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= Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa 4 a UO Proc. n." 2465/10.3BELSB Intervenientes: Autor: Arlindo da Silva Vinagre; Réu: Ordem dos Advogados. Exma. Senhora Dra. Sônia Pacheco Rua 31 de Janeiro, 176 - 2" 4000-542 Porto Intimação para defesa de direitos I Data: 25/11/2010 liberdades e garantias Assunto: Notificação - Sentença Fica deste modo V. Ex." notificado, relativamente ao processo supra identificado, de todo o conteúdo da sentença de que se junta cópia. Junto se envia cópia de fls. 55 a 92. Lisboa, 25 de Novembro de 2010 o Oficial de Justiça, ra __ Fernanda Henriques rribunal :\dmíninrntiwl de Cin:ulQ de Li:.bpa :.....:.: Av." D iI. 1.'_18.(:1!. blo;;",G f{ (" -;.' 1 Çi()r.l.mn Lisboa 1.ii ::; lS3{>-! fax: 1.: I :,-I5! SS :;----.;.;-7 ';''---l..!.'fn::-: 3

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= Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa

4a UO

Proc. n." 2465/10.3BELSB

Intervenientes: Autor: Arlindo da Silva Vinagre; Réu: Ordem dos Advogados.

Exma. Senhora Dra. Sônia Pacheco Rua 31 de Janeiro, 176 - 2" 4000-542 Porto

Intimação para defesa de direitos I Data: 25/11/2010 liberdades e garantias

Assunto: Notificação - Sentença

Fica deste modo V. Ex." notificado, relativamente ao processo supra identificado, de todo o conteúdo da sentença de que se junta cópia.

Junto se envia cópia de fls. 55 a 92.

Lisboa, 25 de Novembro de 2010

o Oficial de Justiça, ra __ ~l(? Fernanda Henriques

rribunal :\dmíninrntiwl de Cin:ulQ de Li:.bpa :.....:.: Av." D .IÜ~.l iI. 1.'_18.(:1!. blo;;",G f{ (" -;.' i!i$~s_ 1 Çi()r.l.mn Lisboa

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Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa

Processo n."2465/10.3BELSB

Conclusão: 2010.1l.24

* Folhas 55 e sel!llÍIltes: notifique a resposta da entidade requerida ao requerente.

***

I - Arlindo da Silva Vinagre, residente na Alameda D. Pedro V, n,024, 1°

Direito, Frente, 4400-115 Vila Nova de Gaia, vem propor contra a Ordem dos

Advogados, com sede no Largo de São Domingos, 14, 1.0, 1169-060 Lisboa, intimação

para a protecção de direitos, liberdades e garantias, formulando os seguintes pedidos:

- declaração da ilegalidade das nonnas constantes nos artigos 9,oA e 10.° do

Regulamento Nacional de Estágio - Regulamento n,052-N2005, publicado no Diário da

República, n.0146, II Série, suplemento de 1 de Agosto de 2005, com as alterações

introduzidas pela Deliberação n.o 3333-N2009 do Conselho Geral da Ordem dos

Advogados;

e

- condenação da Ordem dos Advogados portugueses a reconhecer o direito do

requerente à inscrição como Advogado Estagiário sem a realização e aprovação prévia

do exame de acesso ao estágio, e a aceitar a inscrição da requerente no curso de estágio

di: 2010 a iniciar no próximo dia 13 de Dezembro de 2010.

Como fundamentos da sua pretensão, alega, e em síntese, o seguinte:

- o requerente é 'licenciado em direito pela Universidade Lusófona do Porto,

tendo concluído a sua licenciatura em 20 de Outubro de 2010 e, como a maioria dos

restantes licenciados em Direito, o requerente, findo o curso, pretendeu inscrever-se na

Ordem dos Advogados, para fazer o estágio e dessa fonna aceder ao exercício da

profissão de advogado;

Tnounal Administrativo de Circulo de Lisboa @Av.D.Jo'oIl.BlotOGpis06.9.n'LOR,OI t t/)~1Il Lisboa

'íl218367100Fax:211545188 E-mail: 1:o:retcWisbo~taf.rnj.pt

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. _ em 3 de Novembro de 2010 apresentou um requerimento junto da Ordem dos

Advogados, no sentido de saber se poderia, ou não, inscrever-se no curso de estágio,

com vista ao ingresso na Advocacia;

- o próximo curso de estágio da Ordem dos Advogados vai ter início no dia 13

de Dezembro de 2010, terminando as inscrições para frequência do mesmo dia 17 de

Novembro de 2010;

- em 11 de Novembro de 2010 foi notificado da decisão da Ordem dos

Advogados que indeferiu o pedido de inscrição do requerente, com fundamento em que

a licenciatura foi obtida no âmbito do "Processo de Bolonha", sendo exigido ao

candidato para a inscrição no curso de estágio não só a licenciatura em Direito, mas

também a realização e aprovação no exame de acesso, actualmente previsto no artigo

9.oA do Regulamento Nacional de Estágio;

- tal decisão é ilegal pois nos termos do artigo 187.° do Estatuto da Ordem dos

Advogados, a licenciatura em Direito é condição bastante para obter a sua inscrição na

Ordem dos Advogados;

- o Conselho Geral da Ordem dos Advogados deliberou na sessão plenária de

28.10.2009 e de 10.12.2009 aprovar uma alteração do Regulamento Nacional de Estágio

(52-N2005, publicado no Diário da República n.0146, 2: série, suplemento de

01.08.2005), exigindo agora a realização de um exame nacional de acesso ao estágio

para os candidatos que tenham obtido a sua licenciatura após o processo de Bolonha;

- em cumprimento deste novo artigo (artigo 9.oA) e da alteração do artigo 10.° do

Regulamento, o ora requerente teria de se sujeitar a um exame nacional, para poder

aceder ao curso de estágio;

- tal norma é ilegal e mesmo inconstitucional, por violar os artigos 187.° e 188.°

do Estatuto da Ordem dos Advogados, e os artigos 18.°, 47.°, 112.°, n."7 e 13."da

Constituição da República Portuguesa.

* Citada a Ordem dos Advogados veio apresentar a sua resposta, na quàl suscita a

inidoneidade do meio processual e, sem conceder, pugna pela improcedência da

intimação, alegando, e em síntese, o seguinte:

Tnounal Administrativo de Circulo de Lisboa BAv.D. JoãoD. Bloco G piso 6·8.n'L08.0l ~ J05().113 Lisboa

il218367100 Fa" 211545188 E-mail: correio@lísroa.t2ímj.pt

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- a intimação prevista no artigo 109.0 do CPTA não é a via nonnal de reacção a

utilizar em situações de lesão ou ameaça de lesão de direitos, liberdades e garantias, a

via nonnal é a instauração de uma acção administrativa não urgente, comum ou

especial, com um pedido de decretarnento de providências cautelares, com vista a

assegurar a utilidade da decisão proferida no processo principal - o processo previsto

nos artigos 109.0 e seguintes do CPTA, é um meio processual subsidiário e residual de

tutela;

- o processo de intimação para protecção de direitos, liberdades e garantias deve

ser de aplicação/utilização subsidiária face à possibilidade legal de instauração de acção

administrativa não urgente, conjugada com a instauração de procedimento cautelar, com

possibilidade de decretação provisória de medidas cautelares;

- o requerente não preenche com o objecto da sua intimação os requisitos legais

cumulativos que poderiam levar à conclusão de que o meio processual é o adequado e

de que o seu pedido é procedente;

- o requerente pretende impugnar uma norma jurídica de natureza regulamentar

(o artigo 9.oA, n.oI do Regulamento Nacional de Estágio) e para a impugnação de

nonnas regulamentares deve o particular, imperativamente, utilizar o meio processual

principal adequado e não urgente, a acção de impugnação de nonnas prevista nos

artigos 72.° e seguintes do CPTA;

- à situação dos autos é imperativamente aplicável o meio processual principal

de declaração de invalidade de nonna, previsto no artigo 73.°, n."2 do CPTA;

- a intimação requerida tem como pressuposto necessário a recusa de aplicação

do artigo 9.° A, n. °1 do RN'E, com efeitos circunscritos ao caso concreto do requerente,

o que corresponde integralmente ao eventual conteúdo de mérito no quadro do meio

processual previsto no artigo 73.°, n.02 do CPTA, isto é, a requerente pretende obter um

efeito apenas alcançável através do meio processual previsto naquele artigo 73.°, n."2 do

CPTA;

- o Regulamento Nacional de Estágio da Ordem dos Advogados (Regulamento

n.052-A/2005, de 1 de Agosto) foi objecto de alteração através da Deliberação n.03333-

A/2009 do Conselho Geral da Ordem dos Advogados, publicada no Diário da

República, II Série, n'"242, de 16 de Dezembro de 2009;

TnõWllll Administrativo de Círculo de Lisboa !B!A". D.loãoll. mo", G piso 6-8. n·1.08.oJ L I05().1l3 Lisboa

'jf 218367100 Fax: 211545188 E-mail: cO::ieio~Jfsbv;!.tafmj.pt

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- no artigo 9.OA, n.o 1 daquele Regulamento estabelece-se que a inscrição

preparatória dos candidatos que tenham obtido a sua licenciatura após o processo de

Bolonha será antecedida de um exame de acesso ao estágio, com garantia de anonimato,

organizado a nível nacional pela CNA ou por quem o Conselho Geral designar;

- a Ordem dos Advogados entende que aquela alteração ao Regnlamento é

coerente com o papel conferido à Ordem enquanto sujeito activo de poderes devolvidos

pelo Estado, no desenvolvimento dos direitos fundamentais consagrados nos artigos

20.°, n."2 e 32.°, n."2 da Constituição, e ainda no desenvolvimento infraconstitucional da

garantia fundamental deferida aos cidadãos, nos termos do prescrito pelo artigo 208.° da

Constituição;

- a norma regulamentar em causa estabelece que a partir da sua entrada em

vigor, a partir do dia 1 de Janeiro de 2010, a inscrição dos licenciados como candidatos

a estágio na Ordem dos Advogados é precedida por um exame de acesso e com tal

norma pretendeu o Conselho Geral da Ordem zelar pela eficácia da formação e da

valorização profissional, bem como acompanhar a evolução dos candidatos à advocacia

na admissão à Ordem dos Advogados como membros efectivos, prevenir a diminuição

generalizada da qualidade dos candidatos à Ordem dos Advogados, assim impedindo a

degradação da profissão, com perda da sua secular dignidade funcional e prestígio

social;

- a Ordem dos Advogados tinha e tem atribuições e competências

regulamentares próprias e as associações profissionais públicas, como é a Ordem dos

Advogados, podem e devem elaborar e aprovar regulamentos independentes, como

corolário da sua autonomia normativa;

- não se pode defender que o direito de escolha de profissão nomeadamente de

Advogado é constitucionalmente ilimitado, pois o legislador constitucional

expressamente previu que o direito de escolha da profissão é passível de ser restringido

em função do interesse colectivo ou da própria capacidade, o legislador ordinário

expressamente previu limitações no acesso à profissão de advogàdo, o legislador

ordinário remeteu para o poder regulamentar autónomo da Ordem dos Advogados a

indicação das normas a que obedece a inscrição;

Tribunil Administrativo de Circuln d~ Lisboa

!>3iAv4 D.João n. Bloco Gpiso 6-8, n"J.08.0l 1. 1051)...113 Lisboa "ir 218367IroFa~ 211.545188

E-rr-.zJI: correio:@tisbo.a.taf.r.J.j.pt

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- a liberdade de ingresso na profissão de Advogado sempre esteve restringida

como o demonstram o facto de a lei ter estabelecido que apenas os licenciados em

direito podem requerer a inscrição na Ordem dos Advogados (artigo 187.°, do EOA), ter

disposto que a inscrição inicial não confere ao candidato o direito ao exercfcio pleno de

actos próprios da profissão (artigos 188.°, n.os 2 e3 e 189.odo EOA), ter determinado que

apenas após a realização de uma l.a fase de estágio poderá o candidato exercer actos

próprios da advocacia, embora ainda sujeito a competências muito limitadas (artigos

188.°, n.Os 2 e 4, e 189.° do EOA), ter estabelecido que apenas após a conclusão com

sucesso do estágio - que tem a duração global mínima de 24 meses, prorrogáveis e já

dele constavam um exame intermédio e outro final- é permitido ao interessado praticar

todos os actos próprios da profissão (artigos 184.°, e 188.°, n.05 do EOA);

- cabe à Ordem dos Advogados determinar, casuisticamente, e ponderando as

circunstâncias do momento histórico, os termos em que o acesso à profissão de

Advogado deve ser realizado, seja através da realização de um exame nacional de

acesso ao estágio, seja, por exemplo também através do aumento ou diminuição dos

prazos de duração das fases de estágio, seja através da instauração de maior ou menor

número de provas de aferição entre fases, não estando em causa qualquer restrição do

direito de escolha de profissão.

" II - Estão provados os seguintes factos:

I) Arlindo da Silva Vinagre obteve a licenciatura em Direito pela Universidade

Lusófona do Porto. Cfr. documento de folhas 23 dos autos.

2) Aquela licenciatura em direito foi obtida ao abrigo do processo de Bolonha (4

anos). Cfr. documentos de folhas 28, 30, 23 e 26 dos autos.

3) Em 3 de Novembro de 20 1"0 Arlindo da Silva Vinagre dirigiu ao Presidente da

Ordem dos Advogados do Conselho Distrital do Porto requerimento com o seguinte

teor:"Arlindo da Silva Vinagre, licenciado em Direito, residente na Alameda D. Pedro

Tribunal Administrativo de Circulo deLisb03. ~Av. D. João fi. Blo-:o G piso &.8, nOL08.01 I. 1050-113 Lisboa

ii: 218367100 Fax: 211545188 E-mail: [email protected]

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V, n."24, 1.0 Direito Frente, 4400-115 Vila Nova de Gaia, vem em termos respt;itosos

expor e requerer a V. Ex.' o seguinte:

1.0 A Licenciatura do exponente, foi obtida ao abrigo do Processo de Bolonha (4

anos) na Universidade Lusófona do Porto, conforme doc. I.

2.° Frequentou no ano lectivo 2009/2010, um Curso d Pós-Graduação em

Arrendamento Urbano na mesma Universidade Lusófona do Porto. Doc. 3

3.° No presente ano lectivo de 201012011, está a frequentar o Mestrado em

Direito, especialização em Ciências Jurídico-Forenses, também na Universidade

Lusófona do Porto. Doc. 4.

4.° Pretende inscrever-se na Ordem dos Advogados - Conselho Distrital do

Porto, para frequentar o próximo estágio, sem sujeição ao tão falado Exame de acesso

ao Estágio, com o qual não concorda.

5." Requer respeitosamente a V. Ex', se digne informá-lo, se a Ordem dos

Advogados - Conselho Distrital do Porto, aceita ou não a sua inscrição para frequentar

o estágio, sem sujeição ao citado Exame de aceso ao estágio."Cfr. documento de folhas

28 dos autos.

4) Em 9 de Novembro de 2010 Arlindo da Silva Vinagre dirigiu ao Presidente

do Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados requerimento com o seguinte

teor:"Arlindo da Silva Vinagre, que também pretende usar o nome abreviado de Arlindo

Vinagre, Licenciado em Direito, ao abrigo do Processo de Bolonha, pela Universidade

Lusófona do Porto, casado, gerente comercial, residente na Alameda D. Pedro V, n."24,

I.", Direito Frente, 4400-115 Vila Nova de Gaia, portador do Bilhete de Identidade

n.03776242 emitido em 17/0812007 pelo Arquivo de Identificação do Porto, contribuinte

Fiscal n."132274825, Código da Repartição de Finanças n."3204, encontrando-se no

pleno gozo dos seus direitos civis, requer a inscrição como Advogado-Estagiário, pela

Comarca do Porto, sem sujeição ao Exame de Acesso ao Estágio, com o qual não

concorda.

O requerente, para além da Licenciatura em Direito acima referida, possui uma

Pós-Graduação em Arrendamento Urbano, frequentada na Universidade Lusófona do

Porto, conforme documento junto.

Tribunal Adminimativo de Cfrcuto de lis:boa

i8)A\', D. João II. Bloco G piSD 6-8.nol.08.01 1.1050·113 Lisboa 'ii 218367100 FilYC 211545188 E-mail: [email protected]

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No presente ano Lectivo de 201012011, está a frequentar o Mestrado em Direito,

especialização em Ciências Jurídico-Forenses, também na Universidade Lusófona do

Porto, conforme também documento anexo.

Indica como Patrono o Dr. António Augusto da Silva, Advogado, com escritório

na Rua do Almada n.097, 2.° andar, 4050-036 Porto."Cfr. documento de folbas 29 dos

autos.

5) Pelo Departamento de Formação e Inscrições do Conselho Distrital do Porto

da Ordem dos Advogados foi enviado ao Dr. Arlindo da Silva Vinagre, ofício com data

de 08-11-2010, com o seguinte teor:"Pelo presente cumpre-me notificar V. Ex' do

despacho proferido pelo Senhor Presidente do Centro de Estágio deste Conselho

Distrital, com o teor que a seguir se transcreve:"Analisado o requerimento apresentado

pelo Sr. Dr. Arlindo da Silva Vinagre, cumpre decidir: 1- O artigo 187.° do Estatuto da

Ordem dos Advogados (EOA) dispõe que "podem requerer a sua inscrição como

advogados estagiários os licenciados em Direito por cursos universitários nacionais u

estrangeiros ( ... )".

II - A inscrição preparatória dos candidatos ao estágio é da competência dos

Conselhos Distritais, nos termos do artigo 50.°, n.ol, m) do EOA.

III - No entanto, com as alterações introduzidas ao Regulamento Nacional de

Estágio (Deliberação 3333-A/2009), publicadas no DR, 2" Série, n.0242, de 16 de

Dezembro de 2009, passou a exigir-se aos candidatos que tenham obtido a sua

licenciatura após o Processo de Bolonha, a realização de um exame de acesso ao

estágio, que antecede a inscrição preparatória (artigo 9.0 _A do RNE).

IV - Assim, face ao novo quadro regulamentar, em vigor desde I de Janeiro de

2010 - e sem prejuízo da nossa discordância relativamente a forma como tais alterações

foram introduzidas - dado tratar-se de licenciatura obtida no âmbito do "Processo de

Bolonha", o CDP não tem competência para aceitar e dar sequência ao presente pedido,

que, por isso, se indefere."Cfr. documento de folhas 30 dos autos.

6) O prazo de inscrição para o curso de estágio de 2010 termina no dia 17 de

Novembro de 2010. Acordo das partes.

TnDunal Admin.istr&tivo de Circulo de Lisboa

§Av. D. loao ll. Bloco Gpiso 6-8. 0'1.08.01.1. 1050-113 Lisboa 'ii' 218367100 Fax: 211545188

E-nrul: comio.§Iish:>a..taf.mj.pt

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7) O curso de estágio de advogado do ano de 20 10 terá início em 13 de

Dezembro de 2010. Acordo das partes.

* III. - O artigo 109° do CPTA estabelece os pressupostos da intimação para

protecção de direitos, liberdades e garantias.

O artigo 109.° estatui, no nOI, o seguinte:"A intimação para protecção de

direitos, liberdades e garantias pode ser requerida quando a célere emissão de uma

decisão de mérito que imponha à administração a adopção de uma conduta positiva ou

negativa se revele indispensável para assegurar o exercício, em tempo útil, de um

direito, liberdade ou garantia, por não ser possível ou suficiente, nas circunstâncias do

caso, o decretamento provisório de uma providência cautelar, seguindo o disposto no

artigo 131°."

A intimação para direitos liberdades e garantias pode ser utilizada quando a

emissão urgente de uma decisão de fundo do processo é indispensável para a protecção

de um direito, liberdade ou garantia, e não é possível ou suficiente o decretamento de

uma providência cautelar no âmbito de uma acção administrativa. Ou seja, são

pressupostos deste pedido de intimação:

a) a necessidade de emissão urgente de uma decisão de fundo do processo;

b) que tal decisão se revele indispensável para protecção de um direito, liberdade

ou garantia;

c) que não seja possível ou suficiente o decretamento provisório de uma

providência cautelar no âmbito de uma acção administrativa (comum ou especial).

A intimação para protecção de direitos, liberdades e garantias é um processo de

tramitação rápida e flexível que tem como finalidade obter a tutela de um direito

fundamental da categoria de direitos, liberdades e garantias, ameaçado, no seu exercício

útil, por um comportamento positivo ou omissivo da Administração Pública. Este meio

processual pressupõe que no caso concreto haj~ uma situação de natureza

improrrogável, que reivindica uma decisão judicial inadiável.

Este meio processual abrangerá no seu âmbito os direitos, liberdades e garantias

pessoais, como estabelece o artigo 20°, n05 da CRP, mas também os direitos liberdades

Tnounal Administrativo de- Circulo de Lisboa

!>!iAv. D. João D.BIo<o Gpiso 6-8, n'J.08.0I ~ 1050-113 Lisboa a 218367100 Fax: 211545188

E-;nall: correic:@lisb-Jatefrnj.p:

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• Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa

e garantias do Titulo TI, Parte I da CRP, incluindo os de natureza análoga (artigo 17° da

CRP).

A intimação para protecção de direitos, liberdades e garantias é um meio

processual principal de carácter urgente, que abrange os direitos, liberdades e garantias

pessoais, os direitos liberdades e garantias de conteúdo patrimonial e ainda os direitos

fundamentais de natureza análoga, por efeito da extensão do regime que decorre do

artigo 17° da Constituição. 1

Estabelece o artigo 47.°, n.ol da Constituição que "Todos têm o direito de

escolher livremente a profissão ou o género de trabalho, salvas as restrições legais

impostas pelo interesse colectivo ou inerentes à sua própria capacidade."

A liberdade de escolha de profissão é um direito fundamental (um direito

liberdade e garantia) que significa designadamente não ser impedido de escolher e

exercer qualquer profissão para a qual se tenham os necessários requisitos. Discute-se

nos presentes autos o acesso à profissão de advogado, especificamente o direito a ser

inscrito no estágio de advocacia, e à subsequente frequência do estágio, sem a

realização de uma determinada prova de acesso (que o requerente, ao invés da entidade

requerida, entende ser um requisito constitucional e legalmente ilegítimo). Está em

causa pois nos autos, em concreto, o direito fundamental consubstanciado no livre

exercício da profissão de advogado e de acesso a esta profissão. E, tal direito, está

abrangido pelo âmbito de aplicação do artigo I 09° do CPTA.

* Estando em causa a protecção de um direito liberdade e garantia, vejamos se se

verificam os outros dois requisitos indispensáveis à utilização do presente meio

processual: a necessidade de emissão urgente de uma decisão de fundo do processo, e

que não seja possível ou suficiente o decretamento provisório de uma providência

cautelar no âmbito de uma acção administrativa (comum ou especial).

1 Assim o Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul de 31-01-2008, relativo ao processo 03290/07 -em \\"\vw.dgsi.pt

Tn"bunal Admini.strativo de Circulo de Lisboa ~Ay.D.João II. Bloco Gpiso6·8. nOI.08.OJ I. t050-113 Lisboa

'll 218367100 Fax: 211545188 E-mail: corrdo:@lisboataimj.pt

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A intimação prevista nos artigos 109° e seguintes do CPTA constitui um meio

subsidiário de tutela que não é utilizável sempre que o exercício dos meios normais

assegure a satisfacão do direito em causa2

É requisito da adopção do meio processual intimação para a protecção de

direitos liberdades e garantias a respectiva indispensabilidade e a urgência. Isto é, só é

admissível a sua utilização quando não seja possível lançar mão de outro meio

adequado, em tempo útil, para acautelar o direito lesado ou "em vias de ser lesado".

Segue-se aqui de perto a decisão proferida em caso em tudo similar ao dos

presentes autos, no Acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul, de DI de Julho de

2010, correspondente ao processo n.o 06392110:a situação do requerente "não seria

devidamente acautelada com uma decisão provisória e antecipatória, visto que o

exercício da profissão de advogado (incluindo advogado estagiário) ficaria gravemente

prejudicado com tal provisoriedade. É que ( ... ) passando à segunda fase do estágio,

passará a praticar actos próprios do estágio de advogado, que caso a acção principal

improceda, poderão ficar inquinados pela falta de condições do requerente para, sequer,

ser admitido ao estágio (artigo 188.°, n."2 do EOA). E, poderia também, completado

com sucesso o estágio, ver-se na situação, caso improcedesse a acção principal a

intentar na sequência de uma providência cautelar de suspensão de eficácia, de ter de

voltar ao princípio, fazendo novos exames de acesso e inutilizando dois ou três anos de

estágio e exames positivos que entretanto realizasse, o que seria extremamente gravoso

e mesmo desprovido de sentido.

Efectivamente, dificilmente a acção principal seria definitivamente julgada em

tempo compatível com o da duração do estágio, já que, tendo em conta a questão que

aqui se discute, certamente se tratará de um caso que para além de decisões em l.a e 2.a

instância, terá recurso de revista para o STA e, eventualmente, recurso para o TC, por

implicar, precisamente, uma questão de constitucionalidade. Ou seja, verifica-se a

indispensabilidade do uso do presente meio processual."3

O artigo 188.°, n.Ol do Estatuto da Ordem dos Advogados estatui que "o estágio

tem a duração global mínima de dois anos. O n."2 do mesmo artigo estabelece que a

2 Assim o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 18·02-2010 relativo ao processo 0884/09-em www.dgsi.pt

Tnõunal Adrnlnistrativo de Circulo de Lisboa

iBJAv. D. Joêo n. Bloco G piso 6·8. n°l.OS.Ol I. 1050-113 Lisboa it 218367100 Fax: 211545188

E-mail: correio~lisbila.taf.mj.pt

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primeira fase do estágio "com a duração mínima de seis meses" e após a primeira fase e

"a aprovação nas provas de aferição" passam "à segunda fase do estágio" e "são

emitidas e entregues aos advogados estagiários as respectivas cédulas

profissionais."(n.03).

De acordo com o disposto no artigo 189.° do Estatuto da Ordem dos Advogados

uma vez obtida a cédula profissional (após pois a primeira fase do estágio) os

advogados estagiários podem praticar alguns actos profissionais (como o exercício da

advocacia em processos penais da competência de tribunal singular, e em processos não

penais quando o respectivo valor caiba na alçada da primeira instância, exercer a

advocacia. em processos da competência dos tribunais de menores e em processos por

divórcio por mútuo consentimento). Ora, esta possibilidade de, durante o estágio, o

advogado estagiário poder praticar actos profissionais de advocacia (designadamente

em processos penais e de menores) inviabiliza que seja suficiente para acautelar o

direito do requente uma decisão provisória. Um advogado mesmo que estagiário não

pode, pela natureza das coisas, exercer a profissão forense provisoriamente. Ou seja, na

circunstância do caso, o decretamento provisório de uma providência cautelar, de

acordo com o disposto no artigo 131.°, n.oI do CPTA, não é suficiente para acautelar o

direito em causa. Impõe-se pois uma decisão célere, urgente, mas a título definitivo.

Está provado que o estágio de advocacia do ano de 2010 está previsto iniciar-se

no próximo dia 13 de Dezembro de 2010.Razão porque é urgente a tomada de decisão

de mérito.

Pelo exposto cabe concluir pela idoneidade do meio processual intimação para a

protecção de direitos liberdades e garantias.

* IV - O Conselho Geral da Ordem dos Advogados na sua sessão plenária de 28

de Outubro de 2009 e de 10 de Dezembro de 2009, deliberou, ao abrigo do disposto no

artigo 45.°, n.ol, alínea g) do Estatuto da Ordem dos Advogados, aprovado pela Lei

n.015/2005, de 26 de Janeiro, aprovar alterações ao "Regulamento Nacional de

Estágio."Essas alterações constam da Deliberação n.o3333-A/2009.

3Em www.dgsi.pt TribW1al Administre.ti\'o de Circulo de Lisboa

I8lAv. D. João I~ Bloco G piso 6-8, n°J.08.oJ ~ 1050-113 Lisboa 1i' 218367100 Fax: 211545188

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De acordo com esta deliberação o artigo 9.oA do Regulamento Nacional de

Estágio com a epígrafe "Exame nacional de acesso ao estágio" passou a ter a seguinte

redacção:"l- A inscrição preparatória dos candidatos que tenham obtido a sua

licenciatura após o Processo de Bolonha será antecedida de um exame de acesso ao

estágio, com garantia de anonimato, organizado a nível nacional pela CNA ou por quem

o Conselho Geral, designar.

2- O exame nacional de acesso será constituído por uma única prova escrita e

incidirá sobre algumas das seguintes disciplinas: de direito constitucional, direito

criminal, direito administrativo, direito comercial, direito fiscal, direito das obrigações,

direito das sucessões, direitos reais, direito da família, direito do trabalho e, ainda,

direito processual penal, direito processual civil, processo do trabalho, procedimento

administrativo e processo tributário.

( ... )

4- Os candidatos aprovados no exame nacional de acesso ao estágio poderão

requerer a sua inscrição preparatória nos termos do artigo seguinte.

Está provado que Arlindo da Silva Vinagre é licenciado em Direito, pela

Universidade Lusófona do Porto, curso de direito com a duração de quatro anos já de

acordo pois com o Processo de Bolonha.

Requereu em 9 de Novembro de 2010, está provado, a sua inscrição como

advogado estagiário "sem sujeição ao exame de acesso ao estágio".

Tal pretensão foi expressamente indeferida (tendo o requerente sido notificado

de tal decisão por oficio datado de 8 de Novembro de 20 I O) com o fundamento de que

apenas poderia inscrever-se no estágio após a realização de exame nacional de acesso ao

estágio, nos tennos do disposto no artigo 9.oA, n.OI do Regulamento Nacional de

Estágio, aprovado pela Deliberação n.03333-N2009.

O artigo 187.° do Estatuto da Ordem dos Advogados aprovado pela Lei

n.oI5/2005, de 26 de Janeiro estabelece que "podem requerer a sua inscrição como

advogados estagiários os licenciados por cursos universitários nacionais ou estrangeiros

oficialmente reconhecidos.

Aquela norma do artigo 9.° A do regulamento nacional de estágio quando

estabelece que só podem requer a inscrição como advogados estagiários aqueles que

TnllWl!ll /\dmini>ttilth1ldo Cln;u]o do Lilboo lBJAv. D. João n Bloco Gpiso 6-8. nQI.OB.Ol J. 1050·1 J3 Lisboa

"a' 218367100 Fax: 211545188 E·ii'!2.iI: eo:re:o:@Hsl::re.taCmj.pt

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além de serem licenciados em direito por cursos oficialmente reconhecidos tiverem

obtido aprovação no exame nacional de acesso ao estágio, contraria o disposto naquele

artigo 187.° do Estatuto da Ordem que dispõe que para a inscrição como advogado

estagiário basta a licenciatura em direito.

Como o Estatuto da Ordem dos Advogados foi aprovado por uma lei (a Lei

n.oIS/2005, de 26 de Janeiro) e o Regulamento Nacional de Estágio é uma deliberação

(um regulamento) do Consellio Geral da Ordem dos Advogados, resulta que um acto

normativo de valor hierárquico inferior (o regulamento) contraria um acto normativo de

valor superior (a lei). Logo a norma regulamentar é ilegal por violação do artigo 187."

do Estatuo da Ordem dos Advogados.

Decorre do princIpio da legalidade (ou da juridicidade) consagrado nos artigos

266.", n."2 da Constituição e no artigo 3.° do Código do Procedimento Administrativo, a

designada preferência de lei, nos termos da qual em caso de conflito entre o estatuído

numa lei e o consagrado em acto da administração (mesmo se regulamentar) prevalece a

lei, constituindo pois a preferência de lei um princípio de conformidade normativa

vertical. 4

O Estatuto da Ordem dos Advogados não se afigura que habilite qualquer órgão

da Ordem dos Advogados a introduzir o exame nacional de acesso ao estágio. Nem aliás

o poderia fazer. Pois, como a criação de tal exame contraria o disposto em norma legal,

nunca o Estatuto poderia conferir a um órgão da Ordem o poder de modificar uma

norma legal (pois tal situação constituiria uma violação do disposto no artigo 112.", n.06

da Constituição).

Segue-se aqui de perto o decidido no Acórdão do Tribunal Central

Administrativo sul de 01 de Julho de 2010 (processo n.0063921J0):"( ... ) o Estatuto da

Ordem dos Advogados, com a natureza que tem de Lei da Assembleia da República,

determina que os licenciados em Direito, podem candidatar-se ao estágio. É claro que [a

Ordem dos Advogados] pode regular, através do seu Conselho Geral, o conteúdo de . .

cada fase e exames previstos no Estatuto, mas não se nos afigura que possa criar ex

novo outras fases ou outros exames, nomeadamente o exame de acesso aqui em causa

• Marcelo Rebelo de Sousa, André Salgado de Matos, Direito Administrativo Geral Introdução e princípios fundamentais, Tomo I, 3.3 edição, páginas 163 e 164.

Tribunal Administrativo de Circulo de Lisboa 13 t8iAv. D. João IL Blooo G piso 6·8.0"1.08.011, 1050-1I3 Lisboa

li: 2183671O'J Fax: 211545188 E-metI: cc-rreio'E)lisboa.Ef.mj.pt

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(cfr. artigos 3.°, n.oI, alínea c), 45.°, n.oI, alínea g), 184.°, n.os 1 e 2 e 188.°, n.06 do

Estatuto da Ordem dos Advogados). Ou seja, não pode estabelecer novas condições de

acesso à profissão, até porque as mesmas já estão fixadas na lei.

De facto, não se encontra no Estatuto da Ordem dos Advogados qualquer norma

que permita ao wnselho Geral da Ordem dos Advogados (ou a qualquer outro órgão da

mesma) dispor de outro modo quanto aos que se podem candidatar ao estágio nesta

profissão.

O artigo 45.°, n.oI, alínea g) do Estatuto da Ordem dos Advogados dispõe que

compete ao Conselho Geral elaborar e aprovar os regulamentos de inscrição dos

advogados portugueses, o regulamento de inscrição dos advogados estagiários, bem

como entre outros, o regulamento de estágio.

No entanto essa norma estatutária que autoriza esse poder regulamentar não

permite, obviamente, que os regulamentos vão além do que a lei estabelece.

Ora, o artigo 187.° do Estatuto da Ordem dos Advogados impõe apenas, como

condição para aceder ao estágio, a titularidade, por parte do candidato a estágio, do grau

de licenciado, obtido quer numa universidade nacional, quer numa universidade

estrangeira, desde que devidamente reconhecida ou equiparada. E se o Estatuto da

Ordem dos Advogados mais não exige do que a titularidade da licenciatura em direito,

não pode o regulamento de estágio, substituir este critério, pelo critério da realização

com aprovação de um exame nacional.( ... )

O Estatuto da Ordem dos Advogados foi minucioso nos artigos 184.° e seguintes

e não remeteu para o Conselho Geral a possibilidade de nestas matérias aquele

Conselho Geral regulamentar para além do referido no n."2 do artigo 184.° e no n.06 do

artigo 188.° do Estatuto da Ordem dos Advogados. Aqui foram concedidos ao Conselho

Geral poderes regulamentares muito concretos, que não abrangem de forma alguma a

instituição de um exame de acesso geral ao estágio de licenciados em Direito. Nessa

medida o Conselho Geral ao criar aquele exame extravasou os poderes que lhe foram

concedidos pelo legislador do Estatuto da Ordem dos Advogados.

Sendo o exame de acesso ao estágio um momento fulcral e essencial no processo

de inscrição e de acesso à profissão, teria esse momento de estar previsto no Estatuto da

Ordem dos Advogados, como uma fase anterior ao estágio e não está. Não constando

Tnll1Il1.llidrninistratirodeCirculo de Lisboa I2lAv. D. João Ii, Bloco Gp~o 6-11, n'I.0&.oJ ~ 1050·1\3 Lisboa

~ 218367100 Fax: 2 115451&8 E-mei!: correio'§!i.s.bva.lalrnj..pt

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nomeadamente no artigo 188.° do Estatuto da Ordem dos Advogados, não pode tal

exame ser exigidó por simples regolamento.( ... )

O artigo 9.oA, n.oI do Regolamento Nacional de Estágio ao iotroduzir tal exame

nacional de acesso ao estágio, que a lei não contempla, por via regolamentar, viola os

artigos 181.° e 188.° do Estatuto da Ordem dos Advogados.

Resultando, igoalmente a sua inconstitucionalidade, à luz do n."1 do artigo 112.°

da CRP, por falta de norma de habilitação constante dos artigos 184.°, n.1, 181.° e 188.°

do Estatuto da Ordem dos Advogados."

Acresce que nos termos do artigo 18.°, n.OZ da Constituição as restrições de

direitos, liberdades e garantias (e, por extensão do artigo 11.° também da Constituição,

dos direitos fundamentais de natureza análoga) têm que estar expressamente previstas

na lei.

Também no artigo 47.°, n.Ol da Constituição expressamente se refere "salvas as

restrições legais", estatuindo-se que "Todos têm o direito de escolher livremente a

profissão ou o género de trabalho, salvas as restrições legais impostas pelo interesse

colectivo ou inerentes à sua própria capacidade."

Assim que nos termos da Constituição a criação de restrições ou obstáculos ao

livre exercício da profissão e desigoadamente da profissão de advogado, e de acesso a

esta profissão, e tem de ser feita, tem de ser precedida por lei expressa (É o princípio da

legalidade, constitucionalmente consagrado, na vertente de reserva de lei).

Com os fundamentos expostos cabe assim julgar a presente intimação

procedente, por provada.

* V-DECISÃO

Pelos fundamentos expostos cabe julgar procedente, por provada, a presente ._----intimação para a protecção de. _dir.eito~ l(b.erd!ldes e garantias e, em consequência,

intimar a Õ;d~·d~~· Ad~~~a~os a aceitar a requ~rida inscriçã~ d/hli~d~ d~~"SÚ~~-~--- '-_.- -- - - -== ___ ~ _____ .. ~~ ______ . · __ ~_'-c'~-:":'-_' ___ ·-"o -

Vinaw, .. como advogada estagiário no curso de estágio de 2010 que terá início no --- --~------_._----------<-_._--~ -- ----próximo dia 13 de Dezembro de 2010.

* Tribunal A.dministralh.'D de Circu]o de Lisboa

§A,<. D_ João II. Bloco GpiSD 6-8. n"L08.01 I, 1050-113 Lisboa W 21B367100Fox:21J545188 E-reai[: ccrreioglisbna..t2imj.pt

IS

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Sem custas nos texmos do artigo 4·, n"2, alínea c) do Regulamento das Custas

Processuais.

* Registe e notifique.

Lisboa, 24 de Novembro de 2010.

* (assinado na folha seguinte, nos termos

do artigo r, nDI daPortarianOl41712003, de30 de Dezembro)

Tnounal Administrativo de Circulo de Lisboa ~A". D. João II. Bloto G piso 6-&, nOI.08.01 1. 1050-113 Lisboa

'ir 218367100 F~" 111545188 E-mail: [email protected]

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