universidade estadual do cearÁ centro de ciÊncias e...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
LIZABETH SILVA OLIVEIRA
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: O CONTEXTO
DO MUNICÍPIO DE AIUABA – CEARÁ, BRASIL
FORTALEZA
2014
LIZABETH SILVA OLIVEIRA
PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: O CONTEXTO
DO MUNICÍPIO DE AIUABA – CEARÁ, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geografia da Universidade Estadual do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de
mestre em Geografia. Área de Concentração: Análise
Geoambiental e Ordenação do Território nas Regiões
Semiáridas e Litorâneas.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Brito da Cruz
FORTALEZA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Estadual do Ceará
Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho
Bibliotecário responsável – Francisco Welton Silva Rios – CRB-3/919
O48p Oliveira, Lizabeth Silva
Preservação e conservação no semiárido cearense: o contexto do município de Aiuaba – Ceará, Brasil / Lizabeth Silva Oliveira. -- 2014.
CD-ROM. 160 f. : il. (algumas color.) ; 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico,
acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de
Ciências e Tecnologia, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Curso de Mestrado Acadêmico em Geografia, Fortaleza, 2014.
Área de Concentração: Analise Geoambiental e Ordenamento de Territórios de Regiões Semiáridas e Litorâneas.
Orientação: Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Brito da Cruz. 1. Estação ecológica – Aiuaba – Ceará. 2. Semiárido – preservação –
Aiuaba – Ceará. 3. Semiárido – conservação – Aiuaba – Ceará. I. Título.
CDD: 363.7
À minha família, ao meu amor e aos meus
amigos, por me ajudarem a superar as
dificuldades!
AGRADECIMENTOS
São grandes as dificuldades enfrentadas para a realização de uma pesquisa,
no entanto, neste percurso não estamos sós, e graças a Deus por isso. Assim,
meus singelos agradecimentos são dedicados a todos aqueles que contribuíram
grandemente, não só com meu lado profissional, mas com o meu engrandecimento
pessoal.
Agradeço a Deus, antes de tudo, por me dar forças para seguir nesta
caminhada e alcançar mais uma etapa de vitória.
À minha família pelo apoio e consideração, mesmo de forma indireta,
especialmente a minha mãe, Maria Fátima da Silva Oliveira e minha irmã, Lucida
Ferreira e Silva pelas conversas, ajudas, risos e por me manter sempre alimentada.
Agradeço ao meu amor Erdeson José dos Santos pelo apoio, compreensão e
amor.
Agradeço à Professora Dra. Maria Lúcia Brito da Cruz, pela confiança
depositada em minha formação acadêmica desde a graduação e por sua amizade
diária que traz grandes contribuições para a minha vida.
Ao professor, Dr. Marcos José Nogueira de Souza pelas contribuições na
pesquisa.
Aos professores, Dra. Cláudia Maria Magalhães Grangeiro, Dr. Gemmelle
Oliveira Santos e Dra. Eugênia Cristina Gonçalves Pereira por grandes contribuições
à pesquisa no exame de qualificação.
Ao Professor, Dr. Manoel Rodrigues de Freitas Filhos, por me ceder material
cartográfico e pelo seu ensino.
Ao colega, Marcos Vinicius pelas referências bibliográficas concedidas.
Ao meu amigo Gledson Santos, por toda sua ajuda, ensino, disponibilidade e
amizade.
Aos meus amigos desde a graduação, Evelize Teixeira e Jean Filippe pelas
conversas, ajudas e companheirismo.
À minha amiga e companheira de sala, Tatiane Soares, pela sua amizade,
dedicação, contribuições e confidências.
Ao meu companheiro de sala, Guilherme Souza, pela sua amizade, pelas
conversas e por me ceder dados cartográficos.
Ao meu amigo, Lucas Soares e ao colega Francisco José pela ajuda aos
dados de clima e estabelecimento de contatos com representantes ambientais,
respectivamente.
Ao meu amigo, Áquila Mesquita pelo seu companherismo e pela sua alegria
que me inspira.
Aos colegas dos Laboratórios de Geoprocessamento e de Geografia Física,
Ícaro, Denis, Laize, Elias, Ana Carla, Eveline, Vanessa, Iaponan, Andréia, Romana,
Geyziane e Joselito por todas as suas contribuições.
A todos os amigos e colegas fora da Universidade.
Aos funcionários da Estação Ecológica de Aiuaba e do ICMbio pelo
fornecimento de informações e disponibilidade de acesso.
Agradeço a CAPES pelo incentivo financeiro à pesquisa.
Finalmente, agradeço a todos que torceram por mim e me apoiaram direta ou
indiretamente.
Muito obrigada.
[...] Pensamos demasiadamente, sentimos muito
pouco. Necessitamos mais de humildade que de
máquinas, mais de bondade e ternura que de
inteligência. Sem isso, a vida se tornará violenta e
tudo se perderá. [...]
Charles Chaplin
RESUMO
A análise das áreas protegidas permitiu o estudo da conservação e preservação no município de Aiuaba, Ceará, uma vez que o estudo destas áreas está em pauta nos discursos das comunidades acadêmicas, profissionais, empresas e civis e também está disposto na legislação ambiental. Podem representar importantes estratégias para a conservação e/ou preservação dos recursos naturais. Para tanto, objetivou-se compreender o município de Aiuaba no contexto da preservação e conservação da natureza com características semiáridas. Nesta perspectiva, o município de Aiuaba pertence à macrorregião dos Sertões de Inhamuns, insere-se num quadro natural com características tipicamente semiáridas o que torna desfavorável o aproveitamento de seus recursos naturais, sendo necessário o conhecimento dos sistemas ambientais para o estabelecimento dos limites de tolerância ao uso e ocupação. Apresenta particularidades importantes, entre as quais a presença de uma Unidade de Conservação, UC de proteção integral, mais especificamente a Estação Ecológica de Aiuaba, esta possui uma área de 11.525 hectares e apresenta grande valor ecológico, além de concentrar em seu território um exemplar de remanescente da caatinga arbórea, em um ótimo grau de conservação. Embora, prevista na Lei 9.985, que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservação, a Estação não dispõe de zona de amortecimento e corredor ecológico, o que implica o mau uso dos recursos em seu entorno. Dentre os vetores de pressão sobre a unidade destaca-se como principais a agricultura e a pastagem. Nessa concepção faz-se necessário avaliar até que ponto o potencial desta UC pode ser considerado como instrumento efetivo para preservação e conservação da região semiárida do município de Aiuaba, pois, este fato não livra o município do fenômeno da degradação ambiental e da pobreza. Uma vez que, observar-se a presença de áreas susceptível à degradação. Isso suscita o interesse científico para o estudo, considerando as transformações espaciais que ocorrem, tanto no interior da UC quanto no seu entorno. Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado o material bibliográfico relevante, o sensoriamento remoto, o geoprocessamento e os resultados obtidos no trabalho de campo. A execução da pesquisa tem contribuído para o aumento do conhecimento sobre o município de Aiuaba, gerando subsidio a outros estudos ambientais. Os resultados podem contribuir para a criação de novas unidades com a finalidade de proteção das áreas sujeitas a degradações, principalmente no município de Aiuaba ou nos demais municípios da região semiárida do Estado do Ceará.
Palavras Chaves: Estação Ecológica de Aiuaba, Conservação e Semiárido.
ABSTRACT
The analysis of protected areas has allowed the study of conservation and preservation in the municipality of Aiuaba, Ceará, since the study of these areas is in order in the discourse of academic communities, professionals, companies and is also willing to environmental legislation. It may represent important strategies for conservation and / or preservation of natural resources. For this purpose, it was aimed to understand the municipality of Aiuaba in the context of the preservation and conservation of nature with semiarid characteristics. In this perspective, the municipality of Aiuaba belongs to the macroregion of the Sertões Inhamuns, is inserted in a natural setting with typically semiarid characteristics which makes unfavorable the use of its natural resources, in this way the knowledge of environmental systems for establishing tolerances being to use and occupation is required. It Presents important particularities including the presence of a Conservation Unit of integral protection, more specifically the Ecological Station of Aiuaba, which has an area of 11,525 hectares and presents great ecological valueas well as concentrate on its territory an remaining exemplary of arboreal caatinga, in a great conservation degree. Although, provided in Law nº 9985, establishing the National System of Conservation Units, the Station has no buffer and ecological corridor zone, which implies the misuse of resources in their surroundings. Among the vectors of pressure on the unit stands out as major agriculture and pasture. In this view it is necessary to assess how the potential of UC can be considered as an effective tool for preserving and conserving the semiarid region of the municipality of Aiuaba therefore, this fact does not relieve the county of the phenomenon of environmental degradation and poverty. Since the presence of areas susceptible to degradation are observed. This raises the scientific interest in the study, considering the spatial changes that occur both within the UC as its surroundings. For the development of research was used relevant bibliographic material, the remote sensing, the GIS and the results obtained in field work. The execution of research has contributed to the increase of knowledge about the municipality of Aiuaba generating subsidy to other environmental studies. The results can contribute to the creation of new units for the purpose of protecting areas subject to degradation, especially in the municipality of Aiuaba or other municipality in the semiarid region of the State of Ceará.
Keywords: Ecological Station of Aiuaba, Conservation and Semiarid.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Organograma dos objetivos e das disposições acerca das Unidades de Conservação de
acordo com SNUC ............................................................................................................................41
Figura 2- Croqui da Grade do satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 .....................................................53 Figura 3- Localização do município de Aiuaba no Ceará - Brasil. ......................................................56 Figura 4- Limite municipal da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns ...............................................61 Figura 5- Disposição das Unidades de Conservação sobre as Unidades Geoambientais do Ceará..
.......................................................................................................................................................115 Figura 6- Entorno Imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE ...................................................123 Figura 7 - Esquema de sucessão ecológica em Aiuaba.. ................................................................128
LISTA DE FOTOS
Foto 1 - Igreja matriz no município de Aiuaba, CE. ...........................................................................75
Foto 2 - Formas convexas, relevo de topo plano, separadas por vales em “V” no município de Aiuaba
.........................................................................................................................................................78
Foto 3- Áreas com afloramentos rochosos, porções mais rebaixadas do terreno município de Aiuaba
.........................................................................................................................................................78
Foto 4 - Vista parcial de uma superfície aguçada (cristas) com relevos íngremes dispersas sobre
áreas da depressão sertaneja do município de Aiuaba. .....................................................................79
Foto 5 - Visão Geral do Açude do Benguê ........................................................................................92
Foto 6- Estação de Tratamento de Água – município de Aiuaba .......................................................93
Foto 7- Em primeiro plano, área desmatada, usada para a agricultura e ao fundo, remanescente de
caatinga arbórea na área da Estação Ecológica de Aiuaba .............................................................104
Foto 8- Área degradada com a presença da caatinga arbustiva.. ....................................................104
Foto 9A - Estruturas da Estação Ecológica de Aiuaba - Entrada para a Sede da ESEC de Aiuaba
Foto 9B - Sala da biblioteca; Foto 9C- Estação meteorológica automatizada; Foto 9D- Alojamento
.......................................................................................................................................................120
Foto 10A e 10B- Limite da Estação Ecológica de Aiuaba cercada e com placa informativa, presença
do marmeleiro, indica sucessão secundária progressiva ou de recuperação. ..................................129
Foto 11- Áreas de Preservação Permanente, que corresponde à planície fluvial de um riacho e
apresenta melhores condições de solos. .........................................................................................141
Foto 12- Planície fluvial de um riacho ocupada por plantação de bananeiras.. ................................141
LISTA DE MAPAS
Mapa 1- Mapa básico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ............................................................57 Mapa 2- Carta Imagem do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. .........................................................58 Mapa 3- Mapa geológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. ......................................................80 Mapa 4- Mapa geomorfológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil...............................................81 Mapa 5- Mapa hidrográfico e hidrológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil................................91 Mapa 6- Mapa pedológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ...................................................100 Mapa 7- Fitogeografia do Estado do Ceará .....................................................................................102 Mapa 8- Mapa dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil ..............................108 Mapa 9-Limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais do município de Aiuaba,
Ceará, Brasil ...................................................................................................................................135 Mapa 10- Áreas prioritárias para a Conservação da Biodiversidade. ...............................................140 Mapa 11- Áreas degradadas susceptíveis ao processo de desertificação no Estado do Ceará ........144
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- População do município de Aiuaba por gênero e faixa etária ............................................ 62
Gráfico 2- Número de matriculas por nível em 2012 ......................................................................... 63
Gráfico 3- Número de escolas por nível em 2012. ............................................................................ 63
Gráfico 4– Dados de precipitação acumulada mensal e anual (mm). ................................................ 86
Gráfico 5 – Dados de precipitação Anual (mm). ................................................................................ 86
Gráfico 6 – Dados de umidade (%) e de temperatura média (ºC) ...................................................... 87
Gráfico 7– Dados de Nebulosidade (décimos) e de Insolação Total (horas). ..................................... 88
Gráfico 8– Dados de evaporação (mm) e de temperatura média (ºC). .............................................. 89
Gráfico 9– Dados de pressão (hPa) e de temperatura média (ºC). .................................................... 89
Gráfico 10– Dados de pressão (hPa) e de intensidade do vento (m.s-¹). ........................................... 90
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Levantamento bibliográfico com base nos eixos temáticos ...............................................47
Quadro 2- Visão geral dos mapeamentos propostos para o desenvolvimento da pesquisa ...............54
Quadro 3- Formação Administrativa do município de Aiuaba ............................................................59
Quadro 4- Principais litologias das formações superficiais ................................................................77
Quadro 5– Principais fenômenos atmosféricos que influenciam a dinâmica climática do Ceará ........83
Quadro 6- Principais características dos solos encontrados no município de Aiuaba, Ceará .............97
Quadro 7- Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba .......................107
Quadro 8- Espécies brasileiras ameaçadas de extinção na Estação Ecológica de Aiuaba ..............121
Quadro 9- Matriz da capacidade de suporte dos sistemas geoambientais presentes no município de
Aiuaba ............................................................................................................................................131
Quadro 10- Qualidade do estado atual dos sistemas ambientais em Aiuaba ...................................133
Quadro 11- Classificação dos limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais
em Aiuaba ......................................................................................................................................134
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Levantamentos dos Principais trabalhos sobre o município de Aiuaba..............................48 Tabela 2 – Principais Parâmetros e instrumentos técnicos aplicados à pesquisa ..............................51 Tabela 3– População do município de Aiuaba ...................................................................................60 Tabela 4- Grau de formação dos docentes pela tipologia de educação/ensino no município de Aiuaba,
CE ....................................................................................................................................................64 Tabela 5- Profissionais de saúde ligados ao SUS em Aiuaba, CE .....................................................65 Tabela 6- Doenças de notificação compulsória em Aiuaba, CE .........................................................66 Tabela 7- Índice de Desenvolvimento Social, IDS em 2009 para o município de Aiuaba, CE .............67 Tabela 8- Lista dos dez melhores e os dez piores municípios do Estado do Ceará de acordo com os
valores do IDS-O em 2009 ................................................................................................................68 Tabela 9- Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM em 2008-2010 para o município de Aiuaba, CE
.........................................................................................................................................................68 Tabela 10- Índice de Desenvolvimento Humano, IDH em 1991-2000 para o município de Aiuaba, CE
.........................................................................................................................................................69 Tabela 11– Quantidade produzida e valor da produção dos principais produtos extrativos em Aiuaba,
CE ....................................................................................................................................................72 Tabela 12- Série histórica dos valores do Produto Interno Bruto dos municípios da Macrorregião dos
sertões dos Inhamuns, CE ................................................................................................................73 Tabela 13- Formas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de lixo no município
de Aiuaba, CE - 2010 ........................................................................................................................74 Tabela 14- Dados hidroclimáticos do município de Aiuaba ................................................................93 Tabela 15– Síntese quantitativa dos municípios abrangidos pelo Ceará com ênfase à área semiárida
.......................................................................................................................................................110 Tabela 16– Unidades de Conservação no Estado do Ceará ............................................................111 Tabela 17- Características de gestão das Unidades de Conservação de proteção integral no
semiárido do Ceará .........................................................................................................................116 Tabela 18- Situação e localização do entorno imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE .........124
LISTA DE ABREVIATURAS
APA – Área de Proteção Ambiental
APP- Área de Preservação Permanente
ARIE- Área de Relevante Interesse Ecológico
CAGECE- Companhia Energética do Ceará
CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco
COGERH - Companhia de Gerenciamento de Recursos Hídricos
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
ESEC- Estação Ecológica
FLONA- Floresta Nacional
FUNCEME - Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GPS – Global Position System
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPECE – Instituto de Pesquisas e Estratégia Econômica do Ceará
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LI- Linhas de Instabilidade
MDT- Modelo Digital do Terreno
MMA- Ministério do Meio Ambiente
OSCIP- Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PARNA – Parque Nacional
REBIO- Reserva Biológica
REFAU- Reserva da Fauna
RESEX- Reserva Extrativista
REVIS- Refúgio da Vida Silvestre
RDS- Reserva de Desenvolvimento Sustentável
RL- Reserva Legal
RPPN- Reserva Particular do Patrimônio Natural
SBCS – Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos
SEMACE - Superintendência Estadual do Meio Ambiente
SIG – Sistema de Informações Geográficas
SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente
SPRING - Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas
SRTM - Shuttle Radar Topography Mission
SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste
UC – Unidades de Conservação
UECE – Universidade Estadual do Ceará
VCAN- Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis
ZCIT – Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................................11
LISTA DE FOTOS ................................................................................................................................11
LISTA DE MAPAS ...............................................................................................................................12
LISTA DE GRÁFICOS ...........................................................................................................................13
LISTA DE QUADROS ...........................................................................................................................14
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................................15
LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................................16
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................20
1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCALA DE ANÁLISE ..............................................................................21
1.2 OBJETIVO ...........................................................................................................................22
2 METODOLOGIA .........................................................................................................................23
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO ..........................................................................23
2.1.1 GEOGRAFIA FÍSICA E ANÁLISE GEOAMBIENTAL ..........................................................23
2.1.2 O PARADOXO DA PROTEÇÃO DA NATUREZA ..............................................................28
2.1.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREAS PROTEGIDAS (UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ..35
2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E METODOLÓGICOS ......................................................45
2.2.1 OPERAÇÕES SISTEMATIZADAS ....................................................................................46
2.2.2 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA .......................................................................................51
3 O CONTEXTO DO MUNICÍPIO DE AIUABA ...................................................................................56
3.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AIUABA ..........................................................................56
3.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS .........................................................................................59
3.3 CARACTERIZAÇÃO ECOGEOGRÁFICA ..................................................................................76
3.4 SINOPSE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS ..............................................................................105
4 UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO CEARÁ .............................................109
4.1 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA ....................................................................................117
5 LIMITES AMBIENTAIS DE TOLERÂNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DOS SISTEMAS AMBIENTAIS ......125
6 ASPECTOS DA PRESERVAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE AIUABA ...............................................136
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................146
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................149
9 ANEXOS...................................................................................................................................159
9.1 DECRETO DE CRIAÇÃO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA ...........................................159
20
1 INTRODUÇÃO
É evidente a mudança do cenário ambiental; a preocupação com meio
ambiente se acentuou, em especial no século vigente. Neste contexto, surge uma
série de questionamentos quanto ao futuro ambiental e, um maior interesse pela
preservação de áreas naturais. Em contrapartida, a esse processo emergencial,
existe o processo de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico associado a
transformações globais aceleradas.
Tais transformações implicam novas práticas voltadas à amenização de
conflitos; sejam eles de caráter ambiental ou não. Nesse sentido, faz-se necessária
a implantação de políticas, de instrumentos jurídicos e de organismos de fiscalização
visando a proteção do meio onde se dão essas relações.
Paralelamente a esta gama de processos dinâmicos atuais, percebe-se o
papel da ciência geográfica no desenvolvimento de análises, conceitos e categorias
para a compreensão dos fenômenos ambientais dadas a relação sociedade-
natureza.
Ressalta-se que até os anos 1970 não existia a sistematização dos princípios
científicos para a delimitação de áreas a serem protegidas no Brasil. Hoje, constata-
se a compreensão cientifica e tecnológica da distribuição espacial dos atributos
ambientais, ou seja, cada vez mais é conhecida à significativa riqueza dos sistemas
ambientais dispersos sobre o território, em especial no Estado do Ceará.
Neste contexto tem-se o município de Aiuaba que pertence à macrorregião
dos Sertões de Inhamuns, que se insere em um quadro natural com características
tipicamente semiáridas. Apresenta uma particularidade importante, a presença de
uma Unidade de Conservação de proteção integral, mais especificamente a Estação
Ecológica de Aiuaba, reconhecida pelo Decreto sem número de 6 de fevereiro de
2001. Caracteriza-se como uma área em ótimo estado de conservação, porém este
fato não livra o município do fenômeno da degradação ambiental. Neste é possível
observar a presença de áreas susceptíveis à desertificação.
Sobre as áreas protegidas, estas se referem à tentativa de conservação e
preservação de ambientes naturais e ao desenvolvimento de práticas voltadas à
21
interação entre a sociedade e a natureza. Nessa concepção é necessário avaliar até
que ponto o potencial desta Unidade de Conservação pode ser considerado como
instrumento efetivo para preservação e conservação da região semiárida.
1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCALA DE ANÁLISE
Dada a complexidade do espaço geográfico e a necessidade da ciência
geográfica em apreender o estudo da realidade, devem-se considerar porções de
análise a fim de melhor compreensão da relação sociedade-natureza, aqui
compreendida a partir da noção de escala, visto que a “escala é um termo que
possui muitos significados e caracteriza várias dimensões da pesquisa cientifica”
(VENTURI et al., 2005).
E por sua vez, Veado (1995) adverte que:
O problema da escala de trabalho parece emergir como a
preocupação principal da questão técnica enfrentada, à qual se
juntam outras, como a coleta de dados e informações, que, no Brasil,
é uma complicação conhecida (VEADO, 1995, p.40).
Na mesma linha, Christofoletti (1999) afirma que:
Por essa razão, a análise da biodiversidade, da estrutura e dos
fluxos, a avaliação dos recursos e da estabilidade e as propostas de
manejo geralmente são referenciadas pela escala local
(CHRISTOFOLETTI, 1999, p.36).
Dentro da análise geral das Unidades de Conservação, incluindo a região
semiárida de Aiuaba, foi considerado o marco temporal do município de Aiuaba no
ano de 2013, doze anos após a regularização da Estação Ecológica de Aiuaba;
entretanto, fica implícita, a necessidade de atentar-se em alguns momentos a
processos remotos da história ambiental da paisagem atual.
Quanto à escala do fenômeno, Venturi et al. (2005), dizem que esta “refere-se
ao tamanho da manifestação do fenômeno geográfico sobre a superfície”. Ressalta-
22
se antes de tudo, que no desenvolvimento deste trabalho, optou-se pela
compreensão e pelas particularidades de dois fenômenos de grande relevância, o da
região semiárida, que integra uma área considerada no contexto brasileiro, e o
fenômeno das áreas protegidas, aqui a partir da ótica das Unidades de
Conservação. Assim, dada às dimensões desses universos, faz-se necessário o
recorte espacial.
Portanto, por trata-se de uma pesquisa ao nível de mestrado em Geografia,
com um tempo razoavelmente limitado, associada a uma dificuldade de aquisição e
representação dos dados, optou-se por uma escala de análise do município de
Aiuaba no Estado do Ceará.
Por fim, para a representação cartográfica, considerou-se a contemplação de
algumas variáveis, como: o tamanho do objeto de estudo, sua distribuição espacial,
as formas de representação espaciais e modo de armazenamento ou exposição das
informações finais. Nesse sentido, decidiu-se pela escala de 1: 250.000 nas
representações gerais do município.
1.2 OBJETIVO
Na finalidade de apreender uma aproximação da realidade geográfica da área
de estudo, tem-se como objetivo geral:
Compreender o município de Aiuaba, Ceará, no contexto da
preservação e conservação da natureza com características semiáridas.
Para se chegar ao cumprimento do objetivo geral, optou-se pelo
estabelecimento de objetivos específicos, são eles:
Investigar o objetivo e a eficácia do modo de preservação e conservação da
natureza através do estudo da UC no município de Aiuaba, Ceará;
Caracterizar os sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará;
Identificar os limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais
para o estabelecimento da progressividade e/ou de regressividade da
dinâmica ambiental no município de Aiuaba;
23
2 METODOLOGIA
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO
O estudo das bases teórico-metodológicas da ciência geográfica é de grande
valia, uma vez que, permite o levantamento do conhecimento desenvolvido por esta
ciência ao longo de sua existência. Isso leva a um entendimento paradigmático e
contribui na tomada de decisão acerca das novas demandas, mais especificamente,
o contexto ambiental atual e a facilidade na difusão do conhecimento.
A Geografia apresenta particularidades importantes neste contexto,
principalmente por utilizar-se de uma análise interdisciplinar ou ainda multidisciplinar
que confere uma maior abertura ao leque de conhecimento sobre a relação
sociedade-natureza.
Para tanto, neste referencial foram considerados três tópicos de abordagens
importantes para desenvolvimento desta pesquisa, considerando a necessidade de
atingir os objetivos propostos, que são a Geografia física e a análise Geoambiental,
o Paradoxo da proteção da natureza e a Legislação ambiental de áreas protegidas
(Unidades de Conservação) que serão melhores detalhados a seguir.
2.1.1 GEOGRAFIA FÍSICA E ANÁLISE GEOAMBIENTAL
As tentativas de reação aos processos que estão postos à sociedade são
inerentes ao papel da ciência. As transformações aceleradas e gradativas impõem
novas adaptações ao contexto global, o que ratifica Christofoletti, (1999), quando
diz:
O desenvolvimento tecnológico possibilita a produção de novos
equipamentos mais capazes e adequados às pesquisas cientificas
que favorecendo ampliar a obtenção de dados, a compreensão, o
diagnóstico e o manejo dos sistemas de organização complexa
(CHRISTOFOLETTI, 1999, p.1).
24
Cada ciência em particular reage dentro da sua perspectiva. A ciência
geográfica, especificamente, tem o importante papel em prever impactos futuros e
propor soluções. Isso se dá, quando se refere à Geografia física que busca
compreender a dinâmica da paisagem. Esta se preocupa com o estudo da
organização espacial dos sistemas ambientais e se apoia num estudo
multidisciplinar das ciências físico-geográficas especializadas (ROSS, 2006).
Portanto, pode se dizer que a Geografia física ao longo de seu
desenvolvimento na ciência, buscou incorporar alguns princípios teóricos
contribuindo para a tentativa de interpretação dos fenômenos do espaço geográfico.
Porém, surge uma perspectiva bastante recente no contexto da ciência geográfica
que traz a conotação da ideia sistêmica e holística. E de acordo com Bertalanffy
(1975, p. 17), “o pensamento em termos de sistemas desempenha um papel
dominante em uma ampla série de campos”.
Mendonça e Kozel (2002, p. 112), afirmam que “durante o século XX, houve
uma construção do conhecimento da natureza dividido em subáreas do
conhecimento”. Em contrapartida a essa percepção setorizada surgem os estudos
integrados, buscando responder aos novos paradigmas advindos da problemática da
própria organização do território. E de acordo com Veado (1995, p.14), “a geografia
tradicional não tinha meios de alcançar tal dimensão porque separava nitidamente, o
homem e a natureza”.
Retomando um pouco da história do pensamento geográfico, destaca-se nos
séculos XVIII e XIX os estudos dos naturalistas Alexandre von Humboldt e Carl
Ritter, que já realizavam pesquisas integradas e holísticas. Sobre isso, Veado (op.
cit. p.3), afirma que “a interdependência dos fatos geográficos físicos e, sobretudo,
do homem com a natureza, já era vista pelos naturalistas citados. Estes percebiam a
natureza integrada e não apartada”. No entanto, tais ideias ainda não construíam a
pesquisa propriamente sistêmica, que somente no século XX foi sistematizada.
Proposições acerca desta sistematização afirmam que Ludwig Von Bertalanffy
(1975) 1 trouxe grandes contribuições para o pensamento integrado e sistêmico
quando formulou o arcabouço teórico sobre essa temática com a Teoria Geral dos
Sistemas, TGS2. Cabe ressaltar que essa teoria perpassa por todos os campos
1 Ludwig von Bertalanffy (1901-1972) foi o fundador da Teoria Geral dos Sistemas. Fez seus estudos em
biologia. Criticou a visão de que o mundo é dividido em diversas áreas. 2 Surgiu no início do século XX, mas passou a ser mais reconhecida e mais difundida somente a partir de 1950.
25
científicos, não sendo formulada apenas para ciência geográfica. A TGS contribuiu
para um caminho importante trilhado pela geografia. Veado (1995) exprime que:
Ao considerar a natureza como formada por elementos interligados e
interdependentes, a Geografia encontrava na análise de sistemas o
método mais apropriado para estudar e explicar a estrutura dinâmica
dos fatos antrópicos-naturais (VEADO, 1995, p.5).
Com base nessas concepções, dentro da pesquisa geográfica fica evidente o
conceito de geossistema3, onde Sotchava (1977) destaca que:
A Geografia Física baseada nos princípios sistêmicos pode ocupar
posições firmes na moderna geografia aplicada, apoiada no
planejamento de desenvolvimento socioeconômico do país, e sugerir
medidas para o desenvolvimento e reconstrução de seus territórios
(SOTCHAVA, 1977, p.1-2).
A partir das novas concepções para estudos integrados, a Geografia física
sofre grande influência das escolas russas (soviéticas) e francesas. Sobre a escola
russa no final do século XIX, na gênese das ideias que se desenvolveriam bem mais
tarde no conceito de geossistema, Dokoutchaev4 criou a noção de ‘complexo natural
territorial5’ e elaborou os fundamentos da pedologia moderna (VEADO, 1995).
Embora, ligada à pedologia, isso não constituiu um fator limitante, “pois a ciência
geográfica que estava se desenvolvendo na União Soviética no início do século XX
também absorveu seus critérios de análise” (BASTOS, 2011, p.15).
Visando o desenvolvimento de estudos aplicáveis ao planejamento do
território, no inicio dos anos 1960 Sotchava elaborou o conceito teórico a partir da
análise integrada da complexidade geográfica, a qual denominou de geossistema,
tornando-se em pouco tempo uma das metodologias mais utilizada na Geografia
física. De um modo geral, pode se dizer que Sotchava (1977) definiu o geossistema
em três níveis: o planetário, o regional e o topológico.
3 Neste trabalho, posteriormente tratado com mais detalhes.
4 Vasily V. Dokuchaev – criou a noção de complexo natural territorial e fundou as bases de uma nova escola
geográfica que se desenvolvia na Rússia (VEADO, 1995). 5 Representa de alguma forma o meio ambiente no olhar dos homens, um meio ambiente com aparência humana
(PISSINATI E ARCHELA, 2009).
26
Assim, o objetivo básico da Geografia física é o geossistema, pelo qual,
Nascimento e Sampaio (2004/2005, p.168), destacam que “estes fornecerão as
informações sobre a dinâmica da natureza, possibilitando o planejamento para uso
prudente do espaço com fins a equidade intertemporal”. “O estudo do geossistema
não visa a paisagem propriamente dita, mas, muito mais importantes são as inter-
relações que existem no seu interior” (VEADO 1995, p.11). Troppmair e Galina
(2004), afirmam que:
Nos últimos anos, o estudo dos geossistemas têm ganhado
importância e aplicação crescente e, entre outros objetivos, procura a
conservação, o uso racional e o desenvolvimento do espaço
geográfico beneficiando toda biosfera, em especial, a sociedade
humana (TROPPMAIR e GALINA, 2004. p.82).
É a partir deste momento que a Geografia deixa o caráter unicamente
passivo, que na concepção de Ross (2006):
Desloca-se da posição passiva de uma Geografia analítico-descritiva
para uma Geografia preocupada com a aplicação dentro de um
discurso de desenvolvimento que leve em conta a conservação e
preservação da natureza [...] (ROSS, 2006 p.27).
E por sua vez, Bertrand em 1968, publica o trabalho Paysage et geographie
physique globale. Esquisse méthodologique6. Com um aperfeiçoamento das ideias
de Sotchava; Bertrand (1968) atribui uma hierarquia das paisagens com uma
tipologia às ordens taxonômicas do relevo. Assim, parte de uma classificação mais
simples e tem seis níveis têmporo-espaciais subdivididos em unidades superiores
(Zona, Domínio e Região Natural) e unidades inferiores (Geossistema, Geofáceis e
Geótopo).
Com base na construção do conhecimento sobre a ciência da paisagem,
Bertrand (op. cit.) estabelece que:
6 Tradução: Olga Cruz (1971). Trabalho publicado, originalmente, na “Revue Geógraphique des Pyrénées et du
Sud-Ouest”, Toulouse, v. 39 n. 3, p. 249-272, 1968, sob título: Paysage et geographie physique globale. Esquisse méthodologique. Publicado no Brasil no Caderno de Ciências da Terra. Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo, n. 13, 1972.
27
A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos
disparatados. É, em uma determinada porção do espaço, o resultado
da combinação dinâmica, portanto instável, de elementos físicos,
biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os
outros, fazem da paisagem um conjunto único e indissociável, em
perpétua evolução (BERTRAND, op. cit. p. 141).
Outra contribuição acerca da abordagem integrada na Geografia física no
Brasil refere-se à obra Ecodinâmica de Tricart de 1977. Este afirma que “o conceito
de sistema é o melhor instrumento lógico de que dispomos para estudar os
problemas do meio ambiente”, pois ele “permite adotar uma atitude dialética entre a
necessidade da análise” e a “necessidade contrária de uma visão de conjunto, capaz
de ensejar uma atuação eficaz sobre esse meio ambiente”. O mesmo autor lembra
que “um sistema é um conjunto de fenômenos que se processa mediante fluxos de
energia e matéria” (TRICART, op. cit. p.19).
Tricart (1977) estabelece questões sobre a intensidade dos processos atuais
e dinâmicos contribuindo para a avaliação ambiental. Ou seja, sugere uma avaliação
de instabilidades e/ou estabilidade de cada ecossistema. O referido autor considera
a distinção de três grandes tipos de meios morfodinâmicos: meios estáveis (onde
predominam os processos ligados a pedogênese), meios intergrades/de transição
(variação conforme a pedogênese e a morfogênese) e os fortemente instáveis (com
predomínio dos processos ligados à morfogênese e à determinação do sistema
natural).
Para as condições do semiárido cearense, destacam-se as adaptações de
Souza (1978). A título de exemplificação, em Souza (2000), observam-se
adaptações necessárias da Teoria Geossitêmica a partir de Bertrand (1968) e Teoria
Ecodinâmica de Tricart (Op. cit) para regiões naturais do Estado do Ceará; definindo
por sua vez, as vulnerabilidades ambientais das unidades.
Ainda dentro da mesma expectativa, Souza (2011) traz o contexto de
avaliação dos limites de tolerâncias dos sistemas ambientais, onde estabelecem que
se devam considerar os indicadores inferidos a partir dos processos morfogenéticos,
pedogenéticos, “além de informações sobre o estado atual dos componentes
geoecológicos” (SOUZA, op. cit. p. 26).
28
Assim, evidencia-se o destaque da análise geoambiental integrada, onde
existe a incorporação dos componentes setoriais, entre os quais: o geológico, o
geomorfológico, o pedológico, o hidrológico, o climatológico, o fitoecológico e o
socioeconômico. Ou seja, os estudos setorizados apenas contemplam um
reconhecimento prévio da realidade ambiental sendo necessário integrá-los.
Contudo, pode se dizer que a Geografia física tradicional dada a novas
demandas atreladas à consciência ambiental, não tinha arcabouço para responder
todas as questões, uma vez que, se mostrava insuficiente na compreensão da
relação sociedade-natureza. E de acordo com Ross (19947) “os estudos integrados
de um determinado território pressupõem o entendimento da dinâmica de
funcionamento do ambiente natural com ou sem a intervenção das ações humanas”.
Todo esse arcabouço teórico tem propiciado metodologias de estudos
ambientais e, a construção de práticas necessárias à conservação dos ambientais
naturais, aqui com ênfase à região semiárida do município de Aiuaba no Ceará.
2.1.2 O PARADOXO DA PROTEÇÃO DA NATUREZA
Assume-se a limitação do trabalho, uma vez que não se optou pela
transformação (utopia, ideologia, depressão, desconstrução) de um sistema global
do modo de produção. Em termos práticos e imediatos têm-se no ambiente
(semiárido cearense) os problemas do tempo real e imediato do cotidiano, aqueles
conhecidos, que exigem reflexões, mesmo que suaves. Talvez sejam meras
proposições ou tentativas humanamente práticas de contextualizar um planejamento
ambiental ligado ao meio físico-biológico, ao meio socioeconômico e a uma ideia de
proteção da natureza. Essa discussão remete a indagações sobre o próprio papel do
Geógrafo. Parece contraditório, e talvez realmente seja, porém, salienta-se que isso
é inerente à própria ciência que apesar de novos avanços, não responde por tudo
que se chama de realidade.
E nesta perspectiva, constatam-se as transformações ambientais que ocorrem
e que provocam mudanças importantes no contexto global, regional e local, pelos
quais os desafios estão relacionados aos aspectos tecnológicos em contrapartida ao
7 Texto produzido em 1993, no Laboratório de Geomorfologia – Departamento de Geografia –FFLCH/USP.
Publicado em 1994 na Revista do Departamento de Geografia/FFLCH/USP.
29
desenvolvimento socioeconômico. Ross (1994) declara que se “pode estabelecer um
paralelismo entre o avanço da exploração dos recursos naturais com o complexo de
desenvolvimento tecnológico, científico e econômico das sociedades humanas”.
Na concepção de Carvalho (2011, p.15) “a partir do século XX, com os
adventos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial desencadearam-se rápidas
transformações sociais que denunciavam a instauração de uma crise ambiental
mundial”. Mais especificamente, é a partir da segunda metade do mesmo século que
ocorre a efervescência das questões ambientais (a própria problemática da fome, o
aumento da degradação dos recursos naturais, a extinção de espécies, a perda da
biodiversidade, a convivência com fontes de radiação, o aumento vultoso de
resíduos sólidos, entre outras).
Toda “essa problemática ambiental (re) coloca em destaque as contradições
da produção social do espaço e das formas de apropriação da natureza”
(RODRIGUES, 1998, p.8), onde, Leff (1999, p.9), destaca que “a degradação
ambiental, o risco de colapso ecológico e o avanço da desigualdade e da pobreza
são sinais eloquentes da crise do mundo globalizado”. O mesmo autor chega a
afirmar que “a sustentabilidade é o significante de uma falha fundamental na história
da humanidade [...].” (LEFF, op. cit. p.9).
Muitas são as proposições acerca da problemática ambiental atual. E é dentro
de uma modernidade acompanhada de contradições que surgem as expectativas
em torno de um planejamento ambiental do território, a considerar Almeida et al.
(2009):
A modernidade, acompanhada de suas contradições, trouxe novas
motivações, como a tentativa de se evitar a expansão irracional dos
processos produtivos sobre os remanescentes dos ecossistemas
silvestres, garantindo, ao mesmo tempo, a conservação da
biodiversidade para a sociedade no presente e no futuro (ALMEIDA
et al., 2009, p.188-189).
Os problemas ambientais dizem respeito às formas pelas quais o espaço
geográfico é produzido. Milano et al. (2002, p.194), afirmam que “estudos têm
indicado a existência de diferentes fases de relação do homem com a natureza
30
desde a existência deste no planeta”. Ainda acerca das ideias de Milano et al. (op.
cit.), este destaca que:
Valendo-se tanto dos mais variados indícios e evidências pré-
históricas com de detalhado registro históricos, pode-se considerar
que, de maneira geral, tais estudos têm abordado a questão a partir
da forma – tecnológica organizacional como o ser humano sempre se
apropriou da natureza através dos seus componentes considerados
recursos (MILANO et al., op. cit., p.194).
Dessa forma, o meio ambiente é visto como um recurso natural, sujeito à
utilização de acordo com suas diferentes condições; e assim, numa tentativa de
conservação e preservação dos atributos naturais devem ser analisados e
protegidos. A fim de melhor compreensão sobre um conceito de recursos naturais,
Venturi (2006) discute essa temática chegando à determinada definição:
Recurso natural pode ser definido como qualquer elemento ou
aspecto da natureza que esteja em demanda, seja passível de uso
ou esteja sendo usado direta ou indiretamente pelo Homem como
forma de satisfação de suas necessidades físicas e culturais, em
determinado tempo e espaço (VENTURI, op. cit., p. 15).
Assim os recursos naturais correspondem a elementos da paisagem, produto
da dinâmica geoecológica, porém, a partir deste, são associados valores
econômicos e socioculturais e convergem para a sua apropriação. E dentro desta
mesma análise, Venturi (op. cit.), diz que “as Unidades de Conservação, UC com
seu caráter científico e educativo, independente das materialidades especificas que
as compõem, também constituem um tipo de aproveitamento indireto dos recursos
naturais”. O aproveitamento da natureza é inerente a estas questões, porém
acredita-se na possibilidade de minimização de prováveis impactos no ambiente.
Os mesmos recursos naturais podem ser classificados em algumas
categorias, dentre as quais se destacam: os recursos renováveis, não renováveis,
esgotáveis e reprodutíveis. Acerca disso, as questões ambientais atreladas a essa
temática dizem respeito aos problemas decorrentes da intervenção da sociedade
sobre a natureza. Rodrigues (1998, p.8) diz que “a problemática ambiental se traduz
31
na produção destrutiva que se caracteriza pelo incessante uso de recursos naturais
sem possibilidade de reposição”. Esta se refere principalmente, aos recursos não
renováveis e chama atenção ao tempo da natureza para a formação de tais recursos
naturais. No entanto, cabe destacar neste contexto a existência da produção de
mercadoria.
E para Christofoletti (1999, p.158):
A disponibilidade de recursos e a qualidade do sistema ambiental
(“meio ambiente”) somente se tornam problemas sérios quando a
explotação dos recursos e a deposição de resíduos das atividades
produtoras e consumidoras começam a atingir as taxas e a amplitude
areal que não são mais compatíveis com a capacidade dos sistemas
naturais em fornecer matérias primas e em absorver e processar os
resíduos (CHRISTOFOLETTI, op. cit., p.158).
Ainda no âmbito da discussão dos recursos naturais, Braat e Lierop (1987
apud Christofoletti 1999, p.158), afirmam que em relação às politicas ambientais e o
uso dos recursos naturais, podem ser apontadas três categorias de objetivos: a) os
ligados com a conservação da natureza; b) os econômicos e c) os mistos.
Destacando o primeiro objetivo, este é caracterizado como:
[...] a exploração e prejuízos mínimos dos sistemas naturais. Os
objetivos podem expressar a forma extrema da preservação
completa, sem o acesso e nenhum uso dos sistemas ambientais
(reservas naturais, santuários, etc.). Em geral esses objetivos são
explicitamente direcionados somente para as áreas limitadas, por
vezes como o propósito explicito de salvaguardar recursos para uso
futuro. Outro aspecto é constituído pela proteção dos sistemas
ambientais do uso consumista, mas possibilitando o uso sob formas
mais amenas com para funções recreativas, estéticas e cientificas.
(BRAAT e LIEROP, 1987 apud CHRISTOFOLETTI op. cit., p.158).
As questões apontadas remetem ao contexto das áreas protegidas, mais
especificamente as unidades de conservação, uma vez que estas se referem às
tentativas de novas práticas voltadas à amenização de conflitos de caráter ambiental
32
ou não. Nesse sentido, faz-se necessária a implantação de politicas, de instrumentos
jurídicos e de organismos de fiscalização visando a proteção do ambiente. Sobre
isso explicita Ross (1994, p.64):
Em função de todos os problemas ambientais decorrentes das
práticas econômicas predatórias, que têm marcado a história deste, e
que obviamente tem implicações para a sociedade a médio e longo
prazo face ao desperdício dos recursos naturais e a degradação
generalizada com perda de qualidade ambiental e de vida, é que se
torna cada vez mais urgente o Planejamento Físico Territorial não só
com a perspectiva econômica social mas também ambiental (ROSS,
1994, p.64).
E de acordo com Guerra et al. (2009) a “criação de áreas protegidas
representou um modo como à sociedade reagiu frente aos problemas ambientais a
partir do século XX”. No entanto, o processo de delimitação de áreas a serem
protegidas, não é recente. Morsello (2001, p.1) afirma que “civilizações do Oriente,
como os assírios, estabeleceram reservas ainda antes do nascimento de Cristo”.
Existem indícios de parques na Europa Medieval, cuja entrada de algumas pessoas
era restrita. Na Índia já existiam as florestas sagradas onde eram proibidas
atividades extrativistas.
Ainda na perspectiva de proteção da natureza, surgem nos Estados Unidos
(século XIX), dois movimentos com princípios teórico-filosóficos distintos, são o
preservacionismo e o conservacionismo, cujas ideias são repercutidas até hoje,
embutidas no contexto da preservação e da conservação, percebidas na
institucionalização da UC. Sobre isto, Diegues (2001) diz que:
Se a essência da "conservação dos recursos" é o uso adequado e
criterioso dos recursos naturais, a essência da corrente oposta, a
preservacionista, pode ser descrita como a reverência à natureza no
sentido da apreciação estética e espiritual da vida selvagem,
wilderness (DIEGUES, 2001, p.30).
Porém, dentro do debate dos princípios de conservação da natureza, aonde
se dá o estabelecimento de áreas naturais protegidas, o marco referencial moderno
33
ocorre a partir da criação do Yellowstone National Park8 -1872 nos Estados Unidos
(MILANO et al., 2002). Essa motivação estadunidense objetivava a proteção da vida
selvagem (wilderness), tendendo a incentivar a criação em outros países, entre as
quais, destaca: “o Canadá (1885); a Nova Zelândia (1894), a Austrália (1898), a
África do Sul (1898), o México (1898), a Argentina (1903), o Chile (1926), o Equador
(1934), a Venezuela e o Brasil9 (1937)”. (Milano et al., op. cit.; Guerra et al., 2009).
Desde a criação de Yellowstone, mais de 8.500 áreas protegidas foram
estabelecidas em todo o mundo (Morsello, 2001, p.24).
Neste momento, evidencia-se mais uma vez, a ideia de proteção direta dos
recursos naturais com indícios do distanciamento da sociedade para com a
natureza. Guerra et al. (2009, p. 33) exprimem que “o significado da natureza para a
sociedade tem sido um dos condicionantes históricos para os modelos de proteção
desenvolvidos”. Sendo assim, a questão da proteção da natureza, através das áreas
protegidas (Unidade de Conservação), traz desde sua delimitação uma série de
problemas sobre a relação sociedade-natureza, conforme Diegues (2001):
A questão das áreas naturais protegidas levanta inúmeros problemas
de caráter político, social e econômico e não se reduz, como querem
os preservacionistas puros, a uma simples questão de "conservação
do mundo natural", e mesmo da proteção da biodiversidade”
(DIEGUES, 2001, p.17).
Problemas como os mencionados anteriormente, se tornaram importantes e
estiveram no centro dos debates do Congresso Internacional de Áreas Protegidas10
(1962), da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (1972), da
Eco-92, sendo discutidos em publicações internacionais, como a Estratégia Mundial
para a Conservação, da UICN/WWF (1980), e em Nosso Futuro Comum (1986). Até
hoje, essa temática vem sendo debatida e tem ganhado novas dimensões a níveis
globais.
Quanto à proteção de áreas no Brasil, “os primeiros dispositivos têm seu
registro ainda no período colonial; objetivando a garantia do controle sobre o manejo 8 O referido Park se destina à preservação contra qualquer interferência ou exploração dos recursos de madeira,
depósitos minerais e peculiaridades naturais dentro da área, garantindo-se seu estado natural em perpetuidade (MILANO, et al., 2002, p. 194). 9 Refere-se ao Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937 no Rio de Janeiro.
10 Congresso realizado de dez em dez anos desde 1962 por iniciativa da União Internacional para a Convenção
da Natureza (UICN).
34
de determinados recursos, como a madeira ou a água” (MEDEIROS, 2006). O
primeiro parque brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia no Rio de Janeiro, foi criado
em 1937 e objetivava a proteção de belezas cênicas, com intenção de preservar a
paisagem ali existente. Depois, “durante as três primeiras décadas do século XX
outras iniciativas de conservação com referência a delimitação de áreas protegidas
foram realizadas” (GUERRA et al., 2009, p. 31), principalmente, a partir da
necessidade do controle da gestão dos recursos naturais.
As melhorias conseguidas quanto à proteção de áreas especialmente
protegidas, que inclui as Áreas de Proteção Permanente, as Reservas Legais e as
Unidades de Conservação, se dão principalmente a partir da elaboração e
implantação dos instrumentos jurídicos institucionais, como o Código Florestal
(1934) e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC (2000),
respectivamente. Porém, estes não foram o suficiente para o impedimento de
problemas fundiários, desapropriações e restrições visando a preservação dos
atributos naturais. Neste contexto, destacam-se as ideias de Guerra et al. (2009),
quando dizem que:
Conservação, recuperação e manejo da biodiversidade são desafios
para a sociedade no século XXI. Tratam de questões filosóficas e
metodologias para a integração de diferentes materialidades do
conhecimento e expõe, diante da emergência de um novo
paradigma, a relevância de se avançar na critica da racionalidade do
modelo econômico dominante (GUERRA et al., 2009, p. 30- 31).
Em suma, pode-se dizer que a conotação das ideias ambientais voltadas a
proteção da natureza, assume no século XIX um caráter de gestão, voltada
particularmente aos recursos naturais. No século XX, constatam-se as ideias do
conservacionismo, visando o patrimônio “coletivo” e do preservacionismo, com a
proteção de fragmentos da natureza selvagem com a delimitação de áreas. E no
século XXI, atenta-se para a conservação da biodiversidade com base nas questões
relacionadas ao desenvolvimento com vista à sustentabilidade.
Pode-se dizer que a conservação da natureza avançou como técnica e como
ciência, embora tenha surgido a partir de um sentido mais abrangente, com base
naturalista e/ou ideológica visando o tratamento da natureza como recurso natural.
35
Neste sentido, destacam-se novos objetivos, principalmente no sistema de UC no
Brasil. Estes se referem “à preservação da diversidade biológica da Terra, a
manutenção de serviços ecológicos essenciais, a proteção de monumentos naturais
e a preservação de beleza cênica” (MILANO et al., 2002, p.195). E paradoxalmente,
“busca-se a promoção da pesquisa cientifica da educação ambiental, da recreação
em contato com a natureza, do turismo ecológico, e do desenvolvimento regional
ordenado e racional”. (MILANO et al., op. cit., p.195). Assim, constata-se na
atualidade uma série de visões sobre a problemática ambiental paralelamente ao
contexto de proteção da natureza, que necessitam de mais atenção à percepção dos
novos riscos, tendo em vista a relação sociedade-natureza.
2.1.3 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREAS PROTEGIDAS (UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO)
Do ponto de vista da preocupação com a tutela do meio ambiente o primeiro
instrumento jurídico visando à instituição de áreas protegidas, refere-se ao primeiro
Código Florestal de 193411. Este já introduzia a categoria de parques nacionais,
estaduais e municipais; florestas nacionais e as florestas de propriedade privada,
que poderiam ser, no todo ou em parte, declaradas protetoras. E em 1965, foi
publicado o segundo Código Florestal12, definindo normas para a utilização e
exploração das florestas e demais formas da vegetação.
Porém, Guetta (2012) diz que “a Constituição Federal de 1988, pode ser
considerada como a primeira a trazer os dispositivos específicos sobre a
preservação ambiental”, principalmente ao dedicar um capítulo ao amparo ao meio
ambiente.
Conforme, reza o capitulo VI da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988):
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
11
Decreto 23.793, 23/01/1934. Revogado pela Lei 4.771, de 1965. 12
Lei 4.771 de 18/09/1965. O Código foi completado pela Lei 5.197(03/01/1967). Revogado pela Lei nº 12.651, de 2012.
36
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público:
[...]
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais
e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção.
No referido capítulo e em seus incisos evidenciam-se as garantias
constitucionais ao Poder Público e cabe ao mesmo definir no âmbito de sua
competência os espaços territoriais especialmente protegidos. Dessa forma, a
possibilidade de criação de Unidades de Conservação pelo Poder Público,
independe da Lei que estabelecem as Unidades de Conservação, UC.
Seguindo o raciocínio dos antecedentes da sistemática de UC, Pádua (2011,
p.23), diz que “nos anos 1970 foi efetuado o primeiro planejamento do Sistema de
Unidades de Conservação pelo IBDF13” com o apoio da Organização não
Governamental Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, “tendo sido
aprovado pelo Governo e publicado oficialmente em 1979”. De acordo com a mesma
autora, em 1982 tal planejamento foi sancionado pelo Governo e publicado sua
segunda etapa, ainda pelo IBDF. Em meados dos anos 2000, no plano federal tem-
se a Lei 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação, SNUC.
13
Instituto Brasileiro de Defesa Florestal - IBDF
37
2.1.3.1 O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei 9.985, de
18 de julho de 2000)
O SNUC estabelece critérios e normas sobre o processo de criação,
implantação e gestão das unidades. Define também os objetivos e as diretrizes do
sistema e traz um capítulo dedicado às reservas da biosfera, entre outras questões,
onde o conjunto de UC que compõem esse sistema pode ser administrado nas
esferas federais, estaduais ou ainda municipais.
E para fins previstos na Lei 9.985/2000, define-se Unidade de Conservação:
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas
jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente
instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).
O Decreto nº 4.340 de 22 de agosto de 2002, regulamenta os artigos da Lei
do SNUC e dá outras providencias. Este trata mais detalhadamente da criação das
UC, dos mosaicos de unidades, dos planos de manejo, dos conselhos, da gestão
compartilhada com OSCIPs, da compensação ambiental, do reassentamento de
populações tradicionais e das reservas da biosfera.
Quanto aos objetivos do SNUC, estes estão pautados principalmente na ideia
da proteção, da preservação e da recuperação, onde cabe ressaltar o Inciso IX, do
Art. 4º do SNUC que fala dos objetivos do mesmo quanto à recuperação (BRASIL,
2000):
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados.
É evidente a presença de um objetivo voltado à recuperação, entretanto, ao
analisar os objetivos das categorias de Unidades de Conservação estabelecidas
pelo sistema, inexiste em seu texto tal preocupação.
Um dos pontos considerados de maior significância no Sistema Nacional de
Unidades de Conservação refere-se à definição das categorias que são divididas em
dois grandes grupos, possuindo características especificas. No entanto, salienta-se
que antes do SNUC, a classificação de UC era dada através da Resolução
38
CONAMA nº 11/8714 complementada pela CONAMA nº 12/8815. Esta definiu cerca
de dez categorias, entre as quais a categoria Hortos Florestais, Jardins Botânicos e
Jardins Zoológicos que diferem das encontradas no SNUC.
Outro momento em que pode ser visualizada certa definição tanto das UC
quanto de outras categorias, refere-se à Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 199816
que reza sobre os crimes ambientais (na Lei do SNUC previa alterações na redação,
porém, os Artigos 40 e 40-A da Lei foram vetados).
Dessa forma, se constata no art. 40, § 1º da Lei nº 9.605/98 (BRASIL, 1998):
§ 1º. Entende-se por Unidades de Conservação as Reservas
Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques
Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e
Municipais, Áreas de proteção Ambiental, Áreas de Relevante
Interesse Ecológico e Reservas Extrativistas ou outras a serem
criadas pelo Poder Publico.
Para tanto, o capitulo VII da Lei do SNUC, traz em seu Art. 55 que (BRASIL,
2000):
Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com
base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias
previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou em parte, no prazo
de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base
na categoria e função para as quais foram criadas, conforme o
disposto no regulamento desta Lei.
Esta foi regulamentada, pelo Decreto Nº 4.340/2002, em seu Capitulo X, Art.
40 que diz (BRASIL, 2002):
Art. 40. A reavaliação de unidade de conservação prevista no art. 55
da Lei no 9.985, de 2000, será feita mediante ato normativo do
mesmo nível hierárquico que a criou.
14
Resolução CONAMA nº 11, de 3 de dezembro de 1987 - Resolve: Art. 1º. Declarar como Unidades de Conservação as seguintes categorias de Sítios Ecológicos de Relevância Cultural, criadas por atos do Poder Público (BRASIL, 1987). 15
Resolução CONAMA nº 12, de 14 de dezembro de 1988- Resolve: Art. 1º. Declarar as Áreas de Relevante Interesse Ecológico - ARIEs como Unidades de Conservação para efeitos da Lei Sarney, da Portaria/Minc/nº 181/87 e da Resolução/CONAMA/nº 11 de 3 de dezembro de 1987 (BRASIL, 1988). 16
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências (BRASIL, 1998).
39
Particularmente, no Estado do Ceará, o que se percebe quanto à reavaliação
das UC criadas anteriormente a Lei do SNUC, em especial no âmbito estadual e
municipal, é que estas ainda não sofreram adequações; podendo ser apontadas
diversas causas entre quais as principais são de natureza politica e econômica.
Para fins de exemplificação tem-se no ano de 2013 no município de Fortaleza
(Estado do Ceará) na UC denominada por Parque Ecológico do rio Cocó que está
em processo de adequação ao SNUC, com a proposta de denominação de Parque
Estadual do Cocó de acordo com CEARÁ (2012a). Porém, foram apontados diversos
problemas ambientais, são eles: ações judiciais contra o Estado do Ceará
requerendo indenizações em função dos decretos de desapropriação; ocupações
irregulares e invasões em área de preservação permanente; projeto de construção
da ponte sobre o rio Cocó; disposição de resíduos sólidos; estações de tratamento
de esgoto da Lagoa da Zeza, Lagamar e Dendê e lagoa de estabilização do
Tancredo Neves e lançamento de efluentes de ligações clandestinas (CEARÁ,
2012a).
Com isso, percebe-se que embora haja a compreensão de que a UC adeque-
se ao SNUC, existe antes de tudo a complexidade socioambiental. Isso significa que
a proteção desses ambientes deve considerar, até mesmo para a própria delimitação
de áreas a serem protegidas, o desenvolvimento local que está posto; a miséria
crescente e a degradação ambiental.
Quanto à gestão do SNUC, esta ocorre em consonância ao disposto no artigo
6º, incisos I, II e III, cuja redação estabelece (BRASIL, 2000):
Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as
respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio
Ambiente - Conama17, com as atribuições de acompanhar a
implementação do Sistema;
II – Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade
de coordenar o Sistema; e
17
É o órgão colegiado de caráter deliberativo e consultivo do Sistema Nacional de Meio Ambiente − SISNAMA. Criado pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Essa Lei, foi regulamentada pelo Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, com alterações posteriores, disciplina as competências do Conselho.
40
III – Órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em
caráter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de
implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e
administrar as unidades de conservação federais, estaduais e
municipais, nas respectivas esferas de atuação18.
Assim, o CONAMA como órgão consultivo e deliberativo tem a função de
acompanhar e aplicar o que está exposto no SNUC, e o Ministério do Meio
ambiente, tem a finalidade de coordenar propondo reuniões entre as administrações
das UC, visando o planejamento e a criação de outras UC. Ressalta-se que não
compete ao CONAMA a criação de Unidade de Conservação, mas o incentivo de
sua criação.
Por fim, tem-se o Inciso III, Art. 6º da Lei do SNUC que menciona os órgãos
executores, e teve sua redação modificada pela Lei nº 11.516/200719, incluindo o
Instituo Chico Mendes em seu texto e esclarecendo sobre o caráter supletivo deste e
do IBAMA.
Ainda no universo das Unidades de Conservação, o SNUC divide as mesmas,
como mencionado anteriormente, em dois grandes grupos, são eles: Proteção
Integral, PI e Uso Sustentável, US, sendo os grupos divididos em 12 categorias,
subdivididos em cinco e em sete categorias, respectivamente. Esta divisão pode ser
melhor visualizada na Figura 1, e esclarecidas nas questões a seguir.
18
Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007. 19
Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 - Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes; altera as Leis nos 7.735, de 22 de fevereiro de 1989, 11.284, de 2 de março de 2006, 9.985, de 18 de julho de 2000, 10.410, de 11 de janeiro de 2002, 11.156, de 29 de julho de 2005, 11.357, de 19 de outubro de 2006, e 7.957, de 20 de dezembro de 1989; revoga dispositivos da Lei no 8.028, de 12 de abril de 1990, e da Medida Provisória no 2.216-37, de 31 de agosto de 2001; e dá outras providências.
41
Figura 1- Organograma dos objetivos e das disposições acerca das Unidades de Conservação de acordo com SNUC.
Organização: Autor, 2013 adaptado do texto do SNUC (BRASIL, 2000).
Legenda: Refúgio da Vida Silvestre – REVIS, Monumento Natural – MN, Reserva Biológica – REBIO, Estação Ecológica - ESEC, Parque Nacional –
PARNA, Reserva Extrativista – RESEX, Reserva da Fauna – REFAU, Floresta Nacional – FLONA, Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS,
Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE, Área de Proteção Ambiental – APA e Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.
42
Pádua (2011) assevera que “o enorme leque de categorias poderia ser bem
reduzido, pois os objetivos de várias categorias são os mesmos que os de outras”.
Tal afirmativa revela coerência ao analisar-se minuciosamente cada objetivo e
contrapor algumas definições descritas no Art. 2º da Lei o SNUC.
O SNUC em seus § 1º e § 2º define como objetivo básico de cada grupo de
UC (BRASIL, 2000):
§ 1º O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar
a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.
§ 2º O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável e
compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de
parcela dos seus recursos naturais.
Nota-se que a ideia de preservação mencionada no objetivo do grupo de
Proteção Integral, remete-se a uma política de procedimentos, que de certa forma
exclui a figura humana. O uso indireto dos seus recursos naturais refere-se à
proibição do consumo, da coleta, do dano ou da destruição dos recursos naturais.
Ou seja, “exprimem a não ocupação do espaço considerado para fins de exploração”
(HOLANDA, 2004, p. 36).
Souza et al. (2009), dizem que “as unidades de Proteção Integral são em
geral, formadas por terras públicas e, havendo áreas particulares quando de sua
instituição, procede-se a desapropriação”.
Quanto ao objetivo do grupo de Uso Sustentável, permitem o uso direto, que
para Holanda (2004, p.36) exprime “a ocupação pelo homem, do espaço
considerado, em sua plenitude racional. Isto é, “aquele que envolve coleta e uso,
comercial ou não, dos recursos naturais” (BRASIL, 2000). “Quando constituídas,
sobre terras particulares, restringem-se alguns usos, com o fulcro de assegurar a
preservação de tais atributos naturais” (SOUZA et al., 2009, p. 103).
No que tange à criação das unidades, o SNUC no Art. 22 § 2º prevê (BRASIL,
2000):
§ 2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida
de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a
localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade,
conforme se dispuser em regulamento.
43
Dessa forma a criação das categorias de REBIO e ESEC caracteriza-se como
exceções para o cumprimento § 2º do Art. 22 em relação à consulta pública. Os
estudos técnicos e a consulta pública podem contribuir para evitarem-se injustiças e
inutilidades das UC nas esferas do SNUC, embora, este não diga explicitamente que
a consulta pública tenha poderes para aprovar ou não aprovar a criação da unidade
de conservação (SAMPAIO, 2010).
O Plano de Manejos das UC é estipulado para todas as categorias, devendo
ser elaborado no prazo de até cinco anos de existência da unidade. A própria Lei do
SNUC, o define no Art. 2º XVII, como (BRASIL, 2000):
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com
fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se
estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso
da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.
Assim, de acordo com Associação Caatinga (2007, p.2) “o objetivo de um
Plano de Manejo é ordenar, orientar e normatizar toda e qualquer intervenção em
uma área natural protegida, visando manter sua integridade biológica e o
cumprimento dos objetivos pelos quais ela deve existir”. Esse deve abranger a
unidade, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos; sendo estes,
quando existem conexões entre a UC e outras áreas naturais.
Para a zona de amortecimento, o SNUC diz que (Brasil, 2000):
Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção
Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir
uma zona de amortecimento e, quando conveniente, corredores
ecológicos.
Assim, o Poder Público poderá definir os limites da zona de amortecimento de
uma UC. E caso não seja definida no ato de criação da unidade, a mesma deverá
ser definida durante a elaboração do Plano de Manejo.
Quanto à gestão das UC, o Decreto nº 4.340/2002 traz um capitulo dedicado
à gestão compartilhada com as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público, OSCIP. Nele, são firmados termos de parcerias com o órgão responsável
44
pela UC. O ganho dessa iniciativa é a facilitação do trabalho de instituições locais
que comprovem realizações de atividades de proteção do meio ambiente.
Demonstra-se com isso um aumento da participação da sociedade.
Sobre a Reserva Biosfera, há existência de um capítulo específico para este
tema. Assim, o Art. 4120 reza que:
Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado
internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável
dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da
diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa,
o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das
populações (BRASIL, 2002).
A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O
Homem e a Biosfera – MAB21", estabelecido pela UNESCO, organização da qual o
Brasil é membro. Salienta-se que desde 2005 a RPPN Reserva Natural Serra das
Almas, localizada nos municípios de Crateús (Estado do Ceará) e em Buriti dos
Montes (Estado do Piauí) foi homologada como Posto Avançado da Reserva da
Biosfera da Caatinga devido ao modelo inovador de Conservação da Caatinga
desenvolvido em conjunto com as comunidades do entorno.
Após serem expostas algumas observações acerca do SNUC é necessário
tecer algumas considerações. Entre elas, destaca-se que o SNUC significou um
grande avanço no trato do regime jurídico da propriedade imobiliária dentro das
Unidades de Conservação, “sendo de lamentar alguns vetos que poderiam ter sido
evitados por uma melhora de redação dos dispositivos que regularam” (MILANO et
al., 2002).
Antes do SNUC não havia um guia sobre o regime público e privado das
Unidades. Milano et al. (op. cit., p.18), afirma que a consequência dessa falta de
clareza foi a criação de muitas UC sem nenhuma preocupação com o regime jurídico
das propriedades privadas nelas contidas. Entretanto, não se pode generalizar,
mesmo com o advento da Lei do SNUC, “a situação não mudou, pois embora se
20
Regulamentada pelo Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. 21
Man and Biosphere.
45
tenham estabelecido milhões de hectares em novas unidades de conservação, 50%
delas carecem de regularização fundiária” (PÁDUA, 2011).
O Ministério do Meio Ambiente disponibiliza um "Roteiro Básico para a
Criação de Unidades de Conservação", onde consta, entre outras medidas
essenciais, a necessidade de elaboração de estudos técnicos, que devem ter por
base algumas providências necessárias (GUETTA, 2012). Porém, muitas vezes
esses roteiros são difíceis e caros para confecção.
Pádua (2011, p.32), aponta duas grandes virtudes do SNUC. A primeira foi a
de juntar e ordenar todos os textos legais e as melhores práticas em um só
documento, coerente e de fácil entendimento; a segunda foi dar peso de lei a
questões importantes que ainda não tinham esse nível, como no caso do apoio
financeiro que as unidades de conservação devem receber de empreendimentos
que têm impacto ambiental na região onde se localizam a famosa “compensação
ambiental”.
Por fim, pode-se dizer que a preocupação do SNUC se deu efetivamente com
a sistematização do modo de criação, ou seja, preocupação com as competências
literais de criação das unidades, tanto que excluiu a possibilidade de integração com
outras políticas ambientais e de uso da terra. Dessa forma, também excluiu a
interação com as APPs e as Reservas Legais, que mesmo já sendo protegidas por
outros meios legislativos poderiam contribuir para a conexão das UC.
“A Lei não aumentou significativamente a qualidade do manejo das unidades
de conservação, nem melhorou as condições do seu uso público” (PÁDUA, 2011),
porém, a delimitação de áreas a serem protegidas com todos os atributos naturais
demarcados pode contribuir, quando geridos adequadamente, com uma
conservação de ilhas naturais, embora, no futuro essas ilhas não sejam suficientes
para a ideia da conservação, mas podem contribuir como banco genético da
biodiversidade. Contudo, ainda se espera que muito seja feito para a conservação
efetiva do meio natural e convivência humana adequada.
2.2 PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS E METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento da pesquisa utiliza-se de métodos (com a finalidade
de direcionamento das ideias) e de técnicas (para responder aos objetivos). Dessa
46
forma, quanto mais preciso e adequados são os procedimentos operacionais e
metodológicos, maiores são os graus de confiabilidade da resposta obtida. Estes
estão concentrados em dois tópicos de abordagem: Operações sistematizadas e
Produção Cartográfica.
2.2.1 OPERAÇÕES SISTEMATIZADAS
“Ao lado da estrutura conceitual há necessidade de que haja disponibilidade
da instrumentação tecnológica para a coleta de informações e efetiva ação analítica”
(Christofoletti, 1999, p.1), principalmente ao considerar os novos avanços da
tecnologia e rapidez de propagação das informações.
A partir da definição dos objetivos e a escolha da escala adotada, é possível
efetuar uma análise dos processos naturais e da modificação antrópica sobre o
ambiente. Dessa forma, para melhor compreensão compartimentaram-se as
operações sistematizadas em três ações principais: a coleta de material, a atividade
de campo e a análise laboratorial.
2.2.1.1. Coleta de material
A coleta de material concentrou a definição do embasamento teórico,
levantamento bibliográfico pertinente e aquisição de dados e materiais secundários
(de caráter qualitativo e quantitativo). Além disso, houve a elaboração dos primeiros
mapas e cartas-base que foram aprimoradas após o trabalho de campo (este exige
um conhecimento prévio da área de estudo).
O levantamento bibliográfico buscou a reunião da literatura existente com
concentração na área da Geografia física e outros eixos temáticos, entre os quais se
destacam a Conservação e Preservação nas Regiões Semiáridas do município de
Aiuaba. Além de outros eixos sobre a Teoria Geossistêmica, a Teoria Ecodinâmica e
a Análise Geoambiental. Optou-se por destacar as principais bibliografias seguidas
de acordo com o eixo de abordagem (Quadro 1).
47
Quadro 1- Levantamento bibliográfico com base nos eixos temáticos
Tema Subtema Eixos Bibliografia
Meio Ambiente Unidades de
Conservação,
Biodiversidade
Problemática
Ambiental
Atualidades e Tendências,
Conservação, Preservação, Critérios
de criação, quantificação, localização,
categorias, público, privada,
endemismo; grau de conservação,
Evolução da relação com a Natureza;
Novas concepções; Meio ambiente e
Desenvolvimento; Recursos Naturais
(Conceitos e Exploração); Áreas
prioritárias para conservação.
ALMEIDA e SOARES et al.
(2009); BRASIL (2000);
CARVALHO (2011);
CHRISTOFOLETTI (1999);
DIEGUES (2001); GUERRA
e COELHO (2009); LEFF
(2001); MEDEIROS (2006);
MILANO (2002);
MORCELLO (2001);
RODRIGUES (1998); ROSS
(1994); VENTURI (2006).
Geografia Física Sistemas
Ambientais, Análise
Integrada,
Unidades
Geoambientais,
Geossistema,
Ecodinâmica.
Principais Teorias Definição de
sistemas ambientais; Mapeamento dos
sistemas ambientais; Análise
sistêmica; Estado de Vulnerabilidades;
Estado de Instabilidade;
Potencialidades; Limitações.
BASTOS (2011);
BERTALANFFY (1975);
BERTRAND (1968).
CHRISTOFOLETTI (1999);
GALINA (2004);
MENDONÇA e KOZEL
(2002); NASCIMENTO e
SAMPAIO (2004/2005);
ROSS, (1994, 2006); SOUZA
(1975, 1979, 1981, 2000,
2003, 2009, 2011);
SOTCHAVA (1977);
TRICART (1977);
TROPPMAIR e VEADO
(1995).
Região Semiárida Semiárido,
degradação,
recuperação
ambiental.
Delimitação da região semiárida;
particularidades; caracterização;
importância; definições; comparações
com outras abordagens e teorias;
progressividade; regressividade; limites
de tolerância dos sistemas; sucessão
ecológica.
AB’ SABER (1999, 2003);
CEARÁ (1992, 1993, 1994,
1998, 2005); MARTINS
(1993); SOUZA (1975, 1979,
1981, 2000, 2003, 2009,
2011).
Legislação
Ambiental
Legislação de áreas
protegidas
Criação de UC; SNUC; Áreas
Protegidas; Recuperação de Áreas
degradadas após ação; Leis e
Decretos; CONAMA; Reservas Legais;
Novo Código Florestal.
ASSOCIAÇÃO CAATINGA,
(2007); BRASIL (2012, 2007,
2002, 2000, 1998, 1988,
1967, 1965); CEARÀ (2013);
CONAMA (2002, 1987,
1988); GUETTA (2013);
HOLANDA (2004); MILANO,
(2002); OLIVEIRA (2010);
PÁDUA (2011); SAMPAIO, e
SILVA (2010).
48
Sensoriamento
Remoto e
Geoprocessamento
Técnicas,
Geoprocessamento,
Sensoriamento,
Instrumentos de
Campo.
Justificativa para a utilização de tais
técnicas; Definição de Escala;
Definição do Datum; Aquisição de
Imagens; Levantamento da Base
cartográfica existente (aquisição em
órgãos públicos); Definição do software
Imagens de satélites; Imagens aéreas;
Uso do GPS, câmera fotográfica e
outros;
CÃMARA (1996); CREPANI
e MEDEIROS (2005); FLITZ
(2010); MIRANDA, (2010);
PAESE et. al. (2012);
PONZONI et. al. (2012).
Organização da Autora, 2013.
As coletas de dados e documentos concentraram-se em levantamentos
bibliográficos na Biblioteca Central da Universidade Estadual do Ceará (Biblioteca
Prof. Antônio Martins Filho), na Biblioteca do PROPGEO e na Biblioteca do
Laboratório de Geoprocessamento, LABGEO; todas no Campus do Itaperi e na
Biblioteca Universitária da Universidade Federal do Ceará (Biblioteca de Ciências e
Tecnologia) no Campus do Pici.
Houve uma ampla consulta a revistas eletrônicas e a periódicos da CAPES
via internet, além de outros trabalhos via Google Acadêmico. Foram consultadas as
dissertações e Teses do acervo do PROPGEO e de outras instituições brasileiras,
além de trabalhos no âmbito internacional, uma vez que as avaliações sobre áreas
protegidas partem do conhecimento por parte da sociedade e das instituições
(nacional/ internacional) a respeito da gravidade do problema.
Outras contribuições advêm de instituições voltadas ao estudo ambiental,
como do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará, IPECE, Serviço Geológico do Brasil (Companhia de
Pesquisa de Recursos Minerais), CPRM, Superintendência Estadual do Meio
Ambiente, SEMACE e dados da Prefeitura Municipal de Aiuaba.
Em resumo, têm-se os principais trabalhos adquiridos sobre o município de
Aiuaba ou sobre a Estação Ecológica de Aiuaba que são explicitadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Levantamentos dos Principais trabalhos sobre o município de Aiuaba
TÍTULO PESQUISADOR/ INSTITUIÇÃO ANO
Distribuição geográfica mundial de plantas
lenhosas da Estação Ecológica de Aiuaba,
Ceará, Brasil
LEMOS, J. R. e ZAPPI, D. C. 2012
Identificação dos principais usos de VIANA, L. F. G.; PINHO, A. I. M.; 2011
49
pequenos Açudes a Montante do Açude
Benguê, Ceará, Brasil
ALEXANDRE, D. M. B.; J. C. ARAUJO
Análise do Assoreamento de um Pequeno
Reservatório: Estudo de caso Açude
Boqueirão, Aiuaba, Ceará
LIMA, Y. C. P. 2010
Apicultura: uma comparação na produção
entre apicultores de Porto Velho/RO E
Aiuaba/CE
BRASIL, C. E. do A.; SOUZA, M. P. de;
MÜLLER, C. A. da S.
2010
Florística e fitogeografia da vegetação
decidual da Estação Ecológica de Aiuaba,
Ceará, Nordeste do Brasil
J. R. LEMOS e M. MEGURO 2009
Utilização do SIG na avaliação da
Fragilidade potencial da Bacia Experimental
de Aiuaba - BEA/CE
WIEGAND, M. C.; LIMA, Y. C. P.;
CHAVES, Q. L. de S. G.; ALVES, N. N. L.
2009
Produção de sedimentos na bacia
experimental de Aiuaba, CE: validação do
modelo empírico HIDROSED-1.
WIEGAND, M. C.; LIMA, Y. C. P.;
ARAÚJO, J. C.
2009
Caracterização de uma caatinga arbórea no
município de Aiuaba CE
SOUZA, J. T.; MENDES, P. G. A.; SOUSA,
J. R.; SILVA, M. A. M.; LIMA, A. S.;
SOUZA, M. M. A.
2007
Comparação do uso do SRTM para
delimitação e caracterização fisiográfica de
uma micro bacia hidrográfica
COSTA, C. A. G.; COSTA, A. C.;
TEIXEIRA, A. dos S.; ALVES, N. N. de L.;
ANDRADE, E. M. de.; SOUSA, B. F. S.;
LEÃO, A. de O.
2007
Plano Operativo de Prevenção e Combate
aos incêndios florestais da Estação
Ecológica de Aiuaba
MMA, IBAMA, PREVFOGO, ESEC de
Aiuaba
2006
Florística, Estrutura e Mapeamento da
Vegetação de Caatinga da Estação
Ecológica de Aiuaba, Ceará.
LEMOS, J. R. 2006
Análise de Susceptibilidade à Erosão dos
Solos da Estação Ecológica de Aiuaba –
CE.
ARAÚJO, L. C. M. 2005
Modelagem da Interceptação no Semiárido
Brasileiro: aplicação do modelo de Gash na
Bacia Experimental de Aiuaba – CE.
MEDEIROS, J. R.; ARAÚJO, J. C. 2005
Zoneamento Fito - Ecológico da Estação
Ecológica de Aiuaba: uma contribuição à
educação ambiental e à pesquisa científica
MEDEIROS, J. B. L. de P. 2004
Hidroquímica de Águas Superficiais e
Subterrâneas da Bacia da Gameleira,
Município de Aiuaba/CE
PEREIRA, L.; SANTIAGO, M. M. F.;
FRISCHKORN, H.;
ARAÚJO, J. C. de e LIMA, J. O. G. de
2004
Levantamentos Geológicos Básicos.
Geologia da Folha Jaguaribe SW –SB.24y.
CPRM 2000
50
Escala 1:500.000. CPRM.
Cobertura Vegetal - município de Aiuaba-
CE
PNE 1999
Organização da Autora, 2013.
É importante salientar que apesar de existir sobre o município de Aiuaba uma
série de estudos, percebe-se claramente a insuficiência de estudos no âmbito da
Geografia (embora se considere a interdisciplinaridade). No decorrer da execução
da pesquisa foram percebidos diversos trabalhos científicos geográficos que citam
em algum momento, o município ou a Estação Ecológica de Aiuaba, porém ainda se
constata uma deficiência de trabalhos aplicados à área de interesse.
2.2.1.2. Trabalho de Campo
Alentejano e Rocha-Leão (2006, p.53), afirmam que “desde os primórdios da
Geografia os trabalhos de campo são parte fundamental do método de trabalho dos
geógrafos”. O mesmo funciona como base da pesquisa na produção do
conhecimento científico.
É no trabalho de campo que a “visão do geógrafo é simultaneamente
multiescalar, capaz de observar desde o detalhe ao seu lado até o conjunto da
paisagem, multiplicando-se as possibilidades de conexões horizontais e verticais”
(VENTURI, 2011, p.21). Para tanto, na realização desta pesquisa o trabalho de
campo está pautado na necessidade de reconhecimento e confirmação de feições
naturais ou antrópicas percebidas no próprio trabalho de “pré-campo”.
Optou-se por trabalhar com o uso de técnicas de sensoriamento remoto, com
registro fotográfico (câmera fotográfica digital) e análise de imagens de satélites,
auxiliadas a partir da aquisição de pontos através do uso de receptor Global
Positioning System, GPS.
Em suma, pode–se dizer que para o estudo da área com vista ao trabalho de
campo é necessária uma base cartográfica predefinida e estabelecida através de
mapas e cartas dos condicionantes ambientais.
51
2.2.1.3. Análise Laboratorial
Após o trabalho de campo tem-se a análise laboratorial, a qual Venturi (2005),
considera que “o laboratório, stricto senso, é utilizado para o trabalho de
sistematização das informações recolhidas em campo”.
Tal sistematização implicou na seleção e análise dos dados e em alguns
momentos edições de dados cartográficos; concentrando-se nas atividades de
tabulação, tratamentos e elaboração de mapas temáticos, além da organização dos
registros fotográficos.
Ainda nesta etapa, houve a consolidação da escrita e concomitante, buscou-
se o cumprimento do cronograma estabelecido no projeto de pesquisa. Para fins de
complementação, a espacialização dos dados coletados se deu em ambiente de
Sistema de Informação Geográfica, SIG.
2.2.2 PRODUÇÃO CARTOGRÁFICA
A representação cartográfica pode ser considerada como um pontapé inicial
na análise ambiental em Geografia, ou melhor, no estudo da ciência geográfica e de
outras ciências, uma vez que a espacialização das paisagens contribui efetivamente
para o trabalho do geógrafo. Nesta perspectiva, atenta-se para o estudo do
município de Aiuaba, onde os fatores ambientais foram definidos a partir do uso de
técnicas de sensoriamento remoto e de geoprocessamento (Tabela 2).
Tabela 2 – Principais Parâmetros e instrumentos técnicos aplicados à pesquisa
Imagem de Satélite RESOURCESAT 1
Sensor LISS 3
Banda e Resolução Espectrais Verde – 0,52- 0.59 µm; Vermelho - 0,62 -0,68 µm;
Infravermelho próximo - 0,77 -0,86 µm e Infravermelho - 1,55-
1,70 µm.
Resolução Espacial 23,5 metros
Resolução Temporal 24 dias
Resolução Radiométrica 7 bits
Área Imageada 141 km
Composição Bandas 3,4,5/BGR colorida/falsa
52
Projeção Projeção Plana
Datum SIRGAS 2000
Cobertura de Nuvem Máxima 90%
Outras Imagens: Shuttle Radar Topography Mission, SRTM (Caracterização
topográfica);
GEOCOVER (Georreferenciamento)
Receptor de Navegação - GPS GARMIN – eTrex 10
Câmera fotográfica Sony DSC-W630
Software SPRING 5.2.2; Quantum GIS 1.7.4.
Software Auxiliares GPS TrackMaker, versão 13.7.; Google Earth, Google Earth
Pro Trial (versão de teste).
Fonte: INPE, 2013. Acesso: http://www.processamentodigital.com.br/2012/04/20/satelite-irs-p6
resourcesat-1
Destarte, para a produção cartográfica visando cumprir todos os objetivos
propostos se destaca a adoção de softwares livres para a elaboração dos mapas.
Assim, foi usado o software de tecnologia nacional SPRING 5.2.2 (disponível
gratuitamente no site: http://www.dpi.inpe.br/spring) para o processo de classificação
das imagens e cruzamentos de dados para a geração de mapas temáticos que por
sua vez, “caracteriza-se como um SIG (Sistema de Informações Geográficas) no
estado-da-arte com funções de processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais.“ (BRASIL,
2012a). Em adição, utilizou-se o software ARGGIS 10, devido limitações dos
softwares livres.
O município de Aiuaba apresenta três particularidades importantes que
devem ser consideradas em sua espacialização gráfica; a primeira refere-se à
disposição do mesmo, quanto à grade (Orbita/ponto) do satélite ResourceSat 1 LISS
3, por localizar-se entre três grades torna-se necessária à realização de mosaicos
das imagens de satélite baseado em imagens georrefenciadas (Figura 2), também
foi necessário efetuar uma normalização radiométrica. Assim, foram utilizadas
imagens do ano de 2012, mas precisamente, as imagens das orbitas/pontos e datas:
333/080 (06/07/2012), 333/081 (06/07/2012), 334/081 (04/08/2012).
A segunda particularidade, ainda interligada a primeira diz respeito à
dificuldade de encontrar imagens de satélite do mesmo período (para a área de
abrangência de Aiuaba) face à localização e carência de dados para o interior do
Estado do Ceará.
53
Figura 2- Croqui da Grade do satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 sobre o Estado do Ceará. O destaque em vermelho corresponde à localização do município de Aiuaba. Fonte: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011) e INPE (2013). Elaboração: Autora, 2013.
Por fim, a terceira, refere-se ao fato de se tratar de um município com uma
área de 2.434,423 km² (BRASIL, 2010), o que se considera como extensão
considerável em relação aos demais municípios do mesmo Estado implicando na
adoção de uma escala 1: 250.000 (com redução de detalhes).
Foi efetuada uma busca acurada a fim de encontrar imagens do satélite
ResourceSat 1 LISS 3 com cenas desprovidas de nuvens, nesse caso, estas foram
consideradas como uma classe a ser mapeada no processo de extração das
informação das imagens, denominado de classificação (base para elaboração de
mapas temáticos).
Visando a aplicação das técnicas de sensoriamento remoto e de
geoprocessamento, paralelamente o alcance das metas, dado o desenvolvimento da
pesquisa, estabeleceu-se uma visão geral dos mapeamentos propostos para o
trabalho em epigrafe (Quadro 2).
54
Quadro 2- Visão geral dos mapeamentos propostos para o desenvolvimento da pesquisa Mapas e Cartas em atendimento aos Objetivos
22
Mapas/Cartas Descrição Aquisição de dados/ Materiais Procedimentos
Figura de localização do município de Aiuaba
Refere-se à localização do município de Aiuaba na posição cartográfica brasileira.
Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011), DER-CE (2010), INPE (2013) e Figuras no formato GIF: EMBRAPA (2010). Imagem: GEOCOVER (Disponível: HTTPS://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/), Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)
Elaboração de Mosaico das Imagens de satélite RESOUCESAT 1 – LISS 3 na área de estudo (uso do programa SPRING, imagem GEOCOVER para o georreferenciamento e complementação com figuras do Brasil, Nordeste e Ceará com fundo da imagem LANDSAT.
Mapa básico do município de Aiuaba
Apresenta elementos da cartografia básica do município de Aiuaba
Base cartográfica: IPECE (2009); DER-CE (2010) Imagens: SRTM (Disponível: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/) Programa extra: Google Earth Pro versão trial, grátis por sete dias.
Cruzamento de dados: Limite Municipal (Divisão política-territorial do Estado); área urbana (Elaborada com auxilio do Google Earth Pro); dados altímetros extraídos da Imagem SRTM e dados de drenagem.
Mapa de Unidade de Conservação no Ceará
Disposição das Unidades de Conservação no Estado do Ceará.
Base cartográfica: MMA (2012), SEMACE (2012), ICMBIO (2012). Mapa: Delimitação do Semiárido do Ceará (IPECE, 2010).
Cruzamento de dados: unidades de conservação; delimitação do semiárido.
Mapa das áreas prioritárias a conservação da biodiversidade no Ceará
Busca demostrar onde está às áreas e características consideradas de prioridade a conservação.
Base cartográfica: MMA (2007). Mapa prioritário para a conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira. Escala: 1: 6.000.000. BRASIL, 2006. Aquisição de arquivo no formato shapefile: http://www.arcplan.com.br/mma/ap_shape_novas.htm.
Cruzamento de dados: áreas prioritárias a conservação; divisão do limite municipal.
Mapa dos limites de tolerância ao uso e ocupação do município de Aiuaba.
Refere-se à identificação e Classificação dos elementos componentes da paisagem. Capaz de subsidiar práticas ligadas ao ordenamento territorial. Associados a vetores de pressão sobre a UC: Estação Ecológica de Aiuaba. Sugere informações das formas de relevo; podendo subsidiar o estudo das Áreas de Preservação Permanente (com base na Legislação Ambiental).
Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR). Base cartográfica: IPECE (2009); SEMACE (2009), CPRM (2011). Imagens: SRTM (Disponível: http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/)
Dados inseridos: Limite Municipal Processo de segmentação no programa SPRING, seguido da classificação de Imagens RESOUCESAT 1 – LISS 3. Criação de classes de acordo com o conhecimento da área. Geração de produto Modelo Numérico de Terreno, MNT
Mapa geomorfológico do
Contém a compartimentação do relevo e feições geomorfológicas, topografia de
RADAMBRASIL, Folha Jaguaribe/Natal – SB. 24/25, 1981- Geologia; Geomorfologia; Pedologia.
Vetorização e atualização das feições geomorfológicas a partir da carta do RADAMBRASIL; comparações com
22
Todos os mapas e cartas foram/serão elaborados com base no trabalho de campo.
55
município de Aiuaba
Aiuaba. dados de declividade, hipsometria e com auxilio do Google Earth Pro versão Trial.
Mapa Geológico do município de Aiuaba
Demostra as Unidades Crono-litoestratigráficas, contribuindo para análise dos sistemas ambientais.
Base cartográfica: IPECE (2009); SEMACE (2009), CPRM (2011), DNPM (2012) Mapa geológico da CPRM, FOLHA SB.24-Y-Jaguaribe. Escala 1:500.000, CPRM, 2000;
Elaboração e Atualização de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.
Mapa Pedológico do município de Aiuaba
Mapeamento das classes dos solos encontrados no município de Aiuaba.
Base cartográfica: SEMACE (2009), CPRM (2011) e Plano de Informação Pedológica do Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos – SiBCS.
Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.
Mapa Hidrográfico e Hidrológico do município de Aiuaba o
Utiliza-se de dados de drenagens, de feições hídricas, de bacia hidrográfica a fim de subsidiar o planejamento dos recursos hídricos.
Base cartográfica: COGERH (2008), CPRM (2011) e FUNCEME.
Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco.
Mapa dos Sistemas Ambientais do município de Aiuaba
Associado a caracterização geoambiental à elaboração do mapa de sistemas permite a avaliação dos elementos naturais da região de Aiuaba contribuindo para o conhecimento adequado ao uso dos recursos naturais.
Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (2011), DER-CE (2010), INPE (2013). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)
Mapa gerado a partir do cruzamento dos setores ambientais (climatologia, pedologia, geomorfologia, hidrografia; hidrogeologia, fitoecologia e geologia) com base na análise integrada.
Figura das áreas degradadas do Estado do Ceará
Aponta as áreas degradadas do Estado do Ceará
Base cartográfica no formato shapefiles: SEMACE (2009), CPRM (2011), FUNCEME (1994), DER-CE (2010), INPE (2013). Imagem RESOUCESAT 1 – LISS 3 (Disponível: http://www.dgi.inpe.br/CDSR)
Elaboração de mapa a partir da base cartográfica cedida por órgão público de competência. Verificação in loco. E efetuação do processo de segmentação no programa SPRING, seguido da classificação de Imagens LANDSAT.
Organização: Autora, 2013.
56
3 O CONTEXTO DO MUNICÍPIO DE AIUABA
3.1 LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AIUABA
O município de Aiuaba está localizado na porção sudoeste do Estado do Ceará,
com as coordenadas UTM: 375737E e 9273201S (Sede), pertencente à
Macrorregião de Planejamento dos Sertões de Inhamuns e compreende uma área
da unidade territorial de 2.434,423 km² (BRASIL, 2010), correspondendo a 1,64% do
território estadual. O município de Aiuaba limita-se a oeste com Estado do Piauí, a
norte com os municípios de Catarina, Arneiroz e Parambu; a leste com os municípios
de Antonina do Norte, Saboeiro e Catarina e ao sul com os municípios de Campo
Sales e Antonina do Norte (Figura 3).
Figura 3- Localização do município de Aiuaba no Ceará - Brasil. Organização: Autor, 2013.
57
Mapa 1- Mapa básico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
58
Mapa 2- Carta Imagem do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
59
3.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
Contextualização Histórica
A contextualização histórica tem por base dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, IBGE. No entanto, salientar-se que existe uma limitada gama
de informações sobre tal contexto no município.
Assim, a origem do município data do século XVIII, a partir de uma doação
em 20 de agosto de 1972, pelo Capitão-Mor Salvador Alves da Silva concedeu ao
fazendeiro Lourenço Alves Feitosa várias Sesmarias, das quais constam terras já
pertencentes à Ventura Rodrigues de Sousa e Domingos Rodrigues (BRASIL, 2013).
E de acordo com Brasil, (2013), Aiuaba é uma palavra indígena que significa
lugar da bebida, bebedouro e tem como centro de referência especial uma lagoa
onde habitualmente os criadores de gado davam de beber aos seus rebanhos,
sendo comum a todos. Essa lagoa era vinculada ao Distrito de Arneiroz, um dos
mais antigos redutos da Capitania e politicamente em evidência.
O Quadro 3 refere-se aos dados de Formação Administrativa do município de
Aiuaba.
Quadro 3- Formação Administrativa do município de Aiuaba
Distrito criado com a denominação de Bebedouro, pelas leis estaduais nº 929,
de 06-08-1860 e 21-11-1864, subordinado ao município de São Mateus (Atual
município de Saboeiro).
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, Bebedouro figura como
distrito no município de São Mateus.
Assim permanecendo em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-
1937. Pelo decreto-lei nº 169, de 31-03-1938, o distrito de Bebedouro passa
pertencer ao município de Saboeiro.
Pelo decreto-lei estadual nº 1114, de 30-12-1943, o distrito de Bebedouro
passou a denominar-se Aiuaba.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1950, o distrito já denominado Aiuaba
figura no município de Saboeiro.
Assim permanecendo em divisão territorial datada 1-VII-1955.
60
Elevado à categoria de município com a denominação de Aiuaba, pela
estadual nº 3338, de 15-09-1956, desmembrado de Saboeiro. Sede no antigo
distrito de Aiuaba. Constituído de 3 distritos: Aiuaba, Barra e Mocambo todos
criados pela mesma lei do município. Instalado em 25-03-1959.
Pela lei estadual nº 4077, de 08-05-1958, desmembra do município de Aiuaba
o distrito de Mocambo. Elevado à categoria de município com a denominação
de Antonina do Norte.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o município é constituído de 2
distritos Aiuaba e Barra.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005, sem outras
alterações.
Fonte: Brasil (2013). Organização: Autora, 2013.
Aspectos Gerais
O munícipio de Aiuaba está contido na Macrorregião do Sertão dos Inhamuns
e possui de acordo com o Censo demográfico de 2010 uma população de 16.203
habitantes, no entanto estima-se que a população do ano de 2013 está entorno de
16.784 habitantes, com uma densidade demográfica de 6,66 hab/km² (BRASIL,
2013).
Em comparação do munícipio de Aiuaba com o município de Tauá23 e o
Estado do Ceará, constata-se um crescimento gradativo da população no decorrer
dos anos de 1991 a 2010, como demostrado na Tabela 3. No entanto, no ano de
1996 o município de Tauá apresentou um menor número em comparação aos
demais anos. Assim, após os dezenove anos a população municipal de Aiuaba
aumentou 2.984 hab. o que corresponde 18,4%, valor superior à porcentagem do
município de Tauá, cuja diferença foi de 4.377 hab. e corresponde a 7,6%. Por outro
lado o Estado do Ceará obteve um aumento de 2.084,734 hab. que corresponde a
24,2% para o período estimado.
Tabela 3– População do município de Aiuaba
Ano Aiuaba Tauá Ceará
1991 13.219 51.339 6.366.647
1996 13.756 50.090 6.781.621
23
Refere-se ao segundo município de maior destaque da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns em relação à população.
61
2000 14.452 51.948 7.453.661
2007 15.585 54.273 8.185.286
2010 16.203 55.716 8.452.381 Fonte: Brasil, 2013
Dos dezesseis municípios que compõem a Macrorregião do Sertão dos
Inhamuns24 (Figura 4), o município de Aiuaba é o 11º com mais habitantes em seu
território, ficando à frente de Poranga (12°), Ipaporanga (13°), Ararendá (14°),
Catunda (15º) e Arneiroz (16°), sendo que a população de Aiuaba representa
aproximadamente 3,95% do total da região.
Figura 4 Limite municipal da Macrorregião do Sertão dos Inhamuns. Elaboração: Autora, 2013.
24
Divisão adotada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, IPECE para as Macrorregiões de Planejamento do Ceará, “possibilitando uma análise regional dos indicadores no intuito de subsidiar as tomadas de decisões dos gestores públicos e dos cidadãos de um modo geral” (CEARÁ, 2013).
62
De acordo com dados do Anuário Estatístico do Ceará 2012, a população do
município de Aiuaba, nos anos de 1991 (13.219 hab.), 2000 (14.452) e 2010 (16.203
hab.) está dividida entre a Sede e o Distrito de Barro. A ocorrência de maior número
de habitantes na Sede leva a crer que a existência de infraestruturas e
equipamentos funciona como atrativos.
Uma característica importante a considerar no número de habitantes do
município de Aiuaba diz respeito ao predomínio da população rural com 12.252
habitantes em relação à população urbana de 3.951 habitantes (Brasil, 2010). Esse
aspecto traz reflexos no modo de produção espacial, o que inclui a relação de
exploração, de degradação e da conservação da natureza.
No geral, há uma pequena predominância no número de homens sobre o
número de mulheres, representando 50,15% da população municipal. Porém, essa
diferença ocorre graças à população jovem, pois existe um maior número de
mulheres na população ativa e população idosa (Gráfico 1). Assim, constata-se que
a maior parte da população (63,56%) está contida na faixa etária de 15 a 64 anos,
enquadrando-se enquanto população ativa.
Gráfico 1- População do município de Aiuaba por gênero e faixa etária. Fonte: Brasil, 2013
Do ponto de vista aos aspectos ligados ao nível de vida, consideraram-se as
características de oferta de educação e escolaridade, acesso à saúde, condições de
segurança e Índices de Desenvolvimento Social (IDS).
A taxa de escolarização da população do município de Aiuaba, no ano de
2012, apresentaram-se valores de 79,0% para o ensino fundamental, seguido de
34,2% para o ensino médio e de 37,2% na educação infantil (Brasil, 2012b).
Observa-se que essa taxa é mais elevada no ensino fundamental.
0
2000
4000
6000
Populaçãojovem (menosde 1 a 14 anos)
Populaçãoativa (15 a 64
anos)
PopulaçãoIdosa (a partir
de 65 anos)
Homem
Mulher
63
Assim, quando analisadas as divisões numéricas de pessoas matriculadas
nas esferas públicas de ensino, observa-se uma grande quantidade de alunos
matriculados no ensino fundamental, superando os valores do ensino infantil e do
ensino médio (Gráfico 2).
Gráfico 2- Número de matriculas por nível em 2012. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
Porém, ao observar a taxa de escolarização que se destaca no ensino
fundamental e relacioná-la com o número de matriculados no mesmo nível
educacional e se atentar para os dados referentes ao número de escolas por nível,
constata-se que o número de escolas de nível pré-escolar é superior ao número de
escolas no ensino fundamental (Gráfico 3).
Outro aspecto importante refere-se ao fato de que a segunda maior taxa de
escolarização ocorre no ensino médio, no entanto de acordo, com dados de Brasil,
(2013), existe apenas uma escola de ensino médio no município de Aiuaba, tal fato
denota implicações socioeconômicas ao nível de vida.
Gráfico 3- Número de escolas por nível em 2012. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Pré-escolar Fundamental Médio
490
2.701
554
0
10
20
30
40
Pré-escolar Fundamental Médio
34 31
1
64
De acordo com Ceará (2012b), não foram verificados a ocorrência do
desenvolvimento da educação indígena, especial e profissional no município de
Aiuaba. Entretanto, comprovou-se a existência da educação infantil, do ensino
fundamental, médio e de jovens e adultos. Nesta perspectiva, verificou-se na
atuação dos ensinos mencionados o total de 268 docentes no ano de 2010 e 271
docentes no ano de 2011 (Tabela 4).
Na análise do grau de formação dos docentes que ministram suas aulas em
determinado tipo de ensino, observou-se um número expressivo do grau de
formação no nível superior, principalmente, no ano de 2011 para o ensino
fundamental. Associa-se a isto, o fato de que nos últimos anos tem crescido o
número de estabelecimentos do ensino superior e de educação a distancia no
Estado do Ceará, implicando em um maior acesso a este nível e,
consequentemente, maior capacitação de docentes.
O segundo maior número de docentes possui grau de formação no nível
médio, no entanto, percebe-se um declínio neste número, considerando o período
de 2010 para 2011. Paralelamente existe uma ascensão no mesmo período (2010 –
2011) para a formação dos docentes em nível superior.
Em relação ao ensino de jovens e adultos, constata-se no ano de 2011 a
existência de 03 docentes com formação de nível médio e 01 docente com formação
em nível superior. Para tanto, observa-se um declínio no número de docentes com
formação de nível superior quando comparado ao ano de 2010.
Tabela 4- Grau de formação dos docentes pela tipologia de educação/ensino no município de
Aiuaba, CE
Tipologia de
Educação e/ou
Ensino
Grau de Formação dos Docentes Total
Infantil Fundamental Médio Superior
2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011
Infantil - - 04 03 67 40 11 45 82 88
Fundamental - - 08 - 95 35 55 125 158 160
Médio - - - - 03 - 20 22 23 22
Jovens e
Adultos
- - - - - 03 02 01 05 01
( - ) Indica a não ocorrência.
Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013.
65
Os aspectos ligados à saúde revelaram que o município de Aiuaba é
integrado ao Sistema único de Saúde, SUS, fazendo parte o Programa de Saúde da
Família, PSF; Programa Saúde Bucal, PSB e Programa de Agentes comunitários de
Saúde, PACS, oferecendo atendimento na área urbana e rural do município.
Os estabelecimentos de saúde ligados ao SUS representam 100% da oferta
municipal, assim existem no município 01 hospital geral, 01 posto de saúde e 01
Centro de saúde e apoio a família (CEARÁ, 2012b). Ainda no município de Aiuaba
tem-se a existência de 30 leitos municipais ligados ao SUS.
Com relação ao total de profissionais em exercício no município, observa-se
uma variação nos anos de 2010 a 2011 (Tabela 5), tendo o número de profissionais
de nível superior (médicos, dentistas, enfermeiros e outros) apresentado um declínio
nos referidos anos. Entretanto, no total de profissionais de atuação no município de
Aiuaba tem-se 102 no ano de 2010 e 100 no ano 2011, mantendo padrões
aproximados.
Tabela 5- Profissionais de saúde ligados ao SUS em Aiuaba, CE
Descrição 2010 2011
Médicos 11 06
Dentistas 05 03
Enfermeiros 10 09
Outros 07 05
Agentes comunitários 38 40
Auxiliares, técnicos e atendentes 31 37
Total 102 100
Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013
No ano de 2011, o número de pessoas e famílias, cadastradas com
atendimento básico de saúde, é de 15.518 pessoas e 4.165 famílias. O atendimento
básico de saúde conta com 06 equipes do programa saúde da família, 03 equipes do
programa saúde bucal e 38 agentes comunitários de saúde.
A análise dos casos confirmados de doenças de notificação compulsória tem
relevância em saúde pública na definição das prioridades relativa ao seu controle e
prevenção. Dessa forma, a análise dos dados de 2010 e 2011 (Tabela 6) revela uma
66
melhoria na prevenção e/ou controle de doenças, tendo vista a diminuição de casos
confirmados.
Tabela 6- Doenças de notificação compulsória em Aiuaba, CE
2010 2011
AIDS 02 01
Dengue 126 43
Hanseníase 07 02
Hepatite viral 06 01
Leishmaniose Tegumentar 01 -
( - ) Indica a não ocorrência.
Fonte: CEARÁ, 2012b. Organização: Autora, 2013.
Foram cadastradas no município 113 gestantes no 1º trimestre de 2010 e 94
gestantes no 1º trimestre de 2011. No ano de 2011 registrou-se que 194 crianças
nasceram vivas, no entanto constam 04 óbitos neonatal (óbitos ocorridos até 27º dia
de vida), 01 óbito pós-neonatal (óbitos ocorridos do 28º dia até 364º dia) e 05 óbitos
de crianças menores de 01 ano. Desta forma, a Taxa de Mortalidade Infantil – TMI
no município, por mil crianças nascidas vivas, foi de 25,8% (CEARÁ, 2012b). Assim,
a TMI pode ser considerada como um bom indicador da qualidade da assistência à
saúde, bem como o nível de socioeconômico da população.
Em relação à segurança pública, no município Aiuaba é realizada pela polícia
civil e militar. O município faz parte da 18º Área Integrada de Segurança do Ceará,
AIS que compreende seis municípios: Quiterionópolis, Parambu, Arneiroz, Tauá,
Catarina e Aiuaba; sobre a administração regional de Tauá.
Sobre os índices de desenvolvimento considerados, estes servem para medir
o grau de desenvolvimento da qualidade de vida da população e são formulados a
partir de dados econômicos e sociais.
Destaca-se o Índice de Desenvolvimento Social - IDS que pode ser dividido
em dois aspectos: a oferta de serviços públicos na área social (IDS de Oferta) e
indicadores de resultados (IDS de Resultados), ou seja, a esperança de vida da
pessoa que nasce com relação à educação, conforto e saneamento.
Dessa forma, para cada um desses aspectos, são contemplados: educação,
saúde, condições de moradia, emprego e renda, e desenvolvimento rural (Tabela 7).
67
Tabela 7- Índice de Desenvolvimento Social, IDS em 2009 para o município de Aiuaba, CE
2009 Índice Ranking
Global 0,304 178 Oferta
0,444 147 Resultado
Educação 0,248 183 Oferta
0,589 156 Resultado
Saúde 0,542 151 Oferta
0,813 31 Resultado
Habitação 0,318 137 Oferta
0,332 139 Resultado
Emprego e Renda 0,106 170 Oferta
0,041 184 Resultado
Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.
Assim, o Índice de Desenvolvimento Social - IDS é um indicador sintético,
capaz de mensurar a inclusão social (CEARÁ, 2011). O IDS de Oferta, IDS-O são
importantes para o planejamento de intervenções que possa direta e/ou
indiretamente, afetar as condições de inclusão social. Por outro lado, IDS de
resultado, IDS-R são importantes para a formulação de indicadores de resultados na
finalidade de direcionamento de formas eficientes a ofertas futuras de serviços
sociais.
No município de Aiuaba, é possível observar que os índices de saúde e
educação foram os que demostraram melhores desempenhos, elevando o IDS. Mas
o índice relacionado ao emprego e renda fez com o município a atingisse o ranking
de 184, considerados um dos piores.
O município de Aiuaba apresentou um dos dez piores valores do IDS de
Oferta (Tabela 8), sendo que este resultado refere-se especificamente, ao ano de
2009, pois em anos anteriores este não se enquadrava, como no ano de 2008.
Muitos dos municípios listados já estavam na lista de 2008, de um modo geral, o que
se percebe é que houve poucas mudanças ou inexistem alterações de melhoria nos
referidos municípios. Ressalta-se que entre os municípios apontados como piores
nos valores do IDS-O, três municípios, Ararendá, Quiterianópolis e Aiuaba integram
a macrorregião do sertão dos Inhamuns.
68
Tabela 8- Lista dos dez melhores e os dez piores municípios do Estado do Ceará de acordo
com os valores do IDS-O em 2009
Melhores Piores
Pacoti 0,548 Granja 0,244
Brejo Santo 0,537 Itatira 0,267
Fortaleza 0,525 Ibaretama 0,284
Sobral 0,519 Caridade 0,286
Paraipaba 0,518 Ararendá 0,298
Barbalha 0,494 Saboeiro 0,303
Maracanaú 0,486 Aiuaba 0,304
Quixelô 0,485 Trairi 0,306
Aratuba 0,480 Mombaça 0,307
Jaguaribe 0,473 Quiterianópolis 0,309
Fonte: Adaptado de Ceará, 2011.
Portanto, a deficiência na oferta de serviços públicos se destaca entre os
aspectos determinantes dos problemas ambientais. Assim, de acordo com Ceará
(2011), a expansão da oferta ajudaria a combater os problemas existentes,
induzindo o aprimoramento dos resultados ao longo do tempo, garantindo uma
melhora do bem-estar social nas localidades em que ocorrem.
Sobre o Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM, observa-se que este
indicador incorpora alguns aspectos geográficos e socioeconômicos e procura definir
o nível geral de desenvolvimento dos municípios. Assim, em conformidade a Tabela
9 consta que o município de Aiuaba encontra-se entre os municípios que
apresentaram os piores IDM, principalmente ao observar os dados demográficos e
econômicos.
Tabela 9- Índice de Desenvolvimento Municipal, IDM em 2008-2010 para o município de
Aiuaba, CE
Parâmetro Índice Ranking Ano
Global 10,37 180 2010
8,97 184 2008
Fisiógrafos, fundiários e 11,28 161 2010
69
agrícolas 26,00 166 2008
Demográfico e econômico 0,00 184 2010
0,00 184 2008
Infraestrutura 14,86 150 2010
14,10 167 2008
Sociais 17,02 150 2010
0,27 183 2008
Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.
Outro indicador importante é o Índice de Desenvolvimento Humano, IDH, que
varia de 0 a 1 considerando indicadores de longevidade (saúde), renda e educação.
Quanto mais próximo de “0”, pior é o desenvolvimento humano do município. Quanto
mais próximo de “1”, mais alto é o desenvolvimento do município.
Assim, percebe-se que Aiuaba cresceu 20,32% no período de 1991 a 2000,
passando de 0,451em 1991 para 0,566 em 2000 (Tabela 10). A dimensão que mais
contribuiu para este crescimento foi a educação, com um crescimento de 39,6%
passando a 0,652, e a longevidade da população, com um crescimento de 6,67%
passando a um índice de 0,615.
Tabela 10- Índice de Desenvolvimento Humano, IDH em 1991-2000 para o município de
Aiuaba, CE
Parâmetro Índice Ranking Ano
Global 0,451 169 1991
0,566 179 2000
Educação 0,394 172 1991
0,652 162 2000
Longevidade 0,574 114 1991
0,615 176 2000
Renda 0,385 168 1991
0,432 182 2000
Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.
Observa que, dos 184 municípios cearenses, Aiuaba encontra-se na 179°
posição do ranking estabelecido para o ano de 2000, compondo o quadro dos cinco
piores índices de desenvolvimento humano, com uma melhora apenas na posição
70
do ranking com relação à educação (162º). Com relação à renda, a população de
Aiuaba está na posição 182° ficando entre as três piores e mal remunerada dentro
os demais municípios cearenses.
Em relação aos aspectos da estrutura produtiva e de serviços, optou-se pela
análise das condições econômicas de Aiuaba, sendo verificado o número de
empregos, a caracterização dos setores da economia do município e do seu Produto
Interno Bruto, PIB.
Quanto às características relacionadas ao emprego, constata-se um número
total de empregos formais de 535, não sendo verificada nenhuma ocorrência de
empregabilidade da população jovem (de 10 a 14 anos). Desta forma, predominam a
faixa etária da população economicamente ativa (de 15 a 64 anos) com o total de
534 empregos formais, restando apenas 01 emprego exercido por uma pessoa idosa
(65 anos ou mais).
Outra característica dos empregos formais no município de Aiuaba refere-se
ao fato de que o número de empregos destina-se em maior proporção para pessoas
que possuem algum nível de instrução completa. Desta forma, pessoas com ensino
fundamental completo possuem um número maior de empregos formais (300
empregos), seguido de pessoas que possuem ensino médio completo (57
empregos) e de pessoas com ensino superior completo (146 empregos). Não foram
verificados empregos formais ligados a pessoas sem nenhuma instrução escolar.
O rendimento nominal mensal é bem precário para chefes de família
residentes no município de Aiuaba. Da população total, apenas 46,47% da
população possui rendimento mensal. Verifica-se o baixo poder aquisitivo da
população com 89,22% destes, com rendimentos de até um salário mínimo e 8,15%
recebendo até dois salários mínimos. Apenas 2,07% recebem mais de 2 a 5 salários
mínimos e 0,54% recebem mais de 5 a mais de 20 salários. Ressalta-se que 36,22%
da população de Aiuaba não possui rendimento fixo mensal.
Na análise dos empregos formais referentes às atividades econômicas e a
gênero revelou um total de 535, sendo 145 homens e 390 mulheres, demostrando a
participação ativa das mulheres em empregos fora de casa. Dessa forma, tem-se a
predominância dos empregos ligados a administração pública com o total de 492
que corresponde a 91,98% (do total de empregos formais), sendo 119 homens e 373
mulheres (Brasil, 2013). Fora isso foram constatados empregos ligados ao comércio
71
(28 empregos) e aos serviços (15 empregos) com destaque para a população
masculina em ambos os casos.
As demais classes de empregos formais, como: extrativismo mineral, indústria
de transformação, construção civil, agropecuárias, extrativismo vegetal e caça e
pescas; estes não foram confirmados no munícipio de Aiuaba.
No setor primário tem-se às atividades econômicas que extraem ou produzem
matéria-prima, transformando recursos naturais em produtos primários, destaca-se o
agronegócio, a pecuária, a silvicultura, o extrativismo vegetal.
Assim, a agricultura no município de Aiuaba (Tabela 11) se baseia na cultura
de subsistência (especialmente as culturas de feijão, milho e mandioca); na
fruticultura (banana e manga) e na agricultura comercial (castanha do caju, feijão e
milho).
O setor industrial ainda incipiente concentra na indústria de transformação,
estas estão distribuídas por gênero. As principais delas correspondem às
mercadorias em gerais, vestuários, artefatos de tecidos, peças e acessórios para
veículos. Ressalta-se que não foram registradas atividades ligadas à exportação e
importação no município de Aiuaba.
A produção agrícola para o município de Aiuaba pode ser dividida em
lavouras permanentes e temporárias (Brasil, 2013); assim destaca-se um aumento
na produção da banana (cacho), lavoura permanente, referente ao ano de 2010
(com 162 t) a 2011 (com 210 t). Na lavoura temporária destaca-se o feijão em grãos
(2010 – 525 t/ 2011 – 3.000 t) e o milho em grãos (2010 – 1.379 t/ 2011 – 8.148 t).
Na produção extrativista vegetal têm-se apenas dois produtos, a lenha com
22.711 t em 2010 com um suave aumento no ano de 2011 (23.419 t) e o segundo
produto o carvão vegetal com 3 t em 2010, mantendo o mesmo valor em 2011
(Brasil, 2013).
No tocante à efetiva de rebanho, em Brasil (2013), destaca-se criação de
ovinos (ano de 2010 com o total: 23.394/ ano de 2011 com o total: 23.405); de
caprinos (ano de 2010 com o total de 13.092/ ano de 2011 com o total: 14.123); de
bovinos (ano de 2010 com o total de 13.299); de galos, de frangas, de frangos e de
pinto (ano de 2010 com o total de 25.611/ ano de 2011 com o total: 26.076) e de
galinhas (ano de 2010 com o total de 14.971/ ano de 2011 com o total: 14.992).
72
Tabela 11– Quantidade produzida e valor da produção dos principais produtos extrativos em Aiuaba,
CE
Produtos Área Produção Lavoura
Destinada à
colheita ou
plantada
Colhida Quantidade (t) Valor (R$ mil)
2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011
Banana
(cacho)
27 28 27 28 162 210 106 137 Permanente
Castanha
De
caju
312 338 312 338 55 45 67 79 Permanente
Coco-da-
baía
5 7 5 7 38 31 16 17 Permanente
Manga 5 5 5 5 30 33 12 13 Permanente
Algodão
herbáceo
(em caroço)
35 50 35 50 6 90 12 108 Temporária
Amendoim
(em casca)
15 28 15 28 9 42 18 126 Temporária
Arroz (em
casca)
15 46 15 46 1 92 0 73 Temporária
Cana-de-
açúcar
5 - 5 - 145 - 5 - Temporária
Fava (em
grãos)
435 407 435 407 27 121 81 363 Temporária
Feijão (em
grãos)
5.580 6.000 5.580 6.000 525 3.000 1.156 5.076 Temporária
Girassol (em
grãos)
25 30 25 30 30 31 30 22 Temporária
Mamona
(baga)
200 894 200 894 100 268 102 289 Temporária
Mandioca 90 50 90 50 350 650 45 84 Temporária
Milho 8.160 8.944 8.160 8.944 1.379 8.148 752 4.432 Temporária
Tomate 3 5 3 5 93 150 118 149 Temporária
Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
73
Outro indicador relevante é o Produto Interno Bruto, PIB que se refere à
evolução socioeconômica de um país, estado ou município, já que ele representa a
mensuração da produção total de uma região em determinado período de tempo.
Ao analisar os dados do PIB dos municípios da Macrorregião dos Sertões dos
Inhamuns (Tabela 12) percebe-se que os municípios pertencentes a esta região
apresentam um crescimento gradativo dos valores do PIB, com exceção dos
municípios de Parambu, Poranga e Quiterianópolis no ano de 2007 sendo que neste
mesmo ano, o crescimento do PIB foi pouco expressivo para todos os municípios
analisados.
Tabela 12- Série histórica dos valores do Produto Interno Bruto dos municípios da
Macrorregião dos sertões dos Inhamuns, CE
Municípios 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Aiuaba 29.668 37.445 38.714 48.247 48.629 54.257
Ararendá 22.638 27.134 27.360 34.582 35.326 38.907
Arneiroz 19.632 22.549 22.706 30.205 29.477 33.968
Catunda 21.821 25.840 27.376 38.027 37.784 44.457
Crateús 210.517 246.926 297.431 315.320 331.236 384.606
Independência 62.745 73.531 75.659 100.329 106.890 121.426
Ipaporanga 24.114 27.953 26.409 32.625 34.298 39.696
Ipueiras 82.138 93.521 103.105 125.897 135.951 155.113
Monsenhor
Tabosa
34.824 41.139 42.738 55.846 55.849 64.855
Nova Russas 79.963 90.113 95.555 118.814 120.630 146.939
Novo Oriente 55.511 68.424 70.345 91.016 93.621 103.713
Parambu 72.030 87.926 77.585 108.010 103.937 121.650
Poranga 22.972 27.267 26.512 32.478 34.502 42.278
Quiterianópolis 41.666 51.815 48.261 61.703 63.407 71.563
Tamboril 54.689 64.777 68.643 89.319 89.577 103.201
Tauá 158.078 185.590 193.385 233.894 242.444 276.781
Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
Assim, dentre os municípios que mais se destacam nesta macrorregião estão
Crateús e Tauá com a economia impulsionada principalmente pelos setores da
Indústria, comércios e serviços; além de contribuições de outras atividades, como a
construção civil. De um modo geral, pode-se dizer que a agropecuária não teve bom
74
desempenho no ano de 2010 devido, em grande parte, a vulnerabilidade climática e
ao próprio desenvolvimento de problemas socioambientais na região.
Por fim, o município de Aiuaba está entre os seis menores valores do PIB na
região representando pouca participação na economia regional e nacional.
Em relação aos fatores de infraestrutura pública, a distribuição de energia
elétrica para o município fica a cargo da Companhia Energética do Ceará –
COELCE, sendo proveniente do sistema da Companhia Hidroelétrica do São
Francisco – CHESF, a partir da linha de transmissão de Tauá-Antonina do Norte. O
fornecimento de energia elétrica não abrange todo o município, mas compreende as
localidades: Aiuaba (sede), Barra, Barra Verde, Bom nome, Cedro, São Nicolau.
O município de Aiuaba obteve, no ano de 2010, um total de 5.216
consumidores e um consumo de 5.288 mwh; no ano de 2011, um total de 5.435
consumidores e consumo de 5.073 mwh, sendo em ambos os anos a classe
residencial a maior consumidora, seguida pela atividade rural.
Em relação ao abastecimento de água, o município possui através de Poços
(126 poços ou nascentes) e um Sistema de abastecimento (2.352 ligações na Rede
geral), no entanto é operado pela Prefeitura municipal de Aiuaba e não por uma
empresa especializada (Tabela 13).
Tabela 13- Formas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e destino de lixo no
município de Aiuaba, CE - 2010
Abastecimento de água Rede geral 2.352
Poço ou nascente 126
Outra forma 1.960
Esgotamento Sanitário Rede geral 350
Fossa séptica 134
Outra forma 2.354
Não tinha 1.600
Destino de lixo Coleta por serviço de limpeza 1.331
Coleta em caçamba de serviço de limpeza 948
Outro destino 2.159
Fonte: Ceará, 2012b. Organização: Autora, 2013.
E de acordo com Ceará (2011), até o ano de 2009, não existia cobertura
urbana de esgotamento sanitário para o município de Aiuaba, mas a partir de 2010,
sua área urbana passou a contar com um total de 350 unidades de domicílios
75
ligados a rede geral. No entanto, predominam no município outras formas de
processos ligadas ao esgotamento.
Os resíduos sólidos estão a cargo da Prefeitura de Aiuaba, compreendendo a
área urbana e atendendo 1.331 unidades de domicílios, sendo destinada á área do
lixão localizada na zona rural do município de Aiuaba, onde são desenvolvidos os
métodos de queimada diariamente.
O município recebe os sinais das principais emissoras de televisão do país
(Globo e Record), bem como de emissoras de rádio AM e FM, locais e regionais.
Com relação às rádios locais, podemos destacar a existência de 01 canal. Existem
também dois canais de retransmissão de som e imagem comercial e educativa em
fase de implantação. A comunicação também se estabelece através de 01 agência
da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT e 01 posto de coleta na
sede; atuação da empresa OI com serviços de telefonia e internet e a empresa TIM
e CLARO com serviço de telefonia móvel.
O serviço bancário conta com uma agência e um posto do Banco do Brasil,
além de outros dois postos de outros bancos na sede municipal e distritais.
Quanto aos aspectos ligados a cultura existe uma igreja matriz (Foto 1) em
uma praça no centro da área urbana, onde se dão as principais atividades culturais
do município de Aiuaba. Há uma biblioteca e uma banda de música na cidade, não
sendo constatado nenhum teatro ou museu.
Foto 1 - Igreja matriz no município de Aiuaba, CE. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.
76
3.3 CARACTERIZAÇÃO ECOGEOGRÁFICA
Condicionantes Geológicas e Geomorfológicas
O município de Aiuaba está inserido na Província Estrutural da Borborema
(Santos e Brito Neves, 1984), porção centro oeste, com rochas pré-cambrianas
antigas Arqueanas, paleoproterozóicas e neoproterozóicas.
E de acordo com Brasil (2000, p.7), “a província, como um todo, cobre uma
superfície superior a 380.000 km² da Região Nordeste do Brasil e exibe um quadro
composto por conjuntos de intrincada evolução geológica em tempos arqueanos-
proterozóicos”. Esta se encontra dividida por extensas zonas de cisalhamento
formando blocos orogênicos.
A Província Borborema constitui uma entidade tectônica que teve sua
configuração atual definida durante o ciclo Brasiliano (540 Ma) sendo interrompidas
pelos sedimentos fanerozóicos da Bacia do Parnaíba a oeste (CUNHA et al., 2010).
Assim, observa-se que área de estudo insere-se no contexto dos terrenos
tectono-estratigráficos, que correspondem a “entidades geológicas limitadas por
descontinuidades tectônicas” (BRASIL, 2000), representadas por zonas de
cisalhamentos; mais especificamente, o Domínio cearense (também denominado por
Jaguaberiano) que compreende a terrenos do Ceará Central e a Formações
Superficiais (coberturas sedimentares).
Sobre a faixa Jaguaribeana, Cunha et al. (2010) dizem que a mesma delimita-
se pelo “Lineamento Sobral-Pedro II, Maciços Rio Piranhas a SE e está coberta
pelos sedimentos cenozoicos costeiros a NE e da bacia do Parnaíba a SW”.
O terreno Ceará Central forma uma faixa de direção aproximada NE-SW,
limitada pelas zonas de cisalhamento dextrais, de Senador Pompeu, a norte, e de
Aiuaba, a sul (BRASIL, 2000; 2003; CUNHA et al., 2010; PARENTE e
HENRIARTHAUD, 1995). Os seus afloramentos se iniciam, na parte oeste do
Domínio Cearense, próximo aos sedimentos da Bacia do Parnaíba e se prolongam
para nordeste em direção à Folha Iguatu - SB.24-Y-B (BRASIL, 2000).
De acordo com Brasil (2003) a maior extensão da área do Domínio Ceará
Central (Faixa Ceará Central) é ocupada por complexos de rochas
metassedimentares proterozóicas e compreendem os complexos Ceará (unidades
77
Canindé, Independência, Quixeramobim e Arneiroz) e Acopiara, Grupo Novo Oriente
e Unidade Choró (Quadro 4).
No município de Aiuaba constata-se a zona de cisalhamento dúctil
transcorrentes que divide dois ambientes geotectônicos distintos, o terreno Ceará
central e o terreno Orós-Jaguaribe (definindo o limite norte deste terreno).
Quanto às formações superficiais estas ocorrem capeando indistinta e
discordantemente diferentes litologias, muitas vezes ocupando superfícies de
dimensões bastante consideráveis, como na porção oeste onde se superpõem
sedimentos paleozoicos da Bacia do Parnaíba (BRASIL, 2000). Observa-se nestas
áreas tipos de relevos característicos, sob a forma de mesetas dissecadas nas
bordas (Quadro 4).
Quadro 4- Principais litologias das formações superficiais
Unidades Litoestratigráficas Litologias
Grupo Ceará Micaxistos variados, quartizitos e gnaisses a
duas micas com intercalações de
metacalcários de calcissilicáticas.
Cobertura colúvio-eluviais Sedimentos inconsolados, localmente
laterizados, de constituição areno siltico-
argilosa. Ambiente deposicional: leques
aluviais.
Fonte: Brasil, 2000. Organização: Autora, 2013.
Do ponto de vista regional, as formas do relevo que o integram, “expressam
além de evidências da estrutura geológica, os reflexos de superfície de
aplainamento escalonadas e dos processos morfodinâmicos recentes” (SOUZA,
1996, p.7). Apresenta uma “larga dominância da depressão espacial da depressão
periférica derivadas dos processos de denudação” (SOUZA, 1988, p.85).
Segundo Souza et al. (2002, p. 30), “o desenvolvimento de amplas superfícies
de aplainamento a partir de processos de morfogênese mecânica conduziu a
elaboração da depressão sertaneja”. A predominância dos processos
morfogenéticos que atuam nessas áreas (também conhecida por sertões) dependem
do rigor e, consequentemente, da diversidade de formações de caatingas.
Assim, de acordo com Souza (2000) o munícipio de Aiuaba integra os sertões
dos Inhamuns e do Alto Jaguaribe caracterizando-se por superfícies de
78
aplainamento com relevos planos e moderadamente dissecados. Algumas vezes
interligados por níveis de serras dispersas.
O mapeamento realizado no Projeto RADAMBRASIL indica que o município
de Aiuaba está localizado sobre as regiões naturais da depressão sertaneja, de
cristas residuais e de porções do planalto sedimentar da Ibiapaba.
Por sua vez, as depressões sertanejas caracterizam, morfologicamente por
uma intensa dissecação do relevo, dando formas predominantemente aguçadas,
convexas e tabulares, destacando-se nestas áreas elevadas com topos plano e/ou
em inicio de dissecação. Souza (1988, p.90) diz que “a morfologia das depressões
sertanejas se expõe através dos sedimentos que se inclinam deste a base dos
maciços residuais, dos planaltos sedimentares e dos inselbergs”.
No município de Aiuaba nas áreas dispostas sobre a unidade geomorfológica
das depressões sertanejas além de relevos com topos planos (Foto 2) constataram-
se áreas com afloramentos rochosos (Foto 3). Assim, em condições de climas mais
severos podem atuar o processo de intemperismo (na decomposição das rochas) e
de erosão, mantendo a superfície do terreno praticamente desprovida de solo, nela
aflorando as rochas. (BIGARELLA, 2003). A considerar a degradação ambiental
ligada aos processos de uso e ocupação.
Foto 2 - Formas convexas, relevo de topo plano, separadas por vales em “V” no município de Aiuaba. Ponto: 376288//9284431. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013 Foto 3- Áreas com afloramentos rochosos, porções mais rebaixadas do terreno município de Aiuaba. Ponto: 376210//9282194. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013
As cristas representam áreas derivadas dos trabalhos erosivos dispersas nas
áreas de depressões. Em geral essa erosão se dá em setores de rochas muito
resistentes, configurando um relevo rochoso com solos pedregosos e rasos
2
3
79
(SOUZA, 2000). As mesmas apresentam um declive íngreme, embora, de menor
expressão quando comparados às serras úmidas (Foto 4).
Foto 4 - Vista parcial de uma superfície aguçada (cristas) com relevos íngremes dispersas sobre áreas da depressão sertaneja do município de Aiuaba. Ponto: 377488//9279950. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.
Na porção oeste do município predominam a unidade geomorfológica do
planalto da Ibiapaba com declives íngremes e com escarpas erosivas. Nestas áreas
predominam os relevos de topos tabulares e superfícies pediplanadas, geralmente
recobertas por extensos depósitos coluviais, constituídos por areias de cores
amareladas e esbranquiçadas (BRASIL, 2003).
A espacialização das características geológicas e geomorfológicas do
município de Aiuaba podem ser visualizadas no Mapa 3 e no Mapa 4 a seguir.
80
200 Mapa 3- Mapa geológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
81
Mapa 4- Mapa geomorfológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
82
Ainda no município de Aiuaba, na finalidade de completar o quadro
geomorfológico têm-se as planícies fluviais e/ou terraços fluviais, que correspondem
a formas de acumulação. Segundo Brasil, 2003 são áreas planas, resultantes de
acumulação fluvial, sujeitas a inundações periódicas (planície fluvial) ou,
eventualmente, inundáveis e ligadas sem rupturas de declive, a patamares mais
elevados (terraços fluviais). Na mesma perspectiva SOUZA (2000) afirma que essas
áreas se destacam por possuírem melhores condições de solos e de disponibilidade
hídrica.
Aspectos Hidroclimáticos
De acordo com Souza et al. (2009) “o clima é fator determinante das
condições ambientais, influenciando na distribuição e disponibilidade dos recursos
hídricos e interagindo com a ação dos processos exógenos”. Assim, constata-se
que os aspectos climáticos de uma região estão diretamente ligados aos aspectos
hidrológicos, fitoecológicos e pedológicos.
Dessa forma, tomando como referência os limites espaciais, é possível definir
diferentes escalas de análise climática, entre as quais a regional (neste estudo
compreende o Estado do Ceará), local (neste estudo compreende ao município de
Aiuaba) e microclimática (com pouca ênfase neste estudo).
No estudo do clima, cabe ressaltar a existência de uma limitada
disponibilidade de dados meteorológicos o que torna a análise e caracterização
detalhada do comportamento climático de muitas áreas uma tarefa difícil. A falta de
uma cobertura adequada de informações em termos temporais e espaciais leva a
adoção de metodologias que englobam o uso de normais climatológicas, ou uso de
dados referentes a estações de municípios adjacentes e ainda levantamentos brutos
de estações de monitoramento oficiais.
As normais climatológicas começaram a ser formulada internacionalmente em
1872, quando o Comitê Meteorológico Internacional decidiu compilar valores médios
climatológicos sobre um período uniforme, a fim de assegurar a compatibilidade
entre os dados coletados em várias estações, resultando daí a recomendação para
o cálculo das normais de 30 anos (Ramos et al., 2010). No Brasil destacam-se dois
períodos: 1931 a 1960 e 1961 a 1990, tendo sido, este, revisado e acrescido de
83
dados em 2009 e, atualmente (ano de 2013), os dados das normais podem ser
acessados de forma on-line, através do site:
http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/normaisclimatologicas.
Nesta perspectiva, para a compreensão dos aspectos climáticos de
ocorrência no município de Aiuaba, considerou-se o uso das Normais climatológicas
(1961-1990). Cabe ressaltar que os dados das Normais climatológicas não se
referem especificamente à estação de Aiuaba, sendo adotadas as informações da
estação localizada no município de Campo Sales, pela proximidade com o município
de Aiuaba (distância aproximada de 84,7 km, considerado as Sedes municipais).
Com isso, destaca-se que os dados levantados por uma dada estação climática têm
validade para caracterizar o ambiente dentro de um raio de até 150 km (VIANELLO e
ALVES, 1991).
Por sua vez, com o intuito de atualizar informações sobre precipitação, foram
analisados os dados preliminares (brutos) coletados nas Estações Pluviométricas da
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, FUNCEME, através do
download da série histórica (disponível em:
http://www.funceme.br/index.php/areas/tempo/download-de-series-historicas). Em
Aiuaba destaca-se a existência de seis postos pluviométricos: posto Aiuaba; posto
Fazenda Nova, posto Bom Nome, posto Barra, posto Cedro e posto Estação
Ecológica.
De acordo com Bonilla e Porto (2001, p. 46), “o clima é um conjunto de
estados da atmosfera próprios de um lugar que em contato com as massas
continentais ou oceânicas provocam fenômenos como a aridez, umidade e
precipitação”. Nesta perspectiva, o Estado do Ceará, localiza-se na zona do Equador
e possui como influências as oscilações globais oceânicas, com consequência direta
na atuação e repercussão de Sistemas Atmosféricos, SA e por fenômenos
relacionados à Temperatura de Superfície do Mar, TSM. Assim, os principais
fenômenos atmosféricos, em escala global, capazes de comandar a dinâmica
climática regional estão apresentados no Quadro 5.
Quadro 5– Principais fenômenos atmosféricos que influenciam a dinâmica climática do Ceará
Fenômenos
atmosféricos Características
Atuação
Zona de É um dos mais importantes sistemas Determina a
84
Convergência
Intertropical
(ZCIT)
meteorológicos que atua nos trópicos. É uma
banda de baixa pressão e convergência dos
alísios em baixos níveis que circunda a faixa
equatorial do globo terrestre. Considerada
principal sistema gerador de precipitação no
Nordeste brasileiro.
quadra chuvosa
de fevereiro a
maio e os totais
anuais.
Vórtices
Ciclônicos de
Altos Níveis
(VCAN)
Sistemas de baixa pressão fechados, que se
formam na alta troposfera são também chamados
de baixas desprendidas e de baixas frias, pois
apresentam centro mais frio que a sua periferia.
Atuação em
dezembro, em
janeiro e em
fevereiro.
Sistemas
Convectivos de
Mesoescala
(SCM)
São aglomerados de nuvens que se formam
devido às condições locais favoráveis como
temperatura, relevo, pressão. Estes provocam
chuvas fortes e de curta duração, normalmente
acompanhadas de fortes rajadas de vento. São
formados dentro do raio de influência da ZCIT.
Atuação nos
meses de
fevereiro a
maio.
Linhas de
Instabilidade (LI)
São bandas de nuvens causadoras de chuva,
normalmente do tipo cumulus, organizadas em
forma de linha. São formados dentro do raio de
influência da ZCIT.
Atuação nos
meses de
fevereiro a
maio.
Ondas de Leste
(OL)
São ondas que se formam no campo de pressão
atmosférica e estão intimamente associados ao
campo de atuação dos ventos alísios, adquirindo
uma maior intensidade na baixa troposfera.
Geralmente,
atingem o
Estado do
Ceará nos
meses de
junho a
agosto.
Fonte: GAN e KOUSKY(1982); PIPPUS (sd); HAAS, AMBRIZZI e FILHO (2002);
FERREIRA e MELLO (2005); CEARÀ (2002). Organização: Autora, 2013.
Assim, resumidamente as chuvas de dezembro e janeiro são provocadas por
VCAN, as de fevereiro a maio se relacionam a ZCIT e sistemas secundários, como
Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) e Linhas de Instabilidade (LI). Já as
precipitações que ocorrem em junho e julho são resultantes das Ondas de Leste,
cuja entrada predominante ocorre na parte litorânea leste do Estado do Ceará.
85
Além destes sistemas atmosféricos globais, as condições oceânicas também
atuam enquanto sistemas produtores de chuva no Estado do Ceará em decorrência
da dinâmica dos deslocamentos de baixa e alta pressão no complexo sistema
Oceano-Atmosfera. No Pacífico destacam-se os efeitos do El Niño (aquecimento
das águas do oceano) e da La Niña (resfriamento das águas do oceano). No
primeiro caso, há um déficit de chuvas, ocorrendo na maioria dos casos à
predominância de tempo seco ou muito seco durante a quadra chuvosa, que é
regida pela atuação da ZCIT. Já a La Niña, em boa parte dos casos, contribui para o
superávit de chuvas na região.
Dentro dos limites do semiárido, observa-se a escassez de chuvas,
ocorrências de temperaturas elevadas e da umidade baixa. Sobressai-se como fato
proeminente a existência de uma estação chuvosa de menor duração e de uma
estação seca mais prolongada (SOUZA, 2000). Ainda no contexto estadual
percebem-se áreas que se destaca no território cearense com chuvas mais
regulares e melhor distribuídas, fato que pode ser atrelado à influência da
maritimidade e da altitude; destaca-se, respectivamente, a faixa litorânea e os
planaltos ou enclaves úmidos. Essas características são acompanhadas, ainda, por
oscilações climáticas realçadas por fenômenos globais oceânicos e astronômicos.
Portanto, para caracterizar o clima do município de Aiuaba, parte-se de
fatores climáticos compreendidos enquanto elementos físicos presentes em
determinadas porções geográficas que apresentam propriedades atmosféricas
específicas: temperatura, umidade, insolação e pressão, os quais intervêm sobre a
precipitação, direção e velocidade dos ventos e nebulosidade. As influências desses
sistemas atmosféricos conferem ao município de Aiuaba um clima quente semiárido,
com temperatura média em torno de 24º a 26º e período chuvoso nos meses de
fevereiro a abril (CEARÁ, 2012b).
Assim, a análise da precipitação tem por base dados referentes ao
comportamento das chuvas de Campos Sales publicados nas Normais
Climatológicas do INMET 1961-1990 (Gráfico 4). Percebe-se que as estações
chuvosa, entre janeiro e junho, e seca nos demais meses, estão bem delimitadas,
sendo a precipitação máxima no mês de março (150,6 mm) e mínima no mês de
agosto (0,4 mm). O valor da precipitação total anual é 660,6 mm o que confere uma
baixa precipitação quando comparadas com outros pontos do território cearense.
86
Gráfico 4– Dados de precipitação acumulada mensal e anual (mm). Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
Os dados pluviométricos mais recentes têm por base a série histórica
disponibilizada pela FUNCEME, posto Aiuaba, onde se optou pelo período de 2003-
2012 na finalidade de realização de uma análise decadal com anos completos (por
esse motivo desconsiderou-se o ano de 2013). Assim, constatou-se um índice
representativo do total anual de precipitação em 621,6 mm para o período
considerado, valor bem próximo aos dados das normais climatológicas já
mencionadas.
No Gráfico 5 é visível o destaque para o ano de 2004 que pode ser
considerado excepcional dado à precipitação acima de 1000 mm, sendo constatado
o valor de 1019,1 mm. Em contrapartida tem-se o ano de 2012, que apresentou a
menor precipitação da série histórica, com uma precipitação de 413,6 mm bem
abaixo da média anual.
Gráfico 5 – Dados de precipitação anual (mm). Série histórica – Estação Aiuaba. Fonte: Ceará, 2013. Organização: Autora, 2013.
97,2 132,8 150,6 118,3 46,7 13,5 6,3 0,4 4,1 14,2 25,9 50,8
660,6
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
700,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Pre
cip
itaç
ão (m
m)
435,6
1019,1
512,9 487,7 722,6
564,7 728,5
609,3 721,8
413,6
0,0
500,0
1000,0
1500,0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Pre
cip
itaç
ão A
nu
al (
mm
)
Anos
Precipitação Anual (mm)
87
E de acordo com as Normais Climatológicas a temperatura média apresentou
maiores valores nos meses de setembro a dezembro (Gráfico 6), apresentando
como máxima nos meses de outubro e de novembro (com valores semelhantes de
26,3ºC). Observa-se um comportamento inverso para a umidade (em relação à
temperatura).
Gráfico 6 – Dados de umidade (%) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
Assim, num contexto maior, no período de 22 de dezembro a 19 de março
tem-se o verão. As temperaturas em janeiro ainda estão altas e tendem a cair à
medida em que se aproxima o mês de março. Observa-se que, no início do período
chuvoso, em janeiro, acontece uma sequência entre temperaturas elevadas, janeiro
(24,9ºC), com temperaturas um pouco mais amenas, fevereiro (24,0ºC). A umidade
começa a aumentar já em janeiro (68%), seguindo uma sequência de alta durante
todo o verão, chegando a 82% no mês de março.
Durante o outono, entre 20 de março e 20 de junho, estabelece-se a estação
mais fria no município, com temperaturas mais baixas coincidindo com a atuação
mais intensa de sistemas atmosféricos produtores de chuva. Entre os meses de
março e abril, a umidade atinge seu ápice.
Para o período de 21 de junho a 22 de setembro, considerado como o
inverno, tem-se o período pós-quadra chuvosa, a umidade encontra-se em declínio,
ao mesmo tempo em que há o aumento da atuação solar, observa-se, também,
diminuição da nebulosidade, repercutindo no aumento de temperatura, evidenciado
a partir do aumento da insolação e do enfraquecimento da atuação e repercussão de
sistemas atmosféricos.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Um
idad
e (
%)
Tem
pe
ratu
ra M
éd
ia (
ºC)
meses
Temperatura Média (ºC) Umidade (%)
88
Cabe destacar que a nebulosidade (Gráfico 7) apresenta-se concentrada no
primeiro semestre do ano, período chuvoso, dotado de influência de sistemas
convectivos responsáveis pela extensa camada de nuvens formadas sobre o Ceará,
o que diminui as horas de insolação.
Gráfico 7– Dados de Nebulosidade (décimos) e de Insolação Total (horas) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
No período de 23 de setembro e 21 de dezembro, considerado em um
contexto maior como primavera, estabelecem-se as temperaturas mais elevadas e a
atuação mais constante dos ventos alísios, visto o incremento maior de áreas de
baixa pressão sobre o Ceará decorrente das altas temperaturas. A temperatura, ao
final da primavera, tende a cair, inicia-se o período de atuação de sistemas
continentais como os Vórtices que levam nebulosidade e umidade para a região, a
partir de dezembro.
A evaporação apresenta um comportamento diretamente proporcional à
temperatura. A região possui uma taxa total anual de 2.331,5 mm evaporados
(BRASIL, 2013), enquanto a precipitação média é da ordem de 660,6 mm/ano o que
demonstra grande disparidade. O Gráfico 8, indica que as maiores taxas de
evaporação ocorrem em outubro, com 296,3 mm evaporados (na comparação com o
mês mais chuvoso tem-se março com 150,6 mm) e temperatura de 26,3°C. No
período mais chuvoso (março), a evaporação atinge seu valor mínimo, com 91,1 mm
evaporados e a temperatura, em declínio, apresenta-se com valores de 22,7°C
sendo seu maior declínio registrado no mês de julho.
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
0
0,2
0,4
0,6
0,8
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Inso
laçã
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ora
s)
Ne
bu
losi
dad
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Meses
Nebulosidade (décimos) Insolação Total (horas)
89
Gráfico 8– Dados de evaporação (mm) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
A pressão também interage com a temperatura sendo responsável por forças
e mecanismos de levantamento do ar, permitindo a associação temperatura-
pressão-vento. O Gráfico 9 destaca a posição ocupada pela pressão que é
inversamente proporcional a temperatura, pois à medida que esta aumenta, a
pressão diminui.
Assim, percebe-se que as temperaturas menores ocorrem nos meses de maio
(23,1ºC), junho (22,8ºC) e julho (22,7ºC) e, consequentemente, a pressão se
mantém elevada nestes meses (maio, marca 947,6 hPa, junho 949,8 hPa e julho
950,0 hPa). À medida que a temperatura vai se elevando nos meses de setembro a
dezembro a pressão cai vertiginosamente.
Gráfico 9– Dados de pressão (hPa) e de temperatura média (ºC) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
A ventilação nada mais é do que uma força relacionada ao gradiente de
pressão, intimamente associada à temperatura. Em períodos de baixas
temperaturas, tem-se pressão alta e diminuição do gradiente de ventilação,
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Tem
pe
ratu
ra m
éd
ia (
ºC)
Evap
ora
ção
(mm
)
meses
Evaporação (mm) Temperatura Média (ºC)
942,0
944,0
946,0
948,0
950,0
952,0
20,0
22,0
24,0
26,0
28,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pre
ssão
(h
Pa)
Tem
per
atu
ra M
éd
ia (
ºC)
Temperatura Média Compensada Pressão (hPa)
90
ocorrendo o inverso com temperaturas elevadas (pressão baixa e maior gradiente de
ventilação). A caracterização dos ventos no Ceará está ligada a dois momentos: o
período chuvoso, marcado pelo poder centralizador da ZCIT, e o período seco,
relacionado a uma ventilação intensa e a diminuição no gradiente de pressão, a
partir do aumento na temperatura.
Gráfico 10– Dados de pressão (hPa) e de intensidade do vento (m.s-¹) - Normais climatológicas do Brasil 1961-1990 – Estação Campos Sales. Fonte: Brasil, 2013. Organização: Autora, 2013.
O município de Aiuaba está totalmente inserido na Bacia Hidrográfica do Alto
Jaguaribe (Mapa 5) que se localiza na porção sudoeste do Estado do Ceará e
abrange uma área de 24.538 km² (CEARÀ, 2009). Salienta-se que esta Bacia
engloba totalmente ou parcialmente a área de 27 municípios.
0,00
2,00
4,00
6,00
942,0
944,0
946,0
948,0
950,0
952,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Inte
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)
Pre
ssão
(h
Pa)
Meses
Pressão (hPa) Intensidade do Vento (m.s-¹)
91
Mapa 5- Mapa hidrográfico e hidrológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
92
Especificamente, o município de Aiuaba, dada a sua dimensão e localização,
compreende trechos de três sub-bacias hidrográficas no contexto da sub-bacia do
Alto Jaguaribe, são elas: sub-bacia da Conceição, sub-bacia do Jaguaribe de cima e
sub-bacia do Riacho Jucá.
Em relação às águas superficiais o município de Aiuaba tem como principal
riacho, o Umbuzeiro. E com menos expressão destacam-se outros riacho como os
da Cruz, da Serra, da Gameleira, da Catingueira, da Serra Nova, da Taboca, da
Batalha, do Peri, do Serrote e da Conceição, este na divisa com Antonina do Norte.
O açude de maior expressão corresponde ao Açude Benguê (Foto 5), com
capacidade de 19.560.000 m³ que barra o riacho Umbuzeiro. Este açude foi
concluído no ano de 2001 e beneficia uma população de 3.551hab (CEARÁ, 2013).
O município possui um abastecimento de água através de Poços e um Sistema de
abastecimento operado pela Prefeitura municipal de Aiuaba (Foto 6), que contempla
a Sede municipal e o distrito de Barra.
Foto 5 - Visão Geral do Açude do Benguê. Coordenadas: 373037//9270377. Período: Maio de 2013. Fonte: Autor, 2013.
93
Foto 6- Estação de Tratamento de Água – município de Aiuaba. Coordenadas:
375278//9273161. Fonte: Autor, 2013.
De modo geral, neste município predominam os regimes intermitentes
sazonais. A Tabela 14 se refere a algumas características hidrológicas do município
de Aiuaba. Assim, ao analisar a referida tabela percebem-se claramente as
irregularidades (com características de escassez) existentes entre a distribuição das
chuvas (apresentando um baixo regime), o escoamento das águas, e a alta taxa de
evapotranspiração (ou seja, a parcela da precipitação que retorna a atmosfera); tal
irregularidade implica no sistema de drenagem da região. O deflúvio médio anual
apresentado na tabela corresponde à lâmina média anual que escoa sobre a
superfície considerando características do relevo, da topografia e do uso e ocupação
da área. O volume escoado refere-se à taxa de contribuição do município para o
sistema de reservação hídrica (CEARÀ, 2009).
Para este estudo foi considerado o ponto de vista dos aspectos
hidrogeológicos, ou seja, considerou-se o estudo e avaliação das formas de
Tabela 14- Dados hidroclimáticos do município de Aiuaba
Precipitação (Ano:2012)
Deflúvio Médio Anual (mm)
Volume Escoado Médio Anual (hm³)
Evapotranspiração Potencial (mm)
413,6 47 116 2020
Fonte: CEARÀ, 2009; 2013. Organização: Autor, 2013.
94
interação existente entre a água e o sistema geológico. Neste contexto, faz-se
necessário o estudo dos aquíferos.
Dessa forma, os aquíferos representam uma reserva natural de água
subterrânea em unidades rochosas ou sedimentares, porosas e permeáveis, que
armazenam e transmitem importantes volumes de água passível de ser utilizado
pela sociedade (CEARÁ, 2000). São formados a partir da infiltração da água da
chuva no solo, controlada pela força gravitacional e características dos materiais
presentes, ocupando os espaços vazios em formações rochosas ou regolito. Esse
processo implica em período muito lento podendo levar de décadas a milhares de
anos.
O município de Aiuaba apresenta três domínios hidrogeológicos, são eles:
formação sedimentares, embasamento cristalino e depósitos aluvionares (BRASIL,
1998). Tais domínios representam grande fonte de recurso hídrico, implicando no
desenvolvimento socioeconômico.
Nos depósitos sedimentares encontram-se um nível alto de permeabilidade e
porosidade, constituindo os mais importantes aquíferos uma vez que se traduz em
ótimas condições de armazenamento e fornecimento de água. Entretanto, no
município de Aiuaba, em função da área de ocorrência desses sedimentos ser
restrita (Formação Serra Grande - apenas em áreas do extremo oeste), esse
domínio decresce em importância.
Os depósitos aluvionares são representados por sedimentos areno-argilosos
recentes, normalmente margeiam as calhas dos principais rios e riachos. Em geral,
apresentam, uma boa alternativa como manancial, tendo uma importância relativa
alta do ponto de vista hidrogeológico, principalmente em regiões semiáridas com
predomínio de rochas cristalinas.
A recarga dos depósitos aluviões provém da precipitação pluviométrica, dos
rios influentes (que recarregam os aquíferos) e das águas subterrâneas das
superfícies sedimentares.
Por fim, têm-se os aquíferos fissurais, nas rochas cristalinas, ou seja, que
apresentam um comportamento anisotrópico e heterogêneo, onde a ocorrência da
água subterrânea é condicionada por uma porosidade secundária representada por
fraturas e fendas (BRASIL, 1998). Neste contexto, em geral, as vazões produzidas
por poços são pequenas e a água, em função da falta de circulação e dos efeitos do
clima semiárido é, na maior parte das vezes, salinizada.
95
Assim, os aquíferos descritos representam um baixo potencial hidrogeológico;
no entanto, o mesmo pode ser usado como alternativa de abastecimento de
pequenas comunidades (reservas estratégicas). Contudo, esses reservatórios
apresentam-se aleatórios, descontínuos e de pequena extensão.
Assim, em relação à captação de águas subterrâneas, o município de Aiuaba
apresenta exclusivamente poços tubulares, são 68 poços (cadastrados). Estes
possuem como profundidade média 64,1 m e vazões médias de 1,7 (CEARÁ, 2013).
Predominam os usos voltados ao abastecimento múltiplo e atividade de pecuária,
sendo que na maioria predomina a natureza pública e, alguns destes encontram-se
desativados.
Salienta-se que a população de Aiuaba sofre com a escassez de água em
todo o município, tanto pela quantidade quanto pela qualidade de água,
Principalmente pelo histórico de seca cíclica.
Características Pedológicas e Fitogeográficas
A formação dos solos é resultado da interação de muitos processos, tanto
geomorfológico quanto pedológico (VITTE et al., 2011). Assim, com base em Brasil
(1999) os solos podem ser definidos como corpos naturais encontrados na superfície
da terra formados pela associação dinâmica de materiais minerais e orgânicos,
passíveis de sustentar vegetação nativa ou não ao ar livre. Este se caracteriza como
um sistema dinâmico e se estrutura em camadas denominadas horizontes, sujeitas a
constantes transformações entrópicas, através de processos de adição, remoção,
translocação de natureza química, física e biológica (BRASIL, 2006). Em outras
palavras, o solo é resultante das interações envolvendo a atmosfera, hidrosfera,
biosfera e litosfera.
No Brasil, observa-se uma variada tipologia de solo, algumas vezes
representadas através de associações. Para melhor caracterização e identificação
de suas potencialidades e limitações ao uso foi elaborado um sistema de
classificação considerando características comuns, mesmo em locais distintos.
A classificação dos solos permite entender os processos que levam um solo a
transformar-se em outro tipo, mas os diversos sistemas de classificação de solos
desenvolvidos no exterior não atendem satisfatoriamente, pois no Brasil
96
predominantemente os solos são desenvolvidos em condições de clima tropical, daí
a necessidade do próprio sistema de classificação brasileira (PRADO, 1995).
Com base nestes aspectos foi elaborada a nova Classificação Brasileira de
Solos, iniciada em 1979 e divulgada em 1999 (1ª edição da classificação); e em
2006 (2ª Edição). A classificação Brasileira foi baseada no Sistema Americano
modificado por Thorp e Smith em 1949. Alguns conceitos e critérios da Nova
Classificação Americana (Estados Unidos, 1975) e do mapa mundial de solos da
FAO/UNESCO (1974), foram assimilados pela nova classificação brasileira
(JACOMINE, 2008-2009).
Assim, pode-se dizer que o sistema de classificação dos solos brasileiros é
morfogenético e multicategórico, descendente, aberto e de abrangência nacional.
Em se tratando de uma classificação moderna, ela se baseia em propriedades
(atributos) e horizontes diagnósticos (BRASIL, 1999).
O Sistema Brasileiro compreende 6 níveis categóricos, compreendendo 14
classes no 1º nível (ordens). Os demais níveis são: 2º nível (subordens), 3º nível
(grandes grupos), 4º nível (subgrupos), 5º nível (famílias) e 6º nível (séries). As 14
classes do 1º nível categórico são: Alissolos, Argissolos, Cambissolos,
Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos,
Nitossolos, Organossolos, Planossolos, Plintossolos e Vertissolos. Outras
características podem ser visualizadas a seguir.
Segundo IPECE (2012b), no município de Aiuaba foram identificadas as
seguintes classes de solos (considerando a nomenclatura da nova classificação
correspondente): Argissolos, Latossolos, Luvissolos, Neossolos e Planossolos
(Quadro 6). Em alguns trechos constata-se afloramento rochoso. A Tipologia dos
solos encontrados em Aiuaba podem ser visualizados no Mapa 6.
97
Quadro 6- Principais características dos solos encontrados no município de Aiuaba, Ceará
Solos
Caracterização/ Aspectos dominantes /Principais limitações/Unidade Geoambiental/ Unidades fitoecológicas
correspondentes
Argissolos
(Vermelho-
Amarelo)
Caracterização: Os Argissolos compreendem solos constituídos por material mineral, apresentando características
diferenciais de argila de atividade baixa ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico e horizonte
B textural. Podendo apresentar o horizonte plíntico e horizonte glei. São de profundidade variável, de coloração
avermelhada ou amarelada e textura variável de arenosa a argilosa. Uma característica importante desse tipo de solo é
o aumento de argila em profundidade. Por esse motivo, a infiltração da água é muito rápida na superfície e lenta na
subsuperfície, causando erosão severa. A subordem constatada no município de Aiuaba classifica-se como Argissolos
Vermelhos-Amarelos e em relação ao terceiro nível categórico (grande grupos) configura-se eutróficos; os mesmos são
solos com saturação por bases baixa (V<50%). Aspectos dominantes: Profundos; textura argilosa; moderadamente ou
imperfeitamente drenados; fertilidade natural média. Principais limitações: Relevo dissecado; drenagem imperfeita;
relativo impedimento à mecanização. Unidades Geoambiental: Áreas de maciços residuais e da depressão sertaneja.
Unidades fitoecológicas correspondentes: Floresta subcaducifólia tropical pluvial (mata seca); floresta caducifólia
espinhosa (caatinga arbórea); caatinga arbustiva densa, caatinga arbustiva aberta.
Latossolos
(Amarelo)
Os Latossolos são constituídos de material mineral, apresentando horizonte B latossólicos imediatamente abaixo de
qualquer tipo de horizonte A, normalmente dentro de 200 cm de solo. Caracterizam-se por grande homogeneidade de
características ao longo do perfil, praticamente ausência de minerais primários de fácil intemperização. Geralmente,
são fortemente ácidos, com baixa saturação por bases. Sua origem está associada a diversos tipos de rochas, aos
condicionantes climáticos e a variados tipos de vegetação. Aspectos dominantes: Muito profundos e profundos;
textura arenosa ou areno-argiosa; fertilidade natural média a baixa. Principais limitações: Acidez, alta porosidade,
98
baixa fertilidade. Unidades Geoambiental: Áreas dos planaltos sedimentares e/ou da depressão periférica. Unidades
fitoecológicas correspondentes: Floresta subcaducifólia Tropical Pluvial (mata seca).
Luvissolos Os Luvissolos são solos constituídos por material mineral, não hidromórficos, com argila de atividade alta, alta
saturação por bases e horizonte B textural ou B nítico. São mal-drenados, sendo normalmente pouco profundo (60 a
120 cm). Podem apresentar pedregosidade na parte superficial e caráter solódico ou sódico, na parte superficial. A
coloração varia entre avermelhada, amarelada, brunada ou acizentada. Aspectos dominantes: Moderadamente
profundo com textura média ou argilosa; moderadamente drenados e fertilidade natural alta. Principais limitações:
Pouca profundidade; susceptibilidade à erosão; pedregosidade; impedimento à mecanização. Unidades Geoambiental:
Depressão Sertaneja fraca a moderadamente dissecadas. Unidades fitoecológicas correspondentes: Caatinga Arbustiva
Densa; Caatinga Arbustiva Aberta; Floresta caducifólia Espinhosa (caatinga arbórea).
Neossolos
(Flúvicos e
Litolico)
Os Neossolos são constituídos por material mineral ou por material orgânico, apresentando pequena expressão
pedogenética, ou seja, solos pouco evoluídos. Estão dispostos cerca de 40 a 50 cm de espessura com horizontes A, C ou
R, e apresenta ausência do horizonte B. A subordem constatada no município de Aiuaba classifica-se como Neossolos
Flúvico e Neossolos Litólicos. Os Neossolos Flúvicos têm formação a partir da sedimentação fluvial e distribuem-se
principalmente ao longo dos rios de maior fluxo. Esses solos são medianamente profundos a profundos, derivados de
sedimentos aluviais, apresentado caráter flúvico, sem relação pedogenética entre si, muitas vezes, conferindo outras
características, tais como decréscimo irregular do conteúdo de carbono orgânico em profundidade, camadas
estratificadas em 25% ou mais do volume do solo. Os Neossolos litolicos são solos com horizonte A ou O hísticos com
menos de 40 cm de espessuras. Os mesmos encontram-se rasos sobre a rocha. Em geral, apresentam condições
topográficas acidentada, sendo pouco espesso. Esses solos estão presentes onde há afloramento de rochas ocupando
áreas de remoção de material. Aspectos dominantes: Neossolos flúvicos - Solos profundos; mal drenados, textura
99
indiscriminada e fertilidade natural muito baixa/ Neossolos litólicos - Solos rasos, texturas argilosas, fertilidade natural
média, susceptível a erosão. Principais limitações: Neossolos flúvicos - Drenagem imperfeita; riscos de inundações;
altos teores de sódio; susceptibilidade a processos erosivos. / Neossolos litólicos - Pouco profundos pedregosos com
relevo acidentado. É susceptível a erosão. Unidades Geoambiental: Neossolos flúvicos - Áreas de planície fluviais./
Neossolos litólicos - depressão sertaneja e maciço residual. Unidades fitoecológicas correspondentes: Neossolos
flúvicos - Floresta mista Dicotila Palmacea (mata ciliar com carnaubal / Neossolos litólicos - Caatinga arbustiva densa;
caatinga arbustiva aberta; floresta mista dicotila palmacea (mata ciliar com carnaubal.
Planossolos Os Planossolos compreendem solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, apresentando horizonte B textural,
normalmente com argila de atividade alta. É susceptível a erosão e de baixa permeabilidade. Estes solos apresentam-se
em áreas de relevo plano ou suavemente ondulado, apresentando em algumas áreas características próximas dos
vertissolos. São fortemente limitados pela falta d'água em áreas semiáridas, devendo-se considerar, também, a
saturação com sódio elevada, nos horizontes subsuperficiais, fator de restrição importante para a maioria das culturas.
Aspectos dominantes: Solos rasos a moderadamente, mal drenados, textura indiscriminada, fertilidade média a baixa.
Principais limitações: Drenagem imperfeita, deficiente ou excesso de água; susceptibilidade a erosão. Unidades
Geoambiental: Planície fluvial e níveis rebaixados da depressão sertaneja. Unidades fitoecológicas correspondentes:
Caatinga arbustiva aberta.
Fonte: Brasil (1999; 2006); Jacomine (2008-2009); Prado (1995); Souza (2000); Organização: Autor, 2013
100
Mapa 6- Mapa pedológico do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
101
De acordo com Souza (2000, p.43) “a vegetação representa a resposta última
que deriva do complexo das relações mútuas entre os componentes do potencial
ecológico”. Em paralelo, Fernandes (2006, p. 131) afirma que “[...] o conjunto
vegetacional não pode ser analisado deixando de lado a evolução do ambiente
físico, pois marcas do passado a ele ligado, por vezes, encontram-se apenas
registradas nas paisagens atuais [...]”. Muitas vezes se percebem apenas
fragmentos da vegetação, sendo necessário analisar a partir dos demais
componentes ambientais.
Nesta perspectiva, do ponto de vista das paisagens e ecologias do mundo
tropical, Ab’Sáber (2003) denomina estas áreas por Domínios das caatingas
brasileiras constituída pelos sertões do Nordeste brasileiro. São áreas sujeitas a
deficiências hídricas responsáveis pelas dispersões das caatingas em ambientes de
depressões interplanálticas, configurando rústicas paisagens morfológicas e
fitogeográficas.
A vegetação predominante é a caatinga, apresentando diferentes fisionomias.
Que “apesar dessa grande abrangência espacial, pouco se conhece sobre seus
conjuntos florísticos, fisionômicos e a distribuição geográfica de suas espécies no
conjunto vegetacional nordestino” (LEMOS e MEGURO, 2010).
Anualmente, cerca de 100 mil hectares de caatinga sofrem ação de
desmatamento, sendo as principais causas as atividades agropecuárias e a
produção de lenha e carvão com fins energéticos (CEARÁ, 2007). Salienta-se, no
entanto, que não só o desmatamento, mas outras formas de degradações
ambientais assolam o cotidiano a região semiárida do Ceará.
Assim, no Ceará predominam as caatingas que de acordo com Leal, Tabarelli
e Silva (2003) podem ser caracterizados como florestas de padrões arbóreas ou
arbustivas, compreendendo principalmente árvores e arbustos baixos, muitos dos
quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas.
Associada a tais variações tem-se um manto herbáceo (Mapa 7).
102
Mapa 7- Fitogeografia do Estado do Ceará. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2011). Elaboração: Autora, 2013.
103
É importante salientar que dada a deficiência hídrica associada à
irregularidade das chuvas, tem-se a característica da caducifolia na estação seca.
Porém, passadas as primeiras chuvas já se observa a floração e frutificação das
espécies da caatinga, demostrando o aproveitamento máximo da precipitação. A
vegetação possui uma alta diversidade biológica com a presença de espécies
endêmicas.
O município de Aiuaba possui grande representatividade ecológica por
apresentar remanescentes de caatinga arbórea, principalmente no interior da
Estação Ecológica de Aiuaba. Assim, dada a variedade de sistemas ambientais
foram constatadas em Aiuaba quatro classes fitogeográficas25, são elas: caatinga
arbustiva aberta, floresta caducifólia espinhosa (caatinga arbórea), carrasco e
floresta subcaducifólia tropical pluvial (mata seca).
Para Souza (2000, p. 56) “a caatinga assume padrão fisionômico arbóreo
apenas onde as condições semiáridas são mais moderadas e onde os solos têm
melhores condições de fertilidade natural”. No município de Aiuaba apresenta-se
fisionomicamente como arbórea (Foto 7), alguns indivíduos que atingem cerca de 15
m de altura, com dossel e com partes mais ou menos fechadas e outras um pouco
mais abertas, com presença de cipós, herbáceas e bromélias (SOUZA et al., 2007).
A caatinga arbustiva densa, quando degradada assume um padrão
fisionômico de caatinga arbustiva aberta (SOUZA, 2000, p. 56). Por sua vez, a
caatinga arbustiva aberta desenvolve em solos rasos e duros, composta por
espécies lenhosas de baixo porte (em torno de 5 m de altura) entremeadas por
cactáceas e bromélias terrestres (Foto 8).
25 Considerando o mapeamento da Fitogeografia do Estado do Ceará (escala da representação 1: 1.346.591).
104
Foto 7- Em primeiro plano, área desmatada, usada para a agricultura e ao fundo, remanescente de caatinga arbórea na área da Estação Ecológica de Aiuaba. Coordenadas: 371422// 9262696. Foto 8- Área degradada com a presença da caatinga arbustiva. Coordenadas: 376463//928784. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.
No município de Aiuaba, encontra-se o carrasco na porção extremo oeste,
onde se constata trecho do planalto sedimentar da Ibiapaba. Em outros pontos do
município de Aiuaba é possível encontrar manchas de carrasco, como as percebidas
na Estação Ecológica de Aiuaba. Este se desenvolve em solos arenosos e bem
drenados. Nas áreas com carrasco foi constatado um estrato arbóreo com
representantes de 6 a 8 m de altura.
Ainda sobre o carrasco, Fernandes (2006) afirma que existem fortes razões
para julgar derivado de um processo de adaptação ecológica dentro de uma
sucessão lentamente ajustada ao ambiente xérico, conforme as alterações
climáticas.
A mata seca apresenta melhores condições ecológicas (mesófilas) e
diferentes composições florísticas da caatinga. Geralmente, recobrem as encosta
das serras subsumidas secas, ou daquelas isoladas entre 500 a 600 m de altitude
(FERNANDES, 2006).
No município de Aiuaba se destacam a ocorrência de algumas espécies,
como: braúna (Schinopsis brasiliensis), aroeira (Myracrodruon urundeuva),
umbuzeiro (Spondias tuberosa), pereiro (Aspidosperma pyrifolium), pau d’arco
(Tabebuia impetiginosa), barriguda (Ceiba glaziovii), Sipaúba (Thiloa glaucocarpa),
maniçoba (Manihot glaziovii), catingueira (Caesalpinia gardneriana), jurema preta
(Mimosa tenuiflora), mandacaru (Cereus jamacaru), marmeleiro (Croton
sonderianus), Cedro (Cedrela odorata L.), jurema-branca (Piptadenia stipulacea),
7 8
105
sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) e angico preto (Anadenanthera
macrocarpa).(LEMOS, 2006; LEMOS e MEGURO, 2010; LEMOS e ZAPPI, 2012;
MEDEIROS, 2004 e SOUZA, et al. 2007).
Fauna
Dada a existência de uma caatinga em alguns trechos bastante conservada
ou em estado de recuperação, existe uma diversidade biológica da fauna. Assim,
tem-se a ocorrência de diversas aves silvestres, como: asa branca (Patagioenas
picazuro), cancão (Cyanocorax cyanopogon), pintassilgo-do-nordeste (Carduelis
yarrellí), cabeça vermelha (Amadina erythrocephala), zabelê (Crypturellus
noctivagus), canários da terra (Sicalis flaveola brasiliensis), beija-flor (Hylocartis
cyanus), bem-te-vi (Pitangus sulfuratus), pica-pau (Picumnus spp), papagaio
(Psitacus erithacus) e casaca de couro (Pseudoseisura cristata). E mamíferos como:
jaguatirica (Felis pardalis), gato mourisco (Herpailurus yaguaroundi); onça parda
(Puma concolor), gato-do-mato (Leopardus tigrinus) (Leal, Tabarelli e Silva, 2003).
Vale acrescentar que muitas espécies estão ameaçadas de extinção, sendo a
Estação Ecológica de Aiuaba, considerada como um refúgio para a ocorrência de
algumas espécies.
3.4 SINOPSE DOS SISTEMAS AMBIENTAIS
Optou-se pela sinopse dos aspectos geoambientais para demonstrar a
estreita relação dos componentes naturais, entre os quais: geológico,
geomorfológico, climático, pedológico, fitogeográfico e hidrológico. Estes, quando
analisados separadamente, caracterizam apenas uma etapa do reconhecimento
ambiental. Entretanto, trata-se de uma etapa indispensável para chegar à
interdisciplinaridade que conduz ao conhecimento integrado do ambiente (SOUSA e
OLIVEIRA 2011). Assim, os sistemas e subsistemas ambientais são delimitados em
função de combinações mútuas específicas entre as variáveis abióticas e bióticas
(CARVALHO et al., 2007).
Neste contexto, a análise geoambiental para o estudo da natureza não se dá
de forma isolada em seus componentes; esta deve ser colocada numa perspectiva
106
integrativa visando à compreensão de inter-relações entre seus elementos e
buscando a noção de totalidade.
Assim, para o cumprimento dessa etapa priorizaram-se para a caracterização
dos sistemas ambientais o levantamento bibliográfico de concepções adotadas e
consagradas em trabalhos ligados aos diagnósticos ambientais, assim como,
resultados oriundos do trabalho de campo para o desenvolvimento desta pesquisa.
Ressalta-se que foi seguido principalmente o critério geomorfológico, sendo
identificada uma diversidade de sistemas ambientais.
Na finalidade de sintetizar a análise dos sistemas ambientais, foi elaborado
um quadro da Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de
Aiuaba (Quadro 7) com suas características dominantes especializados através do
mapa 8 (Sistemas ambientais do município de Aiuaba).
107
Quadro 7- Sinopse dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba DOMÍNIO NATURAL
SISTEMAS AMBIENTAIS
SUB-SISTEMAS
AMBIENTAIS
CARACTERISTICAS DOS COMPONENTES NATURAIS
PLANALTO SEDIMENTAR
PLANALTO DA IBIAPABA
Reverso Imediato revestido por carrasco
Superfície do reverso imediato do Planalto da Ibiapaba parcialmente coincidente com a estrutura e ocorrências esparsas de altos estruturais. Do ponto de vista geológico compreende a Formação Serra Grande. Escoamento superficial no reverso da cuesta com rios de padrões paralelos e escoamento intermitente sazonal. Predominam os neossolos com cobertura vegetal do carrasco.
TABULEIROS TABULEIROS INTERIORES
Tabuleiros interiores
Rampas de acumulação interiores em depressões periféricas de planaltos sedimentares, dissecadas em interflúvios tabulares 700-850mm. Composta por Coberturas colúvio eluvionais: areias sílticas, argilosas, localmente laterizadas. Escoamento intermitente sazonal e rede de drenagem com padrões subdendríticos. Predominam os argissolos vermelho amarelo com cobertura vegetal da caatinga arbórea.
PLANICIE DE ACUMULAÇÃO
PLANICIE FLUVIAL
Planície fluvial Presença de sedimentos aluviais com areias mal selecionadas, incluindo siltes, argilas e cascalhos. Áreas planas resultante de acumulações de processos fluviais, bordejando a calhas fluviais dos principais rios e riachos. Sujeitas a inundações sazonais e revestidas primariamente por matas ciliares com carnaubais. Escoamento intermitente sazonal em fluxo muito lento. Condições climáticas variando de subúmida à semiárida. Predominam os neossolos flúvicos e os planossolos.
RELEVOS RESIDUAIS
CRISTAS RESIDUAIS
Cristas Áreas com relevos aguçados dispersa sobre a depressão sertaneja, derivam da erosão diferencial em rochas muito resistentes. Possuem solos rasos ou vertentes rochosas, parcialmente revertidas por caatinga arbustiva.
DEPRESSÃO SERTANEJA
SERTÕES DE AIUABA
Sertão meridional de Aiuaba
Áreas semiáridas com intensa dissecação do relevo, dando formas predominantemente aguçadas, convexas e tabulares com eventuais níveis de serras dispersas. Litotipos variados do complexo cristalino do Pré-cambriano. Escoamento superficial com rios de padrões dendríticos e/ou dendríticos retangulares e escoamento intermitente sazonal. Baixo potencial de recursos hídricos subterrâneos. Predominância dos solos: argissolos, luvissolos, planossolos e neossolos. Recobrimento vegetal com caatinga arbóreo densa, caatinga arbustiva densa e eventualmente aberta, encontrando-se degradadas.
Fonte: SOUZA (2000; 2006; 2009; 2011), CEARÁ (2007) e NASCIMENTO et al. (2008). Organização: Autora, 2013.
108
Mapa 8- Mapa dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
109
4 UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NA REGIÃO SEMIÁRIDA DO CEARÁ
“No contexto nordestino, o Ceará abriga certa diversidade de domínios
naturais e paisagísticos” (SOUZA, 2007, p.128) e “apresenta quase que a totalidade
de seu território submetida ao clima semi-árido [sic] quente que ainda se tem como o
principal condicionante desfavorável ao aproveitamento de seus recursos naturais”
(SOUZA, 2000, p.8) associados a irregularidades pluviométricas têmporo-espaciais.
Geologicamente, predominam o terreno Pré-cambriano do embasamento cristalino.
Outras características referem-se a grande diversidade de solos que nas áreas
sertanejas, apresentam-se pouco espessos e com afloramentos rochosos, estando
sobrepostos pela Província fitoecológica das caatingas.
Tais características, descritas, compõem o bioma caatinga que é
exclusivamente brasileiro e corresponde a um dos biomas mais ameaçados e
transformados pela ação humana. Do ponto de vista geográfico, tais características
referem-se ao domínio morfoclimático semiárido das caatingas, onde se inserem os
sertões secos; assim, AB’SÁBER (2003, p. 85) diz que “a originalidade dos sertões
no Nordeste brasileiro reside num compacto feixe de atributos: climático, hidrológico
e ecológico”.
Nesta perspectiva, surgem politicas voltadas ao desenvolvimento regional. E
em 27 de dezembro de 1989 foi aprovada a Lei n 7.827 que criou e estabeleceu as
condições de aplicação dos recursos dos fundos constitucionais de financiamentos;
e os investimentos para o Nordeste estavam pautados na delimitação da região
semiárida. Neste sentido, foram consideradas as áreas com precipitação
pluviométrica média anual igual ou inferior a 800 mm. No ano de 1995 foi realizada
uma atualização dos municípios inseridos no semiárido, porém a classificação atual
data do ano de 2005 instituída pelo Ministro da Integração Nacional (BRASIL,
2005a).
Resumidamente a nova delimitação tem por base três critérios técnicos (LINS,
2008), tais como: “Isoieta de 800 mm (média anual do período 1961 – 1990); índice
de Aridez de Thorntwaite (de até 0,50) e risco de seca (percentagem do número de
dias com déficit hídrico igual ou superior a 60%)”. Em suma, o Ceará possui 85,01 %
do seu território em áreas semiáridas, no entanto ressalta-se que foi descartada a
hipótese de um município estar parcialmente inserido no semiárido (Tabela 15).
110
Tabela 15– Síntese quantitativa dos municípios abrangidos pelo Ceará com ênfase
à área semiárida
Total de
Município
do Ceará
Nº municípios no semiárido Área
Total
(km²)
Área no
semiárido
184
Anterior a 2005
Incluídos em 2005
Atual %
148.825
Km² %
134 16 150 81,52 126.515 85,01
Fonte: Adaptado de PEREIRA JÚNIOR, 2007.
De acordo com um levantamento de dados (Tabela 16), constata-se
atualmente, um total de 76 Unidades de Conservação no Estado do Ceará (Brasil,
2008; 2012a; 2012; Observatório das UC, 2013). Salienta-se que foram
consideradas áreas que ainda não se adequaram às categorias previstas no SNUC
(Tabela 16). Dessas, considerando a nova delimitação do semiárido, tem-se 36 UC
totalmente e 05 UC parcialmente inseridas na região semiárida. Sendo que apenas
16 UC estão localizadas nas unidades geoambientais dos sertões semiáridos
cearenses (Figura 5).
Dada à dimensão territorial do Estado percebe-se uma disposição bastante
espaçada das UC, principalmente na região semiárida, mais especificamente nas
áreas dos sertões cearense. Isso implica num déficit de conservação de espécies,
essencialmente, devido à diversidade de ambientes naturais. Nesse sentido, se
sobressaem as unidades de conservação que estão localidades nas áreas
litorâneas, nas serras, nos planaltos e nas chapadas; onde se verificam melhores
condições do ponto de vista climático.
111
Tabela 16– Unidades de Conservação no Estado do Ceará Unidades de Conservação no Estado do Ceará
Identificação Município Categ./Grup
o/ Admin.
Área
(ha)
Inserida na
nova delimitação da
Região
Semiárida
Unidade Geoambiental
1. Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe
Municípios do Ceará, do Piauí e de Pernambuco.
APA/ US/Federal
1.063.000 SIM/
Parcialmente
Chapada do Araripe
2. Área de Proteção Ambiental Serra da Meruoca
Sobral, Alcântara, Massapê e Meruoca.
APA/ US/ Federal
29.361,27 SIM Serra úmida
3. Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba
Municípios do Ceará, do Piauí e do Maranhão.
APA/ US/ Federal
307.590,51/// 313.800
NÃO Planície Litorânea e Planície Flúvio-marinha
4. Área de Proteção Ambiental Serra da Ibiapaba
Municípios do Ceará e do Piauí APA/ US/ Federal
1.628.424,61//
1.592.550
SIM/ Parcialmente
Planalto da Ibiapaba
5. Área de Proteção Ambiental da Bica do Ipu
Ipu APA/ US/ Estadual
3.485 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba
6. Área de Proteção Ambiental de Balbino
Cascavel APA/ US/ Municipal
250 NÃO Planície Litorânea e Glacis de Acumulação
7. Área de Proteção Ambiental de
Canoa Quebrada
Aracati APA/ US/
Municipal
4.000 SIM Planície Litorânea e Planície
Fluvio-marinha
8. Área de Proteção Ambiental do Maranguape
Maranguape APA/ US/ Municipal
5.521,52 SIM Serra úmida
9. Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Bastiana
Iguatu APA/ US/ Municipal
- SIM Sertão Centro Ocidental
10. Área de Proteção Ambiental das Dunas da Lagoinha
Paraipaba APA/ US/ Estadual
523 NÃO Planície Litorânea
11. Área de Proteção Ambiental das
Dunas do Paracuru
Paracuru APA/ US/
Estadual
3.910 NÃO Planície Litorânea
12. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Ceará
Fortaleza e Caucaia APA/ US/ Estadual
2.745 SIM/ Parcialmente
Estuário
13. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Curu
Paracuru e Paraipaba APA/ US/ Estadual
882 NÃO Estuário
14. Área de Proteção Ambiental do Estuário do Rio Mundaú
Trairi APA/ US/ Estadual
1.538 NÃO Estuário
15. Área de Proteção Ambiental
Lagamar do Cauípe
Caucaia APA/ US/
Estadual
1.884 SIM Planície Litorânea e Glacis
de Acumulação
16. Área de Proteção Ambiental da Lagoa de Jijoca
Cruz e Jijoca de Jericoacoara APA/ US/ Estadual
3.996 NÃO Planície Litorânea e Planície Lacustre
112
17. Área de Proteção Ambiental de
Jericoacoara (extinta)
Jijoca de Jericoacoara APA/ US/
Federal
5.480 NÃO Planície Litorânea
18. Área de Proteção Ambiental da
Sabiaguaba
Fortaleza APA/ US/
Municipal
1.009,74 NÃO Planície Litorânea, Glacis de
Acumulação, Planície Lacustre e Fluvio marinha.
19. Parque Natural Municipal das
Dunas da Sabiaguaba
Fortaleza APA/ US/
Municipal
467,60 NÃO Planície Litorânea
20. Área de Proteção Ambiental de Tatajuba
Camocim APA/ US/ Municipal
3.775 NÃO Planície Litorânea
21. Área de Proteção Ambiental da Praia de Maceió
Camocim APA/ US/ Municipal
1.374,10 NÃO Planície Litorânea
22. Área de Proteção Ambiental da Praia de Ponta Grossa
Icapuí APA/ US/ Municipal
558,68 NÃO Planície Litorânea
23. Área de Proteção Ambiental do
Manguezal da Barra grande
Icapuí APA/ US/
Municipal
1.260,30 NÃO Planície Litorânea e Flúvio-
marinha
24. Área de Proteção Ambiental da Lagoa do Uruaú
Beberibe APA/ US/ Estadual
2.673 NÃO Planície Litorânea e Planície Flúvio- Lacustre
25. Área de Proteção Ambiental do Pecém
São Gonçalo do Amarante APA/ US/ Estadual
123 NÃO Planície Litorânea e Marinha
26. Área de Proteção Ambiental do Rio
Pacoti
Fortaleza, Euzébio e Aquiraz. APA/ US/
Estadual
2.915 NÃO Rio e planície Fluvial
27. Área de Proteção Ambiental da
Serra da Aratanha
Maranguape, Pacatuba e
Guaiuba.
APA/ US/
Estadual
6.448 SIM/
Parcialmente
Serra úmida
28. Área de Proteção Ambiental da Serra de Baturité
Aratuba, Baturité, Capistrano, Caridade, Guaramiranga,
Mulungu, Pacoti e Redenção.
APA/ US/ Estadual
32.690 SIM Serra úmida
29. Área de Relevante Interesse Ecológico do Sítio do Curió
Fortaleza ARIE/US/ Estadual
57,35 NÃO Glacis de Acumulação
30. Área de Relevante Interesse Ecológico do Estevão
Aracati ARIE/US/ Municipal
200,00 NÃO Planície Litorânea
31. Área de Relevante Interesse Ecológico Dunas do Cocó
Fortaleza ARIE/US/ Municipal
15,26 NÃO Planície Litorânea
32. Estação Ecológica de Aiuaba Aiuaba ESEC/PI/
Federal
11.525 SIM Sertão Sul Ocidental
33. Estação Ecológica do Castanhão Iracema, Jaguaribara e Alto Santo. ESEC/PI/ Federal
12.574 SIM Sertão Centro Ocidental
34. Estação Ecológica do Pecém São Gonçalo do Amarante e Caucaia
ESEC/PI/ Estadual
956 SIM/ Parcialmente
Planície Litorânea
35. Floresta Nacional do Araripe‐Apodi Barbalha, Crato, Jardim, Nova Olinda. Santana do Cariri e Missão Velha
FLONA/US/Federal
38.919,47 SIM Chapada
36. Floresta Nacional de Sobral Sobral FLONA/US Federal
598 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba
37. Parque Nacional de Jericoacoara Cruz, Jijoca de Jericoacoara. PARNA/PI/
Federal
8.862,89///
8.416,08
NÃO Planície Litorânea e Marinha
113
38. Parque Estadual Marinho da Pedra
da Risca do Meio
Fortaleza PARNA/PI/
Estadual
3.320 NÃO Marinha
39. Parque Nacional de Ubajara Frecheirinha, Tianguá e Ubajara. PARNA/PI
/Federal
6.288 SIM Planalto da Ibiapaba
40. Reserva Extrativista Prainha do Canto Verde
Beberibe RESEX/US Federal
29.804,99 NÃO Planície Litorânea e Marinha
41. Reserva Extrativista do Batoque Batoque RESEX/US Federal
601 NÃO Planície Litorânea
42. Parque Estadual das Carnaúbas Granja Parque/PI
Estadual
10.005 NÃO Planície Fluvial
43. Parque Botânico Ceará* Caucaia Parque/PI
Estadual
190 SIM Glacis de Acumulação
44. Parque Ecológico/Estadual do Rio Cocó*
Fortaleza Parque/PI Estadual
1.155 NÃO Glacis de Acumulação e Planície Fluvial
45. Parque Ecológico da Maraponga Fortaleza Parque/PI Municipal
31 NÃO Glacis de Acumulação e Planície Lacustre
46. Parque Ecológico da Lagoa da
Fazenda*
Sobral Parque/PI
Municipal
19 SIM Sertão Ocidental da
Ibiapaba
47. Monumento Natural das Falésias de Beberibe
Beberibe MN/PI/ Estadual
31 NÃO Planície Litorânea e Marinha
48. Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá
Quixadá MN/PI/ Estadual
31.146 SIM Sertão Centro Ocidental
49. RPPN Ambientalista Francy Nunes General Sampaio RPPN/US/ Privada
200 SIM Sertão Centro Ocidental
50. RPPN Elias de Andrade General Sampaio RPPN/US/
Privada
207,92 SIM Sertão Centro Ocidental
51. RPPN Mãe da Lua Itapajé RPPN/US/ Privada
764,08 SIM Serra Secas
52. RPPN Arajara Park Barbalha RPPN/US/ Privada
28 SIM Chapada do Araripe
53. RPPN Chanceler Edson Queiroz Guaiuba RPPN/US/ Privada
130 NÃO Serra úmida
54. RPPN Fazenda Olho D'agua do
Urucu
Parambu RPPN/US/
Privada
2.610 SIM Sertão Sul Ocidental
55. RPPN Fazenda Mercês Sabiaguaba e Nazário
Amontada RPPN/US/ Privada
50 NÃO Planície Litorânea e Glacis de Acumulação
56. RPPN Monte Alegre Pacatuba RPPN/US/ Privada
263 NÃO Serra úmida
57. RPPN Fazenda Não Me Deixes Quixadá RPPN/US/ Privada
300 SIM Sertão Centro Ocidental
58. RPPN Reserva Ecológica
Particular Jandaíra
Trairí RPPN/US/
Privada
55 NÃO Planície Litorânea
59. RPPN Reserva Ecológica Particular Lagoa da Sapiranga
Fortaleza RPPN/US/ Privada
59 NÃO Planície Litorânea
114
60. RPPN Reserva Ecológica
Particular Mata Fresca
Meruoca RPPN/US/
Privada
108 SIM Serra úmida
61. RPPN Reserva Ecológica
Particular 62. do Sítio do Olho D’água
Baturité RPPN/US/
Privada
383 SIM Serra úmida
63. RPPN Rio Bonito Quixeramobim RPPN/US/
Privada
441 SIM Sertão Centro Ocidental
64. RPPN Serra das Almas I e II Crateús e Buriti dos Montes RPPN/US/ Privada
6.635 SIM Planalto da Ibiapaba e Sertão Ocidental da
Ibiapaba
65. RPPN Neném Barros Crateús RPPN/US/ Privada
63,16 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba
66. RPPN Sítio Ameixa/Poço Velho Amontada RPPN/US/ Privada
464 NÃO Sertão Pré-litorâneo
67. RPPN Almirante Renato de Miranda Monteiro
Novo Oriente RPPN/US/ Privada
219,92 SIM Sertão Ocidental da Ibiapaba
68. RPPN Reserva Natural Sítio
Palmeiras
Baturité RPPN/US/
Privada
75,47 SIM Serra úmida
69. RPPN Reserva Cultura Permanente
Aratuba RPPN/US/ Privada
7,62 SIM Serra úmida
70. RPPN Belo Monte Mulungu RPPN/US/ Privada
15,70 SIM Serra úmida
71. RPPN Passaredo Pacoti RPPN/US/ Privada
3,61 SIM Serra úmida
72. RPPN Serra da Pacavira Pacoti RPPN/US/
Privada
33,56 SIM Serra úmida
73. RPPN Paulino Velôso Camêlo Tianguá RPPN/US/ Privada
120,19 SIM Serra úmida
74. RPPN Gália Guaramiranga RPPN/US/ Privada
55,98 SIM Serra úmida
75. REP Fazenda Cacimba Nova* Santa Quitéria REP/US/ Privada
670 SIM Sertão Centro Ocidental
76. REP Fazenda Santa Rosa* Santa Quitéria REP/US/
Privada
280 SIM Sertão Centro Ocidental
LEGENDA: [ ] Unidades de Conservação inseridas na região semiárida; [ ] Unidades de Conservação inseridas parcialmente na região semiárida; [ ]Pertence ao Grupo de Proteção Integral; [ ] Pertence ao grupo de Proteção Integral e estão inseridas na região semiárida; [ ] Estão localizadas nos sertões semiáridos.
Fonte de dados: BRASIL, 2008; 2012a; 2012; Observatório das UC, 2013. Organização: Autora, 2013.
115
Figura 5- Disposição das Unidades de Conservação sobre as Unidades Geoambientais do
Ceará. Adaptado de SOUZA (2005; 2007). Fonte: CEARÁ, 2008; 2009; BRASIL, 2008; 2012.
Organização: Autora, 2013.
116
Assim, observa-se que no Estado do Ceará existe a predominância das UC
do grupo de uso sustentável, onde partes dos recursos protegidos são destinadas ao
uso sustentável. Apenas quatro UC de Proteção Integral pertencem à região
semiárida cearense, sendo que destas somente três estão dispostas sobre os
sertões (Tabela 17).
Tabela 17- Características de gestão das Unidades de Conservação de proteção integral no semiárido do Ceará Características Estação
Ecológica de Aiuaba
Estação Ecológica de Castanhão
Parque Nacional de
Ubajara
Monumento Natural dos
Monólitos de Quixadá
Municípios Aiuaba Iracema, Jaguaribara e
Alto Santo
Frecheirinha, Tianguá e Ubajara
Quixadá
Área (ha) 11.525 12.574 6.288 31.146
Ano de Criação 2001 2001 1959 2002
Plano de Manejo Não Não Sim Sim
Estudos Prévios Não Não Sim Não
Monitoramento Ambiental
Sim Não Sim Não
Administração Federal (IBAMA)
Federal Federal (IBAMA) Estadual (SEMACE)
Fonte: BRASIL, 2013; CEARÁ, 2012a. Organização: Autora, 2013.
A análise das UC de proteção integral revela que apenas duas (Monumento
Natural dos Monólitos de Quixadá e o PARNA de Ubajara) das quatro unidades
possuem plano de Manejo, mesmo tendo sido criada há mais de cinco anos. A
ausência do Plano de Manejo revela a falta de atenção necessária à efetividade das
UC e, consequentemente, a conservação da biodiversidade.
O Parque Nacional de Ubajara completa no ano de 2013, 54 anos de criação
e apesar de sido criada antes do SNUC, possui plano de manejo, monitoramento
ambiental e é o único das quatro UC de Proteção Integral a ter realizado estudos
prévios. O pior caso é o da Unidade, ESEC do Castanhão que não apresenta
nenhum dos três critérios.
Quanto ao tamanho das áreas, observa-se uma disparidade entre estas,
porém não se encontrou na literatura uma avaliação exata do tamanho da área
necessária para resguardar uma quantidade de espécies da fauna e flora da
caatinga e assim garantir uma proteção adequada dos sistemas naturais do
semiárido cearense. Ressalta-se que as áreas protegidas no semiárido podem
contribuir para a redução dos efeitos degradantes sobre o bioma caatinga.
117
O quadro atual das Unidades de Conservação do Ceará se mostra ainda
impreciso do ponto de vista da preservação e conservação da região semiárida
cearense. Isto se dá, principalmente, pela limitada existência das UC do Grupo de
Proteção Integral. As metas estabelecidas no SNUC não foram atingidas em sua
plenitude, como o Plano de Manejo e os estudos prévios.
4.1 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA
As Estações Ecológicas foram primeiramente instituídas através da Lei
n°6.902, de 27 de abril de 1981, em seu Art.1° que estabelece que são áreas
representativas de ecossistemas brasileiros, destinadas à realização de pesquisas
básicas e aplicadas de Ecologia, à proteção do ambiente natural e ao
desenvolvimento da educação conservacionista (BRASIL, 1981).
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC diz que as
Estações Ecológicas, ESEC são Unidades de Conservação de proteção integral e
têm por objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.
O local é de posse e domínio público, sendo que as áreas particulares, incluídas em
seus limites, serão desapropriadas, merecendo indenização ou compensação pelas
benfeitorias. É proibida a visitação pública, exceto quando houver objetivos
educacionais ou científicos, sendo que a pesquisa científica está sujeita a
autorização (Art. 9º, § 1º, § 2º, § 3º - BRASIL, 2000).
Assim, as alterações no ecossistema nas Estações Ecológicas só podem ser
permitidas com restrições, pela redação do Art. 9º, § 4º estabelece (Brasil, 2000):
Art. 9º § 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas
alterações dos ecossistemas no caso de:
I - medidas que visem à restauração de ecossistemas modificados;
II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade
biológica;
III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades
científicas;
118
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior
do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta
controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área
correspondente a no máximo três por cento da extensão total da
unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.
Nas ESEC não são permitidas a presenças de populações em seu interior e,
por definição em Lei (Brasil, 2000), não é obrigatória a consulta pública para a
criação desta. Tais características refletem sobre a biodiversidade local. Nesta
perspectiva, Diegues et al. (2000) salientam que a biodiversidade não é só um
produto natural, é também uma construção cultural; a ausência e mesmo a
transferência de populações tradicionais de seu interior podem trazer implicações
socioeconômicas.
Assim, Rangel (2011) reforça que a proibição do uso tradicional dos recursos
naturais pode provocar a desestruturação do modo de vida destas populações. Há
uma limitação do uso do solo para reprodução da agricultura de subsistência e
extração vegetal e mineral. Conforme Furlan (2000), a proibição do acesso aos
recursos naturais contidos nas unidades de proteção integral pode provocar o
abandono das áreas protegidas.
Em contrapartida, as unidades de proteção integral localizadas no semiárido
nordestino e, consequentemente no semiárido cearense, atuam no equilíbrio dos
sistemas ambientais, contribuindo para a proteção dos solos (limitando os processos
erosivos), da rede hidrográfica (proteção de áreas de recarga e nascentes,
atenuação de ações de assoreamentos) e, a garantia da diversidade biológica
(garantia do endemismo de espécies).
O Estado do Ceará apresenta três Estações Ecológicas: ESEC do Pecém;
ESEC de Aiuaba e ESEC do Castanhão.
Assim, tem-se a ESEC de Aiuaba, que possui uma área de 11.525 hectares
(Coordenadas: 375740//9270135) e representa grande valor ecológico, além de
concentrar em seu território um exemplar de remanescente da caatinga arbórea, em
um ótimo grau de conservação. Esta foi declarada de utilidade pública em 1978
(Decreto N° 81.218, de 16 de janeiro de 1978), através das políticas públicas de
meio ambiente, formuladas e executadas pela extinta Secretaria Especial do Meio
119
Ambiente – SEMA. No entanto, só foi reconhecida como Estação Ecológica em 6 de
fevereiro de 2001 através do Decreto sem número26.
A ESEC de Aiuaba tem como objetivos específicos preservar a integridade do
ecossistema caatinga e propiciar o desenvolvimento de pesquisas científicas e de
atividades voltadas à educação ambiental (Brasil, 2001).
Essa ESEC recebe ações de manutenção e de investimento, isto é, está em
grande parte cercada e é fiscalizada. Porém, não dispõe de zona de amortecimento
e de corredor ecológico, que deveriam estar previstas no plano de manejo que até o
ano de 2013 não foi elaborado, lembrando que o plano de manejo está previsto na
Lei do SNUC (ano de 2000). Essa irregularidade permite a existência de vetores de
pressões sobre a ESEC, ocorrendo muitas vezes um mau uso do seu entorno.
Em relação à estrutura física no interior (Foto 9), a estação conta com uma
sede (cerca de 3 km da sede municipal), contendo um escritório completo com 2
computadores, telefone, fax, internet, alojamentos para 20 pessoas, 3 casas
funcionais, 1 laboratório, 1 refeitório, 1 biblioteca, depósito de equipamentos,
estação meteorológica automatizada27, cisterna com 35.000 litros que é abastecida
mensalmente pela Prefeitura Municipal de Aiuaba através de um caminhão-pipa.
26
Decreto em anexo. 27
Operada pela Universidade Federal do Ceará
120
Foto 9A - Estruturas da Estação Ecológica de Aiuaba - Entrada para a Sede da ESEC de Aiuaba; Foto 9B - Sala da biblioteca; Foto 9C- Estação meteorológica automatizada (Período: Novembro/2013); Foto 9D- Alojamento. (Período: Maio de 2013). Fonte: Autora, 2013.
Ainda no interior da ESEC de Aiuaba, existem dois outros pontos de apoio em
extremidades, visando o auxilio no trabalho de monitoramento. A primeira estrutura
de apoio, localidade Gameleira, possui 3 quartos, 1 sala, 1cozinha, todas com
energia elétrica e cisterna de 25.000 litros. Fica a 80 metros de açude vizinho (açude
da Confiança). A segunda estrutura de apoio é semelhante à primeira, porém,
encontra-se sem energia e necessita de reforma.
Desde o período de 26 de Dezembro de 201228 até o período de dezembro de
2013 (período pesquisado) a ESEC de Aiuaba encontra-se sem chefe de Unidade
de Conservação, sendo o cargo executado informalmente pelo fiscal do ICMBIO
Honório Miguel Arrais. Existem, quatro guardas que revezam diariamente no
trabalho de fiscalização. Assim, a UC conta com 1 carro (picape 4x4), 3 motocicletas
28
Publicação no Diário Oficial da União.
A
C
B
D
121
e 1 caminhão-pipa com capacidade para 3.000 litros (emprestada à UC por
moradora da cidade de Aiuaba).
O monitoramento e fiscalização são feitos pelos veículos ou através de
caminhadas; as rondas são desenvolvidas diariamente em pontos estratégicos e
semanalmente há um contorno geral da estação. No interior da ESEC não existem
acessos para veículos. Salienta-se que a estrada que circunda a UC encontra-se em
alguns trechos deteriorada prejudicando a passagem de veículos.
Conforme Brasil (2006), a Estação Ecológica de Aiuaba está “principalmente
associada à manutenção da biodiversidade florística e faunística do bioma caatinga,
e representa um importante papel para o ciclo hidrológico da região, devido a sua
cobertura florestal densa”.
Do ponto de vista dos componentes ambientais, Medeiros (2004) afirma que é
constatada na ESEC de Aiuaba uma variação de relevos acidentados a planos
(predominante); a vegetação varia de formações de estrato arbóreo denso a
vegetações mais arbustivas, sendo possível verificar fitofisionomias do carrasco,
caatinga arbórea densa e caatinga arbustivo-arbórea.
Uma das representatividades da ESEC de Aiuaba refere-se ao fato de que
esta tem a função importante de servir como campo de estudo para muitas
pesquisas e como refúgio a muitas espécies de fauna e flora ameaçadas de extinção
(Quadro 8).
Quadro 8- Espécies brasileiras ameaçadas de extinção na Estação Ecológica de Aiuaba
Espécies Nome vulgar Nome científico
Aves zabelê Crypturellus noctivagus
pintassilgo-do-nordeste Carduelis yarrellí
bico-virão-da-caatinga Megaxenops parnaguae
Mamíferos jaguatirica Felis pardalis
gato-do-mato-maracajá Felis wiedii
Flora aroeira-do-sertão Astronium urundeuva
baraúna Schinopsis brasiliensis
Fonte: Brasil, 2006. Organização: Autora, 2013.
No entanto, a ESEC de Aiuaba apesar de ser uma unidade de proteção
integral em sua maioria em um ótimo estado de conservação; no seu interior
encontram-se vários trechos identificados como áreas degradadas devido a
122
fenômenos erosivos de várias escalas, destacando-se a presença de voçorocas,
muitas vezes ligadas ao uso e ocupação que antecedeu a delimitação da Unidade
de Conservação e aos vetores de pressões no entono imediato da ESEC de Aiuaba
(destaca-se a agricultura, pastagem, desmatamento, urbanização). A seguir é
demonstrado um resumo das características verificadas em seu entorno imediato a
partir do trabalho de campo (Figura 6 e Tabela 18). De um modo geral, pode-se dizer
que a Estação Ecológica de Aiuaba apresenta bastante conservada, mesmo nos
trechos em que não está cercada.
123
Figura 6- Entorno Imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE. Período: Maio de 2013. Elaboração: Autora, 2013.
124
Tabela 18- Situação e localização do entorno imediato da Estação Ecológica de Aiuaba, CE
Ponto Coordenadas (E/S) Descrição
1 0374019//9271190 Vista Geral do Entorno da ESEC de Aiuaba (ao fundo). Ao centro, observa-se a presença de fumaça advinda do lixão de Aiuaba.
2 0354679//9271107 Açude do Benguê em primeiro plano e ao fundo EE de Aiuaba.
3 0375740//9270135 ESEC de Aiuaba, estruturas de base – Alojamento.
4 0376242//9264294 Área plana com a presença de plantações de Milho e feijão (agricultura de subsistência). Limite da ESEC de Aiuaba ao fundo.
5 0375566//9263717 Descaracterização da cobertura vegetal em áreas de declives
6 0371422//9262696 Limite da ESEC de Aiuaba (caatinga arbórea) com áreas em processo de recuperação no entorno. Ao centro mancha de área degradada.
7 0372235//9262891 Ravinas em áreas sem uso agrícola (Sítio Cajueiro).
8 0369279//9262191 Ponto de Apoio da Reserva (Várzea do cajueiro); Ravinamento e Afloramentos rochosos. Caatinga arbustiva.
9 0367745//9257780 Afloramento Rochoso (Riacho dos Barbados). Criação de caprinos. Caatinga arbustiva e presença de cactáceas.
10 0359082//9253112 Espelho d’água (Açude do Cedro). Caatinga arbórea aberta e presença de bananeiras na planície fluvial. Relevo plano.
11 0356462//9253617 Preparo da terra para cultivo (Área Queimada), remoção da cobertura vegetal.
12 0353877//9255875 Limite da Estação com placa sinalizadora. Mancha de carrasco representada por estrato arbórea. Relevo plano.
13 0355281//9257304 Limite da Estação sem cerca, relevo escarpado com caatinga arbórea densa, bastante conservada (Localidade Gameleira).
14 0356151//9259898 Área degradada com forte descaracterização da cobertura vegetal. A Oeste da ESEC de Aiuaba (entorno imediato).
15 0356264//9260091 Ponto de Apoio da ESEC de Aiuaba com placa informativa sobre Estação Ecológica de Aiuaba.
16 0356220//9268620 Solo exposto com vegetação em processo de recuperação (Localidade Barro).
17 0367780//9273955 Área de pastagem, criação de gado. Caatinga arbustiva.
18 0371630//9272997 Área de pastagem e Preparo da terra para cultivo, afloramentos rochosos e criação de gado. Relevo levemente ondulado.
Elaboração: Autor, 2013
125
Contudo, a categoria de ESEC para a Unidade de Conservação no município
de Aiuaba é conveniente devida à elevada importância biológica, fragilidade ou
ameaça dos recursos naturais na região, uma vez que, a área apresenta-se em
grande parte em bom estado de conservação com rica diversidade biológica e com
ocorrência de espécies endêmicas, além de fatores históricos e culturais de criação
desta.
Entretanto, deve ser elaborado e efetivado o plano de manejo, como previsto
na Lei 9.985/2000, estabelecendo a zona de amortecimento e corredores ecológicos
ou criação de novas Unidades de Conservação para a formação de mosaicos.
Também devem ser efetivadas medidas ambientalistas de manutenção e
consolidação do território.
5 LIMITES AMBIENTAIS DE TOLERÂNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DOS
SISTEMAS AMBIENTAIS
As diversas formas de uso e ocupação do solo com todas as suas alterações
tem causado historicamente vários problemas ambientais no espaço geográfico.
Dessa forma, os meios e as técnicas de beneficiamentos dos recursos naturais
podem ser determinados pelo nível cultural e pelo desenvolvimento
econômico/tecnológico de uma sociedade.
E de acordo com Nascimento (2013, p. 11):
A demanda pelos recursos intensifica-se progressivamente à
proporção que as sociedades humanas desenvolvem novas
tecnologias, e, principalmente, a partir de sua sedentarização, com o
consequente agrupamento social. Isso condiciona a pressão sobre
os recursos naturais, ocasionando problemas ambientais, uma vez
que grande parte da humanidade apresenta uma relação exploratória
e degradadora desta dotação de recursos (NASCIMENTO, 2013, p.
11).
Cabe destacar, a questão social imbricada no contexto da relação sociedade
natureza, propiciando problemas de ordem social, como a miséria, as diversidades
126
de acesso a terra, as carências de ocupações e o acesso a tecnologias de
aproveitamento dos recursos.
Ainda na mesma perspectiva, tem-se a região semiárida cearense na qual se
insere o município de Aiuaba, que teve seu desenvolvimento baseado na agricultura,
na pecuária, nas atividades extrativistas e caças predatórias; e em paralelo
constatam-se problemas socioambientais, entre os quais o desmatamento, as
queimadas, a agricultura de sequeiros, as secas cíclicas, o assoreamento dos
pequenos riachos e açudes que são intermitentes, entre outras formas.
Assim, dentre os recursos naturais mais atingidos, destaca-se a vegetação, o
solo e a água, onde a degradação da vegetação reflete diretamente nos solos que
fica exposto. As consequências são as perdas das produtividades do solo, aumento
de processos erosivos, surgimento de voçorocas e, muitas vezes, ocorrência e
intensificação da desertificação. Especificamente, pode-se dizer que os ambientes
agropastoris são usados sem um manejo adequado (rotação de culturas, plantio em
curvas de níveis).
Dessa forma, o mau uso dos recursos florestais resulta na fragmentação dos
ecossistemas, o que leva à diminuição de espécies de plantas e da fauna, e altera
as condições edáficas (CARVALHO, SOUZA e TROVÃO, 2012). Porém, dado o
modo de produção atual a fragmentação torna-se natural, e muitas vezes tem-se a
visão de que as ilhas de conservação podem representar alternativas de proteção
dos remanentes frutos de um esfacelamento.
Neste contexto, na evolução do ecossistema tem-se a sucessão ecológica
que decorre desde as primeiras formas de vida e tende a avançar e atingir um
equilíbrio dinâmico. De acordo com Espírito-Santo et al. (2006, p. 17), “à medida que
a sucessão se processa, ocorrem mudanças graduais nas condições abióticas e na
composição e estrutura vegetal, assim como em seus organismos associados”.
Primeiramente, ocorrem as espécies primárias que se desenvolvem em áreas
abertas e favorecem as condições do solo. Progressivamente, vão surgindo as
espécies secundárias, que se desenvolvem em condições de sombra e, as
secundárias ditas tardias, que se desenvolvem em áreas conservadas. A sucessão
ecológica pode atingir diversos níveis, em consequência disso tem-se no município
de Aiuaba um mosaico sucessional em diferentes estágios.
Salienta-se que quando se trata da vegetação da caatinga é notória a
escassez de informações cientificas sobre a sucessão ecológica (PEGADO et al.,
127
2006). No entanto, na Figura 7 buscou-se sintetizar as principais características que
envolvem a sucessão ecológica integrando fatores de interferência como a
degradação da vegetação.
128
Figura 7 - Esquema de sucessão ecológica em Aiuaba. Elaboração: Autora, 2013.
129
Dessa forma, as modificações na cobertura vegetal, provocam alterações no
equilíbrio do ambiente, acelerando os processos de erosão, implicando no aumento
da temperatura local, na redução da recarga d’água de rios e de aquíferos
(TRICART, 1977).
Percebe-se que quando o ecossistema tende à conservação, tem-se uma
dinâmica progressiva atuando sobre a qualidade e quantidade de vida. Em
contrapartida, nos ambientes em que são desencadeados os processos erosivos,
quando não existem intervenções para a recuperação ou adequações de manejo e
usos, predominam a dinâmica regressiva.
Dos componentes ambientais que atuam sobre os sistemas naturais o solo se
destaca por suas influências na sucessão. As correlações solo/vegetação se fazem
sentir com maior intensidade, à medida em que a sucessão secundária se aproxima
do clímax (ARAÚJO FILHO e CARVALHO, 1997).
As Fotos 10A e 10B, demostra a presença do marmeleiro (Croton
sonderianus Muell.Arg.) que corresponde a um indicador vegetal do estádio
arbustivo, e sua dominância se prolonga até a fase arbustivo-arbórea, com
ocorrência em solos de boa drenagem e fertilidade natural adequada (ARAÚJO
FILHO e CARVALHO, 1997). Salienta-se que o marmeleiro é uma das espécies que
funciona como alimento para eventos migratórios de milhares de avoantes (Zenaida
auriculata) que formam um bando por cerca de 2 a 3 meses na região (BRASIL,
2006).
Foto 10A e 10B- Limite da Estação Ecológica de Aiuaba cercada e com placa informativa, presença do marmeleiro, indica sucessão secundária progressiva ou de recuperação. Coordenadas: 367440//9258285. Período: Maio de 2013. Fonte: Autora, 2013.
A B
130
Assim, foram constatados problemas ambientais produzidos ao longo do
processo histórico do uso e ocupação que degradaram os componentes naturais,
compreendidos através da delimitação dos sistemas ambientais que de acordo com
Souza et al. (2009, p. 29) “servem de base para indicar condições potenciais ou
limitativas, quanto às possibilidades de uso dos recursos naturais e das reservas
ambientais.”
No Quadro 9 destacam-se as condições de potencialidades e limitações que
representam a capacidade de suporte dos sistemas ambientais identificadas para o
município de Aiuaba considerando os principais problemas ambientais.
Conforme assinala Souza et al. (op. cit., p. 31) “as potencialidades são
tratadas como atividades ou condições exequíveis de praticar em cada sistema
ambiental, sendo propicias as implantações de atividades ou de infraestruturas”.
Assim, as potencialidades referem-se às formas de usos compatíveis com a
capacidade de suporte de cada sistema ambiental identificados na área de estudo.
Em oposição, têm-se as limitações que trazem restrições acerca da legislação
ambiental ligadas às deficiências do potencial produtivo dos recursos naturais e no
estado de conservação da natureza (Souza et al., op. cit., p. 31).
Na mesma perspectiva, Souza (2011, p.28) diz que:
A análise estrutural dos sistemas tem o proposito de identificar os
limites de tolerâncias, fundamentados na capacidade de
desempenho das suas funções produtivas de recuperação e/ou
restauração, enfim de manter as condições de suas estabilidades
(SOUZA, 2011, p.28).
Assim, o limite de tolerâncias estabelecido para o uso e ocupação considera
os aspectos ambientais dos componentes naturais.
131
Quadro 9- Matriz da capacidade de suporte dos sistemas geoambientais presentes no município de Aiuaba, CE DOMÍNIO NATURAL
SISTEMAS AMBIENTAIS
SUB-SISTEMAS AMBIENTAIS
PROBLEMAS AMBIENTAIS
CAPACIDADE DE SUPORTE
POTENCIALIDADES LIMITAÇÕES
PLANALTO SEDIMENTAR
PLANALTO DA IBIAPABA
Reverso Imediato revestido por carrasco
Pequena utilização agrícola; desmatamento e descaracterização da paisagem.
Praticas de educação ambiental. Reflorestamento com espécies nativas.
Limitação edáfica (acidez e fertilidade muito baixa) e climática (deficiência hídrica durante a maior parte do ano);
TABULEIROS TABULEIROS INTERIORES
Tabuleiros interiores Desmatamento da vegetação nativa.
Propicio expansão urbana e atividades agropecuárias; bom potencial hidrogeológico e material para construção civil.
Baixa fertilidade dos solos
PLANICIE DE ACUMULAÇÃO
PLANICIE FLUVIAL Planície fluvial Mata ciliares degradadas; empobrecimento da biodiversidade; poluição; desencadeamento de processos erosivos e inundações; ocupações urbanas.
Solos com boas condições de fertilidade natural; ambientes de exceções; disponibilidade hídrica; agroextrativismo e agropecuária.
Áreas sujeitas à erosão que pode causar assoreamento do rio. Proibida a ocupação. Risco a erosão.
RELEVOS RESIDUAIS
CRISTAS RESIDUAIS
Cristas Degradação ambiental;
Atividades de recuperação ambiental com espécies nativas; proteção das nascentes.
Declividade acentuada; susceptibilidade a erosão; limitação à ocupação.
DEPRESSÃO SERTANEJA
SERTÕES DE AIUABA
Sertão meridional de Aiuaba
Superfície degradada; pressão sobre os remanescentes de vegetação nativa; uso de técnicas rudimentares; queimadas;
Solo com fertilidade alta; extrativismo vegetal controlado; Expansão urbana e instalação viária.
Deficiência hídrica; solos rasos e pedregosos;
Fonte: SOUZA (2000; 2006; 2009; 2011). Organização: Autor, 2013.
132
Em resposta às questões ambientais expostas têm-se os instrumentos
normativos (Leis e decretos) que constituem importante recurso para a proteção do
meio ambiente. Dentre tais instrumentos optou-se pela ênfase nas Áreas de
Preservação Permanente, APPs; nas Reservas Legais, RL e nas Unidades de
Conservação, UC.
As APPs são áreas insubstituíveis em função do abrigo da diversidade
biológica e manutenção dos fatores ecológicos. No município de Aiuaba, essas
áreas são encontradas às margens dos rios e riachos e merecem destaque quando
analisados os instrumentos normativos.
Exemplificando-se, tem-se o Código Florestal de 2012 que não prioriza as
especificidades de cada região brasileira e características locais. A exemplo, tem-se
na região semiárida um contexto de escassez hídrica associada a um regime
intermitente.
Além do Código Florestal, destaca-se como outra norma na definição das
APPs, a Resolução CONAMA Nº 303/2002. A Resolução prevê como APP as faixas
marginais dos cursos d’água a partir do nível mais alto, porém, na mesma resolução
não há uma definição para o curso d’água e nem de nível mais alto, implicando em
ambiguidades.
Outra complicação remete à nova redação do Código Florestal (2012), que
visou a delimitação das faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a
borda da calha do leito regular. Porém, evidencia-se uma polêmica nas áreas de rios
intermitentes, uma vez em períodos de seca (estiagem) essa calha será menor ou
praticamente inexistente.
Por tudo isso, ressalta-se que o não atendimento da capacidade de suporte
das planícies fluviais implica no aumento de problemas ambientais, entre os quais a
inundação, o desabamento e o assoreamento de rios e riachos, trazendo
complicações às populações que residem nas proximidades desta, além de
interferências na dinâmica natural.
Quanto à Reserva Legal, essa se caracteriza como uma área localizada no
interior de uma propriedade, cuja delimitação garante os serviços ecossistêmicos e
ambientais. Nessas áreas é proibida a supressão da vegetação, porém são
permitidas práticas sustentáveis.
133
Por sua vez, a Unidade de Conservação corresponde a uma área delimitada
com todos os seus atributos naturais visando a proteção da diversidade biológica.
No caso do município de Aiuaba constata-se a presença da Estação Ecológica de
Aiuaba, com remanescestes de vegetação arbórea tendendo para condição de
clímax.
Cabe ressaltar a presença de vetores de pressão (agricultura, pecuária,
extração vegetal, queimadas e áreas urbanizadas) tanto no entorno das áreas
especialmente protegidas, APPs, RL e UC; quanto sobre os remanescentes de
caatinga arbórea conservada.
Todavia, para os sistemas ambientais identificados no município de Aiuaba,
optou-se por adaptações a partir de Souza (2011) que traz o contexto de avaliação
dos limites de tolerâncias dos sistemas ambientais. De acordo com Souza (op. cit.,
p. 25), “dependendo do estado de conservação dos solos a dinâmica ambiental
assume características de progressividade ou regressividade”.
Nesta perspectiva, têm-se os aspectos do estado atual da conservação dos
sistemas ambientais que se correlaciona com a qualidade ambiental, onde foram
delimitadas quatro classes, são elas: fitoestabilizados, derivados com dinâmica
progressiva, desestabilizados com dinâmica regressiva e os degradados (Quadro
10).
Assim, para as classes dos sistemas fitoestabilizados consideraram-se áreas
mantidas com vegetação conservada e estabilidade ecodinâmica. Já as classes dos
sistemas derivados, desestabilizados e degradados correspondem às áreas com
quadro extremo de baixa conservação.
Contudo, com base na qualidade da conservação associada à classificação
dos limites de tolerâncias foi elaborado o mapa dos limites de tolerância dos
sistemas ambientais para o município de Aiuaba (Mapa 9).
Quadro 10- Qualidade do estado atual dos sistemas ambientais em Aiuaba, CE
Classe dos Sistemas Principais Características
Fitoestabilizados Preservação da vegetação;
Sucessão ecológica próxima das características
primárias.
Derivados com dinâmica
progressiva
Alteração parcial e moderada dos atributos e
funções dos componentes naturais;
Nível baixa da sucessão secundária;
134
Desestabilizados com
dinâmica regressiva
Alteração muito significativa dos atributos e
funções dos componentes naturais;
Nível muito baixa da sucessão secundária;
Podem tornar áreas irrecuperáveis.
Degradados Alteração drástica dos atributos e funções dos
componentes naturais;
Nível de qualidade ambiental extremamente baixo
ou irreversivelmente degradado.
Fonte: SOUZA, 2011. Organização: Autora, 2013.
Feitas tais considerações foram definidos com base em Souza (2011), quatro
níveis de limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais
(Quadro 11).
Quadro 11- Classificação dos limites de tolerâncias para o uso e ocupação dos sistemas ambientais em Aiuaba, CE
Escala Características
Muito baixa tolerância Áreas protegidas conforme os preceitos da
legislação.
Baixa tolerância Áreas conservadas ou consideradas frágeis.
Média tolerância Áreas com características parcialmente mantidas
e/ou quadro natural alterado;
Área com risco médio a baixa ocupação.
Alta tolerância Áreas com sistemas ambientais apresentando
estabilidade Ecodinâmica ou de transição, tendendo a
fitoestabilização.
Fonte: SOUZA, 2011. Organização: Autora, 2013.
135
Mapa 9-Limites de tolerância ao uso e ocupação dos sistemas ambientais do município de Aiuaba, Ceará, Brasil. Fonte: CEARÁ (2009; 2010) e BRASIL (2003; 2005; 2011; 1981). Elaboração: Autora, 2013.
136
6 ASPECTOS DA PRESERVAÇÃO E DA CONSERVAÇÃO DE AIUABA
Após a década de 1980, a politica ambiental no Brasil passou a ser resultado
da “interação das ideias, valores e estratégias de ações de atores sociais diversos,
num campo marcado por contradições, alianças e conflitos que emergem da
multiplicidade de interesses envolvidos com o problema de proteção do meio
ambiente” (CUNHA e COELHO, 2010).
De acordo com Coelho, Cunha e Monteiro (2009, p. 68) são “diferentes os
projetos, os interesses, as práticas e as representações dos diversos atores sociais
envolvidos/afetados na/pela delimitação de áreas destinadas à proteção dos
recursos naturais”. Assim, salienta-se que a produção do espaço é consequência da
ação, não só de atores sociais, mas sim de agentes sociais concretos, históricos e
muitas vezes dotados de interesses.
No universo do município de Aiuaba, entre os agentes produtores do espaço
rural, tem-se o proprietário da terra que por sua vez, possui o poder de uso e
exploração desta. Dessa forma, pode desenvolver formas de mercantilização, de
arrendamentos e de desenvolvimento de práticas socioeconômicas, havendo a
possibilidade de aquisição de empréstimos bancários. Todavia, destaca-se a
existência do latifundiário e do pequeno proprietário; este último desenvolvendo,
muitas vezes, práticas visando à subsistência (plantação de milho, feijão e
mandioca).
Parafraseando Santos e Silva (2010, p.75), quando dizem que a “ação do
latifundiário que não atua como empresário rural é a de construir o espaço de forma
que o rural possua pouca dinamicidade, mantendo uma estrutura organizacional que
o interessa”. A conservação dessas propriedades é fundamental para a manutenção
do poder, assim como o estabelecimento de um relacionamento com o Estado.
Na área urbana, também se observam grandes proprietários de terra, mas em
caráter de menor dimensão. No entanto, no município de Aiuaba, percebe-se uma
transformação da paisagem urbana. Como exemplo tem-se a construção de novas
edificações com arquiteturas modernas. São ocupações urbanas da cidade, fruto da
expansão imobiliária.
Outro agente de representação no município de Aiuaba refere-se aos
assalariados. Estes oferecem sua força de trabalho em troca de um salário, estão
137
presentes na zona urbana e rural, no entanto quando observado dados de empregos
formais, constata-se a existência de 535 empregos. Esse valor em relação ao
número de habitantes do município representa apenas 3,3% da população.
Quando observados dados de renda, tem-se um total de 7.527 pessoas
(46,47% da população municipal) que apresentaram algum rendimento no ano de
2010, com variação de meio até vintes salários mínimo (Ceará, 2012). Vale ressaltar
que existem diversas formas de ocupação, principalmente no meio rural onde os
trabalhadores realizam uma espécie de acordo informal com valores pré-fixados
(algumas vezes irrisórios), como pagamento de diária por serviços prestados.
Tem-se o papel do Estado, que atua no desenvolvimento de políticas
públicas, trazendo infraestrutura para a população (estradas, adutoras, canais de
irrigação, construção de barragens, além de atividades socioculturais). Salienta-se
que algumas vezes a instalação de infraestruturas em determinada localidade faz
com que haja no município de Aiuaba, áreas privilegiadas e diferenciadas. Assim,
existe uma série de interesses nas instalações destas.
Por fim, verifica-se a operação de agentes externos ao município de Aiuaba,
mas que mantém alguma ligação; por exemplo, no desenvolvimento de pesquisas
na Estação Ecológica de Aiuaba que recebe diariamente pesquisadores de várias
Universidades do Estado do Ceará, e de certo modo geram um consumo discreto no
cotidiano do município. Além desses, podem-se citar outros agentes, como
visitantes, representantes de empresas, ex-moradores da cidade, entre outros.
Em relação à proteção da natureza, cada agente tende a agir conforme
interesse, o que implica na existência de conflitos de usos e, consequentemente,
pressão sobre os recursos naturais.
Assim, entre os diferentes entendimentos sobre a proteção da natureza,
mesmo considerando a relação sociedade-natureza, sobressai a preocupação com
os fatores biofísicos, sendo estes mais enfatizados. No entanto, as estratégias de
separar áreas para preservação da natureza, de forma integral, regulando o acesso
e o uso dos recursos naturais, constrói de forma racional o meio ambiente (SILVA,
2013)
Porém, antes disso, cabe destacar as influências do desenvolvimento de
ideologias preservacionistas (movimento internacional) com a criação de parque
nacional, tendo como exemplo de proteção do “wilderness” (Estados Unidos da
América, no final do século XIX).
138
As ideias do preservacionismo podem funcionar como ideologia legitimadora
de uma dada concepção de natureza e das relações estabelecidas pela sociedade.
Da mesma forma são espaços de representação simbólica com diferentes forças
sociais e entendimento da natureza (ZONONE et al., 2000).
Já a ideia do conservacionismo pode induzir à formação de reservas
territoriais estratégicas apresentando problemas que vão além da simples
conservação “natural”. Nesta expectativa, constatam-se conflitos desde o inicio, de
ordem político-territorial e fundiário.
Assim, em Brasil (2000) define-se preservação como sendo um “conjunto de
métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção ao longo prazo das
espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos,
prevenindo a simplificação dos sistemas naturais”. Ainda em Brasil (2000), a
conservação é tratada a partir da conservação in situ, e corresponde à “conservação
de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações
viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas
ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades
características”.
Medeiros, Irving e Garayas (2004, p. 83), afirmam que são comuns as
dissonâncias no emprego dos termos “proteção”, “conservação” e “preservação”
quando aplicados à questão das áreas protegidas, uma vez que o termo proteção
pode ser entendido como um conjunto de estratégias, enquanto a preservação e a
conservação dizem respeito às próprias estratégias de proteção dos recursos
naturais.
Uma das estratégias na definição prévia de áreas a serem protegidas, refere-
se à definição de zonas ou áreas prioritária a conservação. Considerando a
dimensão dos biomas, no Brasil este método foi usado em toda a sua extensão.
Assim, no ano de 2000, o Ministério do Meio Ambiente, no âmbito do projeto
de Conservação e Utilização Sustentável da Biodiversidade Brasileira, PROBIO,
promoveu um conjunto de seminários de consultas regionais (workshops) com
“Avaliações e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Caatinga”
em Petrolina, Pernambuco (BRASIL, 2007). No ano de 2006, realizaram novas
reuniões em Recife, Pernambuco para atualização das informações29.
29
Definição através do Decreto nº 5092, de 21 de maio de 2004 e Atualização – Portaria MMA nº09, de 23 de janeiro de 2007.
139
Foram delimitadas 84 áreas de prioridade à conservação da biodiversidade
destas 16 áreas são de alta prioridade, 34 são de muito alta prioridade e 34 áreas
são prioridade extremamente alta. Para estas foram indicadas ações de
ordenamento, recuperação, inventário, mosaico/corredores, fomento de usos
sustentáveis e, principalmente a criação de Unidades de Conservação com
predominância do grupo de proteção integral.
No município de Aiuaba foram delimitadas três áreas prioritárias para
conservação da biodiversidade (Mapa 10); sendo que duas dessas abrangem os
territórios de Aiuaba e Parambu, uma delas foi considerada com prioridade muito
alta e de extremamente alta a importância biológica, sendo indicada a ação de
mosaico/corredor e as outras duas; uma delas somente no município de Aiuaba foi
considerada de extrema prioridade com importância também extremamente alta,
sendo indicadas ações como a criação de Unidade de Conservação de proteção
integral.
Nesta perspectiva, surgem duas tipologias de espaços destinadas à proteção
da natureza. As áreas delimitadas com planos sobre o desenvolvimento da gestão
dos recursos naturais, em outras palavras as Unidades de Conservação, UC e as
áreas especialmente protegidas com importantes funções ambientais, mas de início
sem uma delimitação específica. Estas se referem às Áreas de Preservação
Permanente, APP e as Reservas Legais, RL. Estes espaços destinados à proteção
do meio natural e são protegidos através de instrumentos legais.
140
Mapa 10- Áreas prioritárias para a Conservação da Biodiversidade. Fonte: Brasil, 2007. Elaboração: Autora, 2013.
141
Outras áreas a serem protegidas dizem respeito às áreas indígenas.
Entretanto, estas não estão integradas formalmente à politica da natureza ligada ao
Sistema de Unidades de Conservação, embora possam trazer grandes contribuições
aos aspectos socioambientais. No município de Aiuaba não foram identificadas
essas áreas.
Dentro de uma visão dos preservacionistas, tem-se a proteção da natureza
em seu estado original, intocada, sem a interferência humana (CUNHA e COELHO,
2010). Essa visão pode ser associada com as UC do grupo de proteção integral,
uma vez que não permite o uso direto dos recursos naturais pela figura humana;
também podem ser relacionadas com as APPs e as RL, que não permitem sua
ocupação, especificamente tendo em vista a fragilidade ambiental.
Entretanto, a maior extensão do território dirigida à proteção dos recursos
renováveis, de domínio público ou privado no município de Aiuaba, está expressa
pelas RL e pelas APP existentes eu seu território. No entanto estas, principalmente
as APPs, não estão quantificadas e nem sistematizadas com precisão. Este fato
inviabiliza um sistema de gestão ou monitoramento.
O destaque das APP do município de Aiuaba corresponde às margens dos
cursos d’águas: rios e riachos (Foto 11 e Foto 12)., além de reservatórios Cabe
ressaltar que essas áreas apresentam melhores condições de solos e
consequentemente podem ser consideradas como área de exceção, principalmente
nos trechos degradados.
Foto 11- Áreas de Preservação Permanente, que corresponde à planície fluvial de um riacho e apresenta melhores condições de solos. Período: novembro, 2013. Foto 12- Planície fluvial de um riacho ocupada por plantação de bananeiras. Período: maio, 2013. Fonte: Autora, 2013.
11
1
12
142
A proteção da natureza em relação às RL é bastante complexa, uma vez que
compete ao órgão ambiental estadual ou, mediante convênio pelo órgão ambiental
municipal ou outra instituição devidamente habilitada a aprovação da área e a
fiscalização. Assim sendo, a instituição e a conservação da Reserva Legal são
exigências da legislação para toda e qualquer propriedade ou posse rural.
Entretanto, não há uma fiscalização efetiva dessas áreas, salvos casos de
denuncias, principalmente, por estar em domínio privado. Por isso, a maioria das
pessoas desconhece sua existência.
Outra caraterística importante da RL refere-se à definição desta, caso não
haja área suficientes para sua delimitação ou área que já esteja com sua vegetação
suprimida. Neste caso, podem ser indicadas outras áreas fora da propriedade para a
conservação. Além do mais, podem ser estabelecidas medidas de recuperação
ambiental na área desmatada.
Por sua vez, as UC representam outras formas de proteção da natureza, no
município de Aiuaba. Constata-se a existência da Estação Ecológica de Aiuaba
(ESEC de Aiuaba - unidade de proteção integral), que está compreendida na área
rural; esse fato se traduz numa complexa rede de negociações entre diferentes
agentes de atuação. A existência de uma UC de proteção integral no referido
município fez com que as populações locais se transformassem em função das
novas restrições impostas. De acordo com Silva (2013), “os camponeses, ou
agricultores familiares, que vivem no entorno dessas áreas, são encarados, muitas
vezes, como destruidores da natureza”.
Em outras palavras pode-se dizer que a criação de unidade de proteção
integral pode promover certa desaceleração das atividades de degradação, porém,
muitas vezes, não vai rever o estado de pobreza da população do entorno. Assim,
os pequenos produtores limitaram suas atividades de produção de subsistência.
Em contrapartida, o avanço da degradação constatado a partir dos vetores de
pressão no entorno da ESEC de Aiuaba traz implicações sobre a diversidade da
área; são ações de desmatamento constantes, caças predatórias, queimadas, todos
convergindo para a degradação ambiental com vista a níveis irreversíveis.
É importante lembrar que existem trechos da ESEC de Aiuaba que não estão
cercadas e que foram verificadas entradas de animais de grande porte e a extração
vegetal. Ainda no universo das UC, Medeiros, Irving e Garayas (2004, p. 83),
afirmam que a “falta de recursos humanos e financeiros constitui um problema
143
crônico no modelo brasileiro que impôs sérias restrições ao funcionamento de
muitas Unidades de Conservação”.
Salienta-se que o município de Aiuaba insere-se no contexto do semiárido,
apresenta suas características sobre a preservação e a conservação marcada pela
crescente degradação ambiental, tendo como consequência desencadeamento de
processo de ligados à desertificação, talvez intensificada pela baixa distribuição de
renda e condições ambientais do município.
Assim, o município de Aiuaba apresenta áreas susceptíveis à desertificação,
ASD, uma vez que integra a região dos sertões dos Inhamuns, um dos núcleos da
ASD, conforme o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e
Mitigação dos Efeitos da Seca – PAE-CE, 2010. As áreas susceptíveis à
desertificação estão concentradas, principalmente, no setor norte/nordeste do
município de Aiuaba, no entanto, no Estado do Ceará constatam-se outros trechos
caracterizados como susceptíveis a desertificação (Mapa 11).
144
Mapa 11- Áreas degradadas susceptíveis ao processo de desertificação no Estado do Ceará. Fonte: CEARÁ, 1990.
145
Nesta perspectiva, finalizando a discussão acerca da existência de
particularidades no Estado e no município de Aiuaba, observa-se no SNUC, Art. 6º,
o Parágrafo Único que chama atenção, dizendo (Brasil, 2000):
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a
critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais
que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais,
possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente
atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas
características permitam, em relação a estas, uma clara distinção
(Brasil, 2000).
Percebe-se que o parágrafo mencionado dá margem às peculiaridades
regionais ou locais na criação de Unidades de Conservação, embora, a critério do
CONAMA. Nesta perspectiva, a exemplo, destaca-se a região cearense que
particularmente oferece um contexto regional com vulnerabilidades geoambientais e
sociais sujeitas ao fenômeno da degradação ambiental, principalmente, por inserir-
se em grande parte na região semiárida.
Diante de tais aspectos considerou-se que “a degradação das terras envolve
a redução dos potenciais recursos renováveis por uma combinação de processos
agindo sobre a terra” (ARAÚJO, ALMEIDA E GUERRA, 2013).
Souza (2000, p. 70) afirma que “as mudanças ambientais exibem
características alarmantes com sérios prejuízos para os recursos naturais
renováveis”. Destacam-se como tipologias de degradação ambiental, a erosão
(principalmente pela água), a deterioração (física e química) e a desertificação.
Evidencia-se a necessidade de recuperar o ambiente natural para que não haja a
extinção dos recursos naturais.
A partir disso, deve ser considerada a necessidade de avaliação temporal das
causas que originaram os fatores erosivos, a fim de se evitar a continuidade de tais
processos para posteriormente desenvolverem-se medidas efetivas de recuperação
ambiental. De acordo com Salomão (2013, p. 229), “a adoção de medidas efetivas
de controle preventivo e corretivo da erosão depende do entendimento correto dos
processos relacionados com a dinâmica de funcionamento hídrico sobre o terreno”.
Assim, para a definição de recuperação considerou-se o que prevê a Lei
9.985/2000, que diz “XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma
146
população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser
diferente de sua condição original” (BRASIL, 2000).
Ainda, de acordo com a mesma lei, os objetivos estão pautados
principalmente na ideia da proteção, da preservação e da recuperação, onde cabe
ressaltar o Inciso IX, do Art. 4º do SNUC que fala dos objetivos de recuperação,
mencionando os termos “recuperar ou restaurar ecossistemas degradados”.
(BRASIL, 2000).
Contudo, o que se percebe é que independentemente das conclusões acerca
dos questionamentos apontados, dada a mudança de pensamento ambiental, estão
sendo ao longo dos anos implantadas medidas de conservação e preservação da
biodiversidade com vista à proteção dos recursos naturais.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo das áreas protegidas, especificamente, das Unidades de
Conservação, UC refere-se a uma modalidade de análise da preservação e
conservação dos recursos naturais, está disposto na legislação ambiental e vem
sendo trabalhada pela comunidade acadêmica.
Assim, optou-se pela compreensão da conservação e da preservação no
município de Aiuaba no Estado do Ceará, cujo se insere no contexto da semiaridez
dos aspectos ambientais e apresenta em seu território uma Unidade de
Conservação de proteção integral (Estação Ecológica de Aiuaba).
Para o embasamento da pesquisa o referencial teórico e os procedimentos
operacionais escolhidos foram suficientes para a compreensão e desenvolvimento
dos objetivos propostos. Destaca-se o papel da ciência geográfica na leitura das
áreas protegidas com autores e teorias de grande significação, além da importância
do trabalho de campo e a produção cartográfica na contribuição do conhecimento
sobre o município de Aiuaba.
Neste contexto, vale relembrar três particularidades importantes encontradas
no município de Aiuaba: primeiro, predomina em maior número a população rural
sobre a urbana, trazendo implicações nos modos de uso e ocupação do espaço;
segundo, o município, principalmente quando comparado aos demais no Estado do
Ceará, não traz grandes contribuições econômicas e, terceiro, são destinados
147
poucos investimentos político-econômicos a Aiuaba. Tais aspectos conferem muitas
vezes um estado de pobreza que tende a não cessar, pois as causas também não
cessarão.
A análise do município de Aiuaba revelou, ainda, que existem áreas cercadas
com intuito de proteção dos atributos naturais, como a Estação Ecológica de Aiuaba;
outras áreas especialmente protegidas, como as Áreas de Preservação
Permanentes, APPs e as Reservas Legais, RLs; áreas em recuperação ou com
remanescentes de caatinga arbórea e áreas degradadas. Para cada área foi
identificado um limite de tolerância dos sistemas ambientais ao uso e ocupação que
podem ser considerados em situação de planejamento de ocupação do município.
Salienta-se que, embora, de grande diversidade biológica a Estação Ecológica
de Aiuaba pode ser questionada quanto a sua efetividade como UC, uma vez que,
seu sistema de gestão é deficitário, não há um plano de manejo que contribua para
a regulação das atividades no interior da UC e no entorno imediato, impedido a ação
dos vetores de pressão. São encontradas áreas sem cerca que permitem a
passagem de animais de grande porte, extração vegetal e queimadas. Existe uma
defasagem nas estruturas de apoio da Estação.
Uma adequação interessante para a Lei do SNUC seria a menção de áreas de
APP na redação da referida Lei, com considerações acerca da importância desses
ambientes na criação de UC e sua conservação para o equilíbrio ambiental.
Também, pode ser pensada uma sistematização da gestão e monitoramento das
RL.
A indicação mais adequada foi a recuperação de ambientes degradados, uma
resposta à redução na biodiversidade em áreas onde houve significativa perda de
hábitat, embora, a delimitação de UC possa representar reservas territoriais
estratégicas para valorização futura (com todos os recursos nela contida, além da
ideia de preservação dos aspectos naturais).
Dessa forma, propõe-se uma categoria que se adeque as particularidades do
ambiente semiárido com vista à proteção da natureza, entre os quais a inserção das
APP e a criação de uma nova categoria de UC. Essa ideia esta pautada na criação
das Áreas de Recuperação Ambiental de área degradada, que são áreas
delimitadas sujeita a condicionantes ambientais limitantes, que através de ações e
de técnicas são destinadas a uma recuperação ambiental. Esta poderia partir dos
regimes públicos e/ou privados.
148
No município de Aiuaba destacam-se outras áreas com potencial a serem
transformadas em UC, como os remanescentes em um bom estado de conservação,
áreas com presença de espécies ameaçadas de extinção e beleza cênica. Porém,
não apenas a criação e delimitações de novas UC que vão trazer melhorias de
convivência com as áreas semiáridas em que se insere o município de Aiuaba.
Deve-se pensar como viabilizar a conservação em longo prazo e, como envolver os
habitantes no entorno das áreas protegidas.
Contudo, as ações de preservação e de conservação encontradas no
município de Aiuaba são insuficientes, considerando a pobreza que assola o
município e a falta de políticas públicas. O estudo dos aspectos ligados à
preservação e a conservação dos recursos naturais podem ser aplicados em outras
áreas do Estado do Ceará, visando à qualidade ambiental da região semiárida.
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9 ANEXOS
9.1 DECRETO DE CRIAÇÃO DA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA
Decreto de 6 de Fevereiro de 2001
Cria a Estação Ecológica de Aiuaba, no Município de Aiuaba, no Estado do Ceará e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 9º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000
D E C R E T A:
Art. 1º Fica criada a Estação Ecológica de Aiuaba, localizada no Município de Aiuaba, no Estado do Ceará, com os objetivos de proteger e preservar amostras do ecossistema de Caatinga, bem como propiciar o desenvolvimento de pesquisa científica e programas de educação ambiental.
Art. 2º A Estação Ecológica de Aiuaba abrange uma área de onze mil, quinhentos e vinte e cinco hectares e trinta e quatro ares e vinte e sete centiares, com o seguinte memorial descritivo: partindo do marco M1A, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" W e latitude 06°41'48" S, segue, com azimute de 263°2' 58", a distância de 276,99 m até o marco M1, de coordenadas geográficas longitude 40°17'50" W e latitude 06°41' 54" S; segue, com azimute de 218°01' 24", a distância de 2.726,39 m até o marco M3, de coordenadas geográficas longitude 40°18' 11" W e latitude 06°43'18" S; segue, com azimute de 244°47'53", a distância de 2.247,76 m até o marco M5, de coordenadas geográficas longitude 40°19'01" W e latitude 06 44'15" S; segue, com azimute de 146°04' 28", a distância de 2.475,99 m até o marco M6, de coordenadas geográficas longitude 40°17' 56" W e latitude 06°45' 01" S; segue, com azimute de 113°20'48", a distância de 492,67 m até o marco M7, de coordenadas geográficas longitude 40°17'18" W e latitude 06°45' 01" S; segue, com azimute de 107°02' 08", a distância de 901,37 m até o marco M10, de coordenadas geográficas 40°16' 53" W e latitude 06°44' 53" S; segue, com azimute de 98°29' 52", a distância de 2.217,75 m até o marco M14, de coordenadas geográficas longitude 40°15' 55" W e latitude 06°44' 39" S; segue, com azimute de 97°17' 01", a distância de 3.319,26 m até o marco M23, de coordenadas geográficas longitude 40°14' 30" W e latitude 06°44'18" S; segue, com azimute de 87°40' 53", a distância de 1.437,05 m até o marco M26, de coordenadas geográficas longitude 40°13' 31" W e latitude 06°43'54" S; segue, com azimute de 82°41' 09", a distância de 464,61 m até o marco M29, de coordenadas geográficas longitude 40°13'13" W e latitude 06°43'40" S; segue, com azimute de 82°41'07", a distância aproximada de 768,92 m até o marco M30, de coordenadas geográficas longitude 40°13'01" W e latitude 06°43'33" S; segue, com azimute de 82°38'25", a distância de 600,95 m até o marco M31, de coordenadas geográficas longitude 40°12'43" W e latitude 06°43'23" S; segue, com azimute de 57°13'29", a distância de 6.299,52 m até o marco M41, de coordenadas geográficas longitude 40°11'23" W e latitude 06°41'59" S; segue, com azimute de 57°59'00", a distância de 766,31 m até o marco M43, de coordenadas geográficas longitude 40°10'33" W e latitude 06°40'10" S; segue, com azimute de 101°27'03", a distância de 3.526,49 m até o marco M51, de coordenadas geográficas longitude 40°08'50" W e latitude 06°39'51" S; segue, com azimute de 86°07'51", a distância de 2.228,99 m até o marco M58, de coordenadas geográficas longitude 40°07'35" W e latitude 06°39'13" S; segue, com azimute de 08°38'38", a distância de 3.857,37 m até o marco M67, de coordenadas geográficas longitude 40°08'03" W e latitude 06°37'13" S; segue, com azimute de 53°14'45", a distância de 2.487,40 m até o marco M71, de coordenadas geográficas longitude 40°07'25" W e latitude 06°36'03" S; segue, com azimute de 278°10'33", a distância de 5.582,54 m até o marco M80, de coordenadas geográficas longitude 40°10'18" W e latitude 06°36'46" S; segue, com azimute de 251°33'58", a distância de 7.651,63 m até o marco M97, de coordenadas geográficas longitude 40°13'25" W e latitude 06°39'30" S; segue, com azimute de 192°55'53", a distância 2.718,05 m até o marco M2A1, de coordenadas geográficas longitude 40°13'10" W e latitude 06°41'00" S; segue, com
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azimute de 222°56'51", a distância de 706,21 m até o marco M1I de coordenadas geográficas longitude 40°13'13" W e latitude 06°41'21" S; segue, com azimute de 262°08'25", a distância de 654,59 m até o marco M86I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'31" W e latitude 06°41'28" S; segue, com azimute de 249°06'32", a distância de 97,03 m até o marco M85I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'40" W e latitude 06°41'35" S; segue, com azimute de 236°02'50", a distância de 821,72 m até o marco M83I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'53" W e latitude 06°41'56" S; segue, com azimute de 162°19'02", a distância de 475,76 m até o marco M82I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'45" W e latitude 06°42'11" S; segue, com azimute de 244°45'40", a distância de 181,43 m até o marco M81I, de coordenadas geográficas longitude 40°13'50" W e latitude 06°42'15" S; segue, com azimute de 267°59'20", a distância de 624,93 m até o marco M75I, de coordenadas geográficas longitude 40°14'03" W e latitude 06°42'21" S; segue, com azimute de 291°08'21", a distância de 840,54 m até o marco M71I, de coordenadas geográficas longitude 40°14'35"W e latitude 06°42'21" S; segue, com azimute de 337°37'50", a distância de 3.334,58 m até o marco M69I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'51"W e latitude 06°41'02"S; segue, com azimute de 242°14'05", a distância de 1.066,99 m até o marco M62I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'23" W e latitude 06°41'15" S; segue, com azimute de 158°06'51", a distância de 2.984,40 m até o marco M59I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'05" W e latitude 06°42'43" S; segue, com azimute de 253°42'45", a distância de 439,32 m até o marco M58I, de coordenadas geográficas longitude 40°15'16" W e latitude 06°42'51" S; segue, com azimute de 337°55'41", a distância de 2.357,76 m até o marco M57I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'12" W e latitude 06°41'56" S; segue, com azimute de 03°40'43", a distância de 444,68 m até o marco M56I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'13" W e latitude 06°41'40" S; segue, com azimute de 355°50'24", a distância de 809,88 m até o marco M53I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'28" W e latitude 06°41'21" S; segue, com azimute de 271°00'29", a distância de 537,64 m até o marco M49I, de coordenadas geográficas longitude 40°16'43" W e latitude 06°41'23" S; segue, com azimute de 329°32'40", a distância de 531,06 m até o marco M48I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'00" W e latitude 06°41'08" S; segue, com azimute de 221°42' 36", a distância de 1.758,26 m até o marco M45I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'15" e latitude 06°42' 07" S; segue, com azimute de 315°57'02", a distância de 711,41 m até o marco M41I, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" W e latitude 06°41' 56" S; segue, com azimute de 357°54'45", a distância de 343,44 m até o marco M1A, de coordenadas geográficas longitude 40°17'41" e latitude 06°41'48" S, marco inicial desta descritiva, perfazendo um perímetro de 72.769,64 m.
Art. 3º Caberá ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA administrar a Estação Ecológica de Aiuaba, adotando as medidas necessárias à sua efetiva implantação.
Art. 4º Os bens imóveis de domínio da União, inseridos nos limites da Estação Ecológica, serão objeto de cessão de uso ao IBAMA, por intermédio da Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Art. 5º Ficam ressalvados os efeitos jurídicos dos atos efetivados com base em declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação, praticados na vigência do Decreto n° 81.218, de 16 de janeiro de 1978.
Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 6 de fevereiro de 2001; 180º da Independência e 113º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
José Sarney Filho
Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 - Eletrônico de 07/02/2001