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1 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES Brasília - DF Julho 2015 Versão 2.0

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1 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

MPO-015ATENDIMENTO DE ACIDENTES

Brasília - DFJulho 2015Versão 2.0

MANUAL DE ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERALSPO S/NO – LOTE 5 – SETOR POLICIAL SUL – COMPLEXO SEDE DA PRF BRASÍLIA – DF – CEP 70610-909

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA MINISTRO DA JUSTIÇAJOSÉ EDUARDO CARDOZO

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL

DIRETORA-GERALMARIA ALICE NASCIMENTO SOUZA

COORDENAÇÃO-GERAL DE OPERAÇÕES – CGO SILVINEI VASQUES

DIVISÃO DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL – DPOEDSON NUNES DE SOUZA

FICHA TÉCNICA ORGANIZAÇÃO:DIVISÃO DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL

RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO DESTE MANUAL (VERSÃO 2.0)ALEXANDRE FIGUEIREDO DE ARAUJO, ALVAREZ SOUZA SIMÕES, APOLINÁRIO FERREIRA PORTO JUNIOR, FÁBIO DO AMARAL FERNANDES PIRES, GIOVANNI BOSCO FARIAS DI MAMBRO, HENRIQUE FONTENELLE GALVÃO DOS PASSOS, IRLANDO RICARDO MONTEIRO LOPES, JOÃO MAURICIO ZANCAN, JOSÉ ROBERTO ANGELO BARROS SOARES, REGINALDO GALDINO DA SILVA, STÊNIO PIRES BENEVIDES.

DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO:PROJETO I2

Polícia Rodoviária Federal - Todos os Direitos Reservados – Copyright © É permitida a repro-dução parcial ou total desta obra, desde que citada à fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pe-los direitos autorais dos textos e imagens desta obra é dos autores.

Brasília - DFJulho 2015Versão 2.0

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

1. DAS DEFINIÇÕES 5

2. TIPOS DE ACIDENTES 10

3. FATORES CONTRIBUINTES 11

4. CAUSAS PRESUMÍVEIS 12

5. CLASSIFICAÇÃO DOS DANOS 14 DECORRENTES DE ACIDENTES

6. ESTADO FÍSICO DOS ENVOLVIDOS 16

7. COMUNICAÇÃO À POLÍCIA JUDICIÁRIA 17

8. ATENDIMENTO E REGISTRO DE ACIDENTE 18

9. SINALIZAÇÃO DO SÍTIO DO ACIDENTE 23

10. LEVANTAMENTO DO SÍTIO DO ACIDENTE 27

11. ELABORAÇÃO DE CROQUI 29

12. AMARRAÇÃO 30

13. ELABORAÇÃO DA NARRATIVA 32

14. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM VIATURA DA PRF 34

15. REQUERIMENTO PARA CONFECÇÃO DE BAT 35

15. REQUERIMENTO PARA RETIFICAÇÃO DE BAT 37

17. CÓPIA DE BAT E DECLARAÇÃO DE NADA CONSTA 39

18. FORMULÁRIO TDE 40

19. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

20. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

4 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

A Polícia Rodoviária Federal em busca de melhorar a qualidade do atendimento a acidentes de trânsito nas estradas e rodovias federais, bem como seus devidos registros, elaborou e atualizou o presente manual que tem por finalidade padronizar e sistematizar os procedi-mentos quanto ao atendimento e registro de acidentes no âmbito da Polícia Rodoviária Federal, cumprindo as disposições previstas na Lei nº 9.503, de 23 de setem-bro de 1997 – CTB, no Decreto nº 1.655, de 03 de outubro de 1995, Portaria nº 1.375/2007, do Ministério da Justiça e demais regulamentações específicas.

Este manual apresenta a nova doutrina para o atendi-mento e registro de acidentes de trânsito pela Polícia Rodoviária Federal, que passará a priorizar as ações preventivas de policiamento, fiscalização e educação, bem como os atendimentos de acidentes com vítimas ou dano social.

Antes das diretrizes estipuladas neste manual, a Polícia Rodoviária Federal se empenhava igualmente nos aten-dimentos e registros de acidentes de trânsito, indepen-dentemente de haver vítimas ou não, ou ainda se envol-viam somente veículos com pequenos danos.

Esse procedimento igualitário fazia com que, em alguns trechos, o efetivo policial disponível fosse empregado integralmente no atendimento e registro de acidentes – muitos de pequenas proporções –, inviabilizando a realização de ações preventivas, fundamentais para a conscientização dos condutores e, por consequência, para a diminuição dos índices de acidentes e mortes no trânsito.

Diante desse cenário, foram estabelecidos critérios para avaliar o grau de prioridade que a ocorrência exige em relação às outras atividades da Polícia Rodoviária Fede-ral. O principal deles é a verificação da gravidade do evento danoso.

Para não comprometer as ações policiais que já estejam

INTRODUÇÃO

em andamento, os envolvidos em acidentes de trânsito serão orientados a registrar a ocorrência por meio da internet. Caso queiram aguardar o atendimento, deve-rão fazê-lo em local seguro, tendo em vista o disposto nos artigos 26 e 178, ambos do CTB. Essa orientação servirá somente nos casos de acidentes simples, sem vítimas e sem dano social.

O registro de acidentes desse tipo passará a ser realiza-do diretamente pelos envolvidos, por meio de um siste-ma informatizado desenvolvido pela PRF e disponibiliza-do na internet no Portal PRF.

A prioridade de atendimento será para os acidentes com vítimas, para as ocorrências relevantes, para aquelas que comprometam a segurança ou que possam gerar “dano social” (vide Capítulo I – Definições).

Os atendimentos e registros a acidentes nas estradas e rodovias federais sob circunscrição da Polícia Rodoviária Federal deverão obedecer às determinações previstas neste manual.

5 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

1. DAS DEFINIÇÕES

1. Para os efeitos deste Manual são adotadas as definições da Lei nº 9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro – CTB, legislações pertinentes e conceitos es-tabelecidos pela PRF, como se segue:

2. TRÂNSITO: considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou des-carga.

3. ACIDENTE DE TRÂNSITO: a Polícia Rodo-viária Federal entende como acidente de trânsito todo acontecimento não premeditado do qual resultem da-nos materiais e/ou pessoais, envolvendo veículo na via pública.

4. ACIDENTE COM DANO SOCIAL: para efeito deste manual, é todo o acidente de trânsito que extrapo-le a seara do direito disponível das pessoas envolvidas na ocorrência, vindo a afetar a coletividade, ou seja, aci-dentes dos quais resultem interrupções de pista, danos ao patrimônio público ou ao meio ambiente, envolvendo veículos oficiais ou ocorrência de algum crime correla-cionado.

5. Obs.: Embora não haja dano direto ao meio ambiente, devido ao potencial de dano, acidentes en-volvendo veículos de transporte de produtos perigosos, onde houve dano ao recipiente do produto, são enqua-drados também como dano social.

6. ATENDIMENTO DE ACIDENTE: conjunto de atos realizados pelo PRF no local do acidente, com a finalidade de auxiliar os usuários diretamente envolvidos na ocorrência e garantir a segurança destes e dos de-mais usuários da via. Inclui-se no atendimento a coleta das informações necessárias a subsidiar qual tipo de registro que a ocorrência demandará (BAT ou e-DAT).

7. REGISTRO DE ACIDENTE: é o lançamento das informações do acidente de trânsito, com vistas a gerar um documento público sobre a ocorrência, nor-

malmente BAT ou e-DAT.

8. SÍTIO DO ACIDENTE: área que abrange to-dos os vestígios mediatos e imediatos do acidente.

9. SÍTIO DE COLISÃO: também chamado sítio de impacto, é a área do local em que os veículos coli-diram, ou a área do local em que o veículo se chocou com obstáculo, portanto assinala o lugar onde os veícu-los interagiram, geralmente indicado por fragmentos de vidros provenientes dos para-brisas ou lentes de faróis e lanternas, lascas de pintura, poeira e outros elemen-tos que se desagregam das carrocerias dos veículos e, principalmente, por marcas de pneumáticos deixadas no pavimento.

10. TRÁFEGO: movimento de deslocamento de pedestre, veículo ou animal, sobre via terrestre, em mis-são de transporte ou deslocamento, considerando cada unidade de “per si”, ou seu conjunto em um determinado ponto ou via.

11. UNIDADES DE TRÁFEGO: são assim con-siderados todos os veículos automotores (caminhões, automóveis, motocicletas, ônibus), os de tração animal (carroças), os de tração ou propulsão humana (bicicle-tas), pedestres, animais de porte arrebanhados ou mon-tados.

12. VIAS: são vias terrestres urbanas e rurais, as ruas, avenidas, logradouros, caminhos, passagens, estradas e rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais e as circuns-tâncias especiais, incluindo-se no mesmo conceito as praias abertas à circulação pública, as vias internas per-tencentes aos condomínios constituídos por unidades autônomas, superfícies por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo assim a pista, a calçada, o acostamento, a ilha e o canteiro central.

13. ESTRADA: via rural não pavimentada.

14. RODOVIA: via rural pavimentada.

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15. PISTA: conhecida também como Pista de Rolamento. Parte da via normalmente utilizada para a circulação de veículos, identificada por elementos separadores ou por diferença de nível em relação aos acostamentos, às calçadas, às ilhas ou aos canteiros centrais.

16. PISTA SIMPLES: quando não houver separadores físicos entre as faixas de trânsito, seja em via de mão única ou dupla.

17. PISTA DUPLA: quando a via tiver duas pistas separadas por defensa, canteiro ou outro elemento físico que impeça ou dificulte a transposição, independentemente dos sentidos estabelecidos para o trânsito. Não são conside-radas como pistas duplas aquelas separadas por rios, canteiros extremamente largos e outros casos em que as mãos de direção contrárias se afastam totalmente.

18. PISTA MÚLTIPLA: quando houver mais de um separador entre as pistas de rolamento.

19. ACOSTAMENTO: parte da via diferenciada da pista de rolamento destinada à parada ou estacionamento de veículos, em caso de emergência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local apropriado para esse fim.

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20. FAIXA DE DOMÍNIO: é a base física onde se assenta uma rodovia, constituída pelas pistas de rolamento, canteiros, obras de arte, acostamentos, sinalização, faixas laterais de segurança, até o alinhamento das cercas que separam a via dos imóveis marginais ou da faixa de recuo, conforme projeto da via.

21. FAIXAS DE TRÂNSITO: qualquer uma das áreas longitudinais em que a pista pode ser subdividida, sinali-zada ou não por marcas viárias longitudinais, que tenham uma largura suficiente para permitir a circulação de veículos automotores. Caso não exista demarcação (pintura) das faixas de trânsito, considerar a largura de 3,5 metros por faixa.

22. LEITO CARROÇÁVEL: consiste na porção da plataforma da rodovia compreendendo a pista e os acosta-mentos, quando existirem. Considera-se que as rodovias com pistas duplas ou múltiplas tenham dois ou mais leitos carroçáveis.

23. TALUDE: terreno inclinado, superfície inclinada (aterro ou escavação). Inclinação da superfície de um terreno ou de solo em uma escavação ou aterro. Superfície definida pela área de acabamento de um corte ou aterro, formando um ângulo com o plano vertical, que é medido pela tangente desse ângulo.

24. PERFIL DA VIA: linha que representa de forma contínua a situação altimétrica de um alinhamento de uma superfície plana. Classifica-se em nível, aclive ou declive.

25. TRAÇADO: a trajetória da rodovia. Classifica-se em reta, curva e cruzamentos.

26. LOMBADA: concordância entre rampas em aclive e declive, caracterizada por pequena distância de visibili-dade. Não confundir com saliência ou lombada regulamentada pela resolução nº 39/98 do CONTRAN, cujo objetivo é a redução de velocidade;

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27. DEPRESSÃO: local situado nas baixadas entre uma elevação e um plano ou entre duas elevações. Não confundir com a depressão sinalizada por placas A-19, cujo objetivo é a redução de velocidade ou de alertar quanto a um dano no pavimento.

CURVA VERTICAL: perfil longitudinal da via, composto por rampas que podem ser ascendentes ou descendentes, concordadas por curva. Une de modo confortável e seguro as rampas de aclive com as rampas de declive e vice-ver-sa.

28. SUPERELEVAÇÃO: inclinações existentes nas curvas, cuja função é neutralizar a força centrífuga.

29. SUPERLARGURA: é um alargamento da via, geralmente utilizado em curvas.

30. SARJETA: dispositivo de drenagem superficial, construído numa plataforma (rodovia), com a finalidade de conduzir longitudinalmente para um local próprio as águas que caem sobre ela (no caso de aterro) ou sobre ela e os taludes (no caso de corte).

31. CANAL: é uma obra de engenharia que serve para escoamento de água, e impede a transposição de unida-des de tráfego de um lado para o outro.

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32. CANTEIRO CENTRAL: obstáculo físico construído como separador de duas pistas de rolamento, eventual-mente substituído por marcas viárias (canteiro fictício).

33. MEIO FIO: é uma fileira de pedra ou concreto, ao longo do pavimento, mais elevada que este, que o reforça e o protege, e limita a área destinada ao trânsito de veículos, mais usada para proteger o trânsito dos pedestres.

34. MURO: obra-de-arte corrente ou não, que serve para contenção de material terroso ou para separar locais, neste caso, obstruindo a passagem de unidades de tráfego de um lado para o outro, podendo ser de concreto, alve-naria, etc.

35. OCORRÊNCIAS RELEVANTES: são aquelas que se referem a informações consideradas de interesse pú-blico e/ou institucional da PRF e as que se refiram a práticas ilícitas. Informações de interesse público são as ocorrên-cias que apresentem pelo menos um dos seguintes elementos: morte, ocorrências com veículos de transporte coletivo de passageiros, envolvimento de pessoa pública ou notória, vazamento ou derramamento de produto perigoso, blo-queio ou interdição de rodovia, manifestação social, queda de barreira, obra ou qualquer outro obstáculo que interfira na segurança viária.

36. As definições apresentadas são as mais utilizadas na atividade diária do Policial Rodoviário Federal.

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2. TIPOS DE ACIDENTES

37. O tipo será determinado conforme a dinâmica do acidente. O policial deverá colher todas as informa-ções referentes ao caso: as diretamente acessíveis no local, as recebidas dos participantes e das testemu-nhas, se houver, e as decorrentes dos vestígios mate-riais encontrados. Ele deverá também observar detalha-damente as sedes de impacto das unidades de tráfego envolvidas, a conformação dos danos e orientação das avarias, quanto às direções longitudinal e transversal.

38. Eventos em ato contínuo e dentro da mesma dinâmica serão considerados um mesmo acidente.

39. Nos casos dos acidentes cujas dinâmicas en-volvam vários tipos de acidentes, selecionar o primeiro evento e detalhar na narrativa toda dinâmica.

40. ATROPELAMENTO DE ANIMAL: tipo de aci-dente no qual há impacto entre veículo(s) em movimento e um ou mais animais, sejam eles conduzidos, monta-dos, arrebanhados ou soltos.

41. ATROPELAMENTO DE PEDESTRE: tipo de acidente no qual há impacto entre veículo(s) em movi-mento e uma ou mais pessoas.

42. CAPOTAMENTO: tipo de acidente em que o veículo dá um giro sobre si, em qualquer sentido, em um ângulo igual ou superior a 180º, imobilizando-se em qualquer posição.

43. TOMBAMENTO: tipo de acidente em que o veículo sai de sua posição normal, imobilizando-se ou não sobre uma de suas laterais, sua frente ou sua tra-seira.

44. COLISÃO TRANSVERSAL: tipo de acidente em que a colisão ocorre transversalmente, quando os veículos transitam em direções que se cruzam, ortogo-nal ou obliquamente.

45. COLISÃO COM OBJETO ESTÁTICO: tipo de acidente no qual há impacto de um veículo em movi-mento contra qualquer obstáculo fixo, estático ou outro veículo estacionado. O impacto de um veículo parado momentaneamente por circunstâncias do tráfego não configurará colisão com objeto estático e sim colisão traseira.

46. COLISÃO COM OBJETO MÓVEL: tipo de acidente no qual há o impacto de um veículo em mo-vimento contra qualquer objeto em movimento, exceto

outro(s) veículo(s).

47. COLISÃO FRONTAL: tipo de acidente que ocorre quando os veículos transitando na mesma dire-ção, porém, em sentidos opostos, sofrerem impactos em qualquer de suas partes, com alteração substancial de sua quantidade de movimento.

48. COLISÃO LATERAL: tipo de acidente que ocorre quando os veículos em movimento na mesma direção, mesmo sentido ou em sentidos opostos colidi-rem simultaneamente, sem alteração substancial de sua quantidade de movimento.

49. COLISÃO TRASEIRA: tipo de acidente que ocorre quando dois veículos, transitando na mesma di-reção e sentido, se chocam, considerando que o veícu-lo que vinha à retaguarda atinge o veículo da frente. O impacto de um veículo parado momentaneamente por circunstâncias do tráfego não configurará colisão com objeto estático, e sim colisão traseira.

50. ENGAVETAMENTO: tipo de acidente em que se tem, por definição, o impacto entre três ou mais ve-ículos transitando na mesma direção e sentido de cir-culação. Trata-se combinação de veículos como sendo um só veículo.

51. DERRAMAMENTO DE CARGA: tipo de aci-dente em que ocorre a queda ou derramamento da carga do veículo transportador, com prejuízo de ordem material e/ou pessoal.

52. INCÊNDIO: tipo de acidente em que o veícu-lo se incendeia involuntariamente, sem que tenha como origem outro acidente.

53. QUEDA DE OCUPANTE DE VEÍCULO: tipo de acidente em que ocorre a queda de ocupante que estava em determinado veículo.

54. SAÍDA DE PISTA: tipo de acidente no qual um veículo sai do leito carroçável da via, provocando danos materiais ao veículo, a terceiros e/ou lesões pessoais. Nas rodovias dotadas de acostamento, considera-se o ponto de saída de pista o limite externo do leito carroçá-vel (acostamento, canteiro central, etc).

55. DANOS EVENTUAIS: acidentes que envol-vam situações atípicas, desde que não enquadrados em nenhuma das tipificações específicas.

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3. FATORES CONTRIBUINTES

56. Vários são os fatores que podem contribuir para a ocorrência de um acidente de trânsito. Isoladamente, os fatores geradores de aci-dentes podem ser subdivididos em quatro grupos:

57. FATOR HUMANO: quando o comportamento do homem como pedestre, condutor ou outra condição contribui para a ocorrência do acidente. Refere-se à educação, atitude e preparo do cidadão para o trânsito, suas condições físicas e psicológicas e sua capacidade de julgamento.

58. FATOR VEÍCULO: quando falha mecânica/elétrica no veículo contribui para a ocorrência do acidente. Referem-se às condições de manutenção, conservação e desempenho do veículo e equipamentos integrantes.

59. FATOR VIA: quando uma deficiência na via ou em sua sinali-zação contribui para a ocorrência do acidente. Refere-se às característi-cas físicas da via. É o principal fator de atuação da engenharia, incluindo aspectos da geometria, sinalização, regulamentação e uso da via, bem como da pavimentação e condições de tráfego;

60. FATOR MEIO AMBIENTE: quando fatores do meio ambiente ou da natureza prejudicam a segurança do trânsito, contribuindo para a ocorrência do acidente. Refere-se à ocorrência de fenômenos naturais, relacionada às condições meteorológicas, visibilidade, etc.

61. A informação selecionada pelo PRF como “fator contribuinte” serve apenas para fins estatísticos, não sendo impressa no BAT.

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4. CAUSAS PRESUMÍVEIS

62. Define-se como causa presumível do acidente o fator determinante para o sinistro, aquele sem o qual o acidente não ocorreria.

63. ANIMAIS NA PISTA: nos casos de acidente em que pelas circunstâncias conclui-se que ele não te-ria ocorrido caso não houvesse animal na pista, tendo sido ele atropelado ou não.

64. DEFEITO MECÂNICO EM VEÍCULO: nos casos em que ficar constatado que uma falha mecânica ou elétrica teve supremacia sobre os outros fatores para a ocorrência do acidente.

65. DEFEITO NA VIA: quando o acidente tiver como fator determinante aspectos relacionados ao esta-do de conservação da via, sua estrutura e obras de arte.

66. DESOBEDIÊNCIA À SINALIZAÇÃO: quando ficar apurado que o acidente não teria ocorrido caso o condutor tivesse obedecido à sinalização existente.

67. DORMINDO: quando houver indícios pela dinâmica do acidente e/ou por declaração do próprio condutor assumindo essa condição, ou de pessoas que tenham testemunhado a situação.

68. FALTA DE ATENÇÃO À CONDUÇÃO: decor-re do comportamento desatento do condutor em razão de fatores distrativos ou não, que o levem à percepção retardada do perigo, tais como: falar ao celular, manuse-ar equipamentos, conversar com passageiros, não ob-servar os retrovisores, errar percurso, realizar manobras inadequadas, manuseio errôneo do veículo, etc.

69. FALTA DE ATENÇÃO DO PEDESTRE: decor-re do comportamento desatento do pedestre em razão de fatores distrativos ou não, que o levem à percepção retardada do perigo, tais como falar ao celular, ingestão de álcool ou a inobservância, conforme disposto no ar-tigo 69 do CTB.

70. Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pe-destre tomará precauções de segurança, levando em conta, principalmente, a visibilidade, a distância e a ve-locidade dos veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele destinadas sempre que estas existirem numa distância de até cinqüenta metros dele, observa-das as seguintes disposições:

71. I - onde não houver faixa ou passagem, o cru-zamento da via deverá ser feito em sentido perpendicu-lar ao de seu eixo;

72. II - para atravessar uma passagem sinalizada para pedestres ou delimitada por marcas sobre a pista:

73. a) onde houver foco de pedestres, obedecer às indicações das luzes;

74. b) onde não houver foco de pedestres, aguar-dar que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa o fluxo de veículos;

75. III - nas interseções e em suas proximidades, onde não existam faixas de travessia, os pedestres de-vem atravessar a via na continuação da calçada, obser-vadas as seguintes normas:

76. a) não deverão adentrar na pista sem antes se certificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito de veículos;

77. b) uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pedestres não deverão aumentar o seu percurso, de-morar-se ou parar sobre ela sem necessidade.

78. INGESTÃO DE ÁLCOOL: sempre que o con-dutor apresentar indícios de ingestão de álcool, sendo comprovada por meio de odores, halitose etílica, postu-ra, movimentos, comportamento e outros, independen-temente de testes e que essa condição tenha contri-buído com supremacia em relação a outras causas na ocorrência do acidente.

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79. INGESTÃO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATI-VAS: sempre que o condutor apresentar indícios de ter feito uso de substâncias psicoativas ou similares (exceto álcool), apresentando estado de sonolência, alucinação, excitação e/ou torpor etc., e se mostre nessa condição por meio de odores, postura, movimentos, comporta-mentos e outros, independentemente de testes, e que essa condição tenha contribuído com supremacia em relação a outras causas na ocorrência do acidente.

80. NÃO GUARDAR DISTÂNCIA DE SEGU-RANÇA: quando, pelas circunstâncias do acidente, o(s) condutor(es) não guardar(em) distância de segurança lateral e/ou frontal entre o seu e os demais veículos, ou em relação ao bordo da pista, considerando-se, no mo-mento, a velocidade, as condições do local, da circula-ção, do veículo e as condições climáticas.

81. ULTRAPASSAGEM INDEVIDA: quando os indícios demonstrarem que o condutor realizava mano-bra de ultrapassagem em desacordo com as normas de circulação e conduta previstas no CTB.

82. VELOCIDADE INCOMPATÍVEL: quando os indícios demonstrarem que o veículo desenvolvia veloci-dade inadequada, mesmo dentro dos limites permitidos por Lei, mas incompatível com as condições meteoroló-gicas, do local, do tráfego e do próprio veículo.

83. PISTA ESCORREGADIA: quando, por um motivo qualquer, o veículo perder a aderência, devido à presença de substâncias que propiciem a redução do coeficiente de atrito (não confundir com velocidade incompatível em decorrência das condições meteoro-lógicas).

84. OBSTÁCULO ESTÁTICO SOBRE A VIA: quando, por exclusão, se chegar à conclusão de que o acidente não teria ocorrido se não existisse um obstá-culo estático sobre a via. Consideram-se também, para os efeitos desta definição, veículos em pane mecânica, acidentados ou abandonados, não se aplicando nos casos em que o local estiver devidamente sinalizado.

85. CARGA MAL ACONDICIONADA: quando se concluir pelas circunstâncias, tipo de carga e dinâmica do acidente, que ele só ocorreu devido a tal situação.

86. AVARIAS NO PNEU: quando houver indícios de que o acidente ocorreu devido a avarias no pneu, tais como estouro, esvaziamento, descolamento da banda de rodagem, etc.

87. DEFICIÊNCIA OU NÃO ACIONAMENTO DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO/ SINALIZAÇÃO DO VEÍCULO: quando os indícios demonstrarem que o sistema de iluminação/sinalização, pelas circunstân-cias verificadas e/ou testemunhas, levarem à conclusão de que foi a causa determinante para o acidente, tais como: inoperantes quanto ao funcionamento, falta de acionamento ou alterado quanto ao estabelecido pelo CONTRAN.

88. SINALIZAÇÃO INSUFICIENTE OU INADE-QUADA NA VIA: nos casos em que ficar apurado que o acidente não teria ocorrido caso a sinalização da via estivesse de acordo com a regulamentação e adequa-damente implantada.

89. RESTRIÇÃO DE VISIBILIDADE: quando houver indícios de que o acidente não teria ocorrido caso não houvesse tal condição. Considera-se como restrição de visibilidade: neblina, serração, ofuscamen-to, penumbra, fumaça, veículos estacionados irregular-mente, vegetação, placa de publicidade em locais ina-dequados, etc.

90. FENÔMENOS DA NATUREZA: quando hou-ver indícios de que só houve o acidente devido à ocor-rência de fenômenos naturais, tais como vendavais, tempestades, inundações, tornados, quedas de barrei-ras, desmoronamentos, etc.

91. MAL SÚBITO: quando ficar apurado por meio de indícios ou quando constatada por perito – médico legista – tal condição.

92. A informação selecionada pelo PRF como “causa presumível” serve apenas para fins estatísticos, não sendo impressa no BAT.

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5. CLASSIFICAÇÃO DOS DANOS DECORRENTES DE ACIDENTES

93. A Resolução nº 362/2010/CONTRAN esta-belece a classificação de danos em veículos decorren-tes de acidentes de trânsito e os procedimentos para a regularização ou baixa dos veículos envolvidos e dá outras providências. A avaliação dos danos é feita por meio do preenchimento do relatório de avarias constan-te dos anexos da resolução, conforme o tipo de veículo. O resultado quantitativo ou qualitativo dessa avaliação resultará na classificação dos danos como de pequena, média ou grande monta, conforme abaixo:

94. Para automóveis, camionetas, caminhonetes e utilitários, a classificação de danos deve ser realizada conforme estabelecido no Anexo I da referida Resolu-ção.

95. I - A classificação do dano na categoria “pe-quena monta” dar-se-á quando a soma dos pontos de todos os itens assinalados nas colunas “SIM” e “NA” não ultrapassar 20 pontos;

96. II – A classificação do dano na categoria “mé-dia monta” dar-se-á quando a soma dos pontos de to-dos os itens assinalados nas colunas “SIM” e “NA” for de 21 a 30 pontos;

97. III – A classificação do dano na categoria “gran-de monta” dar-se-á quando a soma dos pontos de to-dos os itens assinalados nas colunas “SIM” e “NA” for superior a 30 pontos, o que implica também na classifi-cação do veículo como irrecuperável.

98. Para motocicletas e veículos assemelhados, a classificação de danos deve ser realizada conforme estabelecido no Anexo II da referida Resolução.

99. I – A classificação do dano na categoria “pe-quena monta” dar-se-á quando a soma dos pontos de todos os itens assinalados nas colunas “SIM” e “NA” não ultrapassar 16 pontos, desde que não tenha sido danifi-cado nenhum componente estrutural;

100. II – A classificação do dano na categoria “média monta” dar-se-á quando a soma dos pontos de todos os itens assinalados nas colunas “SIM” e “NA” estiver acima de 16 pontos e desde que não tenham sido dani-ficados três ou mais componentes estruturais;

101. III – A classificação do dano na categoria “gran-de monta” dar-se-á quando tiverem sido assinalados nas colunas “SIM” e “NA” três ou mais componentes es-truturais, independentemente do somatório de pontos.

102. 3) Para reboques e semirreboques, cami-nhões e caminhões-tratores, a classificação de danos deve ser realizada conforme estabelecido no Anexo III da referida resolução.

103. 4) Para ônibus e micro-ônibus, a classifica-ção de danos deve ser realizada conforme estabelecido no Anexo IV da referida resolução.

104. 5) A Resolução 362/2010/CONTRAN, quando faz menção a peças ou a itens danificados, não aborda a extensão do dano. Apenas se ele existe ou não.

105. A ocorrência de arranhões somente na lâmina de tinta ou na película que cobre uma determinada peça ou item, não será considerado dano para os efeitos des-sa resolução, devendo tal fato ser registrado no campo de observação do relatório de avarias.

106. 6) A resolução trata os itens marcados com NA – Não Avaliado como se danificados fossem para efeito de classificação de dano. Portanto, cada item marcado com “não avaliado” deve ser justificado de for-ma clara e plausível no campo observação do relatório de avarias.

107. 7) Devem ser inseridas no BAT fotografias do veículo acidentado – laterais direita e esquerda, frente e traseira. A ausência de qualquer fotografia deverá ser

15 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

justificada de forma clara e plausível.

108. 8) A avaliação de danos e o registro fo-tográfico exigidos pela resolução devem ser realizados quando o veículo estiver posicionado de forma a per-mitir a condição de análise. Não podendo ser feita pela equipe responsável pelo acidente, esta deverá passar a responsabilidade para a equipe que acompanhar a remoção do veículo. As impossibilidades deverão ser devidamente justificadas.

109. 9) Quando a remoção do veículo estiver programada para ocorrer após saída da equipe que atendeu o acidente, o responsável pela remoção deverá ser informado da necessidade de acionamento da PRF para acompanhamento do procedimento, a fim de se realizar o registro fotográfico e avaliação dos danos do veículo, sob pena de os itens serem pontuados como N/A, o que implica na classificação dos danos como de grande monta.

110. 10) Os veículos transportados deverão sofrer o tratamento da Resolução 362/2010/CONTRAN se envolvidos em acidentes de trânsito. No sistema de re-gistro de acidentes, os que sofrerem danos devem ser registrados no sequencial do registro de veículos, infor-mando tal condição no campo observações, bem como o número da nota fiscal.

111. 11) Até que o sistema de registro de acidente seja adequado, o preenchimento do relatório de avarias do Anexo I da Resolução 362/2010/CONTRAN – que possibilita a avaliação, de item ou peça, tanto como danos superficiais e/ou estruturais – deve ser marcado com apenas um item, evitando o “bis in idem”. É o caso dos itens: 6 e 7, 11 e 12, 14 e 15, 17 e 18, 20 e 21, 34 e 35, 37 e 38, 39 e 40, 43 e 44, 47 e 48.

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6. ESTADO FÍSICO DOS ENVOLVIDOS

112. O policial deve estar atento às condições físi-cas de todos os envolvidos, especialmente em situa-ções em que houver morte ou mutilação em ocupantes do mesmo veículo, como gestantes, recém-nascidos, crianças e idosos (pessoas mais suscetíveis a lesões).

113. A PRF adota a seguinte classificação do esta-do físico das pessoas envolvidas no acidente:

114. ILESO: pessoa que não apresente nenhum sinal ou sintoma de lesões provenientes do acidente, independentemente de ter sido encaminhada ou não ao atendimento hospitalar.

115. LESÕES LEVES: lesão em pessoa que, por consequência do acidente, apresente algum sinal ou sintoma da lista a seguir:

116. Dores em geral em área sem órgãos vitais;

117. Lacerações leves, contusões e abrasões (pri-meiros socorros: simples curativos);

118. Todas as queimaduras de lº grau. (até 10% da superfície corporal);

119. Fratura dos dentes;

120. Dores ou rigidez muscular da parede torácica, abrasão por cinto de segurança ou por outras partes do veículo;

121. Pequenas hemorragias externas;

122. Pequenas entorses, luxações e/ou fraturas fe-chadas e/ou abertas dos dedos;

123. Contusão cerebral leve, com dores de cabeça, tonturas, mas sem perda de consciência;

124. Queixas de dores de pescoço aos movimen-tos, sem alterações anatômicas ou radiológicas;

125. Contusão e abrasão dos olhos e seus anexos.

126. LESÕES GRAVES: lesão em pessoa que, por consequência do acidente, não foi classificada como

leve ou não tenha como resultado o óbito.

127. MORTO: pessoa envolvida em acidente de trânsito, em óbito, com sinais evidentes de morte identifi-cados no local, em decorrência das lesões do acidente.

128. A vítima transportada para atendimento médico que venha a morrer no percurso será classificada como lesões graves. Nesses casos, constatada tal situação, o policial registrará o fato no campo de observações, até ser criado campo próprio no sistema de registro de acidentes.

129. Sinais Evidentes de Morte:

130. 1) Evidente estado de decomposição;

131. 2) Decapitação ou segmentação do tronco;

132. 3) Esmagamento do corpo;

133. 4) Lesões e deformidades que descartem qualquer possibilidade de vida;

134. 5) Carbonização do corpo;

135. 6) Esmagamento de crânio com perda de mas-sa encefálica e ausência de sinais vitais. Não confundir com trauma de crânio com perda de massa encefálica, quando se deve tentar a reanimação;

136. 7) Presença de “rigor mortis”: inicia-se entre 1 e 6 horas após a morte, pelos músculos da mastigação, e avança no sentido crânio caudal;

137. 8) Presença de “livor mortis”: estase sanguínea que depende da posição do cadáver; inicia-se entre 1h30 e 2 horas, atingindo o máximo entre 8 e 12 horas.

138. IGNORADO: quando não há informações a respeito do estado físico do envolvido, após esgotadas todas as possibilidades de verificação.

139. É obrigatório o registro de todas as pessoas envolvidas no acidente, mesmo aquelas cujo estado fí-sico tenha sido classificado como ILESO

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7. COMUNICAÇÃO À POLÍCIA JUDICIÁRIA

140. Todo acidente com morte será comunicado via telefone ou pessoalmente à polícia judiciária, assim que a PRF tomar conhecimento do fato. Essa comunicação deverá ser registrada pelo responsável pela mudança de status da comunicação no sistema de registro de aciden-tes, devendo conter o nome da pessoa daquele Órgão que recebeu a informação e o horário em que a informação foi recebida, exceto nos casos onde convênios ou acordos de cooperação tenham delegado o exercício das atividades de perícia em acidente de trânsito à PRF.

141. Nos acidentes com lesões corporais, mesmo a representação sendo condicionada, a polícia judiciária também deverá ser informada, exceto nos locais onde já foi implantado o Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO.

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8. ATENDIMENTO E REGISTRO DE ACIDENTE

142. Este capítulo trata das seguintes fases: prepa-ração, comunicação de acidente, despacho da ocor-rência, deslocamento, atendimento de acidente, registro de acidente e revisão da ocorrência.

143. A Polícia Rodoviária Federal prioriza as ações de atendimento de acidentes graves ou que envolvam risco direto aos usuários da via, bem como aqueles com dano social.

144. PREPARAÇÃO: é dever do policial, ao assu-mir o serviço, preparar a viatura, bem como todos os equipamentos e materiais necessários para o atendi-mento imediato do acidente. Esse procedimento visa reduzir o tempo de resposta e evitar o risco de ter sua segurança e a dos usuários comprometida.

145. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE: trata-se do recebimento e registro das informações relacionadas a um acidente de trânsito. O receptor da informação de-verá seguir o roteiro abaixo para avaliar o acionamento da equipe de serviço, registrando-a simultaneamente no sistema próprio:

146. Qual o seu nome?

147. Qual o seu telefone?

148. Qual o local do acidente? (BR, km, ponto de referência, município, sentido).

149. Há quanto tempo ocorreu o acidente?

150. Existem quantas vítimas? Como estão? Algu-ma presa nas ferragens?

151. Qual a quantidade e tipo de veículos envolvi-dos?

152. Qual o tipo de acidente?

153. Os veículos possuem condições de trafegar?

154. Há interdição da via?

155. Algum condutor possui sinais de embriaguez?

156. Algum veículo é oficial?

157. Houve dano ao patrimônio público? (ponte, defensa, viaduto, poste, pavimento, etc.)

158. OBS: Nos casos de rodovias concessionadas, os bens concedidos continuam sendo propriedade pú-blica.

159. Algum dos veículos transporta produto perigo-so? Há vazamento ou derramamento desse produto ou dano ao recipiente?

160. Existe aglomeração de pessoas no local?

161. O local é perigoso? Tem curva, declive, de-pressão, cruzamento? Está chovendo no local, há ne-blina ou cerração?

162. Outros questionamentos que julgar pertinen-tes.

163. DESPACHO DA OCORRÊNCIA: com base nas informações obtidas sobre o acidente, o atendente deverá:

164. Orientar o usuário a registrar a e-DAT no en-dereço eletrônico www.prf.gov.br/acidente ou pelo link no site da PRF, para os casos que se enquadrarem em acidente passível de registro por meio de e-DAT; e/ou

165. Despachar a equipe para o atendimento do acidente quando for o caso de BAT, quando houver dú-vidas quanto ao tipo de registro, quando houver neces-sidade de auxílio ao usuário ou quando houver indícios de crime no local (condutor sob efeito de substância psicoativa, saque de carga etc.).

166. O número da comunicação e as informações obtidas do acidente deverão ser repassados pelo aten-dente à equipe despachada ao local.

167. O cidadão será informado do tempo aproxima-do que a equipe demorará em razão de outras ocorrên-cias em andamento, operações ou comandos preventi-vos e da obrigação legal de retirar o(s) veículo(s) da pista de rolamento e sinalizar o local, sob pena de autuação,

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nos casos de acidente sem vítimas.

168. Ressalte-se a obrigatoriedade de se atualizar o status da comunicação, conforme o disposto no MPO 010/2009 – Manual de Utilização do Sistema BR-Brasil.

169. DESLOCAMENTO: após ter sido despacha-da a equipe deverá ir ao local do acidente para averiguar a veracidade e conformidade das informações. O des-locamento deve ser rápido e seguro, obedecendo às Normas Gerais de Circulação e Conduta previstas no Inciso VII do Art. 29 da Lei nº 9.503/1997. O motorista da viatura deve acionar os faróis e fazer uso de sirenes e luzes intermitentes.

170. ATENDIMENTO DE ACIDENTE: conjunto de atos realizados pelo PRF no local do acidente, com a finalidade de auxiliar os usuários diretamente envolvidos na ocorrência e garantir a segurança destes e dos de-mais usuários da via. Inclui-se no atendimento a coleta das informações necessárias a subsidiar qual tipo de registro que a ocorrência demandará (BAT ou e-DAT). Ressalte-se a distinção feita no Capítulo I – Definições entre Atendimento de Acidente e Registro de Acidente.

171. O PRF não pode se negar a atender qualquer acidente de trânsito. Esse atendimento obedecerá às prioridades estabelecidas neste manual, especialmente no que tange a existência de vítima ou dano social.

172. No local, o PRF deverá adotar as seguintes ações:

173. Dimensionar a cena (avaliar a amplitude do aci-dente, verificar os riscos existentes e as condições de segurança do local).

174. Providenciar a sinalização do local, conforme capítulo IX, para garantir a segurança e evitar ocorrên-cias de novos acidentes. No caso de envolvimento de veículo(s) transportando produtos perigosos, adotar me-didas iniciais conforme Manual da ABIQUIM, acionando, se necessário, os órgãos competentes, tais como: Cor-po de Bombeiros, Ibama, Defesa Civil etc.

175. Estabilizar o(s) veículo(s), verificar o estado da(s) vítima(s), se houver, prestando o devido socorro e, quando necessário, acionar os órgãos competentes. Caso haja equipes ou representantes de outros órgãos prestando atendimento, socorrendo vítimas, sinalizando e isolando o local, anotar os nomes dos responsáveis, além das possíveis alterações na posição final dos ves-tígios presentes no local do evento e nas unidades de

tráfego, para posterior registro no sistema.

176. Nos casos de acidentes com mortos ou feridos graves, isolar o local visando à preservação dos vestí-gios em atendimento ao prescrito na legislação vigente, além dos casos de acidentes com veículos oficiais ou com derramamento/vazamento de produtos perigosos (observar a necessidade de perícia). Para o isolamen-to, recomenda-se o uso de fitas zebradas delimitando o espaço a ser isolado. Este é determinado pela área em que se encontram os vestígios ou pela recomendação da ABIQUIM (produtos perigosos).

177. Havendo riscos à segurança viária ou prejuízo ao tráfego, providenciar a imediata remoção de pesso-as que tenham sofrido lesões, bem como dos veículos para fora da pista.

178. Realizar, obrigatoriamente, o teste de alcoole-mia nos condutores envolvidos, registrando a numera-ção do aparelho, a numeração do teste e o resultado obtido. A ausência do teste deve ser justificada.

179. Examinar os documentos dos veículos e das pessoas envolvidas, quanto à autenticidade e validade, realizando consulta nos sistemas disponíveis.

180. A remoção do(s) veículo(s) somente será efe-tivada depois de concluído o atendimento no local, ex-ceto nos casos previstos no item 4. Antes da aplicação desta medida administrativa o policial deverá realizar uma busca no veículo, relacionar o material encontrado e tomar as medidas pertinentes.

181. Verificar as situações que envolvam o acidente em relação ao cometimento de qualquer crime previsto no Código de Trânsito Brasileiro – CTB, ou outro texto le-gal, para possível condução dos suspeitos à repartição pública competente.

182. Verificar – pelas condições em que se deu o acidente – se um dos envolvidos estava em fuga de crime cometido anteriormente.

183. Não comentar as causas do acidente com pessoas envolvidas, terceiros ou imprensa, conforme Art. 3º da IN nº 02/2005/DG/PRF, (Art. 3º. O Policial Rodoviário Federal no exercício de suas atividades, ex-clusivamente quando do atendimento de acidentes ro-doviários, poderá prestar informações, inclusive dar en-trevistas, quando solicitado pela imprensa, fornecendo somente dados técnicos dos acidentes, sem emitir juízo de valor ou opinião pessoal.) ou outra norma que venha

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substituí-la.

184. Aplicar as autuações e medidas administrativas previstas no CTB quanto ao cometimento de infrações relativas ao veículo e ao condutor, desde que não se-jam decorrentes do acidente. Excetuam-se as infrações especificadas como de circulação, pois estas exigem a presença do agente de trânsito no ato da execução para configurar tal flagrante.

185. DECLARAÇÃO ELETRÔNICA DE ACIDEN-TE DE TRÂNSITO - e-DAT

186. Para os casos de acidente a serem registrados por meio da e-DAT, o PRF deverá informar ao usuário o endereço eletrônico onde será feito o registro.

187. É necessário orientar o cidadão sobre a ne-cessidade de se coletar as seguintes informações para registro no sistema: BR, km e horário. Outros dados, embora sejam opcionais, poderão ser utilizados: pla-ca(s) e dado(s) dos demais envolvidos.

188. OBS: Fotos do(s) veículo(s) e do acidente, em-bora não possam ser incluídas na e-DAT, poderão ser úteis ao usuário em eventuais demandas judiciais.

189. Nas situações em que o PRF orientar o cida-dão a preencher a declaração por meio do sistema in-formatizado (e-DAT), tal fato deve ser registrado na PDI – Parte Diária Informatizada ou Sistema de Atendimento e Despacho, devendo ficar consignadas as principais informações: BR, Km, horário do acidente, placa(s) do(s) veículo(s), o nome do(s) envolvido(s), comparecimento ou não ao local do acidente pela equipe (justificando o não comparecimento) e outras que julgar relevantes. Na PDI o registro deve ser inserido como “Procedimento Diverso/Tipo de Procedimento/Auxilio ao Usuário”.

190. Nos casos em que o PRF comparecer ao local da ocorrência e verificar que o acidente se enquadra como e-DAT, ele deverá orientar o usuário a fazer o re-gistro por meio desse sistema, porém não poderá se eximir do cumprimento das ações gerais para atendi-mento de acidente, conforme lista anterior (itens 1 a 12).

191. Nos acidentes em que houver dano a algum equipamento obrigatório (resolução nº 14 – CONTRAN), o cidadão deverá ser orientado quanto ao deslocamento seguro de seu veículo, ou seja, após sanada a irregulari-dade ou sobre um guincho, caso contrário ficará sujeito às penalidades constantes do art. 230 do Código de Trânsito Brasileiro, no que couber.

192. BOLETIM DE ACIDENTE DE TRÂNSITO – BAT

193. Para os casos de acidentes que serão regis-trados em BAT, além das ações citadas na lista anterior (itens 1 a 12), o PRF deverá adotar também as seguin-tes:

194. Buscar a fluidez do tráfego para que, em caso de haver vítimas, as equipes de atendimento e urgência, emergência e resgate cheguem mais rápido ao local.

195. Informar imediatamente à Unidade Operacional mais próxima qualquer ocorrência relevante da qual tiver conhecimento – mesmo que sejam dados parciais. A UOP, por sua vez, deverá repassar tais informações à CIOP, também de forma imediata.

196. Registrar fotograficamente o sítio do acidente em visão panorâmica de ambos os sentidos, a partir do eixo central da pista. As fotos deverão ser inseridas no sistema de registro de acidentes disponibilizado pela PRF, fundamentando a não inserção.

197. Havendo riscos à segurança viária ou prejuízo ao tráfego, providenciar a imediata remoção de pessoas que tenham sofrido lesões, bem como dos veículos para fora da pista. Antes, porém, é necessário ter o cuidado de registrar – com fotografias e marcações no pavimen-to – a posição de imobilização das unidades de tráfego, objetivando a amarração e a elaboração do croqui. (Ver Lei nº 5.970/1970 e Lei nº 6.174/1974)

198. Realizar a amarração, observando os casos e métodos estabelecidos no capítulo XII - AMARRAÇÃO.

199. Identificar e qualificar todas as pessoas en-volvidas no acidente e testemunhas que saibam efeti-vamente dos fatos, registrando, sempre que possível, o e-mail dos envolvidos. O policial deverá disponibilizar aos envolvidos a possibilidade de se pronunciarem por escrito sobre o acidente, preenchendo o Termo de De-claração do Envolvido – TDE. Caso algum dos envolvi-dos se recuse ou esteja impossibilitado de preencher o TDE, isso deverá ser informado no boletim de acidente.

200. Identificar todos os veículos envolvidos no aci-dente. Os veículos transportados como carga, desde que tenham sofrido dano, também devem ser identifi-cados.

201. Para veículo registrado no exterior, deverá constar na guia “Condição do Veículo” o tipo de docu-mento e o número de seu registro, o nome da segurado-ra, o número da apólice e o nome do representante legal

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da empresa no Brasil. Caso o tipo de veículo seleciona-do na Guia 3 – Veículos Envolvidos, não disponibilize o campo Observações na Guia 5 – Condição do Veículo, as informações referentes aos citados documentos de-verão constar no campo Narrativa do Acidente.

202. Realizar coleta de dados para posterior lança-mento no sistema de registro de acidente, observando o disposto no capítulo X – Levantamento do Sítio do Acidente.

203. Entregar aos envolvidos o Protocolo de Bole-tim de Acidente de Trânsito – PBAT, instituído pela IN nº 01/2012/CGO/PRF, que subsidiará a obtenção do Bo-letim de Acidente de Trânsito pelo usuário e que contém informações gerais acerca das circunstâncias decorren-tes do acidente, assim como para dar conhecimento aos demais agentes fiscalizadores do envolvimento da-quele veículo em uma ocorrência.

204. REGISTRO DE ACIDENTE: é o lançamento das informações do acidente de trânsito, com vistas a gerar um documento público sobre a ocorrência, nor-malmente BAT ou e-DAT.

205. Cabe ao PRF definir, de acordo com as nor-mas deste manual, qual será o tipo de registro adequa-do para o acidente, orientando adequadamente o usu-ário e tomando as medidas pertinentes a cada tipo de registro.

206. REGISTRO EM e-DAT

207. A e-DAT é um documento registrado por meio da internet, preenchido pelo usuário e emitido pela PRF, para os casos de acidentes de trânsito simples, sem vítimas1 e sem dano social2.

208. No caso de envolvimento de veículos oficiais, em razão das particularidades de cada Órgão, a forma de registro deverá obedecer a solicitação do usuário. Caso ele afirme a necessidade de confecção de BAT, esse deverá ser preenchido pelo PRF.

209. Entende-se por acidente simples aquele com pequenos danos nos veículos, por exemplo: danos nos para-choques, no para-brisa (em razão de projeção de pedras), pequenas avarias nas partes externas no veí-culo. Essas ocorrências, em geral, estão relacionadas a acidentes de pequena monta.

1. Sejam vítimas com lesões graves ou leves.2. ACIDENTE COM DANO SOCIAL: Para efeito deste manual, é todo o acidente de trânsito que extrapole a seara do direito disponível das pessoas envolvidas na ocorrência, vindo a afetar a coletividade, ou seja, acidentes dos quais resultem interrupções de pista, danos ao patrimônio público ou ao meio ambiente, envolvendo veículos oficiais ou ocorrência de algum crime correlacionado.Obs.: Embora não haja dano direto ao meio ambiente, devido ao potencial de dano, acidentes envolvendo veículos de transporte de produtos perigosos, onde houve dano ao recipiente do produto, são enquadrados também como dano social.

210. Não podem ser considerados acidentes sim-ples aqueles que, apesar de não lesionarem pessoas, tinham considerável potencial para fazê-lo. Como exem-plo: incêndio, capotamento (simples ou múltiplo) e sub-mersão.

211. Não podem ser registrados por meio da e-DAT acidentes em que algum dos condutores esteja sob in-fluência de substância psicoativa (seja álcool ou qual-quer outra), independente do teor ou da forma de cons-tatação.

212. O usuário poderá registrar a ocorrência em qualquer ponto de acesso da rede mundial de compu-tadores, inclusive nas unidades da PRF. Nesses casos, o policial deverá observar as questões relacionadas à segurança orgânica, podendo, inclusive, preencher o documento de acordo com as declarações do usuário.

213. As declarações preenchidas por meio da e-DAT serão submetidas à validação da PRF antes de sua disponibilização ao usuário. Essa validação será realizada pelo Chefe da Delegacia ou pessoa por ele delegada, no prazo máximo de 05 (cinco) dias, ou auto-maticamente pelo sistema.

214. O prazo para registro da declaração pelo usuá-rio no sistema e-DAT é de 15 dias da data da ocorrência e a retificação, se for o caso, pode ser realizada em até 30 dias da data do acidente.

215. Para fins estatísticos, declarações realizadas por usuários distintos envolvidos no mesmo acidente deverão ser unificadas e tratadas como uma só ocorrên-cia. Esta unificação é de responsabilidade do validador. Ressalte-se que cada declarante terá acesso apenas à sua declaração.

216. Com a implantação da e-DAT, o registro em DAT (formulário de papel) não deverá ser utilizado.

217. REGISTRO EM BAT

218. Boletim de Acidente de Trânsito – BAT é um documento oficial da PRF produzido por um policial ou por uma comissão designada para tal, no qual são re-

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gistradas informações relativas aos indivíduos e veículos envolvidos, local e as circunstâncias em que o acidente ocorreu, de modo a representar a verdade dos fatos, com fim de garantir os direitos dos envolvidos e fornecer dados estatísticos que subsidiarão a tomada de deci-são.

219. O BAT se aplica para os acidentes que não preencherem os requisitos para registro por meio do sis-tema e-DAT.

220. O policial deve fazer o registro do boletim com imparcialidade, por isso, devem ser observados os ca-sos de suspeição e impedimento previstos em lei.

221. O prazo para confecção do BAT é de até cinco dias consecutivos, desconsiderando o dia do acidente.

222. Nos casos de realização de laudo pericial pela PRF, o prazo para a conclusão do registro do BAT acom-panhará o prazo previsto na Instrução Normativa de Perí-cia de Acidentes de Trânsito.

223. Caso se perceba prejuízo ao usuário, o BAT poderá ser entregue antes do laudo pericial, porém caso haja divergências nas conclusões apresentadas, o Bo-letim entregue deverá ser retificado pelo PRF responsá-vel, sendo os envolvidos e interessados informados da retificação.

224. O BAT será disponibilizado por meio da internet no portal da PRF, sendo obrigatória a utilização do nú-mero da comunicação e CPF/CNPJ de um dos envolvi-dos para a impressão. Por isso, a importância da entre-ga do formulário PBAT, com o número da comunicação, ao usuário envolvido, no momento do atendimento do acidente.

225. Caso o usuário não disponha desse número, ele só poderá ser fornecido pessoalmente, mediante comprovação de que é pessoa envolvida diretamente, terceiro interessado ou um representante legal de um desses. O mesmo vale para a disponibilização de cópia do BAT ou informações pessoais nele contidas.

226. REVISÃO DA OCORRÊNCIA: independente-mente da natureza do acidente, os BATs serão revisa-dos, por amostragem, pelo chefe da delegacia, o qual poderá delegar essa atribuição, antes de serem disponi-bilizados ao usuário. O prazo para a revisão da ocorrên-cia será de até três dias úteis.

227. Para a revisão das ocorrências deverão ser ob-servados os parâmetros abaixo:

228. Tipo e causa do acidente: adequação a este manual, coerência com a narrativa e com o croqui.

229. Na narrativa: adequação a este manual; orto-grafia e gramática; coerência textual; coerência com o croqui; relevância para elucidação da dinâmica do aci-dente.

230. Croqui: adequação a este manual; coerência com a narrativa; relevância para elucidação da dinâmica do acidente.

231. Registro fotográfico: inserção das fotos ou fun-damentação plausível, se não houver tal inclusão.

232. Classificação dos danos: Inserção de itens não avaliados (NA) e suas justificativas.

233. Outros itens que o revisor julgar necessários.

23 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

234. Ao chegar ao local do acidente, o PRF deverá se atentar quanto à segurança da área, identificando as peculiaridades e a total amplitude do acidente, vislum-brando as possibilidades de um segundo sinistro que pode ser decorrente desse primeiro.

235. Em todo acidente haverá um policial responsá-vel pelo gerenciamento das situações. Esse gerenciador poderá ser o primeiro policial que chegar ao local ou até mesmo um especialista, em caso de acidentes mais complexos ou que envolvam produtos específicos.

236. A sinalização do local é uma das providências que deve prevalecer sobre as demais, principalmente se as condições forem agravadas por curva, lombada ou depressão; ou por condições restritivas de visibilidade, tais como neblina, chuva, fumaça, escuridão etc., que possam levar à ocorrência de outro acidente.

237. O policial deverá utilizar todos os dispositivos de sinalização disponíveis (cones, placas, triângulos, re-fletores etc.); em caso de ausência ou de insuficiência desses dispositivos, utilizar galhos de árvores, mato, la-tas com óleo e estopa etc. Ao sinalizar, o policial deverá levar em consideração o tempo de reação do condutor e do veículo, possibilitando condições de diminuição da velocidade com segurança, bem como garantir uma área livre para os trabalhos de atendimento e estaciona-mento de veículos de apoio, dimensionada conforme a necessidade do evento. A sinalização deverá ser colo-cada sempre, tanto na pista, quanto no acostamento.

238. A PRF adota dois tipos básicos de sinalização: emergencial e completa.

239. SINALIZAÇÃO EMERGENCIAL

240. É aquela realizada quando o policial chega ao local do acidente, servindo para alertar os usuários da via sobre a existência de uma anormalidade, objetivando

9. SINALIZAÇÃO DO SÍTIO DO ACIDENTE

ainda a proteção dos envolvidos no sinistro, bem como daqueles que prestam o devido atendimento. A sinali-zação poderá ser complementada ou alterada após a avaliação do policial.

241. Utiliza-se a própria viatura (luzes intermitentes – alerta), acompanhada obrigatoriamente de outros dis-positivos de sinalização, preferencialmente cones retro--refletivos, complementada caso necessário com a uti-lização de meios de fortuna existentes no local (galhos, alerta de outros veículos ou dos veículos acidentados etc.).

242. Não existe modelo pronto. Será variável, pois dependerá diretamente das condições do local do aci-dente. Para isso, o policial deverá fazer uma avaliação criteriosa, objetivando localizar o ponto provável de maior risco e sinalizar o local de forma a evitar novos acidentes.

243. Nos casos de acidentes próximos a curva, aclive, declive, situações que reduzam o alcance visual dos usuários da via, a sinalização também deverá ser disposta antes desses locais. Como regra, para fins de distância entre o local do acidente/obstáculo e o início da sinalização, adota-se o processo de relacionar a dis-tância em passos largos de acordo com a velocidade prevista para o local (80km/h corresponde a 80 passos largos). Essa distância deve ser o dobro em casos de condições adversas como chuva, neblina, fumaça.

244. A viatura deve ser posicionada de forma a per-mitir a sua visibilidade pelos demais usuários, oferecen-do um painel de segurança para as equipes que estão atendendo o acidente.

245. As figuras a seguir ilustram algumas situações de sinalização emergencial:

24 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

246. 1: Pista simples, sentido duplo, durante o dia:

247. 2: Pista simples, sentido único, durante o dia:

248. 3: Pista simples, sentido duplo, durante a noite:

249. 4: Pista simples, sentido único, durante a noite:

25 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

250. SINALIZAÇÃO COMPLETA

251. É aquela realizada nos casos de acidentes em que os procedimentos no atendimento serão comple-xos, como nos casos de deslizamento de parte da pista, soterramento, derramamento/vazamento de produtos perigosos (ver orientações no manual da ABIQUIM), aci-dentes graves envolvendo veículos de transporte coleti-vo de passageiros, etc.

252. A sinalização completa é dividida em zonas (setores) de atendimento do acidente, iniciando no sítio de colisão dos veículos para suas adjacências.

253. As necessidades provenientes de cada zona e/ou suas subdivisões deverão ser transmitidas ao ge-renciador, bem como dele advirão as instruções de con-trole, prezando sempre pela unidade.

254. Essa sinalização não é estanque. As zonas (setores) poderão ser alteradas à medida que novas va-riáveis ou necessidades surjam ou se modifiquem, ca-bendo ao gerenciador a tomada dessa decisão.

255. Divide-se em cinco setores, conforme a seguir:

256. ÁREA DO EVENTO (VERMELHA OU QUEN-TE) – SETOR 1 (S1): sítio do acidente. No caso de pro-dutos perigosos, seu tamanho ou extensão dependerá do tipo de substância química perigosa, de acordo com sua classificação e numeração da ONU;

257. ÁREA OPERACIONAL (AMARELA) – SE-TOR 2 (S2): Local do trabalho da(s) equipe(s);

258. ÁREA DE SEGURANÇA (AZUL OU FRIA) – SETOR 3 (S3): Local livre, destinado à segurança da(s) equipe(s) de trabalho;

259. ÁREA DE ACUMULAÇÃO – SETOR 4 (S4): Local destinado à parada dos veículos;

260. ÁREA DE TRANSIÇÃO – SETOR 5 (S5): Lo-cal da primeira sinalização de advertência e desvio do fluxo de veículos. Objetiva alertar os usuários de perigo à frente. Dispondo os cones obliquamente sobre a via, canalizando o tráfego para a área livre ou de acumula-ção.

261. Para o dimensionamento das zonas (setores), deverão ser observados os seguintes critérios:

262. - Velocidade máxima permitida para o local;

263. - Volume de veículos por hora no local;

264. - Tipo de veículo que trafega no local;

265. - Largura da seção transversal que se deseja interditar;

266. - Características da rodovia.

267. ÁREA DO EVENTO (S1): É determinada pela abrangência do sítio do acidente;

268. ÁREA OPERACIONAL (S2): É determinada pela logística necessária ao atendimento do acidente;

269. ÁREA DE SEGURANÇA (S3): É determinada pela seguinte fórmula:

270. S3 = │Vv│ / 2, onde:

271. Vv = velocidade da via

272. * O cálculo matemático utiliza o módulo da ve-locidade da via com resultado na unidade metro.

273. ÁREA DE ACUMULAÇÃO (S4): É determina-da pela seguinte fórmula:

274. S4 = [(VMDa x Ca + VMDo x Co + VMDc x Cc)/24] x t, onde:

275. VMDa = volume médio diário de veículos de pequeno porte;

276. VMDo = volume médio diário de ônibus e ca-minhões;

277. VMDc = volume médio diário de combinações de veículos de carga;

278. Ca = comprimento dos veículos de pequeno porte, considerado 5m;

279. Co = comprimento dos ônibus e caminhões, considerado 15m;

280. Cc = comprimento das combinações de veí-culo de carga, considerado 20m;

281. t = tempo estimado em horas em que o tráfego ficará parado.

282. ÁREA DE TRANSIÇÃO (S5): É determinada pela seguinte fórmula:

26 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

283. S5 = (Vv / 10) x 3 x St, onde:

284. Vv = velocidade da via

285. St = largura da seção transversal que se deseja interditar

286. 3 = constante equivalente ao tempo aproximado de resposta

287. SINALIZAÇÃO COMPLETA PARA PISTA SIMPLES, SENTIDO DUPLO

288. A figura a seguir ilustra uma sinalização completa:

27 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

10. LEVANTAMENTO DO SÍTIO DO ACIDENTE

289. Para a PRF, o levantamento do sítio de aciden-te consiste na obtenção dos dados necessários ao re-gistro do boletim de acidente e/ou do laudo pericial. Tais registros serão utilizados nos estudos de prevenção de acidentes e, se for o caso, nas reproduções simuladas, atendendo às demandas legais.

290. Nessa fase, o policial deverá ficar atento quan-to à idoneidade dos vestígios encontrados, priorizando os vestígios transitórios, pois desaparecem rapidamen-te. São exemplos de vestígios transitórios: imobilização da(s) vítimas, posição de imobilização do(s) veículos(s), fragmentos de vidros e de material plástico e metálico, partes metálicas, lascas de pintura, rastros de fluidos, poças de fluidos e porções de terra desprendidas de veículos, marcas de pneumáticos em superfícies molha-das e marcas de frenagem.

291. I - Na fase do levantamento do sítio do aci-dente de trânsito, deverão ser observados os seguintes itens referentes ao ambiente viário, tanto para a confec-ção do boletim de acidente quanto para o laudo pericial:

292. 1) identificação do local do evento (endereço);

293. 2) caracterização (descrição) do local do even-to, incluindo o trecho de aproximação, segundo o des-locamento do(s) veículo(s):

294. – elementos da(s) via(s) de tráfego: traçado re-tilíneo ou curva horizontal, plataforma em nível ou des-nível, número de pistas, número de faixas de tráfego, acostamento, canteiro central, inclinação transversal, superelevação, superlargura, curva de transição, curva vertical, talude (s), terreno marginal, defensa, barreira etc.;

295. – tipo de superfície da(s) via(s) de tráfego: as-falto, concreto, paralelepípedo e pedra/areia;

296. – sinalização da(s) via(s) de tráfego: horizontal, vertical, semafórica etc.;

297. – iluminação artificial da(s) via(s) de tráfego;

298. – regime de tráfego da(s) via(s);

299. 3) situação do sítio do acidente:

300. – condição física da superfície da(s) via(s) de tráfego: seca ou molhada, polida ou rugosa e limpa ou contaminada;

301. – defeito na superfície da(s) via(s) de tráfego: recalque, buraco e/ou vala, degrau entre pista e acos-tamento, infraestrutura de drenagem, superelevação ne-gativa em curva;

302. – restrições físicas à visibilidade na(s) via(s) de tráfego;

303. 4) vestígios presentes no sítio do acidente:

304. – posição de imobilização da(s) vítima(s), em caso de óbito(s);

305. – posição de imobilização do(s) veículo(s);

306. – vestígios móveis: fragmentos de vidros e de material plástico e metálico, partes metálicas, lascas de pintura, rastros de fluidos, poças de fluidos e porções de terra desprendidas de veículos;

307. – atritamentos superficiais (estrias);

308. – sulcagens por partes metálicas;

309. – marcas de pneumáticos: frenagem, derrapa-gem, aceleração, pneumático vazio, etc.;

310. – transferências de tintas e/ou impregnação de outras substâncias;

311. – trilhas em terrenos marginais;

312. – marcas de choque em estruturas estáticas, veículos imobilizados.

313. 5) aspectos ambientais:

314. – condições meteorológicas;

315. – restrições ambientais à visibilidade: luz solar (escuro não iluminado, escuro iluminado, aurora e cre-púsculo), chuva, neblina, ofuscamentos, etc.

316. II - Na fase do levantamento do sítio do aci-dente de trânsito, deverão ser observados os seguintes

28 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

itens referentes aos veículos, tanto para a confecção do boletim de acidente quanto para o laudo pericial:

317. 1) identificação: placa e/ou numeração do chassi;

318. 2) caracterização: tipo, marca, modelo e cor predominante;

319. 3) vestígios presentes no(s) veículo(s):

320. – sedes de impacto, intensidade, tipificação e conformação das avarias;

321. – orientação longitudinal e transversal das ava-rias (par de forças);

322. – direção principal da força;

323. – intrusão de partes metálicas para o interior do habitáculo;

324. – diagnose de contato com corpo rígido ou se-mirrígido;

325. – transferências e/ou impregnação de tintas e de outras substâncias;

326. – avarias induzidas;

327. – marcas de esfregadura, inclusive em cintos de segurança;

328. – marcas de projeção dos ocupantes no inte-rior do habitáculo.

329. 4) fratura e oxidação das lâmpadas dos faróis;

330. 5) estado de conservação dos pneumáticos, principalmente quanto ao desgaste das bandas de ro-dagem;

331. 6) aparelho registrador instantâneo e inalterá-vel de velocidade e tempo (tacógrafo), incluindo-se suas instalações e mídia de gravação e registro;

332. 7) fratura de componentes do(s) veículo(s) com potencial para causar o evento;

333. 8) fixação da carga transportada.

334. Nota: A posição de imobilização do ponteiro do velocímetro não pode ser utilizada para fins de de-terminação da velocidade em que trafegava o veículo.

335. III - Na fase do levantamento do sítio do aci-

dente de trânsito, deverão ser observados os seguintes itens referentes aos envolvidos, tanto para a confecção do boletim de acidente quanto para o laudo pericial:

336. 1) identificação e caracterização de todos o(s) envolvido (s), inclusive os ilesos;

337. Os itens a seguir serão aplicados em casos de óbitos:

338. 2) posicionamento da(s) vítima(s): posicionada em decúbito dorsal, ventral, lateral esquerdo ou lateral direito, sentada ou em suspensão;

339. 3) posicionamento dos membros inferiores e superiores da(s) vítima(s): distendidos ou fletidos, entre-abertos ou unidos;

340. 4) estado de conservação da(s) vítima(s): flaci-dez ou rigidez muscular;

341. 5) descrição e localização das lesões da(s) ví-tima(s);

342. 6) existência de surdimentos na boca, nas nari-nas, nos ouvidos ou a partir de ferimentos da(s) vítima(s).

343. ROTEIRO PARA O LEVANTAMENTO DO SÍ-TIO DE ACIDENTES

344. 1) Verificar o estado de preservação do sítio do acidente;

345. 2) Fixar fotograficamente o sítio do acidente;

346. 3) Determinar o provável sítio de colisão;

347. 4) Elaborar croqui do sítio do acidente;

348. 5) Realizar amarração;

349. 6) Analisar os veículos, verificando os danos e suas orientações, sistemas de segurança, marcas e sinais característicos do evento etc;

350. 7) Observar as condições meteorológicas, a fase do dia, bem como o estado de conservação do pavimento e da sinalização;

351. 8) Reconstruir mentalmente o acidente e veri-ficar a concordância dos vestígios encontrados com as declarações de testemunhas e condutores;

352. 9) Registrar a velocidade regulamentar para o sítio do acidente.

29 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

11. ELABORAÇÃO DE CROQUI

353. O croqui é um desenho esquemático representativo do sítio onde ocorreu o acidente. É obrigatório para todos os sinistros, inclusive para aqueles em que os veículos tenham sido retirados da posição final (Local desfeito).

354. Deve ser elaborado como se o observador estivesse posicio-nado sobre o alto do sítio do acidente, devendo permitir o entendimento apropriado do evento e das condições físicas locais, tendo coerência com o texto narrativo.

355. Representa o local do acidente de forma esquemática por meio de símbolos preestabelecidos e constantes no sistema, além de outros sinais, caso necessário, com a devida legenda. Deve ilustrar a via, com suas faixas de rolamento, sentido de circulação, sinalização, acostamento, marcas de frenagem, derrapagem, arrastamento e sul-cagem, o sentido de deslocamento do(s) veículo(s) antes da colisão, o sítio de colisão, a posição final do(s) veículo(s) etc.

356. A indicação do provável sítio de colisão no croqui é obrigatória em qualquer acidente de trânsito, independentemente de ser com mor-te, lesões ou danos materiais.

357. Deverá constar no croqui se o local foi preservado, parcial-mente preservado ou desfeito, bem como a informação da velocidade máxima permitida para o local.

30 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

12. AMARRAÇÃO

358. É o procedimento realizado pelo policial para a obtenção das distâncias dos elementos do sítio do acidente em relação a um referencial (ponto fixo).

359. Tem como finalidade possibilitar a reprodução simulada do sítio do acidente.

360. É obrigatória nos casos de acidentes com lesões graves, mortes, veículos oficiais ou de grande repercussão social.

361. Pode ser realizada por dois métodos: coordenadas cartesianas e triangulação.

362. O policial, após receber o treinamento adequado, deverá utilizar a metodologia de medição por coordenadas cartesianas. Na impossibilidade de utilização dessa metodologia, poderá utilizar a da triangulação.

363. METODOLOGIA POR COORDENADAS CARTESIANAS

364. Partindo-se de um referencial, traçam-se dois eixos perpendiculares (x,y). A partir dos eixos, cada elemento terá sua distância obtida e registrada na forma de um par ordenado. Preferencialmente, esse referencial será um ponto fixo do projeto da rodovia. Quando da não existência de um ponto fixo no local, o referencial escolhido deverá ter sua distância registrada em relação ao ponto fixo mais próximo. Para facilitar o trabalho, pode-se escolher uma das linhas da rodovia como um dos eixos.

365. A figura abaixo ilustra a aplicação do método.

31 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

366. METODOLOGIA POR TRIANGULAÇÃO

367. Partindo-se de dois pontos fixos, preferencialmente do projeto da rodovia, cada ponto a ser amarrado terá sua distância medida em relação a cada um desses pontos fixos, obtida e registrada. Também deve ser registrada a distância entre os dois pontos fixos. Quando da não existência de um dos pontos fixos no local, o referencial escolhido deverá ter sua distância registrada em relação ao ponto fixo mais próximo. Desse ponto referenciado traça-se uma linha criando novo ponto devidamente identificado.

368. A figura abaixo ilustra a aplicação do método.

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13. ELABORAÇÃO DA NARRATIVA

369. A narrativa é um texto que, junto com o croqui, auxilia o leitor na compreensão dos fatos que levaram à ocorrência do acidente e esclarece as circunstâncias relevantes encontradas no local.

370. Deve ser concisa, técnica, respeitar a norma culta de linguagem, objetiva, imparcial, lógica, cronolo-gicamente sequenciada e compromissada com a ver-dade. Não deve ter empirismo (conhecimento por ex-periência). Deve ser produto da metodologia científica adotada pelo policial na busca pela verdade dos fatos, ou seja, as declarações dos condutores ou testemu-nhas não devem ser utilizadas como fundamento para a conclusão, nem mencionadas na narrativa. Essas de-clarações podem servir apenas como orientação duran-te a investigação.

371. O policial não julga. No entanto deve ter infe-rência, formar sua convicção de como ocorreu o aciden-te, baseado nos vestígios encontrados no local, além de outras provas necessárias ao esclarecimento do fato.

372. Deve haver harmonia entre as provas colhi-das e a dinâmica do acidente. Informações contrárias às provas não devem fazer parte da narrativa. Julgar é competência do juiz. Assim, a narrativa não deve trazer os termos negligência, imprudência e imperícia e sinôni-mos, os quais normalmente são usados em sentenças.

373. Quando mencionar frenagens, derrapagens, buracos e outras condições, deverá fazer os registros também no croqui, posicionando tais eventos adequa-damente conforme observado no local do acidente.

374. É importante registrar a informação sobre a prestação de socorro à vítima por parte do(s) condu-tor(es) e as condições da via.

375. Considerando que a maioria dos interessados nas informações contidas em nossos boletins volta suas atenções principalmente à narrativa e ao croqui, esses podem conter repetições de alguns dados já registrados em campos próprios do boletim de acidente, com o in-tuito de torná-los mais esclarecedores.

376. Sempre que possível, a narrativa deve conter

os seguintes itens, sem prejuízo de quaisquer outros que o PRF julgar relevantes:

377. Informações gerais (dia, hora e local do aciden-te);

378. Fundamentação da análise (levantamentos re-alizados no local, vestígios deixados no pavimento, da-nos nos veículos etc.);

379. Informações da via (estado da via, estado da sinalização, condições do pavimento etc.);

380. Condições ambientais (neblina, chuva, fuma-ça, neve, céu claro etc.);

381. Tipo de acidente;

382. Situação do local quanto à preservação/isola-mento;

383. Identificação resumida dos veículos e das víti-mas mortas (placa/marca/modelo, nome e CPF);

384. Estado físico dos envolvidos (ilesos, lesões le-ves, lesões graves);

385. Dinâmica do evento (manobras antes e depois do acidente);

386. Referência ao croqui.

387. Referência à confecção do laudo pericial pela PRF, quando for o caso.

388. Seguem alguns exemplos de narrativas:

389. EXEMPLO 01

390. No dia xx/xx/xxxx, às xx:xxh, a equipe PRF foi acionada para atender um acidente ocorrido na BR xxx, km xxx, no município xxxxxx/XX. A equipe chegou ao local às xx:xxh, encontrando os veículos e os corpos em sua posição de repouso, o local foi preservado. Uma equipe da Polícia Militar (viatura xxxxx) guarnecia o local.

391. A via estava com a sinalização horizontal e ver-

33 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

tical em ordem e com o pavimento em bom estado de conservação. As condições ambientais eram boas, céu claro, e não havia sinais de ter havido precipitação plu-viométrica no momento do acidente.

392. O acidente, uma xxxxxxxxxxx, envolveu o veí-culo xxxxx/xxxxxx de placas xxx-xxxx/XX ,doravante de-nominado V1, e o veículo xxxxxx/xxxxxxx de placas xxx--xxxx/XX ,doravante denominado V2. O acidente vitimou fatalmente o sr. Xxxxxxx Xxxxxxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx, passageiro de V2, encontrado fora do veículo. O cinto de segurança do vitimado não estava preso (afivelado) quando da chegada da equipe.

393. O acidente ocorreu quando V1 seguia o fluxo normal da via, deslocando-se da cidade de Xxxxxx/XX para Xxxxx/XX, e foi impactado em sua lateral esquerda por V2, que tentava entrar na via, deslocando-se da ci-dade Xxxxx/XX para Xxxxx/XX. No local havia uma placa de regulamentação R1 ,placa PARE, para V2.

394. O croqui fornece uma representação esque-mática do evento.

395. Todos os condutores foram submetidos ao teste de alcoolemia, etilômetro, com resultado 0,00mg/l de ar. Não foram encontrados outros sinais/vestígios de ingestão de qualquer substância psicoativa.

396. Os demais envolvidos, todos ilesos, encon-tram-se identificados ao longo deste Boletim.

397. EXEMPLO 02

398. No dia xx/xx/xxxx, às xx:xxh, em Xxxxxx/XX, no km xxx da BR xxx, constatou-se através dos vestígios, principalmente das marcas de pneumáticos deixadas no pavimento e orientação dos danos nos veículos, que o veículo xxxxx/xxxxxx, de placas XXX-xxxx/XX, V1, tra-fegando na faixa contrária ao seu sentido de desloca-mento, contra-mão de direção, colidiu frontalmente com o veículo xxxxxx/xxxxxxxx, de placas XXX-xxxx/XX, V2, que seguia em sua mão de direção. Após colisão, o V2 teve a sua trajetória desviada para a direita, vindo a sair da pista de rolamento e capotar em seguida, imobilizan-do-se apoiado sobre o seu teto, conforme croqui.

399. O veículo V1 era conduzido por Xxxxxxxx Xxxxxxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx e o V2 era conduzido por Xxxxxxxx Xxxxxxxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx. Ambos os con-dutores foram encontrados em óbito no interior dos seus respectivos veículos.

400. OBS.:

401. 1 - Velocidade regulamentar no local é de XX km/h.

402. 2 - Existe sinalização vertical e horizontal em boas condições.

403. 3 - Vítimas encaminhadas ao IML de Xxxxxx/XX.

404. 4 – As condições ambientais eram boas no momento do acidente

405. EXEMPLO 03

406. No dia xx/xx/xxxx, às xx:xxh, em Xxxxxx/XX, no km xxx da BR xxx, ocorreu um acidente do tipo xxxxxxxxxxxxx.

407. Através dos vestígios encontrados no local, verificou-se que o automóvel xxx/xxxxx, de placas XXX--xxxx/XX, V1, no momento do acidente encontrava-se na contramão de direção do sentido capital-interior quando colidiu frontalmente com a motocicleta, xxxxx/xxxxxx, de placa XXX-xxxx/XX, V2, que seguia no sen-tido interior-capital. Após a colisão, o motociclista, o Sr. Xxxxxx Xxxxxx, CPF xxx.xxx.xxx-xx, foi projetado à fren-te, sendo encontrado imobilizado sobre a pista, em de-cúbito dorsal. A motocicleta foi encontrada imobilizada apoiada sobre sua lateral esquerda, conforme croqui. O motociclista faleceu no local.

408. OBS:

409. 1 - Velocidade regulamentar para o local é de 80 km/h.

410. 2 - Sinalização horizontal em boas condições. Sinalização vertical encoberta pela vegetação. Pavimen-to em boas condições.

411. 3 - Condutor de V1 encaminhado ao Hospital Xxxxx Xxxxxx, na cidade de Xxxxxxx/XX.

412. 4 - Condutor de V2 encaminhado ao IML de Xxxxxx/XX.

413. 5 - Realizado teste de etilômetro para o condu-tor do veículo V1 resultando em 0,05 mg/L como medi-ção registrada, 0,01 mg/L como medição considerada, quando o limite regulamentar é de 0,00 mg/L.

414. 6 - Condições ambientais boas.

34 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

14. ACIDENTE DE TRÂNSITO COM VIATURA DA PRF

415. Os procedimentos para atendimento de aci-dente com viaturas da PRF, deverão ser os seguintes:

416. I – Pela equipe da viatura PRF envolvida no acidente (caso seja possível, considerando que os próprios ocupantes podem estar impossibilitados fisicamente):

417. a) Isolamento e sinalização do sítio do aciden-te, salvo risco iminente de novos acidentes;

418. b) Realizar o socorro necessário, na hipótese da existência de vítimas;

419. c) Informar de modo urgente à chefia imediata para que acione uma equipe PRF para confecção do Boletim de Acidente, que deverá ser feito por policial que não tenha participado da ocorrência como condu-tor ou tripulante da(s) viatura(s) no momento do acidente.

420. d) Elaborar ocorrência diversa dirigida à chefia imediata contendo a descrição dos fatos.

421. II – Pelo chefe da equipe designada para confeccionar o Boletim de Acidente:

422. a) Solicitar apoio da chefia imediata ou acio-nar a Central de Informações Operacionais (CIOP) para que providencie o comparecimento da equipe de perícia técnica, nesta ordem: da PRF (apenas nas regionais em que já houve a capacitação para a perícia técnica), da Polícia Federal ou do órgão estadual, registrando-se em Parte Diária Informatizada ou Sistema de Atendimento e Despacho o comparecimento ou não da Perícia. Entre-tanto, o acionamento de perícia a outra instituição não é necessário nas Regionais onde já existe parecer da Consultoria Jurídica desonerando a PRF da necessida-de de solicitação de perícia por Órgão externo.

423. b) Fotografar o local e identificar testemunhas que tenham presenciado o fato, sempre que possível;

424. c) Isolamento e sinalização do local, salvo ris-co iminente de novos acidentes, considerando a Lei nº 5.970/1973;

425. d) Elaborar ocorrência diversa dirigida à chefia

imediata contendo a descrição dos fatos e, em caso de descumprimento de algum procedimento previsto nos itens anteriores, relatar o motivo de forma detalhada.

426. Não havendo possibilidade do comparecimen-to da equipe de perícia, deverá ser efetuado o registro (em Parte Diária Informatizada ou Sistema de Atendimen-to e Despacho) do nome do servidor acionado, horário do contato e o motivo alegado para impossibilidade de dirigir-se ao local.

427. Ocorrendo acidente fora da circunscrição de atuação da Polícia Rodoviária Federal, deverá ser acio-nado o órgão com circunscrição sobre a via para o re-gistro da ocorrência, além do acionamento da equipe de perícia técnica da Polícia Federal ou, na impossibilidade desta, do órgão estadual de perícia técnica.

428. Cabe ao chefe imediato do servidor informar ao Dirigente Regional a ocorrência de acidente envol-vendo viatura PRF. Tão logo conclua os procedimen-tos, deverá encaminhar expediente instruído com todos os documentos pertinentes à elucidação dos fatos, tais como: boletim de acidente de trânsito, ocorrência di-versa, dados da solicitação de perícia, fotos e demais elementos que possam subsidiar o processo de repara-ção do bem e de eventual procedimento administrativo, quando for o caso.

429. Deverá ser observado ainda o disposto no Tí-tulo VII – ACIDENTES do MPA 007 – CGA – Gestão de Frota.

35 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

15. REQUERIMENTO PARA CONFECÇÃO DE BAT

430. O requerimento para confecção de BAT é um instrumento que deve ser utilizado pelo usuário que se envolveu em acidente de trânsito em rodovia federal e para o qual não houve o devido registro em boletim, ex-cluindo-se os casos de emprego da DAT.

431. O interessado deverá protocolar, em qualquer unidade da PRF, um requerimento de confecção de BAT, que poderá ser formulário fornecido pela Regional ou requerimento não padronizado, contendo no mínimo os seguintes dados:

432. I – documento de identificação do interessado e/ou de quem o represente;

433. II – documento que comprove o parentesco, quando for o caso (Certidão de Nascimento, Certidão de Casamento etc.)

434. III – comprovante de domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações, além do endereço de correio eletrônico e/ou telefone, quando possível;

435. IV – formulação do pedido de registro, com ex-posição dos fatos e fundamentos, anexando documen-to(s) que seja(m) relevante(s) para comprovação dos fatos (comprovante de atendimento hospitalar, atestado médico ou declaração emitida pelo SAMU, Bombeiros, certidão de óbito ou laudo emitido pelo IML, fotos do acidente etc.)

436. V – data e assinatura do requerente.

437. O requerimento elaborado por procurador deverá vir acompanhado de procuração, sob pena de não ser reconhecido, de acordo com o Art. 40 da Lei 9.784/99.

438. Os documentos comprobatórios podem ser apresentados em forma de cópia autenticada ou cópia simples, desde que confrontadas com os originais pelo

servidor da PRF que as receber, devendo este apor a sua autenticação de que conferem com o original, sob assinatura, número de matrícula e nome de guerra legí-vel, de acordo com o Decreto nº 6.932/2009.

439. São legitimados como interessados para re-querer o registro do acidente:

440. I – pessoas físicas ou jurídicas, com a devida comprovação legal, envolvidas diretamente na ocorrên-cia ou no exercício do direito de representação;

441. II – aqueles que, sem terem se envolvido dire-tamente na ocorrência, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada (fa-miliar em primeiro grau, cônjuge, proprietário do veículo etc.).

442. O requerimento poderá ser entregue em qual-quer unidade da PRF, mesmo que não seja a de cir-cunscrição da ocorrência do acidente de trânsito;

443. O processo deverá ser autuado pelo NURAM da regional que receber o requerimento de solicitação de confecção do BAT, que encaminhá-lo-á à regional onde ocorreu o acidente.

444. Os processos administrativos para registro do acidente deverão ser autuados com os seguintes da-dos:

445. I – interessado: nome do requerente;

446. II – assunto: Boletim de Acidente de Trânsito;

447. III – observações: Confecção de BAT.

448. Após a juntada de toda a documentação, aná-lise e considerações do NURAM, o processo será en-caminhado à Delegacia onde supostamente ocorreu o fato.

36 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

449. O Chefe da Delegacia designará, de imedia-to, uma equipe composta por, no mínimo, dois policiais, preferencialmente da equipe que se encontrava de plan-tão na data do possível acidente.

450. A equipe analisará os depoimentos e provas apresentados, devendo buscar elementos nos sistemas de registro e se manifestar em relação ao pleito, em até 5(cinco) dias contínuos, a contar da data de recebimen-to do processo.

451. Sendo favorável, a equipe realizará a confec-ção do boletim de acidente, fazendo constar, ao final da narrativa, o número do processo, conforme modelo a seguir: “Esta ocorrência foi registrada em vista do re-querimento de confecção de Boletim de Acidente de Trânsito, constante do processo administrativo nº (inserir o número do processo).”

452. Caso o requerimento não seja acolhido, o Chefe da Delegacia apreciará as razões da decisão e a manterá ou determinará a confecção do boletim de acidente.

453. O NURAM comunicará o resultado e as infor-mações pertinentes ao requerente.

454. Para os casos de indeferimento, total ou par-cial, ainda caberá recurso, desde que o requerente apresente novos argumentos ou provas. Em caso nega-tivo esse não será conhecido, sendo o processo arqui-vado pelo NURAM.

455. Se o recurso for conhecido, este deverá ser acostado ao mesmo processo e reenviado á equipe para novo pronunciamento. Após ciência, a equipe de-verá lavrar o BAT ou emitir novo parecer pelo não aco-lhimento do recurso, em até 05 (cinco) dias contínuos.

456. Não sendo acolhido o recurso pela equipe e o Chefe da Delegacia, o NURAM se manifestará e des-pachará o processo ao Superintendente regional que decidirá em grau de recurso.

457. O Superintendente analisará os fatos, ratifican-do a decisão ou determinando a lavratura do boletim de acidente pela equipe. Em qualquer dos casos, o NU-RAM deverá oficiar o resultado ao requerente.

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15. REQUERIMENTO PARA RETIFICAÇÃO DE BAT

458. Este capítulo estabelece os procedimentos a serem adotados durante os trâmites do processo ad-ministrativo originado pela autuação de um pedido de retificação de um Boletim de Acidente de Trânsito no sistema de registro de acidente de trânsito, pela parte legalmente interessada ou pela PRF.

459. Os trâmites aqui elencados pretendem otimizar o serviço em função das atribuições da Polícia Rodovi-ária Federal, considerando o tempo do trâmite proces-sual dessa natureza e a preservação dos direitos civis dos usuários das rodovias envolvidos em acidentes de trânsito.

460. O requerimento de retificação de BAT é um ins-trumento destinado a alterar o registro de um Boletim de Acidente de Trânsito, seja pela inclusão, exclusão ou modificação de informações.

461. A reclassificação ou reavaliação de danos de monta não poderá ser realizada pela PRF, exceto quan-do configurar erro formal de preenchimento.

462. São legitimados como interessados para re-querer retificação do boletim de acidente:

463. I – pessoas físicas ou jurídicas, com a devida comprovação legal, envolvidas diretamente na ocorrên-cia ou no exercício do direito de representação;

464. II – aqueles que, sem terem se envolvido dire-tamente na ocorrência, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada (fa-miliar em primeiro grau, cônjuge, proprietário do veículo etc.);

465. III – a Polícia Rodoviária Federal.

466. O interessado deverá protocolar, em qualquer unidade da PRF, um requerimento de retificação de BAT, que poderá ser formulário fornecido pela Regional ou requerimento não padronizado, contendo no mínimo os seguintes dados:

467. I – documento de identificação do interessado e/ou de quem o represente;

468. II – documento que comprove o parentesco, quando for o caso (Certidão de Nascimento, Certidão

de Casamento etc.)

469. III – comprovante de domicílio do requerente ou local para recebimento de comunicações, além do endereço de correio eletrônico e/ou telefone, quando possível;

470. IV – formulação do pedido de retificação, com exposição dos fatos e fundamentos, anexando docu-mento(s) que seja(m) relevante(s) para comprovação dos fatos (comprovante de atendimento médico, cópia de documentação pessoal, relato de testemunha, fotos do acidente, laudo pericial ou outros que julgar pertinen-tes.)

471. V – data e assinatura do requerente.

472. O requerimento elaborado por procurador deverá vir acompanhado de procuração, sob pena de não ser reconhecido, de acordo com o Art. 40 da Lei 9.784/99.

473. Os documentos comprobatórios podem ser apresentados em cópia autenticada ou cópia simples, desde que confrontadas com os originais pelo servidor da PRF que as receber, devendo este apor a sua auten-ticação, de que conferem com o original, sob assina-tura, número de matrícula e nome de guerra legível, de acordo com o Decreto nº 6.932/2009.

474. O requerimento poderá ser entregue em qual-quer unidade da PRF, mesmo que não seja a de cir-cunscrição da ocorrência do acidente de trânsito.

475. O processo deverá ser autuado pelo NURAM da regional que receber o requerimento de solicitação de retificação do BAT, que encaminhá-lo-á à regional onde ocorreu o acidente.

476. O requerimento para a retificação de BAT, quando originado pela PRF, poderá ser feito por meio de mensagem eletrônica (e-mail institucional) encaminhada ao NURAM, devendo ser substanciado por manifesta-ção clara e inequívoca sobre os dados a serem altera-dos, incluídos ou excluídos.

477. Os processos administrativos para retificação deverão ser autuados com os seguintes dados:

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478. I – interessado: nome do requerente;

479. II – assunto: Retificação de Boletim de Aciden-te de Trânsito;

480. III – observações: BAT nº (inserir o número da Ocorrência).

481. Ao processo será anexada cópia do boletim de acidente e outros documentos que porventura sejam necessários para melhor esclarecimento e visualização da correção.

482. Após a juntada de documentos, análise e con-siderações do NURAM, o processo será encaminhado ao policial que lavrou o boletim de acidente, para sua manifestação.

483. Prioritariamente, a retificação será realizada pelo policial que lavrou o boletim de acidente de trânsito.

484. No impedimento do policial responsável pelo BAT, por afastamento superior a 10 (dez) dias, contados a partir do dia do recebimento do processo na unidade de lotação, o processo deverá ser evoluído ao policial auxiliar, que observará os mesmos procedimentos esta-belecidos nesta norma.

485. Na impossibilidade de ambos, por afasta-mentos superiores a 30 dias, deverá ser formada uma equipe de trabalho de, no mínimo, dois policiais, prefe-rencialmente de lotação na unidade de circunscrição da ocorrência, a serem indicados pelo Chefe da Delegacia, para análise e retificação do boletim de acidente, se for o caso.

486. O chefe do NURAM, ou alguém por ele autori-zado, poderá realizar a retificação cuja instrução proces-sual verse somente sobre erro formal.

487. O policial responsável pela análise do reque-rimento terá cinco (5) dias contínuos, a partir da data de ciência, para se manifestar sobre o pedido de reti-ficação, de acordo com os Artigos 24 e 66 da Lei nº 9.784/1999.

488. O policial, estando de acordo com as solicita-ções do requerente, providenciará a retificação do bole-tim de acidente.

489. O policial que se manifestar desfavorável ou parcialmente favorável ao requerido, deverá realizar a re-tificação dos itens que julgar cabíveis e justificar o seu posicionamento com clareza em referência aos itens que não deverão ser retificados, remetendo o processo

ao Chefe da Delegacia.

490. Caso o requerimento não seja acolhido, o Chefe da Delegacia apreciará as razões da decisão e a manterá ou determinará a alteração do boletim de aci-dente, no que couber.

491. O NURAM comunicará o resultado e as infor-mações pertinentes ao requerente.

492. Para os casos de indeferimento, total ou par-cial, ainda caberá recurso, desde que o requerente apresente novos argumentos ou provas. Em caso nega-tivo esse não será conhecido, sendo o processo arqui-vado pelo NURAM.

493. Se o recurso for conhecido, este deverá ser acostado ao mesmo processo e reenviado á equipe para novo pronunciamento. Após ciência, a equipe de-verá alterar o BAT ou emitir novo parecer pelo não aco-lhimento do recurso, em até 05 (cinco) dias contínuos.

494. Não sendo acolhido o recurso pela equipe e o Chefe da Delegacia, o NURAM se manifestará e des-pachará o processo ao Superintendente regional que decidirá em grau de recurso.

495. O Superintendente analisará os fatos, ratifican-do a decisão ou determinando a retificação do boletim de acidente pela equipe. Em qualquer dos casos, o NU-RAM deverá oficiar o resultado ao requerente.

496. A apreciação do recurso previsto no parágrafo anterior encerra a instância administrativa.

497. Quando a retificação do BAT se der por alte-ração da placa do veículo e isso incorrer em inclusão ou exclusão de informação que gere uma nova classifi-cação de monta, ou nos casos de alteração de monta por erro formal, o policial responsável deverá destacar o fato em seu despacho, devendo o NURAM informar ao DETRAN em que o veículo é registrado.

498. A nova ocorrência deverá constar, ao final da narrativa, o número do processo e o número da ocorrên-cia original, conforme modelo a seguir: “Esta ocorrência substitui a Ocorrência nº (inserir número de Ocorrência original), conforme processo de retificação nº (inserir nú-mero do processo).”

499. A alteração do Boletim de Acidentes deverá ser comunicada pelo NURAM aos envolvidos.

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17. CÓPIA DE BAT E DECLARAÇÃO DE NADA CONSTA

500. Este capítulo estabelece os interessados legais que têm direito de solicitar cópia do Boletim de Acidente de Trânsito e regulamenta a Declaração de Nada Consta em Acidente de Trânsito.

501. CÓPIA DE BAT

502. São legitimados como interessados para re-querer cópia do boletim de acidente:

503. I – pessoas físicas ou jurídicas, com a devida comprovação legal, envolvidas diretamente na ocorrên-cia ou no exercício do direito de representação;

504. II – aqueles que, sem terem se envolvido dire-tamente na ocorrência, têm direitos ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada (fa-miliar em primeiro grau, cônjuge, proprietário do veículo etc.);

505. III – representantes de seguradoras, devida-mente identificados, desde que apresentem apólice do segurado de um dos envolvidos no acidente de trânsito referente ao boletim em questão.

506. O controle das solicitações de cópia de BAT ficará a critério da Regional.

507. DECLARAÇÃO DE NADA CONSTA

508. A Declaração de Nada Consta em Acidente de Trânsito é um documento que deverá ser emitido pelo NURAM, sempre que o usuário solicitar, e deverá tra-zer informações da parte interessada sobre seu envol-vimento ou não em acidentes nas estradas e rodovias federais.

509. Este documento não deverá ser emitido a pe-dido de pessoas jurídicas ou mesmo terceiros, mas so-mente no intuito de atender solicitação do próprio usuá-rio, devidamente identificado no ato da requisição.

510. O prazo máximo para emissão da declara-ção é de 5 dias, conforme Artigos 24 e 66 da Lei nº 9.784/1999. A declaração poderá ser digitalizada e re-metida ao solicitante por e-mail.

511. Para os casos em que a consulta no sistema BR-Brasil não apresentar registro de envolvimento do usuário em acidente, o texto deverá ser o seguinte:

512. DECLARAMOS, a pedido da parte interessa-da e sob as penas da lei (artigo 5º, XXXIII e XXXIV, b da Constituição Federal de 1988), que após pesquisa no sistema de Registro de Acidentes de Trânsito – BR--Brasil, não foi localizado registro de envolvimento em acidente de trânsito do sr. FULANO DE TAL, CPF XXX.XXX.XXX-XX, em estradas e rodovias federais, nos últi-mos 05 anos.

513. O presente registro não se refere a eventuais ocorrências havidas e não comunicadas, ou mesmo as registradas junto à Polícia Judiciária, ou em Declarações de Acidente de Trânsito feitas a esta ou outras institui-ções.

514. Para os casos em que a consulta no sistema BR-Brasil apresentar registro de envolvimento em aci-dente, o texto padrão deverá ser o seguinte:

515. DECLARAMOS, a pedido da parte interes-sada, que após pesquisa no sistema de Registro de Acidentes de Trânsito – BR-Brasil, foi localizado registro de envolvimento em acidente de trânsito em estradas e rodovias federais do sr. FULANO DE TAL, CPF XXX.XXX.XXX-XX.

516. Ocorrência / Data / BR / KM / UF

517. Ressalte-se que o envolvimento em acidente de trânsito não confere, necessariamente, culpa do par-tícipe na ocorrência.

518. Esta declaração compreende pesquisa refe-rente aos últimos 05 anos.

519. O presente registro não se refere a eventuais ocorrências havidas e não comunicadas, ou mesmo as registradas junto à Polícia Judiciária, ou em Declarações de Acidente de Trânsito feitas a esta ou outras institui-ções.

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18. FORMULÁRIO TDE

520. O Termo de Declaração do Envolvido – TDE é destinado a co-lher declaração de pessoas envolvidas em ocorrências atendidas pela Polícia Rodoviária Federal.

521. O TDE terá a numeração da comunicação da ocorrência ao qual ele estiver vinculado e será arquivado na Delegacia de circunscri-ção da ocorrência, nos casos de acidente de trânsito. É necessária a transcrição da declaração no campo específico.

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42 | MPO-015 ATENDIMENTO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO

MPO 015 – Atendimento de Acidentes de Trânsito JULHO / 2015

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MPO 015 – Atendimento de Acidentes de Trânsito JULHO / 2015

51

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19. CONSIDERAÇÕES FINAIS

522. Os casos omissos e as dúvidas serão dirimidos pela Coorde-nação-Geral de Operações – CGO.

523. A doutrina, as determinações e as orientações dispostas neste manual entrarão em vigor na medida em que forem sendo implantados os novos sistemas de registro de acidentes de trânsito.

524. Revogam-se todos os dispositivos em contrário a este manual, no que tange às questões relacionadas à Doutrina de Atendimento de Acidente de Trânsito.

525. Este manual entra em vigor na data de sua publicação.

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20. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Negrini Neto, Osvaldo. Kleinübing, Rodrigo. Dinâmica dos acidentes de trânsito: análises e reconstruções – 4. ed. Campinas, SP: Millennium, 2012.

Paulus, Adilson Antonio. Walter, Edison Luis. Manual de Legislação de Trânsito – 7. ed. Santo Ângelo, RS: Nova Geração de Trânsito, 2013.

Aragão, Ranvier Feitosa. Acidentes de Trânsito: Aspectos Técnicos e Jurídicos – 1ª ed. Fortaleza, CE: Millennium, 2003.

Lei nº 9.503/1997- Código de Trânsito Brasileiro – CTB.

Lei nº 5.970/1970.

Lei nº 6.174/1974.

Decreto nº 1.655/1995.

Portaria nº 1.375/2007 do Ministério da Justiça

Resolução CONTRAN nº 14/1998

Resolução CONTRAN nº 362/2010

Norma DNIT 061/2004 – Terminologia

NBR – 10697/1989.

Glossário de Termos Técnicos Rodoviários – DNER, 1997.

Glossário de Termos Técnicos Ambientais Rodoviários – DNIT, 2006.

Instrução de Serviço nº 01/2008/CGA/DPRF.

Instrução Normativa nº 02/2005/DPRF.

Instrução Normativa nº 01/2012/CGO/DPRF.

Apostila do Curso de Perícia em Acidente de Trânsito da Policia Rodo-viária Federal, 2013.

Apostila da Disciplina de Acidentes e Levantamento do Local – Curso de Formação Profissional de Policial Rodoviário Federal, 2012.

Apostila do Curso de Perícia de Trânsito – Investigação e Levantamento de Dados de Acidentes – FENASDETRAN, 2008.

Manual de Primeiros Socorros no Trânsito – ABRAMET.

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