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Conhecimentos Gerais Prof. Cássio Albernaz Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

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Clipping de Notícias:

Os textos aqui apresentados são referências de temas atuais que podem ser abordados para a prova de Conhecimentos Gerais.

A parte referente à História do Brasil é um resumo de referência.

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Conhecimentos Gerais

1. Elementos de política brasileira.

STF CONDENA SENADOR, MAS NÃO TIRA MANDATO

Supremo Condena Senador por Fraude

Correio Braziliense – 09/08/2013

Pela primeira vez na história, o Supremo julgou e condenou um senador. Ivo Cassol (PP-RO) foi considerado culpado no crime de fraude a licitação e punido com 4,8 anos de prisão em regime semiaberto. Mas, em vez de determinar a perda automática do cargo eletivo, como fez no caso do mensalão, o tribunal reviu o entendimento e deixou para o Senado a decisão de cassá-lo ou não. A mudança de posição do STF se deve à entrada em cena dos dois últimos ministros nomeados por Dilma: Teori Zavascki e Roberto Barroso. Foi o voto dos dois que fez o placar anterior, de 5 a 4, mudar para 6 a 4 (Luiz Fux não participou dessa decisão). A expectativa é de que o novo entendimento interfira também no julgamento dos recursos dos réus do mensalão.

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ontem, por 10 votos a zero, o senador Ivo Cassol (PP-RO) a 4 anos, 8 meses e 26 dias de prisão em regime semiaberto e multa de R$ 201,8 mil pelo crime de fraude em licitações. O delito foi cometido entre 1998 e 2002, quando o parlamentar exercia o cargo de prefeito da cidade de Rolim de Moura, em Rondônia. O congressista ficará em liberdade até o julgamento de eventuais recursos que poderá protocolar na própria Suprema Corte. Os ministros definiram que caberá ao Senado deliberar sobre a perda do mandato de Cassol, decisão que deve interferir no caso dos réus detentores de cargo eletivo condenados no julgamento do mensalão.

Na Ação Penal 470, o STF havia determinado por cinco votos a quatro a perda do mandato dos parlamentares condenados, cabendo ao Congresso apenas cumprir a ordem. No entanto, diante da chegada de dois novos ministros à Corte, o entendimento acabou modificado ontem. Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso consideram que cabe ao Legislativo definir se cassará ou não o mandato do congressista. Ambos foram decisivos para a formação do placar de seis a quatro — Luiz Fux, que é contrário a essa corrente, não participou do julgamento de Ivo Cassol, pois já havia atuado no processo quando ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, alertou para a possibilidade de ocorrer a "incoerência" de um parlamentar que perdeu os direitos políticos e condenado ao semiaberto — regime no qual é permitido trabalhar durante o dia — exercer o mandato no Congresso até as 18h e depois ter que se recolher no estabelecimento próprio para o cumprimento da pena. "Pune-se mais gravemente quem exerce responsabilidade maior, essa deve ser a regra. Quanto mais elevada a responsabilidade, maior deve ser a punição, e não o contrário", afirmou Barbosa.

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Luís Roberto Barroso ponderou, no entanto, que a Constituição é clara quanto à prerrogativa exclusiva do Legislativo para decretar a perda do mandato de parlamentares. "Eu lamento que tenha essa disposição, mas ela está aqui. Comungo da perplexidade de Vossa Excelência, mas a Constituição não é o que eu quero, é o que eu posso fazer dela", disse.

No julgamento, iniciado na quarta-feira e concluído ontem à noite, Ivo Cassol e os outros oito réus do processo acabaram absolvidos da acusação de formação de quadrilha. Já por fraude, além do senador foram condenados a 4 anos e 9 meses de prisão Salomão da Silveira e Erodi Antonio Matt, que eram respectivamente presidente e vice-presidente da Comissão de Licitações de Rolim de Moura.

A sessão de ontem acabou presidida pelo vice-presidente Ricardo Lewandowski até a chegada, já no fim da tarde, de Barbosa ao plenário. Ele acompanhou a maior parte do julgamento de seu gabinete por ter sentido dores na coluna. O julgamento foi concluído menos de 10 dias antes do prazo em que os crimes prescreveriam: 17 de agosto.

"Conluio"

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o esquema criminoso consistia no fracionamento ilegal de licitação de obras e serviços de modo que somente empresas envolvidas no "conluio" disputavam o procedimento. Relatora do processo, a ministra Cármen Lúcia destacou que houve a intenção de fraudar 12 licitações durante o período em que Cassol comandou a Prefeitura de Rolim de Moura. O STF definiu que não houve formação de quadrilha, uma vez que não se comprovou a reunião de mais de três acusados para a prática dos crimes.

"O fato é que houve direcionamento das empresas pelo município de Rolim de Moura", frisou o revisor da ação, Dias Toffoli. Ricardo Lewandowski acrescentou. "Ocorreu, a meu ver, um conluio entre a administração do município e as empresas que participavam das licitações", afirmou.

Em nota, Ivo Cassol diz que continuará exercendo o mandato, que termina em 31 de janeiro de 2019. "Sou inocente e vou recorrer em liberdade da sentença que fui condenado! Não houve direcionamento às empresas beneficiadas e muito menos fracionamento dos processos licitatórios conforme denúncia contra mim apresentada", destacou o parlamentar, primeiro senador condenado na história do STF.

APÓS LIVRAR DONADON, CÂMARA QUER VOTO ABERTO EM CASSAÇÕES

Após Livrar Donadon, Câmara Agora Quer Abrir Votos Em Caso De Cassação

O Estado de S. Paulo – 30/08/2013

Objetivo é evitar que episódio se repita no julgamento de condenados no mensalão

Ao não cassar o mandato do deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), que está preso por ter sido condenado no STF, a Câmara colocará em votação proposta que acaba como voto secreto para esse tipo de decisão. O objetivo é evitar que o episódio se repita no caso dos condenados no mensalão. O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), espera concluir o trâmite da proposta em outubro. No Senado, a articulação é para uma regra que

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torne automática a perda de mandato em caso de condenação criminal. O fim do segredo em processos de cassação foi aprovado pelo Senado e tramita na Câmara. O PT foi o partido que mais teve deputados que faltaram à votação de Donadon. Entre os ausentes estão os quatro condenados no mensalão: João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP), Pedro Henry (PP-MT) e José Genoino (PT-SP), de licença médica.

Na tentativa de minimizar os danos de imagem após manter o mandato do deputado preso por peculato e formação de quadrilha Natan Donadon (sem partido-RO) líderes da Câmara prometem colocar em votação a proposta que acaba com o voto secreto nesse tipo de decisão. A ideia é que a nova regra esteja valendo quando os condenados no julgamento do mensalão tiverem seus casos analisados em plenário.

Anteontem, os deputados livraram Donadon da cassação em votação secreta. Ele acabou afastado pelo fato de estar cumprindo pena num presídio em Brasília. Almir Lando (PMDB-RO), seu suplente, assumiu ontem já defendendo o fim da votação secreta em caso de cassações.

O presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que espera concluir o trâmite da proposta do voto aberto em outubro. No Senado, a articulação é para uma regra que tome automática a perda de mandato em caso de condenação criminal em sentença definitiva.

O fim do segredo em processos de cassação foi aprovado pelo Senado em uma proposta de Alvaro Dias (PSDB-PR) e tramita em comissão especial na Câmara. Alves diz que há acordo entre os líderes para a matéria, apesar de a matéria andar ainda a passos lentos. aSe aprovar a do Alvaro Dias sem alteração, mantendo na íntegra, e a ideia é essa, daria para fazer a promulgação e os próximos processos na Casa já seriam assim (comvotação aberta). Daria para fazer em outubro", disse Alves, segundo quem nenhum novo caso de cassação será levado de novo a plenário até que o projeto de abertura da votação seja concretizado.

Quatro deputados foram condenados no julgamento do mensalão. O Supremo determinou a perda de mandato imediata, mas a Câmara aguardava o final da ; análise dos recursos afim de colo-! car os casos em plenário.

Agora, além do fim dos recursos,os condenados terão de esperar a aprovação do projeto. DEM, PPS e PSB anunciaram obstrução em plenário até que a proposta seja votada como forma de pressão para acelerar a tramitação. O prazo na comissão especial é de 10 a 40 sessões e só uma foi realizada até agora.

Precedente

Nos bastidores, petistas admitiam ontem que, ao livrar Donadon, a Câmara poderia criar um precedente para livrar, também, os condenados no mensalão. Após receber aliados em seu gabinete, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR) disse a colegas antes davota-ção que seria alto o número de faltantes e de abstenções, o que se confirmou depois. Vargas diz ter votado a favor da cassação.

No Senado, o presidente Re-nan Calheiros (PMDB-AL), que já teve o mandato salvo duas vezes em votações secretas, preferiu apontar como solução a proposta que determina a perda automática do mandato em casos de condenação criminal definitiva. Marcou para 10 de setembro a votação em plenário da chama-: da aPEC dos Mensaleiros", proposta do senador Jarbas Vascon-cellos (PMDB-PE). Calheiros avaliou, porém, que a absolvição em si não desgasta

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o Congresso. "Acho que não desgasta porque precisamos ter respostas prontas, rápidas, céleres e eficazes. E a resposta neste caso é a PEC porque a sociedade não tolera mais essa situação. Não dá mais" afirmou Calheiros.

Parlamentares Buscam Brechas para Anular Sessão

Na tentativa de anular a sessão que absolveu Natan Donadon (sem partido-RO), dois deputados questionaram à Mesa Diretora 0 fato de o colega ter votado na sessão que decidiu seu futuro.

Simplício Araújo (PP8-MA) e Amauri Teixeira (PT-BA) argumentam que a participação do colega em seu próprio julgamento viola o regimento da Câmara.

A Secretaria-Geral da Mesa su tenta que não houve irregularidades. Pelo regimento, ÍÈé vedado 0 acolhimento do voto do deputado representado". Durante a sessão, 0 presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), anunciou que não computaria o voto. Também na tentativa de reverter a decisão, 0 líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), protocolou mandado de segurança no Supremo pedindo que a sessão seja anulada por erros regimentais. 0 PPS disse que irá ao STF. As chances.de as ações prosperarem, porém, são baixas.

A GUERRA DE MARINA PELA REDE

A Segunda Batalha De Marina No TSE

Autor(es): DIEGO ABREU » DANIELA GARCIACorreio Braziliense – 13/08/2013

Além de validar 500 mil assinaturas – até agora tem 189 mil – a ex-senadora precisa enfrentar os prazos apertados do TSE para a criação do partido

Mesmo se validar as assinaturas nos cartórios eleitorais, Marina enfrentará um longo processo no tribunal para a criação da Rede. Entre a apresentação do pedido e a votação em plenário, tramitação leva pelo menos um mês

A 53 dias do prazo final para que o partido de Marina Silva seja criado em tempo hábil de participar das eleições de 2014, a ex-senadora corre contra o relógio para conseguir validar pelo menos 500 mil das 800 mil assinaturas que a Rede coletou. A certificação dos apoios pelos cartórios e pelos tribunais regionais eleitorais (TREs), porém, é apenas a primeira de duas batalhas que a pré-candidata ao Palácio do Planalto terá de enfrentar: a segunda será travada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que costuma levar mais de um mês desde a apresentação do pedido de registro até a análise do processo de criação da sigla em plenário.

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Marco Aurélio Mello alerta que a checagem das assinaturas é “algo de vulto”, que precisa seguir uma série de requisitos. “Há listagens para conferir. É preciso checar se os apoiamentos existem. Não se pode pretender criar um partido da noite para o dia. Há formalidades legais inafastáveis”, afirmou o ministro, que acumula funções no TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF).

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Porta-voz no Distrito Federal da Rede, André Lima descarta a possibilidade de o partido sofrer com o pouco tempo de tramitação no TSE. Segundo ele, a Rede Sustentabilidade está livre de impugnações, já que contou, principalmente, com o apoio da militância. “Nós contamos com uma gente que quer se reencantar com a política e que acredita na democracia”, destacou. Segundo ele, as pesquisas eleitorais que apontaram o aumento da popularidade de Marina Silva motivam ainda mais a Rede seguir à risca a legislação para que o partido seja registrado a tempo. “É de conhecimento de todos que a população quer a opção da Rede nas eleições de 2014.”

Na legalização do PSD, em 2011, o TSE levou um mês e quatro dias para analisar o registro. O partido havia entrado com o pedido em 23 de agosto e sua criação acabou aprovada em 27 de setembro, 10 dias antes do prazo final, que, naquela ocasião, vencia em 7 de outubro. O partido, fundado pelo ex-prefeito paulista Gilberto Kassab, sofreu quatro pedidos de impugnação no TSE, que acusavam irregularidades na coleta das assinaturas e ausência de documentos exigidos pelo órgão. Os pedidos foram apresentados pelo Democratas (DEM), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido dos Servidores Públicos e dos Trabalhadores da Iniciativa Privada do Brasil (PSPB) e por Lúcio Quadros Vieira Lima, que se qualificou como cidadão interessado.

Audiência

Em 2013, o prazo encerra mais cedo, em 5 de outubro, exatamente um ano antes do primeiro turno das eleições de 2014. Se o processo do partido de Marina caminhar no TSE com a mesma velocidade que o do PSD, ela teria somente mais duas semanas para entrar com o pedido de registro.

Esse procedimento, no entanto, só poderá ser feito quando pelo menos nove TREs tiverem certificado as assinaturas, totalizando 500 mil apoios. Até ontem, somente 189 mil haviam sido validadas. Afim de cobrar agilidade dos cartórios eleitorais para validarem as assinaturas e remeterem as listagens aos TREs, Marina Silva pediu uma audiência com a corregedora-geral Eleitoral, Laurita Vaz, que deve marcar o encontro para esta semana.

Um integrante do TSE ouvido pela reportagem observa que o procedimento dos cartórios é trabalhoso. Na avaliação dele, não há como afirmar se haverá tempo hábil para que a Rede seja criada antes de 5 de outubro. O ministro alerta que se houver impugnações contra a criação da legenda, o TSE precisará de um tempo ainda maior, uma vez que há abertura de prazos e a necessidade de o tribunal consultar o Ministério Público antes da votação no plenário.

Além do PSD, o PPL conseguiu registro em 2011. A legenda obteve o aval do TSE apenas três dias antes do prazo final, em 4 de outubro daquele ano, um mês e 10 dias depois de entrar com o pedido. O PEN não teve a mesma sorte. Depois de entrar com a papelada no TSE em 21 de setembro de 2011, a sigla viu o plenário rejeitar a sua criação imediata, o que levou a agremiação a receber o registro somente nove meses depois.

Outro problema da Rede seria a rejeição de 23% das assinaturas nos cartórios. Segundo André Lima, a Justiça estaria tendo dificuldades para conhecer assinaturas de jovens com menos de 18 anos e idosos que deixaram de votar nas últimas eleições. “Eles avaliam o canhoto das últimas eleições e não o título de eleitor”, explicou.

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• Confira o passo a passo necessário para a criação de um partido:

• A legenda precisa apresentar cerca de 500 mil assinaturas de apoio válidas, o equivalente a 0,5% do total dos votos dados para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições

• As assinaturas são verificadas pelos cartórios eleitorais e encaminhadas para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE)

• » Antes de entrar com o pedido de registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a sigla precisa da certificação das assinaturas de pelo menos nove TREs. A resolução que disciplina a criação de partidos estabelece que as assinaturas sejam coletadas em pelo menos um terço dos estados brasileiros e atinjam ao menos 0,1% dos eleitores de cada uma dessas nove unidades da Federação

• Em posse das certificações de pelo menos nove TREs e com a quantidade mínima nacional de assinaturas, a legenda entra com o pedido de registro junto ao TSE

• No prazo de até 48 horas após a apresentação do pedido, o processo deve ser distribuído a um relator

• Caberá a qualquer interessado impugnar, no prazo de três dias, contados da publicação do edital, o pedido de registro. Havendo impugnação do Ministério Público ou de outro partido, será aberta vista ao requerente para contestar no mesmo prazo» A Procuradoria-Geral Eleitoral deverá se manifestar em três dias antes de o processo ser liberado para o relator, que não tem prazo para apresentar em mesa para julgamento o pedido de registro. Quando não há impugnação, o processo segue imediatamente para a análise do relator

• Para que o partido esteja apto a participar das eleições de 2014, é necessário que o registro seja aprovado pelo plenário do TSE antes de 5 de outubro de 2013 (um ano antes do pleito). Esta também é a data-limite para um político se filiar a uma sigla, caso queira disputar as eleições do ano que vem

• Outros casos:

Veja quanto tempo os últimos partidos criados no país precisaram desde o pedido de registro até a decisão do TSE:

• PSD: Pedido protocolado em 23 de agosto de 2011 e deferido em 27 de setembro do mesmo ano

• PPL: Pedido protocolado em 24 de agosto de 2011 e deferido em 4 de outubro daquele ano

• PEN*: Pedido protocolado em 21 de setembro de 2011 e deferido em 19 de junho de 2012

* O pedido do PEN chegou a ser levado a julgamento em 6 de outubro de 2011, mas havia falhas no processo de coleta das assinaturas. Os ministros então converteram o processo em diligências para que fossem sanadas, o que ocorreu somente em 2012.

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MAIS MÉDICOS COMEÇA HOJE EM 13% DAS CIDADES

Brasileiros em 454 cidades dão início ao Mais Médicos

Autor(es): Lígia FormentiO Estado de S. Paulo – 02/09/2013

O desembarque de brasileiros em 454 cidades marca hoje a estreia de fato do programa Mais Médicos. A chegada atenderá à demanda de apenas 13% dos municípios que se inscreveram na primeira etapa da iniciativa.

Profissionais desembarcam hoje nos municípios contemplados na primeira fase do programa; Ceará receberá maior contingente

O desembarque de brasileiros em 454 cidades hoje marca a estreia de fato do Mais Médicos, programa lançado em julho pelo governo federal para ampliar a oferta de profissionais em áreas consideradas prioritárias. Achegada atenderá à demanda de apenas 13% dos municípios que se inscreveram na primeira etapa da iniciativa.

A timidez da estreia é ainda mais marcante nos Estados do Norte, Amapá, por exemplo, deterá receber três médicos brasileiros. Acre e Roraima, por sua vez, ficam, cada um, com nove profissionais. Ceará é o Estado que vai receber maior contingente: 106 médicos, seguido da Bahia, com 103.

Na primeira fase do programa, 3.511 cidades requisitaram 15.460 profissionais para trabalhar no atendimento de saúde local. A resposta ao convite foi pequena: 1.096 médicos brasileiros e outros 282 estrangeiros. Há ainda 4 mil cubanos, recrutados por meio de um acordo firmado entre o governo brasileiro e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Desse convênio, 400 já desembarcaram no País. Os demais são esperados até dezembro.

Na sexta-feira, uma nova etapa de inscrições, tanto de médicos quanto de cidades interessadas em participar do programa, foi concluída. O novo balanço, com números de novas cidades e candidatos às vagas, deverá ser divulgado hoje. A ideia é fazer chamamentos mensais até que a demanda seja totalmente atendida.

Pelas regras do Mais Médicos, a prefeitura é obrigada a manter a quantidade de profissionais existente anteriormente. Bolsistas do programa só podem ser incluídos para expandir a capacidade de atendimento. O controle é feito por meio do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde. No sistema, constam os dados dos médicos que atuam nos municípios. São as prefeituras que devem arcar com a alimentação e a moradia dos bolsistas.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse estar convicto de que a acolhida dos profissionais nas cidades hoje será bem diferente da chegada dos cubanos ao País, na semana passada. “Estou certo de que eles serão muito bem recebidos pela população, Há um anseio pela chegada deles”, disse.

A primeira onda é formada por médicos brasileiros. Para tentar aplacar as críticas de entidades de classe, o Mais Médicos deu prioridade para profissionais do País. Em uma segunda etapa, inscreveram-se brasileiros e estrangeiros com diplomas obtidos no exterior. A terceira fase – e a responsável pela maior parte do efetivo de profissionais – é fruto do convênio feito com a Opas.

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Embora o acordo entre a Opas e o governo brasileiro tenha sido anunciado há duas semanas, médicos cubanos há pelo menos seis meses se preparam para trabalhar no Brasil. Desde o início do ano, profissionais em várias regiões de Cuba recebem aulas de português e sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), com professores destacados pelo governo brasileiro. O material didático usado é o mesmo adotado no curso de três semanas dado para estrangeiros.

Reação truculenta: O risco de o ritmo de adesão de médicos de outras nacionalidades cair ainda mais por causa dos protestos da semana passada foi descanado por Padilha. “Foi uma reação truculenta, uma postura isolada que não representa o sentimento de milhões de brasileiros”, disse.

NA MIRA DOS ESTADOS UNIDOS – DILMA FOI ALVO DIRETO DA ESPIONAGEM AMERICANA

EUA ESPIONAM DILMAAutor(es): CRISTINA TARDÁGUILA JÚNIA GAMAO Globo – 02/09/2013

NSA monitorou telefone e e-mails da presidente A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) monitorou o conteúdo de telefonemas, e-mails e mensagens de celular da presidente Dilma Rousseff e de um número ainda indefinido de “assessores-chave” do governo brasileiro. Além de Duma, também foram espionados pelos americanos nos últimos meses o presidente do México, Enrique Peña Nieto, — quando ele era apenas candidato ao cargo — e nove membros de sua equipe. As informações foram reveladas ontem pelo “Fantástico’ que teve acesso a uma apresentação feita dentro da própria NSA, em junho de 2012, em caráter confidencial. O documento é mais um dos que foram repassados ao jornalista britânico Glenn Greenwald por Edward Snowden, técnico que trabalhou na agência e que hoje está asilado na Rússia. Ontem à noite, ao tomar conhecimento da reportagem, o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, classificou a espionagem como um fato “gravíssimo” e afirmou que, se confirmado o monitoramento das comunicações da presidente Dilma e de seus assessores, o episódio terá sido uma “clara violação à soberania” brasileira. Cardozo antecipou ainda que fará um pedido formal de explicações aos Estados Unidos e que o tema será levado à Organização das Nações Unidas (ONU). — Se forem confirmados os fatos da reportagem, eles devem ser considerados gravíssimos, caracterizarão uma clara violação à soberania brasileira — disse o ministro. — Isso foge completamente ao padrão de confiança esperado de uma parceria estratégica, como é a dos Estados Unidos com o Brasil. Diante desses fatos, vamos exigir explicações formais ao governo americano, o Itamaraty convocará o embaixador dos Estados Unidos para dar explicações e vamos levar o assunto a todos os fóruns competentes da ONU. A apresentação em que a presidente Dilma Rousseff e o presidente Enrique Peña Nieto são citados e aparecem até em fotos tem um total de 24 slides e não traz nenhum exemplo de e-mail ou ligação da governante brasileira. O título é “Intelligency filtering your data: Brazil and Mexico case studies” (inteligência filtrando informação: os estudos de caso do Brasil e do México’ numa tradução livre), e sua classificação indica que o documento só pode ser lido pelos países que integram o grupo batizado pela NSA como “five eyes’ São eles: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Cana- dá e Nova Zelândia. Nesse mesmo documento, que data de junho de 2012, a NSA explica com grande precisão de detalhes e desenhos como espiona os telefonemas, e-mails e mensagens de celular dos dois líderes latino-americanos. Ao final, congratula-se de ter tido “sucesso” na empreitada. Segundo o jornalista Glenn Greenwald, que recebeu os documentos de Snowden e colaborou com a

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reportagem do “Fantástico’ a apresentação de slides deixa claro que o primeiro passo da NSA é identificar seus alvos, seus números de telefone e seus endereços de e-mail. Depois, usando pelo menos três programas de computador — o Cimbri, Mainway e Dishfire ( este capaz de procurar uma palavra-chave numa imensidão de dados) —, a agência filtra as comunicações que devem merecer mais atenção. Para ilustrar esse processamento de dados, a apresentação traz a imagem de duas mensagens de celular. A primeira delas, capturada numa comunicação travada entre dois colaboradores do então candidato Enrique Pefla Nieto, ele aparece citado pela sigla EPN ( as primeiras letras de seu nome). A segunda, extraída do celular do próprio Pefia Nieto, traz uma revelação: o nome daquele que viria a ser anunciado, dias mais tarde, como coordena- dor de comunicação social do governo. Nessa parte do documento, lê-se, no alto do slide, o número 85.489. Para Greenwald, o número poderia significar o total de mensagens interceptadas pela NSA no entorno de Peña Nieto. O dado não foi comprovado. Ao trazer à tona o estudo de caso do Brasil, a apresentação da NSA é clara. Seu objetivo é “aumentar o entendimento dos métodos de comunicação” de Dilma Rousseff e de seus “assessores-chave’ No slide que vem logo em seguida, a agência mostra, sem revelar nomes, a teia de relacionamentos da presidente e como esses indivíduos se relacionam entre si, Segundo a interpretação de Greenwald, essa é uma forma de os Estados Unidos identifica-rem os principais interlocutores do governo brasi1eiro E, segundo revela o documento obtido pelo “Fantástico’ o esforço tem dado resultado. Na conclusão da apresentação sobre o caso Brasil, a NSA destaca que “foi possível aplicar essas técnicas com sucesso contra alvos importantes’ inclusive contra os brasileiros e mexicanos que costumam proteger tecnicamente suas comunicações (os chamados “OPSEC-savvy’ em inglês). o ministro José Eduardo Cardozo preferiu não adiantar que providências seriam tomadas caso as denúncias reveladas ontem sejam confirmadas, mas avançou na crítica: — Isso (a espionagem) atinge não só o Brasil, mas a soberania de vários países que pode ter sido violada de forma absolutamente contrária ao que estabelece o direito internacional — destacou ele. — Não pode haver uma coleta indiscriminada de dados no Brasil sem a determinação do Poder Judiciário. Representei o Brasil em Washington em reuniões sobre o assunto, e propusemos um protocolo de entendimento que visasse a assegurar a soberania internacional, apenas permitindo a interceptação de dados com ordem judicial, mas os Estados Unidos não aceitaram o acordo, dizendo que não iam faze-lo nem com o Brasil nem com outro país. ‘AMIGO, INIMIGO OU PROBLEMA? Mas o interesse da NSA pelos brasileiros não se esgota aí. Um segundo documento revelado ontem à noite indica que os Estados Unidos ainda têm dúvidas quanto à sua avaliação do Brasil. Em um dos slides do powerpoint intitulado “Identifying challenges for the future” (“Identificando desafios para o futuro”), que também foi repassado a Greenwald por Snowden, a Agência de Segurança Nacional se faz uma pergunta: “Amigos, inimigos ou problemas?’ Logo abaixo faz uma lista de países que merecem observação. O Brasil encabeça o ranking composto ainda por Egito, Índia, Irã, México, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Turquia e lêmen, Classificada pela sigla “FOUO” (“for official use only” ou “exclusivo para uso oficial), a apresentação tem 18 slides e pretende levar a agência a fazer uma reflexão sobre o período que vai de 2014 a 2019. O documento também classificado como confidencial e disponibilizado apenas para os “five eyes’ países com quem a NSA diz “trocar informações de forma frequente’ No terceiro e último documento repassado por Greenwald ao “Fantástico a maior agência de segurança do mundo revela que mantém uma equipe responsável por monitorar questões comerciais em treze países da Europa e em “parceiros estratégicos” mundo a fora. Na lista da 151 estão Brasil, México, Japão, Bélgica, França, Alemanha, Itália e Espanha. Segundo o documento, são nações que têm em comum o fato de serem importantes para a economia americana e para as “questões de defesa’ Essa divisão especializada da NSA também daria ao órgão “informações sobre as atividades militares e de inteligência” desses países.

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ACREDITE SE QUISER: CÂMARA DERRUBA VOTO SECRETO POR UNANIMIDADE

Agora só falta o SenadoAutor(es): Paulo Celso Pereira, Isabel Braga e Cristiane JungblutO Globo – 04/09/2013

Depois de sete anos, Câmara aprova, em segundo turno, fim do voto secreto Brasília – Seis dias após salvar o mandato do deputado-presidiário Natan Donadon (sem partido-RO) em uma votação secreta, a Câmara dos Deputados tentou dar ontem uma satisfação à sociedade e aprovou, em segundo turno, por unanimidade, com 452 votos favoráveis, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 349, que põe fim ao voto secreto para todas as decisões tomadas em sessões plenárias do Parlamento. A votação em primeiro turno aconteceu há sete anos, e o texto segue agora para o Senado, onde a tramitação deve demorar, no mínimo, um mês. Se aprovado pelos senadores, todos os futuros processos de cassação de mandato parlamentar terão o voto aberto dos seus colegas. A decisão de pôr a medida em votação partiu do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Ainda pela manhã, ele chegou à Casa informando que pautaria a proposta na sessão da noite e que informaria aos líderes sua decisão. Henrique estava emparedado pela decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que na segunda-feira suspendeu a decisão da Câmara que não cassou o mandato de Donadon. — Esta Casa marcou um passo ao reencontro da democracia — afirmou o presidente, à noite, ao proclamar o resultado da sessão em que apenas ele não votou. Apesar da aprovação da medida, existe na oposição o temor de que o Senado demore na discussão da proposta, e ela acabe não sendo votada. O receio aumentou diante da afirmação do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), na tribuna, informando que, após a aprovação da PEC 349, seu partido não aceitaria votar a PEC 196, que prevê o voto aberto apenas na cassação de mandato de parlamentares. — Não vamos fazer o papel de votar duas PECs, sendo a segunda mais restrita. Não vou enganar a opinião pública — afirmou Cunha. Apesar de ser mais restrita, a PEC 196 já passou pelo Senado, já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, e agora aguarda discussão e votação em comissão especial, e depois no plenário, em dois turnos. Pelas contas de Henrique Alves, em duas semanas, a PEC 196 poderá ser pautada para o plenário e, caso aprovada, entrará em vigor imediatamente. Desconfiado, o líder da minoria na Câmara, Nilson Leitão (PSDB-MT), disse, durante a sessão, que os partidos de oposição exigirão a votação da PEC já aprovada pelo Senado, que servirá como garantia caso os senadores demorem a analisar a proposta aprovada ontem pela Câmara: — Isso é o jogo do Planalto. Vamos exigir a votação da PEC 196. Porque votar apenas a PEC 349 é "me engana que eu gosto". Porque sabe-se lá quando vai votar lá (no Senado). Antes da votação final pelos deputados, à noite, o presidente do Senado, Renan Calheiros (DEM-AL), gerando mais desconfianças, disse que a Câmara deveria ter priorizado a medida mais restrita (já aprovada pelo Senado) para só depois partir para a mais ampla, que deverá suscitar debates: — Nós já aprovamos a proposta há mais de um ano. O fundamental seria votar essa matéria primeiro. Ela seria promulgada em oito dias. E, depois, nós a ampliaríamos. A proposta votada ontem sofre restrições mesmo entre os parlamentares que defendem o fim do voto secreto para cassações de mandato. Isso porque a PEC abre o voto dos parlamentares em situações delicadas, como apreciação de vetos presidenciais e indicações de ministros do Supremo e do procurador-geral da República, o que pode gerar, na visão deles, o risco de sofrerem retaliações por parte do governo e de autoridades do Judiciário. Ainda durante a reunião de líderes na Câmara, a avaliação final foi que o Senado terá a oportunidade de fazer alterações na PEC. Em plenário, muitos deputados diziam que não era possível votar ontem contra a PEC do Voto Aberto, mesmo convencidos de que ficarão expostos em algumas situações, como na apreciação dos

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vetos presidenciais. — Curiosamente, alguns colegas passavam entre as bancadas fazendo comício contra, dizendo que estávamos dando um tiro no pé — contou o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ). Muitos usaram a tribuna para justificar por que estiveram ausentes na votação da semana passada. Ontem, dos quatro deputados condenados no caso do mensalão, apenas Pedro Henry (PP-MT) sentou-se no fundo do plenário e votou. Já Valdemar Costa Neto (PR-SP) apenas registrou sua presença ainda cedo. O petista João Paulo Cunha (SP) não registrou presença, e José Genoino (PT-SP) está de licença médica. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), defensor do voto aberto em qualquer situação, ponderou: — O parlamentar vai pensar duas vezes se fica bem com o governo, contra sua consciência e contra a sociedade, ou se fica bem com seu eleitor. É um teste à nossa independência. Ontem, integrantes da Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto, criada em 2011, fizeram um ato em favor da PEC pelos corredores da Câmara e terminaram com a abertura, no plenário, de uma enorme faixa amarela e preta com o slogan "Voto aberto Já". O próprio Henrique Alves posou para fotos ao lado deles afirmando que seria uma "sessão histórica". Durante a sessão, Alves foi criticado por alguns deputados, como Sílvio Costa (PTB-PE), sugerindo que ele "estava jogando para a plateia". Mas, ao iniciar a sessão de ontem, o presidente foi taxativo: — Esta Casa não pode vacilar. O Brasil espera uma resposta que não pode demorar deste Parlamento. Vi esta Casa se agachar, se levantar, mas não vi um desgaste maior a essa Casa, à sua credibilidade do que o ocorrido na noite fatídica da quarta-feira. O mea culpa é de todos nós. A comissão especial que analisa a PEC 196 se reuniu ontem, mas ainda precisa cumprir prazos para que ela seja levada ao plenário, o que deve ocorrer no dia 24 de setembro. Integrante da comissão, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) reclamou da decisão de privilegiar a PEC 349: — O mais rápido é votar a PEC 196. É a resposta que a sociedade quer. Na semana passada, no caso Donadon, quebraram o vaso. O vaso quebrou, agora não adianta querer colar.

A JUSTIÇA TARDA: STF MANTÉM IMPUNIDADE DE MENSALEIROS ATÉ 2014

PUNIÇÃO ADIADAO Globo – 19/09/2013

Celso de Mello reabre julgamento, e Fux é o novo relator. Decano diz que sentimento das ruas não pode se sobrepor à lei e que recurso assegura direito de defesa. STF reconhece direito a novo julgamento para 12 réus; Dirceu pode sair do regime fechado -BRASÍLIA- Doze dos 25 réus condenados no processo do mensalão ganharam ontem o direito a um novo julgamento — entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal (STF) admitiu a possibilidade de analisar os embargos infringentes, um recurso que permite o reexame de provas e a absolvição em crimes cuja condenação contou com ao menos quatro votos a favor do réu. O voto de Minerva foi dado pelo ministro Celso de Mello, o mais antigo na Corte, que disse rejeitar a pressão das ruas sobre o Supremo. Como há prazos para os advogados entrarem com os recursos e o Ministério Público Federal se pronunciar, qualquer punição aos mensaleiros pode ficar apenas para 2014. O ministro Luiz Fux substituirá o presidente Joaquim Barbosa na relatoria dos recursos. O tribunal deu prazo de 30 dias para os réus entrarem com os infringentes, a contar da publicação no Diário da Justiça do acórdão referente aos embargos declaratórios, recursos cujo julgamento foi encerrado no último dia 5. A expectativa é que o tribunal leve cerca de 15 dias para publicar o acórdão, mas, pelo regimento, a publicação poderá ocorrer até o início de novembro. Acórdão publicado, e esgotado o prazo dos réus, a Procuradoria Geral da República ganha outros 15 dias para se manifestar. Na hipótese célere, os prazos encerrariam em meados de novembro, e Fux elaboraria seu voto

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imediatamente depois. Em outro cenário, os prazos terminariam em 19 de dezembro, último dia do ano antes das férias do tribunal, inviabilizando o desfecho do caso este ano. EXECUÇÃO DE PENAS FSCA SUSPENSA Em razão do adiamento da conclusão do processo, a execução das penas dos 12 condenados que têm direito ao embargo infringente ficará suspensa. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, contudo, não mencionou na sessão de ontem como ficará a situação dos outros 13 réus que não têm direito aos recursos. A prisão deles deve ser discutida em plenário quando o tribunal publicar o acórdão. Se ficar decidido que o grupo não pode mais entrar com nenhum tipo de recurso, as penas deverão ser executadas imediatamente. Apontado como chefe da quadrilha do mensalão, Dirceu pode ter sua pena, atualmente em dez anos e dez meses, diminuída para sete anos e 11 meses, deixando de cumprir a pena em regime inicialmente fechado e passando ao regime semiaberto. No ano passado, Dirceu foi condenado por formação de quadrilha por seis votos a quatro. Por outro lacjd, não há como revisar a pena de corrupção ativa, crime pelo qual Dirceu foi con denado por oito votos a dois. Além de Dirceu, sete réus condenados por formação de quadrilha tiveram pelo menos quatro votos pela absolvição: o ex-presidente do PT José Genoino; o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; o operador do esquema, Marcos Valério, e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Crisüano Paz; e os ex-executivos do Banco Rural Ká-tia Rabello e José Roberto Salgado. Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério, foi condenada pelo crime, mas não cumprirá pena porque houve prescrição. Esses réus têm chance de serem absolvidos do crime de formação de quadrilha. Isso porque a formação da Corte mudou em relação ao ano passado, com a substituição de dois integrantes. Recentemente, o STF absolveu o senador Ivo Cassol (PP-RO) da acusação de formação de quadrilha, mudando a jurisprudência do tribunal. Se o mesmo ocorrer na ação penal 470, Delúbio Soares também vai para o semiaberto. Outros três condenados poderão questionar a pena por lavagem de dinheiro: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP); o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu; e o doleiro Breno Fischberg. No caso dos dois últimos réus, eles foram condenados apenas por lavagem. Ou seja, em tese, podem ser totalmente absolvidos depois do julgamento dos embargos infringentes. No caso de Cunha, se ele for absolvido será preso em regime semiaberto, não no fechado, como decidiu o tribunal no ano passado. Na semana passada, a votação sobre a legitimidade ou não do recurso foi interrompida com cinco votos a cinco. O voto de desempate foi dado ontem pelo mais antigo integrante da Corte, Celso de Mello. Ele defendeu os infringentes como garantia de um processo justo aos réus. E esclareceu que a Corte deve agir com correção jurídica, e não para atender os desejos das ruas. — Tenho para mim que ainda subsistem, no âmbito do STF, nas ações penais originárias, os embargos infringentes — arrematou o decano. Por duas horas, o ministro sustentou que os infringentes estão previstos no Regimento Interno, de 1980, que tem força de lei. E lembrou que a Lei 8.038, de 1990, que disciplinou recursos judiciais no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), não tratou dos infringentes, mas também não os baniu do regimento. Celso de Mello afirmou que, ao silenciar sobre esse tipo de recurso, a lei de 1990 criou uma ""típica lacuna intencional" para manter a validade do regimento do Supremo. O ministro acrescentou que apenas o Congresso pode extinguir a possibilidade de embargos infringentes para ação penal no STF. E argumentou que não há outro tribunal ao qual se possa recorrer de condenação do STF. Daí a importância dos embargos infringentes. — No STF, não há uma instância de superposição, e isso é grave. Por isso mesmo que o STF, no Regimento Interno, sabiamente construiu um modelo recursal que permite a possibilidade de controle jurisdicional de suas próprias decisões, porque não há outro órgão do Poder Judiciário ao qual a parte supostamente lesada possa se dirigir — explicou.

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25 ANOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: PROMULGAÇÃO MARCOU TRANSIÇÃO ENTRE DITADURA E DEMOCRACIA

Em 5 de outubro de 1988, o Congresso Nacional brasileiro estava em polvorosa. Do lado de fora, tropas militares saudavam parlamentares com tiros de canhão e fogos de artifício. Lá dentro, os políticos sabiam que estavam vivendo um momento histórico.

Após subir a rampa do Planalto com o presidente José Sarney e Raphael Meyer, ministro do STF, o deputado Ulysses Guimarães, então presidente da Assembleia Nacional Constituinte, assinou os documentos no plenário da Câmara dos Deputados e disse a frase que todos esperavam: “Declaro promulgado o documento da liberdade, da dignidade, da democracia e da justiça social do Brasil”.

Em 2013, o texto final da Constituição do Brasil promulgada em 1988 completa 25 anos. Em vigor até hoje, os 347 artigos do documento aprovado representaram um avanço nos direitos sociais dos brasileiros, marcando também a transição do regime militar para uma democracia.

A Constituição ou Carta Magna é um documento de leis fundamentais que refletem a estruturação do Estado, formação dos poderes, formas de governo e direitos e deveres do cidadão de um país.

Ao longo da história, o Brasil teve sete constituições, sendo que primeira data de 1824 e foi outorgada por D. Pedro 1º durante o Império. Em 1891, após a Proclamação da República (1889), foi promulgada a primeira Constituição Republicana brasileira, que adotou o sistema de governo presidencialista, a eleição do chefe de Estado por voto direto e a divisão entre o Poder Legislativo (Câmara dos Deputados e Senado Federal), o Poder Executivo e o Poder Judiciário.

Constituição democrática

Foram 18 meses até que a Constituição de 1988 fosse aprovada. O documento foi elaborado partir de propostas tanto dos congressistas quanto da população, através de audiências públicas com representantes de movimentos sociais. Foi a primeira vez na história do Brasil que a população participou diretamente da elaboração da Constituição.

Naquela época, a promulgação foi decisiva para fazer a ruptura com a Constituição de 1967, criada durante o período do regime militar no Brasil (1964-1985) e que criou Atos Institucionais, decretos que restringiam direitos e garantias do cidadão.

A ideia de uma nova Constituição surgiu após o processo de abertura política, contando com o apoio dos que tinham participado do movimento Diretas Já, em 1984, e como promessa de campanha de Tancredo Neves, eleito presidente em 1985. Com sua morte, José Sarney foi o primeiro civil a ocupar o cargo de presidente após 21 anos de ditadura militar.

Constituição cidadã

José Sarney convocou em 1987 uma Assembleia Constituinte, responsável por formular ou reformar uma constituição. Para participar das discussões, foram convidados deputados (487) e senadores (72) eleitos democraticamente nas eleições de 1986.

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As discussões sobre os artigos aconteciam em diversas comissões, e o processo de aprovação de leis também contou com audiências públicas que preparavam as emendas com a participação de diferentes setores da sociedade e movimentos sociais.

Considerado um projeto avançado na época, a Constituição Federal foi considerada um marco em relação à cidadania e aos direitos humanos, pois aprovou conquistas significativas em áreas como saúde, previdência, assistência social, direitos do consumidor, direitos femininos, direitos da criança e do adolescente, direitos indígenas, jornada de trabalho e o novo Código Civil.

Entre as novidades da chamada "constituição cidadã", o documento trazia leis que previam a licença-paternidade, a liberdade de imprensa, o conceito amplo de família, o direito à titularidade da terra para as mulheres trabalhadoras rurais, o benefício de aposentadoria para o trabalhador rural, a multa de 40% no ato da demissão de um trabalhador, o direito à greve para os funcionários públicos e a demarcação de terras indígenas pelo Estado.

Mudanças na Constituição

A Constituição Federal pode ser atualizada e alterada através de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), que deve ser avaliada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania) da Câmara e do Senado e votada por deputados e senadores. Em 25 anos, a Carta Magna recebeu mais de 70 emendas, sendo que a primeira aconteceu em 1992.

Um estudo feito pelos cientistas políticos Cláudio Couto, da FGV, e Rogério Arantes, da USP, mostra que foram acrescidos 718 dispositivos e retirados 80 do texto original da Constituição de 1988. A conclusão é que a Constituição Federal está 39% maior desde quando foi promulgada.

2. Cultura e sociedade brasileira: música, literatura, artes, arquitetura, rádio, cinema, teatro, jornais, revistas e televisão.

A BATALHA DAS BIOGRAFIAS

Autor(es): BRUNO GÓESO Globo – 15/10/2013

Debate sobre necessidade de autorização prévia para a publicação de obras do gênero ganha mais vozes divergentes; em artigo para O GLOBO, Gilberto Gil defende a posição do Procure Saber, enquanto Joaquim Barbosa e artistas como Ivan Lins e Frejat se dizem contra proibição

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, afirmou ser contra qualquer tipo de proibição ou censura a biografias no Brasil. Barbosa tratou da polêmica ontem, defendendo a liberdade de publicação e chamando atenção para o fato de, segundo ele, não haver censura prévia no país. Também ontem, o Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música (GAP) — que reúne nomes como Ivan Lins, Sérgio Ricardo, Fernanda Abreu, Frejat, Leoni, Tim Rescala, Leo Jaime, Dudu Falcão e Mu Carvalho — divulgou nota ontem declarando-se “contrário à necessidade de autorização para biografias’.

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Barbosa falou sobre o tema durante a Conferência Global de Jornalismo Investigativo, no Rio. Ele sugeriu, como solução para o debate, a liberação das biografias sem restrição alguma, mas também a determinação de uma multa “pesada” para casos em que a honra ou a privacidade de um biografado seja violada. — o ideal seria a liberdade total de publicação, com cada um (autor e editora) assumindo os riscos.

Quem causar dano deve responder financeiramente — disse o presidente do STF. As declarações de Barbosa e do GAP são uma resposta à polêmica que vem sendo discutida no país há quase duas semanas: de um lado, a Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel) moveu no STF Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra os artigos do Código Civil que exigem necessidade da autorização dos biografados para que um livro seja publicado; do outro, o grupo Procure Saber, que representa Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Roberto Carlos, Djavan, Erasmo Carlos e Paula Lavigne, entre outros, veio a público defendendo o direito à privacidade.

O caso no STF está sob responsabilidade da ministra Cármen Lúcia e ainda não há data para que o tribunal dê seu parecer. Hoje, de acordo com o artigo 20 do Código Civil, qualquer cidadão pode impedir que biografias sobre si sejam publicadas “se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais’ — Sinto um certo desconforto na situação em que um grande artista, músico ou compositor se depara subitamente com uma biografia devastadora sobre a sua vida e a sua intimidade.

É sobre isso que se deve cuidar, ninguém está interessado em proibir simplesmente a forma de produzir. Eu defendo, nestes casos, indenização pesada — disse Barbosa.

Associações Discordam Pela Primeira Vez

Já o ponto de vista do GAP foi divulgado numa nota nas redes sociais. O grupo, fundado há dez anos, foi aliado do Procure Saber, criado neste ano, na luta por mudanças no direito autoral no Brasil, que culminou com uma nova lei de gestão coletiva, sancionada em agosto. Agora, é a primeira vez em que as duas associações discordam publicamente.

O texto do GAP, porém, pede mais atenção para discussões sobre defesa da privacidade na legislação brasileira e ainda sugere que sejam debatidas as formas de se aplicarem as indenizações por dano moral em casos de calúnia e difamação. Diz a nota: “O GAP esclarece que é a favor da liberdade de expressão e contrário à necessidade de autorização para biografias e à obrigatoriedade de pagamento aos biografados.

Ao mesmo tempo, o GAP manifesta sua solidariedade aos integrantes do Procure Saber que receberam ataques, muitas vezes de cunho pessoal, desnecessários para a discussão pública do assunto. [...] “o impulso que o tema ganhou nos últimos dias é muito oportuno. Este é um bom momento para discutirmos se as salvaguardas que a lei brasileira dispõe para a defesa da privacidade são adequadas.

“Também é fundamental debater se as indenizações por dano moral vêm cumprindo seu papel, e ainda como obter maior homogeneidade no exame dos fatores que devem ser considerados para uma eventual condenação e para sua quantificação. São necessárias, ainda, novas regras para o direito de resposta [...]‘.

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PAPA FRANCISCO NO BRASIL: VISITA TERÁ CARÁTER ESTRATÉGICO PARA IGREJA

Em sua primeira visita ao Brasil, o papa Francisco cumprirá uma das etapas mais importantes de sua missão de revigorar a imagem da Igreja Católica na América Latina, sobretudo diante da expansão do movimento evangélico na região.

O Brasil é o maior país católico do mundo, com 123,2 milhões de fieis (64,6% da população). Nas últimas décadas, porém, vem perdendo devotos para as igrejas evangélicas. De acordo com o censo do IBGE de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% em 10 anos, enquanto a população católica retraiu, em duas décadas, 22%.

Contribuíram para isso o uso eficiente dos meios de comunicação eletrônicos pelas igrejas evangélicas e o trabalho de pastores nas periferias das cidades. A Igreja Católica, por seu turno, encontrou dificuldades para tratar questões contemporâneas como o aborto, o divórcio e o homossexualismo.

Além disso, o Vaticano envolveu-se em escândalos sexuais – com clérigos acusados de pedofilia – e de corrupção. A pressão da opinião pública foi um dos motivos que levaram o papa emérito Bento XVI a renunciar em 11 de fevereiro, surpreendendo o mundo cristão. Foi o primeiro papa a abdicar do cargo desde 1415

Em 13 de março, o Conclave escolheu o jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio (que adotou o nome de Francisco) como substituto de Bento XVI.

A escolha do primeiro papa latino-americano da história não foi por acaso: a América Latina, que concentra 45% dos católicos no mundo, é vista por Roma como uma base estratégica para a superação da crise do catolicismo na Europa.

Juventude

Bento XVI esteve no Brasil em 2007. Já em sua primeira viagem, o papa Francisco participa da Jornada Mundial da Juventude, evento religioso que reúne cerca de 2,5 milhões de católicos no Rio de Janeiro, entre 23 e 28 de julho.

O encontro acontece a cada três anos, mas foi antecipado para não coincidir com a Copa do Mundo de 2014. O último foi realizado em 2011, em Madri, na Espanha. Durante o evento no Brasil são realizadas missas, palestras, shows e outras atividades religiosas.

O maior encontro internacional de jovens católicos foi criado pelo papa João Paulo II em 1984. A primeira edição aconteceu em Roma, dois anos depois. Contudo, a preocupação da Igreja Católica com os jovens é mais antiga. Ela data do Concílio do Vaticano II, de 1965, período de agitações culturais, políticas e comportamentais.

Na década de 80, o Vaticano percebeu que essa revolução nos costumes afastava os jovens da vida católica e da vocação eclesiástica. Como efeito, caía o número de sacerdotes ao passo que crescia a quantidade de adolescentes que se desligavam da tradição religiosa.

Por isso, os encontros com o papa serviriam como uma “vitrine” do Catolicismo, de forma a revigorar a fé católica entre os mais jovens.

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Corrupção

Até agora, o papa Francisco exerceu um pontificado discreto, sem muitas mudanças ou polêmicas.

Seus primeiros atos foram administrativos e tiveram repercussão interna na igreja. Ele nomeou comissões especiais para investigar desvios de dinheiro do Banco do Vaticano e para trocar o comando da Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé que é alvo de denúncias de corrupção, nepotismo e abusos de poder.

As supostas irregularidades tornaram-se públicas com a divulgação de documentos secretos do Vaticano, no ano passado, no escândalo que ficou conhecido como Vatileaks (em referência ao Wikileaks).

No começo de julho, o diretor-geral do Banco do Vaticano renunciou ao cargo devido às investigações da Justiça, três dias após a prisão de um clérigo que era contador na Cúria.

Na esfera religiosa, o papa assinou, no começo de julho, o decreto de canonização de dois papas considerados importantes na história moderna do Catolicismo: João Paulo II e João XXIII, que serão santos por conta de milagres atribuídos a eles.

Uma das características do papa Francisco é o despojamento e a popularidade. Ele abriu mão de privilégios, vive em um apartamento comum, pagou as contas do hotel onde se hospedou durante o Conclave em Roma e, em comunicado oficial, admitiu os próprios pecados. Ele também demonstra maior contato físico com os fieis durante suas aparições públicas.

No Brasil, o papa encontrará um país ainda agitado por uma recente onda de protestos políticos, mas não uma igreja dividida por conflitos, como os que marcaram a oposição do Vaticano às doutrinas social-cristãs na época da ditadura. Mesmo tendo a tarefa de divulgar o Catolicismo em uma nação que gradualmente perde adeptos, o tom será conciliador.

3. História do Brasil

HISTÓRIA DO BRASIL: A COLÔNIA

De 1500 a 1640

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I – O “Descobrimento” de Vera Cruz

Aos 22 de abril de 1500 aportou na Bahia a esquadra de Pedro Álvares Cabral. Sua passagem, a caminho de Calicut (Índia), marcou o pioneirismo português nas Grandes Navegações dos séculos XV /XVI. Na época, a ascensão econômica da burguesia mercantil permitiu um sonho: o domínio do comércio das especiarias orientais. Aliados aos burgueses, os jovens Estados Nacionais promoveram a Expansão Marítima Européia.

Conseqüentemente, o Atlântico tornou-se a principal rota comercial do planeta e os descobrimentos de novas terras abriram a era das colonizações. Estava nascendo a prática do Mercantilismo, conduzida pelos reis absolutistas.

Esta política econômica instaurou os monopólios comerciais, sobretudo nas relações entre as metrópoles e suas colônias. Através dos Pactos Coloniais, buscava-se sempre o saldo positivo na balança comercial, o que possibilitou uma formidável acumulação de capitais nos países colonizadores.

Estes fatos sugerem uma questão: Cabral teria vindo até a América sem querer? Os pesquisadores lembram que a Carta de Pero Vaz de Caminha se refere à “Ilha de Vera Cruz”. Mas dizem também que havia uma Política de Sigilo (ordem de esconder as descobertas importantes). Em 1494, o Tratado de Tordesilhas havia dividido o mundo entre Portugal e Espanha. Mas quem confiava em tratados? O importante mesmo era ocupar as novas terras.

II – A Colonização Mercantilista

Nos primeiros trinta anos do século XVI, Portugal enviou apenas expedições guarda-costas e de extração do pau-brasil. A montagem do Sistema Colonial foi iniciada com a chegada de Martim Afonso de Sousa, fundador da Vila de São Vicente, em 1532.

O açúcar foi escolhido como atividade principal, pois ampliava-se o mercado consumidor europeu, os lusos já o produziam nas ilhas atlânticas e o Brasil tinha o clima e o solo adequados. Além disso, os burgueses flamengos (futuros holandeses) financiaram os primeiros grandes engenhos.

O sistema agrário implantado era de grandes propriedades monocultoras e exportadoras. Movido pelo trabalho escravo, foi depois chamado de Plantation. O tráfico de africanos, aliás, rendeu altos lucros aos mercantilistas portugueses. Por tudo isso, o investimento inicial foi bastante alto.

A sociedade nos engenhos era rigidamente estratificada. A aristocracia rural, proprietária de terras e de escravos, dava-lhe um caráter patriarcal e concentrava altas rendas. Na base: os escravos negros, os mestiços e brancos pobres. E a política era dominada pelo Governador Geral, a quem se submetiam os Donatários e Governadores das Capitanias. As Câmaras Municipais governavam as vilas e seus membros eram eleitos pelo voto censitário, ou seja, pelo limite de renda que somente os chamados “Homens Bons” possuíam.

III – Invasões Estrangeiras e Novas Fronteiras

Entre 1580 e 1640, o Brasil esteve sob domínio da União Ibérica. Morto D. Sebastião, em Alcácer Quibir (África), seu primo espanhol, D. Felipe II de Habsburgo, assumiu o trono. A Espanha

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lutava com ingleses, franceses e holandeses pelo domínio da Europa. Por isso, o Brasil tornou-se alvo daquelas nações.

As Invasões Holandesas foram as mais importantes. Os navios da Companhia das Índias Ocidentais (WIC) atacaram a Bahia (1624), e Pernambuco (1630). Seu objetivo: restaurar o comércio do açúcar com a Holanda, proibido pelos espanhóis.

Ao Nordeste Holandês foi enviado o Príncipe Maurício de Nassau, com sua política de reconstrução dos engenhos danificados pelas lutas. A Restauração Portuguesa de 1640 quebrou o domínio espanhol e a Guerra de Independência da Holanda prosseguiu. Nassau foi substituído. A política holandesa de arrocho provocou a Insurreição Pernambucana de 1645. E os holandeses foram expulsos em 1654, após as Batalhas de Guararapes.

A principal consequência da Guerra do Açúcar foi o declínio da economia canavieira. Os holandeses foram produzir nas Antilhas. Mas a pecuária havia ocupado os sertões nordestinos e os fortes construídos na costa norte haviam gerado povoamento. Esta Expansão Oficial (militar) levou à criação, em 1621, do Estado do Maranhão, a Amazônia separada do Brasil.

De 1640 a 1798

IV – Bandeiras e Jesuítas

A expansão territorial do Brasil deveu-se em especial às bandeiras montadas pelos paulistas, nos séculos XVII e XVIII. A Capitania de São Vicente vivia isolada do pólo açucareiro nordestino e sua economia de subsistência não assegurava o enraizamento da população pobre.

As bandeiras de apresamento predominaram na 1ª metade do século XVII. Os holandeses conquistaram a África ocidental portuguesa e embargaram o tráfico negreiro para a Bahia. Por isso, grandes bandeiras se dirigiram ao Sul e atacaram as missões jesuíticas, capturando os índios, para depois vendê-los. Nas missões, os jesuítas se utilizavam dos índios catequisados como mão-de-obra nas atividades pecuárias, extrativistas, etc. A Companhia de Jesus policiava a sociedade e combatia a expansão do Protestantismo. Os ataques paulistas os expulsaram do sul.

As bandeiras de prospecção foram montadas sobretudo na metade final do século XVII e visavam à descoberta de metais preciosos. Com efeito, na última década foi descoberto ouro nas Serras Gerais. A interiorização do povoamento deu origem, então, às capitanias de Minas, Mato Grosso e Goiás.

E as bandeiras de contrato visavam à destruição de Quilombos. Nesse campo, destacou-se Domingos Jorge Velho na luta contra Zumbi dos Palmares.

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V – O Século do Ouro

A mineração viabilizou o início do povoamento do interior da Colônia. Com baixos investimentos iniciais foi possível montar as primeiras faiscações (pequenas propriedades) de ouro. Depois viriam as grandes lavras de ouro e as Casas de Fundição, subordinadas às Intendências das Minas. A estas cabia a arrecadação de impostos, como, principalmente, o quinto e a capitação.

O Brasil passou por sensíveis transformações em função da mineração. Um novo pólo econômico cresceu no Sudeste, relações comerciais inter-regionais se desenvolveram, criando um mercado interno e fazendo surgir uma vida social essencialmente urbana. A camada média, composta por padres, burocratas, artesãos, militares, mascates e faisqueiros, ocupou espaço na sociedade. Contraposta à sociedade açucareira, a mineradora apresentou maior mobilidade social com o crescimento do trabalho livre.

No plano político, o início da mineração acompanhou o sentimento nativista expresso na Revolta de Vila Rica, em 1720, liderada por Felipe dos Santos. No apogeu do ouro, Portugal viveu a Era Pombalina (1750-77). O Marquês de Pombal, ministro do déspota esclarecido D. José, expulsou os jesuítas do Reino, eliminou as Capitanias Hereditárias e mudou a capital para o Rio de Janeiro (1763). O declínio do ouro acompanhou a explosão da arte barroca mineira e as conspirações pela Independência.

VI – Conjurações Pela Liberdade

No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado e esquartejado no Rio de Janeiro, condenado por traição à Rainha Maria I . Era o alferes Joaquim José da Silva Xavier, um dos conjurados da Inconfidência Mineira de 1789. Na 2ª metade do século XVIII, a produção de ouro caiu rapidamente. Os impostos tornaram-se pesados e Portugal ameaçava cobrar os atrasados com a violência da derrama.

Na mesma época, a Europa vivia as turbulências da Revolução Industrial. O Iluminismo e o Liberalismo combatiam o Absolutismo e o Mercantilismo do “Antigo Regime”. O domínio luso tinha os dias contados.

Mariana, séc. XVIII

A Conjura Mineira de 1789 foi o primeiro movimento, no Brasil, a defender a Independência. Embora republicana, a liderança aristocrática não admitia abolir a escravidão. Antes, as Rebeliões Nativistas (Amador Bueno-SP, Beckman-MA, dos Em-boabas-MG e dos Mascates-PE) não propuseram a idéia de nação em luta contra a exploração da metrópole.

Já a Conjuração Baiana de 1798, ou Revolta dos Alfaiates, apresentou um caráter mais progressista, ao incluir o ideário abolicionista e republicano nos objetivos da Independência. Violentamente reprimida, a conspiração teve quatro líderes executados em Salvador. Mas a Independência se aproximava.

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HISTÓRIA DO BRASIL: O IMPÉRIO

VII – A Independência do Brasil

Bandeira do Reino unido

Em 1799, Napoleão Bonaparte assumiu o poder na França. Seus projetos industrialistas e expansionistas levaram ao con-fronto direto com a Inglaterra. Por isso, em 1806, determinou o Bloqueio Continental: o continente foi proibido de manter re-lações com os britânicos. Isto afetou diretamente Portugal. Ameaçada de invasão, a Corte do Regente D. João retirou-se para o Brasil. Pressões inglesas e brasileiras o levaram a assinar a abertura dos portos, em 1808, pondo um fim no Pacto Colonial. Era o domínio inglês.

Os Tratados de 1810 selaram de vez tal domínio. E o Brasil foi elevado a Reino Unido de Portugal, em 1815. Esta submissão de D. João a Londres irritou profundamente a burguesia lusitana, pois a Independência parecia inevitável. Mesmo a repressão joanina aos republicanos da Revolução Pernambucana de 1817 não bastou para aplacar a ira de Lisboa.

Assim, em 1820, a Revolução do Porto implantou a monarquia constitucional e D. João VI voltou a Portugal. Aqui deixou o Príncipe D. Pedro como Regente. Formaram-se duas agremiações rivais: o Partido Português, desejando a recolonização do Brasil, e o Partido Brasileiro, da aristocracia. Em 1822, por duas vezes, D. Pedro foi intimado a retornar: em 9 de Janeiro deu a decisão do “Fico” e a 7 de Setembro, o “Grito do Ipiranga”. Nascia o Império.

VIII – O Primeiro Reinado

A monarquia brasileira consolidou-se de forma crítica. A marca do 1º Reinado foi a disputa pelo poder entre o Imperador Pedro I e a elite aristocrática nacional. O primeiro confronto deu-se na outorga da Constituição de 1824. Durante o ano anterior as relações entre o governo e a Assembléia Constituinte foram tensas. Enquanto a maioria “brasileira” pretendia reduzir o poder do Trono, os “portugueses” defendiam a monarquia centralista. O desfecho foi o golpe da “noite da agonia”: a Constituinte foi dissolvida. D. Pedro, então, outorgou a Constituição que seus conselheiros elaboraram e fortaleceu-se com o Poder Moderador.

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Quinta da Boa Vista

A reação veio na revolta da Confederação do Equador, em 1824. A repressão custou a vida de expoentes liberais, como Frei Caneca. Neste mesmo ano os E.U.A. reconheceram o Brasil livre. Mas os reconhecimentos português e inglês só vieram após intrincadas negociações que geraram a dívida externa. Em seguida, Pedro I envolveu-se na questão sucessória portuguesa e na Guerra Cisplatina, perdendo o Uruguai.

Em 1830, as agitações resultaram no assassinato do jorna-lista de oposição Líbero Badaró e na “noite das garrafadas”, entre lusos e brasileiros. Foi a crise final: no dia 7 de Abril de 1831, a abdicação de D. Pedro encerrou o 1º Reinado.

IX – As Regências do Império

O Período Regencial (1831-40) foi o mais conturbado do Império. Durante as Regências Trinas, Provisória e Permanente, a disputa pelo poder caraterizou um “Avanço Liberal”. O Partido Português tornou-se o grupo restaurador “Caramuru” defen-dendo a volta de Pedro I; o Partido Brasileiro dividiu-se nos grupos Exaltado (“Farroupilha”) e Moderado (“Chimango”), respectivamente a favor e contra uma maior descentralização política.

A Regência Trina Permanente criou, em 1831, a Guarda Nacional, através do Ministro da Justiça Padre Diogo Feijó. A nova arma servia à repressão interna e deu origem aos “coronéis” das elites agrárias. A Constituição foi reformada através do Ato Adicional de 1834. Foram criadas as Assembléias Legislativas Provinciais, abolido o Conselho de Estado e substituída a Regência Trina pela Una.

Estas parcas vitórias liberais produziram, então, o Regresso Conservador. Os regentes Feijó, do Partido Progressista, e Araújo Lima, do Regressista, enfrentaram a radicalização das Re-beliões Regenciais: Cabanagem (PA), Sabinada (BA), Balaiada (MA) e a Guerra dos Farrapos (RS/SC) foram as principais. Todas de caráter federativo, embora tão distintas. E a principal conseqüência foi o Golpe da Maioridade, em 1840.

De 1840 a 1889

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X – O Império do Café

O café foi introduzido no Brasil em princípios do século XVIII. Sua rápida ascensão o pôs na ponta da economia entre as décadas de trinta dos séculos XIX e XX. A independência e a re-volta dos escravos no Haiti, principal produtor, abriu espaço para o Brasil no mercado mundial. O café pôde aproveitar a infra-estrutura econômica já instalada no Sudeste, os solos adequados da região (sobretudo a terra roxa) e não precisou de mão-de-obra qualificada na instalação das primeiras lavouras. Assim, o investimento inicial de capital foi relativamente baixo.

As consequências imediatas mostraram-se na moderniza-ção das relações de produção. O café foi gradativamente substituindo os escravos pelos assalariados, sobretudo imigrantes europeus. Para tanto, contribuíram as pressões inglesas pelo fim do tráfico negreiro. Em 1844, foi aprovada a Lei Alves Branco, que extinguiu taxas alfandegárias favoráveis aos ingleses, vigentes desde 1810. Invocando os mesmos tratados daquele ano, foi promulgado o Bill Aberdeen, em 1845. Esta lei, juntamente com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, extinguiram o tráfico e levantaram a questão abolicionista.

Eram os primeiros passos capitalistas de um país, ainda in-capaz de aceitar a industrialização sonhada pelo Barão de Mauá.

XI – A Glória de Pedro II

D. Pedro II

Em 1847, o jovem imperador prematuramente entronado em 1840, completou vinte anos. Foi instaurado o sistema parla-mentarista de governo e o café ganhou os mercados do mundo. A última guerra civil do Império sangrou Pernambuco na Revolução Praieira de 1848. A monarquia mostrava-se mais uma vez surda às reivindicações “radicais” dos liberais.

A estabilidade política revelou a contradição entre as apa-rências democráticas e a essência autoritária do regime. As elei-ções eram censitárias e fraudulentas, apelidadas de “Eleições do Cacete”. Os Partidos Liberal e Conservador eram elitistas, sem diferenças ideológicas significativas. E o parlamentarismo às avessas permitia ao Poder Moderador do rei manipular tanto o 1º Ministro como o Parlamento.

Entre 1851 e 1870, o Império enfrentou as Guerras Externas no Prata. Foram conflitos sangrentos causados pelo caudilhismo expansionista, pelo controle da navegação nos rios da Bacia Platina e influenciados pelos interesses ingleses na região.

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Principalmente a Guerra contra Solano Lopes (Paraguai) trouxe drásticos aumentos na dívida externa e influências políticas sobre os militares, atuantes de ora em diante no movimento republicano.

XII – O Movimento Republicano e o 13 de Maio

Os partidos e grupos agrários revezavam-se no poder numa gangorra viciada e alheia aos reclamos da sociedade em mutação. O trabalho assalariado imigrante e a semi-servidão sufocavam a escravidão. E Pedro II observava estrelas.

Em 1870, através do jornal A República, o Manifesto Republicano de Quintino Bocaiúva lançou a proposta do Partido Republicano à sociedade. Mas só três anos depois, com a fundação do Partido Republicano Paulista na Convenção de Itu, surgiu o grupo dos “Republicanos Históricos”.

Os “Republicanos Idealistas” organizaram-se em torno do Exército, que fundou o Clube Militar. Dessa forma, os cafeicultores e as emergentes classes médias urbanas encontravam seus interlocutores. A Campanha Abolicionista tomou espaço com a Lei do Ventre-Livre de 1871, mesmo ano da Questão Religiosa, entre o governo e a cúpula católica. A Lei Saraiva-Cotegipe libertou os sexagenários em meio à Questão Militar. A 13 de Maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil. Foi a gota d’água. A monarquia desabou no dia 15 de novembro de 1889. O Marechal Deodoro da Fonseca expulsou a família Bragança do Brasil e instaurou a República.

HISTÓRIA DO BRASIL: A REPÚBLICA

De 1889 a 1930

XIII – A República dos Marechais

O Governo Provisório de Deodoro da Fonseca revelou as divergências entre o Exército e o P.R.P.; o Ministro da Fazenda Rui Barbosa adotou uma política emissionista baseada em créditos livres aos investimentos industriais, garantidos pelas emissões monetárias. Os latifundiários defendiam prioridade para a agroexportação. A especulação financeira desencadeada, a inflação e os boicotes através de empresas-fantasmas e ações sem lastro desencadearam, em 1890, a Crise do Encilhamento.

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A Constituição de 1891 foi promulgada pela Constituinte que elegeu o Marechal Deodoro Presidente. Seu governo, no entanto, não durou os quatro anos previstos. Pressionado pela crise, por adversários e aliados, Deodoro decretou estado de sítio e dissolveu o Congresso em 3 de novembro do mesmo ano. Vinte dias depois, num contra-golpe, foi deposto pelos militares.

Assumiu o vice-presidente Floriano Peixoto; seu governo enfrentou, em 1893, a Revolução Federalista no Rio Grande do Sul e a Revolta da Armada. A primeira contrapôs “Pica-Paus” e “Maragatos” pelo governo gaúcho; a segunda foi a última tenta-tiva sangrenta de restauração da monarquia no Brasil. A repressão a ambas valeu a alcunha de “Marechal de Ferro” ao presidente Floriano.

XIV – A República dos Coronéis

Prudente de Morais, eleito pelo voto direto, foi o primeiro presidente civil. Teve seu governo marcado pela guerra de Canudos, em 1896/97. Mas coube aos sucessores Campos Sales e Rodrigues Alves a montagem do regime das oligarquias. O primeiro renegociou a dívida externa através do Funding Loan, em 1898, e o segundo estabeleceu a política de valorização do café pelo Convênio de Taubaté (1906). Fixavam-se os tempos da hegemonia dos cafeicultores. Com o “voto de cabresto” os coronéis dominavam as clientelas rurais e manipulavam as eleições; a política dos governadores consagrava a troca de apoio entre o governo federal e as oligarquias estaduais e tudo isso viabilizava a política do café com leite, ou seja, o domínio federal pelos cafeicultores de São Paulo e de Minas Gerais.

As difíceis condições de vida e a marginalização política impostas à maioria dos brasileiros explicam genericamente as principais revoltas que abalaram a I República. Assim, os movimentos messiânicos de Canudos (1896-97) e do Contestado (1911-15), as revoltas da Vacina (1904) e da Chibata (1910), na Capital, e a Greve Geral de 1917 eram sintomas dos problemas sociais da época.

XV – A Revolta dos Tenentes

Forte de Copacabana

Somente nos anos vinte amadureceram as contestações organizadas contra o café com leite e sua política de socialização das perdas do café. Em 1922, a Semana de Arte Moderna pôs a contestação na ordem do dia: a Reação Republicana lançou Nilo Peçanha contra Artur Bernardes, candidato do regime; no dia 25 de março foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB). Após a I Guerra Mundial, o Clube Militar voltou a ser o articulador político. O Tenentismo se expôs, então, como principal ameaça à hegemonia coronelista. Era um movimento essencialmente militar, elitista e reformista, além de ideologicamente heterogêneo. Manifestou-se primeiro no episódio da Revolta dos 18 do Forte Copacabana, em 1922. Depois fez de São Paulo um campo de batalha na Revolução de 1924 e viveu seu apogeu na marcha da Coluna Prestes pelo país, entre 1924 e 1927.

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Forte de Cobacana

Eram intelectuais, artistas, operários e até latifundiários e militares se organizando. A vanguarda tenentista sabia bem o que não queria, sonhava com reformas sociais, políticas e econômicas, mas não tinha clareza de como executá-las. Foi, assim, útil braço armado na Revolução de 1930.

De 1930 a 1945

XVI – A Revolução de 1930

“Problema de salário é caso de polícia”: esta frase do Presidente Washington Luiz ilustra bem a visão das oligarquias agrárias sobre as questões sociais. “Façamos a revolução antes que o povo a faça”, clamor do governador mineiro Antônio Carlos prenunciando o fim da 1ª República. Era 1930. As oligarquias dissidentes do regime uniram-se na Aliança Liberal e lançaram Getúlio Vargas à presidência contra o candidato do PRP, Júlio Prestes. A derrota de Getúlio aproximou-as dos tenentistas e o assassinato de João Pessoa, vice na chapa da Aliança Liberal, desencadeou a prepara-ção do golpe final. Em 3 de outubro, começou a revolta e no dia 24, Washington Luís foi deposto. Iniciava-se a Era Vargas.

XVII – A República de Vargas

A ditadura de Vargas criou o Ministério do Trabalho, os sindicatos urbanos e sua imagem de “pai dos pobres”. A política econômica da nova era caminhou sobre duas pernas: a queima do café e a industrialização. Assim, nasceu o populismo de Getúlio: um regime baseado no Estado paternalista, nos sindicatos atrelados, numa políticia trabalhista e em projetos nacionalistas.

Mas em São Paulo, o Movimento Constitucionalista de 1932 exigiu a Assembléia Constituinte. A 23 de maio, a morte de quatro jovens (Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo), numa manifestação, gerou o M.M.D.C. e a mobilização para a guerra. Entre 9 de julho e 1º de outubro, travou-se o confronto militar. E a vitória federal gerou a Constituinte de 1933.

Na promulgação da Constituição de 1934, Vargas foi eleito indiretamente presidente da República Nova. A época era de radicalização. Surgiram a Ação Integralista Brasileira e a Aliança Nacional Libertadora, representando respectivamente a vertente nacional do fascismo e uma

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frente anti-fascista. A cassação da A.N.L. gerou a Intentona Comunista de 1935 e a repressão. Em 1937, uma falsa conspiração comunista, o Plano Cohen, gerou o pretexto para o golpe de 10 de novembro: as eleições foram canceladas e o Congresso fechado.

XVIII – O Estado Novo

O Brasil declara guerra à Alemanha e Itália

AGORA NÓS!

Juca Pato – Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que eu vou!

A Constituição “Polaca” de 1937 foi outorgada e instituiu um regime nacionalista autoritário, baseado no corporativismo “pelego”. Os sindicatos atrelados, a burguesia industrial e as forças armadas sustentavam a ditadura. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e a Polícia Especial garantiam o controle social.

A industrialização priorizou o setor de base, através de em-presas estatais montadas com financiamentos norte-americanos. O apoio do Brasil aos Aliados na II Guerra Mundial permitiu a industrialização pesada, mas custou o poder a Getúlio. Afinal, os mesmos militares que sustentavam a ditadura aqui foram mobilizados na luta contra o fascismo lá. O envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) à Itália gerou a redemocratização, que derrubou um dos pilares do tripé de apoio do Estado Novo. Em 1945, Getúlio concedeu a anistia política, viu surgirem novos partidos e convocou a Constituinte. Organizou o Movimento Queremista para apoiá-lo. Mas a conjuntura mundial desfavorável aos regimes ditatoriais e as pressões internas, civis e militares (contra o ultra-nacionalismo getulista) o levaram à renúncia no dia 29 de outubro. Morreu o Estado Novo, mas não o populismo getulista.

De 1945 a 1964

XIX – A República Populista

A Constituinte de 1946 abriu a polêmica questão do desenvolvimento. O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) defendia o nacionalismo radical, seu aliado Partido Social Democrático (PSD) advogava o desenvolvimentismo, enquanto a anti-populista União Democrática Nacional (UDN) preferia o desenvolvimento associado aos investimentos estrangeiros maciços no país.

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No início da Guerra Fria, o governo Dutra cassou o PCB, legalizado em 1945, e fundou a Escola Superior de Guerra. Seu Plano SALTE estabeleceu saúde, alimentação, transportes e energia como prioridades de desenvolvimento, mas empréstimos e importações deram o tom de sua gestão.

De volta ao poder pelo voto direto, Getúlio Vargas fundou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) com a função de gerenciar os investimentos nas empresas estatais. Para enfrentar a feroz oposição da UDN, liderada pelo deputado e jornalista Carlos Lacerda, os aliados do governo promoveram a campanha de “o petróleo é nosso”, em 1953. Com a vitória e a fundação da Petrobrás, Vargas tinha forças para prosseguir seu projeto nacionalista. Na noite de 5 de agosto de 1954, seu inimigo Lacerda sofreu o atentado da rua Tonelero, em que morreu o Major Vaz, da FAB. Acusado de responsabilidade no crime e sem condições de enfrentar a crise, Getúlio suicidou-se na manhã de 24 de agosto.

XIV – A Era Desenvolvimentista

A morte de Getúlio Vargas gerou tensão nas eleições pro-movidas pelo presidente Café Filho. A vitória de Juscelino Kubi-tschek (PSD) e João Goulart (PTB) foi contestada pela UDN. Em novembro de 1955, o Ministro da Guerra, General Lott, mobilizou o exército para garantir a posse de JK e Jango.

Dali nasceu o último governo estável do regime. JK tinha apoio dos dois maiores partidos e dos militares e pôde pôr em prática seu Plano de Metas desenvolvimentista. O slogan “50 anos em 5” orientou os investimentos em transportes, energia e indústria pesada. A indústria automobilística, a criação da SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste) e a construção da nova capital, em Brasília, cimentaram a popularidade de JK.

Mas o lado bom do crescimento econômico não encobriu os problemas resultantes do programa desenvolvimentista. A multiplicação da dívida externa, o disparo da inflação e a desnacionalização de setores da economia contribuíram para a derrota da dobradinha PSD-PTB nas eleições presidenciais de 1960. O Plano de Metas mostrou que não pode haver desenvolvimento sem crescimento econômico mas o contrário parece possível.

XIV – A Crise do Populismo

Jânio Quadros, o candidato do “tostão contra o milhão”, teve uma ascensão meteórica na política. De vereador a presidente, explorou sempre seu formidável carisma como paladino da ho-nestidade e da austeridade contra a corrupção. Com sua exótica vassoura moralista, chegou ao poder desprezando partidos e programas. Postura autoritária que lhe custou caro. Diante das dívidas internas e externas herdadas do governo anterior, optou por uma política eqüidistante de comércio exterior. Pretendia estabelecer relações com países socialistas em plena Guerra Fria. Chocou-se frontalmente com a UDN, que o apoiara, e com os militares. A 25 de agosto de 1961, renunciou.

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A renúncia de Jânio gerou uma crise entre os militares contrários e os favoráveis à posse do vice João Goulart. A saída conciliatória foi o Parlamentarismo. Três Primeiros Ministros tentaram enfrentar a situação econômica agravada por greves e boicotes. No plebiscito de 1963, a República voltou ao Presidencialismo. Jango passou, então, à ofensiva contra a inflação, com o Plano Trienal. Propôs um amplo programa de reformas de base (agrária, tributária, educacional, etc.) e procurou limitar as remessas de lucros das empresas estrangeiras. Em resposta, as conspirações antipopulistas uniram militares, empresários do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), a UDN e a Agência Central de Inteligência (CIA) e culminaram no Golpe Militar de 1964.

De 1964 a 1984

XXII – A República dos Generais

O governo Castelo Branco instaurou a “nova ordem” e construiu os alicerces do “milagre” brasileiro. Criou o Conselho de Segurança Nacional e o Serviço Nacional de Informações para a repressão às oposições. Em seguida, instituiu o Banco Nacional da Habitação e o Instituto Nacional de Previdência Social para resgatar apoio das classes médias. Depois, através do Banco Central e do P.A.E.G. (Programa de Ação Econômica do Governo), abriu a economia ao capital estrangeiro, aumentou investimentos estatais e arrochou salários. Finalmente, extinguiu os partidos políticos com o AI-2 (Ato Institucional Nº 2), gerando a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Quando foi “promulgada” a Constituição de 1967, a “linha dura” militar passou a controlar o poder, com o Marechal Costa e Silva.

Sem sindicatos livres, sem partidos e com a imprensa cala-da, as últimas trincheiras da oposição eram os estudantes, alguns religiosos e artistas. Em 1967, Jango, JK e (pasmem!) Carlos Lacerda tentaram articular a Frente Ampla de oposição. As agitações estudantis fizeram a cara de 1968 e a resposta foi o Ato Institucional Nº 5 (AI-5). A ditadura abria os “anos de chumbo”.

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XXIII – A Era do Milagre

O General Médici, terceiro presidente militar, impôs o 1º P.N.D. (Plano Nacional de Desenvolvimento), sob orientação da Escola Superior de Guerra. A acumulação de capital foi realizada através de investimentos estrangeiros e estatais. O arrocho salarial garantiu mão-de-obra barata. A repressão calou as oposições e as esquerdas armadas. Era a política de “segurança e desenvolvimento” para “fazer o bolo econômico crescer”, como dizia o Ministro Delfim Netto. “Brasil, ame-o ou deixe-o” era a propaganda ufanista do país tri-campeão de futebol.

Enquanto isso, a inflação fugia ao controle, a dívida externa explodia e a renda se concentrava. Em 1974, o MDB recebeu uma avalanche de votos nas eleições legislativas. A Guerra do Vietnã acabou e o apoio externo às ditaduras também. Começou, então, a distensão política do governo Geisel, que culminou no fim do AI-5, em dezembro de 1978.O governo do General João Figueiredo foi o da abertura “lenta, gradual e segura”, planejada por Geisel. A reforma partidária criou o Partido Democrático Social (PDS), oriundo da ARENA, o PTB, o PMDB, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o PDT (Partido Democrático Trabalhista). As oposições levantaram a campanha das diretas-já, em 1984. Derrotada a mobilização popular, formou-se a Aliança Democrática que, com Tancredo Neves, derrotou o candidato do PDS, Paulo Maluf. Era o fim do regime militar, agora desnecessário.

XXIV – A República Neoliberal

Tancredo Neves morreu e José Sarney, ex-presidente do PDS, assumiu a presidência. Em fevereiro de 1986, surpreendeu o país com o Plano Cruzado. Uma nova moeda substituiu o cruzeiro, os preços foram “congelados” e a moeda, valorizada. O governo prorrogou o congelamento de preços até 15 de novembro, para garantir sua vitória nas eleições constituintes. Conseguiu, mas a liberação imediata do mercado fez a inflação explodir.

A Constituição de 1988, a mais democrática da nossa história, deu no entanto ao governo o expediente das medidas provisórias. Nas eleições de 1989, um personagem novo emergiu na política nacional: Fernando Collor elegeu-se presidente batendo Luís Inácio da Silva, um operário sindicalista do PT. Chocou a população com a volta do cruzeiro e o confisco das poupanças em nome da estabilização financeira. Acusado de corrupção num processo de impeachment, renunciou e teve seus direitos políticos cassados.

Seu vice, Itamar Franco, com o Ministro da Fazenda Fer-nando Henrique Cardoso aplicou o Plano Real em 1994. Ancorado nos dólares das reservas cambiais, o Real estabilizou os preços e permitiu ao governo acelerar o programa de privatizações de empresas estatais. Isso valeu ao ministro FHC a eleição para a presidência e a posterior reeleição, em 1998.

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4. Descobertas e inovações científicas na atualidade e seus impactos na sociedade contemporânea.

VACINAS EM TESTE: BRASIL AVANÇA NA BUSCA DA CURA DA AIDS E CONTRA O CÂNCER E A DENGUE

A descoberta da cura para a Aids, de tratamentos menos agressivos para os pacientes com câncer e de uma forma de conter a dengue são alguns desafios atuais da ciência. Vacinas que estão em teste no Brasil podem encurtar a busca pela cura e por melhores tratamentos para essas doenças.

O Instituto Butantã, em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), desenvolveu uma vacina contra a dengue que começou a ser testada em voluntários em outubro deste ano. Se os testes forem realizados com sucesso, a vacina poderá chegar à população em até cinco anos. O medicamento promete combater em uma única dose os quatro tipos da doença já identificados.

A dengue é uma doença transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. É endêmica no Brasil e em países tropicais, podendo causar a morte. Mas, com as mudanças climáticas e a globalização, ela começa a aparecer em regiões de temperaturas mais moderadas.

A pesquisa para desenvolver a vacina brasileira começou em 2006, junto com os institutos nacionais de saúde dos Estados Unidos. A técnica de produção da vacina da dengue é a do vírus atenuado, utilizada em organismos que têm a capacidade de se multiplicar. A partir de um vírus normal, cientistas conseguem modificá-lo até que suas propriedades patogênicas (agente de doença) sejam drasticamente diminuídas, sem oferecer risco à saúde.

Ao tomar uma vacina como mecanismo de prevenção, uma pessoa que recebe o agente infeccioso produz anticorpos para defender o organismo, mas como o invasor está inativado, a pessoa não consegue desenvolver a doença. Moléstias como a febre amarela, sarampo, caxumba e rubéola têm suas vacinas produzidas a partir da técnica de vírus atenuado.

No Brasil, o avanço no número de casos de dengue é assustador e constitui um grave problema de saúde pública nas cidades e na área rural. Em 2010, uma epidemia deixou cerca de 4.000 municípios infestados. Em 2013, até agora, 1,4 milhões de pessoas já foram infectadas pela dengue no país. Mais de 500 morreram.

Esperança contra a Aids

A vacina brasileira contra o HIV, o vírus causador da Aids, também já entrou em fase de testes. Batizada de HIVBr18, a vacina foi desenvolvida por pesquisadores da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), com estudos iniciados em 2001. A vacina foi testada em camundongos, que após aplicação, apresentaram como resultado um aumento de imunidade contra o vírus.

Em outubro de 2013, ela começou a ser testada em macacos da espécie Rhesus, que serão imunizados e apresentam sistema imunológico semelhante ao dos humanos. Esta fase deve durar dois anos e, se obter sucesso, a substância poderá ser testada clinicamente em pessoas.

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A HIVBr18 foi desenvolvida a partir da análise do sistema imunológico de portadores do vírus que demoravam mais tempo para adoecer. O estudo da FMUSP descobriu que o sangue destas pessoas apresentava uma quantidade maior de linfócitos T do tipo CD4 do que o normal.

Presente no sangue, o linfócito é um tipo de glóbulo branco que produz anticorpos que defendem o corpo de possíveis infecções. Existem três tipos de linfócitos: células B, células T (CD4 e CD8) e células NK. Cada um exerce uma função específica no combate a invasores.

As células T reconhecem e destroem células do organismo que estejam alteradas, evitando que elas se multipliquem. O CD4, ou linfócito auxiliador, “comanda” o sistema imunológico e, ao receber informações da presença de organismos estranhos, estimula os outros linfócitos a combater os antígenos.

Ao entrar num organismo, o vírus HIV instala-se nas células CD4 para se multiplicar e destrói os linfócitos da pessoa portadora, deixando-a exposta a diversas infecções causadas por fungos, parasitas e bactérias. Estas são chamadas de doenças oportunistas e são as verdadeiras causadoras da morte do indivíduo. Os soropositivos com quantidade maior de CD4 conseguem controlar a quantidade de vírus e demoram mais tempo para desenvolver a doença.

O objetivo da pesquisa brasileira é desenvolver uma vacina que possa ativar os linfócitos CD4 e CD8 e reduzir drasticamente a carga viral no organismo. A vacina não “curaria” o paciente, mas induziria a uma resposta imunológica, evitando que a pessoa desenvolva a imunodeficiência ou transmita o vírus.

Alívio no tratamento para o câncer de próstata

Uma vacina desenvolvida no Brasil pode ser uma nova opção para o tratamento do câncer de próstata. Aplicado direto na pele, o produto terapêutico é feito a partir da célula de tumor, estimulando o sistema imunológico da pessoa a identificar e destruir as células cancerígenas e assim reduzir as possibilidades de resistência.

Testes do laboratório brasileiro Fk Biotec, que patenteou a vacina, demonstram boas taxas de redução da doença e da mortalidade por câncer de próstata. Entre os pacientes vacinados a taxa de mortalidade se reduziu a 9%, muito abaixo dos 19% registrados entre os não vacinados.

A vacina brasileira vem sendo desenvolvida desde 2001 e poderá ser uma alternativa mais barata à americana, lançada nos EUA em 2010 e considerada uma referência no tratamento. O produto também poderá ser utilizado para tratar outros tipos de câncer, como de mama, pâncreas, de intestino e melanoma. A previsão do laboratório é lançar a vacina em até três anos.

O câncer de próstata matou pelo menos 15 mil brasileiros no ano passado e 60 mil novos casos surgem no país anualmente. A doença é a segunda causa de morte por carcinoma entre homens no Brasil e no mundo, ficando atrás apenas do câncer de pele.

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EM NOME DA SEGURANÇA: ESPIONAGEM NA INTERNET

James Bond, o 007, popularizou nos cinemas uma profissão que, por muito tempo, permaneceu um mistério: a de agente secreto. Mas a espionagem não é um fato novo no jogo político nem é tão glamourosa como nas histórias do espião britânico, sucesso desde os anos 1950.

As principais agências de inteligência – o termo “espionagem” não é usado por esses órgãos em suas descrições—foram criadas no século 20 e estão em países como União Soviética, Inglaterra, Israel, Alemanha, Japão e Estados Unidos. A justificativa para sua existência é monitorar possíveis ameaças à soberania nacional. A mais popular é a norte-americana CIA, sigla em inglês para Agência Central de Inteligência, criada em 1947.

Uma instituição “prima” da CIA, a Agência de Segurança Nacional, foi criada em 1952, período da Guerra Fria (1945-1991). Sua missão: espionar comunicações de outros países, decifrar códigos governamentais e desenvolver sistemas de criptografia para o governo americano.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, em Nova York (EUA), a agência passou por reformas e se tornou líder em estratégias que utilizam radares e satélites para coleta de dados em sistemas de telecomunicações, em redes públicas e privadas. E foi de lá que saiu um dos responsáveis pelo mais grave escândalo de espionagem do século 21, o ex-técnico Edward Snowden, 29.

Snowden divulgou que o governo norte-americano utiliza informações de servidores de empresas privadas como Google, Facebook, Apple, Skype e Yahoo! para investigar os dados da população, de governos europeus e de países do continente americano, entre eles, o Brasil.

Ao justificar sua decisão de divulgar essas informações, Snowden alegou que quem deve julgar se o governo deve ter o direito de investigar os dados pessoais dos cidadãos para a sua segurança é a própria população.

O ex-técnico da NSA foi acusado de espionagem, roubo e conversão de propriedade do governo. Ele deixou Hong Kong em direção a Moscou – onde ficou por 40 dias na área de trânsito internacional para impedir sua extradiação para os EUA. Ao final das contas, a Rússia cedeu asilo ao rapaz por um ano.

Os americanos alegam que a espionagem é necessária para a segurança do país e para identificar ameaças terroristas. No entanto, ONGs de direitos civis condenam a invasão da privacidade dos usuários, já que os dados coletados ficam armazenados por um período de até 5 anos.

Espionagem no Brasil

Estima-se que milhões de brasileiros, tanto em território nacional quanto no estrangeiro, tenham tido suas ligações telefônicas e transações financeiras rastreadas pela NSA nos últimos anos.

Segundo reportagens publicadas pelo jornal O Globo, com base nas revelações de Snowden, uma das estações de espionagem da NSA, em conjunto com a CIA, funcionou até 2002 em Brasília. O Brasil exigiu explicações sobre a espionagem, mas os EUA se recusaram a se explicar publicamente. O vice-presidente americano, Joe Biden, ligou para a presidente Dilma Rousseff lamentando o ocorrido.

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No Brasil, a prática não tem um tratamento específico na legislação, sendo adequada à legislação penal. Em resposta, o Itamaraty disse que pretende propor regras que protejam a privacidade dos usuários da internet, sem que isso atrapalhe os esquemas de segurança dos países. Entre elas, estão um complemento à Lei Carolina Dieckmann, apelido da nova lei sobre crimes na internet e o Marco Civil na Internet, um projeto de lei construído com a participação popular e que busca estabelecer direitos e deveres na internet no Brasil. Ambos os projetos de lei estão na Câmara dos Deputados para apreciação e votação.

Quando se fala de inteligência, o órgão brasileiro responsável por essa missão é a Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Criada em 1999, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, é o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). Seu trabalho é identificar e investigar ameaças à soberania nacional e as atividades em território brasileiro. Durante as recentes manifestações populares, por exemplo, a maioria organizadas pela internet, a Abin foi chamada para monitorar a movimentação dos protestos em redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram. Antes da Abin, existiram outros órgãos de inteligência, como o famoso SNI (Serviço nacional de Informação) que foi bastante atuante durante a Ditadura Militar.

O caso Wikileaks

O caso do soldado Bradley Manning, 25, também reflete a política americana de espionagem. Em 2010, o ex-analista de inteligência do Exército americano foi acusado de vazar mais de 250 mil documentos militares e diplomáticos para o site WikiLeaks, na maior divulgação não autorizada de dados secretos norte-americanos na história, como informações sobre as guerras no Iraque e Afeganistão e análises sobre a política externa americana, desencadeando uma crise na diplomacia mundial.

O fundador do site, Julian Assange, nunca confirmou Manning como seu informante. O soldado ficou preso até o seu julgamento, iniciado em 30 de julho de 2013. Foi considerado culpado de 19 acusações criminais relacionadas a espionagem e vazamentos. O julgamento na corte militar deve durar até o fim de agosto de 2013.

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5. Meio ambiente e sociedade: problemas, políticas públicas, organizações não governamentais, aspectos locais e aspectos globais.

ENTENDA A POLÊMICA ENVOLVENDO O NOVO CÓDIGO FLORESTAL

O Congresso chegou a um impasse na votação do projeto de lei que altera o Código Florestal brasileiro. Os ruralistas defendem as alterações propostas pelo governo, que irão beneficiar os pequenos agricultores, enquanto os ambientalistas temem o risco de prejuízos ao meio ambiente.

O Projeto de Lei nº 1.876/99, elaborado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), tramita há 12 anos na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi aprovado em julho do ano passado por uma comissão especial e colocado em pauta para ser votado no último dia 12 de maio. Porém, prevendo uma derrota, a bancada governista retirou o projeto de pauta, que agora não tem prazo definido para voltar ao plenário.

O Código Florestal reúne um conjunto de leis que visam à preservação de florestas, como limites para exploração da vegetação nativa e a definição da chamada Amazônia Legal (área que compreende nove Estados brasileiros). O primeiro código data de 1934 e o atual (Lei nº 4.771), de 1965.

O documento adquiriu maior importância nos últimos anos por conta das questões ambientais. Ao mesmo tempo, precisa ser atualizado para se adequar à realidade socioeconômica do Brasil.

Estima-se que 90% dos produtores rurais estejam em situação irregular no país, pois não seguiram as especificações do código de 1965. Eles plantam e desmatam em locais proibidos pela legislação. É o caso, por exemplo, de plantações de uvas e café nas encostas de morros e de arroz em várzeas, em diversas regiões do país.

Para regularizar a condição dessas famílias, o novo Código Florestal propõe, entre outras mudanças, a flexibilização das regras de plantio à margem de rios e de reflorestamento. Os ambientalistas, no entanto, contestam o projeto. Segundo eles, haverá incentivo ao desmatamento e impactos no ecossistema.

O desafio será equacionar a necessidade de aumentar a produtividade agrícola no país e, ao mesmo tempo, garantir a preservação ambiental.

Pontos de discórdia

Entre os principais pontos polêmicos do novo Código Florestal estão os referentes às APPs (Áreas de Preservação Permanente), à Reserva Legal (RL) e à "anistia" para produtores rurais.

Áreas de Preservação Permanente são aquelas de vegetação nativa que protege rios da erosão, como matas ciliares e a encosta de morros. O Código Florestal de 1965 determina duas faixas mínimas de 30 metros de vegetação à margem de rios e córregos de até 10 metros de largura. A reforma estabelece uma faixa menor, de 15 metros, para cursos d'água de 5 metros de largura, e exclui as APPs de morros para alguns cultivos.

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Entidades ambientalistas reclamam que a mudança, caso aprovada, aumentará o perigo de assoreamento e afetará a fauna local (peixes e anfíbios), além de incentivar a ocupação irregular dos morros, inclusive em áreas urbanas. Já os ruralistas acreditam que a alteração vai ajudar pequenos produtores, que terão mais espaço para a lavoura.

Um segundo ponto diz respeito à Reserva Legal, que são trechos de mata situados dentro de propriedades rurais que não podem ser desmatados. Cerca de 83 milhões de hectares estão irregulares no Brasil, segundo a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

A lei determina que todo dono de terreno na zona rural deve manter a vegetação nativa em proporções que variam de acordo com o bioma de cada região. Na Amazônia é de 80%, no cerrado, 35%, e nas demais regiões, 20%.

Anistia

O projeto exclui a obrigatoriedade para pequenos proprietários (donos de terras com até quatro módulos fiscais, ou, aproximadamente, de 20 a 400 hectares) de recuperarem áreas que foram desmatadas para plantio ou criação de gado. Para os médios e grandes proprietários são mantidos os porcentuais, com a diferença de que eles poderão escolher a área da RL a ser preservada. O dono de uma fazenda em Mato Grosso, por exemplo, poderia comprar terras com vegetação natural em Minas para atender aos requisitos da lei.

Para a oposição, há pelo menos dois problemas. Fazendeiros podem dividir suas propriedades em lotes menores, registrados em nome de familiares, para ficarem isentos da obrigação de reflorestamento. E, caso possam comprar reservas em terrenos sem interesse para a agricultura, poderão criar "bolsões" de terras áridas. A bancada ruralista, ao contrário, acredita que a medida vai favorecer produtores que não têm condições de fazer reflorestamento.

O terceiro ponto de discórdia diz respeito à anistia para quem desmatou, tanto em Áreas de Preservação Permanente quanto em Reserva Legal. O Código Florestal prevê que serão multados proprietários que desmataram em qualquer época. O texto em debate isenta os produtores de multas aplicadas até 22 de julho de 2008 – data em que entrou em vigor o decreto regulamentando a Lei de Crimes Ambientais. Os contrários à proposta acham que a anistia criará precedente que irá estimular a exploração predatória das florestas.

CÓDIGO FLORESTAL: OS DETALHES DOS VETOS DE DILMA

Sociedade fica de olho nos vetos e modificações que Dilma publica hoje no Diário Oficial

Apesar do evento realizado para o anúncio, na última sexta-feira, somente hoje serão divulgados na íntegra os 12 vetos e as 32 modificações que a presidente Dilma Rousseff fez ao Código Florestal. Mesmo revelando alguns pontos, Dilma preferiu que a sua decisão só fosse totalmente conhecida pela população ao mesmo tempo em que o Congresso Nacional recebesse o texto, em sinal de respeito à Casa. Especialistas, entretanto, acreditam que o anúncio em conta-gotas foi uma estratégia para destacar os pontos em que a presidente atendeu aos apelos da sociedade civil, deixando os mais espinhosos apenas para o Diário Oficial.

Para o advogado Raul do Valle, do Instituto Socioambiental, anunciar aos poucos foi uma estratégia para chamar a atenção aos pontos caros à sociedade civil e com potencial de fazer o

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Brasil ter uma imagem positiva na Rio+20. A anistia a pequenos desmatadores, por exemplo, só foi revelada na sexta-feira porque foi feita uma pergunta à ministra Izabella Teixeira, mas não fazia parte da apresentação montada pelo governo para o evento.

Um dos pontos que ainda preocupa ambientalistas é a definição das polêmicas áreas consolidadas. Tanto no texto do Senado quanto no da Câmara, são assim denominados os imóveis rurais com ocupação humana anterior a 22 de julho de 2008, quando foi sancionada a Lei de Crimes Ambientais, e que tenham benfeitorias ou atividades de agropecuária, silviculturas ou pastoris. A definição de área consolidada é importante porque dela depende, por exemplo, quais áreas desmatadas precisam ser recompostas ou não. "É sempre uma dúvida o que isso significa na prática. Se pegar ao pé da letra, teremos que ver o que, na área que está sendo usada, será recomposto ou mantido", justifica o professor de Gestão em Agronegócio da Universidade de Brasília (UnB), Sérgio Sauer.

Outra preocupação é a definição da regra de pousio, área em que atividades agrícolas, pecuárias ou silviculturais são interrompidas para que a terra possa se recompor. O texto do Senado define um prazo limite — cinco anos — enquanto o da Câmara deixa em aberto. Para o professor, dessa forma, os produtores podem se eximir da obrigação de dar um uso para a terra, e abre a brecha para que não haja desapropriação para a reforma agrária.

Serão publicados hoje no Diário Oficial os vetos e a medida provisória que vão regulamentar os pontos suprimidos. A grande preocupação mesmo é se as alterações serão mantidas ou não pelo Congresso Nacional, já que tanto os vetos quanto a medida provisória que será editada precisam ser ratificados pela Casa. O governo se mostrou otimista, mas o Código aprovado pelos parlamentares não agradou o Executivo.

As mudanças

Confira o que já foi anunciado:

• Pequenos produtores rurais, com terras de até quatro módulos fiscais, unidade de medida agrária que varia de município a município, ficam livres de reflorestar a reserva legal, área que deve permanecer intacta para a preservação do meio ambiente.

• Todos os agricultores terão de recompor as margens de rios, a depender da largura do leito de água e do tamanho da propriedade. A faixa que deve ser replantada varia entre 5m e 100m e, no caso de pequenos produtores, não pode passar de 10% da propriedade. No texto da Câmara, somente os rios com até 10m precisavam ter as margens recompostas e em pelo menos 15 metros.

• O dispositivo que previa os princípios que orientam o Código foi retomado no texto do Senado. Este, que é o primeiro artigo, afirma o compromisso do Brasil na preservação de suas florestas e matas nativas e os classifica como bens de interesse comum a toda a sociedade.

• A legislação atual para áreas de reserva legal foi mantida. Os proprietários continuarão tendo de preservar de 20% a 80% do terreno, dependendo do bioma.

• Os proprietários que não se adequarem em até cinco anos ficarão proibidos de contrair crédito rural. É esse o prazo para que atualizem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e apresentem um plano de reflorestamento.

• As multas ambientais, para os que desmataram ilegalmente, ficam suspensas até que o produtor conclua o seu plano de reflorestamento. Se em cinco anos o proprietário não tiver atualizado o CAR, a multa volta a ser cobrada.

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RISCO DE O BRASIL RACIONAR ENERGIA É CADA VEZ MAIOR

Racionamento de Energia à Vista

Nas hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por 70% da produção de energia no país, os reservatórios iniciaram 2013 no menor nível dos últimos 12 anos para o mês de janeiro. Operam, em média, com apenas 28,9% da capacidade, abaixo do registrado em igual período de 2001, ano em que os brasileiros enfrentaram racionamento. O governo nega haver risco de o Brasil ter de fazer economia forçada de luz. Mas empresários e investidores do setor afirmam que o perigo é grande. A onda de desconfiança derrubou ações das principais empresas do sistema elétrico na Bovespa.

Com os níveis dos reservatórios muito baixos e o consumo em alta, risco de desabastecimento aumenta. Redução na conta de luz será menor

O risco de o Brasil decretar um racionamento no consumo de energia elétrica neste ano, repetindo o desabastecimento de 2001, está cada vez maior. Apesar de o governo negar qualquer possibilidade de a medida ser anunciada, empresários e investidores alardearam ontem que, diante dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e do consumo elevado em dias de alta temperatura, a capacidade de fornecimento de luz às residências e às fábricas está no limite.

Com a onda de desconfiança varrendo o país, as ações das principais empresas do setor elétrico derreteram na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que caiu 0,94%. Os papéis preferenciais (PN) da Eletrobras recuaram 4,72%, e os da Cesp e da Cemig, 3,4% e 3,3%, respectivamente. O temor foi agravado com a informação de que a fatura da energia gerada por termelétricas (mais cara), somada ao abastecimento vindo das hidrelétricas, já se aproxima de R$ 1 bilhão por mês. Ou seja, a tendência é de a conta de luz ficar mais cara em vez baratear, como prometeu a presidente Dilma Rousseff.

"As previsões de chuvas para janeiro apontam volume 30% menor do que o considerado normal para o mês. Se considerar que as precipitações são ainda localizadas, fora dos locais ideais para as principais bacias de rios, a geração hidrelétrica está ameaçada neste ano", disse Reginaldo Medeiros, presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). Sendo assim, é provável que as usinas térmicas, que deveriam ser ligadas apenas em momentos de emergência, fiquem acionadas por todo o ano. Nesse sentido, Medeiros apontou como preocupação ainda maior outro fator inesperado: dos 20 gigawatts (GW) de potência térmica que deveriam ser entregues em 2013, só 13 GW vingaram. Essa diferença representa as usinas contratadas em leilões de 2008 e não concluídas pelos empreendedores.

Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira de Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage), ressaltou que, caso as chuvas de janeiro não venham no nível considerado normal, os fornecedores serão forçados a "acender o sinal amarelo" perante o risco de racionamento, informado pelo Correio na edição de 24 de novembro de 2012. No entender dele, se o Sudeste — onde estão os maiores consumidores e o calor tem sido implacável — apresentar volume nos reservatórios das usinas abaixo do recomendável, será necessária a adoção, pelo governo, de medidas adicionais de segurança, como a adoção de térmicas de geração ainda mais caras.

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Segundo Neiva, o primeiro trimestre concentra as chuvas, o que pode até fazer as térmicas voltarem ao seu emprego mínimo a partir de abril, na melhor da hipóteses. Mas nada garante que isso ocorrerá. "A sorte do país é que a economia não está crescendo ao ritmo de 4%, como apostava o Ministério da Fazenda. Se considerar que a demanda de eletricidade avança a um ritmo uma vez e meia maior que o PIB, uma expansão mais forte da atividade nos deixaria às escuras", assinalou Walter Fróes, presidente da comercializadora de energia CMU. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Célio Bermann, mais do que o apagão clássico, o maior risco para o abastecimento continua sendo a fragilidade das redes de transmissão do país, que carecem de investimentos e manutenção. "O que a presidente Dilma Rousseff chama de falha humana é o sucateamento de redes", ressaltou.

Aperto no Bolso

O consenso dos agentes é de que o elevado custo da geração térmica, cinco vezes e meia ao da hidrelétrica, deverá esvaziar a promessa do governo de reduzir o valor das contas de luz a partir de fevereiro, em 20,2%, em média. Enquanto a indústria que compra energia no mercado livre já sente os efeitos da disparada dos preços, o mercado cativo dos consumidores residenciais perceberá o impacto no bolso ao longo do ano, à medida que as revisões tarifárias forem aprovadas. No caso de Brasília, o preço mais alto chegará em agosto.

Segundo Neiva, da Abrage, o uso intensivo das usinas térmicas já conspirou contra os planos da presidente. Nem mesmo a ajuda do Tesouro, estimada em até R$ 7 bilhões, para arcar com as diferenças das empresas que não aderiram ao plano de redução das tarifas será suficiente para o agrado aos consumidores. O diretor executivo da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César de Barros Pinto, também não vê condições conjunturais para garantir a redução da conta de luz no patamar prometido, em razão do uso intensivo de uma energia mais cara, a térmica.

O nível dos reservatórios das hidrelétricas no Sudeste e do Centro-Oeste, responsáveis por 70% da capacidade de produção de energia no país, é o mais baixo dos últimos 12 anos para janeiro: 28,9% do armazenado nos lagos artificiais. O índice está um pouco abaixo do verificado em igual mês de 2001, ano em que o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) decretou racionamento. No Sul e no Nordeste, o quadro é ainda pior, sem perspectivas de ficar acima do mínimo razoável, de 30%. Neste momento, só resta ao Palácio do Planalto rezar para São Pedro evitar o desabastecimento.

Reunião de Emergência

Para mostrar que está agindo, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião para as 14h30 de amanhã com todo o comando do Ministério de Minas e Energia. O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) contará ainda integrantes do Operador Nacional do Sistema (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Câmara de Compensação de Energia Elétrica (CCEE), Agência Nacional de Águas (ANA) e do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (Cepel).

O ministro Edison Lobão ressaltou, por meio de nota, que a reunião do CMSE não foi convocada diretamente pela presidente Dilma e nem tem caráter emergencial, pois estava prevista no

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calendário anual do comitê. Analistas ouvidos pelo Correio discordaram e garantiram que uma reunião da Câmara de Compensação de Energia Elétrica, marcada para o mesmo dia, precisou ser adiada em uma semana.

Eles lembraram ainda que a questão do racionamento gera particular ansiedade ao Planalto, pois a chamada crise do apagão, ocorrida de 1º de julho de 2001 a 27 de setembro de 2002, foi usada em favor do PT nas campanhas eleitorais. Além disso, racionamento é a única situação em que a presidente Dilma admite o termo apagão, fenômeno que afirma ter sepultado com o modelo implantado por ela há 10 anos, quando era ministra de Minas e Energia.

DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA DEVE CRESCER 20% ESTE ANO

O Globo – 12/11/2013

Governo Prevê que Devastação na Amazônia Legal, wm Um Ano, Tenha Aumentado até 20%

BRASÍLIA – Após quatro anos em queda, o desmatamento na Amazônia Legal deverá voltar a crescer este ano, principalmente puxado pela derrubada da floresta em grandes áreas do Pará e do sul do Amazonas, onde havia uma trajetória de redução da devastação há anos. A área ambiental do governo ainda não possui os cálculos fechados sobre o período de agosto de 2012 a julho deste ano — quando se encerra o ano-base para o cálculo —, mas prevê um aumento de até 20% da área devastada em relação ao período anterior, quando se chegou a uma mínima histórica desde 1988, com supressão de apenas 4,57 mil quilômetros quadrados da floresta.

O número oficial deverá ser anunciado até o fim deste mês. Apesar da provável alta, o volume de área devastada não deverá superar a marca de 2011, quando foram desmatados 6,41 mil quilômetros quadrados, e ficará certamente abaixo da média dos anos anteriores a 2008. É essa redução estrutural na área desmatada por ano que deverá ser divulgada pelo governo Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral do próximo ano, em que o tema ambiental deverá voltar à pauta com a participação de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente, ao lado do governador Eduardo Campos (PSB-PE).

A previsão de aumento do desmatamento tem base, principalmente, na apuração feita por satélite (do sistema Deter) que indicou um aumento de 35% nas áreas com problemas, de 2012 para 2013. O número oficial a ser divulgado (com base no sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), porém, é mais abrangente.

ONG Fala em Avanço de 92% na Devastação

A ONG Imazon, que também analisa dados de satélites, denuncia que, de um ano-base para o outro, a área devastada avançou 92% — muito acima das estimativas oficiais, portanto. Mas esse percentual de aumento é descartado pelo governo federal. Como forma de mostrar que a ação contra o desmatamento permanece na ordem do dia, o governo federal deverá mostrar em breve os esforços que têm sido feitos por Ibama, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública para identificar as motivações para a ampliação da devastação em grandes áreas.

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No ano passado, os autos de infração do Ibama somaram R$ 1,6 bilhão em ações contra desmatamento, valor que subiu ainda mais este ano. O governo também tem usado a inteligência policial e da fiscalização para conter máfias que acabam reduzindo o impacto das ações de contenção do avanço do desmatamento. Neste ano, por exemplo, a superintendência regional do Ibama em Barra do Garça, em Mato Grosso, teve afastados todos os seus servidores após denúncias de envolvimento em irregularidades que colaboravam para o avanço do desmatamento.

Governo Diz que há Servidores Envolvidos

Segundo fontes do próprio governo federal, ou- tros servidores do governo estariam vendendo o “desembargo” de áreas que já haviam sido em- bargadas pelo órgão ambiental federal, e por is- 50 estão sob investigação. — Esperamos que possa haver algum tipo de oscilação natural. O que meu pessoal no campo me diz é que voltaram a ocorrer no Pará grandes desmatamentos, em áreas acima de mil hectares, onde não havia mais — admitiu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Segundo ela, por isso também as ações do governo federal têm sido mais ostensivas, principalmente nos eixos que envolvem o trajeto da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) e também no eixo da rodovia Transgarimpeira, no Pará. Apesar da indicação ruim dos números desse último ano, as primeiras impressões do próprio Deter já são positivas para o novo período de análise que se iniciou em agosto, segundo Francisco Oliveira, diretor de Políticas para Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente.

No trimestre, o volume de área sob risco caiu 24%, segundo ele. — Com esse indicativo de redução, já estamos voltando para o patamar de antes, em sinal positivo para se chegar à meta de 2020, que pode até ser antecipada — disse Oliveira. A meta do governo exibida na apresentação do balanço do ano passado era de uma redução média de 4% ao ano até 2020, quando se pretende reduzir a área de desmatamento a menos de 4 mil quilômetros quadrados por ano.

Segundo Beto Veríssimo, pesquisador do Imazon, aumentou em 2013 o chamado desmatamento especulativo, que ocorre nessas áreas de fronteiras novas no oeste do Pará e no sudeste do Amazonas, onde o governo está melhorando a infraestrutura de estradas.

Devastação Maior em Áreas de Conservação

Além disso, segundo Veríssimo, também há maior devastação em unidades de conservação ambiental, como Floresta Nacional do Jamanxim (PA). Ele aponta ainda um outro possível motivo para o aumento da devastação: as mudanças no Código Florestal aprovadas pelo Congresso.

– O Código Florestal sinalizou para alguns agentes que a lei se acomoda à realidade, que depois de um tempo eles podem ser anistiados, embora o texto em si não aponte, nem o governo tenha indicado isso. Em 2004, o governo lançou plano de combate ao desmatamento; depois, um segundo plano entre fim de 2007 e início de 2008, quando houve um repique do desmatamento, que assustou o governo, lembra Veríssimo.

– De lá para cá, o escopo do combate tem sido mantido, mas, se o desmatamento, defato subir, está claro que o governo vai ter que fechar todas as torneiras para evitar especulação com áreas de fronteira agrícola.

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6. Panorama da economia nacional.

RETRATOS DO BRASIL: SOBE DESEMPREGO ENTRE OS JOVENS

Jovens na rua. No olho da rua

O Globo – 25/07/2013

Enquanto a desocupação ficou em 6% no país, segundo o IBGE, a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos subiu de 14,6% para 15,3% em junho. O índice é ainda maior nas regiões metropolitanas de Salvador e Recife.

Desemprego em junho sobe para 15,3% no grupo de 16 a 24 anos

Reflexos do Pibinho

Protagonistas de boa parte dos grandes eventos que varrem o país – as manifestações nas ruas, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude – os jovens também estão no centro das estatísticas nada positivas do desemprego: eles são as principais vítimas da demora na retomada da economia e do esfriamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre os que têm de 16 a 24 anos, subiu de 14,6% para 15,3% em junho, mais do que o dobro dos 6% registrados para a média de todas as idades, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. O contingente de jovens desempregados atingiu 579.974 pessoas, o equivalente a sete Maracanãs lotados.

Andressa Cristina Amaral, de 21 anos, engrossa, desde anteontem, esse "público" do desemprego. Após dois anos e meio trabalhando como vendedora em uma loja na Tijuca, resolveu pedir demissão, com outros quatro colegas, por se sentir explorada pelo patrão. Com o Ensino Médio completo, a jovem, que é mãe solteira de uma menina de 2 anos, está em busca de uma oportunidade como assistente administrativa, mas sabe que a falta de um diploma de graduação e a pouca experiência na área são barreiras.

– Sempre pedem alguém que seja formado ou esteja cursando faculdade. A experiência é outro problema. Já perdi uma oportunidade porque pediam seis meses de experiência, mas eu só trabalhei três meses na função – conta ela, que sonha cursar faculdade de Administração.

Apesar da ajuda dos pais e da pensão alimentícia paga pelo pai da criança, Andressa teme passar muito tempo desempregada. Em 2011, amargou cinco meses sem trabalho.

– Naquela época, eu trabalhava em uma loja, pelo programa Jovem Aprendiz. Fui mandada embora um mês depois que a Vitória nasceu. Por um lado foi bom porque fiquei cuidando da minha filha, mas eu precisava trabalhar.

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Cenário é pior no nordeste

A situação de Francisco Ponce, também de 21 anos, é mais complicada. Ele não concluiu o Ensino Médio e está há dois anos em busca do primeiro emprego com carteira assinada. Mora com os pais em Belford Roxo e, além da baixa escolaridade, diz que o local de moradia é outra desvantagem.

– Já fiz várias entrevistas. Quando perguntam a escolaridade, me descartam. Ano passado, surgiu uma oportunidade, mas não pude aceitar porque eles não queriam pagar o transporte. Moro longe...

Para ajudar com as contas da casa, faz bicos trabalhando em obras e em um lava-jato. Olhando para o futuro, promete voltar a estudar e concluir o Ensino Médio, a fim de aumentar suas chances.

A falta de experiência e de qualificação costumam explicar o porquê de os jovens estarem sujeitos tradicionalmente a taxas mais elevadas de desocupação. O cenário que aponta alta do desemprego pega primeiro esse grupo, o primeiro na fila dos cortes.

– A dificuldade de inserção em um cenário conturbado fica ainda mais difícil para eles. Os jovens são mais inexperientes e mais fáceis de descartar – afirma o gerente da Pesquisa Mensal do Emprego, do IBGE, Cimar Azeredo.

Enquanto a taxa de desemprego na média do país subiu pela primeira vez neste ano em junho, para os jovens ela já teve três avanços em 2013. A situação é mais complicada para os que vivem na região Nordeste. Em Salvador, a desocupação chegou a 18,5% e em Recife, a 17,6%. São Paulo tem uma taxa de 16,6% e o Rio, de 15,4%. Belo Horizonte e Porto Alegre são as regiões com taxas menores entre os jovens: 10,5% e 10%, respectivamente.

O ritmo de deterioração do emprego também é maior entre os que têm entre 16 e 24 anos. O desemprego subiu 1,4 ponto percentual em junho em relação ao mesmo mês do ano passado para adolescentes e jovens. Na média de todas as idades, a alta foi de 0,1 ponto percentual.

O que a alta taxa de desemprego não explica é se os jovens estão se dedicando mais aos estudos ou se engrossam as fileiras dos chamados "nem nem", aqueles que nem trabalham, nem estudam.

– É preciso investir em uma série de políticas públicas ligadas à educação e à formação técnica mais qualificada para esses jovens – afirma a economista Ana Lucia Barbosa, do Ipea.

pessimismo com o Segundo semestre

No total das seis regiões pesquisadas pelo IBGE, a alta da desocupação – de 5,8% em maio para 6% em junho – fez com que boa parte de consultorias e bancos passasse a esperar por novas altas na taxa de desemprego no segundo semestre, época em que, tradicionalmente, o mercado de trabalho é mais vigoroso por causa das encomendas das festas de fim de ano.

Corroída pela inflação, a renda do trabalhador brasileiro registrou a quarta queda consecutiva. Caiu 0,2% em relação a maio. Já na comparação com junho do ano passado, houve elevação de 0,8%.

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A Rosenberg & Associados revisou de 5,5% para 5,7% a previsão para o desemprego este ano. A economista-chefe da consultoria, Thais Marzola Zara, vê com preocupação a estabilidade da massa salarial real e o recuo de 3,3% na ocupação do setor industrial no mês passado.

– Como a economia está demorando a se recuperar, a confiança dos agentes está em queda. Fica difícil ver isso refletido em uma melhora do mercado de trabalho.

INVESTIMENTO BRASILEIRO NO EXTERIOR AUMENTA 60%

Empresas Brasileiras Ampliam Investimento Direto no Exterior

Valor Econômico – 29/07/2013

De janeiro a junho, as empresas com sede no Brasil fizeram investimentos diretos no exterior de US$ 11,3 bilhões. Esse valor, que representa um aumento de 60% em relação ao mesmo período do ano passado, mostra que as companhias brasileiras retomaram o processo de internacionalização que, após uma onda em 2010 e 2011, havia perdido fôlego ao longo de 2012. A expansão dos negócios brasileiros no exterior decorre, em parte, do cenário interno mais morno, que desestimula investimentos, e de problemas de competitividade no país, como a inflação e os custos.

O Brasil passou a ser neste ano uma importante fonte de investimentos feitos por montadoras de veículos e fabricantes de autopeças no exterior. Só no primeiro semestre, quase US$ 1 bilhão saíram do país com essa finalidade, valor recorde, mas ainda inferior às remessas de lucros às matrizes no período, de US$ 1,5 bilhão. São recursos direcionados a aportes de capital adicionais em subsidiárias, aquisições ou criação de novos negócios. Esses investimentos do setor foram os maiores da indústria de transformação no semestre e se aproximam dos realizados pela indústria petroleira, a que mais investe fora do país, com US$ 1,1 bilhão.

Com um cenário interno mais morno e várias barreiras de competitividade no país, como a inflação e o aumento dos custos, as empresas brasileiras aproveitam para expandir os negócios no exterior.

É o que apontam os dados mais recentes do Banco Central (BC) relativos aos investimentos brasileiros diretos no exterior. A parte desse montante destinada ao aumento de capital em outros países – aplicações feitas na criação, ampliação ou aquisição de novos negócios – teve aumento de 60,6% no primeiro semestre de 2013 ante o mesmo período em 2012. Até junho as empresas com sede no Brasil investiram US$ 11,3 bilhões em novos negócios no exterior, retomando um processo de internacionalização que, após uma leva de expansão em 2010 e 2011, havia perdido fôlego no ano passado.

"Várias razões têm levado as empresas brasileiras a buscarem espaço fora", diz Luis Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). "Pode ser um mercado que já está saturado no Brasil, pode ser para estar mais próximo da matéria-prima, ou então para buscar em outros países expertise que não temos aqui."

É o que acontece, por exemplo, com o setor de tecnologia da informação, diz Lima, citando o exemplo da Stefanini, empresa brasileira de tecnologia que fez diversas aquisições

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internacionais desde 2009, focadas principalmente no mercado dos Estados Unidos. O setor tem pouco peso na balança comercial, mas seu tamanho triplicou em 2013: os investimentos das companhias nacionais de TI em outros países passaram de US$ 11 milhões no primeiro semestre de 2012 para R$ 32 milhões nos seis primeiros meses deste ano.

"É natural imaginar brasileiros investindo no exterior", diz Fábio Silveira, analista da GO Associados. "O risco do país piorou sob a ótica internacional, passa por piora doméstica, por período de inflação alta. Tudo isso estimula o investidor a pôr mais dinheiro lá fora."

Isso não significa, porém, que esteja ocorrendo um desinvestimento no país e uma fuga do capital para outras regiões. "Os investimentos internos desaceleraram, mas não estão caindo", destaca Lima. Ele lembra que o nível de internacionalização das empresas brasileiras é ainda muito pequeno, mesmo se comparado a outros países emergentes.

Entre 2011 e 2012, enquanto os emergentes aumentaram a sua participação no bolo total de investidores externos de 25,2% para 30,6% – os Brics passaram de 12,9% para 15,5% -, o Brasil perdeu espaço, com queda de US$ 3 bilhões no total de capitais aplicados fora do país, segundo dados da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad). "A internacionalização é um caminho que vem sendo trilhado por todos os emergentes, e aqueles que não fizerem terão dificuldades em competir mais à frente. E o Brasil ainda faz pouco", afirma Lima.

AGRONEGÓCIO PUXA CRESCIMENTO DO PIB

Agronegócio deve garantir metade da expansão do PIB Autor(es): Márcia De ChiaraO Estado de S. Paulo – 23/09/2013

O agronegócio responderá por quase metade do crescimento da economia este ano. O bom resultado é puxado pela soja: em 2014, o Brasil passará os EUA como maior produtor.

Na safra 2014, que começa a ser plantada, o Brasil deve superar os EUA e virar o maior produtor e exportador mundial de soja

Quase a metade da expansão da economia deste ano virá do agronegócio, que tem como carro-chefe a soja. Com recordes seguidos de produção, o grão deve levar o País a uma posição inédita*

Na safra 2014, que começa a ser plantada este mês, o Brasil poderá ser o maior produtor e exportador mundial de soja, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Projetava-se essa mudança, de o Brasil superar os EUA, ainda em 2013, mas isso não ocorreu.

A produção brasileira esperada de 88 milhões de toneladas de soja para 2014 deve superar a safra dos EUA, de 85,7 milhões de toneladas, que está em fase final e foi afetada pela seca.

Do crescimento de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) estimado pelo mercado para este ano, segundo o Boletim Focus do Banco Central (BC) mais recente, um pouco mais de um ponto porcentual virá da agroindústria, calcula o diretor de pesquisa da consultoria GO Associados, Fabio Silveira.

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Nas suas projeções, ele considerou o PIB do agronegócio de 2012 em R$ 989 bilhões e a estimativa de crescimento para o setor de 5% para este ano, ambos os dados da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA). Se as estimativas de crescimento se confirmarem, o PIB do agronegócio deve somar R$ 1,038 trilhão em 2013, 23% de toda a riqueza no País.

A cifra inclui os segmentos antes e depois da porteira", ressalta Adriana Ferreira Silva, economista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que calcula o PIB do agronegócio para a CNA. Isso significa que a cadeia da agroindústria considera não só os produtos primários da agricultura e da pecuária, mas também toda a riqueza criada no processamento e na distribuição, além do desempenho da indústria de insumos.

O agronegócio está puxando não só a indústria de alimentos, mas também a de bens de capital. Na minha avaliação, o agronegócio pode neste ano tracionar a economia mais do que o varejo", diz o economista da Associação Comercial de São Paulo, Emílio Alfieri, que acompanha de perto o consumo. Enquanto a indústria patina. A produtividade da soja no Mato Grosso é de 3,1 quilos por hectare, enquanto nos EUA é Inferior a 3 quilos. A vantagem é anulada pelo alto custo de logística.

O varejo desacelera, as evidências da força do agronegócio para tracionar outros setores da economiajá aparecem nas vendas de insumos. "Se não houver nenhum imprevisto até dezembro, as vendas de tratores de rodas neste ano serão recordes", afirma o diretor de Vendas da Agrale, Flávio Crosa.

Surpresa» Ele conta que 2012 já tinha sido um ano bom para a agricultura e foram vendidos no mercado 56 mil tratores de rodas, que são para o agronegócio. Para este ano, a estimativa inicial era vender 54 mil máquinas. Mas até agosto foram comercializados 44,9 mil unidades, segundo a Anfavea. A perspectiva agora é que o ano feche com 60 mil tratores comercializados. "Não imaginávamos que uma demanda tão forte assim."

Além da capitalização dos" produtores, Crosa cita a manutenção até dezembro do Programa BNDES de Sustentação do Investiment (PSI) como fator de impulso às vendas.

A história se repete no fertilizante. Em 2012, foram vendidas 29,5 milhões de toneladas. Consultorias projetam para este ano 30,5 milhões de toneladas. Até agosto alta foi de 5,5%. "Teremos mais um recorde", prevê o diretor da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), David Roquetti Filho.

BRASIL GRANDE: PAÍS VOLTA A TER MAIOR TAXA DE JURO REAL DO MUNDO

INFLAÇÃO CAI, E BC ELEVA JUROAutor(es): Gabriela Valente e Roberta Scrivano O Globo – 10/10/2013

IPCA recua para 5,86%, mas Selic sobe para 9,5%. Brasil volta a ter a maior taxa real do mundo

No mesmo dia em que a inflação medida pelo IPCA em 12 meses recuou para 5,86%, patamar abaixo de 6% pela primeira vez este ano, o Banco Central (BC) decidiu aumentar os juros pela quinta vez seguida. Atento aos riscos de os índices de preços continuarem num patamar alto em 2014 — ano eleitoral — o BC elevou a taxa básica (Selic) de 9% para 9,5% ao ano. Com a medida, o país volta a ter o juro real mais alto do mundo, de 3,5%, segundo levantamento

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do economista Jason Vieira, à frente de Chile e China. Desde abril do ano passado, o país não ocupava o primeiro lugar na listagem. A decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) foi tomada depois de o govemo começar a ajustar o discurso político para justificar o abandono da bandeira dos juros baixos. A cúpula do BC também indicou que a taxa pode subir mais e deixou o caminho aberto para a Selic voltar à casa dos dois dígitos ainda neste ano.

Essa foi a leitura feita pelos economistas do mercado financeiro do comunicado publicado após a reunião. O texto enxuto foi exatamente o mesmo divulgado nos três encontros anteriores do comitê. Nele, os diretores do BC afirmam que a decisão mira no controle de preços no ano que vem.

"O comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano" diz a nota. Para os economistas, esse é um sinal de que o Palácio do Planalto diminuiu a interferência no trabalho do Banco Central por entender que a inflação alta pode representar um perigo político ainda maior do que a fragilidade do crescimento.

— O discurso político está sendo ajustado de olho nas eleições de 2014. Vão deixar claro que elevar os juros para dois dígitos não é retrocesso, mas uma ação conjuntural para manter conquistas — frisou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Para o economista-chefe da Asset Votorantim, Fernando Fix, é cedo para mudar o cenário original: juros básicos em 9,75% ao ano no fim de 2013. Essa é a aposta da maioria dos analistas.

— Não seria recomendável declarar vitória (no combate à inflação) neste período — disse.

Segundo analistas, havia argumentos para indicar que os juros não continuariam a subir no mesmo ritmo. A economia não voltou a crescer na velocidade desejada. O dólar caiu e pressionará menos

a inflação no Juturo, e a incerteza em razão do possível calote da dívida dos EUA embaralha de vez as previsões. De outro lado, o BC tem dito que o mais importante é ancorar expectativas de consumidores e empresários. E as apostas para a inflação no ano que vem são altas. O próprio BC espera que o IPCA feche o ano em 5,8%. E projeta taxa de 5,7% para 2014. A meta anual é de 4,5% com uma margem de tolerância de dois pontos percentuais.

— É um desafio muito grande entrar no ano que vem com previsão de inflação alta e uma pressão forte que vem dos preços administrados — ponderou o ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall.

FiRJAN E FIESP CRITICAM DECISÃO O economista referiu-se ao prometido aumento de gasolina e às perspectivas de alta de tarifas de trans-j portes. Nas projeções de Kawall, o BC deve começar 2014 com mais altas de juros. Ele aposta em dois aumentos de 0,25 ponto percentual nas duas primeiras reuniões do Copom. Com isso, a Selic chegaria a 10,5% ao ano.

A ata da reunião de agosto já indicava maior preocupação com a inflação. Vários trechos destacavam seus efeitos na economia: aumento de riscos, depressão de investimentos, encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos e deterioração da confiança de empresários. Além disso, ressaltava que inflação alta subtrai poder de compra de salários e de transferências, diminui o consumo, reduz o potencial de crescimento da economia e geração de empregos e de renda.

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Entidades empresariais e sindicais criticaram a decisão do BC. Para a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) a alta foi equivocada e o ciclo de aperto monetário deve ser encerrado. Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), avalia que o novo aumento prejudica um momento propício à retomada da atividade econômica,

— É hora de baixar os juros e aumentar o investimento público em concessões, para voltarmos a crescer — disse Sk.

CLASSE C PASSOU A SER MAIORIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA

Agência Brasil

No ano passado, 2,7 milhões de brasileiros mudaram o perfil de renda, deixando as classes D e E para fazer parte da classe C. Além disso, 230 mil pessoas saíram da classe C e entraram para as classes mais ricas (A e B).

A maior da parte da população (54%) fazia parte da classe C em 2011, uma mudança em relação ao verificado em 2005, quando a maioria (51%) estava na classe D/E. Um total de 22% dos brasileiros está no perfil da classe A/B, o que também representa um aumento em comparação ao constatado em 2005, quando a taxa era 15%.

É o que mostra a sétima edição da pesquisa Observador Brasil 2012, feita pela empresa Cetelem BGN, do Grupo BNP Paribas, em parceria com o instituto Ipsos Publics Affairs.

O levantamento indica ainda que a capacidade de consumo do brasileiro aumentou. A renda disponível, ou o montante de sobra dos ganhos, descontando-se as despesas, subiu de R$ 368, em 2010, para R$ 449, em 2011, uma alta de pouco mais de 20%. Na classe C, houve um aumento de 50% (de R$ 243 para R$ 363).

Enquanto a renda média familiar das classes A/B e D/E ficaram estáveis, na classe C cresceu quase 8%. Mas a pesquisa mostra que em todas as classes houve um aumento da renda disponível, que ultrapassou R$ 1 mil, entre os mais ricos.

“O aumento da renda disponível em todas as classes sociais indica que houve maior contenção de gastos”, destaca a equipe técnica responsável pela pesquisa.

7. O cotidiano brasileiro

BRASIL FICA EM 84ª EM RANKING DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

Brasil ocupa a 84ª posição no ranking do IDH 2011 (Índice de Desenvolvimento Humano), em uma lista que traz 187 países. O Brasil avançou uma posição em relação ao ano passado e tem desenvolvimento humano considerado alto, segundo o relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

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O IDH considera basicamente três aspectos: saúde, educação e renda. Para o Brasil, foram levados em conta os seguintes dados: 7,2 anos médios de estudo, 13,8 anos esperados de escolaridade, além de expectativa de vida de 73,5 anos. Em relação ao rendimento, foi registrada uma Renda Nacional Bruta per capita de US$ 10.162 (ajustados pelo poder de compra).

O IDH varia de 0 a 1 --quanto mais próximo a 1, melhor a posição do país no índice. Considerando a evolução do Brasil ao longo do tempo, o valor passou de 0,549 (em 1980) para 0,665 (em 2000), chegando neste ano ao patamar de 0,718.

Tuca Vieira/Folhapress

Embora se enquadre na categoria de país com desenvolvimento humano elevado, o Brasil fica atrás de dez países da América Latina. Na região, apenas Chile e Argentina têm desenvolvimento humano considerado muito elevado.

Topo do Ranking

No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar a 1ª posição da lista, seguida por Austrália e Holanda. Os Estados Unidos ficaram em 4º lugar. Todos esses países têm desenvolvimento humano considerado muito elevado, de acordo com o relatório apresentado pelo Pnud.

Na Noruega, por exemplo, a média de escolaridade é de 12,6 anos, enquanto no Brasil essa taxa fica em 7,2 anos.

Todos os dez últimos colocados no ranking estão na África. A República Democrática do Congo ocupa a última posição (187ª), com o menor índice de desenvolvimento humano, seguida por Niger e Burundi.

Nos últimos anos, cerca de 3 milhões de pessoas morreram vítimas da guerra na República Democrática do Congo, onde a esperança de vida ao nascer é de apenas 48,4 anos, segundo o relatório do Pnud.

Ajuste

Desde o ano passado, o Pnud divulga também o IDH-D (o IDH ajustado à desigualdade). Esse índice contabiliza a desigualdade na distribuição de renda, educação e saúde. Alguns países têm pontos "descontados", como é o caso do Brasil. O IDH do Brasil neste ano é 0,718, enquanto o índice ajustado à desigualdade fica em 0,519.

Outro índice divulgado pelo relatório é o IDG (Índice de Desigualdade de Gênero), que se baseia em três pilares (saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica). No cálculo, são considerados dados como a mortalidade materna e a taxa de participação no mercado de trabalho.

Numa lista de 146 países, o Brasil ficou com a 80ª posição do IDG. Um dos aspectos que pesou foi o fato de o Brasil, segundo o relatório, ter apenas 9,6% dos assentos parlamentares ocupados por mulheres.

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IDH MUNICIPAL AVANÇA EM 20 ANOS; EDUCAÇÃO AINDA É DESAFIO

IDHM avança 47%, mas ‘freia’ na Educação O Estado de S. Paulo – 30/07/2013

Em 20 anos, o índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um país dominado por municípios que não chegavam a alcançar um desenvolvimento médio – mais de 80% eram classificados, em 1991, como de índice muito baixo – o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. No entanto, apesar de um avanço de 128%, o índice de educação continua sendo apenas médio.

Em 20 anos, o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios brasileiros (IDHM) avançou 47,8%. De um País dominado por municípios que não conseguiam nem mesmo alcançar um desenvolvimento médio – mais de 80% eram classificados, em 1991, como muito baixo -o Brasil hoje chegou a 1/3 altamente desenvolvido. As boas notícias, no entanto, poderiam ter sido ainda melhores se o País tivesse começado a resolver antes o seu maior gargalo, a Educação. Dos três índices que compõe o IDHM, é esse que puxa a maior parte dos municípios para baixo.

Apesar de um avanço de 128%, o IDHM de Educação continua sendo apenas médio. O avanço é inegável. O mapa da evolução dos IDHMs mostra que, em 1991, quando o índice foi publicado pela primeira vez, o Brasil não apenas tinha um perfil muito ruim, era também extremamente desigual, com as poucas cidades mais desenvolvidas concentradas totalmente no Sul e Sudeste.

Os dados deste ano mostram que os mais pobres conseguiram avançar mais.Estão nas Regiões Norte e Nordeste as cidades que tiveram o maior crescimento do IDH- como Mateiros (TO), que alcançou 0,607, um IDH médio, mas 0,326 pontos maior do que há 20 anos.

É na Educação que as disparidades mostram sua força. Apenas cinco cidades alcançaram um IDHM acima de 0,800, muito alto, em Educação. Nenhum dos Estados chegou lá. Os melhores, Distrito Federal e São Paulo, foram classificados como Alto IDHM. Mais de 90% dos municípios do Norte e Nordeste têm índices baixos ou muito baixos, enquanto no Sul e Sudeste mais da metade das cidades têm números nas faixas média e alta.

A comparação entre Águas de São Pedro (SP), a cidade com melhor IDHM de Educação do País, e Melgaço (PA), com o pior IDHM, tanto geral quanto em Educação, é um exemplo dos extremos do País. Em Melgaço, a 290 quilômetros de Belém, chega-se apenas de helicóptero ou barco, em uma viagem que pode durar 8 horas. Dos seus 24 mil habitantes, apenas 12,3% dos adultos têm o ensino fundamental completo. Entre crianças de 5 e 6 anos, 59% estão na escola, mas só 5% dos jovens de 18 a 20 anos completaram o ensino médio.

Águas de São Pedro, a 187 quilômetros da capital paulista, tem 100% das crianças na escola e 75% dos jovens terminaram o ensino médio. Em 1991, mesmo considerando os critérios educacionais mais rígidos do IDHM atuais, o município já era o 12.0 melhor do País. Melgaço, era o 97.° pior, o que mostra que melhorou menos do que poderia.

A Educação é onde os municípios brasileiros estão mais longe de alcançar o IDH absoluto, 1. Os números mostram que o País melhorou mais no fluxo escolar – mais crianças estão na escola e na idade correta -, mas mantém um estoque alto de adultos com escolaridade baixa e, mais grave, parece ainda estar criando jovens sem estudo.

A população de crianças de5e 6 anos que frequentam a escola atinge mais de 90%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental. Entre 18 e 20,41%

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concluíram o ensino médio. Em 15% das cidades brasileiras menos de 20% da população terminou o ensino fundamental.

Análises. "O que pesa mais é o estoque de pessoas com pouca formação na população adulta. Se você olhar com atenção, verá que nas pontas, acima dos 15 anos, os indicadores já não são tão bons quanto nos anos iniciais", disse Maria Luiza Marques, coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil pela Fundação João Pinheiro, uma das entidades organizadoras.

O presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea),Marcelo Néri, considera o avanço na Educação "muito interessante". "A Educação é a mãe de todas as políticas, mas é difícil de mudar, porque tem uma herança muito grande para resolver. A Educação é a base de tudo e hoje está no topo das prioridades. Mudou a cabeça dos brasileiros."

OS QUE NEM TRABALHAM NEM ESTUDAM

Jovens sem trabalho e fora da escola são 1,5 milhão

Autor(es): Por Alessandra Saraiva | Do RioValor Econômico – 09/08/2013

Cerca de 1,5 milhão de jovens entre 19 a 24 anos, concentrados nas faixas mais pobres da população brasileira, não trabalham, não estudam, nem procuram emprego – e o número de pessoas que se encaixam nesse perfil cresce. É o que mostra estudo feito por Joana Monteiro, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, batizado de "Os Nem-Nem-Nem: exploração inicial sobre um fenômeno pouco estudado". O levantamento, baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, mostra que o grupo de jovens desalentados (exclui donas de casa com filhos) já representava 10% da população nessa faixa etária. Com pouca escolaridade e baixa renda, eles podem elevar o desemprego se buscarem trabalho após os 24 anos ou serem permanentemente dependentes do governo.

Cerca de 1,5 milhão de brasileiros entre 19 a 24 anos, concentrados nas faixas mais pobres da população e excluindo donas de casa e mulheres com filhos, nem trabalham, nem estudam e nem procuram emprego e esse perfil tem crescido dentro do total da população jovem do país.

É o que mostra o estudo "Os Nem-Nem-Nem: Exploração Inicial Sobre um Fenômeno Pouco Estudado", da pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Joana Monteiro. Para a especialista, o avanço desse perfil preocupa. A maioria desses jovens, com parcela significativa de baixa escolarização, podem ajudar a elevar o desemprego, caso decidam tentar a sorte no mercado de trabalho, após os 24 anos. "A baixa qualificação limita muito o tipo de trabalho que podem conseguir."

Além disso, o fato de pertencerem a famílias mais pobres, com pouca capacidade de sustentá-los, eleva a probabilidade de se tornarem dependentes do governo, avalia a especialista. Do total de 1,5 milhão, em torno de 46% podem ser considerados pobres, pois vivem em domicílios que estão entre os 40% mais pobres na distribuição de renda, segundo cálculos de Joana.

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O recorte por faixa etária a partir de 19 anos é proposital, visto ser difícil encontrar jovens abaixo de 18 anos fora da escola, tendo em vista o avanço da escolaridade entre os brasileiros na última década, bem como a legislação envolvida em manter os jovens na escola, até essa idade.

O recorte por faixa etária a partir de 19 anos é proposital, visto ser difícil encontrar jovens abaixo de 18 anos fora da escola, tendo em vista o avanço da escolaridade entre os brasileiros na última década, bem como a legislação envolvida em manter os jovens na escola, até essa idade.

O levantamento, que trabalhou basicamente dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que, esses jovens desalentados, excluindo donas de casa e mulheres com filhos, já representavam 10% da população total de jovens nessa faixa etária em 2011 – um avanço em relação a 2006, quando a fatia era de 8%. "Nem mesmo a melhora nos indicadores de emprego, com aumento de vagas e de renda, estimulou a entrada desse jovem no mercado de trabalho", diz a pesquisadora da FGV.

O nome da pesquisa vem daqueles que "nem trabalham, nem estudam, nem procuram emprego", explicou Joana, usando expressão "nem-nem" que já vem sendo utilizada por economistas para delimitar jovens que não trabalham nem estudam.

Excluir donas de casa e mulheres com filhos, que também não trabalham, não estudam e nem procuram emprego, torna mais claro o possível impacto desse cenário no mercado de trabalho futuro, afirma Joana. A economista informou que, com a inclusão de donas de casa com filhos, essa fatia de "nem-nem-nem" na população entre 19 e 24 anos pularia para 17% dessa faixa etária – em torno de quatro milhões de pessoas.

No entanto, Joana observou que há probabilidade menor de que mulheres donas de casa com filhos, que não procuram vagas, conduzirem a um impacto negativo no emprego. Isso porque é relativamente baixa a perspectiva de que essa mulher vá procurar trabalho, em futuro próximo, porque já cuida da casa e dos filhos.

O mesmo não se pode dizer dos jovens desalentados sem filhos. Desses 1,5 milhão de jovens, 20% tinham menos de cinco anos de escolaridade – a maior fatia entre as faixas de estudo delimitadas. Ela considerou que, em um segundo momento, esses jovens podem se converter em adultos em busca de uma vaga. Mas a baixa qualificação tornaria difícil um lugar na população ocupada. Na prática, seriam mais pessoas em busca de trabalho, sem encontrar, impulsionando indicadores de desocupação.

Outro aspecto estudado por Joana é o ambiente domiciliar que permite esse jovem não trabalhar, não estudar e não procurar emprego. Ela admitiu que jovens de baixa escolaridade têm chance muito maior de serem inativos, quando estão em domicílios cuja renda conta com forte presença de benefícios sociais, como programas de transferência de renda. Mas essa não pode ser considerada a única explicação, frisou. "Impossível dizer se recebimento de benefícios sociais é causa ou consequência da inatividade", afirmou.

Para ela, o fenômeno não é puramente econômico. A figura protetora da mãe brasileira, disposta a sustentar os filhos até mais tarde, ajudaria na formação do cenário, segundo Joana. "Incentivar a entrada dos "nem-nem-nem" na população economicamente ativa está longe de ser trabalho fácil. O grupo não responde às condições do mercado de trabalho. É possível que essa parcela entre 8% e 10% [sem donas de casa e mulheres com filhos] seja um nível normal de inatividade", disse.

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Atos de professores acabam em violência no Rio e em SP

Mascarados tomam atos pela educação, vandalizam e 206 são presos em SP e Rio

O Estado de S. Paulo – 16/10/2013

Vândalos quebram lojas na capital paulista; black blocs cariocas tentam ato pacífico, mas grupo "racha".

Manifestantes e PMs entraram em confronto mais uma vez no Rio e em São Paulo. Protestos organizados por estudantes e profissionais da educação, no Dia do Professor, terminaram em confusão e vandalismo. No Rio, houve destruição na Cinelândia. Em São Paulo, a Marginal do Pinheiros foi palco do conflito entre PMs e manifestantes. Uma loja de móveis foi invadida na Avenida Eusébio Matoso. Até as 21h, o saldo era de 56 detidos. O conflito no Rio começou na Avenida Rio Branco, depois que a manifestação dos professores – em greve desde 8 de agosto – já havia se dispersado. Um grupo de black blocs tentou fazer manifestação em paz mas, ao final, o grupo "rachou" e houve pancadaria. Um ônibus da PM foi depredado e um restaurante e uma agência bancária foram incendiados com coquetéis molotov.

Lojas invadidas, agências e viaturas queimadas, ônibus cheios de detidos, Consulado dos EUA apedrejado, coquetéis molotov e bombas jogadas até em mendigos e barricadas ardendo em meio a prédios históricos: mascarados causaram cenas de guerra em ruas centrais das duas maiores cidades do País ontem. Após se infiltrarem em atos pacíficos do Dia do Professor, integrantes do Black Bloc voltaram a confrontar a PM no Rio e em São Paulo.

Até 23h, 206 pessoas haviam sido detidas – em uma das noites de protesto com o maior número de prisões desde junho. No Rio, os confrontos foram tão intensos que, na Cinelân-dia, barricadas de fogo ardiam em frente à Biblioteca Nacional, maior acervo de livros do País. A 100 metros dali, a escadaria do Theatro Municipal abrigava mascarados que arremessavam pedregulhos e coquetéis molotov nos PMs, que reagiam combombas. Emfrente, a fachada do Museu Nacional de Belas Artes, que abriga clássicos das artes plásticas, virou ponto de resistência Black Block.

Cinco horas antes,porém, nada indicava o confronto e um grupo de 30 mascarados até prometia uma noite sem conflitos. "Hojenão tem quebra-quebra", gritavam. Convocada pelo Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), a manifestação começou na Igreja da Candelária e seguiu em passeata pela Rio Branco.

Foi nessa avenida que PMs e mascarados entraram em confronto às 20h15 na Avenida Rio Branco, depois que o ato convocado pelos docentes – em greve desde 8 de agosto -já havia se dispersado na Cinelândia. Depois disso, o centro e os bairros vizinhos foram tomados pelafu-maça de explosivos caseiros.

Até as 1h já havia pelo menos 150 presos – 5 alegavam ter menos de 18 anos de idade. Não havia informações sobre feridos, mas as imagens das TVs que acompanhavam os conflitos ao vivo mostravam pessoas ao chão, socorridas por companheiros e voluntários.

Fogo e pedra. Conforme testemunhas, os confrontos começaram na RuaMéxico, quando manifestantes seguiam em paz rumo à Assembleia. Os mascarados eram pelo menos 200 e tomaram rumos diferentes. Um grupo seguiu para a Rua Santa Luzia, onde atacouebotoufogo em um ônibus da PM. Logo depois apedrejou o Consulado dos EUA na Avenida Franklin Roosevelt. Outro grupo fugiu em direção à Lapa, Glória e Ca-tete. Na Rua Joaquim Silva, que liga a Lapa à Glória, um carro da PM foi totalmente incendiado.

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Um terceiro aglomerado de black blocs correu na direção do Largo da Carioca, onde acabou afugentado por PMs de motocicletas, que arremessaram bombas até nos mendigos que dormiam no local.

Só que como a PM seguiu atrás dos grupos, a Cinelândia ficou desguarnecida. Mascarados aproveitaram paravoltar ao ataque. A loja do McDonald"s foi atacada e parcialmente incendiada, assim como uma agênciavizinhabancária. O prédio Serrador, da EBX, do empresário Eike Batista, teve vidros destruídos. A Avenida Rio Branco transformou-se em campo de batalha, com labaredas que subiam, nas barricadas, a pelo menos 5 metros de altura.

Ônibus. Na volta da PM à Cine-lândia, os confrontos intensificaram-se. PMs prenderam homens e mulheres. Uma delas chegou aser espancada ao recusar-se a entrar na patrulha.

Na rua México, paralela à avenida Rio Branco, manifestantes recolheram cápsulas e acusam policiais de disparartirosparao alto. A PM não se manifestou.

A situação era tensa. Por volta das 23 horas, a PM fez um cerco e passou a revistar todas as pessoas que ocupavam a escadaria e áreas vizinhas. Após a revista, a maioria foi obrigada a seguir para ônibus da PM e conduzidos a delegacias. Cerca de 90 pessoas lotaram três coletivos e foram levados a delegacias. Não havia informações sobre a situação desses detidos. Mas o uso dos coletivos prosseguia no início da madrugada.

Com a revista e as detenções, a PM desmontou um acampamento que havia sido instalado na frente da Câmara em 8 de agosto. O grupo protestava contra a composição da CPI dos Ônibus, mas apoiava outras causas e criticava o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral. / fábio grellet, sérgio

ENEM REPRODUZ DESIGUALDADES BRASILEIRAS

ENEM reflete desigualdades comuns no paísAutor(es): Fabio VasconcelosO Globo – 21/10/2013

Análise de Dados Mostra que a nota da Redação está Diretamente Ligada à Renda Familiar dos Candidatos

Criado para democratizar o acesso ao ensino superior no país, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não conseguiu se esquivar das desigualdades do Brasil. Uma análise do banco de dados do Ministério da Educação (MEC), realizada pelo GLOBO, mostra que a prova vem refletindo as conhecidas diferenças socioeco-nômicas do país. O levantamento deixa evidente que o desempenho dos participantes está ligado a sua renda. Quanto melhor a situação financeira e de escolaridade familiar, maior é a nota do candidato na redação, principal prova do disputado processo de seleção do MEC.

Para chegar a essa conclusão, o jornal analisou informações de 3,87 milhões de candidatos do Enem 2011 que responderam ao questionário socioeconômico no ato da inscrição e que fizeram a prova de redação naquele ano. Esses dados são os mais recentes disponíveis em relação ao exame que se tornou a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil. Neste fim de semana, acontece a próxima edição do exame, que tem 7,1 milhões de inscritos.

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Ao comparar renda familiar e desempenho na redação, prova que tem o maior peso no exame, percebeu-se um aumento contínuo da nota junto com a situação financeira e a escolaridade dos pais. Enquanto a nota média entre aqueles com renda de até um salário mínimo foi de 460 pontos, o grupo com renda acima de 15 salários chegou a 642 pontos. Diferença de 40%.

Na comparação entre as unidades da federação, essa disparidade é mais ampla no Piauí, onde a diferença entre a menor e a maior médias é de 50%. Santa Catarina e Amapá são os que apresentam menor discrepância: 27%.

— O Enem reproduz brutalmente as nossas desigualdades, e outros estudos que consideraram outras variáveis sociais chegaram às mesmas conclusões. O pobre não é burro, mas ele participa de um concurso com jovens que têm acesso a experiências educacionais

muito mais ricas. Nesse Números sentido, a sociedade não se dá conta de que vivemos uma situação de maior concurso público avaliadas segundo a rede do país de ensino, as diferenças persistem. Em 2011, cerca de 1,4 milhão de alunos que fizeram a redação do Enem estavam no ensino médio. A nota média entre os candidatos de escolas estaduais (78% desse universo) foi de 486 pontos. A rede municipal alcançou 498. Já a média entre os colégios privados chegou a 612, pouco abaixo do ensino federal, com 623. A porcentagem de alunos de escolas federais no Enem, porém, está em 1,8%.

O baixo desempenho nas redes estadual e municipal é explicado também pela renda das famílias. Cerca de 80% dos estudantes das escolas estaduais e municipais que fizeram o Enem 2011 afirmaram ter renda de até dois salários mínimos. Na rede federal, esse percentual cai para 55%, e na privada é de apenas 30%.

Também há muita discrepância quando se comparam notas entre alunos de baixa e alta renda dentro da mesma rede de ensino. Nas escolas municipais, a média entre alunos com renda de até um salário é de 433 pontos, enquanto entre os de renda de mais de 15 salários é de 553 (diferença de 28%). Na rede estadual, as notas vão de 443 a 562 (27%). Na federal, de 550 a 689 (25%). E na particular, de 539 a 652 (21%).

Desistência Maior na Rede Estadual

O coordenador de projetos da Fundação Le-mann, Ernesto Martins Faria, explica que jovens de famílias com poucos recursos vivem em condições desfavoráveis que afetam o aprendizado, como, por exemplo, espaço inadequado em casa para se dedicar aos estudos, baixo acesso a livros e até mesmo um vocabulário pouco diversificado utilizado pelos pais. Para Faria, a relação entre desempenho na redação e renda familiar, contudo, deve ser vista com cautela quando se trata de alunos da rede federal.

— O patamar das notas dos alunos de baixa renda é bem mais baixo nas redes públicas estadual e municipal. Esses alunos têm um background ex-traescolar mais desfavorável. Alunos da rede particular provavelmente têm pais mais engajados, e o gasto Com educação privada, apesar da baixa renda familiar, ilustra isso. Já entre os alunos da rede federal, alguns devem ter passado por processos seletivos que são feitos em certas escolas. Para alunos que passam por processos seletivos a renda não é uma boa ilustração do background ou das oportunidades educacionais — afirma Faria.

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Com poucos recursos e enfrentando situações por vezes desfavoráveis, boa parte dos alunos da rede pública desiste no meio do concurso. Pelos dados analisados pelo jornal, quanto menor a renda familiar, menor é a probabilidade de os alunos participarem da redação, aplicada no segundo dia de provas. A desistência entre os alunos na rede municipal chegou a 24%, seguida da estadual, com 19,7%. Nas escolas federais, a desistência foi de apenas 6%, patamar muito próximo da rede privada (5%).

— Esses dados revelam algo que merece uma maior atenção do poder público. O Enem gera um incentivo à participação dos alunos, porque eles querem o ensino superior. Quem faz a redação está envolvido com essa perspectiva. A desistência maior entre alunos da rede pública indica, a meu ver, uma falta de perspectiva dos alunos. Eles pensam que não poderão ser aprovados ou, caso sejam, pensam em como poderão se manter financeiramente no ensino superior. Isso tudo tem a ver com as políticas que podem ser criadas para permitir que esses jovens se dediquem aos estudos ou possam se manter durante a faculdade — observa Faria.

Falta de Professores Prejudica Estudante

Aluna do Colégio Estadual João Alfredo, Rayane Florêncio, de 17 anos, vai fazer o Enem este ano. A moradora do bairro de Jacaré, na Zona Norte, ficou sem professor de química durante meses, e está sem professor de geografia devido à greve de profissionais da categoria nas redes estadual e municipal do Rio. Para correr atrás, entrou num cursinho pré-vestibular comunitário.

— Gostaria de estar num colégio particular para não ter esses problemas, mas não teria como pagar — conta a aluna, filha de um caminhoneiro e uma dona de casa, cujo sonho é estudar Letras na UFF. — Tenho um pouco de medo. Sei que a prova vai cobrar coisas que não aprendi.

Até agosto, Rayane trabalhava numa pizzaria à noite, para ter seu próprio dinheiro, mas isso atrapalhava demais sua preparação.

— Tinha a escola pela manhã e, depois, o cursinho das 13h às 18h. Saía correndo para o trabalho, onde ficava até meia-noite. Era cansativo. Abri mão do trabalho para focar no Enem — desabafa.

No estudo feito pelo GLOBO, também foram comparadas as médias por estados. Como a participação no Enem é voluntária, os dados servem apenas para ilustrar o desempenho dos alunos que fizeram as provas, e não para explicar disparidades socieconômicas nos estados como um todo. No Piauí, onde a discrepância entre as notas de alunos com baixa e alta renda chega a 50%, os estudantes de famílias que vivem com até um salário mínimo tiveram média da redação de 450 pontos, enquanto os com renda acima de 15 salários alcançaram 676. Em Mato Grosso do Sul, a disparidade foi de 46%. As menores diferenças foram no Amapá e em Santa Catarina (ambos com 27%), seguido de São Paulo (33%).

O impacto da situação socioeconômica no rendimento dos alunos foi analisado pelo doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) Rodrigo Travitzki. Na pesquisa, feita para defesa da sua tese este ano, ele comparou a média das escolas no Enem e concluiu que mais de 80% das variações são explicadas por fatores que não podem ser controlados pelas escolas, como renda e escolaridade familiar.

— Esse dado revela que a educação de um país não pode ser muito melhor que o país. As escolas sozinhas não resolvem. Precisamos melhorar as escolas, mas precisamos também

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reduzir nossas desigualdades. Minha tese procurou discutir esse tema, porque não adianta focar no ranking das melhores escolas do Enem. Acaba virando marketing das escolas, quando sabemos que elas, sozinhas, pouco podem fazer.

Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela aplicação do Enem, Luiz Cláudio Costa reconhece que o exame, por si só, não vai melhorar os rumos da educação. Ele sabe das discrepâncias entre as notas de alunos de baixa e alta renda familiar.

— Educação é maratona. É preciso transformar toda uma realidade. Nossa historia é de exclusão, e o Brasil vem mudando isso, colocando jovens nas escolas. O Enem, assim como as cotas, é uma ferramenta no processo. Antigamente, dois ou três vestibulares influenciavam muito no ensino, e só dialogavam com escolas particulares. O Enem promove diálogo com a escola pública. Mas não é uma mudança rápida.

CENSO 2010: SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS

O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. O rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade, com rendimento1, ficou em R$ 1.202. Na área rural, o valor representou menos da metade (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento das mulheres (R$ 983) alcançou cerca de 71% do valor dos homens (R$ 1.392), percentual que variou entre as regiões.

A taxa de analfabetismo, que foi de 9,6% para as pessoas de 15 anos ou mais de idade, caiu em relação a 2000 (13,6%). A maior redução ocorreu na faixa de 10 a 14 anos, mas ainda havia, em 2010, 671 mil crianças desse grupo não alfabetizadas (3,9% contra 7,3% em 2000). Entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao passo que na classe que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%.

Apesar de a infraestrutura de saneamento básico ter apresentado melhorias entre 2000 e 2010, mesmo nas regiões menos desenvolvidas, estas não foram suficientes para diminuir as desigualdades regionais no acesso às condições adequadas. A região Sudeste se destacou na cobertura dos três serviços (abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo), ao passo que o Norte e o Nordeste, apesar dos avanços, estão distantes dos patamares da primeira. Um exemplo é o abastecimento de água por rede geral, que atingiu 90,3% dos domicílios do Sudeste, bem acima dos 54,5% na região Norte.O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou uma população branca inferior a 50%.

Ao investigar a possibilidade de haver mais de uma pessoa considerada responsável pelo domicílio, observou-se que cerca de 1/3 deles tinha mais de um responsável. Nos demais, o homem foi apontado como único responsável em 61,3% das unidades domésticas. A mulher mostrou-se mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição.

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Além destes, os resultados do Universo do Censo Demográfico 2010 apresentam dados sobre crescimento e composição da população, unidades domésticas, óbitos, registro de nascimento, entre outros. As informações, coletadas em todos os 57.324.167 domicílios, estão disponíveis para todos os níveis territoriais, inclusive os bairros de todos os municípios do país. A exceção fica por conta das informações sobre rendimento que, por serem ainda preliminares, não estão sendo divulgadas para níveis geográficos mais desagregados.

Brasileiros residem em 193 países estrangeiros

O número estimado de brasileiros residentes no exterior chegou a 491.645 mil em 193 países do mundo em 2010, sendo 264.743 mulheres (53,8%) e 226.743 homens (46,1%); 60% dos emigrantes tinham entre 20 e 34 anos de idade em 2010. Este resultado não inclui os domicílios em que todas as pessoas podem ter emigrado e aqueles em que os familiares residentes no Brasil podem ter falecido. O principal destino era os Estados Unidos (23,8%), seguido de Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%), que, juntos, receberam 70,0% dos emigrantes brasileiros. A origem de 49% deles é a região Sudeste, especialmente São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%), respectivamente primeiro e segundo estados do país de onde saíram mais pessoas (106.099 e 82.749, respectivamente).

Os EUA foram o principal destino da população oriunda de todos os estados, especialmente de Minas Gerais (43,2%), Rio de Janeiro (30,6%), Goiás (22,6%), São Paulo (20,1%) e Paraná (16,6%). O Japão é o segundo país que mais recebe os emigrantes de São Paulo e Paraná, respectivamente 20,1% e 15,3%. Portugal surge como segunda opção da emigração originada no Rio de Janeiro (9,1%) e em Minas Gerais (20,9%). As pessoas que partiram de Goiás elegeram a Espanha como o segundo lugar preferencial de destino, o que representou 19,9% da emigração. Esse país aparece como segunda ou terceira opção de uma série de outras unidades da federação, o que permite inferir que a proximidade do idioma estaria entre as motivações da escolha.

Goiás foi o estado de origem da maior proporção de emigrantes (5,92 pessoas para cada mil habitantes), seguido de Rondônia (4,98 por mil), Espírito Santo (4,71 por mil) e Paraná (4,39 por mil). Sobrália, São Geraldo da Piedade e Fernandes Tourinho, todas em Minas Gerais, foram as cidades brasileiras com maiores proporções de emigrantes (88,85 emigrantes por mil habitantes; 67,67 por mil; e 64,69 por mil, respectivamente). Entre as capitais, Rio Branco (AC) destaca-se com uma proporção de 12,82 emigrantes por mil habitantes, estando em 42º lugar no ranking nacional. Em seguida, Macapá (AP), com 4,30 por mil (37ª posição), Boa Vista, com 3,42 por mil (38ª posição), e Brasília, com 2,89 por mil (41ª posição).

3,4% dos óbitos são de crianças menores de um ano e 43,9% são de idosos

No Brasil, 3,4% dos óbitos ocorreram antes do primeiro ano de vida. Esse valor, segundo as Estatísticas do Registro Civil de 1980, era de 23,3%, um declínio de 85,4% em 30 anos. A menor participação foi encontrada no Rio Grande do Sul (2,1%), seguido do Rio de Janeiro (2,3%), Minas Gerais (2,7%), São Paulo (2,7%) e Santa Catarina (2,8%). No outro extremo, Amazonas (8,5%), Amapá (7,9%), Maranhão (7,1%) e Acre (7,0%). Todos os estados das regiões Sudeste e Sul estão abaixo da média nacional, além de Paraíba (3,2%), Rio Grande do Norte (3,3%), Pernambuco (3,3%) e Goiás (3,4%).

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O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em 2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Roraima possui a mais baixa participação, 30,4%, seguido do Amapá (31,9%) e Pará (34,3%). As maiores participações foram encontradas no Rio Grande do Norte (50,2%), Paraíba (48,8%) e Rio Grande do Sul (48,4%).

Participação nos óbitos na faixa de 1 a 4 anos é 118,9% maior na área rural

Os padrões de mortalidade das áreas urbana e rural são próximos. As maiores diferenças são observadas até os 15 anos. Enquanto na área urbana o grupo de menores de 1 ano concentra 3,1% do total de óbitos, na área rural este percentual é de 5,4%. A maior diferença foi encontrada no grupo de 1 a 4 anos, onde o percentual da área rural (1,6%) foi mais que o dobro do da área urbana (0,7%). Em contraste com a área urbana, a participação dos óbitos de menores de 1 ano em relação à população total, na área rural, assume valores bem significativos no Amazonas (16,0%), Amapá (15,0%), Acre (12,6%), Pará (11,1%) e Maranhão (10,2), os únicos que apresentaram percentuais acima de 10%.

Idade média é de 31,3 anos para homens e 32,9 para mulheres

Em 2010, a idade média da população foi de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para as mulheres. A maior diferença foi no Rio de Janeiro, 2,5 anos em favor das mulheres. As idades médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6), seguidas do Centro-Oeste (31,0), Nordeste (30,7) e Norte (27,5). Sete estados possuíam idade média acima da nacional: Rio Grande do Sul (34,9 anos), Rio de Janeiro (34,5), São Paulo (33,6), Minas Gerais (33,3), Santa Catarina (33,0), Paraná (32,9) e Espírito Santo (32,4). A menor encontrava-se no Amapá, 25,9 anos.

A idade média da população urbana era de 27,1 anos em 1991, atingindo 32,3 anos em 2010, um acréscimo de 5,2 anos. Na área rural, este valor, que era de 24,8 anos em 1991, alcançou 30,6 anos em 2010. Os diferenciais das idades médias segundo a situação do domicílio diminuíram de 2,3 anos em favor da área urbana para 1,7 ano em 2010. O maior aumento entre 1991 e 2010 se deu na área rural da região Sul: 7,5 anos, onde a idade média passou de 27,4 para 34,9 anos. O Rio Grande do Sul apresentou a maior idade média da população rural, 37,2 anos, o Amazonas teve a menor, 24,0 anos. Goiás apresentou o maior incremento na idade média na área rural entre 1991 e 2010, passando de 25,7 anos para 33,6 anos (7,8 anos).

Diminui pela primeira vez o número de pessoas que se declararam brancas

Dos cerca de 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos (de 6,2% para 7,6%) e pardos (de 38,5% para 43,1%).

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Cerca de 30% da população indígena de até 10 anos não tem registro de nascimento

O Censo 2010 mostra que 98,1% das crianças com até 10 anos eram registradas em cartório. Dentre os menores de 1 ano de idade, a cobertura do registro civil de nascimento foi de 93,8%, elevando-se para 97,1% para as pessoas com 1 ano completo e aumentando, consecutivamente, para as demais idades. A pesquisa considerou a existência de registro público feito em cartório, a Declaração de Nascido Vivo (DNV) ou o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

A região Norte foi a que teve as menores proporções de pessoas com o registro de nascimento por grupo etário. Entre os menores de 1 ano, 82,4% tinham registro civil de nascimento, número inferior ao da região Nordeste (91,2%). Em ambas, o percentual ficou abaixo do observado em todo o país (93,8%). A região Sul teve o melhor resultado, com 98,1%. Nessa faixa etária, as menores proporções foram no Acre (83,1%), Maranhão (83,0%), Pará (80,6%), Roraima (80,2%) e Amazonas (79,0%). No Amazonas (87,9%) e em Roraima (85,5%), mesmo entre as crianças com 1 ano completo, o percentual das que tinham registro civil foi significativamente inferior à média do país (97,1%).

Era menor a proporção de registro civil de nascimento para a população indígena em relação às demais categorias de cor ou raça. Enquanto brancos, pretos, amarelos e pardos tiveram percentuais iguais ou superiores a 98,0%, a proporção entre os indígenas foi de 67,8%. Para os menores de 1 ano, as proporções nas regiões Centro-Oeste (41,5%) e Norte (50,4%) são inferiores aos demais grupos, todos acima de 80%.

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais cai de 13,6% para 9,6% entre 2000 e 2010

A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade foi de 9,6% em 2010, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2000 (13,6%). O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Entre os homens, declinou de 13,8% para 9,9%, e de 13,5% para 9,3%, entre as mulheres.

Regionalmente, as maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.

No contingente de pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%. Nas classes de mais de ¼ a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e 10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais.

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3,9% das crianças de 10 a 14 anos ainda não estavam alfabetizadas em 2010

Na faixa de 10 a 14 anos, havia, em 2010, 671 mil crianças não alfabetizadas (3,9%). Em 2000, este contingente atingia 1,258 milhão, o que representava 7,3% do total. No período intercensitário, a proporção diminuiu de 9,1% para 5,0%, no segmento masculino, e de 5,3% para 2,7%, no feminino. A proporção baixou de 4,6% para 2,9%, na área urbana, e de 16,6% para 8,4%, na rural.

Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando uma redução significativa em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.

Distribuição de rendimento permanece desigual

Em 2010, o rendimento médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade com rendimento foi R$ 1.202. Na área rural, representou 46,1% (R$ 596) daquele da zona urbana (R$ 1.294). O rendimento médio mensal das mulheres (R$ 983) representou 70,6% dos homens (R$ 1.392), sendo que esse percentual variou de 70,3% na região Sul (R$ 1.045 para as mulheres e R$ 1.486 para os homens) a 75,5% na região Norte (R$ 809 das mulheres contra R$ 1.072 dos homens).

Em termos regionais, Centro-Oeste (R$ 1.422) e Sudeste (R$ 1.396) tiveram os rendimentos mais elevados, vindo em seguida o Sul (R$ 1.282). A região Nordeste teve o menor rendimento (R$ 806), 56,7% do verificado no Centro-Oeste, enquanto o segundo mais baixo foi o da Norte (R$ 957,00), que representou 67,3% do valor do Centro-Oeste.

A parcela dos 10% com os maiores rendimentos ganhava 44,5% do total e a dos 10% com os mais baixos, 1,1%. Já o contingente formado pelos 50% com os menores rendimentos concentrava 17,7% do total.

O Índice de Gini, que mede o grau de concentração dos rendimentos, ficou em 0,526. Ele varia de zero, a igualdade perfeita, a um, o grau máximo de desigualdade. Nas regiões, o mais baixo foi o da Sul (0,481) e o mais alto, da Centro-Oeste (0,544). O Índice de Gini da área urbana (0,521) foi mais elevado que o da rural (0,453).

A distribuição das pessoas de 10 anos ou mais por classes de rendimento mostrou que, na área rural, os percentuais de pessoas nas classes sem rendimento (45,4%) e até um salário mínimo (15,2%) foram maiores que os da urbana (35,6% e 4,8%, respectivamente). Já a parcela que ganhava mais de cinco salários mínimos mensais ficou em 1,0% na área rural e 6,0% na urbana.

Os percentuais da parcela feminina foram maiores que os da masculina nas classes sem rendimento (43,1% e 30,8%), até ½ salário mínimo (8,0% e 4,6%) e até 1 salário mínimo (21,5% e 20,8%).

O percentual de pessoas sem rendimento na população de 10 anos ou mais de idade foi mais elevado nas regiões Norte (45,4%) e Nordeste (42,3%) e mais baixo na Sul (29,9%), ficando próximos os da Sudeste (35,1%) e Centro-Oeste (34,8%). Quanto ao contingente que recebia mais de cinco salários mínimos mensais, os percentuais das regiões Nordeste (2,6%) e Norte (3,1%) ficaram em patamar nitidamente inferior ao das demais. O indicador alcançou 6,1%, na região Sul; 6,7%, na Sudeste; e 7,3%, na Centro-Oeste.

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Média de moradores por domicílio diminui conforme a renda aumenta

O rendimento nominal médio mensal dos domicílios particulares permanentes com rendimento foi de R$ 2.222, alcançando R$ 2.407, na área urbana, e R$ 1.051 na rural. Entre as regiões, os mais altos foram os do Centro-Oeste (R$ 2.616) e Sudeste (R$ 2.592), seguidos da Sul (R$ 2.441). Em patamares mais baixos ficaram as regiões Nordeste (R$ 1.452) e Norte (R$ 1.765). O maior distanciamento entre os rendimentos médios domiciliares das áreas urbana e rural foi o da região Nordeste (R$ 2.018 contra R$ 910) e o menor, da Sul (R$ 2.577 contra R$ 1.622).

Entre as unidades da federação, o rendimento médio mensal dos domicílios com rendimento do Distrito Federal foi destacadamente o mais elevado (R$ 4.635), seguido pelo de São Paulo (R$ 2.853). No outro extremo, ficaram Maranhão (R$ 1.274) e Piauí (R$ 1.354).

Do conjunto dos domicílios particulares permanentes com rendimento domiciliar, os 10% com os rendimentos mais altos detiveram 42,8% do total, e os 10% com os menores, 1,3%. Os 50% com os menores rendimentos ficaram com 16,0% do total. O rendimento médio mensal domiciliar dos 10% com os maiores rendimentos foi R$ 9.501 e dos 10% com os menores, R$ 295.

O Índice de Gini da distribuição do rendimento mensal dos domicílios com rendimento domiciliar foi de 0,536. Ele foi mais baixo na região Sul (0,480) e mais alto no Nordeste (0,555). Em todas as regiões, o Índice de Gini da área urbana foi sensivelmente mais alto que o da rural.

A comparação das distribuições dos domicílios por classes de rendimento mensal domiciliar per capita mostrou que a concentração dos domicílios rurais nas classes sem rendimento (7,2%), até 1/8 do salário mínimo (13,1%), até ¼ do salário mínimo (14,5%) e até ½ salário mínimo (24,0%) foi substancialmente maior que a dos urbanos (3,8%, 2,1%, 5,5% e 16,1%, respectivamente). No agregado destas classes, encontravam-se 27,6% dos domicílios urbanos e 58,8% dos rurais. Por outro lado, 11,8% dos domicílios urbanos tinham rendimento domiciliar per capita de mais de três salários mínimos, enquanto que para os rurais esse percentual ficou em 1,7%.

O número médio de moradores em domicílios particulares permanentes ficou em 3,3. Nos domicílios com rendimento, esta média mostrou declínio com o aumento do rendimento domiciliar per capita. Na classe de até 1/8 do salário mínimo, o número médio de moradores foi de 4,9 e na de mais de 10 salários mínimos atingiu 2,1. Este comportamento foi observado em todas as regiões, tanto nas áreas urbanas como nas rurais.

38,7% dos responsáveis pelas unidades domésticas são mulheres

Segundo o Censo 2010, havia no Brasil cerca de 57 milhões de unidades domésticas, com um número médio de 3,3 moradores cada uma. Do total de indivíduos investigados, 30,2% eram responsáveis pela unidade doméstica. Desses, 61,3% eram homens (35 milhões) e 38,7%, mulheres (22 milhões). A maioria dos responsáveis (62,4%) tinha acima de 40 anos de idade.

A distribuição do total de unidades domésticas pelos diferentes tipos de constituição mostra que, em 2010, 65,3% eram formadas por responsável e cônjuge ou companheiro(a) de sexo diferente (37,5 milhões de unidades). O Censo 2010 abriu a possibilidade de registro de cônjuge ou companheiro de mesmo sexo do responsável, o que se verificou em algo em torno de 60.000 unidades domésticas no país, 0,1% do total.

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Entre as unidades domésticas compostas por responsável e cônjuge, em 68,3% havia pelo menos um filho do responsável e do cônjuge (44,6% do total de unidades domésticas). Já os tipos constituídos por pelo menos um filho somente do responsável ou ao menos um filho somente do cônjuge (enteado do responsável) corresponderam, respectivamente, a 4,8% e 3,6% do total de unidades domésticas. Na distribuição das pessoas residentes, destaca-se a importância dos netos (4,7%), um contingente mais expressivo que o de outros parentes ou conviventes, revelando a existência de uma convivência inter-geracional no interior das unidades domésticas.

O Censo 2010 também investigou a possibilidade de haver mais de uma pessoa responsável pela unidade doméstica. Em caso afirmativo, foi solicitado que se elegesse uma delas para o preenchimento dos dados de relação de parentesco dos demais membros da unidade doméstica. No Brasil, cerca de 1/3 das unidades domésticas tinha mais de um responsável. Ao se segmentar por sexo, o homem aparece de forma mais recorrente como a pessoa responsável pela unidade doméstica (37,7%). A mulher, por sua vez, é mais representativa como cônjuge ou companheira (29,7%), enquanto apenas 9,2% dos homens aparecem nessa condição.

Domicílios próprios predominam nas áreas urbana e rural

O Censo 2010 mostra um Brasil com predomínio de domicílios particulares permanentes (99,8%) do tipo casa (86,9%) e apartamento (10,7%). Dependendo da localização, há distinções marcantes na sua forma de ocupação. Entre os urbanos, predominam os próprios (72,6%) e os alugados (20,9%). Nas áreas rurais, apesar de a maioria dos domicílios serem próprios (77,6%), há um percentual significativo de cedidos (18,7%).

Rede geral de abastecimento de água avança mais na zona rural

No Brasil, 82,9% dos domicílios eram atendidos por rede geral de abastecimento de água em 2010, um incremento de 5,1 pontos percentuais em relação a 2000. Na área urbana, o percentual passou de 89,8% para 91,9%, ao passo que na rural, subiu de 18,1% para 27,8%. Este avanço ocorreu em todas as regiões, embora de forma desigual. Sudeste e Sul continuaram sendo, em 2010, as regiões que tinham os maiores percentuais de domicílios ligados à rede geral de abastecimento de água (90,3% e 85,5%, respectivamente), em contraste com o Norte (54,5%) e Nordeste (76,6%) que, apesar dos avanços, continuaram com os percentuais mais baixos.

A expansão da rede geral de abastecimento de água se deu de forma significativa em direção às áreas rurais. No Sul, a proporção de domicílios rurais com abastecimento por rede passou de 18,2% em 2000 para 30,4% em 2010. No Nordeste, o crescimento foi ainda maior (18,7% e 34,9%, respectivamente). A região Norte, com a menor proporção (54,5%), teve um aumento proporcional mais acelerado na área rural do que na urbana: no rural foi um aumento de 7,9 pontos percentuais e de 3,7 pontos percentuais no urbano.

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Esgotamento sanitário adequado cai na região Norte

Entre 2000 e 2010, a proporção de domicílios cobertos por rede geral de esgoto ou fossa séptica (consideradas alternativas adequadas e esgotamento sanitário) passou de 62,2% para 67,1% em todo o país. O mesmo se deu em quatro das cinco regiões, com exceção da Norte, onde o aumento de 2,0 pontos percentuais na área rural (de 6,4% em 2000 para 8,4% em 2010) não foi suficiente para compensar a queda de 6,1 pontos percentuais ocorrida nas áreas urbanas (de 46,7% para 40,6%). O Sudeste continuou sendo a região com as melhores condições, passando de uma cobertura de 82,3% dos domicílios, em 2000, para 86,5%, em 2010. Segue-se a região Sul, que passou de 63,8% para 71,5%. A região Centro-Oeste apresentou o maior crescimento de domicílios com rede geral ou fossa séptica no período, acima de 10%. A despeito da melhoria das condições de esgotamento sanitário, o Centro-Oeste tinha pouco mais da metade de seus domicílios com saneamento adequado (51,5%) e o Norte (32,8%) e Nordeste (45,2%) apresentaram patamares ainda mais baixos. Nessas regiões, as fossas rudimentares eram a solução de esgotamento tanto para domicílios urbanos quanto rurais.

Lixo é queimado em 58% dos domicílios rurais

Como os demais serviços de saneamento, a coleta de lixo aumentou no período entre os Censos, passando de 79,0% em 2000 para 87,4% em 2010, em todo o país. A cobertura mais abrangente se encontrava no Sudeste (95%), seguida do Sul (91,6%) e do Centro-Oeste (89,7%). Norte (74,3%) e Nordeste (75,0%%), que tinham menores coberturas (57,7% e 60,6%), apresentaram os maiores crescimentos em dez anos, de 16,6 e 14,4 pontos percentuais respectivamente. Nas áreas urbanas o serviço de coleta de lixo dos domicílios estava acima de 90%, variando de 93,6% no Norte a 99,3% no Sul. Nas áreas rurais, o serviço se ampliou na comparação com 2000, passando de 13,3% para 26,0%, em média.

Em relação às demais formas de destino do lixo, há melhoras em 2010, principalmente nas áreas rurais, porém, a dificuldade e o alto custo da coleta do lixo rural tornam a opção de queimá-lo a mais adotada pelos moradores dessas regiões. Essa alternativa cresceu em torno de 10 pontos percentuais, passando de 48,2% em 2000 para 58,1% em 2010. A solução de jogar o lixo em terreno baldio, que em 2000 era adotada por moradores de 20,8% dos domicílios rurais, reduziu para 9,1% em 2010.

Energia elétrica chega a 97,8% dos domicílios

Em 2010, dos serviços prestados aos domicílios, a energia elétrica foi a que apresentou a maior cobertura (97,8%), principalmente nas áreas urbanas (99,1%), mas também com forte presença no Brasil rural (89,7%). Com exceção das áreas rurais da região Norte, onde apenas 61,5% dos domicílios tinham energia elétrica fornecida por companhias de distribuição, as demais regiões apresentaram uma cobertura acima de 90%, variando de 90,5% no Centro-Oeste rural a 99,5% nas áreas urbanas da região Sul.

Em 2010 havia 1,3% de domicílios sem energia elétrica, com maior incidência nas áreas rurais do país (7,4%). A situação extrema era a da região Norte, onde 24,1% dos domicílios rurais não possuíam energia elétrica, seguida das áreas rurais do Nordeste (7,4%) e do Centro-Oeste (6,8%).1 Os dados utilizados para gerar os resultados de rendimento são preliminares, pois ainda não foram submetidos a todos os processos de crítica e imputação previstos para a apuração do Censo Demográfico 2010.

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PAÍS TEM LEGIÃO DE ‘POBRES INVISÍVEIS’

Fora do radar do governo, País tem 700 mil famílias em ‘extrema pobreza’

O Estado de S. Paulo

Há um ano o governo federal começou a mapear os brasileiros miseráveis que não estão sob o abrigo de programas sociais. Esperava encontrar 800 mil famílias até 2013. Só no primeiro ano de busca já achou 700 mil.

Pente-fino promovido pelo ministério mostra que estatísticas oficiais ignoravam legião de miseráveis, que ficaram descobertas até pelos programas sociais incrementados na gestão do ex-presidente Lula

Um ano atrás, o governo federal pôs em andamento uma operação para localizar os chamados miseráveis invisíveis do Brasil – aquelas famílias que, embora extremamente pobres, não estão sob o abrigo de programas sociais e de transferência de renda, como o Bolsa Família. Na época, baseado em dados do IBGE, o Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu como meta encontrar e cadastrar 800 mil famílias até 2013. Na semana passada, porém, chegou à mesa da ministra Tereza Campello, em Brasília, um número bem acima do esperado: só no primeiro ano de busca foram localizadas 700 mil famílias em situação de extrema pobreza e invisíveis.

Considerando apenas o chefe da família, isso corresponde à população de João Pessoa (PB). Se for levada em conta toda a família, com a média de quatro pessoas, é uma Salvador inteira que estava fora dos programas.

O resultado da operação, conhecida como busca ativa, também surpreende pelas características dessa população: 40% das famílias invisíveis estão em cidades com mais de 100 mil habitantes. Com o desdobramento e a análise das estatísticas, é provável que se constate que a maioria dos miseráveis invisíveis não estão nos grotões das regiões Norte e Nordeste, como quase sempre se imagina, mas na periferia dos centros urbanos.

"Estamos falando de famílias extremamente pobres que até agora não faziam parte do cadastro único do governo federal e por isso não eram vistas na sua integridade, de acordo com suas necessidades e carências", observa a ministra Tereza Campelo. "Podiam ter filhos na escola, mas não tinham acesso ao básico dos programas sociais, como o Bolsa Família, a tarifa social de energia elétrica e outras ações."

Para chegar a essas pessoas o ministério partiu do princípio de que, por algum motivo, elas não conseguiam chegar aos serviços de assistência social das prefeituras e pedir a inscrição no cadastro único. "Era preciso sair dos escritórios. Mobilizamos prefeituras, agentes de saúde, empresas de distribuição de energia elétrica", conta Tereza. "As prefeituras estão sendo remuneradas por esse trabalho."

Acidentado. Em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, a assistente social Marisa Lima foi uma dessas agentes mobilizadas para caçar os invisíveis. Em janeiro deste ano ela estava trabalhando na Unidade Básica de Saúde Municipal do Centro, na Avenida dos Coqueiros, quando apareceu por lá Raimundo Marques Ferreira, pintor de paredes, de 52 anos.

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Buscava remédios e assistência médica, rotina que segue desde 2007 quando sofreu um acidente de trabalho. Caiu num fosso de elevador e teve os movimentos motores do lado esquerdo do corpo comprometidos. Como não era registrado e a empresa fechou as portas após o acidente, ficou sem nenhum tipo de cobertura. Os laudos médicos, que guarda presos com um elástico, indicam que também sofre com depressão e problemas neurológicos.

Separado, Ferreira mora com quatro filhos num cômodo de pouco mais de 30 metros quadrados, no fundo de um quintal, na Vila Zazu, bairro pobre de Franco da Rocha. É uma casa limpa, mas úmida e escura, erguida rente a um barranco ameaçador. Na época das chuvas, Ferreira sempre é visitado pela Defesa Civil, que insiste para que abandone o lugar. "Sair para onde?", indaga. "Aqui eu não pago aluguel."

Não sabia como fazer. No centro de saúde, abordado pela assistente social, o pintor contou que "já tinha ouvido falar" do Bolsa Família, mas não sabia se tinha direito, nem como se inscrever. Hoje recebe R$ 102 por mês, que usa sobretudo para pagar as contas de água e luz e comprar alguma comida. Dois de seus filhos, com 16 e 13 anos, foram inscritos no Ação Jovem, do governo estadual, que garante R$ 80 por mês, desde que frequentem a escola.

Agora a assistência social orienta Ferreira para que obtenha uma aposentadoria por invalidez, no valor de um salário mínimo, no INSS. Se conseguir, ele quer ampliar a casa onde mora e investir em cursos de informática para os filhos menores. Ele tem o olhar triste e fala em voz baixa, com modos tão humildes que dá a impressão de assustar-se com o mundo à sua volta.

MAPA DA VIOLÊNCIA COLOCA BRASIL ENTRE OS QUATRO PAÍSES COM MAIORES TAXAS DE HOMICÍDIO DE JOVENS

Agência Brasil

A nova edição do Mapa da Violência, elaborado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e editado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e o Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela), traz grave alerta sobre o que chama de “epidemia” da violência no Brasil contra crianças e adolescentes.

Em um ranking de 92 países do mundo, apenas El Salvador, Venezuela e Guatemala apresentam taxas de homicídio maiores que a do Brasil (44,2 casos em 100 mil jovens de 15 a 19 anos). Todos os três países têm economia menor que a brasileira, atualmente a 6ª maior do mundo (segundo o Produto Interno Bruto), não dispõem de um sistema de proteção legalizado como o Estatuto da Criança e do Adolescente (com 22 anos de existência) nem programas sociais com o número de beneficiários como o Bolsa Família (que entre outras contrapartidas orienta o acompanhamento da família matriculando os filhos na escola e mantendo em dia a vacinação).

Na semana passada, durante a abertura da 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, a presidenta Dilma Rousseff destacou que “uma grande nação tem que ser medida por aquilo que faz por suas crianças e adolescentes, e não pelo PIB”.

As elevadas taxas de homicídio, segundo o coordenador do estudo, o pesquisador argentino Julio Jacobo Waiselfiz, mostram uma triste realidade: o Brasil e os países da América Latina são sociedades violentas. Segundo o pesquisador, o crescimento dos dados guarda ao menos uma boa notícia: a melhora da cobertura médica legal. “Dados da OMS [Organização Mundial da Saúde] dão conta de que tínhamos, até os anos 90, algo em torno de 20% de óbitos que não

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eram registrados. Os corpos desapareciam, algumas vezes em cemitérios clandestinos. Hoje a estimativa é de um recuo neste índice, para 10%”, afirmou.

Ele destaca ainda que as mortes no trânsito poderiam ser diminuídas. “Faltam melhorias na infraestrutura. Quando analisamos os dados, percebemos que os países com mais mortes no trânsito têm também piores estradas. São mortes evitáveis”, destaca, afirmando que as autoridades públicas têm, elas próprias, participação nessas mortes, ao se omitirem.

O pesquisador destaca que essas autoridades também têm culpa em um processo delicado, que funciona como um dos motores da perpetuação da violência, a culpabilização das vítimas. “Mulheres, crianças e adolescentes são muitas vezes culpados pelas autoridades por estarem expostos a situações de violência. Quando o Estado o faz demonstra ser tolerante a essas situações”, explica.

Os dados apresentados também confirmam um diagnóstico feito recentemente pela Anistia Internacional. Segundo Atila Roque, diretor executivo da ONG no país, “o Brasil convive, tragicamente, com uma espécie de 'epidemia de indiferença', quase cumplicidade de grande parcela da sociedade, com uma situação que deveria estar sendo tratada como uma verdadeira calamidade social. Isso ocorre devido a certa naturalização da violência e a um grau assustador de complacência do estado em relação a essa tragédia”, resume, em trecho citado no Mapa da Violência.

Segundo o relatório de Júlio Jacobo, foram registrados em 2011 no Brasil 7.155 casos de estupro entre 10,4 mil casos de violência sexual (que incluem assédio e atentado violento ao pudor), a maioria praticada pelos próprios pais (além de padrastos) contra as filhas de 10 a 14 anos; ou por conhecidos próximos (como amigo ou vizinho) no caso de meninas de 15 a 19 anos.

O abuso sexual agrava os riscos de violência doméstica. Segundo dados do Ministério da Saúde, analisados pelo Mapa da Violência, a residência é o principal local de agressão declarado no socorro das vítimas de até 19 anos pela rede pública. Mais de 63% dos casos de violência ocorreram na residência e cerca de 18% acontecem na via pública.

Os dados analisados (relativos a 2010) também verificaram que a violência não se distribui de maneira uniforme pelo país. O etado de Alagoas, com a maior taxa de homicídios (34,8 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes), é dez vezes mais violento que o Piauí (3,6 casos). Maceió é capital mais violenta (com 79,8 homicídios).

As estatísticas indicam ainda a concentração da violência em 23% dos municípios brasileiros (quase 1,3 mil cidades). De acordo com o Mapa da Violência, 4.723 municípios não registraram nenhum assassinato de criança e adolescente em 2010.

Entre outras causas “externas” de morte (diferentes das mortes naturais causadas por problemas de saúde), o relatório chama a atenção também para as mortes no trânsito. Entre 2000 e 2010, a taxa de mortalidade de jovens de 15 a 19 anos no trânsito cresceu 376,3% (de 3,7 para 17,5 casos em 100 mil).

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RETRATO DA DESIGUALDADE

Favela Tem Muito Acesso a Bens e Pouco a Empregos

O Estado de S. Paulo – 07/11/2013

11,4 milhões de pessoas moram em favelas

O pescador Edmilson Batista mora há 22 anos com a família na beira de represa no Jardim Gaivota, zona sul de São Paulo. Pesquisa do IBGE mostra que em áreas pobres do País não faltam TVs ou celulares, mas os moradores não conseguem trabalho fixo nem estudar. SP tem o maior número de pessoas em favelas

Estudo mostra que não faltam TVs e celulares em área pobre, mas é baixo número de morador com curso superior e carteira assinada

Retrato da desigualdade brasileira, a pesquisa "Aglomerados Subnormais – Informações Territoriais" apontou que a maioria dos moradores das áreas mais pobres do Brasil tem TV e telefone celular, mas está muito mais longe da universidade e do trabalho formal do que os habitantes da cidade formal. O trabalho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela um País de pronunciado abismo social, com 11.425.644 pessoas morando nesses bairros construídos à margem das regras do planejamento urbano – em sua maioria, nas popularmente conhecidas favelas.

Muitos vivem em áreas marcadas pela precariedade e pelo risco: 11.149 moradias estão fincadas em aterros sanitários, li-xões e áreas contaminadas, 27.478 casas estão nas imediações de linhas de alta tensão, 4.198 domicílios perto de oleodutos e gasodutos, 618.955 construções penduradas em encostas. Para fins de pesquisa, um aglomerado subnormal é definido pelo IBGE como "uma área ocupada irregularmente por certo número de domicílios, caracterizada, em diversos graus, por limitada oferta de serviços urbanos e irregularidade no padrão urbanístico".

Espécie de mapa das coletividades precárias e/ou à margem dos serviços públicos do Brasil – favelas, mocambos, loteamen-tos -, o estudo toma por base o Censo 2010 e aponta, naquele ano, 3.224.529 domicílios particulares nessas regiões à margem da cidade formal. Em seu trabalho, os pesquisadores se depararam com extremas proximidades e desigualdades de acesso a bens e serviços na comparação entre as áreas de aglomerados e as outras regiões das grandes cidades brasileiras.

Segundo o instituto, nas duas regiões das cidades pesquisadas quase 100% dos domicílios brasileiros possuíam televisão: 96,7% nos aglomerados e 98,2% nas demais regiões. E mais de 53,9% das residências nas ocupações informais tinham apenas telefone celular, ante 34,8% no restante formalizado dos municípios.

O acesso dos pobres a simoo-los da modernidade contrasta fortemente com os apenas 1,4% dos habitantes dos aglomerados com curso superior completo (14,7% nos demais) e os 27,8% de moradores dos subnormais sem carteira de trabalho assinada (20,5% no restante das cidades).

"Não são cidades que se contradizem", explicou o técnico do IBGE Maurício Gonçalves e Silva. "O processo é um só e é altamente coerente o que acontece ali, diante da dinâmica do próprio País e de formação de cada uma dessas cidades."

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Desenvolvimento. A pesquisa constatou que 77% dos domicílios das áreas de moradia informal, precária, pobre e/ou com serviços precários ficavam, em 2010, em Regiões Metropolitanas com mais de 2 milhões e habitantes. O IBGE descobriu ainda que 59,4% da população de aglomerados estava em cinco Regiões Metropolitanas: São Paulo (18,9%), Rio (14,9%), Belém (9,9%), Salvador (8,2%) e Recife (7,5%). Oui-ros 13,7% acumulam-se em outras quatro: Belo Horizonte (4,3%), Fortaleza (3,8%), Grande São Luís (2,8%) e Manaus (2,8%). Essas nove regiões abrigam 73,1% da população de áreas informais identificadas na pesquisa.

Em seu levantamento, o IBGE constatou que a imagem da favela carioca pendurada em uma elevação não é o perfil majoritário desse tipo de área no País. A pesquisa constatou que 1.692.567 (52,5%) dos domicílios em aglomerados subnormais do País estava em áreas planas; 862.990 (2 6,8%) em aclive/ declive moderado; e apenas 68.972 (20,7%) em aclive/declive acentuado.

Curiosamente, foi na Região Metropolitana de São Paulo que os pesquisadores do IBGE encontraram mais domicílios em áreas com predomínio de aclive/declive acentuado (166.030). Em seguida, veio a de Salvador (137.283). A Região Metropolitana do Rio é apenas a terceira nesse quesito, com 103.750.