), bem como, e, sobretudo, o direito ao sigilo das

    comunicaes telegrficas de dados e das comunicaes telefnicas positivado no

    art. 5, XII ( inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas,

    de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial,

    nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou

    instruo processual penal.). Disso decorre a necessidade de estabelecer-se a

    extenso da autorizao legal para a interceptao telefnica e da necessidade de

    exigncia de autorizao judicial para a sua realizao, temas que sero abordados

    em tpicos prprios.

    7. Necessidade de autorizao judicial. inegvel que a interceptao telefnica

    constitui verdadeira restrio ao direito fundamental intimidade e ao sigilo das

    comunicaes telefnicas, conforme exposto no tpico anterior. Ao Juiz, isento e

    imparcial, cabe velar pela observncia do respeito aos direitos e garantias, em busca

    do devido processo legal. Assim, a restrio de direitos, sobretudo de direitos

    fundamentais, s pode ser feita por um rgo imparcial. S o Juiz tem condies de

    avaliar, caso a caso, com iseno, ponderao e equilbrio, a necessidade de

    restringir-se um direito fundamental, como na hiptese de restrio do direito

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    fundamental intimidade e ao sigilo das comunicaes telefnicas, por meio da

    interceptao telefnica. A interveno judicial prvia d-se como fator de

    conformao constitucional do ato a ser praticado, evitando-se os abusos e os

    excessos estatais que colocam em perigo os direitos fundamentais. H tempos o

    processo deixou de ser um mero instrumento para a satisfao do direito material, de

    exerccio do jus puniendi, de satisfao da pretenso punitiva estatal e passou a ser

    um instrumento de exerccio de garantias constitucionais do indivduo que funciona

    como um escudo contra o arbtrio estatal. O processo penal no um instrumento

    colocado somente a servio da nica finalidade de satisfao da pretenso punitiva

    estatal. O processo deve desempenhar a sua dupla funo de, por um lado, tornar

    vivel a aplicao da pena, e, de outro, servir de instrumento de garantia dos direitos

    e liberdades individuais, tendo em vista que o direito processual no outra coisa

    seno o direito constitucional aplicado. De outro giro, os direitos fundamentais so

    marcados pela caracterstica da relatividade, que significa que no so absolutos,

    mas, sim, relativos, razo pela qual podem sofrer limitaes em face de outros direitos.

    Contudo, essa relatividade, associada necessidade de dar-se mais efetividade

    busca de elementos probatrios dentro do processo penal, no pode conduzir

    supresso de direitos e garantias fundamentais fora dos moldes constitucionais. O

    que o legislador pretendeu, ao exigir a autorizao judicial, por meio da prvia

    interveno do Poder Judicirio, como rgo independente, autnomo, isento e

    desinteressado na investigao criminal, foi justamente a ponderao desses direitos

    envolvidos, para que esse meio de obteno de prova seja praticado dentro das

    balizas constitucionais. Por isso, o controle da violao de um direito fundamental pelo

    Poder Judicirio deve ser sempre prvio, razo pela qual indispensvel a

    autorizao judicial para a realizao da interceptao telefnica.

    STJ. Informativo n 510

    Quinta Turma

    DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAO TELEFNICA SEM

    AUTORIZAO JUDICIAL. VCIO INSANVEL.

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    No vlida a interceptao telefnica realizada sem prvia autorizao judicial,

    ainda que haja posterior consentimento de um dos interlocutores para ser

    tratada como escuta telefnica e utilizada como prova em processo penal. A

    interceptao telefnica a captao de conversa feita por um terceiro, sem o

    conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem judicial, nos termos do inciso

    XII do artigo 5 da CF, regulamentado pela Lei n. 9.296/1996. A ausncia de

    autorizao judicial para captao da conversa macula a validade do material como

    prova para processo penal. A escuta telefnica a captao de conversa feita por um

    terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. A gravao telefnica

    feita por um dos interlocutores do dilogo, sem o consentimento ou a cincia do

    outro. A escuta e a gravao telefnicas, por no constiturem interceptao telefnica

    em sentido estrito, no esto sujeitas Lei 9.296/1996, podendo ser utilizadas, a

    depender do caso concreto, como prova no processo. O fato de um dos interlocutores

    dos dilogos gravados de forma clandestina ter consentido posteriormente com a

    divulgao dos seus contedos no tem o condo de legitimar o ato, pois no momento

    da gravao no tinha cincia do artifcio que foi implementado pelo responsvel pela

    interceptao, no se podendo afirmar, portanto, que, caso soubesse, manteria tais

    conversas pelo telefone interceptado. No existindo prvia autorizao judicial,

    tampouco configurada a hiptese de gravao de comunicao telefnica, j que

    nenhum dos interlocutores tinha cincia de tal artifcio no momento dos dilogos

    interceptados, se faz imperiosa a declarao de nulidade da prova, para que no surta

    efeitos na ao penal. Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 17/5/2010. HC

    161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/11/2012.

    Aplicao em concurso.

    (UEG - Delegado de Polcia - GO/2013)

    Capito Didi teve seus dilogos telefnicos, estabelecidos com Leko do Cerrado,

    interceptados pela autoridade policial, sem autorizao judicial e sem consentimento

    de ambos. Tal fato desvelou a prtica do crime previsto no artigo 157, 2, I e II, do

    Cdigo Penal. Aps ameaa de sua esposa em abandonar o lar, Capito Didi

    consentiu na divulgao dos seus contedos. Nesse caso, segundo o Superior

    Tribunal de Justia, a prova :

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    a) nula, pois no houve prvia autorizao judicial, nem tampouco os interlocutores

    tinham cincia de tal artifcio no momento dos dilogos interceptados.

    b) vlida, pois o consentimento de um dos interlocutores, mesmo posterior, tem o

    condo de legitimar o ato.

    c) nula, pois o consentimento de Capito Didi se encontra viciado pela ameaa

    proferida de abandono de lar pela sua esposa.

    d) vlida, pois possvel afirmar que Capito Didi, caso soubesse previamente da

    interceptao telefnica, manteria os mesmos dilogos travados com Leko do

    Cerrado.

    Alternativa correta: letra A.

    (Cespe - Delegado de Polcia - BA/2013)

    Um delegado de polcia, tendo recebido denncia annima de que Mlton estaria

    abusando sexualmente de sua prpria filha, requereu, antes mesmo de colher provas

    acerca da informao recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptao das

    comunicaes telefnicas de Mlton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente

    prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigao. Ktia, ex-mulher de

    Mlton, contratou o advogado Caio para acompanhar o inqurito policial instaurado.

    Mlton, ento, ainda no curso da investigao, resolveu interceptar, diretamente e sem

    o conhecimento de Caio e Ktia, as ligaes telefnicas entre eles, tendo tomado

    conhecimento, devido s interceptaes, de que o advogado cometera o crime de

    trfico de influncia. Em razo disso, Mlton procurou Ktia e solicitou que ela

    concordasse com a divulgao do contedo das gravaes telefnicas, ao que Ktia

    anuiu expressamente. Mlton, ento, apresentou ao delegado o contedo das

    gravaes, que foram utilizadas para subsidiar ao penal iniciada pelo MP contra

    Caio, pela prtica do crime de trfico de influncia.

    Com base nessa situao hipottica, julgue os itens seguintes, a respeito das

    interceptaes telefnicas.

    A interceptao telefnica realizada por Mlton ilegal, porquanto desprovida da

    necessria autorizao judicial.

    A alternativa est certa.

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    8. Ordem do Juzo competente. A previso legal no sentido de que a interceptao

    telefnica depende de autorizao do Juiz competente uma decorrncia do princpio

    do Juzo natural previsto no art. 5, XXXVII (no haver juzo ou tribunal de exceo)

    e LIII (ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade

    competente) da CRFB/88. Segundo esse princpio, o Juzo natural aquele que

    possui a sua competncia definida em lei antes da prtica do fato criminoso. Em outras

    palavras, o Juzo natural aquele que j tem competncia para o processo e o

    julgamento do fato criminoso na data da sua prtica. Trata-se de uma garantia

    constitucional para que seja assegurado um julgamento imparcial e isento por parte

    do Poder Judicirio. O legislador fez essa exigncia porque, caso a interceptao seja

    feita no curso do processo, somente aquele Juiz que ter condies de avaliar, de

    acordo com o caso concreto julgado naquele processo, se ser necessrio o

    deferimento da medida. Mas caso a interceptao seja realizada antes da instaurao

    do processo criminal, ou seja, na fase do inqurito policial, ela dever ser autorizada

    pelo Juzo que posteriormente tornar-se- competente para processar e julgar o delito.

    Note-se que, nesse caso, a interceptao telefnica ter a natureza de medida

    cautelar, hiptese na qual o seu requerimento ser remetido livre distribuio a um

    dos Juzos criminais competentes para processar e julgar o delito, hiptese na qual

    esse Juzo ficar prevento para o processo posteriormente instaurado, por fora dos

    arts. 75 e 84 do Cdigo de Processo Penal (Art. 75. A precedncia da distribuio

    fixar a competncia quando, na mesma circunscrio judiciria, houver mais de um

    juiz igualmente competente. Pargrafo nico. A distribuio realizada para o efeito da

    concesso de fiana ou da decretao de priso preventiva ou de qualquer diligncia

    anterior denncia ou queixa prevenir a da ao penal. Art. 83. Verificar-se- a

    competncia por preveno toda vez que, concorrendo dois ou mais juzes igualmente

    competentes ou com jurisdio cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na

    prtica de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao

    oferecimento da denncia ou da queixa (arts. 70, 3o, 71, 72, 2o, e 78, II, c)).

    9. Modificao superveniente de competncia. Caso haja posteriormente a

    modificao da competncia para processar e julgar o delito, a interceptao

    telefnica j realizada no se torna prova ilcita. Imagine-se a seguinte hiptese: o

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    Juzo da 1 Vara Federal Criminal autoriza a interceptao telefnica para a

    investigao de um delito de trfico transnacional de drogas, delito de competncia

    da Justia Federal (art. 70 da lei 11.343/2006: O processo e o julgamento dos crimes

    previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilcito transnacional, so da

    competncia da Justia Federal). Posteriormente, depois de concluda a

    interceptao e j na fase processual, verifica-se que no se trata de trfico

    transnacional, mas, sim, de trfico nacional, de competncia da Justia Estadual. O

    Juzo da 1 Vara Federal Criminal declara-se incompetente e remete os autos

    Justia Estadual. Nesse caso, a interceptao telefnica vlida e lcita? Pensamos

    que sim. Com efeito, no momento da autorizao para a realizao da interceptao,

    o Juzo competente era o da 1 Vara Federal Criminal. A sua incompetncia somente

    foi detectada posteriormente, sendo que isso no macula a prova produzida, nem a

    torna ilcita. O ato de autorizao da interceptao telefnica foi praticado pelo Juzo

    competente naquele momento da prtica dos atos investigatrios. A competncia

    criminal forma-se no momento em que uma ao judicial criminal ajuizada ou que

    um pedido de medida cautelar apresentado em Juzo. Contudo, posteriormente, o

    Juzo que recebeu os autos do processo deve ratificar esse meio de prova.

    STJ. PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

    ESPECIAL. QUADRILHA, CORRUPO ATIVA E ESTELIONATO. DEFICINCIA NA

    FUNDAMENTAO RECURSAL. SUMULA N 284/STF. INTERCEPTAES

    TELEFNICAS. AUTORIZAO. ALTERAO SUPERVENIENTE DA

    COMPETNCIA. NO OCORRNCIA DE NULIDADE. PRORROGAES.

    CABIMENTO. AUSNCIA DE EMBASAMENTO APENAS EM DENNCIA ANNIMA.

    AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Aplicvel o enunciado

    284 da Smula do Supremo Tribunal Federal quando o recorrente, apesar de apontar

    o dispositivo legal, no indica precisamente as razes jurdicas pelas quais considerou

    violada a norma. De igual modo, se o recorrente no refuta os fundamentos utilizados

    pelo aresto recorrido, aplica-se o disposto na Smula 284/STF, ante a deficincia na

    fundamentao do recurso especial. 2. Nos termos da jurisprudncia desta Corte

    Superior, as "interceptaes telefnicas eventualmente determinadas por autoridade

    absolutamente incompetente permanecem vlidas e podem ser plenamente

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    ratificadas". (APn 536/BA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, CORTE ESPECIAL, DJe

    04/04/2013) 3. assente neste Tribunal Superior, o entendimento segundo o qual as

    autorizaes subsequentes de interceptaes telefnicas, uma vez evidenciada a

    necessidade das medidas, no se sujeitam a prazo certo, mas ao tempo necessrio e

    razovel para o fim da persecuo penal. 4. O procedimento de interceptao

    telefnica foi, no caso, realizado de acordo com o preceituado na jurisprudncia deste

    Tribunal Superior, firme no sentido de que no h nulidade da quebra do sigilo quando,

    no obstante a delatio criminis annima, sejam realizadas diligncias anteriores a

    embasar a interceptao telefnica. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.

    AgRg no REsp 1316912. Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em

    18/03/2014.

    Aplicao em concurso.

    (Cespe Cartrio TJ-DFT/2014)

    Assinale a opo correta acerca de interceptao telefnica, segundo o STF, o STJ e

    a doutrina majoritria.

    A) Segundo o entendimento do STF, impossvel a prorrogao do prazo de

    autorizao para a interceptao telefnica por perodos sucessivos.

    B) O juiz competente para determinar a interceptao o competente para processar

    e julgar o crime de cuja prtica se suspeita. No entanto, a verificao posterior de que

    se trata de crime para o qual o juiz seria incompetente no deve acarretar a nulidade

    absoluta da prova colhida.

    C) vlido o deferimento de interceptao telefnica promovido em razo de

    denncia annima desacompanhada de outras diligncias.

    D) indispensvel prvia instaurao de inqurito para a autorizao de interceptao

    telefnica.

    E) Consoante entendimento predominante nos tribunais superiores, faz-se necessria

    a transcrio integral do contedo da quebra do sigilo das comunicaes telefnicas.

    Alternativa correta: letra B.

    10. Juzo incompetente e encontro fortuito de provas ou serendipidade. O

    encontro fortuito de provas, tambm chamado serendipidade, ocorre quando a prova

    de uma infrao penal descoberta a partir da investigao de outra infrao penal.

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    Autor: Gabriel Habib.

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    10

    Nesse caso, se da interceptao telefnica surgirem provas da prtica de outro delito

    para o qual o Juzo que autorizou a interceptao telefnica no possui competncia,

    a interceptao vlida.

    STJ. INFORMATIVO N 546.

    Quinta Turma

    DIREITO PROCESSUAL PENAL. LEGALIDADE DE INTERCEPTAO

    TELEFNICA DEFERIDA POR JUZO DIVERSO DAQUELE COMPETENTE PARA

    JULGAR A AO PRINCIPAL.

    A sentena de pronncia pode ser fundamentada em indcios de autoria surgidos, de

    forma fortuita, durante a investigao de outros crimes no decorrer de interceptao

    telefnica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento da

    ao principal. Nessa situao, no h que se falar em incompetncia do Juzo que

    autorizou a interceptao telefnica, tendo em vista que se trata de hiptese de

    encontro fortuito de provas. Alm disso, a regra prevista no art. 1 da Lei 9.296/1996,

    de acordo com a qual a interceptao telefnica depender de ordem do juiz

    competente da ao principal, deve ser interpretada com ponderao, no havendo

    ilegalidade no deferimento da medida por Juzo diverso daquele que vier a julgar a

    ao principal, sobretudo quando autorizada ainda no curso da investigao criminal.

    Precedente citado: RHC 32.525-AP, Sexta Turma, DJe 4/9/2013. REsp 1.355.432-

    SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Rel. para acrdo Min. Marco Aurlio Bellizze, julgado

    em 21/8/2014.

    11. Segredo de justia. O legislador exigiu o sigilo sobre a interceptao e tal

    exigncia justifica-se em razo no somente por se tratar de um ato de natureza

    investigatria, mas, tambm, e sobretudo, em razo da preservao do direito

    constitucional intimidade e ao sigilo das comunicaes telegrficas de dados e das

    comunicaes telefnicas. Entretanto, o sigilo imposto pelo legislador no alcana o

    Juiz, o membro do Ministrio Pblico e o Defensor Pblico ou privado.

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    11

    12. Aplicabilidade da lei aos fluxos de comunicaes em sistemas de

    informtica e telemtica. No pargrafo nico o legislador disps sobre a

    aplicabilidade da lei interceptao do fluxo de comunicaes em sistemas de

    informtica e telemtica. Assim, permitida a interceptao de comunicaes por

    meios informticos, como o computador, bem como meios telemticos, que consistem

    na comunicao distncia de um ou mais conjuntos de servios informticos por

    meio de uma rede de telecomunicaes.

    13. Diferenas entre a lei 9.296/96 e o art. 3, II da lei 12.850/2013. A lei 9.296/96,

    que regulamentou o art. 5, XII da CRFB/88, trouxe, em seu texto, a figura jurdica da

    interceptao telefnica. A lei 12.850/2013, em seu art. 3, II, trata de captao

    ambiental de sinais eletromagnticos, pticos ou acsticos. Embora as duas leis

    tratem de institutos semelhantes, h diversas diferenas entre ambas, a seguir

    elencadas: 1. Na 12.850/2013 o legislador fez meno expressa captao

    ambiental. Na lei 9.296/96, o legislador fez meno somente interceptao; 2. Na lei

    12.850/2013 no h prazo determinado para a durao da medida. Na lei 9.296/96, o

    prazo de 15 dias, renovvel por igual tempo, uma vez comprovada a

    indispensabilidade da medida; 3. A lei 12.850/2013 permite a captao ambiental de

    sinais eletromagnticos, ticos ou acsticos. A lei 9.296/96 permite a interceptao do

    fluxo de comunicaes em sistemas de informtica e telemtica; 4. Na lei 12.850/2013

    a captao ambiental pode ser feita de forma incondicional. Na lei 9.296/96, a

    interceptao possui natureza de meio subsidirio de prova, uma vez que o legislador

    disps que tal medida somente ser cabvel se no houver outro meio disponvel para

    a formao da prova; 5. Na lei 12.850/2013 possvel a captao ambiental para a

    investigao de qualquer infrao penal praticada no mbito de uma organizao

    criminosa. Na lei 9.296/96, a interceptao somente pode ser autorizada para fins de

    investigao de delito apenado com recluso.

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    12

    Art. 3, II da lei 12.850/2013 Lei 9.296/96

    Captao ambiental. Interceptao telefnica.

    No h prazo determinado para a

    durao.

    O prazo de 15 dias, renovvel por igual

    tempo.

    Captao ambiental de sinais

    eletromagnticos, ticos ou acsticos.

    Interceptao do fluxo de comunicaes em

    sistemas de informtica e telemtica.

    A captao pode ser feita de forma

    incondicional.

    A interceptao possui natureza de meio

    subsidirio de prova.

    possvel a captao ambiental para a

    investigao de qualquer infrao penal

    praticada no mbito de uma organizao

    criminosa.

    A interceptao somente pode ser autorizada

    para fins de investigao de delito apenado

    com recluso

    Art. 2 No ser admitida a interceptao de comunicaes

    telefnicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipteses:

    I - no houver indcios razoveis da autoria ou participao

    em infrao penal;

    II - a prova puder ser feita por outros meios disponveis;

    III - o fato investigado constituir infrao penal punida, no

    mximo, com pena de deteno.

    Pargrafo nico. Em qualquer hiptese deve ser descrita

    com clareza a situao objeto da investigao, inclusive com a

    indicao e qualificao dos investigados, salvo impossibilidade

    manifesta, devidamente justificada.

    1. Hipteses de no cabimento da interceptao telefnica. Pode parecer

    estranho que o legislador tenha tratado dos casos em que no cabe a interceptao

    telefnica. Normalmente, o legislador trata das hipteses de cabimento. Contudo,

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    13

    compreensvel a forma pela qual o legislador tratou o tema. Com efeito, ao que parece,

    o legislador quis que o cabimento desse meio de obteno de prova fosse a regra e,

    o seu no cabimento, a exceo. Assim, no seria possvel ao legislador prever todas

    as hipteses da cabimento, simplesmente porque quis fazer dele a regra geral.

    Portanto, ele optou por trazer as hipteses excepcionais, ou seja, de no cabimento.

    2. Inciso I. Ausncia de indcios razoveis da autoria ou participao em infrao

    penal. Por indcios razoveis entendam-se indcios suficientes de autoria ou

    participao. A medida de interceptao telefnica depende de indcios pr-existentes

    de autoria ou participao do agente no delito a ser investigado. Em outras palavras,

    j deve haver algum elemento de prova que traga, no mnimo, indcios da concorrncia

    do agente. Por essa razo, uma investigao criminal no pode iniciar a partir da

    interceptao telefnica, pois nesse caso, no haver indcios prvios que justifiquem

    a interceptao.

    3. Infrao penal. O legislador empregou a expresso infrao penal, o que nos leva

    a concluir, a princpio, que a interceptao telefnica admitida para a investigao

    de crimes e contravenes penais. Todavia, h uma questo insolvel: O inciso III

    somente admite a interceptao telefnica para a investigao de infraes punidas

    com recluso. E as contravenes penais so punidas com priso simples (que est

    em desuso) e multa (art. 5 da Lei de Contravenes Penais). Assim, forosa a

    concluso de que interceptao telefnica no cabvel para a investigao de uma

    contraveno penal.

    4. Encontro fortuito de provas ou serendipidade O encontro fortuito de provas,

    tambm chamado serendipidade ocorre quando a prova de uma infrao penal

    descoberta a partir da investigao de outra infrao penal. Vamos imaginar que, de

    uma interceptao telefnica autorizada para a investigao de um crime de lavagem

    de dinheiro, surjam indcios da prtica de um delito de estelionato. Nesse caso, em

    relao a esse delito, aquela interceptao telefnica no pode servir de meio de

    prova, pois encontra bice no inciso ora comentado, uma vez que no se tem indcios

    pr-existentes de concorrncia do agente no delito de estelionato. Contudo, a

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    14

    interceptao telefnica poder servir de elemento que permita a instaurao de uma

    investigao criminal por esse delito (notitia criminis), mas nunca servir de meio de

    prova para o ajuizamento de um processo criminal. Ademais, conforme o inciso II, a

    interceptao telefnica um meio subsidirio de prova e no h, ainda, naquele

    momento, outros meios de prova do delito de estelionato.

    5. Inciso II. Subsidiariedade da medida. Tendo em vista que a medida de

    interceptao telefnica viola o direito fundamental intimidade e ao sigilo das

    comunicaes telegrficas de dados e das comunicaes telefnicas, o legislador

    conferiu essa medida o carter subsidirio, de forma que ela tem que ser o nico

    meio de prova disponvel para a investigao de determinado delito. Trata-se de um

    requisito para a autorizao judicial da medida.

    STJ. PENAL. HABEAS CORPUS. FORMAO DE QUADRILHA. CRIME CONTRA

    A ORDEM TRIBUTRIA. FRAUDE EM LICITAES. PRVIO MANDAMUS

    DENEGADO. PRESENTE WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINRIO.

    INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. INTERCEPTAO TELEFNICA....4. Na

    hiptese em apreo, constata-se a existncia de flagrante ilegalidade, pois, para o

    desencadeamento de medida cautelar extrema, como a quebra do sigilo telefnico,

    deve-se esmiuar a sua imprescindibilidade, de modo a pormenorizar a assertiva de

    no dispor de procedimentos investigatrios outros, menos invasivos, para a obteno

    de provas aptas a robustecer eventual imputao delitiva. 5. A decretao da medida

    cautelar de interceptao no atendeu aos pressupostos e fundamentos de

    cautelaridade, visto que, no obstante os crimes investigados serem punidos com

    recluso e haver investigao formalmente instaurada, descurou-se da demonstrao

    da necessidade da medida extrema e da dificuldade para a sua apurao por outros

    meios, carecendo, portanto, do fumus comissi delicti e do periculum in mora... HC

    251540. Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 05/08/2014.

    STJ. Informativo n 490.

    Sexta Turma

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    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    15

    INTERCEPTAO TELEFNICA. INVESTIGAO EM CURSO.

    O pedido de interceptao telefnica no pode ser a primeira providncia

    investigatria realizada pela autoridade policial. In casu, ao formular o pedido de

    quebra do sigilo telefnico, a autoridade policial descreveu quais eram os ilcitos que

    estariam sendo praticados, quais tipos de pessoas integravam a organizao

    criminosa, bem como qual era a sua forma de atuao no cometimento dos crimes.

    Ficou evidenciado que a quebra do sigilo telefnico no foi a primeira medida efetivada

    pela autoridade policial. Pelo contrrio, tal providncia teve suporte em elementos j

    colhidos que demonstravam que as investigaes em curso levantaram indcios da

    prtica criminosa e apontavam para a imprescindibilidade do deferimento da medida

    excepcional, segundo o disposto no art. 2 da Lei n. 9.296/1996. Precedentes citados:

    HC 85.502-SP, DJe 9/5/2011, e HC 43.234-SP, DJe 21/5/2011. HC 130.054-PE, Rel.

    Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 7/2/2012.

    Aplicao em concurso.

    (Cespe - Advogado da Unio/2012)

    No que diz respeito prova no mbito do direito processual penal, julgue os itens a

    seguir.

    A violao do sigilo telefnico admitida pela norma constitucional, para fins de

    investigao criminal ou instruo processual penal, desde que a deciso judicial que

    a determine esteja devidamente fundamentada e que tenham sido esgotados todos

    os outros meios disponveis de obteno de prova.

    A alternativa est certa.

    6. Inciso III. Infrao punida com pena de deteno. A contrario sensu, a

    interceptao telefnica somente cabvel nas infraes penais punidas com

    recluso. No h nenhuma razo dogmtica para o legislador fazer essa limitao. A

    nica justificativa plausvel seria no sentido de que o legislador restringiu a utilizao

    desse meio de prova em razo da sua gravidade no tocante violao dos direitos

    fundamentais intimidade e ao sigilo das comunicaes telegrficas de dados e das

    comunicaes telefnicas.

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    16

    Aplicao em concurso.

    (UNEMAT Investigador de Polcia-MT/2010)

    Em relao ao instituto da interceptao telefnica e das demais disposies da Lei

    n 9.296/1996, assinale a alternativa correta.

    A) A interceptao de comunicaes telefnicas s pode ser realizada depois de j

    instaurada a ao penal.

    B) A interceptao das comunicaes telefnicas apenas poder ser decretada aps

    representao da autoridade policial ou requerimento do Ministrio Pblico.

    C) No se admitir interceptao telefnica quando o crime for punido com pena de

    deteno.

    D) O prazo para interceptao ser de 20 (vinte) dias, podendo ser prorrogado aps

    apresentao de relatrio que demonstre a imprescindibilidade da medida.

    E) Constitui contraveno penal realizar interceptao de comunicaes telefnicas

    sem autorizao judicial.

    Alternativa correta: letra C.

    7. Infrao penal punida com pena de deteno e conexo com outros delitos

    apenados com recluso. Caso o delito apenado com deteno seja praticado em

    conexo com outro delito apenado com recluso, cabvel a interceptao telefnica

    para a sua investigao.

    STJ. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINRIO

    CONSTITUCIONAL. FALTA DE CABIMENTO. INTERCEPTAO TELEFNICA.

    CRIME APENVEL COM DETENO. IMPOSSIBILIDADE. ILICITUDE DA PROVA

    POR DERIVAO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. O Superior

    Tribunal de Justia no tem admitido a impetrao de habeas corpus originrio como

    substitutivo do recurso previsto no art. 105, II, a, da Constituio. 2. Inadmissvel a

    interceptao de comunicaes telefnicas quando o fato investigado constituir

    infrao penal punida, no mximo, com pena de deteno. Contudo, possvel se

    autorizar a quebra do sigilo para apurar crime punvel com deteno desde que

    conexo com outros delitos punveis com recluso. Precedente. ... HC 186118. Rel.

    Min. Sebastio Reis Jnior, julgado em 05/06/2014.

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    17

    8. Pargrafo nico. Detalhamento da medida. O legislador exigiu a descrio com

    clareza da situao objeto da investigao, inclusive com a indicao e a qualificao

    dos investigados, salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada. Trata-se

    de uma medida salutar, uma vez que somente assim ser possvel um maior controle

    sobre a legalidade e a legitimidade da medida.

    Art. 3 A interceptao das comunicaes telefnicas poder ser

    determinada pelo juiz, de ofcio ou a requerimento:

    I - da autoridade policial, na investigao criminal;

    II - do representante do Ministrio Pblico, na investigao

    criminal e na instruo processual penal.

    1. Determinao de ofcio pelo Juiz. Apesar de o legislador ter permitido ao Juiz

    determinar a interceptao telefnica de ofcio, pensamos que isso viola o sistema

    acusatrio, uma vez que a interceptao telefnica um meio de obteno de prova

    realizado para a investigao criminal. Juiz parte desinteressada e imparcial. Ao

    permitir-se que o Juiz determine a interceptao telefnica de ofcio, estar-se- a

    permitir que ele realize produo probatria. Autorizar ao Juiz buscar a prova

    diretamente implica radical comprometimento de sua imparcialidade enquanto

    magistrado.

    2. Inciso I. Representao da autoridade policial. A autoridade policial quem

    preside as investigaes. Logo, ela tem condies de avaliar os meios de obteno

    de provas para a investigao de determinada infrao penal. A representao da

    autoridade policial dirigida diretamente ao Juiz.

    3. Inciso II. Requerimento do Ministrio Pblico. Como titular da ao penal, o

    Ministrio Pblico tem legitimidade, como parte, para requerer ao Juiz o deferimento

    da medida, tanto na fase da investigao criminal, quanto na fase da instruo

    processual.

    Aplicao em concurso.

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    (Fundao Aroeira Delegado de Polcia - TO/2014)

    Conforme o inciso XII, parte final, do art. 5o da Constituio Federal, inviolvel o

    sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das

    comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e

    na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo

    processual penal. Acerca das interceptaes de comunicaes telefnicas, de qual-

    quer natureza, para prova em investigao criminal ou em instruo processual penal,

    conforme disciplina a Lei n. 9.296/1996,

    (A) a interceptao da comunicao telefnica, de informtica ou telemtica, poder

    ser determinada pelo juiz, de ofcio ou a requerimento da autoridade policial, pelo

    representante do Ministrio Pblico, na investigao criminal e na instruo

    processual penal.

    (B) a interceptao de comunicaes telefnicas ser admitida, mesmo quando a

    prova puder ser feita por outros meios disponveis e o fato investigado constituir

    infrao penal punida com deteno, devendo ser descrita com clareza a situao

    objeto da investigao, inclusive com a indicao dos investigados.

    (C) o pedido de interceptao deve ser feito na forma escrita, sendo que o juiz

    inadmitir qualquer pedido formulado verbalmente, ainda que estejam presentes os

    pressupostos que autorizem a interceptao.

    (D) a realizao de interceptao de comunicaes telefnicas, ou a quebra de

    segredo da Justia, sem autorizao judicial ou com objetivos no autorizados em lei,

    constitui crime punido com deteno.

    Alternativa correta: letra A.

    (Cespe Procurador do DF/ 2013)

    Julgue os itens subsequentes, a respeito da participao do MP no curso das

    investigaes criminais, na instruo processual e na fase recursal.

    De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a intercepo das comunicaes telefnicas

    poder ser determinada a requerimento da autoridade policial, na fase de investigao

    criminal, ou a requerimento do MP, somente na fase de instruo criminal.

    A alternativa est errada.

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    Art. 4 O pedido de interceptao de comunicao telefnica

    conter a demonstrao de que a sua realizao necessria

    apurao de infrao penal, com indicao dos meios a

    serem empregados.

    1 Excepcionalmente, o juiz poder admitir que o pedido

    seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os

    pressupostos que autorizem a interceptao, caso em que a

    concesso ser condicionada sua reduo a termo.

    2 O juiz, no prazo mximo de vinte e quatro horas,

    decidir sobre o pedido.

    1. Requisitos do requerimento de interceptao telefnica. O art. 4 da lei trata

    dos requisitos que o pedido de interceptao telefnica deve conter ao ser dirigido ao

    Juzo competente. O legislador exigiu claramente a demonstrao, por parte do

    requerente (se o Ministrio Pblico) ou do representante (se a autoridade policial) a

    demonstrao da necessidade da medida para a apurao da infrao penal, bem

    como a indicao dos meio a serem empregados. Contudo, pensamos que isso no

    o suficiente para a concesso da interceptao telefnica. Tendo em vista que o art.

    2, II traz a natureza subsidiria da medida, pensamos que o requerente,ou o

    representante deve demonstrar tambm que no h nenhum outro meio de prova

    vivel para a descoberta da infrao penal.

    2. 1. Requerimento verbal. O legislador autorizou o requerimento verbal. Apesar

    de no ser o usual, possvel. Porm, pensamos que somente uma medida de

    interceptao telefnica urgente teria o seu pedido verbal justificado. De qualquer

    forma, ainda que feito de forma verbal, o requerimento dever ser reduzido a termo.

    Aplicao em concurso.

    (Cespe Cartrio TJ BA/2014)

    Com base no que dispe a Lei de Interceptao das Comunicaes Telefnicas,

    assinale a opo correta.

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    A) Cumprida a diligncia, a autoridade policial deve encaminhar o resultado da

    interceptao telefnica ao MP, acompanhado de auto circunstanciado, que dever

    conter o inteiro teor das operaes realizadas.

    B) A deciso que autoriza a interceptao de comunicaes telefnicas deve ser

    fundamentada, sob pena de nulidade, e indicar a forma de execuo da diligncia,

    que no poder exceder o prazo de trinta dias, renovvel, uma nica vez, por igual

    tempo, comprovada a indispensabilidade do meio de prova.

    C) A interceptao de comunicao telefnica, de qualquer natureza, ocorrer nos

    prprios autos do inqurito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo

    das diligncias, gravaes e transcries respectivas.

    D) Excepcionalmente, o juiz poder admitir que o pedido de interceptao de

    comunicao telefnica seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os

    pressupostos que autorizem a interceptao, caso em que a concesso ser

    condicionada sua reduo a termo.

    E) A gravao que no interessar prova deve ser juntada em autos apartados,

    apensados aos autos principais, podendo ser inutilizada, por deciso judicial,

    decorrido o prazo de cinco anos do trmino da instruo processual.

    Alternativa correta: letra D.

    (MPE-SP Promotor de Justia SP/2011)

    Realizar interceptao de comunicaes telefnicas sem autorizao judicial constitui

    crime. De acordo com a legislao vigente, tal autorizao judicial ser possvel

    A) em qualquer tipo de infrao penal, desde que a ela seja cominada pena privativa

    de liberdade.

    B) se o pedido for feito verbalmente ao Juiz com os pressupostos que a autorizem.

    C) em deciso fundamentada, no havendo necessidade de ficar indicada a forma de

    execuo da diligncia nem a cincia dos procedimentos ao Ministrio Pblico.

    D) nos prprios autos do inqurito policial ou do processo criminal, pelo prazo no

    renovvel de quinze dias.

    E) mesmo que inexistam indcios razoveis de autoria ou de participao, desde que

    a infrao penal esteja por ocorrer.

    Alternativa correta: letra B.

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    21

    3. 2. Prazo para o Juiz decidir. Uma vez protocolado o pedido de interceptao

    telefnica, o Juiz tem o prazo de 24 horas para decidir sobre a sua concesso ou no.

    A lei no estabelece nenhuma sano a ser aplicada ao Juiz caso ele no respeite

    esse prazo. Contudo, o atraso na deciso pode comprometer as investigaes,

    sobretudo por ser a interceptao telefnica o nico meio de prova vivel para

    investigar a infrao penal.

    Aplicao em concurso.

    (MPE-MS Promotor de Justia MS/2013)

    Em tema de interceptao telefnica, correto afirmar que

    A) A gravao que no interessar prova ser inutilizada, incontinenti, por

    determinao da autoridade policial, durante o inqurito policial.

    B) Em qualquer hiptese, a interceptao telefnica no ser admitida quando no

    for possvel a indicao e qualificao dos investigados.

    C) A interceptao telefnica poder ser determinada pelo juiz a requerimento da

    autoridade policial ou do Ministrio Pblico, no podendo ser determinada de ofcio.

    D) O pedido de interceptao telefnica poder ser formulado verbalmente, caso em

    que a concesso ser condicionada sua reduo a termo, devendo a autoridade

    judiciria sobre ela decidir no prazo de vinte e quatro horas.

    E) O crime de constrangimento ilegal (art. 146 do CP), executado por uma s pessoa

    e sem emprego de arma de fogo, mas mediante grave ameaa, admite a quebra do

    sigilo telefnico.

    Alternativa correta: letra D.

    (Acadepol - Delegado de Polcia - SP/2011)

    Sobre a Lei n 9.296/96 - Interceptao de Comunicaes Telefnicas - correto

    afirmar que

    (A) o texto legal no abrange a interceptao do fluxo de comunicaes em sistemas

    de telemtica.

    (B) O pedido de interceptao de comunicao telefnica dever ser decidido pelo juiz

    competente no prazo mximo de vinte e quatro horas.

    (C) a interceptao de comunicaes telefnicas ser admitida na hiptese de o fato

    investigado configurar crime apenado, no mximo, com deteno.

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    22

    (D) a gravao que no interessar prova ser inutilizada somente por requerimento

    da parte interessada, aps a instruo do inqurito policial.

    (E) a interceptao de comunicaes telefnicas ser admitida somente quando no

    houver indcios razoveis de autoria.

    Alternativa correta: letra B.

    Art. 5 A deciso ser fundamentada, sob pena de nulidade,

    indicando tambm a forma de execuo da diligncia, que no

    poder exceder o prazo de quinze dias, renovvel por igual

    tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de

    prova.

    1. Necessidade de deciso fundamentada. A exigncia da fundamentao da

    deciso decorre do princpio constitucional da motivao das decises judiciais,

    positivado no art. 93, IX da CR/88, nos seguintes termos: todos os julgamentos dos

    rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob

    pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias

    partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao

    do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico

    informao.

    2. Termo inicial da interceptao telefnica. O termo inicial o dia em que a

    interceptao efetivada, e no o dia da autorizao judicial, devendo os 15 dias

    serem contados a partir do efetivo incio da interceptao.

    STJ. Informativo n 493.

    Sexta Turma

    INTERCEPTAO TELEFNICA. TERMO INICIAL.

    A Lei n. 9.296/1996, que regula a quebra de sigilo das comunicaes telefnicas,

    estabelece em 15 dias o prazo para durao da interceptao, porm no estipula

    termo inicial para cumprimento da ordem judicial. No caso, a captao das

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    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    23

    comunicaes via telefone iniciou-se pouco mais de trs meses aps o deferimento,

    pois houve greve da Polcia Federal no perodo, o que interrompeu as investigaes.

    A Turma entendeu que no pode haver delonga injustificada para o comeo da efetiva

    interceptao e deve-se atentar sempre para o princpio da proporcionalidade, mas,

    na hiptese, sendo a greve evento que foge ao controle direto dos rgos estatais,

    no houve violao do mencionado princpio. Assim, a alegao de ilegalidade das

    provas produzidas, por terem sido obtidas aps o prazo de 15 dias, no tem

    fundamento, uma vez que o prazo contado a partir do dia em que se iniciou a escuta,

    e no da data da deciso judicial que a autorizou. Precedente citado: HC 135.771-PE,

    DJe 24/8/2011. HC 113.477-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado

    em 20/3/2012.

    STJ. Informativo n 480.

    Sexta Turma.

    INTERCEPTAO TELEFNICA. INCIO E DURAO DO PRAZO.

    O prazo de 15 dias previsto no art. 5 da Lei n. 9.296/1996 no se inicia da deciso

    judicial que autoriza a interceptao telefnica, mas do dia em que a medida

    efetivada. Ademais, as escutas podem extrapolar o prazo veiculado na lei sempre que

    houver comprovada necessidade. O prazo de oito meses mostrou-se indispensvel

    para que a autoridade policial chegasse aos envolvidos no sofisticado esquema de

    trfico de drogas, principalmente pela complexidade do feito, pelo nmero de

    acusados, pela quantidade de drogas e pela variedade de entorpecentes.

    Precedentes citados do STF: Inq 2.424-RJ, DJe 26/3/2010; do STJ: HC 50.193-ES,

    DJ 21/8/2006, e HC 125.197-PR, DJe 24/6/2011. HC 135.771-PE, Rel. Min. Og

    Fernandes, julgado em 4/8/2011.

    3. Prazo mximo de durao da interceptao telefnica. O legislador estabeleceu

    o przo mximo de 15 dias para a durao da interceptao telefnica.

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    24

    4. Prorrogao do prazo. Vencidos os 15 dias de durao mxima da interceptao

    telefnica, dever ser realizado um pedido de prorrogao. O Juiz ter, tambm, 24

    horas para decidir sobre a prorrogao. Contudo, a prorrogao est condicionada

    demonstrao da indispensabilidade da medida de interceptao telefnica. A deciso

    de prorrogao tambm deve ser fundamentada.

    5. Prorrogaes sucessivas. So possveis as prorrogaes sucessivas da

    interceptao telefnica sem que haja limite de vezes, desde que sejam

    indispensveis para a colheita de prova. Cabe ao representante ou requerente a

    avaliao da necessidade de manuteno da prorrogao tantas vezes quantas forem

    necessrias.

    STJ. INFORMATIVO N 491.

    Quinta turma.

    INTERCEPTAO TELEFNICA. PRORROGAO REITERADA DA

    MEDIDA.

    A Turma, por maioria, reiterou o entendimento de que as interceptaes telefnicas

    podem ser prorrogadas sucessivas vezes pelo tempo necessrio para a produo da

    prova, especialmente quando o caso for complexo e a prova, indispensvel, sem que

    a medida configure ofensa ao art. 5, caput, da Lei n. 9.296/1996. Sobre a necessidade

    de fundamentao da prorrogao, esta pode manter-se idntica do pedido original,

    pois a repetio das razes que justificaram a escuta no constitui, por si s, ilicitude.

    Precedentes citados: RHC 13.274-RS, DJ 29/9/2003; HC 151.415-SC, DJe 2/12/2011;

    HC 134.372-DF, DJe 17/11/2011; HC 153.994-MT, DJe 13/12/2010; HC 177.166-PR,

    DJe 19/9/2011, e HC 161.660-PR, DJe 25/4/2011. HC 143.805-SP, Rel. originrio Min.

    Adilson Vieira Macabu (Desembargador Convocado do TJRJ), Rel. para o acrdo

    Min. Gilson Dipp, julgado em 14/2/2012.

    STJ. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINRIO... ALEGAO

    DE AUSNCIA DE FUNDAMENTAO PARA DECRETAO DE QUEBRAS DE

    SIGILOS TELEFNICOS E DE MEIOS TELEMTICOS. IMPROCEDNCIA.

  • Trecho retirado do livro Leis Penais Especiais para concurso, Tomo III.

    Autor: Gabriel Habib.

    Ed. Juspodivm.

    25

    DECISO SINTTICA QUE CUIDA TO SOMENTE DE RETIFICAR O DECISUM

    ANTERIOR, DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. PRORROGAES POR MAIS DE

    TRINTA DIAS. POSSIBILIDADE. DEMONSTRAO DA IMPRESCINDIBILIDADE

    DAS MEDIDAS..."Persistindo os pressupostos que conduziram decretao da

    interceptao telefnica, no h obstculos para sucessivas prorrogaes, desde que

    devidamente fundamentadas, nem ficam maculadas como ilcitas as provas derivadas

    da interceptao" (STF, RHC 85.575/SP, 2. Turma, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA,

    DJ de 16/03/2007). HC 229563. Rel. Min. Lautira Vaz, julgado em 21/08/2014.

    STF. Habeas Corpus. 2. Operao Navalha. 3. Interceptaes telefnicas.

    Autorizao e prorrogaes judiciais devidamente fundamentadas. 4. Gravidade dos

    delitos supostamente cometidos pela organizao e a complexidade do esquema que

    envolve agentes pblicos e polticos demonstram a dificuldade em colher provas

    tradicionais. 5. Admissvel a prorrogao do prazo de autorizao para a interceptao

    telefnica por perodos sucessivos quando a intensidade e a complexidade das

    condutas delitivas investigadas assim o demandarem. Precedentes do STF. 6. Ordem

    denegada. HC 119770. Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 08/04/2014.

    Aplicao em concurso.

    (Cespe - Delegado de Polcia - BA/2013)

    Um delegado de polcia, tendo recebido denncia annima de que Mlton estaria

    abusando sexualmente de sua prpria filha, requereu, antes mesmo de colher provas

    acerca da informao recebida, a juiz da vara criminal competente a interceptao das

    comunicaes telefnicas de Mlton pelo prazo de quinze dias, sucessivamente

    prorrogado durante os quarenta e cinco dias de investigao. Ktia, ex-mulher de

    Mlton, contratou o advogado Caio para acompanhar o inqurito policial instaurado.

    Mlton, ento, ainda no curso da investigao, resolveu interceptar, diretamente e sem

    o conhecimento de Caio e Ktia, as ligaes telefnicas entre eles, tendo tomado

    conhecimento, devido s interceptaes, de que o advogado cometera o crime de

    trfico de influncia. Em razo disso, Mlton procurou Ktia e solicitou que ela

    concordasse com a divulgao do contedo das gravaes telefnicas, ao que Ktia

    anuiu expressamente. Mlton, ento, apresentou ao delegado o contedo das

    gravaes, que foram utilizadas para subsidiar ao penal iniciada pelo MP contra

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    26

    Caio, pela prtica do crime de trfico de influncia.

    Com base nessa situao hipottica, julgue os itens seguintes, a respeito das

    interceptaes telefnicas.

    A interceptao telefnica solicitada pelo delegado de polcia e autorizada

    judicialmente nula, haja vista ter sido sucessivamente prorrogada pelo magistrado

    por prazo superior a trinta dias, o que contraria a previso legal de que o prazo da

    interceptao telefnica no pode exceder quinze dias, renovvel uma vez por igual

    perodo.

    A alternativa est errada.

    Art. 6 Deferido o pedido, a autoridade policial conduzir os

    procedimentos de interceptao, dando cincia ao Ministrio

    Pblico, que poder acompanhar a sua realizao.

    1 No caso de a diligncia possibilitar a gravao da

    comunicao interceptada, ser determinada a sua transcrio.

    2 Cumprida a diligncia, a autoridade policial encaminhar

    o resultado da interceptao ao juiz, acompanhado de auto

    circunstanciado, que dever conter o resumo das operaes

    realizadas.

    3 Recebidos esses elementos, o juiz determinar a

    providncia do art. 8, ciente o Ministrio Pblico.

    1. Acompanhamento da diligncia pelo Ministrio Pblico. O acompanhamento

    facultativo. O legislador entendeu que o acompanhamento pelo Ministrio Pblico

    seria importante, mas no fundamental, razo pela qual lhe concedeu essa opo.

    2. 1. Gravao e transcrio da comunicao interceptada. A gravao da

    interceptao, embora facultativa, de extrema importncia, pois a nica forma de

    ela ser valorada como prova dentro dos autos do processo pelo Juiz. Todavia, uma

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    vez gravada, o legislador imps a obrigatoriedade da sua transcrio, para que ela

    passe a integrar os autos do processo como elemento probatrio.

    3. Transcrio parcial da conversa. possvel a transcrio de parte do contedo

    da comunicao interceptada, no sendo necessria a sua transcrio integral. Basta

    que haja a transcrio da parte da conversa que for interessante investigao para

    subsidiar a denncia.

    STF. Habeas corpus. 2. Operao Navalha. 3. Interceptaes telefnicas.

    Prescindibilidade de degravao de todas as conversas, sendo bastante que se

    tenham degravados os excertos que subsidiaram o oferecimento da denncia.

    Precedentes. 4. Ausncia de constrangimento ilegal. 5. Ordem denegada. HC 118371.

    Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/08/2014.

    4. 2. Auto circunstanciado da diligncia. Trata-se de um documento formalizado

    que contm os detalhes da diligncia. uma espcie de relatrio, onde a autoridade

    policial faz o registro da medida de interceptao realizada.

    5. Resoluo n 59/2008 do CNJ. Trata da rotina de distribuio, registro e

    processamento das medidas cautelares de carter sigiloso em matria criminal, cujo

    objeto seja a interceptao de comunicaes telefnicas, de sistemas de informtica

    e telemtica. Ver o teor da Resoluo no Anexo.

    Art. 7 Para os procedimentos de interceptao de que trata esta

    Lei, a autoridade policial poder requisitar servios e tcnicos

    especializados s concessionrias de servio pblico.

    1. Requisio de servios e tcnicos especializados s concessionrias de

    servio pblico. O legislador imps s concessionrias a obrigao de atender

    requisio da autoridade policial, uma vez que a medida de interceptao pode

    demandar questes que envolvam conhecimentos tcnicos especializados que os

    rgos de investigao no tm. A requisio uma ordem da autoridade policial que

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    no pode ser descumprida, sob pena de configurao de crime de desobedincia (art.

    330 do Cdigo Penal).

    Art. 8 A interceptao de comunicao telefnica, de qualquer

    natureza, ocorrer em autos apartados, apensados aos autos

    do inqurito policial ou do processo criminal, preservando-se o

    sigilo das diligncias, gravaes e transcries respectivas.

    Pargrafo nico. A apensao somente poder ser realizada

    imediatamente antes do relatrio da autoridade, quando se tratar

    de inqurito policial (Cdigo de Processo Penal, art.10, 1) ou

    na concluso do processo ao juiz para o despacho decorrente

    do disposto nos arts. 407, 502 ou 538 do Cdigo de Processo

    Penal.

    1. Autos apartados e apensados. A fim de manter os autos da interceptao

    telefnica juntos com os autos do inqurito policial ou com o processo criminal, o

    legislador determinou que o contedo da interceptao telefnica seja objeto de autos

    apartados, ou seja, diversos dos autos principais do inqurito ou do processo.

    Inclusive, a interceptao telefnica possui autuao e numerao prprias. Alm

    disso, os autos da interceptao devem ficar apensados aos autos principais, o que

    significa dizer que eles ficam anexados aos autos principais.

    Art. 9 A gravao que no interessar prova ser inutilizada

    por deciso judicial, durante o inqurito, a instruo processual

    ou aps esta, em virtude de requerimento do Ministrio Pblico

    ou da parte interessada.

    Pargrafo nico. O incidente de inutilizao ser assistido

    pelo Ministrio Pblico, sendo facultada a presena do acusado

    ou de seu representante legal.

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    1. Inutilizao da parte que no interessar investigao. O legislador determinou

    a inutilizao da parte da interceptao telefnica que no interessar como elemento

    de prova para a investigao. Trata-se de uma ordem legal, e no uma faculdade do

    Juiz. E assim o legislador f-lo para a preservao do direito fundamental intimidade

    e ao sigilo das comunicaes telegrficas de dados e das comunicaes telefnicas.

    2. Requisito. Deciso judicial, a requerimento do Ministrio Pblico ou da parte

    interessada, que pode ser o indiciado (se no curso do inqurito policial) ou o ru

    (durante o processo judicial). A exigncia de deciso judicial permite o maior controle

    sobre o objeto da inutilizao.

    3. Juiz no pode determinar a inutilizao de ofcio. O legislador no fez previso

    de o Juiz poder determinar a inutilizao de ofcio. A razo lgica: somente quem

    produz atividade probatria tem condies de saber se determinada parte da

    interceptao telefnica ser til ou no. Se o juiz uma pessoa distante das partes,

    desinteressada na atividade probatria, imparcial e isento, ele no pode manifestar-

    se sobre qual parte da prova interessante ou no. Isso cabe a quem tem atividade

    probatria.

    4. Momento da inutilizao. A qualquer tempo, at o trnsito em julgado, tendo em

    vista o que o legislador mencionou durante o inqurito, a instruo processual ou

    aps esta.

    5. Presena do Ministrio Pblico e do acusado. Pela redao legal, assistir ao

    incidente de inutilizao uma obrigao do Ministrio Pblico e uma faculdade do

    acusado ou de seu representante legal. Pensamos que o legislador deveria facultar a

    presena somente da parte que requereu a inutilizao, para que ela certifique-se de

    efetiva inutilizao.

    Art. 10. Constitui crime realizar interceptao de

    comunicaes telefnicas, de informtica ou telemtica, ou

    quebrar segredo da Justia, sem autorizao judicial ou com

    objetivos no autorizados em lei.

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    Pena: recluso, de dois a quatro anos, e multa.

    1. Sujeito ativo. Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.

    2. Sujeito passivo. As pessoas que travam a conversa interceptada.

    3. Condutas tpicas. Realizar interceptao significa efetiv-la, conseguir interromper

    o fluxo da comunicao entre pessoas diversas. Quebrar segredo, por sua vez,

    consiste na conduta de divulgar uma informao que estava coberta por algum sigilo,

    de forma que o agente viola o sigilo imposto pelo art. 1 da lei. Note-se que o delito

    consiste na efetivao de interceptao ou na quebra do seu sigilo sem autorizao

    judicial ou com objetivos no declarados em lei (por exemplo, a realizao da

    interceptao por um motivo qualquer que no seja a investigao de uma infrao

    penal). Na realidade, o delito consiste na realizao da interceptao telefnica fora

    dos moldes preconizados por esta lei. A razo da previso dessa conduta como

    criminosa justamente a violao indevida e fora dos moldes permitidos por lei da

    intimidade do indivduo, bem como do sigilo das comunicaes telefnicas.

    4. Tipo misto alternativo. Caso o agente pratique mais de uma conduta descrita no

    tipo penal, responder por um delito apenas, no havendo concurso de crimes. Assim,

    se ele realizar a interceptao telefnica sem autorizao judicial e depois quebrar o

    sigilo e revelar o contedo obtido, ele responder por apenas um delito.

    5. Princpio da Especialidade. O tipo legal de crime ora comentado especial em

    relao ao tipo legal de crime contido no art. 40 da lei 6.538/78 (Art. 40 - Devassar

    indevidamente o contedo de correspondncia fechada dirigida a outrem: Pena:

    deteno, at seis meses, ou pagamento no excedente a vinte dias-multa).

    6. Consumao. O delito consuma-se com a prtica das condutas tpicas, ou seja,

    com a efetivao da interceptao telefnica ou com a quebra do sigilo,

    independentemente de qualquer resultado ulterior. Trata-se de crime formal.

    7. Classificao. Crime comum; formal; doloso; comissivo; instantneo; admite

    tentativa.

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    8. Suspenso condicional do processo. Incabvel, pois a pena mnima cominada

    ultrapassa 1 ano (art. 89 da lei 9.099/95).

    Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 12. Revogam-se as disposies em contrrio.