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Page 1: VIDEOGRAFIA EM VIDEOfEX1Ü - MAC USP · 2013. 7. 10. · lesp [Companhia Telefônica de São Paulo) da fa-se inicial de testes no país. Apartir deste momento falaremos do sistema

1UL10 PLAZA

791.45 DEDALUS - AP72" cervo - MAC

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VIDEOGRAFIAEM VIDEOfEX1Ü

MUSEU DE ARTE cmnEtI;P::2.ANEA • USP

LOURIVA~I~~~~;C~ACHADO \<6?' l'

EDITORA HUCITECSão Paulo, 19B6

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DIÁLOGO COM O LEITOR

Inventado há pouco mais de uma década e re-cém-implantado no Brasil, o Videotexto é o maisnovo veículo de linguagem. Seu caráter de con-·temporaneidade e a falta de tradição históricadificultam sua compreensão. Seus efeitos nocampo da comunicação, no campo do social e ainterferência em outras disciplinas e veículos demassa, ainda estão por ser avaliados. O Video-texto, neste momento, é uma incógnita, um "e-nigma-imagem" que somente o futuro poderá de-finir. Uma coisa é certa: ele veio para ficar.

O Videotexto é objeto de usos, experimenta-ções e também objeto de investigação. É nestecontexto de dúvidas e indefinições, tanto nos ní-veis de hardware e de software, como tambémno campo da comunicação, que nasce esta pes-quisa.

Tomei contato com o Videotexto em 1982, nocurso "Videotexto: Editoração Eletrônica" (pri-meiro curso sobre o meio, em nível de pós-gra-duação na ECAIUSP e no Brasil), ministrado peloprof. Fredric Michael Litto. Desse curso surgi-ram várias propostas de trabalho de minha par-te, dentre elas uma apostila na qual explorava oVideotexto sob o ponto de vista da organizaçãoda linguagem visual e pictórica. Essa apostila setornou a matriz deste trabalho.

Outra proposta de caráter criativo, concreti-zada na exposição "Arte pelo Telefone: Video-texto" (realizada sob minha organização no mêsde dezembro de 1982no Museu da Imagem e doSomna cidade de São Paulo), iniciava no Brasil aarte no novo meio. Essa exposição foi contempo-rânea à primeira exibição realizada (em Video-texto) em Nova Iorque, sob a organização deMartim Niesenhold e sob os auspícios da NewYork University.

"Arte pelo Telefone: Videotexto" editava prin-cipalmente trabalhos artísticos, visuais e poéti-cos de artistas plásticos e poetas ligados às re-vistas alternativas de visualidade e poesia, edi-tadas durante a década de 70. Depois dessa ex-,posição foram realizadas: "Arte e Videotexto",na XVII Bienal Internacional de São Paulo

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(1983), extensiva também às capitais Curitiba ePorto Alegre (1985).

A intervenção através do novo meio visava ex-trair dele o máximo de sensibilidade em termosde linguagem visual, escrita, cromática e cinéti-ca. Uma procura daquilo que poderia ser umapoética do Videotexto.

De um outro ângulo, e decorrente da elabora-ção das mensagens para a exposição (o Video-texto estava na época na primeira fase de im-plantação), trabalhei horas a fio no teclado edi-tor.

Ainda não tinha terminado o curso da ECA-USP quando me vi ministrando o primeiro cursode linguagem visual para Videotexto com a aju-da da apostila elaborada. Esse curso foi repetidoe reformulado conforme aUIl)entava a experiên-cia com o meio.

A atração, curiosidade e encantamento com oVideotexto fizeram-me formular as seguintesperguntas: o que dá para fazer com esse meio?como funciona? como é que se produz e transmi-te sua linguagem? qual é seu uso, desempenho ecapacidade? quais são seus antecedentes histó-ricos?

Este trabalho que agora vocês lêem é o produ-to e resultado de tais experiências e uma dasrespostas às perguntas surgidas naquele pri-meiro momento prenhe de curiosidade e encan-tamento.

o Videotexto (VDT) é o mais recente veículode produção de linguagem e distribuição de in-formações. O que diferencia o VDT de todos osmeios de comunicação de massas é o fato de osprimeiros serem fortemente centraliza dores dainformação, enquanto o VDT é interativo, já quenasce de um meio interpessoal: o telefone. OVDT, produto da Telemática (adaptação da In-formática aos sistemas de Telecomunicação),opera regularmente, desde o dia 15-12-82, na ci-dade de São Paulo aos cuidados da Telesp. Atra-vés da associação entre o telefone, o televisor eo computador (como centro do sistema) além deum pequeno teclado, o usuário, por meio de umarápida teclagem (semelhante a uma chamada te-lefônica), pode ter acesso aos mais variados ti-pos de informação visual e escrita.

Qualquer que seja o primeiro contato, o VDTjá deixa patente que não se trata de um meioque substitui os, anteriores, mas de um que sealimenta deles. E um meio que intera meios, for-temente híbrido e inclusivo, cujo processo mes-mo de produção nasce da aglutinação complexade uma rede heterogênea de reminiscências deoutros meios. Trata-se de um veículo que, em simesmo, em sua natureza, é intermídia, ao mes-mo tempo que absorve diferentes sistemas derepresentação.

A tendência do mundo contemporâneo no re-ferente à qualidade e complexidade de meios e

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tecnologias [multimídia) é a de sintetizar e criarrelações de interpenetração entre esses meios[intermídia), conseguindo, por isso mesmo, outros meios e tecnologias híbridas, produto quali-tativo da associação de vários meios.

A invenção do Videotexto surgiu em váriospaíses ao mesmo tempo, mas foi Sam Fedida, na.Inglaterra, quem conseguiu implantar o primei-ro sistema de VDT em todo o mundo. "Operandopara o público há cerca de três anos, sob o con-trole dos correios e telégrafos ingleses [Bpo-Bri-tish Post office), esse serviço ganhou o nome deViewdata, inicialmente, mas hoje é conhecidopor PresteI." (1)

O Videotexto, cujas pesquisas foram iniciadashá mais de 10 anos, difundiu-se desde então pa-ra vários países, adaptando-se a diversas tecno-logias de transmissão. Atualmente os sistemasde Videotexto adotam 4 tecnologias principais:o próprio PresteI, TéIétel [da França), o Teli-don [do Canadá) e o Captains [do Japão).

O Brasil, através da Telebrás, comprou o sis-tema francês [TéIétel) "devido às suas vanta-gens de qualidade e custo" e encarregou a Te-lesp [Companhia Telefônica de São Paulo) da fa-se inicial de testes no país.

A partir deste momento falaremos do sistemaVideotexto nos referindo ao sistema derivado doTélétel, importado e transformado pela tecnolo-gia eletrônica nacional. Qualquer referência notexto a outros sistemas implicará a menção donome do sistema correspondente.

O processo de operacionalidade do Videotex-13

to comporta três grupos operativos: o operadordo sistema ou empresa que controla e cuida doserviço como totalidade, que no caso é a Telesp;o fornecedor de serviços, que são as firmas einstituições que veiculam as informações atra-vés de equipamentos fornecidos pelo operadordo sistema; e o usuário, ou consumidor, que seserve do sistema. Este deve dispor de um telefo-ne, uma TV e um adaptador ou decodificador dosinal acústico em visual com teclado de controleremoto, através do que tem acesso ao serviçofornecido.

Embora este estudo não aborde o Videotextodentro do panorama da comunicação, cabe aquifazer menção a uma das qualidades máximas dosistema. O Videotexto é um sistema de comuni-cação inovador, pois é capaz de interferir e re-modelar a atuação dos outros meios contempo-râneos existentes, desarticulando o ambienteinstituído. O VDT, com seu caráter "interativo",rompe a unidirecionalidade das mensagens domundo da comunicação, o que parece significaro princípio do fim da sociedade de massas [to-mando aqui a palavra no sentido de comunica-ção mediada através de sistemas unidirecionaisde comunicação), na medida mesma em que ousuário pode interferir e criar informação,tornando-se um editor em potencial. De resto,não é outra a tendência do mundo contemporâ-neo no universo dos sistemas eletro-eletrônicos,que permitem democratizar cada vez mais emis-são e recepção de informação.

O objetivo deste estudo é delimitar as possibi-

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lidades do Videotexto sob o ponto de vista da lin-guagem Videográfica, isto é, da linguagemgráfico-eletrônica na comunicação visual.

Videografia em Videotexto focaliza principal-mente os seguintes aspectos:1. A Videografia eletrônica, como recuperaçãocontemporânea dos signos pictográficos (pré-históricos), desvia a ênfase óptico-fotográfica datelevisão para a imagem projetivo-mental maisesquemática e oriental, vale dizer. Assim, o vi-sual retiniano é deslocado pelo visual ideográfi-co. Temos então que o Videotexto é um mídiaeminentemente tradutor e racionalizador daslinguagens imagéticas e pictogrâmicas herda-das da história, linguagens estas que, combina-das com a linguagem verbal, nos obrigam a de-senvolver um pensamento que oscila entre oicônico-concreto e o abstrato-esquemático.2. O hibridismo do Videotexto prenuncia sua for-te característica sintética, que se manifesta naconformação das linguagens que acolhe, obri-gando estas a uma tradução para exibição noseu espaço concreto. Assim, o Videotexto criaum interface com o leitor que o leva a um pensa-mento sintético-esquemático e a uma percepçãorápida e espontânea. Desse modo, as condiçõesde simplicidade e pregnância máximas são estu-dadas para facilitar um bom interface entre re-tina mental e suporte.3. A pesquisa se desenvolve nos níveis de análi- -se das possibilidades do meio e da síntese confi-guradora produtiva da linguagem videográfica,principalmente em nível sintático, tendo em con-ta, portanto, a produção física da mensagem eseu potencial perceptivo. Trata-se da aplicação

dos conhecimentos que norteiam a construçãoda linguagem visual e de sua sintaxe ao novomeio eletrônico. Isto, porque se faz necessárionum primeiro momento captar as possibilidadesdesse meio, sua dimensão e alcance, ver e perce-ber como o Videotexto incorpora outros meios ea informação que lhe é proposta.

Finalmente, espero que este trabalho (que nãofornece receitas), seja útil àqueles que se preo-cupam com os problemas e desafios criados pe-las novas relações, sempre mutantes, entre aslinguagens e as tecnologias recentes no mundocontemporâneo.

Ao final do texto há, ainda, um glossário quepermite ao leitor a compreensão da terminologiatécnica e não-visual utilizada ao longo do livro.

Julio Plazaoutubro de 85