vuberabilidade social

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ADRIANA DE SOUZA SANTANA SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL TABALHO DE CONCLUSAO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

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estudo sobre a vunerabilidade de falta de renda.

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Itaberaba2012

ADRIANA DE SOUZA SANTANA

SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL

TABALHO DE CONCLUSAO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Page 2: vuberabilidade social

ITABERABA2012

Vulnerabilidade de falta de renda e suas representações: Quais os principais motivadores que levam à população usuárias dos

serviços de proteção social básica - Boa Vista do Tupim-ba

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientador: Prof. Maria Lucimar Pereira

ADRIANA DE SOUZA SATANA

Page 3: vuberabilidade social

Dedico este trabalho a meu pai com quem

sempre pude contar nos momentos de

dificuldades, a pessoa que se tornou meu

exemplo minha referencia de ser humano de

caráter e diguinidade.

Page 4: vuberabilidade social

AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente em minha vida, me concedendo

bênçãos sem limites e me dando forças para prosseguir em minha caminhada,

transpondo cada barreira encontrada.

À tutora eletrônica ADARLY ROSANA MOREIRA GOES, por ter me

auxiliado durante a graduação, sempre disposta a esclarecer minhas dúvidas. À

tutora eletrônica e orientadora Andressa Nóbrega Vilela, por ter garantido o suporte

teórico necessário para o desenvolvimento deste trabalho e por sua ajuda

indispensável.

À tutora de sala Marta Veloz e Naide, pelo profissionalismo,

amizade, paciência, compreensão e dedicação com que eu sempre pude contar.

À Secretaria de Assistência Social por ter me concedido a

experiência do estágio e a minha supervisora de campo Madriane da Hora Solidade,

pelo grande auxílio prestado e por me fornecer todas as informações necessárias

para a realização deste trabalho.

Aos meus colegas de sala pela solidariedade e companheirismo,

pela ajuda prestada e por todas as dúvidas que eles também esclareceram. Ao meu

pai Domingos um agradecimento especial, pela motivação nos momentos de

desânimo e por estar sempre comigo. Enfim, a todos aqueles que contribuíram

direta ou indiretamente para que eu chegasse até aqui.

Page 5: vuberabilidade social

Epígrafe...

Page 6: vuberabilidade social

SANTANA, Adriana. Vulnerabilidade de falta de renda e suas representações: Quais os principais motivadores que levam à população usuárias dos serviços de proteção social básica - Boa Vista do Tupim-ba:. 2012. 62 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Itaberaba, 2012.

RESUMO

Este trabalho faz um estudo sobre a vulnerabilidade de falta de renda e suas representações para analisar os principais motivadores que levam à população usuárias dos serviços de proteção social básica a busca tais de serviços. A metodologia eleita foi analise de dados cedidos pela secretaria municipal de Assistência Social da cidade de Boa Vista do Tupim, e, também a analise de livros, seti, e artigos. Os resultados apontam a fragmentação das políticas sociais, entra ditadura e pos-ditadura.

Palavras-chave: Vulnerabilidade social. Pobreza. Proteção social. Exclusão social. Fome .

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SANTANA, ADRIANA. Vulnerability lack of income and its representations: What are the main drivers that lead to public service users of basic social protection - Boa Vista do Tupim-ba. 2012. 62 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço social) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Itaberaba, 2012.

ABSTRACT

This work is a study on the vulnerability of lack of income and their representations to analyze the key drivers that lead to the population of users of basic social protection services seeking such services. The methodology chosen was analysis of data provided by the municipal Social Welfare of the city of Boa Vista's Tupim, and also to examine the books, seti, and articles. The results indicate the fragmentation of social policies, enter dictatorship and post-dictatorship.

Key-words: Social vulnerability. Poverty. Social protection. Social exclusion. Hunger.

Page 8: vuberabilidade social

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PSB

PSE

CRAS

SUS

PAEG

FNAS

CONSEA

PIS

PBF

PIN

CSU

LOAS

PAIF

CNAS

MDS

SUAS

PND

PETI

INSS

NOB-SUAS

IBGE

Programa de Proteção Básica.

Programa de Proteção Especial.

Centro de Referencia de Assistência Social.

Sistema Único de Saúde

Plano de Ação Econômico do Governo.

Fundo nacional de Assistência social.

Conselho Nacional de Segurança Alimentar.

Programa da Integração social.

Programa Bolsa Família.

Programa de Integração nacional.

Centro Social Urbano.

Lei Orgânica dos Assistentes Sociais.

Programa de Atenção Integral a Família.

Conselho Nacional de Assistência Social.

Ministério de Desenvolvimento Social.

Sistema Único de Assistência Social.

Plano nacional de desenvolvimento.

Instituto Brasileiro

Page 9: vuberabilidade social
Page 10: vuberabilidade social

SUMÁRIO

Introdução

Page 11: vuberabilidade social

1 INTRODUÇÃO

Vivemos em tempos globalizados, em que o capitalismo vem se

tornando cada vez mas a economia dominante, e sendo o capitalismo uma forma de

economia não igualitária acaba contribuindo para o aumento da desigualdade social

tão presente nos dias atuais. As análises sobre os vários aspectos que envolvem a

definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão principalmente

relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas, nas últimas

décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo trabalho, trouxe

consigo não só vários avanços, mas em contra partida contribuiu para o aumento da

desigualdade social não só no Brasil como também no mundo. A desigualdade

social acontece devido a um desajusto na distribuição de renda de um determinado

local, onde basicamente uma parcela da população se favorece mas que a outra, ou

seja, há uma retenção de renda somente para uma pequena parcela do população.

Portanto pode-se entender, que o capitalismo contribuiu fortemente para o aumento

da vulnerabilidade social. Esta situação de crescente precarização das condições de

trabalho dessa parcela expressiva da população– expressada pelo aumento do

trabalho por conta própria, pelas baixas remunerações salariais, instabilidade dos

vínculos de emprego e de remuneração, e a crescente redução de direitos.

A formulação e implantação de um projeto requerem um pré-

diagnostico do ambiente a ser trabalhado, o que ira possibilitar conhecer as

carências da instituição. Assim, o diagnóstico organizacional torna-se fundamental à

elaboração do plano de ação, sendo a análise do ambiente externo e interno da

instituição, e, o comportamento da mesma frente ao ambiente ao qual se encontra

inserida fundamental para o estabelecimento de estratégias que venham a garantir

de forma eficiente.

O presente trabalho teve como laboratório de estudo a Secretaria de

Assistência social de Boa Vista do Tupim –BA, que atua na execução das políticas

sociais e na manutenção da cidadania e geração de emprego e renda no município.

Dessa forma o tema proposto será (Vulnerabilidade de falta de renda e suas

representações: o que leva os usuários a se inscrever no programa bolsa família e

quais os impactos que esse programa tem sobre a população na cidade de Boa

Vista do Tupim-ba) seu principal objetivo é a analise das condições sociais e

econômicas do publico usuários dos programas de proteção social oferecidos pelo

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Page 12: vuberabilidade social

governo federal do Brasil, tendo como eixo norteador o estudo dos impactos que

esse tipo de programa de caráter assistencialista tem sobre a população dessa

localidade.

Vivemos em um país onde a corrupção faz parte da política, é

vergonhoso afirma tal fato, mas todos nos sabemos e conhecemos o país em que

vivemos. Existe uma certa influencia dos partidos políticos na execução das políticas

publicas, e tal fato consta-se com maior clareza em cidades pequenas, onde o

controle que estes partidos exercem muito grande, e usado para definir, o destino

das políticas publicas implantadas no país. Pude observar que o assistente que

convive com esta realidade faz-se um mediador, para que assim possa fazer um

trabalho que supra as carências da parcela populacional necessitada, dentro dos

padrões da ética profissional e que também não entre em choque com seus

superiores. Todos nós sabemos das políticas publicas existentes no país, assim

como também estamos cientes das suas finalidades, mas para pólas em praticas e

direcionarias para o publico alvo, o assistente social que trabalha em uma instituição

publica e, é subordinado a terceiros tem que fazer um papel diplomático, para tentar

atender a parcela da população em real situação de vulnerabilidade.

O presente trabalho tem a finalidade de Conhecer os principais

motivadores que levam os usuários do programa bolsa família irem a procura de

benefícios de caráter assistencialistas e complementação de renda financeira.

Analisar e traçar um perfil dos usuários dos benefícios eventuais. Conhecer as

carências e fatores influentes na busca de tais benefícios. Analisar demanda x a

ofertas e o numero de família contempladas.

Vulnerabilidade social esta ligada a exclusão social e ao risco social.

Portanto o presente estudo tem a pretensão de analise dos principais fatores

causadores da situação de vulnerabilidade social da parcela da populacional que se

encontra as margens da sociedade.

A definição sobre o que é família, variou muito de forma, contexto e

composição, a palavra família na atualidade traz um significado amplo que vai alem

dos simples laços de sangue. Portanto família é uma construção que varia segunda

cada época cada geração permanecendo, no entanto, aquilo que se chama de

“sentimento de família” (Amaral, 2001), que se forma a partir de um emaranhado de

emoções e ações pessoais, compondo o universo do mundo familiar. Esse universo

do mundo familiar é único para cada família, mas circula na sociedade nas

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Page 13: vuberabilidade social

interações com o meio social em que vivem.

A mudança constante do conceito família revela a evolução dos

tempos. Um dos fatores influentes nesta modificação é a desigualdade social e

exclusão social. Desigualdade social e exclusão social são algumas formas de

vulnerabilidade social. A utilização do conceito é relativamente recente, sendo a sua

abordagem dificultada pela difusão que vai tendo nos vários discursos.

Com efeito a medida que a noção de exclusão se generalizado e sua

utiliza se torna mas comum e consensual, ela torna-se também mas fluida e por

vezes, equivoca-se enquanto conceito cientifico, por esta razão torna-se pertinente

construir uma abordagem que resulta numa definição mas completa e

operacionalizavel . Considerando que a desigualdade é um principio inerente

qualquer forma de estruturação social.

Segundo Anthony Giddens (GIDDENS, 2005) ciência é o emprego

de métodos sistemáticos de investigação empírica, de análise de dados do

pensamento teórico e da avaliação lógica dos argumentos a fim de desenvolver um

corpo de conhecimento a respeito de um tema. Diante desta afirmação de Giddens,

torna-se evidente a escolha de metodologias que contribuam para que a

investigação seja sistemática e estruturada, seguindo os pressupostos das

pesquisas de caráter científico e acadêmico.

A metodologia escolhida para o desenvolvimento do trabalho

consiste no levantamento de dados secundários através da revisão bibliográfica,

onde serão utilizadas diversas fontes de pesquisa para levantar dados pré-

existentes sobre o tema escolhido para a abordagem. Dentre estas fontes destacam-

se livros, artigos, periódicos e sites especializados na internet, visto que atualmente

esta é uma das fontes mais requisitadas para a pesquisa bibliográfica, sendo

fundamental para o conhecimento da produção científica especializada que norteará

o trabalho como um todo, dando-lhe embasamento teórico apropriado.

Para o desenvolvimento do presente trabalho foi adotada também

como uma das metodologias a pesquisa de referencial bibliográfico e teve fonte

pesquisa e coleta a secretaria de assistência social do município de Boa vista do

tupim-BA e da prefeitura municipal do respectivo município. Dada a sua importância

para a observação e analise do objeto de estudo, se configurando enquanto coleta

de dados primários, coletados através dos cadastros arquivados na secretaria de

assistência social e CRAS da cidade de Boa Vista do Tupim.

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Page 14: vuberabilidade social

A análise dos indicadores de vulnerabilidade ocorreu, valorizando-se

as condições etárias, de gênero e a situação de pobreza da população. É importante

ressaltar que o conceito de vulnerabilidade adotado neste trabalho está estruturado

no entendimento de que os eventos que vulnerabilizam as pessoas não são apenas

determinados por aspectos de natureza econômica. Fatores como a fragilização dos

vínculos afetivo-relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias,

étnicas ou de gênero...), ou vinculados à violência, ao território, à representação

política dentre outros, também afetam as pessoas. Segundo Francisco de Oliveira,

as situações de vulnerabilidade podem ser geradas pela sociedade e podem ser

originárias das formas como as pessoas (as subjetividades).

Procura-se através deste método de pesquisa a ampliação, analise e

aprofundamento do conhecimento afim de investigar o tema em exposto. Para tal

foram utilizadas fontes de pesquisas impressas e digitais em forma de livros,

dicionários, periódicos, resenhas, monografias, apostilas, boletins, jornais, teses,

dissertações, imagens dentre outras.

foram consultados autores que tratam da temática para confrontar

com os dados, informações coletados a cerca do tema em estudo.

Esse trabalho de pesquisa será dividido da seguinte forma:

introdução, três capítulos e as considerações finais.

Este trabalho esta dividido em 5 capítulos. Nos quais são tratados

assuntos relevantes para abordagem do tema em analise:

Cap. 1- O direito Social no Brasil, que faz uma abordagem singela a formação

e conceituação dos direitos sociais no Brasil, se retratando desde os tempos da

revolução industrial a conceituação do capitalismo como economia.

Cap. 2- Seguridade Social: que trata sobre a articulação as políticas de

seguro social, assistência social, saúde e seguro-desemprego.

Cap. 3- Pobreza no Brasil: que faz uma análise sobre os vários aspectos que

envolvem a definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão

principalmente relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas,

nas últimas décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo do

trabalho, trouxe consigo não só vários avanços, mas em contra partida contribuiu

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Page 15: vuberabilidade social

para o aumento da desigualdade social no Brasil e faz uso de uma reflexão sobre o

efeito pos - escravidão ate os dias atuais.

Cap. 4- O sistema de proteção social: este capitulo analisa a formação do

sistema de proteção brasileiro que relata uma temática dos modelos, sistemas e

regimes de bem estar é inevitavelmente importante para análise das políticas de

combate e superação da pobreza, uma vez que as políticas sociais constituem as

respostas desenvolvidas pelo Estado para fazer frente aos problemas da pobreza,

vulnerabilidade e desigualdade social.

Cap. 5- A proteção social básica da política de assistência social: bolsa

família e seu impactos nas vulnerabilidades da população atendida: analisa os

impactos dos sistemas de proteção instaurados no Brasil sob a população.

Os problemas sociais existem em todos os continentes do mundo,

todos os países enfrentam os mesmos dilemas e desafios no combate a fome, a

pobreza e as desigualdades sociais. Atualmente vivemos e fazemos parte de um

mundo globalizado que esta interligado em todos os sentidos, os problemas

econômicos de um país afeta direta ou indiretamente aos demais que compõem a

gigantesca teia globalizada. Pobreza e desigualdade são fenômenos diversos.

Existem países com baixos índices de pobreza absoluta e grande desigualdade,

bem como países com grande incidência de pobreza e baixa desigualdade. Mas no

Brasil esses dois fenômenos se sobrepõem. Parte da pobreza persistente no Brasil

decorre da forte desigualdade de renda. Embora os mais pobres tenham melhorado,

ainda que timidamente, sua participação, a distância entre os extremos pouco se

alterou, tendo, na verdade, se agravado. Em 1992, os 20% mais ricos se

apropriavam de 55,7% da renda nacional e em 2002, de 56,8% (PNUD, 2004, p. 16).

Segundo Henriques (2004), a situação da desigualdade no Brasil - naturalizada e

não considerada ainda seriamente como objeto de intervenção prioritária por parte

do governo e da sociedade - fica evidente ao considerar que os 10% mais ricos

detêm 50% da renda do país e que 50% mais pobres se apropriam de apenas 10%.

Apenas 1% da população detêm parcela de renda superior à renda de 50% da

população brasileira (Henriques, 2004, pp. 63-64).

2.1 O DIREITO SOCIAL NO BRASIL

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Page 16: vuberabilidade social

Os direitos sociais foram constituídos afim de amenizar as

desigualdade sociais existentes entre ricos e pobres, pretos e brancos ou seja foram

idealizados como uma tentativa de organizar e estabilizar a economia do país.

O governo Collor, ao assumir o poder, tratou de desconstruir os

princípios universalizastes, distributivos e não-estigmatizadores da Seguridade

Social, inscritos na Constituição Federal de 1988. Com uma agenda liberalizante, de

integração subordinada da economia nacional à internacional e, de acordo com o

Consenso de Washington (1989), privatizante, desregulamentadora do mercado de

trabalho e dos direitos trabalhistas e sociais até então conquistados, concebeu a

política social de uma forma minimalista e com um viés estritamente (neo)liberal.

Segundo Soares (2001), o período Collor significou o desmonte do padrão anterior

sem a substituição de um novo padrão de proteção social. A política social foi

compreendida através de uma visão seletiva, liberal e focal das obrigações sociais

do Estado e o seu objetivo primordial foi o combate à inflação. As áreas da saúde,

assistência e previdência são distribuídas em três ministérios diferentes, em

oposição ao conceito de Seguridade Social, mas os recursos foram unificados e

subordinados à área econômica.

2.1.2 Construção dos direitos sociais.

A constituição federal visa a construção de uma sociedade mas justa

e solidaria, afim de promover o bem estar de todos, sem preconceitos seja eles de

caráter social, sexo, raça, cor idade ou qualquer outra forma de discriminação. Pode

também ser considerado como um conjunto de leis e normas que tem como

finalidade determinar garantias a grupos de uma faixa de renda menos favorecidos

visando restringir ao maximo as diferenças sociais e econômicas existentes entre as

classes.

Com a ascensão do capitalismo começa a luta dos trabalhadores por

direitos que lhes amparem diante das tiranias e exorbitâncias de seus

empregadores. Diante de tal conflito o governo começa a cria leis na intenção de

amenizar e equilibra e acalmar os ânimos exaltados dos trabalhadores. Nas décadas

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Page 17: vuberabilidade social

de 20 e 30 questões sociais eram tratados como caso de policia, onde os pobres e

desocupados eram tidos como únicos responsáveis por sua condição, ainda não

existia a consciência de que os problemas sociais são reflexos das contradições e

instabilidades do sistema capitalista instaurada no país. Os direitos sociais são

reflexos dessa recente preocupação com a integridade física do cidadão, e estão

atrelados a princípios de dignidade da pessoa humana, a solidariedade e igualdade.

Os principais fatores que evidenciam o surgimento são detectados no período do

pos-querra, sendo fruto da reflexão antiliberal e da ascensão do estado de bem esta

social.

Em 1934 a constituição federal do Brasil ganha um novo capitulo,

referente a ordem econômica e social e passa a atribuir responsabilidades sobre a

assistência medica e sanitária ao trabalhador e a gestantes, registrando assim novas

iniciativas governamentais no campo das políticas sociais. Os direitos sociais foram

redigidos com o intuição de amenizar os problemas causados pelas desigualdades

sociais e econômicas predominantes na época. Esse processo de construção são

resultados de questionamentos históricos, forças de embates políticos e resultados

das lutas sociais que trouxe possibilidades de enfrentamento dos problemas já

existente e agravados pelo sistema capitalista que se acentuava cada vez no mais

no país, dessa forma os direitos sociais são reflexo das constantes lutas contra as

desigualdades.

Diante disso.

Os direitos, porem não são uma dádiva, nem uma concessão. Foram arrancados por lutas e operações políticas complexas. (...) não são uma doação dos poderosos, mas um recurso com o qual os poderosos se adaptaram as novas circunstâncias históricas-sociais, dobrando-se com isso, contraditoriamente as exigências e pessoas em favor de mais vida civilizada ( Nogueira, 2004, p. 02).

Diante disso podemos salientar que os direitos sociais sugiram de

lutas políticas almejavam um sistema que amenizasse os problemas causados pela

exclusão e vulnerabilidade sociais existentes na sociedade.

A Seguridade Social ou Previdência Social é um sistema que

proporciona ao indivíduo o direito de receber uma renda após sua inatividade

econômica. No Brasil, este fluxo futuro de renda está condicionado ao fato de que

ele tenha contribuído, ao longo de sua vida, para a manutenção do sistema de

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Page 18: vuberabilidade social

repartição. O Estado, por meio de um conjunto de medidas, controla a Seguridade

Social, fazendo com que o cidadão tenha segurança e tranqüilidade ( ARRUDA apud

CANUTO; FERNANDES, 2000).

A Previdência Social em um país é importante porque é por meio

dela que as pessoas se sustentam no final da sua vida laborativa. Sua importância

como fator gerador de renda para o país demanda que o regime adotado tenha certa

estabilidade, além disso, é necessário que o regime de previdência não seja

deficitário e que as contas públicas não sejam afetadas por ele. No entanto, no

Brasil isto não tem acontecido, apesar da elaboração de algumas reformas o déficit

não para de crescer.

A previdência social brasileira se dividia em duas pastas: a pasta do

Trabalho e a pasta da Previdência Social. Na maioria das vezes a pasta trabalhista

predominava, uma vez que não havia muitos aposentados e, portanto, a

preocupação com a previdência social era menor. Em 1974 com a preocupação do

envelhecimento gradativo da população e com a seguridade social cria-se o

Ministério de Previdência e Assistência Social e, com isto, o INPS foi dividido em

três órgãos: o INPS era responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários

e assistências; o Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social

(IAPAS) administrava e recolhia os recursos do INPS e o Instituto Nacional de

Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) responsável pelo sistema de

saúde. Em 1990, são feitas algumas reformas e fusões e o INSS passa a ser o

órgão regulador da Previdência Social. Segundo Giambiagi e Além (2000),

consolidado como uma forma de seguro social, faz com que a população brasileira

veja a previdência social como um seguro que se transformou em um fator de

estabilidade social do país, esta preocupação em garantir uma renda para a

população, inclusive para os funcionários públicos, e as mudanças que não estão

sendo feitas em função do regime de repartição tem causado grandes déficits nas

contas do governo.

2.1.3 Um olhar para atualidade.

20

Page 19: vuberabilidade social

O conjunto de leis que rege nosso país vem se modificando no

decorrer da historia e acompanhado tais modificações, questões de caráter social

passaram a ter cada vez mas importância e peso dentro da constituição federal do

Brasil, podemos observar facilmente tal fato ao analisarmos o artigo 6º da

constituição de 1988 quando diz; “É direito social a educação, a saúde, o trabalho, a

moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a maternidade e a infância a

assistência aos desamparados, na forma desta constituição. Nessa perspectiva

direito social é uma via que o estado utiliza em favor dos setores menos favorecidos

da sociedade, fundamenta-se nos valores sociais com o intuito de promover o bem

estar social e a justiça social a sociedade. O artigo supracitado tem a intenção de

promover e assegurar os direitos sociais, alem disso da assistência e proteção a

cultura, ao desporto, as ciências e tecnologia, a comunicação social, a família, ao

meio ambiente, aos índios, a família, a criança, ao adolescente e ao idoso.

Dentro dos direitos sociais há varias categorias, podemos classificar-

las da seguinte forma: direitos sociais referente ao trabalho, direito a grave

trabalhista, a organizações sindicalistas. Direito social referente a singularidade

social, a saúde, a previdência e a assistência social, a família, a criança as pessoas

portadoras de necessidades especiais entre outros. A lógica fundamental de tais

direitos se estrutura na construção de um sistema de proteção básica a todas as

categorias supracitadas e a todos os cidadãos, que necessitarem de alguma forma

se valer de tais leis de proteção.

O Brasil têm passado por grandes crises no sistema previdenciário,

uma vez que opta em utilizar o regime de repartição. Neste sistema, o

envelhecimento da população, o aumento da expectativa de vida e a redução da

taxa de fecundidade são fatores primordiais para se ter um controle atuarial das

contas do governo. Os resultados das contas públicas brasileiras demonstram que

estes índices não são favoráveis, o que implica em déficits crescentes nas contas da

Previdência.

De acordo com, Giambiagi e Além (2000, p. 277),

é o regime de repartição, fruto , de um lado da dilapidação das reservas capitalizadas pelas antigas caixas e institutos; e de outro, de uma tradição de certa forma paternalista, em que cabe o Estado fornecer aos indivíduos os meios de subsistências.

21

Page 20: vuberabilidade social

A constatação deste alto grau de proteção foi à aprovação da

constituição de 1988 em que os direitos dos aposentados aumentaram e,

consequentemente, as despesas do governo federal também. Pode-se destacar os

principais benefícios obtidos pelos aposentados a partir da constituição de 1988:

estabeleceu a equiparação do salário mínimo entre a população urbana e rural;

reduziu (em cinco anos) o direito de aposentadoria para os trabalhadores rurais;

estabelecimento do piso de um salário mínimo para os benefícios de prestação

continuada; instituiu renda mensal vitalícia para idosos a partir dos 70 anos e

portadores de deficiência, desprovidos de renda, no valor de um salário mínimo;

recalculou os benefícios com base no número de salários mínimos; aprovou a

incorporação de cerca de 400.000 celetistas ao regime jurídico único dos servidores

públicos que passaram a ter direito a aposentadoria integral sem contribuição prévia,

aposentadoria dos servidores ocorreria com o valor da última remuneração;os

índices de reajustes, benefícios ou vantagens concedido aos servidores ativos seria

concedido aos servidores inativos. Segundo Giambiagi e Além (2000, p. 274), no

Brasil o problema se tornou mais crítico do que em outros países em função das

regras serem mais benevolentes, faz com que qualquer medida tomada que cause

descontentamento tenha reações intensas dos beneficiários.

A Constituição de 1988 gerou grandes mudanças na previdência

brasileira, principalmente para o funcionalismo público que causaram problemas

financeiros e econômicos para o governo. O município ou o estado que criasse um

regime próprio, transformando celetistas em estatutário, era isento de pagar INSS e

FGTS. Desta forma, a economia proporcionada por estas isenções fez com que

vários municípios e estados criassem seus próprios regimes. No entanto, os gastos

futuros com as aposentadorias destes funcionários aumentaram muito.

Como lembra Najberg e Ikeda (1999, p.266),

a previdência brasileira administra hoje um dos maiores programas de renda mínima do mundo, na exata proporção em que paga benefícios de um salário mínimo por mês a 7,9 milhões de brasileiros que não contribuíram para a previdência social.

O aumento nos gastos do Governo acarretou uma crise no sistema

de saúde na década de 90. Até então, quem financiava os gastos da saúde era a

Previdência Social, mas este quadro mudou com a constituição de 88.Como lembra

22

Page 21: vuberabilidade social

Rezende (2001, p. 365), “a previdência social não separa claramente o seguro da

assistência”

2.2.Seguridade social

O conceito seguridade social surgiu pela primeira vez no Brasil, na

constituição federal de 1988, e, é considerado uma das mas importantes inovações

para o sistema de proteção social brasileiro. Essa inovação passou a ser

considerada uma das mas importantes para o sistema de proteção social brasileiro,

pois possibilitou a ampliação do sistema previdenciário e o acesso aos benefícios

para trabalhadores rurais, transformou a assistência social em política publica não

contributiva, consolidou a universalização do atendimento a saúde através do

sistema único de saúde (SUS). A seguridade social passa a articular as políticas de

seguro social, assistência social, saúde e seguro-desemprego. Com a ampliação de

cada uma das políticas sociais, passa a ser constituído um sistema de proteção no

país, dessa forma garante a assistência social a todos que dela necessitem. Nesse

mesmo contexto a proteção social se estendem aos idosos, as pessoas com

necessidade especiais tanto físicas quanto mentais, aos trabalhadores da agricultura

familiar, aos doentes que não tenham acesso a assistência medica e

previdenciárias, tais políticas passam a ser responsabilidades do estado e direito do

cidadão.

A justiça social e a promoção do bem esta de todos encontrou no

sistema de seguridade social um instrumento viabilizador dos direitos sociais do

cidadão. O sistema da seguridade social se tornou um mecanismo de fixação

constituinte para a concretização dos propósitos da republica, dentre eles o da

justiça social do bem estar de todos. O sistema norteia o processo da seguridade

social pode ser conceituada como uma rede protetora constituída pelo estado e a

sociedade, com contribuições incluindo direitos , no sentido de estabelecer ações

positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus

dependentes providenciando a manutenção e sustentação de um padrão mínimo de

vida. Em outra palavras os direitos da seguridade social foram criados para tentar

amenizar os impactos causados pelo sistema econômico do país “capitalismo”.

23

Page 22: vuberabilidade social

As bases da seguridade social começam a se fortalecer ainda nos

tempos da ditadura militar no Brasil. Nesse período os militares estabeleceram um

modelo econômico dividido em três partes; uma fase de estabilização da economia

visando apagar os danos causados pelas altas do inflação, fase do crescimento

econômico e declínio. A primeira fase iniciada, com a implantação do PAEG- Plano

de ação econômica do governo que objetivava a recuperação do crescimento

econômico e estabilizar a inflação. No governo do general Medici foi marcado pela

criação de projetos com intenções sociais como por ex: o Mobral- movimento de

alfabetização brasileiro, o projeto Rondon e o plano nacional de saúde, projetos

integrante do programas de metas do governo, que objetivava a expansão da

fronteira agrícola e integração social. O governo de Médici foi marcado pela

idealização de planos de desenvolvimento econômicos como também pelo

autoritarismo militar e grande revolta da população brasileira. A igreja católica foi

uma das maiores opositoras ao governo de Médici e ao governo militar, por causa

das enumeras denuncias de miséria das camadas populares e violação dos direitos

humanos. O final da ditadura militar brasileira foi marcado por fortes crises

econômicas e o lançamento de um 3º plano de desenvolvimento econômico PND-

numa tentativa para estabilizar a economia e reduzir a inflação. O PND veio com o

intuito de construção de uma sociedade mas desenvolvida livre, equilibrada e

estável esse plano estabelecia metas que visava o crescimento econômico e

geração de renda e de emprego, restaurar o equilíbrio da balança da divida externa

o combate a inflação,o desenvolvimento de novas fontes de energia. Mas as metas

do 3º PND não foram alcançadas e o Brasil então se vê em uma forte crise

econômica com a alta da inflação. Nesse contexto, a política social tornou-se uma

estratégia para minimizar as conseqüências do capitalismo monopolista marcado

pela superexploraçao da força do trabalho e pela grande concentração de renda na

Mao de uma minoria, o PND definiu a política social como integração social, numa

tentativa de articulação entre o setor publica e o setor privado entre regiões

desenvolvidas e regiões subdesenvolvidas com a efetivação de programas: PIS-

programas de integração Social. PASEP- programas de formação do patrimônio do

servidor público, ambos referente ao incentivo á população, BNH- referente á

habitação, Mobral – referente a educação, ambos visavam o desenvolvimento social,

Furnral- fundo de assistência ao trabalhador apoio á categoria de renda mínima,

Proterra- programa de colonização na região transamazônica- PIN programa de

24

Page 23: vuberabilidade social

integração nacional, projeto Rondon- visava á integração social, CSU, centro social

urbano, que possuía duas óticas de analise a desagregação dos centros urbanos e

rearticulação organizada da sociedade civil.

O final da ditadura militar foi um processo que determinou as

tendências atuais da seguridade social no Brasil, pois de certa forma criou-se

condições objetivas e subjetivas para uma fragmentação da necessidades e dos

interesse mediatos e imediatos dos trabalhadores diz respeito aos direitos e a

proteção social. Nesse sentido o governo das classes dominantes conseguiram

operar um giro sem precedentes nos princípios de base da seguridade social,

previdência social transformou-se em modalidade de seguro social, a saúde em uma

mercadoria a ser comprada nos mercados de seguros de saúde (planos de saúde),

e a assistência social passa a ser uma política estruturada.

Com a constituição federal de 1988 a consagração da política de

proteção social como política obrigatória e baseada num paradigma de direitos

sociais em outras palavras direitos dos cidadãos. No entanto com o governo de

Fernando Collor de Melo deu-se a elaboração e implantação de projetos com bases

neoliberais no país, tais projetos visavam a abertura dos mercados dando incentivos

a reestruturação de empresas, e transmitindo para a sociedade o ideal de que a

causa dos males sociais focava-se no “gigantismo” ou seja nas responsabilidades

que i estado tinha para com a população brasileira, e que a solução mas viável seria

a redução e transferência de suas funções para rede privadas idealizadas mas

apropriadas e eficientes ou seja o famoso processo de privatizações de empresas

estatais para o setor privado. No setor das políticas sociais o governo da Collor

simplesmente ignorou a constituição federal promulgada em 1988, passando por

cima do recente criado sistema de seguridade social. Na CF 88 o sistema de

seguridade social ficou entendido como um conjunto de políticas publicas que

visavam assegurar os direitos referentes a saúde, a previdência e a assistência

social, dessa forma a seguridade social iria requerer uma proposta orçamentária

bem elaborada de forma integra e vincula a um ministério.

O governo de Fernando Collor de Melo subdividiu a seguridade

social em pequenos e diferentes ministérios, deixando assim possibilidades de se

realizar boicotes orçamentários ou seja desvio de dinheiro na área da suade ( SUS),

com a previdência lançou um sucessão de reformas em 1992, que com o objetivo de

retirar os direitos conseguidos pelos trabalhares na constituição federal de 1988, na

25

Page 24: vuberabilidade social

área da assistência social impediu que a LOAS _ lei Orgânica dos Assistentes

Sociais fosse implantado, desrespeitando a CF de 88. A carta de magna insere a

Assistência social no conjunto do sistema de seguridade social onde as políticas

publicas é direito de todos e dever do estado e da sociedade. Mas no entanto seria

para a desse pacote de seguridade social seria necessário o uso da LOAS que foi

vetada pelo governo de Fernando Collor de Melo. A LOAS só foi sancionada após o

impeachment de Collor e no governo de Itamar Franco, contudo isso as políticas do

neoliberalismo ainda eram vigentes no país, logo após veio o governo de Fernando

Henrique Cardoso que deu continuidade as políticas neoliberais, com a privatização

de grande parte do patrimônio público do país. As grandes marcas do governo de

FHC foi a mudança da moeda, as privatizações estatais, implantação do projeto

reforma do estado brasileiro, diminuindo as funções bruscamente para o terceiro

setor, na assistência social criou o programa comunidade solidaria, passando ao

largo do que a LOAS estabelece, este programa recebe recursos sem controle social

do Conselho Nacional de Assistência Social o (CNAS) configurando-se assim como

política de assistência social.

Esse conjunto de reformas da seguridade social se transfere para o

governo do presidente Luiz Inácio da Silva, o marco da campanha do Lula foi os

discursos da fome zero e a justiça social e promessas de mudanças, sobretudo na

área social. Apesar de tantas promessas de mudanças o governo de Lula deu

continuidade a fragmentação das políticas de seguridade social, com implantação

logo no seu primeiro ano de mandato o programa fome zero o (MESA) dando

continuidade a manutenção dos MA,MPS, MS mas com as dificuldades que se

apresentaram, o governo desmonta o MESA e o MAS para criar o MDS- Ministério

de Desenvolvimento Social que se tornou uma junção das competências do MESA,

MAS e da secretaria executiva do bolsa família. Nesse mesmo período o governo

também realizou uma reforma na previdência social com os ideais de justiça social,

mas no entanto não deixou fora da cobertura previdenciária 40 milhões de

trabalhadores e se limitou a uma novo regime de previdência dos setores públicos,

com a diminuição do teto dos benefícios. Na saúde o governo atual também

manteve a retenção de recursos e investimentos para a área, ao mesmo tempo em

que direciona ações voltadas pata a regulamentação dos planos privados de saúde,

esvaziando o SUS favorecendo assim o setor privado. No que diz respeito a

assistência social aconteceu em 2003 a aprovação do PNAS- Plano Nacional de

26

Page 25: vuberabilidade social

Assistência Social que almeja a implantação do SUAS que tem como princípios

fundamentais a territorialização da rede; a descentralização político-administrativa, a

padronização dos serviços da assistência social, a integração objetivos, ações,

serviços, benefícios, programas e projetos, a garantia de proteção social a

substituição do paradigma assistencialista e a articulação de ações competências

com os demais sistemas de defesa de direitos humanos políticos sociais e esferas

governamentais. As propostas do SUAS se firmou como um avanço e possibilitou a

efetivação dos princípios das políticas publicas de assistência segundo instituído na

LOAS. Entre essas propostas esta a ruptura do assistencialismo e a associação da

imagem do assistencialismo como veiculo eleitoral, assim as políticas de assistência

social se firmam como política publicas sendo dever do estado e direito de todos os

cidadãos compondo assim o sistema de seguridade social. Por fim, cabe lembrar um

terceiro fator que dificultou a afirmação do princípio de Seguridade como conceito

organizador de uma proteção social unificada, que seja atuante e eficaz por suas

sinergias internas, como verdadeiro sistema.Trata-se da disputa política instalada

logo após a promulgação da Constituição e que se estende até os dias atuais,

opondo dois paradigmas antagônicos, como os definiu Fagnani (2008). De um lado,

estão aqueles que insistem na defesa da Seguridade como base de um projeto de

Estado Social; de outro lado, estão os que consideram as determinações

constitucionais um empecilho ao equilíbrio das contas públicas. Tal disputa

comparece continuamente nos debates em torno das questões do financiamento e

do tão propalado déficit da Previdência Social,de tal modo que este debate tende a

obscurecer o significado do novo sistema de proteção social. Muitos economistas e

a própria imprensa continuam a tratar o orçamento da Seguridade Social como

pertinente apenas à garantia dos benefícios previdenciários, ou seja, como se

estivesse referido à lógica de um seguro,com suas típicas regras atuariais.

Desconsidera-se não apenas que, após a CF/88, a previdência, enquanto política da

Seguridade Social, passou a ter boa parte dos seus gastos realizada a partir de

receitas orçamentárias. Também ignora-se elementos operacionais fundamentais,

tais como a diferença entre a contribuição para a previdência rural –

necessariamente subsidiada por recursos fiscais – e acontribuição para a

previdência urbana – de caráter contributivo mais rigoroso.Nesse mesmo campo de

disputa encontra-se o Programa Bolsa Família (PBF). Inovando e complementando

o sistema de proteção social brasileiro, o PBF é defendido por muitos não como uma

27

Page 26: vuberabilidade social

ação isolada de Assistência Social, mas como uma política legítima da Seguridade

Social. Para outros, contudo, este programa deveria ser encarado como uma

alternativa ao amploprojeto de proteção social acolhido pela Constituição. Perde-se

de vista, nesta segunda perspectiva, o fato de que a composição e a lógica de

operação dos três segmentos – previdência, saúde e assistência – vêm se

diversificando internamente visando atender ao espírito da Seguridade Social, que é

o da universalização de direitos sociais sem necessariamente depender da

contribuição individual. Neste sentido, o PBF vem se afirmando como uma iniciativa

que amplia o sistema de garantia de renda da proteção social brasileira, atendendo

a um público até então excluído e cumprindo um papel específico e complementar

na Seguridade Social. Resumindo, a idéia de Seguridade Social foi combatida desde

seu nascedouro. Paralelamente, carente de uma regulamentação integradora das

políticas setoriais, ela foi ainda gravemente ferida pela crise fiscal dos anos 1990,

cuja conseqüente guerra por recursos orçamentários conspirou contra toda e

qualquer proposição de uma atuação interinstitucional coerente com o conceito de

Seguridade Social. Finalmente, cabe lembrar que a eliminação, em 1998, do artigo

da lei orgânica que preconizava constituição do conselho da Seguridade Social, fez

com que sua institucionalidade ficasse praticamente reduzida ao planejamento

orçamentário anual.

2.3 Pobreza no Brasil

Vivemos em tempos globalizados, em que o capitalismo vem se

tornando cada vez mas a economia dominante, e sendo o capitalismo uma forma de

economia não igualitária acaba contribuindo para o aumento da desigualdade social

tão presente nos dias atuais. As análises sobre os vários aspectos que envolvem a

definição do termo vulnerabilidade social no mundo do trabalho estão principalmente

relacionadas ao conjunto das profundas transformações ocorridas, nas últimas

décadas, o processo de industrialização que revoluciono o mundo do trabalho,

trouxe consigo não só vários avanços mas em contra partida contribuiu para o

aumento da desigualdade social não só Brasil mas também no mundo. A

desigualdade social acontece devido a um desajusto na distribuição de renda de um

28

Page 27: vuberabilidade social

determinado local, onde basicamente uma parcela da população se favorece mas

que a outra, ou seja, há uma retenção de renda somente para uma pequena parcela

do população. Portanto pode-se entender, que o capitalismo contribuiu fortemente

para o aumento da vulnerabilidade social. Esta situação de crescente precarização

das condições de trabalho dessa parcela expressiva da população– expressada pelo

aumento do trabalho por conta própria, pelas baixas remunerações salariais,

instabilidade dos vínculos de emprego e de remuneração, e a crescente redução de

direitos.

De acordo com Katzman (1999; 2001), as situações de

vulnerabilidade social devem ser analisadas a partir da existência ou não, por parte

dos indivíduos ou das famílias, de ativos disponíveis e capazes de enfrentar

determinadas situações de risco. Logo, a vulnerabilidade de um indivíduo, família ou

grupos sociais refere-se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que

afetam seu bem-estar, ou seja, a posse ou controle de ativos que constituem os

recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelo

Estado, mercado ou

sociedade. Estes ativos estariam assim ordenados: físicos, que envolveriam todos

os meios essenciais para a busca de bem-estar.

Ao analisarmos a historia do Brasil encontramos uma serie de lutas

no combate a fome. Mas o que é a fome afinal? De que se falam tanto e que tão

mobilizadora? se trata de uma fome oculta na qual a falta permanente de

determinados elementos nutritivos. Ao longo da historia foram idealizados vários

planos e ações governamentais com a criação de instituições públicas de diversas

denominações sem sucesso. Em 1993 o presidente Itamar Franco declara o controle

a fome prioridade absoluta e lança uma proposta de política nacional de segurança

alimentar com a elaboração de um plano de combate a fome e a miséria e a criação

do conselho nacional de segurança alimentar (CONSEA). Em 1994 a realizada a

primeira conferencia Nacional de Segurança Alimentar.

No Brasil haverá Segurança Alimentar quando todos brasileiros tiverem permanentemente acesso em quantidade e qualidade aos alimentos requeridos e as condições de vida e saúde necessárias para saudável reprodução do organismo humano e para uma existência digna. A segurança alimentar há de ser então, um objeto nacional básico e estratégico. Deve permear e articular, horizontal e vertical, todos as políticas e ações das áreas econômicas e social de todas os segmentos sociais, seja em parceria com os distintos níveis

29

Page 28: vuberabilidade social

de governo, ou em iniciativos cidadãos. ( CONSEA, 1995:88-9).

Apesar do CONSEA ser uma política nova com relação ao combate

da fome, sofreu algumas dificuldades pois encontrou na sua própria política de

organização empecilhos para sua execução, por ser um órgão consultivo e não

executivo dependia sempre da ação da burocracia estatal, que, por vezes, impediu

as ações fundamentos tais como: o atendimento aos desnutridos e as gestantes em

risco nutricional, a burocracia a destribuição de leite, o programa de alimentação do

trabalhador não chegou a ser beneficiar com as propostas do CONSEA de

ampliação do atendimento, o programa de geração de emprego não vingou , o

programa Embala Brasil, voltado para crianças, representou espaço para articulação

de instituições e aumentou a consciência sobre os problemas da infância em torno

de temas como a erradicação do trabalho infantil ( Pereira, 1997).

O CONSEA serviu como base significou avanços na questão do

combate a fome no Brasil. Outros estudos ( GAFAR,1998) apontam varias razões

para utilizar gastos em consumo, em vez de renda, com medidas de bem – estar,

entre elas: a dificuldade de estimular a renda do setor informal e dos por conta

própria, a maior das estimativas de consumo, em comparação com as de renda, o

consumo ser uma melhor medida de bem – estar a longo prazo. A influencia de

indicadores simples como poder de compra ou disponibilidade de alimentos para a

analise da qualidade de vida, e por conseqüência da pobreza é notória.

Segundo Dreze e Sen ( 1989) há duas causas diferentes e em

princípios inseparáveis, por traz da dissonância entre o produto nacional bruto e os

ganhos de qualidade de vida.

O relatório do Banco Mundial de 1990 aponta os problemas da

relação entre a definição de que é a pobreza e o que qualidade de vida, partindo do

principio que a pobreza diz respeito ao padrão de vida absoluto de uma parcela da

sociedade ( os pobres) o relatório define:

A pobreza como incapacidade de manter um padrão de vida mínimo. Para tornar útil esta definição, três questões devem ser respondidas. Como medir os padrões de vida? O que significa uma padrão de vida mínimo? E tendo identificado os pobres, como expressar a seriedade da pobreza na sociedade como um todo por uma única medida ou índice? ( The Workal Bank, 1999, p.26).

Nesse sentido quanto mas uma pessoa gasta quanto mais bens ela

30

Page 29: vuberabilidade social

adquire, melhor é seu padrão de vida e quanto menos gasta, quanto menos bens

possua mas acentuado esta o seu grau de vulnerabilidade financeira.

Combater a pobreza é, contudo, uma meta antes de tudo política e

demanda o compromisso da sociedade como um todo. Esse é um dos pontos

destacados por Raczynski, Lo Vuolo, Fanfani, Filgueira. Sem essa alteração de

fundo ou perspectiva no horizonte, que acena para um ideário mais republicano que

liberal, as formas de enfrentamento da pobreza permanecerão pouco estratégicas,

configurando uma administração da pobreza e não efetivamente orientadas para sua

superação. Entretanto é importante salientar, como afirma de forma lúcida e

bastante arguta R. Carneiro, que as respostas ao problema da exclusão não

apresentam o mesmo significado em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Embora extenso, vale a pena citar a passagem na qual o autor sintetiza seu

argumento:

“Evitar a exclusão, prevenindo ou minimizando sua manifestação, é uma realidade que tem mais a ver com os países capitalistas desenvolvidos, cujas políticas de bem estar apresentam conteúdos abrangentes e orientações universalistas. Trata-se, mais especificamente, de bloquear a retroação de direitos que se supunham consolidados e de assegurar o efetivo direito a ter direitos, impedindo a emergência ou aprofundamento de uma situação de dualidade no tocante às condições de acesso da população à seguridade social e aos serviços provisionados pelo Estado, típica de países periféricos, como o Brasil. Promover a inclusão, por sua vez, representa uma realidade mais próxima dos países periféricos, com políticas de bem estar restritas em termos de conteúdo e de cobertura. Em países como o Brasil, vale lembrar, os excluídos não são residuais, mas parte importante da população, nem temporários, mas estruturais, refletindo direitos que são instituídos e apenas parcial ou seletivamente assegurados, bem como déficits expressivos no direito a ter direitos, num processo que segrega e reifica a pobreza, para reproduzi-la de forma ampliada através do acúmulo de precariedades....(nos países capitalistas avançados) .... o risco principal é o da exclusão, com a segregação ou marginalização vindo de encontro aos princípios estabelecidos de organização da solidariedade e da integração na sociedade, o que abre, ou pode abrir, fraturas importantes no tecido social...(nos países em desenvolvimento)... o risco principal é a ocorrência de uma segmentação ainda maior num tecido social institucionalmente frágil” (R. Carneiro, 2005, p. 7).

31

Page 30: vuberabilidade social

2.3.1 Os frutos da escravidão.

Miséria e desigualdade social marcam a historia do mundo e do país

a séculos, encontra uma solução para tal é um grande desafio. Mas são diversos os

fatores que influenciam e determinam as condições sociais da maioria da população

que não tem como garantir sua sobrevivência e no Brasil não é diferente.

O Brasil é um grande país em relação a território é considerado um

dos maiores do mundo, mas em contra partida esta entre os países com maior

índices de desigualdade do mundo. Com a revolução industrial a consolidação do

capitalismo como economia vigente, os problemas referentes a desigualdade social

e a má distribuição de renda ou seja a maior parte do dinheiro corrente no país se

acumulava na mão de uma pequena parcela da população. O capitalismo acentuou-

se ainda, mas com a divisão das classes sociais entre aqueles que detêm os meios

de produção e os trabalhadores, que só tem a força de trabalho para garantir sua

sobrevivência. “para Karl Marx para que o sistema funcione é necessário a

existência de trabalhadores desprovidos dos meios de produção. A desigualdade,

portanto, depende do modo como a sociedade organiza a produção e a distribuição

dos bens que consome”.

A má distribuição de renda é uma das principais causada pobreza no

Brasil, este é um problema que não oriundo apenas do capitalismo. Viemos através

dos séculos acumulando os problemas de caráter social tal fato pode ser facilmente

constatado ao analisarmos a historia brasileira, primeiro fomos colônia, tivemos

nossa riqueza natural explorada e levada para fora do país, depois fomos

bombardeado por escravos trazidos dos continentes africanos e espalhados pelo

país logo após a lei decretada pela princesa Isabel e a libertação de todos os

escravos, que foram simplesmente deixados a deriva e marginalizados por uma

sociedade racista e preconceituosa. Estes escravos s transformaram em homens

livres, foram largados sem a menor condição de sobrevivência, transformando-se

em mendigos, vagabundos e sem identidades. Costumes de séculos não se muda

por causa de uma lei, uma tradição de maus tratos, desrespeito, humilhação não

mudariam, simplesmente por os escravos passaram a ser livres. Devemos lembra

que os direitos políticos públicos que possibilitassem a inserção social dos negros na

32

Page 31: vuberabilidade social

sociedade.

Após receber a tão sonhada liberdade muitos escravos foram se

refugiar em morros, dando origem mais tarde se transformando nas grandes favelas

que conhecemos hoje. Mas tarde La pra década de 70 com o setor industrial e o

processo de industrialização e a alto produção e exportação de produtos agrícola,

iniciou-se um êxodo rural. Com este processo industrialização surge uma nova

forma de pobreza nas periferias urbanas.

Para negros que migraram para os grandes centros urbanos, so lhes

restavam os subempregos, a economia informal e o artesanato: com isso aumentou

de modo significativo o numero de ambulantes, empregadas domesticas, pessoas

sem a menor garantia a qualquer tipo de assistência. Os negros que moravam nas

ruas ou nas grandes favelas que feitas basicamente de tabua, barro e papelão. O

preconceito e a descriminação deixaram sequelas desde a abolição da escravatura

ate os dias atuais, ficou também a idéia permanente de que o negro só servia para

trabalhos duros ou seja serviços pesados com baixa remuneração. Ate os dias de

hoje sofremos com os reflexos dos problemas oriundos da escravidão x preconceito

e racismo,

2.3.2 Revolução Industrial à Contemporaneidade: mudanças na maneira de

entender a pobreza.

Uma mudança no olhar sobre o pobre foi provocada pelo surgimento

de uma pobreza móvel, como denominado por Castel (1998): os pobres eram, com

freqüência forasteiros desconhecidos indivíduos que não tenham vínculos

estabelecidos com a coletividade na qual passam, então, inseri-se. Isso deveu-se ao

que deveríamos ressurgimento das migrações, as quais, a partir de certo momento e

como veremos adiante, acentuarem-se drasticamente. A deterioração das redes

fechadas de proteção comunitária, comuns nas sociedades pré-modernas, e as

drásticas mudanças posteriores ocorridas na estrutura social, política e econômica

que tinha existido na Idade Média não somente afetaram a configuração das

sociedades, mas, também - é claro - o lugar nelas ocupado pelos indivíduos.

A Revolução Industrial teve grandes conseqüências sobre a

configuração das sociedades, trazendo transformações drásticas na esfera social,

33

Page 32: vuberabilidade social

política e econômica e consolidando o capitalismo no plano econômico. Num

primeiro momento, a Revolução Industrial se caracterizou pelo uso, na produção, de

máquinas movidas a força motriz. É importante ressaltar que, antes disso, já existia

uma classe proletária forçada a vender sua força de trabalho para garantir sua

existência. Todavia, isto se limitava ao sistema de produção dominado por um

número pequeno de proprietários: a produção capitalista manufatureira. A utilização

crescente e sistemática de máquinas movidas a força motriz na produção mudou

radicalmente não apenas as estruturas produtivas, mas a estrutura da sociedade

tomada em seu conjunto. Tornava-se praticamente impossível para os

trabalhadores até então autônomos concorrer com a produção capitalista fabril, o

que fez aumentar, de forma dramática, a proletarização. Ao mesmo tempo,

intensifica-se a hostilidade contra os pobres, nessa época. Tal como no período da

modernidade pré-industrial, o pobre continuou sendo visto pelas autoridades e pelas

classes mais bem situadas como uma ameaça, um perigo social (GEREMEK, 1987,

1994). Também como havia acontecido no período anterior, os pobres chegaram a

ser visto como criminosos, que, para o bem-estar do resto da sociedade, precisariam

ser afastados do meio social, para não exercer sua perigosa influência. No entanto,

com o amadurecimento da Revolução Industrial e a conseqüente expansão do

capitalismo, fortaleceu-se a idéia de que a pobreza era uma condição social que

afetava até mesmo os trabalhadores industriais (GEREMEK, 1994; CASTEL, 1998;

LEITE, 2002). Tratava-se, pois, de uma “[...] nova pobreza [...]”, cujos sujeitos, os

“[...] novos pobres [...]”, eram “[...] agentes e vítimas da revolução industrial [...]”,

encontrando-se “[...] plantados no coração da sociedade [...]” e formando “[...] a

ponta de lança de seu aparelho produtivo” (CASTEL, 1998, p.282, 284). Engels

(1987), por sua vez, aponta que a Revolução Industrial pode ser vista como uma

maldição para os trabalhadores, pois se caracteriza por jornadas.

34

Page 33: vuberabilidade social

1.4 O SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL BRASILEIRO

A proteção social é um importante instrumento de política pública

para enfrentar a exclusão social, a desigualdade e a pobreza. Ela abrange tanto

o seguro social como a assistência social. A última pode ser proporcionada na forma

de manutenção da renda e/ou em transferências em espécie bem como em serviços

sociais. Os programas de proteção social contribuem significativamente para a

realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs).Há um interesse

crescente em como os programas de proteção social e de transferência de renda

causam impacto sobre a pobreza, desigualdade e inclusão social. O Bolsa

Família no Brasil desencadearam debates sobre o seu potencial, bem como limites.

Tem sido demonstrado que os incentivam a uma maior utilização de serviços

públicos, como educação e saúde, e proporcionam uma renda necessária vital para

famílias pobres. A temática dos modelos, sistemas e regimes de bem estar é

inevitavelmente importante para análise das políticas de combate e superação da

pobreza, uma vez que as políticas sociais constituem as respostas desenvolvidas

pelo Estado para fazer frente aos problemas da pobreza, vulnerabilidade e

desigualdade social. Olhando não apenas do ponto de vista das estruturas do

Estado de Bem Estar mas em termos da composição da proteção social, tem-se, de

forma mais abrangente, uma distinção básica entre benefícios contributivos

(aposentadoria, seguro desemprego, enfermidade funcional, ligados a riscos

diretamente relacionados com o mercado de trabalho) e não contributivos, que

cobrem uma gama ampla de ações88. Os benefícios não contributivos incluem

renda mínima, benefícios de moradia, benefícios familiares (universal ou verificação

de carência), benefícios para atenção à criança, benefícios para pais solteiros e

benefícios condicionais de emprego. A assistência social89 é apenas uma parte

desses conjuntos de benefícios não contributivos: têm-se outras distinções possíveis

entre os componentes dos sistemas de proteção que não reconhecem apenas dois

tipos de benefícios ou componentes - contributivos e não contributivos -, mas três:

intervenções voltadas para o mercado de trabalho, iniciativas orientadas pela

perspectiva do seguro social, que se refere aos sistemas de benefícios contributivos,

e assistência social. Os programas de assistência social, nos países de economia

avançada, constituem uma parte, pequena, marginal, de um amplo sistema de

proteção, que inclui benefícios universais e generosos. Esse é um ponto que deve

35

Page 34: vuberabilidade social

ficar bem marcado quando se pretende contrapor estratégias de enfrentamento da

pobreza crônica e exclusão. No Brasil, a política social de transferência de renda,

maior política distributiva desenvolvida até então, atende a mais de sete milhões de

famílias, tendo como base a verificação de carência e exigências de contrapartidas.

A Assistência Social, como política pública de proteção social, se configura como

algo recente e inovador, pois somente a partir de 1988, esta foi assegurada pela

Constituição Federal. Desde então, a Assistência Social passou a integrar o Sistema

de Seguridade Social, como política pública não contributiva, pautada pela

universalidade da cobertura e do atendimento, assim como a Saúde (não

contributiva) e a Previdência Social (contributiva). Constituição Federal de 1988, art.

203 Isto significa que a Assistência Social é hoje um dever do Estado e um direito de

“quem dela necessitar, independente de contribuição à Seguridade Social” (art.203).

A Lei Orgânica de Assistência Social - Lei n.8724, de 07 de Dezembro de 1993,

dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras disposições. Esta lei

foi o que tornou possível à Assistência Social, ser considerada um dever do Estado

e um direito de cidadania, sem a necessidade de contribuição prévia. De acordo com

o artigo 1º da LOAS, a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é

Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais,

realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da

sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. A LOAS dispõe

de 42 artigos sobre a organização da Assistência Social, tendo como principais

temas tratados: Princípios e diretrizes; Competências das esferas de governo;

Conceito de benefícios, serviços, programas e projetos; Instituição e competências

do Conselho Nacional de Assistência Social; Competências do órgão nacional gestor

da PNA;, Financiamento da política; Forma de organização e gestão das ações e,

caráter e composição das instâncias deliberativas. A concepção de Assistência

Social, contida na LOAS, visa assegurar benefícios continuados e eventuais,

programas, projetos e serviços socioassistenciais para enfrentar as condições de

vulnerabilidades que fragilizam a resistência do cidadão e da família ao processo de

exclusão sociocultural, dedicando-se ao fomento de ações impulsionadoras do

desenvolvimento de potencialidades essenciais à conquista da autonomia Visando o

cumprimento do que propõe a LOAS, foi definido um sistema que padroniza e regula

todos os projetos, programas e ações da assistência, o Sistema Único de

Assistência Social. Significa que a pobreza hoje é vista como resultado da ação do

36

Page 35: vuberabilidade social

homem, do sistema, e não de uma determinação divina, ainda que haja

circunstancias imprevisíveis que possam causar situações de pobreza. É fruto do

modelo econômico, político e social adotado no país, gerador de desigualdade social

e da exclusão social. (PEREIRA, 2006, p. 62)

De acordo com Pereira (2006), ter uma lei que regulamenta a

assistência social como política pública, significa dizer que a sociedade brasileira

entendeu a pobreza de uma maneira diferente daquela que sempre havia permeado

as ações neste campo.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), cujo modelo de

gestão é descentralizado e participativo, constitui-se na regulação e organização em

todo território nacional dos serviços, programas, projetos e benefícios

socioassitenciais, de caráter continuado ou eventual, executados e providos por

pessoas jurídicas de direito público sob critério universal e lógico de ação em rede

hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil. Além disso, o

SUAS define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da

política pública de assistência social, possibilitando a normatização dos padrões nos

serviços, qualidade no atendimento aos usuários, indicadores de avaliação e

resultado, nomenclatura dos serviços e da rede prestadora de serviços

socioassistenciais.

O SUAS foi a principal deliberação da IV Conferência Nacional de

Assistência Social, realizada em Brasília (DF), em 2003, e se inscreve no esforço de

viabilização de um projeto de desenvolvimento nacional, que pleiteia a

universalização dos direitos à Seguridade Social e da proteção social pública com a

composição da política pública de assistência social em nível nacional.

A organização na perspectiva de um sistema tem como objetivo

romper com uma forte tendência de oferta de serviços, programas, projetos e

benefícios socioassitenciais segmentados e desarticulados, sem definição de

referencias e contra-referencias, fluxos e procedimentos de recepção e intervenção

social, gerando superposição e paralelismo de serviços. (CRUS, 2006, p. 81).

Esse novo modelo de gestão supõe um pacto federativo, com a

definição de competências e responsabilidades dos entes das três esferas de

governo (federal, estadual e municipal). Está sendo implementado por meio de uma

nova lógica de organização das ações, com a definição de níveis de complexidade

do sistema: Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE) de

37

Page 36: vuberabilidade social

média e alta complexidade, com a referência no território, considerando as

especificidades das regiões e portes de municípios e com centralidade na família. É,

finalmente, uma forma de operacionalização da Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS), que viabiliza o sistema descentralizado e participativo e a sua regulação em

todo o território nacional. A LOAS de 07/12/93 instituiu como responsabilidade da

Assistência Social e da União, o pagamento de alguns benefícios que eram

obrigação anterior da Previdência Social e por conseqüência institucionalizou a

distinção entre benefícios previdenciários e socioassistenciais. Como benefícios

socioassistenciais podemos citar o Beneficio de Prestação Continuada (BPC),

eventuais e de transferência de renda.

O BPC ( Beneficio de Prestação Continuada ) é um benefício socioassistencial

previsto no artigo 203 da Constituição Federal – 1988 na Lei 8.742 (LOAS – Art. 20 e

21) – 07/12/1993, na Lei 10.741 (Estatuto do Idoso) – 01/10/2003 e nos Decretos:

1.744 de 08/12/1995 (Revogado), 4.712 de 29/05/2003 (Revogado), 6.214 de

26/09/2007 (em vigor). Este benefício é um direito garantido pela Constituição

Federal de 1988 e consiste no pagamento de 01 (um) salário mínimo mensal a

pessoas com 65 anos de idade ou mais e a pessoas com deficiência incapacitante

para a vida independente e para o trabalho. Em ambos os casos a renda per capita

familiar deve ser inferior a ¼ do salário mínimo. O BPC também encontra amparo

legal na Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, que institui o Estatuto do Idoso. O

benefício é gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS), a quem compete sua gestão, acompanhamento e avaliação. Ao Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS), compete a sua operacionalização. Os recursos

para custeio do BPC provêm do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).

Dentre as ações de inclusão dos beneficiários do BPC destaca-se o Programa de

Acompanhamento e Monitoramento do Acesso e Permanência na Escola das

Pessoas com Deficiência Beneficiária do BPC, conhecido como Programa BPC na

Escola. O Programa tem como objetivo promover a elevação da qualidade de vida e

dignidade das pessoas com deficiência e beneficiárias do BPC, preferencialmente

até 18 anos de idade, garantindo-lhes acesso e permanência na escola, por meio de

ações articuladas das áreas de saúde, educação, assistência social e direitos

humanos, envolvendo as esferas federal, estadual e municipal.

Os Benefícios Eventuais estão previstos na Lei 8.742 (LOAS – Art.

22), na Resolução CNAS 212 de 19/10/2006 e no Decreto Presidencial 6.307 de

38

Page 37: vuberabilidade social

14/12/2007. Todavia eles já haviam sido criados pelo sistema de proteção da

Previdência Social desde 1954, com a denominação de auxílio maternidade e

funeral através do decreto nº. 35.448, em 1º de maio. Eram pagos de forma única,

no valor de um salário mínimo vigente, aos beneficiários previdenciários, que

contribuíssem para a Previdência Social. O auxílio maternidade era pago tanto a

mãe, que fosse segurada, quanto ao pai, desde que tivessem contribuído no mínimo

12 meses. O auxílio por morte era pago ao responsável pelas despesas do funeral

do beneficiário da Previdência Social. De acordo com os princípios da PNAS deve

ocorrer uma divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos

assistenciais. Em relação às diretrizes da PNAS deve prevalecer a centralidade na

família para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e

projetos. Os benefícios eventuais caracterizam-se por seu caráter provisório e pelo

objetivo de dar suporte aos cidadãos e suas famílias em momentos de fragilidade

advindos de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de

calamidade pública. Esse tipo de beneficio não possui um valor predeterminado

calcula-se seu valor aparte do grau de vulnerabilidade em que se encontra o

usurário.

Ao focalizar as zonas de vulnerabilidade social, espaços sociais

instáveis onde se conjugam de forma perversa a precariedade do trabalho e a

fragilidade das redes de sociabilidade e de proteção social, tem-se a possibilidade

de abordar a questão social tal como ela se manifesta atualmente, quando não há

empregos suficientes para garantir o acesso à renda, elemento básico para evitar e

reduzir a pobreza e a vulnerabilidade. Contra um modo de regulação estática da

pobreza, tem-se a proposta e a efetiva construção de redes universais de

seguridade que pautem novos princípios de organização social. De acordo com essa

visão, a pobreza não é matéria para ficar a cargo de programas assistenciais, que

são ineficazes para a inserção e se justificam, nessa perspectiva, apenas como

exceção, como complemento das redes universais de garantia de recursos básicos.

De acordo com a caracterização do modelo brasileiro de proteção

social, até meados da década de 80, a estrutura burocrática era caracterizada pela

centralização de recursos e serviços na esfera federal; pela opacidade nas

transferências, corrupção, ineficiência, desperdício e pulverização dos recursos,

excessiva superposição e fragmentação de programas, clientelas e instituições. A

demora na alocação dos recursos e seu desvio em relação aos objetivos e público

39

Page 38: vuberabilidade social

alvo, o caráter regressivo do gasto social100, a excessiva permeabilidade da

máquina social aos interesses corporativos, privados e burocráticos, somados à

ausência de mecanismos de avaliação e controle, e a uma distância total entre os

formuladores e beneficiários dos programas, estão entre as características

fundamentais do sistema de proteção social no Brasil (Draibe, 1990, pp. 15,16).

O sistema de proteção no Brasil combina elementos dos três

modelos: articula-se com um esquema assistencial denso, com um amplo conjunto

de ações focalizadas e pulverizadas de combate à pobreza, por um lado, e com

elementos de um modelo de base universalista, por outro (no que se refere à

educação básica, saúde e benefícios da Lei Orgânica de Assistência Social/LOAS).

Os processos de mudança nos sistemas de proteção tornam incerta a configuração

futura das políticas de proteção social no Brasil. Os sistemas de proteção social,

tanto na Europa quanto na América Latina, têm sofrido pressões para produzir

alterações em sua estrutura e composição. A seção seguinte examina as tendências

em curso para posteriormente, em outro nível de análise, focalizar estratégias de

intervenção que se pautam por uma perspectiva mais residual ou universal de

proteção social.

As transformações em curso nas políticas sociais no Brasil apontam

para a criação de uma nova institucionalidade, dinâmicas, princípios e formas de

cooperação entre atores e instituições diversas. E a princípio, na perspectiva

normativa, a partir da Constituição de 1988 ocorre um adensamento do caráter

redistributivo das políticas sociais e um inegável avanço do sistema de direitos

sociais. A assistência social adquire, pela primeira vez, o status de política pública.

Novos direitos são reconhecidos e emerge uma tendência à maior universalização

da proteção, combinada a novos modelos institucionais e gerenciais fundamentados

nas diretrizes de descentralização e participação social, como apontado por Sônia

Draibe. Embora tenha havido um reconhecimento na legislação da universalização

dos direitos e da ampliação do escopo da proteção, na prática das políticas e

programas a tendência tem sido distinta. Além de o gasto ser reduzido, sua estrutura

de financiamento, de base contributiva e atrelado ao emprego assalariado formal,

levou a que o sistema de proteção, ao ampliar a cobertura, gerasse uma queda no

valor dos benefícios e a precária condição dos serviços oferecidos pelo setor público

(Pochmann, 2004 b, p.12).

40

Page 39: vuberabilidade social

O estado assistencialista viabiliza a retirada da esfera estatal na

formulação de políticas sociais abrangentes, com o intuito de garantir a centralidade

e intervenção do denominado “terceiro setor” e dos programas de combate a

pobreza, no sistema de proteção social no Brasil. O desafio é demonstrar que a

inserção social não é uma questão que pode ser equacionada dentro desse

paradigma, tratada como uma questão de repressão ou assistência, mas que exige

colocar no centro o conteúdo distributivo do problema e envolver não políticas

isoladas mas sim o conjunto do sistema de políticas públicas, outros atores e

domínios para além do Estado

A intervenção dos programas de combate a pobreza, criados em

função da vigência do estado assistencialista na Brasil, nesse contexto podemos

analisar, o trabalho que desenvolvido nos centro de Centros de referencia e

assistência social- CRAS

O atendimento às famílias é feito a partir do Centro de Referência de

Assistência Social - CRAS, que é um serviço de Proteção Social Básica, que visa

potencializar a família como unidade de referência, fortalecendo os vínculos internos

e externos, por meio do protagonismo dos seus membros e da oferta de um conjunto

de serviços locais que oportunizam à convivência, à socialização e ao acolhimento

em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bom como a

articulação com as demais políticas públicas.

Serviços.

Apoio às famílias e indivíduos na garantia dos seus direitos de cidadania, com

ênfase no direito à convivência familiar e comunitária;

Serviços continuados de acompanhamento social às famílias ou seus

representantes;

Proteção social pró-ativa, visitando as famílias que estejam em situações de

vulnerabilidade;

Acolhida para recepção, escuta, orientação e referência;

Promoção de atividades facilitadoras da convivência familiar e comunitária;

Campanhas socioeducativas;

Reuniões e ação comunitária;

41

Page 40: vuberabilidade social

Atendimento de Benefícios Eventuais a munícipes em situação de

vulnerabilidade e risco pessoal e social;

Programa de atenção à criança, adolescente e juventude em atividades

socioeducativas em horário complementar ao das aulas, oferta atividades que

favorecem a comunicação, assegurando espaços de referência para relações

de afetividade e regras que garantam a sociabilidade e convivência em grupo. 

 O país deu grande salto nas políticas sociais nos últimos anos,

superando os métodos assistencialistas de socorro aos mais pobres (simbolizado

pelo programa de Cestas Básicas). Houve evolução para uma segunda geração de

programas sociais, com formas menos paternalistas de superação da pobreza

extrema com a distribuição de renda direta às famílias com contrapartidas dos

beneficiários, como o Bolsa Família.

É preciso agora avançar para uma terceira geração de programas

sociais que amplie os esforços atuais de forma proativa, integrada e adequada a

diferentes condições de carência. O objetivo é superar a pobreza por meio da

garantia do acesso e da oferta de oportunidades a indivíduos e famílias para a sua

inclusão produtiva na sociedade. A Consolidação e ampliação das boas práticas

associadas a políticas e programas sociais – Institucionalização de programas que

alcançaram bons resultados, tais como o Bolsa Família, partindo da identificação

feita por esse programa dos 15 milhões de famílias mais pobres do país, reunidas no

Cadastro Único para Programas Sociais, e definindo esse grupo social como usuário

principal de iniciativas complementares e associadas, voltadas para a erradicação

da pobreza no Brasil. Ampliação e integração de programas sociais dirigidos para a

erradicação da pobreza – Dar maior eficácia, eficiência e efetividade às políticas e

programas sociais hoje disponíveis em vários níveis de governo (federal, estadual e

municipal), consolidando-os, integrando-os e orientando-os prioritariamente para o

atendimento das famílias mais pobres do país, enfatizando de modo específico o

atendimento das principais  necessidades, bem como a realização de suas melhores

habilidades.  O  Esforço individual e familiar como estratégia de superação da

pobreza, a transformação dos beneficiários dos programas sociais em parceiros

dotados de protagonistas na escolha das oportunidades que lhes são oferecidas,

assim como torná-los cientes de que a superação da situação em que se encontram

dependerá principalmente da sua capacidade de aproveitar plenamente tais

oportunidades.   Diferenciação entre produção e oferta de programas sociais e

42

Page 41: vuberabilidade social

definição dos usuários dessas oportunidades. É preciso separar produção e gestão

de programas e serviços sociais da oferta e seleção dos seus usuários. Uma Rede

de Agentes de Desenvolvimento Familiar será responsável por levar os programas

sociais às famílias mais pobres e dar apoio a suas escolhas. Além disso,

apresentarão aos produtores e gestores desses serviços os seus usuários

preferenciais, garantindo aos beneficiários a possibilidade de inscrição nesses

programas.  Garantir a disponibilidade, integração e complementação de políticas

sociais orientadas para previdência, assistência social e saúde, educação, cultura e

trabalho, habitação, urbanismo e saneamento. Assegurar a integração orçamentária

e a transversalidade das políticas desses setores por meio de ações matriciais e

territoriais.  Priorizar a aquisição de conhecimento, e a Garantia de que programas

educacionais e de formação básica e profissional façam parte e adquiram prioridade

numa estratégia nacional de erradicação da pobreza. Estimular o

empreendedorismo como estratégia de superação da pobreza, e assegurar que os

indivíduos e famílias atendidas pelos programas sociais integrados se sintam

instados a buscar melhores condições fora do ambiente de atendimento desses

programas, principalmente tomando consciência de suas potencialidades e

desenvolvendo capacidades que lhes permitam garantir a sobrevivência.  Busca e

estimulação de parcerias público-privadas afim de Avançar além do estado

unicamente provedor para o estado mobilizado e atrair o setor empresarial e as

organizações não governamentais para participarem do esforço de erradicação da

pobreza no Brasil por meio da associação à execução de políticas e programas

sociais integrados, assumindo o lugar de agente econômico principal, capaz de

recrutar, treinar e empregar indivíduos e – eventualmente – famílias em atividades

produtivas que façam parte de cadeias de valor que envolvam o fornecimento de

bens e serviços descentralizados necessários aos seus processos produtivos. A

Construção de uma rede de agentes de desenvolvimento familiar (ADF),  integrar o

funcionamento de diferentes sistemas de oferta de programas sociais hoje

existentes que operam em nível federal, estadual e municipal em uma única rede e

descentralizada, voltada para o atendimento prioritário das famílias mais pobres do

país, constantes do Cadastro Único para os Programas Sociais. Aos agentes dessa

Rede caberá atualizar o Cadastro Único, fornecer informações sobre deficiências,

oportunidades e efetividade dos programas sociais, estabelecer com a família o

Plano de Desenvolvimento Familiar, demandar junto aos produtores de programas e

43

Page 42: vuberabilidade social

serviços a participação das famílias e acompanhar e estimular a evolução da família

no alcance das metas por elas definidas.  Plano de Desenvolvimento Familiar afim

de   avaliar as necessidades de cada família, priorizar acesso aos programas sociais

e serviços públicos e estabelecer metas a serem por elas alcançadas.

2.5 A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL:

BOLSA FAMILIA E SEU IMPACTOS NAS VULNERABILIDADES DA POPULAÇÃO

ATENDIDA

A proteção social básica tem como objetivos prevenir situações de

risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o

fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se à população que

vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação

(ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e,

ou, fragilização de vínculos afetivos − relacionais e de pertencimento social

(discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).

Prevê o desenvolvimento de serviços, programas e projetos locais

de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos, conforme

identificação da situação de vulnerabilidade apresentada. Deverão incluir as pessoas

com deficiência e ser organizados em rede, de modo a inseri-las nas diversas ações

ofertadas. Os benefícios, tanto de prestação continuada como os eventuais,

compõem a proteção social básica, dada à natureza de sua realização. São eles:

Programa de Atenção Integral às Famílias – PAIF; Programas de inclusão produtiva

e projetos de enfrentamento da pobreza; Centro de Convivências para Idosos;

Serviços para crianças de 0 a 6 anos, que visem o fortalecimento do vínculo familiar,

com ações que favoreçam a socialização do brinquedo e a defesa dos direitos da

criança; Serviços sócio-educativos para crianças e adolescentes na faixa de 6 a 14

44

Page 43: vuberabilidade social

anos, visando a sua proteção, socialização e o fortalecimento dos vínculos familiares

e comunitários; Programas de incentivo ao protagonismo juvenil, com fortalecimento

dos vínculos familiares e comunitários; Centros de Informação e Educação para o

Trabalho para jovens e adultos. Todos os programas listados podem ser geridos

pelo CRAS – Centro de Referência da Assistência Social, que é uma unidade

pública estatal, que atua com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário,

visando à orientação e o fortalecimento do convívio sócio-familiar. Nesse sentido, o

CRAS é o responsável pela oferta e o desenvolvimento do PAIF.

A Política de Assistência Social na cidade de Boa Vista do Tupim é

executada pela Secretaria Municipal de Assistência Social é desenvolvida mediante

serviços continuados, através da execução direta e parcerias com organizações de

assistência social, constituindo a Rede de Proteção Básica e Especial, visando

garantia de provimento de seguranças que cubram, reduzam ou previnam

exclusões, riscos e vulnerabilidades sociais, bem como atendam as necessidades

emergentes ou permanentes decorrentes de problemas pessoais ou sociais de seus

usuários. A Proteção Social Básica tem como objetivos prevenir situações de risco e

o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários a famílias que vivem em

situação de pobreza, ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços

públicos, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social. No

presente artigo 4º do decreto 5.209: “ estimular a emancipação sustentada das

família que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza”, podemos visualizar

compreender, que o programa do bolsa família esta voltado unicamente e

exclusivamente para famílias carentes que se encontrem em estado de

vulnerabilidade econômica e social, e que sua lógica se estrutura nos conceitos de

superação renda e social, em outras palavras este programa segue um, paradigma

que consiste na evolução de seus usuários para que estes saiam da linha de

pobreza em que se encontram.

O programa bolsa família domínio sobre o que é o bolsa família e qual é sua real

finalidade, que vai muito alem do simples assistencialismo. A parcela da população

que faz-se usuária desse programa, desconhece parcial ou totalmente os objetivos,

metas e a lógica na qual este é estruturado. Para grande parte da população, o

bolsa família não passa de uma ajuda financeira que o governo oferece sem maiores

propósitos.

45

Page 44: vuberabilidade social

Há consenso de que uma mudança na composição dos

rendimentos de um domicílio causa alteração na disposição dos seus membros ao

trabalho. A intensidade dessa mudança se apresenta como um aspecto relevante

para determinar a partir de que ponto um aumento na renda domiciliar modifica, de

fato, a oferta de trabalho. Entende-se por choque no orçamento um aumento súbito

na renda domiciliar. A transferência recebida pelos domicílios beneficiários do

Programa Bolsa Família (PBF) do Governo Federal se encaixa nesse conceito e é

tratada neste artigo como um choque orçamentário desvinculado dos rendimentos

do trabalho. É interessante perceber que, enquanto alguns domicílios têm por única

fonte de receita o benefício do PBF, em outros a transferência representa apenas

um pequeno percentual do orçamento familiar. A intensidade do choque, a razão do

valor da transferência do PBF sobre a renda domiciliar, provoca um efeito que pode

ou não ser proporcional, a que denomina-se efeito-dose. Este artigo propõe-se a

estimar o quão sensível são os homens e mulheres adultos, ocupados em diferentes

nichos de trabalho, às intensidades de choque orçamentário, no que tange a oferta

de horas trabalhadas. O cálculo do efeito médio do tratamento e a análise gráfica do

efeito local do programa permitem afirmar que,apesar do efeito médio ser negativo,

ou seja, o Bolsa Família provoca redução da oferta de trabalho, este efeito não é

uniforme dentre os grupos de indivíduos considerados.

Diversos trabalhos diagnosticaram efeitos positivos do PBF, tais como redução dos

índices de pobreza e melhor distribuição de renda (CHEIN et alli., 2006), (SOARES

et alli.,2006), (IPEA, 2007), redução do trabalho infantil e aumento da freqüência

escolar (CARDOSO&SOUSA, 2004),(PEDROZO, 2007). Outros trabalhos

(TAVARES, 2008), (SOARES et alli., 2007), (FERRO&NICOLLELA, 2007)

analisaram o impacto do PBF na oferta de trabalho. Soares et alli. (2007), por

exemplo, mostra aumento na oferta de trabalho para homens, e ainda mais

expressivo para as mulheres. Tavares (2008) analisa as mães nas famílias

beneficiadas dentro da perspectiva do efeito-renda e efeito-substituição. Ambos os

efeitos ocorrem na direção de manter o orçamento original. O efeito-renda refere-se

à redução dos rendimentos do trabalho como conseqüência direta do aumento dos

rendimentos não vinculados ao trabalho. O efeito renda, por tanto, aponta para a

diminuição da oferta de trabalho. Tavares (2008) compreende como efeito-

substituição o aumento da oferta de trabalho adulto para compensar a redução do

trabalho infantil. Em outras palavras, a retirada dos filhos do trabalho e sua

46

Page 45: vuberabilidade social

conseqüente perda de receita geram a necessidade de outros membros do domicílio

compensar esta redução no orçamento aumentando suas horas de trabalho. A

autora obteve resultado negativo para o efeito-renda, ou seja, redução das horas de

trabalho em razão do aumento da renda, que, no entanto, é superado por um efeito-

substituição positivo, ou seja, aumento das horas trabalhadas pelos adultos para

compensar a perda do trabalho infantil. As famílias elegíveis ao PBF, em situação de

pobreza e extrema pobreza, têm como estratégia de sobrevivência proporcionar

economias de escala. Partilhar o domicílio implica dividir o uso de recursos, tais

como bens duráveis e não duráveis, assim como a divisão do trabalho na execução

dos afazeres domésticos. A opção pela análise da oferta de trabalho individual

dentro do domicílio parte da teoria sobre o “Tempo e a Produção Domiciliar”

(BECKER, 1965). A teoria descreve os determinantes da decisão de alocação do

tempo entre a produção doméstica, geradora de bem estar, e trabalho, gerador de

renda.

O CRAS Centro de Referencia de Assistência Social - È a unidade

publica de política na assistência social, de base municipal, integrante das SUAS,

localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social,

destinado á prestação de serviços e programas socioassistenciais de proteção social

básica ás famílias e indivíduos, e a articulação destes serviços no seu território de

abrangência e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção

social.

Algumas ações da proteção social básica devem ser desenvolvida

necessariamente nos CRAS, como o programa de atenção integral as famílias

(PAIF) outras, mesmo ocorrendo na área de abrangência desse centros, podem ser

desenvolvidas fora de seu espaço físico, desde que a ele referenciadas.

Seu publico referenciado são famílias e indivíduos em situação de

vulnerabilidade social, decorrente da pobreza, privação ou ausência de renda,

acesso precário ou nulo aos serviços públicos, com vínculos afetivos relacionais e

de pertencimento social fragilizados, que vivenciam situações de descriminação

etária, étnicas de gêneros ou por deficiência, entre outros.

O publico prioritário são:

*Famílias do PBF, especialmente as que não estão cumprindo

condicional idade;

* Beneficiários do BPC, especialmente, famílias com crianças,

47

Page 46: vuberabilidade social

adolescentes e jovens com deficiência idosos dependentes e os não inseridos em

serviços locais( Educação, Saúde, Assistência Social, Esporte e Lazer);

* Famílias com crianças e adolescentes inseridas em programa

como o PETI;

* Famílias em situações de negligencia e violência ou antecipadoras

das mesmas;

* Famílias com crianças sobre os cuidados de outras crianças ou

que permaneçam sozinhas em casa;

* Com ocorrência de fragilização ou rompimento de vínculos sem

documento civil, jovens, adolescentes, grávidas e suas crianças.

A unidade apresenta instalações físicas adequadas, de fácil acesso,

equipe multidisciplinar (Assistente Social, Psicóloga) para o desenvolvimento de

ações individuais e ou em grupos, acompanhamento dos diversos setores aos

usuários e suas famílias receber recursos do governo Federal com contra partida o

Município.

Objetivos Institucionais:

GOVERNO FEDERAL

Prefeitura Municipal de Boa Vista do Tupim

Secretária Municipal de Ação Social e Cidadania

Centro de Referência de Assistência Social

Equipe do CRAS

Assist. Social

Psicóloga Agente Administrativ

o

Aux. de Serviço Geral

Motorista

COORDENAÇÃODO CRAS

48

Page 47: vuberabilidade social

Promover acompanhamento sócio assistencial de famílias em um

determinado território;

Potencializar a família comunidade de referencia e vínculos internos;

Contribuir para o processo de autonomia e emancipação social das

famílias;

Os programas e projetos da área de Assistência Social são alguns

federais, estadual e outros municipal ou será desenvolvido no âmbito municipal de

acordo com as necessidades reais da população local. Alguns projetos e programas

são de origem federal, estadual e municipal, segundo o seu modelo. A instituição

visa atender a população que necessita de um serviço com formação ampla sem

discriminação.

- Política de Assistência a criança e adolescente, idosos, jovens,

famílias e gestantes.

A unidade é de pequeno porte, foi implantada em 2003, com equipe

por: 01 coordenadora, 01 Assistente Social, 01 psicóloga, 01 agente administrativo,

01 auxiliar de serviços gerais e 01 motorista.

Este programa foi criado desde 2003 pelo Governo Federal e

desenvolvido pelo Ministério de Combate à Fome através da Secretaria Municipal do

Trabalho e Assistência Social e Cidadania.

No Município de Boa Vista do Tupim o CRAS foi contemplado em

Abril de 2005, na administração do Prefeito Hiran Campos Nascimento tendo como

Diretora de Ação Social a Srª. Edinete Silva Cruz, Coordenadora Madriani da Hora

Solidade como corpo administrativo, o trabalho realizado nesta instituições tem

prioridades de atendimento os seguintes critérios:

Atendimento e orientações;

Visita domiciliar;

Visita institucional;

Palestra;

Grupo de convivência com idosos;

Acompanhamento familiar;

Grupo de família;

Curso de geração e renda.

49

Page 48: vuberabilidade social

O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade

pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável pela

organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de

Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos

municípios. Dada sua capilaridade nos territórios, se caracteriza como a principal

porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que propicia o acesso de um

grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social.

É o principal equipamento de desenvolvimento dos serviços

socioassistenciais da Proteção Social Básica. Constitui espaço de concretização dos

direitos socioassistenciais nos territórios, materializando a política de assistência

social.

O CRAS é o lugar que possibilita, em geral, o primeiro acesso das famílias

aos direitos socioassistenciais e, portanto, à proteção social. Estrutura-se, assim,

como porta de entrada dos usuários da política de assistência social para a rede de

Proteção Básica e referência para encaminhamentos à Proteção Especial. Possui

uma equipe de trabalhadores da política de assistência social responsáveis pela

implementação do PAIF, de serviços e projetos de Proteção Básica e pela gestão

articulada no território de abrangência, sempre sob orientação do gestor municipal

A partir do reconhecimento da política social desenvolvida no CRAS, busca-

se proporcionar ao aluno inserido na instituição o conhecimento do trabalho

profissional que se realiza na mesma, possibilitando a articulação dos

conhecimentos teóricos adquiridos em sala através das vivências observadas no

cotidiano da prática profissional.

É por meio do CRAS que a proteção social da assistência social se

territorializa e se aproxima da população, reconhecendo a existência das

desigualdades sociais intra-urbanas e a importância presença de políticas sociais

para reduzir essas desigualdades, pois previnem situações de vulnerabilidade e

risco social, bem como identificam e estimulam as potencialidades locais,

modificando a qualidade de vida das famílias que vivem nessas localidades.

No CRAS são desenvolvidos serviços, benefícios, programas e projetos que

podem ser realizados e referenciados em seu território de abrangência:

Serviços: Socioeducativo geracionais, intergeracionais e com famílias; sócio-

comunitário; reabilitação na Comunidade; outros.

50

Page 49: vuberabilidade social

Benefícios: Transferência de Renda (Bolsa Família), Benefício de Prestação

Continuada (BPC); Benefícios Eventuais – assistência em espécie ou material;

outros.

Programas e Projetos: Capacitação e promoção da inserção produtiva;

Promoção da inclusão produtiva para beneficiários do Programa Bolsa Família e no

Benefício de Prestação Continuada; Projetos e Programas de enfrentamento à

pobreza; Projetos e Programas de enfrentamento à Fome; Grupos de Produção e

Economia Solidária; Geração de Trabalho e Renda, Grupos de Convivência,

Oficinas, etc.

São destinatários do CRAS as famílias em situação de

vulnerabilidade e risco social, residentes nos territórios de abrangência, em especial

as famílias beneficiárias de programas de transferência de renda ou famílias com

membros que recebem benefícios assistenciais, pois a situação de pobreza ou

extrema pobreza agrava a situação de vulnerabilidade social das famílias.

A capacidade de atendimento do CRAS varia de acordo com o porte

do município e com o número de famílias em situação de vulnerabilidade social,

conforme estabelecido na NOB-SUAS.

O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF

consiste no trabalho social com famílias, de caráter continuado, com a finalidade de

fortalecer a função projetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos,

promover seu acesso e usufruto de direitos e contribuir na melhoria de sua

qualidade de vida. Prevê o desenvolvimento de potencialidades e aquisições das

famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações

de caráter preventivo, projetivo e proativo.

O trabalho social com famílias do PAIF apreende as origens,

significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das situações de

vulnerabilidade vivenciadas por toda a família, contribuindo para sua proteção de

forma integral, materializando a matricial idade sócio-familiar no âmbito da política

de assistência social. O trabalho social do PAIF deve utilizar-se também de ações

nas áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar

universo informacional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do

serviço. O PAIF constitui estratégia privilegiada para oferta de serviços aos

beneficiários de transferência de renda.

O cotidiano do exercício profissional desenvolvida pela equipe do

51

Page 50: vuberabilidade social

CRAS segue uma linha de trabalho que se constitui da seguinte estrutura: acolhida;

estudo social; visita domiciliar; orientação e encaminhamentos; grupos de famílias;

acompanhamento familiar; atividades comunitárias; campanhas socioeducativas;

informação, comunicação e defesa de direitos; promoção ao acesso à

documentação pessoal; mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio;

desenvolvimento do convívio familiar e comunitário; mobilização para a cidadania;

conhecimento do território, cadastramento socioeconômico; elaboração de relatórios

e/ou prontuários.

É irrefutável que a pobreza e a desigualdade vem diminuindo

através dos programas de transferência de renda assistenciais em geral, e o bolsa

família em particular tem contribuído muito com esta evolução. No entanto o BF

expandiu sua cobertura e que o numero de domicílios elegíveis a descoberta

diminuiu, reduziu-se concomitantemente o potencial do programa e mantendo-se

com princípios básicos de levar a redução da pobreza e da desigualdade.

O impacto do programa sobre a pobreza (proporção de pobres), no

entanto, tem sido modesto. Oito por cento da redução da pobreza podem ser

atribuídos aos benefícios do Bolsa Família. Isto deve-se ao pequeno volume dos

benefícios, que não são suficientes para que a maioria das famílias pobres cruze a

linha de pobreza. Os impactos sobre o hiato de pobreza e a severidade da pobreza

têm sido mais fortes. O Bolsa Família não parece ter tido os impactos negativos que

muitos temiam. Uma literatura considerável já concluiu que seu impacto sobre a

participação no mercado de trabalho é muito pequeno e, na maioria dos estudos,

positivo (pelo menos para os homens em idade ativa). O programa também não tem

efeitos mensuráveis sobre a fertilidade, pelo menos para as mulheres que já têm

filhos. Não sabemos nada sobre os efeitos do programa sobre a gravidez na

adolescência, tema este que merece investigação.

Os impactos do bolsa família sobre a pobreza são analisados neste

trabalho baseou-se em dados fornecidos pela secretaria de assistência social da

cidade de Boa Vista do Tupim ( relatório sintético por estado cadastral da família)

medido pelo IBGE municipal. Neste relatório consta o percentual de famílias

cadastradas no município de Boa Vista do Tupim, mostra que de um total de 19 mil

habitantes na cidade cerca de 5150 família estão cadastradas no bolsa família e

3253 são contempladas com neste programa de assistência. Os resultados dos anos

anteriores mostra um aumento significativo na demanda deste programa no ano de

52

Page 51: vuberabilidade social

2011 existiam escritos neste programa 5000 pessoas e 3000 eram contempladas

com o bolsa família, já no de 2010 existiam 49059 pessoas.

A também no município um certa demanda com relação aos

benefícios de caráter assistencialistas provisórios que são regulamentados pela

LOAS, dentre os benefícios eventuais ministrados pela LOAS os mas procurados

pela população local são os benefícios de caráter alimentícios e moradia, nos anos

de 2011 e 2012 ouve um certo aumento entre um ano e outro, no Ana de 2011 a

demanda do auxilio alimentação 154 ao mês e a oferta era de 80 cestas ao mês, no

ano de 2012 este numero subiu para 250 demanda e 150 a oferta, caráter de no

moradia a demanda era 200 e a oferta 96 no ano de 2012. Ao analisa esses dados

percebemos um certo aumento sob a demanda e oferta de tais benefícios. Os

benefícios desse caráter são concedidos há pessoas, que não consigam garantir

sua existia de forma digna.

Considerando os resultados acima, conclui-se primeiramente que,

para uma análise precisa da relação causal entre o PBF e a oferta de trabalho, faze-

se necessário considerar a intensidade da causa, o choque orçamentário, ou seja, a

análise deve ser feita em termos de efeito-dose. A reação da oferta de trabalho ao

PBF não é constante para as diferentes proporções do valor recebido em razão da

renda domiciliar. Em seguida, mostrou-se que os impactos, apesar de significativos,

não apresentam grande magnitude. O efeito médio do PBF na oferta de horas de

trabalho varia entre zero e a redução de 3,5h de trabalho remunerado. Desta forma,

não se pode afirmar que o PBF é responsável por gerar dependência em relação a

rendimentos desvinculados ao trabalho, ao menos no que se refere aos domicílios

onde existem pessoas ocupadas e que possuem outras fontes de renda além do

benefício. Além disso, a análise dos resultados confirmou que a elasticidade da

oferta de horas de trabalho varia entre o sexo e a posição na ocupação. As mulheres

são mais sensíveis ao choque orçamentário, coerentemente com o esperado, tendo

em vista a divisão do trabalho intra-domiciliar. Em conformidade com a “Teoria de

Alocação do Tempo” (BECKER, 1965), existe substituição entre as horas de trabalho

remunerado e o tempo despendido em afazeres domésticos, pelo menos para as

mulheres pertencentes aos domicílios de maior renda per capita. Isto por que, as

mulheres, empregadas domésticas, habitantes de domicílios cuja faixa de renda per

capita situa-se abaixo de R$70,00, aparentam ser susceptíveis ao efeito-

substituição, apresentando aumento da oferta de trabalho. Dentre as posições de

53

Page 52: vuberabilidade social

ocupação, o trabalho formal é o menos elástico e o empreendimento próprio o de

maior elasticidade. Discutiu-se que a flexibilidade de horários do trabalho

desempenhado e a garantia de direitos a eles associados influenciam a

sensibilidade dos indivíduos às variações no orçamento. A principal contribuição

deste artigo é apresentar uma investigação mais detalhada da relação causal entre

programas de transferência de renda e a oferta de trabalho, na qual há espaço para

diferentes possibilidades de comportamento. Uma vez identificados os grupos

vulneráveis à redução das horas de trabalho, assim como qual destino essas horas

passam a ter, torna-se possível pensar em oportunidades de potencializar a

interferência nos domicílios, no intuito de melhor alcançar os objetivos do Programa

Bolsa Família.

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Page 53: vuberabilidade social

2 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Com base em todo o material exposto e analisado podemos

perceber que entre os maiores fatores influentes na busca por programas de

incentivo e transferência de renda, esta a fome, a pobreza e o desemprego.

Grande parte dos problemas sociais enfrentados na sociedade, são

herança do período pos-escravidão no Brasil e reflexo de um preconceito racista que

atravessou séculos, a dentro ate os dias de hoje. Por sua vez o governo vem através

dos tempos tentando sanar e amenizar as mazelas causadas por esse tipo de

problema, em meio a esta tentativas, surgiu as leis da seguridade social atrelados a

elas os programas de proteção social básica do governo brasileiro. Esses

programas visam a transferência de renda de seus usuários, ou seja, almejam a

superação do estado de vulnerabilidade em que se encontram.

A fragmentação das políticas publicas, ocorrida no período da

ditadura e nos governas de Fernando Collor de Mellor e Frenando Henrique

Cardoso, contribuiu bastante para o aumento das desigualdades sociais no país, e,

a Cidade de Boa Vista do Tupim como parte integrante do esqueleto do país não

ficou de fora da onda de desigualdade social que se instaurou no país no decorrer

desses anos. Os programas de proteção básica visam a superação do estado de

vulnerabilidade social das classes mas pobres da sociedade, os programas de

assistência a família como bolsa família almeja a transferência de renda por meio de

varias condicional idades estipuladas pelo programa e obrigatórias a para seus

integrantes. A lógica estrutural do programa é que no momento em que haja

superação de renda, o cartão do beneficio seja devolvido ao programa para ser

repassada a outro individuo devidamente cadastrado e que esta fila de espera para

ser contemplado com o beneficio supracitado. Mas segundo dados retirados da

Secretaria de assistência social da cidade de Boa Vistam do Tupim-Ba, a procura

pelo beneficio continua crescendo, cada vez mais pessoas são cadastradas e

numero de pessoas que deixam de fazer parte do programa ainda mínimo se

comparado a demanda. Partir disso podemos afirmar que o programa do bolsa

família é não responsável pela geração de renda direta.

Desta forma, não se pode afirmar que o PBF é responsável por

gerar dependência em relação a rendimentos desvinculados ao trabalho, ao menos

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Page 54: vuberabilidade social

no que se refere aos domicílios onde existem pessoas ocupadas e que possuem

outras fontes de renda além do benefício.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A –

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ANEXOS

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