anuario80_juliomelatti

Upload: ellen-f-gusa

Post on 11-Oct-2015

18 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • A Etnologia das Populaes Indgenas do Brasil, nas duas ltimas Dcadas

    Ju l io C e z a b M e l a t t i

    Parece que o desenvolvimento da Etnologia no Brasil est intimamente relacionado com a evoluo do ensino universitrio. Num trabalho hoje clssico, Tendncias tericas da moderna investigao etnolgica no Brasil (republicado em Investigao etnolgica no Brasil e outros ensaios. Petrpolis: Vozes, 1975), Florestan Fernandes (p. 119), por exemplo, faz a distino entre o primeiro quartel do corrente sculo, caracterizado, sobretudo, pelas realizaes de pesquisadores estrangeiros, e um perodo seguinte, quando surgem certas possibilidades de desenvolvimento autnomo do ensino e da pesquisa da Etnologia no Brasil. E aponta como motivos dessa transformao a introduo do ensino de Cincias Sociais nas universidades e a contratao de professores estrangeiros para oferec-lo; e ainda o aproveitamento de etnlogos na direo de instituies de pesquisa ou de carter indigenista. No referido texto, Fernandes faz uma avaliao da produo etnolgica desse segundo perodo. Curiosamente, na poca em que o publicou pela primeira vez, na revista Anhembi (1956-1957), comeava a se delinear um terceiro perodo na histria da Etnologia no Brasil.

    De fato, a partir de 1955, realizaram-se umas poucas vezes no Museu do ndio e, a partir de 1960, no Museu Nacional, cursos de especializao que seriam os precursores dos modernos cursos de ps-graduao em Antropologia, a comear pelo do Museu Nacional, criado em 1968. Ou melhor, nesse perodo, comeam a se conjugar pesquisa e ensino, tanto nos museus e institutos, que at ento se dedicavam, principalmente, pesquisa, como nas universidades, que lidavam, sobretudo com ensino, uma simbiose que havia ocorrido, at ento, somente na Universidade de So Paulo. Esses cursos de especializao e, sobretudo, os de ps-graduao contribu-

    253

  • ram para estimular e ampliar a produo etnolgica no Brasil. No podemos nos esquecer, por outro lado, que a contribuio de pesquisadores estrangeiros continuou; alguns se fizeram notar pela mera realizao de seus projetos particulares; mas outros mostram sua presena com uma maior vinculao com instituies brasileiras e/ou pela formao de pesquisadores brasileiros em suas instituies de origem.

    Mas, no que diz respeito, especificamente, Etnologia das populaes indgenas, no se pode atribuir seu atual desenvolvimento, exclusivamente, a uma influncia direta dos cursos de ps-graduao. Afinal de contas, das setenta dissertaes de Mestrado apresentadas no Museu Nacional at o presente ano, apenas cinco ou seja, uns sete por cento se referem a indgenas. Das vinte e oito defendidas na Universidade de Braslia, somente seis portanto, uma porcentagem um pouco maior, de vinte e um por cento. No tenho as percentagens dos outros cursos. Mesmo no que se refere a teses realizadas em universidades estrangeiras, nesse perodo, por alunos brasileiros, a percentagem parece ser pequena, pois apenas trs se referem a grupos tribais (GOMES, 1977; MATTA, 1976; RAMOS, 1972). De qualquer modo, a Etnologia Indgena deve ter se beneficiado, indiretamente, com a criao da ps-graduao, pois vm concorrendo para melhorar o nvel dos cursos de graduao, bem como estimulando a publicao de tradues de textos importantes para orientar o estudo de sociedades tribais (sobretudo na dcada dos Setanta, ao contrrio da dcada dos Sessenta, que foi um perodo de traduo de manuais).

    A poca da criao do primeiro curso moderno de ps- -graduao em Antropologia foi, tambm, a da devassa no antigo SPI e conseqente criao da FUNAI, quando inmeras denncias apareceram no noticirio dos jornais. A partir de ento, os problemas indgenas passaram a freqentar as pginas da imprensa de maneira mais assdua. Tenho a impresso de que isso, em parte, se deve ao menor controle da censura sobre o noticirio referente aos temas indgenas do que ao concernente a outros problemas sociais, talvez considerados menos incuos. Sem dvida, essa ateno da imprensa contribuiu para a formao de um pblico mais alerta para os temas referentes aos ndios, culminando com a criao de entidades no-governamentais de apoio aos ndios hoje em nmero de, pelo menos dezesseis em todo o Brasil e com a mobilizao dos prprios indgenas e ainda com o interesse pelo estudo de grupos indgenas por parte de pesquisadores ligados a disciplinas no antropolgicas.

    254

  • De qualquer modo, a quantidade de pesquisas de carter etnolgico, ou de interesse para a Etnologia, bastante expressiva. Consultando uma lista de autorizaes de pesquisa elaborada na Diviso de Estudos e Pesquisas, na FUNAI, cobrindo os anos de 1974 a 1980, foi possvel identificar oitenta e seis projetos, dos quais sessenta e nove desenvolvidos por pesquisadores brasileiros (ou radicados no Brasil) uns oitenta por cento e dezessete por estrangeiros vinte por cento , para falar apenas daquelas que ainda no chegaram a um resultado acabado (indicadas, daqui por diante, com a abreviao and., isto , em andamento).

    Esses nmeros nos mostram que a situao de hoje muito diferente daquela de uns vinte anos atrs, quando os etnlogos que se dedicavam aos ndios, para no dizer todos os antroplogos interessados no Brasil, constituam um pequeno grupo em que todos se conheciam. Hoje possvel identificar vrios grupos de pesquisadores, uns mais e outros menos definidos. Esses grupos se renem em torno de determinada linha temtica, orientao terica ou de ao, determinada rea, mas raramente em torno de determinada instituio. De fato, muito difcil classificar os grupos de pesquisadores por instituies, pois comum encontrarmos casos de etnlogos que se integram num projeto, formal ou tcitamente, numa instituio, mas utilizam os dados obtidos para redao de uma dissertao ou tese que apresentam em outra, ou, ento, que se transferem de uma instituio para outra, levando consigo seus interesses e projetos.

    possvel, de qualquer modo, classificar as instituies segundo a amplitude da rea geogrfica em que incidem seus projetos. Temos, assim, instituies de mbito nacional, comoo Museu Nacional, a USP, a UnB, a UNICAMP ou mesmo o CNRC (Centro Nacional de Referncia Cultural) e o Museu do ndio. Outras so de mbito regional, como o Museu Goeldi, cujos projetos incidem sobretudo no Par e no Amap. E h aquelas de mbito estadual, como a UFBa, a UFPr, a UFSC etc. Convm notar que, alm dessas instituies, a maioria delas mantidas pelo Governo, h tambm ordens religiosas que fazem pesquisas nas reas onde desenvolvem trabalho missionrio, como os Salesianos (Museu Dom Bosco, em Campo Grande, MS) e os Jesutas (Instituto Anchietano de Pesquisas, em So Leopoldo, RS).

    Na distribuio das pesquisas dessas duas ltimas dcadas em algumas linhas temticas, que farei a seguir, tentarei, sempre que possvel, identificar grupos de pesquisadores.

    255

  • 1 Organizao social e -poltica

    Nos anos que precedem 1960, David Maybury-Lewis inicia sua pesquisa com os Xavante, da qual resultou sua tese de doutorado na Universidade de Oxford, posteriormente retra- balhada e publicada (MAYBURY-LEWIS, 1967). Essa pesquisa serviu, tambm, de estmulo ao pesquisador, uma vez instalado em Harvard como professor, para desenvolver, em convnio com o Museu Nacional, da UFRJ, um projeto mais amplo, sobre os ndios do Brasil Central, especialmente os J, no qual trabalhariam pesquisadores de ambas as instituies. A realizao do projeto permitiu a redao de vrias teses de doutouramento, sobre os Kayap (TURNER, 1966), os Krin- kat (LAVE, 1967), os Borro (CROCKER, 1967) os Apinay (MATTA, 1976), os Krah (MELATTI, 1970), todas apresentadas em Harvard, com exceo da ltima, alm de um volume comparativo recentemente publicado (MAYBURY-LEWIS, org., 1979). Nos Estados Unidos, os alunos de Harvard que participaram do projeto se dispersaram por diferentes universidades, aps obterem o doutorado. Um deles, Terence Turner, tendo-se instalado em Chicago, parece estar dando continuidade ao projeto (que talvez j no mais exista de maneira formal), incentivando outros doutoramentos em sociedades J: sobre os Suy (SEEGER, 1974), os Xoklng (URBAN, 1978), os Kreen Akarre (Etephan SCHWARTZ- MAN, and.). Outras pesquisas sobre grupos J, desenvolvidas por pesquisadores de lmgua inglesa, vm sendo desenvolvidas : A longa investigao sobe os Canelas que William Croker, que fez doutorado em Wisconsin (1962), vem desenvolvendo, at hoje, como pesquisador da Smithsonian Institution e as pesquisas sobre os Erikptsa (HAHN, 1976), os Kreen-Akarre (HEELAS, 1979), os Borro (LEVAK,1971), os Karaj (DONAHUE, and.) os Kayap (Donald HUNDERFUND, and.). Na Europa, uma pesquisadora francesa, que escreveu sobre os Kayap antes dos primeiros resultados do pro jeto Harvard- -Museu Nacional (DREYFUS, 1963) orienta um pesquisador belga que mantm mais intercambio com ele (VERSWIJVER), 1978). No Brasil, tanto na USP como na UNICAMP, desen- volveram-se pesquisas com intenso intercambio com pesquisadores do projeto Harvard-Museu Nacional e seus textos: sobre os Borro (VIERTLER, 1976), os Xikrn (VIDAL, 1977), os Krah (CARNEIRO DA CUNHA, 1978; Gilberto AZANHA, and.); os Xavnte (SILVA RIBEIRO, 1980). Como alheios ao projeto, podemos citar os ltimos resultados das pesquisas que, h vrias dcadas, os Salesianos vm desenvolvendo entre

    256

  • os Borro (ALBISETTI fe VENTURELLI, 1962), e, mais recentemente, com os Xavnte (GIACCARIA & HEIDE, 1972).

    Alguns pesquisadores indiretamente ligados ao projeto Harvard-Museu Nacional realizaram suas pesquisas no Xingu, estudando os Suy (SEEGER, 1974), que so tambm J, e os Txiko (MENGET, s.d.), que so Karb. Outros pesquisadores tambm desenvolveram, recentemente, estudos nesta rea sobre os Jurna (OLIVEIRA, 1970), Kalaplo (BASSO, 1973), Awet (ZARUR, 1975) Kamayur (JUNQUEIRA, 1975), Mei- nku (GREGOR, 1977), Yawalapit (VIVEIROS DE CASTRO,1977). Este ultimo pesquisador, juntamente com Seeger e Matta, tem chamado a ateno para o fato de o estudo dos J ter mostrado a importncia de um outro enfoque para as sociedades indgenas do Brasil Central, centrado na noo de pessoa, distinto da orientao inglesa desenvolvida, sobretudo, nos estudos africanos, com que se havia iniciado o projeto Harvard-Museu Nacional. Algumas comunicaes sobre esse tema foram reunidos no Boletim do Museu Nacional, m.s., Antropologia, n. 32, 1979. Enfim, o grupo, cada vez maior, que se iniciou a partir desse projeto tem, atravs desses anos, modificado sua orientao terica, bem como ampliado a rea geogrfica de seu interesse.

    O projeto Harvard-Museu Nacional tambm inclua uma pesquisa entre os Nambiquaras, por Cecil Cook, que no chegou a se completar. Mas P. David Price, que tinha contato com os participantes do projeto, realizou-a, elaborando uma tese apresentada Universidade de Chicago (PRICE, 1972). Outra pesquisa realizada na regio foi sobre um grupo Paka Nova (MASON, 1969).

    Na regio vizinha, mais ao norte, no mdio Madeira, foi desenvolvida uma pesquisa sobre os Parintintn (KRACKE,1978) e est em andamento outra sobre os Mra Pirahn (Adlia Engrcia de OLIVEIRA, and.). H outra em andamento sobre os Suru e Cinta Larga (Carmem JUNQUEIRA e Betty LAFER, and.), nos altos afluentes do mdio Madeira.

    Uma rea que vem suscitando muito interesse nos ltimos anos a dos Yanoma. Para citar apenas aquelas realizadas do lado brasileiro da fronteira, temos a de Hans BE- CHER (1960), a de Alcida RAMOS (1972), a de Judith SHAPIRO (1972) e a de Bruce ALBERT (and.), alm das informaes presentes no depoimento tomado por BIOCCA (1965).

    Na regio vizinha do norte do Par, temos uma tese apresentada Universidade de Colmbia sobre os Wayna (LA-

    257

  • POINTE, 1970) e outra sobre o Waiwi na Universidade de Copenhaguen (FOCK, 1963).

    Na regio do rio Negro, Peter SILVERWOOD-COPE, atualmente trabalhando na UnB, continua a pesquisa com os Mak do lado brasileiro, aps ter feito tese de doutoramento em Cambridge sobre os Mak do lado colombiano (1972). Tambm sobre os Mak, do lado brasileiro, h a pesquisa de Howard REID (1979).

    Perto da fronteira com o Peru, em tributrios do rio Javar, Delvair Montagner Melatti e eu temos em andamento uma pesquisa com ndios Marbo.

    digno de nota registrar um outro estudo comparativo que se realizou no perodo em questo. Trata-se do estudo da organizao social dos atuais grupos Tupi, de Roque Laraia, apresentado como tese de doutoramento na USP (LARAIA,1972), baseado em dados colhidos por ele entre os Suru, Asu- rin (Akuwa), Kmayur e Kaapr. Este, juntamente com o citado trabalho sobre os Parintintn (KRACKE, 1978), dois sobre os Munduruk (MURPHY, 1972 e MURPHY e MURPHY, 1974), o retorno aos Munduruk por um aluno de Robert Murphy (Steve Brian BURKALTER, and.) e um trabalho em andamento sobre os Tenetehra (Las CARDIA, and.) so os poucos trabalhos referentes organizao social dos grupos Tupi realizados nos ltimos anos.

    Alis, os trabalhos do casal Murphy e de Las Cardia se dispem numa nova linha temtica que comea a se desenvolver dentro dos estudos da organizao social: aqueles que se preocupam em discutir a hierarquia homem/mulher nas sociedades tribais. Incluem-se na mesma temtica a citada pesquisa a se iniciar entre os Kreen Akarre (SCHWARTZ- MAN, and.), uma sobre os Xavnte (Helena Fanny RICARDO, and.) e uma que Virgnia Valado pretende realizar sobre uma lder Temb; as duas ltimas esto ligadas UNICAMP.

    Enfim, com elao ao tema organizao social e poltica, as reas que receberam mais ateno foram a dos cerrados do Centro-Oeste e o Sudeste Amaznico, inclusive o alto Xingu. Naquelas regies em que as formas tradicionais de organizao social j no mais vigoram, como o Brasil Sul, o Leste, o Nordeste, trabalhos desse gnero constituem exceo. Dentre as reas menos estudadas, no que se refere a este tema, est o Sudoeste Amaznico, sobretudo a bacia do Javari, Rondnia e as reas vizinhas deste. O Acre, que se inclui nessa regio, talvez no mais oferea exemplos de organizao tradicional.

    258

  • 2 Mitologia e ritual

    Esta linha temtica est intimamente relacionada com a anterior, uma vez que, dificilmente, um etnlogo se dirige ao campo com o fim exclusivo de observar ritos ou colecionar mitos. Geralmente o pesquisador utiliza os mitos e os ritos como janelas por onde pode obter novos ngulos de observao do sistema social.

    Sem dvida, j existia uma tradio brasileira de estudo de mitos representada, principalmente, pelo trabalho de Egon Schaden, A mitologia herica de tribos indgenas do Brasil: ensaio etno-sociolgico, editado a primeira vez em 1945, e o de Darcy Ribeiro, Religio e mitologia Kadiwu, de 1950. Mas, no perodo a que me estou referindo, um dos mais importantes trabalhos sobre mitos que envolve tribos brasileiras (My- thologiques, principalmente seus trs primeiros volumes (LVI-STRAUSS, 1964, 1966 e 1968) e que, sem dvida, serve de estmulo aos etnlogos que se dedicam aos grupos indgenas do Brasil. Naturalmente, alguns desses trabalhos so de anlise, enquanto outros mais se aproximam da simples coleo. Nota-se, outra vez, que as regies que mas ateno tiveram foram os cerrados do Centro-Oeste e o alto Xingu. Referentes ao cerrados e suas vizinhanas, temos os trabalhos sobre os Borro (ALBISETTI & VENTURELLI, 1979; Renate VIE- TLER, and.), Xavnte (GIACCARIA & HEIDE, 1975a e 1975b; Maria Aracy da SILVA RIBEIRO, and.), os Kayap (TURNER, ms.; LUKESCH, 1976), Timbra (artigos de MATTA, em Ensaios de Antropologia Estrutural, Vozes, e de MATTA e de MELATTI em Mito e Linguagem Social, Tempo Brasileiro). Quanto ao Xingu, os trabalhos sobre os Kamayur (AGOSTINHO DA SILVA, 1974b; LARAIA, tambm em Mito e Linguagem Social, (VILLAS BOAS & VILLAS BOAS, 1970, que tambm inclui mitos Jurna; Etienne SAMAIN, and.), Ka- yab (Miguel Pedro Alves CARDOSO, and.), Truma (MO- NOD-BECQUELIN, 1975). Por conseguinte, no Xingu, so os Kamayur os mais procurados pelos interessados em mitologia. Fora dessas duas reas, os trabalhos sobre mitos so poucos: o de NUNES PEREIRA (1967) incide, principalmente, sobre os grupos dos cerrados de Roraima, do rio Negro, do alto Solimes, do mdio e baixo Madeira. H um trabalho, que parece ser de gabinete, mas inspirado em Lvi-Strauss que aborda, sobretudo, o alto rio Negro (Silvia de CARVALHO,1979); sobre esta regio h, tambm, uma pesquisa sobre a cosmologa Mak, de Peter SILVERWOOD-COPE, publicada no Anurio Antropolgico/78. digna de nota, ainda no que

    259

  • se refere a essa regio, a coleo de mitos publicada por dois ndios Desna (UMSIN PANLN KUMU & TOLAMN KENHRI, 1980). H, ainda, os trabalhos sobre os Erikptsa (PEREIRA, 1973), Irntxe (PEREIRA, 1974) e Nambiquaras (PEREIRA, 1976). Em andamento existe um trabalho sobre os Asurin (Anton LUKESCK & Carlos LUKESCH, and.) e a respeito da cosmologia Marbio (Delvair MONTAGNER ME- LATTI, and.). Nota-se uma certa preferncia dos pesquisadores missionrios pela coleta de mitos (ALBISETTI & VEN- TURELLI, GIACCARIA & HEIDE, LUKESCH e PEREIRA).

    No que tange aos ritos, que quase sempre so examinados em conexo com os mitos, as mesmas duas reas foram as privilegiadas pelos pesquisadores. Na regio Centro-Oeste, temos trabalhos sobre os Krah (CARNEIRO DA CUNHA, 1978; MELATTI, 1978), sobre os Kayap (VIDAL, 1977; Gustaaf VERSWIJVER, and.), sobre os Borro (BLOEMER ,1980; Renate VIERTLER, and.), sobre os Karaj (Odilon de SOUSA FILHO, and.) e sobre as corridas de toras em suas vrias manifestaes, do Nordeste antigo atual regio Centro-Oeste (STALE, 1969). Na rea do Xingu, h um trabalho sobre o Kuarp entre os Kamayur (AGOSTINHO DA SILVA, 1974a). Em outras reas, h um trabalho sobre os Munduruk (MURPHY, 1958), nos incios do perodo em questo, e uma pesquisa em andamento, sobre os rituais de puberdade, de guerra e de morte entre os Yanoma (Bruce Albert, and.).

    3 Relaes com o meio ambiente

    Sem dvida, o trabalho mais popular sobre este tema o da arqueloga Betty MEGGERS (1977) sobre a Amaznia, devido sua traduo para o portugus e ao interesse poltico-econmico que essa regio inspira no momento. Mas se trata de um trabalho, em parte, apoiado numa bibliografia muito antiquada. Uma pesquisa mais cuidadosa, com dados colhidos especialmente para o projeto, segundo tcnicas previamente selecionadas para serem aplicadas por todos os seus participantes, aquele dirigido por Daniel GROSS (and.) e desenvolvido por orientandos seus na City University of New York, e uma brasileira, alm de um bilogo da Universidade de Braslia, em grupos J e nos Borro.

    Alm desses dois trabalhos que se referem a reas muito extensas, h outros de mbito mais local e que podem ser classificados segundo seu interesse na fauna, na flora, nos recursos alimentares, nas plantas medicinais. No que tange fauna, temos um trabalho geral (Claude DOMUNIL, and.), um sobre

    260

  • os Apalai (Fernando da Costa NOVAES, and.), outro sobre os Kayao (POSEY, 1979) e ainda outro sobre os Yanoma (TAYLOR, 1974). Quanto flora, alm de um trabalho que abrange vrios grupos (Claude DUMENIL, and.), h outros mais especficos sobre os ndios do Xingu (Margareth EMMERICH, and.), os Borro (HARTMANN, 1967), os ndios dos cerrados de Roraima (Edileusa SETTE SILVA & outros, and.). No que tange a recursos alimentares de carter agrcola, h pesquisas sobre os Kayap (Eric CRAVERO, and.), uma prevista para ser realizada por Hamilton Santos, aluno de Agronomia da UnB, entre os Krah, uma outra sobre o fumo, o guaran e o mate, respectivamente entre os Guajajra, os Maw e os Kaingng (Anthony HENNMAN, and.). No que tange aos recursos alimentares de origem animal, est se realizando uma pesquisa no Uaups (Janet CHERNELA, and.) sobre a relao entre alta densidade demogrfica e um sistema de pesca intensiva que parece se ter reorientado para o estudo da organizao social dos Wanna. Ainda sobre ecologia alimentar, h um trabalho sobre os Nambiquaras e Pa- res (Elenoe SETZ, and.). Com respeito s plantas medicinais, h trs pesquisadores interessados nos Kaiw (Wilson GARCIA, and.; Maria Ftima ROBERTO, and. e Joana SILVA, and.), um da USP e duas da UNICAMP, talvez realizando o mesmo trabalho. H ainda um trabalho sobre medicina entre os Suru de Rondnia (Carlos COIMBRA JR. & Everaldo ALVAREZ, and.), mas no sei se trata de plantas medicinais. Tambm no tenho informaes sobre o trabalho sobre adaptao ecolgica desenvolvido entre os Bakair (Debra PICCHI, and.). Convm notar que o projeto Harvard-Museu Nacional tambm incluiu uma pesquisa sobre as relaes dos Kayap com o ambiente (BAMARGER TURNER, 1967).

    Se tivesse mais informaes sobre essas numerosas pesquisas, a maior parte delas em andamento, talvez pudesse classific-las em dois grandes conjuntos. Um deles englobaria aquelas em que se considera o estado atual de cada sociedade indgena como resultante de modificaes scio-culturais ocorridas ao acaso e que, surpreendentemente, vieram a favorecer a perpetuao do sistema social no ambiente em que est instalada, em outras palavras, uma orientao que aplica o princpio da seleo natural s sociedades. No outro conjunto, se incluiriam aqueles estudos que levam em conta a classificao dos elementos ambientais e uma reflexo sobre eles pelos membros da sociedade. Entretanto, talvez a classificao tivesse de ser mais complexa, dada a presena de

    261

  • vrios especialistas de reas no antropolgicas engajados nessas pesauisas (CRAVERO; COIBRA & ALVAREZ; DU- MENIL; EMMERICH; NOVAES; SETZ; Hamilton SANTOS; Edileuza SILVA & outros).

    4 Arte, artesanato e tecnologia

    As pesquisas realizadas, ou em realizao, que se dispem nesta linha temtica, ora se aproximam daquelas tratadas no item anterior (relaes com o meio ambiente), ora nos dois primeiros itens (organizao social e poltica ou mitologia e ritual). Como a maioria delas ainda no est terminada, no me possvel classific-las segundo esses critrios.

    Parece que a maioria dos trabalhos dessa temtica se desenvolve nos cerrados da regio Centro-Oeste, prolongndole pelo alto Xingu e Rondnia. Nas outras regies, eles so em menor nmero.

    Alguns projetos so bastante extensos, como o realizado sob os auspcios do CNRC (George ZARUR, and.), tendo como objeto o artesanato dos indgenas da regio Centro-Oeste e desenvolvido com o auxlio de vrios colaboradores. Outro projeto que abrange uma ampla rea o referente ao artesanato do rio Negro, do Xingu, dos Karaj e dos Canelas, por pesquisadores da Universidade de Morn, na Argentina (Ana Bir STERN & Martha Teresita MANARINI, and.). Extenso, tambm, o projeto sobre o emprego social da tecnologia, que sc realiza no Xingu e entre os Tukna e os Karaj (Maria Heloisa FNELON COSTA, Joo Pacheco de OLIVEIRA FILHO, and.), tambm com a ajuda de vrios colaboradores. Outros, ainda que se refiram ao artesanato em geral, tm por objeto apenasum grupo tribal ou uma rea mais restrita. o caso das pesquisas sobre os Tiriy (FRIKEL, 1973), Wayna e Apalai (Lucia Hussak van VELTHEM, and.), grupos da regio do Tumucumaque e estudados por sucessivos pesquisadores do Museu Goeldi; dos Timbira e Guajajra, grupos vizinhos estudados por uma mesma pesquisadora (NEWTON, 1971 e and.), que participou do projeto Harvard-Museu Nacional; dos Xikrn (Irmeli Mar jata SUVOLA, and.), dos Borro (Tefilo TORRONTEGUI & Arieta TORRONTEGUI, and) e Maxakal (Neli Ferreira NASCIMENTO, and.), sendo que, pelo menos as duas ltimas, esto sendo realizadas por alunos de ps-graduao da USP.

    H, tambm, aqueles projetos que se referem apenas a determinado tipo de artesanato ou tecnologia, como os sobre

    262

  • habitaes e aldeias, um deles de carter prtico e realizado por um no-etnlogo, em Rondnia, sobre os Paka Nva, Karitina, Cintas Largas, Suru, Arara (Paulo Barbosa MAGALHES, and.) com ajuda de alguns colaboradores. Outro, tambm sobre os Paka Nva, por um pesquisador da UNICAMP (Omar Landi SANTOS and.); e ainda um terceiro sobre o Xingu, pelo Museu do ndio (Cristina S & outros, and.).

    H algumas pesquisas sobre cestaria dos ndios do Xingu e do Brasil em geral (Berta RIBEIRO, 1979 e 1980), dos Ka- raj (Edna de MELO, and.).

    Quanto cermica, h uma em dsenvolvimento sobre os Waur (COELHO, and.). As bonecas Karai so objeto de, pelo menos, dois estudos (Gnther HARTMANN, G., 1973 e FNELON COSTA, 1978). Alis, um deles, o de Maria Heloisa Fnelon Costa, no se refere apenas a bonecas, mas a outras formas de expresso artstica e aos artistas que as mantm.

    A cozinha indgena focalizada em dois trabalhos, um mais geral, de NUNES PEREIRA (1974) e outro sobre os Wayna, quase todo redigido por SCHOEPF (1979).

    O uso do arco e da flecha foi obieto de um estudo geral de HEATH, um arquiteto ingls, juntament com CHIARA, antroplogo que pertenceu ao quadro do Museu Paulista (1977). J o curare usado no norte e nordeste da Amaznia recebeu uma especial ateno de VELLARD (1965).

    A plumaria, aue foi tratada de modo cuidadoso, no caso dos Kaapr, por RIBEIRO & RIBEIRO (1957), parece que, atualmente, s obieto de uma pesquisa, desta vez com os Borro (FERRARO DORTA, 1978).

    A pintura corporal tambm no tem receMdo muita ateno, podendo-se citar apenas os trabalhos de Regina MLLER sobre os Xavnte (1976) e em andamento sobre os Asurni; e, ainda, sobre os Kadiwu e Yawalapit (Sandra WELLINGTON, and.). O mesmo se pode dizer de estudos sobre linguagem corporal, havendo um em andamento sobre os Xavnte (Virgina VALADO, and.).

    Um tema que tem tomado impulso nos ltimos anos o da msica indgena. Recentemente foi publicado um trabalho geral, fruto de muitos anos de pesquisa de gabinete (CAMU,1977). Quanto a trabalhos realizados no campo, temos aqueles sobre os Xavnte (AYTAI, 1976), os Kamayur (BASTOS,1978), os Kayab (Elizabeth LINS, and.), os Suy (Anthony SEEGER, and.), os Nambiquaras (Thomas AVERY & Kristen AVERY, and.; tambm estudados por AYTAI).

    263

  • 5 Contato intertnico

    O perodo em questo se inicia com uma reorientao das pesquisas sobre aculturao, marcada pela publicao de importantes trabalhos de Darcy Ribeiro (1957, 1962), posteriormente refundidos no volume Os ndios e a civilizao (RIBEIRO, 1970). Mas foi nos cursos de especializao oferecidos no Museu Nacional, nos incios da dcada dos Sessenta, que se forma um grupo em torno do proieto Estudo de reas de Frico Intertnica no Brasil , de Roberto Cardoso de Oliveira, gerando trabalhos sobre os Tukna (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1972), os Suru, Akuwa e Gavies (LARAIA & MATTA, 1978), os Krah (MELATTI, 1967 e 1972). Posteriormente, novos alunos do Museu Nacional se engajaram em pesquisas, de certo modo, ligadas a este projeto, produzindo trabalhos sobre os Xokleng e demais indgenas de Santa Catarina (Slvio Coelho dos SANTOS, 1960 e 1973), sobre os Kaingng e Guarani do Paran (HELM, 1974 e 1977).

    As pesquisas orientadas pela noo de frico intertnica sofreram duas sortes de deslocamento. Um deles, espacial, foi uma difuso para outras instituies: alunos dos cursos de especializao do Museu Nacional retornaram a suas instituies de origem, para elas levando a nova orientao (para a UFSC, a UFPr, o Museu Goeldi, a Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Marlia). Por outro lado, trs pesquisadores do Museu Nacional, entre os quais o prprio Cardoso de Oliveira, passaram para o quadro da Universidade de Braslia, a incentivando pesquisas com essa orientao.

    O outro deslocamento se fez no nvel da teoria. Um dos desdobramentos dos estudos de frico intertnica foram as pesquisas sobre campesinato indgena no Nordeste (AMORIM, 1970/71 e and.) e, sem dvida, a permanncia dos pesquisadores nas vilas e cidades prximas s aldeias indgenas, onde desenvolviam pesquisas sobre contato, parece ter estimulado o desenvolvimento de projetos camponeses no-ind- genas, bem como outras formas de trabalhadores rurais. A deve estar a raiz do projeto sobre as regies Nordeste e Cen- tro-Oeste elaborado no Museu Nacional e desenvolvido com a ajuda dos primeiros alunos do Programa de Ps-graduao. Por outro lado, o trabalho com as pesquisas sobre frico intertnica conduziu Roberto Cardoso noo de etnia, aos problemas de manipulao da identidade" (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1976b), o que ocorreu, mais ou menos, no perodo em que se transferia para a UnB. Esse enfoque complementar teve influncia em vrias dissertaes de mestrado apresen

    264

  • tadas nesta ltima instituio, no tanto na relativa aos Tukna (OLIVEIRA FILHO, 1977), porm mais naquela sobre as relaes entre os Guarani e os Kaingng (PIRES, 1975), dentro do contexto do contato com os civilizados; noutra, referente aos Bakair (BARROS, 1977); bem como na referente aos Kaxinaw (AQUINO, 1977). Tenho a impresso de que esses trabalhos foram, de certo modo, facilitados pela existncia de disciplinas ligadas Antropologia Cognitiva, ento oferecidas na UnB, pois, sem dvida, as distines tnicas no deixam de estar relacionadas a sistemas de classificao. As pesquisas para dissertao mais recentes desenvolvidas na mesma instituio, ainda que orientadas segundo a noo de frico intertnica, no parecem dar tanto peso identidade tnica, ainda que no a ignorem. Trata-se daquelas sobre a escola entre Galib e Karipna (Eneida de ASSIS, and.), os ndios do rio Negro (Ana Gita de OLIVEIRA, and.) e os Pu- koby (Maria Helena BARATA, and.). A ltima, por sua vez, parece se valer do social drama para compreender a situao estudada. O Museu Nacional continuou a manter a tradio das pesquisas de contato intertnico, como o atestam aquelas sobre os Apinay (Jos Reginaldo Santos GONALVES, and.), os Txukahami (Vanessa LEA, and.), os Xok Karir (Vera CAVALHEIROS, and.), os Kaingng do Rio Grande do Sul (Ligia SIMONIAN, and.).

    Alguns trabalhos referentes ao contato, ultimamente desenvolvidos, privilegiam uma abordagem econmica. Seria o caso de uma tese sobre os Ternia de So Paulo (Edgard de Assis, CARVALHO, 1979) e de outra sobre os Guajajra (GOMES, 1977). J os desenvolvidos no mbito da UFBa temperam a abordagem econmica com uma orientao ecolgica, como as teses sobre os Patax (Maria Rosrio de CARVALHO, 1977) e sobre os Tux (NASSER, 1975). Dos pesquisadores estrangeiros, ASPELIN (1975) quem sublinha aspectos econmicos do contato, em sua tese sobre um grupo Nambiquara.

    As pesquisas a respeito da situao dos ndios que vivem em cidades tm incio com o trabalho desenvolvido entre os Terna, numa pesquisa de campo que tambm serviu de exerccio para a turma de alunos do primeiro curso de especializao do Museu Nacional (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1968). Recentemente uma dissertao de Mestrado na UnB (PENTEADO, 1980) props-se reexaminar a situao dos Terna citadinos, quase vinte anos aps aquela pesquisa, acrescentando, tambm, o caso de um grupo boliviano de origem indgena radicado em Corumb. Est em seus incios uma pesquisa sobre os imigrantes indgenas de Manaus e outras cidades

    265

  • amaznicas, sob a direo de Roberto Cardoso de Oliveira e que inclui pesquisas sobre os Apurinn (Marcos Lazarin), Tukno (Leonardo Figoli) e Maw (Jorge Romano).

    Algumas pesquisas tm tomado como foco a escola entre os indios, como a referente aos Karipna e Galib (ASSIS, and.), j citada, a referente aos indios de Santa Catarina (Silvio Coelho dos SANTOS, s.d.) e aquela concernente educao bilnge dos Karaj e Xavnte, uma tese da rea de Educao (TSUPAL, 1978).

    Ligados, ou no, ao exame da atividade escolar, esto aqueles trabalhos decorrentes de uma crescente preocupao com a atividade missionria. Um deles examina a ao jesutica no sculo XVI (BATA NEVES, 1978); outro, a situao dos ndios do Tumucumaque (CORTEZ DE SOUZA, 1977); ambos foram dissertaes de Mestrado do Museu Nacional. Por outro lado, Cludia Meneses desenvolve, com o patrocnio do Museu do ndio, um programa de pesquisas sobre o trabalho missionrio entre os Xavnte (Clarice da MOTA & outros, and.) e entre os Irntxe, Erikptsa e Pares (Sonia Coqueiro GARCEZ & outros, and.). H uma pesquisa em desenvolvimento na UnB referente ao missionria no rio Negro (Ana Gita de OLIVEIRA, and.).

    Com relao poltica indigenista, temos os trabalhos sobre a regio de Rondnia (GRAJEVE, 1976) e sobre o Xingu (Ellen FISCHER, and.). H, tambm, trabalhos sobre a histria dessas reaes em todo o Brasil: no sculo XVI e parte do seguinte (THOMAS, 1968), no sculo XIX (MOREIRA NETO, 1971) sobre a situao atual (DAVIS, 1978) e um trabalho mais geral (HEMMING, 1978).

    Nos trabalhos sobre contato intertnico se nota uma ntida predominncia dos pesquisadores brasileiros, ou radicados no Brasil, sobre os estrangeiros, que mostram uma visvel preferncia pelo estudo das sociedades tribais menos afetadas nas suas tradies. No que tange aos pesquisadores norte-americanos, os estudos de contato intertnico parecem estar muito ligados figura de Charles Wagley, que estimula esse tipo de pesquisa nas universidades em que se instala: primeiro em Colmbia (MURPHY, 1960) e depois na Flrida (Judith LI- SANSKI, and.). O j citado projeto de Daniel GROSS (and.) tambm envolve os problemas de contato. Poucos, tambm, so os ingleses interessados no contato, ocorrendo-me apenas uma pesquisa sobre os ndios do Acre (Anthony GROSS, and.). Os trabalhos sobre contato desenvolvidos na Itlia se apiam em relaes dos pesquisadores com missionrios: um, sobre os Yanoma, tem carter psicolgico (PONZO, 1967) e outro,

    266

  • sobre os Xavnte, tem orientao aculturativa (GUARIGLIA,1973).

    Uma outra categoria de estudos sobre contato examina as relaes entre diferentes grupos tribais, um tipo de pesquisa em que Eduardo Galvo (1979) foi pioneiro, com seus artigos sobre a rea do rio Negro e a do alto Xingu. Sobre esta ltima rea, est em andamento um projeto liderado por Anthony Seeger, do Museu Nacional, que toma os Suy como foco de uma rede intertribal de que participam os Kayab (Miguel CARDOSO, and.), os Waur (Marco Antonio MELLO, and.), os Txukahami (LEA, and.). Por sua vez, a USP tem uma pesquisa em andamento na fronteira Amap/Par sobre as relaes dos Oyamp com os Wayna e os Aparai (Dominique GALLOIS, and.). Alcida Ramos (1980) reuniu num volume, Hierarquia e Simbiose, alguns artigos sobre relaes in- tertribais: entre os Mak e os Tukno, entre os Yanoma e os Mayongng e entre os Kaingng e os Guarani, textos em que contou com a colaborao de Peter Silverwood.-Cope, Maria Ligia Moura Pires, Ana Gita de Oliveira e o ndio Mayongng Joo Koch.

    Recentemente, em algumas pesquisas que parecem ter por objeto, tambm, relaes intertribais, tem aparecido o termo etno-histria. Nessa linha, que ainda no sei caracterizar, esto se realizando pesquisas entre os Terna (Beatriz BUS- CHINELLI, and.), os ndios de Minas Gerais (Sonia MARCA- TO, and.), alto Xingu (Nobue MYAZAKI, and.). No sei se tambm podem ser includos nessa orientao os trabalhos desenvolvidos entre os Kawahb (Miguel MENENDEZ, and.) e os Kaapr Virginia VALADAO, and.), da USP e da UNICAMP, respectivamente, alm daquele sobre os Munduruk (Jos Svio LEOPOLDI, and.), em Oxford.

    6 Antropologia da Ao

    Nos ltimos anos estamos presenciando algo novo que o esforo de alguns etnlogos em no se limitar ao trabalho puramente acadmico, ou simples denncia da situao indgena, mas em oferecer seus servios aos grupos tribais, sobretudo aqueles em que desenvolveram ou desenvolvem trabalhos de pesquisa. Assim, surgiram os projetos desenvolvidos por Kenneth Taylor para os Yanoma, por David Price para os Nambiquaras, por Peter Silverwood-Cope para os indios do rio Negro. Entre os antroplogos brasileiros, trabalham, ou trabalharam, com os mesmos objetivos, Vilma Chiara para os Krah, Terri Valle de Aquino para os Kaxinaw, Joo Pacheco

    267

  • de Oliveira Filho para os Tukna e um grupo de alunos de ps-graduao da USP para os grupos indgenas que tm como plo de articulao a cidade de Marab (Xikrn, Gavies, Su- ru), alm dos Krah. O que caracteriza esses projetos o trabalho em comum com os indgenas; em outras palavras, os etnlogos no se limitam a oferecer solues aos ndios, mas procuram formul-las por intermdio da discusso direta com eles e se esforam por sua realizao com ajuda deles. Esses projetos, de um modo geral, visam demarcao das terras tribais, bem como reconquista da autonomia tribal, quanto ao planejamento, o gerenciamento e utilizao da produo da reserva indgena. H resumos de alguns desses projetos num pequeno volume da FUNAI (1975); sobre sua experincia no Projeto Tukna, Joo Pacheco de Oliveira Filho publicou um artigo no Boletim do Museu Nacional, m.s., Antropologia, n. 34,1979; e sobre a situao dos Yanoma existe um volume do International Work Group for Indigenous Ajjairs (ARC/IWGIA/SI, 1979).

    Acredito que trabalham numa mesma orientao vrios dos antroplogos da FUNAI, no exerccio de suas funes, nos seus trabalhos de delimitao das reas indgenas.

    Os Cursos de Indigenismo, criados para a formao de chefes de Postos, ministrados pela FUNAI com a colaborao de etnlogos da UnB, tm contribudo, apesar de seu carter sumrio e espordico, para a formao de uma nova mentalidade entre os funcionrios indigenistas e, sem dvida, para que vrios deles comecem a se preocupar com os efeitos de seus atos e omisses na direo dos postos e a se disporem a uma tentativa de trabalhar em comum com os membros dos grupos indgenas junto aos quais desempenham suas funes.

    BIBLIOGRAFIA

    LIVROS E/OU TESES (1960-1980)

    Observao: A sigla CBT, seguida de volume, pgina e nmero de registro, indica que a pesquisa est includa no Catlogo do Banco de Teses do CNPq e MEC.A sigla BIB, seguida de fascculo e pgina, indica que a pesquisa est registrada no B o letim. In fo rm a tivo e B ib liogr fico de C inc'as Sociais, suplemento da revista Dados.No caso de teses j publicadas, se indicar o ttulo e edio mais recente.

    268

  • AGOSTINHO D ASILVA, Pedro. K w arp : M ito e ritu a l no a lto X ingu . So Paulo, EPU e EDUSP, 1974a.

    ------------- . M itos e outras narrativas Kam ayur. Salvador, UFBa (Coleo Cincia e Homem), 1974b.

    ALBISETTI, Csar & VENTURELLI, Angelo Jaime. Enciclopdia B o rro. vol. 1. Campo Grande, Publicao do Museu Regional Dom Bosco, 1962.

    ------------- . Enciclopia Borro. Vol. 2. Campo Grande, Publicao doMuseu Regional Dom Bosco, 2, 1969.

    AMORIM, Paulo Marcos Pires de. ndios camponeses (os Potiguaras da Baa da Traio). Revista do Museu Paulista, n.s., vol. 19. So Paulo, p. 7-96. Mestrado MN., 1970/71.

    ANTUNES, Clovis. W akona K a rir i X u k u ru : aspectos sc io -a n tro - polgicos dos rem anescentes indgenas de Alagoas. Universidade Federal de Alagoas (Imprensa Universitria), 1973.

    AQUINO, Terri Valle de. K axinaw : de seringueiro caboclo" a peo "acreano". Mestrado UnB., 1977.

    ARC/iWGIA/SI. The Yanoam a in Brazil, 1979. Copenhagen: IW G IA Document 37, 1979. (Contm textos de Alcida Ramos, Kenneth Taylor e da Comisso para a Criao do Parque Yanomami), 1979.

    ASPELIN, Paul Leslie. Externa l a rticu la tion and domestic p ro d uction : the a rte fa ct trade o f the M am aid o f Northw estern M a to Grosso, Brazil. Cornell University (Latin American Studies Program; Dissertation Series, n. 58), 1975.

    AYTAI, Desidrio. O m undo sonoro Xavante. Livre-docncia PUC- -Campinas, 1976.

    BATA NEVES, Luiz Felipe. O com bate dos Soldados de Cristo na Terra dos Papagaios: co lon ia lism o e represso cu ltura l. Rio de Janeiro, Forense Universitria. Mestrado MN., 1978.

    BAM BERGER TURNER, Joan. E nvironm ent and cu ltu ra l classifica tion : a study o f N o rth e rn Cayap. Doutorado Harvard, 1967.

    BANDEIRA, Maria de Lourdes. Os K a riris de M irandela : um grupo ind igena integrado. Universidade Federal da Bahia (Estudos Baianos, 6 ), 1972.

    BARROS, Edir Pina de. K ra B akair/Kra Kar iw a: dois mundos em con fron to . Mestrado, UnB.. 1977.

    BASSO, Ellen B. The Kalapa lo Indians o f Centra l Brazil. New York. Holt, Heinhart and Wiston, 1973.

    BASTOS, Rafael Jos de Menezes. A m usicolgica Kam ayur : para um a antropolog ia da com unicao no a lto X in gu . Braslia, DEP- -DGPC -FUNAI. Mestrado UnB, 1976. BIB 4:20, 1978.

    BECHER, Hans. Die Surra an Pakidi, W ei Yanom m i Stam m e in Nordwest brasilien. Mit Anhang: ber die Sprache der Surra und Pakidi von Aryon DallIngna Rodrigues. Hamburg, Mittei- lungen aus den Museum fr Volkerkund in Hamburg, XXVI, 1960.

    BECKER, tala Irene Basile. O ndio Kaingng no Rio Grande do Sul. Pesquisas (Antropologia, 29). So Leopoldo, UNISINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas), 1976.

    BIOCCA, Ettore. Yanom a: dal raccon to di una donna rap ita dagli indi. Bari, Leonardo da Vinci, 1965.

    BLOEMER, Neusa Maria. Ita g a : alguns aspectos do funera l Borro. Mestrado USP., 1980.

    CAMU, Helza. In troduo ao estudo da msica ind gena brasileira. Conselho Federal de Cultura e Departamento de Assuntos Culturais, 1977.

    269

  • CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Urbanizao e triba lism o: a in - ttffrado dos ndios Terna num a sociedade de classes. Rio de Janeiro, Zahar. Doutorados USP, 1966, 1968.

    ------------. o nd io e o m undo dos brancos: a situao dos Tukna doa lto Solimes. So Paulo, Pioneira. (Ia. ed. 1964), 1972.

    ------------- . D o nd io ao bugre: o processo de assimilao dos Terna.Rio de Janeiro, Francisco Alves (la . ed.: 1960), 1976a.

    ------------- . Identidade etn ia e estrutura social. So Paulo, Pioneira,1976b.

    ------------- . A Sociologia do Brasil indgena. Rio de Janeiro: TempoBrasileiro; Braslia: Ed. UnB (la . ed.: 1972).

    CARNEIRO DA CUNHA, Maria Manuela L. Os m ortos e os outros: um a anlise do sistema funerrio e da noo de pessoa entre os ndios K rah. So Paulo, HUCITEC. Doutorado UNICAM P 1975. CTB 2:68, n. 55554; B IB 2:37, 1978.

    CARVALHO, Edgard de Assis. 4s alternativas dos vencidos: ndios Terna do Estado de So Paulo. Rio de Janeiro, Paz e Terra. Doutorado FFCL Rio Claro 1974, 1979.

    CARVALHO, Maria Rosrio G. de. Os Patax de B arra Velha : seu sistema econm ico. Mestrado UFBa., 1977.

    CARVALHO, Silvia Maria Schmuziger de. Jurupari: estudos de m ito log ia brasileira. So Paulo, Atica. Doutorado UEPJMF 1974. CTB 1:52, n. 577, 1979.

    CORTEZ DE SOUZA, Roberto Maria. O diaconato ind gena: a r t i- culaco tn ica no recncavo do Tum ucum aque brasileiro. Mestrado MN. CBT 3:61, n. 71706, 1977.

    CROCKER, Jon Christopher. T he social organization o f the Eastern Borro. Doutoramento Harvard, 1967.

    CROCKER, William Henry. A m ethod fo r deriving themes as applied to Canela Ind ian festiva l m aterials. Ann Arbor, Xerox Microfilms. Doutoramento, Wisconsin, 1962.

    DAVIS, Shelton H. Vtim as do M ila g re : o desenvolvim ento e os ndios do Brasil. Traduo. Rio de Janeiro, Zahar, 1978.

    DINIZ, Edson Soares. Os ndios M akuxi do R ora im a : sua instalao na sociedade nacional. Marlia, FFCL Marlia (Coleo Teses, 9). Doutorado FFCL Marlia, 1972.

    ------------- . Urna reserva indgena no cen tro-oeste paulista: aspectosae relaes in tertn icas e in tertriba is. So Paulo: USP (Coleo Museu Paulista Srie Etnologia, 3 ). Livre-docncia UEPJMF (Marlia) 1976, 1978.

    DREYFUS, Simone. Les Kayapo du Nord, ta t de Para B rsil: con tribu tion l tude des indiens G. Paris: Mouton & Co. (trad, para castelhano: Mxico: III, 1972), 1963.

    FNELON COSTA, Maria Heloisa. A arte e o artista na sociedade K ara j . Braslia: DEP-DGPC-FUNAI, Docncia Livre EBA-UFRJ1974, 1978.

    FERRARO DORTA, Sonia. P a rik o : e tnogra fa de um a rte fa to p lu m ario. Mestrado USP, 1978.

    FOCK, Niels. W aiwai: re lig ion an society o f an Am azonian tribe. Copenhagen, The National Museum, 1963.

    FRIKEL, Protsio. Os T ir iy : seu sistema adaptativo. Hannover, Volkerkundliche Abhandlungen, 5, 1973.

    FUNAI. P o ltica e ao indigenista brasileira. Brasilia, FUNAI/DGPC/ DEP, 1975.

    GALVO, Eduardo. E ncon tro de sociedades: ndios e brancos no Brasil. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979.

    270

  • GIACCARIA, Bartolomeu & HEIDE, Adalberto- X avante (Auwe U pta - b i: Povo A u t n t ic o ): pesquisa h is trico -e tnogr fica . So Paulo, Editorial Dom Bosco, 1972.

    ------------- . Jern im o Xavante con ta : m itos e lendas. Campo Grande,Museu Regional Dom Bosco, 1975a.

    ------------- . Jern im o X avante sonha: contos e sonhos. Campo Grande,Museu Regional Dom Bosco, 1975b.

    GOMES, Mrcio Pereira. The ethn ic survival o f the Tenetehara Indians o f M aranho, Brazil. Doutorado Univ., Florida, 1977.

    GRAEVE, Bernard von. P ro tective in te rven tion and in te re th n ic re la tions : a study o f dom ination on the B razilian fron tie r. Doutorado Univ. Toronto, 1976.

    GREGOR, Thomas. M eh inaku : the drama o f daily life in B razilian Ind ian village. Chicago and London, the University of Chicago Press, 1977.

    GUARIGLIA , Guglielmo. G li X avante in fase accu ltu ra tiva : una tribu del M a to Grosso riscopre e rinnova la sua cu ltura . Milano, Uni- versit Cattolica del Sacro (Vita e Pensiero), 1973.

    HAHN, Robert. Rikbacka categories o f social re la tions : an epistem o- log ica l analysis. Doutorado Harvard, 1976.

    HARTMANN, Gunther. L it jo k o : Puppen der Kara ja , Brasilien. Berlin, Museum fr Volkerkunde, 1973.

    HARTMANN, Theka N om encla tura botnica dos B orro (m ateria is para um ensaio e tn o b o t n ico ). So Paulo, USP (Instituto de Estudos brasileiros, 6), 1967.

    ------------- . A C ontribu io da iconogra fia para o conhecim ento deindios brasileiros do sculo X IX . So Paulo, USP (Coleo Museu Paulista Srie Etnologia, 1) Doutorado USP 1970, 1975.

    HEATH, E. G. & CHIARA, Vilma. Brazilian Ind ian archery : a p re lim inary ethnotoxo log ica l study o f the archery o f the B razilian Indians. Manchester, The Simon Archery Foundation, 1977.

    HEELAS, Richard. The Panara. Doutorado Oxford, 1979.HELM, Cecilia Maria Vieira. A in tegrao do nd io na estrutura agr

    ria do Paran. Livre Docncia UFPr. CBT 1:53, n. 932; BIB 5:37,1974.

    -------------. O nd io campons assalariado em L on d rin a : relaes detraba lho e identidade tn ica. Tese Titular UFPr, 1977.

    HEMMING, John. Red gold : the conquest o f the B razilian Indians. Macmillan, 1978.

    JUNQUEIRA, Carmem. Os ndios de Ipa vu : um estudo sobre a vida do grupo Kam aiur. So Paulo, tica, 1975.

    KRACKE, W aud H. Force and persuasion: leadership in an Am azonian society. Chicago and London, The University of Chicago Press,1978.

    LAPOINTE, J. Residence paterns and Wayan social organization. Doutorado Columbia Univ., 1970.

    LARAIA, Roque de Barros. Organizao social dos T u p contem por neos. Doutorado USP., 1972.

    LARAIA, Roque de Barros & MATTA, Roberto Da. ndios e castanheiros: a empresa extrativa e os indios do mdio Tocantins. 2.a edio. Rio de Janeiro, Paz e Terra ( l .a ed.: 1967), 1978.

    LAVE, Jean Elisabeth Carter. Socia l taxonom y am ong the K rika ti (G ) o f Centra l B razil. Doutorado Harvard, 1967.

    LEVAK, Zarco D. K insh ip system and social s tructure o f the B orro o f Pobojari. Doutorado Yale, 1971.

    271

  • LVI-STRAUSS, Claude. M ytholog iques: le cru et le cu it. Paris, Plon, 1964.

    -------------. M ytholog iques: u m ie l aux cendres. Paris, Plon, 1966.------------- . M ytholog iques: Vorigine des m anires de table. Paris, Plon,

    1968.LUKESCH, Anton. Religonsbuch der Kayap In d ia n er: ein Beitrag

    zur A rrom m oda tion and A kku ltu ra tion bei N aturvolkern . Modling bei Wien, St. Gabriel-Verlag, 1963.

    ------------- . M ito e vida dos ndios Caiaps. So Paulo, Pioneira e EDUSP.11.a ed. em alemo: 1969), 1976.

    MASON, Alan Wilfrid. Orona social structure. Doutorado Univ. California (Davis), 1969.

    MATTA, Roberto Da. Um m undo d ivid ido: a estrutura social dos ndios Apinay. Petrpolis, Vozes. Doutorado Harvard, 1976.

    M AYBURY-LEW IS, David. The savage and the innocent. London, Evan Brothers, 1965.

    ------------- . Akw e-Shavante society. Oxford, Clarendon, 1967.M AYBURY-LEW IS, David (o rg .). D ia lectica l societies: the G and

    B orro o f C entra l Brazil. Cambridge (Mass.) and London, Harvard University Press, 1979.

    MEGGERS, Betty J. Am azn ia : iluso de um paraso. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira. (l .a ed. em ingls: 1971), 1977.

    MELATTI, Julio Cezar. nd ios e criadores: a situao dos K ra h na rea pastoril de Tocantins. Rio de Janeiro, UFRJ (Monografias do Instituto de Cincias Sociais, 3), 1967.

    ------------- . O sistema social K rah. Doutorado USP, 1970.-------------. O messianismo Krah. So Paulo, Herder e EDUSP, 1972.------------- . R itos de um a tribo T m bira . So Paulo, tica, 1978.MEN GET, Patrick. Au nom des autres: classification des relations so

    ciales chez les Tx icao du h a u t-X in g u (B rs il) . Doutorado Univer- sit de Paris X (Nanterre). s.d.

    MONOD-BECQUELIN, Aurore. La pra tique linguistique des indies T rum a i (M a u t-X in g u , M a to Grosso, B r s il ) . 2 tomos. Paris, SELAF e CNRS, 1975.

    M ONTAGNER MELATTI, Delvair. Aspectos da organizao social dos K aingng paulistas. Braslia, DEP-DGPC-FUNAI. Mestrado USP1972, 1976.

    M OREIRA NETO, Carlos de Araujo. A po ltica ind igenista brasileira durante o sculo X I X . Doutorado FFCL Rio Claro, 1971.

    MOURA, Jos de. Os M unk, 2.c con tribu io ao estudo da tr ib o Ira n ch e . Pesquisas (Antropologia, 10). So Leopoldo, UNISINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas), 1960.

    MLLER, Regina Aparecida Polo. A p in tu ra do corpo e os ornam entos X avan te : arte visual e com unicao social. Mestrado UNICAMP. CBT 1:54, n. 214; BIB 3:27, 1976.

    MURPHY, Robert F. M undurucu re lig ion . University o f C a liforn ia Publications in A m erican Archeology and Ethnology, vol. 49, n. 1. Berkeley and Los Angeles, University of California Press, 1958.

    ------------- . H eadhunters heritage: social and econom ic change am ongthe M undurucu Indians. Berkeley and Los Angeles, University of California Press, 1960.

    MURPHY, Yolanda. The M undurucu w omen o f the village o f Cabru. Mestrado Columbia Univ., 1972.

    MURPHY, Yolanda & MURPHY, Robert F. W om en o f the forest. New York and London, Columbia University Press, 1974.

    272

  • M YAZAKI, Nobue. The W aur an the M eh inku : e tnolog ica l study o f two Aruak tribes in the Upper X ingu , S tate o f M ato Grosso, Brazil. Tese Univ de Tquio, 1965.

    NASSER, Nssaro Antnio de Souza. Econom ia Tux. Mestrado UFBa.,1975.

    NEWTON, Dolores. Social and h istorica l d im entions o f T im b ira m a teria l Culture. Doutorado Harvard, 1971.

    NUNES PEREIRA. M oron G ut : um Decam eron indgena. 2 vols. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1967.

    ------------- . Panoram a da a lim entao ind gena: comidas, bebidas &txicos na Am aznia brasileira. Rio de Janeiro, Livraria So Jos, 1974.

    OLIVEIRA, Adlia Engrcia de. Os ndios Jurna do alto Xingu. Ddalo, ano VI, n.s 11-12. So Paulo: Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. p. 6-291. Doutorado FFCL Rio Claro, 1969, 1970.

    OLIVEIRA FILHO, Joo Pacheco de. s faces e a ordem po ltica em um a reserva Tukna. Mestrado UnB. CBT 2:68, n. 6477; B IB 5:35, 1977.

    ORO, Ari Pedro. Tukna: vida ou m orte. Caxias do Sul, Universidade de Caxias do Sul; Porto Alegre, Escola Superior de Teologia So Loureno de Brindes & Vozes. Mestrado PUC-RS, 1977. CBT 2:69, n 3647, 1978.

    PENTEADO, Yara Maria Brum. A condio urbana: estudo de dois casos de insero do n d io na vida citadina. Mestrado UnB, 1980.

    PEREIRA, Adalberto Holanda. Os espritos maus dos Nanbikura e quinze lendas dos Rikbktsa. Pesquisas (Antropologia, 25). So Leopoldo, UNISINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas), 1973.

    ------------- . Lendas dos ndios Irnxe. Pesquisas (Antropologia, 27),So Leopoldo, UNISINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas),1974.

    ------------- . A morte e a outra vida do Nanbikura. Lendas dos ndiosNanbikura. Pesquisas (Antropologia, 26). So Leopoldo, U N I- SINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas), 1976.

    PEREIRA, Adalberto Holanda & MOURA E SILVA, Jos de. Histria . dos Mnku (Irnxe) , Pesquisas (Antropologia, 28). So Leopoldo, UNISINOS (Instituto Anchietano de Pesquisas), 1975.

    PIRES. Maria Ligia Moura. G uaran i e Kaingng no Paran: um estudo das relaes in tertriba is . Mestrado UnB. CBT: 55, n. 955,1975.

    POLYKRATES, Gottfried. W awanaueteri und Puk iruapueteri: zwei Y anonam i-S tam m e Nordwestbrasiliens. Copenhagen, Museum of Denmark, 1969.

    PONZO, Ezio. L acculturazione del popoli p r im itiv i: con tribu to psicolgica. Roma, Mario Bulzoni Editore (Quaderni di Psicologia, 2), 1967.

    POSEY, Parrell Addison. E th n o entom ology o f the G oro tire Kayap o f Central Brazil. Ann Arbor: Xerox University Microfilms. Doutorado Gergia, 1979.

    PRICE, P. David. Nam biquara society. Doutorado Univ. Chicago, 1972.RAMOS, Alcida Rita. The social system o f the Sanum a of N orth e rn

    Brazil. Ann Arbor, Xerox University Microfilms. Doutorado W isconsin, 1972.

    ------------- . H ierarquia e sim biose: relaes in tertriba is no Brasil. SoPaulo, HUCITEC; Braslia, INL, 1980.

    REID, Howard A. Some aspects o f m ovem ent grow th and change am ong the Hupdu M aku. Doutorado Cambridge, 1979.

    273

  • RIBEIRO, Berta Gleizer. D irio do X in gu . Rio de Janeiro, Paz e Terra,1979.

    ------------- . A C ivilizao da Pa lha : a arte do tranado dos ndios doBrasil. Doutorado USP, 1980.

    RIBEIRO, Darcy. Culturas e lnguas indgenas do Brasil. Educao e Cincias Sociais, vol. 2, n. 6, Rio de Janeiro, 1957.

    ............. . A -poltica indigenista brasileira. Rio de Janeiro, Ministrioda Agricultura, 1962.

    ------------- . Os ndios e a civ ilizao: a in tegrao das populaes in d genas no Brasil m oderno. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1970.

    ------------- . TJir sai procura de Deus: ensaios de E tnolog ia e In d ige nismo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1974.

    RIBEIRO DARCY & RIBEIRO, Berta G. A rte P lum ria dos ndios Kaapor. Rio de Janeiro, 1957.

    SANTOS, Slvio Coelho dos. A in tegrao do nd io na sociedade re g ion a l: a funo dos postos indgenas em Santa Catarina. Florianpolis, UFSC, 1970.

    ------------- . nd ios e brancos no sul do B rasil: a dram tica experinciados X ok leng. Florianpolis, Edeme. Doutorado USP, 1973.

    ------------- . Educao e sociedades tribais. Porto Alegre, Movimento, s.d.SCHADEN, Egon. A cu lturao ind gena: ensaio sobre fatores e ten

    dncias da m udana cu ltu ra l de tribos ndias em con tacto como m undo dos brancos. 2.a edio. So Paulo, Pioneira e EDUSP. (1.a ed.: 1965). Tese Catedrtico USP, 1965, 1969.

    (SCHOEPF, Daniel G . ) . La m arm ite W ayana: cuisine e t societ d'une tribu dAm azonie. Genebra, Muse dEtnographie. 1979. O nome de SCHOEPF no figura na capa do volume, mas o responsvel pela maior parte do contedo do mesmo.

    SEEGER, Anthony. N ature an cu ltu re and th e ir transform ation in the cosm ology and social organization o f the Suya, a G e-Speaking tribe o f C entra l Brazil. Doutorado Univ. Chicago, BIB 4:31, 1974.

    ------------- . Os ndios e ns: estudos sobre sociedades tribais brasileiras.Rio de Janeiro, Campus, 1980.

    SILVA, Alcionlio Brzzi Alves da. A civilizao indgena do Uaups. So Paulo, 1962.

    SILVA RIBEIRO, Maria Aracy Lopes da. D a pr tica X avn te : um a reflexo sobre os J. Doutorado USP, 1980.

    SILVERWOOD-COPE, Peter. A C on tribu tion to the ethnography o f the C olom bian Maku. Doutorado Cambridge. Adaptao para o portugus: Os M aku: povo caador do noroeste da Am aznia. B ra silia. FUB/Departamento de Cincias Sociais, 1980 (Trabalhos de Cincias Sociais, Srie Antropologia, 27), 1972.

    STAHLE, Vera-Dagny. K lo tzren n er B rasilian ischer Ind ianer. Doutorado Univ. Johann Wolfgang Goethe, Frankfurt am Main, 1969.

    TAYLOR, Kenneth I. Sanum fauna : p roh ib itions and classifications. Caracas: Fundacin La Salle de Ciencia Naturales (Instituto Caribe de Antropologa y Sociologa Monografia 18), 1974.

    THOMAS, Geogr. D ie Portugiesische Ind ianer P o lit ik in Brasilien 1500-1640. Berlim, Colloquium Verlag, 1968.

    TSUPAL, Nancy Antunes. Educao indgena bilnge, particularmente entre K araj e Xavante: alguns aspectos pedaggicos, consideraes e sugestes. Mestrado Educao UnB, 1978.

    TURNER, Terence Sheldon. Social s tructure and p o litica l organization am ong the N orth e rn Cayapo. Doutorado Harvard, 1966.

    274

  • ------------- . The fire o f the jaguar. Chicago: University of ChicagoPress. No prelo. m.s.

    UM SIN PANLN KUM U & TOLAM AN KENHRI. Antes o m undo no existia : a m ito log ia herica dos ndios Desna. Introduo de Berta Ribeiro. So Paulo, Livraria Cultura, 1980.

    URBAN, Gregory P. A m odel o f Shoklen social reality, Doutorado Univ. Chicago, 1978.

    VELLARD, J. H istoire du curare: les poisons de chasse en Am rique du Sud. Gallimard, 1965.

    VERSWIJVER, Gustaaf. Enqute ethnographique chez les Kayapo- -M ek r gn o ti: con tribu tion Vtude de la dynamique des groupes locaux ( scissons et regrou p em en ts ). Paris, cole des Hautes tudes en Sciences Sociales, 1978.

    VIDAL, Lux Boelitz. M orte e ida de um a sociedade indgena brasileira: os K a y a p -X ik rin do r io Catet. So Paulo, HUCITEC e EDUSP, 1977.

    VIERTLER, Renate Brigitte. Os Kam ayur e o a lto X in g u : anlise to processo de in tegrao de um a tr ib o num a rea de integrao in te rtriba l. So Paulo, USP (Publicao do Instituto de Estudos Brasileiros, 10), 1969.

    ------------- . As aldeias B or ro : alguns aspectos de sua organizaosocial. So Paulo, USP (Coleo Museu Paulista Srie Etnologia, 2 ). Doutorado USP, 1976.

    VILLAS BOAS, Orlando & VILLAS BOAS, Cludi. X in g u : os ndios, seus m itos. Rio de Janeiro, Zahar, 1970.

    VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo Batalha. Ind iv duo e sociedade no alto X in g u : os Yaw alapit. Mestrado MN. CBT 2:67, n. 3760, 1977.

    ZARUR, George de Cerque ira Leite. Parentesco, r itu a l e econom ia no alto X in gu . Braslia: DEP-DGPC-FUNAI. Mestrado M N 1972, 1975.

    275