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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Uma Abordagem Cognitivo Comportamental para Trabalhar as
Dificuldades de Aprendizagem
Por: Maria Lucia de Freitas Moreira
Orientador: Prof Vilson Sérgio
RIO DE JANEIRO JUNHO/2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Uma Abordagem Cognitivo Comportamental para Trabalhar as Dificuldades de Aprendizagem
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia da Universidade Cândido Mendes como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação em
Psicopedagogia
RIO DE JANEIRO JUNHO/2009
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à professora Maria Cláudia Dutra Lopes Barbosa cujo o carinho, apoio e dedicação foram indispensáveis para realização deste trabalho. Seu desprendimento, sua generosidade me ensinaram a ser uma pessoa
melhor. Muito obrigada querida mestra.
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DEDICATÓRIA
É com muito carinho e prazer que aproveito a oportunidade para
dedicar meu trabalho as crianças com déficit na aprendizagem,
principalmente ao meu filho Bruno. Minha admiração e respeito
aos que amam e cuidam destas crianças.
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MENSAGEM
“(...) Se reaprendêssemos a acariciar, amar e servir ‘as crianças de caracóis loiros, a segurá-las pela mão nas passagens difíceis, a baixar para elas os galhos que não conseguem alcançar, a nos alegrar ao vê-las satisfeitas, ao fim do dia, com um alimento livremente colhido nas fontes generosas que teríamos feito brotar; se soubéssemos responder aos inquietos apelos dos alunos com dificuldade e nos acalmar com os espetáculos dos saltos de satisfação de seus que sobem até os cumes da cultura, por caminhos que não são forçosamente calvários, mas que são sempre caminhos da vida!”.
(FREINET, Celestin. Pedagogia do Bom Senso. 1996, p.5)
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RESUMO
O objetivo dessa monografia é confrontar o dia-a-dia em sala de aula do
professor, em relação as habilidades pedagógicas em lidar com seus
discentes, principalmente, os que tem deficiências na aprendizagem.
Historicamente, a intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na
assistência aos alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem diante
do baixo desempenho acadêmico.
Analisar sua dificuldade inclui, necessariamente, um projeto pedagógico
escolar que em suas propostas de ensino valorize a compreensão sobre as
características e necessidades de aprendizagem do aluno, abrindo espaço
para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de sua
aprendizagem.
Pretende-se neste trabalho, apresentar temas que identifiquem
problemas no processo de aprender, possibilitando intervenção
psicopedagógica, visando a solução desses problemas utilizando métodos,
instrumentos e técnicas na tentativa de sanar tais dificuldades.
“ Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem forma é ação
pela qual sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e
acomodado. Não há docência sem discência. Quem ensina aprende ao ensinar
e quem aprende ensina ao aprender ”.
(Freire, 1996,p.23)
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO _______________________________________________8
CAPÍTULO I
1. A aprendizagem segundo Pavlov__________________________________10
2. A aprendizagem socialde Bandura_________________________________13
3. Aepistemologiagenétic de Piaget__________________________________15
CAPÍTULO II
1. As dificuldades de aprendizagemna leitura e escrita____________________18
2. Os atrasos na aprendizagemdaleitura escrita e suas conseqüências escolares_19
CAPÍTULO III
1. A visão do professorem relação ao aluno com dificuldades de aprendizagem_20
2. A díade professor-aluno no processo de ensino-aprendizagem____________ 21
3. O aluno com dificuldades de aprendizagem e suas interações sócio-escolares 22
CAPÍTULO IV
1. Práticas de ensino-aprendizagemsegundoabordagemTCC:estabelecendo metas24
2. Metacognição e auto-regulação cognitiva na aprendizagem _______________28
3 CONSIDERAÇÕESFINAIS _______________________________________30
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________31
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INTRODUÇÃO
“É com o coração que se vê corretamente; o essencial é invisível aos olhos”. (SAINT-EXUPÉRY, http://www.pensador.info/autor/Saint- Exupery/)
É difícil acreditar que apenas a dificuldade de aprender seja da
responsabilidade do aprendente, visto que ensinar e aprender se relacionam,
de maneira vinculada, havendo influência de uma sobre a outra. Assim sendo,
trata-se de uma cena comum a solicitação de uma nova explicação para uma
questão não compreendida, por parte do aluno ao professor e, não raro, “a
nova” explicação se fazer uma reprise da cena anterior (CABRAL et al., 2008).
Os estilos que a educação escolar segue são sempre os mesmos,
valorizam-se, não raro, alguns aspectos da inteligência, como as habilidades
lógico-matemáticas e linguísticas, como estas fossem as únicas e, para a
maioria dos educadores o são, uma vez que tal fato relega ao fracasso escolar
aqueles alunos que nas áreas eleitas como importantes não se saem bem.
Desta maneira, este estudo pretende deixar claro que, na maioria das vezes,
os problemas de aprendizagem têm início em uma inadequação metodológica
de ensino (CAPOVILLA, 2004).
Lembrando que, o que foi levado em consideração neste estudo, diz
respeito à escola como sendo a segunda instituição social a ser vivenciada
pela criança, e pode promover, quando não executa um bom trabalho,
problemas de aprendizagem na mesma, uma vez que se faz o lugar da
experimentação de novos modos de ver e de pensar a estrutura imposta pela
sociedade (FREIRE, 1996, p 22).
A aprendizagem social, no entanto, também é um processo evolutivo.
Vivendo em grupo, a criança aprende mudar, obedecer, e, até mesmo, a
competir. Ela aprende a manifestar suas tensões vindas do grupo, e a sentir
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prazer com sua aceitação por parte do mesmo. Assim sendo, uma das
questões deste trabalho residiu em discutir os diferentes modos de aprender.
A partir dos pontos a discutir neste trabalho, a metodologia utilizada
pautou-se na pesquisa bibliográfica, fazendo-se uso de artigos, revistas, livros
e internet.
O primeiro capítulo aborda a visão da teoria cognitivo-comportamental
segundo os autores Pavlov, Bandura e também, a teoria epistemológica de
Piaget.
O segundo capítulo enfoca as dificuldades de aprendizagem na leitura e
escrita, atrasos na aprendizagem e o conceito de Metacognição.
O terceiro capítulo destaca a relação professor e aluno no processo de
processo de ensino-aprendizagem.
Finalizando a pesquisa, o quarto capítulo dedica-se às técnicas de
abordagem segundo a TCC e a ainda as etapas de aprendizagem e a
conclusão final do estudo em questão.
CAPÍTULO I
A APRENDIZAGEM SEGUNDO PAVLOV
A busca pela comprovação científica do momento histórico da
Psicologia, à época de Pavlov (1927), impulsionou as pesquisas científicas
deste pesquisador, culminando com o trabalho do mesmo, relativo ao
condicionamento operante “... fazendo desta a ciência do comportamento e não
só a ciência que estuda o funcionamento da mente, em especial, a partir dos
experimentos de Pavlov, Thorndike e Watson, na década de 30” (RANGÉ,
2001 apud BARBOSA, 2008, p. 43).
Os autores acima mencionados desenvolveram as respostas
concernentes ao entendimento relacionado ao condicionamento operante;
comportamento este que integra a aprendizagem dos seres humanos e,
igualmente, de animais (BARBOSA, 2008). Buscando elucidar melhor como se
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processa o condicionamento respondente, faz-se uso do termo reflexo
condicionado (Rc), de autoria do próprio Pavlov, quando de seus experimentos
com um cão. Neste experimento, ele ofertou ao animal um pedaço de pão, e
observou que o mesmo salivava. A esta ação, o pesquisador denominou de
reflexo não condicionado ou inato (SCHULTZ & SCHULTZ, 1992).
Pavlov percebeu que qualquer estímulo poderia provocar a mesma
reação no animal, promovendo uma resposta condicionada (Rc), assim sendo,
o pesquisador apresentou ao animal uma luz acesa ou uma campainha, neste
caso, considerados estímulo condicionado (Sc). Ele percebeu que qualquer
estímulo poderia provocar uma resposta condicionada (Rc), então, Pavlov,
fazendo uso de uma luz acesa ou de uma campainha estímulo condicionado
(Sc), apresentou, a seguir, o alimento estímulo não
condicionado/incondicionado (Si) para que este comesse (opus cit).
Emparelhadas as ações, isto é, apresentando o pesquisador o alimento,
a luz e som, repetidamente, Pavlov observou que o alimento representava um
reforço, no concernente à aprendizagem do animal. O mencionado pesquisador
decidiu, a partir deste evento, somente o som ou um facho de luz, observando
que o comportamento de salivar do animal ocorreu, por conta da ligação que o
mesmo estabeleceu entre a luz e/ou o som com a apresentação do alimento,
de modo contíguo, isto é, imediatamente após; logo depois. Pavlov denominou
este processo de aprendizagem por condicionamento (opus cit).
Buscando exemplificar o experimento de Pavlov, diz-se que:
“... 1) estímulo incondicionado é igual à resposta inata (Si = Ri); 2) estímulo incondicionado, acrescido do som ou luz é igual ao estímulo condicionado (Si + som ou luz) = (Sc); 3) som ou luz é igual à resposta condicionada (Som ou luz = Rc). Enquanto o condicionamento respondente ocorre como resultado da relação entre dois estímulos, a aprendizagem operante ocorre como resultado de uma relação entre um estímulo e uma ação, isto é, um evento filogeneticamente importante e um comportamento que afeta a sua ocorrência. Há dois tipos de relação entre comportamento e conseqüência: positiva (reforçador positivo) e negativa (reforçador). Chama-se reforço a toda ação que leva à probabilidade do aumento ou diminuição
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da ocorrência de um dado comportamento (BAUM, 1999 apud BARBOSA, 2008, p. 44).
A partir destes experimentos, observou-se que uma sineta, uma luz ou
qualquer outro estímulo apresentado, desde que seguido do alimento, seria
tomado pelo animal como um estímulo à salivação. Assim sendo, tomando
como base esta situação experimental, compreende-se que inúmeros
mecanismos de associação de estímulos a ações resultem em
comportamentos. Melhor exemplificando, observa-se, por exemplo, a resposta
de um cão à visão da coleira na mão do dono, que tem o hábito de pegá-la,
sempre que tem a intenção de passear com o animal. Pode-se perceber,
também, a expressão de prazer no rosto de um bebê, ao lhe ser apresentada a
mamadeira, na hora da refeição (opus cit, 2008).
A partir de seus experimentos de Pavlov, décadas depois, Skinner
(1956) concluiu que o comportamento respondente se fazia resultado de
estímulos declarados, “... precisos e controlados, como o ato de tocar a sineta
e o cão salivar, e chamou de comportamento operante, a ação do rato
empurrar a barra de metal, para obter água ou comida ...” (BARBOSA, 2008, p.
45), enquanto reforço apresentado ao rato, em razão de sua ação de baixar a
barra com a patinha, em busca de alimento (opus cit, ).
A despeito do comportamento humano ser passível de observações, os
estudiosos, naquele momento, não se deram conta da presença da cognição
atuante entre o estímulo e a resposta apresentada pelo ser vivente (S-R), no
caso, o homem (BAUM, 2006).
Skinner, proeminente comportamentalista e pesquisador, não se
interessava pelo que estivesse se “... passando na mente do paciente” (opus cit
p. 286), porque em sua concepção, fatores internos não eram significativos
para a produção da resposta humana, mas as forças do ambiente externo e os
estímulos seriam capazes de afetá-la.
Assim sendo, os estados mentais do ser humano não eram
questionados ou considerados pelos comportamentalistas metafísicos ou
radicais, como Watson, nas décadas de 20 e 30. Para o comportamentalista
Hull (1884-1952) (SCHULTZ & SCHULTZ, 1992, p. 271), entretanto, o
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comportamento humano, na década de 40, foi explicado, a partir da concepção
“... de instinto, de percepção e de pensamento” (BARCELLOS & HAYDU, 2001,
p. 45). Na década de 50, importantes contribuições foram prestadas à Terapia
Comportamental, por diferentes pesquisadores de vários países. Em 1952,
Wolpe, na Austrália, desenvolveu técnicas de dessensibilização sistemática,
(que seria o ato de aproximar o indivíduo, gradativamente, do objeto ou
situação que lhe provocava fobia, até que esta se extinguisse), com base no
condicionamento respondente de Pavlov (1919, 1921), na teoria de
aprendizagem de Hull (1935), bem como nos experimentos de outros
comportamentalistas da época (opus cit).
Muito embora os behavioristas tivessem obtido sucesso em um grande
número de experiências com humanos, aquele momento da Psicologia
apontava para uma estreita relação entre o comportamento, o meio e a
cognição, de modo que os experimentos realizados por Eysenck, por exemplo,
com pacientes fóbicos, na década de 60, em laboratório, revelaram que as
reações neuróticas dos indivíduos não cessavam, com facilidade, levando-o a
utilizar “... a inibição recíproca e o contra-condicionamento gradativo da
ansiedade” (BARCELLOS & HAYDU, 2001, p. 47).
Definitivamente, a orientação operante compreendeu que havia
influência direta do ambiente no comportamento, e que para modificá-lo, o
ambiente seria a escolha mais adequada. Assim, os trabalhos que utilizavam
reforços de fichas, idealizadas por Ayllan & Azin (1968 apud CABALLO, 2002),
trocadas por objetos que os pacientes internados desejassem (livros, artigos de
toucador, guloseimas, etc.), como forma de prêmio para comportamentos
socialmente desejados que tais terapeutas desejavam que fossem
internalizados por estas pessoas, revelaram-se extremamente positivos (opus
cit).
A APRENDIZAGEM SOCIAL DE BANDURA
Bandura é considerado o teórico da aprendizagem social, por que seu
foco de estudo foi a aprendizagem que acontece no contato entre pessoas.
Para ele, a imitação também é uma forma de aprender. Durante interações
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sociais, o indivíduo pode modificar seu comportamento, como resultado da
observação do modo como as outras pessoas do grupo agem. Embora
reconheça a importância do condicionamento de Skinner, Bandura se detém na
observação do comportamento de pessoas em seus processos de interação,
afirmando que nem toda aprendizagem ocorre como resultado do reforçamento
direto de respostas (SCHULTZ & SCHULTZ, 1992).
O conceito de aprendizagem em Bandura é decorrente, segundo ele,
das experiências vividas pelo indivíduo não serem reforçadas, diretamente,
mas obterem o reforço indireto de outras pessoas do meio. Seus princípios de
aprendizagem social também podem ser aplicados na modificação de
comportamentos agressivos. Estes são adquiridos por meio do exemplo, da
experiência direta e da interação com fatores culturais (opus cit, 1992).
A teoria de Albert Bandura é fundamentalmente comportamentalista
onde foco de observação se faz no comportamento dos indivíduos em
inteiração com o outro. Este autor destaca ainda, o papel do reforço na
aquisição e modificação de comportamentos externos, que alteram o
comportamento. Bandura acredita que a imitação é um princípio de
aprendizagem, e que a aprendizagem se dá pelo reforço de um modelo
aprendido no grupo social. Este fenômeno Bandura denominou modelagem
(opus cit, 1992).
A auto- eficácia
A auto-eficácia é uma avaliação que o indivíduo faz sobre a própria capacidade
de conseguir um determinado desempenho ou resultado, que gera uma
sensação de adequação e eficiência em resolver os problemas da vida.
Bandura afirma que pessoas de auto-eficácia elevada acreditam que são
capazes de lidar com as situações de sua vida. Podendo superar obstáculos,
os indivíduos buscam desafios, e ainda mantém um elevado nível de confiança
em si mesmos. As pessoas de baixa auto-eficácia, entretanto, sentem-se
incapazes de superar os obstáculos, desistindo de seus objetivos quando
fracassam. Quanto ao desenvolvimento da auto-eficácia, Bandura considera
que ambientes que proporcionam oportunidades para experiência, facilitam a
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aquisição do senso de auto-eficácia; a família como fonte de aprendizagem de
auto-eficácia; a escola como ambiente básico para a manutenção e validação
social desta. (COLL et al., 1995).
Agressão
O autor começou estudando o comportamento agressivo em crianças.
Neste estudo descobriu que é no seio da família que este comportamento pode
ser aprendido, imitado e replicado pela criança em suas relações. O
comportamento agressivo que os pais demonstravam influenciavam
decisivamente na postura agressiva de seus filhos. Os estudos experimentais
demonstraram que a exposição a modelos agressivos expressos na televisão
conduz a comportamentos agressivos nas crianças expectadoras, sendo assim
mais um indicador para validação da teoria de Bandura quando este afirma que
o comportamento agressivo é adquirido por meio de exemplos (opus cit, 1995).
A agressão se mantém por conseqüências externas como recompensas
materiais, sociais e status. Uma das melhores maneiras de reduzir a agressão
é através do fortalecimento de outras respostas que tenham valor funcional.
Por exemplo, observa-se que pessoas que recorrem à agressão física para
resolver seus conflitos interpessoais geralmente possuem baixa habilidade
verbal. Quando aprenderem a resolver verbalmente seus conflitos, o
comportamento agressivo diminui. Outra forma reduzir o comportamento
agressivo é por meio de modelos que apresentem respostas socialmente
aceitas como cooperação, por exemplo (COLL et al., 1995).
Envolvimento com questões educacionais
O educador é considerando um dos modelos mais importantes no
desenvolvimento da criança. Não é raro flagrar crianças brincando de escolinha
e imitando as atitudes de seu professor (ou professora). A influência é tão
expressiva que as preferências ou aversões do professor para com uma ou
outra matéria em estudo podem ser percebidas por seus alunos gerando
nestes atitudes imitativas que podem criar bloqueios à matemática, por
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exemplo. Os professores propiciam condições para a aprendizagem em sala,
não somente pelo que dizem, mas também por suas ações. Observa-se à
aplicação da teoria de Bandura no âmbito escolar, quando bons professores
servem de modelos a fim de incentivar ou estimular o gosto pelo estudo, uma
vez que imitação do professor, feita por seus alunos, é evidente dentro das
salas de aula (opus cit, 1995).
A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET
A teoria de Jean Piaget, biólogo suíço (1936), que estudou os processo
da interação do ser humano com o meio, observando o comportamento de
seus três filhos, ao longo de anos, tem como tema central o desenvolvimento
cognitivo do ser humano. O autor em questão “... procura explicar como é
produzida a passagem do ser biológico, que é o bebê recém- nascido, para o
conhecimento abstrato e altamente organizado que encontramos no adulto”
(COLL et al., p 27, 2004).
Tentando explicar como acontece o processo da construção do
conhecimento no ser humano, o autor elabora uma teoria evolutiva que
denominou Epistemologia Genética, porque se refere à ontogênese do
conhecimento humano. Assim como Darwin (1859), que afirma que as
espécies animais possuem uma estrutura filogenética que os impulsiona,
instintivamente, à adaptação ao meio natural, pelo mesmo viés, também Piaget
explica que o ser humano precisa, incessantemente, se adaptar ao meio no
qual está inserido. O processo adaptativo, segundo a teoria piagetiana, implica
a existência de um organismo capaz de se adaptar à realidade na qual está
inserido, construindo, paulatinamente, seus conhecimentos, ou seja, sua
inteligência (opus cit, 2004).
A adaptação, segundo o autor, é realizada por meio de esquemas de
ações coordenadas pelo organismo, em busca de adaptação ao meio. Estes
esquemas vão, aos poucos, sendo internalizados e organizados pela estrutura
cognitiva e serão mais tarde utilizados pelo indivíduo para resolução de novos
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desafios. O processo de adaptação necessita de dois processos para que
possa se realizar: o processos de assimilação e acomodação.
A assimilação é um mecanismo contínuo utilizado pelo organismo, na
tarefa constante de se adaptar ao meio no qual vive. O surgimento de novos
desafios faz com que o sujeito, na tentativa de responder adequadamente a
essa demanda, procure, primeiramente, a solução em esquemas preexistentes
em sua estrutura cognitiva, adquiridas por experiências anteriores. Não
logrando êxito nesta ação, novas investidas em busca da adaptação são
realizadas, em razão deste inicial desequilíbrio, para logo a seguir, emitir novas
respostas em busca de adaptação à nova situação. Exemplificando-se esta
situação, pode-se dizer do bebê que suga a mamadeira e, quando lhe
apresentam um canudinho, seu comportamento será o de sugar o canudo,
exatamente como faz com o bico de mamadeira. Desta maneira, a criança
assimila um novo processo de sugar, por meio de um canudinho.
Quando o organismo enfrenta um novo evento ou objeto no qual ele não
possua esquemas que lhe permitam uma resposta eficaz, este age no sentido
de se transformar, aperfeiçoando as suas estruturas anteriores, buscando por
meio deste esforço, tornar possível a assimilação do que se apresenta como
novo. É por meio deste desequilíbrio experimentado pelo sujeito, na tentativa
de responder eficazmente às solicitações do meio que as estruturas cognitivas
amadurecem, produzindo respostas cada vez mais sofisticadas, conduzindo o
sujeito à etapas posteriores do desenvolvimento intelectual (opus cit, 2004).
A cada fase do desenvolvimento do sujeito é imprescindível a existência
de um substrato anterior para que as novas estruturas se estabeleçam. Vale
destacar que o conhecimento é um processo contínuo, construído a partir da
interação do indivíduo e do objeto, não sendo possível separar ambos s
processos (idem, 2004).
Os estágios do desenvolvimento humano
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Piaget considera quatro períodos no processo evolutivo da espécie
humana, no decorrer das faixas etárias, durante o processo de
desenvolvimento que assim se organizam:
Sensório-motor (0 a 2 anos);
Pré-operatório (2 a 7 anos);
Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos) e
Operações formais (11 ou 12 anos em diante).
Cada estágio é caracterizado por uma maneira diferente de organização
mental que possibilita as diferentes formas do indivíduo relacionar-se com a
realidade que o circunda. O autor afirma que os individuo, em geral, passam
por estas fases, mais ou menos do mesmo modo, podendo ocorrer variações,
em razão das características próprias de cada sujeito e da variedade (ou não)
dos estímulos oferecidos pelo meio no qual ele estiver inserido. Concluindo-se
o que foi exposto mesmo, divisão destas faixas etárias se faz apenas uma
referência, sem a pretensão de ser uma norma rígida (PIAGET, 1990).
CAPÍTULO II
1. AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E
ESCRITA
A leitura é utilizada como acesso na busca do conhecimento sistemático.
Entretanto, o não desenvolvimento do hábito da leitura, muito comum entre
crianças e adultos, pode causar dificuldades na consolidações desta
aprendizagem. Surgem preocupações em relação a estas dificuldades posto
que a leitura assume papel de destaque no processo de aquisição de
conhecimento. É por meio da leitura que o aprendente interpreta os fatos, e é
estimulado em seu desenvolvimento intelectual (NUNES, 1995) .
A criança com dificuldade de aprendizagem pode apresentar bloqueios
na aquisição do conhecimento, na audição, na fala, leitura, raciocínio ou
habilidades matemáticas. Estas desordens, possivelmente, tem sua origem em
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uma disfunção cerebral, podendo ser também, de origem emocional.
Reconhecendo a importância de se discutir acerca das dificuldades de
aprendizagem referentes a leitura e a escrita objetiva-se através deste ,
apresentar alguns direcionamentos significativos voltados ao estímulo, da
capacidade do aluno desenvolver a prática da leitura e escrita um dos pontos
preponderantes ao caminho da aprendizagem, até porque o aluno encontra-se
inserido no contexto que exige uma interpretação sistemática advinda do hábito
de ler e escrever (idem,1995).
O dia a dia apresentado pelos alunos que ingressam nas séries iniciais,
mostra-se preocupante, considerando que a cada momento, o educador
encontra-se diante de obstáculos, principalmente quando se refere à leitura e
suas interpretações (opus cit,1995 ).
Esta dificuldade, embora comum, se amplia para outras dimensões,
como interpretação de textos, ditado, cópia e entre outras. Entende-se que
cada aluno apresenta sua dificuldade, alguns tem bloqueios para escrever,
expressar suas emoções, falar etc. Nesse contexto, o professor precisa estar
atento a estas dificuldades, com a finalidade buscar meios elucidar tais
dificuldades (NUNES, 1995).
As dificuldades na aquisição da leitura e escrita, em geral, e da dislexia,
em particular, vem suscitando desde há muito tempo o interesse de psicólogos,
professores e outros profissionais interessados na investigação dos fatores
implicados no sucesso e/ou insucesso educativo (Idem,1995).
O ambiente em que se processa a construção da leitura e escrita deve
favorecer a criança a expressar seu pensar de acordo com o entendimento que
ela tem das informações que lhe são apresentadas. (Idem,1995).
É imprenscidível ressaltar a importância do ambiente em que a criança
está inserida, posto que quando é alfabetizador, maiores são as chances de
êxito no âmbito escolar uma vez que, o ambiente familiar muito contribui para o
desenvolvimento da leitura e escrita, ressaltando em melhoria qualitativa no
processo de aprendizagem da criança (opus cit, 1995).
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2. OS ATRASOS NA APRENDIZAGEM DE LEITURA ESCRITA E
SUAS CONSEQÜÊNCIAS ESCOLARES
As crianças que apresentam atrasos na aprendizagem revelam um
fracasso geral na escola, e não somente uma dificuldade localizada, como
ocorre em outras categorias como na dislexia, onde a criança tem dificuldade
no processo de reconhecimento das palavras. Del Prette e Del Prette (1998),
em seus estudos sobre habilidades sociais, apontam que os fatores de ordem
interna e externa, relativo à família, social e educacional, influenciam
decisivamente no processo de aprendizagem do educando. Afirmam que
crianças com déficit de aprendizagem, apresentam também, agressividade,
imaturidade e problemas na interação social. Demonstram uma postura passiva
na execução das tarefas escolares mostrando-se menos assertivas em suas
opiniões. Sendo avaliadas por seus professores como inquietas, briguentas,
inibidas e sem iniciativa
O fracasso escolar é sinônimo de insucesso social. Sem aquisições
escolares, o indivíduo fica impedido de participar eficientemente, no progresso
da sociedade.
Entre outras funções, cabe à escola a tarefa básica de ensinar a ler e a
escrever aos que nelas ingressam. Sendo o lugar adequado à sistematização e
ampliação destes conhecimentos.
CAPÍTULO III
1. A VISÃO DO PROFESSOR EM RELAÇÃO AO ALUNO COM
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Bennett (1993) constatou que a percepção dos professores sobre o
comportamento dos alunos constituiu um componente significativo do
julgamento das habilidades acadêmicas discentes (aritmética, linguagem oral,
leitura, memória, entre outras). Os autores salientam a necessidade de
complementar o julgamento dos professores com evidências objetivas do
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desempenho acadêmico dos alunos sempre que precisam ser tomadas
decisões importantes sobre estes.
Carvalho (2004) afirma que a determinação, pelo professor, dos alunos
que fracassam na escola pode estar influenciada por fatores externos ao
sistema de ensino-aprendizagem. Objetivando compreender os processos que
têm levado maior número de meninos negros e de famílias de baixa renda do
que de meninas a obter conceitos negativos (quanto a disciplina e ao
rendimento escolar) e a ser indicados para atividades de recuperação,
Carvalho estudou um grupo de crianças e professoras de 1ª a 4ª séries, em
uma escola pública de São Paulo. Os resultados mostraram que os problemas
de aprendizagem, segundo as professoras, estavam relacionados à renda
familiar baixa, ao sexo masculino e à categorização do aluno como negro pelo
professor. Além disso, as crianças consideradas pelos docentes com
desempenho não satisfatório geralmente compartilhavam certos atributos de
comportamento.
É possível que a percepção dos professores sobre o desempenho do
aluno esteja também permeada por fatores extrínsecos à própria aprendizagem
da leitura e da escrita.
Conhecer as estratégias usadas pelo aluno para ler e escrever torna-se
importante para o professor poder adaptar as suas ações de acordo com essas
estratégias de aprendizagem. Da mesma forma, é útil também para direcionar
as metas a curto e longo prazo para o processo de ensino-aprendizagem. É
importante, portanto, fornecer subsídios aos professores para que possam usar
critérios claros e métodos condizentes aos objetivos da avaliação, pautados no
conhecimento do desenvolvimento dos processos envolvidos na leitura e
escrita (CURTO et al., 2000).
Não podemos deixar de salientar o perigo de uma avaliação escolar
parcial e imprecisa, que funcione como rótulo e não como uma análise do
processo de ensino-aprendizagem. Salvador (2000) alertou para o tratamento
diferenciado que o professor dá aos seus alunos de acordo com as
expectativas (positivas ou negativas) que tem sobre seu rendimento escolar. A
avaliação do professor também deve ser aplicada para dar o retorno ao aluno,
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para que este esteja ciente de suas potencialidades e dificuldades em relação
ao processo de aprendizagem. A avaliação formativa “deve funcionar de modo
que permita ao aluno ver com clareza em que está melhorando e em que se
encontra estacionado e, sobretudo, em que direção pode, e deve avançar”
(CURTO et al., 2000). A avaliação formativa destina-se ao conhecimento da
competência do aluno em relação aos objetivos estabelecidos pela escola.
2. A DÍADE PROFESSOR X ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
É de suma importância que o professor apresente atividades
estimulantes que desafiem propiciando o exercício cognitivo de seus alunos na
tentativa de resolver situações-problema, para que estes os alunos sejam
incentivando a participar da dinâmica da sala de aula. Estas atividades podem
ser individuais ou em grupo, sempre objetivando a integração da classe como
um todo. Após apresentar uma explicação, solicitar aos alunos que falem sobre
o que foi exposto, que apresentem suas opiniões, exercita a capacidade de
ouvir, de se expor de se relacionar com o outro. Se um aluno apresentar uma
dúvida sobre algum ponto da explicação dada, antes de expor o assunto
novamente, verifique quais os alunos que atenderam aquele tópico, e procure
pedir a um deles para explicá-lo a classe, e em especial, ao colega que não
entendeu. Desta forma o professor estimula a cooperação entre os alunos da
classe, pois assim lhes é possibilitado a capacidade ajudarem mutuamente no
processo de construção coletiva do conhecimento além do que propicia o
desenvolvimento , da aprendizagem auto possuída, que é aquela que se
caracteriza pelo fato do aluno ter aprendido e saber que aprendeu (DROVET,
1995).
“Na escola, o professor deve estar sempre atento ‘as etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitados da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto” (DROVET, 1995, p.12)
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3. O ALUNO COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E SUAS
INTERAÇÕES SÓCIO-ESCOLARES
Rego (1994) salienta que o desenvolvimento do aprendizado do aluno
ocorre na participação do adulto, seja ele o professor, os pais, ou outros
adultos que convivem com os alunos. Diante desses aspectos, a criança vai
construindo seus conhecimentos numa relação de troca com o mundo em que
vive. Assim não é apenas a escola que contribui neste aprendizado, mas é um
somatório de atividades que a criança vivencia que permite apropriar-se do
conhecimento.
A escola assume papel de importante no processo de educar por meio
da elaboração do conhecimento sistematizado que favorece o desenvolvimento
do aprendente, diante da sociedade. É a partir do domínio da leitura e escrita
que o homem constrói a sua sobrevivência. Segundo Martins (2000) a escola
ao possibilitar o aprendizado da leitura e da escrita auxilia o homem a integrar-
se na vida social, de modo que a sua função na sociedade capitalista é
instrumentalizar o homem para seu papel social.
Nunes (1992) afirma que é no âmbito escolar onde se revelam muitos
casos de problemas relacionados aos distúrbios da leitura e da escrita e que
quando diagnosticado a tempo, há grande possibilidade de se reverter esta
condição. É de grande importância que educadores a reflexão sobre o papel
da escola no processo de aquisição da leitura e da escrita no sentido de
apontam para a necessidade de elevar a qualidade dos recursos humanos para
atender os alunos.
Entende-se que a escola através do acompanhamento sistemático do
aprendizado dos alunos é possível desenvolver um trabalho de qualidade,
capaz de elevar o nível de apreensão da leitura e escrita. O papel da escola na
vida da criança é imprescindível no que tange a questão de oportunizar o
acesso ao conhecimento em bases sistematizadas, visto que em nossa
sociedade letrada é observado o valor dado a aquisição da leitura e escrita de
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modo que o contexto escolar é o espaço favorável a apreensão deste
conhecimento (NUNES, 1992).
A importância de pais leitores
A participação dos pais junto aos filhos é a primeira associação possível
entre o mundo da família e o da escola para que a criança inicie sua
escolarização, é aquela entre a socialização primária e socialização
secundária, conforme dizem Benzer & Luckmann “ [...] que o indivíduo
apresenta na infância, e em virtude da qual torna-se membro da sociedade. A
socialização secundária é qualquer processo subseqüente que induz um
indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo de sua sociedade”
(BENZER & LUCKMANN, 1973, p. 175),
O ambiente familiar representa um papel importante no desenvolvimento
do ser humano, especialmente na formação de atitudes e hábitos. Segundo
Rego (1999) a imitação desempenha aspecto relevante na formação da
personalidade da criança e o contato com o adulto possibilita o aprendizado em
dimensões significativas. Visto que vivemos numa sociedade letrada, onde se
revela a valorização da leitura e essa competência na criança pode ser
aprendida no ambiente familiar quando os pais são bons leitores.
Entende-se que os processos de aquisição de leitura e escrita em
diversos casos não são exclusividade da deficiência apresentada pela escola,
pois o ambiente familiar expresso por muitas crianças não oferece condições
de elevar seu aprendizado. Tornam-se necessários estudos e análises sobre a
aquisição de leitura e escrita pela escola a despeito dos fatores que impedem o
desenvolvimento da criança neste processo construtivo. Cabe a escola, em
parceria com a família, estabelecer propostas pedagógicas favoráveis à
elevação do nível qualitativo de aprendizagem da criança, contribuído assim
para seu desenvolvimento, possibilitando uma mudança na realidade de suas
vidas (REGO, 1999, p. 64).
31
CAPÍTULO IV
1- PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM SEGUNDO A
ABORDAGEM DE TCC: ESTABELECENDO METAS
É uma concepção teórica que parte do princípio de que o
desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o
indivíduo e o meio. O indivíduo responde aos estímulos externos gerando
assim a construção e o organização, cada vez mais de forma elaborada, do
seu próprio conhecimento.
A teoria de Jean Piaget, chamada Epistemológica Psicogenética, é a
mais conhecida concepção construtivista de formação da inteligência. Ele
explicou detalhadamente, como desde o nascimento o indivíduo constrói o
conhecimento. O construtivismo não é um método de ensino, é uma teoria,
segundo o qual a criança constrói seu próprio processo de conhecimento.
Nesta construção, que tem uma lógica individual, mas que interage com o
grupo, a criança passa por etapas, com avanços e recuos, até se apossar e
dominar o código lingüístico. O tempo que cada criança transpõe às etapas é
muito variável, por conta disto, este tempo que é peculiar a cada uma deve ser
respeitado (FOSNOT, 1998).
A proposta construtivista de ensino, não entra cartilhas ou livros didáticos,
embora a sala de aula se transforme totalmente, criando-se o que se chama
ambiente alfabetizados, ou seja, valoriza-se a palavra escrita através de livros,
revistas, cartazes, rótulos, etc. O ritmo da aula é ditado pelos alunos, cabendo
ao professor manter o equilíbrio entre a liberdade e a indisciplina (idem, 1998).
Trabalha-se de forma a não inibir as tentativas do aluno com o lápis e o
papel, mesmo que ele leve meses fazendo sinais que pareçam estranhos ao
professor. As expressões “certo” e “errado” desaparecem do vocabulário e o
professor não mais pode valer-se da forma de avaliação tradicional para
acompanhar o desenvolvimento do aluno (idem, 1998)..
Existem condições indispensáveis para que ocorra à aprendizagem.
Esse conjunto de condições é denominado prontidão. A prontidão refere-se ao
32
nível de preparação do aprendiz que reúne um conjunto de variáveis como: a
maturação, a motivação e a experiência anterior. A aquisição de aprendizagem
é constituída nas diversas situações escolares. Podendo ocorrer por meio de
ensaio erro, por insight, por raciocínio, por modelagem e por condicionamentos.
A aprendizagem mais desejada, pela escola, é a realizada pelo raciocínio que
será usado para análise que objetivam soluções de problemas (idem, 1998).
A permanência da aprendizagem é a disponibilidade de manter o que
foi aprendido. Os métodos empregados para sua avaliação são os seguintes:
a) Recordação: recordar e enumerar todos os acontecimentos.
b) Identificação: identificar uma série de itens.
c) Reaprendizagem: compara-se o número de treinos ou repetições
necessárias.
A transferência de aprendizagem é capacidade de uma aprendizagem
influenciar a aquisição de outra. A transferência pode ser positiva (facilita o
processo de aprender) ou negativa (FOSNOT, 1998).
Existem várias explicações por parte das escolas para os problemas de
transferência:
a) Disciplina formal
Considera a mente humana composta de muitas faculdades como: atenção,
memória, imaginação, raciocínio, e baseia-se na crença de certas matérias
escolares.
Essa teoria sustenta que a função mais importante é a disciplina ou
treino das faculdades mentais e morais e das aptidões, de maneira que o
indivíduo pense e expresse idéias claras, analise o problema e tome decisões
inteligentes (opus cit, 1998).
b) Teoria dos elementos idênticos
Quando o aperfeiçoamento da aprendizagem de uma atividade é
conseqüência do que foi aprendido e praticado em uma outra, isto é devido ‘a
presença de elementos idênticos nas duas situações.
Entendemos por elementos idênticos os processos mentais que
têm a mesma ação celular, no cérebro, que seu correlato físico.
33
c) Teoria da generalização
A insuficiência da doutrina dos elementos idênticos exigem outros
princípios capazes de explicar a transferência. Essa teoria estabelecia que a
transferência de uma situação para outra era completa na medida em que o
indivíduo generalizava suas experiências(opus cit, 1998).
d) Teoria da relação
Os gestaltistas partem do princípio de que cada situação estimuladora é
percebida como algo mais que mera soma das partes. Atestam que a
aprendizagem de certa maneira de reagir a uma situação se transfere para
outra situação, graças ‘a descoberta de uma relação existente entre elas, e não
pela identidade dos elementos que as situações contenham. A transferência se
fundamenta na compreensão das relações em situações em que, quanto maior
for a compreensão das relações, maiores as possibilidades da transferência.
Essa teoria engloba a teoria da generalização da experiência (FOSNOT, 1998).
Metacognição e auto-regulação cognitiva na aprendizagem
Durante um longo tempo, as pesquisas no campo da aprendizagem
tinham como foco de estudo as capacidades cognitivas e os fatores
motivacionais como mecanismos essenciais na aquisição do conhecimento.
Por volta dos anos 70, John Flavell (1977) introduziu o conceito de
metaprendizagem que é definido como um processo que investiga a forma
como indivíduo aprende a aprender. A metacognição coordena as capacidades
cognitivas relacionadas à memória, leitura, compreensão de conteúdos, etc,
visando investigar estratégias e métodos de estudos empregados na
aprendizagem que possibilitem resultados eficientes na aquisição do
conhecimento (COLL et al.,1995). Em outras palavras, “... pode-se conceituar
metacognição como sendo o conhecimento que o sujeito tem de seus próprios
processos cognitivos que regulam aquilo que ele sabe, o que não sabe, assim
como todos os estágios deste conhecimento” (BARBOSA, 2001, p. 27)
Segundo os autores acima mencionados, o conhecimento
metacognitivo, resultante dos processos aprendizagem, se constrói, levando
34
em consideração as variáveis: pessoa, tarefa, estratégias e sua interação com
o meio que a cerca (opus cit., 1995).
As experiências metacognitivas acontecem no campo das relações
travadas pelo indivíduo. As impressões (conteúdo afetivo e cognitivo) que
derivam destas vivências serão armazenadas em sua estrutura cognitiva,
servindo como parâmetro a respeito dos recursos e estratégias que ele
precisará dispor para o atingir de metas e objetivos propostos ( idem, 1995).
Segundo Flavell (1987), o conhecimento metacognitivo e as
experiências metacognitivas estão conectados, quando o conhecimento
possibilita a interpretação das experiências, produtos de ações que geram ricas
idéias e sentimentos favorecedores do desenvolvimento e da modificação da
cognição.
A cognição engloba a capacidade de processar informações, de reagir
ao que é percebido, e se manifesta como fator indispensável para o desejo de
aprender. A metacognição se apresenta como a capacidade que o sujeito tem
de refletir criticamente sobre seu próprio pensamento e ações, levando-o à
consciência de si mesmo. Este processo, como já foi ressaltado, por envolver,
também, a capacidade cognitiva emocional e o desenvolvimento de
competências, que estimulam a ação do sujeito. A metacognição encaminha
para que a reflexão se efetive sobre a própria aprendizagem, sobre o
conhecimento necessário para a realização do planejamento, da execução da
tarefa e dos processos que levam à percepção do que se sabe e do que ainda
se precisa saber (opus cit, 1995).
O ambiente social, em especial a escola, influencia na aprendizagem
das pessoas, no entanto, precisa apresentar um clima de apoio à auto-
regulação da aprendizagem, para que ela ocorra de forma espontânea e eficaz
(VEIGA SIMÃO, 2004).
A auto-regulação é conceituada como mecanismo utilizado pelo
indivíduo que desenvolverá estratégias viabilizadoras da aprendizagem com a
função de atingir a uma meta proposta. É necessário para tanto, que a
aprendizagem se fundamente na reflexão consciente sobre a compreensão do
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significado dos problemas que surgem, decidindo, internamente, as ações que
serão tomadas para se chegar à meta planejada (VEIGA SIMÃO, 2004).
Segundo Zimmerman, 1998; Schunk, 1990; Rosário, 2006 (apud Veiga
Simão, 2004) a auto-regulação como mecanismo usado pelo educador na
estimulação de processos específicos que visem criar, implementar, ajustar
estratégias de ensino à aprendizagem de seus alunos.
A proposta de aprendizagem auto-regulada se mostra extremamente
positiva, porque por meio dela, o educador incentiva o educando a participar de
seu próprio processo cognitivo, sugerindo estratégias de ação; levantando
objetivos; acompanhando resultados; organizando e reorganizando
procedimentos e se necessário, realizando outras ações, com vistas à
aprendizagem (VEIGA SIMÃO, 2004).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“Os problemas de aprendizagem não podem
considerar-se como erros no sentido de Freud, porque
são perturbações produzidas durante a aquisição e não
nos mecanismos de conservação e disponibilidade,
embora estes aspectos mereçam consideração”.
(Sara Pain, 1992, p. 53)
Este estudo demonstra que as metodologias utilizadas pelas as escolas
não têm abrangido caminhos diversos, com isto não têm sido oferecidas
múltiplas oportunidades ao aluno de desenvolver conhecimentos, desta
maneira, reduzindo os estímulos a poucos campos da expressão da
inteligência. A supervalorização de algumas inteligências em nossa sociedade
são construções sociais e não realidades que se adaptam a todas as
sociedades.
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Neste quadro geral, foi constatado que o papel do professor é
fundamental durante o processo ensino-aprendizagem. Sua maneira de
ensinar, suas atitudes, o jeito de se relacionar com cada aluno, e até mesmo a
freqüência com que ele fala com cada criança, o interesse e o carinho que
demonstra, até sem perceber, influencia diretamente não só desenvolvimento
afetivo, como na formação do auto-conhecimento, motivação e na capacidade
de aprendizagem de seus alunos.
Existem pontos que devem ser repensados pelos professores na busca
da melhor relação entre docência e discência e, em conseqüência, na melhoria
da dificuldade na aprendizagem:
• Saber que acima de tudo está lidando com um ser humano.
• São pessoas em formação e necessitam de todo o respeito como tal.
• O professor é o facilitador da aprendizagem.
• A sala de aula enquanto busca de conhecimento e não de
desconhecimento e desprazer.
• Despertar o prazer da busca do conhecimento.
• Incentivar e participar das descobertas.
• Estimular a autoconfiança nos alunos.
É de suma importância que o educador que estimule à aprendizagem
por meio da construção de estratégias que auxiliem seus alunos na aquisição
da aprendizagem. Desta compreensão emerge o diálogo entre as diferentes
abordagens e os diferentes teóricos. Isto exige, dos educadores / pedagogos,
um trabalho de reflexão e de aproximação para que, de uma forma
sistematizada e integrada, atinja-se a compreensão do que foi estudado a fim
de que seja bem sucedida à aplicação de tais teorias à realidade de seus
alunos.
Constata-se também, que a aprendizagem acontece em qualquer
ambiente, desde que a meta seja atingir este objetivo. A autoregulação traz
subjacente em sua teoria a preocupação com a aprendizagem real, com a
apropriação dos conhecimentos necessários para a vida pessoal e profissional.
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Sintetizando, a auto-regulação da aprendizagem é uma das alternativas
possíveis de serem implementadas no desempenho das ações dos educadores
/ pedagogos nos espaços educativos não-escolares, nos espaços de educação
formal, pois através dela se pode compreender e desenvolver, nos diferentes
ambientes educativos, estratégias de aprendizagem que estimulem os
trabalhadores a enfrentar os desafios, e criem condições favoráveis ao
desenvolvimento da aprendizagem dirigida e avaliada pelo próprio aprendente.
Desta forma, podemos finalizar, refletindo sobre nossas ações como
educadores, sem preconceitos, adequando estratégias para os alunos com
dificuldades de aprendizagem a fim de inseri-los na sociedade aceitando-os
com suas limitações. Em fim, é na escola, com sua equipe de profissionais
despidos de expectativas distorcidas, que o aprendiz absorvirá o necessário
para uma aprendizagem construtiva para a vida.
“ Ler não é caminhar e nem voar sobre as palavras. Ler é reescrever o
que estamos lendo, é perceber a conexão entre o texto e o contexto e como
vincula com o meu contexto” (Paulo Freire, 1987, p 32)
38
REFERÊNCIAS
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Diferenças, no Compartilhar das Altas Habilidades. Dissertação de Mestrado
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de 2009, disponível em: http://www.pensador.info/autor/Saint-Exupery/.
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da monografia: Dificuldades de Aprendizagem Uma Abordagem
Cognitivo Comportamental para Trabalhar as Dificuldades de Aprendizagem
Data da Entrega:
Avaliação:
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Avaliado por: ________________________________ Grau: ______.
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