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Connie Mason Sabor do Pecado 03 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 1 Connie Mason O Sabor do Desejo Série O Sabor do Pecado 03 Disp em Esp: MR Envio do arquivo e Formatação: Δίκη Revisão Inicial: Aline Revisão Final: Matias, O Marujo Imagem: Elica Talionis Um toque tão perverso SUA PRISIONEIRA, SEU DESEJO... Damian Stratton, atraente cavalheiro inglês sem terras, chega às Highlands escocesas para evitar um matrimônio que uniria a dois poderosos clãs contra a Coroa Inglesa. Mas não poderá dissuadir à noiva, a selvagem e teimosa Elissa, Donzela de Misterly. Embora seja prisioneira de Damian, a tentadora, orgulhosa e desafiante dama nunca deixará que a confinem em um convento, e tampouco abandonará a sua família nem sua determinação de se casar com o laird Gordon... deixando à Damian apenas um caminho a escolher: se casar ele mesmo com Elissa. SUA NOIVA Esse bastardo atrevido logo descobrirá que encontrou a uma igual! Entretanto, Elissa não pode evitar se sentir comovida pela ternura e a nobreza de Damian... e por um perigoso desejo ao qual não quer dar espaço em seu coração. Nada bom pode resultar de sua união com este cavalheiro que primeiro roubou sua liberdade e agora rouba seu fôlego. E embora fosse ela quem pôs ao notório guerreiro inimigo de joelhos, agora é Elissa quem deve renderse... à paixão e o amor.

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Page 1: Connie Mason - VISIONVOX€¦ · Connie Mason Sabor do Pecado 03 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 2 Comentário da Revisora Aline: A

 

 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   1

     

        

     

Connie Mason O Sabor do Desejo

Série O Sabor do Pecado 03  

Disp em Esp: MR Envio do arquivo e Formatação: Δίκη 

Revisão Inicial: Aline Revisão Final: Matias, O Marujo  

Imagem: Elica  Talionis 

 

Um toque tão perverso SUA PRISIONEIRA, SEU DESEJO... 

Damian Stratton, atraente cavalheiro inglês sem terras, chega às Highlands escocesas para evitar um matrimônio que uniria a dois poderosos clãs contra a Coroa Inglesa. Mas não poderá dissuadir à noiva, a selvagem e teimosa Elissa, Donzela de Misterly. Embora seja prisioneira de Damian, a 

tentadora, orgulhosa e desafiante dama nunca deixará que a confinem em um convento, e tampouco abandonará a sua família nem sua determinação de se casar com o laird Gordon... 

deixando à Damian apenas um caminho a escolher: se casar ele mesmo com Elissa. SUA NOIVA 

Esse bastardo atrevido logo descobrirá que encontrou a uma igual! Entretanto, Elissa não pode evitar se sentir comovida pela ternura e a nobreza de Damian... e por um perigoso desejo ao qual 

não quer dar espaço em seu coração. Nada bom pode resultar de sua união com este cavalheiro que primeiro roubou sua liberdade e agora rouba seu fôlego. E embora fosse ela quem pôs ao notório guerreiro inimigo de joelhos, 

agora é Elissa quem deve render‐se... à paixão e o amor. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   2

   

Comentário da Revisora Aline: A mocinha é bem determinada e não se amedronta na frente do mocinho.. a única coisa que  importa pra ela é a segurança de sua mãe e  irmã. Damian é tão mandão que algumas vezes  tive vontade de poder dar umas palmadas nele só pra ele aprender que não se pode ter tudo que quer..rs. 

Mas  enfim.. O  livro  tem  algumas  cenas  sensuais  sem  ser  hot  e  também mostra  a  alguns casais se formando. Vale a pena ler..recomendo. 

 Comentário do Matias Jr.:‐ Uma história das terras altas com os mocinhos grandalhões que 

tanto agrada... Uma mocinha cabeça dura e exageradamente descrente, apesar dos inúmeros exemplos... E 

um coração amolecido de um guerreiro cansado e apesar do terrível passado, irá brindar‐lhes com uma história de devoção e esperança. 

Boa leitura.     SOBRE A AUTORA:  A  escritora  norte‐americana  Connie Mason,  começou  a  escrever  faz mais  de  vinte  anos. 

Conta  em  seu  acervo  com  mais  de  cinquenta  novelas  românticas  situadas  em  um  contexto histórico. 

Seu trabalho foi reconhecido em múltiplas ocasiões no Romantic Time, que outorgou vários prêmios, e fala sobre ela: 

"Connie Mason  é  uma  das  escritoras  com mais  êxito  dentro  do  gênero  romântico.  Sabe chegar ao leitor como ninguém, com suas cenas cheias de sensualidade e paixão". 

É a autora de mais de  cinquenta novelas e histórias  curtas que ocuparam os postos mais altos das esferas de vendas. Foi escolhida Autora do Ano pela associação Romantic Time em 1990 além de obter o prêmio a melhor autora de novelas ambientadas no Oeste em 1994. Atualmente, Connie mora em Tarpon Springs, Florida, com  seu marido  Jerry. Antes de publicar  seu primeiro livro em 1984, Connie era dona‐de‐casa a tempo integral. Como leitora ávida deste tipo de novela, escrever uma sempre foi o sonho de Connie. 

Em  1995,  a  autora  apareceu  em  um  programa  da  CBS  dedicado  à  indústria  da  novela romântica além de ser mencionada em um artigo desta  temática publicado pelo  jornal National Inquirer. 

Além de escrever e viajar, Connie desfruta contando a quem quer escutá‐la, histórias de seus três filhos e nove netos, e compartilhando suas lembranças de quando viveu na Europa e Ásia. 

Em seu tempo livre desfruta lendo, dançando, jogando bridge1 e pescando com seu marido.    

                                                            1 É um tipo de jogo de cartas. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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  Prólogo 

 

 

Londres, 1746. 

 

Damian Stratton  se ajoelhou ante  seu monarca com a escura cabeça  inclinada e os  largos 

ombros rígidos. Embora ainda fosse um homem jovem, lutou com bravura por sua honra. 

Damian estava orgulhoso do modo em que salvou a vida de seu pai adotivo na batalha de 

Culloden  quando  um  selvagem  escocês  apontou  com  sua  grande  espada  para  as  costas 

desprotegida de lorde Farnsworth. 

Agora estava sendo nomeado cavalheiro graças a sua valente ação. 

Damian sentiu o peso de uma espada no ombro e se concentrou nas palavras do rei Jorge. O 

forte acento do monarca ao falar em inglês fazia que fosse extremamente difícil entendê‐lo, mas 

isso para Damian não  importava. Ganhou por  fim o  título de cavalheiro, e não podia estar mais 

satisfeito. Damian foi adotado por lorde Farnsworth quando estava com sete anos, e considerava a 

aquele homem seu segundo pai. 

— Te  levante, sir Damian Stratton — disse o rei com um  inglês pesado e gutural. — Nosso 

país necessita de sua espada e de sua coragem. Adiante, e se destaque pela honra e a glória da 

Inglaterra. Sirva‐me bem e algum dia será recompensado. 

Damian se ergueu, inclinando‐se profundamente, e saiu da Câmara Real. 

—  Sir Damian, posso  falar um momento  contigo? Damian dirigiu um  sorriso encantado  a 

lorde Farnsworth. 

— Meu senhor, estou a seu serviço. 

— O que te pareceria, sir Damian, avançar para uma glória maior como capitão do exército 

do rei? 

Apesar de sua  juventude, Damian sabia onde estava seu destino e não vacilou na hora de 

aceitar sua missão. 

— Sim, meu senhor. Sou um cavalheiro sem terra, sem família e sem direção. Estou disposto 

e desejoso de servir a meu país enquanto necessite de meus serviços. 

— O rei Jorge não é um monarca ingrato, nem se esquece facilmente daqueles cujos serviços 

são vitais para nossa pátria. Algum dia receberá o reconhecimento, a honra e as recompensas que 

tanto merece. 

Ainda é  jovem. Em questão de poucos anos será um soldado  treinado e estará preparado 

para aceitar desafios maiores. 

À  idade  de  vinte  e  dois  anos,  Damian  já  conseguira  sobreviver  à  sangrenta  batalha  de 

Culloden. Era forte e disciplinado e estava preparado para viver mais formidáveis aventuras. 

Lutaria pelo  rei e por  seu país de boa  vontade e  com alegria, e  talvez algum dia, em um 

futuro não muito longínquo, receberia a recompensa que prometeram. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Capítulo 01 

 

 

Escócia, 1751. 

 

O guerreiro, esgotado pela batalha, permanecia de pé sobre um penhasco com os ombros 

fortemente musculosos  apontando  contra  o  vento  e  as  longas  pernas  firmemente  cravadas na 

terra coberta de vermelho que estava sob os pés. Afastou o escuro e grosso cabelo de seu forte e 

angular rosto enquanto seu olhar cinza chapeado deslizava com amplitude pelos escarpados, os 

vales e as montanhas. 

Depois da  fatídica batalha de Culloden, sir Damian Stratton serviu no exército do rei  Jorge 

destacado em Escócia, sufocando as sementes da resistência nas Terras Altas. Os habitantes das 

Terras Altas aos que despojaram de suas terras e que deixaram suas casas sem outra coisa que a 

roupa que levavam posta, eram quem instigava as revoluções. Aqueles derrotados jacobitas2 ainda 

mantinham a esperança de colocar ao jovem príncipe Carlos no trono inglês. 

Depois de  cinco anos, Damian estava profundamente  farto dos obstinados habitantes das 

Terras Altas que seguiam urdindo planos e conspirando por uma causa perdida. Em qualquer caso, 

Damian  fazia o que  sua pátria necessitava dele enquanto  subia de postos até chegar a capitão. 

Saqueou, roubou e matou pela Inglaterra; nunca esqueceu que quem assassinou seu pai foram os 

habitantes das Terras Altas. 

Ao longo dos anos, Damian perdeu toda esperança de conseguir terra para si, uma pequena 

parte da Inglaterra no qual pudesse ter esposa e criar uns filhos. Apesar de ter se distinguido em 

muitas ocasiões na defesa da Inglaterra, Damian não recebera ainda maior recompensa que a de 

ser um guerreiro sem medo e um campeão do rei. 

O Cavalheiro Demônio, que era o nome que Damian ganhou com justiça por sua incansável 

coragem na batalha, montou em seu fiel corcel, Cosmo, e retornou às barricadas do quartel militar 

do Inverness. 

Um  jovem  soldado  se aproximou apressadamente para  segurar as  rédeas quando Damian 

desmontou. A julgar pela inquieta expressão do moço, Damian deu por certo que algo importante 

aconteceu durante sua ausência. 

— O que ocorre, soldado? 

— Um mensageiro do  rei o está esperando em  seu barracão, capitão — disse Davey com 

grande emoção. 

Profundamente  sumido em  seus pensamentos, Damian entrou em  sua estreita habitação, 

perguntando‐se onde seriam requeridos seus homens e ele naquelas malditas Terras Altas. Estava 

cansado de sua missão na Escócia, e desejava que todo o país desaparecesse da face da terra. À 

idade  de  vinte  e  sete  anos,  não  tinha  mais  que  umas  modestas  economias,  uma  reputação 

exagerada e uma trilha de mulheres com quem se deitou para as esquecer depois.                                                             2 Membros de uma seita que teve por chefe o bispo de Edessa, Jacob, no séc. VI 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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O mensageiro do rei ficou de pé de um salto. — Capitão Stratton? 

Damian observou com cautelosa curiosidade o pergaminho enrolado que o mensageiro do 

rei sustentava na mão. 

— Sim. 

— Uma mensagem de Londres, senhor. Tenho ordens de esperar enquanto lê. 

— Muito bem — disse Damian  com  tensão enquanto  rompia o  selo  real e desenrolava o 

pergaminho. Onde o iriam enviar agora? 

Uma expressão de assombro cruzou as belas feições do Damian enquanto lia rapidamente a 

mensagem. — O rei deseja me receber? 

— Isso foi o que eu entendi — assegurou o mensageiro. 

— Quem é você, senhor? 

— O tenente Ralph Thornsdale, do regimento real das Terras Altas. 

— Faz alguma ideia do que é isto, tenente? 

— Não, capitão, embora me pediram que dissesse que você desse toda a pressa possível em 

chegar a Londres. 

— É muito tarde — Damian suspirou cansado. — Sairei amanhã com as primeiras  luzes da 

alvorada. 

—  Não,  senhor,  deve  partir  imediatamente,  antes  de  uma  hora.  Hão‐me  dito  que  cada 

minuto conta. 

— Mas os homens que estão sob minhas ordens... 

— Serão transferidos a outro mando. 

Embora Damian sentisse pouco respeito por aquele rei Hannover que mal sabia falar inglês, 

era um obstinado defensor da Inglaterra. Quando o rei e a pátria o chamavam, ele obedecia. 

 

Londres, 1752. 

 

O rei Jorge descansava em uma cadeira em seus aposentos privados, observando com avidez 

como seu primeiro‐ministro, lorde Pelham, falava com Damian. 

— É o desejo do rei — assegurou  lorde Pelham sem mostrar nenhuma emoção, — que sir 

Damian Stratton seja recompensado por seu fiel serviço na defesa da Inglaterra. 

Damian elevou a escura fronte com gesto zombador. 

— Recordou finalmente Sua Majestade a promessa que fez a um jovem cavalheiro? 

— Ja, ja, não nos tínhamos esquecido — disse o rei assentindo vigorosamente. — Cumpriste 

a promessa que  fez quando  jovem  e  te  converteste  em um homem no qual podemos  confiar. 

Agora queremos recompensar sua fidelidade. 

— Demonstrastes sua coragem e sua lealdade ao longo dos anos — interveio lorde Pelham. 

—  Inglaterra necessita homens com sua experiência e sua força. Nossos serviços de espionagem 

têm descoberto um complô para unificar dois clãs das Terras Altas. Os clãs unidos têm potencial 

suficiente  para  converter‐se  em  uma  força  poderosa  na  Escócia  e  em  uma  ameaça  para  a 

Inglaterra. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Damian escutava com suma atenção. 

— Sua Majestade deseja que destroce aos clãs rebeldes? 

— Não, é algo mais que isso — disse Pelham movendo a mão com gesto imperioso. — Não 

desejamos  começar  outra  guerra.  Levando‐se  em  conta  a  lonjura  destas  terras  em  questão, 

prestamo‐lhes pouca atenção no passado. 

Mas  de  repente,  a  situação  tem  a  capacidade  de  explodir.  Temos  descoberto  que  vai  se 

celebrar o matrimônio entre o chefe dos Gordon e a donzela de Misterly na fortaleza do Misterly. 

Está situada perto do povoado do Torridon, no lago do mesmo nome. 

— Até  recentemente não  tínhamos motivos para  suspeitar de que  algo estivesse mau. O 

falecido senhor de Misterly, o grande Alpin Fraser, e seus herdeiros varões caíram no Culloden, e 

como aquela fortaleza situada nos limites de nenhuma parte não nos servia para nada, prestamo‐

lhe  pouca  atenção. Mas  se  os Gordon  e  os  Fraser  se  unem,  nossos  domínios  das  Terras  Altas 

poderiam ver‐se ameaçados. Todos os homens leais aos Fraser e aos Gordon se apressariam a unir 

suas forças contra Inglaterra. 

— Lorde Pelham — interrompeu‐o Damian, — em que forma me implica isto ? 

— Conta, conta — urgiu o rei com brutalidade. 

O primeiro‐ministro se inclinou gentilmente ante o rei e continuou. — Servistes lealmente ao 

rei e a Inglaterra, capitão. O rei deseja recompensar seu devoto serviço durante estes anos com o 

castelo do Misterly e  todas  as  terras que  acompanham esses domínios,  incluído o povoado de 

Torridon e os servos e os homens livres que cultivam a terra. 

Damian  ficou paralisado e entreabriu  seus olhos  cinza em gesto de desconfiança.  Iam  lhe 

entregar terras e uma fortaleza situadas nas mais remotas regiões da Escócia? 

Ele queria terra, mas acreditou, não, rezou para que fosse em chão  inglês. Não gostava da 

Escócia nem daqueles selvagens habitantes das Terras Altas. Entretanto, negar‐se a aceitá‐lo seria 

tão estúpido como perigoso. 

—  Além  disso —  continuou  lorde  Pelham  ao  ver  que  Damian  guardava  silêncio, —  será 

recompensado com um  título e a pequena  fazenda de Clarendon, em Cornwall. Entretanto — o 

advertiu o primeiro‐ministro; 

— Sua Majestade espera que viva de maneira permanente em Misterly e que mantenha a 

ordem naquela  remota zona das Terras Altas. O que diz, Damian Stratton, conde de Clarendon, 

senhor de Misterly? 

Conde!  Estavam  concedendo  um  título  e  umas  terras  na  Inglaterra! O  que mais  desejou 

durante anos era  ter um pequeno pedaço de  terra ao qual pudesse chamar dele; não esperava 

receber um título. 

Agora possuía um,  grandes  terras, um povoado na  Escócia e uma  fazenda  inglesa.  Talvez 

algum dia, quando se  restabelecesse a ordem nas Terras Altas, poderia  retirar‐se a sua  fazenda 

inglesa e deixar que um administrador se ocupasse de seus territórios na Escócia. O certo era que 

não queria nada de sua posse escocesa, exceto as rendas e os dízimos que pudesse arrecadar. 

Damian prestou ainda mais atenção a lorde Pelham quando o primeiro‐ministro assinalou o 

que se esperava dele. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   7

— Sua Majestade conta com que você, lorde Clarendon, evite que a donzela do Misterly se 

case com o chefe das Terras Altas Tavis Gordon. Necessita‐se um homem forte para controlar o clã 

dos Gordon, tão bélico. 

São  rebeldes  e  proscritos.  O  rei  irá  proporcionar  temporalmente  vinte  soldados  do 

regimento  real  das  Terras  Altas  para  que  o  acompanhem  ao Misterly, mas  espera  que  você 

contrate seus próprios mercenários para que protejam de forma permanente seus domínios. Não 

esqueça que se se formar uma aliança entre os Gordon e os Fraser, Inglaterra se arrisca a perder 

terras valiosas que acreditava ter firmemente sob controle. 

— Compreendo‐o — assegurou Damian com gravidade. — Nem os Gordon nem os Fraser 

causarão nenhum problema a Inglaterra enquanto eu seja o senhor de Misterly. 

— Confiamos em ti,  lorde Clarendon — disse o rei Jorge. — O Cavalheiro Demônio ganhou 

nosso respeito, como o título e as terras que concedemos. 

Damian estava eufórico, embora de certa forma decepcionado por ter que permanecer nas 

Terras Altas para poder garantir seu título e suas terras. De repente passou algo por sua cabeça. 

— Quais são seus desejos no concernente à donzela do Misterly, senhor? Devo fazer que os 

guardas do regimento real a escoltem até Londres? 

— Ah,  lady Elissa — disse o  rei assinalando com um gesto ao primeiro‐ministro. — Conte, 

lorde Pelham. 

— Nossas fontes nos informaram que lady Elissa vive em Misterly com sua mãe, a viúva do 

Alpin Fraser. Seus dois irmãos caíram em Culloden. Sua Majestade decidiu enviar a mãe e filha ao 

convento da Santa Maria do Mar, que está há um dia a caminho do Misterly em direção ao norte. 

O convento já está a par de sua chegada e cumprirá com os desejos de Sua Majestade. 

Não deve permitir sob nenhuma circunstância que lady Elissa e o chefe Gordon se casem ou 

tenham sequer nenhum tipo de comunicação. 

— Compreendo — assegurou Damian. — A generosidade de Sua Majestade me aflige. 

O rei sorriu em gesto de aprovação. 

— Uma coisa mais, meu senhor — disse  lorde Pelham. — Necessitará herdeiros. O rei tem 

intenção de procurar uma prometida adequada para você. Misterly deve ter uma senhora. 

—  Vão  me  entregar  uma  noiva?  Uma  herdeira?  —  repetiu  Damian.  Não  estava  muito 

convencido com a ideia de tomar como esposa a alguém que nunca viu, mas não ia pôr objeções. 

Não  importava com quem  se casasse;  todo mundo  sabia que os homens  tomavam a uma 

mulher como esposa para que proporcionasse herdeiros e que procuravam a satisfação sexual em 

outro lado. 

Damian se inclinou profundamente. 

— Estou absolutamente agradecido, Majestade. 

— Deve está‐lo — respondeu lorde Pelham. — Não falhe a Inglaterra, lorde Clarendon. Se o 

matrimônio entre a dama do Misterly e o chefe dos Gordon aconteça antes que possa evitá‐lo, 

tudo estará perdido, incluídos suas terras e seu título. 

Damian entendeu perfeitamente, e não estava disposto a perder tudo o que tanto desejou. 

Fez uma breve reverencia. — Não falharei, senhor. 

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Sabor do Pecado 03

 

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O rei o despediu com um gesto da mão. 

— Então parte, meu  senhor. Estarei esperando a volta do  regimento  real das Terras Altas 

quando tiver tudo sob controle. 

Depois daquela  surpreendente  reunião, Damian  se dirigiu para O Galo e o Touro, o  lugar 

onde sabia que se reuniam cavalheiros e mercenários sem trabalho. Embora isso esvaziaria a arca 

de suas economias, ia necessitar homens leais para ajudar a manter a ordem em Misterly quando 

os soldados partissem. 

A sala comum estava cheia de fumaça e cheirava a cerveja rançosa e a corpos sujos. Damian 

distinguiu  a  um  conhecido  sentado  em  uma  mesa  e  abriu  caminho  entre  a  multidão  para 

aproximar‐se dele. 

Sir Richard Fletcher viu Damian e o saudou com a mão. — Damian! Me alegro de voltar a 

verte. Veem te sentar comigo. O que te traz por Londres? Quão último soube de ti foi que estava 

destinado na Escócia. 

Damian saudou o Richard com entusiasmo e se sentou em frente a seu amigo, do outro lado 

da mesa. Apareceu uma hospedeira peituda e pediu duas canecas de cerveja. A mulher partiu e 

retornou  com  duas  espumosas  canecas.  Damian  lançou  uma moeda,  deu  um  tapinha  no  seu 

amplo traseiro e observou o tentador movimento de seus quadris enquanto se afastava. 

— Te esqueça da hospedeira, Damian — zombou Richard. — Pode ir mais tarde em busca de 

uma prostituta. Parece satisfeito por algo. Me conte suas notícias. 

Damian voltou a centrar sua atenção a contra gosto no Richard, que, a julgar pelo modo em 

que arrastava as palavras e seu aspecto corado, levava umas quantas canecas a mais. 

Damian  conheceu  ao  Fletcher  anos  atrás e  se  fizeram  amigos. Durante uns quantos  anos 

perderam o rastro um do outro. 

— Está diante do novo conde de Clarendon, também senhor de Misterly — espetou Damian. 

— Conde! — repetiu Richard claramente impressionado. — Se alguém o merece, esse é sem 

dúvida você. Onde diabos está Misterly? 

— Ah, Dickon — disse Damian efusivamente utilizando o apodo do Richard, — trata‐se de 

uma grande fortaleza situada no mais profundo das Terras Altas escocesas. 

Terei  grandes  terras de minha propriedade e um povoado  cheio de  gente para  cultivar  a 

terra e fazer as colheitas. 

— Acreditei que odiava aos habitantes das Terras Altas — disse Dickon. — Não mataram eles 

a seu pai? 

Damian torceu o gesto. 

— Sim, Dickon, mas também há em jogo um título e terras na Inglaterra. 

— Ah, assim Clarendon é um título inglês. 

—  Minhas  terras  estão  em  Cornwall,  mas  são  insignificantes  comparadas  com  meus 

domínios escoceses. E embora me  interessam bem pouco os hostis habitantes das Terras Altas, 

devo viver em Misterly se quero conservar o título e as terras inglesas. 

—  Já  era  hora  de  que  o  Cavalheiro  Demônio  recebesse  um  reconhecimento  por  seus 

esforços  a  favor  da  Inglaterra —  elogiou‐o  Dickon. —  O  que  exige  a  Coroa  em  troca  de  tão 

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Sabor do Pecado 03

 

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generosa recompensa? 

Damian deu de ombros. 

— Devo evitar que a donzela de Misterly se case com um chefe rebelde das Terras Altas e 

manter a ordem. 

— Suponho que não pretende aparecer em Misterly sem um exército te cobrindo as costas 

— disse Dickon. 

— Terei uma  força  temporária composta por vinte  soldados do  regimento  real das Terras 

Altas. Também pretendo contratar mercenários para defender minhas terras e proteger a minha 

senhora esposa. 

— Sua senhora esposa? — repetiu Dickon. — Quando vais casar te? Isso é novo para mim. 

— O rei me prometeu uma herdeira para que se converta na senhora de Misterly. 

— Espero que não seja excessivamente corpulenta — disse Dickon com uma gargalhada. — 

Brincadeiras aparte, agora mesmo estou desocupado e eu adoraria trabalhar a seu lado.  

Talvez encontre uma valorosa moça das Terras Altas que me esquente a cama. 

— Não  conte  com  isso.  É mais  provável  que  te  crave  uma  adaga  no  coração —  zombou 

Damian. — Esqueceste que os habitantes das Terras Altas nos odeiam com toda sua alma? 

— Não. Esqueceste você que sou um grande amante? — gabou‐se Dickon. 

— Talvez seja um diabo bonito, Dickon, e conte com o  favor das damas, mas é necessário 

algo mais que palavras bonitas para ganhar o coração de uma moça das Terras Altas. 

— Não quero  seu  coração — protestou Dickon. —  Interessa‐me mais o que  tem entre as 

pernas. 

Damian deixou escapar uma gargalhada. 

— Ah, Dickon, estou desejando  te  ter comigo, porque  suspeito que vou necessitar de  sua 

ligeireza de espírito. 

— Quando partimos? 

— Muito em breve. 

— Então será melhor que volte para meu alojamento e prepare minhas coisas. 

Quando  Dickon  partiu,  Damian  olhou  a  seu  redor  em  busca  de  candidatos  adequados  e 

dispostos a  ficar a seu serviço. Seu olhar se cruzou com vários soldados curtidos na batalha que 

estavam espalhados pela sala. 

Duas horas mais tarde, Damian havia contratado a uma vintena de mercenários agradecidos 

pela  oportunidade  de  servir  ao  Cavalheiro  Demônio.  Gostou  imediatamente  de  sir  Brody 

Clements, um cavalheiro de cabelo cinza sem terras nem esposa que  lutou tantas batalhas como 

ele. Quando soube que sir Brody sabia ler e escrever, Damian propôs convertê‐lo no administrador 

do Misterly. 

Sir Brody agradeceu encantado a concessão daquele posto. 

Dois dias mais tarde, Damian se dirigiu para o norte acompanhado de Sir Richard, os homens 

que  recrutou  e  vinte  soldados. Damian  tinha  pensamentos  sombrios  a  pesar  da  honra  que  foi 

concedida. 

Converter‐se no senhor de pessoas que o odiava não era a vida que imaginou para si quando 

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Sabor do Pecado 03

 

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se atrevia a sonhar em possuir suas próprias terras. Apesar de seus receios, o rosto de 

Damian se endureceu com determinação. Misterly pertencia a ele por ordem do rei, e se os 

Gordon e os Fraser se rebelassem, ele faria tudo o que fosse necessário para pô‐los em seu lugar. 

Não chamavam Damian Stratton o Cavalheiro Demônio por acaso. 

 

 

Capítulo 02 

 

 

Lady Elissa Fraser olhou‐se no espelho de corpo  inteiro sem  realmente ver a sua  imagem. 

Um punhado de cachos domados de cor cobre permaneceram em forma de coroa em sua cabeça, 

os olhos verdes e impressionantes curvas suaves foram apagados pelas previsões sombrias de que 

sua velha nana3 estava sussurrando em seu ouvido. 

— Não te casará com o chefe dos Gordon, moça — sussurrou a velha nana. — Não nasceu 

para ti. 

— OH, nana, por que precisa ser  tão cética? —  repreendeu‐a Elissa. — Sabe que meu pai 

escolheu a Tavis como marido para mim. Ele protegerá a todos se o rei da Inglaterra recordar que 

meu  pai  guiou  um  regimento  das  Terras Altas  na  charneca  de  Culloden  e  decide  nos  castigar. 

Conseguimos passar inadvertidos para ele graças à lonjura de Misterly, mas necessitamos a Tavis e 

aos homens de seu clã se por acaso o inglês recordar de repente que existimos. 

—  Não  te  casará  com  o  chefe  dos  Gordon —  repetiu  Nana. —  É  um  foragido  e  trará 

problemas aos membros de nosso clã. 

Elissa se separou do espelho. 

—  Não  seja  estúpida,  Nana.  Vou me  casar  com  Tavis.  Os membros  de  seu  clã  e  ele  já 

chegaram  à  igreja  do  povoado.  Lachlan  e Dermot  Fraser  estão me  esperando  abaixo  para me 

acompanhar ao altar. É hora de ir. Vem comigo? 

—  Não  sairá  do  castelo  —  disse  nana  com  obstinação.  Elissa  soltou  uma  gargalhada 

imprópria de uma dama. 

— Realmente me põe a prova, nana. Embora te ame muito, não pode evitar que aconteça o 

que está escrito. Não conheço bem ao Tavis, mas estou segura de que chegarei a amá‐lo. Ambos 

odiamos aos ingleses e somos leais defensores do jovem pretendente ao trono, o príncipe Carlos. 

Temos muitas coisas em comum. 

— Talvez nem todos os ingleses sejam maus — assegurou nana misteriosamente. 

— Já! Conte isso a quem queira te acreditar. Todos os homens ingleses são uns assassinos. 

— Adiante, então — murmurou nana dando por terminado o assunto. — Mas te lembre de 

minhas palavras, moça, não vais casar‐te com o chefe dos Gordon. Minhas "vozes" falam de outro 

homem. Seu destino aponta em outra direção. 

— Talvez acredite que ouça vozes, mas eu não tenho fé nessas coisas — grunhiu Elissa. — 

Nem tampouco acredito nas fadas, em espíritos nem em bruxas.                                                             3 Babá 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   11

— Sempre foi uma menina obstinada — protestou nana. — Como acredita que te encontrei 

as vezes que perambulava sozinha fora do castelo? Foram minhas vozes, te asseguro isso, mas não 

importa. Algum dia aprenderá a confiar em mim. 

—  Confio  em  ti,  nana —  assegurou  Elissa, — mas  não  em  suas  extravagantes  predições. 

Reconheço que acertaste em muitas coisas, mas esta vez te equivoca. 

— Não diga que não te preveni sobre isso, moça. 

Elissa suspirou enquanto recolhia um buquê de flores recém colhidas e girava uma vez mais 

para olhar‐se no espelho de corpo  inteiro. Escolheu usar o traje quadriculado dos Fraser para as 

bodas,  e  sabia  que  o  cinza,  o  verde  e  o  branco  ficavam  bem,  embora  fosse  um  tanto  pálida. 

Beliscou as suaves faces para conseguir um pouco de cor e se afastou do espelho. Suas delicadas 

feições marcaram com determinação, e saiu pela porta sem esperar para ver se nana a seguia. Ia 

se casar com o chefe Gordon tal como desejava seu pai, e nada, nem sequer a vívida imaginação 

de sua viajada nana, ia impedi‐la. 

Damian se deteve ante o portão exterior do Misterly. A guarita de vigilância estava vazia, e o 

portão erguido. Nenhum guarda patrulhava os muros nem se distinguia a ninguém no interior do 

pátio. 

A  primeira  imagem  que  recebeu  Damian  de Misterly  foi  impressionante.  As majestosas 

torres  e  as  ameias  eram  visíveis  de  uma  longínqua  distância,  elevando‐se  por  cima  da  agitada 

neblina e o escurecido céu. A promessa de chuva pairava no ar, densa e opressiva, e Damian se 

perguntou se não se trataria de um mau presságio. 

Afastando  a  um  lado  seus  lúgubres  pensamentos, Damian  e  seus  homens  cruzaram  pelo 

portão e entraram no pátio. Damian sentia os ombros tensos, e acariciava sua espada com a mão. 

Aquelas alturas  já devia  ter  soado a corneta de alarme para alertar a  sua presença. Onde 

estava todo mundo? 

A  fortaleza  sobreviveu  a  passagem  dos  anos  com  graça  e  dignidade,  pensou Damian.  As 

agrestes paredes de pedra cinza se viam suavizados por séculos de vento, chuva e sol sobre sua 

impressionante  fachada  coberta de hera. Damian percebeu que  colocaram  janelas de  vidro em 

algum momento do século passado. 

Sir Richard Fletcher adiantou seu cavalo para unir‐se ao Damian quando se aproximaram da 

entrada principal. 

— O castelo parece estar deserto, Damian. Que acredita que ocorreu a todo mundo? 

— Averiguaremos em seguida, Dickon. Alerte aos homens para que se preparem em caso de 

problemas inesperados. 

Dickon deu a volta e retornou galopando às filas, onde difundiu a mensagem de Damian com 

voz sussurrada. 

A  fortaleza não estava  tão deserta  como Damian  supôs. Além da donzela de Misterly e a 

velha  nana,  Dermot  e  Lachlan,  dois membros  de  confiança  do  clã,  estavam  no  grande  salão 

esperando à noiva para acompanhá‐la à  igreja, onde os Fraser e os Gordon se reuniram para ser 

testemunhas da união de seus clãs. 

Lachlan, que tinha o ouvido mais agudo que Dermot,  foi o primeiro em perceber que algo 

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Sabor do Pecado 03

 

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não ia bem. 

Levantou‐se bruscamente da cadeira em que estava sentado e se aproximou a toda pressa à 

janela. 

— Temos visita — advertiu. 

Dermot, o membro mais idoso dos Fraser, ergueu‐se para aproximar‐se mancando à janela. 

— Convidados para as bodas? 

Lachlan franziu o cenho. 

— Não. Levam o estandarte inglês. Dermot soltou uma enxurrada de maldições. 

—  Esses  bastardos  puseram  finalmente  os  olhos  em Misterly.  Todos  temíamos  que  isto 

chegasse a ocorrer algum dia. Que acredita que querem? 

—  A Misterly —  assegurou  Lachlan  com  secura. —  Temo  que  hoje  não  será  celebrada 

nenhuma bodas. Será melhor que avise aos Gordon para que partam daqui. Tavis Gordon é um 

foragido, um fugitivo que conseguiu escapar da forca. 

— Sim. Já houve suficiente derramamento de sangue — reconheceu Dermot. — Utilizem a 

passagem secreta. Convença aos Gordon para que retornem a toda pressa a seu baluarte. 

Lachlan desapareceu rapidamente nos escuros limites do castelo. 

Dermot abriu a esculpida porta de carvalho que custodiava a entrada e se situou no degrau 

superior para esperar aos ingleses. 

— Olhe —  assinalou Dickon. — Há  alguém  nas  escadas  da  entrada. A  fortaleza  não  está 

vazia, depois de tudo. 

Damian deixou a seus homens atrás no pátio enquanto conduzia seu cavalo para o castelo. 

Desmontou e subiu as escadas para enfrentar a aquele ancião de barba cinza. 

—  São  convidados  a  bodas?  —  perguntou  o  velho  escocês  observando  a  Damian  com 

hostilidade. 

— Vai se celebrar uma bodas hoje? — perguntou Damian, agradecendo em silêncio sua boa 

sorte por ter conseguido chegar a Misterly a tempo. Mas... chegou realmente a tempo? 

Damian cravou um olhar intimidador ao ancião. 

—  Teve  já  lugar  as bodas? Me diga  a  verdade,  velho,  sou muito pouco  tolerante  com  as 

mentiras. 

— Basta! Como  te  atreve  a  ameaçar  a meu parente?  É um  idoso débil que não pode  se 

defender de alguém como você. 

O olhar de Damian se dirigiu mais atrás do ancião para a mulher, não, a jovem donzela cujos 

impressionantes olhos verdes brilhavam de raiva. 

— Quem é você e o que é que quer? — perguntou a donzela. 

Damian se elevou em toda sua imponente estatura. 

— Sou Damian Stratton, conde de Clarendon e senhor do Misterly. 

— O senhor do Misterly está morto. 

—  Estou  vivinho  e  abanando  o  rabo, minha  senhora,  e  desejoso  de  inspecionar minhas 

propriedades. 

Damian observou  à donzela  com  vivo  interesse. Então, esta era  a donzela de Misterly? A 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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jovem estava obviamente vestida para as bodas. Seu cabelo acobreado, preso e recolhido no alto 

da  cabeça  em  uma  coroa  real,  estava  começando  a  se  soltar,  provocando  que  umas mechas 

selvagens  deslizassem  pelo  delicado  pescoço.  A  chuva  de  sardas  que  cruzava  sua  ponte  do 

coquete nariz e as maçãs do rosto altas não conseguiam distrair de sua  impressionante beleza. E 

que lábios! Maldição! Seus lábios eram suaves, carnudos e luxuriosos. Uma saudável dose de puro 

desejo animal percorreu sua virilha. 

Não  esperava  que  a  donzela  de Misterly  fosse  tão  adorável...  nem  que  tivesse  tão  bom 

corpo. Deslizou brevemente o olhar pelos seios antes de pôr seus caprichosos pensamentos sob 

controle. 

— Misterly pertence aos Fraser — assegurou a jovem com aspereza. 

O ousado olhar de Damian viajou pela totalidade de suas curvas acima e abaixo. 

— Quem é você, senhora? 

Elissa estirou os ombros e elevou o queixo com gesto orgulhoso. 

— Sou Elissa Fraser, filha do grande Alpin Fraser, senhor de Misterly. 

— Mova‐se a um lado, inglês, hoje é o dia de minhas bodas e estão me esperando na igreja. 

A expressão de Damian permaneceu  inescrutável apesar de  seus  luxuriosos pensamentos. 

Não esperava sentir desejo pela dama a que foi desalojar de sua casa. 

Mas deixando a um lado a luxúria, o destino da jovem já ficara selado pela Coroa e ele não 

podia mudar aquela decisão nem que tivesse desejado. 

— Não vai se celebrar nenhuma bodas, senhora, nem hoje nem nunca — assegurou Damian 

com secura. — O rei proibiu qualquer aliança entre o foragido clã dos Gordon e os Fraser. 

— Seu rei não pode me dizer o que devo fazer — espetou Elissa. — Sou uma habitante das 

Terras Altas, não uma súdita inglesa. 

—  Os membros  de  seu  clã  foram  derrotados  em  Culloden,  senhora.  Seu  pai  guiou  um 

regimento para a batalha.  Se  tivesse  ficado em  sua  fortaleza e não  tivesse  chamado a atenção 

sobre  si mesma  aliando  seu  clã  com  os  rebeldes  Gordon,  provavelmente  o  rei  Jorge  te  teria 

deixado em paz. Mas eu agradeço por isso, senhora, porque sua decisão de te casar com o chefe 

Gordon me reportou ricas terras e um título. 

— Inglês assassino! — gritou Elissa. — Não pode arrebatar minha casa. Não o permitirei. 

Dermot, que esteve escutando a troca de palavras, escolheu aquele momento para intervir. 

—  Há  dito  que  seu  nome  é  Damian  Stratton, meu  senhor?  Damian  afastou  o  olhar  da 

imprevisível Elissa e o cravou no idoso. 

— Sim, sou Damian Stratton. 

— É o homem que chamam de Cavalheiro Demônio? — perguntou Dermot empalidecendo. 

Damian  elevou  sua  escura  fronte.  Seria  possível  que  sua  reputação  tivesse  chegado  até 

aquele remoto lugar? 

— Ouviste falar de mim? 

— Sim, assim é. A quantos dos nossos assassinou em Culloden? — cuspiu Dermot. 

— E quem dos membros de seu clã matou a meu pai? — respondeu Damian com notável 

contenção. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   14

— Então você é o Cavalheiro Demônio — disse Elissa com os olhos jogando faíscas de ódio. 

Afastou o olhar de Damian e o dirigiu para o pequeno exército de homens que ocupava o pátio. 

— Pensa nos matar, meu senhor? 

— Não, não sei o que terão ouvido de mim, mas não sou um assassino que mata a sangue 

frio. Necessito  a  sua  gente  para  que  cultivem  a  terra,  atendam  ao  gado,  façam  as  colheitas  e 

sirvam no castelo. Nada vai mudar. As coisas seguirão como antes, com a exceção de que o novo 

senhor do Misterly é um inglês. 

Elissa estirou os ombros. 

— O que será de mim e de minha família, meu senhor? 

Damian passou por diante de Dermot e Elissa, obrigando‐os a segui‐lo ao salão. — Sente‐se, 

senhora. 

— Não, ficarei de pé. Está já decidido meu destino? 

Justo naquele momento entrou Dickon a toda pressa no salão. — Damian, encurralei a um 

moço nos estábulos. Contou‐me que os Fraser e os Gordon estão reunidos na igreja do povoado, 

esperando que chegue a noiva. 

— Cavalga  até  a  igreja, Dickon.  Leve  a metade dos homens  contigo  se por  acaso  surgem 

problemas, mas evite o derramamento de sangue se puder. Para demonstrar que pretendo ser um 

senhor  justo, permite que os Gordon  retornem a  seu baluarte e escolta aos Fraser de volta ao 

Misterly para os apresentar a seu novo amo. 

— Os membros de meu  clã não  são  servos nem escravos — espetou Elissa. — Vivem no 

povoado, atendem os  campos e os  rebanhos e  trabalham em Misterly porque desejam  fazê‐lo. 

Misterly é seu lar. 

Damian cravou seu olhar chapeado na Elissa, admirando sua garra e o  fato de que não se 

sentisse intimidada por ele. Também possuía um temperamento formidável. Damian se perguntou 

como reagiria quando soubesse que devia passar o resto de sua vida atrás dos isolados muros de 

um convento. 

Damian torceu o gesto. As coisas seriam muito mais fáceis para todo mundo se ela aceitasse 

de bom grado seu destino. Não gostava da  ideia de ter gente contra ele servindo‐o em seu novo 

lugar de senhor do Misterly. Se Elissa partisse de Misterly sem discutir, os membros de seu clã se 

sentiriam menos inclinados a rechaçá‐lo. Por desgraça, Damian não necessitou muito tempo para 

perceber  que  Elissa  era  uma  jacobina4incondicional  com  um  ódio  obstinado  pelos  ingleses. Os 

habitantes das Terras Altas foram estrepitosamente derrotados no Culloden cinco anos atrás, mas 

Elissa seguia combatendo aquela batalha. Damian chegou à conclusão de que o rei fazia bem em 

enviá‐la ao convento. 

Enquanto contemplava a aquele  inglês  tão bonito e arrogante que veio roubar a sua casa, 

Elissa não sentiu outra coisa mais que raiva. Os ingleses arrebataram seu amado pai e seus irmãos, 

e agora queriam ficar com sua casa. 

Elissa ouviu falar do Cavalheiro Demônio, é obvio, quem não? Os rumores asseguravam que 

                                                            4 A expressão jacobino designa os defensores do centralismo político e econômico do Estado como forma de imposição de direitos gerais democráticos e econômicos alargados por lei. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   15

era um canalha assassino sem consciência, um homem que se distinguiu no Culloden sendo ainda 

um moço, um homem que abriu uma vala de morte e destruição ao  largo das Terras Altas em 

nome da justiça inglesa. 

Sem necessidade de que a dissessem, Elissa soube que o rei inglês e seu Cavalheiro Demônio 

tinham planos para ela que não iria gostar nem um pouco. Elissa elevou o queixo. 

Tinha uma família que proteger; lutaria com unhas e dentes para assegurar‐se de que aquele 

homem que foi destruir seu mundo não os tratasse mal. 

Se ao menos não fosse tão bonito, pensou Elissa a seu pesar. Quando a olhava com aqueles 

arrebatadores olhos cinza prateado, quase se esquecia de respirar. Vestido com um gibão negro e 

calças apertadas, formava uma figura valente. Era alto, musculoso e letal, um homem cujas belas 

feições se viam endurecidas por incontáveis batalhas. 

Damian deu um ameaçador passo adiante, mas Elissa  se manteve  impávida. Podia olhá‐la 

fixamente tudo o que quisesse, ela não ia mover se nem um centímetro. 

— Tenho entendido que sua mãe vive atualmente em Misterly — disse Damian. 

A  Elissa pulsou  com  força o  coração pelo medo. — Minha mãe  está doente, não  a pode 

incomodar. 

Elissa odiou  a maneira em que o Cavalheiro Demônio elevou  sua escura  fronte,  como  se 

estivesse questionando a veracidade de suas palavras. 

 

— Doente ou não, ambas serão escoltadas até o convento da Santa Maria do Mar em menos 

de uma hora. Podem levar seus objetos pessoais, mas nada mais. O castelo e tudo o que alberga 

em seu interior me pertence. 

Elissa cruzou os braços sobre o peito com expressão desafiante. — Não me ouviste? Minha 

mãe está delicada de saúde. Não a pode incomodar. 

Sem comover‐se, Damian disse: 

— Serei eu quem julga isso. Irei vê‐la quando tiver falado com os membros de seu clã. 

— E o que acontece com minha  irmã pequena, meu senhor? Esta se recuperando de uma 

grave  infecção pulmonar. Vais enviá‐la a uma cela úmida e estreita para que morra? Faz muito 

tempo  que  as  boas  irmãs  fizeram  voto  de  pobreza.  Mal  comem  e  vivem  sem  as  pequenas 

comodidades a que nós estamos acostumados. Soube que não permitem que se acendam  fogos 

nos dormitórios. Minha irmã e minha mãe não poderão sobreviver sob semelhantes condições de 

dureza. 

— Uma irmã? Tem mãe e uma irmã? 

— Acaso não acabo de dizer isso? Está confuso, meu senhor? 

— Mas certo assombrado. Não sabia nada de uma irmã. Nem tampouco me informaram de 

nenhuma enfermidade em Misterly. Quantos anos tem sua irmã? 

—  Lora  nasceu  pouco  depois  de  que  papai  fosse  assassinado  em Culloden.  Só  tem  cinco 

anos. Mamãe nunca se recuperou depois das mortes de meu pai e de meus  irmãos, e mal sai de 

seu quarto. Está muito frágil. 

— Maldita seja! Não fazia ideia. Em qualquer caso, serei eu quem dita seu destino. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   16

A tensão se acrescentou entre eles enquanto ficavam olhando um ao outro. Elissa se sentiu 

sacudida até o tutano dos ossos. Aquele  inglês  impossível, seu  inimigo, estava‐a afetando de um 

modo difícil de entender. 

Sua ira servia de escasso amparo contra as sensações que revoavam em seu interior. Soube 

instintivamente que se baixasse a guarda, Damian Stratton ganharia. 

Ainda  precisava  descobrir  o  que  ganharia, mas  temia  que  seria mais  do  que  ela  estava 

disposta a entregar. 

Um estrondo do outro lado da pesada porta de carvalho devolveu os pensamentos da Elissa 

à  realidade que  tinha diante. Observou ansiosa  como os membros de  seu  clã enchiam o  salão, 

seguidos de um pequeno exército armado de homens ingleses. 

— Os Gordon haviam partido quando chegamos à  igreja, Damian — assegurou Dickon. — 

Trouxemos os Fraser e os membros de seu clã, tal e como você ordenou. 

— Alguém deve ter alertado os Gordon — disse Damian sombriamente. 

Lachlan Fraser deu um passo adiante. — Eu os adverti. 

— Quem é você? 

— Quem é você? — perguntou Lachlan com secura. 

Ignorando a insolência do homem, Damian respondeu. 

— Sou Damian Stratton, conde de Clarendon e o novo senhor de Misterly, a seu serviço. 

—  Eu  sou  Lachlan  Fraser,  sua  senhoria —  disse  Lachlan  com  orgulho. — Um  dos  poucos 

homens que sobreviveu ao Culloden. 

Damian admirou a sinceridade daquele homem. — Por que alertaste aos Gordon? 

— Temia que houvesse um derramamento de sangue, sua senhoria — replicou Lachlan, — e 

me pareceu prudente dar aviso de uma situação tão potencialmente perigosa. Adverti aos Gordon 

para que partissem antes que chegassem seus homens. Tavis se mostrou resistente ao princípio, 

mas decidiu seguir meu conselho quando disse que veio com um exército. 

— Foste sábio, Lachlan Fraser. O derramamento de sangue não é a maneira de preservar a 

paz.  Como  novo  senhor  de Misterly, minha  intenção  é manter  a  paz  neste  remoto  canto  da 

Escócia. Rezo a Deus para que não haja necessidade de mais derramamento de sangue. 

Lachlan deslizou o olhar para Elissa. 

— O que vai ser de lady Elissa, lady Fraser e a pequena Lora? Nosso chefe as amava muito. 

Talvez deveriam ser escoltadas a Glenmoor, para que vivam com seus parentes, os MacDonald. 

Christy MacDonald se casou com um inglês sendo menina e talvez dê proteção a seus parentes. 

Christy e Elissa se amam muito. 

— O rei deixou muito claro seus desejos em relação à viúva de Alpin Fraser e suas filhas — 

assegurou Damian. — Serão enviadas ao convento de Santa Maria do Mar. Não posso chegar a 

outro acordo sem a aprovação da Coroa. 

— A viúva de lorde Alpin e sua filha pequena estão doentes, senhoria — protestou Lachlan. 

— É um contratempo, mas não posso contrariar o rei. 

— Miserável sem coração! — cuspiu Elissa. — Assassino de mulheres e crianças! 

Se  Elissa  tivesse  suspeitado  o  perto  que  estava Damian  de  encerrá‐la  na  torre  e  jogar  a 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   17

chave, teria sido mais prudente. — Nunca machuquei a nenhuma mulher nem a nenhuma criança 

— assegurou apertando os dentes. 

— Entretanto, contigo me sinto inclinado a fazer uma exceção. 

O velho Dermot saiu rapidamente em defesa de Elissa. 

— Não toque na moça, meu senhor, a menos que queira irritar aos membros de nosso clã. 

Se o que buscas for à paz, está indo pelo caminho equivocado. 

Uns  zangados  gritos  de  aprovação  seguiram  às  palavras  de Dermot,  e Damian  temeu  se 

encontrar de frente com uma rebelião se não suavizasse sua postura. Necessitava a colaboração 

do clã se quisesse triunfar em Misterly. 

— Sua senhora não representa nenhum perigo para mim — assegurou. — Misterly é seu lar; 

necessito sua lealdade e sua total cooperação para que as coisas sigam bem. Descobrirão que sou 

um senhor generoso. 

Não aumentarão os dízimos nem subirão os impostos. 

— Minha  intenção é manter a paz  sem utilizar a  força, mas não  se equivoquem, advertiu 

procurando os rostos antissociais que o olhavam fixamente. — Como senhor de Misterly, exijo seu 

respeito. 

Se descobrir sinais de rebelião, não duvidarei em responder de acordo. 

Uma  corrente  de  grunhidos  seguiu  a  suas  palavras,  mas  Damian  percebeu  também 

rapidamente que houve uma aprovação reticente quando assegurou que não subiria os impostos 

nem os dízimos. 

— Quão único peço é sua cooperação e sua lealdade — continuou Damian. 

— Como pode nos pedir isso quando vais enviar para longe à viúva de Alpin Fraser e a suas 

filhas? — argumentou Dermot. 

— Me  escutem,  boa  gente —  disse Damian,  que  estava  ficando  sem  paciência  de  forma 

alarmante. — Não  tolerarei nenhuma discordância.  Sou  seu  senhor  e exijo  lealdade.  Em  troca, 

serão tratados com justiça. 

Aguardou uns instantes para que assumissem o que acabava de dizer antes de anunciar: 

— Não haverá nenhuma aliança entre os Gordon e os Fraser. A donzela de Misterly, sua mãe 

e sua irmã residirão de forma permanente no convento de Santa Maria do Mar. Retornem as suas 

casas; já hei dito tudo o que precisava dizer. 

As  pessoas  começaram  a  se  dispersar  contrariados  para  retornar  a  seus  lares  e  a  seus 

trabalhos  em meio  de muitos  sussurros  e  olhares  temerosos  dirigidos  ao  Cavalheiro Demônio. 

Damian deteve Lachlan antes que pudesse unir‐se ao êxodo. 

— Quero falar um momento contigo, Lachlan Fraser. Lachlan se deteve em seco sobre seus 

passos. 

— Sim, sua senhoria? 

— Está claro que nem você nem os homens de seu clã estão de acordo com que eu seja o 

dono de Misterly nem com o destino das mulheres do clã. 

— Sim, nisso acertaste. 

— Isto não é minha decisão, Lachlan — explicou‐se Damian. — Tavis Gordon é um foragido e 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   18

um  rebelde. Quer  reatar uma  guerra que perdeu  faz muito  tempo. A Coroa  se opõe de  forma 

justificável  a  uma  aliança  entre  os Gordon  e  os  Fraser.  Seria  desastrosa  para  a  frágil  paz  que 

prevalece nas Terras Altas. Não podemos permitir que Lady Elissa  se case com Tavis Gordon. A 

única maneira de evitar uma aliança semelhante é enviá‐la a um lugar fora do alcance de Gordon. 

—  Posso  entender  a  preocupação  da  Inglaterra —  admitiu  Lachlan. — Os  habitantes  das 

Terras Altas sempre deixaram muito claro o ódio que sentem por seus compatriotas. Pode culpá‐

los?  

Mas, por que devem ser castigadas a viúva e as filhas de Alpin Fraser? 

—  Não  estão  sendo  castigadas — manteve  Damian. —  Só  serão  enviadas  a  um  refúgio 

seguro. Devo obedecer a meu rei nisto. Tem minha palavra de que não sofrerão nenhum dano. 

— Os Fraser tomam a palavra, senhoria. 

Damian despediu Lachlan com uma  inclinação de cabeça. Elissa ouvira suficiente. Nada do 

que dissera o Cavalheiro Demônio era verdade. O  rei  inglês queria  castigar aos Fraser por  suas 

crenças e enviara o Cavalheiro Demônio para cumprir com aquela tarefa. 

—  Mentes!  —  arremeteu  Elissa.  —  O  Cavalheiro  Demônio  não  é  conhecido  por  sua 

misericórdia. Enviar mamãe e a Lora a um convento é... é desumano. 

— Não sofrerão — insistiu Damian. 

Elissa estirou a espinha dorsal. Só podia depender de  sua própria  inteligência. Enfrentar a 

lorde Damian era uma perspectiva aterradora, e ao mesmo tempo, estranhamente estimulante. 

— E agora o que, meu senhor? Vais  levantar minha mãe e a minha  irmã de seus  leitos de 

doentes para as enviar longe? 

O gesto  sombrio de Damian provocou um calafrio nas costas de Elissa. O novo  senhor de 

Misterly não parecia  ter muita paciência. Até onde poderia pressionar a aquele homem cruel e 

duro antes que se revolvesse contra ela? Perguntou‐se. 

— Tomarei minha decisão depois de  ter visto sua mãe e a sua  irmã, senhora. Conheço de 

perto a enfermidade, e sei como distinguir uma doença mortal de uma imaginária. Você primeiro, 

senhora. Falarei com sua mãe agora. 

— Não! Não conseguirá sobreviver à comoção. 

— Siga a mim, meu senhor. Eu te levarei até lady Marianne. 

— Nana! Como te atreve? — exclamou Elissa. 

Damian baixou a vista para olhar à velha bruxa que passou por diante da Elissa. 

— Quem é você? 

— Nana é minha babá — explicou Elissa. — Vive no  castelo e  atende os  ferimentos e  as 

enfermidades de nossa gente. 

Damian observou de cima abaixo com atenção à diminuta anciã enquanto o inteligente olhar 

azul de nana fazia o mesmo com ele. 

— Muito bem, nana. Me leve com lady Marianne. 

— Nana! Não! Será que não vê que quer nos fazer dano? 

— Não, moça, o senhor escuro não fará mal a sua mãe. Acaso não hei dito que não haveria 

bodas? Talvez a próxima vez me Preste atenção. O  inglês decidirá com  justiça quando tiver visto 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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por si mesmo quão doentes estão sua mãe e sua irmã. Me siga, senhoria. 

Elissa se encolheu quando Damian a agarrou pelo braço e puxou‐a. 

— Ao menos alguém demonstra um pouco de bom senso — murmurou. 

Subiram por uma escada de caracol de pedra até chegar à sala das mulheres. Nana se deteve 

em frente a uma porta fechada e logo lançou a Damian um olhar penetrante. 

— Elissa deveria preparar a sua mãe antes que você entre. 

Damian vacilou um instante e logo assentiu. 

— Lady Elissa pode passar uns  instantes a sós com sua mãe. Elissa se  livrou das garras de 

Damian, abriu a porta e deslizou para o interior da habitação. 

Lady Marianne Fraser estava recatadamente apoiada na cama sobre vários travesseiros. Dois 

pontos vermelhos sob as maçãs do rosto aliviavam a palidez, assim como o brilho de seus olhos 

verdes. 

Elevou uma frágil mão em gesto de saudação. 

—  Elissa,  meu  amor,  que  bom  aspecto  tem.  Onde  está  seu  marido?  Começaram  as 

celebrações? Ah, como eu gostaria de assistir à festa. 

Elissa pegou a frágil mão de sua mãe na sua e se ajoelhou ao lado da cama. 

— Como te encontra, mamãe? 

Marianne examinou o expressivo rosto de sua filha. — Algo ocorre, de que se trata? 

— OH, mamãe,  aconteceram  tantas  coisas desde que  vim  a  verte esta manhã  a primeira 

hora... temo que as notícias a entristeçam. 

Os perceptivos olhos verdes de Marianne não se separaram do rosto da Elissa. 

— Não estou tão doente como você acredita, Elissa. De fato, encontro‐me mais forte a cada 

dia. Me diga o que ocorre para que possa te ajudar. 

Elissa  temia que sua mãe se mostrasse muito otimista a  respeito de seu estado de saúde. 

Marianne estava a anos afligida de uma leve enfermidade que parecia estar minando suas forças. 

Nana dizia que Marianne perdeu a vontade de viver, e Elissa temia que fosse certo. 

—  Fez Tavis Gordon  algo que  te  tenha  incomodado? Disse  a  seu pai que eu não  gostava 

desse  homem. Não  é  bom  para  ti. O matrimônio  não  se  consumou  ainda,  assim  pediremos  a 

anulação. 

— OH, mamãe —  disse  Elissa  engolindo  o  nó  que  sentia  na  garganta, —  oxalá  fosse  tão 

simples. Não se celebrou nenhuma bodas. Um lorde inglês chegou esta manhã com um pequeno 

exército. Misterly tem um novo senhor. Perdemos nosso lar. 

—  Por  que  agora? —  perguntou Marianne  com  voz  tremente. —  Passaram  cinco  anos. 

Confiava em que os ingleses nos tivessem esquecido. 

— Esses bastardos têm muita memória. Deixaram‐nos em paz porque nossos domínios não 

possuem muito valor para a Inglaterra. Mas  isso mudou assim que souberam que eu  ia me casar 

com Tavis Gordon. Os  ingleses temem que a união dos Gordon e os Fraser acabe com a paz das 

Terras Altas. 

—  É  culpa  de  Tavis Gordon —  assegurou Marianne  com  amargura. — Anda  conspirando 

desde o Culloden. Os ingleses têm razão ao temer as consequências que conduziria o fato de que 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Tavis  Gordon  recrutasse  para  sua  causa  um  grande  número  de  habitantes  das  Terras  Altas, 

incluídos os membros de nosso clã. Não desculpo o que os  ingleses nos  fizeram, mas tampouco 

quero mais derramamento de sangue. Estou farta de guerra. 

Marianne retorceu as mãos. 

— O  que  vamos  fazer?  Lora  não  está  bem  para  viajar.  Seus  pobres  pulmões  ainda  estão 

débeis. 

— O senhor inglês pretende nos tirar de nossa casa? 

— O senhor  inglês  fará o que  for necessário para preservar a paz — assegurou Damian da 

soleira da porta. 

 

 

Capítulo 03 

 

 

Damian entrou no quarto observando o rosto de lady Marianne Fraser em busca de sinais de 

enfermidade, e as encontrou. A dama estava realmente doente, o que fazia sua missão mais difícil. 

Seus vivos olhos verdes ressaltavam em seu pálido rosto, e seu corpo frágil mal formava um 

volume sob a roupa de cama. 

Damian estava um pouco  surpreso ao ver que  lady Fraser parecia mais  jovem do que ele 

pensou apesar de sua enfermidade. Não teria mais de trinta e cinco ou trinta e seis anos, ao que 

parece. 

Deve ter casado muito jovem para ter uma filha da  idade da Elissa, que parecia estar entre 

os dezoito e os vinte anos. 

— Elissa me contou que esteve doente, senhora — disse Damian. 

—  Já  estou melhor —  respondeu Marianne. —  Suponho  que  você  é  o  novo  senhor  de 

Misterly? 

— Assim é, senhora. 

— O que vai ser de minhas filhas e de mim, meu senhor? 

— O Cavalheiro Demônio vai nos enviar a um convento, mamãe — espetou Elissa dirigindo a 

Damian um olhar carregado de ódio. 

Marianne conteve um gemido. 

— É o Cavalheiro Demônio, meu senhor? Damian lançou a Elissa um olhar reprovador. 

— Não tem nada que temer de mim, senhora. Suas filhas e você estarão a salvo em Santa 

Maria do Mar. 

— Não! Será que não vê que minha mãe está muito doente para viajar? — gritou Elissa. — 

Será que não tem coração, nem compaixão? 

O rosto de Damian se endureceu. 

— Não posso me permitir  sentimentalismos,  senhora. Não conto com a  riqueza  suficiente 

para me deixar governar pelas emoções. Lutei duramente para obter tudo o que ganhei na vida, e 

não vou perder Misterly por ter falhado ao rei. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— É obvio, deve obedecer a seu rei — reconheceu Marianne com pessimismo. — Mas temo 

que nem Lora nem eu seremos capazes de subir a um cavalo. Se fosse tão amável de proporcionar 

um palanque, estaria muito agradecida. 

— Não! — protestou Elissa. — Necessitamos ao menos uma semana para nos prepararmos 

para a viagem. Só um monstro sem coração obrigaria a uma mulher doente a levantar‐se da cama. 

Uma compaixão a que não estava acostumado suavizou a  inflexível atitude de Damian. Sua 

consciência não permitiria  tirar de sua casa a uma mulher nas condições  físicas de Marianne, e 

nem sequer vira ainda a menina. Aquilo não estava bem. Não estava nada bem. Devia ter alguma 

forma de contornar as ordens do rei sem sacrificar Misterly e a culminação de todos seus sonhos. 

A  ideia  chegou  a  ele  quando  Elissa  estava  jogando  na  sua  cara  sua  crueldade  e  sua 

implacável natureza. Dado que era a Elissa a quem o rei queria tirar do caminho, Damian não via 

necessidade de castigar a sua mãe doente e a sua irmã. 

— Contenha sua língua envenenada, senhora — advertiu‐a Damian com secura. — Aceitarei 

a seus desejos no concernente a sua mãe e a sua irmã se você aceitar a minhas condições. 

Elissa ficou olhando‐o fixamente e entreabriu seus olhos verdes com gesto de desconfiança. 

— Condições, meu senhor? Quais são essas condições? 

— São estas:  sua mãe e  sua  irmã permanecerão em Misterly  sendo cuidadas por nana  se 

você for ao convento de boa vontade, sem avivar aos homens de seu clã para que me desafiem 

abertamente. 

— Como sei que não fará mal a minha mãe e a minha irmã quando eu tiver ido? — desafiou‐

o Elissa. 

A paciência de Damian estava agora pendurada por um fino fio. — Minha palavra é minha 

honra. Sua família estará protegida enquanto eu siga sendo o senhor de Misterly. Não as enviarei 

ao convento até que ambas estejam completamente recuperadas. 

— Muito  bem,  então  irei —  a mentira  surgiu  com  facilidade  de  seus  lábios.  Prometeria 

qualquer coisa desde que ajudasse a seus seres queridos. 

— Isso é muito inteligente por sua parte — disse Damian com sarcasmo. — Pode contar com 

o dia de hoje para te despedir de sua família, mas quero que esteja preparada para a viagem com 

as primeiras luzes da alvorada. 

Embora Elissa assentisse para dar sua aprovação, Damian estava convencido, a julgar por sua 

atitude beligerante, de que não gostava nem um pouco. Para  ser  sincero, ele  tampouco estava 

satisfeito consigo mesmo. Toda a situação estava se tornando muito cansativa. Não esperava ver‐

se  envolto  em  uma  situação  semelhante,  nem  tampouco  que  encontraria  a  lady  Elissa  tão 

tentadora. 

Se não fosse pelo rei, levaria a dama à cama e a manteria ali até que se cansasse dela... ou 

até que o rei encontrasse sua esposa. 

Para o Damian era difícil manter‐se  indiferente ante a difícil situação de Elissa com aquele 

crescente e feroz desejo que o atravessava. A jovem seria virgem, é obvio. Ele nunca esteve com 

uma virgem, seus gostos se dirigiam normalmente para mulheres mais experimentadas, mas com 

Elissa  faria uma exceção.  Talvez  fosse miúda, mas  se  tomasse  cuidado,  certamente  conseguiria 

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Sabor do Pecado 03

 

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ajustá‐la a ele. 

Damian  conteve  o  gemido  que  surgiu  do  peito  sem  que  ele  o  buscasse.  Não  importava 

quanto a desejasse, nunca a conheceria carnalmente; quão único podia fazer era perguntar‐se se 

teria um temperamento tão apaixonado como o seu próprio. 

—  O  dever me  chama —  disse  Damian  assentindo  brevemente  ante  a Marianne. —  Te 

despeça agora, senhora, enquanto ainda há tempo. 

Girando  bruscamente,  saiu  da  habitação.  Enquanto  se  dirigia  a  bom  passo  pelo  corredor 

para  as escadas, escutou uma  tosse  violenta procedente de detrás de uma porta parcialmente 

aberta. 

Deteve‐se um  instante, debatendo consigo mesmo, e  logo empurrou a porta. Seu olhar se 

posou na velha nana, que estava inclinada sobre uma menina deitada em uma cama muito grande 

para ela. 

— Tome o remédio, querida — cantarolou a anciã. — Se fizer o que te digo, tirarei‐te desta 

cama em seguida. 

— Não tem bom gosto, nana — protestou a pequena. 

— Beba isso, insistiu nana. — Vais necessitar todas suas forças para o que te espera. 

— O que está ocorrendo abaixo? — perguntou a menina. — Chegaram os convidados das 

bodas? Teria me encantado assistir. 

— Olhe pela janela, menina. Está chovendo. A umidade não é boa para seus pulmões. 

— Vai viver o chefe dos Gordon em Misterly? 

—  Não,  Lora,  as  bodas  não  chegou  a  ser  celebrada.  Hoje  chegou  em Misterly  um  novo 

senhor. Um inglês. Ele não permitiu que acontecesse. 

— Um  inglês! — um breve ataque de tosse seguiu à exclamação da menina. — Então, vão 

nos expulsar daqui? Aonde iremos? 

Damian não sabia muito de crianças, e não recordava ter falado nunca com nenhuma, mas 

se sentiu obrigado a falar com a irmã pequena da Elissa, embora só fosse para tranquilizá‐la. 

Entrou no quarto e clareou a garganta. A menina abriu os olhos de par em par e se agarrou 

em nana com uma  tenacidade que provocou um gesto de desgosto no  rosto de Damian. Tanto 

medo provocava? 

— Você deve ser Lora, a irmã de lady Elissa — disse forçando um sorriso. A pequena tinha os 

olhos grandes e verdes e o cabelo dourado de um  tom mais claro que o de sua  irmã. A carinha 

ruborizada comprovava sua enfermidade. 

— Você é o novo  senhor de Misterly? — perguntou Lora em um  fio de voz. — Por  favor, 

senhor, não nos mate. 

Damian  torceu  o  gesto.  De  onde  tirou  a menina  semelhante  ideia?  Antes  que  pudesse 

responder, nana disse: 

—  Lorde Clarendon é um  grande  cavalheiro, moça, ele nunca  te machucaria —  sua  feroz 

expressão desafiava Damian a contradizê‐la. 

— Aqui está a salvo, pequena. Sua mãe e você ficarão em Misterly com os cuidados de nana. 

A expressão de alívio de Lora foi rapidamente substituídas por outra de preocupação. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— E o que vai ser da Lissa, senhor? Não a mencionaste. Damian estava sem palavras. Não 

sabia como falar com as crianças, e menos quando se tratava de dar más notícias. 

— Talvez sua nana possa explicar isso melhor. Eu tenho assuntos que atender — despediu‐se 

com uma breve inclinação de cabeça e saiu a toda pressa da habitação. 

— O que quis dizer o  lorde  inglês? — perguntou  Lora  com o olhar  cravado nas  costas de 

Damian enquanto saía de seu quarto. 

— Não  se  preocupe,  querida —  tranquilizou‐a  nana. — Quando  tudo  estiver  terminado, 

Elissa  terá  a  felicidade  que merece.  Os  demônios  podem  ser  domados,  e  sua  irmã  tem  uma 

obstinação quase tão firme como a do novo senhor. 

Pegarão  um  comprido  caminho  onde  encontrarão muitas  dificuldades  durante  a  viagem, 

mas tudo valerá a pena. 

— Não entendo — protestou Lora. — Deveria estar assustada? Sei que suas "vozes" dizem 

coisas. O que contaram agora? 

—  Não  posso  explicá‐lo,  porque  minhas  "vozes"  às  vezes  são  confusas,  moça.  Mas  te 

prometo que não sofrerá nenhum dano. 

Damian  sentiu  uma  onda  de  irritação  quando  retornou  ao  grande  salão  e  encontrou  os 

habitantes das Terras Altas e os ingleses em aberta confrontação, separados por um invisível muro 

de má vontade. 

Damian se colocou no meio deles com as mãos nos quadris e a fronte enrugada e sombria. 

— Não consentirei nenhuma hostilidade em minha casa — bramou por cima da avalanche 

de  furiosos  ataques  que  estavam  se  lançando  os  soldados  ingleses  e  os  habitantes  das  Terras 

Altas. 

— Espero que todo mundo se trate com respeito. Escolhi a sir Brody como administrador. 

Contem a ele suas queixas para que me transmita isso a mim se merecerem minha atenção — fez 

um  gesto  a  sir  Brody  para  que  desse  um  passo  adiante,  de  modo  que  os  Fraser  pudessem 

identificá‐lo. 

— A vida em Misterly logo mudará — continuou Damian. — Todos devemos trabalhar juntos 

para obter uma existência pacífica. Quem está a cargo das despensas? 

Lachlan Fraser deu um passo adiante. — Esse sou eu, sua senhoria. 

—  Muito  bem.  Quero  um  inventário  completo  das  provisões  de  comida,  materiais  e 

ferramentas. Preciso saber se os silos de grão estão cheios ou vazios, e que esperas dos resultados 

e as condições das colheitas deste ano. 

Lachlan  lançou  a  Damian  um  olhar  áspero,  mas  assentiu  com  a  cabeça  para  dar  seu 

consentimento. — Quem está a cargo das armas? 

— Não temos armas — assegurou Dermot. 

— Agora sim as temos — respondeu Damian. — Thomas, veem aqui — um dos mercenários 

de Damian abriu passagem entre a multidão. — Você atuará como mestre de armas. Estou seguro 

de que em algum lugar da fortaleza há um arsenal. Sir Richard, você estará a cargo da segurança e 

do alojamento. Quero guardas apostados na guarita de vigilância e nos muros constantemente. 

— Uma coisa mais — disse Damian antes de  se despedir de  todo mundo. — Minha mesa 

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Sabor do Pecado 03

 

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está aberta para  todos,  tanto para os  Fraser  como para os  ingleses. Os que  comem no  castelo 

serão bem‐vindos a ela sem exceção. Haverá paz em Misterly. 

Quando  o  salão  ficou  vazio, Damian  se  dirigiu  às  cozinhas  em  busca  da  cozinheira. Uma 

mulher  decidida  de  meia  idade  elevou  a  vista  da  panela  que  estava  revolvendo  com  uma 

expressão assombrada quando ele fez sua aparição. 

— É você a cozinheira? 

— Sim, sou Winifred — a mulher assinalou com a colher para uma jovem que estava de pé 

ao lado de uma branqueada mesa de madeira. — E esta é Beira, minha ajudante. 

Damian  inclinou  ligeiramente  a  cabeça  em  gesto  de  saudação. — Devem  seguir  com  seu 

trabalho como até agora. Só  recordem que agora  terão que cozinhar para mais gente. Digam a 

meu administrador o que necessitam a cada momento e ele providenciará isso. 

Aquele  mesmo  dia  mais  tarde,  Damian  cavalgou  para  se  aproximar  para  falar  com  os 

pastores.  Ficou  gratamente  surpreso  com o  tamanho dos  rebanhos que  tinha dispersado pelos 

vales e as colinas próximas. 

Misterly não careceria de carne fresca durante os meses de inverno. E a julgar pelo aspecto 

dos  campos,  também haveria  suficiente  grão para  alimentar  aos  famintos  Fraser assim  como  a 

seus próprios homens. 

Com a  caça  fresca que  conseguiriam  seus  caçadores, não esperava que  faltasse  comida a 

curto prazo. 

Enquanto Damian estava ocupado em outro lado, Elissa se ajoelhou ao lado da cama de sua 

mãe. Ambas falavam em voz baixa. 

— Não posso  suportar que nos  separem —  gemeu  lady Marianne. —  Lora e  você  são  as 

únicas que me resta. Não me  importa Misterly, o que me preocupa é sua  irmã e você. O que vai 

ser de ti, querida minha? Isso é cruel, é muito cruel. 

— Não vou ao convento, mamãe — sussurrou Elissa. — Ele não pode me obrigar a ir. 

A preocupação obscureceu o olhar de Marianne. 

—  É  perigoso  contrariar  o  inglês. Parece  um homem  duro,  não  quero  que  sofra  nenhum 

dano. 

—  Tomarei  cuidado,  mamãe.  Quando  todo  mundo  estiver  dormindo,  sairei  do  castelo 

através do túnel e chegarei até o baluarte do Tavis. Não posso suportar a ideia de estar encerrada 

entre os muros de Santa Maria. 

Tavis tem razão, mamãe. Devemos nos unir e lutar contra a opressão inglesa. 

— Não,  filha.  Já vimos muito derramamento de sangue. Será que Culloden não te ensinou 

nada? Nossos seres queridos nos foram arrebatados para sempre. 

Elissa endureceu seu coração contra os rogos de sua mãe. Precisava escapar. No convento 

não serviria de ajuda a ninguém. 

Com  o  apoio  de  Tavis,  talvez  pudesse  devolver Misterly  aos  Fraser  e  enviar  o Cavalheiro 

Demônio de volta a Inglaterra. 

— Tomei uma decisão, mamãe. Parto esta noite. Tentarei te mandar notícias quando chegar 

ao baluarte dos Gordon. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Me prometa que se despedirá de sua  irmã antes de  ir — suplicou Marianne. — Lora vai 

sentir muita saudades. 

— Prometo — assegurou Elissa. Os olhos encheram‐se de lágrimas quando beijou a sua mãe 

na fronte e saiu rapidamente. 

Uns instantes mais tarde entrou no quarto de Lora e fechou a porta atrás dela. 

—  Lissa! Que  contente estou de que esteja aqui. Nana diz que não houve bodas.  Sinto‐o 

muitíssimo. 

— Não passa nada, bonita — assegurou Elissa. — Tem que te concentrar em te pôr bem. Eu 

preciso partir, mas nana cuidará bem de ti enquanto eu estou fora. 

—  Vais  partir?  —  exclamou  Lora.  —  Não  vá,  Lissa.  Estarei  perdida  sem  ti.  Quem  me 

protegerá do senhor escuro? 

— Devo  ir, Lora, mas não  se preocupe. Lorde Clarendon prometeu que cuidará de  ti e de 

mamãe e eu... acredito nele — Elissa rezou para não estar pondo sua confiança onde não devia. 

— Quando parte? — perguntou Lora com um soluço. 

—  Esta  noite,  quando  todo mundo  dormir.  Seja  valente,  bonita.  Não  te  abandono  para 

sempre. 

Incapaz de suportar os tristes soluços de Lora, Elissa beijou a sua irmã e partiu a toda pressa. 

Elissa decidiu não  jantar no  salão e pediu a nana que  levasse uma bandeja a  seu quarto. 

Estava  preparando  uma  pequena mochila  para  sua  fuga  quando  alguém  chamou  secamente  à 

porta. — É você, nana? Adiante. 

A porta se abriu. 

—  Não,  sou Maggie.  Lorde  Damian  solicita  sua  presença  no  salão. Maggie  era  um  dos 

membros do clã de Elissa que vivia no povoado e servia no castelo. Elissa  fechou a mochila e a 

deslizou debaixo da cama, fora da vista. 

— Lhe diga que não tenho fome. 

— Disse que não aceitaria um não por resposta. 

Para não despertar as suspeitas de lorde Damian, Elissa decidiu satisfazer sua solicitude. Viu‐

o sentado à cabeceira da mesa quando entrou no salão. Seus olhos chapeados se cravaram nela 

com perturbadora intensidade. 

Elissa manteve a cabeça bem alta e se dirigiu com decisão para uma das  longas mesas de 

cavalete, onde tomou assento ao lado de Dermot. 

Mal  prestou  atenção  ao  azedo  olhar  do  Cavalheiro Demônio  enquanto  servia  comida  no 

prato e fingia comer. 

Viu pela extremidade do olho como lorde Damian ficava de pé e se dirigia a bom passo para 

ela. O coração começou a pulsar com  força quando se deteve atrás dela e colocou as mãos nos 

ombros. 

— Seu lugar está na cabeceira da mesa — disse. 

Elissa girou a cabeça para olhá‐lo. 

— Meu lugar está com os membros de meu clã. 

—  Fez‐me  uma  promessa —  recordou‐a  ele. —  Faz  o  que  te  digo  e  seus  seres  queridos 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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estarão a salvo. 

— Não me ameace diante de minha gente, meu senhor. 

A  expressão  de  Damian  se  endureceu.  Agarrou‐a  pelo  braço  e  puxou‐a  para  levantá‐la, 

sussurrando no seu ouvido: 

— Sua gente deve acreditar que aceita seu destino. 

— Isso suporia um alarde de imaginação, meu senhor — respondeu Elissa com sarcasmo. 

Para não montar um escândalo, Elissa permitiu que Damian a conduzisse à mesa principal. 

— Despediste‐te já de sua irmã e de sua mãe? — perguntou Damian. 

— Sim — respondeu Elissa, taciturna. 

— Contará com uma escolta adequada para sua viagem — ele assegurou. 

Elissa mal provou um bocado, mas bebeu cerveja a vontade. Estar sentada ao lado do escuro 

senhor a punha nervosa. O poder emanava de  todos seus poros, e sua descarada sexualidade a 

sobressaltava. 

Perguntou‐se  vagamente  com  quantas  mulheres  teria  se  deitado,  e  se  haveria  alguma 

especial em sua vida. 

— Está casado, meu senhor? — a pergunta saiu sem pensar, sobressaltando‐a. Não sentia o 

mínimo interesse naquele inglês cruel que o rei enviou para destruir sua vida. 

Se sua pergunta o surpreendeu, Damian não deu amostras disso. — Não, senhora, não tenho 

esposa, mas o rei me prometeu uma herdeira. 

Elissa não disse nada enquanto empurrava a comida para a borda do prato. Em um ataque 

de  raiva,  rezou  fervorosamente para que a herdeira de  lorde Damian  tivesse os seios caídos, os 

dentes podres e uma figura grosseira. 

Isso estaria bem merecido, pensou sorrindo agradada. 

— O que é que te diverte? — perguntou Damian. — Talvez você gostaria de compartilhá‐lo. 

— Não é nada, meu senhor. Não tenho apetite. Se me desculpar, eu gostaria de me retirar a 

meus aposentos. 

— Acompanharei‐te — assegurou Damian ficando galantemente de pé. 

— Não te incomode, conheço o caminho. 

— Não é nenhum incômodo — Damian agarrou um candelabro com velas em cima da mesa. 

— Depois de ti, senhora. 

Elissa se ergueu com rigidez e se dirigiu para a escada de caracol. 

— Sabem os membros de meu clã que amanhã me vão enviar longe daqui? 

— Os comuniquei. Tome cuidado, senhora, estes degraus são traiçoeiros. 

— Subi estas mesmas escadas cada dia desde que aprendi a andar — foi a mordaz resposta 

da Elissa. — Não é necessário que vá mais longe se tiver medo de cair. 

Suas  palavras  provocaram  um  grunhido  que  surgiu  do mais  profundo  do  largo  peito  de 

Damian enquanto a urgia a  subir pelas escadas. Elissa  se deteve ao chegar mais alto e  se virou 

bruscamente, pondo uma de suas pequenas mãos no peito de Damian. 

— Já me acompanhaste bastante longe, meu senhor. Damian olhou atrás dela. 

— Qual é seu quarto? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Elissa não tinha nenhuma intenção de responder a aquela impertinente pergunta. 

— Boa noite, meu senhor. 

Virou‐se com uma brutalidade que pegou a ambos de surpresa, e como consequência, ela 

perdeu o equilíbrio. Damian  teve a presença de ânimo de antecipar‐se ao desastre e estirar os 

braços para segurá‐la. 

Elissa se agarrou desesperadamente ao apoio que estava mais perto, que era Damian. Ele 

estava preparado. Já apagara as velas e as deixara cair, com candelabro e tudo. 

As  longas mãos de Damian seguraram a delicada cintura de Elissa, evitando que caísse de 

cabeça pelas escadas. Um estremecimento se apoderou dele quando sentiu a  longitude total de 

seu  suave  corpo,  seio  contra  peito,  perna  contra  perna.  Sentiu‐a  tremer.  Damian  gemeu  em 

resposta, e sem pensar no que fazia, deslizou as mãos pelos firmes montículos de seu traseiro.  

Estreitou‐a contra si, introduzindo o joelho entre suas pernas em um movimento puramente 

instintivo. 

Elissa elevou o rosto para ele, com os olhos brilhando na escura passagem. Sua reação  foi 

espontânea quando desceu os lábios para devorar os dela. Parecia tão inocente, tão surpreendida, 

e com sabor tão doce, que Damian perdeu qualquer vislumbre de controle. Lançou‐se sobre sua 

boca sem piedade, atacando seus lábios com a língua até que se abriram para ele. 

Damian teve a impressão de que nunca foi beijada com antecedência, e aquela certeza o fez 

sentir‐se exultante. Seria um pecado confiná‐la em um convento antes que tivesse experimentado 

a paixão, mesmo que só fosse uma vez. E a tigresa era apaixonada, tanto se fosse consciente disso 

como se não. Sua boca se suavizou sob a sua, e sua doce língua se mesclava com a do Damian com 

uma tímida ansiedade que provocou uma latente ereção. 

Estreitando‐a com força contra si, levantou‐a nos braços e a levou pelo corredor. 

— Seu quarto, qual é? 

— O que está  ao  lado de  Lora — ofegou Elissa. — Por  favor, me desça. Posso encontrar 

sozinha o caminho. 

— Temo que não vou te descer — grunhiu Damian. 

Encontrou o quarto, abriu a porta com uma mão e entrou com ela. Fechou com o salto da 

bota e examinou o dormitório vagamente  iluminado em busca da cama. Estava tão excitado que 

não sentiu as mãos da Elissa golpeando seu peito, nem percebeu que os sons guturais que surgiam 

de sua garganta eram protestos. Até que não deixou de beijá‐la e a tombou de barriga para cima 

sobre a cama, não percebeu que a situação escapou de suas mãos. 

— Não, por favor. Vais me enviar ao convento depois de me arrancar a inocência? 

Damian deu um passo atrás, absolutamente desconcertado. — Por todos os diabos! O que 

me fez? 

Elissa tinha a respiração entrecortada, mas sua voz ressonou com força. 

— Foi você quem me atacou. Eu não fiz nada, meu senhor. 

— Nada exceto me seduzir, tigresa — disse Damian com aspereza. Separou‐se da cama. Sua 

ereção pulsava dolorosamente no estreito limite das calças. 

— Te prepare para partir com a primeira  luz do dia. Damian saiu a toda pressa do quarto, 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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seu sexo inchado o recordava que necessitava de uma mulher. Qualquer mulher serviria. 

Mas quando procurou pelo salão a alguma jovem donzela, nenhuma tinha o brilhante cabelo 

vermelho nem os luminosos olhos verdes da tigresa a que acabava de deixar em seu casto leito. 

Com um bufo de desgosto, decidiu que estava muito bem que a donzela de Misterly partisse 

no dia seguinte, porque se ele fizesse o que desejava, não seguiria sendo donzela durante muito 

mais tempo. 

Elissa ficou tombada onde a deixou Damian, seu peito subia e descia a cada veloz batimento 

de seu coração. O que acabava de acontecer? Perguntou‐se com desanimo, o que fez ao 

Cavalheiro Demônio para que  se convertesse em um animal voraz? Elissa  tocou os  lábios. 

Ainda sentia neles um comichão por seus beijos, e se sentia úmida e torcida em  lugares  íntimos 

nos que raramente pensava. 

O novo  senhor de Misterly era muito atraente e muito experiente para uma donzela que 

nunca foi beijada. Graças a Deus,  ia partir, porque nada bom poderia sair do que ocorreu aquela 

noite. 

Elissa ainda  tremia quando  se ergueu e  tirou a mochila de debaixo da cama. Colocou uns 

quantos objetos de roupa mais e a fechou de repente. Logo colocou um vestido de lã, anáguas de 

flanela  e  uma  grossa  capa  com  capuz.  Por  último,  localizou  uma  embalagem  com  fósforos  e  a 

guardou no bolso. 

Elissa esperou o momento mais escuro da noite. Quando  tudo esteve em silêncio, abriu a 

porta e olhou para o escuro corredor, exalando um suspiro de alívio ao comprovar que o único 

som que saía do grande salão era o de uns roncos surdos. 

Apertando a mochila contra o peito, Elissa se arrastou lentamente escada abaixo, agradecida 

a  sua  capa  negra  que  se  fundia  com  as  sombras.  Pisou  naquelas mesmas  escadas  em  tantas 

ocasiões no passado que não necessitava de uma luz para que a guiasse. Quando chegou ao final 

da escada, em lugar de rodear aos homens dormidos para alcançar a porta da entrada, deslizou no 

escuro vazio que havia sob as escadas da sala. Só demorou um  instante em  localizar o  túnel de 

saída. Elissa abriu a porta  sem  fazer  ruído e  saiu por ela. Avançando  torpemente na escuridão, 

encontrou um  lampião pendurado  em um  gancho na  sólida parede de madeira  e  acendeu um 

fósforo  para  aproximá‐lo  a  mecha.  Guiada  pelo  tênue  brilho  do  lampião,  Elissa  continuou 

avançando pela fria e úmida passagem. 

Os ratos saíam correndo para se afastar de seu caminho, mas ela tentou  ignorar a eles e a 

qualquer outra criatura horripilante que habitasse aquele túnel que raramente se utilizava. 

Elissa teve a sensação de ter estado caminhando eternamente antes de chegar à saída. Uns 

quantos  degraus  de madeira  levavam  a  um  alçapão  que  se  abria  a  uma  desmantelada  choça 

situada no bosque que ficava além de Misterly. Lorde Alpin mandara construí‐la muitos anos atrás 

para esconder a saída do  túnel. Também manteve a passagem  livre de escombros se por acaso 

precisasse fazer uma fuga precipitada. 

O alçapão se abriu sem dificuldade. Elissa apagou o lampião e o deixou no degrau antes de 

sair do  túnel E  fechar o alçapão atrás dela. Abandonou a  choça uns  instantes mais  tarde e em 

seguida desapareceu na escuridão do bosque. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Damian percorreu acima e abaixo seu quarto, estava com o corpo e a mente muito inquietos 

para  dormir.  Era  um  lutador,  um  homem  que  sobreviveu  apoiando‐se  em  seu  instinto,  e  seu 

instinto dizia que as  coisas não eram  como deviam  ser. Ocorreria algo a  lady Fraser e  sua  filha 

pequena? Não conseguiria dormir até que averiguasse o que o mantinha com os nervos a flor da 

pele. 

Agarrando um candelabro para iluminar seu caminho, saiu de seu quarto. 

Quando  chegou  ao  grande  salão,  encontrou  a  grande  quantidade  de  homens  que  não 

encontraram  cama  nos  barracões,  dormindo  em  colchões  perto  do  agonizante  fogo, mas  nada 

parecia fora do normal. 

Damian olhou em direção à  sala das mulheres e decidiu comprovar como estava Lora e a 

convalescente lady Marianne antes de voltar para a cama. Subiu as escadas e não encontrou nada 

estranho. 

Seu  instinto  falhou, decidiu enquanto se virava para voltar sobre seus passos e  retornar a 

seu quarto. De repente, alguém saiu do quarto da Lora, sobressaltando‐o. 

Reconheceu  a  parente  da  Elissa, mas  não  recordava  seu  nome. Quando  ela  viu Damian, 

esteve a ponto de deixar cair o candelabro que levava. 

— Meu senhor! Assustaste‐me. 

— Quem é você, e o que faz acordada tão tarde? 

— Sou Maggie Fraser. Muitas vezes fico com Lora quando tem uma má noite. 

— O que está acontecendo? 

— Está tossindo muito. Ia pedir a nana que preparasse alguma poção para aliviá‐la. 

— Então  será melhor que  se apresse, moça. A menos que meus ouvidos me enganem, a 

menina segue tossindo. 

Maggie escapuliu. Tendo em conta que Damian já estava acordado, decidiu sentar‐se com a 

menina  até  que Maggie  retornasse.  Entrou  no  quarto  e  se  aproximou  da  cama.  Lora  estava 

pungentemente inquieta depois de um ataque de tosse, e tinha a carinha ruborizada. Viu Damian 

abatendo‐se sobre ela e abriu os olhos de par em par, presa do medo. 

— Não, menina, não tem nada que temer de mim. Descansa tranquila. A senhorita Maggie 

foi em busca de nana. 

— Não me faz bem — disse Lora. — Quero que venha Lissa. 

— Irei procurá‐la. 

Lora sacudiu a cabeça. 

— É muito tarde. Já se foi. 

— Não, ela só... — Damian ficou petrificado enquanto uma sensação formigante subia por 

suas costas até o pescoço. — O que está dizendo? Por que não estaria Elissa em seu quarto? 

Ao que parece, Lora percebeu que falou muito, porque apertou a boca com a mão. Damian a 

afastou suavemente. 

—  Conta‐me  Lora,  não  passa  nada.  Se  sua  irmã  não  estiver  no  castelo,  poderia  ter 

problemas. 

Lora não disse nada; limitou‐se a olhar Damian com seus olhos cheios de luz. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   30

— Não assuste à menina, meu senhor. 

Damian girou sobre seus calcanhares, surpreso ao ver nana de pé atrás dele. 

— Não  te ouvi entrar. — nana se  inclinou sobre a cama e  tocou a  fronte de Lora. — Não 

queria assustar à menina, nana, estou preocupado por sua saúde. Vai ficar boa? 

— Sim. Está melhorando, mas às vezes a tosse piora de noite. Eu me encarregarei. 

— Te ocupe dela, então. Eu esperarei no corredor. Quero falar um momento contigo. 

Girando sobre seus calcanhares, Damian saiu do quarto. Mas em vez de percorrer o corredor 

de cima e abaixo, chamou com os nódulos à porta da Elissa e entrou sem duvidá‐lo ao ver que não 

obtinha resposta. 

Estava  furioso,  mas  não  surpreso  de  encontrar  a  cama  vazia  e  sem  rastro  da  Elissa. 

Murmurando uma maldição, voltou‐se bruscamente e esteve a ponto de atirar a nana ao chão. 

— O que sabe você disto? — bramou Damian. 

— Nada. 

—  Está mentindo. Não  ajuda  absolutamente  a  sua  senhora ocultando  a  verdade.  Saiu do 

castelo?  Como  conseguiu  burlar  aos  guardas? Uma  jovem  donzela  perambulando  sozinha  pela 

campina é um convite ao desastre. 

— Não sofrerá nenhum dano, meu senhor — assegurou nana com absoluta segurança. 

Damian a olhou com estranheza. — O que te faz estar tão segura? 

— Eu sei muitas coisas — assegurou ela misteriosamente. — Mais te vale correr atrás dela se 

quer alcançá‐la antes que os problemas encontrem a ela. 

Damian percebeu que aquela velha bruxa ocultava algo mais que o que se via a uma simples 

vista. 

—  Partirei  em  seguida.  Poderia me  indicar  que  direção  tomou?  Vai  em  busca  de  Tavis 

Gordon? 

Nana deu de ombros. 

— Talvez. Seu baluarte está encravado no mais profundo das montanhas, meu senhor, mas 

encontrará a Elissa no bosque. 

Damian entreabriu os olhos com gesto desconfiado. 

— Esta me dizendo a verdade? Acreditei que todos os Fraser me consideravam seu inimigo. 

— Há muitas definições de inimigo, meu senhor. Nem Elissa nem Misterly acharão paz com 

os Gordon. Elissa não acredita em mim, mas ela não pode deter a mão do destino. 

Damian sacudiu a cabeça em gesto consternado. Ele já conhecia seu próprio destino, e não 

incluía à donzela de Misterly. Seu futuro estava na herdeira que prometeu o rei. 

 

 

Capítulo 04 

 

 

Elissa entrou na parte mais profunda do bosque,  ignorando os arbustos que enganchavam 

nas anáguas e os ramos das árvores que se prendiam em sua capa. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   31

A  chuva que  caiu  antes havia  tornado  a  terra pastosa  sob  suas  grossas botas, mas o  céu 

clareou milagrosamente e a lua aparecera subitamente para guiar Elissa para seu destino. 

Não sabia exatamente como chegar ao baluarte do Tavis, mas estava convencida de que se 

não o encontrasse, ele a encontraria. 

Tavis foi no passado dono de vastos domínios ao sul de Misterly, mas foi obrigado a ocultar‐

se depois do Culloden, e suas terras foram entregues a um lorde inglês. Tavis e os membros de seu 

clã que sobreviveram fugiram às montanhas, onde viviam em arrudas choças e em covas. Embora 

os consideravam foragidos, viveram após com certa liberdade. Naquele tempo foi quando chegou 

ao  ouvidos  do  rei  o  rumor  de  que  Tavis  Gordon  estava  planejando  uma  insurreição  e  que 

pretendia unir seu clã com o dos Fraser. 

Seguindo um caminho através do bosque que mal se utilizava, Elissa ia muito bem de tempo 

até que um banco de nuvens cheias de chuva se cruzou por diante da  lua, sumindo o bosque na 

escuridão. 

Então se levantou uma espessa névoa que a engoliu. 

Elissa perdeu em seguida o caminho entre as gigantescas árvores. 

Sabia que era perigoso  continuar  sem uma  luz que a guiasse. Mas algo bom  tinha aquele 

tempo que de  repente  se voltou  contra ela, pensou. Serviria para oculta‐la dos olhos de quem 

queria procurá‐la, se é que lorde Damian decidiu ir atrás dela. 

Elissa estremeceu quando as primeiras gotas de chuva caíram no seu rosto. Deteve‐se sob 

uma árvore de frondosas folhas e deslizou por seu tronco até sentar‐se no chão. Apoiou a cabeça 

contra  a mochila  e  decidiu  que  o melhor  que  podia  fazer  era  descansar  enquanto  pudesse  e 

continuar a viagem quando saísse o sol. 

Não era sua intenção dormir, mas pesavam tanto os olhos que não podia mantê‐los abertos. 

Apesar de suas boas intenções, se aconchegou com tristeza sob a copa e adormeceu. 

Damian estava encharcado, com frio, faminto e furioso. A chuva gelada não contribuía para 

melhorar seu mau humor. Levava horas caminhando através do bosque. Quando a lua se ocultou 

sob  um  banco  de  nuvens  e  começou  a  cair  a  chuva,  Damian  amaldiçoou  sua  sorte  de  cão. 

Entretanto, consolava‐o um pouco pensar que Elissa devia estar tão incômoda como ele. 

Quando a chuva caiu com força sobre a cabeça, seu mau humor aumentou vários graus. No 

momento em que teve lugar o sombrio amanhecer, Damian estava com um humor assassino. Será 

que  aquela  tigresa  ruiva  não  percebia  o  perigo  que  corria  uma  donzela  desprotegida  naqueles 

tempos turbulentos? Bandoleiros e predadores de quatro patas vagavam por aqueles bosques em 

busca de presas, e Elissa era um bocado suculento. 

Damian guiou seu cavalo pelo bosque, procurando pistas com seu agudo olhar. Não estava 

disposto a render‐se, porque fazê‐lo implicaria reconhecer a derrota nas mãos de uma mulher. Em 

todos  seus  anos  como  soldado,  jamais  perdeu  uma  batalha  nem  se deu  por  vencido.  Se  Elissa 

escapava  agora,  arriscava‐se  a  perder  o  futuro  com  o  que  sempre  sonhou.  Não,  decidiu 

endurecendo os rasgos de seu rosto com determinação. Elissa não escaparia. Havia muitas coisas 

em jogo. 

De  repente, Damian olhou  algo preso em um espinho e puxou  as  rédeas do Cosmo para 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   32

detê‐lo. Estirou o braço e agarrou um pedaço pequeno de tecido do arbusto. Girando‐o entre os 

dedos, percebeu que era um farrapo de flanela. 

Era um pedaço das anáguas da Elissa? Seus lábios se curvaram em um sorriso. Se ela tivesse 

visto aquele sorriso, teria se sentido aterrorizada. 

Pouco  tempo depois, Damian encontrou um pequeno  rastro de pé  sobre o macio  chão e 

outro pedaço de tecido. Decidido e sério, esporeou seu cavalo. 

Preso na emoção da caça, a chuva, o frio e a fome ficaram esquecidos quando se converteu 

em um caçador que corria atrás de sua presa. 

Elissa despertou sobressaltada, desgostada ao ver a turva luz do triste amanhecer saudando‐

a. levantou‐se do chão e se estirou. Seus ossos protestaram pelo esforço e também pelo frio, que 

os enrijeceu. 

O  estômago  rugiu,  mas  ela  ignorou;  não  tinha  tempo  para  a  fome.  Era  sua  culpa  ter 

esquecido levar mantimentos para a viagem e ter comido tão pouco no dia anterior. 

Recolheu a mochila e encontrou  rapidamente o caminho que abandonou durante a noite. 

Pouco  depois  escutou  um  estalo  atrás  dela  e  ficou  petrificada.  Tratava‐se  de  um  animal 

espreitando‐a? 

Havia muitos no bosque. Talvez  fossem bandoleiros. Ou caçadores  furtivos. Por Deus, que 

não  fosse  o  Cavalheiro Demônio.  Era  pouco  provável  que  a  tivesse  encontrado  tão  cedo;  não 

teriam percebido ainda sua ausência. 

O  som  se  fez mais  forte  e  se  escutou mais  perto.  Sem  dúvida  havia  alguém  atrás  dela. 

Quando escutou a um cavalo soprando pelas fossas nasais, deixou cair a mochila e saiu correndo 

com o coração pulsando agitadamente contra as costelas. 

Elissa  correu  o  mais  rápido  que  permitiram  suas  pernas,  mas  os  cascos  do  cavalo  se 

aproximaram mais, e logo mais ainda, até que temeu ser atropelada. Atreveu‐se a olhar para trás 

e se encontrou com uma visão tão aterradora que a fez cambalear. Um cavaleiro escuro montado 

em  um  corcel  negro,  com  a  capa  voando  as  suas  costas  e  as  poderosas  coxas  firmemente 

apertadas contra os flancos do cavalo, aproximava‐se dela a toda pressa. Aquela única olhada não 

revelou o rosto de seu atacante, mas Elissa estava convencida de que era melhor não vê‐lo. 

Levantaram‐na  do  chão  com  brutalidade.  Sentiu  a  força  e  a  determinação  daquele  braço 

musculoso que  a  agarrou pela  cintura e deixou escapar um  gemido de dor.  Estava  a ponto de 

desfalecer por falta de ar quando o cavalo se deteve em seco e ela foi colocada com brutalidade 

na sela diante de seu captor. 

O  homem  que  a  segurava  entre  suas  fortes  coxas  não  disse  nada,  como  se  estivesse 

esperando que ela  falasse. Apesar de estar assustada por aquele escuro diabo, a  fúria  foi maior 

que a prudência. 

— Como te atreve! — Elissa girou para olhar a seu sequestrador. — Sabe quem sou? 

Ao ver que seguia um silêncio que não pressagiava nada bom, Elissa elevou os olhos para o 

rosto de seu agressor e sentiu como o medo se apoderava de novo dela. 

— Você! 

— Esperava outra pessoa? — zombou Damian. — Tavis Gordon, talvez? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Como há... quem disse pra ti? Não deveria ter sentido minha falta ainda. 

— Deveria ter colocado um guarda na sua porta — grunhiu Damian com voz ameaçadora. — 

Que estúpido fui! Não percebi quão desesperada estava por chegar até Tavis Gordon. Talvez tenha 

te julgado mal. Talvez conheça Tavis Gordon mais intimamente do que eu pensava. São amantes? 

Elissa  levantou  o  braço  para  golpeá‐lo, mas  Damian  agarrou  seu  braço  e  o  segurou  nas 

costas. 

— Não volte a tentar fazer algo assim — a advertiu. 

— Não volte a me insultar — respondeu ela. 

Elissa apertou os dentes com frustração ao ver que Damian guiava seu cavalo de novo para 

Misterly. 

— Onde me leva? 

— A casa. Como conseguiu sair do castelo sem ser vista? A porta estava fechada. Há alguma 

forma de entrar e sair da fortaleza da qual eu não tenha conhecimento? 

Elissa  ficou olhando‐o  com os  lábios  fortemente apertados. — Não  vais  falar? —  zombou 

Damian. — Não se preocupe, se existe uma saída secreta, irei encontrá‐la. 

Elissa emitiu um gutural som de zomba. 

— Seus guardas não vigiam tão bem como você acredita. Não existe nenhuma saída secreta. 

Aviso‐o, lorde Damian, não há muros suficientemente altos para me reter onde não desejo estar. 

Me envie ao convento se quiser, mas não ficarei ali. 

Suas palavras provocaram uma autêntica tormenta no cérebro de Damian. Não contou com 

a  rebelde  natureza  da  donzela  de  Misterly.  Conseguiriam  contê‐la  os  muros  do  convento? 

Perguntou‐se. 

Sabia perfeitamente o que aconteceria se escapasse. Sua gente a seguiria até o baluarte dos 

Gordon, e ocorreria o que Damian estava tentando evitar. 

Devia  existir  alguma  forma  prática  de  evitar  que  Elissa  chegasse  até  Tavis  Gordon.  O 

problema  parecia  insuperável,  mas  Damian  acreditava  capaz  de  superá‐lo.  Foi  sopesando  a 

situação durante todo o caminho de volta à fortaleza. 

Sir Richard saiu a seu encontro. 

— Encontras‐te ela — disse dirigindo a Elissa um olhar de desconfiança. 

—  Sim, Dickon,  ensopada  como uma  sopa mas  ao que parece  ilesa.  Faz que  subam uma 

banheira e água quente ao meu quarto. 

— Viajará hoje ao convento? 

— Não, Dickon, não estou seguro de que enviá‐la longe seja a melhor solução. 

— O que? Está  louco, Damian? Esta mulher é uma fonte de problemas. Deve enviá‐la para 

longe antes que provoque mais confusões. Como conseguiu escapar sem ser vista? 

—  Se  acredita  que  agora  causo  problemas,  espera  a  que  me  metam  no  convento  — 

arremeteu Elissa. — Se arrependerão do dia que o fizerem. 

— Isso é justo o que temo — murmurou Damian sombriamente. 

— Te encarregue da tina, Dickon. 

— Como queira, mas não diga que não o adverti sobre isso. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— O que pensa fazer comigo, meu senhor? — perguntou Elissa. 

— Não o decidi ainda. Até que o faça, permanecerá encerrada na torre. 

Damian viu como estremecia e percebeu que teria muito  frio e provavelmente tanta  fome 

como ele. Agarrando‐a pelo braço,  levou‐a pelo salão para a  tortuosa escada que  levava a seus 

aposentos, situados na torre. 

— Exijo retornar à sala das mulheres. Damian apertou os dentes. 

— Não tem direito a exigir nada. Seu destino depende  inteiramente de mim. Não acredito 

que o rei se importe que esteja em um convento ou... — suas palavras terminaram em um silêncio 

que não pressagiava nada bom. 

Elissa ergueu seu pequeno queixo. 

— Adiante, termina a frase. Não, deixa que eu o faça por ti. Causaria menos problemas a seu 

país se estivesse morta. 

— Não ponha palavras em minha boca que não hei dito, senhora. Agora mesmo não estou 

na melhor disposição para ti. Estou impregnado até os ossos e preciso comer. 

— E eu não? 

A tempestuosa fanfarronice da Elissa divertia Damian. Parecia que não sentia medo, mas ele 

sabia que não era tão brava como pretendia ser, porque tremiam seus lábios e tinha as mãos tão 

apertadas que os nódulos ficaram brancos. 

Quando chegaram às escadas, Elissa cravou os calcanhares no chão. 

Em vez de discutir, Damian a agarrou em seus braços e subiu com ela pela escada de pedra 

como se não pesasse. 

O  quarto  de  Damian  era  o  único  que  havia  naquela  torre  em  particular.  A  porta  estava 

aberta, e ele entrou com a Elissa nos braços, fechando de repente a porta atrás dela. Assim que a 

deixou no chão, Elissa se virou para o enfrentar. 

— Por que me trouxeste aqui? Não te atreva a me tocar. 

— Não  tema, minha senhora. Como a Espinhosa que é, acredito que sangraria até morrer 

por culpa de mil ferimentos agudos. 

— Quero ver minha mãe e a minha irmã. 

— Temo que isso é impossível. Não vais ver ninguém até que tenha decidido o que vou fazer 

contigo. 

— Acreditei que isso já havia pensado. 

— Não estou seguro de que o convento seja a opção mais inteligente. Necessito tempo para 

pensar  nas  possibilidades  existentes  no  que  a  ti  se  refere.  Como  você mesma me  indicou  tão 

amavelmente, os muros do convento não  são o  suficientemente altos para evitar que escape e 

corra para o Gordon. Talvez deveria  lavar as mãos a respeito de ti e enviá‐la a Londres para que 

arrume isso com o rei. 

Elissa recuou horrorizada. 

— Não! Estaria me enviando à morte. 

— Não necessariamente. Talvez o rei te encontre um marido  inglês. Alguém que te golpeie 

até te fazer entrar em razão. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   35

As furiosas faíscas de seus verdes olhos virtualmente chamuscaram Damian. 

— Não irei a Londres, e não me casarei com um inglês. 

A resposta do Damian ficou interrompida por uma discreta chamada à porta. Avançou para 

diante, abriu‐a e se afastou a um lado enquanto os criados introduziam uma grande tina no quarto 

e a colocavam frente ao fogo. 

Sob a supervisão de Damian, encheram a banheira com baldes de água quente e fria. Maggie 

permaneceu por trás, dirigindo ansiosos olhares a Elissa. 

— Pode partir — despediu‐a Damian. 

— Não, fique — pediu‐lhe Elissa. — O Cavalheiro Demônio quer me machucar. 

Damian  girou  para  olhar  Elissa,  elevando  uma  de  suas  escuras  sobrancelhas.  —  Suas 

mentiras estão começando a me  incomodar. Não sofrerá nenhum dano comigo — virou‐se para 

Maggie. 

— Tem minha palavra, moça. Por favor, fecha a porta ao sair. 

— Não acredite nele, Maggie! Quer me violar. 

— Fora! — gritou Damian. 

— Ocorre  algo? —  perguntou  Sir Richard mostrando  a  cabeça  no  quarto. —  Se  escuta  a 

gritaria do salão. 

— A senhorita Maggie tem coisas a  fazer, Dickon — espetou Damian. — Não é necessário 

que fique aqui. 

— Damian... 

— Não, Dickon, sei o que faço. Acompanha à senhorita Maggie fora do meu quarto e fecha a 

porta ao sair. 

Parecia como se Dickon queria objetar algo, mas deu a impressão de pensar melhor. Agarrou 

Maggie pelo braço e a tirou para o corredor. Damian fechou a porta com a chave de ferro e logo a 

pôs em uma pequena bolsa que levava no cinto. 

—  Entre  na  tina —  ordenou‐lhe  Damian. —  Vais morrer  se  continuar  com  essas  roupas 

úmidas. 

Elissa olhou com avidez para a tina e logo sacudiu a cabeça. — Não até que te tenha partido. 

Damian lançou um olhar sombrio. 

— Quer que eu te dispa? Estou começando a perder a paciência, senhora. Tenho intenção de 

utilizar a tina depois de ti e eu não gosto de me banhar em água fria. 

Damian deu um ameaçador passo para diante. 

— Não! Eu... eu mesma o farei. Date a volta. 

Damian ficou olhando e logo se virou e se aproximou da janela. 

— Não tem do que se preocupar. Seus duvidosos encantos tem pouco interesse para mim. 

Esteve  a  ponto  de  se  engasgar  com  aquela mentira. Quando  Elissa  se  sentou  entre  suas 

coxas  sobre  o  lombo  do  Cosmo,  Damian  foi  dolorosamente  consciente  de  cada  uma  das 

tentadoras curvas que havia sob seu vestido molhado. Nem sequer o aborrecimento que sentia 

podia  fazer esquecer os beijos que compartilharam, nem o modo em que  seu  redondo  traseiro 

enchia suas mãos. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   36

Recordava seu corpo suave e flexível e seus seios firmes e tentadores. Desejava‐a então e a 

desejava agora. 

Damian  escutou  o  farfalhar  da  roupa  e  sentiu  como  se  puxasse  a  virilha.  Estava  nua. O 

sangue se acumulou entre as coxas. Um salpicão de água foi seguido de um contido suspiro. 

Damian  sentiu  uma  autêntica  tortura  ao  visualizar  suas  mãos  deslizando  por  sua  pele 

escorregadia. De repente, a janela e o cenário que ficava ao outro lado encerravam muito pouco 

atrativo para ele, e se voltou. 

Seu olhar se encontrou com ela. 

Estava com os olhos fechados e a cabeça apoiada na borda da tina, as curvas superiores de 

seus  redondos  seios  eram  visíveis  por  cima  da  linha  da  água.  Como  a  tina  não  era  o 

suficientemente grande para que coubesse todo seu corpo, estava com as pernas dobradas, o que 

deixava descoberto as suaves fendas dos joelhos. Ao Damian acelerou o ritmo do coração. 

Que diabos estava ocorrendo? Vira mulheres nuas mais que de sobra ao longo de sua vida, 

então, por que deveria afetá‐lo aquela moça insignificante? 

Como se fosse consciente de que a estava olhando, Elissa abriu os olhos e cruzou com seu 

ardente  olhar.  Conteve  o  fôlego  e  subiu  os  joelhos  ao  peito,  privando‐o  da  visão  que  tanto  o 

agradava. 

O tom de voz da Elissa encerrava uma nota de pânico. — O que está fazendo? Date a volta. 

Os olhos chapeados de Damian se obscureceram por um desejo mau dissimulado, mas  fez 

um esforço por permanecer imóvel. Se sucumbisse aos ditados de seu corpo, teria tirado a Elissa 

daquela maldita tina e a teria levado a cama para viver uma noite de paixão desatada. Aquilo não 

podia ser. Precisava encontrar logo uma mulher disposta ou tornaria louco. 

— Desfruta de seu banho — grunhiu Damian enquanto se afastava. — Eu me banharei em 

outro lado. 

Damian tirou a chave e abriu o ferrolho da porta. 

— Espera! Necessito roupa limpa. A que levava posta está completamente encharcada. Não 

posso sair sem roupa. 

— Encarregarei‐me de que tragam seu baú com seus objetos pessoais. E quanto ao de sair 

deste quarto, bom, isso é outra história. Não confio em ti, senhora. É teimosa, obstinada e indigna 

de confiança. 

Cada vez fica mais claro que o convento não conseguirá te reter. 

Elissa empalideceu. — Então, o que...? 

Damian não ofereceu nenhuma resposta quando partiu e virou a chave na fechadura. 

Em honra à verdade, o certo era que não tinha resposta. Damian retornou ao salão. Deteve‐

se para se servir uma caneca de cerveja de um barril próximo e logo se deixou cair pesadamente 

em uma cadeira em frente ao fogo. 

Dickon se reuniu com ele uns instantes mais tarde. 

— Quais são suas ordens em relação à moça Fraser? Damian ficou olhando pensativamente 

sua caneca. 

— Não estou seguro de que seja uma boa ideia enviá‐la ao convento. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   37

A dama tem tantos recursos como beleza. Estou começando a pensar que, no que a Elissa se 

refere, não existe uma resposta clara. É óbvio que não ficará muito no convento. Olhe a facilidade 

com a qual encontrou a saída do castelo. 

Escapará do convento em menos de uma semana e correrá para o chefe dos Gordon. 

— Deve obedecer ao rei, Damian. 

— À Coroa a única coisa que interessa é evitar que Elissa e Gordon se casem. 

— Essa é a razão pela qual terá que enviá‐la ao convento — assinalou Dickon. — Há‐te dito 

como conseguiu sair do castelo? 

— Não, mas o averiguarei. Inclino‐me a pensar que existe uma saída secreta. 

— É obvio — exclamou Dickon. — Assim é como o fez. Quer que te ajude a procurá‐la? 

— Não, eu a encontrarei. 

— O que vais fazer? Talvez deveria enviá‐la a Londres e deixar que o rei decida seu destino. 

Damian torceu o gesto. 

— Pode ser que a esteja enviando à morte. Não quero carregar isso em minha consciência. 

— Maldita seja, Damian, deve haver algo que possa fazer. 

Eu digo que a mande ao convento e deixe que as monjas se ocupem dela. Não podem  te 

culpar do que faça uma vez que tenha cumprido com as ordens do rei. 

— Mas sim que poderiam me culpar, Dickon. Supõe‐se que devo evitar umas bodas. Se se 

celebrar esse matrimônio, arrisco‐me a perder minhas terras e meu título. 

— Me  alegro  de  não  estar  em  sua  pele.  O  que  fará  enquanto  isso  com  esse  problema 

andante? 

— Encerrá‐la em meu quarto, onde posso vigiá‐la, e usar a chave. 

Dickon elevou as sobrancelhas de repente. 

—  Isto  não  é  o  que  pensa,  Dickon,  embora  admita  que  a  dama  é  muito  tentadora. 

Entretanto, minha única preocupação é isolá‐la daqueles que possam sentir‐se inclinados a liberá‐

la. 

Inspecionei todos os quartos da fortaleza e o meu é o único decentemente mobiliado além 

dos que há na sala das mulheres. 

Dickon lançou um olhar cético. — Onde dormirá você? 

— Não o decidi — respondeu Damian enigmaticamente. 

— Boa sorte — disse Dickon levantando‐se. 

Damian  ficou sentado com sua cerveja até que a roupa úmida o recordou que necessitava 

desesperadamente de um banho quente e comida. Deteve uma donzela que passava pelo salão e 

pediu que enviassem comida e uma tina aos barracões, dando além disso, instruções relacionadas 

com as necessidades imediatas da Elissa. 

Elissa escutou como girava a chave na fechadura e elevou a vista com gesto espectador. A 

porta se abriu e entraram dois homens carregando seu baú. Maggie entrou apressadamente atrás 

deles levando uma bandeja com o que Elissa confiava que fosse comida. 

Elissa  se aconchegou dentro da manta que  levava posta desde que  saiu do banho, vendo 

como os homens depositavam o baú no chão e saíam, deixando‐a a sós com Maggie. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   38

— Trouxe comida — disse Maggie colocando a bandeja em uma mesa próxima. 

—  Falaste  com  lorde  Damian? —  perguntou  Elissa  enquanto mordiscava  um  pedaço  de 

queijo. — Revelou quais são seus planos para mim? 

— Não. Só me pediu que te trouxesse comida e sua roupa. OH, Elissa, o que te fez? Quer que 

seja sua amante? Tem intenção de te violar? 

— Não fez nada... ainda, mas não confio nele — disse Elissa pensativa enquanto metia um 

pedaço de pão na boca. 

Elissa  não  confiava  em  lorde  Damian,  mas  decidiu  não  desabafar  com  Maggie.  Vira  a 

expressão do escuro olhar do senhor; ainda podia sentir a pressão de seus beijos nos lábios e suas 

mãos sobre seu corpo. 

Era  virgem,  mas  não  estúpida.  Damian  a  desejava.  Desejava‐a  como  um  homem  viril 

desejava a uma mulher. 

— O que posso fazer para ajudar? 

— Quem tem acesso a este quarto? 

— Só eu. A todos os outros proibiram a passagem. O Demônio inclusive colocou um guarda 

na porta. Não confia em ti, Elissa. 

— O muito bastardo — cuspiu Elissa. — Não se preocupe, Maggie, pensarei em algo. Não 

pode me manter sob chave para sempre. 

— E se... já sabe... se quiser que te meta em sua cama? 

Elissa mordeu o lábio inferior. Maggie se aproximava muito à verdade. 

— Não se atreverá. E mesmo que se atreva, não o permitirei. 

— Deixa que te ajude a se vestir — disse Maggie tirando objetos de roupa do baú da Elissa. 

— Sim, prefiro estar vestida quando retornar o Demônio. 

Semear o caminho do Damian de tentações era a última coisa que Elissa desejava. 

Para alívio da Elissa, o Cavalheiro Demônio não  retornou. Não  fazia nem  ideia de onde  ia 

dormir nem tampouco a importava, desde que se mantivesse longe de sua cama. 

Embora assegurasse que não se importava, quando Maggie apareceu no dia seguinte com o 

café da manhã, perguntou como quem não queria nada a sua parente se sabia onde e com quem 

dormiu Damian a noite anterior. 

— Dermot diz que  lorde Damian passou a noite nos barracões —  informou Maggie. — Não 

acredito que alguma das mulheres de nosso clã teria dado abrigo se tivesse solicitado uma mulher, 

mas algumas das garotas do povoado estiveram... brincando com os soldados ingleses desde que 

chegaram em Misterly. Talvez lorde Damian tenha convidado a alguma delas a sua cama. 

— Talvez — disse Elissa com amargura. Não entendia por que a ideia de pensar em Damian 

na cama com uma prostituta devia incomodá‐la, mas assim era. 

— Falando do rei de Roma — sussurrou Maggie quando a porta se abriu e entrou Damian. 

— Parte, moça — disse ele segurando a porta para que Maggie saísse. 

Maggie lançou um olhar compassivo a Elissa e saiu do quarto. 

— Vim buscar minhas coisas — disse Damian. 

— Quando poderei sair deste quarto? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   39

— Talvez nunca — respondeu ele com secura. 

Elissa ficou imediatamente à defensiva. — Não pode me manter encerrada para sempre! 

— Eu sou o amo aqui, posso fazer o que me agrade, e quero te ter confinada. 

— Prefiro o convento. 

—  Estou  seguro  que  sim.  Entretanto,  decidi  que  te  encerrar  em  um  convento  não me 

convence. Pensei te enviar a Londres para que o rei se encarregue de ti, mas depois de considerar 

atentamente, acreditei que ele  te  trataria com mais  severidade que eu. Não  te desejo nenhum 

mal, Elissa. 

—  Não  serei  sua  amante —  afirmou  ela. —  Sei  como  tratam  os  homens  como  você  às 

mulheres e não permitirei que me corrompa. 

— Quer te reservar para Tavis Gordon? — zombou Damian. 

— Ele é melhor homem que você. 

— Veremos. 

— Morrerei se sigo encerrada assim. 

Damian inclinou a cabeça para um lado e ficou olhando‐a fixamente. 

—  Sim,  talvez  esteja  sendo  pouco  razoável.  Darei  instruções  ao  guarda  para  que  te 

acompanhe a dar um passeio fora todas as manhãs e todas as tardes. 

Damian colocou alguns objetos pessoais dentro de seu baú de roupa e se voltou para partir. 

— Espera! Não quero te jogar de seu próprio quarto. Se for estar prisioneira, por que não me 

encerra em meus aposentos? 

— A torre pode vigiar‐se melhor — explicou Damian. — Há muita gente entrando e saindo 

da sala das mulheres durante o transcurso do dia. Ficará aqui até que eu diga outra coisa. 

— Onde  vais dormir? —  assim que disse  aquelas palavras,  Elissa  se  arrependeu de  tê‐las 

pronunciado. 

Um lento sorriso se desenhou nos lábios do Damian. — Acaso te importa? 

Elissa deu‐lhe as costas. 

— Não. Pelo que diz respeito a mim, pode dormir com os porcos. De repente o sentiu atrás 

dela. Perto. Muito perto. O calor de  seu corpo a queimava claramente através das camadas de 

roupa. 

Damian tocou‐a no ombro e ela ficou tensa. Um grito de pânico surgiu de seus lábios quando 

a fez girar e a apertou contra si. 

— É tão inocente como pretende ser, senhora? Me pergunto se... 

— Não siga perguntando isso, meu senhor — espetou Elissa. — Nenhum homem me tocou. 

— Eu sou um homem, minha senhora, e te toquei. 

— Sem minha permissão. Me solte. 

— Você gostou de meus beijos, Elissa. Eu sei. 

— Suportei‐os. 

— Poderia suportar outro? 

— Não. Não tem o direito de me atormentar assim. 

Damian deixou cair os braços e deu um passo atrás. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Tem razão. Não tenho direito. Por favor, desculpe meu comportamento. Alguém deverá 

vir buscar meu baú. 

E então partiu. 

Elissa deixou escapar um tremente suspiro. Tremiam seus joelhos, e também as mãos. O que 

estava  acontecendo?  Damian  apenas  a  roçou,  e  entretanto  já  não  era  capaz  de  pensar  com 

clareza. 

O que ocorreria se a beijasse outra vez? Mãe de Deus, o mero feito de pensar no arrogante 

senhor  de  Misterly  beijando‐a,  tocando‐a,  provocava  que  seu  coração  pulsasse  com  força  e 

fervesse o sangue. 

Só podia estar louca. 

Depois daquela  incômoda confrontação, Elissa foi acompanhada duas vezes ao dia durante 

uma hora ao pátio para estirar as pernas. Sabia que os membros de seu clã não estavam contentes 

com  a  situação,  porque  Maggie  contou  que  estava  se  formando  uma  revolta.  Elissa  estava 

tremendamente preocupada com sua mãe e por sua  irmã, até que Maggie confessou que  lorde 

Damian as visitava com frequência para  interessar‐se por seu estado de saúde e assegurar‐se de 

que não faltasse nada. Teria aquele sombrio senhor um lado que Elissa não descobriu ainda? 

Uma tarde a última hora, quando Elissa estava sentada no pátio com os olhos fechados e o 

rosto elevado para o minguante sol, escutou uma voz familiar que dizia: 

— Tem bom aspecto, senhora. Conta com tudo o que necessita? 

Ela abriu os olhos de repente. 

— Necessito minha  liberdade, meu  senhor. E quero  visitar minha mãe e  a minha  irmã. É 

muito cruel por sua parte me manter afastada de minha família. 

Damian a observou pensativo durante um longo instante. 

— Talvez tenha razão — ofereceu‐lhe o braço. — permita que eu te acompanhe à sala das 

mulheres para que possa comprovar por ti mesma quão bem está sendo tratada sua família. 

A alegria sufocou o rosto da Elissa quando se levantou e pôs os dedos no braço do Damian. 

Sombrios  olhares  os  seguiram  enquanto  atravessavam  o  salão  e  subiam  pelos  degraus  que 

levavam a sala das mulheres. 

— Os membros de  seu clã parecem pouco  satisfeitos comigo — disse Damian  torcendo o 

gesto. — Confiava em que me aceitariam. 

—  Não  pode  culpá‐los  por  seu  rechaço.  Tudo mudou  para  eles.  Seu  futuro  é  incerto,  e 

tampouco aprovam o modo como me trata. 

— Não te fiz nada. 

— Sou sua prisioneira. 

— Eu não diria isso — zombou Damian. 

Tinham chegado ao patamar. 

— A quem quer visitar primeiro, a sua irmã ou a sua mãe? 

— A minha mãe, por favor. 

Damian bateu na porta de lady Marianne e esperou a que ela respondesse. 

— Adiante, meu senhor. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Elissa lhe dirigiu um olhar de assombro. — Como sabe que é você? 

— Normalmente venho a vê‐la a estas horas. Entramos? 

Elissa  estava  estupefata.  Teria  coração  o  Cavalheiro  Demônio,  depois  de  tudo?  Ao  que 

parece  sentia  compaixão  por  todo  mundo  exceto  por  ela.  Seus  pensamentos  se  esfumaram 

quando viu sua mãe, ainda pálida, ainda frágil, mas com muito melhor aspecto que a última vez 

que a viu. 

Em  Marianne  se  iluminaram  seus  olhos  e  estirou  os  braços.  —  Elissa!  Querida  minha. 

Obrigado, meu senhor, obrigado por trazê‐la. 

— Esperarei fora — disse ele fechando a porta atrás de si. 

— Está bem, mamãe? — perguntou Elissa beijando a pálida face de sua mãe. — Tem melhor 

aspecto. Nana fez algum elixir novo? Lorde Damian não te tratou mal, verdade? 

— Sinto‐me melhor, querida — respondeu Marianne. — Talvez seja os remédios de Nana ou 

a que decidi que vale a pena viver. E não, lorde Damian é muito amável. Tivemos várias conversas 

longas. 

Ele me fez ver que me render não seria justo para Lora e para ti. 

Assombrada, Elissa não pôde fazer outra coisa que ficar olhando fixamente a sua mãe. 

— O Cavalheiro Demônio há dito isso? 

—  Sim,  e mais  coisas. Não  te machucou,  verdade?  Eu  não  gostaria  de  pensar  que  lorde 

Damian colocou a mão em cima de você, mas prefiro escutar de seus próprios lábios. 

— Estou bem, mamãe. Não me machucou em nenhum sentido. Odeio estar trancada e não 

saber o que vai ser de mim. Me põe muito nervosa, mas encontrarei de algum modo a maneira de 

chegar até Tavis Gordon — prometeu. 

— Você esta se recuperando. Algum dia, dentro de pouco, Lora, você e eu sairemos  juntas 

de Misterly. 

— Tome cuidado,  filha — a advertiu Marianne. — O que desejas  talvez não seja o melhor 

para ti. 

De  repente a porta se abriu e Lora entrou correndo. Damian a seguia. Lora  tinha as  faces 

ruborizadas mas parecia ter melhorado muito. Elissa abriu os braços e a menina correu para eles. 

— Lissa! Senti saudades. 

Elissa dirigiu a Damian um azedo olhar por cima da cabeça de Lora. 

— Teria vindo a verte antes se tivessem deixado. O que está fazendo levantada da cama? 

—  Já não preciso estar na  cama —  respondeu  sua  irmã  com um  sorriso. — Nana diz que 

estou quase  curada. Damian prometeu que me  levará em  seu  cavalo assim que nana diga que 

posso ir. 

— Chama Damian a sua senhoria? — Elissa conteve o fôlego. 

— Não  repreenda‐me, Lissa. Damian disse que podia chamá‐lo assim — a menina  rodeou 

sua irmã para chegar até ele e agarrou sua mão. — Contara‐me um conto antes que vá esta noite 

dormir, Damian? 

A mente da Elissa se negou a acreditar no que ouvia. O que estava ocorrendo? Cruzou com o 

olhar zombador de Damian por cima da cabeça de Lora e sentiu como se estremecia da cabeça aos 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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pés. 

 

 

Capítulo 05 

 

 

Quando retornou ao quarto de Damian, Elissa se sentou ao lado da janela e permitiu que sua 

mente vagasse. Era‐lhe difícil identificar ao homem desumano que conhecia com a atitude amável 

que mostrava para sua mãe e sua irmã. Seria ela a que tirava o pior dele? 

Estava escurecendo. Elissa olhou pela estreita janela para as montanhas que se elevavam na 

distância.  Quanto  desejava  ser  livre.  Deveria  estar  agora  mesmo  com  Tavis  em  vez  de  ser 

prisioneira do Cavalheiro Demônio. 

Um som fez Elissa girar a cabeça. A porta abriu e Maggie entrou no quarto. 

— Trouxe‐te o jantar, Elissa. Veem comer. Elissa suspirou. 

— Deixa‐o aí, Maggie. Comerei mais tarde. Agora mesmo não tenho fome. 

Maggie deixou a bandeja, olhou de esguelha a Elissa e logo sussurrou: — Estão se formando 

problemas. 

— Que classe de problemas? 

— Os membros de nosso clã estão zangados com sua senhoria por te tratar mal. 

— Doce Virgem Maria — disse Elissa com um tremente suspiro. — Não quero que haja um 

derramamento de sangue por minha culpa. Deve dizer a nossa gente que não me trataram mal, 

que estou bem e que eu estou no comando. 

— O direi — disse Maggie com voz sussurrada. 

A conversa terminou de forma brusca quando sir Richard bateu na porta e  logo mostrou a 

cabeça. 

— Ah, está aqui, senhorita Maggie. Buscam‐na abaixo. 

— Tentarei voltar mais tarde — murmurou Maggie. 

Elissa se esqueceu por completo do jantar e percorreu acima e abaixo o quarto, inquieta. Já 

foi derramado suficiente sangue em Culloden para toda uma vida, e confiava em que os membros 

de seu clã percebessem que não contavam com armas nem com homens para lançar‐se à rebelião. 

Não queria que nenhum dos seus ficasse ferido por sua culpa. 

Maggie não  conseguiu voltar aquela noite ao  seu quarto, assim Elissa  se meteu na  cama, 

mas foi difícil dormir. 

Damian despertou na  alvorada  e  jogou  a um  lado  a manta,  estremecendo  com o  frio da 

manhã.  Perguntou‐se  por  que  os  barracões  eram  tão  frios  e  pensou  com  afeto  no  confortável 

quarto a que renunciou a favor de sua provocadora prisioneira. 

Afastou de si os pensamentos da Elissa, Damian ficou olhando a fria lareira e franziu o cenho. 

Normalmente  um  dos  serventes  chegava  cedo  e  acendia  um  fogo  na  lareira, mas  por  alguma 

razão, ninguém realizou aquela tarefa essa manhã. Damian aprendeu a confiar em seu instinto, e 

agora ele dizia que algo ia mal. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Vestindo‐se  rapidamente, Damian  saiu  dos  barracões  para  solucionar  qualquer  problema 

que tivesse podido surgir. Entrou no salão e deslizou o olhar pela estadia vazia antes de pousar na 

fria lareira. 

Onde estava o alegre fogo que normalmente esquentava a espaçosa habitação? Onde estava 

o som das vozes que habitualmente se escutava a aquela hora da manhã? 

O  ar  não  levava  nenhum  aroma  de  comida,  não  se  ouvia  o  barulho  das  panelas  e  as 

frigideiras na  cozinha. Prevalecia um  silêncio que não pressagiava nada bom. Damian  cruzou  a 

grandes passos o  corredor para  a  cozinha  com enorme  curiosidade. Estava  vazia. Não estavam 

preparando a  comida para os homens  famintos que  logo ocupariam as mesas de  cavalete para 

tomar  o  café  da  manhã.  Damian  deu  a  volta  e  retornou  ao  salão.  Os  saltos  de  suas  botas 

ressonaram ocos pelo chão da laje. Os homens tinham começado a chegar ao salão em busca de 

comida e cerveja, e Damian se perguntou com que diabos iriam se alimentar aqueles homens. 

Damian olhou para ver Dickon e o interceptou. — O que está ocorrendo, Damian? 

— Oxalá soubesse. Viu a algum Fraser por aí esta manhã? 

— Não, mas olharei na cozinha. 

— Já fui lá. Ali não há ninguém. Todo o maldito castelo está deserto. Se Elissa estiver por trás 

disto, partirei seu  formoso pescoço — mal acabava de pronunciar aquelas palavras, girou sobre 

seus calcanhares e avançou com resolução para a escada da torre. 

Deteve‐se bruscamente quando divisou Dermot mancando pelo salão. 

— Onde está  todo mundo? — perguntou Damian com secura. — Não há comida na mesa 

nem fogo nas lareiras. 

— Nem haverá  se  você  continuar mantendo Elissa prisioneira na  torre —  atacou o outro 

homem. — Nós não gostamos do que está fazendo com nossa moça, meu senhor. 

—  Não  sofreu  nada —  defendeu‐se  Damian. —  Perguntem  à  senhorita Maggie  se  não 

acreditam em mim. 

—  Isso não é suficiente, meu senhor. Nossa moça não deveria estar encerrada e  longe dos 

seus. Se não tirá‐la da torre, ninguém cozinhará sua comida, nem trabalhará em suas terras nem 

recolherá suas colheitas. 

Os pastores deixarão que os rebanhos se desencaminhem. Sua fortaleza virá abaixo diante 

de seus olhos se os aldeãos não vierem cada dia a te servir. Libera à donzela do Misterly, senhoria, 

e as pessoas voltarão para suas tarefas. 

A  fúria se apoderou do Damian. Ele era o senhor de Misterly; como se atreviam a  lhe dar 

ordens? 

Pela extremidade do olho viu sir Richard de pé perto dele. — Dickon! Escolhe a três homens 

para que trabalhem na cozinha até que tenha posto fim a este descarado ato de rebeldia. 

Dickon lançou um olhar cético. 

— Duvido muito de que haja algum cozinheiro entre os soldados. 

— Isso já sei — respondeu Damian com secura. Logo deu a volta e se afastou dali. Sua raiva 

aumentava enquanto subia a escada de caracol que  levava a  torre. Despediu‐se do guarda com 

uma  inclinação  de  cabeça,  colocou  a  chave  na  fechadura  e  entrou  de  repente  sem  bater.  A 

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Sabor do Pecado 03

 

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primeira  coisa que percebeu  foi o  calor do quarto e  as  chamas que  se elevavam e  crepitavam 

alegremente na  lareira.  Isso fez que ficasse ainda de pior humor. Sofreu um sobressalto violento 

quando viu Elissa de pé ao lado da bacia do lavabo em combinação. Estava a contraluz, por isso se 

transparecia o suave linho. Damian conteve o fôlego. 

O calor o atravessou em espiral enquanto  se dava  sem nenhum pudor um banquete com 

suas luxuriosas curvas e as sedutoras sombras. 

Tinha  uns  seios  deliciosos;  grandes  e  redondos,  com  deliciosos  mamilos  de  cereja.  O 

apaixonado olhar de Damian deslizou por sua estreita cintura e seus sinuosos quadris, detendo‐se 

no sombrio recorte do vértice de suas coxas. Seria do mesmo fogo escuro que tinha seu cabelo? 

Perguntou‐se  cravando  o  olhar  naquela  sedutora  parte  de  sua  anatomia.  Sua  excitação  foi 

imediata, e Damian fez um esforço por  ignorá‐la. Tentou concentrar‐se na razão pela que estava 

ali, não na  sedutora  tigresa das Terras Altas que conseguiu quem  sabia como, para  incitar uma 

rebelião enquanto estava encerrada na torre. 

Elissa ficou petrificada no lugar. — O que está fazendo aqui? Parte! 

Lançando‐se  sobre  ela, Damian  a  encurralou  contra  o  lavabo  e  a  agarrou  pelos  ombros, 

afundando  seus  dedos  na  suave  pele.  O  calor  da  Elissa  o  golpeou  com  força  arrebatadora,  e 

Damian fez um esforço por conservar seu controle. 

— O que fez? — ela abriu os olhos de par em par, e Damian sentiu como os ombros ficaram 

rígidos sob as mãos. 

— Eu não fiz nada! 

— Não se faça de inocente comigo. Sabe de sobra o que fez. Animaste aos membros de seu 

clã a desobedecer abertamente minha autoridade. A  fortaleza  ficou abandonada. Meus homens 

têm fome e as lareiras estão frias. 

O olhar de Damian se dirigiu deliberadamente para a lareira do quarto, para o fogo que ardia 

nele. 

— Em troca a tua parece estar bem atendida. 

— Não me  culpe  pelo  comportamento  dos membros  de meu  clã —  protestou  Elissa. — 

Gostam tão pouco dos ingleses como eu. 

Damian ficou olhando os  lábios e de repente se sentiu à deriva. Suas terminações nervosas 

formigaram conscientemente e sentiu como ficava duro dentro das ajustadas calças. 

Tentou concentrar‐se no que Elissa estava dizendo, quando o que em realidade desejava era 

deter suas palavras com um beijo. 

Atraiu‐a para si. 

— Nunca te fiz nenhum dano, jamais coloquei a mão em cima, mas sei o que eu gostaria de 

fazer contigo. 

Elissa ficou olhando fixamente os dedos de Damian, que estavam cravados em seus ombros. 

— Agora está pondo a mão em cima de mim, meu senhor. 

Suas palavras pareceram  ter pouco efeito sobre ele, que a atraiu mais para si até que sua 

boca esteve a escassos centímetros da sua. Elissa sentiu sua rígida virilidade apertando‐se contra 

seu ventre e tratou de arquear‐se, de não proporcionar acesso. 

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Sabor do Pecado 03

 

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—  A  verdade, minha  senhora —  grunhiu  Damian  contra  seus  lábios. —  Aconselhou  aos 

membros de seu clã que abandonassem a fortaleza? 

A Elissa tremiam os  joelhos quando Damian a estreitou entre seus braços. Podia sentir sua 

força bruta, mal reprimida, e ela se segurou ao lavabo, agarrando‐o com tanta força que deixaram 

os dedos brancos. 

— Já te disse que não sei do que está falando. Não falei com ninguém além de Maggie. 

O  olhar  chapeado  de  Damian  se  dirigiu  para  a  boca  da  Elissa,  e  ela  estremeceu  sob  o 

repentino impacto de seu feroz desejo. Tragou a repentina onda de medo. Não queria seu desejo; 

queria que se fosse. 

—  Está  claro  que  ficar  presa  em  uma  habitação  não  é  uma  situação  cômoda  para  ti — 

reconheceu Damian. — Mas tenho motivos suficientes para te isolar. Está transtornando a todo o 

pessoal de minha casa. 

— Se os membros de meu clã abandonaram o castelo, você é o único a quem culpar. Eu não 

tenho nada que ver. 

Damian deixou de apertar  seus ombros e deslizou os braços pelas  costas, acariciando‐a e 

moldando‐a a seu corpo. Elissa estremeceu. Damian estava olhando fixamente sua boca como se 

quisesse devorá‐la. 

Cravou os olhos profundamente nos seus. Ela aspirou com força o ar e se reclinou para trás 

em uma vã tentativa de escapar de sua boca quando baixou com força sobre a sua. 

Forçando‐a a abrir os  lábios com a  língua,  introduziu‐se com força em sua boca. Tremendo 

ante a estranha mescla de medo e recém despertado desejo, Elissa afastou a cabeça e pôs as mãos 

sobre seu peito para rechaçá‐lo. 

—  Por  que  resiste?  Poderia  tomá‐la  agora  e  ninguém  poderia me  dizer  nada — Damian 

agarrou a parte de trás de sua cabeça e voltou a beijá‐la. 

Elissa  sentiu  que  tudo  dava  voltas  e  se  agarrou  a  ele  para  evitar  cair.  Acreditou  tê‐lo 

escutado gemer, mas o sabor de Damian fazia que fosse impossível pensar com clareza. 

Ele  forçou sua boca com ânsia possessiva. As chamas roçaram a pele da Elissa, acendendo 

uma  crescente  paixão  que  nunca  antes  experimentou.  Sabia  que  era  uma  perversão  permitir 

aquilo, mas não se via capaz de evitá‐lo. 

Damian  se esfregou  contra  seu  corpo quase desnudo. Elissa  sentiu o  sólido morro de  seu 

sexo abrindo caminho audazmente entre suas coxas, e um sinal de alarme se acendeu dentro de 

sua cabeça. 

"Isto é uma loucura". Aquele pensamento se converteu em um pânico feroz quando Damian 

a  levantou  do  chão  e  se  dirigiu  para  a  cama.  Elissa  estava  absolutamente  indefesa;  não  havia 

ninguém para proteger sua virtude. 

O Cavalheiro Demônio realizaria sua vontade, com seu consentimento ou sem ele. O que de 

verdade a aterrorizava era o  fato de que Damian a  fizesse sentir coisas  inapropriadas para uma 

donzela prometida a outro homem. 

Elissa golpeou o colchão e tentou escapulir sob o peso de Damian, mas ele a agarrou pelos 

quadris e a colocou debaixo dele. Elissa soltou um grito involuntário quando Damian levantou sua 

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Sabor do Pecado 03

 

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combinação com um movimento de suas fortes mãos. 

— Não deve fazer isto! Me envie longe, mas não me desonre — sentiu como os músculos de 

Damian ficavam tensos, e logo sua boca caiu em picado sobre a sua uma vez mais, como se não a 

tivesse ouvido. 

Devagar, com  intenção, suas mãos exploraram seu corpo  tremente... os seios, o pendente 

das costas, a curva da cintura, a forma de suas coxas. Elissa temeu que faltassem só uns instantes 

para sua violação quando escutou uma vozinha ao outro lado da porta fechada. 

— Lissa, Lissa! Posso entrar? Diga ao homem mau que me deixe entrar. 

— Lora! 

Damian  se  retirou  de  repente,  seu  rosto  era  uma  máscara  de  assombro  enquanto 

contemplava fixamente a Elissa. — Maldita seja! Devo estar louco. 

Aquele  pensamento  coincidia  exatamente  com  o  de  Elissa. —  Sai  de  cima  de mim! — 

empurrou seu peito e Damian ficou de pé de um salto. Elissa se levantou da cama imediatamente 

e colocou a toda pressa o vestido antes de correr para a porta e abri‐la. 

Um soldado tinha Lora agarrada pelo bracinho. 

— Encontrei‐a farejando pelas escadas, meu senhor. 

— Solte‐a! — bramou Damian. 

— Damian! — gritou Lora  jogando‐se em seus braços assim que se viu  livre. Depois de um 

rápido abraço, lançou‐se para Elissa. 

Elissa observou o rosto elevado de sua irmã e logo a estreitou entre seus braços. 

— O que está fazendo aqui, querida? 

— Queria verte. 

O sorriso de Damian pareceu genuíno quando acariciou a brilhante cabeleira de Lora. 

— Está bem, pequena? Pode estar já levantada? — Lora assentiu ante ambas as perguntas. 

— Isso são boas notícias. Agora a única coisa que precisamos fazer é conseguir que sua mãe fique 

bem. 

Lora brincou com o  fino tecido quadriculado de sua túnica e dedicou a Damian um sorriso 

tímido. 

— Bom, talvez haja dito uma mentirinha. Sigo tossindo, mas não tanto como antes. Nana diz 

que logo poderei voltar a correr e a brincar. 

Suas palavras foram seguidas de um ataque de tosse. 

— Talvez deveria te levar de volta à cama — ofereceu‐se Damian estendendo os braços para 

a menina. 

— Não, eu levarei a minha irmã à cama — assegurou Elissa. Não fazia a mínima ideia do por 

que  Lora  estava  tão  apaixonada  pelo  Cavalheiro  Demônio,  porque  ela  o  achava  arrogante  e 

ofensivo. 

Lhe  teria  arrebatado  a  virgindade  sem  nenhum  remorso  se  Lora  não  tivesse  aparecido 

naquele momento tão apropriado. 

— Eu gostaria que Lissa me acompanhasse a meu quarto — disse Lora enviando a Damian 

um olhar de desculpa. — Eu sinto falta dela. Por que já não brinca comigo como antes, Lissa? 

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Sabor do Pecado 03

 

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Elissa lançou a Damian um olhar de ofensa. 

— Essa pergunta deve fazer a lorde Damian, querida. 

Lora elevou a vista para Damian e  ficou olhando  fixamente com  toda a  inocência de  seus 

cinco anos. 

— Por que não quer que Lissa vá ver‐me? Damian parecia muito incômodo. 

— Há coisas que você não pode entender, pequena. 

A seguinte pergunta de Lora deixou Elissa desnorteada. E a julgar pela expressão de Damian, 

estava tão assombrado como ela. — O que está fazendo no quarto da Lissa, Damian? 

Mamãe  diz  que  um  homem  e  uma mulher  não  devem  ficar  a  sós  a menos  que  estejam 

casados. Lissa e você estão casados? 

Elissa empalideceu. 

— Não, Lora! Já sabe que estou prometida ao Tavis Gordon. 

— Sua irmã está equivocada, Lora — assegurou Damian com autoridade. — Elissa e o chefe 

dos Gordon nunca se casarão — depois lançou um olhar intimidador a Elissa. — Leva a sua irmã à 

cama, senhora. Seguiremos com esta conversa mais tarde. 

Elissa  escapuliu  antes  que  Damian  pudesse mudar  de  opinião.  Inclusive  aquela  pequena 

concessão era bem‐vinda. Passou duas horas muito entretida brincando com Lora em seu quarto. 

Logo colocou a sua irmã na cama para que descansasse e se dirigiu a toda pressa ao quarto 

de sua mãe. Marianne seguia pálida, mas teve a impressão de que estava mais forte. 

Na hora da  refeição, nana apareceu com uma bandeja cheia de comida  suficiente para as 

três. 

— Maggie  levou  uma  bandeja  para  Lora —  disse  nana. — A menina  comeu  tudo  e  logo 

dormiu  —  sorriu  a  Elissa.  —  Esgotaste‐a,  moça,  mas  sua  visita  fez  muito  bem.  Logo  estará 

recuperada e brincando de correr por aí como se nunca tivesse estado doente. 

—  Elissa,  meu  amor,  deixaram‐na  sair  da  torre  para  sempre?  —  perguntou  Marianne 

esperançada. — Lorde Damian é um bom homem, sabia que perceberia quão absurdo era te ter 

encerrada. 

— Lorde Damian é um bom homem? — zombou Elissa. Poderia contar a sua mãe um par de 

coisas sobre o Cavalheiro Demônio, mas não queria entristecê‐la. 

— Sim — reconheceu nana. — Elissa é a única que o tira do aprumo — riu. — Os dois são 

cabeçudos como mulas. 

Elissa se zangou. 

— O que quer dizer com isso? 

— Averigua você mesma, moça. Vamos, come. Passei trabalho tirando a comida da cozinha 

sem que me roubasse isso algum inglês faminto. 

Elissa deu uma dentada em um pedaço de pão e o mastigou pensativa: 

— O que está acontecendo, nana? Lorde Damian me acusou de instigar uma rebelião. Onde 

está todo mundo? 

—  Ah,  bom,  não  cozinharão  para  nenhum  servo  do  senhor  inglês  enquanto  te  tenha 

encerrada na torre. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Elissa  sorriu  apesar  de  tudo.  Embora  a  situação  fosse  grave,  nunca  havia  se  sentido  tão 

orgulhosa dos membros de seu clã. 

— Não há nenhum cozinheiro entre os ingleses? 

—  Não,  não  têm  habilidades  para  a  cozinha.  Nenhum  pode  preparar  o  cordeiro  como 

Winifred, nem assar o pão como Beira — assegurou alegre e atropeladamente. 

—  Recorda minhas  palavras,  o  Cavalheiro  Demônio  cederá  quando  o  estômago  choque 

contra as costas. 

— Confio em que nana tenha razão — disse Marianne. 

Marianne começou a dormitar. Nana recolheu os pratos e levou a bandeja, deixando Elissa a 

sós  com  sua mãe  adormecida. Contraria a partir e  voltar para  a  torre,  sentou‐se  com  sua mãe 

enquanto ela dormia. 

Não muito tempo atrás, Elissa pensava que ia perder a sua progenitora, mas agora Marianne 

parecia estar se recuperando. Teria produzido Damian aquele milagre? 

Sumida em seus pensamentos, Elissa não escutou que se abria a porta. O sussurro de um 

som  a  fez  girar  bruscamente  a  cabeça.  Olhou  para  a  cama,  logo  ficou  de  pé  a  toda  pressa 

aproximando‐se de Damian antes que ele pudesse  incomodar a sua mãe adormecida. Apertando 

os dentes, Damian fez um gesto impaciente com a mão e esperou a que ela o seguisse. 

— O que quer? — sussurrou Elissa. 

— Isto já foi muito longe. Meus homens têm fome. — Ordena aos membros de seu clã que 

voltem para o castelo. 

Elissa não pôde evitar a alegre nota de  seu  tom de voz. — Está negociando  comigo, meu 

senhor? 

— Não, eu não negocio com mulheres. Estou te dizendo o que vai acontecer, e espero que 

me obedeça. 

Damian a agarrou pelo braço e a puxou para o corredor. — Vais me deixar sair da torre? — 

desafiou‐o Elissa. 

— Isso depende. Necessito aos membros de seu clã, e só você pode fazer que retornem. Me 

jure fidelidade e permitirei que volte a ocupar seu antigo quarto e te mova livremente pelo castelo 

— entreabriu perigosamente os olhos. 

— Não tome  isto como um convite a escapar. Não é mais que uma mulher miúda. Existem 

formas de te manter dentro da fortaleza e longe do Gordon que você não gostaria. 

Elissa mordeu  a  língua  para  não  soltar  uma  resposta mordaz.  Teria  descoberto  o  túnel 

secreto? Certamente não, ou ele teria dito algo. 

—  Nem  me  ocorreria  escapar,  meu  senhor  —  replicou  Elissa.  Suas  palavras  gotejavam 

sarcasmo. — Encontro sua companhia do mais fascinante. 

— Que não se esqueça — a advertiu Damian ignorando seu sarcasmo, — tenho sua mãe e a 

sua irmã completamente a minha mercê. Seu bem‐estar depende de sua obediência. 

— Bastardo arrogante — murmurou Elissa. 

O sorriso de Damian estava  longe de ser tranquilizador. — Esse é um título que não posso 

reclamar,  senhora. Meus  pais  estavam  felizmente  casados.  Vais  garantir me  a  fidelidade  dos 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   49

membros de seu clã ou não? 

Os olhos de Elissa estavam cravados em seu duro rosto. — Não posso falar por minha gente, 

meu senhor. 

— Então eu tampouco posso garantir a segurança de sua família. 

Suas duras palavras obrigaram Elissa a elevar a vista para cruzar com seu olhar. 

Conteve o fôlego quando algo sutil e hipnotizador se agitou entre eles. Afastou a vista antes 

que sua expressão revelasse algo que não queria descobrir. Elissa não fazia a mínima ideia do que 

estava ocorrendo, mas seus olhos se cravaram  involuntariamente na boca de Damian. Não pôde 

evitar  recordar  a  sensação  daqueles  lábios  carnudos  nos  seus,  nem  o  completamente 

transfigurada que havia se sentido quando a beijou. 

Elissa sacudiu a cabeça para afastar aqueles  inquietantes pensamentos e concentrar‐se no 

importante:  que  sua mãe,  sua  irmã  e  ela  escapassem  do  Cavalheiro Demônio  e  chegassem  ao 

baluarte dos Gordon. 

Lora  já estava quase curada, e  inclusive Marianne parecia mais forte. Decidiu que ganharia 

tempo fazendo o que Damian pedia, mas só até que considerasse a sua família capaz de viajar. 

— E bem — disse Damian dando  leves golpes  impaciente com o pé. — Qual é sua decisão, 

Elissa? 

— Não te dei permissão para que te dirija a mim por meu primeiro nome — assegurou ela 

com desdém. 

— Não necessito sua permissão, Elissa. Responde a minha pergunta. 

— Muito bem,  falarei  com os membros de meu  clã, mas não posso  te prometer que vão 

acessar. 

— Prefere que desterre a sua gente de Misterly e traga famílias de robusta linhagem inglesa 

para que trabalhem no chão dos Fraser? Entregarei a eles a terra que pertenceu a seus ancestrais. 

É isso o que quer? 

A  ideia de que uns  ingleses vivessem nas  terras que pertenciam por direito aos Fraser era 

repugnante. 

— Não, já sabe que não é isso o que quero. Nem tampouco quero que você esteja aqui. Por 

que não pode deixar Misterly em paz? Não estávamos incomodando a ninguém. 

— Se queria preservar Misterly para a gente de seu clã, não deveria ter conspirado com Tavis 

Gordon. A Coroa está tentando simplesmente evitar outro levantamento na Escócia. 

— Exageras, meu  senhor. Tavis Gordon não planeja nenhuma  rebelião. Damian dirigiu‐lhe 

um olhar cético. 

— Ah, não? 

Elissa se ruborizou e afastou a vista. O certo era que sabia que Tavis estava urdindo alguma 

maldade, e que necessitava a colaboração dos membros do clã da Elissa para triunfar. 

— Poderá voltar para seu quarto assim que sua gente retorne a suas tarefas no castelo e em 

outros lugares — continuou Damian. 

— Sou livre para ir ao povoado a falar com eles? 

—  Não,  permanecerá  entre  os muros  do  castelo.  Além  disso,  decidi  que  se  te mantém 

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Sabor do Pecado 03

 

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ocupada evitará te colocar em confusões. Uma fortaleza tão grande como esta sempre necessita 

ajuda extra. 

De agora em diante trabalhará na cozinha e servirá comida. 

— Vou ser criada? — Elissa conteve o fôlego. 

— Sim, acaso não me entendeste? 

— E se me nego? 

— Então permanecerá presa na torre até que aceite meus termos. 

— Quanto tempo vou continuar sendo prisioneira em minha própria casa, meu senhor? — 

espetou Elissa. 

Deixando escapar um  suspiro de exasperação, Damian disse: —  Isso depende de  ti. O  rei 

Jorge está me procurando uma herdeira para que me case com ela. 

Quando chegar, serve‐a bem e pode ser que fique aqui e forme parte do pessoal do castelo. 

Elissa apertou os lábios. 

— Uma herdeira. Que maravilhoso para ti. 

— Sim. Por fim terei tudo o que sempre sonhei. 

— Suponho que não importa a quem precise pisar para conseguir o que quer — murmurou 

Elissa dando as costas. 

Damian  franziu  o  cenho  ante  suas  costas  rígidas. Maldita  seja,  o  que  estava  ocorrendo? 

Elissa o fazia sentir como se seu mundo estivesse a borda do abismo. 

Seu férreo controle cambaleava perigosamente cada vez que estava a sós com ela. Desejava‐

a;  isso estava muito claro.  Inclusive a  rígida  linha de suas costas o atraía. Damian entreabriu os 

olhos. 

Talvez deveria  saciar  sua  sede por aquela pequena  tigresa antes que  chegasse  sua  futura 

prometida. 

Tocou seu ombro. Ela reagiu como se a tivesse queimado, e se afastou bruscamente dele. 

— Não me toque. 

— Tem medo de mim? 

— Deveria ter? 

— Nunca fiz dano deliberadamente a uma mulher. 

Ela girou de repente para olhá‐lo. 

— Eu não gosto da expressão de sua cara. 

— Que expressão? 

— Parece como se... quisesse me beijar. 

Damian torceu o gesto. Tão transparente era? — Tão terrível te pareceria me beijar? 

— Isso é uma indecência! Um cavalheiro não deveria se aproveitar de minha posição. 

— Acreditei que a estas alturas já teria percebido que não sou nenhum cavalheiro. Sou um 

soldado experiente e um desumano defensor da  Inglaterra. Chamam‐me o Cavalheiro Demônio, 

isso deveria te dizer algo a respeito de mim. 

— Está tentando me assustar. 

— Talvez — Damian a atraiu para si com dureza. — Deve saber que te desejo. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— O que sei é que desfruta me atormentando. O que é que te fiz? 

— Atrai‐me,  senhora. Atormenta‐me e me  seduz com  seu corpo  tentador e  seus  sensuais 

olhos verdes. Não o permitirei, ouviste‐me? Nego‐me a que me cative. 

— Eu não faço nada disso! — defendeu‐se Elissa. 

Damian sabia que estava sendo pouco razoável, mas Elissa o afetava de uma maneira que o 

tornava  louco.  Tentava‐o,  seduzia‐o,  provocava‐o.  A  desejava  deitada  de  barriga  para  cima  e 

alcançar um tumultuoso êxtase dentro dela. Que diabos estava acontecendo com ele? 

Damian sempre se gabou de seu controle.  Inclusive quando esteve muito tempo sem estar 

com uma mulher era capaz de conduzir sua paixão como lhe parecesse conveniente.  

Ficou olhando fixamente os lábios de Elissa durante um comprido e tenso instante antes de 

se voltar. 

— Dermot e Lachlan podem contar ao povo os termos de sua liberação. Enquanto isso, baixa 

à  cozinha  e  olhe  a  ver  o  que  pode  fazer  para  alimentar  a  meus  homens.  Não  trouxemos 

cozinheiros de Londres, e as tentativas culinárias de meus homens são intragáveis. 

— E como sabe que não vou envenenar eles? — desafiou‐o Elissa. Os olhos de Damian se 

voltaram duros, inflexíveis. 

—  Porque  valora  as  vidas  de  sua mãe  e  de  sua  irmã —  dito  aquilo,  virou‐se  sobre  seus 

calcanhares e partiu. 

Damian  ia murmurando  escuras  imprecações  enquanto  descia  pelas  escadas. Não  estava 

previsto  que  se  sentisse  atraído  pela  donzela  do Misterly. Não  deveria  sentir  compaixão  pelos 

membros de sua família. 

Deveria ter obedecido ao rei e as enviar todas ao convento, e ao diabo com sua consciência. 

Supunha‐se  que  o  Cavalheiro  Demônio  não  tinha  consciência.  Que  diabos  ia  fazer  agora  que 

descobriu que sim a tinha? 

Sir Richard fez gestos a Damian quando entrou no salão. — Por que tem essa expressão tão 

séria, Damian? 

— Me alegro de que esteja aqui, Dickon — disse Damian sentando‐se à mesa e enchendo 

uma jarra de cerveja de um cântaro. — Se importaria de ir procurar Dermot e Lachlan e trazê‐los 

aqui? 

— Não estão no castelo. 

— Encontra‐os — grunhiu Damian. 

— É obvio, sairei imediatamente. Quer me dizer o que é tudo isto? 

— Prometi  tirar  lady Elissa da  torre  se os membros de  seu clã  retornarem a  suas  tarefas. 

Necessito que Dermot e Lachlan corram a voz entre os aldeãos. O destino de Elissa está em suas 

mãos. Eles devem decidir o que é importante. 

— Que planos tem para o futuro de lady Elissa? 

— Sinceramente, não  sei — disse Damian  torcendo o gesto e olhando  sua  cerveja. — No 

momento vai ajudar na cozinha. 

— Na  cozinha! Quer  buscar  confusões,  verdade?  Já  te  disse  antes.  Se  livra  do  problema. 

Envia‐a a Londres. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Damian franziu o cenho. 

— Não posso, Dickon. É melhor a minha maneira. Está onde eu possa vigiá‐la. 

— O que te faz pensar que não causará mais problemas? 

— Duas razões. Sua mãe e sua irmã. 

— Duas boas  razões,  suponho, mas não diga que não o  adverti  sobre  isso. A donzela de 

Misterly não é uma mulher qualquer. Que acredita que acontecerá quando chegar sua noiva? 

— Solucionarei — assegurou Damian com tom grave. — Nenhuma mulher vai me derrotar — 

baixou a voz. — encontrei o túnel secreto. A entrada está sagazmente escondida com pedras sob a 

escada da sala das mulheres. Você é o único ao qual o confiei por agora. Como bem sabe,  levo 

procurando uma  rota de  fuga  similar desde que Elissa desapareceu. Saber que existe uma  rota 

alternativa para entrar ou sair do castelo pode nos ser útil em algum momento. 

Dickon sorriu. 

— Bom  trabalho! Não  se preocupe,  guardarei o  segredo.  Irei procurar Dermot e  Lachlan. 

Talvez me encontre com a  senhorita Maggie. É uma moça muito atraente a que eu gostaria de 

conhecer melhor. 

Damian riu. 

— É um rufião sem remédio, Dickon. Deixa às virgens tranquilas. Dickon partiu justo quando 

Elissa entrou no salão. O atento olhar de Damian a seguiu até que ela desapareceu na cozinha. 

Esvaziou sua caneca e logo golpeou fortemente a mesa com ela. 

Aquilo era uma loucura! Levantou‐se bruscamente e a seguiu. 

Elissa estava com os braços afundados até os cotovelos na água dos pratos quando Damian 

entrou na cozinha. Lançou um olhar à desordem que deixaram os soldados e soltou uma maldição. 

Elissa deixou cair a frigideira que estava esfregando e se virou para olhá‐lo. 

— O que está fazendo aqui? Vieste ajudar? 

— Deixa isso para as criadas — espetou Damian. 

— Eu sou uma criada. 

— Sim, mas não uma criada que limpa panelas. Hei‐te dito que o deixe. 

Elissa lhe dirigiu um olhar mordaz e voltou a centrar‐se nas panelas e nas frigideiras. Damian 

não  aceitou  sua  negativa  e  a  obrigou  a  virar‐se.  Elissa  elevou  o  olhar  para  encontrar  o  seu. A 

provocação que havia nela era indiscutível. 

— Se decida de uma vez, meu senhor. Só estou seguindo suas ordens. 

A  confusão  se  apoderou  sem  piedade  de  Damian.  Incomodava‐o  ver  Elissa  realizando 

trabalhos  físicos.  Deslizou  os  olhos  a  seus  lábios,  recordando  como  eram  suaves,  como  se 

apoiaram docemente nos seus. 

Sem poder conter‐se, Damian disse. 

— Eu gosto que cumpra minhas ordens... E se te ordenar que me beije? 

Ela ficou olhando fixamente. — Negaria. 

— E se te ordeno que venha esta noite a meu quarto? 

A  indignação  fez  que  Elissa  ficasse  com  os  ombros  rígidos.  —  Isso,  meu  senhor,  não 

acontecerá jamais. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Damian se limitou a sorrir enquanto dava a volta e saía dali. 

 

 

Capítulo 06 

 

 

Damian  perambulou  pelo  salão,  estava  acabando  sua  paciência  enquanto  esperava  que 

aparecessem os membros do clã da Elissa. Se se negassem a  retornar à  fortaleza,  talvez  tivesse 

que obrigá‐los, mas realmente não queria fazê‐lo. Para seu alívio, as pessoas começaram a entrar 

pela porta. Em menos de uma hora, os aldeãos estavam reunidos no grande salão, esperando a 

que Damian se dirigisse a eles. 

Damian fez um gesto para pedir que guardassem silêncio. 

— Quem é seu porta‐voz? — perguntou. 

Dermot abriu passagem entre a multidão. 

— Eu falo pelos Fraser, meu senhor. Pediu‐nos que viéssemos, e aqui estamos. O que deseja 

nos dizer? 

— Só isto. Necessito‐os, a todos vocês — fez um gesto teatral com a mão. — Chamei‐os para 

oferecer uma saída para este ponto morto. 

— A única coisa que queremos é que libere a nossa moça — desafiou‐o Dermot. 

—  Isso  é  exatamente  o  que  pretendo  fazer —  reconheceu Damian. — Retornem  as  suas 

tarefas no castelo e nos campos, e lady Elissa recuperará sua liberdade. 

Com as mãos nos quadris, Maggie passou por diante do Dermot. 

— Liberdade para entrar e sair quando a agrade, meu senhor? Damian franziu o cenho. 

— Não posso proporcionar anistia total. Devo obedecer os desejos do rei. Ao que me referia 

era  a  que  terá  liberdade  dentro  do  castelo  e  dos muros  que  rodeiam Misterly.  Sua  dama  não 

sofrerá nenhum dano por minha parte. 

— Onde está nossa moça? — exclamou Lachlan. 

— Aqui estou — respondeu Elissa em voz alta atrás de Damian. 

Damian  ficou olhando quando avançou para ele. O que dissesse aos membros de  seu  clã 

seria vital para sua permanência como senhor do Misterly. 

— Está bem, Elissa? — perguntou Dermot ansioso. 

— Estou bem, Dermot. 

— Diga‐nos o que devemos fazer — pediu Lachlan. — Devemos cooperar com sua senhoria? 

Não tem mais que dizê‐lo, moça. 

— Eu não gosto de estar encerrada em uma torre — replicou Elissa lançando ao Damian um 

duro olhar. 

— Como já expliquei, só precisam retornar a suas tarefas para conseguir a liberdade de lady 

Elissa. 

—  E  o  que  acontece  com  lady Marianne  e  a  pequena  Lora? —  quis  saber Winifred,  a 

cozinheira. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Farei tudo o que esteja em minhas mãos para devolver sua saúde — prometeu Damian. 

— Lady Elissa pode confirmar que melhoraram sob meus cuidados. 

Todos os olhos se viraram para ela. 

— Diz a verdade — admitiu Elissa a contra gosto. 

Damian deixou escapar o ar que não sabia que estava contendo. 

— Já ouvistes a dama. Como senhor de Misterly, prometo tratá‐los com  justiça e manter a 

paz para as futuras gerações. 

— Para seus herdeiros, não para os nossos — resmungou Dermot. 

— Sempre haverá Frasers em Misterly — manteve Damian. — Dou‐lhes minha palavra. 

— A palavra de um  inglês — murmurou Elissa entre dentes. Por sorte, ninguém a escutou 

exceto Damian. 

—  O  que  vai  ser  de  nossa moça? —  inquiriu  Lachlan.  Damian  não  tinha  uma  resposta 

preparada, porque nem ele mesmo sabia. Assim se limitou a repetir: 

— Não vou  fazer nenhum dano. Trabalhará aqui, com os membros de seu clã, e  servirá a 

minha futura esposa e a mim. 

— Trabalhar! — protestou Winifred com raiva. — Como criada? Isso não está bem. 

— Trabalharei — disse Elissa lançando a Winifred um olhar de advertência. — Acaso não me 

pus a trabalhar sempre que me necessitou? Isto não será diferente. 

— Está segura, moça? — perguntou Dermot. 

Elissa  assentiu  lentamente  e Damian  se  permitiu  ter  a  esperança  de  que  talvez  pudesse 

restabelecer a harmonia. 

— Completamente segura. Colaborem com lorde Damian até que eu encontre a maneira de 

recuperar Misterly para os Fraser. 

Damian  não  gostou  de  como  soou  aquilo. Que  diabos  queria  dizer? Dermot  elevou  suas 

peludas  sobrancelhas  para  o  céu,  como  se  entendesse  perfeitamente  o  que  Elissa  tentou 

expressar. Logo piscou um olho. 

A Damian não passou por cima nada de tudo aquilo. 

— Você ganha, meu senhor — reconheceu Dermot. — Trabalharemos para ti, mas se toca 

um só cabelo da cabeça da nossa moça, terá que responder ante nós. 

— Eu não gosto das ameaças, Dermot — assegurou Damian, — mas me obriga a que eu 

também  te  lance uma. Que nem passe pôr  sua  cabeça  se aliar  com os  rebeldes e  suas  causas. 

Tenho homens e armas com os que responder. E agora voltem todos para suas tarefas. 

Sem que Damian a visse, Elissa assentiu  imperceptivelmente com a cabeça. Depois de um 

instante de indecisão, o salão foi se esvaziando, deixando só o Damian, a Elissa, o Sir Richard e o 

contingente de soldados que sir Richard levou se por acaso se apresentassem problemas. 

— Estiveste muito perto, Damian — assegurou sir Richard. Damian lançou um rápido olhar a 

Elissa. 

— Lady Elissa foi muito inteligente ao evitar um problema. Envia os soldados de volta a suas 

tarefas, Dickon, hoje não os vamos necessitar. 

Dickon assentiu e saiu dali a grandes passos. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Conseguiu o que queria, meu senhor — disse Elissa. — Espero que esteja satisfeito. 

—  A  paz me  agrada.  Estou  farto  da  guerra,  cansado  de matar.  Creia‐me  ou  não,  Elissa, 

durante mais anos dos que quero recordar só conheci guerra e derramamento de sangue. O único 

lar que conheci desde o Culloden foi um acampamento militar. A vida do cavalheiro é dura, não 

tinha uma terra a que chamar minha, e só podia me apoiar em minhas habilidades e em minha 

astúcia. Desejo Misterly mais do que desejei algo em toda minha vida. 

Depois de ter dito a Elissa mais do que era sua  intenção, Damian apertou os  lábios e deu a 

volta. O que  estava ocorrendo  com  ele?  Estava  contando  a  Elissa  coisas que não  eram de  sua 

incumbência. 

De  repente  se  sentiu  exposto  e  vulnerável,  uma  sensação  absolutamente  alheia  a  ele. O 

Cavalheiro Demônio  não  era  um  homem  conhecido  por  despir  sua  alma. Quando  recuperou  o 

controle sobre si mesmo, voltou‐se para enfrentar a Elissa, mas ela já havia partido. 

Elissa retornou à cozinha com uma nova visão em relação à áspera realidade da mente do 

Cavalheiro  Demônio.  Quando  mencionou  sua  vida  anterior,  pareceu‐lhe  muito  solitária. Mas, 

como podia ser? 

Os homens como Damian nunca estavam sozinhos. Era um homem bonito, Elissa sabia sem 

necessidade  de  que  o  dissessem  que  não  faltava  companhia  feminina.  E  com  amigos  como  sir 

Richard, Damian era mais afortunado que a maioria. 

Elissa  se perguntou  se a  falta de  terras  seria a  força que  se escondia atrás dele. Todos os 

homens queriam possuir suas próprias terras. Mas, por que precisavam ser as terras da Elissa? 

Quando  chegasse  a  prometida  de  Damian,  uma  inglesa  se  converteria  na  senhora  de 

Misterly.  Seria  um  exagero  de  imaginação  acreditar  que  a  prometida  do Damian  quisesse  que 

Elissa e sua família ficassem. 

Damian se apoiou pesadamente contra o ornamental respaldo lavrado da cadeira. Seu olhar 

chapeado seguia a Elissa enquanto ela se movia entre as mesas distribuindo bandejas de comida. 

À exceção de algum sorriso ocasional dirigido a um dos membros de seu clã, ela o  ignorou 

descaradamente, embora devia ser consciente de seu intenso escrutínio. 

Parecia  cansada,  pensou,  e  se  perguntou  por  que  isso  devia  importar.  A  resposta  não  o 

surpreendeu:  importava‐o porquê queria  levá‐la à cama. Estava convencido de que  se a  tivesse 

uma só vez se curaria da obsessiva atração que existia entre eles. Elissa podia negá‐lo até o dia do 

juízo  final,  mas  Damian  era  capaz  de  distinguir  quando  uma  mulher  estava  pronta  para  ser 

tomada. 

Elissa não era imune a ele; sua boca tinha sabor a doce rendição cada vez que a beijou. 

Damian  se  revolveu  no  assento.  Resultava  ridículo  carregar  constantemente  com  uma 

ereção. Nada o impedia de tomar a Elissa, então, por que não fazia? 

Deitar‐se com a moça o curaria da incômoda coceira que o afligia. Talvez inclusive o liberasse 

do desejo que o  inspirava. Devia concentrar‐se em Misterly, e albergar pensamentos eróticos a 

respeito daquela tigresa punha a prova sua prudência. 

Damian viu a Elissa movendo‐se pelas mesas servindo cerveja, e ergueu sua caneca para que 

a enchesse. Ela fez o que ele pedia, mas quando se virou para partir, Damian agarrou seu braço, 

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Sabor do Pecado 03

 

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evitando que pudesse se afastar. 

— Me solte — sussurrou Elissa. 

— Ainda não. 

— O que quer de mim? 

— Acreditei que estava claro — assegurou Damian marcando muito as palavras. — Quero‐te 

em minha cama. 

— Não me envergonhe diante dos membros de meu clã. 

— O que desconhecem não pode machucá‐los — defendeu‐se Damian. 

Os ombros de Elissa ficaram rígidos. 

— Não pode me exigir isso. Estou prometida a outro homem. 

Fez‐se o silêncio a seu redor. Todo mundo deixou de comer para observar o número entre 

Elissa  e  Damian.  Ele  não  pretendia  envergonhá‐la  em  público,  mas  tampouco  queria  que  o 

rechaçasse.  

Ele era o senhor de Misterly, sua palavra era lei. Tomar Elissa não faria mal a ninguém. Seria 

cuidadoso com ela e se asseguraria de que experimentasse prazer com sua união. 

— Exijo‐o — insistiu Damian. — Vá a meu quarto e te prepare para mim. 

Dermot, Lachlan e vários Fraser olharam Damian com hostilidade. Os soldados de Damian 

ficaram  em  alerta  imediatamente.  Damian  sentiu  crescer  a  tensão  e  percebeu  que  criou  sem 

querer uma situação potencialmente explosiva. 

— Se quer evitar problemas — sussurrou a Elissa em voz baixa, — mais te vale me obedecer. 

— Muito bem, meu senhor — disse ela recompensando‐o com um sorriso cativante. Seguia 

sorrindo quando verteu a jarra de cerveja no seu colo. 

— Que o diabo te  leve! — gritou Damian  ficando de pé de um salto. Tentou agarrá‐la; ela 

escapou. 

Damian começou a segui‐la, mas Dickon agarrou sua manga. 

— Deixa‐a  ir, Damian. Não  fique como um estúpido diante dos membros de  seu clã. Ouvi 

como a ordenava que se metesse em sua cama. Isso não esteve bem de sua parte. Está seguro de 

que isto é o que quer? 

— Não estou seguro de nada no que se refere à donzela do Misterly — grunhiu Damian. — 

Só  uma  vez, Dickon,  isso  é  a  única  coisa  que  peço.  Ela  não  é  imune  a mim,  e  eu  farei  que  o 

desfrute. 

— Tome cuidado, meu amigo. Ela não fará  isso fácil. Olhe a seu redor. Os membros de seu 

clã a defenderão se a desonras. 

— Elissa é muito esperta para procurar ajuda entre os seus. Deseja tão pouco como eu que 

haja  derramamento  de  sangue. Os membros  de  seu  clã  não  estão  bem  preparados  para  uma 

confrontação com soldados profissionais. 

— Eu não passaria por cima da  inteligência da dama. Não  te  invejo, Damian. Leve a outra 

mulher à cama, mas te peço por favor que não ponha seus olhos em Maggie. 

Damian abriu muito os olhos. 

— Então temos essa... Maggie, né? Bom, poderia ter eleito pior. É uma moça atraente. Está 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   57

ela interessada em ti? 

— Não em converter‐se em minha amante — lamentou‐se Dickon. — Mas acabará entrando 

em razão. 

Damian riu. 

— Sempre tão otimista, verdade, Dickon? Desejo‐te sorte — Damian olhou para a cozinha e 

se perguntou o que estaria fazendo Elissa, mas se forçou a terminar de comer. 

Era difícil engolir quando estava com a cabeça em outro  lugar e certas partes de seu corpo 

tão duras como uma pedra. 

Imaginou a Elissa em sua cama, seu corpo nu mostrando‐se para ele sob a brilhante  luz da 

vela. Ele seria doce mas insistente, e a levaria ao clímax apesar da inexperiência dela. 

Depois  de  uma  noite  de  felicidade  entre  seus  braços,  estava  convencido  de  que  seu 

inexplicável desejo por ela deixaria de perturbá‐lo. 

Elissa encurralou nana na cozinha. — Necessito sua ajuda — sussurrou. 

Nana a olhou com seus inteligentes olhos azuis. 

— Então o Cavalheiro Demônio sucumbiu finalmente ao desejo que sente por ti. 

Elissa ficou petrificada. — Sabe? 

Nana riu. 

— Sim, não sabia quando, mas sabia que ia acontecer. Está claro que lorde Damian quer te 

levar a cama. 

— Isso não é o que eu quero, nana. 

Os nodosos dedos de nana acariciaram a face da Elissa. — Ah, moça, está segura? 

— É obvio que estou segura — disse ela  indignada. — Lorde Damian só quer que me meta 

em sua cama até que chegue sua prometida. Não permitirei que me utilize assim. Por que não me 

envia ao convento? 

— Já conhece a resposta a isso. Não pode confiar em que fique ali, e não pode arriscar‐se a 

que  corra  para  os  braços  de  Tavis Gordon.  Se  fracassa  em  cumprir  os  desejos  do  rei,  poderia 

perder Misterly. 

— O que vou fazer, nana? — soluçou Elissa. — Espera que vá a sua cama esta mesma noite. 

Tenho medo de que vá me buscar se não for. 

— Desejas a morte de  lorde Damian? — perguntou nana  com astúcia. — Talvez possa  te 

ajudar a consegui‐lo. Poderia te dar uma poção... 

A morte do Damian? 

— OH, não, não, não quero carregar sua morte em minha consciência! Não... não poderia 

suportá‐lo. 

Era  certo.  Existia muitas  coisas  que  a  incomodavam  em  Damian, mas  não  desejava  sua 

morte. 

— Deve existir outra maneira de evitar que... que me viole. 

— Poderia  te dar uma poção que adormeça para que a  jogue no vinho. Não o matará — 

acrescentou nana quando Elissa começou a protestar. — Só o fará dormir. 

Elissa pensou rapidamente. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   58

— Se beber suficiente vinho, dormirá antes que possa... me fazer mal? 

Nana examinou o rosto de Elissa. — É isso o que quer, moça? 

— É obvio que é o que quero. Quando pode tê‐la preparada? 

— Tudo o que preciso está em meu quarto. Leve‐me uma  jarra de bom vinho  francês e o 

adulterarei. 

Elissa  foi rapidamente à despensa e encheu uma  jarra com o vinho que se utilizava só em 

ocasiões especiais. Logo se reuniu com nana no pequeno quarto que ocupava por trás da cozinha. 

Elissa esteve com antecedência no quarto de nana e sabia o que  ia encontrar. O ar estava 

fragrante com o aroma das ervas. Havia molhos delas pendurando das vigas para secar e outras 

estendidas sobre a mesa, esperando para serem amassadas para criar diversas mesclas e poções. 

Nana aprendeu suas artes curadoras de sua mãe, que era uma herbolária5 muito respeitada. 

Havia gente que dizia que nana era uma bruxa branca, mas ninguém a temia, porque utilizava seus 

poderes com boa intenção. 

Elissa encontrou nana em sua estreita mesa de trabalho. 

— Aqui tem, moça — disse elevando um frasquinho que continha pó branco. — Valeriana. 

Serve para tranquilizar às pessoas. A dose suficiente induz um sono profundo. 

— Espero que tenha razão — disse Elissa com um profundo suspiro. 

Nana verteu uma pequena quantidade na  jarra e revolveu suavemente com uma colher de 

madeira para mesclar os sabores. —  Isto se encarregará de sua senhoria esta noite, mas, o que 

acontecerá amanhã? 

Não pode drogá‐lo todas as noites. Deseja‐te, moça, e não é dos que se rendem. 

—  Já me ocorrerá algo — disse Elissa  com  falsa  fanfarronice. — Agora mesmo não posso 

pensar além desta noite. 

— Então vai, moça. Está se impacientando. 

Elissa assentiu com brutalidade e saiu a toda pressa. Apertando a jarra contra si por medo a 

derramar  o  conteúdo,  dirigiu‐se  como  um  raio  para  a  torre. O  coração  pulsava  com  força  nos 

ouvidos enquanto subia pela estreita escada. "Isto precisa funcionar", refletiu pensando no líquido 

que se agitava dentro da jarra. Necessitava cada preciosa gota se queria escapar dos cuidados de 

Damian. 

Elissa chegou ao final da escada e se deteve em frente à porta fechada de Damian. Aspirou 

com força o ar para se armar de coragem e elevou a mão para chamar, mas a retirou a toda pressa 

quando a porta se abriu de repente. Elevou a vista para o rosto do Damian e deu um passo para 

trás. A  luz da vela  iluminava  sua dura expressão, e um calafrio de medo percorreu  sua espinha 

dorsal. 

— Por que demoraste tanto? — perguntou ele dando um passo atrás para deixá‐la entrar. — 

Estava a ponto de ir atrás de ti. 

Elissa passou por diante dele e colocou cuidadosamente a jarra de vinho sobre a mesa. 

— Acreditei que teria sede e fui à despensa buscar uma jarra de vinho. 

Damian a observou com desconfiança. — Suponho que jogou veneno. Adivinhei?                                                             5 Mulher que fazia feitiços ou preparava venenos extraídos de ervas. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   59

— Por que ia fazer algo tão estúpido enquanto mantém a minha irmã e a minha mãe como 

reféns? 

— Mm — disse Damian olhando o vinho com  receio. — Dou por certo, então, que deseja 

isso tanto como eu? 

Elissa se zangou. 

— Dê por certo o que queira. 

Damian serviu o vinho em duas taças e estendeu uma a Elissa. — Você beberá também, é 

obvio. 

— É obvio — disse Elissa dando o primeiro gole... que foi muito pequeno. Não tinha nenhum 

sabor estranho, e relaxou. 

Damian a observou durante um comprido instante e logo bebeu avidamente de sua própria 

taça. Saboreou o vinho na língua e deixou que deslizasse pela garganta. 

— Excelente. Francês, acredito. Seu pai tinha bom gosto — com o seguinte gole esvaziou a 

taça e a deixou sobre a mesa. Logo se virou para ela. Elissa deixou sua taça e se afastou. 

— Não posso fazer isto, meu senhor. Está me obrigando a fazer algo que não quero. 

—  Eu  posso  fazer  que  queira  —  disse  Damian  com  uma  convicção  que  fez  com  que 

tremessem suas pernas. 

A expressão dura e firme de seu rosto fez que Elissa fosse muito consciente de sua própria 

vulnerabilidade. 

— Não te farei mal, Elissa. Prometo‐te que encontrará prazer entre meus braços. 

— Não quero nenhum prazer de ti. 

— Você não me odeia. Posso senti‐lo. 

Elissa sacudiu a cabeça. 

— Não posso gostar de um inglês. Vai contra tudo o que é sagrado para mim. 

— Me dê sua mão, Elissa. 

Ao ver que ela se negava, Damian agarrou seu braço e puxou ela para a cama. 

— Serei cuidadoso. Não há pressa, temos toda a noite. 

Elissa  ficou  consciente  de  duas  coisas:  do  sussurro misterioso  das  brasas  na  lareira  e  do 

distante estrondo de um trovão. E de algo mais: o nu desejo que refletiam os olhos de Damian. 

— Quer que te dispa, Elissa? 

A cabeça da jovem deu voltas a toda pressa. — Não! Eu... o vinho! Quero beber. 

— Bebe — disse Damian agarrando sua taça e passando para ela. 

— Espera! Não quero beber sozinha. Bebe comigo. 

Damian lançou um duro olhar e logo voltou a encher sua própria taça. 

— Se te agradar o farei, mas se confia em que me embebede, esquece‐o. Não sou de beber 

em excesso, e menos em ocasiões especiais como esta. 

Damian pôs a taça entre suas mãos e Elissa deu outro gole, satisfeita ao ver que ele esvaziou 

o seu de um longo trago. Temendo beber mais do que já o fez, Elissa deixou cair deliberadamente 

a taça de entre suas mãos. Fez‐se em pedacinhos, tal e como ela pretendia, deixando uma mancha 

vermelho sangue sobre o tapete. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   60

Damian lançou a Elissa um olhar de impaciência. Suspeitaria de algo? 

— Sirvo‐te outra? Só servirá para prolongar o inevitável, já sabe. 

— Já bebi o suficiente, obrigado — murmurou Elissa. 

Observou‐o atentamente, esperando que o vinho adulterado fizesse efeito. Rezou para que 

Damian  tivesse consumido  suficiente droga, porque duvidava muito que pudesse conseguir que 

bebesse mais vinho. 

Damian voltou‐a e começou a desatar laços e botões. O vestido caiu e Elissa tentou segurá‐

lo, mas Damian  não  permitiu.  Afastou  suas mãos  e  o  objeto  caiu  a  seus  pés. Damian  não  fez 

ameaça de tirar sua combinação, que chegava à altura dos joelhos. Tirou‐a do vestido e a estreitou 

entre seus braços. 

— Não pode nem suspeitar quanto te desejo. 

— Não sei do que está falando. Você foi o primeiro homem que me beijou. 

Damian adquiriu uma expressão envergonhada, como correspondia. 

— Quer dizer que Tavis Gordon nunca...? Não posso acreditar nisso. É uma mulher preciosa, 

Elissa. É difícil entender que nenhum homem tentou te beijar. 

Damian considerava que era preciosa, pensou Elissa agradada. 

Mas o prazer desapareceu rapidamente quando percebeu que um pilantra, lisonjeador como 

o Cavalheiro Demônio diria qualquer coisa para conseguir o que queria. 

Por sorte, ela não era tão tola para acreditar em suas adulações. Não havia nenhum homem 

inglês vivo capaz de estar à altura de uma brava dama das Terras Altas. 

Os lábios do Damian se abatiam a escassos centímetros dos seus; Elissa cheirou o vinho em 

sua respiração, e algo mais: seu próprio aroma especial, que reconheceria em qualquer parte.  Ia 

beijá‐la. 

OH, Deus, não podia suportá‐lo. Por que estava ainda de pé? Supunha‐se que já devia estar 

inconsciente... ou ao menos, adormecido. Elissa dissimulou um sorriso quando ele cambaleou. 

Então seus lábios caíram em picado sobre os seus e os pensamentos da Elissa se fizeram em 

pedacinhos.  Não  era  consciente  de  outra  coisa mais  que  do  sabor  do  Damian,  de  suas mãos 

deslizando livremente sobre ela, de seu corpo duro apertando‐se com anseio contra o seu. Elissa 

fechou os olhos, e quando voltou a abri‐los, o encontrou olhando‐a com intensidade. Ela conteve o 

fôlego. 

Não podia respirar, não podia mover‐se. Reuniu toda sua força e tentou afastá‐lo de si, mas 

sua resistência não era completa, um fato do qual Elissa era muito consciente. 

— Não escapará de mim — murmurou Damian contra seus lábios. 

— Estive preparado para ti desde o dia que nos conhecemos. 

Damian agarrou sua mão e a pôs na virilha. 

— Assim é como se sente um homem excitado, Elissa. Até que ponto é consciente do que 

ocorre entre um homem e uma mulher quando estão na cama? 

—  Conheço  o  suficiente  para  saber  que  está  mal  quando  se  faz  fora  do  vínculo  do 

matrimônio — espetou. 

— Estou falando do aspecto físico. Sabe o que vai ocorrer esta noite? 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   61

— Não vai ocorrer nada. 

— Está equivocada, querida. É impossível que te deixe partir agora. 

Antes que Elissa pudesse formar um pensamento coerente, Damian a agarrou nos braços e a 

colocou  no  centro  da  cama.  Respirava  com  dificuldade.  Não  era  necessário  ser  uma  mulher 

experimentada para saber que era um homem no cio, completamente carregado e desejoso de 

pegar o que queria. 

Elissa elevou a vista para olhá‐lo, hipnotizada por  sua  firme expressão. Seus olhos  tinham 

uma expressão adormecida, e um sorriso torcido  indolente e sensualmente pecador cruzava sua 

face. 

Como  era  possível  que  seguisse  de  pé?  Falhou‐lhe  nana?  Então  o  olhou mais  de  perto. 

Estava  com  as  pupilas  dilatadas  e  o  sorriso  um  pouco  murcho.  Rezou  a  Deus  para  que  se 

desvanecesse logo. Não o fez. 

Seu  sorriso de  vencedor  aumentou o pânico da Elissa, que  se ergueu  sobre os  cotovelos. 

Damian deslizou o olhar para seus lábios entreabertos e logo a baixou lentamente para seus seios 

cobertos de  linho e abriu suas pernas nuas. Quando Damian se colocou de cócoras a seu  lado e 

sussurrou em  tom baixo e  arrebatado exatamente o que queria  fazer  com ela, Elissa perdeu  a 

capacidade de respirar. 

Engoliu  saliva  convulsivamente  quando  Damian  cobriu  seu  corpo  com  o  seu  e  sua  boca 

voltou a encontrar a sua. Seus beijos produziram espirais de calor que atravessaram seu corpo, e 

odiou a si mesma por isso. 

Era um  inglês quem a estava beijando, um homem que roubava e saqueava os habitantes 

das Terras Altas, e sim, matava‐os. 

A  culpa  se  apoderou  implacavelmente  da  Elissa  enquanto  renovava  seus  esforços  para 

resistir a ele, mas  sua  força era muito  superior. E então ocorreu algo estranho e aterrador: ela 

começou a devolver seus beijos. 

Rodeou  seu  pescoço  com  os  braços  e  o  atraiu  para  si,  e  seus  lábios  se  suavizaram  e  se 

amoldaram aos seus. Escutou‐o rir com um som escuro e sedutor que surgiu do mais profundo da 

garganta, e Elissa soube que aquele canalha bastardo vencera. 

— Deixa que eu tire primeiro a roupa — ofegou Damian em seu ouvido. 

Tirou a roupa e a afastou a um lado. 

Se  Elissa  tivesse  tido  o  controle  de  sua mente,  teria  saltado  da  cama  e  teria  fugido.  E 

entretanto, não pôde fazer outra coisa que ficar olhando‐o boquiaberta. Olhou até saciar seu largo 

e esculpido peito, avultados bíceps e as pernas fortemente musculosas. Embora tentou evitar, o 

olhar da Elissa deslizou para sua grossa virilidade. Surgiu‐lhe um gemido de entre os lábios. 

Nunca imaginou que um homem completamente no cio fosse tão grande. Mataria‐a. 

O medo  se  apoderou  completamente  dela. Mas  antes  que  pudesse  sair  fugindo, Damian 

agarrou a bainha da combinação e puxou para tirá‐la. Uma mão escura mantinha ela em seu lugar 

enquanto que com a outra, procurava entre suas pernas e a acariciava naquele ponto. 

— Não! — Elissa tremeu, sacudida por violentos estremecimentos de excitação. Que o diabo 

a levasse, mas daquilo estava gostando e muito. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   62

—  Shh — Damian  se  deixou  cair  a  seu  lado  e  logo  sacudiu  a  cabeça,  como  se  estivesse 

desconcertado por algo. 

— O que ocorre? — perguntou Elissa, confiando, rezando para que o vinho adulterado com a 

droga estivesse por fim funcionando. 

Damian voltou a sacudir a cabeça. — É estranho. 

— O que é estranho? Quer um pouco mais de vinho? 

— Não, quero estar em pleno uso de minhas  faculdades quando  te  fizer o amor. Abre as 

pernas, querida — sussurrou. 

Damian a colocou debaixo dele e se situou entre suas coxas. Seus lábios roçaram um seio e 

introduziu  um  de  seus  tenros mamilos  na  boca.  Elissa  gemeu  e  se  arqueou  contra  ele  quando 

começou a sugá‐lo, 

Então sentiu algo quente, duro e grande que se apertava contra o centro de seu corpo, e 

esperou  com medo a que  chegasse a dor.  Sabia muito pouco a  respeito do que aconteceria, e 

acreditou em que se inteiraria no dia de suas bodas. Agora um desprezível inglês ia possuí‐la e, por 

alguma estranha razão, a única coisa que lamentava era ter permitido que a seduzisse o inimigo. 

Que  classe  de mulher  era,  se  se  via  capaz  de  trair  seus  princípios  por  um momento  de 

prazer? A culpa se apoderou dela sem nenhuma piedade. 

— Elissa, me olhe. 

Damian arrastava de forma estranha as palavras. Ela ergueu a vista para olhá‐lo e percebeu 

que estava com os olhos  frágeis. Suas sobrancelhas estavam unidas,  formando uma  faixa escura 

que cruzava sua fronte. 

— Assim é como quero te ter. Debaixo de mim, me olhando com esses maravilhosos olhos 

verdes. Por todos... os diabos! O que... o que está acontecendo? Eu? Não posso... pensar. 

"Por fim", pensou Elissa aliviada. A droga que havia no vinho funcionava. Entretanto, ainda a 

assaltavam  punhaladas  de má  consciência  por  ter  encontrado  prazer  nos  beijos  do  Damian  e 

desfrutar excessivamente de suas carícias. 

Elissa  deixou  escapar  um  suspiro  quando  Damian  desabou  em  cima  dela.  Começou  a 

escapulir  de  debaixo  dele,  e  então  Damian  levantou  a  cabeça  e  a  olhou  fixamente  com  uma 

clareza que contradizia o fato de que estivesse drogado. 

—  Maldita  seja!  O  que...  o  que  me...  fez?  —  então  pôs  os  olhos  em  branco  e  ficou 

completamente quieto. 

Elissa o empurrou e saiu do colchão, cambaleando até que esteve longe de seu alcance. Mas 

não tinha do que se preocupar. Damian não ia se mover durante bastante tempo. Quanto mais o 

olhava,  mais  temia  que  a  droga  o  tivesse  matado,  e  isso  não  era  o  que  queria.  Vestiu‐se 

rapidamente sem afastar em nenhum instante o olhar do rosto do Damian. 

Aspirando com força o ar para se tranquilizar, Elissa se aproximou com cautela à cama. Ao 

ver que Damian não fazia nenhum movimento ameaçador, se aproximou mais dele e pôs sua mão 

no peito, aliviada ao sentir a rítmica cadência de seu coração sob sua palma. De repente se mexeu, 

e  Elissa  se  retirou  bruscamente  para  trás,  mas  Damian  não  deu  nenhuma  amostra  de  que 

despertou. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   63

Então ela deu a volta e  saiu dali. Quando esteve a  salvo em  seu próprio quarto, Elissa  se 

permitiu o luxo de relaxar. 

— Funcionou a droga, moça? 

Elissa girou sobre seus calcanhares, assombrada ao ver nana de pé atrás dela. 

— Sim, nana, obrigado. Mas demorou mais do que esperava. 

— Lorde Damian não é um homem pequeno. Deveria te ter advertido de que não funcionava 

de maneira imediata — dirigiu a Elissa um olhar perspicaz. — Está bem? 

Elissa se ruborizou e afastou a vista. 

— Sim, ele não... bom, adormeceu antes de... de que acontecesse. 

— Não preciso te dizer que vai  ficar  furioso quando despertar. Se eu  fosse você, moça, se 

manteria afastada de seu caminho até que ele esfrie a ira. 

— Essa é minha intenção. 

Nana grunhiu. 

— A minha  também, mas  temo que  será você a que  sofrerá  sua  fúria. Não deveria  te  ter 

ajudado. Isto só adiou o que o destino já decretou. 

Elissa levantou a cabeça de repente. 

— Nana! O que está dizendo? Está insinuando que Damian e eu... que nós... 

— Sim, moça. Isso é o que vai acontecer. 

— Entre Damian e eu não vai acontecer nada. Não o permitirei. 

— Está me dizendo que as carícias do Demônio a desgostaram? Não posso acreditar. 

— Não o compreende, nana — gemeu Elissa. — As carícias de Damian não me desgostaram, 

justamente o contrário. Desfrutei de seus beijos, recebi com prazer suas mãos em meu corpo e 

odiei a mim mesma por  isso.  Sinto‐me  como uma  traidora.  Se a droga não  tivesse  funcionado, 

teria permitido que me tomasse como a uma... prostituta. 

Os soluços sacudiram a Elissa. Nana deu um tapinha no seu ombro e sussurrou palavras de 

consolo. A culpa era uma emoção muito poderosa, e Elissa estava sofrendo uma dose em dobro. 

— Não te assuste, moça. Está experimentando a paixão pela primeira vez. 

— Mas  eu  queria  viver  a  paixão  com  Tavis  Gordon,  não  com  um  abominável  inglês — 

soluçou Elissa. — Desejar a alguém me converte em uma desavergonhada, Nana? 

—  Não, moça.  É  uma mulher  que  se  sente  atraída  por  um  homem  a  quem  quer  odiar. 

Deveria ter me escutado quando te disse que não se casaria com Tavis Gordon. 

Elissa observou à anciã com medo. 

—  Vou me  converter  em  uma  solteirona  para  o  resto  de minha  vida?  Nana  riu  para  si 

mesma. 

—  Uma  solteirona?  Este  mesmo  ano  dará  um  filho  a  seu  marido.  Elissa  retrocedeu, 

consternada. 

—  Está  louca!  Me  deixe  em  paz,  suas  tolices  estão  me  dando  dor  de  cabeça  —  deu 

deliberadamente as costas a sua velha nana. 

— Muito  bem, moça, mas  não  perca  tempo  procurando marido;  tem‐no  diante  de  seu 

próprio nariz. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   64

Quando Elissa deu a volta para soltar uma resposta mordaz, nana já partira pela porta. 

 

 

Capítulo 07 

 

 

Damian abriu os olhos  fazendo um esforço, consciente de várias coisas ao mesmo  tempo: 

doía‐lhe a cabeça, estava com um sabor asqueroso na boca, e a  luz do sol se  filtrava através da 

janela. 

Não era próprio dele dormir mais além do amanhecer. Franziu as sobrancelhas em gesto de 

dolorosa concentração enquanto tentava recordar a noite anterior. 

Recuperou a memória só parcialmente. Elissa... 

Damian girou com cuidado o corpo e estirou o braço ao longo da cama. O espaço que havia a 

seu  lado estava vazio, e de  repente  recordou. Apesar de que estava com o cérebro destroçado, 

recordou o vinho que bebeu ante a insistência da Elissa, e a raiva se apoderou dele. O drogou! A 

fúria o levou a levantar‐se da cama. Assim que seus pés tocaram o chão, cambaleou enjoado e se 

agarrou a um dos postes da cama para evitar cair. 

Essa tigresa embusteira! Aquela era a primeira vez que uma mulher zombava dele, e Damian 

prometeu que seria a última. Seria o bobo de todo o mundo se as pessoas chegassem a inteirar‐se 

disto. 

Aproximou‐se cambaleando até a bacia do lavabo, encheu‐a de água com a jarra e afundou a 

cabeça nela. Depois de duas mergulhadas, recuperou os sentidos e obrigou sua mente a recordar 

os acontecimentos da noite anterior. 

Suspeitara  do  vinho  desde  o  começo.  Não  era  próprio  de  Elissa mostrar‐se  tão  serviçal. 

Deveria ter deixado se levar por seu instinto, mas estava tão malditamente excitado que não podia 

pensar em outra coisa que não fosse estar dentro da Elissa. E como um estúpido apaixonado, viu‐a 

beber ela mesma do vinho e acreditou que estava a salvo. 

Sim. Foi um maldito estúpido. 

Sentiu  uma  onda  de  amargura.  Tentou  matá‐lo?  Descartou  imediatamente  aquele 

pensamento.  Se  tivesse  desejado  fazê‐lo,  teria  enfiado  uma  adaga  no  seu  coração  enquanto 

estava inconsciente. 

Elissa não era uma assassina; era uma conspiradora. Teria que vigiá‐la estreitamente, estar 

prevenido para seu próximo truque. Mas tanto se ela quisesse como se não, a faria dele. E logo. 

Damian encontrou Elissa no pátio com a Lora. Ela conseguiu evitá‐lo durante toda a manhã, 

mas não estava disposto a deixá‐la escapar tão facilmente de sua ira. 

Lora foi a primeira em vê‐lo. 

— Damian! Quer ver a pulseira de palha que me fez Lissa? — elevou a criação de sua  irmã 

para Damian para que a visse. 

Damian sorriu a Lora e logo lançou um olhar sombrio a Elissa, agradado ao perceber o brilho 

do medo em seus olhos verdes. Tinha motivos para temê‐lo. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   65

— Tem bom aspecto, pequena — disse centrando sua atenção de novo na menina. 

— Estou muito bem, obrigado. Nana diz que já posso me levantar e andar por aí. 

— Essa é uma boa notícia — disse Damian sinceramente agradado. 

Justo então apareceram correndo dois meninos que agarraram a Lora pela mão. 

— Veem conosco aos estábulos, Lora. Manchitas teve filhotes. 

— Posso ir, Lissa? — perguntou a menina esperançada. 

— Não, não acredito que... 

— Vá com eles, Lora — disse Damian com um tom de voz que não permitia discussões. — Eu 

gostaria de falar a sós com sua irmã. 

Lora e seus amigos se foram correndo. 

— Quem são? — perguntou Damian. — Vi a esses meninos por aqui, mas não sabia quem 

eram. 

—  São  os  netos  de  Lachlan —  disse  Elissa. —  Seu  pai morreu  em  Culloden  e  Lachlan  os 

cuidou desde que eram uns bebês. E agora, se me desculpar... 

— Não  tão  depressa.  Veem  comigo —  disse  ele  agarrando‐a  pelo  braço  para  evitar  que 

escapasse. 

Elissa arrastou os pés, mas não serviu de nada. Damian puxou ela até que chegaram a um 

lugar onde ninguém pudesse ouvi‐los. Deteve‐se  tão bruscamente que Elissa ricocheteou contra 

Damian.  

Então a virou para ele com o rosto marcado por uma expressão acusadora. 

— Tentaste me matar! Acredita que se houvesse conseguido teria conseguido escapar da ira 

de sir Richard? Teria te enviado à morte. 

Elissa empalideceu. Matá‐lo? Como podia pensar isso dela? — Não, não fiz nada semelhante. 

— Que droga utilizou? 

— Uma poção para dormir. Não te fez nenhum dano. 

— Traição! Tanto me despreza? 

—  É  um  inglês! —  disse  Elissa,  como  se  isso  o  explicasse  tudo. —  Eu  pertenço  a  Tavis 

Gordon. 

Damian agarrou seus ombros e a atraiu para si com expressão de absoluta firmeza. 

— Pertence‐me. Aceita‐o. Seu destino está em minhas mãos. 

Virá a minha cama, Elissa, sem que eu precise te obrigar. Juro‐o! 

— Nunca! O fato de que você seja inglês o faz impossível. 

Sua postura  inflexível deveria  tê‐la advertido. Uma silenciosa  tensão se abateu sobre eles. 

Elissa sabia que devia dizer algo para romper o tenso silêncio, mas as palavras morreram em sua 

boca quando percebeu que  ia beijá‐la. Embora era a última  coisa que desejava Elissa, elevou o 

rosto e umedeceu os lábios entreabertos com a ponta da língua. 

— Tigresa — disse Damian com voz baixa e enlouquecida. — Enquanto me golpeia com suas 

palavras, seu corpo me dá a bem‐vinda. Se diverte em me seduzir? 

Elissa piscou. Por que permitia ao Damian que fizesse isto? Parecia que seguir pelo caminho 

da traição lhe proporcionava um grande prazer. Teria que estar mais alerta no futuro. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   66

Não  devia  permitir  que  o  Cavalheiro  Demônio,  tão  sombrio  e  sedutor,  destroçasse  seu 

orgulho e sua honra. 

Sacudindo a cabeça para se livrar do sedutor aroma do Damian, Elissa lutou por escapar. — 

Parte! 

Damian riu enquanto a estreitava com força entre seus braços. 

— Ainda não — grunhiu. 

Elissa fechou os olhos quando sua boca tomou a sua. Damian tinha os  lábios suaves, mas o 

resto  de  seu  corpo  estava  rígido  e  resistente.  Agarrando‐se  torpemente  a  seus  ombros,  lutou 

contra o desejo de Damian tanto como contra o seu próprio. 

Não deveria ser assim. Ela não deveria... não podia desejá‐lo. Passou a maior parte de sua 

vida odiando aos ingleses. Que tinha aquele homem de diferente? 

De  repente, Damian deixou de beijá‐la e  se afastou. Tinha uma expressão estranhamente 

tenra. Mas sua voz encerrava um tom duro quando disse: 

— Vejamos quem pode resistir mais tempo, minha senhora. Comparada comigo, você é uma 

noviça neste jogo. 

Elissa o olhou com zomba. 

— Eu não estou jogando a nada, meu senhor. 

— As mulheres sempre  jogam. Forma parte de sua natureza — o sorriso do Damian a pôs 

muito nervosa. — A porta de meu quarto  estará  sempre  aberta para  ti. Veem  ver‐me quando 

desejar para conhecer mais sobre o prazer que te prometi. 

Ela girou a cabeça. — Nunca irei a tua procura. 

Então ocorreu algo estranho. Elissa distinguiu pela extremidade do olho a um homem que 

era estranhamente familiar entrando no pátio com um grupo de comerciantes. 

Usava  o  saiote  escocês  dos  Fraser,  e  uma  boina  enfiada  até  a  fronte. Mas  durante  um 

fascinante momento, o homem levantou a cabeça e olhou diretamente ao Damian e a ela. 

Elissa o reconheceu e sentiu como o calor saía do rosto. Tavis Gordon! 

— O que ocorre? — perguntou Damian com secura. — Encontra‐te mau? 

Suspeitaria Damian do motivo de sua distração? 

— Não ocorre nada.  Já é hora de que vá procurar a  Lora e voltemos para o  castelo para 

começar com suas lições. 

Damian a soltou imediatamente. 

— Lora é uma menina muito inteligente, a ela farão bem as lições. Você mesma dá as aulas? 

Elissa assentiu. 

— Se não tem nenhuma objeção. 

— Não, assim evitará te colocar em confusões. 

Elissa  se apressou. Nunca entenderia Damian. Era um  soldado endurecido, um adversário 

implacável  e  cruel  em  muitos  sentidos,  mas  parecia  genuinamente  preocupado  por  Lora  e 

Marianne. Era como se fossem dois homens diferentes, e a cara que mostrava a ela não fosse a 

mesma  que  apresentava  ante  sua mãe  e  sua  irmã. Mas  Elissa  tinha  outros  assuntos  dos  quais 

preocupar‐se. O que estava fazendo Tavis Gordon em Misterly? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   67

Tavis  apareceu  de  um  nada  quando  ela  dobrou  a  esquina  a  caminho  dos  estábulos  para 

recolher Lora. Ele a agarrou pelo braço e puxou bruscamente Elissa para arrastá‐la ao interior das 

sombras dos estábulos. 

— Não deveria estar aqui, Tavis. 

— Precisava verte. Está bem? O que te fez esse bastardo inglês? 

Elissa se perguntou se Tavis viu como Damian a beijava. 

— Não me  fez nada.  Supunha‐se que deveria me  enviar  ao  convento, mas  lorde Damian 

acreditou que não era uma boa ideia. Talvez me envie a Londres para que o Hannover se ocupe de 

mim. 

O inglês não quer que nos casemos e unifiquemos nossos clãs. 

— Não podem nos deter — assegurou Tavis com ferocidade. 

— O que você pode fazer? É perigoso para ti que esteja aqui. 

— Este lugar não é seguro — sussurrou Tavis. — Te reúna esta noite comigo nos estábulos, 

depois do jantar. Não deixe que ninguém te veja. Então te explicarei tudo. 

Escutaram vozes e Tavis deslizou ainda mais entre as sombras. 

— Esta noite, moça, não me falta. 

Tavis  desapareceu  pela  esquina  no  momento  em  que  Lora  e  seus  amigos  fizeram  sua 

aparição. 

— Precisa ver os gatinhos, Lissa! São adoráveis. 

—  Em  outro momento,  querida —  assegurou  sua  irmã. —  É  hora  de  retomar  as  lições. 

Subimos à sala de aula e começamos? 

— Se você o diz — respondeu a menina sem nenhum entusiasmo. — Posso sair mais tarde a 

brincar? 

— Já veremos como te encontra — respondeu Elissa evasivamente. 

O dia transcorreu muito devagar para Elissa. Passou duas horas ensinando as letras a Lora e 

visitou Marianne durante uns minutos. Depois foi à cozinha para ajudar com a refeição do meio‐

dia. 

Faltavam muitas horas para seu encontro com Tavis, e se perguntou onde estaria escondido. 

Teria vindo para  levá‐la? Não partiria sem sua mãe e sua  irmã. Embora Damian as tratasse bem, 

isso podia mudar em um abrir e fechar de olhos se as deixasse a sua mercê. 

Se Marianne se encontrasse com forças para viajar, há muito tempo que teria tentado tirá‐la 

dali através do túnel secreto. Perguntou‐se vagamente se Damian teria encontrado a rota de fuga 

ou se seguiria procurando‐a. 

Damian observou Elissa com os olhos entrecerrados. Parecia distraída, e soube que andava 

atrás  de  algo.  E  não  seria  nada  bom.  Negava‐se  a  olha‐lo  nos  olhos,  embora  sem  dúvida  era 

consciente de seu escrutínio. 

Damian sabia que não estava preocupada com sua  família porque ele  foi vê‐las antes e se 

encontravam perfeitamente. Lady Marianne parecia estar de muito bom ânimo, e isso o agradava. 

Ficou  impactado ao ver sir Brody em seu quarto, e mais ainda ao descobrir que não era a 

primeira vez que o amadurecido cavalheiro de cabelo cinza visitava Marianne. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   68

Estava  acontecendo  algo  do  qual  ele  não  se  inteirou? Ou  estava  se  deixando  levar  pela 

imaginação? 

Damian  esperou  a  que  se  esvaziasse  o  salão  depois  do  jantar  para  enfrentar  a  Elissa. 

Interceptou‐a quando ela se dirigia para a sala das mulheres para meter‐se na cama. 

— Eu gostaria de falar contigo, Elissa. 

— Falar contigo me fatiga, meu senhor. Eu gostaria de me retirar. 

— Em seguida. Ocorre algo? 

Elissa o observou com os olhos entreabertos. Damian a achava deliberadamente evasiva e 

estava seguro de que ela estava ocultando algo. 

— Sou sua prisioneira, meu senhor. O que outra coisa pode ocorrer além disso? 

O inquisidor olhar de Damian se deslizou sobre ela durante um comprido instante. 

—  Se  está  planejando  alguma  traição,  te  esqueça  disso. Não  pode  ganhar. Vete  à  cama, 

senhora. Se desejas minha companhia, não tem mais que subir os degraus da torre — dito aquilo, 

deu a volta e se afastou dali. 

Elissa  ficou olhando, admirando partes dele nas quais não deveria andar se  fixando. Vira‐o 

nu; sabia o que havia debaixo daquela roupa. Como não ia recordar os fortes músculos que existia 

debaixo daquela pele marcada com cicatrizes de guerra? Era difícil acreditar que pudesse existir 

um homem mais atraente fisicamente que o Cavalheiro Demônio. 

A lembrança daquela lança longa e grossa que tinha entre as pernas devolvia o maravilhoso 

prazer que proporcionaram seus beijos e suas carícias. Elissa agitou com gesto zangado a cabeça. 

Ter pensamentos mórbidos a respeito de seu  inimigo era perverso; precisava deter aquele 

absurdo. 

Elissa chegou ao final das escadas e decidiu dar boa noite a sua mãe antes de meter‐se em 

seu quarto para preparar‐se para seu encontro com Tavis. 

Levou uma surpresa ao encontrar a sir Brody sentado em uma cadeira ao  lado da cama de 

sua mãe. Ele ficou imediatamente de pé. 

— Lady Elissa. 

—  Sir Brody. Que  amável por  sua  parte  fazer  companhia  a minha mãe.  Sei que  se  sente 

muito só tendo que estar tanto tempo na cama. 

—  Sir  Brody me  pergunta  com  frequência minha  opinião  sobre  as  tarefas  cotidianas  de 

Misterly. Está fazendo um grande trabalho como administrador, mas... 

— Não poderia fazê‐lo sem lady Marianne — apressou‐se a acrescentar sir Brody. — Se me 

desculparem, desejo uma boa noite às duas. 

Elissa ficou  impressionada pelo modo em que o olhar de Marianne seguia a potente figura 

de sir Brody. 

— Parece um homem simpático... para ser inglês — aventurou Elissa. — Dá a impressão de 

sentir‐se cômodo aqui contigo. 

— Como te disse antes, consulta‐me nos assuntos do castelo. Eu  fui a senhora deste  lugar 

durante muitos anos e conheço tudo o que terá que saber sobre como governar uma propriedade 

destas dimensões. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Espero que suas visitas não a fatiguem, mamãe. 

— Queria falar de algo em concreto comigo, querida? 

"Quero te contar do Tavis". 

— Não. Queria me assegurar de que tem tudo o que necessita para passar a noite. 

— Nana e Maggie cuidam de mim muito bem. 

— Então te dou as boa noite. 

Marianne agarrou sua mão. — Espera! Parece preocupada. 

— É tão óbvio? 

— Para mim sim. Trata‐se de lorde Damian? Está te tratando mal? 

Elissa afastou a vista. 

— Não, não exatamente. É só que... OH, mamãe, por favor, não conte a ninguém. 

— Contar o que? Pode me dizer o que seja, filha, que eu o compreenderei. 

Elissa precisava falar com alguém, e sua mãe parecia a opção lógica. Aspirou com força o ar 

para ganhar forças. — Vi Tavis. Está em Misterly. 

Marianne se sentou um pouco mais reta. 

— Tavis? Aqui? Não pode ser. Será que esse homem está  louco? Falaste com ele? O que é 

que quer? 

— Não sei o que é que quer. Vou me encontrar com ele esta noite nos estábulos. 

— OH, Elissa, não o faça. Não pode sair nada bom disto. 

—  Preciso  fazê‐lo, mamãe.  É meu  prometido.  Tavis  pode  nos  ajudar  a  escapar.  Se  nos 

aliarmos, os Gordon e os Fraser podem jogar aos diabos os ingleses de Misterly. 

Marianne deixou escapar um suspiro tremente. 

— Eu perdi como todos no Culloden, ou talvez mais. Mas até mesmo eu sei que chegou o 

momento  de  deixar  a  luta.  Os  habitantes  das  Terras  Altas  foram  derrotados  e  severamente 

castigados.  Os  ingleses  controlam  agora  nossa  terra.  Conspirar  com  Tavis  Gordon  poderia 

exterminar a nosso clã, e sei que não é isso o que quer. Já perdemos a muitos seres queridos. 

As torturadas palavras da Elissa surgiram do mais profundo de sua alma. 

— Quero recuperar meu lar; quero viver livre dos malditos ingleses. Quero que o Cavalheiro 

Demônio desapareça de minha vida. 

— Aceita aquilo que não pode mudar — aconselhou‐a Marianne. — Não escute ao Tavis, é 

um agitador. Nem nana nem eu pensamos que seja bom para ti. 

— E o que é bom para mim? A vida de uma monja? O fechamento? A morte? 

Uma  lágrima  escorregou  pela  face  de  Marianne,  e  Elissa  se  sentiu  imediatamente 

arrependida. 

— Me perdoe, mamãe. Não era minha  intenção  te machucar —  inclinou‐se para diante e 

deu um beijo na testa de sua mãe. 

— Está cansada. Deixarei‐te sozinha. 

— Me  prometa  que  não  fará  nenhuma  tolice —  suplicou Marianne. —  Pensa  no  que  é 

melhor para os membros de nosso clã. Lorde Damian não é tão mau. Sir Brody diz que Misterly 

está prosperando sob seu comando. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   70

— Prometo‐lhe isso, mamãe — disse Elissa com cautela. 

Elissa correu para seu dormitório e colocou uma capa escura com capuz. Olhou através da 

estreita janela e viu a lua deslizando por trás de um banco de nuvens. Sorriu. Chegou o momento. 

Damian estaria agora em seu quarto, e os soldados nos barracões. 

Havia um guarda no salão, mas Elissa foi capaz de passar agachada diante dele e chegar até a 

passagem  que  levava  a  cozinha.  Elissa  se  perguntou  vagamente  se  aquele  guarda  estaria  ali 

apostado  porque  Damian  descobrira  o  túnel. Mas  naquele  momento  tinha  outras  coisas  em 

mente. 

Os fogos da cozinha estavam já em brasas e não havia ninguém por ali. Elissa abriu a porta 

de trás e saiu ao exterior, tropeçando pelo jardim da cozinha em direção aos estábulos. Entrou nos 

estábulos em penumbra, impregnadas de um penetrante aroma de cavalo e a couro, e se deteve 

para  recuperar  a  compostura. Um  gemido  de  surpresa  escapou  de  entre  os  lábios  quando  um 

braço forte a agarrou pela cintura. 

— Por que te atrasou? 

— Tavis, deste‐me um susto de morte. 

Ele a arrastou até o canto mais escuro dos estábulos antes de falar. 

— Alguém te viu? 

— Não. O que está fazendo em Misterly? O que quer de mim? 

— Me parece que é óbvio — murmurou Tavis ao seu ouvido. — É minha prometida. 

— Eu... confiava em que seguisse me considerando sua prometida. OH, Tavis, aconteceram 

tantas coisas desde o dia que íamos nos casar ... 

— Nada bom, suponho. Há uma maneira de que possamos estar juntos, moça, como queria 

seu pai. 

Elissa  albergava  suas  dúvidas,  mas  estava  disposta  a  escutar.  Precisava  fugir  o  mais 

rapidamente possível da pouco sutil sedução de Damian. 

— Vieste para me levar contigo? 

— Ainda não, moça. Há algo muito importante que pode fazer por mim e pelos membros de 

nossos clãs que perderam a vida em Culloden. 

— O que posso  fazer eu, Tavis? Não sou  livre de  ir e vir como eu gostaria. Há alguém me 

vigiando constantemente. 

— Sim, o Cavalheiro Demônio  te vigia — baixou a voz em  tom malicioso. — Vi‐te com ele 

hoje. Deseja‐te, moça. Podemos voltar seu desejo contra ele se seguir minhas ordens. 

Elissa enrugou sua suave testa. — Como é isso? 

Embora  não  pudesse  ver  o  rosto  de  Tavis,  podia  sentir  o  veneno  que  o  alimentava  por 

dentro. 

—  Te  entregando  a  ele,  e  logo  o  matando  quando  estiver  mais  vulnerável.  Já  nos 

ocuparemos dos outros. Dediquei minha vida a matar ingleses e a perseguir os sobreviventes para 

que  retornassem  a  chão  inglês.  Os  Gordon,  os  Fraser  e  seus  aliados  estão  em  posição  de 

converter‐se de novo na maior  força nas Terras Altas. Quando Damian Stratton estiver morto e 

Misterly seja meu, converterei a fortaleza em um lugar inexpugnável aos ataques ingleses. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   71

A Elissa era difícil respirar. Como podia Tavis sugerir semelhante plano... e semelhante papel 

para ela nele? Eram necessárias tantas morte e tantos assassinatos? 

Queria recuperar Misterly, mas não ao custo das vidas dos membros de seu clã... ou da do 

Damian. 

— O Cavalheiro Demônio gosta muito de você — continuou Tavis. — Vi‐o com meus próprios 

olhos. Já te possuiu? 

— Tavis! 

— Me  desculpe, moça, mas  você  é  a  única  que  pode  colocar  o  inglês  em  uma  posição 

vulnerável, e é melhor fazê‐lo em seu dormitório. 

Elissa  ficou paralisada. Sentia‐se  intumescida,  traída. Seu próprio prometido queria que se 

deitasse com o inimigo. — Quer que assassine Damian? A sangue frio? 

—  Sim.  Faz  tudo o que  for necessário, nenhum habitante das Terras Altas  te  julgará  com 

dureza. 

— Quer que permita que  se deite comigo e que  logo o mate —  repetiu. Estava  tentando 

desesperadamente entendê‐lo. 

Tavis a agarrou pelos braços, seu desespero era evidente. 

— Me acredite, moça, é a única maneira. O Demônio é um soldado ardiloso e experiente, 

matará  a  muitos  de  nós  antes  que  possamos  acabar  com  ele.  Você  é  a  única  que  pode  se 

aproximar suficiente para matá‐lo. 

— Não! 

— Esqueceste já de que seu pai e seus irmãos jazem apodrecendo em suas tumbas? Ou que 

os Gordon, os Fraser e os valorosos membros de seu clã foram assassinados em Culloden? Agora 

pensa no homem que se chama a si mesmo senhor de Misterly. Ele esteve em Culloden;  talvez 

matou  a  alguns  dos membros  de  seu  clã.  Talvez  colocou  o  golpe mortal  a  um  de  seus  seres 

queridos. Deve fazê‐lo, moça. Por seu clã e por sua honra. 

Elissa se  retirou mentalmente. Sua  relação com Damian poderia ser  imprevisível, mas não 

podia matá‐lo. 

— Não posso. 

— Toma, agarra esta adaga. Esconde‐o sob sua roupa. O ato deve ser concluído logo. A partir 

desta noite, estarei te observando do bosque, esperando a que me faça um sinal. 

— Que sinal? 

— O Demônio ficou com a torre norte só para ele? 

— Sim. 

— Muito bem. Quando o matar, coloque uma vela acesa diante da janela aberta. Esse será o 

sinal para que nos aproximemos da porta de trás, em que não há guardas, e esperemos a que você 

nos deixe entrar. É  inteligente, moça, não deverá  ter problemas para escapulir do castelo e nos 

abrir  o  portão.  Uma  vez  dentro,  dispersaremo‐nos  e  mataremos  aos  soldados  e  os  guardas 

adormecidos. Quando encontrarem o  inimigo dentro do castelo e a seu senhor morto, se criará 

uma grande confusão que ao final se converterá em sua derrota. Os mataremos antes que possam 

se armar. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   72

Rígida pela impressão, Elissa fechou os olhos e sussurrou: — Não posso fazer. 

— Deve  fazê‐lo! Toma — Tavis pôs a adaga na mão. — Agarra a adaga. Estarei esperando 

seu sinal. 

Apesar de sua reticência, Elissa agarrou o cabo da adaga com os dedos. Abriu os olhos de 

repente. 

— Não, não mancharei as mãos com  seu  sangue — mas quando  tentou devolver a arma, 

Tavis já desaparecera. 

Elissa estremeceu. Não podia fazê‐lo. Não o faria. Tavis estava louco ao lhe pedir uma coisa 

semelhante. Gostava  tão pouco  como ele que houvesse  ingleses em  terra escocesa, mas o que 

Tavis  estava  pedindo  era  um  assassinato,  e  isso  ia  além  de  sua  capacidade.  Turvada  pelo 

assombroso  giro  que  estavam  tomando  os  acontecimentos,  Elissa  retornou  ao  castelo  em  um 

estado de atordoamento. 

Quando chegou à porta da cozinha, entrou às escondidas, como saiu, e se dirigiu para seu 

dormitório. 

Elissa se deixou cair sobre a cama. Sua mente era um torvelinho. 

Transcorreu muito tempo antes que encontrasse a energia suficiente para se levantar e tirar 

a capa. Percebeu com crescente horror que seguia segurando com força a adaga que Tavis pôs na 

sua mão. 

Lançando um  grito de  terror,  jogou  a  adaga  longe. Caiu  ao  chão  com um  ruído metálico. 

Aquele som a tirou de seu estado de confusão. Elissa recolheu a adaga e procurou a seu redor um 

lugar para escondê‐la. 

Desesperada, guardou‐a debaixo do colchão. 

Tentou não pensar em Tavis Gordon na manhã seguinte. Dedicou‐se a suas tarefas diárias e 

se negou a responder às perguntas de sua mãe sobre seu encontro com Tavis. Transcorreu um dia 

mais. 

E outro. E quanto mais tentava evitar Damian, mais suspeitava ele de quão distraída estava. 

Elissa estava compartilhando a comida com sua mãe quando Marianne disse: 

— Parece inquieta, filha. Tem algo que ver com Tavis Gordon? O que quer de ti? Confiava em 

que me contaria como transcorreu seu encontro com ele sem que tivesse que perguntar isso. 

—  Tavis  só  queria... me  perguntar  como  estávamos  indo. Marianne  pôs  seus  belos  olhos 

verdes em branco. 

— Não  te  acredito.  Está  te  incomodando  lorde Damian,  então? —  examinou  o  rosto  da 

Elissa. — Ofendeu‐te de algum jeito? 

—  Ofende‐me  o  fato  de  que  esteja  aqui —  assegurou  Elissa  com  ferocidade. Mas  logo 

adoçou o  tom de  voz. — Não  tema, mamãe. Não acontece nada, estou bem.  Só estou ansiosa 

porque estou desejando que  te recupere e possamos partir antes que  lorde Damian descubra o 

túnel. Esteve procurando‐o com esforço. 

— De verdade quer partir, querida? 

Elissa faria qualquer coisa para escapar do sensual encanto de Damian. 

— Sim, isso é o que quero. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   73

— Então farei um esforço para me levantar desta cama e estar o suficientemente forte para 

fugir com Lora e contigo. 

A Elissa iluminaram seus olhos. 

— OH, mamãe, eu quero que se ponha bem por mim e pela Lora, e também por ti mesma, 

porque eu não partirei de Misterly sem ti. 

— Amanhã pedirei a Maggie que me ajude a caminhar um pouco para exercitar as pernas. 

— Amo‐te, mamãe — disse Elissa dando a sua mãe um rápido abraço. 

A porta se abriu de repente e Lora entrou precipitadamente. — Mamãe! Damian me deixou 

montar seu cavalo! Sabia que Cosmo andava com ele durante as batalhas? — a menina dirigiu o 

olhar para trás. 

— Conte a mamãe quão valente fui, Damian. 

Elissa  ficou paralisada quando Damian apareceu na soleira. — Espero não  incomodar,  lady 

Marianne. 

— Absolutamente, meu senhor. Por favor, entre e me conte a aventura de minha filha. 

Damian sorriu a Lora. 

—  A  verdade  é  que  Lora  foi muito  valente,  e  Cosmo  se  comportou  como  um  perfeito 

cavalheiro. Sentei‐a diante de mim e demos uma volta pelo pátio. 

Elissa baixou a vista quando o olhar chapeado de Damian cruzou com o seu. A teria delatado 

sua expressão de culpa? — Lady Elissa — disse Damian com  tom autoritário. — Quero  falar um 

momento a sós contigo, por favor. 

— Vá,  filha —  interveio Marianne. —  Lora e eu estaremos bem aqui. Não pode  imaginar 

quão  contente  estou  ao  ver que  sua  saúde melhora. Obrigado,  lorde Damian, pelo bem que  a 

cuidaste. 

— Não há de que, minha senhora — disse Damian. — E agora, se nos desculpar, falarei com 

a Elissa. 

Damian saiu com Elissa pela porta e chegaram ao corredor do quarto dela. Damian abriu a 

porta e a urgiu a entrar. Ele a seguiu e fechou com força atrás de si. 

— Não deveríamos estar aqui sozinhos — disse Elissa dando um passo para trás. 

— Só quero falar um momento contigo — os olhos de Damian se obscureceram. — Embora 

em realidade quero muito mais de ti. 

"Fará melhor no dormitório", dissera Tavis. "Mata‐o. Ninguém te culpará." Não podia fazê‐

lo. Não a Damian. Estava tão cheio de vida. Que outra pessoa brandisse a adaga, porque ela não 

podia fazê‐lo... não o faria. 

— O que desejas dizer‐me, meu senhor? Damian suspirou ostensivamente. 

— Já vejo que segue tão obstinada como sempre. Bem, pois nesse caso te direi o que quero 

o mais sucintamente possível. Trata‐se de sua mãe. Parece que está recuperando as forças. Não 

está de acordo? 

Elissa ficou imediatamente à defensiva. 

— Talvez. Por que pergunta? Segue pensando em enviar a minha mãe e a minha  irmã ao 

convento? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   74

—  Isso é o que o rei deseja, mas estou disposto a atrasar a viagem até que  lady Marianne 

tenha  recuperado  completamente  as  forças. Parece que melhorou muito, por  isso estou muito 

satisfeito. Não quero a morte de nenhuma mulher sobre minha consciência. Desenvolvi carinho a 

sua  irmã  e  a  sua mãe  e  acredito  que  estarão  a  salvo  no  convento.  O  braço  do  rei  é muito 

comprido, não quero que aconteça nada mau a elas. 

— E o que acontece comigo, meu senhor? Não quer que eu esteja a salvo? Um lento sorriso 

apareceu nos lábios do Damian. 

— Eu posso te manter a salvo, Elissa. Veem a minha cama e te protegerei do rei com minha 

vida. 

— Devo rechaçar sua oferta, meu senhor. Ambos sabemos que o rei fará o que quiser tanto 

se me converta em sua amante como se não. Me envie ao convento com mamãe e com a Lora. 

A expressão de Damian se endureceu. 

— Para que possa escapar e te casar com Tavis? Não. 

— Então não temos nada mais que falar, meu senhor. 

— Temos muitas coisas das quais falar. Entre elas, o modo em como responde a meus beijos. 

Por que resiste ao inevitável? 

Sim, por quê? Perguntou‐se Elissa. Tavis queria que se deitasse com Damian, mas por uma 

razão que ela não podia tolerar. Convertia sua negativa em uma traidora? Não gostava de como 

soava isso. 

Ela era uma escocesa  leal. Matar a um dos odiados  ingleses, um usurpador de seu  lar e de 

suas  terras,  não  deveria  ser  uma  tarefa  difícil,  então,  por  que  negar‐se  tão  obstinadamente 

quando tanta gente dependia dela? 

— Se já terminaste, meu senhor, pode partir — convidou‐o Elissa. A presença de Damian em 

seu dormitório era perigosa... e muito intimidadora. 

Um  grunhido  surgiu  da  garganta  do Damian  quando  a  agarrou  pela  cintura  e  a  estreitou 

contra si. Elissa abriu a boca para protestar ao mesmo tempo que Damian estampava a sua nela. 

Não foi um beijo suave, mas tampouco brutal. Foi um beijo ardente, duro e ansioso. E excitante. 

Os  lábios de Elissa  tinham  começado a  suavizar‐se  sob os  seus quando Damian  se afastou. Um 

sorriso de satisfação curvava seus lábios. 

— Já sabe onde me encontrar se quiser mais, minha senhora — disse com uma arrogância 

que provocou que rilhasse os dentes para ele. Deixou‐a ali de pé com os lábios apertados e a raiva 

que fervia dentro dela em plena ebulição. Entretanto, sua raiva não era suficiente para convencê‐

la de matá‐lo. 

 

Aquele mesmo dia mais tarde, Elissa estava atravessando o grande salão quando Dermot a 

interceptou. Olhou a seu redor para comprovar se havia alguém escutando‐o, e logo sussurrou: 

— Tenho uma mensagem para ti, moça. 

— Uma mensagem? De quem? 

Dermot se inclinou mais. 

— Vi Tavis Gordon hoje no povoado. Pediu‐me que te diga que o tempo se esgota. Deve ser 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   75

esta noite. O que quis dizer, moça? 

— Não sei. 

— Está mentindo, moça. Vejo‐o em seus olhos. Do que anda atrás Gordon? 

Elissa levou Dermot a uma parte e sussurrou: 

— Tavis quer que mate lorde Damian, mas não posso fazê‐lo. 

— Graças a Deus — assegurou Dermot fervorosamente. — Você não é uma assassina, moça. 

Como se supunha que ias levar a cabo esse ato se o único momento em que o senhor é vulnerável 

é quando está deitado? 

Dermot abriu os olhos de par em par quando veio à sua cabeça a resposta. 

— Se o que estou pensando é verdade, Tavis está  louco por  te pedir que  te comprometa 

assim. 

— Tavis conta comigo — murmurou Elissa. 

Dermot examinou o rosto dela, e o seu se suavizou pela compaixão. 

— É você quem deve tomar a decisão, moça. Sou consciente de que não é fácil aceitar que 

um inglês te tire o que é teu, mas não é a única habitante das Terras Altas que precisa sofrer um 

destino  semelhante. Eu adoraria que partisse até o último  soldado de Misterly, mas não quero 

voltar a viver outro Culloden jamais. 

— Nem eu — disse Elissa. — Mas tampouco quero aos ingleses nas terras dos Fraser. 

Sua expressão  se endureceu. Seria capaz de  fazê‐lo? Poderia  ir aquela noite em busca de 

Damian e vingar aos membros de seu clã? 

 

 

Capítulo 08 

 

 

O grande  salão  se esvaziou  rapidamente depois do  jantar. Sentado  comodamente em um 

banco frente ao fogo, Damian ficou olhando melancolicamente o copo de cerveja recém servida. 

Sir Richard estava  sentado em  frente a ele em  silenciosa camaradagem. Apesar de que Damian 

estava distraído, não restava dúvida de que Dickon tinha algo em mente. 

— Há algo que te preocupa, Dickon? —Dickon clareou a garganta. 

—  Pensaste  em mandar  de  retorno  a  Londres  aos  soldados  do  regimento  real? Não  são 

felizes nas Terras Altas e desejam retornar a seus antigos postos. 

—  Eu  cheguei  à mesma  conclusão, Dickon. As  coisas  já estão  sob  controle por  aqui. Não 

vimos  a  ninguém  escondido  nem  vimos  o  cabelo  de  nenhum membro  do  clã  dos  Gordon,  e 

certamente não o veremos. Podemos defender Misterly sem ajuda exterior. 

— As coisas estão saindo bem, não resta dúvida — reconheceu Dickon. — Segundo Maggie, 

lady Marianne está se recuperando, e a pequena Lora recuperou já a saúde. Deve estar desejando 

as enviar ao convento. 

Damian não estava tão seguro. Sentiria falta da conversa amistosa de Lora. E ao contrário de 

Elissa, lady Marianne não o responsabilizava pessoalmente pelo ocorrido no Culloden. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Lady Marianne e Lora não são o problema desta casa — murmurou Damian. — Lady Elissa 

deveria aprender com elas. 

Dickon sorriu. 

— Suponho que isso significa que sua sedução não está funcionando. 

— Tome‐o como quer. Essa pequena  tigresa não se  renderá. Como vai você com Maggie? 

Segue resistindo? Não é próprio de ti perder tanto tempo com uma moça pouco disposta, Dickon. 

— Eu poderia dizer o mesmo de  ti, Damian. Talvez deveria provar a sorte no povoado. As 

mulheres são iguais em todas partes... algumas estão dispostas e outras não. 

Justo então, Maggie cruzou o salão para fazer alguma tarefa e assentiu para saudar os dois 

homens. Damian observou divertido como Dickon ficava de pé de um salto e corria atrás dela. 

Onde ficavam os planos do Dickon de encontrar a uma garota disposta no povoado? 

Estava ficando tarde. Damian levantou seu comprido corpo do banco e foi em busca de sua 

cama. 

Recém  banhada  e  vestida  com  uma  camisola  de  linho  e  robe,  Elissa  olhava  pela  janela. 

Estaria esperando Tavis seu sinal? Não  importava o muito que esperasse dela, não podia matar 

Damian, verdade? 

Com as mãos à costas, começou a percorrer o quarto acima e abaixo. 

Elissa duvidava de que tivesse chegado tão longe para render‐se agora. 

Sem  dúvida  aconteceria  uma  batalha  sangrenta  tanto  se Damian  estivesse  vivo  como  se 

estivesse morto. Espremeu o cérebro procurando um plano para ajudar Tavis que não  implicasse 

um assassinato. Não lhe ocorreu nenhum. 

Aquela  noite  iria  ao  quarto  de Damian  e  permitiria  que  fizesse  com  ela  o  que  quisesse. 

Quando adormecesse... que Deus a ajudasse. 

Fosse inglês ou não, Elissa estava contra assassinar a um homem na cama. Ela preferia uma 

artimanha sem sangue, mas não lhe ocorria nenhuma forma de fazê‐lo. 

Elissa tirou as forquilhas do cabelo e passou os dedos pela selvagem mata até que caiu em 

longas e grossas ondas sobre as costas. Em um estado de devaneio, agarrou uma vela e saiu do 

quarto. 

Desceu com passos ligeiros as escadas de caracol e cruzou o salão vazio. O coração pulsava 

de  forma  errática  e  o  sangue  golpeava  furiosamente  as  veias  enquanto  subia  as  escadas  que 

levavam a torre. 

Tremia sua mão quando a levantou para golpear suavemente na porta. 

Damian  não  respondeu  imediatamente,  e  Elissa  deu  a  volta, mais  aliviada  do  que  queria 

reconhecer.  Então  se  abriu  bruscamente  a  porta.  Mais  alto  que  uma  torre  e  o  dobro  de 

ameaçador, Damian apareceu na soleira. 

Sua imensa figura estava coberta apenas por um robe atado muito solto à altura da cintura. 

O olhar assombrado do Damian deslizou sem nenhuma pressa sobre o corpo pouco vestido 

da Elissa. Era‐lhe difícil acreditar o que viam seus olhos, e a surpresa o deixou momentaneamente 

sem palavras. 

Elissa  foi  vê‐lo  em  camisola,  com  seu  glorioso  cabelo  solto  e  uma  atitude  falsamente 

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Sabor do Pecado 03

 

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submissa.  Submissa?  Isso Damian  não  acreditava  nem  por  indício.  Tudo  o  que  fazia  Elissa  era 

suspeito. 

Damian se apoiou no batente da porta com os braços cruzados sobre o peito nu. 

— A que devo o prazer? 

Damian amaldiçoou entre dentes ao ver o brilho de raiva em seus olhos apesar de sua voz 

calma e suas compostas feições. 

— Se não me deseja, senhor, posso partir. 

Não desejá‐la? Teria que estar louco para deixá‐la partir agora. 

Damian manteve a porta aberta e se afastou a um  lado. Elissa passou por diante dele com 

régia  elegância,  deixando  a  sua  passagem  um  aroma  de  violetas. Damian  fechou  a  porta  e  se 

apoiou contra ela. 

— Posso me atrever a pensar que me acha de repente irresistível? 

— Pode pensar o que te agrade. Estou aqui. Que mais precisa saber? 

Damian avançou para ela e a estreitou entre seus braços. 

— Nada de jogos esta vez, Elissa. Não haverá marcha atrás nem protestos de donzela. O que 

façamos esta noite neste quarto, acontecerá porque você assim o quer. 

Damian viu como abria os olhos de par em par e tentou acalmar seus medos. 

—  Eu  também  desejo,  querida,  levo‐o  desejando  há muito  tempo.  O  prazer  que  vamos 

compartilhar esta noite é só o princípio. Haverá muitas noites como esta. 

Então a beijou, segurando sua cabeça com firmeza com uma mão enquanto que com a outra 

rodeava o quadril, atraindo‐a com força para o florescente impulso de sua virilidade. 

Elissa  estava  com  os  lábios  úmidos  e  doces, mas Damian  podia  saborear  seu medo.  Tão 

aterrador era? Ou  se  tratava de algo mais? De novo, a  suspeita  se elevou entre eles  como um 

espectro escuro. 

— Relaxe, querida — sussurrou contra seus lábios. — Você quer isto, verdade? 

— Sim, estou aqui, não é certo? 

Damian  desatou  o  laço  que  mantinha  unido  o  robe  e  esperou  sua  reação.  Foi  quase 

imperceptível, mas em qualquer caso ele sentiu o leve estremecimento que Elissa tentou conter. 

Damian deslizou o robe pelos ombros e o afastou a um  lado. A camisola era tão  larga que 

podia não ter um corpo com formas debaixo, mas Damian sabia que não era assim. 

Ela o estava olhando fixamente, seus olhos verdes eram translúcidos na luz da vela. Damian 

sustentou seu olhar, consciente de que seu feroz desejo se refletia neles. 

— Elissa, você sabe quanto te desejo, verdade? 

Ela assentiu em silêncio. 

— Então te entregue a mim. Deixe‐me te levar a um lugar onde nunca antes estiveste. 

Elissa relaxou entre seus braços e ele exalou um suspiro de gratidão. — Me leve onde queira, 

Damian. Estou disposta a te seguir onde quer que nos leve esta noite. 

Parecia  sincera, mas Damian não era  tão estúpido como ela acreditava. Levava uma arma 

escondida? Tencionava matá‐lo desta vez? Não levou vinho adulterado, assim não podia repetir o 

ocorrido a última vez que esteve em seu quarto. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Damian deixou cair os braços e se afastou. 

— Tire a camisola, Elissa. Quero verte sem barreiras. 

Ela vacilou durante tanto tempo que Damian sussurrou arrastando as palavras: 

— Quer que eu faça por ti? Elissa elevou a cabeça de repente. 

— Não, eu o farei. 

Damian  tremia  literalmente  de  impaciência.  Seu  sexo  cresceu  forte  e  ousado  entre  suas 

coxas. Mal ela começou a levantar a bainha da camisola quando sua paciência chegou ao limite. 

Agarrando metros de  tecido  com as mãos, puxou a  camisola por  cima de  sua  cabeça e a 

jogou. Elissa elevou os braços para cobrir os seios, mas ele agarrou seus pulsos e os segurou ao 

lado. 

Seu ardente olhar deslizou então lentamente por suas tentadoras curvas. 

Quando a olhou até saciar‐se, voltou a dirigir os olhos para seu rosto. Elissa estava com os 

olhos fechados e o rosto muito pálido. Damian soltou seus pulsos, soltou o cinturão do robe e o 

tirou. 

— Abre os olhos, Elissa. 

Ela abriu muito devagar os olhos. Seu gemido de assombro reverberou com força em meio 

do espectador silencio. 

— Sim, nenhum dos dois tem nada que ocultar agora. Já viu meu corpo com antecedência. 

Você gosta? 

Se ela gostava? Elissa não podia nem começar a explicar como afetava seu corpo... como a 

afetava ele. A boca secou. Não podia afastar a vista. Não deveria sentir‐se assim. Dava a impressão 

de estar traindo aos seus. 

— Te fiz uma pergunta, Elissa. Você gosta de meu corpo? Eu gosto do seu. 

— Seu corpo está... muito bem, meu senhor — murmurou afastando a vista de sua virilha. 

— Assim formal, Elissa? Meu nome é Damian. Eu gostaria de escutar o som de meu nome 

em seus lábios — estirou a mão e acariciou um seio. Seus dedos se entretiveram no mamilo, que 

de repente se  inchou,  ficando ereto. — Eu acredito que seu corpo é muito bonito também. Mal 

posso esperar para descobrir todos seus segredos. 

Estreitando‐a  entre  seus  braços, Damian  a  atraiu  para  si  enquanto  sua  boca  saboreava  a 

dela, suavemente a princípio, embora fosse crescendo em ardor. Separou seus lábios e introduziu 

a  língua  para  saboreá‐la mais  profundamente.  O  calor  se  apoderou  dela  em  forma  de  ondas 

selvagens que a  fizeram desejar mais. Então  chegou o desespero. Estava desfrutando muito de 

seus beijos. 

Gostava do quente e delicioso tato da pele dele contra a sua, e o embriagador prazer que 

proporcionava. 

Damian  a  segurou  entre  as  pernas,  retendo‐a  com  força  com  os  compridos  e  poderosos 

músculos  das  coxas.  Sentiu  a  dura  parede  de  seu  peito  contra  os  seios  e  escutou  o  acelerado 

pulsar de seu coração. 

Damian  tinha  a boca dura, mas  sentia  seus  lábios  suaves. Uma  combinação  irresistível. A 

grossa crista que se apertava contra seu ventre era intimidadora, e também um tanto aterradora. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Não haveria forma de que pudesse recebê‐lo dentro de si. 

Elissa sabia perfeitamente o que devia esperar. A noite anterior as suas falhadas bodas com 

o Tavis, sua mãe contou o que ia ocorrer em sua noite de bodas. Marianne dissera que não devia 

ter medo, e  com o  tempo  inclusive  chegaria a desfrutar. Elissa  soube  instintivamente que  com 

Damian  desfrutaria,  e  aquele  pensamento  a  zangou.  Não  queria  desfrutar  de  nada  com  o 

Cavalheiro Demônio. 

Damian  seguiu  beijando‐a  sem  cessar,  até  que  não  ficou  ar  nos  pulmões.  Lhe  rodeou  o 

pescoço com uma mão; sentiu uma veia pulsando com força ao passar pelo pescoço. O calor do 

desejo  do  Damian  acendeu  um  caminho  ardente  no  vibrante  centro  de  seu  corpo.  E  em  um 

instante esteve flutuando, apanhada entre os fortes braços dele. Sentiu o frio da colcha que tinha 

sob as costas e o sólido peso do Damian quando se colocou sobre ela. 

Os pulmões de Elissa ficaram sem ar ao primeiro contato da boca dele em seu seio. O sugou, 

deslizando  a  língua  pelo  inchado mamilo  antes  de  prestar  ao  outro  seio  a mesma  encantada 

atenção. 

Elissa  se  revolveu  inquieta,  estirando‐se,  arqueando‐se  debaixo  daquelas  mãos  que  a 

acariciavam. Damian a tocou dos seios até a cintura e  logo cobriu suas nádegas com suas  longas 

mãos. 

A  tensão a  fez  ficar  rígida quando a boca dele deixou seus seios e viajou para baixo. Logo 

deslizou a cabeça e a beijou ali, naquele canto úmido e desejoso que tinha entre as coxas. 

O prazer que esteve tentando reter dentro dela explodiu. Elissa  jogou a cabeça para trás e 

um grito vibrou na sua garganta. 

— Não, Damian! Isto é perverso. Ele elevou a cabeça. 

— Sim, querida, perverso e maravilhoso. Mas talvez tenha razão. Guardaremos este prazer 

para outro momento. Preciso estar dentro de ti. 

Acomodou‐se  entre  suas  pernas,  abrindo‐as  com  os  joelhos.  Damian  girou  os  quadris; 

afundou‐se até o  fundo. Um  rubor começou a  se  formar  sob a pele da Elissa, esquentando  seu 

corpo de dentro para fora. 

Ficou um  instante sem  respiração enquanto aguardava a dor de sua entrada. Foi uma dor 

que recebeu contente, porque era um castigo muito pequeno em troca de permitir que Damian a 

seduzisse. 

Sentiria se muito menos culpada se não desfrutasse do que estava fazendo. 

— Relaxe — sussurrou Damian contra sua têmpora. — A dor durará só um  instante, e  logo 

dará começo o prazer que te prometi. 

Deslizou uma mão entre eles. Elissa a sentiu na parte baixa do ventre, e  logo como descia 

através do grosso pelo inferior. Damian a acariciou, ela deixou escapar um fio de ar enquanto seus 

dedos deslizavam sobre sua pele macia e úmida. 

— Doce, doce tigresa — murmurou ele. — Tenho os dedos molhados com seu mel. Me deixe 

entrar em ti, Elissa. 

Suas eróticas palavras  levaram por diante  a  vergonha e  a  culpa  como um navio  ante um 

forte vento. Um desejo feroz se apoderou de sua mente; a urgência de experimentar aquele ato 

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Sabor do Pecado 03

 

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supremo com Damian, só com ele, controlava seu corpo. 

Elissa agarrou seus ombros e abriu completamente as pernas. Ele se instalou profundamente 

no berço de suas coxas, flexionou os quadris e investiu, atravessando cada ponto de resistência. 

Elissa  abriu os  olhos  de  repente. Gritou  e  tentou  afastá‐lo  de  si. A  dor  de  sua  entrada  a 

sobressaltou, embora estivesse esperando. 

— Fica quieta — disse Damian com voz estrangulada. — Deixa que seu corpo se ajuste a meu 

tamanho. 

— É muito grande... está me matando. 

— A dor passará se você relaxar — Damian se retirou um tanto e logo voltou a introduzir‐se 

nela. 

Elissa se retorceu para tentar escapar da dor. — Detenha, Damian, por favor. 

— Me peça qualquer coisa menos  isso. Recorda o que te disse sobre te dar prazer? Não te 

menti, querida. 

Damian  voltou  a mover‐se,  entrando  e  saindo  com uma  sutileza que deixou  a  Elissa  sem 

respiração.  Voltou  a  sair  dela  e  logo  investiu mais  profundamente.  Elissa  voltou  a  respirar  e 

experimentou  uma  sensação  de  plenitude,  de  estiramento,  quando  seu  corpo  se  ajustou  para 

acomodar‐se ao dele. Começou pouco a pouco a relaxar; sentiu como se suavizava ao redor dele 

embora ele ia se fazendo maior, mais duro. 

Então  começou  a  sentir  o  tênue  começo  de  algo  que  a  levou  a  elevar  a  vista  para  ele, 

interrogando‐o com os olhos. 

— Virão coisas melhores — disse. E então se dispôs a mostrar. 

Damian ficou de joelhos, colocando suas fortes mãos sob os quadris e as elevando para que 

recebesse  suas duras e  seguras  investidas. Elissa não pôde evitar;  gritou  a  cada movimento de 

seus quadris. 

Então começou. O calor  lento que subia em espiral, a embriagadora pulsação no ponto no 

qual  estavam  unidos  e  que  se  estendia  em  todas  as  direções  por  seu  corpo. Quando Damian 

deixou cair a cabeça e sugou seu peito, foi como aproximar lascas ao fogo. A seguinte investida de 

seus quadris, fragmentos de prazer atravessaram seu corpo, e Elissa gritou. 

Todo  seu  corpo  convulsionou,  ficou  tenso.  Damian  investiu  até  o  fundo,  manteve‐se 

suspenso dentro dela durante um instante sem fôlego e logo alcançou o êxtase em uma corrente 

de calor liquido. 

Elissa  fez  um  esforço  por  recuperar  a  respiração,  Comovida  pelo  que  acabava  de 

experimentar. Supunha‐se que sua rendição devia ser um sacrifício, mas Damian converteu o ato 

em algo memorável, algo que entesouraria para sempre. 

Todo  seu  corpo  tremeu enquanto umas ondas de prazer ondulavam através dela. Mal  foi 

consciente de que Damian se separava dela e deitava a seu lado. 

Elissa afastou a cabeça. Não podia olha‐lo, sabendo o que  ia fazer assim que ele dormisse. 

Então o trairia da pior maneira. 

Damian se virou e a estreitou entre seus braços. 

— Foi muito ruim, querida? Arrepende‐te de ter deixado que te ame? 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Foi... nunca imaginei que... Mãe do Amor Formoso! É inglês. 

Damian sorriu. 

— Nunca presumi ser nada mais. Nega tudo o que quiser, mas te dei prazer. É muito pouco 

experimentada para fingir. 

Elissa afastou o olhar. 

— Sim. Para minha eterna vergonha, encontrei prazer entre seus braços. 

Damian ficou muito quieto. 

—  Isso  te  é  vergonhoso?  Assim  é  como  descreve  o  que  fizemos? —  sua  expressão  se 

endureceu. — Se não recordar mal, você veio a mim esta noite. Há alguma razão oculta atrás de 

sua capitulação? Algum plano do qual eu não estou sabendo? 

A Elissa acelerou seu coração. "Não deve suspeitar nada". 

— OH, não, não! — assegurou. — Vim a seu quarto porque te desejava. Queria conhecer o 

prazer, e queria que fosse você quem me desse isso. 

A realidade que se escondia atrás de suas palavras  fez que Elissa se detivesse durante um 

instante.  Aquilo  era  certo? Desejou  secretamente  que Damian  lhe  fizesse  o  amor?  Com  razão 

estava consumida pela culpa. 

— Por que será que não te acredito? — murmurou Damian mordiscando seu pescoço. — Em 

qualquer caso está aqui, seja qual for o motivo, e a noite ainda é jovem. 

Elissa abriu os olhos de par em par. 

— Quer dizer que... outra vez? Isso é possível? 

— Confia em mim. 

Damian  ficou de pé e  se aproximou descalço ao  lavabo. Elissa observou com  receio como 

vertia água em uma terrina, umedecia um pano e voltava para a cama. 

— Relaxe, não vou te machucar — assegurou. 

Abriu suas pernas com delicadeza e limpou todos os restos de sangue e sêmen. Logo deixou 

o pano sujo no lavabo e se uniu a ela na cama. Elissa estava muito envergonhada para olhar. — me 

olhe, querida. 

A  súplica de  sua voz era  irresistível. Elissa elevou o queixo enquanto olhava  fixamente as 

brilhantes profundidades de seus olhos chapeados. O audaz desejo de Damian a sobressaltou. 

Elissa  se  sobressaltou  de  forma  violenta  quando  ele  a  estreitou  entre  suas  pernas  e 

pressionou a parte inferior de sua palma suave e insistentemente contra o centro de seu corpo, a 

acariciando com os dedos suas sedosas dobras internas. 

— Que suave — sussurrou Damian. — É muito suave. Sabia que responderia assim. Há um 

fogo em ti que me empurra para o abismo. Faz‐me arder, Elissa. Só você pode saciar este desejo 

que há em meu interior. 

Uma voz dentro de Elissa a preveniu que não acreditasse nas bonitas palavras do Damian, 

porque não significavam nada. Eram  inimigos, seriam sempre. Mas seus pensamentos se fizeram 

em pedacinhos quando Damian girou com ela nos braços e a colocou em cima dele. 

— Tome‐me em seu interior, Elissa — murmurou com voz rouca. — Logo investiu para cima, 

empalando‐a. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Sentiu‐se enjoada, ansiosa, quando Damian a levou até o limite e a deixou ali suspensa. Uns 

instantes mais tarde Elissa entrou no paraíso, seu corpo tremendo de arrebatamento.  

Sentiu como Damian se convulsionava violentamente e logo ficava imóvel. 

Elissa  deve  ter  adormecido,  porque  quando  despertou,  Damian  estava  profundamente 

adormecido com a respiração compassada e a fronte Lisa e sem amostras de preocupação. Uma 

mecha  de  cabelo  escuro  lhe  pendurava  da  fronte  úmida  e  Elissa  sentiu  o  repentino  desejo  de 

afastá‐la mas temia despertá‐lo se o fizesse. 

Levantando‐se da  cálida  cama,  Elissa  se  estremeceu,  sobressaltada por um  frio que nada 

tinha que ver com o  frio ar da noite. Procurou o  robe e o pôs. Logo olhou pela  janela. A noite 

estava tão escura como o interior de uma tumba, era uma noite desenhada para a traição. Chegou 

o momento da  verdade. Tavis pediu que matasse o Damian e que  lhe  fizesse um  sinal quando 

tivesse concluída aquela tarefa. 

A  adaga!  Esqueceu‐a  em  seu  quarto.  Elissa  percebeu  sobressaltada  que  nunca  foi  sua 

intenção matar Damian. Ainda podia fazer o que pediu o chefe dos Gordon e abrir a porta de trás. 

Mas, poderia  tornar‐se  a um  lado e permitir que os Gordon matassem Damian porque ela era 

muito fraca para fazê‐lo? A quem devia trair? Aos membros de seu clã, ou ao Damian? 

Poderia seguir vivendo consigo mesma se não  focalizasse sua  lealdade em Tavis Gordon e 

sua causa? 

A indecisão a atravessou sem piedade quando agarrou o candelabro. 

Olhou  Damian.  Seguia  dormindo.  Elissa  deu  um  passo  para  a  janela.  Muitas  coisas 

dependiam dela. Para trair Damian, a única coisa que precisava fazer era mostrar a luz na janela e 

escapulir para abrir a porta posterior. 

Seguiria  um  banho  de  sangue. Morreriam  homens  assassinados  enquanto  dormiam.  Os 

próprios membros  de  seu  clã  sofreriam.  Valia  a  pena  tal  quantidade  de  vidas  perdidas  para 

defender sua honra? 

A quem devia sua lealdade? Aos habitantes das Terras Altas que foram humilhados de forma 

tão  triste pelos  ingleses, ou ao homem que acabava de  lhe  fazer o amor como se de verdade o 

importasse? 

Elissa  sabia  dentro  de  seu  coração  que  entre Damian  e  ela  existia muito mais  que  uma 

simples atração. Sucumbiu desejosa a sua sedução, respondeu com uma paixão que a desgostava 

e ao mesmo tempo a enchia de prazer. 

Nunca imaginou que fazer o amor pudesse ser tão reconfortante para uma mulher, e tinha a 

suspeita de que não o teria desfrutado se tivesse sido Tavis quem lhe tivesse feito o amor. 

Não, só queria Damian, seu inimigo declarado. 

Elissa apertou com mais força o candelabro. Sua mão tremia. 

Rasgada pela  indecisão, não parecia ser capaz de dar aquele último passo para a  janela. O 

candelabro se fez muito pesado de repente para poder levantá‐lo. 

"Está traindo sua gente". Aquelas palavras ressonaram em seu cérebro. "Só uma prostituta 

poderia fazer amor com um homem e logo traí‐lo sem nenhuma piedade". 

Em algum  lugar  recôndito de sua mente, Elissa escutou as palavras de Tavis  recordando a 

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Sabor do Pecado 03

 

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seu  pai  e  a  seus  irmãos,  caídos  em  Culloden.  Haveria  brandido  Damian  a  espada  que  os 

assassinou? 

Pesavam‐lhe as pernas quando deu outro passo para a janela. Dividida. 

OH, Deus, estava dividida, rasgada entre a  lealdade pelos membros de seu clã e sua recém 

descoberta  simpatia pelo homem que era  seu  inimigo. Suas opções eram  tristemente escassas; 

nenhuma delas a agradava. 

Maldita seria se o fizesse, e maldita também se não o fizesse. 

Elissa  deu  outro  pequeno  passo  para  diante  e  então  se  deteve,  um  grito  silencioso  de 

negação abriu passagem em sua garganta. Não podia seguir adiante com isto. 

Seu  coração  exigia  que  despertasse  Damian  e  lhe  contasse  o  plano  de  Tavis  e  sua 

participação  nele. Deu  a  volta  para  fazer  exatamente  isso  e  tropeçou  com  um muro  sólido  de 

carne humana. 

— Tão encantadora e ao mesmo tempo tão mentirosa — sussurrou Damian. — Não sou tão 

estúpido para confiar em ti, senhora — Damian tirou de sua mão o candelabro e apagou a chama. 

— A quem ias fazer o sinal, senhora? 

— A  ninguém! —  um  soluço  ficou  retido  na  garganta. — Não  podia  fazê‐lo.  Tavis  queria 

que... 

— O que queria? Que me matasse? 

— Sim... não... não trouxe nenhuma arma, Damian. 

Sua voz estava tingida de brincadeira. 

— Uma vez tentou me envenenar e não conseguiu. 

— Só dormir. 

As mãos do Damian agarraram seus ombros; ela se encolheu, mas não afastou o olhar do 

seu. Estava assustada, mas sabia de algum  jeito que não  lhe  faria mal, embora  tivesse uma boa 

razão para isso. 

Damian a sacudiu com dureza. 

— Que traição estava urdindo Tavis e você? — a Elissa secou a boca. Sacudiu a cabeça. 

A expressão de Damian se tornou assassina, e sua voz grave e ameaçadora. 

— Conta‐me. Sem mais mentiras. Tem muito que perder. 

Elissa sabia perfeitamente a que estava se referindo. Damian poderia  fazer o que quisesse 

com sua mãe e sua irmã, e com a bênção do rei. E tudo seria culpa dela. 

— Tavis atravessou  faz uns dias as portas  com um grupo de  comerciantes — espetou. — 

Agarrou‐me em um momento a sós e me contou seu plano. 

Damian entreabriu os olhos. — Adiante, segue. 

— Deu‐me uma adaga e me pediu que te matasse. Sugeriu‐me que viesse a seu dormitório e 

deixasse  que  te  deitasse  comigo,  depois  eu  te  mataria  enquanto  dormia.  Quando  tivesse 

terminado com o que devia fazer, supunha‐se que devia fazer um sinal com a vela. Logo abriria o 

portão posterior para que os Gordon pudessem assassinar a seus homens enquanto estivessem 

adormecidos. 

— Ainda seguem esperando o sinal? 

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— Suponho que sim. Mas não ia fazê‐lo, Damian. Não poderia. 

— Onde está a adaga que te deu Gordon? 

— Esqueci‐a, mas mesmo que tivesse trazido a arma, nunca te teria matado, Damian. 

Por que não acreditava? Elissa ficou tensa enquanto as  longas mãos de Damian deslizavam 

por seu corpo em busca do punhal. 

— Surpreende‐me que não utilizasse minha própria espada para me matar. Está colocada no 

canto. Disse‐te Tavis que me seduzisse? 

Ela afastou a vista. A espada do Damian estava efetivamente apoiada contra a parede, mas 

nunca passou por sua cabeça a ideia de utilizá‐la. 

— Tavis sugeriu que fizesse o que fosse necessário. Mas essa não é a razão pela que vim a ti 

esta noite. Desejava‐te, Damian. Eu... queria que me fizesse o amor. 

Ele a separou de si com um feroz grunhido nos  lábios. Elissa cambaleou para trás e foi cair 

sobre a cama. 

— Mentirosa. Não confiei em ti quando entrou em meu dormitório, toda doçura e sedução, 

e tampouco confio em ti agora. 

— Damian, por favor. Eu não sou capaz de matar a sangue frio. 

— Nem sequer a seu inimigo? 

Ela  o  olhou  com  solenidade.  Estava  com  os  olhos  chorosos. —  Somos  inimigos, Damian? 

Seriamente o somos? 

— Eu nunca fui seu inimigo, Elissa. Foi você quem decidiu que essa fosse a relação entre nós. 

Damian  colocou  as  calças e  a  camisa e  agarrou  a espada e  sua  capa no  canto. As  atou  à 

cintura e se dirigiu para a porta. 

— Onde vai? 

Ele não se voltou. 

— Mais te vale estar aqui quando retornar, ou o lamentará. 

E então partiu. O surdo som dos saltos de suas botas ressonou com força através do espesso 

silêncio. Elissa escutou um estrondo no salão e logo nada mais. Quando se atreveu a abrir a porta, 

um guarda avançou para ela. 

— Necessita algo, minha senhora? 

— Não... não, obrigado. 

Elissa  fechou  a  porta  e  se  apoiou  contra  ela. Um  ruído  no  pátio  fez  que  corresse  para  a 

janela. Abafou um grito na garganta quando viu Damian e a uma companhia de guardas do castelo 

sair a galope da fortaleza. 

A escuridão os engoliu, e Elissa já não viu nada mais. 

Não  fazia  nem  ideia  de  quantos  homens  se  aliaram  com  a  causa  de  Tavis,  ou  se  ainda 

estavam  no  bosque  esperando  seu  sinal.  O  que  sim  sabia  era  que  se  se  encetavam  em  uma 

batalha, Damian podia ser morto, e isso a destroçaria. 

Começou a tremer, atemorizada pelas consequências que traria consigo aquela noite. 

Damian  guiou  a  montaria  até  o  bosque.  Enquanto  os  baixos  e  espessos  arbustos  o 

golpeavam, dedicou um pensamento a Elissa e ao que esteve a ponto de fazer. Por sorte, ele tinha 

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Sabor do Pecado 03

 

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o sono leve. 

Damian emitiu um  som gutural de desgosto. Possuía Elissa a  coragem de matar a  sangue 

frio? Duvidava‐o. Se possuísse o instinto de uma assassina, já estaria morto a aquelas alturas. 

O que de verdade doía era a certeza de que foi a ele com um propósito em mente, para o 

trair, não porque o desejasse, enquanto que Damian... bom, melhor seria não aprofundar muito 

em seu coração em busca da resposta. 

Por que  insistia Elissa em convertê‐lo em seu  inimigo? Não  lhe  fizera certamente nenhum 

dano... ainda. Era muito triste que não fosse capaz de superar Culloden e olhar para o futuro. 

Os  pensamentos  de  Damian  se  fizeram  em  pedacinhos  quando  vislumbrou  umas  figuras 

escuras  atravessando  as  sombras  do  bosque.  Dava  a  impressão  de  que  Gordon  conseguira 

mobilizar suficientes homens para tentar um assalto a Misterly. 

Por sorte, Damian cortou o plano pela raiz, mas doía que Elissa fosse capaz de abrir o portão 

da fortaleza às hordas selvagens do Gordon. 

— Vamos em frente! — gritou Damian enquanto se lançava ao interior do bosque. Mas, sem 

que precisassem dizê‐lo soube que seria inútil. 

Os habitantes das Terras Altas conheciam aquele lugar como a palma de sua mão, e podiam 

desaparecer a vontade. 

Apesar disso, Damian continuou a busca até o amanhecer. 

Então,  cansado  e  faminto,  ordenou  a  seus  homens  que  retornassem  ao  castelo.  Os 

preparativos para servir o café da manhã estavam em marcha quando Damian entrou no grande 

salão. Ignorando a comida, serviu‐se ele mesmo uma caneca de cerveja e cravou a vista no fogo da 

lareira. 

A  fúria que sentia contra Elissa não diminuíra. Quando pensava em todos os bons  ingleses 

que  teriam  sido  assassinados  enquanto dormiam  se  tivesse  aberto o portão  ao Gordon,  sentia 

desejos de... do que? 

De  sacudi‐la  até que  rilhassem  seus dentes? Ou de  lhe  fazer o  amor  até que o nome de 

Damian tremesse em seus lábios? 

—  Como  sabia  que  os Gordon  estavam  escondidos  no  bosque? —  perguntou  sir  Richard 

quando se reuniu com ele uns minutos depois. 

Damian não disse nada. 

— Suspeito que Elissa tem algo há ver — aventurou Dickon. — Não haverá... 

— Não  lhe  fiz  nenhum  dano...  ainda. Me  desculpe, Dickon. —Ficando  de  pé, Damian  se 

afastou dali com o rosto marcado pela determinação. 

 

 

Capítulo 09 

 

 

Elissa  se preparou para a  ira do Damian quando a porta do dormitório  se abriu. Esteve a 

ponto de desvanecer‐se de alívio quando nana, e não ele, entrou no quarto. 

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— O que fez, moça? 

Não havia nada na expressão de nana que pudesse oferecer consolo. Elissa só viu compaixão 

e preocupação. 

— Não fiz nada, nana. Tavis queria que matasse Damian e que abrisse a porta de trás, mas 

não pude fazê‐lo. Nem sequer trouxe para o quarto de Damian a adaga que Tavis me deu. 

— Por que não me advertiram isso minhas vozes? — gemeu nana. — Sabia que algo não ia 

bem, mas a  tensão entre  lorde Damian e você era  tão  forte que não pude chegar ao cerne das 

coisas. Deveria estar mais alerta. 

— Não  poderia  ter  feito  nada,  nana.  Tavis  entrou  no  pátio  disfarçado  de  comerciante  e 

esperou que ficasse sozinha para aproximar‐se de mim. Entregou‐me uma adaga e me disse que 

devia matar Damian, lhe fazer um sinal quando tivesse acabado e abrir a porta posterior. 

— Não pôde matar a lorde Damian — deu por certo nana. 

—  Assim  é.  Nem  tampouco  pude  fazer  o  sinal  quando  Damian  dormiu.  Não  quero  que 

morra. O que fez no Culloden não importa. 

— O que vai ser de ti, moça? — perguntou nana com ansiedade. 

— Nada bom, suponho. 

Nana ficou olhando fixamente, seus amáveis olhos azuis cravados em algo que só ela podia 

ver. Quando por fim falou, sua voz soava aguda e vazia, como se tivesse vislumbrado o futuro e 

tivesse medo das consequências. 

— Ah, moça, te virão tempos difíceis. 

— Não podem ser mais difíceis do que são agora — zombou Elissa. 

— Temo por ti — disse nana examinando o rosto da jovem. — Mas é forte, sobreviverá. Seu 

filho trará a paz ao Misterly e para os Fraser. 

Elissa ficou muito quieta. — Meu filho e o do Tavis? 

Nana  riu entre dentes. Mas quando  ia  se explicar,  a porta  se  abriu de  repente e Damian 

entrou no quarto. 

— Fora daqui, mulher! — bramou assinalando a nana  com  fúria. Nana passou por diante 

dele. 

— Não lhe faça mal, meu senhor — advertiu. — Ou destroçará seu próprio futuro. 

— Velha mexeriqueira — murmurou Damian  fechando de uma portada atrás dela. Deu a 

volta e olhou a Elissa com os olhos entreabertos. 

Elissa aspirou  com  força o ar para acalmar‐se, mas não  serviu para  tranquilizar o errático 

batimento de seu coração. 

— Fugiram — espetou Damian. — Todos e  cada um deles, maldita  seja. Meu  instinto me 

pede  que  ataque  seu  baluarte, mas meu  coração  sabe  que  outro  Culloden  não  favoreceria  os 

interesses da Inglaterra. 

Elissa não disse nada e calculou a ira do Damian. Esperou com respiração entrecortada a que 

desse  rédea  solta a  seu  terrível mau humor enquanto  se movia acima e abaixo por diante dela 

como um touro raivoso. Não precisou esperar muito. 

— Tudo o que aconteceu ontem à noite entre nós foi uma mentira! — arremeteu contra ela. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Seu querido Tavis teria me assassinado na cama enquanto você o animava a fazê‐lo. 

Elissa recuou ante sua fúria. 

— Não! Ia te advertir, não te matar. 

O sarcasmo de Damian doeu no mais profundo da alma. — É obvio que sim. Deixou‐me que 

te fizesse o amor enquanto planejava minha morte. Por que não deixou Gordon entrar através do 

túnel secreto? 

Elissa empalideceu. 

— Encontraste‐o? 

Damian dirigiu um olhar petulante. 

— É obvio. Disse a você que o encontraria. Está debaixo das escadas da sala das mulheres. 

— Apesar do que pensa, nunca desejei sua morte. Nunca contaria a Tavis sobre o túnel. É 

um segredo familiar. 

Damian não parecia absolutamente convencido. — Onde está a adaga que te deu Gordon? 

— Segue em meu quarto. Não tenho nenhuma intenção de utilizá‐la. 

— Qual era sua  intenção quando entrou em meu quarto? —Elissa mordeu o suave  interior 

do lábio. 

— Não estou segura. 

— Mentes —  acusou‐a Damian. — Acredito que queria me matar  e permitir  a Gordon o 

acesso ao castelo. Para  sua  informação, direi‐te que o ataque nunca  teria êxito. Gordon  foi um 

estúpido ao pensar que Misterly poderia tomar‐se com tanta facilidade. Mesmo que tivesse êxito, 

Dickon teria vingado minha morte e teria defendido com êxito o castelo — a voz do Damian era 

áspera e condenatória.— Você, doce tigresa, teria sido condenada. E não quero nem  imaginar o 

que teria sido de sua mãe e de sua irmã se me tivesse despachado com uma adaga. 

—  Juro  isso, meu  senhor, não quero verte morto. —Damian a  sacudiu com  raiva e  logo a 

separou de si. — O que... o que vais fazer? 

— Sei o que deveria fazer, mas então teria uma rebelião nas mãos. Não quero converter aos 

Fraser em meus  inimigos, assim pensarei em um castigo que eles aceitem. Enquanto  isso,  ficará 

confinada em meu quarto. Ninguém exceto eu poderá te visitar. 

— Quanto tempo estarei encerrada? 

— Para sempre, se depender de mim. 

— Não pode! 

— Posso fazer o que me agrade. 

Girando sobre os calcanhares, Damian saiu precipitadamente do quarto. 

Damian sentia que sua vida estava vindo abaixo. Como podia Elissa ter feito algo assim? Era 

uma feroz tentação e uma tortura absoluta. Ainda estava assombrado pela certeza de que fazer o 

amor  a  Elissa  foi  a  experiência mais  satisfatória  de  toda  sua  vida. Uma  experiência  a  que  não 

estava muito seguro de querer pôr fim. Entretanto, Elissa o traiu, e esse fato não podia ficar sem 

castigo. 

Damian  precisava  estar  um  tempo  a  sós  para  pensar,  assim  se  dirigiu  aos  estábulos  e 

ordenou que selassem seu cavalo. Não fazia ideia de onde ia, só sabia que precisava partir. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Estava bastante longe da fortaleza quando escutou a alguém galopando atrás dele. Olhando 

para  trás,  viu  Dickon  pisando  seus  calcanhares.  Damian  se  deteve  para  permitir  que  Cosmo 

bebesse enquanto esperava a que seu amigo o alcançasse. 

— O que vais fazer com ela? — perguntou Dickon sem preâmbulos quando puxou as rédeas 

para deter‐se ao lado do Damian. 

— Oxalá soubesse — respondeu Damian com escassa convicção. — Os contínuos desafios da 

Elissa me desconcertam. Acreditei que conhecia as mulheres, mas ela é um enigma. 

— Uma afirmação muito profunda, levando‐se em conta sua experiência com as mulheres — 

brincou Dickon. — Poderia considerar a possibilidade de enviá‐la a Londres. 

—  Este  assunto  não  é  para  levar  na  brincadeira, Dickon —  argumentou Damian. — Não 

posso enviá‐la a Londres. Isso poderia significar sua morte, levando‐se em conta a forma de pensar 

do rei em relação aos jacobinas. 

— Há uma solução que não consideraste. Damian emitiu um som gutural de incredulidade. 

— Considerei todas e cada uma das soluções razoáveis. 

— O que te parece esta? Casa à dama com um de seus cavalheiros, preferivelmente com um 

que possa mantê‐la na  linha. Depois de um filho ou dois, asseguro‐te que já não seguirá fazendo 

travessuras. 

Damian  ficou olhando  fixamente Dickon, como se tivesse proferido uma blasfêmia. A  ideia 

era ultrajante. Casar Elissa com outro? Permitir que outro homem a levasse a cama e lhe fizesse o 

amor? 

— Deve admitir que é uma boa ideia — continuou Dickon despreocupadamente. 

Damian elevou uma de suas escuras sobrancelhas. — Tem a alguém em mente? 

— Sim — disse Dickon assentindo vigorosamente. — Casa‐a com alguém que não dance ao 

som que ela toca. Um homem forte capaz de pôr fim a suas artimanhas. Acredito que sir Brody é 

esse homem. Trata‐se de um cavalheiro curtido pela batalha, famoso por sua  irritabilidade e sua 

mão dura. Deixa que ele se encarregue da dama. 

Damian soltou uma gargalhada amarga. 

— Não percebeste que os afetos de sir Brody se inclinam mais para a mãe que para a filha? 

Dickon encolheu ostensivamente os ombros. 

— Importa pouco para onde se inclinem seus afetos. Sir Brody fará o que você disser. 

Damian  descartou  imediatamente  a  sugestão  de  Dickon.  Era  uma  ideia  absolutamente 

impossível. Ele suspeitava que sob o duro exterior de sir Brody se escondia um bom coração. Se 

Elissa ia casar se com um inglês, devia tratar‐se de um homem que a conduzisse com dureza sem 

acabar com seu espírito. Um homem como... ele mesmo? 

Uma violenta sacudida de cabeça  liberou sua mente daquela ridícula  ideia. Logo teria uma 

prometida que lhe proporcionaria riqueza a suas arcas, uma mulher escolhida especialmente para 

ele pelo rei. 

Não necessitava uma mulher que o odiasse, uma tigresa a qual teria que vigiar com olhos de 

falcão se não queria acabar assassinado enquanto dormia. 

— Considerarei sua sugestão, Dickon — disse Damian com ambiguidade. — Mas sir Brody 

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Sabor do Pecado 03

 

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não é o homem adequado para a Elissa. 

— Pensara seriamente, verdade, Damian? 

— Sim. Continuamos cavalgando? 

Damian e Dickon  retornaram ao  castelo a  tempo para a  refeição do meio‐dia. Damian  se 

deixou  cair em  sua  cadeira  com uma expressão pensativa no  rosto.  Serviu a  si mesmo de uma 

bandeja de carne e mastigou pensativo. 

Mas depois do primeiro bocado, seu apetite pela comida desapareceu bruscamente. 

Seu  apetite  pela  Elissa,  entretanto,  seguia  sendo  potente  e  inevitável. Damian  recordava 

cada matiz do ato amoroso que realizaram a noite anterior, cada pequeno suspiro que arrancou, 

cada gemido, e o grito  final quando alcançou o  topo do êxtase. Esteve  fingindo? Parecia pouco 

provável, levando‐se em conta sua inexperiência. 

Mas dava no mesmo, real ou fingido, sabia que Elissa voltaria a traí‐lo uma e outra vez assim 

que tivesse oportunidade. 

— Prepara uma bandeja para  lady Elissa — pediu com um grunhido à criada que passou a 

seu lado. — Eu mesmo a subirei. 

Damian voltou a centrar‐se na comida, mas foi  interrompido quando Lora entrou correndo 

no salão com nana seguindo‐a de perto. 

— Chego tarde, Damian? 

Apesar de seu mau humor, Damian sorriu à encantadora menina. 

— Chega bem a tempo, Lora — retirou sua própria cadeira para trás. — Vamos, ocupa meu 

lugar. 

Lora subiu à cadeira de Damian e  logo olhou a seu redor, como se estivesse procurando a 

alguém. 

— Onde está Lissa? 

— Sua  irmã não se sentará hoje à mesa — proclamou Damian com voz o suficientemente 

alta para que se escutasse por todo o salão. — Está confinada na torre. 

— Outra vez? — protestou Lora. — O que fez agora? 

— É uma menina, não o entenderia — disse Damian com mais aspereza da qual pretendia. 

Maggie  apareceu  com  uma  bandeja  coberta  com  um  pano.  Damian  a  tirou  das  mãos, 

assentiu com a cabeça para agradecer e saiu a grandes passos dali. 

— Falaremos mais tarde, Lora — disse girando a cabeça enquanto partia. 

Elissa escutou passos aproximando‐se e  reuniu  toda  sua coragem. Apertou os punhos aos 

flancos e se sentiu preparada quando se abriu a porta e entrou Damian. 

Estava  com  uma  expressão  fria  e  implacável,  carente  de  toda  emoção.  Elissa  observou 

cautelosamente como deixava a bandeja em uma mesa próxima. 

— Pensei que poderia ter fome. 

— Obrigado. 

Damian a olhou com tão fria hostilidade que Elissa espetou: 

— Adiante, faz o que queira, meu senhor. 

— O que queira? Temo que o que eu quero não te ia agradar. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Damian avançou para ela até que estiveram quase colados Elissa se negou a se mover nem 

um centímetro. 

— Por que o fez, Elissa? Eu não te fiz nenhum dano. Veio para mim e te proporcionei prazer. 

Foi tudo uma farsa, uma atuação para me fazer baixar a guarda? Tanto me odeia? 

Odiar Damian? Não. Não o odiava, ela... 

— Não te odeio, Damian. Minha resposta para ti foi autêntica. Desejava‐te. Admito que não 

estava muito clara minhas  intenções quando entrei em  seu quarto, mas nunca houve nenhuma 

dúvida  em minha  cabeça  a  respeito  a  te  assassinar. Não  poderia  fazer  algo  assim. Não  o  faria 

nunca. 

Damian uniu as sobrancelhas até formar uma linha negra e grossa. 

—  Supõe‐se  que  devo  acreditar?  Há  dito  que  me  desejava.  Segue  me  desejando?  Me 

responderá como fez a noite anterior se te fizer agora mesmo o amor? 

Elissa dirigiu um olhar de assombro. 

— Suponho que não quererá dizer que... não pretenderá... agora...? 

— Sim, Elissa, agora. 

Damian a encurralou contra a cama, inclinando‐se para diante até que ela se viu obrigada a 

dobrar‐se sob seu peso. Elissa caiu sobre o colchão e ficou olhando fixamente o rosto dele. 

Estava com uma expressão indecifrável, mas seus olhos brilhavam como duas moedas recém 

cunhadas. Ela o observou com crescente alarme enquanto Damian começava a despir‐se. Como 

podia desejá‐la se estava tão furioso, tão frio? 

Era aquele, então, seu castigo... sofrer seus cuidados sabendo que não havia calor no ato? 

Como poderia ela suportá‐lo depois da noite anterior? 

Seus pensamentos se  fizeram em pedacinhos quando sentiu o colchão afundar sob o peso 

do Damian. Estava nu, era um homem de carne e osso de magníficas proporções. O calor de seu 

corpo a assaltou apesar das camadas de roupa. 

Elissa não pôde evitar; seu corpo procurou o do Damian por sua própria vontade. Escutou 

Damian soltar uma gargalhada, mas não havia nem indício de regozijo em sua risada. 

— Segue te movendo assim, querida, e isto terminará antes que você receba prazer. 

As mãos do Damian se moveram por seu corpo, despindo‐a a uma velocidade que a deixou 

sem respiração. 

— Damian, não... 

Sua súplica caiu em saco furado. Elissa sentia a paixão crescer no interior de Damian, sentiu 

suas mãos trementes, e soube que não era tão indiferente como pretendia estar. 

A certeza de que esta vez não machucaria surgiu de dentro como um brilho fulgurante. Elissa 

deixou de lutar e permitiu que o desejo impossível fizesse que aquele inglês a arrastasse. 

Sentiu os  lábios dele no pescoço, e o pulso de  seu próprio  coração no batimento de  seu 

sangue. A ponta da língua de Damian saboreou sua pele, abrindo uma trilha entre seus seios, um 

caminho sensual e lento que terminou centrando‐se no pico de seu mamilo. O roce de sua língua e 

de seus dentes, a  fez saber que estava  tomando seu  tempo para excitá‐la em  lugar de utilizá‐la 

com cruel indiferença para seus sentimentos. 

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Sabor do Pecado 03

 

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O  líquido  calor da boca dele  acendeu  chamas de  fogo no mais profundo de  seu  interior. 

Elissa se estirou contra ele, murmurando palavras sem sentido, consciente do fogo que ardia nele, 

do pulsar vital de seu interior. 

Deveria afastá‐lo; mas o que  fez  foi atraí‐lo para  si, acariciando‐o  com os dedos por  toda 

parte. 

A  língua  dele  lambeu  seu  umbigo  enquanto  a  dura  parte  inferior  da  palma  de  sua mão 

deslizava por seu montículo e seus dedos se introduziam entre suas dobras úmidas e inchadas. 

O polegar do Damian encontrou um ponto sensível e o percorreu, acariciou‐o. Elissa abriu a 

boca e conteve um gemido enquanto se apertava contra ele. 

Um  instante depois, a boca dele estava ali, sua  língua a seduzia, penetrando‐a. Um gemido 

surgiu dos lábios da Elissa enquanto ela se esticava como a corda de um arco. 

Um calor incrível e erótico a atravessou como uma adaga. — Damian, não pode... 

Ele elevou a cabeça e sorriu. 

— Sim, claro que posso. Se deite e desfrute. 

Então voltou a inclinar a cabeça e sua boca retornou a seu suculento banquete. 

Elissa  se  arqueou  e  se  retorceu  contra  ele,  seus  protestos  não  eram  mais  que  uma 

lembrança imprecisa enquanto o chicote úmido da língua dele enviava fragmentos de relâmpagos 

através dela. 

Elissa se agarrou convulsivamente a seu cabelo enquanto se rendia a um maravilhoso êxtase. 

Foi  vagamente  consciente  de  que  Damian  estava  em  cima  dela,  abrindo  suas  pernas, 

afundando‐se profundamente em seu interior. 

Elissa fechou os olhos, não queria revelar a profundidade de seus sentimentos, mas Damian 

não estava disposto a permitir. 

— Abre os olhos, Elissa. 

Ela  abriu  lentamente  as  pálpebras  e  ficou  olhando‐o  fixamente  aos  olhos.  Viu  confusão 

neles, e se perguntou no que estaria pensando. 

— É uma feiticeira — sussurrou Damian com voz rouca. — Lançaste‐me um feitiço? Deve tê‐

lo feito, porque me enfeitiçaste. 

— Não sou nenhuma bruxa. Não sei nada de encantamentos. Isto não está bem. Não deveria 

estar acontecendo. 

Damian pôs os olhos em branco. 

— Isto está bem, querida, melhor que bem. 

Impulsionou‐se para diante, afundando‐se profundamente nela. Elissa suspirou, consciente 

de seu calor, da plenitude de seu sexo dentro dela. 

O bater do coração de Damian pulsava em uníssono com o dela. Sentiu sua força, a textura 

de sua pele, o roce de sua pele. Cada detalhe daquele homem era dele, podia saboreá‐los. 

A única coisa que importava era o prazer de estarem unidos, e o inexplicável desejo de algo 

mais profundo. 

Elissa alcançou o clímax com um grito de rendição. O quarto se encheu de trovões, o fogo a 

consumiu;  uma  chama  se  assentou  no  ponto  no  qual  estavam  unidos,  e  Elissa  sentiu  como  se 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   92

evadia da realidade. 

Uns  instantes mais  tarde,  sentiu o calor  líquido dele  filtrando‐se dentro dela, e o escutou 

ofegar seu nome. 

Elissa recuperou lentamente o sentido. Estirou as extremidades e percebeu que já não tinha 

em cima o peso do Damian. Girou a cabeça e o observou com solenidade. 

Estava  deitado  de  costas,  cobrindo  os  olhos  com  um  braço,  e  estava  com  a  respiração 

agitada e selvagem. Damian a  tirou de sua contemplação, sobressaltando‐a quando se ergueu e 

disse: 

— É uma feiticeira. Essa é a única explicação. — Damian ficou de pé. — Não pode sair nada 

bom disto. E se te deixei grávida? 

— Um homem de sua experiência deveria saber como evitar algo assim — atacou‐o Elissa. 

Damian colocou as calças. 

— Não tenho controle no que a ti se refere. Deixa‐me em um constante torvelinho. Debato‐

me entre o desejo de te estrangular e o de te  fazer o amor. Quando estou dentro de ti, não há 

volta atrás. 

Elissa levou a mão ao ventre. 

—  Só  fizemos  isto duas  vezes. Talvez devesse pedir  a nana uma poção para expulsar  sua 

semente em caso de que tenha  jogado raízes em meu ventre. Não quero trazer um bastardo ao 

mundo. 

Damian  girou  com  o  rosto  negro  de  fúria.  Colocou  suas mãos  nos  ombros,  a mantendo 

colada à cama. 

— Não! Proíbo você! Não matará a meu filho. 

Elissa deixou escapar um suspiro de alívio. Era um pecado matar a uma criança inocente. Às 

vezes,  alguma  mulher  do  povoado  pedia  a  nana  uma  poção  para  livrar‐se  de  um  filho  não 

desejado, mas nana sempre se negava e as aconselhava em troca que praticassem a abstinência. 

—  Há  muito  poucas  possibilidades  de  que  tenha  concebido  —  disse  Damian,  como  se 

quisesse convencer‐se a si mesmo. — Fica tranquila, asseguro‐te que isto não voltará a acontecer 

de novo. Enquanto  isso, permanecerá sob chave e ferrolho até que decida seu destino. Um duro 

castigo não é a resposta, posto que só serviria para enfurecer aos membros de seu clã. Mas te juro 

que nunca terá uma nova oportunidade para voltar a me trair. 

As  palavras  do  Damian  ficaram  penduradas  no  ar  rarefeito muito  tempo  depois  de  que 

tivesse saído do quarto. 

O  dia  transcorreu  lentamente.  Elissa  sentia  falta  da  sua mãe  e  a  sua  irmã.  Levou  uma 

surpresa quando apareceu Maggie com roupa limpa e uma jarra de água. Teria mudado de opinião 

Damian a respeito de permitir a entrada de visitantes? 

No tempo que a permitiram ficar, Maggie contou a última  intriga. Elissa se  inteirou de que 

dobraram  as  patrulhas, mas  que Damian  seguia  pensando  em  enviar  de  retorno  a  Londres  ao 

regimento real das Terras Altas. 

Elissa pensou que Maggie tinha algo mais em mente, mas por desgraça, o guarda fez sair a 

sua parente do quarto antes que ela pudesse perguntar mais alguma coisa. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Maggie enviou para ela um olhar de simpatia por cima do ombro quando a porta se fechou 

atrás dela. 

Elissa passou o dia mortalmente aborrecida, sem outra coisa que fazer mais que olhar pela 

janela. Levou uma grande surpresa quando o próprio Damian chegou com o jantar. 

Lhe lançou um olhar cauteloso. — Onde está Maggie? 

— Dando uma volta com sir Richard. 

— Eu deveria tê‐lo sabido. 

— Tem alguma objeção? 

Elissa deu de ombros. 

— Serviria de algo? Vocês os ingleses sempre fazem o que querem. 

Damian deixou a bandeja sobre a mesa e a vigiou enquanto ela se sentava em uma cadeira e 

bicava com delicadeza as fatias de carne de veado com verduras. 

Deteve o garfo a metade do caminho de  sua boca quando percebeu que Damian  tirava a 

jaqueta e a camisa. 

— O que está fazendo? 

— Me preparando para ir à cama. 

— Vais dormir aqui? 

— Este é meu quarto. 

— Mas acreditei que disse que nós... não estaríamos juntos nunca mais. 

— E não o estaremos. Estou pondo a prova a mim mesmo. Quero pensar que não sou tão 

fraco para não poder me  controlar quando  te  tenho perto. O que ocorreu  antes não  voltará  a 

acontecer porque a partir de agora estarei em guarda contra suas artimanhas. 

Elissa deixou o garfo. 

— Minhas artimanhas! Como te atreve? Foi você quem me atacou. Damian franziu o cenho. 

— Come, senhora, está se fazendo tarde e estou muito cansado. 

Sentou‐se na borda da cama e tirou as botas e as calças. 

Elissa o ignorou conscientemente enquanto se estirava em cima das mantas. A comida tinha 

sabor de palha, mas obrigou a si mesma a comer e a beber em uma tentativa de demonstrar seu 

desprezo pelo homem ao que muitos chamavam o Cavalheiro Demônio. 

Quando comeu tudo o que pôde, separou de si o prato e perguntou: 

— Onde eu vou dormir? 

— Pode compartilhar a cama comigo, se quiser. 

— Não, obrigado. Me conformarei com o tapete que há em frente a lareira. Pode me dar um 

travesseiro e uma manta? 

— É obvio — assegurou Damian. — Encontrará tudo o que necessita no baú que tem nos pés 

da cama. Boa noite. 

Elissa encontrou a manta e a estendeu diante da lareira. 

Logo  se  deitou  completamente  vestida  e  subiu  a manta  até  o  pescoço. Não  se  permitiu 

relaxar até que escutou a rítmica cadência da respiração de Damian. 

Mas quanto  tentou dormir, a  lembrança de como  fez o amor com ele apareceu como um 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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intruso. 

Elissa nunca imaginou que desejaria as carícias de um homem como desejava as do Damian. 

Estava amaldiçoada. Desejar ao inimigo era a pior traição possível. Entretanto, a ideia de casar‐se 

com Tavis e ter relações íntimas com ele era repulsiva. O desejo de seu pai foi unir o clã dos Fraser 

com o dos Gordon, e ela dissera é obvio que se entregaria virgem a seu prometido. 

O respeito que Elissa sentia pelo Tavis veio abaixo quando sugeriu que seduzisse ao Damian 

para  depois  poder matá‐lo.  Em  honra  à  verdade,  ela  fez  amor  com Damian  porque  quis,  não 

porque Tavis tivesse exigido que o fizesse. Mas Elissa era muito consciente de que não podia ter 

Damian. Era seu inimigo, e o que fizeram juntos convertia a ela em uma traidora a seu clã. 

Além disso, Damian estava prometido a uma rica herdeira, e Elissa não fazia ideia do que a 

esperava no futuro, exceto que esse futuro não incluía um inglês. 

Durante  os  intermináveis  dias  de  encerramento  da  Elissa,  Damian  retornava  sempre 

pontualmente a  seu quarto, o que não  fazia a vida mais  fácil a ela. Para então  já sabia quando 

chegava, e se assegurava de estar aconchegada ante a lareira mostrando as costas quando Damian 

entrava. Embora não estava acostumado a falar com ela enquanto se preparava para meter‐se na 

cama,  Elissa  sentia  seu  olhar,  e  se  perguntava  quanto  tempo  transcorreria  antes  que  o  desejo 

destruísse as boas intenções dele. 

Damian sentia como se estivesse balançando na borda de um abismo. Um passo em falso o 

enviaria à perdição, e levando‐se em conta como se sentia naqueles momentos, agradeceria‐o. 

Qualquer  coisa  seria melhor que aquela necessidade perversa e  incômoda que o  levava a 

dormir no mesmo quarto que Elissa quando sabia que não podia tê‐la. O que estava acontecendo 

com ele? 

Ele não acreditava em feitiços nem em bruxarias, mas não havia outra explicação para seu 

obsessivo desejo por aquela tigresa escocesa. 

Um dia, Damian estava no pátio observando como seus homens praticavam com a espada 

quando um mensageiro que levava o estandarte do rei atravessou a porta.  

Enquanto esperava a que o mensageiro desmontasse, Damian  foi se pondo cada vez mais 

tenso pela apreensão. 

— Saudações. Sou sir Lowell. Trago uma mensagem do rei para lorde Damian. 

—  Bem‐vindo,  sir  Lowell.  Eu  sou  lorde  Damian.  Deve  estar  exausto  depois  da  comprida 

viajem. Os espera cerveja e comida. 

— Obrigado,  lorde Damian. Devo admitir que tenho a boca seca. —Damian abriu caminho 

para o castelo, perguntando‐se o que quereria esta vez o rei dele. Sentou‐se à mesa e convidou a 

sir Lowell a fazer o mesmo. 

Uma  criada  se  aproximou  com  duas  espumosas  canecas  de  cerveja.  Sir  Lowell  bebeu 

profundamente e logo se reclinou para trás com um suspiro satisfeito. 

— Trata‐se de uma mensagem verbal, meu senhor — começou a dizer sir Lowell. — Eu saí de 

Londres dois dias antes que sua prometida e seu séquito. Chegarão dentro de uns dias. 

— Minha prometida? — repetiu Damian, engasgando‐se com as palavras. 

— Lady Kimbra Lancaster, uma herdeira de beleza excepcional e  invejável posição social. O 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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rei  Jorge  lhes envia saudações e deseja que saiba que não se esqueceu de você. Confia em que 

aprove a prometida que lhes escolheu. 

Ao ver que Damian permanecia em silêncio, sir Lowell disse: — Algo que eu faria se estivesse 

em seu lugar, meu senhor. Lady Kimbra é uma das favoritas da corte. Invejo‐o. 

Damian foi capaz de encontrar finalmente a voz. 

— O rei me faz uma grande honra. Tudo estará preparado para a chegada de lady Kimbra. Se 

me desculparem, devo me reunir com meu administrador. Terá que preparar as habitações para 

os convidados. Ficará você muito tempo conosco? 

— Só por esta noite — respondeu sir Lowell. — Devo retornar imediatamente e entregar um 

relatório  das  condições  de Misterly.  O  Conselho me  deu  instruções  para  fazer  insistência  na 

importância de conservar Misterly em mãos inglesas. 

— Tudo está como deve estar — manteve Damian. 

Damian deixou a sir Lowell com sua cerveja e foi em busca de sir Richard. Encontrou a seu 

amigo no pátio, praticando com a espada com seus soldados. 

— Quero falar um momento contigo, Dickon — disse Damian interrompendo o treinamento. 

Dickon baixou sua espada. 

— O que ocorre, Damian? Vi chegar o mensageiro. Trouxe más notícias? 

— Não, as notícias são boas — assegurou Damian com fingida jovialidade. — O rei Jorge me 

envia uma herdeira. Está a caminho enquanto nós falamos. 

— Felicidades! — exclamou Dickon dando uma palmada nas costas. — Espero por seu bem 

que seja uma grande beleza. 

— Devo preparar sua chegada — assegurou Damian. — É o primeiro em sabê‐lo. 

— Espera, Damian! E o que acontece com lady Elissa? —Damian franziu o cenho. 

— O que acontece com ela? 

— Certamente sua prometida se inteirará da intriga. Manter Elissa encerrada em seu quarto 

não  foi a decisão mais  inteligente. Todo mundo está a par de que dormem  juntos. E chegara à 

lógica conclusão de que há  fez  sua. Que acredita que  irá dizer  sua prometida? Deveria enviá‐la 

longe, Damian. Digo‐lhe isso por seu próprio bem. 

Damian ficou tenso. Era muito consciente de seus defeitos sem necessidade de que Dickon 

os  expusesse  com  palavras.  Escutou  os mexericos  referentes  a  sua  relação  com  a  Elissa  e  os 

ignorou  sem  considerar  as  consequências.  Até  a  chegada  do  mensageiro,  relegou  qualquer 

pensamento sobre sua prometida a um futuro remoto... muito depois de que se saciasse da Elissa. 

Mas agora  sua prometida  se  converteu em uma  realidade, e estava  longe  como antes de 

tomar uma decisão sobre o destino da Elissa. De  repente seu desejo por ela se  fez mais agudo, 

mais cortante, nascido da frustração e de uma paixão para ela não correspondida. Aquele desejo 

foi o que dirigiu seus passos para a torre. 

Elissa observou a chegada da  janela da torre e se perguntou o que significava. Seguro que 

nada bom para os Fraser. Colocou as mãos as costas e se estirou; a dor aguda a recordou as noites 

incômodas que passou dando voltas no chão diante da  lareira. Quanto  tempo a  reteria Damian 

prisioneira? O que ia ser dela? 

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Sabor do Pecado 03

 

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Continuava pensando em qual seria seu destino quando Maggie entrou no quarto. Deixou 

uma jarra de água fresca sobre a mesa e se entreteve com sua colocação, negando a olhar Elissa 

nos olhos. 

Elissa percebeu imediatamente e ficou em guarda. 

— Maggie, o que ocorre? Aconteceu algo? 

Maggie levantou por fim a cabeça. Os olhos brilhavam pela compaixão. 

— Sim, Elissa. E temo que não são boas notícias. 

— Conta‐me as. 

—  Chegou  um  mensageiro.  A  futura  prometida  de  lorde  Damian  vem  a  caminho  para 

Misterly. 

Elissa sentiu como se uma mão gigante espremesse seu coração. — Sua senhoria está com 

os preparativos da chegada. Vão arrumar a torre sul para ela e seu séquito. 

— E o que acontece com minha família, Maggie? O que será dela? 

Maggie deu de ombros. 

— Sua senhoria não disse, mas... há algo que deveria saber. —Elissa examinou o  rosto de 

Maggie e não gostou do que viu. 

— Pode me contar isso Maggie. Seja o que for, o suportarei. 

— Os membros de nosso clã falam que... me perdoe, Elissa, mas dizem que é a amante do 

Cavalheiro Demônio. 

Elissa recuou como se a tivessem esbofeteado. Como poderia explicar seus jogos amorosos 

com Damian? Não podia, assim permaneceu em silêncio. 

—  Então  é  certo —  sussurrou Maggie. — Desonrou‐te. —  É  uma mulher  valente,  Elissa. 

Acredita que Tavis quererá seguir contigo? 

Elissa soltou um grunhido de repugnância. 

— Não mencione esse nome diante de mim. Não se importa que me converta na amante do 

Damian desde que o ajude em seus propósitos. 

— OH, Elissa, não pode ser. 

Damian escolheu aquele momento para irromper no quarto. Assinalou com o dedo Maggie e 

disse com impaciência: — Fora. 

Maggie deu a volta e saiu  fugindo como alma perseguida pelo diabo. Damian  fechou atrás 

dela de uma portada e se apoiou contra a porta com os braços cruzados sobre o largo peito. 

— O que te disse? 

— Me  informou  que  sua  futura  prometida  está  a  caminho.  Confio  em  que  seja  de  seu 

agrado, Damian. Só tenho uma pergunta que te fazer. O que será de mim e de minha família? 

Elissa soube pela expressão de seu rosto que Damian não fazia a mais remota ideia de como 

conduzir a situação, e por alguma razão, aquilo a aterrorizou. 

 

 

Capítulo 10 

 

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Sabor do Pecado 03

 

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A feroz expressão de Damian falava com eloquência de sua indecisão. Sua responsabilidade 

para  lady Marianne,  Lora  e  Elissa  não  deveria  ser  da  incumbência  de  lady  Kimbra, mas  tudo 

apontava a que poria objeções a sua presença em sua casa. Portanto, Damian decidiu que Elissa e 

ele já não seguiriam compartilhando o quarto, embora não estivesse ocorrendo nada entre eles. 

—  A  chegada  de  lady  Kimbra  não mudará  nada —  assegurou.  Elissa  dirigiu  um  olhar  de 

desgosto. 

— A menos que sua futura prometida seja uma lerda, duvido muito que aceite o fato de que 

eu esteja prisioneira em seu quarto. 

Damian franziu o cenho. 

— Sim. Isso terá que mudar. Decidi pôr fim a seu confinamento. Mas tenha por seguro que 

te manterei em constante vigilância. É  livre de retornar a seu quarto na sala das mulheres, mas 

não  pode  sair  do  castelo  a menos  que  te  acompanhe  algum  de meus  homens.  Se  souber  que 

voltou a te pôr em contato com Gordon, procurarei para ti um lugar isolado onde não possa voltar 

a ver a luz do dia. — Expliquei‐me com clareza? 

— Claríssimo — espetou Elissa. — Já posso ir? 

— Em seguida — Damian afastou a vista dela. — Mas antes, há algo que deveria saber. 

Elissa ficou olhando‐o fixamente. 

— Já sei que todo mundo diz que sou sua amante. 

— Ouviste‐o? Não sabia. 

As faces de Elissa se ruborizaram. 

— É certo que fui a sua cama por meus próprios pés, mas... — a jovem estirou os ombros, — 

isso não significa que me converti em sua amante. 

Parecia tão indefesa, tão afligida pela culpa, que Damian sentiu uma pontada de compaixão, 

algo pouco habitual nele. O que estava ocorrendo? 

Era um pecador muito consumado para mudar em questão de poucas semanas, mas o certo 

era que aqueles sentimentos estavam ali. 

Damian se sentiu arrastado para a Elissa, seu corpo reagia de repente a sua proximidade de 

um modo que o  fazia  impossível afastar‐se dela. Desejava‐a, sim, mas sabia que  tomá‐la  levaria 

aos dois pelo caminho do desastre. 

Por desgraça, seu corpo se negava a seguir as ordens de sua cabeça, e a atraiu para si para 

abraçá‐la.  Ela  ficou  tensa  em  um  princípio, mas  logo  se  estreitou  contra  ele.  Esse  foi  todo  o 

estimulo que necessitava Damian. Apertou‐a com força entre seus braços. 

— É uma ameaça para minha posição em Misterly, por não mencionar para minha prudência 

— sussurrou contra a sedosa suavidade de seu cabelo. Cheirava a campo de flores, e o fez se sentir 

aturdido pelo desejo. 

Um desejo que ele sabia que poderia trazer nefastas repercussões no futuro. 

Elissa murmurou algo contra seu ombro que soou como um protesto. 

— Não deveria te desejar como te desejo — sussurrou Damian. 

— Nem eu a  ti — como  tivesse percebido o que acabava de dizer, separou‐se dele com o 

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Sabor do Pecado 03

 

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rosto ruborizado pela confusão. — Não quis dizer isso. 

— Muito tarde para ambos, temo‐me. 

— Não! Sua prometida vem a caminho. Compartilhará sua cama e te dará filhos. Eu sou sua 

inimiga. 

— Mas eu não sou o teu — emoldurou o rosto dela com suas  longas mãos e ficou olhando 

fixamente  seus  lábios.  Logo  inclinou  a  cabeça  para  saborear  sua  boca  em  que  pensou  que 

provavelmente seria a última vez. 

Seu tênue gemido avivou sua necessidade de intensificar a paixão de seu beijo. A língua de 

Damian afundou em profundidade enquanto suas mãos a moldavam, acariciavam seus braços, as 

costelas, os seios, memorizando cada curva e cada fenda de seu receptivo corpo. 

Damian desabotoou a gola do seu vestido; seus  lábios abriram um caminho de  fogo entre 

seus seios, ele recolheu as saias com os dedos e colocou uma mão entre suas coxas. Elissa o beijou 

por  sua  vez,  abrindo  as  pernas  para  recebê‐lo.  Então,  percebendo  o  que  estava  acontecendo, 

soltou‐se e se separou dele. 

— Não, Damian, não serei sua amante. Se me  render agora a  ti, confirmaria o que minha 

gente pensa de mim. Sou uma jacobina e você é inglês. Nada poderá mudar isso. 

Damian deixou cair as mãos. Sua voz se tornou dura, implacável. — Tem razão, certamente. 

Obrigado por me recordar nossas posições, senhora. Se não podemos ser amantes, então sejamos 

inimigos. 

Deu a volta para partir, mas então se virou para confrontá‐la. 

— Sugiro que conviva bem com minha prometida quando chegar, se o bem‐estar de sua mãe 

e de sua irmã significa algo para ti. 

Elissa  ficou olhando  a porta  fechada durante  compridos minutos uma  vez que ele partiu. 

Conviver bem com  sua  futura prometida?  Isso  ia  ser difícil,  levando‐se em conta o que ocorreu 

entre Damian e ela. 

Podia cuidar de si mesma; eram sua mãe e Lora as que a preocupava. Sabia instintivamente 

que  lady  Kimbra  não  gostaria  que  estivessem  em  sua  casa.  Por  que  se mostrava  Damian  tão 

empenhado em retê‐la em Misterly? Que razão podia ter para mantê‐la sob seus pés? No que ao 

Damian se referia, nada fazia sentido. 

Elissa  saiu da  torre pouco  tempo depois. Não havia nenhum  guarda na porta, mas podia 

sentir uns olhos seguindo‐a quando cruzou o salão e subiu as escadas para a sala das mulheres. 

Damian não mentiu. 

Embora a deixaram sair da torre, seguia sendo uma prisioneira. 

Contente de estar outra vez em seu próprio quarto, Elissa se banhou e mudou de roupa para 

ir visitar sua mãe. Alegrou‐se de ver Lora com Marianne, aconchegada a seu  lado na cama  lendo 

um livro. 

— Lissa! — saudou‐a Lora quando entrou no quarto. — Quanto me alegro de que Damian te 

tenha deixado sair da torre. O disse que era muito mau por te manter ali. 

Elissa deu um breve abraço na sua irmã. — Estou de acordo contigo, querida. 

Marianne estendeu uma de suas frágeis mãos e Elissa a agarrou. — Como está, mamãe? 

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Sabor do Pecado 03

 

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Marianne dirigiu um sorriso tranquilizador. 

— Muito melhor. Já me levanto e caminho um pouco. Graças a lorde Damian, percebi que a 

vida continua. Tenho muitas coisas pelas quais viver. Meu marido e meus filhos já não estão, mas 

ainda tenho a minhas preciosas filhas. 

— Espero que não esteja se afeiçoando muito com Damian, mamãe — repreendeu‐a Elissa. 

—  É  nosso  inimigo.  Arrebatou‐nos  nossa  casa  e  nossas  terras.  Talvez  ele  brandiu  a  arma  que 

matou a nossos homens. 

Marianne suspirou. 

— Já sei, querida, mas nossos homens escolheram ir à guerra. Lutaram pelo príncipe Carlos e 

seu direito a reinar e perderam. Lamento profundamente o massacre, mas isso já ficou para trás. 

Ainda temos nosso orgulho e nossa coragem, ninguém pode nos arrebatar  isso. Sentirei  falta de 

seu pai e de seus irmãos até o dia em que morra, mas tenho Lora e a ti. Se para viver em paz terei 

que aceitar a lorde Damian como senhor de Misterly, então que assim seja. 

— Sinto muito, mamãe, mas eu não posso reprimir meu ódio pelos tiranos ingleses. 

— Por que você não gosta de Damian? — perguntou Lora. 

— Lora, meu amor — interrompeu‐a Marianne, — corre à cozinha e peça ao Winifred que te 

dê algo de comer para que aguente até o jantar. Não acaba de dizer‐me que tem fome? 

— Espero que tenha feito pão de gengibre — disse Lora esperançada. 

— Por que não vais perguntar? 

— Muito bem. Terminará de me ler o livro mais tarde, mamãe? 

— Sim, meu amor. Vamos, agora vete. 

— Está melhor, verdade mamãe? — perguntou Elissa quando Lora se foi. 

— Muito melhor, filha. Inclusive estou comendo mais para recuperar forças. 

—  OH, mamãe, me  alegro muito.  Quando  estiver  o  suficientemente  forte,  talvez  possa 

convencer Damian para que nos deixe ir a Glenmoor visitar a prima Christy. 

Marianne examinou o rosto de Elissa. — Está segura de que quer partir, filha? 

Elissa  recordou  sua  recente  conversa  com  Damian  em  seu  quarto  e  tocou  os  lábios 

recordando seus beijos e quão disposta esteve a sucumbir de novo a ele. Damian punha em perigo 

sua prudência e sua lealdade; devia partir. 

—  Devemos  ir, mamãe.  A  futura  prometida  de  Damian  chegará  logo.  Não  gostará  que 

vivamos aqui. Está em seu direito de incitar a que Damian nos jogue. 

— Ainda desejas te casar com Tavis Gordon? Ama‐o, filha? Elissa vacilou. 

— Não amo ao Tavis. É um dos nossos, mas há coisas nele que não merecem meu respeito. 

—  Suponho  que  tem  razão,  não  acredito  que  a  prometida  de  Damian  nos  queira  em 

Misterly, mas acredito que sua senhoria terá algo a dizer a respeito de nos jogar. 

A mão de Marianne apertou com mais  força a da Elissa. — Queria  te  fazer uma pergunta, 

filha. 

Elissa soube do que se tratava e ficou tensa. 

— É certo que te converteste na amante de lorde Damian? 

— Não, não sou a amante do Cavalheiro Demônio. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Desonrou‐te? 

Elissa afastou a vista. 

— Não pergunte, mamãe. É complicado. 

— Elissa... 

— Não, mamãe, por favor. O que existe entre Damian e eu é pessoal. Não quero falar disso. 

Lady Marianne acariciou o rosto de sua filha. 

— Confio em que não albergue nenhum  sentimento para  lorde Damian. Vai  se casar com 

uma herdeira. Nada poderá mudar isso. 

— Hei dito que não quero falar deste assunto — repetiu Elissa levantando‐se bruscamente. 

— Preciso ir. Virei a te visitar mais tarde. 

— Elissa... quer que fale com lorde Damian disto? A jovem franziu o cenho. 

— Falar do que? 

— De que sua senhoria se aproveitou de sua inocência. 

Elissa lutou consigo mesma com força antes de responder. 

— Damian não fez nada que eu não quisesse fazer. 

Suas palavras ficaram penduradas no ar como a névoa de outono enquanto Elissa saía a toda 

pressa do quarto. 

Durante os seguintes dias, Elissa se manteve ocupada do amanhecer até a noite, procurando 

por  todos  os  meios  evitar  Damian.  Irritava‐a  profundamente  não  poder  sair  do  castelo  sem 

escolta, mas  dado  que  não  queria  voltar  a  estar  isolada,  aguentou  a  presença  dos  guardas  do 

Damian. 

O que mais doía era o modo em que todos a olhavam desde que saiu da torre. Em realidade, 

ninguém  se  aproximou para perguntar  se era  a  amante do Damian, mas estava  segura de que 

todos pensavam. 

Elissa não voltou a saber nada de Tavis, e se perguntou se teria abandonado seus planos de 

jogar Damian do Misterly. Quanto mais pensava em Tavis, menos desejava converter‐se em sua 

esposa. 

Não podia esquecer como a utilizou. Tampouco poderia casar‐se nunca com um homem que 

a urgiu a entrar na cama de outro por uma causa que já estava perdida. 

Elissa  estava  um  dia  dando  uma mão  a Winifred  na  cozinha  quando  uma muito  nervosa 

Maggie entrou a toda pressa pela porta. — Está aqui! A prometida de lorde Damian! Seu séquito 

acaba de entrar pelo pátio. 

Em  Elissa  deu  um  tombo  no  coração.  Embora  esperava  a  chegada  da  dama,  não  estava 

preparada para nenhuma classe de resposta emocional. 

— Que aspecto tem? — perguntou Winifred. 

— Não a vi, mas dizem que é uma grande beleza. 

Elissa tentou convencer‐se de que a beleza de  lady Kimbra ou a falta dela não era assunto 

dela. Entretanto,  isso não  impediu que sentisse curiosidade pela noiva de Damian. Seria a dama 

uma senhorita doce e recatada que adoraria Damian? Perguntou‐se. Que Deus ajudasse a pobre 

mulher  se  se apaixonasse por esse canalha. Damian nunca entregaria o coração a uma mulher, 

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Sabor do Pecado 03

 

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porque o guardava ciosamente dentro de si. 

Elissa escutou uma agitação no grande salão e o diabo que levava dentro a fez escapulir para 

jogar uma olhada aos recém chegados. Rondando perto da porta da cozinha, olhou por cima das 

cabeças que assentiam em direção à herdeira do Damian. 

A Elissa caiu a alma aos pés. Lady Kimbra era realmente uma beleza, a típica rosa inglesa de 

dourado cabelo loiro, pele de pêssego e creme e feições de boneca, quase muito perfeitas para ser 

reais. 

Era pequena e miúda, e sua figura feminina estava arredondada nos lugares adequados. OH, 

sim, a dama era realmente encantadora, e estava sorrindo a Damian como se quisesse devorá‐lo. 

Elissa se aproximou um pouco mais. Viu Damian levar aos lábios a delicada e branca mão de 

lady Kimbra, e Elissa afundou suas avermelhadas mãos no avental.  

Com repentina lucidez, percebeu que talvez Damian não amasse a sua prometida, mas sem 

dúvida saberia apreciar sua beleza. 

— Bem  vinda a  seu novo  lar, minha  senhora — escutou dizer Damian. — Confio em que 

chegue a amar Misterly tanto como eu. 

Elissa percebeu o olhar desdenhoso de lady Kimbra e percebeu algo que Damian não notou. 

A prometida do Damian odiava Misterly. 

— Suponho que não está mal para vir de vez em quando de visita —  respondeu ela com 

aborrecida indiferença. — Mas meu senhor, imagino que não pretenderá que definhe nesta terra 

selvagem  durante  a  temporada  de  baile,  verdade?  Bom,  eu  simplesmente  morreria  se  não 

pudesse ir aos bailes e as festas. 

Elissa viu como Damian franzia levemente o cenho e esperou com ânsia sua resposta. 

— Ambos estamos aqui por ordem do rei, minha senhora — recordou‐lhe Damian com mais 

gentileza do que Elissa esperava dele. — Estou seguro de que terminará te acostumando à beleza 

de Misterly e desfrutará de sua paz. 

— Esperas que encontre paz em um lugar habitado por traidores jacobinos? — espetou lady 

Kimbra. — Temo‐me que não, lorde Damian — a dama agitou seu leque languidamente diante de 

seu rosto. — Estou fatigada, meu senhor. Possivelmente uma das criadas poderia me mostrar meu 

quarto. 

Damian baixou a voz; Elissa se aproximou um pouco mais para poder escutar. 

— Acreditei  que  falaríamos  de  nossas  bodas, minha  senhora. Dispôs  Sua Majestade  data 

para as núpcias? 

Um homem vestido de negro rigoroso deu um passo adiante. — Sou o reverendo Trilby, meu 

senhor.  Será  um  prazer  para mim  celebrar  as  bodas.  Nossa  Graciosa Majestade  deixou  a  sua 

escolha decidir a data da cerimônia nupcial. 

— Bem vindo a Misterly, reverendo — disse Damian. — Espero que desfrute de sua estadia 

aqui. 

Elissa conteve o fôlego enquanto Damian considerava suas seguintes palavras. 

— Acredito que seria conveniente que  lady Kimbra e eu nos conhecêssemos um ao outro 

antes das bodas. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Estou de acordo, meu  senhor — assegurou o  reverendo Trilby amigavelmente. — Não 

muitos homens seriam tão cuidadosos como você com os sentimentos de uma mulher. 

Kimbra baixou a cabeça com recato. 

— O que você diga, meu senhor — seu rouco ronrono encerrava um indício de promessa. — 

Estou  a  sua  disposição,  é  obvio —  a  dama  colocou  uma  de  suas  delicadas mãos  no  peito  de 

Damian. 

— Não estou descontente com a escolha de marido que fez o rei para mim, lorde Damian, e 

estou desejando... — elevou os olhos em expressão de ênfase, — que nos conheçamos melhor. 

Elissa  decidiu  que  já  ouvira  suficiente  quando  o  olhar  de  Damian  se  cruzou  com  o  seu. 

Tentou parecer discreta e humilde quando ele fez um sinal para que se aproximasse. 

Elissa arrastou os pés enquanto abria caminho até ele. — Elissa, por favor, leva a lady Kimbra 

e a sua donzela à torre sul. Já levaram seus baús ao quarto. 

Elissa assentiu mas não disse nada, limitou‐se a suportar o olhar insolente da Kimbra. 

— São todas as criadas tão exuberantes como esta? — perguntou Kimbra. 

Damian elevou as sobrancelhas. 

— Exuberante? O que quer dizer, minha senhora? 

— Com esse aceso cabelo vermelho. É indecente. Quem é ela, meu senhor? 

— Sou Elissa Fraser — respondeu Elissa com orgulho. — Misterly é minha casa. 

— Elissa — a advertiu Damian. 

— Uma jacobina — disse Kimbra com desprezo. — O que está fazendo aqui, lorde Damian? 

Entendi que a filha de lorde Alpin foi exilada. 

— Falaremos disto mais tarde, minha senhora — disse Damian. — Preparamos quartos para 

ti e  sua donzela na  torre  sul. Estou  seguro de que você adorará as vistas. Se me desculpar, me 

encarregarei do alojamento do reverendo Trilby e de seu séquito. 

— Se desejarem, senhora — disse Elissa com frieza para indicar que Kimbra a seguisse. 

— Vamos, Daisy — disse lady Kimbra dirigindo‐se à tímida e pequena criada que rondava por 

trás dela. 

Elissa estava a par de que Damian ordenou que preparassem a torre sul especialmente para 

lady Kimbra. O castelo  foi despojado de  seus melhores móveis para decorar o quarto da  futura 

condessa. 

Elissa  ficou  sem  a escrivaninha de mogno que pertenceu a  sua  avó e Marianne perdeu a 

delicada  rede que antes estava  colocada  sob  sua  janela. Elissa esperava em que  lady Kimbra o 

apreciasse. 

— Seus aposentos têm uma preciosa vista às montanhas, e há um quarto pequeno justo ao 

lado para sua donzela — disse Elissa quando Kimbra, seguida por sua donzela, passou por diante 

dela. As ladeiras são deliciosamente agradáveis quando a urze está em flor — continuou. 

Kimbra se deteve tão bruscamente que sua donzela trombou contra ela. A dama enrugou o 

nariz em gesto de evidente desagrado. —  Isto não está a minha altura — aspirou o ar pelo nariz 

com desprezo. — Isto é o melhor que pode me oferecer o castelo? Estou acostumada a algo muito 

melhor. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Elisa apertou os lábios. 

— Lorde Damian o preparou especialmente para você. 

— Ah,  lorde Damian. Não esperava que  fosse tão... bonito. Também é bastante aterrador, 

mas isso eu gosto em um homem — os olhos brilharam. — vai causar furor em Londres. 

— Londres, minha senhora? Lorde Damian não gosta de Londres. Misterly é seu lar. Não tem 

pensado em partir. 

Kimbra olhou a Elissa com os olhos entreabertos. 

— Como pode presumir saber o que pensa lorde Damian? O que é você para ele? 

— Não  sou  nada  para  lorde Damian. Menos  que  nada. Quer  que  ajude  a  sua  donzela  a 

esvaziar seus baús? 

— Não, Daisy pode fazê‐lo sozinha. Avisa  lorde Damian de que esta noite desejo  jantar em 

meu quarto. Enviarei Daisy para buscar uma bandeja. 

—  Como  deseja —  disse  Elissa,  que  estava  desejando  perder  de  vista  à  altiva  noiva  do 

Damian.  

— Espera! 

— Sim? 

— Diga a  lorde Damian que espero sua visita antes que se  retire. Temos muitas coisas do 

que falar. 

Certamente  que  sim,  pensou  Elissa  enquanto  partia.  Podia  imaginar  muito  bem  o  que 

ocorreria naquele quarto assim que Kimbra e Damian ficassem a sós. 

Damian já saíra do salão, assim Elissa se dirigiu à cozinha. Maggie a interceptou. 

— Lady Kimbra não fará muitos amigos em Misterly — assegurou Maggie. — Pode ser que 

seja uma grande beleza, mas não  tem  respeito por nossa  terra nem por nossa gente. Não  trará 

nada bom a lorde Damian. 

— Isso não é meu assunto — respondeu Elissa encolhendo os ombros. Então baixou a voz. — 

Não posso ficar em Misterly. 

— Como vais escapar? A mantém muito vigiada. 

— Ainda não sei. 

Maggie apertou seu braço. — Desejo‐te boa sorte. 

Maggie deu a volta e tropeçou com o sólido muro do peito de sir Richard. Elissa observou 

com interesse como os braços do Dickon a rodeavam, segurando‐a. 

— Sir Richard, está procurando algo? — perguntou Maggie afastando‐se dele. 

— Sim — brilharam seus olhos provocativamente e baixou a voz, mas Elissa o ouviu de todas 

formas. — Você já sabe o que procuro, Maggie. 

Elissa  observou  ao  casal  com  interesse...  Dickon  era  um  homem  bonito,  embora muito 

seguro de si mesmo para o gosto de Elissa. — Não sou esse tipo de garota, sir Richard — replicou 

Maggie. Richard riu com cinismo. 

— Não me diga que é dessa classe de mulheres que se reservam para o matrimônio. 

Maggie ficou tensa. 

— E o que tem isso de mau? 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Enquanto haja mulheres dispostas a meu redor, não tenho necessidade de me casar. 

— Sugiro‐te que procure então a uma dessas mulheres dispostas. 

— Talvez o faça — girando sobre seus calcanhares, Richard se afastou dali. 

Damian  retornou ao salão a  tempo de presenciar o  intercâmbio entre Dickon e Maggie. A 

julgar por como estavam as coisas, seu amigo parecia estar fazendo poucos progressos com aquela 

obstinada moça. 

Mas  bom,  ele  tinha  seus  próprios  problemas  aos  que  enfrentar.  Sua  futura  prometida  já 

chegou, e as bodas estava em torno da esquina. 

Damian viu Elissa enchendo uma  jarra de cerveja e a seguiu com o olhar. Havia muito que 

admirar em Elissa além de sua beleza, mas a obstinação não era a melhor de suas virtudes. 

A expressão de Damian se tornou sombria quando recordou como foi a sua cama para logo 

mentir sobre suas motivações. 

Damian captou a atenção da Elissa e lhe fez um gesto para que se aproximasse. 

— Mais cerveja, meu senhor? — perguntou‐lhe com frieza. 

— Não. Já se instalou lady Kimbra? 

Elissa soltou uma gargalhada zombadora. 

— Eu não diria tanto. Sem dúvida terá percebido que lady Kimbra despreza Misterly. Diz que 

não está a sua altura. As Terras Altas não são Londres, e ela sabe muito bem. 

— Terminará gostando — disse Damian com mais convicção do que sentia. 

— Sua dama me pediu que lhe de uma mensagem — informou Elissa. — Esta noite estará te 

esperando em seu quarto. 

Damian  assentiu.  Por  alguma  razão,  não  o  entusiasmava  aquele  encontro.  Agradecia  a 

generosidade do rei naquele matrimônio acertado, mas temia que o custo que suporia para sua 

paz mental excederia os benefícios que contribuiria a seu modo de vida. O pouco que viu de lady 

Kimbra não o impressionava, mas estava disposto a conceder o benefício da dúvida. 

Ele não era dos que tomavam decisões precipitadas, assim decidiu reservar sua opinião até 

conhecer melhor a  sua  futura prometida. Era  injusto comparar Kimbra com Elissa em  tão curto 

espaço de tempo. 

Depois  do  jantar,  Damian  se  consultou  com  sir  Brody  para  falar  dos  acertos  para  o 

alojamento  e  as  provisões  dos  novos  hóspedes.  Sir  Brody  assegurou  que  os  convidados  não 

afetariam ao pressuposto do Misterly. 

— Posso te fazer uma sugestão, meu senhor? — perguntou sir Brody. 

— É obvio — respondeu Damian, a quem picou a curiosidade. 

— Lady Marianne está se recuperando de forma considerável. 

Acredito que seria benéfico tanto para ela como para os membros de seu clã que jantasse no 

salão. Os Fraser precisam ver como está melhorando sua senhora sob seus cuidados. 

Damian examinou o rosto de sir Brody. — Há algo mais, verdade? 

Sir Brody assentiu. — Lady Marianne sente que está muito  tempo  isolada e sente  falta do 

contato com os membros de seu clã. Pediu‐me que te faça chegar sua petição. 

Damian sopesou a solicitude de lady Marianne. Não tinha nenhuma objeção, e assim o disse 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   105

a sir Brody. A enormidade do sorriso de sir Brody deu a entender a Damian que a senhora e seu 

administrador estavam ainda mais unidos do que ele suspeitava. 

Consciente de que o tempo transcorria, Damian se  levantou e subiu as escadas em direção 

ao quarto de lady Kimbra. A tímida donzela da Kimbra respondeu quando ele bateu na porta. 

O  sorriso  fraquejou  quando Damian  passou  por  diante  dela  antes  que  tivesse  tempo  de 

anunciar sua presença. 

— Pode  ir, Daisy — disse Kimbra fazendo um gesto com a mão para que a criada partisse. 

Daisy saiu com considerável rapidez. 

Damian  se  deteve  sobre  seus  passos  quando  viu  a  Kimbra  estendida  na  cama  em  um 

atrevido peignoir6, seu generoso busto exposto pelo decote do objeto e com uma de suas bem 

torneadas pernas nua até a altura da coxa. 

Damian se perguntou vagamente por que a visão de suas voluptuosas curvas não conseguia 

excitá‐lo. 

— Obrigado por vir — ronronou Kimbra. — Acreditei que talvez sua amante não te daria a 

mensagem. 

—  Se  estiver  se  referindo  a  Elissa,  que  por  certo,  não  é minha  amante,  sim me  deu  sua 

mensagem. O que é isso que quer falar? 

Kimbra deu um tapinha na cama a seu lado. Seus olhos brilhavam em claro convite. 

— Veem te sentar a meu  lado, meu senhor. Como você mesmo há dito, devemos começar 

quanto antes a conhecer um ao outro. 

Damian  se  sentou  com  cuidado na borda da  cama. Aquela mulher  ia  ser  sua esposa,  sua 

companheira na vida. Por que se sentia tão incômodo perto dela? 

—  Então —  começou  a  dizer  Kimbra, —  falamos  de  onde  vamos  viver?  Quanto  tempo 

devemos permanecer nesta terra selvagem antes de poder fixar nossa residência permanente em 

Londres? —  perguntou  com  um  delicado  estremecimento  que  fez  com  que  a manga  de  sua 

camisola caísse para baixo. 

Damian deixou cair o olhar para seus seios, perguntando‐se quantos homens teriam tido o 

privilégio de contemplá‐los como ele estava fazendo agora. Trataria‐se de uma jovem inocente? 

Não o  surpreenderia que  lhe pusesse  chifres antes que  secasse a  tinta dos papéis de  seu 

matrimônio. Sacudiu a cabeça para dissipar suas dúvidas e prometeu ser mais tolerante com seus 

flertes. 

Como  nasceu  e  cresceu  em  Londres,  certamente  estaria  atuando  de  acordo  ao 

comportamento que aprendeu na corte. 

— Não respondeste a minha pergunta, meu senhor — disse Kimbra com ar de superioridade. 

—  Não  tenho  intenção  de  fixar  minha  residência  permanente  em  Londres  —  replicou 

Damian. — Misterly é agora meu lar. 

Kimbra fez uma careta, e logo estirou as mãos para deslizar pelo peito de maneira sugestiva. 

— Sou conhecida por minha capacidade para fazer os homens mudarem de opinião. 

Damian se afastou. O que estava acontecendo com ele? Kimbra era uma mulher formosa e                                                             6 Vestimenta leve que as mulheres usam em casa. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   106

sensual, deveria estar tremendo de desejo em lugar de tentar evitá‐la. 

— Descobrirá que a mim não pode convencer com facilidade. 

—  Nego‐me  a  ficar  presa  neste  lugar  esquecido  por  Deus  depois  de  nossas  bodas  — 

proclamou Kimbra com petulância. — Para esta gente sou uma estranha. Odeiam‐me. A água de 

meu banho estava morna, a comida era repugnante, e sua amante se mostrou desrespeitosa. 

Damian apertou os dentes em gesto de  frustração. — Repito‐lhe  isso, Elissa não é minha 

amante. 

Kimbra  ficou olhando‐o, seu desgosto era evidente. — Por que segue essa mulher aqui se 

não é sua amante?  

Damian saiu imediatamente em defesa da Elissa. 

— Deixa Elissa fora disto, minha senhora. Ela não tem nada que ver com nosso matrimônio. 

Estou seguro de que chegaremos a nos entender como marido e mulher quando nos conhecermos 

um pouco mais. 

— Isso não responde a minha pergunta, meu senhor — insistiu Kimbra. 

— Sua pergunta é  irrelevante, embora suponha que deveria  te  falar da Elissa antes que o 

faça  outra pessoa.  Seu  pai  e  seus  irmãos  foram mortos  em Culloden. A  ela  e  a  sua  família  foi 

permitido  seguir  vivendo  em Misterly  porque  é  um  lugar  remoto  e  inútil  para  a  Coroa.  Então 

chegou  a  Londres  a  notícia  de  que  Elissa  pretendia  se  casar  com  o  foragido  Tavis Gordon.  Fui 

chamado a Londres e me entregaram Misterly com a condição de que evitasse esse matrimônio e 

conservasse esta terra para a Inglaterra. Elissa não é mais que um peão em um desagradável jogo 

que pretende unir os clãs para tentar levar adiante outra tentativa de rebelião. 

— Por que segue aqui? — inquiriu Kimbra. — É uma traidora. Envia‐a a Londres e deixa que 

a Coroa se encarregue dela. Esse seria um justo final para uma bruxa jacobina. 

O veneno de sua voz assombrou Damian. 

— Não quero carregar a morte dela em minha consciência — disse com  frieza. — A dama 

ficará em Misterly até que eu ordene o contrário. 

— Dama? Chama dama a essa traidora? Como sua esposa, meu senhor, tenho direito a dizer 

quem fica em Misterly e quem se vai, e Elissa Fraser se vai sem dúvida nenhuma. 

Damian  ficou bruscamente de pé. Precisava partir dali antes de perder a calma, além dos 

sentidos, e ordenar a Kimbra que retornasse a Londres, o que seria um erro. O rei não toleraria 

jamais semelhante desobediência. 

Kimbra deve ter percebido que estava puxando muito o fio da paciência do Damian, porque 

dirigiu um sorriso cativante e segurou seu braço. 

— Não te zangue comigo, meu senhor. Quando estivermos casados não terá necessidade de 

nenhuma amante.  Inclusive suplicarei ao rei que nos deixe pôr nossa residência em Londres. Eu 

sou sua pupila, e me tem afeto. 

—  Já  veremos,  minha  senhora  —  disse  Damian  escapando  e  afetando  uma  reverência 

indolente. — Boa noite. O café da manhã se serve cedo no campo. 

— Eu não sou de me levantar antes de meio‐dia — exclamou Kimbra com simulado horror. 

— Enviarei a minha donzela à cozinha a buscar chocolate e um pão‐doce quando despertar. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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—  Boa  sorte  —  murmurou  Damian  entre  dentes.  Poderia  considerar‐se  afortunada  se 

conseguisse um chá fraco e bolos de aveia. Mas  isso era algo que sua mimada e exigente futura 

prometida descobriria muito em breve por si mesma. 

Damian saiu com grandes passos do quarto, sua opinião a respeito de lady Kimbra estava se 

erodindo  rapidamente. Mostrou‐se  disposto  a  lhe  dar  uma  oportunidade, mas  apesar  de  sua 

grande beleza, não o impressionou. Por desgraça, não existia muito que pudesse fazer a respeito. 

Em quatro semanas se casaria com lady Kimbra, se deitaria com ela e receberia de bom grado os 

filhos que lhe desse. 

Aquilo o fez se deter um  instante a pensar. Por alguma  inexplicável razão,  imaginou a seus 

filhos com um reluzente cabelo vermelho e os olhos verdes. 

 

 

Capítulo 11 

 

 

Damian escapou durante a manhã seguinte. Se uniu a seus homens durante os exercícios de 

espada,  reuniu‐se  com  sir  Brody  e  saiu  a  caçar  com  Dickon.  Quando  retornou  ao  castelo, 

encontrou‐se  com uma disputa no  salão que extrapolou. Kimbra e Elissa estavam acertando as 

contas uma com a outra, brigando como lavadeiras. Damian abriu passagem através do grupo de 

curiosos que havia a seu redor e se colocou entre elas. 

— Que diabos está acontecendo? 

Kimbra se virou para ele com seus olhos azuis brilhando de fúria. — Por favor, não amaldiçoe 

em minha presença, meu senhor. 

— Minhas desculpas, minha senhora — espetou Damian com sarcasmo. — Seria tão amável 

de me dizer o que significa este comportamento tão impróprio de uma dama? 

— Com muito prazer — respondeu Kimbra lançando a Elissa um olhar carregado de rancor. 

— Esta moça jacobina me insultou. 

Damian elevou uma sobrancelha em direção a Elissa. — Elissa...? 

—  Eu  só  sugeri  que,  levando‐se  em  conta  que  Misterly  vai  ser  o  lar  de  lady  Kimbra, 

deveríamos nos esforçar por nos dar bem. Sua futura prometida  irrompeu na cozinha proferindo 

insultos. E então, sem provocação prévia, lançou uma taça de chá na cabeça de Winifred enquanto 

insistia em que  ignoraram deliberadamente suas ordens. Enviou a sua donzela para buscar uma 

taça de chocolate e Winifred preparou um chá em seu lugar. Winifred explicou a lady Kimbra que 

não havia chocolate. Eu só tentei explicar que não contamos com muitos luxos em Misterly. 

—  Vou  proporcionar  uma  grande  riqueza  a  este matrimônio, meu  senhor —  assegurou 

Kimbra, — e deveria me proporcionar tudo o que deseje. 

Damian conteve um grunhido. 

—  Faça  sir  Brody  conhecer  seus  desejos  e  ele  fará  o  possível  para  satisfazer  suas 

necessidades em um prazo razoável. 

Kimbra deu um pisão no chão. — Quero chocolate agora! 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   108

Damian  elevou  os  olhos  ao  céu  suplicando  paciência. —  Temos  um  pouco  de  chocolate, 

Elissa? 

— Não, meu  senhor.  É  o  que  acabo  de  dizer. O  chocolate  é  um  luxo  que  os  Fraser  não 

puderam se permitir. E mesmo que tivéssemos um pouco, depois deste arrebatamento, Winifred 

teria enterrado no jardim antes de servir a sua dama. 

Damian reprimiu um sorriso. 

— Aí o tem,  lady Kimbra. Sem dúvida tentaremos por todos os meios conseguir sua bebida 

favorita no futuro. 

Kimbra assinalou a Elissa com o dedo. 

— Exijo que a castigue por seu desrespeitoso comportamento. 

— O que sugere? — perguntou Damian com falsa tranquilidade. 

Kimbra dirigiu um sorriso encantador. 

— Uma boa surra a poria em seu lugar. Deve dar exemplo aos outros jacobinos, meu senhor. 

A fúria de Damian pendia por um frágil fio. 

—  Estou  tentando  conviver  bem  com  os membros  do  clã  de  Elissa,  e  você  não  está me 

ajudando. Necessito‐os para que Misterly prospere. Sua riqueza não servirá de nada se não existir 

ninguém trabalhando nos campos, compilando as colheitas e atendendo ao gado. Deve aprender a 

conviver bem com esta gente, porque eles são agora sua gente. 

Kimbra recuou como se a tivessem golpeado. 

— Minha gente? Duvido‐o meu senhor... estes aldeãos estão abaixo de mim. 

Damian reagiu espontaneamente. Agarrou‐a pelo braço e a levou a uma sala em que podiam 

vê‐los, mas não escutá‐los. 

—  Estou  eu  por  baixo  de  ti, minha  senhora?  Considera‐me  inferior  a  seus  pretendentes 

londrinos? Eu sou o amo aqui. Não me dirá o que tenho que fazer. 

Damian viu como abria os olhos de par em par, escutou como ficava a respiração retida na 

garganta, e sentiu como cravava seus dedos no ombro. Mas em vez de afastá‐lo, Kimbra o atraiu 

para si. 

Damian soltou um bufo de desgosto, consciente de repente de que a dama estava excitada. 

Despertou sua paixão quando esperava ira, ou ao menos medo. 

— Damian, Damian! — ofegou. — OH, Deus, é tão dominante. E eu adoro os homens fortes. 

Me leve a seu quarto e me faça tua. Agora, meu senhor, por favor. 

Antes que ele pudesse responder, Kimbra baixou sua cabeça e apertou os  lábios contra os 

seus. Damian, curioso, deixou que o beijasse, perguntando‐se se aquele beijo o afetaria como o 

faziam os da Elissa. 

Deitou‐se com  incontáveis mulheres, compartilhou numerosos beijos apaixonados, mas só 

Elissa o fazia desejar algo mais profundo. 

Estranhamente  indiferente,  Damian  não  sentiu  mais  que  um  morno  desinteresse  pelos 

beijos da Kimbra. Seu primeiro pensamento foi que sabia mais de beijos do que deveria saber uma 

virgem.  

Sua língua pequena e perversa sondou sua boca como se soubesse exatamente o que estava 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   109

fazendo. Apesar de todos seus esforços, Damian permaneceu impávido. Interrompeu o beijo e se 

separou dela. 

— Damian, por  favor — suplicou‐lhe Kimbra. — Não me deseja? Logo estaremos casados, 

Que importa? 

— Só tento proteger seu bom nome — Damian tentou desviar a questão. — Minha mulher 

deve estar acima de qualquer recriminação. 

Aquilo pareceu abrandar Kimbra, porque lhe dedicou um sensual sorriso. 

— Quatro semanas parecem muito tempo, mas talvez valha a pena. 

—  Podemos  falar  de  seu  comportamento  de  hoje?  —  perguntou  Damian  mudando 

habilmente de tema. — Se te converter em inimiga dos Fraser, dificilmente poderá te granjear seu 

carinho. 

— Talvez me inclinaria mais pela tolerância se jogasse Elissa daqui. 

— Pensarei nisso —  respondeu Damian em uma  tentativa de aplacá‐la. — Enquanto  isso, 

talvez você gostasse de conhecer o castelo. E bastante  impressionante apesar de ser tão antigo. 

Explicarei as melhoras que pensei em fazer enquanto percorremos as numerosas estadias. 

Kimbra enrugou seu coquete nariz. 

— Talvez em outro momento. Se sua cozinheira for capaz de preparar algo que tente meu 

delicado apetite, eu gostaria de comer. Enviarei Daisy à cozinha para que  instrua a  seu pessoal 

sobre o que eu gosto e o que eu não gosto. 

— Estou seguro de que  farão tudo o que esteja em suas mãos para que esteja cômoda — 

disse Damian afastando a vista. — Se me desculpar, minha  senhora,  tenho assuntos que  tratar 

com meu administrador. 

Elissa não pôde ouvir do que estavam falando Damian e Kimbra, mas tanto ela como todos 

os outros viram o que aconteceu na sala. O beijo que Kimbra e Damian se deram falava por si só. 

A paixão que se encerrava atrás daquele beijo foi tão potente que Elissa quase esperava que 

Damian  arrastasse  a  Kimbra  em  seguida  a  seu  dormitório. A  dama,  certamente,  parecia muito 

disposta. 

Elissa  levou uma  grande  surpresa quando Damian  interrompeu bruscamente o beijo e  se 

afastou dali, deixando Kimbra com expressão perplexa e altivamente satisfeita. 

Elissa  se preparou quando Kimbra  se  aproximou  tranquilamente para ela  com um  sorriso 

condescendente nos lábios. 

— Tenho fome — disse a dama. — Uma comida ligeira servirá. Pescado escaldado, verduras 

amadurecidas  com  um  pouco  de  romeiro  e  pão  recém  assado. Mel  em  lugar  de manteiga.  Te 

encarregue disso agora mesmo. 

Elissa  se  sentiu  tentada a mandar Kimbra ao diabo, mas mordeu  sabiamente a  língua. Os 

problemas tinham agora nome novo: Lady Kimbra Lancaster. 

O salão bulia de atividade quando Damian ocupou seu  lugar na cabeceira da mesa aquela 

noite. Circulou a voz de que  lady Marianne faria sua aparição no salão, e os membros de seu clã 

estavam ansiosos por  ver  com  seus próprios olhos  como  ia à  viúva de  seu antigo  chefe  sob os 

cuidados de Damian. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   110

Então  lady  Kimbra  irrompeu  no  salão  e  a  conversa  se  interrompeu.  De  repente  ela  se 

converteu no centro das atenções. O elaborado vestido próprio da corte que escolheu para sua 

primeira refeição no salão tinha um decote pronunciado e estava ricamente adornado com renda. 

Damian  pensou  que  aquela  ostentosa  demonstração  era muito  elaborada  para  a  ocasião  e  se 

prometeu  que  ensinaria  a  Kimbra  sobre  como  vestir‐se  adequadamente  no  campo.  Era 

imprudente presumir da  riqueza de um, quando aquela gente  teve arrebatado  tudo exceto  seu 

orgulho. 

Damian ficou cortesmente de pé quando Kimbra apareceu; deu um passo adiante, ofereceu 

seu braço e a sentou a sua esquerda. 

— Confio em que esta noite a refeição seja melhor que o que me ofereceram até agora — 

comentou Kimbra. — tive que me conformar com salmão defumado e esses espantosos bolos de 

aveia para comer. Temo‐me que meu delicado estômago não suportará uma comida tão pesada. 

— Eu acho  a  cozinha de Misterly muito  satisfatória — defendeu‐se Damian. — Diga a  sir 

Brody o que você gosta e o que não. 

— Meu primeiro encargo quando for a senhora de Misterly será contratar um chef francês 

— ronronou Kimbra. 

Damian sentiu que começava a doer sua cabeça. 

—  Temo‐me  que  não, minha  senhora.  Estou  plenamente  satisfeito  com Winifred  e  seus 

ajudantes. 

Kimbra  abriu  a boca para  responder e  a deixou  aberta quando  sir Brody entrou no  salão 

levando a uma frágil mas sorridente lady Marianne. A pequena Lora saiu brincando de correr atrás 

deles levando a rastros a pulseira que Elissa fez para ela com trapos e palha. 

Damian ficou de pé. 

— Bem vinda, lady Marianne. É um prazer que te tenha unido esta noite a nós. 

Lora deixou escapar um grito e se jogou nos braços de Damian. Ele a  levantou pelos ares e 

logo a sentou a sua direita. 

— Quem  é  esta  gente? —  perguntou  Kimbra  com  desdém.  Damian  a  ignorou  enquanto 

indicava a sir Brody que sentasse Marianne ao lado de sua filha. 

— Essa menina é muito pequena para comer com os adultos — protestou Kimbra. — Quem 

são e o que estão fazendo na mesa principal? 

Damian esperou a que Marianne se sentasse antes de fazer as apresentações. 

—  Lady Marianne, me permita que a apresente a  lady Kimbra, minha prometida. Kimbra, 

estas são lady Marianne Fraser e sua filha Lora. 

Lady Marianne assentiu gentilmente com a cabeça, mas Kimbra a ignorou. 

— Dado  que  esta  vai  ser minha  casa, me  explique  por  favor  por  que  esta  gente  está  se 

aproveitando de minha hospitalidade. 

— Lady Marianne e Lora são a mãe e a irmã de lady Elissa. Esta é sua casa. 

— Por que continuam ainda aqui? Entendi que se dispôs adequadamente da  família desse 

traidor. 

— Olhe a seu redor, minha senhora. Está rodeada dos Frasers. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Mas acolher à esposa e às  filhas de um  reconhecido  traidor é um ato de  traição em  si 

mesmo. O que vai dizer o rei? 

— Permita que eu me preocupe do  rei,  lady Kimbra.  Lady Marianne e  lady  Lora estão  se 

recuperando de graves enfermidades. Que se recuperem é minha maior preocupação. 

— Por que deveria importar a ti? — desafiou‐o Kimbra. 

— Tome cuidado com o que diz, minha senhora — a advertiu Damian. 

Kimbra adquiriu uma expressão arrependida enquanto baixava a vista ao prato e cruzava as 

mãos sobre o colo, mas Damian não se deixou enganar. Era óbvio que sua imprevisível prometida 

estava soltando fumaça por dentro. 

Então vislumbrou a Elissa e um diabo interior o levou a dizer: 

— Elissa, há um  lugar  livre ao  lado de sua mãe. Acredito que elas gostariam que se una a 

nós. 

A Elissa assombrou o  convite de Damian. Não  sabia que  seu  repentino  interesse para ela 

enfureceria a lady Kimbra? Considerou a possibilidade de negar‐se, mas logo mudou de opinião. 

Depois de um  instante de vacilação, tomou assento pausadamente na cadeira que Damian 

indicou. A comida estava deliciosa. Elissa pensou que Winifred caprichou. 

Os comensais devoraram rapidamente o primeiro prato, que consistia em quartos traseiros 

de cordeiro e  lombo de vitela. Seguiu um  fricassé de  frango e porco com espinafres. O  terceiro 

prato  consistia  em  salmão  cozido,  linguado  frito  e moelas  com  acompanhamento  de  verduras. 

Mingau e bolos rematavam o jantar. 

Aquele grande banquete foi preparado em honra à chegada de lady Kimbra. Mas a dama não 

parecia absolutamente impressionada. 

Elissa se encheu de ira ao ver Kimbra afastar a um lado do prato a comida com o garfo. Elissa 

esteve ajudando na cozinha e sabia quão duro trabalharam Winifred e seus ajudantes para servir o 

banquete que Damian requeriu. Desejava repreender furiosamente Kimbra, Damian se adiantou. 

— A comida não é de seu agrado, lady Kimbra? — perguntou Damian com secura. 

— A vitela  foi cozida demais e o cordeiro cru. Prefiro o  linguado cozido e eu não gosto de 

nada o salmão. No mingau faltava baunilha e estavam  líquidos — acrescentou afastando o prato 

com ênfase. — Eu exijo perfeição em minha cozinha. 

— Eu gostaria de me retirar — disse Marianne, impedindo a resposta de Damian às queixas 

de Kimbra. — Foi maravilhoso compartilhar o  jantar com os membros de meu clã, mas de agora 

em diante, Lora e eu  jantaremos em meu quarto. Não desejo provocar dissensões em sua casa, 

meu senhor. 

Damian ficou de pé e fez um gesto a sir Brody para que se afastasse quando o administrador 

se moveu para acompanhar Marianne a seu dormitório. 

— Eu levarei lady Marianne a seu quarto — disse. — Veem você também, Lora. 

Agarrou Marianne nos braços e saiu dali a grandes passos, como se não pesasse nada. Sir 

Brody vacilou um instante e logo foi atrás de Damian. Lora os seguiu. 

— Deveria seguir o exemplo de sua mãe — disse Kimbra a Elissa em um à parte. — Esta é 

uma situação muito incômoda. Vou pedir a lorde Damian que tire as três de minha casa. O rei não 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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gostará de saber que lorde Damian tem acolhida à família de um traidor sob seu teto. 

— Não sigo em Misterly por que quero — explicou‐se Elissa. — Supliquei a lorde Damian que 

me deixasse ir, mas ele se nega. 

— Talvez eu possa ser de ajuda — sussurrou Kimbra maliciosamente. — me deixe que pense 

em seu dilema. 

Damian retornou ao salão e tomou assento em sua cadeira. 

— Mamãe se encontra bem? — perguntou Elissa com ansiedade. 

— Um pouco cansada, mas fez bem a ela se reunir conosco esta noite. Hei dito que sempre 

que queira, será bem‐vinda para comer conosco. 

— Realmente, meu senhor, é muito generoso — exclamou Kimbra. — Acolher prisioneiros 

não é o que mais te convém. As envie longe daqui. 

— Terei em conta seu conselho — disse Damian em um tom que devia servir de advertência 

a Kimbra de que estava pisando em terreno perigoso. 

Elissa deu a volta desgostada quando Kimbra sorriu a Damian e perguntou: 

— Me acompanha a meu quarto, meu senhor? —Damian se levantou e ofereceu seu braço. 

— É obvio, minha senhora. 

Kimbra  se  agarrou  possessivamente  no  braço  de Damian  e  saiu  do  salão  não  sem  antes 

lançar um olhar de suficiência a Elissa por cima do ombro. 

Elissa ficou olhando mal‐humorada seu prato vazio e não percebeu que Dermot se sentou a 

seu lado até que ele falou. — Essa mulher é um problema, moça. 

Elissa lhe sorriu. 

— Sim, Dermot, mas não podemos fazer nada a respeito. É a prometida de Damian. 

— Sua senhoria vai se encontrar com outra rebelião dos Fraser em suas mãos se as coisas 

não mudarem. 

—  Isso  não  seria  muito  inteligente,  Dermot.  Em  outros  tempos  não  teria  vacilado  em 

fomentar uma rebelião, mas já não acredito que isso seja o melhor. Além disso, não acredito que 

Damian permita que sua prometida seja dura com ele ou conosco. 

— Talvez tenha razão, moça, mas não posso predizer quanto tempo aguentarão os membros 

de nosso clã os insultos de lady Kimbra. Winifred quer deixar a cozinha. 

— Falarei com lorde Damian. Precisa saber o que está ocorrendo em sua própria casa. 

Dermot partiu. Os pensamentos da Elissa deram voltas em  sua  cabeça enquanto  subia as 

escadas  que  levavam  a  sala  das mulheres.  Perguntou‐se  vagamente  o  que  quis  dizer  Kimbra 

quando disse que a ajudaria a sair de Misterly. O pouco que conheceu da prometida  inglesa de 

Damian deixou claro que Kimbra era uma mulher mimada, banal e desumana. Entretanto, parecia 

encantada com Damian, e ele com ela. De que outro modo podia explicar que fosse tão indulgente 

com sua prometida? 

A ela nunca a tratou com a mesma paciência nem com a mesma consideração, embora era 

certo que Elissa nunca ocultou seu ódio pelos ingleses e seu rei Hannover. 

Uma vez em seu quarto, Elissa se sentou ao  lado da  janela e olhou para os campos. Tinha 

decisões que tomar e planos que formular. Precisava decidir aonde iria quando deixasse Misterly. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Ir ao Glenmoor com sua prima Christy era sempre uma opção, mas levando‐se em conta que 

casaram Christy quando menina com um inglês, a preocupava causar problemas a sua parente. De 

pequenas  estavam muito  unidas, mas  suas  circunstâncias  eram  agora  diferentes.  Christy  não 

sentia nenhum afeto por  seu marido ausente, enquanto que ela amava Damian. O  coração  lhe 

dizia  que  não  devia  permanecer  em Misterly quando Damian  e  Kimbra  se  casassem. Os  fortes 

sentimentos  que  albergava  por  ele  estavam  se  convertendo  em  um  problema  a  cada  dia  que 

passava. 

Por que pulsava com força seu coração e queimava seu corpo cada vez que a tocava? 

Por que estava obcecada com ele? 

Por que detestava a  ideia de que Damian  se casasse com  lady Kimbra... ou com qualquer 

outra? 

Os pensamentos de Elissa foram bruscamente interrompidos quando escutou os sons de uns 

passos que se aproximavam. Girou a cabeça de repente. 

— Assustaste‐me, nana. Não te ouvi entrar. 

— Estava sumida em seus pensamentos, moça — examinou o rosto da Elissa. — Quer me 

falar disso? 

Elissa observou seus dedos entrelaçados. — Não há nada que contar. 

— Não o faça, moça. 

Elissa elevou a cabeça de repente. — Do que está falando? 

— Não acredite em nada do que te diga lady Kimbra. É maliciosa. 

Elissa abriu os olhos de par em par. — O que sabe você de lady Kimbra? 

— Minhas  vozes me  advertem  sobre  ela —  disse  nana. — Acredite  em mim, moça. Não 

ponha em perigo a seu filho. 

— Está louca, nana — repreendeu‐a Elissa. — Não estou esperando nenhum filho. 

Nana dirigiu um enigmático sorriso. 

— Será capaz de repetir isso amanhã com a mesma segurança? 

— Tolices! —  zombou Elissa. — Vete a outro  lado  com  suas absurdas afirmações, eu não 

tenho paciência para as escutar. 

— Muito bem, moça, mas não esqueça minhas palavras. Que durma bem. 

O  modo  em  que  disse  "que  durma  bem"  provocou  calafrios  nas  costas  da  Elissa.  As 

premonições de nana costumavam  ser  imprecisas e em ocasiões aterradoras, mas esta vez não 

faziam sentido. 

Ainda sopesando o que nana disse, Elissa se despiu e se preparou para se meter na cama. 

Suspirando com cansaço, apagou a vela e deslizou entre os lençóis tentando não pensar no que ia 

acontecer no quarto de Kimbra. 

Damian era um homem muito viril, e Kimbra uma mulher bela e sedutora. Seu matrimônio 

era já um fato; tinham todo o direito do mundo a satisfazer um ao outro como desejassem. 

Elissa estava flertando com o sono quando um rangido das dobradiças da porta a advertiu de 

que não estava sozinha. Teria retornado nana para seguir soltando tolices? Aconteceu algo a sua 

mãe? 

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Sabor do Pecado 03

 

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Elissa se ergueu e acendeu um fósforo para acender a vela. 

Era Damian. Estava apoiado contra a porta fechada, era uma sombra escura do homem que 

reconheceria  em  qualquer  parte.  Feixes  de  luz  esfumada  cruzavam  seu  rosto  como  adagas, 

ocultando mais do que revelavam. 

Estava com a expressão em guarda e os olhos inescrutáveis. 

— O que é que quer? — perguntou Elissa por cima do poderoso batimento de seu coração. 

Damian se separou da porta. 

— Não podia dormir. Tentei cercar conversa com sir Richard, ou de convencê‐lo a jogar uma 

partida  de  cartas, mas  preferiu  a  companhia  de Maggie.  Sir  Brody  já  se  retirou,  e  não  havia 

ninguém mais por aí. 

Elissa subiu os lençóis até o pescoço. 

—  Vá  daqui.  Como  te  atreve  a  entrar  em meu  dormitório  sem minha  permissão?  Já  te 

cansaste da companhia de lady Kimbra? 

Damian se aproximou da cama com a graciosidade de um gato. 

— Esta é minha casa. Vou onde quiser. E quanto a lady Kimbra, já a aguentei tudo o que sou 

capaz por uma noite. 

— Espero que perceba que a atitude da dama trará problemas se não lhe puser freio. 

— Te esqueça de Kimbra. Há algo do que devo falar contigo. 

— Não pode esperar até amanhã? 

Damian se sentou na borda da cama, ignorando o murmúrio dos protestos da Elissa. 

— Falaremos agora. 

— Muito bem. De que se trata? 

— Quero  que  saiba  que  nem  você  nem  sua  família  partirão  daqui  porque  lady  Kimbra  o 

deseje. Qualquer mensagem que tente fazer chegar ao rei relacionado contigo ou com sua família 

não chegará a Londres. 

— Por que faria algo assim? Acreditei que seu desejo era agradar a lady Kimbra. 

— Sim, bom... a dama não me agrada . Casarei com ela porque é o que devo fazer, mas não 

tenho por que gostar da ideia. 

Elissa piscou. 

— Pensei que  te agradava muito. Lady Kimbra é uma grande beleza. Dava a  impressão de 

que desfrutou beijando‐a. 

— Ela me beijou — sussurrou Damian com uma voz que de repente se tornou mais rouca. — 

Tem o cabelo loiro e é impossível encontrar uma só sarda em seu aristocrático nariz. 

Elissa  tocou no nariz, muito consciente do punhado de  sardas que  tentou branquear com 

limão quando era menina. Cravou o olhar no de Damian. O dele adquiriu um brilho sedutor que a 

arrastou irremediavelmente para sua reluzente promessa. 

— Damian, não... — sussurrou tão baixo aquelas palavras que mal revolveram o ar. Sabia o 

que Damian queria, porque ela queria o mesmo. Mas não podia... não o faria... 

— Não te pedi nada... ainda. 

— Então vá antes de que... 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Antes que seu desejo se faça tão grande como o meu? 

— Sim... não... não sei. Não posso pensar com clareza quando me olha assim. 

— Então, por que não admite que me deseja? 

— Não é...  inteligente. Vais te casar com  lady Kimbra. Ela me despreza. Deveria me deixar 

partir antes que Hannover se inteire de que não se cumpriram suas disposições no que a mim se 

refere. 

— Quer que te deixe partir para poder correr aos braços do chefe dos Gordon? 

— Não,  irei a outro  lado... a qualquer  lugar menos  com Tavis. Perdeu  todo meu  respeito 

quando me pediu que... não importa, isso já terminou definitivamente. 

Damian  guardou  silêncio  durante  comprido  tempo, mas  logo  disse: —  Considerarei  sua 

proposta. 

— Quando posso partir ? 

— Quando eu diga que é o momento adequado. 

Damian  a  agarrou  pelos  ombros  e  a  atraiu  para  si.  Sua  voz  encerrava  uma  nota  de 

desespero. 

— Você não entende, verdade, querida? 

— Que se supõe que devo entender? 

Damian estava com a voz rígida, como se a tivesse estirado até o limite. 

—  Que  não  importa  o  muito  que  tente  me  manter  longe  de  ti,  sempre  acabo  me 

aproximando  cada  vez  mais.  O  desejo  é  uma  emoção  muito  estranha.  Estive  apaixonado 

anteriormente, mas nunca assim. Sempre me gabei de meu autocontrole até que apareceu você. 

O que me aconteceu, Elissa? Lançou‐me um feitiço sua velha babá? 

— Os feitiços não existem — zombou Elissa. 

Damian se virou, unindo mais ainda seus corpos. — Pode sentir o muito que te desejo? 

Elissa respirava com dificuldade; o desejo pulsava por todo seu ser. Damian já estava duro e 

inchado.  Sua  determinação  se  fundiu  enquanto  se  lançou  de  cabeça  à  paixão  do  Damian, 

permitindo que a enchesse até que não ficou mais que o feroz desejo que a atravessava. 

— Não deveria estar aqui — sussurrou com voz trêmula. 

Damian  dirigiu  um  sorriso  de  lobo  e  logo  capturou  seus  lábios,  movendo  sua  boca 

apaixonadamente  sobre  a  sua.  Elissa  tentou  dizer  a  si  mesma  que  não  queria  que  aquilo 

acontecesse, mas  a mentira  ardeu  na  sua  língua.  Recordou  vagamente  as  palavras  que  nana 

pronunciou fazia um momento, quando ela negou que estivesse esperando o filho de Damian. 

Será capaz de repetir amanhã isso com a mesma segurança? 

Não  se Damian a  fizesse  sua aquela noite, a advertiu uma vozinha. O aviso  foi como uma 

fibra de palha ao vento quando a boca de Damian e suas mãos zombaram de sua determinação. 

Desejava senti‐lo mais perto dela, queria saborear cada excitante e deslumbrante momento 

enquanto pudesse, antes que a realidade fizesse sua aparição. 

Apertou  sua  boca  contra  a  própria;  rodeou  seu  pescoço  com  os  braços,  necessitava  algo 

mais que só beijos. 

Elissa respondeu com avidez, cedendo todo seu ser. A urgente pressão do corpo dele contra 

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Sabor do Pecado 03

 

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o seu a fazia sentir‐se gloriosamente viva. Os beijos do Damian se tornaram mais apaixonados; ela 

respondeu com um gemido de rendição. Desejava o ter dentro dela... agora mesmo. 

Damian deixou de beijá‐la; Elissa se pendurou de seus lábios sem respiração, enjoada. Ele a 

olhou com solenidade, com a voz áspera pela emoção. 

— Não há nenhum lugar onde preferiria estar neste momento. 

— Nunca te perdoarei por me fazer isso. 

Damian agarrou sua camisola entre os punhos e a levantou ligeiramente. — Te fazer o que? 

A Elissa pulsava o coração com força contra as costelas. — me fazer te desejar. 

Elevou os olhos para ele e só viu seu feroz desejo. Não havia nenhum engano em seu firme 

olhar, só uma escura e densa intensidade que pendurava pesadamente no ar. Tratava‐se de uma 

sedução sem esforço, e ela era sua disposta companheira. 

A mão de Damian achou seu ponto. Elissa sentiu como sua umidade se deslizava entre seus 

dedos,  sentiu‐se quente, úmida e  torcida enquanto ele deslizava os dedos em  seu  interior para 

seduzi‐la e excitá‐la. 

Elissa soltou um grito áspero e alcançou o clímax de forma violenta, arqueando‐se para ele. 

Retornou lentamente à realidade, percebendo fracamente que ambos estavam nus e de que 

Damian estava acariciando seus seios, seus olhos de prata brilhavam com ansiedade. 

Beijou‐a  na  boca  aberta,  arrancando  pequenos  ofegos  enquanto  suas  sabias  mãos 

começavam a seduzi‐la de novo. 

— É meu turno, querida — murmurou ele com voz quebrada. 

Damian se colocou em uma posição cômoda apoiado contra a cabeceira da cama e a subiu 

sobre sua rígida ereção. Elissa sentiu como sua ponta torcida tentava abrir caminho através de sua 

entrada, e o guiou para seu interior. 

Damian  fechou  os  olhos  quando  a  apertada  vagina  da  Elissa  se  fechou  a  seu  redor. Um 

intenso  prazer  se  apoderou  dele  enquanto  investia  para  cima. Gemeu. Nem  sequer  o  paraíso 

poderia ser tão doce e perfeito como aquele momento. 

Seus pensamentos  se  fizeram em pedacinhos quando Elissa  se  fundiu ao  redor dele, e de 

repente  Damian  se  sentiu  desesperadamente  agitado,  grosseiramente  arrebatado,  como  um 

canhão a ponto de explodir. 

—  Depressa,  querida —  ofegou  com  voz  rouca. —  Não  sei  quanto  tempo mais  poderei 

esperar. 

Abriu  os  lábios  e  introduziu  um  de  seus  turgentes mamilos  na  boca,  sugando‐o.  Escutou 

como a respiração dela se acelerava e como ia perdendo o controle. Investiu para cima ao mesmo 

tempo que puxava com  força os quadris da Elissa para baixo. Ela se retorceu e se revolveu com 

intensa  fúria, pendurando‐se dele com  força crescente cada vez que sua cheia ereção arremetia 

contra ela. 

Quando Damian sentiu que ficava tensa e logo vibrava ao redor de sua ereção, permitiu que 

seu  próprio  clímax  explodisse.  Continuou  arremetendo  vigorosamente  até  que  ficou  total  e 

absolutamente vazio e satisfeito. 

Então se deixou cair no colchão e se manteve dentro dela. Elissa se estirou e se acomodou 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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entre  seus  braços.  Damian  a  teve  abraçada  enquanto  dormia,  sua  mente  dava  voltas  sem 

descanso. 

O  que  acabava  de  acontecer  entre  Elissa  e  ele  foi  a  erupção  de  um  desejo  selvagem  e 

descontrolado. A fome que sentia por ela era algo incontrolável e feroz que o sacudia até o fundo. 

Damian sempre dependeu de sua inteligência para sobreviver. Foi um solitário a maior parte 

de sua vida, um soldado desumano sem parentes nem amigos. Tinha amigos, como Dickon, mas 

desde  que  perdeu  seu  pai  no  Culloden  e  a  sua  mãe  anos  atrás  ninguém  se  preocupou 

verdadeiramente de seu bem‐estar. Misterly lhe proporcionava uma sensação de pertencer, sentia 

que ali encontrava a paz que faltou durante toda sua vida. 

Quanto a Elissa, o fazia sentir‐se humano, fazia que passasse de ser o Cavalheiro Demônio a 

ser um homem. A  luxúria formava parte daquilo, mas o que sentia pela Elissa  ia mais à frente, e 

não era tão simples de definir. 

Por seu próprio bem, prometeu que manteria aquela esquiva emoção a raia para não perder 

tudo pelo que tanto lutou. 

Não poderia suportar perder Misterly. Já amava aquela terra, e  inclusive chegou a apreciar 

aos sérios e duros trabalhadores das Terras Altas. Lady Marianne era uma mulher excepcional que 

sobreviveu  à  perda  de  seus  seres  queridos,  e  a  pequena  Lora  era  uma marota  adorável  que 

parecia o querer por si mesmo. De pouca gente podia dizer isso. 

Estreitou Elissa com mais força entre seus braços e lhe depositou um beijo na úmida fronte. 

Admirava‐a por muitas  razões:  sua  força,  sua  tenacidade,  sua coragem. Sentiu uma pontada de 

culpa a que não estava acostumado por tê‐la seduzido, mas não se arrependia disso. Embora foi 

Elissa quem foi a ele, a sedução de Damian começou no dia que chegou em Misterly. 

Não recordava nem um só momento no qual não a tivesse desejado. 

Deixou de pensar em tudo isso quando percebeu que Elissa estava com os olhos abertos e o 

estava  olhando  fixamente.  Damian  desejava  perguntar  no  que  estava  pensando, mas  faltou  a 

coragem. 

Lady Kimbra se erguia entre eles como um sólido muro de madeira. O que fez em seu lugar 

foi beijá‐la, acariciá‐la e  voltar a  seduzi‐la  lentamente. Quando  se  colocou em  cima dela, Elissa 

abriu as pernas para recebê‐lo. 

Damian deixou a cama de Elissa pouco depois de que fizessem o amor pela segunda vez. Ela 

estava meio adormecida quando ele a beijou suavemente nos lábios e saiu do quarto. 

Quando  retornou  ao  salão  se  surpreendeu  ao  ver  sir  Brody,  ao Dickon,  ao Dermot  e  ao 

Lachlan sentados em bancos em frente a lareira, falando em voz baixa. 

Dermot  ficou de pé e  fez um gesto para que  se aproximasse. — Queríamos  falar  contigo 

antes que te retire a dormir, senhoria. 

Uma sensação de  formigamento subiu pela espinha dorsal de Damian quando se uniu aos 

homens.  Alguém  pôs  uma  caneca  de  cerveja  na  sua mão  quando  tomou  assento  ao  lado  de 

Dickon. 

— O que os mantém acordado a estas horas da noite? — perguntou Damian. 

— Nós poderíamos perguntar o mesmo a ti — replicou Dermot. — O que faz no salão a estas 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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horas? 

— Não te devo nenhuma explicação, Dermot Fraser. 

— Então é certo — espetou Lachlan. — Converteste à donzela de Misterly em sua amante. 

—  Equivoca‐te  com  a dama —  respondeu Damian  com  aspereza. —  Elissa não  consentiu 

nunca em ser minha amante. 

— Sua  futura prometida dorme  lá na  torre — assinalou Dermot. — Não  tem direito a pôr 

seus olhos em nossa moça. Ela está prometida ao chefe dos Gordon. 

— Eles não se casarão jamais — manteve Damian. — Se algum dos membros de seu clã está 

pensando em fugir ao baluarte dos Gordon, aconselho‐os muito a sério que não o façam. Prefiro a 

paz, mas  se  for o  caso,  tomarei medidas para destruir  ao  clã dos Gordon  se  começarem  a me 

causar problemas. 

—  Os  Fraser  estão  cansados  da  guerra —  disse  Dermot  olhando  Lachlan  em  busca  de 

confirmação. — Mas se continua desonrando a nossa moça, faremos o que for melhor para nosso 

clã. 

— Sim —  reconheceu Lachlan. — Estamos dispostos a  te dar uma oportunidade para que 

nossa gente melhore, mas não ficaremos de braços cruzados enquanto trata Elissa sem nenhum 

respeito.   Tampouco permitiremos que  lady Kimbra menospreze nosso  lar nem aos membros de 

nosso clã. Pensa nisso, senhoria. 

Depois daquela advertência, Lachlan e Dermot se levantaram e saíram dali. 

— Sabe que eles têm razão, verdade? — aventurou Dickon. 

— Você também, Dickon? 

— Estas procurando problemas, Damian. Se valoriza Misterly e desejas conserva‐lo, deixa em 

paz Elissa. 

Damian  observou  o  olhar  reprovatório  de  sir  Brody  e  elevou  uma  sobrancelha  em  sua 

direção. 

— Nada mais longe de minha intenção que te dizer o que deve fazer, meu senhor — disse sir 

Brody, — mas lady Marianne está desgostosa com a situação existente entre sua filha e você. 

Damian fechou os punhos e os apertou aos flancos. 

—  Acaso  acredita  que  não  sei?  Não  posso me  conter, maldita  seja!  Algo  estranho  está 

ocorrendo. Não sei que diabos me passa. 

— Eu tenho uma sugestão — aventurou sir Brody. 

— Eu também — interveio Dickon. 

Damian deixou escapar um suspiro de impaciência. — Adiante. Você primeiro, Dickon. 

— Envia  lady Elissa a Londres e o resto de sua família ao convento. Deve te concentrar em 

sua prometida. Tanto se a aprova como se não, lady Kimbra contribui uma considerável riqueza a 

suas arcas. Suas posses e  seu novo  título  só estão garantidos  se  te  casa  com a noiva que o  rei 

escolheu para ti. 

— Essa solução não é aceitável para mim, Dickon. Pode ser que lady Marianne seja aceita no 

convento, mas o espírito da pequena Lora ficará sepultado atrás de seus muros. Quanto a Elissa, 

não  considero  uma  opção  válida  enviá‐la  a  Londres.  A  Coroa  sente  pouca  simpatia  para  os 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   119

jacobinos. 

Damian se virou para o amadurecido cavalheiro. 

— Espero que sua sugestão seja mais aceitável, sir Brody. 

Sir Brody clareou a garganta e logo olhou de frente a Damian. 

— Te case com a moça, meu senhor. 

 

 

Capítulo 12 

 

 

Casar‐se com Elissa. 

As  palavras  de  sir  Brody  ressonaram  pela  cabeça  do  Damian  como  o  estrondo  de  uma 

trompa muito tempo depois de que tivesse retornado a seu quarto. 

Em vez de se meter na cama, deixou‐se cair em uma cadeira com uma  taça de brandy na 

mão e as pernas estendidas para a lareira. 

Casar‐se com Elissa. Absolutamente ridículo. 

O rei nunca consentiria. 

Damian jogou o brandy à garganta e o engoliu ruidosamente. 

Logo se serviu de outro. Estava assombrado de ter sequer levado em consideração uma ideia 

tão ridícula. Com a mente sumida na indecisão, ficou olhando as oscilantes chamas até que deixou 

cair a cabeça para diante e o sono o reclamou por fim. Despertou quando caiu a taça de sua mão e 

se fez em pedacinhos contra o chão de laje. Então ficou de pé e se deitou na cama completamente 

vestido. 

Os seguintes dias transcorreram muito rápido para a paz mental de Damian. Dentro de uns 

dias, Kimbra e ele se uniriam em matrimônio ante uma assembleia de  ingleses e habitantes das 

Terras Altas. 

À medida que se aproximava a data assinalada, mais exigente se tornava Kimbra. 

Nada a agradava. Queixava‐se constantemente da comida, da ausência de pequenos  luxos, 

do longe que estava Misterly de Londres e da falta de controle de Damian sobre os criados. 

Damian estava perdendo  a paciência  com  a mulher  com  a qual  se  supunha que devia  se 

casar,  se  deitar  e  engendrar  herdeiros.  Seu  rancor  não  vinha  ao  acaso  e  seu  descaramento  o 

desgostava. 

Buscava‐o como uma cadela no cio, decidida a  seduzi‐lo. A Damian não era difícil  resistir, 

porque sabia que seu propósito, independentemente do aspecto sexual, era persuadi‐lo para que 

enviasse para longe Elissa e a sua família. 

Durante  a  última  semana,  Kimbra  se mostrou  excessivamente  exigente,  pedindo  comida 

especial para o banquete das bodas, deixando muito clara sua opinião em relação à decoração que 

queria  e  expressando  como  desejava  que  se  desenvolvesse  a  cerimônia  das  bodas.  Todos  os 

serventes disponíveis estavam limpando, esfregando e polindo até que o salão resplandeceu. 

E era descaradamente óbvio que Kimbra desfrutava especialmente encarregando a Elissa as 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   120

tarefas mais difíceis. 

Damian  tentou não  intervir porque desejava que houvesse uma  coexistência pacífica  com 

Kimbra, mas era difícil ver Elissa brigar com as tarefas que Kimbra lhe atribuiu. 

Em um par de ocasiões se sentiu obrigado a interceder e pedir a algum de seus homens que 

se encarregasse das tarefas da Elissa quando a viu de  joelhos esfregando as escadas da sala das 

mulheres. 

Damian estava com os nervos no limite. No dia anterior as bodas, acompanhou Kimbra a seu 

quarto para falar um momento a sós. Assim que a porta se fechou atrás deles, Kimbra se  lançou 

em seus braços. 

—  Sabia  que mudaria  de  opinião,  Damian —  seus  dedos  trabalharam  agitadamente  nos 

botões de seu casaco. — Deseja‐me e não pode esperar a me fazer tua. 

Damian tirou suas inquietas mãos e as manteve afastadas. 

— Equivoca‐te, Kimbra. Só quero deixar claro umas quantas coisas antes que nos casemos. 

Os lábios da jovem compuseram um circulo. — O que quer dizer? Não me deseja? 

— Desejo Misterly —  replicou Damian. — Dado que  você está  incluída no  trato,  vejo‐me 

obrigado a me casar contigo. Puseste a prova minha paciência até o limite estas últimas semanas, 

Kimbra. Deus  sabe  que  fui mais  paciente  contigo  do  que merece. Mas me  escute  bem, minha 

senhora: seu comportamento é inaceitável e não o tolerarei. 

Kimbra  curvou  os  lábios  para  baixo  e  abriu  muito  os  olhos. —  Eu  sou  o  amo  aqui — 

continuou Damian. — Vais deixar de destroçar a paz que estou tentando preservar em meu  lar. 

Suas  queixas  são  infundadas  e  a  dureza  com  a  que  trata  Elissa  e  aos membros  de  seu  clã  é 

intencionadamente cruel e injusta. 

Kimbra recuou como se a tivessem golpeado. 

— Como te atreve! O rei terá notícias disto. É para mim a quem deve lealdade, não a esses 

jacobinos  traidores. Quando o  rei me disse que  ia me  converter em  sua  condessa, mostrei‐me 

disposta a vir a esta  terra  selvagem para as bodas, mas não  tinha nenhuma  intenção de deixar 

atrás a sociedade londrina para sempre, nem de fundar meu lar neste país de selvagens. 

— Será melhor que deixemos isto claro aqui e agora. 

"Seria melhor que não nos  casássemos", pensou Damian. Mas não o disse, porque devia 

casar‐se com Kimbra tanto se gostasse como se não. 

— Devo  ter um herdeiro — disse Damian  torcendo o gesto ante a  ideia de deitar‐se com 

aquela zorra mimada. — Ficará em Misterly até que me dê um. 

Kimbra dirigiu um sorriso deslumbrante, deslizando seu ávido olhar por seu  imenso peito e 

baixando‐o depois para sua virilha. — Não terei problemas para fazer amor contigo, Damian. Os 

homens fortes e poderosos me excitam. 

— É virgem, Kimbra? 

Kimbra se ruborizou e afastou a vista. 

— É obvio, meu senhor, o que te faz pensar o contrário? — Damian não acreditou nem por 

um momento, mas o tempo o diria.  

— Quero fazer um trato contigo, Kimbra. Um trato que satisfaça a ambos. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Um trato, Damian? 

— Sim. Quando me tiver dado um filho, pode seguir por seu caminho, viver onde queira e 

fazer o que te agrade. Mas o menino ficará comigo. 

— Vais seguir com sua amante em Misterly? — desafiou‐o Kimbra com desprezo. — Acredita 

que estou cega? Sei que te deita com Elissa. Por isso não me deseja. 

—  Esta  enganando  a  ti mesma,  Kimbra.  Desde  que  chegou  não  fez  outra  coisa  que  te 

queixar. A tudo encontra falhas e deixa muito claro seu desprezo para Misterly e sua gente. 

— Misterly não é Londres — assegurou ela com desdém. 

— Esse é meu trato, Kimbra. Aceita? 

Lhe dedicou um sorriso malicioso. 

— Só se me promete enviar para longe Elissa e a sua família. —Damian se voltou para partir. 

— Confiava em que encontraríamos um terreno comum, mas já vejo que estava equivocado. 

—  Ama  Elissa? —  desafiou‐o  Kimbra,  detendo  Damian  sobre  seus  passos.  O  silêncio  do 

Damian era absolutamente condenatório. — Como pode? Lutou contra os jacobinos em Culloden; 

perdeu a seu pai ali. 

Damian se virou para olhá‐la. 

— Aquela batalha  aconteceu e  se ganhou  faz muito  tempo. Eu não  guardo  rancor.  Lorde 

Cumberland dizimou a mais dos habitantes das Terras Altas; só restam uns quantos sobreviventes 

afortunados para  seguir  adiante  com  a  tradição, e  a maioria estão escondidos.  Entregaram‐me 

Misterly  para  que  o  conservasse  para  a  Inglaterra  e mantivesse  a  paz  neste  remoto  canto  da 

Escócia. Confiava em que você fosse uma companheira para mim. 

—  Serei  sua  condessa  e  compartilharei  a  paixão  contigo, mas,  simplesmente,  nego‐me  a 

passar minha vida em Misterly — Kimbra afastou a vista. — me deixe sozinha. Há muitas coisas 

que fazer antes das bodas de amanhã. 

Se Kimbra não  tivesse dado a volta,  teria visto como se endurecia a expressão do Damian 

antes que saísse precipitadamente do quarto, fechando atrás dele com uma portada. 

Como diabos ia sobreviver a aquele matrimônio? 

O destino interveio. 

Os Gordon apareceram no dia  seguinte em Misterly. Damian despertou à alvorada  com a 

notícia  de  que  um  homem  que  levava  uma  bandeira  branca  estava  se  aproximando  da  porta. 

Damian se vestiu e correu para receber ao mensageiro. 

Dermot chegou antes dele. — Este é o chefe dos Gordon — disse. 

Damian  observou  a  Tavis  Gordon  com  ávida  curiosidade.  Era  um  homem  atraente, 

reconheceu a contra gosto. 

Alto e de duras  feições, elevava‐se orgulhoso sob o  tartán proibido de seu clã, que  levava 

cuidadosamente colocado sobre o ombro. Damian entendeu a fascinação que Elissa sentia por ele. 

Tavis Gordon se aproximou de uma distância de vários metros, e então se deteve. 

— O que é que quer, Gordon? — inquiriu Damian. 

—  A  minha  prometida  —  gritou  Gordon.  —  Envia‐a  aqui  fora  e  nós  partiremos 

pacificamente. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Sabe que não posso fazer isso — respondeu Damian. 

— O pai de Elissa a prometeu para mim. Deixa‐a livre. Se não me enviar agora mesmo Elissa, 

atacaremos. Temos suficientes forças de nosso lado para ganhar. 

— Se quer tentar, adiante, Gordon — desafiou‐o Damian. — Mas não o conseguirão. 

— Há mais de cem habitantes das Terras Altas acampados no bosque,  inglês. O que diz a 

isso? 

— Vete ao inferno. 

Gordon ficou olhando Damian durante um comprido instante. 

Logo girou seu cavalo e se dirigiu para o denso bosque situado além de Misterly. 

— Está dizendo Gordon a verdade, Dermot? — inquiriu Damian ao ancião. — É possível que 

tenha podido reunir a tantos habitantes das Terras Altas para sua causa? 

— Há clãs proscritos que vivem exilados nas montanhas — disse Dermot. — Não precisaria 

muito para persuadi‐los de que tomassem represálias contra os assassinos ingleses que mataram a 

sua família e lhes arrebataram seus lares e suas terras. Não me surpreenderia que Gordon tivesse 

reunido a cem homens ou mais para que se unam a sua causa. 

— Sabe que não pode ganhar — disse Damian. 

— Os habitantes das Terras Altas  são gente estranha — murmurou Dermot. —  Sua  força 

reside em sua tenacidade e em sua inquebrável crença em si mesmos. Gordon acredita que Elissa 

é dele e que Misterly deveria pertencer a ele por direito de seu matrimônio com a filha de Alpin 

Fraser. 

Sir Richard apareceu ao lado de Damian. 

—  Pus  em  alerta  os  soldados  enquanto  negociava  com  Gordon.  Estão  esperando  suas 

ordens. 

— Sempre posso contar contigo, Dickon — disse Damian dando uma palmada no ombro do 

cavalheiro. — Quero guardas as vinte e quatro horas e duplas patrulhas nos torreões. Por agora 

esperaremos e observaremos. 

— E o que acontece com os aldeãos? Correm perigo? 

— Duvido‐o.  A maioria  dos  aldeãos  são  granjeiros  e  pastores. Não  acredito  que Gordon 

ataque aos membros do clã da Elissa. 

— Pode confiar em que os aldeãos não se unam ao Gordon e se levantem em armas contra 

ti? 

— Não sei, Dickon. Só resta confiar em que percebam que posso fazer mais por eles que o 

chefe dos Gordon. 

Outra voz se uniu à conversa. Damian deu a volta de repente. 

— Elissa! Não te vi se aproximar. Ouviste o que estávamos falando? 

— Ouvi o suficiente para saber que Tavis não irá a menos que me envie com ele. 

— Esquece‐o — disse Damian com secura. Logo virou para sir Richard. — Já tem suas ordens, 

Dickon. 

Dickon saudou com elegância e partiu. Dermot o seguiu de perto. Damian agarrou Elissa pelo 

braço e a separou do portão. — Por que deveria ceder às exigências de Gordon? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   123

— Porque é o lógico. Não sabe quantos homens reuniu Tavis para sua causa. 

— Tão ansiosa está de ir com ele, Elissa? 

— Não. É certo que quero  recuperar meu  lar, mas não as custas de  sua morte. Mudei de 

ideia a respeito de... muitas coisas. Tavis é uma delas. 

— Devo tomar isto como que já não me odeia? 

— Odeio  o  que  representa  e  o  que  seus  patrícios  fizeram  a minha  terra  natal. Odeio  a 

destruição que provocaram Hannover e sua carnificina. E odeio ser prisioneira em minha própria 

casa. 

— Mas não me odeia. 

Elissa o olhou de frente com o rosto rígido. — Odeio‐te. 

— Mentirosa. 

— Sua prometida te espera, vá com ela. 

Por todos os diabos! Esqueceu que aquele era o dia de suas bodas. Levando Elissa com ele, 

retornou ao castelo. Na porta cruzou com o reverendo Trilby. 

— O que está acontecendo, meu senhor? Parece que há confusão no salão. 

— Estamos  sob assédio,  reverendo. Hoje não  se celebrará nenhuma cerimônia. Por  favor, 

informe a lady Kimbra. 

—  Sim, meu  senhor,  compreendo‐o  perfeitamente.  Não  seria  apropriado  celebrar  umas 

bodas com o inimigo a nossas portas. Estou seguro de que lady Kimbra compreenderá. 

— O que é que tenho que compreender? — perguntou Kimbra unindo‐se a eles. 

— Hoje não vai se celebrar nenhuma bodas, minha senhora — explicou‐lhe Trilby. 

As  delicadas  sobrancelhas  da  Kimbra  se  elevaram  enquanto  cravava  a  vista  na mão  de 

Damian,  que  descansava  no  braço  da  Elissa. —  Seria  tão  amável  de me  explicar  por  que  está 

pospondo nossas núpcias, lorde Damian? 

— Em caso de que não o tenha ouvido, minha senhora, a fortaleza está sob assédio. Não é o 

melhor momento para celebrar umas bodas. 

Kimbra deu uma patada no chão em uma infantil demonstração de mau gênio. 

— Não o permitirei! Quem se atreve a te atacar? 

— Tavis Gordon e os membros de seu clã — disse Damian tenso. 

— Por quê? 

— Querem que lorde Damian me deixe livre — explicou Elissa. 

Kimbra lançou a Elissa um olhar envenenado. 

— Então, Damian, se for isso que desejam, lhes dê o que querem e sigamos adiante com as 

bodas. 

—  Escuta  a  lady  Kimbra, meu  senhor —  aconselhou‐o  Elissa. —  Assim  que  eu  saia  pelo 

portão, Tavis deixará Misterly em paz. 

—  Se  acredita  nisso,  é  uma  ingênua,  Elissa. Não  vai  a  nenhuma  parte. Gordon  não  tem 

nenhuma só oportunidade frente a meus treinados soldados. 

— Consideraste a possibilidade de que os homens do Tavis sejam superiores em número aos 

teus? Misterly nunca sofreu nenhum ataque. Sua segurança radica em sua lonjura. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Meu  pai  era  o  grande  Alpin  Fraser,  senhor  de Misterly;  nenhum  clã  hostil  se  atreveu 

jamais a invadir suas terras. 

Damian  sopesou  as  palavras  de  Elissa.  Era  certo  que Misterly  tinha  suas  falhas, mas  os 

soldados que estavam sob seu mando eram mais que capazes de derrotar Gordon e a seu pouco 

treinado bando de selvagens. 

Não enviaria a Elissa com o chefe dos Gordon. 

— Não, Elissa,  ficará aqui.  Lady Marianne e  Lora devem estar  se perguntando o que está 

acontecendo. Talvez devesse ir com elas. Lhes diga que não se preocupem, que eu as protegerei. 

Elissa ficou olhando‐o fixamente um instante e logo girou sobre seus calcanhares e partiu. 

— Disto eu não gosto, Damian. Por que é tão protetor com Elissa? — quis saber Kimbra. — 

Mande ela ao Gordon e te esqueça dela. 

— Estou de acordo com  lady Kimbra, meu senhor —  interveio o  reverendo Trilby. — Se o 

chefe dos Gordon quisesse machucá‐la,  então  entenderia por que  se mostra  resistente. Mas  a 

jovem é uma dos seus; duvido muito que lhe faça mal. 

— Agradeço  sua preocupação,  reverendo — disse Damian  com  crescente  impaciência. — 

Sua Majestade proibiu o matrimônio entre Elissa e Tavis Gordon, e eu me  limito a cumprir suas 

ordens. Agora, se me desculparem os dois, meus homens me necessitam. 

O primeiro ataque dos Gordon chegou uma hora mais tarde com uma tentativa de escalar os 

muros. Uma chuva de  flechas precedeu ao ataque, mas os homens do Damian o  rechaçaram, e 

eles se retiraram à relativa segurança do bosque. 

Mas Elissa sabia que Tavis não se rendera. Também pensava que Tavis não teria se arriscado 

a atacar se não tivesse homens suficientes para garantir o êxito. 

Agora  lamentava que Damian  tivesse enviado o regimento real das Terras Altas de volta a 

Londres. 

Elissa  se aconchegou ao  lado de  lady Marianne e Lora enquanto a batalha  se desenvolvia 

abaixo, mas  tinha a cabeça posta em Damian. Precisava  saber o que estava ocorrendo. Poderia 

estar ferido. Ou, Deus não o quisesse, morto. 

— Não posso seguir aqui sentada, mamãe — disse. — vou descer para ajudar a nana com os 

feridos. Por muito que despreze aos ingleses, odeio ver alguém sofrer. 

— Tome cuidado — a advertiu Marianne quando Elissa saiu. Lady Kimbra abordou Elissa ao 

pé das escadas. 

— Por que não esta em seu quarto? — perguntou Elissa. 

— Estava te procurando. Onde podemos falar em privado? 

— Não pode esperar? Necessitam‐me para ajudar aos feridos. 

— Isto é importante. Tenho uma ideia que acredito que vai gostar. 

Elissa  não  acreditava  que  nada  do  que  Kimbra  lhe  dissesse  pudesse  gostar, mas  decidiu 

escutá‐la de qualquer maneira. 

— Podemos falar aqui mesmo, não há ninguém ao redor que possa ouvirnos. O que quer me 

dizer? 

—  Sua  casa é  tão pouco hospitaleira  como estas  terras. Quando Damian e eu estivermos 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   125

casados, o convencerei para que me leve a Londres. Estou segura de que poderei persuadir ao rei 

para que nos deixe estabelecer nossa residência na cidade. 

— Por que me conta isto? 

—  Quero  te  ajudar  a  escapar  para  que  minhas  bodas  possam  acontecer  como  estava 

planejado. 

— Damian nunca  irá concordar em deixar Misterly de  forma permanente. —Kimbra dirigiu 

um sorriso de cumplicidade. 

— Eu me arriscaria a sofrer a ira do rei pelo Damian. Seguro que está a par de que Damian é 

um amante excepcional — Kimbra fez um gesto coquete. — Agrada‐me muito, e eu a ele. Eu não 

queria consumar nosso matrimônio antes da cerimônia, mas já sabe quão persistente pode chegar 

a ser Damian. Você é uma distração que não necessita. Portanto, decidi te ajudar a te reunir com 

seu prometido. 

Elissa sentiu como a dor a atravessava. Suspeitava de que Damian e Kimbra compartilharam 

intimidade,  mas  escutar  a  verdade  dos  lábios  de  Kimbra  fazia  que  a  dor  fosse  ainda  mais 

insuportável. 

Armada com aquele conhecimento, Elissa soube que não podia... não devia rechaçar a oferta 

da Kimbra.  Isso  significaria deixar a  sua mãe e a  Lora para  trás, mas estava  convencida de que 

Damian  não  faria  nenhum  dano  a  elas.  Uma  vez  que  Elissa  partisse,  certamente  Kimbra  o 

convenceria para que enviasse a sua mãe e a sua irmã ao convento. 

Elissa assentiu devagar com a cabeça. 

— Muito bem. Me diga como vai me ajudar. 

Dado que Damian  já conhecia o túnel secreto e pôs um guarda perto da entrada, Elissa se 

mostrou disposta a escutar o plano de Kimbra. Estava convencida de que reunir‐se com Tavis era a 

única maneira de pôr fim ao assédio. 

— Escuta — disse Kimbra baixando o tom da voz, — isto é o que vamos fazer. 

Os Gordon se retiraram ao bosque sob a cobertura da escuridão; podia ver o fogo de seus 

acampamentos  dos  torreões.  Estava  servindo  uma  comida  quente  aos  homens  que  estavam 

dentro do castelo que não estavam no serviço de guarda. Quando comeram, acomodaram‐se ante 

o  fogo para dormir o pouco que pudessem antes do provável ataque dos Gordon ao castelo ao 

amanhecer. 

Os feridos foram atendidos, e não se registrou nenhuma morte. Depois de jantar, Damian se 

reuniu com Dickon nos torreões. 

Vestida com a camisa de seu pai, calças  largas presas com um amplo cinturão de couro e 

uma jaqueta muito grande, Elissa escapuliu pela porta da cozinha. Enfiando a velha boina de seu 

pai até as sobrancelhas, abraçou as sombras enquanto rodeava o castelo para chegar ao portão 

dianteiro. Não estava  tão escuro como  teria gostado, porque uma pálida  lua pendurava no céu. 

Elissa rezou para que Kimbra mantivesse sua parte do acordo, porque sem sua ajuda, a fuga estava 

condenada ao fracasso. 

Elissa explicou o plano a sua mãe, e também a razão pela que considerava necessário ficar 

nas mãos do Tavis. Lady Marianne havia se oposto firmemente, mas não conseguiu dissuadi‐la. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   126

Elissa deixou escapar um suspiro de alívio quando Kimbra surgiu dentre as sombras. 

— O reverendo Trilby me prometeu que distrairia os guardas — sussurrou Kimbra. — Está de 

acordo  comigo  em  que  o  melhor  para  todos  os  que  estamos  no  castelo  é  que  vá.  Escuta 

atentamente  —  continuou  Kimbra,  —  quando  chegarmos  a  guarita  de  vigilância,  distraia  ao 

sentinela para que não me veja deslizando por  trás dele. Quando o  tiver deixado  inconsciente, 

ajudarei‐te  a  levantar  o  portão.  A  partir  de  então  estará  livre.  Ninguém  suspeitará  que  eu  te 

ajudei, e não acredito que sintam sua falta até amanhã. 

Kimbra deu um empurrão em Elissa. — Date pressa. 

Elissa olhou para sua casa uma vez mais antes de aproximar‐se sigilosamente para a porta. O 

plano  de  Kimbra  não  era  perfeito, mas  podia  funcionar  se  tudo  saísse  como  estava  planejado, 

pensou Elissa. 

Vislumbrou o guarda noturno falando com o reverendo Trilby em voz baixa e os rodeou em 

círculo. 

Com  o  coração  pulsando  agitadamente  ao  se  aproximar  da  guarita  de  vigilância,  Elissa 

percebeu o momento no qual Kimbra já não estava atrás dela. 

Com  os  ombros  inclinados  e  o  queixo  encurvado,  aproximou‐se  do  sentinela,  que  a 

interceptou imediatamente. 

— Quem é? 

— O menino da cozinha, senhor — disse Elissa com marcado acento escocês. 

— O que está fazendo aqui, moço? Será melhor que retorne ao castelo. 

— Fazia muito calor na cozinha e precisava tomar ar — Elissa passou por diante do sentinela 

e olhou através das estreitas grades de ferro do portão, fingindo interessar‐se por algo que estava 

ocorrendo além dos muros. — O que é isso? — perguntou com entusiasmo. 

O sentinela a empurrou a um lado. 

— Eu não  vejo nada, moço, está  seguro de que...? —  sua  frase  terminou em um gemido 

quando Kimbra o golpeou por trás com uma pedra. 

— Me ajude — disse Kimbra lutando com o mecanismo que acionava o portão. 

Juntas  conseguiram  levantar  o  portão  o  suficiente  para  que  Elissa  pudesse  deslizar  por 

debaixo. O portão baixou atrás dela, e Elissa se apoiou um momento no muro para tomar fôlego. 

Ao ver que não soava nenhum alarme, deixou escapar um suspiro de alívio e se separou da 

sombra do muro. 

O guarda que estava conversando com o reverendo Trilby deve ter escutado algo suspeito, 

porque  aconselhou  ao  reverendo  que  retornasse  ao  castelo  antes  de  correr  para  a  guarita  de 

vigilância. 

Quando partiu, Kimbra surgiu de entre as sombras. 

Damian se apoiou contra o torreão, observando os numerosos fogos do acampamento, que 

eram visíveis através das árvores. — Acredita que atacarão esta noite? — perguntou Dickon. 

— Não, parece que se instalaram para passar a noite. Espero um ataque ao amanhecer. 

De  repente, um  grito  rasgou o  ar. Damian olhou por  cima dos  torreões para o pátio que 

ficava abaixo. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   127

— Não vejo o que está ocorrendo — afirmou enquanto dava a volta e corria para as escadas, 

— mas vou averiguar. 

Dickon o  seguiu pelos degraus de pedra em direção ao pátio. Damian  ficou  tenso quando 

Kimbra se lançou sobre ele. Tentou tirar os braços do pescoço, mas ela se pendurou nele como um 

marisco. 

— Te acalme, Kimbra — espetou Damian. — O que está fazendo aqui fora? Foi você quem 

gritou? O que ocorreu? 

—  Espiões, Damian.  Espiões  dos Gordon.  Escutei‐os  planejando  uma  traição.  Falavam  de 

levantar o portão e deixar passar aos Gordon. Segui‐os até fora mas me assustei e decidi retornar 

ao castelo para te advertir. Então alguém gritou e não soube o que fazer, então gritei. 

— Entra. Eu me encarregarei disto. 

Os  soldados  saíram  do  castelo,  seguindo muito  de  perto  Damian  quando  cruzou  a  toda 

pressa o portão de entrada. Kimbra o seguia a uma distância prudencial, embora Damian o tivesse 

proibido. 

— Por aqui — gritou uma voz. 

Alguém  levantou uma  luz no alto. O  círculo de  luz deixou descoberto a dois homens, um 

apoiado  contra  o muro  e  o  outro  inclinado  sobre  ele.  Para  alívio  do Damian,  o  portão  estava 

baixado. 

— O que ocorreu, Betts? — perguntou Damian. 

— Estava falando aqui perto com o reverendo Trilby quando escutei um ruído suspeito. Corri 

para a guarita de vigilância e encontrei Corbin inconsciente — disse Betts, — mas parece que está 

voltando a si. 

— Te afaste a um lado — ordenou Damian. — Quero fazer umas perguntas — deixou‐se cair 

de joelhos. — O que aconteceu, Corbin? Viu a seu agressor? 

— Era um moço, meu senhor — respondeu Corbin aturdido. — Mas ele não  foi quem me 

golpeou. Outro me atacou pelas costas enquanto falávamos. O menino devia ter um cúmplice. 

Kimbra abriu caminho até chegar ao lado do Damian. 

— Você disse que havia uma traição acontecendo. Devem ter saído pelo portão. 

—  Sim —  reconheceu Betts, —  foi o  som do portão  abrindo e  fechando que me pôs em 

alerta. Quando cheguei, encontrei Corbin inconsciente. 

— Precisa detê‐los, Damian — disse Kimbra com urgência. — Não  sabemos o que  têm os 

traidores planejado. Não devem chegar ao acampamento dos Gordon. 

— Sairei com uma patrulha — ofereceu‐se Dickon. 

Damian apertou os  lábios. Queria aos espiões de Gordon vivos. — Pode descrever a esses 

homens, Corbin? 

— O único com o que falei disse que era o menino da cozinha — recordou Corbin. — Isso é 

tudo o que posso te dizer. Estava muito escuro para ver com clareza. 

— Quais são suas ordens, Damian? — perguntou Dickon. 

— Vou eu sozinho atrás dos espiões — decidiu Damian. — É mais provável que um homem 

só chame menos atenção. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   128

— Eu vou contigo — insistiu Dickon. — Mando a alguém buscar os cavalos? 

— Não, iremos a pé. Betts, abre o portão. 

— Mata‐os, Damian — sussurrou Kimbra. — São traidores. 

Damian lançou um olhar de exasperação. — Retorna ao castelo, minha senhora. 

O portão se abriu movimentado por uma manivela, e Dickon e Damian o atravessaram. 

— Não abra o portão a ninguém até que nós voltemos — ordenou Damian. — Os outros, 

voltem para seus postos. 

— Fique nas sombras — sussurrou Damian. — Os espiões não podem ter ido muito longe. Se 

tivessem cruzado por campo aberto, os guardas dos torreões os teriam visto. 

Damian observou a estreita zona aberta que havia entre os muros da fortaleza e o bosque 

que ficava mais à frente. Nada se moveu. Os fogos dos acampamentos ainda piscavam na distância 

e o lastimoso gemido de uma gaita de fole proibida flutuava através do ar. 

— Algo se moveu ali adiante — sussurrou Dickon, — perto da muralha. 

Damian  examinou  intensamente  a  escuridão.  A  princípio  não  viu  nada,  logo  uma  forma 

miúda  emergiu  de  entre  as  sombras.  Certamente  se  tratava  do moço  que  Corbin  descreveu, 

pensou Damian. 

Observou  fixamente  como  o menino  se  separava  da muralha  e  escapulia  para  o  bosque. 

Agradecendo a luz da lua, tirou a pistola do cinturão e apontou cuidadosamente. 

Não  queria  matar  o  moço,  mas  a  distância  era  muito  grande  para  garantir  que  não 

aconteceria assim. 

Damian apertou o gatilho ao mesmo tempo que uma rajada de ar soprou das montanhas, 

levantando o pó ao redor de seus pés e despenteando seu cabelo. No momento em que a bala 

saiu disparada de  sua pistola, o  vento arrancou a boina do espião de  sua  cabeça. Uma  terrível 

premonição atravessou Damian quando um manancial de cabelo vermelho caiu pelas costas do 

espião. 

Damian amaldiçoou  furiosamente ao ver que o moço caía ao chão e  ficava  imóvel, e  logo 

saiu correndo para ele. 

— Acertou! — exclamou Dickon com entusiasmo. 

Damian caiu de joelhos diante do moço e o girou para pô‐lo de barriga para cima. Nasceu‐lhe 

um grito da garganta. 

— O que fiz? — o formoso rosto banhado na luz da lua era o da Elissa. 

Ao ver que não se movia, Damian a agarrou nos braços e correu de volta à  fortaleza. Não 

sabia o quão gravemente ferida estava, mas sentiu seu sangue molhando seu braço. 

— Quem é? — perguntou Dickon. 

— Elissa — gritou Damian enquanto passava por diante de um assombrado Dickon, que deu 

a volta para segui‐lo. 

O portão se abriu graças à manivela. Damian correu a toda velocidade para o castelo com 

uma inerte Elissa nos braços. 

— Dickon, vá procurar a nana! — gritou girando a cabeça. Kimbra estava esperando Damian 

no portão, mas não lhe prestou nenhuma atenção. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Está morta? 

Se Damian não tivesse estado tão fora de si pela preocupação,  lhe teria parecido estranho 

que Kimbra soubesse imediatamente quem ficou ferido. 

Nana baixou precipitadamente as escadas da sala das mulheres. 

Afastou a Kimbra a um lado para chegar até Damian. 

— Dito  e  feito,  senhoria —  arremeteu  a  anciã. —  Leva‐a  a  seu  quarto  enquanto  eu  vou 

procurar minhas ervas e meus remédios. Deveria te ter detido antes que isto ocorresse, mas não 

acreditei que Elissa agisse tão logo. 

Um brilho de ira obscureceu os olhos do Damian. 

— Sabia quais eram as intenções de Elissa e não me disse nada? 

— Sim, tinha minhas suspeitas, mas não houve tempo para te advertir. 

— Juro que não sabia que era Elissa quem estava ali fora. Se soubesse, não teria disparado. 

— Aqui há alguém que sim sabia — disse nana assinalando Kimbra com um de seus ossudos 

dedos. — Procura respostas em sua prometida antes de assinalar culpados. 

Sem dar tempo a Damian a pedir que se explicasse, nana deu a volta e saiu correndo dali. 

— Essa mulher está louca — arremeteu Kimbra. — Não escute nada do que te diga. 

— Agora não tenho tempo para  isto, Kimbra — disse Damian passando por diante dela. — 

Mas tenha por seguro que mais tarde exigirei respostas. Procura Maggie e envia a ao quarto da 

Elissa. Talvez nana a necessite. 

Damian  subiu  os  estreitos  degraus  de  dois  em  dois.  Elissa  seguia  inconsciente  quando  a 

deixou sobre a cama. Seu pálido rosto estava banhado em sangue e estava tão quieta como uma 

morta. 

Damian acariciou seu rosto e murmurou palavras tranquilizadoras até que chegou nana uns 

minutos mais tarde. 

— Viverá? — perguntou Damian com ansiedade. 

— Te afaste a um lado, meu senhor. Preciso examiná‐la antes de poder te dizer. 

— Maldita seja! Não  fazia  ideia de que estava disparando na Elissa — defendeu‐se ele. — 

por que o fez? Quem era seu cúmplice? 

— Minha moça foi traída — espetou nana. — Pôs sua confiança na pessoa equivocada. 

— Está ferida gravemente? — Damian estremeceu. — Há muito sangue. 

— Sua bala abriu um sulco no couro cabeludo de Elissa. Se recuperará, mas a cicatriz ficará 

para o resto de sua vida. 

Damian deixou escapar um suspiro de agradecimento. — Está segura de que isso é tudo? 

Nana lançou um olhar inescrutável. 

— Não tema, senhoria, Elissa não morrerá. Viverá para dar a luz a seu filho. 

Damian pensou que entendera mal a nana e deixou passar. 

Tinha coisas mais importantes em mente. 

Alguém queria ver morta Elissa. 

 

 

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Sabor do Pecado 03

 

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Capítulo 13 

 

 

Damian tinha  intenção de  ficar ao  lado de Elissa até que recuperasse a consciência, mas o 

dever  se  impôs quando Dickon apareceu  com a assustadora notícia de que os Gordon atearam 

fogo ao povoado e que os aldeãos estavam nos portões, suplicando que os deixassem entrar. 

—  Abram  o  portão  —  ordenou  Damian.  Sua  expressão  se  tornou  séria.  —  Os  Gordon 

chegaram muito longe esta vez. Atacaremos ao amanhecer. 

Damian subiu a um dos torreões e ficou olhando fixamente ao céu, que se tornara vermelho 

sangue pelas chamas. Amaldiçoou em silencio ao Gordon e retornou ao salão para dirigir‐se aos 

aldeãos, que foram tirados de suas camas no meio da noite. O padre Hugh, o pároco do povoado, 

informou a Damian de que não se perdeu nenhuma vida no incêndio. 

— Faz o que possa para consolar a seu rebanho, padre — pediu‐lhe Damian. — Diga a eles 

que eu pessoalmente me ocuparei de que reconstruam as casas danificadas pelo fogo. 

O pároco, um homem de meia idade de pouco cabelo e rosto amável, olhou ao Damian com 

um novo respeito. 

— Obrigado em nome de minha gente, meu senhor.  Já sabe que a maioria dos habitantes 

das Terras Altas são católicos. A fé é uma parte importante de suas vidas. Enquanto nós falamos, 

Deus escutou nossas preces. Ouve‐o? Está chovendo. Um sinal de que Deus está de nosso lado. 

Damian escutou a salpicadura das gotas de chuva atingindo as janelas, seguida do estrondo 

de um trovão, e se regozijou com o pároco. 

— Deus está certamente cuidando de ti e dos  teus, padre. Lady Elissa e sua mãe abraçam 

também a fé católica? 

— Sim, não sabia? 

— Não. Lady Elissa foi gravemente ferida. Quererá lhe oferecer consolo? 

O padre Hugh dirigiu ao Damian um olhar de assombro. — Ferida, diz? Sim, meu filho, irei a 

seu lado assim que tenha me encarregado de meus paroquianos. 

— Obrigado, padre. 

Quando o padre Hugh partiu, Damian foi em busca de Lachlan. 

— Qual sua opinião agora sobre o chefe dos Gordon? — perguntou‐lhe com aspereza. 

Lachlan sacudiu a cabeça. 

— Não posso acreditar que um homem em seu sã juízo ataque a seus próprios aliados. Não 

merece casar‐se com nossa moça. Como está Elissa? Soube que foi ferida quando tentava sair de 

Misterly. 

— Sim. É uma história que mais vale deixar para mais adiante. Há quartos sem utilizar no 

castelo. Sir Brody os ajudará a encontrar camas para as mulheres e as crianças. Os homens podem 

dormir no salão. 

Partiram cada um para seu lado. Damian retornou à sala das mulheres para ver como estava 

Elissa. Maggie se reuniu com ele no vestíbulo. Estava com a fronte enrugada pela preocupação. 

— Lady Marianne está angustiada — confessou Maggie. — Estava ciente do plano de fuga da 

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Sabor do Pecado 03

 

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Elissa e a advertiu contra, mas ela não quis escutá‐la. Disse a lady Marianne que Elissa não estava 

ferida gravemente, mas está preocupada de todas as formas. 

— Falarei com ela — disse Damian. 

Damian  entrou  no  quarto  de  Marianne  e  a  encontrou  tão  angustiada  como  Maggie 

assegurou que estava. 

— Lorde Damian, graças a Deus. Por favor, me diga a verdade. Como está minha filha? 

— Nana diz que  vai  ficar bem e não  tenho motivos para duvidar dela. Não disparei para 

matar, e minha bala só a  roçou. Não  fazia  ideia de que estava disparando a Elissa até que uma 

rajada de vento arrancou sua boina da cabeça e o cabelo caiu pelas costas. Mas já era muito tarde. 

O que pode dizer a respeito da sua decisão de partir agora? Quem a ajudou? 

— Não sei por que escolheu partir agora, mas sim posso  te dizer quem a ajudou. Foi  lady 

Kimbra. 

Uma grande ira fez tremer Damian. 

— Está segura? 

— OH, sim, Elissa me contou  isso tudo antes de partir. A adverti que não confiasse em sua 

dama, mas já conhece Elissa. Estava completamente decidida. Algo ou alguém a aborreceu. 

Damian aspirou com força o ar e perguntou: 

— Está apaixonada pelo Gordon? Por isso estava tão ansiosa de ir‐se com ele? 

— Não é um casal nascido do amor — explicou Marianne. — O pai de Elissa desejava esse 

matrimônio, e Elissa é uma filha obediente. 

—  Obrigado  por me  contar  isto, minha  senhora.  Falarei  com  lady  Kimbra  quando  tiver 

terminado com os Gordon. 

— O que pensa fazer? 

— Expulsar os Gordon de minhas  terras — assegurou Damian. Então desejou boa noite a 

lady Marianne e partiu. 

Antes de  se meter na  cama, Damian  retornou  ao quarto de  Elissa para  ver  como estava. 

Encontrou com nana adormecida em uma cadeira ao  lado da cama. A anciã  levantou a cabeça e 

fez um gesto para que entrasse. 

— Como está Elissa? — perguntou Damian. — Há dito algo? 

— A moça não se moveu desde que se foi — respondeu nana. — Deveria ir à cama, senhoria. 

O amanhecer chegará antes do que nós gostaríamos. Sei que vais sair ao encontro dos Gordon, e 

minhas  vozes me  falam de  sua  vitória. É  inglês, e não deveria  te desejar nada bom, mas Tavis 

Gordon mostrou  sua  autêntica  cara  ao  atear  fogo  ao  povoado.  E  acredito  sinceramente  que 

Misterly prosperará contigo como senhor. 

— Obrigado, nana — agradeceu‐lhe Damian. — Cuida de Elissa, eu vou seguir seu conselho e 

descansar um momento. 

— E o que acontece com lady Kimbra? — perguntou nana. Damian sorriu com ferocidade. 

— Encarregarei‐me dela no momento que eu considere oportuno. 

Damian não foi capaz de dormir. A certeza de que podia ter matado Elissa pesava como uma 

rocha sobre ele. Por culpa de um vento errante e de uma jogada do destino, Elissa poderia estar 

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Sabor do Pecado 03

 

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morta agora. 

Damian era um atirador excelente; não apontou para matar, mas nunca podia se saber. Não 

teria sido capaz de seguir vivendo se tivesse assassinado à mulher que mais o importava. 

E Elissa o  importava. Nenhuma mulher que conheceu o afetou  jamais como aquela tigresa 

ruiva.  Embora houvesse mulheres de beleza mais  convencional e mais  refinadas, Elissa possuía 

uma qualidade especial que a fazia única. 

Quando estava a ponto de amanhecer, Damian se  levantou e se preparou para a batalha. 

Embainhou sua espada, colocou a pistola no cinto e desceu as escadas que levavam ao salão. 

Os criados  se moviam entre as mesas colocando conchas de papa de aveia e bandejas de 

presunto frito diante dos homens. Pela extremidade do olho distinguiu ao Dickon e Maggie, que 

falavam em voz baixa. Percebeu que seu amigo tocava o rosto da moça em tenra despedida. 

— Maggie  se  encarregou  de  que  se  servisse  um  café  da manhã  cedo —  explicou Dickon 

quando colocou uma cadeira ao lado do Damian. — Nossas montarias nos esperam no pátio. 

Damian agarrou o ombro de seu amigo. 

— É bom ter a um homem como você perto, Dickon. Tomamos o café da manhã? 

Um  úmido  amanhecer  que  prometia  mais  chuva  se  deslizou  lentamente  sobre  o  cinza 

horizonte quando Damian se levantou e fez um gesto para dar por terminado o café da manhã. 

— Chegou a hora — disse a seus homens. — O inimigo nos espera. 

Os  Gordon  estavam  despertando  quando  Damian  e  seus  homens  irromperam  no 

acampamento. Levantando‐se a tropicões de seus catres7, os escoceses se lançaram rapidamente 

ao ataque sob um grito de batalha e enfrentaram os  ingleses em um combate de  igual a  igual. O 

bosque rugiu com os sons da batalha. As  forças de Damian eram  inferiores em número, mas os 

habitantes das Terras Altas possuíam arma rudimentares e aos guerreiros faltavam as habilidades 

para a luta que possuíam os treinados e peritos cavalheiros. 

Foi uma  luta crua e sangrenta, mas Damian contava com o peso de numerosas batalhas e 

igual número de vitórias a suas costas. Era um ardiloso estrategista, e  logo  ideou um plano para 

rodear e dividir os habitantes das Terras Altas em grupos pequenos. 

Haviam caído muitos homens, decidiu Damian enquanto desviava o golpe de uma espada 

que ia direto a seu coração. Divisou Tavis Gordon e abriu caminho para o chefe lutando. 

— Te renda, Gordon — exigiu. 

— Nunca — espetou o homem envolvendo‐se  imediatamente com Damian em um choque 

de espadas. — Somos mais numerosos que vocês. 

Damian afastou a um  lado a espada do Gordon e  lhe  lançou uma estocada,  sorrindo com 

satisfação ao ver que fazia sangue. 

— Não podem ganhar — assegurou Damian. — Olhe a seu redor. Seus homens estão caindo. 

Apesar de que nos superam em número, nossas armas e nossa experiência nos farão ganhar. 

O  rosto de Gordon era uma máscara de  raiva.  Ergueu  a  espada  com  ambas  as mãos e  a 

lançou para baixo. Damian se afastou a um lado para evitar a afiada folha da espada, mas a ponta 

alcançou‐o  no  braço,  provocando  um  corte  superficial  do  ombro  até  o  cotovelo.  Ignorando  o                                                             7 Espécie de cama rústica, pobre. 

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Sabor do Pecado 03

 

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ferimento, Damian voltou a ser o agressor, obrigando Gordon a retroceder. 

—  Inglês assassino! — grunhiu Tavis. — Um Gordon! Um Gordon! —Seu grito de batalha 

ficou sem resposta. 

Ao que parece, Tavis percebeu quão absurdo era continuar, porque  rompeu bruscamente 

contato com o Damian. Elevando a voz, soltou o grito de retirada. 

— Não terminei contigo,  inglês — sussurrou Tavis enquanto girava e  fugia para as escuras 

sombras do bosque. 

Dickon  apareceu  ao  lado  do Damian.  Sua  espada  gotejava  sangue. — Vamos  atrás  deles, 

Damian? 

— Não, que  sentido  teria? Esta é  sua  terra; nunca daremos  com eles. Confiemos em que 

tenham aprendido a lição. 

Dickon assentiu. 

— Me Encarregarei de que tragam os feridos e aos mortos de volta à fortaleza. 

Damian voltou para o castelo, sua mente dava voltas nos problemas aos quais enfrentava 

agora. A primeira coisa que devia fazer era ocupar‐se dos aldeãos. Dado que suas cabanas eram 

feitas com pedra e palha, deu por certo que a maior parte dos danos se concentrariam no telhado 

e nos móveis. A chuva da noite anterior foi uma bênção do céu. Conteve o fogo e evitou que os 

danos fossem maiores. 

Damian esperava inspecionar as cabanas aquele mesmo dia e começar as reparações. 

Então se encarregaria de lady Kimbra. 

Damian cruzou a grandes passos o salão, detendo‐se de repente ao sentir o tenso silêncio 

que seguiu a sua chegada. Todas as terminações nervosas de seu corpo ficaram em alerta. O que 

estava acontecendo? 

Percebia hostilidade. Para ele? Para os Gordon? Estavam os  Fraser dispostos a perdoar o 

ataque dos Gordon contra sua aldeia só porque odiavam os ingleses? 

— Os Gordon foram esmagadoramente derrotados e retornaram a seu baluarte — anunciou 

Damian à silenciosa multidão. 

Ninguém disse nada. O silêncio era ensurdecedor. Então uma voz se elevou entre o mar de 

rostos. 

— Agradecemo‐lhes, lorde Damian. O que fez Gordon não esteve bem. 

Seguiram  uns  quantos  "sim",  e  de  repente  o  salão  explodiu  em  uma  grande  ovação. 

Assombrado, Damian ficou olhando fixamente aos aldeãos com expressão confundida. 

— E o que acontece com nossas casas? — perguntou uma mulher com voz tímida. 

— Se repararão todas as cabanas — prometeu Damian quando por fim foi capaz de falar. — 

Tudo o que  tenham perdido no  fogo será  reposto — virou‐se para o sacerdote. — Padre Hugh, 

escolhe a alguns homens para inspecionar uma a uma as cabanas e fazer uma lista das reparações 

que necessitam. Espero um relatório completo para amanhã. 

—  Podemos  voltar  para  nossas  casas  antes  que  se  façam  as  reparações? —  perguntou 

alguém. 

— Isso depende completamente de vocês. A maioria estarão desejando ver os danos de seus 

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Sabor do Pecado 03

 

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lares, assim não  impedirei  seu  retorno,  se  isso  for o que querem. Em qualquer caso,  levem em 

consideração que proporcionarei toda a ajuda que necessitem. A comida e as provisões sairão dos 

celeiros de Misterly. 

— Que Deus te benza, senhoria — soluçou uma mulher. — É um bom homem apesar de ser 

inglês. 

Damian  conteve  um  sorriso,  e  desejou  que  certa  arpía  ruiva  estivesse  de  acordo. Mas 

concentrou sua atenção em um assunto mais premente: lady Kimbra. 

Estava  se  afastando  para  enfrentá‐la  em  seu  dormitório  quando Maggie  puxou  por  sua 

manga. 

—  Senhoria,  está  ferido. Deixa  que  vá  procurar  a  nana. Damian  olhou  o  braço  e  deu  de 

ombros. — Não é nada, Maggie. 

— Claro que é  algo — Maggie  torceu o  gesto. —  Sente‐se, nana não demorará nada em 

trazer suas ervas e seus cataplasmas. — A jovem se deteve e  logo perguntou com acanhamento: 

— Viu a sir Richard? Não está entre os feridos, verdade? 

— Sir Richard está ileso — assegurou Damian. Maggie assentiu e saiu correndo. 

Damian se surpreendeu com a preocupação de Maggie por seu bem‐estar, e se perguntou se 

os Fraser estariam começando por fim a confiar nele. Nada o agradaria mais. 

Nana chegou em seguida com sua cesta de ervas e remédios. — Há muitos feridos além de 

ti? — perguntou enquanto deixava a cesta sobre a mesa e retirava a manga da camisa de Damian 

para inspecionar o ferimento. 

—  Uns  quantos.  Ambos  os  bandos  sofreram  perdas.  Encontrará  aos  feridos  no  galpão. 

Agradecerão muito seus cuidados. — Atenderei‐os quando  tiver visto seu  ferimento. Tem sorte, 

senhoria. Não é mais que um corte superficial. Estará como novo assim que o limpe e o cubra. 

— Como está Elissa? — perguntou Damian enquanto nana o atendia. 

— Está acordada e controla seus sentidos. Não sabe que foi você quem a feriu, mas sabe que 

Tavis Gordon colocou fogo na aldeia. Irá vê‐la agora? 

— Mais tarde — respondeu Damian distraído. 

— Sim — assentiu nana, — no fundo de seu coração sabe o que terá que fazer. Agora deve 

pensar em nossa moça. Já está, senhoria — disse apertando a atadura. 

—  Obrigado,  nana  —  Damian  ficou  de  pé.  —  Sei  o  que  terei  que  fazer,  por  muito 

desagradável que seja. 

Com  o  corpo  rígido  pela  determinação, Damian  se  dirigiu  para  as  escadas  de  pedra  que 

davam ao dormitório de Kimbra. Deteve‐se um instante no patamar superior para acalmar sua ira 

e logo bateu na porta. 

Não obteve resposta. 

— Kimbra! Abre, sei que está aí. Seguia sem ter resposta. 

Damian amaldiçoou em voz alta e girou o trinco. A porta estava fechada com chave. Estava 

considerando  a possibilidade de  jogá‐la  abaixo quando  se  abriu de  repente. A  grossa  figura do 

reverendo Trilby bloqueava a entrada. 

— Onde está? — inquiriu Damian afastando Trilby a um lado. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Vislumbrou a Kimbra em um canto e ordenou ao reverendo que saísse do quarto. 

— Não, fique! — suplicou Kimbra. 

Damian lançou ao reverendo um olhar reprovador. — Saia agora mesmo se não quer que eu 

o jogue daqui. 

— Reverendo Trilby, por favor — sussurrou Kimbra com voz tremente. 

Ao que parece, Trilby levou a sério a ameaça de Damian, porque se desculpou ante Kimbra 

com o olhar e se dirigiu recuando para a porta. 

— Deve me prometer que não lhe fará mal, meu senhor. 

— Por muito tentado que me sinta, lady Kimbra não sofrerá nenhum dano físico em minhas 

mãos. 

Trilby  assentiu e  saiu precipitadamente dali. Damian  fechou de uma portada  atrás dele e 

logo se virou para a Kimbra. 

—  Sob  sua  beleza  se  esconde  uma  vadia  sem  coração.  Admite‐o.  Você  planejou 

deliberadamente a morte de Elissa. 

Kimbra elevou o queixo para o teto. 

— Se Elissa disse isso, mentiu. Sou inocente. 

— Conte isso a alguém que acredite. Com o que golpeou Corbin? Poderia tê‐lo matado. 

— Não bati  tão  forte para o  ferir! — gritou Kimbra. Então abriu os olhos de par em par e 

fechou a boca de repente, se dando conta do que acabava de admitir. 

A  fúria brilhava nas profundezas dos olhos  do Damian. — O que  esperava  ganhar  com  a 

morte de Elissa? 

— Não está morta. 

— Mas não graças a ti. Foi um milagre que minha bala não fosse parar em um órgão vital. 

Kimbra se aproximou furtivamente até Damian e rodeou seu pescoço com os braços. Baixou 

a voz até convertê‐la em um sussurro sedutor. — Não podemos esquecer o que aconteceu? Posso 

te fazer feliz, juro‐lhe isso. Quero ser sua esposa. 

Damian tirou seus braços e a separou de si. 

—  Isso  não  vai  ocorrer.  Vou  enviar  a  ti,  ao  reverendo  Trilby  e  a  seu  séquito  de  volta  a 

Londres. 

Kimbra entreabriu os olhos. 

— Não pode me expulsar daqui. O rei me escolheu pessoalmente para que fosse sua esposa. 

Castigará‐te imediatamente por sua desobediência. 

— Me arriscarei —  replicou Damian. — vou enviar uma mensagem com explicação ao  rei 

com um de meus homens. A mensagem chegará a Londres antes de você. 

— Estou segura de que podemos arrumar isto de modo que ambos estejamos satisfeitos — 

tentou persuadir Kimbra. — Não permita que uma jacobina traidora se interponha entre nós. 

O desprezo de Damian era evidente. 

— Não  existe  um  nós,  Kimbra. Nunca  existiu.  Recolhe  suas  coisas.  Sua  escolta  estará  te 

esperando amanhã depois do café da manhã. 

O gemido ultrajado de Kimbra ficou desatendido quando Damian saiu dando uma portada. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Expulsar a Kimbra dali provocaria certamente a perda de seu titulo e Misterly, mas nada poderia 

convencê‐lo para que se casasse com ela. 

Não era o  tipo de esposa que desejava. Damian não  tinha nenhuma  intenção de viver em 

Londres nem de tomar uma esposa que só procurava a excitação que oferecia a vida na cidade. 

Um pensamento absurdo se apoderou de repente de Damian, que esteve a ponto de rir em 

voz alta quando se deteve para sopesar as consequências. Significaria desafiar abertamente ao rei, 

mas a aquelas alturas já não importava. 

De fato, quanto mais pensava nisso, menos ridícula parecia a ideia. 

Ainda sorrindo, Damian desceu de dois em dois os degraus da escada da sala, bateu na porta 

de Elissa e entrou. Encontrou‐a sentada a borda da cama, tentando agarrar o robe. 

— Como te encontra? — perguntou. 

Elissa lançou um olhar desafiante. 

— De verdade te importa? Como soube que saí do castelo? 

— Kimbra deu a voz de alarme. Deveria ter sabido que não podia confiar nela — disse sem 

rodeios. — Dói‐te? 

Que estúpida foi ao acreditar em Kimbra, pensou Elissa arrependida. Tocou o ferimento da 

cabeça. 

— Estou melhor. 

—  Teve  sorte.  A  bala  só  passou  roçando. Me  fizeram  acreditar  que  era  um  espião  dos 

Gordon — Damian a observou pensativo. — Por que queria ir? 

Elissa piscou ao olhá‐lo. 

— Kimbra e você vão pronunciar seus votos. Não estava disposta a viver em Misterly como 

sua amante. Kimbra me odeia; a vida seria insuportável se eu ficar. 

O olhar de Elissa fraquejou. 

— Decidi fugir para Glenmoor, com minha parente Christy Macdonald. 

— Não ias se reunir com o Tavis Gordon? — perguntou Damian surpreso. 

— Não. Terminei com Tavis. 

—  Já não precisa  ir a nenhum  lado — disse Damian. — Não haverá nenhuma bodas. Vou 

enviar Kimbra e a seu séquito de volta a Londres amanhã. 

Elissa abriu os olhos de par em par e também a boca. 

— Por quê? Deves te casar com Kimbra para conservar Misterly.  

A determinação de Damian não fraquejou. 

— Confio em que o  rei me entenda uma vez que  tenha  lido minha mensagem explicando 

quão inconveniente seria meu matrimônio com Kimbra. Posso proteger Misterly sem ter ela como 

esposa. 

Elissa  se  reclinou  contra  os  travesseiros  e  observou  atentamente  Damian  com  os  olhos 

entreabertos. Tentou imaginar que significado tinha a decisão do Damian para sua família... e para 

ela. 

Compreendia  seu  desejo  de  manter  suas  recém  adquiridas  terras,  mas  não  aquela 

obstinação por desafiar a seu rei. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Estava a ponto de pedir ao Damian que a deixasse  ir a Glenmoor quando Maggie abriu a 

porta e olhou atentamente para o quarto. 

— Sua mãe e sua irmã desejam te visitar, Elissa. 

Lady Marianne  entrou no  quarto  atrás  de Maggie. Caminhava  devagar, mas  Elissa  estava 

encantada com os progressos que estava fazendo sua mãe. 

Lora passou rapidamente por diante de Marianne. 

— Lissa! Está bem? Mamãe diz que te feriram. Não me deixaram sair da sala das mulheres 

em dois dias, mas sabia que algo ia mal — desviou o olhar para o Damian. — Você não machucou 

Elissa, verdade? 

Antes que Damian pudesse responder, Elissa disse: 

— Foi um acidente, Lora — aplaudiu um  lado da cama. — Sentem‐se as duas a meu  lado. 

Quanto tempo está em pé e andando, mamãe? 

Lady Marianne se colocou a um lado da cama enquanto Lora subia ao colo de Elissa. 

— Já estou a algum tempo, embora não saí da sala das mulheres nem tentei subir as escadas 

— dirigiu um olhar significativo a Damian. — Preciso estar forte para minha família. Lady Kimbra 

nos deseja mal. Por  isso mantive a  Lora perto de mim desde a chegada da prometida de  lorde 

Damian. 

—  Já  não  precisa  seguir  preocupando‐se, minha  senhora —  assegurou  ele. —  Kimbra  vai 

retornar a Londres. 

Um tênue sorriso cruzou os lábios de Marianne enquanto dirigia o olhar de Damian a Elissa. 

— Deus atua de  forma misteriosa. Como se sente,  filha? Estive preocupada apesar de que 

nana me assegurou que não sofreu um dano grave. 

— Como pode ver, estou bem — disse Elissa. 

— E sobre os aldeãos, meu senhor? Está alguém se ocupando deles? Quando meu marido 

vivia, se encarregava de suas necessidades. 

— Os  aldeãos  são  agora minha  responsabilidade —  assegurou Damian. — As  casas estão 

sendo  inspecionadas para avaliar os danos e as reparações que serão necessárias. Proporcionei‐

lhes comida e tudo o que possam necessitar para fazê‐los sentir cômodos. Este inverno deverá ir 

bem.  A  fruta  amadurecida  começou  a  cair  das  árvores,  o  trigo  já  está  dourado  e  também 

floresceram os pomares de verduras. Perdemos algumas cabeças de gado por culpa do saque, mas 

não prevejo escassez de alimento em um futuro próximo. 

Marianne parecia agradada. 

— Assim é como deve ser. Misterly sempre se auto abasteceu. 

— Pode brincar  comigo,  Elissa? —  interveio  Lora elevando  a  voz,  cansada  ao que parece 

daquela conversa de adultos. 

— Não — disse Damian antes que Elissa pudesse responder. — Sua  irmã precisa descansar 

hoje. 

— Amanhã começaremos outra vez com as aulas — prometeu Elissa ao perceber a desilusão 

de Lora. 

— Vamos, Lora — disse Marianne erguendo‐se. — É hora de  ir. Lorde Damian disse que o 

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Sabor do Pecado 03

 

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perigo já passou, assim hoje pode brincar no pátio com as outras crianças. 

— Sim — reconheceu Damian, — Misterly está agora a salvo; pode andar por onde queira. 

— Necessita algo mais, Elissa? — perguntou Maggie antes de seguir Marianne e a Lora pela 

porta. 

— Não, obrigado, Maggie. Amanhã espero poder me levantar. 

— Deve ficar exatamente onde está — disse Damian. — Partirei para que possa descansar. 

Elissa  se  surpreendeu  que  Damian  se  inclinasse  para  beijá‐la  nos  lábios.  Foi  um  beijo 

estranho. Teve sabor de paixão cuidadosamente controlada, a posse, e a algo mais. Quando ele 

soltou finalmente sua boca, Elissa não pôde evitar perguntar‐se se teria beijado Kimbra da mesma 

maneira. Então Damian partiu, deixando Elisa suspirando por algo que uma habitante das Terras 

Altas leal não deveria esperar. 

Elissa  estava  quase  adormecida  quando  percebeu  que  havia  alguém  de  pé  a  um  lado  da 

cama. Abriu os olhos, sobressaltada ao ver Kimbra abatendo‐se sobre ela. 

— Não ganhaste ainda — sussurrou Kimbra com voz envenenada. — O rei terá notícias das 

artimanhas que utilizou para pôr Damian contra mim. Damian é meu. Não pode tê‐lo — tocou no 

ventre e um sorriso malicioso curvou seus lábios. — Estou quase segura de que estou esperando 

um filho dele. 

Um grito de desespero atravessou os lábios de Elissa. Kimbra estava esperando um filho de 

Damian? 

— Não, como é possível? É muito cedo para sabê‐lo. 

— As mulheres conhecem seu próprio corpo —  respondeu Kimbra. —  Inclusive você deve 

estar a par de que quando duas pessoas se juntam, resultam em conceber um filho. Insistirei em 

que o rei te castigue duramente por suas enganosas maneiras. 

— Eu não fiz nada! — protestou Elissa. — Você procurou isto! 

Kimbra emitiu um som gutural de desprezo e girou sobre os calcanhares. 

— Desfruta de sua liberdade enquanto dure — disse por cima do ombro. 

Elissa permaneceu a manhã seguinte em seu quarto até que Kimbra e seu séquito partissem 

rumo a Londres. Observou pela janela como partiam e logo desceu ao salão. 

Ainda sentia as pernas débeis, mas a cabeça não doía tanto como no dia anterior. 

Elissa viu Damian falando com um grupo de homens e escapuliu por detrás dele para tomar 

o café da manhã na cozinha com a gente que conhecia e amava. 

Por alguma razão, aquela manhã sentia mais  fome do que o costume e comeu com gosto. 

Quando saiu da cozinha, tropeçou com a dura parede do peito de Damian. 

— Estava tentando me evitar? — perguntou ele zombador. 

A  Elissa  ruborizaram  suas  faces  sob  aquele  sorriso  desarmante.  De  repente  recordou  a 

assombrosa notícia que Kimbra  revelou na noite anterior, separou‐se dele e elevou a vista para 

olhá‐lo fixamente. 

— Não deveria estar na cama? — perguntou Damian. 

— Encontro‐me bem — respondeu ela com frieza. 

Damian assentiu, mas não parecia convencido. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Estive te procurando. Acreditei que você gostaria de saber que os danos provocados no 

povoado são mínimos. A chuva evitou o que podia ter sido uma tragédia. Só seis casas perderam o 

telhado, e o resto foram ligeiramente danificadas. Perdeu‐se um pouco de mobília, mas nada que 

não possa mudar ou arrumar. Ao menos não se perderam vidas. O Padre Hugh diz que a igreja se 

salvou. 

— E sobre os comerciantes? Sobreviveram suas tendas ao fogo? 

—  A maioria  estão  intactas.  Já mandei  que  vão  ao  Inverness  para  procurar materiais  e 

aprovisionamento dos que carecemos no Misterly. 

— Estou segura de que os membros de meu clã estão agradecidos — disse Elissa. — Se me 

desculpar, prometi a nana que a ajudaria com os feridos. 

— Há algo que quero falar contigo — disse Damian. 

— Não temos nada do que falar. 

Damian dirigiu um olhar de assombro. 

— O que te ocorre? Parece zangada. Não te disparei intencionalmente, se for isso que esteja 

te incomodando. 

Elissa se mostrou indignada. 

— Não se trata disso absolutamente. Não deveria tê‐la expulsado daqui. 

— Esta se referindo a Kimbra? Acreditei que estaria encantada de não voltar a vê‐la. 

— Isso foi antes de... 

— Antes do que? 

— Se você não sabe, não me corresponde falar sobre isso. 

Elissa saiu dali com a cabeça muito alta e os ombros estirados. 

— Covarde — disse Damian a suas costas. 

Elissa trabalhou no galpão ao lado de nana até que todos os feridos foram atendidos. 

— É hora de limpar‐nos e se reunir com os membros de nosso clã para comer — disse nana 

enquanto urgia Elissa para a pequena sala separada do galpão em que as esperavam água fresca e 

toalhas. 

—  Já  estão  aqui —  disse  Damian  entrando  no  quarto  em  penumbra. —  Como  estão  os 

feridos? 

— Recuperando‐se, sua senhoria — respondeu nana. 

— Excelente — disse Damian. — Estão servindo a comida. Já terminaram? 

— Sim, mas primeiro sente‐se para que possamos trocar as ataduras. 

Assombrada, o olhar de Elissa percorreu o corpo de Damian em busca de uma lesão. Não viu 

nada que indicasse que ficou ferido. 

— Não é mais que um arranhão insignificante, e está quase curado — disse Damian. 

—  Insisto, meu  senhor — disse nana  levando‐o para um banco. — A  infecção é um  risco, 

independentemente de quão pequena seja a ferida. 

Damian se sentou e elevou o braço para que nana o inspecionasse. 

— Enrole a manga da camisa enquanto vou procurar minha cesta no galpão — ordenou‐lhe 

nana. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Elissa  soltou  um  pequeno  grito  enquanto mantinha  a  vista  cravada  no  braço  de Damian. 

Uma vendagem empapada em sangue cobria uma risca do ombro até o cotovelo. Deixou‐se cair a 

seu lado e afastou cuidadosamente as ataduras sujas. 

— Acreditei que havia dito que não era nada. —Damian deu de ombros. 

— Um  inconveniente menor. Parece pior do que é. Nana  se  reuniu com eles um  instante 

mais tarde. 

—  É  um  ferimento  superficial,  mas  todos  os  ferimentos  podem  infectar  —  sorriu  com 

aprovação. — Seu ferimento está limpo e sã, meu senhor. Elissa pode te aplicar salvia e te pôr uma 

vendagem nova. Está tão capacitada como eu. 

Elissa  fulminou nana com o olhar. A anciã  lhe devolveu um sorriso cúmplice e saiu a  toda 

pressa. Elissa voltou a centrar  sua atenção em Damian; a estava olhando com uma  intensidade 

que provocou uma onda de calafrios. 

— A vendagem, Elissa — a recordou com doçura. 

Elissa piscou e agarrou seu braço. Sentiu‐o estremecer e afastou o olhar de seu rosto. 

— Te machuquei? 

Elissa se inclinou para cumprir sua tarefa, sentia medo de se derreter sob o ardente calor de 

seu olhar. O mero  feito de  tocar Damian a  fazia se esquecer da existência de Kimbra, e de que 

Damian  era  um  pilantra  inglês  que  pisoteava  os  sentimentos  das mulheres. Damian  e  ela  não 

tinham  nenhum  futuro  juntos;  negava‐se  a  converter‐se  na  amante  de  um  homem  que  a 

desprezava em todos os sentidos... em todos os sentidos menos em um. Quando faziam amor, a 

fazia sentir‐se como se de verdade se importasse. 

Elissa não podia suportar aos estúpidos, e ela era da pior índole. Se Kimbra estava esperando 

um filho de Damian, é obvio que devia se casar com ela. 

 

 

Capítulo 14 

 

 

Depois  de  atar  a  vendagem  do Damian,  Elissa  ficou  de  pé  e  sacudiu  as  saias. Damian  se 

levantou;  tinha  os  olhos  entrecerrados  e  seus  pensamentos  eram  impenetráveis.  Elissa 

desconfiava  do  lado  inescrutável  dele  e  retrocedeu  um  passo  e  logo  outro.  Ele  a  seguiu, 

espreitando‐a até que Elissa sentiu a fria parede contra as costas e o abrasador calor do corpo do 

Damian apertado contra o seu. 

Os chapeados olhos de Damian se obscureceram até converter‐se em estanho enquanto a 

agarrava pela cintura com ambas as mãos e a mantinha cativa, a dura pressão de seu rígido sexo a 

urgindo sem descanso entre as pernas. Hipnotizada, Elissa sentiu como seu olhar deslizava para a 

boca dele, que se abatia sobre a sua, perto, tão perto que podia ver como pulsava seu pulso na 

base do pescoço. 

Por  que  ficava  a  respiração  retida  na  garganta  e  tremia  seu  corpo  de  desejo?  Elissa  se 

repreendeu por ser tão estúpida, mas de todas formas elevou a boca para a sua. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   141

O beijo do Damian acabou com sua vontade. Sua resistência se fez em pedaços enquanto se 

derretia em seu abraço, seu corpo procurava o prazer que sabia que só ele podia proporcionar. 

As mãos dele buscaram seus seios, e Elissa gemeu em sua boca, sacudindo‐se contra ele; o 

prazer de suas carícias a fazia tremer. Um instante depois, Damian a estava levando para o banco. 

Suas carícias se fizeram mais exigentes quando a sentou sobre a dura superfície. 

Elissa não era consciente de nada mais que do  feroz desejo que Damian despertava nela. 

Sentiu um ar fresco sobre seus seios, mal consciente de que Damian baixou seu sutiã. 

Um suspiro escapou de sua garganta quando se  inclinou sobre ela e  introduziu um mamilo 

na boca. Elissa se arqueou contra ele, oferecendo mais de si mesma as suas excitantes carícias. 

— Elissa — gemeu Damian contra sua pele. — Necessito isto. Necessito a ti. 

Sentiu  sua mão  sob  a  saia, deslizando entre  suas pernas,  cobrindo‐a. O  coração da Elissa 

pulsava  com  força  contra  as  costelas.  Durante  um  selvagem  instante,  desejou‐o  tanto  como 

Damian a ela. 

Abriu  as  pernas,  convidando‐o  a  um  contato mais  íntimo.  Damian  obedeceu  encantado, 

sussurrando palavras carinhosas contra sua boca enquanto explorava sua fenda com os dedos. 

—  Te  abra  para  mim,  querida.  Kimbra  partiu.  Ninguém  nos  impedirá  de  fazer  o  que 

quisermos. 

As palavras de Damian provocaram um efeito devastador em Elissa. Kimbra! Como podia ter 

se esquecido? Damian  tinha o poder de um  feiticeiro. Com um só beijo apagou de sua mente a 

lembrança das palavras de despedida da Kimbra. 

Elissa lhe deu um empurrão no peito. 

— Não! Deixa que me levante. Não pode fazer isto. 

Damian se inclinou para trás, com a confusão refletida nas rugas da fronte. 

— Te machuquei? Dói‐te o ferimento da cabeça? 

Elissa deslizou por debaixo dele, os olhos jogavam faíscas de fúria. 

— Como te atreve! Não me toque. 

— O que é que fiz? 

Elissa aspirou com força o ar para tranquilizar‐se. 

— A  forma em que  trata  às mulheres é abominável. Como pudeste expulsar  lady Kimbra 

daqui? Está esperando teu filho. Não sinto admiração por Kimbra, mas se eu estivesse esperando 

teu filho, eu não gostaria de ser tratada com um desprezo tão cruel. 

— O que? 

Damian  parecia  assombrado, mas  Elissa  pensou  que  a  ela  não  podia  enganar  com  tanta 

facilidade. 

— Nunca  ouvi  uma  tolice  semelhante.  Se  Kimbra  está  esperando  um  filho,  por  todos  os 

diabos que não é meu. Nunca toquei a essa mulher. 

Elissa soprou com desconfiança. 

— Mentiroso! A própria lady Kimbra me disse que foi sua amante. Vi‐te beijando‐a. É muito 

formosa, meu senhor, o sonho de qualquer homem. 

— Não o meu — afirmou Damian. — Se existisse a mais remota possibilidade de que Kimbra 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   142

estivesse esperando meu filho, teria me casado com ela. Se existe alguém que espera meu filho, 

essa é você. 

Soltando um grito de negação, Elissa deu a volta, estirando a roupa e o cabelo enquanto saía 

fugindo. 

— Elissa! Espera! Acabo de recordar algo que disse nana. 

Mas já era muito tarde. Elissa se fora. Damian saiu atrás a um passo mais lento. Necessitava 

tempo para recompor‐se. Tinha uma ereção grande e dura e seu desejo seguia intacto. 

Aspirou várias vezes o ar profundamente,  tentando encontrar  sentido a  tudo o que Elissa 

disse, e às coisas que ficaram sem dizer. 

Damian  não  foi  alheio  às  consequências  de  jogar  sua  semente  no  interior  da  Elissa, mas 

ignorou deliberadamente  sua  consciência para  satisfazer  seu próprio prazer egoísta. E  só Elissa 

podia lhe dizer a verdade. 

Quando  recuperou  o  controle  sobre  si mesmo,  abriu  caminho  para  o  salão.  As  pessoas 

seguiam comendo, mas Elissa não estava por nenhuma parte. Damian forçou a si mesmo a sentar‐

se  e  a  comer, mal  saboreando  o  que metia  na  boca.  Tinha  planos  que  formar  e  executar.  Era 

consciente  de  que  estava  pisando  em  terreno  perigoso,  e  de  que  o  rei  poderia  castigá‐lo  por 

desobedecer suas ordens, mas estava decidido a seguir adiante mesmo se Elissa o rechaçasse. 

— Parece um homem com uma ideia na cabeça — disse sir Richard quando tomou assento 

ao lado de Damian. — Tem medo de que Kimbra renegue a ti ante o rei? Reza para que sua carta 

chegue  a  Sua Majestade  antes  que  o  faça  Kimbra.  Informaste  que  repeliste  um  ataque  contra 

Misterly, verdade? Isso te congraçará com ele. 

— Com o rei, a gente nunca sabe — grunhiu Damian. 

— Tem intenção de tomar Elissa como amante agora que Kimbra se foi? 

— Não, tenho outros planos para Elissa. 

— Me conte, sou todo ouvidos. 

— Os conhecerá muito em breve. Sabe por acaso se o Padre Hugh retornou ao povoado? 

—  Saiu  daqui  com  uma  caravana  carregada  de  comida  de  nossas  despensas  para  dar  de 

comer a aqueles que retornaram a sua casa. Quer que vá buscá‐lo? 

— Não, irei eu mesmo. 

Dickon lançou um olhar curioso. — O que está acontecendo, Damian? 

— O que está acontecendo entre Maggie e você, Dickon? —  replicou Damian, esquivando 

habilmente a pergunta de seu amigo. — Deitaste‐te já com a moça? 

O belo rosto de Dickon se ruborizou. 

— Sim, mas antes tive que prometer que me casaria com ela. 

— Prometeu que te casaria com ela? — engasgou‐se Damian. — E te acreditou? Era virgem? 

Dickon se ruborizou ainda mais. 

— Sim, de fato arrebatei sua virgindade. 

— Então te casará com ela, meu amigo. Sugiro que fixe uma data. 

—  Por  todos  os  diabos, Damian! Disse  a muitíssimas mulheres  que me  casaria  com  elas. 

Forma parte do jogo. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   143

— Para Maggie não. Ela não é uma de suas prostitutas inglesas. É parente de Elissa, e ignora 

os jogos dos homens. Não permitirei que a desonre. 

Dickon se levantou pela metade da cadeira. 

— Do mesmo modo que você desonrou Elissa? Somos da mesma índole, Damian. Por todos 

os diabos,  se  inclusive compartilhamos mulheres. Elissa não é diferente das dúzias de mulheres 

com as que te deitaste. 

— Há uma  grande diferença, Dickon. Vou  converter  Elissa em minha esposa,  assim  tome 

cuidado com o que diz dela. 

Dickon se apoiou contra o respaldo da cadeira com uma expressão de absoluto assombro no 

rosto. 

— Vai  se  casar  com Elissa? Está  louco? O  rei utilizará  seu  traseiro  como alvo. Espero que 

esteja preparado para perder Misterly e todo o resto que te foi entregue. 

— Talvez não chegue a isso — aventurou Damian. — A desejo, Dickon. Nunca desejei a uma 

mulher tanto como desejo Elissa. 

—  Suplico‐lhe  isso,  que  siga  sendo  sua  amante, mas  não  desafie  ao  rei.  Fui  teu  amigo 

durante muito tempo e me importa o que te acontece. 

— Te esqueça de Elissa e de mim. Falemos de Maggie e você. Sente algo por ela? 

— Não terminei ainda com este assunto — respondeu Dickon sem rodeios. — Elissa aceitou 

casar contigo? 

— Aceitará. Já é suficiente, Dickon. Tomei uma decisão; não há nada mais que dizer. E agora, 

se me desculpar, vou ao povoado. 

Dickon ficou pensativo quando Damian partiu dali a grandes passos. Por que se mostrava tão 

obstinado seu amigo com aquele assunto? A ira do rei não era uma questão para se levar à ligeira. 

Quando viu Maggie entrar no salão, seus pensamentos se fizeram em pedacinhos e correu 

atrás dela. 

Elissa  rondava  por  seu  dormitório  como  uma  gata  inquieta. As  palavras  de  despedida  de 

Damian seguiam ressonando em seu cérebro. 

"Se existe alguém que espera meu filho, essa é você." 

Poderia ser certo? Elissa apertou o  liso ventre com a mão. Era muito cedo para saber, mas 

duvidava muito de que estivesse esperando um filho de Damian, e assim queria que seguissem as 

coisas. 

O fato de que nana parecesse pensar que estava grávida não o convertia em algo real. 

Consciente  de  que  não  podia  se  esconder  em  seu  quarto  para  sempre,  Elissa  saiu  da 

habitação e se encontrou com sir Brody e com sua mãe no corredor. 

—  Elissa —  saudou‐a Marianne  com  emoção, —  sir  Brody  arrumou  tudo  para  que  uma 

carroça puxada por um pônei me  leve ao povoado. Quero ver com meus próprios olhos como as 

estão arrumando os membros de nosso clã. Quer vir você também? 

—  É  uma  ideia  maravilhosa,  mamãe  —  disse  Elissa  com  entusiasmo.  —  Levamos  Lora 

conosco? 

— Ela já está lá. Lachlan a convidou para passar o dia com sua família. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   144

A carroça já estava esperando no pátio. Sir Brody subiu Marianne no assento enquanto Elissa 

montava e agarrava as rédeas. — Eu posso  levar a carroça, sir Brody — disse a  jovem. — Não é 

necessário que nos acompanhe. 

— Está segura, minha senhora? Lorde Damian disse... 

— Não me  importa o que diga  lorde Damian. Sou perfeitamente capaz de  levar mamãe ao 

povoado. 

— Estaremos bem — concordou Marianne. 

Embora seguisse mostrando‐se cético, sir Brody se rendeu ante o doce sorriso de Marianne. 

Inclinou‐se e se retirou. 

— Se não necessitar nada mais de mim, retornarei a minhas obrigações. Elissa  ignorava se 

Damian aprovaria sua saída do castelo, e tampouco se importava. Estava tão contente de ver sua 

mãe  interessada de novo pela vida, que não perderia a oportunidade de uma saída com ela por 

nada no mundo. 

Elissa conduziu a carroça com soltura enquanto o guiava pelo sinuoso caminho que levava ao 

povoado,  emocionada  ante  o  renovado  interesse  de  sua  mãe  pela  vida.  Antes  que  Damian 

chegasse  em Misterly,  estava  convencida  de  que  sua mãe  se  encontrava  no  leito  de morte. 

Precisava admitir que Damian marcou uma grande diferença desde que se converteu em senhor 

do Misterly. Inclusive os membros de seu clã estavam mais motivados e mais conscientes de suas 

responsabilidades. Damian poderia  ser um  inglês odiado, mas  converteu Misterly  em um  lugar 

estável e próspero. 

Elissa  se perguntou o que  seria deles  se o  rei despojasse Damian de  seu  titulo e de  suas 

terras. Damian não deveria ter se precipitado assim enviando  longe Kimbra. Por que Elissa sabia 

que o rei Hannover é daqueles que se mostravam implacáveis quando se enfureciam. 

— Está muito calada, filha — disse Marianne. — Dói‐te a cabeça? 

— Minha cabeça está bem, mamãe — assegurou ela. — Só estava me perguntando o que 

será de nós se Damian perder Misterly. 

Marianne franziu o cenho. 

—  Reze  para  que  isso  não  aconteça.  Poderia  nos  tocar  um  senhor menos  agradável  que 

lorde Damian. 

— Aí adiante está o povoado — disse Elissa emocionada. — Tenho a sensação de que  faz 

séculos que não venho. Visitamos primeiro as tendas? Damian disse que a maioria sobreviveu ao 

fogo. 

— Não, me leve a igreja — pediu Marianne. — Faz muito tempo que não rezo em um lugar 

de culto. Tenho muito que agradecer apesar de nossas tristes perdas. 

Elissa guiou o cavalo pela estreita e pavimentada rua principal do povoado. 

— O  Padre Hugh  tinha  razão —  observou. — O  dano  das  casas  e  das  tendas  é mínimo. 

Entretanto, nunca perdoarei Tavis Gordon. O que fez é absolutamente imperdoável. 

— Sim —  reconheceu Marianne. — Eu me opus obstinadamente a seu matrimônio com o 

chefe  dos Gordon, mas  seu  pai  estava  empenhado.  Eu  não  gostava  de  Tavis  antes  e  sigo  sem 

gostar dele agora. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   145

— Tampouco eu gosto — disse Elissa. No dia que Tavis exigiu que matasse Damian perdeu 

todo o respeito por seu prometido. 

Elissa puxou as rédeas em frente à igreja e desceu da carroça para ajudar a sua mãe. 

— Não é esse o cavalo de  lorde Damian? — perguntou Marianne assinalando ao polido e 

musculoso animal que estava atado à cerca da igreja. 

A resposta da Elissa ficou no ar quando Damian saiu a grandes passos da  igreja seguido de 

perto pelo Padre Hugh. Viu a carroça e se deteve bruscamente. Elissa manteve seu duro olhar sem 

pestanejar. 

Não  fez nada mal. Enquanto Damian avançava para ela, perguntou‐se  se  teria  ido à  igreja 

para pedir perdão a Deus por seus pecados. 

—  Lady Marianne, que alegria verte  tão  radiante — disse Damian  cortesmente. — Mas a 

próxima vez que queira sair do castelo, por favor faça‐me saber para que possa te proporcionar a 

escolta adequada. Sir Brody fez mal ao deixar que se aventurassem sozinhas. 

— OH, não, meu  senhor, não  culpe  a  sir Brody.  Ele queria nos  acompanhar, mas Elissa... 

quero dizer, eu disse que não era necessário. 

— Não te desculpe ante ele, mamãe — respondeu Elissa zangada. — Ninguém se atreveria a 

nos machucar. 

Damian lançou a Elissa um olhar inescrutável. 

— Isso nunca se sabe. Na próxima vez, espero que me peça permissão para sair do castelo. 

Elissa ficou tensa. 

— Não  acredito que  tenha nada de mau  visitar os membros de nosso  clã.  Sofreram e  só 

queremos lhes oferecer nosso apoio. 

— Como pode ver, tudo está sob controle. 

O Padre Hugh se colocou no meio do tenso casal. 

— Lorde Damian, talvez  lady Marianne queira entrar na  igreja enquanto  lady Elissa e você 

discutem suas diferenças. Se pretende seguir adiante com o que acabamos de falar, aconselho‐te 

de verdade que Elissa e você aprendam a se dar bem. 

— Me perdoe, Padre — disse Damian. — Inclino‐me ante sua sábia opinião. 

Elissa pensou que Damian parecia mais  feroz que  arrependido. Algo estava  se  formando, 

algo  que  estava  segura  de  que  não  ia  gostar. —  eu  adoraria  entrar  na  igreja  e meditar  um 

momento — disse Marianne. — Quer me ajudar, meu senhor? 

Damian desceu a lady Marianne da carroça como se não pesasse mais que um passarinho e a 

deixou no chão. 

— Acompanharei a lady Marianne dentro — disse o Padre Hugh oferecendo seu braço. 

Elissa esperou a que Marianne e o Padre Hugh desaparecessem no interior da igreja antes de 

voltar a centrar‐se em Damian. Olhar para ele era um engano, decidiu. Se havia um homem sobre 

a  terra  que merecesse  se  chamar  O  Cavalheiro  Demônio,  era  aquele  homem meditativo  que 

estava de pé diante dela. O viu zangado, o viu perdido na paixão, mas nunca viu a expressão que 

refletia agora em seu rosto. 

Intensa,  sim,  provocadora  talvez,  e  absolutamente  cativante.  Era  um  homem  sedutor, 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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seguro de si mesmo e de seu poder, perito, arrogante. Mas havia algo mais; uma expressão que a 

desconcertava.  

Um homem tão arrogante como Damian nunca ia expor ante ninguém seu lado vulnerável. 

Um silêncio tenso se instalou entre eles. Finalmente, Elissa perguntou: 

— Vieste à igreja rezar? 

O rosto meditativo de Damian se suavizou repentinamente. — Tomei uma decisão a respeito 

de seu futuro, Elissa, e queria consultá‐la com o Padre Hugh. 

Elissa ficou olhando fixamente. Seu futuro? O que o Padre Hugh teria com o seu futuro? O 

convento! É obvio. Damian estava consultando a maneira de arrumar tudo com o sacerdote. 

—  Sabia  que  isto  aconteceria —  assegurou  Elissa. —  Estava  esperando  que mamãe  se 

recuperasse para nos enviar  longe. Trocaste de opinião a respeito de  lady Kimbra? Vai a Londres 

procurá‐la? 

Damian falou com voz baixa e áspera devido à tensão. — Entendeste mal, Elissa. Você e eu 

vamos nos casar. Vim à igreja organizar os preparativos com seu pároco. 

Elissa empalideceu. 

— Casarmos? Você e eu? Está louco. 

— É a solução lógica. 

— O rei não permitirá. 

— Não me importa. 

— Nego‐me a me casar com um assassino inglês. 

Damian franziu o cenho. 

— Preferiria que não me chamasse assassino. Os membros de seu clã me respeitam agora. 

Estou ganhando pouco a pouco sua confiança. Estou seguro de que aprovarão nosso matrimônio. 

— Não pode abandonar a mulher que está esperando teu filho. 

Os olhos de Damian brilharam com regozijo. 

— Não vou abandona‐la, vou me casar com ela. 

Elissa ficou olhando‐o fixamente. 

— Equivoca‐te, meu senhor, não estou esperando teu filho. Me acredite, eu seria a primeira 

a saber. 

Damian dirigiu um sorriso senhor de si mesmo. 

— Se não esta grávida de mim, logo o estará. Vais te casar comigo, Elissa, e não há nada mais 

que dizer. 

— Por quê? 

Damian adquiriu uma expressão pensativa. 

— Por quê? Porque prefiro estar contigo que com a mulher que o rei escolheu para mim. 

Tão estranho te parece? Sempre soubeste que te desejo. 

— Sou uma jacobina e a filha de um traidor. 

— É uma mulher, uma mulher formosa e apaixonada. 

— Odeio aos ingleses. 

— A guerra terminou faz anos. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— As pessoas do meu país continuam submetidas. 

— Não pode  culpar a mim por  isso. Pensa nisso, Elissa. Ambos amamos Misterly. Eu  já o 

tenho e não renunciarei a ele sem lutar. Podemos unir nossas forças e fazer o que for melhor para 

os membros de seu clã. 

— Isso é impossível. 

— Sinceramente, Elissa, odeia‐me? 

Elissa mordeu  o  lábio  enquanto  considerava  a  pergunta  do  Damian.  A  resposta  era  tão 

complexa como o homem que estava diante de si. Depois de pensar um comprido instante, soube 

que só havia uma resposta. 

— Não te odeio, Damian. 

— Eu nunca te odiei, querida. 

— O que sente por mim? — espetou Elissa. — Ama‐me? 

Elissa observou a sutil mudança na expressão de Damian e perdeu toda esperança. Só uma 

estúpida acreditaria que um homem como Damian quereria algo mais dela que seu corpo. 

Considerava  seu  matrimônio  um  bom  movimento  político,  que  serviria  para  unir  aos 

membros  do  clã  da  Elissa  contra  os  Gordon  e  que  protegeria Misterly  para  ele. O  Cavalheiro 

Demônio não amava, possuía. 

— Esta me pedindo mais do que estou preparado para dar — murmurou Damian. — O amor 

faz aos homens vulneráveis, não posso me permitir ser fraco. Importa‐me muito e te prometo que 

honrarei nossos votos. Quantos homens estariam dispostos a fazer esse tipo de concessão? 

Elissa ficou olhando‐o com descarada desconfiança. Damian acabava de prometer que seria 

um  marido  fiel.  Deveria  acreditar?  Talvez  cumprisse  seus  votos  enquanto  permanecesse  em 

Misterly, mas, seria capaz de resistir a tentação de deitar‐se com outras mulheres quando viajasse 

a Londres, ou a Inverness, ou a outra cidade grande? Seria uma estúpida se esperasse que Damian 

permanecesse em Misterly e não procurasse diversão em nenhum outro lugar de vez em quando. 

— Elissa, não me ouviste? Prometi que permanecerei fiel a nossos votos matrimoniais. Pode 

fazer você a mesma promessa? Não estará ainda apaixonada por Tavis Gordon, verdade? 

— Não quero  ter nada com esse homem — afirmou Elissa. — Em seu coração só há  lugar 

para a vingança. Parece que você não alberga malícia para os membros de meu clã. E minha mãe e 

minha irmã sentem afeto por ti. 

— Então esta feito — anunciou Damian. — Juraremos nossos votos dentro de cinco dias. 

— Não dei meu consentimento! — gritou Elissa. Damian entreabriu os olhos. 

— Não ponha a prova minha paciência, minha senhora. Hei dito que nos casaremos, e nos 

casaremos. A advirto isso, seria uma estupidez por sua parte te negar. Acredito que entende o que 

quero dizer. 

— Ameaçará a minha mãe e a minha irmã por cima de minha cabeça como um machado que 

cairá sobre mim se não fazer o que você deseja? 

— Se tiver que fazê‐lo, sim. E você, trará um filho bastardo ao mundo? 

Elissa emitiu um bufo de desgosto. 

— Quantas vezes preciso te dizer que não estou esperando teu filho? 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Ocorrerá cedo ou tarde. Não posso acreditar que prefira te converter em minha amante. 

Não seria melhor que trouxesse filhos legítimos ao mundo? 

— Esta conversa sobre os filhos é absurda, a menos que esteja se referindo aos filhos que 

vais ter com Kimbra. 

— Esta é a última vez que digo  isso, Elissa. Nunca me deitei com Kimbra. É uma mentirosa 

exímia8 e uma pessoa problemática. 

—  O  que  acontecerá  quando  te  cansar  de mim? —  perguntou  Elissa. —  É  legendária  a 

reputação que tem o Cavalheiro Demônio de utilizar e abandonar depois às mulheres. 

Damian a segurou pelos ombros e a atraiu para si. 

— Não acredite em tudo o que ouve — disse em um sussurro rouco e sedutor. 

A boca de Damian se encontrava a uns centímetros da sua. Elissa  fechou os olhos quando 

seus  lábios  carnudos desceram  lentamente. Pensava que estava preparada para  seu beijo, mas 

não estava. 

Nada poderia tê‐la preparado para a poderosa emoção que se apoderou dela no instante em 

que  seus  lábios  se  tocaram. A  intensidade de  seu beijo  a deixou  sem  ar nos pulmões. Damian 

moveu  a  boca  lentamente  sobre  a  sua,  deslizando  a  língua  úmida  sobre  os  lábios  antes  de 

introduzi‐la enquanto devorava o sabor e o aroma de Elissa. Tremiam seus  joelhos; sua boca se 

amoldou à sua enquanto seu corpo se fundia com seu calor e sua dureza. 

Uma doce rendição a chamava... até que recordou que Damian não deixou opção. Limitou‐se 

a dar por certo que se casariam sem lhe dar a oportunidade de aceitar ou rechaçá‐lo. 

Arrumou seu matrimônio sem o conhecimento nem a aprovação dela. 

Damian  deixou  abruptamente  de  beijá‐la,  e  Elissa  se  pendurou  nele  para  não  perder  o 

equilíbrio.  Por  que  lhe  dava  voltas  a  cabeça?  Por  que  sorria  Damian  com  aquela  expressão 

petulante? Por que pulsava com força seu coração e queimava seu corpo? 

— Aqui vem sua mãe — disse Damian afastando‐se um pouco de Elissa quando Marianne se 

aproximou. Examinou o rosto da jovem. — Encontra‐te bem? Parece enjoada. 

— Estou pronta para retornar ao castelo, meu senhor — disse Marianne olhando primeiro a 

Damian e logo a Elissa. — Interrompo algo? 

— Explicarei sobre isso mais tarde — disse Damian. Virou‐se para o Padre. — O esperamos 

dentro de cinco dias, Padre. Por favor informe a seus fiéis de que estão convidados ao castelo para 

celebrar  meu  matrimônio  com  Elissa.  Já  falei  com  Dermot  para  que  contrate  músicos. 

Dançaremos, cantaremos e celebraremos. Não é todos os dias que se casa a donzela de Misterly. 

— O padre Hugh me contou seus planos, meu senhor — disse lady Marianne a Damian. 

— E os aceita, minha senhora? 

Marianne olhou Elissa de relance antes de responder. 

— Desejo o melhor para minha filha e para Misterly. Rezarei para que seja uma união feliz. 

— Isso é o que eu também desejo, minha senhora. 

Damian ajudou a lady Marianne a entrar na carroça e logo girou para ajudar Elissa, mas ela 

subiu à boleia e tomou as rédeas antes que Damian pudesse tocá‐la. Elissa estalou as rédeas e a                                                             8 Que revela perfeição naquilo que faz; excelente; eminente: um exímio pianista. 

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carroça iniciou a marcha. 

— Está desgostada com as decisões de  lorde Damian, filha? — perguntou Marianne ao ver 

que Elissa guardava silêncio. 

— Deveria ter pedido meu consentimento. 

—  Talvez  não  fez  da melhor  maneira, mas  sei  que  já  não  quer  te  casar  com  Tavis — 

Marianne enrugou sua fina fronte. — Eu me oporia se pensasse que esse matrimônio não é uma 

boa ideia. Mas tem muitas vantagens. 

— Vantagens? Paraste de considerar as consequências quando Hannover se  inteire de que 

Damian se negou a se casar com lady Kimbra? 

— Sim, mas acredito que  lorde Damian é capaz de fazer frente ao rei. Se está preocupada, 

peça a nana que se consulte com suas vozes. 

— Não confio nas vozes de nana, mamãe, e você tampouco deveria fazê‐lo. Tornou‐se velha 

e extravagante; a maioria das vezes não sabe nem o que diz. 

Marianne lançou um olhar afiado. 

— Nana disse algo que te incomodou? —Elissa deu de ombros. 

— Não mais do normal. Não deixe que  isto te preocupe. Damian e eu o arrumaremos por 

nossa conta. 

Marianne suspirou. 

— Tem razão, filha. Isto é entre Damian e você. Estou muito cansada pelo passeio para dar a 

este assunto a atenção que merece. 

A carroça se deteve estralando ao chegar ao pátio. Damian apareceu a seu  lado a cavalo e 

desmontou. Mas  antes que pudesse descer Marianne da  carroça, apareceu  sir Brody e  afastou 

Damian a um lado. 

— Permita que seja eu quem leve a lady Marianne a seu quarto, meu senhor. 

— Como queira — respondeu Damian deixando passagem à corpulenta figura do cavalheiro. 

— Sua mãe tem todo um protetor em sir Brody — comentou Damian. 

— Parecem desfrutar de sua mútua companhia. 

— Como acontece com sir Richard e Maggie. 

Elissa levantou a cabeça de repente. 

— Sir Richard a desonrou? Não permitirei. 

— Não me surpreenderia que outras bodas seguissem muito de perto à nossa. Até pode ser 

que sejam duas. 

—  Está  pensando  em  obrigar  a  outros membros  de minha  família  a  casar‐se  contra  sua 

vontade? 

— Não preciso obrigá‐los. 

— Nem sequer a mim? — o desafiou Elissa. 

Damian roçou seu rosto e cravou o olhar em sua boca. Durante um instante, ela temeu que a 

beijasse  apesar de que havia  gente olhando‐os, mas não  o  fez.  Limitou‐se  a  sorrir  com  aquela 

expressão arrogante que tirava Elissa do sério, e logo a acompanhou ao castelo. 

— Chegamos bem a  tempo — disse Damian. — Estão pondo a mesa para o  jantar. Quero 

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Sabor do Pecado 03

 

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que sente a meu lado. Nada de te esconder em seu quarto. 

Elissa  não  discutiu  quando  Damian  a  acompanhou  a mesa  e  a  sentou  a  seu  lado.  Sairia 

ganhando de todas formas por muito que ela protestasse. 

Elissa acabava de se servir de uma bandeja quando nana se aproximou da mesa. 

— Posso falar um momento contigo, senhoria? 

— É obvio, nana, ocorre algo? 

— Não. Trata‐se dos dois homens dos Gordon que foram feridos no campo de batalha junto 

aos nossos. Recuperaram‐se de seus ferimentos. Que planos tem para eles? 

— Quase o esqueci — murmurou Damian. — Convida‐os ao salão para que compartilhem 

nossa refeição conosco. 

Elissa conteve o fôlego. — Está seguro, Damian? 

— Completamente  seguro. Quero pôr  fim às hostilidades com os Gordon de uma vez por 

todas. Faz o que te digo, nana. 

Nana  escapuliu  dali  e  retornou  um  pouco mais  tarde  acompanhada  de  dois  homens  que 

ainda estavam desfigurados devido à sangrenta batalha que ocorreu. Um deles tinha uma cicatriz 

recém  curada  que  ia  do  queixo  até  a  borda  exterior  da  sobrancelha,  e  o  outro  levava  uma 

vendagem  no  braço  direito. Vestidos  com  o  traje  dos Gordon, mantinham‐se  firmes  diante  de 

Damian. 

— Como se chamam? — inquiriu Damian. 

O homem da cicatriz na cara se apresentou. — Eu sou Hugo Gordon. 

— E eu, Archie Gordon — assegurou o outro homem. 

— Procurem um lugar na mesa — urgiu Damian. 

— Quer compartilhar o pão conosco? — perguntou Hugo com desconfiança. 

— Sim. Não temos por que ser inimigos. 

— É um assassino  inglês enviado por Hannover para  causar estragos entre nossa gente e 

nossas terras — espetou Hugo. 

—  Quero  que  reine  a  paz  em Misterly.  Aceitam minha  hospitalidade?  Os  dois  homens 

trocaram um olhar de incerteza. 

— Diga‐nos antes qual será nosso destino — disse Archie. — será esta nossa última refeição? 

Damian riu entre dentes. 

— São  livres para retornar a seus  lares. Podem encher o estômago a minha custa ou partir 

com fome. Vocês decidem. 

— Somos livres para partir? — Hugo conteve o fôlego, claramente assombrado. 

— Não acabo de dizer isso? Entretanto, tenho uma única petição que fazer antes que saiam 

de Misterly. 

— Adiante — pediu Archie. 

— Quero que levem uma mensagem ao chefe dos Gordon. 

— Uma mensagem? Muito bem — acessou Hugo. — De que se trata? 

— Digam a seu chefe que está convidado a assistir à celebração de umas bodas. Dentro de 

cinco dias, a donzela de Misterly e  lorde Clarendon se casarão no grande salão às doze do meio‐

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   151

dia. 

Um murmúrio percorreu o  salão,  seguido por um  clamor de  vozes,  algumas elevadas em 

desaprovação  e  outras  aceitando  abertamente  o  esforço  de  Damian  para  conseguir  uma  paz 

duradoura em Misterly. 

Para  a  Elissa  era  difícil  definir  seus  próprios  sentimentos.  Sabia  que  o  anúncio  que  fez 

Damian de suas bodas pegou de surpresa a todos os presentes.  

Ninguém esperava que Damian desafiasse abertamente ao rei, e todo mundo era consciente 

das consequências de um ato tão imprudente. Poderia perder Misterly. 

Além disso,  convidar Tavis  à bodas era procurar problemas. O homem era uma bomba  a 

ponto  de  explodir.  De  verdade  pensava  Damian  que  ia  promover  a  paz  convidando  Tavis  a 

Misterly? 

Estava disposto  a  ignorar o  fato de que  Tavis era um  foragido para  formar uma  amizade 

pouco clara? 

Elissa percebeu de repente que Hugo a estava olhando fixamente. 

— É  isso certo, minha senhora? — perguntou. — Vais te casar com o Cavalheiro Demônio? 

Acreditei que estava prometida a Tavis. 

— Elissa será minha esposa — insistiu Damian, adiantando‐se à resposta da jovem. — Levara 

minha mensagem a seu chefe? 

Hugo assentiu com brutalidade. 

— Sim, mas este é um matrimônio forjado no inferno. A moça não sente nenhum amor pelos 

ingleses. 

Elissa  queria  dizer  que  não  haveria  nenhuma  bodas, mas  as  palavras  ficaram  coladas  na 

garganta. Damian ganharia. 

Ela se converteria na esposa do Cavalheiro Demônio tanto se quisesse como se não. 

 

 

Capítulo 15 

 

 

Elissa estava de pé ao lado da janela, contemplando as estrelas que brilhavam no céu. Como 

gostaria  de  ser  ainda  aquela menina  pequena  que  acreditava  que  se  pedia  um  desejo  a  uma 

estrela se converteria em realidade. Se os desejos se  fizessem realidade, seu querido pai e seus 

irmãos estariam  vivos  e Misterly  seguiria pertencendo  aos  Fraser. Mas desejar não  servia para 

fazer milagres. 

Em  cinco  dias  se  converteria  na  esposa  do  Cavalheiro  Demônio,  um  pensamento  tão 

aterrador como excitante. Damian era um homem único, multifacetado e complexo. 

Os homens o obedeciam sem titubear e as mulheres o adoravam. Era um homem de ideias 

próprias, o  suficientemente  corajoso para desafiar a  seu  rei e  forte para  conservar o que  fosse 

dele. 

Damian a desejava, mas não a amava. Acreditava que o amor romântico era uma debilidade. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Não  se podia negar, entretanto, que  era um mestre nas  artes  amorosas, porque  custou muito 

pouco esforço de sua parte conseguir que ela o desejasse. 

Elissa franziu o cenho ao considerar seus sentimentos para Damian. Já não o odiava. Deu‐se 

conta disso quando não foi capaz de matá‐lo para aplacar Tavis. Permitiu que Damian lhe fizesse o 

amor embora  soubesse que assim estava  traindo aos membros de  seu clã. Sentia algo para ele 

(não, amava‐o), e a culpa a estava matando. 

Incapaz  de  seguir  suportando  seus  sombrios  pensamentos,  Elissa  se  separou  da  janela  e 

retirou  a  colcha da  cama. Distraiu‐a uma  chamada  à porta.  Saudou  afetuosamente Maggie e  a 

convidou a sentar‐se. 

— Não posso  ficar, Elissa. Vou passar a noite com minha  família no povoado — assegurou 

Maggie. — Necessita algo antes de que vá? 

— Obrigado, mas não necessito nada. Lora está deitada? 

— Dorme como um bebê — disse Maggie. — E  sua mãe  também. Maggie  reposicionou a 

colcha,  parecia  que  queria  dizer  algo mas  não  soubesse  por  onde  começar.  Finalmente,  Elissa 

perguntou: 

— Há algo que queira me dizer, Maggie? 

Maggie se ruborizou e retorceu as mãos. 

— Não sei por onde começar. 

Elissa  agarrou  suas  mãos.  —  Começa  pelo  princípio.  Sei  que  sir  Richard  e  você  se 

aproximaram muito. Trata‐se disso? 

— Não acreditava que alguém tivesse percebido — murmurou Maggie. Elissa sorriu. 

— É impossível não perceber. 

— Sir Richard é um homem bonito... para ser inglês — apressou‐se a acrescentar Maggie. 

— Ama‐o? 

Maggie deixou cair o olhar. 

— Sim. Sir Richard prometeu que se casará comigo. 

— E você acredita? 

Maggie elevou a cabeça de repente. 

— Há alguma razão pela que não deveria? 

— Alguns homens prometem o que for para levar a uma mulher à cama. 

— O que prometeu  lorde Damian a  ti quando  se deitou contigo? —  replicou Maggie com 

aspereza. 

A  expressão  ferida  de  Elissa  deve  ter  envergonhado Maggie,  porque  parecia  horrorizada 

pelas palavras que acabavam de sair de sua boca. 

— OH, Elissa, me perdoe. Sei que teve poucas opções nesse sentido. Mas vais te casar com 

sua senhoria, e isso o arruma tudo. 

Elissa aspirou com força o ar. — Perdoo‐te. 

Elissa não se atreveu a perguntar a Maggie se se entregou a sir Richard, porque não tinha 

direito. 

— Não posso te dizer a quem amar, Maggie. Só quero que seja feliz. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Maggie estreitou sua mão. 

— Merece todo o melhor, Elissa. Espero que lorde Damian te faça feliz. Ama‐o? 

Seguiu uma longa pausa. 

— Acredito que sim. Mas não sei se poderia viver com a culpa. Não é o marido que meu pai 

queria para mim... 

—  Seu  pai  está morto —  disse Maggie  com  doçura. —  Tavis  Gordon  rompeu  a  fé  que 

tínhamos  nele  quando  ateou  fogo  ao  povoado.  Lorde Damian  nos  ajudou,  até mesmo  seu  pai 

estaria de acordo se estivesse vivo. Sua senhoria proporcionou alojamento e comida a aqueles que 

o necessitavam. Ama Misterly, e por  isso ganhou nosso respeito. Enviou para  longe daqui a  lady 

Kimbra, o que agradou a todo mundo. Não deve temer que os membros de nosso clã não aceitem 

a lorde Damian. 

Elissa examinou o rosto de Maggie. — Está segura? 

— Sim. Eu não te mentiria. 

— Damian não me ama — disse Elissa com um suspiro. 

— Está segura? 

— Eu... o perguntei. 

Maggie dirigiu um olhar compassivo. 

—  Sinto  muito,  Elissa.  Eu  pensava,  não,  estava  convencida  de  que  a  sua  senhoria  se 

importava muito. Vai se casar contigo, não é verdade? 

— Nosso matrimônio o convém. Pensa que nossa união fortalecerá Misterly. 

—  Pode  ser  que  lorde Damian  te  surpreenda —  aventurou Maggie. —  Preciso  partir.  Sir 

Richard está me esperando abaixo para me acompanhar ao povoado. 

Não  havia  nada mais  que  Elissa  pudesse  dizer. Maggie  confiava  em  sir  Richard,  e  Elissa 

esperava que não o amasse em vão, porque ela conhecia aquele sentimento. 

Casar‐se com um inglês não era o que Elissa sonhou, mas estava disposta a fazer o sacrifício 

se com isso levava a paz para Misterly. 

O castelo se converteu em um enxame de atividade durante os dias anteriores as bodas da 

Elissa.  Inclusive desceram as  tapeçarias para  limpá‐las. Estavam preparando comida em grandes 

quantidades, desde pratos principais até massas. Elissa não fazia  ideia de que Winifred estivesse 

tão dotada para as artes culinárias. 

Elissa mal viu o Damian antes das bodas. Devia ter suas razões, mas não foi a ela pelas noites 

nem tentou seduzi‐la, e Elissa não sabia se se sentia aliviada ou desiludida. 

O convite que Damian fez a Tavis seguia até o momento sem resposta, e Elissa temia o que 

pudesse ocorrer no caso de que Tavis decidisse assistir. Não era difícil imaginar o caos que poderia 

desencadear. 

Elissa lamentou uma vez mais que Damian se mostrou tão audaz, porque daquilo não podia 

sair nada bom. 

No dia  anterior  as bodas,  a mãe de  Elissa  a  chamou para que  fosse  a  seus  aposentos. A 

jovem  se  deteve  justo  na  soleira  da  porta,  surpreendida  ao  ver  o  quarto  cheio  de mulheres 

conversando. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Entra, querida — convidou‐a Marianne. 

— Pra que tudo isto, mamãe? 

—  Queria  que  tivesse  um  vestido  de  bodas  apropriado,  assim  convidei  a  umas  quantas 

mulheres de nosso clã para que me ajudassem a ajustar o traje com o qual eu casei a sua figura, 

que é mais voluptuosa. 

Elissa  olhou  para  o  precioso  vestido  azul  pálido  que  estava  estendido  sobre  a  cama  de 

Marianne e conteve o fôlego, maravilhada. — Está segura? É precioso — disse deslizando os dedos 

pela fina seda. 

— Completamente segura. Ponha‐o para que vejamos como fica. 

Durante  as  duas  seguintes  horas,  Elissa  permaneceu  no  centro  do  quarto  enquanto  as 

melhores  costureiras  do  grupo  alteravam  o  vestido  para  ajustá‐lo  a  sua  figura.  Havia  tecido 

suficiente nas costuras e na bainha para  fazer um pouco maior o busto e baixar a prega, mas o 

resto não necessitava muitos mais ajustes. 

As mangas eram  longas e ajustadas, a cintura  ligeiramente  rodeada, e o decote modesto, 

embora deixava a descoberto um encantador pedacinho de decote. Uns fragmentos de brilhante 

seda azul caíam em cascata dos esbeltos quadris da Elissa até as pontas de seus sapatos de seda. O 

toque final punha um véu curto que se segurava em seu lugar com uma concha recoberta de joias. 

—  Está  preciosa —  suspirou Marianne. —  A  cor  combina  perfeitamente  com  seu  cabelo 

vermelho e sua pele branca. 

Os efusivos galanteios que seguiram às palavras de Marianne, fizeram que Elissa se sentisse 

de fato como a noiva querida de um homem que a amava. 

O resto do dia transcorreu com incomum rapidez. Elissa não viu Damian até o jantar. Ocupou 

seu  lugar  a  seu  lado na mesa e brincou  com  a  comida do prato. De  repente  sentiu o olhar de 

Damian cravado nela e o olhou a sua vez. 

— Parece que esta noite não tem apetite, minha senhora — disse com sarcasmo, seu meio 

sorriso esbanjava encanto. — Está preocupada com a cerimônia de amanhã? 

Elissa se ruborizou, mas não afastou a vista. 

— Mal conversamos estes últimos dias. Confiava em que tivesse mudado de opinião. 

Damian riu entre dentes. 

— Sentiste falta de meus cuidados? Terá tudo o que queira de mim a partir de amanhã. 

— Não quero nada de ti. 

Damian acariciou sua face com o dorso da mão. 

— Duvido‐o. Sei com certeza que uma parte de ti deseja uma parte de mim. 

Um rubor acalorado subiu pelo pescoço de Elissa enquanto mudava astutamente de tema. 

— Soubeste algo sobre Tavis Gordon? 

— Ainda não. 

Elissa inclinou a cabeça em gesto pensativo. — Não acredito que venha as nossas bodas. 

— OH, claro que virá — assegurou Damian com convicção. 

— Acredita que causará problemas? 

— Isso está por se ver. Se se apresentar, estaremos preparados para ele. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Confio em que não se aproxime. É perigoso. 

Damian examinou seu rosto. — Está preocupada comigo, querida? 

— Nem um pouco —  respondeu  Elissa. —  Está  seguro de que este matrimônio é o mais 

inteligente?  E  se  te  apaixona  por  outra  mulher  quando  estivermos  casados?  Não  quero  me 

interpor no caminho de sua felicidade. 

—  Já  te  falei  sobre  o  que  penso  a  respeito  do  amor. Não,  Elissa,  iremos  bem  juntos  se 

aprender a deixar o passado para trás. 

— E se não poder? 

Damian se inclinou para ela. 

— Então, você que perde, minha senhora. Pensa nisso. Terminaste de comer? 

— Sim. 

Damian ficou em pé e ofereceu sua mão. — Acompanharei a seu quarto. 

Elissa pôs a mão na sua e se levantou vacilante. Viu que Dermot a estava chamando com um 

gesto e retirou a mão da do Damian. 

— Meu parente quer falar comigo, Damian — soltou a mão e se separou de seu  lado para 

que pudesse conversar com o outro homem em privado. 

— Sua senhoria me pediu que ocupe o lugar de seu pai — disse Dermot quando chegou até 

ela. — Vou te levar amanhã do seu quarto ao salão. 

— É seu direito, ao ser o mais velho dos Fraser vivo —  reconheceu Elissa. — Faz‐me uma 

grande honra. 

— Todos queremos que seja feliz, moça. 

— OH, será‐o — disse Damian. Sua voz exsudava confiança. 

— Os membros de nosso clã aceitaram meu matrimônio com Damian? — perguntou Elissa. 

—  Sim —  assegurou Dermot  sem  vacilar. — Ninguém quer que  te  case  com o  chefe dos 

Gordon. Traiu nossa confiança. 

Elissa falou em voz baixa e carregada de tristeza. — Como eu trairei a confiança de meu pai 

ao me casar com Damian. 

— Já é suficiente! — disse Damian. — É hora que te retire, minha senhora — acrescentou 

com mais doçura. 

Elissa permitiu que Damian a acompanhasse fora do salão. 

Quando chegaram a seu quarto, ela temeu que quisesse entrar, mas Damian se deteve justo 

na entrada. 

—  Não  quero  esperar  a  que  nos  casemos,  mas  vou  fazê‐lo  —  murmurou  enquanto  a 

estreitava entre seus braços. — Não entendo o desejo que sinto por ti. É como uma enfermidade 

para a qual não há cura — franziu o cenho. — Não é bom que um homem esteja tão afligido. 

— A luxúria não é motivo suficiente para que duas pessoas se casem — observou Elissa. — 

Quando a atração se acaba, não resta nada. 

— Duvido que  isso nos ocorra — replicou Damian enquanto erguia seu queixo com o dedo 

indicador. — me beije, Elissa. Passou muito tempo. 

Ela se sentia tentada. Sentia falta dos braços de Damian rodeando‐a, seus lábios nos seus, a 

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Sabor do Pecado 03

 

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emoção que sentia quando ele fazia o amor. Afastou o rosto. 

— Elissa, me olhe — ela voltou o olhar para ele a contra gosto. — Diga‐me, ainda acredita 

que Kimbra está esperando meu filho? 

— Eu... não. Percebi que Kimbra é uma cadela malvada que queria me fazer dano. 

— Graças a Deus — suspirou Damian. — Não desejo a Kimbra. Nunca a desejei. Não importa 

a quem faça mal desde que satisfaça seus próprios e egoístas desejos. A metade das mulheres de 

Londres são assim. 

— Ao menos estamos de acordo em algo — murmurou Elissa. 

Os olhos  chapeados de Damian  continham um brilho  travesso. — Estamos de  acordo em 

mais de uma coisa. Desejamos um ao outro. 

— Boa noite, Damian — disse ela, debatendo‐se com os sentimentos que não deveria estar 

experimentando. 

— Me dê um beijo de boa noite, Elissa —  repetiu Damian. — Não partirei até que me dê 

isso. 

Elissa suspirou e elevou o rosto, decidida a enfrentar com calma a aquele assalto sensual. No 

momento em que os  lábios do Damian roçaram os seus, entretanto, sua determinação se fundiu 

como uma vela exposta às chamas. 

Ele  a  beijou mais  apaixonadamente.  Elissa  saboreou  seu  desejo  e  se  apoiou  contra  ele 

enquanto a língua de Damian apressava sua boca para que a abrisse em pausada exploração. 

Damian gemeu e a atraiu mais para si. Elissa tremia como uma  folha a mercê do vento de 

outono quando ele a agarrou nos braços e a meteu no quarto, fechando de repente a porta atrás 

de si. 

Aquele som fez que Elissa recuperasse o sentido. 

— Não, Damian! Disse que ia esperar. 

Elissa sentiu as emoções contraditórias que acertavam Damian enquanto  lutava contra sua 

própria  consciência.  Embora  ela  o  desejasse,  negava‐se  a  sucumbir  a  seu  próprio  e  insaciável 

desejo. 

Ainda seguia batalhando com sua culpa por desejar a um inglês. 

— De verdade quer esperar? — perguntou Damian com voz rouca. 

— Deste  tua palavra.  Isto é uma prova para comprovar  se posso confiar em  ti em nossos 

futuros entendimentos. 

Damian a deslizou por  toda a  longitude de seu duro corpo até que os pés dela  tocaram o 

chão. 

— Você ganha, Elissa. Mas nem sempre vais ganhar. Esta vez escolho me submeter a seus 

desejos, mas quando estivermos casados,  isso poderá mudar. Que durma bem, minha  senhora. 

Felizes sonhos. 

Damian saiu do quarto e apoiou a cabeça contra a porta fechada. Estava tremendo dos pés à 

cabeça. Deixar Elissa  intacta quase  custou a  sua  saúde mental.   Sofreu um violento  sobressalto 

quando nana se materializou entre as escuras sombras. 

— Encontra‐te bem, meu senhor? —Sobressaltado, Damian se separou da porta. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   157

— Sim, por que pergunta? 

— Parece agitado. 

— Talvez esteja — admitiu Damian. — Elissa tornaria louco até a um santo. 

— E você não é nenhum santo, verdade, senhoria? 

— A verdade é que não — Damian riu entre dentes. — Alegra‐me ter esta oportunidade de 

conversar  contigo, Nana. Não posso  tirar da  cabeça o que me disse de Elissa. De  verdade está 

esperando meu filho? Ela o nega taxativamente. 

— A gente nega no que não quer acreditar — respondeu nana misteriosamente. — Talvez 

Elissa não queira se casar com um homem que não a ama. Talvez queira que te case com ela por si 

mesma, não porque esteja esperando teu filho. 

—  Quero  me  casar  com  Elissa  por  muitas  razões  —  disse  Damian,  defendendo‐se.  De 

repente sorriu. — Se já não estiver esperando um filho meu, logo estará. 

Nana assentiu com a cabeça em sinal de afirmação; então sua expressão se transformou de 

repente em um gesto de preocupação. — Esta noite estava te procurando para te advertir, meu 

senhor. 

Damian ficou imediatamente em alerta. 

— Corre perigo Elissa? 

—  Talvez. Minhas  vozes me dizem que  Elissa  enfrentará  logo  a um perigo desconhecido. 

Deve  tomar cuidado. Não confie no chefe dos Gordon,  tem o coração negro pela vingança. Virá 

para as bodas, mas te aconselho que lhe negue a entrada. 

Damian considerou as palavras de nana. 

— Não posso fazer isso, nana. Eu o convidei as bodas, e não posso negar sua passagem. 

— Então tome cuidado, senhoria. 

A anciã escapuliu entre as sombras. Alarmado, Damian a chamou para que voltasse. 

— Espera! Me diga mais coisas. 

Ela se deteve e girou a cabeça para olhá‐lo. Seu rosto ficava escurecido pelas sombras. 

— Minhas vozes não  facilitam  sempre  tanta  informação como eu gostaria, e nem  sempre 

chegam a tempo de acautelar o desastre. Boa noite, lorde Damian. 

Damian  piscou  assombrado  quando  nana  pareceu  desvanecer‐se  na  penumbra.  Deveria 

prestar atenção às advertências da  idosa? Mas se algo ficava claro das palavras de nana era que 

devia tomar medidas para proibir qualquer tipo de arma no salão durante a cerimônia das bodas, 

à exceção das que levassem seus soldados de confiança. 

Elissa  despertou  cedo  a  manhã  de  suas  bodas  depois  de  passar  uma  noite  inquieta  e 

infestada de sonhos. Maggie chegou a primeira hora para dirigir a colocação da tina redonda de 

madeira diante da lareira, e foi seguida pouco depois por Marianne e nana, que levavam o vestido 

de noiva de Elissa. 

— É hora de te vestir para as bodas, filha — disse Marianne. — Te coloque na tina. 

Maggie partiu para ir procurar o café da manhã da Elissa enquanto nana estirava as rugas do 

vestido e o estendia sobre a cama. — Se não te importar, vou te deixar nas peritas mãos de nana 

— disse Marianne. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   158

— Preciso ajudar Lora a se vestir. 

— Não deveria estar fazendo esforços, mamãe. Encontra‐te com forças suficientes? 

O sorriso de Marianne reconfortou Elissa. 

— Não  se preocupe, querida. Minha  saúde melhora dia a dia. Esta é uma bodas que não 

tenho intenção de perder. 

Elissa entrou na tina e suspirou quando se inundou na água. 

Aquele era o dia de suas bodas. Não fazia muito se preparou para outra bodas, para outro 

homem. Um homem que seu querido pai escolheu para ela. As lágrimas brilharam nos olhos. 

O que pensaria agora dela o grande Alpin Fraser? Sabia que sua mãe e sua irmã aceitaram, 

porque contra todo prognóstico, sentiam carinho por Damian. Inclusive os membros de seu clã o 

apreciavam. 

As muitas qualidades de Damian eclipsavam sua reputação de soldado desumano. A única 

coisa que ia em detrimento de seu matrimônio era o fato de que Damian não a amava. 

É obvio, Tavis tampouco, nem ela a ele, mas teria tido a satisfação de cumprir o desejo de 

seu pai de unir os Gordon e os Fraser através de seu matrimônio com o Tavis. 

— Já está, moça — disse nana estendendo um tecido grande de secar para envolver Elissa. 

— Maggie chegará em seguida com seu café da manhã. 

Elissa percebeu enquanto se envolvia no suave tecido de  linho que não existia maneira de 

deter as bodas, assim não fazia sentido entreter‐se. Seu destino estava selado, ninguém poderia 

dissuadir Damian. 

Maggie chegou uns instantes depois com uma bandeja que depositou sobre a mesa. 

— Winifred preparou um festim para ti — disse Maggie agitando o guardanapo. — Há ovos 

com salsichas, presunto  frito, um pedaço de queijo de cabra e uma caneca de chá. Há  inclusive 

geleia de amoras para passar sobre o pão recém saído do forno. 

Elissa aproximou uma cadeira à mesa e ficou olhando a comida. 

Embora tivesse fome, passavam muitas coisas por sua mente para pensar em comer. Provou 

uns quantos bocados de ovo e de presunto, mordiscou o queijo e bebeu quase todo o chá, que 

estava muito forte. 

Então chegou o momento de se vestir. 

Marianne e Lora voltaram quando nana estava grampeando o vestido de noiva em Elissa. 

Marianne pediu que se sentasse em um banquinho, agarrou a escova e escovou seus cabelos até 

que  suas  brilhantes mechas  poderiam  competir  com  os  últimos  raios  de  um  entardecer.  Logo 

colocou a concha bordada de joias e o véu na parte superior da cabeça como toque final. 

— OH, Lissa, está preciosa — exclamou Lora. — Não está de acordo, mamãe? 

— Absolutamente — reconheceu Marianne cravando seu olhar amoroso em Elissa. — Nunca 

vi uma noiva tão bela. 

—  Belisque  as  faces, moça —  aconselhou‐a  nana. —  Está muito  pálida —  ficou  olhando 

fixamente  Elissa  nos  olhos  durante  um  comprido  e  tenso  instante,  e  logo  sussurrou, —  tome 

cuidado com Gordon. 

Elissa ficou em alerta imediatamente. — O que disse? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Uma chamada à porta impediu que nana pudesse responder. 

Maggie abriu e entrou Dermot, vestido com seus melhores ornamentos. — Já é a hora? — 

perguntou Elissa com voz tremente. 

— Sim, o Padre Hugh e seu prometido estão esperando abaixo — disse Dermot oferecendo o 

braço. — Vamos, moça, acompanharei a suas bodas. 

— Vá — disse Marianne dando a Elissa um forte abraço. — Lorde Damian te fará feliz se der 

a ele oportunidade. 

— Eu... OH, mamãe, se Damian me amasse eu seria a mulher mais feliz do mundo. 

— Está certa que não te ama? 

—  Está  preparada,  moça? —  perguntou  Dermot  com  impaciência. —  Os  convidados  já 

chegaram e estão se impacientando. 

Elissa esboçou um sorriso tremente e agarrou o braço de Dermot. 

Damian caminhava acima e abaixo  inquieto, não deixava de olhar uma e outra vez para o 

arco da entrada. Por que demorava  tanto?  Iria mudar de opinião no último minuto? Maldição! 

Precisava se casar com ele. 

Não percebia que não tinha escolha? Não quis preocupar Elissa, mas era possível que assim 

que Kimbra chegasse a Londres e  contasse  suas mentiras ao ouvido do  rei, o monarca  reagisse 

com  sua proverbial violência. Elissa necessitava de  seu amparo,  tanto  se  fosse  consciente disso 

como se não. 

— Te acalme — disse sir Richard caminhando ao lado do Damian. — Elissa seria louca se não 

se casasse contigo — olhou ao redor do salão, deslizando a vista pelos convidados as bodas que 

estavam ali reunidos para celebrar a cerimônia.. — Parece que o Gordon decidiu não vir. Se quer 

saber minha opinião, é uma bênção. 

— O dia não terminou ainda — respondeu Damian com gravidade. — foram desarmados os 

convidados antes de entrar no salão? 

— Sim, como ordenou, mas nenhum dos aldeãos levava armas. 

Um murmúrio de emoção captou a atenção de Damian e seu olhar se cruzou com Elissa, que 

se deteve duvidosa na entrada. Ficou com a respiração presa na garganta. Elissa era a imagem da 

vulnerabilidade  e  a  fragilidade, mas Damian  não  se  deixava  enganar.  Era  forte, mais  forte que 

qualquer mulher  que  conheceu  jamais.  E  tão  formosa  que  não  podia  afastar  os  olhos  dela. O 

vestido azul era  favorecedor, mas empalidecia em comparação com a mulher que o usava. Seu 

rico cabelo avermelhado  flutuava sob o véu, que chegava à altura dos ombros em suaves ondas 

que refletiam o brilho do sol que se filtrava através das janelas. 

Damian sorriu. Ela respondeu com um sorriso tímido. Então Dermot deu um passo adiante, 

obrigando‐a a segui‐lo. Uns instantes mais tarde, Elissa estava a seu lado. Damian pegou sua mão 

do braço de Dermot e a colocou no seu. O Padre Hugh clareou a garganta. 

— Está preparado, meu senhor? 

Damian dirigiu um olhar a Elissa e elevou uma sobrancelha. Ela assentiu com a cabeça de 

maneira virtualmente imperceptível, mas aquele era todo o ânimo que Damian necessitava. 

— Sim, que dê começo a cerimônia, Padre. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   160

O salão estava completamente transbordando com os membros do clã e do povoado e de 

várias  milhas  ao  redor.  Escutou‐se  um  rumor  de  emoção  enquanto  as  pessoas  formavam 

redemoinhos mais perto, desejando escutar os votos que iam pronunciar sua moça e o Cavalheiro 

Demônio. O Padre Hugh pediu silêncio. 

Um silêncio terrível precedeu a um inesperado alvoroço na entrada principal. 

— Tavis — sussurrou Elissa com uma voz abafada que provocou em Damian arrepios no pelo 

da nuca. 

O ciúmes se elevava como uma besta voraz dentro de Damian. 

Sempre soube que Gordon faria sua aparição, mas saber que se encontrava ali o fazia sentir‐

se mais  protetor  a  respeito  de  Elissa.  Sua  expressão  se  tornou  feroz  quando  viu  como  a  cor 

desaparecia do rosto da jovem e sentiu como se agarrava desesperadamente a seu braço. 

— Veio causar problemas — sussurrou Elissa. — Não quero que esteja aqui. 

Damian experimentou um grande alívio ao escutar as palavras da Elissa. 

Não queria que Gordon estivesse ali; não queria nem vê‐lo. Damian convidou ao chefe em 

um último tento de promover a paz em Misterly, mas precisava ser sincero, devia reconhecer que 

existia uma razão mais egoísta. Queria que Gordon soubesse que Elissa pertencia a ele, Damian, e 

que assim seria para sempre. 

— Que classe de recebimento é este? — bramou Tavis Gordon furioso. — Sua hospitalidade 

deixa muito a desejar. Não é muito amável de sua parte confiscar as armas dos convidados. Estou 

aqui sozinho, no meio de inimigos e a sua mercê. Vais se aproveitar da situação? 

Fez‐se um vazio diante do chefe dos Gordon. Vestido com o proibido saiote escocês, abriu 

caminho para Damian e Elissa. Damian sentiu que ela tremia e a rodeou com o braço com gesto 

protetor. 

—  É  bem  vindo  em  Misterly,  Gordon,  desde  que  renuncie  as  suas  armas.  Este  é  um 

momento de alegria, não de guerra. 

Gordon agarrou com firmeza sua espada, seu rosto era uma máscara de fúria. 

— Roubaste minha prometida, e agora quer me roubar as armas! 

— As  armas  serão devolvidas quando partir. Você  escolhe, Gordon. Deixa  a um  lado  sua 

hostilidade como penso fazer eu e te una à celebração. 

Gordon lançou um olhar assassino a Elissa. 

— Elissa era minha prometida. Sigo desejando‐a, embora seja do domínio público que abriu 

as pernas para ti. 

Elissa sufocou um grito com o dorso da mão. Damian queria golpear Gordon na boca por ter 

insultado Elissa, mas se tranquilizou para conter sua ira. 

— Por que não perguntamos a Elissa a qual dos dois prefere? — sugeriu fingindo uma calma 

que não sentia. 

Damian se deu conta de que estava correndo um grave risco, mas queria, não, necessitava, 

escutar a resposta de Elissa para sua própria paz de espírito. Embora  isso não suporia nenhuma 

diferença. 

Elissa seria sua esposa tanto se Gordon quisesse como se não. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Muito bem — acessou Gordon com petulância. — Pergunte à moça com quem quer se 

casar. 

Damian segurou Elissa pelos ombros e a girou para ele. — O que tem a dizer, querida? 

Enquanto Elissa o olhava fixamente, com os olhos muito abertos e a boca trêmula, o silêncio 

se fez quase insuportável. 

Damian percebia a tensão que envolvia aos convidados as bodas, e se sentia tão enrijecido 

como a corda de um arco. 

— Elissa... 

— Adiante, moça, não tenha medo — espetou Gordon. 

Ela  tirou a  língua em gesto nervoso para umedecer os  lábios, e Damian  sentiu desejos de 

estreitá‐la entre seus braços e beijá‐la até que desse a resposta que procurava, mas obrigou a si 

mesmo a esperar. 

Elissa abriu a boca para falar; a espera fez mais denso o ar que os rodeava. 

—  O  desejo  de  meu  pai  era  que  me  casasse  com  Tavis  Gordon  —  começou  a  dizer, 

provocando que em Damian caísse a alma aos pés. — Mas  isso não é o que eu quero — Damian 

voltou a respirar. 

—  Tavis,  demonstraste  que  não  és  o  homem  que meu  pai  acreditava  que  eras,  nem  o 

homem que eu esperava que fosse. 

Elissa estirou a mão para agarrar a do Damian. — Escolho Damian. 

—  Tomaste  uma  sábia  decisão, minha  senhora —  sussurrou Damian  com  um  suspiro  de 

alívio. Logo se virou para o Gordon. — Entrega suas armas se quer ficar na cerimônia. 

Gordon vacilou durante um comprido momento carregado de incerteza antes de entregar a 

espada e a pistola a sir Richard, que se encontrava ali perto, preparado para atuar em caso de que 

Gordon ficasse violento. 

— Pode  continuar, Padre — disse Damian. Tudo  terminou, e  valeu a pena  correr o  risco, 

pensou, por ter escutado Elissa dizer em voz alta que preferia a ele. 

O Padre Hugh deu começo à cerimônia. Damian pronunciou seus votos observando Gordon 

pela extremidade do olho enquanto Elisa repetia seus votos em voz baixa mas firme. Uns minutos 

mais tarde, foram declarados marido e mulher; Elissa era dele. Damian a atraiu para si e levantou 

seu queixo. Os olhos da jovem encerravam uma expressão chorosa e aturdida quando ele inclinou 

a  cabeça  para  selar  seus  votos  com  um  beijo. Virou  deliberadamente  Elissa  para  que  desse  as 

costas ao Gordon e assim não perder ele de vista, mas assim que seus lábios roçaram os da Elissa, 

fechou os olhos para saborear melhor o beijo. 

Perdido em  suas  sensações, Damian  foi pouco  consciente de que Gordon estava  falando, 

mas bloqueou mentalmente suas palavras. Quando abriu os olhos, a única coisa que viu foi Elissa, 

seu quente corpo apertado contra o seu. Então, pela extremidade do olho, viu como a luz do sol se 

refletia  em  algo  brilhante  que  Gordon  tinha  na mão.  Todos  seus  instintos  ficaram  em  alerta 

imediatamente. 

Gordon  tinha  uma  adaga  na mão...  e  apontava  diretamente  as  desprotegidas  costas  da 

Elissa! 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Se eu não posso tê‐la, você tampouco a terá! — gritou Gordon. 

Reagindo  espontaneamente,  Damian  se  virou  arrastando  Elissa  com  ele  enquanto 

apresentava suas próprias costas à adaga de Gordon. Sentiu a pontada de dor e se preparou para 

suportá‐lo enquanto jogava Elissa nos braços de sir Richard. Imediatamente se formou um círculo 

protetor a seu redor. Ante os olhos do Damian apareceram ondas de brilhante vermelho quando 

deu a volta para enfrentar o Gordon. 

A  única  coisa  que  viu  de Gordon  foi  as  costas.  Estava  se  perdendo  entre  a multidão  de 

estupefatos convidados que pressionavam para diante para obter uma melhor vista. A confusão e 

a comoção que seguiram ao ataque  jogaram a  favor do chefe dos Gordon. Conseguiu criar uma 

situação caótica e desaparecer pela porta antes que os soldados de Damian soubessem sequer o 

que aconteceu. 

 

 

Capítulo 16 

 

 

Damian deu um passo para frente cambaleando, recordou que não levava nenhuma arma e 

pediu a um soldado que fosse buscar as suas. 

Elissa o agarrou pelo braço. 

— Não, não pode ir! Está ferido. Deixa que nana veja a punhalada. 

— Não posso permitir que esse bastardo escape — disse Damian. — O perseguirei até os 

limites da terra se for necessário. 

— Não seja tão obstinado, Damian. Deixa que sir Richard se encarregue. Está sangrando. 

Damian escapou dela. — Gordon tentou te matar. 

— Você está bem, Damian? 

Damian baixou a vista para olhar a Lora. Ela o estava olhando com seus olhos luminosos, seu 

medo era evidente. 

— Sim, estou bem, pequena. Mas  você não deveria estar aqui —  chamou Marianne, que 

estava ali perto retorcendo as mãos. — Leve a menina à sala das mulheres, minha senhora, está 

assustada. 

— Sim,  lorde Damian — acessou Marianne. — É muito pequena para compreender o que 

acaba de acontecer — agarrou a mão de Lora e saiu dali. 

Alguém estendeu a Damian sua espada e ele tentou colocá‐la no cinto. 

— Maldição — disse ao ver que seus dedos perderam a capacidade de obedecê‐lo. 

Elissa o agarrou pela cintura e Damian se dobrou em cima dela. 

Lachlan se apressou a aproximar‐se para ajudar assim que nana o ordenou. 

— Senta‐o e tire o gibão e a camisa — disse a  idosa enquanto ela saía precipitadamente a 

procurar seu cesto de ervas e unguentos. 

Damian resistiu. 

— Não é mais que um arranhão. Sofri coisas piores. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   163

Elissa mal prestou atenção enquanto tirava sua camisa. 

— Não seja tão obstinado, Damian. Sir Richard é perfeitamente capaz de conduzir a situação. 

Está procurando Tavis enquanto nós  falamos, mas duvido que o encontre. As montanhas estão 

cheias  de  lugares  onde  se  esconder.  Nem  sequer  Cumberland  e  seu  exército  conseguiram  o 

encontrar. Finalmente desistiram e fingiram que não existia. 

— OH, certamente que existe. 

Elissa  observou  cuidadosamente  o  ferimento  do  Damian,  que  seguia  sangrando 

profusamente. A adaga de Gordon causou uma ferida superficial na parte superior das costas, sob 

o ombro direito, mas não parecia mortal. 

Fez uma bola com a camisa de Damian e a apertou contra a pele ferida. 

Elissa ficou consciente de repente de que o salão seguia cheio de convidados as bodas que 

fervilhavam por ali  falando em  sussurros. Não  fazia  ideia do que dizer, mas Damian  resolveu o 

problema por ela. 

— Nossos convidados deveriam estar celebrando nossas bodas, não aí parados olhando com 

caras tristes. 

— Não sabem o que fazer, Damian. 

Damian clareou a garganta e pediu atenção a todos. Fez‐se um profundo silêncio no salão. 

— Vieram  a uma  celebração, e devem desfrutar dela. No pátio  se  instalaram mesas  com 

comida  e  os músicos  estão  afinando  seus  instrumentos. Minha  esposa  e  eu  os  convidamos  a 

comer, beber, dançar e aproveitar bem. 

— Está seguro, meu senhor? — perguntou Lachlan. — Feriram‐no gravemente. 

— Não é mais que um arranhão. Nana fará sua magia e em seguida estarei como novo. 

Uma ovação seguiu às palavras do Damian e começou um lento êxodo do salão. Em seguida, 

os sons da música, as vozes e as risadas chegaram do pátio. 

Nana  retornou  com  seu  cesto de  remédios. Deixou‐o  sobre  a mesa e  sondou  a  ferida do 

Damian com o dedo indicador. Damian apertou os músculos e conteve um gemido. 

— Ah — disse nana com satisfação. — Justo o que pensava. O osso do ombro desviou a pior 

parte. Salvaste a vida de Elissa, meu senhor. Se a  faca do Gordon se cravasse na vítima que ele 

queria, ela não teria tido tanta sorte como você. 

Damian  estremeceu.  A  imagem  da  adaga  atravessando  a  tenra  carne  da  Elissa  fazia  que 

gelasse seu sangue. 

— Date pressa em me tratar, nana. Devo me unir à busca do Gordon. 

— Você não  vai  a nenhuma parte, meu  senhor. O  ferimento que  tem não é mortal, mas 

perdeste mais sangue do que te convinha. Duvido que possa subir ao cavalo e te manter erguido 

nele.  Prepararei uma beberagem de ervas para te fortalecer o sangue. Um dia ou um pouco mais 

na cama te fará muitíssimo bem. E agora fica sentado e quieto enquanto  limpo a ferida e te dou 

um ponto ou dois. 

— Maldita seja! Não posso ficar sentado enquanto Tavis Gordon segue livre e pode provocar 

o caos entre gente inocente. 

— Damian, por favor, escuta nana — aconselhou‐o Elissa apertando as mãos. — Ela sabe o 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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que é melhor para  ti. Você não  conhece estas montanhas  como Tavis. Vive  como um  foragido 

desde que destruíram sua casa e arrebataram suas terras. 

— Tentou te matar — recordou Damian. — Faz o que precise fazer, nana, mas um pequeno 

corte não vai me deter. 

Nana  se dispôs a  limpar o  ferimento enquanto Elissa observava um pouco mais afastada, 

decidida a  impedir que Damian saísse do castelo até que estivesse curado. Apertou os dentes e 

estremeceu quando nana enfiou a agulha e costurou o primeiro ponto na carne de Damian. Elissa 

soube pela forma que teve Damian de apertar a mandíbula que estava doendo, mas a seu favor 

teria que dizer que nem sequer piscou. 

— Já está, senhoria, terminamos — disse nana atando o nó do fio. 

— Bem — respondeu Damian tentando  levantar‐se. Conseguiu  ficar de pé e dar um passo 

antes que falhassem suas pernas. Agarrou‐se à mesa para se segurar e chiou uma maldição entre 

dentes. 

— Eu  te disse, Damian —  interveio Elissa  com aspereza. — Não deveria  fazer esforços. A 

perda de sangue te debilitou. 

— Suponho que um pouco de descanso não me  fará mal —  reconheceu Damian a contra 

gosto. 

Afastou‐se dali cambaleando ao andar com passo inseguro. Elissa e nana trocaram um olhar 

por cima de sua cabeça, e logo Elissa foi atrás dele. Apoiando‐se na parede, Damian foi subindo as 

escadas  sem  ajuda  da  Elissa,  que  ia  seguindo  seus  passos.  Nana  ia  pisando  nos  calcanhares. 

Quando chegaram à parte superior das escadas, nana se adiantou e abriu a porta do dormitório, 

segurando‐a para que passassem. 

Damian entrou cambaleando e se deixou cair sobre a cama. 

— Prepararei uma poção para a dor — disse nana saindo a toda pressa. 

— Que maneira de celebrar minha noite de bodas — protestou Damian. Estendeu a mão. — 

Vem se deitar no meu lado. 

Em vez de agarrar  sua mão, Elissa  se aproximou dos pés da  cama, agarrou uma bota e a 

tirou. A segunda bota custou mais trabalho para sair, mas finalmente também a tirou. 

— Te erga para que possa te tirar as calças — disse Elissa buscando o fechamento. 

Damian  agarrou  sua mão  e  disse  com  voz  grave  e  enérgica: —  Se me  tocar  aí,  te  terei 

tombada de costas antes que possa sequer dizer meu nome. 

A Elissa ficou com os pulmões sem ar. — Está ferido. 

Damian pôs a mão de Elissa em sua virilha. — Aqui não. 

— Falo a sério — a repreendeu ela. — Está débil, perdeste muito sangue. 

Os olhos do Damian se obscureceram até adquirir a cor da fumaça. 

— Eu também falo a sério. Hoje é nossa noite de bodas. Não estou tão fraco para não poder 

fazer amor a minha esposa. 

Damian a agarrou pela cintura e a subiu na cama. Logo a colocou debaixo dele e se inclinou 

sobre  ela.  Inclinando  a  cabeça,  roçou  suavemente  os  lábios  com  os  seus.  Reconfortada  pela 

ternura daquele beijo, Elissa abriu a boca para saboreá‐lo melhor. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Elissa — gemeu Damian em seus lábios. — Minha esposa. 

— Tch‐tch. Nada disso, senhoria. 

Elissa cruzou com o olhar de nana por cima do ombro de Damian. 

Damian grunhiu e se afastou lentamente de cima dela. — Poderia ter chamado — disse ele 

incomodado. 

Nana voltou a estalar a língua. 

— Teria me permitido a entrada? 

Damian observou o rosto ruborizado da Elissa. 

— Não. Nos deixe, mulher. Minha esposa e eu necessitamos de intimidade. Se não posso ir 

atrás do Gordon, ao menos poderei desfrutar de minha noite de bodas. 

Nana colocou debaixo do seu nariz uma taça cheia de um líquido de cheiro penetrante. 

— Bebe‐o, lorde Damian. Aliviará a dor. 

—  Minha  dor  está  abaixo  do  cinto,  e  duvido  que  essa  asquerosa  mistura  o  alivie  — 

murmurou ele entre dentes. 

Nana dirigiu‐lhe um olhar exasperado, enquanto Elissa parecia estar a ponto de se sufocar 

na risada. 

Damian tomou a taça que nana oferecia e a deixou na mesinha de noite. 

— Agora não, nana. Saia. 

— Homens — murmurou nana sacudindo a cabeça. — Têm o cérebro entre as pernas. Muito 

bem,  irei, mas  te  advirto  uma  coisa:  se  os  pontos  se  abrirem,  não  serei  tão  delicada  contigo 

quando voltar a costurar. 

A idosa saiu dali zangada e fechou dando uma portada atrás dela. 

— Nana  tem  razão —  reconheceu Elissa. — Ocuparei‐me de nossos convidados enquanto 

descansa. 

O braço de Damian a reteve onde estava. 

— Nem o tente. Talvez não possa subir a um cavalo, mas ainda posso montar. 

Ficou de cócoras e girou a Elissa para poder desabotoar a parte de trás do vestido. 

— Por certo, te disse quão bonita está? Este vestido é perfeito para ti. 

— Era de mamãe. Ela queria que tivesse bom aspecto no dia de minhas bodas. 

— Me assegurarei de agradecer. 

Erguendo  seus  braços,  Damian  deslizou  as mangas  do  sutiã  até  a  cintura.  Um  instante 

depois, o vestido caiu ao chão, e  imediatamente  foi seguido pela combinação. Então Damian se 

sentou sobre os calcanhares e ficou olhando fixamente. 

— É preciosa — disse com um gemido. — Agora é minha esposa; pertence‐me. 

Elissa  conteve a  respiração quando  seus dedos acariciaram  seus  seios. Todo  seu  corpo  se 

esticou, espectador. Queria que Damian a tocasse por toda parte. Queria tocar ele por toda parte. 

Observou maravilhada e sem respiração como ficava de pé e tirava as calças. Percorreu todo 

seu corpo com o olhar, e se esqueceu de respirar quando seu sexo ficou  liberado, forte, rígido e 

cheio de vida. 

Elissa aspirou o ar de forma trêmula, alagando seus sentidos com o embriagante aroma de 

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Sabor do Pecado 03

 

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homem limpo e com o forte aroma do desejo. 

— Não deveria te cansar — disse Elissa. — O ferimento... 

— Ao inferno com o ferimento — grunhiu Damian. — Uma insignificância como essa não vai 

me impedir que faça amor a minha mulher em nossa noite de bodas. 

Elissa esqueceu que ela não queria aquele matrimônio quando Damian a segurou com força 

e amoldou seu corpo ao dele. Não restava dúvida do desejo que experimentava por ela, porque 

sentia  a  prova  sólida  do mesmo  apertando  contra  seu  ventre.  Suspirou  quando  seus  lábios  se 

moveram sobre seu pescoço e sua  língua riscou uma trilha erótica sobre sua pele. Poderia sentir 

Damian o batimento de seu pulso naquele ponto? 

Continuaram  suas enlouquecedoras carícias, abrindo caminho para o vale que havia entre 

seus seios. Os dedos de Elissa se enredaram na riqueza de seu escuro cabelo, e ela o urgiu com 

suaves suspiros de ânimo. 

A  boca  de  Damian  cobriu  um  mamilo,  e  um  calor  que  derretia  irradiou  através  dela, 

centrando‐se  naquele  ponto  inchado  e  ofegante  que  tinha  entre  as  pernas.  Elissa  se  arqueou 

contra ele sem pensar, agarrando seu cabelo com os dedos enquanto continuava o lento assalto a 

seus sentidos. A  língua dele a excitava, a acariciava, a  lambia. Deslizou mais abaixo, seduzindo‐a 

com sussurros murmurados contra o umbigo, contra o ventre, lambendo com luxúria o ventre, os 

quadris, as coxas, e logo beijando entre elas. 

— Damian, por favor... 

— Querida, minha intenção é te dar prazer. 

Deslizou a  língua ao redor de seu aceso centro. Ela gritou seu nome, retorcendo‐se contra 

ele enquanto os lábios e a boca dele operavam sua magia em sua carne excitada. 

Elissa  morria  por  ele;  a  felicidade  se  apoderou  dela,  envolvendo‐a,  explodindo  em  seu 

interior. 

E de repente, Damian se colocou em cima dela, abrindo‐a com os dedos enquanto a enchia, 

expandia‐se dentro dela, a fazia dele. Elissa estremeceu, enredando ao redor dele quando Damian 

começou a se mover em seu interior. Fechou os olhos, seu corpo elevou voo enquanto ele a levava 

uma vez mais ao topo do êxtase. E então todo seu mundo veio abaixo, fazendo‐a em pedacinhos e 

proporcionando  um  prazer  que  esteve  a  ponto  de  parar  o  coração.  Perdida  na  agonia  de  seu 

próprio clímax, mal foi consciente de que Damian agarrou seus quadris,  levantou‐a e se afundou 

nela uma e outra vez até que gritou seu nome e a inundou com seu úmido calor. 

Ficou  dentro  dela  até  que  se  suavizou,  então  se  afastou  e  ficou  deitado  a  seu  lado, 

estreitando‐a entre seus braços. Escutou‐o gemer e temeu que tivesse reaberto o ferimento. 

— Está bem? — estava com a voz carregada de ansiedade. 

— Melhor que bem. 

— Sério, dói‐te? 

Damian sorriu. 

— Sim, mas valeu a pena. 

— Da a volta para que eu possa jogar uma olhada. 

— Não faça um drama, Elissa. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Uma esposa tem esse direito. Da a volta, Damian. 

Ele  acessou  a  contra  gosto,  mostrando  suas  costas  para  que  Elissa  a  inspecionasse.  A 

vendagem  continha  uma  pequena  quantidade  de  sangue  fresco,  mas  não  o  suficiente  para 

preocupar Elissa. 

— Satisfeita? — perguntou Damian. Elissa assentiu e ele a aconchegou entre seus braços. — 

Agora, vamos dormir. 

Damian estava sofrendo uma grande dor, mas isso não o impediu de fazer amor com Elissa. 

E tampouco  ia  impedir que montasse em seu cavalo e fosse atrás de Gordon. Abraçou Elissa até 

que a sentiu adormecida, e então se separou dela e se levantou com rigidez da cama. A música e 

as  risadas  do  pátio  que  ficava  abaixo  chegaram  até  ele  através  da  janela  aberta,  mas  não 

tencionava unir‐se à celebração. 

Elissa  dormia  placidamente  quando  Damian  colocou  a  roupa  e  agarrou  sua  espada  e  a 

pistola. A porta fez um único som de protesto quando a abriu para sair ao corredor. 

Uma onda de debilidade se apoderou dele, e se deteve um instante do outro lado da porta, 

apoiando‐se na parede. Quando deixou de rodar a cabeça, desceu pela sinuosa escada. 

Concentrando‐se em pôr um pé atrás do outro, Damian  conseguiu  chegar ao  final, mas o 

esforço o deixou sem forças. Tremiam suas pernas, estava com a visão imprecisa e o suor porejava 

a fronte. 

Secando a transpiração com o dorso da mão, Damian saiu cambaleando ao corredor. Seus 

joelhos falharam de repente, e se agarrou ao extremo da mesa para se segurar. 

— Damian! 

Elissa irrompeu no corredor com expressão feroz. — Onde acredita que vai? 

— Vou atrás do Gordon. 

—  Não!  Se  olhe  —  tocou  sua  fronte.  —  Tem  febre.  Não  pode  subir  ao  cavalo  nestas 

condições. 

Um sorriso de lobo se desenhou em seus lábios. — Montei a ti, não é verdade? 

— E provavelmente não deveria  ter  feito. Volta para a cama, Damian. Pedirei a nana algo 

para baixar a febre. 

— Não me trate como um menino, Elissa — sua expressão se endureceu. — Gordon tentou 

te matar. Vou caçá‐lo como o cão covarde que é. 

De repente havia duas Elissa dançando diante dele, e as duas com o gesto torcido. Damian 

fechou os olhos e voltou a abri‐los. As duas  formas  se  fundiram em uma  só. Damian  sacudiu a 

cabeça, negava‐se a aceitar  sua debilidade. Como podia um  ferimento  tão  insignificante  causar 

tantos problemas? Por muito que quisesse caçar o Gordon, percebeu que aquela noite não  ia a 

nenhuma parte. 

Ignorando  seu  débil  protesto,  Elissa  passou  o  braço  pela  cintura  e  o  levou  de  volta  às 

escadas. 

— Maldito seja Gordon — murmurou Damian. — Espero que Dickon encontre ele. 

— Ninguém encontrará o Tavis se ele não quiser que o encontrem — respondeu Elissa com 

convicção. — Conhece as montanhas como a palma de sua mão. Viverá na clandestinidade. O fez 

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Sabor do Pecado 03

 

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em muitas ocasiões no passado. 

— Maldita seja! Sinto‐me um inútil. 

Elissa o ajudou a subir a escada e entrou com ele em seu dormitório. Acomodou‐o na cama. 

— Descansa enquanto vou pedir a nana algo para baixar a febre. 

Damian se recostou sobre o travesseiro, furioso consigo mesmo por ter convidado Gordon a 

suas  bodas.  Acreditou  que  esse  convite  serviria  para  pôr  fim  às  hostilidades  entre  eles, mas 

deveria ter sido mais preparado. Os escoceses eram obstinados de nascimento. Damian percebia 

agora que Gordon nunca o perdoaria por ter roubado a noiva e por ter se apoderado de Misterly. 

Elissa retornou com uma poção de sabor repugnante que nana preparou para ele. Damian 

torceu o gesto mas obedeceu quando aproximou a taça aos lábios e insistiu em que bebesse tudo. 

Damian tomou de um gole e provocou ânsias. 

— Está tentando me envenenar, mulher? — ofegou, separando‐se da taça vazia. 

— Não seja tão  insuportável, Damian. Durma. Talvez Tavis tenha perdido a boa sorte e sir 

Richard consiga capturá‐lo. Irá Pendurá‐lo? 

Um suave ronco surgiu do peito de Damian. Elissa o despiu primeiro a ele e logo a si mesma 

e se acomodou a seu lado. A música do pátio que se filtrava através da janela foi adormecendo até 

que a venceu o sono. 

Damian abriu os olhos com a  luz do dia; uma chamada forte à porta e a voz de sir Richard. 

Ergueu‐se a toda pressa e se arrependeu  imediatamente. A dor o atravessou; apertou os dentes 

até que se fez suportável. 

Movendo‐se  lentamente,  puxou  a manta  para  cobrir  com  ela  Elissa  e  a  si mesmo  e  deu 

permissão a sir Richard para que entrasse. 

Elissa despertou e se ergueu, subindo a manta até o peito. — O que ocorre, Damian? 

— Sir Richard retornou. 

Sujo, despenteado e com olheiras marcadas pela fadiga, Sir Richard entrou no quarto. 

— Apanhaste‐o, Dickon? 

— Não.  Esse  bastardo  é  ardiloso  como  uma  raposa.  Encontramos  seu  baluarte, mas  não 

serviu  de  nada.  Só  havia  mulheres  e  crianças.  Os  homens  estão  cansados  e  famintos. 

Continuaremos com a busca quando tivermos comido e descansado, se você der sua aprovação — 

dirigiu o olhar para a vendagem do Damian. — Encontra‐te bem, Damian? 

— Estou perfeitamente, Dickon. Descansa um pouco, logo decidiremos qual será o próximo 

passo. 

Damian permaneceu pensativo depois de que Dickon partisse. Quando finalmente falou, fez 

com a voz tensa. — Está segura de que Gordon não conhece a existência do túnel secreto? Nem 

que sai ao bosque? 

— Não sabe — insistiu Elissa. — É um segredo de família. 

Damian assentiu com a cabeça. — Só queria estar seguro. 

A atenção de ambos se dirigiu de novo para a porta. Era nana, que solicitava permissão para 

entrar. Quando a deram, irrompeu no quarto com seu cesto de remédios seguro sob o braço. 

— Vou jogar uma olhada no ferimento, meu senhor — disse. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   169

— Está perfeitamente, nana. 

Elissa saiu da cama, levando com ela o lençol de cima. 

Nana  se  situou ao  lado da  cama, esperando  impaciente a que Damian  se voltasse. Estava 

claro que não pensava ir até que conseguisse olhar o ferimento. 

— Você ganha, Nana — grunhiu Damian colocando‐se de barriga para baixo. Nana retirou a 

vendagem e estalou a língua. 

— Há sangue fresco na vendagem, mas os pontos estão intactos. 

Damian girou o pescoço para olhar Elissa, e percebeu que se vestira e estava se preparando 

para sair do quarto. — Onde vai? 

— A te trazer o café da manhã — a jovem abriu a porta e saiu dali. 

— Agora que estamos  sozinhos, meu  senhor — disse nana em  voz baixa, — há  algo que 

preciso dizer. 

Damian suspirou com resignação. 

— De que se trata, nana? Voltaram a te falar suas vozes? 

— Zombe de mim se quiser, meu senhor, mas me escute bem. Há problemas à vista, e eu 

não gosto do que está se formando. 

Damian observou a nana com curiosidade e um pouco de apreensão. 

Não era  tão  tolo para  ignorar à  idosa bruxa.  Suas estranhas predições  faziam  sentido em 

muitas ocasiões. 

— Que classe de problemas? Têm a ver com o Gordon? 

— Sim. Tavis Gordon forma parte deles, mas há algo mais — nana atou a vendagem limpa e 

pôs a mão na testa. — Já não tem febre. Minha beberagem fez seu trabalho, mas será melhor que 

hoje fique na cama. 

Damian se voltou e se sentou, estremecendo ao sentir a pontada de dor que o atravessou. 

— Explique‐se, Nana, e começa pelo princípio. 

— Minhas vozes sussurram de um  inimigo que fala mal de ti — tremeu sua voz. — Eu não 

queria acreditar, mas me dizem que Elissa partirá muito em breve de Misterly. 

— Tolices —  zombou Damian. — Elissa não  tem nenhuma  razão para me deixar. Agora é 

minha esposa. 

— Não disse que a moça  se  vá por própria  vontade. A única  coisa que  sei é que  logo os 

separarão. 

— Nana! — disse Elissa  irrompendo no quarto com uma bandeja nas mãos. — Ouvi o que 

dizia a Damian. Não o perturbe com suas absurdas predições. É ridículo pensar que Damian e eu 

não vamos estar juntos para sempre. 

Deixou a bandeja na mesa e manteve a porta aberta para nana, convidando‐a a sair. Nana 

agarrou seu cesto de remédios e passou a toda pressa por diante da Elissa. 

— Sempre foste uma moça obstinada — disse girando a cabeça ao partir. 

— Não acredite em nada do que diz nana — aconselhou Elissa enquanto tirava os pratos da 

bandeja e os colocava sobre a mesa. 

— De verdade acredita que devemos ignorá‐la? — perguntou Damian. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   170

—  Não  lhe  dedique  nem  um  só  pensamento mais.  Essas  "vozes"  que  diz  que  ouve  são 

produto de sua imaginação. Vem comer antes que a comida esfrie. 

Damian se levantou nu da cama e aproximou um banco à mesa. 

—  Deve  admitir  que  suas  predições  nem  sempre  são  equivocadas.  Tem  uma  estranha 

habilidade para predizer coisas que me esfria o sangue nas veias. 

— Não  são mais que  tolices — descartou Elissa enquanto  servia ovos e presunto em um 

prato. — Prova o pão de aveia. Winifred acaba de tirá‐lo do forno. 

Damian se  lançou  faminto sobre a comida; Elissa comeu com mais delicadeza, mas com o 

mesmo bom apetite. 

— Deveria voltar para a cama, Damian — sugeriu quando terminaram de comer. 

Damian se ergueu e recolheu sua roupa. 

— Não me trate como a um menino, estou perfeitamente bem. De fato, tenho intenção de 

me unir esta manhã na busca de Gordon. Me ajude com minhas armas. 

— Não há nada que possa dizer para te reter outro dia na cama? 

— Não. Quero agarrar Gordon a toda custa. 

Elissa encontrou  a espada e  a pistola do Damian e  as  repassou.  Ele  colocou  a espada  ao 

redor da cintura, a pistola no cinto, e guardou buchas, balas e pólvora em sua bolsa. 

— Me dê um beijo de despedida, amor. 

Obediente, Elissa elevou o rosto. 

— Um beijo de verdade — disse Damian agarrando sua cintura e estreitando‐a entre seus 

braços. O beijo que deu, e a acalorada resposta da Elissa, estiveram a ponto de levá‐los de novo à 

cama, mas Damian se manteve firme e a separou de si a contra gosto. 

—  Recorda  onde  paramos,  porque  esta  noite  terminaremos —  prometeu.  E  dito  aquilo, 

partiu. 

Elissa  ajudou  aos  serventes  a  limpar  toda  a  desordem  que  deixaram  os  convidados  das 

bodas, e logo passou um momento com a Lora. Mais tarde passeou com sua mãe pelo pátio. 

Embora  tentou não pensar na advertência de nana,  sua mente  se dirigia uma e outra vez 

para as palavras de sua idosa nana. 

Precisava admitir que algumas predições de nana chegaram a se fazer realidade no passado, 

mas  Elissa  sempre  deu  por  certo  que  se  tratava  de  simples  coincidências.  Estava  na  verdade 

maldito seu matrimônio com Damian? 

Elissa  não  queria  em  um  princípio  que  se  celebrasse  aquelas  bodas,  mas  agora  que 

finalmente terminou por aceitar o  fato de que estava apaixonada por um  inglês, queria que sua 

união fosse feliz. 

Damian tinha mais honra no dedo mindinho que Tavis Gordon em todo seu corpo. 

Suas bodas com Damian pôs por fim ponto final a tantos anos de ódio para os ingleses, ou ao 

fato de manter viva em sua memória e em seu coração a derrota em Culloden anos depois de que 

se perdeu a batalha. 

Chegou o momento de deixar o passado para trás, admitir seu amor por Damian e aceitar 

seu futuro como sua esposa. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   171

Elissa queria pensar que Damian a amava, mas temia que não fosse certo. Sabia que sentia 

carinho em certo modo, de outra maneira não se explicava sua obstinada  insistência em que se 

casasse com ele. 

Deu  as  costas  a  Kimbra  e  às  riquezas  que  ela  contribuiria  ao matrimônio,  e  isso  devia 

significar algo. 

Fosse qual fosse a razão, Damian se casou com ela; agora eram marido e mulher, e à Elissa 

não importava o que nana dissesse; não ia se separar dele. 

Damian  retornou  ao  castelo  exausto  e  com  expressão  séria.  Elissa  estava  com  o  banho 

preparado para ele e o ajudou a se despir. A vendagem estava manchada de sangue e ela a tirou 

enquanto enchiam a tina. 

— Não o encontraste, verdade? 

— Não  há  nem  rastro  dele —  replicou Damian. —  Só  encontramos mulheres,  crianças  e 

velhos em seu baluarte. Eu não faço guerra a gente indefesa. Procuramos mais longe, mas parece 

como se tivesse desaparecido da face da terra. Meu  instinto me diz que o Gordon não disse sua 

última palavra. 

Suspirando com cansaço, Damian se inundou na tina. 

Elissa se ajoelhou atrás dele e esfregou suas costas. — Vais continuar com a busca? 

—  Não  faz  sentido.  Gordon  pode  desaparecer  a  vontade  nas  montanhas,  ou  poderia 

inclusive ter saído da zona. Dei  instruções aos guardas para que aumentem a vigilância. Graças a 

Deus, Gordon não sabe da existência do túnel. 

—  O  túnel  é  um  segredo  bem  guardado  —  assegurou  Elissa.  —  Talvez  algum  dia  o 

necessitemos — verteu água pela cabeça do Damian e esfregou seu couro cabeludo com sabão. — 

Quer jantar esta noite em nosso quarto? Posso pedir que nos preparem uma bandeja. 

Damian dirigiu‐lhe um sorriso travesso. 

— Estava a ponto de sugerir isso. No passado, o noivo e a noiva se encerravam e não saíam 

por uma semana. 

Elissa riu. 

— E eram capazes de andar ao final dessa semana? 

— Não sei, mas estou disposto a averiguar, se você também estiver. 

Elissa caiu sobre o  traseiro quando Damian se ergueu na  tina, salpicando o chão de água. 

Antes  que  tivesse  tempo  de  protestar,  agarrou‐a  e  a  levou  a  cama,  tirando  sua  roupa  em  um 

arrebatamento de fúria carregada de desejo. 

Ela o recebeu com os braços abertos e com beijos apaixonados. 

Seu ato amoroso  foi quase desesperado quando ambos alcançaram o cume mais alto dos 

amantes. Amaram‐se, comeram, e voltaram a se amar. 

Quando Elissa adormeceu, teve que admitir  finalmente que era mais  feliz do que o  foi em 

toda sua vida. 

Durante  as  seguintes  semanas, Damian  não  deu motivos  a  Elissa  para  que mudasse  seus 

sentimentos por ele. Agradava‐a em todos os sentidos. Tavis Gordon seguia solto, mas não causou 

mais problemas. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   172

Embora nana ia por aí com expressão preocupada, Elissa optou por ignorá‐la. 

Estava  tão  contente que mal prestou  atenção  à  chegada de uma  companhia de  soldados 

várias semanas depois de suas bodas. Entretanto, sua alegria se apagou de um golpe quando se 

reuniu com Damian na entrada principal para saudar os novos visitantes. 

— Bem vindos ao Misterly — disse Damian. — O que os traz pelas Terras Altas? 

Elissa percebeu a tensão de sua voz e se fixou em sua expressão séria, um calafrio de medo 

percorreu sua espinha dorsal. Sua intuição a advertiu que aquela não era uma visita amistosa. 

O capitão da guarda desmontou e dirigiu o olhar diretamente para a Elissa. 

— É você Elissa Fraser? 

Uma voz de alarme se acendeu em sua cabeça. — Sim. 

Damian a colocou atrás dele. — O que está acontecendo aqui? 

— Fique de lado, lorde Clarendon. Temos ordem para prender lady Elissa Fraser e escoltá‐la 

a Londres. 

 

 

Capítulo 17 

 

 

O medo percorreu a espinha dorsal de Damian. Os soldados estavam ali para levar Elissa. 

— Por ordem de quem? — perguntou, negando‐se a ficar a um lado. 

— Por ordem do rei — respondeu o capitão. 

Elissa se agarrou à manga de Damian. — Damian, o que estão dizendo? 

— Não se preocupe, meu amor, não permitirei que a levem com eles. 

— Você não têm nada a dizer a respeito, meu senhor — disse o capitão. 

— Não entendeu, capitão — tentou se explicar Damian. — Lady Elissa é minha esposa. 

Aquilo pareceu surpreender ao capitão, mas não o desviou de seu propósito. 

—  Minhas  ordens  procedem  diretamente  do  rei.  Descansaremos  aqui  esta  noite  e 

partiremos com nossa prisioneira amanhã ao amanhecer. A menos que me garantam que a dama 

não escapará, me verei obrigado a pô‐la sob custódia. 

— Eu não fiz nada! — gritou Elissa. 

—  Quais  são  as  acusações?  —  perguntou  Damian  fazendo  um  esforço  para  que  não 

notassem o pânico na voz. Pressentia que a fina mão de Kimbra estava por trás daquilo. 

— Conspiração para cometer traição contra a Coroa — respondeu o capitão. 

O coração de Damian afundou. 

— Essas acusações não só são falsas, mas também ridículas. 

— Não sou eu quem deve julgar — replicou o capitão. — É necessário sua hospitalidade para 

passar a noite, meu senhor. Por favor, providencie as disposições necessárias para o alojamento e 

a comida de meus homens. 

Damian  não  teve  outra  opção  que  afastar‐se  a  um  lado  e  permitir  que  o  capitão  e  seus 

homens  entrassem  no  salão.  Sir  Brody  apareceu  a  seu  lado  para  se  encarregar  dos  soldados. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   173

Damian incitou Elissa para que entrasse e o capitão os seguiu. 

Damian sentou Elissa na mesa e convidou o capitão a tomar assento ao lado dele. 

— E então, capitão...? 

— Harding — respondeu o outro homem. 

— Podemos falar mais a fundo da ordem do rei, capitão Harding? Deve existir um engano. 

Minha esposa não é uma traidora. 

— O rei pensa outra coisa. Minhas ordens são levar lady Elissa a Londres para que responda 

pelas acusações. 

—  Se  não  posso  convencê‐lo  para  desistir  disto,  então  acompanharei  minha  esposa  a 

Londres para defender sua inocência. 

O capitão Harding sacudiu a cabeça. 

— Não, meu senhor. Você deve ficar em Misterly. —Damian ficou furioso. 

— Por ordem de quem? 

— Uma vez mais, por ordem do rei. 

— Me desculpe, capitão Harding, por favor, desejo falar com minha esposa a sós. Sir Brody 

mostrará  seus quartos e  informará quando podem descer  seus homens e você ao  salão para o 

jantar. 

— Tenho sua palavra de que a dama não sairá do castelo? — quis saber Harding. 

Embora aquilo esteve a ponto de matar Damian, deu sua palavra. 

Pegando Elissa pela mão,  cruzou  com ela o  salão. Quando  chegaram à  intimidade de  seu 

dormitório, estreitou‐a entre seus braços. — Não posso evitar que te leve com ele, meu amor, mas 

não te abandonarei. Vou fazer algo a respeito, disso pode estar segura. 

— O que pode fazer você? — perguntou Elissa com voz trêmula. — Por que o rei fez  isso? 

Poderia ter me chamado a Londres muito tempo atrás. Por que agora? 

— Kimbra — sussurrou Damian. — Deve ter enchido os ouvidos do rei de veneno. 

— E o que acontece com Lora e mamãe? Vão sofrer por minha culpa? 

—  Sua mãe  e  sua  irmã  estão  a  salvo  aqui —  prometeu Damian. — Duvido muito  que  o 

capitão Harding saiba sequer de sua existência. 

— Graças a Deus — disse Elissa em um  suspiro. — Mas,  como vais me ajudar  se o  rei  te 

proibiu sair de Misterly? 

— Desafiaria o rei por ti — murmurou Damian. 

As  fortes  emoções  que  estavam  atingindo  Damian  eram  tão  poderosas  que  a  comoção 

esteve a ponto de derrubá‐lo de joelhos. O bom senso dizia que o que sentia por Elissa não era só 

desejo,  porque  seus  sentimentos  eram  muito  mais  profundos.  Seria  amor  o  que  estava 

experimentando? Do  que  outra  coisa  poderia  tratar‐se? Queria  ter  Elissa  em  sua  vida,  em  sua 

cama, entre seus braços, e não ia permitir que o rei destruísse o que encontrou com ela. 

— Se desobedecer Hannover perderá Misterly — recordou Elissa. 

Os olhos de Damian brilharam  com determinação. — Acredita que  valorizo Misterly mais 

que sua vida? —O sorriso de Elissa continha um certo lamento. 

— Deste‐me razões suficientes para me perguntar isso. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   174

— Não se pergunte mais isso, amor. Por que acredita que me casei contigo? 

— Porque necessitava a cooperação dos membros de meu clã. 

— Não. Os membros de seu clã não  formaram parte de minha decisão. Misterly era meu, 

tanto se ganhasse sua lealdade como se não. Casei‐me contigo por mim, porque queria que fosse 

minha esposa. Sabia a que me arriscava e não me importou. 

Elissa abraçou ele com os olhos chorosos. 

— Amo‐te, Damian, e sempre te amarei, aconteça o que acontecer. —Damian abriu a boca 

para falar, mas as palavras ficaram congeladas na garganta. Nunca expressou verbalmente amor a 

uma mulher, e não estava seguro de ser capaz de admitir um sentimento tão tenro. E se saía mal 

ao dizê‐lo? Tudo aquilo era novo para ele. O que fez então foi beijá‐la com todo o sentimento que 

albergava seu coração, enchendo‐a com seu fôlego, seu amor sem palavras e sua paixão. Confiou 

em  que  aquilo  bastasse  até  que  conseguisse  encontrar  as  palavras  que  expressassem  seus 

autênticos sentimentos. 

Elissa saboreou o amor em seus beijos... e algo mais: o penetrante aroma do desespero. O 

medo  se  apoderou  de  suas  vísceras.  Apesar  de  suas  valentes  palavras,  Damian  estava  tão 

preocupado como ela. 

Ambos  sabiam  que  pouco  podia  fazer  ele  para  fazer mudar  o  rei  de  opinião.  Elissa  seria 

castigada por conspirar  junto a Tavis Gordon mesmo que não  tivesse cometido nenhum ato de 

traição. 

—  Faça  amor  comigo,  Damian  —  suplicou  Elissa.  —  Esta  poderá  ser  a  última  vez  que 

estejamos juntos. 

— Encantado, mas não será a última vez, querida — agarrou‐a pelos ombros. — Me escute, 

Elissa. Voltaremos a estar juntos de novo. Confia em mim? 

—  Sim, mas  precisará  algo mais  que  confiança  para me  salvar.  Nana  predisse  que  nos 

separaríamos. Deveríamos tê‐la escutado. 

— E o que teríamos ganho? Nenhum de nós sabia que o rei Jorge ordenaria seu traslado a 

Londres, e a única coisa que nos ofereceu nana foi uma sombria advertência. 

— Devemos fica juntos o dia de hoje e esta noite — murmurou Elissa . — Não quero perder 

tempo conversando. 

Baixou  sua  cabeça,  ficou nas pontas dos pés e o beijou  com  toda a paixão e o amor que 

albergava  em  seu  coração.  Damian  gemeu.  Elissa  apanhou  seu  gemido  na  boca  e  o  devolveu 

convertido em um ofegante suspiro. 

Rodeando‐a com seus braços, Damian a estreitou com força contra si, como se não quisesse 

deixá‐la partir jamais. Mas antes que Elissa pudesse se saciar de seu sabor, Damian se tornou para 

trás e começou a beijá‐la no pescoço enquanto suas mãos soltavam os ganchos da parte posterior 

de seu vestido. Elissa sentiu como caía o decote, notou como os  lábios dele seguiam a curva de 

seus seios. 

Logo  caiu  a  seus  pés  o  vestido.  Os  olhos  de  Damian  brilhavam  como moedas  de  prata 

quando tirou sua combinação pela cabeça e a jogou a um lado. 

— Quero te fazer amor — murmurou Elissa contra seus lábios. Deu um passo atrás e sorriu 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   175

sedutora enquanto começava a despi‐lo. Quando Damian tentou ajudá‐la, afastou suas mãos. — 

Não, deixa que eu faça. 

Tirou sua  jaqueta pelos braços e desabotoou a camisa. Ficou olhando  fixamente seu peito 

nu. Brilhavam seus olhos. Então ficou de joelhos, colocou a boca em seu mamilo e puxou ele. 

— Vais me matar se seguir assim — gemeu ele. 

Elissa elevou a  cabeça e  sorriu, e  logo deslizou a  língua pelo  sulco de pelo escuro de  seu 

peito. Mas não terminara ainda com ele. Baixou sua camisa pelos braços e logo a tirou. 

Afundou a língua no umbigo de Damian; sentiu‐o estremecer enquanto segurava sua cabeça 

e afundava os dedos no cabelo para mantê‐la em seu lugar. Elissa sorriu contra a rígida planície de 

seu ventre e começou a desabotoar os botões das calças. Terminou em uns instantes e a baixou, 

liberando sua cheia virilidade. 

Elissa ficou olhando sem fôlego durante uma eternidade a túrgida cabeça e a gota perolada 

que pendurava de sua ponta, e logo deslizou a língua por sua sedosa superfície. 

— Maldita seja! 

Damian tentou pôr Elissa de pé, mas ela não se moveu. Elevou a vista para olhá‐lo com os 

olhos brilhantes, observando  sua cara enquanto o  tomava com a boca. A expressão de Damian 

mostrava tudo o que ela podia pedir. Estava tocado por uma paixão atormentada. Elissa saboreou 

seu prazer e o aroma da ardente excitação em sua pele. 

— Já é suficiente! — exclamou ele. 

Antes  que  pudesse  reagir,  Elisa  se  encontrou  sentada  a  borda  da  cama,  com  as  pernas 

completamente abertas e Damian ajoelhado entre elas. Seu pérfido sorriso servia de advertência 

para que 

Elissa soubesse que não daria quartel quando afundou a cabeça no vértice que  formavam 

suas pernas e procedeu a  lhe dar prazer do mesmo modo que ela o dera, movendo a boca e a 

língua de  forma  Íntima  sobre  sua pele úmida e  torcida. Não havia  forma de negar‐se. Elissa  se 

agarrou as cobertas com as duas mãos e sucumbiu a um cego abandono. 

Ainda ressonava seu clímax em seu interior quando Damian a colocou sobre a cama e entrou 

nela  investindo  profundamente,  tão  profundamente  que  Elissa  teve  que morder  a  língua  para 

evitar gritar em voz alta quando seu prazer se intensificou. Abraçou Damian contra si, saboreando 

a  ardente  e  úmida  investida  de  sua  virilidade  dentro  dela,  o  delicioso  calor  de  seus  corpos 

entrelaçados enquanto  alcançavam o  topo  juntos. Elissa  sentiu  como  se elevava para um novo 

nível de excitação, sua paixão crescia uma vez mais para aproximar‐se às exigências do Damian. 

Com todos os músculos em tensão e estremecendo, Elissa se rompeu em mil pedaços. Em 

algum  canto de  sua mente, escutou Damian  gritar  seu nome e  sentiu  como  seu úmido  calor  a 

alagava. 

Descansaram  e  logo  voltaram  a  se  amar. Nada  importava...  nem  o  capitão Harding  nem 

aqueles que  esperavam  abaixo no  salão  a que  fizessem  sua  aparição durante o  jantar;  restava 

muito pouco tempo para estarem juntos, e a ideia da separação era muito dolorosa. 

Elissa  não  pôde  reter  a  alvorada,  por  muito  desesperadamente  que  desejasse  fazê‐lo. 

Levantou‐se ao amanhecer e colocou roupa para a viagem em uma mochila pequena. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Se sobressaltou quando Damian saiu da cama, agarrou‐a pelos ombros e lhe disse: 

—  Podemos  sair  pelo  túnel  secreto  e  embarcar  rumo  à  França.  Poderia  fazer  que meus 

homens  provocassem  um  alvoroço  e  desviassem  a  atenção  da  porta  escondida  enquanto 

escapamos por ali. 

Elissa dirigiu um sorriso triste. 

— Não. Eu nunca  te pediria algo assim, e não posso deixar para  trás mamãe e  Lora. Não 

existe  virtualmente nenhuma possibilidade de que possamos  sair  todos. Arrastar  a mamãe e  a 

Lora pela campina com o inverno se formando danificaria sua saúde. Além disso, deste sua palavra 

de que eu não tentaria escapar, e sei o muito que valoriza sua honra. 

Damian deixou cair os ombros. 

— Valorizo minha honra, mas isto é diferente! Estamos falando de sua vida. 

— Devo pensar que o rei mostrará clemência para mim. 

— Isso depende de até onde tenha forçado Kimbra a verdade. 

— Tenho tempo para me despedir de minha mãe e de minha irmã? — perguntou Elissa. 

—  Mas  precisa  se  apressar.  Certamente  o  capitão  Harding  esteja  desejando  partir. 

Surpreende‐me que não  tenha vindo ontem à noite comprovar que estávamos aqui ao ver que 

não descíamos para jantar. 

Para reforçar suas palavras, o capitão Harding bateu na porta. 

— Lorde Damian, é hora de partir. Que saia sua esposa. 

— Em seguida descemos, capitão — respondeu Damian. 

— Agora — exigiu Harding. 

— Minha esposa não está preparada ainda. 

— Damian, E o que acontece com Lora e com mamãe? — sussurrou Elissa. — Acredita que o 

capitão me deixará vê‐las? 

— Dou por  certo que não  sabe de  sua existência. Não  seria  inteligente chamar a atenção 

sobre elas. Sinto muito, querida. 

— Compreendo — disse Elissa engolindo saliva para ocultar sua desilusão. — Se as pusesse 

em perigo, nunca me perdoaria. Diga  a elas que  as  amo e  explique o que ocorreu —  a  jovem 

estirou os ombros. 

— Abre a porta. Estou preparada. 

— Só recorda — disse Damian, — que não te abandonarei. 

Elissa  rodeou  seu  pescoço  com  os  braços  e  conteve  um  soluço.  Existia  tantas  coisas  que 

queria dizer, e tinha tão pouco tempo... Puderam dar um último beijo antes que Damian abrisse a 

porta ante as persistentes chamadas do capitão Harding. Mas  foi um beijo que Elissa recordaria 

até  o  final  de  seus  dias.  Docemente  apaixonado,  desesperadamente  tenro,  e  carregado  de 

promessas, como se estivessem renovando seus votos matrimoniais naquele único beijo. 

— Já era hora — grunhiu Harding arrastando os pés impacientemente no patamar. Agarrou 

Elissa pelo braço mas Damian o retirou e o colocou no seu. 

— Eu acompanharei minha esposa ao salão — disse com uma voz que não deixava  lugar a 

discussões. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   177

Desceram  pela  escada  agarrados  pelo  braço. Harding  os  seguia  pisando  nos  calcanhares, 

carregando a mochila de Elissa que Damian pôs em suas mãos. 

— Olhe, Damian — exclamou Elissa quando entraram no salão. Damian se deteve. Parecia 

que todos os Fraser de varias milhas da redondeza se congregaram no salão. 

Formavam  pequenos  grupos,  falando  em  tom  sussurrado  e  olhando  desafiantes  aos 

soldados do rei. 

Sir Richard abriu passagem através da multidão. 

— Nossos  homens  estão  preparados  para  lutar —  sussurrou  em  um  tom  de  voz  que  só 

Damian e Elissa puderam ouvir. — Só precisa dizer uma palavra. E a julgar por como sopra o vento, 

os Fraser parecem dispostos a unir‐se à briga. Querem proteger à dama, como nós. 

Antes que Damian pudesse responder, Elissa agarrou com força seu braço. 

— Não! Ninguém deve morrer por minha causa. Não dê a ordem de lutar, Damian, por favor. 

Damian avaliou a situação com um rápido olhar. O capitão Harding reunira a seus soldados, 

e estava preparado para dar a ordem de atacar se alguém tentasse  interferir em seu dever para 

com o rei e para com seu país. Se se desencadeasse uma batalha, seria muito cruenta. 

— Não, Dickon, não deve haver derramamento de sangue. —Dickon piscou. 

— Vai deixar que  levem a sua esposa sem opor resistência? Elissa pôs a mão no ombro de 

Dickon. 

— Damian escolheu a opção correta, sir Richard. Devo partir. 

— Suponho que  sabe que não permitirei que o  rei  siga adiante com esta  farsa, Dickon — 

assegurou Damian com seriedade. — Farei tudo o que seja necessário para  liberar Elissa. Tenho 

um plano, mas não posso agir precipitadamente. Mas quero que saiba isto: vou a Londres falar a 

favor de Elissa ante o rei. 

— Se Damian disser que vai  liberar‐te, minha senhora, então conta com  isso. Pode confiar 

sua vida. 

— Confio em Damian — respondeu Elissa. — Se houver alguma maneira de me ajudar, ele a 

encontrará — colocou os braços entre os de Damian. — Já pode me levar com o capitão Harding, 

meu amor. 

A Damian falhavam os passos, mas Elissa o manteve firme. Damian pensou que era a mulher 

mais valente que conheceu em sua vida. A maioria das mulheres na mesma situação que Elissa 

estariam  chorando  histéricas, mas  não  sua  esposa.  A  fé  que  tinha  nele  o  fazia  humilde.  Ela 

confiava em que a resgataria, e isso é o que faria. 

Ver Elissa subir em sua égua e afastar‐se foi a coisa mais difícil que fez Damian em sua vida. 

Embora parecesse tranquila, ele sabia que estava aterrorizada.  

Quando girou a  cabeça para  trás para olhá‐lo enquanto  cavalgava,  sua expressão  já havia 

começado a desmoronar. 

Damian  não  se  surpreendeu  ao  ouvir  os membros  do  clã  da  Elissa  chorar  abertamente, 

porque  ele mesmo  também  sentia  vontade  de  chorar. Mas  não  podia  se  permitir  esse  luxo, 

porque só ele poderia tranquilizá‐los. 

Voltou‐se e tornou a entrar no salão. Esperou a que todo mundo se reunisse ao redor dele 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   178

antes de falar. Dúzias de rostos se viraram para ele espectadores, alguns furiosos, alguns tristes, e 

outros afligidos. 

— Sei que todos estão afetados pelo que acaba de ocorrer — começou a dizer Damian, — e 

que  esperavam  que  eu  interviesse. Mas  este  não  era  o momento  de  desafiar  ao  rei  nem  de 

desafiar a seus soldados. Nem Elissa nem eu queríamos um derramamento de sangue, e  isso é o 

que teria ocorrido se tivesse ordenado a meus soldados que tirassem suas armas. 

— O que pensa fazer? —  inquiriu Dermot. — Nossa moça se foi. É sua esposa, seu dever é 

protegê‐la. 

— Protegerei Elissa com minha vida — assegurou Damian. — E removerei céu e terra para 

que retorne a Misterly, o lugar ao qual pertence. 

— Que fácil é falar — espetou Lachlan. 

Damian se virou para olhar ao furioso escocês, cuja determinação ficava claramente definida 

na severa linha de sua mandíbula. 

— Ponho  a Deus por  testemunha de que não descansarei  até que  a donzela do Misterly 

volte para casa, seja qual for o custo pessoal que suponha para mim. Vou a Londres para negociar 

a liberdade da Elissa com o rei. 

— Quando? — perguntou Dermot. 

— O  rei me  proibiu  de  sair  de Misterly,  e  não  quero  que  o  capitão Harding  saiba  que  o 

seguirei, então darei dois dias de vantagem. É melhor chegar a Londres discretamente, assim só 

levarei três homens comigo. O resto ficará aqui para proteger Misterly. 

Suas palavras pareceram aplacar aos membros do clã, que começaram a dispersar‐se para 

retornar a  suas  casas.  Lora apareceu de  repente e  se  lançou a  toda velocidade  contra Damian, 

golpeando‐o com seus punhos. 

Damian a conteve e a estreitou entre seus braços. 

— Por que deixaste que esses homens maus  levassem a Lissa? — gritou entre soluços. — 

Odeio‐te! Odeio‐te! 

—  Lora,  querida, me  escute.  Tive  que  deixar  que  sua  irmã  se  fosse. Não  estávamos  em 

posição de deter esses homens. Confia em mim, pequena. Não permitirei que aconteça nada a sua 

irmã. 

Sua  asseveração  não  causou  efeito  na  angustiada  menina,  que  continuou  gritando  e 

sacudindo agitadamente os braços contra ele. Damian aguentou o peso de sua condenação com o 

coração dolorido. 

Lora acreditava que ele traiu Elissa, e em certo modo assim foi. Se tivesse aceitado Kimbra 

como esposa e não casado com Elissa, nada de tudo aquilo teria ocorrido. 

Mas, egoistamente, quis ficar com Elissa. Queria‐a em sua cama e em sua vida para sempre. 

Acreditando  como um estúpido que não poderia  se  sair mal, expulsou Kimbra e  se  casou  com 

Elissa, pondo em perigo sua vida com aquele acordo. Era um milagre que Elissa o amasse. Tinha 

todo o direito do mundo a odiá‐lo, como o fazia Lora. 

— Lora, querida,  te acalme, não acabo de  te prometer que não vai acontecer nada a  sua 

irmã. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   179

— Por que Elissa não nos disse adeus? Mamãe não me deixou descer ao salão. Disse que 

havia homens maus no castelo. 

—  Elissa  queria  verte  antes  de  ir‐se, mas  não  houve  tempo.  Explicarei  a  sua mãe  o  que 

aconteceu — viu Maggie rondando por ali e a chamou com um gesto para que se aproximasse.— 

Leve Lora à cozinha e te encarregue de que Winifred a de um pedaço quente de pão de gengibre. 

Damian deixou Lora no chão. Ainda  soluçando, Lora agarrou a mão de Maggie e a  seguiu 

para  a  cozinha. Damian  estava  a  ponto  de  subir  as  escadas  que  levavam  a  sala  das mulheres 

quando Dermot o chamou por gestos. 

— Queria falar comigo, Dermot? 

—  Sim, meu  senhor.  Os membros  de meu  clã  queriam  que  te  dissesse  que  desejam  o 

melhor. Traz nossa moça de volta para a casa conosco. 

Damian estava com um nó na garganta que o impedia de falar, assim se limitou a apertar o 

ombro de Dermot. Não se atrevia a falhar com tanta gente confiando nele. Em algum momento 

dos últimos meses se converteu em um deles. 

Sentia como se sempre pertencesse ao Misterly, e Misterly a ele. Não poderia voltar a olhar 

à cara dos membros do clã de Elissa se  falhasse. Sua boca se converteu em uma  linha decidida 

enquanto subia as escadas e batia na porta de Marianne. 

Nana abriu. Damian a observou  com os olhos entreabertos. Por que ela não os advertiu? 

Onde estavam suas supostas vozes quando as necessitavam? 

Damian entrou no quarto, rezando para encontrar as palavras adequadas para dizer a  lady 

Marianne por que deixou Elissa partir sem lutar por sua liberdade. Observou que Marianne estava 

ao lado da janela. 

Um raio de sol banhava seu pálido rosto. 

Marianne se virou para o olhar. Damian viu suas lágrimas e caiu sua alma aos pés. 

— Chora por sua  filha — disse Nana. — Expliquei o que aconteceu depois da chegada dos 

soldados, e aconselhei que Lora e ela  ficassem em  suas habitações. Se  te  servir de consolo, ela 

sabe que não podia  ter evitado o que ocorreu.  Sofre por  sua  filha,  sim, mas eu disse que não 

deveria chorar por algo que estava destinado a ocorrer. 

A fúria impregnou as palavras do Damian. 

— Não a advertiram suas vozes de que Elissa estava em perigo? Por que não estava presente 

quando a levaram para consolá‐la? 

— Não posso obrigar minhas vozes a falar se não desejarem fazê‐lo — defendeu‐se Nana. — 

Se por acaso não o recorda, adverti‐te de que o perigo se aproximava e que Elissa e você teriam 

que se separar, mas decidiu ignorar minhas advertências. 

Tremendo  de  ira, Damian  agarrou  à  idosa  por  seus  estreitos  ombros.  Teria  a  agitado  se 

Marianne não se lançasse em defesa dela. 

— Solta‐a, meu senhor. Nana é uma mulher idosa; não quer fazer mal a ninguém. 

— Me  perdoe —  disse  Damian  com  acanhamento  enquanto  soltava  a mulher. —  Estou 

afligido  pela  preocupação.  Agradecerei  qualquer  notícia  que  possa me  dar,  Nana.  Suas  vozes 

disseram algo sobre Elissa? 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Não a  intimide, meu  senhor — Repreendeu‐o Marianne  com doçura. — Nana  só pode 

repetir o que suas vozes dizem. 

— É verdade, meu senhor. Não posso te dizer nada, exceto... 

— Exceto o que? — perguntou Damian impaciente. 

— O rei não será benevolente com nossa moça. Parecerá que tudo está perdido, mas não te 

desespere. Isso será só o princípio. 

— Isso é tudo? — bramou Damian. — Não me disse nada! 

— Disse muito. Deve te preparar para a viagem, meu senhor. Sua estadia em Londres não 

será curta. 

Damian sentiu como perdia o controle. Se nana dissesse uma vaga predição mais, seria capaz 

de retorcer seu esquálido pescoço. 

— Traga minha  filha de volta para mim,  lorde Damian —  implorou Marianne. — No mais 

profundo de meu coração, sei que a amas. 

— Tem razão, minha senhora — admitiu Damian. — Não me arrependo de ter casado com 

Elissa. Não importa o custo pessoal que suponha para mim, prometo‐te que devolverei Elissa. 

Os  dois  dias  seguintes  transcorreram  de modo  agitado  enquanto  Damian  preparava  sua 

viagem a Londres. Escolheu cuidadosamente os três homens que o iam acompanhar e informou a 

sir Richard de sua decisão de deixá‐lo para trás. No princípio Richard se manteve firme, exigindo 

que Damian permitisse que o  acompanhasse, mas em  seguida  viu que  tinha  razão e esteve de 

acordo ficando ali para defender Misterly. 

— Tavis Gordon não deu  sinais de  vida, mas acredito que ainda  teremos notícias dele — 

explicou Damian. — Confio em que você mantenha Misterly a salvo. 

— Pode contar comigo, Damian — manteve sir Richard. — Espero que ao Gordon não passe 

pela  cabeça  a  ideia  de  atacar  o  castelo  enquanto  você  não  está.  Seria muito  próprio  dele  se 

aproveitar de sua ausência. 

—  Se  ocorrer  algum  imprevisto, me  envie  uma mensagem  a  Londres. —Damian  saiu  de 

Misterly num dia frio que anunciava chuva. A má sorte caiu sobre ele quase imediatamente. A um 

dia de viagem do Misterly, seu cavalo perdeu uma  ferradura. O povoado mais próximo estava a 

várias  léguas de distância, o que o obrigou a dar um  rodeio com que não contava. Logo veio a 

chuva. Caiu  sem parar durante  três dias  seguidos,  convertendo o  caminho em muita  lama que, 

literalmente, obrigou‐os a continuar a viagem arrastando‐se. 

Em vez de chegar a Londres dois dias depois de Elissa, como estava originalmente planejado, 

o desalinhado grupo entrou na cidade a véspera do sétimo dia. 

 

 

Capítulo 18 

 

 

Elissa  estava  diante  do  rei,  tremendo  sob  sua  capa molhada.  A  chuva  caiu  sem  cessar 

durante os últimos dias, deixando‐a úmida e  incômoda. A viagem a Londres não  foi prazenteira, 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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embora o capitão Harding a  tratou com  reticente  respeito. Alojaram‐se em posadas quando  foi 

possível, e dormiram em tendas quando não se encontrou alojamentos possíveis. 

Quando saíram de Misterly, o tempo se tornou lúgubre e sombrio. Logo começou a cair uma 

chuva gelada; Elissa não recordava ter se sentido tão desgraçada. 

E para o cúmulo dos males,  levaram‐na ante o  rei  imediatamente depois de  sua chegada, 

sem  dar  tempo  a  tirar  a  roupa molhada  e  comer  e  beber  algo. Os  joelhos  tremiam  quando  o 

desdenhoso olhar do corpulento monarca  se posou  sobre ela com o que  só podia  se descrever 

como  curiosidade.  Lorde  Pelham,  o  primeiro‐ministro,  estava  de  pé  ao  lado  da  cadeira  do  rei, 

observando‐a com frio desprezo. 

— É esta a mulher? — perguntou o rei Jorge em um inglês com tão marcado acento alemão 

que Elissa mal conseguiu entendê‐lo. — Isso parece, Sua Majestade — respondeu lorde Pelham. 

— Sabe ela por que está aqui? 

— Foi comunicada. 

Elissa piscou. Por que estavam falando como se ela não se encontrasse ali? 

— Que tragam lady Kimbra — ordenou o rei. 

Lorde Pelham falou com um lacaio que estava ali ao lado e que saiu imediatamente. Elissa se 

preparou para enfrentar a seu castigo. — Elissa Fraser — disse o rei dirigindo‐se diretamente a ela 

pela primeira vez. 

— Lorde Pelham te explicará as acusações apresentadas contra ti enquanto esperamos que 

chegue lady Kimbra. 

Elissa sopesou suas palavras e finalmente compreendeu o que acabava de dizer. 

— Não sou culpada de nenhum crime, Majestade. —O rei a olhou fixamente. 

—  Não  esta  autorizada  a  falar,  senhora  —  repreendeu‐a  lorde  Pelham.  —  Escute 

cuidadosamente enquanto assinalo as acusações que há contra você. 

Leu  de  um  pergaminho  que  estava  segurando  com  as mãos. —  Planejou  traição  com  o 

foragido Tavis Gordon. Atraiu  lorde Clarendon até sua cama e o convenceu para que a deixasse 

ficar em Misterly  face às ordens de  Sua Majestade. Convenceu‐o para que expulsasse dali  lady 

Kimbra,  a  dama  com  a  qual  ia  casar  se,  provocando  a  ela  uma  angústia  e  uma  vergonha 

incalculáveis. 

Elissa estirou os ombros. 

— Posso responder as acusações, Sua Majestade? —O rei Jorge assentiu brevemente. 

— Não planejei nenhuma traição. Ia me casar com Tavis Gordon porque meu pai o contratou 

assim  quando  eu  era  uma menina... muito  antes  de Culloden. Quanto  a  segunda  acusação,  só 

posso  dizer  que  eu  não  atraí  lorde Clarendon  a minha  cama. Com  respeito  a  última  acusação, 

asseguro que  foi decisão de  lorde Clarendon enviar  lady Kimbra de volta a Londres, não minha. 

Não tenho nada que ver com isso.  Também foi decisão dele que me casasse com ele. 

O rei se levantou de sua cadeira. 

—  Casaste  com  lorde  Clarendon?  Casaste  com  lorde  Clarendon?  Traição!  Traição!  Não 

contava com nossa permissão. Enviamos uma esposa adequada e a rechaçou. 

Lady Kimbra entrou na área de recepção enquanto o rei seguia destrambelhando. Deve ter 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   182

escutado o que se disse, porque se lançou para diante como se a tivessem empurrado. 

— Ouvi bem, Sua Majestade? Hão dito que  lorde Damian se casou com esta simpatizante 

jacobina? Isso é uma abominação. Requer um duro castigo, Sua Majestade. 

— Por favor, sente‐se, senhor — urgiu lorde Pelham. — Não deve se acalorar tanto. 

—  Posso  falar,  Sua Majestade? —  perguntou  Kimbra  com  doçura.  O  rei  deu  permissão 

agitando a mão. 

— Elissa Fraser envenenou a mente de  lorde Damian contra mim. Não esteve satisfeita até 

que o teve em sua cama. Logo o enrolou para que me expulsasse dali. 

— Não, está mentindo! — negou Elissa. 

— Antes de que eu partisse de Misterly, tentou fugir para se reunir com seu amante, Tavis 

Gordon. Apanharam‐na e a  levaram de volta. Quando eu parti, deve  ter cativado  lorde Damian 

para  que  se  casasse  com  ela.  A  jacobina merece  ser  castigada,  Sua Majestade.  Elissa  Fraser 

cometeu traição e deve morrer por isso. 

O medo se alojou no peito de Elissa. Podia se considerar  já morta, porque não tinha modo 

de  demonstrar  que  Kimbra  mentia.  Esperava  contar  com  a  indulgência  do  rei,  mas  aquela 

esperança morreu no momento em que escutou aquelas palavras envenenadas  sair da boca de 

Kimbra. 

— Talvez a morte seja um castigo muito duro, senhor — disse lorde Pelham ao rei. 

— Tomaremos a decisão que nos pareça oportuna — disse o rei. — Chamem o tabelião. Esse 

matrimônio não válido entre  lorde Clarendon e Elissa Fraser deve terminar. O anularemos agora 

mesmo. 

Elissa  sentiu  os  olhos  de  Kimbra  cravados  nela  e  captou  um  olhar  de  vitória,  que  se 

converteu  imediatamente  em  outro  de  ódio  implacável.  Então  o  tabelião  entrou  na  sala  de 

recepção, e Elissa centrou sua atenção de novo no rei. 

O tabelião fez uma reverência. — Mandaste me chamar, senhor? 

—  Certamente.  Necessitamos  que  prepare  um  documento  de  nulidade,  e  que  seja 

apresentado imediatamente para minha assinatura. Desejamos anular o matrimônio entre Damian 

Stratton, lorde Clarendon, e Elissa Fraser. Necessitaremos duas cópias, uma para nossos arquivos, 

e a outra para lorde Clarendon. 

—  Sim,  senhor — disse o  tabelião  inclinando‐se uma  vez mais. O  rei o despediu  com um 

gesto de mão. 

Lorde Pelham clareou a garganta. 

— Quais são seus desejos no concernente a Elissa Fraser, meu senhor? 

—  Pensaremos  nisso.  Até  que  tenhamos  tomado  uma  decisão,  a  encerrem  na  Torre — 

deslizou o olhar sobre sua desalinhada figura. — Se não trouxe roupa para se trocar, se ocupe de 

que proporcionem algo seco que possa usar. 

— É muito indulgente, senhor — protestou Kimbra. 

— Teremos em conta suas considerações, lady Kimbra. As acusações apresentadas contra a 

senhora Elissa são certamente graves; portanto, atribuiremos um castigo de acordo. Se deve pagar 

com a morte, cumpriremos com nossa obrigação. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   183

Elissa empalideceu. — Exijo um julgamento, senhor. 

O rei Jorge franziu o cenho. 

— Não está em posição de exigir nada, senhora. Não é necessário nenhum  julgamento. Eu 

atuarei como  juiz e como  jurado — o rei agitou  languidamente um  lenço de renda para diante e 

para trás diante de seu rosto. 

— E agora me deixem, estou esgotado. 

Kimbra fez uma profunda reverência. A de Elissa não foi nem grandiosa nem respeitosa. Seu 

destino estava nas mãos de um homem que tratou com crueldade os habitantes das Terras Altas 

depois de Culloden. 

Não podia esperar piedade de Hannover. 

— Me siga, senhora — disse lorde Pelham, pondo fim a seus angustiantes pensamentos. 

Elissa  seguiu  a  lorde Pelham  fora da  sala. Escutou histórias horripilantes das pessoas que 

encerravam na Torre, e sabia que não cabia esperar nenhum trato especial. 

Lorde Pelham a guiou através de um labirinto de corredores e logo até uma porta que dava a 

um pequeno pátio. Para sua surpresa, encontrou‐se com o capitão Harding esperando. 

—  O  capitão  Harding  recebeu  instruções  de  a  esperar  —  explicou  Pelham.  —  Ele  a 

acompanhará e a ajudará a levar para a Torre os pertences pessoais que trouxe com você. 

— Deixe que a auxilie — disse Harding enquanto ajudava Elissa a montar em um dos cavalos 

que  levou  consigo. —  Informe ao  tenente Belton de que a  senhora Elissa  será  sua hóspede na 

Torre até que Sua Majestade dita qual será seu destino, capitão — disse Pelham dando‐a volta. 

O capitão Harding montou em seu próprio cavalo, agarrou as rédeas do da Elissa e guiou a 

ambos através de um portão com arco que dava a uma rua estreita repleta de homens e mulheres 

que a olharam com aberta curiosidade. 

Vendedores ambulantes, vagabundos,  ladrões de carteira e homens diversos se mesclavam 

em  uma  cacofonia  de  imagens  e  sons  que  Elissa  achou  confusa  depois  de  viver  virtualmente 

isolada em Misterly. Nunca viu tanta gente reunida em um só lugar. 

Alguém em cima dela  soltou um grito como advertência e Elissa agachou a cabeça bem a 

tempo para esquivar o fétido conteúdo de um urinol. Enrugou o nariz em gesto de repugnância e 

viu  como  as  águas  residuais  corriam pelas  valetas de  ambos os  lados da estreita  rua. Uma  vez 

mais, desejou estar de retorno em Misterly, onde o ar era puro e adoçado pelo aroma das flores. 

Quando chegaram à Rua da Torre, Elissa ficou olhando com autêntico terror a plataforma e 

as forcas que havia em cima do que supôs que era Tower Hill, o lugar onde numerosos habitantes 

das  Terras  Altas,  incluídos  alguns membros  de  seu  próprio  clã,  perderam  a  vida.  Cruzaram  o 

Tâmisa por uma passagem elevada de pedra e  logo por uma ponte de madeira que se estendia 

sobre  um  fosso. A  seguir  entraram  no  complexo  através  da  grade  levadiça  de Middle Gate. O 

capitão Harding puxou as rédeas em frente a uma pesada porta de carvalho cravejada com rebites 

de ferro e ajudou Elissa a desmontar. 

Pegou a mochila, abriu a porta e a  fez passar. Elissa entrou na escura sala de espera e se 

deteve bruscamente. 

— Sobe a escada, minha senhora — incitou Harding. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   184

A Elissa tremeram as pernas quando ficou olhando as úmidas paredes de pedra e a estreita 

escada  em  caracol  que  dava  só  Deus  sabia  aonde.  Ia  ser  aquela  sua  tumba?  Perguntou‐se 

angustiada. 

Penduraria de uma das forcas do Tower Hill? 

Harding deu um toque nas suas costas e ela se moveu com absoluta rigidez para a escada. 

Elissa tremeu incontroladamente quando um calafrio gelado abriu caminho por sua roupa úmida, 

congelando seus ossos. 

Damian, meu amor, necessito‐te, gritou seu coração em silêncio. Voltarei a estar alguma vez 

sã e salva entre seus braços? 

Chegou ao alto da escada e esperou a que o capitão Harding se dirigisse a ela. 

— Gire à direita — ordenou Harding. 

Elissa  tomou  um  corredor  úmido  e  frio,  vagamente  iluminado  por  tochas  colocadas  em 

suportes fixados na parede. Parecia algo tirado de épocas escuras. Em Elissa os dentes começaram 

a bater e abraçou a si mesma, mas não encontrou calor em seus próprios braços. 

— Se detenha. 

Elissa  parou  em  frente  a  uma  porta  fechada.  Harding  chamou  e  abriu  quando  deram 

permissão para entrar. Manteve a porta aberta e fez um gesto para que passasse diante dele. 

— Chegou sua nova prisioneira, tenente Belton. 

Elissa olhou  ao homem que estava  sentado  atrás da escrivaninha  com  curiosidade e  com 

uma boa dose de medo. Era um homem grande, de compleição corada e enorme nariz. Seu corpo, 

parecido  ao  de  uma  salsicha,  estava  embutido  em  um  uniforme  que  esticava  pelas  costuras. 

Levantando da escrivaninha, observou Elissa com encantado interesse. 

— Quem é? O que é que fez? — perguntou Belton. 

— Chama‐se Elissa Fraser; é uma simpatizante jacobina. 

Belton  saiu detrás da escrivaninha com o olhar cravado no  rosto de Elissa. Ela  retrocedeu 

quando Belton estendeu a mão e afastou um cacho molhado da fronte. 

— Eu gosto do cabelo vermelho — disse Belton sorrindo. — Está condenada à forca? 

— O rei não decidiu ainda o destino da dama. E não te equivoque, Belton, é uma dama — 

advertiu Harding, pegando por surpresa Elissa. — Trata‐a como tal. 

Belton deu de ombros. 

— Não tem nada a temer de mim. Minha esposa não me permite isso. Mas não posso falar 

pelos zeladores. São uns tipos perigosos, como você bem sabe. 

Harding  dirigiu  a  Elissa  um  olhar  carregado  de  compaixão  e  logo  partiu,  deixando‐a  aos 

cuidados de Belton. Elissa  tremeu enquanto esperava a que Belton dissesse o que vinha depois 

naquele pesadelo em que se via imersa. 

— Vou te mostrar sua cela para que possa te instalar — disse Belton. — Um zelador te levará 

água  e  comida  mais  tarde.  As  comidas  não  são  tão  esplêndidas  como  aquelas  que  está 

acostumada, mas será suficiente para alguém tão miúda como você. Vêm comigo, senhora. 

Reunindo toda sua coragem, Elissa disse: 

— Sou uma dama. Deve se dirigir a mim por meu título. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Aqui não é absolutamente ninguém, senhora. Me siga. 

Agarrando  sua mochila  com  dedos  rígidos,  Elissa  sentiu  como  sua  fanfarronice  se  vinha 

abaixo  enquanto  o  seguia  pelo  estreito  corredor  para  outras  escadas.  Finalmente,  o  tenente 

Belton  se  deteve  em  frente  a  uma  grossa  porta  de  carvalho.  Pinçou  no  anel  de  chaves  que 

pendurava do  seu  cinto,  escolheu  uma  e  a meteu  na  fechadura.  Logo  abriu  a  porta  e  deu um 

empurrãozinho para que entrasse. 

Elissa  deixou  a mochila  no  chão  e  olhou  a  seu  redor  com  crescente  apreensão.  A  cela 

cheirava a umidade e a podre. Sentiu uma correnteza fria e olhou para a  janela de barrotes que 

havia do outro lado da cela, estremecendo quando uma rajada de ar gelado passou através dela. 

Fez um esforço por afastar a vista da janela e viu uma estreita cama coberta por um lençol sujo e 

uma única manta. 

Rezou para que não estivesse infestada de insetos. Um candelabro vazio colocado sobre uma 

mesinha e um  tamborete baixo eram os únicos mobiliários, além da cama. Não havia nenhuma 

fonte de  calor que Elissa pudesse  ver, e não queria  sequer pensar no urinol que havia em um 

escuro canto. 

O nauseante fedor que saía do urinol fez que Elissa fosse para trás. Horrorizada, desviou de 

novo  a  vista  para  Belton  com  as  sobrancelhas  elevadas,  o  questionando  em  silêncio  seu  bom 

julgamento por tê‐la acomodado em um lugar tão miserável. 

— Fique cômoda — aconselhou‐a Belton. — Com o tempo te acostumará. 

Com  o  coração  golpeando  grosseiramente  contra  o  peito,  Elissa  soube  que  nunca  se 

acostumaria a uma cela tão deprimente. 

— Um zelador te trará comida e uma vela. Utiliza a vela com moderação, porque trocam isso 

só cada três dias. Esvaziarão o urinol cada manhã e darão duas refeições diárias, o café da manhã 

e outra mais tarde. O zelador se ocupará de suas necessidades como ele julgue necessário. Se tiver 

dinheiro  ou  pode  conseguir  algo,  diga  e  ele  te  proporcionará  pequenas  comodidades  que  em 

outro caso não teria. 

— Pequenas comodidades? — perguntou Elissa. — Não entendo. 

— Coisas como uma manta mais grossa, ou um pedaço de carne na sopa. Talvez um braseiro 

para que se aqueça. 

— Não tenho dinheiro nem conheço ninguém em Londres. 

— Ah, vá, má sorte. Bom dia, pois, senhora. 

Belton  saiu pela porta e  fechou  com  chave atrás dele, deixando Elissa  isolada do mundo. 

Nunca  se  sentiu  tão  abandonada  nem  tão  assustada...  era  como  se  a  vida  estivesse  indo 

lentamente. 

Deixou‐se  cair  sobre  o  beliche, muito  abatida  e  torpe  para  pensar  com  clareza.  A  palha 

rangeu  debaixo  dela  e  um  fedor  a mofo  surgiu  da  rugosa  superfície.  Então  um  rato  curioso 

apareceu de debaixo da cama e brincou de correr sob sua saia molhada. Elissa congelou um grito 

na garganta enquanto ficava de pé de um salto e subia cambaleando em cima do tamborete. 

O rato se apoiou nas patas traseiras e a olhou com seus olhinhos pequenos e brilhantes. Foi 

uma espécie de empate, até que finalmente o rato se aborreceu e escapuliu dali. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   186

Absolutamente desesperada, Elissa temeu não ser capaz de sobreviver à Torre. De repente 

ocorreu que possivelmente se supunha que não devia sobreviver, que o rei queria que morresse 

ali. 

Onde estava Damian? Acaso suas promessas eram vazias? 

Elissa  desceu  do  tamborete,  recolheu  as  saias  e  tomou  assento  em  sua  dura  superfície. 

Permaneceu  ali  durante  o  que  a  ela  pareceu  uma  eternidade,  tremendo, mas  sem  a  energia 

suficiente para se trocar e colocar roupa seca. 

As sombras haviam crescido grandemente quando escutou a chave girando no ferrolho. 

Um homem entrou na cela. 

— Sou o zelador, senhora. Trago‐te algo de comer — disse fechando de uma portada com o 

salto de sua bota. Parte do conteúdo da terrina se derramou quando o colocou com força sobre a 

mesa junto a um pedaço de pão mofado e negro e uma colher. Quando Elissa elevou a vista para o 

rosto do homem, seu ânimo decaiu até o ponto mais baixo, porque a estava olhando com lascívia 

com seus olhos pequenos e maliciosos. 

Colocando a cara perto da sua, o zelador disse: — Bem, senhora, está já instalada? 

Seu fôlego resultava tão repugnante que Elissa recuou para trás para escapar do fedor. 

— Este é um lugar horrível — disse com um calafrio. 

O homem riu com dissimulação, deixando a descoberto um montão de dentes podres. 

— Meu nome é Dooley. Está melhor aqui que no Old Bailey ou na prisão do Fleet — pinçou 

no bolso de seu casaco e tirou uma vela suja e uns quantos fósforos. Colocou a vela no candelabro 

e deixou os fósforos ao lado, na mesa. 

Elissa olhou a terrina e retrocedeu com repugnância. — O que é isto? 

Dooley lançou um olhar exasperado. — Sopa de repolho. Será que está cega? 

Elissa seguiu olhando‐o. Não se parecia com nada comestível que viu em sua vida. 

— Não é de seu gosto, senhora? —Elissa afastou a terrina a um lado. 

— Eu... não tenho fome.  

Dooley  a olhou de  forma matreira. — Posso  conseguir  algo que  você  goste mais  se  tiver 

dinheiro para pagar. Também posso te trazer um braseiro, e possivelmente outra manta. 

— Não tenho dinheiro. 

— Então suponho que chegará a gostar da comida, e que suportará o frio, verdade? 

— Queria um pouco de água, por favor. 

— É uma mandona, verdade? Trarei um pouco de água. 

O zelador partiu e retornou uns  instantes mais tarde com uma  jarra de água e uma caneca 

pequena. 

— Se quiser algo de mim — disse em tom provocador, — golpeia a porta com a caneca. Se 

mudar de opinião a  respeito dessas  comodidades extra que  te mencionei, há outras  formas de 

pagar por elas, já sabe o que quero dizer. 

— Não necessito nada de ti — espetou Elissa. 

— Você mesma,  senhora —  respondeu Dooley. — Desfruta  de  sua  estadia  conosco — A 

porta se fechou atrás dele. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   187

Elissa deixou  escapar um  suspiro de  agradecimento quando Dooley partiu.  Finalmente  se 

deu conta de que estava gelada e que precisava trocar de roupa se não quisesse cair doente. 

Um braseiro teria sido um luxo bem‐vindo, mas preferia morrer congelada antes de vender 

seu corpo ao Dooley. 

Retirando‐se a um canto escuro, Elissa tirou a roupa da mochila e tirou os objetos molhados 

para colocar os secos. Logo os estendeu sobre a mesa e o tamborete para que secassem. 

Sumida no desespero, sentou‐se na borda da cama, colocou a manta sobre os ombros e se 

rendeu à angústia. As  lágrimas começaram a cair quando os ratos saíram de seus esconderijos e 

cheiraram ao  redor da  terrina de sopa de  repolho que deixou no chão quando colocou a  roupa 

para secar. 

Elissa  se  permitiu  uns minutos  de  auto  compaixão,  logo  estirou  os  ombros  e  secou  as 

lágrimas. Sucumbir ao desespero não ia ajudá‐la. Devia pensar positivo se quisesse sobreviver. 

Precisava acreditar que Damian  iria em  sua busca. Se perdesse a esperança, perderia a  si 

mesma, e não podia permiti‐lo, não deixaria que  isso ocorresse. Nem  tampouco permitiria que 

aqueles asquerosos ratos a assustassem. 

Era maior que eles, verdade? Entretanto, não se moveu da cama até que a necessidade a 

obrigou a se aliviar no  repugnante urinol. Os  ratos  terminaram por se dispersar, então Elissa se 

levantou e inundou a caneca na jarra de água. Depois de beber avidamente, voltou a introduzir a 

caneca na água e a utilizou para lavar as mãos e o rosto. 

Ficou sentada na escuridão  longo  tempo até que  finalmente adormeceu. Quando abriu os 

olhos horas mais tarde, um turvo quadrado de  luz estava entrando pela  janela. Elissa recebeu a 

lúgubre manhã com esperança reduzida e ânimo vacilante. Estava com as pernas rígidas e as mãos 

frias quando  se  separou da  cama, dobrou  cuidadosamente a  roupa que  secou durante a noite, 

guardou‐a na mochila e tirou sua escova. 

Estava tentando domar seu enredado cabelo quando chegou Dooley com o café da manhã. 

Elissa olhou a papa aguada e o pedaço de pão duro e perdeu de repente o apetite. 

— Dormiste bem? — zombou Dooley. Elissa o ignorou. 

— É uma cadela arrogante, verdade? Eu posso fazer que as coisas melhorem para ti. 

— Já disse isso, não tenho dinheiro. —O zelador cravou a vista em seus seios. 

— Seja boa comigo e me esquecerei do dinheiro — acariciou seu cabelo. — Aposto que é 

uma fera selvagem na cama. 

Tremendo de indignação, Elissa afastou bruscamente sua mão. — Não me toque! 

Dooley a olhou. 

— Não está em posição de me dar ordens,  senhorita. Garanto‐te que mudará de opinião 

quando  tiver  suficiente  frio  e  suficiente  fome. Coma  a  papa.  É  a  única  coisa  que  obterá  até  o 

jantar. 

O  zelador  agarrou  o  urinol  e  se  dirigiu  para  a  porta,  deixando  Elissa  a  sós  com  seus 

horrendos pensamentos. 

Elissa padeceu em circunstâncias extremas durante mais dias dos quais queria reconhecer. O 

repugnante  fedor  da  comida  que  ofereciam  lhe  causavam  náuseas  e  a  obrigava  a  afastá‐la,  e 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   188

quando a  fome a  forçava a comer, vomitava com  frequência no urinol. Sentia  frio,  fome, estava 

exausta e se sentia absolutamente abatida. As pervertidas brincadeiras de Dooley era outro mais 

de seus males. 

Se entretinha descrevendo com detalhe os  favores que esperava dela em  troca de melhor 

comida e maiores comodidades. 

À medida que transcorriam os dias, Elissa começou a temer que o rei tivesse esquecido dela 

e que Damian a tivesse abandonado. 

Coberto de  lama e com uma barba de vários dias, Damian chegou a Londres uma semana 

inteira  depois  de  Elissa.  Embora  estivesse  tremendamente  preocupado  pelo  destino  que  teria 

sofrido Elissa, ocupou‐se do alojamento de seus homens e alugou um quarto para ele em cima de 

um  botequim  situado  não muito  longe  do  edifício  do  Parlamento.  Devido  ao  quão  tarde  que 

chegaram, não era factível tentar conseguir uma entrevista com o rei, assim pediu uma tina e um 

pouco de comida e repassou a petição de inocência que confiava em poder apresentar ao rei em 

nome da Elissa à manhã seguinte. 

O que teria acontecido com Elissa? Perguntou‐se. Seguiria viva? Deteve‐se para perguntar a 

um vendeiro a caminho da cidade e sentiu um grande alívio ao saber que não se produziu nenhum 

enforcamento durante a semana passada. 

Isso  significava  que  existia  a  possibilidade  de  que  Elissa  seguisse  viva.  Mas,  em  que 

condições? 

Depois de  se banhar e  comer, Damian percorreu  as  ruas em busca de  informação. Umas 

quantas pessoas recordavam ter visto um grupo de soldados escoltando a uma moça pelas ruas de 

Londres, mas ninguém parecia saber o que aconteceu com ela. Abatido, Damian retornou a seu 

quarto e tentou dormir. Precisava estar em plena forma no dia seguinte. 

Muitas pessoas  contavam  com que  ele  levaria de  retorno  Elissa  ao Misterly. Não  cabia  a 

opção de retornar sozinho. Passar o resto de sua vida sem ela era ainda menos aceitável. 

O  sol  mal  começou  a  surgir  quando  Damian  entrou  na  manhã  seguinte  no  edifício  do 

Parlamento. Viu‐se obrigado a esperar em uma sala de espera até que começaram a chegar mais 

suplicantes. 

Pouco tempo depois chegou um tabelião para entrevistar a aqueles que solicitavam ter uma 

audiência com o rei. Quando chegou seu turno, Damian deu seu nome e indicou o propósito pelo 

que solicitava audiência. 

O tabelião anotou algo em um livro e disse que esperasse a chamada do rei. 

Damian esperou durante horas na sala de espera enquanto outros eram escoltados à zona 

de recepção. Transcorrera a metade do dia quando o tabelião anunciou que o rei se retirou a seus 

aposentos  privados  para  descansar  e  que  as  audiências  haviam  terminado  por  aquele  dia. 

Convidava a quão suplicantes faltavam a retornar no dia seguinte. 

Damian  estava  tão  furioso  que  esteve  tentado  de  jogar  pela  janela  a  precaução  e  abrir 

caminho  até  os  aposentos  privados  do  rei,  exigindo  que  o  escutasse.  Entretanto,  prevaleceu  a 

prudência e partiu sem provocar alteração. 

Damian retornou no dia seguinte, e no outro, cada vez mais furioso ao ver que sua petição 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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de  audiência  era  descaradamente  ignorada.  Quando  no  terceiro  dia  por  fim  lorde  Pelham  o 

chamou à zona de recepção, esgotara por completo sua paciência e sua esperança pendia de um 

fino fio. 

—  Obrigado  por  me  conceder  audiência,  senhor  —  disse  Damian  com  voz  rígida  pela 

impaciência. 

— O que está  fazendo em Londres,  lorde Clarendon? Te ordenei permanecer em Misterly, 

não é assim? 

Damian demorou um  longo  tempo em compreender algo daquela  frase devido ao gutural 

acento do rei. Finalmente, disse: 

— Sim, senhor, mas estava angustiado por minha esposa. Talvez seja o suficiente generoso 

para me dizer o que aconteceu com ela. 

Uma  voz  feminina o  abordou da  soleira da porta. —  Inteirei‐me que  solicitaste  audiência 

com o rei, Damian. Não te disse Sua Majestade que não tem esposa e nunca tivesse? 

Kimbra avançou para ele como um navio a toda vela. 

—  Lady  Kimbra —  disse  Damian  inclinando‐se  educadamente  para  a mão  estendida  da 

dama. — Lamento não estar de acordo contigo. O Padre Hugh casou Elissa e a mim quando você 

partiu de Misterly. 

— Digo eu ou você o conta, Majestade? — perguntou Kimbra com doçura. 

Suas cordiais maneiras não conseguiram enganar Damian. Sentiu um profundo incômodo na 

boca do estômago. 

Lorde Pelham se encarregou da explicação. 

— Se tivesse permanecido em Misterly, lorde Clarendon, teria recebido a notícia da nulidade 

de  seu matrimônio. Dado que não  tinha permissão para  se  casar, Sua Majestade declarou  suas 

bodas nula. Se por acaso não o recorda, a Ata Marital Britânica proíbe as bodas não autorizadas. 

Damian empalideceu imediatamente. — Não pode fazer isso. 

— OH, claro que pode — sorriu Kimbra com suficiência. — Se considere afortunado por ter 

se libertado dessa jacobina. 

— Senhor, o que fez a Elissa? — quis saber Damian. 

— Nada... ainda — respondeu o rei. — Enviamo‐la à Torre enquanto decidimos seu destino. 

Segue ainda ali, não é assim, lorde Pelham? 

— Certamente, senhor. 

Damian sentiu o sangue congelar nas veias. A Torre! Visitou aquele lugar em uma ocasião e 

estava familiarizado com aquelas celas frias e úmidas. Não o desejaria nem a seu pior inimigo. 

— Quero vê‐la. 

Kimbra deu um passo adiante com expressão feroz. 

— Suplico‐lhes que não o permitam, senhor. Essa mulher me causou uma grande dor e uma 

grande vergonha. 

Damian fez um esforço por conter a ira. 

— Elissa não te  fez nada. Você a odiou desde a primeira vez que a viu e não  fez mais que 

insultá‐la. Nada em Misterly te agradava. Suas  irracionais exigências converteram em  inimigos às 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   190

mesmas pessoas cuja lealdade eu estava tentando conquistar. 

— Mente! — disse Kimbra  entre dentes. —  Essa  jacobina o  enfeitiçou.  Lorde Damian  foi 

negligente  em  seu  dever  para  você. Deveria  ter  enviado  essa mulher  ao  convento,  como  você 

ordenou. 

— Está  amargurada porque preferi a Elissa —  arremeteu Damian. O  rei elevou uma mão 

para pedir silêncio. 

— Já ouvimos suficiente — disse. — Lady Kimbra nos contou tudo o que precisamos saber. 

Faça  saber  nossa  decisão,  lorde  Pelham,  porque  as  palavras  inglesas  não  vêm  a  mim  com 

facilidade. 

Lorde Pelham clareou a garganta. 

— Isto é o que diz Sua Majestade. Desobedecestes suas ordens e contraístes um matrimônio 

fraudulento com uma mulher que conspirou com um foragido para cometer traição. 

Em Damian formou um nó na garganta. 

—  Elissa  não  conspirou  com  o  Gordon  —  olhou  fixamente  a  Kimbra.  —  Acusaram‐na 

falsamente. 

Pelham fez um gesto de impaciência. 

— Retorne para Misterly, lorde Clarendon. Aqui já não pode fazer nada mais. 

— O que vai acontecer com Elissa? 

— A traição é um cargo muito grave, castigado com a morte. 

Ao Damian subiu a bílis à boca. Não permitiria semelhante farsa. 

— Suplico‐lhes  isso, me  tirem Misterly, me despojem de meu  título,  façam  comigo o que 

desejem, mas perdoem a vida a Elissa. 

— Talvez haja uma maneira — disse  lorde Pelham acariciando o queixo enquanto  trocava 

um sorriso malicioso com Kimbra. 

— Qualquer coisa! O que seja — respondeu Damian sentindo como seu ânimo se agarrava a 

um fino fio de esperança. 

—  É  algo  muito  simples  em  realidade  —  disse  lorde  Pelham.  —  Sua  Majestade  segue 

pensando que é o melhor homem para Misterly, e deseja que conserve  seu  título, embora  sob 

certas condições, é obvio. 

— É obvio — respondeu Damian com secura. Não esperava menos. 

— Sua Majestade quer que siga adiante com seu matrimônio com lady Kimbra. Falei com a 

dama e ela está disposta a deixar o passado para trás e a inclinar‐se ante os desejos do rei. 

— Querem que me case com lady Kimbra? — repetiu Damian paralisado. 

— É um bom acordo — interveio ela. 

— Perdoarão a vida de Elissa se me casar com lady Kimbra? 

— Sim, Clarendon, como acabo de dizer. Não é assim, Majestade? 

O  rei  Jorge  assentiu  para  dar  sua  aprovação  e  fez  um  gesto  a  lorde  Pelham  para  que 

continuasse. 

—  É  o  desejo  de  Sua Majestade  que  lady  Kimbra  e  você  se  casem  em  seus  aposentos 

privados dentro de dez dias. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   191

Lady  Kimbra  pediu  a  Sua  Majestade  para  pospor  sua  volta  ao  Misterly  até  que  tenha 

terminado  a  temporada  em  curso,  e  Sua Majestade  acessou  graciosamente. —Esta  satisfeito, 

lorde Clarendon? 

— Isso depende — respondeu Damian devagar, — dos planos que tenham para a Elissa. 

— Não me ouvistes? — repreendeu‐o lorde Pelham. — A essa mulher vamos perdoar a vida. 

— Será livre de retornar a Misterly? 

— Verdadeiramente,  lorde Damian — repreendeu‐o Kimbra, — como pode perguntar uma 

coisa assim? Não quero essa mulher em minha casa. Viverá, com isso deveria te bastar. 

— Isso não é aceitável. Elissa não sobreviverá se for obrigada a permanecer na Torre. 

—  Como  se  atreve  a  questionar  a  generosidade  de  Sua Majestade? —  arremeteu  lorde 

Pelham. — Se por acaso não o recorda, a alternativa à Torre é a morte. 

—  Sua Majestade —  disse Damian  dirigindo‐se  diretamente  ao  rei, — me  permita  que  o 

recorde que ninguém pode defender Misterly como eu. Os Fraser começaram a confiar em mim. 

Rechaçaram a Tavis Gordon e aos rebeldes de seu clã a meu favor. Se Misterly for parar em outras 

mãos, é muito possível que surjam problemas aos quais neste momento dificilmente poderá fazer 

frente. 

— Não obstante — interveio lorde Pelham com arrogância, — não têm direito a exigir nada a 

seu rei. 

O rei Jorge clareou a garganta e fez um gesto para pedir silêncio. 

— Escutaremos o que  tenha a dizer  lorde Clarendon. Que se necessita para conseguir sua 

cooperação? 

Damian  falou  com  firmeza  e  sem  deixar  que  o medo  se  apoderasse  dele.  Elissa  poderia 

morrer na Torre se suas palavras não conseguissem convencer ao monarca. 

— Casarei com lady Kimbra, A honrarei como esposa e protegerei Misterly com minha vida, 

mas  só  se  libertarem  a  Elissa  da  Torre.  Inclusive  acessarei  a  passar  a  temporada  de  baile  em 

Londres para agradar a lady Kimbra, embora não me agrade fazê‐lo. O que me diz, senhor? 

As esperanças de Damian aumentaram enquanto o rei Jorge e lorde Pelham se consultavam 

em  sussurros  e  gestos  exagerados. Damian  esperou  ansiosamente  com  um  nó  no  estômago  a 

resposta do rei. 

Não havia nada mais que pudesse dizer. Confiava em que tivesse sido suficiente. 

—  Assim  realmente  ama  a  essa  jacobina  —  disse  Kimbra  em  um  à  parte  enquanto 

esperavam a resposta do rei e do Pelham. — Que curioso. 

— Você não o entenderia, Kimbra. Nunca terei contigo o que tive com Elissa. 

Kimbra deu de ombros. 

— Dá no mesmo para mim. Não é amor o que peço. Seu corpo me satisfará. 

— Prometi ao rei que cumpriria minhas obrigações contigo, e isso farei — assegurou Damian 

com gravidade. 

Kimbra  dirigiu  um  olhar  sedutor  e  bateu  as  pestanas. —  Isso  é  a  única  coisa  que  quero, 

Damian — afirmou. 

A conversa entre o rei e Pelham chegou a seu fim. Damian centrou neles toda sua atenção. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   192

Falou  com  tanta  ousadia  que  não  era  irracional  pensar  que  pudesse  terminar  na  Torre  com  a 

Elissa. 

—  Lorde  Clarendon —  começou  a  dizer  Pelham, —  Sua Majestade  reconhece  a  valente 

defesa que  fez de  seu  rei e  sua pátria e deseja que  siga  sendo o  senhor de Misterly. Portanto, 

acessará a sua petição. A senhora Fraser será liberada da Torre para ser escoltada ao convento da 

Santa Maria do Mar, seu destino original. 

—  Se  estiver  de  acordo  com  estes  termos,  Sua  Majestade  e  a  rainha  celebrarão  uma 

recepção nupcial para você e lady Kimbra. 

Elissa ia ao convento. Embora fosse menos do que Damian esperava, era muito melhor que a 

Torre e que uma morte segura. 

—  É  extremamente  generoso —  assegurou  Damian  engasgando‐se  com  as  palavras. — 

Casarei com lady Kimbra. 

— OH, Damian — exclamou Kimbra efusivamente, —  sabia que entraria em  razão.  Estou 

desejando começar a temporada de baile sendo sua esposa. 

— Parte — disse o rei Jorge os despedindo com um gesto da mão. — Estamos exaustos. 

Kimbra  se  agarrou  de  forma  possessiva  ao  braço  do Damian  enquanto  ambos  saíam  dos 

aposentos privados. As feições do rosto de Damian se endureceram enquanto pensava no sombrio 

futuro que se abria ante ele. 

O rei poderia obrigá‐lo a se casar com Kimbra, mas ninguém poderia forçá‐lo a amar outra 

mulher que não fosse Elissa. 

 

 

Capítulo 19 

 

 

Elissa estava aconchegada na cama, envolta em sua capa, com a manta presa aos ombros 

para que sentisse mais calor e escutando como o vento uivava através da janela. Não sentia nada, 

nada absolutamente. 

Para sobreviver,  forçou seu corpo e sua mente a um estado de  intumescimento. O  tempo 

carecia de significado. Estava na Torre uma semana ou duas? Parecia uma eternidade. 

Observou com escasso interesse como os ratos brincavam a perseguir‐se. 

Perdera todo o medo por aquelas odiosas criaturas que engordaram com a comida que ela 

não  comia.  Suas  travessuras  eram  uma  diversão  que  servia  para  que  Elisa  esquecesse  sua 

desgraça. 

Acostumada como estava às interrupções externas, não prestou atenção quando se abriu a 

porta de  sua  cela.  Soube  sem necessidade de olhar que o  zelador entrara  com uma  terrina de 

papa, da qual sem dúvida os ratos desfrutariam assim que ele partisse. 

Elissa voltou a desejar, e não pela primeira vez, ter algo decente que comer, mas sabia que 

existia poucas possibilidades de conseguir.  Já não podia seguir negando o que suspeitava desde 

que saiu de Misterly. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   193

Os sinais eram  inconfundíveis. Estava esperando um filho de Damian e necessitava comida 

mais saudável para que seu filho sobrevivesse. 

A menos que suas circunstâncias mudassem, entretanto, Elissa temia não viver o suficiente 

para trazer seu filho ao mundo. 

Não tinha espelho, mas sabia que os quilogramas de seu corpo se derreteram, e que estava 

com as faces afundadas e os olhos sem brilho. Estaria próxima a morte? 

Por que Damian a abandonou? Era mentira  tudo o que disse? Elissa deixou  cair a  cabeça 

sobre o peito. Estava ferida, desiludida, e desprovida de toda esperança. Não é que a Justiça fosse 

cega; em seu caso, simplesmente, não existia. 

— Senhora, encontra‐te mau? 

Elissa levantou a cabeça. A voz não pertencia ao zelador. — Ouviste‐me, senhora? 

Era o tenente Belton. 

— Sim, ouvi‐te. O que é que quer? 

— Deve vir comigo. O rei deseja verte. 

A opacidade desapareceu dos olhos da Elissa, e foi lentamente substituída por um cauteloso 

entendimento. 

— O rei quer me ver? Me condenou a morte? 

— Não sei. Uma vez que tenha saído daqui, já não é minha responsabilidade. 

Elissa  se  levantou  vacilante,  um  remanescente  de  orgulho  inato  se  reafirmou  em  seu 

interior. 

— Não posso aparecer assim diante do rei. Não tomei um banho decente em mais dias dos 

que me atrevo a contar, e minha roupa fede. 

Belton se aproximou de Elissa e enrugou o nariz enquanto aspirava com cuidado o ar. 

— Sim, senhora, o certo é que te rodeia um aroma pestilento. 

— E bem —  inquiriu Elissa com um  toque de sua antiga coragem. — O que pensa  fazer a 

respeito?  —  reafirmar  a  fez  sentir  tão  bem  que  automaticamente  adquiriu  a  postura  que 

acompanhava a sua atitude. 

— Me siga. Há uma sala de limpeza perto de meus aposentos. Pode utilizá‐la. 

— E a roupa? Nego‐me a me apresentar ante o rei vestida como uma mendiga. 

—  Verei  se minha  esposa  tem  algo  que  te  possa  pôr.  Vem  comigo. —Elissa  agarrou  sua 

mochila e seguiu Belton por tortuosas passagens até chegar à sala de limpeza de suas habitações 

privadas. 

A emoção se apoderou de Elissa quando viu a grande tina de madeira que havia no centro da 

pequena sala. 

Belton  chamou  um  criado  e  ordenou  água  quente  para  a  banheira. — Não  demore —  a 

advertiu. — O rei não gosta que o façam esperar. 

Meia hora mais  tarde, com um opaco mas  limpo vestido de sarja que a mulher de Belton 

emprestou generosamente, Elissa estava preparada para conhecer seu destino. A amável senhora 

inclusive levou uma pastilha de sabão de doce aroma e uma toalha, e desejou sorte. 

Elissa acabava de passar a escova pelo cabelo úmido quando Belton retornou. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   194

— É hora de ir, senhora. Sua escolta está esperando — disse Belton. 

Elissa  seguiu Belton  através  de  frios  e  úmidos  corredores  e  desceram  por  umas  estreitas 

escadas  até  o  nível  do  chão.  Quando  o  tenente  abriu  a  porta,  a  luz,  a  que  já  não  estava 

acostumada, cravou em suas pálpebras, e Elissa  fechou os olhos para evitar o deslumbramento. 

Quando os abriu, surpreendeu‐se e em certo modo a animou ao encontrar o capitão Harding que 

a estava esperando. Afinal, era um rosto conhecido. 

— Estivestes doente, minha senhora? — perguntou Harding com preocupação. — Têm má 

cara. 

Elissa conteve uma risada amarga. Dizer que não estava com bom aspecto era dizer muito 

pouco. 

— Uma estadia na Torre não proporciona boa saúde — assegurou com ironia. 

Harding se limitou a assentir enquanto a ajudava a montar, atava a mochila na sela e guiava 

os cavalos através do portão para cruzar a ponte de Londres e sair a seu enxame de ruas. 

Depois de estar tanto tempo confinada, Elissa observou o ir e vir das pessoas com encantada 

atenção.  Embora  não  gostasse  de  Londres,  a  considerava  uma  cidade  interessante  devido  à 

diversidade de seus habitantes. 

Chegaram  ao  edifício  do  Parlamento  antes  do  que  Elissa  gostaria. Não  a  entusiasmava  a 

perspectiva de escutar o destino que o rei inglês decidiu para ela. 

O  capitão  Harding  a  ajudou  a  desmontar,  desatou  a mochila  e  a  levou  diretamente  aos 

aposentos privados do rei, onde a deixou. 

— Que Deus  a  acompanhe, minha  senhora — disse Harding quando o  guarda do Palácio 

abria a porta para fazê‐la passar. 

Elissa ficou paralisada, apertou com força os dedos ao redor da alça de sua mochila como se 

fosse a correia de salvamento que a mantinha viva. O rei fez um gesto para que se aproximasse, 

mas ela não se moveu. 

Enfrentar  a  sua  própria morte  requeria  uma  imensa  coragem,  algo  do  qual  ela  carecia 

naquele momento. 

— Pode te aproximar, senhora — ordenou o rei. 

Ao ver que Elissa não respondia, disse em um à parte a lorde Pelham: 

— Diga você, talvez não tenha me entendido. 

—  Não  ouvistes  sua  Majestade?  —  perguntou  Pelham  com  impaciência.  —  Pode  se 

aproximar. Não se esqueça de fazer uma reverência. 

Percebendo que estava se pondo em evidencia diante dos homens e mulheres que assistiam 

ao rei, Elissa estirou os ombros e avançou com todo o aprumo que foi capaz de reunir. 

Fez uma reverência sem que parecesse que se humilhava e esperou a que aquele martelo 

conhecido como Justiça Inglesa caísse sobre ela. 

Escutou um som abafado que procedia de algum  lugar próximo, mas mal prestou atenção 

até que percebeu que se tratava de seu nome. Girou a cabeça, observando com ávida curiosidade 

os rostos que a olhavam fixamente. 

Seu olhar passou por diante de Damian, e logo voltou a cravar‐se nele. Não estava sozinho. 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   195

Kimbra estava a seu lado, colada a seu flanco. Sem poder acreditar no que via, Elissa piscou, mas 

ali  seguiam  quando  abriu  os  olhos.  A  dor  se  apoderou  de  seu  coração.  Não  necessitava mais 

provas de que o homem a quem amava a abandonou. 

Como  podia  ter  sido  tão  estúpida?  Perguntou‐se  Elissa. Damian  não  queria  a  ela,  queria 

Misterly e faria tudo o que estivesse em sua mão para não perder seu prêmio. Até que extremos 

seria capaz de chegar para alcançar seu fim? 

— Senhora, esta nos escutando? 

Elissa  fez um esforço por voltar a  centrar‐se no  rei. — Sinto muito,  senhor, estava  com a 

cabeça em outro lugar. 

— Não ouviste nada do que havemos dito? 

— Sinto muito — repetiu ela. 

O rei soprou para mostrar sua desaprovação. — Faça saber nossa decisão, lorde Pelham. 

—  O  que  Sua  Majestade  estava  tentando  dizer  —  repetiu  Pelham  com  crescente 

impaciência, — é que vai liberá‐la da Torre. 

Elissa ficou muito quieta. — me liberar? Sou livre para partir? 

— Não exatamente. Sua Majestade está a par de sua fé católica, e confia em que aprecie sua 

generosidade. Uma escolta a acompanhará ao convento da Santa Maria do Mar, onde dedicará o 

resto de sua vida à oração e as boas obras. 

Se abandonar o convento sem permissão, a Madre Superiora nos notificará. Será declarada 

fora da lei e condenada a morte quando a prenderem. 

Elissa conteve o fôlego. Iam enviá‐la à Santa Maria do Mar. O convento só estava a um dia 

de caminho do Misterly. Levando‐se em conta que na  Inglaterra protestante existiam  já poucos 

conventos,  supôs que mandá‐la a Escócia era mais  conveniente que desterrada a um  convento 

espanhol ou francês. Regozijou‐se secretamente. Preferia o convento à Torre. 

—  Uma  advertência —  continuou  Pelham, —  o  convento  e  suas moradoras  devem  sua 

existência a Sua Majestade, assim não tente sair dali sem permissão nem espere um tratamento 

especial. 

Elissa considerou as palavras de  lorde Pelham e decidiu que escaparia do convento apesar 

das advertências. Não a atemorizava se converter em uma fora da lei, porque seria livre.  

Sabia que desde que deixasse o  convento,  levaria  semanas para que a notícia  chegasse a 

Londres. Seria tempo suficiente para recolher a sua mãe e sua irmã e levá‐las ao Glenmoor. 

O único problema era que teria que fazê‐lo antes de que Damian retornasse ao Misterly. 

Os silenciosos pensamentos da Elissa  ficaram  interrompidos quando Damian se aproximou 

do  trono  e  perguntou  ao  rei  se  podia  falar  um momento  com  ela. Depois  de  um  instante  de 

vacilação, o rei deu seu consentimento com reticência. 

Elissa percebeu que Kimbra não achava nenhuma graça, porque disse algo ao Damian com 

um grunhido que fez  franzir o cenho e retirar sua mão do braço. 

Damian  se  virou  para  Elissa  e  a  olhou  fixamente  nos  olhos,  como  se  estivesse  tentando 

transmitir uma mensagem. 

— Só quero desejar a lady Elissa uma boa viagem — disse com grande seriedade. — E dizer 

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Sabor do Pecado 03

 

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que lady Kimbra e eu vamos nos casar. 

Elissa cambaleou como se  tivesse  levado um golpe. Teria que  tê‐lo esperado, mas mesmo 

assim era insuportavelmente doloroso. 

Parecia  como  se  Damian  quisesse  se  aproximar  dela,  mas  Elissa  soube  que  estava 

imaginando. 

— Estava a par de que nosso matrimônio foi declarado ilegal? 

Acaso queria feri‐la intencionadamente? 

—  Sim.  Sabia.  Sua  prometida  e  você  retornarão  ao Misterly  imediatamente  depois  das 

bodas? 

—  Não,  lady  Kimbra  deseja  desfrutar  primeiro  da  temporada  de  baile  em  Londres  — 

respondeu Damian. 

A dor da traição de Damian era quase  insuportável, mas que a crucificassem se permitisse 

que suas cruéis palavras a destruíssem. Além disso, se queria que funcionasse o plano de tirar sua 

mãe e a sua irmã de Misterly, era melhor que Damian não estivesse ali para impedi‐la. Pelo que a 

ela  se  referia,  podia  consentir  a  sua  prometida  tudo  o  que  quisesse,  porque  isso  encaixava 

perfeitamente com os planos da Elissa. 

— Quando é as bodas? — perguntou com escasso entusiasmo. 

Damian abriu a boca para responder, mas lorde Pelham o impediu. 

— As bodas terá  lugar nos aposentos privados de Sua Majestade dentro de dez dias. Isso é 

tudo o que precisa saber. Eles a escoltarão ao convento imediatamente. 

Elissa não se surpreendeu com aquela abrupta maneira de despedida. 

Sabia  que  era  tão  pouco  bem‐vinda  ali  como  a  peste.  Nem  o  rei  nem  Damian  podiam 

suportar tê‐la diante. Quanto antes se livrassem dela, melhor. Entretanto, assombrava‐a a decisão 

da Coroa de ingressá‐la em um convento em lugar de executá‐la. Teria solicitado alguém ante o rei 

que perdoasse sua vida? 

Os pensamentos da Elissa ficaram interrompidos quando se abriu a porta da estadia e entrou 

o capitão Harding... que supôs seria sua escolta. Olhou de esguelha o rosto do Damian enquanto 

fazia uma reverência sem entusiasmo. 

Sua expressão a surpreendeu. Dor, compaixão, ira, ansiedade e algo mais. Amor? Seguro que 

não. O amor que Elissa acreditou que existia entre eles era um mito. 

Damian possuía agora tudo o que sempre desejou, enquanto que ela não tinha mais que o 

filho que crescia em seu ventre. 

—  Estou  preparada,  capitão  —  disse  enquanto  Harding  a  agarrava  pelo  braço  para 

acompanhá‐la fora dali. 

Damian observou como partia Elissa, com a cabeça muito alta e as costas estirada. Nunca 

esteve tão orgulhoso dela. Sentia o coração se partir ao ficar ali quieto e ver como o amor de sua 

vida se afastava. 

Nunca voltaria a estreitá‐la entre seus braços, nem faria amor, nem diria que a amava. 

Salvou Elissa de uma morte certa, mas, a que preço? 

Embora Misterly seguia sendo dele, a entregaria encantado por um só beijo mais dos doces 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   197

lábios da Elissa. Kimbra não podia substituir à mulher que acabava de perder, e Deus sabia que 

teria que se obrigar a se deitar com ela. 

E cada vez que se deitasse com Kimbra, seria o rosto da Elissa o que veria, os lábios da Elissa 

os que beijaria, o corpo da Elissa o que amaria. 

Um  lento  sorriso  curvou  seus  lábios. De  repente ocorreu a maneira de poder ver Elissa e 

contar a verdade a respeito de Kimbra. Poderia fazer que funcionasse? 

Um  rápido plano  foi  tomando  forma em sua mente enquanto acompanhava Kimbra a seu 

dormitório. 

— Tudo foi bem — disse Kimbra com suficiência. — A jacobina desapareceu de nossas vidas 

para sempre. Me acompanhará esta noite à velada musical dos Cavandish? Será a ocasião perfeita 

para anunciar nossas imediatas núpcias. 

— Tenho outros planos — disse Damian. 

—  Não  podem  esperar? —  Kimbra  pôs  sua mão  no  peito. —  Necessito‐te —  ronronou 

sedutoramente. — Estamos prometidos. Quero que venha esta noite a minha cama. 

A dureza da expressão do Damian deveria ter servido a Kimbra de advertência, mas parecia 

muito absorta em suas próprias necessidades para perceber enquanto deslizava a mão do peito, 

aproximando‐a com descaramento para o sexo de Damian. 

— Eu posso fazer que isto endureça, Damian. —Agarrou sua mão e a afastou dali. 

— A nossa união não é uma nascida do amor, Kimbra. Os dois sabemos que vou me casar 

contigo para salvar a vida de Elissa. Cumprirei com meu dever, mas não até que precise fazê‐lo. 

Virando‐se sobre os calcanhares, deixou Kimbra sem olhar uma só vez para trás. 

 

Apesar  da  fria  e  brumosa  chuva,  Elissa  seguiu  o  passo  de  sua  escolta  quando  saíram  de 

Londres em direção ao norte. 

— Deteremo‐nos nas estalagens quando as encontrarmos —  informou‐a o capitão Harding 

colocando‐se a seu lado. — E quando não houver nenhuma disponível, procuraremos refúgio em 

casas particulares. Também trouxemos uma tenda para sua maior comodidade — examinou seu 

rosto. — Esta muito pálida, e muito mais magra que a última vez que a vi, assim tentarei que esta 

viagem seja o mais cômoda possível para você. 

—  Agradeço  sua  preocupação,  capitão —  disse  Elissa  com  afeto. —  A  Torre  é  um  lugar 

insalubre. O ar fresco fará maravilhas comigo, embora estaria melhor se não chovesse. 

Para  zombar  de  suas  palavras,  os  céus  se  abriram  e  a  chuva  caiu  com  força  neles.  Elissa 

cobriu a cabeça com o capuz e estremeceu sob sua capa. Levou uma surpresa ao ver que o capitão 

Harding  tirava  sua  própria  capa  e  a  colocava  ao  redor  dos  ombros.  A  compaixão  ainda  existia 

naquele mundo tão duro, pensou enquanto sorria para agradecer. 

Elissa só estava um pouco molhada quando entraram no pátio da estalagem Royal George. 

Um  moço  chegou  correndo  para  se  encarregar  dos  cavalos  enquanto  o  capitão  Harding  a 

acompanhava a toda pressa ao interior da estalagem. 

Elissa  se  dirigiu  diretamente  à  sala  comum  para  se  esquentar  diante  do  fogo  enquanto 

Harding reservava os quartos e a refeição. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   198

Ninguém prestou atenção ao homem encapuzado que entrou na estalagem pouco  tempo 

depois e se sentava na mesa de um escuro canto sumido nas sombras. 

Elissa jantou uma saborosa torta de carne, um cremoso queijo amarelo e macio pão branco, 

tudo regado com chá quente. Encontrou  inclusive espaço para uma generosa porção de torta de 

maçã. 

Quando terminou de comer,  levantou‐se e pediu permissão para  ir‐se. — Posso me retirar 

já? 

— A acompanharei, minha senhora — disse o capitão Harding. 

— Obrigado, capitão. É muito amável. 

—  Absolutamente,  minha  senhora.  O  rei  foi  muito  duro  com  você  quando  não  havia 

necessidade.  Em  minha  opinião,  você  não  fez  nenhum  mal.  Perder  a  seu  marido  deve  ser 

angustiante, e sua estadia na Torre deve ter sido absolutamente desmoralizante, mas ao menos 

esta viva. 

— Sim — reconheceu Elissa com doçura. "E meu filho também está vivo", pensou colocando 

uma mão no ventre enquanto se voltava. 

O quarto de Elissa estava no segundo piso. Harding desejou uma boa noite e fechou a porta 

ao sair. Ela se aproximou da janela e ficou olhando o chão através da pertinaz chuva. 

Observou pensativa o grosso carvalho que crescia ao lado da estalagem, e os ramos nus de 

folhas que golpeavam a janela. Só uma louca tentaria descer por aí. 

Tinha uma vida que proteger, além da sua, e não valia a pena correr o risco de fazer algo tão 

perigoso. 

Suspirando com abatimento, fechou as venezianas e tirou sua camisola da mochila. Despiu‐

se rapidamente e a introduziu pela cabeça, acomodando‐a ao redor dos quadris. Logo soprou para 

apagar  a  vela  e  se meteu  na  cama,  subindo  a  colcha  até  o  queixo.  Fazia  semanas  que  não 

desfrutava de um luxo semelhante. O estômago cheio, uma cama cômoda; era a sorte absoluta. A 

única coisa que sentia falta era de Damian para que a aquecesse. 

Elissa dormiu, mas ao que parece não com a suficiente profundidade, porque escutou um 

ruído e sentiu uma lufada de ar frio. Quis pensar que se tratava de sua imaginação até que sentiu 

algo acariciando sua face. 

Ainda adormecida, tentou afastá‐la, surpreendida quando sua mão entrou em contato com 

pele cálida que cobria ossos. Um grito surgiu de sua garganta. Uma mão dura cobriu sua boca e o 

som morreu por falta de ar. 

— Cala — advertiu uma voz ao seu ouvido. — Tirarei a mão se prometer não gritar. 

Elissa assentiu e a mão se separou de sua boca. 

— Damian! —  sussurrou ela  com  a  respiração  agitada.  Seu  rosto estava escurecido pelas 

sombras, exceto seus olhos, que brilhavam como moedas de prata na escuridão. 

O último vestígio que restava de sono desapareceu. 

— O que está fazendo aqui? Por que não está com sua futura esposa? 

Damian  se  colocou no extremo da  cama e acariciou  suavemente  sua  face. Seu  contato, a 

tensão de seu corpo, tudo nele falava de tristeza e de dor. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   199

— Segui‐te até aqui —  sussurrou. — Não  foi difícil. Cheguei pouco depois que você e me 

sentei em um canto escuro da sala comum enquanto você e o capitão Harding jantavam. Quando 

te  levantou  para  subir  a  seu  quarto,  enfrentei  a  um  dilema. Não  sabia  qual  era  seu  quarto — 

sorriu. — O  hospedeiro  foi muito  complacente  quando  engordurei  a  palma  da mão  com  uma 

moeda. Mas  seguia  sem  saber como entrar em  seu quarto, assim  sai para observar a  forma do 

edifício. Então te vi olhando pela janela. A árvore foi um extra com o que não contava. 

— Subiu na árvore? 

— Sim. Se essa árvore não tivesse estado à mão, teria encontrado outra maneira. Precisava 

me explicar para que não me odiasse. 

— Te odiar é muito pouco. Abandonou‐me. A riqueza e as posses significam para ti mais que 

meu amor. Vete daqui, não te necessito. 

— Não,  vais me  escutar.  Se  não  aceitasse me  casar  com  Kimbra,  a  teriam  condenado  a 

morte.  Roguei  para  que  perdoassem  sua  vida, mas  o  rei  se  negou  a me  escutar.  Inclusive me 

proibiu te visitar na Torre. Estava desesperado por verte. Quando o rei prometeu que te pouparia 

a vida se me casasse com Kimbra, não restou opção a não ser aceitar. Embora não voltasse a verte 

nunca mais, seguiria viva. E com os recursos que tem, sabia que o convento não te reteria durante 

muito tempo. 

Elissa escutou as palavras de Damian com  franco cepticismo. Desejava desesperadamente 

acreditar, e sua explicação fazia sentido, mas era difícil dissipar a dor que produziu seu rechaço. 

— Por que deveria confiar em ti? — perguntou com suavidade. 

— Porque estou  te dizendo a verdade. Teria vindo até aqui para mentir? Não queria que 

pensasse que te abandonei. Faria qualquer sacrifício por ti. Algum dia, de algum jeito, voltaremos 

a estar juntos de novo. 

Elissa o acreditava. Mãe Muito santa, acreditava. Não precisava ver seu rosto para saber que 

falava do fundo do coração. Mas já era muito tarde para eles. 

Seu matrimônio e sua vida em comum foi cortada com a mesma limpeza como se uma adaga 

os separasse. 

Necessitava desesperadamente  tocá‐lo, então apoiou a mão no  seu peito. O  calor de  seu 

corpo atravessou sua palma e se dirigiu a toda pressa a seu coração, que pulsava agitadamente. 

Damian reagiu espontaneamente. Gemendo, estreitou‐a entre seus braços. E  logo a beijou 

com uma ternura que a emocionou. Tinha sabor de chuva, a almíscar e a desespero. 

A ameaça de sua permanente separação proporcionou um ar desesperado a seu clandestino 

encontro. Bêbado pelo sabor de seus  lábios, Damian a beijou uma e outra vez, colando‐se a ela 

dos quadris até o peito. 

Se  aquela  seria  a  última  vez  que  se  amariam,  Damian  queria  saboreá‐la.  Consciente, 

entretanto, de que se o encontrassem com Elissa seria desastroso para ambos, deixou de beijá‐la a 

contra gosto. 

— Quero te fazer amor, querida. Me dê de presente essa recordação para levar isso comigo 

quando nos separarmos. 

— Sim, Damian, eu também quero isso. Amo‐te muito. Não importa onde esteja nem onde 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   200

eu esteja, seguiremos sendo um só em nossa alma e em nosso coração. 

Ao  Damian  era  difícil  expressar  seus  sentimentos,  sobre  tudo  quando  estava  sumido  na 

desesperança, rodeado por ela, consumido nela. Mas pôs cada parte de si mesmo, o coração, o 

corpo e a alma naquele beijo. 

O sabor de Elissa era de êxtase e o tato da felicidade. Quando as mãos da Elisa puxaram sua 

roupa,  Damian  rapidamente  se  despojou  dela,  rompendo  o  contato  com  seus  lábios  só  para 

inclinar‐se e tirar as botas e as calças. 

— Senti sua falta — sussurrou Damian enquanto a estreitava com força entre seus braços. 

Deslizou  as  mãos  pelo  seu  traseiro,  agarrando  a  arredondada  carne  sob  a  camisola, 

acomodando‐a contra ele. Sua ereção se apertava duramente na parte inferior de seu ventre. 

Inclinando a cabeça, meteu um de seus duros mamilos na boca e logo o outro, lambendo‐os, 

chupando‐os, fazendo que os quadris de Elissa se retorcessem contra o seu em sedutor abandono. 

Murmurando palavras ardentes sobre seu seio, Damian abriu suas coxas e deslizou um dedo 

em seu interior. Ela se arqueou ao sentir a pressão, introduzindo mais profundamente seu dedo. 

A boca de Damian desceu lentamente, riscando um caminho de beijos de fogo dos seios até 

sua  feminina  fenda, mordiscando  com  suavidade a protuberância oculta nos  cachos que estava 

entre as pernas. 

Propulsado  pelo  sabor  e  o  aroma  almíscar  dela,  a  língua  de Damian  rodeou  em  círculos 

aquele ponto tão sensível enquanto introduzia mais profundamente os dedos em seu interior. 

Cravou suas unhas desesperadamente na parte posterior do pescoço. 

— Por favor. Agora, Damian. Quero‐te agora. 

— Sim, agora — murmurou Damian enquanto sua língua encontrava seu ardente centro e se 

afundava nele.  Lambeu‐o  e o  seduziu  sem piedade,  agarrando  seus quadris  enquanto  Elissa  se 

apertava contra ele. 

Damian continuou com sua tortura de amor até que a sentiu ficar tensa e estremecer entre 

seus braços. 

Quando os tremores desapareceram, Damian se moveu devagar e a colocou em cima dele, 

abrindo suas pernas a ambos os lados dos quadris. Esfregou sua ereção contra seu centro, o úmido 

calor de Elissa o ungindo com sua essência. 

Damian grunhiu em sinal de aprovação quando ela introduziu as mãos entre seus corpos e o 

guiou para seu  interior. Ele a penetrou  lentamente,  levantando ao mesmo tempo a cabeça para 

mordiscar seus oscilantes seios. 

O suor porejou sua fronte quando Elissa se apertou contra ele, levantando‐se e afundando‐

se num ritmo que acendeu a ambos. Damian permitiu que ela tomasse as rédeas até que sentiu 

como seu sexo se contraía ao redor dele e começava a  tremer, e então se deixou  levar por seu 

próprio e arrebatado desejo. Agarrando suas nádegas com as mãos, afundou‐se nela uma última 

vez, derramando sua paixão em seu interior. 

Com  a  respiração  entrecortada,  Elissa  apoiou  a  cabeça  contra  seu ombro  e  acariciou  seu 

rosto suavemente com as pontas dos dedos. 

Quando Damian  recuperou  finalmente  as  forças,  separou‐a  de  si  e  a  acomodou  contra  a 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   201

curva de seu corpo. 

— Não quero te deixar, querida. 

— Oxalá  pudéssemos  ficar  assim  para  sempre —  disse  ela  com  um  suspiro  tremente. — 

Acredita que estaremos juntos alguma vez? 

— Se existir Deus, assim será. 

Elissa  permaneceu  em  silencio  durante  um  comprido momento.  Quando  por  fim  falou, 

Damian percebeu seu tom de ansiedade e amaldiçoou a Kimbra por fazer aquilo a ambos. 

— E o que acontece com minha mãe e com Lora? Não estarão a salvo em sua casa quando 

Kimbra se converta em sua esposa. 

— Confia em mim, eu as manterei a salvo. Não permitirei que Kimbra dirija minha casa por 

muito que o tente. Sua família terá a opção de permanecer em Misterly ou de reunir‐se contigo no 

convento. 

Um silêncio tenso seguiu a suas palavras. — Ocorre algo, Elissa? 

— Ocorre tudo. Não posso suportar a ideia de que faça amor a Kimbra. O que nós temos é 

especial, e não pode ser compartilhado com ninguém mais. 

—  Nas  escassas  ocasiões  que  me  veja  obrigado  a  cumprir  com  meu  dever,  não  se 

aproximará, nem remotamente ao que sinto quando faço amor contigo — Damian entreabriu os 

olhos, pensativo. — Talvez nem sequer me deite com ela. 

— OH, Damian, não posso te pedir isso. Não me faça essa promessa. 

— Elissa, eu... 

Pôs um dedo em seus lábios. 

— Não. Faça amor comigo outra vez. Isso é tudo o que te peço. 

Voltaram a se unir; sua agridoce paixão foi tão intensa que nenhum dos dois falou até muito 

tempo depois. Quando os raios de luz apareceram através de um céu nublado da cor da madeira 

queimada, 

Damian beijou Elissa uma última vez e recolheu sua roupa. 

Vestiu‐se rapidamente sob a  luz prévia do amanhecer, e  logo se sentou na borda da cama 

para secar suas lágrimas com seus lábios. 

— Não  chore, meu amor. Me prometa que vai  se  cuidar até que possamos voltar a estar 

juntos de novo. Se... quando partir do  convento, e estou  seguro de que o  fará,  tenta me  fazer 

saber onde está para que possa te encontrar. 

— Só há um lugar ao qual possa ir — disse Elissa, — ao Glenmoor, com minha prima Christy 

Macdonald. Está casada com um inglês, mas vivem separados desde que se casaram, faz já muitos 

anos. Se souber que deixei o convento, busca me em Glenmoor. 

— É a hora — disse Damian com pesar. Elissa se levantou e colocou a camisola. 

— Tome cuidado — ela o seguiu até a janela. Uma rajada gelada a sacudiu quando Damian 

abriu  as  venezianas  e  passou  uma  perna  pelo  batente.  Deu‐lhe  outro  beijo  fugaz  e  logo 

desapareceu. 

Elissa observou com  inquietação como se aproximava da árvore, agarrava‐se a um ramo e 

logo  descia  pelo  tronco.  Quando  chegou  ao  chão,  olhou  para  cima  e  lançou  um  beijo.  Logo 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   202

desapareceu. 

Secando as  lágrimas, Elissa  fechou as venezianas e  retornou à  cama. O aroma de Damian 

ainda  impregnava  os  lençóis;  ela  fechou  os  olhos  e  imaginou  que  estava  ainda  a  seu  lado, 

confortada pelo odor de seu aroma e rodeada de seu amor. Deve ter adormecido, porque quando 

abriu os olhos, uns débeis raios de sol estavam se filtrando através da janela. 

Elissa saiu da cama e lavou os sinais do Damian de seu corpo. 

Acabava  de  terminar  de  se  vestir  quando  o  capitão Harding  chegou  para  abrir  a  porta  e 

acompanhá‐la à sala comum para que tomasse o café da manhã. 

Harding  se  sentou  em  frente  a  ela  com  o  cenho  franzido  pela  preocupação  enquanto 

examinava seu rosto. 

— Dormistes mal? Parece cansada. 

— Estou bem, capitão, obrigado. Isto tem bom aspecto — disse quando uma criada colocou 

diante dela um prato de ovos, rins e batatas fritas. 

—  Leve  seu  tempo —  aconselhou‐a  Harding. —  Aqui  a  comida  é  boa,  deve  aproveitar 

enquanto pode. 

Durante  os  exaustivos  dias  que  seguiram,  Elissa  teve muitas  ocasiões  para  agradecer  os 

cuidados do capitão Harding. Cada vez que percebia que estava esgotada, fazia uma parada para 

permitir que descansasse. 

Quando o ar gelado ou a chuva fria aumentavam mais, ele procurava refúgio, fosse em uma 

estalagem,  em  uma  casa  particular,  em  uma  simples  cabana  de  pastores  ou  em  uma  tenda 

montada precipitadamente para sua comodidade. 

Elissa  fez  todo o possível para dissimular quão mau  se encontrava e as náuseas matinais, 

mas  sabia  que  o  capitão Harding  sabia  das  vezes  nas  quais  seu  estômago  se  rebelou  contra  a 

comida. 

Um dia, quando a viagem se aproximava de seu fim, o capitão Harding se sentou ao lado da 

Elissa. 

— Percebi que todas as manhãs se encontra mal — aventurou. — Por favor, desculpe minha 

ousadia, mas, está esperando um filho, lady Elissa? 

Elissa se ruborizou, mas não se evadiu da pergunta. 

— Sua percepção não o engana, capitão — disse suavemente. 

— Esta esperando um filho de seu marido? 

Elissa ficou tensa pela indignação. 

— Esta sugerindo que traí meu marido? —Harding se apressou a se desculpar. 

— Me desculpe. Nunca a acusaria de uma  infidelidade. O rei se equivocou ao declarar seu 

matrimônio  ilegal. Vos rogo que aceite minhas desculpas por formar parte de seu sofrimento. Só 

estou seguindo ordens. Oxalá pudesse ajudar. 

— É um bom homem, capitão. Ajudaste‐me fazendo esta viagem o menos dolorosa possível. 

Harding levou a mão da Elissa aos lábios e a beijou. — É uma autêntica dama. 

Dois dias depois  chegaram  ao  convento de  Santa Maria do Mar, uma  construção  familiar 

colocada  em  um  escarpado  sobre  o  agitado  oceano.  O  muro  de  pedra  que  rodeava  a 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   203

impressionante  estrutura  era  gigantesco, mas para  a  Elissa  se  supunha unicamente um degrau 

para a liberdade. 

 

 

Capítulo 20 

 

 

Damian estava sentado em seu quarto alugado, olhando com tristeza a chuva que açoitava 

contra  a  janela.  No  dia  seguinte  se  celebraria  suas  bodas.  Como  podia  se  casar  com  Kimbra 

quando Elissa seguia formando parte dele? 

Ocupava  seu  coração,  sua  mente,  e  sua  alma.  Recordava  vividamente  seu  aroma,  sua 

expressão,  cada  pequeno  gesto  que  fazia.  Teria mandado  ao  inferno  o  rei  e  Kimbra  se  tivesse 

certeza de que Elissa não ia ser castigada por culpa de sua desobediência. 

Maldição. Será que não existia justiça neste mundo? 

Não percebeu que estavam batendo na porta  com os nódulos até que o  ruído  se  fez  tão 

forte  e  persistente  que  não  pôde  seguir  ignorando‐o. Cuspindo  uma maldição,  abriu  a  porta  e 

ficou assombrado ao ver Jem, um dos soldados que deixou para trás em Misterly. 

— Jem. Deus Santo, homem, entra. Como me encontraste? O que te traz a Londres? 

— Estou procurando‐o desde que cheguei ontem — disse  Jem. — A sorte me  levou até o 

botequim  que  há  aqui  embaixo,  onde me  encontrei  com  os  homens  que  o  acompanharam  a 

Londres.  Eles me  dirigiram  aqui. Há  problemas  em Misterly, meu  senhor.  Tavis Gordon  e  seus 

foragidos  das  Terras  Altas  tomaram  o  castelo  por  assalto.  Atravessaram  nossas  defesas  e 

ganharam o controle.   Sir Richard me enviou a Londres para buscá‐lo quando percebeu que não 

podia defender a fortaleza contra as forças dos Gordon, que eram superiores em uma proporção 

de três a um. Eu consegui escapar com vida pelos cabelos. 

Com expressão grave, Damian colocou a capa sobre os ombros e se dirigiu a porta. 

— Conte  aos  homens  que  estão  no  botequim  o  que  acaba  de me  dizer —  disse Damian 

virando  a  cabeça. —  Diga‐lhes  que  preparem  os  cavalos  e  estejam  preparados  para  partir  de 

Londres quando eu voltar. 

Damian  irrompeu no palácio e  solicitou uma audiência  imediata  com o  rei. Devia parecer 

desesperado,  porque  não  teve  que  esperar muito. Uns  instantes  depois,  lorde  Pelham  fez  sua 

aparição. 

— Lorde Clarendon, o que ocorre agora? Sua Majestade não quer ser incomodado a menos 

que se trate de algo importante. 

— É um assunto urgente, meu senhor — disse Damian. — Acabo de receber a notícia de que 

Misterly caiu em mãos de Tavis Gordon. Devo retornar imediatamente. 

— Mas suas bodas... 

— Ao diabo com minhas bodas! O que é mais  importante, preservar Misterly para a Coroa 

ou me casar com uma mulher a qual mal posso suportar? 

— Neste momento não podemos proporcionar homens para que o ajude. Há problemas na 

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Sabor do Pecado 03

 

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fronteira  com o Gales,  e  enviamos o  exército para que  sufoque  a  rebelião. Além disso,  França 

ameaça de novo com a guerra. Não podemos enviar homens a Escócia. 

— Não necessito do exército. Posso recuperar o controle de Misterly sem ajuda exterior se 

parto imediatamente. 

— Mm... devo consultar primeiro com Sua Majestade e com o Parlamento. 

— Não posso esperar a que  se  reúna o Parlamento. Sua Majestade e você devem decidir 

agora. 

— Espere aqui enquanto me consulto com Sua Majestade. 

Lorde Pelham  saiu por uma porta que  levava às habitações privadas do  rei. Retornou uns 

minutos mais tarde com o rei Jorge pisando seus calcanhares. 

— O que é tão importante para que nos incomode em nossa sesta? — gemeu o rei. 

Damian voltou a explicar por que devia partir imediatamente para Misterly. 

O rei Jorge se refugiou em um silêncio pensativo. Depois de uma longa pausa, disse: 

— Não podemos nos permitir perder Misterly as mãos dos rebeldes, mas  lorde Pelham me 

informou que não temos soldados para financiar outra guerra em Escócia. 

— Não necessito seus soldados — argumentou Damian. — A única coisa que preciso é sair 

de Londres agora, hoje. 

— Impossível. Amanhã é o dia de suas bodas. 

— Quer que Gordon recupere o controle de Misterly e que ganhe para sua causa a outros 

habitantes das Terras Altas? 

— Não. Não podemos permitir que  isso ocorra. Misterly é  importante para nós. Pode nos 

garantir o êxito sem nossa ajuda? 

— Já o desapontei alguma vez, senhor? Só tenho uma petição. 

— Quer uma recompensa? 

— Sim, suponho que pode dizer‐se que sim. 

— De que se trata? Mais terras? Um título mais prestigioso? 

— Não, nada disso. A única coisa que peço é que encontrem outro marido para lady Kimbra. 

— Lady Kimbra é uma herdeira — recordou lorde Pelham. 

— Sei, mas não é a mulher que quero. Vos rogo que voltem a validar meu matrimônio com 

Elissa Fraser. É a única recompensa que peço por minha lealdade. 

— Essa Fraser é uma simpatizante jacobina — disse o rei. 

— É uma mulher cujo pai e cujos  irmãos foram massacrados em Culloden. É certo que não 

gosta dos ingleses, mas, podem culpá‐la? Como minha esposa, não suporá nenhuma ameaça para 

a Coroa. Isso eu prometo. 

Se fez um tenso silêncio enquanto o rei sopesava a proposição de Damian. 

— Você o que diz, lorde Pelham? — perguntou o rei. 

— Como você bem sabe, Majestade, Misterly é importante para nós. Lorde Clarendon é um 

homem em quem podemos confiar. Se quiser a moça escocesa, eu digo que a tenha. 

— Muito bem, que assim seja. Faz que preparem dois editos, lorde Pelham, um que restitua 

o  matrimônio  de  lorde  Clarendon  e  Elissa  Fraser  e  outro  que  autorize  a  saída  da  dama  do 

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Sabor do Pecado 03

 

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convento. Mas escute bem, Clarendon: se fracassas, perderá tudo — fez um gesto com a mão para 

se despedir do Damian. — Pode voltar dentro de uma hora a recolher os documentos. 

—  Entendido, Majestade —  disse  Damian,  que mal  podia  conter  a  emoção. —  Enviarei 

notícias de meu êxito. 

Damian se inclinou antes de sair dos aposentos privados do rei com excessiva precipitação. A 

sorte quis que topasse com lady Kimbra no corredor. 

— Damian! Que sorte te ter encontrado! Estava me evitando? — colocou o braço sob o seu. 

— Estou desejando que chegue amanhã. 

Damian retirou o braço e retrocedeu. 

— Já não estamos prometidos, Kimbra. O rei validou meu matrimônio com Elissa. 

A ira de Kimbra explodiu. 

— O que? Está mentindo. Sua Majestade não me faria algo assim. Não, nego‐me a acreditar. 

— É verdade. Pergunte a Sua Majestade se não me acredita. Adeus, lady Kimbra. Desejo‐te 

uma longa vida cheia de felicidade. 

— Maldito seja, Clarendon! Espero que te apodreça no inferno. Como te atreve a me colocar 

nesta posição! Os falatórios da corte serão minha ruína. Não poderei nem sair à rua. 

Seguia gritando quando Damian partiu. 

Duas horas mais tarde, com os documentos guardados no bolso, Damian saiu de Londres em 

direção ao norte sob uma intensa chuva. 

Elissa estava quase uma semana no convento quando  lhe ocorreu uma maneira de escapar 

dali sem que a Madre Superiora soubesse. Não a culpava por atender aos desejos do rei no que a 

ela se referia, porque o convento existia graças ao Hannover. 

Elissa não demorou muito em descobrir que um idoso chamado Freddie era o único homem 

a  quem  estava  permitida  a  entrada  aos  muros,  embora  nunca  se  aventurou  ao  interior  do 

convento. Talvez Freddie  tivesse sobrenome, mas ninguém parecia conhecê‐lo. Dormia em cima 

do estábulo, cuidava dos campos e uma vez na semana se aproximava de carreta a uma granja 

próxima para recolher leite fresco e ovos. 

A porteira, irmã Elizabeth, abria o portão todas as segundas‐feiras pela manhã cedo, e Elisa 

utilizou aquela informação para planejar sua fuga. 

Na segunda‐feira seguinte, Elissa se  levantou cedo, se vestiu com sua roupa mais grossa e 

escapuliu ao estábulo antes da missa matinal. Se escondeu atrás de um  fardo de  feno até que 

chegou  Freddie para  atrelar o  cavalo na  carreta  e dirigir‐se  ao povoado. Observou  contendo  a 

respiração como entrava na sala de ferramentas agrícolas para procurar os arreios.  

Quando estava dentro, Elissa fechou de uma portada e passou o ferrolho. 

— Sinto muito, Freddie — disse através da porta. — Necessito a carreta mais que você. 

— É você, lady Elissa? — perguntou Freddie com voz abafada. 

—  Sim,  Freddie —  respondeu ela  agarrando  a  capa e o  chapéu do homem, que estavam 

pendurados em um gancho ali ao lado. — Diga a Madre Superiora que o sinto. 

— Por que não diz você mesma? — a voz feminina surgiu de detrás dela, e Elissa se voltou, 

consternada ao topar com a Madre Superiora. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Madre Superiora! Como soubestes? 

— Não sabia. Vi‐te sair do edifício e decidi te seguir. Supunha que tentaria algo assim algum 

dia — seu rosto se suavizou. — Não deixe que eu te detenha. 

Elissa ficou muito quieta. — Não entendo. 

—  Suponho  que  não. O  rei  da  Inglaterra  não  é Deus.  Pode  ameaçar, mas  ao  final  o  que 

seguimos é a palavra de Deus. Rezei por sua situação e procurei uma resposta em meu coração. 

Você  não  tem  a  vocação  para  usar  o  hábito9. — Observou  atentamente  Elissa  e  deslizou  seu 

bondoso olhar para o ventre dela. — Há algo que queira me dizer, menina? 

Elissa empalideceu. 

— Como soube que estou esperando um filho? 

—  Suspeitava, mas  não  estava  segura.  Também  suspeito  que  Deus  tem  preparado  algo 

especial para  ti. Parte  com minha bênção, menina. Não deve  temer ao monarca  inglês, porque 

nunca saberá que já não vive conosco. 

— Como poderei agradecer? 

— Criando  seu  filho no Amor de Deus —  respondeu  a Madre  Superiora. — E  agora date 

pressa, ponha a capa e o chapéu de Freddie e encolhe os ombros quando atravessar o portão. 

Prometo‐te que  sua ausência não  se mencionará nem  será comentada por ninguém que habite 

entre estes muros. 

Incapaz de acreditar em sua boa sorte, Elissa terminou rapidamente de atrelar o cavalo na 

carreta, colocou seu disfarce e subiu na boleia do chofer. 

— Me assegurarei de que devolvam a carreta quanto antes. Sei o muito que dependem dela. 

— Obrigado —  disse  a Madre  Superiora. —  E  agora  vete, menina. A  irmã  Elizabeth  está 

esperando para te abrir o portão. Que Deus te proteja. 

Elissa  golpeou  a  garupa do  cavalo  com  as  rédeas e o  animal  iniciou  a marcha  com passo 

lento e pesado. Quando perdeu de vista o convento, pôs rumo a Misterly. 

A escuridão  já caíra quando Elissa vislumbrou Misterly através de uma neve nebulosa que 

descia em espiral do céu carregado de nuvens. Tiritando, Elissa se aconchegou dentro da capa de 

lã de Freddie, ansiosa por ver sua mãe e a sua  irmã e desfrutar de um quente fogo enquanto se 

regozijava com a deliciosa cozinha de Winifred. 

Entreabrindo os olhos através de uma cortina de flocos de neve, Elissa distinguiu as figuras 

dos integrantes da patrulha noturna no alto dos parapeitos e exalou um suspiro de alívio.  

Não parecia existir nada estranho. Pensou que era pouco provável que tivesse chegado em 

Misterly a notícia das bodas de Damian e Kimbra, ou de seu desterro ao convento. 

Sua  intenção era que  todo mundo conhecesse o  sacrifício que Damian  fazia por ela. Logo 

levaria a sua mãe e a sua irmã ao Glenmoor antes de que Damian retornasse com sua esposa. 

Elissa  deteve  a  carreta  diante  do  portão,  esperando  que  alguém  saísse  da  guarita  de 

vigilância para  identificá‐la. Enquanto olhava através das grades de  ferro, um calafrio de alarme 

subiu pela espinha dorsal. 

O instinto a advertiu de que algo não ia bem, mas não fazia ideia do que podia ser.                                                             9 Nome do véu que as freiras usam. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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Se sentiu enormemente aliviada quando alguém a chamou com um gesto do castelo. Seria 

sir Richard? Elissa agitou o braço em resposta e esperou que abrissem o portão. 

— Elissa? — perguntou uma  voz  áspera. — De onde  saíste? Pareceu detectar um  acento 

escocês? Sim, definitivamente, aquela não era a voz de sir Richard. 

Que ela  soubesse, nenhum dos homens que Damian deixou para  trás era escocês.  E não 

recordava a nenhum dos membros de seu clã. 

"Foge", uma voz  interior a advertiu. Desgraçadamente, não pôde girar o cavalo e a carreta 

com  a  suficiente  rapidez. Quando  escutou  como  abriam  o  portão  com  a manivela,  entrou  em 

pânico e desceu com dificuldade da carreta para fugir a pé. Três homens a agarraram antes de que 

pudesse dar o primeiro passo. Reconheceu imediatamente Tavis Gordon. 

— Tavis! O que está fazendo aqui? Onde esta sir Richard e os outros? O que fez com Lora e 

com mamãe? 

—  Levem‐na para dentro — ordenou Tavis  ignorando  suas perguntas. Elissa não ofereceu 

nenhuma  resistência  enquanto  a  conduziam  com  empurrões  no  castelo.  Estava  ansiosa  por 

conhecer o destino de sua família e dos homens que Damian deixou para trás. 

O  grande  salão  estava  abarrotado  de  Gordons,  e  Elissa  temeu  o  pior  quando  notou  a 

ausência dos homens de Damian. O  rosto  se  iluminou  grandemente quando  viu Maggie  correr 

para ela. 

— Mãe Muito santa, retornaste! — gritou Maggie abraçando Elissa com todas suas forças. 

— O que ocorreu, Maggie? 

— Os Gordon,  isso foi o que ocorreu — sussurrou Maggie. — Eram muitos. Os soldados de 

lorde Damian não podiam combater a grande quantidade de homens que escalaram pelos muros 

e invadiram o castelo. 

Ocorreu pouco depois de que lorde Damian partisse para Londres. O que ocorreu a ti? Onde 

está lorde Damian? 

—  Já é  suficiente! — gritou Tavis  . — Tragam comida e água a Elissa — agarrando‐a pelo 

braço, sentou‐a em uma mesa perto do fogo. — Sente‐se e se aqueça. 

— O que fez aos homens de Damian? —  inquiriu Elissa. — Se machucou mamãe ou a Lora, 

nunca perdoarei isso. 

— Sua família está perfeitamente bem — assegurou Tavis. — Não lhes causei nenhum dano. 

Os homens do Cavalheiro Demônio, encerrei‐os no armazém do arsenal no momento. Isto é só o 

princípio, Elissa. Reuni  suficientes homens para atacar a guarnição  inglesa de  Inverness. Outros 

habitantes  das  Terras  Altas  deslocados  pela  guerra  se  unirão  a  nós  quando  souberem  o  que 

consegui. Uniremo‐nos para conseguir que o legítimo soberano retorne da França e libere Escócia 

da opressão inglesa. 

— Instigar outra rebelião é uma autêntica loucura — advertiu Elissa. — Escócia está regada 

com o sangue dos membros de nosso clã; não acrescente mais. 

— É o momento perfeito — assegurou Tavis enfurecido. — O exército  inglês está ocupado 

com os galeses da fronteira, e França ameaça voltar para a guerra. Esta vez triunfaremos. 

— Me escute, Tavis. Vais guiar seus homens a uma morte certa. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   208

Tavis a olhou fixamente. 

— O  que  aconteceu  contigo,  Elissa? Antes  de  que  chegasse  o Cavalheiro Demônio,  tinha 

sede de sangue inglês. O que é que te fez? 

—  Sigo  sem  gostar  dos  ingleses, mas  nunca  tive  sede  de  sangue.  Perdi  a muitos  seres 

queridos para desejar outro banho de sangue. Tudo terminou, Tavis. Sai de Misterly antes de que 

Damian se inteire do que ocorreu aqui. Sabe que retornará para reclamar o que é dele. Não pode 

ganhar. É um foragido e puseram preço a sua cabeça. 

— Sei o que estou  fazendo, moça. Me diga o que  te ocorreu depois de que os soldados a 

levassem a Londres. 

— Como sabe disso? 

—  Mantive  espiões  vigiando  o  forte.  Acreditava  que  não  estaria  a  par  do  que  estava 

ocorrendo aqui? Misterly deveria ter sido meu por direito de matrimônio, e não vou renunciar a 

ele. 

— Então te aproveitou da ausência de Damian e atacou. 

— Assim o fiz — vangloriou‐se Tavis. — Mas está se evadindo da pergunta. Como persuadiu 

Hannover para que te permitisse retornar a Misterly? 

— Não o  fiz —  sussurrou Elissa  recordando  com  terror aqueles  terríveis dias na Torre. — 

Teria morrido ali se Damian não intercedesse para que me poupassem a vida. Ele convenceu ao rei 

para que me enviasse ao convento. Permaneci ali só uma semana, quando surgiu a oportunidade 

de partir. 

— Por que vieste aqui? Não é que me queixe — acrescentou Tavis. — Sempre foste minha, 

moça. 

— Sigo sendo esposa do Damian. A que outro lugar ia? 

— Elissa decidiu que não  serviria de nada dizer a Tavis que  seu matrimônio  foi declarado 

ilegal. 

— É minha — grunhiu Tavis. 

Maggie  apareceu  com  um  prato  de  comida,  e  Elissa  começou  a  comer  enquanto  Tavis 

passeava acima e abaixo diante da lareira. Quando ela comeu até se saciar, se levantou da mesa.  

— Por favor me desculpe, estou esgotada. 

Tavis dirigiu um sorriso lascivo que congelou seu sangue nas veias. 

— Vete à cama, moça. Eu irei me reunir contigo mais tarde. 

—  Encontrará minha  porta  fechada  com  chave —  respondeu  Elissa  com  frio  desdém. — 

Tenta me tocar e perderá o pouco controle que tem sobre os membros de meu clã. Atear fogo no 

povoado foi um ato de covardia, e eles já não confiam em ti. Os Fraser não estão indefesos. Temos 

aliados. O mais provável é que te veja em meio de uma guerra de clãs se me forçar. 

Elissa observou como crescia a raiva no  interior do Tavis e decidiu que o mais sensato era 

sair rapidamente dali. Viu Maggie rondando perto e estirou a mão para ela. 

— Vamos, Maggie, me ajude a me preparar para me deitar. Agarradas pela mão, subiram 

pelas estreitas escadas que levavam a sala das mulheres. 

— Viu a sir Richard? — sussurrou Elissa. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Não. Proibiram visitas aos prisioneiros. 

— Estão recebendo comida e água? 

—  Sim, mas  apenas  o  suficiente  para mantê‐los  com  vida. O  que  vamos  fazer,  Elissa? — 

perguntou Maggie com preocupação. — Não tema, tenho um plano. Mas necessitarei a ajuda de 

todos os que sejam leais a mim. Onde está nana? 

— Falou mal de Tavis em público e foi desterrada do castelo. Tavis temia que lançasse algum 

feitiço. Ouvi que está vivendo nessa velha cabana do bosque. 

Elissa sabia exatamente onde encontrar a cabana. Construiu‐se em cima da saída do túnel 

secreto. 

— Graças a Deus que está a salvo — disse Elissa. — Como se encontram mamãe e Lora? 

— Bem, embora lady Marianne esteja preocupada com sir Brody. Oxalá pudéssemos ajudá‐

los. 

— Não acredito que seja possível. O que eu quero é tirar do forte sem problemas mamãe, a 

Lora, e a ti se assim o deseja. Dermot ou Lachlan estão dentro do castelo? 

— Só Dermot. Lachlan está com sua família no povoado. O portão se mantém fechado. Tavis 

não permite que ninguém entre ou saia sem sua permissão. 

—  Espero  que  mamãe  esteja  acordada  —  disse  Elissa  quando  chegaram  ao  quarto  de 

Marianne. Maggie abriu a porta e Elissa entrou. Marianne estava sentada em uma cadeira ao lado 

do fogo. 

Viu a Elissa, soltou um grito de alegria e abriu os braços para receber a sua filha. 

Com as lágrimas escorrendo pelas faces, Elissa caiu de joelhos e saudou sua mãe com beijos 

e abraços. 

— O  que  ocorreu? —  perguntou Marianne  enxugando  suavemente  as  lágrimas  com  um 

delicado  lenço. — Damian conseguiu convencer ao  rei para que  te  liberasse? Encontra‐te bem? 

Parece doente. Onde está Damian? 

Elissa aspirou com força o ar e começou a contar sua aventura, sem omitir nada exceto as 

depravações que sofreu enquanto esteve encerrada na Torre. Não queria angustiar sua mãe agora 

que já terminou sua traumática experiência. Marianne a interrompeu naquele ponto. 

—  Damian  deve  ter  convencido  o  rei  para  que  te  soltasse.  Sabia  que  o  faria.  Estava 

completamente decidido a conseguir sua liberdade. Onde está? Não ouvi ruídos de batalha abaixo. 

Recuperou o castelo, não é assim? Estive muito preocupada com sir Brody. 

—  Isso  não  é  exatamente  o  que  ocorreu, mamãe —  explicou  Elissa. — O  rei  rechaçou  a 

petição  que  fez  Damian  em meu  nome —  deteve‐se  um  instante  para  secar  as  lágrimas  que 

escorriam pelos olhos. 

— Então o Hannover mudou de opinião e disse que me pouparia a vida se Damian se casasse 

com lady Kimbra. O rei já havia declarado ilegal nosso matrimônio, assim Damian aceitou. Mas em 

vez de me deixar voltar para casa, o rei me enviou ao convento de Santa Maria do Mar. 

— Eu sabia que esses muros não poderiam te reter. Oxalá as coisas tivessem sido diferentes 

— lamentou‐se Marianne. — Tavis Gordon controla o castelo, e somos seus prisioneiros. 

Elissa baixou o tom de voz. — Vamos sair de Misterly, mamãe. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Marianne ficou contente. 

— Podemos fazê‐lo? Precisaremos ter muito cuidado. Oxalá Nana estivesse aqui. 

— Dermot está aqui, podemos contar com ele para que nos ajude. Tavis me disse que tem 

intenção de compartilhar o leito comigo, assim devemos partir antes de que se impaciente e force 

a porta de meu quarto. 

— E o que será de sir Richard, sir Brody e os outros? — perguntou Marianne. 

—  Sinto muito, mamãe, mas  não  há  nada  que  possamos  fazer  por  eles  sem  pôr  a  nós 

mesmas  em  perigo.  Sei  que  Damian  tomará  represálias  quando  souber  que  Tavis  controla  o 

castelo. Devemos  confiar  em  que  ele  encontrará  a maneira  de  liberar  a  seus  homens  quando 

retornar. 

— OH, Elissa — se lamentou Maggie, — que triste que tenha perdido Damian e ele teve que 

ficar com lady Kimbra. Deve odiar a ideia tanto como você. 

— Damian não vai se casar com lady Kimbra. 

Elissa se voltou, surpreendida ao encontrar com Lora na soleira. 

— Acreditei que estava dormindo — disse Marianne. 

— E estava, mas algo me despertou — a menina sorriu a Elissa. — Me alegro de que esteja 

em casa, Lissa — correu para sua  irmã e deu um forte abraço. — Ouvi o que disse Maggie sobre 

Damian e  lady Kimbra, mas não é verdade. Nana disse que Damian e você estariam  juntos para 

sempre, e que você teria um filho dele. 

Marianne abriu os olhos de par em par. 

— É certo isso, filha? Está esperando um filho de Damian? 

— Sim, mas ele não sabe ainda. 

—  Deve  te  cuidar  muito,  filha  —  advertiu‐a  Marianne.  —  Entendo  por  que  tem  tanta 

vontade de partir. Tavis é um homem violento; a gente nunca sabe quando vai estourar ou sobre 

quem cairá sua fúria. 

— Eu não posso  ir contigo — disse Maggie. — Sinto muito, Elissa, mas não abandonarei sir 

Richard. Partirei agora mesmo, antes de que revele qual é seu plano. 

— Está segura, Maggie? 

— Completamente segura, Elissa. Leve Dermot contigo. 

— Deve amar muito a sir Richard — observou Elissa. 

— Sim. Por isso não posso suportar a ideia de partir sem ele. Quando pensa ir? 

— O mais breve possível. 

— Que Deus te acompanhe, Elissa. 

Damian  chegou em Misterly em uma noite gelada e ventosa. Embora estivesse  tremendo 

sob a capa de  lã, deu graças a Deus por aquele tempo tremendamente frio que mantinha a seus 

inimigos metidos em suas cálidas camas. 

O cavalo de Damian dançou debaixo dele enquanto Jem se aproximava a galope até ficar a 

seu lado. 

— Quais são suas ordens, meu senhor? 

— Há um túnel subterrâneo que vai do castelo até uma saída exterior oculta no interior de 

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uma cabana que há no bosque. Vou entrar no castelo através do túnel para examinar a situação — 

explicou Damian. 

— Você e os outros três homens podem me seguir depois de um curto intervalo de tempo. 

Damian  abriu  o  caminho  para  uma  pequena  e  desmantelada  cabana  situada  nas 

profundidades do bosque. Era muito velha e estava oculta pelo tojo e os matagais. Parecia como 

se levasse anos abandonada. 

Quando Damian explorou o túnel depois da fuga de Elissa, encontrou a saída. 

Damian desmontou a escassa distância da cabana e se aproximou cautelosamente, surpreso 

ao  ver  uma  luz  brilhando  através  das  frestas  da  janela  fechada  com  tábuas.  Tirou  a  pistola  e 

estendeu a mão para segurar o trinco. 

A  porta  se  abriu  de  repente.  Damian  ficou  tenso  e  logo  relaxou  ao  reconhecer  a  figura 

inclinada banhada pela luz de uma lanterna. 

— Nana! Maldita seja, mulher! O que está fazendo aqui? 

— Te esperando —  respondeu ela. — Deve  resgatar a nossa moça e  liberar o castelo das 

mãos dos Gordon. 

Damian a olhou com estranheza. 

— Elissa está no convento, não dentro do castelo. 

— Me acredite, meu senhor, Elissa está no castelo — disse Nana. — Ela não sabia que Tavis 

estava com o controle de Misterly até que esteve dentro. 

— O que você está fazendo aqui? 

— Me expulsaram do castelo sem outra coisa que a roupa que levava posta. Tavis tem medo 

de mim, e  faz bem. Após estou vivendo aqui. Não está  tão mal. Os habitantes do povoado me 

trazem tudo o que necessito. Mas deve te dar pressa — advertiu, — enquanto a escuridão seja sua 

aliada. 

Damian entrou na cabana, dirigiu‐se diretamente a cama que havia em um canto e a moveu 

para  poder  acessar  o  alçapão  oculto  no  chão.  Afastou  a  camada  de  pó  e  levantou  o  alçapão 

puxando pela argola de metal. 

— Necessitará de uma luz — disse Nana passando o lampião. 

Damian aceitou, assentiu para agradecer e deslizou pelo buraco.  Seus pés encontraram a 

escada  e  desceu  por  ela  para  o  chão  do  túnel,  abrindo  passagem  cautelosamente  através  da 

estreita passagem. 

Havia chegado a uma repentina curva a metade do caminho quando escutou o som de umas 

vozes  ressonando  no  interior  do  túnel.  Havia  alguém  diante  dele,  aproximando‐se  por  seu 

caminho! 

Tratava‐se de mais de uma pessoa,  adivinhou pelo  sussurro das  vozes. Damian  apagou o 

lampião e se encolheu contra o muro, tenso, à espera. Encontrou o túnel o Gordon? 

Um círculo de luz avançou para ele, fazendo‐se maior à medida que se aproximava. Escutou 

vozes  falando  em  sussurros mas  não  via  a  quem  pertenciam  e  entreabriu  os  olhos  na  turva 

escuridão, tentando identificar as figuras que se aproximavam. O suor porejou na fronte enquanto 

tratava de decidir se devia retirar‐se ou não antes de ser descoberto. Então apareceu de repente 

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Sabor do Pecado 03

 

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um rosto sob o resplendor da luz e Damian esteve a ponto de desmaiar de alívio. Dermot avançava 

lentamente  pelo  passadiço,  seguido  de  perto  por  lady Marianne,  Lora  e  Elissa.  Um  sorriso  se 

desenhou nos lábios. 

Deveria  ter  sabido  que,  se  houvesse  uma  única  saída  para  aquela  perigosa  situação,  sua 

engenhosa Elissa a encontraria. 

Damian deu um passo para o círculo de luz. 

— Boa noite. Faz uma noite perfeita para dar um passeio. 

—  Damian! —  Elissa  tropeçou  para  diante  e  levou  uma mão  ao  pescoço,  com  os  olhos 

totalmente abertos, sem dar crédito. — É você? 

— Sim, amor, qual outro  se arrastaria por debaixo da  terra para  resgatar a  sua amada, e 

descobrir que ela já resgatou a si mesma? 

— Como soube que estava em Misterly? Onde está Kimbra? 

—  Kimbra  saiu  de  nossas  vidas  para  sempre.  Explicarei  tudo mais  tarde. Nana  estava  na 

cabana quando cheguei. Ela me disse que você estava no interior do castelo. 

—  Sai  do  convento  com  ajuda  da Madre  Superiora  e  retornei  a Misterly  para  procurar 

mamãe e a Lora — assegurou Elissa. — Mas não sabia que Tavis estava com o controle do castelo. 

Queria que ficasse e compartilhasse seu  leito, mas eu não quis. Sabia que não poderia mantê‐lo 

afastado durante muito tempo, assim procurei a ajuda de Dermot e fiz planos para escapar pelo 

túnel. Escolhemos esta noite porque o  frio  tão horrível que  faz  levou a  todo mundo procurar o 

calor de suas camas em lugar de entreter‐se no salão. 

Damian  sentiu  inchar  o  coração  de  orgulho.  Ninguém  exceto  Elissa  podia  executar 

semelhante proeza. 

— É uma maravilha, amor. Dou graças a Deus por sua coragem. Meus homens continuam 

vivos? 

— Sim, estão vivos. 

— Onde se encontram? 

— Eu sei onde estão, senhoria —  interveio Dermot. — Faz que as mulheres continuem seu 

caminho e eu mostrarei o lugar. Vieste sozinho? 

— Não, os homens que me acompanharam a Londres virão em seguida. 

— Deixa que vá contigo — suplicou Elissa. — Eu posso ajudar. 

— Leve sua mãe e a sua irmã a um lugar seguro, amor — disse Damian. — Espera dentro da 

cabana com Nana até que envie alguém a ti. 

—  Quem  cuidará  de  suas  costas?  —  perguntou  Elissa.  —  São  muitos  mais  que  vocês. 

Necessita‐me. 

— O  fator  surpresa está de nosso  lado. Gordon não  conhece a existência do  túnel e não 

esperará um ataque em uma noite como esta. 

— Damian, deixa que... 

—  Elissa, me  obedeça  nisto.  Não  serei  capaz  de me  concentrar  sabendo  que  você  está 

dentro do castelo. Acaso não sabe que te amo? 

— Ama‐me? 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Mais  que  a minha  vida.  Sei  a muito  tempo, mas  não  conseguia  encontrar  as  palavras 

adequadas para expressar o que alberga meu coração. A  ideia de perdê‐la me deu a coragem de 

despir minha alma. 

— OH, Damian, eu  também  te amo, mas sentia medo de que não correspondesse a meus 

sentimentos. 

— Sinto ter demorado tanto em dizer isso. Por favor, se cuide para mim, amor. E agora vete 

e leve a sua mãe e a sua irmã contigo. 

— Me fará saber quando posso voltar? 

— No mesmo instante em que saiba. 

Elissa assentiu e agarrou o lampião que Dermot ofereceu. Damian tocou seu ombro e a virou 

para si. 

— Elissa, amo‐te — declarou, e logo a beijou. 

 

 

Capítulo 21 

 

 

— Já estamos quase no final do túnel — assegurou Dermot. — Sir Richard e os outros estão 

prisioneiros no armazém que há ao lado do arsenal. 

— Conheço essa  sala —  respondeu Damian. — É um quarto  grande e  sem  janelas que o 

anterior senhor de Misterly utilizava como cárcere provisório. 

—  Se me  lembro  bem,  tem  uma  barra  de madeira  que  se  encaixa  do  lado  de  fora.  Está 

vigiada a sala? 

— Sim, mas lorde Alpin pouco a utilizava. Há um guarda, mas certamente estará dormindo. 

Já chegamos, meu senhor — sussurrou Dermot enquanto apagava o lampião e abria a porta. 

Damian entrou atrás do Dermot e olhou o salão vazio. Não viu mais que as chamas dançando 

na lareira e uma sala vazia envolta em sombras. Saiu do túnel, mas permaneceu escondido sob as 

escadas até que Dermot se uniu a ele. 

— Espera Jem e os outros aqui — ordenou Damian. — Vou liberar sir Richard e o resto dos 

meus homens. Não demorarei muito. 

Damian  cruzou  silenciosamente  o  salão  em  direção  às  estreitas  escadas  que  levavam  ao 

arsenal. Grudado contra a parede, desceu lentamente os degraus. Quando chegou ao final, olhou 

após a esquina para a sala que se utilizava para armazenar o armamento antigo e as armas mais 

modernas que utilizavam os guardas da fortaleza. Um lampião pendurado do teto revelava a figura 

de um homem deitado sobre um banco, ao que parece profundamente adormecido. Movendo‐se 

silenciosamente, Damian o deixou  inconsciente com um golpe certeiro na cabeça  infligido com a 

culatra de sua pistola. 

Logo dirigiu sua atenção ao armazém no qual estavam confinados seus homens. Só demorou 

um instante em levantar a barra e abrir a porta de par em par. 

— Estão livres. Saiam — exclamou Damian. 

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Sabor do Pecado 03

 

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Sir Richard saiu, entrecerrando os olhos ante o repentino resplendor de luz. 

— É você, Damian? Por todos os diabos, é a última pessoa que esperava ver. Como entraste 

no castelo? 

Um grande número de homens saiu do armazém. 

— Explicarei isso mais tarde. Encontra‐se todo mundo bem? 

— Mais ou menos — reconheceu Richard. — Graças a Deus que apareceste agora. Estamos 

preparados para recuperar o castelo. 

— Primeiro devem se armar — disse Damian enquanto ele mesmo escolhia uma espada. — 

Escolham suas armas no arsenal e façam em silêncio, ou despertaremos aos Gordon de seu sono. 

Um  homem  arrastou  o  imóvel  guarda  até  o  armazém  e  fechou  a  porta  trancando‐a 

enquanto os outros escolhiam as armas que mais lhes convinham. 

— Estamos preparados — disse sir Richard. Sir Brody se colocou ao lado de Damian. 

— Estou preocupado por lady Marianne e pela Lora. Poderiam correr perigo. 

— Já não estão no castelo — respondeu Damian. — Elissa as levou num lugar seguro. 

— Elissa esteve aqui? — perguntou sir Richard. — Não fazia  ideia. E Maggie? Escapou com 

Elissa e com as demais? 

— Não vi Maggie, Dickon. Não estava com Elissa. 

Damian chegou ao alto das escadas e guiou a seus homens através do salão vazio. Dermot 

surgiu  de  entre  as  sombras.  Então,  Jem  e  os  homens  que  seguiram  Damian  através  do  túnel 

fizeram sua aparição. 

— Tiveste êxito — alegrou‐se Dermot. — Espero que seus homens estejam bem. 

— Sim. Estão bem. Aproximem‐se todos para receber ordens. Jem, sobe com dois homens 

aos  parapeitos  e  desarmem  aos  guardas.  Não  os  matem  a  menos  que  seja  absolutamente 

necessário. 

— Sim, meu senhor — respondeu Jem enquanto ele e dois homens se separavam do grupo e 

se fundiam entre as sombras. 

— Sir Brody, dou por certo que há guardas no pátio, e também na guarita de vigilância — 

continuou Damian. — Leve a dois homens contigo. Já sabe o que deve fazer. 

— Sim, meu senhor — respondeu Brody. 

— Dickon, te reservo o trabalho mais perigoso de todos. Quantos Gordon há no castelo? 

— Ao menos há cinquenta homens — recordou Dickon. — Escutei a dois guardas falando e 

um  deles  dizia  que  a metade  dos  homens  retornaram  a  suas  casas  com  suas  famílias. Os  que 

ficaram estão dormindo nos barracões. 

Damian digeriu aquela informação. 

— Leve os homens que restam aos barracões, Dickon. Deve deter o inimigo e encerrá‐lo no 

armazém até que eu possa enfrentá‐los. Recorda o que disse sobre o derramamento de sangue. 

Evita‐o se puder. 

— Considera‐o feito, Damian. Pelo que vejo, vai você mesmo atrás do chefe dos Gordon. 

— Sim — Damian se virou para o Dermot. — Onde encontrarei a esse bastardo? 

— Ficou com seu quarto — respondeu Dermot. — Irei contigo. 

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 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

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— Não.  Procura Maggie.  Se  assegure  de  que  fique  na  sala  das mulheres — Damian  não 

queria que nem o idoso nem Maggie fossem feridos. 

—  Obrigado  por  pensar  em  Maggie  —  sussurrou  Dickon  enquanto  se  dirigia  para  os 

barracões. 

Com uma expressão grave e decidida no rosto, Damian cruzou o salão e subiu pelas escadas 

para a torre. Deteve‐se frente à porta de seu quarto, tirou a espada com uma mão, girou o trinco 

com a outra e abriu a porta. 

O  som  foi  quase  inaudível,  mas  provocou  uma  resposta  imediata  em  Tavis  Gordon. 

Levantou‐se da cama de um salto, sua nua figura se mostrava ágil e flexível sob o resplendor do 

fogo da lareira enquanto ia em busca de sua espada, que estava apoiada contra a parede. 

— Como entraste aqui? — bramou Gordon. 

—  Cresceram‐me  asas  e  entrei  voando —  zombou  Damian. —  Te  renda,  Gordon. Meus 

homens recuperaram o controle do castelo. 

— Não acredito em você — Falou Gordon lançando uma estocada com a espada. 

Damian esquivou com facilidade a afiada ponta e elevou sua própria espada para defender‐

se. 

— Enquanto falamos, meus homens estão rodeando aos membros de seu clã e encerrando‐

os no armazém. Está sozinho, Gordon. Aconselho‐te muito a sério que baixe a espada. 

—  Jamais!  —  bramou  Gordon.  —  Roubou  minha  mulher.  Tanto  Elissa  como  Misterly 

deveriam ser meus. Alpin Fraser me prometeu ambas as coisas. Matarei‐te! 

Levantando a espada com ambas as mãos, Gordon  se  lançou brutalmente contra Damian, 

sem saber que carecia das habilidades de Damian como espadachim. Damian riu ante os  torpes 

esforços  de Gordon  e  esquivou  com  facilidade  a  folha  da  espada.  Então  se  lançou  à  ofensiva, 

atacando e dando estocadas até que Gordon ficou encurralado em um canto. 

Gordon se lançou furiosamente contra Damian, mas deve ter percebido que a derrota estava 

muito perto porque começou a gritar: 

— Um Gordon! Um Gordon! 

— Ninguém  virá em  sua  ajuda, Gordon. Baixa  a espada  antes que me  veja obrigado  a  te 

matar. 

— Não se eu o mato antes, inglês! 

Damian  lançou  uma  estocada  enquanto  se  agachava  e  fazia  uma  gingada  para  evitar  a 

espada  de Gordon. O metal  se  chocou  contra  o metal  uma  e  outra  vez  enquanto  as  folhas  se 

cruzavam em um duelo de força. 

O corpo nu de Gordon estava sulcado de sangue, e um golpe de sorte  fizera um corte no 

ombro de Damian, mas nenhum dos dois homens queria  reconhecer  seus  ferimentos. Cansado 

daquele jogo, 

Damian levou com destreza aquele cruzamento de espadas para seu inevitável final. 

O seguinte movimento de Damian ocorreu  tão depressa que Gordon não conseguiu reagir 

com a suficiente rapidez. 

A  espada  dele  foi  tirada  de  sua mão  ao mesmo  tempo  que  a  ponta  da  folha  de Damian 

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Sabor do Pecado 03

 

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pressionava um ponto vulnerável no pescoço do Gordon. 

— Adiante, bastardo, me mate! — desafiou‐o Gordon. 

— Isso seria muito fácil — soltou Damian. — Se vista. 

Um ruído na porta distraiu Damian, que se virou  ligeiramente, soltou uma maldição ao ver 

Elissa de pé na soleira. 

— Que diabos está fazendo aqui? 

— Precisava vir. Não podia suportar não saber o que estava acontecendo. E se você estivesse 

ferido? 

Aquela  breve  distração  brindou  ao Gordon  uma  nova  oportunidade.  Pegou  a  espada  e  a 

lançou contra Damian, que instintivamente se agachou quando a lâmina passou roçando por cima 

de sua cabeça. 

Elissa gritou quando a ponta da espada atravessou sua manga e foi se cravar no batente da 

porta. Com o coração pulsando a toda velocidade pelo medo, Damian correu a seu lado, temendo 

que estivesse gravemente ferida. 

De  repente, Gordon o empurrou para o  lado e estiveram  a ponto de  ficarem enroscados 

quando  saiu precipitadamente pela porta. Preocupado  como estava por Elissa, Damian não  fez 

ameaça de detê‐lo. 

Agarrou o punho da espada do Gordon, tirou‐a do batente e a jogou em um lado, aliviado ao 

ver que não havia sangue que manchasse a folha. 

— Está ferida, amor? — perguntou a Elissa estreitando‐a entre seus braços. 

— Não, a espada não tocou minha pele. 

Damian a agarrou pelos ombros e a abraçou com mais  força. — Graças a Deus. Deveria te 

dar  umas  boas  palmadas  por me  ter  desobedecido,  embora  preferisse mil  vezes  te  beijar — 

separou‐a de si a contra gosto. 

— Mas teremos que esperar. Tenho um assunto pendente com Gordon. Fique aqui. Esta vez 

faz o que te digo. 

Assim que deu a volta, um grito dilacerador ressonou pela escada, arrepiando os pelos de 

sua nuca. Fazendo um gesto a Elissa para que ficasse ali atrás, Damian correu pelo corredor para 

os  traiçoeiros degraus de pedra. Quando chegou abaixo, viu Dermot  inclinado sobre uma  figura 

imóvel estendida a seus pés. 

— Gordon? — perguntou ajoelhando‐se para examinar o corpo. 

— Sim — respondeu Dermot. — Quebrou o pescoço. Você e Elissa estão bem? Vi como te 

seguia até a torre. 

— Estou bem — disse Elissa atrás de Damian. Damian se virou e a olhou fixamente. 

— Acreditei que te disse que ficasse onde estava. 

— Quando eu fiz o que você me diz? — perguntou ela com descaramento. — É Tavis? Está 

morto? 

— A  resposta  a  ambas  as  perguntas  é  sim.  Sinto muito,  amor,  nunca  foi minha  intenção 

matá‐lo. 

— Não o sinta, Damian. Tavis perdeu todo meu respeito  faz tempo. Mamãe estava contra 

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Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   217

esse matrimônio desde o começo; era papai quem desejava que se celebrasse. Tanto Tavis como 

eu  odiávamos  aos  ingleses,  mas  não  estávamos  de  acordo  a  respeito  de  não  querer  mais 

derramamento de sangue. Já houve suficiente para toda uma vida. O que Tavis planejava poderia 

nos ter destruído. 

— Seus dias de traição terminaram — disse Damian se levantando quando viu Jem dirigindo‐

se para ele com passo firme. 

— Os guardas do parapeito já não são uma ameaça para nós — informou Jem. 

Antes  de  que  Damian  pudesse  responder,  sir  Richard  e  sir  Brody  retornaram  de  suas 

missões. 

— Os homens do Gordon foram cercados e confinados no armazém — disse sir Richard. 

— Apresentaram dura batalha? 

— Não,  foi um golpe sem derramamento de sangue. Renderam‐se sem  lutar assim que os 

despertamos. 

— Os guardas do pátio  jogaram as armas quando nos viram, e  tivemos que despertar ao 

sentinela da porta para que pudesse render‐se — informou a sua vez sir Brody. 

— É este o  chefe dos Gordon? — perguntou Richard dando um  golpezinho  com o pé no 

corpo sem vida de Tavis. — Está morto? 

— Sim — respondeu Damian. — Caiu pelas escadas e rompeu o pescoço. 

— Que alívio — disse Richard. — Parece que Misterly volta a ser teu. Viu Maggie? 

— Eu deixei Maggie na sala das mulheres — interveio Dermot. 

— Irei procurar  lady Marianne e Lora se me disser onde posso as encontrar — ofereceu‐se 

sir Brody. 

— Eu te mostrarei o caminho — disse Dermot. Damian assentiu e os dois homens partiram. 

— O que vamos fazer com Gordon? — perguntou sir Richard. 

— No momento,  levar seu corpo ao abrigo das  ferramentas. Os outros são  livres para  ir à 

cama. Não espero mais problemas. 

— De verdade  terminou  tudo, Damian? — perguntou Elissa. — De verdade o  rei deu  sua 

bênção a nosso matrimônio? 

— Tudo terminou, querida — Damian estendeu a mão. — Vamos para cama? 

Agarrados pela mão, subiram as escadas que levavam ao quarto de Elissa. Estava a ponto de 

amanhecer;  o  céu  estava  se  transformando  do  negro  a  cinza  no  leste,  quando Damian  ajudou 

Elissa a despir‐se. 

Logo a agarrou nos braços,  levou‐a até a cama e a colocou sob a colcha. Sentiu seu olhar 

seguindo‐o enquanto ele tirava a roupa e lavava o sangue do corpo. 

— Está ferido! — exclamou Elissa. 

— É só um arranhão. 

— Deixe que eu trate isso. 

— Não é necessário. Já deixou de sangrar. 

Suspirando de prazer, Damian se reuniu com ela na cama e a estreitou entre seus braços. 

Elissa se aconchegou contra ele. 

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Sabor do Pecado 03

 

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— Sentia medo de que não voltássemos a estar juntos assim nunca mais. 

— Eu também, meu amor. 

— Faça amor comigo, Damian. 

— Está segura? Deve estar exausta. 

— Não tão exausta para não fazer amor com meu marido. 

Com a boca, as mãos e a  língua, Damian a beijou, acariciou‐a e a  levou para uma paixão 

desatada  até  que  o  corpo  de  Elissa  se  converteu  em  uma  ardente  chama  de  fogo  entre  seus 

braços. Amaram‐se, descansaram, voltaram a se amar, e finalmente se dispuseram a dormir. 

De repente, Elissa se ergueu e se apoiou sobre um cotovelo. — Damian! Acorda! 

— Não acredito que possa estar à altura da ocasião até dentro de pelo menos uma hora — 

murmurou Damian meio adormecido. 

— Por favor, Damian, isto é importante. 

— Não pode esperar? Ambos estamos esgotados. 

— Suponho que sim, mas pensei que você gostaria de saber que estou esperando teu filho. 

— Mm, isso está bem. 

Decepcionada  pela  reação  de  Damian,  Elissa  suspirou  e  voltou  a  se  deitar.  De  repente, 

Damian se ergueu de um salto. — O que foi que disse? 

— Vou ter teu filho. 

— Por que não me disse? 

— Acabo de fazê‐lo. Tem razão, melhor dormir. Isto pode esperar outro momento. 

— Nem pensar! Desde quando sabe? 

— Já suspeitava antes de que fosse presa e me levassem a Londres. 

Damian a estreitou entre seus braços e o sentiu estremecer enquanto a apertava contra ele. 

— É um milagre que não tenha perdido o bebê depois de tudo o que passaste. 

— Está contente? 

— Extasiado.  Fundaremos uma nova dinastia para Misterly — Damian  ficou pensativo. — 

Nana tinha razão, verdade? 

— Sim, mas eu não quis acreditá‐la. Disse que teríamos um varão. 

— Varão ou mulher,  isso não tem  importância. Estou seguro de que este não será o único 

filho que concebamos  juntos. Amo‐te, Elissa. Fui um estúpido ao não me dar conta. Poderá me 

perdoar por te ter tratado como o fiz? 

— Sim, meu amor. Eu não me mostrei precisamente relutante a proclamar meu ódio pelos 

ingleses. Quem teria imaginado que o Cavalheiro Demônio tinha um coração doce? 

— Nem eu mesmo sabia até que uma moça das Terras Altas entrou em minha vida. Você 

encontrou algo em meu interior que eu não fazia ideia de que existisse. 

Elissa suspirou meio adormecida. 

— E eu encontrei a meu único e verdadeiro amor. 

Dormiram a maior parte do dia e finalmente saíram do dormitório para participar do jantar. 

Sua  aparição  foi  causa  de  celebração,  e  todo mundo  elevou  suas  taças  para  eles  em  gesto  de 

saudação. 

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Sabor do Pecado 03

 

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O recebimento de Marianne e Lora tampouco ficou para trás. Todo mundo começou a falar 

ao mesmo tempo enquanto serviam a comida e a desfrutavam com gosto. 

Quando comeu até se saciar, Damian pediu a sir Richard que levasse os prisioneiros ao salão. 

— O que vais fazer com eles? — perguntou Elissa. 

— Enviá‐los a Londres, suponho. 

— Precisa  fazê‐lo? Sem Tavis criando problemas, os Gordon  já não representarão nenhum 

incômodo para a Inglaterra no futuro. 

Damian ficou olhando ela fixamente. — Está sugerindo que os deixe livres? 

— Sim. A maioria dos homens tem famílias que manter, e não foi nada fácil para eles. Muitos 

vivem em covas ou em cabanas rudimentares que não são sequer habitáveis. Peça a esses homens 

que jurem fidelidade a você e solta‐os. 

Damian ficou pensativo. 

— Esta me pedindo muito, Elissa. 

— Por favor, só fala com eles. Se se mostrarem obstinados, envia‐os a Londres, mas dê uma 

oportunidade de se redimirem. 

— É muito compassiva, meu amor. 

— Por favor, Damian, tenta fazer as pazes com os Gordon por mim. Perderam a seu chefe, a 

rebelião foi cortada pela raiz. 

Sir Richard retornou com os prisioneiros antes de que Damian pudesse responder à petição 

de Elissa. 

— Foram declarados fora da lei — disse Damian aos carrancudos prisioneiros. — Se os envio 

a Londres, o mais provável é que os condenem à forca. Têm algo a dizer a seu favor? 

Os Gordon se mexeram incômodos, e então um deles deu um passo adiante. 

— Estamos a sua disposição, meu senhor. Nosso chefe morreu; não há ninguém entre nós 

que deseje continuar com o que ele começou. Temos famílias que alimentar e que vestir. Não há 

suficiente comida para que possamos seguir adiante, e nossos filhos morrem de fome. 

Damian escutou com atenção. Logo se virou para Elissa. — Você o que diz, esposa? 

O  coração  de  Elissa  deu  um  tombo  de  alegria.  De  verdade  Damian  ia  permitir  que  ela 

decidisse o destino daqueles homens? 

— Eu me inclino pela benevolência — assegurou. — Mas é meu marido quem deve decidir. 

Quantos de vocês estariam dispostos a jurar fidelidade ao senhor de Misterly? 

Fez‐se uma  longa pausa, e  logo, um a um,  todos os homens  fincaram um  joelho no  chão 

diante de Damian. Damian se levantou, abriu os braços e disse: 

— Que assim seja. A minha esposa  ficaria satisfeita que  trouxessem suas mulheres e seus 

filhos das montanhas e formassem seu  lar no povoado. As terras de Misterly são vastas. Sempre 

são necessários pastores e granjeiros. Eu proporcionarei os materiais para que possam construir 

cabanas que deem proteção a suas famílias. 

O silêncio caiu sobre o grupo. Logo começaram os vivas. 

Damian elevou uma mão para pedir silêncio. 

— Têm minha permissão para  levar o  corpo de Tavis Gordon a  sua  família e que possam 

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Sabor do Pecado 03

 

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enterrá‐lo, logo retornarão a Misterly com os seus. Jem, te ocupe de tudo. 

— Obrigado, Damian — sussurrou Elissa. — Estou segura de que não te arrependerá. 

Quando os Gordon saíram, sir Richard deu um passo adiante e clareou a garganta. 

— Damian, posso falar um momento contigo? 

— É obvio, Dickon, de que se trata? 

— Bom, estive pensando nisto durante algum tempo — seu olhar se dirigiu para Maggie e 

Dickon estendeu a mão. Sorrindo, a jovem se aproximou e pôs a mão sobre a sua. 

— Maggie e eu solicitamos sua permissão para nos casar. 

Elissa ficou de pé de um salto. 

— OH, Maggie, quanto me alegro por ti! Sei o muito que amas a sir Richard. 

—  Dou  por  certo  de  que  se  trata  de  um matrimônio  por  amor? —  perguntou  Damian 

arrastando as palavras. 

Sir Richard sorriu a uma ruborizada Maggie. 

— Nunca acreditei que pudesse me acontecer, mas sim, é um matrimônio por amor. 

—  Então  tem  minha  aprovação  —  Damian  sorriu  de  orelha  a  orelha.  —  Quando 

celebraremos as bodas? 

— Assim que... 

— Um momento —  interrompeu  sir Brody  lançando  a Marianne um  tenro olhar. —  Lady 

Marianne e eu gostaríamos de celebrar uma bodas em dobro. 

Uma expressão de assombro cruzou o rosto de Damian. — Lady Marianne, desejas te casar 

com sir Brody? 

A dama sorriu com acanhamento. 

— Se estiver tudo bem para minha filha e para ti... sim, meu senhor. 

— Mamãe! Não  fazia  ideia de que estava pensando em  te  casar — exclamou Elissa. — É 

obvio que esta tudo bem, e estou segura de que Damian está de acordo. 

— Faremos uma grande celebração — disse Damian. —  Isto é  justo o que necessitávamos 

para unir aos clãs de novo pacificamente. 

— E o que acontece comigo? — perguntou Lora lamentosa. Damian riu. 

— Você é muito pequena para te casar, mas te prometo que terá o melhor marido destas 

terras assim que esteja preparada. 

—  Pode me  ajudar  a  preparar  as  bodas —  sugeriu  Elissa.  Aquilo  pareceu  aplacar  Lora, 

porque rodeou a sua irmã com os braços e deu um forte abraço. 

— Agora somos uma família, verdade, Damian? — perguntou timidamente. 

Damian a beijou na fronte. 

— Sim, pequena. Somos uma autêntica família. 

De repente, nana ficou de pé e ergueu sua taça para fazer um brinde. 

— Bebam  todos, bravos moços e  formosas moças. Bebam pelo novo senhor de Misterly e 

sua dama. Bebam pelo herdeiro que  espera nossa moça, e pela paz e  a prosperidade que  seu 

nascimento trará consigo. 

— Amém — disse Damian erguendo sua taça e tomando tudo de um gole. 

Page 221: Connie Mason - VISIONVOX€¦ · Connie Mason Sabor do Pecado 03 ** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. ** 2 Comentário da Revisora Aline: A

 

 Connie Mason

Sabor do Pecado 03

 

** Essa tradução foi feita apenas para a leitura dos membros do Talionis. **   221

Todo mundo ficou de pé e saudou o senhor e a senhora de Misterly. 

Damian sorriu a Elissa e logo a sentou em seu colo para beijá‐la sonora e apaixonadamente. 

Todo mundo riu e aplaudiu quando Damian a agarrou nos braços e a levou dali. 

Mas os amantes não ouviam mais que o batimento de seus corações, nem viam outra coisa 

além do amor que brilhava nos olhos um do outro. 

— Amo‐te, minha maravilhosa moça escocesa — sussurrou Damian estreitando‐a contra seu 

coração. 

— Eu também te amo, meu feroz Cavalheiro Demônio. 

 

Fim 

 

 

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