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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM PESQUISAR SE APRENDE PESQUISANDO... RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA DE METODOLOGIA DA PESQUISA DE ENFERMAGEM Isabel Cristina Fonseca da Cruz Tese apresentada como requisito para o Concurso de Professor Titular do Departamento de Fundamentos de Enfermagem, da Escola de Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROESCOLA DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM

PESQUISAR SE APRENDE PESQUISANDO...RELATO DA EXPERIÊNCIA DE UM PROGRAMA DE METODOLOGIA DA PESQUISA DE ENFERMAGEM

Isabel Cristina Fonseca da Cruz

Tese apresentada como requisito para o Concurso de Professor Titular do Departamento de Fundamentos de Enfermagem, da Escola de Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

RIO DE JANEIRO2000

C957 Cruz, Isabel Cristina Fonseca da Pesquisar se aprende pesquisando –relato da experiência de um programa de metodologia da pesquisa de enfermagem / Isabel Cristina Fonseca da Cruz – Rio de Janeiro, 2000.91f.

Tese (Professor Titular) – Escola de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2000.

1. Enfermagem – pesquisa. 2. Pesquisa – metodologia. 3. Enfermagem – estudo e ensino. I. Título

CDD 610.72

2

DEDICATÓRIA

Eu dedico esta tese a todos os meus alunos. Particularmente àqueles que encontraram prazer na dificuldade em aprender, no trabalho complexo cujas soluções são lentamente descobertas. São estes os alunos que adquiriram as habilidades da pesquisa de enfermagem. Com meus alunos aprendi que o processo ensino-aprendizagem deveria ser aprendizagem-aprendizagem.

Isabel Cruz

3

AGRADECIMENTOS

Na fase de preparação para este concurso de Professor Titular, contei com o apoio e a colaboração da minha família e de meus colegas de trabalho. Agradeço a todos do fundo do meu coração.

Não posso deixar de agradecer aos meus protetores espirituais que alimentam a minha energia e minha fé na vida.

4

Sinceramente, muito obrigada. A todos, renovo o meu compromisso de retribuição e o meu axé.

O amor, o trabalho e o conhecimento são as fontes

5

de nossa vida. Deviam também governá-la.

Wilhelm Reich

SUMÁRIOTópicos Página

RESUMO 07

INTRODUÇÃO 08

Considerações Iniciais 08

Situação-problema referente ao ensino de Metodologia da Pesquisa 14

Sobre o referencial conceitual adotado 17

A atividade pedagógica em Metodologia da Pesquisa de Enfermagem 17

A relação pedagógica 17

O caminho didático 18

Modelo pedagógico para metodologia da pesquisa de enfermagem 20

A avaliação do aprendizado 20

Objetivos 21

6

DESENVOLVIMENTO 22

Pesquisar se aprende pesquisando – o curso 22

Descontextualização sobre Pesquisa de Enfermagem 24

Material e Método 24

População e Amostra 25

Instrumento de Coleta de Dados 26

Análise e Discussão dos Dados 26

Resultados 27

Identificação dos Participantes 27

Consumo de pesquisa 27

Produção 30

Divulgação 31

Concebendo a pesquisa de enfermagem 32

Percebendo a influência do modelo pedagógico de situação-problema 36

Considerações finais 39

CONCLUSÕES 43

Sobre o ensino de pesquisa 43

Sobre a concepção de pesquisa do enfermeiro egresso 43

Sobre o Pesquisar se aprende pesquisando 43

Limitações do estudo 44

Implicações para o ensino, a pesquisa e a assistência 44

Recomendações futuras 44

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ANEXOS 45

Anexo I – Questionário 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 48

ABSTRACT 53

RESUMEN 54

APÊNDICES 55

Apêndice i Pesquisar se aprende pesquisando 55

Apêndice ii Proposta para monografia 83

Apêndice iii análise crítica do trabalho de conclusão de curso 92

RESUMOPara suscitar no aluno o desejo pelo conhecimento, é necessária uma

abordagem que privilegie o processo da descoberta. Então, para que os

enfermeiros consumam, produzam e divulguem pesquisas, naturalizando o

comportamento intelectual, qual modelo pedagógico é adequado para a disciplina

de metodologia da pesquisa em enfermagem? Neste relato, apresento a

experiência vivenciada com os enfermeiros dos cursos de pós-graduação lato-

sensu no processo de desenvolvimento de competência científica, por meio da

pedagogia do projeto; e identifico as concepções e expectativas quanto à

utilização, produção e divulgação das pesquisas. A metodologia utilizada foi a

descrição sobre a disciplina de metodologia da pesquisa e a avaliação pelos

enfermeiros egressos, com base no método qualitativo, sobre a concepção de

pesquisa e sobre a estratégia de ensino-aprendizagem, por meio de entrevista

estruturada. A análise baseou-se nas categorias de consumo, produção e

divulgação de pesquisa, na literatura profissional e no referencial teórico. Os

8

resultados evidenciaram que o consumo de pesquisa é uma realidade; a produção

científica, uma tendência e a divulgação não é uma prática de referência. As

enfermeiras consideraram a pesquisa necessária ao bom desempenho e à

melhoria da prática, dando visibilidade à profissão. Quanto ao processo ensino –

aprendizagem, avaliaram que a estratégia Pesquisar se aprende pesquisando

desenvolveu a competência científica integrando a pesquisa ao seu cotidiano

profissional. Concluo que o relato de experiência descreveu a trajetória do

processo de aprender e da forma de ensinar a disciplina, com base na pedagogia

do projeto. Avalio ainda que o comportamento intelectual foi a principal aquisição

do enfermeiro em virtude da estratégia implementada. Embora o estudo possua

limitações, sugiro a experimentação da metodologia do projeto para a disciplina de

Metodologia da Pesquisa em Enfermagem.

Palavras-chave: Pesquisa em Enfermagem; Ensino da Pesquisa; Metodologia

Científica; Pesquisa Clínica

INTRODUÇÃOConsiderações iniciais

Este relato de experiência é produto das reflexões de aproximadamente

vinte e dois anos sobre minha vida universitária, desde o período de estudante até

a presente data como Professora Titular, do Departamento de Enfermagem

Médico-Cirúrgica (MEM), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Considero

conveniente apresentar neste estudo, alguns momentos da minha trajetória que

contribuíram para fortalecer a forte paixão que tenho pelo ensino de metodologia

da pesquisa em enfermagem.

O interesse pelo estudo sempre esteve presente na minha vida estudantil.

Porém, na universidade, ele evoluiu para o interesse em pesquisa. Ainda no curso

de graduação em Enfermagem e Obstetrícia, realizado na Escola de Enfermagem

da UFF, atualmente, Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa (EEAAC), fui

aluna de uma grande pesquisadora, Prof. Dra. Rosalda Paim, e sob sua

orientação comecei a escrever e a apresentar os primeiros trabalhos.

9

Naquela época, a disciplina Metodologia da Pesquisa em Enfermagem

(MEN02.030) constava no currículo como optativa e nunca havia sido oferecida.

As turmas anteriores a minha cursavam como optativa a disciplina de Ecologia. Na

qualidade de vice-presidente do Diretório Acadêmico, levei à coordenação de

graduação o pedido para oferta da disciplina de pesquisa. O pedido foi aceito e o

curso foi ministrado pela Prof. Dra. Rica Cohen, no segundo semestre de 1980,

pela primeira vez.

Já neste primeiro curso, percebi que a abordagem da pesquisa acontecia

de modo equivocado, provocando mais aversão ao tema do que aproximação,

uma vez que era necessário decorar os conceitos sobre projeto, relatório, método,

entre outros. O experimento da pesquisa não fazia parte do programa. O curso era

eminentemente teórico.

Contudo, minhas incursões prévias bem-sucedidas na pesquisa garantiram

em mim a manutenção do desejo, isto é a determinação em agir como

pesquisadora e fazer pesquisas.

A expressão da minha atuação enquanto estudante interessada em

pesquisa, levou-me a declinar da vaga de monitora de Fundamentos de

Enfermagem, do I Concurso de Monitoria realizado na Escola, porque a Diretora

não me liberou, em pleno período de férias, para que eu apresentasse um trabalho

de minha autoria na 34a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso

da Ciência (SBPC), e no V Encontro Nacional dos Estudantes de Enfermagem, em

Salvador/BA, em julho de 1981 (CRUZ, 1981a,b). Faço este relato sem

ressentimento, só para evidenciar como, felizmente, mudou o comportamento em

relação à pesquisa desenvolvida por estudantes.

Ainda como aluna de graduação, apresentei mais três trabalhos na Semana

Científica da Faculdade de Medicina da UFF (CRUZ, 1981c,d). O que marcou

destas experiências foi a superação do medo de divulgar as próprias idéias. Eu

naturalmente não possuía ainda o instrumental de pesquisa, mas já havia

modelado a atitude.

10

Terminada a graduação, fiz concurso para o Hospital Universitário, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), hoje denominado Hospital

Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), classifiquei-me em 15o. lugar na

prova teórica, mas antes de realizar a prova prática, fui residir nos Estados

Unidos. Tive então a oportunidade de conhecer e freqüentar a Escola de

Enfermagem da Universidade da Califórnia – Los Angeles, principalmente sua

imensa biblioteca. Neste período, preparei-me para prestar o exame do Conselho

de Enfermagem e consegui, na primeira tentativa, obter meu título de Registered

Nurse (RN), em fevereiro de 1983.

Após o exame, retornei ao Brasil e, em 1984, realizei novo concurso para o

HUCFF, tendo sido aprovada e admitida em julho de 1984. Para mim era

importante poder trabalhar como enfermeira em um ambiente universitário que eu

acreditava ser naturalmente estimulante.

Infelizmente, não foi como imaginei. Ainda que o HUCFF tivesse um padrão

de enfermagem superior a vários hospitais do Rio de Janeiro, não havia nenhum

estímulo ao consumo, produção e divulgação de pesquisa. Mas como, segundo

Aristóteles, “o princípio da ação está sempre em nós”, busquei saciar o meu

desejo pela pesquisa e ingressei, em 1985, no Curso de Especialização em

Metodologia da Assistência de Enfermagem, promovido pela Escola de

Enfermagem Anna Nery (EEAN).

À época este curso de especialização era considerado um nivelamento para

os aspirantes ao curso de mestrado. Foi uma experiência marcante pois me

permitiu entrar no universo de uma Escola de Enfermagem que tinha um curso de

pós-graduação stricto sensu, e por esta razão as professoras ou eram doutoras ou

mestrandas. Numa época em que a pesquisa tinha um toque iniciático, não era

pouca coisa ser admitida neste meio.

Em agosto de 1985, ingressei no curso de mestrado da EEAN. Contudo

ainda não estava satisfeita porque o consumo, a produção e divulgação de

pesquisa não eram atividades intrínsecas do curso. Ainda assim, foi um período

no qual aproveitei muitos trabalhos das disciplinas para apresentar em eventos e

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consubstanciar minha dissertação de mestrado, num movimento praticamente

autodidata de aquisição das habilidades de pesquisa (CRUZ, 1986a ,b).

Em 1988, finalizei o meu mestrado (CRUZ, 1988). Nesta época já havia

feito concurso público para professor auxiliar da EEAN, tendo sido admitida em

1986. Da minha dissertação produzi um livro (CRUZ, 1989). Poderia ter produzido

mais, porém ainda não havia transposto o obstáculo de escrever para periódicos

científicos e isto não era absolutamente incentivado à época.

Como professora da EEAN aprendi muito mais do que provavelmente

ensinei. Até porque o currículo implementado tinha como referencial o método de

projeto, a realização de pesquisa para a construção do conhecimento pessoal e

profissional. Só hoje, quando apresento um relato de experiência sobre estratégia

semelhante que encontra resistências ao seu desenvolvimento, tenho condição de

avaliar o impacto causado pelo currículo de novas metodologias quando foi

implantado.

Ainda assim, o que mais me orgulha no trabalho desenvolvido enquanto

docente da EEAN foi a criação, juntamente com a Prof. Dra. Isabel Oliveira, do

Simpósio de Estudos Científicos de Enfermagem. Este simpósio era o “enigma”

proposto por nós para os estudantes dos nossos Programas Curriculares

Integrados (PCIs) desvendarem (CRUZ, 1991). Os estudos científicos eram

constituídos pelos trabalhos acadêmicos que tinham de ser apresentados

publicamente. Cabia a nós professoras dos PCIs ajudar os alunos na superação

dos obstáculos que fossem surgindo para a execução bem sucedida da tarefa final

Desta forma, a pesquisa, a leitura crítica, a redação científica e a apresentação,

entre outros conteúdos, eram naturalmente ministrados.. O I Simpósio aconteceu

em 1989. Hoje ele acontece com outros nomes... O importante é o conceito

estabelecido: há uma produção quando se estuda (em nível de graduação e pós-

graduação) e esta produção precisa ser divulgada (evento) para que o outro

(participante) a consuma e aprenda.

Quanto aos estudos de qualificação, só em 1990 consegui, na terceira

tentativa, ingressar no doutorado da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo.

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Em que pese as duas frustrações vividas, hoje avalio o quanto aprendi nos

processos de seleção. Tanto que deles resultou, em 1990, uma publicação

científica referente à revisão da literatura feita sobre diagnóstico de enfermagem

para a construção do meu projeto de tese (CRUZ, 1990). A USP me marcou pela

valorização da divulgação dos relatórios de pesquisa.

Durante os três anos e meio de doutorado, imergi na vida acadêmica da

maior universidade da América Latina. Seguramente foi um dos períodos de maior

consumo e produção de pesquisa na minha carreira. Neste período recorde

concluí o meu doutorado (CRUZ, 1991; 1993; 1994b) e oito meses depois me

tornava Professora Titular da Universidade Federal Fluminense, por concurso

público de provas e títulos (CRUZ, 1994a; 1995).

Uma vez Professora Titular da Universidade Federal Fluminense, criei o

Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE),

para dar continuidade às pesquisas sobre diagnóstico, prescrição e resultado de

enfermagem; e o Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN), para

desenvolver pesquisas sobre o processo saúde-doença da população afro-

brasileira, com apoio do CNPq (até 1997) e do Programa de Capacitação Solidária

(1998/99) (CRUZ, 1998).

Enquanto docente e coordenadora da disciplina Estágio Supervisionado I

implantei em 1994, com apoio do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica

responsável pela disciplina, o Trabalho de Conclusão de Curso, na forma de artigo

científico. Este projeto só deixou de ser implementado quando se formou a última

turma do currículo antigo (julho de 1999, aproximadamente). Isto porque o novo

currículo tem como exigência uma monografia de final de curso, tornando

desnecessária esta estratégia.

A cada semestre letivo era proposta uma situação-problema pautada nas

pesquisas sobre a classificação internacional da prática de enfermagem (CRUZ,

1994c, d, e; 1995; 2000) e na literatura de enfermagem (CRUZ, 1999). Em 1999,

foi realizada uma re-aplicação de pesquisa de enfermagem. Em 1998, o tema foi

inovações na técnica de enfermagem – revisão da literatura. Em 1997, o tema

proposto foi o estado da arte sobre diagnóstico de enfermagem e as perspectivas

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de pesquisa. Em 1996, foi proposta a atividade bibliografia selecionada sobre

prescrição de enfermagem. Em 1995, o tema foi diagnóstico e prescrição de

enfermagem – revisão da literatura. Alguns dos trabalhos produzidos foram

apresentados pelos próprios alunos em eventos locais e até internacionais (CRUZ

et al, 1995).

Paralelo à disciplina de Estágio Supervisionado I, instituí um processo

seletivo para os candidatos às quatro bolsas de Iniciação Científica. Dos seis

bolsistas que trabalharam comigo, nos quatro anos de vigência da bolsa, uma

permaneceu no projeto por mais dois anos mesmo sem remuneração. Atualmente,

esta minha ex-orientanda é enfermeira bolsista da Coordenação de Pesquisa, no

Instituto Nacional do Câncer/Ministério de Ciência e Tecnologia, está concluindo a

sua 2a. Especialização e prepara-se para ingressar no mestrado da UFRJ. Outra

ex-bolsista, está concluindo a especialização, tendo publicado um artigo em

periódico científico.

Na trajetória do ensino em metodologia da pesquisa, considero um

reconhecimento pelo trabalho desenvolvido com os alunos de graduação, o

convite feito em 1998 para ministrar as disciplinas de Métodos e Técnicas de

Pesquisa I (1o. período) e II (4o. período), no curso de Enfermagem da

Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).

Nos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu – Especialização, criados e

coordenados por mim (Promoção da Saúde [1994], Cuidados Intensivos e

Métodos Dialíticos [1999]) e nos que colaboro na coordenação (Home Care

[1999]), implementei estratégia semelhante de modo que todos os pós-

graduandos que chegaram ao final dos cursos apresentaram e defenderam suas

monografias dentro do período regulamentar. Naqueles em que fui convidada a

ministrar disciplinas (Cuidados Intensivos, Centro Cirúrgico [UFBA], Médico-

Cirúgica [UESB] e Ginecológica e Obstétrica), utilizei a mesma metodologia com

bons resultados, tendo em vista as publicações de alunos meus da Universidade

Federal da Bahia.

Em que pese a minha breve passagem como docente de disciplinas de

cursos stricto sensu, considero o saldo desta experiência igualmente positivo pois

14

atribuo à estratégia utilizada as publicações resultantes dos trabalhos que

mestrandas e doutorandas desenvolveram sob minha orientação (BARRETO;

ROCHA; CRUZ, 1994; SOUZA; CRUZ; SANTOS, 1997).

Cabe observar porém que nestes 14 anos de atividade docente em que

busquei suscitar em meus alunos o desejo pelo conhecimento, nem tudo foram

flores. Ao contrário. Tenho consciência que na maioria das vezes não consegui

minimizar ou neutralizar nos alunos o princípio de economia (atividade

desenvolvida com menor esforço perante uma dificuldade e que permite vencer a

dificuldade sem aprender). Afinal, uma disciplina de algumas poucas horas,

mesmo estabelecida com base na pedagogia de projeto, não é suficiente para

anular anos de formação com base na pedagogia da resposta ou tagarela,

segundo expressão utilizada por MEIRIEU (1998), que antecipa a explicação e

mata o desejo de aprender antes de sua eclosão.

Assim, baseada na experiência vivida ao longo da minha carreira de

enfermeira, docente e pesquisadora , apresento neste estudo um relato de

experiência sobre o modelo pedagógico que estabeleci, implementei, avaliei e

aperfeiçoei para o ensino formal e informal da metodologia da pesquisa em

enfermagem. Este modelo é uma construção teórica que mobiliza o consumo, a

produção e a divulgação da pesquisa de enfermagem pelo aluno que aprende.

Situação-problema referente ao ensino de Metodologia da Pesquisa

Considera-se que o aprendizado eficaz de qualquer profissão depende

tanto dos instrumentos e materiais que o profissional dispõe quanto de sua

capacidade de realizar as operações mentais necessárias à utilização desses

recursos. Dentre as disciplinas que constituem os currículos profissionais, destaco

a metodologia da pesquisa como a responsável pelo desenvolvimento e

articulação destas operações mentais para utilização dos instrumentos e

materiais.

No âmbito da enfermagem, cabe às Escolas de Enfermagem não só

responsabilidade quanto ao fornecimento dos conhecimentos essenciais ao

exercício profissional, mas principalmente a estruturação de um comportamento

15

intelectual de modo que o enfermeiro atue crítica e ponderadamente nas ações

que empreender. Com esta finalidade, foi introduzida no currículo de enfermagem,

tanto de graduação quanto de pós-graduação, a disciplina Metodologia da

Pesquisa em Enfermagem.

Todavia, alguns estudos brasileiros sobre pesquisa de enfermagem

evidenciaram que os enfermeiros desconhecem a metodologia da pesquisa, que o

ensino de metodologia da pesquisa restringe-se à conceitos sobre elaboração e

execução de projeto e que o consumo de pesquisa ainda é mínimo na prática

profissional (CASSIANI, et al, 1998; SADIGURSKY et al, 1998, PEREIRA, et al,

1999). Porém, há relato de uma experiência bem sucedida com a geração de

produção científica a partir do ensino de metodologia da pesquisa, conforme

descrito por SANTOS; CLOS (1994).

Pautada na minha experiência e nos resultados dessas pesquisas, entre

outras, avalio que apenas a inserção do ensino de metodologia da pesquisa em

enfermagem, no currículo dos cursos de graduação e pós-graduação, não seja

suficiente para que o enfermeiro venha a expressar-se por meio de um

comportamento intelectual. Para tanto, é necessário um modelo pedagógico que

privilegie a pesquisa em si de modo a desenvolver no aluno o seu potencial

criativo para a resolução de problemas. Este comportamento pode ser resultante

do desempenho de procedimentos de aprendizagem inerentes à disciplina de

Metodologia da Pesquisa de Enfermagem, em particular, mas não exclusivamente.

Por considerar que o consumo de ciência e arte também é culturalmente

determinado, entendo que na academia ele deve constituir mais do que uma

disciplina, devendo ser uma orientação profissional (CRUZ; GAUTHIER; SOBRAL,

1996).

Então, para que os enfermeiros consumam, produzam e divulguem

pesquisas relativas à sua prática profissional, naturalizando o comportamento

intelectual, qual modelo pedagógico deve ser adequado para o ensino de

metodologia da pesquisa em enfermagem?

Na tentativa de responder a esta pergunta, vários estudos têm sido

realizados tanto em nível de graduação (CASSIANI; RODRIGUES, 1998), quanto

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no de pós-graduação (BOEMER et al, 1990; CASSIANI et al, 1998). Destaco no

entanto a pesquisa de SANTOS; CLOS (1994) porque as autoras descrevem uma

estratégia de compartilhamento do saber geradora de produção científica e de

melhor desempenho escolar entre os enfermeiros residentes.

Outro estudo interessante é o de SANTIAGO; SPINDOLA e LOPES (1998)

que relatam a experiência de utilizar a pedagogia do projeto para o ensino de

metodologia da pesquisa pela perspectiva do professor. As autoras concluem que

o processo ensino-aprendizagem é eficiente quando os alunos se apropriam do

conhecimento com maior facilidade. Porém, como a amostra é composta pelos

docentes não fica evidente a concepção do aluno sobre a adequação da

estratégia para o aprendizado.

Embora não haja referência explícita ao ensino de metodologia da

pesquisa, em seu estudo sobre a produção de pesquisa entre os enfermeiros,

LOPES (1990) verificou no universo estudado que apenas 16,60% dos artigos

publicados eram de enfermeiros assistenciais. Observo, porém, que embora fosse

uma parcela minoritária, esses enfermeiros autores apresentaram no estudo de

LOPES características que eu identifico como comportamento intelectual quando

referiram, em sua maioria, que as pesquisas são passíveis de aplicação prática

profissional e que acompanham regularmente a produção científica de seus pares.

Estas atitudes se devem, no meu entendimento, ao fato de eles terem

percorrido todas as etapas da realização de uma pesquisa, em particular o

processo de avaliação e refinamento que antecede uma publicação em periódico

científico. Estas atitudes caracterizam, portanto, o processo de aquisição dos

conteúdos de pesquisa.

Diante do exposto, considero que o ensino de metodologia da pesquisa em

enfermagem transcende seu conteúdo programático, devendo estar afeto ao

desenvolvimento no aluno do desejo pelo saber, pelo conhecimento. Para tanto é

necessária uma abordagem educacional que privilegie o processo da busca e da

descoberta do conhecimento, ou seja, o fazer pesquisa.

Frente a essa problemática, e por considerar extremamente proveitosa a

experiência vivenciada, ao longo de minha carreira docente, no desenvolvimento

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de estratégias para competência científica e o desenvolvimento de pesquisas

clínicas com alunos de graduação e pós-graduação de enfermagem, decidi relatar

tal experiência como uma forma de contribuir para o ensino da disciplina de

Metodologia da Pesquisa em Enfermagem.

Assim sendo, apresento neste estudo o modelo pedagógico que utilizo para

o ensino de metodologia da pesquisa em enfermagem e identifico as evidências

de aquisição do conhecimento sobre pesquisa e de um comportamento intelectual

pelo enfermeiro, resultantes do modelo implementado.

Sobre o referencial conceitual adotadoA atividade pedagógica em Metodologia da Pesquisa de Enfermagem

O modelo pedagógico utilizado por mim para o ensino de Metodologia da

Pesquisa em Enfermagem pauta-se na pedagogia do projeto ou da situação

problema.

Classicamente, o sistema educacional orienta-se pelo método de objetivo.

Por fazer parte deste sistema, o ensino de metodologia da pesquisa é, na maioria

das vezes, implementado pelas mesmas estratégias das demais disciplinas, com

resultados pouco animadores, conforme discutido anteriormente.

Segundo MEIRIEU (1998), o objetivo pode ser útil para o estabelecimento

de finalidades (práticas aplicadas), porém não é suficiente para a geração de

práticas fecundas e criativas. Para a geração de uma prática fecunda ou criativa,

MEIRIEU considera que se deve propor ao aluno uma situação-problema, ou

projeto, na qual ele irá trabalhar com sua própria estratégia, estabelecendo o

triângulo pedagógico: aluno-saber-professor, e deverá assumir o seu papel de ator

mental. As informações integradas e mentalizadas por meio deste processo

podem ser consideradas como conhecimentos.

Portanto, com base no pressuposto de que uma prática profissional fecunda

caracteriza-se por consumo, produção e divulgação de pesquisa de enfermagem,

optei pela pedagogia de projeto como referencial teórico da minha prática docente

na disciplina de metodologia da pesquisa dos cursos de pós-graduação lato

sensu.

18

A relação pedagógica

Neste estudo, me apoio em MEIRIEU (1998) que defende a pedagogia do

projeto com base na teoria das representações. Sem negar a historicidade do

processo ensino-aprendizagem, prefere “agir a aprendizagem” por entender que o

conhecimento não é coisa e a memória não é um sistema de arquivos.

Optei por este referencial por considerar que os conhecimentos sobre

pesquisa devem ser integrados ao projeto de vida do enfermeiro e, de certo modo,

a pesquisa de enfermagem só existe nele e através dele. Esta concepção

dinâmica sobre a pesquisa de enfermagem não poderia ser compatível com a

estrutura clássica e linear de ensino onde os conteúdos são revelados

progressivamente a um aluno que os recebe passivamente.

Justifico minha opção por este referencial em virtude de ele permitir ao

aluno oportunidade para vivenciar, em segurança, os conflitos que emergem

quando se passa da ignorância ao saber. Isto porque, o progresso de uma pessoa

em direção ao novo conhecimento só se dá quando se estabelece conflito entre

duas representações e, sob pressão, a pessoa é levada a reorganizar a antiga

representação para poder integrar os elementos trazidos pela nova. Por

intermédio da situação-problema ou projeto, pode-se identificar as representações

que o aluno elabora e agir sobre elas, introduzindo a mediação necessária entre

os conteúdos e o projeto, a fim de que uma nova representação seja sintetizada

com base na racionalidade e apresentada em termos da lógica expositiva.

Segundo a pedagogia do projeto, entendo que no ensino de metodologia da

pesquisa em enfermagem o papel do professor é fazer do saber um enigma,

mostrando o conhecimento apenas o suficiente para que o aluno entreveja sua

riqueza e para que suscite nele a vontade de desvendá-lo.

Assim, a partir da situação-problema de pesquisa proposta, ele passa

investigar aos poucos, sem dispor da solução imediatamente. Desta forma, o

professor não é mais confundido com o saber, sendo necessário confrontar suas

afirmações com a realidade que media a relação pedagógica.

19

O caminho didático

O método de projeto estrutura-se didaticamente em um objetivo geral que

indica a principal operação mental necessária à resolução do problema proposto.

São quatro as operações mentais descritas por MEIRIEU (1998): a dedução, a

indução, a dialética e a criatividade

Pela dedução, o aluno é levado a inferir uma conseqüência de um fato, um

princípio ou uma lei. Em metodologia da pesquisa em enfermagem, a operação

mental de dedução fica mais evidente quando buscamos as implicações de

determinado conhecimento para a prática profissional, por exemplo. Esta

operação, no método de projeto, caracteriza-se pela experimentação das

conseqüências.

A indução é uma operação mental na qual o aluno passa do agrupamento

de objetos com uma característica comum a mais rigorosa conceituação. Em

metodologia da pesquisa em enfermagem, a operação mental de indução é

representada pela construção de um texto de revisão, isto porque o aluno deve

escolher artigos, teses ou livros onde o conceito pode ser identificado, e com base

nestes materiais descrever o conceito, reformulando o que foi lido ou entendido

até que apareçam novas similaridades ou originalidades. A indução é uma

operação mental necessária para o alcance da abstração.

Entretanto, é necessária ainda uma outra operação mental para que seja

estabelecida a relação horizontal dos conceitos entre si. Esta operação mental é a

dialética. Por meio dela, o aluno compreende um sistema complexo, observando

as interações entre vários elementos e utilizando múltiplas variáveis em sentidos

diversos. MEIRIEU (1998) considera o jogo/dramatização como a experiência

pedagógica que mais utiliza a dialética como operação mental uma vez que o

aluno pode ocupar a posição de cada elemento interiorizando assim suas

interações. Em metodologia da pesquisa de enfermagem, considero que a

experiência que mais se aproxima à dialética, enquanto uma operação mental, é a

re-aplicação de uma pesquisa em virtude de já se conhecer o todo e a partir disto

poder confrontar diferentes conceitos e relacioná-los em uma nova situação, onde

20

agora o aluno ocupa a posição do pesquisador original nas diferentes etapas da

pesquisa.

A quarta operação mental é a criatividade. Não a criatividade natural, mas a

criatividade condicionada por outra operação mental, a divergência. Por estas

operações mentais, o aluno é solicitado a relacionar conceitos considerados

díspares e cuja síntese traz a novidade. Segundo SANTEL, SPECK e DURÁN

(1999), a criatividade envolve a pessoa em sua totalidade, isto é, capacidades,

habilidades, emoções e conhecimentos e a atividade científica investigativa,

desenvolvida independentemente, é a estratégia básica para o desenvolvimento

da criatividade.

Sem prejuízo das pesquisas de campo, a pesquisa bibliográfica e os

estudos de revisão são considerados atividades que combinam todas as

operações mentais porque o aluno tem que relacionar, associar, hierarquizar e

deduzir termos e conceitos que em princípio não possuem ligação entre si, para

poder criar um novo texto ou conceito significativo.

Modelo pedagógico para metodologia da pesquisa de enfermagem

O modelo pedagógico construído para o ensino de metodologia da pesquisa

de enfermagem parte da noção de situação-problema, mobilizando o aluno por

meio de um “enigma” e não de um desejo pré-existente. Os resultados obtidos são

visíveis em termos de aquisição pessoal (produção e divulgação científica, por

exemplo), estimulando-se a sua desvinculação das condições de aprendizagem

A situação-problema só pode ser solucionada se forem superadas as

dificuldades relativas à realização da tarefa. Por exemplo, para realizar um texto

de revisão da literatura, o aluno terá antes que realizar a pesquisa bibliográfica

manual ou computadorizada e a leitura crítica dos artigos. Em virtude do

estabelecimento de algumas regras como, por exemplo, a proibição do uso de

livros-texto, o aluno não pode executar o projeto de pesquisa sem realizar a

pesquisa bibliográfica e a leitura crítica. Em virtude de um sistema de apoio

(biblioteca, internet, por exemplo), o aluno pode superar as dificuldades surgidas

com o desenvolvimento da tarefa inicial, descobrindo contudo que novos enigmas

21

surgem e com eles outros obstáculos a serem transpostos. Enfim ele entra na

interminável ciranda da ciência.

A avaliação do aprendizado

Idealmente, pela pedagogia do projeto, a avaliação se dá como uma

descontextualização sistemática, ou seja, o conhecimento é utilizado em uma

outra situação (prática), numa ruptura em relação à situação de aquisição

(acadêmica). Quando o aluno consegue aplicar o conhecimento adquirido em

contexto externo à Escola e de modo autônomo, então ele se livrou do poder

absoluto do professor e aprendeu o conteúdo que foi ensinado.

Como as exigências da administração acadêmica não permitem que se

aguarde a evidencia de descontextualização, a aquisição do novo saber deve ser

regulada pelos dispositivos clássicos de avaliação: avaliação diagnóstica,

avaliação formativa e avaliação somativa.

A avaliação diagnóstica evidencia um conjunto de informações prévias que

garante a possibilidade de realização da tarefa proposta.

Simultânea à transposição dos obstáculos, acontece a avaliação formativa,

por meio das orientações que relembram as instruções, propõem atividades

intermediárias e aliviam o trabalho pela utilização de suportes facilitadores.

Por fim, a avaliação somativa se dá quando se avalia a própria aquisição

como, por exemplo, através da redação de um relatório de pesquisa ou da

verbalização das aquisições individuais.

Em síntese, o ensino de metodologia da pesquisa em enfermagem deve, no

meu entendimento, desenvolver no aluno do desejo pelo saber. Por esta razão,

considero o modelo pedagógico de situação-problema mais adequado para o

desenvolvimento de competências científicas e de comportamento intelectual.

Entretanto, será que o processo de descoberta do enigma

(situação-problema/projeto), por meio da metodologia de pesquisa, constitui uma

experiência vivida pelo aluno geradora de uma nova representação a ser

estabilizada em um plano superior a antecedente como um comportamento

intelectual?

Objetivos

22

Tenho por objetivos apresentar e divulgar a experiência vivenciada nos

cursos de pós-graduação lato-sensu de enfermagem no processo de

desenvolvimento de competência científica e da pesquisa científica em

enfermagem.

No sentido de buscar responder à questão deste estudo, estabeleci também

como objetivo avaliar esta experiência sobre o me´todo de projeto por meio da

identificação das concepções e expectativas dos enfermeiros egressos desses

cursos quanto à utilização, produção e divulgação das pesquisas de enfermagem,

características do comportamento intelectual.

DESENVOLVIMENTOPesquisar se aprende pesquisando – o curso

Justifico a estratégia1 de ensino denominada Pesquisar se aprende

pesquisando... com base no que afirma MEIRIEU (1998) de que a imaginação não

é suscitada pela liberdade, mas pela restrição, pela obrigação que o aluno tem de

considerar os conceitos que até então lhe escapavam (indução), relacionando-os

com aquilo que já conhecia (dialética).

Neste sentido, implementei uma estratégia que programasse o inesperado,

organizasse a contingência, impusesse o encontro entre materiais heterogêneos e

diversos, oriundos de diversas fontes de enfermagem. Estruturei materiais

didáticos para o aluno (Apêndice I) e o encaminhei para encontrar o meio de

integrá-los futuramente em sua atividade profissional.

Por meio desta estratégia, que se pauta pelos procedimentos de

aprendizagem, não apenas em conteúdos de aprendizagem, entendo que o aluno

precisa utilizar as operações mentais necessárias para a resolução da situação-

problema e, conseqüentemente, para o desenvolvimento da autonomia e da

1 Estratégia aqui é utilizada no sentido de utilização pessoal do método indutivo, isto é, um método próprio, construído com base na própria história de vida e que condiciona a eficácia pessoal (MEIRIEU, 1998, p. 131).

23

inventividade, cabendo a mim, enquanto professora de metodologia da pesquisa

de enfermagem, propor, observar e regular as atividades dos alunos voltadas para

a resolução da situação-problema proposta.

A disciplina de metodologia da pesquisa tem 45 horas e mais três de

orientação individual. Das 45 horas, 15 horas são de teoria, 5 horas são teórico-

práticas e 25 horas são práticas.

A meta da disciplina é fazer o aluno confrontar os diversos textos científicos

de enfermagem sobre um determinado assunto entre eles e com sua experiência

e, a partir disto, construir a sua representação sobre o tema dado.

Para tanto, ele deve desenvolver a habilidade de pesquisa bibliográfica e de

análise crítica sobre os temas de interesse para o exercício profissional, assim

como a de redação científica, mediante a produção de um estudo científico,

visando a sua posterior apresentação em eventos científicos e nos processos de

seleção para mestrado. Para o alcance desta meta, desenvolvi a disciplina

pautada no método de projeto, apresentando aos alunos uma determinada

situação-problema de enfermagem.

O conteúdo teórico da disciplina dá sustentação ao projeto e por isso

explora o conceito e as prioridades da pesquisa de enfermagem, os tipos de

trabalhos científicos, a redação dissertativa e as normas de referência bibliográfica

(Apêndice I). A carga horária teórico-prática é desenvolvida na biblioteca

especializada de enfermagem onde se aborda a pesquisa bibliográfica manual e

computadorizada. A parte prática é dedicada à realização da pesquisa, das

atividades intermediárias (nota prévia e fichamento didático, entre outras) e à

confecção do relatório final.

A atividade principal, portanto, é uma Revisão da Literatura, com o fim de

provocar a reflexão sobre a prática. Os materiais, documentos e instrumentos

necessários à realização desta tarefa encontram-se reunidos principalmente na

biblioteca especializada de enfermagem.

As instruções-alvo (Apêndice II) sobre o projeto são apresentadas

verbalmente e por escrito aos alunos. Além disso, são realizadas visitas técnicas

orientadas por mim, e pela bibliotecária, à biblioteca de enfermagem da Escola

24

para manipulação dos materiais, documentos e instrumentos necessários à

realização da atividade.

Para facilitar a realização da tarefa final, são designadas tarefas

intermediárias (redação da nota-prévia, fichamento didático, apresentação pública

da pesquisa e redação do artigo científico/revisão da literatura) em complexidade

crescente, conforme um cronograma pré-estabelecido. As atividades

intermediárias ajudam a impedir ou minimizar o encerramento produtivo, isto é, o

desvendamento do enigma com o menor esforço perante as dificuldades o que

permite vencer a dificuldade sem aprender a realização (princípio da economia). A

dificuldade identificada (pesquisa bibliográfica, análise crítica, redação da nota

prévia) durante o processo precisava constantemente ser articulada à situação

didática precisamente dirigida e avaliada.

A avaliação é intrínseca aos processos utilizados pelos alunos. A forma

como eles se comunicam, progridem ou não na resolução do problema proposto

indica como está ocorrendo a aprendizagem. Durante todo o processo, em vez de

resolver o problema para o aluno, tenho que ao contrário reforçar sua estrutura

(enfoque sobre o tema e metodologia), relembrar as instruções (principalmente a

exclusividade da literatura de enfermagem), apontar os desvios (do tema, da

literatura de enfermagem, do formato de artigo científico e/ou da metodologia),

cobrar a realização das atividades intermediárias (nota-prévia, fichamento

didático), entre outras formas de avaliação formativa. O relatório final na forma de

artigo de periódico, assim como a sua apresentação pública, constitui o

instrumento da avaliação somativa ou final (Apêndice III).

Em síntese, mais do que um programa de curso sobre metodologia da

pesquisa de enfermagem, apresentei um modelo de organização do ensino a

partir da noção de situação-problema. Como qualquer modelo, este também

possui limitações, mas aponta o que considero relevante e, por esta razão,

constitui minha visão sobre o ensino de metodologia da pesquisa de enfermagem.

Descontextualização sobre Pesquisa de EnfermagemPor ser a descontextualização uma operação na qual a pessoa estabiliza o

que foi adquirido pela aprendizagem, agora em um contexto não-escolar

25

(MEIRIEU, 1998), realizei este estudo junto aos enfermeiros egressos do curso de

especialização para avaliar sobre a aquisição das habilidades de pesquisa e sua

utilização nas atividades cotidianas, caracterizando um comportamento intelectual

inclinado às coisas do espírito e da inteligência.

Material e MétodoPara identificação das concepções e expectativas dos enfermeiros quanto à

utilização, produção e divulgação das pesquisas de enfermagem na prática

assistencial, buscando a compreensão sobre a experiência vivida no processo

ensino-aprendizagem, conforme a estratégia de metodologia da pesquisa

implementada, optei por um modelo qualitativo de pesquisa.

Justifica-se a escolha em virtude da pesquisa com referencial humanista

considerar a interdependência entre pesquisador e sujeito e o vínculo entre o

mundo objetivo e a subjetividade de ambos. Para o alcance deste objetivo, trilhei

um caminho metodológico que descreverei a seguir.

População e AmostraDiante desse objetivo da investigação, a população deste estudo foi

constituída pelos 30 enfermeiros egressos das turmas 1o./2000, dos cursos de

pós-graduação lato sensu (especialização) de Enfermagem em Cuidados

Intensivos e pelos 12 enfermeiros de Enfermagem em Métodos Dialíticos, ambos

os cursos coordenados por mim, totalizando uma população de 42 enfermeiros.

Com base na ficha de matrícula, foi elaborada uma listagem com os

telefones de contato dos alunos. A amostra de conveniência da pesquisadora

seria constituída pelos alunos que conseguisse contatar no período de 01 a 12 de

novembro de 2000 e que aceitassem participar respondendo ao questionário

(Anexo I).

Os enfermeiros foram contatados pelo telefone. Após a explicação sobre o

propósito da pesquisa, era lida a carta de apresentação. Uma vez dado o

consentimento, eu iniciava a entrevista. Segundo CRUZ; GAUTHIER; SOBRAL

(1996), os dados obtidos por entrevistas são mais humanizados pois integram a

inteligência, a sensibilidade, o corpo e a emoção. A pesquisa produzida desta

26

forma oferece um momento raro de desenvolvimento pessoal para os

participantes.

As respostas foram registradas por mim no instrumento de coleta de dados.

Ainda que este procedimento possa ser considerado uma limitação para este

estudo, adianto que ele foi intencional de minha parte. Sei que quando ouvimos e

transcrevemos entrevistas, mesmo registradas na íntegra, a análise que fazemos

delas depende do nosso sistema de valores, enfim, do nosso referencial teórico

(CHIANCA; GARCIA, 1996).

Na quinta entrevista os dados já se mostravam saturados. Por esta razão, a

amostra final é constituída por cinco enfermeiras egressas dos cursos de

especialização.

Instrumento de Coleta de DadosForam elaborados uma carta de apresentação e um questionário (Anexo I),

com três partes distintas. Na primeira, para caracterização da amostra, as

informações referem-se ao tempo de formado, à titulação, ao tempo de serviço em

enfermagem, ao local de atuação e ao cargo/função.

Na segunda parte do questionário, as informações de interesse são as

referentes à produção, divulgação e consumo de trabalho científico, assim como o

ingresso ou interesse em cursar outra pós-graduação, assinar um periódico

científico e participar de uma associação.

Na terceira parte, cinco questões abertas foram formuladas para obter as

informações sobre a concepção de pesquisa de enfermagem, a influência da

pesquisa na prática profissional e as expectativas. Interessava ainda identificar a

experiência vivida que foi considerada como aprendida e a opinião sobre a

estratégia utilizada. Foi deixado um espaço para comentários adicionais.

27

A validação de conteúdo do referido instrumento de coleta de dados foi feita

com base na pesquisa de SADIGURSKY et al (1998). Os dados coletados, após

consentimento e garantia de sigilo, por meio de entrevistas, foram registrados por

mim no impresso próprio.

Análise e Discussão dos DadosNesta pesquisa descritiva exploratória entrevistei as enfermeiras e focalizei

a análise para as informações que retrataram as experiências sobre pesquisa

resultantes do processo ensino-aprendizagem implementado.

Foi utilizada a técnica de análise temática para identificação das categorias

referentes às concepções e expectativas dos enfermeiros sobre a pesquisa que

evidenciam as competências científicas e o comportamento intelectual.

A análise das entrevistas foi submetida ao seguinte tratamento:

Categorização dos dados demográficos.

Categorização dos dados sobre produção, consumo e divulgação de

pesquisa

Leitura das respostas às questões abertas buscando evidenciar os

trechos mais significativos sobre a experiência vivida em relação à

metodologia da pesquisa de enfermagem implementada no curso de

pós-graduação/especialização capazes de responder à seguinte

questão: Qual aquisição sobre pesquisa em enfermagem resulta do

modelo para o enfermeiro, traduzindo um comportamento intelectual?

As unidades de significação, recortadas dos textos das entrevistas, são

apresentadas, conforme a categorização proposta neste estudo, a saber:

concepção da pesquisa, características do comportamento intelectual (consumo,

produção e divulgação de pesquisa) e percepção da influência do modelo

pedagógico. Os dados encontrados e categorizados foram confrontados com a

literatura profissional no sentido de elaborar uma síntese interpretativa sobre as

relações estabelecidas entre o enfermeiro e a pesquisa a partir do curso realizado.

Resultados

28

Nesta etapa, apresentarei as categorias geradas pela análise das

entrevistas com as enfermeiras. Para facilitar a compreensão dos resultados, eles

serão apresentados e discutidos simultaneamente.

Identificação dos ParticipantesForam entrevistadas cinco enfermeiras, com idade entre 25 e 42 anos. Uma

se auto-declarou de cor parda e as demais de cor branca.

O tempo de formada variou de três a 20 anos, entretanto, quatro

enfermeiras têm menos de oito anos de formatura. O tempo de serviço variou

igualmente, ou seja, todas começaram a exercer a profissão logo após a

formatura. Quanto à titulação, todas são especialistas.

Quanto à área de atuação, todas atuam na assistência direta em unidade

coronariana, oncologia, clínica cirúrgica e hemodiálise. Uma é chefe de unidade

de terapia intensiva geral

Consumo de pesquisaPor meio das perguntas referentes à leitura de artigos, assinatura de

periódico, atividade associativa e à educação continuada, busquei elementos para

caracterizar o consumo de ciência. Com base em CRUZ; GAUTHIER; SOBRAL

(1996) e MEIRIEU (1998), destaco estes aspectos como importantes para

avaliação da metodologia implementada porque indicam o processo de

descontextualização no qual o aluno utiliza uma aquisição (por exemplo, pesquisa

em enfermagem) em um contexto diferente daquele que permitiu a aprendizagem

(por exemplo, local de trabalho).

Quanto à leitura de textos científicos de enfermagem, após o curso, houve

apenas uma negativa justificada pela falta de tempo. As demais enfermeiras têm

lido regularmente artigos de enfermagem, inclusive textos de enfermagem

americanos pela internet, sem contar os artigos de periódicos de medicina.

Os dados encontrados neste estudo representam um progresso quando

comparados aos descritos por CLOS et al (1993) sobre os hábitos de estudo e

leitura dos enfermeiros. Isto porque, no meu entendimento, o início de qualquer

processo intelectual passa pela leitura crítica cumulativa. Assim, para o

29

desenvolvimento da competência científica das enfermeiras é fundamental que

haja o consumo de textos científicos em uma base regular.

Segundo a o modelo pedagógico implementado, busquei desenvolver no

aluno a capacidade de leitura crítica por meio da elaboração de fichamentos

didáticos dos artigos científicos selecionados para o projeto. Portanto, a

informação sobre leitura regular de textos científicos por parte das enfermeiras

egressas do curso indica o estabelecimento de um comportamento intelectual de

enfermagem, compatível com a aquisição da habilidade de pesquisa.

No que se refere ao ingresso em curso de pós-graduação, todas

enfermeiras relataram que pretendem ingressar no mestrado ou em outra

especialização. Uma delas já está inscrita para a seleção de residentes no

HUPE/UERJ e outra realiza, à distância, o curso Nefro-Módulos, da Sociedade

Brasileira de Enfermagem em Nefrologia, visando a prova de titulação.

Assim como a leitura de textos científicos em base regular é uma condição

da auto-atualização do profissional, o ingresso nos cursos de pós-graduação

evidencia o seu compromisso com o desenvolvimento de uma carreira profissional

e a educação continuada.

SADIGURSKY et al (1998) em sua pesquisa evidenciou uma concepção

negativa sobre a pesquisa de enfermagem em uma amostra que era

majoritariamente graduada. A amostra deste estudo é de enfermeiras

especialistas e todas pretendem avançar na carreira acadêmica ou realizar outro

curso de especialização. Ao comparar as pesquisas, avalio que o desejo de dar

continuidade aos estudos representa uma concepção positiva sobre a pesquisa. O

aluno que desenvolve uma sólida e criativa base de metodologia da pesquisa

descobre que o processo de formação nunca finaliza e torna-se responsável pela

auto-atualização ou por sua educação continuada.

Todavia, enquanto a metodologia da pesquisa não se consolida ao nível da

graduação, considero necessário que o enfermeiro avance por cursos de pós-

graduação para desenvolver suas habilidades de pesquisa.

30

Quanto à assinatura de periódico científico, três enfermeiras informaram

não ser assinantes. Porém, uma já está de posse das informações necessárias

para fazer a assinatura da Revista Latino Americana de Enfermagem

Duas enfermeiras referiram ter assinado a Revista Nursing ainda durante o

curso. Uma delas está interessada em assinar também a Revista da Escola de

Enfermagem da USP.

Embora os resultados encontrados quanto à aquisição de periódicos difiram

daqueles descritos por SADIGURSKY et al (1998) em que 96% da amostra não

assinavam periódicos de enfermagem, considero esta uma das categorias mais

vulneráveis do processo de capacitação do enfermeiro em metodologia da

pesquisa.

A experiência tem me mostrado que ou as enfermeiras (e mesmo os alunos

que já estão se formando após a introdução de metodologia da pesquisa no

currículo) desconhecem quais são os periódicos científicos nacionais e

internacionais de enfermagem; ou conhecem mais os periódicos de medicina do

que os de enfermagem. Além disso, não sabem diferenciar um periódico

informativo de um periódico científico. Conseqüentemente, a assinatura do

periódico depende mais da presença do vendedor da revista do que propriamente

de um processo deliberado de escolha.

O modelo pedagógico implementado por mim busca corrigir estes

problemas por meio de aulas práticas de pesquisa bibliográfica na biblioteca

especializada de enfermagem. Na biblioteca, o aluno manuseia diversos

periódicos nacionais e estrangeiros , identifica cada seção da revista, procura por

unitermos e artigos nos diversos índices de enfermagem, entre outras atividades.

Portanto, diante da informação de duas alunas sobre a intenção de assinar a

Revista Latino-Americana de Enfermagem e a Revista da Escola de Enfermagem

da USP, considero que as aulas práticas na biblioteca surtiram o efeito desejado

quanto à apreciação dos periódicos de enfermagem.

No que se refere à atividade associativa, duas enfermeiras informaram não

exercer este tipo de atividade. Porém, uma fez questão de dizer que no hospital

31

onde atua os enfermeiros oriundos dos cursos de especialização e mestrado estão

pensando em formar grupos de estudo para realização de pesquisas.

Três enfermeiras referiram atividades associativas. Uma participa no próprio

local de trabalho de um Grupo de Pesquisa de Enfermagem em Oncologia; e

outra, também no local de trabalho, participa do Clube de Revistas. Uma terceira

filiou-se à Sociedade Brasileira de Enfermagem em Nefrologia.

A atividade associativa é uma estratégia importante para o desenvolvimento

de competência de pesquisa porque , segundo KOIZUMI (1999), contribui não só

para a formação intelectual como também para a definição das prioridades de

temas de pesquisa, direcionando a produção científica do grupo ou dos

associados.

A importância das associações de especialistas ou grupos de pesquisa

reside no fato de que eles têm como propósito a oferta de um ambiente, de uma

cultura propícia à incorporação dos resultados de pesquisas na prática

profissional. As associações de especialistas e grupos de pesquisa realizam novos

projetos que enfocam a assistência de uma clientela específica (CASSIANI et al,

1998).

ProduçãoSegundo CRUZ; SOBRAL; GAUTHIER (1996), a produção científica é uma

necessidade pessoal e também grupal que viabiliza a contribuição de cada sujeito

histórico para a construção de um mundo humanizado. A produção científica

designa a concepção que o pesquisador ou estudioso tem de um objeto ou de um

fenômeno. Portanto, este é um aspecto importante do processo de

descontextualização, porque, na realidade, constitui a parte concreta, ou visível,

da nova representação da enfermeira fora do contexto escolar.

No que se refere à produção de algum trabalho científico, após o curso,

duas informaram ter produzido artigos científicos. Uma escreveu dois artigos

referentes à assistência de enfermagem nas complicações pós-operatórias de

cirurgia torácica e de neurocirurgia oncológica; e outra produziu um artigo sobre a

assistência ventilatória ao cliente com distúrbios nas artérias coronárias.

32

Duas informaram que não escreveram nenhum trabalho após a conclusão

do curso. Mas uma delas pretende, em breve, preparar um estudo, juntamente

com as colegas do serviço, a ser enviado ao próximo congresso de nefrologia.

Os dados encontrados e a experiência me levam a concordar com

CASSIANI et al (1998) quando afirmam que as instituições de saúde onde ss

enfermeiros realizam sua prática assistencial não tem como missão a produção de

conhecimentos. Por tal razão, as pesquisas de enfermagem ainda estão restritas

às Escolas e aos cursos de pós-graduação. Para reverter tal quadro, não basta

apenas a capacitação dos profissionais em pesquisa, é necessário ainda a criação

de departamentos de pesquisa nas instituições tanto para dar suporte técnico aos

profissionais, quanto para propiciar a formação de uma cultura intelectual no

ambiente de trabalho.

DivulgaçãoNo que tange à divulgação de algum trabalho científico, após o curso,

nenhuma delas fez qualquer tipo de divulgação. Uma informou porém que está

preparando a monografia da especialização para submeter a um periódico

científico de enfermagem.

A pesquisa bibliográfica realizada para este estudo, ainda que não

exaustiva, somada à minha experiência com o ensino de pesquisa em

enfermagem para a graduação e a pós-graduação, e aos resultados encontrados,

permite-me afirmar que a divulgação científica é um tema pouco explorado e

também um tópico nevrálgico da pesquisa por colocar à prova a representação

construída. Em que pese as recomendações sobre uma maior divulgação de

relatórios, constato que não se ensina como divulgar a pesquisa nas suas diversas

etapas (CASSIANI et al, 1998; CASSIANI; RODRIGUES, 1998).

Uma vez que a metodologia utilizada buscou a inclusão de experiências

referentes à divulgação de trabalhos científicos como notas-prévias e temas-livres,

por exemplo, considero esta categoria importante para a compreensão sobre o

processo de descontextualização, porque nas situações de divulgação, o aluno

coloca à prova sua nova representação. Ao fazer a divulgação de seu estudo, ele

vivencia, como auto-didata, uma situação de aprendizagem onde se apropria da

33

informação que emerge do diálogo com o público profissional, apoiado agora em

capacidades e competências já dominadas que lhe permitem adquirir outras novas

(MEIRIEU, 1998).

Na estratégia utilizada por mim, para o desvendamento do enigma, o aluno

consome pesquisa (artigos nacionais e estrangeiros, dissertações e teses de

enfermagem) e, conseqüentemente, produz um texto científico e o apresenta para

a turma, mas não tem ainda a tarefa de divulgá-lo, ou seja, o aluno não tem a

obrigação de expor a atividade para um público externo à classe.

Já havia percebido esta vulnerabilidade e os resultados encontrados nesta

pesquisa confirmaram minhas impressões mostrando que não houve aquisição

deste conhecimento. Avalio que a experiência da divulgação precisa ser

introduzida nos próximos cursos.

Enfim, na primeira parte da entrevista, por meio das perguntas referentes à

leitura de artigos, produção e divulgação de trabalhos, e à educação continuada,

busquei elementos para caracterizar o consumo, produção e divulgação de ciência

por caracterizarem a descontextualização e serem fundamentais para avaliação

da metodologia implementada. Os resultados evidenciaram que o consumo de

pesquisa neste grupo é uma realidade. A produção científica é uma tendência e a

divulgação ainda não é uma prática social de referência, pois não adquiriu sentido

para as enfermeiras.

Concebendo a pesquisa de enfermagemQuanto à concepção, todas as enfermeiras da amostra consideram a

pesquisa de enfermagem importante e necessária para o bom desempenho

profissional. Segundo uma delas, as pesquisas fazem a gente entender de outra

forma a nossa prática. A gente melhora a assistência ao renovar os conceitos.

Duas enfermeiras afirmaram que a concepção mudou após o curso, porque

passaram a valorizar mais a pesquisa.

Contudo, as enfermeiras evidenciaram alguns aspectos que precisam ser

trabalhados como, por exemplo, a dificuldade para escrever artigos e de divulgar

os trabalhos. Lembram ainda da falta de incentivação no período de graduação.

34

Uma delas informou que, antes do curso, nem sabia como entrar numa biblioteca

especializada.

Enquanto SADIGURSKY et al (1998) evidenciaram que uma parcela

significativa das enfermeiras não tinha idéia formada sobre pesquisa por falta de

familiaridade com o processo de investigação científica. Entretanto, os dados

encontrados neste estudo revelam, no meu entendimento, que as enfermeiras

após vivenciarem a experiência da pesquisa apresentam não uma definição

técnica sobre o conceito, mas uma certa intimidade com a pesquisa propriamente

dita.

Os dados mostram que as enfermeiras não falam sobre a pesquisa como

uma categoria etérea. Diferentemente de SOUZA; RICCI (1998) cuja amostra,

constituída por graduandos de iniciação científica, conceituou pesquisa de forma

quase didática, as enfermeiras egressas falaram sobre o que realizaram, ou sobre

o que podem deixar de fazer, ou sobre como valorizam a pesquisa agora. Estas

expressões sobre a experiência vivida de pesquisa sugerem a modelação de um

comportamento intelectual proveniente da efetuação das operações mentais

exigidas pelo método de projeto utilizado para o ensino da metodologia da

pesquisa de enfermagem.

Cabe observar ainda que embora as enfermeiras considerem a pesquisa

um instrumento para o bom desempenho profissional, elas se preocupam com a

falta de apoio no local de trabalho. Este fato já discutido neste estudo, porém

sempre retorna no discurso das enfermeiras quando alegam que sem apoio,

estrutura e tempo para fazer pesquisas, a evolução da pesquisa de enfermagem é

lenta e há dificuldade em continuar o que foi iniciado durante a disciplina.

Para o enfrentamento de tal situação, penso em duas estratégias: a

formação dos grupos de pesquisa nos locais de trabalho e o gerenciamento do

tempo e das informações. Porém, a disciplina de metodologia da pesquisa em

enfermagem seguramente não dá conta sozinha das inúmeras habilidades e

estratégias que precisam ser aprendidas para resolução dos problemas cotidianos

da profissão. Mas é um instrumento importante para o desenvolvimento do

35

potencial criativo dos enfermeiros que a partir disto podem buscar suas próprias e

criativas soluções.

Quanto à influência da pesquisa na prática, todas foram unânimes em

reconhecer que a prática é modificada pela pesquisa porque esta ajuda a

reformular rotinas estagnadas. As enfermeiras alegam ainda que algumas coisas

desconhecidas acabam sendo aprendidas, acrescentadas. Qualquer artigo que

você leia, em uma semana ou um mês, você acaba utilizando ele no hospital.

Enquanto neste estudo as enfermeiras identificam a influência que a

pesquisa tem sobre sua própria prática, a literatura profissional apresenta dados

divergentes. Por exemplo, SADIGURSKY et al (1998) em sua pesquisa verificaram

que 28% das enfermeiras não procuravam conhecer as pesquisas existentes em

sua área de atuação. SOUZA; RICCI (1998) verificaram que os alunos de iniciação

científica consideravam a maioria das pesquisas de enfermagem teóricas e de

pouca aplicabilidade na prática assistencial. CASSIANI et al (1998), por sua vez,

argumentam que as pesquisas são geradas no ambiente acadêmico e, por vezes,

não têm ligações muito explícitas com a prática assistencial.

Cabe ressaltar que este tipo de expressão comportamental resistente ao

consumo de pesquisa estava presente nos enfermeiros ao início dos cursos de

especialização. A diferença entre os dados encontrados e a literatura profissional

deve-se, no meu entendimento, ao método de projeto utilizado para o ensino de

metodologia da pesquisa em enfermagem e também à natureza eminentemente

de enfermagem sobre a situação-problema proposta.

Para o alcance da meta estabelecida na disciplina, foi necessário combater

com firmeza o princípio da economia (MEIRIEU, 1998), pois os alunos tinham

como pressuposto a idéia de que as pesquisas de enfermagem não eram úteis

para a prática ou que simplesmente não havia produção científica de enfermagem

sobre o tema proposto, ainda que este tema fosse um fenômeno do cliente de

enfermagem (diagnóstico) ou uma ação do enfermeiro (prescrição).

Impossível descrever neste relato de experiência os conflitos surgidos entre

professora e alunos em função da estratégia implementada e da situação-

problema proposta. Definitivamente, faço minhas as palavras de MEIRIEU

36

(1998,p.63) quando afirma que a aprendizagem é um processo desconcertante e

irritante para o professor e o aluno porque o avanço exige a priori a

desorganização da racionalidade. Isto porque, a situação-problema

(desconhecimento sobre a produção científica sobre diagnóstico/prescrição) põe o

sujeito (aluno/professor) em ação (pesquisa bibliográfica, leitura crítica), coloca-o

em uma interação ativa entre a realidade (discurso dos textos científicos de

enfermagem versus prática profissional) e o projeto (revisão da literatura). É esta

interação que desestabiliza e re-estabiliza, por intermédio das atividades

introduzidas pelo professor (fichamento didático, relatório final na forma de artigo

de periódico), as representações sucessivas dos alunos (concepção de pesquisa

em enfermagem). E por esta interação se constrói, até mesmo irracionalmente, a

racionalidade (comportamento intelectual).

O comportamento intelectual por sua vez, resultante das experiências

vividas em metodologia da pesquisa em enfermagem, irá continuadamente se por

à prova utilizando a metodologia científica para a resolução das situações-

problema apresentadas agora pela vida profissional

No que se refere às expectativas sobre as pesquisas, duas enfermeiras

afirmaram que as pesquisas divulgam a profissão e valorizam o profissional dentro

da equipe multidisciplinar. Todas esperam que os profissionais se interessem e

passem a valorizar mais a pesquisa, tanto em termos de consumo, quanto de

produção e divulgação.

Os dados revelam boas expectativas, mas também preocupação com a

falta de uma cultura de pesquisa no ambiente profissional, prejudicando o

relacionamento interprofissional, a valorização e a visibilidade da profissão.

A preocupação das enfermeiras é pertinente porque, segundo

SCHUMARCZEK (1992), o sistema de saúde investe apenas na quantidade dos

procedimentos realizados e não na qualidade ou resolutividade que converte para

a saúde da população. Além disso, conforme evidenciado por SADIGURSKY et al

(1998), há uma parcela significativa de profissionais que desacredita da

possibilidade da pesquisa mudar a prática e uma outra parcela que considera as

pesquisas pouco divulgadas e sem utilidade prática.

37

No que se refere à compreensão sobre o potencial das pesquisas de

enfermagem, considero que a estratégia utilizada para o ensino de metodologia da

pesquisa é eficaz por confrontar o enfermeiro exclusivamente com a produção

científica de enfermagem atual e por exigir dele não só o comentário, mas a

argumentação, o texto, enfim, uma produção igualmente. Desta forma, ele passa

de expectador ou leitor a ator ou autor e as expectativas futuras dependerão não

exclusivamente da ação dos outros, mas principalmente das próprias ações

referentes ao consumo, produção e divulgação de pesquisa que ele empreenderá.

Finalmente, os dados permitem-me afirmar que as enfermeiras egressas

dos cursos de especialização têm uma concepção sobre o valor da pesquisa de

enfermagem para o bom desempenho profissional e para a melhoria da prática,

assim como sobre o seu potencial para propiciar maior visibilidade da profissão,

reconhecendo todavia que há a necessidade de se criar uma cultura intelectual no

âmbito da profissão.

Percebendo a influência do modelo pedagógico de situação-problema

Uma vez evidenciada a concepção sobre pesquisa entre as enfermeiras,

interessa-me ainda identificar qual aquisição sobre pesquisa em enfermagem

resultou do modelo implementado.

Dentre as experiências de pesquisa vivenciadas durante o curso de

especialização, uma enfermeira declarou que todas as experiências foram

marcantes e, de certo modo, todas foram aprendidas porque ela não sabia nada

de pesquisa. O curso foi, segundo suas palavras, um despertar.

Duas declararam que o processo de pesquisar o tema proposto lhes

permitiu esclarecer tanto as dúvidas sobre metodologia da pesquisa, quanto as

referentes à situação clínica que estava sendo estudada. Uma disse inclusive que

o estudo do tema lhe proporcionou uma melhor visualização do paciente. Outra

afirmou que passou a se sentir mais segura para fazer qualquer tipo de pesquisa

doravante.

Duas enfermeiras destacaram como experiência vivida o aprendizado sobre

a pesquisa bibliográfica, o conhecimento da biblioteca especializada de

38

enfermagem e a procura dos textos. Uma acrescentou ainda que aprendeu

principalmente a não divagar, a não fugir do tema.

Os resultados deste estudo, assim como os de SOUZA; RICCI (1998),

evidenciam os benefícios obtidos com a utilização sistematizada das operações

mentais envolvidas com a pesquisa científica de enfermagem. A concentração dos

esforços para ao alcance de uma determinada meta, a melhor compreensão dos

fenômenos do cliente, o conhecimento sobre o potencial da biblioteca

especializada são, entre outros, os benefícios identificados pelas enfermeiras

como decorrentes da experiência vivida com a pesquisa sobre a produção

científica de enfermagem.

Quanto à opinião sobre Pesquisar, se aprende pesquisando..., todas

consideraram a assertiva verdadeira. Uma enfermeira avaliou que a metodologia

da pesquisa científica se aplica também a outros aspectos não-acadêmicos da

vida.

Outra afirmou que se não tivesse realizado uma pesquisa não teria

esclarecido as dúvidas sobre metodologia. Para ela, todos os profissionais deviam

fazer ao menos uma pesquisa para poder aprender.

Uma enfermeira disse ainda que não temos (os enfermeiros) experiência

com questionamentos e quem passou pelo curso teve a oportunidade de

questionar e ir a fundo no tema. Para ela a pesquisa se tornou uma constante na vida porque a postura crítica foi incorporada. Agora, ela está sempre revendo a

literatura, tem um olhar mais crítico quando lê, aprendeu a pesquisar na internet e

conheceu as bibliotecas especializadas de enfermagem.

No que se refere à estratégia de ensino de metodologia da pesquisa,

CASSIANI et al (1998) implementaram uma estratégia participativa para

capacitação de enfermeiras em pesquisa clínica. Após 6 meses do início do

programa, as alunas estabeleceram como meta a elaboração de um trabalho

científico e para tanto precisavam de conhecimentos sobre a estrutura e a redação

do trabalho científico.

Diante do exposto, avalio que os dados encontrados neste estudo sobre a

estratégia para o ensino de metodologia da pesquisa de enfermagem sustentam o

39

caráter teórico-prático dado à disciplina pois, em um semestre letivo as

enfermeiras foram capazes não só de produzir um trabalho científico, passível de

divulgação, como também adquiriram um comportamento intelectual, necessário

ao estabelecimento da competência em pesquisa.

A resposta que no meu entender sintetiza a opinião do grupo sobre o

modelo pedagógico é a seguinte:

É verídico, só se aprende pesquisando. Se não colocar a mão na

massa, no lápis e no livro não sai nada.

Por fim, no tópico Outros comentários, pensei em abrir um espaço para

que as enfermeiras expressassem outras opiniões sobre a pesquisa científica e a

metodologia empregada.

Três enfermeiras fizeram referência à falta de tempo para realizar a

pesquisa durante o curso e na carreira profissional. O tempo é uma categoria que

merece um estudo à parte. Assim como as enfermeiras alegam que as pesquisas

de enfermagem não têm aplicabilidade prática, há igual referência à falta de tempo

(CASSIANI et al, 1998; SOUZA; RICCI, 1998; SADIGURSKY et al, 1998;

PEREIRA et al, 1999; LOPES, 1990).

Porém, com base em minha experiência docente, observo que o problema

reside no gerenciamento do tempo, ou melhor, na falta de habilidade para

gerenciar o tempo e estabelecer metas e prioridades, conforme um cronograma

estabelecido.

A falta de tempo na maioria das vezes não é uma justificativa, mas uma

desculpa que encobre outros déficits mais profundos. Afirmo isto porque a

estratégia utilizada inclui uma carga horária para o estudo, além de um

cronograma para a execução das atividades relativas à pesquisa. Contudo, ainda

assim, não são poucos os que deixam para a última hora (princípio da economia).

Não são poucos os que não sabem dimensionar seu tempo conforme a

complexidade da tarefa proposta.

Enquanto professora de metodologia da pesquisa não posso ignorar este

fato uma vez que o gerenciamento do tempo é uma das habilidades necessárias à

40

competência em pesquisa e, por conseguinte, é uma aquisição do processo de

aprendizagem.

Embora o gerenciamento do tempo seja uma temática explorada mais pela

área de administração, entendo que este conteúdo deve ser abordado mais

profundamente em metodologia da pesquisa de enfermagem, tendo em vista os

resultados encontrados neste estudo e em outros citados anteriormente.

Ainda quanto aos comentários adicionais, duas enfermeiras relataram que a

pesquisa agora faz parte de seu cotidiano. Porém, uma delas informou que este

novo comportamento incomoda aqueles que não o possuem.

Se o comportamento intelectual de enfermagem incomoda às enfermeiras

que não possuem esta representação é porque este comportamento intelectual,

no meu entendimento, ainda não constitui uma representação para o conjunto da

profissão e do sistema de saúde (SCHMARCZEK, 1992). É uma representação

(aprendizado) de algumas enfermeiras, com ou sem o ensino prévio de

metodologia da pesquisa de enfermagem. Porém, não é ainda uma realidade

social para o conjunto dos profissionais porque nem todos vivem igualmente a

pesquisa como forma de interpretar e elaborar o cotidiano.

Considerações finais Em síntese, a pesquisa é o instrumento para o bom desempenho e para a

melhoria da prática, tendo ainda o potencial de dar visibilidade à profissão. No

processo ensino –aprendizagem de metodologia da pesquisa em enfermagem, as

experiências vividas mais marcantes foram justamente as experiências práticas.

Por meio da estratégia Pesquisar se aprende pesquisando, pode-se estabelecer

uma competência científica pela qual a pesquisa passou a integrar o cotidiano das

enfermeiras egressas do curso.

Há porém pontos de vulnerabilidade a serem trabalhados como, por

exemplo, a divulgação científica e o gerenciamento do tempo. Contudo, há dois

pontos fortes na estratégia utilizada. Um é o consumo de pesquisa e o outro é a

aproximação entre teoria e prática.

No que tange à teoria e prática, as enfermeiras participantes deste estudo

evidenciaram que a pesquisa tinha relação direta com os fenômenos do cliente e

41

do exercício profissional, enfim, relação direta com a prática, contrariando outros

estudos nas quais há referência de que as pesquisas de enfermagem são teóricas

e de pouca aplicabilidade (SADIGURSKY et al, 1998; SOUZA; RICCI, 1998;

CASSIANI et al, 1998).

Atribuo os resultados encontrados a dois fatores: primeiro, ao tipo de

situação-problema proposta e, segundo, ao esclarecimento sobre a diferença

entre conhecimento enciclopédico e conhecimento científico. Explico estes fatores

a seguir.

Conforme a literatura profissional citada anteriormente e ao discurso do

senso comum, as pesquisas de enfermagem restringem-se à academia e há

pouca aplicabilidade dos relatórios de pesquisa à prática assistencial. Por

discordar destas afirmações, resolvi que o método de projeto utilizado para o

ensino da metodologia da pesquisa de enfermagem se pautaria em uma situação-

problema referente ou aos fenômenos do cliente (diagnóstico de enfermagem) ou

às ações profissionais dirigidas para esses fenômenos (prescrições de

enfermagem). Desta forma, seria possível perceber o quanto a produção científica

de enfermagem corresponde ou não aos problemas apresentados pela clientela

ou aos problemas encontrados pelos enfermeiros para resolução dos problemas

da clientela.

Considero que esta decisão foi fundamental para suscitar nos enfermeiros

que estavam iniciando (e se iniciando) no processo de pesquisa o interesse pela

metodologia da pesquisa, tendo em vista que o instrumental oferecido pela

disciplina se aplicava à resolução de problemas concretos e ao desenvolvimento

de uma outra competência técnica (intelectual, não-manual) para a resolução

desses problemas.

Observo mais uma vez que a aceitação da situação-problema proposta não

aconteceu sem conflitos. Se o método de projeto, conforme discutido

anteriormente, desestabiliza a racionalidade existente, a proposição de estudo dos

fenômenos centrais da prática também desestabiliza a concepção sobre a prática

profissional pautada no senso comum e no discurso ideológico. Isto em virtude de

42

o diagnóstico e a prescrição de enfermagem serem fenômenos pouco explorados

e pouco vivenciados pela própria profissão (CRUZ, 1994).

Vou além, diante do fato da assistência direta ao cliente não ser uma

atividade cotidiana, estes dois temas nem sempre foram do agrado dos alunos.

Porém, tal como MEIRIEU (1998, p.92), entendo que o papel do professor é criar o

desejo de aprender propondo um enigma. Neste sentido, insisti nos temas e pude

verificar pela pesquisa realizada que o conflito teoria/prática não apareceu no

discurso das enfermeiras

O segundo fator, trabalhado ao longo do curso, que ajudou a minimizar ou

neutralizar o conflito entre teoria/prática de enfermagem foi o esclarecimento sobre

a diferença entre conhecimento enciclopédico e conhecimento científico.

Nossos alunos foram e são educados segundo a pedagogia tagarela

(MEIRIEU, 1998). Esta pedagogia sempre antecipa a solução na forma de livros-

texto, apostilas, aulas expositivas, entre outras modalidades de aquisição passiva

de conhecimento. Quando o aluno tem que desenvolver um projeto, ele fica

totalmente perdido. A primeira reação é dizer que não há informações ou

pesquisas a respeito da situação-problema a ser resolvida, isto é, na há nem

informações preliminares por onde ele possa começar.

Em momentos como este, quando o aluno quer mudar o seu tema porque,

segundo ele, não há nada a respeito, eu inicio a discussão sobre a diferença entre

o conhecimento enciclopédico e o conhecimento científico. No conhecimento

enciclopédico, tudo o que eu preciso saber está resumido em um verbete. Só

tenho que ler e copiar. Ao contrário, o conhecimento científico encontra-se

pulverizado nos muitos artigos, dissertações, teses e livros, precisando em cada

um deles ser garimpado por meio da leitura crítica para, posteriormente, ser

reunido constituindo o novo conhecimento sob a forma de um novo texto.

Este último fator é, segundo minha experiência, a tônica do método de

projeto. Fontes diversas de informação precisam ser consultadas e utilizadas para

a construção do conhecimento científico, isto é, para o desvendamento do enigma

proposto inicialmente. Na medida do possível, o projeto pedagógico deve

contemplar a utilização de fontes artísticas, científicas e empíricas para que haja a

43

utilização plena das operações mentais necessárias ao desenvolvimento das

habilidades de pesquisa de enfermagem.

O desejo do aluno nasce durante o processo quando ele reconhece que há

um espaço para ele investir, há um lugar e um tempo para estar, crescer e

aprender. É este desejo que irá impulsioná-lo, após a finalização da disciplina,

para aplicação do conhecimento e habilidades adquiridos em outro contexto e de

modo, emancipando-se do poder absoluto da Escola.

CONCLUSÕESSobre o ensino de pesquisa

A realização deste relato de experiência sobre o ensino de metodologia da

pesquisa de enfermagem me permitiu não só rever toda a minha trajetória

profissional como também criou uma oportunidade de auto-avaliação.

44

A análise de minha trajetória profissional evidenciou o meu envolvimento,

ou melhor, o meu comprometimento com a pedagogia do projeto para o

desenvolvimento da competência científica dos alunos de graduação e de pós-

graduação de enfermagem, ministrando ou não a disciplina de metodologia da

pesquisa.

Sobre a concepção de pesquisa do enfermeiro egressoAo final desta pesquisa, verifiquei que as concepções e expectativas futuras

dos egressos quanto à utilização, produção e divulgação das pesquisas de

enfermagem na prática assistencial são as seguintes: a pesquisa tornou-se uma

atividade constante porque é necessária ao bom desempenho profissional à

melhoria da prática, dando maior visibilidade para a profissão, todavia para a

pesquisa evoluir precisa ser criada uma cultura intelectual nas instituições de

saúde.

Segundo SCHMARCZEK (1992) o pesquisar integrado ao educar é um

processo que requer novas abordagens, novas aprendizagens, especialmente a

leitura crítica sobre a produção científica. Neste sentido, quanto ao modelo

pedagógico utilizado para o ensino de metodologia da pesquisa em enfermagem,

verifiquei que o método de projeto é adequado por dar à disciplina um caráter

teórico-prático que conduz à produção de um trabalho científico, passível de

divulgação, bem como à aquisição de um comportamento intelectual, necessário

ao estabelecimento da competência em pesquisa.

Sobre o Pesquisar se aprende pesquisando É o comportamento intelectual evidenciado no discurso das enfermeiras

que eu avalio como a principal aquisição sobre pesquisa em enfermagem para o

enfermeiro resultante da metodologia de projeto implementada na disciplina de

Metodologia da Pesquisa em Enfermagem.

Mais do que uma avaliação do método e do aluno, este relato de

experiência buscou descrever a trajetória do processo de aprender e da forma de

ensinar. Segundo MEIRIEU (1998, p. 181), o ofício de ensinar é constituído por

três funções desafiadoras: a função erótica, a função didática e a função

emancipadora. A pedagogia do projeto tenta ser uma solução a estes desafios à

45

medida que suscita um enigma gerador do desejo de saber (função erótica), que

se preocupa em criar condições para a apropriação deste saber (função didática)

e que permite a cada pessoa elaborar progressivamente seus próprios

procedimentos eficazes de resolução de problema (função emancipadora).

Com base no que foi vivenciado por mim e apresentado neste relato de

experiência, concordo com MEIRIEU quando considera as funções desta

pedagogia três boas razões para sua implementação, especialmente no que tange

à Metodologia da Pesquisa em Enfermagem.

Limitações do estudoPor ser um relato de experiência, este estudo não permite generalizações.

Entretanto, os conceitos e os resultados aqui discutidos e apresentados, com as

devidas ressalvas, podem subsidiar novos estudos.

Implicações para o ensino, a pesquisa e a assistênciaA pedagogia do projeto é adequada não só para o ensino de metodologia

da pesquisa em enfermagem. Ela se aplica ao desenvolvimento de competências

científicas e, portanto, pode ser referencial para as demais disciplinas do currículo

de enfermagem.

O desenvolvimento da competência científica nos alunos e profissionais

conseqüentemente refletirá positivamente no consumo, produção e divulgação de

pesquisa, assim como na qualidade do desempenho profissional.

Recomendações futurasPortanto, recomendo a experimentação da metodologia do projeto por

docentes da disciplina no sentido de verificar se os resultados encontrados neste

estudo, que têm limitações, se repetem em outras situações e contextos.

ANEXOSAnexo I

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE AS ATIVIDADES DE ENFERMAGEM

Niterói, 30 de outubro de 2000

46

Prezada Colega

Em virtude da estratégia utilizada para o ensino de metodologia da pesquisa de

enfermagem nos cursos de pós-graduação lato sensu, do Departamento de

Enfermagem Médico-Cirúrgica, da Escola de Enfermagem Aurora Afonso

Costa/UFF, estou realizando uma pesquisa para avaliar o seu impacto nos

enfermeiros pós-graduandos.

Para a consecução de tal objetivo, preciso da sua colaboração para responder o

questionário anexo. Gostaria de garantir o sigilo das informações prestadas.

Coloco-me à disposição para o esclarecimento de qualquer dúvida quanto ao

protocolo da pesquisa. Aproveito ainda para agradecer antecipadamente a sua

colaboração.

Atenciosamente,

Prof. Dra. Isabel Cruz – Titular da Universidade Federal Fluminense

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA AFONSO COSTA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICACURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO - ESPECIALIZAÇÃO

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE AS ATIVIDADES DE ENFERMAGEMQuestionário

Nome:_________________________________________________

Idade ________ Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

Cor: ( ) branca () preta ( ) parda ( ) amarela ( ) indígena

47

Dados demográficos

Tempo de formado____________ Titulação _____________________

Tempo de serviço em enfermagem______________________________

Unidade de serviço de enfermagem_____________________________

Cargo que ocupa___________________________________

Produção algum trabalho científico, após o curso?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e quando?______________________________________

Divulgação de algum trabalho científico, após o curso?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e quando?______________________________________

Leitura de algum trabalho científico de enfermagem, após o curso?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e quando?_______________________________________

Ingresso em algum outro curso de pós-graduação, ou projeto de ingressar?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e quando?_______________________________________

Assinatura de algum periódico científico?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e a partir de quando?________________________________

Atividade associativa?

( )Não

( )Sim. Qual (is) e desde quando?____________________________________

Qual sua concepção sobre as pesquisas de enfermagem?

Como essas pesquisas influenciam na sua prática?

48

Quais suas expectativas em relação as pesquisas?

Das experiências de pesquisa vivenciadas durante o curso de especialização, qual

(is) a que foi (ram) aprendida (s)?

Pesquisar se aprende pesquisando... qual sua opinião a respeito?

Outros comentários:

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. RJ. Zahar Editores, 1978.

53

ABSTRACTLearning to do Research by Doing it: A report on a new approach to the teaching of Research Methodology in Nursing

In order to awaken in students a desire for knowledge, it is necessary to

create a situation that allows for the process of discovery. What pedagogical model

is best suited for the teaching of research methodology in nursing, so that nurses

can use, produce and publish research, thus making such intellectual behavior

natural? In this report, I will present a pilot program used with nursing students in

graduate-level latu-sensu courses, a process of developing scientific competence

54

via a pedagogical project; in addition, I will identify some of the concepts and

expectations for the utilization, production and publication of research. The

methodology used was qualitative, consisting of a description given by graduating

nurses in a structured interview, of the Research Methodology program, focusing

on the conception of the research and the strategy of teaching-learning. The

analysis was based on the categories of consumption, production, and publication

of research, in the areas both of professional literature and of theoretical

references. The results showed that while research is widely used, and that there

is some movement toward its production, publishing is not a common practice.

Nurses consider research necessary in order to do a good job and to improve their

skills, giving visibility to the profession. As for the process of teaching-learning, the

general opinion was that the strategy of Learning to do Research by Doing it

developed scientific competence by integrating research into their daily

professional lives. I thus conclude that this description of experience follows the

trajectory of the learning process, as well as the approach to the teaching of this

discipline, based on the pedagogy of the project. An additional assessment is that

intellectual behavior was the principal acquisition of the nurses, because of the

strategy used. Although this study has limitation, I suggest that the project’s

methodology be implemented for the Research Methodology in Nursing discipline.

Key Words: Nursing Research; Research Teaching; Scientific Methodology;

Clinical Research

RESUMEN

La enseñanza de metodología científica a través de la pesquisa – relato de experiencia

Os cursos de pós-grado em enfermería contemplan actividades de enseñanza del

método científico, mas es preciso avaliar la aquisición de competência científica.

Este estudio cualitativo buscó identificar las concepciones y expectativas de los

55

enfermeros sobre las pesquisas de enfermería y la pedagogía del projecto

implementada de modo a esbozar el proceso de utilización, producción y

divulgación de investigaciones. Foram entrevistadas cinco enfermeras quienes

emitieron sus opiniones a través de guía de entrevista estructurada. Los

resultados fueron discutidos con base en los principios teórico metodológicos de la

pedagogía del projecto, permitindo concluir que la totalidad de las enfermeras

utilizan las investigaciones en la assistencia y la pedagogía del projecto es

adequada para el desarrollo de la competência científica en enfermería..

Términos Claves: investigación de enfermería; enseñanza de investigación,

metodología científica; pesquisa clinica

APÊNDICESAPÊNDICE I

Se nadar se aprende nadando...

PESQUISAR

56

SE APRENDE PESQUISANDO

INTRODUÇÃO À METODOLOGIA DA PESQUISA DE ENFERMAGEM

Prof. Dra. Isabel CruzNEPAE/NESEN

UFF2000

PESQUISAR SE APRENDE PESQUISANDO

Considerações iniciaisAssim como para aprender a nadar precisamos entrar no mar ou na piscina, rio ou

lago, para aprender a pesquisar, estudar, precisamos entrar em contato com o

problema, com a dúvida, com a inquietação. Se o instinto de sobrevivência nos faz

57

bater braços e pernas na ânsia de não afundar na água, o desejo de saber nos

leva à busca das respostas às nossas perguntas. As técnicas ou estilos de

natação quando aprendidas tornam mais eficaz a atividade de bater braços e

pernas. Os métodos de estudo e pesquisa tornam mais eficaz e rápida a busca da

resposta ao problema, o saneamento da inquietação, a resolução da dúvida.

Esta brochura deve representar para o leitor o que o técnico de natação

representa para o nadador. Se nadar se aprende nadando, pesquisar se aprende

pesquisando. Neste sentido nos propomos apenas a incentivar, orientar,

apresentar uma outra perspectiva do problema..., assim como o técnico, da borda

da piscina, orienta o nadador que nela está imerso. Por esta razão, apresentamos

alguns exercícios que deverão ajudar o leitor a compreender e fixar os temas

relativos aos aspectos iniciais da metodologia da pesquisa.

A aquisição do conhecimento e da informação – a pesquisa e o estudoHá várias formas de obter conhecimento e informação. O conhecimento é

adquirido de diversas maneiras: pela busca de informação com especialistas;

através da experiência; e pela investigação de idéias e conceitos de uma outra

disciplina a partir da perspectiva de enfermagem. Aprender por meio da tentativa e

erro é ainda uma outra forma de adquirir conhecimento.

O enfermeiro pode (e deve) usar o raciocínio lógico e a reflexão crítica para

analisar a informação adquirida. A pesquisa científica é o método mais confiável

para aquisição de conhecimento. Por essa razão, entendemos que a Introdução à

Metodologia da Pesquisa de Enfermagem deve acontecer na forma de uma

investigação científica a ser realizada por você.

Conhecer a história da nossa profissão lhe ajudará a compreender os

aspectos que influenciam a prática de enfermagem. As observações detalhadas

de Florence Nightingale sobre os efeitos das ações da enfermeira, durante a

Guerra da Criméia, foram uma pesquisa inicial de enfermagem.

No Brasil os cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) alavancaram

as pesquisas de enfermagem. Procure se informar quais Escolas no seu estado

oferecem cursos de mestrado e doutorado em enfermagem.

58

-________________________________________________

Visite as bibliotecas dessas Escolas e conheça as dissertações e teses do

acervo. Ao final desta brochura apresentamos um modelo de roteiro para a sua

visita técnica. Observe os temas estudados, os nomes dos autores e orientadores.

Comece a se iniciar na Tribo Científica.

Qual tese de doutorado você achou interessante? É de qual instituição?

-________________________________________________

Qual dissertação de mestrado você achou interessante? É de qual

instituição?

-________________________________________________________

Quais teses e dissertações foram produzidas por docentes de sua Escola e

que lhe interessaram? Cite duas:

-_______________________________________________________

-_______________________________________________________

Esperamos que ao final desta brochura você seja capaz de identificar e

definir uma situação-problema de enfermagem passível de ser investigada por

meio de um método adequado. Esta situação-problema pode ser, por exemplo, um

fenômeno pertinente ao cliente e/ou família e/ou comunidade, nos diversos

estágios do desenvolvimento humano, presente em algum grau nas diferentes

relações com a (o) enfermeira (o) prestadora (o) do cuidado.

A metodologia da pesquisa de enfermagem constitui um desafio. A mente

aberta é uma qualidade vital do espírito criativo. Pesquisar é seguir o caminho

(método) inverso daquele que se sujeita às crenças testadas e verdadeiras e

nunca desafia a si próprio a procurar ou a ir além ou a ir mais fundo. Ainda que

nem todas as pessoas desenvolvam igualmente as habilidades de pesquisa, é

fundamental que os profissionais dominem os métodos de estudo e investigação

de modo a poderem garantir a sua (constante e necessária) atualização

profissional.

59

O método de estudoGostar e saber estudar são condições básicas para a pesquisa científica. A

aquisição das habilidades referentes à leitura crítica, ao fichamento de um texto, à

produção de um artigo científico é uma etapa necessária para na formação do

pesquisador.

Método origina-se do latim methodus, que significa caminho para se chegar

a um objetivo ou a um determinado resultado. Portanto, a metodologia do estudo é

um caminho que o estudante trilha, adquirindo durante o percurso os instrumentos

exigidos para obter êxito no seu trabalho intelectual.

O principal método de estudo é a leitura trabalhada. A leitura trabalhada é

aquela na qual aproveita-se o máximo do artigo, livro ou tese, com uma boa

assimilação de seu conteúdo. Apresentamos a seguir, resumidamente, as quatro

etapas sugeridas por MATOS (1994) para uma leitura trabalhada:

1- Reconhecimento global do texto/fonte: nesta etapa, o estudante observa

o título, o (s) autor (es), a instituição de origem. Faz uma leitura do resumo

(artigo) ou sumário (livro) porque ele dá ao leitor a estrutura global do texto.

Lê a introdução onde o autor apresenta a situação problema (artigo) ou as

grandes linhas temáticas (livro). Faz uma leitura diagonal (dinâmica) do

texto (artigo), ou folheia o livro, para adquirir as noções gerais do trabalho

(metodologia, resultados, conclusões, referências bibliográficas, anexos,

etc). Anota perguntas ou dúvidas que surgem espontaneamente.

2- Detectar as idéias-chave do texto: uma vez conhecendo a estrutura do

texto, o estudante faz uma leitura dinâmica para ter uma idéia global do

artigo ou livro. Em seguida, realiza uma segunda leitura, mais profunda,

assinalando na margem do texto, a lápis, a idéia central a cada parágrafo

lido. Há textos onde o autor inicia o parágrafo com a idéia-chave, sendo o

restante do parágrafo um desenvolvimento do conceito apresentado. Em

outros, o autor fecha o parágrafo com a idéia-chave. Há textos nos quais o

autor acentua a idéia-chave com o negrito ou o itálico ou com indicações

verbais, tais como, “portanto”, “em síntese”, etc.

60

3- Armazenamento de dados. Esta etapa será tratada mais adiante quando

discutiremos o fichamento bibliográfico.

4- Organização do material pesquisado: nesta etapa todos os fichamentos

necessários ao estudo ou pesquisa são revistos, visando a classificação

das fichas conforme os argumentos apresentados. Deste trabalho surge

um esquema provisório para compreensão do tema em estudo. Este

esquema inicial servirá de base para o esquema definitivo utilizado para

redação do artigo científico ou tese.

Para facilitar a nossa aprendizagem sobre leitura trabalhada é importante

que seja escolhido um tema de seu interesse profissional. Antes de você escolher

seu tema, vale ressaltar que o ânimo é o combustível da vida e, em particular, do

trabalho da pesquisa. É fundamental que haja uma fagulha da paixão para você

colocar no que faz. Portanto, quanto mais você tem interesse por um tema, mais

energia você irá dedicar a ele e mais criativa (o) você será.

Sem ânimo tudo é chato e a criatividade vai para o brejo...Se você tem um tema escolhido, proponha um título provisório para o seu

trabalho. Afinal um espírito criativo não teme correr riscos.

O título provisório do meu estudo é :

-_______________________________________________

Como não há nada de novo sob o sol. Isto significa que você deve neste estágio buscar o máximo de informação

a respeito do seu tema e dos sub-temas relacionados em uma biblioteca de

enfermagem, preferencialmente (estudo exploratório). Um espírito criativo

caracteriza-se principalmente pela curiosidade.

A pesquisa bibliográficaPara a nossa aprendizagem, interessa-nos a literatura profissional especializada e

o uso da habilidade da reflexão crítica. Os dados bibliográficos sobre o tema

escolhido estão nas bibliotecas especializadas de enfermagem onde

encontraremos os textos, documentos, materiais especiais e informações

61

necessários para a realização e fundamentação da pesquisa ou estudo.

Seguramente, a bibliotecária é a melhor provedora dessas informações.

Insistimos no fato de que você deve visitar uma biblioteca especializada de

enfermagem (veja nosso roteiro em anexo). Aproveite a oportunidade e faça a sua

inscrição. Mesmo com toda a evolução tecnológica e com a busca informatizada

de textos, a biblioteca real e os textos e livros de papel continuam insubstituíveis.

Siga o nosso roteiro sem queimar etapas, ele é fundamental para sua formação de

pesquisador.

Na sua cidade ou região metropolitana, quais bibliotecas especializadas de

enfermagem existem?

-____________________________________

Peça à bibliotecária o Thesaurus de Enfermagem (o Tesauro foi publicado

pela EE-USP em 1990) ou o Descritor das Ciências da Saúde (publicado pela

BIREME). Você precisa dele para selecionar as palavras-chave/key words (unitermos) relacionados ao tema de sua pesquisa ou estudo. Cabe lembrar que

um Index também pode ser útil para a identificação das palavras-chave/key-words

oficiais.

O que é uma palavra-chave ou unitermo?

-____________________________________________________

Relacione três palavras-chave sobre o seu tema ou sub-tema:

a)

b)

c)

Relacione três key words sobre o tema ou sub-tema:

a)

b)

c)

Uma vez identificadas as palavras-chave e as key words relacionadas ao

tema de sua pesquisa ou estudo, passe a procurar as referências dos artigos no

Index (Indices) ou Sumário de Periódicos. Cabe observar que a busca de livros

62

e teses e dissertações geralmente é feita por intermédio do arquivo da própria

biblioteca ou de uma publicação denominada Alerta Bibliográfico.Iniciaremos a nossa aprendizagem com a pesquisa bibliográfica sobre os

artigos publicados nos periódicos ou revistas especializadas de enfermagem.

Peça a bibliotecária para lhe mostrar as estantes onde estão os índices e

Sumários de Periódicos de Enfermagem. Os índices de interesse para a pesquisa de enfermagem são o LILACS (Literatura Latinoamericana de Ciências da Saúde), o INI (international Nursing Index) e o CINHAL (Cummulative Index to Nursing and Health Allied Literature)

Caso tenha dúvidas sobre sua utilização não tenha vergonha em pedir

ajuda. A característica mais importante da (o) pesquisadora (o) é a curiosidade.

Os Indices disponíveis na (s) biblioteca (s) para consulta são:

-_________________________________________________

Há algum índex brasileiro? ( ) não

( ) sim. Qual? ______________________________________

Os Sumários de Periódicos disponíveis na (s) biblioteca (s) para consulta

são:

-_________________________________________________

Relacione três referências nacionais exatamente como estão no Index (ou

Sumário):

a)

b)

c)

Relacione três referências estrangeiras exatamente como estão no Index:

a)

b)

c)

Mais adiante, quando você aprender sobre referência bibliográfica de

trabalhos científicos, conforme a ABNT, você deverá reconhecer as diferenças

nas formas de descrever um trabalho, uma fonte científica.

63

Uma vez identificadas no Index as referências de seu interesse, veja se a

biblioteca possui estes artigos. Agora você precisará consultar o kardex para

localizar o artigo na nossa biblioteca.

Pergunte a bibliotecária o que é kardex e onde ele se encontra. Peça para

ela ajudá-la (o) a localizar pelo menos uma das referências que você encontrou

sobre um artigo de uma revista.

A bibliotecária, a melhor amiga de um (a) pesquisador (a), está perto de você para ajudá-lo (a) a localizar o seu artigo.

Relacione pelo menos quatro revistas científicas brasileiras de enfermagem (com comitê editorial e normas de publicação), atuais (dos

últimos cinco anos) e regulares, no acervo da biblioteca:

a) Revista Latinoamericana de Enfermagemb)

c)

d)

Veja se no comitê editorial destas revistas há algum enfermeiro da sua

região metropolitana e/ou Escola de Enfermagem. É sempre bom conhecer os

membros do comitê de uma Revista Científica. Aproveite também para ler as normas para publicação dirigidas aos leitores que têm interesse em publicar seus trabalhos. Recomendo a leitura das normas da Revista Latino Americana de Enfermagem por serem, no meu entendimento, as mais completas. Quem sabe em breve você não esteja enviando um trabalho seu para

publicação. Veja também o endereço da revista/editora e o custo do número

avulso ou assinatura. Assinar um periódico científico de enfermagem é sempre um

bom investimento cultural.

Relacione pelo menos três revistas científicas estrangeiras de enfermagem

atuais e regulares no acervo de nossa biblioteca:

a)

b)

64

c)

A maioria das revistas brasileiras publica artigos de todas as especialidades

de enfermagem. Observe porém que muitas revistas estrangeiras publicam artigos

por especialidades. Identifique as revistas científicas de enfermagem estrangeiras

das seguintes áreas:

Saúde Holística:

Saúde da Mulher

Saúde da Criança

Saúde do Idoso

Enfermagem no Perioperatório

Habitue-se a frequentar regularmente a biblioteca e a folhear os periódicos

e livros recém adquiridos para ficar informado sobre as mais recentes publicações.

Preste uma atenção especial aos autores dos artigos, aos temas que eles

costumam pesquisar, às suas instituições de origem. Com o tempo você ficará

familiarizado com a Tribo Científica de Enfermagem e sua cultura. Observe, em

particular, os artigos publicados pelos alunos (graduação e pós-graduação) de

enfermagem. Quem sabe, nos próximos números daquela revista possamos ver

publicado um artigo seu!

Agora que você aprendeu a fazer uma pesquisa bibliográfica manualmente,

você pode (e deve) aprender a realizar a pesquisa por computador. Contudo, o computador é apenas um instrumento que torna este processo

todo mais rápido. Ele é de pouca ajuda quando não se conhece as fontes

bibliográficas nacionais e internacionais de enfermagem.

Mais uma vez é indispensável a ajuda da bibliotecária, anjo de guarda do

pesquisador/estudante. As palavras-chave continuam valendo para a pesquisa

automatizada em uma base de dados em CD-ROM. Cabe observar que os

índices utilizados na pesquisa computadorizada são os mesmos da pesquisa

manual. São eles:

-_______________________________________________________

Quando se obtém a listagem pelo computador, complementando a pesquisa

manual, passa-se mais uma vez para o kardex.

65

Caso não encontre na sua biblioteca os textos que precisa, você pode

lançar mão do COMUT. A bibliotecária lhe ajudará. Pode ser necessário ( e muito

interessante) visitar e conseguir os textos em outras bibliotecas setoriais de

enfermagem.

De qualquer modo é sempre bom ressaltar que a biblioteca é o manancial

que supre todo profissional que pretende ser minimamente atualizado no exercício

de sua profissão. Seja no trabalho, seja ao longo da realização de uma pesquisa

específica, a pesquisa bibliográfica nunca termina diante da necessidade de se

atualizar os conteúdos. A pesquisa bibliográfica está para o

profissional/pesquisador como a leitura de um grande jornal diário está para uma

pessoa bem informada. Aliás qual o jornal que você lê?

O fichamento didático dos textosUma vez localizados os artigos, teses, dissertações e livros, devem ser

providenciadas as cópias para que se possa proceder a leitura trabalhada.

Recomenda-se que sejam lidos primeiramente os textos resultantes de

fontes diretas ou primárias (artigos originais, entrevistas, etc) e os publicados

mais recentemente.

Atenção, se você vai realizar uma leitura no local e anotar apenas as

principais idéias do texto, não se esqueça de fazer a referência bibliográfica

completa e correta no seu bloco de anotações. Caso isto não seja feito, você terá

dificuldades mais adiante para fazer as citações pertinentes quando tiver que

construir o seu texto.

Mas se você vai fazer uma cópia do artigo, não se esqueça de verificar se

há no rodapé das páginas do artigo os dados necessários à referência

bibliográfica (nome da revista, volume, número, ano). Caso não haja, após fazer a

cópia e antes de devolver a revista à biblioteca anote todos os dados necessários.

Vale a título de exercício, mostrar como se faz a referência de um artigo,

tese, entre outros, segundo a ABNT (Em caso de pânico, peça ajuda à

bibliotecária ou consulte o simples e excelente Manual de Orientação -

Referências Bibliográficas da EE-USP [1991]):

* Artigos:

66

CRUZ, I.C.F. da Sensualidade, sexualidade e emancipação: reflexões sobre a subjetividade da mulher negra. R. Enferm. UERJ, v. 3, n. 2, p. 227-232, 1995.CRUZ, I.C.F. da Posibles diagnósticos de enfermeria para clientes con hipertension arterial esencial. Rev Cubana Enfermer, v. 7, n. 2, p. 135-39, 1991. *DissertaçãoCRUZ, I.C.F. da Consulta de enfermagem ao cliente hipertenso. Rio de Janeiro, 1988. 98p. Dissertação (Mestrado)-Escola de Enfermagem Anna Nery–UFRJ. *TesesCRUZ, I.C.F. da Diagnósticos de Enfermagem: estratégia para sua formulaçãoe validação. São Paulo, 1993. 157p. Tese (Doutorado) - Escola deEnfermagem, Universidade de São Paulo. CRUZ, I.C.F. da O cliente vivendo com hipertensão arterial essencial. Diagnósticos e prescrições na consulta de enfermagem. Niterói, 1994. 177p. Tese (Titular) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal Fluminense.* LivroCRUZ, I.C.F. da (org.) Mulher Negra: tópicos sobre saúde e doença. Rio de Janeiro. NESEN - Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra , 1994. 63p.CRUZ, I.C.F. da Consulta de Enfermagem ao Cliente Hipertenso. Rio de Janeiro.Editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1989

Observando as normas da ABNT, faça a referência do artigo que você

selecionou:

a)

Relacione uma das referências relacionadas (tese) ao tema

a)

Relacione uma das referências ( livro) relacionadas ao seu tema

a)

Uma vez selecionados os textos, faz-se necessário alimentar a mente com

as informações e os dados levantados nesta varredura inicial (ou concomitante ao

processo de pesquisa/estudo). Vale lembrar que estamos apresentando este

processo de forma didática. A vida real é dinâmica e possui uma lógica confusa.

67

Isto significa que o pesquisador está na maior parte do tempo alimentando, de

forma orientada, a sua mente com as informações relacionadas ao seu tema de

pesquisa. Portanto, além das visitas à biblioteca, o processo de preparo envolve

leituras leigas, entrevistas com profissionais e pessoas ligadas ao tema, viagens

e/ou visitas técnicas, surf na internet, enfim, atividades que ajudam a reunir fatos,

idéias e opiniões.

Voltemos ao nosso processo de aprendizagem. Conseguidos os textos

passa-se, é evidente, para a fase de leitura acadêmica que irá fundamentar todo o

trabalho.

Além das etapas já descritas para a leitura trabalhada, é necessário que o

pesquisador aprofunda ainda mais o seu método de estudo. Para que a leitura

seja proveitosa é necessário passar pelas seguintes etapas complementares:

1- Pré-leitura na qual busca-se uma visão global do texto com suas

informações mais gerais. Nesta fase é importante identificar as três

partes principais do texto: a introdução, o desenvolvimento e a

conclusão.

2- Leitura analítica que busca a compreensão exata da argumentação do

autor

3- Leitura crítica que busca a contribuição específica do texto, avaliando-o

cientificamente.

A leitura trabalhada é registrada, por meio do fichamento bibliográfico, ou

didático, da seguinte forma:

a- Identificação da fonte quando é feito o registro dos dados

bibliográficos da obra, segundo as normas da ABNT.

b- Detecção das idéias centrais do texto quando após a pré-leitura,

busca-se, na segunda leitura mais concentrada e profunda, assinalar as

unidades de pensamento das partes ou parágrafos do texto.

c- Coleta dos dados quando se documenta no fichamento as partes

essenciais da leitura, seja por meio de transcrições literais de trechos

do texto (sempre entre aspas), por meio do resumo feito pelo leitor ou

68

por uma síntese esquemática do texto lido. A opinião do leitor aborda a

inteligibilidade do texto, sua estrutura, articulação interna, grau de

dificuldade (linguagem, estilo, neologismos, etc) e atualidade do tema e

bibliografia. Nesta parte o leitor demonstra o quanto conseguiu assimilar

e interpretar do texto.

Para redigir suas considerações gerais sobre o texto, observe a seguinte

sugestão de roteiro:

01. TÍTULO: Retrata o conteúdo do trabalho? 02. INTRODUÇÃO: Apresenta seqüência lógica? Apresenta justificativa? 03. REVISÃO DA LITERATURA: Corresponde ao tema proposto? Tem profundidade e pertinência? 04. OBJETIVO: O trabalho apresenta objetivo, objeto de estudo ou questão norteadora? 05. MATERIAL E MÉTODO O conteúdo explicita a utilização do referencial teórico/metodológico? O método empregado é apropriado ao tipo de estudo proposto? Descreve detalhadamente a metodologia utilizada? 06. RESULTADOS: Ilustrações, tabelas, gráficos e anexos adequados? Erros? Os achados correspondem aos objetivos propostos? 07. CONCLUSÕES: Estão coerentes com objetivo, objeto de estudo ou questão norteadora, o desenvolvimento e achados do trabalho? O trabalho contribui para o conhecimento e/ou prática na área abordada? 08. RESUMO: Contempla os passos do planejamento do trabalho: introdução, objetivos, método, discussão, resultados e conclusões? 09. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Pertinentes? Atualizadas?

A organização do material pesquisado antecede a redação do texto de seu

trabalho ou estudo, seja na forma de fichamento bibliográfico/didático (resumo),

resenha, revisão de literatura, relatório de pesquisa, dissertação ou tese. Ao final

do livro apresentamos um exemplo de fichamento didático ou bibliográfico. Você

pode se orientar por este modelo para fazer seus estudos.

Qual método é adequado para realização da sua pesquisa? Em outras

palavras, o que você pretende implementar para alcançar o (s) objetivo (s) da sua

pesquisa?

Metodologia da Pesquisa de EnfermagemO método de pesquisa em enfermagem é um método de resolução de problema.

Neste sentido, toda a pesquisa inicia com um problema que será abordado por

meio de um método visando o alcance de um determinado resultado.

Contudo pode ser que este resultado esperado só seja alcançado após

anos de trabalho árduo e sistematizado. Porém, neste meio tempo, o pesquisador

69

utilizou de várias estratégias para divulgar os seus relatórios (parciais) de

pesquisa.

A identificação de um problema de pesquisa é, no meu entendimento, a

principal etapa de todo o processo. Nela, o pesquisador deve ser capaz de

demonstrar o seu discernimento sobre o que pretende estudar.

A literatura profissional é útil para a definição do problema e para justificar a

sua importância em termos de pesquisa.

Uma vez definido o problema de pesquisa deve-se estabelecer o objetivo a

ser alcançado ao final do processo, ou a hipótese que será confirmada ou

refutada, ou a questão norteadora que será respondida. Hipótese, objetivo,

questão norteadora, um ou outro depende do referencial filosófico/teórico do

pesquisador ou escolhido para a pesquisa em andamento.

O referencial teórico de certo modo está presente em todas as etapas da

pesquisa. Desde a definição do problema até às conclusões e seleção da literatura

de apoio. De certo modo ele fica mais evidente na etapa da metodologia.

Conforme o referencial filosófico ou teórico, há um método (positivista,

materialista dialético, fenomenológico) correspondente e diversas técnicas de

coleta de dados (pesquisa-participante, entrevista, questionário, etc) e de análise

dos dados (epidemiológico-estatístico, análise do discurso, etc) escolhidos

poderemos atingir resultados diferentes para uma mesma questão. Neste caso

não é uma questão de certo ou errado, mas de o quão mais próximos ou distantes

estamos do referencial filosófico/teórico (parâmetro).

Num exemplo grosseiro podemos dizer que o método equivale ao caminho

escolhido, e a técnica ao veículo selecionado para percorrê-lo. Se optarmos por ir

ao Rio de Janeiro atravessando a baía de Guanabara (caminho) é melhor que

escolhamos, no mínimo, uma canoa para termos algum sucesso.

A escolha do método deve refletir a intencionalidade do pesquisador, sua

forma particular de observar e interpretar determinado fenômeno, e isto de alguma

forma deve estar explicitado na pesquisa, para evitar a manipulação das idéias e

dos conceitos, especialmente na fase de interpretação dos resultados e

conclusão.

70

As etapas apresentadas anteriormente são constituintes do Projeto de Pesquisa, juntamente com as referências bibliográficas. O projeto entretanto

refere-se a uma pesquisa que será realizada.

Quando implementamos o projeto de pesquisa e percorremos as estapas a

seguir, passamos a ter conteúdo para elaboração do Relatório Final de Pesquisa.

O relatório de pesquisa inicia com as etapas já descritas para o projeto e

continua com os resultados da pesquisa que geralmente são apresentados

conforme as categorias ou variáveis de interesse para o alcance do objetivo do

estudo. A interpretação dos resultados encontrados é feita à luz da literatura

profissional pertinente e do referencial teórico que orienta a pesquisa.

Na fase de conclusão, o pesquisador geralmente faz uma síntese do estudo

e avalia o alcance (ou não) do objetivo proposto, ou ainda a confirmação ou

refutação da hipótese, ou se a questão norteadora foi respondida.

Nas referências bibliográficas são relacionados os artigos, teses e

dissertações utilizados para sustentação teórica da pesquisa.

Divulgação da pesquisaEm função da dinâmica que é o processo de aquisição de conhecimento, cabe

destacar aqui uma outra forma importantíssima para aquisição (e divulgação) das

informações científicas: os congressos, simpósios, conferências, semanas

científicas, jornadas, etc. Em um bom livro de didática você encontrará a diferença

entre estas modalidades de divulgação da ciência e de intercâmbio entre os

profissionais.

Definições:

Seminário: exposição verbal de um tema por um ou vários apresentadores

para os participantes que devem ter conhecimento prévio do assunto.

Simpósio: reunião de apresentações rápidas de vários estudiosos sobre

diferentes aspectos de um tema complexo.

Congresso: promovido por entidade associativa para debate de assunto de

uma ou várias áreas profissionais.

71

Mesa-Redonda: debate entre especialistas sobre tema de interesse

controverso.

Jornada: versão sintética de um congresso. Geralmente abrange uma área

geográfica.

Habitue-se a “ler” as paredes (os murais) de sua Escola, campo de estágio

ou local de trabalho, nessas paredes ou murais encontramos as divulgações sobre

os eventos. Habitue-se na sua vida acadêmica tanto a participar destes encontros

profissionais e quanto a divulgar os seus trabalhos e estudos realizados nas

disciplinas de graduação. Você adquire conhecimento e incrementa o seu

currículo.

Neste período letivo, quais congressos profissionais estão previstos. Cite

dois:

-____________________________________

-____________________________________

Em qual (is) você vai inscrever o seu estudo/pesquisa?

-____________________________________

De que forma você irá inscrevê-lo?

( ) poster ?

( ) tema livre ?

( ) comunicação coordenada ?

Vale ressaltar que na fase de divulgação da pesquisa são utilizados

recursos áudio-visuais para facilitar a exposição dos conceitos e dos achados.

Neste sentido, uma imagem vale mais que mil palavras, isto é, ao preparar o

poster, a transparência, o diapositivo (slide) não sobrecarregue o leitor com um

texto maçante. Na pesquisa além da ética, devemos observar a estética. Além das

orientações que encontramos nos livros de didática para professores de 1 º grau

sobre preparo de material pedagógico, podemos nos valer de excelentes

programas de computador ricos em imagens, tais como o Instant Artist, o

PrintShop, entre outros.

72

A redação científicaEscrever faz parte não só do estudo/pesquisa ativo e eficaz, como também do

processo de divulgação do conhecimento. O texto acadêmico deve ser objetivo e

preciso, sendo as idéias expressas de forma orgânica e coerente.

Assim como a leitura acadêmica é uma habilidade que deve ser aprendida

e treinada, a redação de um texto acadêmico merece igual tratamento.

Um excelente exercício de redação científica é o fichamento didático no

qual você exercita a sua capacidade de analisar e interpretar um texto científico.

Um estudo desta natureza constitui-se um produto científico e deve ser

apresentado para o público em simpósios e congressos e até mesmo publicado.

Junto com a resenha, o resumo proveniente de um fichamento é também uma

produção científica, devendo ser referenciado conforme norma específica da

ABNT (ver Manual de Referências Bibliográficas da USP, item 2.14 – Resenhas,

resumos)

Além do fichamento didático, útil para análise dos textos e organização dos

dados bibliográficos de uma pesquisa ou estudo, há outras modalidades de

produção de textos científicos, como por exemplo, a nota prévia, o artigo, a

dissertação e a tese.

Etapas da produção de um texto para divulgação científica de enfermagem:

Preliminar ou exploratória – consiste na busca de um tema, na seleção dos

textos bibliográficos que fundamentam o tema e a metodologia a ser utilizada e a

coleta dos dados bibliográficos de interesse.

Projetiva – consiste na criação do banco de dados com os fichamentos

didáticos e a sistematização dos mesmos. Nesta fase, desenha-se o esquema

inicial do artigo (por exemplo, título, autor, introdução [situação problema, objetivo,

referencial teórico], desenvolvimento [metodologia, resultados, discussão],

conclusão [considerações finais, avaliação do alcance do objetivo,

recomendações], referências bibliográficas, anexo).

Executiva – redação do texto científico a partir do material pesquisado e

classificado.

73

Tipos de Textos Científicos Os textos científicos são os livros, folhetos, separatas, resenhas, resumos, ,

dissertações, teses, relatórios de viagem, relatórios de estágios e visitas, relatórios

técnicos, artigos de periódicos, artigos de revisão, nota prévia e o trabalho para

um evento.

Cabe observar que a composição de um texto científico segue as técnicas

básicas de redação, mais especificamente, as técnicas de dissertação. Segundo

GRANATIC (1996) na dissertação o autor defende uma idéia. Há vários esquemas

de redação, porém em todos eles constam três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão.

Neste estudo, destacamos o artigo de periódico, o artigo de revisão, a nota

prévia e o trabalho para um evento.

Nota prévia: é uma publicação inicial que comunica a idéia da pesquisa em

andamento, geralmente um projeto ou plano de pesquisa. Consiste de um trabalho

original, curto, com os objetivos de divulgar a pesquisa e garantir os direitos

autorais de uma idéia. A nota prévia geralmente não se estende além de uma

página e tem as seguintes partes: título, autor (es), situação problema,

objetivos/questão norteadora/hipótese e metodologia (referencial teórico e técnica

de pesquisa).

Artigo de pesquisa: os periódicos científicos publicam as suas normas

editoriais que devem ser observadas por aqueles que pretendem submeter o

relatório final de sua pesquisa para a publicação. As partes integrantes de um

artigo de relatório final de pesquisa em periódico são em geral as seguintes:

a- Título: explícito, breve e conciso, correspondente à idéia central do

estudo. O subtítulo é utilizado para ampliar a definição.

b- Nome (s) do (s) autor (es)

c- Formação acadêmica, cargos ocupados e local de atividades do (s)

autor (es) indicados em nota de rodapé

d- Resumo: contendo as principais partes do texto (problema,

objetivos/hipóteses, referencial teórico, metodologia, principais

resultados e conclusão) e no máximo 300 palavras

74

e- Unitermos ou palavras-chave conforme o thesaurus/index

f- Introdução: apresenta os elementos que constituem o estudo, tais como,

as justificativas para a escolha e desenvolvimento do tema, breve

revisão da literatura sobre a mesma temática, entre outros. Informa-se

ao leitor o assunto que o estudo trata e cada argumento será explicitado

na seção de desenvolvimento que engloba a metodologia, os resultados

e a discussão destes..

g- Objetivos: informações sobre os objetivos/questões norteadoras e

limites da pesquisa

h- Referencial teórico: apresentação da (s) teoria (s) que sustenta (m) a

pesquisa desde a sua proposição até a interpretação dos resultados

i- Metodologia: descreve os materiais (questionários, equipamentos) e

métodos (procedimentos, abordagens e técnicas) utilizados para o

alcance dos objetivos do estudo, conforme o referencial teórico

proposto. A descrição detalhada permite a repetição da pesquisa por

outros estudiosos.

j- Resultados e discussão: descrevem os achados do estudo, sendo que a

discussão contempla o cotejamento destes achados com a literatura

profissional e o referencial teórico, avaliando o quanto eles se

aproximam ou distanciam das teorias propostas.

k- Conclusão: contém uma síntese da pesquisa realizada: o problema,

caminho percorrido (metodologia), os principais resultados obtidos, os

avanços e as lacunas a serem preenchidas em estudos posteriores,

além de uma consideração pessoal do estudo realizado.

l- Resumo em outro idioma (inglês, francês e/ou espanhol)

m- Descritores e/ou palavras-chave em outro idioma, conforme o

thesaurus/index

n- Anexos; quando necessário são apresentados os materiais utilizados

para a realização da pesquisa.

75

o- Referências bibliográficas: apresenta a relação, em ordem alfabética,

conforme as normas da ABNT, dos textos consultados e utilizados, ou

melhor, citados na redação do artigo.

Artigo de Revisão: trata-se de um texto elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica sobre um determinado tema ou assunto. Nele são resumidas, analisadas e interpretadas as pesquisas anteriormente publicadas, apresentando agora uma nova totalidade segundo o pesquisador. Também é conhecido o estado da arte. As três partes básicas de qualquer texto estão presentes; introdução (motivo da pesquisa, objetivo), desenvolvimento (metodologia utilizada, resultados/textos analisados, discussão) e conclusão (avaliação do estado da arte, recomendações).

Trabalhos para eventos: com a finalidade específica de divulgar a pesquisa,

o trabalho pode se apresentado na forma de tema livre ( comunicação oral mais

recursos áudio visuais, tais como, transparências, diapositivos, vídeos, etc) ou

poster. No poster a síntese da pesquisa é apresentada sobre uma folha de papel

cartão, no sentido vertical, devendo ser visualmente bonito. Ambas as

modalidades exigem que o autor faça o texto contendo a sinopse da pesquisa

(título, autores, objetivo, método, principais resultados e conclusão, além de

endereço de contato) para posterior publicação nos Anais e Programas do evento.

Em qualquer dos tipos relacionados anteriormente, cabe observar que a

redação dissertativa exige além da fundamentação lógica, perseverança e

treinamento na arte de escrever. Para facilitar a sua compreensão, apresentamos

ao final desta brochura três exercícios sobre redação dissertativa.

Durante a redação do artigo, deve-se observar momento também as

normas de citação de uma referência no corpo do texto, segundo a ABNT. Aliás,

ABNT é a sigla de:

-___________________________________________________

Mais uma vez entra em cena as nossas bibliotecárias nesta infinda tarefa

de conhecer as :

76

*normas de citação (direta ou indireta ou citação de citação) dentro do

texto

*sistemas de chamada (autor-data ou sistema alfanumérico ou sistema numérico)

*citação dos documentos dentro do texto

Recomendamos a consulta ao excelente Manual de Orientação Elaboração

do Trabalho Científico, publicado pela EE-USP (1995).

Exercício:

Está na hora de você olhar novamente para o esboço do título e objetivos que

você elaborou, revisar as suas leituras e anotações sobre o tema e construir o seu

breve texto de revisão. Mostre o panorama das pesquisas existentes, aponte para

o que é preciso ainda investigar.

Utilize agora os seus conhecimentos sobre citação e sistema de chamada,

exercite a sua redação. Dividimos o seu esquema inicial nas partes que devem

compô-lo para facilitar a sua elaboração. Mãos à obra!

Título:

Introdução

Situação-problema

Objetivo (s)

Justificativa da pesquisa

Desenvolvimento

Metodologia

Breve revisão da literatura

Principais achados

Conclusão

Referências bibliográficas

Microinformática e Pesquisa em EnfermagemA microinformática está se tornando um instrumento indispensável para o

profissional moderno. No que se refere à pesquisa em enfermagem,

relacionaremos alguns programas e suas utilizações:

77

Editor de texto: dentre estes o mais conhecido é o Word for Windows

(winword). Por meio do editor podemos digitar os textos, corrigi-los, mudar

trechos, utilizar diversos tipos de letras e imagens. Por meio do editor podemos

garanti uma apresentação de qualidade, visualmente bonita dos textos

acad6emicos e correspondências profissionais.

Banco de dados. O mais conhecido é o Access. O trabalho de fichamento

didático ou bibliográfico pode ser feito por intermédio dele. A vantagem é que

depois você pode inserir (importar) os trechos ou a referência diretamente no novo

texto.

Planilha – organiza o trabalho numérico em tabelas. O mais conhecido é o

Excell. Há também o EPI-INFO, da Organização Mundial de Saúde. Este é

gratuito, sendo muito útil para cálculos epidemiológicos.

Recursos Visuais (cartaz, folder, slide, transparência, etc): nesta área

encontramos vários programas, tais como o Publisher, Instant Artist, Print Shop,

PowerPoint, entre outros. Com estes recursos e um pouco de criatividade podem

ser criadas lindas imagens para apresentação da pesquisa.Além destes programas, podemos contar ainda com os recursos da

internet. Há vários sites/homepages de interesse para a pesquisa. Dentre eles,

destacamos o site do CNPq para pesquisadores: www.prossiga.br/conexao. Neste

site você poderá encontrar links para bibliotecas virtuais. Não deixe de utilizar a

mais específica da área da saúde www.bireme.com.br . Outros sites interessantes

são: www.nursingcenter.com, www.bibliomed.com.br, www.nursingworld.org, entre

outros.

Você a esta altura já deve ter percebido que o conhecimento de inglês e

micro-informática é fundamental e indispensável. Porém o mais importante é a

mente inquisidora, a paixão e o desejo de conhecer. Isto é que move o nosso

mundo!

Considerações finaisContinuamos montando e desenvolvendo juntas (o) esta brochura. Nosso texto é,

com certeza e propositadamente, incompleto e por isso contamos com a sua ajuda

78

para melhorá-lo e ampliá-lo. Escreva nele, cole coisas, desenhe, faça de conta

que ele é seu diário ou agenda. Acrescente informações, aponte e corrija os erros.

Isto não é apenas uma apostila; é um bate papo por escrito que deve

sempre ser acompanhado do bate-papo ao vivo e a cores nas aulas e nas

orientações. Profissionalmente, esperamos que os conhecimentos sobre

metodologia da pesquisa propiciem a você a utilização dos relatos de pesquisa no

cotidiano da prática clínica da sua formação em enfermagem e na futura carreira.

Pensou que tinha acabado não. Agora produza o seu artigo de pesquisa ou

de revisão para um periódico e para você inscrever em congressos e encontros

científicos e o envie para publicação nos periódicos de enfermagem. Sucesso!!!

BibliografiaAYAN, J – Aha! 10 maneiras de libertar seu espírito criativo e encontrar grandes

idéias. São Paulo, Negócio Editora, 1998.

GRANATIC, B – Técnicas Básicas de Redação. 4ª ed, SP, Ed. Scipione, 1996.

MARQUES, M. do C. D. de A. ; OLIVEIRA, A . M. de Manual de Orientação.

Referências Bibliográficas. São Paulo. Serviço de Biblioteca e

Documentação da EE-USP, 1991.

MATOS, H.C.J. Aprenda a estudar. Orientações metodológicas para o estudo.

5a. ed. Petrópolis. Vozes, 1994

OLIVEIRA, A M. de (org) Manual de Orientação. Elaboração do trabalho técnico-

Científico. SP. Serviço de Biblioteca e Documentação da EE-USP, 1991.

SECAF, V. Artigo científico: do desafio à conquista. SP. Reis Editorial, 2000.

79

ROTEIRO DE VISITA TÉCNICA À BIBLIOTECA SETORIAL DE ENFERMAGEMObjetivo: Identificar os recursos materiais e humanos para realização de pesquisa

bibliográfica.

Tema da Pesquisa: ______________________________* Fontes impressas **índices( ) International Nursing Index (INI)( ) Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature( ) ______________________________________________________________***Unitermos/Key-words referentes ao tema: ____________________________** sumários( ) Sumário de Periódicos de Enfermagem (USP)( ) ___________________________________________________ **Tesauro de Enfermagem: _________________________________***Unitermos referentes ao tema: _____________________________*Bases de Dados:__________________________________________________*Periódicos nacionais de enfermagem (indexados)( ) Revista Latino-americana de Enfermagem (ISSN _________)( ) Revista Enfermagem UERJ (ISSN_____________)( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)**Artigo referente ao tema (segundo ABNT):

*Periódicos estrangeiros de enfermagem(indexados)( ) American Journal of Nursing( ) Nursing Research ( ) Nursing Diagnosis( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)( )____________________________________ (ISSN _________)**Artigo referente ao tema (segundo ABNT):

* Dissertação referente ao tema(segundo ABNT)

*Tese de doutorado referente ao tema (segundo ABNT)

*Tese de livre-docência referente ao tema (segundo ABNT)

*Tese de titular referente ao tema (segundo ABNT)

*Serviços oferecidos

80

FICHAMENTO DIDÁTICO (exemplo)

I – Localização1- Fonte: CRUZ, I.C.F. da; LIMA, R. de Detecção dos fatores de risco para a hipertensão arterial na equipe de enfermagem. R. Enferm UERJ, v. 6, n. 1, p. 223-232, junho, 1998.Resumo informativo* situação-problema: desconhecimento dos fatores de risco CV na equipe* objetivo (s): identificar os sujeitos em risco, visando a prevenção* metodologia: quantitativa, questionário auto-aplicado * principais resultados: grupo majoritariamente feminino, de etnia negra, com 01 ou mais fatores de risco presentes* conclusão: a presença dos fatores de risco compromete a saúde ocupacional e aponta para a necessidade do estabelecimento de programas de saúde na instituição2- Encontrado da biblioteca: Enfermagem UERJ, UFRJII – Palavras-Chave1- Hipertensão arterial; 2- Prevenção e controle; 3- Fatores de riscoIII- Enfoque principal ( ) descrição (descreve e classifica o fenômeno) ( X) exploração (investiga as dimensões do fenômeno)( ) explicação (o porquê dos fenômenos naturais específicos)( ) previsão e controle IV- Linguagem do artigo1- Objetividade: O texto relata as etapas da pesquisa realizada junto

à equipe de enfermagem no que se refere ao tabagismo, sedentarismo, etc, para a HAE

2- Correção: O texto apresenta conceitos sobre prevenção dos fatores de risco e os evidencia no grupo estudado.

3- Clareza: Linguagem fluente, de fácil compreensão.V- Referências bibliográficas1- Extensão: Um número significativo de referências sobre o tema

obtido em periódicos científicos de enfermagem.2- Atualidade: Referências primárias, de publicação recente,

indicando o aproveitamento dos novos conhecimentos sobre o tema

3- Pertinência: Relacionadas não só ao tema principal, mas também aos dados evidenciados pelo processo de pesquisa

VI – Comentário1- Apoio à prática: O texto aponta para os problemas de saúde

relacionados a um determinado grupo profissional2- Apoio ao ensino: Útil aos estudos de saúde ocupacional e saúde do adulto.

81

Exercício 1

TEMA: O diagnóstico de enfermagem representa o fenômeno apresentado pelo cliente que está

no âmbito da atuação autônoma da (o) enfermeira (o).

Por quê (argumentos)?1. O diagnóstico de enfermagem refere-se à reação do cliente a uma doença ou processo vital,

2. O diagnóstico de enfermagem é feito a partir de um julgamento clínico para o qual a enfermeira

sistematizadamente coletou dados com o cliente sobre seu estado de saúde.

3. O diagnóstico de enfermagem exige uma terapêutica de enfermagem (prescrição) para

solucioná-lo, minimizá-lo ou promovê-lo (diagnóstico de bem-estar).

TÍTULO:__________________________________________

Introdução (tema + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3)

Desenvolvimento do argumento 1:

Desenvolvimento do argumento 2

Desenvolvimento do argumento 3

Conclusão (reafirmação do tema + observação final)

82

Exercício 2

TEMA: O diagnóstico de enfermagem embora represente o fenômeno apresentado pelo cliente

que está no âmbito da atuação autônoma da (o) enfermeira (o) não faz parte do cotidiano desta

profissional.

Por quê (causa)?1. O sistema de saúde brasileiro está estruturado no modelo taylorista ou gerencial.

O que acontece em razão disto (conseqüência)?1. O enfermeiro realiza atividades gerenciais, que não exigem nem o contato nem o cuidado direto

do cliente).

TÍTULO:__________________________________________

Introdução (apresentação do tema com ligeira ampliação)

Desenvolvimento da causa ( com explicações adicionais):

Desenvolvimento da consequência (com explicações adicionais):

Conclusão (reafirmação do tema + observação final)

83

Exercício 3

TEMA: O diagnóstico de enfermagem embora represente o fenômeno apresentado pelo cliente

que está no âmbito da atuação autônoma da (o) enfermeira (o) ainda não faz parte do cotidiano

desta profissional.

TÍTULO:__________________________________________

Introdução (perplexidade diante da situação)

Desenvolvimento das constatações(fatos de conhecimento público, como

pesquisas publicadas):

Desenvolvimento dos comentários críticos sobre os fatos, idéias ou circunstâncias:

Conclusão (observação crítica seguida de uma expectativa)

84

APÊNDICE IIUniversidade Federal FluminenseEscola de EnfermagemDepartamento de Enfermagem Médico-CirúrgicaCurso de Especialização Enfermagem em Métodos Dialiticos/Cuidados Intensivos/Home CareProf. Dra. Isabel Cruz Proposta para Monografia Final (1)

1. A Especialização tem por finalidade o treinamento das habilidades de pesquisa,

visando sua incorporação à prática profissional . A carga horária deste módulo

é de 45 horas, mais 03 de orientação, A atividade principal: será uma Revisão da Literatura, com o fim de provocar a reflexão sobre a prática.

Uma característica marcante da contemporaneidade é a necessidade de

atualização constante. Neste sentido, a Especialização é apenas uma breve etapa

na vida profissional. Atualmente, os cursos de pós-graduação se impõem pela

necessidade de aprofundamento dos conteúdos e ampliação dos horizontes.

Assim, neste período letivo, a monografia visa preparar o enfermeiro para o

processo seletivo dos cursos de pós-graduação. Foi escolhido como roteiro o

edital da Escola de Enfermagem Anna Néry - UFRJ para orientar a confecção de

um possível plano de dissertação.

3. A avaliação será feita mediante a apresentação do trabalho escrito sobre a

revisão da literatura.

4. Descrição da atividade

Revisão da literatura cujo tema é

O ESTADO DA ARTE SOBRE (***XXXXXXXX***): IMPLICAÇÕES PARA A

PRÁTICA PROFISSIONAL

O objetivo é desenvolver a habilidade de pesquisa bibliográfica e avaliação

temas de interesse para o exercício profissional, mediante a produção de um

estudo científico, visando a sua posterior apresentação em eventos científicos e

nos processos de seleção para mestrado. O trabalho pode ser individual ou em

dupla.

85

5. Planejamento da atividade

Caberá aos profissionais o planejamento da pesquisa, devendo observar o

prazo final para a entrega do trabalho, a ser estabelecido.

Quanto aos temas da pesquisa sobre a Revisão da Literatura, visando a

planificação de uma pesquisa, eles estão relacionados em anexo para a escolha,

A Revisão da Literatura deverá ter obrigatoriamente referências atualizadas

de enfermagem (máximo 05 anos, apenas os artigos), com 05 artigos nacionais de

periódicos indexados, isto, é científicos (estão fora, por exemplo, a revista

Enfoque, o JBE, entre outros), 02 estrangeiros (inglês e/ou espanhol), 02

dissertações de mestrado de e 01 tese de doutorado (as teses e dissertações

podem ter mais de 05 anos).

O trabalho deverá ser digitado em word 6.0 for windows e entregue tanto

impresso quanto em disquete (3,5”). A digitação do trabalho deve seguir o modelo

em anexo, observando o espaço 1,5; letra arial 12, parágrafo justificado para a

apresentação do texto, não devendo exceder 10 páginas incluindo as referências

bibliográficas. A sugestão quanto ao formato de apresentação final do trabalho

está em anexo

6. Orientação: As 45 horas estão dedicadas à pesquisa bibliográfica, leitura dos

textos e organização do trabalho escrito. As orientações devem ser agendadas..

7. Avaliação: O trabalho será avaliado pelos seguintes critérios

I- Apresentação geral (cumprimento do roteiro, coordenação das idéias, conteúdo,

correção das citações, ortografia e sintaxe)---------------- (6 pontos)

II- Referências bibliográficas selecionadas

a atualização das referências--------------------(1 ponto)

b. pertinência com o tema--------------------------(2 pontos)

III- Referências bibliográficas

a . cumprimento das normas da ABNT---------(1 ponto)

86

O ESTADO DA ARTE SOBRE (*** XXXXXX ***): IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA

PROFISSIONAL

Luiza Maim2

Resumo:. (problema) (objetivo) (material e método) (principais resultados). (conclusão

IntroduçãoApresentação do tema escolhido (diagnóstico e sua definição) e a

justificativa da escolha (desconhecimento sobre a literatura profissional referente ao diagnóstico).

O objetivo da revisão bibliográfica (Identificar a produção científica no período, analisando sua aplicabilidade à prática)Desenvolvimento:

Metodologia (pesquisa bibliográfica computadorizada e/ou manual, no período de X a Y, utilizando as palavras-chave/key-words (ZZZ.), nas seguintes base de dados (XXX). Dos YYY textos identificados, foram selecionados X para análise devido às implicações para a prática.

Pesquisas relacionadas ao temaPesquisas relacionadas ao tratamento proposto para o tema Aspectos relacionados ao tema que precisam ser pesquisados

Considerações Finais:Síntese dos estudos sobre o tema Relação dos textos/ tema analisado com a linha de pesquisa (Enfermagem e Sociedade ou O Saber da Enfermagem e suas Dimensões

Teóricas e Práticas ou A Enfermagem e a Saúde dos Grupos Humanos ou História da Enfermagem ou Saúde da Mulher ou Estudos Comparados Latino-Americanos - ver ementa das linhas de pesquisa no edital da Escola de Enfermagem Anna Néry)

Perspectivas de pesquisas futuras relacionadas ao tema Referências Bibliográficas:

Consulte a bibliotecária da sua Escola quanto às normas de referência

bibliográficas e quanto à pesquisa bibliográfica propriamente dita. Sugiro o Manual

de Referências Bibliográficas, publicado pela Escola de Enfermagem da USP

2 Aluna do curso de Especialização em Enfermagem em *** da Universidade Federal Fluminense.

87

SUB-TEMA

Nutrição alterada: ingestão menor do que as necessidades corporaisPotencial para infecçãoHipotermiaHipertermiaTermorregulação ineficazPerfusão tissular alteradaExcesso do volume de líquidosDéficit do volume de líquidosDébito cardíaco diminuídoTroca de gases prejudicadaEliminação traqueobrônquica ineficazPadrão respiratório ineficazPotencial para injúriaPotencial para sufocaçãoPotencial para traumaPotencial para aspiraçãoPotencial para síndrome do desusoIntegridade tissular prejudicadaMucosa oral alteradaIntegridade da pele prejudicadaPotencial para integridade da pele prejudicadaAngústia espiritualConflito de decisãoDistúrbio da imagem corporalDistúrbio da auto-estimaBaixa auto-estima: crônicaBaixa auto-estima: situacionalDesesperançaDéficit de conhecimentoDorDor crônicaAnsiedadeMedo

88

Universidade Federal FluminenseEscola de EnfermagemDepartamento de Enfermagem Médico-CirúrgicaCurso de Especialização Enfermagem em Métodos Dialiticos/Cuidados Intensivos/HOME CAREProf. Dra. Isabel Cruz Proposta para Monografia Final (2)

2. A Especialização tem por finalidade o treinamento das habilidades de pesquisa,

visando sua incorporação à prática profissional . A carga horária deste módulo

é de 45 horas, mais 03 de orientação, A atividade principal: será uma Revisão da Literatura, com o fim de provocar a reflexão sobre a prática.

Uma característica marcante da contemporaneidade é a necessidade de

atualização constante. Neste sentido, a Especialização é apenas uma breve etapa

na vida profissional. Atualmente, os cursos de pós-graduação se impõem pela

necessidade de aprofundamento dos conteúdos e ampliação dos horizontes.

Assim, neste período letivo, a monografia visa preparar o enfermeiro para o

processo seletivo dos cursos de pós-graduação. Foi escolhido como roteiro o

edital da Escola de Enfermagem Anna Néry - UFRJ para orientar a confecção de

um possível plano de dissertação.

3. A avaliação será feita mediante a apresentação do trabalho escrito sobre a

revisão da literatura.

4. Descrição da atividade

Revisão da literatura cujo tema é

INOVAÇÕES DA TÉCNICA (*XXXX**): IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DO

ENFERMEIRO

O objetivo é desenvolver a habilidade de pesquisa bibliográfica e avaliação

temas de interesse para o exercício profissional, mediante a produção de um

estudo científico, visando a sua posterior apresentação em eventos científicos e

nos processos de seleção para mestrado. O trabalho pode ser individual ou em

dupla.

5. Planejamento da atividade

Caberá aos profissionais o planejamento da pesquisa, devendo observar o

prazo final para a entrega do trabalho, a ser estabelecido.

89

Quanto aos temas da pesquisa sobre a Revisão da Literatura, visando a

planificação de uma pesquisa, eles estão relacionados em anexo para a escolha,

A Revisão da Literatura deverá ter obrigatoriamente referências atualizadas

de enfermagem (máximo 05 anos, apenas os artigos), com 05 artigos nacionais de

periódicos indexados, isto, é científicos (estão fora, por exemplo, a revista

Enfoque, o JBE, entre outros), 02 estrangeiros (inglês e/ou espanhol), 02

dissertações de mestrado de e 01 tese de doutorado (as teses e dissertações

podem ter mais de 05 anos).

O trabalho deverá ser digitado em word 6.0 for windows e entregue tanto

impresso quanto em disquete (3,5”). A digitação do trabalho deve seguir o modelo

em anexo, observando o espaço 1,5; letra arial 12, parágrafo justificado para a

apresentação do texto, não devendo exceder 10 páginas incluindo as referências

bibliográficas. A sugestão quanto ao formato de apresentação final do trabalho

está em anexo

6. Orientação: As 45 horas estão dedicadas à pesquisa bibliográfica, leitura dos

textos e organização do trabalho escrito. As orientações devem ser agendadas.

7. Avaliação: O trabalho será avaliado pelos seguintes critérios

III- Apresentação geral (cumprimento do roteiro, coordenação das idéias,

conteúdo, correção das citações, ortografia e sintaxe)---------------- (6 pontos)

IV- Referências bibliográficas selecionadas

a atualização das referências--------------------(1 ponto)

c. pertinência com o tema--------------------------(2 pontos)

IV- Referências bibliográficas

a . cumprimento das normas da ABNT---------(1 ponto)

90

INOVAÇÕES DA TÉCNICA (*XXXX**): IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DO

ENFERMEIRO

Luiza Maim3

Resumo: (problema) (objetivo) (material e método) (principais resultados). (conclusão).

IntroduçãoSituação problema O descompasso entre as inovações da ciência

e a atualização dos profissionais.Apresentação da técnica escolhida como tema e a justificativa da escolha.O objetivo da pesquisa: identificar as inovações propostas para

procedimentos usuais, analisando as suas implicações práticas quanto à educação continuada, relação cursto/benefício.Desenvolvimento:

Material e método (pesquisa bibliográfica computadorizada e/ou manual, no período de X a Y, utilizando as palavras-chave/key-words (ZZZ.), nas seguintes base de dados (XXX). Dos YYY textos identificados, foram selecionados X para análise devido às implicações para a prática.

Pesquisas relacionadas a técnica***Preparo do cliente: vantagens e riscosPreparo do ambienteMaterial: relação custo/benefícioPrecauções universais relacionadas à técnica (biossegurança)

Técnica de Enfermagem ***: etapas da(s) técnica(s) de enfermagem Considerações Finais:

Síntese dos estudos sobre a técnicaAspectos relacionados a técnica que precisam ser pesquisadosPerspectivas de pesquisas futuras relacionadas a técnica

Referências Bibliográficas:

Consulte a bibliotecária da sua Escola quanto às normas de referência

bibliográficas e quanto à pesquisa bibliográfica propriamente dita.

Sugiro o Manual de Referências Bibliográficas e o Manual de Elaboração do

Trabalho Científico, ambos publicados pela Escola de Enfermagem da USP

TEMAS

3 Aluna do curso de Especialização em Enfermagem em *** da Universidade Federal Fluminense.

91

TÉCNICA DE ENFERMAGEM

1. administração de medicamentos: parenteral EV2. administração de nutrição parenteral total.3. aspiração de vias aéreas superiores 4. cuidados com o estoma5. massagem simples.6. monitorização neurológica.7. Ressuscitação cardiopulmonar8. Oximetria de pulso9. Cuidado com o dreno de tórax10. Fisioterapia respiratória: percussão/vibração11. Técnicas de Transferência12. Alimentação Enteral 13. Inserindo uma Sonda Nasogástrica 14. Administrando uma Transfusão de Sangue15. Cateterismo vesical16. apoio à interrupção do tabagismo17. apoio à família.18. apoio à redução de peso.19. apoio ao processo de luto.20. arteterapia.21. gerenciamento da dor.22. gerenciamento da quimioterapia.23. gerenciamento da radioterapia.24. gerenciamento do ambiente: conforto.25. intervenção em crise26. musicoterapia.27. prevenção do suicídio.

92

CRONOGRAMA DAS ETAPAS DA MONOGRAFIA

MÉTODOS DIALÍTICOS/HOME CARE/CUIDADOS INTENSIVOS

Os trabalhos deverão ser entregues à Coordenação do Curso

Abril Até 28 de abril (sexta-feira) – Nota Prévia

Junho Até 9 de junho (sexta-feira) – Fichamento Didático (dos 5 artigos selecionados)

Julho Até 7 de julho ( sexta-feira) – Artigo de Periódico (monografia)

Cabe observar que os trabalhos devem ser entregues impressos e em

disquete para que possamos posteriormente organizar a publicação

Cadernos de Especialistas em Cuidados Intensivos, Métodos Dialíticos e HOME CARE dos quais os alunos serão co-autores.

APÊNDICE III

93

ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSOESPECIALIZAÇÃO

Aluna (o)(s):________________________________________________________________

01. TÍTULO (0,6)a) De acordo com o protocolo da pesquisa? SIM ( ) NÃO ( )b) Autores identificados? SIM ( ) NÃO ( )c) Notas de rodapé descrevendo origem do trabalho e dos autores? SIM ( ) NÃO ( )

02. INTRODUÇÃO (1,0)a) Apresenta seqüência lógica? SIM ( ) NÃO ( )b) Descreve o tema e o objetivo da pesquisa? SIM ( ) NÃO ( )c) Apresenta justificativa? SIM ( ) NÃO ( )

03. MATERIAL E MÉTODO (1,0)a) Explicita a utilização do referencial teórico/metodológico? SIM ( ) NÃO ( )b) Descreve a metodologia utilizada com clareza? SIM ( ) NÃO ( )

04. REVISÃO DA LITERATURA / ESTADO DA ARTE (2,4)a) Corresponde ao tema proposto? SIM ( ) Não ( )b) Profundidade, correção das citações e pertinência? SIM ( ) NÃO ( ) c) As discussões correspondem aos objetivos propostos? SIM ( ) NÃO ( )

05. CONCLUSÕES (2,4)a) Coerentes com o desenvolvimento e achados do trabalho? SIM ( ) NÃO ( ) b) Contribui para o conhecimento e/ou prática na área abordada? SIM ( ) NÃO ( )

06. RESUMO (0,6)a) Contempla as etapas do trabalho: introdução, objetivos, método, discussão, e conclusões? SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE ( )

07. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1,0)a) Pertinência? SIM ( ) NÃO ( )b) Atualizadas? SIM ( ) NÃO ( )c) De acordo com a ABNT? SIM ( ) NÃO ( )

08. APRESENTAÇÃO GERAL (1,0)a) O texto necessita de revisão da língua portuguesa? SIM ( ) NÃO ( )b) No formato de artigo de periódico científico? SIM ( ) NÃO ( )

09. Comentários que julgar pertinentes:

Nota do trabalho:________________

Examinador:_________________________________________ Data: __________

94