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0 UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE ESCOLA – EMPRESA: O NOVO OLHAR DO LÍDER. Graciana Mendonça dos Santos Professor – Orientador: Maria Esther de Araujo Niterói - 2009 –

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ESCOLA – EMPRESA: O NOVO OLHAR DO LÍDER.

Graciana Mendonça dos Santos

Professor – Orientador: Maria Esther de Araujo

Niterói

- 2009 –

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

ESCOLA – EMPRESA: O NOVO OLHAR DO LÍDER.

OBJETIVO:

Analisar o papel do líder no âmbito escolar,

suscitando discussões a respeito do possível

alcance de resultados educacionais mais positivos a

partir de uma gestão em convergência com os

modelos empresariais contemporâneos.

Pedagogia Empresarial

Graciana Mendonça dos Santos

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AGRADECIMENTOS

A todos que me apoiaram nessa caminhada,

possibilitando-me o caminhar através de uma

palavra de incentivo, de uma mão amiga ou de um

“empurrãozinho”, meus verdadeiros amigos e entes

queridos.

Ao meu filho Lucas, o “pequeno príncipe” que no

auge dos seus três anos me “carregou no colo”

quando o caminhar se tornou doloroso.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos os profissionais da

educação, que trilham sua caminhada acreditando

em percursos menos pedregosos, vislumbrando

horizontes iluminados, revezando esforços para uma

chegada triunfal, e, cheios de esperança, ensaiando

o recomeço.

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RESUMO

Gestão é atualmente um termo muito comum no universo

organizacional. Liderança também é assunto bastante debatido nas empresas.

Todavia, as organizações escolares de âmbito público iniciam há pouco tempo

as preocupações a respeito destes e de outros temas usuais nas organizações

empresariais.

Desde a antiguidade, o ato de administrar esteve presente nas diversas

formas de organização da sociedade, fosse agrária, urbana, industrial ou do

conhecimento, como é denominada a sociedade contemporânea. Buscando

uma produtividade em consonância com a exigida socialmente, as empresas

organizaram-se administrativamente sempre focando a inovação.

A escola, uma organização, sistematizada ou não, tão antiga quanto à

humanidade, galgou passos mais lentos em relação ao ato de administrar suas

ações de olho nas necessidades da sociedade. É possível gerir a escola

seguindo os princípios adotados por outras empresas? Os estudos mais

recentes não só apontam para uma resposta positiva, como também trazem

práticas empresariais que estão sendo adotadas pelas gestões escolares

contemporâneas.

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METODOLOGIA

Com o intuito de obter maior conhecimento a respeito da prática

administrativa fora e dentro do universo escolar e suscitar reflexões sobre o

assunto, este trabalho alicerçar-se-á em análises anteriores.

Autores como Chiaveanato, Maximiano, Drucker, Sabbag, especialistas

na área administrativa, além de Luckesi e Rosa, dentre outros dedicados ao

universo educacional, fundamentarão os capítulos.

A área de administração será o ponto de partida, o qual iniciará o

caminho mostrando o processo evolutivo que a transformou no que é hoje.

Dando continuidade ao caminhar e em comparação à administração

aplicada nas grandes empresas modernas, aparece o cenário escolar. Nele, a

partir também de um estudo cronológico, encontra-se a essência deste

trabalho: qual importância é dada ao segmento administrativo da escola? A

gestão escolar pratica a liderança nos moldes que exige uma organização? Há

quanto tempo? Em busca de quais resultados?

A partir da pesquisa bibliográfica, reflexões pessoais surgem, não com o

objetivo de esgotar o tema, mas com a pretensão de levantar maiores

questionamentos, debates convergentes e divergentes e até hipóteses que

poderão integrar os diálogos presentes nas escolas ou fora delas, em outros

segmentos organizacionais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO 8

CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO NO BRASIL: O ATO DE ENGATINHAR 22

CAPÍTULO III

O GESTOR ESCOLAR CONTEMPORÂNEO FRENTE AOS DESAFIOS DE

UMA EDUCAÇÃO EFETIVAMENTE TRANSFORMADORA 33

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 47

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INTRODUÇÃO

Tanto as organizações empresariais quanto as instituições escolares

apresentam um histórico de conservadorismo enraizado sócio-culturalmente e

associado à questões de poder.

As empresas em virtude de fatores de conjuntura econômica, do

aumento da concorrência e/ou da desregulamentação do comércio mundial,

trilharam à passos largos um caminho de transformação interna em busca da

qualidade para o alcance satisfatório de seu objetivo final, o resultado.

As escolas, especialmente as públicas, por sua vez, hesitante em se

aceitar organizada tal qual uma empresa, apenas engatinha, no máximo ensaia

alguns curtos e temerosos passos, em direção ao horizonte das mudanças

contemporâneas.

Apenas em estudos mais recentes a respeito do universo educacional

surgem expressões há muito utilizadas nas demais organizações: gestão

democrática, descentralização, princípio de liderança participativa,

desempenho, dentre outros termos.

Diante da necessidade de reafirmar a escola enquanto organização,

empregando à primeira os princípios da última, além de salientar uma questão

que merece maior reflexão, a liderança escolar frente aos desafios sociais

contemporâneos, surge o presente trabalho.

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CAPÍTULO I

A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO

“A essência da administração é o ser humano. Seu objetivo é tornar as pessoas capazes do desempenho em conjunto, tornar suas forças eficazes e suas fraquezas irrelevantes. Isso é a organização, e a administração é o fator determinante.”

(Peter Drucker)

Administração é um termo pertinente a todo tipo de empreendimento

humano que reúne, em uma única organização, pessoas com diferentes

saberes e habilidades, sejam vinculadas às instituições com fins lucrativos ou

não.

A administração, portanto, precisa ser aplicada aos sindicatos, às

igrejas, aos clubes, às escolas, tanto como nas empresas, sendo responsável

pelos seus desempenhos.

Este capítulo pretende apresentar a evolução histórica da administração,

com o intuito de, nos capítulos seguintes, comparar o ato de administrar da

organização escolar, sobretudo na esfera pública, com a administração

praticada nas demais organizações empresariais, de forma a elucidar a

dissonância com que se dá esse processo administrativo nos dois âmbitos

organizacionais e, outrossim, a concluir o quanto a distorção da gestão no

universo escolar influencia nos seus resultados, tão necessários ao progresso

saudável da sociedade.

1.1. Aspectos históricos da formação do pensamento

administrativo.

Na história da humanidade, verifica-se que sempre existiu alguma forma

de associação entre os homens para, através do esforço conjunto, atingirem

objetivos que, isoladamente não seria possível.

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9 O processo de administrar está vinculado a qualquer situação em que

existam pessoas fazendo o uso de recursos para atingir determinado objetivo.

De tais formas, embora inicialmente rudimentares, já manifestava-se

alguma forma de administrar organizações.

Conforme, Antonio César A. Maximiano em Teoria geral da

administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada,

por volta de 10000 a 8000 a. C. na Mesopotâmia e no Egito, agrupamentos

humanos que desenvolviam atividades extrativistas faziam uma transição para

atividades de cultivo agrícola e pastoreio, iniciando-se a Revolução Agrícola.

Nesse período surgem as primeiras aldeias, marcando-se a mudança da

economia de subsistência para a administração da produção rural e a divisão

social do trabalho.

De acordo com o mesmo autor, no período compreendido entre 3000 e

500 a. C., a Revolução Agrícola evoluiu para a Revolução Urbana, surgindo as

cidades e os Estados e demandando a criação de práticas administrativas.

Idalberto Chiavenato no livro Introdução à teoria geral da administração

faz referências às magníficas construções realizadas na antiguidade, no Egito,

na Mesopotâmia, na Assíria, que indicaram trabalhos de dirigentes capazes de

planejar e orientar a execução de obras observáveis até os dias atuais.

Também através de papiros egípcios foi possível verificar a importância da

organização e administração da burocracia pública no Antigo Egito.

Portanto, segundo pesquisa dos autores acima, mesmo em

organizações primitivas fazia-se, ainda que de maneira informal e até

inconsciente, uso de atividades administrativas.

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1.1.1.A influência dos filósofos no pensamento administrativo.

Merece referência a influência dos filósofos gregos, como Platão (429 a.

C. – 347 a. C.), discípulo de Sócrates, e Aristóteles (384 a. C. – 322 a. C.),

discípulo de Platão. Ambos deixaram contribuições para o pensamento

administrativo do Século XX. Platão preocupou-se com os problemas de

natureza política e social relacionados ao desenvolvimento do povo grego.

Aristóteles impulsionou o pensamento da Filosofia e no seu livro Política

estudou a organização do Estado.

Outros filósofos deixaram importantes contribuições para a formação do

pensamento administrativo:

Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) à historiador e filósofo político

italiano, seu livro mais famoso, O Príncipe (escrito em 1513 e publicado em

1532) refere-se à forma de como um governante deve se comportar. Segundo

Maximiano, Maquiavel pode ser entendido “como um analista do poder e do

comportamento dos dirigentes em organizações complexas.” (MAXIMIANO,

2000, p.146). Conforme descreve Maximiano, certos princípios simplificados

que sofreram popularização estão associados a Maquiavel:

- “Se tiver que fazer o mal, o príncipe deve fazê-lo de uma só vez.

O bem, deve fazê-lo aos poucos.”

- “O príncipe terá uma só palavra. No entanto, deverá mudá-la

sempre que for necessário.”

- “O príncipe deve preferir ser temido do que amado.”

Francis Bacon (1561 – 1626) à filósofo e estadista inglês, considerado

um dos pioneiros do pensamento científico moderno e fundador da Lógica

Moderna, obra baseada no método experimental e indutivo. Segundo

Chiavenato (1983, p.22), com Bacon é que encontra-se a preocupação com a

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11 separação experimental do que é essencial em relação ao que é acidental.

Antecipou-se ao Princípio da Administração Prevalência do Principal sobre o

Acessório.

René Descartes (1596 – 1650) à filósofo, matemático e físico francês,

considerado fundador da Filosofia Moderna. Celebrizado pela sua obra O

Discurso do Método, em que descreve os principais preceitos do seu método

filosófico, hoje denominado Método Cartesiano. Princípios do Método

Cartesiano:

- Princípio da Dúvida Sistemática ou da Evidência – não é

verdadeiro até que se saiba com evidência.

- Princípio da Análise ou da Decomposição - dividir e decompor

cada parte de um problema para analisar as suas partes

separadamente.

- Princípio da Síntese ou da Composição – processo racional que

consiste no ordenamento dos pensamentos, dos mais fáceis e

simples para os mais difíceis e complexos.

- Princípio da Enumeração ou da Verificação – em tudo fazer

recontagens, verificações e revisões de modo a tornar-se seguro

de não ter havido qualquer omissão durante o processo de

raciocínio (checklist).

Thomas Hobes (1588 – 1679) à filósofo e teórico político inglês,

segundo o qual o homem primitivo era um ser antissocial por definição,

atirando-se uns contra os outros pelo desejo de poder, riqueza e propriedade :

“O homem é o lobo do próprio homem”. O Estado surge como o resultante da

questão, que, de forma absoluta, impõe a ordem e organiza a vida social.

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12 Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) à Marx,

filósofo alemão, e Engels, propuseram uma teoria da origem econômica do

Estado. Chiavenato (1983, p.23) escreve que, de acordo com Marx e Engels, a

dominação econômica do homem pelo homem é a geradora do poder político

do Estado, que vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social

exploradora. No Manifesto Comunista, segundo Chiavenato, Marx e Engels

afirmam que a história da humanidade sempre foi a história da luta de classes,

resumidamente, entre exploradores e explorados.

1.1.2. As Influências do Arsenal de Veneza.

No século XV, Veneza além de um significativo e forte local de

concentração de homens de negócios também era uma cidade de guerreiros.

Lá, em 1436 foi criado um arsenal, denominado Arsenal de Veneza, que

representava, segundo Maximiano (2000, p.144) a maior fábrica do mundo,

capaz de construir, e colocar em situação de combate, 100 navios em dois

meses. Esse resultado se fazia possível em decorrência da adoção de métodos

de produção e administração comparáveis aos usados nas fábricas de

automóveis do século XX. No Arsenal eram utilizados sistemas de registro e

controle empregando contabilistas para tal finalidade. Em 1494, Luca Pacioli,

frade veneziano, divulgou o método das partidas dobradas utilizado em

Veneza. Chiavenato (1983, p.19) relaciona ao Arsenal de Veneza, referindo-se

ao ano de 1436, o controle de custos; as verificações de balanços para

controle; o controle de inventários; o intercâmbio de partes; a utilização da

técnica de linha de montagem; o uso da administração de pessoal e a

estandardização das partes.

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1.1.3. As Influências da Igreja Católica e da Organização Militar.

Para Chiavenato (1983, p.24), tais instituições são consideradas duas

formas organizacionais bem sucedidas. A estrutura organizacional da Igreja

serviu de modelo para muitas organizações. De estrutura simples e eficiente foi

objeto de estudo de James D. Mooney, que mostrou a sua hierarquia de

autoridade, seu estado-maior (assessoria) e sua coordenação funcional. Das

forças armadas tem-se a organização linear, o princípio da unidade de

comando (cada subordinado só pode ter um superior), a escala hierárquica

(escala de níveis de comando de acordo com o grau de autoridade e

responsabilidade), a centralização de comando e a descentralização da

execução e o princípio de direção (todo o soldado deve saber perfeitamente o

que se espera dele e o que deve fazer).

1.1.4. A Influência da Revolução Industrial.

Conforme Maximiano (2000, p. 147), a Revolução Industrial, ocorrida no

século XVIII, é resultado de dois eventos importantes – o surgimento das

fábricas e a invenção das máquinas a vapor por James Watt em 1776 - que

revolucionaram a produção e a aplicação dos conhecimentos administrativos.

Iniciada na Inglaterra e espalhada pelo mundo civilizado, divide-se em dois

períodos distintos:

1ª fase: 1780-1860: 1ª Revolução Industrial ou Revolução do Carvão e do

Ferro.

- Revolução do Carvão (como principal fonte de energia)

- Revolução do ferro (como principal matéria-prima)

A 1ª Revolução Industrial começa com a introdução da máquina de fiar, do

tear hidráulico e posteriormente do tear mecânico, do descaroçador de

algodão, provocando a mecanização das oficinas e da agricultura.

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O trabalho do homem, do animal e da roda d’água é substituído pelo

trabalho da máquina, surgindo o sistema fabril: o antigo artesão transforma-se

no operário e a pequena oficina patronal cede lugar à fábrica e à usina. As

novas oportunidades de trabalho provocam migrações e consequente

urbanização ao redor dos centros industriais. Há uma renovação nos meios de

transporte e comunicações: surge a navegação a vapor, a locomotiva a vapor,

o telégrafo e o telefone. É o início do Capitalismo.

2ª fase: 1860-1914: 2ª Revolução Industrial ou Revolução do Aço e da

Eletricidade.

- Revolução da eletricidade e derivados do petróleo (como as novas

fontes de energia)

- Revolução do aço (como nova matéria-prima)

A 2ª Revolução Industrial começa com a introdução definitiva da maquinaria

automática e da especialização do operário. Há uma intensa transformação nos

meios de transporte e nas comunicações: surge a estrada de ferro, o

automóvel, o avião, o telégrafo sem fio, o rádio. O capitalismo financeiro se

consolida e surgem as grandes organizações multinacionais (como a Standard

Oil, a General Eletric, a Westinghouse, a Siemens, etc.).

Ao final desse período, o mundo já não era mais o mesmo e a moderna

administração surgiu em resposta a duas consequências provocadas pela

Revolução Industrial, a saber:

a) o crescimento acelerado e desorganizado das empresas passaram a

exigir uma administração científica capaz de substituir o empirismo e a

improvisação;

b) a necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas para

fazer face à intensa concorrência e competição no mercado.

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1.1.5. A influência dos economistas clássicos liberais.

Segundo João Bosco Lodi em História da Administração, o administrador

profissional surge a partir do desenvolvimento da indústria e da crescente

separação entre propriedade e administração. Entretanto, antes do

“administrador-pensador”, contamos com a influência dos economistas

clássicos do final do século XVIII e início do século XIX sobre as origens do

pensamento administrativo.

Adam Smith (1723 – 1790) à filósofo e economista escocês,

considerado o criador da Escola Clássica da Economia, em 1776 publica a sua

obra Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações,

mais conhecido como A Riqueza das Nações, onde abordava o Princípio da

Especialização dos Operários e o Princípio da Divisão do Trabalho em uma

manufatura de agulhas para destacar a necessidade da racionalização da

produção. Conforme Chiavenato (1983, p.30), para Adam Smith, a origem da

riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das

tarefas, preconizando o estudo dos tempos e movimentos, pensamento que,

mais tarde, Frederick Winslow Taylor e o casal Frank e Lilian Gilbreth viriam a

desenvolver, fundamentando a Administração Científica.

David Ricardo (1772 – 1823) à economista britânico, em sua obra

Princípios de Economia Política e Tributação, publicada em 1817, tratava de

teorias cujas bases residiam nos seus estudos sobre a distribuição da riqueza

em longo prazo. Segundo David Ricardo, o crescimento da população tenderia

a provocar a escassez de terras produtivas. Tal como Adam Smith, Ricardo

admitia que a qualidade do trabalho contribuía para o valor de um bem haja

vista que o trabalho era compreendido como uma mercadoria. Uma importante

contribuição deste filósofo foi o Princípio dos Rendimentos Decrescentes.

Ricardo tentou deduzir uma teoria do valor a partir da aplicação do trabalho e

tornou-se por excelência o Clássico da Economia. Apesar de se inspirar em

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16 grande parte da sua análise na obra de Adam Smith acabou por o criticar.

Alterou o conceito de valor de uso de Adam Smith definindo-o como a

Utilidade, ou seja, a capacidade do produto de satisfazer as nossas

necessidades. Como contribuições para a formação do pensamento

administrativo, resumidamente, é possível destacar suas posições a respeito

do custo do trabalho bem como sobre os preços e mercados.

John Stuart Mill (1806 – 1873) à filósofo e economista britânico,

publicou Princípios de Economia Política, onde, segundo Chiavenato (1983,

p.31), apresenta um conceito de controle, objetivando evitar furtos nas

empresas. Acrescenta duas qualidades importantes, a fidelidade e o zelo.

Samuel P. Newman (1835) à no seu livro Elementos de Economia

Política prescrevia as qualidades do administrador:

- capacidade de planejamento ;

- tenacidade ao executar os planos;

- caráter para liderar;

- conhecimento, tanto genérico quanto específico.

1.2. Precursores da Moderna Administração.

A partir de 1900 começaram a surgir os primeiros estudos sobre

métodos e processos de organização. Dentre os autores desses estudos

destacam-se os seguintes:

Frederick Winslow Taylor:

Engenheiro norte-americano, nasceu em 1865 e morreu em 1915. Foi

aprendiz, operário-mecânico e engenheiro-chefe. Taylor deu grande

importância à administração da produção, preocupando-se com a supervisão e

a eficiência dos empregados. A melhoria da produtividade do trabalhador,

segundo esse autor, permite a elevação dos salários. Desenvolveu novos

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17 processos de fabricação do aço e aperfeiçoou sistemas como, por exemplo, o

da cronometragem que permite a medição do tempo de execução de um

trabalho. Era um estudo de tempo de movimentos. Publicou em 1911 o livro

Princípios de Administração Científica e criou a Teoria da Administração

Científica.

Pode-se dizer que sua grande contribuição teórica reside nas diretrizes que

fixou para a racionalização do trabalho industrial e na divisão da autoridade e

supervisão. São os seguintes, os principais pontos de sua teoria:

• Princípios Científicos em substituição ao empirismo (técnica de tentativa

e erro) = objetivando uma prática administrativa científica, baseada em

princípios e não no processo de tentativa sob risco;

• Divisão do trabalho = determinando, através das regras básicas a

divisão em diferentes etapas das diversas atividades;

• Divisão de autoridade e responsabilidade = distinguindo as tarefas de

planejamento e direção daqueles que executam o trabalho;

• Treinamento e seleção do trabalhador = permitindo a qualificação do

trabalhador mediante seleção e aperfeiçoamento técnico;

• Coordenação entre as atividades = Articulando a atuação dos

trabalhadores com as dos supervisores e administradores.

Henri Fayol:

Engenheiro e administrador francês, nasceu em 1841 e morreu em 1925.

Publicou em 1916 o livro Administração Industrial e Geral. Foi o criador da

Teoria Clássica de Administração.

Além de preocupar-se com aspectos da produção, Fayol fez da administração

uma abordagem mais ampla que a de Taylor. As considerações de Fayol sobre

a função administrativa merecem, ainda hoje, especial atenção.

Para Fayol, as funções básicas da empresa eram: Técnica, Comercial,

Financeira, Contábil, Segurança, Administrativa.

Os princípios gerais de administração, segundo Fayol, são:

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• Divisão de trabalho = tanto no tempo como no espaço, isto é,

abrangendo fases e etapas de um mesmo trabalho e os diversos

trabalhos de um mesmo conjunto;

• Autoridade e responsabilidade = tanto do ponto de vista da posição da

empresa, como pessoal, ou seja, moral e em termos de qualificação;

• Disciplina = mediante regras de subordinação aos supervisores;

• Unidade de comando= certo número de subordinados recebe e acata

ordens de um único superior;

• Unidade de direção = certo número de atividades obedece à supervisão

de um único supervisor;

• Subordinação do interesse individual ao geral= o interesse de um

indivíduo não deve prevalecer contra o interesse do coletivo;

• Remuneração = salários justos do ponto de vista da empresa e do

trabalhador;

• Centralização = concentrando a maior soma de direção possível nas

mãos de um único controle ou direção;

• Cadeia hierárquica = definindo uma rigorosa estrutura de autoridade e

responsabilidade;

• Ordem = A perfeita ordenação humana e material;

• Equidade = garantindo a conciliação mais justa ente os interesses

empresariais e trabalhistas;

• Estabilidade = contra a rotatividade da mão-de-obra, julgando mais

eficiente sua permanência;

• Iniciativa = abrangendo o dinamismo desde o principal executivo até os

mais baixos níveis de autoridade;

• Cooperação = estimulando o espírito de equipe e a conjunção dos

esforços para a meta final.

Fayol acreditava que administrar é, a um só tempo: planejar ou prever,

organizar, coordenar, comandar e controlar.

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Henry Ford:

Empresário americano nasceu em 1863 e morreu em 1947. De acordo com

Ford, todo trabalho repetido ou repetitivo pode ser realizado em linha ou série.

Ao contrário de Fayol, que centra sua análise no aspecto administrativo da

empresa, Ford se ocupa do sistema de produção empresarial como um todo,

visando a sua maior eficiência.

Ford introduziu os conceitos modernos de produção em série e de linhas de

montagem, concebendo um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo e

custo. Estabeleceu também três princípios pelos quais deve se orientar a

produção:

• De intensificação = redução de tempo de produção, eliminação de

capacidade ociosa de trabalhadores e equipamentos, permitindo o

rápido retorno do capital investido;

• De economicidade = emprego reduzido de fatores de produção;

• De produtividade = aumento da capacidade de produtividade do

trabalho.

1.3. A Administração Moderna, por Peter Drucker.

As principais concepções sobre administração postuladas por Peter

Drucker, considerado por muitos estudiosos um dos maiores pensadores

lógicos da área administrativa, nortearão as análises futuras deste trabalho.

São elas:

• A administração reflete direta ou indiretamente na vida dos seres

humanos. Cabe a ela capacitar as pessoas para o trabalho em equipe,

oferecendo-lhes oportunidades de potencializar suas forças e minimizar suas

fraquezas, e enfim, as capacitando para que contribuam efetivamente com a

sociedade.

• A administração está profundamente inserida na cultura, porque ela

integra as pessoas em um empreendimento comum.

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• Toda empresa exige compromisso com metas e valores

compartilhados. A primeira tarefa da administração é pensar, estabelecer e

exemplificar esses valores e essas metas.

• “Toda empresa é uma instituição de aprendizado e de ensino.” A

administração, portanto, deve capacitar a empresa e cada um de seus

componentes a crescer e a se desenvolver à medida que mudem as

necessidades e as oportunidades externas.

• Nem o nível de produção nem a linha de resultados são medições

suficientes do desempenho da administração e da empresa. Posição no

mercado, inovação, produtividade, desenvolvimento do pessoal, qualidade,

resultados financeiros, todos são cruciais ao desempenho de uma organização

e à sua sobrevivência. Também as instituições não-lucrativas precisam de

medições em algumas áreas específicas às suas missões.

• E por último, os resultados existem apenas no exterior das

organizações. O resultado de uma empresa é um cliente satisfeito. O resultado

de um hospital é um paciente curado. O resultado de uma escola é um aluno

que aprendeu alguma coisa e a coloca em funcionamento dez anos mais

tarde. Dentro das organizações só há custos.

A administração para Drucker é considerada uma “arte liberal”. É “arte”

porque é prática e aplicação e é “liberal” porque trata dos fundamentos do

conhecimento, autoconhecimento, sabedoria e liderança. As origens do

conhecimento e das percepções estão nas ciências humanas e sociais, nas

ciências físicas e na ética, que devem estar focados sobre a eficiência e os

resultados das organizações.

As instituições privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos, não

existem por conta própria, mas para satisfazer uma necessidade exclusiva da

sociedade, da comunidade ou do indivíduo. Existem para cumprir uma

finalidade social definida. Não são fins em si, são meios para que as

necessidades sejam atendidas.

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Assim, a administração é o órgão da instituição que, como tal, só pode

ser descrito e definido por sua função e contribuição, devendo cumprir as

seguintes tarefas:

• atingir a finalidade e a missão específicas da instituição, seja uma

empresa comercial, um hospital ou uma universidade;

• tornar o trabalho produtivo e transformar o trabalhador em

realizador;

• administrar os impactos sociais e as responsabilidades sociais.

Através de uma breve viagem no tempo, este capítulo trouxe algumas

considerações necessárias ao entendimento do processo de surgimento e

desenvolvimento das atividades administrativas em âmbito organizacional.

Influenciada por filósofos, economistas, instituições religiosas e

governamentais, dentre outros, a administração tornou-se fundamental em

qualquer tipo de organização e chegou às grandes empresas de forma

revolucionária, sendo sistematizada pelos renomados Taylor, Fayol e Ford.

Peter Drucker deixa sua contribuição especialmente quando fornece

concepções que materializam a administração para além dos aspectos

econômicos, empregando-lhe caráter social e cultural e expandindo sua

responsabilidade para além dos limites da organização.

Essa evolução, embora iniciada há milênios atrás, pode ser considerada

rápida, pois ao passo que a sociedade mudava as organizações adaptavam-se

simultaneamente ao novo modelo. Hoje, é notável, a administração empresarial

está enxergando além de seu tempo, adotando estratégias que muitos outros

segmentos da sociedade desconhecem, como, por exemplo, as tecnologias

avançadas.

É desse processo evolutivo que a organização escolar encontra-se

carente. E é desse assunto que se ocuparão os próximos capítulos.

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CAPÍTULO II

A EDUCAÇÃO NO BRASIL: O ATO DE ENGATINHAR.

A educação é um típico “que - fazer” humano, um tipo de atividade que se

caracteriza fundamentalmente por uma finalidade a ser atingida. A educação dentro

de uma sociedade se manifesta como um instrumento de manutenção ou

transformação social.

Portanto, a estreita relação entre educação e sociedade merece reflexão

histórica, para maior compreensão dessa relação na conjuntiva atual com os

demais segmentos organizacionais.

Iniciando a viagem no tempo, três tendências filosófico-políticas se

constituíram ao longo da prática educacional: educação como redenção; educação

como reprodução; e educação como um meio de transformação da sociedade.

2.1. Educação Redentora: a sociedade como um todo orgânico

harmonioso.

A sociedade já foi entendida à luz dos estudos sociológicos como um sistema

no qual todos os órgãos deveriam trabalhar para o seu perfeito treinamento. Sendo

assim compreendida a sociedade, a educação como instância social voltada para a

formação da personalidade dos indivíduos, para o desenvolvimento de suas

habilidades e para a veiculação dos valores éticos necessários à convivência social,

estabeleceu-se como redentora, integrando harmonicamente os indivíduos no todo

social existente.

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23 Um legítimo representante dessa concepção de educação é o estudioso João

A. Comênio, autor da Didática Magna: tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a

Todos. Este autor parte da compreensão de que o mundo foi criado bom e

harmonioso por Deus. Pela desobediência, o ser humano introduziu o desequilíbrio,

o pecado! E mesmo com a vinda de Cristo para retornar o equilíbrio, os homens

continuaram no seu delírio de quedas.

À educação cabe a recuperação dessa harmonia perdida, conforme professa

Comênio: “Toda a juventude (...) possa ser formada nos estudos, educada nos

costumes, impregnada de piedade (...), instruída em tudo o que diz respeito à vida

presente e futura, com economia de tempo e fadiga, com agrado e com solidez.”

(COMÊNIO, Apud LUCKESI, 1994, p. 43).

Tudo isso para que a sociedade seja redimida e para que “haja menos

trevas, menos confusão, menos dissídios e mais luz, mais ordem, mais paz, mais

tranquilidade”. (Idem, p.44).

Portanto, a educação terá a força de redimir a sociedade se investir seus

esforços nas novas gerações, formando suas mentes e dirigindo suas ações a partir

dos ensinamentos. Deste modo, elas estarão sendo adaptadas ao ideal de

sociedade através da educação.

2.2. Educação como reprodução da sociedade.

Outra tendência de interpretação do papel da educação na sociedade é a

que afirma que a educação faz, integralmente, parte da sociedade e a reproduz.

Diversa da tendência redentora, a reprodutora aborda a educação como uma

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24 instância dentro da sociedade e exclusivamente ao seu serviço. Não a redime de

suas mazelas, mas a reproduz no seu modelo vigente, perpetuando-a.

A diferença fundamental entre a tendência redentora e esta é que a primeira

atua sobre a sociedade como uma instância corretora dos seus desvios, tornando-a

melhor e mais próxima do modelo de perfeição social harmônica idealizada. A

interpretação da educação como reprodutora da sociedade implica entendê-la como

um elemento da própria sociedade, determinada por seus condicionantes

econômicos, sociais e políticos, portanto, à serviço dessa mesma sociedade e de

seus condicionantes.

Em seu livro Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado, Louis Althusser

faz, a partir de pressupostos marxistas, um estudo sobre o papel da escola como

um dos aparelhos do Estado, como uma das instâncias da sociedade que veicula a

sua ideologia dominante, para reproduzi-la.

Toda sociedade, segundo o autor, para perenizar-se, necessita reproduzir-

se em todos os seus aspectos, caso contrário desaparece.

“Uma formação social que não reproduz as condições de produção ao

mesmo tempo em que produz, não conseguirá sobreviver um ano que seja.”

(ALTHUSSER, Lisboa, s/d, p.9). Na posição de Althusser, é impossível manter a

produção sem que ocorra a reprodução dos meios materiais que garantam a

manutenção ou o incremento da produção, assim como torna-se necessária a

reprodução cultural da sociedade.

Não há como continuar a produzir sem a entrada de matérias-primas e sem

a reprodução das condições técnicas da produção. Os equipamentos desgastam-se

ou tornam-se obsoletos. No entanto, a produção dos bens materiais e sua

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25 reprodução não se realizam sem outro elemento básico: a força de trabalho. Como

qualquer outro elemento, ela não é inesgotável, o que exige também a sua

reprodução.

Deve-se, pois, reproduzir a mão-de-obra do ponto de vista quantitativo e

qualitativo. A vertente quantitativa, chamada por Althusser “biológica”, sustenta-se

pela necessidade do número de trabalhador. Enquanto a vertente qualitativa ou

“cultural” refere-se à competência no exercício das atividades que garantem a

produção. Portanto, torna-se necessária a formação profissional, segundo os

diversos níveis e necessidades da divisão social do trabalho.

No passado, nas sociedades primitivas, a preocupação se fazia na própria

prática cotidiana. Aprendia-se operando o próprio meio de trabalho. Na medida em

que os grupamentos humanos foram se tornando mais complexos, a preparação da

força de trabalho, do ponto de vista qualitativo, foi delegada a uma instituição

específica: a escola.

Com isso, a escola alcançou o foco de principal instrumento para a

reprodução qualitativa da força de trabalho do que necessitava a sociedade

capitalista.

A escola, segundo a análise de Althusser, é o instrumento criado para

otimizar o sistema produtivo e a sociedade a que ele serve, pois ela não só qualifica

para o trabalho, socialmente definido, mas também introjeta valores, que garantem

a reprodução comportamental compatível com a ideologia dominante.

A escola considerada pelo autor a “prima-dona”, na sociedade moderna,

substitui a Igreja no esquema de reprodução através da veiculação de valores, e

como principal aparelho ideológico de estado atua sobre as diversas faixas etárias

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26 do cidadão, perpassando a vida das pessoas e deixando sua marca indelével na

personalidade de cada um. Os papéis definidos pela divisão social de trabalho se

especificam conforme a escolaridade de cada um: papel de explorado, papel de

agente da exploração, papel de agentes de repressão, e, ainda, papel de

profissionais da ideologia.

Esses valores da sociedade dominante, que se reproduz através da escola,

não operam nela com exclusividade. A família, A igreja, os meios de comunicação

social subsidiam o mesmo fim. Todavia, nenhuma outra instituição, como a escola,

“dispõe, durante tanto tempo, da audiência obrigatória (...) da totalidade das

crianças da formação social capitalista (...).” (ALTHUSSER, Lisboa, s/d, p.65).

A escola, pois, age por valores e otimiza, ao máximo, o sistema dentro do

qual está inserida e ao qual serve. Não é a escola que institui a sociedade, mas, é,

ao contrário, a sociedade que institui a escola para o seu serviço.

A seguir, pode ser visto o pessimismo da visão reprodutivista de Althusser,

resumindo tudo o que aqui foi analisado sobre a tendência reprodutivista da

educação:

“Peço desculpas ao professor que, em condições terríveis, tentam voltar contra a ideologia, contra o sistema e contra as praticas em que este os ensina, as armas que podem encontrar na história e no saber que ‘ensinam’. Em certa medida são heróis, mas são raros e quantos (a maioria) não têm sequer vislumbre de dúvida quanto ao trabalho que o sistema (que os ultrapassa e esmaga) os obriga fazer; pior, dedicam-se inteiramente e em toda consciência à realização desse trabalho (os famosos métodos novos). Têm tão poucas duvidas, que contribuem até pelo seu devotamento a manter e a alimentar a representação ideológica da Escola que a torna hoje tão ‘natural’, indispensável-útil e até benfazeja aos nossos contemporâneos, quanto a Igreja era para os nossos antepassados de há séculos.” (SAVIANI, 1987, p. 678)

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2.3 A educação como instância transformadora da sociedade.

Como ponto de partida para a conscientização da escola surge a

tendência que tem por perspectiva compreender a educação como mediação

de um projeto social. Ou seja, por si, ela nem redime nem reproduz a

sociedade, mas serve como meio ao lado de outros meios, para realizar um

projeto de sociedade. Pretende demonstrar que é possível compreender a

educação dentro da sociedade com os seus determinantes e condicionantes,

mas com a possibilidade de trabalhar pela sua democratização.

Os teóricos desta tendência, nem negam que a educação tem papel

ativo na sociedade, nem recusam reconhecer os seus condicionantes históricos

sociais. Ao contrário, consideram a possibilidade de agir a partir dos próprios

condicionantes históricos, como sugere Saviani à respeito da tendência

transformadora: “(...) se impõe a tarefa de superar tanto o poder ilusório como a

impotência, colocando nas mãos dos educadores uma arma de luta capaz de

permitir-lhes o exercício de um poder real, ainda que limitado.” (SAVIANI, 1987,

pág.8).

Para tanto, importa interpretar a educação como uma instância dialética

que serve a um projeto, a um modelo, a um ideal de sociedade, não sendo

tarefa simples, à educação e aos educadores que a realizam, efetivar esse

processo dentro da sociedade capitalista, pois que esta possui muitos ardis

pelos quais ela se recompõe, tendo em vista não modificar-se.

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28 Propõe Luckesi que a educação siga por algum desses três caminhos,

afirmando que “o que não podemos é ficar sem nenhuma delas, pois quando

não pensamos, somos pensados e dirigidos por outros.” (LUCKESI, 1994,

pág.51).

2.4 As tendências pedagógicas na pratica escolar.

Cipriano Luckesi, filósofo da Educação, muito contribui com seus

estudos para a análise prática educativa ao longo dos tempos. Em sua obra

Filosofia da Educação, mais especificamente no capítulo em que trata das

concepções pedagógicas, Luckesi nos orienta a vislumbrar o quadro

educacional brasileiro à luz das tendências anteriormente analisadas:

redentora, reprodutivista e transformadora.

É alicerçado nestes estudos que segue a análise seguinte à respeito das

abordagens pedagógicas, divididas em 2 grupos, segundo à posição que cada

uma adota em relação às finalidades sociais da escola: a Pedagogia Liberal e a

Pedagogia Progressista.

2.4.1. Pedagogia Liberal.

A Pedagogia Liberal, desvencilhando-se da denotação usual, apareceu

como justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da

liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de

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29 organização social baseada na propriedade privada do meio de produção,

também denominada sociedade de classes.

A educação brasileira, por longos anos, foi marcada pelas tendências

liberais, nas suas formas ora conservadora ora renovada, além da vertente

tecnicista.

A Pedagogia Liberal sustenta a ideia de que a escola tem por função

preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com

as aptidões individuais, por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar

aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes através do

desenvolvimento da cultura individual.

Historicamente, a Educação Liberal iniciou-se com a Pedagogia

Tradicional e, por razões de recomposição da hegemonia da burguesia, evoluiu

para a Pedagogia Renovada, o que não significa a substituição de uma pela

outra, pois ambas conviveram e convivem na prática escolar.

Na Tendência Tradicional, a Pedagogia Liberal se caracteriza por

acentuar o ensino humanístico, no qual o aluno é educado para atingir, pelo

próprio esforço, sua plena realização como pessoa. Os conteúdos, os

procedimentos didáticos, a relação professor-aluno não tem nenhuma relação

com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É a

predominância da palavra do professor, das regras impostas, do cultivo

exclusivamente intelectual.

A Tendência Liberal Renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura

como desenvolvimento das aptidões individuais, mas a educação é um

processo interno, ela parte das necessidades e interesses individuais

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30 necessários para a adaptação ao meio. A Educação Renovada propõe um

ensino que valorize a autoeducação, a experiência direta sobre o meio pela

atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo.

A Tendência Liberal Renovada apresenta-se em duas versões distintas:

a Renovada Progressivista e a renovada Não-diretiva, orientada para os

objetivos de autorrealização e para as relações interpessoais.

A Tendência Liberal Tecnicista subordina a educação à sociedade,

tendo como função a preparação de recursos humanos. A sociedade industrial

e tecnológica estabelece as metas econômicas, sociais e políticas, a educação

treina nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas metas. No

tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas próprias leis,

bastando aos homens descobri-las e aplicá-la, sendo o essencial não o

conteúdo da realidade, mas as técnicas de descoberta e aplicação. A

tecnologia é o meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um

ótimo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecnológico por

excelência.

2.4.2. Pedagogia Progressista.

A Pedagogia Progressista abrange a análise crítica das realidades

sociais e sustenta implicitamente as finalidades sócio-políticas da educação. A

Pedagogia Progressista não tem como institucionalizar–se numa sociedade

capitalista, propondo-se como um instrumento de luta dos profissionais de

educação ao lado de outras práticas sociais.

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31 A Pedagogia Progressista tem-se manifestado em três tendências: a

Libertadora, a Libertária e a Crítico-social dos Conteúdos.

As versões Libertadora e Libertária têm em comum o antiautoritarismo,

a valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a ideia

de autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais valor ao processo de

aprendizagem grupal do que ao conteúdo de ensino. Como decorrência, a

prática educativa somente faz sentido numa prática social junto ao povo, razão

pela qual preferem as modalidades de educação popular não-formal.

A abordagem da Pedagogia Crítico-social dos Conteúdos propõe uma

síntese superadora das Pedagogias Tradicional e Renovada, valorizando a

ação pedagógica enquanto inserida na prática social concreta. Entende a

escola como mediação entre o individual e o social, exercendo aí a articulação

entre a transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa por parte de um aluno

concreto, dessa articulação resulta o saber criticamente reelaborado.

Esta última abordagem é ainda a mais defendida pelos educadores,

porém não é a única praticada. Várias tendências convivem no espaço escolar,

mas nenhuma tem dado conta os desafios que permeiam o cenário educativo.

As tendências e abordagens descritas neste capítulo traçaram um

retrato histórico da educação brasileira e sua relação com a sociedade.

Seguindo o trilho do progresso social e objetivando um melhor desempenho de

sua prática, galgou passos lentos e deseja ainda se formar crítica e

transformadora. Cabe ainda à educação vislumbrar a nova sociedade que

emerge e se orientar pelas práticas contemporâneas de outros segmentos

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32 organizacionais para que efetivamente cumpra seu papel social de

transformação.

2.4.3. Considerações.

É notável que ao longo do desenvolvimento do pensamento educacional,

apesar de ser percebido e valorizado o estreitamento entre escola e sociedade,

é privilegiado o fazer pedagógico em detrimento das ações administrativas,

que, de acordo com Peter Drucker, se constituem a partir de sua contribuição

na concretização dos objetivos da instituição, cumprindo as tarefas de

estabelecer uma cultura organizacional; possibilitar o inter-relacionamento

entre todos os envolvidos no processo, incluindo neste evento os profissionais

não-docentes; realizar avaliação de desempenho e resultados, não somente

dos alunos.

As tendências e abordagens pesquisadas e descritas neste capítulo

apontam as necessidades de se adequar o processo ensino-aprendizagem ao

sistema social vigente, todavia, nula atenção é dada no ambiente escolar ao

aspecto gerenciador desse processo ensino-aprendizagem.

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33

CAPÍTULO III

O GESTOR ESCOLAR CONTEMPORÂNEO FRENTE

AOS DESAFIOS DE UMA EDUCAÇÃO EFETIVAMENTE

TRANSFORMADORA.

Nos capítulos anteriores foram expostos os caminhos trilhados pelas

organizações não-educacionais e pela escola, que resiste em se aceitar como

empresa. Os dois segmentos seguiram rumos peculiares e espaço-tempo

diferentes.

Nas últimas décadas, a educação enfrenta desafios sócio-culturais

gigantescos, os mesmos enfrentados pelas organizações não-educacionais, e

permitiu o fracasso de sua principal função social, tornando-se a grande “vilã”

para muitos segmentos da sociedade.

Muitos entraves são diagnosticados e discutidos para culpabilizar um e

isentar outro, como a falta de interesse político, despreparo dos profissionais

dessa área, desestrutura das famílias atuais, dentre outros problemas.

É evidente que esses fatores são cruciais no desenvolvimento de um

projeto educativo que objetive um resultado positivo diante da sociedade na

qual atua, mas faz-se urgente que a política educacional se enquadre no atual

mercado que exige serviço de alta qualidade em breve espaço de tempo.

Nos estudos realizados à respeito do processo histórico escolar algumas

sociedades podem ser evidenciadas, a agrária e a industrial são exemplos

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34 possíveis. Todavia, os estudos não mostram uma tendência pedagógica

preocupada com a nova sociedade, a do conhecimento.

Assim, práticas usais no cenário organizacional deve se fazer presente,

mais do que nunca, no universo educacional. Termos como gestão,

desempenho, meta, índice, marketing começam a ser encontrados em manuais

de consulta que tratam sobre educação. A implementação dessas novas

práticas na escola, especialmente na pública, é que ainda não está visível, pelo

menos “à olho nu”.

Este capítulo pretende refletir sobre aspectos da nova sociedade e

apontar até que ponto a escola está se enquadrando nesse novo perfil

organizacional, na tentativa de alcançar resultados positivos e reafirmar sua

relevância no âmbito social.

3.1. A nova sociedade: o conhecimento em foco.

“Conhecer é a questão crucial de nossa existência. Sem aprendizado, nem uma espécie sobreviveria. O que distingue o ser humano dos demais seres vivos é exatamente a capacidade de conhecer e aprender, acentuada sobretudo por meio da linguagem e do pensamento.”

(SABBAG, 2007, p. 47)

Atribuir importância ao conhecimento não é novidade: há vinte e cinco

séculos persiste o interesse pelo assunto. A novidade é a preocupação das

organizações com o conhecimento, que se tornou tão central a ponto de

ocasionar uma onda impetuosa nesse campo, conforme postula Paulo Yazigi

Sabbag em seu livro Espirais do Conhecimento estudo embasador deste

subcapítulo.

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35

Entender o ambiente configurado como está, pleno de incertezas,

complexidades e riscos, afeta as organizações e o mundo do trabalho ajudará

a compreender também as razões que levaram às preocupações recentes em

torno do conhecimento por parte das empresas.

A humanidade passa por transformações tão vastas e tão abruptas que,

perplexos, os indivíduos perdem a capacidade de compreender o motor das

mudanças geopolíticas, sociais, culturais e tecnológicas, conjunto de mudanças

que afeta os próprios indivíduos, o seu trabalho e seus costumes na sociedade.

Desde 1955, estudiosos constatavam o declínio da sociedade industrial.

A população empregada pela indústria declinava, novas profissões surgiam.

Muitos pensadores, a partir da década de 60, postularam que a

sociedade pós-industrial era creditada aos computadores, à eletrônica e à

cibernética, emergindo uma “Era da Informação”, terminologia assim

questionada por Sabbag:

“O padrão da nova sociedade parece claro e o conjunto de mudanças é evidente e coerente. O que merece aprofundamento é se a ‘informação’ deve dar nome à nova sociedade. E um mundo no qual a evolução tecnológica é cada vez mais acelerada, no qual é necessária maior flexibilidade para adaptar-se às turbulências usuais e no qual a diminuição do número de empregos ocasiona a elitização do mercado de trabalho, o que é essencial não é a ‘informação’, mas, sim, o ‘conhecimento’.”

(SABBAG, 2007, p. 21)

Na sociedade do conhecimento, as organizações passam a não mais

depender do regramento por meio da padronização e da estabilidade que

proporcionava a massificação do trabalho. Essa nova forma _ os “projetos” _

de organizar as pessoas em torno de objetivos, sem mais levar em conta a

hierarquia e a burocracia, pode ser evidenciada nas novas organizações.

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36 Embora a Sociedade do Conhecimento prometa uma nova organização

do trabalho em ênfase na inovação, nas capacidades intelectuais e na rede de

relações, a realidade é dura. A aparente sensação de caos é fruto das

mudanças bruscas e aceleradas. A aceleração decorre, sobretudo, da curva de

crescimento da população mundial. Crescendo tão velozmente, a população

gera inúmeros problemas, tornando o processo de inovação efêmera, conceitos

e tecnologias tornam-se obsoletas em curto prazo.

Sinteticamente, o contexto contemporâneo poder ser explicado pelos

seguintes processos: aceleração do tempo, motivada pela rapidez do

crescimento da população, aceleração do conhecimento, gerando inovação em

escala inigualável; redução das distâncias, motivada pelos meios de transporte

e comunicação.

Tanta aceleração causa impactos políticos e econômicos, sendo

importante desnudá-los a fim de que a compreensão dessa nova sociedade

seja mais consistente. São eles: conhecimento sem limites; mudanças bruscas

e profundas; paradoxo global; volatilidade do capital; riscos econômicos e

incerteza política; destradicionalização; multiplicidades de interesses; valores

ambíguos; exclusão; riscos ambientais; insegurança; vida unidimensional;

perplexidade; sentimento de traição à lealdade; falência do planejamento

estratégico; ameaças geradas pela competitividade; dinamismo na

produtividade; crise de liderança e de competências.

Diante dos desafios causados pelos impactos da aceleração vigente

nessa nova sociedade, em qualquer organização, inclusive, e principalmente,

na escolar, é essencial “gerir conhecimento”, ou seja, “desenvolver

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37 conhecimento e competência coletiva para ampliar o capital intelectual das

organizações e a sabedoria das pessoas.” (SABBAG, 2007, p. 60)

Portanto, não compete mais à escola tão somente trabalhar com o

conhecimento como simples objeto a ser apreendido pelo sujeito-aluno, como

ainda é praticado.

3.2. Escola: a organização que ensina e que aprende.

“A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas.” (Horácio, Apud HENGEMÜHLE)

No terreno da educação há muitos distanciamentos entre a teoria e o

cotidiano. Todavia, é elenco fundamental no cenário educacional os atores

otimistas realistas, pois quando o educador perde a utopia, sua vida perde a

graça, mas não só ele, crianças e jovens que estão desabrochando pra a vida

também ao vêem sentido na escola.

É inegável que a realidade atual se originou de fatores históricos,

políticos, econômicos e ideológicos que muito a determinaram. Mas, assim

como outros segmentos da sociedade precisaram mudar para acompanhar a

nova lógica, escola também precisa aproveitar os desafios e se transformar

para transformar a sociedade.

Novos paradigmas só emergem como conseqüência de crises, isto é,

quando o modelo vigente já não atende às necessidades e às expectativas do

meio, conforme acredita Thomas Kuhn. Segundo este autor, na sua obra A

Estrutura das Revoluções Científicas, as crises desestabilizam as pessoas e as

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38 instituições, mas, se bem administradas individual e coletivamente, diante dos

contextos e do desejo humano de buscar respostas, elas possibilitam

reconstruções e avanços significativos

Nesse novo cenário, de crises e buscas, a escola torna-se espaço de ser

de se conviver. Um clima escolar harmônico, de ética e de transparência é

relevante e não é possível em ambientes onde há carência ética ou quando um

pequeno grupo toma para si o poder e a tomada de decisões. Segundo Hugo

Assmann, “é preciso criar climas organizacionais que funcionem como

ecologias cognitivas. No plano da execução não contam apenas as atuações

individuais, mas o clima organizacional.” (ASSMANN, 1998, p. 93). Os valores

do ser e as práticas afetivas de convivência são necessários para fazer da

escola um local de formação de pessoas emocionalmente saudáveis. Portanto,

é fundamental que haja momentos em que os membros da comunidade

educativa possam refletir sobre ética, responsabilidade, cooperatividade,

diálogo e outros temas urgentes no cotidiano organizacional.

No paradigma emergente mudam muitos dos aspectos, dos

fundamentos e dos referenciais que orientam o ser e o fazer da escola. Se

mudam os referenciais, é preciso mudar também os modelos e as práticas do

cotidiano escolar. Diante dessas mudanças, ficam evidentes as limitações, os

distanciamentos, a lentidão dos processos, as culturas instaladas, os entraves

e as resistências que dificultam que a escola cumpra positivamente seu papel

nessa nova sociedade.

A crise que causa desequilíbrio, conforme analisado no início deste

subcapítulo, pode trazer novos modelos de escola, mais harmonizados com a

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39 educação que precisa ser desenvolvida. Contudo, uma mudança só ocorre se

coletivamente as pessoas comprometerem-se com sua prática. As ações

isoladas e fragmentadas, além de causarem angústia, não se concretizam.

Diante da crise, das incertezas, das verdades relativas, o referencial está na

construção coletiva. Por mais embates que o coletivo traga, esse modelo de

construção talvez seja a única forma de fazer frente aos desafios e às

situações-problema com os quais os envolvidos no processo educativo se

confrontam na contemporaneidade. Popularmente é sabido que a pior

democracia é ainda melhor que a melhor ditadura. A palavra de ordem hoje,

portanto, dentro das escolas é a mesma há algum tempo professada em

diversos segmentos organizacionais: parceria. Não somente aquela entre

escola e família, teoria legitimada há décadas na prática escolar, mas a

parceria interna, que torna o processo educativo numa prática coletiva. Essa

reconstrução da escola, feita sem que ela perca sua identidade como

promotora do desenvolvimento o mais pleno possível das potencialidades e

dimensões humanas, é um processo contínuo.

3.3. Diretor X Gestor: a liderança escolar sob novo olhar.

A escola que aprende, se inclui nesse universo organizacional da

Sociedade do Conhecimento e substitui o diretor escolar pelo gestor escolar.

No momento em que as teorias começam a indicar a necessidade da

construção coletiva, que é preciso gestar a escola em conjunto, surge a

denominação “equipe diretiva”. Na verdade, uma adaptação de diversas

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40 tendências teóricas de administração, já bem adaptadas em muitos setores e

empresas.

“Apesar do rótulo gestão não ser bem acolhido em educação, há provas cada vez mais evidentes de que os professores gostam de trabalhar em escolas bem dirigidas e organizadas, constituindo a gestão uma componente decisiva da eficácia escolar.” (NÓVOA, 1995, p. 147)

António Nóvoa no livro As Organizações Escolares em Análise traz

ainda uma conclusão muito significativa de Weindling & Earley, em pesquisa

realizada em escolas inglesas, segundo a qual os professores defendem uma

atitude participativa, mas com tomada de decisão por parte da equipe gestora,

aproximando ainda mais as organizações escolares das não-escolares.

Na prática, a mudança no paradigma de gestão escolar não ocorre por

passe de mágica. Mas em passos lentos as escolas contemporâneas

concebem sua equipe diretiva como aquela que tem sob sua responsabilidade

a coordenação geral da escola e, normalmente, é integrada por todos os que

exercem funções de coordenação pedagógica e administrativa. A constituição

da direção como equipe diretiva é um avanço no sentido de desenvolver o

espírito cooperativo. Ela cria clima de reflexão, planejamento e ações

coordenadas e conjuntas. As decisões não podem continuar sendo tomadas

pelo diretor, enquanto aos outros cabe escutar as decisões tomadas e executá-

las, ou fazê-las executar. Todos devem ser efetivamente associados à

realização de análises, à argumentação, à chegada a conclusões e à tomada

de decisões.

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41 Gestar pelo exemplo é o grande segredo em todas as dimensões da

vida escolar ou fora dela. Assim, a liderança da atual equipe diretiva se

legitima, pois não é apenas conseqüência de palavras, mas de ações.

Outro foco de ação no cotidiano da equipe diretiva é exercitar o olhar

pesquisador. É muito importante que os seus membros estejam atentos àquilo

que acontece dentro das escolas, muito mais no oculto, no que no oficialmente

explicitado. Todos os ambientes e momentos são importantes para que a

equipe diretiva observe o clima e faça, a partir dessa observação, suas

reflexões.

Outro fator que dinamiza e qualifica as ações na escola é a clara

definição da função de cada membro da equipe diretiva. Essa definição e o

respeito a ela garantem o atendimento complementar do todo.

O líder da equipe diretiva deve ter capacidade para coordenar esforços

coletivos, tanto internos, como externos; estar sempre atualizado para pautar-

se fundamentadamente nas decisões e ações e ser exemplo para os demais

profissionais, os quais também precisam de atualização.

Na escola como em qualquer instituição empresarial quem assume

gestão deve fazer o possível para exercer sua liderança, para que as metas

planejadas possam concretizar-se coletivamente. E para ser um líder

efetivamente, a postura dentro da organização deve ser como a de Fernão

Capelo Gaivota: voando muito, voando alto, pois quanto mais alto o líder voar,

impregnará de coragem os demais membros de sua equipe, que também

alçarão vôo, mas quando cansado, humildemente, permitindo que outro colega

tome a dianteira.

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3. 4. Nova liderança, nova estratégia.

Poucas são ainda as pesquisas que mostram estratégias escolares

convergentes com as adotadas pela maioria das organizações empresariais. O

livro Gestão Estratégica Escolar, de Clóvis Rosa, aponta algumas dessas

estratégias atualmente adotadas pela escola.

No capítulo em que trata da direção geral da escola, Rosa afirma que

sua responsabilidade básica está em cuidar da estratégia, fixando objetivos,

determinando os meios necessários à realização destes e orientando a ação e

a reflexão sobre o futuro da escola.

As mudanças externas devem ser observadas e compreendidas pelo

gestor que deve atuar sobre elas para o sucesso da escola. Essa atuação,

portanto, segundo o autor, não pode ser centralizadora. “Ninguém tem o dom

de jamais errar, por isso as decisões não podem ser de uma única pessoa.”

(ROSA, 2004, p. 113). O líder precisa ouvir as colocações do capital intelectual

e considerar as opiniões divergentes. Surgem nesses últimos parágrafos

termos usados pelo autor que aproximam o cenário escolar dos demais

segmentos organizacionais contemporâneos.

O livro aborda também temas antes não rotineiros no universo escolar,

como Recursos Humanos, Marketing e Qualidade.

No subcapítulo destinado aos Recursos Humanos, o autor ao mesmo

tempo em que aproxima as estruturas educacionais e não-educacionais as

distancia, esclarecendo que nos segmentos fora da educação a administração

de sistemas e a consequente geração de processos é facilitada pela

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43 simplicidade, normalmente, mecânicos, elétricos e eletrônicos ou eletro-

eletrônicos. Enquanto nas organizações educacionais a prevalência de mão-

de-obra especializada, portanto de seres humanos, torna essa mesma

administração também complexa. Compete ao gestor, portanto, definir com

responsabilidade o gerenciamento dos recursos humanos.

O Marketing recebeu atenção privilegiada na obra de Clóvis Rosa,

segundo o qual:

“(...) procura-se demonstrar a indispensabilidade do marketing para a instituição de ensino, começando pelo desenvolvimento das relações tão importante para a escola (...) e também para o público externo (...), e o responsável por essa interligação deve ser o marketing, criando elos para isso (...). Desta forma, criando comunicação direta com o público _ (...) _ o colégio reforça constantemente sua imagem.”

(ROSA, 2004, p. 275)

Enfim, Rosa dedica o último capítulo de sua obra ao assunto Qualidade,

descrevendo historicamente o surgimento deste termo dentro das organizações

e concordando com vários especialistas em que a evolução da qualidade teve

início com Frederick Winslow Taylor. Depois, o autor posiciona a qualidade

dentro da instituição escolar definindo as principais exigências do mercado

para que uma escola seja realmente de qualidade: prática correspondente ao

discurso; necessidade ética; talento e competência; entendimento por parte da

escola de que sua razão de existência é o aluno; atualização profissional;

interação com a comunidade; métodos de gestão; novas tecnologias; e

iniciativas de colaboradores.

Toda essa obra, porém, está voltada para o ensino privado. Quanto à

educação pública, torna-se ainda mais difícil encontrar estudos que evidenciem

uma prática administrativo-pedagógica baseada em parâmetros empresariais,

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44 mesmo com a crescente demanda. Índices quantitativos aparecem para serem

analisados e otimizados pelos envolvidos no cenário escolar e que merecem

maior atenção por parte dos líderes, pois estão norteando as ações futuras do

Ministério da Educação, haja vista a implementação do Plano de

Desenvolvimento da Escola, o qual traça um plano de ação complexo, que

envolve estatísticas à nível financeiro não comuns na administração escolar

pública tradicional e que exigem do novo líder, ou dos novos líderes,

habilidades e competências nunca antes necessárias na administração da

escola pública.

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CONCLUSÃO

Mediante todo o referencial teórico-investigativo acima é possível

analisar que, mesmo ainda não assumindo declaradamente papel empresarial,

a escola contemporânea, sobretudo a pública, que reflete sobre sua função

social e almeja alcançar resultados mais positivos, começa a trilhar lentamente

o caminho traçado pela sociedade do conhecimento, implementando ações,

ainda que quase imperceptíveis, inspiradas naquelas adotadas pelos

segmentos empresariais não-educacionais.

Adotando uma atitude em convergência com as exigências atuais da

sociedade, desenvolvendo estratégias de aprendizagem organizacional e

preparando o gestor para liderar com perfil empreendedor, as organizações

escolares buscam se adaptar ao universo empresarial.

Essa iniciativa, é notável e compreensível, pretende dialogar com

resultados que valorizem a escola contemporânea, tão desgastada perante a

nova sociedade.

Todavia, as estratégias precisam ser dialogadas, aprimoradas e

expandidas. Muitas escolas ainda não são organizações e muitos gestores são

ainda apenas diretores. Faz-se cada vez mais urgente preparar através da

educação continuada os líderes e outros profissionais para assumirem postura

empreendedora, aplicarem ações inovadoras diante dos desafios emergentes

e, enfim, atingirem resultados positivos, que elevem o capital intelectual da

sociedade através de alunos-cidadãos mais participativos e conscientes.

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BIBLIOGRAFIA

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MAXIMIANO, Antonio César A. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000. NÓVOA, António. As organizações escolares em análise. 2.ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995. ROSA, Clóvis. Gestão estratégica escolar. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. SABBAG, Paulo Yazigi. Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos, grupos e organizações. São Paulo: Saraiva, 2007. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo: Cortez, 1987.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 8

A EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO 8

1.1. Aspectos históricos da formação do pensamento administrativo. 8

1.1.1. A influência dos filósofos no pensamento administrativo. 10

1.1.2. As Influências do Arsenal de Veneza. 12

1.1.3. As Influências da Igreja Católica e da Organização Militar. 13

1.1.4. A Influência da Revolução Industrial. 13

1.1.5. A influência dos economistas clássicos liberais. 15

1.2. Precursores da Moderna Administração. 16

1.3. A Administração Moderna, por Peter Drucker. 19

CAPÍTULO II 22

A EDUCAÇÃO NO BRASIL: O ATO DE ENGATINHAR 22

2.1. Educação Redentora: a sociedade como um todo orgânico harmonioso.22

2.2. Educação como reprodução da sociedade. 23

2.3. A educação como instância transformadora da sociedade. 27

2.4. As tendências pedagógicas na prática escolar. 28

2.4.1. Pedagogia Liberal. 28

2.4.2. Pedagogia Progressista. 30

2.4.3. Considerações. 32

CAPÍTULO III 33

O GESTOR ESCOLAR CONTEMPORÂNEO FRENTE AOS DESAFIOS DE

UMA EDUCAÇÃO EFETIVAMENTE TRANSFORMADORA 33

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48 3.1. A nova sociedade: o conhecimento em foco. 34

3.2. Escola: a organização que ensina e que aprende. 37

3.3. Diretor X Gestor: a liderança escolar sob novo olhar. 39

3. 4. Nova liderança, nova estratégia. 42

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA 46

ÍNDICE 47