capa aline flor pdf - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/tccs/alineflor/capa.pdf · portadoras de...

48
ALINE FLOR CARACTERÍSTICAS E COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS DE CRIANÇAS PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO - SC Tubarão, 2006

Upload: phamhanh

Post on 26-Jan-2019

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ALINE FLOR

CARACTERÍSTICAS E COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS DE CRIANÇAS

PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA

APAE DE TUBARÃO - SC

Tubarão, 2006

Page 2: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ALINE FLOR

CARACTERÍSTICAS E COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS DE CRIANÇAS

PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA

APAE DE TUBARÃO - SC

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Fisioterapia como requisito à obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientadora Profª. Esp. Dayane Montemezzo

Tubarão, 2006

Page 3: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, à minha mãe Glória, onde mesmo com a

ausência de meu pai ela me trouxe todos os ensinamentos e

valores que foram primordiais para que eu me tornasse uma

pessoa responsável e sobre tudo feliz.

Page 4: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado,

guiando meus passos e me dando forças para prosseguir mais

essa jornada.

A minha mãe, Glória pessoa importante de todo este trajeto, e

da minha vida.

Aos meus padrinhos Juarez e Lúcia que me deram a

oportunidade de realizar este sonho e por acreditarem em mim.

Ao meu namorado Ângelo, por estar sempre ao meu lado me

dando forças, carinho e dedicação.

Áquelas pessoas que me auxiliaram na construção desse

trabalho, como os meus amigos e colegas que partilharam

comigo idéias e produziram críticas.

Em especial à figura dos colegas Amanda Camilo e Guilherme

Miranda Sampaio, que me entenderam e passaram pelos

mesmos momentos que eu.

À minha orientadora, Dayane Montemezzo pela orientação

cuidadosa e prestativa com que tem me conduzido nesta etapa

acadêmica. Meu agradecimento muito especial para essa pessoa

que soube dar apoio e atenção num momento de tantas dúvidas

e inseguranças.

Aos professores Júlio César de Oliveira Araújo e Fabiana

Durante de Medeiros por fazerem parte da banca e por

contribuir como professores em minha formação acadêmica.

Page 5: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

RESUMO

Os objetivos específicos da pesquisa foram: identificar o gênero de maior prevalência da ECI; classificar a ECI quanto à gravidade, qualidade e distribuição do tônus; identificar a freqüência e o tipo de tosse; registrar os episódios de sibilância, pneumonia e refluxogastroesofágico (RGE); identificar o hábito de tabagismo nos cuidadores; classificar o tipo de tórax; identificar o padrão ventilatório; registrar os sinais de desconforto respiratório. Através deste estudo, estima-se identificar as características respiratórias dos portadores de Encefalopatia Crônica da Infância (ECI) que freqüentam a APAE de Tubarão, SC. O presente estudo trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, com amostra constituída por 10 (dez) pacientes da APAE de Tubarão, SC, atendidos pelos acadêmicos da disciplina de Fisioterapia Aplicada à Pediatria II, do curso de Fisioterapia da UNISUL - Campus Regional Sul. Os instrumentos utilizados para a presente pesquisa foram: ficha de coleta de dados, elaborado especificamente para este estudo; contendo dados de identificação da criança, questionamentos da anamnese e os procedimentos do exame físico. Após a análise e discussão dos dados, 7 crianças, pertencem ao gênero masculino, e do conjunto de crianças envolvidas nesta análise, com relação a distribuição de tônus todas apresentavam quadriplegia, e quanto a qualidade de tônus e a gravidade, 1 atetóide leve , 1 ataxica leve, 1 hipotônica leve, 1 atetóide moderado, 1 hipotônico moderado, 2 hipotônicos graves, 1 misto grave, 1 distônico grave, 1 espástico grave, quanto aos sinais fisiopatológicos como a tosse 4 crianças apresentaram raramente episódios, destas 1 apresentou história de pneumonia e 1 refluxogastroesofágico, quanto ao tipo de tórax, 7 crianças não apresentaram qualquer particularidade, analisado o ritmo respiratório, 8 crianças, apresentam o ritmo respiratório regular, com relação ao padrão ventilatório, 5 crianças, apresentavam padrão ventilatório diafragmático. Sugere-se aos pais e cuidadores, a observação dessas crianças durante alimentação diária, pois as mesmas podem apresentar episódios de tosse, podendo ocorrer pneumonia aspirativa e outras complicações respiratórias. Palavras-chave: encefalopatia crônica da infância, características respiratórias, pacientes pediátricos.

Page 6: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ABSTRACT

The physiotherapist contributes actively in the attendance to children and adolescents that frequent schools and entities as the (Association of Parents and Exceptional Friends) APAE, just not acting in the motive dysfunctions as well as in the breathing ones. Through this study, considered to identify the breathing characteristics of the carriers of Chronic Encephalopathy of the Childhood (ECI) that frequent APAE of Tubarão, SC. The present study is a research of descriptive character, with sample constituted by 10 (ten) patient of APAE of Tubarão, SC, assisted by the academics of the discipline of Applied Physiotherapy to the Pediatric II, of the course of Physiotherapy of UNISUL - South Regional Campus. The instruments used for to present he/she researches they were: record of collection of data, specifically elaborated for this study; contends data of the child's identification, questions of the anamnese and the procedures of the physical exam. After the analysis and discussion of the data, 7 children, they belong to the masculine gender, and of the children's group involved in this analysis, with relationship the tonus distribution everybody presented quadriplegic, and as the tonus quality and the gravity, 1 light atetóide, 1 light ataxica, 1 light hipotonic, 1 moderate atetóide, 1 moderate hipotonic, 2 serious hipotonics, 1 mixed serious, 1 serious distonic, 1 serious espastic, with relationship to the signs fisiopatológic as the cough 4 children rarely presented episodes, of 1 o'clock it presented pneumonia history and 1 gastroesophageal reflux, with relationship to the thorax type, 7 children didn't present any particularity, analyzed the breathing rhythm, 8 children, they present the breathing rhythm to regulate, with relationship to the standard ventilatoriy, 5 children, they presented standard ventilatory diafragmatic. He/she suggests himself to the parents and caretakers, the those children's observation during daily feeding, because the same ones can present cough episodes, could happen pneumonia from aspirtion and other breathing complications. Word-key: chronic Encephalopathy of the childhood, pediatric breathing, patient characteristics.

Page 7: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição da amostra quanto ao gênero ........................................................... 26

Gráfico 2 – Distribuição da amostra quanto ao tipo de tórax.................................................. 28

Gráfico 3 – Distribuição da amostra quanto ao ritmo respiratório .......................................... 28

Gráfico 4 – Distribuição da amostra quanto ao padrão ventilatório........................................ 29

Gráfico 5 – Distribuição da amostra quanto aos sinais de desconforto respiratório ............... 29

Page 8: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição da amostra de acordo com a classificação da Paralisia Cerebral..... 26

Quadro 2 - Distribuição quanto aos sintomas fisiopatológicos respiratórios.......................... 27

Page 9: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NA PARALISIA

CEREBRAL ............................................................................................................................ 13

2.1 Encefalopatia Crônica da Infância (ECI)....................................................................... 13

2.2 Pneumonia......................................................................................................................... 15

2.3 Refluxo gastroesofágico (RGE......................................................................................... 16

2.4 Derrame pleural parapneumônico.................................................................................. 17

2.5 Desvios posturais ............................................................................................................. 18

2.6 Tosse................................................................................................................................... 19

2.7 Mecânica ventilatória ....................................................................................................... 19

2.8 Tipos de tórax....................................................................................................................20

2.8.1 Tórax em tonel.................................................................................................................21

2.8.2 Tórax péctus escavatum...................................................................................................21

2.8.3 Tórax assimétrico.............................................................................................................21

2.8.4 Tórax em ampulheta.........................................................................................................21

3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO .......................................................................... 22

Page 10: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................................. 22

3.2Amostra .............................................................................................................................. 22

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados ................................................................ 23

3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados ............................................................. 23

3.5 Análise e interpretação dos dados ................................................................................... 24

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS......................................................................... 25

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................... 30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 34

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37

APÊNDICES ........................................................................................................................... 40

APÊNDICE – Ficha de coleta de dados .................................................................................. 41

ANEXOS ................................................................................................................................. 44

ANEXO – Termo de consentimento ........................................................................................ 45

Page 11: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

1 INTRODUÇÃO

O fisioterapeuta contribui ativamente na assistência a crianças e adolescentes que

freqüentam escolas e entidades como a APAE (Associação de Pais e Amigos Excepcionais),

não apenas atuando nas disfunções motoras como também nas respiratórias. Preparando essas

crianças para as atividades e habilidades funcionais, procurando adequar a idade cronológica e

motora, melhorando a qualidade dos movimentos, controle da postura, equilíbrio e

coordenação. Associado a intervenção na biomecânica respiratória consegue-se também

minimizar os transtornos respiratórios, adequando sua dinâmica, tornando melhor o

desempenho de todas as outras funções, prevenindo as infecções respiratórias e aumentando

os espaços das intercrises.

Dessa forma, pode-se perceber a importância da intervenção fisioterapêutica na

manutenção da saúde das crianças institucionalizadas, prevenindo possíveis danos decorrentes

da doença, ao desenvolvimento psicomotor, nas relações sociais e afetivas, através da

utilização de seus recursos terapêuticos.

Dentre as doenças da infância que podem acarretar em alterações neurológicas,

conforme Barbosa (2002), destacam-se Paralisia Cerebral (PC), ou também chamada de

Encefalopatia Crônica da Infância (ECI), as síndromes neurológicas e as síndromes genéticas.

Page 12: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

Nesse contexto, os cuidados proporcionados pela fisioterapia respiratória também

objetivam a prevenção de complicações pulmonares, que se apresentam muito freqüentes nas

crianças portadoras de neuropatias. As afecções respiratórias mais comumente desenvolvida

pelos encefalopatas são devido as alterações que tais crianças apresentam na sua

morfodinâmica toracopleuropulmonar, associada a outros fatores que podem estar presentes.

Essas afecções são responsáveis pelo atraso na evolução do tratamento e, por muitas vezes

podem levar a lesões pulmonares irreversíveis, a internações hospitalares freqüentes, a

elevada morbidade e, até mesmo, ao óbito (BARBOSA, 2002).

A incidência de Encefalopatia Crônica na Infância, no Brasil, tem mudado muito

pouco nos últimos 40 anos, apesar dos avanços tecnológicos. O índice de incidência tem sido

estimado entre 2 a 5 por 1.000 nascidos vivos. No primeiro ano de vida, o índice estimado é

de 5,2 por 1.000, porém no sétimo ano de vida, o índice é de 2 por 1.000 nascidos vivos

(BARBOSA, 2002).

Conforme Leite e Prado (2004), a incidência das encefalopatias crônica da infância

moderadas e severas estão entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos;

porém há relatos de incidência geral, incluindo todas as formas que ficam em torno de 7 por

1000. Nestes países, calcula-se que em relação às crianças em idade escolar freqüentando

centros de reabilitação, a prevalência seja de 2 por 1000. No Brasil não há estudos

conclusivos a respeito e a incidência depende do critério diagnóstico de cada estudo, sendo

assim, presume-se uma incidência elevada devido aos poucos cuidados com as parturientes.

A ECI por apresentar o maior número de portadores refere-se aos quadros em que

os danos neurológicos instalaram-se durante o período pré-natal, perinatal ou pós natal, o que

resulta em distúrbios do movimento e/ou da postura, que, por sua vez, podem afetar a fala, a

deglutição e a respiração. Devido a incoordenação neuromuscular, durante o processo de

Page 13: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

deglutição, poderá haver problemas adicionais, como vômitos, engasgos, aspiração traqueal,

refluxo gastroesofágico e pneumonia aspirativa (LEVY; OLIVEIRA, 2004).

Contudo, considerando a reflexão exposta acima, faz-se necessário conhecer as

características e manifestações respiratórias desta população com necessidades especiais e

com suas particularidades a fim de traçar os melhores objetivos e uma proposta terapêutica

adequada, o que provavelmente prevenirá as complicações respiratórias e motoras, além de

orientar e esclarecer as dúvidas dos cuidadores.

De acordo com essa proposta, o objetivo geral deste estudo foi identificar as

características respiratórias dos portadores de ECI que freqüentam a APAE de Tubarão, SC.

Os objetivos específicos da pesquisa foram: identificar o gênero de maior prevalência da ECI;

classificar a ECI quanto à gravidade, qualidade e distribuição do tônus; identificar a

freqüência e o tipo de tosse; registrar os episódios de sibilância, pneumonia e

refluxogastroesofágico (RGE); identificar o hábito de tabagismo nos cuidadores; classificar o

tipo de tórax; identificar o padrão ventilatório; registrar os sinais de desconforto respiratório.

O presente estudo trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, com amostra

constituída por 10 (dez) pacientes da APAE de Tubarão, SC, atendidos pelos acadêmicos da

disciplina de Fisioterapia Aplicada à Pediatria II, do curso de Fisioterapia da UNISUL -

Campus Regional Sul. Além disso está subidividido em 6 (seis) capítulos. O primeiro consta

da apresentação do problema, a justificativa e os objetivos do estudo. O segundo capítulo fala

das principais complicações respiratórias na ECI, descritos nos seguintes subitens:

pneumonia, refluxo gastroesofágico, derrame pleural parapneumônico, desvios posturais,

tosse, mecânica ventilatória. O terceiro capítulo refere-se a delineamento metodológico, o

qual apresenta como foram realizados os procedimentos do estudo. O quarto mostra a

apresentação dos resultados referentes a pesquisa. No quinto capítulo será apresentado a

discussão dos resultados. E o sexto capítulo são as considerações finais sobre o trabalho.

Page 14: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

2 AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS NA ENCEFALOPATIA

CRÔNICA DA INFÂNCIA ( ECI )

Este capítulo estará descrevendo as principais características e complicações

respiratórias encontradas na ECI. Está subdividido em: ECI, pneumonia, refluxo

gastroesofágico, derrame pleural parapneumônico, desvios posturais, tosse, mecânica

ventilatória.

2.1 Encefalopatia Crônica da Infância

As enceflopatias crônicas da infância, conforme Lefèvre (1985), constituem uma

grande e heterogênea discussão na qual estão incluídas numerosas afecções, várias etiologias

e quadros clínicos diversos, apresentados como aspecto comum, o fato de acometerem o

Sistema Nervoso Central.

Segundo Behrman, Kliegman e Jenson (2002), a ECI é uma encefalopatia estática,

que pode ser definida como um distúrbio não progressivo da postura e dos movimentos, em

muitos casos associados a epilepsia e anormalidades da fala, visão e intelecto, resultante de

defeito ou lesão do cérebro em desenvolvimento.

Conforme Bobath SD, classifica-se ECI de acordo com três fatores: tono postural,

tipo de alteração de inervação recíproca e a distribuição da condição. Já Shepherd (1996),

classifica a ECI com base apenas nas partes do corpo afetada (quadriplegia, hemiplegia,

Page 15: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

diplegia, monoplegia e triplegia) e nas descrições clínicas do tônus muscular e dos

movimentos involuntários (forma espástica, atetósica, hipotônica, atáxica e mista).

Para Rotta (2002), afirma que a ECI, pode ser classifica de várias formas, levando

em conta o momento lesional, o local da lesão, a etiologia, a sintomatologia ou a distribuição

topográfica, preferindo ainda a classificação baseada em achados anatômicos e clínicos, por

enfatizar o sintoma motor.

De acordo com Ratliffe (2000), a ECI é classificada qanto a qualidade do tônus

muscular ou do movimento (espasticidade ou hipertonia, hipotonia, tônus flutuante ou atetose,

ataxia, rigidez e misto); do padrão de comprometimento motor (monoplegia, hemiplegia,

diplegia, paraplegia, triplegia e tetraplegia) e pela sua gravidade da deficiência sob o ponto de

vista funcional (leve, moderada e grave).

Classificação da ECI Qualidade do tônus Padrão de expressão Região de comprometimento

Muscular motora cerebral Gravidade

Comprometimento de Hipotônico todo o corpo Generalizado Leve Rígido ___________________________ ou Atáxico Extrapiramidal Cerebelar Moderado Tônus ___________________________ Flutuante/atetóide/dis tônico Extrapiramidal Glânglios basais ou __________________________________________________________________ Espástico Hipertônico Monoplegia Piramidal Grave Diplegia/paraplegia Tractos motores Hemiplegia Triplegia Tetraplegia __________________________________________________________________ Misto Múltiplas regiões Fonte: RATLIFFE. K. T. Fisioterapia clínica pediátrica: guia para a equipe de fisioterapeutas. São Paulo: Santos. 2000. p.179.

Page 16: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

O encefalopata em geral apresenta no sistema imunológico um déficit

característico de desordem, no entanto a maioria faz uso de medicamentos potentes,

principalmente aqueles para controle de crises convulsivas e que além de outros efeitos

colaterais, deprimem ainda mais o sistema deficitário e contribui para o aumento de secreção

broncopulmonar, o que faz com que favoreça o aparecimento de diversas outras patologias, e

principalmente, afecções respiratórias comuns aos encefalopatas (BARBOSA, 2002).

2.2 Pneumonia

A incidência das pneumonias depende das características nutricionais e

imunitárias, assim como a idade da criança. A infecção pulmonar aguda é geralmente de

moderada gravidade, mas em alguns casos é necessário o tratamento hospitalar (ROZOV,

1986).

As pneumonias podem ser causadas por vários agentes infecciosos, processos

inflamatórios e por substâncias tóxicas que são inaladas ou aspiradas. A causa mais comum de

pneumonia é infecção viral, as infecções bacterianas são responsáveis por apenas 10 a 30% de

todas as pneumonias pediátricas (BEHRMAN; KLIEGMAN; JENSON, 2004).

As pneumonias de repetição são afecções comuns em pacientes neurológicos, as

quais são desencadeadas pela alterações apresentadas, associadas a fármacos potentes dos

quais fazem uso, como os anticonvulsivantes que podem atuar dificultando a mobilidade ciliar

da árvore respiratória e propiciando o desenvolvimento de infecções (BARBOSA, 2002).

Como os distúrbios da deglutição são bastante freqüentes nos pacientes

neurológicos, as pneumonias aspirativas podem ter várias causas; porém, sua forte associação

com disfagia pode trazer complicações clínicas, tais como pneumonias bacterianas de

Page 17: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

repetição, isso dependendo do volume e da constância da aspiração (CURADO; GARCIA;

FRANCESCO, 2005).

2.3 Refluxo gastroesofágico (RGE)

O refluxo gastroesofágico é um dos problemas desafiadores, quanto ao diagnóstico

e tratamento, pois existem muitos fatores que implicam em sua etiologia e que isoladamente

podem ser responsáveis pela doença, esse fenômeno é reconhecido como causalidade

multifatorial (TARANTINO, 1997).

O refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago é um evento fisiológico. Durante o

período de desenvolvimentos todas as crianças apresentam algum grau de refluxo, podendo

levar a algumas complicações associadas como: atraso no desenvolvimento pondo-estatural,

anemia, estenose esofágica, distúrbios respiratórios. O diagnóstico na criança depende da

idade e da apresentação inicial da doença. A relação entre o refluxo e as manifestações

clínicas devem ser amparadas em observações clínicas detalhadas, algumas vezes com a

criança internada, e em testes terapêuticos ou, se necessário, por exames complementares

(MARCONDES et al, 2003).

O refluxo gastroesofágico, pode causar doenças respiratórias crônicas através de

alguns mecanismos como, aspiração de quantidades pequenas ou significativas do conteúdo

gástrico para as vias aéreas superiores e pulmões, o que resultará em pneumonias aspirativas,

mais comuns em crianças que apresentam distúrbios de deglutição ocasionando uma reação

inflamatória secundária e acidificação intratraqueal que pode desencadear broncoespasmo

(NORTON; PENNA, 2000).

Page 18: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

No tratamento, conforme Ratliffe (2000), a intervenção médica com fármacos,

podem diminuir os sintomas, também pode ser utilizado espessamento dos alimentos, o que

proporcionará a diminuição da incidência de êmese, e propiciará um sono mais tranqüilo e

menor irritabilidade. Embora possa não se obter a diminuição real da incidência do refluxo

gastroesofágico.

A fisioterapia pode atuar na prevenção no refluxo gatroesofágico, tranqüilizando

os pais e orientando-os quanto ao posicionamento da criança após a alimentação.

2.4 Derrame pleural parapneumônico

O derrame pleural associado à pneumonia é denominado derrame pleural

parapneumônico. Esse derrame é classificado como complicado e não complicado. O derrame

parapneumônico não complicado é um derrame não purulento, do tipo exsudativo, que em

geral, é reabsorvido com o tratamento antibiótico. O derrame parapneumônico complicado é

purulento, uma vez que possui acúmulo de pus intrapleural, é definido como empiema.

Independentemente da presença ou não de pus, o derrame complicado deve ser tratado

adequadamente, pois pode evoluir para uma supuração franca. A detecção do derrame

parapneumônico complicado carrea aumento significativo da morbidade e mortalidade, e sua

presença sempre requer drenagem cirúrgica (FRAGA; LIMA; SCHOPF, 1999).

O tratamento dos derrames parapneumônicos depende da identificação dos

microorganismos responsáveis, no escarro, no sangue ou líquido pleural. Quando um derrame

se transforma em empiema e não é feita uma drenagem cirúrgica, o líquido é eliminado

através de fístula pleurobrônquica, ou pela formação de um empiema de necessidade

(TARANTINO, 1997).

Page 19: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

2.5 Desvios posturais

Os desvios posturais podem provocar mudanças importantes da função

respiratória. Quando são prolongados, os músculos e os ligamentos tendem a adaptar os seus

comprimentos à posição habitual, mantida pelas articulações, o que pode levar a uma

limitação ainda maior da função respiratória (SLUTZKY, 1997).

A rigidez do tônus, a interferência reflexa leva a posturas fixadas e as assimetrias,

associadas à pobreza de sua movimentação, contribuem para o desenvolvimento de

deformidades ósseas, alterações estruturais e encurtamentos e/ou retrações musculares

(BARBOSA, 2002).

As curvaturas anormais da coluna vertebral, interferem no sistema respiratório

algumas são a escoliose, a hipercifose e a cifoescoliose, todas em nível torácico. Esses desvios

provocam deficiência na expansibilidade torácica, interferindo negativamente na

complacência toracopulmonar e na ventilação dos pulmões, isso diminui a capacidade vital.

Em casos mais avançados, ocorre obstrução dos brônquios quando estes se tornam

comprimidos pelos grandes vasos, que se deslocam em posições anormais em relação as vias

aéreas (BEHRMAN; KLIEGMAN; JENSON, 2004; COSTA, 1999).

A desordem neuromotora acarreta em alterações também ao nível respiratório,

devido, inclusive, as modificações que acometem o tórax, sendo estas passíveis de ser

modificadas na íntegra ou não, através da intervenção terapêutica embasada na biomecânica

respiratória (BARBOSA, 2002).

2.6 Tosse

A tosse é um dos sintomas mais comuns em todas as idades, resulta de estimulação

de receptores de irritação, na mucosa das vias aéreas e em outros locais. A maioria dos casos

Page 20: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

de tosse associa-se a infecção respiratória e tende a ceder com a resolução da infecção. A

tosse que começa prontamente e se associa a uma infecção viral não exige investigação, mas a

que persiste mais de 4-6 semanas e não está associada a sintomas de infecção viral exige uma

investigação (BEHRMAN; KLIEGMAN; JENSON, 2004).

De acordo com Azeredo (2000), a tosse protege os tratos respiratórios inferiores de

aspiração e provê uma forma de limpeza nas secreções armazenadas e de corpos estranhos

presentes nas vias aéreas, sendo uma manifestação cardinal de muitas complicações

pulmonares. O mesmo autor ainda confirma que o mecanismo da tosse consiste basicamente

em um ato reflexo que ascende de um estímulo irritativo de receptores localizados na faringe,

na laringe, na traquéia e nos brônquios.

2.7 Mecânica ventilatória

Nos pacientes neurológicos a redução da complacência da parede torácica pode ser

relacionada a alterações do tônus dos músculos respiratórios e, em alguns casos, a ineficiência

mecânica da inspiração. A combinação de fraqueza dos músculos respiratórios com uma baixa

complacência dos pulmões e parede torácica leva a um aumento da freqüência respiratória e a

uma diminuição do volume corrente. Como isso a proporção do espaço morto em relação ao

volume corrente aumenta e cai a ventilação alveolar (SHNEERSON, 1993).

A inadequação da função muscular respiratória, seja por disfunção neuromuscular

primária, deformidade da caixa torácica, diminuição das trocas gasosas decorrentes de

processos cirúrgicos ou traumáticos, doença pulmonar obstrutiva crônica, diminuição da

complacência pulmonar, severo distúrbio do sono e/ou a combinação de todos estes fatores,

leva a atelectasia e hipoventilação pulmonar, além de aumentar, demasiadamente, o trabalho

dos músculos respiratórios (SLUTZKY, 1997).

Page 21: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

A capacidade dos músculos respiratórios de ventilar os pulmões adequadamente

depende tanto das propriedades contráteis dos músculos quanto das propriedades mecânicas

da parede torácica e pulmões. Muitos dos distúrbios dos músculos respiratórios apresentam

uma evolução prolongada que caracteriza proeminentemente uma fraqueza muscular

respiratória causada por patologias neurológicas (SHNEERSON, 1993).

Uma especial preocupação com ECI é a movimentação coordenada do tórax que

ocorre durante o ciclo respiratório, pois devido a algumas disfunções da caixa torácica,

tendem a ter uma dificuldade de manter a ativação muscular. Com o resultado, há uma

diferença na movimentação da parede torácica durante a inspiração, causando esforços

respiratórios superficiais (TECKLIN, 2002).

Além disso, causa alterações no ritmo respiratório, que conforme Barbosa (2002),

refere-se ao tempo do ciclo respiratório no que diz respeito ao intervalo entre os tempos

inspiratórios e expiratórios, obtendo um ritmo regular ou irregular; e também alterações no

padrão ventilatório que de acordo com Barbosa (2002), refere-se à região torácica, ou seja,

regiões costal superior, região diafragmática e costo-diafrágmática onde tem-se a

movimentação tanto apical quanto abdominal.

2.8 Tipos de tórax

De acordo com Costa (1999), o tipo de tórax pode ser classificado de acordo com o

biótipo do indivíduo, não havendo uma relação destes com patologias respiratórias. O tórax

pode apresentar os seguintes tipos: em tonel, carinado, paralítico, assimétrico e em ampulheta.

2.8.1 Tórax em tonel

Esse tipo de tórax deve ser caracterizado ao seu eixo antero-posterior torna-se igual ou

maior que o eixo transversal, que normalmente é maior que o ântero-posterior, ocorrendo a

Page 22: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

movimentação do tórax em bloco, exigindo uma ação contínua dos músculos acessórios da

respiração (COSTA, 1999).

2.8.2 Tórax péctus escavatum

Dentre os defeitos relacionados com o crescimento anormal das cartilagens, o péctus

escavatum, ou também chamado de tórax em funil é a deformidade mais freqüente e é

definido como a depressão da porção média ou inferior da região esternal no sentido da

coluna (REBEIS, 2005).

2.8.3 Tórax assimétrico

Conforme Costa (1999), esse tipo de tórax caracteriza-se pela depressão de uma das

regiões antero –laterais do gradil costal, enquanto o lado oposto permanece intacto ou mais

expandido que o normal. Esse tipo de tórax causa a redução do tamanho de um pulmão

levando à diminuição da capacidade vital.

2.8.4 Tórax em ampulheta

O tórax em ampulheta é caracterizado pela depressão bilateral da região antero-lateral

do gradil costal, no nível do sexto, sétimo e oitavo pares de costelas, com protrusão

acentuada, das cartilagens costais inferiores. Isso ocorre quando quando há desenvolvimento

despropocional entre o tórax e o abdome (COSTA, 1999).

Page 23: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

3 DELINEAMENTO METODOLÓGICO

Neste capítulo estão descritos os procedimentos metodológicos para realização da

pesquisa incluindo a caracterização da mesma, à definição da amostra, à determinação dos

instrumentos de pesquisa e os procedimentos de coleta e análise dos dados.

O delineamento da pesquisa, para Gil (1999), refere-se ao planejamento da

pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve a previsão de análise e interpretação dos

dados e considera o ambiente em que são coletados, bem como as formas de controle das

variáveis envolvidas.

3.1 Caracterização da pesquisa

A presente pesquisa trata-se de uma pesquisa descritiva clássica, que segundo

Gil(1999), tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou

fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis.

3.2 Amostra

A amostra sujeita a pesquisa foi composta por dez crianças de ambos os gêneros

com diagnóstico de ECI, independente da classificação, matriculadas na APAE de Tubarão,

SC e atendidas pelos acadêmicos da disciplina de Fisioterapia Aplicada a Pediatria II, do

Page 24: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

curso de Fisioterapia da UNISUL – Campus Regional Sul, durante o segundo semestre letivo

de 2005.

Os critérios de inclusão dos indivíduos na amostra compreenderam crianças

portadoras de ECI com diagnóstico clínico e fisioterapêutico, matriculadas na APAE, e

atendidas pelos acadêmicos da disciplina de Fisioterapia Aplicada a Pediatria II, do curso de

Fisioterapia da UNISUL – Campus Regional Sul. Para a autorização e participação da criança

no estudo os pais ou cuidadores assinaram um Termo de Consentimento (Anexo).

3.3 Instrumentos utilizados para coleta de dados

Os instrumentos utilizados para a presente pesquisa foram: ficha de coleta de

dados, elaborado especificamente para este estudo (Apêndice); contendo dados de

identificação da criança, questionamentos da anamnese e os procedimentos do exame físico.

Também foi utilizado estetoscópio da marca Litman®, para identificar a ausculta pulmonar.

3.4 Procedimentos utilizados para coleta de dados

Após a devida autorização da instituição para o desenvolvimento da pesquisa com

a seleção das crianças, a pesquisadora elaborou uma ficha de coleta de dados contendo os

itens como dados de identificação, anamnese e exame físico. Em seguida procedeu-se a

entrevista com os pais ou cuidadores pelas crianças, nas dependências do setor de Fisioterapia

da APAE e obteu-se as informações necessárias para anamnese, como: investigação da

história familiar, história mórbida pregressa e atual, história ambiental; descrição das

medicações em uso no momento da entrevista; registro dos episódios de tosse, a freqüência,

período do dia em que aparece e o tipo; registro da ocorrência de sibilância, pneumonia, RGE,

Page 25: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

identificação de história de tabagismo passivo.

Posteriormente, foi realizado nas crianças o exame físico, através dos quais foram

avaliados os seguintes dados: estado de consciência da criança; postura adotada por ela;

presença de cicatrizes ou incisões; uso de aparelhos como órteses, cadeira de rodas ou sonda;

o tipo de tórax; o ritmo respiratório; padrão ventilatório; presença de sinais de desconforto

respiratório e frêmito torácico; expansibilidade torácica; ausculta pulmonar e percussão

torácica diagnóstica.

A coleta de dados foi desenvolvida no setor de Fisioterapia da APAE de Tubarão,

SC, com alunos portadores de ECI atendidos pelos acadêmicos da disciplina de Fisioterapia

Aplicada a Pediatria II, do curso de Fisioterapia da UNISUL – Campus Regional Sul, no

período matutino, de 07 de novembro de 2005 a 08 de dezembro de 2005.

3.5 Análise e interpretação dos dados

O dados coletados foram organizados e apresentados em quadros e gráficos;

analisados e interpretados através da estatística descritiva a fim de avaliar o perfil respiratório

de pacientes pediátricos portadores de ECI, atendidos pelos acadêmicos da disciplina de

Fisioterapia Aplicada a Pediatria II, no segundo semestre letivo de 2005.

Page 26: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

No presente capítulo serão apresentados os resultados obtidos com a coleta de

dados referentes as variáveis em estudo: gênero, classificação da ECI, presença de sibilos,

episódios de pneumonia e RGE, história de tabagismo passivo, tipo de tórax, ritmo

respiratório, padrão ventilatório e sinais de desconforto respiratório. Para facilitar a

compreensão os dados serão analisados pela visualização de figuras referentes a gráficos ou

tabelas.

A amostra deste estudo foi constituída por 10 (dez), crianças atendidas pelo setor

de Fisioterapia da UNISUL, na APAE de Tubarão, SC. A seguir, apresentaremos os achados

referentes ao gênero.

Em relação ao gênero, o gráfico 1 demonstra que das 10 crianças que participaram

da amostra, 70%, correspondendo a 7 crianças, pertencem ao gênero masculino e 30%,

correspondendo 3 crianças, ao gênero feminino.

Page 27: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

30%70%

masculino

feminino

Gráfico 1 – Distribuição da amostra quanto ao gênero.

Quanto à classificação, a ECI é classificada conforme a gravidade, qualidade e

distribuição de tônus como se pode observar no quadro 1. Do conjunto de crianças envolvidas

nesta análise, foi possível observar que das 10 crianças, com relação a distribuição de tônus

todas apresentavam quadriplegia, e quanto a qualidade de tônus e a gravidade, 1 atetóide leve,

1 ataxica leve, 1 hipotônica leve, 1 atetóide moderado, 1 hipotônico moderado, 2 hipotônicos

graves, 1 misto grave, 1 distônico grave, 1 espástico grave.

INDIVÍDUO GRAVIDADE QUALIDADE DO TÔNUS DISTRIBUIÇÃO DO TÔNUS

1 Leve Atetóide Quadriplégico

2 Moderado Atetóide Quadriplégico

3 Grave Hipotônico Quadriplégico

4 Leve Ataxia Quadriplégico

5 Grave Misto Quadriplégico

6 Moderado Hipotônico Quadriplégico

7 Grave Hipotônico Quadriplégico

8 Grave Distônico Quadriplégico

9 Leve Hipotônico Quadriplégico

10 Grave Espástico Quadriplégico Quadro 1 – Distribuição da amostra de acordo com a classificação da Paralisia Cerebral.

Page 28: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

De acordo com os dados apresentados no quadro 2, sobre a distribuição quanto aos

sintomas fisiopatológicos respiratórios utilizando a mesma amostra de 10 crianças foi possível

observar que 4 raramente apresentavam episódios de tosse, enquanto as outras 6 crianças não

apresentavam tosse. Sobre as 4 crianças que apresentavam tosse, referente ao tipo de tosse 2

eram seca e 2 do tipo produtiva com deglutição. Das 10 crianças analisadas apenas em 2

houve presença de história de sibilância, 4 com episódios de pneumonia, 1 com RGE e 2

possuiam história de tabagismo passivo.

INDIVÍDUO TOSSE TIPO DE TOSSE SIBILOS PNEUMONIA RGE FUMANTE

PASSIVO

1 raramente seca não não não sim

2 não não apresenta não não não não

3 não não apresenta sim sim não sim

4 não não apresenta não não não não

5 raramente produtiva/com deglutição não sim não não

6 não não apresenta não não não não

7 não não apresenta não não não não

8 raramente produtiva/com deglutição sim sim sim não

9 raramente seca não não não não

10 não não apresenta não sim não não

Quadro 2 - Distribuição quanto aos sintomas fisiopatológicos respiratórios.

A análise da amostra quanto ao tipo de tórax, fica evidente no gráfico 2 que, 70%,

correspondendo a 7 crianças, não apresentavam qualquer particularidade, enquanto 30%,

correspondendo a 3 crianças apresentavam tipo de tórax péctus escavatum.

Page 29: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

30%70%

Péctus escavatum

Sem particularidades

Gráfico 2 - Distribuição da amostra quanto ao tipo de tórax.

No gráfico 3, utilizando a mesma amostra, quando analisado o ritmo respiratório,

obteve-se como característica que 80%, equivalente a 8 crianças, apresentam o ritmo

respiratório regular, enquanto 20% da amostra analisada, 2 crianças, apresentam um quadro

de ritmo respiratório irregular.

80%20%

Regular

Irregular

Gráfico 3 – Distribuição da amostra quanto ao ritmo respiratório.

Com relação da distribuição da amostra quanto ao padrão ventilatório, como

mostra no gráfico 4, o estudo mostrou que 50%, correspondendo a 5 crianças, apresentavam

padrão ventilatório diafragmático, 40%, correspondendo a 4 crianças, apresentaram padrão

Page 30: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ventilatório costo-diafragmático, 10%, correspondendo a 1 criança, apresentou padrão

ventilatório costal-superior.

40%

10%50%

Diafragmático

Costal-superior

Costo-diafragmático

Gráfico 4 - Distribuição da amostra quanto ao padrão ventilatório.

O gráfico 5, representa a distribuição da amostra quanto aos sinais de desconforto

respiratório, sendo que das 10 crianças analisadas, 80%, correspondendo a 8 crianças não

possuiam particularidades, 10%, correspondendo a 1 criança, apresentou tiragens e 10%,

correspondendo a 1 criança apresentou uso da musculatura acessória.

80%

10% 10%

Tiragens

Uso da MMAR

Gráfico 5 - Distribuição da amostra quanto aos sinais de desconforto respiratório.

Page 31: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão discutidos os resultados referentes ao gênero, a classificação

da ECI quanto a gravidade, qualidade e distribuição de tônus, sinais fisiopatológicos como

episódios e tipo de tosse, registro de ocorrência de sibilos, pneumonia e RGE, história de

tabagismo passivo; tipo de tórax, padrão ventilatório, ritmo respiratório e presença de

desconforto respiratório.

Em relação ao gênero da amostra deste estudo, observou-se a prevalência do

gênero masculino em relação ao gênero feminino na razão de 1F: 2,33M. Com base nos

resultados deste estudo, encontramos o gênero masculino com maior prevalência.

Marcondes et al (2003) e Ratliffe (2000), acrescentam que a real freqüência da

ECI não é bem definida pois depende de critérios de inclusão, que não são uniformes, além de

ser variável de região para região. Estima-se que por ano apareçam 4.500 novos casos de ECI

nos EUA, correspondente a 0,3% da população. A prevalência nos países desenvolvidos é de

1,5 a 2,5 por 1.000 crianças em idade escolar.

Um estudo realizado por Merritt (1977 apud UBALDO, 2002) foi verificado uma

prevalência aproximadamente igual em ambos os sexos.

Nos países em desenvolvimento a incidência de ECI é maior, devido as carências

nos cuidados perinatais e nos países industrializados a incidência varia entre 1,5 e 2,5 por

1.000 nascidos vivos (SOUZA; PIRES, 2003).

Page 32: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

Com relação a APAE de Tubarão onde foi realizada a pesquisa, a instituição não

possui dados atualizados referentes a estas características para fornecer a pesquisadora.

Quanto a classificação da ECI, conforme Lefevre (1985), há controvérsia de

diversos autores, pois com a ausência de concordância decorre, dentre outras causas, da

utilização de denominações sem obediência a uma conceituação uniforme.

Conforme Barbosa (2002), a classificação baseia-se no envolvimento das

extremidades, tipo de alteração de tônus e as características dos movimentos involuntários,

porém conforme o desenvolvimento da criança, o tipo de disfunção motora pode mudar o

quadro neurológico da mesma.

Barbosa (2002), afirma que a espasticidade resulta do desequilíbrio entre ações das

formações facilitadoras e inibidoras dos centros supra-segmentares do tronco cerebral,

ocorrendo então rigidez das extremidades. A atetose ocorre devido a uma disfunção dos

gânglios da base, o que se observa são movimentos incoordenados constantes, comprometento

visivelmente a coordenação motora. A ataxia decorre, de uma lesão da regulação central do

controle motor no cerebelo e suas vias nervosas, também provocando coordenação motora

inadequada e prejuízo do equilíbrio. Na hipotonia há a impossibilidade total de vencer a

gravidade, neste caso o mecanismo de regulação da coordenação encontra-se interrompido. E

as formas de seqüelas mistas não são incomuns, porém são difíceis de serem identificadas,

apresentam também incoordenação motora, não por lesão cerebelar mas, pela possível

presença das distonias e discinesias.

Quanto aos sinais fisiopatológicos como a tosse 4 crianças apresentaram episódios

que conforme Costa (1999), é uma ação reflexa de defesa do organismo, onde é possível

expulsar as secreções acumuladas e as substâncias estranhas da árvore brônquica.

Azeredo (2000), acrescenta que muitos e variados métodos tem sido propostos

para resolver as complicações pulmonares, incluindo a melhoria da capacidade de tossir de

Page 33: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

vários pacientes, pois muitas vezes possuem retenção de secreções e pneumonias que são

complicações respiratórias mais comuns que, associadas a perda da capacidade de tossir, se

tornam agravantes da capacidade e qualidade de vida.

Também de grande freqüência nestes pacientes são as pneumonias por aspiração,

tendo na amostra um número referente a 4 crianças, e destas uma apresentou RGE, que

segundo Barbosa (2002), podem ocorrer pela aspiração do refluxo gastroesofágico bastante

comum nos encefalopatas e por aspiração de corpos estranhos, devido à permanência de

algumas crianças no chão e à falta de cautela em relação aos objetos que as estejam

circundando. Além da presença do refluxo, a própria dificuldade na alimentação, com a

ocorrência de engasgos constantes, pela incoordenação entre a deglutição e a respiração,

inclusive, favorece a broncoaspiração de pequenas partículas de alimento, propiciando o

desenvolvimento de uma pneumonia química.

Dentre outros distúrbios neurológicos evidentes de deglutição, também

encontramos a disfagia, que conforme Rocha (1998), é a dificuldade de coordenação dos

movimentos de deglutição que afeta crianças e adultos, podendo ser congênita ou adquirida,

capaz de causar complicações e levar a aspirações silenciosas e, com isso, haver penetração

de saliva ou comida nas vias aéreas inferiores, podendo também, existir crescimento de

germes patológicos que causam pneumonia, levando o paciente, muitas vezes, à morte.

Quanto ao tabagismo passivo, 2 crianças apresentaram história, que conforme

Carvalho e Pereira (2002), a exposição do fumo ambiental está associada a morbidade e

mortalidade em crianças de baixa idade, apresentando tosse e infecções virais, e as mesma

estão mais propensas a sofrer infecções do trato respiratório inferior e superior.

Com relação ao tipo de tórax, apenas 3 crianças apresentaram o tipo péctus

excavatum, que conforme Costa (1999), caracteriza-se por uma depressão acentuada do osso

externo juntamente com as cartilagens costais, este tipo não está necessariamente relacionado

Page 34: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

com uma outra patologia, mas, pelo fato de essa estrutura alterada comprimir as estruturas

pulmonares , poderá causar desvios anatômicos da árvore brônquica.

Quanto ao padrão ventilatório, foi observado que 50%, correspondendo, a 5

crianças apresentaram padrão ventilatório diafragmático que de acordo com Costa (1999), o

diafragma , músculo principal da respiração, não só é imprescindível à esta , como também

desempenha funções não só respiratórias, uma respiração diafragmática em repouso e

realizada corretamente, do ponto de vista toracopulmonar, deve, na fase inspiratória, expandir

inicialmente o tórax, em seguida o abdome e finalmente o tórax novamente.

Com relação ao ritmo respiratório, observou-se que 2 crianças apresentaram

alteração do padrão do ritmo respiratório, não sendo identificado o tipo, porém é comum em

pacientes neurológicos o ritmo de Biot (MARTINEZ; PÁDUA; FILHO, 2004). Com o

surgimento de tais alterações obrigatoriamente não implica na presença de sintomas de

desconforto respiratório mas, portanto, é conveniente comentar devido ao ritmo respiratório

irregular, as alterações podem associar-se com distúrbios fisiopatológicos, específicos e

receber denominações especiais, como taquipnéia ou bradipnéia (MARTINEZ; PÁDUA;

FILHO, 2004).

Conforme Barbosa (2002), com o desconforto respiratório na ECI possui um

prejuízo do tônus muscular, que, neste caso específico, leva a espasticidade, gerando pobreza

de movimentos e perda da sua qualidade – o que acarreta comprometimento das trocas nos

alvéolos, provocando um baixo suprimento de oxigênio ao organismo.

Page 35: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente capítulo refere-se à apresentação das conclusões estabelecidas, após

análise e discussão dos resultados, onde foi analisado nessa pesquisa o gênero de maior

prevalência da encefalopatia crônica da infância; classificação da ECI quanto à gravidade,

qualidade e distribuição do tônus; registro de freqüência e o tipo de tosse; registro dos

episódios de sibilância, pneumonia e RGE; identificação do hábito de tabagismo nos

cuidadores; classificação do tipo de tórax, padrão ventilatório; registro dos sinais de

desconforto respiratório.

Além disso o intuito desta pesquisa foi adquirir novos conhecimentos sobre as

características e o perfil respiratório das crianças portadores de encefalopatia crônica da

infância, visando aprofundar-se nas diversas complicações respiratórias da mesma. Por meio

deste, também, auxiliar os pais através de orientações básicas de postura, e procedimentos que

possam minimizar os sintomas das complicações em questão.

• Na amostra estudada, houve o predomínio do gênero masculino em relação ao gênero

feminino, tendo uma proporção de 1F:2,33M;

• Relacionando os sinais fisiopatológicos respiratórios, encontrados nessas crianças, 4

crianças apresentaram tosse raramente, sendo que 1 criança com sibilância, pneumonia e

refluxo gastroesofágico e história de tabagismo passivo;

Page 36: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

• Em relação ao tipo de tórax, a maioria das crianças, correspondendo a 7, não apresentaram

quaisquer particularidades, sendo que 3 das crianças apresentaram tipo de tórax péctus

escavatum;

• Das 10 crianças estudadas houve a prevalência do ritmo respiratório regular,

correspondendo a 8 crianças;

• Na verificação do padrão ventilatório, foi identificado que 5 crianças apresentaram padrão

ventilatório diafragmático, padrão considerado normal e 4 apresentaram padrão

ventilatório costo-diafragmático e 1 criança apresentou padrão ventilatório costal superior,

associado ao uso da musculatura acessória;

• A maioria das crianças não apresentou quaisquer particularidades quanto aos sinais de

desconforto respiratório, exceto 2 crianças, que 1 apresentou tiragens intercostais e a outra

criança apresentou uso da musculatura acessória;

• Evidenciamos a dificuldade de coletar dados sobre as crianças, com pais ou cuidadores,

pois as perguntas feitas sobre história familiar, história mórbida pregressa, antecedentes

obstétricos, internação por doença respiratória, episódios de tosse, sibilos, pneumonia e

RGE, história de tabagismo passivo, não foram expressadas com tanta certeza, ficando a

dúvida se as respostas foram fidedignas;

• Outro registro importante seria a causa da encefalopatia crônica da infância, porém no

contexto prático não foi possível obter tais informações, que também seriam importantes

para a realização deste estudo;

• Sugerimos aos pais e cuidadores, a observação dessas crianças durante alimentação diária,

pois as mesmas podem apresentar episódios de tosse, podendo ocorrer pneumonia

aspirativa e outras complicações respiratórias.

Page 37: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

• Por meio deste, também, auxiliar os pais através de orientações básicas de postura,

alimentação e procedimentos que possam minimizar os sintomas das patologias em

questão.

• Devemos, desta forma, agir de modo prático para demonstrar eficiência visando valorizar

a atuação do fisioterapeuta e proporcionar benefícios para estas crianças, o que traduz em

nosso objetivo maior.

Page 38: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

REFERÊNCIAS

AZEREDO, C. A. C. Fisioterapia respiratória no hospital geral: expansão, reexpansão, recrutamento alveolar. São Paulo: Manole, 2000. BARBOSA, S. Fisioterapia respiratória: encefalopatia crônica da infância. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. BEHRMAN, R. E.; KLIEGMAN, R. M.; JENSON, H. B. Nelson: tratado de pediatria. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BOBATH, K. Uma base neurofisiológica para o tratamento da paralisia cerebral. 2. ed. São Paulo: Manole, SD. CARVALHO, L. M. T.; PEREIRA, E. D. B.Morbidade respiratória em crianças fumantes passivas. Jornal de Pneumologia. v. 28 n. 1, São Paulo, jan./fev., 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-35862002000100004> Acesso em: 02 abr. 2006. COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica. São Paulo: Livraria Atheneu, 1999. CERVANTES, I.; MONTEIRO, C. Caracterização dos portadores de paralisia cerebral que freqüentam uma escola especial. Revista de Fisioterapia do Centro Universitário do UniFMV. Ano. 1 n. 2 p. 7-10 jul./dez. 2003. Disponível em: http://www.fmu.br/pdf/edi_ 04_fisio_i_n.2.pdf> Acesso em: 22 abr. 2006. CURADO, A.; GARCIA, R.; FRANCESCO, R. Investigação da aspiração silenciosa em portadores de paralisia cerebral tetraparética espástica por meio de exame videofluoroscópico. Revista CEFAC. v. 7, São Paulo, abr./jun. 2005. Disponível em: http://www.cefac.br/ revista/revista72/Artigo%206.pdf > Acesso em: 22 abr. 2006.

Page 39: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

FRAGA, J; LIMA, A.; SCHOPF, L. Pleuroscopia com mediastinoscópio em crianças com derrame parapneumônico complicado. Jornal de Pediatria. v. 75 n. 6, Rio de Janeiro 1999. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/port_resumo.asp?varArtigo=364& cod=51> Acesso em: 05 dez. 2005. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. LEFÈVRE, B. H. Mongolismo: orientação para famílias compreender e estimular a criança deficiente. 2. ed. São Paulo: ALMED, 1985. LEITE, J.; PRADO, G. Paralisia cerebral aspectos fisioterapêuticos e clínicos. Revista neurociências. v. 12 n. 1 São Paulo 2004. Disponível em: http://www.unifesp.br/dneuro/ neurociencias/vol12_1/paralisia_cerebral.htm> Acesso em: 22 abr. 2006. LEVY, J. A.; OLIVEIRA, A. de P. Reabilitação em doenças neurológicas: guia terapêutico prático. São Paulo: Atheneu, 2004. MARCONDES, Eduardo et al. Pediatria básica. 9. ed. São Paulo: Sarvier, 2003. 3 v. MARTINEZ, J., PADUA A.; FILHO, J. Dispnéia. Medicina, Ribeirão Preto. v.37 n.3 p. 199-207 São Paulo, jul./dez. 2004. Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/2004/ vol37n3e4/2_dispneia.pdf> Acesso em: 12 abr. 2006. NORTON, R. C.; PENNA, F. J.; Refluxo gastroesofágico. Jornal de Pediatria, v. 76, 2000. RA TLIFFE, K. T. Fisioterapia na clínica pediátrica. 1. ed. São Paulo: Santos, 2000. RAUEN, F. J. Roteiros de investigação científica. Tubarão: Ed. UNISUL, 2002. REBEIS, E. B. Índice antropométrico para péctus excavatum como método diagnóstico e de avaliação pré e pós-operatório - análise comparativa com índice de haller e o índice vertebral inferior. 2005. 115f. Monografia (Gaduação em Medicina) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo. ROCHA, E. M. S. S. Disfagia. In: MARCHESAN, I. Q. Fundamento em fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

Page 40: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ROTTA, N. T. Paralisia cerebral, novas perspectivas terapêuticas. Jornal de Pdiatria. v. 78 suplemento 1. Rio Grande do Sul, jul./ago. 2002. Disponível em: <http://www.jped.com.br/ conteudo/02-78-s48/port.asp?cod=850> Acesso em: 02 abr. 2006.

ROZOV, T. Afecções respiratórias não específicas em pediatria. São Paulo: Sarvier, 1986. SHEPHERD, R. B. Fisioterapia em pediatria. 3. ed. São Paulo: Livraria Santos, 1996. SHNEERSON, J. Distúrbios da ventilação. Rio de Janeiro: Revinter, 1993. SLUTZKY, L. C. Fisioterapia respiratória: nas enfermidades neuromusculares. Rio de Janeiro: Revinter, 1997. SOUZA, S. C. B; PIRES, A. A. P. Comportamento materno em situação de risco: mães de crianças com paralisia cerebral. Arquivo de Psicologia, 2003. TARANTINO, A. B. Doenças pulmonares. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. TECKLIN, J. S. Fisioterapia pediátrica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. UBALDO, J. O. P. A utilização do conceito neuroevolutivo Bobath na Paralisia Cerebral – Intervenção fisioterapêutica domiciliar. 2002. 57f. Monografia (Graduação em Fisioterapia) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão.

Page 41: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

APÊNDICE

Page 42: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

APÊNDICE A

Ficha de coleta de dados

Page 43: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

1. Dados Identificação:

Nome:____________________________________________________________

Gênero: ( )feminino ( )masculino

Idade:____anos _______meses

Escolaridade:_______________________________________________________

Data de nascimento:___/___/_____

Classificação:_______________________________________________________

2. Anamnese:

2.1. HDP:__________________________________________________________

2.2. HF:___________________________________________________________

2.3. Antecedentes obstétricos:__________________________________________

2.4. Internação por doença respiratória:__________________________________

2.4. História ambiental:_______________________________________________

2.5.Medicação:______________________________________________________

2.6.Tosse: ( ) não ( ) freqüentemente ( ) raramente ( ) pouco freqüente

Quando aparece:____________________________________________________

2.5.1.Tipo de tosse: ( ) produtiva ( ) seca

( ) eficaz ( ) com expectoração ( ) com deglutição

2.6. Sibilos: ( ) sim ( ) não

2.7. Pneumonia: ( ) sim ( ) não

2.8. Refluxo: ( ) sim ( ) não

2.9. Fumante passivo: ( )sim ( )não

Especificar:________________________________________________________

2.10. Nutrição:

Apetite: ( )normal ( )aumentada ( )diminuída

Dieta habitual (descreva):_____________________________________________

3 Exame Físico:

3.1. Estado de consciência/interação:____________________________________

3.2. Postura:________________________________________________________

Page 44: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

3.3. Feridas, cicatrizes, incisões:________________________________________

3.4. Aparato em uso:_________________________________________________

3.5. Anormalidades esqueléticas/Tipo de Tórax:

( ) pectus escavatum

( ) pectus carinatum

( ) tórax em posição inspiratória

( ) _______________________

3.6. Ritmo respiratório:________________________________________________

3.7. Padrão ventilatório (PV):

( ) diafragmático ( ) costal superior ( ) costo-diafragmático ( ) paradoxal

3.8Sinais de desconforto respiratório:

( ) tiragens ( ) retração ( ) gemência ( ) BAN

3.9. Frêmito torácico:_________________________________________________

3.10. Expansibilidade Torácica:_________________________________________

3.11. Ausculta Pulmonar:______________________________________________

3.12. Percussão Torácica:_____________________________________________

( ) macicez ( ) submacicez ( ) timpânico ( ) hipertimpanico

Page 45: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ANEXO

Page 46: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

ANEXO

Termo de Consentimento

Page 47: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho

N°__________.

Termo de consentimento

Eu, ____________________________________________________________________________,

cédula de identidade n° __________________________, declaro que concordo plenamente com os

procedimentos a que serei submetido, conforme explicações que me foram fornecidas pelo responsável

da pesquisa; onde será garantido o sigilo das informações obtidas, sendo que todas as informações

coletadas serão utilizadas exclusivamente para o desenvolvimento da pesquisa, mantendo minha

identidade no anonimato. Informo, outrossim, que estou ciente dos procedimentos que serão utilizados

concordando com os mesmos e que posso abandonar, por livre e espontânea vontade, a qualquer

momento a avaliação.

E, para tomar valido o presente instrumento, assino-o conscientemente.

Tubarão (SC) em _____/______/______.

Assinatura dos pais ou representante legal:_____________________________________________.

Assinatura do pesquisador: _________________________________________________________.

Page 48: Capa Aline Flor PDF - fisio-tb.unisul.brfisio-tb.unisul.br/Tccs/AlineFlor/capa.pdf · PORTADORAS DE ENCEFALOPATIA CRÔNICA DA INFÂNCIA ATENDIDAS NA APAE DE TUBARÃO ... Trabalho