notícias de israel - ano 29 - nº 4

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www.Beth-Shalom.com.br ABRIL DE 2007 • Ano 29 • Nº 4 • R$ 3,50 BETH-SHALOM Bem-vindo à Palestina Pág. 20

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• Algumas Promessas Gloriosas e Incomparáveis da Bíblia • Perfeita Injustiça: o Julgamento de Jesus Perante Pilatos • O Fascinante Mundo dos Hassidim - Parte 2 • Os Mistérios da Cabala • Bem-vindo à Palestina

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Page 1: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

www.Beth-Shalom.com.br ABRIL DE 2007 • Ano 29 • Nº 4 • R$ 3,50 BETH-SHALOM

Bem-vindo à PalestinaPág. 20

Page 3: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

É uma publicação mensal da ““OObbrraaMMiissssiioonnáárriiaa CChhaammaaddaa ddaa MMeeiiaa--NNooiittee”” comlicença da ““VVeerreeiinn ffüürr BBiibbeellssttuuddiiuumm iinn IIssrraaeell,,BBeetthh--SShhaalloomm”” (Associação Beth-Shalom paraEstudo Bíblico em Israel), da Suíça.

AAddmmiinniissttrraaççããoo ee IImmpprreessssããoo::Rua Erechim, 978 • Bairro Nonoai90830-000 • Porto Alegre/RS • BrasilFone: (51) 3241-5050 Fax: (51) 3249-7385E-mail: [email protected]

EEnnddeerreeççoo PPoossttaall::Caixa Postal, 168890001-970 • PORTO ALEGRE/RS • Brasil

FFuunnddaaddoorr:: Dr. Wim Malgo (1922 - 1992)

CCoonnsseellhhoo DDiirreettoorr:: Dieter Steiger, Ingo Haake,Markus Steiger, Reinoldo Federolf

EEddiittoorr ee DDiirreettoorr RReessppoonnssáávveell:: Ingo Haake

DDiiaaggrraammaaççããoo && AArrttee:: Émerson Hoffmann

Assinatura - anual ............................ 31,50- semestral ....................... 19,00

Exemplar Avulso ................................. 3,50Exterior: Assin. anual (Via Aérea)... US$ 28.00

EEddiiççõõeess IInntteerrnnaacciioonnaaiissA revista “Notícias de Israel” é publicadatambém em espanhol, inglês, alemão,holandês e francês.

As opiniões expressas nos artigos assinadossão de responsabilidade dos autores.

INPI nº 040614Registro nº 50 do Cartório Especial

OO oobbjjeettiivvoo ddaa AAssssoocciiaaççããoo BBeetthh--SShhaalloomm ppaarraaEEssttuuddoo BBííbblliiccoo eemm IIssrraaeell éé ddeessppeerrttaarr eeffoommeennttaarr eennttrree ooss ccrriissttããooss oo aammoorr ppeelloo EEssttaaddooddee IIssrraaeell ee ppeellooss jjuuddeeuuss.. Ela demonstra oamor de Jesus pelo Seu povo de maneiraprática, através da realização de projetossociais e de auxílio a Israel. Além disso,promove também CCoonnggrreessssooss ssoobbrree aa PPaallaavvrraaPPrrooffééttiiccaa eemm JJeerruussaalléémm e vviiaaggeennss, com aintenção de levar maior número possível deperegrinos cristãos a Israel, onde mantém aCasa de Hóspedes “Beth-Shalom” (no monteCarmelo, em Haifa).

ISRAELNotícias de

11

4 Prezados Amigos de Israel

índice5 Algumas Promessas Gloriosas e Incomparáveis da Bíblia

Perfeita Injustiça: o Julgamento de Jesus Perante Pilatos

14 O Fascinante Mundo dos Hassidim - Parte 2

18 Os Mistérios da Cabala

20 HHOORRIIZZOONNTTEE

• Bem-vindo à Palestina - 20

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44 Notícias de Israel, abril de 2007

“Se andardes nos meus estatutos,guardardes os meus mandamentos e oscumprirdes, então, eu vos darei as vossaschuvas a seu tempo; e a terra dará a suamesse, e a árvore do campo, o seu fruto”(Levítico 26.3-4).

Em um país seco como Israel, no qual nãochove durante todo o verão, ou seja, no mínimopor seis meses, acompanha-se durante todo oinverno as informações pluviométricas (mediçãodas precipitações). A situação fica mais clara juntoao Lago Genesaré, cujo baixo nível estánovamente causando preocupações. Em todo omundo percebe-se que as condições climáticasestão se tornando extremas. Procura-se explicaro fenômeno com a poluição ambiental causadapelo ser humano. Naturalmente não devemosminimizar a influência humana sobre o meioambiente, pois nem sempre agimos de formaresponsável com a natureza e seus recursos. Alémdisso, também catástrofes naturais, comoerupções vulcânicas, podem influenciar o meioambiente de tal modo que o clima é afetado emtoda a terra durante anos. Porém, o homemmoderno procura respostas humanas para ascausas das catástrofes naturais, para não ter deouvir a voz de Deus por trás dessesacontecimentos. Entretanto, até agora não seconseguiu encontrar qualquer influência humanaque possa ser responsabilizada pelos terremotos etsunamis (ondas gigantes provocadas pormaremotos). Diante de tais catástrofes, a nós nadamais resta do que reconhecer nossa impotênciadiante do poder de Deus, que se manifesta atravésdas forças da natureza.

Deus prometeu repetidamente ao Seu povoIsrael enviar-lhe a chuva a seu tempo, mas essepresente estava vinculado a certas condições. Demodo geral, as chuvas não dependem deinfluências humanas. Sem dúvida, a ordem deDeus inclui o tratamento responsável da natureza,mas as prioridades dEle são diferentes dashumanas. Em Levítico 26.3-4 Ele diz ao Seu povo:“Se andardes nos meus estatutos,guardardes os meus mandamentos e oscumprirdes, então, eu vos darei as vossaschuvas a seu tempo; e a terra dará a suamesse, e a árvore do campo, o seu fruto”.

Nosso mundo foi criado de tal forma que éinevitável que chova: pelo calor dos raios solares aágua evapora e ocorrem precipitações. Mas,

claramente, as chuvas no tempo certo e namedida certa não estão garantidasautomaticamente. Quando elas faltam ou sãoexcessivas, o homem percebe quão dependente éde Deus. Somente Ele tem o poder de guiar orumo das nuvens e dos ventos.

A Bíblia indica que nos tempos finais, antes davolta do Filho do homem, as forças da naturezaserão abaladas. O próprio Senhor Jesus também odisse em Seu sermão profético (veja Lucas 21.25-26). A humanidade, porém, prefere ignorar aspalavras do Filho de Deus, atribuindo o númerocrescente de catástrofes naturais à poluiçãoambiental. A razão principal, que é a “poluição” (opecado) nos corações dos homens, não é levadaem consideração.

Cheio de gratidão pela Palavra de Deus, quenos abre os olhos para que vejamos também osacontecimentos na natureza pela perspectiva deDeus, saúdo com um sincero

Shalom!

P.S.: A respeito, recomendo a leitura do artigo“Aquecimento global – A última chance de salvar oplaneta?” no site www.Chamada.com.br.

FFrreeddii WWiinnkklleerr

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55Notícias de Israel, abril de 2007

Durante a primeira metade daSegunda Guerra Mundial, o gene-ral Douglas MacArthur foi forçado,pelos japoneses, a se retirar das Fili-pinas no cenário da guerra no Pací-fico. Na sua despedida, ele fez a se-guinte promessa ao povo filipino:“Eu vou voltar”. Pela força e pode-rio do exército dos Estados Unidos,o general MacArthur pôde cumprira sua promessa. Se a humanidadepode fazer e cumprir promessas deresgate e libertação, quanto mais onosso grande Deus no cumprimen-to daquelas promessas incompará-veis que Ele fez em Sua Palavra! Naverdade, Cristo nos avisou que umdia voltará e cumprirá as numerosase grandiosas promessas sobre o glo-rioso futuro, reservadas para aque-les que O conhecem como seu Sal-vador.

Por que as promes-sas são tão importan-tes para Deus? Aspromessas são impor-tantes no plano deDeus para a história,porque Deus cumprea Sua Palavra. A his-tória é um registro dafidelidade de Deus em

cumprir Suas promessas. Assim,Deus se deleita em fazer promessasaparentemente impossíveis, de mo-do que Ele, através das mais difíceiscircunstâncias, possa demonstrarque cumpre as Suas promessas.Pense no registro da fidelidade deDeus da próxima vez que você fortentado, pelas circunstâncias, a des-cumprir a sua palavra. Há trêsgrandes promessas, feitas por Deusao Seu povo, que eu gostaria deexaminar neste artigo. Essas pro-messas são: a permanência de Is-rael, a Segunda Vinda de Cristo, e a

vida eterna para os cren-tes em Cristo.

A Promessa da ExistênciaPermanente de IsraelAs Escrituras deixam cla-ro que a integridade deDeus na história gira em

torno de Israel, Seu povo escolhido.Deus escolheu deixar a Sua marcaao longo de toda a história por in-termédio de Israel. Foi através deIsrael que Deus outorgou a SuaLei, constituiu uma nação, fez comque a Sua presença habitasse entreos homens, mediou a Sua Palavra, eenviou o Salvador do mundo. Nofuturo, será através de Israel queDeus atuará na pregação do Evan-gelho por todo o mundo, determi-

O general Douglas MacArthur.

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nará a Segunda Vinda, reinará pormil anos em Jerusalém, estabeleceráa Sua glória eterna. Dessa maneira,a promessa de Deus a Israel é queos judeus terão uma existência per-manente na história e por toda aeternidade (Jeremias 31.35-36).Sem a permanência de Israel, a Se-gunda Vinda não poderia ocorrer,visto que os israelitas têm de estarem sua terra para que esse gloriosoevento possa acontecer.

A Teologia daSubstituiçãoHoje em dia, a maioria dos cristãosevangélicos norte-americanos têmum conceito elevado dos judeus e

do moderno Estado deIsrael, graças à influên-cia positiva da posiçãodispensacional pré-mi-lenista defensora deque Israel tem o seu fu-turo no plano de Deus.Contudo, existemaqueles na cristandadeque negam o fato deque Israel ocupa um lu-gar permanente no pla-no de Deus. Essa pers-pectiva é conhecida co-mo “Teologia daSubstituição”.

O que vem a ser aTeologia da Substitui-ção? Essa teologia as-sume a postura de quea Igreja substituiu Is-rael, definitivamente,como o instrumentoatravés do qual Deusopera, e de que o Is-rael nacional não temqualquer futuro no pla-no de Deus. Isso tam-bém é conhecido pelotermo “supersessionis-mo”. Alguns teólogosda substituição talvez

creiam que alguns judeus, indivi-dualmente, se converterão e serãoinseridos na Igreja (algo que todosnós também cremos), mas eles nãocrêem que Deus cumprirá, literal-mente, as dezenas de promessas doAntigo Testamento que se referema um Israel nacional que, no futu-ro, se converterá totalmente. O pa-triarca reconstrucionista, R. J.Rushdoony, utiliza uma linguagempesada ao declarar:

A queda de Jerusalém, e a rejei-ção pública do Israel físico como po-vo escolhido de Deus, significaram,também, a libertação do verdadeiropovo de Deus, a Igreja de Cristo, oseleitos, do jugo de escravidão a Is-rael e a Jerusalém (...).1

Uma outra heresia mancha as in-terpretações pré-milenistas das Escri-turas – sua elevação do racismo aum princípio divino. Todos os esfor-ços para trazer os judeus de volta àsprofecias, na qualidade de judeus, éatribuir à raça e às obras (pois a des-cendência racial é uma obra huma-na) uma prioridade sobre a graça esobre a obra de Cristo, e isso não épuro paganismo (...). Não pode ha-ver concordância com essa heresiacruel.2

O Desenvolvimento HistóricoComo deveria acontecer, a naturezado futuro de Israel se tornou um“divisor de águas” na interpretaçãobíblica, causando a polarização deposições encontradas nos diasatuais. Hoje em dia, a maioria dosintérpretes de tradição reformadanão crê num futuro Israel nacional,ainda que tenham sustentado talposição durante os últimos 400anos. Qual seria a razão de tal mu-dança? No começo da sistematiza-ção de qualquer posição teológica,os assuntos não estão plenamentedesenvolvidos e não se mostram tãoclaros quanto nas épocas posterio-res, em que a solidez de várias pos-turas doutrinárias surte o seu efeito.Portanto, para uma compreensãomadura de qualquer questão teoló-gica, é natural que se leve à polari-zação de pontos de vista, como umresultado da interação e do debateentre posições diferentes. A posiçãoreformada inicial incluía uma com-binação de algumas passagens doAntigo Testamento que eram inter-pretadas literalmente (ou seja,aquelas que indicavam uma futuraconversão de Israel como nação) eoutras passagens que não eramabordadas literalmente (isto é,aquelas que tratavam dos detalhesquanto à proeminência de Israeldurante um futuro período da his-

66 Notícias de Israel, abril de 2007

As Escrituras deixam claro que a integridade de Deusna história gira em torno de Israel, Seu povo escolhido. Na foto: crianças orando junto ao Muro das Lamentações.

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tória). Por um lado, aqueles que“bateram na tecla” de uma com-preensão literal de Israel, a partirdo Antigo Testamento, com o pas-sar do tempo se tornaram mais coe-rentes na aplicação de tal aborda-gem a todas as passagens que se re-ferem ao destino de Israel. Poroutro lado, aqueles que pensavamque o literalismo tinha ido longedemais, se afastaram, por completo,de qualquer resquício de literalida-de que ainda pudessem ter, e argu-mentavam que a Igreja cumpre aspromessas feitas a Israel; por conse-guinte, pensavam eles, não havianecessidade de um Israel nacionalno futuro. Além disso, a interpreta-ção não-literal foi vista como umaferramenta com a qual os liberaisnegavam os fundamentos da fé cris-tã. Conseqüentemente, ao tempoda Segunda Guerra Mundial, oDispensacionalismo chegou, de fa-to, a dominar os evangélicos queviam a interpretação literal da Bí-blia como uma base de defesa daortodoxia.

Depois da Segunda GuerraMundial, muitas das batalhas entreo fundamentalismo e o liberalismocomeçaram a arrefecer. Tal am-biente fazia concessões, estigmati-zando menos a interpretação não-li-teral dentro dos círculos conserva-dores. Contudo, hoje em dia, àmedida que observamos um declí-nio da interpretação literal dentrodo evangelicalismo, como um todo,vemos uma erosão no apoio queeruditos evangélicos davam à atualnação de Israel.

O Estado de Israel ModernoO grande indicador divino de quetodas as outras áreas do desenvolvi-mento mundial são profeticamentesignificativas está no fato de que osúltimos 100 anos assistiram a umreajuntamento de Israel procedente

de todas aspartes domundo e oseu restabe-l e c i m e n t ocomo nação.O Estado deIsrael estáagora situadono cenárioexato neces-sário para arevelação doAnticristo epara o inícioda Tribula-ção. O Dr.W a l v o o r ddeclara:

Dos muitosf e n ô m e n o sp e c u l i a r e sque caracterizam a presente gera-ção, quando se trata de profecia bí-blica, poucos eventos podem se nive-lar em grau de importância ao retor-no de Israel à sua terra. Tal fatoconstitui-se numa preparação para ofim desta era, o cenário da volta doSenhor para a Sua igreja, e o cum-primento do destino profético de Is-rael.3

Aquilo que se crê sobre o futurode Israel é da maior importânciapara que uma pessoa compreenda aBíblia. Eu creio, sem sombra de dú-vida, que as promessas feitas ao Is-rael nacional no Antigo Testamentose cumprirão, literalmente, no futu-ro. Em outras palavras, a Bíblia en-sina que Deus traria os judeus devolta à sua terra, antes do começoda Tribulação (Isaías 11.11-12.6;Ezequiel 20.33-44; 22.17-22; Sofo-nias 2.1-3). Tal promessa já tem setornado uma realidade concreta e opalco já está montado como um re-sultado da existência atual do mo-derno Estado de Israel. A Bíbliatambém assinala que, antes que Is-rael ingresse naquele seu momento

de benção nacional, terá que pas-sar, primeiro, pelo fogo da GrandeTribulação (Deuteronômio 4.30;Jeremias 30.5-9; Daniel 12.1; Sofo-nias 1.14-18). Ainda que os horro-res do “Holocausto” sob as ordensde Hitler já foram de uma extensãoinimaginável, a Bíblia mostra queum tempo de sofrimento muito piorespera por Israel durante a Tribula-ção. O anti-semitismo atingirá o seuauge, desta vez em proporções glo-bais, pelo qual dois terços da popu-lação judaica mundial será morta(Zacarias 13.7-9; Apocalipse 12).Deus protegerá o Seu remanescentedurante aquele período, de modoque, antes do Seu Segundo Adven-to, “todo o Israel será salvo” (Roma-nos 11.26). Na realidade, o propó-sito de Deus em resgatar Israel fisi-camente da perseguição mundialdurante o Armagedom está incluídona Segunda Vinda (Daniel 12.1;Zacarias 12-14; Mateus 24.29-31;Apocalipse 19.11-21).

Se o Israel nacional é uma “vagalembrança” na história, então tudoisso, obviamente, está errado. En-

77Notícias de Israel, abril de 2007

Dos muitos fenômenos peculiares que caracterizam a presentegeração, quando se trata de profecia bíblica, poucos eventos

podem se nivelar em grau de importância ao retorno de Israel àsua terra. Na foto: mulheres junto ao Muro das Lamentações.

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tretanto, a Bíblia diz que há um fu-turo preparado para Israel e que oseventos mundiais girarão em tornodessa minúscula nação no centro daterra. A atenção mundial já está vol-tada para Israel. Deus tem preserva-do o Seu povo por uma razão e elanão é ruim. Apesar da história estarprogredindo de conformidade como projeto estabelecido por Deus pa-ra Israel, vemos o ressurgimento dateologia da substituição dentro dosmeios conservadores, que, sem dú-vida, será usada no futuro para ali-mentar o fogo do anti-semitismo, talcomo foi utilizada no passado. Asua perspectiva quanto ao futuro doIsrael nacional não é apenas um te-ma meramente acadêmico.

A Pro-messa daSegundaVinda deCristoEmbora mui-tos não perce-bam o seusignificado, a

volta de JesusCristo ao planetaTerra será o even-to mais importan-te que aconteceráno futuro. Mas oque sabemos so-bre a vinda deCristo? Seria ape-nas uma esperan-ça emotiva e umapropaganda sensa-cionalista históri-ca, ou existe algu-ma afirmação cla-ra e certa da partede Deus sobre es-se evento?

A promessaprofética da Se-gunda Vinda de

Jesus Cristo à Terra é o assunto demuitas passagens, tanto no Antigoquanto no Novo Testamento.Quais seriam os textos mais eviden-tes nessa questão? Alguns dos se-guintes textos estão incluídos: Deu-teronômio 30.3; Salmo 2; Isaías63.1-6; Daniel 2.44-45; 7.13-14;Zacarias 14.1-4; Mateus 24-25;Marcos 13; Lucas 21; Atos 1.9-11;Romanos 11.26;1 Tessalonicen-ses 3.13; 5.1-4;2 Tessalonicen-ses 1.6-2.12; 2Pedro 2.1-3.17;Judas 14-15;Apocalipse 1.7;19.11-21.

A descriçãomais pictóricada Segunda Vin-da de Cristo seencontra emA p o c a l i p s e19.11-21. Nessapassagem, JesusCristo é descritocomo Aqueleque lidera uma

procissão de anjos e santos ou exér-citos celestiais no intuito de reivin-dicar o Seu direito sobre a terra, dedestruir os exércitos do mundo, ede derrotar o Anticristo e o FalsoProfeta.

Essa passagem mostra que a vol-ta de Cristo resultará em grandedestruição física e muitas mortes.Para os que não pertencem a Cris-to, será um evento medonho e ater-rador. Para aqueles de nós que Oconhecemos como nosso Salvador,será um momento de grande ale-gria, vingança, e expectativa.

A Bíblia representa a trajetóriada vida de Cristo girando em tornode dois aspectos principais. O textode Tito 2.11-14 menciona as duasaparições de Cristo na terra. A pri-meira fase se refere à Sua vinda emhumildade, a fim de morrer pelospecados da humanidade. A segundafase se refere ao tempo em que Elevoltará em poder e glória para rei-nar sobre a humanidade inteira.Num único versículo, a passagemde Hebreus 9.28 explica e contrastaas duas vindas de Cristo. O escritorda Carta aos Hebreus declara: “as-sim também Cristo, tendo-se oferecido

88 Notícias de Israel, abril de 2007

Ainda que os horrores do “Holocausto” sob as ordens de Hitler já foram de uma extensão inimaginável, a Bíbliamostra que um tempo de sofrimento muito pior espera por Israel durante a Tribulação.

Embora muitos não percebam o seu significado, a volta de Jesus Cristo ao planeta Terra será o evento

mais importante que acontecerá no futuro.

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uma vez para sempre para tirar os pe-cados de muitos, aparecerá segundavez, sem pecado, aos que o aguardampara a salvação”. Jesus virá outravez. Aí está uma gloriosa promessae esperança para todos os crentesem Cristo.

APromessa de VidaEternaVida eterna éo presente deDeus dado atodos aquelesque crêemem Jesus

Cristo, tendo aceitado Sua oferta desalvação baseada em Sua morte eressurreição (João 10.10; Efésios2.8-19). Na Bíblia, a expressão vidaeterna enfatiza uma qualidade devida, qualidade esta que só pode serconcedida pelo próprio Deus. Estavida certamente não faz de nós umDeus – somos e sempre continuare-mos a ser criaturas; contudo, é umaqualidade de vida que procede doDeus que tem o atributo da eterni-dade. Portanto, a vida eterna nãodeveria ser confundida com a exis-tência sem fim ou eterna, que todos

experimenta-rão. A existên-cia eterna serácomum aos re-dimidos e aosn ã o - r e d i m i -dos, mas osdestinos serãototalmente di-ferentes. Oscrentes emCristo entra-rão no céu eestarão na pre-sença deDeus; os des-crentes serão

lançados dentro do lago de fogo(Apocalipse 20.11-15).

Para aqueles de nós que confia-ram em Jesus Cristo como nossoSalvador, a promessa de vida eternaé concedida no momento em quecremos. João afirma: “E o testemu-nho é este: que Deus nos deu a vidaeterna; e esta vida está no seu Filho.Aquele que tem o Filho tem a vida;aquele que não tem o Filho de Deusnão tem a vida” (1 João 5.11-12); sevocê confiou em Cristo, já tem, en-tão, a vida eterna no presente, aqual continuará por toda a eterni-dade no céu. Os crentes em Cristotêm a esperança da vida eterna nocéu junto com o nosso Senhor parasempre.

ConclusãoQualquer pessoa fa-miliarizada com aPalavra de Deussabe que Ele temum plano maravi-lhoso para a histó-ria e para o Seu po-vo. Essas são, defato, as gloriosas eincomparáveis pro-messas através dasquais Ele executa o

Seu plano. Qual deveria ser a res-posta do crente às promessas deDeus? O salmista corretamenteaconselha: “Que darei ao Senhor portodos os seus benefícios para comigo?Tomarei o cálice da salvação e invoca-rei o nome do Senhor” (Salmo116.12-13).

Quando pensamos no significa-do das gloriosas promessas que onosso Senhor tem reservado paranós como Seu povo, respondemoscom um coração cheio de gratidão.Devemos nos lembrar que, para ocrente em Cristo, esta vida atual naterra é a pior coisa que nos ocorreráem toda a eternidade. Porém, paraos descrentes, esta vida atual será amelhor coisa que eles experimenta-rão por toda a eternidade. Vamosreivindicar as preciosas promessasque Deus nos fez no presente, demodo que Ele nos faça aptos para aeternidade. (Pre-Trib Perspectives)

Thomas Ice é diretor-executivo do Pre-TribResearch Center em Lynchburg, VA (EUA).Ele é autor de muitos livros e um dos editoresda Bíblia de Estudo Profética.

Notas:1. Rousas John Rushdoony, Thy Kingdom

Come: Studies in Daniel and Revelation,Fairfax, Virgínia, E.U.A., Thoburn Press,1970, p. 82.

2. Rushdoony, Thy Kingdom Come, p. 134.3. John F. Walvoord, Israel in Prophecy,

(Grand Rapids: Zondervan Publishing Com-pany, 1964), p. 26.

99Notícias de Israel, abril de 2007

Se você confiou em Cristo, já tem a vida eterna no presente, aqual continuará por toda a eternidade no céu. Os crentes emCristo têm a esperança da vida eterna no céu junto com o nosso Senhor para sempre.

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Um dia no tribunalAinda era cedo de manhã, mas

Pôncio Pilatos, o governador roma-no da Judéia, já se deparava comuma lista cheia de causas a seremjulgadas. Ele não queria ser inco-modado com as intrigas do sumosacerdote dos judeus e seu conselhode anciãos, o Sinédrio. Na Judéiasempre faz calor desde o início dodia e Pilatos já estava suado e irrita-do, antes mesmo que os membrosdo conselho judaico se apresentas-sem diante dele arrastando consigoaquele profeta judeu, pregador dodeserto ou seja lá o que fosse.

Pôncio Pilatos costumava ficarno palácio de Herodes quando visi-tava a cidade de Jerusalém. Era aocasião em que os judeus celebra-vam uma de suas festas religiosas eele começava a ter uma sensação deque esse era um caso do qual nãoconseguiria se esquivar. É verdadeque ele odiava Jerusalém, bem co-mo os judeus com seus costumesreligiosos e suas prescrições insu-portáveis, além de odiar a atitudeobstinadamente defensiva desse po-vo no que dizia respeito ao seu tem-plo. Porém, ele sabia que não podiacorrer o risco de melindrar o Siné-drio, sem dúvida, não agora. Afinalde contas, uma multidão de judeusse reunira do lado de fora do Pretó-rio, junto com os principais sacer-dotes e sua ordem religiosa de mes-tres da Lei. Eles não sairiam dalienquanto ele não julgasse o casodaquele sujeito chamado Jesus.

Quando Pilatos olhou para oacusado, que estava diante dele ma-nietado e quieto, percebeu que uma“justiça brutal” já tinha sido admi-nistrada contra tal homem. As ves-tes de Jesus estavam rasgadas e eraevidente que ele tinha sido espanca-do.

Não há nada de estranho nisso,pensou Pilatos. A não ser por umacoisa. Algo relacionado com o com-portamento daquele homem. Seráque se poderia chamar aquilo dedignidade? Dificilmente. Um prega-dor errante; vestido de trapos. Bem,o que quer que fosse, começava aenervar Pilatos. O governador sesentia cada vez mais pressionado atomar uma decisão. Mas aquele ho-mem, em pé diante dele com umolhar sereno e implacável, sem umpingo de medo ou ansiedade, ape-sar de ensangüentado e de prova-velmente ter que enfrentar a penade morte, tornava a situação aindamais difícil.

Pilatos não podia ajudar; só con-seguia relembrar seu histórico mal-sucedido em Jerusalém. Ele tinhasido convocado à Judéia para reas-sumir o controle da região. Seu an-tecessor, Arquelau, um dos filhosde Herodes, o Grande, cometeuum erro sórdido na tentativa de go-vernar aquele território. Esse gover-nante herodiano enviara suas tropasaos pátios do templo a fim decontrolar uma rebe-lião violen-

ta e acabou por massacrar três milpessoas. Poucas semanas depois,Arquelau ausentou-se tranqüila-mente de Jerusalém para fazer umaviagem a Roma e outra rebelião es-tourou. Essa última insurreição foi,finalmente, subjugada pelos roma-nos, depois que estes crucificaramdois mil habitantes locais ao redordas muralhas da cidade.

Pilatos pensava que podia fazermelhor. Afinal de contas, quando elechegou a Jerusalém, pela primeiravez, na qualidade de governador,pensara consigo mesmo: César exigepaz e ordem nos territórios de sua ocu-pação – e eu estou pronto a oferecer-lheo que exige.

Mas, então, a realidade chegou.Pilatos, na intenção de sufocar umdistúrbio, teve de enviar tropas paradentro da área do templo, as quaismataram muitos galileus, de modoque o sangue destes, derramado so-bre o piso pedregoso, acabou por semisturar com o sangue dos animaisque tinham acabado de ser sacrifi-cados.

Em seguida, aconte-ceu o fiasco dos es-tandartes. Com oobjetivo de fazeruma demons-tração de for-ça em Je-

Craig L. Parshal

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rusalém e assumir o controle pelaintimidação, Pilatos, na calada danoite, ordenou que suas tropas has-teassem estandartes ou bandeirasromanas no contorno de uma de-terminada área, todas elas com aimagem de César estampada. Elenem se importou com o fato de quelevantara imagens “idólatras” nas

proximidades do templo. Comoresultado, irrompeu outra rebe-

lião.Dessa vez um enorme

contingente de judeusmarchou na direção

norte até o quartel-general de

Pilatos em Cesaréia e exigiu que osestandartes romanos com a imagemde César fossem removidos. Na-quele momento, quando Pilatosdeu ordens para que seus soldadosse dirigissem contra a turba de ju-deus, os últimos homens da multi-dão descobriram seu pescoço, desa-fiando o governador a matá-los. Atémesmo os centuriões ficaram im-pressionados.

Pilatos ficou ainda mais intimi-dado quando se lembrou da manei-ra pela qual teve de voltar atrás.Contudo, o que mais ele poderia fa-zer? A sobrevivência política nesseterritório abandonado da Judéiaobviamente exigia sutileza diplomá-tica, algo que ele considerava insul-tante. Ele preferia a força bruta.Era mais rápido – mais objetivo.Entretanto, Roma desejava a esta-bilidade naquela região. Agora Pila-tos perguntava a si mesmo se al-gum dia isso seria possível.

Ele encarou Jesus outra vez.Aquele judeu tinha acabado deconfessar que era um “rei”. Mas Pi-latos era esperto o suficiente parasaber que aquele rabi (mestre) itine-rante falava acerca de alguma espé-cie de reino religioso – não de umreino político. Os principais sacer-dotes o constrangiam a usar sua au-toridade para sentenciar o acusadoà pena capital, pela alegação de queJesus cometera traição. Porém, Pi-latos sabia que, pelo rigor da lei ro-mana, aquele homem não represen-tava risco nenhum de provocar umarevolta.

Então ele ouviu o grito de umdos escribas (ou era um dos sacer-dotes? Talvez ele fosse ambas ascoisas) que dizia algo sobre o modopelo qual Jesus incitara o povo naGaliléia. Pilatos pensou: HerodesAntipas, o tetrarca da Galiléia, estáaqui em Jerusalém para a festa. EsseJesus procede do território que está soba jurisdição de Herodes. Que Herodes

julgue esse caso. Por que deveria eu de-cidir tal questão?

Nesse momento, ao dar nova-mente uma olhada em Jesus de Na-zaré, o governador romano final-mente começou a esboçar um sorri-so, que desapareceu de seu rostoquando ele contemplou os olhos fi-tos de Jesus nele como uma chamade fogo que arde no papiro seco,queimando a fina cobertura queocultava as motivações políticas dePôncio Pilatos.

Diz a históriaEsse enredo dramático pode ou

não refletir com exatidão os maisíntimos pensamentos de Pilatos.Contudo, é coerente com o relatodos quatro Evangelhos e com consi-deráveis registros da história antigaacerca do julgamento romano deJesus.

Afinal, duvidar da historicidadedo julgamento de Cristo perante Pi-latos é o mesmo que questionar se aSuprema Corte dos Estados Unidosjulgou o caso Dred Scott antes daGuerra da Secessão.

A existência histórica do Siné-drio é evidente e a família dos He-rodes está solidamente comprovadanos escritos do historiador judeuFlávio Josefo, o qual também escre-veu sobre o julgamento de Jesus pe-rante Pilatos. A identidade do go-vernador romano é atestada atémesmo fora dos relatos bíblicos enos registros de Josefo.

Nos idos de 1950, numa escava-ção em Cesaréia, onde se localizavaa residência oficial de Pilatos, des-cobriu-se uma inscrição em pedra.Embora uma parte dela tenha seperdido, as seguintes palavras aindapodiam ser lidas nitidamente:“Pôncio Pilatos, o Governador daJudéia”.

Já ouvi a argumentação daquelesque duvidam da Bíblia, alegando

1122 Notícias de Israel, abril de 2007

Com o objetivo de fazer uma demonstração de força em Jerusalém eassumir o controle pela intimidação, Pilatos, na calada da noite, ordenou quesuas tropas hasteassem estandartes ou bandeiras romanas nocontorno de uma determinada área, todas elas com a imagem de César estampada.

Page 13: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

que a prática de Pilatos em conce-der à multidão o direito de escolha,pelo voto verbal, entre Jesus e Bar-rabás, mencionada nos quatroEvangelhos, não era usual, nem his-tórica. Contudo, essa prática de in-dultar ou perdoar criminosos pelovoto popular realmente existiu. Umpapiro do primeiro século (PapirusForentinus), originário do Egito soba ocupação romana, trouxe à luzque a mesma prática foi usada noano 85 d.C.

Uma amizade misteriosaEntretanto, há uma pergunta in-

trigante que nem as Escrituras Sa-gradas nem a história responderam.Após Pilatos ter enviado Jesus aHerodes para que este desse conti-nuidade ao processo judicial, porque razão a Bíblia declara: “Naquelemesmo dia, Herodes e Pilatos se recon-ciliaram, pois, antes, viviam inimiza-dos um com o outro” (Lc 23.12). Se-rá que Herodes simplesmente dese-java ser cordial? Isso parece poucoprovável. O antigo escritor Fílon[de Alexandria, c. 20 a.C. - 50d.C.] relatou que certa feita Pilatosinstalou seus escudos distintivosdourados no palácio de Herodes.Herodes Antipas, ultrajado por talsituação, registrou uma queixa pe-rante Tibério César, o qual orde-nou que Pilatos removesse seus es-cudos daquele palácio. Com essainimizade amargurada entre eles, sómesmo um motivo extremamenteinteresseiro, que garantisse o bene-fício de ambos, poderia ter curado aruptura. Então, será que houve, defato, uma conspiração entre Hero-des e Pilatos? Se a resposta for afir-mativa, contra quem seria?

Há uma possível explicação. Je-sus permaneceu calado perante He-rodes. Herodes o mandou de voltaa Pilatos, porque não achou nelecrime algum “digno de morte” (Lc

23.15). No en-tanto, segundoo texto de Atos4.27, tanto He-rodes quantoPôncio Pilatosse voltaram con-tra Jesus. Aoharmonizarem-se tais versícu-los, chega-se àseguinte possibi-lidade: Herodes,embora desejas-se secretamentelivrar-se dequalquer pessoa(em especial, deJesus) que re-presentasse umaameaça às suasambições políti-cas, talvez tenha pensado que podiausar Jesus como um joguete, umpeão no seu magistral jogo de xa-drez – com o intuito de dar o xe-que-mate no poder crescente do su-mo sacerdote e do Sinédrio. Aomesmo tempo, Pilatos queria sim-plesmente evitar mais uma decisãoimpopular e pode ter visto Herodescomo um expediente de auxílio.Afinal de contas, Pilatos era umapessoa moralmente baixa, além deser um pragmático cruel.

O grande vereditoA despeito dos motivos de am-

bos, nem Herodes nem Pilatos con-seguiram o que desejavam. Hero-des, posteriormente, foi depostopor Calígula no ano 39 d.C. e Pila-tos, depois de muitos fracassos, foisubstituído em sua função de co-mando por ordens de Roma.

Todavia, Jesus, condenado semrazão e cruelmente crucificado,foi sepultado no túmulode um homem ri-co e, três

dias depois, ressuscitou triunfal-mente.

A tarefa de Pilatos, como gover-nador romano, era a de exercer jus-tiça. Mesmo nos territórios de ocu-pação romana esperava-se que ajustiça prevalecesse. O processo ju-dicial romano reconhecia o direitode ficar em silêncio e a inocência doacusado até que se provasse o con-trário. Antigos registros daquelaépoca, transcritos de processos civisromanos, demonstram uma seme-lhança impressionante com o pro-cesso judicial nas cortes de justiçaatuais: a presença dos advogados,a apresentação das provas do-cumentais e testemunhais,bem como a formulaçãode elaborados argu-mentos legais. Pi-latos, porém,desconside-

1133Notícias de Israel, abril de 2007

O processo judicial romano reconhecia o direito de ficar em silêncio e a inocência do acusado até que se provasse o

contrário. Antigos registros daquela época, transcritos de processos civis romanos, demonstram uma semelhança

impressionante com o processo judicial nas cortes de justiça atuais.

Page 14: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

rou todas as salvaguardas, ao per-mitir – e até mesmo ordenar – aexecução de um homem que elemesmo já tinha declarado inocentede qualquer crime passível de mor-te (Lc 23.14-15,22).

A última interrogação de Pilatosa Jesus registrada nos Evangelhos,pergunta essa que deve ter sido feitanum tom de frustração e arrogânciaultrajante, foi a seguinte: “Não sabesque tenho autoridade [poder] para tesoltar e autoridade para te crucificar?”(Jo 19.10). Mas a resposta de Jesusa Pilatos deve ter penetrado até amedula, quando ele lembrou ao go-vernador romano que Deus é o Ou-torgante Supremo da autoridade (v.11). A partir de então, Pilatos redo-brou seus esforços para evitar que ofiasco legal e político se desenrolas-se na sua presença, mas tudo foi emvão (v. 12).

Entretanto, Jesus não foi mortopor causa do fracasso de Pilatos emexercer justiça, nem por causa da

conspiração de Herodes, nem mes-mo em virtude da má fé de seusacusadores ligados ao Sinédrio. Osangue de Jesus foi voluntária epropositalmente “derramado em fa-vor de muitos, para remissão de peca-dos” (Mt 26.28).

O princípio fundamental da jus-tiça romana espelhava-se numa má-xima popular (a qual, posterior-mente, foi coligida nas Institutas deJustiniano) que Pilatos, sem dúvida,conhecia, mas optou por ignorar:“A justiça é o propósito determina-do e constantede retribuir acada um o quelhe é devido”.

Assim, por-tanto, tambémhá uma decisãopessoal diantede cada um denós: após con-siderarmos asalegações, feitas

por Jesus, de ser ele o Messias, oFilho de Deus em carne, o Salva-dor, a perfeita e definitiva oferta pe-lo pecado, será que nós – eu e você– temos retribuído a Jesus “o quelhe é devido”? (Israel My Glory)

Craig Parshall é advogado de sucesso emWashington, D.C. (EUA) e autor de vários li-vros. Ele é casado com Janet Parshall, apre-sentadora de um conhecido programa de en-trevistas.

1144 Notícias de Israel, abril de 2007

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O rabino Israel Ben Eliezer, co-nhecido pelo cognome Ba’al ShemTov (i.e. “Mestre do Bom Nome”),é um personagem tão importantena história judaica que até hoje seunome desperta admiração e respei-to, especialmente entre os judeusultra-ortodoxos – os hassidim. Narealidade, é impossível que alguémcompreenda o movimento hassídicosem entender um pouco acerca dorabino Israel Ben Eliezer.

Geralmente chamado pelo acrô-nimo Besht, o rabino Israel nasceu

no ano de 1700 em Okup, uma al-deia da Ucrânia. Na época de seunascimento, seus pais já eram decerta idade e vieram a falecer quan-do ele ainda era uma criança. O po-vo de sua aldeia sentiu-se na res-ponsabilidade de cuidar dele e pro-ver-lhe alimento, roupas e formaçãoreligiosa.

Quando jovem, ele trabalhou co-mo um shamash [i.e. um assistentede líder religioso judaico] na sina-goga daquela localidade. Ele ensi-nava o alfabeto hebraico às crianças

menores, bem como as orientava arecitar orações simples, enquantousava seu tempo livre para estudaros livros místicos da Cabala (veja o

O Fascinante Mundo dos Hassidim

Parte 2Steve Herzig

Page 15: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

artigo “Os Mistérios da Cabala”nesta edição). Após se casar, mu-dou-se para a região dos montesCárpatos, onde vivia uma vida decondição humilde, sustentada pelaatividade de extração de cal [i.e.,óxido de cálcio] e de vendê-lo nasaldeias da redondeza, enquantomantinha sua mente livre para aoração e a meditação. Numa pousa-da dirigida por sua esposa, Israelmantinha contato com muitos hós-pedes, os quais ficavam impressio-nados com sua sabedoria e devo-ção. Ele ensinava por meio de his-tórias simples e parábolas queatraíam o interesse da maioria daspessoas.

O rabino continuou a estudar aCabala, a orar e a meditar. O usoque ele fazia de ervas medicinais fezcom que sua reputação aumentasse,a ponto de surgirem várias históriasacerca de seu poder miraculoso decura. Segundo a escritora DeborahPessin, “Israel sempre irradiavacontentamento e felicidade; as pes-soas vinham a ele quando estavamcom problemas, quando necessita-vam de ajuda ou conselho”.1 Embo-ra tivesse pouca escolaridade e trei-namento formal, não demorou

muito para que as pessoas se diri-gissem a ele como mestre, ou mes-mo, rabino. Sua orientação pessoalfloresceu desdobrando-se em men-sagens repletas de esperança e ale-gria, de forma que as pessoasafluíam em multidões para ouvi-las.Dizem que ele tratava doenças, cu-rava enfermidades e, até mesmo,expelia demônios. Paul Johnson,em seu livro intitulado A History ofthe Jews [i.e. Uma História dos Ju-deus], escreveu:

À semelhança de John Wesley[fundador do Metodismo], Israel via-java por todo o país. Ele fazia inscri-ções em talismãs, curava e purificavapessoas possessas de espíritos malig-nos [...] Porém, acima disso, ele tinhacarisma: homens e mulheres se sen-tiam capazes de ter aspirações me-lhores ou comportamento mais puroem sua presença. Essa impressão deintensa santidade, apesar da simplici-dade, era reforçada por suas curas,sempre espetaculares; por seus so-nhos, nos quais ele pre-disse eventos com exati-dão; por seus estadosmísticos e pelos milagresa ele atribuídos.2

Na Busca de um“Estado deEspírito MaisElevado”

O ensino do rabino Is-rael enfatizava a intimi-dade com Deus, umaposição que parecerainalcançável para os po-bres e ignorantes cam-poneses. Além disso, elecria na concepção radi-cal de que uma pessoanão precisava ter certaescolaridade para ser ín-tima de Deus. Ele acre-ditava que “estudo inte-lectual e conhecimento

acadêmico estão em segundo lu-gar”.3 O Besht não rejeitava os inte-lectuais, mas também não atendiaàs expectativas deles. Pelo contrá-rio, ele modificou e popularizou ojudaísmo para as massas. Lis Har-ris, em seu livro intitulado HolyDays [i.e. Dias Sagrados], apresentaa seguinte explicação:

O Besht e seus seguidores nuncarejeitaram uma única doutrina da Or-todoxia. Eles, naturalmente, introduzi-ram certas inovações, dentre estas ade permitir que os horários de ora-ção fossem alterados para que aspessoas pudessem orar com menospressa e, como se esperava, commais sentimento; a de eliminar doscultos a figura do cantor-mor, o qualcumpria uma parte extensa da vida li-túrgica da sinagoga, de modo quequalquer homem piedoso pudesse li-derá-la; e a de declarar que a dançae a música cantada eram maneiraspróprias de se expressar entusiasmoreligioso.4

1155Notícias de Israel, abril de 2007

O rabino Israel ben Eliezer, o Ba’alShem Tov (Besht), fundador dohassidismo.

Com o intuito de anunciar o tradicional início da Páscoa, judeus ultra-ortodoxos, residentes em BoroPark, no Brooklyn (Nova York/EUA), queimam todos

os tipos de produtos da panificação fermentada, proibidos durante a festividade sagrada.

Page 16: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

Ele também adotou um tipo depanenteísmo bíblico, o qual afirmaque Deus está em tudo o que criou[N.T., não confundir com o pan-teísmo, o qual declara que “Deus éo mundo e o mundo é Deus”. Opanenteísmo crê que Deus está nomundo assim como a alma ou amente está no corpo humano]. Eleensinava, escreve Pessin, que “Deusestava em tudo, em qualquer coisaque o ser humano tocasse, sentisseou visse. Orações simples eram sufi-cientes para se alcançar a Deus,desde que o coração da pessoa esti-vesse nas orações”.5

O Ba’al Shem Tov queria queseus seguidores orassem em voz al-ta, lessem em voz alta e cantassemem voz alta, a fim de produzir umestado de espírito mais elevado. Oescritor Haim Hillel Ben-Sasson ex-plicou:

A oração era o seu principalacesso místico e extático à presençade Deus [...] Especialmente em mo-mentos de empolgação, ele entravanum estado de exaltação mística –aliyyat neshamah – do qual fez des-

crições em termos reais. Eventos futu-ros e personalidades passadas, tantoboas quanto más, eram mostrados aele em sonhos. Nos contos tradicio-nais ele é retratado em conversas eencontros com pessoas, até mesmocom mulheres [...]. Nunca ele é des-crito como alguém que prega numasinagoga. Os ensinamentos do rabi-no Israel não apresentam nenhum in-dício da erudição talmúdica, de mo-do que seus opositores o criticavampor essa omissão e por sua preocu-pação com curas, inscrição de talis-mãs, bem como por suas relaçõescom pessoas simples.6

Ele encorajou seus seguidores aviverem o “agora”; a serem alegresagora, a orarem agora e a se ache-garem a Deus agora, nas coisas co-muns do dia-a-dia. Ele chamou es-se princípio de devekut (i.e. “ade-são”; “apego”).7 Segundo escreveuAvraham Rubenstein, o Ba’al ShemTov cria que “o homem deve adorara Deus e se apegar a Ele não so-mente quando pratica atos religio-sos e obras piedosas, mas tambémnos seus afazeres diários, nos seusnegócios e relações sociais, pois umhomem que está ocupado com ne-cessidades materiais e que mantémseu pensamento apegado a Deus se-rá abençoado”.8

No intuito de se contrapor à de-silusão causada pelos impostoresmessiânicos, o rabino Israel os tiroudo foco de atenção das pessoas,sem, contudo, eliminar a pessoa doMessias. Ele deu ênfase à salvaçãoda alma. Sua missão na vida pareciaoriginar-se de um sonho, durante oqual ele fazia esta pergunta a al-guém que, segundo ele, era o Mes-sias: “Quando tu voltarás, Mestre?E ele me respondeu: Quando teuensino se tornar conhecido e revela-do ao mundo e sua fonte se propa-gar [...] e todos possam experimen-tar a mesma ascensão espiritual queexperimentas”.9

O misticismo continua a existirem abundância no hassidismo dosdias atuais. Por exemplo, muitos se-guidores de Lubavitch [i.e. mem-bros da seita judaica hassídica dosLubavitchers], crêem que se comu-nicam com seu falecido líder, o ra-bino Menachem Mendel Schneer-son, que morreu em 1994. Quandotêm questões importantes a seremdecididas ou respondidas, eles asescrevem numa folha de papel e,em seguida, colocam-nas dentro deum livro que se encontra na sede daseita em Crown Heights, NovaYork (EUA). Mais tarde, ao retira-rem o papel com as perguntas aliescritas, eles dizem que já têm suaresposta da parte do rabinoSchneerson.

É evidente que as Escrituras Sa-gradas condenam tais práticas, co-mo se pode ler: “...acaso não consul-tará o povo ao seu Deus? A favor dosvivos se consultarão os mortos?” (Is8.19).

O Besht não negligenciou o estu-do da Torá, todavia ele não a estu-dava pelo modo convencional. Aoenfatizar as letras que formam aspalavras, em vez de dar ênfase aoconteúdo das mensagens, ele criaque as próprias letras continhamum significado oculto e que, en-quanto alguém não entendesse talsignificado, não seria capaz de com-preender as palavras formadas poraquelas letras.

Para entrar naquilo que ele de-nominava “saguões celestiais” daoração, o Besht cria que um homemtinha de “aniquilar sua personalida-de e se tornar algo sem nenhum va-lor, uma nulidade”. Paul Johnsonexplica: “Dessa maneira, ele cria umvácuo que é preenchido por uma es-pécie de ser sobrenatural, o qual agee fala por ele [...] Eu deixo a bocafalar tudo o que ela quiser dizer”.10

O Besht chegou ao desenvolvi-mento dessa crença pelo estudo da

1166 Notícias de Israel, abril de 2007

Muitas crenças e procedimentos doshassidim têm claros vínculos ocultistas,reprovados severamente pelas Escrituras. Na foto: um anel deproteção.

Page 17: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

Cabala. Ao surgir como um tipo deteologia por volta do ano 1200d.C., a Cabala, termo originário deuma palavra hebraica que significa“tradição”, atraiu a atenção doBesht porque tirava a ênfase dadaaos livros sagrados e salientava queas próprias letras, números e, atémesmo, sinais de acentuação, sãochaves codificadas para o conheci-mento.

Hoje em dia, Britney Spears,Madonna, Demi Moore e outros fa-

mosos adotaram esse as-pecto específico do hassi-dismo.

Vida Familiar eAdoraçãoO hassidismo estabeleceuma nítida distinção entreos papéis de homens emulheres. Os homens sãolíderes espirituais e políti-cos, enquanto as mulheressão as que cuidam dos fi-lhos a que deram à luz edas casas que mantêm. As

mulheres devem agir e se vestir comdecência. A educação fundamenta-se na hierarquia. Os meninos sãocolocados em primeiro lugar, classi-ficados por suas habilidades intelec-tuais no que diz respeito à Bíblia,ao Talmude e a outros escritos sa-grados. As meninas, porém, nãoprecisam se preocupar com tais de-talhes. Na comunidade dos hassi-dim, poucas mulheres possuemcurso superior. Quando jovens, osmeninos e as meninas são mantidos

separados e não há nenhum estímu-lo para qualquer convivência intera-tiva entre os sexos. Em momentosde adoração, existe uma divisória fí-sica que separa homens e mulheres.A maioria dos casamentos é arran-jada entre as famílias. Um bom par-tido seria o filho estudioso de umrabino piedoso. As capacidadesatléticas e a beleza física não rece-bem muita importância.

O Besht fez das reuniões hassídi-cas um espetáculo em si mesmas.São reuniões barulhentas, repletasde orações em voz alta, cânticos es-tridentes, salvas de palmas e dan-ças. Isso provoca uma animação eentusiasmo para adorar, de que aspessoas gostam muito. Os adorado-res são estimulados a agir conformeas palavras do Salmo 35.10: “Todosos meus ossos dirão: Senhor quem con-tigo se assemelha?” O Besht ensinouque o sapateiro, o lenhador, o al-faiate e o tecelão deviam dançar ese alegrar porque Deus os aceita damaneira que são. (Israel My Glory)[continua]

Steve Herzig é diretor de The Friends of Israelna América do Norte.

Notas:1. Deborah Pessin, The Jewish People. No-

va York: United Synagogue Commissionon Jewish Education, 1953, vol. 3, p. 101.

2. Paul Johnson, A History of The Jews. No-va York: Harper & Row, 1987, p. 296.

3. Haim Hillel Ben-Sasson, “Israel Ben Elie-zer Ba’al Shem Tov”, publicado na Ency-clopaedia Judaica, edição em CD-ROM.

4. Lis Harris, Holy Days: The World of a Ha-sidic Family. Nova York: Summit Books,1985, p. 52.

5. Pessin, vol. 3, p. 102.6. Encyclopaedia Judaica.7. Avraham Rubenstein, “Israel Ben Eliezer

Ba’al Shem Tov”, publicado na Encyclo-paedia Judaica, edição em CD-ROM.

8. Ibid.9. Ibid.

10. Johnson, p. 297.

1177Notícias de Israel, abril de 2007

Madonna em uma reunião sobre a Cabala em Israel.

O hassidismo estabelece uma nítida distinção entre os papéis de homens e mulheres. Na foto: famílias hassídicas.

Page 18: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

1188 Notícias de Israel, abril de 2007

Omisticismo – a busca daverdade suprema atravésde rituais misteriosos e

experiências subjetivas – há séculosexerce fascínio sobre a humanida-de. Sob a alegação de proporcionaruma compreensão mais profundados segredos complexos e enigmáti-cos do Universo, o misticismo pro-mete aos interessados a sua inclu-são num grupo de elite, seduz aooferecer garantias de elucidar o sen-tido da vida e fascina com a pro-messa de levar a pessoa a uma rela-ção mais íntima com Deus.

Durante toda a história humana,as culturas têm produzido suas ver-sões do misticismo. O povo judeunão é exceção. A forma mais in-fluente e expressiva de misticismojudaico se desenvolveu em Israel,na Babilônia e em certas regiões da

Europa, entre os séculos Xe XVIII d.C. Em grandeparte, originou-se de umareação contra o judaísmoestéril e filosófico daquelesdias. Ela ficou conhecidacomo Cabala (“Tradição”).O rabino Meyer Waxman descre-veu a Cabala como “uma síntesedesordenada de todos os elementosdo misticismo que sempre achouexpressão no judaísmo”.1

Na verdade existem duas cor-rentes de pensamento na Cabala: aprática e a especulativa. A Cabalaprática enfoca o uso de fórmulasmísticas para realizar milagres ouobras sobrenaturais. Através da ma-nipulação dos nomes de Deus, deanjos e das próprias letras de pala-vras da Torah [a Lei ou Pentateuco],a Cabala prática alega que certascombinações podem ser feitas paraproduzir qualquer feitiço, encanta-

mento ou resultado que se deseje,seja a cura de um doente, seja

o sucesso nos negócios.A Cabala especulativa,

que incorpora e se impõesobre a Cabala prática, é

mais teórica. Ela lida com certasquestões, tais como, a maneira pelaqual um Deus infinito pode criar ese relacionar com um mundo físicoe finito. Segundo a Cabala, a res-posta para tal questão é: através damediação.

A mediação é efetuada por inter-médio de anjos, bem como por in-termédio das dez emanações deDeus, denominadas sephiroth.

Essas sephiroth, conforme escre-veu o rabino Waxman, “são mani-festações tanto da essência [deDeus] quanto dos agentes de Suavontade” na terra. É por meio des-sas manifestações que o mundo nãoapenas veio a existir, como tambémtem sido preservado, organizado egovernado”.2 As dez sephiroth juntassão simbolicamente representadaspela figura de um corpo humano,ou pela árvore da vida, ou por cír-culos concêntricos, ou ainda, pelaluz em suas diversas gradações.

Outra influente doutrina da Ca-bala é a concepção de que tudopossui dois poderes ou energias ine-rentes: a ativa e a passiva; simboli-zadas por macho e fêmea. A Cabalaapregoa que a própria alma humanaconstitui-se tanto de uma parte

As dez sephiroth juntas sãosimbolicamente representadaspela figura de um corpo humano, ou pela árvore da vida, ou por círculos concêntricos, ou ainda, pela luz em suas diversas gradações.

Page 19: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

masculina, quanto de outra partefeminina. [Os adeptos crêem que] aalma preexistente, ao descer dosmundos superiores, se subdividenessas duas partes – a parte mascu-lina entra num homem e a parte fe-minina entra numa mulher. Se umhomem vive uma vida justa, ele secasará com aquela mulher que pos-sui a outra parte de sua alma, ou se-ja, a sua “alma gêmea”.

A principal obra escrita da Ca-bala é o Zohar (“Esplendor”), umenigmático comentário da Torah,cuja ênfase recai na busca de umsignificado oculto ou místico queesteja além do sentido normal e li-teral do texto bíblico.

O povo judeu já estuda a Cabalahá muito tempo, contudo, nas últi-mas quatro décadas o interesse porela cresceu significativamente, espe-cialmente entre certos artistas deHollywood, como Madonna, porexemplo, que assumiu publicamen-te ser praticante da Cabala. O estilo“pop” da Cabala dessas celebrida-des, defendido por uma organiza-

ção sem fins lucrativos sediada emLos Angeles denominada The Kab-balah Centre [Centro da Cabala],tem sido censurado pelos cabalistastradicionais pelo fato de franquearos ensinos secretos da Cabala aosque não são judeus e por banalizarsuas doutrinas. Os tradicionalistastambém criticam o Kabbalah Centrepor sua visão comercial e busca delucros (por exemplo, por venderamuletos da sorte, tais como o po-pular cordão vermelho que está naúltima moda, ou a pulseira dobrávelque se ajusta ao pulso para protegerdo “mau-olhado”; e por fazer pro-paganda de umanova bebida ener-gética cabalística).

A Cabala con-traria totalmente osensinos da Bíblia.No que se refere àmediação, a Pala-vra de Deus decla-ra: “Porquanto háum só Deus e um sóMediador entre Deus

e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). No que diz respeito aossegredos, o apóstolo Paulo lembraaos crentes em Cristo de Colossosque nenhum segredo místico podeter a pretensão de se comparar aosegredo revelado por Deus, a saber,Jesus, o Messias, “em quem todos ostesouros da sabedoria e do conhecimen-to estão ocultos” (Cl 2.3).

Moisés declarou: “As coisas enco-bertas pertencem ao Senhor, nossoDeus, porém as reveladas nos perten-cem, a nós e a nossos filhos, para sem-pre, para que cumpramos todas as pa-lavras desta lei” (Dt 29.29). Há cer-tas coisas que Deus reservou paraSi e não revelou. Entretanto, nãotemos necessidade de nos preocu-par com elas. Pelo contrário, nossaatenção e obediência devem estarvoltadas para aquilo que Ele reve-lou em Sua Palavra escrita. Deusplanejou para nós o ensino clarodas Escrituras, não esse amontoadode bobagens sutis reservado a pou-cos de uma “elite” (1 Tm 6.20; 2Tm 1.13). (Israel My Glory)

Bruce Scott é representante de The Friends ofIsrael em New Hope, Minnesota (EUA).

Notas:1. Meyer Waxman, A History of Jewish Litera-

ture: From the Close of the Bible to OurOwn Days, 2ª ed., Nova York: Bloch Publis-hing Co., 1943, vol. 2, p. 383.

2. Ibid., p. 362.

1199Notícias de Israel, abril de 2007

O Kabbalah Centre em Los Angeles, na Califórnia (EUA).

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Page 20: Notícias de Israel - Ano 29 - Nº 4

No mundo da diplomacia interna-cional poucos assuntos recebem maisapoio, em qualquer lugar, do que anoção de que é essencial estabelecer-se um Estado palestino. Os líderesmundiais estão tão ocupados em dizercomo é essencial criar um Estado daPalestina, que nenhum deles parece ternotado que ele já existe.

Esse Estado foi fundado oficialmen-te no verão de 2005, quando Israelremoveu suas forças militares e a po-pulação civil da Faixa de Gaza e en-tão estabeleceu o primeiro Estado pa-lestino completamente independenteda história. A destruição, por parte deIsrael, de quatro comunidades israe-lenses no Norte de Samaria e a redu-ção de suas operações militares naárea, estabeleceram condições de Es-tado também naquela região.

E assim aconteceu que, enquantoos estadistas e ativistas em todo o

mundo, proclamavam ruidosamenteseu compromisso em estabelecer o Es-tado soberano da Palestina, eles nãoperceberam o fato de que a Palestinajá existe. E ela é um pesadelo.

No Estado da Palestina, 88% dopúblico sente-se inseguro. Talvez osoutros 12% sejam membros da multi-dão de milícias regulares e irregulares.Porque no Estado da Palestina a rela-ção entre policiais/milicianos/ho-mens-armados e civis é mais alta doque em qualquer outro país do mun-do.

No Estado da Palestina, criançasde dois anos são mortas e ninguém seimporta. Crianças são acordadas nomeio da noite e assassinadas na frentede seus pais. Fiéis nas mesquitas sãoabatidos a tiros por terroristas que fre-qüentam mesquitas rivais. E ninguémse preocupa. Nenhum grupo de direi-tos humanos internacional publica re-

latórios exigindo o fimda matança. Nenhumórgão da ONU conde-na qualquer pessoa ouenvia uma missão pa-ra descobrir os fatos einvestigar os assassi-natos.

No Estado da Pa-lestina, as mulheressão despidas e força-das a caminhar nasruas para humilharseus maridos. Ambu-lâncias são paradas acaminho dos hospitaise os feridos são mortosa sangue frio. Terroris-tas entram em salas deoperação em hospitaise desconectam os pa-

cientes dos aparelhos que os mantêmvivos.

No Estado da Palestina, as pessoassão seqüestradas de suas casas empleno dia e na frente das câmeras detelevisão. Isso ocorre porque os se-qüestradores são eles próprios opera-dores de câmeras de TV. Na verdade,seus chefes freqüentemente comandamestações de televisão. E uma vez queos chefes do terror comandam esta-ções de televisão no Estado da Palesti-na, o fato deles bombardearem as es-tações dos seus rivais não deveria sur-preender ninguém.

Assim sendo, recentemente, terro-ristas deste ou daquele grupo bombar-dearam a estação de televisão Al Ara-biya em Gaza. Desse modo, o Hamasataca anunciantes da rádio da Fatah efecha sua estação, acusando-os deusar seus microfones para incitar as-sassinatos. Porque, de fato, eles esta-vam mesmo incitando assassinatos. Oque se espera que terroristas façamquando colocados no comando deuma estação de rádio?

No Estado da Palestina, os jorna-listas – quer sejam membros de gru-pos terroristas ou não – fazem par-te dos 88% do seu público que temmedo. Há algum tempo, eles protes-taram, do lado de fora dos escritó-rios de uma ou outra facção terroris-ta, que controla a Autoridade Nacio-nal Palestina (ANP).

Falando para o jornal The Jerusa-lem Post, a repórter Ala Masharawiexplicou: “Ninguém sai, ninguém semove sem pensar duas vezes. As ruasde Gaza se tornaram ruas terríveis, es-pecialmente à noite. Gaza é uma ‘ci-dade fantasma”’.

Como o jornalista Khaled Abu Toa-meh, do Post, escreveu, no Estado daPalestina, os cristãos são perseguidos,roubados e espancados, no que só po-de ser visto como uma campanha sis-

2200 Notícias de Israel, abril de 2007

Bem-vindo à Palestina

No verão de 2005 Israel removeu suas forças militares e apopulação civil da Faixa de Gaza e então estabeleceu o primeiro Estado palestino completamente independente da história. Na foto: um colono judeu repreende um oficialisraelense responsável por entregar ordens de despejo noassentamento de Morag.

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temática para terminar com a presen-ça cristã em lugares como Belém. Co-mo Samir Qumsiyeh, dono da estaçãode TV particular Al-Mahd, estabeleci-da em Beit Sahur (Natividade), lamen-tou: “Acredito que daqui a 15 anosnão haverá mais nenhum cristão emBelém. Então você precisará de umatocha para achar um cristão aqui”.

Muitos ministros do governo e co-mentaristas políticos buscam significa-do estratégico na disputa que ocorreno Estado da Palestina. A ministra dasRelações Exteriores de Israel, Tzipi Liv-ni, por exemplo, fala sem parar sobrea necessidade de fortalecer os “mode-rados” – isto é, o grupo terrorista Fa-tah – frente aos “extremistas” – ou se-ja, o grupo terrorista Hamas.

O presidente da ANP e chefe daFatah, Mahmoud Abbas, está ajudan-do-a a propor esse contra-senso. Ab-bas e seus homens contam aos ociden-tais o quanto são pró-ocidentais, aomesmo tempo em que nomeiam ruas eescolas, financiadas com a ajuda dosEUA, em homenagem a Saddam Hus-sein e constroem instalações esporti-vas, com o dinheiro dos contribuintesamericanos, em memória de terroristasque mataram soldados americanos noIraque.

Pela milionésima vez os porta-vo-zes da Fatah no escritório do presi-dente da ANP, Mahmoud Abbas, cul-param o Irã e a Síria pela escalada daviolência em Gaza, na Judéia e Sama-ria, que, em quatro dias, matou 29pessoas, incluindo duas crianças. “OIrã e a Síria estão encorajando o Ha-mas a continuar lutando contra a Fa-tah”, alegaram eles.

Há pouco tempo o Shin Bet (serviçode segurança interno de Israel) pren-deu Omar Damra, um terrorista daFatah em Nablus... Damra e seu par-ceiro e companheiro terrorista Mah-mad Ramaha, que foi preso há ummês atrás, estavam trabalhando sobas instruções do Hezb’allah (Partidode Alá) – isto é, sob o comando do

Irã. De acordo como Shin Bet, oHezb’allah – ou se-ja, o Irã – assumiuas operações daFatah em Nablus.Desde a retiradade Israel do Nortede Samaria, emagosto de 2005, oShin Bet observouque, como Gaza, aregião de Nablusse tornou um pe-queno Afeganistão.

De modo que,não apenas os ter-roristas do Hamasestão operando hoje sob as ordensiranianas e sírias, mas também os ter-roristas da Fatah. Mesmo assim, issonão faz com que os EUA e Israel inter-rompam o fluxo de armas e dinheiropara as mãos dos chefes de terror daFatah. Eles não reconhecem que aqui-lo que você vê é real.

Essas armas não são usadas paraestimular a moderação. Elas são usa-das contra israelenses e palestinos,igualmente, em uma guerra de quadri-lha entre grupos terroristas por dinhei-ro, armas e poder que nunca vai aca-bar. Ela nunca terminará porque lutare matar por dinheiro, armas e poder éo que os terroristas fazem.

Durante os últimos 13anos, desde que a Autorida-de Nacional Palestina foi es-tabelecida, em 1994, oscontornos do Estado da Pa-lestina tomaram forma nafrente dos nossos olhos. Co-meçando com a revogação,por Yasser Arafat, do Estadode Direito e a campanha as-sassina contra vendedoresde terras e jornalistas, a ca-da ano decorrido e com ca-da movimento contribuindopara dar sempre mais pode-res à ANP, a situação só foi

piorando. E ainda assim, a pressão in-ternacional dos árabes, dos europeuse dos EUA sobre Israel, para cedermais territórios, restringir sua autori-dade, retirar suas reivindicações sobreáreas atribuídas à Palestina, e finan-ciar o grupo terrorista Fatah, só au-mentou de intensidade.

E a cada ano decorrido, na medi-da em que a realidade da Palestina fi-cou mais clara, a vontade da lideran-ça israelense de resistir a essa pressãoestá cada vez mais corroída.

Assim sendo, há algum tempo, oministro da Defesa, Amir Peretz, anun-ciou que ele apoiava negociações com

2211Notícias de Israel, abril de 2007

Horizonte

Recentemente, terroristas bombardearam a estação de televisão Al Arabiya em Gaza.

Membros do Hamas apresentam suas armas duranteuma manifestação no campo de refugiados

de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.

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o Hamas. Peretz expôs sua “opinião”sobre o restabelecimento do assimchamado processo de paz com os pa-lestinos, e declarou que, para “dar au-toridade” a eles, apoiava a extensãoda proibição das operações das For-ças de Defesa de Israel (FDI) em Gazatambém para a Judéia e Samaria.Não deveria ser necessário dizer quetais operações das FDI têm por objeti-

vo prevenir massacresde civis israelenses,como o que aconte-ceu em Eilat recente-mente.

Livni, por sua vez,se tornou a defensorainternacional da Fa-tah. Falando efusiva-mente para uma au-diência de promoto-res da pazinternacionais em Da-vos, na Suíça, Livnidisse: “Para alcançara paz e para promo-ver o processo, temosque aderir a essa so-lução de dois Estadose temos que examinarquais as melhoresmedidas a tomar”.

É claro que nem Livni nem Peretz,que insistem que a prioridade mais ur-gente de Israel é estabelecer a Palesti-na, estão dispostos a reconhecer que aPalestina já existe. Eles se recusam areconhecer o que nós já sabemos: aPalestina é um Estado terrorista e umcaso de país em má situação financei-ra, completamente financiado pela co-munidade internacional. Na verdade,

durante o último ano,desde que o Hamas ga-nhou as eleições palesti-nas, a ajuda internacio-nal aos palestinos au-mentou dramaticamente.

Como observou Ibrahim Gambari,o sub-secretário-geral da ONU paraassuntos políticos, a ajuda ocidentaloficial aos palestinos, não incluindo oapoio árabe e iraniano ao Hamas e àFatah, aumentou em 10% em 2006comparado a 2005, alcançando US$1,2 bilhão.

Os palestinos, que recebem maisajuda per capita do que qualquer po-vo na terra, não estão necessitadospor falta de fundos. Eles são pobresporque preferem a pobreza, a violên-cia e a guerra à prosperidade, à paze à moderação. Desse modo, 57% dospalestinos apoiam ataques terroristascontra Israel.

A multidão de manifestantes mun-diais, que exige o fim da assim cha-mada “ocupação” e o estabelecimentoda Palestina, deveria ser alertada so-bre o fato de que a Palestina já existe.As hordas de líderes políticos que re-petem como papagaios as cantilenassobre “visões” e a “solução de dois Es-tados” deveriam saber: esta é a Pales-tina. Entre nela por sua conta e risco.(Caroline Glick, The Jerusalem Post)

Caroline Glick é a vice-gerente editorial do jor-nal The Jerusalem Post.

Leia também: “Todos contra todos!”, narevista Chamada da Meia-Noite 4/2007.

2222 Notícias de Israel, abril de 2007

Horizonte

Apesar do acordo entre os líderes do Hamas e da Fatahassinado na Arábia Saudita, o conflito entre as facções continua. Na foto: os líderes palestinos Ismail Haniyeh, Khaled Meshaal e Mahmoud Abbas na grande mesquita em Meca.

Khaled Meshaal, líder do Hamas, diante da pedra negra(dentro do envoltório de prata) que é venerada pelos muçulmanos em Meca.

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