análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DEM/POLITÉCNICA/UFRJ ANÁLISE DE VIABILIDADE DE INSERÇÃO DE PILHA A COMBUSTÍVEL DE ÓXIDO SÓLIDO EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL. ESTUDO DE CASO NO MUSEU DE ARTE DO RIO Pedro de Paiva Romeiro Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Sílvio Carlos Anibal Almeida Prof. Alexandre Salem Szklo RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO 2015

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Page 1: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

ANÁLISE DE VIABILIDADE DE INSERÇÃO DE PILHA A COMBUSTÍVEL DE ÓXIDO SÓLIDO EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL. ESTUDO DE CASO NO

MUSEU DE ARTE DO RIO

Pedro de Paiva Romeiro

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro Mecânico.

Orientador: Prof. Sílvio Carlos Anibal Almeida

Prof. Alexandre Salem Szklo

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO 2015

Page 2: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

DEM/POLITÉCNICA/UFRJ

ANÁLISE DE VIABILIDADE DE INSERÇÃO DE PILHA A COMBUSTÍVEL DE ÓXIDO SÓLIDO EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL. ESTUDO DE CASO NO

MUSEU DE ARTE DO RIO

Pedro de Paiva Romeiro

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.

Aprovado por:

________________________________________________

Prof. Sílvio Carlos Anibal de Almeida, D.Sc. (Orientador)

________________________________________________

Prof. Alexandre Salem Szklo, D.Sc (Orientador)

________________________________________________

Prof. Antônio MacDowell Figueiredo Dr.Ing.

________________________________________________

Prof. Thiago Gamboa Ritto, D.Sc.

________________________________________________

Dr. Ricardo Marques Dutra, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO 2015

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Romeiro, Pedro de Paiva

Análise de Viabilidade de inserção de Pilha a Combustível de Óxido Sólido em Edificação Comercial. Estudo de caso no Museu de Arte do Rio / Pedro de Paiva Romeiro – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2015.

VIII,53p.:il.; 29,7 cm

Orientadores: Sílvio Carlos Anibal de Almeida / Alexandre Salem Szklo

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso de Engenharia Mecânica, 2014.

Referências Bibliográficas: p. 59

1. Pilha a Combustível. 2. Geração Distribuída. 3. Planejamento Energético. 4. Restscreen.

I. Almeida, S. C.A. Szklo, Alexandre S. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Mecânica. III. Análise de Viabilidade de Inserção de Pilha à Combustível em Edificação Comercial. Estudo de Caso no Museu de Arte do Rio

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“Pensar é a única virtude básica do homem, de qual todas as outras decorrem”.

Ayn Rand

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AGRADECIMENTOS

A minha família pelo amor incondicional em todos os momentos. Meus pais e

meu irmão, principalmente, na orientação e educação. Aos meus amigos pela amizade

construída ao longo desses anos.

Aos meus orientadores, Professor Alexandre Szklo e Professor Sílvio Aníbal,

pela orientação, paciência e pela bela escolha da profissão.

Aos professores que aceitaram e puderam fazer parte da banca de apresentação e

dessa forma contribuir para o trabalho. Professor Antônio Figueiredo e Professor

Thiago Ritto do Departamento de Engenharia Mecânica e o Pesquisador do Cepel,

Ricardo Dutra.

Agradeço também a colaboração da equipe do Instituto Odeon, equipe

responsável pela manutenção do MAR. Através deles foi possível acessar os dados do

museu para a realização do estudo de caso.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.

ANÁLISE DE VIABILIDADE INSERÇÃO DE PILHA A COMBUSTÍVEL DE ÓXIDO SÓLIDO EM EDIFICAÇÃO COMERCIAL. ESTUDO DE CASO NO

MUSEU DE ARTE DO RIO.

Pedro de Paiva Romeiro

Fevereiro/2015

Orientador: Prof. Silvio Carlos Aníbal de Almeida

Prof. Alexandre Salem Szklo

Curso: Engenharia Mecânica

A geração distribuída pode fornecer ao estabelecimento vantagens como confiabilidade na geração e menor dependência de energia na rede. Há também fatores externos que podem motivar o seu uso como aumento da tarifa de energia e possibilidade de racionamento de energia. Estes e outros fatores tem levado muitos projetos e estabelecimentos a procurar tecnologias para a geração própria e um dos grandes candidatos para essa geração estacionária própria é a pilha a combustível de óxido sólido.

Este trabalho visa fazer um estudo de análise de viabilidade de inserção de uma pilha a combustível de óxido sólido para edificações comerciais. O estudo irá mostrar a tecnologia de pilha a combustível, a qual já possui mais de meio século em aplicações na indústria mas ainda não de forma madura para a geração estacionária, com enfoque na tecnologia de pilha a combustível de óxido sólido para a geração estacionária. A qual devido ao calor de qualidade gerado pode ser aplicado para geração de frio através de um sistema de refrigeração por absorção. Também será analisado simulações de diferentes formas de operação do sistema elétrico e do sistema de refrigeração do Museu de Arte do Rio e pretende-se mostrar quais os parâmetros de maior impacto na viabilidade do empreendimento quando adota-se esse tipo de tecnologia.

Palavras-chave: Pilha a Combustível, Geração Distribuída, Planejamento Energético, Retscreen.

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Abstract of the Project presented to Escola Politécnica / UFRJ as a partial fulfillment of the requirement for the degree of Mechanical Engineer.

FEASEBILITY ANALYSIS OF AN IMPLEMENTATION OF A SOLID OXIDE FUEL CELL AT A COMERCIAL BUILDING. CASE STUDY AT THE MUSEUM

OF ART AT RIO DE JANEIRO.

Pedro de Paiva Romeiro

February/2015

Advisor: Prof. Silvio Carlos Anibal de Almeida

Prof. Alexandre Salem Szklo

Department: Mechanical Engineering

Distributed generation provides to sites and factories several advantages, including reliability increase and less dependency on the grid. There are also some external driving factors that can boost the use of distributed generation, such as an increase on energy price and risk of blackouts. Considering all those factors, some sites started to look for technologies to supply their own energy demand on energy. The solid oxide fuel cell is one candidate for this.

This study aims to make a feasibility analysis of an implementation of a solid oxide fuel cell at commercial buildings. The work will also describe the technology itself which has been around for more than a fifty years however it still has limited application on sites for stationary generation. The study looks to focus on solid oxide technology, which is excellent for stationary generation since it provides a good quality heat for cogeneration. It will also present and analyze the simulations of different operational strategies of the electric and refrigeration system of Rio de Janeiro Museum of Art. At the end, the study intends to evaluate the main drivers that affect the feasibility of the project.

Key-words: Solid Oxide Fuel Cell, Distributed Generation, Energy Management, Retscreen.

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Índice

1.   Introdução  .........................................................................................................  1  1.1.  Introdução  e  Objetivo  ................................................................................................  1  

2.   Tecnologia  da  Pilha  a  Combustível  .....................................................................  3  2.1.  História  do  Uso  de  Pilha  Combustível  .........................................................................  3  2.2.  Princípio  básico  de  funcionamento.  ............................................................................  5  2.3.  Fatores  mercadológico  para  uso  de  pilha  a  combustível  .............................................  6  2.4.  Diferentes  formas  de  operação  de  uma  PaC  ...............................................................  8  

PEM-­‐FC  .................................................................................................................................  9  AFC  -­‐  Pilha  Combustível  Alcalina  ........................................................................................  10  MCFC  –  Pilha  a  Combustível  de  Carbonato  Fundido  ..........................................................  12  PACOS  –  Pilha  a  Combustível  de  Óxido  Sólido  ...................................................................  13  

2.5.  Termodinâmica  básica  de  uma  Pilha  a  combustível  ..................................................  15  Trabalho  Elétrico  ................................................................................................................  18  

2.6.  Formas  de  geração  de  H2  ..........................................................................................  19  Reforma  a  Vapor  e  Reforma  Autotérmica  .........................................................................  20  

3.   Estudo  de  Caso  ................................................................................................  23  3.1.Museu  de  Arte  do  Rio  ................................................................................................  23  3.2.Cenários  ....................................................................................................................  24  3.3.Carga  e  Rede  .............................................................................................................  27  3.4.  Modelo  Energético  ...................................................................................................  29  3.5.  Análise  de  Custos  .....................................................................................................  33  3.6.  Análise  Financeira  ....................................................................................................  38  

4.   Resultados  e  Análise  de  Sensibilidade  ..............................................................  45  4.1.  Variáveis  de  Impacto  ................................................................................................  45  

Custo  Inicial  de  Aquisição  ..................................................................................................  48  Razão  entre  dívida  e  capital  próprio  ..................................................................................  52  Preço  da  Eletricidade  Contratada  ......................................................................................  53  

4.2.  Análise  de  Sensibilidade  ...........................................................................................  54  

5.   Conclusões  e  Estudos  futuros  ...........................................................................  59  

6.   Referências  Bibliográficas  ................................................................................  62  

7.   Apêndice  .........................................................................................................  66  

Page 9: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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ABREVIAÇÕES E SIGLAS

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

AFC – Alkaline Fuel Cell

ATR – Autothermal Reform

BRL – Unidade monetária do Real do Brasil

CMCP – Custo Médio de Capital Próprio

DOE – Department of Energy

EE – Energia Elétrica

COP – Coeficiente de Desempenho

GD – Geração Distribuída

ICMS – Imposto Sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços

MCFC – Molten Carbonate Fuel Cell

MAR – Museu de Arte do Rio

PaC – Pilha a Combustível

PAFC – Phosphoric Acid Fuel Cell

PACOS – Pilha a Combustível de Óxido Sólido

PEM-FC – Proton Exchange Membrane Fuel Cell

PO – Partial Oxidation

SOFC – Solid Oxide Fuel Cell

SIN – Sistema Interligado Nacional

TIR – Taxa Interna de Retorno

TUST – Tarifa de Uso de Sistema de Transmissão

TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição

USD – Unidade monetária do Dólar Americano

VPL – Valor Presente Líquido

WGSR – Water Gas Shift Reaction

ZEI - Zircônio Estabilizado com Ítria

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1. Introdução

1.1. Introdução e Objetivo

Pode-se dizer que o desenvolvimento das sociedades, o avanço tecnológico e o

crescimento da população mundial são causadores do aumento da demanda mundial por

energia final. Os modelos atuais exigem a geração, transmissão e distribuição de energia

elétrica, o que torna sempre um investimento grande e um alto custo da energia para o

consumidor. Pretende-se com o trabalho mostrar incentivos para a geração distribuída

ou geração descentralizada (GD).

A vantagens da GD são inúmeras. Segundo FROITZHEIM (2014) e

ROMAGNOLI (2005) as vantagens que merecem destaque são que, quando

implementadas com tecnologia adequada, as unidades de GD podem ter índices de

confiabilidade próximos de 100%. As GD são capazes de suprir energia de qualidade

quanto a tensão (alto ou baixa) e frequência. Pode-se também ser usada como

alternativa para se evitar o consumo de energia elétrica em horários de tarifa de ponta.

Ainda segundo FROITZHEIM, 2014 e ROMAGNOLI, 2005, a GD pode suprir

calor ou frio*1 para sistema com cogeração. Prover energia elétrica onde o investimento

em transmissão não se justifica por ficar muito oneroso para o consumidor ou por

motivos ambientais. O uso de geração distribuída contribui para reduzir o investimento

para o atendimento a demanda de ponta. Por último, ela melhora o perfil de tensão dos

ramais e reduz as perdas na rede do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Mesmo após considerar previamente diversos motivos para a GD, também há

grandes fatores que restringem o investimento em geração distribuída. Segundo

(ROMAGNOLI, 2005) existem barreiras quanto a regulação, regras pouco específicas

para autoprodutores, reserva de capacidade e tarifas de transmissão e distribuição

(TUST e TUSD*2). Há ainda barreiras de mercado quanto a clareza na legislação, pois

há constante mudança nas regras a cerca das formas de compensação do produtor

independente. Segundo BENEDITO & ZILLES (2011) apud MIRANDA (2013), a

forma de compensação do net metering*3 possui indefinição quanto a tributação e

*1 Na geração de frio, há fornecimento de calor para um sistema de refrigeração por absorção. *2 Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição e Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão, presentes na tarifa de energia. *3 Uma explicação mais completa sobre o net metering encontra-se no item 6 de Análise Financeira do capítulo 3.  

Page 11: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

2

quanto a tarifa cobrada, pois a energia pode ser gerada durante um horário fora de pico e

consumida no horário de pico, onde há tarifas diferentes*1.

Contudo, como citado previamente, há grandes vantagens para GD e pretende-se

mostrar as a pilha a combustível como uma tecnologia promissora para a geração

distribuída.

Segundo Rodriguez (2002), as características a seguir fazem da tecnologia de

pilha a combustível uma opção promissora:

• Baixo nível de ruído e emissões

• Compatibilidade com outros sistemas modulares

• Possibilidade de automação completa

Sendo assim, o trabalho visa mostrar as vantagens da pilha a combustível de

óxido sólido (PACOS) como uma excelente alternativa para geração distribuída em

edificações comerciais no Brasil e, para isso, será apresentado um estudo de caso no

Museu de Arte do Rio.

O estudo se estrutura na forma de apresentação das tecnologias existentes de

pilha a combustível dando ênfase a PACOS. O projeto mostra o início a história de sua

criação, o princípio das tecnologias de PaC e o seu emprego na indústria.

Em seguida, é apresentado o estudo de caso feito no Museu de Arte do Rio. O

estudo caso foi feito com o auxílio do software Retscreen, software utilizado no apoio a

tomada de decisão de projetos de energia alternativa*2.

O trabalho contém os resultados das simulações feitas para o caso do MAR na

forma de gráficos e tabelas dos indicadores para projetos de energia. Junto a isso, o

trabalho contém uma análise de sensibilidade nos diferentes cenários adotados para

operação da geração de energia do museu.

Por último, a conclusão reforça os pontos analisados durante os resultados e

mostra algumas peculiaridades do estudo de caso selecionado. Pretende-se reforçar os

fatores de maior impacto para a melhor tomada de decisão em investimentos em

energia.

*1 Somente válida para consumidores da taifa hora-sazonal cuja tensão de fornecida é maior que 69kV *2 Citado de CEDSC, 2005 – Clean Energy Decision Support Centre “RETScreen Engineering & Cases Textbook”  

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2. Tecnologia da Pilha a Combustível

2.1. História do Uso de Pilha Combustível

No ano de 1838, William Robert Grove fez o caminho inverso da decomposição

da água em hidrogênio e gás oxigênio, feito por William Nicholson e Carlise em 1800

(JORDÃO 2010). Grove montou dois eletrodos de platina com um de seus terminais

imerso em ácido sulfúrico e com o outro em contato com gás hidrogênio e gás oxigênio.

Ele observou uma corrente que fluía entre os dois eletrodos. O que acabara de ver

funcionar era uma célula a combustível, a qual associada a algumas outras se tornaria a

pilha a gás. Esse termo foi depois modificado por Ludwig Mond e Charles Langer e se

cunhou “pilha a combustível”.

Figura 2.1 - Pilha de Grove. Fonte: LEIDEN, 2015

Contudo, foi Francis Bacon o primeiro cientista a desenvolver um dispositivo de

pilha a combustível, capaz de trabalhar com altas temperaturas e pressões. Em 1959,

Francis Bacon desenvolveu uma pilha alcalina capaz de gerar potência de 6 kW (IEEE,

2015). Posteriormente a tecnologia ficou conhecida através do seu uso para as missões

espaciais Apollo, nessa ocasião desenvolvidas pela empresa Praty and Whitney (IEEE,

2015 e BARBIR, 2010) baseadas nas patentes de Francis Bacon. O cientista viveu até o

ano de 1992 e acompanhou a evolução da tecnologia que ajudou a desenvolver e viu as

suas aplicações. Durante as Olimpíadas de Atlanta em 1996, a empesa Energy Partners

usou carros de golfe a base de pilha a combustível. Em 1998, a empresa ZEVCO, fez o

primeiro protótipo de veículo a base de uma pilha a combustível alcalina usada para táxi

em Londres (SMITHSONIAN, 2015).

Page 13: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

4

Segundo BARBIR (2010), quase toda montadora de carro no final da década de

1990, incentivada pelo Departamento de Energia Americano (DOE, na sigla em inglês),

tinha um modelo de carro construído e demonstrado a base de pilha a combustível.

Devido a característica das pilhas a combustível de operarem em diversas faixas

de potência. É possível diversas aplicações e uso da tecnologia, desde de pequenas

baterias até geração estacionária para edifícios. Recentemente, em Nova Iorque, o

Banco Morgan Stanley instalou uma pilha a combustível de óxido sólido com

capacidade de 250kW, e a loja de departamento IKEA, instalou 15 MW para um dos

seus centros em Connecticut nos Estados Unidos (Hodgson, 2014). Também nos

Estados Unidos, empresas de tecnologia como Apple, Google e eBay instalaram pilhas

a combustível para seus data centers de até 10MW de potência.

A empresa Sierra Nevada, produtora de cerveja na Califórnia, possui desde 2005

na sua planta 1MW de potência instalada para suprir 40% da energia necessária na

planta. A planta também está equipada para fazer uso do calor rejeitado para outros

processos na fabricação do seu produto (SIERRA, 2012).

No campo militar e de defesa, a empresa alemã SFC fabrica produtos de

comunicação como antenas, aparelhos de rádio e celulares além de pequenos geradores

de energia elétrica a base de pilha a combustível. Segundo SFC (2015), há pequenos

geradores de pilha a combustível a base de metanol com 100W de potência e capacidade

para operar durante 100 horas ininterruptas, para um volume de combustível de apenas

10 litros.

Page 14: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

5

Figura 2.2 - História da Pilha a Combustível

Fonte: BARBIR, 2010

2.2. Princípio básico de funcionamento.

A pilha a combustível é um dispositivo eletroquímico (anodo, catodo e

eletrólito) alimentado por um agente redutor (gás natural, metanol, hidrocarbonetos de

longa cadeia) e um agente oxidante (por exemplo, gás oxigênio da atmosfera). O

combustível (redutor) que alimenta o anodo é oxidado e o gás oxigênio no catodo é

reduzido. No meio separador, está o eletrólito que conduz as cargas.

A pilha é um dispositivo capaz de gerar energia elétrica a partir da energia

química da reação exotérmica de formação da água. O grande avanço está na conversão

direta da formação de H2O em geração de corrente elétrica em apenas um passo

(BARBIR, 2010). É uma forma simples e eficiente de geração de corrente elétrica, que

não necessita de combustão.

Page 15: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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A PaC pode ser comparada a uma bateria, pois possui os eletrodos, o eletrólito e

gera corrente contínua através de uma reação eletroquímica. Contudo, no caso das PaC

os eletrodos não se consomem além de exigir a alimentação contínua de combustíveis.

Figura 2.3 – Esquema básico de funcionamento da pilha a combustível a hidrogênio Fonte: Barbir (2010)

Na pilha típica a hidrogênio, pelo lado do anodo, há a entrada de gás hidrogênio,

enquanto que do lado do catodo, recebe-se o gás oxigênio (na maior parte dos casos o ar

atmosférico que contém o oxigênio). O componente gera corrente elétrica e têm como

sub produtos calor e água.

2.3. Fatores mercadológico para uso de pilha a combustível

As pilhas a combustível possuem algumas características importantes quando

comparadas com outros sistemas de geração estacionária. Contudo, existe ainda o custo

elevado de alguns componentes presentes na pilha e, pelo fato de a produção dos

mesmos não ser em escala, isto acaba impactando para um aumento dos seus custos.

As pilhas a combustível são formadas por camadas repetitivas de componentes

e não possuem partes móveis. É possível ver a simplicidade da produção de

componentes repetitivos apenas para um encaixe final (BARBIR, 2010). Uma vez que a

produção dos componentes ganhar escala, seus custos fixos devem ficar muito mais

Page 16: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

7

baixos. Um motivador para ganho de escala na produção de pilha a combustível é a sua

inserção na indústria automobilística para carros a hidrogênio (LAMONICA, 2013).

Figura 2.4 - Pilha da fabricante Redox com capacidade para 25kW com 1m3 de volume

Fonte: LAMONICA,2013 e REDOX, 2015

As pilhas também podem ser fabricadas de diversos tamanhos, podem gerar

energia elétrica em diversas faixas de operação, desde microwatts até megawatt

(BARBIR, 2010). A vantagem é que pode-se inserir essa tecnologia para uma grande

faixa de aplicações, podendo ser instalada para geração estacionária em edifícios,

componentes portáteis como telefones celulares, equipamentos de medição ou mesmo

em automóveis. Mesmo após instalada para uma capacidade específica, as PaC possuem

a características de ser facilmente adaptadas para um aumento da capacidade energética.

A operação de um sistema a base de pilha a combustível tem a capacidade de expandir a

sua produção apenas pela simples inserção de mais módulos sem requisitar um elevado

custo de adaptação da planta.

Outra característica importante é que a PaC não gera ruído e isso se deve em

parte à simplicidade da operação da pilha e por esta não conter partes móveis. Assim,

ela novamente se torna vantajosa para geração estacionária em edifícios comerciais

onde a geração de ruído poderia inviabilizar a instalação ou exigir uma distância

mínima nem sempre possível.

Devido às vantagens mencionadas acima, diversos são as aplicações para pilha a

combustível encontradas atualmente. Desde geração estacionária em algumas plantas

Page 17: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

8

como também para dispositivos e aparelhos eletrônicos e também para automóveis

(LAMONICA, 2012, e BULLIS ,2013). Recentemente nos Estados Unidos, a Apple e a

eBay fizeram uso de pilha a combustível para geração de energia em dois terminais de

servidores de dados das empresas com capacidade respectivamente para 10MW e 6MW

cada um deles, segundo LAMONICA, 2012.

Recentemente, também houve expectativa sobre anuncio feito em 2013 para

lançamento de carros no mercado a partir de 2015 pela Toyota (BULLIS, 2013). O

problema alegado ainda é o preço final do automóvel que ficaria entre 50.000 USD e

100.000 USD, além do número limitado de postos disponíveis para abastecimento na

Europa.

Também há dispositivos portáteis sendo desenvolvidos; segundo ROSS (2003)

há dispositivos de pilha a combustível com metano que possui o dobro da capacidade

que uma bateria de lítio para o mesmo volume, além de que e a recarga leva apenas 10

minutos. Há também aplicabilidade para mecanismo de segurança (câmeras, gravadores,

aparelhos auditivos) com PaC a base de metanol.

Por último, ainda há aplicação para caças usando a pilha a combustível de óxido

sólido onde “a PACOS gera energia elétrica para a aeronave e gás de exaustão para pré-

aquecimento do motor, além do sistema como um todo reduzir o nível de ruído da

aeronave” (GUMMALLA, 2006).

2.4. Diferentes formas de operação de uma PaC

Page 18: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

9

Figura 2.5 - Diferentes tipos de PaC

Fonte: BARBIR, 2010 - adaptado

As pilhas a combustível são compostas por uma estrutura básica, que compõe

uma célula eletroquímica: anodo, eletrólito e catodo. O eletrólito é o condutor de íons e

os dois eletrodos (catodo e anodo) são os responsáveis por prover e receber a carga

elétrica. A melhor forma de classificar as diferentes pilhas a combustível encontradas na

indústria é através do meio que compõe o eletrólito. A figura 2.4 exemplifica algumas

tecnologias e o comportamento da interação entre o catodo e o anodo para os diferentes

casos.

A seguir, encontra-se uma descrição mais detalhada de algumas tecnologias de

pilha a combustível.

PEM-FC

Pilha a Combustível de Membrana Polimérica. Foi o primeiro tipo de pilha a

combustível a possuir uma produção em larga escala e a ser mais aceito pela indústria.

Concebida por William T. Grubbs em 1959 (DOE 2000).

Ela é composta por uma membrana condutora de prótons no meio de dois

eletrodos porosos de fibra de carbono, contendo platina na interface com o meio

Page 19: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

10

eletrolítico. A placas de platina são revestidas na parte traseiras por materiais

impermeáveis como Teflon® que induzem um caminho para que o gás se difunda até a

camada do catalisador.

O gás hidrogênio fornece o próton e o elétron. Ambos percorrem diferentes

percursos até o catodo, o elétron pelo caminho externo e o próton através da membrana.

Quando se encontra junto com o oxigênio provido do lado do catodo, a reação

eletroquímica gera a água.

A temperatura de operação, segundo DOE (2000), é próxima de 80oC. O que

traz como vantagem uma operação rápida a partir da temperatura ambiente. Ainda

segundo DOE (2000), a grande desvantagem é que os catalisadores de platina que são

os responsáveis por promover a reação eletroquímica têm alta aderência ao monóxido

de carbono quando operam a temperaturas abaixo de 150 oC. O que faz reduzir a

superfície efetiva do catalisador. Sendo assim, a operação deveria ocorrer com

concentrações baixas de CO. Considera-se que no nível de 10 ppm já há impacto na

eficiência do catalisador. Já que os gases utilizados contêm níveis maiores de

concentração é preciso adicionar um mecanismo de redução dos níveis CO em um

estágio anterior. Há outras desvantagens como o custo das membranas e do catalisador

de platina. Membranas mas finas com menor resistência a passagem do próton

contribuiria para aumentar a densidade de potência da pilha.

Segundo ANDAJUR (2009) e FROITZHEIM (2014) podemos resumir os

seguintes pontos positivos:

• Baixa complexidade na manutenção devido ao trabalho em baixa temperatura

• Possibilidade de trabalhar em baixa pressão

• Possui alta tensão e corrente.

• Eletrólito não corrosivo que aumenta o grau de segurança da PaC

E como desvantagens temos:

• Baixa tolerância a CO

• Alta sensibilidade a impureza do hidrogênio,

• Necessidade de um reformador potente para a utilização dos combustíveis usuais

• Alto custo devido ao catalisador de platina

AFC - Pilha Combustível Alcalina

Page 20: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

11

Foi a primeira pilha a ser desenvolvida e a primeira a ter uma aplicação prática

mundialmente reconhecida. Essa tecnologia foi usada para geração de energia do

sistema de bordo da nave espacial na missão Apollo (esse mesmo tipo de pilha foi

recentemente usada também para a geração de energia para o sistema de bordo da nave

espacial americana Orbiter).

Ela apresenta alta eficiência quando comparada com as suas concorrentes

(exemplo: Pilha de Ácido Fosfórico) e também alta taxa de redução do gás oxigênio

considerada uma temperatura base quando comparada com outras concorrentes.

Segundo DOE (2000), a pilha alcalina, por ter uma taxa alta de redução de oxigênio,

alcança uma eficiência maior para uma dada temperatura, ou, para um mesmo nível de

eficiência, possui uma densidade energética maior. O problema encontrado ainda recai

sobre a vida útil de operação, hoje em torno de 2500 horas. Segundo DOE (2000), essa

tecnologia é válida para uma missão espacial mas não para geração estacionária. Outros

pontos negativos quando comparada com as suas concorrentes está na sensibilidade a

impurezas e no alto preço do catalisador de platina.

Voltando ao que difere a classificação desses tipos de PaC, no caso das pilhas do

tipo alcalina é uma solução aquosa de KOH. O combustível também é o H2 e o reagente

pode ser o gás oxigênio do ar. As reações que ocorrem são as seguintes:

Reação do Anodo

𝑂! +  𝐻!𝑂 + 4𝑒!  → 4𝑂𝐻! (1)

Reação do Catodo

2𝐻! + 4𝑂𝐻!  → 4𝐻!𝑂 + 4𝑒! (2)

Resultado final

2𝐻! + 𝑂!  →  2𝐻!𝑂 + 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎  𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 + 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 (3)

Um ponto a favor da aplicabilidade como dito acima está em gerações móveis

ou portáteis. As faixas de geração estão entre 10 - 100 kW (DOE 2000) O problema está

na sensibilidade a impurezas e no catalisador de platina.

Segundo ANDAJÚR (2009) e FROITZHEIM (2014) podemos resumir as

seguintes vantagens:

• Rápida partida

• Baixa temperatura de operação

Page 21: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

12

• Operação simples, são leves e de baixo volume

• Pouca quantidade de catalisador necessária para a reação, reduzindo assim os

custos.

Como desvantagens temos:

• Alta intolerância a CO2

• Baixa vida útil

• Requer estação de tratamento de água

• Maior custo de manutenção se o eletrólito for líquido

MCFC – Pilha a Combustível de Carbonato Fundido

As pilhas a combustível de carbonato fundido trabalham com elevadas

temperaturas, acima de 650oC. Devido à alta temperatura apresenta a mesma vantagem

que a PACOS no fato de não precisar usar platina ou outros metais nobres como

catalisadores. O eletrólito é composto, segundo ANDÚJAR (2009), de carbonato de

lítio e carbonato de potássio (Li2CO3 / NaCO3), com fluxo direto como indica a figura

2.4.

Elas podem trabalhar com uma faixa grande de hidrocarbonetos, como também

metanol, álcoois e gases de síntese, (FROITZHEIM, 2014) pois possuem temperatura

de operação elevada e não precisam de reformadores para tratar o CO do combustível

(isso também será válido para as pilhas de óxido sólido devido a elevada temperatura).

O anodo mais utilizado é o Ni sintetizado com adição de Cr e Al para controlar o

tamanho dos poros durante a operação, já o catodo é de NiO litidiado (FROITZHEIM,

2014).

A reação eletroquímica é como segue abaixo:

Reação do anodo:

𝐻! +  𝐶𝑂!!!  →  𝐻!𝑂 + 𝐶𝑂! + 2𝑒 (4)

Reação do Catodo: !!𝑂! + 𝐶𝑂! + 2𝑒   →  𝐶𝑂!!! (5)

Reação Global:

Page 22: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

13

𝐻! +!!𝑂! +  𝐶𝑂! 𝑐𝑎𝑡𝑜𝑑𝑜 →  𝐻!𝑂 +  𝐶𝑂!(𝑎𝑛𝑜𝑑𝑜) (6)

As vantagens e desvantagens são (segundo ANDAJÚR, SEGURA 2009 e

FROITZHEIM 2014)

• Possui a reforma interna do combustível de maneira espontânea devido à alta

temperatura de operação

• Rápida reação

• Alta eficiência

• Não precisa de catalisador de metal nobre

• Gera calor de qualidade para ser usado em processo com cogeração

Como desvantagem:

• É necessário usar materiais de dimensão estável e resistentes a corrosão

(combina diferentes materiais a altas temperaturas que possuem diferentes

coeficiente de expansão, sendo assim a instabilidade dimensional pode causar

problemas modificando a área efetiva do eletrodo.

• Necessita de pré-aquecimento antes de começar a funciona

• Possui eletrólito líquido

PACOS – Pilha a Combustível de Óxido Sólido

O trabalho focará nessa tecnologia, no inglês conhecida como SOFC solid oxide

fuel cell. O reconhecimento inicial desse tipo de tecnologia veio pelo calor de alta

qualidade gerado por essa pilha. Ademais, por motivos da alta temperatura dispensa a

presença de catalisadores de platina, como também ocorre no caso das PEMFC, os quais

encarecem a energia gerada. Contudo as altas temperaturas (> 800oC) restringem o uso

de quaisquer materiais para fabricar os seus componentes. Sendo assim, processos mais

baratos para a fabricação em cerâmica e compósitos de cerâmica são fundamentais para

redução do seu custo de produção.

Os eletrólitos das PACOS são estruturas condutoras iônicas sólidas, com

estrutura de perovskitas ou fluoritas. A camada de eletrólito é composta por óxido de

Page 23: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

14

zircônio estabilizado com ítria (ZrO2 com 8% mol de Y2O3 chamado de ZEI ou no

inglês YSZ). Essa composição permite boa condutividade iônica e baixa condutividade

eletrônica, o que é o procurado para melhorar a eficiência, segundo Jordão (2010).

No anodo os materiais são uma composição de óxido de níquel e ZEI e para o

catodo é manganita de lantânio dopada com estrôncio, para os casos de estado-da-arte

em catodo de PACOS, segundo CHIBA (2007). O catodo precisa apresentar boa

redução do oxigênio (atividade eletrocatalítica) e estabilidade química em ambientes

oxidantes além de alta condutividade iônica. O anodo, onde ocorre a oxidação do H2

deve ser um bom condutor eletrônico, estável em ambientes redutores e ser bom

condutor iônico também para ter maior circulação de íons e ser mais eficiente na reação.

Contudo devido as altas temperaturas os materiais usados não podem possuir

coeficientes de dilatação muito diferentes entre si.

A reação eletroquímica que ocorre nas células de combustível do tipo PACOS é

que a molécula de oxigênio reduzida se dirige para o anodo de encontro ao H2, e não os

H+ indo para o catodo como aconteceria na PEMFC.

Reação no Anodo

𝐻! + 𝑂!!  →  𝐻!𝑂 + 2𝑒! (7) Reação no Catodo

!!𝑂! + 2𝑒   →  𝑂!! (8)

Reação Global 𝐻! +

!!𝑂! →  𝐻!𝑂 (9)

Page 24: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

15

2.5. Termodinâmica básica de uma Pilha a combustível

A primeira lei da termodinâmica representada na equação abaixo define a

conservação da energia de um sistema. A conservação implica que a energia não pode

ser criada ou perdida, logo toda energia transferida a um sistema será igual a variação da

enegia do mesmo.

𝛿𝑄 −  𝛿𝑊 = 𝑑𝐸 (10)

A convenção utilizada acima é o sinal positivo para a energia que entra no

sistema e a que sai com sinal negativo. Na equação 10, a energia entra no sistema na

forma de calor Q e sai na forma de trabalho W e o total da variação de energia do

sistema é dado por E. Quando a equação acima é integrada chegamos que para a

diferença de energia entre dois estados.

𝑄 −  𝑊 = Δ𝐸 (11)

No caso de uma PaC a diferença de energia do sistema é dado pela diferença de

energia dos estados dos reagentes e dos produtos e a diferença de energia de formação

dos reagentes e dos produtos. Aplicando a primeira lei para a reação química que ocorre

na PaC

𝑄 −𝑊 = 𝐻!"#$ − 𝐻!"#$"%&" (12)

A reação global que ocorre na pilha a combustível é a própria reação de

formação da água, equação 9. A diferença entre a entalpia de formação é representada

pela equação 15 escrita em base molar

ℎ!"#$ − ℎ!"#$"%&" =  ℎ! !!! −  !!ℎ! !! +  ℎ! !!   (13)

Fonte - HOOGERS, 2010

Figura 2.6 - Volume de Controle sobre o sistema de uma PaC

Page 25: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

16

A entalpia de formação dos reagentes é considerada zero, pois, por convenção

assumimos como zero a forma como os elementos se encontram em 298K e 1 atm.

A entalpia de formação para água na fase líquida é -285.830 kJ/kmol (água no

estado de referência pode ser encontrada tanto fase líquida quanto na fase gasosa, por

isso também temos o valor de -241.820 kJ/kmol de entalpia de formação para a água na

fase gasosa). Na equação abaixo considera-se a entalpia não só de formação como

também dos estados termodinâmicos dos reagentes e dos produtos.

∆ℎ =   ℎ! !!! +  ℎ!!"#$" −   !!ℎ! !! +  ℎ! !! +  ℎ!"#! (14)

A mesma reação global que ocorre na pilha é igual a reação de combustão do gás

hidrogênio. A energia liberada pela combustão do gás hidrogênio com quantidade

estequiométrica de gás oxigênio, tendo os produtos e reagentes no estado de referência é

igual a diferença da entalpia de formação da água (-241.820 kJ/kmol ou -285.830

kJ/kmol). Chamamos esse valor de poder calorífico superior ou poder calorífico inferior

(quando a combustão é completa e feita sem excesso de ar e o estado dos reagentes é o

mesmo dos produtos)

Na pilha a combustível não há combustão, mas consideramos esse valor de

energia como o máximo de energia que pode ser retirado de um quilomol de gás

hidrogênio. Conhecendo o máximo de energia que pode ser extraído, a pergunta que

pretende-se responder é o quanto dessa energia poderá ser aproveitada em trabalho útil.

O maior trabalho que pode ser aproveitado pela reação eletroquímica da pilha a

combustível é igual a diferença da energia livre de Gibbs entre os produtos e os

reagentes. A energia livre de Gibbs é dado pela seguinte equação:

𝐺 =  𝐻 − 𝑇𝑆 (15)

Na forma diferencial:

𝑑𝐺 = 𝑑𝐻 − 𝑇𝑑𝑆 − 𝑆𝑑𝑇 (16)

Desconsiderando a energia potencial e cinética e escrevendo a entalpia na forma de

𝐻 = 𝑈 + 𝑃𝑉 e substituindo no calculo da diferença da energia livre de Gibbs temos:

𝑑𝐺 = 𝑑 𝑈 + 𝑃𝑉 − 𝑇𝑑𝑆 − 𝑆𝑑𝑇 (17)

Page 26: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

17

Substituindo o termo dU pela conservação de energia do sistema, chega-se a forma

geral da energia livre de Gibbs para um sistema em condições estacionárias.

𝑑𝐺 = 𝛿𝑄 −  𝛿𝑊 + 𝑃𝑑𝑉 + 𝑉𝑑𝑃 − 𝑇𝑑𝑆 − 𝑆𝑑𝑇 (18)

A equação acima pode ser simplificada de forma a mostrar a dependência da

variação da energia livre de Gibbs quanto a temperatura e pressão para o caso da pilha

a combustível. Em um processo reversível 𝛿𝑄  𝑒  𝑇𝑑𝑆 se cancelam pela relação da

segunda lei e se o sistema possui restrição de trabalho por expansão, 𝛿𝑊  𝑒  𝑃𝑑𝑉𝑆

também se cancelam. Obtem-se:

𝑑𝐺 = 𝑉𝑑𝑃 − 𝑆𝑑𝑇 (19)

Aqui é possível visualizar a dependência da energia aproveitável em relação a pressão.

Considera-se o gás ideal e uma reação isotérmica, logo PV = nRT. Subtituindo na

equação acima temos

𝑑𝐺 = 𝑛𝑅𝑇𝑑𝑃𝑃 (20)

Integrando entre o estado inicial e o final da reação global da pilha a combustível e

após manipulação obtemos:

𝐺!"#$ = 𝐺!"#$ + 𝑛𝑅𝑇𝑙𝑛(!!"#$!!"#$

) (21)

Finalmente é possível ver a dependência e a vantagem de se operar com um

maior diferencial de pressão, quão maior for a diferença de pressão maior será a

diferença da energia livre de Gibbs, logo maior será a parcela reversível. A

dependência em relação a temperatura também pode ser observada pela equação 19

acima. Onde !"!"= ∆𝑆. Logo o aumento da temperatura aumenta a componente

irreversível (ou diminui o potencial reversível).

Lembrando que a variação da energia de Gibbs é dado por 𝑑𝐺 = 𝑑𝐻 − 𝑇𝑑𝑆.

Até a equação 14 foi mostrado o cálculo da primeira parcela que se refere a diferença de

entalpia entre os produtos e os reagente. A parcela responsável pela irreversibilidade

TdS pode ser calculada de forma análoga ao cálculo da entalpia de formação da reação

global, o cálculo da diferença da entropia entre os produtos e os reagentes.

∆𝑠 =   𝑠! !!! − !!𝑠! !! +  𝑠! !!   (22)

Page 27: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

18

Combina-se a equação 14 e 22 para diferença da energia livre de Gibbs:

∆𝐺 =     ℎ!!!! ! − !!ℎ!!!"#! − ℎ!!!"#! + ℎ!!!! −

!!ℎ!!! − ℎ!!! − 𝑠!!!! ! −

!!𝑠!!!"#! − 𝑠!!!"#! ∗ 𝑇   (23)

Trabalho Elétrico

O cálculo da parcela de energia que pode ser aproveitada a partir da reação

eletroquímica da PaC também pode ser feito pelo cálculo do trabalho elétrico. A partir

das simplificações feitas na equação 18 e integrando entre o processo, obtem-se:

∆𝐺 =  𝛿𝑊!"é!"#$% (24)

O trabalho elétrico é realizado pela movimentação de elétrons através do diferencial de

potencial elétrico. Onde n é a quantidade de cargas se movendo, F é a constante de

Faraday e E é o diferencial de potencial elétrico.

𝑊!"é!"#$% = −𝑛𝐹𝐸 (25)

O máximo de energia que seria possível acessar pela reação do H2 é a diferença

da energia livre de Gibbs, representado por ΔG. Substituindo pela equação 25 e

escrevendo a reação em termos da voltagem E.

𝐸 = !∆!!"

(26)

Com ΔG da equação 23 temos de forma mais extensa.

𝐸 = !!!"

∗     ℎ!!!! ! − !!ℎ!!!"#! − ℎ!!!"#! + ℎ!!!! −

!!ℎ!!! − ℎ!!! −

𝑠!!!! ! − !!𝑠!!!"#! − 𝑠!!!"#! 𝑇  

(27)

Page 28: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

19

Após manipulação da equação 22 e 27, podemos escrever em termos da voltagem E

para a reação global da pilha a combustível H2 + ½ O2 ↔ H2O, onde dois elétrons são

transferidos, a equação de Nerst

𝐸 = 𝐸! −!"!!ln !!!!

!!!!!!

!!

(28)

A eficiência da pilha se dá exatamente pela não combustão de seu combustível e

sim pela redução das irreversibilidades no processo da reação química. Ainda segundo

CENGEL (2007) muita irreversibilidade é gerada na troca de elétrons durante o

processo de combustão. Essa troca poderia ser organizada, caso se substituísse a câmara

de combustão por um meio eletrolítico.

2.6. Formas de geração de H2

É preciso discutir as formas de obtenção de H2 pois o gás hidrogênio não é

encontrado nessa forma na natureza, como seriam as fontes primárias como o gás

metano e o petróleo.

A produção de gás hidrogênio pode ser feito através da reforma de gás natural e

hidrocarbonetos ou através da hidrólise da água, a figura 2.5 mostra algumas rotas para

a geração de H2. O estudo terá o enfoque na reforma do gás natural devido ao processo

ser o principal produtor de gás hidrogênio, 97% segundo KORONEOS 2004.

A reforma do gás natural permite a maior concentração de gás hidrogênio a parti

das três rotas (HEINZEL, 2002 e AHMED 2001). 1 – Oxidação parcial; 2 – Reforma

Auto térmica; 3 – Reforma a Vapor. Dentre essa, a reforma vapor é a mais usada,

KORONEOS 2004.

Page 29: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

20

Figura 2.7 - Principais processos de obtenção de H2 e suas possíveis aplicações

Fonte: CGEE (2010)

Reforma a Vapor e Reforma Autotérmica

A reforma a vapor é a que gera a maior quantidade em volume de gás hidrogênio

para os produtos (para cálculo em volume seco*1). O processo por ser endotérmico (ΔHo

= 206 kJ/mol para produção com CO, equação 32 e ΔHo = 165 kJ/mol para CO2,

equação 26) requer uma fonte de calor externa ao reator. Vide figura 2.8.

𝐶𝐻! + 𝐻!𝑂   ↔ 𝐶𝑂 + 3𝐻! (29)

𝐶𝐻! + 2𝐻!𝑂   ↔ 𝐶𝑂! + 4𝐻! (30)

*1  Quando se desconsidera no cálculo o vapor d´água nos produtos  

Page 30: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

21

Figura 2.8 - Reformador a vapor

Fonte: HEINZEL, 2002

A reforma a vapor requer alta transferência de energia para o reator e após

gerado os produtos é preciso remover o CO e CO2. Algumas técnicas podem ser

implementadas como metanação, WGSR, absorção em solução amina, dentre outras.

As oxidações parciais (equações 35 e 35) são exotérmicas e geram grande

quantidade de calor. O calor gerado é usado no processo para a reforma a vapor no

reator a qual necessita fornecimento de calor por ser uma reação endotérmica. A

reforma auto térmica (ATR na sigla em inglês) é uma combinação da PO com a reforma

a vapor, acrescida de H2O, AHMED 2001.

𝐶𝐻! +!!𝑂!  ↔ 𝐶𝑂 + 2𝐻! (31)

𝐶𝐻! + 𝑂!  ↔ 𝐶𝑂 + 2𝐻! (32)

A ATR tem sido investigado pois permite uma partida mais rápida para iniciar o

processo. A ATR também requer menos aparatos para controle da temperatura do

reator, sendo assim, consegue ser mais compacta. Segundo AHMED 2001, para a

fabricação dos componentes para o reator da ATR pode ser uma usado uma maior

variedade de materiais, o que acarreta em custos menores para fabricação.

Page 31: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

22

Fonte: NYSERDA (2015) Figura 2.9 - Processo de Reforma a Vapor

Page 32: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

23

3. Estudo de Caso

O estudo de caso aqui apresentado foi o Museu de Arte do Rio – MAR. O local

escolhido para o projeto também poderia ter sido qualquer edificação comercial que

pretende ter o próprio sistema de geração de eletricidade, calor ou “frio”, ao invés de

comprar eletricidade da rede. Com o estudo, pretende-se estudar a viabilidade de

inserção de uma pilha a combustível de óxido sólido para geração distribuída no MAR.

3.1.Museu de Arte do Rio

O MAR foi inaugurado em março de 2013; localizado na Praça Mauá no Centro

do Rio de Janeiro, o museu é composto por duas edificações, o Palacete de Dom João

VI e o prédio anexo, que era um antigo terminal rodoviário. Somado, ambos possuem

uma área total de aproximadamente 15.900 m2 dedicado a preservação e exposição

além de um centro voltado para educação da rede pública de ensino do estado do Rio de

Janeiro.

Atualmente toda a energia elétrica é comprada da concessionária LIGHT, o

museu possui apenas um sistema de emergência com geradores sem nenhum projeto

atual ou futuro para inserção de geração através de fontes renováveis e alternativas. O

sistema de refrigeração, dimensionado para funcionar 24 horas por dia no Palacete e em

certas áreas do prédio anexo, é composto por três chillers de refrigeração.

Os dados de consumo de energia elétrica e de operação do sistema de

refrigeração foram fornecidos pela equipe de gestão do Instituto Odeon, a qual faz a

operação do MAR (ODEON, 2014). Os valores foram usados como dados de entrada no

software de energia renovável, RETScreen para simular a demanda atual do museu.

O programa RETScreen é um software com licença aberta, produzido pelo

governo canadense com atual apoio da NASA, REEEP e o órgão do Banco Mundial e

da ONU para preservação e controle de emissão de carbono (UNEP, 2015). O programa

foi criado em 1998 e atualmente possui mais 300 mil usuários e participantes da sua

comunidade espalhados em mais de 220 países (RETSCREEN 2015). O RETScreen

possui versão em 35 idiomas e conta com uma base de dados para aplicação de projetos

em qualquer parte do mundo. O programa além de possuir licença aberta é baseado em

Excel que o torna acessível e de fácil instalação para os usuários. O programa ainda

contém estudos de caso prontos para teste e material para consulta.

Page 33: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

24

O principal objetivo do RETScreen é prover suporte na tomada de decisão de

projetos que envolvem a implementação de sistemas de energia renovável (CEDSC,

2005). O RETScreen permite combinar diferentes cenários de produção de eletricidade,

frio e calor associados ou não a rede. O programa também é capaz de mesclar

informações de equipamentos com equações referenciais de cada tecnologia

(FROITZHEIM, 2014). Por último, o programa permite fazer análises financeiras e

análise de sensibilidade sobre os cenários desenvolvidos.

3.2.Cenários

O MAR atualmente conta uma estrutura de acordo com a figura 3.1 onde toda a

sua demanda de energia elétrica é suprida pela rede e o sistema de refrigeração é

atendido por um ciclo de compressão por compressão. O estudo pretende modificar as

formas de operar o sistema elétrico e de refrigeração e propor mudança de forma a

inserir as PACOS para atender a demanda de energia elétrica.

A seguir, será apresentado a construção dos cenários simulados no estudo. O

estudo realizou uma análise sobre 3 distintas formas de operação sendo que duas se

desmembram em mais um cenário cada, acumulando um total de cinco diferentes

cenários. A diferença entre os cenários se baseia na estratégia de operar o sistema

elétrico e de refrigeração do estabelecimento.

Figura 3.1 – Configuração atual de operação do MAR Fonte: Elaboração do autor

Page 34: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

25

Inicialmente, o cenário A.01 possui paridade elétrica, logo toda energia elétrica

demandada pelo museu é fornecida pela pilha a combustível. O sistema de refrigeração

é por compressão (mantendo a condição atual do MAR) sem custos adicionais. O

cenário não apresenta nenhum aproveitamento do calor gerado pela PACOS.

O Cenário A.02 possui paridade elétrica, logo toda a sua demanda de energia é

atendida pela produção da pilha a combustível. O sistema de refrigeração também é por

compressão, mantida a configuração atual do museu. Contudo, nesse cenário o excesso

de energia elétrico pode ser exportado para a rede e gerar receita (na verdade, créditos

energéticos, como será ainda discutido no final do item 6 desse capítulo).

No cenário B.01 toda a demanda de energia atendida pela geração das pilhas a

combustível. O sistema de refrigeração é por absorção e a há cogeração através do calor

gerado pela PACOS. Não há receita com o excesso de energia.

O cenário B.02 possui a mesma configuração anterior, contudo é possível

exportar a energia para a rede.

No último cenário C, apenas a demanda de base é atendida pela pilha; o resto da

demanda é contratada da rede. O sistema de refrigeração é por absorção com cogeração.

Por não haver excesso de energia elétrica, não há a possibilidade de exportação de

energia para a rede.

No cenário A, imagina-se um estabelecimento que pretenda ter total

independência de contratação de energia da rede. Essa motivação pode ocorrer por

maior confiabilidade na energia gerada, por motivos de multas contratuais para o caso

de não fornecimento de energia, motivos de sustentabilidade exigidos por certificações

internacionais, dentre outros fatores. Por atender a demanda de ponta, há um grande

excesso de energia, logo faz-se necessário simular os dois casos, onde pode ou não

haver receita com o excesso de energia elétrica gerada a qual é exportada.

O cenário B também possui as motivações de independência de contratação da

energia da rede. Contudo procura-se otimizar o sistema como um todo, fazendo uso do

calor de qualidade gerado pelas PACOS para alimentar o sistema de refrigeração por

absorção. Novamente, por haver excesso de energia gerada, torna-se necessário simular

o cenário onde há ou não exportação de energia para a rede.

O cenário C é o cenário proposto com a intenção de otimizar a geração

estacionária da PACOS, produzindo energia apenas para a demanda de base e

Page 35: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

26

contratando o resto da rede. O sistema de refrigeração nesse cenário será de um ciclo de

absorção. Por não haver excesso de energia, não é necessário simular os casos de

exportação de energia para a rede.

A figura 3.2 esquematiza de que forma a demanda de energia elétrica e frio do

MAR é atendida e como os cenários se diferenciam da configuração inicial do MAR

mostrada pela figura 3.1.

Figura 3.2 - Configuração dos Cenários Simulados quanto a produção de EE e Sistema de Refrigeração

Fonte - Elaboração do autor

Agregando todos os cinco modelos, temos um conjunto vasto de possibilidade.

Todos os cenários são situações possíveis de serem aplicadas em prédios comerciais,

hospitais, shopping centers ou qualquer outro empreendimento. A seguir, o estudo será

detalhado seguindo a ordem de como os modelos foram construídos no programa

RETScreen, justificando a grande quantidade de dados de entrada que o programa exige

para completar uma simulação.

O programa é segmentado em cinco partes combinando dados de entrada (a

maioria) e dados de saída, divididas sob a forma:

1. Carga e Rede

2. Modelo Energético

3. Análise de Custos

Page 36: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

27

4. Análise Financeira

5. Análise de Sensibilidade

Os quatro primeiros grupos são majoritariamente compostos por dados de

entrada para simular o sistema energético e também os custos de implementação da

tecnologia renovável e variáveis para os indicadores financeiros. Por último, no item 5,

temos a parte responsável por variar os dados de entrada e ver como estas irão afetar os

indicadores (dados de saída).

O resto de todo o capítulo 3 seguirá a ordem mostrada na figura 3.3, a qual é

igual a sequência de entrada de dados no programa para composição dos cenários.

Figura 3.3 -Sequência de entrada de dados no RETScreen

Fonte: Elaboração do autor

3.3.Carga e Rede

Nessa seção servem de entrada para o programa principalmente os dados de

demanda do sistema de refrigeração e de eletricidade. O programa usa como plano de

fundo os dados do clima da região em que será implementado o projeto, banco de dados

próprio da localidade. Nesse estudo foram usados dados para a cidade do Rio de Janeiro

Carga  e  Rede  

• Projeto  de  Refrigeração  • Projeto  de  produção  de  Eletricidade  

Modelo  EnergéXco  

• Sistema  de  Refrigeração  do  Cenário  Proposto  • Sistema  de  Eletricidade  do  Cenário  proposto  • Estratégia  de  Operação  • CaracterísXcas  do  Cenário  Proposto  

Análise  de  Custos  

• Custos  Iniciais  • Custos  anuais  (O&M)  

Análise  Financeira  

• Parâmetros  Financeiros  • Receitas  Anuais  

Page 37: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

28

oriundos do aeroporto Santos Dumont o qual se aplica para a situação já que o aeroporto

está localizado a uma distância de aproximadamente 2,6 km do museu (ver figura 3.4).

Figura 3.4 – Foto do Centro do Rio de Janeiro e distância entre o MAR e o Aeroporto Santos Dumont

Fonte: Google Maps

São necessárias informações gerais de operação do local (algumas delas

encontram-se resumidas na tabela abaixo e na forma completa no apêndice) como: o

preço da energia, área resfriada e consumo mensal. Por motivos de o Museu já estar em

operação por quase dois anos, tivemos acesso a esse tipo de informação; contudo

acredita-se que o consumo de energia elétrica pode aumentar, pois as exposições atuais

ainda são de curta duração: o acervo vem crescendo constantemente e as atividades e

programas educacionais do museu vêm aumentando.

O museu é composto por dois prédios, o Palacete e o prédio novo, possuindo um

total de 15.900 m2. Como coeficiente de rendimento do sistema de refrigeração, temos o

valor de 3 para o modelo do chiller da Carrier TX-30 (CARRIER, 2010). Temos como

informação fornecida pelo museu (ODEON, 2014) que a demanda do sistema de

refrigeração é de 80 TR ou 281348,20 W; a carga de refrigeração por área igual a 17

W/m2. A demanda de energia, independente da temperatura externa, é assumida como

20%, devido a máquinas e equipamentos que geram calor internamente (FROITZHEIM,

2014).

Page 38: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

29

Conforme os dados obtidos, temos o consumo de eletricidade por mês do museu,

desde o início da operação (descartamos os dois primeiros meses pela inconsistência de

dados e por o museu não estar operando em plena capacidade). A conta varia com a

demanda total de energia no período de tempo especificado, mas também em relação ao

total consumido dentro e fora do horário de pico. Para chegar ao valor de referência,

fizemos apenas a média dos preços pagos por kWh consumido de energia elétrica e

chegamos ao valor de 0,469 R$/kWh.

Na figura 3.5 encontramos a demanda elétrica por mês a mês.

Figura 3.5 - Potência Média Nominal [kW]

Fonte – ODEON 2014

3.4. Modelo Energético

As principais diferenças para caracterizar os diferentes cenários estabelecidos

serão mostradas nessa seção.

No cenário A, temos definido para o sistema de refrigeração o sistema de

compressão que é a condição atual do museu.

Page 39: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

30

No cenário B, consideram-se as demandas de base e de ponta do sistema de

refrigeração supridas por um sistema de absorção, ao invés de um sistema de

refrigeração por compressão.

Vamos identificar agora as diferenças entre um modelo básico de refrigeração

por compressão e um modelo de refrigeração por absorção.

O modelo mais simples de representar um sistema de refrigeração por

compressão é representá-lo por 4 componentes. Dois trocadores de calor, os quais são o

evaporador que fica localizado na câmara fria e o condensador na câmara quente.

Válvula de expansão, a qual insere uma queda de pressão no fluido refrigerante e o faz

baixar a temperatura e o compressor que comprime, elevando a pressão e a temperatura

do fluido.

A sequência dos processos nessa configuração comum pode ser acompanhada na

figura 3.6 abaixo, inicia-se pela entrada no compressor no ponto 1 da figura 3.6. O

fluido é comprimido e a sua temperatura elevada, ele segue em direção ao condensador,

ponto 2, localizado na câmara quente pela entrada no condensador, o fluido refrigerante

com alta pressão e temperatura elevada entra no condensador e rejeita calor para o

ambiente durante um processo de mudança de fase a pressão constante. O fluido, agora

no ponto 3, entra na válvula de expansão para se expandir e baixar a sua temperatura.

Depois o refrigerante segue em direção à câmara fria para trocar calor com o ambiente

que se pretende refrigerar. Esse processo no evaporador também ocorre à pressão

constante. Seguimos após o evaporador de volta para o compressor. O elemento do ciclo

responsável por consumir energia elétrica é o compressor, onde o trabalho é realizado,

sendo assim o foco do sistema por absorção será nessa etapa.

O sistema de absorção difere do sistema de refrigeração por compressão

exatamente na maneira pela qual a compressão é efetuada. Em um sistema por absorção

precisamos além do refrigerante de um meio transportador o qual se combinará com o

fluido refrigerante. Uma combinação muito usada é amônia mais água, sendo a amônia

o fluido refrigerante e a água o meio transportador. A única diferença entre os dois

ciclos, encontra-se na parte da compressão do fluido: ao invés do simples compressor,

temos um conjunto composto por: absorvedor, bomba, trocador de calor, gerador e o

separador. Todo o resto do ciclo é igual ao ciclo por compressão previamente explicado.

O fluido refrigerante que sai do evaporador (nesse exemplo de compressão por absorção

com amônia) segue para o absorvedor e se combina com uma solução de baixa

Page 40: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

31

concentração de amônia e água. A solução combinada, agora rica em amônia, segue

para a bomba para ter a sua pressão elevada até o gerador. Por estarmos elevando a

pressão de um líquido e não de um composto na fase gasosa, chamamos o processo de

bombeamento. No gerador onde há grande quantidade de calor, parte da solução

evapora e fica rica em NH3, seguindo para o separador para apenas o refrigerante

continuar o resto do ciclo. A parte da solução que não evapora volta para o absorvedor

para se combinar com o NH3 proveniente do evaporador.

O motivo pelo o qual esse sistema requer pouca energia elétrica para elevar a

pressão do fluido é porque este comprime um líquido (novamente utiliza-se o termo

bombear para líquido) ao invés de comprimir um gás, cujo volume específico é muito

maior. Sendo assim o trabalho consumido no processo de absorção é muito menor do

que no processo de compressão.

Entretanto para o sistema de absorção precisamos de uma fonte geradora de

calor para manter a alta temperatura no gerador. No sistema de refrigeração por

absorção também é requerido uma maior quantidade de equipamentos (custo de

aquisição maior), área muito maior se comparada à área ocupada por um compressor.

Logo, a sua principal aplicação se dá quanto temos uma fonte geradora de calor para

fazer valer do ponto de vista de custo da operação. No caso projetado, temos um calor

Figura 3.6 - Esquema padrão de um Ciclo de Refrigeração por Compressão

Fonte: Foto adaptada de Cengel Boles (2007)

Page 41: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

32

de qualidade gerado pela pilha a combustível por óxido sólido. Sendo assim

conseguimos fazer um processo com cogeração, onde o calor gerado na pilha é um

rejeito do processo. O COP adotado para o sistema de absorção foi de 1.2.

Na continuação para apresentação dos dados usados para o modelo, é preciso

definir o sistema de geração de energia elétrica: nos três cenários, usamos a pilha a

combustível com disponibilidade para 97% do tempo, dado o período de manutenção de

3% (FROITZHEIM, 2014). O combustível gerador de hidrogênio é o gás natural. O

preço do metro cúbico, segundo a CEG (concessionária operadora da cidade do Rio de

Janeiro) e a Agência de Energia e Saneamento do Estado do Rio (CEG e AGERNESA,

2015), para consumo na faixa entre 70.000 e 120.000 m3 em aplicações de geração

distribuída é de 1,1580 R$/m3 – ver Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Tabela de Preços de Gás Natural da CEG

Fonte: CEG, 2014

A variável seguinte de entrada é a potência gerada. Destaca-se aqui novamente a

diferenciação entre os três cenários. No caso A, onde toda a energia elétrica é gerada

pela pilha a combustível e o sistema de refrigeração é por compressão, consumindo

energia elétrica, a potência exigida foi de 210 kW. O valor corresponde à carga de ponta

máxima adotada em 10% (FROITZHEIM, 2014) acima da maior média mensal dentre

todos os meses simulados.

Page 42: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

33

𝑃𝑜𝑡!"#$"!%&' = max 𝑃𝑜𝑡!é!"#,!ê! ∗ (1+ 𝑓  !"#$!  !"  !é!"#)  

Já no cenário B, toda a energia elétrica é gerada pela pilha a combustível,

entretanto há o sistema de refrigeração por absorção que consome gás natural, o que

causou a redução da potência requerida para 118kW. No cenário C temos a

configuração que menos exige, pois apenas a demanda de base exigida é atendida pela

pilha a combustível. A tabela 3.2 resume as potências requeridas nos cenários

analisados.

Tabela 3.2 - Produção de Eletricidade pela PACOS

Cenários  Potência  Elétrica  da  Célula  Combustível  -­‐  

[kW]  

Preço  da  Eletricidade  Exportada  -­‐  [R$/MWh]  

Tarifa  de  Energia  Elétrica  -­‐  [R$/MWh]  

A.01   210   Não  se  aplica   469  

A.02   210   380   469  

B.01   118   Não  se  aplica   469  B.02   118   380   469  

C   45   Não  se  aplica   469  Fonte - Elaboração do autor

A última variável do grupo do modelo energético é o preço da eletricidade

exportada e novamente temos diferença significativa ligadas aos cenários criados para

simular. Conforme o quadro a seguir, temos o preço de 469 R$/MWh descontado de

19% do ICMS*.

3.5. Análise de Custos

São adotados os custos iniciais, alocados nos seguintes grupos: sistema de

produção de eletricidade (implementação da PACOS) e operação e manutenção (O&M).

Há pouca informação disponível para o preço dos módulos de PaC dos fabricantes.

Além disso o preço citado em matérias e artigos sobre a tecnologia varia muito. Para

esse estudo foi utilizado o preço interpolado baseado nos custos de fabricação de

PACOS (PNNL, 2012) e nos preços de venda e custo de fabricação de BATELLE,

2014. Ainda dentre os estudos há grande variedade de preços para diferentes faixas de

unidades de produção. Segundo BATELLE 2014, preços de venda para produção entre

100 e 10.000 unidades varia de 5.500 USD/kW até 3.000 USD/kW. Os custos de PaC

*  ICMS  –  Imposto  sobre  Comercialização  de  Mercadoria  e  Serviços  

Page 43: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

34

assumidos foram de 4.000 US$/kW e foi usado a taxa de conversão BRL/USD 2,50.

Sendo assim o valor final adotado foi de 10.000 BRL/kW.

Contudo vale ressaltar que é uma tecnologia ainda não plenamente difundida ou

em um estágio comercial avançado, sendo assim, os custos assumidos possuem uma

grande dispersão. A melhor estratégia é assumir valores próximos e tratar essa variável

com a análise de sensibilidade onde os valores finais de custo serão submetidos a

variações (HOFFMANN e SZKLO,2011).

Nos três cenários estudados, temos duas variáveis importantes para o custo do

projeto. A primeira é a potência definida para os cenários: no cenário A obteve-se 210

kW de potência da pilha a combustível, no cenário B 118 kW, no cenário C 45 kW, pois

a produção visa atender apenas a demanda de base de eletricidade.

A segunda variável é o custo da inserção da absorção no sistema de refrigeração.

O museu atualmente já conta com um sistema de refrigeração por compressão. Sendo

assim, para iniciar um projeto de um sistema de refrigeração por absorção com

cogeração aproveitando o calor proveniente da geração de energia na pilha de óxido

sólido, torna-se necessário adquirir todo o equipamento para o processo, o que inclui

separador, gerador, trocador, bomba e os custos de instalação. O custo médio assumido

para aquisição desse conjunto segundo é estimado em 800 R$/kW (valor estipulado

mediante custo adotado para diferentes modelos em CARNEIRO, AROUCA et al

2012). As tabelas 3.3, 3.4 e 3.5 a seguir mostram a disposição de custos para cada um

dos cenários trabalhados.

Page 44: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

35

Tabela 3.3 Custo do Cenário A

Modelo        A      Custos  iniciais  (créditos)   Unidade    Unidade  [R$]     C.Quantidade  Estudo  de  viabilidade                   Estudo  de  viabilidade   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Desenvolvimento          

      Desenvolvimento   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Engenharia          

      Engenharia   custo    2.670.000,00      Rs2.670.000         Subtotal            Rs2.670.000    Sistema  de  produção  de  eletricidade          

      Carga  de  base  -­‐  Célula  combustível   kW    10.000,00      Rs2.100.000         Carga  de  Ponta  -­‐  Eletricidade  da  Rede   kW    17      Rs-­‐         Definido  pelo  usuário   custo    -­‐          -­‐        

           Rs-­‐    

    Subtotal            Rs2.123.604    Sistema  de  refrigeração          

      Carga  de  base  –  Absorção   kW    -­‐          Rs-­‐         Ações  de  Eficiência  energética   projeto    -­‐          Rs-­‐        

       -­‐          Rs-­‐    

    Subtotal            Rs-­‐    Balanço  do  sistema  e  misc.          

      Definido  pelo  usuário   custo    -­‐          Rs-­‐         Contingências   %    5.053.604,00      Rs252.680         Juros  durante  a  construção        5.306.284,20      Rs-­‐         Subtotal            Rs252.680    Total  de  custos  de  investimento            Rs5.306.284                        

Fonte - Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Page 45: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

36

Tabela 3.4 - Custos do cenário B

Modelo        B        Custos  iniciais  (créditos)   Unidade    Unidade  [R$]     C.Quantidade  Estudo  de  viabilidade                   Estudo  de  viabilidade   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Desenvolvimento          

      Desenvolvimento   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Engenharia          

      Engenharia   custo    2.670.000,00      Rs2,670,000         Subtotal            Rs2,670,000    Sistema  de  produção  de  eletricidade          

      Carga  de  base  -­‐  Célula  combustível   kW    10.000,00      Rs1.180.000         Carga  de  Ponta  -­‐  Eletricidade  da  Rede   kW    17      Rs-­‐         Definido  pelo  usuário   custo    -­‐          Rs-­‐        

           Rs-­‐    

    Subtotal            Rs1.202.006    Sistema  de  refrigeração          

      Carga  de  base  –  Absorção   kW    800,00      Rs225.079         Ações  de  Eficiência  energética   projeto    -­‐          Rs-­‐        

       -­‐          Rs-­‐    

    Subtotal            Rs225.079    Balanço  do  sistema  e  misc.          

      Definido  pelo  usuário   custo    -­‐          Rs-­‐         Contingências   %    4.357.084,58      Rs217.854         Juros  durante  a  construção        4.574.938,81      Rs-­‐         Subtotal            Rs217.854    Total  de  custos  de  investimento            Rs4.574.939                        

Fonte - Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Page 46: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

37

Tabela 3.5 - Custos do Cenário C

Modelo        C        Custos  iniciais  (créditos)   Unidade    Unidade  [R$]     C.Quantidade  Estudo  de  viabilidade                   Estudo  de  viabilidade   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Desenvolvimento          

      Desenvolvimento   custo    130.000,00      Rs130.000         Subtotal            Rs130.000    Engenharia          

      Engenharia   custo    2.670.000,00      Rs2.670.000         Subtotal            Rs2.670.000    Sistema  de  produção  de  eletricidade          

      Carga  de  base  -­‐  Célula  combustível   kW    10.000,00      Rs430.000    

   Carga  de  Ponta  -­‐  Eletricidade  da  Rede   kW    17      Rs2,040    

    Definido  pelo  usuário   custo    -­‐          Rs-­‐        

           Rs-­‐    

    Subtotal            Rs432.040    Sistema  de  refrigeração          

      Carga  de  base  –  Absorção   kW    800,00      Rs225.079         Ações  de  Eficiência  energética   projeto    -­‐         0      

       -­‐         0  

    Subtotal           225.078,58  Balanço  do  sistema  e  misc.          

      Definido  pelo  usuário   custo    -­‐         0       Contingências   %    3.587.118,58      Rs179.356         Juros  durante  a  construção        3.766.474,51      Rs-­‐         Subtotal            Rs179.356    Total  de  custos  de  investimento            Rs3.789.050                      

Fonte - Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Algumas observações importantes precisam ser feitas, o custo de operação e

manutenção é estipulado em 3% do custo total de investimento (PNNL 2013); este é um

custo anual que influencia bastante os indicadores de viabilidade financeira, que serão

abordados na próxima seção.

Talvez o mais importante seja analisar a solução de compromisso entre os custos

de aquisição da pilha a combustível e da refrigeração por um ciclo de absorção. Quando

se introduz o sistema de refrigeração por absorção, reduz-se bastante o custo inicial de

aquisição da pilha (valor unitário de 10.000 R$/kW contudo, aumenta-se o custo para o

sistema de refrigeração (valor unitário de 800 R$/kW), e também aumenta-se o custo

anual de combustível. As observações aqui apresentadas serão posteriormente

Page 47: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

38

comentadas quando os indicadores financeiros forem apresentados e comentados. Há

também o tratamento na análise de sensibilidade do último capítulo onde poderemos ver

como os resultados são influenciados pelas variáveis de custo.

3.6. Análise Financeira

Pretende-se realizar a análise preliminar de viabilidade de inserção de uma pilha

a combustível em uma edificação comercial. Assim, é de extrema importância para a

tomada de decisão a simulação de indicadores financeiros. Vamos inicialmente definir

alguns indicadores muito importantes e comumente usados pela indústria para ajudar na

tomada de decisão do ponto de vista financeiro de projetos.

O Valor Presente Líquido (VPL) contém a ideia do valor do dinheiro no tempo.

Uma quantia qualquer vale mais hoje no presente do que em um ano à frente. Isso por

motivos de perda do poder de compra do dinheiro ao longo do tempo, observados pela

inflação e também pela ideia de que o recurso monetário pode gerar renda a taxa de

juros considerada livre de risco e por último pela ideia de liquidez que o dinheiro possui

no presente, segundo ROSS et al (2013). Sendo assim todo agente que pensa de forma

racional irá preferir ter mil reais hoje do que a mesma quantia só daqui a um ano.

O cálculo do VPL para o projeto consiste em descontar sobre uma taxa,

específica e única, receitas futuras advindos do projeto. Nesse caso, os ganhos são

oriundos da geração da própria energia elétrica que não será contratada da distribuidora.

Os ganhos aqui são facilmente mensurados e temos, para a vida inteira do projeto

estimada em 25 anos, essas receitas. É preciso descontar sobre essa taxa comum

(CMPC) todos os fluxos de capital que ocorrerão. Inclusivo os dispêndios iniciais,

temos os custos de O&M que se prologarão durante a vida do projeto mas também é

preciso contabilizar os custos em pagamento de juros sobre a dívida contraída para dar

início ao projeto.

𝐸 𝐹𝐶! , 𝑖 = !"!!!! !

+ !"!!!! !

+⋯+ !"!!!! !

(23)

𝐸 𝐹𝐶! , 𝑖 = 𝑉𝑃𝐿 (24)

O segundo indicador financeiro é a taxa interna de retorno (TIR), que é usada

para termos uma sensibilidade anualizada do retorno mínimo que o projeto provê, para

Page 48: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

39

que sejam recuperados os recursos investidos no início do projeto. Para a calcularmos, é

preciso considerar o valor presente dos fluxos de caixa futuros sendo igual a zero.

𝐸 𝐹𝐶! , 𝑖 = 0 (25)

!"!!!! !

+ !"!!!! !

+⋯+ !"!!!! !

= 0 (26)

𝑅𝑒𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑑𝑜  𝑝𝑎𝑟𝑎  𝑖  𝑝𝑎𝑟𝑎  𝑞𝑢𝑒  𝐸 𝑖 = 0

O terceiro e último indicador financeiro calculado é o Período de Payback ou

Período de Retorno do Investimento. Calculado como o tempo que leva para que o fluxo

de caixa futuro acumulado seja igual ou maior que o custo do investimento. No auxílio

da tomada de decisão, usamos um período de tempo arbitrado e após calcular o período

de payback vemos se esse número é menor que o período de tempo exigido pelo

projeto.

Contudo é conhecido que esse indicador pode levar a certos enganos na

avaliação e comparação entre projetos, ainda mais quando analisamos de projetos de

longo prazo. Segundo (ROSS, WESTERFIELD, JORDAN & LAMB, 2013) “a regra

do payback também não considera qualquer diferença de risco. O cálculo seria o

mesmo tanto para projetos muito arriscados quanto para projetos muito seguros”.

Considerando uma razão de dívida e patrimônio de 4:1, temos um valor de 80%

para os custos considerados na seção acima sob forma de dívida. A dívida no exemplo

proposto poderia ser contraída junto ao BNDES sob a forma de aquisição de máquina e

equipamentos na faixa de valores entre 2,4 - 16 MM R$. Os juros para até 100% do

financiamento do equipamento estão em 4% ao ano (BNDES, 2014). Esses juros dados

pelo BNDES são subsidiados pelo Tesouro Nacional e ficam abaixo da taxa de juros de

longo prazo no Brasil.

A taxa de inflação adotada para todos os cenários simulados é de 6,5% ao ano.

Esse valor é igual ao teto da meta de inflação e tem sido essa a meta perseguida pela

política monetária brasileira nos últimos anos e o valor do IPCA em 2014 (6,40%,

IBGE 2015). No Brasil, por ter um histórico muito alto de inflação mesmo depois do

período de hiperinflação (final da década de 1980 até o meio dos anos 1990), foi

Page 49: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

40

adotado um cenário mais pessimista, sendo o valor para a inflação igual ao teto da meta

de inflação.

Segue abaixo o histórico das taxas de inflação no Brasil, a banda de atuação e o

valor atingido pelo Conselho Monetário Nacional, medidos pelo Índice Nacional de

Preços do Consumidor Amplo (IPCA na sigla, índice calculado pelo IBGE).

Tabela 3.6 - Meta e a Banda da Inflação no Brasil

Fonte: BACEN, 2014

O reajuste da energia ficou em 5% ao ano. Essa variável representa o aumento

de preço de referência. Vamos nos ater apenas ao preço da energia elétrica dos cenários.

Como o MAR está localizado no Rio de Janeiro, vamos olhar a metodologia usada pela

concessionária local que fornece energia para o município do Rio de Janeiro, a LIGHT.

A composição da tarifa não é feita de forma simples, mas podemos a separar em

dois grupos, seguindo a metodologia regulada para a LIGHT, (LIGHT 2014). Temos a

chamada parcela A não-gerenciável e a parcela B gerenciável. Já que temos o intuito de

usar um valor médio para simular os próximos 25 anos de operação, a parcela A é

composta por fatores adversos e pontuais, que impactam no curto prazo custo da energia

para a concessionária e são repassados ao consumidor. Vamos nos ater apenas ao

Page 50: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

41

cálculo da parcela B não-gerenciável, a qual possui um valor que varia regularmente

independente de oscilações de curto de prazo. Essa parcela é medida através da variação

do IGP-M, índice similar ao IPCA o qual também serve para medir a inflação deduzida

de um fator multiplicador, o que a torna um pouco menor do que inflação medida para o

período. Usando o fator de 0,75 chegamos ao valor próximo de 5% para o reajuste do

preço da energia (foi usada a inflação em 6,5% como média para o período).

A taxa de desconto foi de 16% a.a. Essa medida é composta pelo custo de capital

das empresas na hora colocar recursos em projetos. Estamos desenvolvendo o trabalho

com o intuito de prover informações para que seja possível tomar a melhor decisão na

hora de investir em um projeto de geração própria de energia. Nesse contexto,

usualmente empreendedores dos setores da indústria e analistas de investimento avaliam

o custo de capital próprio pelo método do CAPM (PÓVOA 2007), com uma taxa

composta pela taxa livre de risco mais um percentual de risco de mercado para diversos

setores, multiplicado pelo 𝛽 do setor investido.

𝑅!"#$%&'% = 𝑅!"#$%  !"  !"#$%   +  𝛽 ∗ 𝑅!"ê!"#

A taxa livre de risco será igual a taxa de captação do governo brasileiro adotada

como a taxa Selic meta do ano de 2014, nesse caso 11% ao ano. O prêmio de mercado

usado será de 5%, valor comum adotado por analistas no mercado (PÓVOA 2007), e

fator beta será de 1,0 para o projeto de energia.

Tabela 3.7 Indicadores financeiros para todos os cenários

        Unidades   Cenário  A   Cenário  B   Cenário  C  

Parâmetros  financeiros                  

    Reajuste  do  custo  do  combustível   %   5,00%   5,00%   5,00%       Taxa  de  inflação   %   6,50%   6,50%   6,50%       Taxa  de  desconto   %   16,00%   16,00%   16,00%       Vida  do  projeto   ano   25   25   25  

Fonte: Elaboração do autor

O custo efetivo de imposto de renda é de 22,5% e o período de depreciação para

10 anos, valor usado pelo CPC brasileiro na depreciação de máquinas e equipamento.

(CPC, 2006).

Page 51: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

42

Tabela 3.8 - Financiamento do projeto

Sobre os dados acima apresentados, é de extrema importância comentar sobre a

possibilidade de net metering. A estratégia de operação para o modelo energético da

eletricidade abre espaço para precificar uma possível exportação (venda) de energia

para a rede. Essa é uma forma de compensação implementada para incentivar a GD.

A resolução 482/2012 da ANEEL, prevê condições para compensar a

microgeração e a minigeração. A faixa da microgeração é até 100kW e da mini geração

de 100kW até 1MW. A resolução permite que o produtor seja compensado pela

distribuidora local pela energia elétrica produzida e injetada na rede. Ao final do mês, a

energia consumida é descontada da energia injetada, caso o saldo seja negativo (injetou

mais energia do que consumiu) é criado um crédito para a energia ser usada em um

período de até 36 meses a frente (MIRANDA, 2013). A compensação foi atualizada

pela resolução no 517/2012. A resolução permite ainda que o crédito de energia gerado

pelo estabelecimento possa ser utilizado por outro estabelecimento (unidade

consumidora) do mesmo dono. “...compensada com o consumo de energia elétrica ativa

dessa mesa unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de mesma

titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados, desde que possua

o mesmo Cadastro de Pessoa Física ou Cadastro de Pessoa Jurídica...” (ANEEL 2012

apud MIRANDA 2013)

Entretanto, está forma de compensação estabelece um valor mínimo de

cobrança. O trabalho adotou a taxação do ICMS sobre o preço de energia pago, logo o

preço da “exportação” de energia foi descontado do ICMS.

        Unidades   Cenário  A   Cenário  B   Cenário  C  

Financiamento                  

    Incentivos  e  subsídios   Rs   0   0   0       Razão  da  dívida   %   80,00%   80,00%   80,00%       Empréstimo   Rs   4.243.092   3.659.043   3.089.872       Capital  próprio  investido   Rs   1.060.773   914.840   772.468       Taxa  de  juros  da  dívida   %   4,00%   4,00%   4,00%       Duração  da  dívida   ano   10   10   10       Pagamento  da  dívida   Rs/ano   523.135   451.166   380.953                          

Fonte: Elaboração do autor

Page 52: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

43

No caso brasileiro cabe também ao produtor arcar com os custos iniciais para

adaptação do sistema para medição nos dois sentidos, contudo após instalado é

responsabilidade da distribuidora a operação e manutenção.

As avaliações econômicas nos cenários A.02 e B.02 dependem exatamente dessa

possibilidade de usar o excesso de energia em outro empreendimento próprio ou

exportar para a rede, e obter crédito, lembrando que há uma validade ou tempo máximo

para esta operação.

Tabela 3.9 - Receita com Net Metering

        Unidades  Cenário  A  

Cenário  B  

Cenário  C  

Receita  Anual  com  eletricidade  exportada                    

    Eletricidade  exportada  p/  rede   MWh   506   354   0       Preço  eletricidade  exportada   R$/MWh   380   380   380       Receita  com  eletricidade  exportada*   R$   168.612   117.942   0  

   Taxa  de  index.  Sobre  a  eletricidade  exp.   %   0,00%   0,00%   0,00%  

*Não há receita com eletricidade exportada para os casos A.01 e B.01 apenas nos A.02 e B.02 Fonte: Elaboração do autor

Na tabela a seguir vamos apresentar os valores dos indicadores financeiros mencionados anteriormente, VPL, TIR e payback para todos os cenários simulados

Page 53: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

44

Tabela 3.10 - Indicadores financeiros A0.2, B 0.2 e C

Fonte: Elaboração do autor

Tabela 3.11 – Indicadores Financeiros A.01, B.01 e C

Fonte - Elaboração do autor

As tabelas 3.10 e 3.11 resumem os indicadores financeiros que ajudam na

tomada de decisão como VPL, taxa interna de retorno e período de payback. As mesmas

tabelas também ressaltam os benefícios que a exportação de energia para a rede pode

trazer para os resultados e indicadores. Vale ressaltar que os cenários em que não há

exportação de energia há a economia de não precisar comprar energia elétrica da rede.

Viabilidade  FinanceiraTIR  antes  impostos-­‐capital  próprio % 27,4% % 23,7% % 13,4%TIR  antes  impostos  -­‐  ativos % 9,3% % 8,4% % 4,6%

TIR  após  impostos  -­‐  capital % 19,9% % 17,5% % 9,9%TIR  após  impostos  -­‐  ativos % 6,6% % 5,8% % 2,6%

Retorno  simples ano 8,1 ano 9,0 ano 14,5Retorno  do  capital  próprio ano 9,2 ano 10,6 ano 14,3

Valor  Presente  Líquido  (VPL) Rs 526.892 Rs 177.175 Rs -­‐680.537Economia  anual  no  ciclo  de  vida Rs/an 86.417 Rs/an 29.059 Rs/an -­‐111.617

Razão  custo  benefício  (C-­‐B) 1,50 1,19 0,10Juros  da  dívida 1,29 1,16 0,73

Cenário  A  (A.02) Cenário  B  (B.02) Cenário  C

Viabilidade  FinanceiraTIR  antes  impostos-­‐capital  próprio % 18,0% % 16,7% % 13,4%TIR  antes  impostos  -­‐  ativos % 6,6% % 6,1% % 4,6%

TIR  após  impostos  -­‐  capital % 13,5% % 12,6% % 9,9%TIR  após  impostos  -­‐  ativos % 4,3% % 3,9% % 2,6%

Retorno  simples ano 11,5 ano 12,3 ano 14,5Retorno  do  capital  próprio ano 12,2 ano 12,7 ano 14,3

Valor  Presente  Líquido  (VPL) Rs -­‐382.292 Rs -­‐458.790 Rs -­‐680.537Economia  anual  no  ciclo  de  vida Rs/an -­‐62.701 Rs/an -­‐75.247 Rs/an -­‐111.617

Razão  custo  benefício  (C-­‐B) 0,64 0,50 0,10Juros  da  dívida 0,93 0,86 0,73

Cenário  A  (A.01) Cenário  B  (B.02) Cenário  C

Page 54: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

45

4. Resultados e Análise de Sensibilidade

A análise de sensibilidade envolve a variação de variáveis do projeto de forma a

revelar quais destas realmente afetam os resultados simulados do projeto. Além de

identificar os parâmetros de entrada mais sensíveis, ela fornece ideia sobre os resultados

possíveis e suas probabilidades (LODI, 2011). Através da análise de sensibilidade

procura-se com isso ver os parâmetros de maior impacto e em seguida quantificar como

as suas variações afetam os resultados obtidos.

No capítulo anterior foram apresentadas todas as variáveis de entrada

necessárias para replicar o estudo de caso de inserção de uma PACOS no Museu de

Arte de Rio. O trabalho, durante o capítulo 4, irá discutir algumas das variáveis de

entrada e variar os seus valores, de forma a analisar o seu impacto na viabilidade do

projeto. Por exemplo, algumas análises foram comentadas no capítulo anterior, quando

se apresentaram os custos de aquisição da tecnologia de pilha a combustível de óxido

sólido adotados no modelo. Serão feitas variações nos valores de custo inicial

(parâmetro de entrada) e será analisado como essa variação imposta afeta os resultados

obtidos e como ela afeta os indicadores usados para a tomada de decisão.

4.1. Variáveis de Impacto

Inicialmente é feito uma análise para ver qual das variáveis de entrada (i.e. taxa

de juros da dívida, custo total inicial, tarifa de energia elétrica cobrada) dentro de uma

faixa de variações estabelecida causa o maior impacto nos indicadores financeiros (o

programa nos restringe aos seguintes indicadores financeiros: valor presente líquido,

taxa interna de retorno e retorno sobre capital próprio investido). Contudo, inicialmente,

é necessário selecionar o principal indicador entre os apresentados pelo programa, para,

depois, iniciarmos a análise de sensibilidade do projeto de inserção da pilha a

combustível de óxido sólido.

O valor presente líquido, VPL, ainda é um dos indicadores mais usados na

indústria para avaliar novos projetos. Com ele, é possível ter uma ideia dos ganhos

futuros advindos do projeto e também inserir o conceito do dinheiro no tempo ou o

custo de oportunidade do recurso investido no projeto. Além disso, o VPL retorna um

Page 55: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

46

valor em unidade monetária e não em taxas ou período de tempo, como seria o caso da

taxa interna de retorno e do tempo de payback (ROSS, WESTERFIEL, JORDAN &

LAMB, 2013).

Seguindo a metodologia proposta, percebe-se que, em todos os cenários

analisados dado as seguintes variações máximas definidas na tabela 4.1, os três maiores

fatores de impacto são sempre: custos iniciais de aquisição, razão da dívida e o preço da

eletricidade como mostra as figuras 4.1, 4.2 e 4.3. Sendo assim, o estudo se restringe em

analisar apenas os três parâmetros acima, para compreender o impacto no indicador

financeiro de viabilidade do projeto.

Tabela 4.1 - Variações assumidas para análise de sensibilidade

Parâmetro Unidade Faixa (+/-) Custos  iniciais   Rs   30%  O&M   Rs   20%  

Custo  combustível  -­‐  caso  proposto   Rs   10%  Custo  combustível  -­‐  caso  de  referência   Rs   10%  

Razão  da  dívida   %   30%  

Taxa  de  juros  da  dívida   %   30%  Duração  da  dívida   ano   30%  

Fonte: Elaboração do autor

As figuras 4.1, 4.2 e 4.3 apresentam uma informação de grande valor para a

tomada de decisão. A partir delas, é possível conhecer quais são os fatores (ou variáveis

de impacto) que mais afetam os indicadores do projeto. Em todos os cenários

simulados, são sempre os mesmos parâmetros que possuem maior peso no impacto do

VPL.

Page 56: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

47

Figura 4.1 - Cálculo do impacto dos fatores no cenário A

Fonte: Adaptado do Retscreen

Figura 4.2 - Cálculo do impacto dos fatores no cenário B

Fonte: Adaptado do Retscreen

Figura 4.3- Cálculo do impacto dos fatores no cenário C

Fonte: Adaptado do Retscreen

É ainda possível notar que a primeira diferença só ocorre no quarto fator de

impacto. No caso dos cenários A e B é a duração da dívida, a qual para a o C ela

aparece na quinta colocação. Sendo assim, o estudo segue para a análise do custo

inicial, razão da dívida e preço da tarifa de energia cobrada.

Clas

se p

or im

pact

o

Impacto relativo (desvio padrão) do parâmetro

Impacto - Valor Presente Líquido (VPL)

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6

Preço eletricidade exportada

Custo combustível - caso propostoTaxa de juros da dívidaO&MDuração da dívidaCusto combustível - caso de referênciaRazão da dívidaCustos iniciais

Clas

se p

or im

pact

o

Impacto relativo (desvio padrão) do parâmetro

Impacto - Valor Presente Líquido (VPL)

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8

Preço eletricidade exportada

Taxa de juros da dívidaCusto combustível - caso propostoO&MDuração da dívidaCusto combustível - caso de referênciaRazão da dívidaCustos iniciais

Clas

se p

or im

pact

o

Impacto relativo (desvio padrão) do parâmetro

Impacto - Valor Presente Líquido (VPL)

-0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6

Preço eletricidade exportada

O&MTaxa de juros da dívidaDuração da dívidaCusto combustível - caso propostoCusto combustível - caso de referênciaRazão da dívidaCustos iniciais

Page 57: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

48

Custo Inicial de Aquisição

A primeira variável analisada será o custo inicial de aquisição do equipamento.

A tecnologia de pilha a combustível de óxido sólido não é uma tecnologia madura com

uma quantidade razoável de unidades operando no mundo. Na tabela 4.2 é possível ver

que o total de capacidade instalada em 2012 de pilhas a combustível instalados nos

Estados Unidos ainda é pequeno. Com a exceção do projeto da POSCO Power na

Coréia do Sul (sendo produzido nos Estados Unidos) para um parque de 70 MW, a

maioria dos projetos desenvolvidos ainda são composto por gerações estacionárias

menores do que 1MW.

Page 58: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

49

Tabela 4.2 - Tabela de Projetos desenvolvidos de PACs

Localização Capacidade Notas

Kaiser Permanente, CA 4 MW Sete instalações na Califórnia

NTT America, San Jose, CA 500 kW Usa biogás produzido na fazenda Califórnia dairy

Sharks Ice, San Jose, CA 300 kW Pista de patinação do time de hóquei San Jose Sharks

AT&T, CA 7.5 MW 11 sítios - Corona, Fontana, Hayward, Pasadena, Redwood City, Rialto, San Bernardino, San Diego, San Jose, and San Ramon, CA

Fireman’s Fund, Novato, CA 600 kW A Fireman's Fund anunciou que terá retorno do investimento de $1,5 milhão em 10 anos

Ratkovich Co., Alhambra, CA 500 kW Utilização em um conglomerado de empresas

Red Lion Energy Center, DE 13.5 MW Projeto de uma estação de PaC de geração contínua e grid fechado

Washington Gas, Springfield VA

200 kW

Owens Corning, Compton, CA 400 kW

California State University, San Bernardino, CA

1.4 MW Está sendo angariada pela Southern Califórnia Edison Company

Central Connecticut State University, New Britian, CT

1.4 MW Vendida para a Greenwood Energy

London, England 300 kW Será instalada em 23,226 m2, projeto de desenvolvimento em parceria com a coroa

POSCO Power, South Korea 70 MW 2.8 MW já foi enviado por navios

Water Park Resort, Jakarta, Indonesia

300 kW Vendida para a POSCO Power

University of Connecticut 400 kW Sistema com cogeração para todos os edifícios do campus de Depot

Whole Foods, Fairfield, CT 400 kW

Octagon, Roosevelt Island, NY 400 kW Sistema de cogeração a fim de aquecer a água para um complexo de 500 apartamentos. Certificado pelo LEED.

Hamden High School, Hamden, CT

400 kW Sistema com cogeração que provê 90% da eletricidade necessária para a escola e aquecimento da piscina

Cambrian Center, San Jose, CA 20 kW Possui sistema de cogeração para casa de repouso de pessoas idosas.

Irvine Unified School District (IUSD), Irvine, CA

60 kW Seis PaCs em instalação na Woodbridge High School e na University High School

Stone Edge Farm, Sonoma County, CA

5 kW Sistema de cogeração para as vinícolas da fazenda

Universal Studios, Hollywood, CA

20 kW Sistema de cogeração instalado para prover agua quente e energia para a cozinha do parque temático da Universal Studios

Fonte: U.S DOE (2012 pág 17,18 e 19)

Logo, por não ser uma tecnologia com experiência comercial difundida, ainda há

incerteza para definição de preços e custos médios de operação desse tipo de tecnologia,

entretanto não há problemas em estipular valores médios, desde que estes sejam sujeitos

à variação para medir o seu impacto nos resultados finais.

Para quantificar qual o percentual de variação que podemos assumir no custo de

aquisição da tecnologia Hoffman & Szklo (2011) e ERPI (2012) propõem que quando a

tecnologia ainda não se encontra madura, podemos estimar um percentual de erro para o

custo da tecnologia. Segue-se o modelo da tabela 4.3.

Page 59: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

50

Tabela 4.3 - Matriz de avalição do intervalo de precisão para estimar o custo (dados em percentual)

Índice A – Madura B – Comercial C – Demonstração D – Piloto E&F – Laboratório

A – Atual 0 n/a n/a n/a n/a B – Detalhada -5 a 8 -10 a 15 -15 a 20 n/a n/a C – Preliminar -10 a 15 -15 a 20 -20 a 35 -25 a 40 -30 a 60 D – Simplificada -15 a 20 -20 a 35 -25 a 40 -30 a 50 -30 a 200 E – meta n/a -30 a 80 -30 a 80 -30 a 100 -30 a 200

Fonte: Hoffman & Szklo (2011), ERPI (2012)

Onde o índice de classificação de A até E segue a proposta de HOFFMANN e SZKLO, 2011:

A – Atual: Possui dados detalhados do processo e do design mecânico, ou dados históricos de unidades existentes.

B – Detalhada: Processo de design detalhados

C – Preliminar: Processo de design na fase preliminar

D – Simplificado: Processo de design simplificado

E – Meta: objetivo técnico do projeto / custo para o valor desenvolvido a partir de dados da literatura

Quanto a curva de aprendizado da PACOS seguindo a classificação de A até E:

A – Madura: Experiência comercial significativa (quantidade razoável de unidades comerciais operantes)

B – Comercial: Experiência comercial incipiente

C – Demonstração: Conceito comprovado por unidade de demonstração integrada.

D – Piloto: Conceito verificado por pequena planta piloto

E – Laboratório: Conceito verificado por estudos laboratoriais e desenvolvimento inicial de equipamento

O estudo de caso realizado nesse trabalho tem o objetivo de fazer uma análise

preliminar (C) e a tecnologia de pilha a combustível de óxido sólido ainda é comercial

com experiência incipiente (B). Logo podemos ver variações de até 20% para os custos

de aquisição e operação da tecnologia de acordo com a tabela 4.3.

A análise da literatura mostra que o custo observado no mercado é ainda mais

Page 60: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

51

variável. Segundo FROITZHEIM 2014, a PACOS de menor preço no mercado é da

Redox Power System. Segundo artigo da MIT Review em 2013, a pilha de óxido sólido

da Redox Power System custa 1000 USD/kW, diferente de outras no mercado, que

custam em torno 8.000 USD/kW (LAMONICA, 2013). Há também alguns valores

estimados: “em 2010, a segundo a Sociedade Americana de Engenharia Mecânica,

ASME publicou um trabalho estimando o custo das PACOS em 2268 USD/kW em

2011” (WACHSMAN, MARLOWE e LEE, 2011, apud FROITZHEIM 2014). Os

valores assumidos para o trabalho foram de 4.000 USD/kW segundo valor interpolado

para custos de fabricação de PACOS (PNNL, 2013 e BATTELLE, 2014) e usando uma

taxa de conversão de 2,50 BRL/USD. Devido a grande variação encontrada, na análise

de sensibilidade realizada foi assumida uma variação de até 30% no preço inicial.

Vemos a seguir o impacto no valor presente líquido da variação dos custos

iniciais nos cenários A.02, B.02 e C. Foram mostrados nos cenários A e B apenas os

resultados para as simulações que envolvem o a possibilidade de injetar energia na rede

e a mesma servir de crédito (A.02 e B.02) pois são os cenários que mostram maior

atratividade do ponto de vista dos indicadores financeiros.

Esse é o maior impacto nos indicadores usados e é visto grande variação de VPL

numa faixa que pode inviabilizar a inserção de PACOS em edificações.

Figura 4.4 - Histograma dos VPL simulados do cenário A.02

Fonte: Adaptado do RETScreen

Freq

uênc

ia

Distribuição - Valor Presente Líquido (VPL)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

-564.826 -329.382 -93.939 141.505 376.948 612.392 847.835 1.083.279 1.318.722 1.554.165

Page 61: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

52

Figura 4.5 - Histograma dos VPL simulados do cenário B.02

Fonte: Adaptado do RETScreen

Figura 4.6 - Histograma dos VPL simulados do cenário C

Fonte: Adaptado do RETScreen

Pode-se observar que a grande maioria dos cenários testados para A.02 e B.02

ainda apresentam o valor positivo para o indicador. O que mostra resultados

promissores para a adoção dessas estratégias de operação quando há possibilidade de

exportação da energia para a rede. No cenário B.02 aproximadamente 28% dos casos

apenas seriam rejeitados para os VPL simulados usando as variações pré determinadas.

Razão entre dívida e capital próprio

O segundo fator de maior influência encontrado em todos os cenários simulados

é a razão da dívida. Esta é a razão entre o capital próprio investido e a dívida financiada.

Esse fator aparece devido à grande diferença entre o custo de capital próprio (CMCP) e

Freq

uênc

ia

Distribuição - Valor Presente Líquido (VPL)

0%

2%

4%

6%

8%

10%

12%

14%

-1.718.506 -1.516.529 -1.314.552 -1.112.574 -910.597 -708.619 -506.642 -304.665 -102.687 99.290

Page 62: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

53

a taxa subsidiada pelo financiamento do BNDES. Vemos uma grande diferença de 16%

do CMCP para 4% que é a taxa praticada pelo BNDES. O elevado custo médio de

capital é devido principalmente à elevada taxa de juros Selic, a qual reflete a taxa

anualizada de empréstimo de um dia entre instituições financeiras lastreadas em títulos

públicos. Essa taxa de juros é no Brasil considerada como a taxa livre de risco para

investimentos.

Sendo assim todos os investimentos saem em busca de uma alta taxa de retorno

(TIR), pois possuem um elevado custo de capital. Nos cenários analisados, usamos a

taxa do BNDES a qual é subsidiada, ficando a abaixo do que seria uma captação no

mercado de crédito privado, pois o mercado de crédito direcionado destinado a

empresas no Brasil é majoritariamente controlado pelo BNDES e seus programas de

financiamento. O crédito fornecido pelo BNDES respondeu, por exemplo, em 2007 por

27,8% de todo os empréstimos fornecidos no Brasil (MORAIS, 2010).

A taxa utilizada da dívida para aquisição de equipamento de até 16 milhões de

reais ficou em 4% adotando a razão de 80% de dívida. Contudo o crédito aprovado pode

cobrir até 100% do custo de inicial aquisição (BNDES, 2014). O subcapítulo 2 do

capítulo 4 apresenta durante a análise de sensibilidade os valores de VPL para diferentes

razões de dívida (ver tabelas 4.5, 4.8 e 4.10).

Preço da Eletricidade Contratada

O último parâmetro é o preço da energia elétrica adotado para os cenários A, B e

C. e como eles impactam os resultados (chamado de custo da energia no cenário de

referência). A conclusão direta é que se o preço da energia elétrica subir muito, a

vantagem em investir na geração de energia própria aumenta muito; contudo, é de

grande importância ressaltar que a análise mostra uma grande dependência desse fator

para a viabilidade do projeto e faz com o que preço da energia elétrica da rede seja o

terceiro principal fator de impacto.

A variação anual adotada para o aumento da eletricidade contratada foi definida

como 6.5% a.a. com variações máxima na faixa de 10% para toda a vida do projeto (25

anos). Vale ressaltar que o estudo faz uma análise para o total tempo de vida do projeto,

Page 63: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

54

i.e., 25 anos. Sendo assim não se pretende incorporar variações de curto prazo, como os

reajustes anuais feitos que são repassados ao consumidor final. Considera-se, portanto,

apenas a parcela que acompanha um indicador de inflação (IGP-M), que é chamada de

parcela gerenciável da tarifa da distribuidora (LIGHT 2013 e ANEEL 2007).

O trabalho tem o intuito de fornecer esse tipo de análise para um futuro

investidor ter conhecimento de quais são os principais pontos a serem observados na

hora de projetar um investimento usando esse tipo de tecnologia.

4.2. Análise de Sensibilidade

A seguir, o estudo mostra os resultados da análise de sensibilidade para os

cenários A.02, B.02 e C. O estudo irá focar apenas nos A.02 e B.02 (e não no A.01 e

B.01) pois são estes os cenários mais atrativos do ponto de visto dos indicadores

financeiros já que os mesmos contemplam o crédito de energia gerado pelo excesso

produção de energia elétrica.

A análise de sensibilidade também tem o intuito de quantificar de que forma a

variação de dados de entrada podem impactar os resultados esperados do projeto. É

imprescindível a aplicação de um método que permita determinar a influência que a

variação tem sobre os resultados esperados do projeto (CORRÊA NETO, 2001). O

estudo realizou a análise de sensibilidade para o cálculo do VPL e mostrou a variação

do indicador em relação à aos fatores de maior impacto apresentados na seção anterior

(custo inicial, razão entre dívida e capital próprio e preço da eletricidade contratada).

Page 64: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

55

Tabela 4.4 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário A.02 - Preço da Eletricidade x Custo Inicial

Tarifa  de  Eletricidade  –  caso  de  referência  

Custos  iniciais   R$  4.243.092   4.773.479   5.303.865   5.834.252   6.364.638  

Rs       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  494.403   -­‐20%   368.865   28.573   -­‐311.720   -­‐652.012   -­‐992.305  556.204   -­‐10%   788.171   447.878   107.586   -­‐232.706   -­‐572.999  618.004   0%   1.207.477   867.184   526.892   186.599   -­‐153.693  679.804   10%   1.626.782   1.286.490   946.197   605.905   265.613  741.605   20%   2.046.088   1.705.796   1.365.503   1.025.211   684.918  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Tabela 4.5 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário A.02 – Razão da Dívida x Custo Inicial

Razão  da  dívida   Custos  iniciais   R$  4.243.092   4.773.479   5.303.865   5.834.252   6.364.638  

%       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  64%   -­‐20%   912.555   535.397   158.239   -­‐218.918   -­‐596.076  72%   -­‐10%   1.060.016   701.291   342.566   -­‐16.160   -­‐374.885  80%   0%   1.207.477   867.184   526.892   186.599   -­‐153.693  88%   10%   1.354.938   1.033.078   711.218   389.358   67.498  96%   20%   1.502.399   1.198.971   895.544   592.117   288.690  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Na análise de sensibilidade, identificamos a viabilidade inicial do projeto. Neste

caso, para o aumento de 10% no custo inicial combinado com a redução de 10% do

preço da energia da rede, ou apenas o aumento de 20% o custo inicial, já tornaria

inviável o projeto proposto.

No caso da razão entre a da dívida e do capital próprio e o custo inicial, é

possível variar até 20% sem inviabilizar o projeto contudo para uma variação pequena

da razão combinada com a variação para cima do custo inicial de 10% já tornaria o

projeto inviável do ponto de vista do VPL.

Como foi visto na seção anterior na análise dos fatores de impacto e na atual, na

análise de sensibilidade, a razão entre dívida e capital próprio investido é crucial e

possui o segundo maior impacto. A seguir, é imposta variação da razão da dívida e da

taxa de juros praticada para a mesma.

Page 65: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

56

Tabela 4.6 - Análise de Sensibilidade para cenário A.02 - Razão da Dívida x Taxa de Juros da Dívida

Razão  da  dívida   Taxa  de  Juros  da  Dívida   %  2,40%   3,20%   4,00%   4,80%   5,60%  

%       -­‐40%   -­‐20%   0%   20%   40%  48%   -­‐40%   -­‐123.629   -­‐166.529   -­‐210.413   -­‐255.268   -­‐301.077  64%   -­‐20%   273.951   216.752   158.239   98.433   37.354  80%   0%   671.531   600.033   526.892   452.134   375.786  96%   20%   1.069.112   983.313   895.544   452.134   714.217  

112%   40%   1.466.692   983.313   1.264.197   1.159.535   1.052.648  Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Vemos novamente uma informação abordada anteriormente que o impacto da

razão da dívida para o empreendimento é muito grande, devido à grande diferença entre

o CMCP e a taxa de juros praticada. Sendo assim, mesmo sob grande variação, da taxa

de juros (mantido o resto constante), o impacto não é tão grande e o projeto ainda é

viável financeiramente. A dependência é maior para a razão da dívida. Se essa diminuir

muito, não importa qual seja a taxa de captação, mas a inviabilidade do projeto

acontece.

Vemos a seguir nas tabelas 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10 a mesma análise feita para os

cenários B.02 e C. Novamente, enfatizam-se os valores dos indicadores financeiros para

as variações das três principais variáveis de impacto: custo inicial, razão da dívida e

capital próprio e preço da eletricidade contratada.

Tabela 4.7 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário B.02 - Preço da Eletricidade x Custo Inicial

Tarifa  de  Eletricidade  –  caso  de  referência  

Custos  iniciais   R$  3.659.358   4.116.778   4.574.198   5.031.617   5.489.037  

Rs       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  494.403   -­‐20%   -­‐74.482   -­‐367.959   -­‐661.437   -­‐954.914   -­‐1.248.392  556.204   -­‐10%   344.824   51.347   -­‐242.131   -­‐535.608   -­‐829.086  618.004   0%   764.130   470.652   177.175   -­‐116.303   -­‐409.780  679.804   10%   1.183.436   889.958   596.481   303.003   9.526  741.605   20%   1.602.741   1.309.264   1.015.786   722.309   428.831  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Page 66: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

57

Tabela 4.8 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário B.02 – Razão da Dívida x Custo Inicial

Razão  da  dívida   Custos  iniciais   R$  3.659.358   4.116.778   4.574.198   5.031.617   5.489.037  

%       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  64%   -­‐20%   509.781   184.510   -­‐140.761   -­‐466.032   -­‐791.303  72%   -­‐10%   636.955   327.581   18.207   -­‐291.167   -­‐600.542  80%   0%   764.130   470.652   177.175   -­‐116.303   -­‐409.780  88%   10%   891.304   613.723   336.143   58.562   -­‐219.019  96%   20%   1.018.479   756.795   495.111   233.427   -­‐28.257  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Tabela 4.9 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário C - Preço da Eletricidade x Custo Inicial

Tarifa  de  Eletricidade  –  caso  de  referência  

Custos  iniciais   R$  3.031.240   3.410.145   3.789.050   4.167.954   4.546.859  

Rs       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  494.403   -­‐20%   -­‐1.032.943   -­‐1.276.046   -­‐1.522.134   -­‐1.770.557   -­‐2.020.464  556.204   -­‐10%   -­‐613.637   -­‐856.740   -­‐1.099.843   -­‐1.342.946   -­‐1.586.049  618.004   0%   -­‐194.332   -­‐437.435   -­‐680.537   -­‐923.640   -­‐1.166.743  679.804   10%   224.974   -­‐18.129   -­‐261.232   -­‐504.335   -­‐747.438  741.605   20%   644.280   401.177   158.074   -­‐85.029   -­‐328.132  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

Tabela 4.10 - Análise de Sensibilidade do VPL no Cenário C – Razão da Dívida x Custo Inicial

Razão  da  dívida   Custos  iniciais   R$  3.031.240   3.410.145   3.789.050   4.167.954   4.546.859  

%       -­‐20%   -­‐10%   0%   10%   20%  64%   -­‐20%   -­‐405.022   -­‐674.461   -­‐943.901   -­‐1.213.340   -­‐1.482.779  72%   -­‐10%   -­‐299.677   -­‐555.948   -­‐812.219   -­‐1.068.490   -­‐1.324.761  80%   0%   -­‐194.332   -­‐437.435   -­‐680.537   -­‐923.640   -­‐1.166.743  88%   10%   -­‐88.986   -­‐318.921   -­‐548.856   -­‐778.791   -­‐1.008.725  96%   20%   16.359   -­‐200.408   -­‐417.174   -­‐633.941   -­‐850.708  

Fonte: Elaboração do autor, adaptado do Retscreen

O cenário B mostra resultados atrativos. O indicador financeiro é influenciado

pelos fluxos anuais futuros, que no caso do cenário B contém gastos anuais mais

elevados por causa do gás natural para o sistema de refrigeração por absorção.

Apresenta um pior resultado do indicador se comparado com o cenário A.02. Contudo

Page 67: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

58

ainda apresenta excesso de energia para entrar como crédito de energia o que compensa

muitos custos anuais e apresenta um valor presente líquido positivo.

Todos os cenários estudados se favorecem de um aumento do preço da tarifa de

energia elétrica. O cenário C dentre os três analisados é o menos favorecido pois a

PACOS instalada atende apenas a demanda de base de energia mas também é o menos

impactado caso haja uma redução da tarifa de energia elétrica. Entretanto vale ressaltar

que o projeto se torna viável quando o preço da energia elétrica contratada sobe mesmo

mantendo-se os elevados custos iniciais.

Os cenários A.02 e B.02 mostram resultados promissores caso haja significativa

redução dos custos iniciais de aquisição. Como pode ser visto na tabela 4.6, ainda que

se diminua consideravelmente (40%) a razão entre dívida e capital próprio, ou seja, o

produtor tenha que colocar mais recursos próprios (cuja taxa de captação é muito mais

elevada do que os empréstimos considerados). Os cenários ainda são considerados

viáveis caso haja uma redução no custo inicial. Vale ressaltar que a variação de 40% é

considerada muito elevada.

Page 68: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

59

5. Conclusões e Estudos futuros

O trabalho, como apresentado no capítulo 1, tem a intenção de analisar como

seria a inserção de uma pilha a combustível de óxido sólido em edificações e como

seriam as possíveis estratégias de operação para essa tecnologia inserida em uma

edificação comercial no Brasil. Considerando o conteúdo apresentado nos capítulos

anteriores acredito ter realizado a tarefa proposta. Contudo é preciso discutir certas

variáveis que não foram dados a devida atenção e outras variáveis que são críticas para

corroborar os resultados apresentados.

O trabalho foi organizado seguindo uma divisão em duas partes. Uma delas a

introduzindo a tecnologia de pilha a combustível focando nas pilhas de óxido sólido.

Provendo informação do funcionamento e seu princípio básico, de onde vem a energia

gerada, em quais setores é empregada a tecnologia nos dias de hoje e explicar o porquê

desta tecnologia ter se desenvolvido tanto nos últimos anos e possuir uma derivada

grande de crescimento.

A segunda parte do trabalho contém o estudo de caso mas também é composta

por um exemplo de geração distribuída. Um dos motivadores foi explicar vantagens de

uma geração distribuída no Brasil e no caso de projetos que considerem a geração

distribuída foi tido o intuito de explicar como seriam as condições para operar uma

edificação comercial com a própria geração de energia elétrica. Os cenários analisados

não têm como o seu principal interesse de serem comparados entre si e no final

selecionar o melhor dentre eles. Cada um deles segue uma estratégia bem diferente que

pode ser uma restrição de projeto previamente definida e o estudo em si mostraria o que

pode ser esperado do projeto caso o estabelecimento tenha que adotar aquela forma de

operação.

Voltando aos fatos que precisariam ser estudados abordados com maior detalhe e

a outros fatores pouco mencionados mas que também influenciam no estudo de caso

feito e na tomada de decisão. A longevidade do projeto foi adotada para 25 anos, a qual

é totalmente plausível do ponto de vista de operação da tecnologia contudo torna

algumas variáveis de grande impacto nos resultados finais de difícil consistência dos

dados para as previsões no futuro, não que haja a intenção de prever o valor exato no

futuro mas sim de ter ideia da tendência para a qual o valor está variando.

Page 69: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

60

Talvez a principal ideia concluída durante a análise de sensibilidade feita sobre o

projeto e visto em todos os cenários, é a compreensão das variáveis que mais impactam

os indicadores selecionados para dar suporte a tomada de decisão. Nesse caso em todos

os cenários as variáveis são as mesmas, custo inicial de aquisição da tecnologia, razão

entre dívida e capital próprio investido e preço da tarifa de energia elétrica da rede.

Vemos com isso uma grande dependência de fatores externos. Também é visto quão

impactante são esses fatores na decisão entre investir em um projeto de geração própria

ou não.

Por exemplo, o impacto do preço da energia elétrica sendo responsável pelo

terceiro maior impacto. Fazendo-se um paralelo com a situação global atual onde o

preço do petróleo caiu mais de 60% nos últimos 6 meses para patamares abaixo de 50

USD/bbl. (o texto atualizado até o final de Janeiro de 2015). Preço este que se manteve

acima de 100 dólares por 48 semanas consecutivas até começar a cair (MARKS, 2014).

Este preço leva muitos projetos a serem descontinuados devido a inviabilidade

econômica do projeto. Propondo uma situação contrária para a tarifa elétrica, onde o seu

preço aumentasse em muito durante anos vários anos consecutivos. Esse cenário poderia

aumentar em muito a atratividade desses projetos de geração estacionária própria.

O que vemos no caso da inserção de PACOS para geração estacionária é um

elevado custo inicial (10.000 BRL/kW) o qual se vier a cair no futuro será um grande

motivador para adoção de tal tecnologia. Vemos os cenários A.02 e B.02 analisados no

capítulo anterior (tabelas 4.5 e 4.8) mostrando resultados ainda viáveis mesmo que a

razão da dívida diminuísse mais de 20%, o cenário era viável caso o custo inicial de

aquisição diminuísse. Entretanto a análise também mostrou que há também grande

dependência de financiamento a baixas taxas para compra e implementação da

tecnologia. No cenário A.02 o cenário com o melhor indicador financeiro, mostra que

mesmo que o custo diminua 20%, caso a razão da dívida caia para 20% o cenário não

fica viável (tabela 4.5).

Por último gostaria de ressaltar as peculiaridades do caso do MAR as quais não

podem ou não deveriam sem certo prévio estudo ser modificadas e aplicadas em outros

casos. O projeto aqui feito, considerou tudo o que o museu já continha como por

exemplo o custo de aquisição do sistema de refrigeração por compressão. Os dados de

Page 70: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

61

temperatura e umidade relativa da cidade do Rio de Janeiro foram obtidos do Aeroporto

Santos Dumont de grande proximidade geográfica do MAR (distância de apenas 2.6

quilômetros mostrada na figura 3.3) o que corrobora bastante para os resultados contudo

é preciso levar em consideração quando não temos dados consistentes de uma região

próxima ao estabelecimento o qual queremos modelar. É preciso ressaltar também que o

período de 25 anos de operação é considerado apenas para a pilha a combustível e não

para o sistema de refrigeração que seria menor, sendo assim poderia ser incluído um

preço mais elevado na aquisição do sistema de refrigeração ou um preço mais elevado

de O&M para o sistema de refrigeração.

Como proposta para estudos futuros, é possível estender a análise de viabilidade

para outros indicadores financeiros e não se restringir aos indicadores do programa

RETScreen. Pode-se estender o estudo para o cálculo do custo da energia para cada um

dos cenários analisados

Mais uma vez espero que esse trabalho mostre as vantagem e desvantagens do

uso da pilha a combustível de óxido sólido e que motive a geração distribuída no Brasil,

provendo informações de um estudo de caso e que ajude na tomada de decisão para

futuros projetos de engenharia nessa área.

Page 71: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

62

6. -Referências Bibliográficas

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Page 75: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

66

7. Apêndice

Fotos de modelos teste no RETScreen.

Figura A.1 – Capa genérica do programa

Figura A.2 - Curva de demanda

Informação sobre o projeto

Nome do ProjetoLocalização do Projeto

Preparado paraPreparado por

Tipo de projeto

Tipo de grid

Tipo de análise

Poder calorífico de referência

Ver parâmetros

Localização dos dados climáticos

Mostrar dado ¨

Veja banco de Dados do projeto

Poder calorífico superior (PCS)

¨

Selecionar local de dados climáticos

Produção de frio e eletricidade

Caso B01 - Paridade Elétrica Com Cogeração

Santos Dumont/Rio

Condições de Referência do site

Museu de Arte do Rio

Projeto Final de GraduaçãoPedro Romeiro

Rede central & carga interna

Método 2

Unidade

Tipo de grid Rede central & carga interna

Mês

Eletricidadecarga média bruta

kW

Eletricidadecarga média

líq.kW

Refrigeração % de tempo de operação do processo

Refrigeraçãocarga média

kW

Aquecimento % de tempo de operação do processo

Aquecimentocarga média

kWJaneiroJaneiro 140 56 252 0FevFevereiro 149 63 260 0MarMarço 192 109 250 0Abr Abril 183 104 238 0Mai Maio 131 60 211 0JunhoJunho 153 88 196 0JulhoJulho 139 76 187 0AgoAgosto 126 62 191 0Set Setembro 159 94 196 0Out Outubro 167 97 212 0NovembroNovembro 117 42 224 0DezDezembro 136 56 242 0

10,0% 118 Retornar RetornarCarga de pico - anual 212 118 100% 281 100% 0

Demanda de eletricidade MWh 1.318 669Preço da eletricidade - caso de referência Rs/kWh 0,469 0,469Custo total de eletricidade 618.069Rs 313.548Rs

Projeto produção de EletricidadeSistema de produção de eletricidade do caso referência

Carga de ponta sist. elétrico acima da média mensal máxima

Características da carga do caso de referência

Page 76: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

67

Figura A.3 - Carga e Rede

Figura A.4 - Carga e Rede e Modelo Energético

Figura A.5 - Carga e Rede

Unidade

Área de piso resfriado para o prédio m² 15.900Tipo de Combustível EletricidadeCoeficiente de desempenho - sazonal 3,00Cálculo da carga de refrigeraçãoCarga de refrigeração por prédio W/m² 17,7Demanda refrigeração independente da temperatura externa % 20%Demanda total de frio MWh 1.948Carga total de ponta de frio kW 281,3Consumo de combustível - anual MWh 649Preço do combustível Rs/kWh 0,469Custo do combustível 304.456Rs

Ações de eficiência energética no uso final % 0%Carga líquida de ponta de frio kW 281,3Demanda líquida de frio MWh 1.948

Unidade

Tipo de grid Rede central & carga interna

Projeto produção de EletricidadeSistema de produção de eletricidade do caso referência

Projeto de Refrigeração

Sistema de refrigeração do caso referência

Ações de eficiência energética do caso proposto

RETScreen Proj. Rede e Carga - Projeto de produção de frio e eletricidade

Prédio individual - refrigeração ambiental

Custo inicial incrementalSeleção do SistemaCarga de base do sistema de eletricidadeTecnologiaDisponibilidade % 97,0% 8.497 h

Método-seleção de combustívelTipo de CombustívelPreço do combustível Rs/m³ 1,158

Célula combustívelPotência elétrica kW 118 100%Capac. Mínima % 10,0%Eletricidade fornecida à carga MWh 648 97%Eletricidade exportada p/ rede MWh 354FabricanteModelo 2 unidade(s)Preço do calor kJ/kWh 0Taxa de recuperação de calor % 24,0%Combustível necessário GJ/h 0,0 milhão Btu/h 0,0Capacidade térmica kW -28,3 milhão Btu/h -0,1

Preço da eletricidade - caso de referência Rs/MWh 469,00 Rs/kWh 0,469Preço do combustível - caso proposto sistema elétrico Rs/MWh 111,20 Rs/kWh 0,111Preço eletricidade exportada Rs/MWh 0,00 Rs/kWh 0,000Preço da Eletricidade - caso proposto Rs/MWh 469,00 Rs/kWh 0,469

SiemensSOFC 100 kW Sistema

Estratégia de operação - carga básica do sistema de eletricidade

Sistema de eletricidade do caso proposto

Célula combustível

Combustível único

Carga Base do Sistema

Gas natural - m³

Unidade Estimar %

Carga de base do sistema de eletricidadeTecnologia Célula combustívelEstratégia de operação Potência elétr.máx.de saídaCapacidade kW 210 99,2%Eletricidade fornecida à carga MWh 1.278 97,0%Eletricidade exportada p/ rede MWh 506Carga de ponta do sistema elétricoTecnologia Eletricidade da RedeCapacidade sugerida kW 211,7Capacidade kW 212 100,1%Eletricidade fornecida à carga MWh 40 3,0%Sistema elétrico de back-up (opcional)TecnologiaCapacidade kW 0

Carga base do sistema de refrigeraçãoTecnologia CompressorFonte de energia Sistema de produção de eletricidadeCapacidade kW 281 100,0%Frio fornecido MWh 1.948 100,0%Carga de ponta do sistema de refrigeraçãoTecnologia CompressorFonte de energia Sistema de produção de eletricidadeCapacidade kW 0 0,0%Frio fornecido MWh 0 0,0%Sistema de Refrigeração de back-up (opcional)TecnologiaCapacidade kW

Características do caso propostoEletricidade

Refrigeração

Page 77: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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Figura A.6 - Forma de inserir dados de Custo no RERTScreen

Figura A.7 - Forma de Inserir dados financeiros

Unidade Quantidade Custo unitário Quantidade Custos relativos

Estudo de viabilidade custo 1 130.000Rs 130.000Rs Subtotal 130.000Rs 2,8%

Desenvolvimento custo 1 130.000Rs 130.000Rs Subtotal 130.000Rs 2,8%

Engenharia custo 1 2.670.000Rs 2.670.000Rs Subtotal 2.670.000Rs 58,4%

Carga de base - Célula combustível kW 118,00 10.000Rs 1.180.000Rs Carga de Ponta - Eletricidade da Rede kW 118,00 -Rs Construção de estrada km 1 -Rs -Rs Linha de Transmissão km 1 -Rs -Rs Subestação projeto 1 -Rs -Rs Ações de Eficiência energética projeto 1 -Rs -Rs Definido pelo usuário custo 1 20.000Rs 20.000Rs

-Rs Subtotal 1.200.000Rs 26,2%

Carga de base - Absorção kW 281,3 800Rs 225.079Rs Ações de Eficiência energética projeto -Rs -Rs Definido pelo usuário custo -Rs -Rs

-Rs -Rs Subtotal 225.079Rs 4,9%

Peças de reposição % 1,0% 130.000Rs 1.300Rs Transporte projeto 0 -Rs -Rs Treinamento & Comissionamento d-p 0 -Rs -Rs Definido pelo usuário custo 0 -Rs -Rs Contingências % 5,0% 4.356.379Rs 217.819Rs Juros durante a construçaõ 0 mes(es) 4.574.198Rs -Rs Subtotal 219.119Rs 4,8%

4.574.198Rs 100,0%

Sistema de refrigeração

Balanço do sistema e misc.

Total de custos de investimento

Custos iniciais (créditos)Estudo de viabilidade

Desenvolvimento

Sistema de produção de eletricidade

Engenharia

Parâmetros financeiros

GeralReajuste do custo do combustível % 5,0%Taxa de inflação % 6,5%Taxa de desconto % 16,0%Vida do projeto ano 25

FinanciamentoIncentivos e subsídios Rs 0Razão da dívida % 80,0%Empréstimo Rs 3.659.358Capital próprio investido Rs 914.840Taxa de juros da dívida % 4,00%Duração da dívida ano 10Pagamento da dívida Rs/an 451.166

Análise do imposto de renda þCusto efetivo- imposto de renda % 22,5%Postergar prejuízo?Método de depreciaçãoRegra semi-anual - ano 1 sim/não SimBase da taxa de depreciação % 10,0%Taxa de depreciação %Período de depreciação ano 10Isenção fiscal ? sim/não NãoDuração isenção fiscal ano

LinearNão

Page 78: análise de viabilidade de inserção de pilha a combustível de óxido

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Figura A.8 - Visualização dos fluxos de caixa por ano de operação

Figura A.9 - Cenário teste de análise de sensibilidade

Fluxo de caixa anual

Ano Antes imposto Após imposto Cumulativo# Rs Rs Rs0 -914.840 -914.840 -914.8401 -62.285 -106.557 -1.021.3962 -43.596 -94.816 -1.116.2123 -24.021 -82.498 -1.198.7114 -3.520 -69.577 -1.268.2885 17.950 -56.023 -1.324.3116 40.435 -41.806 -1.366.1177 63.981 -26.896 -1.393.0138 88.637 -11.258 -1.404.2729 114.454 5.140 -1.399.13110 141.486 22.336 -1.376.79611 620.954 481.239 -895.55712 650.585 504.203 -391.35313 681.605 528.244 136.89014 714.078 553.411 690.30115 748.070 579.755 1.270.05616 783.651 607.330 1.877.38517 820.892 636.192 2.513.57718 859.870 666.399 3.179.97619 900.661 698.012 3.877.98820 943.349 731.096 4.609.08421 988.019 765.715 5.374.79922 1.034.761 801.940 6.176.73923 1.083.666 839.841 7.016.58024 1.134.833 879.495 7.896.07525 1.188.362 920.980 8.817.05626 0 0 8.817.056

Análise de performanceFx. de sensibilidadeLimite Rs

Rs3.031.240 3.410.145 3.789.050 4.167.954 4.546.859

Rs -20% -10% 0% 10% 20%494.403 -20% -1.032.943 -1.276.046 -1.522.134 -1.770.557 -2.020.464556.204 -10% -613.637 -856.740 -1.099.843 -1.342.946 -1.586.049618.004 0% -194.332 -437.435 -680.537 -923.640 -1.166.743679.804 10% 224.974 -18.129 -261.232 -504.335 -747.438741.605 20% 644.280 401.177 158.074 -85.029 -328.132

Rs3.031.240 3.410.145 3.789.050 4.167.954 4.546.859

% -20% -10% 0% 10% 20%64% -20% -405.022 -674.461 -943.901 -1.213.340 -1.482.77972% -10% -299.677 -555.948 -812.219 -1.068.490 -1.324.76180% 0% -194.332 -437.435 -680.537 -923.640 -1.166.74388% 10% -88.986 -318.921 -548.856 -778.791 -1.008.72596% 20% 16.359 -200.408 -417.174 -633.941 -850.708

%64% 72% 80% 88% 96%

% -20% -10% 0% 10% 20%3,20% -20% -902.099 -765.193 -628.286 -491.379 -354.4733,60% -10% -922.883 -788.575 -654.266 -519.957 -385.6494,00% 0% -943.901 -812.219 -680.537 -548.856 -417.1744,40% 10% -965.149 -836.123 -707.098 -578.072 -449.0464,80% 20% -986.626 -860.285 -733.944 -607.603 -481.262

Razão da dívida

Razão da dívida

Valor Presente Líquido (VPL)20%

Custos iniciaisCusto combustível - caso de referência

Custos iniciais

Taxa de juros da dívida

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