ministÉrio da educaÇÃo universidade federal rural da...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA
CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO
VANESSA LIMA LEMOS
O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE
QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-PA.
CAPITÃO POÇO
2019
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica
Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço
F 237 Faro, Cintya Karoline Varjão
O papel das mulheres no contexto histórico da comunidade quilombola Santa Rita
das Barreiras no município de São Miguel do Guamá. / Cintya Karoline Varjão Faro,
Vanessa Lima Lemos. - Capitão Poço, 2019.
45 f.
Orientador Dr. José Sebastião Romano de Oliveira
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Agronomia) – Universidade Federal
Rural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.
1. Mulheres quilombolas – comunidade – São Miguel do Guamá. 2. Comunidade
quilombola – lideranças femininas. I. Lemos, Vanessa Lima. II. Oliveira, José
Sebastião Romano de, orient. III. Título
CDD: 23 ed. 331.481098115 Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372
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CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO VANESSA LIMA LEMOS
O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE
QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-
PA.
Monografia apresentada à Universidade Federal Rural da
Amazônia, como exigência para conclusão do Curso de
Graduação em Agronomia, para obtenção do título de
bacharel em Agronomia. Orientador: Profª. Dr. José
Sebastião Romano de Oliveira. Co-orientadora: Profª.
Msc. Ana Paula Dias Costa.
CAPITÃO POÇO
2019
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CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO VANESSA LIMA LEMOS
Monografia apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como exigência para a
conclusão do Curso de Graduação em Agronomia, para obtenção do título de bacharel em
Agronomia.
O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE
QUILOMBOLA SANTA RITA DAS BARREIRAS DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ-
PA.
Data da Aprovação:22/01/2019
Banca Examinadora:
_______________________________
Profª. Dr. José Sebastião Romano de Oliveira
Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia
Orientador
________ _______________________
Profº Msc. Marluce Reis Santa Brígida
Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia
Avaliadora I
_______________________________
Leticia Moura da Silva
Engenheira Agrônoma
Avaliadora II
CAPITÃO POÇO
2019
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Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que me deu saúde e forças para superar
todos os momentos difíceis a que eu me deparei ao longo da minha graduação, aos meus pais
por serem essenciais na minha vida e a toda minha família e amigos por me incentivarem a
ser uma pessoa melhor e não desistir dos meus sonhos.
Ao meu filho Victor Gabriel que durante todo esse tempo suportou minha ausência em
diversos momentos no decorrer do curso.
A comunidade Santa Rita de barreiras pela enorme contribuição que possibilitaram a
realização deste trabalho.
Vanessa Lima Lemos.
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Dedico esse trabalho ao ABA Pai, à minha mãe, ao meu irmão, minha cunhada e ao
meu sobrinho João Guilherme.
Aos meus queridos tios Rizaldo e Natalina por todo o esforço e dedicação para
comigo.
À comunidade Santa Rita Das Barreiras, pela recepção, acolhimento e contribuição
para a realização desse trabalho.
Cintya Karoline Varjão Faro
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Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado força e confiança para acreditar no
meu sonho e lutar por alcançar aquilo que acredito.
Aos meus pais Raimundo Valdeni e Maria de Nazaré, pelo apoio, força e amor
incondicional, principalmente a minha mãe que sempre foi minha maior fonte de inspiração e
força. Sem vocês a realização desse sonho não seria possível.
Agradeço a toda minha família que me apoiaram direta e indiretamente para realização
do sonho.
Ao meu filho, por suportar a minha ausência durante toda jornada de estudo.
Sou grata especialmente à minha co-orientadora Ana Paula Dias pela oportunidade,
paciência e confiança em mim depositada.
Agradeço ao meu Orientador José Sebastiao Romano pela confiança.
Sou grata as minhas tias, Ruth Oliveira, Cléia, Regiane, por cuidarem do meu filho
com todo amor e todo carinho.
À Joicilene Araújo por ter cuidado tão bem do meu filho durante minha ausência, foi
como uma segunda mãe.
Ao Flávio Gabriel por sempre está ao meu lado me ajudando nos momentos mais
difíceis.
À minha companheira de TCC Cinthia Faro, pelo companheirismo sempre.
Aos meus amigos, Carla Caroline, Sueli Paiva, Eliane do socorro por estarem comigo
sempre.
Aos amigos José Maria, Ruan, Lucas, Luan Siqueira
À Universidade Federal Rural da Amazônia, por todos os ensinamentos
proporcionadas.
Aos professores da UFRA pelos ricos conhecimentos repassados.
A todos, meu muito obrigada.
VANESSA LIMA LEMOS.
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Agradecimentos
Palavras não são suficientes para agradecer ao Deus da providencia, por realizar
sonhos e concretizar milagres na minha vida. Toda honra e toda glória sejam dadas ao Teu
nome.
À minha inestimável mãe Silene, meu exemplo de mulher, fé, apoio e amor, por tudo
que proporciona à mim. Meu irmão C. Eduardo Faro e minha cunhada Rosane Raquel Faro.
Aos meus tios que são como pais para mim Rizaldo e Natalina por todo amor e
dedicação todos esses anos. E a toda a minha família pelas orações e apoio durante essa
jornada.
À Milka Gabriela Fontes pela força e acolhimento que foi de suma importância para
minha permanência no início do curso.
À Keila Silva, Agnes Queiros e Cassia Raissa as irmãs que a vida me deu.
Aos meus amigos da graduação Alciêde Sousa, Ironeide Lima e Nayane Sousa por
sempre me acolherem em suas casas. A Kalyane Farias, Leticia Moura, Suely Paiva, Ian
Rocha, Thiago Lopes, Hemerson Carvalho, Larissa Oliveira, Lúcia Silva, Paula Andrade,
Kleubia Nascimento, Eucinete Albuquerque e Laís Costa pelas conversas, apoio e
companheirismo.
Aos meus amigos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, em
especial ao meu querido chefe Carlos Alberto Braga.
Ao Sr. Michinori Konagano pela humildade de compartilhar seus meios de
conhecimentos e sabedoria, a Sra. Amélia Konagano pelo auxilio prestado durante o estágio,
aos técnicos da fazenda e a Cooperativa Agrícola Mista de Tome-Açu – CAMTA.
Aos professores dessa universidade, em especial Marluce Santa Brígida e Carolina
Melo.
Ao meu orientador Dr. José Romano de Oliveira e a co-orientadora Ana Paula Dias,
pelos conselhos e paciência para a elaboração desse trabalho.
Toda a minha gratidão ao José Maria Passos e seu querido pai, por toda a contribuição
para realização desse trabalho, sem eles esse momento não seria possível.
À minha parceira de trabalho Vanessa Lima Lemos por aceitar esse desafio.
Ao grupo de agroecologia - Lotus
À Universidade Federal Rural da Amazônia-UFRA pelas oportunidades de
aprendizagem.
À comunidade Santa Rita das Barreiras, a qual despertou em mim, admiração, carinho
e respeito por todo seu histórico de perseverança.
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A todos os meus mais sinceros agradecimentos.
CINTYA KAROLINE VARJÃO FARO
RESUMO
A pesquisa vem abordar a importância do papel das mulheres quilombolas na comunidade de Santa
Rita das Barreiras no município de São Miguel do Guamá, nordeste paraense, onde foi a primeira a ser
titulada através do projeto “Mapeamento das comunidades negras rurais do Pará”. A pesquisa tem
como objetivo compreender a organização do grupo de mulheres, e o protagonismo das mulheres
quilombolas na fundação e formação do povoado e compreender o processo de formação das
lideranças femininas na comunidade. Aos procedimentos metodológicos o presente estudo teve como
objetivos trabalhar com as mulheres que estão inseridas ao “Grupo de Mulheres”, que são agricultoras,
artesãs e dona do lar. A escolha do público estudado deu-se a partir do destaque das mulheres em
todas as áreas dentro da comunidade, como, agricultura, artesanato e sociocultural. Após o processo
citado acima, iniciou-se a pesquisa de campo a partir das observações e participação no cotidiano dos
habitantes daquela comunidade, utilizando como ferramenta o diário de campo e entrevistas com
elementos chaves como os moradores mais antigos de Santa Rita das Barreiras. Vale ressaltar a
importância da contribuição dessas mulheres na valorização de sua identidade, demonstram está
ligadas as suas raízes, as festas tradicionais como: carimbo, samba de cacete, suas festas religiosas.
Trata-se, portanto, do importante papel das mulheres nas resistências e nas lutas, inclusive pelo resgate
das suas tradições.
Palavras-chave: Comunidade Quilombola, Mulheres, Lutas.
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ABSTRACT
The research is addressing the importance of the role of Quilombolas women in the community of
Santa Rita das Barreiras in the municipality of São Miguel do Guamá, northeastern Pará, where it was
the first to be titrated through the project "Mapping of the rural black communities of Para ". The
research aims to understand the organization of the Group of women, and the protagonism of
Quilombolas women in the foundation and formation of the village and understand the process of
formation of female leaders in the community. To the methodological procedures, the present study
aimed to work with women who are included in the "group of women", who are farmers, artisans and
housewife. The choice of the public studied was based on the prominence of women in all areas within
the community, such as agriculture, crafts and sociocultural. After the process cited above, the field
research began from observations and participation in the daily lives of the inhabitants of that
community, using as a tool the field diary and interviews with key elements such as the oldest
residents of Santa Rita das Barreiras. It is worth mentioning the importance of the contribution of
these women in the valorization of their identity, demonstrate is linked to their roots, the traditional
festivals such as: Stamp, samba de Carajo, their religious festivals. It is, therefore, the important role
of women in resistances and struggles, including the redemption of their traditions.
Keywords: Quilombola Community, Women, Fights.
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LISTA DE SIGLAS
EMATER- Empresa De Assistência Técnica E Extensão Rural
INTERPA- Instituto De Terras No Pará
SEBRAE- Serviço Brasileiro De Apoio Às Micro E Pequenas Empresas
SEPLAN- Secretaria Do Planejamento
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Localização de Santa Rita das
Barreiras...............................................................18
FIGURA 2 - Ana Lúcia Braga no momento da
entrevista.........................................................21
FIGURA 3 - Guajarina Gama no momento da
entrevista..........................................................21
FIGURA 4 - Tema do evento a qual a comunidade foi
anfitriã..................................................24
FIGURA 5 - Raimunda Rufino e seu esposo
Manoel................................................................25
FIGURA 6 - Time das mulheres no torneio realizado no dia da consciência
negra...................27
FIGURA 7 - Raimunda Rufino cantando o samba do cacete durante um evento na
comunidade...............................................................................................................................28
FIGURA 8 - Toque de tambores de capoeira no dia da consciência
negra................................29
FIGURA 9 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças..................................29
FIGURA 10 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças..................................30
FIGURA 11 - Antônia Nascimento em seu atelier..................................................................30
FIGURA 12 - Porta guardanapo, vaso, biquínis de crochê, brincos feitos por Antônia
Nascimento................................................................................................................................32
FIGURA 13 - Vasos confeccionado de papelão por Ana
Lucia................................................33
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Faixa Etária Das Mulheres Que Compõe o Grupos De
Mulheres.............................18
Gráfico 2: Produtos Produzidos Na
Comunidade.....................................................................31
Gráfico 3: Fonte De Renda Das Mulheres Na
Comunidade......................................................34
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Sumário 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 16
2 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................... 17
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................................ 17
3 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 17
3.1 RELAÇÃO DE GÊNERO ................................................................................................. 17
3.2 COMUNIDADE QUILOMBOLAS .................................................................................. 18
3.3 MULHERES NEGRAS QUILOMBOLAS: LIDERANÇA E RESISTÊNCIA ................... 18
4 MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 19
4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO ..................................................................... 19
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES COMUNIDADE ................................................ 20
4.3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 20
4.3.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA .................................................................................... 21
4.3.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA .............................................................................. 21
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................................... 21
5.1 HISTÓRICO DA COMUNIDADE ......................................................................................... 21
5.2 O PROTAGONISMO DAS MULHERES QUILOMBOLAS ............................................... 24
5.3 MATRIARCA DA COMUNIDADE ....................................................................................... 28
5.4 HISTÓRICO DO GRUPO DE MULHERES ......................................................................... 28
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5.5 CULTURA DA COMUNIDADE (DANÇAS, MÚSICAS E FESTIVIDADES) ................... 29
5.5.1 DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA ...................................................................................... 29
5.5.2 SAMBA DO CACETE, SAMBA DE RODA, CARIMBÓ E CAPOEIRA ........................ 31
5.6 GERAÇÃO DE RENDA DAS MULHERES .......................................................................... 33
5.6.1 ARTESANATO ..................................................................................................................... 34
5.6.2 HORTA .................................................................................................................................. 36
6 CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 39
APÊNDICES................................................................................................................................... 42
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1 INTRODUÇÃO
A pesquisa vem abordar a importância do papel das mulheres quilombolas na
comunidade de’ Santa Rita das Barreiras no município de São Miguel do Guamá, nordeste
paraense, sendo a primeira a ser titulada através do projeto “Mapeamento das comunidades
negras rurais do Pará”. Esse mapeamento foi realizado nos anos 1998 e 2000. Dentro desse
contexto de formação de território quilombola, o grupo de mulheres começou a se organizar,
buscando alternativas viáveis para a sobrevivência da comunidade.
Ressalta-se, que a formação dessa comunidade se deu através da liderança feminina da
Sra. Raimunda Rufino que cedeu suas terras para a fundação da comunidade, a partir desse
momento as mulheres nessa comunidade começaram a ser organizar. Essa pesquisa antara
compreender a organização do grupo de mulheres, o protagonismo das mulheres quilombolas
na fundação e formação do povoado e o processo de formação das lideranças femininas na
comunidade. Ao longo da história tem se observado a resistência em reconhecer a luta das
mulheres e a participação das mulheres negras, em diversos setores, em especial quando se
trata de mulheres do campo, visto que nas sociedades camponesas o processo produtivo está
relacionado ao universo masculino (GUEDES E SALGADO, 2017).’
Diante de todo o histórico de liderança feminina e a relevante participação no processo
de formação do povoado quilombola de Santa Rita da Barreira. O presente estudo sobre a
atuação das mulheres quilombolas evidenciará aspectos importantes referentes as relações
entre mulheres e homens e mulheres na construção e reprodução de conhecimento, bem como
a construção histórica, cultural e social do grupo.
A realização da pesquisa partiu da constatação de uma aparente perda da identidade e
da tradição quilombolas, proveniente de um crescente sentimento de não pertencimento à
comunidade por parte dos seus moradores, conforme os achados de Araújo (2017). Por outro
lado, muitos ´´voluntários´´ que lutam para a valorização da tradição local, que apresentam
em comum o fato de serem, mulheres, camponesas, com firmes participações no âmbito dos
sistemas sociais, apresentando daí interesses na história de vida dessas mulheres.
Além disso, a pesquisa fomentará a discussão dentro da comunidade acadêmica do
referido curso, dando reconhecimento aos grupos de mulheres quilombolas da região nordeste
paraense.
Esta avaliação possibilitou que a história das raízes quilombolas da comunidade
saberes tradicionais, suas práticas culturais como: samba de cacete, carimbo, capoeira,
festividade religiosa, entre outros, sejam exibidos e volte a comunidade, tendo em vista,
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fortalecer e reconhecer sua identidade, suas origens, para que suas futuras gerações não sejam
esquecidas e desvalorizadas.
2 OBJETIVO GERAL
Compreender o protagonismo no passado e no processo de construção da comunidade,
e o atual cenário das mulheres na referida comunidade.
2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS
Compreender a organização do grupo de mulheres
Conhecer o protagonismo das mulheres quilombolas na fundação e formação
do povoado.
Entender o processo de formação das lideranças femininas na comunidade.
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 RELAÇÃO DE GÊNERO
As relações de gênero no atual estágio de desenvolvimento da sociedade brasileira
foram significativamente modificadas pelas conquistas dos movimentos feministas. Para
Cisne e Gurgel (2008, p. 70).
A auto-organização das mulheres é uma metodologia necessária para a construção da
mulher como sujeito da revolução e para a construirmos, a partir de hoje, com coerência
revolucionária, novas relações sociais, livres de apropriações, opressões e explorações
(CISNE, 2014, p. 203).
Pastório (2015) considera que as mulheres, ao longo da história, sempre
desenvolveram um papel importante junto à família, especialmente na educação dos filhos e
junto aos afazeres no campo, arando, capinando, auxiliando na colheita e no plantio. Já com o
processo de industrialização, passou a trabalhar em fábricas, com jornada de trabalho
extenuante e com uma remuneração inferior aos homens que ali trabalhavam. Até
recentemente na história, a mulher não tinha os seus direitos garantidos ou uma política que
primasse por eles.
Empoderar as mulheres para que participem totalmente em todos os setores da vida
econômica e em todos os níveis de atividade econômica é essencial para construir economias
fortes, estabelecer sociedades mais estáveis e justas, atingir os objetivos de desenvolvimento,
sustentabilidade e direitos humanos internacionalmente reconhecidos, melhorar a qualidade
de vida para as mulheres, homens, famílias e comunidades e impulsionar as operações e as
metas dos negócios (UNIFEM, 2011).
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Esses movimentos distinguem-se dos anteriores por introduzir, em sua pauta de
reivindicações, a denúncia do mito da democracia racial, a busca de ações de valorização da
identidade negra positivando a figura do negro por meio de iniciativas de incentivo da
autoestima. Principalmente valorizando os traços físicos e manifestações culturais desses
grupos e a luta perante o poder público em prol de políticas públicas e programas de ações
afirmativas como forma de reparar os danos causados as populações afrodescendentes
(ALBERTINI; PEREIRA, 2007).
3.2 COMUNIDADE QUILOMBOLAS
A palavra quilombo origina-se do banto e significa habitação, acampamento, floresta,
guerreiro. Já na região central da Bacia do Congo, na África, significa “lugar para estar com
Deus”. No passado, os negros reconstruíam no quilombo um tipo de organização territorial de
origem africana, e esse lugar funcionava como verdadeira válvula de escape para diluir a
violência da escravidão, durante os quase quatro séculos em que se mantiveram as tensões e
confrontos de classes no sistema escravista. (BATISTA, 2011)
Na contemporaneidade, os quilombos ou comunidades remanescentes de quilombos
representam para os que dela fazem parte mais que um território físico, mas um lugar de
“relações sociais, como reveladora das estratégias de sobrevivência, como palco de uma
cultura própria, como direito à preservação de uma cultura e organização social específica”
(FIABANI, 2007, p.5), muito embora a luta pela manutenção de suas terras seja constante,
como é o caso de muitas comunidades quilombolas da zona rural no município de Alcântara,
que está geograficamente localizada ao Norte do Maranhão, no litoral ocidental deste Estado,
separada da capital, São Luís, pela baía de São Marcos (BARROS; RAMASSOTE, 2009).
O conceito de comunidade quilombola, portanto, tem origem no campesinato negro,
povos de matriz africana que conseguiram ocupar uma terra e obter autonomia política e
econômica. Ao quilombo contemporâneo está associada uma interpretação mais ampla, mas
que perpetua a ideia de resistência do território étnico capaz de se organizar e reproduzir no
espaço geográfico de condições adversas, ao longo do tempo, sua forma particular de viver.
(ANJOS, 2006: p. 53)
3.3 MULHERES NEGRAS QUILOMBOLAS: LIDERANÇA E RESISTÊNCIA
As mulheres negras também fizeram parte do processo de luta que culminou com a
abolição da escravidão, porém foram invisibilizadas nas narrativas sobre a sociedade
brasileira e na historiografia oficial (BORGES e SILVA, 2017).
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Aqualtune, Dandara dos Palmares, Luiza Mahin, Mariana Crioula e Tereza de
Benguela são legítimas representantes da luta das mulheres negras pela liberdade de seu povo.
Não somente a liberdade, essas mulheres almejaram uma sociedade livre de opressão e
racismo, desafiaram as estruturas machistas vigentes em diferentes períodos históricos e
estimularam uma série de levantes populares no Brasil. (PORTO, 2017).
Ainda segundo Porto (2017) a força e a inspiração representada por essas mulheres do
passado, símbolos históricos da resistência da mulher negra, encontram-se nas Aqualtunes,
Dandaras, Luizas, Marianas e Terezas do presente, que nunca deixaram de lutar para
transformar a realidade a qual as mulheres negras são submetidas.
Por óbvio, falar da mulher quilombola e do seu papel na sociedade, não se restringe ao
reconhecimento da luta das mulheres negras em geral, porém, o empoderamento destas
perpassa as referências históricas, na medida em que constituem uma trajetória de luta e
contraposição dos espaços de invisibilidade, opressão e desigualdade. É nesse sentido que as
identidades se sobrepõem, se entrecruzam e se acumulam, viabilizando a análise por uma
perspectiva interseccionalizada (DEUS, 2011, p. 110).
Diante de tal acúmulo de tarefas, com certeza elas passam por sentimentos
contraditórios de superação e incompletude, de mulheres que lutam para superar as suas
limitações de energia física e de tempo para dar conta de produzir e desenvolver inúmeras
atividades diárias. No entanto, a auto cobrança é muito forte quando elas não conseguem
produzir da maneira que julgam ser a melhor para atender as necessidades de sua família,
principalmente com relação às demandas dos filhos, principal motivação para o empenho das
suas atividades. (TUMBALDINI, 2010, p. 5).
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE TRABALHO
A comunidade de Santa Rita das Barreiras encontra-se no município de São Miguel do
Guamá, nordeste paraense, aproximadamente 14 km da sede do município, o acesso é pela PA
251, a extensão do território quilombola de 371, 3032 ha, com título expedido em 15 de
outubro de 2011 pelo Instituto de terras do Pará – ITERPA.
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Fonte: Google Maps.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DAS MULHERES COMUNIDADE
O presente estudo teve como buscou trabalhar com as mulheres que estão inseridas ao
“Grupo de Mulheres”, que são agricultoras, artesãs e dona do lar. A escolha do público
estudado deu-se a partir do destaque das mulheres em todas as áreas dentro da comunidade,
como, agricultura, artesanato e sociocultural.
GRÁFICO 1 - Faixa Etária Das Mulheres Que Compõe O Grupos De Mulheres
Fonte: Pesquisa de campo 2018
4.3 METODOLOGIA
Santa Rita das Barreiras é constituída em média por 78 famílias, porém a pesquisa
aprofundou-se dentro do grupo de mulheres denominado como “Grupo de mulheres
quilombolas unidas seremos mais forte” que há 20 componentes. Por conta dos afazeres e
[VALOR]0%
[VALOR]0%
25%
[VALOR]0%
16- 26
27-37
38-49
50-60
Figura 1 - Localização de Santa Rita das Barreiras
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compromissos de algumas fora da comunidade, foi possível entrevistar 12 mulheres
pertencentes ao grupo, tendo um percentual de 60% do total que compõe a categoria, as
entrevistas ocorreram no mês de novembro de 2018.
O papel das mulheres nesta comunidade é bastante relevante, tendo uma participação
histórica na formação e autonomia desse povoado. A capacidade que às mulheres têm para
tomar decisões e participar em órgãos de poder a nível local, do ciclo da sua vida, do seu
estatuto e posição social, da vida em meio urbano ou rural, da crença religiosa professada pelo
grupo familiar, da sua educação, das suas vivências e das experiências históricas da sua região
(CASIMIRO, 2010).
Para mais obtenção de informações de cunho sociocultural, aplicamos questionários
com perguntas objetivas e subjetivas de forma semiestruturada, deixando o entrevistado livre
para expor sua forma de pensar e reflexão sobre o assunto abortado. Geralmente a entrevista é
indicada para buscar informações sobre opinião, concepções, expectativas, percepções sobre
objetos ou fatos ou ainda para complementar informações sobre fatos ocorridos que não
puderam ser observados pelo pesquisador, como acontecimentos históricos ou em pesquisa
sobre história de vida, sempre lembrando que as informações coletadas são versões sobre
fatos ou acontecimentos. (MANZINI, 2004).
4.3.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPATIVA
A pesquisa de campo deu-se a partir das observações e participação no cotidiano dos
habitantes daquela comunidade, utilizando como ferramenta o diário de campo e entrevistas
com elementos chaves com os moradores mais antigos de Santa Rita das Barreiras. Esse
momento foi de suma importância para compreender como se deu a construção da
comunidade. O diário de campo configura-se como um dispositivo de registro das
temporalidades cotidianas vivenciadas na pesquisa, ao potencializar a compreensão dos
movimentos da/na pesquisa e das diversas culturas inscritas no cotidiano da comunidade e da
escola estudada. (OLIVEIRA, 2014).
4.3.2 ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA
Durante as visitas foram utilizados câmeras fotográficas para registro de imagens para
uma melhor compreensão da pesquisa e gravador de voz nas entrevistas para auxiliar nos
detalhes da escrita do trabalho.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 HISTÓRICO DA COMUNIDADE
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A formação do quilombo de Santa Rita da Barreira ocorreu por volta de 1967 e está
relacionada à construção de uma nova igreja e ao deslocamento da população do “arraial” da
“Barreira Antiga”, antes localizado à beira do rio Guamá, para uma área mais afastada do rio,
devido vários conflitos ocasionados pelo manejo de recursos naturais entre os moradores da
comunidade e alguns fazendeiros da região (DINIZ, 2011).
Segundo a Secretaria de Planejamento do Estado do Pará (SEPLAN), existem 53 áreas
tituladas em prol das comunidades quilombolas, é o estado que mais reconhece comunidades
remanescente quilombolas em todo o país. No nordeste paraense encontram-se algumas delas,
especificamente no município de São Miguel do Guamá, como Menino Jesus, Canta Galo e
Santa Rita das Barreiras, entre outras.
Primeiros habitantes da comunidade não deixaram registro escrito, assim, hoje só é
possível escrever sua história a partir da narrativa das pessoas mais velhas do local.
Segundo o relatos de moradores mais antigos existiam duas comunidades, Barreiras
que era onde existia a escola e a igreja, porém, está era rodeada por fazendas, o que logo era
utilizada para criação de gado, o que dificultava o acesso dos moradores a comunidade, pois,
para chegar a escola e a igreja eles tinham que atravessar a fazenda, como conta dona Ana
Lucia Braga, artesã, agricultora e a curadora da comunidade.
“Quando eles tinham que atravessar, o fazendo mandava soltava os cachorros, os
bois que eram muito bravo, era essa perseguição e quando o rio estava cheio,
tinham que atravessar o rio com a água dando no nosso pescoço, o que era muito
difícil de passar com crianças e compras eles faziam. Sra. Ana Lucia Braga – 49
anos.
Ainda, segundo Ana Lúcia, essas famílias sofriam muita humilhação do fazendeiro e
dos seus capangas. Ela acrescenta que:
“Todo que eles plantavam e as roças que levantavam quando dava a noite os
capangas ia lá e destruíam e ainda mexiam com as mulheres. Por conta disso, um
morador se rebelou contra um senhor da fazenda e foi que ocorreu uma desavença
lá e o fazendeiro expulsou eles de lá.”
Sra. Lucia Braga – 49 anos.
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Fonte: Acervo da autora
A segunda entrevista para entender como se deu a formação da comunidade foi
com a senhora Guajarina Gama, sobrinha de Raimunda Rufino. E atualmente mesmo
residindo em outro povoado, continua participando das celebrações religiosas e festividades
de Santa Rita de Barreiras, ela que relata:
´´ Eu já não me lembro muito bem, foi mais ou menos assim, teve o conflito entre o
fazendeiro e um morando lá em Santa Rita, a família de lá teve que vim embora de
lá, veio pra cá, que na época era só Barreira, minha tia Raimunda deu umas terras
pra eles, ai foi que juntou as duas comunidades. ´´ (Guajarina Gama/ 2018)
Figura 2 - Ana Lúcia Braga no momento da entrevista
Figura 3 - Guajarina Gama no momento da entrevista.
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Fonte: Acervo das autoras
Sensibilizada com a dificuldade enfrentada pelo moradores de Barreiras, Dona
Raimunda Rufino que residia na comunidade de Santa Rita, doou parte de suas terras que era
herança para essas famílias, e assim ocorreu a junção das comunidades, formando Santa Rita
das Barreiras. Aos poucos Santa Rita de Barreiras foi crescendo, e as famílias começaram a
fazer suas casas, construíram a igreja onde se encontraram aos domingos para suas
celebrações.
O Srº João de Castro também foi umas das pessoas apontadas pela comunidade para
colaborar com a pesquisa em relação ao histórico, filho de dona Guajarina Gama, ele conta
que quando criança tinha bastante curiosidade em saber como começou a comunidade.
´´Naquela época quando eu era criança os mais velhos, os mais pais eram pessoas
muito fechada pra contar histórica, eu sempre perguntava e quando comecei a me
entender por gente comecei a investigar. Descobrir que foi através da tia da minha
mãe Raimunda Rufino que cedeu parte de suas terras para juntar o povoado de
Santa Rita e Barreiras´´. (Joao de castro/2018).
O Srº João de Castro acrescenta que acredita ser muito importante perpetuar esse
histórico para as gerações seguintes para que as pessoas conheçam e valore suas raízes, pois
foi com bastante luta que ergueram a comunidade.
5.2 O PROTAGONISMO DAS MULHERES QUILOMBOLAS
Analisando importância da organização do grupo e o que isso acarreta para a
comunidade, ponderamos a base econômica através do artesanato, horta, programas
governamentais e das cerâmicas da região, atividade que movimenta a economia local. Foi
possível verificar a visão dos moradores sobre o autoconhecimento como quilombola e os
benefícios que esse ato lhes causou, como acesso a políticas públicas, após receberem a
titulação de comunidade quilombola.
Tendo como justificativa a constatação de uma aparente perda da identidade e da
tradição quilombolas, proveniente de um crescente sentimento de não pertencimento à
comunidade por parte dos seus moradores.
Para analisarmos os aspectos que moldam as particularidades sócioantropológica e as
relações de gênero dentro da comunidade,
As mulheres que participaram deste estudo têm uma visão bastante em comum acerca da
comunidade, possuem vários pontos de equilíbrio no que diz respeito às ideologias e relações
sociais que permeiam o seu meio.
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25
Todas demonstram muito orgulho quando se trata da sua origem. Esse orgulho é expresso
em muitos momentos nas falas das entrevistadas.
Eu tenho muito orgulho, eu me reconheço como quilombola, de sair por aí e
mostrar nossa cultura, nossa dança, nossa raiz, acho muito importante a gente se
auto reconhece, porquê tem muita gente que é quilombola nasceu aqui e tem
vergonha.
(Divanilde Castro, 34 anos.)
Também Angélica dos Santos, 29 anos afirma que “Eu nasci aqui e tenho muito
orgulho de ser quilombola, aprendi a valorizar a nossa cultura e que ela depende da gente pra
continuar para as próximas gerações. Já Lídia realce que “Eu nasci e me criei aqui, gosto da
minha terra, eu sou descente e tenho que amar e valoriza a minha cor.
Enquanto Santa Rita das Barreiras assumi uma postura de afirmação perante uma
sociedade ainda fortemente marcada por diferentes práticas discriminatórias, as quais, em
grande parte, ocorrem veladamente. As ponderações sobre os desafios acerca de se auto
reconhecer como remanescente quilombola são evidenciadas nas falas de todas as
entrevistadas.
Existe muito preconceito com nós, até dentro da própria comunidade por gente que
é, mas não se reconhece como quilombola. Uma vez fomos fazer uma apresentação
do samba do cacete numa comunidade aqui próxima, nós usávamos as roupas e
turbantes característicos nossos e as pessoas começam a rir e debocha de nós, mas
nós continuamos a apresentação assim mesmo, e não baixamos nossa cabeça.
Divalnide Castro 34 anos
Dona Socorro Sebastiana relata que inúmeras vezes já passou por situações de
preconceito por ser quilombolas. Eu foi mal atendida em lojas pela questão da minha cor, pela
minha filha ser mais clarinha e acharem que não era minha filha, apelidando ela de nomes
desagradáveis. Maria Hosana de Castro (47 anos) diz que “Preconceito sempre existiu, temos
que viver como Jesus ensinou, amar o próximo como a si mesmo, mas tem pessoas que
entendi isso.
Apesar de todos os desafios e preconceitos sofridos em meio a sociedade a expressão
de orgulho quando perguntado como é residir em uma comunidade quilombola é evidente.
Assim, diz Hosana:
Eu não me vejo morando em outro lugar, aqui nós somos tudo família, um ajuda o
outro e assim vai. Tenho muito orgulho de ser daqui de Santa Rita das Barreiras.
Em relação a questão citada acima as palavras “união e família” ganharam destaque
nas entrevistas, como diz Lídia Castro, 31 anos “É muito bom morar aqui, qualquer coisa um
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26
ajuda o outro porque aqui todo mundo se tem como uma grande família não é que nem na
cidade que todo mundo fica trancado, eu não tenho nenhuma vontade de sair daqui do meu
lugar”.
Diante da questão sobre a organização do grupo de mulheres, essa ação contribui para
que elas possam formar uma opinião política crítica e afirmar sua identidade feminista negra,
potencializando a luta contra a discriminação racial que se dá em prol da comunidade negra.
Assim, como diz Antônia Sebastiana:
As pessoas dizem assim: Olha, eles são descentes de escravos! E nós não somos
descentes de escravos, nós somos descente de pessoas que foram escravizadas,
porque todos nós nascemos livres. Os outros homens que vieram com seu ar de
arrogância e escravizaram meus ancestrais.
Angélica Braga reafirma a importância desse grupo:
É muito importante, nosso grupo é muito reconhecido lá fora, a gente ver como as
pessoas lá de fora, valorização nossa cultura, assim como vocês que estão fazendo
esse trabalho sobre a gente.
Maria Hosana acrescenta que, se tem uma palavra que possa definir nosso grupo eu
digo que é União, porque a gente conversa e discuti os assuntos da comunidade, sempre
ouvindo as outras. Divanilde afirma que é muito importante, pois nós não nos deixa abater,
trabalhamos igual, corremos atrás das coisas, o nosso encontro realizado esse ano aqui foi
lindo, tivemos reconhecimento, apresentamos nossas coisas e conhecemos novas mulheres
que lutam pelo mesmo ideal que nós.
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27
Figura 4 - Tema do evento a qual a comunidade foi anfitriã
Fonte: Malungu Pa
Diante dos relatos é possível afirmar o avanço das mulheres perante todos os meios de
luta, fornecendo a essas mesmas mulheres o status de sujeito, de agentes, social e político, de
protagonistas de ações de oposição às relações de dominação. Intervindo ativamente na
condução de seus destinos e deixando como legado, para as que vêm depois, a experiência do
enfrentar o racismo e do sexismo, o que significa que a luta contra essas opressões apresenta
um longo caminho já trilhado.
As mulheres não esperam inertes pelos benefícios que almejam e, ainda por cima,
sabendo que a sua voz seria emudecida, silenciada pelo fato de serem mulheres, elas acionam
os meios para serem as donas do poder e ultrapassar os limites da invisibilidade
historicamente construída sob seus papéis. Elas passam da consciência de objetos à
consciência de sujeitos, em um processo de construção de si que implica a se reconhecer.
Portanto, a identidade que as mulheres afirmam, não é somente a rejeição da
dominação social, ela é, sobretudo, a afirmação da experiência vivida da própria subjetividade
que emergiu e, consequentemente, a confirmação da capacidade de pensar, de agir
(TOURAINE, 2010).
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5.3 MATRIARCA DA COMUNIDADE
Dona Raimunda Rufino 90(noventa) anos, mãe de 4 (quatro filhos) casada, é
considerada a matriarca da comunidade, e é notório a admiração e respeito dos membros do
vilarejo para com ela. Muito à frente daquele tempo patriarcal ela sempre foi envolvida nos
momentos de luta e resistência em prol do quilombo. Ela não é nativa de Santa Rita de
Barreira, mudou-se para lá após seu casamento,
Tem um papel relevante no cotidiano da comunidade em relação a preservação e
perpetuação dos valores culturas, ensinando às crianças, jovens e adultos os conhecimentos
sobre as danças, músicas e até tocar os instrumentos, ela é a principal guardiã da memória e
história desse grupo social.
Atualmente, devido a sua idade avançada ela não tem uma participação ativa de
liderança dentro a comunidade como foi no passado, apenas comparece nas festividades e
celebrações religiosas.
Fonte: Acervo das autoras
5.4 HISTÓRICO DO GRUPO DE MULHERES
Foi fundada no dia 8 de dezembro de 1982 com a denominação de grupo de mães, a
ideia surgiu na necessidade das mães trabalharem mais unidas, seus objetivos principalmente
eram as atividades religiosas, fortalecer a comunidade dar exemplo de união para as mulheres
mais jovens e auxiliar nos trabalhos da comunidade, onde a principal diretoria do grupo estava
assim formada por: Presidente: Raimunda Rufino, Vice-presidente: Maria Pereira Peniche,1°
secretária: Antônia de oliveira, 2° secretária: Antônia Gama ,Tesoureira: Raimunda Celina,
Faziam parte do grupo as seguintes pessoas, Maria do Nascimento, Guajarina Gama, Amazilia
Rodrigues, Miriam Gama, Maria Silva Braga, Maria Ataíde e Lauriana Miranda.
Até o final de 2008 o clube de mães tinha como atividade principal os eventos
religiosos da comunidade, de acordo com a ata da reunião do dia 21 de junho de 2009
Figura 5 - Raimunda Rufino e seu Esposo no momento da entrevista
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aconteceu uma reorganização do grupo com a formação de uma nova diretoria e a mudança
do nome de clube de mães para grupo de mulheres quilombolas.
Segundo a ata, dessa reunião o motivo da mudança da denominação do grupo se deu
por conta da necessidade de dar oportunidade para jovens da comunidade que não eram mães,
e assim poderiam fazer parte do grupo, a partir dessa mudança o grupo de mulheres além de
atividades religiosas tomou outra iniciativa no sentido de se fortalecer indo em busca de
outros conhecimentos como a participação nos encontros de mulheres a nível de município e
de estado.
Conseguiram oficinas de artesanato, treinamento para trabalhar com hortas, oficina
sobre custo para produzir no campo, oficina na comunicação empresarial, ambas feitas pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), participaram dos
anos da chamada pública estadual para aprender como produzir e vender os produtos do
artesanato do grupo com visitas em diferentes feiras em outros municípios.
Faz parte da iniciativa do grupo de mulheres a comemoração do dia dos pais, da
criação do grupo existe hoje na reunião do dia 4 de junho de 2009 para o resgate da cultura da
comunidade como grupo de capoeira, carimbo, grupo de samba de cacete e do artesanato.
No dia 26 de setembro de 2014 foi indicado responsável para cada grupo cultural da
comunidade. Os responsáveis são os seguintes: Artesanato: Antônia Ataíde, Carimbo:
Sebastiana do socorro, Capoeira: Leandro Braga, Samba da cacete: Márcia do Socorro e
coordenador geral dos grupos; Laércio Braga, A diretoria atual está assim composta:
Presidente: Antônia Ataíde, Vice presidente: Sebastiana do Socorro, Secretária: Angélica,
Tesoureira: Antônia.
Recentemente as componentes do grupo decidiram escolher um nome a qual passou a
ser chamado de “Grupo de mulheres quilombolas unidas seremos mais forte”, suas reuniões
acontecem todo primeiro sábado de cada mês, na qual, discutem todos os seus assuntos de
interesse do mesmo. A questão quilombola tem despertado interesse por parte do grupo em
lutar pelos seus direitos e oportunidades de ir em busca de novos conhecimentos.
5.5 CULTURA DA COMUNIDADE (DANÇAS, MÚSICAS E FESTIVIDADES)
5.5.1 DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
O dia da consciência negra é celebrado do dia 20 de novembro, com o intuito de trazer
reflexão as pessoas sobre a inserção do negro na sociedade, esse dia foi escolhido para
homenagear Zumbi dos Palmares, personagem que dedicou toda a sua vida na luta contra a
escravidão. No município de São Miguel do Guamá esse dia foi decretado como feriado,
-
30
segundo o Srº Francisco Nascimento (55), presidente da Associação da comunidade, esse ato
foi de reconhecimento da nossa cultura quilombola, dia para nos reunir, celebrar e fortalecer a
união do nosso povo.
Nesse dia o grupo se reuni para organizar o evento, as tarefas são divididas em
grupos, uns fazem as comidas, outros a ornamentação da sede de eventos, outros responsáveis
pelo torneio de futebol das mulheres e homens. O roteiro da festividade segue com amostras
de danças, samba do cacete, carimbo e capoeira, leitura de poemas preparado pelos jovens e
aberto para as falas dos membros da comunidade.
Fonte: Acervo das autoras
Figura 6 - Time das mulheres no torneiro realizado no dia da consciência negra
Figura 7 - Dia da consciência negra na sede da comunidade
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31
Fonte: Acervo da autora
5.5.2 SAMBA DO CACETE, SAMBA DE RODA, CARIMBÓ E CAPOEIRA
O samba do cacete e o samba de roda são as principais atrações e gênero musical
símbolo da identidade do grupo. Raimunda Rufino foi a responsável de repassar aos mais
jovens essa canção. Apesar da idade avançada e com algumas limitações em relação a audição
e memória, ela faz questão de participar dos eventos, recitar poemas, cantar e tocar. Deste
modo, no período em que o homem maduro deixa de ser um membro ativo na sociedade e
passa a viver a velhice social, este assume outras funções: a de lembrar e a de ser a memória
do grupo social na sociedade em que vive (BOSI, 1994). A memória é uma reconstrução
psíquica e intelectual das representações do passado, um passado que não é apenas daquele
indivíduo que lembra, mas de um sujeito inserido num contexto familiar, cultural e social
(ROUSSO, 2006).
Samba de roda cantando por Raimundo Rufino:
Arriba ciragador
Oh! Cajueiro, cajuá
Arriba ciragador
Vamos ver nossa Iaiá
Cajueiro piquinino carregadinho de flor
Eu também sou piquinino, mas carregadinha de amor
Arriba ciragador
Oh! Cajueiro, cajuá
Arriba ciragador
Vamos ver nossa Iaiá
Eu vou embora, eu vou embora,
Eu vou embora pra Anapú,
Se eu não for na minha barca
Vou no meu rebocador.
Eu vou embora, eu vou embora,
Eu vou embora pra Anapú,
Vou beber água de cheiro
E cachaça de pachangú3.
Autor: Desconhecido
Figura 8 - Raimunda Rufino cantando o samba do cacete durante um evento na
comunidade
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32
Figura 10 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e crianças
Fonte: Barca da leitura
A partir das entrevistas foi possível destacar dona Ana Lúcia, Raimundo Rufino e
Sebastiana do Socorro como responsável em transferir e incentivar os ensinamentos sobre as
tradições de seus antepassados como o samba de Cacete e a capoeira como se observa na
canção abaixo:
Espiri, espiri, piri
Catita não apareceu
Por cima da ribanceira
Catira já se perdeu
Catita teve uma filha
Que coisa mais delicada
Parece à estrela dávida
Sereno da madrugada
Fonte: Acervo da autora
Figura 9 - Toque de tambores da capoeira no dia da consciência negra
-
33
Figura 11 - Apresentação de carimbo do grupo de jovens e criança
Fonte: Barca da leitura
Fonte: Banca da leitura
5.6 GERAÇÃO DE RENDA DAS MULHERES
Observamos que o trabalho assalariado aparece na comunidade, porém não é o
principal mecanismo, as atividades que compõe a renda familiar são as lavouras temporárias
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34
(mandioca e olericultura) e artesanato. As pesquisas referentes à renda das famílias da
comunidade, mostram que as mulheres entrevistadas responderam que vivem da agricultura e
extrativismo animal, como a pesca (com pouca expressão). As culturas mais utilizadas são as
do milho (Zea mays), arroz (Oryza sativa) essas tem finalidade para o subsistências das
famílias, e em relação a mandioca (Manihot esculenta) e tanto para o consumo familiar como
para fonte de renda.
Gráfico 2: Fonte de renda das mulheres.
Fonte: Pesquisa de campo 2018
5.6.1 ARTESANATO
A fonte de renda da comunidade era bastante restrita, algumas mulheres somente se
mantinham com o auxílio do governo, como o bolsa família e aposentadoria. Segundo a
presidente do grupo de mulheres Antônia Nascimento em 2014 elas contaram com o apoio da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) do município para a realização
do curso sobre artesanato.
´´Em 2014 houve uma chamada pública para mulheres artesãs, foi ai que formamos
o grupo do artesanato. O rapaz da Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural (EMATER)veio, fez a reunião e a gente foi, a gente andava muito, fomos pra
Mãe do Rio, Benevides e outras cidades, tudo com oficina mostrando nosso
trabalho. Todo mês nós íamos para a EMATER fazer oficinas, estamos ai,
continuando o trabalho.´´ (Antônia Nascimento, 2018)
O trabalho com artesanato trouxe autonomia para elas com a venda de produtos feitos
a partir de matérias primas produzidas pela comunidade que também contribuem para
complementar a renda familiar.
80%
60%
90%
30%
Hortaliças
Artesanato
Bolsa familia
Outros
Figura 12 - Antônia Nascimento em seu atelier
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35
Fonte: Acervo das autoras
Figura 12: Porta guardanapo, vaso, biquínis de crochê e brincos feitos por Antônia Nascimento
Fonte: Acervo das autoras
Cada artesã, faz o que se identifica mais, e o lucro é individual, há quem trabalhe com
crochê, na confecção de biquíni, tapetes, outras com papelões, caixas para a utilização de
vasos, outras com caroços sementes para fazerem cordões, anéis, pulseiras entre outros.
Quando se trata de encontros de mulheres que as mesma precisam ir a outras cidade
elas se reúnem para fazerem em maiores quantidades, assim garantido uma renda extra para
ajudar nas despesas de suas casas.
-
36
Figura 13: Vasos feitos de papelão por Ana Lucia
Fonte: Acervo das autoras
5.6.2 HORTA
O trabalho com a horta também é de grande importância para essas mulheres, pois é mais
uma maneira de garantia de renda, elas se juntam em mutirão durante três dias na semana para
realizarem suas tarefas (capina, adubação, irrigação, etc). As principais culturas que elas
cultivam são cheiro-verde (Coriandrum sativum), maxixe (Cucumis anguria), abobora
(Cucurbita), caruru (Amaranthus viridis), macaxeira (Manihot esculenta), pimenta-de-cheiro
(Capsicum chinense 'Adjuma'). Parte dessa produção e vendida na própria comunidade,
porém o foco principal é para o abastecimento da cooperativa que comercializa para o
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
A grande dificultada encontrada pelas produtoras é a questão do solo ser arenoso, é um
tipo de solo que possui uma textura leve e granulosa, sendo composto, em grande parte, por
areia (70%) e, em menor parte, por argila (15%), sendo um solo de baixa produtividade.
Dona Antônia relata que para a erguer a horta, elas buscam substratos em outras áreas fora
da comunidade para realizar os cultivos das hortaliças.
Gráfico 3: Produtos produzidos pela comunidade
-
37
Fonte: Pesquisa de campo 2018
O projeto segue uma linha agroecológico, ou seja, alimentos mais saudáveis e produzidos
sem o uso de agrotóxicos e adubos industrializados. Tem sido desenvolvido por meio de
parceria com a Emater de São Miguel do Guamá. O cultivo de espécies alimentares em hortas
domésticas favorece o acesso a alimentos frescos em quantidade e qualidade, o que contribui
para a segurança alimentar e nutricional (Pessoa et al., 2006).
90%
30%
35% 40%
50%
30%
Farinha
Mandioca
Feijão
Arroz
Milho
Criação de animais
-
38
6 CONCLUSÃO
Diante o destaque da mulher quilombola na comunidade de Santa Rita de Barreiras, é
possível depreender que existem modos de preservação das tradições vivenciadas de maneiras
diferentes. Apesar da comunidade manter sua cultura em muitos aspectos do quilombo, como
permanência de manifestações culturais como samba de cacete, carimbó e capoeira que
tornaram-se símbolo de identidade desse grupo social. Uma vez que, no modo de vida dessa
comunidade observa-se rupturas com relação à cultura quilombola, como a inserção de outras
religiões, o não auto reconhecimento como quilombolas por uma parte significativa de
membros da comunidade.
A partir do momento que a comunidade teve o reconhecimento como quilombolas
pelo governo federal, foi possível favorece o desenvolvimento da mesma através de políticas
públicas, como o cadastramento no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
Minha Casa Minha Vida, abastecimento de água, luz elétrica, cursos profissionalizantes e
acesso dos jovens a universidade. Essas parcerias contribuíram para o fortalecimento
socioeconômico do vilarejo. Além de proporcionar ações que possibilitam a visibilidade das
questões de gênero.
Nesse sentido, é importante ressaltar que essas mulheres quilombolas tem
participações ativa e buscam alternativas viáveis para sobrevivência da comunidade, que se
constituem em um sistema onde as dimensões sociopolíticas, econômicas e culturais são
fundamentais para a construção da identidade e da reestruturação da mobilização da
comunidade. Afirmando que o papel da mulher não se limita apenas a afazeres domésticos e
está intimamente ligada a costumes, tradições e valores.
Diante desse cenário, a importância dessa pesquisa para a sociedade acadêmica e em
geral, surge para instiga e promover uma educação interdisciplinar, possibilitando aos futuros
agrônomos se perceberem como profissionais, inseridos na sociedade e na realidade de
trabalho, transformar-se em um cidadão consciente do seu papel social.
-
39
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representando o Ministério de Cooperação e Desenvolvimento Econômico da Alemanha
(BMZ).
-
42
APÊNDICES
-
43
O PAPEL DAS MULHERES NO CONTEXTO HISTÓRICO DA COMUNIDADE
SANTA RITA DAS BARREIRAS NO MUNICIPIO DE SÃO MIGUEL DO GUAMÁ –
PA.
Entrevista
Nome
Apelido
Idade
Estado civil Casada ( ) União estável ( ) Viúva ( ) Solteira ( ) Separada ( )
Grau de
escolaridade
1) A senhora se considera quilombola?
Sim ( ) Não ( )
2) Para a senhora, o que significa ser quilombola?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________
3) A senhora é mulher negra quilombola, quais os principais desafios que já enfrentou e
superou nesse sentido?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________
4) Qual a sua principal fonte de renda (se for aposentada, perguntar se ela exerce alguma
outra atividade, como agricultura ou outras)?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________
5) Se trabalha com agricultura, quais atividades são exercidas?
-
44
Não exerce ( ) Plantações ( ) Criações ( )
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________
6) Participa de alguma organização? (Cooperativa, sindicato, grupo de mulheres)
Sim ( ) Não ( )
_______________________________________________________________
7) A senhora acredita ser importante a organização das mulheres, e quais melhorias isso
pode acarretar?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________
8) Como é a organização da comunidade em relação as atividades agrícolas na
comunidade? (Mutirão, escalas, etc.)
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________
11) Quais são os momentos de lazer dentro da comunidade? (Festividades, eventos)
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________
12) Como é residir em uma comunidade remanescente de quilombo?
_____________________________________________________________________
___________________________________________________________
13) Qual a importância da cultura quilombola na sua vida?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________________
14) A senhora conhece as histórias sobre as origens da comunidade, poderia relatar
algumas delas?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________