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Revista institucional da Hebron Farmacêutica.

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4 // Hebron Atualidades

CARTA DO PRESIDENTE //

Josimar Henrique da Silva

Educação vem antes?

Só quando temos em nossa frente os números de nossa instabilidade, paramos para pensar que boa parte das promessas e anúncios não passa de factual maneira de ser dos governantes. No dia a dia, o país cresce em seu modo lento e sempre, mas lento o suficiente para não ser possível anunciar se há uma saída honrosa no futuro para o Brasil aten-der a profecia de que, lá na frente, será o líder das nações.

Vamos aos fatos?

O Brasil tem 53 milhões de crianças no ensino básico. Destes, 32 milhões chegam ao ensino fundamen-tal. Um estudo do economista Roberto Cavalcanti e da socióloga Sônia Rocha, avaliando a colocação de alunos desde os anos 70 no país, mostrou que estar na escola é proporcional, mais adiante, por estar trabalhando. Quem tem mais tempo de escola, tem mais chance de encontrar emprego.

Parece óbvio? Parece e é. No entanto, ainda há mi-lhares de brasileiros que precisam encurtar o cami-nho e, com isso, também encurtam o caminho das oportunidades. Dos 32 milhões de garotos e garo-tas que chegam ao ensino fundamental, apenas 8 milhões chegam ao ensino médio. Nada menos que 13 milhões de brasileirinhos e brasileirinhas pa-ram de estudar. Para onde vão? Para um mercado de trabalho incerto e instável, apoiado em pobres por muitas razões, mas uma delas é que a carga tributária, por um lado inibe o crescimento das em-presas, por outro permite que essa desordem social que atrapalhará o futuro do país se ponha como essencial.

Quando vejo as dificuldades que as empresas bra-sileiras passam para ter acesso às linhas de finan-ciamento para pesquisa, desenvolvimento e inova-ção, e quando me encontro em salões e audiências onde a palavra de ordem é inovar e se preparar para a competição, me pergunto se não estamos em um cenário de babel e ficção. De um lado, a expectativa de que temos de inovar e se preparar para a competição. De outro lado, 24 milhões de

jovens que ficaram para trás e daqui a uma geração engrossarão a fila de pobres e de mendicantes de bolsas famílias do futuro.

Hoje, há uma febre de interesse pelo diploma de nível superior. Para quê? Para tentar a loteria do emprego público, tomado pela ideia, não de toda errada, que o emprego público garante uma segu-rança que nenhum emprego privado pode garantir. Nem o salário. Estudos mostram que quanto ao salário, não é bem assim. Por outro lado, nenhu-ma sociedade ou Estado pode garantir o emprego para todos, nem para sempre. As formas de traba-lho mudam, também mudam os processos. Uma das coisas que mais emperram o Estado brasileiro é justamente isso: a estabilidade, porque ela permi-te que a mentalidade se petrifique e o trabalhador resista às mudanças e acessibilidades. Mas isso é outra história, para outro dia. Para hoje e por aqui, o importante é pensar que há algo de estranho e que não está batendo entre as expectativas do país e as ações de educação. Investimos menos de 3% do PIB em educação, enquanto países que querem estar à frente investem perto de 10%. Alguns espe-cialistas consideram que só sairemos para um lugar melhor no futuro se, agora, passarmos a investir 1/5 do PIB em educação. Mas isso, diante do qua-dro de propostas e interesses, é quase impossível. Os mesmos especialistas dizem que só é impossível porque o Estado entende que é seu papel gerir a educação e intermediar todo o dinheiro que a so-ciedade e o mercado imaginam investir em educa-ção. Fiquemos por aqui com uma pergunta, que valerá de pesquisa àqueles que se sensibilizarem com o assunto: quanto custa, no Brasil, cada real que é investido em educação? Isso mesmo: quanto custa cada real que é investido em educação? Não se espante se o que se gasta com a burocracia da educação for muitas vezes maior que o que se gas-ta efetivamente com a educação. Demais não?

Div

ulga

ção

// Josimar Henrique da Silva é presidente da Hebron.

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Hebron Atualidades // 5

SEÇÕES //

CONTEÚDO //

Mais um ano se inicia e junto com ele os nossos planos, metas e determi-nações. É com base nesta filosofia que nós, da Hebron Atualidades, desejamos levar informações privilegiadas e conte-údo formador de opinião a você leitor.

Nesta edição, o destaque é um proble-ma que está intimamente relacionado às alterações funcionais do cérebro: o Transtorno Bipolar do Humor (TBH).

“Efeitos do diabetes na retina” é ou-tra reportagem especial. A RD, como é conhecida, pode ser entendida como o conjunto de alterações que ocorrem na retina dos pacientes com diabetes.

Na seção Ping-Pong, o pediatra Milton Gouveia fala da necessidade do médico retomar o atendimento carinhoso e afe-tivo que destinava, no passado, a seus pacientes.

As ações da iniciativa Todos Pela Edu-cação buscam mobilizar representantes da sociedade civil, educadores, gestores públicos, organizações sociais e inicia-tiva privada para a promoção de uma educação básica qualificada para os brasileiros. Objetivos, propostas e metas do movimento podem ser conferidas na seção Responsabilidade Social.

A oftalmologia foi um dos primeiros ramos da medicina a ser tratado como especialidade independente. Nesta edi-ção, a História das Especialidades Mé-dicas trata dessa que é uma das áreas médicas mais antigas.

Dificuldade de adormecer, continuar dormindo ou comportamentos anor-mais associados ao sono são as princi-pais causas associadas aos distúrbios do sono. Na seção Qualidade de Vida, os leitores poderão conferir como os fato-res ambientais, médicos e a má alimen-tação interferem na qualidade do sono.

Para relaxar, que tal uma viagem a Por-to Seguro, na Bahia?

Boa leitura!

EDITORIAL //

8 RESPONSABILIDADE SOCIAL // Unidos por uma educação de qualidade O movimento Todos Pela Educação mobili-za a sociedade civil para que a educação se torne mais que uma prioridade nacional.

18 RIQUEZAS NATURAIS // A cura que vem da naturezaCom benefícios comprovados à saúde, os medicamentos derivados das plantas são uma realidade mundial. O Brasil, no en-tanto, ainda não despertou para a riqueza de suas espécies terapêuticas.

25 BOA VIAGEM // Festa no berço do BrasilDas barracas de praia durante o dia às festas que rolam à noite, Porto Seguro é animação todos os dias do ano.

30 EVENTOS //

31 NOTAS //

32 TRABALHO CIENTÍFICO // 1ª ParteDisposição Biológica da Boldina: estudos in vitro e in vivo.

// QUALIDADE DE VIDA 16O sono nosso de cada dia

Aproximadamente metade da população mundial sofre de algum distúrbio

do sono que pode trazer consequências sérias à saúde.

// PING PONG 28Em busca da

humanização perdidaO pediatra Milton Gouveia fala da necessi-

dade do médico retornar o atendimento carinhoso e afetivo que destinava,

no passado, a seus pacientes.

ACONTECE // 34

TUDO A VER // 38

// CAPA 20Da euforia ao fundo do poçoO transtorno bipolar é caracterizado por

alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade. Seus sintomas podem

resultar em danos aos relacionamentos, à vida profissional e até suicídio.

6 HISTÓRIA DAS

ESPECIALIDADES MÉDICAS // A saúde dos olhosatravés da história A oftalmologia foi um dos primeiros ramos da medicina a ser tratado como especialidade independente.

12 MATÉRIA // Efeitos do diabetes naretinaRetinopatia diabética é uma complicação do diabetes que danifica os vasos sanguíneos da retina e afeta o globo ocular, podendo levar à cegueira.

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6 // Hebron Atualidades

// Por Vivianne Santos

A saúde dos olhos através da História

Oftalmologia é a especialidade médica à qual cabe o estudo, o diagnóstico e o tratamento das doenças e lesões do olho e seus órgãos anexos. O oftalmologista se dedica não só aos aspectos patológicos da visão, mas também à análise de sua fisiologia.

A história da oftalmologia ocupa um lugar especial na evo-lução da medicina em virtude das peculiaridades do órgão da visão: a importância de sua função e o mistério de seu funcionamento fizeram com que, durante muito tempo, fossem atribuídos ao olho poderes mágicos.

História

A oftalmologia foi um dos primeiros ramos da medicina a ser tratado como especialidade independente. O registro mais antigo de um procedimento oftalmológico data do ano 2500 a.C., feito em algumas regiões da Índia, que rela-ta uma cirurgia de rebaixamento do cristalino opacificado, conhecida atualmente como cirurgia de catarata, feita com

espinhos e gravetos. Mas foi somente no Egito que os cui-dados com a saúde ocular alcançaram seu mais alto grau na Antiguidade.

Já nesta época existiam sacerdotes/médicos que se dedica-vam exclusivamente ao tratamento de doenças oculares. Havia, também, uma grande divinização de tudo o que se relacionava ao olho. Um dos mais poderosos amuletos dessa civilização é o “Olho de Horus”, um símbolo que significa proteção e poder.

Mas a oftalmologia clínica começou, realmente, com os gregos. Hipócrates e seus alunos estudaram precisamen-te as doenças oculares. Datam dessa época as primeiras descrições anatômicas do olho. A oftalmologia romana foi herdeira direta da medicina grega e, particularmente, da escola de Alexandria. Galeno, no início da Era Cristã, já ha-via relacionado cerca de duzentas doenças que poderiam afetar os olhos. Entre os árabes teve grande importância a obra “Dez tratados sobre o olho”, de Hunayn ibn Ishaq.

A oftalmologia foi um dos primeiros ramos da medicina a ser tratado como especialidade independente.

HISTÓRIA DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS // PARTE 5

6 // Hebron Atualidades

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Hebron Atualidades // 7

Moderna oftalmologia

No final do século XX, as técnicas microcirúrgicas obtiveram resultados sa-tisfatórios em intervenções antes complexas, como a quera-toplastia (cirurgia plástica da cór-nea) e a goniotomia, operação que possibilita a correção do glaucoma em grande número de casos. Entre os progressos mais no-táveis da moderna oftalmologia estão também os méto-dos de colocação de lentes acrílicas na córnea e as cirurgias corretivas que utilizam ecografia e raios laser.

A especialidade no Brasil

A experiência brasileira dentro da especialidade teve início em 1882, inicialmente nas duas faculdades de medicina existentes no Brasil, no Rio de Janeiro e em Salvador, gra-ças à reforma do ensino médico incentivada por Vicente Cândido Figueira de Sabóia, o Visconde de Sabóia. Outros profissionais da medicina já se dedicavam à prática, tanto na corte quanto em outras cidades menores.

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia foi criada em 1922, no Rio de Janeiro. Em 1930, surgiu a Sociedade de Oftal-mologia de São Paulo e, em 1935, aconteceu o I Congres-so Brasileiro de Oftalmologia, em São Paulo, evento que passou a ser realizado a cada dois anos.

A partir de 1941, os cursos e congressos da especialidade, assim como o fornecimento de diplomas a médicos que demonstrassem atuação e conhecimento na área, passa-ram a ser de responsabilidade do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

Hoje, o CBO é a principal entidade representativa da oftal-mologia no Brasil, responsável pelo credenciamento de 52 cursos de especialização em oftalmologia e pela emissão da maioria dos títulos de especialista em oftalmologia (ex-pedidos em conjunto com a Associação Médica Brasileira). Outra parte dos especialistas recebe o título depois de pas-sar por estágio em residências credenciadas pela Comissão Nacional de Residência Médica.

HISTÓRIA DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS // PARTE 5

Na Idade Média, a oftalmologia era praticada de forma itinerante. No século XVII, os progressos na área se acele-raram. O astrônomo alemão Johannes Kepler, o filósofo, físico e matemático francês René Descartes e o astrônomo e jesuíta alemão Christoph Scheiner descobriram as carac-terísticas da refração ocular, em especial a acomodação e a inversão da imagem retiniana. No século XVIII, descobriu-se que o cristalino era a sede da catarata. Outros progres-sos cirúrgicos realizaram-se no mesmo século: o primeiro cateterismo das vias lacrimais foi feito em 1714, pelo oftal-mologista e cirurgião francês Dominique Anel, e, em 1737, o oftalmologista e cirurgião inglês John Taylor praticou a primeira intervenção cirúrgica para corrigir o estrabismo. As primeiras descrições de deficiências visuais incluíam o glaucoma (1750), a cegueira noturna (1767), a cegueira para as cores (1794) e o astigmatismo (1801).

Curso

O primeiro curso formal de oftalmologia foi ministrado na Universidade de Göttingen, na Alemanha, em 1803, dois anos antes de ser aberta a primeira clínica de olhos com ênfase no ensino. Porém, o verdadeiro surgimen-to da especialidade ocorreu somente em 1850, com o médico e físico alemão Hermann Ferdinand Ludwig von Helmholtz. Ele apresentou à comunidade científica da época o oftalmoscópio, aparelho que permite examinar o interior do globo ocular. Apesar da demora na acei-tação pelos médicos, o aparelho foi fundamental para que a oftalmologia avançasse como parte da medicina. Os avanços ópticos obtidos pelo médico holandês Frans Cornelis Donders, em 1864, permitiram criar o moderno sistema de prescrição e adaptação de óculos para defici-ências visuais específicas.

Inovações

A primeira metade do século XX foi marcada por inovações no campo cirúrgico, como a criada pelo oftalmologista su-íço Jules Gonin para corrigir o descolamento de retina. O oftalmologista sueco Allvar Gullstrand e o oftalmologista suíço Alfred Vogt inventaram uma lâmpada que permitia observações microscópicas do segmento anterior do olho (córnea, íris e outros componentes). Após a Segunda Guer-ra Mundial, os progressos se aceleraram. Novos métodos de exame, como o eletrorretinograma, a ecografia, a go-nioscopia e a tonografia eletrônica, forneceram diagnós-ticos mais seguros. Os avanços se deram, principalmente, no campo da prevenção de doenças oculares por meio da realização de exames regulares e do tratamento precoce de deficiências visuais congênitas. Criaram-se, também, os bancos de olhos.

// Bibliografia

- JÚNIOR, Lybio. História da Medicina - Curiosidades & Fatos. Editora Astúrias, 2004.- SANTOS FILHO, L. História geral da medicina brasileira. São Paulo, Hucitec/Edusp, 1991. - Encyclopedia Britannica do Brasil

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8 // Hebron Atualidades

// Por Karinna Nascimento

Unidos por uma educação de qualidade

O movimento Todos Pela Educação mobiliza a sociedade civil para que a educação se torne mais que uma prioridade nacional.

Quanto custa o conhecimento? Para esta pergunta não há resposta específica que determine o valor exato pelo mérito do saber. A aprendizagem é única, especial, libertadora e tem o propósito de ser compartilhada. A aquisição das informações e construção do caráter es-tão intimamente relacionados à educação. Já dizem os mestres: “o bom desempenho e nível educacional de um país revela o grau e a qualidade de vida dos seus habitantes”. Logo, a educação é tão importante para o

desenvolvimento de uma nação como a consolidação de relações sociais e crescimento dos indivíduos.

Papel da educação

Desde os tempos do filósofo tcheco Jan Amos Ko-menský, conhecido por Comênio (1592-1670), conside-rado o primeiro grande nome da História da Educação, que a pedagogia é debatida entre os principais líderes educacionais. Naquela época, via-se que a educação de qualidade era capaz de impactar outros indicadores so-ciais, como saúde, queda da mortalidade infantil e redu-ção da violência.

No Brasil, devido à hierarquia imperial, a cultura escolar tornou-se elitista. A boa educação foi associada ao mé-todo de ensino das escolas particulares. Este ambiente foi elaborado para as crianças de famílias escolarizadas

RESPONSABILIDADE SOCIAL // TODOS PELA EDUCAÇÃO

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RESPONSABILIDADE SOCIAL // TODOS PELA EDUCAÇÃO

e formadoras do conhecimento. A escola pública pas-sou a abrigar os alunos de outras classes sociais, cujas condições econômicas eram inferiores as da aristocracia. Apesar do empenho e dedicação dos professores, hoje é comprovado que a construção do conhecimento presta-do nas escolas públicas ainda precisa de melhorias.

Contudo, a educação do Brasil vem evoluindo. Mas quando a comparamos com o padrão das nações de-senvolvidas percebemos que há um longo caminho a percorrer. Apesar das adversidades, o país vem adotan-do novas diretrizes para que a educação se torne cada vez mais inovadora, inclusiva e atrativa, favorecendo a formação social e intelectual de crianças, jovens e adul-tos.

Todos Pela Educação

Partindo da ideia que o Brasil alcançará a real indepen-dência quando todos tiverem uma educação de qualida-de, a iniciativa Todos Pela Educação, movimento consti-tuído por representantes da sociedade civil, educadores, gestores públicos, organizações sociais e iniciativa priva-da, busca a articulação da sociedade para a promoção de uma educação básica qualificada para os brasileiros.

“O movimento Todos Pela Educação foi lançado oficial-mente no dia 06 de setembro de 2006, como projeto de mobilização da sociedade civil e organizada, para lutar pela causa da educação de qualidade acessível a toda população brasileira. No dia 07 de setembro comemora-se o dia da independência do Brasil. Essa é uma data emblemática de mostrar à nação a importância de uma educação com o envolvimento da sociedade”, explica Mozart Neves Ramos, presidente executivo do movi-mento.

A organização pode ser definida como um projeto de Nação, a qual luta pelas causas da educação de exce-lência. Para que o Brasil atinja um patamar educacional igual aos dos países mais desenvolvidos, o Todos Pela Educação conta com a união da sociedade brasileira. Os cidadãos e instituições se mobilizam, nas áreas que atuam, e estabelecem diretrizes para a inclusão e aces-sibilidade de crianças e jovens ao ensino de qualidade. “Na nossa visão, podemos ter, de fato, uma nação inde-pendente se houver uma educação inclusiva para todos os brasileiros”.

O Todos Pela Educação não capta nenhum recurso das empresas associadas ao projeto. O movimento é uma organização derivada dos recursos de instituições pri-

vadas, que acreditam na educação de qualidade como caminho de sustentabilidade do país.

Metas educacionais

Para qualificar o ensino brasileiro é preciso estabele-cer objetivos criteriosos que rendam bons resultados e impactem positivamente a vida dos envolvidos. Neste sentido, o movimento definiu cinco metas simples e focadas em resultados, que devem ser alcançadas até 2022. “As cinco metas devem ser parâmetros para que o Brasil melhore a educação e a sociedade acompanhe-as ao longo desses próximos anos, ou seja, até 2022, que é o ano que o Brasil completa 200 anos de sua independência”.

“Lançamos as cinco metas. A primeira meta está re-lacionada a universalizar a oferta educacional de 4 a 17 anos para todas as crianças e jovens. A segunda é garantir que toda criança até os 8 anos esteja alfabeti-zada. A terceira meta é que todo aluno deve aprender o que corresponde a sua série. A quarta é que todo jovem complete a educação básica, ou seja, o Ensino Médio, pelo menos até os 19 anos. E a última meta está associada ao investimento que cada estado e município brasileiro deve fazer para que chegue em 2022 com essas metas realizadas”, define o presidente executivo.

O monitoramento da educação dar-se através do acompanhamento das propostas definidas, assim como a análise de dados, pesquisas, articulações na mídia,

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10 // Hebron Atualidades

Papel da sociedade civil

“É preciso fazer com que a educação seja prioridade no Brasil. Enquanto a população não entender que a edu-cação é um bem maior, ela não ganha prioridade para os governantes”, garante Mozart. Ele explica que os pa-íses que estão hoje no topo da educação mundial, como Coréia, Espanha, Cingapura e Finlândia, mobilizaram a sociedade para a causa educacional. “Na prática, o mo-vimento Todos Pela Educação vem procurando chamar a atenção da população, dos principais agentes envolvi-dos neste processo, como os pais, para tornar a educa-ção uma prioridade e não uma política de governo”.

Três anos do Todos Pela Educação

Em três anos de existência, a organização governamen-tal tem muitas conquistas para comemorar. Para o pre-sidente executivo, o movimento teve participação direta em alguns aspectos que vem qualificando a educação brasileira. “Hoje, em todos os âmbitos, a educação está pautada em cima de metas e resultados. Quando o mo-vimento lançou as cinco metas, aferidas anualmente, criou uma nova cultura em torno de uma política pú-blica. Isso representou um grande benefício e o Todos Pela Educação, de alguma maneira, contribuiu para esse avanço social”.

// Todos Pela EducaçãoAvenida Paulista, nº. 1294, 19º andarCerqueira César - São Paulo (SP)CEP: 01310-915 Telefone: (11) 3266.5477Site: www.todospelaeducacao.org.br

“Podemos ter, de fato, uma nação indepen-dente se houver uma

educação inclusiva para todos os brasileiros”.

RESPONSABILIDADE SOCIAL // TODOS PELA EDUCAÇÃO

debate com líderes e gestores educacionais e coleta de informações relativas ao tema. Segundo Mozart Neves, a cada ano o Todos Pela Educação se preocupa em esclarecer à população sobre o andamento das cinco propostas no país, estados e municípios. “O que fazemos é lançar o relatório técnico das metas como maneira de prestar contas das ações desenvolvidas para a sociedade e também de mobilizá-la para essa causa”.

Mozart Neves Ramos, presidente executivo do Todos pela Educação

Divulgação

Divulgação

Educação de qualidade mudaum país. Por isso, vamos nos juntar

para mudar o Brasil. O primeiro passoé garantir que todas as crianças sejam

alfabetizadas até os 8 anos. Acessewww.todospelaeducação.org.br

e veja o que você pode fazer para ajudar.

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12 // Hebron Atualidades

// Por Karinna Nascimento

Efeitos do diabetes na retinaRetinopatia diabética é uma complicação do diabetes que danifica os vasos sanguíneos da retina e afeta o globo ocular, podendo levar à cegueira.

Estima-se que 8% da população mundial possua Dia-betes Mellitus (DM). No entanto, cerca de 50% dos indi-víduos não sabem que desenvolveram a doença. Estudos divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para o crescimento do índice do DM no Brasil até 2030. Atualmente, a incidência, que figura entre as cinco maiores causas de mortalidade, faz parte da vida de 21 milhões de pessoas, segundo pesquisa apresentada no XI Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), em novembro de 2009.

Diabetes

O diabetes é caracterizado pela deficiência total ou par-cial da produção de insulina, hormônio fabricado pelo pâncreas, regulador do nível de açúcar no sangue. O dis-túrbio afeta o metabolismo da glicose, das proteínas e das gorduras. Quando não é tratado adequadamente, o problema pode comprometer vários órgãos e causar com-plicações à saúde. “A incidência, nos EUA, é de 7% e, provavelmente, esta proporção é similar no Brasil, onde a

maioria dos casos não é diagnosticado. A proporção dos casos aumenta conforme o avanço da idade. Chegando a 10% das incidências aos 60 anos e a 20% após os 80”, explica Ricardo Guimarães, médico especialista em cirur-gia refrativa catarata córnea.

Diabetes e visão

Cerca de 20% dos diabéticos desconhecem a relação en-tre a doença e a visão. Quando o diabetes não é mantido sob controle, há riscos de o distúrbio atingir o globo ocu-lar e agravar-se para o quadro de cegueira. Os portadores do diabetes têm 25% de chances a mais de perder a visão do que as pessoas que não desenvolveram a doença.

Dificuldades de manter o foco e danos na retina – cama-da fina sensível à luz, localizada no interior do olho - são alguns dos principais problemas oftalmológicos gerados pela doença. Quando há efeitos que levam ao compro-metimento do tecido ocular e dos vasos sanguíneos, os casos podem ser diagnosticados como retinopatia diabé-

MATÉRIA // RETINOPATIA DIABÉTICA

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Hebron Atualidades // 13

tica. “Para o oftalmologista, a manifestação mais comum do diabetes é a Retinopatia Diabética, que representa a maior causa de perda visual entre os pacientes adultos”, ressalta Guimarães.

Retinopatia Diabética

“Retinopatia Diabética (RD) pode ser entendida como o conjunto de alterações que ocorrem na retina dos pacien-tes com diabetes, em decorrência de mudanças estrutu-rais nas paredes dos vasos que nutrem a região”, define Vitor Cerqueira, especialista em retina e vítreo.

A princípio, o diabético não nota nenhuma mudança na visão. Com o passar dos anos, a alteração danifica o siste-ma circulatório da retina e torna-se mais grave. O proble-ma acomete os vasos sanguíneos causando a evasão de sangue, surgimento de edemas no globo ocular, além de distorcer as imagens enviadas da retina ao cérebro.

Segundo a International Federation of Diabetes (IDF) cal-cula-se que haja mais de 2,5 milhões de pessoas no mun-do comprometidas pela retinopatia diabética. De acordo com o órgão, até 2025, o índice de RD nos países em desenvolvimento terá um aumento considerável.

“Dados da Associação Americana de Diabetes mostram que 8% dos pré-diabéticos já são portadores de retino-patia diabética, o que nos leva a criação de uma nova ca-tegoria, a retinopatia pré-diabética ou a aceitação de que as alterações do diabetes começam mais precocemente, antes do diagnóstico formal padrão”, afirma Ricardo Gui-marães.

De acordo com informações do Conselho Brasileiro de Of-talmologia (CBO), cerca de 75% dos diabéticos com mais de 20 anos de diagnóstico recebido são portadores de retinopatia diabética. “Apresentam mais riscos de desen-volver alterações oculares os pacientes com maior tempo de diagnóstico do diabetes e aqueles sem controle da gli-cemia (nível de glicose no sangue)”, destaca Cerqueira.

A doença é mais comum nas mulheres na faixa etária de 30 a 64 anos, sendo mais prevalente nos diabéticos insuli-no-dependentes (DID) do que nos diabéticos não insulinos dependentes (DNID).

Fatores de risco

Os fatores de risco estão relacionados aos aspectos con-gênitos ou hereditários, ou às características individuais, como exposição ambiental, hábitos, agregadas à condi-

ção de saúde do paciente. Dentre os aspectos mais co-nhecidos, a duração do diabetes é o mais citado e impor-tante. Após o diagnóstico de uma década de doença, o índice de desenvolver a RD é de 50%, depois de 30 anos é de 90%.

O controle metabólico também está associado aos fato-res de risco. Porém, a manutenção das taxas de açúcar no sangue pode retardar o surgimento e progressão da retinopatia por alguns anos. Aspectos que podem alterar o prognóstico são: gravidez – a mulher pode desenvolver desequilíbrio hídrico -, anemia, doença renal, hipertensão – quando é mal controlada afeta significativamente a RD - e dislipidemia.

“Aos portadores de retinopatia diabética, se faz neces-sária a conscientização do quanto os aumentos súbitos e muitas vezes exagerados dos níveis glicêmicos, provin-dos não só de características próprias da doença em cada caso individual, mas também a fatores emocionais - stress, atritos e raivas que podem levar ao rompimento de vasos causando hemorragias intraoculares”, explica Laércio Mo-toryn, médico especialista e membro da Sociedade Brasi-leira de Visão Subnormal.

Fases da retinopatia diabética

A retinopatia diabética pode ser dividida em três fases, sendo a primeira denominada retinopatia não-proliferati-va, ou retinopatia de fundo. Neste estágio acontecem pe-quenas dilatações dos vasos sanguíneos da retina, o que causa o acúmulo de edema retiniano (líquido).

Na segunda fase - retinopatia pré-proliferativa – os sin-tomas da doença começam a avançar e há o bloqueio das vias que dão acesso ao fluxo de sangue à retina. Este período é caracterizado pela formação de depósitos na retina (exsudatos algodonosos). Se a mácula – área no

MATÉRIA // RETINOPATIA DIABÉTICA

“Retinopatia Diabética pode ser entendida como o conjunto de alterações

que ocorrem na retina dos pacientes com diabetes”.

Vitor Cerqueira,especialista em retina e vítreo

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14 // Hebron Atualidades

centro da retina responsável pela visão discriminativa ou em detalhes – não estiver afetada, a RD não causa a baixa da visão neste estágio.

A última fase chama-se retinopatia proliferativa. É a etapa mais aguda da incidência. A retina dá sinais solicitando melhor nutrição dos vasos sanguíneos, o que causa cres-cimento dos filamentos, tornando-os frágeis e anormais (neovasos). Geralmente, há extensão dos neovasos ao longo da retina, acompanhados de tecido cicatricial, oca-sionando o deslocamento da retina e, consequentemen-te, a cegueira.

“A retinopatia diabética proliferativa acomete entre 5% a 10% da população diabética. Diabéticos tipo 1 têm um risco particular, com a incidência de cerca de 60%. Os fatores de proteção incluem doença oclusiva da carótida, separação do vítreo posterior, alta miopia e atrofia ópti-ca”, descreve Motoryn.

Retinopatia proliferativa e a perda da visão

Na fase proliferativa, a RD pode causar a perda da visão por consequência de alguns fatores, como hemorragia ví-trea, deslocamento da retina e glaucoma neovascular. No primeiro caso (hemorragia vítrea), o vítreo – fluído trans-parente que preenche quase todo o espaço intra-ocular – fica comprometido em decorrência dos vazamentos ge-rados a partir dos neovasos.

O deslocamento da retina dar-se através da contração do tecido cicatricial que se estende ao longo dos neovasos. Quando ocorrem problemas na mácula ou nas extremida-des envolvendo a retina, a fina camada pode se descolar.

Incidências associadas ao glaucoma neovascular são ca-racterizadas pelo fechamento dos vasos da retina. Estes

dão origem a filamentos sanguíneos anor-mais na íris (cor dos olhos). Com o aumento da pressão intraocular, há obstrução do fluxo do fluído que circula na área interna do olho, formando o glaucoma neovascular.

Sintomas

A RD é uma doença insidiosa, de poucos sin-tomas e varia de acordo com o estágio ou grau de evolução do diabetes. Os principais sinais alertados, e mais comuns, são: visão borrada – consequência dos níveis de açúcar

no sangue -, moscas volantes e flash. Segundo Vitor Cer-queira, um sintoma que aparece de forma tardia, já com alterações intensas no olho, é a perda de visão.

Durante as primeiras manifestações da retinopatia diabéti-ca, o portador poderá descobrir alguns pontos de sangue ou manchas na visão. Estes sintomas podem gerar hemor-ragias mais sérias, que geralmente acontecem durante o período do sono noturno. Em alguns casos, mesmo sem auxilio profissional, os sintomas diminuem e a visão tende a melhorar, porém é importante buscar ajuda especializa-da ao primeiro sinal de visão borrada.

Diagnóstico

A retinopatia diabética é diagnosticada através de exames periódicos da visão feitos por um oftalmologista. O es-pecialista analisa o fundo do olho utilizando instrumento específico denominado oftalmoscópio. “Atualmente, a detecção da retinopatia diabética pode ser realizada por oftalmoscopia direta, oftalmoscopia indireta, biomicros-copia de fundo ou retinografia. Mas, a oftalmoscopia di-reta, mesmo com dilatação pupilar, está descartada pelo seu baixo poder diagnóstico”, analisa Laércio Motoryn.

Segundo o especialista, a escolha das outras opções de diagnóstico - oftalmoscopia indireta e a biomicroscopia - depende de fatores locais, como tempo de exame e de resultado, portabilidade e custo do aparelho. Porém, é es-sencial que o médico especializado esteja sempre na con-dução da análise, evitando a produção de falhas na docu-mentação. “O consenso para escolha destas modalidades de diagnóstico são para locais de pouca população em alta concentração ou como exame final de casos dúbios ao exame da retinografia”.

Outra forma de diagnosticar a RD é através de uma ava-liação denominada angiografia com fluoresceína. A finali-dade do exame é fazer uma rápida sequência de imagens

MATÉRIA // RETINOPATIA DIABÉTICA

“8% dos pré-diabéticos já são portadores de retinopatia diabé-tica, o que nos leva a criação de uma nova categoria, a retinopatia pré-diabética”.

Divulgação

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Hebron Atualidades // 15

/ / Ricardo Queiroz Guimarães - CRM MG 8208E-mail: [email protected] em Medicina, especialista e Doutor em Oftalmologia pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduou-se na França, Inglaterra e Estados Unidos. Atualmente é Membro do Conselho De-liberativo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, membro Titular da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, da Academia Americana de Oftalmologia (American Academy of Ophthalmology), da Sociedade Americana de Catarata e Cirurgia Refrativa (ASCRS - American Society of Catarat and Refractive Surgery) é tam-bém diretor-presidente do Hospital de Olhos de Minas Gerais e presidente da Fundação Hospital de Olhos.

/ / Laércio Motoryn - CRM SP 31513E-mail: [email protected] pela Faculdade de Medicina do ABC. É especialista pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal. / / Vitor Cerqueira - CRM RJ 52 69650-1Graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Realizou sua Residência Médica e o Mestrado em Oftalmologia no Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É docente da Universidade Estácio de Sá. Especialista do setor de Retina e Vítreo e membro da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

do interior dos olhos. O médico injeta um corante fluores-cente em uma veia localizada na articulação do cotovelo – veia antecubital – e dar-se início a série de fotos.

Tratamento

Para prevenir a progressão da retinopatia diabética, os portadores da doença devem controlar a pressão arterial, os níveis de açúcar no sangue, o colesterol e realizar re-gularmente consultas oftalmológicas. Quando a doença já está instalada na retina, o tratamento é feito com apli-cações de laser. “Geralmente, a aplicação terapêutica é baseada na fotocoagulação da retina com laser de argô-nio, podendo, de forma adjuvante, ser utilizadas terapias antiangiogênicas”, avalia Vitor Cerqueira.

O laser irá atuar na fotocoagulação dos vasos sanguíneos, evitando o progresso da RD ou o surgimento de novos rompimentos. O paciente passará por duas ou mais ses-sões para finalizar o tratamento. Apesar de notar diferen-ças na redução da visão lateral, noturna (parcialmente) e das cores, a técnica preserva a visão restante.

“A fotocoagulação é o tratamento mais efetivo para evitar a progressão da RD. A terapia farmacológica é utilizada como tratamento coadjuvante. Aproximadamente 70% dos olhos obtêm acuidade visual estável, 15% mostram melhora e 15% se deterioram. Uma vez que pode levar

MATÉRIA // RETINOPATIA DIABÉTICA

até 4 meses para o edema reabsorver o retratamen-to, os primeiros resultados, antes de serem anuncia-dos, precisam de análises específicas”, explica Laércio Motoryn.Nos casos de RD proliferativa, quando há hemorragia vítrea severa ou descolamento da retina, o tratamen-to mais indicado é a vitrectomia. Trata-se de uma microcirurgia, cujo líquido vítreo e a hemorragia são removidos do globo ocular, sendo substituídos por outro material transparente (solução salina). “Nos casos de cegueira instalada ou insuficiência do tra-tamento por fotocoagulação a cirurgia de vitrecto-mia é necessária, podendo restaurar, parcialmente,

a visão e contribuir efetivamente para a estabilização do quadro”, ressalta Motoryn.

Prevenção

“Para prevenir e controlar o diabetes, a educação da po-pulação é a ferramenta mais indicada”, considera Laércio Motoryn. De acordo com o especialista, as medidas pre-ventivas, como controle dos níveis de glicose no sangue, diagnóstico precoce e adesão ao tratamento, são eficazes e essenciais para evitar o agravamento da RD. “As ações para a prevenção da retinopatia diabética são exequíveis e eficazes. O diagnóstico precoce e aderência ao tratamen-to do diabetes são fundamentais e somente serão alcan-çados com uma educação rigorosa, para que condutas seguras sejam adotadas”.

O apoio da família também é fundamental. O paciente com emoções estáveis torna-se mais seguro no controle do quadro sistêmico. A RD é uma doença grave, porém com o avanço dos recursos médicos e com a ajuda de profissionais qualificados, é possível amenizar os sintomas e ter uma vida tranquila e saudável.

“O diagnóstico precoce e ade-rência ao tratamento do dia-betes são fundamentais e so-mente serão alcançados com uma educação rigorosa, para que condutas seguras sejam adotadas”.

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16 // Hebron Atualidades

// Por Dênia Sales

O sono nosso de cada dia

Problemas para dormir são comuns e vão muito além de perder apenas uma boa noite de sono. Isso porque, quando dormimos, ocorrem vários processos metabólicos que, se al-terados, podem afetar o equilíbrio do organismo. Pesquisas mostram, por exemplo, que quem dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece precocemente, fica mais propenso a infecções, à obesidade, à hipertensão, entre outras doenças. Até problemas de sono relativamente moderados podem se tornar complicados e trazer conse-quências sérias à saúde.

Conceito

Os distúrbios do sono são alterações relacionadas à dificul-dade de adormecer, continuar dormindo ou a comporta-mentos anormais associados ao sono, como terror noturno, sonambulismo, adormecer em horários impróprios e sono excessivo. Com mais de 80 possíveis distúrbios conhecidos, eles se dividem em oito categorias. Quem enumera é a pro-fessora ajunta III de Medicina e Biologia do Sono da Univer-sidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e coordenadora clí-nica do Instituto do Sono, Lia Bittencourt: “os distúrbios do sono se classificam atualmente em 8 categorias: insônias; distúrbios respiratórios relacionados ao sono; hipersonias;

distúrbios do ritmo circadiano do sono e vigília; distúrbios do movimento relacionados ao sono; parassonias; sintomas isolados; e outros distúrbios”.

Pacientes que sofrem deste mal podem colocar em risco não só sua saúde, bem como a segurança de outras pes-soas, provocando acidentes de trânsito e no trabalho, por exemplo. E o problema é bastante comum. Estima-se que, aproximadamente, metade da população mundial sofra de algum distúrbio do sono. Sabe-se, no entanto, que apenas uma pequena parcela procura ajuda especializada.

Causas e consequências

Os distúrbios podem ser causados por fatores ambientais, como estresse, barulho e horários de sono irregulares, até fatores médicos, como ansiedade, depressão, obesidade, menopausa, idade, gravidez, disfunções do sistema nervoso central ou genética. Em muitos casos, medicações, álcool e cafeína também podem contribuir para o problema. Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Alguns trazem di-ficuldade para dormir à noite, enquanto outros provocam sonolência ou cansaço durante o dia, mesmo tendo dormi-do a noite toda.

Aproximadamente metade da população mundial sofre de algum distúrbio do sono, que, se não tratado, pode trazer consequências sérias à saúde.

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Hebron Atualidades // 17

A insônia, por exemplo, afeta pessoas de todas as idades, tem várias causas, e pode levar à irritabilidade, cansaço du-rante o dia ou à depressão. O problema pode ser causado pela adoção de certos padrões de vida ou por determinadas condições de saúde. É considerado um transtorno secundá-rio do sono. Os secundários incluem também transtornos do ritmo circadiano e situações em que o ciclo de dormir e acordar está fora de sincronia. Existem ainda doenças como a apneia do sono, que ocorrem principalmente durante ou em associação ao sono. Esses são considerados transtornos primários. Além da apneia, os primários incluem narcolep-sia, hipersonolência, síndrome das pernas inquietas, trans-torno dos movimentos periódicos dos membros, sonambu-lismo, terrores noturnos, transtorno do comportamento do sono REM (Rapid Eye Movements) e bruxismo (ranger os dentes).

Lia Bittencourt explica que os distúrbios do sono podem ter como consequências: sonolência excessiva e risco de aci-dentes; alterações de humor; alterações cognitivas; risco de doenças cardiovasculares; risco de alterações do metabo-lismo; alterações de imunidade; entre outros. Segundo a coordenadora do Instituto do Sono, dormir é fundamental para a boa saúde. “As necessidades individuais variam de quatro horas até nove horas de sono por dia. A quantidade de horas é individual, depende da idade, padrão genético, ritmo e demanda de sono acumulada. Em média, um in-divíduo jovem saudável necessita de 7 horas de sono por noite”, explica.

Estágios do sono

O padrão do sono não é uniforme, apresentando diferentes níveis, que evolui do estágio 1 (nível mais leve, durante o qual o indivíduo pode ser acordado facilmente e dura cinco minutos), estágio 2 (a pessoa dorme, mas ainda não pro-fundamente e dura em torno de quinze minutos), estágio 3 (os estímulos necessários para acordar são maiores e duram

de 15 a 20 minutos) até o estágio 4 (quarenta minutos de sono profundo). Neste último, os músculos encontram-se relaxados, a pressão arterial está em seu nível mínimo e as frequências cardíaca e respiratória diminuídas ao máximo. Depois, retorna ao terceiro estágio (cinco minutos) e ao se-gundo estágio (mais quinze minutos). Entra, então, no sono REM, que caracteriza-se por uma intensa atividade regis-trada no Eletroencefalograma (EEG), seguida por paralisia funcional dos músculos esqueléticos. Desse modo, a cada estágio, as ondas cerebrais se transformam, ficando maio-res e mais lentas, e o sono vai se aprofundando.

Diagnóstico e tratamento

Lia Bittencourt explica que o diagnóstico do tipo de distúr-bio do sono que afeta o paciente depende de uma consul-ta médica detalhada e de exames, como polissonografia. Outros registros, como testes de alerta, sonolência e ritmo de sono (actigrafia), também oferecem o diagnóstico. “O tratamento é direcionado para o distúrbio diagnosticado. Por exemplo: para insônia, os tratamentos variam desde orientações de higiene do sono, terapia cognitiva compor-tamental até hipnóticos; para apneia do sono, variam desde emagrecimento, aparelhos para dormir (CPAP ou aparelho intraoral) até cirurgias”.

Os distúrbios do sono costumam surgir gradativamente. Ficar alerta aos primeiros sinais, como sonolência durante o dia, problemas de memória, falta de concentração, an-siedade e ronco frequente e alto, é a melhor maneira de prevenção. Quando uma pessoa dorme, o organismo de-sempenha inúmeras funções, que são fundamentais para a saúde física e mental, por isso, vale ressaltar que uma boa noite de sono é reparadora e um dos determinantes da qua-lidade de vida.

/ / Lia Bittencourt - CREMESP 62.888E-mail: [email protected] ajunta III de Medicina e Biologia do Sono da Universidade Fede-ral de São Paulo (UNIFESP) e coordenadora clínica do Instituto do Sono.

“As necessidades individuais de sono variam de quatro horas até nove horas por dia. A quantidade de horas é in-dividual, depende da idade, padrão genético, ritmo e de-manda de sono acumulada”.

// QUALIDADE DE VIDA

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18 // Hebron Atualidades

O Brasil é detentor de uma das mais ricas biodiversidades do pla-neta. No que se refere às plantas, as flo-restas brasileiras abrigam, aproximadamente, 55 mil espécies. Destas, cerca de 10 mil são con-sideradas condimentares, medicinais e aromáticas. Guaraná, espinheira santa e boldo são alguns exemplos das medicinais. Elas integram um rol de plantas cujas substâncias podem ser utilizadas com finalidade terapêutica. Muitas delas são, inclu-sive, matérias-primas para o preparo de medicamentos, co-nhecidos como fitoterápicos.

Nos medicamentos fitoterápicos utilizam-se exclusivamente derivados de droga vegetal, como suco, cera, exsudato, óleo, extrato, tintura, entre outros. O termo confunde-se com fito-terapia ou com planta medicinal, que envolve o vegetal como um todo no exercício curativo ou profilático. A diferença é que os fitoterápicos são medicamentos industrializados, trata-dos através de legislação específica. Deste modo, uma planta medicinal não é considerada um fitoterápico. A regra se aplica também aos chás, medicamentos homeopáticos e partes de plantas medicinais.

HistóriaO uso das plantas medicinais surgiu com o aparecimento do homem. No Brasil, as primeiras informações são do início da colonização portuguesa, com as observações feitas na ilha de Santa Cruz pelo escrivão Pero Vaz de Caminha, da esquadra de Pedro Álvares Cabral. Durante muito tempo, a prática este-ve associada às crendices populares. Com o passar dos anos, os fitoterápicos começaram a ser estudados por especialistas. Quase tudo que se sabe da flora brasileira foi descoberto por cientistas de outros paises, que, desde o descobrimento, en-

viam grandes expedições científicas. Assim, muitas substân-cias exclusivas de plantas do Brasil encontram-se patenteadas por empresas ou órgãos governamentais estrangeiros, pois a pesquisa nacional não recebe o devido apoio, segundo os pesquisadores brasileiros.

A importância das plantas para a Medicina“As plantas são um laboratório químico”. A afirmação é da farmacêutica industrial Caroly Mendonça Zanella. “As plan-tas sintetizam muitas substâncias, sendo que várias delas têm atividade biológica, ou seja, podem ser usadas como medi-camento e recebem o nome de princípios ativos naturais ou fitocomplexos. Essas são chamadas plantas medicinais. O uso seguro de várias delas hoje é uma realidade mundial e muitos estudos foram realizados para que isso acontecesse. Tudo co-meça na etnobotânica, onde é feito um levantamento sobre que plantas uma determinada população utiliza para tratar suas doenças. A partir daí, começam os estudos para determi-nar a possível composição química, os efeitos farmacológicos, a toxicidade, interações medicamentosas etc., tal como acon-tece com um medicamento novo, só que com uma grande diferença: o medicamento novo tem uma substância ativa ou duas; as plantas têm muitas e, na maioria das vezes, agem

// Por Dênia Sales

A cura que vem da naturezaCom benefícios comprovados à saúde, os medicamentos derivados das plantas são uma realidade mundial. O Brasil, no entanto, ainda não despertou para a riqueza de suas espécies terapêuticas.

// RIQUEZAS NATURAIS

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Hebron Atualidades // 19

por sinergismo. Então, estabelece-se as formas de uso dessas plantas (xarope, tin-turas, cápsulas, comprimidos, pomadas etc.), e as doses”.

Caroly explica que o controle de quali-dade deve ser rigoroso em toda a cadeia produtiva, começando pela identificação botânica da espécie, passando pelo bene-ficiamento da matéria prima vegetal, até o medicamento fitoterápico pronto.

Aplicabilidade no BrasilO fitoterápico foi recomendado pela Or-ganização Mundial de Saúde (OMS) como medida estratégica para universalizar os direitos à utilização de medicamentos. “No Brasil, temos a política de Plantas Medicinais e Fitote-rápicos, que visa a integração de várias áreas (farmacêutica, agronômica, biológica, química, entre outras), fazendo com que possamos ter a aplicação de plantas de origem confiável no Sistema Único de Saúde (SUS). Isto ajuda, principalmente, a população mais carente, pois o custo de um tratamento com plantas (frescas ou secas) é mais barato (na maioria das vezes) do que o medicamento industrializado. Podemos citar como exemplo o barbatimão como cicatrizante e os brotos de goiaba para a diarreia”, explica Nilsa Sumie Yamashita Wadt, especialista em fármacos e medicamentos.

De acordo com Nilsa, existe no Brasil uma política pública para incentivar a produção de fitomedicamentos e baratear o custo ao usuário. “As plantas medicinais foram incluídas no SUS, do decreto nº. 5813, que versa sobre a Política de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, explica. O decreto visa garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plan-tas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional.

MercadoAlém do aspecto que envolve a saúde, esse mercado mo-vimenta US$ 22 bilhões ao ano, sendo US$ 8,5 bilhões na Europa e US$ 6,3 bilhões nos Estados Unidos. Estima-se que 82% da população brasileira utiliza produtos à base de ervas, e, segundo a OMS, 80% da população mundial faz uso da fitoterapia no atendimento à saúde. A Alemanha detém 39% do mercado europeu, apesar de possuir apenas 20 plantas endêmicas, contra 25 mil espécies brasileiras. Mesmo assim, os alemães formaram o maior centro de pesquisa mundial em fitoterápicos.

Para Nilsa Wadt, o fato do Brasil, com tudo a favor, ainda não ter despertado para a riqueza de suas espécies terapêuticas, deve-se ao baixo incentivo governamental. “O Brasil sofre com o pouco investimento do governo em pesquisa sobre nossa biodiversidade. Por exemplo, faltam equipamentos analíticos (mesmo para as universidades de ponta) quando comparados

com Alemanha, Estados Unidos e Japão. Além disso, há muitas pesquisas que não são aplicáveis ou não são divulgadas, bem como os diversos aspectos que se tem de estudar para poder lançar um fi-toterápico no mercado. Também nos fal-ta um foco para que as universidades se unam e cheguem aos fitoterápicos”.

Caroly Zanella diz que o medicamen-to fitoterápico precisa de um centro de pesquisa (normalmente as universidades) e de um laboratório farmacêutico (a in-dústria) para surgir. “O que temos é o seguinte: de um lado inúmeros estudos de plantas brasileiras potencialmente interessantes, descansando em estantes de bibliotecas universitárias na forma de teses de mestrado e de doutorado; e, de

outro lado, vemos a indústria procurando novas fontes de medicamentos. Não há um diálogo eficiente entre a indústria e a pesquisa. Isso está começando a mudar. Mas a pesquisa no Brasil é caríssima e os laboratórios brasileiros não possuem verba suficiente para o desenvolvimento de novos fitoterápi-cos - daí aparece a biopirataria, que é um perigo para nós. Alguns países, inclusive, já patentearam algumas de nossas plantas e já tentaram patentear outras”, observa a farmacêu-tica industrial.

A política nacional, que define as regras e os recursos desti-nados aos fitoterápicos no Brasil, é recente, mas a quantidade de pós-graduações e cursos universitários, por exemplo, vem crescendo significativamente, acarretando em trabalhos cien-tíficos de boa qualidade. Esse pode ser o primeiro passo para o Brasil embarcar na questão da sustentabilidade e qualidade que pode ajudar a reverter o panorama da saúde pública bra-sileira, uma vez que os fitoterápicos custam de duas a quinze vezes menos do que os remédios industrializados.

// Caroly Mendonça Zanella CardosoE-mail: [email protected]êutica Industrial, especialista em Saúde Pública, mestre em Química Or-gânica, responsável pela montagem e supervisão do Laboratório de Análises Fitoterápicas do Oswaldo Cruz Labservice. Atualmente, é professora da disci-plina de Farmacognosia do Curso de Farmácia da Faculdade Oswaldo Cruz, é coordenadora do Projeto de Iniciação Científica Farmácia Verde e coordenadora do curso de Especialização em Fitoterápicos do Centro de Pós-Graduação e coordenadora da Comissão de Fitoterapia do CRF/SP. É professora do curso de Pós-Graduação em Controle de Qualidade em Farmácia e consultora Técnica em Controle de Qualidade Físico-Químico e Fitoterápico.

// Nilsa Sumie Yamashita WadtE-mail: [email protected] graduação em Farmácia e doutorado em Fármacos e Medicamentos. Atualmente, é professora universitária da Faculdade Oswaldo Cruz, professo-ra universitária e líder de pesquisa em plantas medicinais. Tem experiência na área de Farmácia, com ênfase em Farmacognosia, atuando principalmente nos seguintes temas: avaliação farmacognóstica e fitoquímica, atividade antimicro-biana, anti-inflamatória, antioxidante, antiúlcera e toxicologia de plantas medi-cinais e controle de qualidade.

// RIQUEZAS NATURAIS

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// Por Fernanda Araruna

Da euforia ao fundo do poçoO transtorno bipolar é caracterizado por alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade. Seus sintomas podem resultar em danos aos relacionamentos, à vida profissional e até suicídio.

// CAPA

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Imagine, ao longo da sua vida, alternar seu humor en-tre a euforia e a depressão. Num mês você acredita ser o dono do mundo, o todo poderoso. Mal sente necessi-dade de dormir, está sempre disposto, possui movimen-tos rápidos, e várias ideias correm sua mente ao mesmo tempo. Você pode tudo! No mês seguinte, parece que o mundo está estacionado em cima dos seus ombros. Você se sente pesado, parece impossível mexer qualquer músculo. Seus movimentos estão lentos, assim como seus pensamentos. A sensação é de que você não está em lugar algum. Parece que o tempo parou. Será que o tempo existe?

Para a maioria das pessoas este relato parece o trecho de um livro ou de um filme, mas existe quem sinta na pele essas sensações. Estas pessoas sofrem de um problema chamado Transtorno Bipolar do Humor (TBH). Diferente das variações normais de humor que todos sentem, sin-tomas do transtorno bipolar podem resultar em danos aos relacionamentos, desempenho ruim no trabalho e estudo, e até suicídio. Mas não há motivo para deses-pero, pessoas com este transtorno podem ser tratadas e levar uma vida produtiva.

O transtorno bipolar é caracterizado por alternância de fases de depressão e de hiperexcitabilidade. O problema está associado a algumas alterações funcionais do cé-rebro, que possui áreas fundamentais para o processa-mento de emoções, motivação e recompensas.

Nomenclatura

Chamado, inicialmente, de psicose maníaco-depressiva, o transtorno bipolar recebeu sua atual denominação nos anos 1980. Essa mudança de nomenclatura ocorreu para diminuir o estigma que a primeira denominação trazia. A palavra ‘psicose’ chega a ser uma marca vergo-nhosa. Já ‘maníaco’, termo técnico derivado do grego que significa loucura, é uma expressão pesada demais, embora na fase de hiperexcitabilidade o indivíduo apre-sente comportamento que destoa do padrão normal. ‘Depressivo’ era dos três o único termo mais brando. Então, considerou-se mudar a expressão, uma vez que era forte demais para uma doença que, de certa forma, não era tão terrível.

Idade

Os quadros bipolares têm início, geralmente, após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na ado-lescência. Há casos com início mais tardio, após os 50 anos. O primeiro episódio também pode acontecer, nas mulheres, no período pós-parto. Os episódios de eufo-ria costumam ter início súbito, com rápida progressão

dos sintomas. Frequen-temente, os primeiros episódios ocorrem as-sociados a estressores psicossociais. Com a evolução da doença, os episódios podem se tor-nar mais frequentes.

O transtorno bipolar na criança é mui-to mais raro que no adulto, mas existe. “Depen-dendo da idade, as crianças po-dem apresen-tar diferentes sintomas. Isso porque, quando muito pequenas, elas não têm capaci-dade de se expressar. Podem ficar muito chorosas ou apre-sentar irritabilidade e queixas somáticas. Alguns autores acham que um dado que deveria ser bastante valorizado é a recusa para ir à escola”, explica a psicóloga Paola Dias.

“Como na criança e no adolescente os quadros de de-pressão podem se manifestar mais com alterações de comportamento, isolamento social, irritabilidade, agres-sividade, baixo rendimento escolar e falta de desejo de brincar; e os de mania com intensa agitação motora, hiperatividade e distração, os sintomas são facilmente confundidos com outros transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Acho importante ressaltar aqui que crianças e adolescentes também têm ideações suicidas e podem tentar ou até efetivar o suicí-dio”, complementa a psiquiatra Giuliana Cividanes.

Euforia patológica

Hoje, o termo Transtorno Bipolar já entrou para a lin-guagem popular, assim como depressão, basta acordar um pouco triste que a pessoa já diz estar deprimida. Esta popularização do termo, segundo Cividanes, tem um lado positivo e negativo. “O lado positivo é que o maior conhecimento do termo tem ajudado os portadores e familiares a reconhecerem a doença e buscar por ajuda mais precocemente. O lado negativo é a falta de infor-mação adequada sobre o que é a doença e quais seus reais sintomas”.

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É importante saber diferenciar o estado normal de ale-gria, tristeza, euforia, que atravessamos no decorrer da nossa vida, com o quadro patológico. O sintoma princi-pal é uma alteração no estado de “humor” do paciente, alteração que ocorre ao longo da vida, não em dias ou horas do mesmo dia, como muitos costumam acreditar. O paciente alterna quadros de ‘depressão’ com estados de ‘mania’. Como o termo ‘mania’ é utilizado popular-mente para se referir à mania de fazer alguma coisa, mania de acumular objetos etc., especialistas têm prefe-rido o termo ‘euforia’.

“Na depressão o paciente passa um período em estado de profunda tristeza, sem causa concreta para existir; falta de sentimento por tudo e todos que o cercam; perda de energia, como se fosse impossível mexer qual-quer músculo, fazer algum esforço mental ou mesmo tarefas corriqueiras; apresenta sensação subjetiva que o tempo parou ou não existe; sensação de não estar em lugar algum; percepção de que os pensamentos estão lentos; os movimentos realmente ficam lentos; falta de apetite, geralmente com perda de peso; e alterações no padrão do sono. Este quadro pode estar acompanha-do por ideias suicidas ou não, mas geralmente existem ideias de menos valia, culpa e total falta de esperança. O quadro de depressão pode durar de 3 a 6 meses, se não tratado”, relata Cividanes. E completa: “No episódio de

euforia o paciente perde a noção dele mesmo, perde a

capacidade de jul-gar racionalmente o

que é adequado, se-guro e permitido. Seu pensamento fica mui-

to rápido, passando em sua mente várias ideias

ao mesmo tempo. Com este aumen-to do fluxo de ideias, o pacien-te sente-se muito mais inteligente que a média das pessoas; se acha poderoso e ca-

paz de realizar as maiores proezas físicas e intelectu-ais. A necessidade

de sono diminui e a pessoa pode dor-

mir cerca de 3 horas por noite, ou menos, e

ainda se sentir disposto; os movimentos ficam rápidos, agitados; fica muito irritado e pode se tornar agressivo quando contrariado; a necessidade de falar (pressão de fala) é enorme, sendo muito difícil interromper o seu discurso; muitos envolvem-se em atividades perigosas, como dirigir veículos em alta velocidade, pois se sentem indestrutíveis. A procura por sexo também aumenta. Es-tas alterações podem durar de 2 semanas a 3 meses ou mais se não tratadas, trazendo grandes prejuízos físicos, emocionais e financeiros para os pacientes”.

Fatores genéticos

Estudos com familiares de portadores do TBH têm re-velado, ao longo do tempo, que filhos de portadores têm chance aumentada de vir a apresentar o sintoma, porém isto não é determinante. “O risco de herdar a doença se um dos pais tiver o transtorno é de aproxi-madamente 25%, se os dois pais tiverem, de 50 a 70%. Porém, é importante ressaltar que o transtorno bipolar, como quase todos os outros transtornos psíquicos, tem causas “biopsicossociais”, não sendo a hereditariedade sua única causa”, afirma Dias.

O desenvolvimento da genética permitiu analisar grande número de gêmeos nos quais a patologia torna-se mais evidente. Gêmeos idênticos ou monozigóticos possuem genoma absolutamente igual, mas apenas em 80% dos casos os dois irmãos apresentam quadros de euforia e depressão. Embora a porcentagem seja elevada, 20% não manifestam o problema.

Aumento dos casos

Dados recentes indicam haver um crescimento de casos de transtorno bipolar nos últimos anos, porém esta afir-mação é controversa. De acordo com a psicóloga Paola Dias e a psiquiatra Giuliana Cividanes, o que tem ocor-rido é uma maior procura por tratamento. “Atribuo o aumento das estatísticas a dois fatores principais: (1) com o aumento da atenção à saúde mental, os casos têm sido diagnosticados mais frequentemente; (2) falsos diagnósticos: muitas alterações comportamentais e difi-culdades da própria personalidade das pessoas têm sido explicadas como sendo parte de um transtorno bipolar do humor, quando na verdade não é”, defende a psi-quiatra. Já Dias acredita que, além da maior procura por tratamento, os instrumentos de avaliação para o diag-nóstico estão mais harmônicos e precisos. “Isso faz com que muitos quadros anteriormente não diagnosticados venham a ser diagnosticados mais corretamente. Não há ainda uma explicação consistente do ponto de vista social/ambiental para o crescimento desse transtorno no século XX e XXI”.

// CAPA

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Já o uso excessivo da cafeína pode produzir convulsão. As pessoas utilizam essa substância para ficar acorda-das, com mais energia e ânimo. Trata-se, então, de um agente externo, consumido como se fosse alimento, que estimula o humor.

Diagnóstico precoce

Muitas pessoas manifestam os sintomas do transtorno bipolar já na infância, porém, não recebem a atenção necessária e são diagnosticadas com distúrbios de aten-ção e hiperatividade, sendo percebido o real problema somente na adolescência, quando este fica mais eviden-te. Contudo, se enfocarmos a história desses adolescen-tes e ouvirmos seus pais encontraremos evidências muito precoces de alteração de humor, irritabilidade, distúrbio do sono, além da hiperatividade.

Outra dificuldade para diagnosticar o problema é que, enquanto nos adultos os ciclos de humor são mais lon-gos – chama-se ciclagem rápida quando se repetem quatro vezes num ano –, uma criança pode apresentar 1500 ciclos por ano, porque mais de quatro ela pode ter facilmente num dia. Desta forma, se não conseguirmos distinguir a criança rebelde e desafiadora da que tem um temperamento desfavorável, hostil e irritado, porque é portadora de transtorno bipolar, e quisermos educá-la com severidade exagerada, ela reagirá negativamente.

Criatividade

Edgar Allan Poe, Van Gogh, Churchill e outros grandes nomes da história e das artes apresentavam quadros de transtorno bipolar. Logo, é comum associar a doença à

genialidade e à criatividade. Esta relação, inclusive, já era abordada por Aristóteles, que indagava por que tantos homens ilustres da filosofia, da matemática e das artes apresentavam essa característica. Pesquisas realizadas nos últimos 20 anos, no entanto, sugerem que esta hipótese não é verdadeira. “A relação criatividade e transtorno bipolar ainda é um mito e não existem dados que comprovem que os portadores sejam mais inteligentes ou criativos que uma pessoa que não tenha o transtorno. Existem, de fato, muitos in-telectuais e artistas com transtorno bipo-lar, mas, do outro lado, existem pessoas comuns também com essa patologia”, explica Dias.

Cividanes também afirma ser esta uma questão bastante controversa. “Por um lado podemos dizer que o episódio de

mania do transtorno bipolar inunda o paciente de ideias, o enche de energia, diminui a necessidade de sono, po-rém, torna o paciente pouco produtivo, já que ele não consegue seguir adiante em nenhuma de suas ideias, não termina o que começa, pula de um assunto para o outro a todo minuto e se torna muito inconveniente so-cialmente”. A psiquiatra complementa explicando que as pessoas famosas que têm TBH tornaram-se famosas por suas habilidades outras, assim como há pessoas fa-mosas portadoras de esquizofrenia, depressão, diabetes ou hipertensão arterial, por exemplo, e pessoas famosas que não são portadoras de doença alguma.

Tratamento

Quando o TBH é corretamente diagnosticado e bem tra-tado o paciente pode levar uma vida normal. Este trata-

“Nas crianças, os quadros de de-pressão podem se manifestar com alterações de comportamento, irritabilidade, agressividade, bai-xo rendimento escolar e falta de desejo de brincar; e os de mania com intensa agitação motora, hi-peratividade e distração, os sinto-mas são facilmente confundidos com outros transtornos”.

// CAPA

Cafeína, álcool e drogas

As doenças psiquiátricas, de uma forma geral, são decor-rentes da interação de três fatores: biológicos (vulnerabi-lidade genética); psicológicos (emocionais e traumáticos) e ambientais (sociais, uso de substâncias psicoativas, es-tresse ambiental). “O uso de drogas psicoativas, princi-palmente as ilícitas, como cocaína, maconha, êxtase e crack, entram como fatores ambientais que podem de-sencadear e até manter a doença. Elas, por si só, não causam a doença, porém um paciente usuário de dro-gas pode nunca ter o seu transtorno bipolar controlado enquanto na vigência do uso da substância psicoativa, assim como, um paciente com uma fraca vulnerabilidade genética pode nunca desenvolver a doença se não fizer uso de drogas psicoativas”, explica Cividanes.

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// Giuliana Cividanes - CRM - SP 85732Email: [email protected]édica psiquiatra e mestre em psiquiatria pela Universidade Fede-ral de São Paulo (UNIFESP), especialista em Transtornos Afetivos e de Ansiedade. Atualmente é pesquisadora do Programa de Aten-dimento a Vítimas de Violência (PROVE) do Departamento de Psi-quiatria da UNIFESP.

// Paola Dias – CRP 02/13.508Email: [email protected] em psicologia, trabalha na Clínica de Repouso Villa Sant´Ana e no Espaço Terapêutico Villa Passos, em Recife (PE). Também trabalha como psicóloga clínica, atendendo adultos e crianças em seu consultório particular.

mento, no entanto, não é simples, apesar de haver uma gama grande de medicamentos. É preciso encontrar o medicamento e a dosagem certa para cada paciente, o que necessita habilidade e paciência por parte do médi-co e muita cooperação e paciência por parte do paciente e seus familiares. Não existe tratamento do transtorno bipolar sem medicações, e os remédios podem ser asso-ciados ou não à psicoterapia. A cada episódio não trata-do, o paciente irá ter alterações neurodegenerativas que podem ser irreversíveis, fazendo com que os próximos episódios sejam cada vez mais frequentes e graves.

Os sais de lítio são o tratamento escolhido para a maio-ria dos casos de mania aguda e para a profilaxia das recorrências das fases depressivas. O que se discute até hoje é por quanto tempo o paciente necessita tomar a substância para levar uma vida normal. Além disso, está provado que a associação do lítio com anticonvulsivan-tes e antidepressivos previne recaídas.

“Um mito que precisa ser esclarecido é a afirmação de alguns profissionais de que o TBH acontece devido à fal-ta de lítio no organismo. O ser humano não possui lítio no sangue. Se dosarmos o lítio no sangue de pessoas que não tomam o medicamento Carbonato de Lítio, não iremos encontrar a substância”, esclarece Civida-nes. O lítio que pode, por ventura, aparecer no nosso organismo é o que entrou em pequenas doses, quando comemos certos vegetais ou carne animal.

Apoio

É importante que os familiares estejam atentos aos pri-meiros sinais de manifestação do distúrbio. No iní-cio, a pessoa pode até parecer engraçada, com seu pensamento ágil, sua criatividade e euforia, mas é importante a procura por um atendimento para um diagnóstico diferencial o quanto antes, a fim de eliminar possíveis causas imediatas da doença.

Para quem ainda não está muito familiarizado com o assunto, uma visita a sites especializados na regulação do humor é uma boa forma de adquirir informações. A Associação Brasileira de Transtornos Afetivos (ABRATA) é uma associação que congrega familiares, amigos e portadores de transtorno do humor (depressão e bipo-lar), que, além de trocar informações, fornece elemen-tos, inclusive, para os profissionais de saúde mental so-bre a natureza e tratamento adequado da doença. Um ótimo meio de aprender a ajudar quem necessita.

// CAPA

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// Fernanda Araruna

Festa no berço do Brasil

Das barracas de praia durante o dia às festas que rolam à noite, Porto Seguro é animação todos os dias do ano.

Manhã de 22 de abril de 1500. Um navio cheio de marinheiros lusitanos, que haviam feito a travessia do Oceano Atlântico, encontrou nas praias do litoral sul da hoje Bahia, um porto seguro para desembarcar em nossas terras. Acreditando estar nas Índias, o homem da Idade do Ferro viu numa paisagem de falésias coloridas, recifes de corais e vegetação de Mata Atlântica, pela pri-meira vez, o Homem da Idade da Pedra. Surgia ali a His-tória do Brasil. Há quem diga que Pedro Álvares Cabral soube escolher por onde chegar no País. Ele preferiu o local onde tem “as mais belas praias do Brasil”.

Mais de 500 anos passados, as belezas naturais que con-quistaram Pedro Álvares Cabral e seus companheiros continuam a trazer, agora não só por mar, mas também por terra e ar, pessoas de todo o mundo para Porto Se-guro. A fama de animação 24 horas por dia da Costa do Descobrimento corre o mundo. Mas embora Porto Seguro seja conhecido pelo seu agito, pertinho dali há duas ótimas opções para os que buscam paz e tranqui-

lidade: a rústica vila de Trancoso e o charmoso Arraial d´Ajuda.

Agito

Para os mais jovens, ou mesmo os mais velhos ávidos por agitação, Porto Seguro é diversão garantida todas as noites do ano. No Carnaval e no verão a cidade sim-plesmente vai à loucura. A cena se repete, diariamente, no aeroporto de Porto Seguro: o avião pousa cheio de turistas ansiosos por um lugar ao sol, enquanto, do ou-tro lado, a turma bronzeada, que está indo embora, saca o cartão de embarque e, com tristeza no peito e um tererê no cabelo, se prepara para voltar para casa. Em tempo: para quem não conhece, tererê é uma tran-cinha única feita com miçangas coloridas penduradas bem em cima da cabeça.

Ir a Porto Seguro, certamente, requer pique para curtir a animação das barracas de praia durante o dia e as

BOA VIAGEM // PORTO SEGURO

Igreja de Nossa Senhora da Pena

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festas que rolam à noite. Mas não é só isso. A cidade oferece, ainda, um comércio variado na Passarela do Álcool, com artesanatos da região, uma ótima culinária e, para repor as energias, passeios relaxantes. Alugar um bugue e seguir para as praias mais calmas da cidade ou mesmo de Trancoso e Arraial d´Ajuda é uma boa pedida.

Praias

Antes de escolher que praia vai ficar em Porto Seguro é preciso decidir a seguinte questão: você busca festa ou descanso? Se buscar o burburinho típico da cidade o destino é Taperapuã. A sete quilômetros do centro da cidade, possui enormes barracas que disputam a aten-ção dos turistas. Muita música e paquera não faltam. A praia possui águas claras e calmas e para quem gos-ta de praticar atividade física, vôlei, futebol de areia e caiaque são algumas opções para mexer o corpo. Ou-tra opção é Mundaí, a quatro quilômetros do centro, seguindo para o Norte. Suas águas claras e sombras de coqueiros atraem famílias, inclusive com crianças. Mas há também barracas garantindo o axé nas alturas. Em Iticimirim (a 3,5 quilômetros de Porto Seguro) a estreita faixa de areia batida é tomada por animadas barracas. Na maré baixa, a atração fica por conta das piscinas naturais.

Se for a Porto Seguro buscando “recarregar a bateria” a melhor opção é seguir em direção a Santa Cruz Ca-brália. Na divisa entre essas duas cidades está Mutá (a 10 quilômetros do centro de Porto Seguro), pequena enseada emoldurada por coqueiros. A praia é pouco frequentada e possui águas mornas, calmas e transpa-rentes. Já em Santa Cruz Cabrália, a 14 quilômetros de

Porto Seguro, está Coroa Vermelha, considerada ponto de desembarque da expedição de Pedro Álvares Cabral e cenário da primeira missa rezada em nossas terras. Esta enseada tranquila, com águas rasas e areias bran-cas, concentra lojinhas de artesanato produzido pelos índios pataxós.

Esportes e Ecoturismo

Com tantas belezas naturais, Porto Seguro é um ótimo local para a prática do ecoturismo. Os recifes que pro-tegem a costa formam piscinas naturais perfeitas para o mergulho. Com status de Parque Marinho e protegi-do por uma lei municipal, o Recife de Fora se tornou o melhor local na região para o mergulho. É possível ver uma infinidade de raros corais, além de peixes, molus-cos e tartarugas. A praia de Mutari, com suas pequenas ondas, convida a arriscar boas manobras de caiaque. O Parque de Monte Pascoal é ótimo para fazer trilhas e caminhadas. Os mais experientes podem fazer uma es-calada ao topo do monte, a 536 metros de altitude. O parque abriga várias espécies ameaçadas de extinção e uma reserva indígena pataxó.

Atrativos Culturais

No topo de uma falésia debruçada sobre a orla está localizada a Cidade Histórica, onde se concentra o pri-meiro núcleo habitacional do Brasil. Alguns destaques são o Marco do Descobrimento, trazido de Portugal por Gonçalo Coelho, em 1503, a Igreja de Nossa Senhora da Pena (padroeira da cidade) e a Casa de Câmara e Cadeia, que abriga o Museu de Porto Seguro.

Na Ilha do Pacuio está situada a Ilha do Pirata, um dos mais sofisticados centros de aquários da América do Sul. Na ilha há quatro aquários suspensos, ao ar livre, que abrigam espécies variadas de peixes, recifes de co-rais e esponjas. Outro passeio imperdível é à Reserva Indígena da Jaqueira. O local concentra 827 hectares de mata nativa e as ocas espalhadas na reserva nos remetem à épocas longínquas. Os índios recebem os visitantes vestidos e pintados a caráter para apresenta-ção de danças e rituais.

Vida Noturna

Porto Seguro é conhecida por seu agito. A noite na cida-de é dividida em partes. No começo da noite a Passarela do Álcool, rua que fica no centro da cidade e abriga bares com música ao vivo, restaurantes, lojas e butiques, é tomada por barraquinhas de artesanato e de bebidas. É o melhor lugar para degustar a culinária típica baiana e também delícias à base de frutos do mar. O local é um misto de shopping center com zona boêmia. Por volta

Praia de Trancoso

BOA VIAGEM // PORTO SEGURO

Vivianne Santos

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BOA VIAGEM // PORTO SEGURO

visitar os famosos Arraial d’Ajuda e Trancoso. Sem dúvida é um trio que promete deixar ótimas lembran-ças, além de belas fotos.

da meia-noite é hora de partir para alguma festa, que não termina antes do dia clarear. De domingo a domin-go, nas casas noturnas ou nas barracas de praia, tem animação. Luaus com direito a fogueiras e apresenta-ção de axé e forró são constantes, mas para os que não curtem esses ritmos, há sempre um ambiente reservado para a MPB.

Culinária

A maioria dos restaurantes da cidade se concentra na Passarela do Álcool, onde é possível degustar a culinária típica baiana, com seus pratos carregados nos tempe-ros, como vatapá, moqueca, bobó, acarajé e caruru. Quem prefere não arriscar com comidas tão condimen-tadas, pode optar por pizzarias, creperias e restaurantes especializados em cozinha internacional.

Arraial d´Ajuda

A 6 km de Porto Seguro fica situado este pitoresco arraial de praias selvagens e clima de liberdade. Hip-pies, artistas e excêntricos de várias partes do mundo chegaram e montaram acampamento. Hoje a região é um centro de turismo elegante, concentrando de loja indiana a restaurante tailandês. A mistura de povos e origens dá um tom especial a Arraial d´Ajuda. Por muitos anos, esta vila era acessível apenas através de travessia de balsa pelas águas do rio Buranhém. Hoje é possível chegar também por uma estrada de asfalto, mas pouca coisa mudou e o local ainda preserva seu charme original.

Trancoso

Situado a 22 km de Arraial d´Ajuda por estrada de terra, este pequeno pedaço do paraíso, descoberto pelos hippies nos anos 1970, ainda preserva sua es-sência, apesar de atrair mais turistas. A tranquilidade das praias contrasta com pousadas sofisticadas, lojas de grife e restaurantes chiques, que atraem ricos e fa-mosos. Algumas praias são acessíveis apenas depois de uma boa caminhada, como a deserta Pedra Grande e a Rio Verde. Se seu intuito for fazer festa, uma boa época para visitar a região é no Réveillon, quando o vilarejo fica completamente lotado. Se quiser relaxar, curtindo a tranquilidade característica do local, vá fora da alta temporada.

Porto Seguro é o destino perfeito para quem busca agito 24 horas por dia, mas também não deixa na mão aqueles que preferem curtir um lindo visual na hora de descansar e recarregar as baterias. E se o turista quiser estender sua estada na região, pode aproveitar para Arraial d´Ajuda

Casas do Centro Histórico

Fotos: Vivianne Santos

A 6 km de Porto Seguro fica situado este pitoresco arraial de

praias selvagens e clima de liberdade. A mistura de povos e origens dá um tom especial a

Arraial d´Ajuda.

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Em busca da humanização perdida

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“A medicina jamais teve a capacidade de fazer tanto pelo homem como hoje. No entanto, as pessoas nunca estiveram tão desencantadas com seus médi-cos”. Esta afirmação, do cardiologista Bernard Lown, ganhador do Nobel da Paz em 1985, consegue des-crever perfeitamente a falida relação médico-paciente dos dias de hoje. Com o avanço dos conhecimentos científicos e o aumento do tecnicismo, recursos bási-cos como escutar, observar e confortar o doente foram se perdendo e fala-se muito de uma (re) humanização da medicina. Nesta entrevista exclusiva para a revista Hebron Atualidades, o pediatra Milton Hênio Gou-veia fala da necessidade urgente do médico retomar o atendimento carinhoso e afetivo que destinava, no passado, a seus pacientes. Tratamento este que se tor-na cada vez mais difícil devido às más condições de tra-balho oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O pediatra também comenta, entre outros temas, da deficiência das faculdades de medicina em “ensinar” os futuros médicos como tratar os pacientes e seus fa-miliares e da questão da religiosidade na ajuda à cura de doenças.

Hebron Atualidades – Na sua visão, como está hoje a relação médico-paciente?Milton Gouveia – Péssima. O crescente aumento de pacientes, a remuneração indigna por parte do SUS e dos convênios, faz com que o médico trabalhe apres-sado, sem interesse pelo paciente, sem vínculo afetivo, que é tão importante nesta relação. Antigamente, a presença do médico já irradiava vida. A vida, o afeto, circulavam continuamente nas relações que ligavam o médico àqueles que o procuravam. Naquele tempo, os médicos tinham certeza dessa importante relação. Hoje, infelizmente, esquecem completamente dessa particularidade.

H.A. – Acredita que há uma relação entre a alta tecnologia, cada vez mais presente em consultó-rios e hospitais, com o afastamento do médico de seus pacientes?

Milton Gouveia – Sim. Com a alta tecnologia, carís-sima por sinal, o médico moderno tem que produzir em elevada escala e tem que lidar com o paciente an-gustiado, neurotizado, robotizado, muitas vezes sem um sentido de vida e atormentado pela doença. Por isso, se ele não realiza além de seu trabalho técnico a transfusão de sua presença, do seu co-sofrimento, da sua empatia, não será nunca um médico, ainda que o aparelho mostre tudo. Compreender, muitas vezes, é a única forma de curar e o remédio é apenas um mero pretexto de cura. A primeira função do médico é a paternal, segundo o psiquiatra Jules Masserman. Com toda modernidade tecnológica, se o médico não faz a doação de sua pessoa ao paciente, seu trabalho é realizado puramente como um ato técnico.

H.A. – Como justificar horas de espera por uma consulta fria e rápida de 10 minutos?Milton Gouveia – O sistema de saúde no Brasil é péssimo. Para se ter uma ideia, aqui em Alagoas, por exemplo, 91% da população dependem do SUS. Daí vivermos permanentemente num caos. 84% dos brasi-leiros estão na mesma situação. Antigamente, no meu tempo de recém-formado (1962), haviam os Institutos (IAPI-IAPC-IAPTEC etc.). A população brasileira tinha um atendimento condigno e havia também a figura do indigente, tratado com muito carinho nos hospitais brasileiros. Depois que surgiu o SUS passou a existir um verdadeiro desencontro de médicos e pacientes. Com o aumento da população e a remuneração indigna que o mesmo proporciona, passou a existir o corre-corre do médico e a falta de interesse pela cura dos pacientes.

H.A. – Li em um texto uma citação de Bernard Lown que diz: “a medicina jamais teve a capaci-dade de fazer tanto pelo homem como hoje. No entanto, as pessoas nunca estiveram tão desen-cantadas com seus médicos. A questão é que a maioria dos médicos perdeu a arte de curar, que vai além da capacidade do diagnóstico e da mo-bilização dos recursos tecnológicos”. O que o se-nhor acha desta afirmação?

// Por Fernanda ArarunaMilton Hênio Gouveia, pediatra e membro da Sociedade de Pediatria de Alagoas.

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Milton Gouveia – Certíssima. Todo paciente que pro-cura um médico torna-se uma criança assustada e te-merosa. A moléstia nos reaproxima. A doença é um processo de catarse espiritual, como a oração, a confis-são e a penitência. Daí todo doente necessitar de cari-nho, de atenção, de proteção por parte do médico.

H.A. – Nas faculdades de medicina há uma defici-ência no “ensino” de como tratar os pacientes e seus familiares? O senhor acredita que as univer-sidades deveriam dar mais atenção ao lado huma-no da profissão?Milton Gouveia – No meu tempo havia lições de éti-ca assim que entrávamos na faculdade: como se com-portar na sociedade e diante do seu paciente. Foi uma pena ter excluído do currículo estas aulas de ética. Pes-quisas recentes mostram que 20% dos médicos que se formam atualmente não são vocacionados. Então, toda proposta que se faça nesse sentido é válida.

H.A. – Algumas faculdades e hospitais estão re-correndo às artes cênicas para melhorar a quali-dade da relação médico-paciente. São feitos tea-tros, com a participação de atores, com o objetivo de treinar os médicos para situações delicadas, como falar com pacientes e familiares sobre uma grave doença. Qual a importância de uma atitude como essa?Milton Gouveia – Tudo é válido para que haja um melhor entrosamento entre médico e paciente. Ape-sar de tudo, dos vencimentos minguados e das ruins condições de trabalho, o médico ainda detém em suas mãos um dos mais importantes, se não o maior de to-dos, desígnios, que é a sua capacidade de curar. Então, tudo que possa melhorar essa relação médico pacien-te, nos tempos atuais, é importantíssimo.

H.A. – Há três anos, a avaliação para a residência no Hospital Sírio-Libanês (SP), por exemplo, incor-porou à prova prática testes teatrais para aferir o desempenho dos candidatos em situações que exigem comportamentos mais cuidadosos. As si-mulações respondem por 40% da nota final. O que acha desta medida? Deveria ser uma prática comum entre os hospitais?Milton Gouveia – Acho que para todos os candidatos à residência, de qualquer hospital brasileiro, além do seu conhecimento científico, deveria haver uma sele-ção ética e psicológica, para se fazer uma avaliação de seu temperamento e de seu comportamento na so-ciedade. São impressionantes as queixas de pacientes com o tratamento negativo que recebem nos hospitais e postos de saúde nos dias atuais.

H.A. – Apesar da ausência de evidências sólidas dos benefícios da associação de tratamento médi-co com a religiosidade dos pacientes, acredita-se que os benefícios existam. Alguns artigos médi-cos atestam a eficácia das diferentes orações (usa-das como suporte ao tratamento) na recuperação de pacientes cardíacos, com câncer, terminais etc. Qual sua opinião a respeito deste assunto?Milton Gouveia – A religiosidade do povo ajuda a cura através da fé e esperança. O termo religiosidade é abrangente. A tendência mística do nosso povo torna possível a penetração de certas concepções. Atualmen-te, mesmo nas camadas mais cultas da sociedade, na qual a ciência pode ser usada largamente na cura das doenças, volta-se o homem num apelo dramático para os remédios heróicos da magia, de curandeiros, do es-piritismo etc. Admitindo que ao lado do médico e dos remédios os santos são importantes, todas as pesso-as apelam sistematicamente para eles. E muitas vezes específicos para cada doença. Durante 47 anos que exerço a medicina pude comprovar a relação dos san-tos e das doenças, que é a seguinte: Santa Luzia, nas doenças dos olhos; São Braz, nas doenças da garganta; Santa Ágata, na moléstia dos pulmões etc. Orar é uma qualidade inata do ser humano; na doença o indivíduo para e irá refletir sobre o seu destino. “Pedir e se vos dará” (Matheus 7.7). Todo aquele que, com aflição e fé eleva o pensamento à Deus ou às almas que Ele san-tificou, pedindo com confiança, sempre será atendido. Essa é a concepção do povo.

H.A. – Alguns médicos chegam a ser agredidos por pacientes ou seus familiares por causa do mau atendimento. Quais as principais queixas e porque elas acontecem?Milton Gouveia – Porque o atendimento é precário, frio, indiferente. Quando o ser humano está em so-frimento, angustiado, ele necessita de afeto, de cari-nho. Desta forma, quando não há o aperto de mão, o sorriso, uma mensagem de esperança, eles perdem

PING PONG //

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a paciência e se tornam agressivos. É o que vemos diariamente nos hospitais de muitas cidades.

H.A. – Hoje o médico saiu da condição de pro-fissional liberal para a de assalariado. Alguns chegam a ter até três empregos. Como o senhor acha que isso contribuiu para desgastar a rela-ção médico-paciente?Milton Gouveia – Hoje os médicos se encontram lado a lado com os prestadores de serviços, como bombeiro, eletricista, taxista. A presença mágica do médico já não existe. É só olhar nos classificados e lá está o nome de todos os médicos com suas es-pecialidades. O médico moderno já não comove o seu paciente. Não há tempo para isso. Não há troca de afeto. A sobrevivência do médico atual faz com que ele corra para vários empregos, realmente, e não consiga o tempo suficiente em cada um para pesqui-sar a doença do seu paciente e medicá-lo dignamen-te. Existe um remédio que nenhuma farmácia vende que é a palavra do médico, que é mais importante do que o próprio remédio.

H.A. – O que pode ser feito para melhorar a relação médico-paciente no Sistema Único de Saúde, onde os médicos, geralmente, precisam atender uma grande quantidade de pacientes por dia, e acabam tendo que fazer “consultas re-lâmpagos”, mal conseguindo olhar para o rosto do paciente e escutar suas queixas?Milton Gouveia – Que o SUS pague dignamente ao profissional da medicina. Que proporcione os meios e os locais de um atendimento decente, dando as condições de um atendimento condigno e um nú-mero limitado de pessoas, para serem atendidas com dignidade. São Lucas sempre dizia: “Que a medicina é eterna, pois vive da dor e do sofrimento humano”. O mundo da década de 1960 está cada vez mais lon-gínquo, e a célere corrida dos século XX e XXI vem deixando marcas profundas, particularmente na área médica, que enfrenta fantásticos desafios, traumati-zantes até. Hoje o órgão de saúde que predomina no Brasil é o SUS, que atua junto à população e, a duras penas, oferece sua assistência médica, que não é aquela que o povo quer ou merece receber

// Milton Hênio Gouveia - CREMAL 229Email: [email protected] pela Faculdade de Medicina da Universidade de Alagoas, em 1962, Milton Hênio Gouveia é membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade de Pediatria de Alagoas. Também é ex-presidente e fundador da Academia Alagoana de Medicina. Atualmente exerce a pediatria diariamente em consultório particular.

ALERGOLOGIA11º Congresso Brasileiro de Alergia e Imu-nologia em PediatriaData: 08 a 11 de abril de 2010Local: Belo Horizonte - MGInformações: www.alergoped2010.com.br

ANGIOLOGIAIII Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Acesso Vascular para HemodiáliseData: 28 a 29 de maio de 2010Local: São Paulo (SP)Informações: http://sbacv.com.br

CARDIOLOGIA65º Congresso Brasileiro de CardiologiaData: 25 a 29 de setembro de 2010Local: Expominas - Centro de Exposições e Feiras - Belo Horizonte (MG)Informações: www.cardiol.br

CIRURGIAXV Congresso Médico AmazônicoData: 25 a 28 de abril de 2010Local: Hangar – Belém (PA)Informações: www.congressomedicoama-zonico.com.br

OFTALMOLOGIAXI Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia RefrativaData: 19 a 22 de maio de 2010Local: Natal (RN)Informações: www.catarata-refrativa.com.br/2010/

35º Congresso da Associação Paranaense de OftalmologiaData: 18 a 19 de junho de 2010Local: Curitiba (PR)Informações: www.congressoapo.com.br

PEDIATRIA10° Simpósio Brasileiro de VacinasData: 15 a 17 de julho de 2010Local: Gramado (RS)Informações: www.sbp.com.br

EVENTOS // PING PONG //

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NOTAS //

Filtro solar só garante proteção se aplicado na quantidade certaRoupas curtas e dias longos tornam a exposição ao sol praticamente inevitável no verão. E mesmo quem passa filtro solar diariamente pode estar menos protegido do que imagina contra o câncer de pele e o envelhecimento precoce. A aplicação de quantidades insuficientes do produto reduz o fator de proteção solar (FPS) a menos da metade, mostra um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “Criamos uma equação que es-tima o real valor do FPS de acordo com a quantidade de filtro solar aplicada”, explica Sergio Schalka, autor principal da pesquisa, publicada em novembro pela revista “Photodermatolo-gy, Photoimmunology & Photomedicine”. “A queda da proteção é exponencial, ou seja, se você passar metade da quantidade recomendada de um protetor solar com FPS 20, o FPS real

que você terá será 7.” Segundo Schalka, pesquisas anteriores mostraram que os usuários aplicam entre 0,4 miligrama e 1 miligrama de filtro solar por centímetro quadrado do corpo, quando o recomendado pelos fabricantes é de 2 miligramas. “Não adianta nada você comprar um protetor de ótima qualidade, com FPS altíssimo e aplicar de forma inadequada”, alerta o dermatologista. Outro erro comum, diz ele, é não reaplicar o filtro solar com frequência durante o período de exposição solar. “Depois de duas horas, o protetor já foi para o espaço por causa do suor, do atrito da pele com a roupa ou com a areia da praia. Mesmo um filtro que em teoria garante proteção por um tempo longo precisa ser reaplicado.”

Reprogramadas, células de pele fabricam insulinaCientistas americanos conseguiram pela primeira vez repro-gramar células da pele de pacientes com diabetes tipo um e convencê-las a produzir insulina. O experimento põe no hori-zonte a possibilidade de terapia futura contra a doença. Mas o que mais interessa aos pesquisadores é que agora eles pode-rão, finalmente, entender como o diabetes se origina. O feito foi obtido por uma equipe liderada por Douglas Melton, do Instituto de Células-Tronco de Harvard, EUA. O grupo usou as chamadas células iPS, as células-tronco “éticas”, cuja produ-ção não demanda a destruição de embriões humanos. Melton e seus colegas extraíram células da pele de dois diabéticos e converteram-nas em células-tronco com a ajuda de três ge-nes. As células resultantes, por sua vez, foram convertidas em células beta, do pâncreas. Estas células, que secretam insulina, são atacadas e destruídas pelo sistema imunológico dos por-tadores do diabetes tipo 1. Ninguém sabe como nem por que isso acontece. O diabetes 1, também chamado de diabetes juvenil, é uma doença na qual múltiplos genes estão envolvi-dos, e as condições ambientais que disparam a doença num portador desses genes não são conhecidas. “As células iPS são o melhor ponto de partida, porque elas são derivadas de célu-las do paciente e, portanto, capturam o genótipo da doença numa célula-tronco”, escreveram os pesquisadores. Um artigo que apresenta os resultados do experimento foi publicado em setembro no periódico “PNAS”. A eficiência da conversão de células iPS em células beta foi baixa, razão pela qual os pesqui-sadores ainda não estão muito otimistas quanto ao uso dessa técnica em terapia num futuro próximo. No entanto, Melton afirma que o estudo é uma prova de princípio importante, porque agora poderá ser possível reproduzir, em laboratório, as condições nas quais o sistema imunológico do portador de diabetes juvenil começa a atacar as células de insulina. Como o genoma “doente” está presente em todas as células do por-tador de diabetes tipo 1, os cientistas planejam derivar outros tipos celulares - como células do sistema de defesa do corpo- e fazê-las interagir com as células beta.

Células-tronco contra a insuficiência renal O tratamento de insuficiência renal ainda é bastante sofrido para os pacientes. Dependendo da gravidade da doença, que pode ser aguda ou crônica, a pessoa precisa ser submetida a sessões periódicas de diálise, que além de dolorosa, deixa o paciente dependente de uma máquina para sobreviver. Algumas pessoas sofrem anos enquanto esperam por um transplante de órgãos. Daí a importância de um estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), que conseguiu recuperar a função renal de camun-dongos a partir da aplicação de injeção de células-tronco. A pesquisa, publicada em setembro na revista especializada Stem Cells, traz esperanças de que um tratamento menos penoso surja no futuro. Os cientistas retiraram células-tron-co da medula óssea de ratos saudáveis e as introduziram em roedores com insuficiência renal crônica - o modelo ex-perimental usado reproduz as fases intermediária e final da doença. No fim do estudo, a função dos rins nesses animais, que era de 20% de sua capacidade, passou a 50%. “Esses resultados são inéditos na literatura médica e extremamen-te importantes, porque as células foram capazes de dimi-nuir a progressão da doença renal”, diz a coordenadora da pesquisa, Lúcia Andrade, do Laboratório de Pesquisa Básica da Disciplina de Nefrologia da FMUSP. Ela ressalta que as células-tronco não acabaram completamente com o proble-ma. Mas os resultados impressionam. Em humanos, se os rins funcionam com apenas 20% da capacidade, o paciente precisa se submeter à diálise periodicamente. Já com 50% de funcionamento, é possível levar uma vida normal, desde que a pessoa siga uma dieta adequada e receba acompa-nhamento médico. Contudo, o método ainda é experimen-tal, usado apenas em animais. Não há previsão de quando será possível ser aplicado em seres humanos. Segundo Lúcia, ainda é preciso estudar se as células-tronco podem se trans-formar em tumores.

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TRABALHO CIENTÍFICO //

Disposição Biológica da Boldina: estudos in vitro e in vivoInés Jiménez e Hernán Speisky*Laboratório de Lipídeos e Antioxidantes, Instituto de Nutrição e Tecnologia de Alimentos, Universidade do Chile, Santiago, Chile.

Introdução

O crescente reconhecimento de que uma formação eleva-da de radicais livres pode estar associada com o surgimento e/ou a progressão de diversas patologias (por exemplo, algumas formas de câncer, doenças cardiovasculares e distúrbios neu-rodegenerativos) motivaram o estudo de novas moléculas com propriedades antioxidantes (Halliwell, 1994; Aruoma, 1998). Atenção especial foi voltada para a busca e o desenvolvimento de componentes antioxidantes naturais.

No decorrer da década passada, nosso laboratório se con-centrou nas propriedades antioxidativas da boldina, uma mo-lécula derivada da aporfina (Figura 1), presente em abundância nas folhas e na casca da árvore do boldo do Chile (Peumus boldus Mol.). Os preparos farmacêuticos e galênicos contendo boldo e à base de boldina têm sido usados há décadas no tra-tamento de várias condições, entre as quais, queixas e disfun-ções hepáticas são geralmente mencionadas (Kreitmair, 1952; Genest e Hughes, 1968; Speisky e Cassels, 1994).

Foi demonstrado que a boldina quimicamente pura exi-be, entre outras, propriedades imunomodulatórias (González-Cabello et al., 1994), relaxamento da musculatura lisa (Speisky et al., 1991b), antipiréticas e anti-inflamatórias (Backhouse et al., 1994; Gotteland et al., 1997) e propriedades semelhantes às neurolépticas (Zetlerm 1988). Entretanto, foi dada atenção especial à potente capacidade da boldina de remover radicais livres, já que essa última atividade parece fornecer uma pos-sível justificativa para as propriedades hepatotróficas e hepa-toprotetoras comumente atribuídas às preparações contendo boldo (Speisky e Cassels, 1994). De fato, foi demonstrado que concentrações micromolares muito baixas da boldina previnem a auto-oxidação de homogenados do cérebro de ratos, inibem o dano peroxidativo quimicamente induzido em membranas fantasmas de eritrócitos e protegem a lisozima contra a inati-vação oxidativa (Speisky et al., 1991a). Além disso, a boldina mostrou-se capaz de prevenir o dano quimicamente induzido (Martínez et al., 1992; Úbeda et al., 1993) e o dano peroxida-tivo enzimaticamente catalisado nas membranas microssomais de ratos (Cederbaum et al., 1992) ou humanos (Kringstein e Cederbaum, 1995).

Recentemente, foi demonstrado que a boldina protege os hepatócitos isolados de rato contra a peroxidação lipídica induzida por tert-butil hidroperóxido e a lise celular (Bannach

et al., 1996). Também se relatou que a boldina, quando ad-ministrada intraperitonealmente, previne a hepatite induzida pelo tetracloreto de carbono em camundongos (Lanhers et al, 1991). O estabelecimento de uma relação farmacodinâmica entre a remoção de radicais livres e a prevenção de dano celu-lar representa uma etapa importante para justificar a avaliação da boldina como um antioxidante em terapêuticas. Entretan-to, os reais benefícios terapêuticos subsequentemente associa-dos com a administração de um antioxidante como a boldina, dependerão estritamente da correta disposição biológica das moléculas antioxidantes em relação aos radicais livres com os quais ela reagirá.

Em contraste com os dados considerados disponíveis so-bre as propriedades farmacológicas da boldina (especialmente sobre suas ações antioxidantes e citoprotetoras) está a ausên-cia completa de informações sobre sua farmacocinética. Nos estudos atuais, usando hepatócitos isolados de rato, fígados perfundidos de ratos e animais vivos, pela primeira vez forne-cemos informações in vitro e in vivo sobre a disposição bioló-gica da boldina.

Materiais e Métodos

Animais. Ratos Wistar machos (200-250 g; 12 + 2 sema-nas) foram abrigados em gaiolas individuais em uma sala com temperatura e luz controladas (22 oC; com ciclos de 12h de escuro/luz), mantidos com uma dieta de ração padrão (Ali-

1ª Parte

ESTRUTURA QUÍMICA DA BOLDINA

[S]-2,9-dihidroxi-1,10-dimetoxiaporfina

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Hebron Atualidades // 33

TRABALHO CIENTÍFICO //

mentos Concentrados Cisternas M.R., Santiago, Chile) e água à vontade. Todos os estudos foram conduzidos usando ani-mais que estavam há 14 h em jejum.

Substâncias químicas. A boldina foi extraída e purificada conforme previamente descrito (Speisky et al., 1993). Todas as demais substâncias químicas e reagentes foram compradas (no grau mais puro disponível) da Sigma Chemical Co. (St Lou-is, MO, EUA).

Experimentos com hepatócitos isolados de ratos. Os he-patócitos foram preparados por perfusão com colagenase (Moldeus et al., 1978) com uma produção de 200 + 68 x 106 hepatócitos viáveis/fígado. A viabilidade celular foi avaliada aplicando o teste de exclusão com azul de tripano e medin-do a atividade da lactato desidrogenase (LDH). Os hepatócitos (107/5 mL) foram incubados (37 oC) em frascos Erlenmeyer, sob uma atmosfera de 95% de O2/5% de CO2, em tampão de Krebs-Henseleit, pH 7,4 (12,5 mM de Hepes, 1 mM de me-tionina, 2 mM de serina, 5 mM de glicina, 5 mM de glutami-na).

Antes de adicionar a boldina nos frascos, as suspensões foram preincubadas por 15 min e, em seguida, incubadas por um tempo máximo de 60 min. No final das incubações, a via-bilidade celular variou de 90% a 92%. Preparações mostrando uma viabilidade menor do que 86% (observada em menos de 10% dos casos) foram desconsideradas. As amostras de sus-pensão de células completas, tomadas com 0, 2, 6, 10, 16, 30 e 60 min, foram centrifugadas a 500 x g, por 5 min a 20oC. Esta centrifugação em baixa velocidade separa a fração extra-celular (sobrenadante) da fração celular (pellet) e garante que não ocorra lise celular (assegurada pela ausência de resíduos celulares ou vazamento de LDH).

As alíquotas de sobrenadante foram desproteiniza-das com ácido fosfórico resfriado com gelo e centrifugadas (10.000 x g, 1 min, 20 oC). Após a neutralização em pH 6,0, as amostras foram testadas quanto à boldina por HPLC, com sua concentração correspondendo a uma amostra diluída do meio de incubação extracelular. Para determinar sua concentração intracelular, os pellets celulares produzidos pela centrifugação de suspensões de células totais foram ligeiramente lavados, repeletizados como antes, e subsequentemente desproteiniza-dos. Após a centrifugação (10000 x g, 1 min, 20 oC), a boldi-na foi determinada por HPLC diretamente em sobrenadantes ácidos neutralizados, com sua concentração correspondendo a uma amostra diluída de conteúdo intracelular.

Experimentos com perfusão hepática. Os ratos foram sub-metidos à cirurgia abdominal, e seus fígados foram canulados e perfundidos in situ, conforme previamente descrito por nós (Speisky et al., 1990). Os fígados foram perfundidos da veia porta à veia cava em um sistema não-recirculante (taxa de flu-xo de 4,8 + 0,8 mL/min/g) com um tampão de bicarbonato sem hemoglobina de 95% de O2/5% de CO2, pH 7,4, 37oC. A viabilidade do órgão foi continuamente monitorada medin-do o consumo de oxigênio (eletrodo de oxigênio tipo Clark; Yellow Spring Instruments, Yellow Springs, OH) e analisando

(a cada 10 min) a atividade de LDH em amostras de perfusa-tos da veia cava. O consumo de oxigênio permaneceu relati-vamente constante (2,3 + 0,4 μmol/min/g de fígado), e não foi detectado nenhum vazamento da atividade de LDH durante todo o período de perfusão (90 min).

[Continua na próxima edição]

// Referências1. Aruoma, O. I. (1998). Free radicals, oxidative stress, and antioxidants in human health and disease. J. Am. Oil Chem. Soc. 75(2), 199-212.

2. Backhouse, N., Del Porte, C., Givernau, M., Cassels, B., Valenzuela, A., and Speisky, H. (1994). Anti-inflammatory and anti-pyretic effects of boldi-ne. Agents Actions 42, 114-117.

3. Bannach, R., Valenzuela, A., Cassels, B., Núñez-Vergara, L., and Speisky, H. (1996). Cytoprotective and antioxidant effects of boldine on tert-butyl-hydroperoxide-induced damage to isolated hepatocytes. Cell Biol. Toxicol. 12(2), 89-100.

4. Cederbaum, A. I., Kukielka, E., and Speisky, H. (1992). Inhibition of rat liver microsomal lipid peroxidation by boldine. Biochem. Pharmacol. 44(9), 1765-1772.

5. Genest, K., and Hughes, D.W. (1968). Natural products in Canadian pharmaceuticals. II. Peumus boldus. Can. J. Pharm. Sci. 3, 84-90.

6. González-Cabello, R., Speísky, H., Bannach, R., Valenzuela, A., Féher, J., and Gergely, P. (1984). Effects of boldine on cellular immune functions in vitro. J. Invest. Allergol. Clin. Immunol. 4(3), 139-145.

7. Gotteland, M., Jiménez, I., Brunser, O. et al. (1997). Protective effect of boldine in experimental colitis. Planta Med. 63, 311-315.

8. Halliwell, B. (1994). Free radicals and antioxidants. Nutr. Rev. 1, 253-265.

9. Kreitmair, H. (1952). Pharmakologische Wirkung des Alkaloids aus Peu-mus boldus Molina. Die Pharmazie 7, 507-511.

10. Kringstein, P., and Cederbaum, A. I. (1995). Boldine prevents liver mi-crosomal lipid peroxidation and inactivation of cytochrome P4502E1. Free Rad. Biol. Med. 18(3), 559-563.

11. Lanhers, M.C., Joyeux, M., Soulimani, R. et al (1991). Hepatoprotective and anti-inflammatory effects of a traditional medicinal plant of Chile, Peu-mus boldus. Planta Med. 57(2), 110-115

12. Martínez, L.A., Ríos, J.L., Payá, M., and Alcaraz, M. J. (1992). Inhibition of non-enzymatic lipid peroxidation by benzylisoquinoline alkaloids. Free Rad. Biol. Med. 12, 287-292.

13. Moldeus, P., Hogberg, J., and Orrenius, S. (1978). In Methods in Enzy-mology, pp. 60-71, Academic Press, New York.

14. Otto, D.A., and Cook, G. A. (1983). In The Isolation, Characterisation, and Use of Hepatocytes, pp 44-48, Elsevier Science, New York.

15. Rowland, M., Benet, L. Z., and Graham, G. G. (1973). Clearance con-cepts in pharmacokinetics. J. Pharmacokinet. Biopharm. 1, 123-136.

16. Speisky, H., Shackel, N., Varghese, G., Wade. D., and Israel, Y. (1990). Role of hepatic gamma-glutamyl transferase in the degradation of circula-ting GSH: Studies in the intact guinea pig perfused liver. Hepatology 11(5), 843-849.

17. Speisky, H., Cassels, B., Lissi, E., and Videla, L. (1991a). Antioxidant properties of the alkaloid boldine in systems undergoing lipid peroxidation and enzyme inactivation. Biochem. Pharmacol. 41, 1575-1581.

18. Speisky, H., Squella, J.A., and Núnez-Vergara, L.J. (1991b). Activity of boldine on rat ileum. Planta Med. 57. 519-522.

19. Speisky, H., Cassels, B. K., Nieto, S., Valenzuela, A., and Nuñez-Ver-gara, L. (1993). Determination of boldine in plasma by high performance liquid chromatography. J. Chromatog. 612, 315-319.

20. Speisky, H., Cassels, B. (1994). Boldo and Boldine: An emerging case of drug development. Pharmacol. Res. 29(1), 1-12.

21. Úbeda, A., Montesinos, C., Payá, M., and Alcaraz, M. J. (1993). Iron-reducing and free-radical-scavenging properties of apomorphine and some related benzylisoquinolines. Free Rad. Biol. Med. 15, 1-9.

22. Zetler, G. (1998). Anticonvulsivant and antinociceptive effects of apo-morphine alkaloids: bulbocapnine, corytuberine, boldine and galucine. Arch. Int. Pharmacodyn. 296, 255-281.

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34 // Hebron Atualidades

ACONTECE //

Bahia

1 - Dr. Ernandes Guedes de Andrade (CRM BA 10823), clínico geral, no Hospital Municipal de Teolândia – BA.

2 - Dr. Reinaldo Bonin Souza (CRM BA 4566), clínico geral, no Hospital Municipal de Wenceslau Guimarães - BA.

3 - Dra. Adelaide Assis (CRM BA 7422), ginecologista, ao lado do Dr. Genésio Ribeiro de Assis (CRM 7068), angiologista, em Valença - BA.

4 - Dr. Fernando Guedes (CRM BA 2358), clínico geral, em Gandu - BA.

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5 - Dra. Irismar Santos da Silva (CRM BA 7570), ginecologista, em Gandu - BA.

6 - Dr. Clécios Alves (CRM BA 7887), clínico geral, em Valença – BA.

7 - Dr. Miguel Mendes da Silva (CRM BA 10414), ginecologista, em Gandu - BA

Pernambuco

6 - Dr. Domingos Sávio Duarte (CRM PE 007208), pediatra, em Recife – PE.

7 - Dra. Maria Betânia S. Torres (CRM PE 008794), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

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1 - Dra. Cláudia Nóbrega (CRM PE 015298), mastologista, em Recife – PE.

2 - Dra. Carla Núbia Borges (CRM PE 010962), geriatra, presi-dente da Associação Brasileira de Alzheimer – ABRAZ, regional PE, em Recife – PE.

3 - Dra. Leila Lomanto (CRM PE 015174), ginecologista e obstetra, na Clínica Benfam, em Recife (PE).

4 - Dra. Hévila Teles Barreto (CRM PE 009808), pediatra, em Recife – PE.

5 - Dr. Maurício Lino de Santana (CRM PE 003863), pediatra, em Recife – PE.

Fotos: Divulgação

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Hebron Atualidades // 35

ACONTECE //

20 - Dr. Roberto Amorim (CRM PE 006574), otorrinolaringolo-gista, em Recife – PE.

21 - Dra. Maria José Leopoldina (CRM PE 006319), pediatra, em Recife – PE.

22 - Dra. Simone Fittipaldi (CRM PE 008496), ginecologista, em Recife – PE.

11 - Dra. Eliane Girão de Sousa (CRM PE 007661), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

12 - Dr. José Remígio Neto (CRM PE 003408), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

13 - Dra. Fátima Maria Doherty (CRM PE 006707), pediatra, em Recife – PE.

8 - Dra. Olívia Maria Maranhão (CRM PE 009222), pediatra, em Recife – PE.

9 - Dra. Kátia Marroquim (CRM PE 005845), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

10 - Dra. Dalva Lúcia Magalhães (CRM PE 006226), pediatra, em Recife – PE.

14 - Dra. Gabriella Pontual Neves (CRM PE 013745), clínica geral, no Hospital da Polícia Militar de Pernambuco, em Recife – PE.

15 - Dra. Analiria Pimentel (CRM PE 003280), pediatra, presidente da Copepe - Cooperativa de Pediatras de Pernambuco, em Recife – PE.

16 - Dra. Heliópolis Dagnaisser de Melo (CRM PE 002840), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

17 - Dra. Nancy Cristina Ferreira (CRM PE 009191), mastologista, em Recife – PE.

18 - Dra. Niedja Siqueira (CRM PE 008485), pediatra, em Recife – PE.

19 - Dr. Expedito Almeida Soares (CRM PE 007202), otorrinolaringolo-gista, em Recife – PE.

8 9 10

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Fotos: Divulgação

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36 // Hebron Atualidades

ACONTECE //

26 - Dra. Débora Torreão (CRM PE 005423), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

27 - Dra. Neise Montenegro (CRM PE009193), pediatra, em Recife – PE.

28 - Dr. Ruy de Deus e Mello Jr. (CRM PE 005988), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

26 27 28

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23 - Dr. José Roberto de Almeida (CRM PE 004184), gastroenterologis-ta, em Recife – PE.

24 - Dra. Rogéria de Fátima Lima Catão (CRM PE 007365), ginecolo-gista e obstetra, em Recife – PE.

25 - Dr. Ricardo Leimig Amorim (CRM PE 005474), ginecologista, obstetra e uroginecologista, em Recife – PE.

29 - Dra. Edinaura de O. Sobral Braga (CRM PE 006281), pediatra, em Recife – PE.

30 - Dra. Rita de Cássia de Melo (CRM PE 011851), ginecologista e obstetra, em Recife – PE.

4

Tocantins 1 2

3

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Fotos: Divulgação

1 - Dr. Marcelo R. Milhomem (CRM TO2074), clínico geral, em Gurupi – TO.

2 - Dr. Iury N. C. G. Silveira (CRM TO784), ginecologista, em Gurupi – TO.

3 - Dr. Flávio José dos Reis Freitas (CRM TO207), cardiologista/ clínico médico, em Gurupi - TO.

4 - Dr. Antônio Newton de Lima(TO0015), mestre em ginecologia, especialista em citopatologia e em medicina legal, em Araguaína - TO.

5 - Dr. Álvaro R. Alencar (CRM TO1081), ginecologista, acom-panhado das alunas de Medicina da Unirg, Mariana, Jordana e Joaquianni, em Gurupi – TO.

6 - Dr. Mario Tadeu K. de Sousa (CRM TO456), neurologista/ clínico médico, em Gurupi – TO.

ACONTECE // Institucional

Entre os dias 11 e 15 de Janeiro, em Lima - Peru, a HEBRON FARMACÊUTICA fez o primeiro treinamento internacional in loco. Em parceria com a empresa de distribuição, marketing e propaganda Dinámica Continental, 14 pessoas foram preparadas para visitar médicos de todo o Peru. O medicamento Florax é primeiro da linha de grade dos propagandistas que será oficialmente lançado em fevereiro deste ano.

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38 // Hebron Atualidades

TUDO A VER //

Dedeu doNáutico

Em tempos de Copa do Mundo, vira-e-mexe, o assunto termina sendo futebol. Para nao fugir desse contexto me arvoro a falar um pouco sobre o tema, mas me per-mitam voltar algumas décadas, abrindo um pouco o baú de nossa história, na tentativa, quem sabe, de dar um pouco mais de bri-lho a minhas palavras. Reporto-me à década de setenta, que foi especial para o Brasil. Considera-da a época do milagre econômico, o País cresceu acima da média, embora que às custas dos empréstimos internacionais que avolumaram nossa dívida externa. Alguns dizem que isso não tem valor! O que im-porta mesmo, segundo a ótica política, é que foi uma era dourada para a sociedade brasileira. Começamos ganhando a Copa do Mundo de futebol, no México, em 1970, com o nosso time dos sonhos, num tempo em que este esporte era o único a empolgar multidões no Brasil, num perío-do em que a seleção brasileira jogava com a alma de quase todos os patrícios, como bem disse Nelson Rodrigues: “A pátria de chuteiras”! O governo militar, da época, sabia disso e tirou, naturalmente, o devido proveito dessa paixão nacional, que deixa-va nosso povo meio alienado diante dos reais problemas por que passava o País. E o futebol formou adeptos e aficionados torcedores de Norte a Sul, ga-nhando força, inclusive, os campeonatos estaduais e o Brasileirão. Em Pernambuco havia, naquela época, uma figura singularíssima chama-da Dedeu do Náutico. O Náutico é um dos três principais clubes de Pernambuco. De-deu era um atacante extraordinariamente veloz, mas sobre quem se atribui histórias pitorescas, comentadas nas calçadas das noites pernambucanas, nas mesas de res-taurantes, nas mais variadas rodas de ami-gos, nas discussões futebolísticas típicas da nação do futebol.

// Por Avaniel MarinhoAvaniel Marinho é poeta, médico veterinário e Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica da Hebron.

Editores // André Resende, Deborah Echeverria, Wedja Henrique Pires

Diretora Responsável // Vivianne Santos

Editora Executiva // Fernanda Araruna

Redatora // Dênia Sales

Assistente de Redação // Karinna Nascimento

Projeto Gráfico // Claudio Lira | Meios Comunicação

Diagramação // Fellipe Câmara

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Fotografia // Stock Exchange

Arquivos Fotográficos // Odisseu, Hebron

Impressão // Gráfica Santa Marta

Circulação // Quesalon

Tiragem // 30.000 exemplares

Cartas à Redação // [email protected]

A distribuição com exclusividade dos produtos Hebron®, assim como a sua divulgação e promoção em todo o território nacional estão sob a responsabilidade da: QUESALON - DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA Rua Manoel César de Melo, s/n, Galpão II, 5 - Distrito Industrial, Alhandra - PB CEP 58320-000 CNPJ/MF: 04.792.134/0001-43 INSCR. ESTADUAL: 16.133.690-6.

•Rua das Pernambucanas, nº 282/6º andar, Sala 601 Empresarial Pernambucanas Center, Graças, Recife-PE, 52.011-010 (81) 32247571www.odisseu.com.br [email protected]

Hebron Atualidades é uma revista bimestral da Hebron Farmacêutica em parceria com a Editora Odisseu com distribuição para médicos residentes no Brasil. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista Hebron Atualidades, da Hebron Farmacêutica e da Editora Odisseu.

Presidente // Josimar Henrique da Silva

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Diretora Administrativa // Fernanda Monteiro Henrique

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Diretor Industrial // Bruno de Matos Henrique

Diretora de Marketing // Wedja Henrique Pires

Diretor Médico-Científico // Márcio Gueiros

Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Tecnológica // Avaniel Marinho

Diretor de Recursos Humanos e Treinamento // Guilherme Pires

Dedeu era, realmente, bom de bola, mas, se por zombaria ou burrice (não se sabe, ao certo, e até hoje) foi pro-tagonista de frases que ficaram marcadas na história do mundo esportivo brasileiro. Por exemplo, após um jogo entre Náutico e Santa Cruz, o radialista perguntou a De-deu: o que você achou do jogo, nas quatro linhas do gramado? Ao que respondera: “Eu não achei nada, mas Beliato (então zagueiro do Náutico) achou uma corrente de ouro perto da grande área”! Outro dia o Náutico foi jogar na Vila Belmiro, contra o Santos, e Dedeu (que estava no banco de reservas) entrou no segundo tempo, no momento em que um jogador do Santos, chamado Edu, também assinava a súmula para entrar na partida. Até aí, tudo bem, mas dizem que o nome de Edu é Edu dos Santos, e ao vê-lo assinar a súmula, Dedeu disse: “Que bobagem! O Náutico não é inferior!” E assinara: Dedeu do Náutico! Noutro jogo, no Recife, ao marcar um be-líssimo gol, e ao ser entrevistado no final da partida, o jornalista perguntou-lhe: Como foi aquela jogada do gol, Dedeu? Ao que respondera: “Um lance em que eu fiz que fui, não fui, e terminei fundo”! Se verdadeiras, não sei. Pergun-tem aos cronistas do futebol brasileiro. Eu só sei que Dedeu e Mané Garrincha encar-naram, muito bem, a era de um futebol brasileiro menos letrado, menos interna-cionalizado, menos inflacionado, menos televisivo, mas incomparavelmente mais alegre e autêntico. Um tempo em que os jogadores jogavam por amor à camisa, independentemente do bom domínio da língua pátria e do QI. Quem sabe a África do Sul nos ajuda a resgatar um pouco nossos valores mais autênticos. – Pra frente, Brasil!

Um abraço.

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ulga

ção

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Transformar jovens em futuros empreendedores.Os colaboradores da Hebron se orgulham de exercer também esta função.

Há 5 anos, a Hebron Farmacêutica participa das ações da Junior Achievement, organização que busca des-pertar o espírito empreendedor nos jovens, ainda na escola.

Ao longo desse período, vários colaboradores da He-bron participaram, como voluntários, dos programas de educação econômico-prática, em parcerias firma-das entre representantes da classe empresarial e es-colas públicas, dedicando parte de seu tempo a ensi-nar e a compartilhar experiências com os alunos.

“Desempenhamos um papel primordial na vida desses jovens. Na Junior Achievement, somos incumbidos de passar o conteúdo programado e transmitir a vivência e a experiência de profissionais de verdade. Tornamo-nos espelhos, exemplos e amigos, criamos laços e nos divertimos também. Os voluntários fazem a diferen-ça na vida dos alunos e eles fazem muita diferença na vida de cada um de nós”, afirma Ana Cristina Azevedo, voluntária e colaboradora da Hebron.

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