revista d semanal

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4 | D Semanal D Semanal | 5 Diretor-presidente: Jader Filho Diretor de redação: Gerson Nogueira Editora responsável: Esperança Bessa Editora assistente: Aline Monteiro Produção: Elianna Homobono Textos: Aline Monteiro, Anna Carla Ribeiro, Esperança Bessa, Luly Mendonça Ishak e Tássia Almeida Colunistas: Carmem Souza, Danuza Leão, Drauzio Varella, Janjo Proença e Robsom Lima Editor executivo de arte: Atorres Projeto gráico: Anna Leal Design: Anna Leal e Rubens Alex Editores de fotograia: Alberto Bitar, Marcelo Lelis, e Octávio Cardoso Fotos: Abraão Ferreira, Lailson Santos, Neto Soares, Paulo Liebert/Estadão Conteúdo, Rogério Uchôa e Walda Marques Ilustrações: Luciano Meskyta e Dálcio Machado Tratamento de imagem: Fabrício Dias Revisão: Lívia Magno e Rodrigo Porto Neves Estagiárias: Andréa França e Isabela Lima Finalização: Dirceu Reis Impressão: Gráica Santa Marta A opinião dos colunistas não relete necessariamente a opinião da D Semanal. nossa equipe Fale conosco: [email protected] Fale da gente Flagra De tudo um pouco Todos querem Drauzio 6 9 12 37 42 43 44 48 50 Entrevista As personas de Maeve Jinkings 14 34 Top Secret A Polinésia Francesa de Michele e André Godinho 24 Moda Nos bastidores da Semana de Moda de Paris 36 Arte Cuba pelos olhos de Walda Marques Índice Um toque da Turquia na sua casa 20 Decoração 32 Conheça o ‘cruvidorismo’ do raw food Saúde Diário Vip Luxo Baladas & Badalados Danuza

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Page 1: Revista D semanal

4 | D Semanal D Semanal | 5

Diretor-presidente: Jader FilhoDiretor de redação: Gerson NogueiraEditora responsável: Esperança Bessa Editora assistente: Aline MonteiroProdução: Elianna HomobonoTextos: Aline Monteiro, Anna Carla Ribeiro, Esperança Bessa, Luly Mendonça Ishak e Tássia AlmeidaColunistas: Carmem Souza, Danuza Leão, Drauzio Varella, Janjo Proença e Robsom LimaEditor executivo de arte: Atorres Projeto gráico: Anna LealDesign: Anna Leal e Rubens AlexEditores de fotograia: Alberto Bitar, Marcelo Lelis, e Octávio CardosoFotos: Abraão Ferreira, Lailson Santos, Neto Soares, Paulo Liebert/Estadão Conteúdo, Rogério Uchôa e Walda MarquesIlustrações: Luciano Meskyta e Dálcio MachadoTratamento de imagem: Fabrício Dias Revisão: Lívia Magno e Rodrigo Porto NevesEstagiárias: Andréa França e Isabela LimaFinalização: Dirceu ReisImpressão: Gráica Santa MartaA opinião dos colunistas não relete necessariamente a opinião da D Semanal.

nossa equipe

Fale conosco: [email protected]

Fale da gente

Flagra

De tudo um pouco

Todos querem

Drauzio

6

9

12

37

42

43

44

48

50

Entrevista

As personas de Maeve Jinkings 14

34Top Secret

A Polinésia Francesa de Michele e André Godinho 24

Moda

Nos bastidores da Semana de Moda de Paris 36

Arte

Cuba pelos olhos de Walda Marques

Índice

Um toque da Turquia na sua casa20

Decoração

32

Conheça o ‘cruvidorismo’ do raw food

Saúde

Diário Vip

Luxo

Baladas & Badalados

Danuza

Page 2: Revista D semanal

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Entrevista

Rapte-me, camaleoa

Rapte-me, camaleoa

Para entender a atriz Maeve Jinkings é preciso jogar vários ingredientes em um caldeirão, misturar música, sonho, autoconiança, ousadia e mais um

monte de lugares onde ela já esteve

Texto: Luly Mendonça Ishak | Fotos: Lailson Santos/divulgação Design: Rubens Alex

alvez seja de batismo mesmo.

Seu nome remete a um mito

celta, a Deusa da Guerra,

cultuada por ser forte, senhora da

própria feminilidade. ‘Intoxicante’

é o seu signiicado. A certidão é

do Distrito Federal, o RG é do Pará, a carteira

de habilitação, de São Paulo, e o título eleitoral,

de Pernambuco. Foi assim a vida inteira e são

as mudanças e a constante adaptação que

deinem a atriz Maeve Jinkings. “A vida me fez

um pouco camaleoa, me trouxe a necessidade

constante de adaptação”, diz.

Ela nasceu em Brasília, mas foi criada em

Belém do Pará. Mudou-se para São Paulo, mas

caiu de amores por Recife. E mesmo tendo se

formado em Publicidade e Propaganda, foi a

paixão pelo teatro que bateu mais forte. Por

ela, largou tudo e foi em busca de seu sonho.

Já participou de ilmes como ‘Falsa loura’, de

Carlos Reichembach; ‘Boa sorte, meu amor’,

do estreante Daniel Aragão, ‘O som ao redor’,

de Kléber Mendonça Filho; ‘Era uma vez eu,

Verônica’, de Marcelo Gomes (os dois últimos

estiveram recentemente em cartaz em Belém);

e os ainda inéditos ‘Amor plástico e barulho’, de

Renata Pinheiro, e ‘Loja de répteis’, de

Pedro Severien.

Mesmo sabendo que a proissão de ator não

é fácil, Maeve é determinada o suiciente para

correr atrás e tem colhido bons frutos de sua

escolha. Mas não mete os pés pelas mãos

e vai vivendo uma vitória de cada vez. No

fundo, Maeve desconia que sua escolha pela

proissão tenha a ver, na verdade, com sua

paixão por pessoas, por gente, por tentar sempre

compreender como elas se comportam de

formas tão diversas.

“Não há como ser artista e não olhar diretamente

seus medos, sua fragilidade”, ensina. Como a

deusa que deu origem ao seu nome, Maeve

parece não ser nada frágil, mas dona de si e

de seu destino. E parafraseando Bidu Queiroz,

que escreveu um roteiro especialmente para a

moça, ela “é uma mulher misteriosa. Ninguém

sabe quem é, de onde veio, para onde vai”. Mas a

gente desconia que ela vai longe.

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to: L

ails

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anto

s

Page 3: Revista D semanal

Você nasceu em Brasília, foi criada no Pará, morou em

São Paulo e em Recife. Onde você está agora? Como se deu essa misturada danada?Pois é, sou uma salada cultural. Minha casa ica em São

Paulo, mas tenho trabalhado muito em Recife e lá passo

longas temporadas. Desde agosto não consigo voltar para

São Paulo e agora estou em Alagoas ilmando com a equipe

pernambucana. Para ter ideia, minha certidão é do Distrito

Federal, meu RG do Pará, minha habilitação é de São Paulo e

meu título eleitoral, de Pernambuco! (risos). É que minha mãe

é paraense, mas estudou e se casou em Brasília, onde nasci

e morei até meus 6 anos. Aí, voltamos para Belém e somente

ao 23 anos, formada em Comunicação Social pela Unama,

fui para São Paulo a im de estudar interpretação. Dez anos

depois, fui a Recife com minha mãe e meu padrasto, que é

natural do sertão pernambucano. Era para passar apenas 20

dias, mas foi tão forte que passei sozinha cerca de três meses!

Nasceu uma relação forte com a cidade, onde iz grandes

amigos e parceiros de trabalho. É incrível, hoje Recife é uma

casa para mim. E minha mãe e padrasto agora vivem lá, o

que facilita muito também. Acho que essa misturada acabou

sendo muito positiva, a vida me fez um pouco camaleoa, me

trouxe a necessidade constante de adaptação. E isso é ótimo

em minha proissão.

Você se sente mais brasiliense ou paraense?Sei lá... Uma candango-marajoara (risos). No Pará, formei

toda uma identidade cultural que é muito forte, me sinto

muito ligada a elementos da cultura paraense, aos cheiros,

ao clima, à comida, música e dança. Quando saí daí é que

pude notar que somos abertos ao contato físico de uma

forma muito natural e muitas vezes ingênua. Gosto disso. Sim,

me sinto mais paraense. Estou nesse momento veriicando

meus brincos indígenas, meu perfume de priprioca e um

jeito bem tropical de vestir. Ah, e acabo de escutar um brega

que estava enviando a um amigo norte-americano. Ele quer

entender o que é isso. É, sou bem caboquinha, sim! (risos)

Você disse q ue se formou em Comunicaçao Social em

Belém. Chegou a exercer a proissão?Bem pouco. Cursei publicidade sabendo que queria mesmo é

estudar interpretação, mas não havia a graduação para Artes

parei. Até hoje meu trabalho como atriz é profundamente

ligado à musica e a utilizo em todas as minhas preparações.

Os cadernos dos personagens são cadernos de música. É algo

que me mobiliza muito.

Você chegou a fazer teatro em Belém?Em Belém nunca tive uma relação forte com o teatro local. É

curioso, queria ser atriz, mas achava que precisava ir buscar

fora. Desconio que minha escolha pelo ofício do ator tem a

ver com uma paixão por pessoas, por gente, por tentar sempre

compreender como as pessoas se comportam de formas tão

diversas, de como suas histórias e entorno as coniguram em

milhões de possibilidades. A mim isso parece fascinante e em

São Paulo o teatro me proporcionou o início dessa pesquisa,

que continua até hoje, independente do meio de expressão.

Em São Paulo você estudou interpretação com nomes

como Antunes Filho. Como foi?Foi um renascimento. Sinto que nasci de novo em cada nova

cidade e São Paulo me colocou em outra dimensão com

o mundo. No Antunes iquei pouco, apenas cinco meses, o

suiciente para me transformar muitíssimo. Costumo dizer

que a escola dele é um serviço social, porque te coloca em

contato com livros e ilmes básicos para formação de um

ator. É fantástico, estimula um ator pensador, crítico e autor

de sua própria cena, cabe a você saber o que fazer disso. Ali

sofri dores que lembro até hoje, mas que foram e ainda são

fundamentais. Minha primeira lição foi essa: não há como ser

artista e não olhar diretamente seus medos, sua fragilidade.

E é também muito curativo. Mas a formação mais sólida veio

da EAD (Escola de Arte Dramática/USP), onde iquei cinco

anos. Estudamos muito, com uma disciplina rara, durante

cinco dias por semana, cinco horas por dia. Aquele lugar é

muito especial, tem professores fantásticos pelos quais tenho

gratidão enorme, e uma infraestrutura cenotécnica que te

permite experimentar de tudo, se quiser. Pessoas que amam o

que fazem, muito dedicadas. É uma pequena ilha da fantasia.

Qual foi sua primeira experiência atuando? Em 1995, ainda em Belém, tive experiências em comerciais e

testes de curtas. Mas a primeira experiência proissional foi em

2002, numa peça infanto-juvenil dirigida por Vladimir Capella,

‘Miranda’. Caio Blat e Caco Ciocler estavam no elenco, além de

outros atores fantásticos. Era um musical.

E teve o ilme ‘Falsa loura’, de Carlos Reichembach. Como veio a oportunidade de interpretar Lígia?‘Falsa loura’ veio apenas em 2006. Cursava EAD há dois

anos e já conhecia a produtora do ilme, Sara Silveira. Temos

amigos em comum e ela produzia a peça do meu marido, na

época. Então me chamou para fazer teste para um pequeno

personagem que aparecia numa cena apenas. Mas Carlão

(Carlos Reichembach) viu meu material e decidiu que eu faria

o teste para Lígia, uma personagem maior e que leva o nome

da esposa dele. Deu certo.

A partir daí que rumo sua vida foi tomando?Depois de ‘Falsa loura’ ainda fui terminar a EAD. Tinha esse

compromisso comigo mesma e a escola não me deixava

muito espaço para fazer outras coisas, me alimentava muito

artisticamente. Além disso, trabalhava como produtora

cultural em São Paulo. Passava o dia no trabalho e à noite

ia para a USP. Fiz ‘Falsa loura’ porque meu chefe me deixou

tirar férias, ele foi bem generoso. Mesmo assim, o inal

das ilmagens foi feito trabalhando de dia e ilmando de

madrugada! Lembro que, logo após ilmar ‘Falsa loura’, o SBT

me convidou para um pequeno personagem ixo na novela

‘Amigas e rivais’, mas eu tinha a escola e estávamos em cartaz

no teatro. Perguntei para o pessoal do SBT se poderiam

garantir que eu estaria todo dia às 18h na USP. Obviamente

disseram que não, isso não existe na TV e respondi que, nesse

Desconio que minha escolha pelo ofício do ator tem a ver com uma

paixão por pessoas, por gente, por tentar sempre compreender como

as pessoas se comportam

Precisei resgatar muito de minha memória com Belém. Pegar bastante

sol e resgatar uma sensualidade natural de quem vive o

universo do brega

Cênicas em Belém. Então me formei, iz estágio durante a

faculdade, trabalhei por um ano no departamento de mídia

de duas agências, mas não tinha nada a ver comigo. Inclusive

preciso ir buscar meu diploma, até hoje não iz isso. Estou bem

atrasada, né?

E como tudo começou em relação ao teatro? De onde veio a paixão?É tão difícil responder isso, porque sinto que fui sendo

envolvida pelas artes, desde pequena. Tudo começou pela

música, pelos concertos de música clássica a que meu pai me

levava em Brasília. Foi onde chorei de emoção pela primeira

vez, aos seis anos. Comecei a estudar violão aos 10 anos, mas

Foto

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anto

s

Page 4: Revista D semanal

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caso, não poderia fazer. Depois me chamaram de

novo para fazer uma participação na mesma novela,

não me tomaria tanto tempo, mas aí o problema

foi no trabalho. Meu chefe disse que não daria mais

para conciliar com os trabalhos de atriz e esse foi o

momento em que tive que escolher entre a segurança

do emprego ixo e a instabilidade da vida do artista.

Sofri muito e, apesar das crises inevitáveis, aqui estou

eu. É isso que me traz sentido.

E falando em mudanças, mudar-se para Recife teve

a ver com o curta ‘Passageira S8’, de 2009?Eu já tinha passado aqueles primeiros três meses

em Recife no início de 2009, quando conheci Bidu

Queiroz. Voltei a São Paulo e meses depois ele me

escreveu dizendo que havia um roteiro para mim,

inspirado em minha história, nessa passagem por

Recife. Nas palavras dele, a personagem era “uma

mulher misteriosa, que ninguém sabe quem é, de

onde veio, para onde vai”. Em agosto de 2009 passei

um mês ilmando ‘Passageira S8’, ao mesmo tempo

comecei a namorar um pernambucano, e minha mãe

mudou para Recife com meu padrasto. Então pensei

que deveria mesmo viver um pouco nessa cidade que

estava me acolhendo tanto. Havia recém concluído a

EAD, terminei um casamento em São Paulo, precisava

de tempo respirando fora. Foi o que iz em dezembro de

2009. E foi maravilhoso! Exatamente seis meses depois

estava ilmando ‘O som ao redor’.

Seu mais recente papel foi no ainda inédito ‘Amor plástico e barulho’. Como foi essa experiência?

Na verdade, o mais recente foi no curta ‘Loja de répteis’,

de Pedro Severien, em novembro de 2012. Filmei em

apenas 15 dias depois de concluir ‘Amor plástico e

barulho’, provavelmente a experiência mais desaiadora

que já vivi como atriz. Jaqueline Carvalho, a personagem,

é uma cantora de brega, que é paraense, mas vive em

Recife e passa por um momento de decadência, de

crise pessoal em vários aspectos, como cantora, como

mulher, como mãe... Sofre de alcoolismo, bem diferente

de mim, que bebo pouco. Foi difícil, precisei estabelecer

um método de trabalho para dar conta de tudo.

Também tinha que cantar e gravamos a trilha sonora

original feita pelo DJ Dolores. Jaque é muito densa e

precisei olhar para sombras profundas, foi um processo

doloroso que me levou até mesmo a adoecer ao inal

das ilmagens, mas que, sem dúvida nenhuma, foi

também curativo.

Então você teve q ue voltar às suas raízes paraenses

para compor a personagem. Como foi este

processo?Precisei resgatar muito de minha memória com Belém,

que estava bastante adormecida. Pegar bastante

sol, coisa que há anos não fazia, e resgatar uma

sensualidade natural de quem vive o universo do

brega, com letras sempre muito sensuais e livres do

julgamento da classe dita de ‘bom gosto’. Uma relação

com o próprio corpo, do poder feminino passando

pela sexualidade. Tenho impressão de que poucas

mulheres se atrevem a viver essa relação com o

corpo. As mulheres normalmente buscam se colocar

proissionalmente desviando o olhar para longe do

corpo, e assim, tentar icar de igual para igual com

homem. Durante esse processo me perguntei muito

o quanto abrimos mão de características nossas e

marginalizamos alguns aspectos de nossa sexualidade

para nos impor diante de homens e evitar ‘abusos’.

Eu mesma tive diiculdade de me sentir à vontade

nas roupas de Jaqueline, de não julgá-la, de seduzir

descaradamente, jogar o cabelo, usar unhas enormes,

de usar esse poder feminino. Uma cantora de brega

de Recife, com quem fui conversar no período de

laboratórios, me disse “sou muito grata ao brega, me

ensinou a ser mulher”. E ela tinha lágrimas nos olhos

quando disse isso, me comoveu. Acredito que Jaqueline

me ensinou a não esconder minha feminilidade e de

certa forma me proporcionou um reencontro com isso.

Também acho que foi um reencontro com minha origem

amazônica, que estava sufocada depois de 13 anos fora.

Como você se sente hoje, ao olhar para trás e ver

q ue tomou uma escolha e vem conseguindo aos

poucos realizar seu sonho?Juro que não sei muito qual era meu sonho lá atrás.

Acho também que muito desse sonho se reconigurou,

sou outra pessoa e sonho diferente hoje. Mas me sinto

muito feliz de trabalhar com o que amo, com o que

acredito que sei fazer, e com o tanto que tenho para

fazer e aprender ainda. Também aprendi que na vida de

um artista nada está conquistado. É uma luta sem im,

de renascer e refazer sempre, por isso é preciso estar

disposto. As pessoas esquecem você rapidamente e é

preciso estar em paz com isso. Importante é fazer seu

trabalho da melhor forma.

Em algum momento você pensou em desistir?Ah! Quase todos os dias desses anos! (risos). Acho

que é natural, vida de artista de teatro e cinema só

tem glamour na foto de estreia postada no Facebook

(risos). Mas se é vital, você segue. Precisa ser vital, do

contrário acho mais saudável tentar outra proissão.

Pelo que sei, ser ator em qualquer lugar do mundo é

um desaio...

E as lembranças que você tem do Pará?

Amo o Pará, amo. Tenho lembranças da infância ao

início da vida adulta. Muita coisa, né? Morei quase toda

vida no bairro de Batista Campos, onde meus avós

tinham a livraria Jinkings, cresci usando o depósito de

livros como pula-pula, para depois levar palmadas.

Tenho tanto carinho por essas palmadas... Ainda tenho

tios, primos e muitos amigos de infância, de faculdade e,

inclusive, amigos que iz depois de sair daí. Estou sempre

indicando Belém como destino.

Tem alguma produção em vista na terra?Nada em vista no Pará, mas confesso que tenho planos

de passar um período estudando nossas danças

folclóricas. Gostaria de passar um mês acompanhando

grupos, visitando lugares e pesquisando. Essas danças

e músicas me interessam como possibilidade estética,

como vocabulário corporal da região onde cresci, e

que é uma das mais ricas do Brasil. O lundu, o siriá

me encantam profundamente. Já usei o lundu num

espetáculo na EAD e um dia desses vi no Youtube uma

apresentação de um casal dançando tecnobrega num

palco. Achei sensacional!

Vida de artista de teatro e cinema só tem glamour na foto de

estreia postada no Facebook . Mas se é vital, você segue

Foto: Lailson SantosFoto: divulgação