r - t - paulo rogerio alves brene

Upload: marechal

Post on 27-Feb-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    1/106

    PAULO ROGRIO ALVES BRENE

    ENSAIOS SOBRE O USO DA MATRIZ INSUMO-PRODUTO COMOFERRAMENTA DE POLTICAS PBLICAS MUNICIPAIS

    Tese de Doutorado apresentada como requisito

    parcial para obteno do grau de Doutor, peloPrograma de Ps Graduao em DesenvolvimentoEconmico, Setor de Cincias Sociais Aplicadas daUniversidade Federal do Paran.

    Orientador: Prof. Dr. Armando Joo Dalla CostaCo-Orientador: Prof. Dr. Umberto Antonio Sesso Filho

    Curitiba2013

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    2/106

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANSISTEMA DE BIBLIOTECAS

    COORDENAO DE PROCESSOS TCNICOS

    Brene, Paulo Rogrio AlvesEnsaios sobre o uso da matriz insumo-produto como ferramenta de polticas

    pblicas municipais / Paulo Rogrio Alves Brene. - 2013.106 f.

    Orientador: Armando Joo Dalla Costa.Co-orientador: Umberto Antonio Sesso Filho.Tese (doutorado) - Universidade Federal do Paran, Setor de Cincias

    Sociais Aplicadas, Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Econmico.

    Defesa: Curitiba, 2013.

    1. Relaes intersetoriais. 2. Economia regional. 3. Planejamento econmico. 4.Polticas pblicas - Municpios. I. Dalla Costa, Armando Joo. II. Sesso Filho,Umberto Antonio. III. Universidade Federal do Paran. Setor de Cincias SociaisAplicadas. Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Econmico. IV.Ttulo.

    CDD 339.23

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    3/106

    ii

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    4/106

    iii

    minha famlia.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    5/106

    iv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo, primeiramente, a Deus por colocar em meu caminho pessoas

    fundamentais, que tanto me ajudaram na difcil jornada que foi o doutorado. Aos

    professores Dr. Umberto Sesso Filho e Dr. Armando Joo Dalla Costa que

    prontamente me orientaram e sem os quais essa etapa seria apenas mais um

    sonho. Meus agradecimentos ao Prof. Dr. Armando Vaz Sampaio, meu primeiro

    professor no PPGDE/UFPR, e por meio dele agradeo tambm a coordenao do

    programa e todos os seus professores pelo empenho e dedicao. Sou eternamente

    grato senhora Ivone Polo, que (do seu jeito nico) alm de prontamente me

    auxiliar nas questes burocrticas do curso, foi mais uma amiga nos anos que estive

    em Curitiba. No posso esquecer-me dos funcionrios, agora amigos, do

    CORECON/PRgraas a eles posso dizer que tenho um lugar para chamar de lar

    em Curitiba. Agradeo aos amigos que fiz no curso, a Virginia Laura Fernandez,

    Arno Paulo Schmidtz, Pedro Lopes Marinho, Rodrigo Leite Kremer, Eduardo Cardeal

    Tomazzia, Karlo Marques Junior, Luciano de Souza Costa, Alex Sander Souza do

    Carmo. Contudo, tenho que destacar o papel do Luciano nesse processo. Assim

    como o professor Sampaio foi o primeiro professor, o Luciano foi meu primeiro amigo

    no doutorado. Compartilhando de um perfil parecido, entendemos que nossas

    limitaes s seriam sobrepujadas se trabalhssemos em equipe, combatendo as

    dificuldades emocionais, por estarmos longe das famlias, e fsicas, provocadas pela

    necessidade de enfrentar a estrada toda semana. Por fim, agradeo minha famlia,

    me, esposa e filha por todo o apoio e carinho, mas, principalmente, por entenderem

    a minha ausncia, mau humor e estresse nesses quase quatro anos de curso.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    6/106

    v

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS .................................................................................................. vi

    LISTA DE QUADROS ...............................................................................................viii

    LISTA DE GRFICOS ................................................................................................ ix

    RESUMO .................................................................................................................... xi

    ABSTRACT ............................................................................................................... xii

    INTRODUO .......................................................................................................... 13

    1. ESTIMAO DE MATRIZES INSUMO-PRODUTO MUNICIPAIS POR MEIO DOQUOCIENTE LOCACIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTAMETODOLGICA ..................................................................................................... 18

    1.1 Introduo ........................................................................................................... 18

    1.2 Referencial Terico e Metodologia de Estimao ............................................... 20

    1.2.1 Sistema de insumo-produto nacional ............................................................... 20

    1.2.2 Indicadores Econmicos .................................................................................. 25

    1.2.3 Sistema de insumo-produto inter-regional ........................................................ 27

    1.2.4 A estimativa da produo e o mtodo do quociente locacional ........................ 30

    1.3 Resultados e Discusso ...................................................................................... 33

    1.4 Consideraes Finais .......................................................................................... 43

    2. EXERCCIO ANALTICO SOBRE A MUDANA DA ESTRUTURA PRODUTIVACOM BASE NA MATRIZ INSUMO-PRODUTO MUNICIPAL .................................... 45

    2.1 Introduo ........................................................................................................... 45

    2.2 Argumento positivista do sistema econmico de Arapongas .............................. 46

    2.3 Observaes normativas ..................................................................................... 54

    2.4 Consideraes finais ........................................................................................... 58

    3. SISTEMA INTER-REGIONAL DO MUNICPIO DE CURITIBA/PR: UMA ANLISEINSUMO-PRODUTO EM TRS ESFERAS (MUNICPIO - RESTANTE DO ESTADO- RESTANTE DO PAS) ............................................................................................ 61

    3.1 Introduo ........................................................................................................... 61

    3.2 Metodologia ......................................................................................................... 63

    3.2.1 Base de Dados e Obteno da Matriz .............................................................. 63

    3.2.2 Indicadores Econmicos .................................................................................. 67

    3.3 Discusso e Anlise dos Resultados................................................................... 71

    3.3.1 A cidade de Curitiba ......................................................................................... 72

    3.3.2 Indicadores Econmicos do Sistema Inter-regional de Curitiba ....................... 78

    3.4 Consideraes Finais .......................................................................................... 93

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 95

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    7/106

    vi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1:Valores de massa salarial (nominal do ms de dezembro), nmero detrabalhadores e salrio mdio mensal para o Estado do Rio Grande do Sul e para oBrasil, por setor, 2003. .............................................................................................. 36

    Tabela 1.2:Valor do vetor de produo original do Estado do Rio Grande do Sul erespectivo valor estimado a partir dos dados RAIS e IBGE, 2003. ........................... 37

    Tabela 1.3:Resumo dos Coeficientes de Correlao de Pearson e Spearman paraos valores do Vetor de Produo, Multiplicadores e ndice de Rasmussen-Hirschmanda Matriz Original e Estimada. .................................................................................. 38

    Tabela 1.4:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de produo do

    tipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final (R$ milhes), 2003. ......................................... 39

    Tabela 1.5:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de emprego dotipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final, 2003. .............................................................. 40

    Tabela 1.6:Valor original e estimado dos multiplicadores simples de rendimentos dotipo I total (direto e indireto) para o Estado do Rio Grande do Sul para cada milhode R$ de variao na demanda final (R$ milhes), 2003. ......................................... 41

    Tabela 1.7: Valor dos ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman (Original eEstimado) para trs e para frente, Estado do Rio Grande do Sul, 2003.................... 42

    Tabela 2.1:Massa salarial e nmero de empregados do municpio de Arapongas eBrasil, por setor, 2007. .............................................................................................. 48

    Tabela 2.2: Setores mais relevantes para o municpio de Arapongas no sistemainter-regional de Arapongas - Restante do Brasil, 2007. ........................................... 48

    Tabela 2.3:Principais plos moveleiros no incio do Sc. XXI e sua participao noBrasil. ........................................................................................................................ 49

    Tabela 2.4:Multiplicadores do tipo I de produo, emprego e remunerao divididosem efeito direto (1), indireto em Arapongas (2), indireto no Restante do Brasil (3) etransbordamento (4), por setor, 2007. ....................................................................... 50

    Tabela 3.1: Nmero de empregados, massa salarial, valor bruto de produoestimado e indicador de tamanho do municpio de Curitiba, por setor, 2006. ........... 77

    Tabela 3.2:Multiplicadores do tipo I de produo divididos em efeito total (1), diretono municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) etransbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006 (R$ milhes). ........... 79

    Tabela 3.3:Multiplicadores do tipo I de emprego divididos em efeito total (1), diretono municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) e

    transbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006. ................................. 80

    Tabela 3.4:Multiplicadores do tipo I de remunerao divididos em efeito total (1),direto no municpio (2), indireto no municpio (3), indireto no Restante do Paran (4),

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    8/106

    vii

    indireto no Restante do Brasil (5), transbordamento para Restante do Paran (6) etransbordamento para Restante do Brasil (7), por setor, 2006 (R$ milhes). ........... 81

    Tabela 3.5: ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman para trs, para frente emdia, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ................................ 87

    Tabela 3.6: ndices Puros Normalizados (GHS) para trs, para frente e total,calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ............................................ 88

    Tabela 3.7:Compatibilidade entre os ndices Puros Normalizados (GHS) e os deRasmussen-Hirschman, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. ..... 89

    Tabela 3.8: Indicadores econmicos: Multiplicadores de produo (MSP), deemprego (MSE) e de remunerao (MSR), ndices Puros Normalizados (GHS) e osde Rasmussen-Hirschman, calculados para o sistema de Curitiba, por setor, 2006. 92

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    9/106

    viii

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1.1:Relaes entre as demandas intermedirias, demanda final e o valor

    bruto de produo. .................................................................................................... 21

    Quadro 1.2:Relaes de Insumo-Produto em um sistema nacional (economia comtrs setores). ............................................................................................................. 21

    Quadro 1.3: Esquema do sistema de Insumo-Produto com indstrias (setores) eprodutos. ................................................................................................................... 24

    Quadro 1.4:Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional. ...................... 27

    Quadro 1.5:Agregao e ajuste dos setores do IBGE (42), FEE (44) e RAIS (59) em32 setores para anlise. ............................................................................................ 34

    Quadro 2.1: Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional Arapongas e

    Restante do Brasil (M-RBr). ...................................................................................... 46

    Quadro 3.1: Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional Curitiba Restante do Paran - Restante do Brasil (M-RPr-RBr). ............................................ 64

    Quadro 3.2:Sistemas inter-regionais (duas regies) para a elaborao do sistemaCuritibaRestante do Paran - Restante do Brasil (M-RPr-RBr). ............................ 66

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    10/106

    ix

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1.1: Valores originais e estimados dos multiplicadores de produo,

    emprego e rendimentos e o ndice de Rasmussen-Hirschman (para frente) do Estadodo Rio Grande do Sul, 2003. ..................................................................................... 38

    Grfico 2.1: Multiplicadores simples de produo do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007 (R$ milhes). ....................................................................... 51

    Grfico 2.2:Multiplicadores simples de emprego formal do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007. ............................................................................................ 52

    Grfico 2.3:Multiplicadores simples de rendimentos do tipo I direto e indireto dossetores de Arapongas e do Restante do Brasil para cada milho de R$ de variaona demanda final, 2007 (R$ milhes). ....................................................................... 53

    Grfico 2.4:Transbordamento da gerao de produo, emprego e rendimentos dossetores de Arapongas para o Restante do Brasil, 2007. ........................................... 54

    Grfico 2.5:Variao percentual nos multiplicadores de produo do sistema inter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um ShoppingCenter, 2007. ............................................................................................................. 56

    Grfico 2.6: Variao percentual nos multiplicadores de emprego do sistema inter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um ShoppingCenter, 2007. ............................................................................................................. 57

    Grfico 2.7: Variao percentual nos multiplicadores de rendimentos do sistemainter-regional Arapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de umShopping Center, 2007.............................................................................................. 57

    Grfico 2.8: Variao percentual no transbordamento do sistema inter-regionalArapongas - Restante do Brasil, resultante da instalao de um Shopping Center,2007. ......................................................................................................................... 58

    Grfico 3.1:Evoluo da participao da Populao Urbana e Rural sobre o total dacidade de Curitiba, 1940-2010. ................................................................................. 73

    Grfico 3.2: ndice de crescimento populacional total de Curitiba, Paran e Brasil,

    1970-2010 (1970=100). ............................................................................................. 74

    Grfico 3.3: Evoluo da participao do Produto Interno Bruto de Curitiba e doEstado do Paran em relao ao do Brasil, 1939-2009. ........................................... 75

    Grfico 3.4: Evoluo da participao dos setores Agropecuria, Indstria eServios no Produto Interno Bruto Municipal Total da Cidade de Curitiba, 1939-2009. .................................................................................................................................. 75

    Grfico 3.5:Multiplicador simples de produo do tipo I direto e indireto, por setor,do sistema inter-regional de Curitiba para cada unidade de variao na demandafinal, 2006 (R$ milhes)............................................................................................. 82

    Grfico 3.6:Multiplicador simples de produo do tipo I direto e indireto, por setor,no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006 (R$ milhes). .................................................................................................................................. 83

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    11/106

    x

    Grfico 3.7:Multiplicador simples de emprego do tipo I direto e indireto, por setor,do sistema inter-regional de Curitiba, para cada milho de R$ de variao nademanda final, 2006. ................................................................................................. 83

    Grfico 3.8:Multiplicador simples de emprego do tipo I direto e indireto, por setor,no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006. ................. 84

    Grfico 3.9: Multiplicador simples de remunerao do tipo I direto e indireto, porsetor, do sistema inter-regional de Curitiba, para cada unidade de variao nademanda final, 2006 (R$ milhes). ............................................................................ 85

    Grfico 3.10:Multiplicador simples de remunerao do tipo I direto e indireto, porsetor, no municpio de Curitiba, ponderado pelo Indicador de Tamanho, 2006 (R$milhes). .................................................................................................................... 85

    Grfico 3.11:Transbordamento da gerao de produo, emprego e rendimentosdo sistema inter-regional de Curitiba para o Restante do Paran e Brasil, por setor,

    2006. ......................................................................................................................... 86

    Grfico 3.12: Coeficientes Setoriais com Maior Campo de Influncia do SistemaInter-regional CuritibaRestante do ParanRestante do Brasil, 2006. ................ 90

    Grfico 3.13:Coeficientes Setoriais com Maior Campo de Influncia do Sistema deCuritiba, 2006. ........................................................................................................... 91

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    12/106

    xi

    RESUMO

    O objetivo desta tese analisar da viabilidade do uso da matriz insumo-produto na

    orientao e implementao de polticas pblicas municipais. Para tanto, a tese estdivida em trs ensaios. O primeiro ensaio trata da metodologia para a estimao damatriz a partir de dados bsicos de emprego e salrio da Relao Anual deInformaes Sociais (RAIS). O segundo ensaio discute a viabilidade de simulaessobre a matriz, abrindo espao para a implementao de polticas pblicasorientadas pelos resultados da matriz municipal. O terceiro ensaio aborda aestimao da matriz inter-regional do municpio de Curitiba, Restante do Paran eRestante do Brasil. No primeiro ensaio, como resultado, observou-se a proximidadeentre os indicadores econmicos da Matriz Original e os da Matriz Estimada. Osresultados indicam que os ndices obtidos a partir de uma matriz municipal estimadaservem como referncia do comportamento econmico local com o mnimo de custo,

    seja financeiro, tcnico ou de tempo. No segundo ensaio observou-se que o setormadeira e mveis foi importante em produo e emprego globais, embora no tenhase destacado como maior gerador (multiplicador) de produo, renda e emprego. Assimulaes realizadas evidenciaram que os setores madeira, mveis e comrciodevem ser alvo de polticas pblicas pelo potencial de crescimento e interligao quedemonstraram possuir. No terceiro ensaio, os indicadores econmicos provenientesdo sistema inter-regional de Curitiba apontaram para uma srie de setores que semostraram importantes para o municpio. Entre eles assinala-se os que serelacionam com as atividades servios, como Servios Prestados s Famlias,Servios Prestados s Empresas e Administrao Pblica. No caso das atividadesindustriais, ressalta-se a Indstria Qumica, Farmacutica e de Refino de

    Combustvel, apontadas como setores-chave tanto pelo ndice de Rasmussen-Hirschman quanto pelo ndice Puro Normalizado (GHS). Por fim, no campo deinfluncia, pode-se citar o setor de Fabricao de Alimentos e Bebidas comovendedor.

    Palavras-chave: Matriz Insumo-Produto Municipal, Quociente Locacional,Planejamento Econmico, Economia Regional, Poltica Pblica.

    JEL:C67, C13, R15.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    13/106

    xii

    ABSTRACT

    The aim of this thesis is to analyze the feasibility of using the input-output matrix inthe direction and implementation of municipal policies. For that, it is divided into threetrials. The first one deals with the methodology for estimating the array from basicdata and salary employment from the Annual Report of Social Information (RAIS).The second one discusses the feasibility of the simulations on the array, makingroom for the implementation of public policies oriented by the results of the citymatrix. The third one covers the estimative of the inter-regional Curitiba city matrix,Remainder of Paran and Remainder of Brazil. On the first trial, the results point atthe proximity between the economic indicators of the Original Matrix and the onesfrom the Estimate Matrix. Thus, the results designate that the indicators obtainedfrom a certain matrix serve as reference of the local economic behavior, with minimal

    costs, either financial, technical or of time. On the second trial it was observed thatthe wood and furniture sector was important in global output and employment, but itdid not stand out as the largest generator of production, income and employment.Nevertheless, the simulations accomplished showed clearly that the wood andfurniture industries and trade should be the target of public policies for their growthpotential and for the interconnection they demonstrated to have. Additionally, on thethird trial, the economic indicators derived from the inter-regional system of Curitibapoint at a series of sectors that show importance for the city. Among them, aremarked the ones which the activities are related to services, as Household Services ,Business and Administrative Services. In fact, in the case of industries, the Chemical,Pharmaceutical and Fuel Refining industry are highlighted, claimed as key-sectors

    either by the Rasmussen-Hirschman indicator as by the Normalized Pure indicator(GHS). Finally, in the field of influence, the named winner can be the Food andBeverages Factory.

    Keywords:Matrix Input-Output Hall, location quotient, Economic Planning, RegionalEconomics, Public Policy.

    JEL:C67, C13, R15.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    14/106

    13

    INTRODUO

    Como abordado por Faur e Hasenclever (2005), o desenvolvimento

    econmico local tem sido visto como um novo paradigma dentro dos estudos do

    desenvolvimento econmico. Para as autoras, mesmo fazendo parte da prpria

    evoluo da histria econmica, o tema ganhou destaque a partir das

    transformaes observadas na economia nos anos de 1970 com novos problemas

    de pesquisa e abordagens. Entre os aspectos marcantes desse processo, destaca-

    se a descentralizao das decises econmicas e polticas, atribuindo maior

    responsabilidade s municipalidades que, a partir de ento, respondem pelas

    transformaes das atividades econmicas locais, embora muitas vezes funcionem

    sem condies institucionais, organizacionais ou mesmo financeiras.

    De forma mais geral, para Sachs (1993), esse desenvolvimento poderia ser

    definido como um processo criativo de transformao que, com a ajuda de tcnicas,

    concebido em funo das potencialidades existentes e de seu emprego na

    satisfao das necessidades de todos os membros da sociedade. Nesses termos,

    importante considerar que as estratgias de desenvolvimento so mltiplas e podem

    somente ser implantadas a partir de uma dada realidade local. Assim, segundoSachs, promover o desenvolvimento , essencialmente, ajudar as populaes

    envolvidas a se organizarem e se educarem, para que repensem seus problemas,

    identifiquem suas necessidades e os recursos potenciais para arquitetar e realizar

    um futuro digno de ser vivido, conforme os postulados de justia social.

    Nesse caminho, a questo com a qual se defronta a administrao pblica

    no a de escolher entre a concorrncia irrestrita e a planificao generalizada, mas

    a de como escolher uma combinao eficaz de ambos com a aplicao organizadado raciocnio sistemtico soluo de problemas prticos especficos como uma

    alternativa ao mtodo de tentativa e erro (Leontief, 1988).

    importante lembrar que a matriz insumo-produto mostra, em termos

    monetrios, os fluxos de bens e de servios entre os diversos setores da economia

    de um pas ou regio durante um determinado perodo de tempo, apresentando

    todas as inter-relaes de compras e vendas (bens intermedirios, bens finais, valor

    adicionado e etc.) dessa economia. A matriz oferece ainda uma srie de indicadores

    econmicos, podendo ser decompostos em efeitos locais e inter-regionais sendo,

    deste modo, possvel avaliar impactos de polticas pblicas de estmulo aos setores

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    15/106

    14

    sobre produo, emprego e renda, incluindo a capacidade de mensurar o impacto da

    instalao de novas empresas para a regio estudada, assim como a identificao

    de setores-chave.

    A primeira tabela de relaes intersetoriais foi publicada por Wassily Leontief,

    em 1939, no artigo Quantitative Input-Output Relations in the Economic System of

    the United States, em que o autor cruzava 500 ramos diferentes de um sistema

    econmico. J em 1941, o autor publica seu primeiro livro, contendo a matriz

    insumo-produto dos Estados Unidos para os anos de 1919-1929 (Richardson, 1978).

    No Brasil, a construo das matrizes de responsabilidade do Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) que, em 2008, publicou as matrizes de

    2000 e 20051. Nessa mesma linha destacar-se os trabalhos de Guilhoto e SessoFilho (2005a e 2010), que apresentam uma metodologia de estimao2das matrizes

    de insumo-produto, a preos bsicos, a partir dos dados preliminares das Contas

    Nacionais do Brasil, de Grij e Brni (2005) e de Brni (2000), que descreve a

    mudana estrutural enfrentada pelo Brasil entre 1959 e 2000, empregando matrizes

    de insumo-produto estimadas por meio dos mtodos Delphi e RAS3.

    possvel observar outros estudos desenvolvidos para o Brasil com o

    objetivo de analisar a sinergia entre regies, como, por exemplo, os de Guilhoto etal. (1998, 1999 e 2001) e/ou o transbordamento do multiplicador de produo de

    Sesso Filho et al. (2006). Para o Paran, citam-se os estudos sobre sinergia

    realizados por Moretto (2000), Simes et al. (2003), Rodrigues (2008) e Kureski

    (2011), para o estado Pernambuco o de Costa et al. (2005), para o Rio Grande do

    Sul Porsse (2007), Guilhoto e Sesso Filho (2005b) para a Amaznia Brasileira e os

    trabalhos de Damsio (1993 e 1994) sobre a economia da Bahia, a exemplo de seus

    livros de 1993 e 1994 intitulados Matrizes Agregadas da Indstria Baiana -1978/1985e Matrizes Agregadas da Indstria Baiana - 1978/1991.

    No aspecto microeconmico, destacam-se os trabalhos de Damsio e Silva

    (2005) sobre o complexo industrial da Ford no Nordeste, Sesso Filho et al. (2004),

    mensurando a relao do setor automobilstico do Paran com o restante do Brasil,

    Pelinski et al. (2006), relacionado a atividade de uma propriedade rural, Selig et al.

    1Ver:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtm.Acesso em: 03/10/2012.2O termo estimao (estimar ou estimado) utilizado como forma de caracterizar matrizes elaboradas a partir deproxydiferenciando-se das construdas com dados primrios. No deve se confundir com os termos utilizados naeconometria.3Ver Miller e Blair (2009).

    http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtmhttp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/matrizinsumo_produto.shtm
  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    16/106

    15

    (1997) e Kroth et al. (2007), discutindo o setor moveleiro, e ainda Anefalos e

    Guilhoto (2003), com flores e plantas ornamentais, e Casimiro e Guilhoto (2003),

    estudando o turismo.

    Na rea de sustentabilidade, cita-se o trabalho de Guilhoto, Lopes e Motta

    (2002), que simula impactos ambientais usando o Modelo Inter-regional da

    Economia Brasileira (Mibra) de equilbrio geral e o de Freitas e Damsio (2009) que

    trabalha o potencial econmico da reciclagem de resduos slidos do estado da

    Bahia.

    Por fim, no aspecto regional mais especfico, tm-se os trabalhos de Moretto

    et. al. (2012) sobre as cinco regies polarizadas do estado do Paran e o de Parr,

    Alves e Sordi (2005) que trabalha a regio metropolitana de Maring.Outros estudos poderiam ser apresentados, todavia, a inteno demonstrar

    a raridade de trabalhos direcionados esfera municipal, assim como a utilizao

    deste conhecimento cientfico e sua materializao em ferramentas prticas para

    orientar e potencializar polticas pblicas nessa esfera administrativa. Desta forma, o

    objetivo geral proposto por esta tese analisar e avaliar a viabilidade (limites e

    possibilidades) do uso da matriz insumo-produto na orientao e implementao de

    polticas pblicas municipais, com base na cooperao entre interesse poltico e adinmica da iniciativa privada para potencializar o desenvolvimento local,

    representado pela gerao de emprego e renda.

    A fim de confirmar no somente a hiptese da viabilidade do uso da matriz

    insumo-produto municipal, mas tambm da possibilidade de uma

    organizao/elaborao metodolgica para este fim, o trabalho est pautado em trs

    objetivos especficos:

    a) Elaborar e avaliar o referencial terico e metodolgico para estimar matrizesmunicipais;

    b) Aplicar o mtodo em uma localidade-caso e analisar os resultados do

    exerccio de inferncia a partir da sua realidade emprica;

    c) Estimar a matriz inter-regional do municpio de Curitiba/PR para o ano de

    2006 em trs escalas (Municpio, Restante do Estado e Restante do Pas).

    Para responder ao problema de pesquisa, esta tese foi disposta em trs

    ensaios conforme a apresentao dos objetivos especficos. O primeiro ensaio

    versou sobre o roteiro metodolgico, testando seus limites e possibilidades a partir

    de comparao dos indicadores da matriz do Rio Grande do Sul para o ano de 2003,

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    17/106

    16

    elaborada pela Fundao de Economia e Estatstica (FEE, 2003, Porsse, 2007 e

    Palermo, Porsse e Peixoto, 2010). A escolha desta matriz como base de

    comparao foi devida, como j mencionado, raridade de matrizes municipais

    construdas, acrescendo-se o fato de que a metodologia foi detalhadamente definida

    e os pesquisadores tiveram amplo acesso aos dados necessrios para sua

    elaborao.

    A metodologia de estimao da matriz municipal pautada em quatro pontos

    bsicos: a teoria de Leontief (1988), a estimativa da matriz nacional de Guilhoto e

    Sesso Filho (2005a), o modelo de Isard (1951), e o Quociente Locacional. Seus

    resultados so comparados por meio dos coeficientes de correlao de Spearman

    (posto-ordem) e de Pearson (valores). Destaca-se que a finalidade deste ensaio no analisar os dados do estado do Rio grande do Sul, mas sim desenvolver e testar

    uma metodologia que possa ser utilizada em municpios. Deve-se lembrar que a

    construo de matrizes de insumo-produto requer grande volume de dados

    primrios, secundrios e estimados, o que implica em alto custo financeiro e de

    tempo em sua elaborao. A metodologia apresentada utilizar-se- da estimao

    das matrizes a partir de um conjunto menor de dados (Contas Nacionais do IBGE e

    os de emprego e salrio da Relao Anual de Informaes Sociais/RAIS), assimdemandando menor tempo, contudo, representando uma aproximao da realidade

    podendo ser til para elaborao de polticas pblicas.

    No segundo ensaio, a metodologia ser aplicada em uma localidade caso,

    possibilitando duas linhas de anlise. A primeira insere o debate positivista, com a

    avaliao dos resultados dos indicadores econmicos. Por outro lado, a segunda

    anlise est alicerada em argumentos normativos para a ferramenta, sugerindo

    uma simulao a partir dos dados da matriz insumo-produto municipal. Para esseexerccio foi escolhido o municpio de Arapongas, no Paran (ano 2007). A escolha

    deste municpio se justifica em razo da cidade apresentar um polo moveleiro

    consolidado, sendo o principal setor da economia da regio, assim como outros

    setores com caractersticas de setores-chave para o desenvolvimento local, ainda

    no identificados. importante notar que essas caractersticas observadas

    empiricamente ajudam a avaliar os resultados da matriz e ponderam possveis

    polticas de interveno.

    O terceiro ensaio ser composto pela estimao da matriz inter-regional do

    municpio de Curitiba/PR, para o ano de 2006, em trs esferas (Municpio, Restante

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    18/106

    17

    do Paran e Restante do Brasil). Sero calculados os indicadores econmicos como:

    Multiplicadores Simples do Tipo I (produo, emprego e remunerao), ndice de

    Ligao de Rasmussen-Hirschman e o ndice Puro de Ligaes Interindustriais

    (GHS), Campo de Influncia e a Sinergia entre as regies. O objetivo destes

    indicadores auxiliar no planejamento econmico do municpio.

    Deve-se ter claro, como j apontado, que o objetivo desta tese no se limita

    ao clculo e anlise das matrizes do estado do Rio Grande do Sul ou mesmo dos

    dois municpios do estado do Paran, mas sim apresentar uma metodologia que

    possa ser utilizada em qualquer outra realidade municipal. Desta forma, ao analisar

    as discusses sobre a teoria de matrizes insumo-produto sob a perspectiva da

    economia regional no Brasil, algo ainda no havia sido feito de forma sistemtica oumetodolgica para a estimao ou mesmo construo de matrizes municipais. A

    presente tese agrega algo novo ao retomar e incentivar este debate. Outra

    contribuio do trabalho aliar aspectos empricos ou histricos com o mtodo de

    estimao de matrizes municipais para ajudar na elaborao de polticas para o

    desenvolvimento local.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    19/106

    18

    1. ESTIMAO DE MATRIZES INSUMO-PRODUTO MUNICIPAIS POR MEIO DOQUOCIENTE LOCACIONAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DA PROPOSTAMETODOLGICA4

    1.1 Introduo

    Os recentes debates sobre os limites e possibilidades do atual modelo de

    crescimento brasileiro aparentemente tm desconsiderado o interesse pela questo

    de sua abrangncia e sua capacidade de influenciar estruturas produtivas locais, o

    que, sem dvida, traz tona o receio do agravamento das desigualdades, inclusive

    em termos regionais. Alm disso, o debate em curso valoriza (e o faz de forma

    excessiva) a relevncia do setor privado para a reestruturao produtiva,

    minimizando a importncia ou efeito da reduzida ao atual do poder pblico na

    conformao espacial das atividades econmicas. A estratgia de crescimento,

    independente de seus erros ou acertos, alterar significativamente a posio

    competitiva das diferentes regies e, principalmente, sua capacidade de atrao de

    novos investimentos produtivos.

    Paralelo a essa discusso, Urani e Reis (2004) ensinam que nos ltimos anos

    a preocupao com o desenvolvimento local cada vez maior, em virtude da

    efetividade na elaborao e implementao de polticas capazes de melhorar a

    qualidade de vida dos cidados. Silva (2008) observa que o aumento dessas

    demandas e a prpria escassez de recursos pblicos impem ao Estado uma atitude

    mais criteriosa, avaliando quanto e como participar da atividade econmica no

    mbito local.

    Nesse contexto, o objetivo geral deste ensaio elaborar e avaliar o referencialterico e metodolgico para estimar matrizes municipais pelo mtodo do Quociente

    Locacional (QL), na identificao do comportamento econmico local. A escolha da

    matriz de insumo-produto regional est relacionada sua capacidade de gerar uma

    srie de indicadores econmicos, responsveis por identificar setores-chave para o

    desenvolvimento econmico e social da regio analisada, que pode ser um Estado,

    Municpio ou conjunto de municpios.

    4Uma verso deste ensaio foi submetido Revista Pesquisa e Planejamento Econmico (PPE/IPEA).

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    20/106

    19

    possvel ainda apresentar dois pontos que justificariam este ensaio. O

    primeiro, aceitando os ensinamentos de Silva (2008) e Urani e Reis (2004),

    pautado pela importncia da utilizao de conhecimento cientfico e a materializao

    deste em ferramentas prticas para orientar e potencializar polticas pblicas locais.

    J, o segundo, diz respeito abrangncia da utilizao atual deste conhecimento.

    Isso pode ser observado em alguns estudos desenvolvidos para o Brasil, a exemplo

    dos de Guilhoto et al. (1998, 1999 e 2001). Assim como, para o Paran, cita-se os

    estudos sobre sinergia realizados por Moretto (2000) e Simes et al. (2003), para o

    estado de Pernambuco o de Costa et al. (2005), Porsse (2007) ligado ao Rio Grande

    do Sul e Guilhoto e Sesso Filho (2005b) para a Amaznia Brasileira. Outros

    trabalhos poderiam ser apresentados, todavia, a inteno demonstrar a raridadede trabalhos direcionados esfera local (onde os dados disponveis so escassos).

    Diversas localidades poderiam ser escolhidas para tal exame,

    independentemente do municpio ou regio caso a ser analisado, destaca-se que a

    finalidade deste trabalho no apenas analisar esta localidade, mas sim

    desenvolver uma metodologia que possa ser utilizada em qualquer outra realidade.

    Dessa forma, deve-se lembrar que a construo de matrizes de insumo-produto

    requer grande volume de dados primrios, secundrios e estimados, assim como,dedicao dos pesquisadores envolvidos, o que implica em alto custo financeiro e de

    tempo em sua elaborao. A metodologia que ora apresentada utilizar-se- da

    estimao das matrizes a partir de um conjunto menor de dados (Contas Nacionais

    do IBGE e os de emprego e salrio da Relao Anual de Informaes Sociais/RAIS),

    assim demandando menor tempo, contudo, representando uma aproximao da

    realidade.

    Para responder ao objetivo geral, este ensaio seguir dois objetivosespecficos. O primeiro, seo 1.2, apresentar a metodologia, com base no

    referencial terico de Leontief (1988), Guillhoto e Sesso Filho (2005a e 2010), Isard

    (1951), Quociente Locacional (Miller e Blair, 2009) e na estimativa do valor bruto de

    produo local. Nesta seo sero observados, ainda, os indicadores econmicos a

    serem comparados (seguindo os trabalhos de Brene et. al., 2010 e Brene et. al.,

    2011) e os coeficientes de correlao. Posteriormente metodologia, na seo 3, o

    segundo objetivo especfico comparar os resultados obtidos pela estimao da

    matriz insumo-produto com os de uma Matriz Original, ou mais prxima dela. Esse

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    21/106

    20

    processo de comparao ser feito a partir dos testes de coeficientes de correlao

    de Spearman (posto-ordem) e de Pearson (valores).

    Devido raridade de matrizes municipais construdas, a matriz base de

    comparao ser a do Rio Grande do Sul (RS), ano de referncia 2003, apresentada

    nos estudos de Porsse (2007), Palermo, Porsse e Peixoto (2010) e Fundao de

    Economia e Estatstica (FEE, 2003). Esta base de dados foi escolhida porque a

    metodologia foi detalhadamente definida e os pesquisadores tiveram amplo acesso

    aos dados necessrios para sua elaborao.

    Destaca-se tambm que, mesmo fazendo uso de estimativas, os resultados

    da matriz do RS podem ser considerados mais prximos de uma matriz obtida por

    pesquisa primria. Portanto, considera-se que esta matriz a melhor representaoda original. Vale ressaltar que este trabalho pretende, apenas, fazer um exerccio

    reflexivo sobre as possibilidades inerentes metodologia. Desta forma

    reconhecido, a priori, que antes de esgotar as possibilidades, o presente trabalho

    abre mais portas do que fecha, deixando temtica e, por que no dizer, a sua

    urgncia, espera de novas abordagens e tratamento.

    1.2 Referencial Terico e Metodologia de Estimao

    1.2.1 Sistema de insumo-produto nacional

    Conforme apresentado por Leontief (1988, p. 10), a forma mais simples de

    descrever a matriz insumo-produto nacional dizer que esta mostra os fluxos de

    bens e de servios entre os diversos setores da economia de um pas durante um

    determinado perodo de tempo, em termos monetrios. Em outras palavras, a matriz

    apresenta todas as inter-relaes de compras e vendas (bens intermedirios, bens

    finais, valor adicionado e etc.) de uma determinada economia. A relao bsica pode

    ser visualizada no Quadro 1.1, e de forma mais completa no Quadro 1.2, se forem

    considerados apenas trs setores (agrcola, industrial e servios). De forma mais

    especfica, deve-se lembrar que o mtodo de insumo-produto uma adaptao da

    teoria neoclssica de equilbrio geral para o estudo emprico da interdependncia

    quantitativa entre as atividades econmicas inter-relacionadas (Leontief, 1988, p.73).

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    22/106

    21

    Quadro 1.1:Relaes entre as demandas intermedirias, demanda final e o valor bruto deproduo.

    Demanda Final

    (Consumo + Investimento + Gasto do Governo + Exportaes)

    z11 z12 z1n y1 x1

    z21 z22 z2n y2 x2

    zn1 zn2 znn yn xn

    Valor Bruto de ProduoDemandas Intermedirias

    (Intersetoriais)

    Fonte:Adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008, p. 54).

    Quadro 1.2: Relaes de Insumo-Produto em um sistema nacional (economia com trssetores).

    Destino da

    Produo(Compra)

    Origem da

    Produo (Venda)

    Demandas Intermedirias

    (ou Intersetoriais) Demanda Final

    (C + I + G + X)

    Valor Bruto de

    ProduoAgricultura

    (Setor 1)

    Indstria

    (Setor 2)

    Servios

    (Setor 3)

    Agricultura (Setor 1)

    Indstria (Setor 2)

    Servios (Setor 3)

    z11

    z21

    z31

    z12

    z22

    z32

    z13

    z23

    z33

    y1

    y2

    y3

    x1

    x2

    x3

    Importaes (M) m1 m2 m3

    Imposto Indireto Lquido (IIL) iil1 iil2 iil3

    Valor Adicionado va1 va2 va3

    Valor Bruto de Produo x1 x2 x3

    Fonte:Adaptado de Lopes e Vasconcellos (2008, p. 54).

    A partir das ilustraes dos Quadros 1.1 e 1.2, possvel observar trs

    fatores fundamentais da anlise de insumo-produto de Leontief (1988, p. 75-80): a)

    os coeficientes tcnicos ou de insumo ija (1); b) a matriz de coeficientes tcnicos

    ijaA (2) e c) a matriz inversa (7) que leva seu nome, 1

    AIL . Como

    apresentado por Chiang e Wainwright (2006, p. 110), a verso esttica, sob a qual

    este trabalho se pauta, do modelo de Leontief, tem o seguinte problema depesquisa: Que nvel de produto cada uma das n indstrias de uma economia deve

    produzir, de modo que seja exatamente suficiente para satisfazer a demanda total

    por aquele produto? Nesse sentido, ainda de acordo com os autores - dadas

    algumas premissas (apresentadas mais a frente), para produzir cada unidade da j-

    sima mercadoria, a quantidade de insumo para a i-sima mercadoria tem de ser

    fixa, conforme coeficiente apresentado pela equao (1).

    j

    ij

    ijx

    za j

    xija

    ijz . (j = 1, 2, 3, ..., n; i = 1, 2, 3, ..., n) (1)

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    23/106

    22

    Desta forma, para as n indstrias atenderem suficientemente as demandas

    por insumos geradas por elas mesmas e pelas demais, assim como demanda final

    de uma economia aberta, seu nvel de produto jx deve satisfazer as seguintes

    equaes (Chiang e Wainwright, 2006, p. 111-114):

    nnnnnnn

    nn

    nn

    yxaxaxax

    yxaxaxax

    yxaxaxax

    ...

    ..................................................

    ...

    ...

    2211

    222221212

    112121111

    (2)

    em que, conforme apresentado no Quadro 1.1, iy representa a demanda final do

    setor i,i

    x o valor bruto de produo do mesmo setor ejij

    xa a demanda por insumo

    do setor i pelo setor j. Reorganizando as equaes, colocando iy em evidncia,

    observa-se o seguinte sistema de nequaes lineares:

    nnnnnn

    nn

    nn

    yxaxaxa

    yxaxaxa

    yxaxaxa

    )1(...

    .......................................................

    ...)1(

    ...)1(

    2211

    22222121

    11212111

    (3)

    Escrito de forma matricial tem-se:

    nnnnnn

    n

    n

    y

    y

    y

    x

    x

    x

    aaa

    aaa

    aaa

    2

    1

    2

    1

    21

    22221

    11211

    )1(...

    ...)1(

    ...)1(

    (4)

    o que pode ser reescrito da seguinte forma

    nnnnnn

    n

    n

    y

    y

    y

    x

    x

    x

    aaa

    aaa

    aaa

    2

    1

    2

    1

    21

    22221

    11211

    ...

    ...

    ...

    1...00

    0...10

    0...01

    (5)

    A partir da relao (5) tem-se:

    YXAI )( (6)

    e assim pode-se (...) obter a soluo nica do sistema a partir da equao (...)

    (Chiang e Wainwright, 2006, p. 112):

    YAIX1)( (7)

    A relao apresentada em (7) resume a capacidade explicativa da anlise de

    insumo-produto no tocante ao comportamento das economias nacionais. Em outras

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    24/106

    23

    palavras, observa-se como um impacto na demanda final (Y) afeta o valor da

    produo (X) e este, por sua vez, afeta outras variveis como emprego, salrio,

    importao, impostos e etc. Assim, possvel observar a importncia deste mtodo

    para os pases, no sendo diferente para o Brasil.

    No caso brasileiro, o incio da organizao do sistema de contas nacionais

    data de 1947 (Paulani e Braga, 2007), sendo esses valores base para a construo

    da matriz insumo-produto. Contudo, mesmo nos dias de hoje, a matriz brasileira

    (calculada pelo IBGE) apresenta uma defasagem de tempo de, aproximadamente, 7

    anos (sendo a ltima de 2005).

    Para estimar a matriz a partir de dados mais recentes utiliza-se da

    metodologia de Guilhoto e Sesso Filho (2005a). A princpio trs fatores justificam ouso desta. O primeiro diz respeito base de dados utilizada, sendo que essa faz

    parte dos valores preliminares das contas nacionais disponibilizadas pelo IBGE 5,

    refletindo, em ltima instncia, o comportamento real da economia brasileira. O

    segundo fator est pautado no poder de aproximao deste mtodo com os valores

    da matriz nacional construda pelo IBGE. De acordo com Guilhoto e Sesso Filho

    (2010), os testes de coeficiente de correlao de Person (valor) e de Spearman

    (posto-ordem) foram significativos. Por fim, conforme anlise anterior, destaca-se ofato que possvel apresentar matrizes mais recentes (2009) com considervel

    preciso.

    Para desenvolver a metodologia de estimao da matriz brasileira observa-se

    o Quadro 1.3. Este sumariza o sistema de insumo-produto em que so consideradas

    as matrizes de produo e de usos e recursos, as matrizes Z , de consumo

    intermedirio setor por setor, e Y , da demanda final por setor, definidas

    originalmente no sistema de Leontief (Guilhoto e Sesso Filho, 2010, p. 104-106).Nessa metodologia sero estimadas as matrizes de insumo-produto, as quais

    requereram a coleta dos dados preliminares das Contas Nacionais (IBGE apud

    Nereus, 2012), mais precisamente as contidas nas Tabelas de Usos e Recursos (U)

    e de Produo (V) para o ano especfico (para a comparao com a matriz

    construda o ano de referncia ser 2003) a valor constante.

    5O Ncleo de Economia Regional e Urbana da USPNEREUS apresenta as matrizes estimadas de 1995 a 2009para 42 setores e de 2000 a 2009 para 56 setores. http://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizes.(Acesso:07/02/2012)

    http://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizeshttp://www.usp.br/nereus/?fontes=dados-matrizes
  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    25/106

    24

    Quadro 1.3:Esquema do sistema de Insumo-Produto com indstrias (setores) e produtos.

    Produtos Setores Demanda Final Produo Total

    Produtos U E QSetores V Z Y XImportaes MImpostos Indiretos Lquidos TValor Adicionado WProduo Total Q' X'Fonte:Guilhoto (2011, p. 20).

    A descrio das matrizes contidas no Quadro 1.3 est apresentada abaixo

    (Richardson, 1978, p. 218-220), em que:

    V a matriz de produo de dimenso nm, em que o elemento ijv corresponde

    ao bemjproduzido pelo setor i; U a matriz de uso de dimenso mn, em que o elemento iju o valor do

    produto i utilizado pelo setor j em seu processo de produo; Z a matriz de uso de dimenso nn, em que o elemento ijz o valor do setor i

    utilizado pelo setor j em seu processo de produo; E o vetor de demanda final, por produto, de dimenso m1; Y o vetor de demanda final, por setor, de dimenso n1; M o vetor de importaes totais realizadas em cada setor, de dimenso 1n; T o vetor do total dos impostos indiretos lquidos pagos em cada setor, de

    dimenso 1n;

    W vetor do total do valor adicionado produo gerado em cada setor, dedimenso 1n; Q o vetor de produo total, por produto, de dimenso m1; X o vetor de produo total, por setor, de dimenso n1.

    Para estimar o sistema de insumo-produto originalmente definido por Leontief

    foi utilizada a abordagem da tecnologia baseada na indstria, que assume que a

    composio da produo de um dado setor pode ser alterada, porm este setor

    mantm a sua participao constante no mercado dos bens que produz (Miller e

    Blair, 2009). Para a estimativa da matriz com tecnologia baseada na indstria,define-se, inicialmente, as matrizes:

    1)( XUB

    (8)

    1)( QVD

    (9)

    em que B representa a matriz de coeficientes tcnicos de cada setor em relao a

    cada produto utilizado como insumo, D determina a proporo fixa, para cada

    produto, dos setores que o produzem e B e D so compostas, respectivamente,

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    26/106

    25

    pelos coeficientesj

    ij

    ijx

    ub e

    j

    ij

    ijq

    vd . A manipulao entre essas duas matrizes

    gera, conforme apresentado em Guilhoto e Sesso Filho (2010), a seguinte relao:

    YDBIX 1)( (10)

    Assim, a equao (10) refere-se ao enfoque setor por setor com a tecnologia

    baseada na indstria. Este enfoque, nesta tecnologia, o que mais se aproxima do

    modelo original de Leontief e, portanto, o padro que se costuma utilizar para

    transformar as matrizes de produo e de usos e recursos no modelo de Leontief.

    Note que, neste caso, a matriz DB seria equivalente matriz A de coeficientes

    tcnicos de Leontief, assim 1 DBIL seria equivalente a 1 AIL , que a

    matriz inversa de Leontief sendo ijl seus elementos. A matriz DU seria equivalente

    matriz Z de consumo intermedirio (Guilhoto, 2011). Ainda no que se refere ao

    modelo, pode-se apontar uma srie de pressupostos em que se baseia a teoria

    insumo-produto, os quais se constituem em limitaes da anlise (Miernyk, 1974;

    Guilhoto, 2011; Chiang e Wainwright, 2006):

    1. Equilbrio geral da economia a um dado nvel de preos;

    2. Cada indstria produz somente uma mercadoria homogenia;3. Cada indstria utiliza uma razo fixa de insumos;

    4. Retornos constantes de escala;

    5. Preos constantes;

    6. Inexistncia de iluso monetria dos agentes econmicos;

    7. Supe-se que as mudanas tecnolgicas so lentas;

    8. Todos os bens e servios includos na matriz apresentam uma oferta

    infinitamente elstica, ou seja, toda a demanda adicional ser coberta

    expandindo-se a produo aos custos representados na matriz.

    1.2.2 Indicadores Econmicos

    A partir da matriz inversa de Leontief possvel estimar para cada setor da

    economia o quanto gerado de produo (Multiplicadores Simples - MS6) de forma

    direta no setor e indiretamente em todos os setores, para cada unidade monetria

    produzida para a demanda final. Em outras palavras, o multiplicador simples de

    6Destaca-se que o conceito de multiplicador apresentado o mesmo utilizado por Miller e Blair (2009, p. 243-248) e sinnimo aos Geradores de Guilhoto (2011, p. 37-38), ou seja, ele apresenta a variao da produo,emprego ou renda dada a variao na demanda final.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    27/106

    26

    produo ( jMSP)doj-simo setor indica o quanto se produz a mais dada variao

    de uma unidade monetria de demanda final no setor (Miller e Blair, 2009), ou seja:

    n

    i

    ijj njlMSP1

    ,,1, (11)

    Como apresentado por Guilhoto (2011, p. 38), o efeito de multiplicao pode

    ser analisado por duas perspectivas. A primeira se restringe demanda de insumos

    intermedirios, sendo chamados de multiplicadores do Tipo I. J o multiplicador que

    leva em considerao (ou endogeniza) a demanda das famlias (...) no sistema,

    levando-se em considerao o efeito induzido (...), so denominados de

    multiplicadores do Tipo II. Devido dificuldade em obter as informaes sobre a

    demanda final em escala municipal, esta metodologia se restringir aos

    multiplicadores do Tipo I. Ainda de acordo com Miller e Blair (2009), de posse da

    matriz inversa de Leontief e dos coeficientes diretos (i

    iX

    Viv ) - este ltimo

    determinado pela relao entre o vetor iV das variveis a serem impactadas como

    emprego, importaes, impostos, salrios, valor adicionado ou outra varivel em

    anlise e o vetor de produo iX - obtem-se outros multiplicadores ( jMSV ),

    conforme apresentado pela equao a seguir:

    n

    i

    iijj njvlMSV1

    ,,1, (12)

    em que jMSV o impacto total, direto e indireto, sobre a varivel em questo, ijl o

    ij-simo elemento da matriz inversa de Leontief e iv o coeficiente direto da varivel

    estudada, lembrando que o fator inicial a variao da demanda final do setor.

    Por fim, tm-se os ndices de ligaes de Rasmussen-Hirschman. A partir do

    modelo bsico de Leontief, definido anteriormente, e seguindo Rasmussen (1956) eHirschman (1958), consegue-se determinar quais seriam os setores com o maior

    poder de encadeamento dentro da economia, ou seja, possvel extrair tanto os

    ndices de ligaes para trs, que forneceriam o quanto determinado setor

    demandaria dos outros, quanto os de ligaes para frente, que fornecem a

    quantidade demandada de produtos de outros setores da economia pelo setor em

    questo (Guilhoto e Sesso Filho, 2005a). Conforme apresentado por Guilhoto e

    Sesso Filho (2005a, p. 7), os ndices se baseiam na equao 1)(

    DBIL , matriz

    inversa de Leontief, podendo-se definir ijl como sendo um elemento da matriz L e

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    28/106

    27

    obter *L , que a mdia de todos os elementos de L , assim como calcular jL* e *iL ,

    que constituem, respectivamente, as somas dos elementos de uma coluna e de uma

    linha tpica de L . Considerando n que o nmero total de setores na economia,

    algebricamente, tem-se:

    ndices de ligaes para trs (poder da disperso)

    ** //. LnLU jj (13)

    ndices de ligaes para frente (sensibilidade da disperso)

    ** //. LnLU ii (14)

    Ainda de acordo com os autores, como resultado observa-se que valores

    maiores do que 1 para os ndices apresentados relacionam-se a setores acima damdia, e, portanto, setores-chave para o crescimento da economia. Vale ressaltar

    que esta anlise desconsidera os diferentes nveis de produo em cada setor da

    economia, o que poderia ser visto com o ndice Puro de Ligaes Interindustriais7.

    1.2.3 Sistema de insumo-produto inter-regional

    O mtodo de matriz insumo-produto foi originalmente desenvolvido para

    analisar e avaliar as relaes entre os diversos setores produtivos e de consumo deuma economia nacional. Contudo, pode ser aplicado ao estudo de sistemas

    econmicos menores, como Estados, Municpios ou conjunto de municpios

    (Leontief, 1988, p. 73). Neste caso trabalha-se com o modelo inter-regional. O

    Quadro 1.4 apresenta, de forma esquemtica, as relaes dentro do sistema de

    insumo-produto inter-regional para duas regies.

    Quadro 1.4:Relaes de Insumo-produto no sistema inter-regional.SetoresMunicpio M SetoresRestante do Brasil RBr M RBr

    Setores -Municpio M

    Insumos IntermediriosMMZ

    Insumos IntermediriosrMRBZ `

    DFMM

    DFMRBr

    ProduoTotal M

    Setores -Restante doBrasil RBr

    Insumos IntermediriosRBrMZ

    Insumos IntermediriosRBrRBrZ

    DFRBrM

    DFRBrRBr

    ProduoTotal RBr

    Importao Restante Mundo (IM) Importao Restante Mundo (IM) IM IM IM

    Impostos Ind. Liq. (IIL) Impostos Ind. Liq. (IIL) IIL IIL IIL

    Valor Adicionado M Valor Adicionado RBR

    Produo Total Regio M Produo Total Regio RBR

    Fonte:Adaptado de Moretto (2000).

    7Ver Guilhoto (2011, p. 55).

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    29/106

    28

    O modelo inter-regional de insumo-produto, tambm chamado de modelo

    Isard, devido aplicao de Isard (1951), requer grande massa de dados, reais ou

    estimados, principalmente quanto s informaes sobre fluxos intersetoriais e inter-

    regionais. Complementando o sistema regional, o sistema inter-regional mostra as

    relaes de troca entre as regies, exportaes e importaes, que so expressas

    por meio do fluxo de bens e servios que se destinam tanto ao consumo

    intermedirio quanto demanda final.

    De forma sinttica8, pode-se apresentar o modelo, a partir do exemplo

    hipottico dos fluxos intersetoriais e inter-regionais de bens para o municpio (M) e

    restante do Brasil (RBr), com n setores, onde MMijZ o fluxo monetrio do setor i

    para o setor jdo municpio M e RBrMijZ o fluxo monetrio do setor i do restante do

    Brasil para o setor j do municpio M (Guilhoto, 2011). Na forma de matriz, esses

    fluxos seriam representados por:

    RBrRBrRBrM

    MRBrMM

    ZZ

    ZZZ (15)

    em que MMZ e RBrRBrZ , representam matrizes dos fluxos monetrios intra-regionais,

    e MRBrZ e RBrMZ , representam matrizes dos fluxos monetrios inter-regionais. As

    demais demandas finais podem ser obtidas similarmente. Portanto, de acordo com

    1^

    MMMMM XZA , constri-se a matriz MMA , para os n setores, em que MMA

    representa a matriz de coeficientes tcnicos intra-regionais de produo. Saliente-se

    que esta mesma formulao valeria para RBrMRBrRBrMRBr AAA ,, .

    RBrRBrRBrM

    MRBrMM

    AA

    AAA (16)

    RBr

    M

    X

    XX (17)

    RBr

    M

    Y

    YY (18)

    O sistema inter-regional de insumo-produto completo representado por:

    YXAI )( (19)

    8O procedimento completo, calculado a partir de dados primrios pode ser visto em Guilhoto (2011, p. 34-35).

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    30/106

    29

    e as matrizes podem ser dispostas da seguinte forma:

    RBr

    M

    RBr

    M

    RBrRBrRBrM

    MRBrMM

    Y

    Y

    X

    X

    AA

    AA

    I

    I

    0

    0

    (20)Efetuando estas operaes, obtm-se o modelo bsico necessrio anlise

    inter-regional proposta por Isard (1951), resultando no sistema de Leontief inter-

    regional da forma:

    YAIX1)( (21)

    o qual pode ser escrito como:

    RBr

    M

    RBrRBrRBrM

    MRBrMM

    M

    L

    Y

    Y

    LL

    LL

    X

    X

    (22)

    Assim como na anlise nacional apresentada nas equaes (11) e (12), possvel

    estimar para cada setor da economia os multiplicadores simples (total, direto ou indireto) a

    partir dos coeficientes tcnicos diretos e da matriz inversa de Leontief inter-regional (Miller e

    Blair, 2009). No caso especfico da matriz municipal, destaca-se a importncia do efeito

    transbordamento. Fazendo uma analogia anlise macroeconmica, esse efeito diferenciaria o

    Produto Interno Bruto (PIB) do Nacional (PNB) do municpio. Como apontado por Postali e

    Nishijima (2011, p. 476 nota de rodap), ao fazerem meno a um parecerista annimo,

    (...) economias fortemente dependentes de petrleo podem ter seu PIB artificialmente inflado

    (...), desta forma, o mais apropriado seria utilizar o PNB municipal, cujo clculo inexiste. O

    contrrio tambm observado, municpios com um grau elevado de atividades informais,

    como turismo, podem ter seu PIB subestimado, o que torna a anlise do transbordamento de

    suma importncia para o contexto municipal.

    Para estimar o efeito transbordamento do multiplicador de produo necessrio,

    primeiramente, calcular o multiplicador (12), o qual permite analisar o impacto de umavariao na demanda final de determinado setor sobre a varivel econmica de interesse

    (Miller e Blair, 2009). O valor calculado representa o valor total de produo de toda a

    economia que acionado para atender a variao de uma unidade na demanda final do setorj.

    A partir do multiplicador, o efeito transbordamento de uma regio em relao outra

    estimado pela diferena entre os multiplicadores dessas, podendo ser apresentado tanto em

    termos absolutos quanto em valores percentuais. O efeito transbordamento mostra como o

    aumento da produo setorial em dada regio impacta a produo dos setores de outra regio.

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    31/106

    30

    1.2.4 A estimativa da produo e o mtodo do quociente locacional

    Como observado por Leontief (1988, p. 6), nenhuma das anlises de insumo-

    produto apresentadas hoje seria possvel se no pela crescente produo de dados

    econmicos, principalmente no ambiente macro, de agncias nacionais9 e

    internacionais, pblicas e privadas. Infelizmente, no caso regional, em especial na

    esfera municipal, essa realidade diferente o que torna a construo (via dados

    primrios) do modelo de Isard uma tarefa herclea. Nesse caso especfico, ainda

    utilizando o raciocnio do autor (1988, p. 15), atualmente a cincia econmica

    apresenta uma alta concentrao de teoria sem dados empricos e nesse sentido, a

    tarefa de preencher os compartimentos vazios da teoria econmica com um

    contedo emprico relevante fica cada dia mais urgente e desafiadora.

    Para resolver esse dilema, no caso da matriz insumo-produto municipal, uma

    das solues utilizar o esquema prtico do modelo de Isard (Quadro 1.4) com a

    metodologia do quociente locacional, o que leva a outro problema: a necessidade

    dos dados do Valor Bruto de Produo municipal por setor. Vale lembrar que,

    quando os dados de produo de uma indstria, em uma dada regio/municpio no

    esto disponveis, pode-se utilizar outras medidas ou variveis por setor, dentre as

    quais se destacam o emprego, a renda pessoal recebida, o valor adicionado, a

    demanda final, etc. (Miller e Blair, 2009).

    Como a finalidade deste trabalho no apenas analisar uma localidade

    especfica, mas sim desenvolver uma metodologia que possa ser utilizada de forma

    prtica em qualquer realidade municipal, utilizar-se- os dados de emprego e salrio

    da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS)10 como proxy para elaborar a

    estimativa do Valor Bruto de Produo. Dado que no processo produtivo as

    empresas transformam insumos em produtos a partir de dois fatores de produobsicos (capital iK e trabalho iN ), possvel simplificar a anlise pela seguinte

    funo produo iii KNFX , (Mas-Colell et. al., 1995). Assim, a produo do

    setor i no municpio ser proporcional produo nacional de acordo com a

    participao do nmero de trabalhadores frente ao total do Brasil, ponderado pelo

    9 No caso brasileiro ver resumo em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdf.(Acesso: 19/06/2012)10Ver:http://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.php.(Acesso: 07/02/2012)

    http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdfhttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdfhttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://bi.mte.gov.br/bgcaged/login.phphttp://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/pib/pdf/03_basedados.pdf
  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    32/106

    31

    ganho de produtividade (devido ao diferencial no capital), medido pelo quociente do

    salrio mdio do municpio pelo nacional, como segue:

    Br

    iBr

    i

    M

    i

    Br

    i

    M

    iM

    i XW

    W

    N

    N

    X

    (23)

    em que Mi

    X e BriX representam, respectivamente, o valor bruto da produo do i-

    simo setor do municpio e do Brasil,iN o nmero de trabalhadores para o

    municpio (M) e o Brasil (Br)11eiW o salrio mdio por trabalhador obtido a partir

    do valor mdio mensal das remuneraes (por setor) e do nmero de trabalhadores.

    Destaca-se ainda que, em alguns casos, deve-se fazer a agregao de setores

    compatibilizando os da matriz nacional (IBGE) com os da RAIS (ClassificaoNacional de Atividades Econmicas / CNAE)no possvel trabalhar com a matriz

    com setores com zeros.

    De posse dos valores de MiX aplica-se o mtodo do quociente locacional. Este

    constitui uma tcnica bastante empregada em Economia Regional, quando se

    deseja obter uma primeira aproximao do valor de determinadas variveis para

    uma regio qualquer, a partir do valor das mesmas variveis obtidas por dados

    censitrios em nvel nacional. Segundo Souza et al. (1997), a utilizao dessa

    tcnica supe que a economia da regio R mantm a mesma estrutura da economia

    nacional em relao setor i. Como discutido por Richardson (1978) e Riddington,

    Gibson e Anderson (2006) esta seria a primeira limitao do modelo, pois mesmo

    dentro de um mesmo setor as empresas podem, regionalmente, diferirem em

    relao tecnologia empregada. Outra limitao, apresentada por Richardson

    (1978), diz respeito maior propenso importao que a regio individualmente

    apresenta (inclui aqui importaes do exterior, mas tambm do Restante do Pas),esses problemas so minimizados com o ajustamento demonstrado a partir da

    equao (25). Assim, o quociente locacional simples para o setor ina regio R, ou

    neste caso no municpio M, conforme Miller e Blair (2009), definido como:

    BrBr

    i

    MM

    iM

    iXX

    XXQL

    /

    / (24)

    11Em relao aos trabalhadores e s remuneraes, estes esto sendo considerados conforme apresentados naRAIS. Ver:http://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asp.(Acesso: 10/03/2012)

    http://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asphttp://www.rais.gov.br/rais_sitio/relacionar.asp
  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    33/106

    32

    em que MiX e

    MX denotam, respectivamente, os valores da produo do setor ie

    da produo total do municpio. J, BriX e

    BrX denotam, respectivamente, os valores

    da produo do setor ie da produo total nacional.O presente mtodo consiste em comparar a proporo do produto total do

    municpio M, que devida ao setor i, com a proporo do produto total nacional

    advindo do setor iem nvel nacional. O quociente locacional simples pode ser visto

    como uma medida da habilidade da indstria regional ipara atender demanda de

    outras indstrias e demanda final da regio. Se o valor do quociente for menor do

    que um, a indstria i menos concentrada na regio do que em nvel nacional. Se

    for maior do que um, a indstria i mais concentrada na regio do que em nvel

    nacional. Assim, para a linha ide uma tabela regional estimada, tem-se:

    8,0se0,8

    8,0se)(

    M

    i

    Br

    ij

    M

    i

    M

    i

    Br

    ijMM

    ijQLa

    QLQLaa (25)

    em que MMija o coeficiente tcnico ou de insumo regional eBr

    ija o coeficiente

    tcnico nacional. No caso da relao apresentada em (25) h um ajustamento do

    parmetro de 1 para 0,8. Esse ajustamento ad hocbusca corrigir a diferena entre

    os coeficientes regionais e nacionais. Mesmo partindo do pressuposto que o

    coeficiente tcnico total da regio igual ao nacional ( BrjM

    j aa ), simplificando como

    sendo a mesma base tecnolgica (funo produo), o modelo apresenta o fluxo de

    comrcio inter e intrarregional. Como apresentado por Richardson (1978, p. 115), a

    equao (26) mostra o coeficiente tcnico total, Mja , para a regio como a soma dos

    insumos regionais, representados pelo coeficiente tcnico MMja , mais os importados

    do restante do Brasil,RBrM

    ja , sendo este ltimo diferente de zero.RBrM

    j

    MM

    j

    M

    j aaa (26)

    Deve-se salientar que esta metodologia, neste caso especfico para o estado

    do Rio Grande do Sul, utilizar-se- de outras bases de dados, como as pesquisas

    domiciliares do IBGE a exemplo da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de

    Domiclios) e PME (Pesquisa Mensal de Emprego), apresentadas por Ramos e

    Ferreira (2005) para ajustar dados como os vetores de produo, emprego e

    rendimentos, essenciais na elaborao dos indicadores econmicos. Esses

    indicadores econmicos sero comparados com outros provenientes de uma Matriz

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    34/106

    33

    Original por meio dos testes de coeficientes de correlao de Spearman (posto-

    ordem) e Pearson (valor) a um nvel de significncia de 0,001 (bilateral), ambos

    variando entre -1 e 1.

    O primeiro coeficiente de correlao baseado no ordenamento. O

    coeficiente de Spearman (rs) (...) uma medida de associao entre duas variveis

    que requer que ambas as variveis sejam medidas pelo menos em uma escala

    ordinal (...), nesse sentido so testadas duas hipteses: H0, na qual no h

    associao entre as variveis analisadas e H1, em que h associao (Siegel e

    Castellan Jr., 2006, p. 266). J, o de Pearson (rp), ou Coeficiente de Correlao do

    Momento Produto, interpretado como um indicador que descreve a

    interdependncia entre duas variveis (Lira e Chaves Neto, 2006). Para suaclassificao (anlise qualitativa) ser utilizada a escala de Callegari Jacques (2003,

    p. 90) em que: se 0,0 < |rp| < 0,3, existe fraca correlao linear; se 0,3 |rp| < 0,6,

    existe moderada correlao linear; se 0,6 |rp| < 0,9, existe forte correlao linear;

    se 0,9 |rp| < 1,0 , existe correlao linear muito forte.

    Determinado o processo descrito anteriormente para estimar a matriz, passa-

    se, na prxima seo, a comparao. Devido raridade de matrizes insumo-produto

    municipais construdas, a matriz com a qual a metodologia ser comparada a doEstado do Rio Grande do Sul, ano de referncia 2003, apresentada nos estudos de

    Porsse (2007) e Palermo, Porsse e Peixoto (2010) obtidas na FEE (2003). Esta base

    de dados foi escolhida porque a metodologia de construo foi detalhadamente

    definida e os pesquisadores tiveram amplo acesso aos dados necessrios para sua

    elaborao. Portanto, considera-se que esta seja a Matriz Original.

    1.3 Resultados e Discusso

    O ponto de partida usual a classificao industrial padro da economia,

    nesse processo so feitos alguns ajustamentos envolvendo um maior ou menor grau

    de agregao dessas estruturas. Para este exerccio foram utilizadas as bases de

    dados de trs fontes bsicas, so elas: NEREUS (2012), FEE (2003) e RAIS (2012).

    O primeiro, para estimao da matriz nacional, conforme apresentado pelas

    equaes (8), (9) e (10). J as duas ltimas, serviro como base para a obteno

    dos multiplicadores de produo, emprego e rendimento regional e posteriori

    comparao entre os valores obtidos pela Matriz Original (FEE) e os estimados

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    35/106

    34

    (RAIS). De qualquer forma, para a utilizao dessas bases, h a necessidade de

    compatibilizao do nmero de setores conforme Quadro 1.5.

    Quadro 1.5: Agregao e ajuste dos setores do IBGE (42), FEE (44) e RAIS (59) em 32setores para anlise.No. IBGE - 42 setores FEE - 44 setores RAIS - CNAE (95) 59 setores

    1 agropecuria agricultura, silvicultura e explorao vegetal agricultura, pecuria e servios relacionadospecuria e pesca silvicultura, explorao florestal e servios relacionados

    pesca, aqicultura e servios relacionados

    2 extrat. mineral extrativa mineral extrao de carvo mineralextrao de minerais metlicos

    3 petrleo e gs extrao de petrleo e gs extrao de petrleo e servios relacionados4 mineral metlico minerais no-metlicos extrao de minerais no metlicos5 siderurgia siderurgia metalurgia bsica6 metalurg. ferrosos metalurgia de metais no-ferrosos fabricao de produtos de minerais no metlicos

    7 outros metalrgicos out ros produtos metalrgicos fabricao de produtos de meta l exceto mquinas e equ ipamentos8 mquinas e equip. mquinas e tratores fabricao de mquinas e equipamentos9 material eltrico material eltrico fabricao de mquinas, aparelhos e materiais eltricos

    10 equip. elet rnicos equ ipamentos ele trn icos fabricao de mater ia l e le trn ico e de apare lhos e equ ipamentos de comunicaesfabricao de equipamentos de instrumentao mdico hospitalares, de preciso e

    fabricao de mquinas para escritrio e equipamentos de informtica11 autom./cam/onibus automveis, caminhes e nibus fabricao e montagem de veculos automotores, reboques e carrocerias12 peas e out. veculos outros veculos e peas fabricao de outros equipam entos de transporte13 madeira e mobilirio madeira e mobilirio fabricao de produtos de madeira

    indstrias diversas indstrias diversas fabricao de mveis e indstrias diversas

    14 celulose, papel e grfica p apel e grfica fabricao de celulose, papel e produtos de papeledio, impresso e reproduo de gravaes

    15 ind. da borracha indstria da borracha fabricao de artigos de borracha e plsticoartigos pls ticos artigos de plstico

    16 qumicos diversos qumicos diversos fabricao de produtos qumicoselementos quimicos elementos qumicos

    farmac. e veterinria farmacutica e de perfumaria

    17 ref ino do pet r leo ref ino do petrleo fabricao de coque, refino de petrleo, de combustveis nucleares e produo de

    18 artigos do vesturio artigos do vesturio confeco de artigos do vesturio e acessrios

    19 ind. txtil indstria txtil fabricao de produtos txteis20 fabricao calados fabricao de calados preparao de couros e fabr icao de artefatos de couro, art igos de v iagem e calados21 indstria do caf indstria do fumo fabricao de produtos do fumo

    benef. prod. vegetais indstria do caf fabricao de produtos alimentcios e bebidas

    abate de animais beneficiamento de produtos vegetais

    indstria de laticnios abate de animaisfabricao de acar indstria de laticnios

    fab. leos vegetais indstria de acar

    outros prod. aliment. fabricao de leos vegetais

    outros produtos alimentares

    22 s.i.u.p. servios industriais de utilidade pblica reciclagemeletricidade, gs e gua quente

    captao, tratamento e distribuio de gua

    limpeza urbana e esgoto e atividades relacionadas

    23 construo civil construo civil construo24 comrcio comrcio comrcio e reparao de veculos automotores e motocicletas

    comrcio por atacado e representantes comerciais e agentes do comrcio

    comrcio varejista e reparao de objetos pessoais e domsticos

    25 transportes transporte transporte terrestretransporte aquavirio

    transporte areo

    atividades anexas e auxiliares dos transportes e agncias de viagem

    26 comunicaes comunicaes correio e telecomunicaes27 instituies financeiras instituies financeiras interm ediao financeira

    seguros e previdncia complementar

    atividades auxiliares da intermediao financeira, seguros e previdncia complementar

    28 serv. prest. famlia servios pres tados s famlias alojamento e alimentaoaluguel de veculos, mquinas e equipamentos e de objetos pessoais e domsticos

    servios domsticos

    educao

    sade e servios sociais

    29 serv. prest. empresa servios prestados s empresas atividades de informtica e servios relacionadosservios prestados principalmente s empresas

    pesquisa e desenvolvimento

    30 aluguel de imveis aluguel de imveis atividades imobilirias31 administrao pblica administrao pblica adm inistrao pblica, defesa e seguridade social

    servicos sociais

    32 serv. priv. mercantis servios pr ivados no-mercant is a tividades associa tivasatividades recreativas, culturais e desportivas

    organismos internacionais e outras instituies extraterritoriais

    Fonte:Elaborado pelo autor com base na RAIS (2012), IBGE (apud, NEREUS, 2012) e FEE (2003).

    No caso do NEREUS so apresentados 42 setores (padronizados conforme o

    Sistema de Contas Nacionais do IBGE), a FEE trabalha com 44 e a RAIS com 59,

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    36/106

    35

    este ltimo organizado conforme a Classificao Nacional de Atividades Econmicas

    (CNAE95 para o ano de 2003). Uma questo importante nesse procedimento a

    necessidade de fazer a agregao (tendo os dados da RAIS como parmetro) dos

    setores de forma a compatibilizar as tabelas/dados e evitar que se tenham setores

    com nmero de trabalhadores e, consequentemente, massa salarial igual zero, o

    que consideraria o valor da produo deste setor nulo - este valor inviabilizaria

    qualquer clculo matricial posterior pois a mesma se torna uma matriz singular

    (impossibilitando o clculo da inversa de Leontief). Vale destacar que, mesmo

    agregando setores com processos produtivos que diferem em alguns aspectos,

    levou-se em considerao o maior grau possvel de homogeneidade entre estes,

    no alteradando sua natureza e minimizando o vis de agregao.Aps o processo de agregao, necessrio obter e organizar os dados

    setoriais (extrados da RAIS) de massa salarial nominal do ms de dezembro,

    nmero de trabalhadores e salrio mdio por trabalhador para o Estado do Rio

    Grande do Sul (objeto de estudo) e Brasil, estes para o ano de referncia, neste

    caso o de 2003 (Tabela 1.1). Os dados apresentados na Tabela 1.1 so importantes,

    pois serviro para o clculo dos indicadores que sero utilizados para a estimao

    do vetor de produo, como apresentado na equao (23).Ao analisar o vetor de produo estimado pela metodologia proposta (Tabela

    1.2), observa-se, de forma geral, a subestimao no valor total estimado (R$ 204 bi)

    em relao ao valor da Matriz Original (R$ 277 bi). Contudo, ao analisar os valores

    oficiais do IBGE (2012) pode-se observar uma diferena com o resultado da FEE. De

    acordo com os dados do IBGE, o valor da produo de, aproximadamente, R$ 209

    bi. De qualquer forma, privilegiando os valores da Matriz Original, se for comparado

    os resultados dos dois vetores (RAIS e Original) por meio dos coeficientes decorrelao possvel perceber que os valores estimados se aproximam do

    comportamento real da regio.

    O coeficiente de Pearson, que compara os valores do vetor do Valor Bruto de

    Produo, indica uma correlao de 0,82 e o de Spearman (posto-ordem) uma

    correlao de 0,89. Como mencionado anteriormente, a fim de melhorar essas

    estimativas, o vetor do valor bruto de produo foi ajustado conforme anlise da

    PNAD e PME para o ano de 2003, como base em Ramos e Ferreira (2005). Os

    ajustamentos podem ser resumidos em trs grupos de setores, o (1) agropecurio

    (que teve seu valor de produo dobrado), os ligados a indstria - setores de (8) a

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    37/106

    36

    (21) foram aumentos em 36%, em mdia, e os de servio, (24) comrcio, (29)

    servios prestados s empresas e (30) atividades imobilirias que tiveram um

    aumento de, aproximadamente, 50%. Essa ao melhora os coeficientes de Pearson

    e Spearman, que passam para 0,89 e 0,92, respectivamente.

    Tabela 1.1:Valores de massa salarial (nominal do ms de dezembro), nmero detrabalhadores e salrio mdio mensal para o Estado do Rio Grande do Sul e para oBrasil, por setor, 2003.

    No. SETORESRemunerao TotalNominal do Ms de

    Dezembro (R$)

    Nmero deTrabalhadores

    Remunerao Mdiapor Trabalhador no

    Ms de Dezembro (R$)

    Remunerao TotalNominal do Ms de

    Dezembro (R$)

    Nmero deTrabalhadores

    RemuneraoMdia por

    Trabalhador noMs de Dezembro

    (R$)

    1 agropecuria 39.198.897,98 75.798 517,15 601.837.533,39 1.265.055 475,74

    2 extrativa mineral 1.126.301,93 707 1.593,07 50.737.618,78 31.485 1.611,49

    3 extrao de petrleo e gs 6.291,15 10 629,12 131.557.996,30 23.223 5.664,99

    4 extrao de minerais no metlicos 2.530.851,36 3.751 674,71 50.957.051,50 68.098 748,29

    5 metalurgia bsica 15.864.743,05 12.903 1.229,54 313.008.519,34 200.736 1.559,30

    6 metalurgia de metais no-ferrosos 10.040.053,92 14.770 679,76 213.888.352,86 277.634 770,40

    7 outros produtos metalrgicos 36.219.275,23 39.055 927,39 309.424.512,68 324.280 954,19

    8 fabricao de mquinas e equipamentos 54.458.200,53 44.269 1.230,17 414.581.848,68 289.074 1.434,17

    9 fabricao de material eltrico 10.633.721,15 9.183 1.157,98 158.504.855,11 121.595 1.303,55

    10 fabricao de equipamentos eletrnicos 12.777.885,02 8.593 1.487,01 193.457.763,87 125.700 1.539,04

    11 fabricao de veculos automotores 43.588.502,48 27.469 1.586,83 601.304.363,46 281.124 2.138,93

    12 fabricao de peas de transporte 456.919,55 533 857,26 103.429.675,61 50.505 2.047,91

    13 fabricao de madei ra, mobil irios e indstr ias diversas 35.813.426,02 54.747 654,16 314.455.987,19 500.851 627,84

    14 fabricao de celulose, papel e grfica 23.396.124,64 25.008 935,55 402.175.528,34 311.949 1.289,23

    15 fabricao de artigos de borracha e plstico 28.289.247,10 32.024 883,38 297.685.197,78 289.916 1.026,80

    16 fabricao de produtos qumicos 29.530.747,26 16.474 1.792,57 587.436.379,26 289.741 2.027,45

    17 fabricao de coque e refino de petrleo 7.895.709,89 1.084 7.283,87 165.378.682,51 59.853 2.763,08

    18 fabricao de artigos de vesturio e acessrios 7.429.930,75 14.546 510,79 216.730.618,76 448.524 483,21

    19 fabricao de produtos txteis 7.914.793,59 11.219 705,48 218.512.170,73 279.826 780,89

    20 fabricao de calados e artefatos de couro 101.331.056,92 153.966 658,14 196.477.935,05 345.732 568,30

    21 fabricao de produtos a limentc ios, beb idas e f umo 77.488.015,33 97.926 791,29 804.784.230,90 1.045.760 769,57

    22 servios industriais de utilidade pblica (SIUP) 40.544.435,28 23.164 1.750,32 623.837.937,59 333.315 1.871,62

    23 construo civil 47.712.375,93 69.987 681,73 769.358.600,45 1.048.251 733,95

    24 comrcio 241.371.979,81 365.862 659,74 3.291.493.005,26 5.119.479 642,94

    25 transportes 81.710.678,01 91.158 896,36 1.162.836.799,04 1.249.374 930,74

    26 comunicaes e correio 17.143.874,26 11.308 1.516,08 336.000.904,15 206.178 1.629,66

    27 instituies financeiras 107.761.042,21 38.263 2.816,32 1.616.192.707,77 576.578 2.803,08

    28 servios prestados s famlias 221.362.931,80 215.008 1.029,56 2.694.986.829,22 3.073.244 876,92

    29 servios prestados s empresas 99.602.550,08 126.114 789,78 2.341.911.462,75 2.605.085 898,98

    30 atividades imobilirias 16.352.356,72 28.027 583,45 370.953.617,22 537.731 689,85

    31 administrao pblica 580.604.728,45 404.659 1.434,80 8.646.076.070,56 7.139.120 1.211,08

    32 servios privados no-mercantis 56.742.512,86 62.228 911,85 909.715.640,45 1.024.958 887,56

    Rio Grande do Sul Brasil

    Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da RAIS (2012).

    Determinado o vetor do valor bruto de produo do municpio elabora-se a

    matriz de coeficientes tcnicos inter-regional conforme equao (16) a partir do

    mtodo QL, como apresentado na equao (24). Para este trabalho, seguindo o

    mesmo procedimento utilizado nos trabalhos de Brene et. al.(2010) e Brene et. al.

    (2011), so excludos da anlise e, consequentemente, da comparao setores de

    menor participao no montante de trabalhadores, tendo como corte valores de

    participao menores ou iguais a 1%. Assim, so retirados os setores (2) extrativa

    mineral, (3) extrao de petrleo e gs, (4) extrao de minerais no metlicos, (5)

    metalurgia bsica, (6) metalurgia de metais no-ferrosos, (9) fabricao de material

    eltrico, (10) fabricao de equipamentos eletrnicos, (12) fabricao de peas de

    transporte, (16) fabricao de produtos qumicos, (17) fabricao de coque e refino

  • 7/25/2019 r - t - Paulo Rogerio Alves Brene

    38/106

    37

    de petrleo, (18) fabricao de artigos de vesturio e acessrios, (19) fabricao de

    produtos txteis e (26) comunicaes e correio. Mesmo com a anlise de 19 setores

    (dos 32 estimados), esses setores so responsveis por aproximadamente 95% do

    nmero de trabalhadores e 94% da massa salarial (RAIS, 2012).

    Tabela 1.2:Valor do vetor de produo original do Estado do Rio Grande do Sul erespectivo valor estimado a partir dos dados RAIS e IBGE, 2003.

    No. SETORES

    Participaodos

    trabalhadoresRS/BR

    Diferencialde Salrio

    RS/BR

    Participaoda produo

    RS/BR

    ProduoBrasil-IBGE

    (R$ milhes)

    ProduoRS-Estimada(R$ milhes)

    ProduoRS-Estimada

    Ajustada(R$ milhes)

    ProduoRS-Original(R$ milhes)

    1 agropecuria 5,99% 1,09 6,51% 183.859,00 11.975,11 21.555,20 26.846,58

    2 extrativa mineral 2,25% 0,99 2,22% 23.250,00 516,12 516,12 383,85

    3 extrao de petrleo e gs 0,04% 0,11 0,00% 44.241,00 2,12 2,12 108,92

    4 extrao de minerais no metlicos 5,51% 0,90 4,97% 30.186,00 1