poemethos 17 - rl.art.br adonara-se de nós poderosa, feérica veloz e muito acima o vôo do...
TRANSCRIPT
poemethos 17
adroaldo bauer
porto alegre, maio de 2011
Avuo eu, planas tu
no revirado dum mundo outronas tuas ruas, em teus planosneles, nelas planas os panosavuo eu, perdas e danos
quebra-se-me em ondas o mar...voam-se-me os sonhos aos céussem mais porquês, por te amarna beirada fria, ansiada mesmo
no quebra-mar a esmo, tu mesma numa enseada
Os pés na lua
Em meio a tanto enleio tontoficando vou-me aos céus sem pranto
é que aluarado vou ficandomuito mais que hera, musgo e visgoé um natural acordo meu contigo
é uma natureza nossade marca de pó e empedra, de barro, só.
(por ler Manoel de Barros)
Síntese de amor e paz
síntese pra feticheé acinte
...Assim se vive...
de recomeços váriosdiários
de altos, baixos e tropeçosnem de tudo que se merece
mas do que por merecer se faz
Tem uma vida, amor
Tem um minuto inesquecívelque passa a ser únicoporque nele estás
Tem um século conturbadode guerras e pouca pazem que estamos nós
Tem uma vida sonhada: sósa natureza, sol, mar, e nós
que deve se realizarTem muita florpouca dore mais amorsei que tem, sei que vem
ano esse ou noutrem
Vaivém de mar intenso amar
naquele justo momentoéramos pessoa uma único e raro instantea espera exasperara paralisado eu ficara
tu inerte se abandonarauma corrente elétricaadonara-se de nóspoderosa, feérica
veloz e muito acimao vôo do albatroz
perto a gaivota planaa veloz arremetida do gaviãovaivém de mar intenso amarum pulso só, um só coração
Assim é só
Esqueço não, amor Apenas recordo, Sempre, sem dor
Cantarei, sim. Nem de ciúmes seja
Ah, se pedisses a mim uma composição
eu a faria de coraçãomas não a pedes
por que não a queres?por que não sabes me pedir?sei que sentes, sinto aquiao lado esquerdo de mimera pra ser um amor tanto
e no entanto, no entanto, amoré desencanto, eu te ver linda
ele mais ainda, ambos a cantara canção que não fiz
que farei nem que só pra mim
Isso rima com vou já
Isso até parece aquiloAinda mais que sintoSinto ainda mais o quêSem senso o senseiSeixo rolado "no way“
Durma com riso Escorrega no córregoTapete sem topete
Cem toupeiras em pitiCentopéias por aquiSinto muito de já vir
Por devir vi já e vou-meDe sentir, voou-me a pedraEscalavrada em pá lavradaA palavra escavoucada
São coisas da vida
Vida curiosa, pensoFaço do detalhe um peso
o geral dispensonão que desimporteé que não confortaa dor de um é únicaé uno o amor de dois
então, ora pois,deixe-nos sós, com sorte
pensei em pedrachamei paupensei fogo
choveu granizopensei riso
a lágrima roloufico indeciso assim
confesso perder o juízoera preciso, sim
Ela sabe de mim
ela provocaassim louca, tinhosa
doce, manhosacaprichosa, amorosa
ela provocasabe que me toca
Digo, sim, que amo
Só digo que amo quando amo.E sinto que amo quando digo. Por que diria se não o sentisse?
Dizer me ajuda a perceber. É como escrever,
que ajuda-me a viver, além de ver de outro modo o ser
O cinza do amanhã
Essa manhã cinza
denuncia sol escondido
um coração partido
uma partida súbita
Essa manhã assim
diz muito mais de mim
que a luz desse outono
diz do fim, do abandono
Essa manhã cinza
de uma chuva suspensa
que não desaba, sei
mais, menos dia acaba
Pra minha mãe
Passamos por issoSabemos, há viçoHá muito sei dissoSeguimos, entantoEspreitando a vidaVivendo cada horaCada compromisso
Assim é bem
É bem assim:com cara de bolacha
a gente que nos olha nos achavamos à frente, pé por pé
riso escancarado,um passo mais lentooutro mais acelerado
um salto, não muito altoe, veja só o que é:
lá estamos, enamorados inebriados.
Mulher amada minha
Se é assim que éAssim é que é sim
amada minha mulher
Só é amor
É só pra dizer que simÉ, sim, só pra dizer.
Pra dizer te amo, sim.
Amor meu que és mar
Vi ainda hoje o amoro mar a beijar a areia
a sereia o canto a entoaro barco a vela enfunada
a navegara gaivota e o albatroz em vôos nos céus
linhas imginárias a traçarse não era amor...bem, isso eu vi
quando pensava em ti e sonhava te beijar.
Sempre se aprende
a solidão ensina sobre a convivência.a raiva a compreender a tolerância.o tédio diz da importância do fazer.
o silêncio, sobre o que dizer.o cansaço imprime valor ao repousoa doença depõe a favor da saúde.
o fogo diz da água.a terra, do espaço
o mar imenso, das margensa morte, sobre significar a vida
Amo, ergo sum
Se cogitas, és entãoCogitas dos que não cogitam
Então, pra ti, eles sãoa ninguém nada se obriguepor obrigação não se amaApenas amo, por devoção
Todo dia é uma vida
Se tenho um sonho eu o persigoSe tenho um dia a mais eu o bendigo
De Jesus humano recolhoOs bons exemplos de condutaAssim faço todo dia que vivotoda hora que tenho é de lutaA minha estrada ainda escolho
Amo vocês
E por isso repito, toda hora...todo diatodo mêsano a ano
Por isso vivoporque amo vocês
a lembrança de vocêsa presença de vocêsnão é insensatezé apenas porque entra ano, sai ano
e são vocês que amorepito: amo vocês.
O amor por mim é assim
Olho o espelho é vidroolho de vidro é espelhosinto muito mesmomesmo muito sintoentanto se digo
...só digo que sintoe se dizem que sentemmuito sinto que sintam
não entendo que não falemse pensaram mal de mim
não entendo que não falem se pensaram bem de mimsó entendo que não falem, se nada mesmo pensarammas sempre estão vigiando a ti e a mim observando
pra que façamos como querementão, falo, canto, grito, agito
Estrelado é
Abraço a árvore agoraligado a ela fora sempreda cidade eu ela de fora
a cotovia pousada...no cotovelo do galho, a rola enfiada nas folhas adentra perdiz o matagal
o gramado aparado em peloesbugalho os olhos meusvejo pouco já os teusde tanto escuro é céuprofundo e salpicadopor aqui pirilamposfazendo os bordadosestrelada abóbadauma doce goiabada
Imprecisão
plano é metro que não nos guia a existência acontece aos sobressaltos
ou nos assalta rotinanos tenta à agonia
para sufocamento certo