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Page 1: Aposentadoriaespecia

D.E.

Publicado em 27/02/2009

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.71.08.000076-1/RSRELATOR : Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRAAPELANTE : JARBAS EINSFELD BANDEIRAADVOGADO : Gabriel Diniz da CostaAPELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : Milton Drumond Carvalho

REMETENTE :JUÍZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE NOVOHAMBURGO

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO DO TEMPOCOMUM EM ESPECIAL E DO COMUM EM ESPECIAL. PERFILPROFISSIOGRÁFICO. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL.TUTELA ESPECÍFICA.1. Uma vez exercida atividade enquadrável como especial, sob a égide da legislação

que a ampara, o segurado adquire o direito ao reconhecimento como tal. 2. Constando dos autosa prova necessária a demonstrar o exercício de atividade sujeita a condições especiais, conformea legislação vigente na data da prestação do trabalho, deve ser reconhecido o respectivo tempo deserviço. 3. O perfil profissiográfico previdenciário, elaborado conforme as exigências legais, suprea juntada aos autos do laudo técnico para fins de comprovação de atividade em condiçõesespeciais. 4. A conversão do tempo de serviço comum em especial é possível até a edição da leinº 9032/95. 5. Demostrado o tempo de serviço especial por 15, 20 ou 25 anos, conforme aatividade exercida pelo segurado e a carência, é devida à parte autora a aposentadoria especial,nos termos da Lei nº 8.213/91. 6. Determina-se o cumprimento imediato do acórdão naquilo quese refere à obrigação de implementar e/ou restabelecer o benefício, por se tratar de decisão deeficácia mandamental que deverá ser efetivada mediante as atividades de cumprimento dasentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processoexecutivo autônomo (sine intervallo).

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide aEgrégia 6ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, dar provimentoao recurso, negar provimento à remessa oficial e determinar a implantação do benefício, nostermos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presentejulgado.

Porto Alegre, 18 de fevereiro de 2009.

Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRARelator

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Signatário (a): JOAO BATISTA PINTO SILVEIRA:22140646053

Nº de Série do Certificado: 42C5179E

Data e Hora: 18/02/2009 17:54:50

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.71.08.000076-1/RSRELATOR : Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRAAPELANTE : JARBAS EINSFELD BANDEIRAADVOGADO : Gabriel Diniz da CostaAPELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : Milton Drumond CarvalhoREMETENTE : JUÍZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE NOVO HAMBURGO

RELATÓRIO

Cuida-se remessa oficial e de apelação interposta da sentença proferida nosseguintes termos:

Ante o exposto, julgo PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos deduzidos na presente açãoordinária por JARBAS EINSFELD BANDEIRA contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, inciso I, doCódigo de Processo Civil, para o fim de CONDENAR o réu a:

a) reconhecer como especial o período de 23/09/1982 a 28/04/1995, efetuando, para fins deaposentadoria, a conversão em tempo comum pelo multiplicador "1,40".

Em face da sucumbência recíproca e proporcional, cada parte arcará com os honoráriosadvocatícios de seu patrono, ex vi do art. 21 do Estatuto Processual.

Sem custas, porque o autor é beneficiário da gratuidade da justiça e isento o réu.

A parte autora recorre e postula a parcial reforma da sentença. Sustenta que pediua concessão da aposentadoria especial e não de aposentadoria por tempo de contribuição,reiterando o reconhecimento do período especial até 01-08-06. Refere ainda que no dispositivoconstou a conversão do tempo de serviço especial até 1995, sendo que a atividade foiconsiderada especial na fundamentação até 1998. Por fim, alega cerceamento de defesa, uma vezque não foi realizada perícia para se verificar a nocividade do trabalho exercido.

Sem contra-razões, subiram os autos a este Tribunal.

É o relatório.

À revisão.

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Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRARelator

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiua Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:

Signatário (a): JOAO BATISTA PINTO SILVEIRA:22140646053

Nº de Série do Certificado: 42C5179E

Data e Hora: 18/02/2009 17:54:56

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.71.08.000076-1/RSRELATOR : Des. Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRAAPELANTE : JARBAS EINSFELD BANDEIRAADVOGADO : Gabriel Diniz da CostaAPELADO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO : Milton Drumond CarvalhoREMETENTE : JUÍZO SUBSTITUTO DA 02A VF DE NOVO HAMBURGO

VOTO

A questão controversa nos presentes autos cinge-se à possibilidade dereconhecimento da especialidade do período de 23-09-82 a 01-08-06, frente à legislaçãoprevidenciária aplicável à espécie, e à conseqüente concessão de aposentadoria especial (NB142.266.214-1), a contar da data do requerimento na via administrativa, em 14-12-06.

Inicialmente, cumpre referir que não há se falar em cerceamento de defesa, umavez que a parte autora, diante do despacho de fl. 77, o qual, claramente, indeferia o requerimentogenérico de produção probatória, assim se manifestou, (...) quanto à prova a ser produzida,diante do princípio do livre convencimento racional, todas as provas em direito admitidasdevem ser valorizadas pelo julgador e servem para formar seu convencimento. Assim, sepretendia a realização de perícia técnica deveria ter se pronunciado neste sentido, ou, pelo menosdeveria ter agravado da decisão que previamente indeferia requerimento genérico de produção deprova.

DA ATIVIDADE ESPECIAL

Com relação ao reconhecimento da atividade exercida como especial, é deressaltar-se que o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamenteexercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador.Desse modo, uma vez prestado o serviço sob a égide de legislação que o ampara, o seguradoadquire o direito à contagem como tal, bem como à comprovação das condições de trabalho naforma então exigida, não se aplicando retroativamente uma lei nova que venha a estabelecerrestrições à admissão do tempo de serviço especial.

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Nesse sentido, aliás, é a orientação adotada pela Terceira Seção do EgrégioSuperior Tribunal de Justiça (AGREsp nº 493.458/RS, Relator Ministro Gilson Dipp, QuintaTurma, DJU de 23-06-2003, e REsp nº 491.338/RS, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, SextaTurma, DJU de 23-06-2003), a qual passou a ter previsão legislativa expressa com a edição doDecreto nº 4.827/2003, que introduziu o § 1º ao art. 70 do Decreto nº 3.048/99.

Feita essa consideração e tendo em vista a diversidade de diplomas legais que sesucederam na disciplina da matéria, necessário inicialmente definir qual a legislação aplicável aocaso concreto, ou seja, qual a legislação vigente quando da prestação da atividade pela parteautora.

Tem-se, então, a seguinte evolução legislativa quanto ao tema sub judice:

a) no período de trabalho até 28-04-95, quando vigente a Lei nº 3.807/60 (LeiOrgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei nº 8.213/91 (Lei deBenefícios), em sua redação original (arts. 57 e 58), possível o reconhecimento da especialidadedo trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade enquadrável como especialnos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial ou quando demonstrada a sujeição dosegurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova (exceto para ruído, em que necessáriasempre a aferição do nível de decibéis por meio de perícia técnica, carreada aos autos ounoticiada em formulário emitido pela empresa, a fim de se verificar a nocividade ou não desseagente);

b) a partir de 29-04-95, inclusive, foi definitivamente extinto o enquadramento porcategoria profissional, de modo que, no interregno compreendido entre esta data e 05-03-97, emque vigentes as alterações introduzidas pela Lei nº 9.032/95 no art. 57 da Lei de Benefícios,necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não ocasional nemintermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer meio de prova,considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário-padrão preenchido pelaempresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico;

c) no lapso temporal compreendido entre 06-03-97 e 28-05-98, em que vigente oDecreto nº 2.172/97, que regulamentou as disposições introduzidas no art. 58 da Lei deBenefícios pela Medida Provisória nº 1.523/96 (convertida na Lei nº 9.528/97), passou-se aexigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a comprovação da efetivasujeição do segurado a agentes agressivos por meio da apresentação de formulário-padrão,embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica;

d) após 28-05-98, não é mais possível a conversão de tempo especial para comum(art. 28 da MP 1.663/98, convertida na Lei 9.711/98), sendo, contudo, cabível o reconhecimentode labor especial para fins de concessão de aposentadoria especial;

e) a partir de 06-05-99, o enquadramento passou a ser regulado pelo decreto3.048/99, mantendo-se, no que pertine à comprovação, as exigências fixadas a partir de06-03-97.

Essas conclusões tem suporte em remansosa jurisprudência do Superior Tribunal deJustiça (REsp nº 461.800/RS, 6ª Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJU de 25-02-2004;REsp nº 513.832/PR, 5ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJU de 04-08-2003; REsp nº397.207/RN, 5ª Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJU de 01-03-2004).

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Para fins de enquadramento das categorias profissionais, devem ser considerados osDecretos nºs 53.831/64 (Quadro Anexo - 2ª parte) e 83.080/79 (Anexo II) até 28-04-95, data daextinção do reconhecimento da atividade especial por presunção legal. Já para o enquadramentodos agentes nocivos, devem ser considerados os Decretos nºs 53.831/64 (Quadro Anexo - 1ªparte) e 83.080/79 (Anexo I) até 05-03-97 e o Decreto nº 2.172/97 (Anexo IV) no interregnocompreendido entre 06-03-97 e 28-05-98. Além dessas hipóteses de enquadramento, semprepossível também a verificação da especialidade da atividade no caso concreto, por meio deperícia técnica, nos termos da Súmula nº 198 do extinto Tribunal Federal de Recursos (STJ,AGREsp nº 228832/SC, Relator Ministro Hamilton Carvalhido, Sexta Turma, DJU de30-06-2003).

No caso concreto, o labor especial controverso está assim detalhado:

Período(s): 23-09-82 a 01-08-06.

Empresa: VARIG - Viação Aérea Riograndense S/A

Função/Atividades: Comissário de Bordo

Enquadramento legal:Códigos 2.4.1 do Quadro Anexo do Decreto nº 53.831/64 eSúmula nº 198 do extinto TFR.

Provas: Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 46-7

Conclusão:

Restou devidamente comprovado nos autos o exercício deatividade especial pela parte autora no(s) período(s) antesindicado(s), conforme a legislação aplicável à espécie, emvirtude do enquadramento por categoria profissional até28-04-95 (transportes aéreos) e após, pela Súmula nº 198 doextinto TFR, em face da penosidade da atividade, uma vez que oPPP refere que o aeronauta, na qualidade de tripulante,trabalha à bordo de aeronaves, expondo-se de forma habitual epermanente , a desgaste orgânico, devido a altitudes elevadas,com atmosfera mais rarefeita e menor quantidade de oxigênio,variações da pressão atmosférica em pousos e decolagens ebaixa umidade relativa do ar, sujeitos a barotraumas, hipoxiarelativa constante, implicações sobre a homeostase ealterações do ritmo cardíaco.

Cumpre dizer que o Perfil profissiográfico Previdenciário - PPP foi criado pela Lei9.528/97 (que sucedeu as MPs 1.523/96 e 1.596/97), a qual inseriu o § 4º ao art. 58 da Lei8.213/91, visando a substituição dos antigos formulários SB-40, DISES BE 5235, DSS 8030 eDIRBEN 8030 na comprovação do labor em condições especiais. Porém, somente com oadvento do Decreto 4.032/01, que deu nova redação aos §§ 2º e 6º, e inseriu o § 8º, todos ao art.68 do Decreto 3.048/99, é que se definiu o conceito legal do PPP: "considera-se perfilprofissiográfico previdenciário, para os efeitos do § 6º, o documento histórico-laboral dotrabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS, que, entre outras informações, deve conterregistros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados administrativos".

De acordo com o § 2º do Decreto 3.048/99, com a redação do Decreto 4.032/01, acomprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante aapresentação do perfil profissiográfico previdenciário, elaborado conforme determinação doInstituto Nacional do Seguro Social. Já a Instrução Normativa nº 84/02 - IN/INSS, aoregulamentar a questão, no art. 187, § 1º, estabelece: "O PPP deve ser elaborado pela empresacom base no LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho) e assinado pelo

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representante legal da empresa ou seu preposto, indicando o nome do médico do trabalho e doengenheiro de segurança do trabalho, em conformidade com o dimensionamento do SESMT".Não é demais lembrar que a elaboração de Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho- LTCAT é obrigação da empresa, devendo o mesmo ser disponibilizado à Previdência Social,bem como deve ser anualmente revisado, ocasião em que também se atualiza o Perfilprofissiográfico Previdenciário - PPP (arts. 154, 155, 160, 162 e 187, § 2º, da IN/INSS 84/02).

Do exposto, infere-se que o perfil profissiográfico previdenciário supre, para fins deinativação, a necessidade de apresentação de formulário específico e de laudo técnico, unindo-osem um único documento. Por tal razão entende-se que, uma vez identificado, no documento, oengenheiro ou perito responsável pela avaliação das condições de trabalho, é possível a suautilização para comprovação da atividade especial, em substituição ao laudo pericial. Comoafirma Wladimir Novaez Martinez (grifo nossos): "Com o modelo da IN n. 84/02 (Anexo XV),ele [o PPP] passou a existir formalmente a partir daí, diferindo dos formulários que a práticahavia sugerido ou criado e inserindo mais informações das condições laborais (acostando-se,pois, ao laudo técnico e, de certa forma, o suprindo)". (in PPP na aposentadoria especial. SãoPaulo: LTr, 2003. p. 17)

No mesmo sentido, a jurisprudência (grifos nossos):

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE.CONTRADIÇÃO. RUÍDO. SEM LAUDO. AGENTES QUÍMICOS. PARCIALMENTE ACOLHIDOS.1. O perfil profissiográfico previdenciário elaborado conforme as exigências legais, supre ajuntada aos autos do laudo técnico. 2. Considera-se especial o período trabalhado sob a ação deagentes químicos, conforme o D. 53.831/64, item 1.2.9. (AC 2008.03.99.032757-4/SP, TRF da 3ªRegião, Décima Turma, Unânime, Relatora Juíza Giselle França, DJF3 24/09/08).

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPOESPECIAL EM COMUM. SOLDADOR, VIGIA E TRABALHADOR EXPOSTO A RUÍDO. *Omissis. * O perfil profissiográfico previdenciário - PPP, elaborado com base em laudo técnicopericial, a ser mantido pela empresa nos termos da lei 9032/95 supre a juntada aos autos dolaudo, pois consigna detalhadamente as suas conclusões. (AC 2007.03.99.028576-9/SP, TRF da3ª Região, Décima Turma, Unânime, Relatora Juíza Louise Filgueiras, DJU 09/01/08, p. 550-63).

Desse modo, o período analisado e considerado especial, totaliza 23 anos, 10meses e 09 dias.

Da conversão do período comum em especial

Pretende o demandante a concessão do benefício de aposentadoria especial, cujorequisito é 25 anos de atividades especiais, no presente caso. Observa-se que o autor possui umperíodo de tempo de serviço comum de 12-08-80 a 31-08-82 (fls. 54-6). A fim de obter omencionado benefício, deve haver a conversão para especial do período em que laborou ematividade comum.

Consoante já referido, o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à épocaem que efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídicodo trabalhador. O fato de os requisitos para a aposentadoria terem sido implementadosposteriormente, não afeta a natureza do tempo de serviço e a possibilidade de conversão segundoa legislação da época.

Assim, a Lei nº 9.032, de 28-04-1995, ao alterar o § 3º do art. 57 da Lei n.8.213/91, vedando, a partir de então, a possibilidade de conversão de tempo de serviço comum

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em especial para fins de concessão do benefício de aposentadoria especial, não atinge osperíodos anteriores à sua vigência, ainda que os requisitos para a concessão da inativaçãovenham a ser preenchidos posteriormente, visto que não se aplica retroativamente uma lei novaque venha a estabelecer restrições em relação ao tempo de serviço.

No caso dos autos, o intervalo de tempo comum é anterior à Lei nº 9.032, de28-04-1995, não havendo, pois, óbice à conversão. Considerando que a Lei nº 8.213/91, até asalterações introduzidos pela legislação em comento, era regulamentada pelo Decreto 611/92, oíndice de conversão a ser utilizado, consoante o art. 64, corresponde a 0,71, de modo quechega-se ao seguinte tempo de serviço:

Período Tempo Comum Multiplicador Acréscimo resultante da conversão do tempocomum em especial

12-08-80 a 31-08-82 02a 00m 20d 0,71 01a 05m 15d

Total 01a 05m 15d

Dirimida a questão acerca da comprovação do tempo de serviçocontrovertido, cabe a análise do direito à aposentadoria pretendida.

Para fazer jus à aposentadoria especial deve a parte autora preencher os requisitosprevistos no art. 57 da Lei de Benefícios, quais sejam, a carência e o tempo de serviço.

Da carência

A carência exigida no caso de aposentadoria por tempo de serviço é de 180contribuições. Contudo, para os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24-07-91,bem como para os trabalhadores e empregadores rurais cobertos pela Previdência Social Rural, acarência para as aposentadorias por idade, por tempo de serviço e especial obedecerá a tabela deacordo com o ano em que o segurado implementou as condições necessárias à obtenção dobenefício (art. 142 da LB).

No caso em análise, tendo a parte autora ajuizado o seu pedido em 2006, acarência exigida para a concessão do benefício é de 150 meses de contribuição nos termos dadisposição contida no artigo 142 da Lei nº 8.213/91, o que restou devidamente comprovado nosautos conforme documento de fls. 54-6.

No que pertine ao tempo de serviço, somando-se o período especial judicialmenteadmitido e o labor comum convertido em especial por este julgado, o autor perfaz o seguintetempo de atividades especiais até a DER:

Tempo especial reconhecido pelo julgado 23a 10m 09d

Tempo comum convertido em especial pelo julgado 01a 05m 15d

Total (julgado + INSS) 25a 03m 24d

Portanto, resta comprovado ter o autor trabalhado em atividades especiais por maisde 25 anos, o que lhe garante o direito à aposentadoria especial, a contar da data DER(14-12-2006 -DIB).

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Cumpre referir que, conforme determina o art. 29, II, da Lei 8.213/91, não incide ofator previdenciário no benefício de aposentadoria especial.

Desse modo, a sentença merece reforma, a fim de que seja reconhecido o períodoespecial de 23-09-82 a 01-08-06 e convertido o período comum em especial de 12-08-80 a31-08-82 e outorgado à parte autora o benefício na forma da fundamentação precedente, com opagamento dos valores atrasados, corrigidos monetariamente pelo IGP-DI desde o vencimento decada prestação, acrescidos de juros de mora de 12% ao ano a contar da citação e dos honoráriosadvocatícios, fixados em 10% sobre o valor das parcelas devidas até a data do presentejulgamento, em conformidade com a Súmula nº 76 deste Tribunal, estando o INSS isento decustas, a teor do artigo 8º, parágrafo 1º, da Lei 8.620/93 e do inciso I do art. 4º da Lei 9.289/96.

DA TUTELA ESPECÍFICA DO ART. 461 DO CPC

A 3ª Seção deste Tribunal firmou posição no que se refere à aplicabilidade do art.461 do Código de Processo Civil nas ações de natureza previdenciária, a teor do que restoudecidido pelo acórdão assim ementado:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. ART. 461 do CPC.TUTELA ESPECÍFICA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. EFICÁCIA PREPONDERANTEMENTEMANDAMENTAL DO PROVIMENTO. CUMPRIMENTO IMEDIATO DO ACÓRDÃO.POSSIBILIDADE. REQUERIMENTO DO SEGURADO. DESNECESSIDADE.1. Atento à necessidade de aparelhar o processo de mecanismos preordenados à obtenção doresultado prático equivalente à situação jurídica que se verificaria caso o direito material tivessesido observado espontaneamente pelo "devedor" através da realização da conduta imposta pelodireito material, o legislador, que já havia, na época da edição do Código de Defesa doConsumidor (Lei 8.078/90) instituído a tutela específica do direito do "credor" de exigir ocumprimento dos deveres de fazer ou não fazer decorrentes de relação de consumo, inseriu noordenamento processual positivo, por meio da alteração no art. 461 do Código de Processo Civiloperada pela Lei 8.952/94, a tutela específica para o cumprimento dos deveres de fazer ou nãofazer decorrentes das relações do direito material que não as de consumo.2. A adoção da tutela específica pela reforma processual de 1994 do CPC veio para suprir, emparte, a morosidade judicial, na proporção em que busca dar ao cidadão aquilo e somente aquiloque lhe é devido, tirando o direito do plano genérico-abstrato da norma, conferindo-lhe efeitosconcretos, com o fito de lhe garantir a mesma conseqüência do que aquela que seria obtida peloadimplemento voluntário.3. A sentença que concede um benefício previdenciário (ou assistencial), em regra, compõe-se deuma condenação a implantar o referido benefício e de outra ao pagamento das parcelasatrasadas. No tocante à determinação de implantação do benefício (para o futuro, portanto), asentença é condenatória mandamental e será efetiva mediante as atividades de cumprimento dasentença stricto sensu previstas no art. 461 do CPC, sem a necessidade de um processo executivoautônomo (sine intervallo).4. A respeito do momento a partir do qual se poderá tornar efetiva a sentença, na parte referenteà implantação futura do benefício, a natureza preponderantemente mandamental da decisão nãoimplica automaticamente o seu cumprimento imediato, pois há de se ter por referência o sistemaprocessual do Código, não a Lei do Mandado de Segurança, eis que a apelação de sentençaconcessiva do benefício previdenciário será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo, nostermos do art. 520, caput, primeira parte, do CPC, motivo pelo qual a ausência de previsão deefeito suspensivo ex lege da apelação, em casos tais, traz por conseqüência a impossibilidade, deregra, do cumprimento imediato da sentença.5. Situação diversa ocorre, entretanto, em segundo grau, visto que o acórdão que concede obenefício previdenciário, que esteja sujeito apenas a recurso especial e/ou recursoextraordinário, enseja o cumprimento imediato da determinação de implantar o benefício, ante aausência, via de regra, de efeito suspensivo daqueles recursos, de acordo com o art. 542, § 2º, doCPC. Tal cumprimento não fica sujeito, pois, ao trânsito em julgado do acórdão, requisito

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imprescindível apenas para a execução da obrigação de pagar (os valores retroativamentedevidos) e, consequentemente, para a expedição de precatório e de requisição de pequeno valor,nos termos dos parágrafos 1º, 1º-A e 3º do art. 100 da Constituição Federal.6. O cumprimento imediato da tutela específica, diversamente do que ocorre no tocante àantecipação de tutela prevista no art. 273 do CPC, independe de requerimento expresso porparte do segurado ou beneficiário, pois aquele é inerente ao pedido de que o réu seja condenadoa conceder o benefício previdenciário, e o seu deferimento sustenta-se na eficácia mandamentaldos provimentos fundados no art. 461 do CPC. Em suma, a determinação da implantaçãoimediata do benefício contida no acórdão consubstancia, tal como no mandado de segurança,uma ordem (à autarquia previdenciária) e decorre do pedido de tutela específica (ou seja, o deconcessão do benefício) contido na petição inicial da ação.7. Questão de ordem solvida para que, no tocante à obrigação de implantar (para o futuro) obenefício previdenciário, seja determinado o cumprimento imediato do acórdão sujeito apenas arecurso especial e/ou extraordinário, independentemente de trânsito em julgado e de pedidoespecífico da parte autora. (QOAC 2002. 71.00.050349-7/RS, rel. p/acórdão Des. Federal CelsoKipper, DE 02-10-2007).

Portanto, em vista da procedência do pedido, estando o presente acórdão sujeitoapenas a recurso especial e/ou extraordinário, intime-se o INSS para que, em até 45 dias,implante o beneficio nº 142.266.214-1, conforme os parâmetros definidos neste acórdão.

Frente ao exposto, nos termos da fundamentação, voto por dar provimento aorecurso, negar provimento à remessa oficial e determinar a implantação do benefício.

Desembargador Federal JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRARelator

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