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XXIV ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS

TTULO DO TRABALHO:Gnero e pobreza: o lugar dos homens em famlias de baixarenda

GT 05:FAMLIA E S!IE"A"E

SEGUNDA SESSO:#omens$ Mulheres e Famlias: %eproduzindo Imagens

AUTOR:&edro Fran'is'o Guedes do (as'imen)o *ni+ersidade Federal de &ernambu'o ,FAGES-&A&AI.

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GNERO E POBREZA: O LUGAR DOS HOMENS EM FAMLIAS DE BAIXA RENDA

&edro Fran'is'o Guedes do (as'imen)o/

Es)e )ex)o 0 resul)ado de pes1uisas realizadas nos 2l)imos )rs anos$ no bairro de Alber)o Maia

em !amaragibe-&E em )orno do modelo de mas'ulinidade apresen)ado por a1uela

'omunidade e as formas 1ue s3o u)ilizadas para a experin'ia 'o)idiana des)e modelo4 5ra)arei

a1ui mais espe'ifi'amen)e de 1ues)6es le+an)adas a)ra+0s de pes1uisa realizada 'omo

a)i+idade do 5er'eiro &rograma de 5reinamen)o em &es1uisa sobre "irei)os %eprodu)i+os na

Am0ri'a La)ina e !aribe ,&%"I% III.74 (es)e programa desen+ol+i a pes1uisa 8#omens

pobres$ mas'ulinidades 9 margem4 A 'ons)ru3o so'ial da mas'ulinidade em !amaragibe-&E8$

onde fo'alizei homens e mulheres em 'on)ex)os de ex)rema pobreza$ 'ara')erizados pelo fa)o

de os homens n3o serem os pro+edores de seus lares e dependerem finan'eiramen)e de

mulheres ,m3es$ esposas ou irm3s.4

&ara a realiza3o des)a in+es)iga3o residi no bairro por 1ua)ro meses$ en)re agos)o e

dezembro de /;;;4 Al0m da obser+a3o par)i'ipan)e$ realizei en)re+is)as 'om homens e

mulheres4 meu ob

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)rabalho$ )endo sua his)?ria laboral sempre 'ara')erizada por perodos de desemprego4 1ue

bus1uei 'ara')erizar foi a 'ondi3o de homens 1ue apresen)aram essa )ra

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pessoa e dois ou)ros mora+am sozinhos4 "esse )o)al$ /B foram en)re+is)ados dire)amen)e4 "as

mulheres$ foram en)re+is)adas C$ sendo )rs delas m3es 'ada uma de dois informan)es$ )rs$

esposas e ou)ra irm3 de dois deles4

A pes1uisa foi desen+ol+ida no muni'pio de !amaragibe$ no bairro Alber)o Maia$ mas )e+e

'omo fo'o de in+es)iga3o uma @rea 'onhe'ida 'omo a 8In+as3o8 1ue 0 a @rea menos

+alorizada e apon)ada 'omo o lugar mais +iolen)o do bairro4 A In+as3o 'orresponde a uma

@rea habi)ada por 'er'a de /DBB famlias o'upada nas 2l)imas duas d0'adas e formada

a)ualmen)e$ 'omo grande par)e da popula3o do bairro$ por famlias oriundas do in)erior do

es)ado$ de an)igas zonas 'ana+ieiras e de demais par)es da %egi3o Me)ropoli)ana do %e'ife,%M%.4

O gnero, os homens e as masculinidades

&ara o desen+ol+imen)o dessa pes1uisa$ 1ue impli'a em 'onsiderar 'omo as rela6es de

gnero se apresen)am 1uando a prin'ipal rei+indi'a3o do modelo de mas'ulinidade n3o pode

ser a)ualizada pelos homens$ )ornouse ne'ess@rio$ an)es de 1ual1uer 'oisa$ deixar 'laro 1ual

era esse modelo segundo o 1ual homens e mulheres se orien)a+am em sua +ida 'o)idiana4 Es)a

forma de reflex3o da mas'ulinidade a par)ir do re'onhe'imen)o da exis)n'ia de um modelo

ideal ganhou fora a par)ir da reflex3o de alguns au)ores 1ue )m sido fundamen)ais para o

a+ano dos es)udos nesse 'ampo4

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s elemen)os da mas'ulinidade hegemni'a per'ebidos em !amaragibe se 'oadunam

basi'amen)e 'om os es)ere?)ipos 'ris)alizados 'ul)uralmen)e do 8ma'ho8 ,Saffio)i$ /;HC.$ para

pensarmos em )ermos la)inos$ 1ue s3o )amb0m$ em n+el mais geral$ os +alores medi)errni'os

,&eris)ianJ$ /;C/= >randes$ /;HD.4 Kald0s e la+arra ,/;;H: //D. referindose ao 1ue 0 ser

homem em San)iago do !hile$ reme)em 9 exis)n'ia de um modelo semelhan)e$ segundo o

1ual o homem )em au)oridade$ sobre)udo no lar= 0 au)nomo e li+re fren)e a ou)ros homens=

)em fora e 'oragem e n3o expressa suas emo6es$ )ampou'o 'hora= 0 o pro+edor do lar e 0

he)erossexual4

&ara os ob

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"es)e modo$ os signifi'ados rela'ionados ao gnero$ a'abam por se 'ons)i)uir numa di'o)omia

fundamen)al e prin'pio 'lassifi'a)?rio a par)ir de uma simb?li'a de di+is3o do mundo em

mas'ulino e feminino ,Kale de Almeida$ /;;: /.$ o 1ue foi ri'amen)e sis)ema)izado por

>ourdieu ,/;;D.4

Es)udos realizados no >rasil apon)am para 1ues)6es 1ue es)3o presen)es de modo bas)an)e

signifi'a)i+o em minha in+es)iga3o$ apon)ando para a difi'uldade 1ue famlias pobres )eriam

para a)ualizar a norma e apon)ando os 'aminhos assumidos fren)e as mesmas ,oor)mann$

/;HC: .4 fa)o de homem n3o poder ser o pro+edor do lar de a'ordo 'om o modelo ideal$

asso'iado 9 ins)abilidade das rela6es 'on

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"reverter a situao, co-optando o companheiro a assumir os papis principais ou a

assegurar os recursos sicos ! reproduo da famlia, caendo-lhe, ento, a

complementao de recursos",(e+es$ /;HD: 7B7.4

"is)o de'orre a impor)n'ia de reme)er os disposi)i+os de mas'ulinidade 1ue es)ou

in+es)igando 9 dis'uss3o da honra en1uan)o direi)o ao orgulho de si mesmo$ 'omo bem

definiu &i))%i+ers ,/;C/: /.$ asso'iandoa 9 pobreza$ onde a honra +in'ulase 9 +ir)ude

moral e n3o 9 posi3o so'ial 'omo seria para os aris)o'ra)as ,Sar)i$ /;;: //;.4

(a se1Nn'ia$ es)arei apresen)ando alguns dos resul)ados 1ue apon)am para a forma 'omo as

rela6es foram es)ru)uradas a par)ir desse 'on)ex)o espe'fi'o4 Embora o ob

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d@4 Minha m3e aban'a eu e meu irm3o84 S? assim en)endi 1ue sua m3e era empregada

dom0s)i'a e dizer 1ue )amb0m bo)a dinheiro 8pra den)ro8 de 'asa$ signifi'a+a um re'urso

a)ra+0s do 1ual es)e homem numa a'roba'ia lingNs)i'a$ onde o

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deles a manu)en3o finan'eira da 'asa4 &assa+ase en)3o a uma no+a si)ua3o$ onde no+os

re'ursos eram u)ilizados$ n3o mais para 'onfigurar dis)in)amen)e sua si)ua3o$ mas para

apresen)@la sob argumen)os efi'azes4 &oderia dizer 1ue n3o mais uma )en)a)i+a de

o'ul)amen)o$ mas de legi)ima3o$ u)ilizados )an)o pelos homens$ 1uan)o pelas mulheres4

"a par)e das mulheres$ h@ um re'onhe'imen)o expl'i)o de 1ue n3o podem mais 'on)ar 'om

seus maridos por a'redi)arem 1ue eles n3o +3o mais pro'urar )rabalho4 Al0m disso$ n3o s3o

)odas as mulheres 1ue se referem ao fa)o 'om )ran1Nilidade$ nem s3o )odas as +ezes )amb0m4

*m dis'urso indignado apare'e em algumas falas desmis)ifi'ando a no3o de um perodo sem

)rabalhar4&or sua +ez$ da par)e dos homens$ per'ebese a no3o de 1ue n3o )m 'ondi6es de +ol)ar a

desempenhar esse papel ou ainda 1ue n3o o dese

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mulheres ser@ o re'onhe'imen)o da difi'uldade de 1ual1uer homem arrumar emprego$ em

+ir)ude dos 'on)ex)os 'on

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mui)as +ezes$ h@ uma ambigNidade na 'ara')eriza3o da 'ondi3o de homens desempregados

enun'iado 9s +ezes no dis'urso de 1ue n3o )em emprego mesmo para os 1ualifi'ados$ ou)ras

+ezes$ ao argumen)o de 1ue eles n3o se in)eressam$ a'res'en)ase o fa)o par)ilhado largamen)e

de 1ue n3o )rabalham por1ue eles )m 1uem os sus)en)em4

Embora a ne'essidade de uma mulher 1ue represen)e o 'uidado seem mais do 1ue uma simples

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'a)egoria 1ue os faa +islumbrar a possibilidade de +irem a es)ar em uma si)ua3o melhor do

1ue a a)ual4 K@rias +ezes ou+i homens re'lamarem 1uando eram re1uisi)ados para fazerem

alguns )rabalhos ,a

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ser@ sempre bas)an)e reduzida pelo fa)o de 1ue n3o poder3o esperar por ou)ra pessoa4 Se eles

n3o fizerem$ ningu0m o far@4

Assim surgem )an)o esses homens sozinhos 'omo a1ueles 1ue )m grande famlia para

sus)en)ar4 Alguns homens reme)iam ao fa)o de )er mui)os filhos a raz3o por1ue alguns

'onhe'idos seus a'aba+am por se humilhar fren)e a ou)ros homens4 5ornase$ assim$

signifi'a)i+o o fa)o de 1ue de )odos os prin'ipais informan)es$ mesmo 1ue a maioria )enha

filhos$ apenas um mora na mesma 'asa 1ue es)es$ sendo 1ue em seu 'aso$ a esposa 0

empregada4

O prncipe que no veio# con(ugalidade e desemprego masculino

Embora n3o se

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Al0m de um argumen)o dessa na)ureza$ podemos pensar no fa)o de 1ue algumas mulheres

dependem da m3e de seus maridos$ ou )m 'om esses algum )ipo de +n'ulo n3o fa'ilmen)e

solu'ion@+el$ )al 1ual a 'asa ou os filhos4 Em ou)ros 'asos$ podemos pensar 1ue n3o s? se

pro+0m alimen)o e )e)o4 (uma so'iedade mar'ada pelas rei+indi'a6es 9 'on

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Assim$ en)endo 1ue a 1ueixa prin'ipal das mulheres 0 9 impossibilidade de experimen)ar a

si)ua3o 'l@ssi'a$ roman)i'amen)e idealizada de mulher dona de 'asa m3e esposa4 A fal)a

a1ui 0 n3o apenas de um homem pro+edor de alimen)o$ mas de elemen)os sub

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Mesmo n3o 'on)ando 'om a 'on)rapar)ida mas'ulina do pro+imen)o$ as mulheres dizem

man)erem suas a)i+idades de dona de 'asa4 (3o me pare'e 1ue essa ,aparen)e. in+ers3o dos

pap0is al)ere as rela6es en)re es)es de forma mui)o signifi'a)i+a4 Q 'omo se a mulher 1ue se

+ no mundo do )rabalho$ na rua$ en1uan)o seu marido es)@ em 'asa$ n3o se per'ebesse 'omo

uma mulher desempenhando uma fun3o de homem4 5an)o Refinha 'omo "ona Alade$ por

exemplo$ apon)am para a no3o de 1ue desempenham pap0is 1ue n3o gos)ariam de

desempenhar4 re'onhe'imen)o da desis)n'ia do )rabalho por par)e dos homens n3o as faz

assumirem 'om legi)imidade seu lugar4 !omo foi apon)ado$ h@ a 1ueixa e'oando sempre4

In)eressan)e per'eber a1ui 1ue sua rei+indi'a3o n3o 0 de 1ue ele rompa )o)almen)e 'om asi)ua3o 'onfigurada$ mesmo 1ue depois apresen)e seus sonhos4 1ue ela rei+indi'a 0 1ue ele

faa 'er)as 'oisas$ n3o se en)regue )o)almen)e4 A essa no3o 'orresponde a per'ep3o

mas'ulina de 'omo sendo leg)imo o 'uidado 1ue as mulheres lhe de+o)am$ mesmo 1ue eles

n3o )enham nenhuma a)i+idade ex)radom0s)i'a4 A possibilidade de eles +irem a fazer alguma

a)i+idade dom0s)i'a 0 'olo'ado nos 'asos de n3o )er ningu0m 1ue o fizesse4

(3o 1uero apresen)ar os homens 'omo +)imas de uma es)ru)ura in

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)an)o$ um i)em fundamen)al 0 a per'ep3o de 1ue sua 'ondi3o a)ual de n3o )rabalhador 0

sempre a'ionada a)ra+0s de uma obser+a3o de 1ue as 'oisas

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deles$ ao mesmo )empo em 1ue a'redi)am 1ue eles n3o o far3o e n3o abrem m3o por 'omple)o

da 'on+i+n'ia 'om os mesmos$ pois is)o impli'aria em mais perdas4 #omens lamen)ando n3o

fazerem o 1ue esperam$ mas *%"IE*$ &4 8A domina3o mas'ulina8$ In: )ducao e *ealidade, 7B ,7.: /H$

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4 8La rganiza'i?n So'ial de la Mas'ulinidad84 In: KAL"QS$ 5eresa J

LAKA%%A$ Tos0 ,eds.4+asculidades# oder e .risis/ San)iago$ !hile: Edi'iones de

las mu

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SA%5I$ !Jn)hia42 famlia com espelho/ )studo sore a moral dos pores/S3o &aulo: Au)ores

Asso'iados$ /;;4

S!55$ %ussel &4 8 homem na ma)rifo'alidade: gnero$ per'ep3o e experin'ias do

domnio dom0s)i'o8$ .adernos de esquisa,(U C$ maio$ S3o &aulo$ pp4HC$ /;;B4

KAL"QS$ 5eresa J LAKA%%A$ Tos0 ,eds.4 +asculidades# oder e .risis/ !hile$

San)iago:Edi'iones de las mu