qfd integrado com triz: um estudo de suas...

68
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA Gustavo Borges Lisboa Silva QFD INTEGRADO COM TRIZ: UM ESTUDO DE SUAS APLICAÇÕES E IMPACTOS EM UMA INDÚSTRIA DE VÁVULAS AUTOMOTIVAS Lorena 2015

Upload: duongtruc

Post on 07-Oct-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

Gustavo Borges Lisboa Silva

QFD INTEGRADO COM TRIZ: UM ESTUDO DE SUAS APLICAÇÕES E IMPACTOS EM UMA INDÚSTRIA DE

VÁVULAS AUTOMOTIVAS

Lorena

2015

2

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO – GRADUAÇÃO

GUSTAVO BORGES LISBOA SILVA

QFD INTEGRADO COM TRIZ: UM ESTUDO DE SUAS APLICAÇÕES E IMPACTOS EM UMA INDÚSTRIA DE

VÁVULAS AUTOMOTIVAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo como requisito para

conclusão da graduação em Engenheira

Química.

Área de Concentração: Gestão da Qualidade

Orientador: Prof. Doutor Gustavo Aristides

Santana Martinez

Lorena

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Silva, Gustavo Borges Lisboa QFD integrado com TRIZ: um estudo de suasaplicações e impactos em uma indústria de válvulasautomotivas / Gustavo Borges Lisboa Silva;orientador Gustavo Aristides Santana Martinez. -Lorena, 2015. 68 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2015Orientador: Gustavo Aristides Santana Martinez

1. Lean manufecturing. 2. Qfd. 3. Voz do cliente.4. Triz. 5. Dfss. I. Título. II. Martinez, GustavoAristides Santana, orient.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos aqueles que

me apoiaram, principalmente minha

família que sempre acreditou e apoiou

meu trabalho incondicionalmente. Em

especial meus pais Geraldo e Delma, e

meus irmãos Otávio e Murilo.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por me dar oportunidade de atingir meus objetivos e

realizar meus sonhos.

Á toda minha família, meus avós, tios e tias, primos e primas. Principalmente meu pai,

Geraldo, que é minha fonte de inspiração e aquele que me motiva todos os dias; minha

mãe Delma, que me mostra que a distância não é empecilho para ter cada vez mais

amor; e meus irmãos Otávio e Murilo, que eu quero ser sempre exemplo.

Aos meus amigos de faculdade, que tornaram esse período de 5 anos mais fáceis do

que aparentavam no começo de 2011. Gostaria de fazer menção especial para

aqueles que me aguentaram como morador recorrente durante um longo período de

tempo, a “Republica 4 de paus” e a “Rep Feet”.

A equipe EEL Racing de formula SAE, todo os membros desde a sua fundação até

hoje. Participar desse projeto desde o início até o fim do curso foi uma experiência

única, ganhei conhecimentos que jamais poderia adquirir sentado em uma cadeira de

sala de aula. Agradeço, com muito amor, a equipe por me ajudar até hoje nas minhas

decisões.

Agradeço a todos os “Mamutes” e a “Família Handebol” por me motivarem a continuar

praticando o esporte que faço a mais de 10 anos e me dar a oportunidade de

representar minha faculdade com muito orgulho durante esses 5 anos.

A todos os professores que dedicaram seus tempos para a minha formação.

Principalmente ao meu orientador Gustavo Martinez, pela paciência, suporte

necessário para concretizar o trabalho, e por ser orientador também no período que

fui capitão da EEL Racing. Gostaria de agradecer todos os outros que também

apoiaram nosso projeto, professor Humberto, professor Durval, professor Marco

Antônio, e Professor Baptista.

A Eaton LTDA, aos meus gestores Osmar Oliveira, Fábio Bonfá e Marcio Seleghin

que me ensinaram bastante coisa sobre o mundo coorporativo, a experiência será

bastante útil no futuro. E também pela autorização no uso dos dados da empresa.

E por fim, todos aqueles que me apoiaram durante essa minha caminhada e me

marcaram de alguma maneira.

6

EPÍGRAFE

“Seja você quem for, seja qual for a

posição social que você tenha na vida, a

mais alta ou a mais baixa, tenha sempre

como meta muita força, muita

determinação e sempre faça tudo com

muito amor e com muita fé em Deus, que

um dia você chega lá. De alguma maneira

você chega lá.”

Ayrton Senna

7

SILVA, G. B. L. QFD integrado com TRIZ: Um estudo de suas aplicações e impactos em uma indústria de válvulas automotivas. 2015 68P. Trabalho de

conclusão do curso (Graduação do curso de Engenharia Química) – Escola de

Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015

O presente trabalho tem como objetivo verificar a aplicabilidade de duas ferramentas

de gestão, QFD (Quality Function Deployment) e TRIZ (anagrama em russo que

significa “Teoria de Soluções Inventivas de Problemas) em uma fábrica de válvulas

automotivas, avaliando sus impactos e as melhorias geradas. Uma das ferramentas

visa interpretar os dados do mercado e a outra solucionar os problemas presentes

de forma inovadora. Os dados utilizados para a pesquisa foram os feedbacks

enviados pelos clientes no final do ano de 2014, por isso, a metodologia utilizada é

a “ex-post facto” pois os dados não podem ser manipulados, e sim organizados e

analisados. Com os dados recolhidos, foi feita a aplicação das metodologias de

qualidade. Os resultados obtidos são referentes aos ganhos, financeiros e de tempo,

para a empresa e para o cliente ao longo de 2015 e ainda projeções para o ano de

2016. A real melhoria na satisfação do cliente referentes as propostas desse

trabalho serão confirmadas com o feedback enviado pelo cliente no final do ano de

2015. A empresa que possibilitou esse trabalho disponibilizando seus dados está

localizada em São José dos Campos. impactos que a adoção dessas metodologias

podem gerar. A empresa que possibilitou esse trabalho disponibilizando seus dados

está localizada em São José dos Campos-SP.

Palavras Chave: Lean Manufecturing, QFD, Voz do cliente, TRIZ, DFSS.

8

ABSTRACT

SILVA, G. B. L. QFD integrated with TRIZ: A study of their applications and impacts in a automotive valve industry. 2015 68P. Monograph (Undergraduate) -

Lorena School of Engineering, University of São Paulo, Lorena, 2015

This study has the propose to verify the applicability of two management tools, QFD

(Quality Function Deployment) and TRIZ (anagram in Russian which means "Inventive

Solutions Theory Problems”) in a factory of automotive valves, evaluating its impact

and improvements generated. One of the tools designed to interpret market data and

the other in innovative ways to solve the current problems. The data used for the

research were the feedbacks sent by customers at the end of 2014, therefore, the

methodology used is the "ex post facto" because the data can not be manipulated, but

organized and analyzed. With the collected data, the application of quality

methodologies was made. The results obtained are of the financial and time earnings

for the company and for the customer throughout 2015 and projections for the 2016.

The confirmation of the improvements in the customer satisfaction because the

proposal of this work will be regarding with feedback send at the end of 2015. The

company that enabled this work providing your data is located in São José dos

Campos.

Keywords: Lean Manufecturing, QFD, Voice of the customer, TRIZ, DFSS.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo de HOC em uma indústria automotiva visando melhorar a porta

dos seus automóveis..................................................................................................19

Figura 2 - Artigos com QFD em anais da Abepro em 2008..........................................21

Figura 3 - Exemplo de matriz SIPOC vazia .................................................................26

Figura 4 - 40 Princípios inventivos...............................................................................29

Figura 5 - 39 Parâmetros de engenharia ....................................................................30

Figura 6 – Fluxograma simplificado da produção de válvulas......................................35

Figura 7 – Fluxograma de negócios ........................................................................... 36

Figura 8 – Gráfico comparativo dos 4 quesitos do CRR entre 2013 e 2014.................41

Figura 9 – Opinião dos clientes se houve ou não melhora nos 4 quesitos...................41

Figura 10 – House of Quality ..................................................................................... 45

Figura 11 – Fluxograma do processo de cotação........................................................47

Figura 12 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Perda de tempo” e

“Perda de informação” ...............................................................................................48

Figura 13 – Análise de SIPOC da análise de cotação atual .......................................49

Figura 14 – Análise de SIPOC do sistema CRM .........................................................49

Figura 15 – Cabeçalho da análise de cotação antes e depois da TRIZ..................... 50

Figura 16 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Resistência” e

“Confiabilidade” ..........................................................................................................52

Figura 17: Exemplo de caixas menores dentro da caixa externa.................................53

Figura 18: Embalagens com o papel e o saco plástico VCI.........................................53

Figura 19 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Produtividade” e

“Forma”.......................................................................................................................54

10

Figura 20 – Disposição da caixa com 100 válvulas......................................................55

Figura 21 – Disposição da caixa com 140 válvulas......................................................55

Figura 22 – Gráfico comparativo entre os preços das embalagens por válvula...........57

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Requisitos do cliente e seus pesos .......................................................42

Quadro 2 – Características de qualidade e suas tendências ....................................43

Quadro 3 – Níveis de relacionamento entre os requisitos do cliente e as

características de qualidade.......................................................................................44

Quadro 4 – Ganhos com o novo modelo de cotação.................................................56

Quadro 5 – Preço do investimento do saco e papel .................................................56

Quadro 6 – Comparação dos preços das embalagens..............................................57

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................14

1.1. Contextualização...........................................................................................14

1.2. Objetivos ...................................................................................................... 15

1.2.1. Objetivo geral......................................................................................... 15

1.2.2. Objetivos específicos ............................................................................. 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 17

2.1. Design for Six Sigma (DFSS) ........................................................... ............17

2.1.1. Quality Function Deployment (QFD) ...................................................... 18

2.1.1.1. House of Quality - HOQ .................................................21

2.1.1.2. Requisitos dos clientes ..................................................21

2.1.1.3. Características de qualidade..........................................22

2.1.1.4. Análise do mercado........................................................22

2.1.1.5. “Telhado da casa qualidade”..........................................22

2.1.1.6. Matriz de Relacionamentos............................................23

2.1.1.7. Valor do consumidor.......................................................23

2.1.1.8. Peso absoluto e peso relativo.........................................23

2.1.2 SIPOC ........................................................................................................ 25

2.2. TRIZ ............................................................................................................. 27

2.2.1. Histórico.....................................................................................................27

2.2.2. Princípios básicos.......................................................................................28

2.2.3. Principais Ferramentas...............................................................................29

2.3. QFD integrado com TRIZ ............................................................................. 32

3. A EMPRESA ...................................................................................................... 33

13

3.1. Histórico .......................................................................................................... 33

3.2. Produções de válvulas .................................................................................... 33

3.3. Fluxograma dos negócios...............................................................................35

4. METODOLOGIA ................................................................................................. 38

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 40

5.1. Analise dos dados do CRR .......................................................................... 40

5.1.1. Estatísticas do CRR.............................................................................40

5.1.2. Extração de dados para montagem da HOQ.......................................42

5.2. House of quality ........................................................................................... 43

5.3. Aplicação da TRIZ ....................................................................................... 46

5.3.1. Anos de fidelidade dos clientes ............................................................ 46

5.3.2. Problemas gerados na entrega ............................................................ 51

5.4. Ganhos resultantes das ferramentas ........................................................... 55

6. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 58

ANEXO I ................................................................................................................... 62

ANEXO II .................................................................................................................. 63

ANEXO III ................................................................................................................. 64

14

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

Nos dias de hoje, devido a competição no mercado mundial estar cada vez mais

intensa, é fundamental que as empresas melhorem a qualidade dos seus produtos e

busquem novas maneiras de atender os clientes de forma efetiva. A qualidade e o

atendimento efetivo geram uma maior satisfação dos clientes, fazendo com que as

empresas cresçam mais em relação aos concorrentes. Mesmo sendo necessário,

algumas encontram dificuldades para entender o mercado e o que os clientes de fato

necessitam. Outras não utilizam o feedback dos clientes nas tomadas de decisões, o

que podem levar a perda de negócios atuais e a expansão para novos mercados.

A indústria de auto peças atualmente no Brasil, segundo o Sindipeças

(Sindicato das indústrias de auto peças do Brasil), a balança comercial foi deficitária

em US$4,72 bilhões acumulados de janeiro a setembro. As exportações sofreram

um recuo de 6,8% e as importações 22,8% (SINDIPEÇAS 2015). Mesmo a balança

sendo mais favorável do que em relação ao mesmo período de 2014, o mercado

Brasileiro tem importando mais peças do que exportado, mostrando a perda de

espaço das industrias, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo. Outro

fator importante sobre esse mercado é a queda em 19,5% das vendas de

automóveis do Brasil em relação ao mesmo período de 2014 (AUTOESPORTE

2015), o que acirra ainda mais o mercado de autopeças.

O QFD é uma ferramenta desenvolvida no Japão na década de 60 que utilizada

para tratar a “Voz do Cliente”, ou seja, os requisitos do cliente, como fonte de dados

para novas estratégias e negócios. Nos dias atuais, grande parte das empresas

japonesas a utilizam na prática (GHIYA, BAHILL e CHAPMAN 1999). Ouvindo o

cliente, a empresa pode entender melhor o mercado para a tomada de decisões e se

destacar perante o concorrente. O QFD conta com três diferentes abordagens. Todas

utilizam matrizes de priorização e relacionamento, para verificar se diferentes

elementos se relacionam, qual a intensidade dessa correlação, qual a sua importância

e o grau de dificuldade para execução das ações que as envolvem. O que difere uma

15

abordagem da outra é a sua abrangência, o modelo conceitual e a utilização de outras

ferramentas auxiliares.

TRIZ é uma metodologia sistemática para soluções de problemas,

principalmente na área de engenharia. Suas ferramentas possibilitam relacionar os

problemas existentes no projeto, produtos e/ou processos, com soluções inovadoras.

É utilizado como base princípios técnicos, contraditórios, evolutivos, ideológicos e de

recursos (SAVRANSKY 2000). Novas abordagens para os problemas recorrentes,

ajudam as empresas a aumentar a qualidade de seus serviços e, também, ganhar

destaque no mercado.

As duas ferramentas aplicadas juntas, podem ser um poderoso instrumento no

apoio a ações de melhoria de processos e produtos ou novos negócios. Isso se deve

ao fato do QFD indicar quais produtos e processos necessitam de melhorias segundo

o cliente e a TRIZ propor novas soluções para que essas melhorias sejam atingidas.

1.2. Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a viabilidade, e possíveis impactos, do uso conjunto das ferramentas

QFD e TRIZ visando a melhoria de processos e produtos em uma indústria da cadeia

automobilística.

1.2.2 Objetivos específicos

Em decorrência do objetivo geral, tem como objetivos específicos:

Adequar as ferramentas QFD e TRIZ, visando o trabalho conjunto;

Indicar outras ferramentas que também poderão ser utilizadas com QFD e

TRIZ para melhoria dos resultados;

16

Apontar possíveis melhorias nas metodologias abordadas;

Indicar os impactos recorrentes das aplicações das metodologias.

17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Design for Six Sigma (DFSS)

Mesmo possuindo nomes semelhantes, o Seis Sigma e o Design for Six Sigma

(DFSS) possuem ferramentas e propósitos distintos. Primeiramente vamos definir o

Seis Sigma, posteriormente o DFSS e por fim apresentar suas diferenças.

O Seis Sigma pode ser definido como uma metodologia de gestão que tem como

objetivo aumentar os lucros de qualquer organização, independentemente do porte ou

setor, fazendo uso de metodologias e ferramentas que reduzam os custos e melhorem

os processos (ANDRIETTA e MIGUEL 2007). O foco é a redução da variabilidade do

processo, o que diminui as perdas e torna o produto mais confiável. O Seis Sigma,

portanto, é uma metodologia que visa a melhoria dos processos e,

consequentemente, os produtos.

Werkema (2005) define DFSS da seguinte maneira:

O DFSS pode ser definido como uma abordagem metodológica

sistemática, caracterizada pela utilização conjunta de métodos

estatísticos e de engenharia, que, quando adequadamente

empregada, permite que a empresa lance no mercado o produto

certo, no prazo mais curto possível e com custos mínimos

(WERKEMA, 2005, p. 13).

O DFSS pode ser aplicado em projetos mesmo para as organizações que não

possuem o Seis Sigma implementado, o que pode explicar o sucesso dessa

metodologia (FIORAVANTI 2005). Ela é aplicada em projetos que possam atingir o

nível Seis Sigma quando estiverem em operação.

No Seis Sigma é utilizado o DMAIC (Define, Measure, Analyze, Improve e

Control), já no DFSS é utilizado o DMADV (Define, Measure, Analyze, Design e

Verify). Mesmo as 3 primeiras etapas sendo iguais (definição, medição e análise), as

duas últimas fazem com que os focos das ferramentas sejam diferentes. No DMADV,

as etapas de Design e Verificação são feitas para estarem de acordo com as

18

necessidades do cliente, em oposto com as fases finais do DMAIC, onde a fase de

melhoria e controle estão focados em determinar maneiras de ajustar e controlar o

processo. Portanto, o DMAIC define um processo de negócio e como ele será

aplicado, já o DMADV define as necessidades do cliente e suas relações com o

serviço e/ou produto (GRAVES 2012).

No DFSS existem várias ferramentas, além das estatísticas e de criatividade,

que são usadas para atingir seus objetivos, uma delas é a Quality Function

Deployment (QFD).

2.1.1 Quality Function Deployment (QFD)

O QFD teve início no Japão com Yoji Akao em 1966. Ele propôs um conjunto de

matrizes que indicavam quais os pontos mais críticos da qualidade pela ótica do

cliente. Esses pontos críticos, por sua vez, deveriam ser introduzidos nos projetos da

empresa. O trabalho com tema “Desenvolvimento e Garantia da Qualidade de Novos

Produtos: Um Sistema de Desdobramento da Qualidade” (AKAO 1972) foi o primeiro

a abordar o tema em 1972. O primeiro livro publicado foi em 1978 por Yoji Akao e

Shigeru Mizuno, chamado "Desdobramento da Função Qualidade: Enfoque para

Controle da Qualidade Total". Nesse período, a ferramenta se popularizou no país

devido ao sucesso de sua implementação em uma das empresas do grupo Mitsubishi.

(AKAO 1972)

Na década de 80, o QFD começou a ser introduzida no setor automotivo nos

Estados Unidos e hoje é muito utilizada nas empresas desse setor. No final dos anos

80, King (1987) definiu QFD como uma ferramenta para classificar as demandas dos

clientes gerando novas respostas as suas necessidades. Tais respostas deveriam ser

bem sucedidas economicamente e trazer melhorias na qualidade. Para King, essa

ferramenta, por ser multifuncional, poderia trazer novos produtos bem sucedidos no

mercado. No início dos anos 90, o QFD foi definido como um instrumento que traduz

as necessidades dos clientes em requisitos para a empresa em cada uma das etapas

do projeto (EUREKA 1992).

A ferramenta básica do QFD é a “House of Quality” (HOQ), ou “Casa de

qualidade” (Figura 1), ela possui esse nome devido o seu formato. Nela estão

19

cruzadas as informações da qualidade da empresa (características) com a voz do

cliente, ou seja, os seus requisitos.

O primeiro passo para a aplicação do QFD é ouvir a voz do cliente. Ela é ouvida

por meio de formulários em que eles fornecem suas reais necessidades. Essas

informações são colocadas em “árvores” que às classificam em níveis diferentes,

fazendo uma hierarquia entre os requisitos. Posteriormente, são definidos os graus de

importância de cada um desses requisitos do cliente e também a relação da empresa

com seus concorrentes, que podem ser dados de forma relativa ou de forma absoluta.

O segundo passo é utilizar os dados da qualidade dos processos da empresa para

fazer as matrizes de correlação e calcular os pesos relativos e absolutos de cada.

Figura 1 - Exemplo de HOC em uma indústria automotiva visando melhorar a porta

dos seus automóveis

Fonte: Blog da Qualidade1

O QFD chegou no Brasil depois que o governo começou a estimular o

desenvolvimento das indústrias utilizando a melhoria da qualidade e em 1990 foi

criada o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – PBQP. A primeira

1 Disponível em <http://www.blogdaqualidade.com.br/o-qfd-na-pratica/> Acesso em abril 2015

20

instituição a utilizar o QFD foi a Universidade Federal de Minas Gerais. A equipe

chamada “Projeto Gestão pela Qualidade Total” liderada pelo professor Lin Chih

Cheng escreveu um livro, juntamente com outras empresas envolvidas, que auxiliava

na passagem das informações do mercado para padrões da produção, apresentando

uma nova estruturação no desenvolvimento de produtos (CHENG 1995).

Em pesquisa realizada no portal de periódicos da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), depois dos anos 2000 foram

publicados 373 artigos sobre QFD em periódicos de todo mundo. Divididos entre

modelagem, simulação, pesquisa e ação, experimental, survey e revisão bibliográfica.

Grande parte deles onde havia a aplicação direta, também era utilizada outra

ferramenta em conjunto para propiciar melhores resultados na qualidade. Os trabalhos

são feitos nas mais diferentes áreas, principalmente na prestação de serviços e no

desenvolvimento de produtos no setor automotivo.

No Brasil, em pesquisa realizada nos anais do Encontro Nacional de Engenharia

de Produção (Abepro), foram encontrados, desde 2008, 42 artigos relacionados ao

QFD. Assim como na pesquisa feita no site da CAPES, foram utilizadas na maioria

das vezes outra ferramenta em conjunto, e a área mais explorada foi a prestação de

serviços e desenvolvimento de produtos. Tiveram um bom número também de

trabalhos envolvendo conceitos de sustentabilidade. Na Figura 2 podemos ver o

número de trabalhos de QFD publicados na Abepro desde 2008.

21

Figura 2 - Artigos com QFD em anais da Abepro em 2008

Fonte: Elaborada pelo autor

2.1.1.1. House of Quality - HOQ

O QFD é uma ferramenta que relaciona as características de qualidade com os

requisitos do cliente utilizando a HOQ (Figura 10). Para um melhor entendimento da

matriz da matriz, ela será dividida em subitens.

2.1.1.2 Requisitos dos clientes

Os requisitos do cliente são as entradas do sistema. Para obter os requisitos

primeiramente é necessário ouvir o cliente para poder entender suas reais

necessidades. É então feita uma pesquisa qualitativa, para obter seus requisitos.

Dispondo dos requisitos, o próximo passo é definir a importância de cada um.

Essa definição é feita pelo próprio cliente que coloca os requisitos em ordem

decrescente de importância, atribuindo uma nota para eles.

No presente trabalho, os requisitos do cliente foram colhidos utilizando o CRR

(Costumer Relationship Review) que é o feedback anual do cliente, onde sua

finalidade é justamente ouvir as necessidades dos clientes para a tomada de

decisões. Primeiramente os clientes definem o que de melhor está sendo feito naquela

área e o que precisa ser melhorado. E posteriormente define de maneira relativa, qual

dos aspectos do negócio é mais importante para eles, colocando eles em uma ordem

0

2

4

6

8

10

12

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Artigos com QFD em anais da Abepro desde 2008

Artigos com QFD emanais da Abrepo

22

hierárquica.

2.1.1.3 Características de qualidade.

Nessa parte da Casa da Qualidade são colocadas as características da

qualidade. Essas características definem a qualidade que deve ter, seja o produto

final, ou algum aspecto do negócio. Como no CRR é abordado tanto aspectos de

produto quanto dos negócios, é importante definir característica da qualidade para

ambos.

Tais características são definidas juntamente com outros setores da empresa.

Algumas já estão definidas como padrão de qualidade, outras são elaboradas

utilizando equipe multidisciplinares para melhor definir as características.

É importante determinar qual é a tendência desejada para determinada

característica. Por exemplo a característica “número de reclamações” é uma

característica que devemos sempre reduzir seu valor para satisfazer o cliente. Outro

exemplo seria “anos de fidelidade”, que é uma característica que queremos aumentar

constantemente.

2.1.1.4 Análise do mercado.

A análise do mercado faz a comparação de determinado requisito do cliente com

as empresas concorrentes de determinado segmento. Na casa da qualidade, ela é

apresentada de maneira hierárquica, onde é feita a comparação entre o produto da

Eaton e os outros concorrentes existentes no marcado, numerando eles de 1 (pior)

até 5 (melhor). É importante essa informação para determinar em quais aspectos os

concorrentes estão a frente e assim, focar nas ações para as suas melhorias.

2.1.1.5 “Telhado da casa qualidade”

A parte superior da HOC, chamada de telhado da casa da qualidade, relaciona

as características da qualidade e o quanto uma depende da outra, como o aumento

de determinada característica pode influenciar na diminuição ou no aumento de outra.

Ela é importante para determinar as dificuldades de melhoria em determinada

característica e serão uteis no momento de aplicação da TRIZ.

23

2.1.1.6 Matriz de Relacionamentos

É a parte mais importante da Casa da Qualidade. É nela que são definidas as

relações entre os requisitos dos clientes e as características da qualidade. Pode-se

se utilizar símbolos ou valores para estabelecer as relações entre eles. É necessário

informar qual a relação, se é uma relação forte, média, fraca ou até mesmo nula.

Seu preenchimento é feito por meio de uma equipe composta de diferentes áreas

da empresa para que o entendimento das relações seja feito de maneira correta e

precisa.

Os valores estabelecidos nessas relações vão ser utilizados para determinar os

pesos dos requisitos dos clientes para cada uma das características da qualidade.

2.1.1.7 Valor do consumidor

É utilizado aqui o valor que o cliente dá para os seus requisitos. Ele define em

uma escala absoluta o quanto bem estamos indo naquela área ou naquele

determinado requisito. Esse valor será utilizado para calcular os pesos relativos e

absolutos de cada característica da qualidade. No presente trabalho foi adotado uma

escala de 0 (menos importante) até 5 (mais importante).

2.1.1.8 Peso absoluto e peso relativo

Para calcular o peso relativo é levado em conta o somatório do grau de

relacionamento entre os requisitos do cliente e as características da qualidade

multiplicado pelo valor dado pelo consumidor. Como na formula a seguir. = ( × )

Onde VC = É o valor do consumidor e GR = grau de relacionamento entre os

requisitos do cliente as características de qualidade.

24

Com o valor de peso absoluto, é calculado o peso relativo de cada

característica para entender o comportamento do conjunto todo. Sabendo o peso

relativo é possível definir uma classificação, uma ordem, para cada característica de

qualidade e assim propor as respectivas melhorias dando prioridade aos itens de

maior peso relativo.

25

2.1.2 SIPOC

A sigla “SIPOC” (FIGURA 3) é de origem inglesa e cada letra tem um significado

diferente: Suppliers (Fornecedores), Inputs (Entradas do sistema), Process

(Processos, Ações), Outputs (Saídas oriundas dos processos) e Costumers (Clientes).

(WERKEMA 2005).

A principal função dessa ferramenta é mapear algum processo que irá ser

estudado e avaliar melhorias como redução de custos, desenvolvimento de novos

processos e analisar falhar do processo já existentes. Além disso ela é uma importante

ferramenta que permite registro históricos das atividades de uma organização, o que

permite o melhor estudo futuro dos processos. (TEIXEIRA 2013).

Os fornecedores (S) nesse caso são aqueles que irão fornecer as informações,

recursos, matérias ou objetos que sofreram a ação de algum processo que virá a

seguir. As entradas (I) são as informações, recursos, matérias ou objetos

propriamente ditos. O processo (P) é a ação (ou até mesmo conjunto de ações) que

será objeto de estudo na análise de SIPOC. As saídas (O) são os resultados do

processo anterior que as entradas sofreram. E por fim, os clientes (C) são aqueles

que receberam as saídas como produto final do processo e irão trabalhar com elas.

Para o mapeamento correto, é necessário seguir algumas etapas:

1. Definir o(s) processo(s) que será mapeado e nomeá-lo (no infinitivo);

2. Criar a matriz SIPOC para que a equipe possa colocar as informações de

fornecedores, entradas, saídas e clientes;

3. Definir os subprocessos do processo principal: subdividir o processo em

ações que o formam;

4. Definir as saídas dos processos;

5. Identificar todos os clientes os quais serão destinadas as saídas do

processo;

6. Definir todas as entradas necessárias para o processo ocorrer;

7. Identificar os fornecedores corretos de cada uma das entradas do

processo.

26

Figura 3 – Exemplo de matriz SIPOC vazia

Fonte: Elaborada pelo autor

SUPPLIERS INPUTS PROCESS OUTPUTS COSTUMERS

27

2.2. TRIZ

A TRIZ teve início na Rússia entre 1946 e 1974 com Genrich Altshuller. Ele

trabalhou com mais de 200 mil patentes e separou as 40mil com as soluções mais

inovadoras. Depois as organizou em 4 diferentes níveis de acordo com o nível de

inovação, sendo 1 o menos criativo e o 5 o mais. A maior parte das patentes ficaram

nos grupos 1 e 2. Ele concluiu que as invenções se concentravam em 4 áreas de

conhecimento, são elas mecânica, química, eletromecânica e termodinâmica.

Segundo SAVRANSKI (2000), TRIZ pode ser definida como uma metodologia

sistemática baseada em conhecimento, para a solução inventiva de problemas. É uma

metodologia desenvolvida para a solução inovadoras de problemas pois se iniciou na

engenharia. Mesmo tendo suas bases na engenharia, hoje essa metodologia é

aplicada nas mais diversas áreas como publicidade, administração, entre outras.

2.2.1. Histórico

A TRIZ se popularizou nos anos 90 sendo utilizada em empresas de diversos

países do mundo. Grandes empresas começaram a utilizar essa metodologia para

resolução de problemas. A Ford Motors Co por exemplo utilizou a TRIZ para

solucionar problemas nos para-brisas dos carros e reduzir em um terço a vibração em

carros compactos. A Johnson & Johnson também já registrou utilização de TRIZ no

desenvolvimento de alguns produtos. Outras empresas que já abordaram foram a

Motorola e a Procter & Gamble. No Brasil, além das empresas já citadas, a Embraer

registrou o uso do Triz na resolução de um problema de engenharia elétrica. (SMITH

1996, LYNCH 1997)

Em 1995, um grupo de tecnologia e inovação da Kent State University, que

estudavam a metodologia, se aproximaram de Genrikh Altshuller para criar uma

instituição sem fins lucrativos para difundir o TRIZ fora da Rússia. O criador da

metodologia aprovou a ideia e o “Instituto Altshuller” foi criado em 1998 para ajudar e

estimular as pessoas que utilizassem a TRIZ.

Em pesquisa feita nos periódicos da CAPES, foram encontrados 500 artigos

relacionados ao TRIZ (título e palavra-chave) publicados em periódicos de todo o

28

mundo a partir de 2000. Assim como o QFD, as aplicações são nas mais variadas

áreas e sempre sendo acompanhada por outras ferramentas de gestão.

2.2.2. Princípios básicos

Técnica, contradição, evolução e idealidade são alguns dos princípios básicos

da metodologia.

A definição de técnica depende de duas definições, a definição de sistema

técnico (TS) e de processo tecnológico (TP). Qual for o objeto, ele pode ser

considerado um sistema técnico, independente da sua origem, forma e complexidade.

Um processo tecnológico é qualquer ação ou resultado de alguma atividade auxiliada

por um sistema técnico (objeto). O agrupamento de sistemas técnicos e de processos

tecnológicos é o que denominamos técnica. Sendo assim, toda técnica utilizada faz

parte de um sistema maior que agrupa outros subsistemas que interajam no ambiente.

Alshuller, em 1996, chamou de contradição os problemas inventivos que contem

requisitos conflituosos. Essa contradição surge quando uma propriedade requerida é

melhorada e outra, que também é desejada, piorada na mudança de um processo.

Existem três tipos de contradições:

Técnica: Um conflito entre dois subsistemas, geralmente, é representado

por uma contradição técnica, que pode ocorrer de três maneiras distintas:

intensificação ou criação de uma determinada função, cria ou intensifica

uma outra função que prejudicará outro sistema; a redução ou eliminação

de uma função, prejudica uma função de outro sistema; e a intensificação

de uma função útil ou sua eventual redução que seja prejudicial a um

sistema causa um problema em outro sistema (SAVRANSKY 2000).

Fisica: esse tipo de contradição ocorre quando se é intensificado ou

reduzido alguma função de determinado sistema, causa uma

intensificação ou redução de alguma função do mesmo sistema.

Administrativa: ocorre quando se faz necessário fazer determinada tarefa

ou receber determinado resultado, porém, não é conhecido o que é

preciso fazer para isso.

29

A idealidade é utilizada para poder comparar as soluções inventadas. Um

sistema ideal seria basicamente aquela máquina que não gastasse energia e não

tivesse necessidade de manutenção, um motor com total rendimento, um processo

que não gerasse defeitos nos produtos. Infelizmente, essa idealidade não existe,

portanto é necessário criar soluções que se aproximam mais do modelo ideal. A

idealidade pode ser medida utilizando uma formula que divide a somatória dos

benefícios pela somatória das despesas e dos efeitos indesejáveis

= ∑ í∑ + ∑ á

2.2.3 Principais Ferramentas

Altshuller, durante os anos que desenvolveu a metodologia, criou várias

ferramentas ao longo dos anos para melhorar sua metodologia, como os 40 princípios

inventivos (Figura 4), 39 parâmetros de engenharia (Figura 5), 4 princípios de

separação, analise de campo-substancia, 76 soluções standard, efeitos naturais e

padrões de evoluções (ALTSHULLER 1996).

Figura 4 - 40 Princípios inventivos

Fonte: Altshuller, 1969

Os princípios inventivos são sugestões para possíveis soluções inventivas para

os problemas em questão. Eles surgiram por meio da generalização de algumas

soluções encontradas nas mais diversas áreas. (CARVALHO e BLACK 2001). Esses

Segmentação ou Fragmentação Amortecimento prévio Aceleração Uso de materiais porosos

Remoção ou extração Equipotencialidade Transformação de prejuízo em lucro Mudança de cor

Qualidade Localizada Inversão Retro alimentação HomogeneizaçãoAssimetria Recurvação Mediação Descarte e regeneração

Consolidação Dinamização Auto-serviço Mudança de parametro e propriedades

Universalismo Ação Parcial ou Excessiva Cópia Mudança de fase

Aninhamento Transição para nova dimensão Uso e descarte Expansão térmica

Contrapeso Vibração mecânica Substituição de meios mecânicos Uso de oxidantes fortes

Compensação prévia Ação periodica Construção pneumática ou hidráulica Uso de atmosferas inertes

Ação Prévia Continuidade de ação útil Uso de filmes finos e membranas flexíveis

Uso de materiais compostos

Princípios Inventivos

30

princípios podem ser aplicados de maneira direta na solução dos problemas ou

utilizando a matriz de contradições. A aplicação direta depende de quem vai aplicar e

suas habilidades e/ou experiências anteriores com os problemas. Seu uso utilizando

a matriz de contradições depende dos parâmetros de engenharia.

A matriz de contradição é uma ferramenta que foi criada para auxiliar na

identificação dos princípios inventivos que poderiam ser aplicados para solucionar

determinados problemas encontrados. Para sua utilização é necessária uma

contradição física que precisa ser descrita na forma de parâmetro de engenharia

(Figura 5). Tais parâmetros de engenharia são as características envolvidas nos

problemas. Sendo assim a contradição é feita quando um determinado parâmetro é

melhorado e há a piora de outro. Os parâmetros estão nos eixos Y e X da matriz, e

para aplicar a matriz você deve procurar no eixo Y o parâmetro a ser melhorado e no

eixo X aquele que é piorado devido a contradição feita. No encontro dos dois eixos

existe os princípios inventivos sugeridos que podem ser utilizados na solução de tal

contradição. A matriz de contradição completa está presente anexo a esse trabalho

(anexo III).

Figura 5 - 39 Parâmetros de engenharia

Fonte: Altshuller, 1969

Peso do objeto em movimento Tensão ou pressão Potência Fatores indesejados causados pelo objeto

Peso do objeto parado Forma Perde de energia ManufaturabilidadeComprimento do objeto em

movimento Estabilidade da composição Perda de substância Conveniência de uso

Comprimento do objeto parado Resistência Perda de informação Mantenabiliadade

Área do objeto em movimento Duração da ação do objeto em movimento Perda de tempo Adaptabilidade

Área do objeto parado Duração da ação do objeto parado Quantidade de substância Complexidade do objeto

Volume do objeto em movimento Temperatura Confiabilidade Complexidade de controle

Volume do objeto parado Brilho Precisão de medição Nivel de automação

Velocidade Energia gasta pelo objeto em movimento Precisão de fabricação Capacidade ou produtividade

Força Energia gasta pelo objeto parado

Fatores externos indesejados atuando no objeto

Parâmetros de Engenharia

31

Outra ferramenta utilizada na metodologia é a ARIZ, um algoritimo que diz a

sequência para solucionar os problemas de forma inovadora. O número de passos até

a solução depende do problema e pode variar de cinco até sessenta. A vantagem do

uso da ARIZ é identificar contradições e soluções não vistas anteriormente. Os passos

para se construir o algoritmo são: formular o problema, transformar o problema em um

modelo, analisar esse modelo gerado, resolver todas as contradições físicas, e

finalmente formular a solução final (MAZUR 1995).

32

2.3 QFD integrado com TRIZ

A maioria dos artigos que citam QFD ou TRIZ, os integram com outra

metodologia de qualidade. Isso ocorre devido ao fato delas possuírem muitas

vantagens e alguns problemas que podem ser solucionados aplicando-se outra

metodologia ou ferramenta. Devido a essas deficiências, devemos tomar cuidado ao

combinar essas duas ferramentas, pois a melhoria esperada no processo pode ocorrer

aleatoriamente, sem previsões para resultados (KLINE e ROSENBERG 1986).

Para o estudo do QFD integrado com TRIZ, os autores se concentraram nas

relações entre as funções e os mecanismos do produto em estudo, tais mecanismos

eram os componentes, suas partes ou suas peças. Podemos dizer que essas funções

e mecanismos dos produtos possuem uma estrutura hierarquizada, que podem ser

divididas em diferentes camadas, o que auxilia para a aplicação dessas metodologias

(KOWALICK 1998, SUH 1990). Diante disso, alguns autores decidiram fazer

estruturas hierárquicas para as funções e mecanismos, chamando-as de "árvores de

função" e "árvores de mecanismo". Ao utilizar essas “árvores” com as matrizes de voz

do cliente e requisitos de qualidade, é proposto um método para especificar os

mecanismos que devem ser submetidos a inovação tecnológica e para a definição dos

problemas técnicos relacionados com os mecanismos especificados (YMASHINA, ITO

e KAWADA 2002).

As duas metodologias integradas começaram a ser estudas recentemente, após

os anos 2000 com os seus aperfeiçoamentos. China e Japão são os países que mais

escreveram abordando as duas metodologias diferentes. Na maioria dos casos é

criado um algoritmo para suas aplicações. Elas são utilizadas para o desenvolvimento

de um novo produto ou a melhora de processos já existentes.

No Brasil as duas metodologias ainda não foram muito exploradas. Alguns

artigos que tratam de TRIZ, utilizam parte da casa da qualidade para auxiliar no

entendimento dos processos que precisam de soluções inovadoras ou para ser feita

as contradições necessárias na metodologia TRIZ. Já em alguns dos artigos que

utilizam o QFD, tratam o TRIZ como possível ferramenta para solução dos problemas

apontadas no estudo. Portanto, a integração de fato das metodologias no Brasil ainda

é vaga e pouco estudada.

33

3. A EMPRESA

3.1. Histórico

A Eaton é uma empresa multinacional fundada em 1911 em Bloomfield, New

Jersey. A princípio a empresa fornecia apenas peças do setor automotivo o que fez

com que ela em 1914 se muda-se para Cleveland, Ohio. Lá se concentrava a maior

parte das montadoras da época e onde é hoje a sede global da empresa. Hoje a

empresa se encontra em mais de 175 países, com aproximadamente 100 mim

empregados e todas suas companhias combinadas possuem valor de mercado de

$22,6 bilhões.

Nos dias atuais a empresa se divide nos mais diversos segmentos. Ela fornece

soluções na parte energética, auxiliando os clientes a gerarem energia de forma mais

eficaz; é líder mundial em serviços e sistemas elétricos, de transmissão de energia,

hidráulicos, pneumáticos, e segurança. Há produção de equipamentos para

equipamentos aeroespacial e automotiva.

A planta que cedeu seus dados para a realização do trabalho é a de São José

dos Campos, localizada no estado de São Paulo, Brasil. Ela foi fundada em 1957, a

primeira fora dos Estados Unidos, que tinha por finalidade acompanhar o crescimento

do mercado automotivo local. Ela possui uma área de 25m² de construção, com 512

funcionários diretos. Essa unidade tem como objetivo a produção e comercialização

de toda a linha de válvulas de admissão e escapes para a indústria automotiva

brasileira, americana e europeia.

3.2. Produções de válvulas

A grosso modo, pode-se dividir o sistema de produção de válvulas segundo o

fluxograma da Figura 6: corte da barra; conformação; tratamento térmico; solda por

fricção; usinagem semiacabada; usinagem acabada; tratamento superficial; e

estoque:

Corte de barras: Aquecimento da barra em forno com utilização de gás natural

ou por indução. Corte de barras de 6 metros em tarugos que variam de

34

comprimento de acordo com o peso especificado para cada produto. São

cortadas barras com diâmetros específicos.

Conformação: Alimentação automática dos tarugos nas prensas, aquecimento

dos tarugos por indução. Conformação da peça com a ação dos estampos

contra os moldes em dois estágios, um de pré-conformação e outro de

conformação final, que atuam simultaneamente.

Tratamento térmico: Exposição das peças a temperaturas variadas de acordo

com cada tratamento, por tempo determinados conforme cada produto e com

resfriamento em água, ar ou óleo. O aquecimento é feito em fornos por indução

(resistência elétrica) ou por queima de gás (gás natural, propano ou nitrogênio).

Solda por fricção: Junção da cabeça da válvula à haste com ação das forças

de rotação e recalque que geram o aumento de temperatura da região

friccionada e a ligação das partes.

Usinagem semi-acabada: Torneamento com aplicação de tornos verticais

automáticos e tornos CNC universais refrigerados com óleo solúvel sintético.

Retificação com aplicação de retificas tipo centerless universal e retificas de

perfil.

Usinagem acabada: Retificação com aplicação de retifica tipo centerless

universal e plana, com rebolos constituídos de ligas vitrificadas e refrigeradas

com óleo solúvel sintético e óleo mineral.

Tratamento superficial: Eletrodeposição de cromo duro na superfície da peça.

Estoque. Embalagem, etiquetagem e armazenagem das peças para envio ao

cliente.

35

Figura 6 – Fluxograma simplificado da produção de válvulas

Fonte: Elaborada pelo autor

Esse método de produção varia de aplicação, pois as válvulas de escape são

bimetálicas devido os esforços requeridos e as de admissão monometálicas; e ainda

varia de cliente para cliente quando algum deles requer alguma aplicação especial.

3.3. Fluxograma dos negócios

Os negócios da empresa giram em torno das requisições do cliente. O cliente

busca a empresa para iniciar o projeto de um novo produto ou até mesmo a

atualização de um produto já existente. Portanto, o cliente envia uma solicitação de

cotação para a empresa iniciar o processo seus processos internos para isso. O

fluxograma resumido entre o envio da solicitação de cotação e entrega da peças está

no figura abaixo (Figura 7)

36

Figura 7 – Fluxograma de negócios

Fonte: Elaborada pelo autor

O processo interno de cotação passa por todas as áreas, avaliando todos os

custos da operação, gerando diversas premissas que influenciam nos outros projetos

já existentes na empresa ou futuros projetos a serem negociados.

Com o preço já estabelecido, a gerencia avalia a viabilidade de realizar o projeto

do cliente. É levado em conta toas vantagens e desvantagens, e então se aprovado,

o preço final é passado para o cliente.

37

De posse do preço final, o cliente envia uma proposta de acordo comercial

definindo alguns detalhes da venda como início do fornecimento, lote mínimo, tipo de

transporte que será utilizado, condição de pagamento, etc. Então o acordo é assinado

e inicia-se a produção. Com a peça concluída e inspecionada, ela segue para a

expedição onde irá para o cliente final.

38

4. METODOLOGIA

Nesse trabalho, foi feita uma análise quantitativa e o método de pesquisa foi o

“ex-post facto”. “Ex-post facto” pode ser traduzido como “‘a partir do fato passado”,

pois os dados experimentais já foram coletados e não se pode mais altera-los, não se

possui o controle sobre a variável independente. Possui as mesmas características

que a pesquisa experimental, a única diferença seria na disponibilidade de controlar

as variáveis. Foi escolhida essa metodologia pois nesse método foi feita a análise dos

dados já coletados através do feedback dos clientes de uma indústria de válvulas

automotivas no ano de 2014, e partindo deles, estudada a aplicação da metodologia

QFD e TRIZ. Todos os dados a serem utilizados foram cedidos pela Eaton LTDA

localizada em São José dos campos. A autorização para a utilização se encontra em

anexo (Anexo I).

Os requisitos do cliente, necessários para a confecção das matrizes do QFD,

foram coletados utilizando o Customer Relationship Review (CRR). O CRR (Anexo II)

é o formulário de feedback dado pelo cliente levanto em conta quatro áreas. Ele é

preenchido semelhante a uma entrevista, um funcionário da Eaton® visita o cliente

(população) com esse questionário para que possa ser preenchido (coleta). É feito o

questionamento sobre a qualidade dos serviços das áreas em questão, se houve

melhora em relação ao último ano, um comparativo com a concorrência, o que

fazemos de melhor nessa área e o que podemos melhorar, qual das empresas do

ramo faz esse serviço bem, e por último qual dessas áreas é a mais importante. As

quatro áreas em que é divido o CRR são:

Produtividade e Performance: É questionada se a qualidade dos produtos

e/ou serviços atendem suas necessidades, seja as especificações,

embalagens, etc.

Suporte: Aborda se a empresa suporta seus clientes nos negócios, como

tempo de resolução de problemas, garantia, comunicação, e

especialidade técnica.

Inovação: É questionada a inovação na aproximação com o cliente. Se as

necessidades estão sendo entendidas, se são colaborativos, se a

39

empresa apresenta novas ideias, novos designs de transporte e

promoções.

Relação de negócios: Aborda se a relação entre empresa e cliente gera

algum valor para os negócios. É questionado se há ofertas diferenciadas,

se as estratégias de alinhamento e posicionamento futuro são bem

definidas, e se há alguma metodologia de melhoria continua.

Como a coleta desses dados foi feita durante todo o ano de 2014, os dados

foram compilados e analisados durante o ano de 2015 para gerar planos de ação para

a empresa. Esses planos são questionados no formulário de 2015, e em 2016 será

analisado se houve melhora ou se necessita nova ação.

As duas metodologias foram estudadas detalhadamente para uma melhor

adaptação para a aplicação nesse projeto. Existem particularidades de cada uma

delas que pode ser mais explorada que outras.

Com os dados em mãos, foram extraídos os requisitos do cliente (VOC). Esses

requisitos do cliente se relacionam com as características de processos da empresa

para fazer a Casa da Qualidade (HOQ). Com essas duas informações foi possível

calcular todos os fatores presentes na HOQ.

Com os dados da HOQ, foi priorizado em quais pontos deveria ser aplicada a

TRIZ, aqueles que mais precisavam de soluções inovadoras com o objetivo de

verificar quais os impactos que tais soluções proporcionariam para essa indústria. Os

impactos foram avaliados em todos os sentidos, principalmente no aspecto da

qualidade dos produtos e no financeiro.

40

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Analise dos dados do CRR

Para avaliar a satisfação do cliente em relação a diferentes áreas é utilizado o

CRR. As entrevistas para o preenchimento do CRR foram feitas em 2014. As

entrevistas foram conduzidas pelos responsáveis de cada área na Eaton com o

responsável das respectivas áreas do cliente. O setor de qualidade conduz a parte

“Qualidade e performance”; Logística conduz a parte de “Suporte”; Engenharia com

“Inovação”; e Vendas da Eaton é responsável por discutir a “Relação de negócios”

com o setor de Compras do cliente. O preenchimento é feito pessoalmente, as duas

partes se encontram, geralmente na empresa do cliente, para a entrevista. Levam

cerca de 1h todo o processo.

Os dados coletados ao fim da pesquisa são enviados para uma empresa

terceira que irá organiza-los e posteriormente enviar as estatísticas para a gerencia

da Eaton, que as utilizarão para usar ferramentas de melhoria ou identificar as áreas

que precisam de um melhor desenvolvimento.

5.1.1 Estatísticas do CRR

Com as estatísticas dos dados de 2014, pode ser feita a comparação com os

dados de 2013. Com o auxílio das Figuras 7 e 8 podem ser vistos resultados da

pesquisa do CRR.

A Figura 8 mostra a comparação entre as notas obtidas em 2013 e 2014 em

cada um dos quesitos presentes no formulário. Esse valor é uma média dos valores

atribuídos pelo cliente de 0 a 5 que diz o quão bem determinado aspecto está, mas

não necessariamente todos concordaram que houve melhoria ou não.

41

Figura 8 – Comparativo dos 4 quesitos do CRR entre 2013 e 2014

Fonte: Elaborada pelo autor

A Figura 9 indica a comparação entre a avaliação dos clientes em relação a

2013 e 2014. Nessa pergunta, era indicado se cada um dos pontos melhorou, piorou

ou se manteve o mesmo em relação ao último ano. Por exemplo o quesito “Relação

de negócios”, mesmo a nota aumentando houve alguma porcentagem de clientes que

afirmou que esse quesito foi piorado em relação ao último ano.

Figura 9 – Opinião dos clientes se houve ou não melhora nos 4 quesitos

Fonte: Elaborada pelo autor

Relação denegócios Suporte P & P Inovação

2013 4,1 4,2 4,5 4,22014 4,6 4,7 4,4 4,2

4,1 4,2 4,5 4,24,6 4,7 4,4 4,2

0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,55,0

Nota

do

clien

te

Questitos do CRM

2013 2014

42

Com os resultados foi possível analisar alguns clientes avaliaram que a

“Relação de negócios” teve uma nota melhor durante o ano de 2014, e é o segundo

aspecto que, segundo o cliente, a empresa faz de melhor, portanto deve ser

observado com atenção. A “Inovação” e “Suporte” teve ligeira melhora porém abaixo

da “Pesquisa e desenvolvimento”. Deve ser dada atenção especial para “Suporte”

também pois mesmo com pequena melhora foi citado pelos clientes como o que a

empresa faz de melhor, deve ser mantida essa marca.

Para cada área foi gerado um plano de ação diferente dependendo da necessidade

do cliente. Algumas vezes podem utilizar ferramentas para integrar as áreas e facilitar

a determinação de planos. Neste trabalho, utilizamos o QFD para identificar os pontos

mais críticos segundo os clientes, e aplicar a TRIZ para elaborar soluções para eles.

5.1.2 Extração de dados para a montagem da HOQ

Os dados para a montagem da HOQ foram retirados das análises feitas do CRR.

Como já apresentado na revisão bibliográfica, os requisitos dos clientes, bem como

seus valores para o cliente, são as principais entradas da matriz. Os principais

requisitos estão no Quadro 1.

Quadro 1 – Requisitos do cliente e seus pesos

Requisitos do cliente Valor do consumidor Boa qualidade do produto final 5

Preço baixo 4

Prazo correto de entrega 4

Facilidade de relacionamento 3

Suporte tecnologico 2

Velocidade de respota quanto as

necessidades

4

Ausencia de problemas na entrega 5

Suporte na redução de custos 3

Embalagens novas 4

Fonte: Elaborada pelo autor

As características da qualidade foram estabelecidas de duas maneiras

diferentes. Algumas características já estavam estabelecidas pelo setor de qualidade

43

da empresa, e outra foram estabelecidos em reuniões com diversos setores para

melhor definir algumas características que relacionavam com a voz do cliente (Quadro

2).

Quadro 2 – Características de qualidade e suas tendências

Características de qualidade Tendência desejada Número de defeitos superficiais Abaixar

Peso da válvula -

Lead time de produção -

Falhas em testes do produto Abaixar

Peças por entrega Aumentar

Apresentações de soluções para

os clientes

Aumentar

Qualidade do tratamento

superficial

Aumentar

Material da válvula -

Dias até o preço final Abaixar

Problemas gerados na entrega Abaixar

Anos de fidelidade dos clientes Aumentar

% de sucata na produção Abaixar

Fonte: Elaborado por autor

Outra informação que pode ser extraída do CRR e utilizada na HOQ é a Análise

de Mercado. No formulário possui o campo que compara a Eaton com os seus

concorrentes em cada quesito, dizendo se estamos fazendo melhor, pior ou igual.

Também há o campo para dizer quem faz melhor determinado ponto, ou seja, quem

é o Benchmark.

5.2. House of quality

Com os dados de requisito dos clientes e as características da qualidade, foram

feitas as relações entre eles atribuindo-se notas para diferentes relacionamentos

(Quadro 3).

44

Quadro 3 – Níveis de relacionamento entre os requisitos do cliente e as

características de qualidade

Nível de relacionamento Valor correspondente

Relacionamento Forte 5

Relacionamento Médio 3

Relacionamento Fraco 1

Relacionamento Nulo 0

Fonte: Elaborado pelo autor

Juntamente com a característica da qualidade é indicado qual deve ser a

tendência desejada dela, se deve ser aumentada, diminuída ou permanecer

constante. Por exemplo a característica “Número de defeitos superficiais” deve ter

diminuído, ou seja, a tendência desejada para ela é diminuir.

As características da qualidade também são relacionadas levando em conta

sua relação, se o aumento de uma gera uma diminuição da outra, ou vice versa. Essa

informação está presente no telhado da casa da qualidade.

Portando, a HOQ montada (Figura 10), com as devidas entradas e cálculos

realizados, indicam quais as características que devem ter mais atenção e ser

propostas novas melhorias. Com essas informações é aplicada a metodologia TRIZ

para apontar soluções inventivas para os problemas e para a melhoria da qualidade

dos produtos e serviços

45

Figura 10 – House of Quality

Fonte: Elaborada pelo autor

46

5.3. Aplicação da TRIZ

Foi aplicada a metodologia TRIZ para apresentar soluções e/ou melhorias nas

duas características com maior peso relativo que foi constatado utilizando a HOQ.

Portanto, foi utilizada nas características “Válvulas com defeitos gerados na entrega”

e “Anos de fidelidade dos clientes”.

Primeiramente, é necessário identificar os problemas que envolvem cada uma

dessas características. No caso de problemas apresentados durante a entrega o

problema está nas embalagens utilizadas que, muitas vezes, não são mais adequadas

para o transporte requerido. Por exemplo, válvulas que serão exportadas via

transporte marítimo podem apresentar oxidação devido a umidade presente nos

portos e durante a viagem. Ou ainda o cliente recebe menos peças por transporte do

que realmente é necessário, o que pode gerar problemas na sua produção. A outra

característica, “anos de fidelidade dos clientes” pode apresentar problemas em

diferentes aspectos, como na discussão do preço até mesmo a velocidade de resposta

a alguma requisição do cliente. No presente trabalho será focado no tempo entre a

abertura da cotação e a entrega do preço do cliente, que foi um dos aspectos citados

no CRR.

Com os problemas levantados, é encontrada as contradições presentes no

problema para encontrar os princípios inventivos na matriz de contradições.

Encontrando os princípios, é aplicado o princípio adequado solucionando o problema

e melhorando a qualidade do processo.

5.3.1 Anos de fidelidade dos clientes

Para o problema de fidelidade, segundo o CRR, foi identificado o problema de

lead time entre a abertura da cotação que foi solicitada pelo cliente e o envio do

orçamento para o cliente.

O processo de cotação segue um fluxograma (Figura 11) para se chegar no

preço do produto. No fluxograma está presente o tempo que é necessário em cada

etapa.

47

Figura 11 – Fluxograma do processo de cotação

Fonte: Elaborada pelo autor

No fluxograma, pode-se observar que as etapas mais demoradas são no

preenchimento da planilha eletrônica e na coleta de informações da Engenharia,

Controladoria e PCM. Isso se deve ao fato da empresa utilizar dois métodos de

cotação, o CRM (Costumer Relationship Manager), que é o sistema de cotação global

da empresa; e a análise crítica de cotação, que é um sistema para cotação utilizada

na fábrica de São José dos Campos. Utilizando a análise crítica de cotação é possível

se obter o preço de cada uma das peças produzidas, porém para validar esse preço,

é necessário incluir todas as informações no CRM. Quando vai ser incluída as

informações no CRM ocorre uma demanda maior de tempo justamente por não

possuir todas as informações necessárias para seu fechamento, ou seja, a perda de

informação gera um maior tempo de fechamento da cotação.

Portanto, a contradição encontrada nesse sistema é a “Perda de informação”,

que precisa ser melhorada, e a “Perda de tempo”, que é piorada devido as

informações faltantes que precisarão ser encontradas para a inclusão no sistema

CRM. Utilizando a matriz de contradições, são encontrados 4 princípios inventivos

(Figura 12): Intermediação (24), Cópia (26), Substituição de meios mecânicos (28), e

Mudança de cor (32).

48

Figura 12 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Perda de tempo” e

“Perda de informação”

Fonte: Elaborada pelo autor

Nesse caso, o mais adequado é utilizar a intermediação para solucionar o

problema. Este princípio diz respeito ao uso de um processo ou objeto intermediários.

No processo de cotação é utilizado um formulário de análise crítica de cotação onde

todas as áreas da empresa incluem as informações necessárias para chegar no preço

final da peça. Para solucionar o problema de perda de informação, foi incluída no

formulário de análise crítica as informações que são necessárias para a conclusão da

cotação no sistema CRM e não estão presentes no formulário.

O alinhamento das informações que estão faltando na análise crítica de

cotação foi feito utilizando a ferramenta de SIPOC. Primeiramente foi feito a análise

de SIPOC da modelo atual (Figura 13) e posteriormente do sistema CRM (Figura 14).

49

Figura 13 – Análise de SIPOC da análise de cotação atual

Fonte: Produzido pelo autor

Figura 14 – Análise de SIPOC do sistema CRM

Fonte: Produzido pelo autor

Analisando as matrizes e o fluxograma do processo de cotação, foi constatado

que o aumento do número de entradas reduziria uma ação do processo, o que

S I P O CVendas Número da cotaçãoCliente Desenho do ClienteCliente AplicaçãoCliente ClienteCliente MercadoCliente Volumes anuaisCliente SOPEngenharia Eaton PNVendas Requisitos EspecíficosCliente Nome do ProjetoEngenharia Target Price (R$)Câmbio Taxa DollarCliente/Vendas Nível EconômicoCliente/Vendas Cond. PagamentoCliente/Vendas Cond. EntregaControladoria Margem de LucroVendas Quote PriceVendas ComentáriosCliente/Vendas/ Controladoria/ Engenharia

Informações do CRM

Cliente finalEnviar o preço para o cliente

Incluir dados no CRMControladoria

Buscar dados necessários para o CRM

Cotação aberta, Preço

final e Informações para o CRM

Abrir a cotação

Preencher com as informações

Convocar reunião de kickoff

Aguardar outras áreas concluirem

Obter informação do Cliente Engenharia de Manufatura

PCP

Projetos

Qualidade

S I P O CVendas Número da cotaçãoCliente Desenho do ClienteCliente AplicaçãoCliente ClienteCliente MercadoCliente Volumes anuaisCliente SOPEngenharia Eaton PNVendas Requisitos EspecíficosCliente Nome do ProjetoEngenharia Target Price (R$)Câmbio Taxa DollarCliente/Vendas Nível EconômicoCliente/Vendas Cond. PagamentoCliente/Vendas Cond. EntregaControladoria Margem de LucroVendas Quote PriceCliente/Vendas Tipo de EmbalagemLogistica/Vendas Preço da embalagemVendas Valor total do negócioEngenharia Lead time de produçãoVendas ProdutividadeEngenharia Prótotipo/AmostraVendas Outras moedas ($ e €)Vendas Lote minimo de compraCliente/Vendas/ Controladoria/ Engenharia

Comentários

Engenharia de Manufatura

Cotação aberta e preço final

Incluir dados no CRM

Aguardar outras áreas concluirem

Abrir a cotação

Preencher com as informações

Convocar reunião de kickoff

Enviar o preço para o cliente

Pegar informação do Cliente

Cliente final

Controladoria

Qualidade

Projetos

PCP

50

acarretaria na diminuição do tempo entre a abertura e fechamento da cotação. Com

isso, foram incluídas as informações na análise crítica de cotação (Figura 15).

Figura 15 – Cabeçalho da análise de cotação antes e depois da TRIZ

Fonte: Produzida pelo autor

51

5.3.2 Problemas gerados na entrega

Nesse caso de problemas gerados na entrega, ao longo do ano foram

identificados dois principais fatores.

O primeiro deles se remete ao fato de algumas peças sofrerem oxidação devido

ao seu transporte. Quando o envio de peças é marítimo, a umidade do ambiente é

elevada, o que faz com que as válvulas metálicas sofram corrosão. O segundo fato é

que algumas vezes os clientes não recebiam os múltiplos necessários para a sua

produção do mês. Por exemplo: o cliente necessita 1000 válvulas para montar os

motores programados naquele mês, porém no embarque são enviados apenas 800

devido a limitação da embalagem. Isso pode gerar dois outros problemas: o envio de

embalagens extras o que aumentaria o custo ligado ao frete, ou a insatisfação do

cliente, que foi identificado no CRR.

Para o primeiro problema de oxidação podemos utilizar o parâmetro de

engenharia “Resistência” que precisa ser melhorado das válvulas e “Confiabilidade”

das que é reduzido. Há a redução da confiabilidade pois para melhorar a resistência

seria necessário mexer em algumas características da válvula, como material, peso e

tratamentos, o que poderia gerar ainda mais contradições no sistema fazendo com

que ele não se torne confiável. Utilizando a matriz de contradições (Figura 16),

encontramos dois princípios inventivos: o amortecimento prévio ou proteção

prévia(11); e qualidade localizado (3).

52

Figura 16 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Resistência” e

“Confiabilidade”

Fonte: Elaborada pelo autor

O princípio de amortecimento prévio diz que é necessário compensar as

possíveis ações não confiáveis do sistema ou até mesmo do objeto tomando ações

preventivas a priori.

A proteção prévia mais indicada nesse caso seria algum item na própria

embalagem para evitar a oxidação das peças. Existe um tipo de material que reduz o

efeito de oxidação quando colocado no sistema, são os materiais inibidores voláteis

de corrosão (VCI).

As válvulas são transportadas em caixas menores que variam de 48 a 240 peças,

dependendo do tamanho e peso. As caixas menores, que acomodam as válvulas, são

colocadas em uma caixa maior que vão sob o pallet (Figura 17). Posteriormente, os

pallets são colocados nos containers e enviados. Algumas embalagens já utilizam

uma folha de papel VCI na parte superior, em contato com as cabeças das válvulas,

porém isso não é o suficiente para inibir a ação do ambiente oxidante.

53

Figura 17: Exemplo de caixas menores dentro da caixa externa

Fonte: Elaborada pelo autor

A proposta de solução foi padronizar a ação prévia para prevenir a oxidação

incluindo a folha e o saco plástico VCI em todas as embalagens de exportação (Figura

18).

Figura 18: Embalagens com o papel e o saco plástico VCI

Fonte: Elaborada pelo autor

No segundo problema de embalagens com múltiplos diferentes dos necessários

do cliente, ocorre devido o número baixo e limitado de válvulas por cada embalagem

que era utilizado na empresa. Isso acarretava um maior custo relativo a embalagens

por válvula pois as capacidades totais das caixas poderiam ser exploradas. Com um

aumento do número de válvulas por envio geraria uma economia para a empresa. Os

parâmetros de engenharia nesse caso a ser melhorado é a “Capacidade ou

Produtividade (39)”, e o que é piorado é a “Forma (12)” pois, além do peso que iria

aumentar no interior da caixa que podia causar deformação, seria necessário um

aumento nas dimensões para acomodar mais válvulas, o que levaria a uma diminuição

no total de caixa e não geraria ganho.

Utilizando a matriz de contradições (Figura 19), é encontrado quatro soluções

inventivas: “Recurvação (14)”, “Ação prévia (10)”, “Descarte e Regeneração (34)”,

54

“Uso de materiais compósitos (40)”. Nesse problema em questão, iremos utilizar a de

número 10, “Ação prévia”.

Figura 19 – Matriz de contradição: encontro dos parâmetros “Produtividade” e

“Forma”

Fonte: Elaborada pelo autor

Nessa solução padrão diz respeito a duas possibilidades: realize uma ação

(completa ou parcialmente) antes de ser necessária; ou disponha (prepare) os objetos

com antecedência para que eles atuem de forma mais convenientes e rápida quando

forem, necessários.

A solução padrão foi aplicada na embalagem que era mais utilizada na fábrica

(Figura 20). Ela comporta 100 válvulas, dispostas em duas camadas (uma de cada

lado) com 50 cada. Essa embalagem ainda gera um trabalho para o operador, pois

após preencher uma camada, era necessário fechar a caixa e vira-la para preencher

o outro lado. Rearranjando a disposição das válvulas foi possível aloca-las sempre do

mesmo lado da caixa, sem a necessidade de virar a caixa. A nova disposição

comporta quatro camadas de 35 válvulas cada, aumentando o total de peças por caixa

para 140 (Figura 21).

55

Figura 20 – Disposição da caixa com 100 válvulas

Fonte: Elaborada pelo autor

Figura 21 – Disposição da caixa com 140 válvulas

Fonte: Elaborada pelo autor

Além do aumento do número de peças por caixa foi possível aumentar o número

de caixas por pallet, pois a nova caixa era menor do que a caixa antiga de 100

válvulas. Com isso o ganho foi ainda maior.

5.4. Ganhos resultantes das ferramentas

Aplicando QFD na identificação dos maiores problemas pra os clientes e a TRIZ

para as soluções inventivas, foi possível obter ganhos para a empresa. Não só ganhos

financeiros, mas ganhos com o tempo de operação e ainda facilidade do uso de

determinadas metodologias.

No caso da alteração do formulário de análise crítica de cotação, espera-se uma

redução de 7 dias no tempo entre a solicitação da cotação do cliente e a entrega do

preço final. (Quadro 4)

56

Quadro 4 – Ganhos com o novo modelo de cotação

Modelo atual Modelo proposto

Dias da cotação em aberto 21 dias 14 dias

Quantidade média de arquivos no

sistema

5,1 por cotação 3 por cotação

Peso médio dos arquivos no sistema

por cotação

2,86 mb por cotação 1,5 por cotação

Fonte: Elaborada pelo autor

Na situação da oxidação das válvulas no transporte foi possível evitar um

prejuízo fazendo um pequeno investimento apenas. Caso a peça chegasse com

problema de oxidação para o cliente, o lote poderia ser rejeitado e a fatura não ser

paga. Utilizando o exemplo de uma válvula que tem o custo de fabricação de R$5,28,

e o lote contem para esse cliente, o prejuízo seria de R$190.080,00. Os

investimentos necessários nos materiais anticorrosivos são de R$180,20 (Quadro 5).

Quadro 5 – Preço do investimento do saco e papel VCI

Item

Preço

unitário

Quantidade por

caixa externa

Quantidade por

container Preço por container

Folha de

papel VCI R$ 0,002 16 720 R$ 1,30

Saco

plástico VCI R$ 3,99 1 45 R$ 179,55

TOTAL R$ 180,85

Fonte: Elaborada pelo autor

No segundo caso relacionado a mudança de embalagens de 100 para 140

válvulas obteve uma economia financeira (Figura 22). Isso correu pois o preço da

embalagem por válvula é menor, mesmo a embalagem sendo com preço maior

(Quadro 6). Além do fator econômico, foi possível o envio de 4 vezes mais peças.

57

Figura 22 – Gráfico comparativo entre os preços das embalagens por válvula

Fonte: Elaborada pelo autor

Quadro 6 – Comparação dos preços das embalagens

1 Peças por caixa 100 140

2 Caixas por pallet 8 24

3 Peças por pallet (1x2) 800 3360

4 Caixa R$ 4,56 R$ 7,11

5 Caixa externa R$ 15,48 R$ 21,98

6 Pallet R$ 16,00 R$ 24,50

7 Saco VCI R$ 3,99 R$ 6,42

8 Preço total (Completo) R$ 71,95 R$ 223,54

9 Preço por peça (8÷3) R$ 0,09 R$ 0,07

10 Diferença % por válvula -22%

Fonte: Elaborada pelo autor

Com a redução do custo por válvula houve uma economia de aproximadamente

R$44000,00 para a fábrica e uma economia de frete de R$150000,00 para o cliente.

Além disso, esse valor pode triplicar pois futuramente haverá o estudo de

padronização dessa embalagem para outras válvulas.

R$- R$0,01 R$0,02 R$0,03 R$0,04 R$0,05 R$0,06 R$0,07 R$0,08 R$0,09 R$0,10

100 válvulas por caixa 140 válvulas por caixa

Preço por válvula (R$)

100 válvulas por caixa 140 válvulas por caixa

58

5. CONCLUSÃO

O presente trabalho tinha como objetivo principal analisar a viabilidade e os

possíveis impactos da ferramenta QFD e da metodologia TRIZ para a melhoria de

processos e produtos na Eaton LTDA.

O uso de QFD foi satisfatório pois o formulário utilizado, bem como a forma com

que a pesquisa foi conduzida, possibilitou a correta coleta de dados necessário para

a construção da House of Quality. Interpretando os valores da matriz foi possível

identificar os principais requisitos do cliente que eram importantes e quais

características da qualidade necessitavam de algum tipo de melhoria. Então, as duas

principais características foram estudas.

A metodologia TRIZ aplicadas nos problemas, ligadas a cada uma das principais

características presentes na matriz, também foi bastante eficaz. Os ganhos referentes

ao tempo, no caso da análise de cotação, e de custo, no caso da mudança de

embalagens, constataram essa eficácia.

Outra ferramenta de melhoria que foi utilizada para a solução dos problemas foi

o SIPOC. Ela foi importante para facilitar o encontro da solução inventiva de problemas

na metodologia TRIZ.

Sendo assim, podemos concluir que as duas ferramentas utilizadas juntas,

puderam solucionar alguns dos principais problemas presentes na Eaton que tinham

relação direta com a satisfação do cliente. Será constatado a real melhoria na

satisfação do cliente com os novos processos no início de 2016 quando for finalizado

a pesquisa do CRR referente ao ano de 2015. Porém essas melhorias já trouxeram

ganhos significantes, tanto financeiros quanto de tempo, para a empresa.

59

REFERÊNCIAS

AKAO, Y. Quality Function Deployment. Cambridge, MA: Productivity Press, 1990.

—. Quality Function Deployment: Integrating Customer Requirements into Product

Design. New York, NY: Productivity Press, Inc., 2004.

—. "New product development and quality assurance deployment system."

Standardisation and Quality Control, 1972: 243–246.

ALTSHULLER, H. And Suddenly the Inventor Appeared. Worcester, MA: Technical

Innovation Center, 1996.

ANDRIETTA, J. M., and P. A. C. MIGUEL. "A Importância do Método Seis Sigma na

Gestão da Qualidade Analisada sobre uma Abordagem Teórica." Revista de

Ciência & Tecnologia Vol. 11, número 20 (2007): 91-98.

Autoesporte. Autoesporte. 10 06, 2015.

http://g1.globo.com/carros/noticia/2015/10/producao-de-veiculos-cai-421-em-

setembro-informa-anfavea.html (accessed Novembro 03, 2015).

BOSSERT, J. L. Quality Function Deployment, A Practitioner’s Approach. New Yor,

NY: ASQC Quality Press, 1991.

CARVALHO, M. A., and N. BLACK. "Uso de conceitos fundamentais da TRIZ e do

método dos princípios inventivos no desenvolvimento de produtos." 3o.

Congresso Brasileiro de gestão de Desenvolvimento de produto.

Florianópolis, SC, 2001.

CHENG, L. C. QFD - Planejamento da Qualidade. 1. Belo Horizonte, MG: Fundação

Christiano Ottoni, 1995.

DOMB, Ellen. "QFD and Tips/triz." Proceedings of the 3d International Symposium

on QFD. Linkoping, Sweden, 1997.

EUREKA, W.H. QFD perspectivas gerenciais do desdobramento da função

Qualidade. Rio de Janeiro, RJ: Qualitymark, 1992.

60

FIORAVANTI, A. "Aplicação da metodologia “Design for Six Sigma” (DFSS) em

projetos automotivos." Dissertação de Mestrado em Engenharia de

Automotiva - USP, 2005.

GHIYA, K. K,, A. T. BAHILL, e W. L. CHAPMAN. “QFD: Validating robustness.”

Quality Engineering, 1999: 593-611.

GRAVES, A. DMAIC vs. DMADV – What is the Difference? December 12, 2012.

http://www.sixsigmadaily.com/dmaic-vs-dmadv-what-is-the-difference/

(accessed Abril 23, 2015).

HAUSER, J. R., and D. CLAUSING. The House of Quality. Harvard Business

Review, 1988.

KING, B. Better Designs in Half the Time: Implementing QFD in America. Methuen,

MA: GOAL/QPC, 1987.

KLINE, S. J., and N. ROSENBERG. An overview of innovation. In The Positive Sum

Strategy. Washington, D.C.: National Academy Press, 1986.

KOWALICK, J. A. "Problem-solving systems: what’s next after TRIZ?" Proceedings of

The 4th Annual International TPD Symposium-TRIZ Conference. California,

1998. 67 - 86.

LINDERMAN, K., R. G. SCHROEDER, S. ZAHEER, and A. S. CHOO. "Six Sigma: a

goal-theoretic perspective." Journal of Operations Management 21 (2003):

193–203.

LYNCH, M. "“Windshield/Backlight Molding Squeak and Flutter (Buzz) Problem."

Proceedings of the third Annual International Total Product Development

Symposium, American Supplier Institute, Reprinted in The TRIZ Journal,

January 1998, 1997.

MAZUR, G. Theory of Inventive Problem Solving. 1995. http://www.mazur.net/triz/.

(accessed 10 10, 2015).

MIGUEL, P. A. C. "Desdobramento da Qualidade no Desenvolvimento de Filmes

Flexíveis para Embalagens." Polímeros: Ciência e Tecnologia 13 2 (2003): 87-

94.

61

—. Implementação do QFD para o desenvolvimento de novos produtos. São Paulo:

Atlas S.A., 2008.

OFUJI, T., M. ONO, and Y. AKAO. Quality Function Deployment Manual. Tokyo:

Nikkagiren Press, 1990.

SAATY, T. L. The Analytic Hierarchy Process. Pittsburgh, PA: RWS Publications,

1990.

SAVRANSKY, Semyon D. Engineering of Creativity: Introduction to TRIZ

Methodology of Inventive Problem Solving. CRC Press , 2000.

SINDIPEÇAS. "Relatório da Balança Comercial de Autopeças." São Paulo, 2015.

SMITH, L. "Using TRIZ to Reduce Vibration During Idling." Proceedings of the 12th

Annual GOAL/QPC Symposium, GOAL/QPC. Methuen, MA., 1996.

SUH, N. P. The Principles of Design. New York, NY: Oxford University Press, 1990.

TEIXEIRA, ANA LUISA ALVES. Mapeamento dos processos: Teoria e Caso

ilustrativo. Rio de Janeiro: PUC, 2013.

WERKEMA, M. C. C. Design for six sigma: ferramentas básicas usadas nas etapas

D e M do DMADV. Belo Horizonte: Nova Lima: Werkema, 2005.

YMASHINA, H., T. ITO, and H. KAWADA. "Innovative product development process

by integrating QFD and TRIZ." International Journal of Production Research

40 (2002): 1031-1050.

YONEYAMA, T., and A. C. LETTIERI. "Su-field: an Educational Example of Inventive

Problem Solving in Electrical Engineering." The Triz Journal. January 13,

2006. http://www.triz-journal.com/su-field-educational-example-inventive-

problem-solving-electrical-engineering/ (accessed Abril 23, 2015).

62

ANEXOS

ANEXO I – Termo de Permissão de uso de informações

63

Anexo II - Customer Relationship Review (CRR).

64

ANEXO III – Matriz de contradição

65

66

67

68