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Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférica Universidade de São Paulo Marcelo Assumpção, Depto. de Geofísica, IAG-USP [email protected] Semana de Geofísica de Belém 27-29/11/2007

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Page 1: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Tensões na placa da América do Sul:estágio atual do conhecimento

Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências AtmosféricasUniversidade de São Paulo

Marcelo Assumpção, Depto. de Geofísica, [email protected]

Semana de Geofísica de Belém27-29/11/2007

Page 2: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

dados

modelos

problemas

Page 3: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Pressão confinante (“hidrostática”)Igualdade aproximada da pressão vertical e horizontal

z g z

pzz

Abaixo de alguns quilômetros de profundidade,

pxx pzz = gz.

pxx

Page 4: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Tensões tectônicas principais: S1 (compressão máxima) S3 (compressão mínima)

S1 (120 MPa)

S3 (100 MPa)

S1 (-10 MPa)

S3 (+10 MPa)

Convenção geológica:pressão positiva

110 MPa

110 MPa

pressão uniforme(confinante)

Convenção sismológica:tração positiva

tensões tectônicas (“deviatoric stresses”)

Page 5: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Mecanismo Focal

Exemplo dos Sismos de

Belo Jardim, PE, 2004.

Page 6: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Sismos relacionados aolineamento de Pernambuco?

14 estações sismográficas

2 áreas epicentrais:Tacaimbó,Belo Jardim

Projeto UFRN, IAG-USP

Belo Jardim

Page 7: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

topografia

S

S N

N

Resultados preliminares:

falhamento normal, sismos a 4-5 km de profundidade

Page 8: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

C

DHD

Cio

+_+_ +_

FA

Mecanismo focal de terremoto

A movimentação dos dois blocos em cada lado da falha (setas pretas) gera ondas sísmicas (linhas tracejadas vermelhas) com primeiro movimento de empurrão (C) e de puxão (D) em quatro quadrantes alternados.

Page 9: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Plano de falha EW

Mecanismo Focal de Belo Jardim

tração (T)

tração (T)

P pressão

“SHmax”

Page 10: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Intraplaca:Predominância de falhas inversas e transcorrentes.

Sub-Andes:Falhas inversas, eixo P ~ EW.

Platô Andino: predominância de falhas normais.

Mecanismos Focais

(~ direção do SHmax, dados até ~2000)

Page 11: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Cláudio Lima (1996); Lima et al.(1997)

Medidas in-situ

-breakout (poços de petróleo)

- frat. hidráulico (engenharia)

Page 12: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Riccomini & Assumpção (1999)

Compressão EW no Nordeste

Compressão EW no Sudeste?

Variação temporal pode ser importante!

Dados Geológicos

falhas recentes, último evento em cada local.

(tensor de esforço com estrias em vários planos de falha diferentes)

Page 13: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo
Page 14: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Eixos P e T são as direções das tensões liberadas pelo sismo. S1 e S3 são as tensões

tectônicas principais.

+

+

--

P

TF

A

S1

S3

Situação mais provável,Se a falha for conhecida:S1 a ~30º da falha

Page 15: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo
Page 16: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Sub-Andes:S1 ~ EW com tendência de ser perpendicular ao platô.

Costa do Brasil:S1 tende a ser paralelo à costa, eS3 perpendicular à costa (continente se “esparrama”em direção ao oceano).

Page 17: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Tensões por variação lateral de densidades

platô craton

h

r

e

cc

m

Isostasia: r = e c/(m-c

H

H = e + h + r

pressão vertical varia com profundidade de maneira diferente

z z c g H

c g h

c g h + m g r

c g H

pressãopressão

Page 18: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Tensões por variação lateral de densidades

platô craton

m

Topografia gera tensões!

FAFC

FA > FC

causa tração horizontal (tectônica) em A e/ou compressão em C

Regiões altas tendem a se “esparramar” em direção às regiões baixas causando “spreading stresses”.

Exemplos:

platô dos Andes; transição continente/oceano; dorsais meso-oceânicas

Page 19: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Colisão com a placa de Nazca

Variação lateral de densidade:

empurrão da cadeia (“ridge-push”),

“espalhamento” do continente (+ alto) em direção ao oceano (+ baixo)

“espalhamento” dos Andes

Page 20: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Coblentz & Richardson(1996)

Campo de tensões numa placa elástica de 100km de espessura:

tensões desviatóricas médias.

Compressão horizontal, SH > Sv

Tração horizontal:Sh < Sv

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DADOS

MODELO

Page 22: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

tensõesobservadas

modelo teórico:forças regionais +

“spreading stresses”

Meijer (1995)

Page 23: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Esforços de flexura por carga de sedimentos

compressão tração

carga de sedimentos

Page 24: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Chang et al.(1992)

Page 25: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Assumpção (1998a)

Offshore:

- sismos ao longo do talude,

-falhas inversas.

Flexura pela maior carga de sedimentos

Margem onshore (incluindo Serra do Mar):

faixa assísmica !!?

redução da compressão regional pela tração flexural da ombreira ??

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Page 27: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

“catálogo uniforme”, 1955-2000

compressão

tração

Direção das tensões

tectônicas observadas na crosta do

Brasil(esquema preliminar)

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Problemas/Desafios

1) Ainda há poucos dados para definir o campo de tensões.

Page 29: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Problemas/Desafiosdados geológicos

2) variação temporal no Quaternário, ainda não bem compreendida nem estudada.

Page 30: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Fase TD:Pleistoceno/Holoceno

Fase E2:Holoceno

Dados de Salvador & Riccomini (1995)

Exemplo daSerra do Mar

Page 31: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Problemas/Desafiosdados geológicos

- relaxamento da compressão regional pela desaceleração da convergência entre as placas de Nazca e da América do Sul ?

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Problemas/Desafios

3) Melhorar modelos e explicações

Superposição de tensões OK para NE

Por que não há sismos no resto da margem norte??

Page 33: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Um caminho a ser explorado:

Relacionar causas das tensões da crosta superior com estruturas mais profundas da crosta e litosfera.

Neste exemplo do SE do Brasil, vemos que a sismicidade (círculos brancos) tende a ocorrer preferencialmente em áreas com menor velocidade da onda P no manto superior. As cores mostram anomalias de velocidade da onda P a 200km de profundidade. Velocidades maiores (azul) indicam litosfera mais espessa.

Page 34: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

600.

500.

400.

300.

200.

100.

0 .

Dep

th (

km)

A A '

Número de sismos ao longo do perfil (faixa de +- 100km de largura)

Iporá APIP CSF S.Mar/plat.

mag>3,5

Limite litosfera/astenosfera ?

Perfil NW-SE, de Goiás ao Rio de Janeiro: áreas de litosfera mais fina têm mais sismos.

Page 35: Tensões na placa da América do Sul: estágio atual do conhecimento Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas Universidade de São Paulo

Modelo proposto

Litosfera mais fina e mais quente é mais fraca: tensões intraplaca concentram-se na crosta superior

manto

crosta

placa

litosfera/ astenosfera

fina,quente:fraca

espessa,fria:resistente

1300oC

Assumpção et al., 2004. Geophys.J.Int.

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Tarefas para casa

1) Melhorar os estudos sismológicos de campo, principalmente nos casos de sismos fora das zonas mais sísmicas.

2) “Aprofundar” os estudos das estruturas do manto e crosta inferior e seus efeitos nas tensões da crosta superior.

3) Estudos de modelagem numérica do campo de esforços, em escala regional e global.

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Agradecimentos

Muito do que se conhece sobre tensões tectônicas no Brasil se deve a colaborações de muitos anos entre várias instituições, principalmente:

- IAG- IPT- CENPES- UFRN- UnB(ordem alfabética...)

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Obrigado !