sustentabilidade e educaÇÃo, de uma visÃo...
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VII ESOCITE.BR tecsoc - ISSN∕ 1808-8716 Churkin. Anais VII Esocite.br/tecsoc 2017; 6(gt22):1-19
SUSTENTABILIDADE E EDUCAÇÃO, DE UMA VISÃOHOLÍSTICA PARA UMA PRÁTICA PONTUAL
GT22 – Educação para a sustentabilidade nas dimensões ambientais,culturais e tecnológicas
Ody M. ChurkinAlvino Moser
Vanessa C. Santos
Resumo: A sustentabilidade e a inovação têm se tornado importantes fatores de desenvolvimentoeconômico, político, cultural e social. Desde o início do século XX, o tema tem sido objeto de estudo deSACHS, com a perspectiva de visão holística; LEFF com sua racionalidade econômica e parte da teoriado desenvolvimento econômico elaborada por SCHUMPETER ,além do que , este possui uma ligaçãoestreita com o conceito de inovação. O autor inseriu o termo “inovação” no âmbito da análise política.Dentro deste contexto pretende-se desenvolver uma reflexão sobre os conceitos sustentabilidade einovação no cenário pedagógico tendo a precaução com as ideias e práticas utópicas e quixotescas,principalmente com a procrastinação do descarte de resíduos sólidos. Além da teoria, este trabalhodemonstrará uma atividade prática pedagógica, uma aula expositiva ligada e precedida por umapesquisa para demonstração de uma práxis pontual, como exemplo efetivo de visão holística comprática e gestão pontual e local. Separou-se como exemplo a Universidade Livre do meio ambiente naCidade de Curitiba no Paraná, que a partir de um local desolado, uma antiga pedreira explorada pordécadas, tornou-se um exemplo de superação sustentável. Cenário de visitas e pesquisas sobreecologia. Almeja-se com esta prática compartilhar e incentivar a preocupação com o meio ambiente, adesenvolver práticas pontuais individuais ou coletivas.
Palavras-chave: CTS; Buen Vivir; Educomunicação; Desenvolvimento Sustentável; Des-colonialidade
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1 INTRODUÇÃO
O século XXI é marcado pelas constantes inovações, a cada instante uma novainvenção, técnicas, procedimentos revelam-se ao mundo, cada vez mais complexos, enfimvive-se um novo paradigma.
Com a SUTENTABILIDADE e INOVAÇÃO, não é diferente, a cada momento sãoLEMBRADOS e ou MENCIONADOS, seja no cenário nacional ou mundial, nota-se, não sópreocupação teórica e epistemológica, assim como práticas efetivas. VARGAS (1994)descreve que o termo tecnologia surgiu com os gregos e foi muito confundido com a“techné”.
Não se limitava à pura contemplação da realidade. Era uma atividade cujo interesseestava em resolver problemas práticos, guiar os homens em suas questões vitais,curar doenças, construir instrumentos e edifícios, etc. As “techné” gregas eram, emprincípio, constituídas por conjuntos de conhecimentos e habilidades transmissíveisde geração a geração. ... O que, entretanto, designamos hoje, de forma geral, portécnica não é exatamente a “techné” grega. A técnica no sentido geral é tão antigaquanto o homem; pois aparece com a fabricação de instrumentos... E essa fabricaçãojá corresponderia um saber fazer: uma técnica. (VARGAS 1994, p. 18)
Contudo, mesmo vencendo as barreiras continentais, o fator distância conquistadopelo surgimento de inúmeros recursos tecnológicos, observa-se que há GRUPOS (mundo)excluídos das benesses das tecnologias do século XXI, não pertencentes a “AGORAVIRTUAL” (LEVY, 1994) sofrendo toda forma de infortúnios, pela falta do conhecimento.Resume BUENO:
Um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica e gera a suaqualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser humano de criar, a suacapacidade de interagir com a natureza, produzindo instrumentos desde os maisprimitivos até os mais modernos, utilizando-se de um conhecimento científico paraaplicar a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processode interação deste com a natureza e com os demais seres humanos. (BUENO, 1999)
De uma forma global e holística a partir de microcosmos, conforme método deSACHS, “A racionalidade econômica de LEFF”, e, sobretudo o agregar de valores deSCHUMPETER, escolheu-se e separou-se como exemplo de uma práxis pontual no cenáriode sustentabilidade em Curitiba no Paraná, A UNIVERSIDADE LIVRE DO MEIOAMBIENTE, que contempla além da sustentabilidade, a gestão e a economia, união dopúblico com o privado, educação e a questão pedagógica, como um espaço para visitas,palestras, congressos, aulas e cursos sobre o meio ambiente e sua preservação.
Pretende-se a partir desses pressupostos demonstrarem por meio de palestra, “Power
point" a prática desenvolvida em Curitiba, que a priori foi um trabalho de mestrado (imagens
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do local abandonado e todas as obras e plantas registradas), tornando-se matéria de palestras e
apresentações, desde já com o intuito que seja compartilhado também no Distrito Federal,
local fértil para esta demanda.
Uma das questões abordadas será a economia, para demonstrar que quando se agregavalores nas atividades, produtos (detritos) gerando interesses e partir desses interessessupridos, o entendimento de consciência e essência. (INTERESSES, CONSCIÊNCIA,ESSÊNCIA) para se construir um debate sólido. Sendo assim, cita-se SCHUMPETER:
[...] um fato nunca é pura ou exclusivamenteeconômico, sempre existem outros aspectos em geral mais importantes, ou seja, oprocesso social é indivisível, mas deve-se levar em conta o comportamentoeconômico, onde o capitalismo realmente acontece, porém não se pode desprezar ávida social e econômica que são importantes para a sociedade. (SCHUMPETER,1985, p.9)
Há uma tarefa árdua em nossa sociedade, o homem precisa dominar as novastecnologias, no entanto sem tornar-se dependente delas, cabe somente ao homem, a ação deraciocínio, preterir a isto, significa correr riscos irreparáveis, com a “teia global”. Dentrodeste contexto reforça-se com PAPERT, 1994.
Com muito mais poder persuasivo do que a filosofia de um pensador até mesmo tãoradical como Dewey, a Informática, em todas as suas diversas manifestações, estáoferecendo aos Inovadores novas oportunidades para criar alternativas. A perguntaque permanece é: estas alternativas serão criadas democraticamente? Em essência, aeducação pública mostrará o caminho ou, como na maioria das coisas, a mudançaprimeira melhorará as vidas dos filhos dos ricos e poderosos e apenas lentamente ecom certo grau de esforço entrará nas vidas dos filhos do resto de nós? (PAPERT,1994, p. 13)
Como explicar tal façanha? Com auxílio de (MARX, 1984), a partir do EU, do TU epara “NÓS” (cosmos) almeja-se com esta reflexão e a possibilidade de práticas, incentivarrefletir e compartilhar a preocupação com o meio ambiente (nós) por meio de políticaspúblicas, inclusão social a desenvolver práticas pontuais individuais (eu) e coletivas (nós) quecontemplem o holístico, (todo).·.
INOVAÇÃO E SCHUMPETEREDUCAÇÃO, PESQUISA, INDÚSTRIA, GOVERNO E SOCIEDADE –PRAGMATISMO?
A teoria de SCHUMPETER representa o marco fundamental da discussão sobre as
características e a natureza do processo de inovação. O autor ressaltou a grande importância
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dos avanços tecnológicos e das inovações no desenvolvimento das empresas e da economia.
Para ele a inovação promove o ciclo econômico, ou desenvolvimento econômico e os
elementos: capital, crédito, lucro e juro fazem parte desse processo (ALMEIDA, 1995).
O papel crucial das universidades na inovação pode ser depreendido a partir da
abordagem do modelo hélice tríplice, cujo surgimento se deu a partir dos pioneiros trabalhos
de HENRY ETZKOWITZ E LOET LEYDESDORFF (2012). Segundo este modelo à base do
conhecimento e o seu papel na inovação podem ser explicados por meio das relações entre
universidade, indústria e governo.
A gestão do conhecimento e da inovação é importante fator de desenvolvimento
econômico, cultural e social. Inúmeros são os benefícios que a sua aplicação proporciona à
qualidade de vida do ser humano. “Ninguém dá importância ao pão pela quantidade de pão
que existe num país ou no mundo, mas todos medem sua utilidade de acordo com a
quantidade disponível para si, e isso, por sua vez, depende da quantidade total”
(SCHUMPETER, 1908, p.213).
Hoje a economia está fortemente baseada no conhecimento. Produtos e serviços
alicerçados nesse recurso ganham destaque e valor adicional, inclusive com a destinação dos
resíduos de seus produtos. Para um produto ser competitivo a redução de custo não é mais
suficiente. A qualidade tampouco.
De fato esta tornou-se elemento básico e não mais o principal diferenciador.
(CARVALHO, ET al., 2011). O conhecimento, em todas as suas formas, desempenha um
papel crucial no progresso econômico e a inovação está no âmago dessas “economia baseada
no conhecimento” (MANUAL DE OSLO, 2004)
O Relatório Global de Competitividade, 2013-2014 publicado pelo Fórum Econômico
Mundial (WEF), em parceria no Brasil com a Fundação Dom Cabral (FDC), e o Movimento
Brasil Competitivo (MBC), aponta que o Brasil ocupa a 56ª entre 148 países avaliados. Já no
Índice Global de Inovação - 2014 (calculado pala Universidade Cornell em parceria com o
INSEAD, uma das principais escolas de negócios da Europa, e a Organização Mundial para a
Propriedade Intelectual (WIPO), ligada à ONU) O Brasil figura em 61º lugar entre 141 países
avaliados.
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Á partir da análise desses dados é possível inferir que o Brasil, em que pese sua
importância econômica no mundo, tem um péssimo desempenho no que tange a inovação. As
universidades públicas, grandes protagonistas da inovação brasileira, acabam por ter uma
parcela de responsabilidade nessa deficiência.
Isso ocorre, em grande medida, devido ao sistema educacional brasileiro que muitas
vezes tem uma ementa de disciplinas desarraigadas do mercado de trabalho. Pode se dizer que
o principal gargalo da inovação brasileira está na dificuldade de transformar a pesquisa
científica em práticas inovadoras. Embora o país tenha boas bases industriais e científicas, há
grande dificuldade em unir estes dois ramos.
Nessa ordem de ideias, é absolutamente necessário buscar maior eficiência no tema da
inovação. Para tanto, um passo importante é a avaliação dos casos de sucesso brasileiros,
sobretudo nas universidades públicas onde há grande atuação no campo da inovação. Como
exemplo, o caso de sucesso da UFMG, pode ser de grande valor para se traçar o caminho que
deverá ser trilhado pelas universidades públicas com o fim aproximar a academia e a
indústria.
A partir das estatísticas publicadas pelo INPI é possível observar predomínio do setor
público no campo da inovação brasileira. Empresas e Universidades públicas lideram o
ranking de depósitos de patentes. Entre as Universidades Públicas Federais a campeã no
campo da inovação é a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.
Assim, o conhecimento de casos bem sucedidos de gestão da inovação é fator que
pode contribuir significativamente para promover melhorias e adequações com o fim de
otimizar a produção de inovação em qualquer instituição.
Aprimorar a gestão da inovação deve ser parte integrante do planejamento e políticas
públicas, haja vista sua fundamental importância. Fomentar a inovação significa fomentar o
desenvolvimento econômico e promover melhorias na vida das pessoas e a manutenção da
vida do planeta.
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PARADOXO, CRESCIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTABILIDADE.
ENRIQUE LEFF (2006) em seu livro: Saber Ambiental, Sustentabilidade,
Racionalidade, Complexidade, Poder: inquieta-se com a crise ambiental estabelecida nos dias
atuais desde 1968 por meio das suas reflexões pessoais. “Abre os olhos da humanidade” nas
questões que se referem a desigualdade social e a globalização e quanto esses temas afetam
diretamente o colapso ecológico que se vivencia na atualidade.
Para acompanhar a reflexão de LEFF: “A melhor política, por exemplo, de combate à
pobreza é um posto de trabalho que proveja não apenas o sustento, mas a dignidade aos
homens, para que eles realizem suas inspirações (YUNUS, 2006)”.
O autor segue, a mencionar que a racionalidade economicista degradou e destruiu a
ecologia e o meio ambiente sem limites mensuráveis pelo homem. Houve uma
conscientização na década de 1960, porém com o hiperconsumo tecnológico exacerbado da
população “saiu fora do trilho e não se conseguiu retornar”.
LEFF cita que a dívida ecológica é mais vasta e profunda do que a dívida financeira. O
rompimento do equilíbrio ecológico do planeta coloca em risco a sustentabilidade do sistema
econômico.
Assim dentro deste contexto, conciliar crescimento econômico, sustentabilidade e
diminuição da pobreza, exclusão ou toda sorte de infortúnios causados pela sociedade do
capital, ou sua falta, não é tarefa fácil, no entanto esta crise pode também ser resolvida com
agregação de valores, elaboração de novas propostas que atendam as demandas da sociedade
vigente.
De acordo, com SCHUMPETER (1985), as mudanças econômicas, não podem ter sua
origem no fluxo circular, pois é o cerne do sistema, e está vinculado a negócios realizados em
outro período. Complementa que, "o sistema econômico não se modificará arbitrariamente,
por iniciativa própria, mas estará sempre vinculado ao estado precedentes dos negócios"
(SCHUMPETER, 1985, pag.13).
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Ainda, SCHUMPETER (1985, p.54) "denominou três elementos fundamentais para o
desenvolvimento econômico, os quais são: a nova combinação dos meios de produção, o
crédito e o empresário".
Dentro deste contexto, a seguir a filosofia de LEFF, seja a racionalidade econômica,
para por em prática esta reflexão, cita-se um exemplo ou um modelo a ser seguido: o caso dos
resíduos sólidos feitos a partir do polipropileno e polietileno, que somam-se em rios, oceanos,
terrenos enfim em toda parte.
A esse respeito, PRAHALAD (2005, p. 15) complementa: "se pararmos de pensarnos pobres como vítimas ou como um fardo e começar a reconhecê-los comoempreendedores incansáveis e criativos e consumidores conscientes de valor, ummundo totalmente novo de oportunidades se abrirá”. Esses bilhões de pobres podemser uma força motriz da próxima etapa global de prosperidade.
Propõe-se um retorno ao fabricante com valor agregado, sugere-se que um
determinado número de “embalagens” passa ser trocado por um número de novo produto,
uma “nova forma de moeda”. Segue-se à baila com HEIDEGGER (2007):
Sentença acima é ‘correta’, ‘concorda’ com a coisa. Concordância, uma relação, umareferência e uma referência de diferença; até a igualdade só é possível entre coisasdiferentes e caso a diferença seja apenas de número (metafísica). Por exemplo, duasmoedas iguais coincidem uma com a outra, concordam no mesmo conteúdo, namesma configuração e perfil. Assim também uma verdade: como verdadeira, umasentença verdadeira ‘está em concordância’ com a coisa. Sentença e coisa: adiferença está fora de questão. A moeda é redonda’, de metal – a sentença não é nadamaterial. A moeda é redonda – a sentença não tem configuração no espaço. Com amoeda posso comprar alguma coisa – sentença não é meio de pagamento.(HEIDEGGER, 2007, p. 133.)
Seguindo a linha e pensamento de LEFF, foi investigado o histórico da degradação,houve um diagnostico e sua especificidade, construiu-se uma racionalidade produtiva.
Segundo YUNUS (2006) a pobreza é criada como o resultado da rejeição, pelasintuições, pela política e por conceitos. Se essas coisas mudarem não haverápobreza. A pobreza esta dentro do ser humano; as pessoas não nascem com ela. Apobreza é algo que se constrói com o tempo por meio de conceitos e ideias que sãopassados para as pessoas.
Sob a ótica holística de SACHS, no contexto da sustentabilidade, inovar pode ser
compreendido como uma forma de reorganizar algo que está muito próximo para desafios
mais longínquos. Portanto a valorizar a diversidade, compreender o “ethos” local. Incentivar e
motivar talentos locais, evidentemente sem perder de vista o cenário geral. Experiências
alienígenas, conceito que SACHS utiliza para referir-se a utilizar novas práticas ou
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experiências, são bem vindas, no entanto, orienta-se levar em conta espaço, onde são
realizadas, quais as condições, inclusive climáticas, aspectos culturais e sociais, logístico,
inclusive religioso e dogmático.
Sendo assim a criatividade é um conceito fundamental no que tange a inovação, e pela
educação sócia ambiental, formal e informal, propicia a formação do entendimento holístico,
sistêmico, geral e não fragmentado.
É comum por força de tradições, ou até mesmo a um pertencimento social que se
construa conhecimentos e utilizem-se adjetivos muitas vezes não condizentes com o objeto em
questão, criando-se uma realidade difusa, um erro de halo. Os dados e informações que se
constroem para um determinado conhecimento, nesse caso o “REOGANIZAR”, pode sofrer
significado totalmente desconexo, com a realidade construída geralmente pelo senso comum e
preconceito, fruto de uma construção cultural e de certa maneira de manutenção de tradições.
SACHS (2007)
Necessitamos, portanto, de uma abordagem holística e interdisciplinar, na qualcientistas naturais e sociais trabalhem juntos em favor do alcance de caminhos sábiospara o uso e aproveitamento dos recursos da natureza, respeitando a sua diversidade(SACHS, 2007, p.31/32).
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No dia 20 de julho de 1992 a UNILIVRE foi transferida para a responsabilidade de uma entidade mantenedorade caráter não governamental, denominada Centro de Estudos Ambientais e Urbanos (CEAU).
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS E OS ATORES SOCIAS
INCIATIVA OU PROCRASTINAÇÃO
SACHS (2007) reitera quando salienta que, além de parcerias entre todos os atores
envolvidos na problemática, devem ser estabelecidas políticas públicas locais. Seguindo a
reflexão do pensador polonês, ao tomar uma iniciativa com intuito de implementar ações para
o enfrentamento dos problemas socioambientais, seja local ou regional, para a possibilidade
de se lograr êxito, consiste em conhecer e reconhecer os “stakeholders”, ou seja, população
local e suas autoridades, não declinar ou preterir a cooperação com os entes públicos fins
atrelar-se e subsidiar políticas públicas.
Trazendo à baila a visão antropológica e ontológica da sociedade civil, entende-se
que é representada politicamente por cidadãos leigos, desprovidos ou com irrisório
conhecimento técnico, a comprometer a criação, gestão e a práxis de políticas públicas na
esfera socioambiental. Há uma “contingência técnica” entre as questões políticas e
socioambientais, por conta de interesses difusos e unilaterais. O desafio é criar intersecções de
interesses.
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A intenção inicial da universidade era disseminar práticas, conhecimentos e experiências relacionadas a questõesambientais, discutindo problemas e soluções relacionadas ao crescimento desordenado das cidades. AUniversidade funcionou no Bosque Gutierrez até 1992, quando foi transferida para o Bosque Zaninelli, onde seencontra até hoje.
O “fio de Ariadne” que une a política e a sustentabilidade é muito tênue, como seda,
a qualquer momento pode ser rompido, e o esforço por parte dos atores sócios ambientais é
hercúleo, inversamente proporcional ao “braço” político, a garantia da manutenção da união é
claudicante, salvo exceções. Ao apresentar projetos executáveis e adequados à realidade de
cada localidade, uma vez levados às prefeituras ou aos órgãos ambientais locais, não há
interesse pelo desconhecimento ou mesmo pela ausência de um instrumento de controle, que
cobre legalmente a execução de uma determinada ação ou projeto.
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A Universidade Livre do Meio Ambiente foi fundada no ano de 1991, no dia 05 de junho, Dia Nacional do Meio Ambiente, durante a gestão do então prefeito Jaime Lerner. A inauguração contou com a presença do oceanógrafo Jacques Cousteau, um dos maiores defensores mundiais do meio ambiente.
2.3 ECODESENVOLVIMENTO
Sabido é que as universidades e instituições de pesquisa estão atulhadas com
trabalhos que demonstram e solucionam problemas socioambientais; e que de alguma forma
possam contribuir para uma mudança de realidades de muitos municípios. Nos cabe a tarefa
de suscitar o interesse dos governantes em executá-las, em transformar muitas dessas ideias
em políticas públicas. Sendo assim, percebe-se ser salutar eleger representantes políticos que
também tenham a causa ambiental como uma de suas pautas, não de forma quixotesca e
simbólica em um dia comemorativo, por exemplo. Procrastinar é um exercício muito
utilizado pelo legislativo e executivo, sendo seus reflexos imensuráveis. De acordo com LEFF
(2001, p.191):
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A crise ambiental, entendida como crise de civilização, não poderia encontrar umasolução por meio da racionalidade teórica e instrumental que constrói e destrói omundo. Aprender a complexibilidade ambiental implica em um processo dedesconstrução e reconstrução do pensamento, remete-nos ás suas origens, ácompreensão de suas causas, esta racionalidade dominante descobre a complexidadea partir de seus limites, a partir de sua negatividade, a partir da alienação e daincerteza do mundo economizado, arrastado por um processo incontrolável einsustentável de produção. LEFF (2001, p.191):
No ano de 2002, a universidade tornou-se uma entidade do Terceiro Setor, qualificada pelo Ministério da Justiçacomo uma OSCIP – Organização Social Civil de Interesse Público, voltada para o Desenvolvimento SustentávelUrbano e a melhoria da qualidade de vida urbana.
Fonte: http://www.unilivre.org.br
O conceito de Eco desenvolvimento foi definido por SACHS (1986, p. 21)como:
Um processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicasecologicamente prudentes, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos. Asestratégias do eco desenvolvimento serão múltiplas e só poderão ser concebidas a
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partir de um espaço endógeno das populações consideradas. Promover o ecodesenvolvimento é, no essencial, ajudar as populações envolvidas a se organizar, ase educar, para que elas repensem seus problemas, identifiquem suas necessidades eos recursos potenciais para conceber e realizar um futuro digno a ser vividoconforme postulados de justiça social e prudência ecológica. (SACHS 1986, p. 21)
2.4 METODOLOGIA
O trabalho realizado surgiu a partir preocupação pessoal do autor e incorporou-se em
uma proposta de pesquisa no programa de mestrado do Centro Universitário Internacional
(UNINTER), da análise de um estudo de caso que visa contribuir para o paradigma que se
apresenta, para engendrar um modelo, ou ainda compartilhar sugestões e ideais para
aprimoramento da educação, sustentabilidade, diversidade, cidadania e gestão da inovação.
A metodologia foi descritiva e exploratória, pois, elaborou-se uma avaliação da gestão
sustentável e educacional e das inovações na Universidade Livre do Meio Ambiente em
Curitiba no Paraná.
A pesquisa de natureza qualitativa descritiva e aplicada, tendo em vista que a partir
dos pontos negativos e positivos levantados, engendrar- se - á propostas com o intuito de dar
suporte às outras na gestão da inovação e sustentabilidade.
Haja vista tratar-se de um estudo de caso é imprescindível, segundo YIN (2005), que
se utilizem as seguintes fontes como evidência: entrevistas, documentação, observações
diretas, registro em arquivos, artefatos físicos e observações participantes. Buscou-se a
utilização de todos esses elementos no trabalho proposto.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a reflexão e as considerações alcançadas , incentiva-se que a implementação de
práticas locais, planeja-se com um olhar holístico, não mais como um processo linear ou
como uma mudança isolada, urge que as rotinas institucionais sejam pensadas e reconstruídas
em um processo contínuo de aprendizagem organizacional, que se valorize o potencial das
inovações e que sejam consideradas as inter-relações entre os processos e ações realizadas.
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Para aderir a Inovação e desenvolver algo efetivamente novo, as pessoas e instituições
que atuam na esfera sustentável, dependendo de suas características: local de funcionamento,
ambiente interno e externo (contextos locais, regionais e nacionais), e tamanho, possam
adquirir conhecimentos, desenvolver uma postura aberta, pronta para o aprendizado, livre de
dogmas e ideologias, além dos mitos pessoais, preparar-se com situações inesperadas, bem
como detectar os riscos e as oportunidades que eventualmente possam ser ocasionados pelas
ideias a elas apresentadas. A ideia “é” conhecer, compreender e fazer”! Esta reflexão insiste
que o sucesso da Inovação na “Aldeia Global” dependerá ainda de alguns pressupostos
fundamentais, os quais segundo os resultados obtidos já tem sido objetos de investigações e
busca por melhorias e aperfeiçoamentos.
Necessita-se romper com o comodismo. Ao considerar as possibilidades de facilidades
e ganhos acobertadas pela falsa ideia de complexidades e incertezas do processo de Inovação,
especialmente em um contexto repleto de nuances como é o caso do ensino socioambiental,
pode-se concluir que as estratégias incrementais de Inovação têm sido mais usadas por
demonstrarem um potencial maior de eficácia nas instituições de ensino.
Com análise e resiliência, a partir de textos de pensadores da Inovação, a priori
incentiva-se a ter cautela para não exagerar e criar um ambiente de caos total, pois não são
todas as pessoas e organizações que reagem e funcionam bem em ambientes completamente
informais e livres, necessita-se de um mediador que os acompanhem até ganhar sua própria
autonomia, cada qual com o seu devido tempo de aprendizado e adaptação. Ou seja, pouco
entendimento e disposição podem ser tão prejudiciais quanto o contrário. O ideal, segundo o
mestre Aristóteles, a moderação, é analisar o que é mais adequado para cada contexto e agir
com bom senso e equilíbrio.
Por fim, busca-se um entendimento seguro para conceituar e aplicar a Inovação, as
pessoas e instituições necessitam encarar como um processo em construção, como um desafio
de encarar condições estáveis ou descontínuas. Para tanto, ser receptiva, tolerante aos altos
níveis de fracasso e de risco, além de estabelecer rotinas e estruturas que apoiem o
desenvolvimento pessoal e tecnológico.
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Com esse propalado, convida-se a conhecer e conscientizar-se que Inovação
sustentável são um processo e um fenômeno que exige e requer a mudança de atitudes dos
envolvidos, sujeitos do processo para entender a complexidade das organizações, instituição
de ensino que atuam com projetos sustentáveis, seja no campo econômico, quanto na sua
organização e tecnologia. Diante disso, entende-se que não há receitas ou ferramentas capazes
de garantir, por si só, o sucesso, principalmente pela dificuldade de identificar as estratégias e
de prever seus resultados, a capacidade de aprender com a análise reflexiva e com a
experiência torna-se cada vez mais fundamental.
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ANEXOS:
Site: http://www.unilivre.org.br/
E-mail: [email protected] ou [email protected]
Endereço: Rua Victor Benato, 210 – Pilarzinho – Curitiba – PR.
Telefone: (41) 3259-3734
Número recomendado de pessoas por visita: 50
Idade mínima: 3 anos
Duração da visita: de 1 a 3 horas
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Horários de funcionamento: de manhã a partir das 09h00min e à tarde a partir das
14h00min (pode ser flexibilizado conforme necessidade da escola de disponibilidade
do local)
Atividade GRATUITA
A UNILIVRE E AS ESCOLAS...
A Universidade Livre do Meio Ambiente promove visitas orientadas para escolas,
abordando temas relacionados à educação ambiental, além de realizarem algumas
dinâmicas sobre o assunto. As visitas podem ser agendadas via e-mail e é
importante agendar com a maior antecedência possível.
Através do e-mail, o local solicita o preenchimento de uma ficha, que serve para a
identificação das características do grupo, o contexto da visita e a quantidade de
alunos/as.
Fonte: http://www.unilivre.org.br
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