transformando leitura em aprendizagem

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Transformando a leitura e a escrita em aprendizagem 1 O objetivo de toda leitura é conseguir transformar as informações em aprendizagem. Portanto, ela deve ser trabalhada como método para que se consiga desenvolver as habilidades de interpretação e de compreensão textual. Acompanhe algumas seqüências que são feitas quando lemos: 1. Reconhecimento das palavras impressas (sílaba por sílaba, palavra por palavras, conjunto de palavras ou captação de frases inteiras); 2. Interpretação do pensamento do autor (relacionar com outras idéias, nível da opinião); 3. Compreensão do pensamento do autor (respeitar o que ele afirmou); 4. Retenção da idéias do autor (memória); 5. Reprodução das idéias do autor de modo pessoal, confirmando a compreensão. A importância da orientação visual: 1. A boa leitura depende do número de fixações por linha, ou seja, ela não é um deslizar dos olhos. Só captamos o que conseguimos fixar. Quando os olhos saltam não fixamos nada, eles permanecem cegos; 2. Captar um conjunto de palavras em cada fixação aumenta a velocidade da leitura; 3. Quando se lê sílaba por sílaba ou palavra por palavra, além de a leitura ficar mais lenta, o significado permanece truncado; 4. Para alguém tornar sua leitura mais eficiente precisa aprender a ler pelo significado, o que se consegue captando um conjunto de palavras: MRTBF LIVRO AUTOMÓVEL 1 Adaptação do professor Ricardo Leone Martins do texto de BASTOS, C.L.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. (Educação).

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O objetivo de toda leitura é conseguir transformar as informações em aprendizagem. Portanto, ela deve ser trabalhada como método para que se consiga desenvolver as habilidades de interpretação e de compreensão textual.

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Transformando leitura em aprendizagem

Transformando a leitura e a escrita em aprendizagem[footnoteRef:1] [1: Adaptao do professor Ricardo Leone Martins do texto de BASTOS, C.L.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introduo metodologia cientfica. 2. ed. Petrpolis: Vozes, 1991. (Educao).]

O objetivo de toda leitura conseguir transformar as informaes em aprendizagem. Portanto, ela deve ser trabalhada como mtodo para que se consiga desenvolver as habilidades de interpretao e de compreenso textual.

Acompanhe algumas seqncias que so feitas quando lemos:

1. Reconhecimento das palavras impressas (slaba por slaba, palavra por palavras, conjunto de palavras ou captao de frases inteiras);2. Interpretao do pensamento do autor (relacionar com outras idias, nvel da opinio);3. Compreenso do pensamento do autor (respeitar o que ele afirmou);4. Reteno da idias do autor (memria);5. Reproduo das idias do autor de modo pessoal, confirmando a compreenso.

A importncia da orientao visual:

1. A boa leitura depende do nmero de fixaes por linha, ou seja, ela no um deslizar dos olhos. S captamos o que conseguimos fixar. Quando os olhos saltam no fixamos nada, eles permanecem cegos;2. Captar um conjunto de palavras em cada fixao aumenta a velocidade da leitura;3. Quando se l slaba por slaba ou palavra por palavra, alm de a leitura ficar mais lenta, o significado permanece truncado;4. Para algum tornar sua leitura mais eficiente precisa aprender a ler pelo significado, o que se consegue captando um conjunto de palavras:

MRTBF

LIVRO AUTOMVEL

O BOM LEITOR CAPTA CONJUNTOS

5. O tempo de fixao do mau leitor para o bom leitor o mesmo. Entretanto, enquanto o mau leitor faz at 12 fixaes por linha, o bom leitor executa o mesmo em duas ou trs linhas.6. importante realizar trs seqncias de leitura: a) global d texto; b) compreensiva do texto; c) utilizao do texto como instrumento de estudo.

Situaes de leitura:

1. Recreativa, cujo objetivo trazer satisfao inteligncia;2. Crtica, onde existe um confronto de idias ente o leitor e o autor;3. Assimilativa, em que o leitor reconhece o autor como autoridade e procura aprender com ele o seu contedo.

No faz bom leitor o fato de ter sempre um livro mo.Superando deficincias da leitura:

a) Mecanismo ocular: ignorando o funcionamento deste mecanismo, h pessoas que lem com movimentos de cabea, muito prximas ou muito afastadas do objeto de leitura;b) Sentido truncado: por ler aos pedaos, no aprende o significado nem as idias, o que fora o retorno a linhas anteriores, para fixar o sentido;c) Mecanismo fonador: na medida em que se l, tenta acompanhar os olhos com movimentos labiais, ou articulando a lngua, embora com a boca fechada, ou quer fazer leitura em voz baixa, ou seja, est subvocalizando.

Dicas:

1. Preparar a leitura: criar expectativa adequada para a leitura, como um ambiente adequado, arejado, silencioso, dotado de dicionrios (vernculo e tcnico) e materiais de apoio para a compreenso da leitura. Ampliar gradativamente o nvel cultural das leituras para no haver frustraes com o no entendimento. Caso isso ocorra, buscar referncias de auxlio. Selecionar assuntos antes da leitura, visitando dados sobre a autoria, orelhas do livro, sumrio ou ndice, introduo, citaes, referncias, que so indicadores iniciais para o exerccio da leitura;2. Aumentar a velocidade: diferentes textos exigem padres diferenciados de velocidade de leitura. Entretanto, o aumento da velocidade da leitura no significa diminuio da compreenso, porque o crebro l unidade de pensamento, no palavras e, a nossa memria, registra aquilo que conseguimos apreender em at 20 segundos (150 palavras). Uma velocidade satisfatria est em 400 palavras por minuto.3. Eliminar a subvocalizao e centrar nas reas de fixao do texto: o uso inconsciente do aparelho fonador na leitura silenciosa age como um freio sobre o crebro dificultando-lhe a leitura atravs de unidades de pensamento. A leitura de trava-lnguas um bom exerccio (O rato roeu rindo a roupa do rei Ricardo da Rssia). medida que se aumenta a rea de fixao da leitura, consequentemente se aumenta a velocidade, a capacidade de compreenso e a construo de unidades de sentido.4. Aprender a usar a sublinha: para se chegar sublinha, antes necessria uma leitura geral do texto para compreender o seu significado e sentido (salvo quando se tem conhecimento prvio do assunto). Nunca se interrompe uma leitura ao encontrar palavras desconhecidas. Depois, com o uso do dicionrio padro ou do dicionrio tcnico da rea, buscar palavras desconhecidas ou que podem ter outro significado no texto. Aps feito isso, a sublinha o passo seguinte. Ela deve permitir, ao seu final, que a leitura das palavras sublinhadas forme um novo texto ou tenham sentido isoladamente. Portanto, sublinhe o que realmente importante, como idias principais, destacando palavras-chave, depois, destacar os elementos que lhe servem de suporte, explicando-a, apresentando provas, ilustrando-a ou refutando-a. Sublinhe o exemplo:

Lacan, amigo pessoal de Sartre, nunca poupou o existencialismo de crticas e ironias. Achava que esta corrente de pensamento desembocava fatalmente nos becos sem sada de uma subjetividade que centrada na autonomia fictcia da conscincia no era mais que uma verso moderna do cartesianismo, uma espcie de racionalismo trgico. Por exemplo, a idia de que a liberdade nunca se afirma to autenticamente como entre os muros de uma priso, era para Lacan a prova definitiva da impotncia da pura conscincia existencialista para superar qualquer situao, a no ser de maneira ilusria (SOUZA, M.P. de; CESAROTTO, O. Jacques Lacan. So Paulo: Brasiliense, 1985, p.66-8)?

Uma proposta de sublinha:

Lacan, amigo pessoal de Sartre, nunca poupou o existencialismo de crticas e ironias. Achava que esta corrente de pensamento desembocava fatalmente nos becos sem sada de uma subjetividade que centrada na autonomia fictcia da conscincia no era mais que uma verso moderna do cartesianismo, uma espcie de racionalismo trgico. Por exemplo, a idia de que a liberdade nunca se afirma to autenticamente como entre os muros de uma priso, era para Lacan a prova definitiva da impotncia da pura conscincia existencialista para superar qualquer situao, a no ser de maneira ilusriaCrtica de Lacan ao existn-cialismo?

Compreendendo o sublinhado:

a) Idia principal: crticas e ironias de Lacan ao existencialismo.b) Pormenores importantes: o existencialismo desemboca na subjetividade, como verso moderna do cartesianismo;c) Ilustrao de apoio: liberdade autntica entre os muros de uma priso;d) Palavras-chave: Lacan existencialismo crticas subjetividade verso cartesianismo liberdade muros priso prova impotncia superar situao;e) Com um trao as idias principais e as ilustrativas; com dois a palavra-chave, foco da tese; elipse para destacar o incio de uma explicao imagtica; as interrogaes fora do texto para indicar palavras a serem pesquisadas; na margem esquerda, a chamada para o que significa o pargrafo;f) A boa sublinha funciona como um telegrama, e-mail ou sms:Lacan existencialismo crticas desembocava subjetividade verso cartesianismo liberdade muro priso prova impotncia superar situao;g) Uma outra dica servir-se de palavras-ferramenta: substantivo (e verbo); indicadores de relaes entre idias, tais como: logo, portanto, contudo, ora, em suma, em resumo, por conseguinte, por outro lado, de um lado, de outro...

A partir da sublinha podemos fazer o esquema. A construo dele ajuda, pela visualizao, organizar o resumo sem repetir as palavras ou frases do texto. Um esquema o melhor ponto de partida quando precisamos realizar uma sntese. O esquema (esqueleto) contm apenas os traos essenciais do texto, possibilitando ligaes entre os elementos, formando um conjunto e permitindo a visualizao de uma unidade de sentido, hierarquizando o texto e direcionando a compreenso, criando um cdigo pessoal, no pblico ou para os outros.

Lacan X existencialismo

* desembocava na subjetividade; * novo cartesianismo.

No h conscincia pura: liberdade compreende-se na priso

Concluso:A leitura compreendida permite a construo de um resumo do texto dispensando a sua nova leitura.

Revendo alguns aspectos fundamentais da escrita:

De acordo com Aristteles, uma proposio (frase) para ser entendida precisa ter a seguinte estrutura: a) um sintagma nominal; b) um sintagma verbal; c) um sintagma circunstancial. Sintagma um segmento lingstico, como a palavra, sentena e perodo. No nominal, o ncleo um nome (sujeito); no verbal, o verbo e no circunstancial, a circunstncia (predicado).Alm desta estrutura, toda frase precisa respeitar a lgica de ter um incio, um meio e um fim, ou seja, introduo, desenvolvimento e concluso. Esta seqncia vale para a frase, para o pargrafo e para o texto:* Tpico frasal ou frase-ncleo ou introduo. organizado por um ou dois perodos curtos iniciais em que se expressa de maneira clara, sucinta e objetiva a idia que ser apresentada. uma generalizao antecipada;* Desenvolvimento: a explicao da frase-ncleo. So as especificaes que seguem a generalizao do tpico frasal;* Concluso: retoma o objetivo expresso na frase-ncleo, recapitula e resume os aspectos apresentados no desenvolvimento.O texto acadmico, por tradio, carregado de erudio, entretanto, apesar do estilo, a clareza torna-se essencial para haver comunicao. Neste aspecto, pode-se fazer uso da estrutura da notcia, utilizada pelos jornalistas. De acordo com Lasswell (in LAGE, A estrutura da notcia, 2000, p.27), a estrutura de uma notcia deve estar definida no lead (guia) e deve informar quem fez o que, a quem, quando, onde, como, por que e para qu. Estes itens devem fazer parte da frase-ncleo sempre que a informao permitir.Os pargrafos devem respeitar:1. Delimitao do assunto: a restrio do assunto, a fim de torn-lo menos genrico; a fim de selecionar, organizar e ordenar as idias; 2. Fixao do objetivo: a determinao de para qu se vai escrever sobre certo assunto, com que finalidade se escreve, visando a qual objetivo. Possibilita selecionar a linha de pensamento que estar presente em todo o texto; 3. Formulao da frase-ncleo ou tpico frasal. O tpico frasal introduz o assunto no texto, mantendo o pargrafo nos limites do objetivo fixado. Apresenta uma generalizao do que ser desenvolvido; 4. Formulao do desenvolvimento: Seleo e organizao dos aspectos ou detalhe que sero apresentados e devero ser coerentes com o objetivo prefixado. o desdobramento, a explicao do tpico frasal (introduo) e dos aspectos explicados no desenvolvimento.O pargrafo dever respeitar a Unidade, Coerncia e coeso, nfase, Clareza, Conciso, Correo e Originalidade.

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