cante_2011_jan

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CANTARES ÀS TERÇAS Modas do Cancioneiro Tradicional do grupo CANTARES DE ÉVORA 01. Bons Anos 2 45. Cante de Reis 9 02. A Mariana Campaniça 2 46. Camponês alentejano 9 03. Laranja da China 2 47. Corticeiros 9 04. A ribeira quando enche 2 48. Ouvi dizer que a vida 10 05. Fui-te ver estavas lavando 2 49. Vila de Frades 10 06. Menina ‘stás à janela 2 50. Quais são os três cavalheiros 10 07. Moda do assobio 3 51. São João Baptista 10 08. Chamaste-me extravagante 3 52. O comboio 10 09. Olha a noiva se vai linda 3 53. Garrafinha 10 10. Fui um dia a uma caçada 3 54. Pavão 10 11. Nasce o sol no Alentejo 4 55. Eu ouvi mil vezes ouvi 11 12. Ceifeira, linda ceifeira 4 56. Rosa Branca 11 13. Oh vizinha tem cá lume 4 57. Menina do lencinho branco 11 14. Dá-me uma gotinha d’água 4 58. Rio Guadiana 11 15. Não quero que vás à monda 4 59. Rio Mira 11 16. Moda da passarada 4 60. Cartaxinho 11 17. Grândola Vila Morena 5 61. A moda da Rita 11 18. O Menino 5 62. Morena 12 19. Mineiro 5 63. Venho da ilha dos vidros 12 20. Oh erva cidreira 5 64. Estou d’abalada 12 21. Rosa Branca desmaiada 5 65. Saias 12 22. Que inveja tens tu das rosas 5 66. O meu amor é carre(i)ro 12 23. Boas Festas 6 67. Toda a vida fui pastor 13 24. Maria da Castanheira 6 68. Tira o capotinho 13 25. Trigueirinha 6 69. Aurora tem um menino 13 26. Terra Sagrada do Pão 6 70. Ora vai-te 13 27. Eu hei-de ir colher marcela 6 71. Lírio roxo 14 28. As nuvens que andam no ar 6 72. Lá vai Serpa 14 29. Oh menina Florentina 7 73. Na aldeia da Amareleja 14 30. A vinda do rei a Beja 7 74. Vou-me embora pra Lisboa 14 31. Olha o passarinho 7 75. Alecrim 14 32. Ao romper da bela aurora 7 76. Rapsódia 15 33. Foste foste que eu bem sei que foste 7 80. A passarada 15 34. Óh Rita arredonda a saia 7 82. Dão Solidão 15 35. Moda do ladrão 8 83. Tenho barcos, tenho remos 15 36. Eu hei-de ir para o altinho 8 84. Aurora vive na Serra 15 37. Vou-me embora vou partir 8 85. Eu fiz tanta sementeira 15 38. O Limoeiro 8 86. Rouxinol repenica o cante 15 39. Quando a neve apareceu 8 87. Vai colher a silva 16 40. Tenho pena, lindo amor 8 88. A noiva se vai linda 16 41. Sardão 9 89. Se tu não fosses Mariana 16 42. Moreninha alentejana 9 90. Serpa de Guadalupe 16 43. A roupa do marinheiro 9 91. Rapsódia número 2 16 44. Cântico ao menino 9

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Page 1: CANTE_2011_jan

CANTARES ÀS TERÇAS

Modas do Cancioneiro Tradicionaldo grupo CANTARES DE ÉVORA

01. Bons Anos 2 45. Cante de Reis 902. A Mariana Campaniça 2 46. Camponês alentejano 903. Laranja da China 2 47. Corticeiros 904. A ribeira quando enche 2 48. Ouvi dizer que a vida 1005. Fui-te ver estavas lavando 2 49. Vila de Frades 1006. Menina ‘stás à janela 2 50. Quais são os três cavalheiros 10

07. Moda do assobio 3 51. São João Baptista 1008. Chamaste-me extravagante 3 52. O comboio 1009. Olha a noiva se vai linda 3 53. Garrafinha 1010. Fui um dia a uma caçada 3 54. Pavão 1011. Nasce o sol no Alentejo 4 55. Eu ouvi mil vezes ouvi 1112. Ceifeira, linda ceifeira 4 56. Rosa Branca 11

13. Oh vizinha tem cá lume 4 57. Menina do lencinho branco 1114. Dá-me uma gotinha d’água 4 58. Rio Guadiana 1115. Não quero que vás à monda 4 59. Rio Mira 1116. Moda da passarada 4 60. Cartaxinho 11

17. Grândola Vila Morena 5 61. A moda da Rita 1118. O Menino 5 62. Morena 1219. Mineiro 5 63. Venho da ilha dos vidros 1220. Oh erva cidreira 5 64. Estou d’abalada 1221. Rosa Branca desmaiada 5 65. Saias 1222. Que inveja tens tu das rosas 5 66. O meu amor é carre(i)ro 12

23. Boas Festas 6 67. Toda a vida fui pastor 1324. Maria da Castanheira 6 68. Tira o capotinho 13

25. Trigueirinha 6 69. Aurora tem um menino 1326. Terra Sagrada do Pão 6 70. Ora vai-te 13

27. Eu hei-de ir colher marcela 6 71. Lírio roxo 1428. As nuvens que andam no ar 6 72. Lá vai Serpa 1429. Oh menina Florentina 7 73. Na aldeia da Amareleja 1430. A vinda do rei a Beja 7 74. Vou-me embora pra Lisboa 14

31. Olha o passarinho 7 75. Alecrim 14

32. Ao romper da bela aurora 7 76. Rapsódia 1533. Foste foste que eu bem sei que foste 7 80. A passarada 1534. Óh Rita arredonda a saia 7 82. Dão Solidão 1535. Moda do ladrão 8 83. Tenho barcos, tenho remos 1536. Eu hei-de ir para o altinho 8 84. Aurora vive na Serra 1537. Vou-me embora vou partir 8 85. Eu fiz tanta sementeira 15

38. O Limoeiro 8 86. Rouxinol repenica o cante 1539. Quando a neve apareceu 8 87. Vai colher a silva 1640. Tenho pena, lindo amor 8 88. A noiva se vai linda 1641. Sardão 9 89. Se tu não fosses Mariana 1642. Moreninha alentejana 9 90. Serpa de Guadalupe 1643. A roupa do marinheiro 9 91. Rapsódia número 2 1644. Cântico ao menino 9

Page 2: CANTE_2011_jan

01

Bons Anos

Venho-lhe dar os Bons AnosQue as Boas Festas não pudeVenho a fim de sabereNovas da sua saúde [4112]

Esta casa cheira a rosasBem perto ‘stá a roseiraViv’ o dono desta casaMais a sua companheira [4112]

Daqui donde eu ‘stou bem vejoO canivete a bailarePara cortar a chouriçaQue a senhora nos há-de dar [4112]

Já que Deus me fez tão pobre Venho esta noite a pedirEm casa de gente nobreSem esmola não hei-de ir [4112]

02

A Mariana Campaniça

Oh meu amor se tu foresDomingo à Salvada à missaEmprega os teus lindos olhosNuma linda campaniça

A Mariana CampaniçaQue lindos olhos que temDo Monte da Régua às PiasÀ missa não vai ninguém

À missa não vai ninguémÀ missa já ninguém vaiA Mariana CampaniçaCoitadinha não tem pai

Coitadinha não tem paiE mãe também já não temA Mariana CampaniçaQue lindos olhos que tem

03

Laranja da China

Laranjeira de pé d’ouroQue dá laranjas de prataTomar amores não me custaDeixá-los é que me mata

Olha a laranja da ChinaCriada no arvoredoNão te ponhas à esquinaQue eu passo e não tenho medo

Que eu passo e não tenho medoQu’i’eu passo e não faço malOlha a laranja da ChinaCriada no laranjal

Olha a laranja da ChinaEla é doce e sabe bemMuito gosto eu de dançarCom um par que dance bem

A laranja nasceu verdeO sol a cor lhe deuMeu coração nasceu livreE o teu é que me prendeu

04

A ribeira quando enche

A ribeira quando encheLeva o junco acamadoTraz-me tu em teu sentidoQue eu te trago em meu cuidado

A ribeira quando encheVai de pedrinha em pedrinhaO homem que leva a barcaLev’ o seu bem na barquinha

Lev’o seu bem na barquinhaInda lhe digo outra vezQuem namora sempre alcançaUm beijinho, dois ou três

Dizem que a folha do trigoÉ maior que a da cevadaTambém a minha amizade Ao pé da tua é dobrada

05

Fui-te ver estavas lavando

Quem inventou a partida (bis)Não sabia o que era amareQuem parte, parte sem vida (bis)Quem fica, fica a chorar

Fui-te ver estavas lavando (bis)No rio sem (as)sabãoLavaste em água de rosas (bis)Ficou-te o cheiro na mão

Ficou-te o cheiro na mão (bis)Ficou-te o cheiro no fatoSe eu morrer e tu ficares (bis)Adora-me o meu retrato

Adora-me o meu retrato (bis)Adora meu coraçãoFui-te ver estavas lavando (bis)No rio sem (as)sabão

06

Menina ‘stás à janela

Além daquela janelaDois olhos me estão matandoMatem-me devagarinhoQue eu quero morrer cantando

Menina ‘stás à janelaCom o teu cabelo à lua Não me vou daqui embora Sem levar uma prenda tua

Sem levar uma prenda tuaSem levar uma prenda delaCom o teu cabelo à luaMenina ‘stás à janela

Anda cá senta-te aquiTu numa pedra e eu n’outraA chorar nossa desgraçaJá que a ventura é tão pouca

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07

Moda do assobio

Oh tio Zé do carapuçoOlha que isso é bom pró frioAnda agora muito em modaA moda do assobio

Não é tarde não é cedoVieste mesmo em boa hora (bis) Meu pai já está deitadoMinha mãe deitou-se agora (bis)

Eu ia pela ruaQuando ouvi: psst psst (bis) E logo respondi(assobio) (o que tu queres sei eu)

Tanta parra tanta uvaTanta silva tanta amora (bis) Tanta menina bonitaE meu pai sem uma nora (bis)

08

Chamaste-me extravagante

Sei um monte de cantigasE mais uma talegadaPosso cantar toda a noiteE mais toda a madrugada

Chamaste-me extravagantePor eu ter uma noitadaEu sou um rapaz brilhanteRecolho de madrugada

Recolho de madrugadaMesmo agora neste instantePor eu ter uma noitadaChamaste-me extravagante

Tudo o que é verde secaEm vindo o pino do VerãoSó o meu amor reverdeceDentro do meu coração

09

Olha a noiva se vai linda

Compadre já te casasteJá o laço te apanhouDeus queira que sempre digasSe bem estavaSe bem estava melhor estou

Olha a noiva se vai lindaNo dia do seu noivadoTambém eu queria ser (bis)Também (eu) queria ser casado.

Ser casado, e ter juízo, Acho que é bonito estado!Também eu queria ser (bis)Também (eu) queria ser casado!

À luz daquela candeia Foi feito o meu casamentoOh candeia não t’apaguesHás-de ser Hás-de ser um juramento

10

Fui um dia a uma caçada

Eu fui um dia a uma caçadaOh Maria Rita eras tão bonita,Entrei na cevada aveia (bis)

Estava uma lebre deitadaOh Maria Rita eras tão bonita,Pus um pé e alevantei-a (bis)

Meti a espingarda à caraOh Maria Rita eras tão bonita,Dei ao gatilho e matei-a (bis)

Já vinha ferida doutroOh Maria Rita eras tão bonitaNão era minha deixei-a (bis)

Já lá vem a MarianitaCom o seu chapéu ao lado

Traz calças de tiro-liroCasaca de panoChapéu desabado (Bis)

Atirei um tiro à pombaE a pomba no ar voou

Enleou-se naquela roseiraE a maldita pomba Sempre lá ficou(Bis)

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Page 4: CANTE_2011_jan

11

Nasce o sol no Alentejo

O sol é que alegra o dia,Pela manhã quando nasce.Ai de nós o que seria,Se o sol um dia faltasse!

Nasce o sol no Alentejo,Nasce água clara na fonte,Nasce em mim a saudade,Na ladeira do teu monte.

Na ladeira do teu monte,Meu amor quando eu te vejoNasce água clara na fonte,Nasce o sol no Alentejo!

Oh luar da meia noite,Tu tens lá segredos meus.Oh luar não me descubras,Que os meus segredos são teus!

12

Ceifeira, linda ceifeira

O sol é que alegra o dia,Pela manhã quando nasce.Ai de nós o que seria (bis)Se o sol um dia faltasse!

Ceifeira, linda ceifeira!Eu hei-de casar contigo!Lá nos campos, secos campos,(bis)À calma ceifando o trigo

À calma ceifando o trigoPela força do calor!Ceifeira, linda ceifeira (bis)Hás-de ser o meu amor!

O tempo atrasado esquece...E a mim ao pensar me vem..Todo êrro se conhece (bis)Quando remédio não tem!

13

Oh vizinha tem cá lume

Não sei se te diga adeusSe te diga vou-me emboraE o amor que quer bemQuando diz adeus, já chora

Oh vizinha tem cá lumeP’r’acender meu candeeiroTenho o meu amor à portaQuero-lh’ir falar primeiro

Quero-lh’ir falar primeiroPorque é esse o meu costumeP’r’acender meu candeeiroOh v’zinha tem cá lume

Despedida, despedida,Sabe Deus quem se despedeQuem se despede cantandoFaz a despedida alegre

14

Dá-me uma gotinha d’água

Fui à fonte beber águaAchei um raminho verdeQuem o perdeu tinha amores (bis)Quem o achou tinha sede!

Dá-me uma gotinha de águaDessa qu’eu oiço correr!Entre pedras e pedrinhas (bis)Alguma gota há-de haver!

Alguma gota há-de haver.Quero molhar a garganta,Quero cantar com’a rola (bis)Com’a rola ninguém canta!

Daqui até à malhadaLindos beijos lhe vou dandoJá cá levo a minha noiva (bis)Já me posso ir andando

15

Não quero que vás à monda

Daqui para a minha terra,Tudo é caminho e chão!Tudo são cravos e rosas,Oh meu lindo amor,Plantadas por minhas mãos!

Não quero que vás à monda,Nem à ribeira lavarSó quero que me acompanhes,Oh meu lindo amor,No dia em que m’eu casar!

No dia em que m’eu casar, Hás-de ser minha madrinha.Não quero que vás à monda,Oh meu lindo amor, Nem à ribeira sozi(nha)!

Dizem que o tabaco tiraAs mágoas ao coração!Eu faço um cigarro e fumoOh meu lindo amor,E as mágoas ’inda cá estão!

16

Moda da passarada

Maria, pois tu não vêsO passarinho na lenha

E quais, quais,Oliveiras, olivais,Pintassilgos, rouxinóis,Caracóis, bichos móis,Morcegos, pássaros negros,Trambolas, galinholas,Perdizes, codornizes,Cartaxos e pardais,E cucos, milharucos, Cada vez há mais!

As asas a dar a dar,O biquinho venha, venha!

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17

Grândola Vila Morena

Grândola Vila MorenaTerra da FraternidadeO povo é quem mais ordenaDentro de ti oh cidade

Dentro de ti oh cidadeO povo é quem mais ordenaTerra da FraternidadeGrândola Vila Morena

Em cada esquina um amigoEm cada rosto igualdadeGrândola Vila MorenaTerra da Fraternidade

Terra da FraternidadeGrândola Vila MorenaEm cada rosto igualdadeO povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheiraQue já não sabia a idadeJurei ter por companheiraGrândola a tua vontade

Grândola a tua vontadeJurei ter por companheiraÀ sombra duma azinheiraQue já não sabia a idade

18

O Menino

Entre os portais de BelémHá um’árvore de jasséCom três letrinhas que dizemJesus, Maria, José

Li... ai li... ai li ai léO Menino nascido é…

Entrai pastores entraiPor este Portal sagradoVinde ver o Deus MeninoEntre pa...lhinhas deitado

Li... ai li... ai li ai léO Menino nascido é…

O meu Menino JesusQuem lhe deu a camisinhaFoi a minha avó SantanaCom botões de prata fina

19

Mineiro

Nas minas de S.JoãoLa la la la la la la la

Morrerom quatro mineiros, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu... BIS

Eu trago a cabeça abertaLa la la la la la la la

(e)Abateu uma barreira, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu... BIS

Eu trago a camisa rotaLa la la la la la la la

E o sangue dum camarada, vê láVê lá companheiro, vê láVê lá como venho eu... La la la la la la la la (bis)BIS

Oh Senhora Santa BárbaraLa la la la la la la la

Padroeira dos mineiros, vê láVê lá companheiroVê lá como venho eu... BISLa la la la la la la la (bis)

20

Oh erva cidreira

Quando eu não tinhaDesejava terUma hora por diaMeu bem p’ra te ver

(e) Oh erva cidreiraQue estás no alpendreQuanto mais se regaMais a folha pende

Mais a folha pendeMais a rosa cheiraQue estás no alpendreE oh erva cidreira

Namorados cartas fazemAqueles que sabem lerAqueles que ler não sabemTambém as mandom fazer

21

Rosa Branca desmaiada

O Alentejo quando cantaPeito dado à solidãoTraz a alma na gargantaE o sonho no coração

Rosa Branca desmaiadaOnde deixastes o cheiroDeixei-o no teu jardimÀ sombra do limoeiro

À sombra do limoeiroOnde não seja regadaOnde deixastes o cheiroRosa Branca desmaiada

O sol dá vida nas floresNeste Alentejo formosoCobre d’oiro e lindas coresO seu solo grandioso

22

Que inveja tens tu das rosas

Se os bêjos espigassemCom’ espiga o alecrimHavia muitas cachopasCujo rosto er’ um jardim

Que inveja tens tu das rosasSe és linda como elas sãoA rainha das floresTratadas por tuas mãos

Tratadas por tuas mãosPelas tuas mãos mimosasSe és linda como elas sãoQue inveja tens tu das rosas

Tens uma rosa na bocaE em cada face um botãoAs folhas ornam-te o peitoE a raiz o coração

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Boas Festas

Uma estrela se foi pôrEm cima de uma cabanaA cabana era pequenaNão cabiam todos trêsAdoravam o Menino Cada um de sua vez

Abram-se lá essas portasInda não ‘stão bem abertasQue nasceu o Deus MeninoVou-lhe dar as boas Festas

Boas Festas meus senhoresBoas Festas lhes vou darQue nasceu o Deus MeninoAlta noite de Natal

Alta noite de NatalNoite de Santa AlegriaQue nasceu o Deus MeninoFilho da Virgem Maria

Senhora dona de casaDeixe-se ‘star que ‘stá bemMande-nos dar a esmolaPor essa Rosa que aí tem...

24

Maria da Castanheira

P’ra lá de Lisboa aindaTenho eu roupa a c’ourarNamoro uma cara lindaDisso me posso eu gabar

Maria da CastanheiraTens uma saia de lonaQue te deu o teu rapazNo caminho d’azeitona

No caminho d’azeitonaQue é fruto da oliveiraTens uma saia de lonaMaria da Castanheira

Quem inventou a partidaNão sabia o que era amarQuem parte, parte sem vidaQuem fica, fica a chorar

25

Trigueirinha

Ai ai ai TrigueirinhaLinda moça trigueiraSer assim trigueirinha, ai ai aiAi não há quem não queira

Ai não há quem não queiraSer assim trigueirinhaLinda moça trigueira, ai ai aiDas Trigueiras rainha

Linda AlentejanaLinda TrigueirinhaTrigueira TrigueiraQue andas toda ufanaDe assim TrigueirinhaSeres dessa maneiraDiz-me só a mimLinda feiticeiraAlentejanita

Quem te fez assim Bonita e trigueiraTrigueira bonita (BIS)

26

Terra Sagrada do Pão

Não é a ceifa que mataNem os calores do VerãoÉ a erva unha gataO cardo pica na mão

Alentejo AlentejoTerra sagrada do pãoEu hei-de ir ao AlentejoInda que seja no Verão

Ver o doirado do TrigoNa imensa solidãoAlentejo AlentejoTerra sagrada do Pão

Eu sou devedor à TerraA Terra me ‘stá devendoA Terra paga-m’em vidaEu pago à Terra em morrendo

27

Eu hei-de ir colher marcela

Eu hei-de ir colher marcela Da marcela, marcelinha (bis) Lá nos campos, verdes camposDaquela mais miudinha (bis)

Daquela mais miudinha Daquela mais amarela (bis) Lá nos campos, verdes campos Eu hei-de ir colher marcela (bis)

Ontem à noite, à meia-noite Ouvi cantar e chorei (bis) Lembrou-me da mocidadeQue tão criança a deixei (bis)

28

As nuvens que andam no ar

Ontem à noite à meia-noiteOuvi cantar e choreiLembrou-me da mocidadeFoi tempos que eu já passei

As nuvens que and(o)m no arArrastadas pelo ventoForam buscar água ao marP’ra regar em todo o tempo

P’ra regar em todo o tempoEm todo o tempo regarArrastadas pelo ventoAs nuvens que andam no ar

Se o cantar fizer esquecerAs mágoas ao coraçãoTodo o momento hei-de ver(Em) cada boca uma canção

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29

Oh menina Florentina

Suspirava por te verJá matei a SaudadeUma ausência custa muitoA quem ama de verdade

(e)Oh menina FlorentinaÉs a flor que o meu peito domina:Teu amante, delirante,Da viagem chegou neste instante!

Já cá está o tiro-liro-liro tiro-liro-léJá cá está o tiro-liro-liro tiro-liro-ló,já cá está o tiro-liro-liro oh amor,Tiro-liro-liro, abre a porta, oh branca flor!

Anda cá para os meus braçosSe tu vida queres terOs meus braços dão saúdeA quem está para morrer

30

A vinda do rei a Beja

É linda a dama a dançariÉ linda a rosa em botãoÉ lindo o sol a raiarNa linda manhã de Verão

Ai que festa! Que linda festaComo esta não se usouA vinda do Rei a BejaFoi o que mais m’agradou

Ai viva o Rei! Viva a Rainha!Vivam todos com prazerUma festa como estaJá Beja não torna a ver

Desejava, desejavaNinguém sabe o meu desejoDesejava linda rosaEm teu rosto dar um beijo

31

Olha o passarinho

Chega a Primavera,Canta a cotovia,Melros e pardais,Cantam nos choupais Ao romper do dia!

Olh’ o passarinho, Como tão bem canta!Quando está cantandoTem uma guitarra na sua garganta!

Olh’ o rouxinol,Vai fazer o ninhoDentro do balsedoComo não tem medo,Olh’ o passarinho! (Bis e termina)

Como os passarinhosQuem me dera eu serQue tristes ou contentesCantam docementeSempre até morrer!

32

Ao romper da bela aurora

Ser pobre não é defeitoSer rico não é finezaTudo é trabalho feitoPela lei da natureza

Ao romper da bela auroraSai o pastor da choupanaVem gritando em altas vozesMuito padece quem ama

Muito padece quem amaMais padece quem namoraSai o pastor da choupanaAo romper da bela aurora

Quando eu não tinha davaAgora tenho e não douVai pedir a quem não temQue eu em não tendo te dou

33

Foste foste que eu bem sei que foste

O meu amor é aqueleQue me não tira o chapéuTem a porta para a ruaE o telhado para o céu

Foste, foste, que eu bem sei que fosteNo Domingo à tourada,Ao subir do camaroteEu vi-te a saia bordada.

Eu vi-te a saia bordadaMas que bordado tão lindo!Foste, foste, que eu bem sei que fosteÀ tourada no Domin(go)!

Se eu soubesse cantar bemNunca estaria caladoMesmo assim cantando malNão vivo desmangina(do)

34

Óh Rita arredonda a saia

Pus-me a chorar saudadesAo pé de uma fonte, um dia,Mais choravam nos meus olhos,Qui’ água da fonte corria!

Ó Rita, arredonda a saia!Ó Rita, arredonda-a bem!Ó Rita, arredonda a saia,Olha a roda que ela tem!

Olha a roda que ela tem,Olha a roda que ela tinha!Ó Rita, arredonda a saiaRedondinha, redondinha

Redondinha, redondinha,Redondinha, aos caracóis!Esta é que é a moda novaQue trouxeram nos espanhóis!

Que trouxeram nos espanhóis,Que trouxeram nos francesesEsta é que é a moda novaDos soldados portugueses!

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35

Moda do ladrão

Era meia-noiteQuando o ladrão veioDando pancadinhas À porta do meio

À porta do meio,À porta da ruaQuando o ladrão veio Já fazia lua

Já fazia luaFazia... luarQuando o ladrão veioVinha p’ra roubar

Vinha p’ra roubarMas nunc’ a roubouA Mãe estava alertaE o Pai não deixou

36

Eu hei-de ir para o altinho

Quero ir para o altinhoQue eu daqui não vejo bem (bis) Quero ver o meu amorSe ele adora mais alguém (bis)

Se ele adora mais alguémSe ele me ama a mim sozinho (bis) Quero ir para o altinhoQue eu daqui não vejo bem (bis)

A alegria de uma mãeé ter a filha solteira (bis) casa a filha, vai-se emboravai-se a rosa da roseira (bis)

37

Vou-me embora vou partir

Adeus, adeus minha terra, vou partirMal de ti jamais direi a ninguémDá o mundo muita volta, quero irNão sei se cá voltarei, nota bem

Vou-me embora, vou partir, mas tenho esperança,Vou correr o mundo inteiro, quero ir!Quero ver e conhecer, rosa branca,A vida do marinheiro, sem dormir!

A vida do marinheiro, branca flor,Que anda lutando no mar com talento!Adeus, adeus, minha mãe, meu amor!Eu hei-de ir hei-de voltar com o tempo!

38

O Limoeiro

Tenho no quintal um limoeiroJunto ao canteiro da hortelãEle dá limões o ano inteiroE eu em troca o rego todas as manhãs

E eu em troca o rego todas as manhãsIsto é... se não chover primeiroJunto ao canteiro da hortelãTenho no quintal um limoeiro

39

Quando a neve apareceu

Ai que manto de tristeza,Pelo mundo se espalhou.Quando a neve apareceu,Que vinha do céu,Foi Deus que a mandou!

E era meia-noite,Ia-me deitar.A neve a cair,E era sem cessar

Disse à minha esposa,O que aconteciaAmanhã verás como está,Quando for de dia!

E logo no dia seguinte,Em que a neve apareceu,Quando o manto se espalhou,Que vinha do céu,Foi Deus que a mandou!

40

Tenho pena, lindo amor

Tenho pena, lindo amorTenho penaTenho pena, lindo amorEu tenho dóTenho pena de não ir à fonteNum carro duma roda só!

Num carro duma roda sóNum carro c’uma roda pequeninaTenho pena, lindo amorEu tenho pena...E a pena não é só minha!

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Page 9: CANTE_2011_jan

41

Sardão

Sardão, sarapintão... ripopó, tiroliroló!Da cabeça até ao raboe do rabo até ao nó, popó!Não se esteja a escamarQuanto mais você se escamaMais popó lh’ei-de chamar! Popopó!

42

Moreninha alentejana

Quando os passarinhos choramQue não têm sentimentoQue fará quem não avistaSeu amor há tanto tempo

Moreninha alentejanaQuem te fez morena assimFoi o sol da PrimaveraQue caía sobre mim

Que caía sobre mimQue andava a ceifar o trigoMoreninha alentejanaPorque não casas comigo

Porque não casas comigoSendo tu mulher mais belaQuem te fez morena assimFoi o sol da Primavera

43

A roupa do marinheiro

A roupa do marinheiro (bis)Não é lavada no rio (bis)É lavada no mar alto (bis)À sombra do seu navio (bis)

À sombra do seu navioÀ sombra do seu vaporNão é lavada no rioA roupa do meu amor

A roupa do meu amor (bis)Não é lavada no rio (bis)É lavada no mar alto (bis)À sombra do seu navio (bis)

44

Cântico ao menino

Trai-la-ri Trai-lari-lari-ló-léMenino nasci_do éTrai-la-ri Trai-lari-lari-ló-léMenino nasci_do é

Qualquer fi… qualquer filho d’homem pobreNasce num berçu dourado

Só vós Meu Menino DeusNumas palhinhas deitado

Tantas luzes nos altaresDas igrejas mais modestasJá nasceu o Deus MeninoBoas Festas! Boas Festas!

Oh meu Menino JesusNão tenho mais que vos darSe não um ovinho assadoCom umas pedrinhas de sal

45

Cante de Reis

Venho aqui cantar os ReisJá que os Bons Anos não pudeVenho aqui para saberNovas da sua saúde

Os três Reis do OrienteJá chegaram a BelémP’r’adorar o Deus MeninoQue Nossa Senhora tem

Era meia-noite em pontoNo céu se via uma luzSão três Reis do OrienteVêm visitar Jesus

Vêm visitar JesusCom o céu tão estreladoVêm ver o Deus MeninoNumas palhinhas deitado

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Camponês alentejano

Já chegou a PrimaveraPara granar os trigaisJá cantam as andorinhasPoisadas nestes beirais

Camponês alentejanoCamponês agricultorTu trabalhas todo o anoDás produto ao lavrador

Dás produto ao lavradorTua vida é um enganoNem por isso tens valorCamponês alentejano

Já os campos estão floridosDas coisas que eu mais invejoJá chegou a PrimaveraAo jardim do Alentejo

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Corticeiros

Corticeiros, corticeirosQue fazeis lá no montadoDa cortiça dos sobreirosCom vosso trabalho honrado

Ah ah ah mas a vossa machadinhaAh ah ah nunca trabalha sozinha

Corticeiros corticeirosInda mal o sol é nadoJá por entre mil sobreiros Ecoam vossos machados

Ah ah ah mas a vossa machadinhaAh ah ah nunca trabalha sozinha

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Ouvi dizer que a vida

Ouvi dizer que a cidade Ia à praça vender floresVender flores é maldadeÉ maldade sim senhores

É maldade sim senhoresVender um amor perfeitoSó podem vender amoresQuem não tenha amor no peito

Olhai, ai olhai, Olhai meus senhoresMinha terra é lindaMais linda é aindaPor não vender flores

Não vendem lá rosasCravos também nãoQue os lírios dão líriosOs tristes martírios‘té saudades dão

Um raminho de violetasÀ minha terra chamaramAs gentes das mais selectasQue às suas portas passaram

Que às suas portas passaramCantando como poetasE que de lá abalaramCom raminhos de violetas

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Vila de Frades

Vila de Frades já não tem abadesMas tem adegas que são catedraisOs seus palhetos são uns brilharetesSão de beber e chorar por mais

São de beber e chorar por maisNossas gargantas são os seus caminhosCantam os melros, cantam os pardaisCantamos nós à festa do vinho

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Quais são os três cavalheirosQuais são os três cavalheirosQue fazem sombra no mar?São três reis do OrienteQue Jesus vêm buscar.

Não perguntam por pousada,Nem aonde irão ficar,Perguntam por Jesus Cristo,Aonde o irão achar?

Herodes, como malvado,Como perverso e daninho,Às avessas ensinouAos três reis o caminho,

Mas Deus que tudo lo sabe,Usou de tal maravilha:Pôs uma estrela no céuPara ser a sua guia.

A estrela se escondeuChegando a uma cabana.Todos três se’ ajoelharomA Jesus, neto de Ana.

Patriarca São José,Acendei o fogareiro,Pois nos dizem que é nadoO Bom Jesus Verdadeiro.

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São João Baptista

E ora viva, e ora vivaViva o Baptista JoãoE ora viva, e ora vivaViva o Baptista João

Donde vindes, São João,Com a vossa coroa de oiro?Venho de baptizar CristoAqui trago um grão tesoiro

Donde vindes, São João,Que vindes tão orvalhado?Venho de baptizar CristoNaquele rio sagrado.

Donde vindes, São João,Descalcinho e sem chapéu?Venho de acender as luzesQue se apagaram no céu.

E ora viva, e ora vivaViva o Baptista e viva.E ora viva, e ora vivaViva o Baptista e viva.

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O comboio

Oh Beja, oh linda BejaTerra que tens tanta graçaEram quatro horas da tardeQuando nela assentei praça

Lá vai o comboio, lá vaiLá vai ele à’ssobiarLá vai o meu lindo amorPara a vida militar

Para a vida militarPara aquela triste vidaLá vai o comboio, lá vaiLeva pressa na subida

Leva pressa na subida,Leva pressa no vaporPara aquela triste vidaLá vai o meu lindo amor

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Garrafinha(música igual a Tenho pena lindo amor)

(e) O que levas na garrafinhaO que levas que tão bem cheiraSaudades do meu amorQue abala na segunda-feira

Que abala na segunda-feiraLá se vai aquela santinhaO que levas que tão bem cheiraO que levas na garrafinha

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Pavão

Oh pavão, lindo pavãoLindas penas o pavão temNão há olhos para amarComo são os do meu bem

Como são os do meu bemComo são os da minha amadaOh pavão, lindo pavãoOh pavão pena risca(da)

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Eu ouvi mil vezes ouvi

Eu ouvi, mil vezes ouvi,Lá nos campos rufarem tambores.Das janelas bradavam as damas,Já lá vem, já lá vem meus amores!

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Rosa Branca

De uma rosa nasceromDuas roseiras da pazMal o vento as moviaMal o vento as mexiaIam-se as rosas beijar

Rosa Branca tu não vásAo meu jardim sem eu irTeu coração não é capazDe fazer o que o meu faz Leva as noites sem dormir

Leva as noites sem dormirPensando em ti meu amorEu não posso resistirRosa Branca deixa-me irP’r’ o teu peito encantador

A rosa depois de secaFoi-se queixar ao jardimRespondeu-lhe o jardineiroRespondeu-lhe o jardineiroTudo no mundo tem fim.

57.

Menina do lencinho branco

Eu subi um dia ao alto rochedoEu subi um dia ao alto rochedo Vi um passarinho que estava no ninhoCom o seu filhinho, lá no arvoredo (bis)

E o seu companheiro para mim olhandoE o seu companheiro para mim olhandoNão sei que dizia, mas sei que sofriaE até me parecia que estava chorando (bis)

E aquela menina do lencinho brancoE aquela menina do lencinho brancojá me perguntou se eu era do campo E aquela menina do lencinho branco(bis 3)

58

Rio Guadiana

Rio Guadiana querido,Imagem do meu olharQuem me dera ir contigoRio Guadiana queridoNas ondas que vão p’r’ o mar

Nas ondas que vão pr’ o marDuas vezes es fronteiraVens da Serra de AlcarazPassas onde reina a pazAmor para a vida inteira

59

Rio Mira

Rio Mira vai cheio, e o barco não andaTenho o meu amor lá naquela bandaLá naquela banda e eu cá deste ladoRio Mira vai cheio, e o barco para(do)

Vila Nova de Milfontes, Princesa do AlentejoTens umas áreas tão lindasNos dias que eu te não vejo

60

Cartaxinho

Levantei-me um dia cedoPara ver o cartaxinhoLevava pastos no bico oh meu lindo amorJá ia fazer o ninho

Já ia fazer o ninho Lá por entre o arvoredoPara ver o cartaxinhoOh meu lindo amorLevantei-me um dia cedo

61

A moda da Rita

Esta é que era a modaQue a Rita cantava (bis)Lá na Praia Nova olaréNinguém lhe ganhava (bis)

Ninguém lhe ganhava, Ninguém lhe ganhou (bis)Esta é que era a moda olaréQue a Rita cantou (bis)

62

Morena

(e)Oh morena, pois tu não dançasSe é que te cansas ou não tens pariMeus senhores venho da FrançaNa minha terra ai não sei dançar

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Venho da ilha dos vidros

O sol é que alegra o dia Pela manhã quando nasce (bis)Ai de nós o que seriaSe o sol um dia faltasse (bis)

Venho da Ilha dos VidrosP’ra Praia dos DiamantesVivo num mundo perdidoPelos teus olhos brilhantes

Pelos teus olhos brilhantesPelo teu rosto de prataTer amores não me custaDeixá-los é que me mata

Quando eu pensava ter(e)No mundo mais alegria (bis)Foi quando a maior paixão Veio p’ra minha companhia (bis)

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Estou d’abalada

Roubei-te um beijoNão querias darEstou muito tristeMas por ti não vou chorar

Não vou chorarNão vou sofrerEstou muito tristeMas por ti não vou morrer

Estou d’abaladaVou para as terras da EspanhaTu não me queresAqui mais ninguém m’ apanha

Ninguém m’ apanhaJá cá não está quem sofriaMeu lindo amorTu hás-de chorar um dia

Tristes lamúrias do rouxinolEnchem minha almaDo nascer ao pôr-do-sol

Ao pôr-do-sol, à luz da luaNão há no mundoCara mais linda que a tua

65

Saias

São saias, meu bem, são saias São saias que andom na modaSegura-te amor, não caiasQue elas têm pouca roda [dobra 3412]

Oh maçã encarnadinhaPicada do rouxinolSe não fosses tão baixinha Eras mais linda que o sol [dobra 3412]

Estas é que são as saiasQue se cantam ‘m PortugalTrouxeram-nas as ceifeirasNa ponta do avental [dobra 3412]

Ceifeira dos olhos pretosSenhora dos meus amoresEntre as papoilas do campoÉs a rainha das flores [dobra 3412]

66

O meu amor é carre(i)ro

O meu amor é carrero (bis)Trabalha em terra vermelha (bis)Quando ouço os cascaveis (bis)Lembram-me aquela parelha (bis)

Os olhos do meu amor(e) (bis)São duas azeitoninhas (bis)Fechados são dois botões (bis)Abertos duas rozinhas (bis)

Eu gosto dos figos lampos (bis)Da figueira rebeldia (bis)Gosto das moças do campo (bis)Olha a minha simpatia (bis)

Nas ondas do teu cabelo (bis)Vou-me deitar a afogar (bis)É pra que saibas amore (bis)Que há ondas sem ser do mar (bis)

Alentejo não tem sombra (bis)Se não a que vem do céu (bis)Assenta-te aqui amore (bis)À sombra do meu chapéu (bis)

O meu peito é uma morada (bis)Vem pra cá morar amor(e) (bis)De renda não pagas nada (bis)‘inda te fico em favor (bis)

67

Toda a vida fui pastor

Meu lírio roxo do campoCriado na PrimaveraDesejava amor saber ai aiA tua intenção qual era

(E) a tua intenção qual eraDesejava amor saberMeu lírio roxo do campo ai aiSe eu te pudesse colher

Toda a vida fui pastorToda a vida guardei gadoTenho uma cova no peito ai aiDe me encostar ao cajado

De me encostar ao cajadoLá nos campos ao rigorToda a vida guardei gado ai aiToda a vida fui pastor

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Tira o capotinho

Esta noite nem m’eu deitoSó ouvindo ouvir cantar (bis)Gosto d’ouvir o bem feitoEm certo particular (bis)

Saia o toiro, saia o toiroNa praça de MonsarazNão no piquem, não no matemDeixem-no... viver em paz

Tira o capotinho, sim, simEsta noite havemos verTira o capotinho, sim, simEsta noite... ao amanhecer

De noite pelas esquinasEmbrulha...do em meu capote (bis)Passa um e passa outroEu sempre arriscado à morte (bis)

69

Aurora tem um menino

Uma mãe que um filho embalaOh meu lindo amorÀs vezes põe-se a chorarOh meu lindo amorOh meu lindo bem

Só por não saber a sorteOh meu lindo amorQue Deus tem para lhe darOh meu lindo amorOh meu lindo bem

(E) Aurora tem um meninoMas tão pequeninoO pai quem será...É o Zé da DaroeiraQue foi p’ra FigueiraMais tarde virá

No Largo de S. VicenteOnde há tanta genteAurora não está.Cala-te Aurora, não choresQue o pai da criançaMais tarde virá

Pus-me a chorar saudade, Oh meu lindo amorAo pé de uma fonte um diaOh meu lindo amorOh meu lindo bem

Mais choravam os meus olhosOh meu lindo amorQue a própria fonte corriaOh meu lindo amorOh meu lindo bem

70

Ora vai-te

Se eu soubesse que voandoAlcançava o que desejoMandava fazer umas asasDas penas em que me vejo

Ora vai-te que te não queroNão venhas ao meu jardimVai-te vai-te que te não queroAqui não te quero assim

Ai aqui não te quero assimMinha rosa em botãoVai-te vai-te que te não queroAssim não te quero eu não

O papel com que te escrevoSai-me da palma da mãoA tinta sai-me dos olhosE a pena do coração

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Lírio roxo

Oh minha mãe minha mã(e)Oh minha mãe minha amadaMeu lírio roxo Oh minha mãe minha amad(a)

Quem tem uma mãe tem tudoQuem não tem mãe não tem nadaMeu lírio roxoQuem não tem mãe, não tem nada

Badajoz tem lindas damasPortugal também as temMeu lírio roxoPortugal também as tem

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Lá vai Serpa

Um homem nunca deviaSua existência acabarNem nunca se fazer velhoPara sempre namorar

As moças de Serpa atiram Pedras às de BaleizãoAndem lá moças de SerpaQue ainda mas pagarão

Lá vai Serpa, lá vai MouraE as Pias ficam no meioEm chegando à minha terraNão há que haver arreceio

Não há que haver arreceioLá vai Serpa, lá vai MouraLá vai Serpa, lá vai MouraE as Pias ficam no mei(o)

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Na aldeia da Amareleja

Na aldeia d’ Amar(e)lejaQuem brilha são nos pastoresQuiserom roubar as moçasAos melhores trabalhadores

Aos melhores trabalhadoresNinguém logra o que d(e)sejaQuem brilha são nos pastoresNa aldeia d’ Amarele(ja)

74

Vou-me embora pra Lisboa

Alentejo terra do pãoOnde eu tenho a residênciaAcabou-se a azeitonaMeu trabalho fez ausência

Vou-me embora pra LisboaPorque a vida cá é máÀ busca de coisa boaProcuro não encontro cá

Quando eu montei no comboioQue assoprava pela linhaÀs vezes penso comigo, e digoNão sei que sorte é a minha

Quando eu cheguei ao BarreiroMontei-me no barco que passa o TejoChora por mim, que eu choro por tiJá deixei o Alentejo

75

Alecrim

Alecrim Agarrado ao rochedoRosa marinha no desterroOlhos semi-cerradosPequenas floresDe narinas abertas Desejando o marAlecrimAgarrado ao rochedo

76

Rapsódia

Eu ouvi, mil vezes ouvi,Lá nos campos rufarem tambores.Das janelas bradavam as damas,Já lá vem, já lá vem meus amores!

(e)Oh menina FlorentinaÉs a flor que o meu peito domina:Teu amante, delirante,Da viagem chegou neste instante!

Já cá está o tiro-liro-liro tiro-liro-léJá cá está o tiro-liro-liro tiro-liro-ló,já cá está o tiro-liro-liro oh amor,Tiro-liro-liro, abre a porta, oh branca flor!

Tenho pena, lindo amorTenho penaTenho pena, lindo amorEu tenho dóTenho pena de não ir à fonteNum carro duma roda só!

Num carro duma roda sóNum carro c’uma roda pequeninaTenho pena, lindo amorEu tenho pena...E a pena não é só minha!

E quais, quais,Oliveiras, olivais,Pintassilgos, rouxinóis,Caracóis, bichos móis,Morcegos, pássaros negros,Trambolas, galinholas,Perdizes, codornizes,Cartaxos e pardais,E cucos, milharucos, Cada vez há mais!

Tenho no quintal um limoeiroJunto ao canteiro da hortelãEle dá limões o ano inteiroE eu em troca o rego todas as manhãs

E eu em troca o rego todas as manhãsIsto é... se não chover primeiroJunto ao canteiro da hortelãTenho no quintal um limoeiro

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A passarada

Levantou-se o povo inteiroPara ver a passaradaQue vinhom do estrangeiroOs pássaros negros da pena riscada

Eram de pena riscadaImitavam (n)os zurzaisNo céu faziam uma nuvemQuando levantavam desses olivais

A azeitona que bom sustento nos dáE os malditos passarinhos Que nos seus biquinhos As querem levar

81Natal dos Simples de José Afonso

Vamos cantar as janeirasVamos cantar as janeirasPor esses quintais adentro vamos Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadasVamos cantar orvalhadasPor esses quintais adentro vamosÀs raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorteVira o vento e muda a sortePor aqueles olivais perdidos Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serraMuita neve cai na serraSó se lembra dos caminhos velhosQuem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesaQuem tem a candeia acesaRabanadas pão e vinho novo Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjuraJá nos cansa esta lonjuraSó se lembra dos caminhos velhosQuem anda à noite à ventura

82

Dão Solidão

O meu amor moço Dão SolidãoEle é parvo é louco Dão SolidãoÉ como a galinha Dão SolidãoQuando vai para o choco Dão Solidão

Olha o passarinho Dão SolidãoQue caiu no laço Dão SolidãoDá-me um beijinho Dão SolidãoIsso é que eu não faço Dão Solidão

Dá-me um abraço Dão SolidãoPara a conta certa Dão SolidãoToma lá mais outro Dão SolidãoOra aperta aperta Dão Solidão

83

Tenho barcos, tenho remos

Quem embarca, quem embarcaQuem vem para o mar quem vemQuem embarca nos teus olhosolé menina oléQue linda maré que tem

Tenho barcos, tenho remos,Tenho navios no marTenho um amor tão catitaOlé menina oléNão mo deixam namorar

Não mo deixom namorarNão mo deixom comparecerSe eu com ela não casarOlé menina oléCom outra não há-de ser

Oh meu amor não embarquesOlha que o mar atravessasOh meu amor não embarquesOlé menina oléOlha que o mar atravessas

Eu ia para embarcar Encontrei o mar às (a)vessasEu ia para embarcarOlé menina olé Encontrei o mar às (a)vessas

84

Aurora vive na Serra

Aurora vive na Serra (bis)Não sei como não tem medoFaz a cama e dorme só (bis)Debaixo do arvoredo

Anda louca por saber (bis)Onde eu faço a minha camaMesmo à beira do rio (bis)À sombra da espadana

85

Eu fiz tanta sementeira

Eu fiz tanta sementeiraAgarrado a um aradoTrabalhava noite e dia P'ra ganhar a comediaNunca tive um ordenado

Nunca tive um ordenadoTrabalhei a vida inteiraAgarrado a um aradoChovendo tudo molhadoEu fiz tanta sementeira

86

Rouxinol repenica o cante

Não julgues por eu cantarQue a vida alegre me correEu sou como o passarinho Tanto canta até que morre

Rouxinol repenica o canteAo passares à passadeiraNunca mais tornas a BejaSem passares à Vidigueira

Sem passares à VidigueiraSem ires beber ao FalcanteAo passares à passadeiraRouxinol repenica o cante

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87Vai colher a silva

Oh olhos marotosQue já foram meusAgora são d'outrosPaciência adeus

Va colher a silvaVai lindo amor vaiSe ela te picarNão digas ai a ai ai

Não digas ai ai aiNão digas ai ui uiVai coher a silvaVai qu'eu também já fui.

Oh coração praiaDas embarcaçõesOnde desembarcamAs minhas paixões

88A noiva se vai linda

Foste hoje à IgrejaLinda flor de laranjeiraFoste dar a despedidaDo 'stado de solteira (dobra 4112)

Olha noiva se vai lindaOlhando pr'o seu vestidoDeixa pai e deixa mãeVai viver com seu marido

Vai viver com seu maridoVai viver com seu amadoOlha noiva se vai lindaNo dia do seu noivado

Se ele te disser que é pedraDiz-lhe tu que pedra éDeus vos faça bem casadosComo a Virgem com José (dobra 4112)

89Se tu não fosses Mariana

Vou-m' embora trabalharIrei por toda a semanaPodes crer que eu vou voltarPara ti linda Mariana

Se tu não fosses MarianaNão vinhas a braços meusAssim como és MarianaMarianita adeus adeus

Marianita adeus adeusAdeus p'ra toda a semanaNão vinhas a braços meusSe tu não fosses Mariana

Mariana é um nome lindoÈ p'ra ti que eu estou cantandoTeus olhos sempre sorrindoE os meus por ti procurando

90Serpa de Guadalupe

Senti assim que chegueiApertar-me o coraçãoCantando p'ra ti choreiTal é a minha paixão

Oh Serpa de GuadalupeDas moralhas casas brancasDos poetas e pastoresDos cantos até às tantas

Não se cansam as gargantasDos teus filhos a cantarSão preces à Santa MãeE ao seu encanto sem par

Oh Serpa do teu casteloAvista-se o GuadianaTens o desenho mais beloDa traça Alentejana

91Rapsódia número 2

Levantei-me um dia cedoPara ver o cartaxinhoLevava pastos no bico oh meu lindo amorJá ia fazer o ninho

Já ia fazer o ninho Lá por entre o arvoredoPara ver o cartaxinhoOh meu lindo amorLevantei-me um dia cedo

Oh Beja, oh linda BejaTerra que tens tanta graçaEram quatro horas da tardeQuando nela assentei praça

Lá vai o comboio, lá vaiLá vai ele à’ssobiarLá vai o meu lindo amorPara a vida militar

Para a vida militarPara aquela triste vidaLá vai o comboio, lá vaiLeva pressa na subida

Leva pressa na subida,Leva pressa no vaporPara aquela triste vidaLá vai o meu lindo amor

(e) O que levas na garrafinhaO que levas que tão bem cheiraSaudades do meu amorQue abala na segunda-feira

Que abala na segunda-feiraLá se vai aquela santinhaO que levas que tão bem cheiraO que levas na garrafinha

Oh pavão, lindo pavãoLindas penas o pavão temNão há olhos para amarComo são os do meu bem

Como são os do meu bemComo são os da minha amadaOh pavão, lindo pavão(e) Oh pavão pena risca(da)

Esta é que era a modaQue a Rita cantavaLá na Praia Nova olaréNinguém lhe ganhava

Ninguém lhe ganhava, Ninguém lhe ganhouEsta é que era a moda olaréQue a Rita cantou

(e)Oh morena, pois tu não dançasSe é que te cansas ou não tens pariMeus senhores venho da FrançaNa minha terra ai não sei dançar

Sardão, sarapintão... ripopó, tiroliroló!Da cabeça até ao raboe do rabo até ao nó, popó!Não se esteja a escamarQuanto mais você se escamaMais popó lh’ei-de chamar! Popopó!

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