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LUCIENE YUKARI MORITA INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA Londrina 2014

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LUCIENE YUKARI MORITA

INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA

Londrina

2014

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LUCIENE YUKARI MORITA

INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Cirurgiã-Dentista. Orientadora: Profª. Dra. Fernanda Akemi Nakanishi Ito

Londrina 2014

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LUCIENE YUKARI MORITA

INTER-RELAÇÃO DA PERIODONTIA COM A ORTODONTIA: REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Cirurgiã- Dentista.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Profª. Dra. Fernanda Akemi Nakanishi Ito Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________ Profª. Ms. Maria Beatriz Bergonse Pereira

Pedriali Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, 14 de Novembro de 2014.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pela força concedida nesta

jornada, por esta conquista realizada, e por tudo ainda que ele irá ajudar em minha

vida.

A minha família, pelo amor e apoio incondicional para que eu

pudesse concluir mais esta importante etapa, e em especial ao meu avô Kaoru

Ishikawa (in memorian), que com certeza foi uma das pessoas que mais torceu e

sempre desejou que esse dia chegasse, obrigada meu avô, saudades eternas, “Na

continuidade da vida o exemplo de um grande Homem”.

A minha querida orientadora, que dedicou o seu precioso tempo e o

seu conhecimento para a realização desse trabalho. Agradeço não só pela

constante orientação neste trabalho, mas, sobretudo pela sua amizade.

Aos meus colegas de graduação que tornaram esse tempo de

convivência mais alegres e agradáveis.

Aos professores pelo apoio e valiosos conhecimentos passados a

mim no decorrer do curso.

Aos funcionários pela simpatia, dedicação e pelo trabalho prestado.

Aos pacientes, pela essencial cooperação em nosso aprendizado.

A todos, os meus sinceros agradecimentos.

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Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem

prioridade, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça

prioridade e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que

errar por se omitir! Não tenhas medo dos tropeços da jornada. Não podemos

esquecer que nós, ainda que incompleto, fomos o maior aventureiro da história.

Augusto Cury

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MORITA, Luciene Yukari. Inter-relação da periodontia com a ortodontia: revisão de literatura. 2014. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2014.

RESUMO

A reabilitação oral do paciente muitas vezes necessita de uma inter-relação entre

várias especialidades para permitir uma melhora nas condições da saúde bucal.

Hoje, a procura cada vez maior de pacientes adultos para tratamento ortodôntico

torna a Periodontia e a Ortodontia duas áreas com relação muito estreita no intuito

de oferecer melhores resultados no tratamento odontológico do paciente, através de

benefícios advindos da atuação combinada dessas duas especialidades. Sendo

assim, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre algumas

questões relacionadas à inter-relação entre Periodontia e Ortodontia, mostrando

temas como o conceito de doença periodontal, as implicações que o tratamento

ortodôntico pode causar no periodonto como recessão gengival e aumento gengival

e quando se pode tratar o paciente comprometido periodontalmente. Conclui-se que

o tratamento ortodôntico somente poderá ser iniciado após efetivo controle da

doença periodontal e na ausência de inflamação, estabelecendo um programa

efetivo de manutenção da saúde dos tecidos, assegurando mínimos danos aos

mesmos durante a terapia ortodôntica. O tratamento é benéfico ao indivíduo e seus

riscos estão associados à falta de controle efetivo do biofilme bacteriano, assim

como a movimentação ortodôntica na presença de doença periodontal ativa. Apesar

das limitações encontradas, quando o tratamento ortodôntico é bem planejado e

executado, muitos benefícios podem ser alcançados, capazes de melhorar a

autoestima do paciente, sua higienização oral e estabelecer uma oclusão fisiológica,

proporcionando maior longevidade aos dentes mesmo comprometidos

periodontalmente.

Palavras-chave: Doença periodontal. Movimentação ortodôntica. Recessão gengival.

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MORITA, Luciene Yukari. Interrelationship of periodontics to orthodontics: literature review. 2014. 35 f. Completion of course work (Undergraduate Dentistry) - State University of Londrina, Londrina, 2014.

ABSTRACT

Oral rehabilitation of the patient often requires an inter-relationship between many

specialties to allow an improvement in oral health conditions. Today, the growing

demand of adult patients for orthodontic treatment become the Periodontics and

Orthodontics two areas very closely, in order to better results in the patient`s dental

treatment, through the benefits provided by the collaborative work of both specialties.

Therefore, the aim of this work was a literature review on some issues related to the

interrelationship between Periodontics and Orthodontics, themes showing how the

concept of periodontal disease, the implications that orthodontic treatment can cause

the periodontal tissue and gingival increase gingival recession and when it can treat

periodontally compromised patient. It was concluded that orthodontic treatment can

only be initiated after effective control of periodontal disease and in the absence of

inflammation, establishing an effective program for health maintenance and assuring

minimal tissue damage during the orthodontic therapy. The treatment is beneficial to

the patient and risks are associated with the lack of effective control of the bacterial

biofilm as well as the orthodontic movement in the presence of active periodontal

disease. Despite the limitations encountered when orthodontic treatment is well

planned and executed, many benefits can be achieved, able to improve the self-

esteem of the patient, oral hygiene and establish a physiologic occlusion, providing

greater longevity to periodontally compromised teeth even.

Key words: Periodontal disease. Orthodontic movement. Gingival recession.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Aumento gengival ................................................................................... 16

Figura 2 – Recessões gengivais severas ................................................................. 20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 9

2 DESENVOLVIMENTO .............................................................................. 11

2.1 DOENÇA PERIODONTAL ................................................................................ 11

2.2 AVALIAÇÃO PERIODONTAL PARA O TRATAMENTO ORTODÔNTICO ..................... 13

2.3 AUMENTO GENGIVAL .................................................................................... 15

2.4 RECESSÃO GENGIVAL .................................................................................. 16

2.5 MOVIMENTO ORTODÔNTICO EM PACIENTES COM PERIODONTO REDUZIDO ...... 20

3 DISCUSSÃO ............................................................................................ 26

4 CONCLUSÃO .......................................................................................... 29

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 30

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, com o aumento da expectativa de vida e o poder de

compra, juntamente com as mudanças dos conceitos em estética, resultou no

aumento do número de adultos que procuram por tratamento ortodôntico,

combinando benefícios funcionais deste para a estética do sorriso. Devido a essas

mudanças, agora, é parte da rotina clínica dos ortodontistas tratar pacientes e lidar

com indivíduos com doença periodontal ou seqüelas desta doença (ALVES, 2012),

pois a incidência só aumenta com a idade.

Muitas destas sequelas podem ser atribuídas ao acúmulo de biofilme

devido à dificuldade de manutenção de higiene bucal adequada na presença de

bandas e brackets. Consequentemente, o controle de biofilme inadequado pode

promover alterações periodontais, que podem ser agravadas pelo tratamento

ortodôntico (MAIA et al., 2011).

A Periodontia e a Ortodontia se inter-relacionam procurando

favorecer os resultados no tratamento odontológico. A Periodontia propicia ao

tratamento ortodôntico um ambiente mais favorável à movimentação dentária,

prevenindo danos teciduais. Por sua vez, a Ortodontia atua como coadjuvante da

terapia periodontal, através da melhora da posição de dentes mal posicionados,

criando então um ambiente melhor para higienização bucal e consequentemente

para a saúde gengival e do aparato de inserção óssea. (MORAIS, 2008).

O tratamento ortodôntico é baseado na aplicação de uma força em

um dente, que irá produzir o movimento dentário, à medida que ocorre remodelação

das estruturas adjacentes. Dessa forma, nota-se que uma estrutura periodontal

sadia é extremamente importante para a movimentação dentária, para que se

obtenham resultados satisfatórios (CARRARO; JIMENEZ-PELLEGRIN, 2009).

As doenças periodontais estão entre as doenças crônicas mais

comuns nos seres humanos, afetando de 5 a 30% da população adulta de 25 a 75

anos de idade, sendo a causa mais frequente de perdas dentárias em adultos. Sabe-

se também que na presença da doença periodontal a saúde geral pode ficar

comprometida (CURY et al., 2003). Existem evidências de que as periodontites

aumentam o risco de certas afecções sistêmicas, entre elas, algumas doenças

cardíacas (PRESSMAN et al., 2013), parto prematuro e baixo peso ao nascer

(RODRIGUES et al., 2004). Dessa forma, a prevenção e o tratamento da doença

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periodontal devem ser necessários e fundamentais não apenas para a manutenção

da saúde do periodonto, mas também para evitar problemas de ordem geral (CURY

et al., 2003).

Sabe-se que após a remoção dos acessórios ortodônticos há

expressiva melhora na saúde gengival, ocorrendo uma redução na profundidade de

bolsa, o que sugere que as alterações periodontais têm caráter transitório, sem

danos permanentes aos tecidos (SALLUM et al., 2004). Porém em alguns casos,

embora o quadro inflamatório regrida após a terapia periodontal básica com a

remoção do aparato ortodôntico e a orientação de higiene bucal, o aumento gengival

pode persistir, comprometendo a estética e dificultando a higiene bucal (PEDRON et

al., 2008).

Para que a inter-relação entre a Periodontia e a Ortodontia seja

efetiva e traga resultados satisfatórios, é fundamental que o profissional realize um

bom exame clínico e uma boa anamnese no paciente que será submetido ao

tratamento ortodôntico/periodontal. Além disso, durante o transcorrer da correção

ortodôntica adequados padrões de higiene bucal devem ser mantidos. Dessa

maneira, avaliações do estado periodontal devem ser feitas no pré, no trans e após

a terapia ortodôntica (ONG; WANG; SMITH, 1998).

O tratamento ortodôntico pode contribuir significativamente para a

reabilitação geral (estética e funcional) do sistema estomatognático (ONG; WANG;

2002). E o plano de tratamento final deve ser individualizada e adaptada para

atender às necessidades, objetivos e expectativas do paciente em particular

(SPEAR; KOKICH; MATHEWS, 2006).

Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi revisar a literatura acerca

das principais questões relacionadas à inter-relação entre a Periodontia e a

Ortodontia combinando problemas clínicos periodontais junto com a Ortodontia e

abordar de forma resumida as informações básicas que podem ser usadas para

melhorar o plano de tratamento.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DOENÇA PERIODONTAL

A doença periodontal representa um dos grandes problemas de

saúde pública, pela sua incidência relativamente alta, até mesmo nos países

desenvolvidos. É considerada a doença crônica que mais afeta a dentição humana;

é a segunda afecção mais prevalente na cavidade bucal (BASTOS et al., 2011).

Para entender o que é a doença periodontal, é preciso saber o que

é o periodonto. O periodonto se divide em periodonto de proteção e de sustentação,

sendo o primeiro composto pela gengiva (gengiva marginal livre, inserida e

interdentária) e o segundo, pelo cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. O

periodonto pode se apresentar de duas formas: saudável (ausência de sinais

clínicos inflamatórios) ou doente (presença de sinais clínicos inflamatórios).

A doença periodontal é uma doença infecto-inflamatória que

acomete os tecidos de proteção e de sustentação. Ela se manifesta através de dois

quadros clínicos: gengivite, periodontite (MARIN et al., 2012) ou da combinação de

ambas.

A gengivite é a inflamação do periodonto marginal, desencadeada

pelo acúmulo de biofilme supragengival (BOYD; BAUMRIND, 1992), e a periodontite

é a inflamação do periodonto de sustentação desencadeada pelo acúmulo de

biofilme subgengival (LINDHE, 1992).

Um dos primeiros sinais da doença periodontal começa com uma

gengivite e a persistência desta, fará com que a placa bacteriana subgengival

ganhe uma composição mais complexa, com a colonização secundária por

bactérias Gram-negativas anaeróbias, o que contribuirá para aumentar sua

patogenicidade. Assim, e também conforme as respostas imunológicas do

hospedeiro, podem se iniciar as variadas formas de periodontite (LINDHE, 1999).

Uma das primeiras alterações clínicas causadas pela periodontite é a perda de

sustentação dos tecidos periodontais que suportam e protegem o elemento dental

com formação da bolsa. Com a superfície dentária livre do epitélio protetor, ocorre

acúmulo de placa bacteriana e destruição dos tecidos pela proliferação de

microrganismos patogênicos (NANCI; BOSSHARDT, 2006).

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A doença periodontal grave afeta estruturas mais profundas,

causando reabsorção das fibras colágenas do ligamento periodontal, reabsorção do

osso alveolar, abscessos, aumento da profundidade das bolsas, maior mobilidade

dentária e perda de dentes (SCANNAPIECO, 2004), agravando a estética e a

função dentária do paciente. O comprometimento estético é o principal fator de

preocupação pelo qual o paciente procura por tratamento ortodôntico (HARFIN,

1999). Essas alterações podem contribuir para o desenvolvimento das más

oclusões, pois, com a diminuição do nível de inserção periodontal, o centro de

resistência dos dentes afetados desloca-se apicalmente, resultando em um

desequilíbrio da posição dentária. Isto leva a uma oclusão traumática que, se

associada à placa bacteriana, pode aumentar a destruição periodontal, e, portanto,

o tratamento ortodôntico neste caso estaria indicado. (BULGARELLI; FERREIRA,

2002).

A doença periodontal é uma infecção polimicrobiana multifatorial,

sendo considerada a manifestação patológica da resposta do hospedeiro contra o

desafio bacteriano do biofilme na interface dente/gengiva (SANZ, 2011). Evidências

atuais tem sugerido que é a resposta inflamatória e imune do hospedeiro, e não

uma bactéria específica ou seus fatores de virulência, que determinará o

desenvolvimento e a progressão da periodontite (BARTOLD, 2013), sendo ainda

influenciada por fatores de risco sistêmicos, ambientais e genéticos (KORNMAN,

2008).

De acordo com Lindhe (1992), o tratamento da doença periodontal

inclui a eliminação da placa e os fatores de retenção da mesma, bem como o

estabelecimento de uma morfologia na região dentogengival que facilite a

higienização dos dentes pelo próprio paciente. Bolsas gengivais profundas devem

ser eliminadas, e as superfícies radiculares devidamente polidas antes do início do

tratamento ortodôntico.

Zachrisson (1999) afirmou que o tratamento realizado pelo dentista

consiste na eliminação das placas bacterianas e cálculos através de raspagem e

alisamento radicular supra e subgengival e instrução de higiene bucal para controle

de placa bacteriana, prevenindo a recolonização dos microrganismos.

Segundo Masiero (2005), uma vez tratada a doença periodontal, os

tecidos não se recuperam integralmente, podendo ficar seqüelas, com exceção das

gengivites. A doença periodontal pode deixar como seqüela, alterações estéticas

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como: deslocamento na posição do dente, recessão marginal tecidual com

conseqüente aumento no comprimento do dente.

Para Nascimento et al. (2001), existem vários métodos e técnicas

para o tratamento da doença periodontal. A escolha do melhor tratamento depende

da habilidade e experiência de cada profissional. No entanto, seja qual for a opção,

é necessário fazer o paciente entender a doença e aderir ao tratamento proposto.

Assim, modificar o comportamento do paciente é, muitas vezes, o maior desafio

para o cirurgião-dentista.

2.2 AVALIAÇÃO PERIODONTAL PARA O TRATAMENTO ORTODÔNTICO

De acordo com Zachrisson (1999) antes de se iniciar o tratamento

ortodôntico, os tecidos periodontais devem ser estabilizados com a criação de um

periodonto saudável, livre de doença inflamatória ativa.

Em decorrência da crescente demanda de pacientes adultos em

busca de tratamento ortodôntico corretivo, torna-se evidente a necessidade do

ortodontista em incluir, na consulta inicial, um exame das estruturas periodontais,

para que seja possível diagnosticar a doença e, nesse caso, encaminhar o paciente

a um periodontista. O encaminhamento é feito com o objetivo de obter um

diagnóstico mais detalhado do caso e também para que o paciente apresente um

periodonto saudável antes de iniciar a terapia ortodôntica (MENEZES et al., 2003).

Uma avaliação periodontal deve incluir um exame clínico com

verificação da aparência do tecido gengival (cor, textura e grau de plasticidade,

edema), índice de placa bacteriana, sondagem de todas as superfícies de cada

dente (profundidade de sulco, nível clínico de inserção, nível de sangramento e

supuração), anormalidade mucogengival (perda de gengiva inserida, inserção de

freio anormal), mobilidade dentária, grau de recessão gengival, higiene bucal, uma

avaliação da oclusão, além de um exame radiográfico (periapical de todos os

dentes, panorâmica e interproximais). Isto deve permitir a identificação de pacientes

que necessitam de alguma forma de intervenção ou cuidados periodontais

preventivos antes do tratamento ortodôntico (SANDERS, 1999).

Fatores de risco que possam indicar uma maior tendência de

desenvolvimento de doença periodontal e que devem ser determinados mediante

uma avaliação individual, permitindo desenvolver estratégias para a prevenção da

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perda de inserção e a recessão gengival. Alguns dos fatores de risco são: stress

psicológico, fatores relacionados ao estilo de vida (dieta, álcool e fumo), deficiência

do sistema imunológico, presença de bactéria específica, gênero (a doença atinge

mais mulheres), diabetes mellitus, osteoporose, alterações de leucócitos

polimorfonucleares e idade (ROCHA et al., 2005).

Segundo Lindhe (1992), quando o periodontista confirma a suspeita

inicial do ortodontista, com relação à presença de doença, inicia o tratamento

realizando a eliminação do biofilme e dos fatores de retenção do mesmo, a

eliminação de bolsas gengivais profundas e o polimento das superfícies radiculares.

Algumas áreas podem necessitar de tratamento cirúrgico

periodontal antes de iniciar o tratamento ortodôntico Um exemplo disso são as

áreas com quantidade reduzida de gengiva inserida, as quais devem ser analisadas

antes da colocação do aparelho ortodôntico, evitando assim que aumente a

recessão gengival durante a mecanoterapia (LEITE, 1994).

Quando a doença periodontal é tratada sem cirurgia, uma redução

significante da inflamação gengival e do sangramento a sondagem é esperada após

2 a 4 semanas (isto em bolsas menores que 4mm). A resolução de bolsas

profundas (maiores que 6mm) torna-se mais longa, de 4 a 6 meses. Deve-se

esperar então este tempo para iniciar o tratamento ortodôntico, permitindo que

ocorra a cura dos tecidos periodontais e o estabelecimento de uma boa higiene

bucal (JOHAL; IDE, 1999). Uma avaliação da oclusão também deve ser realizada

antes da instalação do aparelho e as interferências oclusais devem ser controladas

durante a fase ativa do tratamento ortodôntico (WAGENBERG, 1988).

O plano de tratamento ortodôntico deve ser revisto e adiado na falta

de resposta do tratamento periodontal, como desconforto, persistência de

profundidade de bolsa, persistência do sangramento e supuração na sondagem,

aumento de recessão, mobilidade e perda de dente. Estes pacientes não são

candidatos a receber o tratamento ortodôntico (JOHAL E IDE, 1999).

O objetivo da manutenção periodontal durante o tratamento

ortodôntico é eliminar ou reduzir o acúmulo de placa bacteriana e a inflamação,

prevenindo o reaparecimento de áreas ativas da doença periodontal, reforçando a

higiene bucal e executando nova instrumentação quando necessário.

Durante as consultas do tratamento ortodôntico, os pacientes

devem ser motivados para remoção de placa bacteriana. Neste sentido é válida a

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adoção de diversas medidas, como instrução de técnica de escovação bucal

associada ao uso de escovas especiais, o uso de fio dental com passa fio e

emprego de agentes químicos, como a clorexidina tópica, com finalidade de ajudar

no controle da placa bacteriana. Visitas de manutenção periodontal devem ser

realizadas a cada 2 a 3 meses, durante o tratamento ortodôntico, com raspagem

subgengival para manter tecido gengival saudável. Devem ser feitos exames

radiográficos em intervalos pré-determinados, durante o período do tratamento

ortodôntico, para assegurar a descoberta precoce de problemas, e para interceptar

efeitos colaterais indesejados.

Se os esforços para manter uma condição de higiene de excelente

a boa não tiverem êxito, o tratamento ortodôntico deve ser interrompido (ROCHA et

al., 2005).

2.3 AUMENTO GENGIVAL

O aumento gengival é uma condição que normalmente se

desenvolve durante o tratamento ortodôntico (BENOIST et al., 2007). Isso porque,

os aparelhos ortodônticos facilitam a retenção de biofilme e dificultam a

higienização oral pelo paciente. O aumento gengival (hiperplasia gengival) que

acomete pacientes ortodônticos caracteriza-se, geralmente, por crescimento de

tecido gengival generalizado ou localizado, iniciando-se pelas papilas interdentárias,

às quais adquirem consistência flácida e coloração eritematosa. Tais sinais são

compatíveis com o quadro de gengivite induzida por acúmulo de biofilme bacteriano

(KAMIN, 1991).

Além da inflamação induzida pelo acúmulo de biofilme, essa

manifestação pode estar associada também com resposta inflamatória induzida

pela corrosão dos aparelhos ortodônticos, principalmente pelo níquel. (GURSOY et

al., 2007). Armini et al. (2008) relataram não haver diferença na concentração de

cromo e cobalto nas células da mucosa oral de paciente com ou sem aparelhos

fixos. No entanto, uma concentração significativamente maior de níquel foi

encontrada. Nesse caso, o aumento gengival apresenta uma aparência gengival

fibrosa e espessa, sem tendência ao sangramento, diferente da gengiva frágil com

margem gengival avermelhada que é vista em lesões gengivais inflamatórias

(ZACHRISSON; ZACHRISSON, 1972) decorrentes da presença de cálculo e

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biofilme dentais. Histologicamente observa-se uma proliferação epitelial

proeminente, suportada pelo aumento das fibras colágenas (GURSOY et al., 2007).

Os aumentos gengivais são tratados por meio da associação entre

a remoção do aparato ortodôntico, orientação de higiene bucal e terapia periodontal

básica. Entretanto em alguns casos, embora o quadro inflamatório regrida após a

terapia periodontal básica, o aumento gengival pode persistir, comprometendo a

estética e dificultando a higiene bucal. Nesses casos, tratamento periodontal

cirúrgico pode ser indicado, visando a remoção do tecido hiperplasiado e o

restabelecimento do contorno gengival anatômico (KAMIN, 1991; PEDRON et al.,

2008; KOURAKI et al., 2005). A intervenção cirúrgica no tratamento de aumento

gengival crônico associado a aparelho ortodôntico apresenta resultados previsíveis

e estáveis, desde que uma boa higiene bucal seja mantida e um programa de

manutenção adequado seja instituído (MAIA et al., 2011). (Figura 1) C e D.

Figura 1 – Aumento gengival: A e B) inicial, C e D) após gengivoplastia e gengivectomia.

Fonte: Maia et al., 2011.

2.4 RECESSÃO GENGIVAL

A recessão gengival figura como um dos principais problemas que

acomete os pacientes. Diversos fatores estão associados a sua etiologia, como

trauma de escovação inserção anômala de freios e bridas, mau posicionamento

dentário, restaurações impróprias e adaptação protética inadequada (LOE,

ANERUD E BOYSEN, 1992).

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Além dessas causas, mais um possível fator predisponente para a

recessão gengival é a movimentação ortodôntica dos dentes, especialmente em

movimentos dentários vestibular ou lingual para fora do alvéolo, que podem levar à

formação de deiscências ósseas (JOSS-VASSALLI et al., 2010).

Para Zachrisson (1996), alterações na dimensão mucogengival

podem ocorrer durante o tratamento ortodôntico. No entanto, ao contrário do que

acreditava-se no passado, essas mudanças são independentes da extensão

apicocoronal da gengiva inserida e queratinizada. A integridade do periodonto pode

ser mantida durante a terapia ortodôntica mesmo em áreas que tenham uma zona

mínima de gengiva queratinizada. Em termos de mudanças na posição da margem

do tecido mole e nas dimensões gengivais, os fatores importantes a serem levados

em consideração são a direção do movimento dentário e a espessura

vestibulolingual da gengiva.

Essa hipótese foi corroborada em um estudo realizado em

macacos, no qual os autores não encontraram relação entre a extensão

apicocoronal inicial da gengiva queratinizada e a tendência ao desenvolvimento da

recessão gengival durante movimentação dentária ortodôntica (JOSS-VASSALLI et

al., 2010). Por outro lado, a presença do biofilme associada a um processo

inflamatório e a espessura vestibulolingual do tecido gengival reduzida caracteriza

os possíveis fatores determinantes para o desenvolvimento de recessão gengival e

perda de inserção durante o tratamento ortodôntico.

Lindhe (1999) afirmou que o movimento dentário ortodôntico por si

só não causa a recessão gengival. Entretanto, o movimento ortodôntico vestibular

dos dentes pode resultar em deiscência óssea favorecendo a diminuição tanto da

espessura como da largura do tecido gengival, criando um ambiente em que a placa

bacteriana e/ou o trauma pela escovação possam causar a recessão gengival. Por

outro lado, se o tecido gengival permanecer espesso, esta alteração mucogengival

raramente se estabelece.

As forças ortodônticas produzindo movimentos de corpo e de

inclinação dos dentes fora do alvéolo, dentro das circunstâncias citadas

anteriormente resultam em recessão gengival (BREZNIAK; BEN-YEHUDA;

SHAPIRA, 1993) (Figura 2). Contudo, os movimentos de lingualização e mesmo os

de retrusão dentária, reposicionando o dente no interior do alvéolo, não alteram

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como podem aumentar a largura de gengiva queratinizada e a sua capacidade

funcional (MORIARTY, 1996).

Alguns estudos sugerem que, independente da direção da

movimentação ortodôntica, a presença de tecido gengival delgado pode atuar como

um local de mínima resistência para o desenvolvimento de defeitos no tecido mole.

Isso significa que, nessas regiões, o paciente deve ser orientado a realizar um

controle adequado do biofilme bacteriano, porém, sem ocasionar um trauma

mecânico no local (JOSS-VASSALLI et al., 2010).

Segundo Sanders (1999), a avaliação clínica da condição

periodontal do paciente a ser submetido ao tratamento ortodôntico deve ser

realizada por uma íntima colaboração entre o ortodontista e o periodontista,

estabelecendo um efetivo programa de manutenção periodontal e assegurar danos

mínimos aos tecidos durante a terapia ortodôntica. Analisa-se o aspecto do tecido

(cor, textura, forma e grau de plasticidade), a severidade de inflamação

(sangramento na sondagem e espontâneo, presença de supuração) e as mudanças

condizentes ao nível de inserção dos tecidos moles (recessão gengival,

profundidade da bolsa periodontal e nível de inserção).

A quantidade de gengiva inserida deve ser analisada antes da

colocação ao aparelho ortodôntico evitando que aumente a recessão gengival

durante a mecânica (LEITE, 1994).

De acordo com Nahás et al. (2000), existem atualmente duas

filosofias de tratamento na prevenção e manuseio das recessões gengivais

presentes em casos ortodônticos:

• Tratamento conservativo - Os escandinavos alegam que se houver

um controle rigoroso e adequado da placa bacteriana, fornecido

por um programa profilático, associado à ausência de trauma por

escovação, a quantidade de gengiva queratinizada não é

necessariamente um fator importante na prevenção da recessão

gengival (MCCOMB, 1994).

• Cirurgia mucogengival - Os americanos abordam uma terapia mais

radical ao problema. Uma vez que o controle da placa bacteriana é

supercrítico durante o tratamento ortodôntico e que a presença

dos aparelhos utilizados dificultam esse controle, desenvolveram-

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se os procedimentos cirúrgicos visando a estabelecer ou aumentar

a gengiva inserida (SEELY, 1993).

A cirurgia mucogengival consiste em aumentar a quantidade de

gengiva por meio de procedimentos de enxerto gengival anterior ao início da terapia

ortodôntica. Isto baseia-se na crença da facilidade e previsibilidade do enxerto antes

da perda de inserção do que reparar um defeito após o seu desenvolvimento

(PRATO; CLAUSER; CORTELLINI, 1995). O procedimento cirúrgico mucogengival

de escolha é o enxerto gengival autógeno livre (LEITE, 1994), ou dependendo do

caso realiza-se enxertos de tecido conjuntivo para o recobrimento radicular

formando gengiva inserida (NAHÁS et al., 2000).

Segundo Lindhe (1999), o tratamento cirúrgico de escolha a ser

realizado dependerá da classificação de Miller dos defeitos de recessão:

• Classe I: Recessão do tecido marginal que não se estende até a

junção mucogengival. Não há perda de osso ou de tecido mole

interdentais.

• Classe II: Recessão do tecido marginal se estendendo até ou além

da mucogengival. Não há perda de osso ou de tecido molde

interdentais.

• Classe III: Recessão do tecido mole se estendendo até ou além da

junção mucogengival. A perda de osso ou tecido mole interdentais

é apical em relação à junção cemento-esmalte, porém coronária à

extensão apical da recessão do tecido marginal.

• Classe IV: Recessão do tecido marginal se estendendo além da

junção mucogengival. A perda de osso interdental se estende até

um nível apical em relação à extensão da recessão do tecido

marginal.

O resultado com sucesso do tratamento ortodôntico a longo ou a

curto prazo será influenciado pela condição periodontal do paciente antes, durante e

após o período ativo (MANSCHOT, 1991). O controle da placa bacteriana e a

ausência de inflamações gengivais, bem como as cirurgias de aumento de tecido

gengival reagem primariamente o prognóstico completo dos casos ortodonticamente

tratados (NAHÁS et al., 2000).

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Figura 2 – Recessões gengivais severas.

Fonte: Nahás et al., 2000

2.5 MOVIMENTO ORTODÔNTICO EM PACIENTES COM PERIODONTO REDUZIDO

Diversos estudos têm sido realizados no intuito de avaliar se a

movimentação ortodôntica pode ter efeitos deletérios sobre os tecidos periodontais.

Em geral, os resultados observados mostram que, desde que a saúde periodontal e

um padrão de higiene oral adequados sejam mantidos durante a fase da terapia

ortodôntica, nenhuma injúria ou apenas injúrias insignificantes nos tecidos de

suporte irão ocorrer (BOYD et al., 1989). Entretanto, se a higiene oral é menos

efetiva e a inflamação periodontal está presente durante o tratamento ortodôntico,

os estudos têm indicado um risco aumentado de efeitos adversos no periodonto

(WENNSTROM et al., 1993).

Os estudos têm mostrado que em dentições com periodonto

reduzido, na ausência de biofilme, a movimentação ortodôntica não induz a

gengivite. Entretanto, na presença de biofilme, forças ortodônticas podem causar

defeitos ósseos angulares e perdas de inserção periodontal (ERICSSON et al.,

1977). O fator mais importante no início, progressão e recorrência da doença

periodontal no periodonto reduzido, é a presença do biofilme bacteriano. Os estudos

têm demostrado que com o controle de placa, dentes com periodonto reduzido

podem ser submetidos com sucesso à terapia ortodôntica sem ocasionar um

comprometimento das estruturas periodontais (ELIASSON et al., 1982).

Em uma avaliação clínica longitudinal, 20 pacientes adultos e 20

adolescentes foram monitorados quanto à condição periodontal durante todo o

tratamento ortodôntico (BOYD et al., 1989). Dentre os pacientes adultos, dez

apresentavam saúde periodontal e dez receberam diagnóstico de periodontite

crônica generalizada, sendo que para esse segundo grupo, o tratamento periodontal

foi realizado previamente ao início do tratamento ortodôntico. Adicionalmente, todos

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os pacientes foram submetidos a um programa de manutenção periodontal em

intervalos de três meses durante o tratamento ortodôntico. Ao final do estudo, os

autores mostraram que: a) o controle de placa pelos pacientes adultos foi mais

eficiente especialmente nas fases mais avançadas do tratamento ortodôntico; b) em

relação à perda de suporte periodontal, a movimentação dentária em adultos com

periodonto reduzido, porém sadio, não resultou em significativa perda de inserção

(nenhum dos adultos teve perda de inserção adicional de mais de 0,3 mm); c)

pacientes com periodonto reduzido, mas sadio, poderiam receber tratamento

ortodôntico após controle da doença periodontal e mediante acompanhamento da

higienização realizado pelo paciente, e de revisão trimestral das condições

periodontais.

Menezes et al. (2003), ressaltaram algumas considerações com

relação à movimentação dentária nesses pacientes com periodonto reduzido:

1. As forças ortodônticas mantidas dentro de limites biológicos não

causam inflamação gengival em regiões dentárias com tecido

periodontal de suporte reduzido, mas não inflamado;

2. O controle do índice de biofilme é fundamental, uma vez que o

fator mais importante na determinação, início, progressão e

recorrência da doença periodontal é a presença do biofilme

microbiano no sulco gengival;

3. A movimentação ortodôntica não resulta em perda de inserção

significativa em pacientes com periodonto reduzido, mas em

dentes sem saúde periodontal pode ocorrer progressão da perda

de inserção, abscessos e até a inviabilidade de permanência na

cavidade bucal;

4. Procedimentos de verticalização de molares podem ser

realizados em situações de colapsos de furca nos pacientes com

periodontite moderada, desde que forças leves intrusivas sejam

aplicadas e o periodonto esteja livre de inflamação;

5. Forças de extrusão devem ser cuidadosamente controladas para

prevenir a destruição do ligamento periodontal;

6. Forças de intrusão devem ser realizadas sob rigoroso controle de

biofilme para não deslocá-lo de uma localização supragengival

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para uma posição subgengival, predispondo a uma periodontite e

ao surgimento de um defeito ósseo vertical;

7. Dentes com giroversões são mais suscetíveis a sofrerem

recessão gengival, por isso é importante o controle da mecânica

ortodôntica, bem como do biofilme bacteriano;

8. O movimento dentário ortodôntico não tem efeito nos níveis de

inserção tecidual conjuntiva quando dentes são movidos

ortodonticamente em direção e através da área original do defeito

ósseo;

9. A cooperação com relação à higiene oral é crítica para minimizar

perda adicional de suporte ósseo periodontal durante o

alinhamento de dentes que migraram patologicamente;

10. Dentes com altura normal de suporte periodontal podem ser

movidos ortodonticamente para uma área de altura óssea

marcadamente reduzida com manutenção da altura das estruturas

de suporte.

Alguns ensaios pré-clínicos foram realizados com o intuito de avaliar

a resposta do tecido conjuntivo periodontal durante a movimentação ortodôntica de

dentes com bolsas infraósseas e inflamação periodontal ativa. Os resultados desses

estudos mostraram que quando os dentes eram movimentados em direção ao

defeito ósseo angular, a taxa de perda de inserção periodontal poderia aumentar.

Contudo, nos casos onde a inflamação periodontal foi controlada anteriormente à

movimentação ortodôntica, nenhuma perda adicional de inserção conjuntiva foi

observada. Em pacientes que possuíam bolsas infraósseas com processo

inflamatório ativo, as observações clínica e radiográfica revelaram que, a

movimentação ortodôntica em direção às bolsas periodontais infraósseas não se

mostrou prejudicial quanto à perda de inserção conjuntiva nos elementos dentais

periodontalmente tratados antes do início da terapia ortodôntica (THILANDER,

1996).

Bassani, Silva e Caphapcz (2001), relataram que seqüelas de

periodontite, como mudanças de posição, migrações, extrusões, inclinações e

mesmo perdas dentárias, podem beneficiar-se da Ortodontia como coadjuvante da

terapia periodontal. Entretanto, deve-se estar atento, sempre, ao equilíbrio do

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processo saúde-doença e às conseqüências da movimentação dentária induzida

através da utilização de aparelhos ortodônticos. Também observaram que:

1. O plano global de tratamento para um paciente portador de

doença periodontal avançada envolve, quase sempre,

realinhamento ortodôntico dos dentes, a fim de restabelecer

satisfatoriamente a oclusão, a estética e o conforto na mastigação.

2. Mudanças favoráveis do ponto de vista clínico, radiográfico e

histológico podem surgir nos tecidos de suporte como resultado da

extrusão ortodôntica, como em alguns casos de invasão do

espaço biológico.

3. O aumento da largura de gengiva queratinizada pode ocorrer em

alguns dentes durante o curso da terapia ortodôntica,

especialmente em incisivos inferiores, quando os mesmos são

movimentados para lingual.

4. O movimento dentário ortodôntico é um fator estimulador da

aposição óssea.

5. A intrusão favorece a reinserção de fibras do ligamento

periodontal às superfícies radiculares previamente contaminadas.

6. A verticalização de molares em regiões de defeitos ósseos

contribui para restauração do plano oclusal normal, reduz a

profundidade dos defeitos periodontais e promove mudanças

altamente favoráveis na arquitetura gengival.

O movimento de intrusão ortodôntica de dentes tem sido

recomendado para a diminuição da coroa clínica de dentes isoladamente e para o

tratamento de dentes com bolsas infra-ósseas ou perda óssea horizontal. Por meio

da intrusão ortodôntica obtém-se nivelamento das margens gengivais até a posição

desejada, para que posteriormente o dente seja restaurado. Já no periodonto

comprometido com sequelas da doença periodontal, estudos utilizando movimento

ortodôntico intrusivo para realinhar incisivos centrais superiores extruídos em

pacientes com doença periodontal avançada e defeitos infraósseos, mostraram

significante redução na profundidade de sondagem e ganho no nível clínico de

inserção. Corrente et al. (2003) relataram ainda uma redução dos defeitos ósseos

em ambas as dimensões radiológicas, horizontal e vertical. O ganho de inserção

clínica excedeu a redução na profundidade de sondagem, com uma diminuição da

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retração gengival provavelmente associada com o movimento intrusivo. Em todos

os estudos, o tratamento ortodôntico foi iniciado após terapia periodontal básica e

cirurgia a retalho para raspagem.

Zachrisson (2005), afirmaram que a extrusão ortodôntica pode ser

indicada para diminuir defeitos infra-ósseos e aumentar o tamanho da coroa clínica

de um dente isolado. Segundo os autores, o movimento de extrusão dentária leva a

um posicionamento coronário do tecido conjuntivo de inserção intacto e os defeitos

ósseos se tornam mais rasos.

A indicação para o tratamento ortodôntico varia conforme a opinião

do profissional. É essencial diferenciar a Ortodontia como uma alternativa de

tratamento e a Ortodontia como componente do tratamento, sem a qual o resultado

estaria seriamente comprometido (MELSEN; AGERBAEK, 1994).

Existe um consenso entre os autores pesquisados de que se deve

iniciar a movimentação ortodôntica somente após o controle da doença periodontal,

caso contrário, o processo da doença periodontal será acelerado, mesmo com boas

condições de higiene bucal, acelerando-se, assim, a perda de inserção. Até mesmo

pacientes com condição periodontal satisfatória podem sofrer perdas dentárias se

não realizarem a manutenção da higiene bucal durante o tratamento ortodôntico

(VANARSDALL JUNIOR, 2002).

O tratamento ortodôntico deve ser iniciado na ausência total de

inflamação e com um nível adequado de higiene bucal. O cuidado constante

durante o tratamento é a base de um resultado favorável, sendo assim, a terapia

periodontal deve ser realizada antes da movimentação ortodôntica.

O tratamento ortodôntico em indivíduos com periodonto reduzido

pode ter como objetivo corrigir a má oclusão de forma ampla, melhorando a estética

dentofacial e a função do sistema estomatognático, alcançando uma oclusão

normal. Quando isto não for possível, o planejamento será somente a

movimentação dentária para melhorar um aspecto particular da oclusão, para

permitir uma abordagem multidisciplinar necessária ao controle da doença e

restauração da função oclusal (JOHAL; IDE, 1999).

Não existem parâmetros que definam a máxima profundidade de

bolsa periodontal ou de perda de inserção, na qual seja possível realizar a

movimentação ortodôntica. Os trabalhos pesquisados demonstraram que um

adequado conhecimento ortodôntico e periodontal, por parte do profissional, deva

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sempre existir na avaliação da relação da quantidade de suporte ósseo

remanescente e do movimento a ser realizado (CARRARO; JIMENEZ-PELLEGRIN,

2009).

Um planejamento ortodôntico inadequado e executado em

pacientes com doença periodontal ativa pode certamente contribuir para o futuro

colapso dos tecidos periodontais. Em particular, a associação de inflamação com

forças ortodônticas e trauma oclusal pode produzir uma destruição mais rápida

comparada à provocada pelo processo inflamatório isoladamente (KESSLER,

1976). Desta maneira, a saúde periodontal constitui-se um dos fatores fundamentais

para garantir um bom prognóstico do tratamento ortodôntico em longo prazo,

permitindo, até mesmo, a realização de movimentação dentária extensa em

pacientes adultos com periodonto reduzido, porém sadio (ZACHRISSON, 1996).

Clinicamente, isso implica em grande ênfase nas instruções de higiene oral, terapia

periodontal de suporte realizada pelo periodontista durante o tratamento ortodôntico

e um correto planejamento do aparelho ortodôntico a ser instalado (BARBOSA et

al., 2012).

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3 DISCUSSÃO

De acordo com o que foi descrito nessa revisão de literatura, a

questão do movimento ortodôntico ter ou não ter efeitos prejudiciais sobre os tecidos

periodontais foi avaliado em diversos estudos. Estes estudos revelaram que a

instalação de aparelhos ortodônticos fixos aumenta a possibilidade de acúmulo de

biofilme, principalmente, nos dentes posteriores bandados, podendo provocar

alterações adversas nos tecidos periodontais. Estas alterações, em grande parte dos

casos, são temporárias e reversíveis, desde que os princípios biológicos da

movimentação ortodôntica sejam respeitados, bem como o controle de biofilme seja

executado de forma adequada pelo paciente, por meio de boas técnicas de higiene

bucal (PÉRET; PACHECO, 1998).

Menezes; Quintão e Sampaio, (1999), concordaram com o citado

acima, afirmando que quando a higiene oral durante o tratamento é boa, pouco ou

nenhum dano é causado ao periodonto. A longo prazo, o tratamento é benéfico aos

tecidos periodontais devido à melhora que permite em relação à higiene e função.

Porém, quando a higiene durante o tratamento ortodôntico é pobre, um dano mais

definido ocorre. Inicia-se um processo destrutivo irreversível dos tecidos periodontais.

Proffit (2002) relatou que no exame clinico inicial deveria incluir uma

avaliação periodontal completa e qualquer doença periodontal em estado ativo

deveria ser tratada antes de entrar no tratamento ortodôntico.

Concordando plenamente no que diz respeito ao início do tratamento

ortodôntico com plena saúde periodontal podem-se citar vários autores como Harfin,

(2000); Zachrisson.(1999); Melsen, (1991); Lindhe,.(1999); Carranza, (1997); Janson

e Ferreira (1997) e outros neste critério todos os autores pesquisados são unânimes,

ortodontia somente em pacientes com periodonto saudável, mesmo que reduzidos.

Após a instalação de aparelhos ortodônticos é muito comum a

ocorrência de inflamação gengival, indicada pela presença de sangramento à

sondagem e aumento gengival, devido principalmente, às dificuldades de

higienização frente ao novo aparato instalado intraoralmente. Assim, quando o

paciente se adapta e adquire novos hábitos de higiene bucal, muitas vezes ocorre

uma regressão do quadro inflamatório, o que foi observado em muitos estudos

(RISTIC et al., 2007).

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Mesmo apresentando caráter reversível, a inflamação gengival

observada em pacientes durante o tratamento ortodôntico pode ocasionar um

aumento gengival, de caráter inflamatório (KOURAKI et al., 2005) ou por alergia de

contato (GURSOY et al., 2007), que não regride apenas com tratamento periodontal

básico, sendo necessária intervenção cirúrgica através de técnicas de gengivoplastia

e gengivectomia, as quais apresentam resultados estáveis.

No que diz respeito às recessões gengivais e ao tratamento

ortodôntico, muito se discute ainda na literatura sobre a influência da quantidade de

gengiva queratinizada no desenvolvimento dessas alterações. Alguns autores

afirmam que a altura da gengiva inserida é a responsável pelas mudanças na

dimensão mucogengival que podem ocorrer com a terapia ortodôntica

(WENNSTROM, 1990). Por outro lado, alguns estudos têm mostrado que essas

alterações no tecido gengival independem da quantidade de gengiva queratinizada,

devendo ser levadas em consideração como fator de risco para possível ocorrência

de recessão gengival durante o tratamento ortodôntico, a direção do movimento

dentário e a espessura do tecido gengival (ZACHRISSON, 1996).

Segundo Nahás et al. (2000), existem duas filosofias de tratamento

na prevenção e manuseio das recessões gengivais: um tratamento conservador

defendido pelos escandinavos, alegando que se houver um controle rigoroso e

adequado de placa bacteriana associado à ausência de trauma por escovação, a

quantidade de gengiva queratinizada não é um fator importante na prevenção da

recessão gengival. A segunda forma de tratamento seria a cirurgia, defendida pelos

americanos, onde procedimentos cirúrgicos são feitos visando a estabelecer aumento

da gengiva inserida antes do início da terapia ortodôntica.

Mathews e Kokich (1997), argumentaram que se alguma área

apresentar recessão ou quantidade de gengiva inadequada, menos que 2 mm de

gengiva inserida, os procedimentos cirúrgicos, como enxerto gengival, podem ser

feitos antes ou durante a terapia ortodôntica. Prato; Baccetti; Giogetti, (2000),

relataram que uma determinada quantidade de tecido queratinizada é necessária

para realizar movimentação ortodôntica. Esses autores defendem a realização de

cirurgia mucogengival antes do reposicionamento do dente pelo movimento

ortodôntico.

Janson (2005), afirmou que se houverem recessões, mas estas

estiverem relacionadas com o mau posicionamento dentário que será corrigido, ou

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estiverem margeadas por gengiva inserida, o risco de aumentá-las é pequeno. Então,

segundo Nahás et al. (2000), antes de indicar a cirurgia mucogengival deve-se avaliar

o tipo de movimento que o dente irá realizar.

Com relação ao tratamento em pacientes com periodonto reduzido,

ficou demonstrado que a movimentação ortodôntica nesses pacientes somente será

benéfica na ausência de doença periodontal ativa e desde que exista um controle de

placa bacteriana adequado, respeitando-se os limites biológicos do individuo. O

tratamento ortodôntico não é contra-indicado quando executado em conjunto com o

periodontista. Contudo, um maior risco de efeitos adversos, sobre o periodonto, pode

ser esperado quando movimentos ortodônticos são executados de maneira

indiscriminada, na presença de inflamação periodontal e higiene bucal menos efetiva

(FRANÇA, 2001).

Os autores Santos e Tibério (2005), concordam que o tratamento

ortodôntico de pacientes adultos deve utilizar uma abordagem direcionada para

eliminar a queixa do paciente e estabelecer uma relação oclusal fisiológica. Pois o

ideal ortodôntico nem sempre é possível de ser atingido em adultos com periodonto

de sustentação reduzido, uma vez que esses indivíduos já possuem limitações

biológicas antes mesmo do início da movimentação dentária e que a manutenção dos

resultados obtidos é mais efetiva com a utilização de aparelhos de contenção

permanentes e com a manutenção da boa condição de saúde periodontal.

De acordo com Lupi, Haldeman e Sadowsky (1996) o tratamento

ortodôntico não confere melhor condição periodontal a longo prazo, sem que o

paciente mantenha uma terapia periodontal de suporte adequada. Para Janson

(2005) é possível alterar os níveis ósseos e gengivais positivamente. Boyer et al.

(2011) considera que o tratamento ortodôntico não é prejudicial ao periodonto e não

traz perdas ósseas significativas. Maia et al. (2011) acredita que a ortodontia bem

planejada é capaz de diminuir defeitos ósseos causados por problemas periodontais.

Sendo assim, diante do exposto, vale ressaltar a importância da

conscientização e da motivação do paciente submetido ao tratamento ortodôntico

quanto ao controle do biofilme bacteriano, a fim de obter um resultado satisfatório do

tratamento, sem prejuízo aos tecidos periodontais (BARBOSA et al., 2012).

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4 CONCLUSÃO

Com base na revisão apresentada, é possível concluir que o

tratamento ortodôntico em pacientes que apresentam problemas periodontais, pode

e deve ser realizado. Sempre lembrando que os tecidos periondontais estejam

saudáveis e que haja um controle com um periodontista antes, durante e após o

tratamento ortodôntico, assim a movimentação dentária pode ser realizada sem

comprometer os tecidos periodontais. Quando bem planejado e executado traz

inúmeros benefícios aos pacientes e aumentam a longevidade desses dentes.

Para se obter um diagnóstico correto, o primeiro passo a ser

realizado é uma anamnese, anotando a queixa principal e o estado global de saúde

do paciente. O próximo passo é verificar o estado de saúde bucal, realizando com

isso um diagnóstico preciso da condição periodontal atual do paciente, através de

um exame clínico e radiográfico.

O profissional deve sempre estar atento aos níveis de inserção

óssea, e a presença de sangramento gengival não deve existir durante todo

tratamento ortodôntico. Portanto, a colaboração do paciente com a higienização oral

é indispensável.

Os ganhos estéticos e funcionais trazidos por um tratamento

ortodôntico bem executado melhoram muito a oclusão e autoestima dos pacientes,

e devem ser mantidos com o uso de contenção fixa e com uma terapia periodontal

de suporte bem realizada.

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