recuperaÇÃo judicial · subsidiária da hindalco industries limited, líder no setor de...

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1 EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL, FAZENDA PÚBLICA E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE CONTAGEM/MG ALUMIPACK INDÚSTRIA DE EMBALAGENS LTDA. , sociedade empresária inscrita no CNPJ sob o 07.770.721/0001-62, sediada na Av. Colúmbia, n.º 52, Bairro Novo Riacho, Contagem, Minas Gerais, CEP 32.280-670, por seus procuradores infra-assinados, ut instrumento de mandato anexo, vem, respeitosamente, com fulcro nos artigos 47 e seguintes da Lei n° 11.101/2005, requerer a concessão de sua RECUPERAÇÃO JUDICIAL, ante os fatos e fundamentos adiante expostos. A sociedade ora Requerente, empresa genuinamente mineira, tem como objeto social a fabricação e comercialização de embalagens de alumínio em geral, plástico bolha e filme plástico, dentre outros produtos devidamente discriminados em seu objeto social. Importante asseverar, desde já, que a Requerente é uma das líderes nacionais do mercado de embalagens de alumínio, sendo reconhecida internacionalmente pela força da marca Boreda. A sociedade é administrada pelo sócio GILMAR TEIXEIRA, brasileiro, divorciado, empresário, portador da Carteira de Identidade nº MG-3.968.120, expedida pela SSP/MG, e inscrito no CPF sob o nº.673.313.196-04, residente e domiciliado na Rua Castelo de São Jorge, nº 55, Apto 701, bloco A, bairro Castelo, Belo Horizonte MG, CEP 31.330-140. Num. 40553859 - Pág. 1 Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: DINARTE MOREIRA DOS SANTOS http://pje.tjmg.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18040216001303300000039330138 Número do documento: 18040216001303300000039330138

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Page 1: RECUPERAÇÃO JUDICIAL · subsidiária da Hindalco Industries Limited, líder no setor de alumínio, cobre e metais do Aditya Birla Group, sediada na Índia. Portanto, com o monopólio

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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA EMPRESARIAL, FAZENDA PÚBLICA

E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE CONTAGEM/MG

ALUMIPACK INDÚSTRIA DE EMBALAGENS LTDA.,

sociedade empresária inscrita no CNPJ sob o n°

07.770.721/0001-62, sediada na Av. Colúmbia, n.º 52, Bairro

Novo Riacho, Contagem, Minas Gerais, CEP 32.280-670,

por seus procuradores infra-assinados, ut instrumento de

mandato anexo, vem, respeitosamente, com fulcro nos

artigos 47 e seguintes da Lei n° 11.101/2005, requerer a

concessão de sua RECUPERAÇÃO JUDICIAL, ante

os fatos e fundamentos adiante expostos.

A sociedade ora Requerente, empresa genuinamente

mineira, tem como objeto social a fabricação e comercialização de embalagens de

alumínio em geral, plástico bolha e filme plástico, dentre outros produtos devidamente

discriminados em seu objeto social.

Importante asseverar, desde já, que a Requerente é uma das

líderes nacionais do mercado de embalagens de alumínio, sendo reconhecida

internacionalmente pela força da marca Boreda.

A sociedade é administrada pelo sócio GILMAR TEIXEIRA,

brasileiro, divorciado, empresário, portador da Carteira de Identidade nº MG-3.968.120,

expedida pela SSP/MG, e inscrito no CPF sob o nº.673.313.196-04, residente e

domiciliado na Rua Castelo de São Jorge, nº 55, Apto 701, bloco A, bairro Castelo, Belo

Horizonte – MG, CEP 31.330-140.

Num. 40553859 - Pág. 1Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: DINARTE MOREIRA DOS SANTOShttp://pje.tjmg.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18040216001303300000039330138Número do documento: 18040216001303300000039330138

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A Requerente gera hoje mais de 250 empregos diretos,

conta com cerca de 800 prestadores de serviços terceirizados e possui atividade

industrial/comercial desenvolvida em 3 (três) unidades, localizadas nos seguintes

endereços:

Filial 01: Av. Cesar Augusto Faria Simões, 515, Jardim

Riacho das Pedras, Contagem/MG, CEP 32.242-190, CNPJ 07.770.721/0002-00, NIRE

31.90.177.700-1

Filial 02: Av. Fernando de Noronha, nº 1031, Box 2, Bairro

Jardim Margarina, Vargem Grande Paulista, São Paulo, CEP 06.730-000, CNPJ

07.770.721/0003-91, NIRE: 35.90.395.706-9;

Filial 03: Rua João Penedo Alves, nº 180B, Bairro Distrito

Industrial Dr. Hélio Pentagna Guimarães, Contagem, Minas Gerais, CEP 32.113-487;

O principal estabelecimento da Requerente, para fins do

artigo 3º da Lei n.º 11.101/2005, encontra-se localizado em Contagem/MG, na Rua João

Penedo Alves, nº 180B, Bairro Distrito Industrial Dr. Hélio Pentagna Guimarães,

Contagem, Minas Gerais, CEP 32.113-487. Em tal estabelecimento, além de estar

localizada a principal planta industrial da Requerente, encontram-se instalados os

órgãos administrativos da empresa, razão pela qual dúvidas não restam de que este é

seu principal estabelecimento.

Há muito, doutrina e jurisprudência já consolidaram

entendimento de que o principal estabelecimento não é, necessariamente, o local da

sede da sociedade, mas sim o local onde se realizam os principais negócios sociais.

Neste sentido, a jurisprudência pátria encontra-se

completamente solidificada, consoante se pode inferir do aresto abaixo colacionado,

prolatado pelo colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, Corte soberana na

dirimência dos conflitos de ordem infraconstitucional, nos autos do Agravo Interno no

Conflito de Competência n.º 147.714/SP, julgado em 22/02/2017, cuja ementa restou

assim redigida pelo preclaro Relator, Ministro LUÍS FELIPE SALOMÃO, in litteris:

Num. 40553859 - Pág. 2Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: DINARTE MOREIRA DOS SANTOShttp://pje.tjmg.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18040216001303300000039330138Número do documento: 18040216001303300000039330138

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“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO INTERNO. PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 3º DA LEI N. 11.101/2005. 1. Nos termos do art. 3º da Lei n. 11.101/2005, o foro competente para o processamento da recuperação judicial e a decretação de falência é aquele onde se situe o principal estabelecimento da sociedade, assim considerado o local onde haja o maior volume de negócios, ou seja, o local mais importante da atividade empresária sob o ponto de vista econômico. Precedentes.

2. No caso, ante as evidências apuradas pelo Juízo de Direito do Foro Central de São Paulo, o principal estabelecimento da recuperanda encontra-se em Cabo de Santo Agostinho/PE, onde situados seu polo industrial e seu centro administrativo e operacional, máxime tendo em vista o parecer apresentado pelo Ministério Público, segundo o qual o fato de que o sócio responsável por parte das decisões da empresa atua, por vezes, na cidade de São Paulo, não se revela suficiente, diante de todos os outros elementos, para afirmar que o "centro vital" da empresa estaria localizado na capital paulista. 3. Agravo interno não provido.” Tal sorte de entendimento já havia sido consolidado na

jurisprudência pátria desde a vigência do vetusto e revogado Decreto-Lei nº 7.661/45

também por aquele colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA em julgamento

realizado por sua Segunda Seção, nos autos do Conflito de Competência n.º

32.988/RJ, cuja ementa foi lavrada pelo eminente Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO

TEIXEIRA, ipsis litteris:

“COMPETÊNCIA. CONFLITO. FALÊNCIA. FORO DO ESTABELECIMENTO PRINCIPAL DA RÉ. PRECEDENTES. MUDANÇA DE DOMICÍLIO. INTENÇÃO DE FRAUDAR. CONFLITO CONHECIDO. I - Segundo o art. 7º do Decreto-Lei 7.661/45, "é competente para declarar a falência o juiz em cuja jurisdição o devedor tem o seu principal estabelecimento ou casa filial de outra situada fora do Brasil".

II - Consoante entendimento jurisprudencial, respaldado em abalizada doutrina, "estabelecimento principal é o local onde a atividade se mantém centralizada", não sendo, de outra parte, "aquele a que os estatutos conferem o título principal, mas o que forma o corpo vivo, o centro vital das principais atividades do devedor". III - A transferência da sede da empresa do Rio de Janeiro, RJ, onde manteve seus negócios por muitos anos, para Caucaia, CE, depois de mais de trezentos títulos protestados e seis pedidos de falência distribuídos na Comarca fluminense, e o subseqüente pedido de autofalência no domicílio cearense, evidenciam a

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pretensão de fraudar credores e garantir o deferimento da continuidade dos negócios em antecipação a qualquer credor ou interessado.”

Assim, não restam dúvidas de que este d. Juízo da Vara

Empresarial, Fazenda Pública e Registros Públicos da Comarca de Contagem/MG é o

único competente para conhecer e processar a presente recuperação judicial.

DAS DIFICULDADES ECONÔMICO-FINANCEIRAS

ENFRENTADAS PELA REQUERENTE

Consoante se verifica induvidosamente pelos documentos

coligidos a essa peça pórtica, a Requerente é empresa cuja atividade precípua é a

fabricação e comercialização de embalagens de alumínio e alcançou um excepcional

crescimento ao longo de seus 13 (treze) anos de atuação, chegando ao patamar de 2º

lugar nacional no referido mercado, sendo sua marca (Boreda) reconhecida nacional e

internacionalmente.

Entrementes, a grave crise que assolou o país a partir de

meados de 2013 atingiu severamente o ramo de atuação da Requerente, posto que o

setor de produção primária de alumínio (matéria-prima fundamental para o exercício da

atividade industrial da Requerente), o qual já vinha sofrendo gravemente desde a crise

mundial de 2008 e a forte concorrência internacional da China, deteriorou-se mais

seriamente com a queda da produção causada pela baixa demanda internacional,

aliada ao crescente e exponencial aumento dos custos de produção, levando a fechar

diversas fábricas Brasil afora.

Com efeito, as reportagens1 anexas comprovam que o

mercado de industrialização primária de alumínio no Brasil mergulhou em gravíssima

1 http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,industria-de-aluminio-vive-pior-fase-em-30-anos,1770127 – Fonte: Jornal “O Estadão”, acessado em 28.03.2018 http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,em-meio-a-crise-do-aluminio-cba-edesmembrada-da-votorantim-metais,10000055162 - fonte: O Estadão, acessado em 28.03.2018. https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Resultados/noticia/2015/03/alcoa-suspende-producao-de-aluminio-no-brasil-e-demite-650-no-maranhao.html - Fonte: Época, acessado em 28.03.2018. https://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20141017/novelis-fecha-fabrica-agrava-crise-aluminio/200069 - Fonte: Istoé Dinheiro, acessado em 28.03.2018.

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crise, fato que afetou diretamente a atividade empresarial da Requerente, pois

ocasionou um elevado aumento do custo de sua matéria-prima principal (alumínio

laminado), aliado ao aumento inesperado e exagerado de diversas outras despesas

operacionais, tais como energia elétrica e combustíveis.

Lado outro, a forte retração da economia brasileira ocorrida

nos últimos anos impactou diretamente as vendas da Requerente, que viu sua Receita

Operacional cair drasticamente em quase R$30 milhões (trinta milhões de Reais) de

2015 a 2017, enquanto seu C.P.V (Custo dos Produtos Vendidos) manteve-se

praticamente linear no mesmo período.

Senão, veja-se:

2015 2016 2017

Receita Operacional 125 124 97

C.P.V 81 80 74

125 124

97

81 8074

0

20

40

60

80

100

120

140

Milh

ões

de

Rea

is

Anos

Alumipack Indústria de Embalagens Ltda.Receita Operacional x Custo dos Produtos Vendidos

Receita Operacional C.P.V

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Destarte, denota-se claramente que, em razão da crise

enfrentada pelo País, notadamente no setor de produção primária de alumínio, mesmo

com a queda vertiginosa da Receita Operacional da Requerente, o custo da sua

matéria-prima principal, qual seja, o alumínio, seguiu apresentando aumentos

consecutivos e crescentes, motivo pelo qual a rubrica Custo dos Produtos Vendidos da

Postulante manteve-se quase inalterada, ocasionando evidente desequilíbrio de caixa

e financeiro.

Merece ser destacado, ainda, que a crise do alumínio

ocasionou a concentração da produção do alumínio primário a pouquíssimos

conglomerados que, assim, passaram a dominar totalmente o mercado, sendo que, no

caso específico do alumínio laminado, matéria-prima essencial à produção da

Requerente, o monopólio está concentrado nas mãos da Novelis, uma multinacional

subsidiária da Hindalco Industries Limited, líder no setor de alumínio, cobre e metais do

Aditya Birla Group, sediada na Índia.

Portanto, com o monopólio da matéria-prima fundamental

para as atividades da Requerente nas mãos de uma única empresa, a Postulante não

-22

,40

%

-8,6

4%

PERCENTUAL DE QUEDA DA RECEITA OPERACIONAL X CUSTO DOS PRODUTOS

VENDIDOS

Receita Operacional Custo dos Produtos Vendidos

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tem qualquer força ou margem de negociação de preços e/ou prazos, o que a tornou,

assim, refém da política econômica imposta pela Novelis.

Todos os fatores retro e supra listados fizeram com que a até

então lucrativa operação da Requerente passasse a apresentar prejuízos seguidos nos

últimos anos, ocasionando sérios problemas de liquidez em seu caixa e,

consequentemente, atrasos em diversas obrigações, tais como pagamento de

fornecedores, instituições financeiras e impostos.

E, obviamente, os atrasos nos pagamentos das obrigações

supra descritas ocasionaram a perda de crédito da Requerente no mercado financeiro

e junto a seus fornecedores, obrigando-a, desta forma, a realizar compras à vista de

seus insumos de produção e, por conseguinte, a antecipar suas receitas para fazer

frente a tais despesas, por meio de desconto de títulos junto a instituições financeiras e

de fomento mercantil.

Ou seja, embora a atividade da Requerente seja

efetivamente lucrativa, os desajustes conjunturais e demais fatores expostos acima

ocasionaram uma crise momentânea em sua atividade, vindo a frear o crescimento dos

anos anteriores e impactar fortemente sua liquidez e seu caixa, trazendo enormes

dificuldades para pagamento das obrigações de curto prazo e a compra dos insumos

de sua produção.

Em verdade, deparou-se a Requerente com uma situação

totalmente imprevisível e incontrolável, causadora de verdadeira catástrofe, pois a crise

econômica que assola o país, especialmente agravada no setor de alumínio, causou o

fechamento de diversas fábricas e concentrou a produção nas mãos de poucos

conglomerados que regem as regras do mercado.

É cediço, outrossim, que a clientela do ramo de mercado da

Requerente é maciçamente composta por atacados e grandes supermercados que

revendem seus produtos aos consumidores finais que, em razão da diminuição da

circulação de riqueza e o desemprego altíssimo no País atualmente, também frearam o

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consumo nesses grandes centros de vendas (hipermercados, supermercados e

atacados).

Ainda assim, a Requerente tem destaque no mercado

nacional de embalagens de alumínio, sendo que as dificuldades que abatem a empresa

no momento podem ser superadas com o equacionamento do seu passivo hoje

existente, mormente por ser o seu negócio lucrativo e atraente, vem chamando a

atenção, inclusive, de diversos investidores.

Frise-se que, não fosse a descapitalização do seu caixa em

razão dos fatores já expostos, a atividade praticada pela Requerente seria (como de

fato é) absolutamente viável; aliás, a atividade, mais do que economicamente viável,

é inegavelmente lucrativa.

Na verdade, por atuar num setor muito sensível aos impactos

da economia - posto que os seus clientes vendem diretamente aos consumidores

finais2, ou seja, a retração nas vendas nos setores super e hipermercadista influem

diretamente nas vendas da Requerente -, a Postulante se viu fortemente afetada com

as consequências da crise econômica brasileira, cenário esse, contudo, que já

apresenta sinais de mudanças, com o reaquecimento da economia nacional.

Dentro desse contexto, todos estes fatores internos e

externos – em especial, a crise do setor de alumínio e a crise de energia e combustíveis

– fizeram com que a Requerente aumentasse seu endividamento, o qual tem

prejudicado, ou mesmo impossibilitado, a plena expansão de suas atividades

comerciais, lançando-a em delicada situação econômico-financeira momentânea.

Não restam dúvidas que os problemas hoje enfrentados pela

Requerente são fruto de impactos momentâneos da crise, cujos reflexos estão sendo

2 http://diariodocomercio.com.br/noticia.php?id=159771 – Crise Impacta Setor Supermercadista – Recuo nas vendas será percebido apesar da melhora no desempenho do setor em função das festas de fim de ano – 16/09/2015 – Fonte: Diário do Comércio, acessado em 28.03.2018.

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sentidos atualmente, os quais estão a impedir, substancialmente, o desenvolvimento de

suas atividades regularmente, notadamente por falta de liquidez a curto prazo.

Na verdade, a crise na qual a Autora se vê mergulhada é

resultado da somatória de um complexo conjunto de fatores, os quais ensejaram os

problemas econômico-financeiros por ela vivenciados. O professor JORGE LOBO

assim analisa a crise das empresas, ressaltando que:

“… a crise da empresa pode não ser resultado apenas de má organização, da incompetência, da desonestidade, do espírito aventureiro e afoito dos administradores, da ignorância dos sócios e acionistas, mas, de uma série de causas em cadeia, algumas imprevisíveis, portanto inevitáveis, de natureza macroeconômica e/ou supra nacional.”

Frente ao exposto, tendo em vista a situação de crise

econômico-financeira vivenciada pela Requerente, ocorrida em função dos fatos já

expostos, serve a presente para requerer o processamento e a posterior concessão de

sua recuperação judicial, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do

emprego dos trabalhadores, da geração de impostos e dos interesses dos credores,

promovendo, assim, a preservação da empresa, a função social de sua atividade, além

de estimular o desenvolvimento da economia da região e do País.

DA VIABILIDADE DA EMPRESA / FORÇA DA MARCA NO MERCADO EM QUE ATUA / DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL Dentre os princípios norteadores da nova ordem concursal

instaurada no País com a promulgação da Lei n.º 11.101/05, o da preservação da

empresa encabeça os objetivos da recuperação judicial, entendendo a empresa

como fonte de renda, arrecadação de tributos e geração de empregos, erigindo-se,

portanto, como indispensável ao regular desenvolvimento da atividade econômica da

nação.

Destarte, considerando-se esse novo contexto do Direito

Empresarial, a concessão da recuperação judicial às empresas em crise econômico-

financeira – cujos negócios, contudo, são viáveis, refletindo aí a sua possibilidade de

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soerguimento – é medida obrigatória do Estado-Jurisdição, cumprindo, assim, as já

citadas cláusulas pétreas consagradas na Carta Política de 1988.

No presente caso, a Alumipack Indústria de Embalagens

Ltda., detentora da reconhecida marca Boreda, possui, além de renome de relevo

no mercado de embalagens de alumínio, uma ampla e valiosa carteira de clientes,

produtos de qualidade e ótima aceitação no mercado, excelente planta industrial

e, principalmente, funcionários que acreditam na empresa. A situação atual,

embora desgastada, ainda tem sua recuperação facilmente viável, compreensível e

possível, exatamente pelas razões acima.

Aliás, urge ressaltar novamente que a ora Requerente detém

a vice-liderança nacional no mercado de comercialização de embalagens de alumínio e

sua participação no mercado cresceu substancialmente nos últimos anos.3

3 https://www.sm.com.br/resultado-de-busca-gps/descartaveis/papel-aluminio - Fonte: Supermercado Modeno, acessado em 28.03.2018.

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Todos os estudos de viabilidade econômica comprovam que

a empresa pode gerar caixa, dentro de um fluxo operacional contínuo e normal, sem os

gargalos das obrigações hoje em atraso e sem a necessidade de se antecipar toda a

receita e, assim, ter altas despesas financeiras que impactam na lucratividade da

atividade, no fluxo de caixa e na própria liquidez.

Lado outro, é notório o reaquecimento da economia

brasileira e, por outro lado, a sensível recuperação do setor de alumínio desde meados

do ano de 2017, com consideráveis investimentos de expansão de fábricas e

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implantação de novos centros industriais, o que torna o cenário futuro extremamente

favorável e promissor para a Requerente4.

Em verdade, as notícias recentemente veiculadas nos

periódicos do setor demonstram o total otimismo do empresariado do ramo do alumínio,

que já enxerga novos tempos e a imediata retomada do setor, conforme se pode inferir

das palavras abaixo transcritas, proferidas pelo Gerente Nacional de Vendas da

Belmetal, Sr. Jorge Luiz Valezin:

“Concluímos investimento em um novo Centro de Distribuição (CD) em Sorocaba, com 17 mil m², e no mesmo local iniciamos operação de slitter para laminados em bobinas. Viabilizamos operação de um novo CD em Salvador e ambos farão o abastecimento de nossas lojas presentes nas principais capitais do país.” (JORGE LUIZ VALEZIN, Gerente Nacional De Vendas Da

Belmetal)

No mesmo sentido, a euforia do reaquecimento do mercado

é sentido nos dizeres do Sr. Mario Fernandez, CEO do Grupo Recicla BR:

“Diversificamos nosso portfólio, o que nos trouxe possibilidade de atender outros segmentos. Desde o final de 2015, produzimos vergalhão de alumínio, utilizado na indústria siderúrgica, e de fios e cabos. Além disso, estamos atuando na área de injetados de alumínio, com foco na indústria automotiva, extrudados de alumínio, voltado para diversos segmentos e, por último, adquirimos uma distribuidora de metais, que vende produtos como chaparia e extrudados diversos, feitos sob medida para nosso cliente.” (MÁRIO FERNANDEZ, CEO do Grupo Recicla BR)

Portanto, verifica-se a plena viabilidade da atividade

desenvolvida pela Requerente por meio do equacionamento das suas dívidas atuais,

posto que o cenário futuro é animador, até mesmo pela recuperação da economia

nacional como um todo, reitere-se.

4 http://www.revistaaluminio.com.br/gestao/3215/ - Revista Alumínio – Edição 52, 2º Semestre de2017, acessado em 28.03.2017.

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Em verdade, com o endividamento estrangulador causado

pela falta de crédito e pela dificuldade em adquirir capital operacional, a empresa

precisará evidentemente de tempo para acerto de sua posição com os credores; mas o

princípio da viabilidade está na força de sua marca, na considerável parcela que detém

do mercado e na inequívoca capacidade de gerar caixa nas suas operações, mesmo

no atual cenário.

Essa geração de caixa, no entanto, depende de capital que

permita o regular funcionamento da empresa – e, principalmente, possibilite a compra

de insumos e matérias primas para serem processadas e vendidas, sem a utilização de

financiamentos baseados na cobrança de juros extorsivos.

Na verdade, tomando-se medidas para “estancar” o

dispêndio de recursos com antecipação de receita por meio do pagamento de juros – o

que sem dúvida dará fôlego à Postulante –, estar-se-á viabilizando a superação da crise

vivenciada pela sociedade, propiciando, assim, continuação de suas atividades, em

integral consonância com o espírito da atual Lei de Recuperação e Falências,

especialmente o preconizado em seu artigo 47, in litteris:

“Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.”

Não há dúvida de que a recuperação judicial apresenta-se

como instrumento legítimo e necessário à preservação das empresas, refletindo o

dispositivo legal retro transcrito os princípios constitucionais de estímulo à atividade

econômica, justiça social, pleno emprego e da função social da propriedade (art. 170,

II, III e VIII, c/c art. 5º, XXIII, da Constituição Federal).

Ressalte-se, ainda, que a Requerente hoje emprega

diretamente 251 colaboradores, os quais têm total disposição e estão empenhados na

recuperação da empresa, posto que sempre foi uma empresa com excelentes práticas

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de gestão de recursos humanos, trazendo satisfação aos seus empregados em lá

estarem.

Neste diapasão, insta transcrever escólio de JOSÉ DA

SILVA PACHECO, em sua obra Processo de Recuperação Judicial, Extrajudicial e

Falência (2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 110), o qual destaca a função social

da empresa:

“Se, eventualmente, um empresário ou sociedade empresária entra em crise, com a momentânea alteração do curso de seus negócios, trazendo-lhe problemas de natureza econômica, financeira ou técnica, é razoável que a ordem jurídica lhe proporcione anteparos, visando não somente a sua estrutura jurídica ou econômica nem apenas o binômio credor-devedor, mas, sobretudo, a sua função social.”

Não é outro o entendimento da ilustre professora MARIA

CELESTE MORAIS GUIMARÃES, manifestado em sua obra Recuperação Judicial

de Empresas e Falência (2. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 124), ilustrando a

importância do processo de recuperação para que seja a função social da empresa

preservada, verbis:

“O processo de recuperação judicial de empresas é, assim, um instrumento para a tentativa de salvamento da empresa em crise econômica, em face da nova característica publicista do instituto, priorizando a função social da empresa, conforme preconizado pelo art. 170, III, da Constituição Federal, que trata da Ordem Econômica e Financeira.”

O Relator do Projeto de Lei n.º 71/2003 no Senado, ilustre

Senador RAMEZ TEBET, em seu parecer acerca do Relatório Final que deu origem à

Lei n.º 11.101/05, pontuou os princípios norteadores da nova legislação falimentar,

priorizando a recuperação da empresa como foco maior em busca do desenvolvimento

da atividade econômica no País. Sobre a preservação da atividade da empresa, afirmou

o referido Senador, ipsis litteris:

“Princípios adotados na análise do PLC nº 71, de 2003, e nas

modificações propostas:

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1) Preservação da empresa: em razão de sua função social, a empresa deve ser preservada sempre que possível, pois gera riqueza econômica e cria emprego e renda, contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento social do País. Além disso, a extinção da empresa provoca a perda do agregado econômico representado pelos chamados “intangíveis”, como nome, ponto comercial, reputação, marcas, clientela, rede de fornecedores, know-how, treinamento, perspectiva de lucro futuro, entre outros.”5

Nesse contexto, resta evidente que a Requerente, mesmo

passando por crise econômico-financeira - a qual decorreu principalmente de fatores

macroeconômicos e conjunturais, ressalte-se -, possui indiscutível viabilidade de

reorganização e recuperação, principalmente em razão da solidez e força de sua marca

no mercado nacional e internacional, fazendo jus ao deferimento do pedido de

recuperação judicial ora formulado. Ao revés, seu indeferimento importaria na ruína da

empresa, o que consistiria em manifesta violação dos princípios norteadores da novel

legislação, não restando dúvidas, pois, que a Requerente possui plenas e inequívocas

possibilidades de ser recuperada – e este é o escopo da lei.

DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA O DEFERIMENTO DO PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Primeiramente, insta salientar que a sociedade

Recuperanda foi constituída em 20.11.2005, fato comprovado pela inclusa cópia de seu

contrato social ora coligido aos autos, bem como da Certidão expedida pela Junta

Comercial de Minas Gerais, preenchendo, pois, o requisito do caput do artigo 48 da Lei

de Recuperação e Falências:

“Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;

5 Relatório Final no Senado do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados n.º 71/2003. Fonte: Senado Nacional. www.senado.gov.br

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III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.”

Outrossim, as certidões anexas comprovam que a sociedade

Requerente nunca teve sua falência decretada, tampouco obteve recuperação judicial

ou concordata, preenchendo, assim, os requisitos dos incisos I, II e III supra e retro.

Também seu administrador nunca foi condenado por crimes falimentares, consoante

demonstram as certidões coligidas a essa peça exordial.

De outro norte, verifica-se que todos os documentos exigidos

pelo artigo 51 da Lei 11.101/2005 encontram-se coligidos a esta peça pórtica, conforme

anexos que instruem este petitório.

E, estando em termos a petição inicial e instruída com todos

os documentos exigidos pela Lei – tal como está a ocorrer na presente hipótese –, deve

este douto Juízo, permissa venia, deferir o processamento da recuperação judicial, nos

exatos termos do art. 52 da Lei 11.101/2005, verbis:

“Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial …”

Corroborando as assertivas da Requerente, curial

transcrever entendimento do preclaro Desembargador MOACYR LOBATO DE

CAMPOS FILHO, em sua obra Falência e Recuperação (Belo Horizonte: Del Rey,

2007, p.105/106), ipsis litteris:

“Uma vez cumpridas as exigências do art. 51 – que tem por

objetivo propiciar visão tão completa quanto possível da situação patrimonial da empresa e de seus titulares, sócios ou controladores –, o juiz, de acordo com o caput do art. 52, deferirá o processamento da recuperação judicial.”

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Outrossim, a presente petição inicial expõe as causas

concretas da situação patrimonial da Requerente e as razões de sua crise econômico-

financeira, cumprindo, pois, a exigência do art. 51, inciso I, da Lei 11.101/2005.

Com relação aos outros documentos exigidos pelos demais

incisos do artigo 51 da Lei de regência, todos eles são ora juntados, atendendo-se, pois,

aos ditames legais para o escorreito processamento do presente pedido de recuperação

judicial. São eles:

a) as demonstrações contábeis relativas aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente do balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, demonstração do resultado desde o último exercício social e relatório gerencial de fluxo de caixa;

b) a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;

c) a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores pendentes de pagamento;

d) certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o ato constitutivo (contrato social) e todas as alterações contratuais havidas, inclusive a última em vigor;

e) a relação dos bens particulares da sócia controladora e do administrador da Devedora;

f) os extratos atualizados das contas bancárias da devedora e de suas eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas instituições financeiras;

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g) certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;

h) a relação, subscrita pela devedora, de todas as ações judiciais em que este figure como parte, inclusive as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores demandados.

Frente ao exposto, preenchidos os requisitos exigidos pela

Lei de regência, requer a Autora seja deferido o processamento de sua recuperação

judicial, nos termos do artigo 52 da Lei 11.101/2005, prosseguindo-se o feito em seus

ulteriores termos.

DOS EFEITOS DA DECISÃO QUE DEFERE O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL / IMPOSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DE ATOS DE CONSTRIÇÃO DE VALORES DETERMINADOS POR OUTROS JUÍZOS EM CONTAS BANCÁRIAS DE TITULARIDADE DA REQUERENTE Com o deferimento do processamento do presente pedido

de recuperação judicial, certo é que, nos termos 49 da Lei n.º 11.101/05, todos os

débitos da Requerente, existentes na data do pedido, sujeitam-se aos efeitos da

decisão que determina o seu regular processamento.

Sobre a questão, leciona JOSÉ DA SILVA PACHECO6:

“Todos os créditos, diz o art. 49, ainda que não vencidos. Não se há de discutir se o crédito está ou não vencido. Basta que seja legítimo. Ainda que não esteja vencido, sujeita-se à recuperação judicial, desde que seja contra o devedor e não esteja legal ou contratualmente excluído.”

Dentre os efeitos do processamento do pedido de

recuperação, destaca-se o impedimento da Requerente em realizar quaisquer

pagamentos de débitos anteriores à data do pedido, sob pena de restar configurada

violação ao princípio da par conditio creditorum.

6 op.cit. p. 116

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Entrementes, o que se tem visto nos Sodalícios pátrios é a

prática abusiva de credores das mais diversas naturezas, os quais, no afã de receberem

aquilo que entendem lhes seja devido, desrespeitam a decisão que defere o

processamento da recuperação judicial e requerem, nos autos de execuções já

propostas contra a empresa em recuperação, a constrição online de valores em contas

bancárias de titularidade da devedora, por meio do procedimento conhecido como

BACENJUD.

Ora Exa., estando todos os créditos existentes na data do

pedido de recuperação judicial sujeitos ao seu regime e efeitos, não se pode permitir

que determinados credores procedam à penhora online de valores porventura

existentes em contas bancárias de titularidade da sociedade em recuperação,

porquanto tal situação traria danosas consequências, não somente para a

Recuperanda, mas também para os demais credores.

Isso porque todos os credores devem se sujeitar à

recuperação judicial em condições de igualdade, respeitadas as suas preferências,

garantias e os termos dos pactos que celebraram com a sociedade devedora, e a

realização de penhora eletrônica a favor de um dos credores beneficiaria a uns em

detrimento dos demais.

Em verdade, todos os créditos vencidos ou a vencer na data

do pedido de recuperação devem ser habilitados no quadro geral de credores e pagos

de acordo com o plano de recuperação submetido à apreciação e aprovação dos

próprios credores.

Ademais, não se pode olvidar que os débitos que surgirem

após o deferimento do processamento da recuperação não se sujeitam aos seus

efeitos, devendo, portanto, ser pagos pontualmente, tal como forem contratados.

Sobre o assunto, AMADOR PAES DE ALMEIDA7 esclarece

o dever de pontualidade da sociedade em recuperação:

7 Curso de Falência e Recuperação de Empresa. 24ed. rev. atual. – São Paulo: Saraiva, 2008, p.321

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“Os créditos constituídos após o pedido de recuperação judicial não se sujeitam à recuperação – e nem poderia ser de outra forma. Estes devem ser pagos nas datas fixadas para seu vencimento. São exatamente os créditos de fornecedores que, após a distribuição do pedido de recuperação, continuaram dando sua contribuição para o soerguimento da empresa.”

Destarte, deve a empresa em recuperação realizar

pontualmente o pagamento de dívidas cujo nascedouro é posterior à data do pedido.

Todavia, inquestionável que a realização de penhoras on line

inviabilizará a possibilidade de a Postulante pagar em dia os débitos contraídos após o

processamento do pedido e, por óbvio, a sua própria recuperação.

Assim, torna-se indispensável que esse preclaro Juízo

determine, desde já, em conjunto com a decisão que deferir o processamento da

recuperação judicial ora requerida, a expedição de ofício ao Banco Central do Brasil

ordenando à autarquia que não cumpra com nenhuma requisição de penhora ou

bloqueio de valores em contas bancárias de titularidade da Postulante, sejam tais

requerimentos on line ou não.

Em total beneplácito à tese ora sufragada pela Requerente,

no sentido de se impedir a penhora on line de valores em contas de sua titularidade

após o deferimento do processamento de sua recuperação judicial, tem-se julgamento

prolatado pelo colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, nos autos do Agravo

Regimental no Agravo de Instrumento n.º 952491/RJ, cuja ementa, na parte que

interessa, restou assim lavrada pelo eminente Ministro JOSÉ DELGADO:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU FALTA DE MOTIVAÇÃO NO ACÓRDÃO A QUO. PENHORA SOBRE VALORES EXISTENTES EM CONTA CORRENTE BANCÁRIA. POSSIBILIDADE EM HIPÓTESES EXCEPCIONAIS. NÃO-OCORRÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIO, IN CASU. PRECEDENTES. (...)

5. In casu, à recorrente foi deferido plano de recuperação judicial e a constrição de dinheiro em conta-corrente irá comprometer toda a sua atividade econômica e o pagamento de sua folha de salários, assim como o referido plano de recuperação. Foram oferecidos bens imóveis em substituição à penhora em dinheiro. Tais condições

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afastam, nos termos da jurisprudência acima citada, a possibilidade, ao menos na hipótese versada, da penhora dos

valores constantes na conta-corrente da executada. 6. Agravo regimental não-provido.” (in DJ 23.04.2008)

Neste mesmo diapasão, tem-se aresto proferido pelo

egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, nos autos

do Agravo de Instrumento n.º 70023184997, cuja Relatora, Desembargadora JUDITH

SANTOS MOTTECY, assim ementou o acórdão, in litteris:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. PENHORA ON LINE. CASO CONCRETO. IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A inexistência de exaurimento, pelo exeqüente, das possibilidades de localização de bens penhoráveis não consubstanciou a única razão de decidir da decisão agravada, de molde que ela se

sustenta pelo outro fundamento delineado. Informação constante dos autos acerca da existência de Recuperação Judicial da empresa-agravada/executada, o que inviabiliza a efetivação de penhora on line.”

Pelo exposto, requer a Postulante se digne V. Exa.

determinar, em caráter de urgência, na decisão que deferir o processamento do

presente pedido de recuperação judicial, a expedição de ofício ao Banco Central do

Brasil, ordenando àquela autarquia que deixe de cumprir, bem como as instituições

financeiras que integram o sistema financeiro nacional, quaisquer requisições de

bloqueio ou penhora de valores em contas bancárias de titularidade da Requerente.

DOS PEDIDOS

Ex positis, confia a Requerente que V. Exa. deferirá o

processamento da presente recuperação judicial, nos exatos termos do artigo 52 da lei

de regência da espécie, e via de consequência:

a) nomeará o administrador judicial;

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b) determinará a dispensa da apresentação de certidões

negativas para que o devedor exerça suas atividades;

c) ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções

contra a Autora, na forma do art. 6º do mesmo diploma legal;

d) ordenará a intimação do Ministério Público e a

comunicação por carta às Fazendas Públicas Federal, do Estado de Minas Gerais e

dos Municípios de Contagem, Belo Horizonte, Montes Claros, Uberaba e Divinópolis;

e) determinará, em caráter de urgência, a expedição de

ofício ao Banco Central do Brasil para o fim de ordenar àquela autarquia que não

cumpra, assim como as instituições financeiras integrantes do Sistema Financeiro

Nacional, eventuais requisições de penhora em contas bancárias de titularidade da

Postulante.

Roga, outrossim, deferido o processamento da recuperação

judicial, seja determinada a expedição do edital a que se refere o artigo 52, §1º da Lei

11.101/2005, contendo: (a) o resumo do pedido ora formulado; (b) a decisão que defere

o processamento da presente recuperação judicial; (c) a relação nominal de credores,

nos moldes da lei; (d) a advertência para que os credores apresentem as habilitações

ou divergências de seus créditos na forma e prazos legais.

Informa a Requerente que, no prazo legal de 60 (sessenta)

dias a contar da publicação da decisão que deferir o processamento da presente

recuperação judicial, apresentará seu plano de recuperação, em obediência ao disposto

no artigo 53 da Lei 11.101/2005.

Por fim, postula a Requerente, após deferido o

processamento e todas as demais formalidades legais, seja concedida, ao final, a

Recuperação Judicial de Alumipack Indústria de Embalagens Ltda., em obediência a

todas as disposições aplicáveis na espécie.

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Dá-se à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor de

R$32.592.423,03 (trinta e dois milhões, quinhentos e noventa e dois mil, quatrocentos

e vinte e três reais e três centavos).

Nestes termos, pede deferimento.

Contagem/MG, 2 de abril de 2018. GERALDO LUIZ DE MOURA TAVARES OAB/MG – 31.817

ALEXANDRE FIGUEIREDO DE ANDRADE URBANO OAB/MG – 55.283

MARCOS CAMPOS DE PINHO RESENDE OAB/MG – 75.387

DINARTE MOREIRA DOS SANTOS OAB/MG – 110.694

ANA CAROLINA GUIMARÃES NOGUEIRA OAB/MG – 115.396

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