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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS SILVANE GASS MPS.BR NÍVEL G: OBTENÇÃO DE QUALIDADE EM DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE TRABALHO DE DIPLOMAÇÃO MEDIANEIRA 2011

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM ANÁLISE E DESENVOLVIMENTO DE

SISTEMAS

SILVANE GASS

MPS.BR NÍVEL G: OBTENÇÃO DE QUALIDADE EM DESENVOLVIMENTO DE

SOFTWARE

TRABALHO DE DIPLOMAÇÃO

MEDIANEIRA

2011

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SILVANE GASS

MPS.BR NÍVEL G: OBTENÇÃO DE QUALIDADE EM DESENVOLVIMENTO DE

SOFTWARE

Trabalho de Diplomação apresentado à

disciplina de Trabalho de Diplomação, do Curso

Superior de Tecnologia em Análise e

Desenvolvimento de Sistemas – CSTADS – da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná –

UTFPR, como requisito parcial para obtenção

do título de Tecnólogo.

Orientador: Prof Alan Gavioli, Msc.

Co-orientador: Juliano Rodrigo Lamb.

MEDIANEIRA

2011

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Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Graduação e Educação Profissional

Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

TERMO DE APROVAÇÃO

MPS.BR NÍVEL G: OBTENÇÃO DE QUALIDADE EM DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE.

Por

Silvane Gass

Este Trabalho de Diplomação (TD) foi apresentado às 14:40 h do dia 23 de de

novembro de 2011 como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo

no Curso Superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Medianeira. O candidato foi

argüido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados.

Após deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

Prof. Alan Gavioli UTFPR – Campus Medianeira

(Orientador)

Prof. Alessandra Garbelotti Bortolet UTFPR – Campus Medianeira

(Convidado)

Prof. Diego Stiehl UTFPR – Campus Medianeira

(Convidado)

Prof. Juliano Rodrigo Lamb UTFPR – Campus Medianeira

(Responsável pelas atividades de TCC)

A folha de aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso.

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RESUMO

GASS, Silvane. MPS.BR nível G: Obtenção de qualidade em desenvolvimento de software.

Trabalho de conclusão de curso, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira,

2011.

Este trabalho apresenta um estudo sobre o MPS.BR (Melhoria do Processo de Software

Brasileiro), dando ênfase em como uma empresa que deseja obter certificação MPS.BR nível

G deve proceder para alcançar este objetivo. Este estudo foi baseado, em partes, na

experiência adquirida com a implantação do modelo em uma empresa de software do oeste do

Paraná.

Palavras chaves: qualidade, MPS.BR, melhoria, processo, software.

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ABSTRACT

GASS, Silvane. MPS.BR level G: Obtaining quality in software development. Course

completion assignment, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Medianeira, 2011.

This paper presents a study on the MPS.BR (Brazilian Software Process Improvement), with

emphasis on how a company that wishes to obtain MPS.BR level G certification must proceed

toward this goal. This study was based in part on experience gained with the implementation

of the model in a software company in the west of Paraná.

Keywords: quality, MPS.BR, improvement, process, software.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura do MPS.BR .......................................................................................... 18

Figura 2 – Níveis de Maturidade do MPS.BR ....................................................................... 18

Figura 3 – Níveis de maturidade do MPS.BR e seus atributos de processo ........................... 21

Figura 4 – Fases do Projeto Rumo ao MPS.BR .................................................................... 32

Figura 5 – Legenda de Avaliação ......................................................................................... 36

Figura 6 – Percentual de Aderência – Definição ................................................................... 37

Figura 7 – Percentual de Aderência – Institucionalização ..................................................... 37

Figura 8 – Ferramenta BizAgi .............................................................................................. 46

Figura 9 – Arquitetura dos Processos ................................................................................... 47

Figura 10 – Duração do projeto Rumo ao MPS.BR .............................................................. 48

Figura 11 – Planejamento Digitaldoc ................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Dados gerais do projeto MPS.BR ........................................................................ 39

Tabela 2 – Subsídios destinados ao projeto MPS.BR ............................................................ 42

Tabela 3 – Custos relacionados ao projeto MPS.BR ............................................................. 42

Tabela 4 - Horas gastas no projeto Rumo ao MPS.BR .......................................................... 44

Tabela 5 – Execução do Projeto MPS.BR............................................................................. 48

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LISTA DE SIGLAS

AMP Avaliação E Melhoria Do Processo Organizacional

AN Analista de Negócios

AP Atributo De Processo

AP Analista de Projeto

APC Analista de Processo

APL Iguassu-IT Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação do Oeste do

Paraná

AS Analista de Sistemas

AT Analista de Testes

AQU Aquisição

BID Banco Interamericano De Desenvolvimento

BPMN Business Process Modeling Notation

CA Consultores de Aquisição

CITS Centro Internacional De Tecnologia De Software

CL Cliente

CMMI Capability Maturity Model Integration

CRC Sistema de Controle de Requisições

DFP Definição De Processo Organizacional

DR Diretor

DRE Desenvolvimento De Requisitos

DRU Desenvolvimento Para Reutilização

DS Desenvolvedor

EAP Estrutura Analítica Do Projeto

ECM Enterprise Content Management

Finep Financiadora De Estudos E Projetos

FR Fornecedor de Requisitos

GCO Gerência De Configuração

GDE Gerência De Decisões

GED Gerenciamento Eletrônico de Documentos

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GP Gerente de Projetos

GPP Gerência De Portfólios Do Projeto

GPR Gerência De Projetos

GQA Garantia Da Qualidade

GRE Gerência De Requisitos

GRI Gerência De Riscos

GRU Gerência De Reutilização

HTML Hypertext Markup Language

IA Instituição Avaliadora

II Instituição Implementadora

IOGE Instituição Organizadora de Grupo de Empresas

ITP Integração Do Produto

ISO/IEC International Organization For Standardization And The International

Electrotechnical Comission

MA-MPS Método de Avaliação MPS.BR

MCT Ministério Da Ciência E Tecnologia

MED Medição

MNC Modelo de Negócio Cooperado

MNE Modelo de Negócio Específico

MN-MPS Modelo de Negócio MPS.BR

MR-MPS Modelo de Referência MPS.BR

MPS.BR Melhoria do Processo de Software Brasileiro

PCP Projeto E Construção Do Produto

PMBOK Project Management Body Of Knowledge

PME Pequenas e Médias Empresas

PMI Project Management Institute

Pratiq Programa De Análise De Qualidade Em TI

RAP Resultado Do Atributo De Processo

Sebrae Serviço De Apoio As Micro E Pequenas Empresas

Sebraetec Serviços em Inovação e Tecnologia

Softex Associação Para A Promoção Da Excelência Do Software Brasileiro

SVN Subversion

VAL Validação

VER Verificação

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WBS Work Breakdown Structure

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................. 10

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 10

1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 10

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 12

2 O MODELO MPS.BR ............................................................................................ 13

2.1 MOTIVAÇÃO ......................................................................................................... 13

2.2 O MODELO MPS.BR .............................................................................................. 15

2.2.1 Estrutura do MPS.BR ............................................................................................... 16

3 MPS.BR NÍVEL G ................................................................................................. 22

3.1 GERÊNCIA DE PROJETOS .................................................................................... 23

3.1.1 Resultados Esperados ............................................................................................... 24

3.2 GERÊNCIA DE REQUISITOS ................................................................................ 25

3.2.1 Resultados Esperados ............................................................................................... 25

4 MODELO DE NEGÓCIO MPS.BR E O NÍVEL G.............................................. 26

4.1 FORMAÇÃO DO GRUPO DE EMPRESAS ............................................................ 27

4.2 PRÉ-DIAGNÓSTICO NA DIGITALDOC ............................................................... 29

4.3 DEFINIÇÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO ................................... 31

4.3.1 Definição .................................................................................................................. 32

4.3.2 Institucionalização .................................................................................................... 34

4.3.3 Avaliação ................................................................................................................. 38

4.4 CUSTOS, SUBSÍDIOS E HORAS DESTINADAS AO PROJETO .......................... 39

4.4.1 Cursos ...................................................................................................................... 40

4.4.2 Totais de Subsídios, Custos e Horas Gastas no Projeto.............................................. 41

4.4.3 Ferramentas Utilizadas ............................................................................................. 45

4.5 DURAÇÃO DO PROJETO RUMO AO MPS.BR .................................................... 47

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 50

5.1 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 50

5.2 TRABALHOS FUTUROS/CONTINUAÇÃO DO TRABALHO .............................. 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 52

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1 INTRODUÇÃO

O cenário de mercado cada vez mais competitivo e clientes mais exigentes levam

empresas de software a buscarem qualidade nos processos de desenvolvimento de software,

pois segundo Almeida et al. (2011), “a qualidade tornou-se um dos principais fatores de

destaque no mercado atual”. Ainda de acordo com os mesmos autores “a procura pela excelência

e pela confiabilidade dos produtos gerados é um objetivo a ser alcançado pelas organizações, a

fim de permanecerem atuantes nesse cenário competitivo”.

Em seu artigo sobre Práticas do Modelo MPS em Fábricas de Software, Menolli et al.

(2011) destacam que qualidade em desenvolvimento de software envolve alinhamento total

entre as necessidades do cliente com o que foi criado, compatibilidade entre especificações

aprovadas e o produto construído e produto final com menor quantidade de erros possível.

Informam ainda que para o produto desenvolvido ser de qualidade ele deve ter características

principais como manutenibilidade, reusabilidade, avaliabilidade e implementabilidade.

De acordo com o Guia Geral MPS.BR (SOFTEX..., 2009a) “alcançar competitividade

pela qualidade, para as empresas de software, implica tanto na melhoria da qualidade dos

produtos de software e serviços correlatos, como dos processos de produção e distribuição de

software.”

Portanto, sabendo que “qualidade é fator crítico de sucesso para a indústria de

software” (SOFTEX..., 2009a), a SOFTEX (Associação para a Promoção da Excelência do

Software Brasileiro) juntamente com apoio de outras organizações trouxe às empresas

brasileiras a oportunidade de alcançar qualidade de software através da certificação MPS.BR

(Melhoria do Processo de Software Brasileiro) que, além de se adequar às necessidades de

empresas de pequeno e médio porte quanto a custos, é também compatível com padrões de

qualidade aceitos internacionalmente tendo como pressuposto o aproveitamento de toda

competência existente nos padrões e modelos de melhoria de software já disponíveis

(SOFTEX..., 2009a).

Este projeto pretende apresentar o modelo de qualidade de software MPS.BR nível G,

que é o primeiro nível de maturidade desse modelo, abordando os passos e itens necessários

para que uma empresa possa se beneficiar da melhoria de seus processos de desenvolvimento

de software iniciando pelo nível G. Em suma, pretende-se oferecer uma visão abrangente

sobre o que é necessário para que se possa alcançar este nível no referido modelo.

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Este trabalho baseou-se na experiência com a implementação do MPS.BR nível G em

uma empresa de desenvolvimento de software, a Anix Sistemas Ltda, cujo nome fantasia é

Digitaldoc, de Medianeira, Paraná.

1.1 OBJETIVO GERAL

Discutir e exemplificar os procedimentos a serem seguidos por empresas que desejem

obter a certificação MPS.BR nível G.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apresentar o modelo MPS.BR, nível G.

Apresentar informações quanto ao que é necessário para implantar o nível G,

mostrando de forma geral como uma organização deve proceder caso deseje a

certificação MPS.BR.

Apresentar os benefícios da melhoria dos processos de software - nível G do

MPS.BR.

1.3 JUSTIFICATIVA

Para empresas de pequeno e médio porte (PMEs – Pequenas e Médias Empresas) o

reconhecimento no mercado é importante para a expansão de seu negócio. Ter uma

certificação em qualidade de software agrega valor ao seu negócio e produto, e também

reconhecimento perante clientes, parceiros e outros interessados. Segundo Kalinowski et al.

(2010) “a melhoria contínua da capacidade de desenvolvimento é fundamental para que

empresas de software prosperem em mercados competitivos”. No entanto, obter uma

certificação como o CMMI exige muito empenho e tempo por parte da empresa, além do

custo ser geralmente inviável a empresas de pequeno e médio porte. Estudos apontaram que

as PMEs, embora reconheçam os benefícios da Engenharia de Software e da melhoria de seus

processos, declaram que a implementação do CMMI é economicamente inviável

(KALINOWSKI et al., 2011).

A qualidade nos processos de software é tão importante quanto a qualidade do produto

gerado, pois quando se tem um processo de qualidade o produto construído tende a ser de

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qualidade. Neste sentido, a aplicação da engenharia de software torna-se essencial. Muitos dos

problemas encontrados na hora de criar software têm a ver com a Engenharia de Software que

na maioria dos casos é deixada de lado para se concentrar no produto e no cliente. Essa é uma

prática constante em empresas com pouco tempo e experiência no mercado. Pesquisas de

2008 feitas pela SOFTEX indicaram que as empresas só implementavam as boas práticas da

Engenharia de Software quando estas eram exigidas para certificações (SODRÉ,

2011;TRAVASSOS, 2011a).

De acordo com Santos (2011) “acredita-se que o uso de boas práticas de Engenharia

de Software possa melhorar o desempenho das organizações com respeito a custo, prazo,

produtividade, qualidade, satisfação do cliente e retorno do investimento”. Ainda segundo ele,

todos esses itens trazem à empresa aumento de sua vantagem competitiva.

Neste cenário surge o interesse no MPS.BR, que busca aplicar os princípios da

Engenharia de Software melhorando assim os processos de desenvolvimento de software nas

organizações de acordo com cada necessidade específica e de uma forma economicamente

viável para que PMEs também “alcancem os benefícios da melhoria de processos e da

utilização de boas práticas da engenharia de software” (SOFTEX..., 2009; KALINOWSKI et

al., 2011).

O objetivo do MPS.BR, sua estrutura, explicações sobre seus guias – do que se trata e

para que serve cada um, relatos de experiência da implantação, entre outros são assuntos

muito interessantes que não devem deixar de ser publicados. No entanto, pouco se escreve

sobre como proceder quando se deseja iniciar o processo para obtenção da certificação, com

quem obter informações, quais são os custos envolvidos, e talvez até escape fatos como, por

exemplo, de que empresas podem entrar em um grupo de empresas e se beneficiar de

subsídios da SOFTEX e da IOGE (Intuição Organizadora de Grupos de Empresas),

diminuindo ainda mais o custo da certificação.

Ainda surgem dúvidas como por exemplo, por onde iniciar, com quem obter

informações, quais as empresas responsáveis pelo MPS.BR no Brasil, qual o custo da

certificação, quanto tempo leva para implementar o nível G, quais recursos humanos e

materiais/financeiros são necessários à implantação, o MPS.BR é aplicável as necessidades de

determinada empresa, que impacto o MPS.BR terá na forma de trabalho da empresa. No

decorrer deste trabalho serão abordados temas referentes a estes assuntos.

Portanto este trabalho, além de uma descrição do MPS.BR e citar a implantação em

uma empresa de pequeno porte, terá algumas abordagens diferentes das tradicionais para que

uma empresa que queira iniciar o processo de certificação saiba mais detalhes sobre o mesmo.

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1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Nas páginas iniciais deste projeto deu-se uma introdução sobre o mesmo, a

justificativa e os objetivos a serem alcançados. O capítulo 2 aborda o modelo MPS.BR além

da motivação, ou seja, algumas informações que mostram que a melhoria dos processos de

software é importante para a empresa. O capítulo 3 fala sobre o nível G e seus resultados

esperados. O capítulo 4 inicia falando um pouco sobre a empresa seguindo com a formação

do grupo de empresas, dando continuidade com o pré-diagnóstico na Digitaldoc. Segue-se

com as fases de definição, institucionalização e avaliação. E ainda nesse capítulo são passadas

informações sobre custos, prazos, subsídios, cursos e ferramentas utilizadas. E por fim no

capítulo 5 estão as considerações finais.

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2 O MODELO MPS.BR

2.1 MOTIVAÇÃO

Para Sodré (2011), as empresas precisam ter qualidade tanto nos seus produtos quanto

nos seus processos de desenvolvimento de software se quiserem ser mais competitivas tanto

no mercado nacional como internacional, já que um processo de qualidade resulta em produto

de qualidade. Portanto é importante investir cada vez mais na qualidade de seus produtos e

serviços, em busca de competitividade e melhor posicionamento no mercado.

Sodré (2011) ainda acrescenta que, para uma empresa exportar software é

imprescindível ter certificação de qualidade nos processos de desenvolvimento de software

compatível com normas internacionais de qualidade de software.

Alem disso o Standish Group (grupo responsável por pesquisas a respeito do sucesso

em projetos de software) publica periodicamente relatórios sobre sucesso em projetos de

software e os resultados não são animadores. Uma porcentagem muito grande de projetos não

são concluídos conforme planejados e ainda uma porcentagem considerável de projetos são

cancelados (ALMEIDA, 2011).

Esses dados só enfatizam ainda mais a necessidade da engenharia de software e de se

ter processos bem definidos e institucionalizados na empresa (ALMEIDA, 2011).

Dentre os principais problemas que podem causar o fracasso em projetos de software

podem-se citar desvios nos custos e orçamento estipulados, não cumprimento de prazos,

problemas de comunicação, escopo não definido adequadamente e sofrendo mudanças

constantes, recursos humanos insuficientes, riscos não avaliados corretamente, falta de

qualidade nos projetos, insatisfação do cliente, entre outros. A grande maioria dos problemas

não é no código desenvolvido, na linguagem utilizada, na ferramenta utilizada, e sim, na falta

de aplicação da engenharia de software e de se ter processos definidos (ALMEIDA, 2011).

O MPS.BR tem o intuito de minimizar esses e outros problemas encontrados no

desenvolvimento de software aplicando os princípios da Engenharia de Software e

implantando processos de desenvolvimento de software nas empresas de acordo com cada

necessidade específica.

Em pesquisa conduzida pela SOFTEX em 2008 sobre resultados do MPS, desempenho

e satisfação das organizações, Travassos et al. (2011a, p. 6) informam que as empresas só

implementavam as boas práticas da engenharia de software quando estas eram exigidas para

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certificações. Ele explica que isso indicava uma necessidade de melhorar a capacidade de

desenvolvimento e engenharia de software das organizações brasileiras de maneira que o uso

das boas práticas da engenharia de software pudesse melhorar seu desempenho com respeito a

custo, prazo, produtividade, qualidade, satisfação do cliente e retorno do investimento e,

conseqüentemente, aumentar sua vantagem competitiva.

Já em 2010, a mesma pesquisa mostrou que depois da implantação as empresas

tiveram aumentos significativos na satisfação de seus clientes, produtividade, qualidade,

faturamento e conseqüentemente, a satisfação das mesmas com o modelo MPS aumentou

(TRAVASSOS; KALINOWSKI, 2011).

A pesquisa mostrou que as empresas que adotaram o modelo, agora lidam com

projetos maiores, apresentam mais precisão nas suas estimativas de prazo e se mostraram

mais produtivas se comparado-as com empresas que estão iniciando a implementação.

Também, ficaram visíveis os benefícios da aplicação de Engenharia de Software quanto custo,

prazo, qualidade e produtividade. Portanto, é interessante notar que 92% das empresas se

mostraram parcialmente ou totalmente satisfeitas com o modelo MPS. O modelo realmente

está mudando o cenário das empresas principalmente quanto à produtividade, qualidade e

satisfação dos clientes (TRAVASSOS; KALINOWSKI, 2011).

O MPS.BR representa assim, uma iniciativa da SOFTEX para melhorar a capacidade

de desenvolvimento de software nas organizações Brasileiras. Ele vem sendo utilizado pelas

empresas para estruturar seus processos de software permitindo, principalmente às pequenas e

médias empresas, aprimorar seus processos de software, melhorar a capacidade de produção e

permitir que a qualidade do software, em geral, possa ser garantida e obtida com

embasamento em conhecimentos de engenharia de software (TRAVASSOS; KALINOWSKI,

2011a p. 7).

Processo é definido como um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas

que transformam entradas em saídas. Serve para conhecer e institucionalizar um fluxo de

trabalho definido papéis e responsabilidades para cada tarefa (ALMEIDA, 2009).

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2.2 O MODELO MPS.BR

O MPS.BR foi criado em dezembro de 2003. É coordenado pela SOFTEX e conta com

apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Financiadora de Estudos e Projetos

(FINEP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ele tem por objetivo a melhoria de processo de

software brasileiro (SOFTEX..., 2009a).

O MPS.BR foi adaptado do modelo conhecido internacionalmente como CMMI

(Capability Maturity Model Integration) para a realidade das empresas brasileiras. É, portanto,

voltado para empresas de pequeno e médio porte graças aos empenhos de instituições

brasileiras em criar um modelo de melhoria de processo de software que fosse compatível

com as normas de qualidade de software internacionais e que fosse acessível a empresas que

não tem condições financeiras de obter uma certificação em qualidade de software como o

CMMI. Ele foi criado para que PMEs também tivessem a oportunidade de alcançar os

benefícios na melhoria de processos e da engenharia de software (SOFTEX..., 2009a).

De acordo com Travassos e Kalinowski (2010) a SOFTEX considera 4 níveis de

empresas, citando ainda a porcentagem de empresas que tinham sido avaliadas até maio de

2010. Estão sendo contadas 180 empresas. De acordo com estes dados verifica-se que 72%

são PMEs, ou seja, a maioria:

Microempresas: até 10 funcionários –6% das empresas avaliadas;

Pequenas empresas: entre 11 e 50 funcionários - 45% das empresas avaliadas;

Médias empresas: entre 51 e 100 funcionários - 21% das empresas avaliadas;

Grandes empresas: mais de 100 funcionários - 28% das empresas avaliadas;

A SOFTEX alcançou neste ano de 2011 a marca de mais de 300 empresas avaliadas

no Modelo MPS. A pesquisa iMPS 2010, conduzida pela SOFTEX para avaliar, em vários

aspectos, o desempenho das empresas que adotaram o MPS.BR entre os anos de 2008 e 2010,

apontou que 92% estão parcialmente ou totalmente satisfeitas com o modelo (TRAVASSOS;

KALINOWSKI, 2011).

O MPS.BR é, portanto, um modelo voltado ao aprimoramento do processo de

software. Abrange aplicação dos conceitos de gerência de processos e de melhoria da

qualidade de desenvolvimento e manutenção de software. Ele se baseia também nos conceitos

de maturidade e capacidade de processo para a avaliação e melhoria da produtividade e da

qualidade de produtos de software e serviços correlatos. “É também um modelo para melhoria

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organizacional, cujo objetivo é promover o aprimoramento contínuo dos processos de

software utilizados pelas organizações” (WORKSHOP..., 2010).

De acordo com o Guia Geral MPS.BR (SOFTEX..., 2009a) a base técnica para a

construção do MPS.BR constitui-se de:

ISO/IEC 12207 – estabelece uma arquitetura comum para ciclo de vida de

processos de software. De acordo com Bergmann(2008), o objetivo dessa ISO é que

“cliente, fornecedor, desenvolvedor, mantenedor, operador, gerentes e

desenvolvedores utilizem a mesma estrutura de processos, com terminologias bem

definidas”.

ISO/IEC 15504 – referência para Avaliação de Processo e Melhoria de Processo.

Avaliação da capacidade dos processos.

CMMI – modelo para melhoria de processos de desenvolvimento de produtos e

serviços.

O MPS.BR ainda conta com as práticas em gerência de projetos baseadas no

PMBOK(Project Management Body of Knowledge), reconhecido mundialmente como um

dos melhores guias de boas práticas em gerenciamento de projetos (SOFTEX..., 2009a).

O PMBOK, publicado pelo Project Management Institute (PMI), se divide em nove

áreas de conhecimentos (PMBOK..., 2008):

Gerenciamento de Integração do Projeto;

Gerenciamento do Escopo do Projeto;

Gerenciamento do Tempo do Projeto;

Gerenciamento de Custos do Projeto;

Gerenciamento da Qualidade do Projeto;

Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto;

Gerenciamento das Comunicações do Projeto;

2.2.1 Estrutura do MPS.BR

A Figura 1 apresenta a estrutura do MPS, sendo que o modelo MPS possui três

componentes: Modelo de Referência (MR-MPS), Método de Avaliação (MA-MPS) e Modelo

de Negócio (MN-MPS) (SOFTEX..., 2009a).

Modelo de Referência MR-MPS: contém os requisitos que os processos das

unidades organizacionais devem atender para estar em conformidade com o MR-

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MPS. Ele contém as definições dos níveis de maturidade, processos e atributos do

processo.

Método de Avaliação MA-MPS: método e descrição dos papéis participantes de

uma avaliação de maturidade no MPS.BR.

Modelo de Negócio MN-MPS: descreve regras de negócio para implementação do

MR-MPS pelas Instituições Implementadoras (II), avaliação seguindo o MA-MPS

pelas Instituições Avaliadoras (IA), organização de grupos de empresas pelas

Instituições Organizadoras de Grupos de Empresas (IOGE) para implementação do

MR-MPS e avaliação MA-MPS, certificação de Consultores de Aquisição (CA) e

programas anuais de treinamento do MPS.BR por meio de cursos, provas e

workshops.

De acordo com a SOFTEX (2009) e como ilustrado na Figura 1, cada componente é

descrito por meio de guias e/ou documentos do modelo MPS:

Guia Geral: contém a descrição geral do modelo MPS e detalha o Modelo de

Referência (MR-MPS), seus componentes e as definições comuns necessárias para

seu entendimento e aplicação;

Guia de Aquisição: descreve um processo de aquisição de software e serviços

correlatos. É descrito como forma de apoiar as instituições que queiram adquirir

produtos de software e serviços correlatos apoiando-se no MR-MPS;

Guia de Avaliação: descreve o processo e o método de avaliação MA-MPS, os

requisitos para avaliadores líderes, avaliadores adjuntos e Instituições Avaliadoras

(IA);

Guia de Implementação: dez documentos que fornecem orientações para

implementar nas organizações os níveis de maturidade (G ao A) descritos no

Modelo de Referência MR-MPS.

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Figura 1 – Estrutura do MPS.BR

Fonte: SOFTEX (2009a).

A Figura 2 mostra os níveis de maturidade do MPS.BR que uma organização pode

alcançar. A seguir uma descrição breve de cada nível conforme informa a SOFTEX (2009) no

Guia Geral.

Figura 2 – Níveis de Maturidade do MPS.BR

Fonte: CITS (2010).

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Nível G – Parcialmente Gerenciado: é o primeiro nível de maturidade a ser

alcançado por uma empresa. São abordados nesse nível a Gerência de Projetos

(GPR) e Gerência de Requisitos (GRE).

Nível F – Gerenciado: além dos processos do nível G inclui também os processos

de Medição (MED), Garantia da Qualidade(GQA), Gerência de Portfólios do

Projeto (GPP), Gerência de Configuração (GCO) e Aquisição (AQU).

Nível E – Parcialmente Definido: inclui todos os processos anteriores mais

Avaliação e Melhoria do Processo Organizacional (AMP), Definição de Processo

Organizacional (DFP), Gerência de Recursos Humanos (GRH) e Gerência de

Reutilização (GRU) e ainda uma evolução da Gerência de Projetos (GPR).

Nível D – Largamente definido: composto pelos processos de maturidade dos

níveis anteriores acrescidos dos processos Desenvolvimento de Requisitos (DRE),

Projeto e Construção do Produto(PCP), Integração do Produto (ITP), Validação

(VAL) e Verificação (VER).

Nível C – Definido: contém os níveis anteriores mais os processos de

Desenvolvimento para Reutilização (DRU), Gerência de Decisões (GDE) e

Gerência de Riscos (GRI).

Nível B – Gerenciado Quantitativamente: esse nível não possui processos

específicos, no entanto o processo de Gerência de Projetos sofre uma alteração,

sendo acrescentados novos resultados a ele.

Nível A – Em Otimização: esse nível não possui processos específicos, mas deve

atender a todos os processos dos níveis anteriores.

Segundo a SOFTEX (2009a) “o alcance de um determinado nível de maturidade se

obtêm quando são atendidos os propósitos e todos os resultados esperados dos respectivos

processos e os resultados esperados dos atributos de processo estabelecidos para aquele

nível”.

Ou seja, a empresa deve atender os atributos do processo (AP), pelo atendimento aos

resultados esperados dos atributos do processo (RAP) e ainda atender os resultados esperados

de cada nível. Por exemplo, para obter certificação nível G, a empresa deve atender os

resultados esperados de Gerência de Projetos (GPR) – 17 resultados, e de Gerência de

Requisitos (GRE) – 5 resultados, além de ter que atender 2 atributos de processo (AP) e 10

resultados esperados dos atributos do processo (RAP). A capacidade do processo de uma

organização a cada nível é medida através dos APs e dos RAPs (SOFTEX..., 2009a).

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A Figura 3 apresenta todos os níveis do MPS.BR, os atributos de processo e os

resultados dos atributos que cada nível deve atender. Vale lembrar que os níveis são

acumulativos, ou seja, ao passar de um nível para outro, automaticamente os resultados

esperados dos níveis anteriores devem ser também atendidos no próximo nível. Por exemplo,

se a organização passou o nível G e deseja obter o F, ela deve atender todos os itens do nível

F e deve continuar atendendo os APs, RAPs e atributos da Gerência de Projetos e de Gerência

de Requisitos que foram atendidos no nível G (SOFTEX..., 2009a).

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Figura 3 – Níveis de maturidade do MPS.BR e seus atributos de processo.

Fonte: SOFTEX (2009a)

Ao contrário do CMMI, que possui 5 níveis identificados por números onde os

mesmos devem ser alcançados começando pelo 1, os níveis de maturidade do MPS.BR são 7,

iniciando pelo nível G até o nível A. Ou seja, o primeiro nível a ser obtido é o G.

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3 MPS.BR NÍVEL G

O nível G do MPS.BR é o primeiro nível de maturidade de processos que uma

empresa deve alcançar. Ao final da implantação deste nível, a empresa deve estar gerenciando

parcialmente seus projetos de desenvolvimento de software. No geral as organizações optam

por iniciar atendendo somente este nível, mas isso não é regra. Uma empresa pode optar por

obter a certificação nível G e F ao mesmo tempo (SOFTEX..., 2009ª; DIGITALDOC...,

2010a).

Neste último caso, deve ser feita uma avaliação da empresa, identificando como estão

os processos da mesma, para poder identificar se esta está apta a atender também o nível F.

Essa avaliação deve ser feita por um consultor MPS.BR autorizado pela SOFTEX. Os

consultores não recomendam iniciar incluindo também o nível F. O motivo é que o nível G

exige muita atenção e empenho pelo fato de se ter mudança na cultura organizacional, o que

causa um impacto interno relativamente grande. Neste cenário, o comprometimento e

colaboração por parte de toda equipe para com as mudanças e melhorias contínuas dos

processos é essencial, sendo um fator chave para o sucesso do projeto rumo ao MPS.BR. Se a

equipe não está comprometida com a melhoria contínua interna o projeto pode ser um

fracasso visto que é a equipe que utilizará os novos processos criados. A resistência à

mudança é um desafio organizacional que precisa ser resolvido (KALINOWSKI et al., 2011).

O nível G exige a aplicação de Gerência de Projetos e Gerência de Requisitos, o que

acaba sendo um dos grandes desafios desse nível para empresas de pequeno porte visto que a

sua grande maioria não trabalha de forma projetizada, não faz as validações de requisitos

mínimas e necessárias junto ao cliente nem tem seu aceite formal e normalmente não estão

acostumadas a gerar documentação do seu produto. O foco é sempre no desenvolvimento do

software solicitado pelo cliente e com prazos geralmente apertados (SOFTEX..., 2009;

KALINOWSKI et al., 2011).

Muitas delas iniciaram seu negócio com um único produto, e na necessidade de entrar

no mercado e de sobrevivência, deixam de lado questões consideradas “morosas” como a

documentação e a aplicação da engenharia de software. No geral, essas empresas até

trabalham com processos de desenvolvimento informais, no entanto, quando surgem

problemas ou quando surge a necessidade de dar prioridade a outro projeto, esses processos

são abandonados. Por isso encontra-se dificuldade na implantação de processos e do nível G

(KALINOWSKI et al., 2011).

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Na sequência, a descrição dos processos de Gerência de Projetos (GPR), de Gerência

de Requisitos(GRE) e dos resultados esperados desses dois processos, além dos APs e RAPs

que devem ser atendidos no nível G, conforme SOFTEX (2009).

No quadro 1 estão descritos os Atributos de Processo bem, como seus Resultados

Esperados.

APs e RAPs

AP 1.1 - O processo é executado.

RAP 1 O processo atinge seus resultados definidos.

AP 2.1 - O processo é gerenciado.

RAP 2 Existe uma política organizacional estabelecida e mantida para o processo.

RAP 3 A execução do processo é planejada

RAP 4 A execução do processo é monitorada e ajustes são realizados.

RAP 5 As informações e os recursos necessários para a execução do processo são

identificados e disponibilizados.

RAP 6 As responsabilidades e a autoridade para executar o processo são definidas,

atribuídas e comunicadas.

RAP 7 As pessoas que executam o processo são competentes em termos de

formação, treinamento e experiência.

RAP 8 A comunicação entre as partes interessadas no processo é gerenciada de

forma a garantir o seu envolvimento

RAP 9 Os resultados do processo são revistos com a gerência de alto nível para

fornecer visibilidade sobre a sua situação na organização.

RAP 10 O processo planejado para o projeto é executado.

Quadro 1 – Atributos de Processo e Resultado dos Atributos de Processo

Fonte: SOFTEX (2009)

3.1 GERÊNCIA DE PROJETOS

Conforme explicado no Guia Geral MPS.BR (SOFTEX, 2009a), “o propósito do

processo Gerência de Projetos é estabelecer e manter planos que definem as

atividades, recursos e responsabilidades do projeto, bem como prover informações

sobre o andamento do projeto que permitam a realização de correções quando

houver desvios significativos no desempenho do projeto. O propósito deste processo

evolui à medida que a organização cresce em maturidade. Assim, a partir do nível E,

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alguns resultados evoluem e outros são incorporados, de forma que a gerência de

projetos passe a ser realizada com base no processo definido para o projeto e nos

planos integrados. No nível B, a gerência de projetos passa a ter um enfoque

quantitativo, refletindo a alta maturidade que se espera da organização. Novamente,

alguns resultados evoluem e outros são incorporados”.

3.1.1 Resultados Esperados

Cada nível do MPS.BR tem seus resultados esperados que devem ser atendidos para se

obter a certificação para o nível. Abaixo estão descritos os 17 resultados da área de processo

Gerência de Projetos para o nível G.

GPR1 - O escopo do trabalho para o projeto é definido.

GPR2 - As tarefas e os produtos de trabalho do projeto são dimensionados utilizando

métodos apropriados.

GPR3 - O modelo e as fases do ciclo de vida do projeto são definidos.

GPR4 - O esforço e o custo para a execução das tarefas e dos produtos de trabalho são

estimados com base em dados históricos ou referências técnicas.

GPR5 - O orçamento e o cronograma do projeto, incluindo a definição de marcos e

pontos de controle, são estabelecidos e mantidos.

GPR6 - Os riscos do projeto são identificados e o seu impacto, probabilidade de

ocorrência e prioridade de tratamento são determinados e documentados.

GPR7 - Os recursos humanos para o projeto são planejados considerando o perfil e o

conhecimento necessários para executá-lo.

GPR8 - Os recursos e o ambiente de trabalho necessários para executar o projeto são

planejados.

GPR9 - Os dados relevantes do projeto são identificados e planejados quanto à forma

de coleta, armazenamento e distribuição. Um mecanismo é estabelecido para acessá-los,

incluindo, se pertinente, questões de privacidade e segurança.

GPR10 - Um plano geral para a execução do projeto é estabelecido com a integração

de planos específicos.

GPR11 - A viabilidade de atingir as metas do projeto, considerando as restrições e os

recursos disponíveis, é avaliada. Se necessário, ajustes são realizados.

GPR12 - O Plano do Projeto é revisado com todos os interessados e o compromisso

com ele é obtido.

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GPR13 - O projeto é gerenciado utilizando-se o Plano do Projeto e outros planos que

afetam o projeto e os resultados são documentados.

GPR14 - O envolvimento das partes interessadas no projeto é gerenciado.

GPR15 - Revisões são realizadas em marcos do projeto e conforme estabelecido no

planejamento.

GPR16 - Registros de problemas identificados e o resultado da análise de questões

pertinentes, incluindo dependências críticas, são estabelecidos e tratados com as partes

interessadas.

GPR17 - Ações para corrigir desvios em relação ao planejado e para prevenir a

repetição dos problemas identificados são estabelecidas, implementadas e acompanhadas até a

sua conclusão.

3.2 GERÊNCIA DE REQUISITOS

Conforme descrito no Guia Geral MPS.BR (SOFTEX..., 2009a) “o propósito do

processo Gerência de Requisitos é gerenciar os requisitos do produto e dos componentes do

produto do projeto e identificar inconsistências entre os requisitos, os planos do projeto e os

produtos de trabalho do projeto”.

3.2.1 Resultados Esperados

Os resultados esperados da área de processo Gerência de Requisitos, para o nível G

são:

GRE1 - Os requisitos são entendidos, avaliados e aceitos junto aos fornecedores de

requisitos, utilizando critérios objetivos.

GRE2 - O comprometimento da equipe técnica com os requisitos aprovados é obtido.

GRE3 - A rastreabilidade bidirecional entre os requisitos e os produtos de trabalho é

estabelecida e mantida.

GRE4 - Revisões em planos e produtos de trabalho do projeto são realizadas visando a

identificar e corrigir inconsistências em relação aos requisitos.

GRE5 - Mudanças nos requisitos são gerenciadas ao longo do projeto.

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4 MODELO DE NEGÓCIO MPS.BR E O NÍVEL G

Muitas das informações apresentadas neste tópico serão baseadas em um estudo de

caso da implantação do nível G do MPS.BR na Anix Sistemas (nome fantasia Digitaldoc),

empresa de pequeno porte do oeste do Paraná. A Digitaldoc já está a mais de 5 anos no

mercado, trabalhando com desenvolvimento de software. Com seus softwares principais – o

Digitaldoc e o Birô de Digitalização – a empresa oferece serviços de Gerenciamento

Eletrônico de Documentos (GED), ECM (Enterprise Content Management) e digitalização de

documentos.

A empresa veio crescendo a cada ano, tendo aumento de clientes, se destacando no

mercado. Neste período sentiu-se a necessidade de melhorias internas, na questão de

qualidade em desenvolvimento de software e também na questão de destaque no mercado. A

empresa precisava melhorar seus processos internos, sair da forma artesanal de

desenvolvimento para uma forma definida e reconhecida, que gerasse resultados positivos,

diminuísse o retrabalho, aumentasse a produtividade e o retorno de investimento. A

Digitaldoc já se mostrou disposta a melhorias ao implantar o Scrum (metodologia de

desenvolvimento ágil) nos seus processos de desenvolvimento de software e para ajudar nessa

etapa, implantou um software para gerenciamento das informações (controle de requisições)

geradas dessa nova forma de trabalho. O Scrum é um processo ágil que busca entregar

software de valor agregado ao cliente se baseando na filosofia ágil e utilizando práticas

iterativas e incrementais. Apesar de a empresa não aplicar o Scrum na sua totalidade, os

resultados já se mostram muito eficientes, tendo mais organização dos itens a serem

desenvolvidos, diminuição de retrabalho, etc. Ainda com relação ao Scrum, quando se optou

por iniciar o MPS.BR uma das questões levantadas foi se o MPS afetaria a utilização dessa

forma de trabalho ágil juntamente com a ferramenta de controle de requisições. Essa dúvida

foi sanada logo de início com a consultora - o MPS não afetou essa forma de trabalho,

somente a empresa deveria adequar o Scrum também a processos e a nova forma de trabalho

(MANIFESTO ÁGIL, 2011).

Após implantação do Scrum, a empresa ainda sentia a necessidade de melhoria de seus

processos de software, um processo de produção organizado e eficiente que trouxesse

benefícios como a redução dos custos de produção, aumento da qualidade, produtividade e

satisfação do cliente além do destaque no mercado.

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Gerência de projetos e de requisitos era praticamente inexistente, o que dificultava o

trabalho. Pelo fato da empresa trabalhar na melhoria do produto ou customizações, não se

tinha uma visão da necessidade e talvez da possibilidade de trabalhar projetizado. Por causa

disso, não havia um – melhoria do produto, customização ou nova funcionalidade solicitada

pelo cliente. O produto não tinha documentação, havia apenas um início de documentação de

requisitos, entretanto sem formalidades, ou seja, o cliente não aprovava formalmente os

requisitos e, nessas circunstâncias, também não era possível controlar mudanças nos

requisitos que poderiam causar aumentos de prazos, custos, entre outros (DIGITALDOC...,

2010a).

Após implantação do Scrum, um acompanhamento das requisições (ou requisitos) que

estavam sendo desenvolvidas era feito pelo Sistema de Controle de Requisições, onde é

possível acompanhar o que estava sendo feito, por quem e ainda informações do Status (Em

desenvolvimento, Em testes, Homologação, Atualização). No entanto esse gerenciamento por

si só não garante um gerenciamento real de um projeto, não chega nem perto das práticas de

gerência de projetos reconhecidas, como por exemplo, as práticas descritas no PMBOK

(Project Management Body Of Knowledge), considerado um dos melhores guias de boas

práticas em gerenciamento de projetos (PMBOK..., 2008).

Estes e outros fatores levaram a empresa a se interessar pelo MPS.BR quando o

mesmo foi apresentado no PraTIQ (Programa de Análise de Qualidade em TI), que será

considerado no próximo tópico.

4.1 FORMAÇÃO DO GRUPO DE EMPRESAS

De acordo com o Modelo de Negócio para Melhoria de Processo de Software (MN-

MPS), uma empresa pode optar por se juntar a um grupo de empresas para iniciar o processo

de certificação, ou pode caminhar sozinha rumo ao MPS.BR sem os subsídios destinados a

grupos de empresas. Para empresas que desejam compartilhar esforços e custos na

implementação e avaliação MPS, existe o Modelo de Negócio Cooperado (MNC). Para esse

modelo “o primeiro passo é a constituição de grupo de empresas comprometidas com a

implementação e a avaliação”. Esse é o papel da IOGE (Instituição Organizadora de Grupos

de Empresas), que após a formação do grupo, assina um convênio com a SOFTEX para cada

grupo de empresas. Em seguida a coordenação do grupo de empresas irá negociar e assinar

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um contrato com uma Instituição Implementadora(II) credenciada ao SOFTEX. E ainda,

depois de as empresas já terem implantado o MPS e estiverem aptas a avaliação, a IOGE é

responsável por negociar e assinar contrato com uma ou mais Instituições Avaliadoras (IA)

credenciadas ao SOFTEX. Vale lembrar que cada empresa que participa do grupo de

empresas deve individualmente, assinar um contrato com a II para receber os serviços de

consultoria (SOFTEX..., 2011).

O MNE (Modelo de Negócio Específico) é o modelo destinado a empresas que

desejam exclusividade na implementação do modelo MPS. Neste caso, cada empresa negocia

e assina um contrato com uma Instituição Implementadora (II) credenciada ao SOFTEX.

Quando chegar a época da avaliação, após a implementação, a empresa deve assinar outro

contrato específico com a instituição que fará a avaliação – uma IA credenciada também. É

interessante frisar que as IIs, IAs e as IOGEs devidamente credenciadas estão listadas no site

da própria SOFTEX, www.softex.br, na área MPS.BR. A partir dessa lista uma empresa pode

escolher as instituições com as quais deseja fechar contrato (SOFTEX..., 2011).

Em meados de Abril de 2010, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e

Pequenas Empresas do Brasil) juntamente com o CITS (Centro Internacional de Tecnologia

de Software) apresentaram a algumas empresas do oeste do Paraná o programa MPS.BR

através do PraTIQ (Programa de Análise de Qualidade em TI). Este foi o primeiro contato da

Digitaldoc com o modelo. A Digitaldoc viu no MPS mais uma oportunidade de melhorar seus

processos internos, aplicando práticas de engenharia de software, mais precisamente gerência

de projetos e de requisitos, práticas essas que não existiam ou eram muito pouco aplicadas na

empresa.

As empresas do oeste do Paraná que fazem parte do APL Iguassu-IT (Arranjo

Produtivo Local de TI do Oeste) tiveram a oportunidade de participar do PraTIQ (Programa

de Análise de Qualidade em TI). Criado em parceria pelo Centro Internacional de Tecnologia

de Software (CITS) e o Sebrae/PR, o PraTIQ teve como objetivo “fornecer subsídios às

empresas do segmento que desejam melhorar a qualidade dos processos ou almejam a

certificação no Programa de Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPS.BR)”

(AGÊNCIA..., 2011).

Além de o curso abordar temas como o gerenciamento de projetos e de requisitos, no

PraTIQ enfatizou-se a importância da qualidade do produto para a ascensão no negócio, mas o

foco principal foi incentivar a competência e a busca incessante pela melhoria de processos

pois os resultados seriam melhores produtos e serviços (AGÊNCIA..., 2011).

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Através do programa SEBRAETEC (Serviços em Inovação e Tecnologia), o SEBRAE

possibilita as PMEs “acessar os conhecimentos de Inovação Tecnológica, por meio de

subsídios aos custos dos serviços de consultoria e capacitação tecnológica”. Ou seja, através

deste programa, o SEBRAE subsidiou alguns custos de consultoria da certificação MPS.BR.

Ainda, com a formação do grupo, os custos de consultorias, viagens e orientações individuais

são divididos entre as empresas, diminuindo assim os custos para todas as empresas do grupo.

Mais informações sobre custos e subsídios estão descritas no tópico 4.4 deste trabalho

(AGÊNCIA..., 2011; SERVIÇO..., 2011a).

Neste processo de certificação das empresas do grupo que se formou, o CITS foi a

IOGE (Instituição Organizadora de Grupos de Empresas), ou seja, a instituição que organizou

o grupo de empresas tendo como apoio o SEBRAE e o APL Iguassu-IT. O CITS também é a

II (Instituição Implementadora), ou seja, a instituição que acompanha as empresas no

processo de implantação do modelo MPS, fornecendo consultores especializados para auxiliar

no alcance desse objetivo.

O início deu-se, portanto, através do PraTIQ, ou seja, durante o curso, o modelo MPS

foi apresentado às empresas. Vale lembrar que um dos objetivos do PraTIQ era “despertar o

interesse de pequenas e médias empresas, para importância da implantação de melhoria de

processos de software, uma vez que o mercado está cada vez mais exigente no que diz

respeito à qualidade e complexidade dos produtos” (SERVIÇO..., 2011). O próximo passo do

projeto será considerado na seção 4.2.

4.2 PRÉ-DIAGNÓSTICO NA DIGITALDOC

Na estrutura de trabalho do CITS, o próximo passo após o PraTIQ é fazer um pré-

diagnóstico da empresa. O mesmo foi feito nas empresas participantes do PraTIQ. O

diagnóstico tem duração de 16 horas, ou seja, 2 dias e é realizado na própria empresa. O

objetivo é avaliar a situação do empreendimento em relação aos modelos já existentes. No

final tem-se uma visão geral do status atual do negócio, o que facilita a tomada de decisão

sobre a implementação de novas técnicas ou modelos de qualidade (AGÊNCIA..., 2011).

Também tem o objetivo de identificar as lacunas dos processos e produtos de trabalho

da empresa em relação ao modelo MPS. Essas lacunas são avaliadas sob as perspectivas de

definição e institucionalização, ou seja, se existem processos que definem as atividades

executadas na empresa; e se as atividades previstas no processo são executadas ou se existem

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atividades realizadas que não estão definidas nos processos. A descoberta destas lacunas

permite a visualização do cenário e da maturidade da empresa atualmente. Esta análise serve

de base para elaborar o planejamento do projeto de melhoria de processos na empresa

(DIGITALDOC..., 2010a).

O pré-diagnóstico é feito pela II (Instituição Implementadora), que neste caso foi o

próprio CITS. Nesta época a Digitaldoc contava com menos de 15 colaboradores incluindo os

sócios. Foram avaliados os 22 resultados esperados do MPS em 2 áreas de processos (GPR e

GRE) e 10 resultados de atributos de processo para cada uma das 2 áreas de processo. O

modelo utilizado foi MPS.BR versão 2009 que, portanto, é utilizado neste trabalho. A

avaliação é feita por meio de entrevistas com a equipe de projetos, documentação de projetos

e processos e apresentações. Algumas das práticas solicitadas pelo MPS eram executadas em

partes na Digitaldoc, no entanto a maioria das práticas era inexistente. No caso específico da

Digitaldoc, dentre algumas coisas que o diagnóstico identificou pode-se citar alguns pontos

fortes e fracos (DIGITALDOC..., 2010a):

O escopo não estava sendo definido adequadamente.

Não existia técnica de estimativa de complexidade e de esforço documentada e em

execução.

Não existiam análise e definição de ciclo de vida de projeto.

Não se fazia estimativas de custos, nem planejamento de riscos, de prazos, de

recursos humanos e materiais, de comunicação e gestão de dados.

Não existia um plano de projeto que integrasse todos os planos específicos do

projeto.

Não era prática o comprometimento com o plano de projeto.

Em nenhum momento era avaliada a viabilidade do projeto a partir de critérios.

Não havia gerenciamento do projeto como um todo, nem registro e gerenciamento

dos problemas.

Não existiam critérios interno de aceitação dos requisitos descritos.

Não estavam sendo utilizados critérios para aprovação de requisitos por parte do

fornecedor de requisitos.

Equipe técnica não se comprometia formalmente com os requisitos.

Não existia estratégia de rastreabilidade de requisitos.

Não existiam atividades de garantia de consistência entre requisitos e artefatos que

tratam de requisitos.

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Não existia um controle formal de mudanças em requisitos.

Pontos fortes: existia ciclo de vida da requisição em execução na empresa; a

empresa estava estruturando a divisão de responsabilidades e perfis dos

colaboradores; uso de parte do método Scrum; era realizadas revisões de aspectos

técnicos periodicamente; a empresa realizava o entendimento dos requisitos junto

ao fornecedor.

Nessa etapa do MPS a Digitaldoc já estava iniciando a elaboração/definição de

procedimentos e processos, sendo que isso foi contado como ponto forte. No entanto ainda

faltava definir uma política organizacional para processo, planejar e monitorar processos,

definir, atribuir e comunicar as responsabilidades para executar o processo, entre outros

relacionados.

A partir dessa verificação a consultora deu recomendações em todos os pontos fracos e

a partir daí inicia-se a fase de Definição, que será descrita no próximo capítulo (4.3).

Vale lembrar que essa é a estrutura de trabalho do CITS. Não há como ter certeza que

outras empresas prestadoras de serviço para o SOFTEX trabalhem da mesma forma

(DIGITALDOC..., 2010).

Nesta etapa do projeto a Digitaldoc já havia fechado contrato com a II para serviços de

consultoria.

4.3 DEFINIÇÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO E AVALIAÇÃO

A busca pela certificação na Digitaldoc foi tratada como um projeto, intitulado Projeto Rumo ao MPS.BR e como mostra a Figura 4 ele constitui-se das seguintes fases:

Formalização;

Planejamento;

Definição;

Institucionalização;

Avaliação Inicial;

Avaliação Final;

Encerramento;

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Figura 4 – Fases do Projeto Rumo ao MPS.BR Fonte: CITS (2010).

As duas primeiras fases (Formalização de Planejamento) constituem etapas de

assinatura de contratos com o CITS (Instituição Implementadora - II) e a SOFTEX e

planejamento do projeto Rumo ao MPS.BR por parte da empresa II. A II planeja as etapas do

projeto, datas de consultorias, de workshops e repassa para a empresa (Digitaldoc).

4.3.1 Definição

A fase de definição tem por objetivo definir todos os processos referentes ao nível G

de maturidade o que, de acordo com o CITS (2010), inclui as seguintes atividades:

Planejamento individual de cada empresa (definição de equipe interna,

cronograma e planejamento do projeto) – responsabilidade da Digitaldoc:

neste ponto a empresa definiu a sua equipe do projeto Rumo ao MPS.BR com 3

participantes e delegou responsabilidades específicas a cada membro.

Recurso 1 – Analista de Processos (AP): responsável pela maior parte das

atividades do projeto, o que inclui definição de ferramentas, criação de artefatos e

do processo, criação e execução de treinamentos, participação em consultorias,

workshops e foi a pessoa definida para participar do curso C1 de MPS.BR (item

5.4.1) para a participação efetiva como representante da empresa nas avaliações.

Recurso 2 – Diretor/Analista de Processos Líder: líder da equipe e diretor da

empresa. Participação nas definições de ferramentas, processo, equipe, definições

em geral. Responsável pelo acompanhamento das atividades dos APs. Participação

em consultorias, alinhamentos de atividades, dúvidas, entre outros.

Recurso 3 – Analista de Processos: membro da equipe de desenvolvimento e

teste. Teve participação em consultorias e em definições para que as mudanças

fossem alinhadas de uma forma mais aceitável a equipe técnica, para que as

mudanças não impactassem tanto na forma de trabalho atual.

Definição/ Criação dos ativos de processos (Políticas, Processos,

Procedimentos, Templates, Checklists, Ferramentas) – responsabilidade da

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Digitaldoc: esta é uma etapa bem demorada pelo fato de ter que estudar a fundo o

modelo (neste caso o nível G) para identificar como atender cada requisito, decidir

quais ferramentas serão utilizadas para apoiar o processo, identificar e criar todos

os artefatos/documentos, adequar algumas coisas às ferramentas selecionadas.

Reuniões para consultoria e direcionamento nos ativos de processos criados –

responsabilidade do CITS (consultora): estão planejadas consultorias para todos

os meses após a realização do pré-diagnóstico. No total, no caso da Digitaldoc

foram planejadas 10 consultorias. Nestas reuniões a consultora (ou o consultor)

avalia como está o andamento das atividades na empresa, verifica o que está sendo

feito, se os artefatos estão sendo criados da forma correta, tira dúvidas, informa

quais são os próximos passos, se as atividades estão atrasadas ou no prazo correto.

Workshops de Capacitação e alinhamento do grupo de empresas – CITS e

Digitaldoc (descrito no item 5.4.1 deste trabalho);

Reuniões de Análise Crítica – CITS e Digitaldoc: reuniões para identificar se a

empresa está com algum problema que possa atrapalhar o alcance do próximo passo

ou até mesmo do objetivo final – a certificação. Nem sempre estas reuniões são

necessárias pois a empresa pode estar em um nível bom, executando as atividades

adequadamente.

Validação conceitual nos ativos criados – CITS: consultor avalia toda a definição

feita pela empresa para identificar possíveis ajustes antes de emitir o laudo de 50%,

que significa que a empresa cumpriu a fase de Definição e está pronta para ir para a

fase de Planejamento.

Ajustes necessários – Digitaldoc: se necessário a empresa faz os ajustes para a

obtenção do laudo de 50%.

Criação dos treinamentos nos novos processos definidos – Digitaldoc: neste

ponto a empresa deve criar os treinamentos que serão executados para que a equipe

conheça o processo, os artefatos, ferramentas, termos utilizados, seus papéis e

perfis no processo, as atividades de sua responsabilidade de acordo com cada perfil.

O laudo de 50% foi alcançado em abril de 2011.

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4.3.2 Institucionalização

Após a validação da consultora e de vários ajustes a empresa obteve o laudo de 50%,

que significa que a empresa passou da fase de Definição para a fase de Institucionalização.

A fase de Institucionalização se resume em “prover a utilização dos ativos de processo

criados e realizar ajustes necessários”. Ou seja, o processo definido será agora utilizado em

projetos de software, as pessoas envolvidas serão treinadas para executá-lo da forma definida.

O processo e os artefatos devem agora estar disponíveis a toda equipe (CITS..., 2010).

A fase de institucionalização tem as seguintes atividades principais segundo o CITS

(2010):

Execução dos treinamentos nos ativos de processos criados – Digitaldoc: a

primeira coisa feita na Digitaldoc nesta fase foi executar os treinamentos para os

colaboradores que executarão o processo. Foram definidos os perfis Gerente de

Projetos (GP), Analista de Sistemas (AS), Analista de Negócio (AN), Analista de

Projetos (AP), Desenvolvedor (DS), Analista de Testes (AT), Fornecedor de

Requisitos (FR), Cliente (CL), Diretor (DR) e também Analista de Processos

(APC). Com exceção do CL e FR, todos os outros perfis receberam treinamentos no

processo. Alguns treinamentos foram focados no perfil e outros eram treinamentos

para a equipe no geral.

Vale a pena ressaltar no caso dos treinamentos que, para que as coisas

“funcionem”, ou seja, para que o processo seja executado da forma correta, é

importante o comprometimento, motivação e participação de toda equipe, afinal, os

responsáveis pelo sucesso do projeto, desta etapa em diante, é a equipe que utilizará

o software.

Utilização dos ativos de processos em projeto piloto selecionado – Digitaldoc: a

partir da execução do projeto piloto (projeto para teste do processo), foram

identificadas algumas melhorias/lições aprendidas que simplificariam o trabalho ou

que se adequavam melhor à forma de trabalho da empresa.

Reuniões para consultoria e direcionamento para a fase de institucionalização

– CITS: consultorias para acompanhamento e direcionamento quanto às atividades

realizadas também foram feitas nesta fase.

Reuniões de Análise Crítica – CITS;

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Coleta de oportunidades de melhoria oriundas da utilização do piloto –

Digitaldoc: a partir da execução do projeto piloto (projeto para teste do processo),

foram identificadas algumas melhorias/lições aprendidas que simplificariam o

trabalho ou que se adequava melhor à forma de trabalho da empresa. Nesta etapa

muitas lições aprendidas são coletadas, algumas com impacto maior, por exemplo,

no caso da Digitaldoc foi identificado que alguns requisitos não se encaixavam na

técnica de estimativas de tamanho criada pela empresa. Ações foram tomadas com

relação a esse problema, e no tempo certo. Por isso é preciso a execução de um

projeto piloto.

Implementação das melhorias coletadas – Digitaldoc: os ajustes identificados

com a utilização do processo no projeto piloto foram executados. Ou seja, o

processo e alguns artefatos foram alterados para que algumas inconsistências

fossem resolvidas e para que alguns trabalhos não se tornassem morosos demais.

Ao final desta fase de Institucionalização é feita uma simulação de avaliação, ou seja,

é feito uma avaliação da mesma forma que a avaliação final (item 5.3.3 deste trabalho), no

entanto esta serve para identificar problemas que possam estar ocorrendo e que talvez causem

inconsistências na avaliação final e até o não alcance do objetivo que é a certificação.

A simulação de avaliação é feita por outro consultor do CITS juntamente com a

consultora oficial. Nesta simulação a equipe é entrevistada, os artefatos são avaliados, o

projeto de software executado a partir do processo é avaliado como um todo. A empresa deve

ter executado o processo e gerado evidências disso. Essas evidências são a documentação

gerada e as entrevistas com a equipe.

Neste momento é comum os consultores encontrarem pontos fracos e também pontos

críticos que devem ser resolvidos para a obtenção do laudo de 100% (pronta para avaliação).

Evidências de pontos fracos ou críticos não impedem a obtenção do laudo. Depende sempre

da avaliação dos consultores.

A experiência da Digitaldoc no caso da simulação de avaliação é um caso raro

segundo as consultoras. A empresa obteve um resultado excelente, normalmente não

alcançado pelas empresas: não foi identificado nenhum ponto fraco em todos os itens

avaliados. Apenas foram identificadas recomendações em 3 aspectos.

Segundo as consultoras que fizeram a simulação de avaliação, ficou visível o

comprometimento da equipe com a melhoria contínua na empresa e que um resultado tão bom

na simulação de avaliação é muito difícil conseguir por causa da dificuldade que se tem no

nível G por ser o primeiro nível de maturidade a ser alcançado e, neste momento o impacto

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das mudanças organizacionais pode ser grande, sendo comum observar certa resistência por

parte dos colaboradores. As consultoras elogiaram muito tanto a equipe como a diretoria pelo

empenho e colaboração. Também comentaram que a Digitaldoc com certeza pode ser um caso

para referência por causa do seu bom desempenho, adaptação, comprometimento e também

pelo resultado excelente alcançado. Também enfatizaram a preocupação da equipe “em

manter metodologia de desenvolvimento de software de acordo com as perspectivas e

necessidades de qualidade de negócio da organização” (KALINOWSKI et al., 2011, p. 4;

DIGITALDOC..., 2011a).

Foram avaliados resultados esperados do GPR e GRE quanto a se os mesmos estavam

Definidos e Institucionalizados. Conforme legenda da Figura 5, os itens são classificados em

Não Definido (ND), Parcialmente Definido (PD), Largamente Definido (LD), Totalmente

Definido (TD) para quesitos de Definição. A legenda para quesitos de Institucionalização

altera apenas de Definido para Implantado – Não Implementado (NI), Parcialmente

Implementado (PI), Largamente Implementado (LI), Totalmente Implementado (TI).

Figura 5 – Legenda de Avaliação

Fonte: Digitaldoc (2011).

Na questão de definição (etapa de Definição), tanto para resultados esperados de GRE

e GPR como para os 10 resultados de Atributos de Processo para cada área de processo (GPR

e GRE), a avaliação constatou Totalmente Definido (TD), conforme Figura 6.

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Figura 6 – Percentual de Aderência – Definição

Fonte: Digitaldoc (2011).

Em avaliação para identificar se o processo foi institucionalizado (etapa de

Institucionalização), ou seja, se o processo e outros itens que foram definidos estavam

realmente sendo utilizados em projetos, a avaliação constatou Totalmente Implementado (TI),

conforme Figura 7.

Figura 7 – Percentual de Aderência – Institucionalização

Fonte: Digitaldoc (2011).

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A partir das Figuras 6 e 7 é possível verificar que todos os 24 resultados esperados do

MPS.BR (entre GPR e GRE) e 10 resultado de atributos de processo do MPS.BR para cada

uma das 2 áreas de processo (GPR e GRE) – para o nível G – foram atendidos

completamente.

As avaliações, inicial e final, ocorrem da mesma forma que a simulação de avaliação,

com geração de gráficos de percentual de aderência e identificação de pontos fortes e fracos.

A obtenção do laudo de 100% significa que a empresa está pronta para avaliação

(inicial). A Digitaldoc obteve o laudo no mês de outubro de 2011 após simulação de avaliação

que ocorreu em 15 de setembro de 2011(DIGITALDOC..., 2011a).

4.3.3 Avaliação

Após a obtenção do laudo de 100% a empresa esta apta a ir para avaliação. Nesta etapa

são feitas duas avaliações: a Avaliação Inicial que identifica se a empresa está apta a fazer

uma avaliação formal e concludente, e a Avaliação Final que é a avaliação formal na qual é

definida através das evidências, se a empresa alcança a certificação ou não.

A empresa deve agora assinar um contrato com a Instituição Avaliadora (IA) para as

avaliações. As Ias credenciadas estão disponíveis para consulta no site da Softex.

Segundo o CITS (2010) as seguintes atividades são executadas na avaliação inicial e

final:

Planejar avaliações – Digitaldoc: inclui planejamento interno para avaliação,

treinamentos, organização da equipe, contratação da Instituição Avaliadora (IA)

entre outros. Neste caso a IOGE é responsável pelo levantamento das possíveis IAs

para contratação.

Gerar planilha com evidências – Digitaldoc: esta planilha deve ser preenchida

pela empresa com evidências para os itens do nível G – 19 GPRs, 5 GREs, 2 ATs,

10 RAPs. É a partir desta planilha que a avaliação será conduzida.

Executar Avaliação Inicial- Fornecedor Externo: realização da avaliação inicial

onde, baseado nas evidências da planilha, documentação gerada e em entrevistas

com toda equipe, a empresa é avaliada para identificar se está realmente usando o

processo e da forma que foi definido. Para esta avaliação é contratado uma empresa

a parte, que não seja a II.

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Orientações sobre as lacunas identificadas na Avaliação Inicial – CITS: se

algumas inconsistências forem encontradas na avaliação inicial, a mesmas são

repassadas a empresa e o consultor orienta para correção das mesmas e fazer os

últimos ajustes.

Correções provenientes da Avaliação Inicial – Digitaldoc: as correções/ajustes

solicitadas pelo consultor são feitas pela empresa para que não haja inconsistências

na avaliação final.

Planejar Avaliação Final- Digitaldoc: novamente a empresa deve planejar a

avaliação final. Após avaliação inicial, a empresa tem normalmente um mês para se

preparar para avaliação final. Para esta, é necessário ter no mínimo 1 projeto

concluído e outro em andamento com evidências relativamente suficientes para ser

avaliado.

Executar Avaliação Final- Fornecedor Externo: instituição Avaliadora

contratada para avaliação executa-a durante um período de 8 horas e nesse

momento a empresa recebe ou não a certificação, de acordo com as evidências

apresentadas e entrevistas feitas com equipe de software – GPs, ASs, DSs, DRs,

ATs, ANs e APs.

4.4 CUSTOS, SUBSÍDIOS E HORAS DESTINADAS AO PROJETO

Os tópicos 4.4.1, 4.4.2, 4.4.3 e 4.4.4 e 4.5 terão explicações mais detalhadas quanto à

duração do projeto Rumo ao MPS.BR, custos, subsídios, ferramentas utilizadas e horas

destinadas ao projeto. Todos estes dados estão resumidos na Tabela 1:

Tabela 1 – Dados gerais do projeto MPS.BR

(continua)

DADOS GERAIS DO PROJETO RUMO AO MPS.BR

Subsídios SOFTEX: 40%

CITS: 22,7%

SEBRAE: 40%

Custos para a Digitaldoc 66,6% do custo da certificação (aproximado)

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(conclusão)

Horas destinadas ao projeto 4.200* horas (aproximado)

Duração do projeto 17 meses

Cursos realizados em prol do projeto Curso C1 de MPS.BR

Workshop MPS.BR

Gerência de Projetos

Equipe montada para o projeto 3 pessoas. 1 em tempo integral Fonte: Digitaldoc (2011)

Com relação às horas destinadas ao projeto, informadas na Tabela 1, em alguns

aspectos não são considerados o esforço de cada colaborador e sim a duração unitária. Se for

considerado esforço de cada um para cada atividade somar-se-iam em torno de 4.500 horas,

uma base de 12 horas destinadas ao projeto por dia, 22 dias do mês, nos 17 meses de projeto.

Com relação aos custos do da Digitaldoc, a porcentagem foi baseado no custo da

certificação disponibilizado pela SOFTEX. Mais detalhes no capítulo 4.4.2.

4.4.1 Cursos

Uma empresa que inicia o processo de implantação do MPS necessita de treinamento

para executar as atividades relacionadas ao mesmo. Faz parte da estrutura do projeto MPS a

realização de cursos e workshops com o objetivo de situar a empresa, fornecer

esclarecimentos, sanar dúvidas, entre outros relacionados ao modelo. Alguns cursos são

obrigatórios, e outros sugeridos (SOFTEX..., 2009a). Segue-se:

Curso C1 de MPS.BR é um curso obrigatório para implementadores do MPS.BR. É

obrigatório que no mínimo uma pessoa da empresa faça o curso. Essa é a pessoa que estará

ativa nas avaliações inicial e final. De acordo com o Método de Avaliação essa pessoa

compõe a equipe de avaliação, é o representante interno que “contribuem com seu

conhecimento da empresa para que toda equipe melhor a empresa, seus processos e os

artefatos apresentados”. Vale lembrar que mais de uma pessoa pode fazer este curso também

(SOFTEX..., 2011).

São 16 horas de curso que tem por objetivo focar no modelo, abordando o que fazer,

ou seja, o que é necessário fazer para conseguir alcançar cada item do mesmo. São repassados

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neste curso todos os níveis do MPS, do G ao A, enfatizando mais o nível em que as empresas

presentes estão se certificando – normalmente nível G e F. Ainda são repassadas informações

quanto a avaliação e quanto ao modelo de negócio e também informações para quem quer

seguir carreira neste ramo. O curso deve ser realizado antes da avaliação.

Informações sobre datas e cidades de realização do C1 estão sempre disponíveis no

site da SOFTEX na página reservada ao MPS.BR.

Workshop de MPS.BR, onde todas as empresas da região que estão implantando o

modelo participaram, e teve como objetivo mostrar às empresas como fazer, ou seja, quais as

formas possíveis de criar documentos, criar o processo, usar ferramentas, definição de

modelos, para atender os itens do MPS.BR. Foram apresentados exemplos de artefatos,

processo, contado experiências obtidas em outras empresas certificadas pelo MPS.BR que

tiveram que passar pelo mesmo procedimento. Vale ressaltar que o Workshop foi específico

nível G e F, pois as empresas que participaram estavam se certificando em um destes níveis.

Este também é um curso obrigatório e teve duração de 16 horas. Cabe a instituição

implementadora a realização do workshop.

Curso de Gerência de Projetos: não é um curso obrigatório, no entanto é obrigatório

que alguém que passe a exercer o perfil de gerente de projetos, tenha qualificação para isso

comprovada de no mínimo 16 horas de cursos ou qualificação nesta área. Não se pode ignorar

o fato de que 17 itens a serem atendidos do MPS 2009 nível G são de gerência de projetos. A

Digitaldoc participou deste curso que teve duração de 16 horas e foi uma oportunidade de

aprimoramento de conhecimentos em gerência de projetos a serem aplicados tanto na fase de

Definição quanto na fase de Institucionalização (DIGITALDOC..., 2010).

Cabe a empresa, ou as empresas do grupo, buscar o curso caso necessário, no entanto,

o curso pode ser ministrado pela própria II Instituição Implementadora que está prestando

consultoria, que neste caso específico, foi o próprio CITS que disponibilizou pessoal

qualificado para ministrar o curso (DIGITALDOC..., 2010).

4.4.2 Totais de Subsídios, Custos e Horas Gastas no Projeto

O custo total do projeto MPS.BR nível G para empresas que não tem os subsídios, não

está em um grupo de empresas, chega ao total de R$45.000,00 mais custos relacionados. A

Digitaldoc, por ter optado pelo grupo de empresas, tendo o apoio também do SEBRAE, CITS

e SOFTEX teve ao final um custo de cerca de 37% dos R$ 45.000,00, o que incluiu além dos

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custos da certificação e gastos com deslocamento da consultora e dos avaliadores. Este valor

inclui gastos com consultoria e com as avaliações Inicial e Final. No entanto não inclui gastos

com salário da equipe definida para o projeto, gastos com cursos e viagens, gastos com

ferramentas, etc. Portanto na Tabela 2 estão descritos os subsídios recebidos e na Tabela 3

estão descritos todos os custos (em %) com o projeto.

Os custos com recursos humanos foram calculados baseado no salário e nas horas que

cada pessoa gastou no projeto. Vale lembrar que é um valor aproximado.

É muito interessante que a empresa aloque uma pessoa em tempo integral para ficar

responsável pelo MPS.BR no mínimo nas etapas de definição e criação do processo e

artefatos, pois ela pode se dedicar a estudar e criar o processo da forma mais adequada a

empresa, além de ficar responsável pela criação de todos os artefatos relacionados, pelo

treinamento da equipe que utilizará o processo, pelos ajustes, melhorias no processo,

documentação, vindos de lições aprendidas com a utilização do processo, ou até mesmo

ajustes solicitados pela consultora. A Digitaldoc optou pela contratação de uma pessoa para

este trabalho em tempo integral, sendo que em algumas etapas não foi necessário todo o

tempo da mesma.

Tabela 2 – Subsídios destinados ao projeto MPS.BR

SUBSÍDIOS

SOFTEX CITS SEBRAE 40% 22,7% 40%

Fonte: Digitaldoc (2011)

Na questão de subsídios, a SOFTEX contribuiu com 40% do custo total, o CITS com

22,7% do restante, e por último o SEBRAE contribuiu com 40% do que ainda havia de custos

(DIGITALDOC..., 2010).

Tabela 3 – Custos relacionados ao projeto MPS.BR

(continua)

CUSTOS

1 - Custos normais do projeto: 37% de R$ 45.000,00

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Tabela 3 – Custos relacionados ao projeto MPS.BR

(conclusão)

2 - Cursos (entre valor de viagens e

os cursos):

C1: R$ 800,00 (1 pessoa)

Gerência de Projetos (3 pessoas): R$2.100,00

Workshop: N/A – incluso nos custos do projeto.

3 - Recursos Humanos (equipe de

processo):

Recurso 1* - N/D*

Recurso 2* - N/A

Recurso 3* - N/A

4 - Ferramentas: 0 – não se teve custo com aquisição de

ferramentas.

5 - Avaliação N/A – incluso no valor do projeto. Fonte: Digitaldoc (2011)

Custos com recurso humano 1 – Analista de Processos (APC) responsável pela

execução da maior parte das atividades do projeto, o que inclui definição de ferramentas,

criação de artefatos e do processo, criação e execução de treinamentos, entre outros. Este foi o

recurso alocado integralmente para o projeto. Foram necessárias todas as horas nas etapas de

Definição e uma parte na Institucionalização para acompanhamento dos resultados. No

entanto em algumas etapas não foram utilizadas todas as horas para este fim. Os custos para

os recursos não foram divulgados. Foram considerados para o recurso 1:

Meio período de trabalho nos 4 primeiros meses;

Período integral no ano inteiro de 2011, mais Janeiro e Fevereiro de 2012. Neste

caso, nem todas as horas foram utilizadas para o projeto MPS, principalmente

quando inicia os projetos com execução do processo. No entanto, foram

contabilizadas todas as horas.

Custos com recurso humano 2 – Diretor/APC – os custos relacionados a este recurso

não será abordado pelo fato do cargo exercido pelo mesmo e de que não houve a contratação

do mesmo. Também pelo fato de não se ter acesso ao valor do salário do mesmo. As horas

gastas deste recurso serão consideradas na Tabela 4.

Custos com recurso humano 3 – APC – os custos deste recurso também não será

abordado pelo fato da pouca participação deste no projeto e as horas gastas serem

aproximadas, e também pelo fato de já ser um colaborador efetivo. Também pelo fato de não

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se ter acesso ao valor do salário do mesmo. As horas gastas deste recurso serão consideradas

na Tabela 4.

Foram gastas quantidade de horas bem relevante no projeto como um todo, com a

definição, criação do processo e dos artefatos, acompanhamento do projeto, cursos,

workshops, avaliações, consultorias. Os mesmos estão citados na Tabela 4 que se segue.

Tabela 4 - Horas gastas no projeto Rumo ao MPS.BR

HORAS GASTAS NO PROJETO

1 – Consultorias 80 horas (aproximado)

2 – Cursos e Workshops C1: 16 horas

Gerência de Projetos: 48 horas (3

pessoas)

Workshop MPS.BR: 48 horas (3

pessoas)

3 - Recursos Humanos (equipe de processo): Recurso 1* - 2.950 horas (aproximado)

Recurso 2* - 200 horas (aproximado)

Recurso 3* - 200 horas (aproximado)

4 – Treinamentos da equipe interna no

processo:

20 horas (aproximado)

5 - Avaliações: Pré-diagnóstico: 16 horas

Simulação de Avaliação: 8 horas

Avaliação Inicial: 8 horas

Avaliação Final: 8 horas Fonte: Digitaldoc (2011)

Foram considerados para o recurso 1:

Meio período de trabalho nos 4 primeiros meses;

Período integral no ano inteiro de 2011, mais Janeiro e Fevereiro de 2012.

Foram considerados para o recurso 2 e 3:

Participação em consultorias

Cursos;

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Planejamento e Definição;

4.4.3 Ferramentas Utilizadas

Para a criação dos artefatos/documentação necessários para atender os itens do MPS

devem ser definidas ferramentas que serão utilizadas, principalmente para a criação do

processo. No caso da Digitaldoc foram definidas as seguintes ferramentas para o auxilio na

criação dos artefatos ou ativos de processo: BizAgi, Word, Excel, PowerPoint, MsProject,

WBS Chart Pro, SVN (Subversion) o CRC (Sistema de Controle de Requisições) e o

Digitaldoc para armazenamento e gerenciamento dos dados. Nenhuma das ferramentas teve

custo para a empresa pelo fato de algumas serem gratuitas, outras serem fruto de parcerias e o

Digitaldoc que é a ferramenta da empresa para gestão eletrônica de documentos.

O BizAgi foi o software utilizado para a construção do processo de software. É um

modelador de processos em BPMN (Business Process Modeling Notation) que possibilita

diagramar os processos de uma forma dinâmica e simples, permitindo organizar graficamente

os processos e as relações existentes em cada etapa, possibilitando uma visualização do

processo como um todo. A Figura 8 mostra o processo na ferramenta BizAgi:

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Figura 8 – Ferramenta BizAgi

Fonte: Digitaldoc (2011).

Atividades podem ser criadas em seqüência identificando exatamente os passos a

serem seguidos e a relação entre elas. Podem ser criados para essa atividade todos os atributos

necessários a mesma, como Descrição, Entrada, Saída, Recursos, Responsáveis, Participantes

entre outros. É possível inserir links para documentos, apresentações, URLs, tabelas, imagens

entre outros. A Figura 9 apresenta uma estrutura padrão de processo sugerida pelo CITS,

sendo também uniforme à disponibilizada e citada em trabalhos a respeito deste assunto. Um

ciclo de vida em forma de processo pode ser criado utilizando o BizAgi.

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Figura 9 – Arquitetura dos Processos

Fonte: CITS(2010).

Uma das opções interessantes do BizAgi é que um processo pode ser exportado para

HTML(Hypertext Markup Language ), o que proporciona facilidade na hora da manipulação

do mesmo. Ele pode ser disponibilizado facilmente na intranet da empresa para que os

funcionários visualizem e leiam o mesmo, já que, ao clicar em uma atividade nesse formato,

abre uma visualização da atividade, sua descrição e os outros atributos da mesma. No entanto

além dessa opção o processo pode também ser exportado para Word, PDF, imagem, Visio,

XPDL, SharePoint e Wiki.

4.5 DURAÇÃO DO PROJETO RUMO AO MPS.BR

O projeto rumo ao MPS.BR tem duração normal de 15 meses conforme Figura 10. Ou

seja, se tudo correr normalmente, em um prazo de 15 meses a empresa obtém a certificação.

Como pode ser visto na Figura 11, o primeiro mês é para formalização, assinaturas de

contrato com CITS(II) e SOFTEX, e para planejamento do projeto (tarefa da II). A fase de

Definição tem por padrão duração de 6 meses. A etapa de Institucionalização tem duração de

8 meses até a certificação. Entre a execução da Institucionalização tem-se as avaliações Inicial

e Final, além da simulação de avaliação que não é citada na Figura. E por fim o Encerramento

também no último mês.

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Figura 10 – Duração do projeto Rumo ao MPS.BR

Fonte: CITS (2010)

A Figura 11 apresenta o planejamento de consultorias, workshop, avaliações, datas de

emissão do laudo de 50% e 100%, entre outros, feito pelo CITS. Neste calendário é planejado

também um cronograma para as outras empresas do grupo, para que os custos sejam

divididos. No entanto, fazendo comparação da figura 11 com a Tabela 5 pode-se notar que a

maioria das datas não foram cumpridas. O CITS e SOFTEX possibilitam esta flexibilidade, no

entanto alguns fatores devem ser levados em consideração para o adiamento de algum dos

marcos estabelecidos. Por exemplo, deve haver consentimento de todas as empresas do grupo

em caso de necessidade do mesmo, também pode haver conflito na agenda dos consultores,

entre outros fatores. No entanto, a II deve comunicar formalmente à SOFTEX alguma

alteração para que a mesma avalie e aprove.

Figura 11 – Planejamento Digitaldoc

Fonte: Digitaldoc (2010)

Tabela 5 – Execução do Projeto MPS.BR

EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO Novembro /2010

Abril /2011

Setembro /2011

Outubro /2011

Janeiro /2012

Fevereiro /2012

Gap analisys (diagnóstico)

Obtenção do laudo de 50%

Simulação de avaliação

Obtenção do laudo de 100%

Avaliação Inicial*

Avaliação Final*

Fonte: Digitaldoc (2011)

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As avaliações Inicial e Final ainda não foram executadas, mas estão previstas para

Janeiro e Fevereiro de 2012 respectivamente. Pode-se observar na Tabela 5 que houve atrasos

em várias atividades. Como um todo o projeto teve duração de 17 meses (incluindo o mês de

Formalização e Planejamento). No caso da Digitaldoc a fase de Definição (incluindo gap

analisys e workshop) teve duração de 6 meses, a fase de Institucionalização 8 meses (não

contando Janeiro e Fevereiro que são os meses das avaliações).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÃO

Através de fundamentações teóricas deste projeto é notável que o MPS.BR surgiu de

uma necessidade real das empresas de pequeno e médio porte do Brasil. Pesquisas mostraram

que as empresas são conscientes da necessidade de melhoria de processos e principalmente da

prática da Engenharia de Software. É grande o número de projetos que falham por motivos

óbvios, como a falta de gerenciamento do projeto, não controlando prazos, custos, desvios no

orçamento, falta de gerenciamento de requisitos tendo um escopo não definido

adequadamente e mudando sempre, sem se ter controle dessas mudanças, e por fim um

agravante maior: a insatisfação do cliente.

No entanto implantar um modelo de melhoria de software como o CMMI era

economicamente inviável para empresas de pequeno porte, as chamadas PMEs, que é a

grande maioria no Brasil – 73% de acordo com a SOFTEX.

O MPS.BR surgiu para atender essa necessidade, melhorar a capacidade de

desenvolvimento de software das organizações através da melhoria contínua de seus

processos aplicando as boas práticas da engenharia de software e a um custo acessível. O

MPS.BR é um caminho economicamente viável para que as organizações alcancem os

benefícios da melhoria de processos e da utilização das boas práticas da engenharia de

software, em um tempo razoável. As pesquisas realizadas anualmente pela SOFTEX têm

mostrado que as empresas estão tendo resultados positivos com a implantação do MPS, como

aumento da produtividade, qualidade e satisfação dos clientes.

O estudo de caso da Digitaldoc mostrou que o APL-Iguassu IT, a SOFTEX, o CITS e

o SEBRAE contribuíram muito para a empresa estar a um passo de obter a certificação e ter

melhoria nos seus processos de desenvolvimento de software. Cada uma destas empresas teve

um papel fundamental inclusive na questão de subsídios aos custos do projeto, que, como

apresentados neste trabalho, não são baixos.

É importante destacar também os benefícios de participar de um grupo de empresas

que estão no mesmo rumo, com os mesmos problemas, e alcançando também resultados

positivos.

O trabalho também mostrou que não é necessário que uma empresa esteja altamente

estruturada para então poder entrar no processo de obtenção da certificação. Tudo depende da

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avaliação que o consultor faz da situação atual da empresa quanto a processos, equipe, etc. A

Digitaldoc no início da implantação contava apenas com uma equipe de menos de 15

colaboradores incluindo os sócios. No entanto, a empresa deve estar disposta à mudanças

organizacionais e a equipe deve estar comprometida com melhorias contínuas.

A Digitaldoc já mostra avanço nos seus processos. Os benefícios já são visíveis

internamente. É possível identificar que há um gerenciamento melhor dos projetos,

conseguindo identificar os benefícios do escopo negativo que agora é usado não apenas para

projetos de software, mas em vários outros aspectos na empresa. Os projetos são agora

mensuráveis, inclusive o desenvolvimento dos requisitos, pois a partir da técnica de

estimativa de tamanho criada, é possível identificar o tamanho de cada requisito levantado.

Com isso foi identificada a produtividade da equipe, conseguindo ainda calcular quanto

esforço e prazo são necessários para concluir o projeto. Passou-se também a calcular os custos

relacionados a cada projeto e até identificar se determinado projeto seria viável ou não. Todos

os novos negócios – projetos, customizações – estão sendo executados a partir do Processo de

Software Digitaldoc.

5.2 TRABALHOS FUTUROS/CONTINUAÇÃO DO TRABALHO

É interessante pesquisar como as empresas que já tem a certificação nível G estão se

comportando quanto à continuação do projeto tendo como objetivo a melhoria contínua e

alcance dos próximos níveis do MPS. Verificar se os processos continuam sendo utilizados, se

continuam a trazer benefícios, se é de interesse das empresas o alcance dos próximos níveis.

Por exemplo, o nível F trata do Gerenciamento de Portfólios de Projetos, Medição, Garantia

da Qualidade, Gerência de Portfólios do Projeto, Gerência de Configuração e Aquisição.

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