qualidade da Água para consumo humano no … · 2008-11-21 · seres vivos, sejam eles animais ......
TRANSCRIPT
QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NO MUNICÍPIO DE HONÓRIO SERPA: ÊNFASE AO USO DOS
AGROTÓXICOS
QUALITY OF WATER FOR HUMAN USE AT HONÓRIO SERPA’S COUNTY: AGROTOXIC APPROACH
Claudia Martins dos Santos1
Edwing Martin Holguin Wilson2 RESUMO Foi feito um estudo sobre a contaminação por agrotóxicos em bacias hidrográficas do Município de Honório Serpa do Estado do Paraná. O objetivo foi analisar a qualidade da água em 21 pontos estratégicos correspondentes a essas bacias, fazer a detecção de agrotóxicos por dessecação nos laboratórios da Faculdade de Pato Branco do Paraná (FADEP), e análise química da água no Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná – (UNICS). Os resultados mostram que 85,71% apresentam compatibilidade com resíduos do agrotóxico Glifosato, 71,42% do inseticida Karat, 57,14% do herbicida Select, 61,90% do inseticida Curacrom, 57,14% do adjuvante inseticida Samarita e 33,33% do herbicida Cobra. Os resultados da análise físicos química demonstram que as amostras estão alteradas no pH 23,8%, e no padrão de condutividade 23,8%, na cor 23,8%, na turbidez 28,5%, concluindo que há contaminação com resíduos compatíveis com agrotóxicos em grande parte das amostras e sugere-se um trabalho mais aprofundado para verificar as implicações na saúde da população exposta. Palavras-chave: Qualidade da Água, Honório Serpa, Agrotóxico.
1 Claudia Martins dos Santos, Dicente do 8º Período do Curso de Enfermagem da Faculdade de Pato Branco
(FADEP), e mail:[email protected]. 2 Edwing Martin Holguin Wilson, Ms:em Saúde Coletiva pela ULBRA. Docente da Faculdade de Pato
Branco (FADEP); e mail:[email protected].
ABSTRACT A study about agrotoxic contamination of underground water at Honorio Serpa County in the State of Paraná –Brazil was made. The objective was to analyze the quality of water in 21 strategic points corresponding a specific points and detect agrotoxic products by drying in FADEP (Faculdade de Pato Branco) and UNICS (Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná) laboratories. The chemical analysis showed that 85,71% were contaminated with cristals Glifosato-like; 71,42% with cristals Karat-like; 57,14% Select-like; 61,9% with Curacrom-like; 57,14% with Samarita-like, and 33,33% with Cobra-like cristals. Physical and chemical analysis showed that 23,8% of the samples are contaminated in pH, conductivity pattern in 23,8%, color in 23,8%, turbidity in 28,5%, concluding that there are contamination with agrotoxic-like rests in a great number of samples, leading to a deeper work to verify health conditions of exposed population. Key Words: Water quality, Honorio Serpa, Agrotoxic
1 INTRODUÇÃO
Honório Serpa é município localizado no sudoeste do Estado do Paraná no
Brasil, que tem como principal fonte de sustento a produção agrícola. A população
estimada segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para
2007 foi de 7200 habitantes. A agricultura do município é composta em grande
parte por proprietários que vivem da agricultura familiar, tendo em vista que o
município teve vários assentamentos da reforma agrária. Os produtores cultivam
soja, milho, feijão trigo e cevada entre outros. Com o objetivo de melhorar a
produção e o rendimento, se faz uso intensivo de agrotóxicos de tipo herbicidas,
inseticidas e fungicidas entre diversos grupos químicos; com o aumento da
produção houve aumento da área de cultivo, e conseqüentemente o uso de
agrotóxicos, mas, aumentaram as áreas desprotegidas, tais como nascentes de
água. A não existência de curvas de nível para reter as águas das chuvas na
lavoura, fazendo com que as águas com agrotóxico drenem para as bacias
hidrográficas.
O Ministério da Saúde têm as portarias destinadas à vigilância da qualidade
da água para consumo humano. Assim, no anexo à Portaria n.º 518, de 25 de
março de 2004 que diz a respeito: “Vigilância da qualidade da água para consumo
humano – conjunto de ações adotadas continuamente pela autoridade de saúde
pública para verificar se a água consumida atenda a esta Norma e para avaliar os
riscos que os sistemas e as soluções alternativas de abastecimento de água
representam para a saúde humana”. (BRASIL, 2005, p.13)
Em anexo à Portaria nº 1.469 de dezembro (2000, p.9) a letra diz: “[...] são
adotadas as seguintes definições: água potável – água para o consumo humano
cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao
padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde”.
A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência de todos os
seres vivos, sejam eles animais ou vegetais mas é de suma importância que a
água atenda os padrões de potabilidade para que não venha ocorrer patologias
devido a contaminação das mesmas. Segundo o Ministério da Saúde (2005). “[...]
portabilidade para substâncias químicas (orgânicas e inorgânicas) representam
risco à saúde, são levados em consideração os efeitos crônicos resultantes de
exposição prolongada, ou seja, da ingestão contínua de água com uma dada
concentração de uma substância [...]”.
Percebe-se que não tem como negar que a água é um dos bens mais
importantes que a natureza oferece para o homem, já que somos dependentes
dela para a maioria das atividades diárias, e principalmente para a nossa
sobrevivência. “Nas pessoas a água representa 60% no seu peso total, e em
alguns seres aquáticos, esse percentual chega a 98%. No entanto, para o ser
humano ela é especialmente importante, já que ela não nos serve apenas para
beber, a água é usada pelas pessoas para vários fins [...]”. (VALLE, p.31, 2002).
De toda a água existente no mundo cerca de 97% são águas oceânicas, portanto impróprias para o consumo humano, os 3% de águas restantes são sim apropriadas para o consumo, porém a maior parte dela está congelada nas calotas polares ou no subsolo à grandes profundidades, e até mesmo em nossa atmosfera, depois de tudo isso o percentual de água doce que pode ser utilizada pelo homem é cerca de 0,3%. Daí a importância de se cuidar este recurso natural que é de vital importância para a preservação de toda vida existente na biosfera, a água. (VALLE, 2002, p. 32).
A preservação da qualidade das águas onde a contaminação representa
risco para a população e principalmente para a futura geração.Tais quais os
mananciais e nascentes na sua grande maioria estão inseridos na área rural, por
tanto, perto das áreas de cultivo agrícola onde há uso intenso de agrotóxicos.
Mesmo com o avanço tecnológico, o uso de produtos químicos na agricultura tem
aumentado. Segundo Stützer e Guimarães (2003) em comparação ao uso
totalmente inadequado que se verificou nos anos 60 e 70, hoje esses produtos se
tornaram mais específicos, e a tecnologia de aplicação, passou a ser mais
difundida e aplicada, novas gerações de formulações. Durante a Guerra do Vietnã,
o uso do “agente laranja” como desfolhante, teve como resultado o nascimento de
crianças vietnamitas com malformações. Isto trouxe um alerta a estes produtos.
Este “agente laranja” (o 2,4D e 2,4,5-T), contém dioxina, um composto
causador de deformações em recém-nascidos que se conhece como teratogênico,
e permanece no solo e na água por um período superior a um ano. Os herbicidas,
tipo agente laranja fazem parte do conjunto dos agrotóxicos conhecidos como “os
doze sujos”, os mais nocivos para os seres vivos que desde 1985 estão proibidos.
(PLANETA ORGANICO, 2005)
Segunda a Lei Federal n° 7.802 desde julho de 1989, regulamentada
através do Decreto 98.816, no seu Artigo 2º, Inciso I, define o termo agrotóxico,
“Os produtos e os componentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e a fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento”.
De acordo com César Kopper Grisolia, pode se definir que:
Os agrotóxicos são biocidas por natureza, isto é, são venenos utilizados na agricultura para exterminar alguma forma de vida, aquelas que para o homem constituem uma praga agrícola. Assim, não há agrotóxico inofensivo, entretanto, alguns fungicidas, inseticidas e herbicidas são extremamente agressivos ao meio ambiente e a saúde humana. (GRISOLIA, 2005, p. 123)
Os agrotóxicos, no Brasil, são classificados em função do grupo químico
ao qual pertencem:
Organofosforados, são compostos orgânicos derivados do ácido fosfórico,
e um inseticida desenvolvido na segunda guerra mundial. De acordo com Braga :
Os organofosforados atuam inibindo a Acetilcolinesterase (AChE), importante enzima do sistema nervoso central. Essa enzima é fosforilada pelo inseticida, ficando irreversivelmente inativada. A inibição de AChE resulta no acúmulo de acetilcolina nas junções nervosas (ou sinapses), o que impede a interrupção da propagação do impulso elétrico. Conseqüentemente, o sistema nervoso central continuará sendo estimulado, desencadeando o processo de paralisia que pode culminar com a morte do inseto. (BRAGA, 2007, p. 10)
Organoclorados, são compostos a base de carbono, com radicais de cloro,
é inseticida do grupo do DDT (inseticidas conhecidos do grupo ciclodienos) e BHC
(Hexaclorobenzeno), foram desenvolvido após a segunda guerra mundial
atualmente esta proibida na maioria dos países.
Carbamatos, são derivados do ácido carbâmico. “São usados como
inseticidas, nematicidas e acaricidas em amplo aspectro de cultivo agrícolas. São
fortes inibidores da enzima colinesterase e são muito tóxicos para o homem . As
principais vias de contaminação humana são a inalatória e oral”. (GRISOLIA,
2005, p. 267)
Inseticidas, possuem ação de combate aos insetos, e pode pertencer a
quatro grupos químicos que são: organofosforados, carbamatos, organoclorados e
piretróides.
Fungicidas, possuem ação de combate aos fungos, existe grande
variedade no mercado.
Herbicidas, têm os elementos Arsênico, Metano, Arseniato de sódio de
forma orgânico e inorgânico, o uso é para combate das ervas daninhas. “O arsênio
tem efeitos específicos sobre as células endoteliais das veias do fígado. A
exposição ao arsênio por água contaminada provoca indução de tumores
hemangioendotelial ou angiossarcoma no fígado. A pele é o órgão crítico da
exposição ao arsênico [...] a uma relação direta entre a incidência de câncer de
pele e de pulmões no homem por inalação ou ingestão de compostos arsênicos”
(GRISOLIA, 2005, p. 127). Esse grupo de agrotóxico tem tido um aumento
crescente na agricultura, pois os herbicidas substituem a mão de obra na capina.
[...] O uso excessivo de fertilizantes e pesticidas fez com que grandes quantidades de agrotóxicos se infiltrassem no solo, contaminando o lençol de água e penetrando nos alimentos. Talvez metade dos pesticidas existentes no mercado contenha produtos derivados da destilação do petróleo que podem destruir o sistema imunológico natural do corpo. Outros contêm substâncias especificamente relacionadas com o câncer. (CAPRA apud ZWERDLING, 1982, p. 250).
No Brasil vigora a portaria 36/Bsb/90 do Ministério da Saúde, que exige a
análise de um conjunto de agrotóxicos, no entanto, inclui apenas 20 dos
ingredientes ativos mais usados no Estado do Paraná. (ANNIBELLI, 2004, p.174)
Cabe o Ministério da Saúde, rever essa questão que não dá suporte a
realidade do Estado do Paraná. De acordo com Annbelli (apud, ANDREOLI &
FERREIRA, 2004 p. 174) “afirmaram que o Estado do Paraná apresenta mais de
400 ingredientes ativos distribuídos em aproximadamente 700 marcas comerciais”.
Devido aos fatores apresentados acima, essas substâncias devem ser
segundo Stützer e Guimarães, (2003, p. 70) “bem estudadas, para que seus riscos
potenciais possam ser muito bem definido, e medidas para atenuar seus possíveis
impactos devem ser muitas bem determinadas por meio de ações reguladoras e
técnicas”. Aliado a esse entendimento do risco, o governo com os diversos setores
da sociedade organizada, esta constantemente propondo legislações que sejam
atualizadas e em conformidade com os países desenvolvidos.
O processo de registro de um agroquímicos no Brasil é regido pela Lei
7802, de 1989, por seu Decreto Regulamentado 4074 e Portarias normatizadoras.
É importante salientar que, nos anos 60, os estudos toxicológicos solicitados eram
poucos, baseando-se apenas nas exposições em curto prazo em animais de
laboratório. Em 1974, a CNNPA (Comissão Nacional de Normas e Padrões para
Alimentos), por meio da Portaria 12/74, passou a solicitar a apresentação de
testes subcrônicos, crônicos, teratogênicos e carcinogênicos para registro de
produtos para uso na agricultura.
O processo de registro completa-se após as avaliações de eficácia agronômica pelo Ministério da Agricultura, de toxidade a saúde humana pelo Ministério da Saúde e de periculosidade ao meio ambiente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), [...] Até hoje, nenhuma empresa enviou, em seus dossiês, testes positivos para as características mutagenicidades, carcinogenocidade e teratogenicidade que possa comprometer o registro de seus produtos e provavelmente nunca enviaram. Entretanto, pode-se verificar muitos casos de contradição entre resultados dos testes contidos nesses dossiês e dados que se encontram na literatura cientifica internacional [...].(GRISOLIA, p.56, 2005)
O processo inicia-se com protocolos dos dados, ao mesmo tempo, nos
três órgãos envolvidos. O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e IBAMA
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente).
Após análises, simultâneas, a ANVISA envia ao MAPA documento sobre a
classificação toxicológica e análise toxicológica do produto e o IBAMA enviam ao
MAPA a avaliação ambiental contendo o Potencial de Periculosidade Ambiental e
a classificação ambiental do produto. O MAPA aprova o rótulo e a bula e emite o
Certificado de Registro; em seguida, para a comercialização nos diversos estados
federativos, devem ter cadastramento em todos eles.
Cabe ao Ministério da Saúde, por meio da ANVISA, proceder à avaliação
toxicológica, que basicamente se compõe de duas etapas: classificação e
avaliação.
A classificação toxicológica é realizada baseando-se nos dados de
toxicologia aguda do produto técnico, e da formulação; dependendo dos
resultados dos testes, os produtos podem ser classificados em uma das quatro
classes toxicológicas de acordo com Stützer e Guimarães
Classe I – extremamente tóxico – faixa vermelha Classe II – altamente tóxico – faixa amarela Classe III – moderadamente tóxico – faixa azul Classe IV – produto tóxico – faixa verde
Os estudos necessários a essa avaliação são:
DL50 oral aguda, DL50 dérmica aguda, irritabilidade ocular, irritabilidade dérmica,
sensibilização dérmica e CL50 inalatória. (STÜTZER E GUIMARÃES, 2003, p. 71)
Dentro de várias abordagens deste estudo o desenvolvimento e a aplicação
de determinadas características de diferentes fatores envolvidos entre essas os
receituários do agrônomo. Segundo Alves, (2002, p.114). “Lei 7747, de 22 de
dezembro de 1982: Dispõe sobre o controle de agrotóxicos e outros biocidas [...]
passando a exigir o receituário agrônomo para qualquer defensivo agrícola
registrado no Ministério da Agricultura, independente da quantidade ou da
classificação toxicológica”.
O profissional agrônomo é que da a assistência técnica, para melhorar a
produção em função do uso de meios tecnológicos “atualizados” para resolver o
problema do produtor quanto a produção. Para isto deve ser expedido um
“receituário”, sendo o agrônomo o único que pode preencher essa forma. O
agrônomo vira “alvo” do interesse comercial das empresas produtoras de
agrotóxicos, da mesma forma que os representantes dos laboratórios
farmacêuticos fazem promoção de seus produtos com os médicos.
Na área médica, existe listagem de produtos que somente podem ser comercializados mediante receita médica, visando á proteção individual no campo da saúde humana. Os pesticidas, entretanto, são vendidos livremente e não só causam danos á saúde individual, como também provoca casos de intoxicações coletivas, mortes, poluição ambiental e extermínio da fauna e flora. (ALVES, apud, CHÉRCOLES, 2002, p. 96),
O uso indiscriminado de agrotóxicos afeta tanto a saúde humana quanto o
meio ambiente. Segundo Grisolia (2005), As populações humanas, de modo geral,
são expostas aos agrotóxicos em diferentes níveis, principalmente pela ingestão
de alimentos, água com excesso de resíduos.
De acordo com Grisolia, (apud, HURLEY, 2005 p.79), [...] uma série de 24
agrotóxicos que produzem tumores nas células foliculares da tiróide em roedores.
Fez-se uma divisão de acordo com o diferente mecanismo de ação: treze
induziram câncer na tiróide e também no fígado [...] nove induziram tumores em
outros diferentes órgãos ou tecidos [...]. Stützer e Guimarães, (2003) confirmam
que essas pesquisas são realizadas em animais de laboratório, como ratos,
camundongos, coelhos, porquinho-da-índia, dentro de protocolos internacionais.
Faz-se necessário ressaltar que a classificação toxicológica não diz
respeito única e exclusivamente a quem manuseia o produto havendo exposição
única; também importante como medida de segurança para quem trabalha na
produção, na embalagem, no armazenamento, no transporte, no preparo da calda
e na aplicação dela.
Segundo Mariana Baggio Annibelli, (2004, p.172) Para garantir a
adequada destinação dessas embalagens utilizadas no Paraná possui quatorze
unidades de recebimento e triagem. E ainda Mariana descreve como era a
situação que acometia o meio ambiente, “muitas vezes eram lançadas dentro de
mananciais de água, ou abandonadas nas lavouras, jogadas á beira das estradas,
ou queimadas á céu aberto [...] Atualmente o Paraná tem o maior índice de
recolhimento de embalagens do país”.
O problema maior dos agrotóxicos é sua solubilidade na água, o que pode
fazer que sua presença nos reservatórios, córregos e outras fontes de água para
consumo humano passe despercebida.
Para o abastecimento urbano, da população de Honório Serpa, a água
coletada é tratada por uma empresa pública, estadual a SANEPAR, fazendo-se os
controles microbiológicos através do programa SISAGUA, por requerimento da
Vigilância Sanitária Municipal. No período de Janeiro a Abril de 2006, realizaram-
se 17 análises em diferentes pontos do Município, resultando em nove amostras
contaminadas por coliformes totais e três contaminadas por Escherichia coli. O
abastecimento rural de água não é controlado.
Sendo que 70% da população do município é rural, o problema do
abastecimento de água é muito importante, como pode ser visto na tabela 1,
verificando o Informativo Epidemiológico de Honório Serpa, publicado na página
do SIAB, de 2006.
Abastecimento de Água em 2006
URBANO RURAL
Rede pública 70,97% Rede pública 0%
Poço ou nascente28,63% Poço ou nascente 99,86%
Outros 0,40% Outros 0,14%
Tratamento de Água no domicílio
URBANO RURAL
Filtração 4,30% Filtração 1,00%
Fervura 0,78% Fervura 0,31%
Cloração 49,47% Cloração 1,01%
Sem tratamento 45,45% Sem tratamento 97,68%
População urbano 1.815
População rural 4.368
Habitantes em 2006 TOTAL 6.183
Tabela I: Comparativo de abastecimento e tratamento de água em Honório Serpa; Fonte, SIAB (Dez. 2006);
Esta realidade obriga, a saber, qual é a situação real da água na área rural,
sendo que é na lavoura onde os agrotóxicos são amplamente utilizados, o objetivo
deste trabalho é de analisar a qualidade da água do município de Honório Serpa;
em alguns pontos estratégicos correspondentes às bacias hidrográficas que são
utilizadas pelo agricultor; apontar por meio de contagem de indicadores de
potabilidade física, química e se a presença de agrotóxicos nas mesmas.
2 MATERIAL E MÉTODO
A partir dos objetivos e o referencial teórico, que da sustentação a este
estudo, apresentam-se a seguir alguns aspectos metodológicos que viabilizarão a
solução do problema do presente estudo.Trata-se de uma pesquisa quantitativa,
do tipo exploratório para a identificação da qualidade da água em 21 pontos
estratégicos do município. Analisadas para ver a compatibilidade de resíduos dos
agrotóxicos na água entre os elementos químicos de seis princípios ativo,
Glifosato, Select, Cobra, Curacrom, Samarita, Karat, realizado no laboratório da
Faculdade de Pato Branco (FADEP). E realizado as análises Química e Física no
Centro Universitário Diocesano do Sudoeste do Paraná - UNICS.
2.1 PONTOS DAS BACIAS HIDROGRAFICAS
Na (Figura 1) mostra-se os pontos de coletas da amostra da água que foi
analisada totalizando 21 pontos estratégicos pertencentes ao município de
Honório Serpa entre os meses de agosto a outubro de 2008.
Na (FIGURA 2) dentro do mapa do Brasil a localização do estado do
Paraná e do município de Honório Serpa.
2.2 PROCEDIMENTOS PARA CORRETA COLETA DE DADOS DA ÁGUA
A coleta de amostras em campo é possivelmente, a iniciativa mais importante
de um Programa de Monitoramento de qualidade de água. Porém, depende do correto
procedimentos adotados para a confiabilidade dos resultados finais.
Por conta disso, todos os passos para a coleta da amostra da água ocorreram
de acordo com as exigências da EMBRAPA, para não incorrer em procedimentos
inadequados comprometendo os resultados finais.
Os tipos de frascos mais utilizados no armazenamento de amostras são os de plástico, vidro borossilicato e do tipo descartável; sendo estes últimos empregados quando o custo da limpeza torna-se muito oneroso. O tipo de frasco a ser utilizado depende da natureza da amostra a ser coletada e dos parâmetros a serem investigados. (...) A escolha dos frascos geralmente é feita de acordo com o conjunto de determinações a serem realizadas na amostra coletada, por exemplo, frascos para coleta de amostras destinadas à análise biológica, microbiológica, físico-
química, biocidas, etc. Desta forma, existem normas que discriminam o tipo de frasco a ser utilizado de acordo com o parâmetro a ser analisado. (CETESP apud EMBRAPA, 2008, p. 02).
Neste mesmo contexto, a CETESP apud EMBRAPA (2008) menciona
ainda outros cuidados para o correto procedimento na coleta de amostras de
água:
1. As amostras não devem incluir partículas grandes, detritos, folhas ou
outro tipo de material acidental;
2. Para minimizar a contaminação da amostra convém recolhê-la com a
boca do frasco de coleta contra a corrente;
3. Coletar volume suficiente de amostra para eventual necessidade de
repetir alguma análise de laboratório (de 1 a 2 L);
4. A parte interna dos frascos e do material de coleta, assim como
tampas, não podem ser tocadas com a mão ou ficar expostos ao pó,
fumaça e outras impurezas (gasolina, óleo, e fumaça de exaustão de
veículos podem ser grandes fontes de contaminação de amostra).
Recomenda-se, portanto, que os coletores mantenham as mãos limpas
ou usem luvas plásticas (cirúrgicas e não coloridas) e não fumem
durante a coleta das amostras;
5. Imediatamente após a coleta, as amostras devem ser colocadas ao
abrigo de luz solar;
6. As amostras devem ser acondicionadas em caixa de isopor com gelo;
7. Registrar todas as informações de campo como:
a) Identificação do ponto de amostragem e sua localização
(profundidade); data e hora de coleta;
b) Tipo de amostragem (efluente industrial, água de rio, potável, poço,
etc.);
c) Condições meteorológicas nas últimas 24 horas, como chuvas;
d) Nome do responsável pela coleta, endereço e telefone.
2.3 TÉCNICA DE INDENTIFICAÇÃO
Inicio da primeira etapa do estudo piloto no laboratório da FADEP, em
março de 2008 selecionados seis amostras de agrotóxico que são: Glifosato,
Select, Cobra, Curacrom, Samarita e Karat. Técnica desenvolvida para identificar
o comportamento dos mesmos em meio ambiente, utilizado Placa de Petry, capela
que foi finalizado no mês de outubro de 2008.
O que se observaram nas amostra dos agrotóxicos é que o Glifosato,
Select, Cobra e o Curacrom se manteve ativo ao meio ambiente em forma líquida
original de suas composições.
O Karat e Samarita tiveram uma reação de secagem ao meio natural
ocorrido em forma de cristalização.
Segunda etapa do estudo piloto foi aplicada à técnica de identificação de
resíduos de agrotóxicos dissolvidos em água, esta técnica foi desenvolvida nos
laboratórios da FADEP, e foi enviada para o CEPIS da Organização Mundial da
Saúde, sediada em Lima – Peru, para seu registro oficial com o nome de Técnica
de Cristalização por Vaporização. A técnica permite identificar as alterações da
mistura de agrotóxico com a água.
2.4 TÉCNICA PARA INDENTIFICAR OS AGROTÓXICOS
O estudo realizado para a identificar os agrotóxicos foi através da técnica
de Cristalização por Vaporização, que desseca a água até formar uma película de
resíduo que observada microscopicamente identifica cristais dos resíduos por
meio de cristalização por vaporização. Os materiais utilizados foram, Becker de
100 ml, Placa de Petry, Bureta, Pipeta, lâmina, Bico de Buzyn e suporte para o
bico, Grade Amianto e a capela. Com o microscópio foi possível identificar os
elementos químicos dos agrotóxicos a seguir a captura das imagens de cada um
através do sistema HONESTECH TVR 2.5® .
As imagens da cristalização dos produtos agrotóxicos em bruto foram
fotografadas e apresentam a seguinte forma:
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo da potabilidade da água feita pelo Centro Universitário Diocesano
do Sudoeste do Paraná – UNICS, em função dos parâmetros químicos e físicos
das amostras das águas de acordo com os pontos estratégicos do mapa do
município são:
Amostras PARÂMETROS
Nº 01 Nº 02 Nº 03 Nº 04 Nº 05 Nº 06 Nº 07 VMP*
Turbidez 0,0 NTU 0,0 NTU
2,0 NTU
3,0 NTU
0,0 NTU
1,0 NTU
1,0 NTU 1,0
NTU Cor 2 Hz 3 Hz 0 Hz 6 Hz 1 Hz 2 Hz 5 Hz
5 Hz Condutividade 24,1
uS/cm2 124,1 uS/cm2
112,0 uS/cm2
86,12 uS/cm2
28,7 uS/cm2
52,36 uS/cm2
96,85 uS/cm2
100 uS/cm2
pH 5,45 7,15 6,20 6,65 6,42 5,75 7,20 6,0 à 8,5 Acidez Total 10
mg/L 15 mg/L
25 mg/L
13 mg/L
16 mg/L
38 mg/L
42 mg/L **Não
objetável Acidez Carbônica 3
mg/L 6 mg/L
8 mg/L
7 mg/L
5 mg/L
15 mg/L
16 mg/L
Não objetável
Alcalinidade 37 mg/L
29 mg/L
27 mg/L
17 mg/L
42 mg/L
29 mg/L
54 mg/L Não
objetável Dureza 135
mg/L 97,6 mg/L
156 mg/L
265 mg/L
171 mg/L
345 mg/L
256 mg/L 500 mg/L
Cloretos 6,5 mg/L
12,5 mg/L
8,7 mg/L
9,1 mg/L
10,5 mg/L
11,3 mg/L
212 mg/L 250 mg/L
Oxigênio Consumido 81 mg/L
56 mg/L
36 mg/L
91 mg/L
46 mg/L
15 mg/L
61 mg/L 100 mg/L
Oxigênio Dissolvido 42 mg/L
37 mg/L
79 mg/L
81 mg/L
98 mg/L
46 mg/L
70 mg/L 100 mg/L
Amostras PARÂMETROS
Nº 08 Nº 09 Nº 10 Nº 11 Nº 12 Nº 13 Nº 14 VMP
Turbidez 2,6 NTU
2,2 NTU
1,0 NTU
1,0 NTU
4,0 NTU
2,0 NTU
0,0 NTU 1,0
NTU Cor 0 Hz 6 Hz 2 Hz 5 Hz 2 Hz 8 Hz 6 Hz
5 Hz Condutividade 117,0
uS/cm2 88,50 uS/cm2
52,36 uS/cm2
96,85 uS/cm2
24,1 uS/cm2
52,36 uS/cm2
96,85 uS/cm2
100 uS/cm2
pH 6,20 6,65 5,75 7,20 5,45 5,75 7,20 6,0 à 8,5 Acidez Total 25
mg/L 13 mg/L
38 mg/L
42 mg/L
10 mg/L
38 mg/L
42 mg/L Não
objetável Acidez Carbônica 8
mg/L 7 mg/L
15 mg/L
16 mg/L
3 mg/L
15 mg/L
16 mg/L Não
objetável Alcalinidade 27
mg/L 17 mg/L
29 mg/L
54 mg/L
37 mg/L
29 mg/L
54 mg/L Não
objetável Dureza 156
mg/L 265 mg/L
345 mg/L
256 mg/L
135 mg/L
345 mg/L
256 mg/L 500 mg/L
Cloretos 8,7 mg/L
9,1 mg/L
11,3 mg/L
212 mg/L
6,5 mg/L
11,3 mg/L
152 mg/L 250 mg/L
Oxigênio Consumido 36 mg/L
91 mg/L
15 mg/L
61 mg/L
81 mg/L
15 mg/L
68 mg/L 100 mg/L
Oxigênio Dissolvido 65 mg/L
71 mg/L
65 mg/L
58 mg/L
21 mg/L
46 mg/L
72 mg/L 100 mg/L
Amostras PARÂMETROS
Nº 15 Nº 16 Nº 17 Nº 18 Nº 19 Nº 20 Nº 21 VMP
Turbidez 0,0 NTU
0,0 NTU
0,5 NTU
0,0 NTU
0,1 NTU
0,2 NTU
0,3 NTU 1,0 NTU
Cor 3 Hz 2 Hz 1 Hz 2 Hz 1 Hz 4 Hz 6 Hz 5 Hz
Condutividade 12,88 uS/cm2
28,66 uS/cm2
35,8 uS/cm2
111,2 uS/cm2
55,7 uS/cm2
95,77 uS/cm2
142,8 uS/cm2
100 uS/cm2
pH 7,5 6,9 5,5 6,7 8,1 7,2 7,0 6,0 à 8,5 Acidez Total 252
mg/L 113 mg/L
28 mg/L
24 mg/L
120 mg/L
108 mg/L
72 mg/L
Não objetável
Acidez Carbônica
12 mg/L
27 mg/L
5 mg/L
6 mg/L
13 mg/L
11 mg/L
22 mg/L
Não objetável
Alcalinidade 37 mg/L
217 mg/L
129 mg/L
214 mg/L
73 mg/L
92 mg/L
41 mg/L
Não objetável
Dureza 368 mg/L
265 mg/L
545 mg/L
162 mg/L
325 mg/L
375 mg/L
411 mg/L 500 mg/L
Cloretos 18,9 mg/L
12,1 mg/L
1,3 mg/L
20,2 mg/L
116,5 mg/L
181,3 mg/L
252 mg/L 250 mg/L
Oxigênio Consumido
37 mg/L
49 mg/L
115 mg/L
84 mg/L
95 mg/L
68 mg/L
75 mg/L 100 mg/L
Oxigênio Dissolvido
44 mg/L
65 mg/L
52 mg/L
118 mg/L
111 mg/L
112 mg/L
121 mg/L 100 mg/L
TABELA II: Parâmetro Químico e Físico. FONTE: Hamilton dos Santos Oliveira Junior Téc. Laboratórios de Biologia.UNICS. Alexandre Bueno - Téc. Laboratório de Química - UNICS. *Valor Máximo Permitido(VMP). (Foram retiradas da Portaria 518/2004.-ANVISA) ** Critério de referência
Através das análises observam-se algumas alterações do padrão de
potabilidade, em seis amostras, o VMP da turbidez estão fora dos parâmetros de
potabilidade (apontadas na tabela II), indicando a presença de sólido aéreo
dividido ou em estado coloidal, ou de organismos microscópicos.
Em seis amostras o pH está alterado (VMP na tabela II), sendo mais baixo
que o limite permitido. Quando ocorre a alteração do pH pode indicar a presença
de agrotóxicos.
As outras alterações presentes nos análises que estão apontadas na tabela
II significam, de acordo com a Portaria 518/2004 “[...]. 1) potencial tóxico das
substâncias químicas que podem estar presentes na água (naturalmente ou por
contaminação); 2) análises das evidências epidemiológicas e toxicológicas dos
riscos de saúde associadas às diversas substâncias; 3) possibilidades analíticas
de determinação das substâncias em amostras de água; 4) intensidade de uso
das substâncias químicas no País – uso industrial, agrícola e no tratamento da
água”. (BRASIL, p. 68, 2005). Tudo isso indica que aparentemente esta água não
está adequada para o uso humano.
3.1 IDENTIFICAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA
Foi realizada a técnica para identificar a qualidade da água de acordo com
os procedimentos desenvolvidos no laboratório da FADEP, já conhecendo os
elementos (os agrotóxicos e as imagens dos cristais obtidas por dessecação) que
estão especificados no item 3.
As imagens dos 21 pontos de amostra foram dessecadas pelo método de
cristalização por vaporização e fotografadas. O controle de qualidade e o padrão
ouro foram a partir de água destilada para uso parenteral e água engarrafada para
consumo humano. Uma fotografia de cada setor é apresentada a seguir.
3.2 ANALISE DAS AMOSTRAS
Resultados das analises das amostras coletadas nos pontos estratégicos
de acordo com o mapa do município, realizados os analises no laboratório da
FADEP, para identificação de resíduos de agrotóxicos na água.
Gráfico 1: Resultado da compatibilidade dos agrotóxicos presentes na
água.
57,14%
33,33%57,14%
61,90%
71,42% 85,71%Glifosato
Select
Cobra
Samarita
Curacrom
karat
Entre os pontos das amostras da água coletada que apresenta
compatibilidade com agrotóxico, Glifosato presente na água estão de numero, 1,
2, 3, 4, 5, 8, 9, 10,11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 referenciados no
mapa do município. De acordo com (AVISA, 2008) “O Glifosato é um herbicida do
grupo químico da Glicina substituída da classe toxicológica IV”. O Glifosato é
usado na soja transgênica é resistente a esse herbicida e nisso consiste a
simplificação do manejo de ervas daninhas para o agricultor.
De acordo com (GORGEN, GUTERRES, 2003) quando foi lançada no mercado a
propaganda dizia que o glifosato era inócuo e biodegradável, portanto, inofensivo
à saúde humana e ao meio ambiente. De acordo com informações científicas
recentes, a realidade é outra. O resíduo de glifosato persiste no solo, na água e
nos alimentos. Recentemente a Dinamarca restringiu o seu uso pois foram
constatados resíduos em água subterrânea. Na degradação do glifosato um dos
seus subprodutos – um metabólito – chamado AMPA é mais nocivo que o próprio
glifosato e foi encontrado em carpas 90 dias após a aplicação do herbicida. Os
produtos à base de glifosato são altamente tóxicos para pessoas e animais. Entre
os sintomas mais comuns citam-se irritação nos olhos e pele, dor de cabeça,
náuseas, entorpecimento, elevação da pressão arterial, palpitações e alergias
agudas e crônicas.( GORGEN, GUTERRES, 2003)
Compatibilidade com Select esta nos pontos 1, 2, 7, 9, 11, 14, 16, 17, 18,
19, 20, 21. (AVISA, 2008) Select é um herbicida do grupo químico Oxima
Ciclohexanodiona, principio ativo Cletodim da classe toxicológica III.
Os pontos 2, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 tem elementos compatíveis com o
agrotóxico cobra. (AVISA, 2008) é um herbicida do grupo químico Éter definilico,
principio ativo Lactofem da classe toxicológica II.
As amostras das águas com compatibilidade com o agrotóxico samarita
estão 1, 3, 4, 10 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20 e 21. (AVISA,2008) Samarita é um
registrante industria e comercio, de pulverização sobre as plantas (foliar) um
Adjuvante Inseticida do grupo químico ésteres de ácidos graxos, principio ativo
óleo vegetal da classe toxicológica IV.
O curacrom se apresenta compatível nas amostras, 1, 2, 4, 5, 9,11, 14, 16,
17, 18, 19, 20 e 21. (ANVISA, 2008) Curacrom é acaricida - inseticida, do qrupo
químico organofosforados, principio ativo profonofós da classe toxicológica III.
Nos pontos 2, 3, 4, 5, 9, 10,11, 12, 13, 16, 17, 18, 19, 20 e 21 apresenta
compatibilidade Karat. (ANVISA, 2008) Karat é inseticida do grupo químico
Piretróides Sintéticos, principio ativo Lambdacyhalothrein, da classe toxicológica II.
Os seis agrotóxicos estudados são considerados inflamável, combustível.
Nesta concepção aponta que cada vez mais necessitamos conhecer sobre
os agrotóxicos como eles agem no meio ambiente e sobre a saúde da população.
Isto vem sendo evidenciado através de estudos que apontam o aparecimento de
patologias relacionadas com o agrotóxico, por isso, para saber como está, a
qualidade da água, diante destas situações foi procurado um laboratório
interessado em fazer análises de resíduos de agrotóxicos na água.
Lamentavelmente nenhum laboratório comercial ou público ficou interessado em
realizar este tipo de análises. Um laboratório de Curitiba que realiza este tipo de
análise, cobra um valor exorbitante para a realização do estudo. Estes fatores nos
obrigaram a procurar uma forma alternativa e barata para detectar estes resíduos,
assim foi elaborado um projeto estratégico direcionado para o laboratório da
FADEP, onde foi possível identificar os resíduos dos agrotóxicos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo, as amostras de água de fonte rural de Honório Serpa de
acordo com as bacias hidrográficas, demonstram contaminação com resíduos
cristalizados de agrotóxicos compatíveis em 85,71% para Glifosato, 71,42% para
karat, 57,14% para Select, 61,90% para Curacrom, 57,14% para Samarita e
33,33% para Cobra.
Esta quantidade de contaminantes mostra um impacto ao meio ambiente
pela ação destes produtos na lavoura. Ainda não se sabe o que acontece em
quanto à saúde da população do município, particularmente aquele que manipula
o produto, bem como, do consumidor das águas contaminadas pelos resíduos dos
agrotóxicos ou o consumidor de produtos irrigados com essas águas. Os efeitos
da chuva na lavoura acarreta o agrotóxico diretamente para os mananciais. Sendo
as lavouras agrícolas muito extensas, a área de filtragem é maior, levando os
resíduos dos agrotóxicos para os leitos dos rios, nascentes, córregos e, sobretudo
alcançando o lençol freático, que serve como fonte de água potável, podendo
representar risco para a saúde da população.
É importante identificar a população exposta aos agrotóxicos, não somente
a análise normal feita para identificar a qualidade das águas, como é o caso das
alterações químicas, físicas, pH e microbiológicas de tipo coliformes totais e
Escherichia coli. Os riscos estão também nos agrotóxicos porque eles são de
toxidade variável, dose dependente, e alguns estudos apontam a relação deles
com o aparecimento de diversos tipos de câncer, entre outras patologias. Enfim, a
proteção e a preservação das águas beneficiaram a saúde da população e da
futura geração, pois é de suma importância à atuação da enfermagem,
devidamente capacitada para agir na prevenção e promoção da saúde e na
denúncia de possíveis outros fatores relacionados com aparição de doenças e
proceder às devidas orientações para a população, sendo que a população
também é responsável pela sua saúde.
6 REFERÊNCIAS
ALVES, José Prado Filho. Uso de agrotóxico no Brasil: controle social e interesses corporativos. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2002. ANNIBELLI, Mariana Baggio. Impacto dos agrotóxicos sobre o meio ambiente no estado do Paraná- Brasil. Polígonos, Revista de Geografia. Universidad de La Rioja, v 14, p. 169-181, 2004. ANVISA.Disponível:http://www4.anvisa.gov.br/AGROSIA)asp/frn_dados_agrotoxicos.asp?iVarAux=1& Marca Cód =17 SAI- Sistema de Informação. Acesso em 21 de outubro de 2008. BRAGA, Ima Aparecida e VALLE, Denise. Aedes aegypti: inseticidas, mecanismos de ação e resistência. Epidemiol. Serv. Saúde. [online]. dez. 2007, vol.16, no.4 [citado 02 Outubro 2008], p.179-293.Disponível na World Wide Web: <http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742007000400006&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1679-4974. BRASIL. Ministério da Saúde. Comentários sobre a portaria Nº 518/2004. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. BRASIL. Ministério da saúde. Portaria Nº 1.469/2000: controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2000. BRASIL. Instituto Brasileiro de geografia e estatística. IBGE. Censo 2007. Disponível em: <http://inge/censo2004/perguntas/perguntas.htm>. Acesso em: 06 jan. 2008. CAPRA, F. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 1982. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. CETESP, 1987. Guia de coleta e preservação de amostras de água. 1.ed. São Paulo, 155p. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Procedimentos para coleta de amostras de água. Disponível em: <www.cpatsa.embrapa.br/pesquisas/laboratorios/solos/agua.pdf>. Acesso em: 05 março. 2008. GORGEN, Sergio Frei. GUTERRES, Enio. Efeitos nocivos do glifosato. Disponível em: C:\Documents and Settings\aa\Desktop\CLAUDIA I\Efeitos nocivos do Glifosato.htm. Acesso em 21 de outubro de 2008. GRISOLIA. César Koppe. Agrotóxico : mutações, reprodução e câncer. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005. MAPA. Localização do município de honório serpa. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:Parana_Municip_HonorioSerpa.svg>. Acesso em: 05 fev. 2008. SIAB. Informativo epidemiologico: perfil do município de honório serpa. Disponivel em: http//[email protected]. Acessado em 20 de fevereiro de 2007. STÜTZER, G.;GUIMARÃES, G. Aspectos toxicológicos e ambientais relacionados com o uso de produtos fitossanitários. In: ZAMBOLIM, L.; CONCEIÇÃO, M. Z.; SANTIAGO, T. O que Engenheiros Agrônomos devem saber para orientar o uso de produtos fitossanitários. Viçosa: UFV, 2003. VALLE C. E. do: Qualidade ambiental: ISO 14000, 4. ed. São Paulo: Senac, 2002.