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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA RÚBIA ADÉLIA DE PONTES O PERFIL DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ATENÇÃO BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IMBITUBA – SC Tubarão 2009

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

RÚBIA ADÉLIA DE PONTES

O PERFIL DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ATENÇÃO

BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IMBITUBA – SC

Tubarão

2009

RÚBIA ADÉLIA DE PONTES

O PERFIL DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ATENÇÃO

BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IMBITUBA – SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Orientador: Msc, Profª. Fabiana Durante Medeiros.

Tubarão

2009

RÚBIA ADÉLIA DE PONTES

O PERFIL DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO NA ATENÇÃO

BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE IMBITUBA – SC

Este trabalho de conclusão de curso foi adequado a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia e aprovado em sua forma final pelo Curso de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 16 de novembro de 2009.

_____________________________________________ Profª. Orientadora Msc. Fabiana Durante Medeiros.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_____________________________________________ Prof. Msc. Ralph Fernando Rosas.

Universidade do Sul de Santa Catarina.

_____________________________________________________ Profª. Msc. Inês Almansa Vinadé.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Acima de tudo, a Deus, pois sem ele

nada seria.

A toda a minha família que esteve

presente e ativa, auxiliando, estimulando

e acreditando, durante todo o curso e

principalmente desde o início da minha

vida escolar.

Ao meu namorado que me compreendeu

dividindo angustias, expectativas e

alegrias, durante a elaboração e

conclusão deste trabalho.

Aos meus colegas da faculdade, com um

ar de cumplicidade, vivenciando as

mesmas situações, me fizeram rir muito.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a professora orientadora Fabiana Durante de Medeiros que

me guiou e auxiliou durante toda a elaboração do trabalho.

A todos os participantes da pesquisa por doarem um pouco do seu tempo e

conhecimento, especialmente ao fisioterapeuta Evaldi Porto Luiz Filho que tentou ao

máximo facilitar a coleta dos dados.

Ao professor da disciplina de trabalho de conclusão de curso Rodrigo Iop

por estar sempre acessível, e por passar as informações de forma clara.

Aos professores participantes da banca examinadora, Inês Almansa Vinadé e

Ralph Fernando Rosas por aceitarem a participar e colaborar na avaliação deste

trabalho.

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da

divindade” (Voltaire).

RESUMO

O acesso à fisioterapia atualmente está em sua maioria, restrito a convênios e

atendimentos particulares, voltado principalmente para reabilitação, estes profissionais

ainda não estão inseridos oficialmente na Estratégia Saúde da Família, embora alguns

municípios tenham um número reduzido de fisioterapeutas atuando pelo SUS que ficam

sobrecarregados atendendo os doentes mais graves. Frente a esta realidade o objetivo

principal desse estudo foi descrever o perfil do atendimento fisioterapêutico na atenção

básica de saúde no município de Imbituba-SC, e descrever a opinião de dentistas,

gestores e médicos atuantes na Saúde Pública de Imbituba-SC, sobre a atuação da

fisioterapia na Atenção Básica. É uma pesquisa exploratória, a população foi constituída

pelos fisioterapeutas, dentistas, gestores e médicos da Estratégia Saúde da Família do

município de Imbituba-SC, foi aplicado um questionário no próprio ambiente de

trabalho desses profissionais e realização de fotografias. Foram analisados através da

estatística descritiva, com uso do Microsoft Office Excel 2003, documentos do

Microsoft Office World 2003, com uso de gráficos e planilhas. Os resultados obtidos

foram: O município de Imbituba-SC tem na sua rede pública 3 profissionais de

fisioterapia, sendo dois do sexo feminino e um do sexo masculino, as atividades

realizadas pelos Fisioterapeutas na Atenção Básica não são existentes, apenas atuam na

atenção terciária, atendendo a domicílio, principalmente pacientes neurológicos. A

opinião dos dentistas, médicos e gestores mostraram que 58,30% dos indivíduos que

aceitaram participar da pesquisa, acreditam que a fisioterapia atua apenas na

reabilitação, enquanto que apenas 25% apontaram a fisioterapia como uma profissão

que atua nos 3 níveis de atenção, e 16,7% não opinaram. Esses resultados mostra quão é

necessário mudar o estereótipo que a fisioterapia tem, de ser uma profissão que atua

somente em nível de atenção terciária, outro fator importante é a necessidade de

implantação de mais profissionais de fisioterapia para poder atuar em todas as áreas

favorecendo toda a população e não ficar restrito atendendo somente aos pacientes com

patologias mais severas, que na falta de mais profissionais são prioridades frente a

outras patologias menos complexas ou projetos preventivos.

Palavras-chave: Atenção Básica, Fisioterapia, Estratégia Saúde da Família.

ABSTRACT

Access to physical therapy today is mostly restricted to private health plans and care,

mainly for rehabilitation, these professionals are not yet officially entered the Family

Health Strategy, although some districts have a small number of physiotherapists

working SUS that are burdened given the more critical patients. Facing this reality, the

main objective of this study was to describe the profile of physical therapy in primary

care in the city of Imbituba-SC, and describe the views of dentists, doctors and

managers working in the Public Health Imbituba-SC, about the performance

physiotherapy in primary care. It is an exploratory survey, the population was made up

of physiotherapists, dentists, doctors and managers of the Family Health Program in the

city of Imbituba-SC, a questionnaire was applied in the work environment of

professional and making photographs. Were analyzed by descriptive statistics, using

Microsoft Office Excel 2003, Microsoft Office documents World 2003, with the use of

graphs and charts. The results were: The town of Imbituba-SC has in his public 3

physical therapy professionals, two females and one male, the activities carried out by

physiotherapists in primary care are not available, only work in tertiary care, given

home, especially neurological patients. The views of dentists, doctors and managers

showed that 58,30% of individuals who agreed to participate in the survey, believe that

the therapy works only on rehabilitation, whereas only 25% indicated physical therapy

as a profession that operates in 3 levels of care, and 16,70% did not opine. These results

show how it is necessary to change the stereotype that physical therapy has to be a

profession that acts only on the tertiary level, another important factor is the need to

implement more professional physiotherapy in order to act in all areas by encouraging

all population and not be constrained given only to patients with more severe diseases,

which in the absence of more professionals are priorities compared to other diseases less

complex or preventive projects.

Keywords: Primary Health Care, Physiotherapy, Family Health Strategy

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Atendimento fisioterapêutico através da saúde pública aplicado a

gerontologia domiciliar, em Imbitba-SC.........................................................................38

Figura 2 – Atendimento fisioterapêutico através da saúde pública, aplicado a TRM

domiciliar, em Imbituba SC.............................................................................................39

Figura 3 – Ressonância Magnética de um dos pacientes atendido pela fisioterapia na

saúde pública de Imbituba-SC.........................................................................................40

Figura 4 – Paciente pediátrico com TCE e TRM, atendido pela fisioterapia da rede

pública de Imbituba – SC................................................................................................40

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico- 1 – Distribuição dos Fisioterapeutas que atuam na Saúde Pública de Imbituba

SC, quanto a Idade...........................................................................................................34

Gráfico 2 – Distribuição quanto ao tempo de graduação e tempo de atuação no SUS

de Imbituba SC, dos profissionais de fisioterapia..........................................................37

Gráfico 3 – Distribuição dos dentistas, gestores e médicos quanto ao gênero................43

Gráfico 4 – Distribuição dos dentistas, gestores e médicos quanto a definição

de fisioterapia..................................................................................................................44

Gráfico 5 - Projetos de Saúde existentes no município de Imbituba SC, segundo os

profissionais que atuam na saúde pública: Dentistas, Gestores, Médicos.......................48

Gráfico 6 – Distribuição quanto qual seria o profissional indicado a atuar nos projetos

de saúde indicados no questionário aplicado aos dentistas, gestores e médicos.............48

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – distribuição dos profissionais de fisioterapia da rede pública de Imbituba-

SC quanto ao gênero........................................................................................................33

Tabela 2 – Distribuição dos Fisioterapeutas da rede pública de Imbituba-SC quanto ao

nível de formação acadêmica..........................................................................................35

Tabela 3 – Distribuição de fisioterapeutas da rede pública de Imbituba-SC quanto ao

tempo de graduação em fisioterapia................................................................................36

Tabela 4 – Distribuição dos fisioterapeutas da rede publica de Imbituba-SC quanto ao

tempo em meses, de atuação no SUS..............................................................................36

Tabela 5 – Distribuição dos fisioterapeutas da rede publica de Imbituba-SC em relação

ao vínculo empregatício...................................................................................................37

LISTA DE SIGLAS

ESF - Estratégia Saúde da Família

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IRA – Infecção Respiratória Aguda

LER – Lesões por esforço repetitivo

OMS – Organização Mundial da Saúde

NASF - Núcleos de Atenção Integral na Saúde Família

PAB – Piso Assistencial Básico

PSF – Programa Saúde da Família

SUS – Sistema Único de Saúde

UBS – Unidade Básica de Saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................14

2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................................17

2.1SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.................................................................................17

2.2 ATENÇÃO BÁSICA................................................................................................18

2.2.1 Prevenção da saúde..............................................................................................19

2.3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF).........................................................19

2.4 A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESF....................................................21

2.4.1 Fisioterapia na Saúde da Mulher........................................................................24

2.4.2 Fisioterapia na Saúde do Trabalhador e Saúde do Homem.............................25

2.4.3 Fisioterapia na Saúde dos Hipertensos e Diabéticos.........................................26

2.4.4 Fisioterapia na Saúde dos Idosos........................................................................27

2.4.5 Fisioterapia na Saúde da Criança e do Adolescente..........................................29

2.4.6 Fisioterapia no Atendimento Domiciliar............................................................29

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA.........................................................................30

3.1 TIPO DA PESQUISA...............................................................................................30

3.1.1 Tipo da pesquisa quanto ao nível........................................................................30

3.1.2 Tipo da pesquisa quanto a abordagem...............................................................30

3.1.3 Tipo da pesquisa quanto ao procedimento.........................................................30

3.2 POPULAÇÃO/AMOSTRA.......................................................................................31

3.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS..........................31

3.4 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS.......................31

3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.....................................................32

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.................................................................33

4.1 FISIOTERAPEUTA..................................................................................................33

4.1.1 Distribuição quanto ao gênero.............................................................................33

4.1.2 Idade......................................................................................................................34

4.1.2 Formação acadêmica............................................................................................35

4.1.3 Quanto ao tempo de graduação...........................................................................35

4.1.4 Quanto ao tempo de atuação no SUS..................................................................36

4.1.5 Distribuição quanto o tempo de graduação e tempo de atuação no SUS........37

4.1.6 Quanto a forma de vínculo empregatício...........................................................37

4.1.7 Recursos e condutas fisioterapêuticas realizadas com mais freqüência..........38

4.1.8 Principais patologias que recebem atendimento fisioterapêutico....................39

4.1.9 Pacientes que estão em atendimento fisioterapêutico.......................................41

4.1.10 Pacientes na fila de espera.................................................................................41

4.1.11 Principais dificuldades no atendimento fisioterapêutico................................41

4.2 DEMAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE................................................................42

4.2.1 Dentistas................................................................................................................42

4.2.2 Gestores.................................................................................................................42

4.2.3 Médicos..................................................................................................................42

4.3 QUANTO A DEFINIÇÃO........................................................................................43

4.3.1 Fisioterapia nos três níveis de atenção................................................................44

4.3.2 Fisioterapia na Reabilitação................................................................................45

4.4 QUANTO A ATUAÇÃO..........................................................................................46

4.5 SOBRE A ATENÇÃO BÁSICA...............................................................................47

4.5.1 Quanto a existência desses projetos....................................................................47

4.5.2 Quanto os profissionais indicados para atuarem nesses projetos....................48

5 CONCLUSÃO.............................................................................................................49

REFERÊNCIAS.............................................................................................................51

APÊNDICES..................................................................................................................55

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos dentistas, gestores e médicos da

Estratégia da Saúde da Família....................................................................................56

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos fisioterapeutas da Estratégia da

Saúde da Família...........................................................................................................57

ANEXOS.........................................................................................................................58

ANEXO 1 – LEI Nº 8.080 DE 19 DE SETEMBRO DE 1990....................................59

ANEXO 2 – LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990...................................74

ANEXO 3 – Termo de consentimento livre e esclarescido.........................................76

ANEXO 4 – Declaração de ciência e concordância das instituições

envolvidas.......................................................................................................................79

ANEXO 5 – Consentimento para fotografias, vídeos e gravações............................80

14

1 INTRODUÇÃO

O município de Imbituba, localizado no litoral sul de Santa Catarina, possui uma

rede de Programas Saúde da Família com 13 postos centrais e 13 unidades básicas de Saúde.

A procura de atendimento fisioterapêutico está cada vez maior, uma vez que há

poucos centros que prestam esse serviço através do Sistema Único de Saúde (SUS), gerando

uma lista de espera gigantesca. O papel do atendimento fisioterapêutico na atenção básica é o

de promover a saúde informando sobre a qualidade de vida dos clientes, prevenindo e

alertando os possíveis riscos que estes correm, e reabilitando a doença já instalada com suas

técnicas especializadas, na Estratégia Saúde da Família (ESF), trabalhando

interdisciplinarmente com outros profissionais informando-os e discutindo a saúde da

comunidade.

Os fisioterapeutas são educados em sua maioria com prioridade em atender

patologias, deixando uma lacuna na promoção da saúde.

Os profissionais são hoje, formados para o uso intensivo de tecnologia e para

especialização, o que como já foi dito, não é um perfil adequado para o SUS (1). Uma visão

diferenciada da profissão, voltada somente para atendimento clínico, limita pacientes de baixa

renda acessar o serviço.

Outro fator importante para falta da atuação dos fisioterapeutas na atenção

básica é que estes profissionais ainda não estão inseridos oficialmente na Estratégia Saúde da

Família, embora alguns municípios tenham um número reduzido de fisioterapeutas atuando

pelo SUS que ficam sobrecarregados atendendo os doentes mais graves.

De acordo com o Ministério da Saúde* tais transformações demandam a

formação de profissionais com competências e habilidades para conhecer a realidade global

das famílias, identificar e solucionar problemas, desenvolver ações educativas e intersetoriais

para a promoção de saúde, trabalhar em equipe, prestar assistência integral a saúde, intervir no

processo de trabalho, enfrentar situações em constante mudança e planejar junto à

comunidade.

______________ * Ministério da Saúde. Competências para o trabalho em Unidade Básica de Saúde sob a estratégia saúde da família (2000) apud (2).

15

Há necessidade de adequar esses profissionais a realidade da atenção básica.

Considera-se fundamental que os fisioterapeutas, aliados aos educadores físicos,

nutricionistas, psicólogos e outros, auxiliem as secretarias municipais de saúde na elaboração

dos projetos de constituição de Núcleos de Atenção Integral na Saúde Família. (NASF) (3).

O Ministério da Saúde incentiva a atuação do fisioterapeuta na Estratégia de

Saúde da Família, devido a sua importância para a comunidade. Frente a esta realidade surge

a questão: qual o perfil do atendimento fisioterapêutico na atenção básica de saúde no

município de Imbituba SC?

A atenção básica considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade,

na integralidade, e na inserção sócio cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e

tratamento de doenças e redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas

possibilidades de viver de modo saudável (4).

Não são apenas os profissionais bem qualificados em grandes empresas e

escritórios que têm lesões do tipo LER, as donas de casa por exemplo que fazem o mesmo

serviço todos os dias acabam sofrendo essas lesões, assim como todos os outros integrantes da

família que sofrem por condições fisiológicas ou patológicas como: gestação,

envelhecimento, incontinência urinária, coronariopatias, doenças pulmonares e ortopédicas.

Enfim, as patologias afetam todas as classes, somando a isso a classe social de menor renda

que necessita de mais promoção à saúde.

A Equipe multiprofissional da ESF é composta por médico, enfermeiro, cirurgião

dentista, auxiliar de consultório dentário ou técnico em higiene dental, auxiliar de

enfermagem ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde, entre outros (4).

Segundo esse conceito de equipe multiprofissional, o mesmo abre portas para outros

profissionais, promovendo a inserção dos fisioterapeutas na saúde pública, ampliando a

qualificação e a área de atuação profissional.

Outro fator relevante é a significância do conhecimento dos resultados dessa pesquisa

em relação a cidade de Imbituba, que pode ser projetado a outras cidades com igual porte de

Santa Catarina. Vendo se é necessário ou não aumentar a inclusão do fisioterapeuta através do

perfil do seu exercício profissional.

O objetivo principal desse estudo é identificar o perfil do atendimento

fisioterapêutico na atenção básica de saúde no município de Imbituba SC. E os objetivos

específicos são: Verificar quantos fisioterapeutas atuam no PSF de Imbituba. Identificar qual

a formação desses profissionais. Verificar quanto tempo de formação, e quanto tempo de

atuação no SUS, tem os profissionais de fisioterapia atualmente contratados ou concursados

16

pela prefeitura de Imbituba SC. Identificar quais são as atividades realizadas ou recursos mais

utilizados pelos fisioterapeutas durante a atuação destes na atenção básica a saúde. Verificar

quais as principais patologias atendidas pelos fisioterapeutas no SUS. Verificar quantas

pessoas estão sendo atendidas pela fisioterapia e quantas estão esperando por uma vaga no

SUS. Avaliar qual a opinião dos profissionais como médicos, dentistas e gestores da unidade

saúde da família sobre a atuação do fisioterapeuta na ESF. Descrever quais são as principais

dificuldades no atendimento fisioterapêutico através do SUS, segundo a visão do

fisioterapeuta.

O procedimento utilizado para realização da pesquisa é de levantamento de dados

e observacional, isto é sem intervenção. Foram elaborados questionários para esse fim.

Esse trabalho foi organizado em cinco capítulos. O capítulo um fez uma

introdução ao tema e descreveu os objetivos. O capítulo dois definiu conceitualmente os

assuntos abordados ao longo da pesquisa. O capítulo três se refere ao delineamento da

pesquisa, tal como a amostra, materiais e métodos análise e estatística. O capítulo quatro

descreve os resultados obtidos ao final do estudo e a discussão destes. O capítulo cinco trata

da conclusão.

17

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Atualmente sabe-se que saúde não representa apenas ausência de doenças. O

Ministério da Saúde (MS)* afirma que, para se ter saúde, é preciso ter acesso a um conjunto

de fatores como alimentação, moradia, emprego, lazer e educação. Devido á esse pensar que

surgiu uma nova política em saúde no País, sendo o ano de 1988 um marco para a história da

saúde, pois, nesse ano, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS).

As ações do SUS são organizadas por níveis de complexidade crescente, ou seja,

divididas em atenção primária, secundária e terciária, com um fluxo de referência e contra-

referência. A atenção primária serve de porta de entrada para o sistema de atenção e é capaz

de resolver grande parte da demanda à saúde; o atendimento é oferecido de forma individual

ou coletiva. Já atenção secundária e a terciária possuem serviços de maior complexidade (6).

As Leis 8080/90 e 8142/90 são chamadas Leis Orgânicas da Saúde – LOS.

Tratam-se de leis complementares que detalham a organização e o funcionamento do novo

sistema de saúde estabelecido pela Constituição Federal (CF) (7). As leis do SUS 8080/90 e

8141/90 estão em anexo (Anexo 1 e 2)

A lei 8.080 institui o Sistema Único de Saúde, com comando único em cada esfera

de governo e definiu o Ministério da Saúde como gestor no âmbito da União. A lei, no seu

Capítulo II – Dos princípios e Diretrizes, Art. 7º, estabelece entre os princípios do SUS a

“universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência” (8).

Na hierarquia das leis teríamos na Constituição Federal os princípios pétreos e as

bases essenciais do Sistema Único de Saúde/SUS. A Lei Orgânica de Saúde, representada

inicialmente pela 8.080 e 8.142 e hoje já complementada com outras tantas, tem como

objetivo explicar e completar as bases da CF. Nada pode contrariar ou inovar em relação à lei.

Para se fazer a operacionalização das leis utilizam-se decretos e portarias. As Normas

Operacionais Básicas (NOBs) são penduricalhos de portarias, anexas a elas e de natureza

subservientes às leis (9).

______________ * Ministério da Saúde – Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Para entender a gestão do SUS. Brasília: MS; 2003, apud (5).

18

2.2 ATENÇÃO BÁSICA

O Ministério da Saúde lança, em 1999, um manual para organização da

Atenção Básica, baseado nos princípios do Sistema Único de saúde (SUS): integralidade da

assistência, universalidade, equidade, resolutividade, intersetorialidade, humanização do

atendimento e participação social, com o intuito de orientar a estruturação desse nível de

atenção. A Atenção básica constitui um conjunto de ações de caráter individual ou coletivos

situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da

saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação (10).

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito

individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de

agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida

por meio de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob a forma de

trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume

a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vive

essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem

resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território. É o contato

preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da

universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da

integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social

(11).

Visando à operacionalização da Atenção Básica, definem-se como áreas

estratégicas para atuação em todo o território nacional a eliminação da hanseníase, o controle

da tuberculose, o controle da hipertensão arterial, o controle do diabetes mellitus, a

eliminação da desnutrição infantil, a saúde da criança, a saúde da mulher, a saúde do idoso, a

saúde bucal e a promoção da saúde. Outras áreas serão definidas regionalmente de acordo

com prioridades e pactuações definidas nas Comissão Intergestores Bipartites (CIBs) (11).

19

2.2.1 Prevenção de Saúde

Segundo Centurião* Prevenção para a área da saúde, tem o significado de ação

antecipada, evitando a progressão posterior da doença, sendo pertinente à atuação de todos os

profissionais da saúde, tanto em âmbito individual quanto coletivo. A prevenção visa à

construção da consciência sanitária dos indivíduos que, dessa forma, podem produzir relações

favoráveis à sua saúde, à qualidade de vida. Com isso, torna-se aplicável a qualquer situação,

nível ou área de atuação, assumindo sua indissociabilidade, sua integralidade.

Brasil e colaboradores** afirmam que o nível de prevenção primário atua na pré-

patogênese, quando o organismo encontra-se em equilíbrio, estabelecendo ações que o

mantenham nessa situação. Tais ações englobam a promoção de saúde cujas ações visam

modificações no estilo de vida, na adoção de hábitos saudáveis, diminuindo riscos de doenças

e morte, e a proteção especifica. A partir daí, temos o nível secundário de prevenção, quando

o organismo apresenta alterações na forma e/ou função e atua-se no diagnóstico precoce e

com medidas terapêuticas apropriadas. No nível terciário, existe uma seqüela ou incapacidade

que precisa ser minimizada.

2.3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF)

Segundo Véras*** O programa Saúde da Família (PSF) foi criado pelo Ministério

da Saúde em 1994, tendo como principal objetivo uma reorientação do modelo assistencial a

partir da atenção básica e com definições de responsabilidades entre os serviços de saúde e a

população.

_____________ * Centurião CCH. Prevenção em Fisioterapia: um estudo da formação profissional do fisioterapeuta no estado do Rio Grande do Sul (1999) apud (12). ** Brasil ACO, Brandão JAM, Silva MON, Gondim-Filho VC. O papel do fisioterapeuta no programa de saúde da família no município de Sobral – Ceará (2005) apud (12). ****Véras MMS. O fisioterapeuta no Programa Saúde da Família (2002) apud (13).

20

De acordo com Véras* As diretrizes do PSF estão em conformidade com os

princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). O programa aponta para mudanças

significativas e inovadoras, tanto na parte técnica, política e administrativa dos recursos do

setor saúde, como na própria organização dos serviços e na prática do profissional atuante. De

1994 até os dias atuais, observa-se que o programa caminha a passos largos, tanto em termos

de expansão, adesão da comunidade, produção científica, surgimento de novas estratégias

para antigos problemas da comunidade e mudanças nas práticas dos profissionais atuantes.

Nesse contexto, começou a ocorrer no Brasil, em diferentes regiões, a inserção do profissional

fisioterapeuta no campo da atenção primária ou mesmo dentro do Programa Saúde da Família.

Neste novo paradgma, o fisioterapeuta passa a contribuir para uma melhoria nas ações de

atenção à saúde nos diferentes níveis de complexidade. Procura otimizar, principalmente, o

acesso e a integralidade definidos pelo SUS às demandas básicas atendidas pelas unidades de

saúde.

Segundo o COFFITO** os profissionais do PSF estão organizados em equipes de

Saúde da Família (SF). Fazem parte dessa equipe, no mínimo, 05 a 06 Agentes comunitários

de Saúde (ACS), um médico, um enfermeiro e um auxiliar de enfermagem. Cada um se

responsabiliza por cerca de mil famílias e estas passam a ter co-responsabilidade no cuidado a

saúde.

O Programa Saúde da Família foi idealizado para aproximar os serviços de saúde

da população. Para cumprir o princípio constitucional do Estado de garantir ao cidadão seu

direito de receber atenção integral a saúde – com prioridades para atividades preventivas, mas

sem prejuízos dos serviços assistenciais – e para permitir que os responsáveis pela oferta dos

serviços de saúde, os gestores do SUS, aprofundem o conhecimento sobre aqueles a quem

devem servir. (14)

______________ * Véras MMS. A inserção do fisioterapeuta na estratégia de Saúde da Família de Sobral-CE (2002) apud (13). ** O Coffito (2005) apud (12)

21

2.4 A INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ESF

Na medida em que se tornou mais conhecida e que se ampliaram as áreas de

intervenção da fisioterapia, houve um aumento na demanda por esses serviços, porém a oferta

não aumentou na mesma proporção. O atendimento restrito, principalmente, aos centros de

reabilitação e alguns serviços de atenção secundária, vem ocasionando uma demanda

reprimida nesses locais, onde há listas de espera em que as pessoas aguardam durante meses

por atendimento. Em outro momento essas dificuldades, muitas vezes, impossibilitam o

acesso ao tratamento, pois há ocasiões em que a pessoa, mesmo conseguindo uma vaga no

serviço de fisioterapia, não tem condições financeiras e/ou físicas de se deslocar

continuamente até o serviço, perdendo a oportunidade de recuperação e agravando o problema

(15).

Esta nova inserção da equipe multiprofissional no mercado, contribui efetivamente

na transformação do modelo, assistencial hegemônico, centrado no hospital e na doença: traz

em certos momentos o desentendimento além de ferir velhos interesses de dominação,

passando a fazer parte de velhos discursos oportunistas, que causam confusões no

entendimento da população, como forma de manter o modelo assistencial anteriormente

referido. E também acentua que, de forma diferenciada, os fisioterapeutas poderão contribuir

com as futuras mães podendo assim realizar um trabalho pré-parto, auxiliando no

posicionamento pélvico postural. Além do auxílio pós parto de forma a contribuir na postura

durante a amamentação, entre outros. É preciso que haja por parte do governo conscientização

e bom senso sob os benefícios que podem ser proporcionados à população através da inclusão

do fisioterapeuta na equipe multiprofissional (16).

Não podemos, na atualidade, nos contentarmos com os choros e lamúrias de

colegas que comumente chegam as nossos ouvidos, tais como: “os convênios que oferecem

Fisioterapia e/ou Terapia Ocupacional continuam remunerando os procedimentos de uma

forma inadequada, baseando-se em tabelas que se encontram defasadas, e o pior, nada ou

muito pouco tem a ver com o que provemos, nossa remuneração é baixa, o sindicato não faz

nada”. Toda ação fisioterapêutica sempre deverá ser precedida de uma consulta, constituindo-

se de uma criteriosa investigação, incluindo: análise da qualidade de movimento, sua

amplitude e precisão, os graus de repercussões funcionais e sistêmicas e as estruturas

anatômicas envolvidas a fim de possibilitar ao profissional segurança, responsabilidade e

resolutividade, estabelecer os procedimentos, etapas terapêuticas a serem superadas pelo

paciente, de acordo com a sua demanda de saúde funcional apresentada e, ainda, identificar a

22

necessidade ou não da indicação de ações fisioterapêuticas em cada caso apresentado,

podendo, em alguns casos, ser necessária a solicitação de parecer e/ou de exames

complementares, que possam elaborar o diagnóstico cinético funcional (17).

A Saúde Pública brasileira ainda guarda uma grande relação com o modelo

assistencial de prestação de serviços. O atendimento está centrado no indivíduo e, quase,

exclusivamente, na cura da doença instalada. O profissional da saúde exerce o papel de

reabilitador e suas ações são focadas na queixa principal, sem muita análise do indivíduo e do

seu modo de vida. Alheio aos problemas epidemiológicos, sua práxis encontra-se dissociada

da territorialização e das necessidades da comunidade onde atua. Neste contexto, supremo e

inabalável é o saber do profissional, frente a pequenez do conhecimento da população sobre

os eventos da saúde. A este modelo prevalecente, o médico-assistencial privatista e os

conceitos de promoção da saúde, em suas mais diversas competências, ficam subjugados a um

plano, remetendo um contingente populacional avassalador às filas intermináveis, nas

Unidades Básicas de Saúde, quando suas situações já atingem níveis muitas vezes

irreversíveis. O acesso digno a saúde mantem-se restrito aos grandes centros urbanos e a uma

minoria, denominada “classe alta”, na qual tanto os serviços de alta complexidade como os

privilégios da atenção domiciliar estão garantidos (18).

Decorrente de crescentes discussões preconiza-se um “novo” modelo de atenção à

saúde, numa tentativa desesperadora de integrar os três níveis de prevenção (primária,

secundária, e terciária) visando à participação do indivíduo na sociedade como uma busca

ativa aos que não dispõem de acessos aos serviços públicos (rompendo o ciclo “demanda

espontânea”) de modo a abranger todo o território, nas suas mais variadas situações sociais, a

fim de que se mobilize o coletivo e não somente o individual. A este modelo, o assistencial

alternativo, compete um completo estudo organizacional vigente às necessidades apresentadas

pela comunidade na tentativa subjetiva de promover qualidade de vida e não apenas a

ausência da doença. A inserção da fisioterapia dentro do que preconiza os novos parâmetros

de saúde ainda é utópica. O paradigma dominante da reabilitação já apresenta

enfraquecimento de suas atuações, mesmo que fortemente enraizada ao longo de suas

histórias. Se o momento da rápida necessidade de garantir o retorno dos indivíduos às suas

participações laborativas e lucrativas demarcou a profissão, o passar dos anos só contribui

para reforçar ainda mais essa limitada atuação (18).

Menezes* diz que isto ocorre não pela formação acadêmica deste profissional, que

não tem contemplado uma visão epidemiológica dos problemas de saúde, como também por

23

falta de conhecimento e entendimento dos gestores e demais profissionais sobre a capacitação

e contribuição do fisioterapeuta na rede pública.

Segundo Schwingel** para integrar os princípios propostos pelo SUS, a

fisioterapia, como campo de conhecimento e prática, deve formar profissionais que sejam

capazes de lidar com a promoção de saúde e prevenção de doenças, além da assistência

curativa e reabilitadora.

De acordo com Sampaio*** nesse novo contexto de ações descentralizadas, em

uma perspectiva interdisciplinar, verifica-se a incipiente presença do fisioterapeuta na saúde

pública. Suas ações ainda estão centralizadas nas áreas curativas e reabilitadoras, voltadas

para as práticas hospitalares e ambulatoriais, em detrimento aos novos modelos assistenciais.

Historicamente, a atuação do fisioterapeuta é entendida como assistência no nível

da atenção terciária, porém sabe-se que quando inserido na atenção primária, pode ser de

grande valia para ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e educação em saúde. E

complementa dizendo, o SUS (Sistema Único de Saúde), é uma forma de organização do

sistema de saúde do País baseado nos princípios da integralidade, universalidade, equidade e

intersetorialidade. Tem como modelo a atenção integral à saúde, diferenciando-se do modelo

de atenção à saúde anterior que era centrado na doença (1).

Souza**** complementa dizendo que a busca da integralidade da assistência e a

criação de vínculos de compromisso e responsabilidade compartilhados entre os serviços de

saúde e a população podem ser conseguidos através da efetiva implantação do PSF (Programa

Saúde da Família). Portanto o PSF passa a ser proposta de consolidação do SUS. A proposta

do programa vem conquistando adeptos sendo uma estratégia que destaca a abordagem

multiprofissional e ações preventivas de doenças e promoção da saúde. Hoje segundo o MS

(Ministério da Saúde), já temos 21.500 equipes.

Viana, Merényi, Sampaio e Furtado***** dizem que, o fisioterapeuta é um

profissional habilitado a atuar na promoção e proteção da saúde, prevenindo e reabilitando em

_____________ * Menezes RG. Fisioterapia Social, uma excepcionalidade acadêmica? (2001) apud (2). ** Schwingel G. A fisioterapia na saúde pública: um agir técnico, político e transformador. (2002) apud (2). *** Sampaio RF. O fisioterapeuta na saúde da população: atuação transformadora. (2002) apud (2). **** Souza RR. A população em primeiro lugar (199) apud (1). *****Viana SO, Merényi A, Sampaio RF, Furtado SRC. Fisioterapia na atenção primária: uma experiência de integração entre ensino, serviço de saúde e assistência à comunidade. 2003 apud (12).

24

níveis individual e coletivo. Seu envolvimento em programas de atenção primária contribui no

quadro de saúde-doença encontrado no país

2.4.1 Fisioterapia na Saúde da Mulher

A saúde das mulheres é um importante indicador da saúde de uma nação. Isso

porque, historicamente, têm sido atribuídos às mulheres os cuidados com os demais membros

da família, e porque estas representam o maior contingente de cuidadoras formais na área da

saúde. Além disso, as mulheres necessitam de cuidados especificamente voltados à sua saúde

reprodutiva, que devem incluir desde a possibilidade de escolher e utilizar um método

contraceptivo, até uma assistência multiprofissional de qualidade na gestação, parto, puerpério

e climatério (20).

Segundo Souza* desde o início da gravidez o organismo materno, em decorrência

da liberação hormonal, sofre mudanças que afetam o funcionamento habitual dos sistemas

digestório, circulatório, respiratório, da biomecânica postural, enfim, ocorre um processo de

transformações e adaptações, necessários ao perfeito crescimento e desenvolvimento fetal.

Stephenson, O’Connor** complementam que em vista disso, torna-se inegável a

importância da fisioterapia nesta fase, pois o fisioterapeuta estabelece importante vínculo que

aliado ao seu conhecimento específico, torna-o qualificado para oferecer assistência em busca

da melhor qualidade de vida para as gestantes. A atuação deste profissional não se restringe à

reabilitação das alterações do período gestacional, mas também na sua prevenção, atenuando

e/ou prevenindo as conseqüências das alterações desta fase.

Kisner, Colby*** dizem que os principais objetivos da fisioterapia, no sistema

músculo-esquelético, são promover uma melhor postura durante a gestação e após o parto;

maior percepção do corpo, preparar os membros superiores (MMSS) e inferiores (MMII),

para as necessidades de cuidados com o bebê e para as demandas circulatórias e do aumento

do peso da gestante, respectivamente; preparar, fisicamente, para o trabalho de parto; manter a

função abdominal e prevenir ou corrigir a patologia da diástase dos retos; melhorar a

capacidade de relaxamento; e orientar exercícios progressivos e seguros para o pós-parto.

_____________ * Souza ELBL. Fisioterapia aplicada à obstetrícia–aspectos de ginecologia e neonatologia. (2002) apud (5). **Stephenson RG, Polden M, Mantle J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia (2002) apud (5). ***Kisner C, Colby LA. Exercícios terapêuticos-fundamentos e técnicas (1998) apud (5).

25

Stephenson, O’Connor* relatam que o fisioterapeuta possui um papel importante

na conscientização da gestantes sobre esses músculos (assoalho pélvico). Os exercícios

tem objetivo de fortalecer esse grupo muscular, prevenindo a incontinência urinária e os

prolapsos genitais, proporcionando não só a recuperação mais rápida no pós-parto, como

também o relaxamento desses músculos, auxiliando no momento do parto.

A fisioterapia utiliza-se de exercícios que facilitam o trabalho respiratório e

diminuem ou cessam as dispnéias. Uma técnica bastante utilizada é a respiração

diafragmática. Os exercícios respiratórios devem ser associados a cinesioterapia realizada no

pré e pós parto (20).

Stephenson, O’Conner* complementam que o fisioterapeuta pode ajudar a

gestante durante o trabalho de parto sugerindo posições alternativas, aplicando Estimulação

Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) para alívio da dor, realizando massagens na região

lombar e perineal, ensinando padrões respiratórios, entre outras técnicas e recursos, além de

estimular a deambulação.

Grupos de gestantes (orientações posturais, preparação para o parto fisiológico,

cuidados, exercícios respiratórios, monitoramento da freqüência cardíaca e pressão arterial,

orientações de cuidados com o bebê e amamentação. Puerpério, planejamento familiar).

Grupo de Mama (detecção precoce, auto-exame assistido, orientações de cuidados, exercícios

de reeducação funcional, prática de atividade física e exercícios controlados e educação em

saúde). Atuação no climatério (exercícios uroginecológicos na hipoestrogenia,

acompanhamento e minimização dos sintomas, orientações a prática de exercícios controlada)

(21).

2.4.2 Fisioterapia na Saúde do trabalhador e Saúde do Homem

Grupos de postura (orientações em empresas, cooperativas, trabalhadores

domésticos sobre postura, melhor alinhamento da coluna vertebral, ergonomia, prática de

exercícios direcionados, orientação quanto ao uso de equipamento de proteção individual,

educação em saúde) (22).

_____________ **Stephenson RG, Polden M, Mantle J.Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia (2002) apud (5).

26

Kendall* diz que boa postura é o estado de equilíbrio muscular e esquelético que

protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou deformidade progressiva,

independentemente da atitude nas quais essas estruturas estejam trabalhando em repouso. Sob

tais condições, os músculos funcionam mais eficientemente e posições ideais são

proporcionadas para os órgãos torácicos e abdominais. A má postura é uma relação defeituosa

entre várias partes do corpo, que produz uma maior tensão sobre as estruturas de suporte,

sobre as quais ocorre um equilíbrio menos eficiente do corpo.

2.4.3 Fisioterapia na Saúde dos Hipertensos e Diabéticos.

Grupos de pé em risco (diabetes e hanseníase): prevenção de incapacidades,

avaliação, monitoramento, adaptação de calçados, orientação de cuidados, hidratação da pele

e inspeção de úlceras de pressão, treinamento dos cuidadores, etc (24).

De acordo com Camargo Junior**o tratamento da hipertensão arterial divide-se

em duas categorias: o tratamento farmacológico e as modificações do estilo de vida, tais

como: perda de massa corporal, adoção de um rotina de exercícios físicos, diminuição do

consumo de sal, além da diminuição ou abolição da ingestão de bebidas alcoólicas.

Segundo Botelho, Lima, Oehling***no contexto mudança de estilo de vida, a

atuação da fisioterapia tem promovido benefícios na prescrição e orientação da prática de

exercícios físicos regularmente, através de programas de exercícios com equipe

interdisciplinar, com o objetivo de adequar os exercícios as diferentes condições clínicas do

paciente e melhorar o controle dos níves pressóricos e prevenir seqüelas da Hipertensão

Arterial Sistêmica (HAS).

Sampaio**** complementa que o fisioterapeuta quando integrado à atenção básica

pode contribuir com o monitoramento, controle da HAS através da realização de exercícios

_____________ * Kendell PF, Mc CRE. Músculos, provas e funções com postura e dor. (1995) apud (23). **Camargo Junior A. Análise do comportamento da Pressão Arterial sob duas intensidades de exercício aeróbico em hipertensos (2001) apud (25). ***Botelho APV, Lima MRS, Oehling GAC. Atividades físicas como prevenção dos fatores de Risco da Doença Arterial Coronariana (2000) apud (25). ***** Sampaio RF. Promoção de saúde prevenção de doenças e incapacidades: a experiência da fisioterapia/UFMG em uma Unidade Básica de Saúde . (2003) apud (25).

27

supervisionados, além da busca ativa de casos que pode ser realizada pelo profissional de

fisioterapia, quando o mesmo está integrado a uma equipe multiprofissional que assiste a uma

determinada população.

Já existem no mercado vários sapatos específicos para diabéticos; indicação de

palmilhas corretivas ou de posicionamento dos pés, quando verificamos a ocorrência de um

pé muito plano ou muito cavo, que apresentam riscos de lesões devido à hiper-pressão; se

necessário, indicação de uma bengala ou andador como auxiliar na marcha e no equilíbrio,

prevenindo quedas e evitando o excesso de peso em determinados pontos dos pés;

incrementar a propriocepção (sensação de posicionamento das articulações no espaço) e a

sensibilização do pé através do uso de bolinhas (várias texturas) e tecidos (no caso do pé

diabético deve-se iniciar com um tecido mais grosso, progredindo para um tecido mais fino),

em casos de dor decorrente de neuropatia periférica é de grande utilidade o emprego do

TENS, que é uma corrente elétrica de alta freqüência, que bloqueia os canais de dor, e na

grande maioria dos pacientes leva a um grande alívio da mesma; abusar da consciência

corporal: orientar o paciente a sentir as diversas partes do corpo, procurar perceber as regiões

doloridas ou tensas do corpo, se um lado do corpo é mais pesado ou mais leve que o outro,

tanto em pé, quanto na posição deitada. Deve-se também orientar o posicionamento correto do

membro a fim de evitar contraturas de músculos e tendões e com o intuito de melhorar a

circulação, evitar inchaços, e prevenir a perda da capacidade funcional do membro lesionado

(26).

2.4.4 Fisioterapia na Saúde dos Idosos

Chaimowicz* relata que segundo a OMS, idoso saudável possui independência

física, psicológica, social e espiritual. A manutenção de uma vida saudável é conseqüência da

redução na perda da capacidade.

Segundo Rosa, Benício, Latorre** o bem estar na velhice seria o resultado do

equilíbrio entre as várias dimensões da capacidade funcional do idoso, sem necessariamente

significar ausência de problemas nestas dimensões.

_____________ *Chaimowicz F. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções alternativas (1997) apud (27). * Rosa TEC, Benicio MHD, Latorre MRDO. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos (2003) apud (27).

28

Veras* complementa, como o fisioterapeuta atua em serviços de saúde com o

objetivo de melhorar ou recuperar a capacidade funcional no idoso, sua atividade está

fortemente vinculada à qualidade de vida destes sujeitos. Assim sendo, avaliar as condições

de vida e saúde do idoso permite a implementação de propostas de intervenção, tanto em

programas geriátricos quanto em políticas sociais gerais, no intuito de promover o bem-estar

dos que envelhecem.

A atividade física (AF) regular pode contribuir muito para evitar as incapacidades

associadas ao envelhecimento. Seu enfoque principal deve ser na promoção de saúde, mas em

indivíduos com patologias já instaladas a prática de exercícios orientados pode ser muito

importante para controlar a doença, evitar sua progressão, e/ou reabilitar o paciente (28).

Independente da idade homens e mulheres possuem ganho similar na força

muscular nos treinamentos de resistência, assim como ganho no volume de oxigênio máximo

(VO2máx, capacidade máxima de transportar e utilizar oxigênio no exercício) no treinamento

aeróbico.

Quando o idoso pratica exercício aeróbico as atividades constantes da vida diária

em níveis submáximos requererem menos esforço. A perda da capacidade aeróbica em

adultos sedentários pode ser até 1% por ano. Pessoas de 80 ou 90 anos podem estar

trabalhando no ou acima de seu potencial aeróbico máximo durante as atividades simples da

vida diária. Aperfeiçoando o VO2máx, o treinamento de exercício aeróbico pode aumentar

substancialmente a qualidade de vida, aumentando a resistência e, assim a independência

funcional. O treinamento aeróbico atenua a morbidez, os escores de incapacidade e os custos

com cuidados com a saúde. Melhora resistência cardiovascular, agilidade corporal,

flexibilidade e equilíbrio. O exercício resistido com peso pode melhorar o desempenho físico.

Há requerimento de força até mesmo para tarefas básicas: ergue-se de uma cadeira ou manter-

se em equilíbrio, excedem a capacidade de muitos indivíduos frágeis. Aumento da velocidade

da marcha habitual, e capacidade para subir escadas, e atividade física espontânea. Melhora a

densidade óssea, equilíbrio estático, dinâmico e marcha, reduzindo assim os riscos de quedas

(28).

_____________ * Veras RP. País jovem com cabelos brancos: a saúde do idoso no brasil (1994) apud (27). da marcha habitual, e capacidade para subir escadas, e atividade física espontânea. Melhora a

29

2.4.5 Fisioterapia na Saúde da criança e do adolescente.

Grupo de mães de crianças com problemas neurológicos, prática de cuidados com a

transferência, postura, estímulos e cuidados para o desenvolvimento da criança e orientações a

mãe. Grupo de mães de crianças com infecção respiratória aguda (IRA); estimulação essencial

em crianças com atraso no desenvolvimento neuro-psico-motor em creches, centros

comunitários, treinamento das mães, acompanhamento domiciliar, diagnóstico precoce de

alterações e ou disfunções neuro-fisico-funcionais e encaminhamento para a referência (29).

Atuação nas creches: ergonomia, avaliação postural, orientações posturais,

adaptação de ambientes, educação em saúde, cinesioterapia para desenvolvimento

psicomotor, estímulo a prática de atividade física.Orientações à higiene e saúde em geral, não

só relacionada às ações específicas de fisioterapia são algumas das ações deste profissional na

Atenção Básica (29).

2.4.5 Fisioterapia no atendimento domiciliar

A assistência domiciliar constitui uma atividade básica, que é realizada em

atenção primária à saúde para responder às necessidades de assistência das pessoas, que de

forma temporária ou permanente estão incapacitadas de se deslocar aos serviços de saúde

(30).

Para Felício, Franco, Torquato, Vasconcelos*a atuação fisioterapêutica em

domicílio vai além da atenção direta ao paciente, é também mantido o contato com a família.

A proposta no programa é de educar e capacitar membros da família para os cuidados com o

paciente no domicílio. Em seu estudo, o autor cita que os pacientes que recebiam atendimento

desse profissional na equipe de home-care, na visão do cuidador, apresentavam condições

clínicas mais favoráveis, principalmente em relação à dor e a parestesia, que são alterações

comumente encontradas nos pacientes neurológicos crônicos, decorrentes dos períodos de

imobilização e diminuição das atividades de vida diária.

_____________ *Felício DNL, Franco ALV, Torquato MEA, Vasconcelos AP. Atuação do fisioterapeuta no atendimento domiciliar de pacientes neurológicos: a efetividade sob a visão do cuidador (2005) apud (30)

30

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O seguinte capítulo apresenta como foi desenvolvido a pesquisa, fundamenta seu

planejamento e organização.

3.1 TIPO DA PESQUISA

3.1.1 Tipo da pesquisa quanto ao nível

É uma pesquisa exploratória, têm como objetivo proporcionar maior familiaridade

com o problema, com vista a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer

que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta

de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a

consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado (31).

Esta pesquisa visa descrever o perfil do atendimento fisioterápico na atenção

básica a saúde no município de Imbituba, abrangendo todos os fisioterapeutas, médicos e

dentistas integrantes da ESF e seus gestores por isso, é do tipo quanti-qualitativa, pois se

trabalharou com valores numéricos, e com questões abertas.

3.1.2 Tipo da pesquisa quanto a abordagem

Este trabalho foi desenvolvido e baseado na forma de abordagem quanti-

qualitativa por que está relacionada com aspecto da objetividade passível de ser mensurável, e

em conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados a cerca da situação-problema (31).

3.1.3 Tipo da pesquisa quanto ao procedimento

A pesquisa se realizou através de levantamento de dados por questionário elaborados

para esse fim, de modo observacional, isto é sem intervenção.

31

3.2 POPULAÇÃO/AMOSTRA

A população foi constituída pelos fisioterapeutas, médicos, dentistas e gestores da

ESF do município de Imbituba SC. Totalizando 34 indivíduos. Destes 4 gestores, 3

fisioterapeutas, 17 médicos e 10 dentistas.

Como critérios de Inclusão, foram permitidos somente fisioterapeutas, médicos,

dentistas e gestores devidamente contratados ou concursados e atuantes na Estratégia Saúde

da Família de Imbituba SC, que estejam dispostos a participar da pesquisa.

3.3 INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS

Dois questionários (apêndice A e B) foram utilizados para coleta de dados. Um

foi aplicado aos fisioterapeutas, e o outro aos gestores, médicos e dentistas da atenção básica.

3.4 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE DADOS

O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Sul

de Santa Catarina, CEP/UNISUL, e aprovado sob o protocolo 09.248.4.08. III.

Como procedimento para coleta de dados foi utilizado o Termo de Consentimento

Livre Esclarecido, Declaração de Ciência e Concordância das Instituições Envolvidas,

Consentimento para fotografias, vídeos e gravações (Anexo 3, 4 e 5)

Fez-se contato com a coordenação do ESF do município de Imbituba e os demais

profissionais para dar início com a pesquisa. Foi entregue à Coordenação uma Declaração de

Ciência e Concordância das Instituições Envolvidas (Anexo 4) para estarem cientes do

compromisso envolvido com a pesquisa. Foi entregue o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (anexo 3) Termo de consentimento para fotografias (Anexo 5) para que

todos assinassem e fizessem parte da pesquisa. As assinaturas foram arquivadas em

documento pessoal.

Após essa etapa deu-se início a coleta de dados, na qual primeiramente foram

entregue os questionários, que serão dispostos no local de trabalho de cada profissional, onde

foi possível de realizar fotografias durante os atendimentos fisioterapêuticos.

32

3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os questionários foram analisados através da estatística descritiva, os mesmos

anexados em uma planilha do Microsoft Office Excel 2003 e em documentos do Microsoft

Office Word 2003, com uso de gráficos e planilhas.

.

33

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Neste capítulo é apresentado os resultados e análise dos dados que foram coletados

com o objetivo principal de identificar o perfil do atendimento fisioterapêutico na atenção

básica de saúde no município de Imbituba-SC. Os resultados serão apresentados primeiro com

os dados obtidos através dos questionários aplicados ao fisioterapeutas, e depois os resultados

encontrados com o questionários aplicados com os demais profissionais da saúde.

4.1 FISIOTERAPEUTA

Segue as informações relacionada aos 3 profissionais de fisioterapia que atuam na

rede pública de Imbituba-SC.

4.1.1 Distribuição quanto ao gênero

São ao total três fisioterapeutas, sendo dois do sexo feminino e um do sexo

masculino.

Na tabela 1 encontramos a distribuição dos profissionais quanto ao número e ao

gênero, onde fica claro que a maioria é do sexo feminino sendo em 66,7%, e a minoria do

sexo masculino correspondendo a 33,3%, somando num total de 100%, ou seja três

profissionais.

Tabela 1 – distribuição dos Fisioterapeutas da rede pública de Imbituba-SC quanto ao gênero.

Gênero Número % Masculino 1 33,3 Feminino 2 66,7

Total 3 100

Na pesquisa realizada em Londrina – PR onde foi traçado o perfil do profissional

de fisioterapia da cidade, a distribuição por sexo mostra que a amostra estudada foi composta

predominatemente por profissionais do sexo feminino. Dos 170 profissionais estudados 136

(80%) constituíram-se de indivíduos do sexo feminino e 34 (20%) do sexo masculino (32).

34

Chevan e Chevan* (1998) realizaram um levantamento estatístico dos

fisioterapeutas dos Estados Unidos nos períodos entre 1980 e 1990, e detectaram que a

profissão é composta principalmente por mulheres e jovens.

Messias 1999** Em São Paulo, os resultados mostraram que 80,7% dos

profissionais de fisioterapia eram do sexo feminino, com uma média de idade de 31 anos.

4.1.2 Idade

A distribuição quanto a idade média dos profissionais de fisioterapia é de 27 anos,

sendo a mínima 22 e a máxima 32.

Idade dos Fisioterapeutas

32

27

22

27

20

22

24

26

28

30

32

34

A B C Média

Fisioterapeutas

Idad

e em

an

os

Idade dos Fisioterapeutas

Gráfico 1 – Distribuição dos Fisioterapeutas que atuam na Saúde Pública de Imbituba SC, quanto a Idade.

Em uma pesquisa realizada em Londrina – PR, onde foi traçado o perfil

demográfico dos profissionais de fisioterapia da cidade, teve como média de idade encontrada

foi de 30,5 anos, sendo a menor idade de 22 anos e a maior de 52 anos. Setenta e sete por

cento apresentaram idade variando entre 25 a 40 anos. Menos de 5% apresentaram idade

acima de 45 anos (32).

__________ *Chevan J, Chevan A. A statical profile of physical therapist, 1980 and 1990 (1998) apud (32). ** Messias, IA. O ambiente de trabalho e sintomas de um grupo de fisioterapeutas da cidade de São Paulo (1999) apud (32).

35

4.1.2 Formação acadêmica

Neste item será exposto em número e percentagem de profissionais da fisioterapia

que atuam na rede pública de Imbituba-SC que possuem Pós-Graduação, Especialização,

Mestrado e Doutorado.

Tabela 2 – Distribuição dos Fisioterapeutas da rede pública de Imbituba-SC quanto ao nível de formação acadêmica.

Nível Número % Pós-graduação 3 100 Especialização 1 33,3

Mestrado - - Doutorado - -

Observou-se na tabela 2 que 100% dos Fisioterapeutas possuem pós graduação,

especificamente na área de Terapia Manual, Acupuntura, Traumatologia e Ortopedia e

Dermato-Funcional, porém nenhum na área de Saúde Pública.

De certa forma, nos últimos anos, a educação na área da saúde nunca foi tão

enfatizada, sendo que não se trata de formar pessoal apenas competentes tecnicamente, mas

profissionais que tenham vivido e refletido sobre o acesso universal, a qualidade e a

humanização na atenção à saúde, com controle social (1).

Tanaka* e Martins** relatam que nas ultimas três décadas, vários programas de

pós-Graduação em Saúde Coletiva foram criados em nosso país. O perfil da demanda e dos

egressos, antes concentrados na categoria médica, vem sendo ocupado por outros profissões.

Entre as quais a fisioterapia (33)

4.1.3 Quanto ao tempo de graduação

Este item mostra quanto tempo os fisioterapeutas têm de formação acadêmica.

__________ *Tanaka AC. Perfil da demanda aos cursos de pós-graduação, de 1996, na área de Saúde Coletiva 1997 apud (33) **Martins CL. Desvelando a identidade da pós-graduação em saúde pública[tese] 1999 apud (33)

36

Tabela 3 – Distribuição de fisioterapeutas da rede pública de Imbituba-SC quanto ao tempo de graduação em fisioterapia.

Fisioterapeuta Tempo de Graduação A 96 meses B 36 meses C 10 meses

A tabela 3 demonstra em anos, quanto tempo que o profissional recebeu sua

titulação como fisioterapeuta, sendo no máximo 8 anos e no mínimo 10 meses.

A formação dos “cuidadores” da saúde sempre foi uma preocupação marcante dos

grupos humanos. Desde a época em que a saúde era associada à magia, nas tribos primitivas,

os candidatos a “pajés” eram criteriosamente selecionados e “treinados tutorialmente” (1).

Num estudo realizado em Londrina – PR foi observado que 100 fisioterapeutas

(58,9%) atuam a menos de 9 anos, destes 34 indivíduos (20%) exercem a profissão a menos

de 3 anos, apenas 12 fisioterapeutas (7,1%) atuam a mais de 18 anos, e com relação ao tempo

de atuação profissional, observa-se que 60% dos fisioterapeutas na cidade de Londrina-PR

atuam a menos de 9 anos, fato este que pode ser justificado em decorrência da profissão, no

Brasil, ser relativamente nova e também pelos profissionais serem muito jovens (32).

4.1.4 Quanto ao tempo de atuação no SUS

Abaixo demonstra o tempo que os profissionais de fisioterapia atuam no serviço

público de Imbituba – SC.

Tabela 4 – Distribuição dos fisioterapeutas da rede publica de Imbituba-SC quanto ao tempo em meses, de atuação no SUS.

Fisioterapeuta Tempo de Graduação A 36 meses B 12 meses C 4 meses

O tempo que esses profissionais atuam no SUS de Imbituba SC é de no mínimo 4

meses e no máximo 3 anos.

Os profissionais de fisioterapia contratado ou concursados pela prefeitura de

Imbituba-SC para atuarem pelo SUS, tem em média de tempo de atuação 17,3 meses.

Não foi encontrado literatura que justificasse ou completasse essa variável.

37

4.1.5 Distribuição quanto o tempo de graduação e tempo de atuação no SUS.

Abaixo a tabela demonstra a comparação entre o tempo de graduação e o tempo de

atuação em meses de cada profissional de fisioterapia atuantes na rede pública de Imbituba

SC.

Distribuição quanto ao tempo de graduação e tempo de atuação no SUS

96

36

10

36

124

0

20

40

60

80

100

120

A B C

Fisioterapeutas

Mes

es Graduação

Atuação no SUS

Gráfico 2 – Distribuição quanto ao tempo de graduação e tempo de atuação no SUS de Imbituba SC, dos profissionais de fisioterapia.

O fisioterapeuta A, foi o primeiro a atuar na rede pública de Imbituba – SC, já o

fisioterapeuta C foi o ultimo a ser contratado. Esse gráfico demonstra que ao passar dos anos

foram inseridos Fisioterapeutas com menos experiência profissional.

4.1.6 Quanto a forma de vínculo empregatício

Na tabela abaixo segue as informações como é a distribuição dos fisioterapeutas da

rede pública de Imbituba-SC em relação ao vínculo empregatício.

Tabela 5 – Distribuição dos fisioterapeutas da rede publica de Imbituba-SC em relação ao vínculo empregatício

Dois profissionais estão atuando como profissionais da saúde pública de Imbituba

SC através de concurso público, e um através de contrato.

fisioterapeutas Contrato Concurso A x B x C x

38

4.1.7 Recursos e condutas fisioterapêuticas realizadas com mais freqüência.

Este item demonstra quais são os recursos mais utilizados durante os atendimentos

fisioterapêuticos, respondido pelos próprios profissionais A, B e C respectivamente:

“Cinesioterapia, não dispomos de aparelhos de eletrotermoterapia”.

“terapia Manual”.

“Cinesioterapia motora, treino de função, fortalecimento muscular, treino de

marcha, equilíbrio, alongamentos.”

Em um estudo realizado no Estado do Rio Grande do Norte onde foi apresentado

as ações fisioterapeuticas desenvolvidas no SUS, há somente registros de atendimentos

voltados para a reabilitação, não sendo observado, no primeiro semestre do referido ano,

qualquer intervenção fisioterapêutica de forma educativa e/ou preventiva (34)

Segundo Sampaio* O profissional de fisioterapia vem desenvolvendo suas ações

voltadas para a tenção curativa e reabilitadora, com um papel de pouco destaque na atenção

primária, e Rebelatto** complementa, porém, tem como dever a promoção da saúde da

população.

Figura 1 – Atendimento fisioterapêutico através da saúde pública aplicado a gerontologia domiciliar, em Imbitba-SC.

______________ * SampaioRF. Promoção de saúde, prevenção de doenças e incapacidade: a experiência da fisioterapia/UFMG em uma unidade básica de Saúde 2002 apud (34) ** Rebelatto JR. Fisioterapia cotidiana: ações profissionais e decorrências para a população 1998 apud (34)

39

Figura 2 – Atendimento fisioterapêutico através da saúde pública, aplicado a Traumatismo Raquimedular (TRM) domiciliar, em Imbituba SC

4.1.8 Principais patologias que recebem atendimento fisioterapêutico.

Segue as respostas sobre as principais patologias atendidas pelos fisioterapeutas

A, B e C respectivamente:

“Acidente Vascular encefálico (AVE), Traumatismo Raquimedular (TRM),

Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), Paralisia Cerebral (PC) e Fraturas”

“Acidente Vascular Cerebral (AVC), TCE, TRM”

“AVE, ALZHEIMER”

Foi possível perceber a existência de um foco de atuações da fisioterapia no SUS,

voltada para a prática fundamentada no modelo biomédico. Não se observam registros de

ações voltadas para a educação, prevenção e promoção da saúde (34).

É possível observar que há um destaque para as intervenções voltadas para o

tratamento das doenças de origem reumática e coluna vertebral, seguido de sessões de

fisioterapia para recuperação funcional pós-cirurgica/ pós-imobilização (34)

40

Figura 3 – Ressonância Magnética de um dos pacientes atendido pela fisioterapia na Saúde Pública de Imbituba-SC.

Figura 4 – Paciente pediatrico comTraumatismo Cranio Encefálico (TCE) e Traumatismo Raquimedular (TRM), atendido pela fisioterapia da Rede Pública de Saúde de Imbituba - SC

41

4.1.9 Pacientes que estão em atendimento fisioterapêutico

“Cerca de 6 pacientes/dia”, isto para cada fisioterapeuta, os atendimentos são

realizados duas vezes por semana, “no domicilio do paciente”, durante aproximadamente 30

minutos duas vezes por semana (média de 18 pacientes por semana), num total aproximado 54

pacientes estão sendo atendidos pelos 3 fisioterapeutas.

Segundo o IBGE o município de Imbituba-SC tem 36.231 habitantes, dados que

foram obtidos em 2006 (35).

4.1.10 Pacientes na fila de espera.

Os fisioterapeutas foram unânimes em responder que não há pacientes em fila de

espera para atendimento domiciliar.

O número de pessoas que necessitam do fisioterapeuta está aumentando

rapidamente e somente uma minoria têm recebido serviços de reabilitação apropriados. A

provisão dos serviços de fisioterapia é insuficiente para as necessidades da maioria dos países

e novos modelos de oferta de serviços precisam ser desenvolvidos para alcançar as

necessidades de uma proporção mais elevada da demanda. A maioria dos países em

desenvolvimento apresenta número insuficiente de profissionais para atuar em nível local

(33).

De acordo com WCPT* a razão fisioterapeuta/população nos países desenvolvidos

é de 1:1400 comparada com uma estimativa de 1:550 mil habitantes nos países em

desenvolvimento.

4.1.11 Principais dificuldades no atendimento fisioterapêutico.

Abaixo segue as respostas dos fisioterapeutas A, B e C respectivamente, quanto as

principais dificuldades encontradas durantre os atendimentos de fisioterapia na rede pública

de Imbituba – SC.

______________ *World Confederation For Phisycal Therapy. Primary Health Care and Community Based Rehabilitation: Implications for physical therapy base don a survey of WCPT’s Member Organisations and a literature review. 2003 apud (33).

42

“A falta de equipamentos fisioterapêuticos para proporcionar um atendimento mais

completo.”

“falta de posto de trabalho e material para tratamento.”

“ Falta de equipamento, estradas onde os pacientes residem.”

Numa pesquisa realizada no município de Sobral – CE, onde foi descrito a

atuação dos fisioterapeutas no Programa Saúde da Família, algumas dificuldades estavam

presentes, e as mais referidas são: número insuficientes de profissionais, dificuldades

estruturais e materiais e desconhecimento da população e outros profissionais e gestores

quanto às funções desenvolvidas pelo fisioterapeuta (36).

4.2 DEMAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Segue a caracterização dos profissionais que aceitaram participar da pesquisa

no total de 12, e qual a opinião destes sobre atuação da fisioterapia no SUS.

4.2.1 Dentistas

O número total de dentistas que atuam na Saúde Pública de Imbituba SC é 10,

porém os que aceitaram participar da pesquisa foram 6, com exceção de 1 profissional que

não foi possível entrar em contato pois estava de férias, sendo 5 do sexo feminino e 1 do

masculino. Com média de idade de 34 anos. Apenas 2 profissionais atuam somente na Saúde

Pública de Imbituba-SC, e 4 atuam também em consultório particular.

4.2.2 Gestores

Apenas 2 gestores de um total de 4, aceitaram participar da pesquisa. Sendo

estes um do sexo masculino e um do sexo feminino, com 51 e 32 anos respectivamente.

4.2.3 Médicos

Somente 4 médicos aceitaram participar da pesquisa, de uma amostra de 17. Sendo

3 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. Com média de idade de 51 anos. Todos exercem

sua profissão pela Saúde Pública e por atendimento particular.

43

Distribuição quanto o Gênero.

75

12

0

2

4

6

8

10

12

14

Feminino Masculino Total

Gênero

mer

o d

e P

rofi

ssio

nai

s

Dentistas, Gestores e Médicos.

Gráfico 3 – Distribuição dos dentistas, gestores e médicos quanto ao gênero.

4.3 QUANTO A DEFINIÇÃO

Segue a distribuição quanto a opinião dos demais profissionais da saúde (dentistas,

gestores e médicos, 12 indivíduos), sobre a definição da fisioterapia na opinião destes. Sendo

que somente 3 citaram que a fisioterapia atua nos três níveis de atenção, 7 associaram a

fisioterapia à reabilitação, e 2 não responderam.

O COFFITO* diz que, a fisioterapia é uma ciência da área da saúde que estuda,

previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes de órgãos e sistemas do corpo

humano. O surgimento desta como profissão ocorreu com enfoque totalmente reabilitador,

porém acompanha grandes avanços do conhecimento. Assim, atualmente, atua em todo o

ciclo de vida humana, por meio de promoção à saúde, prevenção de doenças e reabilitação,

buscando uma abordagem integral, humana e que venha ao encontro do conceito ampliado de

saúde.

_____________ *COFFITO Definição de fisioterapia [online] 2005 apud (5)

44

Dentistas, Gestores e Médicos

25,00%

58,30%

16,70%

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

3 níveis Reabilitação NãoResponderam

Dentistas, Gestores eMédicos

Gráfico 4 – Distribuição dos dentistas, gestores e médicos quanto a definição de fisioterapia.

Segundo Rebelatto e Silvio* como membro da saúde, o fisioterapeuta atua em

diferentes níveis, tais como: prevenção, promoção, terapêutica e reabilitação. Porém, a

fisioterapia desde a sua criação, mantém-se com olhar mais voltado para a prestação de

serviços de reestruturação de habilidades físicas outrora perdidas, após desordem, trauma ou

doenças .

Em um estudo realizado com pessoas que vivem no Sul da Flórida, investigou o

conhecimento do público de acesso direto e o papel do fisioterapeuta, e se o publico considera

utilizar um fisioterapeuta para atendimento primário, teve como conclusão que o público mal

compreende o acesso direto e o papel do fisioterapeuta, e que poderiam utilizar a fisioterapia

como cuidado primário se eles tivessem conhecimento dessa opção (37)

4.3.1 Fisioterapia nos três níveis de atenção.

Segue as respostas dos demais profissionais da saúde pública de Imbituba - SC

(gestores, médicos e dentistas), que relataram a fisioterapia como sendo uma profissão que

atua nos três níveis de atenção a saúde.

______________

* Rebelatto JR, Silvio PB. Fisioterapia no Brasil: Fundamentos para uma ação preventiva e perspectivas profissionais 1999 apud (34).

45

“A função do fisioterapeuta é prevenir, diagnosticar e tratar disfunções do

organismo causadas por acidentes, malformações genéticas, problemas de postura de

distúrbios neurológicos, cardíacos ou respiratórios”.

“ Fisioterapia é uma ciência para-médica que atua na parte recuperadora e

preventiva dos pacientes”.

“ Estudo os processos biomecânicos do corpo humano prevenindo e recuperando

lesões”.

4.3.2 Fisioterapia na reabilitação

Segue as respostas dos demais profissionais da saúde pública de Imbituba - SC

(gestores, médicos e dentistas), que relataram a fisioterapia como sendo uma profissão que

atua principalmente no nível terciário de atenção a saúde.

“ É a especialidade que trata disfunções musculares, e articulares”

“Bem estar físico e mental, adaptar o paciente, dar conforto e várias condições

físicas, reabilitação total do paciente em conjunto com outras áreas: medicina, odontologia,

psicologia”.

“É uma terapia realizada através de exercícios físicos e aparelhos. Visa a

recuperação de pacientes com doenças crônicas ou acidentados”.

“Fisioterapia para mim são atividades para regeneração muscular para o bom

funcionamento do corpo”.

“Cuidar das alterações provocadas por patologias ou traumas, reestabelecendo o

funcionamento do órgão afetado, minimizando as conseqüências decorrentes dos mesmos”.

“Tratamento por meios físicos; dificuldade para movimentação dos membros;

AVC; pós-operatorio”.

Especialidade que usa de meios físicos para tratar patologias físicas diversas

(seqüelas de AVC, fratura, entorses, doenças degenerativas neuro-osteo-musculares”.

46

4.4 QUANTO A ATUAÇÃO

Segue a opinião dos profissionais (gestores, dentistas e médicos) sobre quais

patologias ou situações fisiológicas deveriam ser encaminhado para fisioterapia, todas as

respostas foram associadas com o nível terciário de atenção, com exceção de um participante

que mencionou sobre a prevenção, segue abaixo as informações.

“ Na minha área – pacientes que extraíram o ciso, há realização dos exercícios

pós operatórios para ATM. Paciente que sofreu algum tipo de lesão, trauma, são indicados

para fisioterapia”.

“AVC, traumas e outras ocorrências de natureza patológica”.

“ Na área odontológica seria trismo muscular*”

“distúrbios na Articulação Temporo-mandibular (ATM), Lesão por Esforço

Repetido (LER), exercícios de respiração e postura, na área de odontologia”

“DORT-diversas, Adaptação de próteses-diversas, prevenção de Trombo-

Embolismo-Pulmonar (TEP) -intervenção hospitalares, Fisioterapia pulmonar –Doença

Obstrutiva Pulmonar Crônica (DPOC), Pós-operatório – ortopédica, Câncer de mama e

outras, reabilitação cardíaca, correção postural, fisioterapia analgésica e para recuperação do

movimento após trauma local”.

A delimitação da atuação da Fisioterapia à reabilitação, redundou em uma

limitação também quanto ao local de atuação dos profissionais, sendo enquadrada como

especialidade, a fisioterapia fica localizada, em termos de hierarquia na organização do

sistema de saúde, em serviços de atenção secundária e terciária, ou de média e alta

complexidade. Essa lógica de distribuição, durante muito tempo, excluiu da rede básica os

serviços de fisioterapia, e que tem acarretado uma grande dificuldade de acesso da população

a esses serviços (15).

Rebelatto e Silvio* afirmam que os problemas com o movimento têm seus

determinantes biológicos, sem dúvida. Entretanto, estes têm também seus determinantes

sociais e ambientais. Os lesados e deficientes não o são somente por sua biologia ou por sua

infelicidade.

______________

* Trismo muscular é a abertura limitada da boca devido a uma inflamação (edema, espasmos musculares tônicos) * Rebelatto JR, Silvio PB. Fisioterapia no Brasil: Fundamentos para uma ação preventiva e perspectivas profissionais 1999 apud (34).

47

4.5 SOBRE A ATENÇÃO BÁSICA

Quantos aos itens descritos no questionário sobre projetos de prevenção a saúde

que poderiam ser realizados na atenção básica: Grupo gestantes, para prevenir compensações

exageradas cuidando do corpo da gestante e consequentemente do feto; Educação de idosos e

de seus cuidadores sobre questões de postura e comportamento até mesmo na estrutura da sua

residência, para prevenir quedas evitando acidentes; Grupos de educação postural para

crianças que estão idade escolar e existem grandes chances de desenvolverem desvios nas

curvaturas normais da coluna; Intervenção nos colegas de trabalho com ginástica laboral afim

de prevenir lesões devido ao esforço repetitivo evitando então afastamentos desnecessários,

aumentando a saúde do colaborador e evitando prejuízos.

O campo da Prevenção já é julgado o novo paradigma social. Cada vez mais, o

setor da saúde percebe que atuar nas conseqüências do adoecimento é pouco efetivo, tardio e

excessivamente caro. Na área da saúde, o termo prevenção, tem a conotação de atuação ou

ação na forma de prevenir o adoecimento, visando geralmente reduzir seus fatores de risco na

vida individual e coletiva. O importante é que se tome consciência de que a população pode e

deve aprender a viver melhor, produtivamente e gozando de boa saúde desde a infância até as

idades mais avançadas. Mais uma vez lembramos: se não tivermos tempo para cuidar de nossa

qualidade de vida, teremos, no futuro, que encontrar tempo para cuidar de nossas doenças

(38).

4.5.1 Quanto a existência desses projetos

Dois participantes da pesquisa relataram a existência de projeto de caminhada, e

projeto de educação de idosos. Outro participante relatou que esses projetos estão em

processo de implantação.

48

Projetos de Saúde em atuação, segundo os profissionais de Saúde abaixo citados.

16,70% 16,70%

0% 0% 0%0,00%2,00%4,00%6,00%8,00%

10,00%12,00%14,00%16,00%18,00%

Caminha

da

Idos

os

Gesta

ntes

Ed. P

ostu

ral

G. Lab

oral

Dentistas, Gestores,Médicos

Gráfico 5 - Projetos de Saúde existentes no município de Imbituba SC, segundo os profissionais que atuam na saúde pública: Dentistas, Gestores, Médicos.

4.5.2 Quanto os profissionais indicados para atuarem nesses projetos.

Sete dos participantes da pesquisa indicaram o profissional da fisioterapia, destes,

6 associaram a outros profissionais e 1 indicou somente o fisioterapeuta, e apenas dois

indicaram outros profissionais como Geriatra, Obstreta, e profissional da Educação Física, 3

não responderam.

Distribuição quanto o profissional que deveria atuar nos projetos de Saúde indicados no questionário, segundo os

dentistas, gestores, médicos.

8,30%

50%

16,70% 25%

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%

Fis

iote

rape

uta

F.

com

out

ros

prof

issi

onai

s

Out

ros

Pro

fissi

onai

s

Não

Res

pond

eram

Dentistas, Gestores,Médicos

Gráfico 6 – Distribuição quanto qual seria o profissional indicado a atuar nos projetos de saúde indicados no questionário aplicado aos dentistas, gestores e médicos.

49

5 CONCLUSÃO

O município de Imbituba-SC tem na sua rede pública 3 profissionais de

fisioterapia, estes tem 9 meses, 3 anos e 8 anos de formação, de atuação no SUS é de 4

meses, 1 ano e 3 anos respectivamente. Quanto ao vínculo empregatício é de processo

seletivo, concurso público e contrato.

As atividades realizadas pelos Fisioterapeutas na Atenção Básica não são

existentes, apenas atuam na atenção terciária que seria atendimento domiciliar usando de

Cinesioterapia e Terapia Manual, as principais patologias atendidas são Acidente Vascular

Encefálico, Traumatismo Crânio Encefálico, Traumatismo Raquimedular, Fraturas e Paralisia

Cerebral.

São atendidos aproximadamente seis pacientes diários, com freqüência de duas

vezes por semana, aproximadamente 18 pacientes por semana, num total de 54 pacientes, ou

seja 0,14% da população. Não há pacientes na lista de espera.

A opinião dos dentistas, médicos e gestores mostraram que 58,30% dos indivíduos

que aceitaram participar da pesquisa, acreditam que a fisioterapia atua apenas na reabilitação,

isto é no nível terciário de atenção, enquanto que apenas 25% apontaram a fisioterapia como

uma profissão que atua nos 3 níveis de atenção, e 16,70% não opinaram.

As principais dificuldades encontradas pelos fisioterapeutas foram a falta de

ambiente de trabalho, e material para auxiliar nos tratamentos.

Conclui-se que o número de profissionais e de atendimentos fisioterapêuticos é

reduzido frente ao número de habitantes do município de Imbituba-SC, pois percebe-se que os

atendimentos fisioterapêuticos acontecem somente em pacientes graves e na maioria

neurológicos, os pacientes com patologias ortopédicas menos complexas que podem deslocar-

se são encaminhados a clínicas particulares que atendem também através do SUS. E que as

atividades de atenção básica exercidas por fisioterapia são inexistentes até o momento.

Os demais profissionais como dentistas, gestores e médicos em sua maioria, não

reconhecem a profissão do fisioterapeuta desvinculada com atenção terciária.

Esses resultados mostram quão é necessário mudar o estereótipo que a fisioterapia

tem, de ser uma profissão que atua somente em nível de atenção terciária, outro fator

importante é a necessidade de implantação de mais profissionais de fisioterapia para poder

atuar em todas as áreas favorecendo toda a população e não ficar restrito atendendo somente

50

aos pacientes com patologias mais severas, que na falta de mais profissionais são prioridades

frente a outras patologias menos complexas ou projetos preventivos.

Propõem-se que seja realizado uma nova pesquisa onde fosse implantado um

programa de prevenção elaborado e supervisionado com as competências fisioterapêuticas,

com um grupo controle, após um tempo de aplicação do programa. Estima-se que o resultado

será positivo aos que participarem do programa de Atenção Primária, validando atuação da

fisioterapia nos três níveis de atenção.

51

REFERÊNCIAS

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10 Ribeiro KSQS. A atuação da fisioterapia na atenção primária à saúde – reflexões a partir de uma experiência universitária. Fisioter. Brás 2002;5:311-318

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52

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53

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54

38 Steinhilber J. Fórum Nacional de Prevenção Integrada da Área de Saúde.[periódico na internet][acesso em:out./09] disponível em: http://www.confef.org.br/revistasWeb/n17/11_FORUM_NACIONAL_DE_PREVENCAO.pdf

55

APÊNDICES

56

APÊNDICE

APENDICE A – Questionário aplicado aos Dentistas, Gestores e Médicos da Estratégia da

Saúde Família*

1.Idade:

2.Sexo:

3.Profissão:

4.Áreas e locais de atuação profissional atualmente:

5. Na sua opnião, o que é a fisioterapia, quais suas competências?

6. Quais patologias ou situação fisiológica você supõem que poderia ser indicado a fisioterapia? 7. Existem algum desses projetos preventivos na sua área de trabalho, se não houver esses cite os existentes?

o Projeto de caminhada, como prevenção das doenças cardiovasculares o Grupo gestantes, para prevenir compensações exageradas cuidando do corpo da

gestante e consequentemente do feto. o Educação de idosos e de seus cuidadores sobre questões de postura e comportamento

até mesmo na estrutura da sua residência, para prevenir quedas evitando acidentes. o Grupos de educação postural para crianças que estão idade escolar e existem grandes

chances de desenvolverem desvios nas curvaturas normais da coluna.

o Intervenção nos colegas de trabalho com ginástica laboral afim de prevenir lesões devido ao esforço repetitivo evitando então afastamentos desnecessários, aumentando a saúde do colaborador e evitando prejuízos.

4. Quais seriam os profissionais indicados para atuarem nesses projetos citados acima?

57

APÊNDICE

APENDICE B – Questionário aplicado aos fisioterapeutas da Estratégia da Saúde Família

1.Idade:

2.Sexo:

3.Quantos anos de Profissão:

4. Quantos anos trabalha no serviço público?

5. É concursado ou contratado?

5.Áreas e locais de atuação profissional atualmente:

6. Quantos pacientes você atende diariamente, onde são feitos esses atendimentos?

7. Há pessoas esperando por atendimento, ou seja uma lista de espera?

8. Se houver quantas pessoas estão nessa lista?

9. Qual é a duração dos atendimento, e como costuma ser a freqüência destes?

10. Quais os principais recursos que você utiliza durante os atendimentos?

11. Quais as patologias ou situações fisiológicas que tem maior índice de atendimento?

12. Você faz parte, ou coordena alguma medida de promoção ou prevenção a saúde? Qual?

13. Quais as maiores dificuldades encontradas na sua rotina de trabalho?

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 - LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990

Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.

Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.

TÍTULO II

DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde - SUS.

§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde.

§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde - SUS, em caráter complementar.

CAPÍTULO I

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Dos Objetivos e Atribuições

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde - SUS:

I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;

II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde - SUS:

I - a execução de ações:

a) de vigilância sanitária;

b) de vigilância epidemiológica;

c) de saúde do trabalhador; e

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;

XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.

§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:

I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e

II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.

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§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;

II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde - SUS, em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde - SUS, da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.

CAPÍTULO II

Dos Princípios e Diretrizes

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde - SUS, são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;

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V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.

CAPÍTULO III

Da Organização, da Direção e da Gestão

Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde - SUS, seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente.

Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde - SUS é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.

Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.

§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.

§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde - SUS, poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.

Art. 11. (VETADO).

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Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil.

Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes atividades:

I - alimentação e nutrição;

II - saneamento e meio ambiente;

III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;

IV - recursos humanos;

V - ciência e tecnologia; e

VI - saúde do trabalhador.

Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior.

Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde - SUS, na esfera correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.

CAPÍTULO IV

Da Competência e das Atribuições

Seção I

Das Atribuições Comuns

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:

I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde;

II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde;

III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições ambientais;

IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;

V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde;

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VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;

VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente;

VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;

IX - participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;

X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde - SUS, de conformidade com o plano de saúde;

XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;

XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;

XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização;

XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;

XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde;

XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;

XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;

XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;

XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;

XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial.

Seção II

Da Competência

Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde - SUS compete:

I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;

II - participar na formulação e na implementação das políticas:

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a) de controle das agressões ao meio ambiente;

b) de saneamento básico; e

c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;

III - definir e coordenar os sistemas:

a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;

b) de rede de laboratórios de saúde pública;

c) de vigilância epidemiológica; e

d) vigilância sanitária;

IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;

V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;

VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;

VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;

VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano;

IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde;

X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;

XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde;

XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde;

XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional;

XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde - SUS e os serviços privados contratados de assistência à saúde;

XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal;

XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;

XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;

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XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal;

XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal.

Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde - SUS ou que representem risco de disseminação nacional.

Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde - SUS compete:

I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde;

II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde - SUS;

III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde;

IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) de vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição; e

d) de saúde do trabalhador;

V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;

VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico;

VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho;

VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;

IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadual e regional;

X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa;

XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde;

XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo humano;

XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;

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XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada.

Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde - SUS compete:

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde;

II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde - SUS, em articulação com sua direção estadual;

III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;

IV - executar serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) de vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição;

d) de saneamento básico; e

e) de saúde do trabalhador;

V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde;

VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las;

VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;

VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;

X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;

XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;

XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação.

Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.

TÍTULO III

DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

CAPÍTULO I

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Do Funcionamento

Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recuperação da saúde.

Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde - SUS quanto às condições para seu funcionamento.

Art. 23. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros na assistência à saúde, salvo através de doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos.

§ 1° Em qualquer caso é obrigatória a autorização do órgão de direção nacional do Sistema Único de Saúde - SUS, submetendo-se a seu controle as atividades que forem desenvolvidas e os instrumentos que forem firmados.

§ 2° Excetuam-se do disposto neste artigo os serviços de saúde mantidos, em finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social.

CAPÍTULO II

Da Participação Complementar

Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde - SUS poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.

Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público.

Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde - SUS, aprovados no Conselho Nacional de Saúde.

§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacional do Sistema Único de Saúde - SUS deverá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados.

§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS, mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.

§ 3° (VETADO).

§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde - SUS.

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TÍTULO IV

DOS RECURSOS HUMANOS

Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:

I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal;

II - (VETADO)

III - (VETADO)

IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde - SUS.

Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde - SUS constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional.

Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, só poderão ser exercidas em regime de tempo integral.

§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde - SUS.

§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.

Art. 29. (VETADO).

Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das entidades profissionais correspondentes.

TÍTULO V

DO FINANCIAMENTO

CAPÍTULO I

Dos Recursos

Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde - SUS de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:

I - (VETADO)

II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde;

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III - ajuda, contribuições, doações e donativos;

IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;

V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS; e

VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.

§ 1° Ao Sistema Único de Saúde - SUS caberá metade da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.

§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS serão creditadas diretamente em contas especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.

§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde - SUS, serão financiadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro da Habitação - SFH.

§ 4º (VETADO).

§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Sistema Único de Saúde - SUS, pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem externa e receita própria das instituições executoras.

§ 6º (VETADO).

CAPÍTULO II

Da Gestão Financeira

Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde - SUS serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde.

§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União, além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional de Saúde.

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO).

§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a conformidade à programação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.

Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da receita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao Fundo Nacional de Saúde - FNS, observado o critério do parágrafo único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

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Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.

Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos:

I - perfil demográfico da região;

II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;

III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;

IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;

V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;

VI - previsão do plano qüinqüenal de investimentos da rede;

VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo.

§ 1º Metade dos recursos destinados a Estados e Municípios será distribuída segundo o quociente de sua divisão pelo número de habitantes, independentemente de qualquer procedimento prévio.

§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório processo de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei serão ponderados por outros indicadores de crescimento populacional, em especial o número de eleitores registrados.

§ 3º (VETADO).

§ 4º (VETADO).

§ 5º (VETADO).

§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas na gestão dos recursos transferidos.

CAPÍTULO III

Do Planejamento e do Orçamento

Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde - SUS será ascendente, do nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União.

§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde - SUS, e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamentária.

§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.

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Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos serviços em cada jurisdição administrativa.

Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade lucrativa.

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 39. (VETADO).

§ 1º (VETADO).

§ 2º (VETADO).

§ 3º (VETADO).

§ 4º (VETADO).

§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do INAMPS para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde - SUS será feita de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.

§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, mediante simples termo de recebimento.

§ 7º (VETADO).

§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir a gerência informatizada das contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitalares.

Art. 40. (VETADO).

Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde - SUS, permanecerão como referencial de prestação de serviços, formação de recursos humanos e para transferência de tecnologia.

Art. 42. (VETADO).

Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades privadas.

Art. 44. (VETADO).

Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde - SUS, mediante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que estejam vinculados.

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§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente do Sistema Único de Saúde - SUS, conforme seu âmbito de atuação, bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.

§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema Único de Saúde - SUS, conforme se dispuser em convênio que, para esse fim, for firmado.

Art. 46. o Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecerá mecanismos de incentivos à participação do setor privado no investimento em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.

Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde - SUS, organizará, no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saúde, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de prestação de serviços.

Art. 48. (VETADO).

Art. 49. (VETADO).

Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

Art. 51. (VETADO).

Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de Saúde - SUS em finalidades diversas das previstas nesta lei.

Art. 53. (VETADO).

Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições em contrário.

Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR

Alceni Guerra

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ANEXO 2 - LEI N° 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990

Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS} e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:

Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.

§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde - CONASS e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde - CONASEMS terão representação no Conselho Nacional de Saúde.

§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.

§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.

Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde - FNS serão alocados como:

I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e indireta;

II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional;

III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério da Saúde;

IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.

Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.

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Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados de forma regular e automática para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.

§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do mesmo artigo.

§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante aos Estados.

§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.

Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com:

I - Fundo de Saúde;

II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;

III - plano de saúde;

IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;

V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;

VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários - PCCS, previsto o prazo de dois anos para sua implantação.

Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam administrados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.

Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta lei.

Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e 102° da República.

FERNANDO COLLOR

Alceni Guerra

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ANEXO 3

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: O perfil do atendimento fisioterapêutico na atenção básica de saúde no município de Imbituba - SC.

Gostaria de obter todas as informações sobre este estudo:

a- tempo que terei de ficar disponível;

b- quantas sessões serão necessárias (com dia e horário previamente marcados);

c- detalhes sobre todos os procedimentos (testes, tratamentos, exercícios, etc.);

d- local onde será realizado;

e- equipamentos ou instrumentos que serão utilizados;

f- se preciso vestir alguma roupa ou sapato apropriado; e quaisquer outras informações sobre o procedimento do estudo a ser realizado em mim.

a- O estudo será desenvolvido a partir do mês de Julho de 2009 à novembro de 2009. b- Aproximadamente 50 minutos, no dia e horário disponível de cada profissional a ser entrevistado. c- Aos fisioterapeutas, médicos e gestores entregue uma questionário a fim de obter informações sobre o sua rotina de trabalho, patologias, e opinião sobre a fisioterapia na Atenção Básica. d- Será realizado no próprio local de trabalho dos participantes da pesquisa e-

• Termo de Consentimento Livre Esclarecido; • Câmera fotográfica (Olympus – D-395); • Questionário

f- Não há necessidade.

Quais as medidas a serem obtidas?

• Perfil qualitativo e quantitativo dos atendimentos fisioterápicos na atenção básica de Imbituba, em relação as principais patologias atendidas, o recursos mais utilizados, lista de espera de pacientes, e as principais dificuldades encontradas nos atendimentos.

• Quantos profissionais da saúde atuam na atenção básica, se participam ou coordenam programas de prevenção, e qual a visão destes sobre a inserção do fisioterapeuta no programa

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saúde da família,

Quais os riscos e desconfortos que podem ocorrer?

Não há risco ou desconforto.

Quais os meus benefícios e vantagens em fazer parte deste estudo?

Completará uma pesquisa tornando-a mais verídica facilitando assim a conclusão dos resultados, que poderá incentivar um avanço e melhora da saúde da população, aumentando a qualidade do seu serviço.

Quais as pessoas que estarão me acompanhando durante os procedimentos práticos deste estudo?

Pesquisadores.

Existe algum questionário que preciso preencher? Sou obrigado a responder a todas as perguntas?

Há um protocolo a ser preenchido, mas a pessoa encontra-se livre de querer responder ou não.

PESSOA PARA CONTATO: Fabiana Durante Medeiros Rúbia Adélia de Pontes

NÚMERO DO TELEFONE: Fabiana Durante Medeiros: (048) 99065383 (048) 3621 3193 ENDEREÇO: Av. José Acácio Moreira, 787, Tubarão – SC. CEP: 88704-900. Rúbia Adélia de Pontes: (48) 33560231 (48) 84614477 ENDEREÇO: Rua Ernani Cotrin, 243, sala 103, Centro. Imbituba – SC. CEP: 8878-000.

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TERMO DE CONSENTIMENTO

Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e que recebi, de forma clara e objetiva, todas as explicações pertinentes ao projeto e que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim.

Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento.

Nome por extenso : _______________________________________________

RG : _______________________________________________

Local e Data: _______________________________________________

Assinatura: _______________________________________________

Adaptado de: (1) South Sheffield Ethics Committee, Sheffield Health Authority, UK; (2) Comitê de Ética em pesquisa - CEFID - Udesc, Florianópolis, BR.

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ANEXO 4

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA Av. José Acácio Moreira, 787 - Bairro Dehon - Cx Postal 370

88704-900 - Tubarão - SC Fone: (48) 621-3000

DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

Local e data: Tubarão, 17 de junho de 2009

Com o objetivo de atender às exigências para a obtenção de parecer da Comissão de Ética em Pesquisa - CEP-UNISUL, os representantes legais das instituições envolvidas no projeto de pesquisa intitulado " O perfil do Atendimento Fisioterapêutico na Atenção Básica de Saúde no Município de Imbituba SC." declaram estarem cientes e de acordo com seu desenvolvimento nos termos propostos, lembrando aos pesquisadores que no desenvolvimento do referido projeto de pesquisa, serão cumpridos os termos da resolução 196/96 e 251/97 do Conselho Nacional de Saúde.

_____________________________________________ Ass. Pesquisador responsável (UNISUL)

_____________________________________________ Ass. do responsável pela Instituição (UNISUL)

(Coordenador de curso)

_____________________________________________________ Ass. do responsável da outra Instituição (de outra instituição)

Adaptado de: CEFID / UDESC

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ANEXO 5

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS

E GRAVAÇÕES

Eu _________________________________________________________________ permito que o grupo de pesquisadores relacionados abaixo obtenha fotografia, filmagem ou gravação de minha pessoa para fins de pesquisa científica, médica e/ou educacional.

Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, a minha pessoa não deve ser identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra forma.

As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda.

Nome do sujeito da pesquisa e/ou

paciente:

______________________________________________

RG:

______________________________________________

Endereço: ______________________________________________

Assinatura:

______________________________________________

Nome dos pais ou responsáveis: ______________________________________________

RG:

______________________________________________

Endereço:

______________________________________________

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Assinatura:

______________________________________________

Se o indivíduo é menor de 18 anos de idade, ou é legalmente incapaz, o consentimento deve ser obtido e assinado por seu representante legal.

Equipe de pesquisadores: Nomes:

_________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________

Data e Local onde será realizado o projeto:

_______________________________________________

Adaptado de: Hospital de Clínicas de Porto Alegre / UFRGS

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