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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O DILEMA DE SER OU NÃO SER PROFESSOR NOS DIAS ATUAIS
MÁRCIA DE JESUS NASCIMENTO SILVA
ORIENTADOR:
Prof. Dr. Vilson Sergio de Carvalho
SÃO LUÍS - MA
Novembro/2009
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O DILEMA DE SER OU NÃO SER PROFESSOR NOS DIAS ATUAIS
MÁRCIA DE JESUS NASCIMENTO SILVA
Trabalho Monográfico apresentado
como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Especialista em Docência do
Ensino Superior .
SÃO LUÍS - MA
Novembro/2009
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EPÍGRAFE
“É só valorizando o professor que se chega
ao aluno.”
Maria Rodarte
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AGRADECIMENTOS
Este trabalho é fruto de uma longa caminhada, permeada por
sentimentos de esperança, solidariedade, angústia e alegrias compartilhadas por
pessoas que acreditam em mudança para um futuro melhor.
Agradeço em especial a Deus por ter me iluminado a seguir esta
profissão tão árdua e ao mesmo tempo tão importante, aos meus filhos e a meu
marido por terem tido paciência comigo, aos alunos e àqueles colegas de trabalho
que me fizeram enxergar alguns pontos obscuros enquanto eu preparava as
pesquisas.
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RESUMO
É um grande dilema aceitar o desafio de ser professor nos dias atuais.
Por ser uma das poucas profissões de fácil acesso ao mercado de trabalho
merece atenção especial sobre os fatores morais, emocionais e psicológicos do
profissional. Diante dessa preocupação é que as escolas de Ensino Médio devem
incluir em seu Plano de Ação como uma das metas prioritárias, a preparação dos
alunos (em especial da 3ª série) para a escolha da profissão, mostrando-lhes
vantagens e desvantagens que cada uma oferece. Possibilitando assim,
oportunidades para pensar, discutir e realizar um projeto de vida. Promover
palestras, debates, mostrar filmes e levar para sala de aula fatos que abordem o
assunto mencionado, são sugestões aqui apresentadas baseadas em resultados
de questionários e depoimentos feitos por professores e alunos de vários cursos
de Ensino Médio. Despertar nos jovens a escolha certa da profissão e mostrar
que o professor merece mais respeito e atenção por parte de autoridades,
comunidades e alunos são uma forma de gritar pedindo socorro, pois qualquer
profissional que sabe o que quer e que trabalha com amor é um profissional
competente, responsável e feliz.
5
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS .................................................................. 6
RESUMO ............................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
CAPÍTULO I ......................................................................................................... 9
O PROFESSOR ................................................................................................... 9
1.1 Dimensões do professor............................................................................ 10
1.1.1 Dimensão pessoal ...................................................................................... 10
1.1.2 Dimensão do saber .................................................................................... 11
1.1.3 Dimensão do ensino ................................................................................... 12
CAPÍTULO II ......................................................................................................... 15
O EDUCADOR ................................................................................................... 15
2.1 O professor educador .............................................................................. 15
2.1.1 A interação professor-aluno ...................................................................... 16
2.2 Vale a pena ser professor ........................................................................... 18
2.2.1 A preparação ............................................................................................. 18
2.2.2 Visão crítica ............................................................................................... 19
CAPÍTULO III ....................................................................................................... 20
PROBLEMAS DO COTIDIANO DO PROFESSOR ............................................ 20
3.1 Violências nas escolas .............................................................................. 20
3.2 Diferenças salariais no Brasil ................................................................... 21
6
3.3 Autoridade versus autoritarismo ............................................................... 23
3.4 Autoritarismo e a antiesperança ............................................................... 24
3.4.1 O professor é a esperança ......................................................................... 24
CAPÍTULO IV ....................................................................................................... 26
NOVAS COMPETÊNCIAS E DESAFIOS ............................................................ 26
4.1 Professor e as novas tecnologias ............................................................ 26
4.1.1 Os recursos tecnológicos no processo de mudança ................................... 27
4.1.2 O compromisso pedagógico com a utilização da tecnologia ....................... 27
4.2 O professor, personalidade saudável e relações interpessoais: por
uma educação da afetividade ................................................................... 28
4.3 A dimensão do amor ................................................................................. 31
4.3.1 A escola e o amor......................................................................................... 31
4.3.2 O professor e o amor ................................................................................... 31
CAPÍTULO V ....................................................................................................... 33
A NECESSIDADE DE UMA ESCOLA REFLEXIVA ............................................ 33
5.1 Professor reflexivo .................................................................................... 33
5.2 Escola e comunidade numa proposta de Escola Reflexiva ................... 34
5.3 A importância do diálogo na relação pedagógica .................................. 34
5.4 Uma escola nova ........................................................................................ 35
CAPÍTULO VI ....................................................................................................... 38
ANÁLISE DE RESULTADOS .............................................................................. 38
CONCLUSÃO ............................................................................................ 42
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 43
APÊNDICES .............................................................................................. 44
7
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS
Página
TABELA 1 – Rendimento médio mensal por região 22
GRÁFICO 1 – Visão crítica dos alunos da 3ª série do curso Magistério da
Escola Cenecista “Felipe Benício Conduru”, pertencente ao
município de São Bento – MA 38
GRÁFICO 2 – Visão crítica dos alunos da 3ª série do curso Educação Geral
do CEEFM “Dom Luís de Brito”, pertencente ao município de
São Bento – MA 39
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INTRODUÇÃO
Nos anos 50 e 60 o ensino público era considerado de boa qualidade,
porém era restrito à classe média. O professor era respeitado, tinha ótima
formação e tinha autoridade.
Nas décadas de 70 e 80, o sistema de ensino se ampliou e um número
maior de crianças passou a freqüentar a escola, porém não houve a atenção e os
recursos necessários para manter o mesmo padrão. A profissão perdeu prestigio,
o que refletiu na formação dos educadores e na desvalorização salarial. Diante
desse quadro, a autoridade do professor se deteriorou na sala de aula. A
intencionalidade deste trabalho concentra-se na contribuição para a melhoria da
qualidade daquilo que representa uma grande preocupação na formação da
sociedade: professor valorizado e respeitado, e aluno consciente do seu papel
enquanto aluno.
Somando-se este trabalho a tantos outros, objetiva-se tomar parte na
discussão que questiona criticamente a vida do professor, principalmente o
professor de Ensino Médio, ora tão esquecido pelas autoridades competentes.
Sugere-se que sejam despertados pelo Sistema Educacional, objetivos
essenciais que dêem sustentação aos professores (de Ensino Médio) em sala de
aula. Não bastam apenas campanhas e programas tentando resgatar essa
valorização, que muitas vezes não passam apenas de projetos.
É preciso agir, e rápido, pois nesta última etapa de escolarização da
educação básica, o ensino médio teve um crescimento de 84% nos últimos dez
anos. Embora a expansão do número das matrículas tenha ocorrido também na
educação fundamental e superior, nenhum deles chega perto da marca alcançada
pelo Ensino Médio. Quando se olha a evolução da quantidade de formandos, os
dados são ainda mais significativos: o número de jovens que estão terminando a
educação básica – prontos para ingressar na educação superior e no mercado de
trabalho – dobrou desde 1994.
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CAPÍTULO I
O PROFESSOR
O que é ser professor? Essa pergunta nos parece desnecessária. Mas
ela surge porque o personagem, chamado professor, está aí, ele existe.
Diariamente o encontramos. Ele é observado nos mais reais palcos teatrais
chamados salas de aula. Ele é vivo, por que então defini-lo, explicá-lo? Porque se
a pergunta é feita, torna-se necessária uma resposta ou uma explicação. Quem é
esse professor tão falado, estudado, descrito e comentado? Às vezes louvado,
outras, esconjurado? O professor Maximiliano em sua obra: E agora professor?,
faz a seguinte definição:
“A resposta parece ser simples. Professor é a pessoa que ensina. Que ensina numa escola e que tem muitos alunos. Outros, não têm alunos e são chamados de professor. Pessoa que às vezes é respeitada porque ensina e dá nota, que faz rodar ou passar. E assim as definições se sucedem.” (MENEGOLA, 1991, p.7).
Se caracterizássemos o professor somente pela sua profissão,
diríamos que é aquele indivíduo que vai para uma sala de aula com alguns livros
e trabalhos escolares debaixo do braço, ou escondidos numa valise, já fora de
moda. Aquele que reúne certo número de alunos numa sala de aula, manda que
se acomodem nos seus lugares, chama a atenção para o início da aula: faz a
chamada, dá presenças ou faltas, estimula ou faz ameaças. Explica e faz
perguntas. Dado o sinal para o término da aula, os alunos, em debandada geral,
aos gritos e empurrões, saem da aula. E ele, o professor, fica solitário, recolhendo
todo o seu instrumental de trabalho que, às vezes, não passa de uma “caixinha”
de giz e alguns “livrinhos”.
Tapeando as roupas com as mãos, na tentativa de espanar o pó de giz
embrenhado nelas, vai embora pelo mesmo caminho que chegou. “É chamado de
professor, porque uma instituição, legalmente autorizada, lhe conferiu o título de
professor através de um diploma que lhe dá o direito de exercer a profissão de
professor.” (MENEGOLA, 1991, p.10).
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Mas não é por falta de diplomas, títulos e autoridades competentes
que deixa de ser professor. Ninguém lhe pergunta se sabe, mas se tem títulos.
Sua profissão depende não tanto do saber, da sua vocação profissional, mas de
uma titulação profissional.
Definir, ou até mesmo explicar o que é um professor, além de
complexo, é quase impossível.
O professor, antes de tudo, é uma pessoa que se dispõe para o outro.
O professor-pessoa se manifesta em primeiro lugar, como ser consciente da sua
realidade e da sua dimensão humana.
Um professor, cuja palavra penetra o íntimo dos seus alunos e cala
profundamente nas pessoas porque a sua palavra é cheia de sabedoria, força,
virtudes e vida, é uma personalidade que sabe o que é, diz aquilo que sabe a
quem anseia conhecer sua sabedoria. Não é um simples professor porque ensina;
ele é professor, porque o seu modo de ser o torna assim. Às vezes, ele deve ser
forte, arrojado na exigência do seu direito de ser professor. Deve se rebelar
quando desrespeitam a sua integridade existencial ou venha perturbar, de
qualquer forma, o seu direito de viver plenamente a sua vida de professor.
1.1 Dimensões do Professor
O professor não é repetidor fiel daquilo que lhe ensinaram porque é
sua obrigação profissional ensinar. Ele vai bem além das características
adquiridas por treinamentos. Não se pode pensar um professor senão como uma
pessoa cujo viver o define e o caracteriza em todas as suas dimensões.
1.1.1 Dimensão pessoal
A pessoa deve ser aberta e compreensível para o mundo das pessoas
e para a vida. E seu anseio é cada vez mais viver plenamente a sua existência.
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Segundo Menegola: “A pessoa é algo que transcende o visível e o
exterior do homem. Vai além do puramente natural, ela não permanece
simplesmente ligada à natureza, sem posicionar-se perante a natureza como ser
de relações conscientes e dinâmicas”. (MENEGOLA, 1991, p.18)
E o professor?
O professor, como pessoa, busca cada vez mais a sua singularidade.
Porque “a pessoa é o ser que nunca se repete, mesmo quando as faces e gestos
dos homens se copiam desesperadamente” (MOUNIER, 1960, p. 94).
Ele é o seu modo próprio de ser professor. Não pode ser padronizado
no seu estilo de ser e viver. Ele é o seu pensar, seu agir, seu querer.
Querer modelar a pessoa do professor é destruir com crueldade a sua
individualidade e personalidade. É querer que ele seja o que os outros querem
que seja; que pense o que os outros pensam; que faça o que os outros fazem;
que seja o “bonzinho”, o “ceguinho” e o “mudinho”, para os outros, porque os
outros querem que assim seja, isto é, o cumpridor das ordens.
O professor pode e deve dizer o seu sim, mas também o seu não,
firme e autêntico de pessoa livre e compromissada com o seu próprio modo de
ser pessoal. O professor, como pessoa, não pode ser vulgar ele não pode ser
manipulado pelo poder autoritário, dos que exigem submissão porque pensam
que sabem e podem mandar, mas que não se percebem impregnados de
inconsciência e com incapacidade de saber mandar com dignidade e sabedoria.
1.1.2 Dimensão do saber
O professor de modo especial é uma pessoa voltada para o saber e
fazer. O seu saber não é somente pessoal. É um saber para o outro para o
mundo. O professor, como pessoa dimensionada pelo saber, também desperta as
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consciências adormecidas e isto é uma procura difícil que requer esforço, trabalho
e renúncias.
1.1.3 Dimensão do ensino
O professor ensina, e porque ensina, tornou-se um consenso entre a
grande maioria das pessoas, chamá-lo de professor.
O professor ensina. A mais simples das pessoas diz isso. A criança na
sua inocência, diz que o professor ensina. Talvez, quando deixar a escola, vá
dizer: o professor não ensinou nada.
Ensinar é a grande questão. Uns ensinam muito bem; uns são ótimos
e magnânimos no seu saber e se tornam grandes mestres; outros são razoáveis;
outros desensinam o que os alunos sabem; muitos tentam ensinar o que não
sabem e o que não fazem. Dizem até que ensinar é uma arte, que o professor
deve ser um artista.
Pensar que por ser professor se ensina, é uma insana pretensão. Mas
ao verdadeiro professor, que realmente ensina, isto é, ajuda as pessoas a
aprender, ajuda para que os outros saibam, podemos e devemos chamá-lo e
confirmá-lo como sendo um PROFESSOR.
No modelo tradicional o professor monopoliza a relação, a informação
e a interpretação dos fatos. Ele é o transmissor do ensinamento e a verdade é
inquestionável.
Uma nova educação supõe a necessidade de que novas
características estão presentes no perfil do professor atual tais como:
Ser mais pesquisador do que transmissor, saber ouvir, observar,
refletir e buscar algo sempre que necessário. Saber como problematizar
conteúdos e atividades, propor situações problemas, disponibilizar informações,
formular hipóteses. Adota como atitude profissional e instrumento do cotidiano o
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desenvolvimento da pesquisa para a (re) – construção do conhecimento,
utilizando ou não as instrumentações eletrônicas.
Prepara o indivíduo para lidar com a incerteza, com a complexidade na
tomada de decisão e ter responsabilidade sobre as decisões tomadas. Educa
para a sociedade atual e prepara o indivíduo para conviver num tempo onde as
coisas se movimentam com muita rapidez, onde o conhecimento é renovado a
cada dia e as distâncias se encurtam rapidamente. Tudo é incerto e imprevisível.
Isto requer capacidade de compreender o que ocorre ao seu redor, saber
discriminar as informações importantes, adquirir o prazer pelo crescimento
contínuo. Requer uma atitude de questionamento crítico, uma boa capacidade
decisória, a percepção de diferentes alternativas, a existência de diversos
caminhos válidos para o alcance dos objetivos propostos, além da compreensão
de que cada indivíduo é quem decide e constrói o seu próprio caminho.
Ter a prática cotidiana, a familiaridade e o prazer da intercomunicação.
Hoje, a inteligência coletiva, requer maior socialização e convivência em grupos.
Ser mais reflexivo do que memorizador. Enfrentar os imprevistos, as
mudanças, as incertezas, saber viver e conviver, pressupõem novas capacidades
para criar, criticar, questionar e aprender de forma mais significativa. Um
professor com maior capacidade reflexiva leva em consideração os diferentes
pontos de vista na busca de soluções aos problemas e ao aperfeiçoamento da
prática pedagógica.
Desenvolver autonomia, cooperação e senso crítico. O
desenvolvimento dessas habilidades é o que há de mais fundamental num mundo
em permanente evolução. O professor crítico-reflexivo de sua prática trabalha em
parceria com os alunos, numa construção cooperativa do conhecimento. Os
novos ambientes de aprendizagem informatizados ao utilizarem o enfoque
reflexivo em sua prática pedagógica colaboram para o desenvolvimento de
pensadores autônomos, mas que, ao mesmo tempo, valorizam a cooperação, a
parceria, o compartilhamento entre os diferentes aprendizes, as interações
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individuais e coletivas mediante o desenvolvimento de operações de
reciprocidade e complementaridade.
Todos esses aspectos são fundamentais para que os professores
sejam capazes de pensar e realizar as mudanças educacionais que estão sendo
urgentemente requeridas. Uma coisa é pensar na mudança, falar sobre ela,
discuti-la e desejá-la. Outra coisa é ser capaz de concretizá-la, fazer algo nascer,
gerar novas sementes, novos frutos.
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CAPÍTULO II
O EDUCADOR
O professor do século XXI está inserido em nova perspectiva escolar,
torna-se um pesquisador, um investigador da realidade, articulando-a com os
conhecimentos disponíveis e oferecendo espaços de reflexão. É um facilitador da
produção de conhecimento e de busca de soluções. O papel do educador vem
alterando-se profundamente exigindo uma nova postura social e a construção de
uma nova postura social e a construção de uma nova dinâmica escolar.
2.1 O professor educador
O professor não pode ser classificado apenas na dimensão de ensinar,
pois, antes e acima de tudo, o professor é um educador. Contudo, existe indução
de uma mentalidade tecnicista em afirmar que professor é aquele que ensina e
educador é outro personagem que é responsável pelo ato de educar. A visão que
o professor tem da sua dimensão, não é uma visão de educador, mas somente de
apresentador de conhecimentos ou, às vezes, de orientador de aprendizagem.
Isso faz com que ele tenha uma visão de si mesmo muito restrita e desgastada,
senão dizer, paupérrima. Visão que o torna limitado para outras responsabilidades.
“Para ser professor-educador, necessário se faz ter uma profunda estrutura
intelectual e humana. Uma sólida estrutura de valores existenciais que sirva de
base na ajuda e na orientação da vivência do “se educando””.(MENEGOLA, 1991,
p. 41)
Certos professores dizem, simplesmente, “eu não sei tratar tal assunto,
tenho medo, não é da minha alçada, isto é assunto para entendidos, não sou o
responsável”. É o famoso jogo de empurra.
É claro que nem todos têm formação adequada para lidar com
determinadas situações, mas com habilidade e perspicácia podem dar uma
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orientação equilibrada. Podem ao menos usar experiência de vida ou do seu bom
senso. A experiência de vida e a bondade do coração pode ajudar.
O primeiro responsável na solução de problemas que surgem na sala
de aula com os alunos, é o professor. Ele, com seus alunos devem analisar,
debater e resolver a problemática que surgir. Só depois de esgotados todos os
recursos e tentativas, o caso seria encaminhado a outros setores da escola. Pedir
ajuda quando necessária, é demonstrar sabedoria. Mas não tentar, primeiro, a
solução do caso é demonstrar desleixo no trato de questões educacionais.
2.1.1 A interação professor-aluno
A formação das crianças e dos jovens ocorre por meio de sua
participação na rede de relações que constitui a dinâmica social. É convivendo
com as pessoas, seja com adultos ou com seus colegas – grupos de lazer ou de
estudo – que a criança e o jovem assimilam conhecimentos e desenvolvem
hábitos e atitudes de convívio social, como a cooperação e o respeito humano.
Daí a importância do grupo como elemento formador.
Cada classe constitui também um grupo social. Dentro desse grupo,
que ocupa o espaço de uma sala de aula, a interação social se processa por meio
da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno. É no contexto da sala de
aula, no convívio diário com o professor e com os colegas, que o aluno vai
gradativamente exercitando hábitos, desenvolvendo atitudes, assimilando valores.
Sobre isso, diz Georges Gusdorf, em sua admirável obra Professores, para quê?:
“Cada um de nós conserva imagens inesquecíveis dos primeiros dias de aula e da lenta odisséia pedagógica a que se deve o desenvolvimento do nosso espírito e, em larga medida, a formação da nossa personalidade. O que nos ensinaram, a matéria desse ensino, perdeu-se. Mas se, adultos, esquecemos o que em criança aprendemos, o que nunca desaparece é o clima desses dias de colégio: as aulas e o recreio, os exercícios e os jogos, os colegas”. (HAIDT, 1995, p. 57)
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O que Georges Gusdorf quer dizer, ao se expressar de forma tão
tocante por meio dessas palavras e ao longo de toda a sua obra, é que a escola é
um local de encontros existenciais, da vivência das relações humanas e da
veiculação e intercâmbio de valores e princípios de vida. Se, por um lado, a
matéria e o conteúdo do ensino, podem ser esquecidos, por outro, o “clima” das
aulas, os fatos alegres ou tristes que nelas se sucederam, o assunto das
conversas informais, as idéias expressas pelo professor e pelos colegas, a forma
de agir e de se manifestar do professor, enfim, os momentos vividos juntos e os
valores que foram veiculados nesse convívio, de forma implícita ou explícita,
inconsciente ou conscientemente, tudo isto tende a ser lembrado pelo aluno
durante o decorrer de sua personalidade e nortear seu desenvolvimento posterior.
Cabe ao professor, durante sua intervenção em sala de aula e por
meio de sua interação com a classe, ajudar o aluno a transformar sua curiosidade
em esforço cognitivo e a passar de um conhecimento confuso e fragmentado a
um saber organizado e preciso.
Mas o professor deve ter bem claro que, antes de ser um professor,
ele é um educador, pois sua personalidade é norteada por valores e princípios de
vida e ele veicula esses valores em sala de aula, manifestando-os a seus alunos.
Quem assim concebe o educando, tende a valorizar ainda mais a relação
professor-aluno.
O professor necessita ter conhecimento sobre o desenvolvimento
social do aluno, da realidade familiar e comunitária em que está inserido. Sempre
se fala em analisar, respeitar, considerar a realidade, que o ensino deve partir da
realidade, mas quando, onde, como e por quem é respeitada essa tão falada
realidade?
A partir da realidade conhecida, pensada, sentida e vivida é que se
pode pensar em ensinar.
Não considerando tudo isto, nada é feito e tudo não passa de uma
evidente realidade, pois as nossas escolas não estão preparadas para dar esse
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suporte aos professores. Estes por sua vez, se restringem a ensinar somente
conteúdos, com uma visão distorcida do mundo, da vida, da pessoa, da
sociedade e, principalmente, do aluno, do ensino e da educação.
Quando os conteúdos ensinados não fazem germinar a vida, eles
abafam as expectativas dos jovens. E estes se tornam jovens-velhos, pois
perderam a esperança e o forte desejo de viver a sua própria vida.
Então, o professor educador é aquele que desperta personalidades,
ajuda e transmite vida.
2.2 Vale a pena ser professor
Ser professor é uma das funções mais antigas do mundo, no entanto,
ela ainda não foi consolidada oficialmente na sociedade como profissão. Na
realidade, ainda não é reconhecida socialmente como uma profissão porque não
existe um Conselho, um órgão que regulamente a profissão. Até por isso se
encontram pessoas com formações variadas assumindo o status de professor e
nem todas têm um preparo ou uma formação adequada para tanto.
2.2.1 A preparação
Segundo Maria Waleska Cruz (Diretora da Faculdade de Educação da
PUCRS e doutora em Educação), “para se tornar professor existem cursos
específicos”. Em nível de Ensino Médio temos o curso de Magistério, são três
anos e meio, algumas instituições oferecem uma formação com quatro anos. Este
profissional fica habilitado a trabalhar com as séries iniciais, de primeira a quarta
séries. Hoje, com a Nova Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, há uma tendência
para exigir a formação em nível superior.
Em nível superior tem-se as licenciaturas, que formam o professor
para trabalhar com áreas específicas de conhecimento. Licenciado é aquele que
está habilitado a ministrar aulas. Tem o curso de Pedagogia que habilita o
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profissional da docência para trabalhar com a Educação Infantil, de zero a seis
anos, e as séries iniciais de Ensino Fundamental. Existe ainda a formação de
Educação Especial, que também forma professores para trabalhar desde a
Educação Infantil até a quarta série do Ensino Fundamental, com pessoas com
necessidades especiais de aprendizagem. Então, é assim que se sacramenta
professor, tendo um curso de formação que se respalde em nível superior.
2.2.2 Visão crítica
Quem quer ser professor precisa, em primeiro lugar, ter uma visão de
mundo, de realidade e uma consciência crítica, histórica, sobre esta sociedade
que se tem. Consciência no sentido de saber: ser professor para quê? Com que
intenção? Para ajudar a melhorar esta sociedade que está aí, transformando
muitas coisas que se enxerga e com as quais não se compactua, não se aceita?
A escolha da docência deveria passar muito por este olhar. Além da consciência,
é preciso ter um desejo grande. Uma disponibilidade para assumir
responsavelmente esta atividade. Porque professor tem o privilégio de trabalhar
com formação de crianças, jovens e adultos. Então este processo consciencioso é
fundamental.
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CAPÍTULO III
PROBLEMA DO COTIDIANO DO PROFESSOR
3.1 Violência Nas Escolas
O fenômeno da violência não era tão visível até os anos 80. A situação
começou a degringolar a partir desse momento. “A década de 70 trouxe o milagre
econômico e, graças a ele, a classe média ascendeu socialmente”, explica
Geraldo Suzigan, diretor técnico da Fundação Victor Civita, ligada à Editora Abril
–– e empenhada, numa campanha nacional de valorização do professor. “Nos
anos 80, essa clientela trocou os estabelecimentos públicos pelos particulares,
que não eram tão melhores, mas davam status”. Os salários na rede pública
despencaram, surgiu um sistema de educação em massa e a insegurança
crescente no país contribuiu para agravar o quadro. “A escola hoje reproduz uma
situação de violência que está banalizada no cotidiano do brasileiro em índices
insustentáveis”, avalia Jorge Wethein, representante da Unesco no Brasil.
Os alunos estão derrubando as barreiras do respeito. Antes, eles
tinham medo dos professores, hoje, os professores é que estão com medo. O
temor se justifica: educadores e especialistas são xingados, intimidados e
desacatados com agressões verbais ou físicas cometidas por alunos, pais ou
responsáveis. É o reflexo da pobreza, da desagregação familiar, da angústia de
uma juventude que não tem espaço no mercado de trabalho.
Só quem se propõe a realizar uma discussão profunda do tema
solucionará a questão.
A brutalidade não está só nas palavras ou nas ações, mas também no
abandono da escola. Abandono físico mesmo. A exemplo disso, podemos citar o
CEEFM “Dom Luís de Brito”, em São Bento – MA, as paredes estão muito sujas,
cobertas por pichações e há apenas dois serventes para conservar o prédio, onde
circulam 1.600 pessoas. Os banheiros estão quebrados, o telhado prestes a
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desmoronar e há cupins por toda parte. Num cenário desses, é claro que não há
aprendizagem, nem respeito.
O salário dos professores é outra forma de aviltamento. Professor
merece um salário que lhe permita ter acesso a serviços de saúde, comprar livros,
viajar nas férias.
Lidar com a violência não é algo que se aprenda na faculdade. O
professor não sabe como conduzir essa nova forma de relação com os alunos,
que por sua vez dão pouca importância ao papel da escola.
Houve uma época em que existia fila de entrada, os alunos usavam
uniforme completo e havia regras claras. A perda dos rituais abriu espaço para a
contestação. Como o jovem não tem ainda mecanismo para a contestação
intelectual, ele agride.
Esse é o resultado que muitos alunos apresentam, pelo fato de seus
pais entregarem a educação dos filhos aos professores, esquecendo o próprio
papel. O necessário é que as famílias se conscientizem de que deve haver um
maior engajamento entre família e escola.
3.2 Diferenças salariais no Brasil
Estudo realizado no ano de 2001 pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (INEP) sobre salários das diferentes ocupações nas
cinco regiões do país mostra que o rendimento mensal dos professores de
Educação Básica é inferior ao de várias outras categorias, apesar da função
estratégica da educação para o desenvolvimento do país.
No Brasil, médicos e advogados, ganham em média quatro vezes o
que recebe um professor das séries iniciais do Ensino Fundamental. A profissão
em destaque é a de juiz, com rendimento médio mensal de quase dez vezes o
valor do professor de Ensino Médio.
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A região com maior variação é o Nordeste, onde as médias salariais
de diversas profissões chegam a ser de 7 a 34 vezes o valor do salário de um
professor da Educação Básica. As regiões Norte e Nordeste encontram-se abaixo
da média nacional.
Outra forma de analisar as diferenças é comparar os salários com o
número de profissionais existentes em cada área. Havia em 2001, cerca de dois
milhões de professores da Educação Básica, 137 mil professores universitários e
apenas 10 mil juízes.
O que se observa em especial nas carreiras onde o poder público é o
maior empregador – é que, quanto maior o número de profissionais, menor o
salário.
Tornar uma profissão mais atrativa requer, entre outros fatores, a
possibilidade de obtenção de bons salários. É evidente que bons salários não
bastam para melhorar a qualidade do ensino, mas sem eles dificilmente a escola
conseguirá atrair os graduandos mais bem preparados para a atividade docente
na Educação Básica, em especial ao Ensino Médio que tem passado por
momentos críticos.
TABELA 1: Rendimento médio mensal por região
Tipo de profissão
Nº de profissionais
no Brasil
Rendimento médio por regiões geográficas
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste
Professor de Nível Médio 348.831 866,23 826,28 628,08 979,16 804,32 872,20
Professor de Nível Superior 136.977 2.565,47 1.800,30 2.252,08 3.086,95 2.122,77 2.190,10
Economista 44.772 2.254,66 1.700,77 2.009,08 2.227,19 1.641,35 3.592,64
Médico 257.414 2.973,06 4.429,82 2.576,78 2.801,77 3.260,41 4.110,87
Juiz 10.036 8.320,70 5.905,38 8.038,88 9.018,42 9.750,00 7.331,08
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) – 2001 (EM R$)
23
3.3 Autoridade Versus Autoritarismo
Algumas pessoas podem pensar que discutir a questão da autoridade
e do autoritarismo seja um tema já ultrapassado. No entanto, não o é. O professor
Regis de Morais, no livro sob sua coordenação intitulado Sala de aula – Que
espaço é este?, mostra que este é um tema bem atual. Ele diz:
“Um tempo que confunde coisas tão radicalmente distintas como ‘autoridade’ e ‘autoritarismo’, é um tempo enfermo. (...) Levando isto em conta, quero propor uma rediscussão do problema da autoridade na sala de aula. Segundo meu modo de perceber e avaliar as chamadas ‘relações pedagógicas’, não consigo conceber tema mais contemporâneo e de vanguarda como a questão que acabo de propor. Está na hora de perdermos o medo perante certos problemas, saindo à procura de um equilíbrio até hoje raramente alcançado (...). Urge, no entanto, lembrarmos que a retomada do tema da autoridade é a retomada do próprio tema do amor_ coisa atemporal que alimenta os sonhos de todo ser humano”. (HAIDT, 1995, p. 58)
Hoje, os professores têm vergonha de exercer uma autoridade para a
qual estão designados, uma autoridade que nada tem que ver com traços
autoritários desta ou daquela personalidade, mas que emerge do próprio
processo educacional e de ensino.
Sabe-se que o autoritarismo é a doença da autoridade. Toda
autoridade é um valor, pois que é garantia da liberdade. Mas qualquer valor por
mais puro que seja, quando se hipertrofia, faz-se num antivalor. A autoridade do
professor nada tem a ver com policiamento; tem sim a ver com a conquista de
uma disciplina de vida que não se aprende em manuais, mas na própria escalada
dos obstáculos naturais.
O fato de adotar uma atitude que valoriza o diálogo e parte dos
conhecimentos anteriores dos alunos, não significa de forma alguma assumir uma
atitude irresponsável e descomprometida, pois deixa os alunos à vontade, sem
rumo, desorientados, cada um por si, sem saber o que fazer e aonde chegar. A
atitude dialógica supõe certa direção, pois o professor sabe onde quer chegar
24
com o seu ensino e ajuda o aluno a atingir esses objetivos. Assim, no exercício de
sua prática docente, o professor tem duas funções básicas: a função
incentivadora e a função orientadora.
Logo, se o ensino é a orientação da aprendizagem visando a
construção do conhecimento, a autoridade do professor é a autoridade amiga, de
quem estimula, incentiva, orienta, reforça os acertos, mostra as falhas e ajuda a
corrigi-las. É a autoridade de quem auxilia a descobrir alternativas, mostra
caminhos e abre perspectivas.
3.4 O autoritarismo e a antiesperança
A autoridade com seus inabaláveis e solidificados poderes, não pode
se abater diante da ânsia de um esperançado professor que sente a angústia em
querer fazer alguma coisa para os outros que estão à sua volta.
As autoridades, coroadas e protegidas pelos poderes que lhe
conferem, negam pelo seu direito de negar, que o professor tenha a esperança de
poder fazer o seu “que fazer”, de pensar o “seu pensar”. São pequenos anseios e
simples esperanças que estonteiam a cabeça do professor. Mas não lhe é
permitido ter as suas esperanças, e tentar concretizá-las, porque as autoridades
temem que o professor possa fazer inovações que não estejam sintonizando com
as prósperas idéias do supremo poder.
Não permitir, proibindo, é mais fácil. O porquê ninguém sabe. O poder
disse não, e não se discute.
Por que o professor não pode ter a esperança de ensinar e educar
melhor? De querer bem aos seus alunos? Suas esperanças são grandes na
ansiedade, mas pequenas no que se pode alcançar.
O professor espera e não cansa de esperar. Espera em ter menos e
melhores alunos nas salas de aula. Mais tempo para estudar. Menos trabalho e
provas para corrigir. Esperança de que as reuniões nas escolas não sejam
25
apenas bacharelices pedagógicas, mas que se debata o importante para a
educação.
Uma outra esperança que vagueia constantemente pela cabeça do
professor, já enfeitiçada por promessas, é que lhe aumentem o salário. O
professor vive de esperanças e morre com ela.
3.4.1 O professor é a esperança
O professor é a esperança de muita gente, de gente importante, gente
simples, velha, adulta, jovem e de crianças. Ele é a esperança de todos. As
autoridades, nos seus falares, nos seus colóquios educacionais, manifestam a
esperança de que o professor cumpra o seu sagrado e patriótico dever de educar
e promover o desenvolvimento cultural do povo.
26
CAPÍTULO IV
NOVAS COMPETÊNCIAS E DESAFIOS
4.1 O professor e as novas tecnologias
Segundo Elaine Turk Faria (Doutora em Educação e Professora titular
da Faculdade de Educação da PUCRS):
“Na aurora do século XXI, necessitam os professores estar
preparados para interagir com uma geração mais atualizada e mais
informada, porque os modernos meios de comunicação, liderados
pela Internet, permitem o acesso instantâneo à informação e os
alunos têm mais facilidade para buscar conhecimento por meio da
tecnologia colocada à sua disposição”. (FARIA, 2004, p.4)
Os procedimentos didáticos, nesta nova realidade, devem privilegiar a
construção coletiva dos conhecimentos, na qual o professor é quem intermedia e
orienta essa construção. O professor pesquisando junto com os educandos
problematiza e desafia-os, pelo uso da tecnologia, à qual os jovens modernos
estão mais habituados, surgindo mais facilmente a interatividade.
Nessa proposta pedagógica, torna-se cada vez menor a utilização do
quadro de giz, do livro-texto e do professor preocupado com conteúdos, enquanto
aumenta a aplicação de novas tecnologias.
Não se trata, porém, de substituir o livro pelo texto tecnológico, a fala
do docente e os recursos tradicionais pelo fascínio das novas tecnologias. Não se
pode esquecer que os mais poderosos e autênticos “recursos” da aprendizagem
continuam sendo o professor e o aluno.
27
4.1.1 Os recursos tecnológicos no processo de mudança
Sabemos que a educação precisa ser repensada e que é preciso
buscar formas alternativas para aumentar o entusiasmo do professor e o interesse
do aluno.
O papel da tecnologia nesse processo de mudança é a aplicação
inteligente do computador na educação. É aquela que sugere mudanças na
abordagem pedagógica, encaminhando os sujeitos para atividades mais criativas,
críticas e de construção conjunta.
As tecnologias de comunicação estão provocando profundas
mudanças em nossas vidas, mas os professores não precisam ter “medo” de
serem substituídos pela tecnologia, como também não precisam concorrer com os
aparelhos tecnológicos ou com a mídia. Eles têm que unir esforços e utilizar
aquilo que de melhor se apresenta como recurso nas escolas e universidades. O
educador precisa se apropriar desta aparelhagem tecnológica para se lançar a
novos desafios e reflexões sobre sua prática docente e o processo de construção
do conhecimento por parte do aluno.
Precisa-se de pessoas com mais autonomia e competências para se
desempenhar no mercado de trabalho, que mudem a maneira de ensinar e
aprender! Os alunos precisam interagir com os conhecimentos e auto-organizar-
se, pois a educação só alcançará a qualidade desejável quando gerar
experiências de aprendizagem, criatividade para construir conhecimentos e
habilidade para saber acessar fontes de informação sobre os mais variados
assuntos.
4.1.2 O compromisso pedagógico com a utilização da tecnologia
As mudanças por que passa a sociedade exigem um sistema
educacional renovado. O mercado de trabalho precisa de pessoas mais
qualificadas, com mais conhecimento (e não só informação), mas também muito
28
mais criativas, que pensem, tenham iniciativa, autonomia, domínio de novas
tecnologias e competência para resolver as questões que se apresentam no
cotidiano da vida.
Assim, o estabelecimento de um clima organizacional aberto, inovador
e investigativo é atribuição não só do professor, mas de toda escola a qual,
valorizando a invenção e a descoberta, possibilita a aprendizagem sóciointerativa.
Neste ambiente, educadores e educandos aprendem a problematizar, conviver
com a incerteza e a divergência, e juntos encontrar o caminho.
Nenhum recurso/ técnica/ ferramenta, por si só, é motivador; depende
de como a proposta é feita e se está adequada ao conteúdo, aos alunos, aos
objetivos, enfim, ao projeto pedagógico da instituição.
4.2 O professor, personalidade saudável e relações interpessoais:
por uma educação da afetividade
Freqüentemente custa muito parar para ouvir os outros, todos estão
muito mais preocupados em serem ouvidos, porém pouco dispostos a ouvir. Ouvir
os outros e aprender a vê-los como são realmente é fundamental para as
relações interpessoais, em especial para os professores, que devem estar muito
atentos e poder, assim, agir melhor na realidade.
Desejando ou não, coloca-se uma máscara para se desempenhar na
vida social. Às vezes esta máscara é tão imponente que se passa a senti-la tão
grudada à pele que parece que se tem esta outra pele. Então, que tipo de
disposição as pessoas têm para ouvir, para ver, como pré-requisito para atuar?
Este é o primeiro elemento fundamental de um bom relacionamento
humano do professor com seus alunos e para consigo mesmo.
Alguns estudiosos consideram que a pessoa saudável é aquela capaz
de amar e trabalhar. O termo amar tem sido desgastado e mal usado, e a
concepção que temos de amor está ligada quase sempre ao romantismo. Ao
29
amar, a pessoa começa a se desprender mais de si própria e tenta captar o ser
da outra pessoa, isto é uma forma de comunicação que faz com que se deixe de
lado o egoísmo.
No campo de trabalho isto é bastante importante e crítico, já que o trabalhar tem
sido colocado, em muitos momentos e em muitas sociedades como um castigo.
Porém é preciso ter em mente de que o trabalho auxilia e converte a
pessoa de maior qualidade humana, faz com que se sinta mais útil e generosa.
Isto contribui para desenvolver uma melhor saúde psicológica e maior tolerância
para com aqueles que estão próximos principalmente, professor e alunos.
Outra dimensão de personalidade saudável abordada por estudiosos,
seria aquela que tivesse capacidade de auto-realização. Esta auto-realização é
considerada muito difícil, porém não impossível. Não é chegar a ser mais rico
nem mais inteligente ou poderoso, apesar de que tudo isto é importantíssimo.
Normalmente fazer algo interessante para a própria vida ou a dos
demais é colaborar para o crescimento de todos, papel significativo para os
professores que desejam educar-se na afetividade.
As idéias de Jourard enfatizam uma vez mais o que é que representa
uma personalidade saudável.
Para ele, a pessoa saudável se empenha em três tarefas
fundamentais:
• A primeira é o crescimento em sua consciência pessoal, o que
significa não deixar morrer a capacidade de autoconhecimento. “Somos a pessoa
mais importante de nossa própria vida, se não tivermos isto em mente,
poderemos não ter segurança nem os mínimos princípios de valor”. Se a pessoa
não conhecer bem a si própria, não aprender a conviver consigo mesma de
maneira adequada, dificilmente terá boas relações com outras pessoas. Ver-se a
si mesmo é um problema realmente sério, requer grande coragem. Os que amam
30
são sem dúvida importantíssimos, porém eles não podem amar por nós, viver por
nós, não envelhecem por nós e também não morrem por nós. O amar, viver,
envelhecer e morrer são tarefas próprias e intransferíveis.
• A segunda é qualidade da relação com as outras pessoas. Isto é
fundamental para os professores. Sabe-se que não é fácil conviver com os outros,
muito menos comigo. Se possível fosse, todos os outros seriam a mesma imagem
e semelhança, o mundo deveria funcionar à nossa maneira. Mas os outros são
muito diferentes, cada pessoa é um mistério que é necessário decifrar e aprender
a apreciar.
• A terceira tarefa é aprender a entender um mundo em constante
mutação. Ver que a mudança e o desequilíbrio são os que mais estão presentes.
É necessário entender a arte da tolerância e aprender que é nas diferenças que
se encontram afetividade.
Alguns comentários são necessários para uma melhor educação
afetiva do professor.
- Em primeiro lugar estaria uma tentativa de conhecer cada vez mais e
melhor, de ver em que momento da vida se encontra e que sentido está dando à
sua existência.
- Em segundo lugar, um maior respeito pelo outro como ser inacabado,
maior capacidade de ouvi-lo, maior capacidade de compreendê-lo.
- O último aspecto, é lembrar-se de que, para poder relacionar-se
positivamente com os outros, é necessário ter abertura para a diversidade, o
diferente, e estrutura democrática para poder viver bem em um mundo múltiplo e
plural.
Um professor que busca uma educação para afetividade deve, antes
de nada, desenvolver uma personalidade mais saudável, estabelecer melhores
relações interpessoais.
31
4.3 A dimensão do amor
O homem se dimensiona na vida e pela vida, constitui-se numa
realidade que se manifesta pelo seu próprio existir. Realidade existencial que é e
pode ser questionada e interrogada na intenção de buscar qual o seu verdadeiro
sentido e dimensão. O homem não nega o seu existir. Mas, se pergunta sobre
sua existência. Não existem muitas explicações senão dizer que o homem ama e
necessita amar.
4.3.1 A escola e o amor
A pessoa deve ser educada para o amor, que enobrece, realiza, liberta
e conscientiza. Para que se torne feliz e autêntica, honesta e bondosa, sábia e
corajosa, humilde e segura de si mesma. Uma das mais profundas características
do ser humano e que mais o distingue dos outros seres vivos é o amor da pessoa
em relação a si mesma e em relação aos outros. É essencial para o
desenvolvimento eficiente e completo da pessoa e é importante que esta
característica não seja só considerada, mas profundamente estudada e analisada
pelos professores e educadores, aos que participam do processo educativo.
Devido às distorções e às interpretações errôneas que são feitas em
relação ao amor, necessário se faz que a escola e os educadores dêem uma
nova e profunda visão do amor.
4.3.2 O professor e o amor
O professor que não manifestar o amor entre os seus alunos, não é
um mestre, mas apenas um ensinador de conteúdos sem vitalidade, sem valor,
destituído de todo e qualquer significado humano.
É um professor que vive, mas que não ama a vida; que quer o bem,
mas que não procura o bem, porque não ama o bem. O professor que não ensina
o educando a amar, ensina a odiar.
32
”Muitos professores ficam embaraçados quando se discute o amor. Eles parecem temer o assunto; contudo é evidente que muitos, em nosso mundo, estão famintos de amor e muitos lucrariam com uma expressão franca da sua necessidade”. (PUPILAS/ YOUNG, 1972, p. 253).
Os educadores devem suscitar nos educandos o amor, para que
possam desenvolver a capacidade de ouvir, sensitivamente, a dor e alegria, o
temor, a irritação e a angústia dos outros. Em outras palavras, pode-se dizer que
o educando necessita aprender a ser uma pessoa que vê o mundo, não só por
meio da razão, dos cálculos ou das deduções científicas, mas que veja o mundo
também com o coração, com sentimentos de bondade, compreensão e alegria.
33
CAPÍTULO V
A NECESSIDADE DE UMA ESCOLA REFLEXIVA
Segundo a educadora portuguesa Isabel Alarcão (NOVA ESCOLA,
2002, p. 45):
“Dizer que o professor precisa refletir sobre seu trabalho não é mais novidade. É possível até afirmar que virou moda, como outras que volta e meia se espalham no meio educacional. Muito comentada, mas pouco compreendida, essa idéia pode se transformar num discurso vazio. “Ser reflexivo é muito mais do que descrever o que foi feito em sala de aula”, alerta. “A escola precisa pensar continuamente em si própria, na sua missão social e na sua organização”.
5.1 Professor reflexivo
É aquele que pensa no que faz, que é comprometido com a profissão
e se sente autônomo, capaz de tomar decisões e ter opiniões. Ele é, sobretudo,
uma pessoa que atende aos contextos em que trabalha, os interpreta e adapta a
própria atuação a eles.
O trabalho desse tipo de educador é caracterizado pelo
questionamento. Ele deve ser capaz de levantar dúvidas sobre seu trabalho. Não
apenas ensinar bem a fazer algumas expressões de matemática ou a ler um
conto. É preciso ir mais fundo, saber o que acontece com o estudante que não
aprende a lição. Por que ele não aprende? Por que está com ar de sono? Quais
são as questões sociais que o enredam? E mais: A escola está funcionando bem?
Há vários níveis de questões e tudo tem de partir de um espírito de interrogação.
Quando o professor faz uso corretamente da prática questionadora o
aluno aprende a gerir seu estudo. Dificilmente ele será alguém que só decora,
porque o mestre incute nele estratégias de interrogação e busca formá-lo como
um indivíduo autônomo.
34
5.2 Escola e comunidade numa proposta de Escola Reflexiva
É grande a preocupação e sob dois aspectos: é fácil dizer que a
escola está fechada à comunidade, e normalmente é o que se diz, mas esta é
uma meia-verdade, porque muitas pessoas também acham que a comunidade
está fechada à escola. A sociedade ainda olha para a escola como algo que de
certo modo lhe é exterior e atribui a ela expectativas, exigências demasiadamente
altas. Muitas vezes, a sociedade considera que a escola deve fazer aquilo que as
famílias e a sociedade não fazem e culpa-se muito a escola pela falta de
educação das pessoas. A escola precisa ser renovada, porém a sociedade toda
deve estar com a escola. São atribuídas a ela responsabilidades que são
primeiramente dos pais, mas isso não é livrar a escola de culpas.
5.3 A importância do diálogo na relação pedagógica
A constituição do conhecimento é um processo interpessoal. O ponto
principal desse processo interativo é a relação educando-educador. E esta
relação não é unilateral, pois não é só o aluno que constrói seu conhecimento. É
verdade que o aluno, através desse processo interativo, assimila e constrói
conhecimentos, valores, crença, adquire hábitos, formas de se expressar, sentir e
ver o mundo, forma idéias, conceitos (e por que não dizer preconceitos?),
desenvolve e assume atitudes, modificando e ampliando suas estruturas mentais.
Mas também é verdade que o professor é atingido nessa relação. De
certa forma ele aprende com seu aluno, na medida em que consegue
compreender como este percebe e sente o mundo, e na medida em que começa
a sondar quais os conhecimentos, valores e habilidades que o aluno já traz de
seu ambiente familiar e de seu grupo social para a escola.
Assim, o professor pode rever comportamentos, ratificar ou retificar
opiniões, desfazer preconceitos, mudar atitudes, alterar posturas.
Nesse contato interpessoal instaura-se um processo de intercâmbio,
no qual o diálogo é fundamental. De um lado está o professor com seu saber
35
organizado, seu conhecimento cientificamente estruturado, com seu grau de
expectativa em relação ao desempenho do aluno. Do outro lado está o aluno com
seu saber não sistematizado, com o modo de falar próprio de seu ambiente
cultural, com os ideais e valores de seu grupo social e com certo nível de
aspiração em relação à escola e à vida.
Esse encontro do professor com o aluno, poderá representar uma
situação de intercâmbio bastante proveitosa para ambos, ou, ao contrário, poderá
se transformar num verdadeiro duelo, num defrontar de posições pouco ou nada
proveitosas para ambos, e para propiciar a relação professor-aluno tenha como
base a diálogo.
O diálogo é desencadeado por uma situação-problema ligada à
prática. O professor transmite o que sabe, partindo sempre dos conhecimentos
manifestados anteriormente pelo aluno sobre o assunto e das experiências por
ele vivenciadas. Assim, ambos podem chegar a uma síntese esclarecedora da
situação-problema que suscitou a discussão.
5.4 Uma escola nova
A idéia de que o indivíduo escolhe sua ocupação ou profissão a partir
das condições sociais em que vive e em função de suas habilidades, aptidões,
interesses e dons (vocação) não é uma idéia que sempre existiu. É algo que teve
início quando se instalou na sociedade o modelo de produção capitalista.
Antes do capitalismo, o indivíduo tinha sua ocupação determinada
pelos laços de sangue, sua ocupação vinha de berço. Os servos teriam seus
filhos e netos sempre servos; os senhores seriam sempre senhores.
No capitalismo, o indivíduo liberta-se dos laços de sangue. Agora, ele
precisa vender sua força de trabalho para sobreviver. Nada mais é determinado
“naturalmente”.
36
E, então, é neste momento que a escolha da profissão se coloca como
questão.
A sociedade e sua ideologia responsabilizam o indivíduo por suas
escolhas, camuflando todas as influências sociais determinantes de sua opção.
Cabe ressaltar que a escolha de uma profissão não é algo simples,
pois existem influências sociais, componentes pessoais e limites ou possibilidades
entrando “neste jogo”. O que é importante é que, quanto mais o indivíduo
compreende e conhece esses fatores, mais controle terá sobre sua escolha.
Os fatores que influem na escolha profissional são muitos, com peso e
composição diferentes na história individual dos jovens.
Quando se pensa em escolher algo, de imediato tem que ser
considerada as características dos diversos objetos que se lhes apresentam como
possíveis de serem escolhidos. Os objetos aqui são ocupações, profissões. Por
isso deve-se considerar: o mercado de trabalho, a importância social e a
remuneração das profissões e ainda o tipo de trabalho e as habilidades
necessárias ao seu desempenho.
Todos querem trabalhar em alguma profissão que tenha importância
social e que seja bem remunerada – pelo menos uma remuneração mínima para
garantir um bom padrão de vida.
No entanto, sabe-se que a sociedade atribui diferente prestígio às
profissões.
Toda profissão tem seu rol de pré-requisitos necessários. Os requisitos
e os tipos de trabalho que se realiza devem ser considerados, quando se pensa
em escolher uma profissão. Não se pode pensar nas profissões apenas pela
aparência: prestígio, remuneração ou mercado. A profissão deve ser vista por
dentro – o que realmente faz um profissional daquela área.
37
Um dos fatores que afastam o professor da sua “maravilhosa
profissão” é que ela é assim denominada por aqueles que a dominam da mesma
forma que um “segredo bombástico” é revelado em alguns momentos por meio de
desacatos, indiferenças e labirintos obscuros.
A profissão de professor foi concebida para ajudar, ensinar e educar.
Com o tempo foi desmistificada a apresentação e a postura que a colocavam no
pedestal. Não existe necessidade de abandonar ou romper definitivamente com
esta atividade que no fundo do coração de cada profissional enobrece, alegra
apesar de tudo que vem acontecendo no decorrer do tempo.
Existe sim, empenho em mostrar para a sociedade e em especial aos
alunos do Ensino Médio que isto é dignidade, escutando outro lado: o que
daqueles que desejam conhecê-la sem traumas nem preconceitos, permitindo o
engrandecimento desta profissão tão honrosa.
O professor e escritor Maximiliano Menegola aspira o desejo por uma
escola nova, quando descreve as palavras abaixo em seu livro: E agora
Professor?
“É preciso que sábios e pensadores, educadores e professores, adultos e crianças, jovens e velhos ressuscitem o seu pensar e criem uma nova escola. Uma nova e diferente escola; diferentes professores, diferentes educadores, verdadeiros mestres. Composta por homens que saibam orientá-la, que lhe dêem um novo e digno sentido. Não se deixem desgovernar pela ganância politiqueira, pela morbidez do poder. Mudem a idéia, o regimento, as lições, a filosofia.
Uma escola que seja a morada dos mestres, que dê aconchego aos alunos e aos pais, que seja um lugar de paz, de encontro, de tranqüilidade para os professores e seus alunos buscarem a sabedoria, a humildade. Que não seja apenas pedra sobre pedra, mas que tenha novo estilo, novas idéias, nova vida.
“Nova escola, diferente escola: sem artimanha, sem burocracia, sem empreguismo, sem politicagem, com muita consciência profissional, liberdade e comprometimento, abertura e profundo entendimento, vasta cultura e saber.”
38
35
16
3832
13
38
6
15
34
1218
37
12
44
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Sim Não
CAPITULO VI
ANÁLISE DE RESULTADOS
O perfil deste trabalho foi feito a partir de questionários para alunos do
curso Magistério e do curso Educação Geral, além de um questionário aplicado
aos professores. A idéia era levantar dados que representassem a realidade
vivida pelos estudantes e pelos professores de Ensino Médio do município de São
Bento – MA.
Participaram desta pesquisa 50 alunos do curso Magistério e 52
alunos do curso Educação Geral com idades entre 17 e 25 anos e 10 professores
com formação superior.
Gráfico 1: Visão crítica dos alunos da 3ª série do curso Magistério da Escola
Cenecista “Felipe Benício Conduru”, pertencente ao município de São
Bento – MA.
Temas-chave: professor; respeito; violência; profissão; internet
39
Gráfico 2: Visão crítica dos alunos da 3ª série do curso Educação Geral do
CEEFM “Dom Luís de Brito”, pertencente ao município de São Bento –
MA.
Temas-chave: Magistério; vocação; respeito; internet
Em resposta ao questionário aplicado como amostragem aos
professores de Ensino Médio com curso superior no município São Bento – MA,
70% dos entrevistados responderam que o professor como profissional não é
valorizado como deveria e que é mais valorizado como pessoa. Principalmente
nos últimos meses, o profissional tem sido ainda mais lesado em seus direitos
constitucionais.
9
3
28
3936
6
11
43
49
24
1316
46
41
0
4
8
12
16
20
24
28
32
36
40
44
48
52
Sim Não
40
À primeira vista não parece, mas a profissão de professor pode ser
perigosa. O perigo nem sempre é concreto, como o salário baixo e a carga horária
alta, mas também se trata de uma série de abstrações : a falta de incentivo, os
problemas de convivência com os alunos, a falta de condições de realizar um bom
trabalho. Tudo isso junto em muitos casos interfere diretamente na saúde do
professor, que estão cada vez mais doentes e desmotivados.
50% responderam que a sociedade e as autoridades competentes não
vêem este profissional com bons olhos, vêem sim, com menos valor em
comparação a outros profissionais de outras categorias. Em um mundo
conturbado onde se teme a tudo e a todos, o professor encontra-se muitas vezes
impossibilitado de mostrar um trabalho satisfatório: quer por falta de
especializações, devido à carência de recursos financeiros, quer por medo de
uma sociedade hostil. Segundo alguns professores o afeto, a dedicação e a
devoção do educador estão morrendo e alguma coisa precisa ser feita. Para os
alunos o importante é que os professores saibam passar conteúdos.
60% acham que o professor da modernidade é um tarefeiro, não
porque quer, mas as circunstâncias assim o exigem. Na escola, já não é levado
em consideração o desejo de viver, mas apenas como uma pessoa que deve
estar ali para fazer a escola funcionar com todas as suas normas. As respostas
convergiram para a idéia de que a profissão atualmente, é vista pelas outras
pessoas como desvalorizadas. Com efeito, há uma desvalorização da profissão
professor. A maioria tem certo preconceito. Aquela visão de que professor ganha
pouco parece estar enraizado nas pessoas fazendo com que se interessem com o
salário e não com o tipo de trabalho que se desenvolve.
90% responderam que como todo profissional acha que está dando o
máximo de si, não é reconhecido e nem entendido. Sentem-se lisonjeados por
contribuir com a realização profissional de jovens que serão o futuro deste país.
Mas sentem muita angústia diante do aluno, sentimento de perda de autoridade e
desamparo. Todos os professores tentam se diferenciar dos demais quanto ao
seu trabalho com os alunos. E cada um deles tem angústias diferentes das dos
outros.
41
Sendo que a angústia depende da relação do professor com a
profissão, com os alunos e, principalmente, consigo próprio. E é assim também
com o sentimento de perda de autoridade. O professor vê a indisciplina como um
ataque por parte do aluno, uma ameaça a sua autoridade em sala de aula. Ao
sentir essa perda, ele nota que não consegue corresponder ao ideal de sua
profissão que pode ser o do professor reconhecido, respeitado, admirado. E
assim, se angustia.
100% afirmam que a resposta dos alunos em não querer ser
professor é devido à má remuneração e os jovens almejam coisa melhor, ou seja,
um salário digno. Em segundo lugar esta resposta negativa pode ser o reflexo da
relação professor-aluno na sala de aula. A perda do prestígio e respeito perante a
sociedade acabou afetando sua posição na sala de aula. Porque hoje é o aluno
quem manda, quem diz se gostou ou não de tal professor.
90% acham que a agressividade dos alunos é preocupante e deve ser
resolvida com diálogo e que isto é condição cultural, tanto da sociedade como da
família. Acham que há necessidade de pessoas especializadas para ajudar
professores, gestores e todos os profissionais em educação. Mas enquanto isto
não acontece pedem ajuda de Deus para minimizar esse grande problema. O
tema agressividade tem estado muito presente na prática docente, e ultimamente
tem tomado dimensões ainda maiores pelos recentes fatos envolvendo atos de
violência dentro do ambiente escolar. O professor se sente impotente para lidar
com o problema, pois não está preparado para isso.
Infelizmente com o passar do tempo, a maioria se tornou um
“comerciante do saber”, graças ao descaso que as autoridades têm com estes
profissionais, com salários baixos, estresse, baixo status social e tendo que
trabalhar em dois ou três turnos para viver melhor financeiramente, porém sem
nenhuma qualidade de vida.
42
CONCLUSÃO
Percebe-se que diante de todos os problemas que afetam a vida dos
professores, já comentados anteriormente, principalmente de professores do
Ensino Médio, é necessário que as autoridades tenham preocupações voltadas
para o professor.
Sabe-se que em algumas escolas existe um profissional capacitado,
ou seja, um psicólogo ou um assistente social para dar apoio aos alunos. Porém
os professores também precisam de acompanhamento, de diálogo, de afetividade,
de segurança, enfim, de ser reconhecido como profissional e como cidadão, que
merece respeito, atenção e amor.
O objetivo principal deste trabalho é despertar nos jovens a escolha
certa da profissão. Escolher uma profissão não significa pensar só no salário, mas
também no seu bem-estar emocional e mental.
Todos os que fazem parte da educação, têm consciência das
desvantagens que esta profissão possui, entretanto não se pode deixar que as
desvantagens superem as vantagens. A luta é árdua e contínua. São os desafios
que dão impulso para continuar lutando pelos ideais. E tentar resgatar os direitos
e a autonomia (não a autoridade) é dever de todos aqueles que apesar de tudo,
ainda têm esperança.
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BIBLIOGRAFIA
ENRICONE, Délcia. Ser Professor. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 57-
71.
GOULART, Íris Barbosa. Psicologia da Educação: Fundamentos Teóricos
aplicações à prática pedagógica. Petrópolis: Vozes, 1996.
HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 2. ed. São Paulo: Editora
Ática, 1995. p. 55-58.
MENEGOLLA, Maximiliano. E agora, Professor?. 5. ed. Porto Alegre: Editora
Mundo Jovem, 1991.
MUNDO JOVEM. Porto Alegre: Ano XLII, n. 351, out. 2004. p. 14.
NOVA ESCOLA. São Paulo: Editora Abril, Ano XVII, n. 154, ago. 2002. p. 55-57.
PÁTIO – REVISTA PEDAGÓGICA. Porto Alegre: ARTMED, Ano VI, n. 23,
set./out. 2002. p. 22.
_________. Porto Alegre: ARTMED, Ano VII, n. 27, ago./out. 2003. p. 13.
PROFESSOR. Brasília, DF: NGC, Ano I, n. 1, out. 2003. p. 10 e 11.
REVISTA DO ENSINO MÉDIO. Brasília, DF. Ano II, n. 4, 2004. p. 4.
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APÊNDICES
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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
1. Atualmente, como é considerado o professor como profissional e como
pessoa?
2. A sociedade, as autoridades administrativas e os alunos, como percebem o
professor?
3. Será o professor apenas um tarefeiro que faz a escola funcionar ou é uma
pessoa que ardentemente quer viver a sua vida?
4. Como o professor considera o seu ato de ensinar diante dos alunos que
também buscam a realização do seu projeto de vida?
5. Em uma sala de aula, certo professor pergunta aos alunos se estes
desejariam ser professores. Provoca um tumulto e, as respostas são: “–
Cruz-credo!”, “– Deus me livre”!, “– Professor, não me rogue esta praga!”. O
que você pensa a respeito desta situação?
6. Sabe-se que, atualmente, há muita agressividade por parte dos adolescentes
e, até mesmo dos adultos. Como você reage diante deste problema?
7. Segundo o escritor Maximiliano Menegolla: O professor é considerado um
“comerciante do saber” e, aos poucos foi se “prostituindo” na sua missão de
ensinar. O que você acha a respeito desta afirmação?
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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO CURSO DE MAGISTÉRIO
1. Antes de ingressar no curso Magistério, você fez outro(s) curso(s)?
( ) sim ( ) não
Qual(is)?
( ) Ed. Geral ( ) Téc. Contabilidade ( ) Informática
( ) Administração ( ) Aux. Enfermagem ( ) Outro(s)
2. Se respondeu sim à questão anterior, responda: Você decidiu fazer o curso
Magistério por:
( ) vocação ( ) ser um curso de fácil acesso ao mercado de
trabalho
3. Você está preparado para enfrentar os desafios e os problemas que surgem
em uma sala de aula?
( ) sim ( ) não
4. Você se sente desestimulado ao perceber que, atualmente, há um grande
desrespeito com os profissionais da educação?
( ) sim ( ) não
5. Você acha que atualmente o professor é respeitado como profissional e como
pessoa?
( ) sim ( ) não
6. Diante de tantos problemas enfrentados pelos profissionais da educação,
qual a sua sugestão, como aluno, para amenizá-los?
( ) Pelo menos, melhorar a remuneração dos profissionais.
( ) Valorizá-los, em todos os sentidos.
7. Através de conversa com seus professores, alguns deles utilizam a Internet
como fonte didática para preparação de suas aulas?
( ) sim ( ) não
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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS DO CURSO EDUCAÇÃO GERAL
1. Você gostaria de ser professor?
( ) sim ( ) não
2. Você acha que atualmente o professor é respeitado como profissional e
como pessoa?
( ) sim ( ) não
3. Diante de tantos problemas enfrentados pelos professores, você como
aluno, acha que pode fazer alguma coisa para amenizá-los?
( ) sim ( ) não
4. Você acha que atualmente, a maioria dos professores é mais preocupada
em apenas passar conteúdos?
( ) sim ( ) não
5. Você se sente intimidado em ver violência na sala de aula ou até mesmo na
escola?
( ) sim ( ) não
6. Na sua opinião, a maioria dos professores de Ensino Médio está preparada
para assumir uma sala de aula?
( ) sim ( ) não
7. Através de conversa com seus professores, alguns deles utilizam a Internet
como fonte didática para preparação de suas aulas?
( ) sim ( ) não