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    1 O PAPEL DO COMIT PROGRAMTICO NA CONSTRUO DO MECANISMO DE

    SUSTENTABILIDADE

    1.1 Elementos que compem o marco referencial

    Os instrumentos utilizados para detectar os elementos que comporiam o marco

    referencial esto baseados, primeiramente, em fontes documentais que garantiram, de

    certa forma, uma viso mais objetiva da realidade ou, pelo menos, mais fundamentada em

    fatos. E, em segundo lugar, basearam-se em uma viso analtica por meio da qual se buscou

    ir a fundo nesses fatos tentando desvendar associaes, nexos, correlaes entre

    caractersticas das organizaes negras ou de seus dirigentes e possibilidade de se conseguir

    financiamento.

    A principal fonte utilizada foi a base de dados do CEAFRO/2009 que deu luz um

    levantamento sobre as organizaes negras e as iniciativas do setor pblico focando

    questes raciais e de direitos humanos. Foi um procedimento que buscou traar um retrato

    da atual situao das organizaes negras nordestinas, incluindo, na foto, instituies

    religiosas (afro-brasileiras e de outros credos) que atuam no campo das desigualdades

    raciais e direitos humanos e rgos governamentais que desenvolvem projetos com essa

    mesma temtica, seja no campo da educao, da sade, da cultura, da infncia e da

    adolescncia e assim por diante. Nesse levantamento, incluem-se informaes das

    organizaes, tanto do ponto de vista formal e jurdico como do operacional. Inclui-se,

    tambm, um detalhamento das condies (de escolaridade, raciais, de gnero, ocupacionais,

    e outras) de seus coordenadores e dos representantes que responderam ao questionrio.

    Identificam-se o pblico e as prioridades relativas atuao de cada uma.

    Outra fonte foi o Relatrio Anual de Desigualdades Raciais no Brasil; 2007-

    2008/LAESER/UFRJ (PAIXO e CARVANO, 2008) que traz minuciosa anlise acerca dos

    indicadores sociais relativos aos distintos grupos de cor ou raa e sexo em todas as unidades

    da federao. Trata-se de um estudo longitudinal rigoroso que articula informaes de

    diferentes bases de dados sobre as quais se aplica um denso aparato terico para analisar as

    desigualdades raciais no Brasil, considerando-se sete grandes setores da vida social, a saber:

    evoluo demogrfica, perfil da mortalidade, acesso ao sistema de ensino, dinmica do

    mercado de trabalho, condio material de vida dos grupos e acesso ao poder poltico.

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    Do Relatrio Anual de Desigualdades, aproveitaram-se, apenas para compor o Marco

    Referencial, as informaes relativas regio Nordeste e, mesmo assim, foram focalizados

    apenas aqueles elementos que estariam dentro daquilo que foi acertado na reunio do

    Comit como elementos caracterizadores do Mecanismo (Fundao) em gestao.

    Observatrio Negro foi outra fonte importante, pois conserva, em seu site,

    http://observatorionegro.zip.net/, preciosas informaes acerca das aes do movimento

    negro brasileiro nas questes relativas aos direitos humanos, mostrando, de forma concreta,

    como as organizaes negras contribuem para construir a democracia no Brasil

    contemporneo

    Outras fontes que compuseram o presente documento so textos e debates, muitos

    publicados na grande mdia, que ajudaram a compor a conjuntura na qual se insere o

    prprio mecanismo de promoo de equidade racial que se est construindo.

    Dados os devidos esclarecimentos, passa-se apresentao dos elementos que

    entraram na composio do Marco Referencial.

    Em que realidade (contexto) se constri a futura Fundao (mecanismo) de promoo da

    equidade racial no Nordeste?

    Antes de dar a resposta, preciso lembrar um fato importantssimo: a pedra

    fundamental que marca o nascimento desse mecanismo data do final da primeira dcada do

    sculo XXI. So, portanto, os desafios e as transformaes deste sculo que o mecanismo

    ter de enfrentar. nesse mundo que pretende interferir, criando as condies de

    sustentabilidade para a promoo da equidade racial de forma que o movimento negro e

    suas organizaes ampliem sua capacidade de interveno, liderando a construo de um

    Brasil mais igual, onde todos desfrutaro, sem exceo, de cidadania plena. Enfim, nesse

    mundo que se estabelecero os fundamentos para o fortalecimento de um

    afrobrasilfraterno, que engloba negros, brancos, indgenas, estrangeiros, pessoas de todos

    os credos e culturas.

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    Sustentabilidade: Conceito-chave

    Destaca-se, nesse ato de fundao, exatamente o elemento que na proposta

    representa o que ela tem de mais original, a saber: o fato de se construir um mecanismo que

    propicie a sustentabilidade da causa da equidade racial.

    O peso, aqui, no prprio conceito de sustentabilidade. Ele em si j indica que no se

    pretende, em hiptese alguma, reproduzir o modelo de financiamento vigente que tem

    transformado as aes do movimento negro e de suas organizaes em aes espordicas,

    pontuais, fragmentadas e excessivamente dependentes de recursos pblicos quase sempre

    escassos e de difcil acesso.

    O conceito de sustentabilidade exigir uma nova atitude, uma nova forma de

    comportamento diante dos desafios impostos pelo mundo contemporneo (CLARO, 2008).

    Faz-se aqui um paralelo com aquilo que especialistas, hoje, de diferentes matizes, falam da

    urgncia de as naes conceberem um desenvolvimento econmico sustentvel, pois dele

    depende a vida do planeta (LIMA, 2006 e FGS, 2009). V-se, assim, a criao de uma

    Fundao (mecanismo) para a promoo da equidade racial no Nordeste com essa mesma

    urgncia e importncia, pois disso depender a permanncia do Brasil nos patamares a que

    tem sido elevado na mdia nacional e internacional (Folha de So Paulo, 2009). Poder estar

    entre as cinco maiores economias do mundo e manter-se ali de forma duradoura e

    sustentvel, exigir-lhe-, entre outras condies, que, em termos polticos, tenha reduzido,

    qui eliminado, as desigualdades raciais. E isso fica claro quando se examina o percurso das

    organizaes negras no Brasil e em especial as do Nordeste. Elas, com toda a precariedade,

    com escassez de financiamento e de condies, conseguiram, a duras penas, claro, educar

    a nao brasileira tentando romper barreiras, combatendo o racismo e inserindo aos poucos

    os afro-brasileiros na sociedade que os exclua, conquistando direitos de cidadania, e assim

    por diante. Ou seja, durante um sculo de incansvel luta, essas organizaes conseguiram

    reunir um capital poltico, ainda invisvel para populao brasileira no geral, e

    completamente desconhecido para os meios de comunicao. Torn-lo visvel e fortalecer os

    atores que o construram, bem como dar suporte a novos atores que contribuiro para

    enriquecer ainda mais esse patrimnio, um dos elementos que compem a idia de

    sustentabilidade inserida na proposta do mecanismo. isso que faz pens-lo como sendo

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    um instrumento que dever criar condies para que o movimento negro esteja em lugares

    que ainda no conseguiu penetrar, que consiga romper o silncio do quarto poder, hoje cada

    vez mais representado pela mdia, para que se disponha a mostrar esse patrimnio que

    ajudou na construo dessa imagem to portentosa que o Brasil sustenta hoje. urgente

    mostrar a participao efetiva dos negros nesse cenrio, no como coadjuvantes, mas como

    protagonistas.

    Sobre que realidade vivemos?

    Destacado um dos conceitos sobre o qual a Fundao (mecanismo) ir se

    fundamentar, vale desenvolver, a seguir, ideias que esclaream para que tipo de

    organizaes se pensa a questo da sustentabilidade. Quais so suas caractersticas? Como

    vm sobrevivendo at ento? 1

    Para responder a essas questes, seguimos o levantamento do CEAFRO pari passu,

    lembrando que abrangeu 192 organizaes, divididas entre organizaes da sociedade civil,

    religiosas e um conjunto de iniciativas, vinculadas a rgos pblicos que compreendem

    secretarias de estado, coordenaes, departamentos, setores e outros, desenvolvendo

    aes no campo das relaes raciais, educao inter-tnica, e assim por diante.

    Como um bom nmero dessas organizaes tem lastros, histrias longas, parece

    oportuno comear por situ-las no tempo. Ainda que o levantamento do CEAFRO tenha tido

    um carter eminentemente transversal, ou seja, buscou captar uma fotografia dessas

    organizaes no aqui e agora, ao se transformar o dado em grfico revelou-se uma

    surpreendente longevidade, que se queira ou no, h diferenas que no podem passar

    desapercebidas, sobretudo, quando se tem a misso de construir,com elas, as condies de

    equidade racial no ambiente em que coexistem.

    1 Ressalta-se aqui que as respostas a essas questes so de fundamental importncia, uma vez que elasdevero compor o material que o comit dever apresentar e discutir com as organizaes que participaram daprimeira rodada de discusses com o CEAFRO.

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    Tempo e experincia

    Basta acompanhar a trajetria do grfico abaixo para ver como as organizaes se

    estendem no tempo.

    Grfico 1: Distribuio das Organizaes no Tempo

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Como o objetivo aqui ler de uma forma um pouco mais qualificada a frieza do

    grfico com seus nmeros e suas curvas, introduzem-se algumas informaes que ajudam a

    esclarecer o que se diz acima acerca da acumulao de um patrimnio negro que fica

    invisvel, quando no se explicitam os contextos em que essas organizaes emergiram.

    Como se pode ver, uma delas vem do sculo XIX e, pela referncia da data, nasceu

    em plena escravido. Em seguida, surgem algumas na Primeira Repblica e outras em pleno

    Estado Novo, lembrando que o governo ditatorial decretou o fim de todas as associaes de

    cunho poltico ou, mais precisamente, daquelas que tinham a estrutura de partido poltico

    (FERNANDES, 1965). Foi nesse roldo que se fechou a Frente Negra Brasileira, com sede em

    So Paulo, em 1931 (idem). As que sobreviveram ao rolo compressor foram as que se

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    mantiveram enquanto associaes de resistncia da cultura negra ou de valorizao do que,

    na poca, se chamava o homem de cor. (DAVIES, 2007 e SILVA, 2008)

    Mas, observando-se atentamente o grfico acima, pode-se se ver que as

    organizaes negras no Nordeste comeam mesmo a se expandir de 1974 a 1979. Apesar de

    se estar vivendo, naquele momento, uma conjuntura sombria marcada por uma ditadura

    militar, foi ali que apareceram os blocos afro-brasileiros, sobretudo, em Salvador, Bahia,

    protestando nas ruas, com linguagem irreverente, construindo, entre outras coisas, uma

    nova imagem do negro, com uma auto-estima nos pncaros. E, ainda, 1979 foi um ano

    emblemtico para o movimento negro brasileiro; ali, comeam a surgir as bases para a

    emergncia, no cenrio nacional, do Movimento Negro Unificado, o MNU. Com a presena

    desse ator poltico, a luta negra ganha outro aspecto em termos de interveno na cena

    social. Aos poucos, as organizaes negras comeam a estabelecer as condies para se

    produzirem plataformas de luta contra o racismo em nvel nacional, algo que j fora tentado

    nos anos de 1950 com os famosos Congressos do negro brasileiro muito bem registrados

    pelos ativistas e intelectuais do Teatro Experimental do Negro (NASCIMENTO, 1981) 2. S

    que a conjuntura, em 1950, era outra. O fim da dcada de 1970 marcado por mobilizaes

    contra o regime militar, em favor da construo de uma democracia efetiva no Brasil

    (Fernandes, 2009). Ali, naquele momento, as organizaes negras entram com tudo no

    debate e trazem para a cena nacional as experincias acumuladas na luta para a construo

    da democracia racial; luta, diga-se de passagem, antes travada, por essas organizaes, de

    forma solitria, sem adeso de outros atores sociais. Permanecia, no Brasil, a ideia de que a

    situao precria em que viviam os negros era um problema dos negros, e no de falncia

    do Estado ou de ausncia de polticas publicas. Fortalece-se, assim, no perodo, o seguinte

    entendimento: se o desejo construir um Brasil democrtico, no d para deixar os negros

    para trs.

    Acompanhando um pouco mais a trajetria do grfico acima, observa-se, ainda, uma

    oscilao na emergncia de organizaes negras entre 1982 e 1996. Os picos surgem em

    anos de eleies. O de 1982, a volta das eleies democrticas nos estados, com o fim dos

    governadores estaduais e de alguns prefeitos indicados pelo poder militar. Outro pico

    aparece em 1986, antecipado pelo grande movimento nacional conhecido pelo ttulo de

    2 NASCIMENTO. E L. Pan-Africanismo na Amrica do Sul, Petrpolis: Vozes 1981

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    Diretas J, vislumbrava a eleio direta para presidente da Repblica, o que s aconteceu

    quatro anos depois. O certo foi que, com as eleies de 1986, o Brasil se preparava para

    mudar a Constituio que ser promulgada em 1988 e que coincidiu com o centenrio da

    Abolio da escravido, momento em que se passou a limpo a histria do Brasil. Novos

    estudos e pesquisas no s reiteraram a desigualdade racial entre negros e brancos como

    mostraram tambm outra imagem dos negros, recuperando seu passado de luta, ou seja,

    mostrando o quanto esses atores foram ativos em todos os momentos cruciais da histria

    brasileira. As organizaes negras foram fundamentais para a construo do novo estatuto

    em 1988. H uma clara interferncia do movimento negro sobre os atores polticos

    responsveis pela elaborao da nova carta constitucional (FERNANDES, 2009). Pela

    primeira vez se introduz, na Constituio, a descrio do racismo como um crime

    inafianvel. Foi tambm nessa onda de mobilizao que as organizaes negras

    conseguiram influenciar os constituintes para incluir artigos constitucionais que permitiram,

    em futuro prximo, criar as condies para o desenvolvimento posterior de aes e

    iniciativas pblicas que iriam sustentar polticas de ao afirmativa e equidade racial. Sem a

    presso das organizaes negras, isso no teria acontecido (FERNANDES, 2009).

    O outro pico aparece em 1990, com as eleies para os executivos federal e

    estaduais, para as representaes das cmaras (federal e estaduais) e para o senado. S que,

    naquele momento, tudo iria funcionar dentro do novo estatuto constitucional. Na dcada de

    1990, em termos polticos, o Brasil vive momentos cruciais, incluindo o impeachment de um

    presidente da Repblica. Foi um movimento avassalador que teve a participao de

    organizaes negras. Observa-se, no grfico acima, que, entre 1993 e 1996, h um

    decrscimo na emergncia de novas organizaes negras, retomando-se a partir da um

    crescimento constante at 2005, com uma pequena baixa em 2008, mas com aumento em

    2009. Lembrando-se que 20 de novembro de 1995 foi tambm uma data emblemtica para

    o movimento negro brasileiro, ano em que se deu a Marcha de Zumbi dos Palmares, com as

    organizaes negras impondo novas regras, prazos mais delimitados para adoo de

    medidas mais efetivas para a promoo da igualdade racial3. O embate com o executivo

    federal e com os parlamentares ganhou, pela primeira vez, visibilidade nacional. A

    3 Sobre os avanos da luta cfhttp://www.leliagonzalez.org.br/material/Marcha_Zumbi_1995_divulgacaoUNEGRO-RS.pdf

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    participao efetiva de representantes das organizaes negras brasileiras na Conferncia de

    Durban, na frica do Sul, deu grande impulso luta e a essas organizaes (DOMINGUES,

    2007). J no se discutia mais o problema da equidade racial como se fosse um problema

    desse ou daquele pas, dessa ou daquela regio; o debate se tornou mundial. (ALVES, 2002)

    Novos temas so introduzidos nas pautas de luta poltica das organizaes que lutam pelo

    fim do racismo em todo o mundo. Dentre esses temas, esto o das cotas, o das aes

    reparadoras, o das aes afirmativas (VALENTE, 2005). Todos esses temas e muitos outros

    adentram o sculo XXI.

    O que acaba de ser dito acima uma parte da conjuntura em que se est construindo

    o presente mecanismo de promoo da equidade racial no Nordeste. Observando o grfico

    da trajetria das organizaes negras da regio, fica claro que, a partir de 1996, elas vo se

    adensando. No d para no ressaltar que o perodo considerado coincide com duas

    administraes federais, nas quais o tema racial foi pautado nas agendas polticas, tanto na

    gesto Fernando Henrique Cardoso quanto na atual gesto Luis Incio Lula da Silva. Na

    primeira gesto, a sociedade civil comea a ter novas formas de se organizar que ficaram

    conhecidas pelas siglas ONGs e OSCIPS. Na segunda gesto, esse modelo proliferou. As

    organizaes negras, como todas as outras organizaes da sociedade civil, iro se adaptar

    tambm a essas novas formas jurdicas. E, ainda, na segunda gesto, h outro fenmeno que

    vai ocorrer, no em nvel da sociedade civil, mas, sim, no nvel do prprio estado que passa a

    criar instncias focadas em temas de interesse da populao negra. Em mbito federal,

    surge, com status de ministrio, a Secretaria Especial de Promoo da Igualdade Racial da

    Presidncia da Repblica. Em estados e municpios, surgem instncias com o mesmo teor,

    sob a forma de secretarias (PAIXO e CARVANO, 2008, FIPIR, 2006). Nesse bojo, sero

    criados departamentos, conselhos, setores, todos voltados para assuntos da populao

    negra. Na tabela a baixo, essa distribuio fica bem explcita:

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    TABELA 1

    Distribuio das organizaes de acordo com a natureza jurdica

    Natureza jurdica n %

    Associao ou movimento 66 34,4

    Organizao do setor

    pblico 51 26,6

    ONG ou OSCIP 34 17,7

    Outras 24 12,5

    Instituio religiosa 16 8,3

    Fundao 1 0,5

    Total 192 100,0

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Como se pode ver, na tabela 1, existem outras denominaes, como associaes e

    movimento. Isso reflete, claramente, a trajetria apresentada anteriormente. O termo

    associao representa, grosso modo, um fenmeno marcante nas dcadas de 1950 e 1960,

    momento em que o Brasil se urbanizava de uma forma global, embora esse fenmeno j

    tivesse existido em So Paulo, Rio de Janeiro e em Porto Alegre, na primeira metade da

    dcada de 1930, sua origem tem sempre algo em comum que acontece nas sociedades em

    que aparecem (FERNANDES, 1965). Em geral, so espaos urbanos que crescem seja pelo

    aumento da taxa de fertilidade ou pelo fenmeno migratrio, o fato que, nesses espaos,

    passam a conviver grupos diferentes, de raas diferentes, nacionalidades diferentes (idem).

    As associaes, em todos esses contextos funcionam como estratgia de sociabilidade,

    unindo pessoas com caractersticas semelhantes. Foi da que surgiram as associaes

    italianas, nipo-brasileiras, italianas, libanesas, judaicas e outras (idem). Em geral, elas tm o

    carter de clubes ou de grupos culturais. Funcionam em sede prpria ou alugada.

    Sobrevivem da mensalidade de seus scios ou de doaes filantrpicas, ou ento de festas,

    ou de alguma prestao de servio que lhes rende algum fundo. claro que muitas dessas

    associaes, embora mantenham a mesma denominao das dcadas de 1950 e 1960, se

    profissionalizaram, se transformaram, segundo as exigncias dos novos tempos.

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  • 11

    No levantamento do CEAFRO, um pouco mais de um tero das organizaes

    (sessenta e seis) se identificaram como associaes junto com algumas outras que se

    denominavam de movimento negro. Esse tambm, no Brasil, um termo datado. Aps os

    avanos do Movimento Negro Unificado no final da dcada de 1970, que imprimiu no

    imaginrio brasileiro a existncia de um movimento social organizado por negros, o termo

    movimento sempre est associado ao poltica, com recortes partidrios ou no

    (DOMINGUES, 2007). Em geral, uma organizao que vive da contribuio dos militantes

    ou da venda de alguma produo prpria como jornais, revistas ou cartilhas. Dividem entre

    si os gastos necessrios para desenvolverem alguma atividade. No veem a formalizao da

    organizao como um fator importante de sua luta. Os movimentos negros, nos dados

    registrados pelo CEAFRO, perfazem um total de seis organizaes: trs se localizam em Joo

    Pessoa, uma em So Luiz do Maranho e duas em Fortaleza. Das seis, apenas uma delas se

    identifica como Movimento Negro Unificado MNU. Duas se auto-declaram movimento hip

    hop. Outras duas se auto-denominam movimento negro organizado e uma se identifica

    como um frum do movimento negro (FOREDONE). Esse pequeno nmero j mostra uma

    diversidade, no s de objetivos, mas tambm geracional.

    Com as associaes, essa diversidade se multiplica no tempo e no espao. Em sua

    maioria, so associaes culturais vinculadas a manifestaes populares, blocos de carnaval

    e expresses religiosas (LIMA, 2009; RISRIOS, 1981). Em termos histricos, esto mais

    arraigadas no tempo. Tudo isso, como se ver mais frente, tem um peso muito importante

    quando se analisa a questo de financiamento dessas organizaes.

    Na tabela acima, aparece tambm um pequeno nmero de organizaes religiosas

    (8%), mas muito importante quando se considera sua capacidade de mobilizar setores da

    populao afro-brasileira.

    Em segundo lugar, ainda na Tabela 1, com 26% de representao, aparecem as

    organizaes do setor pblico. Esse nmero mostra que, de certa forma, a questo racial

    relativa aos afro-brasileiros adentrou a referida esfera: estados, municpios e Unio buscam

    responder a demandas postas pelos movimentos negros. Esse um dos indicadores

    aventado anteriormente que mostra uma mudana no cenrio nacional (PAIXO e

    CARVANO, op. cit). Mais frente, quando for analisado o tempo de existncia desses setores

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  • 12

    pblicos, ver-se- que so bem datados. So recentes. Sua proliferao est vinculada ao

    das organizaes, sobretudo, no final da ltima dcada do sculo XX.

    Em terceiro lugar, aparecem as OSCIPS e as ONGS, 17,7%, estas, sim, produtos da

    segunda metade do sculo passado. Em termos jurdicos, representam uma nova forma de

    reorganizao da sociedade civil e tero um papel muito importante na luta contra o racismo

    e a discriminao racial. Com elas, se redefinem os modelos de financiamento. Surgem em

    um contexto em que vigora um iderio poltico que preconiza que seu papel ativo na

    execuo de aes junto ao pblico (CALDAS, et al, 2009)

    Sintetizando as informaes da Tabela 1, fica claro que as organizaes de iniciativa

    da sociedade civil existem em nmero muito maior do que as que esto vinculadas ao poder

    pblico. Das 192 que fizeram parte do levantamento do CEAFRO, mais de 50% enquadram-

    se nessa categoria. Supe-se que esse nmero seja ainda muito maior, uma vez que 12%

    delas no responderam questo. Essa informao precisa ser apurada em um segundo

    contato com as organizaes, porque so elas que esto no foco do mecanismo. O

    fortalecimento da promoo da sustentabilidade da equidade racial afeta-as diretamente.

    Tipos de organizao e a sustentabilidade da equidade racial

    Por que importante se pensarem as organizaes segundo suas caractersticas? Por

    uma razo simples: para se conhecerem os tipos de sustentabilidade que sero necessrios

    no mecanismo para realmente fortalecer essas organizaes, sem que percam suas

    especificidades. Apenas lembrando: o lema defendido pelo Comit Programtico no

    deixar ningum para trs.

    Para no repetir o que o CEAFRO j havia feito em termos de apresentao dessas

    caractersticas em seu relatrio tcnico, descrevendo-as em termos absolutos e percentuais,

    sob a forma de tabelas e grficos, pensou-se em desenvolver, no presente documento, outro

    tipo de discusso que permite ao Comit Programtico discutir com as organizaes alguns

    aspectos fundamentais que podero fazer parte das estratgias a serem adotadas pelo

    mecanismo futuramente.

    O mtodo adotado para construir as reflexes que se seguem teve como base

    algumas discusses anteriores do Comit Programtico nas quais se perguntou como o

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  • 13

    mecanismo (Fundao) se comportaria face ao financiamento das aes das organizaes

    negras dados suas especificidades, suas trajetrias, seus pblicos, seus temas de

    interveno.

    Entendeu-se que o melhor caminho para se pensarem estratgias que atendam a

    essas demandas seria conhecer como se deram os financiamentos at hoje. Que

    organizaes negras do Nordeste so financiadas? Algumas de suas caractersticas estariam

    associadas ao ter ou no ter financiamento?

    A definio dessas caractersticas foi buscada na fonte CEAFRO. Em relao aos

    dirigentes, selecionaram-se: escolaridade, raa e sexo. Quanto s organizaes,

    privilegiaram-se: situao jurdica, situao legal, financiamento, estado da federao,

    tempo de existncia, pblico atendido, rea de atuao e formas de se divulgarem.

    Dito isso, passa-se ao essencial. Quantas organizaes recebem financiamento e qual

    a fonte de financiamento delas?

    Como foi possvel, ao Comit Programtico, ter acesso base de dados do CEAFRO,

    buscou-se responder as questes articulando informaes importantes para se

    compreender de que realidade se est falando. Na tabela abaixo, tem-se uma viso geral de

    quem teve e de quem no teve financiamento, de onde veio o financiamento (fonte pblica

    ou privada) e para que organizao foi direcionado, segundo sua natureza jurdica.

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  • 14

    TABELA 2

    Distribuio das organizaes de acordo com as fontes de financiamento e a natureza

    jurdica

    Natureza jurdica

    Fonte de financiamentoA

    ssoc

    ia

    oou

    mov

    imen

    to

    ON

    Gou

    OSC

    IP

    Fund

    ao

    Inst

    itui

    o

    relig

    iosa

    Org

    aniz

    ao

    dose

    tor

    pbl

    ico

    Out

    ras Total

    No Tem 16 7 1 8 14 7 53

    Pblico (Prefeitura,

    Estado, Federal) 18 8 0 4 33 7 70

    Empresa 1 1 0 0 0 1 3

    Fundao Internacional 1 2 0 0 2 0 5

    Fundao Nacional 2 0 0 0 1 0 3

    Organizao Religiosa 2 2 0 2 0 0 6

    Mensalidades 7 2 0 1 0 2 12

    Auto-Financiamento 6 4 0 0 0 0 10

    Editais 2 2 0 0 0 2 6

    Servios 6 3 0 0 1 2 12

    Doaes 5 3 0 1 0 3 12

    Total 66 34 1 16 51 24 192

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Na Tabela 2, fica claro que quase 1/3 das organizaes (28%) no tem financiamento

    nenhum. Das 159 que declaram t-lo, 36,4% recebem-no do setor pblico e 36,6%, do setor

    privado. Em suma, metade/metade.

    Entretanto, esse aparente equilbrio se desfaz quando se leem os dados de outra

    maneira. De qual? Focalizando em que tipo de organizao se concentra essa ou aquela

    fonte de financiamento. Para se entender de uma forma mais sintetizada essa situao e

    suas fontes, agruparam-se as varias fontes em trs categorias, a saber: a) no tem

    financiamento, b) tem financiamento vindo do setor pblico e c) tem financiamento vindo

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  • 15

    do setor privado. Esclarece-se, entretanto, que o termo privado aqui compreendeu, no

    apenas recursos que vieram de fundaes internacionais e empresas, mas tambm os que

    vieram de organizaes religiosas, das mensalidades, dos autofinanciamentos, das doaes,

    das prestaes de servio (artstico, cultural), arrecadaes de festas, bingos e outros. Com

    essa nova configurao, o quadro ficou da seguinte forma:

    TABELA 3

    Distribuio das organizaes de acordo com as fontes de financiamento (resumida) e a

    natureza jurdica

    Natureza jurdica

    Fonte de financiamento

    Ass

    ocia

    o

    oum

    ovim

    ento

    ON

    Gou

    OSC

    IP

    Fund

    ao

    Inst

    itui

    o

    relig

    iosa

    Org

    aniz

    ao

    dose

    tor

    pbl

    ico

    Out

    ras Total

    No Tem 16 7 1 8 14 7 53

    Setor pblico 18 8 0 4 33 7 70

    No pblico 32 19 4 4 0 10 69

    Total 66 34 1 16 51 24 192

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Como foi um rearranjo da tabela anterior, claro que as propores permaneceram

    as mesmas. Entretanto, evidenciou-se que 47,3% dos recursos que vm do setor pblico

    ficaram nas organizaes do prprio setor pblico (33), apenas 22,8% desses recursos

    chegaram a ONGs e Associaes (ou seja, sociedade civil). Isso um elemento importante

    para o Comit Programtico considerar, no momento em que se estiver discutindo, com as

    organizaes, as fontes de financiamento.

    Outro aspecto que vale a pena o Comit Programtico discutir, na construo do

    mecanismo, refere-se a algumas condies que hoje so exigidas para que uma organizao

    possa receber algum tipo de financiamento; uma delas o fato de estar ou no legalizada.

    Esse um tema polmico, j foi tratado amplamente pelo Comit. Houve registro de que h

    organizaes negras que no se preocupam com isso. Mas, mesmo assim, considerou-se

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  • 16

    importante ver como essa distribuio se apresentou no levantamento do CEAFRO. O grfico

    abaixo apresenta claramente essas propores:

    Grfico 2: Distribuio das organizaes segundo sua situao legal

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Embora polmico, o fato que, no mbito da sociedade civil, a maioria das

    organizaes est formalizada. Do total, 46% j se encontram nessa condio e 16% esto

    em processo de formalizao, somando 62%. Esclarece-se que se considerou a resposta em

    fase de formalizao como uma atitude pr-ativa em relao a essa condio formal. Por

    isso, essas duas informaes foram agrupadas na categoria formalizada com o objetivo de

    ver se essa atitude em direo formalizao trazia alguma qualidade a mais para se

    compreender a disponibilidade de financiamento. Foram feitos vrios exerccios de

    correlao, mas todos confirmaram que no existe associao entre formalizao e

    financiamento.

    Perseguindo a linha inicial, buscou-se conhecer que reas de atuao das

    organizaes atraem financiamento. Manteve-se a estrutura da base de dados que

    organizou as categorias por ordem de importncia.

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  • 17

    TABELA 4

    Ordem de importncia das reas de atuao das organizaes

    Ordem de importnciarea de atuao

    1 2 3

    Arte e Cultura 68 34 27

    Educao 86 31 25

    Meio ambiente 12 10 14

    Emprego, trabalho e renda 33 20 20

    Sade 18 10 15

    DH e aes afirmativas 73 35 23

    Informao 11 8 13

    Outras 8 8 10

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Educao, Direitos Humanos e Arte-Cultura se alternam nas trs ordenaes de reas

    prioritrias. Mas o que interessava era cruzar com o financiamento, o que foi feito na tabela

    abaixo:

    TABELA 5

    Distribuio das organizaes que possuem ou

    no financiamento de acordo com a rea de atuao

    Possui financiamento

    rea de atuao No Sim Total

    Arte e cultura 14 54 68

    Educao 25 61 86

    Meio ambiente 1 11 12

    Emprego, trabalho e renda 10 23 33

    Sade 6 12 18

    DH e aes afirmativas 15 58 73

    Informao 2 9 11

    Outras 3 5 8

    Fonte: CEAFRO, 2009

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  • 18

    Ao considerar os resultados da Tabela 5, no h dvida de que educao, direitos

    humanos e arte e cultura so as trs reas que atraem financiamento. Podem ser algumas

    das vitrines do Mecanismo. Vale analisar se elas no seriam um tipo de chamariz que

    ajudaria na construo da visibilidade e da penetrabilidade do mecanismo (Fundao) na

    sociedade.

    At aqui, se trabalhou com as informaes que no traduziam as diferenas entre

    essas organizaes, pelo menos, buscou-se identificar como se agrupavam apesar de se

    estar falando de 192 exemplares que se espalham por um imenso territrio chamado

    Nordeste. Mas como o prprio CEAFRO informa, a coleta entre os estados no foi equitativa,

    a Bahia aparece com um nmero maior de organizaes, em funo de que nesse estado

    houve um perodo maior de coleta de dados. A tabela abaixo mostra essa discrepncia.

    TABELA 6

    Distribuio das organizaes de acordo com o estado da federao

    Estado n %

    Bahia 61 31,8

    Pernambuco 26 13,5

    Alagoas 26 13,5

    Cear 18 9,4

    Maranho 15 7,8

    Paraba 14 7,3

    Piau 14 7,3

    Sergipe 12 6,3

    Rio Grande do Norte 6 3,1

    Total 192 100,0

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Em funo dessa situao, decidiu-se voltar ao tema da formalizao das

    organizaes, tratado acima. A pergunta, agora, era saber como, em cada estado, se

    encontraria a condio de as organizaes estarem ou no formalizadas. A Bahia, embora,

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  • 19

    apresentasse um maior nmero de organizaes em relao aos outros estados da

    federao, em termos proporcionais, ficava em terceiro lugar quanto ao nmero

    organizaes formalizadas. sua frente, estavam o Maranho em primeiro lugar e

    Pernambuco, em segundo. Diante dessa situao, fez-se a seguinte questo: como o

    financiamento se distribu segundo os estados da federao? A resposta a essa questo

    aparece na tabela abaixo em valores absolutos.

    TABELA 7

    Distribuio das organizaes que possuem ou

    no financiamento de acordo com o estado da federao

    Possui

    financiamento

    Estado Sim % No % Total%

    Bahia 51 10 61

    Pernambuco 20 6 26

    Alagoas 17 9 26

    Maranho 14 1 15

    Cear 11 7 18

    Piau 9 5 14

    Rio Grande do Norte 6 0 6

    Paraba 6 8 14

    Sergipe 5 7 12

    Total 139 53 192

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Esta tabela indica que Paraba e Sergipe so os estados que tm mais organizaes

    sem financiamento do que com financiamento. No ranking, Bahia o estado que tem o

    maior nmero de organizaes financiadas, seguido de Pernambuco, Alagoas e Maranho.

    Entretanto este ltimo e o Rio Grande do Norte, tambm em nmero absolutos, so os que

    tm o menor nmero de organizaes no financiadas (uma e zero, respectivamente). O

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  • 20

    grfico abaixo reapresenta os dados em termos percentuais, considerando os totais de

    organizaes por estado.

    Estado Sim % No % Total %Rio Grande do Norte 100 0 100Maranho 0,93 0,07 100Bahia 0,84 0,16 100Pernanbuco 0,77 0,23 100Alagoas 0,65 0,35 100Piau 0,64 0,36 100Cear 0,61 0,39 100Paraba 0,44 0,57 100Sergipe 0,42 0,58 100Total 0,72 0,28 100

    Possuifinanciamento

    Em termos percentuais, Rio Grande do Norte e Maranho disparam. A Bahia cai para

    terceiro lugar e Pernambuco fica em quarto. Mais frente ser usada uma tcnica que

    analisa se essas diferenas so de fato significativas ou se existem outros fatores que

    interferindo na relao entre caractersticas da organizao e ter ou no ter

    financiamento.

    Vistas algumas caractersticas das organizaes e sua relao com o tema

    financiamento, passa-se para as caractersticas dos dirigentes das organizaes. Antes disso,

    vale esclarecer alguns procedimentos. Na base de dados do CEAFRO, fica claro que mais de

    uma pessoa da mesma organizao participou dos eventos de mobilizao. Isso quer dizer

    que quem est sendo identificado, nessa base de dados, o indivduo que respondeu ao

    questionrio. Entende-se, assim, que, pelo menos naquele momento, ele respondia pela

    organizao. Na sequncia desse texto, informa-se que a categoria dirigente est sendo

    tratada da mesma maneira que foi pelo CEAFRO.

    Interrogados sobre sua prpria escolarizao, esses sujeitos permitiram construir o

    seguinte resultado.

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  • 21

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Dos 192 sujeitos que responderam pela organizao, 55% tm ensino superior

    completo e um pouco mais da metade deles, 27%, tm ps-graduao. O ensino mdio

    completo vem em segundo lugar com 21%. Ainda que no se tenha informaes para se

    analisar, em termos longitudinais, se esses nmeros significam uma tendncia das

    organizaes em ter cada vez mais dirigentes com escolaridade em nvel superior, esse dado

    importante para se pensar nas estratgias de formao poltica dos atores, pois, em nvel

    de escolaridade, os patamares esto em ascenso.

    Esse dado sugeriu uma nova pergunta: em quais organizaes estariam esses

    dirigentes com nveis de escolaridade mais altos? Como as respostas dadas pelos dirigentes

    criaram um detalhamento muito grande sobre a escolarizao de cada um, para facilitar esse

    tipo de abordagem, criaram-se duas categorias para classificar a experincia deles. Assim,

    considerou-se ensino superior todos os respondentes que declaram ter ensino superior

    completo ou alguma ps- graduao, lato ou stricto sensu. Quem no se enquadrava nesse

    caso, foi colocado na categoria sem ensino superior. O resultado segue-se conforme ilustra

    tabela abaixo:

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  • 22

    TABELA 8

    Distribuio das organizaes de acordo com a

    natureza jurdica e o nvel de instruo do dirigente

    Ensino no-superior Ensino superiorNatureza

    jurdica n % n %

    Sociedade civil 79 56,4 61 43,6

    Setor pblico 6 12,0 44 88,0

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Fica claro que a diferena de escolaridade entre os dirigentes que esto no setor

    pblico e os que esto nas organizaes da sociedade civil grande e significativa (Qui-

    quadrado de Pearson: valor-p=0,000). Isso talvez se explique pelo fato de que quem tem

    ensino superior completo tenha mais chances de ser absorvido nas instituies pblicas do

    que aqueles que tm nvel mdio ou fundamental.

    Outra caracterstica marcante dos dirigentes o que vrios outros estudos j

    mostraram, a saber: a predominncia de mulheres nessas organizaes. O grfico abaixo

    ilustra essa maioria.

    Correlacionado com outros fatores, o sexo no apresentou nenhuma diferena

    significativa seja em termos de se ter financiamento ou no ou de se estar no servio pblico

    ou nas organizaes da sociedade civil.

    A cor tambm no apresentou correlao significativa com essas variveis, embora

    fique clara a predominncia de negros nessas organizaes como se pode ver nos dados

    abaixo:

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  • 23

    Grfico 6: Distribuio dos dirigentes das organizaes de acordo com a cor/raa

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Negros (pretos e pardos) somam 85% dos dirigentes. Entendendo-se o papel dessas

    organizaes nas mudanas e conquistas no Brasil contemporneo, sobretudo no final do

    sculo XX e na primeira dcada do sculo XXI, essa presena majoritria refora algo dito ao

    longo deste documento: a invisibilidade desse grupo precisa ser quebrada. O mecanismo

    dever criar estratgias de divulgao e visibilizao desses sujeitos porque, sem eles e suas

    organizaes, o Brasil no conseguir manter-se no patamar internacional desejado.

    A anlise que se apresenta, a seguir, muito mais para os membros do Comit

    discutirem a pertinncia ou no de introduzi-la no aprofundamento das estratgias que

    mecanismo (Fundao) poder adotar para a sustentabilidade da equidade racial. Como se

    levantou uma srie de variveis que poderiam estar correlacionadas com o ter ou no ter

    financiamento, buscou-se coloc-las todas juntas dentro de um mesmo modelo para ver se

    alguma delas fazia diferena. O modelo usado foi o da regresso logstica. Ele permite

    modelar a probabilidade de um evento ocorrer em funo de outros fatores. Inicialmente, se

    pensou a probabilidade de financiamento articulando todos os fatores relacionados s

    caractersticas da organizao. Chegou-se aos resultados abaixo:

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  • 24

    TABELA 9

    Modelo de regresso logstica para o fato de as organizaes

    possurem financiamento, de acordo com as caractersticas das organizaes

    Varivel Exp ( ) Significncia

    Estado

    Maranho 1,00 0,093

    Paraba 0,59 0,423

    Pernambuco 1,99 0,175

    Alagoas 1,27 0,637

    Sergipe 0,40 0,219

    Piau 1,51 0,577

    Rio Grande do Norte 8 0,999

    Cear 1,01 0,985

    Bahia 3,25 0,004

    Tempo de existncia

    At 15 anos 1,00

    Acima de 15 anos 3,30 0,003

    Natureza jurdica

    Sociedade civil 1,00

    Setor pblico 1,44 0,442

    Situao legal

    Formalizada 1,00

    No formalizada 0,85 0,771

    Fonte: CEAFRO, 2009

    Esclarece-se que, no modelo acima, usou-se a condio dos estados, o tempo de

    existncia das organizaes estruturadas em duas categorias at quinze anos (gesto FHC

    1996 e gesto Lula) e com mais de 15 anos, a natureza jurdica e a situao legal.

    As chances de as organizaes terem financiamento so maiores quando situadas na

    Bahia e quando tm mais 15 anos de existncia.

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  • 25

    Quando relacionadas s caractersticas dos dirigentes, a situao fica da seguinte

    maneira.

    TABELA 10

    Modelo de regresso logstica para o fato de as organizaes possurem financiamento,

    de acordo com as caractersticas dos dirigentes

    Varivel Exp ( ) Significncia

    Cor/Raa

    Preto 1,00

    Pardo 1,17 0,686

    Indgena 0,58 0,703

    Branco 2,28 0,460

    Sexo

    Masculino 1,00

    Feminino 1,52 0,128

    Grau de instruo

    Ensino no-

    superior 1,00

    Ensino superior 1,94 0,018

    Fonte: CEAFRO, 2009

    As diferenas no so significativas, mas seu valor nominal informa que, quando o

    dirigente de uma organizao tem curso superior, a chance dela ter financiamento e quase o

    dobro daquela em que no possui dirigentes com essa mesma escolarizao.

    Com o intuito de explorar outras informaes da base de dados do CEAFRO, buscou-

    se reagrupar as organizaes catalogadas de forma a que esses grupos permitissem, ao

    Comit Programtico, conhecer mais elementos sobre elas. Para tanto, aplicou-se um

    procedimento denominado anlise de cluster que um modelo multivariado utilizado para

    detectar grupos homogneos nos dados, de modo que os elementos (no caso, as

    organizaes) pertencentes a um grupo (cluster) se tornassem, ao mesmo tempo, os mais

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  • 26

    semelhantes possveis entre si e diferenciados dos restantes. O agrupamento das

    organizaes foi feito com base nas similaridades ou distncias. O objetivo dessa anlise

    , assim, descobrir, agrupamentos naturais de variveis.

    Essa anlise recomendada em casos onde ainda no se tem nenhuma hiptese ou

    suposio, ainda se est na fase exploratria Para isso, inicialmente se definiu como seria

    caracterizada a similaridade e a dissimilaridade entre as organizaes da base de dados

    CEAFRO, segundo os valores observados nas variveis definidas acima, a saber: formalizao,

    situao jurdica, tempo de existncia, estado da federao, financiamento. Assim definido,

    utilizou-se, na anlise, o mtodo hierrquico divisivo que tem os seguintes passos: a

    observao parte de um s grupo que inclui todas as organizaes e, por meio de divises

    sucessivas e sistemticas, as observaes mais distantes so retiradas desse grupo para

    formar outros grupos (clusters). por isso que, nas anlises a seguir, encontrar-se-o trs

    grupos4 (clusters).

    TABELA 11

    Distribuio dos Clusters por estados da federao

    Esta tabela deixa claro que organizaes muito parecidas segundo os valores das

    variveis previamente definidas encontram-se distribudas em todos os estados, exceto em

    Sergipe e Rio Grande do Norte que no tiveram organizaes no agrupamento 1 e 2

    respectivamente

    Medindo-se as variveis ao mesmo tempo, a distribuio nesses grupos toma a

    seguinte configurao:

    4 conferir mo anexo as organizaes que compe cada grupo

    Agrupamento PB PE AL SE PI RN CE BA MA

    1 16,7% 32,0% 28,6% ,0% 27,3% 66,7% 12,5% 36,2% 69,2%

    2 58,3% 32,0% 38,1% 55,6% 45,5% ,0% 43,8% 6,9% 7,7%

    3 25,0% 36,0% 33,3% 44,4% 27,3% 33,3% 43,8% 56,9% 23,1%

    Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

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  • 27

    TABELA 12

    Distribuio dos Clusters por estados da federao

    Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3Variveis

    n % n % n %

    Situao legal

    Formalizada 55 100,0 26 57,8 71 100,0

    No formalizada 0 0,0 19 42,2 0 0,0

    Natureza jurdica

    Sociedade civil 47 85,5 44 97,8 43 60,6

    Setor pblico 8 14,5 1 2,2 28 39,4

    Financiamento

    No 0 0,0 34 75,6 10 14,1

    Sim 55 100,0 11 24,4 61 85,9

    Tempo de existncia

    At 15 anos 0 0,0 28 62,2 71 100,0

    Acima de 15 anos 55 100,0 17 37,8 0 0,0

    No grupo 1, h uma consistncia quase absoluta nas semelhanas apresentadas. As

    55 organizaes que o integram so formalizadas, apenas oito pertencem ao setor publico,

    todas as outras so da sociedade civil. Todas possuem financiamento e ainda todas tm mais

    de 15 anos de existncia.

    No grupo 2, o nico item que demonstra uma grande semelhana entre as

    organizaes que o compem o da natureza jurdica. Quase todas, 98%, so da sociedade

    civil. Em termos de tempo de existncia, distanciam-se significativamente das do primeiro

    grupo, pois muito mais da metade delas so organizaes mais jovens, menos de 15 anos. E,

    em comparao aos outros dois grupos so as que tm menos financiamento. Quanto

    formalizao, a distncia entre as que so formalizadas e as que no o so atinge 16 pontos

    No grupo 3, as organizaes se assemelham-se quanto formalizao. Todas, sem

    exceo, so formalizadas. J a natureza jurdica as diferencia bastante, mais da metade

    delas da sociedade civil. Isso faz com que o grupo se distancie dos outros dois, porque nele

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  • 28

    se concentra o maior nmero de organizaes vinculadas ao poder pblico. A maioria delas,

    90%, tem financiamento. So radicalmente dissimilares do grupo 1, pois todas as

    organizaes que o compem tm menos de 15 anos de existncia.

    Ainda que esse tipo de anlise autorize apenas posies exploratrias e nunca

    conclusivas, no deixa de chamar a ateno o fato de que, dos trs grupos, o que tem menor

    potencial de financiamento o grupo 2 que tem o maior nmero de organizaes no

    formalizadas. Coincidncia ou no, uma informao que no pode ser negligenciada ao se

    discutirem as condies de sustentabilidade da futura Fundao.

    Fica evidente tambm que a idade da organizao no impediu de aproxim-las

    quanto ao ter financiamento. Tanto as com mais de 15 anos quanto as mais jovens se

    aproximam muito nesse campo. Mas no se pode deixar de ressaltar que, entre as mais

    novas, 40% so organizaes do setor pblico, logo no item ter financiamento esse

    detalhe no pode ser negligenciado.

    Estratgias para se dar visibilidade as aes das organizaes

    O grfico abaixo mostra que so variadas as formas de que as organizaes se servem

    para dar visibilidade a suas aes. Do tradicional folder aos sites e boletins eletrnicos,

    mostra-se que se deu um salto importante nas formas de conversar com o mundo.

    Grfico 7: Forma de divulgao do trabalho desenvolvido pelas organizaes

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  • 29

    Considerando-se que o percentual do uso de boletins eletrnicos, somado com os

    dos sites, chega-se a 78%, ou seja, maior do que todas as outras formas de divulgao, fica

    evidente que as novas tecnologias de comunicao j penetraram parcelas significativas das

    organizaes. E avaliando o alcance que estas tm em relao ao pblico a ser atingido,

    pode-se dizer que j est instalada uma postura qualitativamente diferente relativas s

    formas de divulgao, pelo menos os instrumentos novos utilizados visam atravessar a

    fronteira a ter uma visibilidade para alm do nvel local e regional.

    Buscou-se cruzar esses dados com a varivel ter ou no ter financiamento, mas em

    todos os casos os resultados no apresentaram diferenas significativas, ou seja, tanto faz

    usar ou no usar esse ou aquele veculo de comunicao, isso no altera as chances de se ter

    financiamento.

    Por fim, buscou-se integrar no presente documento uma informao que no

    constou do levantamento do CEAFRO, mas que foram identificadas no Relatrio das

    Desigualdades Raciais 2006-2008 do LAESER/UFRJ que trata da representao poltica dos

    negros nas cmaras legislativas estaduais e federais, incluindo o senado.

    De acordo com os dados apresentados no relatrio, dos 513 deputados eleitos em

    2006 (legislatura: 2007-2010), havia apenas onze que se declaram pretos, sendo dez homens

    e uma mulher. Como pardos, foram trinta e trs homens e duas mulheres. O total de negros

    foi, assim, de quarenta e seis deputados (PAIXO e CARVANO, 2008, p. 148). Mas o que

    ainda mais grave nessa enorme subrepresentao foi a distribuio por estados da

    federao. O Nordeste com um percentual de 70,4% de indivduos declarados como pretos e

    pardos, tinha respectivamente na representao federal, cinco deputados declarados pretos

    e trs, pardos, ou seja, um total de oito que forma 5,3%. Quase igual representao de

    deputados negros da regio sul, onde o percentual desse grupo na composio racial da

    populao infinitamente menor da do Nordeste. O percentual da regio sul foi de 5,2%.

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  • 30

    TABELA 13

    Deputados Federais eleitos para a 53 legislatura (2007-2010) segundo

    caractersticas de cor ou raa hetero-atribuda e sexo, Brasil

    Homens

    Regio Brancos Pretos Pardos Amarelos IndgenasNo

    classificadosTotal

    Norte 42 .. 3 .. .. 7 52

    Nordeste 128 5 3 .. .. 6 142

    Sudeste 139 5 17 2 .. .. 163

    Sul 67 .. 4 2 .. .. 73

    Centro-Oeste 32 .. 6 .. .. .. 38

    Brasil 408 10 33 4 .. 13 468

    Mulheres

    Regio Brancas Pretas Pardas Amarelas IndgenasNo

    classificadasTotal

    Norte 10 1 1 .. .. 1 13

    Nordeste 7 .. .. .. 2 6

    Sudeste 14 .. 1 .. .. 1 16

    Sul 4 .. .. .. .. .. 4

    Centro-Oeste 3 .. .. .. .. .. 3

    Brasil 38 1 2 .. .. 4 45

    Fonte: LAESER, 2008

    Com o senado foi mais discrepante ainda. O Nordeste no tem nenhum senador

    homem declarado preto e s tem um pardo. Com as mulheres, a mesma coisa, nenhuma

    preta e apenas trs pardas

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  • 31

    TABELA 14

    Senadores eleitos para a 52a e 53a legislatura (2003-2010, 2007-2015) segundo

    caractersticas de cor ou raa hetero-atribuda e sexo, Brasil

    Homens

    Regio Brancos Pretos Pardos Amarelos IndgenasNo

    classificadosTotal

    Norte 17 .. 1 .. .. .. 18

    Nordeste 23 .. 1 .. .. .. 24

    Sudeste 11 1 1 .. .. .. 12

    Sul 7 .. .. .. .. .. 8

    Centro-Oeste 8 .. 1 .. .. .. 9

    Brasil 66 1 4 .. .. .. 71

    Mulheres

    Regio Brancas Pretas Pardas Amarelas IndgenasNo

    classificadasTotal

    Norte 3 .. 3 .. .. .. 6

    Nordeste 3 .. 3 .. .. .. 6

    Sudeste .. .. .. .. .. .. ..

    Sul 1 .. 1 .. .. .. 2

    Centro-Oeste 3 .. 3 .. .. .. 6

    Brasil 10 .. 10 .. .. .. 20

    Fonte: LAESER, 2008.

    Esse dado precisa ser pensado na perspectiva da formao poltica dos atores. Onde

    estar? Como fomentar o aumento significativo dessa representao?

    A desigualdade visvel dentro dos prprios partidos polticos. A presena de

    deputados brancos esmagadora em todos os partidos, sem exceo. Os que se declaram

    pretos esto em alguns partidos. A maior participao no PT com 8,4% de pretos para 83,

    1% de deputados auto-declarados brancos. A desigualdade muda um pouco quando se passa

    para os auto-declarados pardos, mas mesmo assim, onde eles esto mais representados que

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  • 32

    no PC do B (30.8%) e no PSOL (33,3%), esses valores so duas vezes menores que o

    nmero de deputados brancos desses mesmos partidos.

    TABELA 15

    Deputados Federais eleitos para 53 legislatura (2007-2010) por partidos polticos

    segundo caractersticas de cor ou raa hetero atribuda, Brasil (em %)

    Partido Brancos Pretos Pardos Amarelos Indgenas No classificados Total

    PC do B 61,5 .. 30,8 .. .. 7,7 100

    PDT 87,5 .. 4,2 .. .. 8,3 100

    PFL 86,2 .. 4,6 3,1 .. 6,2 100

    PL 91,3 4,3 .. .. .. 4,3 100

    PMDB 93,3 1,1 3,4 1,1 .. 1,1 100

    PP 80,5 .. 19,5 .. .. .. 100

    PPS 81,8 .. 4,5 .. .. 13,6 100

    PSB 96,3 .. .. .. .. 3,7 100

    PSDB 92,4 .. 4,5 1,5 .. 1,5 100

    PSOL 66,7 .. 33,3 .. .. .. 100

    PT 83,1 8,4 7,2 .. .. 1,2 100

    PTB 95,5 .. 4,5 .. .. .. 100

    PV 84,6 .. 7,7 .. .. 7,7 100

    Outros (*) 68,4 10,5 15,8 .. .. 5,3 100

    Total 86,9 2,1 6,8 0,8 .. 3,3 100

    (*) Outros = PAN, PHS, PMN, PSC, PT do B e PTC. O nome dos partidos corresponde ao vigente no ano

    de 2006.

    Fonte: LAESER, 2008

    Essas foram as informaes possveis de serem trabalhadas, como esto muito

    dispersas no texto vale uma sntese para que o comit possa ter uma viso mais global delas.

    Assim, com base nessas informaes.

    Termina-se esse documento fazendo o que se anunciou anteriormente: um exerccio,

    ou mais precisamente, uma brincadeira com jogos de palavras para subsidiar as discusses

    sobre o nome que a Fundao poderia ter, com base nas caractersticas que foram

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  • 33

    levantadas pelo CEAFRO. Nas denominaes que esto em anexo, pode-se ver que as

    organizaes do Nordeste na sua grande maioria tendem a refora nas suas denominaes

    expresses que advm diretamente do universo cultural afro-brasileiro. O termo negro

    aparece em 13 nomes de organizaes das 192, e mesmo assim, em alguma delas, associa-se

    ao termo negro referencias africanas: Grupo Afro-cultural Coisa de Negro ou Mulheres

    Negras Me Andreza, Bamidel- Organizao de Negros da Paraba e assim por diante.

    Foi portanto nesse complexo jogo de expresses em que os negros no Nordestes associam,

    na maioria dos casos, referncias africanas no nome de suas organizaes, que se buscou

    brincar com formaes que introduzam o termo afrobrasil na composio. Isso d uma

    importante fora idia de dispora. Se o mecanismo pretende mesmo buscar apoio

    internacional essas referencias com podero ajudar na construo de parcerias com os

    povos africanos e de outras disporas que recuperaram esse trao da africanidade.

    Nesse jogo surgiram algumas palavras: que so reproduzidas a seguir. Algumas j

    foram experimentadas nos documentos que se seguem porque est cada vez mais difcil

    falar de mecaniiiiiiiiismo como a ele costuma se referir um dos membros do comit. So

    elas:

    a) Afrobrasilfraterno

    b) Afrobrasilfuturante

    c) Afrobrasilplanetrio

    d) Afrobrasilmundigualitrio

    e) Afrobrasilgeraciovinteum

    f) Afrobrasilpotencia XXI

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  • 34

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    ALVES, J.A. A Conferencia de Durban contra o Racismo e a responsabilidade de todos,

    Revista Brasileira de Poltica Internacional, vol 45, 62, 2002

    CLARO, P.B O entendimento do conceito de sustentabilidade nas organizaes, Revista de

    Administrao da Universidade de So Paulo, v 43, n4, p289-300, 2008

    DAVIES, F.A A vida associativa do negro no Rio de Janeiro (1940-1950): uma interpretao,

    Revista Habitus, vol 5, 2007, pp 69-80

    DOMINGUES, P. Movimento Negro no Brasil: Alguns Apontamentos Histricos,

    www.scielo.br/tem/vol12.n23, 2009

    FERNANDES, F. A Integrao do Negro na Sociedade de Classe, SP: Hucitec, 1965

    FERNANDES, R. L. d.S. Movimento Negro no Brasil: mobilizao educativa afro-brasileira.

    www. Africanidades. com/revista africanidades, ano 2, n26,2009

    FIPIR- NE. Frum Intergovernamental da Promoo da Igualdade Racial, Boletim

    Informativo, Encontro Regional Nordeste, Recife e Olinda, maio 2006

    HERINGUER, R. Desigualdades raciais no Brasil: sntese de indicadores e desafios no campo

    das polticas pblicas, Caderno de Sade Publica, 2002

    LIMA, I.M de F. Afoxs em Pernambuco: usos da histria na luta por reconhecimento e

    legitimidade, TOPOI, vol.10. n 19, 2009, p 146-159

    LIMA, S.F. Introduo ao Conceito de Sustentabilidade: Aplicabilidade e Limites, Cadernos

    da Escola de Negcios, vol.4 n4, 2006

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    http://www.scielo.br/tem/vol12.n23,http://www. Africanidades.http://www.pdfpdf.com/0.htm

  • 35

    RIBEIRO, CAC, Classe, Raa e Mobilidade social no Brasil, Dados, vol 49, 2006

    RISRIOS, A Carnaval Ijex; notas dobre afox e blocos do novo carnaval afro-baiano,

    Salvador: Corrupio, 1981

    SANTOS, I. A. A dos O movimento negro e o estado (1983-1987): O caso do Conselho de

    Participao e Desenvolvimento da Comunidade Negra no governo de So Paulo, SP:

    Imprensa Oficial, 2007

    SILVA Jr, H. Discriminao Racial nas Escolas: entre a lei e as praticas sociais, UNESCO, 2002

    SILVA, J et al. Aes do Movimento Negro no Nordeste: um olhar dos estudantes de

    biblioteconomia, www.unrio.br/aes_do_movimento, 2009.

    SILVA, J. A Unio dos Homens de Cor: Aspectos do Movimento Negro dos anos 40 e 50,

    Estudos Afro-Asiticos, Ano 20, n 2, 2003, pp 215 235.

    VALENTE, A L. Aes Afirmativas, relaes raciais e educao bsica, R.B.E., 2005, n 28, p

    62-76.

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    http://www.unrio.br/aes_do_movimento,http://www.pdfpdf.com/0.htm

  • 36

    ANEXO 1

    Listas das Organizaes Agrupadas pela anlise dos Clusters

    GRUPO 1

    A. R. C. AFOX ALAFIN OY

    ACONERUQ-MA

    AMP - ASSOCIAO DOS MORADORES DO POVOADO PALMEIRA DOS NEGROS

    ASSOCIAO BEM CULTURAL E CARNAVALESCA ILOY

    ASSOCIAO COM. DOS PROD. RURAIS DO CATUZINHO

    ASSOCIAO COMUNITRIA QUILOMBOLA DOS PRODUTORES RURAIS DE CANGULA

    ASSOCIAO CULTURAL BENEFICIENTE DOS AGENTES DE PASTORAL NEGROS

    ASSOCIAO CULTURAL BLOCO AFRO ABIBIM

    ASSOCIAO CULTURAL BLOCO CARNAVALESCO IL-AIY

    ASSOCIAO CULTURAL COMUNITRIA E CARNAVALESCA MUNDO NEGRO

    ASSOCIAO CULTURAL IMPACTO SONORO

    ASSOCIAO CULTURAL MARACATU AZ DE OURO

    ASSOCIAO CULTURAL OS NEGES

    ASSOCIAO CULTURAL, COMUNITRIA E CARNAVALESCA ARCA DO AX

    ASSOCIAO DE DESENVOLVIMENTO COMUNITRIO TABULEIRO DOS NEGROS

    BAL AFRO MAJ MOL

    CASA DA MULHER DO NORDESTE

    CASSA DOS OLHOS DO TEMPO QUE FALA DA NAO ANGOLO PAQUETAN

    CEAFRO - EDUCAO E PROFISSIONALIZAO PARA A IGUALDADE RACIAL E DE GNERO,

    UM PROGRAMA DE EXTENSO DO CEAO - CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS DA UFBA

    CENTRAL NICA DOS TRABALHADORES - CUT

    CENTRO CULTURAL BJ AY

    CENTRO DE CULTURA E PESQUISA AX

    CENTRO DE CULTURA NEGRA DO MARANHO

    CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANA E DO ADOLESCENTE PE. MARCOS PASSERINI

    CENTRO DE EDUCAO E CULTURA POPULAR - CECUP

    CENTRO DE EDUCAO POPULAR MAILDE ARAUJO - CEPOMA

    CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS

    CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NEGRA DO ESTADO DA BAHIA

    ESCOLA ESTADUAL MARIA AMLIA

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  • 37

    FUNDAO CULTURAL PALMARES

    FUNDAO JOAQUIM NABUCO

    GRUPO AFRO CULTURAL COISA DE NEGO

    GRUPO DE APOIO MTUO P NO CHO

    GRUPO DE CULTURA AFRO AFOX

    GRUPO DE DANA AFRO MATUNGOS - GDAM

    GRUPO DE MULHERES NEGRAS "ME ANDREZA" - GMNMA

    GRUPO UNIO ESPRITA SANTA BRBARA - GUESB

    IFARAD - NCLEO DE PESQUISA AFRICANIDADES E AFRODESCENDNCIA

    IL AX DAJ OB OGOD

    ILE AXE OBETOGUNDA

    ILE AXE OMI ALADE OXUM

    INSTITUTO COMO VER - OFFICINA AFFRO

    INSTITUTO SCIO-CULTURAL E CARNAVALESCO IBSR IJ BLOCO DA LIBERDADE

    KOINOMIA PRESENA ECUMNICA E SERVIO

    MACEI VOLUNTRIO - MOVPAZ

    MARACAT CARNAVAL DO LEO COROADO

    MH2O - MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO BRASIL

    MUSEU AFRO-BRASILEIRO

    NEAB/UFAL - NCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIRO

    NCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS - NEAB/UFMA

    PASTORAL AFROBRASILEIRA PARABA

    PRE-VESTIBULAR PARA NEGROS E CARENTES - PRENEC

    REDE MANDACARU RN

    SINDICATO DOS TRABALHADORES PBLICOS MUNICIPAL DE ALAGOINHAS - SINPA

    GRUPO 2

    AGENTES PASTORAL NEGROS - APN'S

    ALOMOJU - GRUPO DE PESQUISADORAS NEGRAS DE PERNAMBUCO

    ARTICULAO DA JUVENTUDE NEGRA DA PARABA

    ASA - AMIGOS ASSOCIADOS DE SANTA MARIA DA BOA VISTA

    ASSOCIAO AFRO BRASILEIRA OF-OMI

    ASSOCIAO DOS ESTUDANTES AFRICANOS NO CEAR

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  • 38

    ASSOCIAO DOS REMANESCENTES QUILOMBOLAS AGRICULTORES FAMILIARES

    ASSOCIAO LUZ ORIENTE

    ASSOCIAO NOSSA SENHORA DESATADORA DOS NS

    ASSOCIAO QUILOMBOLA DO SERROTE

    BLACKITUDE: VOZES NEGRAS DA BAHIA

    CASA DE AX CABANA DE OXOSSI

    CENPAH

    CENTRO DE EDUCAO E CULTURA DARU MALUNGO

    CENTRO DE RESGATE DA CULTURA POPULAR - CASA DA POETA

    COLGIO AGUNS DEI - ORGANIZAO DAS ESCOLAS PARTICULARES PARA DIVULGAO DA CULTURA NEGRA

    COLETIVO ONICAS

    COMPANHIA DE ARTE E CULTURA INTEGRADA - CACI

    COMUNIDADE QUILOMBOLA

    COORDENADORIA ECUMNICA DE SERVIOS - CESE

    FAVELAFRO - MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHO

    FOREDONE / MOVIMENTO NEGRO DE PARABA

    FRUM ESTADUAL DE JUVENTUDE NEGRA DE SERGIPE

    GRMIO RECREATIVO EDUCATIVO ESPORTIVO E CARNAVALESCO FURACO 2001

    GRUPO AFRO BRIE-UNINDO FAMLIAS

    GRUPO AFRO DE MULHERES BRASILEIRAS - GAMB

    GRUPO CULTURAL ADIM

    GRUPO CULTURAL BELEZA AFRO INDGENA

    GRUPO DE MULHERES DE TERREIRO YALODE

    ILE AX ABASS OL BAMIR

    IL AX OIA MEGU - 1 QUILOMBO URBANO DE PERNAMBUCO

    IL AX OSMU - ADENITA

    INSTITUTO DE CAPOEIRA MAURICE MERLEAU - PONTY

    JUVENTUDE NEGRA BRASILEIRA

    MARACATU DE BAQUE VIRADO NAO ENCANTO DA ALEGRIA

    MNU - MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO

    MOVIMENTO NEGRO DO VALMITRA DE FIGUEIREDO

    MOVIMENTO NEGRO ORGANIZADO NA PARABA (MNOPB)

    MULHERES DESEMPREGADAS

    NCLEO DE ESTUDANTES NEGROS (AS) NA UFPB

    REDE DAS MULHERES DE TERREIRO DE PERNAMBUCO

    REDE NACIONAL DE RELIGIOSIDADE AFRO BRASILEIRA E SADE

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  • 39

    SOCIEDADE DE ESTUDOS TNICOS, POLTICOS, SOCIAIS E CULTURAIS "OMOLIY"

    TENDA ESPRITA DE UMBANDA S. JORGE GUERREIRO

    GRUPO 3

    AFRO GABINETE DE ARTICULAO INSTITUCIONAL E JURDICA - AGANJU

    AHBT/BSA - ASSOCIAO DE HOMOSSEXUAIS, HETEROSSEXUAIS, BISSEXUAIS E TRAVESTIS BARRA

    DE SANTO ANTNIO

    ASSESSORIA DE POLTICAS PBLICAS PARA DIVERSIDADE HUMANA

    ASSOCIAO BAIANA DE PESSOAS COM DOENAS FAZCIFORMES - ABADFAL

    ASSOCIAO BENEFICIENTE, CULTURAL E EDUCATIVA IL AK EW

    ASSOCIAO COMUNITRIA DA REGIO DO CATUZINHO

    ASSOCIAO CULTURAL ASPIRAL DO REGGAE

    ASSOCIAO CULTURAL E CARNAVALESCA AFOX F. DE NAN

    ASSOCIAO CULTURAL E CARNAVALESCA FILHO DE OMOLU

    ASSOCIAO CULTURAL MARCOS GARVEY

    ASSOCIAO DO REMANESCENTES DE QUILOMBOLAS DE GAMELEIRO

    ASSOCIAO QUILOMBOLA DE NOVA DESCOBERTA

    ASSOCIAO SAMBA JUNINO E DE RODA DO ESTADO DA BAHIA

    ASSOCIAO TERRA DA LUZ

    ASSOCIAO UNIVERSIDADE DA RECONSTRUO ANCESTRAL AMOROSA - UNIRAAM

    ATITLDR QUILOMBOLA

    ATO PERIFRICO

    BAMIDEL - ORGANIZAO DE MULHERES NEGRAS NA PB

    CENTRO CULTURAL E EDUCACIONAL MANDINGUEIROS DO AMANH

    CENTRO DE CULTURA E ESTUDOS TNICOS - ANAJ

    CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS AFRO-ALAGOANOS - "QUILOMBO"

    CENTRO DE FORMAO PARA CIDADANIA AKONI

    COORDENAO DE POLTICAS ESPECIAIS DE INCLUSO SOCIAL

    COORDENADORA DE POLTICAS E PROMOO DA IGUALDADE RACIAL

    COORDENADORIA DA PROMOO DA IGUALDADE RACIAL

    DEPARTAMENTO DE PROMOO DA IGUALDADE RACIAL

    DIRETORIA DA IGUALDADE RACIAL - PREFEITURA DO RECIFE

    DIRETORIA DE PROMOO DA IGUALDADE

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  • 40

    FRUM DE ENTIDADES NEGRAS DA BAHIA

    FUNDAO DE MULHERES BAKITA

    GENTENOSSA FILMES

    GRUMAQ - GRUPO DE MULHERES PRODUTORAS QUILOMBOLAS

    GRUPO CULTURAL AFROCONDARTE

    GRUPO CULTURAL AGBARA

    GRUPO DE ARTE - EDUCAO, ESPORTE E CULTURA - GAEEC

    GRUPO DE CULTURA AFRO IJEX

    GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISA TRABALHADORES LIUMES E ESCRAVOS DO CEAR:

    DIFERENAS E IDENTIDADES

    INSTITUTO DE EDUCAO E PESQUISA AFROMARANHENSE AGONTINM

    INSTITUTO KIMUNDO DE CULTURA AFRO BRASILEIRA

    INSTITUTO KUTALA NLEEKE

    INSTITUTO MDIA TNICA

    NCLEO DE ESTUDOS AFROBRASILEIROS DA UFPE

    NCLEO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

    NCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDGENA

    NCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE A DIVERSIDADE TNICA-RACIAL - NEDER

    NCLEO DE RELIGIES DE MATRIZ AFRICANA DA PMBA - NAFROPM

    OBSERVATRIO NEGRO

    ORGANIZAO CULTURAL RELIGIOSA DE MATRIZ AFRICANA IL DE XANGO OGOD

    PREFEITURA MUNICIPAL DE JOBOATO DOS GUARARAPES

    PROGRAMA CONEXES DE SABERES-UFBA: DILOGOS ENTRE A UNIVERSIDADE E AS COMUNIDADES POPULARES

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ESTUDOS TNICOS E AFRICANOS

    QUILOMBO CULTURAL MALUNGUINHO

    REDE DE JOVENS DE MATRIZ AFRICANA E TERREIROS DO RN

    SECRETARIA DA ASSISTNCIA SOCIAL E CIDADANIA - SASC

    SECRETARIA DE ASSISTNCIA SOCIAL

    SECRETARIA DE CULTURA E TURISMO

    SECRETARIA DE CULTURA, ESPORTE E LAZER - PREFEITURA MUNICIPAL DE ITUBERA

    SECRETARIA DE DESENVOLIMENTO SOCIAL

    SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAO / DEPARTAMENTO DE EDUCAO /

    NCLEO DE EDUCAO DA DIVERSIDADE E CIDADANIA

    SECRETARIA DE PROMOO DA IGUALDADE DO ESTADO DA BAHIA

    SECRETARIA DE PROMOO DA IGUALDADE DO ESTADO DA BAHIA

    SECRETARIA DESENVOLVIMENTO E IGUALDADE

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  • 41

    SECRETARIA ESTADUAL DA MULHER DE CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

    SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAO E DO ESPORTE

    SECRETARIA MUNICIPAL DA INCLUSO RACIAL

    SECRETARIA MUNICIPAL DE POLTICAS ESPECIAIS

    SECRETARIA MUNICIPAL DE SADE

    UNIO DOS AFOXS DE PERNAMBUCO

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECNCAVO DA BAHIA - UFRB

    VIALA MUKAJI SOCIEDADE DAS MULHERES NEGRAS DE PERNAMBUCO

    WORLD LEARNING DO BRASIL - FORTALEZA

    1.2 Marco Referencial - Dezembro 2009

    Introduo

    Na apresentao deste marco referencial que inaugura o nascimento de uma

    Fundao (Mecanismo) cujo objetivo o de promover a equidade racial no Nordeste

    brasileiro, consideram-se, fundamentalmente, duas dimenses: uma clara definio da

    realidade em que construdo e os desafios que enfrentar face s transformaes

    esperadas para o Brasil nos prximos 20 anos.

    A pedra fundamental que marca seu nascimento data do final da primeira dcada do

    sculo XXI. So, portanto, os desafios e as transformaes deste sculo que o Mecanismo

    (Fundao) ter de enfrentar. nesse mundo que pretende interferir, criando as condies

    de sustentabilidade para a promoo da equidade racial de forma que o movimento negro e

    suas organizaes ampliem sua capacidade de interveno, liderando a construo de um

    Brasil mais igual, onde todos desfrutaro, sem exceo, de cidadania plena. Enfim, nesse

    mundo que se estabelecero os fundamentos para o fortalecimento de um

    afrobrasilfraterno, que engloba negros, brancos, indgenas, estrangeiros, pessoas de todos

    os credos e culturas.

    Destaca-se, nesse ato de fundao, exatamente o elemento que, na proposta,

    representa o que ela tem de mais original, a saber: o fato de se construir um mecanismo que

    propicie a sustentabilidade da causa da equidade racial.

    O peso aqui no prprio conceito de sustentabilidade. Em si, j indica que no se

    pretende, em hiptese alguma, reproduzir o modelo de financiamento vigente que

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  • 42

    transforma as aes do movimento negro e de suas organizaes em aes espordicas,

    pontuais, fragmentadas e excessivamente dependentes de recursos pblicos, quase sempre

    escassos e de difcil acesso.

    O conceito de sustentabilidade exigir uma nova atitude, uma nova forma de

    comportamento diante dos desafios impostos pelo mundo contemporneo. Faz-se aqui um

    paralelo com o que, hoje, especialistas de diferentes matizes, falam da urgncia de as naes

    conceberem um desenvolvimento econmico sustentvel, pois dele depende a vida do

    planeta. V-se, assim, a criao de uma Fundao (Mecanismo) para a promoo da

    equidade racial no Nordeste com essa mesma urgncia e importncia, pois dessa

    sustentabilidade depender a permanncia do Brasil nos patamares em que se encontra na

    mdia nacional e internacional. Estar entre as cinco maiores economias do mundo e se

    manter ali, de forma duradoura e sustentvel, exigir-lhe-, entre outras condies, que, em

    termos polticos, tenha reduzido, qui eliminado, as desigualdades raciais. E isso fica claro,

    quando se examina o percurso das organizaes negras no Brasil , em especial as do

    Nordeste. Com toda a precariedade, com escassez de financiamento e de condies,

    conseguiram, a duras penas, claro, educar a nao brasileira tentando romper barreiras,

    combatendo o racismo e inserindo, aos poucos, os afro-brasileiros na sociedade que os

    exclua, conquistando direitos de cidadania e assim por diante. Ou seja, durante um sculo

    de incansvel luta, essas organizaes conseguiram reunir um capital poltico, ainda invisvel

    para populao brasileira no geral e completamente desconhecido para os meios de

    comunicao. Torn-lo visvel e fortalecer os atores que o construram, bem como dar

    suporte a novos atores que contribuiro para enriquecer ainda mais esse patrimnio um

    dos elementos que compem a idia de sustentabilidade inserida na proposta dessa

    nascente Fundao (Mecanismo). isso que faz pens-la, como sendo um instrumento que

    dever criar condies para que o movimento negro esteja em lugares que ainda no

    conseguiu penetrar, que consiga romper o silncio do quarto poder, hoje cada vez mais

    representado pela mdia, para que se disponha a mostrar esse patrimnio que ajudou na

    construo dessa imagem to portentosa que o Brasil exibe hoje. urgente mostrar a

    participao efetiva dos negros nesse cenrio, no como coadjuvantes, mas como

    protagonistas.

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  • 43

    O Brasil que adentra o sculo XXI, embora tenha dado, na presente dcada, passos

    significativos para mudar sua imagem de um pas perversamente desigual, precisa avanar

    muito mais na promoo da referida equidade, em ritmos compatveis com as exigncias do

    mundo contemporneo.

    A funo primordial desse mecanismo nascente fazer reconhecer o capital poltico,

    representado pelos afro-brasileiros, nas conquistas atingidas no pas, sobretudo na segunda

    metade do sculo XX. Defender em todos os fruns nacionais e internacionais que, sem os

    negros e suas organizaes de luta, o Brasil jamais teria qualquer reconhecimento

    internacional como sendo um pas disposto a combater as desigualdades. Isso se tornou

    possvel porque organismos internacionais comearam a perceber que os negros, a duras

    penas, se constituram, no Brasil, em atores polticos capazes de interferir no marco legal da

    sociedade impondo um novo contrato social. Afro-brasileiros, de diferentes matizes e

    organizaes negras altamente ativas ascederam a fruns internacionais, denunciaram o

    racismo brasileira e contriburam, em nvel mundial, para produzir marcos legais que

    balizassem o combate ao racismo, no s no Brasil, mas em outras partes do planeta.

    Reitera-se, assim, neste documento inaugural, a imagem-fora de que um Brasil na

    liderana do sculo XXI depende fundamentalmente da atuao das organizaes afro-

    brasileiras, pois ser delas e de seu fortalecimento que ser construda a sustentabilidade da

    causa da equidade racial no Nordeste e no pas como um todo.

    Misso

    A afrobrasilmundigualitrio emerge da inspirao transformadora da histria de luta

    e de resistncia das organizaes negras do Nordeste brasileiro. Nasce com o compromisso

    de construir novos parmetros legais e de fortalecer atores polticos com o objetivo de

    cumprir, efetivamente, a equidade racial em todo territrio nacional no mais breve tempo

    possvel. Como parte central de sua misso, caber, a essa Fundao, criar as condies

    financeiras slidas e consistentes que permitam a sustentabilidade da causa da equidade

    racial de forma duradoura. Com esses fins, a Fundao coloca-se como instrumento que

    busca romper as barreiras que dificultam a emergncia de uma nova ambincia que favorea

    a autonomia das organizaes.

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  • 44

    Composio

    A Fundao (Mecanismo) atuar em torno de trs eixos:

    a) Eixo 1 Imagem e Insero Poltica: Nesse eixo, atuar em varias frentes. A

    primeira ser junto mdia como forma de romper a barreira da

    invisibilidade das aes das organizaes negras. Dar visibilidade uma

    ao estratgica fundamental para se garantir o carter duradouro da

    sustentabilidade. A segunda compreende uma ao direta nas instncias

    polticas, de deciso. Instncias importantes porque , por meio delas, que

    se poder interferir para efetivas mudanas dos marcos regulatrios que

    criam barreiras e dificuldades para se atingir, de fato, uma equidade racial

    no Brasil. Articulada s duas anteriores, est a terceira ao que a de

    investir nas mudanas de atitude da sociedade brasileira em relao

    equidade racial necessria. A quarta ser a busca consistente de apoio

    internacional para a sua luta;

    b) Eixo 2 Fortalecimento das Organizaes Negras: Aqui ,como indicado na

    formulao acima, significa avanar nas estratgias de sustentabilidade

    das organizaes propriamente ditas. Nesse ponto, a Fundao

    (Mecanismo) criar um corpo tcnico capaz de produzir formas inovadoras

    de captao de recursos, de identificar no campo de ao

    empreendedores dispostos a investir na causa da equidade racial no

    Nordeste, de promover encontros permanentes com as organizaes no

    sentido de fortalec-las de forma constante e, ainda, de incentivar a

    emergncia de novas iniciativas no meio afro-brasileiro;

    c) Eixo 3 Formao Poltica dos Atores: A formao poltica indispensvel.

    Ser por meio dela que a Fundao (Mecanismo) poder planejar a mdio

    prazo, preencher uma das lacunas mais preocupantes da atual realidade

    ampliando, de forma significativa,a representao de mulheres e homens

    negros nas cmaras legislativas, nos fruns de deciso poltica.

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  • 45

    Definidos os eixos, passa-se a uma proposta de como pode ser o funcionamento dos

    mesmos. Esclarece-se, de imediato, que esses eixos, embora apresentados um a um, no so

    separados nem podem funcionar separadamente. A movimentao de um deles obriga a

    movimentao dos outros dois obrigatoriamente. Estaro visceralmente vinculados no

    tempo histrico e no ritmo. Pensa-se que venham a funcionar como peas engrenadas,

    conectadas. Um no se sobrepe ao outro, ou seja, no formam hierarquia. A idia central

    a de que sejam compostos por atores que possam dar conta de todas as aes pensadas

    para por em funcionamento o mecanismo da equidade racial para o Nordeste.

    A funo dos eixos no substitui, de forma alguma, a estrutura que a Fundao

    poder vir a ter. Ao contrrio, quanto mais definidos estiverem, mais ajudaro na melhor

    composio dos atores coordenadores das diversas instncias que da Fundao.

    Esclarece-se, tambm, que as sugestes quanto forma de funcionamento do

    mecanismo, que aparecem no presente marco fundamental, so produtos do momento (da

    conjuntura) em que criado. Muitos contedos e novas aes podem e devem ser

    agregadas assim que estiver funcionando. A ideia fazer com que seja uma estrutura aberta

    na qual outros eixos se agreguem, assim como outros contedos. Mas a condio para que

    ele no perca sua integridade e sua misso de ser um rgo sempre propenso a aes

    coletivas e democrticas de que, sempre que novas ideias forem agregadas, que elas no

    percam o elo, as conexes, as aes acontecendo como verdadeiras engrenagens sociais.

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  • 46

    Modo de Funcionamento do Mecanismo

    Eixos que funcionam engrenados:

    a) E1:

    Imagem

    Visibilidade

    Mdia

    Instncias polticas

    Marketing

    Mudana de atitude

    Articulao Internacional

    Interveno nos marcos regulatrios

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  • 47

    b) E2:

    Fortalecimento

    Sustentabilidade

    Captao de Recursos

    Institucionalizao

    Incentivos a novas Experincias

    c) E3:

    Ator Poltico: Formao

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  • 48

    2 AES E PROJETOS ESTRATGICOS

    2.1 Mapeamento

    Coordenao Executiva do CEAFRO: Vilma ReisCoordenao Administrativo-Financeira: Iranildes Aquino

    PESQUISADORAS/ES

    Antnio Cosme Lima da SilvaArtemisa Odila Cand Monteiro

    Cludia Alexandra dos SantosJoo Teixeira dos Santos

    Luiz ChateaubriandMaria Nazar Mota de Lima (Coordenao)

    Paulo Rogrio Nunes

    COLABORAO

    Josaf ArajoLcia Barbosa

    Marta AlencarVilma Reis

    ARTICULADORES/AS

    Lindivaldo Leite Junior - PernambucoSolange Rocha - ParabaMaria Batista - Sergipe

    Arsia Barros e Vanda Menezes - AlagoasArtemisa Odila Cand Monteiro - Piau

    Carlos Benedito da Silva (Carlo) e Valdira Barros - MaranhoElizabeth Lima da Silva - Rio Grande do Norte

    Juliana Holanda - CearPaulo Rogrio Nunes e Iranildes Aquino Bahia

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  • 49

    2.1.1 Mapeamento de Polticas e Movimentos negros no Nordeste do Brasil

    Introduo

    Este Relatrio analisa informaes sobre o Mapeamento de polticas e movimentos

    negros, no Nordeste do Brasil, obtidas por meio de levantamento realizado de junho a

    setembro de 2009, nos nove estados da regio, a partir de proposta aprovada pela Fundao

    Kellogg, construda com base no Termo de Referncia do mapeamento de polticas,

    organizaes, movimentos, lideranas, conhecimento e financiadores no campo da equidade

    e incluso racial no Nordeste.

    A pesquisa teve carter exploratrio e no extensivo, na medida em que foi realizada

    junto a sujeitos que a ela aderiram mediante convite de articulador/a local , visando

    subsidiar a Fundao em sua poltica de apoio s organizaes que atuam no campo da

    equidade racial na regio Nordeste do Brasil.

    Apesar de constituirem metade da populao no Brasil, os negros, historicamente,

    estiveram em situao de desvantagem, demonstrada pelos conhecidos indicadores sociais

    na educao, sade e, mundo do trabalho, principalmente. Na regio Nordeste, h maior

    concentrao de pretos e pardos (PNAD, 2008), portanto essas desigualdades esto mais

    presentes nessa populao, o que explica as desigualdades sociais existentes na regio,

    demandando aes especficas a ela destinadas.

    A P n a d 2 0 0 8 c o n f i rm a a h is t r ic ad is t r ib u i o r a c ia l d o B ra s i l. E n q u a n t o n oN o r t e e n o N o rd e s t e a s p e s s o a s s ed e c la r a m p r e d o m in a n te m e n t e p a rd a s o up r e ta s ( n d ic e s u p e r io r a 7 0 % ) , n a re g i oS u l , 7 8 , 7 % d o s e n t r e v is t a d o s s ec la s s if i c a ra m c o m o b r a n c o s .

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  • 50

    No perodo mencionado, o CEAFRO realizou pesquisa de campo, com base na

    metodologia abaixo descrita, da qual resultam nove Informes, um por estado, e este

    Relatrio que apresenta a sntese das informaes obtidas relativas aos nove estados.

    Metodologia Utilizada

    O Mapeamento identificou 191 organizaes5 que atuam na defesa dos direitos de

    pessoas negras/as, nos nove estados da regio, utilizando uma metodologia que incluiu as

    abordagens qualitativa e quantitativa. Os seguintes instrumentos de coleta foram aplicados

    junto a representantes das organizaes pesquisadas e lideranas, convidados por um/a

    articulador/a local: questionrio, com questes fechadas e abertas, entrevistas, grupo focal,

    reunies e rodas de conversa. As informaes obtidas foram tratadas e analisadas por

    segmento setor pblico e sociedade civil , e esto apresentadas neste documento, assim

    como nos nove Informes, um por estado, como acordado.

    Para obter as informaes necessrias, os estados foram visitados por uma dupla de

    pesquisadores/as, sendo que um dos pesquisadores foi sempre a Coordenadora do

    Mapeamento, com o fim de assegurar a unidade necessria ao trabalho de campo. Os

    encontros, em cada um dos estados, duraram dois dias6, na capital, estendendo-se por

    algumas cidades prximas, dentro do possvel.

    Escolhidos no mbito das relaes do CEAFRO, como pessoas-chave para intermediar

    o trabalho, os/as articuladores/as tiveram papel fundamental no Mapeamento, por seu

    conhecimento sobre as pessoas convidadas e sobre as dinmicas dos movimentos em seu

    estado. Sua atuao permitiu a rpida identificao das organizaes e lideranas, facilitou a

    interlocuo e sua colaborao se deu em todos os sentidos: na coordenao local, nas

    providncias de infra-estrutura, na assessoria equipe durante a pesquisa de campo.

    Participaram, ainda, como sujeitos pesquisados.

    Nos encontros e reunies, os questionrios eram respondidos por todas as

    organizaes presentes, aps a apresentao dos objetivos do Mapeamento, das

    5 No caso, consideram-se organizaes, genericamente, rgos de promoo da igualdade, ncleos de estudossobre a temtica, a exemplo dos NEABS, assim como entidades do movimento negro, dentre grupos culturais,associaes, conselhos, etc., atuando no combate ao racismo e/ou promoo da igualdade racial.6 Na Bahia, o Mapeamento durou 15 dias, pois no implicou em viagens, uma vez que quase toda a equipeenvolvida residente em Salvador. Isso explica o nmero maior de organizaes daquele estado.

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  • 51

    organizaes proponentes e tambm das organizaes convidadas. Foram feitas, dentro das

    possibilidades, visitas a quilombos, terreiros, museus e outros espaos importantes, e as

    reunies ocorreram em diferentes espaos, todos significativos para a histria de lutas e

    conquistas em cada estado visitado. Algumas lideranas foram entrevistadas,

    individualmente ou em dupla; em alguns casos, foi realizado Grupo