anamnes e
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Introdução à Semiologia Clínica
Conceitos
SEMIOLOGIA
Ø Ciência geral dos signos (imagens, gestos, vestuários, ritos, etc).
Ø Estudo e descrição dos sinais e sintomas de uma
doença.
Aurélio Buarque de Holanda
Conceitos
SEMIOLOGIA CLÍNICA
- Estudo de sinais e sintomas com a finalidade de se fazer diagnóstico ou diagnósticos clínicos.
PROPEDÊUTICA
- Introdução de uma ciência, preparação para um estudo mais complexo.
Conceitos
SINTOMA
- Sensação acusada pelo paciente (subjetiva); - Não é percebida pelo observador. Exemplos: Dor
Ansiedade Mal estar Cansaço
Conceitos
SINAIS
- Alterações percebidas pelo médico durante o exame do paciente.
Exemplos: Edema de membros inferiores (MMII)
Ptose palpebral Sopros cardíacos Cianose
SINAIS
Conceitos SÍNDROME
- Associação de sinais e sintomas evoluindo em conjunto, podendo ser provocada por mecanismos vários, e por uma ou mais causas . Exemplos :
• Síndrome de Hipertensão Porta ( Cirrose , Esquistossomose , Trombose de Veia Porta) • Síndrome Disarbsortiva ( Pancreatite , Enterite Regional , Tuberculose Intestinal ) • Síndrome de Down
SÍNDROME
Conceitos
PROBLEMAS - Situações comuns ou sintomas que não são
considerados como doenças mas pioram muito a qualidade de vida, sem implicar maiores riscos de internações ou morte.
Exemplos: Insônia
Tabagismo Sedentarismo Ansiedade Cefaléia
Conceitos
SOMATIZAÇÃO
- Transferir para um plano físico um fenômeno de natureza psicológica.
Exemplos: Diarréia (1º dia de aula)
Vômitos (Ansiedade)
Método Clínico X Recursos Tecnológicos
O Método Clínico
p Medicina Moderna n EXAME CLÍNICO n Exames Laboratoriais n Métodos de Imagem
p Exame Clínico n Relação médico-paciente n Hipóteses diagnósticas n Tomada de decisões
Anamnese Completa
Objetivos:
n Identificar a importância da anamnese na relação médico-paciente e na elaboração de diagnóstico;
n Diferenciação das estratégias para o diagnóstico clínico; n Identificar os elementos componentes da anamnese; n Ser capaz de elaborar uma história clínica a partir da
conversa com o paciente.
Disposições iniciais
- ANÁ = trazer de novo - MNESIS = memória
Anamnese
Conceito Entrevista com o paciente que tem como objetivo colher informações acerca do mesmo, estabelecer com ele uma relação de confiança e apoio e fornecer informações e orientações.
Documento à letra legível à importante para o seguimento do paciente à valor médico-legal
Anamnese
- Núcleo da relação médico-paciente
- “ O instrumento diagnóstico (e muitas vezes terapêutico) mais importante de que o médico dispõe é ele mesmo”. (Benseñor)
Objetivos - Estabelecer a relação médico/paciente; - Obter os elementos essenciais da história clínica; - Conhecer os fatores pessoais, familiares e ambientais
relacionados com o processo saúde/doença; - Obter os elementos para guiar o médico no exame físico; - Definir a estratégia de investigação complementar; - Direcionar a terapêutica em função do entendimento global a
respeito do paciente.
Anamnese
Requisitos básicos:
§ Respeito pelo paciente - Utilize sempre o nome do paciente; - Garanta o conforto e a privacidade do paciente; - Avise sempre que for realizar uma mudança na condução da entrevista
ou uma manobra nova ou dolorosa no exame físico.
§ Sinceridade - Significa ser exatamente quem você é pessoal e profissionalmente
§ Empatia - Colocar-se no lugar do paciente, compreensão
Anamnese
• Reconhecimento de Padrões: - Há mais intuição (associada à experiência) que raciocínio. “Olho Clínico”.
Exemplos: § Paciente jovem, magra, olhos arregalados, aumento do
volume do pescoço à Hipertiroidismo (D. Graves). § Puérpera, edema assimétrico de MMII, claudicante, fácies
de dor à TVP.
Estratégias do Diagnóstico Clínico
Fluxograma - Fluxo padronizado de perguntas e de exames.
Dependendo da resposta/resultado, vão se eliminando hipóteses até chegar num diagnóstico mais provável.
Situações: Ø Profissionais de saúde, triagem dos pacientes para encaminhamento à
emergência ou a um médico; Ø Situações clínicas raras (pouca experiência); Ø Situações de emergência (condutas imediatas, padronizadas por uma
equipe); Ø Protocolos de pesquisa (conduta padronizada).
Estratégias do Diagnóstico Clínico
Fluxograma de Atendimento do Caso Suspeito de Dengue
Caso suspeito: Paciente com história de 7 dias de febre ou menos, acompanhada de 2 ou mais das seguintes manifestações clínicas: cefaléia, dor retro-orbitária, mialgias, artralgias, exantemas.
Exaustão - História clínica e exame clínico “completos”. - Roteiro completo que deveria ser aplicado a todos os pacientes.
Vantagens: - Pacientes com múltiplas queixas, quando se tem dificuldade de elaborar
hipóteses diagnósticas coerentes; - A falta de conhecimentos sobre as doenças limita a possibilidade de uma
investigação anamnésica completa.
Desvantagens: - Muito demorada; - Cada paciente demanda um aprofundamento específico da história e
exame clínico a partir de suas queixas principais; - Não é feita na prática clínica.
Estratégias do Diagnóstico Clínico
Hipotético-dedutiva - Desde o início da consulta, o médico está pensando em
hipóteses diagnósticas e tentando confirmá-las ou afastá-las; - Processo dinâmico (minimamente padronizada, altera-se
quando necessário); - É utilizada pela maioria dos médicos; - Leva em conta conhecimentos prévios.
“ Quem não sabe o que procura, não entende o que acha”. Claude Bernard
Estratégias do Diagnóstico Clínico
Saber o quê e como perguntar
• Sintoma-guia: queixa de mais longa duração ou o sintoma mais salientado pelo paciente.
• Análise de um sintoma : § Localização § Qualidade § Intensidade § Início § Duração e Freqüência § Situações em que aparecem, se agravam ou se atenuam § Sintomas associados
Anamnese
§ Deficiência de Fonação/Audição
§ Diferentes linguagens
§ Estado de Consciência
§ Distúrbios Mentais
§ Crianças
§ Falta de Objetividade
§ Concepções errôneas sobre a Doença
§ Simulação
§ Rejeição a doença
§ Inibição
§ Distração
§ Deficiência de Memória
§ Falta de confiança na Medicina / Médico
Limitações da Anamnese
§ Convida a iniciar o relato
§ Obtém informações adicionais
§ Alcança a relação médico-paciente adequada
§ Evita divagações
Participação Médica na Anamnese
§ Identificação
§ Queixa Principal e Duração
§ História da Doença Atual
§ Interrogatório Sintomatológico
§ Antecedentes Pessoais
§ Antecedentes Familiares
§ Hábitos e Vícios
§ História Pessoal, Familiar e Social
Componentes da Anamnese
§ Nome completo § Sexo (colagenoses ♀, espondiloartropatias ♂, Hemofilia ♂)
§ Idade § Etnia (anemia falciforme, fibrose cística)
§ Estado civil
§ Local de nascimento, cidades em que morou, por quanto tempo (esquistossomose, malária, febre amarela, doença de Chagas)
§ Profissão (DORT, pneumoconioses, lombalgia) § Religião
Identificação
n FMS, sexo masculino, 25 anos, pardo, casado,
natural de Recife, procedente de Petrolina, bancário, católico.
Identificação - Exemplo
n Deve ser relatada na identificação ou após. n Fonte da história (Ex.): o próprio paciente.
Fonte da história
§ Motivo da consulta e quando iniciou § Podem ser incluídas condições ou doenças
existentes que levam a um entendimento imediato da queixa principal
§ Termos do paciente § Registro breve § Cuidado com “rótulos diagnósticos” (descrição X interpretação)
Queixa Principal e Duração (QPD)
- Em que posso ajudá-lo? - Pode me contar o seu problema? - Qual problema o fez decidir-se a procurar o
médico? - Qual o seu problema?
- Diga-me o que o senhor acha que está errado com você.
- Porque motivo o Sr. está internado?
Obtenção da QPD
§ Dor na barriga, febre e vômitos há dois dias. § Avaliação pré-operatória para colecistectomia. § Busca de declaração para o INSS.
QPD - Exemplo
§ Parte principal da anamnese § Linguagem médica § Descrição dos sintomas mais relevantes § Relato claro e em ordem cronológica dos problemas
que levaram o paciente a procurar auxílio médico. § O paciente informa; o médico organiza. § Deve constar o modo como os problemas do
paciente começaram, como se desenvolveram, os sintomas que apareceram e os tratamentos feitos.
História da Doença Atual (HDA)
§ Características semiológicas da dor (decálogo) § Localização
§ Irradiação § Intensidade
§ Caráter ou Qualidade § Duração e Freqüência
§ Evolução
§ Relação com funções fisiológicas § Sinais e sintomas concomitantes
§ Fatores desencadeantes ou agravantes, atenuantes § Tratamentos realizados
História da Doença Atual (HDA)
HDA - Cuidados
§ Perguntas amplas § Informações relevantes de forma sintética e objetiva § Ordenar cronologicamente as informações § Relações de causa e efeito claras § Evitar perguntas indutórias ou tipo “sim” e “não”
p Ínicio da doença há 6 meses com dispnéia aos esforços (subir escadas). Dois meses após passou a apresentar dispnéia de repouso sem tosse, expectoração ou hemoptise. Foi medicado com diuréticos e digitálicos, melhorando acentuadamente e permanecendo assintomático por 2 meses. Há 15 dias, e após 7 dias sem medicação, voltou a apresentar dispnéia de repouso, bem como oligúria e edema de membros inferiores até o joelho. Além disso, surgiram dor em hipocôndrio direito e escarros sanguíneos eventuais. Atualmente suas queixas são as mesmas de 15 dias atrás.
HDA - Exemplo
Ø Novembro/04: Dor em cólica, de leve intensidade (nota 5) em flanco e fossa ilíaca E, sem irradiação, sem fatores desencadeantes ou agravantes, sem manifestações concomitantes, indiferente a alterações de posição e aliviada com uso de tylenol® 750mg, bolsa de água quente e repouso. Episódio durou cerca de 2 horas.
Ø Março/05: Dor repentina semelhante à de nov/04, porém de moderada intensidade e com alívio espontâneo. Após, houve hematúria macroscópica. Permaneceu com tontura e calafrio. Acorda por dor intensa (nota 9), em cólica, em flanco E, com irradiação anterior para fossa ilíaca E, sem fator agravante, acompanhada de tontura, agitação e polaciúria. Alívio parcial desse episódio ao uso de buscopan® e utilização de bolsa de água quente. Nos dias seguintes (1 semana), permaneceu com a dor. Para esta utilizava buscopan® de 6/6h, tylenol® 750 mg de 6/6h e voltaren IM 1 ampola (total de 4-5 ampolas).
HDA - Exemplo
§ Sintomas gerais e constitucionais febre, alterações de apetite e peso, fraqueza, fadiga,
sudorese, ansiedade. § Pele
erupções cutâneas, mudanças de coloração, alteração dos pêlos, cabelos e unhas, nódulos, úlceras, prurido.
§ Cabeça Cefaléia, traumatismos, tontura, vertigem.
§ Olhos Acuidade, lacrimejamento/ressecamento, vermelhidão,
prurido, fotofobia, alteração no campo visual, escotomas. § Ouvidos
Alterações na audição, dor, zumbido, vertigem, infecções, secreção, prurido.
Interrogatório Sintomatológico (IS)
§ Nariz e seios paranasais
Epistaxe, infecções frequentes, obstrução nasal, prurido, diagnóstico de rinite prévio.
§ Boca e garganta Infecções frequentes de garganta, rouquidão, gengivites,
estado dos dentes. § Pescoço
Nódulos, dificuldade de movimentação. § Mamas
Nódulos, dor, desconforto, secreção mamilar
Interrogatório Sintomatológico (IS)
§ Sintomas respiratórios Tosse, expectoração, hemoptise, dor torácica, dispnéia,
sibilância, etc.
§ Sintomas cardíacos Dispnéia, ortopnéia, dor torácica, edemas, palpitações, etc.
§ Aparelho digestivo Disfagia, odinofagia, dor abdominal, queimação retro-
esternal, náuseas, vômitos, diarréia, constipação, etc § Sintomas urinários
Disúria, hematúria, poliúria, polaciúria, urgência, etc.
Interrogatório Sintomatológico (IS)
§ Problemas genitais masculinos Secreção, feridas penianas, disfunções sexuais.
§ Problemas genitais femininos leucorréia, prurido vaginal, dispareunia, disfunções sexuais.
§ Problemas vasculares periféricos Claudicação intermitente, úlceras em MMII, edemas, etc
§ Sintomas musculo-esqueléticos Dores musculares ou articulares, rigidez, edema, etc.
Interrogatório Sintomatológico (IS)
§ Sistema nervoso Síncope, convulsões, tontura, paralisia, dormência,
formigamento, diminuição de força.
§ Problemas hematológicos Sangramento fácil, petéquias ou equimoses, etc.
§ Problemas endócrinos Polidipsia, polifagia, poliúria, etc.
§ Distúrbios psiquiátricos depressão, nervosismo, sintomas psiquiátricos, etc.
Interrogatório Sintomatológico (IS)
p Doenças em geral: HAS, DM; p Depressão, ansiedade, problemas psiquiátricos;
p Traumatismos, cirurgias, hospitalizações prévias;
p Medicamentos em uso e que já usou; p Alergias;
p Imunização; p História obstétrica, uso de ACHO, medidas
preventivas de cancer de colo e útero.
Antecedentes Pessoais
p HAS em tratamento § Hidroclorotiazida 25 mg/dia (ou qd ="quaque die“) ;
§ Atenolol 100 mg 2x/dia (ou bid ="bis in die”)
p Em uso de AAS 100 mg/dia. p Apendicectomia aos 14 anos.
p Nega alergias.
AP - Exemplo
p Ancestrais: estado de saúde, “causa mortis”, idade. Genitores: idem.
p Doenças Familiares em outros membros da família: câncer, hipertensão arterial, cardiopatias, AVCs, nefropatias, ortopatias, psicopatias, hemopatias, tireoideopatias, diabetes, epilepsia, doenças alérgicas.
Antecedentes Familiares
p Pai falecido aos 82 anos por IAM (sic). p Mãe falecida por AVE (sic). p Irmão falecido aos 36 anos, hemofílico. p Demais hígidos.
AF - Exemplo
p Tabagismo p Álcool p Atividade física p Uso de drogas ilícitas p Proteção contra DST/AIDS
Hábitos e Vícios
p Sedentário p Tabagista há 30 anos (1 maço/dia de cigarro comum) p Nega consumo de bebida alcoólica e de drogas ilícitas p Utiliza método de barreira (preservativo) para proteção
contra DST/AIDS. Parceira única.
Hábitos e Vícios (Ex.)
p Habitação: tipo de casa, saneamento (fossas: séptica, negra ou seca), instalações sanitárias, água potável, etc...
p Cohabita com animais ? Quais ? Inquirir sobre o status vacinal dos mesmos
p Condições Sócio-econômicas (Nível educacional, no moradores, renda familiar)
p Vida conjugal e ajustamento familiar p Viagens para áreas endêmicas, banhos de rio em
áreas endêmicas para EM p Riscos de Trabalho (história de acidentes de trabalho,
atividades insalubres e uso de equipamentos de proteção individual).
História Pessoal, Familiar e Social
Áreas endêmicas para EM no Brasil.
p ID – RFL, 65 anos, masculino, natural e procedente de Juazeiro, casado e aposentado.
p QPD – “vomitando sangue” há 1 hora. p FH – esposa do paciente p HDA – Vômito com sangue há aproximadamente 1 hora. Há sete dias, o
paciente caiu e “torceu” o tornozelo esquerdo. A partir de então, passou a fazer uso de diclofenaco de sódio 150mg dia por conta própria, com melhora dos sintomas. Hoje após ingesta alcoólica, apresentou episódios de hematêmese volumosa. No caminho do hospital passou a apresentar sudorese, hipotermia, palidez intensa, desorientação.
p IS • SCV – refere dispnéia e síncope. • TGI – Queixa-se de epigastralgia freqüente. Nega episódios anteriores de hematêmese, melena ou hematoquesia.
Exemplo
p AP – refere HAS; História de úlcera péptica há três anos (tratada com omeprazol); nega diabetes mellitus. Nega sangramentos anteriores. Medicações em uso – captopril 50mg/dia e hidroclorotiazida 25mg/dia
p AF – pai falecido de câncer de estômago; mãe hipertensa e com história de cardiopatia; irmãos hipertensos.
p Hábitos e Vícios– refere tabagismo 2 carteiras de cigarro por dia há cerca de 10 anos e etilismo ocasional (6 cervejas por final de semana).
p HPS – refere morar em casa de alvenaria com boas condições hidrossanitárias. Refere beber água filtrada. Sem animais em casa.
Exemplo
Tem Jeito, Doutor? Gisleno Feitosa
Anamnese é entrevista Que se faz com a doente Ela nos dá uma pista Pro exame procedente Analise estas queixas Deste caso indigitado, A fim de ver se me deixas Um diagnóstico selado. “Seu doutô eu tô chegando Nestantin do sul do Estado Tô chegando e já voltando, Prá cuidar do meu roçado
Só queria assuntar A razão dum empachamento Pois vivo puba e a lançar Não tenho paz um momento. Sinto um fogo evaporando Bem na ponta do espinhaço, Um gondó, que latejando, Me incomoda no canchaço. Friviança e fogo curto. Nas anáguas, um comichão; Parece que tô com surto De morróima de botão.
E essa dor na titela? Deve ser Pelemonia. Tô empombada, amarela, Maga e fria que nem jia. Boca de estambo que dói, Nas tripas um reboliço, Dentiqueiro e dordói, Só pode ser um feitiço. Tem bribuia nas cadeira, Que arde, queima e frivia. No peito uma chiadeira E na cabeça arrelia.
Tirando uma chuchada Em riba do coração, Sinto que tô cabojada, Mente passada e sezão. Das cruzes ao mocotó, No corpo todo tem dor. Tem pena d’eu, tenha dó: Inda tem jeito, doutô?