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Metodologia história de vida e formação

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  • ,) 141HISTRIAS DEVIDA: TRANSMISSO INTERGERAClONALE FORMAO'

    Martine Lan-Bayle/

    Nombito das narrativas de experincia, tal como po-dem ser postas em prtica, qual a parcela de aconte-cimentos percebida? Como restituir a memria? Quememria, e a partir de quais escolhas e quais distores? O quefazer de tudo isso e com que objetivo?

    Partindo dessas questes, procurarei, aqui, pr em evidn-cia as especficidades desenvolvidas ao longo de minha prtica..Se o rocedimento bio rfico ermite construir e con uistasua histria narran o-a -e dando-lhe forma,.formar-se -, elJLd acesso tambm a essa dimenso da anterioridade pela im-ortncia conferida ao e e ico na nese a essoa tanto

    pessoal quanto cultura! .Desse modo, introduzo o que deno;JIlino de clnica narrativa, via a "histria de vida genealgica", e "geracional" ou "geradQr', que assim categorizei. E essa ante-rioridade possibilita o acesso cultura......

    Pois, estudar a parcelados acontecimentos que se revelarammarcantes na vida de cada um, do modo como a narrativa osmanifesta, e segundo o grau de proximidade experimentada,tanto no espao quanto no tempo, pe em evidncia a anteci-pao aprisionante, na construo dos saberes, partindo-se dosmais prximos e familiares' para os mais distantes. Disso decor-re a eficincia possvel do' trabalho, com base em narrativas deexperincia em formao - o que, no entanto, no deve estimu-lar a subestimar seus limites nem seus riscos.

    1 Traduo de Marcos Antonio de Carvalho Lopes, professor doDepartamento de Educao ..e da Ps-graduao em Educao daUFRN.2 Professora titular em Cincias d Educao da Universidade de Nan-tes, www.lani-bayle.com

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    2981 Histrias~e vida: transmisso intergeracional e formao

    ~e vida produo de sentidos a partir d~ fa-tos temporais vividos, como Gaston Pineau costuma d~fm-l~s_~rgiram, primeiramente, como corre~te ~e pesqulsa e ereflexo em_sociologia e, em seguida, ~o ~~blto da formaao~Aps uma rpida apresentao desse histrico, pretendo ~os .trar, de modo breve, as principais etapas ~ue me condu~l:a~,primeiramente, sua descoberta, em seguida, a d~senvo ve- ase, finalmente, a ensin-Ias ou utiliz-Ias em pesquisa.

    Surgimento geral e posio-das nar~ativas de vida na. formao e n~pesqU1sa

    Como modalidade de expresso, as "histrias de vid: noso recentes, Ningum precisou esperar a E,scola de Chicago-, falar de si a algum ou para escutar algum, nem mesmo a

    ~:~utica nem a psicologia, bem-mais t~rd~:.Mas a abo~dagemaSSImnomeada, apesar' de suadesign~ao slmples,~ facilme~tecompreensvel, evoca uma prtica particular que foi ~.~tr?duzldatardiamente e "de contrabando';' co~~ semp~~.~~.r.r::a?ast~n" .Pi~eau, no seio das cincia~ soc~als. M~sm? nao sen o .'facilmente recorrhecidasporsua validade c~entlfic~ ~nq\l~~() . s uisa,: elas' foram' propostas na f~rmaao de- adultos em .~irtGde de-seu efeito formativo,distanclando:se~entretanto; dasabordagens com objetivo abertamente teraputco. .

    De onde surgiu essa abordagem?

    o contexto mais prximo de seu surgimento remonta ao fi-nal.do sculo XIX, quando as Cincias Humanas c,ome~ aganhar autonomia, em relao ~ Filosofia,. s.Letras.e.s Cin-cias Exatas. Na Alemanha, onde a tradio filosfic~ sem que:rer 'abandonar o modelo do sentido. e permanecer vmc.ulada a

    t da histria Wilhelm Diltey colocou as bases epsterno-ques ao, d C' . d t relgicas do mtodo biogrfico, ~is,ti.nguin o lenc:as a na u -za (explicao) e Cincias do esprito (compreensao). .

    ., Martine Lani-Bayle 1299

    Mas, foi mais precisamente a Escola eleChicago (1915-1940)que deu origem s histrias de vida, COI n o estudo de Thomas eZnaniecki, em 1918, sobre os camponeses poloneses. Trata-se,na verdade, da primeira pesquisa de campo, reconhecida emsociologia, utilizando documentos biogrficos, e que resultarem uma obra: de sociologia da imigrao. No entanto, de 1930a 1970, aproximadamente, a tendncia a quantificar os fatos so-ciais continuou a aumentar a demanda de questionrios, son-dagens ... As histrias de vida, pouco reconhecidas e ainda numestgio artesanal, caram na "lixeira da histria", antes mesmode serem verdadeiramente conhecidas .

    No centro desse intervalo, entretanto, a abordagem comeoua conquistar credibilidade, desde os anos 1950, na Itlia, com ostrabalhos de Franco Perrarott, em 1961, a partir do Mxico,com a obra As crianas de Sanchez, de Oscar Lewis, mostrandouma sociedade por meio da viso de urna famlia do interior;no incio dos anos 1960, na Frana, com Daniel Bertaux. Aomesmo tempo, as narrativas de prtica se desenvolvem,assimcomo as observaes e estudos longitudinais, habilitando as

    \\

    metodologias qualitativas. Uma parte da sociologia torna-se. "compreensiva" interessando-se pelo sentido que os atores so-

    ciais do, eles mesmos, aos seus prprios atos .Contudo, foi apenas a partir dos anos 1980 que essa cor- \

    rente abarcou uma gama considervel de domnios. E mesmo 1se sua validade ainda permanece em debate, a abordagem cada vez mais freqentemente utilizada e ganha legitimidadenos diversos campos das Cincias Soelas (notadamente emSociologia Clnica e em Cincias da Educao). Essa correnteno nega a perspectvamltante da gerno de 1968, que pro-curava romper com a histria nica das elites e lutar contra ahegemona do nmero em cincias, que havia alcanado, nessenterim, as Cincias ditas humanas. Ela recomenda, igualmen-te, o retorno do ator, desenvolve as abordagens humanistas eintegra perspectivas dialticas. A articulao da teoria com aprtica desenvolve-se, ento, na formao de adultos, a partirdas Cincias da Educao.

  • ,;360'1 Hi~t6rias de vida: transmisso intergeracional e formao1~;\f" .;. ....,y;," "jr~~ , ...ps ,pes'quisadores-prticos organizaram-se em redes desde-1'983. No plano internacional, a ASIHVlp3 foi criada, em 1991,em.'torno de uma carta que define o quadro e os limites dos.procedimentos a serem adotad6s em pesquisa-formao. Des-. de ento, essa corrente se propaga cada vez mais, infelizmente,de forma, muitas vezes, anrquica e sem as mnimas precauesde base quando se toca nas e pelas prticas sociais e pblicas, navida privda das pessoas.

    No entanto, sua legitimidade, no mbito das Cincias Huma-nas, parece hoje reconhecida, uma vez que seus procedimentosmostraram sua fec.undidade heurstica._Mas, ainda assim, elacoloca a questo de seu uso na formao em diferentes idadese de suas frnteiras com as tcnicas teraputicas. Nos planospoltico e miditico, ela necessita tambm de parmetros, numapoca em que testemunhos, injunes de memria e de narra-tivas constituem-se, ao mesmo tempo, uma banalidade e umanecessidade, quaisquer que, sejam as, circunstncias reflexivasque possam acompanh-Ias (sobretudo fora delas), e at na "te-linha" televisiva.

    Experincia e descoberta profissional das histrias de vidae de sua ao formadora

    Desde os anos 1970, comecei a praticar as histrias de vidasem saber ou sem design-lasassim. Na verdade, na minha pr-tica de psicloga clnica, numa instituio de Ajuda Social 1n-fncia". eu acolhia, poca, crianas que nem sempre careciamde uma terapia. Entretanto, necessitavam de "cuidados" - mas,no sentindo de "cuidar" deles e no no sentido teraputica dotermo. O que elas buscavam, na verdade, era compreender a~~a, ou o que sua Vida tinha sido at ento para elas e, por.

    3AssociaoInternacionaldas Histriasde Vidaem Formao. (N,T.)4 Administraoque Ijeocupa de crianas que, sob ordem judicial,devem ser retiradas, por um perodo mais ou menos longo, do seioda famliade origem em situao de carncia. Essascrianasso en-tregues a uma famlinque as acolhe ou a uma instituio,at que asituao se normaliZEI

    Martine Lani-Bayle 1301

    essa razo, precisavam sabe lh""qu. Os adultos . r o que es tinha acontecido e porrecusavam-se a'l~~: ~:~~hqam elhssesfsalabere~ausentes sobre elas,

    ue es tava. Suposta tp.rotege-Ias.de ~prendizagens difceis ou dolorosas mque;~~~~aziam respeito diretamente.' 1-

    Poder c:ntar /ua histria para viver a sua vida,' dando-lhema orma que lhe corresponda e a revele ...

    . ~o longo de minha prtica, as crianas foram os meu ..,cipais mestres nesse domnio A exp .. fi' s prm-lado delas mostrou-me que n~ adiantaenenCla. pro sSlO~al aoto, nem .tentar (~poste:iorJ. desvi-lo co:fa~::so ;~1~~~:~1I1~::;esmo l;por interdies de saber': Sem fazer uma ob~esso"interdc ~o, nem uma obrigao de lembrar-se, ou ainda uma

    erdo de esquecer", autorizar uma viso policrnica tversal, ~ue permita desvelar a histria, sua histri t rans-suas ongens como em seu di . na, anto emequilbrio ;~tre essas. dua:Yi~~~~0;~::!~:s'p~~~Si~r~~7~pu:uma. memona .escolhida ou transformada. . r

    zin~:Sm~~sdg~sstdm,ebntreta~to,.aoportunidade de descobrir, so-, e sa eres contidos em si

    ainda desconhecidos inscientesr E 1 bmes~o, .mas latentes,b '.' sse sa er insciente- o~se.sa, e sem saber, o que se sabe sendo proibido saber ou sim-~lesmente, falta.palavras ou-ocasies para diz-lo O' '. m-e o que se sabe para alm' ou, a um da .' mS~I~ntePois, quando viv 1 .' '." q .' s palavras para dz-lo.

    t fi emos a go, ISSOse inscreve dentro de ns Nse em orosamente os meios para recu 1 1 . . opara. contar e.assim poder (re)apre.sep:t~~ro,-t~;ne~l~ng:n:~:~'mas ISSOcontnua no nosso nteri 15'.... d P ,. . , nor. iante essa constatanscente e um saber que no se sabe ( . d ) _ o, odireito de se conhe . ain a, porque nao tem oa ocasio de se ex ressar simplesmente, porque no teve aindapotencial, nosso ~forJ.:r ~qo:::l~t~l. Isso c~nstitui nosso estoque. ' e que nao se tem (ainda) for-

    5 TraduzimoslI' "( - bi(N.T.) msus nao sa rdos, no conhecidos)por "inscientes".

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  • 304 \ Histriasde vida: transmissointergeracional e formao

    toca e atinge a pessoa, o que ela "retm": a fase foto- rfic-descritiv~ As p avras nao esto l naquele momento, elas pre-cedem e seguem ao mesmo tempo o que captado. A segundafase gira em torno da impresso, uma vez que compe um qua-dro impressionista, com base em como a luz vista (tanto quan-to a sombra), de onde escapa imagens que marcaro. A fase deexpresso, que da se origina, esculpe nossa representao domundo,articulando uma terceira dimenso s duas preceden-tes. A conceitualizao est a caminho e, mais adiante, servirou ser utilizada pela fico (pondo em relevo o fato de que aspalavras no so a vida, mesmo se elas a evocam). As palavrascontam sempre outra coisa diferente do que se produziu, pro-curando colar mais ou menos ao factual. Uma vez que so daordem da rpresent~\o e no do vivido).

    Na etapa documt'ntal inicial, o eixo cronolgico, aqueledo tempo dos relglos. Para a segunda etapa, o eixo tempo-ral, isto , organizado no tempo de modo pessoal, e o tempopsquico que dele resulta no se sobrepe ao preceflente, masse forma com o atemporal do inconsciente, como observouFreud. A ltim etnpa contribui para a constituio do eixohistrico, que ultrapassa e transcende a reflexo, tornando-a-produtiva.

    Dito de outra forma:

    Unicia-se uma etapa inaugural de busca, de abertura e de

    encontro;2.nesse encontro, cada indivduo imprime sua marca pes-soal naquilo que reteve e que se torna no "memorvel",para retomar a expresso utilizada por Maria da Concei-o Passeggi (2005), etapa ativa de assimilao/acomo-dao recprocas;

    3.segue-se uma fase de recuo, de diferenciao.

    por meio desse trplice processo que se manifesta a funo

    formadora das narrativas.

    Martine Lani-Bayle1305

    Por uma histria de vida transgeraconal

    Meu pai no acreditou dever me'f' . , -"s coisas que ele me lego [ ] F ~rnec~r.lns~ruoes relativasmitiu o que ele havia tocad u '" t em silncio que me trans-o sem rases [",] e eu fiquei sozinho

    sobre a nova margem,Pierre Bergounioux6

    Mas nossa histria posta em 1 ("""a expresso de Paul Ricoe~~ 198~)av:a~ . em mtnga, segundodo narramos, comeamos eralm se micia antes de ns: quan-ses antes-de-ns-mesmos "g en:e por esses antes, e so es-" que constituem nosso p esse anterior no inerte ele fi r -texto. Ora,b d

    ' se ez sem ns mas ela e ter coisas a nos diz' ,e nunca aca-er, COIsasque contribue

    constituio. Interessar-se por elas b m para a nossainteressamos por ns para ' a ertamente, quando nos. ,gerar nosso prpriornte que nos aproximemos da il percurso, per-antes de ns, e que desatado d;~~ ,;ue se pr~duziu sem ns,Socialmente, isso autoriza igualmente e pr?d~ZlU ao seu modo. /.em um destino fatalmentere d a por a prova as crenas Igerador de alteridade, mas t~~~t~r que se re~e~a,no apenasao desenvolvimento coleti e laos SOCIaIS.Em relao

    h. lVO, em um dado mn ecmento conduz tamb ,_ omento, esse co-m a uma inversao entre geraes.

    A importncia da dimenso intergeracional nasnarrativas de vida

    Ela no lia sua prpria vida, segundo um m ' , -que os outros lhe haviam dei d

    odOde utilizacr' erxa o em suasmos?

    Milan Kundera

    . A dimenso intergeracional od .dida com a ajuda dessa ima emf u e ser,m~ls bem compreen-, e comea a lhe contar' Mg ~ m a~o poe seu neto no colo. eu avo me disse que o pai dele ... Se

    ; Todas as ~pgrafes foram traduzidas.Cf. uma figurao proposta or EI' bde doutorado na UniversidadeP d Nlsa eth Heutte em seus trabalhose antes,

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    3061 Histrias dlil,\Jida: transmisso intergeraciona.1 e formao

    considerarmos uma distncia padro de trinta .anos,entre as ge-raes..e se o neto nasceu em 1990, ess~ ~imples fal~,far' pouc~a pouco, existir na criana, e to~na f~~ihar,.aprese~a ~e umapessoa nascida em. 1840, ou seja, ~a exat~ente.u-~ seculo emeio antes dela, assim que semamfesta O IntergeraclOna~vi,( da narrativa e da relayo com o 4 resente esse contato ue'si es a el~tre as geraes est pa~::o :=~:~jiu ~ssC; desenvolvimento ~ e~ prPfl;nar:1:- U1!.Ura uyJ,'ativa. atrav~ dele que dominamos o mundo (LANI-BAYLE;TEXIER, 2007)k~e entr~o~a cultunv que se inicia no~~ _.

    A partir da, pode-se dizer que todo mundo, para en~rar ~acultura, deveria possuir, flutuando em seu context~, ou seja, dIS-ponveis, esses elementos de vida que fazem sua vida no tempo,para' construir-se, no somente em carne e oSS?,~as, com e empalavras. Via o processo de escrita conectado a vida, esboam-se, nesse sentido, vrias perspectivas no modo de fazer des.savida, que nos ultrapassa no tempo, do comeo ao fim, uma hIS-tria que ser um pouco a nossa, ou a dos nosSOS... ~o lor:go

    de minha experincia, descobri'assim trs grandes onentaoespara um procedimento, que esbocei anteriormente

    8

    A "histria de vida genealgica"

    Recolhendo seixos e cinzas, deixadas pelos antepassados -face aparente da transmisso -, e duplicando esse trabalho porum efeito de eco, qu:e por si s pode dar novamente ,c~rne aoesqueleto, incompleto, exumado, graas a alguns ve~tlgl~?Sres-tant 'ossvel realizar, pela escrita, o que chamei de art

    reve " ou se' a, dar a luz s essoas das quais descen emo. .ssa abordagem autoriza, cada um e nos, a atualizar uma p~r-te de nossa "dimenso noturna'" ,.pois possvel que alguemse surpreenda ~sctevendo, talvez at com facilidade, partes de

    8 Cf. Chemins de formation n 9, octobre 2006, La transmission inter-grationneI1e, p.90-101.9 Cf. Gilbert Durand ou Gaston Pineau .

    Martine Lani-Bayle 1307

    vidas que no viveu e que, no entanto, no ignora totalmente,visto que pode escrev-Ias: o insciente manifesta nisso o parado-xo central de sua expresso ..

    Chamei essa rtica de histria de vida geneal ica LANf-_BAYL~, 1997aj 1997 :. escrever-se no te~Q anterior a siprprIo, atravs da escrita dos. antepassados (no sentido amplodo termo - e no somente no sentido 8MtjcoJ) No entanto,no .se trata, atravs dessa abordagem, de uma pesquisadesviada ou voltada para o passado, mas sim de uma tentativade isolar uma configurao da qual se participa, a partir de umdeterminado momento, momento voltado para aqueles que nosprecederam. Ele autoriza o estabelecimento, no de certezas,~vi~entemente, mas, na verdade, de um relativismo: o passadoe tao vasto, rapidamente infinito, que bom, ento, que seescolha suas marcas, suas balizas, com base em pistas variadase mltiplas, e que cada um vai compor ao seu modo, todaste~do os mesmos direitos, mas grande parte permanecendo,felizmente, esquecida. Com essa argila, cadaurn pode se tornarautor de um texto pessoal, compondo com esses ingredientesque surgem do passado, tanto individual como coletivo.

    A "histria de vida geracional"

    Tais procedimentos. de histrias de vida genealgicas soatualmente, mais ou menos usuais, enquanto a memria entrana moda - embora maltratada ou, at mesmo, explorada -, ag~~ealogia vende bem e em todo lugar, as rvores ditas genea-lgicas florescem, do mesmo modo que as narrativas de famlia.O que h de ainda mais grave se passar de um uso espontneopara uma recuperao quase obrigatria e no refletida: o passoda generaliia~o e do efeito automtico dado com freqncia.Mas, nem por ISSO,se faz necessrio que essas mltiplas derivasmatem o que, com sabedoria e lucidez, se pode esperar de tal-tentativa que, alis, no esperou virar mania para se expressar.Ela surge at mesmo quando no solicitada diretamente. Foi Oque aconteceu durante algumas de minhas aulas na Universida-de Permanente de Nantes (LANI-BAYLE, 2000,2001).

  • 3081 Histrias de vida: traru.rnisso intergeracional e formao

    Diante de um ttulo, utilizado para estimular "experinciasformadoras", ou simplesmente, "experincias de vida", boa par-te dos participantes upresentou, espontaneamente, experin-cias genealgicas. E, ento, a perspectiva se ampliou e passou,abertamente, do crrego fonte: o retorno aos antepassados,disseram: os mais velhos, eu no fao issopara narrar a histriad~, nem para falar de mim atravs deles, mas para transmitirexplicitamente, e com minhas 'Palavras, esse passado aos meusdescendentes, s geraes seguintes.

    Esse procedimento, que, por definio, vai do passado parao futuro, chamei, para distingui-Ia em seus objetivos e em seuolhar temporal diferente da precedente, de histria de vida gera-cional. E observei que nossos antepassados tambm no espe-raram para produzir textos semelhantes. Encontrei documen-tos escritos por certa bisav, ou deixados por certo ancestral, ededicados aos eventuais e hipotticos bisnetos, nos quais falam

    , de si, do conta dos grandes acontecimentos da vida, freqen-temente, recolocados em poca futura (JACQUARD, 2000). Apreocupao com a transmisso e a antecipao sempre exis-'tiram e sempre foram .mais ou 'menos conscientes. Notar, nosem um pouco de lucidez ou mesmo de provocao, que trans-mitimos justamente aquilo que no se diz ou o que no se querdizer no apaga esse desejo de controle, muito pelo contrrio ...

    A "histria de vida geradora" ti.~t-wtX>-

    nesse ponto q\le a situao pode mudar e uma forma deinteratividade se instala, para alm dos tempos. No sabendocomo escrever sobre seu av que ela no havia conhecido (porter morrido antes de seu nascimento), uma estudante, duranteum dos meus cursos, decidiu escrever-lhe uma carta, reunindoas perguntas que ela gostaria de lhe fazer. Surpresa! Na sessoseguinte, a jovem chegou com uma resposta do av. Uma car-ta cheia de vida, na qual foram expressos esboos de respostascuja pertinnca, no que concerne ao personagem principal,desconhecido, era incontestvel. Uma "correspondncia" se es-tabeleceu sobre essas bases, mas, rapidamente, o av comeou

    Martine Lan~-Bayle/309

    a questionar tambm a neta. "Voc pode tent hdiz ele m . ar me con ecer,

    . ; "as ~u, como posso saber quem voc se voc nome dIZ ..... Caindo na prpria armadm . 1 'vis, escrever-se. a, e a consegue, por esse

    ?utra estudante do-grupo apropriou-se tambm desse ro-cedimenre, ~o qual presente e passado se interrogam mufua-;nlente e, rapdamenrs, no se sabe mais qual gera o outro Ao:t~aonto que o av de uma aluna se ps a escrever ao av' dae s ~~fesse modo, o [ue a escrita torna possvel excepcional

    e ~ara ser exp orado. As geraes no necessitam serc?nt~mp~raneas para dialogar. Pois esse dilogo se d no inte-rtor e ca a um nopresente. Ele toca cada um de ns e contrb 'para nossa constituio. UI

    . ~as era nece.ssrio tambm dar um nome a essa forma er-mtda pela escnta e descoberta por Edith L' . pC h" . aunois. pensei en-sao, ,em. istoria d~ vida generantelO, para permanecer na lnhaemanne, dos dOIS termos precedentes A idia de " tic

    presente"lJ la b fi . . par rcipioprontament~~l~ol~~'d~ss ee~~~~;:~e:ce~:1a~:%potenciais foram,

    De dipo a Hermes ...

    .~usaan~~rc~;~f~~~:~s~~:r c:~s~~;~ ~~~~i:e~~~;~~r~~~~

    Michel Serres

    Houve um tempo em qu ' . btriangul L . _. e ousei que rar a representaoPreud ar, p ana, pal-mae-filho, chamada de edipiana desde

    , e propus uma representao em volume estendend~~~; e~a base de duas di~enses, a temporalidad~ genealgic~:. 0- e ao mesmo tempo espao e ar e est ul d

    em relevo (LANI-BAYLE 1997a p 35-62) HIm an o a 'pensar, ,. ~.. ermes servia bem

    ;~ Chamado pelo nosso grupo "o princpio d'Edith.A autora chama de "histoire d ' "

    mando que se trata de um '0 o de v!e generante", "gnrant", afir-s~nte do verbo" gnrer", ~gs trad Iln,guagem e= o partiSpio pre-pio presente de "gerar" por via erud~:~~~dUO~ISSj~.~te t partic-

    ~"Z!~

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  • , \," "-----310 I Hist6rias ae VIUa, ~"-", I, " ',-

    , -, d ttur ' dipo de s~as fiUl.~,es/na verdade, mais c.ompl/:addaf!Para es , , t lvez hOJ'e maIS, 1 'Eu concordei ;semp!e, a" ,do que "cqmp exas. bstitui'O;.'mantendo, contudo, algum

    " que nUJ1cau.:codmooese~~:s~oam~a~:e a ideologia bate porta, 'reserva, q an ',' , ,(

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    Naquele livro fundador (op.~~t;;p.l ), eu dizia o segunte: ,

    , , .' "o ento de' cultivar esses enig~as., Deixemos, portaYltod um:m ~ entem suas estreis nostalgias:lembro - e nunca emals~"I ug do certamente mas, d d de ret,ornlr ao passa , ' 6 .trata-se, na ver a e, Ih '. propulsar adiante. ~ quando n ,S como uma mola para .me tr se u no queo pa's'sado agarra. '1;.-

    " o ignoramos volunt~nam~n 6l,O " ,'" I

    'd roc~~irtlento geneal6gico; geraci~nal\', 'Quer se trate e um P . ,'.. hiun deles se vol- ,d sua: aparncIa, nen .,

    ou generante, apesar e a o futuro. Olhar para..ftente'torna ,'"\.. I ta para o pas~ado, mas p~ num carro, para avanar com um "

    &"possvel ir adiante .~ 'COID " . os olhar o que se passai de segurana n s pre.cIs;un dm Olmo " 'd " p: ~~~os {Com,efeito! passa oatrs justamente por on e J, " , ,.,' . ' t com' o av co v -

    somente nesse caso ara s , ..' . ., , 'de um cuidado necessrio ,~om o conheci-Trata-se" pOlS, . ue til na perspectiva de forma-

    mento e o reconhecImento: q am muito menos espao- areial (os retrovlsores,ocup .ao, mas p b . d niodo i'lteral), servindo para onent~,que o pra- nsa e d: se vem, 'co$preender o solo que s.eplsa 1para perceber de on f iddade. Mas esses procedlme~-: :

    -, paisagem com sua pro un . ,, -, d t'",,- e a _. d se vai, '~ sobre essas"bases tu o res a,

    tos na,o dl2:m para on _e trata de um fun em si mesmo, cadaportanto, a IDventar. Nao se ~ P diz o que ainda no acon-rocedimento indica, mas nao re,. '_

    P anh ainda' no est, esc;nto se ele a ,tece' ,.', t m no se r,a a e melutvel concom o on e I ,."ainda menos de uma ftalidad;t',_ ....\_---

    ----------

    1 "

    Para urna I..u.un..fi.. -- 0- ,\ "

    IUma vez a pessoa reintegrada em sua histria. reconhecida,atravs da realidade de sua Wncia ~ensorial, emocional e QUo.ti4iana, ela pode,assim encontrar nela ()s-vestgios de ~\l.i12re-:=decessores (sobretudo, DO senti~ p.slllMi;o e simIli-co LP-:ara

    od " " a artir de tais bases que possveL a cada um. construir sua 12I2. I ia !;&W. ntegra a em.umIF perspectiva piramidal,: a 'p.ess.aa..]luder ocURar, em uma,lin~~em e em uma cultura social, o lugar que ela far s'elJ..

    nesse sentido que propus essa extenso da abordagem deI hist6ria 'de vida, para uma ,ifnica d gcnealgico, que consiste

    )

    em fazer aparecer um modo -de inteliglbilidade da histria ge-racional (e, portanto, generativa) que n os forma e que pode' ser

    : assim formulada: como falar de si prprio verticalmente, atra-, .vs da narrativa de seus antecedentes! E nota-se que essa fala, se

    no for freada, se exprime quase sozinha, toda narrativa .de vidaorigina-se, naturalmente; naquela dos ascendentes~p-ossi.vel cZ{nlca narrativa e g.enealog'ca mostrabna verdadeLc'omQ' st;,..

    '--:='-;--:-, od smo dando luz',aots) mai~yelho(s) ormeio da narratiy.a...a..q!le...C.Onstltuia "gnese- o..s.ab.ei,'.~.'

    Mas, sabemos; muitos passados so dolorosos. Tentar livrar-se deles, tomar uma distncia necessria, no modifica o que se .passou. As palavras, do mesmo modo que, as suas articulaesnuma histria, no tm esse poder e no devem, tambm, fe-char o acesso memria, ou mesmo acentuar recadas, tentan-do "lavar" a memria, No entanto, as palavras, as frases podemservir para modificar a relao que' cada um pode manter comesse passado, do qual ningum obrigado a ser vtima passiva.

    Apesar de toda essa'passagem do sensvel ao inteligvel, mes-mo sendo eficiente, ela das mais rduas a nego dar. Insisto nofato de que essas propostas e pistas de pesquisa no autorizam arecuperao das tcnicas de narratividade reflexiva' em um qua-

    , dro Injuntlvo, funcionandosob a proteo de comandos externosintrusos, e com objetivos que escapam pessoa Interessada. A, nica atitude vital possvel, face expresso do percurso biogr-fico de cada um, feita de respeito e de dignidade conjugados,

  • III

    II

    Perspectiva arco-ris

    312' Histrias de vida: transmisso intergeracional e formao

    A evocao de situaes extremas no deve esconder o or-dinrio, que tece o essencial de nossas existncias e serve detrama s diferentes narrativas de vida. Ordinrio esse que seencontra, no somente ao longo do tempo e dos tempos, masse mostra to semelhante para ns, independentemente das di-ferenas culturais e sociais. Assim sendo, a narrativa de uns se.!Q!Jla Q eco des.encadeador da narrativa dos O..llJrQs. , alis, oque nutre o essencial de nosso interesse pelas biografias, tantohistricas quanto contemporneas.

    , pois, antes de mais nada, toda uma perspectiva de rela-o social que se estende com base nesse procedimento clnico,tanto mais aberto que a sua expresso se desenvolve no tempo eque essa relao social se torna relao entre geraes. Diga-me,como era quando voc era pequeno(a)? um questionamento-tipo, permitindo construir uma temporalidade que distingueos perodos, criando a amplido que os separa "de gerao em.gerao" (segundo a frmula j consagrada), depois, de sculosem sculos: Entre as leituras mais propcias para desencadear.narrativas pessoais e escritas, quase involuntariamente, sem in-tenes, encontram-se esses textos genealgicos e geraconais,seno (re)generantes.

    UnPdas mais ricas ilustraes que se pode acrescentar aessa observao encontra-se nos contatos entre geraes, nascasas e lares de repouso, onde entre mais velhos e jovens htrocas e estmulos de narrativas, orais e escritas, sobre a vidade uns e de outros, regenerando os mais velhos ao mesmo tempoem que regenera os mais jovens. Laos ancestrais so assim cria-dos espontaneamente, intercmbios de histrias que despre-zam inscries, tanto genticas quanto de estado civil, e que,no entanto, funcionam, esboadas por intenes tais como afrase que deu incio segunda parte deste texto: Meu av medisse que seu pai ... e que ser respondida por uma palavra decriana sobre sua prpria vida e sobre seus projetos, sobre suainscrio no mundo ., que, para ela, se far na medida em quevai falando de si. .

    Martine Lani-Bayle , 313 .

    Confiantes nesses procedimentos que somos produzidos e/o- ,n s tomamos conscincia ~~

    . somos o produto de nPo queb(pordaque,les) que produzimos (ns li fssas oras evda) - ..~omente, por aqueles que no duz . e nao mars, ou no ;

    . s pro UZIranr Um '-rnte escapar da fatalidade m . . A' ~ vtsao que per-finitamente, criadores daq~iloas ~:Ja eXlgenc~a ~ nos tornar, in-tempo, do qual no p d q nos constitu e devedores doamanh. Para conse ~r ei~~s escapar, ,?ara viver. hoje e, talvez,mos, tomando cons~inct d~ a:::r;oes ~ec:sslt~m se dar asnos chega dos mais jovens' "M q fil~ansmIssao , in fine, o queraizes", observa Tm Gu . deus 1 o~ tornaram-se as minhas

    nar .corn a ucidez q ,re a s escritores que sabe - ,ue a escnta confe-

    m o ue uer dIzer escrever a vid~

    A guisa de postscriptum: delegao entre geraoMes .... ou. comose aprende o mundo?

    A memria familiar no trans "adquirida, nas interaes ord' " md,tlfda. ~as precisamente

    manas a amdla e sem vontadeexplcita de transmitir,

    David Lepoutre

    Um projeto reflexivo apontapara o que est prximo d p~ra a transmisso dos saberes:vivncia, posso me contenta edmim e/ou concerne minhaconstruir saberes. Esse fato r e ,pegar, narrar e, desse modo,chama de "autoformao" ;proxlma-se do que Gaston Pineautanto no espao como no' te~ersaI?ente, o, ~ue est distante,para desenvolver um sab po, e necessano ser aprendido

    er a esse respeit N 'delegao entre geraes post o, esse processo, uma

    a em marcha:

    ~

    ~~

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  • II~~~,;siI c':E1~

    I iIriiji;,..-6f

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    ~!jfij~~

    , , " misso intergeracional e formao3141 Histrias de vida, trans

    , ,

    Gerao 3Gerao 1

    Gerao 2Antlga Agora

    X- -' - ", Xou-r Vivido ..,

    (sem palavras)

    X

    -X X (por contato.U Ressentido Isem vivncia)

    X

    Aprendido.llil2- -~++ "voc nofiQiIlliiQ

    Reclamado viveu isso,~ voei ndo pode"'Sabero.J(em falta) saber.."ou (mdla, TV)

    ConquistadoillYU.d2"no possosaber,foi

    antes de meu.nascimento",

    - - dos saberes entre geraesQuadro 1. A transmsso-cnao

    ". rdor, colunas. Vamos partir de .umEsse quadro deve ser 1 o ~( t po" e atingiu diretamen-

    e passou no em d _acontecimento que s , oluna da esquerda: eles po er~ote a gerao dos ancestrais, c te esse acontecimento, mas naoter vivido e ressentido fortemen I s para dz-lo e transrni-dispem necessariamente de pa avra dos (por eles ou pelo

    c oibidos ou recusat-lo, se eles roram pr _ . I tariamente um problema,) EI tero entao, mvo un ,entorno. es .' tal pela gerao seguinte que, emuma zona ressentida como d houve alguma coisa, mas1 ompreen er que S bcontato com e es, c t r palavras para isso. a e-ozinhos encon ra , Ino conseguem, s , d de conscincia possrve .ro mas intuitivamente, sem toma a tido como ausente, pois' - 1 r o saber ressen 1 ,Podero entao rec ama de elos precedentes. As pessoasfoi retido, contra a sua v~ntd~ , p em da vivncia direta, nem- - vao lspor n _da terceiragerao nao _ id de de aprender (a funaotido Tero entao necessi ado ressen 1 t abem:da escola comea a) o que os ou ros s .

    Martine Lani-Bay/e 1315

    com o corpo,mas sem saber, para os primeiros: a geraodos ancestrais;

    com a intuio, para os segundosl2; com o intelecto, para os terceiros.

    Na continuidade desses trabalhos sobre o intergeracional,realizamos urna pesquisa, intitulada Chemtns de Formation.Parcours ml de Ia persohne et des idcs que se interessa pelagnese da relao com o saber na perspectiva das "grandestestemunhas'; ou seja, das pe.ssoas que tiveram como profis-so (ou como vocao) elaborar e publicar pistas de saber oude reflexo. A narrativa do seu prprio percurso de formao,recolhida principalmente sob a forma de vdeo, constitui umafonte eminentemente formativa, tanto para os ouvintes quantopara o narrador, a exemplo de suas produes mais clssicas.As narrativas videogravadas pem em relevo e fazem viver deoutra maneira. Ainda nes~a perspectiva, desenvolvemos uma .pesquisa internacional, realizada na Universidade de NantesEvnements et jormation de Ia personne. Ecarts Internationauxet intergnrationnel (LANI-BAYLE; MALLET, 2007j LANI-BAYLEjMALLET, 2007), da qual o Brasil participa. De fato. tais

    . aborda ens inte ram-se, exatamente, no que se pode chamar *das Cincias que seriam "humanas" - pa.rtin o o humano e a,servio o umano.

    12 [".J enfant, dj, avant mme de savoir parler et me taire, {avaissenti et donc su de quoi mon pere vou/ait nous protger et ce quoi iItentera toute sa vie de nous protger (Gi/a lustinger, Nous sommes,Stock 2005, page 76), "[",J criana, j, antes mesmo de saber falar eme calar, eu tinha sentido e logo percebido que meu pai queria nosproteger e isso o que ele tentar por toda a sua vida",

    --------_ .._-------. __ ..._----_._- - -

  • 3161 Histrias de vida: transmisso intergeracional e formao

    Referncias

    JACQUARD, Albert, A toi qui nst pas encore nie). Lettre monarriere-petit-enfant. Calmann- Lvy, 2000,LANI-BAYLE, Martine. Taire et transmettre. Les histoires de vie aurisque de I' mpensable, Chronique Sociale. 2006,_' L 'histoite de vie gnalogique, d 'Oedipe a Hermes,L 'Harmattan 1997 et De femme femme travers /es gnrations,Histoire de vie gna/ogique de Caroline Lebon -Bayle, 1824-1904.L'Harmattan 1997,___ ' L'histoire de vie gnaIogique, d' Oedipe Herms,L'Harmattan'1997a et Defemme [emme travers Ies gnrations,_' Histoire de viegnalogique de Caroline Lebon -Bay/e, 1824-1904, L'Harmattan 1997b,_' Taire et transmeure. Les histoires de vie au risque deI' impensable, Chronique Socale. 2006,_' Enfants dchirs, enfants dchirants, Editions Universitaires 1983,LANI _BAYLE,Martine; TEXIER, Franois, Appivoiser I' avenir pouret avec les jeunes, Bntretiens intergrationneIs avec Andr de Peretii,Mare et Martin, 2007, Chemins deformation n 9, octobre 2006, Latransmission intergrationnelle, 90-101.LANI-BAYLE, Martine; MALLET, Marie-Anne (Org.).Evnements et formation de Ia personne. Ecarts internationaux etintergnrationneIs, Tome 1 e Tome 2, Paris: r.:Harmattan, 2006,LANI-BAYLE.Martine; MALLET.Marie-Anne (Org.). Quarante ansapres mai 1968,Regards intergnrationnels rross. Contribution de GabyCohn-Bendit, Andr de Peretti, Edgar Morin, Paris: Traedre 2008,PASSEGGI, Maria da Conceio, ",car l'autobiographie donne senset forme Ia vie. Chemins de formation au fiI du temps, Nantes, n.B,p,178-185, oct. 2005, )RICOEUR, Paul. Tem/'s et rcit, 1. L'Intrigue et le rcit. Paris: Seuil,1983, Chemins de farlllatian aU fil du temps .. , n 9, octobre 2006,d,Traedre, Histoit es de vie gnalogique, gnrationnelle etgnrante .

    14/ A PERSPECTIVA DE GtNERNARRATIVAS AUTOBIOGRFICAS O ~~S ESTUDOS SOBRE

    Cynthia Pereira de Sousa 1

    Imust be conscious that no one is50 wel! qualified as myself to d ibh escn et e series of my thoughts and tiJ h ac lons,o n Stuart Mil! (Autobiography, 1873)

    Desde os anos 1970, pelo men 'passou a dar grande i ,os" a pesquisa acadmicano gnero autobio rfi~ortancIa, a textos produzidosto dessa forma de express!a dos ~~?~strullldo teorias a respe-para a emergncia desse int )~Itos, Uma das explicaesrencialidade" (NEUMAN l~~et;e fOI a, chamada "crise de refe-auto-representao do su.'eito A' ou se!,a, ~a representao e dae havido como internam;nte ~st~u~le ~u (selj), at ento tidomo tendo passado por des 1 ,e, unificado e coerente, mes-

    a!envo vimento e d

    a ser vo de questionarnentos n, ,mu ana, comeoujeito como algum construdo 1~r~e~rIas que explicavam o su-produto de um nexo de dis 1st/rICa e culturalmente, comofi

    ' , cursos cu turais A - ,01 muito bem analisada P St .Aquesto mais geral

    d" or uart Hall - 'mas as cincias sociais ' a crise dos paradig-, , - caractenzada p I d

    SUJeIto, expondo sua instabilidade ,e o ,escentramenta dodo uma viso ou concep " , e m,ultIp~icldade e instauran-

    o mais social e interativa do sujeito,

    1 Professora associada da Universidade de So Paulo-USP,