monografia 2final
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ABPC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICANÁLISE CONTEMPORÂNEA
CLAUDINEI MASSANORI FUKAMATSU
UM ESTUDO DA ANSIEDADE E DOS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
NAS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Piracicaba2012
CLAUDINEI MASSANORI FUKAMATSU
UM ESTUDO DA ANSIEDADE E DOS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
NAS ORGANIZAÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Trabalho apresentado no encerramento do Curso de Formação em Psicanálise da Associação Brasileira de Psicanálise Contemporânea de Piracicaba, como requisito à obtenção de Certificação e Habilitação como Psicanalista.
Orientadora: Dra. Célia Gevartoski.
Piracicaba
2012
AGRADECIMENTOS
À Deus pelas oportunidades...
Aos meus Pais, minha esposa e meus filhos companheiros e
mestres espirituais desta jornada.
À todos os meus próximos que encontrei nesta etapa de minha vida,
que de alguma forma contribuíram para a consecução deste trabalho, a minha
eterna gratidão.
Nominalmente quero agradecer:
Ao Professor Doutor Décio Gilberto Natrielli, pelo acolhimento, e por
me ensinar o sentido da latência;
Ao Professor Doutor Sebastião Vidigal, pelo exemplo, e por me
ensinar a necessidade do trabalhar brincando;
À Professora Doutora Célia Gevartoski, pela persistência, e por me
ensinar a importância do acreditar no sonho;
À Doutora Carolina Blaya, que gentil e prontamente respondeu ao
meu pedido e me enviou o questionário DSQ-40.
FUKAMATSU, Claudinei Massanori. Um estudo da ansiedade e dos mecanismos de defesa do ego nas organizações contemporâneas. 2012. 56 f. Monografia (Formação em Psicanálise) – Associação Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Piracicaba. 2012.
RESUMO
Este trabalho discute o atual estágio em que se encontra as organizações, apresentando a evolução de acordo com as três ondas de transformação de Tofler, onde a economia baseia-se na tecnologia e principalmente nas informações disponíveis que poderão se transformar em novos conhecimentos, gerando assim diferenciais competitivos na organização. Apresenta-se os conceitos psicanalíticos da ansiedade, medo, angústia juntamente com os mecanismos de defesa do ego, na ótica dos principais autores que versam sobre o assunto, tendo sido também introduzido o conceito de ansiedade de informação. Além da discussão conceitual o estudo contempla uma pesquisa de campo, sendo utilizado o questionário DSQ-40 (ANEXO A). O resultado da pesquisa evidencia que entre os gestores da empresa selecionada, os mecanismos de defesa mais utilizados são a antecipação, o humor e a racionalização, que juntos representam 64,72% dos respondentes, e o grupo de defesa predominante na organização é o grupo maduro ou adaptativas, com 76,46% de representatividade.
Palavras-chave: Ansiedade dos gestores organizacionais. Mecanismos de defesa do ego.
FUKAMATSU, Claudinei Massanori. A study of anxiety and the ego defense mechanisms in contemporary organizations. 2012. 56 f. Monograph (Training in Psychoanalysis) – Brazilian Association of Contemporary Psychoanalisis. Piracicaba. 2012.
ABSTRACT
This paper discusses the current stage as is organizations, showing the evolution of the three waves of transformation of Toffler, where the economy is based mainly on information and technology available that can transform into new knowledge, thus creating competitive differentials in the organization. The psychoanalytic concepts of anxiety, fear, anguish, along with the ego defense mechanisms, in optics from leading authors that deal with the subject, having been also introduced the concept of information anxiety. In addition to the conceptual discussion the study includes a survey of the field, using the questionnaire DSQ-40. The result of the survey shows that among the managers of the company selected, the most commonly used defense mechanisms are the anticipation, the humor, and rationalization, which together represent 64.72 percent of respondents, and the predominant advocacy group in your organization is the mature group or adaptive, with 76.46 percent of representativeness.
Key words: Anxiety organizational managers. Defense mechanisms of the ego.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Sexo 41
Gráfico 2 – Idade 42
Gráfico 3 – Grau de instrução 42
Gráfico 4 – Tempo de empresa 43
Gráfico 5 – Tempo de liderança 43
Gráfico 6 – Grupo do fator 44
Gráfico 7 – Mecanismos de defesa 44
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 08
1.1 Questão problematizante 09
1.2 Justificativa 10
1.3 Objetivos 11
1.4 Hipóteses 11
1.5 Metodologia 11
2 BREVE HISTÓRICO DAS ORGANIZAÇÕES 13
3 A ANSIEDADE, O MEDO E A ANGÚSTIA 17
3.1 O conceito psicanalítico de ansiedade 18
3.2 O conceito da ansiedade de informação 22
4 OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO 25
5 PESQUISA DE CAMPO 40
5.1 Caracterização da empresa e do universo de pesquisa 40
5.2 Resultados apresentados 41
6 CONCLUSÕES 45
REFERÊNCIAS 47
APÊNDICE A – Questões relativas a sua identificação 49
ANEXO A – DSQ-40 51
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1 INTRODUÇÃO
Administrar uma empresa, um departamento ou simplesmente um
projeto demandam atividades quase sempre estressantes e que envolvem muitas
responsabilidades e dedicação dos seus gestores. Através da história da evolução
das organizações podemos observar que o foco gerencial do passado estavam na
administração dos recursos físicos e naturais, enquanto que nas organizações
contemporâneas está na tecnologia e na gestão das informações disponíveis que
deverão ser absorvidas e compartilhadas para se transformarem em novos
conhecimentos, o que por serem “intrusivas e infinitas” geram elevados níveis de
ansiedade.
Aos gestores das organizações contemporâneas, portanto, cabe o
entendimento das questões técnicas e “emocionais” pertinentes, assim propõe-se
um encadeamento e a abordagem de assuntos que configurem o tema proposto.
Para entendimento e consolidação da proposta, desenvolveu-se a seguinte
estrutura:
Após as considerações iniciais e o breve histórico das organizações,
apresenta-se os conceitos de ansiedade, angústia e medo, incluindo os conceitos de
ansiedade na visão psicanalítica e a ansiedade de informação.
Na sequência, através da revisão bibliográfica, busca-se apresentar
e discorrer sobre os mecanismos de defesa do ego, suas conceituações e
características, situando-os no contexto do presente trabalho, e consolidados
através de uma pesquisa de campo, onde aplica-se um questionário previamente
elaborado.
Finalmente, apresenta-se os resultados da pesquisa de campo,
realizada com os gestores de uma empresa privada na cidade de Americana-SP,
permitindo análises, contribuições e conclusões do presente trabalho.
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1.1 Questão problematizante
Nas organizações contemporâneas, face a globalização dos
mercados e a acirrada concorrência, é necessário compartilhar, socializar,
disseminar informações para que estas possam ser absorvidas e se transformarem
em novos conhecimentos, gerando novos serviços e ou produtos, possibilitando
assim a criação de diferenciais competitivos.
Nesta perspectiva, o conhecimento torna-se um fator fundamental,
pois permite a propagação e utilização pelos membros da organização. A
dificuldade está em colocar esse conceito em prática, pois o conhecimento se
origina das informações disponíveis e da percepção das pessoas, e seu
compartilhamento necessita ser estimulado através da confiança e de práticas que
permitam sua disseminação por toda a organização.
Entendemos que a informação é a matéria prima do conhecimento e
a tecnologia pode ampliar e agilizar a maneira como analisamos e sintetizamos os
problemas e as informações, disponibilizando em um espaço menor de tempo um
número maior de possibilidades, mas observamos que o grande número de
informações disponíveis dentro do ambiente organizacional, tais como noticias de
jornais, revistas especializadas, e-mails, normas, procedimentos, etc., levam seus
atores, principalmente aqueles em posição de comando / liderança ao sentimento
de impotência, pois não conseguem acessá-las e digeri-las em sua plenitude. A
tecnologia contribui ainda mais para que a informação seja abundante e tenha uma
natureza muito mais intrusiva e irritante, pois literalmente e constantemente “salta
aos nossos olhos”, criando o que Wurman (2005) chama de fato gerador de
ansiedade.
A ansiedade é uma emoção universal, sendo de acordo com
diversos autores, o fenômeno psicológico mais encontrado na pratica médica, um
sentimento normal e essencial à sobrevivência, podendo ocorrer de acordo com a
capacidade ou não de corresponder as expectativas pessoais, ou dificuldade de
adaptação do sujeito ao meio e a realidade em que vive, inclusive no âmbito das
relações interpessoais, como resultado do processo de aprendizagem e
condicionamento.
Como contextualizado os gestores ou pessoas em posição de
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comando / liderança necessitam conhecer e compreender estas realidades, bem
como os mecanismos de defesa utilizados para ora corresponder, ora adaptar-se,
ora protelar-se e etc., e assim “sobreviver” para que possam contribuir para a
contínua criação de diferenciais competitivos, nas organizações em que trabalham.
Nesta perspectiva, este trabalho, portanto, objetiva responder ao
seguinte questionamento: de que forma conceitos psicanalíticos como a ansiedade e
os mecanismos de defesa do ego, podem ser refinados e compreendidos dentro do
ambiente organizacional?
1.2 Justificativa
O estudo da dinâmica e evolução das organizações e
consequentemente o estudo dos perfis e comportamento de seus gestores, são
objetos de observações e pesquisas a longa data, tendo sido evidenciados por
diversos autores, através de diferentes abordagens.
Neste trabalho entendemos ser necessário compreender a
organização contemporânea e seus gestores, estudar os conceitos de ansiedade e
os mecanismos de defesa do ego, pois diante deste mundo infinito de informações
disponíveis e que nesta dinâmica de continuamente criar-se diferenciais
competitivos, parece descortinar um cenário de impotência e incapacidade de
corresponder aos anseios pessoais e as expectativas de sua organização, podendo
desencadear em elevados níveis de ansiedade.
Diante desta realidade apresenta-se a importância de conhecer as
dinâmicas destas emoções e sentimentos, como eles se comportam no ambiente
organizacional, de que forma são enfrentados, postergados e ou solucionados,
visualizando a possibilidade de conciliar as necessidades dos gestores das
modernas organizações (que resulta da percepção de um perigo ambiental externo)
com as necessidades do ser humano (que se originam de impulsos internos que
ameaçam sentimentos de bem estar da pessoa).
O trabalho contribui para o estudo e desenvolvimento dos gestores
das organizações a partir da compreensão, entendimento e conhecimento das
questões técnicas e emocionais que os permeiam.
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1.3 Objetivos
Geral:
Possibilitar, através da revisão bibliográfica pertinente e de uma
pesquisa de campo, uma abordagem de conceitos psicanalíticos que permitam
orientar os gestores das organizações contemporâneas.
Específicos:
Verificar e analisar a luz da revisão bibliográfica apresentada, como
a ansiedade e os mecanismos de defesa do ego podem ser refinados e
compreendidos no ambiente organizacional;
Verificar quais são os mecanismos de defesa do ego mais utilizado
pelos gestores na organização;
Verificar se na amostra pesquisada existe alguma predominância
significativa entre os grupos de defesas de fator maduro, neurótico e imaturo.
1.4 Hipóteses
Sendo a ansiedade uma emoção inerente ao ser humano, diferentes
gestores dentro de uma organização podem senti-la e vivenciá-la com diferentes
intensidades e de diferentes formas enfrentá-las, postergá-las ou solucioná-las
podendo ser esta forma de defesa um diferencial na geração de novos
conhecimentos. Assim, a ansiedade com seus mecanismos de defesa, se refinados
e compreendidos dentro do ambiente organizacional, poderão influenciar de forma
mais assertiva o comportamento dos gestores das organizações contemporâneas.
1.5 Metodologia
Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário uma revisão
bibliográfica, afim de se estabelecer os conceitos básicos para configurar o assunto
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e ou permitir a discussão dos objetivos a serem alcançados no presente trabalho.
Segundo Cervo e Bervian (1983), a revisão bibliográfica é utilizada quando
necessita-se explicar um problema a partir de referencias teóricas publicadas em
documentos, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas
do passado, sobre determinado assunto, tema ou problema. A pesquisa foi de cunho
teórico com abordagem qualitativa, através da seleção, sintetização e ordenação
das diversas contribuições encontradas.
Além disso, foi realizada uma pesquisa de campo, com um grupo de
gestores que foram previamente definidos e selecionados em uma empresa privada
na cidade de Americana-SP, onde aplicou-se um questionário com o propósito de
verificar quais os mecanismos de defesa do ego são predominantemente utilizados,
e a qual grupo de defesa pertencem. A coleta e o tratamento de dados estabelecidas
para o presente estudo, compreendeu:
a) a aplicação de um pré-teste a fim de verificar as dificuldades do
aplicador e as dificuldades de entendimento das questões, sendo
escolhidos aleatoriamente três funcionários da empresa;
b) remessa dos questionários via sistema de entrega de
correspondências interna da empresa, que entregou aos
respondentes sendo retornados devidamente preenchidos através
do mesmo sistema endereçados à administração, que acumulou e
repassou em um único envelope ao autor;
c) classificação e organização das informações coletadas;
d) estabelecimento das relações existentes entre os dados coletados
e o objetivo do estudo;
e) o tratamento dos dados que foram compilados e analisados
através de técnicas estatísticas em forma percentual e
apresentados através de tabelas que permitiram a concentração e
visualização dos resultados obtidos na pesquisa.
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2 BREVE HISTÓRICO DAS ORGANIZAÇÕES
Tofler (2001), divide a história da civilização em três ondas de
transformação: Primeira Onda – a revolução agrícola; Segunda Onda – a revolução
industrial e Terceira Onda – a revolução da informação.
O autor considera que o início da Primeira Onda tenha sido com o
aparecimento da agricultura, sendo este o ponto decisivo para o desenvolvimento
social humano. Com o avanço da revolução agrícola através do planeta, espalhando
aldeias, colônias, terra cultivada e um novo modo de vida, esta onda teria dominado
a Terra até meados do século XVI.
A Segunda Onda ganha força com a industrialização pelos
processos produtivos e produtos, que se massificaram a partir de novas tecnologias.
As sociedades da revolução industrial, começaram a extrair sua energia de carvão
de pedra, gás e petróleo – de combustíveis fósseis insubstituíveis, que de acordo
com Tofler (2001), “[...] pela primeira vez, uma civilização estava consumindo o
capital da natureza em vez de apenas viver do rendimento que ela fornecia”.
Com a industrialização gerou-se a partir de então, a urbanização e a
formação de um sistema social rico, multiforme, poderoso e expansivo, atingindo seu
ponto máximo por volta de 1955, nos Estados Unidos, caracterizada pela
padronização, especialização e na crença de que os recursos fósseis baratos
estariam à disposição interminavelmente.
A Terceira Onda, inicia-se na divergência da maneira industrial de
perceber o mundo, que já não reflete a realidade. Para Tofler (2001),
chegamos a um ponto decisivo na “guerra contra a natureza”. A biosfera simplesmente não tolera o assalto industrial. (...), não podemos mais apoiar-nos indefinidamente em energia não renovável, até agora o subsídio principal do desenvolvimento industrial.
O autor entende que a Terceira Onda representa uma economia
baseada na informação e no conhecimento, diferente da Segunda Onda,
caracterizada pela padronização, especialização e nos recursos fósseis finitos e até
então insubstituíveis, a essência desta economia é a personalização, e a energia
que move a Terceira Onda, baseada em recursos renováveis.
De acordo com Nonaka, Takeuchi (1997) e Drucker (1999), no
passado o que gerava um diferencial competitivo era a localização, o acesso a mão-
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de-obra, aos recursos naturais e financeiros disponíveis. Já neste ambiente
dinâmico o fator que pode proporcionar o diferencial competitivo é aquele que nasce
da efetiva gestão do conhecimento, daquilo que a empresa sabe, como consegue
utilizar e compartilhar o que sabe e a rapidez com que aprende algo novo.
Sendo o conhecimento ilimitado, descentralizado, e podendo ser
utilizado para a geração de novos conhecimentos, a sua aplicação poderá criar
diferenciais de difícil imitação, alavancando desta forma a organização que incentive
sua geração.
Diante deste contexto as organizações têm procurado soluções
diversas, como desenvolver novas formas de trabalho, comunicação, estruturas,
tecnologias e novos vínculos com os diversos agentes com os quais interagem.
É difícil a criação de diferenciais competitivos com trabalhos
meramente operacionais, pois o pretenso trunfo logo será imitado, tampouco a
diferenciação através de novos equipamentos e maquinários, pois qualquer um
poderá adquiri-los.
A gestão do conhecimento, surge então, como uma prática
organizacional, que possibilita constantes inovações, gerando vantagens
competitivas sustentáveis, através da criação de diferenciais de difícil imitação.
Sapiro (2002) entende que a gestão do conhecimento “[...] é uma
ferramenta que faz com que as empresas se relacionem com o mercado de maneira
segura e garanta a sobrevivência por um longo período.” O autor diz:
A produção do conhecimento deve ser um ato coletivo – da secretária ao porteiro; do presidente ao faxineiro. Quando isso ocorre de forma individual ou fica restrito a poucos departamentos, o que se vê é a formação de ilhas de conhecimento, que nada contribuem para o crescimento das organizações.
Como observamos, as organizações necessitam desenvolver
constantemente novos conhecimentos a partir da gestão das informações
disponíveis em seu ambiente e de forma participativa para que os novos
conhecimentos se transformem em produtos, processos, métodos e ou serviços
inovadores.
Assim entendemos que o desafio dos gestores reside no fato de
coletivamente construir novos conhecimentos, necessitando da colaboração de seus
liderados e pares organizacionais, possíveis quando conseguem entender e
administrar suas emoções e estados de angústia, medo e ansiedade que são
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potencializados em função do dinâmico, intrusivo e exaustivo ambiente em que,
cotidianamente convivem.
Morgan (2000) nos apresenta uma visão muito interessante da
dinâmica das organizações, abordando a natureza humana, considerando seus
membros como participantes de um sistema, prisioneiros de seus próprios
pensamentos e ações, chamada pelo autor de prisões psíquicas.
Variados temas psíquicos podem ser encontrados no cotidiano das
organizações, tais como as obsessões, prisões mentais, sexualidade latente,
narcisismo, medo da morte, emoções fortes, ilusões de controle, ansiedades,
mecanismos de defesa, etc.
O autor nos cita como exemplos:
A organização sempre tem um significado inconsciente.As forças psíquicas podem agir como dimensões ocultas da organização que encorajam ou bloqueiam a inovação.Como atitudes congeladas e forças inconsciente podem fazer com que as pessoas resistam à mudança organizacional.Como é reconhecido o poder e significado do que, superficialmente, parece irracional.Como podemos nos tornar prisioneiros de nossas maneiras de pensar e como, se quisermos, esse padrão pode ser mudado (MORGAN, 2000).
Em leitura nas teorias psicanalíticas que apoiam esta perspectiva,
podemos observar as ligações entre organização, o inconsciente e o
comportamento, que de forma conjunta, geralmente são ignorados pela teoria
tradicional da administração.
Na metáfora da organização como prisões psíquicas, Morgan (2000)
sustenta a ideia de que as organizações são criadas e sustentadas por processos
conscientes e inconscientes, entendendo que as pessoas podem se tornar
verdadeiras prisioneiras de imagens, ideias, pensamentos e ações que esses
processos originam.
De acordo com Platão (apud MORGAN, 2000), na alegoria da
caverna em que Sócrates discute as relações entre aparência, realidade e
conhecimento, fica muito bem retratado um modelo destas prisões psíquicas.
Pelo relato, existe uma caverna subterrânea cuja entrada está
voltada para a luz de uma fogueira, no interior dela encontram-se pessoas
acorrentadas de tal modo que não podem mover-se. Estas pessoas conseguem
enxergar somente a parede da caverna diretamente a sua frente. Esta parede é
iluminada pela claridade das chamas que nela projetam as sombras das pessoas,
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vegetações e objetos lá de fora.
Os moradores da caverna tomam as sombras que conseguem ver
por reais, para estes prisioneiros este universo que percebem constitui a verdade e a
realidade.
Entretanto, caso um dos habitantes escapasse das amarras, ao
deixar a caverna este iria perceber que as sombras nada mais são que os reflexos
de uma realidade maior e mais complexa e que o conhecimento e as percepções de
seus antigos companheiros de caverna são imperfeitas, incompletas e distorcidas.
Se ele voltasse a caverna não seria mais capaz de viver como antes,
teria dificuldade em aceitar seu confinamento e suas antigas verdades e se tentasse
compartilhar com eles seu novo conhecimento seria ridicularizado por suas ideias,
isto porque para os prisioneiros da caverna as imagens com as quais estão
acostumados possuem muito mais significado do que um mundo que eles nunca
viram.
Na alegoria comentada, podemos observar a necessidade de
compreendermos que grande parte da realidade diária, presentes na dinâmica
organizacional, estão expressando preocupações e problemas que estão abaixo do
nível da consciência, e fora do nosso ângulo visual, pois muito do que acontece num
nível superficial em uma organização se originam na estrutura oculta e dinâmica da
psique humana.
Para Freud (apud MORGAN, 2000), o inconsciente é criado quando
o indivíduo reprime seus desejos interiores e seus pensamentos secretos e que a
fim de viver em harmonia com seus semelhantes os seres humanos precisam
moderar e controlar seus impulsos e que o inconsciente e a cultura são dois lados
da mesma moeda. Ele via a cultura como a superfície visível da repressão que
acompanhava o desenvolvimento da sociabilidade humana. Foi neste sentido que
ele falou que a essência da sociedade é a repressão do indivíduo e que a essência
do indivíduo é a repressão de si mesmo.
Os seres humanos portanto vivem suas vidas como prisioneiros ou
produtos de sua história psíquica individual e coletiva.
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3 A ANSIEDADE, O MEDO E A ANGÚSTIA
Boss (1975) diz que se, de antemão, o medo não houvesse impelido
as primeiras formas de vida a se porem a salvo através de reações de fuga, bem
como se, as inibições culposas não houvessem freados a agressividade dos animais
para com os de sua própria espécie, a vida teria se autodestruído e seria extinta
muito antes de ter conseguido coroar sua obra, a criação do ser humano.
Desde a antiguidade os homens precisavam estar atentos às
ameaças e aos perigos, pois suas vidas dependiam de suas ações. Eles
necessitavam explorar o desconhecido, caçar e viver em permanente estado de
tensão para não ser a caça de outros animais.
Nesse estado de tensão acontecem alterações fisiológicas: as
glândulas supra-renais recebem informações, liberam a adrenalina que vai para a
corrente sanguínea, permitindo assim que a musculatura receba maior quantidade
de sangue para que a pessoa possa enfrentar o perigo eminente, fuja ou ainda que
fique paralisada a fim de escapar de um possível ataque. Assim, há uma tendência
natural de antecipar-se, de preocupar-se permanentemente como se nossa
integridade física dependesse desse estado de constante alerta, ou seja, é como se
nossa sobrevivência dependesse de estarmos sempre prontos para a ação.
A palavra ansiedade1 vem do latim “anxietate” e tem como
significado: aflição, angústia, grande inquietude, desejo veemente, impaciência,
sofreguidão, avidez.
Também temos como definição ansiedade2 como a comoção aflitiva
do espírito que receia que uma coisa suceda ou não; sofrimento de quem espera o
que é certo vir e tendo como sinônimos o anseio, desespero, impaciência, entre
outros.
Alguns autores como Silva, Martinez e Almeida (apud PAIVA, 1996)
consideram o conceito da chamada ansiedade natural, que, é representada pela
angústia existencial, assim para os autores fora isso, não devemos utilizar o termo
ansiedade, mas sim “reação ansiosa”.
1 ANSIEDADE. In: DICIONÁRIO online de português. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/ansiedade/>. Acesso em: 19 set. 2012.
2 ANSIEDADE. In: WEB dicionário. Disponível em: <http://webdicionario.com/ansiedade>. Acesso em: 19 set. 2012.
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A angústia, a ansiedade e o medo são conceitos correlatos e, na
vida prática, frequentemente são usados como sinônimos, pois parecem se
confundir e por diversos autores podem ser considerados complementares. Em
função do objetivo de nosso trabalho, consideraremos como sinônimos os termos
angústia e ansiedade. No entanto, apresentaremos uma distinção importante, entre
o medo e a ansiedade, que de acordo com Motta (2002),
O medo é um julgamento de que há um perigo real ou potencial em determinada circunstância: surge com a percepção de risco, ou seja, a possível ocorrência de algo danoso. Por ser normalmente percebido como um perigo, involuntário e, em parte, incontrolável, o risco naturalmente provoca o medo. Uma pessoa sente medo quando se aproxima do perigo ou se imagina lá; portanto, o medo pode aumentar diante de fatores que não estão presentes mas que poderão ocorrer no futuro. Assim, o medo pode ser realista, explicável por premissas lógicas e razoáveis e por observação objetiva; ou irrealista, baseado em premissas falsas e imaginações contrárias à observação. Por definição, imaginações são irrealistas: derivam de crenças falsas sobre a realidade e, normalmente, são fruto de informações incorretas, incompletas ou inadequadas.
Para o autor, por ser a avaliação mental de estímulos ameaçadores,
o medo é um processo cognitivo e não uma reação emocional, já a ansiedade é a
reação emocional a situações de risco, cuja característica é percebida como um
sentimento desagradável de tensão, nervosismo e perturbações físicas. A ansiedade
é a resposta natural e instantânea ao medo e, portanto, não pode ser classificada de
irrealista ou realista porque é emocional.
Para corroborar, propondo uma distinção e ao mesmo tempo em
que demonstra a relação entre o medo e ansiedade, utilizaremos o conceito de
Tillich (1973): “medo e ansiedade são distintos mas não separados. São imanentes
um dentro do outro: o acicate do medo é a ansiedade, e a ansiedade se esforça na
direção do medo". O autor evidencia que o medo é criado e localizado em um objeto
específico que pode ser enfrentado ou evitado. A ansiedade por sua vez não tem
objeto, ou melhor, seu objeto é a negação de todo objeto.
3.1 O conceito psicanalítico de ansiedade
Freud (1925) sugeriu que o ato de nascer talvez possa ser
considerado como a experiência em que se principia e se estabelece a síndrome da
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ansiedade, também conhecida como angústia existencial, pois quando nasce, o
bebê deixa um ambiente previsível e tranquilo para entrar num estado de
estimulação e excitação esmagadora, provocados por estímulos internos e externos
que lhe excedem a capacidade de controle.
Tillich (1973) propõe o entendimento do conceito de ansiedade a
partir da compreensão dos afetos do homem segundo sua consciência de ser e de
não-ser:
É a consciência de sua finitude que o remete para dentro de si mesmo, para a busca de uma integração e centralidade, assim a ansiedade é a consciência da existência de conflitos insolvidos, que levam a pessoa para o confronto com esta finitude e a busca desta centralidade.
A psicanálise considera que a ansiedade representa importante
papel no processo de adaptação e equilíbrio do indivíduo, estando relacionada com
a experiência de um temor internalizado que pode originar-se de várias fontes do
aparelho mental. Para a psicanálise, a angústia (ansiedade) mobiliza os recursos
internos do indivíduo para a solução de seu impasse existencial, seus conflitos.
Reconhecer-se finito, não-onipotente, não-perfeito, passível de morte
e desagregação, põe por terra a crença narcísica do indivíduo e, somente com a
aceitação de sua finitude, com a frustração é que o indivíduo encontra saídas
sublimatórias para seus conflitos.
Para Tillich (1973), a ansiedade se instala a partir de três
instancias ou tópicas como cunhou Freud (1937): o Id, o Ego e o Superego:
A ansiedade instintiva (id) resulta de uma expectativa de invasão do organismo por um excesso de tensões e estímulos oriundos de seus próprios impulsos e relaciona-se com as primeiras experiências infantis de acúmulo de tensão e gratificação. A ansiedade do ego resulta da percepção de uma situação perigosa incorporada, que uma vez foi sentida como externa, correspondente às várias fantasias e distorções do pensamento do processo primário na infância. A ansiedade do superego resulta da incorporação de ameaças de punição ou perda do amor, baseadas nas regras morais, atualmente experimentadas pelo indivíduo como sentimento de culpa. Nesse momento, se o indivíduo falha em viver de acordo com seu ego-ideal, surge uma ansiedade do superego, sentida como vergonha...
Assim quando o ego é obrigado a admitir sua fraqueza, ele irrompe
em ansiedade, chamada ansiedade realística referente ao mundo externo, o
superego irrompe na ansiedade moral e a ansiedade neurótica referente à força das
paixões do id.
Para Paiva (1996), do ponto de vista patológico, há dois tipos de
ansiedade: crônica e aguda. A ansiedade crônica é uma manifestação perseverante
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de desagrado ou fracasso do ser psicofísico, à realidade da vida, e a ansiedade
aguda é a chamada angústia, sendo esta a ansiedade crônica em crise aguda.
Tillich (1973) colabora descrevendo a ansiedade patológica como
um estado de ansiedade existencial sob condições especiais. Aquele que não
consegue tomar com coragem sua ansiedade sobre si próprio pode obter êxito em
evitar o desespero (situação extremada de ansiedade) escapando para a neurose.
"Neurose é o meio de evitar o não-ser evitando o ser".
Para Lacan (apud BESSET, 2002), a angústia (ansiedade) é pensar
como uma presença que escapa a qualquer saber. A qualquer saber suposto reforça
o autor, já que não se trata de algo do terreno de uma verdade, nunca absoluta, mas
de uma certeza, jamais relativa, a certeza da angústia.
Diferente de Freud (1925), que afirma que a base da angústia é a
ameaça da perda de um objeto amado, e entendendo a angústia a partir de uma
falta postulada como estrutural, Lacan (apud BESSET, 2002) afirma que o que esta
em jogo é que a falta pode faltar, escrevendo o conceito da angústia como o afeto-
sinal do desejo do outro:
Esse Outro, antes de saber o que isso quer dizer, minha relação com seu desejo, quando eu estou na angústia, esse Outro, eu o coloco, primeiro ai. Para me aproximar de seu desejo, eu tomarei, Deus meu, as vias que já tracei. Disse-lhes: o desejo do homem é o desejo do Outro.
Assim Pereira (apud BESSET, 2002), se referindo a Lacan, diz que,
as manifestações da angústia afetam o corpo do sujeito que fala, presentificando,
assim sua divisão, assinalando a incompletude do Outro do significante, remetendo
o sujeito a sua própria incompletude, que faz dele distinto do eu. Para o autor, a
angústia se instala no momento em que o sujeito se percebe implicado no desejo do
Outro sem, contudo, conseguir situar-se em relação à demanda que o Outro lhe
parece dirigir.
Rocha (apud BESSET, 2002) faz citação da fábula de Higinio, onde
nos apresenta a angústia como sinônimo de Cuidado, ou cura, que trata-se do
esforço angustiado, sugerindo assim que o esforço angustiado, cura ou angústia se
refeririam a uma mesma disposição que habita o Dasein (existência) na abordagem
heideggeriana:
Cuidado (Angústia), ao atravessar um rio, viu uma massa de argila e, mergulhado nos seus pensamentos, apanhou-a e começou a modelar uma figura. Quando deliberava sobre o que fizera, Júpiter apareceu. Cuidado (Angústia) pediu que ele desse uma alma à figura que modelara e, facilmente, conseguiu o que pediu. Como Cuidado (Angústia) quisesse, de
21
sí próprio, dar um nome à figura que modelara, Júpiter proibiu e prescreveu que lhe fosse dado o seu. Enquanto Cuidado (Angústia) e Júpiter discutiam, Terra apareceu e quis que fosse dado o seu nome a quem lhe fornecera o corpo. Saturno foi escolhido como árbitro. E este, equitativamente, assim julgou a questão: “Tu, Júpiter, porque lhe deste a alma, tu a terás depois da morte. E tu, Terra, porque lhe deste o corpo, tu o receberás após a morte. Todavia, porque foi Cuidado (Angústia) quem primeiramente a modelou, que ele a tenha enquanto a figura viver. Mas uma vez que existe entre vós uma controvérsia sobre o nome, que, ela seja chamada homem, porque feita do húmus.
O autor, através da fábula citada nos remete aos conceitos de Ser e
Tempo, onde Tempo é o horizonte do Ser, mostrando a atualidade e necessidade da
psicanálise e da analítica existencial, pois na realidade atual, onde nos são
apresentados através de diversos meios de comunicação e organismos sociais
“verdades absolutas” e promessas de “certezas” que conduzem a fontes
permanentes de alienação e dos fanatismos e que tornam as “massas”
contemporâneas uma presa fácil, podemos observar a necessidade do homem se
conhecer e tornar-se realmente quem ele é, no tempo e na forma em que ele
consegue ser.
A angústia gerada pelo vir a Ser também é compartilhada por Boss
(1975), quando nos apresenta o ser humano como partícipe do mundo através do
relato:
O ser humano se mostra como sendo aquele ser, do qual o mundo precisa, como o âmbito de claridade necessário para poder-aparecer, para poder-ser. Justamente é este deixar-se necessitar, e nada mais, que o ser humano “deve” àquilo que È e que há de ser. È por isso que todos os sentimentos de culpa baseiam-se neste ficar-a-dever. Ficar-a-dever que se é, se os senhores quiserem, a culpabilidade existencial do ser humano. Não há, consequentemente, nenhum fenômeno da consciência humana que não deva e não possa ser entendido no fundo como um chamado e uma advertência para cumprir a missão humana de guardião e pastor de tudo aquilo que tem que aparecer, que ser, e que quer se desdobrar na luz de uma determinada existência humana.
O autor colabora nos descrevendo as consequências observados
por ele, advindas destes sentimentos de culpa e angústia pelo desejo do vir a ser,
em seus pacientes, que se recolheram em proporção cada vez maior para o
“esconderijo” do interior do corpo, e dai somente falam na linguagem dos órgãos,
dos assim chamados distúrbios funcionais cardíacos, gástricos, intestinais entre
outras. O autor entende que, nos dias atuais, a angústia tende a se esconder “sob a
fachada fria e lisa de um tédio vazio e por traz da muralha gélida de sentimentos
desolados de completa insensatez pela vida”.
22
3.2 O conceito da ansiedade de informação
Para Perring (apud HUECK, 2008),
os fatores que mais causam preocupação atualmente são coisas muito menos tangíveis, como satisfação no emprego, realização amorosa, visual perfeito. Como nossos antepassados ainda estavam ocupados em sobreviver, dificilmente tinham as crises e neuroses que temos agora, assim, boa parte das nossas apreensões vem das milhares de possibilidades de escolha que temos hoje em dia.
A autora exemplifica que:
...se no século 18, havia apenas 20 empregos diferentes nos quais uma pessoa podia fazer carreira, hoje esse número já passa dos 20 mil – e continua aumentando. O tempo que cada trabalhador passa num emprego também não para de diminuir. O Ministério do Trabalho dos EUA calcula que um empregado vá passar por 10 a 14 cargos diferentes antes dos 40 anos. O número de divórcios aumentou 13 vezes em 3 décadas. Esses dados são impressionantes, se lembramos que antigamente casamento e emprego duravam muito mais, se não a vida inteira.
Wurman (2005) colabora afirmando que, se há um fator gerador de
ansiedade que seja típico dos nossos tempos, esse é a informação. A velocidade
com que a informação “viaja” o mundo é algo muito recente na história da evolução
de nossa espécie, e ainda não aprendemos a lidar e filtrar com todo este volume de
informações. O autor relata que:
...uma edição de domingo do jornal The New York Times tem cerca de 12 milhões de palavras e contém mais informação do que aquela que um cidadão do século 17 recebia ao longo de toda a vida. A capacidade de computação mundial aumentou 8 mil vezes nos últimos 40 anos. Com esse ritmo, especialistas calculam que produzimos mais informação na última década do que nos 5 mil anos anteriores. E todo esse acúmulo causa ansiedade.
Para Costa (apud WURMAN, 2005), o mundo produz em um só ano,
5 exabytes de informação nova – o que equivale a 100 livros para cada um dos 6,3
bilhões de habitantes da terra, prevendo ainda um fluxo de 62 bilhões de e-mails/dia
para o ano de 2006.
Já existe de acordo com Hueck (2008), até alguns termos que foram
cunhados para definir a ansiedade trazida pelos novos meios de comunicação:
a) technologyrelated anxiety – ansiedade que surge quando o
computador trava, que afeta 50% dos trabalhadores americanos;
b) ringxiety – impressão de que o seu celular está tocando o tempo
todo e a ansiedade de estar desconectado da internet e não saber o
23
que acontece no mundo, que já contaminou 68% dos americanos.
Na internet, não há diferença entre um adolescente de 16 anos, uma
organização multinacional ou uma instituição centenária, o acesso a informação já
foi muitíssimo controlado, hoje esta disponível a todos. Para Wurman (2005), se o
produto da era digital é a informação, a internet é seu meio de transporte, o que
pode significar mais desinformação, porque a informação errada pode ser
transmitida tão facilmente quanto a certa, aumentando os níveis de incertezas e
ansiedade.
De acordo com Shedroff (apud WURMAN, 2005) existe 4 formas de
ansiedade de informação:
a) a frustração pela incapacidade de “ficar por dentro” da quantidade
de dados que se apresenta em nossa vida. O que torna a situação
ainda pior é que os dados não permanecem passivos, mas se
infiltram constantemente em todos os ambientes e invadem nossa
atenção;
b) uma segunda forma de ansiedade, mais sutil, da qual temos
menos consciência é a frustração diante da qualidade do que nos é
oferecido, sobretudo do que se apresenta como noticia;
c) uma terceira forma de ansiedade de informação, surge do
sentimento de culpa por não estarmos “mais informados” e não
sermos capazes de acompanhar o volume de dados. Corremos o
risco de nos sentir incapazes numa sociedade que diz que “saber ” é
mais importante do que “compreender”;
d) quarta forma – vem a ansiedade gerada pela perigosa arrogância
de “saber antes dos outros”. Ex. um amigo ou até um estranho,
reage num misto de surpresa e indignação ao descobrir que você
ainda não sabe alguma coisa que ele considera “importante”.
Os gestores das organizações contemporâneas convivem
cotidianamente com as quatro formas de ansiedade apresentada pelo autor, pois as
informações são as matérias primas para a geração de novos conhecimentos,
produtos e ou serviços e precisam ser acessadas, compreendidas e compartilhadas.
Observamos que a ansiedade aqui gerada se manifesta como um
sinal constante de perigo ou ameaça do ambiente externo ou interno, e que de forma
muito invasiva foge aos nossos controles, mobilizando assim, recursos
24
intrapsíquicos de defesa visando restabelecer o equilíbrio do indivíduo.
Os recursos intrapsíquicos utilizados são denominados "mecanismos
de defesa" e referem-se à diferentes tipos de reações em que a defesa pode ser
especificada, sendo encontrados tanto nos estados normais quanto nos patológicos
e cuja função é bloquear a manifestação direta de necessidades instintivas.
Como o conflito psíquico é inevitável no ser humano, os mecanismos
de defesa se estabelecem e se desenvolvem em cada indivíduo, fazendo parte de
seu amadurecimento psicológico, para tratar e resolver tanto os conflitos
intrapsíquicos quanto aqueles que surgem entre o organismo e o meio ambiente.
25
4 OS MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Os mecanismos de defesa foram primeiramente estudados por
Freud (1886), quando ele investigava métodos de “disfarce” usados pelo ego. O
autor identificou a existência de diversos mecanismos de defesa, mas destinou
especial atenção no estudo do mecanismo da repressão.
Para Freud (1914), o aspecto inconsciente do ego contém os
mecanismos de defesa, necessários para se contrapor às pulsões e impulsos do id
(como sexualidade, agressividade, etc.).
Posteriormente, Freud (1992) aprofundou a questão dos
mecanismos de defesa, realizando um estudo, onde sustentava que todas as
pessoas, normais ou neuróticas, utilizam um conjunto característico de mecanismos
de defesa.
No mundo intrapsíquico, de um lado, os impulsos do id buscam
constantemente gratificação, e de outro, o ego precisa harmonizar esses impulsos
com as exigências da realidade externa e com as proibições e as expectativas do
superego. Esse conflito produz ansiedade, que sinaliza para o ego que algum
impulso inaceitável e amedrontador está querendo se expressar, e avisa da
necessidade de um mecanismo de defesa que mantenha inconsciente esse impulso
(FREUD, 1926).
Podemos observar que os mecanismos de defesa representam uma
dimensão importante da estrutura da personalidade e do funcionamento
psicodinâmico e, estão envolvidos no controle da ansiedade e outros estados
afetivos, e na determinação de padrões de comportamento, sendo uma das formas
de medir como o indivíduo responde aos estressores do ambiente externo e que
comportamentos internos adota.
De acordo com Freud (1992), o ego não se defende somente contra
impulsos instintivos e seus derivados, mas também contra os afetos associados a
estes impulsos, sendo que ao lidar com estes afetos raramente os mecanismos são
usados de forma isolada. A autora entende que é o conjunto destes mecanismos
utilizados que determina a riqueza e maturidade do individuo, e o que varia no
estabelecimento de uma patologia é a predominância de determinado tipo de
mecanismo e o seu nível quantitativo que é empregado em suas percepções e
26
reações.
Diversos contemporâneos contribuem com o tema, Olimpio (2011),
apresenta-nos conceitos muito ricos, ao conceituar e associar os mecanismos de
defesa com a mitologia, a título de enriquecimento de conteúdo apresentaremos
algumas associações escritas pela autora.
Projeção: operação em que o sujeito, inconscientemente, expulsa
de si pensamentos e afetos e os projeta no outro, recusando essas características
que de fato estão em si mesmo. Esse mecanismo é comum entre os neuróticos, mas
no seu caráter extremo, transforma-se em patologia, com sentimentos e ideias
persecutórias, próprias da paranoia. O paranoico é, comumente, um sujeito
desconfiado, ciumento e pouco sociável, e não aceita as opiniões ou conselhos
alheios.
Mito - Aristeu apicultor:
Aristeu persegue Eurídice, esposa de Orfeu e esta na fuga, pisa
numa serpente e falece. Aristeu não se questiona sobre o que aconteceu, não dá
importância à morte de Eurídice, atribuindo a ela falta de cuidados ao correr atrás
dele, e permanece a cultivar as suas abelhas. Estas começam a morrer e ele acusa
sua mãe de lhe infringir tal infortúnio. A mãe o aconselha a procurar Proteu, um
profeta, para explicar-lhe o ocorrido. O profeta diz-lhe do mal que fizera a Eurídice,
que fora ele quem corria atrás dela e não o contrário, e ainda o fato de não assumir
a culpa por esse ato. Mostra-lhe, ainda, quando Aristeu perde as abelhas e
responsabiliza sua própria mãe. Aristeu (neurótico) concorda com Proteu. Este dá-
lhe então, instruções para cultivar novamente as abelhas para que a apicultura
floresça.
Formação reativa: este mecanismo se apresenta quando o sujeito
utiliza de um comportamento, ação ou pensamento oposto a um desejo recalcado.
Por exemplo, a homofobia pode ser um comportamento que o sujeito adota para
rechaçar de si um desejo homossexual inconsciente.
Mito – Fedra:
Fedra era uma das mulheres de Teseu, que em suas aventuras
tivera um filho com outra mulher, a amazona Hipólita, e deu o nome ao filho de
Hipólito. Fedra criou Hipólito que cresceu robusto e com todas as qualidades e
belezas do pai e se parecia com Teseu, sendo tão jovem quanto ele. Fedra se
apaixona por Hipólito e lança-se sobre ele. Este, por precaução afasta-se da
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madrasta. Fedra não aceitando seu próprio comportamento insidioso acusa o
enteado dizendo ao marido que este a violentara enquanto Teseu estivera fora.
Teseu retornando ao lar pede a Poseidon para castigar o filho. Poseidon faz com
que os cavalos de Hipólito caiam ao mar e ele morre. Fedra suicidou-se de remorso
e arrependimento e Teseu, mais tarde descobrindo toda a trama homenageia
Hipólito em festas comemorativas junto ao mar.
Formação de sintomas: mecanismo neurótico em que o sujeito
transfere para o corpo suas pulsões inconscientes. Neste sentido, o corpo adoece e
cria sintomas, cujas causas, muitas vezes são desconhecidas pela medicina. Ex.:
Gastrite, úlceras, etc.
Mito – Prometeu:
O deus grego Prometeu enfureceu Zeus por levar o fogo à
humanidade. O fogo representa a sabedoria, e com ele o homem aprendeu a forjar
os metais. Como castigo, Zeus mandou que o amarrassem ao Monte Cáucaso onde
todos os dias uma águia monstruosa o atacava e devorava parte do seu fígado que
voltava a crescer e novamente era devorado no dia seguinte, todos os dias, por um
período de cerca de 12 gerações. Assim acontece com o neurótico: suas
enfermidades regeneram, mas novamente adoecem e reaparecem, se não no
mesmo lugar, em outros lugares do corpo. O propósito da psicoterapia não é a cura,
mas a diminuição da repetição, ou do reaparecimento intenso dessas enfermidades.
Regressão: neste mecanismo o sujeito inconscientemente retorna a
um ponto já atingido no percurso do desenvolvimento psíquico ou a um ponto
anterior a este. É muito comum nos casais enamorados que utilizam um com o outro
uma linguagem infantilizada, ou em filhos, que tendo ganhado um irmãozinho
regridem a comportamentos regredidos, como voltar a fazer xixi na calça,
engatinhar, etc, tais quais o bebê.
Mito – Cupido:
Cupido é retratado como um semi-deus criança. Com suas
brincadeiras: flechar corações provocando-lhes um amor doloroso, é símbolo da
criança arteira, inconsequente. Cupido cresceu, mas não amadureceu. Continuou
com comportamento de criança e era companheiro inseparável de sua mãe,
fazendo-lhe todas as vontades e sendo recompensado por ela. Cupido permanece
criança, até que sua mãe Vênus junto com Vulcano (Deus da forja dos metais) lhe
dessem outro irmão, mas somente o amor maduro por Psique e as provações por
28
que passou junto a sua mãe o amadurece definitivamente.
Isolamento: o sujeito isola um pensamento através de
comportamentos que serviriam para quebrar suas conexões com outros
pensamentos (geralmente pensamentos de infortúnios), mas que como
consequência, geram um isolamento na vida do sujeito. Ex.: rituais do compulsivo-
obsessivos, como lavar a mão dez vezes para não lhe acontecer uma desgraça, ou
contar determinado objeto para não enlouquecer, ou adotar comportamentos como
enamorar-se de com uma mulher que ele idolatra mas não sente atração sexual,
enquanto faz sexo com outra mulher que considera uma prostituta. Na preocupação
de atender o comando da execução desses rituais, o sujeito se afasta das pessoas,
isola-se, vivendo quase que a mercê dos pensamentos/comportamentos.
Mito – Cupido e Psiquê:
Cupido era filho de Vênus, a deusa da beleza. Vivia a partir os
corações com a ponta certeira da sua flecha. Assim, não pensava em nada, ou se
pensava, substituía o seu pensamento por ações. Ações nem sempre bem vindas,
porque sua flecha incomodava a todos. Cupido não crescia. Era um menino que
fugia de viver.
Sua mãe Vênus o chama, e pede-lhe para ferir Psiquê, uma das
filhas de um rei, que mesmo sendo humana, era tão bela que quem a conhecia
esquecia-se da beleza de Vênus para admirar a bela mortal. Cumpria a Cupido
flechá-la de forma que ela se apaixonasse por um ser baixo, indigno do amor dela,
com o objetivo de que ela sofresse.
Cupido preparou-se para obedecer as ordens maternas e entrou no
quarto de Psiquê, enquanto esta dormia. Enganado, pingou sobre ela as gotas do
desdenhar dos homens, mas quando iria desferir a flecha envenenada com a
paixão, Psiquê acordou e olhou na direção de Cupido, que mesmo estando invisível
assustou-se, ferindo-se com sua própria flecha e, para completar o desastre,
derramou sobre os cabelos da jovem, sem querer, gotas balsâmicas da alegria.
Psique permaneceu bela, alegre, mas desdenhava os homens. Suas irmãs se
casaram, menos a belíssima Psiquê, que alegre, não se preocupava com seu
destino. Cupido, por sua vez, doente de amor pela humana Psiquê, é reprovado por
sua mãe e permanece isolado e enfermo por longo tempo, vítima de sua própria
flecha.
Enquanto isso, na Terra, um oráculo prediz o casamento de Psiquê
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com um Deus, um ser invisível deixando seus pais desolados. Psique, porém,
resoluta, vai em direção ao seu destino. Sobe à montanha dos Deuses e aguarda
seu desfecho.
Um anjo a conduziu suavemente a um castelo e lá ela foi recebida
por seres invisíveis que a serviam com toda fartura e riqueza. À noite, Cupido, no
papel de marido, dormia com ela, mas mantinha o quarto escuro, e era condição que
ela não o visse. Ele era carinhoso e atencioso, e Psiquê era feliz. De dia
desaparecia do castelo e de sua vida e Psiquê nada sabia.
Porém, um dia, Psique em visita às suas irmãs, estas a convencem
a levar uma vela e acender quando seu marido dormia, para vê-lo. Psiquê assim o
fez, se encanta com a beleza e juventude de Cupido, mas este acorda e
desaparece.
Psique se vê novamente na casa dos pais, e chora seu amor
perdido. Cupido novamente adoece, e Psiquê peregrina pela terra, a procurá-lo.
Vênus, a mãe, não mais resistindo à dor do filho, permite que Psique, submetida a
uma condição quase que impossível, novamente se una a Cupido, tornando-se
deusa. Psiquê com ajuda dos deuses cumpre as condições impostas por Vênus,
menos uma: de posse da caixa da beleza, não abri-la e nem olhar seu conteúdo.
Psique abre a caixa, borrifa-lhe um pouquinho do pozinho de beleza
para si mesma ficar mais bela aos olhos do marido, mas ao fazer isso, percebe que
o que havia na caixa era o sono, que repara a juventude e o vigor. Psiquê cai em
sono profundo, e é preciso que Cupido saia do seu isolamento e salve a amada,
conduzindo-a até a mãe e suplicando-a que interceda por ela. Psiquê é feito deusa,
e simboliza a alma, que é imortal. Psiquê é a alma humana, purificada pelos
sofrimentos e infortúnios e preparada assim para gozar a pura e verdadeira
felicidade. Com Cupido teve uma filha que se chama Prazer.
Este mito coloca Cupido como neurótico obsessivo, que utiliza sua
flecha para cumprir rituais, não amadurece, não se assume diante do seu amor,
coloca a mãe como intermediária na sua relação com a amada... isola-se.
Inversão contra o eu: o sujeito apresenta pensamento ou o afeto
que deveriam ser dirigidos para o exterior e que são invertidos contra o próprio
sujeito. Assim, qualquer coisa que aconteça o sujeito sente-se culpado, dirigindo
contra si mesmo a responsabilidade e a culpa. Este é um comportamento típico de
sujeitos masoquistas e depressivos.
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Mito de Clítia – (gira-sol):
Clítia, ninfa aquática, se apaixona por Apolo e este não lhe
corresponde. Ela senta-se no chão frio e fica a olhar para o sol, desde que ele se
erguia no nascente até se esconder no poente, dia após dia. Amaldiçoava a si e ao
seu infortúnio, culpabilizando-se pelo sentimento não correspondido. Assim
permaneceu e no seu curso diário vê apenas suas próprias dores, seu infortúnio.
Conta-se que seus pés se enraizaram, e ela se transformou numa flor, que se move
constantemente em seu caule, de maneira a estar sempre voltada para o sol em seu
curso diário, conservando assim a lembrança do sentimento que a ninfa dedicava a
Apolo.
Negação: o sujeito defende-se dos seus desejos, negando a si
mesmo que estes desejos são seus.
Mito – Vertuno e Pomona:
Pomona era uma ninfa dos bosques e nenhuma delas excedia-lhe
em amor ao cultivo dos jardins e dos pomares, trazia como arma um podão na mão
direita e com ele se defendia. Dedicava-se às árvores frutíferas e de seus pomares
cresciam deliciosas macieiras.
Os faunos dariam tudo que dispunham para possuí-la e era por eles
admirada, mas Pomona não lhes correspondia. Vertuno, porém, discretamente e
disfarçado, aproximou-se de Pomona, como quem nada queria, e sem demonstrar
intenções, alimentava a paixão com sua presença. Pomona o recusaria como
pretendente, pois era isso que sempre fizera com os demais.
Certo dia, Vertuno, se disfarçou de velha, com cabelos grisalhos
cobertos com uma touca e tendo um bastão na mão, entrou no pomar e elogiou os
frutos. Beijou Pomona, na testa e ela o recebeu. Sentou-se ao seu lado e
questionou-a por que não se interessava por Vertuno, que a amava e que admirava
as mesmas coisas que ela, plantas, flores, árvores e animais. Falou-lhe que os
deuses castigam a crueldade e que ela escorraçava os homens, mas bem sabia que
assim como a parreira de uvas necessita do Olmo, árvore que lhe sirva de apoio em
que possa enlaçar-se e produzir seus frutos e o Olmo só tem função servindo de
apoio à parreira, assim Pomona unindo-se a Vertuno, deus da fauna, um
enriqueceria o outro. E contou a história de Ífis, um jovem humilde que amava
Anaxárete, nobre dama que o repelia, por este ser pobre, apesar de desejá-la. E a
medida que o jovem declarava o seu amor, mais Anaxárete demonstrava a dureza
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do aço, surda aos vagalhões... Zombava dele até que Ífis, não suportando os
tormentos do amor desesperançado, suicidou-se. Tão logo passou o funeral de Ífis
na porta da casa de Anaxárete, o amor negado que Anaxárete sentia por ele foi
enrijecendo e junto com ele seu coração e todos os seus membros. Anaxárete se
tomou numa mulher de pedra, uma estátua.
Ouvindo essa estória, Pomona abraçou Vertuno, e esse já sem os
disfarces de velha pode declarar seu amor e então foi por ela correspondido.
Identificação: é um processo psicológico através do qual o ego se
constitui, em grande parte, na medida em que se torna igual a uma propriedade,
atributo ou função de um outro. O sujeito se individualiza abarcando uma série de
identificações com outros sujeitos.
Mito – Teseu:
Egeu reinava Atenas e não tinha filhos. Na busca por um filho
sucessor Egeu consulta um oráculo que o orienta através de metáforas a não ter
relações sexuais com outras mulheres, que não as mulheres de Atenas. Mas Egeu
não compreende a orientação do Oráculo e no seu retorno de Creta para Atenas tem
relações com Etra, filha de Piseu, um velho sábio. Etra, porém, na mesma noite que
se deitara com Egeu, também tivera relações com Poseidon, o que poderia advir daí
também um filho. Depois de alguns meses, Egeu abandona Etra grávida para
retornar a Atenas, mas solicita-lhe que ela o envie o filho quando este estivesse em
tamanho tal que pudesse calçar as sandálias e embainhar a sua espada que ficaria
escondida sob uma pesada pedra. Teseu nasceu e foi criado pele avô Piseu, o
sábio. Quando Teseu cresceu foi enviado ao pai, conforme determinado. Chegada a
ocasião, o avô o aconselhou a seguir o caminho do mar, mas o neto sentindo em si
o espírito e a alma de um herói, admirava e queria muito ser como Hércules, cuja
fama corria por toda a Grécia. Resolveu então, fazer a viagem mais perigosa, por
terra e viveu grandes aventuras. Assim, tal qual Hércules, Teseu imaginou que seria
tão forte, corajoso e sábio.
Introjeção: é um mecanismo de defesa em que o sujeito,
inconscientemente faz passar de um modo fantástico, atributos que ele adquiria por
portar um objeto especial ou introjetar qualidades inerentes a esses objetos ou
pessoas. O sujeito acredita que se usar determinada roupa, marca, cigarro, etc se
sentirá mais adequado, mais forte, mais sensual, etc. Também apropriam atributos
de outras pessoas, imitando-as, inconscientemente. Os super-heróis representam
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essa categoria de sujeitos que utilizam de objetos como anéis mágicos, capas que
lhes permitem voar, pedras, estatuetas, etc em que introjetam os atributos de fora
para dentro de si.
Mito – Faetonte:
O mortal Faetonte foi criado pela ninfa Climene e não sabia quem
era seu pai até o início da adolescência, quando a mãe revelou que seu pai era
Hélio, o deus sol. Faetone já observava o palácio do sol, a leste, fulgurante onde
tudo é resplendor. Para provar a seus amigos que era filho do sol, Faetonte resolveu
procurar seu pai que o recebeu carinhosamente, prometendo-lhe conceder qualquer
coisa que o filho pedisse. Sem dúvida, Faetonte já observara muitas vezes o Sol a
percorrer os caminhos do Céu, dizendo para si mesmo com um sentimento misto de
respeito e admiração: É meu pai que por ali passa!" Em seguida, punha-se a
imaginar como seria estar também naquele carro, dirigindo os corcéis ao longo
daquela vertiginosa trajetória com a finalidade de levar a luz ao mundo. Num
instante, exclamou: "Deixa-me tomar o teu lugar, pai! Não há coisa que eu mais
queira. Só por um dia, por um único dia, deixa-me conduzir o teu carro”.
O Sol então deu-se conta da loucura da sua promessa. "Meu caro
menino", disse ele, "a mortal algum é dado dirigir o meu carro. Na verdade, nem
mesmo Zeus pode dirigi-lo. Reflete sobre a trajetória que é preciso seguir. Subindo a
partir do mar, o caminho é tão íngreme que os cavalos mal conseguem avançar, por
mais descansados que estejam pela manhã. Ao chegar a metade do percurso, a
altura é tão vertiginosa que nem eu mesmo gosto de olhar para baixo. Mas ainda
muito pior é a descida, e esta se precipita de tal forma que os Deuses do Mar, à
espera de minha chegada, ficam admirados ao ver que não me lanço de cabeça
para baixo. Guiar os cavalos é também uma luta infindável. Sua natureza de fogo vai
tornando-os mais impetuosos à medida que sobem, e só com muita dificuldade
consigo mantê-los sob meu controle. O que não fariam eles contigo?
Deves imaginar que lá em cima, no céu, existem todas as espécies
de maravilhas, cidades divinas cheias de coisas belas, mas nada disso existe. Terás
de passar por feras e terríveis animais de rapina, que serão tudo o que terás para
ver. O Touro, o Leão, o Escorpião, o grande Câncer, todos eles tentarão fazer-te
algum mal, e não duvides por um só instante que assim será. Olha ao teu redor e vê
quantas coisas belas existem no mundo. Escolhe uma que seja o mais profundo
desejo de teu coração, e ela será tua. Se desejas uma prova de que sou teu pai, que
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prova melhor posso dar-te do que meus receios pela tua vida?
Para o jovem, porém, toda a sabedoria contida nessa conversa não
surtiu o menor efeito. Uma perspectiva gloriosa abria-se diante dele, que já se via
orgulhosamente em pé naquele carro maravilhoso, guiando os corcéis que nem o
próprio Zeus era capaz de controlar. Não ligou a mínima para os perigos que seu pai
lhe descrevera. Não se deixou perturbar um só instante pelo medo, nem pela dúvida
sobre sua própria capacidade. Por fim, o Sol desistiu de tentar convencê-lo. Viu que
toda tentativa seria inútil e, além disso, já não havia mais tempo para nada: o
momento da partida aproximava-se. As portas do Leste já se tingiam de seu brilho
purpúreo, e a Aurora já vinha abrindo o seu caminho cheio de luz rósea. As estrelas
abandonavam o Céu, e até mesmo a retardatária estrela da manhã já se apagava.
Era preciso apressar-se, mas tudo estava pronto. As estações do
ano, as guardiãs do Olimpo, aguardavam o momento de abrir as portas de par em
par. Os cavalos tinham sidos preparados e estavam emparelhados ao carro. Com
grande júbilo e orgulho, Faetonte subiu para o mesmo e partiu. Tinha feito sua
escolha, e só lhe restava agora arcar com as consequências. Não que desejasse
mudar alguma coisa naquela primeira corrida magnífica pelos ares, mas o próprio
Vento Leste foi ultrapassado e deixado muito para trás. As velozes patas dos
cavalos passavam pelas nuvens baixas, mais próximas do oceano, como se
estivessem atravessando uma fina névoa marítima, e depois se elevavam rumo aos
ares translúcidos das grandes alturas do Céu. Durante alguns momentos de puro
êxtase, Faetonte sentiu-se o próprio Senhor do Firmamento. De repente, porém,
algo se modificou. O carro começou a oscilar fortemente de um lado para o outro; a
velocidade se tornou muito maior, e Faetonte percebeu que não tinha mais o
controle de nada. A corrida não era mais dirigida por ele, mas pelos cavalos. Eram
senhores da situação, e nada havia como controlá-los. Saíram do caminho habitual
e se lançaram para cima e para baixo, para a esquerda e para a direita. Por pouco
não lançaram o carro contra o Escorpião; depois, em uma vertiginosa escalada,
quase se arrebentam contra o Câncer. A esta altura, o pobre condutor estava quase
desmaiado de terror, e então deixou cair as rédeas. Foi o sinal para que a corrida se
tornasse mais louca e avassaladora. Os cavalos voaram para o ponto mais alto do
Céu, e em seguida, mergulhando de cabeça para baixo, incendiando o mundo. As
mais altas montanhas foram as primeiras a queimar – Ida e Helicon, onde vivem as
Musas, o Parnaso e o Olimpo, que se eleva para além dos Céus. Através de suas
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encostas, as chamas desceram para os vales mais baixos e planos e para as terras
cobertas de florestas escuras, até que tudo passou a ser consumido pelas chamas.
As fontes evaporaram-se, e os rios foram transformados em regatos. Diz-se que foi
aí que o Nilo fugiu e escondeu sua nascente, que ainda hoje continua escondida.
Faetonte, que mal conseguia manter-se no carro, foi envolto por um
calor infernal e uma fumaça espessa que parecia saída de uma fornalha. A única
coisa que agora queria era acabar o mais rápido possível com todo aquele tormento
e terror. Teria saudado alegremente a própria morte. A situação também se tornou
insuportável para a Mãe terra. Esta, lançou um grito avassalador que foi ecoar junto
aos deuses. Estes, ao olharem lá do Olimpo para baixo, viram que a salvação do
mundo dependia de uma ação muito rápida de sua parte. Zeus pegou o raio e
lançou-o contra o condutor imprudente e arrependido. Faetonte caiu morto, o carro
foi destroçado e os cavalos enlouquecidos foram lançados nas profundezas do mar.
Através dos ares, Faetonte caiu como uma bola de fogo sobre a Terra. O misterioso
rio Eridano, nunca visto por qualquer mortal, recebeu-o, extinguiu o fogo e esfriou-
lhe o corpo. Hélio, seu pai ao ver o infortúnio chorou pelo seu filho.
Este mito trata da imprudência própria dos adolescentes, da sua
necessidade de aparecer e fazer grandes feitos e ainda da característica tão comuns
aos jovens em não aceitar os conselhos paternos. Este mito trata também, da
característica de introjeção através de atributos ou objetos. Faetonte achando que
tendo um carro sob sua direção dirigiria tão bem quanto o seu pai.
Repressão ou recalque: repelir ou manter inconscientes
pensamentos, imagens ou recordações ligadas a um afeto insuportável.
Mito – Édipo Rei:
Édipo é abandonado por um súdito do seu pai, o rei de Tebas aos
pés de uma árvore, no caminho para Corinto. Um casal que por ali passa acolhe o
menino e o cria como se fosse filho legítimo. Édipo cresce amando muito aos seus
pais, então adotivos. Mas por obra do destino, procura por um oráculo para predizer-
lhe o futuro. O oráculo lhe diz: “tú és o filho que matarás seu pai e desposarás sua
mãe”. Ora, Édipo amava seus pais e então fugiu para Tebas, com a intenção de fugir
ao destino. Em fuga, sem saber, atropela seu pai legítimo, Laio, que
disfarçadamente viajava para Corinto.
Édipo ao chegar a Tebas soube de uma desgraça que acometera a
cidade, com o assassinato do Rei Laio. Uma esfinge assolava a cidade e prometia
35
que quem decifrasse o seu enigma casaria com a Rainha Jocasta e assumiria o
trono. Édipo procura pela esfinge e desvenda a charada proposta, casando-se assim
com a Rainha, sua mãe. Com ela teve duas filhas.
Mais tarde, Tirésias, um sábio cego que o orientava revelou-lhe que
fora ele próprio quem assassinara seu pai durante a viagem e acabara por casar
com a viúva rainha, sua mãe. Édipo reconhece seu erro, lembra-se do destino
predito pelo oráculo e em desespero cega-se.
Para Olimpio (2011), Freud utilizou este mito para tratar dos
complexos neuróticos. em que os filhos mesmo amando seus pais, fantasiam o
assassinato do genitor do mesmo sexo para ocuparem o seu lugar junto ao genitor
do sexo oposto. Segundo Freud (1923), esse mito é universal, e, segundo o arranjo
que o sujeito inconscientemente organiza neste complexo, possibilita determinar as
estruturas psicológicas. Assim, o mecanismo de defesa “recalque ou rejeição” é a
expressão de um afeto insuportável (assassinato do pai e desposar a mãe) e o
sujeito se organiza rejeitando repetidamente esse destino, gerando ai os seus
sintomas e as suas neuroses.
Observamos a riqueza e importância de se conhecer a mitologia e a
habilidade da autora que consegue apresentar de forma bastante lúdica a temática
abordada.
Blaya (2005), traduziu, adaptou e validou para o português brasileiro
uma versão do Defensive Style Questionnaire (DSQ-40), e em função do objetivo
deste trabalho, focaremos nossos esforços na classificação e descrição dos grupos
e dos mecanismos de defesa estabelecidos e validados no presente instrumento.
Vaillant (apud KIPPER, 2003) e Blaya (2005), dedicaram-se ao
estudo dos mecanismos de defesa estando agrupados de forma hierárquica, de
acordo com o grau de maturidade associado com cada defesa classificando-as em:
defesas maduras ou adaptativas, defesas neuróticas e imaturas ou mal-adaptativas.
Para os autores, defesas maduras são as defesas consideradas adaptativas, pois
considera-se que são as que conseguem maximizar a gratificação do impulso e
permitem o conhecimento consciente dos sentimentos, ideias e suas consequências,
envolvendo um balanço adequado entre manter a ideia e o afeto na mente,
enquanto simultaneamente ameniza-se o conflito. São as defesas que têm um
caráter transformador, uma vez que “fazem o melhor com uma má situação”.
Nas defesas neuróticas o indivíduo mantém as ideias, sentimentos,
36
recordações, desejos ou temores, considerados potencialmente ameaçadores, fora
da consciência. São defesas que alteram os afetos ou sentimentos internos ou a
manifestação dos instintos, fazendo com que o indivíduo pareça estar sempre às
voltas com suas preocupações pessoais e seus problemas insolúveis.
As defesas imaturas são as defesas que envolvem uma maior
distorção na imagem de si mesmo, do seu corpo ou de outros, podendo ser
empregadas para regular a auto-estima ou ainda, para manter os estressores,
impulsos, ideias, afetos ou responsabilidades desagradáveis ou inaceitáveis fora da
consciência, podendo fazer uma atribuição incorreta destes a causas externas. Têm
uma tendência a serem usadas por pessoas que se sentem ameaçadas pela
intimidade interpessoal ou pela perda dessas relações interpessoais íntimas,
podendo se comportar de forma socialmente indesejável.
Os principais mecanismos de defesa compilados e avaliados através
do DSQ-40 estão assim divididas :
a) quatro defesas correspondem ao fator maduro (sublimação,
humor, antecipação e supressão);
b) quatro ao fator neurótico (anulação, pseudo-altruísmo, idealização
e formação reativa);
c) doze defesas correspondem ao fator imaturo (projeção, “agressão
passiva”, atuação (acting out), isolamento, desvalorização, “fantasia
autística”, negação, deslocamento, dissociação, cisão,
racionalização e somatização).
Kaplan e Sadock (apud BLAYA, 2005), colabora conceituando e
apresentando resumidamente as definições dos mecanismos agrupados.
Defesas maduras:
a) sublimação: obter gratificação de impulsos e retenção de metas,
mas alterando uma meta ou objeto socialmente reprovável para um
socialmente aceito. Permite que os instintos sejam canalizados ao
invés de bloqueados ou reprimidos. Os sentimentos são
reconhecidos, modificados e voltados em direção a um objeto ou
meta significativos e uma pequena satisfação instintiva ocorre;
b) humor: usar humor para expressar abertamente sentimentos e
pensamentos sem desconforto ou imobilização pessoal e sem
produzir um efeito desagradável nos outros. Permite que a pessoa
37
tolere e ainda assim focalize o que é terrível demais para ser
suportado;
c) antecipação: antecipar realisticamente algum desconforto futuro. É
voltado a uma meta e implica um planejamento cuidadoso ou
preocupação e antecipação afetiva prematura, porém realista, de
resultados calamitosos e potencialmente assustadores;
d) supressão: consciente ou semiconscientemente adiar prestar
atenção a um impulso ou conflito. Questões podem ser
deliberadamente interrompidas, mas elas não são evitadas. O
desconforto é reconhecido mas minimizado.
Defesas neuróticas:
a) anulação: lidar com o conflito emocional ou estressores internos
ou externos mediante palavras ou comportamentos destinados a
negar ou corrigir simbolicamente pensamentos, sentimentos ou
ações inaceitáveis;
b) pseudo-altruísmo: o indivíduo ajuda o outro com o propósito de
sentir-se (a si próprio) gratificado;
c) idealização: lidar com o conflito emocional ou estressores internos
ou externos atribuindo a outros qualidades positivas exageradas;
d) formação reativa: transformar um impulso ou sentimento
inaceitáveis em seu oposto.
Defesas imaturas:
a) projeção: atribuir os próprios sentimentos e desejos a uma outra
pessoa devido a esses sentimentos internos serem intoleráveis ou
dolorosos;
b) agressão-passiva: expressar agressividade em relação a outros
indiretamente através de passividade, masoquismo, e voltar-se
contra si mesmo;
c) atuação (acting out): expressar um desejo ou impulso inconsciente
através da ação, evitando tomar consciência de um afeto
concomitante. A fantasia inconsciente é vivida impulsivamente no
comportamento, gratificando o impulso, ao invés da proibição contra
ele. Envolve ceder cronicamente a um impulso para evitar a tensão
que resultaria do adiamento da sua satisfação;
38
d) isolamento: dissociar ou separar uma idéia do afeto que a
acompanha, e é reprimido;
e) desvalorização: lidar com o conflito emocional ou estressores
internos ou externos atribuindo qualidades exageradamente
negativas a si mesmo ou a outros;
f) fantasia: lidar com o conflito emocional ou estressores internos ou
externos mediante devaneios excessivos, como um substituto para
relacionamentos humanos, ações mais efetivas ou resolução de
problemas;
g) negação: evitar a percepção de algum aspecto doloroso da
realidade negando dados sensoriais. A negação abole a realidade
externa;
h) deslocamento: mudar uma emoção ou catexia de impulso de uma
idéia ou objeto para outro que se assemelha ao original em algum
aspecto ou qualidade. Permite a representação simbólica da idéia ou
objeto original por outro que evoca menos angústia;
i) dissociação: modificar temporária, mas drasticamente, o caráter de
uma pessoa ou o próprio sentimento de identidade pessoal para
evitar angústia. Estados de fuga e reações de conversão histérica
são exemplos de dissociação;
j) cisão: lidar com o conflito emocional ou estressores internos ou
externos compartimentalizando estados afetivos opostos, não
conseguindo integrar as qualidades positivas e negativas, próprias
ou dos outros, em imagens coerentes;
k) racionalização: oferecer explicações racionais em uma tentativa
de justificar atitudes, crenças ou comportamentos que podem, de
outro modo, ser inaceitáveis;
l) somatização: converter derivados psíquicos em sintomas corporais
e tender a reagir com manifestações somáticas ao invés de
psíquicas.
Após a apresentação e conceituação dos mecanismos de defesa,
podemos observar que os mesmos são classificados de acordo com o grau de
maturidade relacionado a funcionamentos defensivos, se o ego é um ego capaz e
maduro, lançara mão de mecanismos mais adaptativos para controlar os impulsos
39
do id, ajustando-se ao mundo externo e a realidade. Quando o ego ainda é um ego
imaturo, frágil ou mesmo incapaz, os mecanismos de defesa observados são menos
adaptativos, podendo utilizar recursos para defesa e para controlar a ansiedade e
outros estados afetivos.
Bond et al. (apud BLAYA, 2005) desenvolveram um método para
verificação destes mecanismos para avaliar os derivativos conscientes de defesa,
com a intenção de evidenciar manifestações de um estilo característico do sujeito de
lidar com o conflito, consciente ou inconsciente, baseado na suposição de que as
pessoas podem comentar acuradamente sobre seu comportamento “à distância”. O
desenvolvimento do Defensive Style Questionnaire (DSQ) está baseado na premissa
de que as pessoas são suficientemente cientes (ou conscientes) da maneira como
respondem a situações de conflito e estresse, provendo informação que pode ser
classificada como evidência de tipos de funcionamentos defensivos.
40
5 PESQUISA DE CAMPO
O instrumento aplicado na pesquisa de campo foi o Defensive Style
Questionnaire (DSQ-40) que fora traduzido, adaptado e validado para o português
brasileiro por Blaya (2005), trata-se, então, de um questionário objetivo auto-
aplicável que consiste de 40 questões. O DSQ-40 (ANEXO A) avalia 20 defesas
individuais, que são divididas em três grupos de fatores: maduro, neurótico e
imaturo. Os escores das defesas individuais são calculados pela média dos dois
itens para determinado mecanismo de defesa, e os escores dos fatores, pela média
dos escores das defesas que pertencem àquele grupo. Cada item é pontuado numa
escala de 1 a 9, “1” indicando “discordo completamente” e “9” indicando “concordo
plenamente”.
Blaya (2005) relata que
...o DSQ já foi traduzido e validado em outros países, como França (Bonsack, 1998), Finlândia (Sammallahti et al.,1994) e Japão (Nishimura, 1998), além de já ter sido utilizado também na China (Chan, 1997; Yuan et al., 2002) e em uma versão alemã (Spinhoven e Kooiman,1997), demonstrando resultados similares à versão original.
5.1 Caracterização da empresa e do universo da pesquisa
Para corroborar e complementar o entendimento sobre as questões
objetivadas no presente trabalho, foi realizada a pesquisa de campo, em uma
empresa privada na cidade de Americana-SP, cuja atividade principal é a prestação
de serviços no segmento de alimentação coletiva. A empresa possui amplas e
modernas instalações, atendendo toda a região metropolitana de Campinas, com
filiais no litoral paulista, no estado do Rio de Janeiro e em Pernambuco.
Com um quadro funcional de aproximadamente 700 funcionários
distribuídos entre os segmentos operacionais e administrativos das diversas
unidades, sendo que 48 funcionários possuem cargos de liderança, na matriz.
A pesquisa foi realizada no período de 13 a 17 de agosto deste ano,
2012, considerando como público alvo estes 48 lideres alocados na matriz, o retorno
41
dos respondentes foi de 34 questionários ou 34 gestores, sendo este o universo
considerado para as tabulações e análises. Além do DSQ-40 (ANEXO A) foi aplicado
um questionário (APÊNDICE A) cujo objetivo foi de caracterizar alguns perfis dos
respondentes.
5.2 Resultados apresentados
Quanto ao sexo, podemos observar que existe uma predominância
significativa de mulheres na liderança da organização pesquisada, representadas
por 21 pessoas ou 61,76% do universo de gestores.
Gráfico 1 – Sexo
42
Os gestores da organização são predominantemente jovens, pois 76,47% possuem
menos de 45 anos, tendo apenas um respondente com mais de 55 anos.
Gráfico 2 – Idade
Observando o significativo percentual de 82,35% dos gestores com
curso superior completo, e os demais com segundo grau, podemos considerar que
trata-se de um grupo que procura novos conhecimentos, buscando atualização
constante.
Gráfico 3 – Grau de instrução
43
O grupo de gestores é relativamente novo na organização, 76,47% possuem menos
de 3 anos de contrato, observando que quase um terço (29,41%) estão na empresa
a menos de 1 ano.
Gráfico 4 – Tempo de empresa
Pelo gráfico exposto, podemos observar que embora uma parcela
significativa de gestores estão a pouco tempo na empresa, muitos possuem
experiências anteriores em gestão, pois 76,47% dos respondentes tem mais de 2
anos em cargos de liderança.
Gráfico 5 – Tempo de liderança
44
O grupo do fator predominante na empresa pesquisada foi o maduro
ou adaptativo com 76,46% ou 26 respondentes, no entanto uma parcela de 11,77%
pertencem ao grupo imaturo, cabendo a organização uma análise e
acompanhamento em especial deste grupo, pois trata-se de pessoas que gerenciam
outras pessoas e processos na organização.
Gráfico 6 – Grupo do fator
Os mecanismos de defesa predominantes são a antecipação e o
humor com exatos 50% do quadro, seguidos da racionalização com 14,72%,
observamos uma parcela de lideres que podem estar necessitando de orientação e
apoio, por exemplo 8,82% ou 3 gestores utilizam o mecanismo da somatização.
Gráfico 7 – Mecanismos de defesa
45
6 CONCLUSÕES
As evoluções ocorridas nos ambientes organizacionais foram
caracterizadas pelo avanço tecnológico e principalmente pelas mudanças e origens
dos recursos utilizados para a produção, sendo que no passado eram dependentes
de recursos naturais e finitos de fatores como a localização, acesso a água, energia
elétrica, ferrovias, estradas, etc., vimos que nas organizações contemporâneas o
foco passa a ser as informações disponíveis que irão se transformar em novos
conhecimentos, gerando assim vantagens competitivas.
Os gestores assumem importante papel neste mundo dinâmico de
informações, pois estas por serem “infindáveis e intrusivas” geram elevados níveis
de ansiedade. Entendemos que a compilação, apresentação e o entendimento dos
conceitos psicanalíticos da ansiedade, medo, angústia e dos mecanismos de defesa
do ego, juntamente com os conceitos de ansiedade de informação e o cenário atual
das organizações contemporâneas, constituem modernas e importantes ferramentas
aos gestores organizacionais, contribuindo com sua realidade pessoal e profissional,
pois cabe a estes a organização, o planejamento, a gestão e o estímulo ao
compartilhamento do conhecimento entre seus pares e subordinados.
Há a necessidade de se buscar o entendimento das origens e de
que forma o ego se defende ao conter as pulsões emanadas do id, ao mesmo tempo
em que tem que prestar a obediência ao superego. Assim entendemos que uma vez
compreendidos os processos técnicos estruturais e emocionais que os permeiam, os
gestores podem se tornar agentes facilitadores na criação de novos e inovadores
conhecimentos na organização.
A pesquisa de campo nos permitiu responder aos nossos
questionamentos iniciais, sendo que na pesquisa realizada os dois principais
mecanismos de defesa utilizados pelos gestores foram a antecipação com 26,47% e
o humor com 23,53% de representatividade, e o grupo de defesa predominante foi o
grupo maduro.
O mecanismo de antecipação nos parece muito apropriado aos
gestores maduros, pois trata-se de antecipar realisticamente algum desconforto
futuro. É voltado a uma meta e implica um planejamento cuidadoso ou preocupação
e antecipação afetiva prematura, porém realista, de resultados calamitosos e
46
potencialmente assustadores. Para o grupo de gestores que pontuaram
significativamente o mecanismo do humor, entendemos que pertencem também a
um grupo de gestores maduros e que sentem ou percebem o ambiente
organizacional de forma muito aberta e receptiva, pois usam do humor para
expressar abertamente sentimentos e pensamentos sem desconforto ou
imobilização pessoal e sem produzir um efeito desagradável nos outros. Permite que
a pessoa tolere e ainda assim focalize o que é terrível demais para ser suportado.
A utilização predominante por parte dos gestores pesquisados, de
defesas do grupo maduro, também consideradas defesas adaptativas nos parece
atender aos anseios e características organizacionais, pois considera-se que são as
que conseguem maximizar a gratificação do impulso e permitem o conhecimento
consciente dos sentimentos, ideias e suas consequências, envolvendo um balanço
adequado entre manter a ideia e o afeto na mente, enquanto simultaneamente
ameniza-se o conflito.
Este trabalho não se esgota aqui, entendemos que pode ser
aprofundado por exemplo, no tocante as formas como uma organização
contemporânea consegue inserir em sua política de recursos humanos a orientação
e apoio aos gestores, principalmente aqueles considerados dos grupos neuróticos e
imaturos, a que contribuam com suas funções, ao mesmo tempo em que amenizam
seus impulsos e conflitos instintivos aumentando assim sua qualidade de vida no
trabalho. Outro assunto que merece ser discutido é como a organização pode
proporcionar mecanismos de controle e redução das informações disponíveis no
ambiente organizacional, permitindo assim espaços potenciais, mais humanos e
criativos.
47
REFERÊNCIAS
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BLAYA, Carolina. Tradução, adaptação e validação do Defensive Style Questionnaire (DSQ-40) para o português brasileiro. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2005.
BOSS, Medard. Angústia, culpa e libertação. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. São Paulo: Mcgraw-Hill, 1983.
DRUCKER, Peter F. Sociedade pós-capitalista. 7. ed. São Paulo: Pioneira, 1999.
FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre: Artmed, 1992.
FREUD, Sigmund. Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1969-1980.
HUECK, Karin. Sobre a ansiedade. Super Interessante. São Paulo, ed. 258, nov. 2008.
KIPPER, Letícia da Cunha. Avaliação de mecanismos de defesa em pacientes com transtorno do pânico, sua relação com gravidade, resposta ao tratamento e alteração pós tratamento. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) – Programa de Pós Graduação em Ciências Médicas, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2003.
MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 2000.
MOTTA, Paulo Roberto de Mendonça. Ansiedade e medo no trabalho: a percepção do risco nas decisões administrativas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE A REFORMA DEL ESTADO Y DE LA ADMINISTRACIÓN PUBLICA, 7., 2002, Portugal. Anais... Portugal, 2002. Disponível em: <http://www.segurancaetrabalho.com.br/download/ansiedade-paulo.pdf>. Acesso em: 12 set. 2012.
48
NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
OLIMPIO, Eliana. Mecanismos de defesa: mitos. 2011. Disponível em: <http://psicologiaejuventude.blogspot.com.br>. Acesso em: 13 set. 2012.
PAIVA, Luiz Miller de et. al. Séculos XX e XXI: o que permanece e o que se transforma. v. 5. São Paulo: Lemos, 1996.
SAPIRO, Arão. Por que as empresas morrem tão cedo? Jornal do Administrador Profissional, São Paulo, jun. 2002.
TILLICH, Paul. A coragem de ser. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
TOFLER, Alvin. A terceira onda. 25. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de informação 2. São Paulo: Cultura, 2005.
49
APÊNDICE A – Questões relativas a sua identificação
50
Questões relativas a sua identificação
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Qual é a sua idade?( ) menos de 25 anos( ) acima de 25 e até 35 anos( ) acima de 35 e até 45 anos( ) acima de 45 e até 55 anos( ) acima de 55 anos
3. Assinale qual é o seu maior grau de instrução.( ) 1º. Grau( ) 2º. Grau( ) 3º. Grau( ) Mestrado( ) Doutorado
4. Quanto tempo você trabalha nesta empresa?( ) até 1 ano( ) acima de 1 e até 2 anos( ) acima de 2 e até 3 anos( ) acima de 3 e até 4 anos( ) acima de 4 anos
5. Há quanto tempo você trabalha em cargos de comando / liderança? (considerando esta e outras empresas, se for o caso) ( ) até 2 anos( ) acima de 2 e até 4 anos( ) acima de 4 e até 6 anos( ) acima de 6 e até 10 anos( ) acima de 10 anos
51
ANEXO A – DSQ-40
52
DSQ-40
Este questionário consiste de 40 afirmativas relacionadas a como você pensa e
funciona em sua vida. Não há questão certa ou errada. Marque o grau em relação
ao qual você concorda ou discorda de cada afirmativa e assinale sua resposta, de 1
a 9. Por exemplo, um escore de 5 indicaria que você nem concorda e nem discorda
da afirmativa, um escore de 3 indicaria que você discorda moderadamente e um
escore de 9 que você concorda plenamente.
1. Eu fico satisfeito em ajudar os outros e, se eu não puder fazer isso, eu fico
deprimido.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
2. Eu consigo não me preocupar com um problema até que eu tenha tempo
para lidar com ele.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
3. Eu alivio a minha ansiedade fazendo coisas construtivas e criativas, como
pintura ou trabalho em madeira.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
4. Eu sou capaz de achar bons motivos para tudo que eu faço.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
5. Eu sou capaz de rir de mim mesmo com bastante facilidade.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
6. As pessoas tendem a me tratar mal.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
7. Se alguém me assalta e rouba o meu dinheiro, eu prefiro que essa pessoa
seja ajudada ao invés de punida.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
53
8. As pessoas dizem que eu costumo ignorar os fatos desagradáveis como se
eles não existissem.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
9. Eu costumo ignorar o perigo como se eu fosse o Super-homem.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
10. Eu me orgulho da minha capacidade de reduzir as pessoas aos seus
devidos lugares.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
11. Eu freqüentemente ajo impulsivamente quando alguma coisa está me
incomodando.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
12. Eu fico fisicamente doente quando as coisas não estão indo bem para mim.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
13. Eu sou uma pessoa muito inibida.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
14. Eu fico mais satisfeito com minhas fantasias do que com a minha vida real.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
15. Eu tenho qualidades especiais que me permitem levar a vida sem
problemas.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
16. Há sempre boas razões quando as coisas não dão certo para mim.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
17. Eu resolvo mais as coisas sonhando acordado do que na vida real.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
54
18. Eu não tenho medo de nada.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
19. Às vezes, eu acho que sou um anjo e, outras vezes, acho que sou um
demônio.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
20. Eu fico francamente agressivo quando me sinto magoado.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
21. Eu sempre acho que alguém que eu conheço é como um anjo da guarda.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
22. Tanto quanto eu sei, ou as pessoas são boas ou más.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
23. Se o meu chefe me repreendesse, eu poderia cometer um erro ou trabalhar
mais devagar só para me vingar dele.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
24. Eu conheço alguém que é capaz de fazer qualquer coisa e é absolutamente
justo e imparcial.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
25. Eu posso controlar os meus sentimentos se eles interferirem no que eu
estiver fazendo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
26. Eu freqüentemente sou capaz de ver o lado engraçado de uma situação
apesar de ela ser desagradável.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
27. Eu sinto dor de cabeça quando tenho que fazer algo de que não gosto.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
55
28. Eu frequentemente me vejo sendo muito simpático com pessoas com
quem, pelo certo, eu deveria estar muito bravo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
29. Eu tenho certeza de que a vida é injusta comigo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
30. Quando eu sei que vou ter que enfrentar uma situação difícil, eu tento
imaginar como isso será e planejo um jeito de lidar com a situação.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
31. Os médicos nunca realmente entendem o que há de errado comigo.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
32. Depois de lutar pelos meus direitos, eu tenho a tendência de me desculpar
por ter sido tão firme.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
33. Quando estou deprimido ou ansioso, comer faz com que eu me sinta
melhor.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
34. Frequentemente me dizem que eu não mostro os meus sentimentos.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
35. Se eu puder prever que vou ficar triste mais adiante, eu poderei lidar
melhor com a situação.
Discordo completamente 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Concordo plenamente
36. Não importa o quanto eu reclame, eu nunca consigo uma resposta
satisfatória.
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37. Frequentemente eu me dou conta de que eu não sinto nada em situações
que deveriam me despertar fortes emoções.
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38. Manter-me muito ocupado evita que eu me sinta deprimido ou ansioso.
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39. Se eu estivesse passando por uma crise, eu me aproximaria de pessoas
que tivessem o mesmo problema.
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40. Se eu tenho um pensamento agressivo, eu sinto a necessidade de fazer
algo para compensá-lo.
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