universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · marketing social e sua origem o termo marketing...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARKETING SOCIAL: A NOVA VISÃO DAS EMPRESAS
Por: Roberta de Freitas Rodrigues
Orientador
Prof. Carlos Cereja
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
MARKETING SOCIAL: A NOVA VISÃO DAS EMPRESAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial
Por: Roberta de Freitas Rodrigues
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus grandes amigos
Ana Caroline, Elias e Glória pelo apoio
e dedicação nesta importante trajetória.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu querido
esposo Luiz Henrique e a todos os meus
familiares.
5
RESUMO
Pretende-se com esta pesquisa analisar a importância do Marketing
Social dentro das empresas e explicar o porquê deste tema, atualmente, ser
tratado com tanta prioridade e cuidado nas organizações. A concorrência é
hoje um fato disseminado e com isso as empresas cada vez mais tentam
buscar um diferencial em seu produto ou em sua marca para poder continuar
lucrando e conquistando mercado. O Marketing Social é um exemplo de
estratégia empresarial, pois a empresa executa algumas ações em favor do
social e consegue assim transmitir para a sociedade uma imagem positiva,
ganhando maior visibilidade de seus produtos e de seus serviços. Para poder
exemplificar o conteúdo abordado foi analisado a rede de lanchonetes Mc
Donald’s e seu projeto social.
6
METODOLOGIA
Para a criação deste trabalho foi levado em consideração um tema no
qual me identificava e que também possuísse vasta bibliografia e fontes para a
pesquisa.
Na coleta dos dados bibliográficos, foram usados diversos livros sobre o
tema escolhido, além de consultas em artigos de revistas e de internet.
Os dados extraídos foram explorados e analisados, com isso os itens
obtidos serviram para a elaboração e confecção dos capítulos.
Assim foi desenvolvido o tema Marketing Social, analisando este tipo de
marketing dentro do campo organizacional.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Marketing Social e sua origem 10
CAPÍTULO II – Visão Empresarial sobre o marketing social 17
CAPÍTULO III – Análise do marketing social no grupo Mc Donald’s 25
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 40
ANEXOS 42
ÍNDICE 50
8
INTRODUÇÃO
Com um processo de globalização cada vez mais acelerado e
crescente, existe uma tendência que os produtos se tornem bem
semelhantes uns dos outros e que a inovação seja algo raro. Com isso a
qualidade, na maioria das vezes, já não é mais um grande diferencial.
A atuação social cresce no processo decisório de compra, na medida
em que os consumidores estão atentos ao grau de cidadania que aquele
produto ou marca representa. Neste cenário, o que define o sucesso de uma
empresa e o aumento de seu faturamento está vinculado com o que a sua
imagem sugere e o que transmite ao consumidor.
Diante desta realidade, as empresas precisam investir em algo novo,
uma excelente alternativa é o investimento na imagem corporativa associada a
projetos sociais, ou seja, investir e desenvolver o marketing social dentro das
empresas. Assim tem-se a seguinte questão: quais as vantagens que os
investimentos no marketing social trás para as empresas? Segundo o consultor
e economista José Kozel Jr. (1997) o marketing social cria e administra todo o
processo, cujas ações e resultados passam a construir valores que agregam
importância ao produto, ou seja, o principal objetivo do marketing social é
destacar as ações de excelência colocadas em prática pelas organizações e
divulgá-las para todo o mercado. A prática da cidadania empresarial cria uma
relação entre empresa e sociedade contribuindo para melhoria na perspectiva
de vida, assim proporcionando uma maior vantagem competitiva em relação
aos concorrentes.
Maior visibilidade perante o mercado e o aumento da lucratividade são
exemplos de algumas vantagens adquiridas, pelas empresas, através dos
investimentos no marketing social.
9
Nos países desenvolvidos o termo responsabilidade social é algo
bastante difundido, existe grande preocupação das empresas com o bem-estar
da sociedade e com a imagem transmitida, já no Brasil esta visão ainda é
pequena em comparação a estes países, apesar de muitas já atuarem desta
forma. A fim de exemplificar estes fatos, será demonstrado o que grandes
empresas pensam e fazem com relação a seus projetos sociais.
No Capítulo I abordo à origem e o conceito do marketing social, no
Capítulo II demonstra a importância do marketing social para as empresas e
finalmente no capítulo III analiso o caso do grupo Mc Donald’s e o Instituto
Ronald Mc Donald’s.
10
CAPÍTULO I
MARKETING SOCIAL E SUA ORIGEM
O termo Marketing Social é empregado pelas empresas para
definir suas ações com o objetivo de promover a sua marca ou o seu produto.
Para Kotler e Zaltman (2007) a definição de Marketing Social é o equilíbrio
entre a política de mercado, os lucros da empresa, os desejos dos
consumidores e os interesses de toda a sociedade.
Existe uma participação das organizações na área social, porém
como forma de planejamento e estratégia, pois o lucro não é deixado de lado
em nenhum momento. O lucro continua sendo o principal objetivo das
empresas só que devido à grande concorrência elas precisam buscar novas
alternativas de se expor positivamente para o mercado e para isso investem
em sustentabilidade, em preservação ambiental, em responsabilidade social,
enriquecendo e valorizando ainda mais sua imagem.
Essas atitudes favorecem o crescimento das empresas que
investem no Marketing Social, o cidadão tende a optar por um produto que
além de atender as suas necessidades tenha projetos relacionados a área
social. No pensamento de Kotler e Zaltman (2007) as organizações devem
determinar os interesses do mercado-alvo para poder proporcionar aos clientes
um valor superior mantendo-os fiéis a marca e contribuir com a sociedade.
11
1.1 – A origem do Marketing Social
Em meados do século XX tem-se início uma séria de manifestações
em favor de uma maior responsabilidade social nas empresas. Porém somente
na década de 70, nos Estados Unidos da América, que estas manifestações
levaram ao surgimento da expressão “Marketing Social”, termo este
empregado pela primeira vez por Kotler e Zaltman (2007) que nesta época
estavam pesquisando uma maneira de usar o marketing como uma alternativa
de contribuir para a solução das diversas questões sociais que afligiam a
sociedade.
Assim conceituou-se o termo como sendo um processo de criação, um
controle de programas para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais,
marketing social associado a uma estratégia de mudança de comportamento.
Segundo Kotler e Roberto (1992, p. 25):
“O termo marketing social apareceu pela primeira em 1971,
para descrever o uso de princípios e técnicas de marketing
para a promoção de uma causa, idéia ou comportamento
social. Desde então, passou a significar uma tecnologia de
gestão da mudança social, associada ao projeto, implantação e
controle de programas voltados para o aumento da disposição
de aceitação de uma idéia ou prática social em um ou mais
grupos de adotantes escolhidos como alvo”.
Com essa nova abordagem e com as influências dos estudos do
marketing originou-se o termo marketing social. Ainda segundo Kotler e
Zaltman (2007) o conceito de marketing social exige que os profissionais
equilibrem três pontos ao definirem sua política de mercado: os lucros da
empresa, os desejos dos consumidores e os interesses da sociedade.
12
No Brasil foi no ano de 1977 que esta idéia ganhou certo destaque a
ponto de ser tema central do “2º Encontro Nacional de Dirigentes de
Empresas”. Mas foi somente em 1984 com a antiga estatal brasileira, a
Nitrofértil, que de fato foi exposto um plano de ação social divulgando todas as
suas ações para a sociedade. Em 16 de junho de 1997 esta proposta ganhou
maior destaque e visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o
Betinho, lançou a campanha pela divulgação do balanço social empresarial.
Com o apoio de lideranças empresariais como: Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), Ministério da Fazenda, Gazeta Mercantil, entre outras, a
campanha foi um sucesso dando início a uma série de debates através da
mídia, em seminários e em encontros.
O balanço social serve para medir e julgar os fatos sociais vinculados
as empresas, ou seja, um instrumento que as empresas têm para avaliar como
está a empresa e seu lado social, para assim criar uma empresa-cidadã que é
comprometida com a qualidade de vida da sociedade e de seus funcionários.
Em novembro deste mesmo ano o Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (IBASE) lança um selo Ibase/Betinho para contribuir
com o balanço social.
Através do selo as empresas podiam expor em seus anúncios,
embalagens, sites e campanhas publicitárias que investem em educação,
saúde, cultura, esportes e meio ambiente. Além de demonstrar que a empresa
já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa cidadã,
comprometida com qualidade de vida de seus funcionários, da comunidade e
do meio ambiente e que apresenta publicamente seus investimentos internos e
externos através da divulgação anual do seu balanço social.
O foco do balanço social é tornar público a responsabilidade da
empresa, mostrar suas ações e investimentos, ser transparente para a
sociedade. A empresa que cumpre seu papel social atrai mais consumidores e
13
está investindo em seu próprio futuro. Um exemplo de uma empresa que
cumpre o seu papel perante a sociedade é a Petrobras- Petróleo Brasileiro
S/A, todo ano ela publica o seu balanço social, a companhia utiliza o modelo
segundo o Ibase desde o Balanço Social e Ambiental em 1998. Em 2001, a
Petrobras recebeu pela primeira vez o direito de utilizar o Selo Balanço Social
Ibase/Betinho, que vem sendo renovado desde então.
Assim pode-se concluir que foi somente nos anos 90 que algumas
empresas passaram a levar em consideração a questão social e passaram a
realizar ações em relação à comunidade, ao meio ambiente e aos seus
funcionários.
14
1.2 – Conceito de Marketing Social
A definição de Marketing Social no Dicionário de Comunicação – Segundo os autores RABAÇA e BARBOSA (2005, p. 470) é:
“Modalidade de marketing institucional voltada para a melhoria
das condições de vida da sociedade, por meio de programas
de educação, saúde, meio ambiente, segurança, cultura,
esportes, formação profissional, ações comunitárias etc.”
Inúmeras são as conceituações de autores na discussão sobre o que é
marketing social, para VAZ (1995, p. 280):
“Marketing social é a modalidade de ação mercadológica
institucional que tem como objetivo principal atenuar ou
eliminar os problemas sociais, as carências da sociedade
relacionadas principalmente às questões de higiene e saúde
pública, de trabalho, educação, habitação, transportes e
nutrição”.
O Marketing Social é considerado um instrumento do Marketing
Institucional, e é praticado por organizações privadas ou do terceiro setor tem o
objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas, procurando induzir
uma mudança de hábito nas pessoas.
O Termo “Marketing Social” associa-se, no ramo empresarial, a outros
termos importantes como: responsabilidade social, cidadania empresarial,
entre outros. O Seu maior objetivo é formar uma imagem positiva, da empresa,
na mente do consumidor, com ações construtivas e éticas à sociedade. Assim
o marketing social tem a função de colocar a marca na empresa e não
somente em seu produto, criando uma imagem empresarial forte, responsável
e principalmente competitiva. Para Ashley (2005, p. 11):
15
“A Responsabilidade social pode ser definida como
compromisso que uma organização deve ter com a sociedade,
expresso por meio de atos e atitudes que afetem
positivamente, de modo amplo, ou alguma comunidade, de
modo específico. Assim, numa visão expandida,
Responsabilidade Social é toda e qualquer ação que possa
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.”
Segundo Neves (2001) existe uma tendência global que empresas
invistam, cada vez mais, em ações sociais e que as organizações que
ignorarem esta nova tendência estarão cometendo “suicídio”. O marketing que
no princípio tinha foco no produto, atualmente tem seu foco voltado para o
ambiente social.
O marketing social cria atividades para proteger e melhorar a
sociedade, ou seja, a empresa visa uma causa social, desenvolve estratégias
para o combate a este problema social e assim ganha uma enorme
visibilidade, alcançando um diferencial em relação aos seus concorrentes.
Como afirma Kotler (1999, p. 2):
“Se uma empresa desempenha as mesmas atividades que seus
concorrentes, simplesmente um pouco melhor, ela não tem de
fato uma estratégia. Uma empresa tem uma estratégia robusta
quando tem pontos fortes que a diferenciam da estratégia dos
seus concorrentes.”
Para Melo Neto e Fróes (2002) as empresas utilizam recursos
naturais a todo instante, além da utilização de capitais financeiros, tecnológicos
e mão de obra, assim o mínimo que as empresas devem fazer é retribuir de
alguma maneira visando o bem-estar social.
16
Os investimentos sociais resultam no retorno social institucional, ainda
segundo os autores Melo Neto e Fróes (2002) este retorno acontece quando
os consumidores privilegiam a atitude da organização de investir em ações
sociais tendo como conseqüência a potencialização da marca, reforço na
imagem corporativa, conquista novos clientes e novos mercados.
Zenone (2006) utiliza o termo marketing social para falar de empresas
que têm ações sociais juntamente com atividades de marketing com o objetivo
de trazer benefícios para a sociedade. Uma sociedade saudável e bem
sucedida são itens importantíssimos para a expansão dos negócios das
organizações, assim como as empresas precisam de uma sociedade saudável,
essa mesma sociedade precisa de empresas bem sucedidas.
Seguindo nesta mesma linha de pensamento, Giosa (2009) afirma que
a marca está cada vez mais sendo exigida pelo consumidor como parte
integrante de uma preocupação global.
O marketing social bem-feito e bem-aplicado reflete em benefícios
para a coletividade em geral.
17
CAPÍTULO II
VISÃO EMPRESARIAL SOBRE O MARKETING SOCIAL
No passado a principal preocupação empresarial era fornecer produtos
ou serviços com qualidade, porém com o tempo essas exigências foram se
modificando, principalmente devido à diminuição da atuação do Estado nas
questões sociais.
A sociedade brasileira vem enfrentando e sofrendo grandes problemas
sociais e as empresas buscam no marketing social uma alternativa de
contribuir para o desenvolvimento humano. As empresas assumiram não só o
papel de produtoras de bens e de serviços, mas perceberam que é importante
e fundamental o respeito ao meio ambiente, a preocupação com a valorização
do homem e com a cultura, essas questões estão entre os principais fatores
determinantes do sucesso mercadológico. Segundo Arantes (1998, p. 25):
“O primeiro teste de validade das empresas está, portanto, fora
dela, está na contribuição que presta para a sobrevivência e
progresso da sociedade, está no seu papel ativo de agente de
desenvolvimento e da prosperidade social. As empresas
válidas conceituam-se, em síntese, como sendo agentes de
prosperidade e desenvolvimento social. Para isso elas
oferecem produtos de valor (utilidades) à sociedade (clientes),
utilizando para isso os meios que a sociedade coloca à
disposição (recursos), estabelece um padrão de
comportamento (conduta) quanto ao uso dos recursos,
respeitando as seguintes peculiaridades sociais: legais,
culturais, religiosas, políticas, econômicas e ambientais.”
Alguns termos vêm sendo freqüentemente usados no meio
empresarial, expressões como filantropia empresarial, ética, cidadania,
18
marketing social, responsabilidade social, estão cada vez mais inseridas neste
cotidiano. Hoje encontramos muitas empresas preocupadas com o bem-estar
de seus funcionários por isso desenvolvem projetos voltados para a qualidade
de vida. Academia de ginástica, aulas de ioga, salão de jogos, massagens,
fazem parte da estrutura oferecida por muitas empresas, algumas delas
inclusive promovem competições de corridas e caminhadas sendo expansivo
até para os familiares de seus funcionários. Segundo pesquisa realizada pelo
Ministério da Saúde, em 2009, os programas de bem-estar oferecidos pelas
empresas aumentam em 5% a produtividade de seus funcionários e chegam a
reduzir em até 15% as faltas ao trabalho. Os investimentos no lado social além
de contribuir para manter um meio equilibrado e saudável favorece ainda mais
o crescimento dos lucros empresariais. O objetivo com isso é conquistar o
funcionário e também conquistar o consumidor por meio do comprometimento
social.
Para Matos, Matos e Almeida (2007) é fundamental conquistar a
lealdade dos funcionários, para isso é preciso que a empresa envolva-os em
suas ações sociais. O funcionário que reconhece a ação social de sua
empresa torna-se mais produtivo e passa a ser o principal divulgador de sua
empresa. Com isso percebe-se que as organizações devem primeiro investir
no marketing social interno para depois investir no marketing social externo.
O marketing social vem se transformando em lucro, além de dar um
novo significado as atividades já que a população, cada vez mais exigente,
cobra as empresas para atender as demandas sociais de interesse público.
Podemos dizer que as empresas investem em atos de caridade como um
negócio, abraçam uma causa social e se tornam mantenedora dela, assim
conquistam uma posição favorecida perante a sociedade.
Para Kotler e Zaltman (2007) as empresas de sucesso necessitam
estar inseridas no que diz respeito a saúde, a educação, a utilização controlada
dos recursos naturais, pois uma sociedade saudável favorece a expansão dos
19
negócios empresariais. Zenone (2006) afirma que para as empresas a
responsabilidade social é definida como um compromisso que a empresa
assume com a sociedade. Marketing social como uma grande oportunidade de
negócios.
Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ethos em parceria com o
Instituto Akatu (2006 - 2007), cerca de 77% dos entrevistados declararam ter
muito interesse em saber quais as ações de responsabilidade social e
ambiental das empresas e, portanto, qual seu papel social. Outro ponto de
destaque da pesquisa é que dois em cada três entrevistados concordam com a
afirmação de que grandes empresas estão fazendo um bom trabalho em
contribuir para a construção de uma sociedade melhor para todos. Essa
pesquisa reflete que os consumidores fazem uma associação entre a marca, a
empresa e o projeto social desenvolvido.
O cenário mundial nos mostra uma realidade repleta de problemas
sociais e as empresas devem estar ligadas a essas novas tendências
mercadológicas. Marketing social quando bem empregado favorece o
crescimento do compromisso com o social. Para Kotler e Roberto o marketing
social (1992, p. 25) é pensado como:
“Uma estratégia de mudança do comportamento
combina os melhores elementos das abordagens
tradicionais da mudança social num esquema
integrado de planejamento e ação e aproveita os
avanços na tecnologia das comunicações e na
capacidade de marketing.”
O consumidor está cada vez mais informado e consciente de seus
direitos por isso as empresas devem causar uma excelente impressão para
seus consumidores potenciais.
20
Para Neves (2001) o marketing inicialmente era voltado para o
Produto, posteriormente voltou-se para o mercado e para o cliente. Hoje em
dia está focada no social. É importante que as empresas tenham uma visão
crítica para o futuro, pois suas ações podem mudar comportamentos, criar
consciências e fazer brotar a cidadania.
A crescente disputa por uma “fatia” do mercado favorece ainda mais
os investimentos no social, os clientes não são tão leias como já foram um dia,
o diferencial está no valor agregado ao seu produto. As empresas precisam
passar uma imagem positiva, transmitir uma boa impressão, para assim
conseguir a fidelização dos clientes.
Fischer (1999) afirma que é fundamental a relação e a interação entre
as empresas e o ambiente social. Ter e manter uma postura sustentável é por
natureza preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos
ambientais.
Pensar em marketing social é pensar em um instrumento de
competitividade, pois ao adotar essa cultura estará pensando no futuro de seus
negócios. As empresas devem investir no aperfeiçoamento constante de suas
relações com a sociedade.
Este novo modelo de negócios não pode levar em consideração
somente o que os acionistas desejam, deve-se dar importância também ao que
o mercado espera ao que a mídia tem interesse e o que as pessoas
necessitam, assim conseguem cada vez mais conquistar novos clientes.
Ao estimular os investimentos no marketing social as empresas
esperam conquistar diversas vantagens, como:
21
• Dedução Fiscal
O Brasil possui uma alta carga tributária, assim este fator torna-se
importante, pois as empresas conseguem assim reduzir um pouco sua
tributação fiscal.
• Novos Investidores
Empresas com valores éticos e com uma forte presença de marketing
social atraem mais investidores.
• Retenção de talentos
Profissionais preferem trabalhar em empresas que se preocupam com o
social, pois se sentem mais seguras e respeitadas.
• Conquistar e manter clientes
Ao optar por qual produto comprar os consumidores priorizam aqueles que
estão vinculados a alguma causa social ou ambiental.
• Redução de riscos
As ações de marketing social são ações pró-ativas, pois permitem as
empresas a economizar recursos em longo prazo por evitar futuras multas,
ações judiciais, entre outros riscos.
• Construção do mercado futuro
O desenvolvimento das ações sociais cria uma imagem empresarial forte e
ética, além de realmente contribuírem para as questões sociais. Assim
conseguem melhorar a qualidade de vida, formando a sociedade do
amanhã.
• Mídia espontânea
A mídia abre espaço para a divulgação de ações voltadas para o lado
social, com isso tem-se “propaganda” gratuita.
22
• Diferenciação no mercado
As empresas que possuem posicionamento estratégico voltado para o
marketing social se diferenciam de seus concorrentes, conseguindo um
maior destaque no mercado. Práticas de marketing possuem muita
visibilidade para os consumidores e tem o potencial de fortalecer a imagem
da empresa e de seu produto.
Assim o marketing social passa a ser uma ferramenta de
desenvolvimento para as organizações, favorecendo o seu crescimento.
Marketing social diz respeito à maneira como as empresas realizam
seus negócios, os critérios que utilizam para a tomada de decisões, os valores
que definem suas prioridades e os relacionamentos com todos os públicos com
os quais interagem.
Uma pesquisa realizada em 2006 pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) mostra um crescimento significativo de
empresas privadas brasileiras que realizaram ações voltadas para o social,
o estudo apontou que aproximadamente 600 mil empresas contribuíram
voluntariamente. Ainda segundo a pesquisa é a região Nordeste que possui
o maior índice de participação social, seguido das regiões Sudeste, Sul,
Norte e Centro-Oeste. Outro ponto de destaque é que foram as grandes
empresas que apresentaram a maior taxa de participação em ações
comunitárias.
23
Também foi constatada a percepção dos empresários sobre o seu
papel na realização de ações voluntárias em benefício das comunidades. A
grande maioria (78%) acredita que é obrigação do Estado cuidar do social e
que a necessidade de atuar para as comunidades é maior hoje do que há
alguns anos (65%). Há, portanto, uma compreensão, no mundo
empresarial, de que a atuação privada não deve substituir o poder público,
tendo um caráter muito maior de complementaridade da ação estatal.
A pesquisa procurou investigar sobre as dificuldades que as empresas
enfrentam para poder expandir suas ações sociais e foi constatado que
para 62% das empresas pesquisadas a principal razão é a questão de
poucos recursos financeiros. Uma parcela menor reclama da ausência de
incentivos governamentais (11%). Também é pequena a proporção de
empresas que não atua porque nunca pensou nessa possibilidade (5%) ou
porque acredita que este não seja seu papel (5%). Percebe-se então um
grande crescimento empresarial nos investimentos relacionados ao social,
as empresas passam a ter a visão que associar o marketing social ao seu
nome só trará benefícios aos seus negócios.
A publicitária Christina Carvalho Pinto publicou na revista Exame
(2001) o artigo - “O marketing social deve ser um reflexo da personalidade
da empresa” no qual fala que para ser uma empresa cidadã é preciso ter
comprometimento com a cidadania de forma contínua. O marketing social
não pode ser encarado como um modismo passageiro. Personalidade
social é, antes de tudo, personalidade: reflexo de todo um leque coerente
de valores. Nada que possa existir apenas pelo prazo de uma promoção.
A marca não está somente associada meramente a um produto, é
preciso fazer da marca uma “identidade”, um estilo de vida. As empresas
passam a basear-se no princípio de que seu sucesso depende das
escolhas dos consumidores, por isso a grande preocupação em atender
sempre os desejos do mercado.
24
Para que o efeito do marketing social seja duradouro a empresa deve
agregar a responsabilidade social ao seu plano de negócio. Para Porter
(2007) para que uma empresa consiga obter resultados satisfatórios por
meio da responsabilidade social é necessário incluí-la na sua estratégia
central. O marketing social passa a ser uma ferramenta que pode ser
aproveitada por todos os setores da empresa.
25
CAPÍTULO III
ANÁLISE DO MARKETING SOCIAL NO GRUPO
MC DONALD’S
O Mc Donald´s é uma empresa responsável por uma rede
internacional de lanchonetes. É considerada a maior rede de fast food do
mundo. A rede conta atualmente com mais de 30 mil lojas, 1,5 milhões de
funcionários distribuídos em 121 países e servem, em média, 50 milhões de
clientes em todo o mundo.
Além de ser uma referência no que diz respeito à fast food o Mc
Donald’s possui outros atributos, como por exemplo, a criação do Instituto -
Casa Ronald Mc Donald´s, voltada para a luta contra o câncer infanto-juvenil.
3.1 – Origem e História do Mc Donald’s
A história do grupo teve início em 1954 quando o representante
comercial Ray Kroc conheceu os irmãos Maurice Mcdonald e Dick Mcdonald,
donos de um restaurante conceituado e referência em administração.
Ray ofereceu uma proposta de sociedade aos irmãos Mcdonald e
assim em 1955 foi criado, nos Estados Unidos, um restaurante de
hambúrgueres, com serviço rápido, eficiente e referência em limpeza. O
sucesso foi tamanho que em um ano após a inauguração já existia mais de 20
restaurantes da rede espalhada em todo o território norte-americano.
26
Começava naquele momento uma revolução na indústria e na história
da alimentação mundial. Em 1958 completava a venda de mais de 100 milhões
de hambúrgueres: o porte do negócio começava a ganhar expressão.
No início dos anos 60, a dedicação de Kroc aos estabelecimentos era
total, e se cansou dos irmãos McDonald. Com a ajuda de um investidor
desembolsou US$ 2,7 milhões e comprou a parte dos irmãos McDonald’s no
negócio. Nesta mesma década, os estabelecimentos ganharam lugares para
se sentar, além da letra “M” em arco no seu logotipo (1962).
Em 1967, com quase mil restaurantes funcionando nos Estados
Unidos, o McDonald’s iniciava sua escalada internacional, abrindo uma loja no
Canadá e outra em Porto Rico. Um ano depois a empresa lançou no mercado
seu produto de maior sucesso, o Big Mac, responsável pelo grande
reconhecimento da empresa nos dias de hoje.
O Mc Donald’s foi considerado um fenômeno comercial do século XX,
este sucesso deve-se a quatro fatores principais: administração, ênfase na
gestão de pessoas, concentração de esforços em uma atividade e
fornecedores trabalhando em parceria.
A primeira loja no Brasil foi aberta em Copacabana em 1979. O grupo
é um dos maiores empregadores do Brasil, com aproximadamente 34 mil
funcionários.
Atualmente a rede vende cerca de 190 hambúrgueres por segundo no
mundo, sendo que uma nova loja é inaugurada a cada dez horas.
27
Países em que o grupo Mc Donald’s está presente:
Ao longo da trajetória muitas críticas foram e são feitas ao Mc
Donald’s, ele é acusado de ser um grande incentivador de péssimos hábitos de
consumo alimentar. Outro ponto é o excesso de fabricação de lixo de suas
lojas, entre outras críticas. Esses pontos somados a concorrência, contribuíram
para o grupo se reposicionar perante o mercado e perante a sociedade.
Percebe-se uma preocupação de como os clientes poderão vir a perceber a
marca e acabar prejudicando a empresa, um exemplo disso foi à mudança no
cardápio com a inclusão de alimentos saudáveis como: frutas, saladas e
sucos.
28
Outro fator importante é a atual preocupação com o lado ambiental, as
embalagens dos sanduíches que antes eram de isopor passaram a ser de
papel. As antigas embalagens eram altamente poluentes, pois eram fabricadas
em poliestireno, substância prejudicial à camada de ozônio.
Existe também a preocupação com o excesso de lixo gerado nas lojas,
por isso o grupo desenvolveu um processo de reciclagem de seu lixo. Todas
essas mudanças refletem uma nova visão da rede Mc Donald’s, uma grande
mudança em suas atitudes, uma preocupação não só com a marca, mas com
o cliente e com a sociedade. Essa nova atitude que agora faz parte da rede é a
responsabilidade social, o compromisso do Mc Donald’s para o bem-estar da
comunidade. Acredita-se que o campo social é o principal caminho que cada
empresa deve seguir para fazer a sua parte. Descobriu-se que suas decisões
devem refletir as opiniões de muitos clientes, por isso a preocupação com o
lado ambiental e social. É o grupo trabalhando e investindo em seu marketing
social.
Com isso o grupo conseguiu melhorar a sua imagem e as críticas
diminuíram bastante, conquistando uma postura ética, transparente e com
responsabilidade social.
29
3.2 – Instituto Ronald Mc Donald
Uma grande atitude do grupo Mc Donald’s foi à criação do Instituto
Ronald Mc Donald, na Filadélfia, nos Estados Unidos. O Instituto funciona
como “uma casa fora de casa”, onde crianças e adolescentes com câncer e de
baixa renda recebem hospedagem e alimentação gratuitas, além de
assistência médica 24 horas por dia. Os pais/responsável têm direito de
acompanhar a criança enquanto ela estiver em tratamento e enquanto
estiverem hospedadas na casa.
O Instituto Ronald McDonald identifica as demandas prioritárias no
combate ao câncer infanto-juvenil e desenvolve programas que propiciem o
diagnóstico precoce, encaminhamento adequado e tratamento de qualidade
para as crianças e adolescentes com câncer.
Diversos programas são oferecidos tanto na área social como na área
psicossocial. Os pacientes também têm direito a cursos de informática,
trabalhos com musicoterapia, terapia corporal, entre outros.
O Instituto preza muito pela continuidade dos estudos de seus
pacientes e para isso existe um espaço para as atividades escolares com
professores qualificados. Mesmo doentes e em tratamento as crianças não
deixam de estudar e de se especializar.
Hoje o Instituto conta com 298 casas Ronald Mc Donald em mais de
50 países e mais de 10 milhões de famílias já estiveram hospedadas nelas. No
Brasil existem quatro casas em funcionamento, a primeira delas foi inaugurada
no Rio de Janeiro, as outras estão localizadas em São Paulo (capital),
Campinas (SP) e Grande ABC Paulista (cidade de Santo André).
30
A seguir, resumo do que cada casa oferece a sociedade:
• Casa Ronald Mc Donald Rio de Janeiro – A primeira Casa criada no
Brasil. Inaugurada em 1994 tem capacidade de abrigar até 32 crianças
e adolescentes. A casa já atendeu mais de 1400 crianças, atualmente
são 430 pessoas que se dedicam voluntariamente ao trabalho dentro do
espaço. Existe um local projetado, em parceria com a Secretaria
Municipal de Educação, destinado aos estudos dos pacientes. Outro
projeto é a Bolsa de Alimentos que faz a distribuição de cestas básicas
para as famílias dos pacientes hospedados na casa, incentivando e
estimulando assim a continuidade do tratamento.
• Casa Ronald Mc Donald ABC - Inaugurada em 2007 tem capacidade
de abrigar até 24 crianças e adolescentes. As crianças hospedadas têm
todo o suporte psicossocial, nutricional, pedagógico, jurídico e afetivo.
• Casa Ronald Mc Donald São Paulo – Inaugurada em 2007 tem
capacidade de abrigar até 30 crianças e adolescentes. No local,
trabalham dois funcionários e 54 voluntários que se revezam em turnos
durante os sete dias da semana. As crianças hospedadas recebem todo
o suporte psicossocial, nutricional, pedagógico, jurídico e afetivo. Além
dos pacientes, as mães também recebem todo o respaldo necessário.
• Casa Ronald Mc Donald Campinas - Inaugurada em 08 de Julho de
2010. A casa tem capacidade para atender 56 pacientes e seus
familiares. São 28 quartos, 112 leitos, 16 banheiros, brinquedoteca e
sala de computação.
31
Os recursos captados pelo Instituto são destinados aos projetos
apresentados e através do efetivo acompanhamento, com relatórios técnicos,
financeiros e auditorias, o Instituto assegura transparência e credibilidade aos
investidores, bem como aos demais segmentos da sociedade.
A missão do Instituto é propiciar com dignidade e conforto, o
tratamento às crianças e adolescentes portadores de câncer.
A expectativa é que até o ano de 2015 o Brasil tenha 10 Casas Ronald
Mcdonald em funcionamento.
32
3.3 – A Campanha “Mc Dia Feliz”
A principal fonte de arrecadação de recursos é a campanha “Mc Dia
Feliz”, cujas vendas do sanduíche Big Mac são revertidas para instituições
espalhadas pelo mundo e para as casas Ronald Mc Donald. A campanha
garante o dia de maior venda nas lojas do grupo Mc Donald’s, geralmente a
campanha é sempre feita no último sábado do mês de Agosto. Em média, o
número de Big Mac’s vendidos no Mc Dia Feliz é cinco vezes maior que num
dia normal do ano.
O “Mc Dia Feliz” é a maior campanha de todo o mundo no combate ao
câncer infanto-juvenil. Já são 22 anos de apoio e contribuição para o
crescimento do índice de cura da doença, o grupo conseguiu consolidar uma
das mais importantes ações sociais públicas realizadas por uma empresa
privada.
Com os resultados obtidos desde o primeiro ano de sua realização, em
1988, a campanha já reverteu a mais R$ 100 milhões para mais de 100
instituições brasileiras, em mais de 20 estados. Os recursos têm viabilizado a
implantação de unidades de internação, ambulatórios, e salas de
quimioterapia, casas de apoio e unidades de transplante de medula óssea,
entre outros projetos em benefício de crianças e adolescentes com câncer.
A edição 2010 do McDia Feliz foi realizada em 28 de agosto. Neste
ano, os recursos da campanha serão investidos em 69 projetos, de 58
instituições em todo o país.
33
Além da Campanha do “Mc Dia Feliz”, o grupo possui outra fonte de
arrecadação que vem dando certo, é a Campanha dos Cofrinhos. Os cofrinhos
estão presentes em todos os caixas das lanchonetes do Mc Donald’s e todo
valor arrecadado é destinado a projetos vinculados ao atendimento de crianças
e adolescentes com câncer. Em 2009 foram arrecadados R$ 2.182.390,13 que
foram destinados a 49 projetos. Nestes últimos 3 anos foram mais de 130
projetos apoiados pelas moedinhas dos Cofrinhos.
Para Francisco Neves, superintendente do Instituto Ronald Mc Donald,
a campanha se transformou em uma fonte de recursos e informações no
cenário da oncologia nacional, além de contribuir para a disseminação das
informações dos sintomas da doença para a sociedade.
34
3.4 – Resultados
Essas ações já renderam a arrecadação de mais de R$ 85 milhões,
isso somente no Brasil. Essas arrecadações contribuíram significativamente
para o aumento do índice de cura da doença no Brasil, na década de 80 o
percentual de cura era de 35% e hoje em dia está em 70%. A verba destinada
às instituições favorece o aperfeiçoamento e o desenvolvimento das Casas
Ronald Mc Donald’s, como a criação de mais leitos, melhoria na rede
ambulatorial, contratação de novos funcionários, entre outros.
O grupo Mc Donald’s baseou-se em uma excelente estratégia de
marketing, pois associou o sanduíche Big Mac a uma causa social, assim
conseguiram promover o sanduíche e aumentaram a visibilidade da empresa.
Francisco Neves, superintendente do Instituto Ronald, concedeu ao
site EXAME (2003 – ANEXO 1) uma entrevista sobre o funcionamento e sobre
os resultados obtidos no Instituto, e ao ser abordado sobre a importância do
trabalho desenvolvido com relação ao social ele afirma:
“O Instituto Ronald Mcdonald recebeu um legado do
Mcdonalds na área social, principalmente através do McDia
Feliz, mudando o panorama do câncer infantil no país.
Antigamente, uma criança com câncer era vista e tratada como
um adulto em miniatura, pois não havia equipamentos
apropriados, nem profissionais especializados no tratamento
do câncer infantil. Esses movimentos em prol de crianças e
adolescentes com câncer estimularam debates e discussões
que ajudaram a quebrar o tabu que girava em torno da doença.
A abordagem do tema mudou e as pessoas passaram a se
envolver. mais com a causa, divulgando e ajudando a criar a
consciência de que o câncer tem cura e do quanto é
35
importante o diagnóstico precoce. Para isso, é preciso estar
focado num tema e disseminar as informações relativas a esse
tema para as comunidades, gerando um envolvimento maior
das pessoas em relação ao assunto e também dos
profissionais que atuam na área. Eu me sinto um privilegiado
por participar de todo o processo, que começou na década de
90, e me sinto dignificado, pois tenho um respeito e um orgulho
enorme de participar de um movimento que está mudando a
mentalidade a respeito do câncer no país.”
Para Francisco Neves, a escolha da causa representa foco por parte
da companhia e que a longevidade da campanha faz com que a marca fique
ligada ao combate do câncer, com isso gerando somente benéficos ao grupo,
isso é marketing social.
A associação da imagem do grupo Mc Donald’s ao Instituto Ronald Mc
Donald e a campanha Mc Dia Feliz conseguiu promover a marca, tornando-se
uma empresa socialmente responsável.
A maior arrecadação conseguida até hoje no Brasil foi à do ano de
2010, foram vendidos 1,4 milhões de sanduíches Big Mac em quase 600
lanchonetes espalhadas pelo Brasil, arrecadando com isso R$ 13 milhões,
ultrapassando o recorde que havia sido do ano de 2009 com R$11 milhões. Ao
longo do tempo, a arrecadação vem contribuindo para o crescimento do índice
de cura do câncer no país.
O Mc Donald’s teve e tem um excelente retorno com essas atitudes,
ficando conhecido como uma empresa socialmente responsável e hoje tem
grande número de pessoas que freqüentam as lanchonetes não só no dia da
campanha, pois acreditam na causa e acham que vale a pena ser cliente de
uma empresa que se preocupa com a sociedade e com o próximo.
36
CONCLUSÃO
O mundo corporativo vem percebendo a necessidade de cuidar do
âmbito social, não só fora das paredes de suas empresas, mas como também
dentro delas. Assim, de acordo com os conceitos apresentados percebe-se
que o marketing social ganhou notoriedade nos últimos anos e grandes
investimentos.
Percebe-se que contribuir na área social tornou-se questão de
sobrevivência para muitos, pois com a grande concorrência as empresas
necessitam buscar algo novo que as diferencie das demais, assim verifica-se
que o marketing social passa a ser uma estratégia de negócios, conseguindo
atrair mais investidores e clientes.
Espera-se ao investir em marketing social responder as tensões
geradas pela pouca contribuição do Estado em políticas sociais. O papel das
empresas nesta realidade é visto como complementar das pouquíssimas
ações do governo, principalmente no Brasil.
Com o marketing social as empresas podem construir em longo prazo
um valor diferencial para sua marca e alcançar uma grande vantagem
competitiva em relação aos seus concorrentes.
A análise do caso do grupo Mc Donald’s serviu para exemplificar a
iniciativa de uma empresa em investir em marketing social e com isso
conseguir fortalecer sua imagem e conquistar e manter cada vez mais clientes
com isso. O Mc Donald’s mostra que já sabe, há muito tempo, que investir em
marketing social é uma excelente estratégia e que faz a diferença na mente do
consumidor.
37
Outro ponto de destaque está na campanha do Mc dia Feliz que
consegue arrecadar fundos para uma nobre causa social, gerando benefícios
para si e para a sociedade, além de dar maior popularidade ao grupo.
As estratégias comerciais existem e estão sempre atuantes no
mercado, por isso pensam em como influenciar de maneira positiva a
conquistar e fidelizar os clientes, e ações que são desenvolvidas e
direcionadas para o bem do próximo sempre refletem em resultados positivos
para as empresas.
Fazer marketing social é a atitude que todas as organizações deveriam
adotar, não somente por ser um diferencial, mas por conseguir uma
transformação de todos e da sociedade. A empresa que é socialmente
responsável pode-se dizer que ela contribui e reparte seus lucros com a
sociedade. É uma mudança de postura com o foco na qualidade das relações
e na geração de valor para todos. É importante ressaltar que o marketing social
é ainda um processo em crescimento em vários países do mundo e no Brasil.
Diante deste novo cenário dos negócios, a credibilidade passa a ser
uma importante vantagem, passa a ser um diferencial competitivo.
Espera-se com essa pesquisa expor o marketing social como uma
ferramenta de promoção do bem estar para a empresa e principalmente para a
sociedade.
38
BIBLIOGRAFIA
ARANTES, Nélio. Sistemas de Gestão Empresarial: Conceitos permanentes de
Empresas Válidas. 2ª edição, São Paulo, Ed. Atlas, 1998.
ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e responsabilidade social nos negócios. São
Paulo, Ed. Saraiva, 2005.
FISCHER, Rosa Maria. Cidadania Organizacional: Um caminho de desenvolvimento. São Paulo, Ed. Schmukler, 1999.
GIOSA, Lívio. Marketing do Brasil. São Paulo, Ed. SENAC, 2009.
KOTLER, Philip; ZALTMAN, Gerald. Princípios de Marketing. 12ª edição, Ed.
Prentice Hall Brasil, 2007.
KOTLER, Philip; ROBERTO, Eduardo. Marketing Social: Estratégias para alterar o comportamento público. Rio de Janeiro, Ed. Campus, 1992.
KOTLER, Philip. Marketing para o século XXI – Conquistando Clientes,
mantendo-os e aumentando sua fidelidade. Ed. Futura, 1999.
KOZEL JÚNIOR, José. O Top do Marketing Brasileiro. 1ª edição, São Paulo,
Scipione, 1997.
MATOS, José Gilvomar; MATOS, Rosa Maria; ALMEIDA, Josimar Ribeiro.
Análise do ambiente corporativo. Rio de Janeiro, Ed. E-papers, 2007.
MANZO, José Maria Campos. Marketing: uma ferramenta para o
desenvolvimento. Ed. S.A, 1996.
39
MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, Cesar. Responsabilidade Social e
Cidadania Empresarial – Administração do Terceiro Setor.
2ª edição, São Paulo, Ed. Qualitymark, 2002.
NEVES, Márcia. Marketing Social no Brasil – A Nova Abordagem na Era da
Gestão Empresarial Globalizada. 1ª edição, Rio de Janeiro, Ed. E-papers,
2001.
PORTER, Michael. Guia Exame de Sustentabilidade. “Param de Gastar Tanto
Dinheiro”. Ed. Abril, p. 86 a 89, 2007.
RABAÇA, Carlos Alberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação.
11ª edição, Ed. Codecri, 2005.
SCHIAVO, Marcio Ruiz. Conceito e Evolução do Marketing Social. São Paulo,
1999.
VAZ, Gil Nuno. Marketing Institucional: O Mercado de Idéias e Imagens. São
Paulo, Ed. Pioneira, 1995.
ZENONE, Luiz Claudio. Marketing Social. 1ª edição, Ed. Thomson Pioneira,
2006.
40
WEBGRAFIA
BALANÇO SOCIAL. Disponível em: http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm Acesso em: 09 de Outubro de 2010. COM ATITUDE. Disponível em: http://comatitude.com.br/2010/09/09/os-22-anos-de-mcdia-feliz Acesso em: 01 de Novembro de 2010.
IBASE. Disponível em: http://www.ibase.br/modules.php?name=Conteudo&pid=1804 Acesso em: 01 de setembro de 2010.
ADMINISTRADORES. Disponível em: http://www.administradores.com.br/informe-se/informativo/programas-de-bem- estar-nas-empresas-aumentam-produtividade-em-5/20455/ Acesso em: 01 de Outubro em 2010.
ETHOS. Disponível em: http://www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/Sumario_RSE_2006_2007_Ethos_Akatu.pdf Acesso em 01 de Novembro de 20010. PINTO, Cristina Carvalho. “Valor ou Modismo?” EXAME. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0754/empresas/noticias/valor-ou-modismo-m0044474 Acesso em: 01 de Outubro de 2010. INSTITUTO RONALD. Disponível em: http://www.instituto-ronald.org.br/index.php/quem-somos Acesso em: 01 de setembro de 2010. IPEA. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/acaosocial/rubriquec8fe.html?id_rubrique=11 Acesso em: 01 de Outubro de 2010.
41
EXAME. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0808/gestao/noticias/mcdonald-s-m0042011 Acesso em: 01 de Setembro de 2010.
WIKIPEDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marketing_social Acesso em: 01 de Outubro de 2010. WIKIPEDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/McDonald's Acesso em: 01 de setembro de 2010. PETROBRAS. Disponível em: http://www2.petrobras.com.br/portal/frame.asp?pagina=/ResponsabilidadeSoci al/portugues/reconhecimento_internacional.asp&lang=pt&area=tecnologia Acesso em: 01 de Setembro de 2010.
43
ANEXO 1
INTERNET
www.exame.abril.com.br
Site EXAME – (DEZ/2003) - Entrevista com o superintendente do Instituto
Ronald Mcdonald.
Francisco Neves concedeu uma rica entrevista falando sobre o funcionamento
das campanhas do Instituto, conceituando a importância da responsabilidade
social e do marketing social.
Confira a entrevista na íntegra:
1) Responsabilidade Social - Quando e por que
foi criado o Instituto Ronald Mcdonald?
Francisco Neves - O Instituto Ronald McDonald
(IRM) foi criado em 8 de abril de 1999 pela rede
McDonald's e por diversas instituições de combate
ao câncer infanto-juvenil e nasceu da necessidade
de aumentar o índice de cura da doença no Brasil.
O Instituto foi estruturado nos moldes da Ronald McDonald House Charities,
que atua em outros 49 países e atualmente integra um sistema beneficente
global que já viabilizou cerca de US$ 400 milhões em doações para programas
voltados à infância e adolescência.
2) RS - Como é mantido o instituto?
FN - O Instituto é mantido por meio de contribuições regulares de empresas -
que atuam como Membros Mantenedores - e de pessoas físicas, que podem
tornar-se Membros Contribuintes, se quiserem fazer doações mensais, ou
simplesmente depósitos em dinheiro nos cofrinhos (caixas-troco) distribuídos
Francisco Neves, superintendente do
Instituto Ronald Mcdonald
44
pelos restaurantes da rede McDonald's em todo o país. Outra fonte de
arrecadação é o McDia Feliz, campanha anual coordenada pelo Instituto
Ronald McDonald e que se tornou a maior ação nacional contra o câncer
infanto-juvenil.
3) RS - Quantas crianças e adolescentes doentes são atendidos por ano
pelo instituto?
FN - As 90 instituições cadastradas em todo o Brasil que recebem recursos do
Instituto Ronald McDonald atendem, por ano, mais de 2,5 mil crianças e
adolescentes com câncer.
4) RS - Quais as principais ações de captação de recursos do Instituto
Ronald McDonald?
FN - O Instituto Ronald McDonald desenvolve uma série de ações de
arrecadação, a fim de garantir recursos para o combate ao câncer infanto-
juvenil. Esses recursos são usados na compra de material e equipamentos
hospitalares, na reforma de instituições, casas de apoio e hospitais que
atendem crianças e adolescentes com câncer, entre outras iniciativas. Mais de
100 instituições em 20 estados já foram beneficiadas com recursos
provenientes dessas ações, entre elas:
- McDia Feliz - Maior fonte de arrecadação de recursos do Instituto Ronald
McDonald, o evento permitiu ao Instituto movimentar, de 1988 até 2005, cerca
de R$ 59,8 milhões. Na 17ª versão do McDia Feliz, em 2005, foram
arrecadados R$ 8,6 milhões com a venda de mais de 1,2 milhão de
sanduíches Big Mac. A campanha consiste em reverter, em benefício de
instituições que tratam de crianças com câncer, toda a renda arrecadada com
as vendas de sanduíches Big Mac (exceto impostos) num sábado do ano, em
todo o país. Sábado é o dia da semana em que a rede McDonald's registra
maior movimento.
- Instituto Ronald McDonald Invitational Golf Cup - Criado em 2004, o
torneio de golfe beneficente é uma iniciativa inovadora da Martin-Brower em
parceria com o Instituto Ronald McDonald. Em 2005, o evento reuniu cerca de
45
450 empresários e executivos num torneio no Clube de Campo de São Paulo e
permitiu arrecadar R$ 500 mil.
- Cofrinhos - Os cofrinhos distribuídos pelo Instituto Ronald McDonald por
mais de 500 restaurantes da rede McDonald's em todo o país também auxiliam
no desenvolvimento de ações de combate ao câncer infanto-juvenil. No ano
passado, os cofrinhos arrecadaram R$ 2,33 milhões, ajudando milhares de
crianças e adolescentes com câncer. Para estimular as doações, o Instituto
lançou um desafio entre os restaurantes de todo o país. O projeto dos
cofrinhos despertou o interesse da Casa Ronald McDonald da Argentina e o
Instituto não só prestou consultoria, como intermediou a compra e o transporte
de mil cofrinhos para a Argentina junto a seus parceiros no Brasil. Todo o
material foi entregue em 2005.
- McLanche Feliz - Desde 2001, a refeição infantil mais vendida no país, com
média de três milhões de unidades consumidas por mês, é hoje uma das
principais fontes de recursos do IRM. Em 2004, a doação era de R$ 0,001 por
lanche vendido e foram arrecadados R$ 217,151 mil. No ano passado, a
doação passou para R$ 0,03 e o valor arrecadado foi de R$ 661,5 mil . Este
ano, a previsão é que a arrecadação alcance o valor de R$ 752,4 mil.
- Licenciamento de Marcas - O Instituto Ronald McDonald recebeu do
McDonald's os direitos para o uso das marcas McDia Feliz, Ronald McDonald,
Dia Mundial das Crianças, Instituto Ronald McDonald e Casa Ronald
McDonald, para o licenciamento de produtos. O Instituto usa essas marcas
para confecção e venda de produtos. Parte da renda obtida com a
comercialização desses produtos é revertida para as instituições de apoio ao
combate ao câncer infanto-juvenil.
Além das ações de captação, o Instituto possui outros projetos de combate ao
câncer infanto-juvenil, como o Projeto Tsuru, que foi criado em 2004 e está
mapeando 5.507 municípios brasileiros, para verificar as condições de
atendimento e cura de crianças e adolescentes com câncer nesses locais. A
iniciativa pretende identificar as demandas na assistência oncológica pediátrica
46
no Brasil e orientar a mobilização da sociedade, a articulação de parcerias e a
destinação de recursos, para ampliar a abrangência e a qualidade do
atendimento às crianças e adolescentes com câncer. Através do Tsuru, o
Instituto pretende identificar os chamados Pólos Convergentes, regiões que,
por suas características sócio-econômicas, políticas e culturais, são capazes
de atrair parcelas da população ao seu redor. Dessa forma, o IRM pretende
aumentar o diagnóstico precoce da doença e oferecer condições dignas aos
pacientes, evitando que tenham que se deslocar para lugares distantes em
busca de tratamento. O projeto também conta com o apoio do Instituto
Nacional do Câncer (Inca) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica
(Sobope).
Além desse projeto, o Instituto mantém parceria com a Casa da Criança, grupo
com mais de 2 mil arquitetos e decoradores, que desenvolve projetos de
espaços bem planejados e equipados para instituições de atendimento a
crianças. Através da expertise desses profissionais, esses locais são
transformados em ambientes vivos, com instalações práticas e confortáveis
para o atendimento de crianças. O grupo mantém convênio com empresas de
vários setores, o que permite a doação de material de construção,
acabamento, mobiliário, brinquedos e, sobretudo, mão de obra especializada.
Através da parceria entre o Instituto Ronald McDonald e a Casa da Criança
está sendo possível realizar a reforma do ambulatório de oncologia pediátrica
do Hospital do Açúcar, em Maceió da Casa de Apoio Menino Jesus, em
Fortaleza e da unidade de internação do Hospital do Câncer de Mato Grosso.
5) RS - Como as instituições podem pleitear ajuda junto ao IRM?
FN - O Instituto Ronald McDonald está constantemente revendo seu cadastro
nacional, que identifica as instituições que assistem ou tratam de crianças e
adolescentes portadores de câncer, com o objetivo de assegurar a mais
adequada destinação de seus recursos. O cadastro, pré-requisito para que a
instituição envie projetos ao Instituto, dispõe de amplas informações sobre
essas instituições, incluindo infra-estrutura, origem de pacientes e demanda
atendida. Esses dados, dentre outros, são parâmetros para o planejamento da
47
destinação de recursos do Instituto. Para ser incluída no cadastro do Instituto
Ronald McDonald, a instituição precisa atuar pela causa do combate ao câncer
infanto-juvenil; ser legalmente constituída, com estatuto registrado em cartório
e inscrição no CNPJ; não ter fins lucrativos; ser reconhecida pelas ações
desenvolvidas junto à comunidade; entre outras exigências.
6) RS - O que o trabalho à frente do Instituto Ronald McDonald
representou para a área social no país?
FN - O Instituto Ronald McDonald recebeu um legado do McDonald's na área
social, principalmente através do McDia Feliz, mudando o panorama do câncer
infantil no país. Antigamente, uma criança com câncer era vista e tratada como
um adulto em miniatura, pois não havia equipamentos apropriados, nem
profissionais especializados no tratamento do câncer infantil. Esses
movimentos em prol de crianças e adolescentes com câncer estimularam
debates e discussões que ajudaram a quebrar o tabu que girava em torno da
doença. A abordagem do tema mudou e as pessoas passaram a se envolver
mais com a causa, divulgando e ajudando a criar a consciência de que o
câncer tem cura e do quanto é importante o diagnóstico precoce.
Para isso, é preciso estar focado num tema e disseminar as informações
relativas a esse tema para as comunidades, gerando um envolvimento maior
das pessoas em relação ao assunto e também dos profissionais que atuam na
área. Eu me sinto um privilegiado por participar de todo o processo, que
começou na década de 90, e me sinto dignificado, pois tenho um respeito e um
orgulho enorme de participar de um movimento que está mudando a
mentalidade a respeito do câncer no país.
7) RS - Qual a diferença de responsabilidade social e filantropia na visão
do Instituto?
FN - A filantropia remete a ações externas das organizações empresariais, em
benefício de determinada comunidade ou grupo social enquanto a
responsabilidade social tem um objetivo estratégico e está incorporada a
cadeia de negócios da empresa. O McDonald's, por exemplo, tem o combate
ao câncer incorporado ao seu dia-a-dia e promove, junto com o Instituto, não
48
apenas o McDia Feliz, mas outras várias ações com o objetivo de arrecadar
recursos destinados à causa, como os cofrinhos espalhados por mais de 200
restaurantes da rede em todo o país, para estimular os clientes a doarem os
trocos dos lanches, as doações de R$ 0, 003 sobre a venda do McLanche
Feliz, entre outras. Ou seja, a filantropia é apenas parte da responsabilidade
social. Mas não adianta, por exemplo, a empresa promover uma ação social
isolada e agir de forma politicamente incorreta a maior parte do tempo. O
conceito de responsabilidade social também não deve ser confundido com o
de marketing social, cujo principal objetivo é alavancar os negócios da
empresa através da divulgação de uma imagem positiva perante a opinião
pública e o consumidor. Os conceitos e a prática do investimento social
derivam da consciência da responsabilidade e reciprocidade em relação à
sociedade, assumida livremente por empresas, fundações ou institutos.
8) RS - Como o senhor vê o crescimento da responsabilidade social
corporativa no país?
FN - Eu vejo a responsabilidade social corporativa como um movimento
salutar, de transformação da sociedade como um todo. As empresas estão
agregando um valor que não tem em vista exclusivamente o retorno financeiro
com seu produto. O consumidor reconhece a atuação dessas empresas na
área de responsabilidade social e esta atuação, por sua vez, resulta num
comprometimento maior dos funcionários dessas empresas em relação às
comunidades que vivem em áreas próximas.
9) E o que o senhor pensa da profissionalização de todo o terceiro setor,
nítida nos últimos tempos?
FN - Acho importante e necessária, mas faço uma ressalva: o Terceiro Setor
não pode perder a sua essência, a sua alma, e se transformar no Segundo
Setor. É preciso ter metas ousadas, desprendidas e empreendedoras. É
preciso se dedicar à causa, pois, do contrário, não será possível alcançar os
resultados que se está procurando. É preciso ter persistência, abnegação e
entender que não está fazendo só para si, mas para os outros.
49
10) RS - Que tipo de atuação por parte das organizações da sociedade
civil são mais importantes e têm mais resultado no tratamento do câncer?
FN - A mobilização é importante, pois chama a atenção para um problema até
então desconhecido da maioria das pessoas. Depois que o McDia Feliz foi
criado, o espaço destinado à divulgação do câncer infanto-juvenil aumentou
expressivamente e trouxe a consciência de que o câncer tem cura. Depois
desse movimento, o número de instituições de apoio cresceu, assim como a
quantidade de médicos especializados na área e o apoio psicossocial
oferecido aos portadores da doença. A mobilização possibilitou, ainda, a
criação de casas de apoio, que aumentaram a aderência dos doentes aos
tratamentos e fizeram com que muitos hospitais precisassem expandir sua
estrutura, para atender à demanda crescente de pacientes.
50
INDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
MARKETING SOCIAL E SUA ORIGEM 10
1.1 - A origem do Marketing Social 11
1.2 - Conceito de Marketing Social 14
CAPÍTULO II
VISÃO EMPRESARIAL SOBRE O MARKETING SOCIAL 17
CAPÍTULO III
MARKETING SOCIAL E SUA ORIGEM 25
3.1 - Origem e História do Mc Donald’s 25
3.2 - Instituto Ronald Mc Donald 29
3.3 - A Campanha “Mc Dia Feliz” 32
3.4 - Resultados 34
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 38
WEBGRAFIA 40
ANEXOS 42
ÍNDICE 50