street style kids: um novo paradigma da infância, moldado pela moda e pela publicidade

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Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design Vol. 4 no 1 – Abril de 2014, São Paulo: Centro Universitário Senac ISSN 2179474 X © 2014 todos os direitos reservados - reprodução total ou parcial permitida, desde que citada a fonte portal de revistas científicas do Centro Universitário Senac: http://www.revistas.sp.senac.br e-mail: [email protected] Street Style Kids: um novo paradigma da infância, moldado pela moda e pela publicidade. Street Style Kids: a new paradigm of childhood, shaped by fashion and advertising Fernanda Morais e Silva, Maria Eduarda Araujo Guimarães. Centro Universitário SENAC Departamento de Humanas - Bacharelado em Design de Moda [email protected], [email protected] Resumo. O capitalismo, baseado no ato de consumir, preza seus consumidores assim como sua própria existência. Este necessita adquirir clientes para continuar no seu ciclo cada vez maior de rentabilidade. E assim, no cenário atual, surgiu um debate antes impensado, a adultização infantil, que é o processo através do qual incentivamos o público infantil a comprar cada vez mais cedo, chegando muitas vezes, até a compulsividade e a agressão. Podemos perceber esse fenômeno no mundo da moda e a criação de um novo estilo, inspirado no vestuário adulto, feito até mesmo para bebes. A grande preocupação deste trabalho é perceber como de maneira tão mágica a publicidade guia a todos para a padronização. Palavras-chave: moda, rua, consumo, internet, infância, publicidade. Abstract. The capitalism, based in the act of consume, prizes its consumers as well as its own existence. It needs to get clients to keep in its cycle of growing profitability. And that way, in current scenario, emerged a debate before unthought, the children’s adultizing, which is the process whereby encourage the infant public to buy increasingly earlier, coming often until compulsivity and aggression. We can see this phenomenon in fashion’s world and the creation of a new style, inspired by adult clothing, done until even for babies. The major concern of this work is to realize so as magic; advertising guides us all to standardization. Key words: fashion, street, consumption, internet, childhood, advertising.

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Artigo Publicado na Iniciação Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática de Cultura e Comportamento - Vol. 4, nº1, Ano 2014 Publicação Científica do Centro Universitário Senac - ISSN 2179-474X Autoras: Fernanda Morais e Silva e Maria Eduarda Araújo Guimarães Acesse a edição na íntegra! http://www1.sp.senac.br/hotsites/blogs/revistainiciacao/?page_id=13 Resumo O capitalismo, baseado no ato de consumir, preza seus consumidores assim como sua própria existência. Este necessita adquirir clientes para continuar no seu ciclo cada vez maior de rentabilidade. E assim, no cenário atual, surgiu um debate antes impensado, a adultização infantil, que é o processo através do qual incentivamos o público infantil a comprar cada vez mais cedo, chegando muitas vezes, até a compulsividade e a agressão. Podemos perceber esse fenômeno no mundo da moda e a criação de um novo estilo, inspirado no vestuário adulto, feito até mesmo para bebes. A grande preocupação deste trabalho é perceber como de maneira tão mágica a publicidade guia a todos para a padronização. Palavras-chave: moda, rua, consumo, internet, infância, publicidade.

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Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Tecnológica e Artística Edição Temática: Comunicação, Arquitetura e Design Vol. 4 no 1 – Abril de 2014, São Paulo: Centro Universitário Senac ISSN 2179474 X © 2014 todos os direitos reservados - reprodução total ou parcial permitida, desde que citada a fonte portal de revistas científicas do Centro Universitário Senac: http://www.revistas.sp.senac.br e-mail: [email protected]

Street Style Kids: um novo paradigma da infância, moldado pela moda e pela publicidade.

Street Style Kids: a new paradigm of childhood, shaped by fashion and advertising

Fernanda Morais e Silva, Maria Eduarda Araujo Guimarães.

Centro Universitário SENAC

Departamento de Humanas - Bacharelado em Design de Moda

[email protected], [email protected]

Resumo. O capitalismo, baseado no ato de consumir, preza seus consumidores assim como sua própria existência. Este necessita adquirir clientes para continuar no seu ciclo cada vez maior de rentabilidade. E assim, no cenário atual, surgiu um debate antes impensado, a adultização infantil, que é o processo através do qual incentivamos o público infantil a comprar cada vez mais cedo, chegando muitas vezes, até a compulsividade e a agressão. Podemos perceber esse fenômeno no mundo da moda e a criação de um novo estilo, inspirado no vestuário adulto, feito até mesmo para bebes. A grande preocupação deste trabalho é perceber como de maneira tão mágica a publicidade guia a todos para a padronização.

Palavras-chave: moda, rua, consumo, internet, infância, publicidade.

Abstract. The capitalism, based in the act of consume, prizes its consumers as well as its own existence. It needs to get clients to keep in its cycle of growing profitability. And that way, in current scenario, emerged a debate before unthought, the children’s adultizing, which is the process whereby encourage the infant public to buy increasingly earlier, coming often until compulsivity and aggression. We can see this phenomenon in fashion’s world and the creation of a new style, inspired by adult clothing, done until even for babies. The major concern of this work is to realize so as magic; advertising guides us all to standardization. Key words: fashion, street, consumption, internet, childhood, advertising.

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1. Introdução

A demanda cada vez maior de produtos especificamente para o público infantil gera questões sobre a sociedade do futuro e de seus possíveis posicionamentos, para melhor mapeá-los é necessário que se identifique a origem e as motivações dos movimentos sociais que norteiam tais mudanças. Desse modo, para entender como os blogs de streetstyle se propuseram a dirigir seus conteúdos para pais que estivessem dispostos a vestir seus filhos como mini adultos precisamos analisar o contexto histórico ao qual a infância vem sendo construída e de que maneira ela permeia o imaginário social atualmente, sobretudo no mundo da moda.

Durante a Idade Média, as pessoas não tinham profunda consciência das fases da vida porque não se era instituída uma noção tão forte de tempo como possuímos hoje e isso é uma consequência de diversos acontecimentos como, por exemplo, a globalização, a revolução industrial, a invenção do marketing, a sociedade da informação. Assim, na chamada Idade das Trevas, as crianças eram consideradas apenas adultos mal formados levando em consideração que as taxas de mortalidade infantil eram altas e poucos percorriam as diversas idades da vida.

Mais a frente, veremos também outro fenômeno relevante que é a popularização do World Wide Web que traduzido para o português “teia mundial” significa de maneira satisfatória o que a internet é para nós nos dias atuais e o quanto a cibercultura popularizou e acelerou o acesso a informações em tempo real por diversas mídias diferentes. Somos, hoje em dia, determinados pelo tempo e pelo consumo, implícita e explicitamente, a todo o momento, persuadidos a sucessivas mudanças que permeiam a criatividade destrutiva.

Investigar a adultização infantil e a erotização precoce envolve entender como a publicidade atua não só na cabeça das crianças, mas também na vida de seus pais. Fazê-las agirem com comportamentos adultos é uma forma de obter consumidores mais cedo e também, um estímulo a adquirir bens de maneira compulsiva, uma vez que não possuem maturidade suficiente para discernir o que é necessário e o que é supérfluo. É então, proposto que a aceitação na sociedade é realizada através do ato de consumir, a criança é tida como um receptor passivo sendo possível criar em sua memória reflexos condicionados que a torna incapaz de analisar criticamente informações que recebem.

Esse streetstyle infantil se aplica de modos diferentes nas diversas ruas, classes sociais e faixas etárias, tendo formado dentro de si estereótipos e ícones de estilo que atuam em editoriais e campanhas de moda, veiculados nas principais magazines da área e motivando o imaginário social a adotar um padrão de beleza cada vez mais jovem.

De outro lado, temos o enfraquecimento da confiança do leitor para com o blogueiro, que passou a ser parte de um undercover marketing, aonde anunciava produtos sem deixar sinalizado que aquela postagem era uma propaganda que estava sendo financiada pela marca e uma grande onda de pessoas querendo ter um blog com intuito de fazer parte desse tipo de negócio abalou a credibilidade da plataforma e fez surgirem páginas em outras redes como Facebook e o Instagram.

A caminho da solução, temos a moda lúdica que se preocupa em proporcionar no vestir uma atividade prazerosa para as crianças, partindo do princípio da usabilidade que uma roupa pode oferecer tanto no sentido ergonômico como estético, que busque proporcionar a esse público alvo a construção de uma identidade a partir da experimentação com a vestimenta. Com a moda sendo uma das maiores formas de expressão da sociedade atual, partimos de questionamentos sobre o rumo que toma a sociedade e como esse fenômeno atua no desenrolar da infância.

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1. Contexto Histórico

O surgimento da infância

A identidade é um assunto novo que só adquiriu relevância a partir do século XVII, através de Francisco I e foi de extrema importância para que com os registros de nascimentos e a noção de idade, pudessem separar a vida em fases e assim entender a especificidade dos seus períodos.

A vida nas escolas é algo que revela a evolução do sentimento de infância no senso comum, um meio de separar cada vez mais as crianças dos adultos durante o período da formação moral e intelectual. Era algo, que no princípio, servia para domesticar: os estudantes só tiveram acesso a bancos no século XIV, antes eles ficavam sentados no chão forrado com palha, quando se conseguia uma sala.

O traje do século XIII comprova o quanto a infância era pouco valorizada no cotidiano. Assim que a criança abandonava os cueiros, passava a se vestir, de acordo com o seu gênero, com peças como a de outros homens e mulheres adultos. A vestimenta da Idade Média tinha a função de destacar a classe social de quem a portasse e não havia tamanha preocupação com a definição das idades.

Até o fim do século XVIII, as roupas eram desconfortáveis, adultizadas e serviam para destacar o gênero, mas principalmente a classe social do individuo. As peças só adquiriram leveza após a primeira guerra e esta relacionada à mudança de mentalidade típica do pós-guerra.

Como diversas vezes ao longo da história, essa mudança só aconteceu privilegiando o sexo masculino, cuja roupa era inspirada nos uniformes navais. As meninas tiveram que aguardar ainda mais tempo para receberem roupas que as caracterizassem como crianças.

Introdução a Cibercultura e aos Blogs

A internet surgiu em 1969, durante a Guerra Fria, para atender necessidades comunicacionais militares, chamada ARPANET. Nas décadas de 70 e 80, foi uma ferramenta de comunicação no meio acadêmico, entre estudantes e professores americanos. Somente a partir de 1990, tornou-se popular nos lares com o desenvolvimento do World Wide Web, crescendo cada vez mais desde então, com o surgimento das redes sociais e dos sites de compra coletiva.

Segundo Lévy:

A palavra ‘ciberespaço’ foi inventada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficção científica Neuromante. No livro, esse termo designa o universo das redes digitais, descrito como campo de batalha entre as multinacionais, palco de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural... Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização” (Pierre Lévy, Cibercultura, pág. 92).

Essa economia da informação em rede, com a digitalização da produção simbólica da sociedade, autorregula o capitalismo devido à liberdade de competição e a grande oferta e procura que existe no mundo virtual. A emissão de conteúdos é liberada: tem de tudo na internet, ou pelo menos, referência para tudo, à rede se encontra em todos os lugares e é comunicável e permite de certa maneira, a reconfiguração midiática através da possibilidade de interação entre usuários.

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Dessa forma, a reedição de conteúdos construída a partir de processadores baratos interconectados em rede permite a crescente produção descentralizada e fora de mercado nas áreas de informação e cultura. Tornou-se possível a produção independente e por conta própria, a criatividade por si só, sem a necessidade de tirar proveito de tal. Como nos sugere Claudia Castelo Branco (2009) no seu capítulo dedicado a Benkler em Olhares da rede: As produções de informação, conhecimento e cultura não estão mais necessariamente veiculadas a propriedade, hierarquia e mercado e os próprios usuários moderam a relevância e a qualidade de uma Peer Production, como todos possuem o direito de falar, a credibilidade fica restrita a poucos sites que detém maior numero de acessos e atenção. Os fatores sociais que levam a produção de um bem comum apenas pelo reconhecimento e livres de questões financeiras não seriam viáveis sem a internet.

É importante perceber que foram criados laços sentimentais nas redes, como o weblog que criado em 1997 por Jorn Barger designou uma comunidade social que mais tarde seria motivada apenas pela confiança entre quem lê e quem publica: o blog. Em 2004, a então plataforma Blogger foi comprada pelo Google e desde então os posts se transformaram em uma importante ferramenta de persuasão.

Uma forma vantajosa de uso dessa ferramenta é a que organizações tem usado. Assim, existem, no mínimo, três tipos de uso de blogs: com fins institucionais, denominados corporativos, que permitem interatividade tanto entre os próprios membros da organização como com o meio externo, tem a finalidade de possibilitar um dialogo informal e transparente com seu público. A segunda maneira consiste a atender fins promocionais das organizações, como método de pesquisa mercadológica do público e para promover produtos e serviços com ações de marketing. O terceiro, busca na quantidade existente de blogs, uma oportunidade de analisá-los como fonte de percepção e análise da imagem da própria organização, procurando a área de interesse do cliente.

O individualismo característico da moda está presente na cibercultura, à internet facilita a separação e a comunicação entre os grupos e seus membros e os blogs ajudam no estudo da relação entre produto, preço, comunicação, disponibilidade e principalmente, a imagem que o cliente vai ter da marca depois de efetuada a compra. Esse espaço virtual facilita a comunicação das tribos e dessa maneira, as pessoas deixam de ter milhões de informações e procuram por recomendações, que são como atalhos. Os leitores costumam ser fiéis a dicas e opiniões e dessa maneira, as marcas vêm blogueiros como possíveis aliados.

O retrato da sociedade atual

Segundo “A modernidade líquida” de Bauman (2001), a sociedade anterior a nossa foi considerada sólida: um estado de busca da perfeição, sem conflitos, o equilíbrio entre oferta, procura e satisfação das necessidades, da transparência e do total domínio do futuro – sem consequências imprevistas, determinados pelo espaço.

Nós somos os líquidos, o apelo à velocidade, a produção, ao consumismo. Viver atualmente é inconstante, incoerente, sucessões de renovação antes que possamos transformar referências em verdades, determinados pelo tempo.

A sensação é que esse processo de modernização estará sempre incompleto: a criatividade destrutiva que anseia pelo novo que no segundo que se tornar existente, se tornará também obsoleto. Ainda nas afirmações de Bauman (2001), percebemos que não há mais “grandes líderes” indicando um caminho a ser seguido, não há ninguém em quem botar a culpa final de uma decisão mal tomada. O que nos faz tomar consciência de que nem tudo é possível, ou seja, nossa capacidade de representar as falhas, essa simbologia é adquirida através do representante paterno que põe fim no poder absoluto do prazer e mostra que plena satisfação é inalcançável.

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A família ocidental do século XXI passa pela invasão do feminino e uma valorização da posição conferida à mãe, culminando na queda da autoridade do pai. Presenciamos maior falta de limites: vivenciado o princípio da autonomia, uma vez que grande parte dos pais trabalha fora, uma despreocupação com a duração das coisas e com o declínio da função paterna, a castração dos prazeres é sempre levada a diante.

É falado também na dificuldade em lidar com a dor e o anseio por anestesiar qualquer conflito interno resultado da cultura massificada, ou seja, a concepção da vida como entretenimento, a mídia trata os acontecimentos como eventos descartáveis, indiferentes aos interesses dos cidadãos concretos.

Novas patologias e dentro disso, a adultização infantil, surgem pela impossibilidade de construção representativa pelo aparelho psíquico. A característica comum é uma carência narcísica constitutiva e por isso são nomeadas patologias do narcisismo, envolvendo problemas de identidade, identificação, vivência do vazio e da falta de sentido.

A criança é afetada pelos pais, que são os significantes da relação, assim as frustrações das crianças revelam os problemas que afetam a família e como a criança é vista no imaginário do casal. Acontece que um é significante simultâneo do outro: os pais significam na criança aquilo que para eles é um modelo de imagem a ser seguida, que quiseram seguir um dia e que podem ter sido reprimidos por um fator físico, social ou cultural e a criança, recém-chegada ao mundo simbólico, vê nos pais um exemplo de comportamento a ser desvendado.

As psicopatologias surgem na infância e para combatê-las é preciso estabelecer com clareza quem é o causador do problema é qual é o problema, entender acontecimentos do passado que ainda causam problemas no presente.

2. A raiz do problema

A publicidade agressiva e a construção do real na criança

A publicidade usa da fase de formação simbólica das crianças a fim de promover suas mercadorias. A ausência dos pais é um importante fator nessa coercitividade, a televisão acabou se transformando em uma companhia que incentiva o consumo.

O conceito de felicidade é, através da propaganda, atribuído a esses produtos ditados pela moda, pois atualmente a ostentação se transformou na chave de aceite para a participação em diversos grupos. A mídia gera uma competição entre os determinados consumidores de uma imagem conceitual e um dos problemas é que crianças de diversas classes sociais distintas estão expostas aos mesmos estímulos, sem a mesma condição de consumir.

Nos estudos de Piaget (1970), temos basicamente que o Processo de Adaptação é a organização das estruturas em sistemas coerentes. Esse processo se da através da assimilação, ou integração de um novo dado – portanto um processo quantitativo- e a acomodação, ou o desenvolvimento de dados já armazenados – portanto um processo qualitativo.

Esses dados são aos poucos transformados em esquemas que nada mais são que um conjunto de processos no sistema nervoso, funcionando como um banco de dados de tudo aquilo que apreendemos do meio.

Durante esse desenvolvimento, a criança passa por quatro períodos: sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e operatório-formal. Nessa pesquisa, tomaremos como base crianças de sete a dez anos que passam da fase pré para a operatório concreta.

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Dentro de características detalhadas dessas fases, vemos como atributos a noção mal formada do conceito de desejo, o pensamento egocêntrico, a incapacidade de se colocar no lugar do outro, dificuldade de formular regras e principalmente a questão da aparência, pois não é capaz de relacionar significados; Assim, a publicidade faz uso dessas brechas para capturar a atenção das crianças.

Estereótipos e ícones de estilo infantis

Construímos a imagem de celebridades, no geral, dotada de carga mítica cujo agente transformador é a mídia, que nos transporta através do tempo e do espaço, criando situações surreais de poder, beleza, satisfação plenos que são valores contrafluxos a vida cotidiana, reforçando a perseguição pelo belo, repetindo a ação dia a dia e valorizando esse fenômeno cultural.

Foram escolhidas para esse trabalho como representantes do street style infantil Suri Cruise, filha de Katie Holmes e Tom Cruise e a pequena Rafaella Justus, filha de Ticiane Pinheiro e Roberto Justus.

Suri foi eleita à celebridade mirim mais influente do ano, segundo o site Daily Beast, virando referência para meninas com um estilo considerado chique e sofisticado. Rafaella Justus é considerada uma das crianças mais estilosas do Brasil, estreou como modelo da marca Pop Up da irmã que possui roupas estilosas e recriam modelos iguais aos da mãe.

3. Problema e consequência

A adultização infantil e a erotização precoce

O termo adultização foi criado para conceituar comportamentos adultos em crianças. Postman (1999) em “O desaparecimento da Infância” sugere que utilizemos a televisão como mídia para a análise do fenômeno, a linha divisória entre ser criança e ser adulto é destruída em: “Primeiro, porque não requer treinamento para apreender sua forma; segundo porque não faz exigências complexas nem à mente nem ao comportamento; e terceiro porque não segrega seu público”.

O brincar por brincar é algo que vem aos poucos desaparecendo do cotidiano, não se vê mais crianças nas ruas, a atividade lúdica se transformou na especialização de uma habilidade em prol de algum beneficiamento que ela possa trazer para a vida adulta.

Como consequência desse amadurecimento forçado, ainda em Postman (1999), temos o adulto-criança: “O adultocriança pode ser definido como um adulto cujas potencialidades intelectuais e emocionais não se realizaram e, sobretudo, não são significativamente diferentes daquelas associadas às crianças”.

A mídia induz a criança a comportamentos erotizados como forma de autopromoção. Segundo Puggina (sem data), as crianças são estimuladas a erotização quando utilizam produtos cosméticos e se submetem a tratamentos estéticos, quando tem contato com alguns tipos de músicas e programas e consequentemente, quando deixam isso implícito na vestimenta.

Ao mesmo tempo em que o mercado incita o público infantil a adotar comportamentos erotizados, desperta a libido dos adultos influenciada pela grande quantidade de imagens de pessoas cada vez mais jovens com apelo erótico, ou seja, cria um estímulo e logo em seguida, um público-alvo.

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Pedofilia infantil na rede

Acerca da pedofilia infantil é importante explicar sempre as dúvidas das crianças mesmo que isso acarrete em momentos desconcertantes e estar sempre atento sobre comportamentos estranhos que possam ser indícios de estarem sofrendo abusos.

Em nível legislativo, molestadores são divididos em pedófilos e incestuosos. Os pedófilos não necessariamente são molestadores, o ato sexual propriamente dito pode vir a nunca acontecer. Estes são divididos entre predadores: sádicos, assassinos sexuais que geralmente tornam o caso digno de imprensa; E não predadores, que por sua vez são divididos em regressivos, ou seja, estabelecem relações normais, mas por uma questão de inadequação sexual regridem ao abuso; e compulsivos, que criam fantasias distorcidas em torno da situação, não consideram a atitude errada.

O antagônico da questão é que de um lado temos a mídia incitando a erotização precoce e do outro, a tentativa de criar leis que preservem a criança.

4. O movimento

O blog e a rua

A rua ganhou destaque a partir dos anos 50, se transformando em um lugar valorizado aonde movimentos essencialmente surgiam, era o lugar para ver e ser visto, não demorou muito para que o street style fosse incorporado na moda.

A blogsfera se apropriou desse movimento como uma forma de divulgação de expressão criativa. Os pioneiros foram The Sartorialist, Face Hunter e Garance Doré. Sua principal função era revelar a moda longe dos trâmites da passarela, mostrando uma criatividade despretensiosa.

Os blogs infantis cujas ruas foram analisadas são Bambino Street Style de Berlim, Mini Hipster de Melbourne, Nova Iorque, Londres e Barcelona e Planet Awesome Kid de Nova Iorque e pontos no mundo todo.

As cidades confirmam a necessidade das pessoas dos grandes centros de se identificarem a partir da vestimenta, seja para determinar a classe social ou a pertença a certo grupo. A roupa tem grande influência sobre a definição das características de determinada pessoa. Nesse caso, são combinações que sustentam um status tanto social como cultural da família, mas principalmente dos pais, através da imagem da criança: bem vestida, comportada, inserida nos padrões de aceitação ditados pela mídia e com atitudes da idade adulta no seu cotidiano.

Dizer que este estilo é imposto parte da atual discussão que questiona blogs de street style como não tão espontâneos assim. Esse espaço foi dominado por pessoas que procuram um lugar de destaque na rede e criam produções não baseadas no estilo como essência ou contestação, mas como uma autopromoção. A criança transmite, apesar de tudo, inocência, essa construção aparenta ser instintiva, mas carrega elementos culturais que de acordo com a teoria de Piaget (1970), citada anteriormente, estão ainda sendo construídos pelas crianças através do processo de assimilação e acomodação.

Adaptação

A Ópera Fashion Kids, é um evento atacadista de roupa infantil, dos empresários Fernanda de Menezes e Frederico De Cunto e se estabeleceu como uma das maiores plataformas de lançamentos de tendências para o mercado brasileiro. Com dois eventos anuais, projeta marcas e integra compradores, contando com

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marcas nacionais expressivas e as internacionais de maior destaque no Brasil, movimentando cerca de 180 milhões de reais.

A FIT que é uma feira internacional de expositores e uma fonte geradora de negócios presente há 20 anos no mercado, com 168 marcas e duração de três dias, os quais movimentam em média 350 milhões em volume de negócios.

As marcas que se destacaram como pertinentes a esse público a partir da análise da propaganda foram: Dior, com peças sérias, Zara que abdicou inclusive do uso das cores nos editoriais selecionados e Brandili, que ficou evidente na adultização das poses.

5. Desgaste das plataformas de base

A efemeridade dos blogs de moda

A rede facilita a difusão da informação de moda, fazendo com que de uma maneira ou de outra, ela acabe chegando a todas as classes sociais. Dessa maneira, o ciclo de uma tendência é consumido rapidamente fazendo com que os blogs sejam uma das plataformas que acompanhem a efemeridade do sistema da moda, conforme já explicado por Lipovetsky(1987).

Podemos comparar esses dois fenômenos, moda e rede, quanto à velocidade, a multiplicidade, a atualização, o individualismo e a tendência comportamental.

O auge do blog de moda se deu quando as marcas perceberam nele um canal muito persuasivo com o consumidor e começaram a pagar blogueiras para que fizessem publipost, o problema é que como estes não eram sinalizados como propaganda, acabaram por afetar a relação de confiança entre escritor e leitor. O meio acabou saturado e com muitas pessoas interessadas em autopromoção e dinheiro fácil. Apenas os que possuíam mais credibilidade resistiram.

Novas redes como suporte

A plataforma criada em 2004 por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes para ser apenas um suporte para experiências sociais online de estudantes de Harvard, se tornou sucesso entre os jovens do mundo todo.

Uma página na rede engloba novos elementos e uma vivência mais completa sobre determinado estímulo, isso acontece devido a comentários, compartilhamentos, publicações, indicações, marcações e o chat.

Basta perceber o sucesso que essas imagens fazem nas redes sociais, ganham quantidades exorbitantes de likes em questão de minutos e isso nos dá um panorama de quão relevante é essa situação no cenário atual.

Dentro do facebook foram escolhidas duas páginas de street style infantil que servem como referência para o entendimento dessa nova forma de exposição de conteúdo na web.

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Fashion Kids

Figura 1 Print Screen da página do Instagram.

A “Fashion Kids” é uma página recente que teve início com um perfil no Instagram, em fevereiro de 2012, com o objetivo de inspirar pais ou qualquer um que se identificasse com moda infantil com o rápido compartilhamento de imagens da rede. No começo eram postadas fotos de campanhas e street style e atualmente 95% das imagens são os próprios pais que enviam os “looks do dia” para serem publicados para mais de 700.000 pessoas. A equipe recebe uma média de 400 fotos por dia e essas são selecionadas. A partir dessas imagens no Instagram foram escolhidas quatro crianças cujo perfil das mães havia sido marcado na legenda da foto, tornando assim possível uma análise comparativa entre as mães.

Figura 2: Fotos de mães e filhos dos respectivos perfis - @lucies142, @miss_kaacey, @maliks_awesome_mom e @finleydaltonx.

Segundo nos sugerem as imagens, percebemos que as mães são jovens, mas especificamente na casa dos 20 anos de idade e que possuem uma forte relação com as tendências da moda, ainda que possamos encontrar singularidades nos estilos de cada uma. Ambas apresentam a partir das fotos dos perfis, uma boa condição social e consequentemente acesso a informações de interesse pessoal. Algo perceptível é que todas assumem um estilo blogueira, descontraído e um dos problemas que podem ser citados é o do adulto-criança de Postman (1999), que em paralelo a adultização infantil, trata-se de pessoas que tem grande dificuldade em aceitar o amadurecimento pertinente a cada fase da vida e continuam agindo como se estivessem na adolescência, onde estabelecem um vínculo com a fase da curtição.

A participação dos pais nesses perfis é quase nula e quando aparece a imagem não tem sentido apelativo forte o suficiente para a utilização neste trabalho, não são pertinentes para justificar esse tipo de assunto. Logo, percebemos um tipo de enfraquecimento da imagem dos pais no que diz respeito a escolhas nas vidas dos

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filhos. Como dito anteriormente, em regimes passados, como o totalitarismo, por exemplo, era parte das responsabilidades do pai, a castração do prazer, o impor limites. Com a maior independência das mulheres, sua saída ao mercado de trabalho e sua influência no setor financeiro da casa, vemos o quanto elas intercedem na questão do impor limites, o quanto tornam esse vínculo enfraquecido em algumas situações. O vestuário é uma delas. As mulheres são mais influenciadas em relação à moda, como se vestem, como se portam e a imagem do filho, como continuação da imagem delas, lhes são cobradas pela sociedade. É como um espelho, e o filho, reflete o quanto aquela mãe é dedicada, relacionamos o estar dentro de um estereótipo de sucesso a estar dentro de grupos bem estruturados psicologicamente. Quando ainda não possuímos uma estrutura cognitiva bem formada, é uma atividade complexa e que exige muito manter uma imagem como tal, isso porque essas crianças não tem total controle do que está acontecendo e nem são capazes de relacionar isso com outras coisas, criar ligação entre o que ela usa com uma mensagem a transmitir, ela ainda não está preparada para o caráter comunicacional de indumentárias.

“Olha como aquela mãe larga o filho desleixado”, muito provavelmente, em algum momento da vida já ouvimos alguém proferir essa frase típica do nosso cotidiano e talvez não tenhamos dado grande importância a ela. Não relacionamos a imagem do pai ao vestuário do filho, não cabe a ele a decisão de escolha quanto a isso. A adultização infantil tem um caráter de aceitação muito grande na sociedade atual, que é fluida e que as coisas acontecem rápido, as pessoas consideram benéfica a inserção de uma criança desde tão jovem a um estilo considerado sofisticado.

Figura 3: Print Screen da página de street style infantil "Fashion Kids"no Facebook.

É possível perceber a influência que a página possui a partir da quantidade de “likes” que ela recebe diariamente desde seu início. No total são 340 mil likes no Facebook e 689.994 seguidores no Instagram, cujas fotos chegam a receber em média 25 mil likes. Para enviar as fotos basta postar com a hashtag “#postmyfashionkid” e esperar que ela seja escolhida, o perfil fica marcado na página do Fashion Kid, dando a possibilidade de quem visualizar a foto entrar em contato diretamente com o dono da mesma.

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Segue uma seleção de comentários sobre as fotos:

Figura 4: Comentários sobre uma imagem do Fashion Kids

Figura 5: Comentários sobre uma imagem do Fashion Kids

A minoria dos pais propõem debates questionando a adultização do comportamento das crianças e quando isso acontece são considerados “exagerados”, boa parte não tem consciência do discurso implícito nas roupas e se contentam em comentar apenas elogios sem grandes fundamentos. Encontramos ainda comentários de adolescentes que idealizam os filhos.

Figura 6: Fotos publicadas no Fashion Kids.

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Figura 7: Fotos publicadas no Fashion Kids.

Mini Hipsters

Figura 8: Print Screen da página Mini Hipsters

O Mini Hipsters é uma página com menor alcance, criada por brasileiros e não informa se possui alguma relação com o blog de mesmo nome, a página começou em outubro de 2012 e já possui 7548 likes. Descreve-se como um guia de estilo e as imagens são selecionadas na internet, diminuindo o nível de interação com os leitores.

Figura 9: Comentários sobre uma imagem do Mini Hipster

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Nesse printscreen podemos observar como uma das maneiras de interação acontece: o usuário consegue marcar nos comentários outros usuários e dessa maneira, divulga o post. Na página brasileira o número de comentários é menor e consequentemente, menos debates contra a adultização são criados.

Figura 10: Fotos publicadas no Mini Hipster

Comparando a interação usuário/ blog e usuário/facebook é perceptível que no facebook o conteúdo é mais duradouro e rende mais comentários. A proposta continua a mesma dos blogs, basicamente um guia de estilo, mas o clima de descontração da rede leva o assunto a um maior número de usuários que estão mais dispostos a interagir.

Toddlers & Tiaras

Lançado em 2009 no canal americano TLC, o reality mostra um concurso e a vida de garotas e suas mães em busca de um prêmio em dinheiro e está em sua quinta temporada, é exibido também na Inglaterra.

Um dos casos de maior notoriedade é da garotinha Alana Thompson, que tem entre 7 e 9 anos, que ficou famosa como “Honey Boo Boo” e atualmente possui um reality apenas sobre sua família na mesma emissora.

Figura 11: Alana e sua mãe June Shannon no concurso.

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Durante as competições a mãe incentiva a garota a ingerir uma bebida energética conhecida como Go Go Juice, que contem RedBull na composição. Os requisitos básicos para a participação do programa são bronzeamento artificial, dentes falsos, cílios postiços, apliques de cabelo, maquiagem pesada e roupas erotizadas.

Figura 12: Alana minutos antes de se apresentar ingerindo a bebida

A pequena Destiny Ellis teve suas fotos exibidas em jornais e sites do mundo todo após realizar uma performance com cigarro na boca. Ela tinha na época do episódio 5 anos e representava o musical “Grease”.O júri considerou o ato totalmente inadequado.

Figura 13: Destiny encenando o ato de fumar no reality show.

Figura 14: Cenas do reality show

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Durante os episódios percebemos a obsessão das mães em realizar nas suas filhas um sonho pessoal, podemos ver o quanto à família é desestruturada, alguns pais são muito jovens, outros sofrem com obesidade, o que pode explicar a necessidade de encaixar os filhos em um estereótipo como esse. Há cenas em que chorando as crianças pediam para que a mãe não as colocasse cílios postiços ou que não participassem das sessões de bronzeamento artificial. São crianças irritadiças, que vivem em um mundo baseado nas aparências, sem estrutura forte o suficiente para que desenvolvam uma identidade baseada no principio já descrito por Piaget (1970) em seus estudos.

A justificativa das mães é de que o dinheiro dos prêmios será todo investido no estudo das crianças, levando em consideração o quanto é caro estudar no exterior, esse é o maior argumento delas. Muitas meninas chegam a ficar ricas apenas com esse tipo de exibição. É perceptível o quanto essa imposição cria um distanciamento entre mães e filhas, diversas vezes aparecem cenas de ambas exaltadas e crianças, que mal sabem lidar com frustrações ainda, dizendo que já não gostam das mães ou que não querem se apresentar.

Figura 15: Cenas do reality show

Essas são imagens que comprovam a insatisfação das crianças. Devemos sempre levar em consideração que programas como este são manipulados e não há como saber o quanto essas cenas são ou não espontâneas.

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VOGUE PARIS DEZEMBRO 2010

Coeditada por Tom Ford, a edição apresentou uma seleção de editoriais polêmicos que causaram alvoroço entre sites especializados. Tinha um casal de idosos em cenas quentes, a modelo Crystal Renn toda enfaixada, um beijo gay entre Ford com o fotografo Terry Richardson, conhecido por aliciar as modelos que fotografa.

Além de tudo isso, fotos de Sharif Hamza captavam garotas entre 5 e 10 anos em poses completamente adultizadas e ao invés de crianças brincando naturalmente com peças da mãe, sugeria ao contrário, que elas estavam crescendo rápido demais. Ambientadas em um divã, uma cama, espelhos, roupas da Versace, Lanvin e Yves Saint Laurent, complementadas com saltos e maquiagem pesada. Muitos interpretaram como um incentivo a pedofilia, inclusive o ilustrador humorístico de moda AleXsandro Palombo, cujas imagens serão anexadas abaixo.

O stylist é de Melanie Huynh e as modelos são Lea, Prune e Thylane.

Figura 16: Editorial da revista Vogue.

Figura 17: Editorial da revista Vogue.

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Figura 18: Editorial da revista Vogue.

Abaixo as imagens de Palombo sobre o editorial:

Figura 19: Critica de Palombo à Carine Roitfeld.

6. Em direção à solução

A roupa como brinquedo: A importância do lúdico na moda

A principal missão do lúdico é alcançar prazer durante o processo de uma atividade. Segundo Piaget (1970), os jogos base desse método são: Jogos do exercício (curiosidade sensorial), do simbólico (da significação), da construção e das regras(da delimitação).

O mais importante é deixar que durante as brincadeiras a criança se auto-avalie. Em grande parte desse processo é observada a imitação natural das atividades

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adultas e a utilização da roupa como um figurino que ajuda na construção do espaço, do tempo e principalmente do personagem, auxiliando na liberação de arquétipos.

Usabilidade no vestuário infantil

Concluímos que uma peça tem usabilidade quando seus efeitos estéticos e suas necessidades de conforto são alcançados, mostrando que houve projeção e flexibilidade durante o processo de criação.

As especificações partiram dos estudos de Heinrich(2007), como a questão das fraldas que exige que o gancho seja maior, o abdômen avantajado que elimina pences na frente da peça, a cabeça desproporcional que exige uma gola maior e adereços que podem ser facilmente engolidos devem ser evitados. Uma sugestão da ABNT é que se utilizem tecidos antialérgicos para o forro.

7. Conclusões

Durante o ano que participei dessa pesquisa e agora, com o finalizar do projeto, devo acrescentar que nenhuma resposta única pode ser formada a cerca do assunto, levei diversas vezes em consideração a análise da linguagem de uma fotografia, ou os estudos de determinados autores e acredito que o que torna o conhecimento algo desafiador é que ainda assim, ao longo dos anos, todas as vezes que ler algo sobre o assunto dessa Iniciação Cientifica vou relacioná-lo imediatamente com todo o conteúdo aqui presente, essa informação, ao diferir da linha de raciocínio usada, vai me abrir um novo caminho, um novo começo e consecutivamente, a construção de um novo ponto de vista, complementar ou de um ângulo completamente diferente.

Levando em consideração que o interesse pela idade tenha surgido apenas no século XVII, podemos classificar essa sociedade como sólida. Para eles, o espaço era mais importante que o tempo, o espaço garantia a certeza do amanhã e hoje, vivemos submersos na insegurança, o aqui e o agora, sem muito controle sobre o futuro, vivemos o presente e adiamos a castração dos prazeres. A publicidade agressiva é um perigoso fruto disso, os produtos que ela oferece são perecíveis, não por uma questão de qualidade, mas porque no momento de criatividade destrutiva atual, precisamos do giro, precisamos do leque. Faz parte do nosso sistema, esfregar de forma desumana em nossas caras o quanto somos incompletos e no segundo seguinte, que eles possuem aquilo que nos falta, que está na loja tal e custa tanto. O problema é que no segundo adiante e no posterior e no próximo haverá mais e mais coisas.

Nesse período, que para o trabalho vai de 7 a 10 anos, as crianças não tem condição de interpretar uma propaganda – entendendo propaganda como algo que propaga- vemos que dela podem surgir diversos conceitos, diversas mensagens, diversos estímulos.

Dois deles, patologias do narcisismo, são incentivados hoje pela mídia. A adultização infantil é um processo que visa gerar público-alvo cada vez mais cedo para as empresas e mais que isso, um cliente sem a menor condição de compreensão da mensagem vendida. E a erotização precoce, que ao mesmo tempo em que é gerado um estímulo – crianças utilizando uma roupa erotizada, uma música, um programa que gera o desejo de imitação – é gerado um público alvo, que tem o despertar de sua libido para rostos cada vez mais jovens. Aceitar que as crianças se tornem parte disso, é simultaneamente, fornecer a pedófilos um prato cheio.

Outro despreparo, pois este não vem só da criança, é o despreparo dos pais. Eles também têm a sua libido despertada para isso, se adentram nesse meio e significam isso em suas crianças. Como pode ser visto na analise das imagens de mães do Fashion Kids: Não são pessoas sem condição a informação. Pelo contrário, são pessoas que estão em busca dela, porque se manter atualizado de tendências

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requer informação e informação rápida e precisa. A mentalidade das pessoas está tão inclusa nesse meio, a vida é tão rápida, que nem ao menos surgem debates sobre o quão perigoso é isso tudo. Basta para isso assistir a um único episódio do reality Toddlers and Tiaras, ver o quanto o dinheiro do prêmio e 15 minutos de prestígio são o suficiente para que mães exponham suas filhas em condições de desespero.

Por fim, acredito que não menos importante, seja o enfraquecimento da identidade pessoal, o desejo exacerbado de fazer parte de um grupo, de aceitação, transforma as pessoas em fantoches dos seus próprios gostos, da falta de seletividade e de interpretação.

Vejo um caminho na moda lúdica, na possibilidade de dar a crianças apenas uma roupa e que isso permita que ela crie um lugar novo, que exerça todas as suas fantasias. Acredito também na conscientização, os pais precisam saber o que esta acontecendo e proporcionar desafios estimulantes para as suas crianças, deixar que elas vivam tudo o que tenham vontade de viver porque um dia elas vão aderir ao processo de imitação e isso é normal desde que não seja forçado. Acredito que faltem marcas que invistam no lúdico e na conscientização, a fim de criar um vínculo entre o consumidor, a peça e a sustentabilidade de idéias, sair um pouco do capitalismo que só visa o lucro financeiro e procurar soluções ecologicamente corretas.

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