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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARIA CARLA CHITOLINA A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE TRABALHADORES Florianópolis 2013

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MARIA CARLA CHITOLINA

A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES

Florianópolis

2013

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MARIA CARLA CHITOLINA

A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Carolina Giovannini Aragão de Santana, Msc.

Florianópolis

2013

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Aos meus pais que, com muito carinho e apoio,

não mediram esforços para que eu chegasse até

esta etapa de minha vida. Ao meu filho amado que

literalmente, sempre esteve ao meu lado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por me proporcionar esta experiência de vida, de aprendizado,

amadurecimento e evolução moral e intelectual.

Agradeço aos meus pais, por todo apoio, seja ele financeiro ou moral, e por

acreditarem em todos os meus projetos e perspectivas profissionais.

Ao meu filho Matheus, por compreender a minha ausência em momentos

importantes de sua vida, sempre demonstrando afeição e amor mesmo nos momentos mais

difíceis desse percurso.

À minha querida orientadora professora Carolina Giovannini Aragão de Santana

pela paciência na orientação e incentivo nos momentos de dúvida e insegurança.

A todos aqueles cujos nomes não estão expressos aqui, mas que sempre me

incentivaram, contribuindo, direta e indiretamente, para a realização desse trabalho.

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou

o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King)

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo analisar a legalidade da subvenção

patronal ao sindicato de trabalhadores. Para tanto, utiliza-se o método dedutivo, através de

pesquisa exploratória, com o emprego da técnica bibliográfica, analisando a legislação e o

posicionamento atual da doutrina e da jurisprudência correlata ao tema. Inicia-se com um breve

estudo do sindicato, suas origens, evolução histórica, conceito, natureza jurídica, funções além

das principais fontes de custeio. Posteriormente conceituam-se os princípios de liberdade e

autonomia sindical, analisam-se os principais aspectos das Convenções n. 87 e n. 98 da

Organização Internacional do Trabalho, a evolução histórica do sindicalismo no Brasil e as

normas sindicais previstas na Constituição da República Federativa do Brasil. Ao adentrar-se

no tema proposto, descreve-se esta modalidade de financiamento sindical, utilizada por

sindicatos profissionais, bem como suas formas de instituição. São expostos, por fim, os

fundamentos da doutrina especializada quanto à ilegalidade dessa fonte de custeio sindical e o

posicionamento da jurisprudência.

Palavras-chave: Sindicato. Custeio. Liberdade Sindical. Autonomia Sindical. Subvenção.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANAMATRA - Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho

ART - Artigo

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CONALIS – Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical

CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil

OIT – Organização Internacional do Trabalho

SDC – Seção Especializada em Dissídios Coletivos

TAC - Termo de Ajustamento de Conduta

TST – Tribunal Superior do Trabalho

UNISUL – Universidade Do Sul de Santa Catarina

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

2 O SINDICATO .......................................................................................................... 13

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................. 13

2.2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DO SINDICATO ................................... 19

2.3 FUNÇÕES DO SINDICATO .................................................................................. 23

2.4 AS FONTES DE CUSTEIO SINDICAL ................................................................. 27

2.4.1 Contribuição sindical ......................................................................................... 27

2.4.2 Contribuição assistencial ................................................................................... 28

2.4.3 Contribuição confederativa .............................................................................. 30

2.4.4 Contribuição associativa ................................................................................... 31

3 LIBERDADE E AUTONOMIA SINDICAL .......................................................... 33

3.1 CONCEITO DE LIBERDADE SINDICAL ............................................................ 33

3.2 CONCEITO DE AUTONOMIA SINDICAL .......................................................... 35

3.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SINDICALIZAÇÃO NO BRASIL ...................... 37

3.4 A CONVENÇÃO N. 87 DA OIT ............................................................................. 43

3.5 A CONVENÇÃO N. 98 DA OIT ............................................................................. 46

3.6 O SINDICATO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ................................. 49

4 A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES ................................................................................................ 53

4.1 CONCEITO DE SUBVENÇÃO PATRONAL ........................................................ 53

4.2 A SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE TRABALHADORES ........ 54

4.3 A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES ............................................................................................... 58

4.4 DECISÕES JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA MATÉRIA .............................. 67

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 78

ANEXOS ........................................................................................................................ 84

ANEXO A – Convenção n. 87 da OIT ......................................................................... 85

ANEXO B – Convenção n. 98 da OIT ......................................................................... 89

ANEXO C - Convenção coletiva de trabalho 2013/2013 ............................................ 92

ANEXO D – Convenção coletiva de trabalho 2011/2013 ......................................... 100

ANEXO E – Convenção coletiva de trabalho 2012/2013 ......................................... 108

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ANEXO F – Acordo coletivo de trabalho 2013/2014 ................................................ 117

ANEXO G – Acordo coletivo de trabalho 2013/2014 ............................................... 125

ANEXO H – Enunciados 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do

Trabalho ........................................................................................................... 132

ANEXO I – Orientações aprovadas pela CONALIS ................................................ 145

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1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa possui como tema a subvenção patronal ao sindicato de

trabalhadores, tendo como objetivo central analisar se a contribuição a ser paga pelas empresas

ou sindicato patronal em favor do sindicato de trabalhadores atenta contra os princípios da

liberdade e autonomia sindical dispostos nas Convenções n. 87 e n. 98 da OIT e no Art. 8º da

Constituição da República Federativa do Brasil.

O estudo do tema deve-se ao fato de que o Ministério Público do Trabalho vem

recebendo denúncias de que sindicatos profissionais têm subordinando a assinatura de

instrumentos coletivos à inclusão de cláusula prevendo o pagamento de contribuição por parte

do empregador, ou sindicato patronal, ao sindicato obreiro.

O assunto ora escolhido para ser tema de Trabalho de Conclusão de Curso, possui

extrema relevância para a sociedade brasileira, porquanto o sindicato tem como principal

prerrogativa a representação e defesa dos interesses gerais da correspondente categoria

profissional ou econômica e, durante muitos anos lutou-se por um sindicalismo livre e

independente.

Em um momento histórico da redemocratização do País, com o advento da

Constituição da República Federativa do Brasil, em 1988, os princípios da liberdade e

autonomia sindical foram alçados ao nível de garantia constitucional, na qual o sindicato figura

na condição de agente único responsável pelas suas resoluções e decisões, ou seja, sua

organização interna, administração e política dependem, única e exclusivamente, da decisão

dos seus associados, sem influencia ou interferência direta ou indireta de poderes estranhos,

justamente para preservar a instituição sindical em seus fundamentos, prevenindo-se assim, a

ocorrência de mitigações em sua liberdade e autonomia.

Tais disposições são coerentes com as diretrizes das Convenções n. 87 e n. 98 da

Organização Internacional do Trabalho, que consagraram os princípios do direito sindical e a

liberdade sindical individual e coletiva, além de garantir ao grupo organizador do sindicato total

independência e autonomia organizacional, administrativa e financeira, em relação ao Estado,

mas também em face dos empregadores e de suas associações de classe.

Desta forma, pretende-se fazer uma análise da subvenção patronal ao sindicato de

trabalhadores. Delimitando se a sua instituição compromete a independência do sindicato

obreiro no exercício das funções necessárias à defesa dos interesses dos trabalhadores,

implicando em ingerência indevida da entidade patronal, haja vista que tais instituições

possuem interesses, em princípio, divergentes.

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O método de abordagem empregado será o dedutivo. O procedimento utilizado é o

monográfico, em relação à natureza, a pesquisa será básica e quanto ao seu objetivo será

exploratória. Utilizar-se-ão, como técnicas de pesquisa, a bibliográfica e a jurisprudencial.

Durante o processo, a documentação indireta será largamente explorada, como

fonte primária, utilizar-se-ão a lei e a doutrina, como fonte secundária de documentação, os

artigos servirão de precioso recurso para obtenção do embasamento teórico para o trabalho.

Com relação à metodologia, fez-se uso das Normas da ABNT - Associação

Brasileira de Normas Técnicas, atualizadas, e subsidiariamente do Manual de Normatização

disponibilizado pela Universidade Do Sul de Santa Catarina - UNISUL.

Com o escopo de facilitar a compreensão do tema, a presente pesquisa dividir-se-á

em cinco seções, quais sejam:

A primeira seção é a introdução, que descreve o cenário e os elementos da presente

pesquisa.

Na segunda seção, será realizado um estudo acerca do sindicato, suas origens,

evolução histórica, conceito, natureza jurídica, funções e principais fontes de custeio

autorizadas por lei.

Na terceira seção, serão conceituados os princípios de liberdade e autonomia

sindical, bem como serão analisados os principais aspectos das Convenções n. 87 e n. 98 da

Organização Internacional do Trabalho, a evolução histórica do sindicalismo no Brasil e as

normas sindicais previstas na Constituição da República Federativa do Brasil.

Já a quarta seção versará sobre a subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores.

Para tanto, conceituaremos e descreveremos brevemente esta modalidade de financiamento

sindical, comumente utilizadas pelos sindicatos obreiros, delineando as suas formas de

instituição, destacando os fundamentos da doutrina especializada quanto à ilegalidade dessa

fonte de custeio sindical e o posicionamento da jurisprudência.

Por fim, a quinta seção, na qual apresentar-se-á a conclusão de todo o estudo

realizado, acerca da subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores.

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2 O SINDICATO

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Antes de iniciar a discussão inicialmente proposta, e para uma melhor compreensão

da finalidade e da abrangência da atividade sindical, é importante reportar-se à evolução

histórica do movimento sindical no mundo, definindo-se as suas origens e seus momentos

decisivos.

A doutrina ao abordar o contexto histórico do sindicalismo, divide-se quanto ao

momento exato do nascimento desse movimento. Para muitos, foi na antiguidade, que

despontaram os primeiros indícios do sindicalismo, outros defendem seu surgimento na idade

média, e há aqueles que somente reconhecem a sua origem na idade moderna.

Não se pretende aqui, fazer um estudo aprofundado dos aspectos históricos ou

deter-se precisamente a uma cronologia de acontecimentos, mas percebe-se que os autores, em

sua maioria, quando tratam da evolução histórica do sindicalismo, fazem referência a dois fatos

ocorridos na segunda metade do século XVIII, e que foram fundamentais para a origem desse

instituto, nos moldes em que conhecemos hoje, são eles: a supressão das Corporações de Ofício

e a Revolução Industrial.

Na concepção de Vitor Manoel Castan:

A associação ou grupo de pessoas sempre estiveram presentes na história da humanidade de uma forma ou de outra. Um exemplo disso é encontrado no Direito Romano, pois o “síndico era a pessoa encarregada de representar uma coletividade” (um mandatário), no Direito Grego, sindicato deriva de sundike. Existiam as guildas, associação de pessoas voltada “à defesa mútua” de seus próprios interesses, cuja concepção foi cristã e de assistência. 1

No século XII, notou-se uma sensível modificação do espírito da Idade Média, com

o reflorescimento das artes e dos ofícios, surgindo de imediato novas associações profissionais,

que, pela primeira vez não possuíam natureza ou finalidades místicas, as chamadas Corporações

de Ofício.2

Nas palavras de José Carlos Arouca:

1 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 20. 2 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 11.

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As corporações representavam o poder econômico, pois arrecadavam impostos e pagavam para obter e manter privilégios, inclusive para exercer determinada atividade, recebendo para tanto, uma carta patente outorgada pelo imperador. Além disso, contavam com o apoio da igreja e, através do monopólio, exploravam aqueles que só dependiam da força de trabalho. E foram criadas com o objetivo de dividir o povo. Compunham-se de três categorias hierarquizadas: mestres, companheiros e aprendizes, cuidando da regulação de suas atividades e solução de divergências. O exercício da profissão passava pelo aprendizado a serviço de um mestre, após o que o artesão tornava-se companheiro ou oficial. Só com muito esforço e apoio chegava a mestre.3

Mas, como aponta José Claudio Monteiro de Britto Filho, somente em tese havia a

possibilidade de ascensão, do primeiro (aprendiz) ao último grau (mestre). O aprendizado do

ofício ficava a critério dos mestres e estes, por sua vez, retardavam ao máximo a promoção de

seus aprendizes. E é justamente em função da sua estrutura de organização, que reunia o capital

(mestres) e o trabalho (companheiros e aprendizes) que, na doutrina, fomentam-se

posicionamentos contrários quanto à definição das corporações de ofício como embrião do

sindicalismo.4

Para Mozart Victor Russomano, a rígida estrutura das organizações corporativas foi

um dos fatores determinantes para a sua decadência. Os mestres, de forma abusiva, desfrutavam

de todos os benefícios de sua condição e controlavam o acesso ao último grau, desencadeando

a revolta dos companheiros e aprendizes e ocasionando a ruptura interna das corporações.5

Segundo afirma José Claudio Monteiro de Britto Filho, “a supressão das

corporações de ofício, decorre da adoção do liberalismo, que se revela incompatível com a

existência de associações ou assemelhados que se pudessem sobrepor entre os indivíduos e o

Estado”.6

Complementando este entendimento, Amauri Mascaro Nascimento leciona:

O liberalismo da Revolução Francesa de 1789 suprimiu as corporações de ofício, dentre outras causas por sustentar que a liberdade individual não se compatibiliza com a existência de corpos intermediários entre o indivíduo e os Estado. Para ser livre, o homem não pode estar subordinado à associação, porque esta suprime a sua livre e plena manifestação, submetido que fica ao predomínio da vontade grupal. Essa posição doutrinária, que serviu de suporte para a extinção das corporações de ofício, de longo desenvolvimento histórico, viria a provocar, com a efetivação dos seus

3 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p.15. 4 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 51. 5 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p.13. 6 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 52.

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objetivos, a interrupção de um procedimento associativo e a dissociação dos mestres, companheiros e aprendizes.7

Além de todos esses fatores, a economia passava por profundas modificações,

surgia a indústria e desenvolvia-se a mecanização e o comércio internacional, fatores esses que,

de certa forma, contribuíram para o fim das corporações de ofício, pois faltava-lhes

flexibilidade suficiente para suportar todas estas transformações.8

José Claudio Monteiro de Brito Filho destaca que “[...] foi a Revolução Industrial

que propiciou os fatores que permitiram o agrupamento dos trabalhadores em moldes distintos

dos observados até então”.9

A Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII transformou profundamente as

relações sociais, familiares e de trabalho, como bem descrevem Orlando Gomes e Elson

Gottschalk:

O quadro sociológico em que se desenvolveu o sindicalismo moderno foi aberto pela primeira Revolução Industrial, expressão cuja paternidade é atribuída a Arnold Toynbee e que reporta às profundas inovações técnicas, que deram origem à indústria moderna. A técnica tornou-se mais poderosa e ao mesmo tempo mais exigente. Começavam a agrupar os homens em massa compacta em torno das máquinas. E essas massas, sem as quais o progresso não era possível, começaram a perceber ao longo do tempo que não lhes fora reservado um lugar humano na estrutura social individualista. O sofrimento amplificado pelas crises econômicas, levou-as a se unirem, a se organizarem. Assim, a vida comum das oficinas, o trabalho em manufaturas, depois em maquinofaturas, despertaram entre os operários a consciência de sua comunidade de interesses. Com a liberdade de imprensa, o maquinismo e a obsessão do lucro, a necessidade da mão de obra não cessa de aumentar. A miragem do trabalho industrial provoca o êxodo dos trabalhadores rurais para as aglomerações urbanas. Isso determina o excesso da mão de obra nas cidades, o desemprego, que se agrava com a introdução de novas máquinas e pelo recurso à mão de obra feminina e infantil. As jornadas de trabalho são longas, até dezesseis e dezessete horas; os salários diminuem. Assim, a miséria é grande; nenhuma higiene nas oficinas, nenhum saneamentos nos quarteirões operários que, estão superlotados. Acumulados nas “caves” e “taudis” miseráveis, esta mão de obra toma pouco a pouco consciência de sua miséria, da comunidade de seus interesses, de seu poder político. As diferenças sociais tornam-se nítidas, os antagonismos agravam-se. Assim, a técnica, criando uma nova psicologia e apoiada por novas forças econômicas, conduz a uma transformação da atmosfera doutrinária e política. É este clima que explica o nascimento do movimento operário moderno do sindicalismo10. (grifos do autor)

7 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 1185 e 1186. 8 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p.14. 9 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 52. 10 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 538 e 539.

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José Carlos Arouca segue esse mesmo entendimento, complementando que a

Primeira Revolução Industrial deu causa à questão social. Os baixos salários, as longas

jornadas, as péssimas condições de vida, além da concentração industrial, provocada pelo

avanço tecnológico, aproximou os trabalhadores, que se uniram e reagiram. Primeiro ocorriam

reuniões e coalizões ocasionais, depois, organizações duradouras com propósitos bem

definidos.11

Na opinião de Vitor Manoel Castan, as transformações, trazidas pela Revolução

Industrial, contribuíram muito para o surgimento dos sindicatos, inicialmente na Europa, e

posteriormente difundindo-se pelos demais continentes:

[...] as mudanças advindas da Revolução Industrial, na sociedade, no trabalho, na economia, na produção, na fase do Estado liberal, contribuíram enormemente para o surgimento do sindicato como se conhece hodiernamente. Também, esses processos de mudança na Europa e depois nos demais países do mundo, se fizeram presentes, cada uma seu tempo, pois, a organização dos sindicatos se relaciona ao surgimento e crescimento das próprias indústrias.12

Desta forma, é evidente que o nascimento do sindicalismo reúne diversas

influências, porquanto não possui um único fator determinante. Ele é resultado de um processo

histórico, composto por um complexo emaranhado social, político e econômico, canalizados

para um único ideal comum de valorização do homem como pessoa e de reconhecimento dos

direitos essenciais à defesa de seus interesses e à expansão de sua personalidade.13

Corroborando com este entendimento, conclui Mauricio Godinho Delgado:

É claro que se pode investigar acerca da existência de tipos de associação entre seres humanos ao longo da história; muitos desses tipos terão existido, desde a Antiguidade Oriental, passando pela Antiguidade Clássica, Idade Média até as proximidades de emergência histórica do capitalismo. Mas, certamente, os exemplos associativistas encontrados sempre guardarão diferenças fundamentais, essenciais, perante os contemporâneos sindicatos. É que jamais houve antes, na História, sistema econômico-social com o conjunto de características do capitalismo, assim como jamais houve antes na História, relação socioeconômica de produção – relação de trabalho – com as características específicas da relação de emprego, ocupando o papel nuclear que esta ocupa no sistema econômico dos últimos dois ou três séculos.14

11 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p.16. 12 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 25. 13 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p.16 e 17. 14 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1258.

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Desta forma, a evolução histórica do sindicalismo costuma ser dividida pela

doutrina em três fases distintas: a fase de proibição, a fase de tolerância e a fase de

reconhecimento jurídico.

José Claudio Monteiro de Britto Filho esclarece que essas fases não ocorrem

exatamente da mesma forma e na mesma ordem em todos os países. Em alguns países, certos

períodos não se dão, ou não podem ser observados nitidamente.15

Segundo Mauricio Godinho Delgado, “a primeira fase de desenvolvimento das

associações sindicais foi extremamente difícil, porque não reconhecida sua validade pelas

ordens jurídicas da época”.16

A respeito da fase de proibição Vitor Manoel Castan explica:

A primeira fase de proibição, iniciada com a Lei Le Chapellier de 1791, que proibia as reuniões para deliberações de interesse comuns, ainda, na França, a Lei contra a Conjura, de 1799-1800 (Código de Napoleão), sujeitando os sócios do sindicato a penas criminais, ademais, as coalizões, eram consideradas atos conspiratórios.17

Sobre este ponto, José Claudio Monteiro de Britto Filho elucida que “a proibição

não se dirigia apenas às associações com cunho estritamente reivindicatório-profissional, e sim

com o próprio direito de associação, incompatível com o ideário liberal da época”.18

Contudo, com o passar dos anos, a postura do Estado começa a mudar, iniciando-

se o período denominado de fase de tolerância, em que o Estado, mesmo não reconhecendo o

direito de associação no plano jurídico, descriminaliza a coalizão.19

Sobre esta fase intermediária Vitor Manoel Castan esclarece que “a Inglaterra ‘uma

vez mais’ foi pioneira, nesse processo, extinguindo o delito de coalizão de trabalhadores na

década de 1920; Também, na Alemanha, em 1869 e na Itália, em 1889, as reuniões de

trabalhadores deixaram de ser delito.”.20

15 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 53. 16 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1260. 17 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 25. 18 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 54. 19 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 55. 20 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 25.

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Assim, os sindicatos mesmo sem o apoio legal vão se incorporando ao cotidiano e,

segundo leciona Carlos Alberto Chiarelli a Igreja Católica também teve papel importante

durante esse período:

[...] através da Encíclica “Rerum Novarum”, da autoria de Leão XIII, manifestou-se criticamente sobre o contexto, não aceitando a situação a que estava sendo submetida a classe trabalhadora. O documento papal significou um esforço para elevar o padrão dos operários, cuja condição calamitosa era flagrante; relacionava causas de tal estado de coisas, tais como a destruição dos antigos grêmios (sem adequada substituição por instituição sucessora), a desordenada ambição deflagrada pelo regime da livre concorrência etc. Dessa maneira, a Encíclica identificava, implicitamente, no liberalismo, as origens do quadro socioeconômico danoso, e particularmente seu reflexo no mundo do trabalho, propondo a intervenção estatal corretiva, por entendê-la necessária. 21

Sob esta nova perspectiva, o sindicalismo persiste em sua evolução e o Estado,

como não poderia deixar de ser, deixa de lado sua postura de indiferença legal à questão e se

curva a uma nova realidade, impossível de ser ignorada, dando inicio a uma nova fase,

denominada fase de reconhecimento.22

Vitor Manoel Castan explica que nesta terceira e última fase, o direito de associação

passa a ser reconhecido “na França, por meio da lei ‘Waldeck Rouseau, de 1884’, reconhecendo

a liberdade de associação sindical. Na Inglaterra, apenas em 1875 que houve a possibilidade de

criação livre de sindicatos e o reconhecimento das Trade-Unions.”23

Seguindo neste novo período, um marco significativo deu-se com a Constituição

Mexicana de 1917 e a Alemã de Weimar de 1919, sendo as primeiras a permitirem

expressamente em seu texto a liberdade de associação dos trabalhadores, e que deram inicio ao

fenômeno conhecido como “constitucionalismo social”.24

Indispensável registrar nesta fase, após a Primeira Guerra Mundial, a criação da

Organização Internacional do Trabalho (OIT), através do Tratado de Versalhes, em 1919 como

parte da Sociedade das Nações, que em 1946, se converteu no primeiro organismo especializado

das Nações Unidas.25

21 CHIARELLI, Carlos Alberto. O trabalho e o sindicato: evolução e desafios. São Paulo: LTr, 2005. p. 108. 22 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 55. 23 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 26. 24 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 26. 25 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 56.

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A OIT é um organismo especializado das Nações Unidas que trata da proteção das

relações entre empregados e empregadores no âmbito internacional por meio de tratados e

convenções internacionais, procura fomentar a justiça social e os direitos humanos e trabalhistas

internacionalmente reconhecidos. Formula normas internacionais de trabalho, revestidas na

forma de convenções e recomendações pelas quais se fixam condições mínimas em matéria de

direitos trabalhistas fundamentais. Presta assistência técnica nas questões relacionadas com o

trabalho e fomenta o desenvolvimento de organizações independentes de empregadores e de

trabalhadores e lhes facilita formação e assessoramento técnico.26

Dentro do sistema das Nações Unidas, a OIT é a única organização que conta com

estrutura tripartite, porquanto empregadores e trabalhadores participam em pé de igualdade com

os governos em seus órgãos de administração.27

2.2 CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DO SINDICATO

Após os esclarecimentos acerca da evolução histórica do movimento sindical no

mundo, resta agora tecer considerações sobre o conceito e natureza jurídica deste instituto para

definirmos qual o seu verdadeiro propósito.

Em princípio, Carlos Alberto Chiarelli nos apresenta a origem etimológica da

palavra sindicato:

O passado pode ajudar no encontro etimológico da palavra sindicato. Gallart Folch afirmava que o termo francês “syndicat” – antecedente do nosso – designava aqueles que se achavam vinculados a uma corporação ou, em outras palavras, encontravam-se sob a tutela de um “syndic”. Syndic, por sua vez, originava-se do grego e sua mais adequada concepção (modernizada) seria “procurador”. E foi tal expressão, com tal raiz, que veio a difundir-se pela latinidade, batizando essa instituição tão complexa e multifacetada: o sindicato. Em Italiano, sindacato; em Espanhol, como no Português, sindicato, todos circunavegando a expressão franco-grega que serviu de matriz e referência. Já o mundo anglo-saxônico seguiu outros roteiros etimológicos e vocabulares. No Alemão, utiliza-se arbeitwerein e/ou gesellchafts, enquanto no Inglês, titulam-se as entidades sindicais de trade unions.28

Segadas Vianna afirma que ao definir o sindicato, os autores divergem na maneira

de encará-los: uns o veem no sentido clássico de coalizão permanente para a luta de classes,

26 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 125. 27 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 126. 28 CHIARELLI, Carlos Alberto. O trabalho e o sindicato: evolução e desafios. São Paulo: LTr, 2005. p. 137.

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outros já o entendem como órgão destinado a, de forma ampla, solucionar o problema social, e

ainda outros, dão-lhe uma posição de ação e influência em todo o complexo social. 29

Mauricio Godinho Delgado apresenta a seguinte definição para sindicato:

Sindicatos são entidades associativas permanentes, que representam trabalhadores vinculados por laços profissionais e laborativos comuns, visando tratar de problemas coletivos das respectivas bases representadas, defendendo seus interesses trabalhistas conexos, com o objetivo de lhes alcançar melhores condições de labor e vida.30

Ainda segundo o mesmo autor, esta definição levou em consideração somente os

sindicatos obreiros, entretanto, na medida em que surgiram os sindicatos empresariais, a

definição tornou-se mais ampla, abrangendo os dois pólos trabalhistas, senão vejamos:

Nesta linha mais lata, envolvendo empregadores, empregados e outros obreiros que se vinculam sindicalmente (como profissionais liberais e trabalhadores avulsos), sindicatos seriam entidades associativas permanentes, que representam, respectivamente, trabalhadores, “lato sensu”, e empregadores, visando a defesa de seus correspondentes interesses coletivos.31

Complementando esse entendimento José Claudio de Brito Filho leciona que os

sindicatos nasceram como forma de concentração de esforços de um grupo de indivíduos em

prol de seus interesses comuns, interesses esses que em um primeiro momento eram apenas

profissionais, “o sindicato em princípio, é forma de associação ligada intimamente aos

trabalhadores, muito embora ele seja admitido, em alguns países, como o Brasil, como forma

de agrupamento de empregadores”.32

Roberto Barreto Prado conceitua sindicato como uma “associação que tem por

objeto a representação e defesa dos interesses gerais da correspondente categoria profissional,

bem como da categoria empresarial, e supletivamente dos interesses individuais dos seus

membros”.33

Para Sérgio Pinto Martins “sindicato é, assim, a associação de pessoas físicas ou

jurídicas que têm atividades econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses

coletivos e individuais de seus membros ou da categoria”.34

29 SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22 edição atualizada por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho São Paulo: LTr, 2005. 2 v. p. 1120. 30 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1233. 31 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1233. 32 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 101. 33 PRADO, Roberto Baretto. Curso de direito sindical. 3.ed. rev. e atual. São Paulo: LTr. 1991. p. 42. 34 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 741.

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21

Segundo Pedro Paulo Teixeira Manus, “é o sindicato a pessoa jurídica que tem por

função principal expressar a vontade do grupo que representa, que é a categoria”.35

Também “sindicatos são associações autônomas, constituídas em caráter

permanente e sem fins lucrativos, criadas com o objetivo de promover o estudo, a defesa e a

coordenação dos interesses econômicos e profissionais daqueles que exerçam a mesma

atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas”, conforme preleciona

Luciano Martinez.36

Ainda sindicato é definido por José Carlos Arouca como “a coletividade de

trabalhadores organizada em função da atividade profissional para a defesa de interesses

coletivos e individuais, profissionais e sociais, políticos e econômicos”.37

Desta forma, percebe-se que a figura do sindicato existe tanto na esfera patronal

como no âmbito profissional e que sua finalidade não é só defender, mas também, promover os

interesses dos trabalhadores, não só dos da categoria, seja ela econômica ou profissional, mas

de toda a coletividade de trabalhadores, demonstrando assim uma participação mais ampla do

sindicato nas questões sociais e econômicas.38

Assim, após conhecermos os conceitos de sindicato, apresentados pelos principais

doutrinadores, necessário se faz demonstrar a natureza jurídica deste instituto para que se possa

aprofundar ainda mais o conhecimento nesta área.

Sobre essa questão, Luiz Fernando Saffraider esclarece que existem duas tendências

doutrinárias para definir a natureza jurídica do sindicato, decorrentes da concepção de cada

jurista a respeito do enfoque do sindicato sob o ponto de vista do Estado, e a posição que o

sindicato pode ou deve assumir, assim como a função social que lhe cabe.39

Segundo explica o autor acima citado, historicamente essas tendências são bem

aparentes:

Nos regimes ditatoriais o sindicato passa a ser órgão de estreita colaboração com o Estado, subordinando-se, assim, ao poder público político, transformando-se em pessoa de direito público. Nos regimes democráticos, o sindicato é resultado do direito da livre associação, consistindo em pessoa jurídica de direito privado.40

35 MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do trabalho. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 238. 36 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 695. 37 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 19. 38 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 31. 39 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 18. 40 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p.18.

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Na contemporaneidade, com o advento da Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988 (CRFB), o sindicato fora destituído de qualquer vínculo com o Estado,

prevalecendo a tese de que o sindicato é pessoa jurídica de direito privado.

Nesse sentido, Sérgio Pinto Martins, leciona:

Hoje, pode-se dizer que o sindicato é pessoa jurídica de direito privado, pois não pode haver interferência ou intervenção no sindicato (art. 8°, II, da Constituição). Não se pode dizer que o sindicato tem natureza pública, pois o próprio caput do art. 8° da Constituição dispõe que é livre a associação profissional ou sindical. O sindicato faz normas coletivas, como as convenções e acordos coletivos, que não tem natureza pública, mas privada. O reconhecimento por parte do Estado não o transforma em entidade de direito público, nem a negociação coletiva. A associação é uma forma de exercício de direitos privados.41

Assim, o citado autor conclui que o “sindicato é uma associação civil de natureza

privada, autônoma e coletiva”.42

Para Mauricio Godinho Delgado, “o sindicato consiste em associação coletiva, de

natureza privada, voltada à defesa e incremento de interesses coletivos profissionais e materiais

de trabalhadores, sejam subordinados ou autônomos, e de empregadores”.43

Nesse contexto, Pedro Paulo Teixeira Manus destaca:

Se assim é, todavia, resulta claro que o sindicato, em sua essência, tem natureza de pessoa jurídica de direito privado, não obstante os traços institucionais a que a doutrina se refere. Sem dúvida, porque se origina da ideia de associação, têm suas raízes no âmbito privado. A ordem jurídica, dadas suas finalidades, dá-lhe atributos institucionais, mas que não o desnaturam, a nosso ver, enquanto pessoa jurídica de direito privado.

Portanto, o fato de o sindicato exercer atribuições de interesse público, não o

transforma em ente público, uma vez que ele as desempenha em nome de seus objetivos, que

derivam de sua condição de representante de um grupo, profissional ou econômico, que não se

confundem com os interesses gerais da comunidade ou do Estado. 44

Ademais, a criação do sindicato por iniciativa única dos interessados, a

administração sob a responsabilidade de seus membros e a finalidade voltada à defesa dos

interesses da categoria revelam seu caráter privado.45

41 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 742. 42 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 742. 43 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1255. 44 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 105. 45 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 18.

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2.3 FUNÇÕES DO SINDICATO

Como vimos anteriormente, a entidade sindical é a associação que tem por objetivo

defender e coordenar interesses profissionais e econômicos de trabalhadores e empregadores.

É devido a essa finalidade que os sindicatos estão intimamente ligados às

prerrogativas ou funções que desempenham, sejam elas internas (a própria organização

sindical) e externas (aos representados), conforme se verificará a seguir.

Ao tratar das funções que os sindicatos devem desempenhar, Amauri Mascaro

Nascimento expõe:

Ao sindicato devem ser garantidos os meios para o desenvolvimento da sua ação destinada a atingir os fins para os quais foi constituído. De nada adiantaria a lei garantir a existência de sindicatos e negar os meios para que as suas funções pudessem ser cumpridas.46

Respectivas funções estão dispostas na CRFB de 1988, e na Consolidação das Leis

do Trabalho (CLT).

A CLT, em seu art. 511, especifica os fins da associação sindical para o “estudo,

defesa, e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais”47

Logo a seguir, o art. 513, enumera as prerrogativas do sindicato:

Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos : a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados relativos á atividade ou profissão exercida; b) celebrar contratos coletivos de trabalho; c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal; e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas. Parágrafo Único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, a prerrogativa de fundar e manter agências de colocação.48

Ao abordar as funções ou atividades exercidas pelos sindicatos, a doutrina apresenta

certa uniformidade, portanto, utilizaremos a classificação apresentada por Sérgio Pinto Martins,

que as divide em: função de representação, negocial, econômica, política e assistencial.

46 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 257. 47 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 22. 48 BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1943. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm˃. Acesso em 24 ago. 2013.

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Sobre a função de representação o autor esclarece:

A função de representação é assegurada na alínea a do art. 513 da CLT, em que se verifica a prerrogativa do sindicato de representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses da categoria ou os interesses individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida. Uma das funções precípuas do sindicato é a de representar a categoria e não apenas os associados. Assim, elevou-se a dispositivo constitucional a regra retro mencionada, que está no inciso III do art. 8° da Constituição.49

Segundo a expressão do inciso III do art. 8° da CRFB, o sindicato defende direitos

e interesses, individuais e coletivos. Isto, porém, é misto de prerrogativa básica e dever

fundamental, mas sem ser limitação de competência.50

Ao abordar a função de representação, Mauricio Godinho Delgado leciona:

Essa função representativa, lato sensu, abrange inúmeras dimensões. A privada, em que o sindicato se coloca em diálogo ou confronto com os empregadores, em vista dos interesses coletivos da categoria (aqui, a função confunde-se com a negocial, a ser vista logo a seguir). A administrativa, em que o sindicato busca relacionar-se com o Estado, visando a solução de problemas trabalhistas em sua área de atuação. A pública, em que ele tenta dialogar com a sociedade civil, na procura de suporte para suas ações e teses laborativas. A judicial em que atua o sindicato também na defesa dos interesses da categoria ou de seus filiados.51

A segunda função apresentada por Sergio Pinto Martins é a negocial:

A função negocial ou de regulamentação do sindicato é a que se observa na prática das convenções e acordos coletivos de trabalho. O sindicato participa das negociações coletivas que irão culminar com a concretização de normas coletivas (acordos ou convenções coletivas de trabalho), a serem aplicadas à categoria. É melhor que as próprias partes resolvam seus conflitos, mediante concessões recíprocas, por meio de negociação. Concretizada a negociação, são feitas as cláusulas que irão estar contidas nas convenções ou acordos coletivos, estabelecendo normas e condições de trabalho.52

É mediante a função negocial, que os sindicatos buscam diálogo com os

empregadores e/ou sindicatos empresarias visando a celebração dos instrumentos coletivos que

irão reger os contratos de trabalho das respectivas bases representadas.53

49 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 776. 50 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 22. 51 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1247. 52 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 776. 53 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1248.

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Para José Claudio Monteiro de Brito Filho, é através da função negocial ou

regulamentar que busca o sindicato a criação de normas e condições de vida e de trabalho que

traduzam os interesses de seus representados.54

Ainda tratando das funções do sindicato, temos a função econômica, que

corresponderia aos meios utilizados pelo sindicato para obter a receita necessária para o

desenvolvimento de suas atividades.55

Segundo leciona Sérgio Pinto Martins, o art. 564 da CLT veda ao sindicato, direta

ou indiretamente, o exercício de atividade econômica. O referido artigo permanece em vigor

após o advento da CRFB de 1988, pois é vedada a interferência do Poder Executivo no

sindicato, e não da lei. 56

Tal dispositivo que proíbe a atividade econômica, para alguns autores já não estaria

em vigor, por ser incompatível com a liberdade sindical consagrada no texto constitucional.

Nesse sentido leciona José Claudio Monteiro de Brito Filho:

Se as associações sindicais gozam de liberdade de administração, não podendo sofrer interferência do Estado, como preceitua o art. 8°, inciso I, da CF/88, é óbvio que elas podem exercer atividade econômica, desde que o façam por meio de atividades lícitas e que sejam necessárias para o cumprimento de sua finalidade que, não é demais repetir, é coordenar e defender interesses profissionais e econômicos, em prol de trabalhadores e de empregadores.57

Outro ponto controvertido para a doutrina é a função política dos sindicatos.

Para Sérgio Pinto Martins, o sindicato não deveria fazer atividade político

partidária, nem se dedicar à política, visto que esta é prerrogativa dos partidos políticos. O art.

521, d, da CLT proíbe de o sindicato de exercer qualquer atividade não compreendida nas

finalidades elencadas no art. 511, da CLT, especialmente as de caráter político partidário.58

Já, Maurício Godinho Delgado esclarece:

O fato de não ser recomendável a vinculação de sindicatos a partidos políticos e sua subordinação a linhas político-partidárias, pelo desgaste que isso pode trazer a própria instituição sindical, não se confunde com a ideia de proibição normativa de exercício

54 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 141. 55 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 137. 56 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 777. 57 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 138 e 139. 58 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 777.

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eventual de funções políticas. A propósito, inúmeras questões aparentemente de cunho apenas político podem, sem dúvida, influenciar, de modo relevante, a vida dos trabalhadores e de seus sindicatos.59

Seguindo esse entendimento, José Claudio Monteiro de Brito Filho leciona:

Entendemos neste sentido, ainda que a atividade político-partidária seja própria dos partidos políticos e não deva ser desempenhada pelo sindicato, não é possível imaginar o sindicato sem exercer função política, em prol de seus membros. Nesse sentido, gestões que faça o sindicato, no plano político, em busca da melhoria das condições de vida e de trabalho de seus representados, são perfeitamente legítimas e em nada contrariam sua finalidade ou o ordenamento jurídico.60

Por fim, temos a função assistencial, que segundo preleciona Mauricio Godinho

Delgado, “consiste na prestação de serviços a seus associados ou, de modo extensivo, em alguns

casos, a todos os membros da categoria. Trata-se, ilustrativamente, de serviços educacionais,

médicos, jurídicos e diversos outros”.61

A CLT estatui os deveres do sindicato em seu artigo 514:

Art. 514. São deveres dos sindicatos : a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho. d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe. (Incluída pela Lei nº 6.200, de 16.4.1975) Parágrafo único. Os sindicatos de empregados terão, outrossim, o dever de: a) promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito; b) fundar e manter escolas do alfabetização e prevocacionais.62

Para a CLT, então, o sindicato deve prestar as mais variadas formas de assistência

aos seus membros, e em certos casos, a todos os integrantes da categoria, como se verifica, por

exemplo, com a assistência judiciária prevista nos artigos. 14 a 18, da Lei n. 5.584/70, e com a

assistência em caso de pedido de demissão de empregado e de pagamento das verbas

59 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1249. 60 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 140. 61 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1248. 62 BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, 1943. Disponível em: ˂http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm˃. Acesso em 24 ago. 2013.

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27

decorrentes da extinção do contrato individual de trabalho, estas duas na forma do artigo 477,

§ 1°, da CLT, quando se trata de empregado com mais de um ano de serviço.63

2.4 AS FONTES DE CUSTEIO SINDICAL

Para alcançar seus propósitos, as associações sindicais precisam, obviamente, de

arrimo financeiro, e para tanto, estão legalmente autorizadas a se valer de algumas fontes de

custeio.64

Para custeio de suas inúmeras funções, dispõe o sindicato das fontes de receita

elencadas no art. 548 da CLT, mais precisamente a renda produzida pelos bens e valores de sua

propriedade, as doações, legados, multas, rendas eventuais e, principalmente, as contribuições,

que, por seu turno, dividem-se basicamente em quatro tipos: sindical, confederativa, assistencial

e associativa.65

Desta forma, passamos a analisar as quatro principais fontes de renda do sindicato

separadamente.

2.4.1 Contribuição sindical

Sérgio Pinto Martins conceitua contribuição sindical como “[...] prestação

pecuniária, compulsória, tendo por finalidade o custeio de atividades essenciais do sindicato e

outras previstas em lei”.66

A respeito da contribuição sindical Rafael Foresti Pego leciona:

A contribuição sindical, também conhecida como imposto sindical, destina-se a manutenção do sistema sindical, especificamente para o custeio das atividades do sindicato. Tem previsão constitucional, a partir da ressalva contida no art. 8º, inciso IV, da Constituição, combinado com os art. 578 e seguintes da CLT. É devida por todos que participarem das categorias econômicas ou profissionais envolvidas, compulsoriamente, inclusive tendo natureza tributária, como previsto no art. 149 da Constituição Federal.67

63 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 142. 64 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 715. 65 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 55. 66 MARTINS, Sergio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e internacional; Contribuições assistencial, confederativa e sindical. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 57. 67 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 93.

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Conforme disposto no inciso I, do artigo 580 da CLT, para os trabalhadores, é

cobrada anualmente com base no valor equivalente a um dia de trabalho, descontado

compulsoriamente no mês de março de cada ano, ou em qualquer mês do ano, caso o empregado

seja admitido após o mês de março e não tenha ainda contribuído.68

Já os empregadores estão obrigados à contribuição calculada a partir do valor do

capital social da empresa, observadas alíquotas que vão de 0,02% a 0,8% (CLT, artigos 578 a

580), e no caso de filiais, agências, sucursais, fora da base territorial, na proporção da atividade

econômica de cada unidade (artigo 581).69

O fruto da arrecadação é dividido nos termos estabelecidos no artigo 589 da CLT,

observando-se a estrutura sindical existente da seguinte forma: I – para os empregadores: a) 5%

para a confederação correspondente; b) 15% para a federação; c) 60% para o sindicato

respectivo; d) 20% para a “Conta Especial Emprego e Salário”. II – para os trabalhadores: a)

5% para a confederação correspondente; b) 10% para a central sindical; c) 15% para a

federação; d) 60% para o sindicato respectivo; e) 10% para a “Conta Especial Emprego e

Salário”.70

O artigo 582 da CLT dispõe que os empregadores são obrigados a descontar na

folha de pagamento de seus empregados, a contribuição sindical. O recolhimento à entidade

sindical beneficiária do importe descontado deverá ser feito até o décimo dia subsequente ao

do desconto. Não se trata, portanto, de faculdade, mas de obrigação legal, independente do

consentimento do trabalhador ou do fato de ele ser ou não filiado ao sindicato.71

2.4.2 Contribuição assistencial

Ao conceituar a contribuição assistencial, Sérgio Pinto Martins leciona:

É a contribuição assistencial a prestação pecuniária, voluntária, feita pela pessoa pertencente à categoria profissional ou econômica ao sindicato da respectiva categoria profissional ou econômica, em virtude de este ter participado das negociações

68 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 83. 69 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 83. 70 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 717. 71 MARTINS, Sergio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e internacional; Contribuições assistencial, confederativa e sindical. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 61.

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coletivas, de ter incorrido em custos para esse fim, ou para pagar determinadas despesas assistenciais realizadas pela agremiação.72

Segundo esclarece Luiz Fernando Saffraider:

A Contribuição Assistencial, também chamada de “taxa de reversão”, ou de “contribuição de solidariedade”, se origina da convenção ou acordo coletivo celebrado pelo sindicato e está prevista genericamente no art. 513, letra “a” da CLT, como prerrogativa dos sindicatos, “impor contribuições a todos que participam das categorias econômicas ou profissionais”. Também chamada de “contribuição do dissídio”, quando se origina de uma sentença normativa.73

A destinação da arrecadação da contribuição assistencial é o custeio das atividades

assistenciais do sindicato, principalmente para participação nas negociações coletivas. Nos

sindicatos de trabalhadores, forma o fundo de greve. Normalmente não é partilhada com as

federações e a confederação.74

No tocante à cobrança da contribuição assistencial do não associado, cabe destacar

que o Tribunal Superior do Trabalho tem considerado tal prática inconstitucional, por violar o

princípio da liberdade de associação, conforme consolidado na Orientação Jurisprudencial n°

17 da Sessão de Dissídios Coletivos75 e Precedente Normativo n° 11976:

Desta forma, o empregado não associado pode opor-se ao desconto, por não ser

membro do sindicato, pois do contrário haveria violação do princípio da liberdade sindical.

Assim, deve o instrumento normativo preservar o direito de o trabalhador opor-se formalmente

72 MARTINS, Sergio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e internacional; Contribuições assistencial, confederativa e sindical. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 137. 73 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 58. 74 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 58. 75 Orientação Jurisprudencial Nº 17. CONTRIBUIÇÕES PARA ENTIDADES SINDICAIS. INCONSTITUCIONALIDADE DE SUA EXTENSÃO A NÃO ASSOCIADOS. (inserida em 25.05.1998) As cláusulas coletivas que estabeleçam contribuição em favor de entidade sindical, a qualquer título, obrigando trabalhadores não sindicalizados, são ofensivas ao direito de livre associação e sindicalização, constitucionalmente assegurado, e, portanto, nulas, sendo passíveis de devolução, por via própria, os respectivos valores eventualmente descontados. (BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho, Orientação Jurisprudencial n° 17 da SDC. Contribuições para entidades sindicais. Inconstitucionalidade de sua extensão a não associados. Disponível em: ˂http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/OJ_SDC/n_bol_01.html#TEMA17˃. Acesso em: 06 set. 2013). 76 Precedente Normativo Nº 119 CONTRIBUIÇÕES SINDICAIS - INOBSERVÂNCIA DE PRECEITOS CONSTITUCIONAIS – (nova redação dada pela SDC em sessão de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998, DJ 20.08.1998) "A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados." (BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho, Precedente Normativo n° 119. Contribuições Sindicais - Inobservância de Preceitos Constitucionais. Disponível em: ˂http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/PN_com_indice/PN_completo.html#Tema_PN119˃. Acesso em: 06 set. 2013).

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ao desconto da contribuição junto à empresa ou ao sindicato da categoria nos 10 dias anteriores

ao primeiro pagamento salarial reajustado.77

No entanto, há acirrada controvérsia sobre a questão, uma vez que os benefícios da

norma coletiva são aplicados a todos os trabalhadores indistintamente, pelo que também

deveriam todos os trabalhadores arcar com os custos da negociação coletiva.78

2.4.3 Contribuição confederativa

Para Sérgio Pinto Martins contribuição confederativa é “a prestação pecuniária,

espontânea, fixada pela assembleia geral do sindicato, tendo por finalidade custear o sistema

confederativo”.79

Seguindo esse entendimento, Rafael Foresti Pego esclarece:

Já a contribuição confederativa é aquela fixada em assembleia geral, nos termos do art. 8°, inciso IV, da Constituição. Teoricamente, tal contribuição deveria substituir a contribuição sindical. Contudo, a redação do referido dispositivo constitucional dá ensejo à cobrança concomitante de ambas. Trata-se de uma contribuição espontânea, considerando que sua instituição depende de aprovação em Assembleia Geral, a qual igualmente deverá estabelecer valores e quaisquer outros parâmetros necessários. A finalidade desta receita, como o próprio nome já diz, é a manutenção do sistema confederativo, cabendo ao sindicato a divisão da mesma para as entidades de grau superior. A principal distinção entre a contribuição confederativa e a sindical é que esta decorre de lei, enquanto aquela necessita de aprovação em assembleia geral.80

Verifica-se, inicialmente, pelo teor do dispositivo que a contribuição confederativa

é prevista apenas para a categoria profissional e não para a categoria econômica.81

Assim como já referido no exame da contribuição assistencial, discute-se a

legalidade da cobrança da contribuição confederativa de todos os integrantes da categoria.

Nesse sentido, destacam-se as palavras de Alberto Emiliano de Oliveira Neto:

Só se admite o desconto no salário dos sindicalizados, os quais participaram ou poderiam ter participado da assembleia instituidora, sob pena de configurar violação à liberdade sindical individual e autoritarismo do sindicato. Portanto, somente o

77 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 798. 78 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 94. 79 MARTINS, Sergio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e internacional; Contribuições assistencial, confederativa e sindical. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 137. 80 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 94 81 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 93

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trabalhador sindicalizado, dada a natureza coletiva voluntária da contribuição em questão, estará obrigado.82

O Supremo Tribunal Federal consolidou seu entendimento de que esta contribuição

somente pode ser cobrada dos sócios do sindicato, consoante os termos da Súmula n° 66683,

neste mesmo sentido é o Precedente Normativo n° 119 do Tribunal Superior do Trabalho.84

2.4.4 Contribuição associativa

No conceito de Sergio Pinto Martins, a contribuição associativa, também

denominada mensalidade sindical, “[...] é a prestação pecuniária, voluntária, paga pelo

associado ao sindicato em virtude de sua filiação à agremiação. Decorre a mensalidade sindical

do fato de a pessoa ser filiada ao sindicato, tendo de observar o estatuto sindical”.85

Seguindo esse entendimento, Amauri Mascaro Nascimento disciplina:

A mensalidade dos sócios é uma obrigação estatutária. É devida pelos sócios do sindicato. A sindicalização é facultativa. Segue as regras internas deliberadas pela assembleia do sindicato. Suas origens remontam as primeiras leis sindicais, de 1903 e de 1901. Passou para a legislação subsequente e foi incorporada pela Consolidação das Leis do Trabalho (art. 548), que definiu como patrimônio das entidades sindicais as contribuições sindicais que recaem sobre todo membro da categoria, como, também, as contribuições dos associados, na forma estabelecida nos estatutos ou pelas assembleias gerais. 86 (grifos do autor)

As mensalidades dos associados são modalidades voluntárias de contribuições,

comuns a qualquer tipo de associação, de qualquer natureza, e não somente sindicatos. São

fixadas pelos próprios interessados em função dos benefícios prestados pela organização aos

seus associados.87.

A contribuição associativa é um suporte financeiro de caráter obrigacional, previsto

no estatuto das entidades sindicais e exigível dos associados em decorrência do ato de

82 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 105 83 Súmula 666. A Contribuição confederativa de que trata o Art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. (BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 666. Brasília, 24 setembro de 2003. Disponível em: ˂http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=666.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas˃. Acesso em: 13 set. 2013). 84 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 94 85 MARTINS, Sergio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e internacional; contribuições assistencial, confederativa e sindical. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p. 149 86 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 265 e 266 87 DELGADO, Mauricio Godinho. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p. 80

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agremiação. É cobrada em função dos benefícios prestados pela organização sindical aos seus

associados, como atendimento médico, dentário, assistência jurídica e o acesso a clubes ou a

espaços de recreio e entretenimento.88

Nesse contexto, pode-se dizer que a contribuição associativa é a única das

contribuições que não é polêmica, e que se insere nos limites e padrões da verdadeira liberdade

sindical.89

Nesse capítulo foram abordados os principais pontos do sindicato, suas origens,

evolução histórica, conceito, natureza jurídica, funções e principais fontes de custeio. No

próximo capítulo, serão analisados os princípios da liberdade e autonomia sindical, consagrados

pela Organização Internacional do Trabalho e sua previsão na CRFB de 1988.

88 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 799 89 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 94

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3 LIBERDADE E AUTONOMIA SINDICAL

No presente capítulo conceituaremos liberdade e autonomia sindical, pressupostos

principais da Organização Internacional do Trabalho e, para uma melhor compreensão dos

reflexos destes institutos na realidade brasileira, faremos uma análise da origem e evolução

histórica do sindicalismo no Brasil. Em seguida, apresentaremos os principais aspectos das

Convenções n. 87 e n. 98 da OIT. Para finalizar, será abordado o sindicato na CRFB de 1988.

3.1 CONCEITO DE LIBERDADE SINDICAL

Sérgio Pinto Martins ao conceituar liberdade sindical esclarece:

Liberdade sindical é uma espécie de liberdade de associação. É o direito de os trabalhadores e empregadores se organizarem e constituírem livremente as agremiações que desejarem, no número por eles idealizado, sem que sofram qualquer interferência ou intervenção do Estado, nem uns em relação aos outros, visando à promoção de seus interesses ou dos grupos que irão representar. Essa liberdade sindical também compreende o direito de ingressar e retirar-se dos sindicatos.90

Conforme leciona José Carlos Arouca, a liberdade sindical é um direito coletivo de

grupo para se organizar em sindicato, mas é também a liberdade positiva da pessoa física, como

expressão de cidadania, de se filiar e se manter filiado ao sindicato, de participação e de atuação

sindical, de voz e voto nas assembleias, nos movimentos e ações desenvolvidas pelo sindicato

de classe, de eleitor e de elegibilidade para os cargos de administração e representação.91

José Claudio Monteiro de Brito Filho define liberdade sindical como:

[...] o direito de trabalhadores (em sentido genérico) e empregadores de constituir as organizações sindicais que reputarem convenientes, na forma que desejarem, ditando suas regras de funcionamento e ações que devam ser empreendidas, podendo nelas ingressar ou não, permanecendo enquanto for sua vontade.92

Gilberto Stürmer conceitua liberdade sindical como “o direito assegurado aos

trabalhadores e empregadores de associarem-se livremente, constituindo sindicatos, os quais

90 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 726. 91 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p.77 92 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 73.

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não poderão sofrer intervenções estatais ou privadas, com a finalidade de realizar interesses

próprios”93

Para Luciano Martinez, liberdade sindical pode ser definida como:

“[...] o princípio segundo o qual os trabalhadores e os empregadores, sem qualquer distinção e sem autorização prévia, têm o direito de constituir as organizações que entendam convenientes, assim como o de filiar-se a essas organizações, com a única condição de observar seus estatutos.”94

Arnaldo Süssekind leciona que a liberdade sindical pode ser observada sob dois

aspectos:

A liberdade sindical coletiva, que assegura aos grupos de empresários ou de trabalhadores, intervinculados por interesses econômicos ou profissionais comuns, o direito de constituir o sindicato de sua escolha, com a representatividade qualitativa (categoria, profissão, empresa, etc.) e a quantitativa (base territorial) que lhes convierem, independente da existência de outro sindicato com a mesma representatividade. A liberdade sindical individual que faculta a cada empresário ou trabalhador filiar-se ao sindicato de sua preferência, representativo do grupo a que pertence, e dele desfiliar-se, não podendo ser compelido a contribuir para o mesmo, se a ele não estiver filiado.95

Já Mozart Victor Russomano esclarece que a liberdade sindical pode ser

representada como uma figura triangular, formada conceitualmente de três partes distintas, que

se tocam nas extremidades, ou seja, “[...] a liberdade sindical pressupõe a sindicalização livre,

contra a sindicalização obrigatória; a autonomia sindical, contra o dirigismo sindical; a

pluralidade sindical, contra a unicidade sindical”.

Seguindo este entendimento, Orlando Gomes e Elson Gottschalk, concluem que a

liberdade sindical pode ser encarada sob várias perspectivas: a) a liberdade em face do

indivíduo, composta de liberdades que envolvem a opção de se filiar ou de não se filiar a um

sindicato e a liberdade de demitir-se do referido grupo; b) a liberdade em face do grupo, que

envolve a liberdade de fundar um sindicato, de determinar o quadro sindical na ordem

profissional e territorial; de estabelecer relações entre sindicatos para formar agrupações mais

amplas, de fixar as regras internas formais e de fundo para regular a vida sindical, de regular as

relações entre o sindicalizado e o grupo profissional, o sindicato de empregados e o de

93 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 55. 94 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 666. 95 SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22. edição atualizada por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho. São Paulo: LTr, 2005. 2 v. p. 1133.

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empregadores, de exercer o direito sindical em relação à profissão e em relação à empresa; c)

liberdade em face do Estado engloba a independência dos sindicatos, a superação de conflito

com a ação sindical e a integração dos sindicatos no Estado.96

Amauri Mascaro Nascimento, por sua vez, divide a liberdade sindical em cinco

aspectos: o primeiro aspecto é o da liberdade de associação, que compreende a garantia da

existência de sindicatos; o segundo aspecto é o da liberdade de organização, que compreende a

organização espontânea das entidades sindicais, de qualquer grau, vedada a interferência do

Estado; o terceiro aspecto é o da liberdade de administração, que se expressa em duas ideias: a

democracia interna, que corresponde à possibilidade das entidades definirem seu regramento

interno, e a autarquia externa, que corresponde à impossibilidade de interferência externa; o

quarto aspecto compreende a liberdade de exercício das funções, que corresponde à atuação dos

sindicatos na busca do cumprimento de suas funções; e por fim, o quinto aspecto compreende

a liberdade de filiação, que diz respeito ao direito de filiação e desfiliação, não podendo alguém

ser obrigado a ingressar ou não em entidade sindical.97

3.2 CONCEITO DE AUTONOMIA SINDICAL

Segundo esclarece Sérgio Pinto Martins, “a autonomia sindical é a possibilidade de

atuação do grupo organizado em sindicato e não de seus componentes individualmente

considerados”.98

Ainda segundo o mesmo autor, a autonomia sindical compreende vários aspectos,

como a liberdade de organização interna, a liberdade de os interessados redigirem seus estatutos

sem qualquer aprovação por autoridade administrativa, o direito de fusão ou cisão de sindicatos,

bem como o direito de elegerem livremente seus representantes, sem interferência de qualquer

pessoa. Também, significa que as receitas devem advir de seus próprios associados e as

contribuições extraordinárias decorrentes da participação das negociações coletivas.99

Maurício Godinho Delgado, ao conceituar autonomia sindical, esclarece:

Tal princípio sustenta a garantia de autogestão às organizações associativas e sindicais dos trabalhadores, sem interferências empresariais ou do Estado. Trata ele, portanto, da livre estruturação interna do sindicato, sua livre atuação externa, sua sustentação

96 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 544-552. 97 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005.p. 143-154. 98 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 732. 99 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 732.

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econômico-financeira e sua desvinculação de controles administrativos estatais ou em face do empregador.100

Para Vitor Manoel Castan, “a autonomia sindical possui um significado de

liberdade de ação diante dos poderes, estatais ou sociais”101

Alice Monteiro de Barros preleciona que a “autonomia sindical é o direito que têm

os sindicatos de autodeterminação, de governar-se”.102

Na mesma linha José Carlos Arouca leciona:

Autonomia sindical é a liberdade do sindicato como instituição. Liberdade ampla que o coloca não acima do Estado, mas fora de sua órbita de ação e de tutela, representadas pela ingerência na administração e intervenção, bloqueando sua atividade e impedindo a consecução de seus fins. Num plano menor, mas paralelo, a autonomia resguarda o sindicato contra a influência ou domínio de partidos políticos, igrejas, instituições paralelas ou para-sindicais e, naturalmente, dos empregadores e suas organizações. Não se confunde com a liberdade sindical, que diz respeito ao indivíduo e não à instituição.103

Vitor Manoel Castan ao distinguir autonomia sindical da liberdade sindical, afirma:

“[...] enquanto a autonomia sindical diz respeito à liberdade de uma instituição no sentido de

auto administrar-se, sem interferências, a liberdade sindical se refere a liberdades individuais

das pessoas [...]”.104

Seguindo esse entendimento, José Carlos Arouca esclarece que muitas vezes

confundem-se autonomia e liberdade sindical. Porém, autonomia é a independência que tem o

sindicato e liberdade é a independência que tem o trabalhador diante da organização sindical, e

complementa: “Autonomia não é apenas liberdade em relação ao Estado, mas também em face

dos partidos políticos, das seitas religiosas, das organizações paralelas, parassindicais, e

também dos empregadores e de suas associações de classe”.105

José Francisco Siqueira Neto considera a autonomia sindical como o “[...] direito

de liberdade sindical visto pelo aspecto coletivo e organizativo, é a liberdade do grupo, a

liberdade de associação como tal”.106

100 DELGADO, Mauricio Godinho. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p. 51. 101 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 62. 102 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 1240. 103 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 39. 104 CASTAN, Vitor Manoel. Abuso do direito sindical. São Paulo: LTr, 2008. p. 63. 105 AROUCA, José Carlos. Organização sindical no Brasil: passado, presente, futuro (?). São Paulo, LTr, 2013. p. 37. 106 PRADO, Ney et al. (Org.). Direito sindical brasileiro: estudos em homenagem ao Prof. Arion Sayão Romita. São Paulo: LTr, 1998. p. 217.

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Mozart Victor Russomano assevera que o sindicato é o senhor único de suas

deliberações, não podendo ficar submetido ao dirigismo exercido por forças ou poderes

estranhos à sua organização interna, dessa forma, a autonomia do sindicato pressupõe:

a) Direito de criar novas entidades, preenchidas, naturalmente, as exigências de

direito positivo, variáveis de lugar para lugar e de época para época. b) Direito de livre organização interna, que, basicamente, é a prerrogativa do

sindicato de votar o seu estatuto (Kaskel-Dersh), mesmo quando existem modelos oficiais que devem ser adotados a título de mero esclarecimento ou orientação.

c) Direito de funcionar livremente, dentro da lei em vigor, mas sem que essa lei comprima o exercício da representação, pelo sindicato, dos interesses de seus associados, da categoria em geral e da própria entidade.

d) Direito de formar associações de nível superior, princípio que pode conduzir à formação das centrais de sindicatos ou confederações gerais de trabalhadores.107

Por sua vez, Amauri Mascaro Nascimento preleciona que em linhas amplas, a

autonomia coletiva compreende várias perspectivas: a autonomia organizativa, da qual resulta

o direito dos sindicatos de elaborar os próprios estatutos; a autonomia negocial, que permite

aos sindicatos fazer convenções coletivas de trabalho; a autonomia administrativa, da qual

resulta o direito do sindicato de eleger sua diretoria e exercer a própria administração; e a

autotutela, que é o reconhecimento de que o sindicato deve ter meios de luta, previstos nos

termos da lei, para a solução dos conflitos trabalhista, e o direito a um arbitramento das suas

disputas.108

Já Arnaldo Süssekind leciona que a autonomia sindical é uma das facetas da

liberdade sindical, pois cabe ao grupo dispor sobre sua estrutura administrativa, a competência

de seus órgãos, o funcionamento dos serviços e as atividades a empreender. 109

3.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SINDICALIZAÇÃO NO BRASIL

O sindicalismo no Brasil tem seu nascimento em momento posterior ao do

movimento europeu, dada a predominância do trabalho servil em uma economia agrícola, o

clima não era propício às associações de trabalhadores.110

107 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. 70-72. 108 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24 rev. atua. e ampl São Paulo: Saraiva, 2009. p. 1224. 109 SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22. edição atualizada por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho. São Paulo: LTr, 2005. 2 v. p. 1161. 110 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 59.

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38

Conforme ressalta Amauri Mascaro Nascimento, como em outros países, também

no Brasil, as corporações de ofício precederam os sindicatos. Oriundas do período feudal, a

partir da época da servidão, as corporações de ofício aglutinavam pessoas que tinham o mesmo

ofício. Eram hierarquizadas, tendo à frente os mestres e abaixo os oficiais e aprendizes e embora

não tivessem a mesma expressão daquelas do continente europeu, tiveram os mesmos fins e

foram extintas pelas mesmas razões.111

Sobre a extinção das corporações de ofício no Brasil, Sérgio Pinto Martins leciona:

A Constituição de 1824 determinava no § 25, do art. 179, que “ficam abolidas as corporações de ofícios, seus juízes, escrivães e mestres”. Tal fato se deu em razão das modificações sociais existentes na Europa, principalmente decorrentes da Revolução Francesa que extinguiu as corporações de ofício.112

Ainda assim, conforme registra Rafael Foersti Pego, há o surgimento de algumas

uniões de trabalhadores:

As primeiras organizações surgiram no século XIX, por intermédio de sociedades de socorros mútuos e ligas operárias, criadas por trabalhadores urbanos mais qualificados, uma vez que a Constituição monárquica de 1824, em seu artigo 179, proibia qualquer forma de organização sindical. Destacaram-se a Liga Operária, em 1870; a Liga Operária de Socorros Mútuos, em 1872; e a União Operária, em 1880, haja vista serem organizações operárias que se assemelhavam às associações de classe, com a finalidade de reivindicação. Embora seus nomes indiquem profissões e atividades, tais associações abriam seus quadros para outras pessoas, mesmo estranhas às referidas atividades, o que prejudicava o espírito corporativo e a solidariedade. Mais tarde, surgiriam as sociedades de resistência.113

Gilberto Stürmer esclarece que “com a proclamação da República, em 1889, veio à

necessidade de elaboração de uma Constituição republicana. Assim, em 24 de fevereiro de 1891

foi promulgada a nova Constituição da República dos Estados Unidos do Brazil”.114

Segundo Sérgio Pinto Martins:

A Constituição de 1891 não dispôs expressamente sobre as entidades sindicais, talvez inspirada no modelo norte-americano. O § 8º, do art. 72, dispunha apenas que “a todos é licito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia, senão para manter a ordem pública”. Verifica-se, portanto, uma ideia de garantia de associação sindical.115

111 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 78 112 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 734. 113 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 32. 114 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 70. 115 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 734.

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39

A ação sindical se intensificou entre o final do século XIX e o início do século XX.

E mesmo proibidas pelo Código Penal de 1890, algumas greves eclodiram, como a dos

cocheiros no Rio de Janeiro, em 1900, e a dos ferroviários de São Paulo, em 1901.116

Os primeiros textos legais regulando os sindicatos foram o Decreto n° 979, de 06

de janeiro de 1903, e o Decreto n° 1637, de 1907, o primeiro objetivava a associação daqueles

trabalhadores dedicados às atividades rurais, para facilitar a distribuição de créditos, inclusive,

porque até então, o Brasil era um país essencialmente agrícola. O segundo criava as sociedades

corporativas e estendia o direito de associação a todos os profissionais, inclusive os liberais.

Estas primeiras manifestações legislativas garantiam a intervenção estatal e a prevalência dos

interesses patronais no contexto referido como a primeira fase do sindicalismo brasileiro.117

Amauri Mascaro Nascimento leciona que essa foi a época do anarcosindicalismo,

doutrina sindical e política que influenciou poderosamente no sindicalismo denominado

revolucionário, conseguiu larga divulgação no Brasil no inicio do movimento sindical, desde

1890, desaparecendo por volta de 1920, tendo sido propagado nos meios trabalhistas brasileiros

por imigrantes italianos. Era um sindicalismo apolítico, voltado para as questões profissionais

e melhoria das condições dos trabalhadores, tendo sido inspirador de diversos movimentos

grevistas.118

A partir de 1930, inicia-se um novo período para o sindicalismo no Brasil, com o

movimento revolucionário da Aliança Liberal, que culminou com a ascensão de Getúlio Vargas

ao poder, o governo assumiu o controle dos assuntos trabalhistas e consequentemente, das

forças sociais.119

Nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento:

A segunda fase do direito sindical brasileiro, de maior duração, é a intervencionista, a partir 1930, com a Nova República de Getúlio Vargas, a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio nesse ano, a política de nacionalização do trabalho, com a Lei dos Dois Terços, restritiva da presença do operariado estrangeiro nas empresas, a Lei dos Sindicatos (Decreto n. 19.770, de 1931), fiel aos princípios corporativistas e aos propósitos que Oliveira Viana, em Problemas de direito sindical, sobe bem expressar, ao dizer que o pensamento revolucionário do Governo sempre proclamou o objetivo de “chamar o sindicato para junto do Estado, tirando-o da penumbra da vida privada, em que vivia para as responsabilidades da vida pública.

116 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 70. 117 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 33. 118 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 81 e 82. 119 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 22.

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Neste intuito, deu-lhe a representação da categoria – e lha deu duplamente: para efeitos jurídicos e para efeitos políticos. Mais que isto: investiu-o de poderes de autoridade pública, transferindo-lhe prerrogativas próprias de pessoa do Estado”.120 (grifos do autor).

Rafael Foresti Pego esclarece que o Decreto 19.770, de 19 de março de 1931, é tido

como o marco inicial da verdadeira organização sindical, embora tenha adotado um modelo

altamente intervencionista, incompatível com a organização autônoma dos sindicatos.121

Seguindo esse entendimento Luiz Fernando Saffraider afirma:

Estava estabelecido o princípio da unicidade sindical, com o reconhecimento de apenas um sindicato por classe ou categoria, na mesma base territorial. O reconhecimento do sindicato dependia do envio para o Ministério do Trabalho da ata de instalação, relação dos associados e cópia dos estatutos, para a aprovação. Se aprovado, o sindicato recebia a Carta Sindical. As estatísticas da época registram que até o mês de junho de 1931, pouco mais de três meses de vigência do decreto, haviam sido expedidas cerca de quatrocentas cartas a sindicatos de empregados e mais de setenta a sindicatos patronais. 122

Em 1934 foi aprovada uma nova Constituição e Getúlio Vargas se manteve no

poder, eleito indiretamente. Tida como a primeira Constituição Social do Brasil, ela estabeleceu

em seu artigo 120, parágrafo único, o pluralismo sindical, nos seguintes termos: “Os sindicatos

e as associações profissionais serão reconhecidos de conformidade com a lei. Parágrafo único.

A lei assegurará a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos”.123

Contudo, o Decreto n. 24.694, de 12 de julho de 1934, que se antecipou à

Constituição, acabava por frustrar os adeptos do pluralismo sindical, ao reconhecer que apenas

uma entidade sindical possuiria atribuições sindicais, bem como em face das difíceis condições

para criação do segundo sindicato.124

Segundo esclarece José Claudio Monteiro de Brito Filho, “este modelo, de qualquer

forma, não durou. Por força da implantação, por Vargas, de um regime de força, conhecido

como ‘Estado Novo’, é implantada uma nova ordem constitucional, em 1937”.125

120 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 1201. 121 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 35. 122 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 23. 123 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 84 e 85. 124 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 36. 125 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 63

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Segundo leciona Sérgio Pinto Martins:

Decorreu a Carta de 1937 do sistema fascista italiano e a parte laboral foi inspirada na Carta del Lavoro daquele país, com feição eminentemente corporativista. O art. 138 regulava a questão sindical: “a associação profissional ou sindical é livre. Somente, porém o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado tem o direito de representação legal dos que participarem da categoria de produção para que foi constituído, e de defender-lhe os direitos perante o Estado e as outras associações profissionais, estipular contratos coletivos de trabalho obrigatórios para todos os seus associados, impor-lhes contribuições e exercer em relação a eles funções delegadas de poder público”.126

Entretanto, apesar de o texto constitucional proclamar a liberdade para a associação

profissional, na verdade essa não poderia existir, tantas as restrições a ela criadas, como por

exemplo, a proibição da greve, considerada junto com o lock-out, recursos antissociais.127

Como sustentáculo infraconstitucional foi editado o Decreto-Lei n. 1402, em 1939,

que regulamentou os dispositivos constitucionais, estabelecendo uma série de regras

concernentes à atividade sindical, como a unicidade sindical, a representação por categoria em

determinada base territorial, a necessidade de reconhecimento do sindicato pelo Ministério do

Trabalho, o controle ministerial da administração sindical, inclusive nas eleições de sua

diretoria, e a imposição de contribuições compulsórias a todos os integrantes da categoria,

associados ou não da entidade.128

Segundo esclarece Amauri Mascaro Nascimento:

Nesse sistema, sindicatos, federações e confederações eram como degraus de uma escada que desembocaria na corporação. Com essa medida, procurou o Estado ter em suas mãos o controle da economia nacional, para melhor desenvolver os seus programas de política econômica e trabalhista. Para esse fim julgou imprescindível evitar a luta de classes; daí, a integração das forças produtivas, os trabalhadores, empresários e profissionais liberais, numa unidade monolítica e não em grupos fracionados e com possibilidades estruturais conflitivas.129

Prevista no artigo 139 da Constituição de 1937, a Justiça do Trabalho foi instalada

em 1941 ainda como órgão do poder executivo. Criada para dirimir os conflitos entre o capital

e o trabalho e evitar a luta de classes, tinha competência para decidir dissídios oriundos da

relação entre empregadores e empregados regulada na legislação social.130

126 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 736. 127 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 91. 128 SAFFRAIDER, Luiz Fernando. Entidades sindicais: teoria e prática. Curitiba: Juruá, 2006. p. 24. 129 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 92. 130 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 93.

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O Decreto-lei n. 5.452, de primeiro de maio de 1943, aprovou a Consolidação da

Leis do Trabalho, como uma reunião da esparsa legislação trabalhista, pouco, porém, foi

alterado quanto à disciplina dada pela Lei Sindical de 1939, porquanto o sindicato continuou

com as mesmas prerrogativas e deveres. O autoritarismo repressivo não mudou seu estilo, ao

contrário, foi fortalecido.131

Na concepção de Amauri Mascaro Nascimento:

Como texto básico unificador das normas existentes, a publicação da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei n. 5.453, de 1º de maio de 1943, tem um significado que não pode ser desconhecido; porém, vista como meio de aperfeiçoamento do sistema legal sobre relações coletivas de trabalho, em nada contribuiu para mudar o que havia, não passando de mera reunião de textos já existentes com algumas pinceladas pouco ou em quase nada inovadoras.132

A Constituição de 1946, no que concerne ao sindicalismo, manteve o sistema de

unicidade até então vigente. Embora tenha sido a primeira Carta Constitucional Brasileira a

reconhecer o direito de greve, e em seu artigo 159 declarar ser livre a associação profissional

ou sindical, não modificou a organização sindical, nem mesmo a concepção corporativista do

sindicato.133

Sérgio Pinto Martins afirma:

A Constituição de 1946, considerada democrática, pois foi votada em Assembleia Nacional Constituinte e não imposta, como ocorrera com a Lei Maior anterior, estabelecia no seu art. 159: “é livre a associação profissional ou sindical, sendo reguladas por lei a forma de sua constituição, a sua representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funções delegadas pelo poder público”. A lei ordinária poderia tratar da unicidade ou da pluralidade sindical, dependendo do critério que o legislador viesse a adotar, tendo a CLT sido recepcionada pela Constituição, com seu sistema de unicidade sindical. O sindicato continuava a exercer função delegada de poder público. Reconhecia-se o direito de greve, que seria regulado em lei. Logo, não mais se considerava a greve como recurso antissocial e nocivo ao trabalho, como ocorria na Constituição de 1937.134

Vem então o regime de exceção, a ruptura da ordem legal a partir de 1964. Em 24

de janeiro de 1967, sob a égide do governo militar, o Congresso Nacional promulgou uma nova

Constituição do Brasil, alterada depois pela Emenda Constitucional n. 1 de 1969.135

131 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 91. 132 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 94. 133 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 38. 134 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 737. 135 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 76.

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Nesse sentido leciona Rafael Foresti Pego:

A partir da década de sessenta, o golpe militar cerceou a atividade sindical com diversas intervenções nos sindicatos, situação que se manteve durante todo o período da ditadura, finda em 1985. A Constituição de 1967, posteriormente alterada pela Junta Militar que estava no poder em 1969, manteve as disposições constitucionais anteriores em matéria sindical. A ditadura instaurada calou o movimento sindical até a década de oitenta, quando ganharam forças os movimentos sociais e se assistiu ao notável incremento da sindicalização, principalmente no setor da metalurgia no ABC paulista, onde eclodiram greves a partir de 1978.136

A partir daí, os movimentos sindicais ganharam força e surgiram as centrais

sindicais. Nesse quadro, o Governo tentou ratificar a Convenção n. 87 da OIT e agilizar o

processo de ratificação pelo Congresso Nacional, mas conforme esclarece Amauri Mascaro

Nascimento137:

Todavia, parte do movimento sindical se opôs à aprovação da Convenção n. 87, por achar que poderia promover o fracionamento da unidade com as facilidades que assegurava para a criação de sindicatos e argumentando que a ratificação poderia incentivar a fundação de sindicatos ideológicos, conseguindo impressionar os parlamentares, que, como aconteceu, paralisaram o tramite legislativo da ratificação. As Centrais surgiram acima do sistema confederativo fixado pela legislação anterior, institucionalizando-se de fato, uma estrutura espontânea na cúpula do movimento sindical com as centrais sem personalidade jurídica sindical, bastante atuantes, conseguindo desempenho de realce na articulação das demais entidades integrantes do quadro oficial, os sindicatos, as federações e as confederações.138

Dessa forma, conforme preleciona Gilberto Stürmer, “os ventos democráticos

passaram a soprar no Brasil novamente”139. Iniciam-se as pressões pela reforma do sistema e

pela democracia, culminando com a promulgação da Carta Constitucional de 1988, a qual se

tratará em um tópico específico, modificando um pouco os rumos do sindicalismo nacional.

3.4 A CONVENÇÃO N. 87 DA OIT

Segundo esclarece Sergio Pinto Martins, a Constituição da OIT de 1919, já previa

o princípio da liberdade sindical, como um dos objetivos a serem alcançados por seu programa

de ação. A Constituição da OIT teve incorporada em seu bojo a Declaração de Filadélfia, de

136 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado , 2012. p. 38. 137 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 97. 138 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p.97. 139 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 78.

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1944, em que o princípio da liberdade sindical era reafirmado como um dos postulados básicos

da organização: “a liberdade de expressão e a de associação são essenciais à continuidade do

progresso”. 140

Assim, como podemos verificar, a liberdade sindical é um dos postulados básicos

da OIT, e já em 1927, se sentia a necessidade de elaboração de um texto com as regras gerais a

respeito deste princípio.141

Durante a Conferência Geral da OIT, realizada em 9 de julho de 1948 na cidade de

São Francisco, nos Estados Unidos, foi adotada a Convenção n. 87, denominada Convenção

sobre Liberdade Sindical e a Proteção do Direito Sindical, que define as linhas mestras da

liberdade sindical, principalmente em seu artigo 2°, que dispõe:142

Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas.143

Na concepção de Luciano Martinez:

A Convenção n. 87 da OIT oferece uma conceituação de liberdade sindical que se baseia essencialmente na ideia de que trabalhadores e empregadores, sem qualquer distinção e sem autorização prévia, têm o direito de constituir as organizações que entendam convenientes, assim como de filiar-se a essas organizações com a única condição de observar seus estatutos. Nesse conceito de liberdade incluem-se variáveis relacionadas à liberdade de trabalhar, à liberdade de filiar-se, à liberdade de organizar-se e de administrar-se e à liberdade de atuar em nome dos representados.144

Segundo Amauri Mascaro Nascimento, “a Convenção n. 87 de 1948, é considerada

o primeiro tratado internacional que consagra, com o princípio da liberdade sindical, uma das

liberdades fundamentais do homem”.145

140 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 726. 141 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 726. 142 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 77. 143 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Liberdade sindical e proteção ao direito de sindicalização. Convenção N. 87. Disponível em: ˂http://www.oit.org.br/content/liberdade-sindical-e-prote%C3%A7%C3%A3o-ao-direito-de-sindicaliza%C3%A7%C3%A3o˃. Acesso em: 08 set. 2013. 144 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho: relações individuais, sindicais e coletivas do trabalho. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 668. 145 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 1245.

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Conveniente aduzir que o Brasil não ratificou a convenção n. 87, da OIT, pois,

conforme esclarece José Claudio Monteiro de Brito Filho, “[...] suas normas constitucionais

sobre sindicalização não o permitem”.146

Nesse sentido Amauri Mascaro Nascimento esclarece:

O Brasil, até o inicio do ano 2000, não ratificou a Convenção n. 87 da OIT. As suas leis com ela atritam. A Constituição de 1988 proíbe mais de um sindicato da mesma categoria na mesma base territorial. Com isso, impõe um modelo sindical obrigatório, enquanto a Convenção n. 87 defende um modelo sindical espontâneo. Nossa Constituição, seguindo tradição que vem desde o Estado Novo, autoriza a cobrança compulsória, pelos sindicatos, da contribuição sindical de todos os trabalhadores, sócios ou não do sindicato. A Convenção n. 87 assegura a liberdade individual de ingressar ou não num sindicato. Cobrar, compulsoriamente, uma contribuição de quem não é sócio não é compatível com essa garantia da Convenção n.87.147

Sérgio Pinto Martins reforça esse entendimento afirmando que a Convenção n. 87,

que trata da liberdade sindical e da proteção do direito sindical, infelizmente não foi ratificada

pelo Brasil em função da CRFB de 1988 estabelecer a existência do sindicato único e a

contribuição sindical. Mas embora a Convenção n. 87 não tenha sido ratificada pelo Brasil, num

regime de liberdade sindical plena, seus preceitos devem ser observados e servem de parâmetros

indispensáveis para o estabelecimento da atividade sindical.148

José Carlos Arouca complementa que “a Convenção n. 87 da OIT, por tratar de

direitos fundamentais, só pode ser aprovada no todo, mesmo porque não consagra o direito de

reservas”.149

No tocante à autonomia dos sindicatos, a Convenção n. 87 da OIT, também a

focaliza, principalmente em seu artigo 3°, assim redigido:

Art. 3 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger livremente seus representantes, de organizar a gestão e a atividade dos mesmos e de formular seu programa de ação. 2. As autoridades públicas deverão abster-se de qualquer intervenção que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercício legal.150

146 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 78. 147 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 102. 148 MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 726. 149 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 73. 150 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Liberdade sindical e proteção ao direito de sindicalização. Convenção N. 87. Disponível em: ˂http://www.oit.org.br/content/liberdade-sindical-e-prote%C3%A7%C3%A3o-ao-direito-de-sindicaliza%C3%A7%C3%A3o˃. Acesso em: 08 set. 2013.

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Dessa forma, a OIT, na Convenção n. 87, assegura aos sindicatos o direito de redigir

seus estatutos, expedir regulamentos administrativos, eleger livremente os seus representantes,

organizar sua administração e atividades e formular seu programa de ação. Sendo que as

autoridades administrativas devem respeitar o exercício desses direitos.151

3.5 A CONVENÇÃO N. 98 DA OIT

A Convenção n.º 98 da OIT foi aprovada em 18 de julho de 1949, na 32ª sessão da

Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho e entrou em vigor no plano

internacional em 18 de julho de 1951.152

Considerada como uma das convenções fundamentais da OIT153, juntamente com

as Convenções de números 87 (liberdade sindical), 29 e 105 (proibição do trabalho forçado),

100 e 111 (igualdade de remuneração e proibição de discriminação) e 138 (erradicação do

trabalho infantil), a Convenção nº 98 possui 16 (dezesseis) artigos e assegura proteção contra

todo ato de discriminação que reduza a liberdade sindical e a promoção da negociação

coletiva.154

Para José Rodrigo Rodriguez, seu texto veio a complementar a Convenção n. 87, e

abrange as relações entre trabalhadores e empregadores, protegendo os primeiros contra atos

de discriminação antissindical no emprego, no sentido de que disponham de proteção adequada

contra toda ingerência por parte de empregadores. Essa Convenção também promove o

desenvolvimento e utilização do procedimento de negociação coletiva voluntária.155

Ao contrário da Convenção nº 87, a de nº 98 foi ratificada pelo Brasil. A respeito

da ratificação dessa Convenção, José Carlos Arouca leciona:

151 PRADO, Roberto Baretto. Curso de direito sindical. 3.ed. rev. e atual. São Paulo: LTr. 1991. p. 112. 152 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Direito de sindicalização e de negociação coletiva. Convenção N. 98. Disponível em: ˂http://www.oitbrasil.org.br/node/465˃. Acesso em: 22 set. 2013. 153 O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direitos no trabalho (em especial aqueles definidos como fundamentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada em 1998: (i) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (ii) eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do trabalho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação), a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Disponível em: ˂http://www.oit.org.br/content/apresenta%C3%A7%C3%A3o˃. Acesso em: 22 de set. 2013). 154 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 79. 155 RODRIGUEZ, José Rodrigo. Dogmática da liberdade sindical: direito, política e globalização. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 375.

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A Convenção n. 98 foi aprovada pelo Brasil através do Decreto Legislativo n. 49, de 27 de agosto de 1951, sendo ratificada em 18 de novembro de 1952, e promulgada no dia 29 de junho de 1953, pelo Decreto n. 33.196, ratificada no dia 18 de novembro de 1952, tendo vigência no país a partir do dia 18 de novembro de 1953.156

Conforme esclarece José Claudio Monteiro de Brito Filho, os principais

dispositivos da Convenção n. 98, relativamente ao direito de sindicalização, são o 1º e o 2º, que

prescrevem:157

Art. 1 — 1. Os trabalhadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em matéria de emprego. 2. Tal proteção deverá, particularmente, aplicar-se a atos destinados a: a) subordinar o emprego de um trabalhador à condição de não se filiar a um sindicato ou deixar de fazer parte de um sindicato; b) dispensar um trabalhador ou prejudicá-lo, por qualquer modo, em virtude de sua filiação a um sindicato ou de sua participação em atividades sindicais, fora das horas de trabalho ou com o consentimento do empregador, durante as mesmas horas. Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração. 2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma organização de empregadores.158

O artigo 1º destina-se a proteger os trabalhadores contra atos de seu empregador

que visem a impedi-los de exercer sua liberdade sindical individual. Já o artigo segundo, de

maior relevância para o presente trabalho, pretende a proteção das organizações sindicais, de

empregadores e de trabalhadores contra outras entidades ou pessoas.159

José Claudio Monteiro de Brito Filho ao tratar do artigo 2º da Convenção 98 afirma

que:

Visa a impedir, até o surgimento do que, nos Estados Unidos, denomina-se de company union, que Benjamin M. Shieber define como “sindicato organizado e

156 AROUCA, José Carlos. Curso básico de direito sindical. São Paulo: LTr, 2006. p. 271. 157 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 78. 158 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Direito de sindicalização e de negociação coletiva. Convenção N. 98. Disponível em: ˂http://www.oitbrasil.org.br/node/465˃. Acesso em: 22 set. 2013. 159 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 79.

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mantido com a ajuda financeira e aliciante do empregador” ou, como comumente denomina-se no Brasil, “sindicato amarelo”.160

Corroborando com esse entendimento, Orlando Gomes e Elson Gottschalk ao

tratarem da liberdade nas relações entre o sindicato de empregados e de empregadores

lecionam:

Estas relações são a base mesma de uma convivência pacífica e frutuosa numa sociedade democrática. O não-reconhecimento do sindicato de trabalhadores pelas organizações patronais foi, no passado, fonte constante de lutas. O reconhecimento é ponto de partida para as negociações coletivas. Nos países de organização sindical muito forte (Inglaterra, Áustria, Suécia, Noruega, Dinamarca) este reconhecimento do sindicato como órgão representativo dos trabalhadores resultou de acordos pacíficos, “verdadeiros tratados de reconhecimento mútuo”. Em outros, dependeu de lutas continuadas (Estados Unidos). Do reconhecimento depende, em grande parte, a independência do sindicato de empregado em face da associação patronal ou do empregador. Os chamados sindicatos amarelos e as union company são exemplos de sindicatos sem esta independência. Finalmente, a liberdade de relações entre essas organizações foi assegurada pela Convenção nº 98.161

De fato, a norma internacional procura assegurar a autenticidade e autonomia do

sindicato e, no entendimento de Alberto Emiliano de Oliveira Neto, “objetiva-se pela

Convenção nº 98 da OIT atacar a ingerência nas entidades sindicais, não propriamente pelo

Estado, mas por particulares”.162

Sob esta perspectiva, Alice Monteiro de Barros esclarece que “a Convenção n. 98

garante a autonomia e a liberdade de ação dos sindicatos de trabalhadores perante o

empregador, além de fomentar a negociação coletiva. Já a Convenção n. 87 assegura a liberdade

sindical, mas ante o Estado”.163

Seguindo esse entendimento, Oton de Albuquerque Vasconcelos Filho preleciona

que, “o foco da Convenção n. 87 contempla a liberdade no exercício do Direito Sindical perante

o Estado, ao passo que a Convenção n. 98 aborda a mesma matéria com ênfase na proteção dos

obreiros e de suas organizações no seu relacionamento como patronato”.164

160 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 79. 161 GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 551. 162 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 109. 163 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010. p.1232. 164 VASCONCELOS FILHO, Oton de Albuquerque. Liberdades sindicais e atos anti-sindicais: a dogmática jurídica e a doutrina da OIT no contexto das lutas emancipatórias contemporâneas. São Paulo: LTr, 2008. p. 58.

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49

3.6 O SINDICATO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

A CRFB de 1988 tem um significado relevante como instrumento de efetivação do

processo democrático e de re-ordenamento jurídico da Nação, além de representar, em alguns

aspectos, avanço voltado para a melhoria da condição social dos trabalhadores.165

Rafael Foresti Pego leciona:

A Constituição Federal brasileira de 1988 é um marco na seara do Direito do Trabalho, principalmente a partir da consagração de diversos Direitos Sociais e de sua inclusão no âmbito dos Direitos Fundamentais, consoante previsto nos artigos de 7º ao 11º da Carta Constitucional. Restou modificado o sistema jurídico, inclusive no que concerne às relações de trabalho. Não obstante, não faltaram críticas à Carta de 1988, até mesmo referida como a vitória do retrocesso, haja vista a manutenção das concepções do Estado Novo, obstacularizando a democratização das relações de trabalho no Brasil. 166

Complementando, Gilberto Stürmer afirma que “de qualquer forma, a Constituição

de 1988 trouxe grandes novidades. Os direitos dos trabalhadores, inseridos no Capítulo dos

Direitos Sociais, passou a fazer parte do Título dos Direitos e Garantias Fundamentais”.167

Dessa forma, a nova Carta Constitucional claramente estimula o associativismo,

inserindo dentre as garantias fundamentais do cidadão o direito à livre associação. E na

concepção de Mozart Victor Russomano visa estabelecer um regime de democracia sindical,

dispensando o seu artigo 8º, com oito incisos, à organização sindical168:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

165 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: relações individuais e coletivas do trabalho. 24. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 1199. 166 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 39. 167 STÜRMER, Gilberto. A liberdade sindical na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e sua relação com a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2007. p. 79. 168 RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios gerais de direito sindical. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 33.

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50

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.169

Assim, no dizer de Amauri Mascaro Nascimento, o sistema de organização sindical

acolhido pela CRFB de 1988, é contraditório, pois tenta combinar a liberdade sindical com a

unicidade sindical imposta por lei e a contribuição sindical oficial. Estabelece o direito de criar

sindicatos sem autorização prévia do Estado, mas mantém o sistema confederativo, que define

rigidamente bases territoriais, representação por categorias e tipos de entidades sindicais.170

Na opinião de Maurício Godinho Delgado:

A Constituição de 1988 iniciou, sem dúvida, a transição para a redemocratização do sistema sindical brasileiro, mas sem concluir o processo. Na verdade, construiu certo sincretismo de regras, com o afastamento de alguns dos traços mais marcantes do autoritarismo do velho modelo, preservando, porém outras características notáveis de sua antiga matriz.171

Para Arnaldo Süssekind:

A Assembleia Constituinte brasileira de 1988, apesar de ter cantado em prosa e verso que asseguraria a liberdade sindical, na verdade a violou, seja ao impor o monopólio de representação sindical e impedir a estruturação do sindicato conforme a vontade do grupo de trabalhadores ou de empresários, seja ao obrigar os não associados a contribuir para a associação representativa de sua categoria.172

Essa reforma parcial do regime corporativista existente, entretanto, não deve ser

creditada, somente as forças contrárias aos interesses dos trabalhadores. Ao contrário, o fato é

169 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 28 set. 2013. 170 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 98. 171 DELGADO, Mauricio Godinho. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p. 71. 172 SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 3. ed. ampliada e atualizada Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 364.

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51

que o movimento sindical brasileiro, em sua maioria, colaborou para a manutenção de parte do

modelo existente.173

Segundo Amauri Mascaro Nascimento, essas limitações foram defendidas por parte

do movimento sindical, surgindo dos livres debates na Assembleia Nacional Constituinte, não

sendo impostas pelo Governo:

Ao mesmo tempo desenvolveram-se os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, destinados a elaborar a Constituição de 1988 e os sindicatos conseguiram, de algum modo, neles influir, em especial na manutenção de dois princípios: a unicidade sindical, ou seja, a proibição, por lei, da existência de mais de um sindicato da mesma categoria na mesma base territorial, e a contribuição sindical compulsória fixada por lei.174

Seguindo esse entendimento Arnaldo Süssekind informa:

[...] convém assinalar apenas que o estatuído no seu art. 8º resultou de um acordo exótico entre parlamentares do centro e algumas lideranças sindicais de trabalhadores e de empresários. Daí ter consagrado a plena autonomia sindical e , ao mesmo tempo, estabelecido o monopólio de representação sindical por categoria, que afronta o princípio da liberdade sindical. Por outro lado, possibilitou a manutenção da contribuição sindical compulsória e ainda conferiu um poder tributário anômalo aos sindicatos.175

Mas, segundo o autor citado acima, “a autonomia sindical, esta sim, foi

explicitamente assegurada no inciso I do art. 8º [...]”176

Rafael Foresti Pego também conclui que a CRFB de 1988 passou a garantir uma

autonomia na administração do sindicato e na sua auto-organização, dando ampla liberdade às

entidades sindicais nas tomadas de decisões e nos respectivos atos de execução. Pois, conforme

os termos da Carta Constitucional, é expressamente vedada a interferência estatal na

organização sindical.177

Nesse capítulo abordamos os conceitos de liberdade e autonomia sindical,

analisamos a evolução histórica do sindicalismo no Brasil, e os principais aspectos das

173 BRITO FILHO, Jose Claudio Monteiro de. Direito sindical: analise do modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e da doutrina da OIT: proposta da inserção da comissão de empresa. 2. ed. São Paulo: LTr, 2007. p. 67. 174 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005. p. 97. 175 SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22 edição atualizada por Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira Filho São Paulo: LTr, 2005. 2 v. p. 1126. 176 SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 3. ed. ampliada e atualizada Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 364. 177 PEGO, Rafael Foresti. Fundamentos do direito coletivo do trabalho e o paradigma da estrutura sindical brasileira. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. p. 41.

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Convenções n. 87 e n. 98 da OIT. No próximo capítulo será abordada a temática central da

presente pesquisa, através do estudo da subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores.

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4 A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES

O presente capítulo tem o condão de apresentar uma análise, da subvenção patronal

ao sindicato de trabalhadores. Para tanto, conceituaremos e descreveremos brevemente esta

modalidade de financiamento sindical, comumente utilizadas pelos sindicatos obreiros,

delineando as suas formas de instituição, destacando a ilicitude dessa fonte de custeio da

atividade sindical, bem como o posicionamento da jurisprudência.

4.1 CONCEITO DE SUBVENÇÃO PATRONAL

Apesar de sua importância, a subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores é

um assunto ainda pouco discutido pela doutrina trabalhista, alguns autores arriscaram-se nessa

seara, produzindo conceitos bastante semelhantes, senão, vejamos:

Alberto Emiliano de Oliveira Neto, ao tratar da subvenção patronal ao sindicato

profissional leciona:

A criatividade das associações sindicais quando se trata do financiamento de suas atividades é algo ilimitado. No sistema brasileiro, por conta dos questionamentos a que foram submetidas as contribuições assistencial e confederativa, vem se verificando a instituição de outra modalidade de contribuição a ser custeada pelos empregadores em benefício do sindicato profissional. A nomenclatura não é bem definida, podendo ser veiculada como contribuição de solidariedade, fundo de assistência social e de formação profissional, negocial e até assistencial.178

O autor acima citado complementa que, semelhante a das contribuições assistencial

e confederativa, a natureza jurídica dessa nova modalidade não é de tributo, pois não preenche

os requisitos previstos no art. 3º do Código Tributário.179

Edésio Passos, em artigo publicado na revista O Trabalho, utiliza os termos

“contribuição patronal ao sindicato de trabalhadores” e informa serem estas “contribuições

financeiras das empresas aos sindicatos de trabalhadores”.180

178 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 108. 179 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 108. 180 PASSOS, Edésio. Normas Coletivas sobre a Contribuição Patronal ao Sindicato de Trabalhadores: acórdãos do Tribunal Superior do Trabalho. O Trabalho: doutrina em fascículos mensais, n. 122, abr. 2007, p. 3839.

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Na concepção de Luciano Martinez, “é uma forma de obtenção de suporte

financeiro sindical”, e caracteriza-se por “aportes externos provenientes dos empregadores”,

citando ainda como “auxilio financeiro patronal”.181

Já Marcus de Oliveira Kaufmann, informa ser a “sustentação econômica,

quantitativamente ou qualitativamente, do sindicato obreiro pelo patronal”.182

Pelo exposto, conclui-se que a subvenção patronal, constitui-se de qualquer

contribuição ou outra espécie de financiamento, independente da nomenclatura utilizada, a ser

custeada por empregador ou pelo sindicato de empregadores, em benefício do sindicato

profissional.

4.2 A SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE TRABALHADORES

Normalmente, a subvenção patronal ao sindicato profissional está prevista em

cláusulas de instrumentos de negociação coletiva (convenções coletivas e/ou acordos

coletivos).

Nesse sentido, Edésio Passos leciona:

Dentre as numerosas cláusulas em matéria sindical fixadas em acordos e convenções coletivas de trabalho, crescem em importância as que estabelecem contribuições financeiras das empresas aos sindicatos de trabalhadores. Referidas cláusulas visam fixar valores repassados mensal ou periodicamente pelas empresas à entidade profissional contribuindo para os serviços assistenciais. Pelas normas coletivas, as empresas ficam obrigadas a recolherem ao sindicato profissional, sem qualquer desconto dos salários dos empregados, contribuição depositada em estabelecimento bancário.183

Seguindo o mesmo entendimento, Alberto Emiliano de Oliveira Neto dispõe que

“[...] trata-se de modalidade instituída no âmbito de acordos e convenções coletivas em

benefício do sindicato profissional”.184

Assim, para melhor compreender esta forma de instituição da subvenção patronal

ao sindicato de trabalhadores, necessário se faz a análise de algumas cláusulas de Convenções

181 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 356 -359. 182 KAUFMANN, Marcus de Oliveira. A anti-sindicalidade e o anteprojeto de lei de relações sindicais. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Rio de Janeiro, v. 71, n. 2, maio./ago. 2005, p. 220. 183 PASSOS, Edésio. Normas coletivas sobre a contribuição patronal ao sindicato de trabalhadores: acórdãos do Tribunal Superior do Trabalho. O Trabalho: doutrina em fascículos mensais, n. 122, abr. 2007, p.3839. 184 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 108.

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55

e Acordos Coletivos que estabelecem contribuições financeiras das empresas, e ou sindicatos

patronais aos sindicatos profissionais:

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2013/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC000206/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 05/02/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR005298/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46301.002921/2013-46 DATA DO PROTOCOLO: 01/02/2013 SIND. DOS TRAB. NAS IND. DA CONSTRUCAO E DO MOBILIARIO, CNPJ n. 72.443.856/0001-42, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). VILMAR BARRO; E SIND DAS IND DE S C T M C E L A E C DE F DE MAD DE JCBA, CNPJ n. 75.439.661/0001-17, neste ato representado(a) por seu Vice-Presidente, Sr(a). MIRIAM MARIA BONISSONI GIOMBELLI CANFIELD; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: [...] CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUINTA - SUBVENÇÃO PATRONAL Todas as empresas abrangidas pela base sindical territorial do Sintracom ficarão obrigadas a recolher para a entidade sindical dos trabalhadores a titulo de Subvenção Patronal até o dia 30 de abril de cada ano, através de guias próprias fornecidas pelo sindicato dos empregados (Sintracom) em parcela única o valor de R$ 30,00 (trinta reais); PARAGRAFO ÚNICO: O não recolhimento dos valores devidos a titulo de Subvenção Patronal descritos no parágrafo primeiro sujeitará ao devedor a aplicação de correção monetária pelo INPC/IBGE juros de 1% (um por cento) ao mês até a data do efetivo pagamento e multa de 2% (dois por cento) a incidir sobre o valor devido, além de outras penalidades previstas nesta CCT.185

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2011/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC001329/2011 DATA DE REGISTRO NO MTE: 27/06/2011 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR021748/2011 NÚMERO DO PROCESSO: 47620.000401/2011-97 DATA DO PROTOCOLO: 27/06/2011 SINDICATO DOS TRAB EM ESTAB. DE SERVIOS DE SAUDE E SEGURIDADE SOCIAL, PUBLICO E PRIVADO DE CAÇADOR E REGIAO, CNPJ n. 03.078.294/0001-62, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). LEODALIA APARECIDA DE SOUZA; FEDERACAO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVICOS DE SAUDE DO EST DE SANTA CATARINA, CNPJ n. 83.722.728/0001-54, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). ADAIR VASSOLER; E SIND.ESTABEL SERVICOS SAUDE REG.MEIO OESTE CATARINENSE., CNPJ n. 01.581.056/0001-40, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). RAQUEL TRAVESSINI; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: [...] CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL A classe patronal obriga-se a repassar ao sindicato laboral o valor correspondente a 3% (três por cento) do salário base do mês de março de 2011 de cada empregado, a

185 SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO E DO MOBILIÁRIO. Convenção coletiva de trabalho 2013/2013. Concórdia, SC. Disponível em:<http://www.sintracom.com/arquivos_downloads/arquivos/1362657508_Convencoes_Madeira_2013.docx.> . Acesso em: 07 out. 2013.

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título de Subvenção Patronal, para fins de assistência social aos trabalhadores. O repasse será através de depósito bancário, em conta corrente do sindicato laboral. Sendo 1% no mês junho, 1% no mês de agosto e 1% no mês de outubro, todos em 2011.186

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2012/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC003017/2012 DATA DE REGISTRO NO MTE: 23/11/2012 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR070648/2012 NÚMERO DO PROCESSO: 46304.002438/2012-51 DATA DO PROTOCOLO: 23/11/2012 SINDICATO DOS EMP EM ESTAB DE SERV DE SAUDE DE JVILLE, CNPJ n. 83.628.628/0001-63, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). LORIVAL PISETTA; E SINDICATO ESTABELECIMENTOS SERV SAUDE REG NORTE NORD SC, CNPJ n. 01.126.109/0001-32, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). DARCI FERREIRA DA COSTA FILHO; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: [...] CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA - DA CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL/ASSISTENCIAL - SUBVENÇÃO PATRONAL As EMPREGADORAS contribuirão com o SINDICATO PROFISSIONAL, com a importância equivalente a 5% da remuneração de todos os seus Empregados, relativa ao mês de competência novembro/2.012, procedendo o recolhimento até o dia 12/12/2.012, através de “Boletos Bancários”, a serem fornecidos pelo mencionado Sindicato, conforme instruções constantes dos mesmos e disponíveis no Site do Sindicato www.sindicatosaudejoinville.org.br, sem que ditos valores sejam descontados da remuneração dos Empregados. Parágrafo primeiro - O não recolhimento no prazo estabelecido, do valor mencionado no caput desta Cláusula, acarretará em penalidade de acordo com a Legislação que regula a matéria e multa de 20%, estabelecida nas Assembléias Gerais Extraordinárias da Categoria do Sindicato Profissional, sobre o valor do capital corrigido, mais os respectivos juros de mora e correção monetária, aplicados aos débitos trabalhistas. Parágrafo segundo - O Sindicato Profissional ora convenente, se compromete, pelo presente Instrumento, a manter os Serviços Assistenciais até então prestados em benefício de seus representados.187

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2013/2014 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC002444/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 02/10/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR047758/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46305.001834/2013-31 DATA DO PROTOCOLO: 18/09/2013 SINTAC-SIND.TRAB.ADM.CAP ADMIN.OGMO PORTOS E RETROP.PUBL.PRIV.ITAJAI,LAGUNA E SAO FRANC.SUL, CNPJ n. 76.697.614/0001-36, neste ato representado(a) por seu Membro de Diretoria Colegiada, Sr(a). LUIZ EDUARDO GRAF; E

186 SINDICATO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAUDE E SEGURIDADE SOCIAL, PUBLICO E PRIVADO DE CAÇADOR E REGIAO. Convenção coletiva de trabalho 2011/2013. Caçador, SC. Disponível em: <http://www.ahesc-fehoesc.com.br/attachments/article/92/Convencao-Coletiva-Regiao-Meio-Oeste_Cacador_%202011-2013.pdf>. Acesso em: 07 out. 2013. 187 SINDICATO DOS EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DE JOINVILLE E REGIÃO. Convenção coletiva de trabalho 2012/2013. Joinville, SC. Disponível em: <http://www.sindicatosaudejoinville.org.br/ckfinder/userfiles/files/Conven%C3%A7%C3%B5es%20e%20Acordos/Vig%C3%AAncia%202012.2013/C_C_T_%202012_2013%20_CLINICAS%20E%20HOSPITAIS.pdf>. Acesso em: 07 out. 2013.

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57

APM TERMINALS ITAJAI S.A., CNPJ n. 04.700.714/0001-63, neste ato representado(a) por seu Preposto, Sr(a). INGRID KRAUSE ; celebram o presente ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: [...] CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - SUBVENÇÃO PATRONAL Parágrafo Primeiro: Com o objetivo de contribuir para o custeio e manutenção deste ACT e também para as atividades sociais oferecidas pelo Sintac, a empresa repassará ao sindicato da categoria o valor equivalente a 1% (um por cento) da remuneração dos empregados abrangidos pelo presente instrumento, sem quaisquer ônus para os trabalhadores. Referido repasse será efetivado trimestralmente, através de guias de recolhimento a serem oferecidos pelo sindicato da categoria, tendo como base o valor da remuneração. Os repasses deverão ser procedidos nos seguintes prazos: - Até 10/08/2013: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de maio, junho e julho de 2013; - Até 10/11/2013: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de agosto, setembro e outubro de 2013; - Até 10/02/2014: Os valores incidentes dos meses de novembro, dezembro e janeiro de 2014; - Até 10/05/2014: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de fevereiro, março e abril de 2014. Parágrafo Segundo: O não recolhimento por parte da empresa ensejara a cobrança de juros de 1 % (um por cento) ao mês, além de multa progressiva de 2% (dois por cento) até 30 (trinta) dias após o prazo, 5% (cinco por cento) de mais de 30 (trinta) dias, até 90 (noventa) dias, 8% (oito por cento), após 90 (noventa) dias e 10% (dez por cento) no caso de atraso superior a 120 (cento e vinte) dias.188

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2013/2014 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC001031/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 23/05/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR026310/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46301.003891/2013-95 DATA DO PROTOCOLO: 23/05/2013 COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ALFA, CNPJ n. 83.305.235/0001-19, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). ROMEO BET; E SIND T E R C D P S L V C R O M O CATARINENSE, CNPJ n. 80.635.592/0001-57, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). JUSCEMAR DA MAIA PAVAO; celebram o presente ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: [...] CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - SUBVENÇÃO PATRONAL - ASSISTENCIA AOS EMPREGADOS A empresa se compromete transferir aos cofres do Sindicato laboral, anualmente, o valor correspondente a R$ 70,00 (setenta reais reais) por trabalhador sem ônus ao mesmo, cuja contribuição se destinará ao custeio das despesas de assistência à categoria profissional. Parágrafo único: o recolhimento devera ser efetuado através de guia própria fornecida pelo Sindicato laboral, com vencimento em: l0 de dezembro de 2013.189

188 SINDICATO DOS TRABALHADORES DA ADMINISTRAÇÃO, CAPATAZIA, EMPRESAS OPERADORAS PORTUÁRIAS E ADMINISTRATIVOS EM OGMO NOS PORTOS E RETROPORTOS PÚBLICOS E PRIVADOS DE ITAJAÍ, LAGUNA E NAVEGANTES. Acordo coletivo de trabalho 2013/2014. Itajaí, SC. Disponível em: <http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/Resumo/ResumoVisualizar?NrSolicitacao=MR047758/2013>. Acesso em: 07 out. 2013. 189 SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS EMPRESAS REVENDEDORAS DE COMBUSTIVEIS E DERIVADOS DE PETROLEO, SERVICOS DE LAVAGENS DE VEICULOS DE CHAPECO E REGIAO OESTE E MEIO OESTE DE SANTA CATARINA. Acordo coletivo de trabalho 2013/2014. Chapecó, SC.

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58

Como pode ser observado, a subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores é

comumente praticada em cláusulas de acordos e convenções coletivas, sendo expressas de

formas diversas e recebendo diferentes objetivos e nomenclaturas.

Luciano Martinez, por sua vez, afirma que o recebimento de auxilio financeiro

patronal além de instituído em instrumentos de negociação coletiva, também pode ser

observado em ajustes contratuais de natureza diversa. O autor cita como exemplo, o uso de

espaço publicitário nos jornais e/ou periódicos distribuídos pelos sindicatos profissionais e

difundidos pela mídia.190

4.3 A ILEGALIDADE DA SUBVENÇÃO PATRONAL AO SINDICATO DE

TRABALHADORES

O debate envolvendo a legalidade da subvenção patronal ao sindicato de

trabalhadores antepõe, basicamente, duas teses antagônicas.

As correntes divergentes podem ser resumidas em: uma que considera a subvenção

patronal ao sindicato de trabalhadores ilegal, sob o argumento de que a instituição de

contribuição a ser paga pelo empregador em benefício do sindicato profissional implica em

violação aos princípios da liberdade e autonomia sindical, pois representa risco de ingerência

por parte de empresas ou do sindicato patronal sobre o sindicato dos trabalhadores.

A outra tese que considera a subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores legal,

conclui ser a cláusula valida por não haver imposição, mas sim convenção das partes

representadas pelos respectivos sindicatos representativos das categorias profissional e

econômica.

No campo doutrinário, dos autores pesquisados para a elaboração do presente

trabalho, detectou-se apenas um entendimento que se coaduna com a corrente que considera a

subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores um ajuste legal entre as entidades sindicais.

Segundo Edésio Passos:

Com os recursos derivados destas contribuições, diversos benefícios têm sido agregados aos trabalhadores através de planos médico/odontológicos, complementação previdenciária, auxilio educação, formação profissional, seguros de vida, entre outros. Por um lado, essa base financeira reforça a ação sindical e melhora

Disponível em: <http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/Resumo/ResumoVisualizar?NrSolicitacao=MR026310/2013>. Acesso em: 07 out. 2013. 190 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359.

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o índice de sindicalização. Por outro, solidifica a parceria empresa-sindicato, com metas comuns de atendimento social.191

Em conclusão às suas assertivas, referido autor afirma que a subvenção patronal ao

sindicato de trabalhadores, encontra-se dentro das cláusulas de livre disposição das partes.

Ademais, fortalece a parceria entre os sindicatos representativos das categorias profissional e

econômica fomentando a característica assistencialista do sindicato.192

Para a segunda corrente, constituída na sua maioria por magistrados trabalhistas e

membros do Ministério Público do Trabalho, a instituição de cláusula que importe em repasse

financeiro do sindicato patronal ao sindicato profissional é ilegal, pois, acaba por comprometer

a autonomia do sindicato atingido e, por consequência, implica violação ao princípio da

liberdade sindical, que visa garantir total independência e autonomia organizacional,

administrativa e financeira às entidades sindicais.

O principal dispositivo legal que trata especificamente da interferência dos

empregadores sobre o sindicato profissional é o artigo 2º da Convenção n. 98 da OIT,

convenção esta que, como já observado em tópico específico, foi ratificada pelo Brasil:

Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração. 2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma organização de empregadores.193

Inicialmente, Luciano Martinez, em uma interpretação literal do art. 2° da

Convenção n. 98 da OIT, leciona:

Em relação á obtenção do suporte financeiro sindical, é visível uma tendência no sentido de considerar suspeitos eventuais aportes externos, especialmente quando provenientes dos empregadores. São, porém, e em rigor exageradas as desconfianças se as colaborações forem de pequena monta, eventuais e se não existir por trás dos subsídios oferecidos o interesse de sujeitar – e, consequentemente, de controlar – a organização sindical. Essa, a propósito, é a orientação contida no art. 2º, item 2, da Convenção 98 da OIT, que revela indispensável a constatação do “objetivo de

191 PASSOS, Edésio. Normas coletivas sobre a contribuição patronal ao sindicato de trabalhadores: acórdãos do Tribunal Superior do Trabalho. O Trabalho: doutrina em fascículos mensais, n. 122, abr. 2007, p.3839. 192 PASSOS, Edésio. Normas coletivas sobre a contribuição patronal ao sindicato de trabalhadores: acórdãos do Tribunal Superior do Trabalho. O Trabalho: doutrina em fascículos mensais, n. 122, p. 3839-3842, abr. 2007. 193 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Direito de sindicalização e de negociação coletiva. Convenção N. 98. Disponível em: ˂http://www.oitbrasil.org.br/node/465˃. Acesso em: 22 set. 2013.

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sujeitar” para que se possa falar em ato de ingerência e, portanto, em conduta antissindical194.195

O autor acima citado ainda destaca:

Percebe-se também que a caracterização da ingerência, segundo a perspectiva da OIT, dependerá de prova de que o suporte outorgado por terceiros teve a potência de “manter” – e o “manter” deve ser entendido como ato de sustentação, ainda que por tempo determinado – as organizações de trabalhadores “com recursos financeiros ou de outra espécie”. Entendam-se, por outro lado, os “recursos financeiro” como aportes pecuniários, fungíveis, que permitem a aquisição de bens ou de serviços indispensáveis ao regular funcionamento do sindicato obreiro e como “recursos [...] de outra espécie” os próprios bens ou serviços que os aportes pecuniários poderiam comprar, mas por algum motivo, foram oferecidos in natura pelo mantenedor.196

Seguindo nesse entendimento Luciano Martinez conclui que, rigorosamente

falando, se o suporte não é atribuído com o propósito de manter a estrutura sindical obreira

para, consequentemente sujeitá-la ao controle, não se deveria a princípio considerar este ato

como violador da liberdade sindical, não sendo censuráveis, portanto as cláusulas contratuais

coletivas que pactuam subsídios empresariais com o mero propósito de ajudar a custear parte

das despesas no processo de negociação coletiva.197

Mas, em tempo, o autor citado, esclarece:

As conclusões ora apresentadas, porém, funcionam bem nos sistemas sindicais em que há maturidade suficiente para distinguir incentivo de aliciamento. Em ordenamentos nos quais este grau de sensatez é apenas um propósito a alcançar (como no brasileiro, por exemplo), os auxílios financeiros patronais são, de fato, genericamente interpretados como comprometedores da boa imagem e da independência das entidades representativas dos trabalhadores.198

Nesse sentido Alberto Emiliano de Oliveira Neto leciona:

A ideia, em princípio, pode parecer benéfica ao trabalhador. Ao se transferir o ônus do financiamento sindical ao empregador, o trabalhador não teria mais um desconto em seus salários, sendo assegurada a plena atividade da associação sindical em seu benefício sem nenhum custo, aparentemente. Contudo, essa primeira impressão pode ser superada a partir da análise sobre os riscos à liberdade e independência dos sindicatos profissionais que de tal prática resulta. Como assegurar a plena liberdade

194 Luciano Martinez define conduta antissindical como qualquer ato jurídico, estruturalmente atípico, positivo ou negativo, comissivo ou omissivo, simples ou complexo, continuado ou isolado, concertado ou não concertado, estatal ou privado, normativo ou negocial, que, extrapolando os limites do jogo normal das relações coletivas de trabalho, lesione o conteúdo essencial de direitos de liberdade sindical. (MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 239). 195 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 356 e 357. 196 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 357. 197 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 357. 198 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 358.

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de atuação sindical obreira quando a categoria econômica sustenta, financeiramente, o sindicato que precisa assumir, na maioria das vezes, posição diametralmente oposta ao interesse do empresariado?199

Ainda, segundo o autor acima citado, especificamente no que tange à interferência

dos empregadores sobre o sindicato profissional, a Convenção n. 98 da OIT estabelece, em seu

art. 2°200, critérios e garantias mínimas à estruturação e atuação dos sindicatos. O objetivo

principal da norma internacional é atacar a ingerência nas entidades sindicais, não propriamente

pelo Estado, mas por particulares que mediante fórmulas de sustentação econômica acabam por

cercear a liberdade sindical.201

Nesse sentido, Marcus de Oliveira Kaufmann preleciona:

A proteção das organizações, avaliada pelos atos de ingerência, é aquela que se dá pela defesa contra atos do Estado e dos empregadores, o que é a hipótese mais comum, até mesmo a proteção dos bens sindicais contra, por exemplo, batidas policiais no sindicato armadas ou em conchavo com o setor patronal. Também se inclui, como é natural da leitura do art. 2º da Convenção nº 98, a sustentação econômica, quantitativa ou qualitativamente, do sindicato obreiro pelo patronal ou, em tese, vice-versa (a bilateralidade do sistema), quer seja pelo fornecimento de recursos e bens, quer seja por medidas tendentes ao enfraquecimento econômico do sindicato [...].202

Acerca dos atos de ingerência mencionados na Convenção 98 da OIT Alice

Monteiro de Barros pontifica:

Finalmente, há os chamados atos de discriminação antissindical e atos de ingerência, expressões utilizadas pela Convenção Internacional n. 98 da OIT, ratificada pelo Brasil. Os atos de discriminação antissindical dirigem-se a um ou a vários trabalhadores, embora reúnam valores individuais ou coletivos, enquanto os atos de ingerência dirigem-se mais diretamente à organização profissional. Sustenta a doutrina que a expressão atos antissindicais é preferível, porque engloba o foro sindical, os atos de discriminação antissindical, os atos de ingerência, e as práticas desleais, cuja tendência é estender seu campo de aplicação a outras condutas, além daquelas originárias, que implicam violação de direitos do dirigente sindical. Ademais, o ato antissindical tem seu alcance ampliado quando se elimina o termo discriminação, o qual pressupõe ruptura com o princípio da igualdade, pois o ato

199 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 108 e109. 200 Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração. 2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma organização de empregadores. 201 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 109. 202 KAUFMANN, Marcus de Oliveira. A anti-sindicalidade e o anteprojeto de lei de relações sindicais. Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Rio de Janeiro, v. 71, n. 2, maio./ago. 2005, p. 220.

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antissindical poderá ir além e abranger, por exemplo, até mesmo o tratamento de favor, atribuído pelo empregador a um dirigente, mas com conotação de suborno.203

Seguindo esse entendimento, Cláudio Armando Couce de Menezes esclarece:

O art. 2º, § 1º, da Convenção da OIT nº 98 aborda diretamente a conduta antissindical da ingerência: “as organizações de trabalhadores e de empregadores devem gozar de adequada proteção contra todo ato de ingerência de umas contra as outras.” No § 2º, o aludido art. 2°, dessa Convenção alude a alguns atos de ingerência do empregador (que também podem ser perpetrados pelo Estado): “criar ou estimular a constituição de organizações favoráveis; dirigir, influenciar ou sustentar economicamente entes sindicais, delegações, comissões ou grupos de representação.” Em suma, todo procedimento que vise a dominação, controle e interferência nas organizações são vistos como indevidos e ilícitos.204

Segundo o autor acima citado, “diversas situações podem ser apontadas como de

conduta antissindical, e dentre elas, o fomento de sindicatos comprometidos com os interesses

do empregador e dominados e influenciados por este.”205

Walküre Lopes Ribeiro da Silva e Firmino Alves Lima, em uma breve análise do

artigo 2º da Convenção n. 98 da OIT lecionam:

O art. 2º da referida norma aponta que as organizações de trabalhadores e empregadores deverão gozar de proteção adequada contra atos de ingerência de umas sobre as outras, seja diretamente, seja por meio de seus agentes ou membros, tanto na formação, como no funcionamento e administração. E o referido artigo classifica como atitudes de ingerência as seguintes medidas: a) provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por organizações de empregadores; b) manter organizações de trabalhadores, com meios financeiros ou meios diversos, submetendo-as ao controle de empregadores ou organizações de empregadores. Tais atitudes são claramente classificáveis como atos de ingerência, ou seja, a interferência na livre organização sindical, por empregadores, organização de empregadores, ou organizações de trabalhadores rivais. Tais atitudes vinculam-se à noção de práticas desleais, que advém de uma outra tradição jurídica, a da common law, especialmente nos Estados Unidos da América e no Reino Unido.206

Os autores acima citados esclarecem ainda, que o combate a atos de ingerência nos

Estados Unidos é intenso, e alguns casos são tipificados criminalmente:

203 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: Ltr, 2010. p. 1292-1293. 204 MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Proteção contra condutas anti-sindicais: atos anti-sindicais, controle contra discriminação e procedimentos anti-sindicais. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, Belém, v. 39, jan./jun. 2006, p.120. 205 MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Proteção contra condutas anti-sindicais: atos anti-sindicais, controle contra discriminação e procedimentos anti-sindicais. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, Belém, v. 39, jan./jun. 2006, p.120. 206 SILVA, Walküre Lopes Ribeiro da; LIMA, Firmino Alves. Repressão penal dos atos antissindicais. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, n. 37, 2010, p. 72.

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Nos Estados Unidos da América, a legislação federal qualifica como crimes certas atividades financeiras envolvendo empresas e sindicatos ou seus dirigentes. Pagamentos, empréstimos ou envio de aportes financeiros a empregados, bem como solicitação de quantias, oferecimento de quantias ou empréstimos a empregados, representantes ou dirigentes sindicais, com propósitos antissindicais, são atitudes consideradas criminosas pelo extenso art. 186 do Código Criminal Federal, acrescido pela Lei Taft-Hartley, com penalidades de multa de até dez mil dólares e prisão de até cinco anos. A legislação vigente pretende proscrever atitudes como subornos, propinas, favores indevidos, pagamentos que violem conflitos de interesse, bem como presentes de valor, tanto por parte de representantes de empresas ou quem estiver atuando em favor de interesses empresariais, como para dirigentes ou representantes sindicais, ou mesmo empregados. A complexa norma prevê punições tanto para quem oferece como para quem solicita tais favorecimentos. São muitas situações previstas como transgressões criminais, em uma forma bastante detalhada, e que vêm continuamente sofrendo alterações para abranger outros tipos de modalidades de favorecimentos para ingerência indevida em atividades sindicais, a última alteração ocorreu em 16.04.2006.207

Seguindo nessa análise, Alberto Emiliano de Oliveira Neto afirma:

Como demonstrado, a liberdade sindical consiste no direito de trabalhadores e empregadores se organizarem e constituírem livremente as agremiações que desejarem, no número que desejarem, estando livres de qualquer interferência ou intervenção do Estado, dos empregadores ou dos próprios sindicatos uns em relação aos outros, tendo por objetivo a promoção de seus interesses, ou dos grupos que irão representar. [...] A instituição de contribuição a ser paga pelas empresas em favor do sindicato dos trabalhadores atenta, pois, contra a liberdade sindical já que tal contribuição representa forma de ingerência (art. 2° da Convenção n. 98 da OIT) por parte de empresas ou do sindicato patronal sobre o sindicato de trabalhadores. É inadmissível a dependência econômica da entidade sindical dos trabalhadores em relação ao empregador, sob pena de causar prejuízos à própria representatividade sindical. O sindicato profissional existe, justamente, para fazer frente ao poder econômico da empresa na relação capital, versus trabalho existente no contrato de trabalho.208

Nesse sentido, José Carlos Arouca conclui:

Enfim, o sindicato deve ser único, livre e forte, democrático e representativo, de resistência, para defender direitos e interesses da classe trabalhadora, trabalhistas, sociais e políticos. Um sindicato único, custeado não pelo Estado, pelos patrões, pelos partidos, pelas igrejas, por organizações de fora, mas pelos trabalhadores de dentro, todos, filiados ou não. Um sindicato comprometido com a construção de uma sociedade justa, solidária, igualitária, tal como foi traçada em nossa Constituição. Afinal, a liberdade sindical tem o mesmo tamanho da liberdade política.209

207 SILVA, Walküre Lopes Ribeiro da; LIMA, Firmino Alves. Repressão penal dos atos antissindicais. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, n. 37, 2010, p. 80. 208 OLIVEIRA NETO, Alberto Emiliano de. Contribuições sindicais: modalidades de financiamento sindical e o princípio da liberdade sindical. São Paulo: LTr, 2010. p. 109. 209 AROUCA, José Carlos. Organização sindical: pluralidade e unicidade, fontes de custeio. Revista LTr, v. 76, n. 6, jun. 2012, p. 669.

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Por oportuno, como já destacado anteriormente, na concepção de Luciano Martinez,

a subvenção patronal não se apresenta somente em cláusulas de instrumentos de negociação

coletiva, o autor cita como exemplo, o uso de espaço publicitário nos jornais ou periódicos

distribuídos pelos sindicatos profissionais.210

O autor acima citado adverte que essas formas de subvenção despertam a

necessidade de reflexão não somente quanto à ingerência de uma entidade sobre a outra, mas

também, quanto aos efeitos que moralmente possam ser atribuídos às condutas das organizações

sindicais obreiras por receber auxilio financeiro patronal, haja vista que tais instituições

possuem interesses, em princípio, divergentes e complementa:

[...] a propaganda patronal, nesses casos, pode veicular informações que contradigam as estratégias de ação sindical da entidade titular do meio de comunicação, chegando aos píncaros de produzir uma sensação de capitulação ideológica.211

O autor ainda cita comentário produzido pelo jornalista Pedro Pomar, que ilustra as

discussões que podem advir de qualquer forma de financiamento da atividade sindical, mesmo

que não seja diretamente ligada a ela.212

Abaixo reproduziremos o referido comentário, que dimensiona bem os graves

efeitos causados por essas práticas as entidades sindicais obreiras, fazendo com que a entidade

sindical assuma um posicionamento controverso, afetando sua credibilidade:

Na sua edição de agosto de 2010, dedicada ao 34º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em Porto Alegre, o jornal Versão dos Jornalistas, do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, traz um anúncio de página inteira do Grupo RBS (página 3) e outro de página inteira do Grupo Record (página 6). Publicidade institucional, na qual o Grupo RBS diz ser “do tamanho dos seus profissionais”, ao passo que o Grupo Record anuncia seu “compromisso com os gaúchos”. O Grupo RBS, ou Rede Brasil Sul, é hoje um dos principais protagonistas do oligopólio midiático que controla 90% da comunicação social praticada em nosso país. Trata-se de um caso clássico de propriedade cruzada de emissoras de televisão, rádio, jornais, portal e vários outros meios e empreendimentos. A façanha mais recente do Grupo RBS, sediado em Porto Alegre (onde estão a RBS TV e o jornal Zero Hora, seus principais veículos), foi haver adquirido os principais jornais diários de Santa Catarina, o que levou o Ministério Público Federal a processá-lo por monopólio da imprensa. O Grupo Record é outro importante condômino do oligopólio midiático, sediado em São Paulo, base da TV Record. O anúncio no jornal exibe suas conquistas em território gaúcho: o jornal Correio do Povo e a Rádio Guaíba. Seu proprietário de fato, o poderoso bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, tem sido citado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) como beneficiário da maligna decisão do Supremo Tribunal Federal de derrubar o diploma de jornalista como exigência para o exercício da profissão. É que Macedo obteve recentemente, no Tribunal Regional

210 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359. 211 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359. 212 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359.

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Federal da 2ª Região, sentença que obriga o Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro a emitir, para ele, a carteira de jornalista profissional, algo que ele de fato não é. Portanto, a direção do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul conseguiu uma dupla “proeza”, que nem mesmo os pelegos clássicos sonhariam obter. Em primeiro lugar, permitiu aos patrões financiar a atividade sindical dos trabalhadores jornalistas, particularmente a sua imprensa, por meio de publicidade. Em segundo lugar, ela abriu as páginas do jornal da entidade não para uma empresa qualquer, o que já seria péssimo, mas para dois dos conglomerados que controlam as mídias no Brasil. E que, obviamente, exibem um enorme contencioso com o movimento sindical dos jornalistas e com os movimentos sociais. Assim, em troca de alguma quantia em dinheiro (não importa o valor), a direção do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul vendeu a sua independência de classe perante o patronato. A direção da Fenaj, que tem vários de seus componentes entre os diretores do Sindicato gaúcho, não se manifestou, o que indica concordância com essa capitulação política e ideológica. Como agravante, o fato já citado de que a edição de agosto trouxe o noticiário do 34º Congresso Nacional dos Jornalistas e um encarte com as teses inscritas. Num momento acalorado dos debates congressuais, agitei o anúncio da RBS diante do presidente do Sindicato, para que se explicasse. Sua defesa: “Mas eles pagaram! É pago”. Tal informação sugere que o pagamento dessa publicidade redimiria a direção sindical. Mas, infelizmente, isso só piora as coisas. Mesmo porque a simples leitura do texto indica que se trata de um anúncio de ocasião, elaborado expressamente com a finalidade de ser publicado no jornal Versão dos Jornalistas. Sindicatos não podem receber dinheiro dos patrões. A publicação, em mídias sindicais em geral, de anúncios de qualquer tipo de empresa, mesmo que de setores econômicos diferentes, já é uma prática suficientemente grave, pois suscita conflito de interesses e introduz uma lógica comercial estranha à atividade sindical. Porém, a publicação, em jornal de sindicato de jornalistas, de anúncios institucionais de conglomerados de mídia que empregam esses profissionais é simplesmente inacreditável e sintoma do pior pragmatismo. Ao publicar a peça publicitária do Grupo RBS, por exemplo, o Sindicato, queira ou não, está endossando o seu conteúdo, afirmações como “só se tornou um dos maiores grupos de comunicação do país porque sempre investiu nos seus jornalistas”, “incentivando a prática dos valores essenciais para o desempenho da profissão”… Com a palavra, os jornalistas gaúchos, bem como os movimentos sociais.213

Como bem destaca Luciano Martinez, há, realmente, motivações convincentes para

tal preocupação, “evitar que o sindicato, como uma marionete, seja manipulado por pessoas

ocultas é providência que de fato o resguarda da mais abominável das formas de

antissindicalidade” e complementa que “a antissindicalidade, nesse caso, seria das entidades

sindicais que se colocam em situação de suspeição ao solicitar ou simplesmente ao aceitar

contribuições patronais”.214

Os Magistrados Trabalhistas já sustentaram claramente sua posição no texto do

Enunciado 27 da 1º Jornada de Direito Material e Processual da Justiça do Trabalho, promovida

pela ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho:

213 POMAR, Pedro. Capitulação ideológica: Sindicato dos jornalistas do RS publica anúncios dos grupos RBS e Record no jornal da entidade. Disponível em: <http://www.lutafenaj.com.br/capitulacao-ideologica-sindicato-dos-jornalistas-do-rs-publica-anuncios-dos-grupos-rbs-e-record-no-jornal-da-entidade/>. Acesso em: 09 nov. 2013. 214 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359.

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27. CONDUTA ANTI-SINDICAL. FINANCIAMENTO PELO EMPREGADOR. VEDAÇÃO. É vedada a estipulação em norma coletiva de cláusula pela qual o empregador financie a atividade sindical dos trabalhadores, mediante transferência de recursos aos sindicatos obreiros, sem os correspondentes descontos remuneratórios dos trabalhadores da categoria respectiva, sob pena de ferimento ao princípio da liberdade sindical e caracterização de conduta anti-sindical tipificada na Convenção nº 98 da OIT, ratificada pelo Brasil.215

Segundo Luciano Martinez, em face das suspeições generalizadas, o enunciado n.

27 da 1º Jornada de Direito Material e Processual da Justiça do Trabalho, posicionou-se pela

proibição irrestrita de todo e qualquer financiamento por parte dos empregadores ao sindicato

profissional, em detrimento de uma análise caso a caso. 216

Diverso não é o posicionamento da CONALIS (Coordenadoria Nacional de

Promoção da Liberdade Sindical), do Ministério Público do Trabalho, que foi criada pela

Portaria PGT nº 211, de 28 de maio de 2009, com o objetivo de garantir a liberdade sindical e

a busca da pacificação dos conflitos coletivos trabalhistas.217

Durante a 2ª reunião nacional da Coordenadoria, realizada em São Paulo, no dia 05

de maio de 2010, foram aprovadas cinco orientações, sendo que a de número 1 estabelece:

“afronta a liberdade sindical o financiamento patronal do sindicato profissional”.218

Nesse sentido, os Procuradores do Trabalho, têm instaurado procedimentos

investigatórios na tentativa de obstar esta conduta sindical e tornar sem efeito as cláusulas

fixadas nos instrumentos normativos. Assim, a matéria tem sido questionada perante a Justiça

do Trabalho em Ações Civis Públicas ou Ações Anulatórias de Cláusulas de Instrumentos

Normativos pelo Ministério Público do Trabalho.

Tal procedimento também tem sido objeto de Termo de Ajustamento de Conduta,

conforme notícia colhida no sítio eletrônico da Procuradoria Regional do Trabalho da 3ª Região,

em Minas Gerais:

215 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Enunciados aprovados na 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do Trabalho. Brasília, DF, 23 de novembro de 2007. Disponível em: <http://www.amatra19.org.br/joomla/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=25> Acesso em: 09 out. 2013. 216 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 359. 217 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Coordenadoria nacional de promoção da liberdade sindical. Brasília, DF, 28 de maio de 2009. Disponível em: <http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/portal_do_mpt/area_de_atuacao/liberdade_sindical/>. Acesso em: 14 out. 2013. 218 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Procuradoria Geral do Trabalho. Disponível em: <http://portal.mpt.gov.br/wps/portal/noticias/noticias-das-prts/conalis-estabelece-diretrizes-para-atuacao-do-mpt-em-materias-sindicais.html>. Acesso em: 14 out. 2013.

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Patos de Minas – Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Patos de Minas (Sintropatos) proíbe que empresas da região efetuem contribuições em favor do sindicato. De acordo com o procurador responsável pelo caso, Paulo Veloso, acordo e convenção coletiva da categoria continham cláusulas que previam o financiamento patronal da entidade. “Trata-se de prática anti-sindical e que deve ser coibida, sob pena de restar desprezada a liberdade de autonomia sindical, princípios imprescindíveis para a atuação independente do sindicato”, argumentou o procurador .O acordo proposto pelo Ministério Público do Trabalho estabelece que o Sintropatos não aceite ou receba valores, contribuições ou doações feitas pelo empregador, a qualquer título. Cláusula prevendo pagamento de valores pelo empregador para a manutenção financeira do sindicato dos trabalhadores não poderá constar em futuros acordos, convenções coletivas ou em qualquer outro instrumento. Em caso de descumprimento das obrigações, o sindicato deverá pagar multa de R$3 mil por cada cláusula descumprida e por cada valor recebido em violação ao estipulado no TAC. Artigo 2º da Convenção 98 da OIT: Considera como ato de ingerência do sindicato dos empregados a manutenção financeira da organização dos trabalhadores pela empresa empregadora. Número do procedimento: 000351.2012.03.004/7219

Nesse sentido, Cláudio Armando Couce de Menezes entende que em tão relevante

tema, todos os mecanismos devem ser utilizados, pois “os atos de ingerência na organização

dos trabalhadores afronta o cânone da liberdade sindical, que orienta o Direito do Trabalho”.220

4.4 DECISÕES JURISPRUDENCIAIS ACERCA DA MATÉRIA

A legalidade da subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores, já foi matéria de

análise pelos Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho. Como veremos

a seguir, em face da pouca discussão doutrinária a respeito da matéria, a linha decisória dos

Tribunais ainda está submetida a variações.

Observa-se a existência de posicionamentos divergentes, que podem ser resumidos

em três posicionamentos:

1ª) entende pela legalidade das cláusulas que fixam contribuição patronal em favor

da entidade sindical obreira, fundamentada no direito das partes contratantes de dispor

livremente em Convenção Coletiva de Trabalho;

219 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Procuradoria Regional do Trabalho da 3ª Região. Disponível em: < http://www.prt3.mpt.gov.br/imprensa/?p=13010>. Acesso em: 14 out. 2013. 220 MENEZES, Cláudio Armando Couce de. Proteção contra condutas anti-sindicais: atos anti-sindicais, controle contra discriminação e procedimentos anti-sindicais. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, Belém, v. 39, jan./jun. 2006, p. 126.

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2ª) entende pela ilegalidade das cláusulas que fixam contribuição patronal em favor

da entidade sindical obreira por comprometer a autonomia sindical, e contrariar o disposto no

art. 2º da Convenção nº 98 da OIT;

3ª) entende que nem todo repasse financeiro das empresas ao sindicato profissional

configura prática ilegal, mas somente aquele atribuído com o propósito de manter a estrutura

sindical obreira para, consequentemente sujeitá-la ao controle de outra entidade sindical ou de

um determinado patrão, sendo necessária uma verificação caso a caso.

No tocante ao primeiro posicionamento, em ação proposta por sindicato de

trabalhadores, a 4ª Turma do TST se pronunciou sobre a legalidade da cláusula da contribuição

permanente recolhida pela empresa à entidade sindical profissional. A ementa do acórdão é a

seguinte:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ESCLARECIMENTOS. AÇÃO DE CUMPRIMENTO. CONTRIBUIÇÃO. Tratando-se de contribuição convencionada entre as entidades sindicais representativas das categorias profissional e econômica, na qual ficou estabelecido que "a empresa está obrigada ao recolhimento da taxa de contribuição em favor do sindicato obreiro, sem qualquer desconto nos salários dos empregados", não há que se cogitar acerca da ofensa ao art. 8º, inc. IV, da CF/88, porquanto a hipótese dos autos não se refere à contribuição, a que alude o citado preceito constitucional. Não se está a discutir uma condição imposta pelo Sindicato representativo da categoria profissional, às empresas da correspondente categoria econômica, mas sim, cláusula resultante do ajuste entre os Sindicatos respectivos, do que resulta a inocorrência de violação à literalidade da prerrogativa prevista no art. 513, "e", da Consolidação das Leis do Trabalho. O artigo 8º, inciso IV, da CF, não encerra todas receitas que podem ser auferidas pelas entidades Sindicais, razão pela qual, não há como se constatar o malferimento do citado preceito constitucional, pelo fato da cláusula sub judice, não corresponder às contribuições neste artigo relacionadas. Em sede de recurso de revista o que se aprecia é a violação à literalidade das normas legais e constitucionais invocadas, sendo, portanto, restrita a cognição da matéria, nesta instância extraordinária. Embargos declaratórios acolhidos para prestar esclarecimentos. (ED-RR - 580142-16.1999.5.09.5555 , Relator Juiz Convocado: Luiz Antonio Lazarim, Data de Julgamento: 01/12/2004, 4ª Turma, Data de Publicação: 18/02/2005)221 (grifos nosso)

A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC), do TST, em Recurso

Ordinário em Ação Anulatória nº 28017/2001-909-09-00.2, também confirma o direito das

partes contratantes, de dispor livremente, em Convenção Coletiva de Trabalho e fixarem

contribuição patronal em favor da entidade sindical obreira, conforme expresso na ementa:

221 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Embargos de declaração em recurso de revista nº TST-ED-RR-580.142/1999.9, Relator: Luiz Antonio Lazarim. Brasília, DF, 18 de fevereiro de 2005. Disponível em: <http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=ED-RR%20-%20580142-16.1999.5.09.5555&base=acordao&rowid=AAANGhAAFAAAlP3AAF&dataPublicacao=18/02/2005&query> . Acesso em: 14 out. 2013.

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“CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA" - OBRIGAÇÃO DA EMPRESA E NÃO DOS EMPREGADOS - VALIDADE - (RECURSO ADESIVO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO). A cláusula instituiu contribuição confederativa a ser calculada sobre os salários, mas não sobre eles incidente, ao dispor expressamente que é a empresa que a recolherá e que "tal pagamento não implica em reconhecimento, pela EMPRESA, DO DIREITO DE COBRAR A CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA". Não onerando os salários dos empregados sindicalizados nem os dos não-sindicalizados, a cláusula sob exame encontra-se dentro do âmbito da livre disposição dos atores sociais. Não há contrariedade ao Precedente nº 119 da SDC do TST, nem sequer violação dos arts. 5º, XX, e 8º, V, da Constituição da República. Inteligência do art. 7º, XXVI, da Constituição da República. Recurso ordinário adesivo do Ministério Público do Trabalho não provido. (Processo: ED-ROAA - 2801700-25.2001.5.09.0909 Data de Julgamento: 29/06/2006, Relator Ministro: Milton de Moura França, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DJ 08/09/2006).222 (grifos nosso)

Com relação ao segundo posicionamento, na jurisprudência do TST encontramos

precedentes reconhecendo a invalidade de cláusula coletiva que estipula contribuição patronal

para financiar as atividades da entidade sindical profissional.

A 1ª Turma do TST se pronunciou sobre a ilegalidade da cláusula, como se destaca

em trechos do Acórdão proferido em Recurso de Revista nº 98900-37.2001.5.15.0035:

CONVENÇÃO COLETIVA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL PELA PARTICIPAÇÃO EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA. PRINCÍPIO DA NÃO-INGERÊNCIA PATRONAL NAS ATIVIDADES DO SINDICATO PROFISSIONAL. 1. Estabelece o artigo 2º da Convenção nº 98 da Organização Internacional do Trabalho o princípio da não-ingerência das organizações patronais nas organizações dos empregados e vice-versa. 2. Inválida cláusula mediante a qual se institui contribuição em favor do sindicato profissional a ser paga pela empresa, porquanto o custeio da atividade sindical está diretamente relacionado com a organização, funcionamento e administração do ente sindical. Tal estipulação fere o princípio da não-ingerência, não encontrando guarida no ordenamento jurídico pátrio. Recurso de revista não conhecido. [...] “A cláusula em apreço não encontra guarida no ordenamento jurídico pátrio. Não obstante a liberdade e autonomia de que dispõem os sindicatos na elaboração das normas coletivas, cumpre asseverar a atuação sindical está adstrita às normas de ordem pública destinadas a assegurar a liberdade sindical e a não-ingerência nas atividades sindicais.” (RR - 98900-37.2001.5.15.0035 , Relator Ministro: Lelio Bentes Corrêa, Data de Julgamento: 04/06/2008, 1ª Turma, Data de Publicação: 29/08/2008)223 (grifos nosso)

222 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário em ação anulatória n. 2801700.25.2001.5.09.0909, Relator: Milton de Moura França. Brasília, DF, o8 de setembro de 2006. Disponível em: <http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=ED-ROAA%20-%202801700-25.2001.5.09.0909&base=acordao&rowid=AAANGhAAFAAAaIdAAM&dataPublicacao=08/09/2006&query=CONTRIBUI%C7%C3O%20and%20CONFEDERATIVA%20and%20OBRIGA%C7%C3O%20and%20DA%20and%20EMPRESA%20and%20DOS%20and%20EMPREGADOS%20and%20ROAA-%20and%2028017%20and%20/%20and%202001> . Acesso em: 14 out. 2013. 223 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso de revista n. 98900-37.2001.5.15.0035, Relator: Lelio Bentes Corrêa. Brasília, DF, 29 de agosto de 2008. Disponível em: http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=t

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No mesmo sentido, seguem fragmentos de Acórdão da SDC, proferido nos autos

do Recurso Ordinário nº 2028000-19.2008.5.02.0000:

[...] O Tribunal Regional indeferiu a cláusula, por entender que a prerrogativa tratada na letra -e- do art. 513 da CLT diz respeito apenas aos associados representados pelo sindicato beneficiário da contribuição, não havendo embasamento legal para que a entidade sindical representante dos trabalhadores imponha contribuição aos empregadores, eis que não são seus representados. Irretocável a decisão proferida pelo TRT, uma vez que a cláusula fixa contribuição patronal em favor de sindicato profissional, o que viola os termos do artigo 2º, item 2, da Convenção 98 da OIT, que dispõe: Serão principalmente considerados atos de ingerência, nos termos deste artigo, promover a constituição de organizações de trabalhadores dominadas por organizações de empregadores ou manter organizações de trabalhadores com recursos financeiros ou de outra espécie, com o objetivo de sujeitar essas organizações ao controle de empregadores ou de organizações de empregadores. (RO - 2028000-19.2008.5.02.0000 Data de Julgamento: 13/06/2011, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DEJT 01/07/2011).224 (grifos nosso)

Seguindo esse entendimento, verificam-se também decisões que questionam a

afronta a princípios Constitucionais:

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CLÁUSULAS 63 E 64. CONTRIBUIÇÕES ASSISTENCIAL E DE SOLIDARIEDADE SINDICAL. CUSTEIO PELA EMPRESA EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL. Decisão recorrida em que se declarou a nulidade de cláusulas constantes de acordo coletivo celebrado entre as partes, nas quais se instituíram contribuições assistencial e de solidariedade sindical a serem custeadas pela empresa em favor do sindicato profissional. Manutenção dessa decisão, a fim de se resguardar o princípio constitucional da autonomia sindical. Recurso ordinário a que se nega provimento. (ROAA - 2800300-97.2006.5.09.0909 , Relator Ministro: Fernando Eizo Ono, Data de Julgamento: 11/05/2009, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 05/06/2009)225 (grifos nosso)

rue&numeroFormatado=RR%20-%2098900-37.2001.5.15.0035&base=acordao&rowid=AAANGhAAFAAAsh7AAI&dataPublicacao=29/08/2008&query>. Acesso em: 20 out. 2013. 224 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário nº 2028000-19.2008.5.02.0000, Relator: Mauricio Godinho Delgado, Brasília, DF, 01 de julho de 2011. Disponível em: <http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RO%20-%202028000-19.2008.5.02.0000&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAACyaAAF&dataPublicacao=01/07/2011&query>. Acesso em: 20 out. 2013. 225 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário ação anulatória nº ROAA - 2800300-97.2006.5.09.0909, Relator: Fernando Eizo Ono. Brasília, DF, 05 de junho de 2009. Disponível em: < http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=ROAA%20-%202800300-97.2006.5.09.0909&base=acordao&rowid=AAANGhAAFAAArITAAA&dataPublicacao=05/06/2009&query> . Acesso em: 20 out. 2013.

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DISSÍDIO COLETIVO. ACORDO HOMOLOGADO. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. 1. CLÁUSULA 26 - PARTICIPAÇÃO SINDICAL NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA SINDICAL. No entendimento desta Corte, a cláusula pactuada, que institui taxa a ser paga pelas empresas, com o objetivo de remunerar o sindicato profissional pela sua participação em negociações coletivas, deve ser considerada inválida. Primeiramente, porque o objeto das convenções e acordos coletivos deve-se restringir às condições laborais, aplicáveis às relações individuais de trabalho, nos moldes do art. 611 da CLT; em segundo lugar, porque o financiamento da atividade do sindicato profissional, pelas empresas, compromete a liberdade e autonomia da entidade obreira na condução dos interesses dos trabalhadores, afrontando o princípio da autonomia sindical (art. 8º, III, da CF) e contrariando o disposto no art. 2º da Convenção nº 98 da OIT. Dá-se, pois, provimento ao recurso,reformando-se a decisão regional que homologou a cláusula 26 - PARTICIPAÇÃO SINDICAL NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS. Recurso ordinário provido. (RO - 20071-41.2010.5.04.0000 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 12/09/2011, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 23/09/2011)226. (grifos nosso)

Nesse sentido, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, de São Paulo decidiu:

EMENTA:TAXA DE PARTICIPAÇÃO NA NEGOCIAÇÃO COLETIVA A CARGO DA EMPRESA A SER CARREADA AOS COFRES DO SINDICATO PROFISSIONAL. MANUTENÇÃO DE ORGANIZAÇÃO SINDICAL DE TRABALHADORES COM RECURSOS FINANCEIROS DA EMPRESA. COMPROMETIMENTO DA AUTONOMIA SINDICAL E DA MISSÃO DE REPRESENTAÇÃO DOS INTERESSES E DIREITOS DOS TRABALHADORES. NULIDADE DA CLAUSULA DA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. MALFERIMENTO ÀS REGRAS ENCRAVADAS NA CONVEÇÃO N. 98, DA OIT E AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA AUTONOMIA SINDICAL (ART. 8º, I), DA REPRESENTAÇÃO DOS INTERESSES E DIREITOS DA CATEGORIA PROFISSIONAL (ART. 8º, III) E DO DEVER DE PARTICIPAÇÃO NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO (ART. 8º, VI). O desiderato das normas internacionais e constitucionais citadas é o de garantir a liberdade sindical frente ao Estado, ao empregador e às organizações sindicais contrapostas, de modo a evitar o domínio, o controle, a dependência, a cooptação e a promiscuidade na relação sindical. Ofende a Convenção n. 98, da OIT (ratificada pelo Brasil) e a Constituição Federal de 1988 (art. 8º, I, III,e VI) cláusula de convenção coletiva de trabalho que tem por escopo estabelecer remuneração, a ser paga pela empresa, pela participação do sindicato profissional na negociação coletiva. Com efeito, a entidade sindical profissional, associação sem fins lucrativos, representa e negocia por imposição de um dever constitucional, verdadeiro munus público, e portanto deve buscar a defesa dos interesses e direitos da coletividade de trabalhadores pertencentes à categoria e não interesses financeiros próprios. (TRT/SP, 2ª Região, ACÓRDÃO Nº: 20060722821, PROCESSO Nº: 02769-2003-056-02-00-7, TURMA: 6ª, DATA DE PUBLICAÇÃO: 06/10/2006, Relator: Ivani Contini Bramante.)227 (grifos nosso)

226 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário n° 20071-41.2010.5.04.0000, Relatora: Dora Maria da Costa, Brasília, DF, 23 de setembro de 2011. Disponível em: < http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RO%20-%2020071-41.2010.5.04.0000&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAAERPAAF&dataPublicacao=23/09/2011&query>. Acesso em: 20 out. 2013. 227 SÃO PAULO. Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Recurso ordinário n. 02769-2003-056-02-00-7, Relator: Ivani Contini Bramante. São Paulo,SP, o6 de novembro de 2006. Disponível em: <http://www.trt2.jus.br/pesquisa-jurisprudencia-por-palavra-ementados>. Acesso em: 09 out. 2013.

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Em recente decisão, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região, em Santa

Catarina, seguiu o mesmo entendimento:

AÇÃO ANULATÓRIA DE CLÁUSULA DE CONVENÇÃO COLETIVA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL. A estipulação de cláusula coletiva prevendo o repasse de numerário do patronato para a entidade sindical profissional caracteriza ingerência indevida na organização, funcionamento e administração do ente sindical e atenta contra o princípio da autonomia sindical, previsto no ordenamento jurídico (art. 8º da Constituição da República) e na ordem internacional (Convenção n. 98 da OIT). (TRT/SC, 12ª Região, Acórdão: AACC 0000948-64.2012.5.12.0000. SEÇÃO ESPECIALIZADA 1. Data da publicação: 20/09/2013. Relator Desembargador(a): LOURDES DREYER).228 (grifos nosso)

Por fim, no que concerne ao terceiro posicionamento, que entende que nem todo

repasse financeiro das empresas ao sindicato profissional configura prática ilegal, sendo

necessária uma verificação caso a caso, seguem transcritos trechos do Acórdão do TST,

proferido nos autos do Recurso Ordinário nº 3528-60.2010.5.04.0000:

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL EM FAVOR DO SINDICATO PROFISSIONAL. RETRIBUIÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO SINDICAL NAS NEGOCIAÇÕES COLETIVAS. LIMITAÇÃO À AUTONOMIA SINDICAL. DESRESPEITO AO PRINCÍPIO DA LEALDADE E TRANSPARÊNCIA NA NEGOCIAÇÃO COLETIVA. 1. O Tribunal Regional de origem homologou cláusula que estipula -doação- da categoria patronal para o sindicato profissional a título de participação sindical nas negociações coletivas-. 2. Os arts. 8º, IV, da Constituição Federal, 513, -e-, 578 a 610, da CLT, preveem as fontes de custeio financeiro dos sindicatos, mediante as contribuições sindicais e para custeio do sistema confederativo - esta fixada pela assembleia dos trabalhadores -, bem como as mensalidades dos filiados. 3. A cláusula impugnada, na prática, transfere o custeio da atuação sindical da entidade profissional na negociação coletiva para a categoria econômica. Esse fato, além de atentar contra o princípio da autonomia sindical, põe em dúvida a lisura do sindicato profissional na efetiva busca de normas coletivas que visem a beneficiar os trabalhadores por ele representados. Precedentes da SDC. Recurso ordinário conhecido provido. [...] O Ministério Público do Trabalho sustenta que a cláusula homologada "expressa o comprometimento da empresa em fortalecer economicamente o sindicato profissional, o que fere um dos princípios do Direito do Trabalho, qual seja, o princípio da autonomia sindical". Aponta desrespeito ao art. 2º da Convenção 98 da OIT e transcreve jurisprudência. Mais uma vez assiste razão ao recorrente. Com efeito, consoante a Convenção 98 da OIT, as organizações de trabalhadores e empregadores devem gozar de adequada proteção contra atos de ingerência uma das outras de qualquer espécie. Nesse sentido, assim dispõe o art. 2º, verbis:

228 SANTA CATARINA. Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região. Ação anulatória n. 0000948-64.2012.5.12.0000, Relatora: Lourdes Dreyer. Florianópolis, SC, 20 de setembro de 2013. Disponível em: <http://consultas.trt12.jus.br/SAP2/DocumentoListar.do?plocalConexao=sap2&ptipo=PDF&pidDoc=261446>. Acesso em: 14 out. 2013.

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1. As organizações de trabalhadores e de empregadores gozarão de adequada proteção contra atos de ingerência de umas nas outras, ou por agentes ou membros de umas nas outras, na sua constituição, funcionamento e administração. 2. Serão principalmente considerados atos de ingerência, nos termos deste Artigo, promover a constituição de organizações de trabalhadores dominadas por organizações de empregadores ou manter organizações de trabalhadores com recursos financeiros ou de outra espécie, com o objetivo de sujeitar essas organizações ao controle de empregadores ou de organizações de empregadores. Como se verifica, a Convenção 98 da OIT objetiva a proteção da entidade sindical de todo ato que vise a reduzir a liberdade sindical, estimulando a constituição de sindicatos fortes e independentes. Busca proteger a entidade sindical de ingerências externas que possam desviá-la de sua finalidade principal que é a defesa dos direitos e dos interesses da categoria por ela representada. Consideram-se atos de ingerência aqueles que impliquem em intervenção direta ou indireta na administração e desenvolvimento do sindicato e que lhe retire a independência de atuação. [...] Assim, inadmissível o repasse de contribuição financeira patronal para subsidiar as atividades sindicais que impliquem em restringir a liberdade e autonomia do sindicato. Evidentemente nem todo repasse financeiro das empresas ao sindicato profissional configura prática antissindical, mas somente aquele tendente a subordinar a organização e atuação de um sindicato ao desígnio de outra entidade sindical ou de um determinado patrão. [...] Portanto, embora, em tese, nem toda contribuição da categoria econômica para o sindicato profissional configure prática antissindical, resulta claro que deverá ser admitida com cautela, somente em situações especificas e excepcionais. No caso concreto, todavia, verifica-se claramente que a condição homologada poderá se refletir na independência de atuação da entidade sindical profissional. Com efeito, a "doação", consoante se infere do título da cláusula, visa a ressarcir o sindicato profissional dos gastos relativos à campanha coletiva, ou seja, objetiva financiar as atividades sindicais. Ocorre que cabe aos trabalhadores o custeio da atividade sindical. Come efeito, os arts. 8º, IV, da Constituição Federal, 513, e, 578 à 610, da CLT, preveem as fontes de custeio financeiro dos sindicatos, mediante as contribuições sindicais e para custeio do sistema confederativo - esta fixada pela assembleia dos trabalhadores -, bem como as mensalidades dos filiados. A cláusula impugnada, na prática, transfere para a categoria econômica o custeio das atividades sindicais da entidade profissional que, em face dos dispositivos constitucionais e da CLT citados, são impostos aos trabalhadores por ela representados. [...] Assim, o financiamento da negociação coletiva pela classe patronal, além de desrespeitar a autonomia sindical, põe em dúvida a lisura do sindicato profissional na efetiva busca de normas coletivas que visem a beneficiar os trabalhadores por ele representados. Certamente a atuação sindical em busca de melhorias para a categoria, principalmente salarial, será prejudicada, uma vez que condicionada à contribuição patronal. (RO - 3528-60.2010.5.04.0000 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 10/10/2011, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 21/10/2011)229 (grifos nosso)

229 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário nº 3528-60.2010.5.04, Relator: Walmir Oliveira da Costa, Brasília, DF, 21 de outubro de 2011. Disponível em: < http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RO%20-%203528-60.2010.5.04.0000&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAADDfAAE&dataPublicacao=21/10/2011&query>. Acesso em: 20 out. 2013.

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Recentemente, o TST, validou ajuste coletivo prevendo repasse financeiro da

categoria econômica para o sindicato profissional, a decisão considerou que a contribuição não

se destinava a manter a organização sindical, mas visava à melhoria dos serviços médicos e

odontológicos, não configurando assim ato de ingerência, como se depreende da ementa do

referido julgado:

CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA MELHORIA DOS SERVIÇOS MÉDICO E ODONTOLÓGICO PRESTADOS PELO SINDICATO PROFISSIONAL. ATO DE INGERÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO SINDICAL NÃO CONFIGURADO. 1. O Tribunal Regional de origem acolheu postulação do Ministério Público do Trabalho, decretando a nulidade da cláusula convencional que estipula contribuição da categoria patronal visando à melhoria dos serviços médico e odontológico prestados pelo sindicato profissional aos trabalhadores. O pedido de nulidade fundamentou-se na alegação de que a cláusula implicava ato de ingerência na organização sindical dos trabalhadores. 2. Consideram-se atos de ingerência, repelidos pelo art. 2º da Convenção 98 da OIT, aqueles que impliquem intervenção direta ou indireta na administração e desenvolvimento do sindicato e que lhe retire a independência de atuação. 3. Não se verifica, na cláusula impugnada, a alegada prática de ato de ingerência ou antissindical, hipótese vedada pelo art. 2º da norma internacional, uma vez que a assistência financeira patronal não se destina a manter a organização sindical dos trabalhadores, mas, exclusivamente, à melhoria dos serviços médico e odontológico prestados pelo sindicato profissional. 4. A cláusula em debate concede, ainda que de forma indireta, condição de trabalho benéfica ao trabalhador. Com efeito, o art. 514 da CLT não enumera dentre os deveres do sindicato a manutenção de serviços médico e odontológico, embora seja comum a entidade sindical prestar esse tipo de assistência aos integrantes da categoria. Assim, deixar de validar a cláusula convencional, que traz benefício à categoria profissional, poderá denotar cerceamento da liberdade de negociação e interferência indevida do Poder Judiciário na organização sindical vedada pelo art. 8º, I, da Constituição da República. A previsão convencional não reduziu direito previsto em lei ou conquista da categoria. Ao contrário, prestigia o direito do trabalhador à saúde, promovendo melhoria em sua condição social (arts. 6º e 7º, -caput-, da Constituição da República). Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. (Processo: RO - 36500-57.2009.5.17.0000 Data de Julgamento: 11/06/2012, Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: DJ: 15/06/2012).230 (grifos nossos)

No mesmo sentido, a SDC, já havia validado cláusula estipulando contribuição da

categoria patronal para financiar a promoção de festa de confraternização dos trabalhadores,

como se depreende da ementa:

230 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário ação anulatória n. 36500.57.2009.5.17.0000 , Relator: Walmir Oliveira da Costa . Brasília, DF, 15 de junho de 2012 . Disponível em: <http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RO%20-%2036500-57.2009.5.17.0000&base=acordao&rowid=AAANGhABIAAACkAAAV&dataPublicacao=15/06/2012&query=CONTRIBUI%C7%C3O%20and%20PATRONAL%20and%20PARA%20and%20CUSTEIO%20and%20DE%20and%20FESTA%20and%20DOS%20and%20TRABALHADORES>. Acesso em: 14 out. 2013.

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RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO PROFISSIONAL. AÇÃO ANULATÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PARA CUSTEIO DE FESTA DOS TRABALHADORES. ATO DE INGERÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO SINDICAL NÃO CONFIGURADO. 1. O Tribunal Regional de origem acolheu postulação do Ministério Público do Trabalho, decretando a nulidade da cláusula convencional que estipula contribuição da categoria patronal para financiar festa de confraternização de todos os integrantes da categoria profissional, em comemoração ao dia dos empregados em empresas de asseio e conservação. O pedido de nulidade fundamentou-se na alegação de que a cláusula implicava ato de ingerência na organização sindical dos trabalhadores. 2. Consideram-se atos de ingerência, repelido pelo art. 2º da Convenção 98 da OIT, aqueles que impliquem intervenção direta ou indireta na administração e desenvolvimento do sindicato e que lhe retire a independência de atuação. 3. Não se verifica, na cláusula impugnada, a alegada prática de ato de ingerência ou antissindical, hipótese tolhida pelo art. 2º da norma internacional, uma vez que, primeiro, o recurso financeiro patronal não se destina a manter a organização sindical dos trabalhadores, mas, exclusivamente, ao custeio de uma festividade específica e tradicional; e, segundo, não há, na hipótese, sinais de que esse custeio implique prejuízo à liberdade sindical, com a vedada sujeição da organização sindical profissional ao controle pela entidade patronal. Recurso ordinário conhecido e parcialmente provido. (RO - 16600-25.2008.5.17.0000 , Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 09/05/2011, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 27/05/2011)231 (grifos nosso)

Constata-se das decisões transcritas acima, no que se refere a cláusulas prevendo a

subvenção patronal ao sindicato de trabalhadores que, apesar das divergências de

posicionamento dentro do próprio Tribunal Superior do Trabalho, há uma tendência de

considerá-las uma afronta à liberdade e a autonomia sindical, colocando em dúvida a

credibilidade dos sindicatos profissionais na defesa incondicional dos interesses e na efetiva

busca de normas coletivas que visem a melhorar as condições financeiras e de trabalho dos

trabalhadores por ele representados.

231 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Recurso ordinário n° 16600-25.2008.5.17.0000, Relator: Walmir Oliveira da Costa, Brasília, DF, 27 de maio de 2011. Disponível em:<http://aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/inteiroTeor.do?action=printInteiroTeor&format=html&highlight=true&numeroFormatado=RO%20-%2016600-25.2008.5.17.0000&base=acordao&rowid=AAANGhAA+AAAKzbAAO&dataPublicacao=27/05/2011&query>. Acesso em 19 out. 2013.

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5 CONCLUSÃO

Ao abordarmos o contexto histórico do sindicalismo, percebemos que o sindicato

sofreu várias interpretações e alterações nas suas características e, seu surgimento, apesar de

incerto pelos doutrinadores, marcou uma nova era na vida dos trabalhadores que buscavam

melhores condições de trabalho.

Através da analise dos conceitos, da natureza jurídica e das funções do sindicato foi

possível concluir que este ente tem como finalidade a proteção dos direitos e interesses

individuais e coletivos da categoria para a qual foi criado.

Consequentemente, o sindicato dos trabalhadores congrega membros de uma

determinada profissão e tem a função precípua de representá-la e defendê-la, objetivando

ampliar os seus direitos e melhorar suas condições de trabalho, nunca o contrário.

A atividade sindical deve ser livremente exercida, devendo ser coibida toda e

qualquer forma de obstrução. A esse respeito, a liberdade sindical, representa a base de toda a

estrutura jurídica criada para tutelar a livre atuação de trabalhadores, empregadores e seus

respectivos sindicatos.

A liberdade sindical consiste no direito fundamental de permitir a associação com

o objetivo de constituir entidades de natureza classista profissional ou econômica, para a

proteção e defesa dos seus interesses, fazendo-o de modo livre, com as garantias de não

sofrerem intervenções externas, estranhas, estatais ou privadas.

É com vistas a assegurar essa liberdade de administração dos sindicatos, que a

Organização Internacional do Trabalho, adotou as Convenções n. 87 e n. 98, esta última

ratificada pelo Brasil em 18 de novembro de 1952.

O objetivo principal das normas internacionais acima citadas são justamente

garantir total independência e autonomia organizacional, administrativa e financeira às

entidades sindicais, princípios estes posteriormente consagrados no art. 8º da CRFB.

Neste ponto, é indispensável esclarecer que a autonomia e independência do

sindicato obreiro não figuram apenas como um direito dessa associação perante o Estado, mas

também em relação a terceiros. Não se trata de uma proteção apenas dos sindicatos, mas,

sobretudo, da categoria (econômica ou profissional) representada.

Obviamente, para alcançar os seus propósitos, as associações sindicais necessitam

de apoio financeiro, e para tanto, no sistema sindical brasileiro, estão legalmente autorizadas a

se valer de algumas fontes de custeio, quais sejam: contribuição sindical, contribuição

confederativa, contribuição assistencial e a mensalidade sindical.

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No que se refere à independência financeira dos sindicatos, deve-se ter em conta

que a manutenção das entidades sindicais apenas com recursos dos seus integrantes é garantia

da plena liberdade em sua atuação, porquanto o custeio da atividade sindical está diretamente

relacionado com a organização, funcionamento e administração do ente sindical.

Outrossim, ao exigir do empregador que contribua para o sindicato profissional,

este esta promovendo uma deturpação do conceito de contribuição para o sistema sindical

brasileiro, não sendo possível admitir que o sindicato dos empregados seja custeado pelo

empregador, pois deve ele sobreviver com as contribuições dos membros que pertencem à

categoria profissional que representa.

A partir do momento em que o poder público, ou empregador ou outra entidade

sindical passam a subvencionar financeiramente determinado sindicato, sua atuação poderá

comprometer-se, por conta do risco de sofrer a influência do financiador, o que resultará

certamente em atentado à liberdade sindical, rompendo-se aquela autonomia e independência

necessária para a defesa dos interesses da categoria, afetando a sua credibilidade, facilitando o

surgimento dos chamados sindicatos “pelegos” ou sindicatos “amarelos”.

Não é possível harmonizar a concessão de valores monetários pela empresa e o

exercício da atividade sindical, pois, em princípio o interesse da categoria econômica não é o

de fortalecer o sindicato representante da categoria profissional.

Desta forma, pode-se afirmar que quando o sindicato profissional aceita

contribuição econômica da empresa, ele acaba por admitir também, em algum momento, a

ingerência indevida da entidade patronal nas atividades de administração e exercício de funções

necessárias à defesa dos interesses dos trabalhadores, haja vista que tais instituições possuem

interesses, em princípio, divergentes, implicando assim, em violação aos princípios da liberdade

e autonomia sindical.

Ademais, no Brasil, com a imposição da unicidade sindical, que exige a criação tão

somente de um sindicato por categoria na mesma base territorial, o direito de escolha do

trabalhador fica limitado.

O trabalhador não possui a faculdade de escolher uma entidade sindical que não

aceite essa forma de financiamento, restando somente à faculdade de não filiar-se, acarretando

dessa forma o enfraquecimento dos sindicatos.

Por fim, corroborando todo o exposto, concluiu-se ser totalmente ilegal a instituição

de contribuição a ser paga pelo empregador em benefício do sindicato profissional.

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ANEXOS

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ANEXO A – Convenção n. 87 da OIT

Liberdade Sindical e Proteção ao Direito de Sindicalização CONVENÇÃO N. 87

“A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho. Convocada em São Francisco pelo Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho e ali reunida a 17 de junho de 1948, em sua 31ª Sessão. Após ter decidido adotar sob forma de uma Convenção diversas propostas relativas à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, assunto que constitui o sétimo ponto da ordem do dia da sessão.

Considerando que o Preâmbulo da Constituição da Organização Internacional do Trabalho enuncia, entre os meios suscetíveis de melhorar a condição dos trabalhadores e de assegurar a paz, ‘a afirmação do princípio da liberdade sindical’;

Considerando que a Declaração de Filadélfia proclamou novamente que ‘a liberdade de expressão e de associação é uma condição indispensável a um progresso ininterrupto’;

Considerando que a Conferência Internacional do Trabalho em sua 30ª Sessão adotou, por unanimidade, os princípios que devem constituir a base da regulamentação internacional;

Considerando que a Assembleia Geral das Nações Unidas, em sua Segunda Sessão, endossou esses princípios e convidou a Organização Internacional do Trabalho a prosseguir em todos os seus esforços no sentido de que seja possível adotar uma ou várias convenções internacionais;

Adota, aos nove dias de julho de mil novecentos e quarenta e oito, a Convenção seguinte, que será denominada ‘Convenção sobre a Liberdade Sindical e à Proteção do Direito Sindical, 1948’.

PARTE I LIBERDADE SINDICAL

Art. 1 — Cada Membro da Organização Internacional do Trabalho, para o qual a presente Convenção está em vigor, se compromete a tornar efetivas as disposições seguintes.

Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas. Art. 3 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de elaborar seus estatutos e regulamentos administrativos, de eleger livremente seus representantes, de organizar a gestão e a atividade dos mesmos e de formular seu programa de ação. 2. As autoridades públicas deverão abster-se de qualquer intervenção que possa limitar esse direito ou entravar o seu exercício legal. Art. 4 — As organizações de trabalhadores e de empregadores não estarão sujeitas à dissolução ou à suspensão por via administrativa. Art. 5 — As organizações de trabalhadores e de empregadores terão o direito de constituir federações e confederações, bem como o de filiar-se às mesmas, e toda organização, federação

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ou confederação terá o direito de filiar-se às organizações internacionais de trabalhadores e de empregadores. Art. 6 — As disposições dos arts. 2, 3 e 4 acima se aplicarão às federações e às confederações das organizações de trabalhadores e de empregadores. Art. 7 — A aquisição de personalidade jurídica por parte das organizações de trabalhadores e de empregadores, suas federações e confederações, não poderá estar sujeita a condições de natureza a restringir a aplicação das disposições dos arts. 2, 3 e 4 acima. Art. 8 — 1. No exercício dos direitos que lhe são reconhecidos pela presente convenção, os trabalhadores, os empregadores e suas respectivas organizações deverão da mesma forma que outras pessoas ou coletividades organizadas, respeitar a lei. 2. A legislação nacional não deverá prejudicar nem ser aplicada de modo a prejudicar as garantias previstas pela presente Convenção. Art. 9 — 1. A medida segundo a qual as garantias previstas pela presente Convenção se aplicarão às forças armadas e à polícia será determinada pela legislação nacional. 2. De acordo com os princípios estabelecidos no § 8º do art. 19 da Constituição da Organização Internacional do Trabalho a ratificação desta Convenção, por parte de um Membro, não deverá afetar qualquer lei, sentença, costume ou acordo já existentes que concedam aos membros das forças armadas e da polícia garantias previstas pela presente Convenção. Art. 10 — Na presente Convenção, o termo ‘organização’ significa qualquer organização de trabalhadores ou de empregadores que tenha por fim promover e defender os interesses dos trabalhadores ou dos empregadores. PARTE II PROTEÇÃO DO DIREITO SINDICAL Art. 11 — Cada Membro da Organização Internacional do Trabalho para o qual a presente Convenção está em vigor, se compromete a tomar todas as medidas necessárias e apropriadas a assegurar aos trabalhadores e aos empregadores o livre exercício do direito sindical. PARTE III MEDIDAS DIVERSAS Art. 12 — 1. No que se refere aos territórios mencionados no art. 35 da Constituição da Organização Internacional do Trabalho, tal como foi emendada pelo Instrumento de Emenda da Constituição da Organização Internacional do Trabalho, 1946, com exclusão dos territórios citados nos §§ 4º e 5º do dito artigo assim emendado, todo Membro da Organização que ratificar a presente Convenção deverá transmitir ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho com a ratificação, ou no mais breve prazo possível após a ratificação, uma declaração que estabeleça: a) os territórios aos quais se compromete a aplicar as disposições da Convenção sem modificação; b) os territórios aos quais se compromete a aplicar as disposições da Convenção com modificações, e em que consistem tais modificações; c) os territórios aos quais a Convenção é inaplicável e, no caso, as razões pelas quais é ela Inaplicável. 2. Os compromissos mencionados nas alíneas a e b do parágrafo 1 do presente artigo serão considerados partes integrantes da ratificação e produzirão idênticos efeitos.

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3. Qualquer Membro poderá, por nova declaração, retirar, no todo ou em parte, as reservas contidas na sua declaração anterior em virtude das alíneas b, c e d do parágrafo 1 do presente artigo. 4. Qualquer Membro poderá nos períodos durante os quais a presente Convenção pode ser denunciada de acordo com as disposições do art. 16, transmitir ao Diretor-Geral uma nova declaração que modifique em qualquer outro sentido os termos de qualquer declaração anterior e estabeleça a situação relativamente a determinados territórios. Art. 13 — 1. Quando as questões tratadas pela presente Convenção forem da competência própria das autoridades de um território não metropolitano e Membro responsável pelas relações internacionais desse território, de acordo com o Governo do referido território, poderá comunicar ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho uma declaração de aceitação, em nome desse território, das obrigações da presente Convenção. 2. Uma declaração de aceitação das obrigações da presente Convenção será transmitida ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho: a) por dois ou mais Membros da Organização, com relação a um território colocado sob sua autoridade conjunta; b) por qualquer autoridade internacional responsável pela administração de um território em virtude das disposições da Carta das Nações Unidas ou de qualquer outra disposição em vigor, com relação a esse território. 3. As declarações transmitidas ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho de acordo com as disposições dos parágrafos precedentes do presente artigo, deverão indicar se as disposições da Convenção serão aplicadas no território com ou sem modificação; quando a declaração indicar que as disposições da Convenção sob reserva de modificações, ela deverá especificar em que consistem tais modificações. 4. O Membro ou os Membros ou a autoridade internacional interessados poderão, por uma declaração posterior, renunciar inteira ou parcialmente ao direito de invocar uma modificação indicada numa declaração anterior. 5. O Membro ou os Membros ou a autoridade internacional interessados poderão, nos períodos durante os quais a presente Convenção pode ser denunciada de acordo com as disposições do Artigo 16, transmitir ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho uma nova declaração que modifique em qualquer outro sentido os termos de qualquer declaração anterior e estabeleça a situação no que se refere à aplicação desta Convenção. PARTE IV DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 14 — As ratificações formais da presente Convenção serão transmitidas ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registradas. Art. 15 — 1. A presente Convenção obrigará somente os Membros da Organização Internacional do Trabalho cujas ratificações tenham sido registradas pelo Diretor-Geral. 2. Entrará em vigor doze meses após serem registradas pelo Diretor-Geral, as ratificações por parte de dois Membros. 3. Posteriormente esta Convenção entrará em vigor, para cada Membro, doze meses após a data de registro de sua ratificação. Art. 16 — 1. Todo Membro que tenha ratificado a presente Convenção poderá denunciá-la ao expirar o prazo de dez anos, contados da data inicial da vigência da Convenção, por meio de um ato comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registrado. A denúncia somente se tornará efetiva um ano após haver sido registrada.

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2. Todo Membro que tenha ratificado a presente Convenção e que no prazo de um ano após o termo do período de dez anos, mencionado no parágrafo precedente, não houver feito uso da faculdade de denúncia prevista pelo presente artigo, ficará ligado por um novo período de dez anos e, posteriormente, poderá denunciar a presente Convenção ao termo de cada período de dez anos, nas condições previstas no presente artigo. Art. 17 — 1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará a todos os Membros da Organização Internacional do Trabalho o registro de todas as ratificações, declarações e denúncias que lhe forem transmitidas pelos Membros da Organização. 2. Ao notificar aos Membros da Organização o registro da segunda ratificação que lhe tenha sido transmitida, o Diretor-Geral chamará a atenção dos Membros da Organização para a data na qual a presente Convenção entrará em vigor. Art. 18 — O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho transmitirá ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para fins de registro de acordo com o artigo 102 da Carta das Nações Unidas, informações completas a respeito de todas as ratificações, declarações, e atos de denúncia que tenha registrado de acordo com os artigos precedentes. Art. 19 — Ao termo de cada período de dez anos, contados da entrada em vigor da presente Convenção, o Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho deverá apresentar à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação da presente Convenção e decidirá da conveniência de ser inscrita na ordem do dia da Conferência a questão de sua revisão total ou parcial. Art. 20 — 1. Caso a Conferência adotar uma nova Convenção que implique revisão total ou parcial da presente Convenção e a menos que a nova Convenção não disponha de outro modo: a) a ratificação, por parte de um Membro, da nova Convenção revista acarretará de pleno direito, não obstante o artigo 16 acima, denúncia imediata da presente Convenção desde que a nova Convenção revista tenha entrado em vigor; b) a partir da data da entrada em vigor da nova Convenção revista, a presente Convenção cessará de estar aberta a ratificação por parte dos Membros. 2. A presente Convenção permanecerá, entretanto, em vigor na sua forma e teor para os Membros que a houverem ratificado e que não ratificarem a Convenção revista. Art. 21 — As versões francesa e inglesa do texto da presente Convenção são igualmente autênticas."

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ANEXO B – Convenção n. 98 da OIT

Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva CONVENÇÃO N. 98

I — Aprovada na 32ª reunião da Conferência Internacional do Trabalho (Genebra — 1949), entrou em vigor no plano internacional em 18.7.51. II — Dados referentes ao Brasil: a) aprovação = Decreto Legislativo n. 49, de 27.8.52, do Congresso Nacional; b) ratificação = 18 de novembro de 1952; c) promulgação = Decreto n. 33.196, de 29.6.53; d) vigência nacional = 18 de novembro de 1953.

“A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho e tendo-se reunido a oito de junho de 1949, em sua trigésima segunda sessão.

Após ter decidido adotar diversas proposições relativas à aplicação dos princípios do direito de organização e de negociação coletiva, questão que constitui o quarto ponto na ordem do dia da sessão.

Após ter decidido que essas proposições tomariam a forma de uma convenção internacional, adota, a primeiro de julho de mil novecentos e quarenta e nove, a convenção seguinte, que será denominada ‘Convenção Relativa ao Direito de Organização e de Negociação Coletiva, 1949’;

Art. 1 — 1. Os trabalhadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em matéria de emprego. 2. Tal proteção deverá, particularmente, aplicar-se a atos destinados a: a) subordinar o emprego de um trabalhador à condição de não se filiar a um sindicato ou deixar de fazer parte de um sindicato; b) dispensar um trabalhador ou prejudicá-lo, por qualquer modo, em virtude de sua filiação a um sindicato ou de sua participação em atividades sindicais, fora das horas de trabalho ou com o consentimento do empregador, durante as mesmas horas. Art. 2 — 1. As organizações de trabalhadores e de empregadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos de ingerência de umas e outras, quer diretamente quer por meio de seus agentes ou membros, em sua formação, funcionamento e administração. 2. Serão particularmente identificados a atos de ingerência, nos termos do presente artigo, medidas destinadas a provocar a criação de organizações de trabalhadores dominadas por um empregador ou uma organização de empregadores, ou a manter organizações de trabalhadores por outros meios financeiros, com o fim de colocar essas organizações sob o controle de um empregador ou de uma organização de empregadores. Art. 3 — Organismos apropriados às condições nacionais deverão, se necessário, ser estabelecidos para assegurar o respeito do direito de organização definido nos artigos precedentes. Art. 4 — Deverão ser tomadas, se necessário for, medidas apropriadas às condições nacionais, para fomentar e promover o pleno desenvolvimento e utilização dos meios de negociação

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voluntária entre empregadores ou organizações de empregadores e organizações de trabalhadores com o objetivo de regular, por meio de convenções, os termos e condições de emprego. Art. 5 — 1. A medida segundo a qual as garantias previstas pela presente Convenção se aplicarão às forças armadas e à polícia será determinada pela legislação nacional. 2. De acordo com os princípios estabelecidos no § 8 do art. 19 da Constituição da Organização Internacional do Trabalho, a ratificação desta Convenção, por parte de um Membro, não deverá ser considerada como devendo afetar qualquer lei, sentença, costume ou acordo já existentes que concedem aos membros das forças armadas e da polícia garantias previstas pela presente Convenção. Art. 6 — A presente Convenção não trata da situação dos funcionários públicos ao serviço do Estado e não deverá ser interpretada, de modo algum, em prejuízo dos seus direitos ou de seus estatutos. Art. 7 — As ratificações formais da presente convenção serão comunicadas ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registradas. Art. 8 — 1. A presente convenção não obrigará senão aos Membros da Organização Internacional do Trabalho cuja ratificação tenha sido registrada pelo Diretor-Geral. 2. Ele entrará em vigor doze meses depois que as ratificações de dois Membros tiverem sido registradas pelo Diretor-Geral. 3. Em seguida, esta convenção entrará em vigor para cada Membro doze meses depois da data em que sua ratificação tiver sido registrada. Art. 9 — Fica proibido qualquer desconto dos salários cuja finalidade seja assegurar pagamento direto ou indireto do trabalhador ao empregador, a representante deste ou a qualquer intermediário (tal como um agente encarregado de recrutar a mão-de-obra), com o fim de obter ou conservar um emprego. Art. 10 — 1. O salário não poderá ser objeto de penhora ou cessão, a não ser segundo as modalidades e nos limites prescritos pela legislação nacional. Art. 11 — 1. Todo Membro que tiver ratificado a presente convenção poderá denunciá-la no fim de um período de dez anos depois da data da entrada em vigor inicial da convenção, por ato comunicado ao Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho e por ele registrado. A denúncia não terá efeito senão um ano depois de ter sido registrada. 2. Todo Membro que, tendo ratificado a presente convenção, dentro do prazo de um ano depois da expiração do período de dez anos mencionado no parágrafo precedente, não fizer uso da faculdade de denúncia prevista no presente artigo, será obrigado por novo período de dez anos e, depois disso, poderá denunciar a presente convenção no fim de cada período de dez anos, nas condições previstas no presente artigo. Art. 12 — 1. O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho notificará a todos os Membros da Organização Internacional do Trabalho o registro de todas as ratificações que lhe forem comunicadas pelos Membros da Organização. 2. Notificando aos Membros da Organização o registro da segunda ratificação que lhe for comunicada, o Diretor-Geral chamará a atenção dos Membros da Organização para a data em que a presente Convenção entrar em vigor.

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Art. 13 — O Diretor-Geral da Repartição Internacional do Trabalho enviará ao Secretário-Geral das Nações Unidas, para fim de registro, conforme o art. 102 da Carta das Nações Unidas, informações completas a respeito de todas as ratificações, declarações e atos de denúncia que houver registrado conforme os artigos precedentes. Art. 14 — Cada vez que julgar necessário, o Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho apresentará à Conferência Geral um relatório sobre a aplicação da presente Convenção e examinará se é necessário inscrever na ordem do dia da Conferência a questão de sua revisão total ou parcial. Art. 15 — 1. No caso de a Conferência adotar nova convenção de revisão total ou parcial da presente convenção, e a menos que a nova convenção disponha diferentemente: a) a ratificação, por um Membro, da nova convenção de revisão acarretará, de pleno direito, não obstante o art. 17 acima, denúncia imediata da presente convenção quando a nova convenção de revisão tiver entrado em vigor; b) a partir da data da entrada em vigor da nova convenção de revisão, a presente convenção cessará de estar aberta à ratificação dos Membros. 2. A presente convenção ficará, em qualquer caso, em vigor, na forma e no conteúdo, para os Membros que a tiverem ratificado e que não tiverem ratificado a convenção de revisão. Art. 16— As versões em francês e em inglês do texto da presente convenção fazem igualmente fé."

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ANEXO C - Convenção coletiva de trabalho 2013/2013

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2013/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC000206/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 05/02/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR005298/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46301.002921/2013-46 DATA DO PROTOCOLO: 01/02/2013 SIND. DOS TRAB. NAS IND. DA CONSTRUCAO E DO MOBILIARIO, CNPJ n. 72.443.856/0001-42, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). VILMAR BARRO; E SIND DAS IND DE S C T M C E L A E C DE F DE MAD DE JCBA, CNPJ n. 75.439.661/0001-17, neste ato representado(a) por seu Vice-Presidente, Sr(a). MIRIAM MARIA BONISSONI GIOMBELLI CANFIELD; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho no período de 1º de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2013 e a data-base da categoria em 1º de janeiro. CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA A presente Convenção Coletiva de Trabalho abrangerá a(s) categoria(s) CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2013/2013 ÁREA DA MADEIRA Nos setores de: Serraria, Carpintarias, Tornaria Madeiras Compensadas e Laminados, Aglomerados e Chapas de Fibras de Madeira. Pelo presente instrumento particular, de um lado, o SINTRACOM - SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DO MOBILIÁRIO DO ALTO URUGUAI CATARINENSE, inscrito no CNPJ nº 72. 443.856/0001-42, com abrangência nos municípios de Concórdia, Ipumirim, Arabutã, Itá, Lindóia do Sul, Piratuba, Ipira, Peritiba, Presidente Castelo Branco, Alto Bela Vista, Jaborá, Irani e Xavantina, representado por seu Presidente Sr. Vilmar Barro, inscrito no CPF nº 637.350.329-15 e de outro lado o SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE SERRARIAS, CARPINTARIAS, TORNOARIAS, MADEIRAS COMPENSADAS E LAMINADOS, AGLOMERADOS E CHAPAS DE FIBRAS DE MADEIRA DE JOAÇABA, inscrito no CNPJ nº 75.439.661/0001-17 representado pela Sra. Miriam Bonissoni Giombelli Canfield, inscrita no CPF nº 501.635.319-00, firmam entre si a presente Convenção Coletiva de Trabalho, regida pelas cláusulas e condições seguintes:VIGÊNCIA O presente instrumento normativo vigorará pelo prazo de 12 (doze) meses para as Cláusulas Econômicas e Sociais com início em 01/01/2013 e término em 31/12/2013. , com abrangência territorial em Concórdia/SC e Ipumirim/SC.

Salários, Reajustes e Pagamento Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - SALÁRIO NORMATIVO Ficam estabelecidos os seguintes Pisos Salariais com vigência a partir de 01/01/2013. 2.1 – Na Contratação e Durante o Contrato de Experiência:

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a) Para o setor da Madeira: R$ 770,00 (setecentos e setenta reais); b) Para o setor do Mobiliário: R$797,50 (setecentos e noventa e sete reais e cinqüenta centavos). 2.2 - Após o Contrato de Experiência: a) Para o setor da Madeira: R$ 786,50 (setecentos e oitenta e seis reais e cinqüenta centavos); b) Para o setor do Mobiliário: R$ 822,80 (oitocentos e vinte e dois reais e oitenta centavos). Parágrafo Primeiro: Na possibilidade desse valor ficar abaixo do salário mínimo nacional ou estadual os empregados passarão a receber o que oferecer mais vantagem ao trabalhador. Parágrafo Segundo: Fica acertado entre as partes que a data base da categoria profissional representada pelos Sindicatos acima, terá vigência em 1º de JANEIRO de cada ano. A presente Convenção Coletiva de Trabalho terá sua vigência e validade de 01/01/2013 a 31/12/2013 para as Clausulas Econômicas e Sociais.

Reajustes/Correções Salariais CLÁUSULA QUARTA - REAJUSTE SALARIAL Para os Empregados que recebem salário acima dos pisos abrangidos por essa Convenção Coletiva de Trabalho terão os seus salários corrigidos, pelo índice de 7,0% (sete por cento) a partir de 1° de Janeiro de 2012 a ser aplicado sobre os salários vigentes em 01/01/2012. Parágrafo Primeiro. - Serão compensadas todas as antecipações coletiva, espontâneas ou compulsórias do período de 01/01/2012 a 31/12/2012. Parágrafo Segundo – Aos empregados admitidos após 01/01/2012 fica assegurada a correção salarial na proporção no tempo de serviço, nos termos da cláusula e parágrafo acima.

Pagamento de Salário – Formas e Prazos

CLÁUSULA QUINTA - MORA SALARIAL Em caso de mora ou no descumprimento das obrigações salariais, incidira a partir de então, a correção dos valores devidos pelos índices do INPC (IBGE) ou outro índice que por ventura venha a substituí-lo.

Outras normas referentes a salários, reajustes, pagamentos e critérios para cálculo CLÁUSULA SEXTA - COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE SALÁRIO As empresas deverão fornecer a todos os seus funcionários comprovantes de pagamento especificando as importâncias pagas e/ou deduzidas conforme o disposto na legislação trabalhista. CLÁUSULA SÉTIMA - COMPROVANTE DE PAGAMENTO Os pagamentos deverão ser efetuados pelas empresas dentro do horário de trabalho de acordo com o disposto na legislação, sob pena de serem tido como extras os períodos dispensados para o recebimento, salvo impossibilidade por motivo de deslocamento. CLÁUSULA OITAVA - CÓPIA DO CONTRATO DE TRABALHO O empregador se obriga a entregar a segunda via do contrato de trabalho e do termo de opção de FGTS, ao empregado. CLÁUSULA NONA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA O contrato de experiência fica suspenso durante a concessão do beneficio previdenciário, completando-se o tempo nele previsto após a cessação do beneficio referido.

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros Adicional de Hora-Extra

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CLÁUSULA DÉCIMA - CLÁUSULAS SOCIAIS HORAS EXTRAORDINÁRIAS As horas extraordinárias serão remuneradas com os seguintes percentuais: a) 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal, quando realizadas de segunda a sábado; b) 100% (cem por cento) em relação à hora normal, quando realizadas de domingos e feriados, além do pagamento do repouso semanal remunerado.

Adicional Noturno

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - JORNADA NOTURNA Fica assegurado a quem prestar serviços em horário noturno, sendo este entendido das 22h às 5h um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o valor da hora diurna, com a redução prevista no artigo 73, parágrafo 1º da CLT.

Auxílio Habitação CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - TRANSFERÊNCIA DE EMPREGADOS O empregado transferido quando em definitivo para fora do município a qual tenha sua residência, receberá um aumento de 25% (vinte e cinco por cento) nos seus vencimentos, além das despesas resultantes da transferência.

Auxílio Saúde CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - ASSISTÊNCIA FARMACEUTICA As empresas se comprometem a pagar 50% (cinqüenta por cento) das despesas decorrentes de gastos com remédios de seus empregados, em caso de acidente de trabalho, num período de 30 (trinta) dias, a contar do acidente, com receita médica, ficando a cargo da empresa a aquisição dos remédios.

Outros Auxílios CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - COMPLEMENTAÇÃO DE SALÁRIO BENEFÍCIO Ao empregado em gozo do benefício previdenciário por acidente ou doença do trabalho, fica assegurado a complementação do valor do benefício em relação ao valor do último salário que estava recebendo enquanto estava trabalhando na empresa, quando o benefício for de até 30 (trinta) dias, sendo pago dentro do prazo legal.

Contrato de Trabalho –

Admissão, Demissão, Modalidades Normas para Admissão/Contratação

CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - ANOTAÇÃO EM CARTEIRA DE TRABALHO As carteiras de trabalho serão anotadas em conformidade com o disposto na legislação em vigor. CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - CARTA DE REFERÊNCIA Será fornecido ao empregado, na hipótese de demissão sem justa causa, carta de referência da empresa, com o fim de facilitar o ingresso do mesmo em outro estabelecimento.

Aviso Prévio

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CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - AVISO PRÉVIO Será de 45 (quarenta e cinco) dias o aviso prévio para os empregados demitidos que contarem com mais de 05 (cinco) anos ininterruptos de trabalho na mesma empresa ou empresa do mesmo grupo. Será de 60 (sessenta) dias o aviso prévio para os empregados demitidos que contarem com 10 anos ininterruptos de trabalho na mesma empresa ou empresa do mesmo grupo. Parágrafo único: O aviso será comunicado por escrito e mediante contra recibo do mesmo. CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - DISPENSA DO AVISO PRÉVIO O empregado que for demitido ou que pedir demissão e que no curso do aviso prévio desejar afastar-se do emprego fica dispensado do cumprimento do mesmo a partir do 16º (décimo sexto) dia, recebendo salários referentes aos dias trabalhados independente de ter novo emprego ou não.

Outras normas referentes a admissão, demissão e modalidades de contratação CLÁUSULA DÉCIMA NONA - RESCISÃO POR JUSTA CAUSA No caso de rescisão por justa causa, a empresa comunicará por escrito e mediante contra recibo com assinatura de duas testemunhas o dispositivo no qual incidiu. CLÁUSULA VIGÉSIMA - DA OBRIGAÇÃO Fica obrigado o cumprimento da Lei nº 7.238 de 29/10/84, art. 9º que garante ao empregado dispensado sem justa causa, no período de 30 (trinta) dias que antecede a data de sua correção salarial, ao direito a uma indenização adicional equivalente ao valor de um salário mensal que recebia. Sendo que o período do aviso prévio indenizado será computado como tempo de serviço.

Relações de Trabalho – Condições de Trabalho, Normas de Pessoal e Estabilidades

Outras estabilidades CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - GARANTIA DE EMPREGO Será garantido o emprego nas seguintes condições: a) Ao empregado que estiver ou vier a estar em gozo de auxílio doença previdenciário não decorrente de acidente de trabalho, desde que o afastamento seja superior a 30 (trinta) dias ininterruptos. A garantia deve ser de até 90 (noventa) dias após a alta médica previdenciária. Também ao empregado que venha sofrer acidente de trabalho, após 15 (quinze) dias de afastamento terá garantido estabilidade de 12 (doze) meses, após a alta médica, nos termos do artigo 118, da Lei nº 8213/91. b) Aos empregados em período de pré-aposentadoria, durante os 24 (vinte e quatro) meses imediatamente anteriores à aquisição da aposentadoria, por idade ou por tempo de serviço, desde que o empregado tenha mais de 05 (cinco) anos ininterruptos de trabalho na mesma empresa ou grupo. Adquirindo-se o direito a aposentadoria, extingue-se a garantia. c) Ao empregado alistado para a prestação do serviço militar obrigatório, a partir do recebimento da notificação de que será efetivamente incorporado, até 90 (noventa) dias após a sua baixa efetiva. d) Fica assegurada a trabalhadora gestante, estabilidade de emprego, desde a concepção da gravidez até 180 (cento e oitenta) dias após o parto, salvo nos casos de demissão por justa causa. e) Ao empregado que em virtude de doença profissional for vítima de seqüelas irreparáveis, será concedida estabilidade até a obtenção da aposentadoria junto ao órgão previdenciário. f) Em qualquer caso, o contrato poderá ser rescindido por pedido de demissão, por justa causa, transferência ou encerramento das atividades da empresa ou ainda a qualquer tempo, mediante o pagamento dos dias de garantias restantes.

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Jornada de Trabalho –

Duração, Distribuição, Controle, Faltas Faltas

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - ABONO DE FALTA Mediante aviso prévio de 48 (quarenta e oito) horas, será abonada a falta do empregado estudante de todos os níveis escolares no dia da prova prática ou teórica desde que coincidam com o horário de trabalho e comprovação de sua realização. CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - AUSÊNCIA JUSTIFICADA Em decorrência da ausência justificada legalmente, o empregado terá direito a ausentar-se do emprego pelos seguintes motivos: a) CASAMENTO: 03 (três) dias; b) FALECIMENTO DE ASCENDENTE, DESCENDENTE, IRMÃO (Ã) OU PESSOA QUE DECLARE NA SUA CTPS QUE VIVA SOB SUA DEPENDÊNCIA: 02 (dois) dias consecutivos; c) NASCIMENTO DO FILHO, AO PAI: 05 (cinco) dias consecutivos.

Sobreaviso

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - CHAMAMENTO ESPECIAL OU DE EMERGÊNCIA No caso de convocação do empregado para prestação excepcional, durante os períodos de folga, repouso ou dias de feriados, a remuneração devida será de 02 (duas) horas se a duração do trabalho for inferior a este lapso de tempo ou se superior de acordo com as horas trabalhadas.

Outras disposições sobre jornada

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - CONTROLE DE HORÁRIO DE TRABALHO É obrigatório a utilização de livro ponto ou cartão mecanizado, nas empresas com até 10 (dez) empregados. Acima desse número, será obrigatória a utilização de cartão mecanizado.

Férias e Licenças Outras disposições sobre férias e licenças

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEXTA - FÉRIAS Os trabalhadores deverão ser avisados de suas férias com antecedência mínima de 30 (trinta) dias de seu inicio, salvo em relação às coletivas quando deverá ser respeitado o prazo legal. Parágrafo primeiro: O início das férias coletivas ou individuais não deverá coincidir com domingos e feriados, devendo nestes casos serem fixadas a partir do primeiro dia útil da semana. Parágrafo segundo: As empresas remunerarão os dias de férias que adentrarem na data base da categoria, nos percentuais de reajuste convencionados, assim como o abono constitucional de 1/3 (um terço) das férias. Parágrafo terceiro: Ao empregado que rescindir espontaneamente seu contrato de trabalho, e contar com 30 (trinta) dias ou mais de trabalho, terá direito às férias proporcionais ao período trabalhado, acrescidos de um terço.

Saúde e Segurança do Trabalhador Equipamentos de Proteção Individual

CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - EQUIPAMENTOS E UNIFORMES

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As empresas fornecerão gratuitamente a seus empregados, quando por lei ou por ela exigidos, equipamentos de proteção individual, uniformes, calçados e ferramentas. Parágrafo único: O não uso dos EPI’s, quando fornecidos pela empresa e necessários à atividade, enseja rescisão por justa causa.

Exames Médicos CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - EXAMES MÉDICOS LABORATORIAIS Os exames médicos laboratoriais admissionais e demissionais exigidos pela empresa, serão suportados integralmente pelos empregadores, devendo ser entregue cópias desses exames ao empregado por ocasião da sua demissão.

Relações Sindicais Acesso do Sindicato ao Local de Trabalho

CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA - ACESSO AO DIRIGENTE SINDICAL O dirigente sindical terá acesso às dependências da empresa para desempenhar suas funções junto à categoria, desde que em horário previamente agendado e autorizado, podendo ser acompanhamento pelo responsável da empresa para os casos de reuniões ou assembléias com trabalhadores.

Liberação de Empregados para Atividades Sindicais CLÁUSULA TRIGÉSIMA - LICENÇA REMUNERADA AO DIRIGENTE SINDICAL As empresas deverão dar licença remunerada ao dirigente sindical de 12 (doze) dias por ano, durante a vigência deste instrumento normativo, sem prejuízo de sua respectiva remuneração.

Contribuições Sindicais CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - RELAÇÃO DE EMPREGADOS As empresas pertencentes à categoria profissional deverão relacionar mensalmente, por escrito, para a entidade sindical profissional: nome, cargo, data de admissão, valor das contribuições e o valor dos salários recebidos. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA - MENSALIDADE SINDICAL Será descontado mensalmente a título de Mensalidade Sindical dos empregados associados ao SINTRACOM o valor de R$ 10,00 (dez reais) conforme aprovado em assembléia pelos mesmos e repassado aos cofres do sindicato mediante boleto enviado pelo mesmo.

Outras disposições sobre relação entre sindicato e empresa CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA - QUADRO DE AVISOS As empresas concederão um espaço no quadro de avisos, sob responsabilidade da entidade sindical profissional, no âmbito da empresa, para a fixação de editais, avisos e notícias sindicais, ficando a cargo do sindicato a providência quanto aos quadros. CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUARTA - HOMOLOGAÇÕES A homologação das rescisões contratuais, para os empregados a partir de 6 (seis) meses de serviços na mesma empresa será obrigatória, devendo ser assistida pelo Sintracom, sob pena de nulidade do ato: PARÁGRAFO PRIMEIRO: Os Documentos necessários para fins de homologação das rescisões contratuais serão os seguintes:

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a) O Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho em 5 (cinco) vias (em caso de demissão sem justa causa) ou em 3 (três) vias (em caso de pedido de demissão); b) A CTPS com anotações devidamente atualizadas; c) O registro de empregados em livro, ficha ou cópia dos dados obrigatórios do registro de empregados, quando informatizado nos termos da Portaria de nº. 3.226/91 do MTPS; d) Atestado Demissional, fornecido por profissional da área da Medicina do Trabalho; e) PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário); f) Guias do Seguro Desemprego (em caso da rescisão de contrato sem justa causa); g) Comprovante do pagamento da multa do FGTS/GRR com o comprovante do envio da Conetividade Social (em caso de demissão sem justa causa); h) O extrato analítico da conta vinculada do empregado ao FGTS indiferente do motivo da rescisão de contrato; i) Comprovantes dos recolhimentos das contribuições sindicais e contribuições de mensalidades, assistências, associativas, subvenção dos empregados e do empregador dos últimos 02 (dois) anos; PARÁGRAFO SEGUNDO: No ato homologatório da rescisão contratual, o empregador deverá apresentar a Certidão de Regularidade e ou as Guias de Recolhimento das Contribuições Sindicais e contribuições de mensalidades, assistências, associativas e subvenção, emitido pelo Sindicato Patronal e do Sintracom, que serão parte integrante dos documentos necessários para satisfação da letra “i” do parágrafo primeiro da presente cláusula, toda vez que utilizar os serviços de homologação de rescisão contratual de empregados; PARÁGRAFO TERCEIRO: Havendo algum recolhimento em atraso, o empregador deverá providenciar o recolhimento junto à entidade devedora, antes da efetivação do ato. CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUINTA - SUBVENÇÃO PATRONAL Todas as empresas abrangidas pela base sindical territorial do Sintracom ficarão obrigadas a recolher para a entidade sindical dos trabalhadores a titulo de Subvenção Patronal até o dia 30 de abril de cada ano, através de guias próprias fornecidas pelo sindicato dos empregados (Sintracom) em parcela única o valor de R$ 30,00 (trinta reais); PARAGRAFO ÚNICO: O não recolhimento dos valores devidos a titulo de Subvenção Patronal descritos no parágrafo primeiro sujeitará ao devedor a aplicação de correção monetária pelo INPC/IBGE juros de 1% (um por cento) ao mês até a data do efetivo pagamento e multa de 2% (dois por cento) a incidir sobre o valor devido, além de outras penalidades previstas nesta CCT.

Disposições Gerais Descumprimento do Instrumento Coletivo

CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEXTA - PENALIDADE Pelo não cumprimento de qualquer cláusula do presente acordo, a parte infratora pagará a parte prejudicada a multa correspondente a 05% (cinco por cento) do valor do salário base recebido pelo empregado, pelo descumprimento das obrigações de fazer decorrentes da presente convenção coletiva de trabalho, por infração e por empregado atingido. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA - DIVERGÊNCIAS As divergências entre as partes conveniadas, na aplicação do dispositivo da presente, serão julgadas pela Vara do Trabalho de Concórdia - SC, excluindo-se outras por mais privilegiadas que sejam.

VILMAR BARRO Presidente

SIND. DOS TRAB. NAS IND. DA CONSTRUCAO E DO MOBILIARIO

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MIRIAM MARIA BONISSONI GIOMBELLI CANFIELD

Vice-Presidente SIND DAS IND DE S C T M C E L A E C DE F DE MAD DE JCBA

A autenticidade deste documento poderá ser confirmada na página do Ministério do Trabalho e Emprego na Internet, no endereço http://www.mte.gov.br .

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ANEXO D – Convenção coletiva de trabalho 2011/2013

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2011/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC001329/2011 DATA DE REGISTRO NO MTE: 27/06/2011 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR021748/2011 NÚMERO DO PROCESSO: 47620.000401/2011-97 DATA DO PROTOCOLO: 27/06/2011 SINDICATO DOS TRAB EM ESTAB. DE SERVIOS DE SAUDE E SEGURIDADE SOCIAL, PUBLICO E PRIVADO DE CAADOR E REGIAO, CNPJ n. 03.078.294/0001-62, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). LEODALIA APARECIDA DE SOUZA; FEDERACAO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVICOS DE SAUDE DO EST DE SANTA CATARINA, CNPJ n. 83.722.728/0001-54, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). ADAIR VASSOLER; E SIND.ESTABEL SERVICOS SAUDE REG.MEIO OESTE CATARINENSE., CNPJ n. 01.581.056/0001-40, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). RAQUEL TRAVESSINI; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho no período de 1º de abril de 2011 a 31 de março de 2013 e a data-base da categoria em 1º de abril. CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA A presente Convenção Coletiva de Trabalho abrangerá a(s) categoria(s) - A presente Convenção Coletiva de Trabalho terá vigência de 12 (doze) meses, para as cláusulas 1ª e segunda e de 24 meses para as demais clausulas da presente CCT, contados a partir de 1º de abril de 2011, com abrangência territorial em Arroio Trinta/SC, Caçador/SC, Curitibanos/SC, Fraiburgo/SC, Lebon Régis/SC, Macieira/SC, Matos Costa/SC, Monte Carlo/SC, Pinheiro Preto/SC, Rio das Antas/SC, Salto Veloso/SC, Santa Cecília/SC, Tangará/SC, Timbó Grande/SC e Videira/SC.

Salários, Reajustes e Pagamento Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - SALÁRIO NORMATIVO VIGÊNCIA DA CLÁUSULA: 01/04/2011 a 31/03/2012 Aos empregados, integrantes da categoria profissional, que desempenhem jornada de 44 horas semanais, fica instituído, a partir de 1º de abril de 2011, o salário normativo de R$ 660,00 (seiscentos e sessenta reais) mensais.

Reajustes/Correções Salariais

CLÁUSULA QUARTA - REAJUSTE SALARIAL VIGÊNCIA DA CLÁUSULA: 01/04/2011 a 31/03/2012 A partir de 1º de abril de 2011 os salários dos integrantes da categoria profissional serão reajustados com a aplicação do percentual de 7,0% (sete por cento), incidentes sobre os salários

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do mês de abril de 2010, compensados os adiantamentos legais ou espontâneos concedidos no período

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros

Adicional de Tempo de Serviço CLÁUSULA QUINTA - ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO (QUINQÜÊNIO). Os empregadores pagarão mensalmente, aos seus empregados um adicional por tempo de serviço correspondente a 5% sobre o seu salário base, para cada grupo de 5 anos de serviços prestados ao mesmo empregador até o limite de 15%.

Adicional Noturno CLÁUSULA SEXTA - ADICIONAL NOTURNO. O trabalho noturno será remunerado com o adicional de 20% (vinte por cento) no horário compreendido entre as 19:00 horas e às 07:00 horas a incidir sobre o salário base. Para os demais casos será aplicado o disposto na legislação.

Contrato de Trabalho Admissão, Demissão, Modalidades Desligamento/Demissão

CLÁUSULA SÉTIMA - DISPENSA DO AVISO PRÉVIO Fica dispensado do cumprimento do aviso prévio integral, o empregado que for demitido pelo empregador e comprovar a obtenção de novo emprego antes do respectivo término, sendo-lhe devida em tal caso, a remuneração proporcional aos dias efetivamente trabalhados. CLÁUSULA OITAVA - DISPENSA DO EMPREGADO O empregado despedido por justa causa será informado, por escrito, dos motivos da dispensa.

Jornada de Trabalho Duração, Distribuição, Controle, Faltas

Duração e Horário CLÁUSULA NONA - JORNADA EXTRAORDINÁRIA As horas extraordinárias serão remuneradas da seguinte forma: a) Até 40 horas extras ı adicional de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da hora normal; b) Acima de 41 horas extras 100% (cem por cento) sobre o valor da hora normal.

Prorrogação/Redução de Jornada CLÁUSULA DÉCIMA - JORNADA DE TRABALHO ESPECIAL Ficam estabelecidas jornadas especiais de prorrogação e compensação de horas de trabalho, nos seguintes termos: 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso; 05 (cinco) dias de 06 (seis) horas e 01 (um) dia de 12 (doze) horas; 04 (quatro) dias de 06 (seis) horas e 02 (dois) dias de 10 (dez) horas; 04 (quatro) dias de 09 (nove) horas e 01 (um) dia de 08 (oito) horas; 05 (cinco) dias de 7:00 horas e 1 dia de 09:00 horas PARÁGRAFO PRIMEIRO - Para as jornadas de trabalho de 12 (doze) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo mínimo de 01 (uma) hora para refeição ou descanso, já incluído na jornada normal.

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PARÁGRAFO SEGUNDO - A fixação de outras jornadas de trabalho deverá ser precedida da concordância expressa da entidade Sindical profissional, respeitados os ditames legais.

Compensação de Jornada

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - TRABALHO EM DIAS DE REPOUSO É devida a remuneração em dobro do trabalho realizado nos domingos e feriados não compensados, sem prejuízo do repouso remunerado, desde que para este não seja estabelecido outro dia pelo empregador.

Férias e Licenças Duração e Concessão de Férias

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - COMUNICAÇÃO, INÍCIO E PAGAMENTO DAS FÉRIAS Os empregados serão comunicados do início das férias com antecedência mínima de 30 dias, sendo que as mesmas não poderão ter início em domingos, feriados, em dias de repouso semanal ou em dias compensados. O pagamento deverá ser efetuado dois dias antes do início das férias.

Licença Remunerada CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - LICENÇAS ESPECIAIS As empresas concederão licenças especiais remuneradas aos empregados, nas seguintes condições: a) Casamento - 03 (três) dias consecutivos incluindo o dia do matrimônio; b) Falecimento de cônjuge, pai, mãe, filho, irmão - 03 (três) dias; c) Nascimento de filho - 05 (cinco) dias;

Outras disposições sobre férias e licenças CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - FRACIONAMENTO DE FÉRIAS O fracionamento de férias anuais poderá em comum acordo ser gozado em 02 (dois) períodos de 15 (quinze dias), não podendo ultrapassar o período de gozo. PARÁGRAFO ÚNICO: A gratificação de Férias de 1/3 (um terço) que o trabalhador faz jus deverá ser paga de forma fracionada em conformidade com o caput desta clausula. CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - FÉRIAS PROPORCIONAIS Em caso de pedido de demissão o empregado fará jus ao pagamento de férias na razão de 1/12 avos por mês ou fração superior a 14 dias, a partir do primeiro mês de tempo de serviço.

Saúde e Segurança do Trabalhador Equipamentos de Proteção Individual

CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E INSTRUMENTOS DE TRABALHO Serão fornecidos gratuitamente ao trabalhador, quando exigidos por Lei ou pelo empregador, todos os equipamentos de proteção individual, calçados, instrumentos de trabalho e uniformes, este último em número de dois (02), já confeccionados, bem como adereços e maquilagem.

Exames Médicos

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CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - EXAMES MÉDICOS E LABORATÓRIAIS Os exames médicos e laboratoriais exigidos por lei ou pelo próprio empregador serão por este último pago.

Aceitação de Atestados Médicos CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - ATESTADOS MÉDICOS Os atestados médicos fornecidos por profissionais habilitados e registrados no CRM serão aceitos pelos empregadores para todos os efeitos legais desde que entregues no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas após o afastamento. Parágrafo único: Só serão aceitos atestados odontológicos decorrentes de procedimentos cirúrgicos que expressamente requeiram repouso.

Outras Normas de Prevenção de Acidentes e Doenças Profissionais

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - ASSISTÊNCIA MÉDICA HOSPITALAR O empregador dará a seus empregados, assistência gratuita nos limites de suas especialidades e capacidades, obedecidas às determinações previdenciárias e em acomodações privativas.

Relações Sindicais

Acesso do Sindicato ao Local de Trabalho CLÁUSULA VIGÉSIMA - QUADRO DE AVISOS Fica assegurada a afixação de quadro de avisos da entidade Sindical Profissional para comunicados de interesse dos empregados em local de fácil acesso, vedados os de conteúdo de cunho ofensivo. CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - ACESSO AO DIRIGENTE SINDICAL À EMPRESA Assegura-se o acesso dos dirigentes sindicais nas empresas, nos horários de intervalos destinados a alimentação e repouso para desempenho de suas funções, e, nos demais horários, condicionado a anuência prévia da administração do estabelecimento.

Liberação de Empregados para Atividades Sindicais CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - LICENÇA DE DIRIGENTE SINDICAL Fica assegurada a licença remunerada dos dirigentes e/ou delegados sindicais de pelo menos 21 (vinte e um) dias anuais por estabelecimento, para prestação de serviços à entidade Sindical profissional (participação de reuniões, assembléias, congressos, etc.) devendo esta ser requerida pelo Presidente da Entidade com antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas. PARÁGRAFO ÚNICO - A licença a que se refere o caput desta cláusula, será limitada ao máximo 03 (três) dirigentes por estabelecimento para cada evento e 05 (cinco) dias por mês.

Outras disposições sobre relação entre sindicato e empresa CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - RELAÇÃO NOMINAL DOS EMPREGADOS CONTRIBUINTES As empresas remeterão dentro do prazo de 15 (quinze) dias contados da data do recolhimento da contribuição sindical dos seus empregados a respectiva entidade sindical profissional, a relação nominal dos empregados contribuintes, indicando a função, salário e o respectivo valor recolhido, conforme Portaria MTb/GM 3.233 de 29.12.1983.

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CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - CONTRIBUIÇÃO DEVIDAS À ENTIDADE SINDICAL PROFISSIONAL Os empregadores descontarão de seus empregados desde que expressamente autorizados, as contribuições (mensalidades, cooperativa, assistencial) devidas ao Sindicato profissional, fixada por Assembléia Geral da categoria, repassando até o 5º (quinto) dia útil após o desconto, encaminhando à entidade credora a relação dos empregados com a discriminação dos respectivos valores. CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL A classe patronal obriga-se a repassar ao sindicato laboral o valor correspondente a 3% (três por cento) do salário base do mês de março de 2011 de cada empregado, a título de Subvenção Patronal, para fins de assistência social aos trabalhadores. O repasse será através de depósito bancário, em conta corrente do sindicato laboral. Sendo 1% no mês junho, 1% no mês de agosto e 1% no mês de outubro, todos em 2011. CLÁUSULA VIGÉSIMA SEXTA - CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA PATRONAL As empresas abrangidas pela presente Convenção Coletiva de Trabalho, ficam obrigadas a recolher, em três parcelas iguais, respectivamente, março de 2011, maio de 2011 e julho de 2011, sob pena de pagamento de multa de 2% (dois por cento) e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês e cobrança judicial, conforme deliberação da Assembléia Geral em 23/03/2011, dos valores abaixo discriminados, a titulo de Contribuição Confederativa Patronal, através de boleto bancário, que será emitido pela FEHOESC. Enquadramento da Empresa Enquadramento das parcelas Até 05 funcionários.................................................03 parcelas de R$ 72,00 De 06 a 10 funcionários...........................................03 parcelas de R$ 144,00 De 11 a 30 funcionários...........................................03 parcelas de R$ 216,00 De 31 a 50 funcionários...........................................03 parcelas de R$ 288,00 De 51 a 100 funcionários.........................................03 parcelas de R$ 432,00 De 101 a 200 funcionários.......................................03 parcelas de R$ 720,00 Acima de 200 funcionários......................................03 parcelas de R$ 1.440,00 Parágrafo único: com a finalidade de comprovar o número de funcionários, as empregadoras ficam obrigadas a apresentar, por ocasião do pagamento das parcelas da Contribuição Confederativa, cópia da relação dos empregados do FGTS do respectivo mês. CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - DESFILIAÇÃO DE EMPREGADO DO SINDICATO LABORAL O eventual pedido de desfiliação da condição de associado ao sindicato laboral, deverá ser feito pelo próprio empregado diretamente ao seu sindicato, sendo vedado ao empregador o recebimento de pedidos de desfiliação, sem a anuência do sindicato laboral.

Disposições Gerais Outras Disposições

CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - SUBSTITUIÇÕES O empregado que exercer substituição temporária, por período superior a 30 dias, terá direito a igual remuneração do substituído, excluídas as vantagens pessoais, enquanto perdurar a substituição, desde que designado por escrito pela Gerência. CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA - BANCO DE HORAS A implantação do banco de horas será feita havendo interesse dos trabalhadores e empregadores, por estabelecimento mediante Acordo Coletivo. PARÁGRAFO ÚNICO: A entidade Sindical profissional ao receber o pedido de instituição do banco de horas, se compromete a convocar e dirigir Assembléias com os empregados do estabelecimento de saúde interessado, no prazo máximo de 45 dias.

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CLÁUSULA TRIGÉSIMA - ABONO DE FALTA AO EMPREGADO ESTUDANTE Nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas de exames vestibulares para ingresso em estabelecimento de ensino superior serão abonadas as faltas do empregado, nos horários de exames regulares coincidentes com o horário do trabalho, conforme o contido na Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 473 inciso VII, mediante comunicação prévia ao empregador, com o mínimo de 72 (setenta e duas) horas e comprovação posterior em até 72 (setenta e duas) horas. CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - QUEBRA OU DANIFICAÇÃO DE MATERIAIS Não será permitido o desconto da remuneração do empregado por quebra ou danificação de material, salvo nas hipóteses de não apresentação do bem danificado, dolo ou desvio devidamente comprovados. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA - EMPREGADO MAIS NOVO NA EMPRESA Não poderá o empregado mais novo na empresa receber remuneração superior ao do mais antigo na mesma função, salvo vantagens de natureza pessoal. CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA - DISCRIMINATIVO DE PAGAMENTO O pagamento do salário será feito mediante recibo, fornecendo cópia ao empregado, com identificação da empresa, e do qual constarão a remuneração com a discriminação das parcelas, a quantia paga, os dias trabalhados, as horas extras e os descontos efetuados, inclusive para a Previdência Social e os valores correspondentes ao FGTS. CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUARTA - PRÉ-APOSENTADORIA Serão garantidos o emprego e o salário ao trabalhador que contar mais de 10 (dez) anos de serviços prestados ao mesmo empregador, nos 18 (dezoito) meses que antecederem a data em que adquire o direito a aposentadoria, desde que tal fato seja comunicado ao empregador, ressalvado motivo disciplinar ou o não uso do direito. CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUINTA - FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES As refeições aos empregados que excederem 6 (seis) horas ininterruptas de trabalho serão fornecidas e/ou subsidiadas pelo empregador, consistindo as mesmas em lanche, almoço e/ou jantar, em boas quantidades, e em local apropriado. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEXTA - VALE TRANSPORTE Os empregadores fornecerão aos seus empregados, conforme previsto em lei e quando solicitado, o vale transporte necessário ao deslocamento entre a residência e o trabalho e vice versa. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA - CURSOS E REUNIÕES Os cursos e reuniões de trabalho, quando por solicitação do empregador, deverão ser realizados durante a jornada de trabalho ou, se fora dela, mediante pagamento do período de sua duração como horas extras, ou folga compensatória. CLÁUSULA TRIGÉSIMA OITAVA - LOCAL PARA REUNIÕES Quando solicitado por escrito e com antecedência de 48 (quarenta e oito) horas, os empregadores concederão um local em suas dependências, para a entidade sindical profissional realizar reuniões ou assembléias. CLÁUSULA TRIGÉSIMA NONA - HOMOLOGAÇÃO DAS RECISÕES As rescisões de contrato de trabalho dos empregados com mais de 10 (dez) meses de serviço prestado ao mesmo empregador, deverão ser assistidas e homologadas pelo sindicato profissional. Parágrafo único: os empregadores sediados fora do município sede do sindicato profissional, estão dispensados do cumprimento desta cláusula, salvo se o referido sindicato mantiver tal serviço através de posto no município sede da empresa. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA - GARANTIA DE EMPREGO A GESTANTE Fica assegurada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até o 5º (quinto) mês após o parto.

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Parágrafo único: não se aplica o disposto nesta cláusula nos casos de: a) Rescisão contratual por justa causa; b) Pedido de demissão; c) Rescisão ou término de contrato de experiência ou prazo determinado; d) Por acordo entre as partes assistido e homologado pelo sindicato profissional. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA - GARANTIA DE EMPREGO Serão garantidos o emprego e o salário dos trabalhadores durante o período de 30 (trinta) dias contados a partir da assinatura da presente Convenção Coletiva de Trabalho. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA - PAGAMENTO DE SALÁRIO COM CHEQUE Nos casos em que os pagamentos dos salários forem efetuados com cheque, as empresas darão aos empregados o tempo necessário para o desconto no mesmo dia. Caso o pagamento ocorrer antes do 5º dia útil, não há necessidade de liberação, salvo se o último dia útil for sexta-feira ou véspera de feriado. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA - TROCA DE PLANTÕES Será permitida a troca de plantões entre empregados de mesma função, desde que precedida de comunicação por escrito e anuência da chefia imediata, limitada a 04 (quatro) trocas mensais por empregado solicitante. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA QUARTA - FOLHA COMPLEMENTAR Ocorrendo erro na folha de pagamento, deverá o empregador efetuar o pagamento de eventuais diferenças, no prazo máximo de 05 (cinco) dias úteis, a contar da constatação do erro. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA QUINTA - ATRASOS Serão tolerados atrasos no horário de início da jornada de trabalho, de até 10 minutos ao dia, e no máximo 30 minutos mensais, sem prejuízo da remuneração. PARÁGRAFO ÚNICO - Na hipótese de ultrapassar os limites estabelecidos no caput desta cláusula, estes deverão ser compensados no mesmo dia, limitado a 30 minutos/ dia em três dias/mês CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA SEXTA - CARTA DE APRESENTAÇÃO Os empregadores fornecerão carta de apresentação aos empregados no ato da rescisão contratual, desde que requerida pelo interessado. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA SÉTIMA - CÓPIA DO CARTÃO PONTO As empresas que adotarem o sistema de cartão ponto eletrônico fornecerão aos seus empregados uma cópia dos mesmos, juntamente com o contra cheque do mês, desde que requerido pelo trabalhador. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA OITAVA - REGRA PARA O PERÍODO DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA Na hipótese da negociação coletiva avançar a data base da categoria, ficam prorrogadas as disposições convencionais do presente instrumento normativo até a assinatura da nova Convenção Coletiva de Trabalho. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA NONA – PENALIDADESDESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER Pelo descumprimento de quaisquer das cláusulas desta norma coletiva, a parte infratora pagará multa de 5% (cinco por cento) do piso salarial de ingresso, por infração, em favor da parte prejudicada, sob pena de cobrança judicial.

LEODALIA APARECIDA DE SOUZA Presidente

SINDICATO DOS TRAB EM ESTAB. DE SERVIOS DE SAUDE E SEGURIDADE SOCIAL, PUBLICO E PRIVADO DE CAADOR E REGIAO

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ADAIR VASSOLER

Presidente FEDERACAO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVICOS DE

SAUDE DO EST DE SANTA CATARINA

RAQUEL TRAVESSINI Presidente

SIND.ESTABEL SERVICOS SAUDE REG.MEIO OESTE CATARINENSE. A autenticidade deste documento poderá ser confirmada na página do Ministério do Trabalho e Emprego na Internet, no endereço http://www.mte.gov.br .

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ANEXO E – Convenção coletiva de trabalho 2012/2013

CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2012/2013 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC003017/2012 DATA DE REGISTRO NO MTE: 23/11/2012 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR070648/2012 NÚMERO DO PROCESSO: 46304.002438/2012-51 DATA DO PROTOCOLO: 23/11/2012

Confira a autenticidade no endereço http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/. SINDICATO DOS EMP EM ESTAB DE SERV DE SAUDE DE JVILLE, CNPJ n. 83.628.628/0001-63, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). LORIVAL PISETTA; E SINDICATO ESTABELECIMENTOS SERV SAUDE REG NORTE NORD SC, CNPJ n. 01.126.109/0001-32, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). DARCI FERREIRA DA COSTA FILHO; celebram a presente CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes:

CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência da presente Convenção Coletiva de Trabalho no período de 1º de novembro de 2012 a 31 de outubro de 2013 e a data-base da categoria em 1º de novembro. CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA A presente Convenção Coletiva de Trabalho abrangerá a(s) categoria(s) todas as empregadoras e empregados das categorias econômicas e profissionais representadas pelos sindicatos convenentes, de acordo cm a base territorial do sindicato laboral, exceto os empregados dos laboratórios de analises clinicas, cujos empregadores possuem sindicato especifico, com abrangência territorial em Joinville/SC.

Salários, Reajustes e Pagamento

Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - DO SALÁRIO NORMATIVO Para a Jornada de Trabalho Legal e/ou Convencional Integral, fica estabelecido um salário normativo, equivalente a R$ 825,00 por mês, a vigorar à partir de 01/11/2.012, em favor dos Empregados integrantes da categoria, devido após o período de experiência, do parágrafo único do artigo 445 da C.L.T., de 90 dias.

Reajustes/Correções Salariais

CLÁUSULA QUARTA - DA CORREÇÃO SALARIAL Os salários dos integrantes da Categoria Profissional, vigentes em 31/10/2.012, serão reajustados com o percentual mínimo de 8%, a serem pagos da seguinte forma: a) 6% a partir de 01/11/2.012; b) 2% a partir de 01/02/2.013. Parágrafo Único: O percentual do caput da presente clausula não será devido sobre o valor do salário normativo fixado na clausula 3ª da presente Convenção.

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Outras normas referentes a salários, reajustes, pagamentos e critérios para cálculo

CLÁUSULA QUINTA - DA SUBSTITUIÇÃO As substituições de Empregados por período igual ou superior a 30 dias implicarão no pagamento de salário igual ao do substituído, em favor do Empregado substituto, enquanto perdurar a substituição. CLÁUSULA SEXTA - DO COMPROVANTE DE PAGAMENTO As Empregadoras fornecerão comprovante de pagamento da remuneração mensal, aos seus Empregados, com a identificação da Empregadora, neles discriminando o salário e demais títulos, contribuição do F.G.T.S, bem como, descontos efetuados e a que títulos. CLÁUSULA SÉTIMA - DA MORA SALARIAL Em caso de mora salarial atribuível a Empregadora, haverá multa de 0,03%, sobre o débito, por dia de atraso, após decorrido o prazo para pagamento dos salários fixado na Legislação vigente, até o limite máximo de 15% em favor do prejudicado, independentemente da penalidade prevista na Cláusula 37ª na presente Convenção. CLÁUSULA OITAVA - DA REDUÇÃO DE TRABALHO E DE SALÁRIO Fica facultada a redução da Jornada de Trabalho do Empregado, com proporcional redução salarial, desde que tal fato seja de comum acordo entre empregado e Empregador, pactuado por escrito, com a Assistência do Sindicato Profissional.

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros

13º Salário

CLÁUSULA NONA - DO 13° SALÁRIO Fica facultado aos Empregadores a possibilidade de pagamento do 13° Salário, em uma única parcela, desde que a efetivação do pagamento ocorra até o dia 10 do mês de dezembro.

Outras Gratificações

CLÁUSULA DÉCIMA - DA GRATIFICAÇÃO DE ASSIDUIDADE Fica assegurada uma Gratificação de 06 dias de Férias, além das normais, desde que o Empregado não tenha nenhuma falta justificada ou não, durante o período aquisitivo, a ser concedida, ou indenizada, se for o caso, por ocasião da concessão ou indenização das férias. Parágrafo Primeiro - Para o efeito da gratificação do caput da presente Cláusula, não serão consideradas faltas ao trabalho, as ocorridas pelos motivos previstos no Artigo 473 da C.L.T. e Cláusulas 11ª e 24ª desta C.C.T. Parágrafo Segundo - Não incidirá sobre a Gratificação de 06 dias, o percentual constitucional relativo ao Prêmio de Férias.

Adicional de Hora-Extra

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - DAS HORAS EXTRAS As horas extraordinárias, inclusive as laboradas além das jornadas de compensação de trabalho previstas na Cláusula 12ª desta Convenção, e desde que prestadas em número superior a 50 horas por mês, serão remuneradas com acréscimo de 80% e as prestadas até este limite serão remuneradas na forma da Legislação em vigor.

Adicional de Tempo de Serviço

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CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - DO TRIÊNIO Para cada grupo de três anos consecutivos de serviços prestados à mesma Empregadora, o Empregado fará jus, mensalmente, ao Adicional por Tempo de Serviço, sob o título de Triênio, correspondente a 3% da sua remuneração mensal, limitado ao número de 3 triênios. Parágrafo Único - Aos Empregados, que na data-base de 01/11/2.002, já vinham percebendo, a título de Triênio, percentual superior ao limite (de três Triênios) estabelecido no caput desta Cláusula,fica garantido, a continuidade da percepção dos percentuais, a título de Triênio, até então recebidos.

Adicional Noturno

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - DO ADICIONAL NOTURNO O Empregado que trabalhar em regime de compensação e que em tal regime, sua Jornada de Trabalho atinja integralmente o horário noturno, terá o Adicional de 20%, calculado sobre o salário contratual estendido a todo o período em que perdurar a sua Jornada, independentemente do horário de início e término desta.

Auxílio Alimentação

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DA ALIMENTAÇÃO PARA OS PLANTONISTAS As Empregadoras fornecerão alimentação apropriada e gratuitamente a seus empregados plantonistas, exercentes da jornada laboral diária de 12 horas. CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - DO FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES As refeições, quando fornecidas pela empregadora, a seus Empregados, serão de boa qualidade, quentes e deverão conter as calorias necessárias para apropriada alimentação do trabalhador. Para efeito da lei 3.030/56, serão observados os seguintes critérios: a) primeira refeição, café 3,1% sobre SM; b) segunda refeição, almoço 9,4% sobre SM; c) terceira refeição, lanche 3,1% sobre SM; d) quarta refeição,janta 9,4% sobre SM. Parágrafo único – No caso de Empregadora que esteja inscrita no PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador, prevalecerão para qualquer fim, as regras estabelecidas para aquele programa, inclusive para fins de desconto nos salários. CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR O Beneficio previsto na clausula 18 da presente Convenção, terá caráter indenizatório, não integrando o salário dos empregados para nenhum efeito legal, quer em relação as Empregadoras inscritas no PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador – instituído pela lei nº. 6.321/76, quer em relação as Empregadoras não inscritas nesse programa.

Auxílio Creche

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - DO AUXÍLIO CRECHE Os Empregadores que empregam mais de 30 mulheres com mais de 16 anos de idade, ficam obrigados a manter Creches próprias ou em convênio, onde seja permitida as empregadas manterem em vigilância ou assistência a seus filhos, sempre de acordo com Legislação em vigor.

Contrato de Trabalho – Admissão, Demissão, Modalidades

Aviso Prévio

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CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - DO AVISO PRÉVIO PROPORCIONAL AO TEMPO DE SERVIÇO E ESPECIAL O Aviso Prévio, para fins de rescisão do contrato de trabalho, concedido ou indenizado pelas Empregadoras, será na proporção mínima de 30 dias para os Empregados que contem até 1 ano de serviço prestado à mesma Empregadora, acrescido, dito aviso, de 3 dias para cada ano de serviço para os Empregados que contem mais de 1 ano de serviço, até o limite máximo de 90 dias, adotado sempre o período mínimo de 60 dias para os admitidos até 31/10/2010 e que contem mais de 5 anos consecutivos de serviços prestados à mesma Empregadora ou mais de 45 anos de idade. CLÁUSULA DÉCIMA NONA - DA DISPENSA DO AVISO PRÉVIO O Empregado pré-avisado pela Empregadora, será dispensado do cumprimento do restante do prazo do respectivo Aviso Prévio, desde que comprove a obtenção de novo emprego, cessando, conseqüentemente, o pagamento dos salários, pelo Empregador, no último dia trabalhado.

Suspensão do Contrato de Trabalho

CLÁUSULA VIGÉSIMA - DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA O empregado dispensado por justa causa, deverá ser avisado por escrito e contra recibo no ato, ou em caso de recusa por parte do empregado, com assinatura de duas testemunhas, constando no documento a infrigencia do dispositivo, no qual incidiu.

Outras normas referentes a admissão, demissão e modalidades de contratação

CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE EXPERIÊNCIA E AVISO PRÉVIO O Auxílio Doença, e os Atestados Médicos, comuns ou acidentários, suspendem o Contrato de Experiência e o Aviso Prévio, reiniciando a contagem do tempo neles previsto, no dia seguinte ao da data da cessação do Benefício Previdenciário ou dos respectivos Atestados.

Relações de Trabalho – Condições de Trabalho, Normas de Pessoal e Estabilidades

Ferramentas e Equipamentos de Trabalho

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - DO FORNECIMENTO DE INSTRUMENTOS DE TRABALHO As Empregadoras fornecerão gratuitamente a seus Empregados o respectivo material necessário para o bom desempenho de suas funções bem como a sua reposição, salvo na ocorrência de dolo/culpa ou quando não houver a devida apresentação do equipamento danificado ou quebrado, quando caberá a reposição ao Empregado.

Estabilidade Aposentadoria

CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - DA GARANTIA DE EMPREGO – PRÉ-APOSENTADORIA É vedada a dispensa sem justa causa de empregado com 10 anos ou mais de serviço consecutivo na mesma Empregadora, que estiver a menos de 2 anos para completar o tempo de Aposentadoria Integral (ou seja, não proporcional) e/ou por idade fixados pela Previdência Social, ficando estabelecido que o disposto nesta Cláusula não se aplica no caso do empregado não exercer o direito à Aposentadoria na época respectiva. Parágrafo Único - O documento comprobatório para fins do direito previsto no caput da presente Cláusula será aquele fornecido pelo Instituto Nacional da Seguridade Social (I.N.S.S.),

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devendo, tal comprovação ser apresentada, sob protocolo, à Empregadora no prazo máximo de 60 dias, contados da data do desligamento.

Outras normas referentes a condições para o exercício do trabalho

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - DO FORNECIMENTO DE UNIFORME E EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO A vestimenta uniforme e os equipamentos de proteção quando exigidos por Lei e/ou pela Empregadora, deverão ser por esta última fornecidos gratuitamente e já confeccionados. Parágrafo Único - O uso, conservação e reposição dos mesmos será regulamentado pela Empregadora.

Outras normas de pessoal

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - DO EMPREGADO MAIS NOVO NA EMPREGADORA Não poderá o Empregado mais novo na Empregadora perceber salário inferior ao do mais antigo, na mesma função, não considerando as vantagens pessoais. Parágrafo Único – O disposto no caput da presente Cláusula, não se aplica as Empregadoras que firmarem com o Sindicato Profissional Acordo Coletivo, fixando normas diferentes da prevista do caput desta Cláusula, ou que tenham implantado Plano de Cargos e Salários para os seus empregados.

Outras estabilidades

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEXTA - DA PROTEÇÃO A GESTANTE E AO ACIDENTADO Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez, até o quinto mês após o parto, e do empregado acidentado, pelo período de 12 meses, contados após a cessação do Auxílio Previdenciário, concedido pelo I.N.S.S. Parágrafo Único - Não se aplica o Disposto desta Cláusula nos casos de: a) Acordo entre as partes, assistido e homologado pelo Sindicato Profissional; b) Rescisão por Término de Contrato de Experiência ou Prazo Determinado.

Jornada de Trabalho – Duração, Distribuição, Controle, Faltas

Faltas

CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - DAS FALTAS AO TRABALHO - JUSTIFICADAS O empregado poderá faltar ao serviço, sem prejuízo salarial: a) 04 dias consecutivos, contados a partir do dia do fato, desde que abrangido integralmente pela falta, em caso de falecimento de cônjuge, pai, mãe ou filhos; b) 02 dias consecutivos, em caso de falecimento de Sogro ou Sogra, devidamente comprovado nos Termos da Lei Civil, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica; c) 03 dias consecutivos, em virtude de Casamento; d) 01 dia, em cada doze meses de trabalho, em caso de Doação voluntária de Sangue devidamente comprovada; e) 02 dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor nos Termos da Lei respectiva; f) no período de tempo que tiver de cumprir as exigências do Serviço Militar;

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g) nos dias em que estiver comprovadamente realizando provas através de Exame, inclusive do ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), ou Vestibular para ingresso em Estabelecimento de Ensino Superior; h) pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que comparecer a Juízo.

Outras disposições sobre jornada

CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - DA JORNADA DE TRABALHO EM REGIME ESPECIAL Fica estabelecida a Jornada Especial de prorrogação e compensação de horas de trabalho, para os turnos diurnos ou noturnos, nos seguintes regimes: a) 12 horas de trabalho seguidas por 36 de descanso; b) 04 dias de 06:00 horas e 2 dias de 10:00 horas; c) 05 dias de 06:00 horas e 1 dia de 12:00 horas; d) 05 dias de 07:00 horas e 1 dia de 09:00 horas; e) 04 dias de 09:00 horas e 1 dia de 08:00 horas; f) 05 dias de 08:45 horas de trabalho; g) Os demais regimes de interesse mútuo firmados entre as Empregadoras e Empregados, deverão ser homologados pelo Sindicato Profissional, inclusive para fins de “Banco de Horas” conforme previsto no parágrafo 2º do artigo 59 da CLT e redução dointervalo intrajornada para repouso e alimentação de que trata o artigo 71 da C.L.T., conforme previsto na portaria 42, de 28/03/2007, do Ministério do Trabalho e Emprego. Parágrafo primeiro - Os Empregados ocupantes das funções de Técnico em Radiologia, poderão de comum acordo com seus Empregadores, estabelecer Jornada Compensatória, com observância da Jornada Semanal de Trabalho de até 24 horas. Parágrafo segundo – Fica facultado aos Empregados, efetuarem entre si, a troca de horário de trabalho, inclusive de plantões, para qualquer data, dentro do período de até 90 dias de forma não contínua ou contínua, esta de no máximo sete Jornadas Diárias, desde que exercentes da mesma função ou similar, e previamente autorizada pela Empregadora. Parágrafo terceiro – As Empregadoras poderão adotar sistema eletrônico alternativo de Controle da Jornada de Trabalho, desde que sejam observadas as condições estabelecidas na Portaria nº. 373/2011, do Ministério do Trabalho e Emprego, ficando recomendado as mesmas a realização de estudo para fins de celebração de Acordo Coletivo de Trabalho com o Sindicato ora convenente, objetivando a implantação do sistema alternativo simplificado do Controle da Jornada de Trabalho, com a dispensa do registro da Jornada contratual, conforme previsto na mencionada Portaria.

Férias e Licenças

Duração e Concessão de Férias

CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA - DO INÍCIO DAS FÉRIAS As férias não poderão ter seu início em domingos, feriados e dias considerados de repouso. CLÁUSULA TRIGÉSIMA - DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS Em caso de pedido de demissão, e após 90 dias da sua admissão na Empregadora, fará jus o Empregado a férias proporcionais, a razão de 1/12 avos por mês, ou fração superior a 14 dias.

Outras disposições sobre férias e licenças

CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - DA SEMANA DA ENFERMAGEM

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As Empregadoras colaborarão com a entidade de classe no sentido de prestigiar as festividades da semana da enfermagem, anualmente entre os dia 12 à 20 de maio, liberando um Empregado por empregadora que tiver mais de 10 Empregados, sem prejuízo de remuneração, para auxiliar a viabilização da programação que forem organizadas pela Entidade Sindical. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA - DA LICENÇA DE DIRETORES SINDICAIS Serão liberados pela Empregadora os Diretores da Entidade Sindical Profissional, sem prejuízo da remuneração até 20 dias por ano, sendo no máximo 5 dias consecutivos em um mês para participar, representando a Categoria, em Reuniões, Assembléias, Congressos, Encontros de Trabalhadores, desde que não venham em prejuízo de serviços essenciais da Empregadora e solicitado, por escrito, pela Entidade Sindical, com antecedência de 72 horas.

Saúde e Segurança do Trabalhador Aceitação de Atestados Médicos

CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA - DOS ATESTADOS MÉDICOS As Empregadoras que dispõe de serviço médico próprio ou em convênio tem a seu cargo o abono das faltas por motivo de doença, nos demais casos, isto é, para as empregadoras que não mantém o serviço supra mencionado, prevalecerão os atestados fornecidos por médicos do SUS Sistema Único de Saúde ou da Entidade Sindical Profissional. Parágrafo Único – Quando das faltas ao trabalho, inclusive por motivo de doença, deverá o Empregado comunicar a sua empregadora, com antecedência ou, quando não, até no máximo 48 horas do início do afastamento, devendo o respectivo Atestado Médico ser apresentado à empregadora no primeiro dia do retorno ao trabalho.

Outras Normas de Proteção ao Acidentado ou Doente

CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUARTA - DA ASSISTÊNCIA MÉDICA, HOSPITALAR E LABORATORIAL A Empregadora dará aos seus Empregados e dependentes assistência gratuita nos limites da sua especialidade, obedecidas as determinações do Sistema Único de Saúde – SUS e complementando as mesmas em caso de necessidade.

Relações Sindicais

Sindicalização (campanhas e contratação de sindicalizados)

CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUINTA - DA SINDICALIZAÇÃO As Empregadoras se propõem a colaborar na Sindicalização de seus Empregados, inclusive quando da admissão dos mesmos.

Acesso do Sindicato ao Local de Trabalho CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEXTA - DO QUADRO DE AVISOS Será assegurada a colocação de quadro de avisos sob a responsabilidade da Entidade Sindical Profissional, no âmbito da Empregadora, para fixação de Editais, Avisos e Notícias Sindicais, vedada a publicação de qualquer matéria ofensiva ao Empregador ou prejudicial as boas relações de trabalho, com o visto da Direção da Empregadora.

Contribuições Sindicais

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CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA - DA CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL/ASSISTENCIAL - SUBVENÇÃO PATRONAL As EMPREGADORAS contribuirão com o SINDICATO PROFISSIONAL, com a importância equivalente a 5% da remuneração de todos os seus Empregados, relativa ao mês de competência novembro/2.012, procedendo o recolhimento até o dia 12/12/2.012, através de “Boletos Bancários”, a serem fornecidos pelo mencionado Sindicato, conforme instruções constantes dos mesmos e disponíveis no Site do Sindicatowww.sindicatosaudejoinville.org.br, sem que ditos valores sejam descontados da remuneração dos Empregados. Parágrafo primeiro - O não recolhimento no prazo estabelecido, do valor mencionado no caput desta Cláusula, acarretará em penalidade de acordo com a Legislação que regula a matéria e multa de 20%, estabelecida nas Assembléias Gerais Extraordinárias da Categoria do Sindicato Profissional, sobre o valor do capital corrigido, mais os respectivos juros de mora e correção monetária, aplicados aos débitos trabalhistas. Parágrafo segundo - O Sindicato Profissional ora convenente, se compromete, pelo presente Instrumento, a manter os Serviços Assistenciais até então prestados em benefício de seus representados. CLÁUSULA TRIGÉSIMA OITAVA - DA TAXA ASSISTENCIAL O Empregado não associado do Sindicato, caso concorde, pagará, à respectiva Entidade de classe o equivalente a 2% do valor líquido da Rescisão do Contrato de Trabalho, quando da homologação da mesma. CLÁUSULA TRIGÉSIMA NONA - DA CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA - PATRONAL As Empregadoras abrangidas pela presente Convenção Coletiva de Trabalho, ficam obrigadas a recolher, em três parcelas iguais, respectivamente, 12/março/2.013, 10/maio/2.013 e 10/julho/2.013, sob pena de pagamento de multa de 2%, juros de mora de 1% ao mês e cobrança judicial, conforme deliberação da Assembléia Geral realizada em 10/10/2.012, os valores abaixo discriminados, a título de Contribuição Confederativa Patronal, através da quitação de Boleto Bancário, que será emitido pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde da Região Norte e Nordeste do Estado de Santa Catarina. Enquadramento das Empregadoras: nº.parcelas e valor unit. De 01 a 05 empregados ..................... 03 parc. de R$ 81,40 De 06 a 10 empregados ..................... 03 parc. de R$ 162,80 De 11 a 30 empregados ..................... 03 parc. de R$ 244,20 De 31 a 50 empregados ..................... 03 parc. de R$ 325,60 De 51 a100 empregados ..................... 03 parc. de R$ 488,40 De 101 a 200 empregados ..................... 03 parc. de R$ 814,10 Acima de 200 empregados ..................... 03 parc. de R$ 1.628,00 Parágrafo Único: Após o recolhimento do importe da parcela relativa ao mês de março,referida no caput da presente clausula, a empregadora deverá enviar ao Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde da região Norte e Nordeste de Santa Catarina, uma cópia da guia de recolhimento do F.G.T.S. – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, para os devidos registros de enquadramento de cada Entidade.

Outras disposições sobre representação e organização

CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA - DO DESCONTO EM FAVOR DO SINDICATO As Empregadoras, quando notificadas pelo Sindicato profissional, descontarão em folha de pagamento de salários e do Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho dos seus Empregados, desde que autorizadas pelos mesmos, diretamente ou através de Assembléia Geral, todas as

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importâncias devidas ao Sindicato Profissional, inclusive as referentes as mensalidades sociais, taxas de serviços e uso de convênios, fazendo o recolhimento, até o dia 10 do mês subseqüente ao do desconto, através de “Boletos Bancários”, a serem fornecidos pela Entidade, conforme instruções constantes dos mesmos e disponíveis no Site do Sindicatowww.sindicatosaudejoinville.org.br, sob as penas do contido no parágrafo único do artigo 545 da CLT, figurando as empregadoras como meras intermediárias. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA PRIMEIRA - DA RECLAMATÓRIA TRABALHISTA Antes de encaminhar qualquer reclamatória à Justiça do Trabalho, o Sindicato Profissional, procurará resolver de forma harmoniosa, diretamente com as respectivas Empregadoras, as questões trabalhistas apresentadas por seus Empregados à Entidade, no intuito de evitar congestionamento do Aparelho Judiciário. CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA SEGUNDA - DA HOMOLOGAÇÃO DAS RESCISÕES DE CONTRATO DE TRABALHO As Rescisões de Contrato de Trabalho, dos Empregados com mais de 6 meses de serviços prestados na mesma Empregadora, deverão ser assistidas e homologadas pelo Sindicato Profissional. Parágrafo Único - As Empregadoras sediadas fora do município Sede do Sindicato Profissional (Joinville), estão dispensadas do cumprimento do contido nesta cláusula, salvo as sediadas nos Municípios de Jaraguá do Sul e Guaramirim, cuja assistência e homologação do caput da presente clausula será prestada pelo Sindicato profissional, através da sua sub-sede de Jaraguá do Sul.

Disposições Gerais Outras Disposições

CLÁUSULA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA - DAS PENALIDADES Pelo descumprimento de qualquer das Cláusulas desta Convenção, fica estabelecida uma penalidade, equivalente a 5% do Salário Normativo previsto na clausula 3, da presente Convenção, por infração, em prol da parte prejudicada.

LORIVAL PISETTA

Presidente SINDICATO DOS EMP EM ESTAB DE SERV DE SAUDE DE JVILLE

DARCI FERREIRA DA COSTA FILHO

Presidente SINDICATO ESTABELECIMENTOS SERV SAUDE REG NORTE NORD SC

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ANEXO F – Acordo coletivo de trabalho 2013/2014

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2013/2014 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC002444/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 02/10/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR047758/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46305.001834/2013-31 DATA DO PROTOCOLO: 18/09/2013

Confira a autenticidade no endereço http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/. SINTAC-SIND.TRAB.ADM.CAP ADMIN.OGMO PORTOS E RETROP.PUBL.PRIV.ITAJAI,LAGUNA E SAO FRANC.SUL, CNPJ n. 76.697.614/0001-36, neste ato representado(a) por seu Membro de Diretoria Colegiada, Sr(a). LUIZ EDUARDO GRAF; E APM TERMINALS ITAJAI S.A., CNPJ n. 04.700.714/0001-63, neste ato representado(a) por seu Preposto, Sr(a). INGRID KRAUSE ; celebram o presente ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência do presente Acordo Coletivo de Trabalho no período de 01º de maio de 2013 a 30 de abril de 2014 e a data-base da categoria em 01º de abril. CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA O presente Acordo Coletivo de Trabalho, aplicável no âmbito da(s) empresa(s) acordante(s), abrangerá a(s) categoria(s) O presente Acordo Coletivo de Trabalho, aplicável no âmbito da(s) empresa(s) acordante(s), abrangerá a(s) categoria(s) Os trabalhadores portuários com vínculo, com abrangência territorial em Itajaí/SC, com abrangência territorial em SC-Itajaí.

Salários, Reajustes e Pagamento

Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - PISO SALARIAL Fica estabelecido o piso salarial da categoria em R$ 734,00 (Setecentos e trinta e quatro) para os contratos de experiência, que terão o prazo máximo de 90 (noventa) dias de vigência e R$ 986,00 (novecentos e oitenta e seis reais) para os contratos de trabalho por prazo indeterminado, com exceção dos trabalhadores contratados para serviços gerais e office-boy, que terão piso salarial de R$ 734,00 (setecentos e trinta e quatro reais), independentemente de contrato de experiência.

Reajustes/Correções Salariais

CLÁUSULA QUARTA - AUMENTO SALARIAL Fica estabelecido que os salários-base dos empregados do APM TERMINALS S/A receberão, no mês de maioI2013, indistintamente, um reajuste pelo índice do INPC/IBGE acumulado nos 12 (doze) meses anteriores, equivalente a 7,16% (sete, dezesseis por centos).

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros

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13º Salário

CLÁUSULA QUINTA - GRATIFICAÇÃO NATALINA Aos trabalhadores contratados até o mês de setembro do ano do pagamento, a gratificação natalina será quitada em duas parcelas, cada uma equivalente a 50% (cinquenta por cento) da remuneração devida, sendo que o pagamento da primeira parcela poderá ser efetuado' no gozo das férias do empregado ou no dia 20 de novembro, a critério deste, e a segunda parcela no dia 20 de dezembro.

Adicional de Tempo de Serviço

CLÁUSULA SEXTA - GRATIFICAÇÃO POR TEMPO DE SERVIÇO Fica instituído o pagamento de gratificações por tempo de serviço, nos termos estabelecidos nesta cláusula. As gratificações ora estabelecidas são Quinquênio, Decênio, Quinzênio, respectivamente para os trabalhadores que completarem cinco, dez e quinze anos de serviço. Parágrafo primeiro: As gratificações são aplicadas a todos os empregados da empresa, com exceção daqueles que exercem cargos de confiança, assim considerados os coordenadores, supervisores, gerentes e diretores. Parágrafo segundo: Os quinquênios, decênios e quinzênios são fixos, sem variação por função ou remuneração percebida, respectivamente nos valores de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), R$ 200,00 (duzentos reais) e R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais). Parágrafo terceiro: As gratificações não serão cumulativas. Dessa forma, ao completar dez anos de serviço, o empregado receberá exclusivamente o decênio e, ao completar quinzeanos, receberá apenas o quinzênio. Parágrafo quarto: Para obter direito às gratificações previstas nesta cláusula, a contagem dos anos de serviço deve ser contínua. Havendo rescisão contratual, por qualquer motivo, inicia nova contagem de prazo. Parágrafo quinto: As gratificações não serão pagas nos períodos de afastamento que impliquem em suspensão dos contratos de trabalho, por qualquer motivo. Parágrafo sexto: As gratificações serão discriminadas em folha como quinquênio, decênio e quinzênio. Parágrafo sétima: A vigência dessas gratificações dependerá, sempre, de norma coletiva que as mantenha, não sendo incorporadas de forma definitiva aos contratos de trabalho dos empregados.

Adicional de Periculosidade

CLÁUSULA SÉTIMA - ADICIONAL DE PERICULOSIDADE PROPORCIONAL AO TEMPO DE EXPOSIÇÃO Considerando que empresa exerce a atividade de operador portuário, movimentando cargas de diversas características e natureza, e verificado o fato de que o montante de cargas químicas ou inflamáveis movimentadas atinge apenas entre 0,5% e 01% do total movimentado, demonstrando o caráter esporádico de eventual exposição à situação periculosa, as partes ajustam o pagamento do adicional de periculosidade de forma proporcional ao período de exposição à situação de risco. Parágrafo primeiro: A realização de trabalho em área de risco será objeto de controle físico, seja través de ordens de serviço ou autorização expressa de superior hierárquico, ou eletrônico, através de correio eletrônico ou registros em catracas ou sistemas similares. De qualquer modo, para fazer jus ao recebimento de adicional, é necessário que haja autorização do superior hierárquico.

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Parágrafo segundo: O acesso à área de risco, sem autorização do superior hierárquico, caracterizará falta e sujeitará o empregado a aplicação de penalidade, podendo resultar em justa causa. Parágrafo terceiro: O pagamento do adicional de periculosidade proporcional ao tempo de serviço será apurado segundo as exposições que ocorrerem no mesmo período do fechamento do ponto, do dia 16 de um mês ao dia 15 do subsequente. Parágrafo quarto: As áreas consideradas de risco, para efeito de aplicação dessa cláusula, são as seguintes: - Costado dos navios: região de 15 metros que fica a margem do cais de atracação; - Bordo, dos navios: atividades realizadas a bordo de embarcações; - Área segregada: local de acesso restrito em que são armazenadas as cargas periculosas. Parágrafo quinto: Os empregados que exercerem as funções de reparador de avarias e monitoramente, controlador de navio e eletricista de manutenção II receberão o adicional de periculosidade integral. Na hipótese de modificação da situação de fato dessas funções, seja decorrente de força maior ou outros fatores que impliquem em cessação ou elisão do agente periculoso, o adicional deixará de ser devido.

Auxílio Alimentação

CLÁUSULA OITAVA - TICKET - ALIMENTAÇÃO A empresa fornecerá aos empregados "ticket-alimentação”, no valor mínimo de R$ 577,70 (quinhentos e setenta e sete reais e setenta centavos), independente de salário e/ou função, não se incorporando ao salário, sendo que o empregado arcará com 5% (cinco por cento) do custeio deste benefício. Parágrafo único: A empresa fornecerá ticket-alimentação para os funcionários que estiverem sob benefício previdenciário de auxílio doença acidentário (código 91 do INSS) enquanto perdurar esta situação e, para aqueles que-estiverem sob benefício de auxílio doença (código 31 do INSS), por três meses contados da data do início do benefício.

Auxílio Transporte

CLÁUSULA NONA - VALE TRANSPORTE A empresa fornecerá Vale-Transporte, de conforme com a Lei 7.418/85 e Decreto 95.247/87, sendo fornecidas as quantidades necessárias para deslocamento do funcionário residência/trabalho e vice versa com participação do funcionário no custeio de 6% do salário-base.

Auxílio Saúde

CLÁUSULA DÉCIMA - PLANO DE SAÚDE A empresa fornecerá plano de saúde, arcando exclusivamente com o pagamento da mensalidade, para os funcionários e dependentes, assim considerados marido/esposa e filhos, sendo que estes arcarão com 20% do custeio das consultas, exames, internações, cirurgias até o limite de R$ 61,00 ( sessenta e um reais), por procedimento, conforme tabela da empresa contratada.

Seguro de Vida

CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - SEGURO DE VIDA

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A empresa contratará e fornecerá a todos os empregados seguro de vida e acidentes pessoais, sem qualquer custo ou ônus aos mesmos, sendo que a cobertura de R$22.000,00 (vinte e dois mil reais) em caso de morte natural e, até, R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais) em caso de invalidez permanente total ou parcial por acidente. Parágrafo único. A empresa fornecerá cópia da apólice de seguro aos seus funcionários.

Contrato de Trabalho – Admissão, Demissão, Modalidades

Normas para Admissão/Contratação

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - CONTRATO DE EXPERIÊNCIA Fica vedada a admissão por contrato de experiência dos empregados que eventualmente já tenham trabalhado na empresa. Parágrafo Único: Nos casos permitidos para a contratação em experiência, a empresa fornecerá uma cópia do contrato ao empregado, no ato admissional.

Relações de Trabalho – Condições de Trabalho, Normas de Pessoal e Estabilidades

Estabilidade Aposentadoria

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - GARANTIA DE EMPREGO Convencionam as partes que terá garantia de emprego o funcionário que estiver há 01 (um) anode adquirir direito à aposentadoria plena e definitiva a ser concedida pelo INSS, ressalvados os motivos do artigo 482 da CLT que permitirão a rescisão contratual.

Jornada de Trabalho – Duração, Distribuição, Controle, Faltas

Duração e Horário

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - DA JORNADA DE TRABALHO Ficam ajustadas as jornadas de trabalho abaixo mencionadas: SETOR ADMINISTRATIVO: De segunda à sexta-feira das 08h00min às 12h00min e das 13h30min às 18h00min, compensando os sábado não trabalhados. SETOR OPERACIONAV ESCALAS DE JORNADAS: a) HORÁRIO: Das 07h00min às 15h20min, - 15h00min às 23h20min - 23h00min às 07h20min. b) HORÁRIO: Das 08h00min ás 16h20min, - 16h00min às 00h20min - 00h00min às 08h20min. ESCALAS DE REVEZAMENTO: Poderão ser utilizadas escalas de trabalho de 5X1 (trabalha 5 dias e folga 1 dia) e 6X2 (trabalha 6 dias e folga 2 dias), com duração de 07h20min, ficando a critério da empresa, na conformidade da necessidade do setor, respeitando-se os repousos semanais remunerados. JORNADA DE 12 X36 Poderá ser adotada a jornada de 12 horas de trabalho com 36 horas de descanso, desde que respeitados os seguintes requisitos: - Os intervalos intrajornada deverão ser concedidos após as 03 (três) primeiras horas de trabalho e não poderão ocorrer nas últimas 03 (três) horas do término. - As horas trabalhadas em feriados serão remuneradas com adicional de 100%. - As jornadas poderão ter início às 06:00h ou 07:00h para os empregados do primeiro turno e, para os do segundo turno, respectivamente, às 18:00h ou 19:00h. Horários divergentes dos ora mencionados deverão ratificados pelo sindicato laboral.

Outras disposições sobre jornada

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CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - POLÍTICA DE FLEXIBILIDADE DE HORÁRIO DE TRABALHO Será permitido aos empregados, especificadamente: Diretores, Gerentes, Coordenadores, e demais empregados em atividade administrativa, solicitar ao superior hierárquico, a alteração da sua jornada diária de trabalho, conforme as opções abaixo elencadas: As jornadas diárias ofertadas pela empresa serão compreendidas entre 7h30min e 9h00min, assim dispostos: a) 7h30min às 17h00min com intervalo de l h00min b) 8h00min às 17h30min com intervalo de 1h00min c) 8h30min às 18h30min com intervalo de 1h00min d) 9h00min às 18h30min com intervalo de 1h00min Parágrafo Primeiro: A alteração da jornada diária de trabalho não implica em redução no número de horas trabalhadas no dia ou na semana, permanecendo inalterados os limites de oito horas diárias e de quarenta e quatro horas semanais. Parágrafo Segundo: Os colaboradores poderão optar, ainda, pelo intervalo intrajornada de lh30min e, neste caso, serão acrescentados trinta minutos ao final da jornada laboral escolhida. Ou seja, caso o empregado opte pela jornada descrita nas alíneas c e d do "caput", o término ocorrerá às 19h00min. Parágrafo Terceiro: A opção do colaborador deverá ser formalizada por escrito e será submetida á aprovação de seu superior, Gerente ou Coordenador, de forma a adequar o número de funcionários no respectivo setor para atender as necessidades da empresa, evitando excesso ou falta de colaboradores em horários específicos. Parágrafo Quarto: Feita a opção pelo empregado e aceita pela empresa, o horário da nova jornada de trabalho passará a viger a partir do primeiro dia do mês subsequente à alteração contratual. Parágrafo Quinto: Nova alteração na jornada de trabalho diária somente poderá ser realizada após a passagem de três meses do início da última opção, cumpridas as formalidades aqui pactuadas. Parágrafo Sexto: Toda alteração de jornada diária de trabalho será informada, por escrito, ao RH da empresa, com a anuência do Gerente ou Coordenador, sem o que, não será implementado pela empresa na rotina do departamento pessoal. CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - BANCO DE HORAS - ADMINISTRATIVO Fica convencionado entre as partes, com base no artigo 59, § 20 da CLT, que as sobrejornadas apontadas nos cartões-ponto dos empregados de setores Administrativos compreendidos os seguintes departamentos: Dietoria; Financeiro; Contabilidade; Faturamento; Administrativo; Recursos Humanos; Jurídico; Comercial; Suprimentos; Almoxarifado e o Setor de Tecnologia da Informação serão compensadas, na proporção de uma hora extra ou fração em minuto, por folga, na mesma proporção de uma hora ou fração em minuto, até o limite de 40 (quarenta) horas por mês. Parágrafo Primeiro: As eventuais horas extras realizadas após as 40 horas lançadas no banco de horas serão indenizadas com os acréscimos de 50% ou 100% conforme o caso no respectivo mês de competência: Parágrafo Segundo: A apuração das horas se dará trimestralmente. Caso o empregado tenha créditos, obriga-se a empresa a pagar em folha de pagamento, no mês em que ocorreu a apuração do saldo, o número de horas correspondentes ao crédito apurado. Caso o empregado tenha débito, este será anistiado, conforme estabelecido pela legislação aplicável. Parágrafo Terceiro: Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral do saldo do BANCO DE HORAS, o empregado fará jus ao pagamento do número de horas correspondentes ao crédito apurado. Caso o empregado tenha débitos, estes serão anistiados, conforme estabelecido pela legislação aplicável.

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Parágrafo Quarto: A compensação das horas creditadas no BANCO DE HORAS deverá ocorrer da seguinte forma, observado período de apuração entre os dias 16 e 15 de cada mês: a) De segunda a domingo, para cada 01 (uma) hora extra acrescida à jornada ou fração superior a dez minutos, o Empregado terá um crédito no banco de horas de 01h00min (uma hora) e para cada fração superior a dez minutos de saída antecipada ou atraso injustificado, desde que autorizados pelo superior hierárquico, será debitado o período correspondente; b) Nos Feriados e Folgas, para cada 01 (uma) hora ou fração em minutos trabalhada, o Empregado terá um crédito de 02h00min (duas) horas ou respectiva fração em minutos (duplicados) no banco de horas; c) Caso o Empregado trabalhe num dia de Folga poderá, em comum acordo com a empresa, compensar estas horas extras com um dia de folga em dia de Domingo quando, então, serão compensadas as respectivas horas extras do banco de horas; Parágrafo Quinto: Para compensação dos créditos lançados no BANCO DE HORAS, conforme disposto no parágrafo segundo, o empregado poderá, mediante autorização escrita do seu superior hierárquico e com no mínimo três dias de antecedência, utilizar o saldo das seguintes formas: a) Folga compensatória de um dia de jornada correspondente às horas lançadas a crédito; b) Dispensa ou aumento da jornada diária; c) Folga compensatória concedida no período imediatamente anterior ou posterior ás férias individuais ou coletivas; d) Pontes ou prolongamentos de Feriados; e) Redução da jornada diária ou ausência para tratar de assuntos particulares. Parágrafo Sexto: A opção do colaborador deverá ser formalizada por escrito e será submetida à aprovação de seu superior, Gerente ou Coordenador, de forma a adequar o número de funcionários no respectivo setor para atender as necessidades da empresa, evitando excesso ou falta de colaboradores em horários específicos. Parágrafo Sétimo: As frações de minutos ou horas que não forem utilizadas para completar um dia de jornada de folga compensatória permanecerão lançadas a crédito no banco de horas e comporão o saldo, para eventual folga posterior; Parágrafo Oitavo: Caso o empregado não opte por nenhuma das alternativas elencadas no Parágrafo Quinto, a empresa determinará a seu livre critério a data para compensação das respectivas horas extras realizadas, desde que notifique o empregado com antecedência mínima de 03 (três) dias. Parágrafo Nono: A empresa se compromete a disponibilizar aos Empregados, mensalmente, um extrato demonstrando situação atualizada das horas positivas e negativas do respectivo BANCO DE HORAS. Parágrafo Décimo: A empresa se compromete a enviar extrato atualizado do BANCO DE HORAS dos funcionários ao SINTAC trimestralmente.

Férias e Licenças

Licença Remunerada

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - LICENÇA PATERNIDADE Fica regulamentado o direito dos trabalhadores à Licença Paternidade, podendo ausentar-se do serviço pelo período de 05 (cinco) dias consecutivos, a partir da data de nascimento do filho (a), devendo ser apresentada cópia da certidão de nascimento deste no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas do término da licença.

Saúde e Segurança do Trabalhador

Equipamentos de Proteção Individual

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CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL A empresa fornecerá aos empregados, de forma gratuita, equipamentos de proteção individual do trabalho, de conformidade com as atividades exercidas e as normas regulamentares referentes à matéria, salvo quando os equipamentos forem extraviados por culpa ou dolo do empregado, devidamente comprovado.

Exames Médicos

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - EXAMES MÉDICOS Os exames médicos admissionais, demissionais e periódicos exigidos pela empresa, serão pagos exclusiva e integralmente por esta.

Relações Sindicais

Acesso do Sindicato ao Local de Trabalho

CLÁUSULA VIGÉSIMA - ACESSO A EMPRESA A Diretoria do SINTAC terá livre acesso às dependências da empresa, quando necessário, sempre em companhia de representante da empresa designado especialmente para este fim.

Liberação de Empregados para Atividades Sindicais

CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - LICENÇA DIRETOR SNDICAL O empregado que, eventualmente, esteja na função de presidente da entidade sindical, desde que expressamente autorizado pela empresa, poderá permanecer em licença remunerada durante o período necessário para o exercício da função, sem prejuízo dos vencimentos, benefícios e demais vantagens percebidas quando de efetivo trabalho. Parágrafo Único. A licença remunerada poderá ser estendida a outros dirigentes sindicais, detentores de cargo de direção, mediante negociação específica entre o Sindicato Profissional e o empresa, que definirá o valor do salário e o prazo de afastamento.

Contribuições Sindicais

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - FILIAÇÃO SINDICAL A empresa colaborará na filiação sindical dos seus empregados, entregando, no ato admissional, ficha associativa fornecida pela entidade sindical, observado princípio constitucional da liberdade associativa. Parágrafo Único: O empregado que se associar ao SINTAC terá sua mensalidade descontada diretamente da folha de pagamento, conforme percentual decidido em Assembleia Geral, sendo o valor repassado pela empresa à entidade sindical até o 5° (quinto) dia útil após o desconto.

Outras disposições sobre relação entre sindicato e empresa

CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - SUBVENÇÃO PATRONAL Parágrafo Primeiro: Com o objetivo de contribuir para o custeio e manutenção deste ACT e também para as atividades sociais oferecidas pelo Sintac, a empresa repassará ao sindicato da categoria o valor equivalente a 1% (um por cento) da remuneração dos empregados abrangidos pelo presente instrumento, sem quaisquer ônus para os trabalhadores. Referido repasse será efetivado trimestralmente, através de guias de recolhimento a serem oferecidos pelo sindicato

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da categoria, tendo como base o valor da remuneração. Os repasses deverão ser procedidos nos seguintes prazos: - Até 10/08/2013: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de maio, junho e julho de 2013; - Até 10/11/2013: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de agosto, setembro e outubro de 2013; - Até 10/02/2014: Os valores incidentes dos meses de novembro, dezembro e janeiro de 2014; - Até 10/05/2014: Os valores incidentes sobre a remuneração dos meses de fevereiro, março e abril de 2014. Parágrafo Segundo: O não recolhimento por parte da empresa ensejara a cobrança de juros de 1 % (um por cento) ao mês, além de multa progressiva de 2% (dois por cento) até 30 (trinta) dias após o prazo, 5% (cinco por cento) de mais de 30 (trinta) dias, até 90 (noventa) dias, 8% (oito por cento), após 90 (noventa) dias e 10% (dez por cento) no caso de atraso superior a 120 (cento e vinte) dias.

Disposições Gerais

Descumprimento do Instrumento Coletivo CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - MULTA CONVENCIONAL Para cada cláusula do presente instrumento normativo que vier a ser descumprida pela APM Terminais S/A, fica estabelecida multa de um piso salarial do respectivo empregado cujo valor será revertido em favor do mesmo. CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - NORMAS CONVENCIONAIS Nenhuma disposição de acordo ou contrato individual de trabalho que contrarie este ACT poderá prevalecer sobre o mesmo e será considerada nula de pleno direito.

LUIZ EDUARDO GRAF

Membro de Diretoria Colegiada SINTAC-SIND.TRAB.ADM.CAP ADMIN.OGMO PORTOS E RETROP.PUBL.PRIV.ITAJAI,LAGUNA E SAO FRANC.SUL

INGRID KRAUSE

Preposto APM TERMINALS ITAJAI S.A.

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ANEXO G – Acordo coletivo de trabalho 2013/2014

ACORDO COLETIVO DE TRABALHO 2013/2014 NÚMERO DE REGISTRO NO MTE: SC001031/2013 DATA DE REGISTRO NO MTE: 23/05/2013 NÚMERO DA SOLICITAÇÃO: MR026310/2013 NÚMERO DO PROCESSO: 46301.003891/2013-95 DATA DO PROTOCOLO: 23/05/2013

Confira a autenticidade no endereço http://www3.mte.gov.br/sistemas/mediador/. COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ALFA, CNPJ n. 83.305.235/0001-19, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). ROMEO BET; E SIND T E R C D P S L V C R O M O CATARINENSE, CNPJ n. 80.635.592/0001-57, neste ato representado(a) por seu Presidente, Sr(a). JUSCEMAR DA MAIA PAVAO; celebram o presente ACORDO COLETIVO DE TRABALHO, estipulando as condições de trabalho previstas nas cláusulas seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA - VIGÊNCIA E DATA-BASE As partes fixam a vigência do presente Acordo Coletivo de Trabalho no período de 1º de maio de 2013 a 30 de abril de 2014 e a data-base da categoria em 1º de maio. CLÁUSULA SEGUNDA - ABRANGÊNCIA O presente Acordo Coletivo de Trabalho, aplicável no âmbito da(s) empresa(s) acordante(s), abrangerá a(s) categoria(s) empregados da Cooperativa Agroindustrial Alfa, com abrangência territorial emChapecó/SC.

Salários, Reajustes e Pagamento Piso Salarial

CLÁUSULA TERCEIRA - SALÁRIO NORMATIVO Acordam as partes que a partir da vigência do presente acordo, os salários de ingresso e efetivação dos empregados das Cooperativas será de R$ 920,00 (novecentos e vinte reais). Obs: Acrescido do adicional de periculosidade/insalubridade quando devido. Paragráfo Primeiro : Os valores previstos para o Salário Normativo referem-se para pagamento mensal, com carga horária integral, admitindo-se em qualquer hipótese o valor proporcional em trabalho com carga horária menor, observando sempre o artigo 58 "a" da CLT. Parágrado Segundo: Fica convencionado que o salário normativo a partir de janeiro/2014 segue o minimo regional.

Reajustes/Correções Salariais

CLÁUSULA QUARTA - CORREÇÃO SALARIAL A Cooperativa estarão concedendo em maio de 2013, reajuste salarial a todos os seus empregados abrangidos pela representação do sindicato acordante mediante a aplicação do percentual de 10% (dez inteiro por cento). Parágrafo Primeiro - Poderão ser deduzidas as antecipações espontâneas concedidas no período de 1º de maio de 2012 a 30 de abril de 2013.

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Parágrafo Segundo – O reajuste acima estabelecido corresponde à reposição de todo e qualquer resíduo inflacionário ocorrido entre 1º de maio de 2012 a 30 de abril de 2013, bem como os reajustes previstos em legislação aplicável a espécie.

Gratificações, Adicionais, Auxílios e Outros

Outras Gratificações

CLÁUSULA QUINTA - QUEBRA DE CAIXA Aos empregados que exerçam a função de caixa ou assemelhados, haverá uma remuneração de 15%(quinze por cento) sobre o salário normativo de R$ 920,00 (novecentos e vinte reais) estabelecido na claúsula terceira deste acordo, a titulo de quebra de caixa, ficando o empregrado responsável pelas diferenças que ocorrerem.

Seguro de Vida

CLÁUSULA SEXTA - SEGURO DE VIDA A cooperativa deverá manter um seguro de vida em grupo para todos funcionários.

Contrato de Trabalho – Admissão, Demissão, Modalidades Desligamento/Demissão

CLÁUSULA SÉTIMA - RESCISÃO CONTRATUAL A homologação da rescisão contratual, nos termos do art. 477 da CLT será efetivada perante o Sindicato da categoria profissional

Suspensão do Contrato de Trabalho CLÁUSULA OITAVA - SUSPENSÃO DO CONTRATO DE EXPERIÊNCIA O contrato de experiência ficará suspenso durante o período de afastamento do empregado por motivo de doença inclusive na concessão de benefício previdenciário, completando-se o prazo nele previsto, após a cessação do afastamento ou do referido benefício.

Outras normas referentes a admissão, demissão e modalidades de contratação

CLÁUSULA NONA - READIMISSÃO DO APOSENTADO Nos casos de aposentadoria por tempo de serviço em quaisquer de suas modalidades, com readmissão ao emprego e sem descontinuidade da prestação laboral, a cooperativa se compromete a manter a data base do contrato de trabalho anterior, exclusivamente para a manutenção dos benefícios previstos no presente Acordo Coletivo. CLÁUSULA DÉCIMA - DISPENSA AS VESPERAS DE APOSENTADORIA Fica garantido o emprego e/ou salário ao empregado que estiver a menos de 1 (um) ano, para completar tempo de serviço para a aposentadoria, por tempo de serviço integral e por idade, desde que esteja vinculado a mesma cooperativa por mais de l0 (dez) anos consecutivos. CLÁUSULA DÉCIMA PRIMEIRA - CHEQUE SEM FUNDOS Os empregados que forem autorizados para o recebimento de cheques deverão anotar no seu verso, a placa do veículo, o telefone, bem como, conferir o seu preenchimento cujo valor deverá corresponder ao valor da venda e/ou serviço prestado. Parágrafo primeiro: em caso de devolução de cheques, sem que o empregado tenha observado as formalidades previstas no caput e cumprido as normas estabelecidas pela cooperativa, as quais deverão ser cientificadas por escrito, poderá ser responsabilizado pelo reembolso.

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Parágrafo segundo: cumprida as normas para o recebimento de cheques e ocorrendo a devolução do cheque, sem pagamento ou compensação por insuficiência de fundos ou encerramento da conta, a responsabilidade será exclusiva do empregador, não podendo em nenhuma hipótese, proceder ao desconto na remuneração de seus empregados e nem transferir a estes a tentativa de cobrança. Parágrafo terceiro: na hipótese do parágrafo primeiro havendo desconto no salário, este deverá ser discriminado expressamente no recibo de pagamento, para efeito e enquadramento do previsto no artigo 462 da CLT. Parágrafo quarto: a cooperativa se compromete em divulgar aos seus empregados o inteiro teor dessa cláusula com exposição em quadro mural e, principalmente, expô-la aos empregados recém-contratados, sob pena de não poder exigir dos mesmos, seu cumprimento.

Relações de Trabalho – Condições de Trabalho, Normas de Pessoal e Estabilidades

Outras normas referentes a condições para o exercício do trabalho

CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - OPERAÇÃO DAS BOMBAS - AUTO ATENDIMENTO Fica acordado que as bombas de auto-abastecimento (self service) de líquidos inflamáveis e combustíveis somente poderão ser operadas por empregados contratados para esse fim.

Jornada de Trabalho – Duração, Distribuição, Controle, Faltas Duração e Horário

CLÁUSULA DÉCIMA TERCEIRA - JORNADA DE TRABALHO 12X36 Fica instituído a opção de jornada de trabalho em Regime de revezamento de 12 (doze) horas de trabalho com 36 (trinta e seis) horas de descanso.

Prorrogação/Redução de Jornada

CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA - HORAS EXTRAS Havendo necessidade da prorrogação no horário de trabalho dos empregados, sem que haja a correspondente compensação, estas serão remuneradas como extras nas seguintes condições. Parágrafo primeiro: as primeiras duas horas extras diárias serão remuneradas com acréscimo do adicional de 60% (sessenta) por cento sobre a hora normal. Parágrafo segundo: na hipótese da jornada exceder de duas horas estas serão remuneradas com acréscimo do adicional de 80% (oitenta) por cento sobre a hora normal e, se trabalhadas em horário noturno entre (22hs00 às 05hs00) terão acréscimo de 100% (cem por cento) sobre a hora normal.

Compensação de Jornada

CLÁUSULA DÉCIMA QUINTA - COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO DE TRABALHO Fica a cooperativa autorizada a proceder acordo, individual ou coletivo, de compensação de jornada de trabalho, coletivo ou individual, mesmo em atividades insalubres e/ou perículosas, em conformidade com a Súmula n° 349 do TST resguardado o direito ao trabalhador das folgas previstas na legislação vigente. Parágrafo primeiro: permitido o trabalho aos domingos e feriados, mediante remuneração ou a compensação das horas trabalhadas, nos termos deste acordo, assegurada folga de no mínimo um domingo por mês.

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Intervalos para Descanso

CLÁUSULA DÉCIMA SEXTA - INTERVALO INTRAJORNADA Visando a adequação do horário de funcionamento dos estabelecimentos e a organização de escalas de trabalho dos empregados, o intervalo para repouso e alimentação previsto no artigo 71 da CLT poderá ser dilatado em até (6) seis horas. Parágrafo único: na hipótese do empregado obter outro emprego formal no intervalo intrajornada, só será permitido alteração no seu horário mediante acordo entre as partes com assistência do sindicato profissional.

Outras disposições sobre jornada

CLÁUSULA DÉCIMA SÉTIMA - BANCO DE HORAS Faculta-se à cooperativa abrangida por este instrumento normativo a adoção do Banco de Horas, nas seguintes condições. Parágrafo primeiro: as eventuais horas laboradas além da jornada normal prevista por lei, e não remuneradas como horas extras, serão contabilizadas a crédito do empregado, para a concessão de folga compensatória dentro do período não superior a dois meses. Parágrafo terceiro: o demonstrativo das horas extras armazenadas no Banco de Horas, será feita em relatório ou outro documento que possibilite a visualização do crédito e ou débito de horas, com a aposição da assinatura do empregado.

Saúde e Segurança do Trabalhador

Uniforme

CLÁUSULA DÉCIMA OITAVA - UNIFORME A cooperativa abrangida pelo presente Acordo, quando exigir de seus empregados o uso de uniformes fica obrigada a fornecê-los gratuitamente até no máximo 02 (dois) uniformes por ano e para os lavadores e lubrificadores, também 02 (dois) pares de botas e, na medida do possível, um par de sapatos aos operadores de pista. Parágrafo único: no caso de extravio ou mau uso comprovados desses equipamentos, a cooperativa, a seu critério, poderá efetuar a cobrança ou o desconto em folha de pagamento dos valores correspondentes a novo fornecimento.

Exames Médicos

CLÁUSULA DÉCIMA NONA - DISPENSA DO MEDICO COORDENADOR De acordo com a Portaria n° 24 e Portaria n° 8 do MTb/SST, que modificou a NR-7, ficam dispensadas de indicar médico coordenador a cooperativa enquadrada na categoria com grau de risco 1 e 2 que tenham até 50 (cinqüenta) empregados e as enquadradas no grau de risco 3 e 4 que tenham até 20 (vinte) empregados CLÁUSULA VIGÉSIMA - EXAMES MEDICO OCUPACIONAL - PRAZO DE VALIDADE Fica dispensada de realizar o exame médico ocupacional quando da rescisão contratual, desde que o último exame feito pelo empregado não tenha se realizado há mais de 270 (duzentos e setenta) dias, a cooperativa com grau de risco 1 e 2 e, de 180 (cento e oitenta) dias a cooperativa com grau de risco 3 e 4.

Aceitação de Atestados Médicos

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CLÁUSULA VIGÉSIMA PRIMEIRA - ATESTADO MÉDICO E ODONTOLÓGICO Observada a legislação previdenciária em vigor, a cooperativa concorda em aceitar os atestados médicos e odontológicos fornecidos pelos médicos e dentistas das entidades classistas, aos seus empregados e que tenham por finalidade a justificação de ausência ao trabalho por motivo de doença, podendo a cooperativa, se assim entender, encaminhar o empregado ao médico do trabalho para registro em seu prontuário médico.

Relações Sindicais

Sindicalização (campanhas e contratação de sindicalizados)

CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA - SINDICALIZAÇÃO A cooperativa colaborará com a entidade sindical laboral, na sindicalização de seus empregados em especial por ocasião da contratação. CLÁUSULA VIGÉSIMA TERCEIRA - DESCONTO DA MENSALIDADE SINDICAL A cooperativa descontará da folha de pagamento dos associados a mensalidade ou anuidade sindical estabelecida pela entidade sindical profissional, conforme determina o artigo 545 e § único da CLT, recolhendo as respectivas importâncias aos cofres do Sindicato Laboral, até o dia l0 (dez) de cada mês subseqüente, através de guia especial fornecida pelo mesmo, mediante apresentação da relação com autorização dos associados.

Liberação de Empregados para Atividades Sindicais CLÁUSULA VIGÉSIMA QUARTA - LIBERAÇAO DE DIRIGENTES SINDICAIS Por solicitação prévia e escrita do Presidente da entidade, a cooperativa liberará um membro da diretoria doSindicato Labora/ por cooperativa, sem prejuízos de salários, até 3 (três) dias por ano, para participar de reuniões, assembléias ou encontro de trabalhadores.

Contribuições Sindicais

CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA - CONTRIBUIÇÃO SINDICAL As empresas descontarão de seus empregados, na forma do artigo 580 inciso I da CLT, a Contribuição Sindical na importância correspondente a remuneração de um dia de trabalho do mês de março de 2014. Recolhendo-a, na forma da lei, através de guias próprias emitidas pelo Sindicato profissional. Parágrafo único: as empresas encaminharão ao Sindicato profissional, até o dia 15 do mês subseqüente ao desconto da Contribuição Sindical, a relação nominal dos empregados contendo os respectivos valores descontados. . CLÁUSULA VIGÉSIMA SEXTA - CUSTEIO SISTEMA SINDICAL - EMPREGADOS Em obrigação de fazer, conforme decisão da Assembléia Geral da categoria profissional, realizada em 03 de maio de 2013 com a presença dos associados e não associados, as empresas se comprometem em descontar de seus empregados abrangidos por este Acordo, sindicalizados ou não e durante a vigência do mesmo, a importância equivalente a 5% (cinco) por cento da remuneração mensal nos meses de JUNHO/2013 e JANEIRO/2014. O referido desconto é a título de Contribuição Assistencial, nos termos do artigo 513 alínea "e" da CLT, destinada à manutenção da Entidade, assistência jurídica, assistência à saúde, lazer e de todos os serviços disponibilizados à categoria e seus dependentes. Parágrafo primeiro: o recolhimento das respectivas importâncias serão efetuadas em favor do SINDICATO DOS EMPREGADOS até o dia l0 de cada mês subseqüente aos descontos, em qualquer outra instituição bancária ou ainda, diretamente na tesouraria da Entidade através de bloqueto bancário fornecido pelo Sindicato.

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Parágrafo segundo: o sistema vigente, implantado na Assembléia Geral Extraordinária realizado em 03/05/2013 será sempre o parâmetro de sorte que não haja outro tipo de contribuição, ressalvada as mensalidades associativas e as contribuições previstas no artigo 578 a 610 da CLT. Parágrafo terceiro: sempre que através de nova deliberação em assembléia geral se proceda algum aperfeiçoamento relativo à contribuição ora enfocada o Sindicato dos Empregados dará ciência a Cooperativa, oportunamente. Parágrafo quarto: a multa para o caso de descumprimento desta cláusula será de 2% (dois por cento) do valor devido, acrescido de juros de 1% (um por cento) ao mês, sem prejuízo da correção monetária, na forma da Lei, observada o disposto no artigo 412 do Código Civil Brasileiro.

Direito de Oposição ao Desconto de Contribuições Sindicais

CLÁUSULA VIGÉSIMA SÉTIMA - DIREITO DE OPOSIÇÃO Conforme decisão da referida assembléia os empregados terão o direito de manifestarem oposição ao desconto da contribuição prevista no caput desta cláusula desde que o façam de forma individualizada e manuscrita até o último dia do mês de maio de 2013, vedado apresentação de listas de oposições em desacordo com a determinação destas assembléias.

Disposições Gerais Outras Disposições

CLÁUSULA VIGÉSIMA OITAVA - SUBVENÇÃO PATRONAL- ASSISTENCIA AOS EMPREGADOS A empresa se compromete transferir aos cofres do Sindicato laboral, anualmente, o valor correspondente a R$ 70,00 (setenta reais reais) por trabalhador sem ônus ao mesmo, cuja contribuição se destinará ao custeio das despesas de assistência à categoria profissional. Parágrafo único: o recolhimento devera ser efetuado através de guia própria fornecida pelo Sindicato laboral, com vencimento em: l0 de dezembro de 2013 CLÁUSULA VIGÉSIMA NONA - DISPENSA DO AVISO PRÉVIO Assegurada à dispensa do cumprimento do aviso prévio, de iniciativa da empresa, ao empregado que comprovar a obtenção de novo emprego antes do seu término e, nesta hipótese, o empregado fará jus aos salários e as verbas rescisórias calculadas até o último dia trabalhado. CLÁUSULA TRIGÉSIMA - TEMPO DE SERVIÇO Para efeito de garantia dos benefícios previstos por este Acordo, ao empregado readmitido, será computado no tempo de serviço, o período de trabalho prestado, a empresa do mesmo grupo empresarial e da mesma categoria econômica. CLÁUSULA TRIGÉSIMA PRIMEIRA - AUTORIZAÇÕES PARA DESCONTO EM FOLHA Além dos descontos permitidos em lei a empresa poderá descontar mensalmente dos salários de seus empregados, mensalidade associativa do sindicato, contribuição à associação recreativa, empréstimos pessoais, vale rancho, seguro de vida, convenio saúde, convenio odontológico, farmácia, telefonemas particulares e outros benefícios concedidos e de responsabilidade do empregado e desde que autorizados por este. CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEGUNDA - QUADRO DE AVISOS A cooperativa colaborarão no sentido de permitir ao Sindicato laboral a fixação de quadro de avisos nos locais de trabalho, visando à divulgação de atividades sindical. CLÁUSULA TRIGÉSIMA TERCEIRA - ADESÃO A COMISSAO DE CONCILIAÇÃO PREVIA

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As partes reconhecem a Comissão Intersindical de Conciliação Prévia de Chapecó - CONCILIA, com sede na Av. Getúlio Vargas, 1758-N sala, 8-B, Condomínio CESEC, centro na cidade de Chapecó/SC, instituída através da Convenção Coletiva de Trabalho firmada em 23 de maio de 2000 e registrada na Delegacia Regional do Trabalho em 03 de junho de 2000 sob o n° 671, entre o Sindicato dos Empregados noComércio de Chapecó e o Sindicato do Comércio Varejista de Chapecó, de acordo com o previsto no artigo 625-C, da CLT, com redação dada pela Lei no 9.958 de 12 de janeiro de 2000, como competente para conciliar os conflitos decorrentes do presente instrumento e os conflitos individuais da categoria. Parágrafo primeiro: todas as demandas de natureza trabalhista, no âmbito da representação dos acordantes serão submetidas previamente à Comissão Intersindical de Conciliação Prévia - CONCILIA, conforme determina o art. 625-D da CLT. Parágrafo segundo: as partes reconhecem integralmente os termos da Convenção Coletiva de Trabalho referida no caput da presente cláusula, bem como o Regimento Interno que regulamenta o funcionamento da referida Comissão. Parágrafo terceiro: não havendo solução do conflito, a competência passará ao Ministério do Trabalho ou à Justiça do Trabalho, conforme o caso. Parágrafo quarto: as empresas se comprometem em dar ciência ao Sindicato laboral, com antecedência de pelo menos três dias da realização da audiência de conciliação em relação às reclamatórias trabalhistas protocoladas na Comissão. CLÁUSULA TRIGÉSIMA QUARTA - AÇAO DE CUMPRIMENTO LEGITIMIDADE PROCESSUAL Fica reconhecida a legitimidade processual da entidade sindical profissional e patronal, perante a justiça do trabalho, para ajuizamento de Ações de Cumprimento, independentemente de autorização ou mandato dos mesmos, em relação a qualquer das cláusulas desta convenção.

ROMEO BET

Presidente COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ALFA

JUSCEMAR DA MAIA PAVAO

Presidente SIND T E R C D P S L V C R O M O CATARINENSE

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ANEXO H – Enunciados 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do

Trabalho

ENUNCIADOS APROVADOS NA 1ª JORNADA DE DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL NA JUSTIÇA DO TRABALHO TST, Brasília, 23/11/2007 Comissões I –Direitos Fundamentais e as Relações de Trabalho Enunciados 1 a 17 II – Contrato de Emprego e outras Relações de Trabalho Enunciados 18 a 23 III – Lides Sindicais - Direito Coletivo Enunciados 24 a 35 IV e V – Responsabilidade Civil em Danos Patrimoniais e Extra-Patrimoniais e Acidente do Trabalho e Doença Ocupacional Enunciados 36 a 54 VI – Penalidades Administrativas e Mecanismos Processuais Correlatos Enunciados 55 a 62 VII – Processo na Justiça do Trabalho Enunciados 63 a 79 ENUNCIADOS 1. DIREITOS FUNDAMENTAIS. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO. Os direitos fundamentais devem ser interpretados e aplicados de maneira a preservar a integridade sistêmica da Constituição, a estabilizar as relações sociais e, acima de tudo, a oferecer a devida tutela ao titular do direito fundamental. No Direito do Trabalho, deve prevalecer o princípio da dignidade da pessoa humana. 2. DIREITOS FUNDAMENTAIS – FORÇA NORMATIVA. I – ART. 7º, INC. I, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EFICÁCIA PLENA. FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO. DIMENSÃO OBJETIVA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E DEVER DE PROTEÇÃO. A omissão legislativa impõe a atuação do Poder Judiciário na efetivação da norma constitucional, garantindo aos trabalhadores a efetiva proteção contra a dispensa arbitrária. II – DISPENSA ABUSIVA DO EMPREGADO. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL. NULIDADE. Ainda que o empregado não seja estável, deve ser declarada abusiva e, portanto, nula a sua dispensa quando implique a violação de algum direito fundamental, devendo ser assegurada prioritariamente a reintegração do trabalhador. III – LESÃO A DIREITOS FUNDAMENTAIS. ÔNUS DA PROVA. Quando há alegação de que ato ou prática empresarial disfarça uma conduta lesiva a direitos fundamentais ou a princípios constitucionais, incumbe ao empregador o ônus de provar que agiu sob motivação lícita. 3. FONTES DO DIREITO – NORMAS INTERNACIONAIS. I – FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. DIREITO COMPARADO. CONVENÇÕES DA OIT NÃO RATIFICADAS PELO BRASIL. O Direito Comparado, segundo o art. 8º da Consolidação das Leis do Trabalho, é fonte subsidiária do Direito do Trabalho. Assim, as Convenções da Organização Internacional do Trabalho não ratificadas pelo Brasil podem ser

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aplicadas como fontes do direito do trabalho, caso não haja norma de direito interno pátrio regulando a matéria. II – FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. DIREITO COMPARADO. CONVENÇÕES E RECOMENDAÇÕES DA OIT. O uso das normas internacionais, emanadas da Organização Internacional do Trabalho, constitui-se em importante ferramenta de efetivação do Direito Social e não se restringe à aplicação direta das Convenções ratificadas pelo país. As demais normas da OIT, como as Convenções não ratificadas e as Recomendações, assim como os relatórios dos seus peritos, devem servir como fonte de interpretação da lei nacional e como referência a reforçar decisões judiciais baseadas na legislação doméstica. 4. “DUMPING SOCIAL”. DANO À SOCIEDADE. INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR. As agressões reincidentes e inescusáveis aos direitos trabalhistas geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se, propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de vantagem indevida perante a concorrência. A prática, portanto, reflete o conhecido “dumping social”, motivando a necessária reação do Judiciário trabalhista para corrigi-la. O dano à sociedade configura ato ilícito, por exercício abusivo do direito, já que extrapola limites econômicos e sociais, nos exatos termos dos arts. 186, 187 e 927 do Código Civil. Encontra-se no art. 404, parágrafo único do Código Civil, o fundamento de ordem positiva para impingir ao agressor contumaz uma indenização suplementar, como, aliás, já previam os artigos 652, “d”, e 832, § 1º, da CLT. 5. UNICIDADE SINDICAL. SENTIDO E ALCANCE. ART. 8º, II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. A compreensão do art. 8º, II, da CF, em conjunto com os princípios constitucionais da democracia, da pluralidade ideológica e da liberdade sindical, bem como com os diversos pactos de direitos humanos ratificados pelo Brasil, aponta para a adoção, entre nós, de critérios aptos a vincular a concessão da personalidade sindical à efetiva representatividade exercida pelo ente em relação à sua categoria, não podendo restringir-se aos critérios de precedência e especificidade. Desse modo, a exclusividade na representação de um determinado grupo profissional ou empresarial, nos termos exigidos pelo art. 8º, II, da Constituição da República, será conferida à associação que demonstrar maior representatividade e democracia interna segundo critérios objetivos, sendo vedada a discricionariedade da autoridade pública na escolha do ente detentor do monopólio. 6. GREVES ATÍPICAS REALIZADAS POR TRABALHADORES. CONSTITUCIONALIDADE DOS ATOS. Não há, no texto constitucional, previsão reducionista do direito de greve, de modo que todo e qualquer ato dela decorrente está garantido, salvo os abusos. A Constituição da República contempla a greve atípica, ao fazer referência à liberdade conferida aos trabalhadores para deliberarem acerca da oportunidade da manifestação e dos interesses a serem defendidos. A greve não se esgota com a paralisação das atividades, eis que envolve a organização do evento, os piquetes, bem como a defesa de bandeiras mais amplas ligadas à democracia e à justiça social. 7. ACESSO À JUSTIÇA. CLT, ART. 651, § 3º. INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO. ART. 5º, INC. XXXV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Em se tratando de empregador que arregimente empregado domiciliado em outro município ou outro Estado da federação, poderá o trabalhador optar por ingressar com a reclamatória na Vara do Trabalho de seu domicílio, na do local da contratação ou na do local da prestação dos serviços. 8. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. SUCESSÃO NA FALÊNCIA OU RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Compete à Justiça do Trabalho – e não à Justiça Comum

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Estadual – dirimir controvérsia acerca da existência de sucessão entre o falido ou o recuperando e a entidade que adquira total ou parcialmente suas unidades de produção. 9. FLEXIBILIZAÇÃO. I – FLEXIBILIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS. Impossibilidade de desregulamentação dos direitos sociais fundamentais, por se tratar de normas contidas na cláusula de intangibilidade prevista no art. 60, § 4º, inc. IV, da Constituição da República. II – DIREITO DO TRABALHO. PRINCÍPIOS. EFICÁCIA. A negociação coletiva que reduz garantias dos trabalhadores asseguradas em normas constitucionais e legais ofende princípios do Direito do Trabalho. A quebra da hierarquia das fontes é válida na hipótese de o instrumento inferior ser mais vantajoso para o trabalhador. 10. TERCEIRIZAÇÃO. LIMITES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A terceirização somente será admitida na prestação de serviços especializados, de caráter transitório, desvinculados das necessidades permanentes da empresa, mantendo-se, de todo modo, a responsabilidade solidária entre as empresas. 11. TERCEIRIZAÇÃO. SERVIÇOS PÚBLICOS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A terceirização de serviços típicos da dinâmica permanente da Administração Pública, não se considerando como tal a prestação de serviço público à comunidade por meio de concessão, autorização e permissão, fere a Constituição da República, que estabeleceu a regra de que os serviços públicos são exercidos por servidores aprovados mediante concurso público. Quanto aos efeitos da terceirização ilegal, preservam-se os direitos trabalhistas integralmente, com responsabilidade solidária do ente público. 12. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. TRABALHO ESCRAVO. REVERSÃO DA CONDENAÇÃO ÀS COMUNIDADES LESADAS. Ações civis públicas em que se discute o tema do trabalho escravo. Existência de espaço para que o magistrado reverta os montantes condenatórios às comunidades diretamente lesadas, por via de benfeitorias sociais tais como a construção de escolas, postos de saúde e áreas de lazer. Prática que não malfere o artigo 13 da Lei 7.347/85, que deve ser interpretado à luz dos princípios constitucionais fundamentais, de modo a viabilizar a promoção de políticas públicas de inclusão dos que estão à margem, que sejam capazes de romper o círculo vicioso de alienação e opressão que conduz o trabalhador brasileiro a conviver com a mácula do labor degradante. Possibilidade de edificação de uma Justiça do Trabalho ainda mais democrática e despida de dogmas, na qual a responsabilidade para com a construção da sociedade livre, justa e solidária delineada na Constituição seja um compromisso palpável e inarredável. 13. DONO DA OBRA. RESPONSABILIDADE. Considerando que a responsabilidade do dono da obra não decorre simplesmente da lei em sentido estrito (Código Civil, arts. 186 e 927) mas da própria ordem constitucional no sentido de se valorizar o trabalho (CF, art. 170), já que é fundamento da Constituição a valorização do trabalho (CF, art. 1º, IV), não se lhe faculta beneficiar-se da força humana despendida sem assumir responsabilidade nas relações jurídicas de que participa. Dessa forma, o contrato de empreitada entre o dono da obra e o empreiteiro enseja responsabilidade subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo apenas a hipótese de utilização da prestação de serviços como instrumento de produção de mero valor de uso, na construção ou reforma residenciais. 14. IMAGEM DO TRABALHADOR. UTILIZAÇÃO PELO EMPREGADOR. LIMITES. São vedadas ao empregador, sem autorização judicial, a conservação de gravação, a exibição e a

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divulgação, para seu uso privado, de imagens dos trabalhadores antes, no curso ou logo após a sua jornada de trabalho, por violação ao direito de imagem e à preservação das expressões da personalidade, garantidos pelo art. 5º, V, da Constituição. A formação do contrato de emprego, por si só, não importa em cessão do direito de imagem e da divulgação fora de eu objeto da expressão da personalidade do trabalhador, nem o só pagamento do salário e demais títulos trabalhistas os remunera. 15. REVISTA DE EMPREGADO. I – REVISTA – ILICITUDE. Toda e qualquer revista, íntima ou não, promovida pelo empregador ou seus prepostos em seus empregados e/ou em seus pertences, é ilegal, por ofensa aos direitos fundamentais da dignidade e intimidade do trabalhador. II – REVISTA ÍNTIMA – VEDAÇÃO A AMBOS OS SEXOS. A norma do art. 373-A, inc. VI, da CLT, que veda revistas íntimas nas empregadas, também se aplica aos homens em face da igualdade entre os sexos inscrita no art. 5º, inc. I, da Constituição da República. 16. SALÁRIO. I – SALÁRIO. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. Os estreitos limites das condições para a obtenção da igualdade salarial estipulados pelo art. 461 da CLT e Súmula n. 6 do Colendo TST não esgotam as hipóteses de correção das desigualdades salariais, devendo o intérprete proceder à sua aplicação na conformidade dos artigos 5º, caput, e 7º, inc. XXX, da Constituição da República e das Convenções 100 e 111 da OIT. II – TERCEIRIZAÇÃO. SALÁRIO EQÜITATIVO. PRINCÍPIO DA NÃODISCRIMINAÇÃO. Os empregados da empresa prestadora de serviços, em caso de terceirização lícita ou ilícita, terão direito ao mesmo salário dos empregados vinculados à empresa tomadora que exercerem função similar. 17. LIMITAÇÃO DA JORNADA. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO. DIREITO CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADO A TODOS OS TRABALHADORES. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 62 DA CLT. A proteção jurídica ao limite da jornada de trabalho, consagrada nos incisos XIII e XV do art. 7o da Constituição da República, confere, respectivamente, a todos os trabalhadores, indistintamente, os direitos ao repouso semanal remunerado e à limitação da jornada de trabalho, tendo-se por inconstitucional o art. 62 da CLT. 18. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL. TRABALHO DO ADOLESCENTE. ILEGALIDADE DA CONCESSÃO DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A Constituição Federal veda qualquer trabalho anterior à idade de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos (art. 7º, inciso XXXIII, CF, arts. 428 a 433 da CLT). Princípio da proteção integral que se impõe com prioridade absoluta (art. 227, caput), proibindo a emissão de autorização judicial para o trabalho antes dos dezesseis anos. 19. TRABALHO DO MENOR. DIREITOS ASSEGURADOS SEM PREJUÍZO DE INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR. A proibição de trabalho ao menor visa protege-lo e não prejudicá-lo (exegese CF, art. 7º, caput e XXXIII e art. 227). De tal sorte, a Justiça do Trabalho, apreciando a prestação de labor pretérito, deve contemplá-lo com todos os direitos como se o contrato proibido não fosse, sem prejuízo de indenização suplementar que considere as peculiaridades do caso. 20. RURÍCOLA. PAGAMENTO INTEGRAL DAS HORAS EXTRAS. NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 340 DO TST. É devida a remuneração integral das horas extras prestadas pelo

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trabalhador rurícola, inclusive com o adicional de, no mínimo, 50%, independentemente de ser convencionado regime de “remuneração por produção”. Inteligência dos artigos 1º, incisos III e IV e 3º, 7º, XIII, XVI e XXIII, da CF/88. Não incidência da Súmula nº 340 do C. TST, uma vez que as condições de trabalho rural são bastante distintas das condições dos trabalhadores comissionados internos ou externos e a produção durante o labor extraordinário é manifestamente inferior àquela da jornada normal, base de cálculo de horas extras para qualquer tipo de trabalhador. 21. FÉRIAS. APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO 132 DA OIT. I – A época das férias será fixada pelo empregador após consulta ao empregado, salvo manifestação em contrário exteriorizada em acordo ou convenção coletiva; II – As férias poderão ser fracionadas por negociação coletiva, desde que um dos períodos não seja inferior a duas semanas; III – Qualquer que seja a causa de extinção do contrato de trabalho serão devidas férias proporcionais. 22. ART. 384 DA CLT. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. RECEPÇÃO PELA CF DE 1988. Constitui norma de ordem pública que prestigia a prevenção de acidentes de trabalho (CF, 7º, XXII) e foi recepcionada pela Constituição Federal, em interpretação conforme (artigo 5º, I, e 7º, XXX), para os trabalhadores de ambos os sexos. 23. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AUSÊNCIA DE RELAÇÃO DE CONSUMO. A Justiça do Trabalho é competente para julgar ações de cobrança de honorários advocatícios, desde que ajuizada por advogado na condição de pessoa natural, eis que o labor do advogado não é prestado em relação de consumo, em virtude de lei e de particularidades próprias, e ainda que o fosse, porque a relação consumeirista não afasta, por si só, o conceito de trabalho abarcado pelo artigo 114 da CF. 24. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. CONFLITOS INTER E INTRA-SINDICAIS. Os conflitos inter e intra-sindicais, inclusive os que envolvam sindicatos de servidores públicos (estatutários e empregados públicos), são da competência da Justiça do Trabalho. 25. CONDUTA ANTI-SINDICAL. PARTICIPAÇÃO EM GREVE. DISPENSA DO TRABALHADOR. A dispensa de trabalhador motivada por sua participação lícita na atividade sindical, inclusive em greve, constitui ato de discriminação antisindical e desafia a aplicação do art. 4º da Lei 9.029/95, devendo ser determinada a “readmissão com ressarcimento integral de todo o período de afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas” ou “a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento” sempre corrigidas monetariamente e acrescida dos juros legais. 26. CONDUTA ANTI-SINDICAL. CRIAÇÃO DE CCP SEM O AVAL DO SINDICATO LABORAL. Na hipótese de o sindicato laboral simplesmente ignorar ou rejeitar de modo peremptório, na sua base, a criação de CCP, qualquer ato praticado com esse propósito não vingará, do ponto de vista jurídico. O referido juízo de conveniência política pertence tão-somente aos legitimados pelos trabalhadores a procederem deste modo. Agindo ao arrepio do texto constitucional e da vontade do sindicato laboral, os empregadores e as suas representações, ao formarem Comissões de Conciliação Prévia sem o pressuposto da aquiescência sindical obreira, não apenas criam mecanismos desprovidos do poder único para

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o qual o legislador criou as Comissões de Conciliação Prévia, como também incidem na conduta anti-sindical a ser punida pelo Estado. 27. CONDUTA ANTI-SINDICAL. FINANCIAMENTO PELO EMPREGADOR. VEDAÇÃO. É vedada a estipulação em norma coletiva de cláusula pela qual o empregador financie a atividade sindical dos trabalhadores, mediante transferência de recursos aos sindicatos obreiros, sem os correspondentes descontos remuneratórios dos trabalhadores da categoria respectiva, sob pena de ferimento ao princípio da liberdade sindical e caracterização de conduta antisindical tipificada na Convenção nº 98 da OIT, ratificada pelo Brasil. 28. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. CONFLITOS SINDICAIS. LEGITIMIDADE. O Ministério Público do Trabalho possui legitimidade para promover as ações pertinentes para a tutela das liberdades sindicais individuais e coletivas, quando violados os princípios de liberdade sindical, nos conflitos inter e intra-sindicais, por meio de práticas e condutas anti-sindicais nas relações entre sindicatos, sindicatos e empregadores, sindicatos e organizações de empregadores ou de trabalhadores, sindicatos e trabalhadores, empregadores e trabalhadores, órgãos públicos e privados e as entidades sindicais, empregadores ou trabalhadores. 29. PEDIDO DE REGISTRO SINDICAL. COOPERATIVA. IMPOSSIBILIDADE DIANTE DO PRINCÍPIO DA UNICIDADE SINDICAL. NÃO CONFIGURA CATEGORIA PARA FINS DE ORGANIZAÇÃO SINDICAL, NOS TERMOS DO ART. 511 DA CLT E ART 4º DA PORTARIA MTE Nº 343/2000. Não é possível a formação de entidade sindical constituída por cooperativas, uma vez que afronta o princípio da unicidade sindical, bem como a organização sindical por categorias. 30. ENTIDADE SINDICAL. DENOMINAÇÃO. RESULTADO DE SUA REAL REPRESENTATIVIDADE. ART. 572 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. EXPLICITAÇÃO DA CATEGORIA E BASE TERRITORIAL. Da inteligência do artigo 572 da CLT decorre a exigência de que as entidades sindicais, em sua denominação, explicitem a categoria e a base territorial que realmente representam, para assegurar o direito difuso de informação. 31. ENTIDADE SINDICAL CONSTITUÍDA POR CATEGORIAS SIMILARES OU CONEXAS. FORMAÇÃO DE NOVA ENTIDADE COM CATEGORIA MAIS ESPECÍFICA. POSSIBILIDADE. NÃO FERIMENTO DA UNICIDADE SINDICAL. INVOCAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LIBERDADE SINDICAL. É possível a formação de entidade sindical mais específica, por desmembramento ou dissociação, através de ato volitivo da fração da categoria que pretende ser desmembrada, deliberada em Assembléia Geral amplamente divulgada com antecedência e previamente notificada a entidade sindical originária. 32. ENTIDADES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR. REQUISITOS PARASUA CONSTITUIÇÃO. ARTS. 534 E 535 DA CLT. MANUTENÇÃO DESSESREQUISITOS PARA A PERMANÊNCIA DO REGISTRO JUNTO AOMINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. A permanência do número mínimo de entidades filiadas consubstancia-se condição sine qua non para a existência das entidades de grau superior. 33. NEGOCIAÇÃO COLETIVA. SUPRESSÃO DE DIREITOS. NECESSIDADEDE CONTRAPARTIDA. A negociação coletiva não pode ser utilizada somente como um instrumento para a supressão de direitos, devendo sempre indicar a contrapartida concedida em

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troca do direito transacionado, cabendo ao magistrado a análise da adequação da negociação coletiva realizada quando o trabalhador pleiteia em ação individual a nulidade de cláusula convencional. 34. DISSÍDIO COLETIVO – CLÁUSULAS PRÉ-EXISTENTES. O §2odo art.114 da CF impõe aos Tribunais do Trabalho que, no julgamento dos dissídios coletivos, respeitem as disposições convencionadas anteriormente. Idêntico entendimento deve ser aplicado às cláusulas pré-existentes previstas em sentenças normativas. 35. DISSÍDIO COLETIVO. COMUM ACORDO. CONSTITUCIONALIDADE.AUSÊNCIA DE VULNERABILIDADE AO ART. 114, § 2º, DA CRFB. Dadas as características das quais se reveste a negociação coletiva, não fere o princípio do acesso à Justiça o pré-requisito do comum acordo (§ 2º, do art.114, da CRFB) previsto como necessário para a instauração da instância em dissídio coletivo, tendo em vista que a exigência visa a fomentar o desenvolvimento da atividade sindical, possibilitando que os entes sindicais ou a empresa decidam sobre a melhor forma de solução dos conflitos. 36. ACIDENTE DO TRABALHO. COMPETÊNCIA. AÇÃO AJUIZADA PORHERDEIRO, DEPENDENTE OU SUCESSOR. Compete à Justiça do Trabalho apreciar e julgar ação de indenização por acidente de trabalho, mesmo quando ajuizada pelo herdeiro, dependente ou sucessor, inclusive em relação aos danos em ricochete. 37. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NO ACIDENTE DE TRABALHO.ATIVIDADE DE RISCO. Aplica-se o art. 927, parágrafo único, do Código Civil nos acidentes do trabalho. O art. 7º, XXVIII, da Constituição da República, não constitui óbice à aplicação desse dispositivo legal, visto que seu caput garante a inclusão de outros direitos que visem à melhoria da condição social dos trabalhadores. 38. RESPONSABILIDADECIVIL.DOENÇASOCUPACIONAISDECORRENTES DOS DANOS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. Nas doenças ocupacionais decorrentes dos danos ao meio ambiente do trabalho, a responsabilidade do empregador é objetiva. Interpretação sistemática dos artigos 7º, XXVIII, 200, VIII, 225, §3º, da Constituição Federal e do art. 14,§1º, da Lei 6.938/81. 39. MEIO AMBIENTE DE TRABALHO. SAÚDE MENTAL. DEVER DO EMPREGADOR. É dever do empregador e do tomador dos serviços zelar por um ambiente de trabalho saudável também do ponto de vista da saúde mental, coibindo práticas tendentes ou aptas a gerar danos de natureza moral ou emocional aos seus trabalhadores, passíveis de indenização. 40. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. EMPREGADO PÚBLICO. A responsabilidade civil nos acidentes do trabalho envolvendo empregados de pessoas jurídicas de Direito Público interno é objetiva. Inteligência do artigo 37, § 6º da Constituição Federal e do artigo 43 do Código Civil. 41. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. Cabe a inversão do ônus da prova em favor da vítima nas ações indenizatórias por acidente do trabalho. 42. ACIDENTE DO TRABALHO. NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO. Presume-se a ocorrência de acidente do trabalho, mesmo sem a emissão da CAT – Comunicação de Acidente

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de Trabalho, quando houver nexo técnico epidemiológico conforme art. 21-A da Lei 8.213/1991. 43. ESTABILIDADE ACIDENTÁRIA. AUSÊNCIA DE EMISSÃO DA CAT. A ausência de emissão da CAT – Comunicação de Acidente do Trabalho pelo empregador não impede o direito à estabilidade do art. 118 da Lei 8.213/1991, desde que comprovado que o trabalhador deveria ter se afastado em razão do acidente por período superior a quinze dias. 44. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. Em caso de terceirização de serviços, o tomador e o prestador respondem solidariamente pelos danos causados à saúde dos trabalhadores. Inteligência dos artigos 932, III, 933 e 942, parágrafo único, do Código Civil e da Norma Regulamentadora 4 (Portaria 3.214/77 do Ministério do Trabalho e Emprego). 45. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. A prescrição da indenização por danos materiais ou morais resultantes de acidente do trabalho é de 10 anos, nos termos do artigo 205, ou de 20 anos, observado o artigo 2.028 do Código Civil de 2002. 46. ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. O termo inicial do prazo prescricional da indenização por danos decorrentes de acidente do trabalho é a data em que o trabalhador teve ciência inequívoca da incapacidade laboral ou do resultado gravoso para a saúde física e/ou mental. 47. ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. Não corre prescrição nas ações indenizatórias nas hipóteses de suspensão e/ou interrupção do contrato de trabalho decorrentes de acidentes do trabalho. 48. ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO. NÃO COMPENSAÇÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. A indenização decorrente de acidente de trabalho ou doença ocupacional, fixada por pensionamento ou arbitrada para ser paga de uma só vez, não pode ser compensada com qualquer benefício pago pela Previdência Social. 49. ATIVIDADE INSALUBRE. PRORROGAÇÃO DE JORNADA. NEGOCIAÇÃO COLETIVA. INVALIDADE. O art. 60 da CLT não foi derrogado pelo art. 7º, XIII, da Constituição da República, pelo que é inválida cláusula de Convenção ou Acordo Coletivo que não observe as condições nele estabelecidas. 50. INSALUBRIDADE. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À DRT. Constatada a insalubridade em ação trabalhista, o juiz deve oficiar à Delegacia Regional do Trabalho para que a autoridade administrativa faça cumprir o disposto no art. 191, parágrafo único, da CLT. 51. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. CRITÉRIOS PARA ARBITRAMENTO. O valor da condenação por danos morais decorrentes da relação de trabalho será arbitrado pelo juiz de maneira eqüitativa, a fim de atender ao seu caráter compensatório, pedagógico e preventivo. 52. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL. O termo inicial de incidência da correção monetária sobre o valor fixado a título de indenização por danos morais é o da prolação da decisão judicial que o quantifica.

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53. REPARAÇÃO DE DANOS – HONORÁRIOS CONTRATUAIS DE ADVOGADO. Os artigos 389 e 404 do Código Civil autorizam o Juiz do Trabalho a condenar o vencido em honorários contratuais de advogado, a fim de assegurar ao vencedor a inteira reparação do dano. 54. PROVA PERICIAL. POSSIBILIDADE DE DISPENSA. Aplica-se o art. 427 do Código de Processo Civil no processo do trabalho, de modo que o juiz pode dispensar a produção de prova pericial quando houver prova suficiente nos autos. 55. TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA – ALCANCE. A celebração de TAC não importa em remissão dos atos de infração anteriores, os quais têm justa sanção pecuniária como resposta às irregularidades trabalhistas constatadas pela DRT. 56. AUDITOR FISCAL DO TRABALHO. RECONHECIMENTO DA RELAÇÃO DE EMPREGO. POSSIBILIDADE. Os auditores do trabalho têm por missão funcional a análise dos fatos apurados em diligências de fiscalização, o que não pode excluir o reconhecimento fático da relação de emprego, garantindo-se ao empregador o acesso às vias judicial e/ou administrativa, para fins de reversão da autuação ou multa imposta. 57. FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO. RECONHECIMENTO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA E DOS CONTRATOS CIVIS. Constatando a ocorrência de contratos civis com o objetivo de afastar ou impedir a aplicação da legislação trabalhista, o auditor-fiscal do trabalho desconsidera o pacto nulo e reconhece a relação de emprego. Nesse caso, o auditor-fiscal não declara, com definitividade, a existência da relação, mas sim constata e aponta a irregularidade administrativa, tendo como conseqüência a autuação e posterior multa à empresa infringente. 58. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ DA EXISTÊNCIA DA DÍVIDA. Não é dado ao Juiz retirar a presunção de certeza e liquidez atribuída pela lei, nos termos do arts. 204 do CTN e 3º da Lei nº 6.830/80, à dívida ativa inscrita regularmente. Ajuizada a ação de execução fiscal – desde que presentes os requisitos da petição inicial previstos no art. 6º da Lei nº. 6.830/80 –, a presunção de certeza e liquidez da Certidão de Dívida Ativa somente pode ser infirmada mediante produção de prova inequívoca, cujo ônus é do executado ou do terceiro, a quem aproveite. 59. DIREITO ADMINISTRATIVO SANCIONADOR (FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO). CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INTERPRETAÇÃO CONFORME DO ARTIGO 632 DA CLT. Aplicam-se ao Direito Administrativo sancionador brasileiro, em matéria laboral, os princípios do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º, LV, da CRFB), com projeção concreta no art. 632 da CLT. Nesse caso, a prerrogativa administrativa de “julgar da necessidade das provas” deve ser motivada, desafiando a aplicação da teoria dos motivos determinantes, sob pena de nulidade do ato. 60. INTERDIÇÃO DE ESTABELECIMENTO E AFINS. AÇÃO DIRETA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. REPARTIÇÃO DINÂMICA DO ÔNUS DA PROVA. I – A interdição de estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, assim como o embargo de obra (artigo 161 da CLT), podem ser requeridos na Justiça do Trabalho (artigo 114, I e VII, da CRFB), em sede principal ou cautelar, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo sindicato profissional (artigo 8º, III, da CRFB) ou por qualquer legitimado específico para a

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tutela judicial coletiva em matéria labor-ambiental (artigos 1º, I, 5º, e 21 da Lei 7.347/85), independentemente da instância administrativa. II – Em tais hipóteses, a medida poderá ser deferida [a] “inaudita altera parte”, em havendo laudo técnico preliminar ou prova prévia igualmente convincente; [b] após audiência de justificação prévia (artigo 12, caput, da Lei 7.347/85), caso não haja laudo técnico preliminar, mas seja verossímil a alegação, invertendo-se o ônus da prova, à luz da teoria da repartição dinâmica, para incumbir à empresa a demonstração das boas condições de segurança e do controle de riscos. 61. PRESCRIÇÃO. MULTAS ADMINISTRATIVAS IMPOSTAS PELA DRT. Aplica-se às ações para cobrança das multas administrativas impostas pela Delegacia Regional do Trabalho, por analogia, o prazo prescricional quinqüenal, previsto no art. 174 do CTN. 62. DEPÓSITO RECURSAL ADMINISTRATIVO. RECEPÇÃO CONSTITUCIONAL. O depósito exigido pelo parágrafo 1º do artigo 636 consolidado não afronta qualquer dispositivo constitucional que assegure a ampla defesa administrativa, o direito de petição aos órgãos públicos e o direito aos recursos administrativos. 63. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. LIBERAÇÃO DO FGTS E PAGAMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO. Compete à Justiça do Trabalho, em procedimento de jurisdição voluntária, apreciar pedido de expedição de alvará para liberação do FGTS e de ordem judicial para pagamento do seguro-desemprego, ainda que figurem como interessados os dependentes de ex-empregado falecido. 64. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR PESSOA FÍSICA. RELAÇÃO DE CONSUMO SUBJACENTE. IRRELEVÂNCIA. Havendo prestação de serviços por pessoa física a outrem, seja a que título for, há relação de trabalho incidindo a competência da Justiça do Trabalho para os litígios dela oriundos (CF, art. 114, I), não importando qual o direito material que será utilizado na solução da lide (CLT, CDC, CC etc). 65. AÇÕES DECORRENTES DA NOVA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – PROCEDIMENTO DA CLT. I – Excetuadas as ações com procedimentos especiais, o procedimento a ser adotado nas ações que envolvam as matérias da nova competência da Justiça do Trabalho é o previsto na CLT, ainda que adaptado. II – As ações com procedimentos especiais submetem-se ao sistema recursal do processo do trabalho. 66. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE NORMAS DO PROCESSO COMUM AO PROCESSO TRABALHISTA. OMISSÕES ONTOLÓGICA E AXIOLÓGICA. ADMISSIBILIDADE. Diante do atual estágio de desenvolvimento do processo comum e da necessidade de se conferir aplicabilidade à garantia constitucional da duração razoável do processo, os artigos 769 e 889 da CLT comportam interpretação conforme a Constituição Federal, permitindo a aplicação de normas processuais mais adequadas à efetivação do direito. Aplicação dos princípios da instrumentalidade, efetividade e não-retrocesso social. 67. JUS POSTULANDI. ART. 791 DA CLT. RELAÇÃO DE TRABALHO. POSSIBILIDADE. A faculdade de as partes reclamarem, pessoalmente, seus direitos perante a

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Justiça do Trabalho e de acompanharem suas reclamações até o final, contida no artigo 791 da CLT, deve ser aplicada às lides decorrentes da relação de trabalho. 68. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS. I – Admissibilidade da intervenção de terceiros nos Processos submetidos à jurisdição da Justiça do Trabalho. II – Nos processos que envolvem crédito de natureza privilegiada, a compatibilidade da intervenção de terceiros está subordinada ao interesse do autor, delimitado pela utilidade do provimento final. III – Admitida a denunciação da lide, é possível à decisão judicial estabelecer a condenação do denunciado como co-responsável. 69. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. APLICABILIDADE DO ART. 475-O DO CPC NO PROCESSO DO TRABALHO. I – A expressão “...até a penhora...” constante da Consolidação das Leis do Trabalho, art. 899, é meramente referencial e não limita a execução provisória no âmbito do direito processual do trabalho, sendo plenamente aplicável o disposto no Código de Processo Civil, art. 475-O. II – Na execução provisória trabalhista é admissível a penhora de dinheiro, mesmo que indicados outros bens. Adequação do postulado da execução menos gravosa ao executado aos princípios da razoável duração do processo e da efetividade. III – É possível a liberação de valores em execução provisória, desde que verificada alguma das hipóteses do artigo 475-O, § 2º, do Código de Processo Civil, sempre que o recurso interposto esteja em contrariedade com Súmula ou Orientação Jurisprudencial, bem como na pendência de agravo de instrumento no TST. 70. EXECUÇÃO. PENHORA DE RENDIMENTOS DO DEVEDOR. CRÉDITOS TRABALHISTAS DE NATUREZA ALIMENTAR E PENSÕES POR MORTE OU INVALIDEZ DECORRENTES DE ACIDENTE DO TRABALHO. PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. POSSIBILIDADE. Tendo em vista a natureza alimentar dos créditos trabalhistas e da pensão por morte ou invalidez decorrente de acidente do trabalho (CF, art. 100, § 1º-A), o disposto no art. 649, inciso IV, do CPC deve ser aplicado de forma relativizada, observados o princípio da proporcionalidade e as peculiaridades do caso concreto. Admite-se, assim, a penhora dos rendimentos do executado em percentual que não inviabilize o seu sustento. 71. ARTIGO 475-J DO CPC. APLICAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO. A aplicação subsidiária do artigo 475-J do CPC atende às garantias constitucionais da razoável duração do processo, efetividade e celeridade, tendo, portanto, pleno cabimento na execução trabalhista. 72. EMBARGOS À EXECUÇÃO (IMPUGNAÇÃO). EFEITO SUSPENSIVO. Em razão da omissão da CLT, os embargos à execução (impugnação) não terão efeito suspensivo, salvo quando relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação (art. 475-M do CPC). 73. EXECUÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. REVISÃO DA SÚMULA 368 DO TST. I – Com a edição da Lei 11.457/2007, que alterou o parágrafo único do art. 876 da CLT, impõe-se a revisão da Súmula nº 368 do TST: é competente a Justiça do Trabalho para a execução das

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contribuições à Seguridade Social devidas durante a relação de trabalho, mesmo não havendo condenação em créditos trabalhistas, obedecida a decadência. II – Na hipótese, apurar-se-á o montante devido à época do período contratual, mês a mês, executando-se o tomador dos serviços, por força do art. 33, § 5º, da Lei 8.212/91, caracterizada a sonegação de contribuições previdenciárias, não devendo recair a cobrança de tais contribuições na pessoa do trabalhador. III – Incidem, sobre as contribuições devidas, os juros e a multa moratória previstos nos artigos 34 e 35 da Lei 8.212/91, a partir da data em que as contribuições seriam devidas e não foram pagas. 74. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. A competência da Justiça do Trabalho para a execução de contribuições à Seguridade Social (CF, art. 114, § 3º) nas ações declaratórias, condenatórias ou homologatórias de acordo cinge-se às contribuições previstas no art. 195, inciso I, alínea “a” e inciso II, da Constituição, e seus acréscimos moratórios. Não se insere, pois, em tal competência, a cobrança de “contribuições para terceiros”, como as destinadas ao “sistema S” e “salário-educação”, por não se constituírem em contribuições vertidas para o sistema de Seguridade Social. 75. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. I – O Ministério Público do Trabalho detém legitimidade para defender direitos ou interesses individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum, nos exatos termos do artigo 81, inciso III, do CDC. II – Incidem na hipótese os artigos 127 e 129, inciso III, da Constituição Federal, pois a defesa de direitos individuais homogêneos quando coletivamente demandada se enquadra no campo dos interesses sociais previstos no artigo 127 da Magna Carta, constituindo os direitos individuais homogêneos em espécie de direitos coletivos lato sensu. 76. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. REPARAÇÃO DE DANO MORAL COLETIVO. TRABALHO FORÇADO OU EM CONDIÇÕES DEGRADANTES. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. I – Alegada a utilização de mão-de-obra obtida de forma ilegal e aviltante, sujeitando o trabalhador a condições degradantes de trabalho, a trabalho forçado ou a jornada exaustiva, cabe Ação Civil Pública de reparação por dano moral coletivo. II – Legitimidade do Ministério Público do Trabalho para o ajuizamento da ação civil pública na tutela de interesses coletivos e difusos, uma vez que a referida prática põe em risco, coletivamente, trabalhadores indefinidamente considerados. 77. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMAÇÃO DOS SINDICATOS. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE ROL DOS SUBSTITUÍDOS. I – Os sindicatos, nos termos do art. 8º, III, da CF, possuem legitimidade extraordinária para a defesa dos direitos e interesses – individuais e metaindividuais – da categoria respectiva em sede de ação civil pública ou outra ação coletiva, sendo desnecessária a autorização e indicação nominal dos substituídos. II – Cabe aos sindicatos a defesa dos interesses e direitos metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos) da categoria, tanto judicialmente quanto extrajudicialmente. III – Na ausência de sindicato, é da federação respectiva a legitimidade extraordinária para a defesa dos direitos e interesses da categoria e, na falta de ambos, da confederação.

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IV – O art. 16 da Lei da ação civil pública contraria toda a filosofia e sistemática das ações coletivas. A decisão proferida nas ações coletivas deve ter alcance, abrangência e eficácia em toda área geográfica afetada, seja em todo o território nacional (âmbito nacional) ou em apenas parte dele (âmbito supra-regional), conforme a extensão do ato ilícito e/ou do dano causado ou a ser reparado. 78. INEXISTÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA ENTRE AÇÃO COLETIVA E AÇÃO INDIVIDUAL. Às ações coletivas ajuizadas pelos sindicatos e pelo Ministério Público na Justiça do Trabalho aplicam-se subsidiariamente as normas processuais do Título III do Código de Defesa do Consumidor. Assim, não haverá litispendência entre ação coletiva e ação individual, devendo o juiz adotar o procedimento indicado no art. 104 do CDC: a) o autor da ação individual, uma vez notificado da existência de ação coletiva, deverá se manifestar no prazo de trinta dias sobre o seu prosseguimento ou suspensão; b) optando o autor da ação individual por seu prosseguimento, não se beneficiará dos efeitos da coisa julgada da ação coletiva; c) o autor da ação individual suspensa poderá requerer o seu prosseguimento em caso de decisão desfavorável na ação coletiva. 79. HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS DEVIDOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. I – Honorários de sucumbência na Justiça do Trabalho. As partes, em reclamatória trabalhista e nas demais ações da competência da Justiça do Trabalho, na forma da lei, têm direito a demandar em juízo através de procurador de sua livre escolha, forte no princípio da isonomia (art. 5º, caput, da Constituição da República Federativa do Brasil) sendo, em tal caso, devidos os honorários de sucumbência, exceto quando a parte sucumbente estiver ao abrigo do benefício da justiça gratuita. II – Os processos recebidos pela Justiça do Trabalho decorrentes da Emenda Constitucional 45, oriundos da Justiça Comum, que nesta esfera da Justiça tramitavam sob a égide da Lei nº 9.099/95, não se sujeitam na primeira instância aos honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei 9.099/95 a que estavam submetidas as partes quando da propositura da ação.

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ANEXO I – Orientações aprovadas pela CONALIS

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO COORDENADORIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA LIBERDADE SINDICAL – CONALIS ORIENTAÇÕES APROVADAS PELA CONALIS: QUANTO AO CUSTEIO: ORIENTAÇÃO Nº1: “Afronta a liberdade sindical o financiamento patronal do sindicato profissional” ORIENTAÇÃO Nº2: “A contribuição confederativa aplica-se apenas aos filiados dos sindicatos.” (Súmula 666 do STF) ORIENTAÇÃO Nº3 (Cancelada): “É possível a cobrança de contribuição assistencial/negocial dos trabalhadores, filiados ou não, aprovada em assembléia geral convocada para este fim, com ampla divulgação, garantida a participação de sócios e não sócios, realizada em local e horário que facilitem a presença dos trabalhadores, desde que assegurado o direito de oposição, manifestado perante o sindicato por qualquer meio eficaz de comunicação, observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, inclusive quanto ao prazo para o exercício da oposição e ao valor da contribuição.” ORIENTAÇÃO Nº4: “Configura ato antissindical o incentivo patronal ao exercício do direito de oposição à contribuição assistencial/ negocial.” QUANTO À MALVERSAÇÃO OU DILAPIDAÇÃO DO PATRIMÔNIO DAS ASSOCIAÇÕES OU ENTIDADES SINDICAIS: ORIENTAÇÃO Nº5: “Os atos que importem em malversação ou dilapidação do patrimônio das associações ou entidades sindicais são de interesse público tutelável pelo parquet trabalhista.” DELIBERAÇÃO APROVADA PELA CONALIS: “O MPT promoverá a defesa do piso salarial regional previsto em lei estadual em face dos acordos ou convenções coletivas de trabalho que fixem piso salarial em valor inferior ao da lei.” ORIENTAÇÃO Nº6: Considerando os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), da democracia nas relações de trabalho e da solução pacífica das controvérsias (preâmbulo da Constituição Federal de 1988), do direito à informação dos motivos ensejadores da dispensa massiva e de negociação coletiva (art. 5º, XXXIII e XIV, art. 7º, I e XXVI, e art. 8º, III, V e VI), da função social da empresa e do contrato de trabalho (art. 170, III e Cód. Civil, art. 421), bem como os termos das Convenções ns. 98, 135, 141 e 151, e Recomendação nº 163 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a dispensa coletiva será nula e desprovida de qualquer eficácia se não se sujeitar ao prévio procedimento da negociação coletiva de trabalho com a entidade sindical representativa da categoria profissional.