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Universidade Federal Rural do Semi-Árido Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais Curso de Engenharia Química ESTÁGIO NA PETROBRAS ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA EM UM CAMPO DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DO OESTE POTIGUAR Antonio do Nascimento Dantas Filho

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Page 1: TCC FIM.docx

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais

Curso de Engenharia Química

ESTÁGIO NA PETROBRAS

ACOMPANHAMENTO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA EM UM

CAMPO DE PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DO OESTE POTIGUAR

Antonio do Nascimento Dantas Filho

Mossoró, Fevereiro de 2014.

Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Page 2: TCC FIM.docx

Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais

Curso de Engenharia Química

ESTÁGIO NA PETROBRAS

Relatório de estágio curricular

supervisionado realizado na PETROBRAS,

sob orientação do Professor Doutor

Francisco Klebson Gomes dos Santos, como

pré-requisito para o título de Engenheiro

Químico pela Universidade Federal Rural do

Semi-Árido.

Antonio do Nascimento Dantas Filho

Mossoró, Fevereiro de 2014.

Estágio na PETROBRAS

Page 3: TCC FIM.docx

Relatório de Estágio Integrado aceito em 26/02/2014Banca Examinadora constituída pelos seguintes professores:

__________________________________________Prof. Dr. Francisco Klebson Gomes dos Santos

Orientadora - UFERSA

_________________________________________Profª. Drª. Roberta Pereira da Silva

Primeiro Membro - UFERSA

__________________________________________Prof. Diego Ângelo de Araújo Gomes

Segundo Membro - IFRN

Mossoró – Rio Grande do NorteSetembro de 2013

Page 4: TCC FIM.docx

Para onde quer que se dilate o

nosso olhar, em parte alguma vemos

contradição entre Ciências Naturais e

Religião; antes, encontramos plena

convergência nos pontos decisivos. Ciências

Naturais e Religião não se excluem

mutuamente, como hoje em dia muitos

pensam e receiam, mas completam-se e

apelam uma para a outra.  Para o crente,

Deus está no começo; para o físico, Deus está

no ponto de chegada de toda a sua reflexão

Max Plank (1858-1947)

Page 5: TCC FIM.docx

À minha mãe, Maria Valdair, ao meu pai, Antonio do Nascimento, aos meus irmãos, Eddio Dantas, Eric Hendiery e Micael Valtoni.

Agradecimentos

Page 6: TCC FIM.docx

À minha família, pelo incentivo prestado todos esses anos de curso, Principalmente aos meus

pais, Antonio e Valdair.

À minha namorada, Luanda Pâmela, e sua mãe, Maria Duédna, que me apoiaram e rezaram

por mim principalmente nos dias em que chegava estressado, angustiado ou quando queria

desabafar.

Aos todos meus colegas de curso, em especial à Hugo de Paiva , Victor Rafael, Dayalla

Pallitot, Carla Reis, Juliana Serpa, Karen Pereira. Queria dizer que foi muito bom passar todo

esse tempo com vocês, juntos, vencendo as dificuldades e comemorando as conquistas.

A todos os professores que contribuíram direta ou indiretamente na minha formação

profissional e pessoal. Obrigado por compartilharem seus conhecimentos.

Ao meu Orientador Francisco Klebson Gomes dos Santos. Agradeço o incentivo, dedicação e

respeito a mim prestado.

Ao corpo de funcionários do Campo de Produção onde foi realizado o estágio, em especial a

Rangel e ao casal Humberto e Ticiana, que com paciência, dedicação e sabedoria, souberam

me tornar um profissional melhor.

LISTA DE SIGLAS

Page 7: TCC FIM.docx

ANP – Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível.

BS&W –Basic Sediment and Water (Sedimentos Básicos e água)

ETAP- Estação de Tratamento de Água Produzida

TOG- Teor de Óleo e Graxa

LISTA DE FIGURAS

Page 8: TCC FIM.docx

1. FIGURA 1 - Sistemas de tanques da ETAP...............................................................20

2. FIGURA 2 - Tela do supervisório..............................................................................22

3. FIGURA 3 - Esquema da bomba de recirculação......................................................26

4. FIGURA 4 - Topografia.............................................................................................30

5. FIGURA 5 - Malha de escoamento............................................................................31

6. FIGURA 6 - Layout da planilha referente a pressão de descarga da bomba.............33

7. FIGURA 7 - Curva Característica da bomba de recirculação....................................34

LISTA DE TABELA

1. TABELA 1 - Componentes do sistema de saturação...............................................27

1. TABELA 2 - Comportamento das pressões nas Estações ......................................32

RESUMO

Page 9: TCC FIM.docx

O presente relatório é referente ao estágio curricular desenvolvido pelo aluno do curso de

graduação em engenharia química da Universidade Federal Rural do Semi-Árido,Mossoró -

RN, Antonio do Nascimento Dantas Filho, realizado na empresa PETROBRAS, no campo de

produção X, que se encontra inserida no oeste potiguar. O estagiário desenvolveu atividades

ligadas ao tratamento da produção do Campo X, dentre eles, o estudo do rendimento das

bombas de recirculação da estação de tratamento de água produzida.

Palavras-Chaves: Água produzida, óleo, Estação de tratamento.

Page 10: TCC FIM.docx

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................9

2. OBJETIVOS...................................................................................................................10

3. PETROBRAS.................................................................................................................11

4. ASPECTOS TEÓRICOS................................................................................................13

4.1 DECANTAÇÃO.......................................................................................................13

4.2 COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO...........................................................................14

4.3 FLOTAÇÃO..............................................................................................................16

4.4 FILTRAÇÃO.............................................................................................................17

4.5 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS EM DUTOS...............................................18

5. PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA DA UNIDADE DE

PRODUÇÃO CAMPO X....................................................................................................19

6. METODOLOGIA...........................................................................................................23

6.1 ACOMPANHAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA.......................................................................................................................23

6.2 CONTROLE DO ESTOQUE DE PRODUTOS QUÍMICOS.................................23

6.3 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS.....................................................................24

6.4 SIMULAÇÕES DE DESEMPENHO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO..........25

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................29

7.1 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS.....................................................................29

7.2 SIMULAÇÕES DE DESEMPENHO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO.........32

8. CONCLUSÃO................................................................................................................35

9. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................36

Page 11: TCC FIM.docx

1. INTRODUÇÃO

Durante o período de exploração de petróleo, seja em terra (onshore) ou no mar

(offshore), existe a coprodução de um efluente aquoso, denominado água produzida, que

aumenta de volume gradativamente à medida que a jazida vai amadurecendo.

A água produzida (AP) é a água aprisionada nas formações subterrâneas

trazidas à superfície, juntamente com petróleo e gás, durante as atividades de produção

desses fluidos. Entre os aspectos da AP que merecem atenção estão os seus elevados

volumes e a complexidade da sua composição. Esses aspectos fazem com que o

gerenciamento da AP requeira cuidados específicos, não apenas relacionados com

aspectos técnicos e operacionais, mas, também, aos ambientais. Como consequência, o

gerenciamento da AP resulta em custos consideravelmente elevados e que representam

um percentual significativo dos custos de produção (AMINI et al., 2012).

Um dos destinos para essa água é a reinjeção , primeiramente, com o intuito de

re-pressurizar o reservatório e dessa forma aumentar a recuperação de óleo com

deslocamento da água na formação e, secundariamente, encontrar um destino útil para

aquele volume de água.

No entanto, para não prejudicar a estrutura da formação e não causar um dano

ambiental se faz necessário um tratamento dessa água de forma adequada. Os principais

parâmetros controlados são: concentração de oxigênio dissolvido na água injetada,

concentração de sólidos suspensos, concentração bacteriana, concentração de óleo e

graxas.

O tratamento da água produzida em questão é dividido em duas operações

unitárias: flotação e filtração. Os produtos químicos atuam em diversos momentos no

processo: floculantes injetados nos flotadores, para auxiliar na separação do óleo

disperso na água;bactericidas injetados nos filtros de areia,para preservarem os seus

leitos; sequestrante de oxigênio, injetado nas adutoras para as preservarem de corrosão.

O presente trabalho não mencionará o nome do campo de produção onde foram

realizadas as atividades do estágio, para preservá-la ao máximo.

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Page 12: TCC FIM.docx

2. OBJETIVOS

Esse trabalho tem por finalidade descrever conhecimentos adquiridos durante o

período de estágio (02/09/2013 – 25/03/2014), bem como as atividades realizadas na

empresa PETROBRAS, no Campo de produção X.

10

Page 13: TCC FIM.docx

3. PETROBRAS

Nesse capítulo será feito um breve histórico sobre a empresa onde foi realizado

o estágio supervisionado, assim como suas unidades envolvidas durante o mesmo.

3.1 SOBRE A EMPRESA

Segundo Lemos (2010), foi nos Estados Unidos que a indústria do petróleo

começou sua fase realmente comercial, por volta do ano de 1859, e poucos anos depois

já apareceram dezenas de pequenas companhias petrolíferas.

De acordo com Dias et al. (1993) o petróleo foi descoberto pela primeira vez

no Brasil em 1939, na região de Lobato, Bahia. Em seguida, foi criado o Conselho

Nacional de Petróleo (CNP) e decretado também a propriedade estatal das jazidas de

petróleo e do parque de refino. Mas a consolidação desse processo começou na década

de 50 com o movimento “O petróleo é nosso”.

A PETROBRAS foi criada em três de outubro de 1953, através da Lei 2.004,

dando início de suas atividades através de um acervo recebido do antigo Conselho

Nacional do Petróleo (CNP).

Em 1974 foi realizada a descoberta de óleo na Bacia de Campos, que

posteriormente se tornou a maior área petrolífera do país, e onde foi aplicada tecnologia

de ponta, em termos internacionais, de exploração e produção em águas profundas.

No art. 177 da Constituição Federal de 1988 é garantido o monopólio da União

sobre pesquisa e lavra de jazidas de hidrocarbonetos fluidos, o refino de petróleo

nacional ou estrangeiro, a importação e exportação de petróleo e seus derivados básicos,

assim como o transporte marítimo e por dutos de petróleo e seus derivados, sendo a

PETROBRAS a única executora do monopólio da União.

Em seis de agosto de 1997 é sancionada a Lei nº 9.478, que “dispõe sobre a

política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o

11

Page 14: TCC FIM.docx

Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras

providências”; esta lei quebrou o monopólio da PETROBRAS.

3.2 UNIDADE DE OPERAÇÕES DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DO RIO GRANDE DO NORTE E CEARÁ (UO-RNCE)

A Unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e

Ceará (UO-RNCE) está ligada a Gerência Executiva de E&P Norte e Nordeste. A UO-

RNCE tem sede em Natal, e na sua estrutura possui uma Unidade de Tratamento e

Processamento de Fluidos instalada no Polo Industrial PETROBRAS de Guamaré, além

de três Ativos de Produção - Mossoró, Alto do Rodrigues e Mar.

A produção de petróleo e gás ocorre, em 71 campos de produção, sendo 61

terrestres e dez marítimos, na Bacia Potiguar. No Ceará são dois campos terrestres e

quatro marítimos.

No Rio Grande do Norte há 16 municípios produtores de petróleo e gás:

Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Apodi, Areia Branca, Assú, Caraúbas, Carnaubais,

Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Guamaré, Macau, Mossoró, Pendências,

Porto do Mangue, Serra do Mel e Upanema. E no Ceará são dois municípios, Aracati e

Icapuí.

O campo de produção onde foi realizado o estágio está situado no Oeste

Potiguar. A área requerida para esse campo é de, aproximadamente, 360 km2.

O óleo produzido no campo escoa através de linhas de produção até as suas

diversas Estações Coletoras, sendo enviado para a Estação Central do Campo X e em

seguida enviado para a unidade onde será processado.

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Page 15: TCC FIM.docx

4. ASPECTOS TEÓRICOS

Nesse capítulo são destacados alguns aspectos teóricos relevantes para esse

trabalho, tais como as operações unitárias envolvidas no processo de tratamento de água

produzida, dentre outros.

4.1 DECANTAÇÃO

Trata-se da separação de dois líquidos ou de um líquido e de um sólido,

fundamentada na diferença de densidade que pode ser definida como o movimento de

partículas no seio de uma fase fluida, provocado pela ação da gravidade.

A decantação pode ser livre ou retardada. No primeiro tipo as partículas

encontram-se bem afastadas das paredes do recipiente e a distância entre cada partícula

é suficiente para garantir que uma não interfira na outra. Segundo Foust et al.(2002),

para que a sedimentação seja “livre” o número de colisões entre as partículas não pode

ser exagerado, portanto pode-se ter sedimentação livre em suspensões concentradas.

A decantação retardada ou ainda decantação com interferência, ocorre quando

as partículas estão muito próximas umas das outras, sendo muito frequente o número de

colisões. De um modo geral os fatores que controlam a velocidade de decantação do

sólido através do meio resistente são: Densidades do sólido e do líquido; Diâmetro e a

forma das partículas; Viscosidade do fluido.

A viscosidade do fluido é influenciada pela temperatura, logo, dentro de certos

limites, é possível aumentar a velocidade de decantação através do aumento da

temperatura.

Segundo Pena (2009), a concepção básica de um separador de água/óleo é um

tanque simples que reduz a velocidade do efluente oleoso, de forma a permitir que a

gravidade separe o óleo da água. Como o óleo tem uma densidade menor que a da água,

ele flutua naturalmente, se tiver tempo, para então se separar fisicamente. A equação de

Stokes (1) evidencia a taxa de separação. Os principais fatores que afetam a taxa de

separação são: o tamanho da gota de óleo, a densidade do óleo e a temperatura do óleo.

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Page 16: TCC FIM.docx

Os outros fatores também importantes são: vazão, turbulência e o tamanho das

partículas óleo/contaminantes.

V=2 r2 g ( ρp−ρ f )

9 η(01)

Onde:

V= Velocidade de sedimentação das partículas (cm/s).

g = aceleração da gravidade (cm/s2).

r = raio da gota de óleo (cm).

ρp= Densidade da Partícula (g/cm³).

ρf = Densidade do fluido (g/cm³).

η = Viscosidade do fluido (mPa.S)

4.2 COAGULAÇÃO/FLOCULAÇÃO

Para Brito (1998), a coagulação corresponde à desestabilização da dispersão

coloidal, obtida por redução das forças de repulsão entre as partículas com cargas

negativas, por meio de adição de produtos químicos apropriados, habitualmente com

sais de ferro ou de alumínio ou de polímero sintético, seguidos por agitação rápida, com

o intuito de homogeneizar a mistura.

O objetivo da coagulação é reduzir o potencial zeta, de forma que as forças

repulsivas entre as partículas sejam menores que as forças atrativas intermoleculares,

provocando a desestabilização da emulsão.

Para Shaw (1975), o potencial zeta é um indicador útil que pode ser usado para

prever e controlar a estabilidade de suspensões ou emulsões coloidais. Quanto maior o

potencial zeta, mais provável que a suspensão seja estável, pois as partículas carregadas

se repelem umas às outras e essa força supera a tendência natural de agregação.

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Page 17: TCC FIM.docx

Segundo Pavanelli (2011), os principais mecanismos que atuam na coagulação

são:

Compressão da camada difusa: mecanismo que ocasiona a desestabilização das

partículas coloidais através da adição de íons de carga contrária. Fenômeno esse que é

explicado pela grande concentração de cargas positivas, fazendo com que reduza o

volume de sua esfera para manter-se eletricamente neutra, reduzindo o potencial

elétrico.

Adsorção e Formação de Pontes: Este mecanismo é desenvolvido por

intermédio da utilização de compostos orgânicos (polímeros), sintéticos ou naturais,

utilizados como coagulantes; podem apresentar sítios ionizáveis ao longo de suas

cadeias podendo ser classificados como catiônicos, aniônicos ou anfóteros. Para Di

Bernardo (1993) esse mecanismo é explicado pelo comportamento do polímero como

coagulante, baseando-se na adsorção à superfície das partículas coloidais, seguida pela

redução da carga ou pelo entrelaçamento das partículas nas cadeias dos polímeros.

A floculação consiste na agregação de partículas neutralizadas na fase da

coagulação, formando-se flocos com a ajuda de um floculante (polímero) que se liga às

mesmas através de “pontes”. Os flocos vão aumentando de peso e tamanho, permitindo

a sua sedimentação por ação da gravidade, de forma a poder separá-los da água por

processos como decantação ou filtração.

Para uma desestabilização da emulsão de forma adequada é necessário que se

adicione o floculante sob agitação, pois devido às colisões, seja pelo movimento das

moléculas (Browniano) ou pela agitação externa, ocorre a agregação dos flóculos.

A velocidade de floculação cresce com o aumento da agitação. Dessa forma,

deve-se promover a agitação do meio de modo a promover e intensificar as colisões. No

entanto, a partir de certa velocidade, chamada velocidade crítica, as forças de

cisalhamento resultantes da agitação passam a quebrar os flocos formados. Portanto, o

tamanho do floco formado deve ser controlado pela velocidade de agitação do sistema.

Segundo Biggs et al. (2000), os floculantes são, em sua maioria, polímeros

sintéticos solúveis em água, podendo ter carga catiônica ou aniônica. Esses floculantes

possuem uma faixa adequada de atuação que deve ser respeitada; onde os principais

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Page 18: TCC FIM.docx

fatores são: salinidade, pH, temperatura, grau de agitação. A agitação muito brusca

podem cisalhar a cadeia do polímero.

4.3 FLOTAÇÃO

A flotação é uma técnica de separação de misturas que consiste na introdução

de bolhas de ar a uma suspensão de partículas. Com isso, verifica-se que as partículas

aderem às bolhas, formando uma espuma que pode ser removida da solução e separando

seus componentes de maneira efetiva. A ocorrência do fenômeno se deve à tensão

superficial do meio de dispersão e ao ângulo de contato formado entre as bolhas e as

partículas (De Sousa et al., 2003).

A propriedade de determinada espécie se aderirem a bolhas de ar é designada

por hidrofobicidade (substâncias apolares) e exprime a tendência dessa espécie ter

maior afinidade pela fase gasosa que pela fase líquida. Dessa forma, as espécies que têm

maior afinidade pela fase líquida são denominadas de hidrofílicas(substâncias polares).

De acordo com Schons (2008), o processo de flotação usado para separar óleo

de água consiste das seguintes etapas: Geração das bolhas de gás (normalmente ar) no

interior do efluente; Colisão entre as bolhas de gás e as gotas de óleo suspensas na água;

Adesão das bolhas nas gotas de óleo e ascensão dos agregados óleo/bolhas até a

superfície, onde são removidos.

Referente ao tamanho das bolhas, as microbolhas possuem características que

melhoram a flotação. Possui baixa velocidade ascensional, o que evita o fenômeno de

turbulência e aumenta o tempo de residência do ar no despejo, aumentando assim a

probabilidade de choque de microbolhas com as partículas em suspensão.

Outro fenômeno relevante é a adesão, na qual consiste em a bolha de ar aderir a

uma partícula ao colidirem. Segundo Schons (2008), quanto maior o ângulo de contato,

mais estável é a adesão das bolhas às partículas e, portanto, mais eficaz o processo de

flotação. Assim, como o ângulo de contato é tanto maior quanto menor é a microbolha,

logo, as microbolhas apresentam melhor adesão.

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Page 19: TCC FIM.docx

4.4 FILTRAÇÃO

Filtração é um processo de separação sólido-fluido envolvendo a passagem do

fluido através de uma barreira porosa que retêm grande parte do material sólido que

compõe a suspensão.

De acordo com Foust et al. (2012) a escolha adequada para o dimensionamento

e a escolha dos filtros são:

Viscosidade, densidade e reatividade química do fluido.

Dimensões das partículas sólidas, distribuição granulométrica, forma da

partícula, tendência à floculação e a deformabilidade.

Concentração da suspensão de alimentação.

Quantidade do material que deve ser operado.

Valores absolutos e relativos dos produtos líquidos e sólidos.

Grau de separação que se deseja efetuar.

Custos relativos da mão-de-obra, do capital e da energia.

Segundo Jordão et al. (1995) os filtros possuem diversas formas de serem

classificados:

Técnicas de retenção de sólidos (superficial ou profunda).

Técnicas de filtração (tangencial, convencional, torta, peneiramento etc.).

Força motriz (gravidade, pressão, vácuo, força centrífuga).

Material do meio filtrante (tela metálica, tecido, meio poroso rígido, areia,

papel etc.).

Função (clarificadores, espessadores, retentores, filtros para torta).

Detalhes construtivos (filtros de placas e quadros, de lâmina, rotativos, etc.).

Regime de operação (contínuo, semi-contínuo e descontínuo).

Em virtude da grande quantidade de formas de filtração, será enfatizada a

filtração em leito de areia, pois estar presente no processo de tratamento de água

produzida.

O filtro de areia é um método de tratamento bastante antigo, inicialmente

adotado na remoção de turbidez da água potável. A partir do século XIX, na Europa e

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Page 20: TCC FIM.docx

nos Estados Unidos, passou a ser aproveitado na depuração de esgotos (MICHELS,

1996).

Conforme Foust et al. (2012) os filtros de meio granulados são constituídos por

uma ou mais camadas de sólidos particulados, suportados por um leito de cascalho

sobre uma grade, através do qual o material a ser filtrado flui por gravidade ou por

pressão. Ao longo do período de utilização do filtro, chega-se ao ponto onde a vazão é

reduzida devido à saturação do leito. Para reverter esse quadro, ocorre à lavagem em

sentido contrário ao fluxo convencional para carrear as impurezas presentes no leito.

4.5 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS EM DUTOS

O transporte de gases ou líquidos, como o petróleo e seus derivados, é feito por

meio de dutos, uma infraestrutura fixa que pode ser de superfície, subterrânea ou

submarina e que liga os locais de produção ou extração aos pontos de distribuição,

refino ou embarque, como terminais de portos (Oliveira et al., 2007).

O escoamento de petróleo em oleodutos tem demandado estudos objetivando

maximizar o transporte do fluido, minimizar os custos operacionais do escoamento,

aperfeiçoar o monitoramento e controle dos sistemas de transporte e aumentar a

confiabilidade quanto à prevenção de acidentes ambientais (Wang et al., 1994). No

presente trabalho, esse estudo foi realizado com o auxílio do software PIPESIM

2011.1.2 da SCHLUMBERGER, por onde eram executadas simulações do campo de

produção.

O Simulador PIPESIM é uma ferramenta computacional de escoamento

multifásico em sistemas de produção de óleo e gás. Esta ferramenta modela o

escoamento de fluidos em regime permanente. Possui um conjunto completo de

correlações empíricas e modelos mecanicistas padrões da indústria do petróleo. O

comportamento termodinâmico dos fluidos é avaliado através do modelo black-oil ou

pelo modelo composicional (PIPESIM, 2011).

O modelo black-oil é largamente utilizado pela maioria dos simuladores

comerciais na simulação de reservatório e escoamento multifásico. O termo black-oil

refere-se a qualquer fase líquida que componha gás dissolvido, assim como, para

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Page 21: TCC FIM.docx

hidrocarbonetos produzidos de reservatório de óleo. Na modelagem black-oil a mistura

de hidrocarbonetos é dividida em dois componentes, óleo e gás (Brill et al., 1999).

No modelo composicional o equilíbrio líquido-vapor não é função apenas da

pressão e temperatura, mas também da composição de cada componente presente no

hidrocarboneto. Seu objetivo é calcular as propriedades físicas de cada componente

líquido e gasoso para poder então determinar a transferência de massa entre as fases

(Brill et al., 1999).

O modelo composicional é considerado mais preciso do que o modelo black-

oil, no entanto, pode ser considerado mais caro em termos de tempo e recursos

computacionais. É aplicado para óleos voláteis e condensados, apesar da modelagem

black-oil oferecer resultados satisfatórios para esse tipo de fluido (PIPEMSIM, 2011).

Desta forma, o presente trabalho utilizou do modelo black-oil.

5. PROCESSO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA DA UNIDADE DE PRODUÇÃO CAMPO X

O tratamento realizado na água produzida da Unidade de Produção Campo X

consiste em uma integração de ações físicas e químicas na separação óleo/água,

adequando-as nas normas especificadas para utilizá-la no sistema de injeção na

formação.

A primeira etapa do processo consiste em uma separação por diferença de

densidade auxiliada por produtos químicos, onde o óleo perfaz um percurso de seis

tanques, com suas devidas funções, fazendo com que a quantidade de água e sedimentos

(BS&W) no óleo em um determinado tanque esteja de acordo com as especificações da

ANP, sendo analisada na estação de medição. A outro tanque, se destina a água

produzida para ser enviada a ETAP. Cada um deles possui um conjunto de pontos de

extração de amostras denominado try-cock que servem para aferir qual o perfil do

BS&W no seu interior.

A segunda etapa do processo de tratamento da água produzida consiste em um

sistema de flotação, adequando-a segundo os parâmetros do reservatório para ser

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Page 22: TCC FIM.docx

reinjetada. Primeiramente a água recebe uma determinada quantidade de floculadores

que auxiliam na flotação. O flotador é provido de um sistema de saturação da água com

ar atmosférico. Após a recirculação da água saturada, existe uma etapa de

despressurização onde o ar é liberado em forma de microbolhas e este ao chocar-se com

os flocos de óleo em suspenção no flotador, diminuem a densidade da mistura

floculador/óleo e eleva a superfície. Na parte superior do flotador existe um sistema de

pás que raspam e conduzem a camada oleosa a uma calha e a aloca em uma caixa de

drenagem, que posteriormente é reintegrada ao sistema de tanques. A água, após esse

tratamento, passa por filtros de leito fixo com o intuito de reduzir ao máximo a

quantidade de óleos e graxas e os sólidos suspensos presentes.

A Figura 1 mostra o sistema de tanques da ETAP da Unidade de Produção

Campo X.

Figura 1 - Sistemas de tanques da ETAP.(1) Tanque de lavagem; (2) Tanque de produto; (3) Tanque de pré-flotação; (4) Tanque Desativado; (5) Tanque de Produto 2; (6) Tanque de polimento. Linhas vermelhas: água de combate a incêndio; linhas azuis: água produzida; linhas verdes: óleo.

Antes de a produção desembocar no primeiro tanque, denominado tanque de

lavagem, existe a injeção de desemulsificantes, que auxilia na separação óleo/água. O

tanque possui duas saídas, uma na parte superior, que conduz o óleo para o tanque de

polimento, e uma na parte inferior, que conduz a água para o tanque de carga da ETAP,

denominado tanque de pré-flotação.

20

Page 23: TCC FIM.docx

O tanque de polimento, também denominado de tanque de lavagem, já possui

um maior teor de óleo, que será conduzido pela parte superior ao tanque de produto 2.

Nessa linha é injetado o sequestrante de H2S para que seja preservado, contra corrosão,

o tanque e o duto que envia a produção para a unidade de processamento de fluidos.

Outra saída do tanque 6 é pelo dreno na parte inferior, que será aberto quando se

acumular determinada quantidade de água; essa água é destinada á uma caixa de

drenagem que posteriormente será reintegrada ao sistema.

O tanque de pré-flotação enviará seu conteúdo para o sistema de flotação na

estação de tratamento de água produzida e o óleo residual é conduzido pela parte

superior ao tanque de produto. O conteúdo do tanque de produto é conduzido para o

tanque de produto 2 , onde o óleo deve estar especificado para ser medido na estação de

medição de óleo. Esta estação possui a versatilidade de calcular o BS&W por dois

métodos: caso a concentração ultrapasse 10% em volume é calculado pela densidade da

mistura, sendo necessário conhecer as massas específicas do óleo e da água, caso seja

inferior é quantificada por micro-ondas onde esse método baseia-se na medição do

comprimento e do ângulo de fase da onda que trafega através do fluido óleo/água.

Na linha que liga o tanque de pré-flotação a ETAP, ocorre à injeção de

floculantes. Para ocorrer o melhor desempenho deste produto químico, se utilizam dois

tanques de mistura, onde o primeiro é de agitação rápida, com a função de abrir a cadeia

polimérica do floculante e o segundo é de agitação mais lenta, para homogeneizar e

reduzir a velocidade para entrar no sistema de flotação.

A alimentação de cada flotador ocorre pela parte inferior por dois dutos: água

produzida proveniente dos tanques de agitação lenta e a recirculação da água

previamente flotada saturada com ar devido à ação de saturadores. As moléculas do ar

ao aderir aos floculo, provoca a diminuição do seu peso específico e, consequentemente,

proporciona sua flotação. O flotador, na sua parte superior, possui um conjunto de

raspadores que conduzem o óleo residual à calhas se alocando em uma caixa de

drenagem. Esse será posteriormente encaminhado para o tanque um, sendo reintegrado

ao sistema.

O último estágio do tratamento da água é a passagem pelos filtros de areia,

onde irá reduzir a níveis especificados pelo reservatório o teor de óleo e graxas e sólidos

suspensos ainda existentes. Com o passar do tempo os filtros começam a saturar seus

21

Page 24: TCC FIM.docx

leitos reduzindo a vazão; para reverter essa situação, os filtros possuem um conjunto de

válvulas que permitem a circulação de água no sentido contrário para realizar a

retrolavagem do leito de areia, essa água é conduzida a um determinado local

denominado piscina da ETAP, onde posteriormente será reintegrado ao sistema de

tratamento de óleo novamente. Para a integridade dos leitos e da água são utilizados

dois tipos de bactericida, um de uso contínuo e outro em batelada, para evitar uma

possível resistência das bactérias ao primeiro. Também é utilizado sequestrantes de

oxigênio, cuja função é manter íntegras as linhas de injeção da proliferação de bactérias

aeróbias e de corrosão. Toda água tratada é locada em um tanque e pela utilização de

bombas de alta pressão é destinada a recuperação secundária.

A figura 2 apresenta o esquema sequencial da ETAP, onde o status vermelho

significa em atuação, o status verde informa que estar desligada e a cor azul significa

nível da água no interior.

Figura 2 - Tela do supervisório. (a) Tanque de mistura rápida; (b) Tanques de mistura lenta; (c) Flotador; (d) Bomba de recirculação; (e) Saturados; (f) Tanque de água dos filtros; (g) Bomba dos filtros; (h) Filtros de areia; (i) Tanque de água tratada.

22

(a) (b) (c)

(d) (e)

(f) (g)(h)

(i)

Page 25: TCC FIM.docx

6. METODOLOGIA

6.1. ACOMPANHAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA PRODUZIDA

Atividade realizada diariamente que consisti em observar as variáveis do

processo da estação de tratamento de água produzida através do supervisório,

verificando principalmente o nível e a pressão no saturador, vazão de recirculação,

pressão do filtro de areia e nível dos tanques. Observar-se também através do

supervisório, a injeção e o nível de produtos químicos.

Outras variáveis verificadas diariamente é o TOG, analisando a qualidade da

água ao passar pela ETAP, e o valor do BS&W na estação de medição.

Periodicamente eram realizadas coletas nas estações de injeção de água para

analisar a qualidade da injeção, observando fatores como: número mais provável de

bactérias, teor de CO2 dissolvido, pH, salinidade, teor de sólidos suspensos, teor de H2S,

teor de O2 dissolvido e TOG.

6.2. CONTROLE DO ESTOQUE DE PRODUTOS QUÍMICOS

O gerenciamento do estoque consiste na realização do planejamento de como

controlar os materiais dentro da organização, trabalhando exatamente em cima do que a

empresa necessita para as determinadas áreas de estocagem, objetivando manter o

equilíbrio entre estoque e consumo.

Para ser realizado esse acompanhamento, foi confeccionada uma planilha que

compila informações de bancos de dados da quantidade consumida dos produtos

químicos e informações referentes ao recebimento dos mesmos, assim, obtendo as

entradas e saídas.

Para estabelecer os níveis desejados de estoques, é imprescindível ter a

previsão do consumo dos produtos utilizados. Sabendo disso, foi implementado na

23

Page 26: TCC FIM.docx

planilha uma média do consumo dos últimos cinco dias, para que se tenha uma previsão

da duração do estoque.

Outra funcionalidade é o registro das informações referentes ao consumo, para

observar o seu comportamento durante certo período. Tendo em vista essa necessidade,

a planilha de controle de estoque possui a possibilidade de externar os dados de

consumo graficamente e também por uma tabela, facilitando a obtenção desses dados.

A planilha confeccionada tornou-se uma ferramenta administrativa para a

organização e planejamento do estoque, auxiliando a programação de quando e quanto

se deve comprar os produtos químicos utilizados no processo.

6.3 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS

A simulação de escoamento da produção é uma atividade recorrente devido a

necessidade de aperfeiçoar o monitoramento do fluxo, seja por maximizar a vazão, por

reduzir os custos operacionais ou pela prevenção de acidentes.

Para a realização da simulação no software PIPESIM eram necessários alguns

dados de entrada, tais como: Propriedades físicas do fluido (Densidade, viscosidade,

grau API, razão gás/óleo, BS&W), vazão bruta, pressão, rugosidade da parede interna

dos dutos e para uma simulação mais precisa, a topografia do percurso realizado pelo

duto.

São realizados testes em cada poço do campo de produção em um intervalo de

quarenta e dois dias, especificado pela ANP. Nesse teste, observa-se vazão bruta dos

mesmos e é colhida uma amostra para análise em laboratório. Essas informações são

utilizadas como os dados de entrada nas simulações.

No campo de produção onde foi realizado o estágio, dispõe de um programa

que possui fotografias aéreas de alta precisão e modelo digital do terreno em alta

resolução, gerada a partir do uso de tecnologia digital, onde apresenta o relevo de toda a

área de produção e dos oleodutos. Com essa ferramenta, torna-se possível a obtenção

dos dados do relevo para uma simulação mais precisa.

24

Page 27: TCC FIM.docx

Para obter a informação da rugosidade interna dos dutos em uso, era necessário

possuir alguns dados de campo. Depois de programar toda a simulação com as

propriedades dos fluidos, da vazão e do relevo percorrido, se obtinha as pressões reais

das extremidades do duto a ser simulado; fixava uma e compilava o simulador. Com a

pressão apresentada pelo programa, fazia as correções na rugosidade para aproximar-se

ao máximo dos dados de campo, ajustando o modelo. Assim, obtinha o panorama das

variáveis necessárias para a simulação isotérmica.

Com toda a malha pronta, torna-se possível simular mudanças no escoamento

da produção, seja na alteração do diâmetro dos oleodutos principais, ou, na interrupção

de um destes, informações essas fundamentais para organizar estratégias de otimização

do processo de escoamento.

6.4 SIMULAÇÕES DE DESEMPENHO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO

No processo de flotação da ETAP, o controle da alimentação de água saturada

é de fundamental importância, visto que para um bom desempenho do flotador, deve-se

ter uma corrente de microbolhas adequada para desestabilizar a emulsão óleo/água e

separa-los.

O equipamento responsável por dissolver o ar na corrente de água é o saturador

que consiste em um vaso de pressão. Uma deficiência no desempenho desse

equipamento resulta em TOG´s mais elevados.

A bomba de recirculação é a responsável por apanhar água previamente flotada

e alimentar o saturador. Assim, a execução do saturador depende diretamente de sua

eficiência. Sabendo disso, foi desenvolvido um alarme no supervisório para indicar a

baixa eficiência da bomba de recirculação da estação de tratamento de água para que

seja solicitada manutenção. Segue o procedimento do desenvolvimento do alarme.

25

Page 28: TCC FIM.docx

Figura 3 - Esquema da bomba de recirculação.

Conforme Mello (2010), as perdas de carga referem-se à energia perdida pela

água no seu deslocamento por alguma tubulação. Essa perda de energia é provocada por

atritos entre a água e as paredes da tubulação, devido à rugosidade da mesma.

O balanço de energia, para um escoamento incompressível, pode ser utilizado para avaliar a perda de carga durante o escoamento do fluido no duto segundo a equação de Bernoulli (02).

z1+V ²1

2 g+

P1

ρ g=z2+

V ²2

2 g+

P2

ρ g+∑ F (02)

Onde:

z = Cota em relação ao plano de referência (m)

g = aceleração da gravidade (m/s²).

v = velocidade média do escoamento no duto (m/s).

ρ = peso específico do fluido (Kg/m³).

P = pressão estática na secção transversal (Pa).

∑ F= perda de carga (m).

As perdas de Carga são classificadas em dois tipos:

- Distribuída: São aquelas relativas às perdas ao longo de uma tubulação, sendo função

do comprimento, material e diâmetro.

- Localizada: São aquelas proporcionadas por elementos que compõem a tubulação,

exceto a tubulação propriamente dita. Portanto, são perdas de energia observadas em

peças como, curvas, registros, válvulas, luvas, reduções e ampliações.

26

Page 29: TCC FIM.docx

Assim, foi realizada uma vistoria, elencando e quantificando o comprimento da

tubulação e seus acessórios conforme Cavalcanti et al., 2009 na Tabela que segue:

Tabela 1- Componentes do sistema de saturação.

ACESSÓRIOS Quantidade k (fator)

Comprimento (m) 28 -

Curva Raio Curto 19 1,3

Válvula Borboleta 4 0,4

Válvula Retenção 1 2,5

Medidor de Vazão 1 2,5

Redução 12’ - 8’ 1 0,75

Alargamento 8’ - 12’ 1 0,3

Saída livre 6 1

Saída de Canto Vivo 6 0,5

Para o cálculo da perda de carga total, normalmente trabalha-se com o método

dos comprimentos equivalentes, ou seja, através de tabelas, convertendo-se a perda

acidental em perda de carga equivalente a um determinado comprimento de tubulação.

No presente trabalho foi calculado um comprimento equivalente da perda de carga

localizada pela Equação 03:

hl=∑ kv ²2 g

(03)

Onde:

k = coeficiente de perda de carga localizada.

v = velocidade média do escoamento no duto (m/s).

Para se determinar a perda de carga distribuída do sistema de recirculação foi

necessário resolver a seguinte expressão:

h f=f L v ²D 2 g

(04)

Onde:

27

Page 30: TCC FIM.docx

f = coeficiente de atrito.

L = comprimento da tubulação (m).

D = Diâmetro da tubulação (m).

Para determinar o coeficiente de atrito de forma que se fosse possível modelar

e programar em uma planilha optou-se por escolher a equação de Haaland. Uma

observação importante foi que para todas as circunstâncias do sistema, o escoamento era

turbulento.

1√ f

=−1,8 log log10 [( k3,7 D )

1,11

+6,9Re

] (05)

Onde:

k = rugosidade aparente da parede do tubo (mm).

Re = Numero de Reynolds.

Com o somatório dos dados da perda de carga localizada e distribuída foi

possível determinar a perca de pressão durante o percurso.

O saturador é equipado com uma ferramenta de instrumentação capaz de

informar a pressão desse vaso, sendo essa a pressão final do duto. Logo, somando-a a

perda de pressão durante o percurso, resulta na pressão de descarga da bomba de

recirculação.

As bombas centrífugas são capazes de trabalhar com sensível variação de

vazão, de pressão e de rotação. Assim, as curvas características das bombas centrífugas

relacionam a vazão recalcada com a altura manométrica alcançada, com a potência

absorvida, com o rendimento e, às vezes, com a altura máxima de sucção.

Segundo Cavalcanti et al. (2009), As curvas características da bomba são

obtidas da seguinte forma pelas empresas que as confeccionam: para cada valor da

vazão recalcada, regulada através do registro de recalque, medem-se os correspondentes

valores da altura manométrica, da potência de acionamento e do rendimento, anotando-

os em uma ficha chamada “ folha de teste da bomba”. Após isso, plotam-se os gráficos

em diagrama cartesianos que é fornecido ao cliente.

28

Page 31: TCC FIM.docx

O head de uma bomba centrífuga é a energia por unidade de massa ou unidade

de peso que a bomba tem condições de fornecer ao fluido para uma determinada vazão.

Este pode ser calculado pela variação das alturas monométricas de descarga e sucção.

No presente trabalho, a pressão de sucção é praticamente constante.

Os dados da curva característica da bomba de recirculação da vazão em função

do head foram plotados e obtido uma função do seu comportamento observando a sua

vazão teórica e a vazão média.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 SIMULAÇÕES DE ESCOAMENTOS

Foi simulada toda a malha de escoamento de cada estação a estação central da

área norte do campo de produção, onde foi realizado o estágio. Primeiramente, com o

auxílio do programa que apresenta o relevo do campo, foi obtida toda a malha e as

distâncias percorridas por cada oleoduto. A Figura 4 apresenta a topografia da tubulação

proveniente da estação 4 que aloca no duto principal destinando a produção para a

estação central conforme ilustra a Figura 5.

29

Page 32: TCC FIM.docx

Figura 4 - Topografia.

Algumas estações apresentam ferramenta de instrumentação que informam as

suas vazões ou, caso não tenha essa tecnologia, os dados referentes aos testes dos poços

são capazes de informar a vazão de suas respectivas estações. Referente à pressão,

algumas estações também possuem ferramentas de instrumentação que indicam no

supervisório o seu valor de descarga da bomba de cada estação. Caso não possua tal

aparato, tonou-se necessário ir ao campo para apanhar tais dados. Os dados de vazão e

pressão de cada estação dependem diretamente da quantidade de poços ativos, assim,

são valores individuais.

A Figura 5 apresenta a malha de escoamento da área norte, simulado no

PIPESIM, do campo de produção da realização do estágio.

30

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Figura 5 - Malha de Escoamento.

31

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O objetivo da simulação era interromper a chegada 1 à estação central e

observar o comportamento da pressão na outra. Os dados obtidos na situação 1, onde as

duas extremidades estão ativas, e na situação 2, onde a chegada 1 estar desativada, são

apresentadas na Tabela 4:

Tabela 2 -Comportamento das pressões nas estações.

ESTAÇÃO PRESSÃO (Kgf/cm²)

SITUAÇÃO 1

PRESSÃO (Kgf/cm²)

SITUAÇÃO 2

ESTAÇÃO 1 24 30

ESTAÇÃO 2 30 34

ESTAÇÃO 3 18 20

ESTAÇÃO 4 10 12

ESTAÇÃO 5 8 9

ESTAÇÃO 6 6 7

CHEGADA 1 3 X

CHEGADA 2 3 5

Observa-se que houve um incremento da pressão de descarga nas estações e

uma elevação de 2Kgf/cm² na chegada ativa, dentro do intervalo aceitável informado

pela equipe de inspeção e manutenção, sendo possível a realização da atividade.

7.2 SIMULAÇÕES DE DESEMPENHO DA BOMBA DE RECIRCULAÇÃO

As equações apresentadas na metodologia foram inseridas em uma planilha que

informa a perda de carga e a pressão de descarga da bomba de recirculação. Será

apresentada, Figura 6, o layout da planilha para uma vazão de 350m³/h com a tubulação

de 4 in.

32

Page 35: TCC FIM.docx

Figura 6 - Layout da Planilha Referente à Pressão de descarga da bomba de Recirculação.

33

Page 36: TCC FIM.docx

Observa-se que é preciso informa as dentre as propriedades do fluido a

densidade e a viscosidade. Nas características da linha, os dados de entrada são a

rugosidade e o comprimento equivalente e referente ao processo os dados de vazão e

diâmetro do tubo.

Em um quadro paralelo informam-se todos os equipamentos referentes à perda

de carga localizada com suas respectivas coeficientes. Com a planilha devidamente

preenchida, ao clicar em calcular D é retornado o valor da perda de carga total no

sistema, de 2 Kgf/cm², e a pressão de descarga bomba de 7 Kgf/cm².

A planilha também apresenta o gráfico obtido do manual de instruções da bomba

(Anauguer - 2007), onde são plotadas a vazões médias de recirculação e a que

teoricamente deveria ser segundo o head da bomba (Figura 7).

Figura 7 – Curva Característica da bomba de recirculação – Head x Vazão.

A situação (a) indicado na Figura 7, apresenta o comportamento da vazão

segundo aquele head, já a situação (b), apresenta qual deveria ser a vazão ideal segundo

a curva da bomba para aquela pressão. Foi acordado com os responsáveis pela inspeção

e manutenção da empresa que quando a vazão média medida apresentar valores

34

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inferiores a 20% da vazão ideal fosse direcionado uma equipe ser realizado a revisão na

bomba.

8. CONCLUSÃO

O estágio na PETROBRAS, no Campo X, foi de extrema importância no

aprendizado sobre o tratamento de água produzida e vivência no campo de produção de

petróleo, como requisito de uma formação profissional completa. O acompanhamento

de todo processo, desde o recebimento da produção, decantação, flotação e filtração,

proporciona uma visão sistemática, inteirando conhecimentos da formação teórica do

ensino superior com a prática do dia-a-dia.

35

Page 38: TCC FIM.docx

9. BIBLIOGRAFIA

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