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Janeiro de 2014 - ISSN 2175-2680 BALANÇO DO XI CONCONDSEF CONCONDSEF Um congresso polêmico, mas positivo O XI Congresso da Condsef aconteceu num mo- mento importante da vida dos servidores e da popu- lação brasileira, após a maré das manifestações de junho, onde milhões de pessoas foram às ruas, exigir uma nova postura da política brasileira. As manifesta- ções acabaram sendo manipuladas pela mídia. Tive- ram cobertura, enquanto serviram a ela, mas, depois, foram distorcidas. Não importa. O que não podemos negar é que atualizaram a pauta da grande maré de pessoas, que foram às ruas por uma nova postura, uma nova onda, que nos traz uma pauta inadiável. Este resultado das ruas foi importante porque permi- tiu que, em vários estados, as tarifas públicas tives- sem diminuição e os transportes coletivos sofressem mudanças. Certamente, essas pessoas que foram às ruas não desapareceram e estão vivas no cenário. Ce- nário este que virá à tona, caso as exigências do povo não sejam atendidas. Entre estas exigências e reivindicações, a implanta- ção de uma assembléia constituinte soberana e exclu- siva, a qual a presidente Dilma chegou a mencionar e propor, mas, depois, por pressão do PMDB, acabou recuando, é um dos itens inadiáveis dessa pauta e bandeira levantada pela CUT, que já assumiu sua po- sição, neste debate travado dentro do XI Concondsef. O Congresso da Condsef é um espaço sindical, onde deve prevalecer a democracia. Todas as idéias devem ser expostas sem serem intimidadas por qual- quer razão, o que quase aconteceu, quando fomos vaiados ao falar da ação penal 470. No nosso ponto de vista, as pessoas foram condenadas sem prova, com base na teoria do domínio do fato. Ainda bem que o Congresso da Condsef é composto por delega- dos e delegadas com ampla maturidade, porque nós conquistamos o direito à sindicalização em 1988 e, de lá pra cá, nós organizamos nossos sindicatos e nós fazemos assembléias nas bases e seminários. Isso permite uma maturidade, se é que eu posso dizer as- sim, dos delegados e delegadas da Condsef. O Sindsep-AM defendeu a anulação da ação penal 470 que, a princípio, foi vaiada, no começo, mas, de- pois, as pessoas gritavam: democracia! Ou seja, esses pensamentos sectários, de que as pessoas não po- dem desenvolver determinadas idéias, senão topam com uma “tropa de choque” dentro do congresso - o que representou o PSTU e o PSOL, a tropa de choque em defesa do Joaquim Barbosa - no final do congres- so, as pessoas já estavam entendendo que aquele es- paço tem que ser reconhecido e reafirmado sempre como um espaço de luta, sobretudo, pela democra- cia! Democracia que fez com que o Lula e a Dilma fossem presidentes. Por essa democracia, nós temos que zelar sempre. No aspecto mais eminentemente político, este foi um congresso onde nós pudemos recapitular as nos- sas lutas, e pôr as pautas em movimento: a luta dos servidores por uma data-base, pela antecipação da tabela de 2015 para 2014, e todas as tabelas de reivin- dicações, reivindicações de concurso público, melho- rias no serviço público, verbas públicas para o servi- ço público e a questão das mesas de negociação. Os companheiros do PSOL e do PSTU foram contrários às mesas de negociação que apresentamos, dizendo: não podemos ter mesas de negociação trienal. Mas, e se o governo der 40% para os servidores em três anos, nós vamos recusar? Esta é uma posição partidarizada, porque a posição sindical, dentro de um congresso, é defender salário. A categoria se filia num sindicato porque ela quer mu- dança de vida, melhoria na qualidade de vida, na qua- lidade de emprego, na sua dieta alimentar, ela quer tudo isso, e sabe que, associadamente ao sindicato, ela pode batalhar por isso. Então, este é um aspec- to positivo do congresso da Condsef, garantir que a Condsef irá participar das mesas, mas de mesas com começo, meio e fim, não mesas de negociação ad eter- num. A partir daí, positivamente, o XI Concondsef apon- tou o direcionamento para o lançamento da Cam- panha Salarial, nos estados. Essa campanha salarial precisa acontecer nos estados, até para politizar o debate no nível do parlamento e das organizações. Não lançamos nossa campanha, no Amazonas, no dia 22 de janeiro, mas lançaremos no dia 17 fevereiro, na Assembléia Legislativa do Estado (ALE). Também faremos um debate na Câmara Municipal de Manaus (CMM), sobre a pauta dos servidores, na Campanha Salarial 2014. Ou seja, nós temos aí uma Copa do Mundo que é uma das Copas mais caras da história, tirando dinheiro do serviço público. Este dinheiro de- veria estar sendo tirado da iniciativa privada. Já que a FIFA é uma empresa privada e visa o lucro, então, nada mais justo que o dinheiro investido na copa, viesse do capital privado. Não veio, tem dinheiro pú- blico sendo investido nas grandes obras da copa do mundo. Então, nós queremos fazer este debate sim, dos gastos que foram retirados do setor público. E a Campanha Salarial, que nós vamos lançar co- locando nosso eixo principal - paridade ativo/apo- sentado e incorporação de todas as gratificações pro- dutivistas no salário – trará à tona o debate sobre a participação dos servidores no orçamento público, a garantia da democracia social, a isonomia salarial entre os poderes e o desemprego. Estes fatores são fundamentais para caminharmos junto à categoria, em direção a uma grande greve do serviço público federal. Nós temos sim que organizar uma greve na base da Condsef e na base dos sindicatos gerais, para podermos colocar nossas reivindicações na ordem do dia. Este é o balanço do XI Concondsef que nós apre- sentamos para as bases: um congresso polêmico, mas positivo, até porque conseguimos colocar qua- tro pessoas do Amazonas, na direção da Condsef: o companheiro Jorge Lobato, como suplente, no depar- tamento de C&T, o companheiro Armando Milon, no Departamento Nacional dos Trabalhadores do Meio Ambiente (Dentma), o companheiro João Leite, no Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dinfra) e, na Nacional da Condsef, o companheiro Menandro Abreu Sodré, secretário geral do Sindsep-AM. Avante companheiros !

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Boletim mensal do SINDSEP-AM

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Page 1: Sindsepam informativo jan2014 web

Janeiro de 2014 - ISSN 2175-2680

BALANÇO DO XI CONCONDSEF CONCONDSEF

Um congresso polêmico, mas positivoO XI Congresso da Condsef aconteceu num mo-

mento importante da vida dos servidores e da popu-lação brasileira, após a maré das manifestações de junho, onde milhões de pessoas foram às ruas, exigir uma nova postura da política brasileira. As manifesta-ções acabaram sendo manipuladas pela mídia. Tive-ram cobertura, enquanto serviram a ela, mas, depois, foram distorcidas. Não importa. O que não podemos negar é que atualizaram a pauta da grande maré de pessoas, que foram às ruas por uma nova postura, uma nova onda, que nos traz uma pauta inadiável. Este resultado das ruas foi importante porque permi-tiu que, em vários estados, as tarifas públicas tives-sem diminuição e os transportes coletivos sofressem mudanças. Certamente, essas pessoas que foram às ruas não desapareceram e estão vivas no cenário. Ce-nário este que virá à tona, caso as exigências do povo não sejam atendidas.

Entre estas exigências e reivindicações, a implanta-ção de uma assembléia constituinte soberana e exclu-siva, a qual a presidente Dilma chegou a mencionar e propor, mas, depois, por pressão do PMDB, acabou recuando, é um dos itens inadiáveis dessa pauta e bandeira levantada pela CUT, que já assumiu sua po-sição, neste debate travado dentro do XI Concondsef.

O Congresso da Condsef é um espaço sindical, onde deve prevalecer a democracia. Todas as idéias devem ser expostas sem serem intimidadas por qual-quer razão, o que quase aconteceu, quando fomos vaiados ao falar da ação penal 470. No nosso ponto de vista, as pessoas foram condenadas sem prova, com base na teoria do domínio do fato. Ainda bem que o Congresso da Condsef é composto por delega-dos e delegadas com ampla maturidade, porque nós conquistamos o direito à sindicalização em 1988 e, de lá pra cá, nós organizamos nossos sindicatos e nós fazemos assembléias nas bases e seminários. Isso permite uma maturidade, se é que eu posso dizer as-sim, dos delegados e delegadas da Condsef.

O Sindsep-AM defendeu a anulação da ação penal 470 que, a princípio, foi vaiada, no começo, mas, de-

pois, as pessoas gritavam: democracia! Ou seja, esses pensamentos sectários, de que as pessoas não po-dem desenvolver determinadas idéias, senão topam com uma “tropa de choque” dentro do congresso - o que representou o PSTU e o PSOL, a tropa de choque em defesa do Joaquim Barbosa - no final do congres-so, as pessoas já estavam entendendo que aquele es-paço tem que ser reconhecido e reafirmado sempre como um espaço de luta, sobretudo, pela democra-cia! Democracia que fez com que o Lula e a Dilma fossem presidentes. Por essa democracia, nós temos que zelar sempre.

No aspecto mais eminentemente político, este foi um congresso onde nós pudemos recapitular as nos-sas lutas, e pôr as pautas em movimento: a luta dos servidores por uma data-base, pela antecipação da tabela de 2015 para 2014, e todas as tabelas de reivin-dicações, reivindicações de concurso público, melho-rias no serviço público, verbas públicas para o servi-ço público e a questão das mesas de negociação. Os companheiros do PSOL e do PSTU foram contrários às mesas de negociação que apresentamos, dizendo: não podemos ter mesas de negociação trienal. Mas, e se o governo der 40% para os servidores em três anos, nós vamos recusar?

Esta é uma posição partidarizada, porque a posição sindical, dentro de um congresso, é defender salário. A categoria se filia num sindicato porque ela quer mu-dança de vida, melhoria na qualidade de vida, na qua-lidade de emprego, na sua dieta alimentar, ela quer tudo isso, e sabe que, associadamente ao sindicato, ela pode batalhar por isso. Então, este é um aspec-to positivo do congresso da Condsef, garantir que a Condsef irá participar das mesas, mas de mesas com começo, meio e fim, não mesas de negociação ad eter-num.

A partir daí, positivamente, o XI Concondsef apon-tou o direcionamento para o lançamento da Cam-panha Salarial, nos estados. Essa campanha salarial precisa acontecer nos estados, até para politizar o debate no nível do parlamento e das organizações.

Não lançamos nossa campanha, no Amazonas, no dia 22 de janeiro, mas lançaremos no dia 17 fevereiro, na Assembléia Legislativa do Estado (ALE). Também faremos um debate na Câmara Municipal de Manaus (CMM), sobre a pauta dos servidores, na Campanha Salarial 2014. Ou seja, nós temos aí uma Copa do Mundo que é uma das Copas mais caras da história, tirando dinheiro do serviço público. Este dinheiro de-veria estar sendo tirado da iniciativa privada. Já que a FIFA é uma empresa privada e visa o lucro, então, nada mais justo que o dinheiro investido na copa, viesse do capital privado. Não veio, tem dinheiro pú-blico sendo investido nas grandes obras da copa do mundo. Então, nós queremos fazer este debate sim, dos gastos que foram retirados do setor público.

E a Campanha Salarial, que nós vamos lançar co-locando nosso eixo principal - paridade ativo/apo-sentado e incorporação de todas as gratificações pro-dutivistas no salário – trará à tona o debate sobre a participação dos servidores no orçamento público, a garantia da democracia social, a isonomia salarial entre os poderes e o desemprego. Estes fatores são fundamentais para caminharmos junto à categoria, em direção a uma grande greve do serviço público federal. Nós temos sim que organizar uma greve na base da Condsef e na base dos sindicatos gerais, para podermos colocar nossas reivindicações na ordem do dia.

Este é o balanço do XI Concondsef que nós apre-sentamos para as bases: um congresso polêmico, mas positivo, até porque conseguimos colocar qua-tro pessoas do Amazonas, na direção da Condsef: o companheiro Jorge Lobato, como suplente, no depar-tamento de C&T, o companheiro Armando Milon, no Departamento Nacional dos Trabalhadores do Meio Ambiente (Dentma), o companheiro João Leite, no Departamento Nacional de Infra-Estrutura (Dinfra) e, na Nacional da Condsef, o companheiro Menandro Abreu Sodré, secretário geral do Sindsep-AM. Avante companheiros !

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PLANO DE LUTAS

2300. Este é o número de trabalha-dores no serviço público federal que se reuniu, no XI Concondsef, em Beberi-be-CE, no final de 2013, a fim de pensar estratégias junto ao governo federal, para garantir os direitos dos trabalha-dores frente a uma conjuntura interna-cional que aponta para o crescimento do poder financeiro global e o aumento da crise em largo espectro: social, eco-nômico e ambiental.

Entre as ameaças e oportunidades, avaliadas, no congresso, pelo Dieese e pela Auditoria Cidadã, a conclusão de que urge uma maior participação dos trabalhadores no planejamento do or-

çamento público como condição sine qua non para o controle social e a rever-são de ameaças aos direitos trabalhis-tas, foi o ponto de partida para pensar estratégias para o ano de 2014.

A campanha salarial foi definida pelo Sindsep-AM, em eixo unitário alinha-do com a Condsef, a CUT e o Fórum dos Servidores Públicos Federais, dan-do ênfase à luta pela antecipação, para 2014, da parcela de reajuste prevista para janeiro de 2015. Dentre os temas levantados no Congresso, a incorpora-ção das gratificações, a isonomia entre as tabelas salariais, e os anistiados, ga-nharam destaque.

ESTRATÉGIAS PARA 2014, O ANO DE ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

>> Incorporação integral (100%) de to-das as Gratificações de Desempenho ao Vencimento Básico (inclusive para os atuais aposentados e pensionis-tas)

>> Isonomia das carreiras com extensão da tabela salarial da Lei n°12.277/10!

>> Antecipação da parcela do reajuste salarial de 2015 para março de 2014!

>> Paridade ativo-aposentado-pensionis-ta, com a revogação das reformas da previdência de FHC e Lula. Imediata isenção da contribuição previdenciá-ria dos aposentados e pensionistas e fim do Funpesp!

>> Retorno ao trabalho de todos os de-mitidos do Collor e dos PDVistas do FHC. Garantia de todos os direitos dos que já retornaram (Regime Jurídi-co, remuneração, contagem do tem-po que ficou afastado para todos os fins)!

>> Assistência à saúde do servidor: re-cuperação dos plano de autogestão! Exames médicos periódicos!

>> Isonomia dos benefícios e das vanta-gens com os demais poderes!

>> Regulamentação da Convenção 151 da OIT, com definição de data-base para 1° de maio e preservação do direito de greve, com revogação do Decreto 7.777/12!

Para os servidores, a opção do governo é re-abrir as negociações, ou poderá ser organizado um movimento de paralisação e greve geral de todo o funcionalismo público, em 2014.

CALENDÁRIO

22 de janeiro Lançamento da Campanha Salarial 2014 nos estados;

5 de fevereiro Marcha em Brasília para Lançamento da Campanha Nacional;

6 de fevereiro Seminário da Auditoria Cidadã da Dívida;

7 de fevereiro Reunião Ampliada do Fórum para discutir as lutas de março.

17 de fevereiro Lançamento da Campanha Salarial pelo Sindsep-AM, na Assembléia Legislativa do Estado (ALE).

PROPOSTAS PARA A LUTA UNITÁRIA DOS SERVIDORES FEDERAIS DO BRASIL EM 2014

Constaram do manifesto de teses do congresso, relatos sobre os últimos 11 anos, os quais somam algumas con-quistas, fruto de muita luta e enfrenta-mento de ataques para a quebra de in-transigências do governo: os servidores públicos no serviço federal ainda não tem data-base e nem direito de nego-ciação salarial garantido e respeitado. A Convenção OIT 151 (direito de nego-ciação) continua sem regulamentação, isso sem a falar nas mais recentes ini-ciativas de atacar o direito de greve da categoria, a exemplo do relatório do se-nador Romero Jucá (PMDB).

Além do lançamento nacional da Campanha Salarial 2014, ocorrido em 22 de janeiro; feve-reiro iniciou com a realização de uma marcha, em Brasília, e segue com um seminário da Au-ditoria Cidadã da Dívida e uma reunião amplia-da do Fórum, e o lançamento da Campanha Salarial, nos estados.

CALENDÁRIO DA CAMPANHA SALARIAL PARA O INÍCIO DO ANO

Unidade para defender as reivindicações

• Definição da data-base (1° de maio) • Política salarial permanente com reposi-ção inflacionária, valorização do salário base e incorporação das gratificações • Cumprimento por parte do governo dos acordos e protocolo de intenções firma-dos • Contra qualquer reforma que retire direitos dos trabalhadores • Retirada dos PL´s, MP´s, Decretos contrários aos inte-resses dos servidores públicos • Paridade entre ativos, aposentados e pensionistas • Reajuste de benefícios • Antecipação para 2014 da parcela de ajuste de 2015

NO AMAZONAS CAMPANHA SALARIAL SERÁ LANÇADA NA ALE

O Lançamento da Campanha Salarial 2014 acontecerá no dia 17, no Auditório Belarmino Lins, na Assembléia Legislativa do Estado, às 08h, com a participação de todos os órgãos da base do Sindsep-AM.

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PERSEGUIÇÃO

DIRIGENTE SINDICAL É DEMITIDO DURANTE OCUPAÇÃO INDÍGENA NA FUNAI

Como se não bastasse a Funai ter passado o ano de 2013 funcionando apenas com o se-tor de benefícios, desde a ocupação indígena, no dia 04 de novembro do ano passado, a Fu-nai entrou em “estado de sitio”, com apenas 2% das atividades mantidas, pelo coordena-dor, Eduardo Desidério Chaves, no prédio da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para o diretor executivo do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep-AM), Walter Matos, a saída do coordenador da sede foi um ato administrativo irregular, que despreza o princípio da assiduidade, da efici-ência e da legalidade. “É um ato administra-tivo nulo porque fere a constituição federal”, afirma.

Além disso, durante o período da ocupação indígena, na Funai, cinco funcionários foram demitidos e oito suspensos. Dentre os demi-tidos, está o dirigente sindical, Armando Mi-lon, com 39 anos de serviço. Segundo ele, a demissão se enquadra no histórico de perse-guição política aos dirigentes sindicais, nos órgãos federais. “Um jogo pesado de intole-rância do governo para diminuir o quadro de funcionários da Funai”, revela.

Desde que foi paralisada, por ocasião da ocupação indígena no prédio, a fim de exigir a exoneração do atual coordenador, a Funai foi abandonada até mesmo pelas equipes de segurança e limpeza. Diversos pensionistas, aposentados e funcionários tiveram proble-mas com suspensão de salários, nos últimos dois meses. O indígena, José Paca Nova é um dos que teve seu pagamento suspenso. “Fui mais de cinco vezes à ANAC e não fui aten-dido”.

Além dos problemas gerados aos servido-res, as Coordenações Técnicas Locais (CTL) também tiveram sérios problemas. Na CTL de Parintins, por exemplo, há dois meses es-tão cortados todos os telefones, a energia elé-

trica e a internet, os aluguéis estão atraso e os carros sem gasolina.

INDÍGENAS SÃO EXPULSOS SEM O CUMPRIMENTO DOS ACORDOS FIRMADOS NO MPF

Em documento entregue pelos indíge-nas, no Ministério Público Federal (MPF), no dia 24 de janeiro, eles afirmam que, até a presente data, a Funai não honrou os acordos firmados no MPF, inclusive hou-ve um furo sem justificativas, na agenda de negociações, pelo procurador federal Leandro Santos da Guarda, motivo pelo qual os indígenas requereram a intercessão do MPF junto ao juiz federal, Érico Rodrigo Freitas Pinheiro, que expediu mandado de desocupação do órgão, no último dia 21, para que o Movimento Indígena por Uma Vida Melhor (MOVIMEL) seja indenizado pelo tempo exposto em condições de vulnerabilidade, na Funai, e para garantir a negociação da pauta de reivin-dicações dos indígenas.

A polícia federal comandou, no último dia 29, o cumprimento do ato de reintegração de posse do prédio da Funai, expulsando os indígenas para o lado de fora, onde eles decidiram permanecer por tempo indeterminado. Contudo, o movimen-to deu-se por encerrado, neste mesmo dia, após o MPF definir, em reunião com as lideranças do movimento, as condições de indenização e o encaminhamento da pauta de reivindicações do movimento, junto à Funai.

FUNAI PEDE CAUTELA E ANUNCIA MUDANÇAS GERAIS NA COORDENAÇÃO REGIONAL

De acordo com a assessoria da presidência da Funai, em Brasília, o caso da coordenação regional está sendo analisado com cautela, não só o coordenador será exo-nerado, como uma série de mudanças está prevista, nos próximos meses, num conjunto de atividades que será executado de forma diferenciada, a partir daqui. Uma CTL será criada como parte do bojo de ações a ser implemen-tado, no órgão.

Contradição da NaturezaGeraldo Pereira da CostaSindsep-CEParaibano, poeta, versejador e escritor

Eu vivo me perguntando,Me interrogando o por quêA gente vive pensando em quanta vida viver.

Um mundo amplo, um vazio,E muito chão pra se pisar Muito calor, muito frio,Muito rio, muito mar,

Um céu com belos planetas E nuvens soltas no ar.

As estrelas, os cometasNum só sistema a vagar, O sol, estrela maior,Com seu imenso clarão, Nasce lá no arrebal,Pra esquentar este chão.

A brisa passa macia,Deixa na terra o frescor,Enquanto esta terra esfria,Desaparece o calor.

A floresta, os matagais, Detêm as aves cantando A água, em seu natural,Nas cachoeiras jorrando.

A lua brilha no céu,Enfeitando as madrugadas,Abelha fazendo mel,Em colméias açucaradas.

Assim é a natureza, Refletida em seus faróis, Pra completar a beleza,Deus fez de graça pra nós.

NA PORTARIA, NINGUÉM

ATO PÚBLICO NA FUNAI REUNIU

SINDICATO, FUNCIONÁRIOS E

INDÍGENAS NA SEDE DO ÓRGÃO

O LIXO SE ACUMULA EMBAIXO DA

ESCADA DO AUDITÓRIO

PRÉDIO EM TOTAL ABANDONO

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significa isso, para as organizações e para a luta de classes, eu acho que este foi um ponto fundamental do congresso.

Quanto ao plano de lutas, as bandeiras que foram aprovadas, eu acho que também estão corretas. O de-safio agora é como organizar a categoria para poder encaminhar essas reivindicações.

2) O SENHOR RECONHECE QUE HÁ PAUTAS DIFERENCIAIS NO AMAZONAS, E QUE QUESTÕES BEM PECULIARES COMO O TRANSPORTE, QUE LÁ PRECISA SER INTERMODAL, O GOVERNO NÃO TEM RECONHECIDO EM SUAS PLATAFORMAS POLÍTICAS? O SENHOR ACREDITA NO AVANÇO DAS POLÍTICAS, NESTE SENTIDO?

Nós do movimento sindical temos essa consciên-cia e sabemos que a participação dos companheiros servidores do Amazonas, em qualquer atividade, tem uma dificuldade muito maior do que qualquer estado, dado especialmente a dificuldade do transporte e lo-comoção. Inclusive, a gente procura compensar isto com formas de rateio solidário para a participação nas atividades. O governo tem o conhecimento dis-so, porém, não prioriza. Não tenho a menor dúvida de que o governo tem o conhecimento disso, mas, por uma questão política, o governo acaba não inves-tindo. Aí o problema que se reflete sobre o Amazonas,

ENTREVISTA

DEPOIMENTOS

O AMAZONAS SOFRE DOBRADO!

Oton Pereira NevesSecretário Geral do Sindsep-DF

mas também sobre o resto dos estados brasileiros, é o padecimento da política econômica do governo, que é a política do superavit primário e da lei de res-ponsabilidade fiscal. São leis que existem com nomes até bonitos, mas que, na verdade, são leis que existem para proteger o grande capital, em detrimento do in-vestimento em serviços públicos. Então, se os outros estados que não tem os mesmo problemas, especial-mente de locomoção, como tem o Amazonas, já so-frem, o Amazonas sofre dobrado. Mas, infelizmente, não é apenas o Amazonas que sofre com essa falta de serviços, porque, a rigor, a política econômica do governo, mantendo a lei de responsabilidade fiscal, e o superavit primário, drena todos os recursos do tesouro nacional para pagamentos de juros e serviços da dívida pública, que consome quase a metade de tudo que é arrecadado neste país. Então, temos que enxergar que há uma dificuldade muito maior, decor-rente da política econômica do próprio governo atual do PT, que, na verdade, neste quesito, da política eco-nômica, aplica exatamente o que vinha sendo aplica-do nos governos anteriores. Portanto, é importante a gente reconhecer a situação peculiar do Amazonas, mas, por outro lado, temos que também estar iden-tificando o por quê do governo não fazer o que tem que ser feito, que é exatamente mais investimentos no serviço público.

SERVIDOR VENHA PARA LUTA: Filie-se no SINDSEP-AMVocê pode fazer

a diferença!

JANEIRO 2014 - ISSN 2175-2680

DIRETORIA EXECUTIVA SINDSEP/AM

MENANDRO ABREU SODRÉANTT - SECRETARIO GERAL

ADMINILDO LIMA DOS SANTOSFUNASA - SECRETARIO DE FILIAÇÃO E ASSUNTOS DO INTERIOR

1) QUE BALANÇO O SENHOR FAZ DESTE CONGRESSO?Considero que foi extremamente positivo o con-

gresso, não só pelo que foi aprovado, mas, sobretudo, pelo nível de discussão. A discussão da anulação da AP 470 foi o ponto alto do debate. Mesmo não ten-do sido aprovada a campanha pela anulação, mas só este assunto estar sendo pautado e os trabalhadores organizados tendo a oportunidade de refletir o que

JOÃO RAIMUNDO MARTINSINCRA/APUÍ

Este congresso tem uma impor-tância muito gran-de. Apesar das di-ficuldades, ele traz uma consciência da responsabilidade que nós temos como servidores públicos federais, traz um vigor maior para lutar pela reestru-turação do nosso órgão, da nossa car-reira, como também pra que possamos desempenhar um trabalho para nossa clientela, da reforma agrária, com mais dignidade e com mais estrutura. Che-gar aqui não é fácil, a gente tá no Sul do Amazonas e, muito embora, este-jamos na região da calha do Madeira, o rio mais próximo nosso está a 400 km. Então, a viagem é feita de barco até Manaus e de lá até aqui por transpor-te aéreo. Mas, isso prova que estamos construindo este processo, através do Sindsep-AM e através da Condsef, que só faz fortalecer as entidades. E esta parceria sindical é uma luta de todos, para reestruturar, inclusive, as carreiras no serviço público.

1) Há um grande problema com relação à propriedade, à regularização fundiária no Amazonas, você poderia falar como é que o governo federal vem tratando esta questão e como que este congres-so pode intervir neste processo?

A agricultura familiar tem que ser fortalecida neste país, a distribuição de terras é um passo importante e é uma função social forte do Incra. Só que nós temos que tirar isso do papel e colocar na prática, porque a região do Amazonas fica na fronteira com o Sul do Estado do Pará e do Mato Grosso, onde nós temos o maior projeto de as-sentamento da América Latina, que é o Projeto de Assentamento do Juma e nós temos uma deficiência muito gran-de no quadro estrutural dos servidores. O Sindsep-AM tá tendo um papel fun-damental na parceria para a luta da va-lorização da regularização agrária. Nós temos muitas áreas de poucos donos. Nós temos que trabalhar muito nessa questão de selecionar os clientes da reforma agrária, excluir do processo de regularização agrária os não clientes da reforma agrária, e fortalecer as famílias tradicionais ribeirinhas, os indígenas e os quilombolas. Tem muita área dispo-

nível e essas pessoas estão muito lon-ge desse processo de ter acesso a es-sas propriedades, em função da grande procura por terras públicas, nessa re-gião. 2) Vocês tem, então, projeto de assenta-mento, mas não tem projeto de Desen-volvimento Sustentável (PDS)?

Lá no nosso município, nós temos o Projeto de Assentamento do rio Juma, com capacidade pra 7.500 famílias, nós temos o Projeto de Assentamento Ua-cari, que é no Município de Novo Aripu-anã, que é jurisdicionado ao município de Apuí, temos dois Projetos de Extra-tivismo (PAE), o Aripuanã-Guariba e o São Benedito, na margem do rio Tapa-jós. Temos PDS no município de Mani-coré e no município de Novo Aripuanã.

CLEIMAR ESCOBARINCRA/HUMAITÁ

Este é o primei-ro congresso que eu participo. Pude sentir que o con-gresso é o lugar onde vamos colo-car as nossas reivindicações na agenda.

Humaitá está no Sul do Amazonas. Eu não tive muita dificuldade pra chegar até aqui, porque entre Humaitá e Por-to Velho já tem uma rodovia asfaltada. Então, saí de Porto Velho para Manaus. Agora, como nós estamos no Sul do Amazonas, e o Amazonas tem uma ex-tensão muito grande, eu vejo necessida-de de ser criada uma nova superinten-dência no Sul do Amazonas, para que fique mais fácil resolver os problemas e o trabalho do Incra, em nossa região, que é cercada de vários municípios. Te-mos Canutama, Humaitá, Manicoré, Lábrea e Apuí. Todos estes municípios estão a uma longa distância um do ou-tro. Em relação a Manaus é pior, tem municípios que só tem saída de barco. Não tem rodovias, por exemplo, a BR 319, vai até Humaitá e, o trecho para Manaus, não está pronto. Vários des-tes municípios estão isolados desta BR. Então, seria de grande importância se criar uma superintendência no Sul do Amazonas, especificamente em Hu-maitá, isto iria facilitar o trabalho do Incra.

DEPOIMENTOS DA DELEGAÇÃO DO AMAZONAS

WALTER MATOS DE MORAESFUNASA - SECRETARIO DE FINANÇAS

GERALDA DE SOUZA OLIVEIRAM.SAUDE - SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO

JORGE LUIZ RAMOS LOBATOINPA - SECRETARIO DE IMPRENSA E COMUNICAÇÃO

ARMANDO LUIZ CALHEIROS MILONFUNAI - SECRETARIO DE ASSUNTOS JURIDICOS

GLEIG CORRÊA DE SÁINPA - SECRETARIO DE FORMAÇÃO POLITICA E SINDICAL

IVAN TAVARES RAMOSM.SAUDE - SECRETARIO DE ESTUDOS SOCIOECONOMICO

GLORIA QUEIROZ DA CRUZCONAB - SECRETARIA DE EMPRESAS PUBLICAS,POLITICAS

JOÃO PEREIRA LEITEDNIT - SECRETARIO DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS

APRIGIO RODRIGUES DE S.FILHOINPA - SECRETARIO DE CULTUA E MOVIMENTO SOCIAIS

ASCOM/ Sindsep-AMJornalista responsável: Juliana BelotaTextos: Juliana Belota e Walter MatosImagens: Juliana BelotaEditoração eletrônica: Tito Fernandes