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Boletim j Manual de Procedimentos Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico Veja nos Próximos Fascículos a Carteira de trabalho e previdência social (CTPS) para brasileiros a Carteira de trabalho e previdência social (CTPS) para estrangeiro a Pensão por morte Legislação Trabalhista e Previdenciária Fascículo N o 12/2015 Aviso Importante Este fascículo contém folha extra do Calendário Mensal de Obrigações e Tabelas Práticas IOB referente ao mês de Março/2015. / a Contribuição Sindical Contribuições sindical, assistencial, confederativa e associativa - Distinção 01 / a IOB Setorial Comércio exterior Atividades relacionadas ao despacho aduaneiro 12 / a IOB Comenta Transferência provisória - Caracterização 13 / a IOB Perguntas e Respostas Contribuições assistencial, sindical, confederativa e associativa Contribuição associativa - Pagamento 15 Contribuição sindical - Prescrição 15 Desconto - Valor 15 Distinção 15

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Boletimj

Manual de Procedimentos

Acesse a versão eletrônica deste fascículo em www.iob.com.br/boletimiobeletronico

Veja nos Próximos Fascículos

a Carteira de trabalho e previdência social (CTPS) para brasileiros

a Carteira de trabalho e previdência social (CTPS) para estrangeiro

a Pensão por morte

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Fascículo No 12/2015

Aviso ImportanteEste fascículo contém folha extra do Calendário Mensal de Obrigações e Tabelas Práticas IOB referente ao mês de Março/2015.

/a Contribuição SindicalContribuições sindical, assistencial, confederativa e associativa - Distinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01

/a IOB Setorial

Comércio exteriorAtividades relacionadas ao despacho aduaneiro . . . . . . . . . . . . . . . . 12

/a IOB ComentaTransferência provisória - Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

/a IOB Perguntas e Respostas

Contribuições assistencial, sindical, confederativa e associativaContribuição associativa - Pagamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Contribuição sindical - Prescrição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Desconto - Valor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15Distinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

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© 2015 by IOB | SAGE

Capa:Marketing IOB | SAGE

Editoração Eletrônica e Revisão: Editorial IOB | SAGE

Telefone: (11) 2188-7900 (São Paulo)0800-724-7900 (Outras Localidades)

Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem prévia autorização do autor (Lei no 9.610, de 19.02.1998, DOU de 20.02.1998).

Impresso no BrasilPrinted in Brazil Bo

letim

IOB

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Legislação trabalhista e previdenciária : contribuição sindical assistencial, confederativa e associativa : distinção. -- 11. ed. -- São Paulo : IOB Folhamatic EBS - SAGE, 2015. -- (Coleção manual de procedimentos)

ISBN 978-85-379-2399-3

1. Previdência social - Leis e legislação - Brasil 2. Trabalho - Leis e legislação - Brasil I. Série.

CDU-34:368.4(81)(094)15-01572 -34:331(81)(094)

Índices para catálogo sistemático:

1. Brasil : Leis : Previdência social : Direito previdenciário 34:368.4(81)(094) 2. Leis trabalhistas : Brasil 34:331(81)(094)

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Anexo à Edição nº 12/2015 FE 1

Calendário de Obrigações e Tabelas Práticas - Tributário Federal/Trabalhista e Previdenciário EXTRATRIBUTÁRIO FEDERAL/TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIO

AGENDA DE OBRIGAÇÕES FEDERAIS PARA MARÇO/2015 - ALTERAÇÃO

Tendo em vista que a Portaria MTE nº 10/2015 aprovou as instruções para a declaração da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do ano-base de 2014 e que o prazo para a entrega da citada declaração teve início em 20.01.2015 e se encerrará em 20.03.2015, solicitamos aos Srs. Clientes que anotem e que considerem a seguinte orientação, na Agenda de Obrigações dos mencionados Calendários, a fim de mantê-los atualizados:

INCLUIR na Agenda de Março/2015, pág. 6, a seguinte obrigação:

20Sexta-feira

Relação Anual de Informações Sociais (Rais)

Término do prazo de entrega da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) ano-base 2014 (Portaria MTE nº 10/2015) Internet

Mantenha esta folha encartada no Calendário Tributário Federal/Trabalhista e Previdenciário para Março/2015

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Manual de ProcedimentosLegislação Trabalhista e Previdenciária

Boletimj

12-01Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

As contribuições que atualmente compõem as

receitas das entidades sindicais são a contribuição sindical, de caráter compulsório,

a contribuição assistencial ou taxa assistencial, a qual é normalmente prevista em documento coletivo de trabalho, a contribuição associativa, de caráter

meramente associativo daqueles que tenham optado pela filiação, e a contribuição confederativa, fixada pela assembleia geral para custeio do

sistema confederativo da respectiva representação sindical

a Contribuição SindicalContribuições sindical, assistencial, confederativa e associativa - DistinçãoSUMÁRIO 1. Introdução 2. Princípio da autonomia sindical 3. Contribuições devidas às entidades sindicais 4. Contribuição confederativa - Distinção 5. Súmula nº 666 do STF e Precedentes Normativos

TST nº 119 - Reformulação de texto - e nº 74 - Cancelamento - Implicações

6. Questões jurisprudenciais relacionadas à cobrança da contribuição confederativa anteriores à Súmula nº 666 do STF e à Reformulação do Precedente Normativo TST nº 119

7. Cobrança - Ação - Competência 8. Prescrição 9. Penalidades

1. Introdução

Os comentários tra-tados neste texto, para fins de conhecimento, aplicação e recolhimento das contribuições desti-nadas às entidades sin-dicais, fundamentam-se na Constituição Federal de 1988 (CF/1988), na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na legislação complementar e, ainda, na iterativa jurisprudência dos tribunais superiores.

Havendo qualquer divergência nos critérios a serem adotados, caberá ao interessado, após con-sulta às respectivas entidades sindicais, optar pelo posicionamento adequado, lembrando que a solução definitiva de eventuais controvérsias suscitadas com-petirá ao Poder Judiciário, caso a parte que se sinta prejudicada intente a competente ação.

Neste trabalho, também há alguns comentá-rios pertinentes sobre a competência para ação

de cobrança das contribuições sindicais, sobre a prescrição da ação de cobrança e as penalidades aplicáveis por descumprimento da legislação.

2. PrInCíPIo da autonomIa sIndICal

É livre a associação profissional ou sindical, cuja fundação independe de autorização do Estado, sendo vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical (CF/1988, art. 5º, inciso XVIII, e art. 8º, caput e inciso I).

Apesar da citada autonomia da organização sindical, consagrada constitucionalmente, mantém-

-se o sistema de unicidade sindical, ou seja, a proibição da criação de

mais de uma organização, em qualquer grau, de idêntica

categoria, na mesma base territorial, não inferior à área de um município (CF/1988, art. 8º, inciso II, e CLT, art. 516), bem

como preserva-se a contribuição sindical

obrigatória prevista em lei, além daquela destinada ao

custeio do sistema confederativo da representação sindical (CF/1988, art.

8º, inciso IV).

Nota

Vale ressaltar que tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emen-da à Constituição (PEC) nº 369/2005, de autoria do Poder Executivo, apre-sentada em 04.03.2005, a qual altera os arts. 8º, 11, 37 e 114 da CF/1988 e promove a chamada “Reforma Sindical”.

3. ContrIBuIções devIdas às entIdades sIndICaIs

Anteriormente à CF/1988, já havia as seguintes contribuições devidas às entidades sindicais:

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12-02 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

a) contribuição sindical (antigo imposto sindi-cal): compulsória e disciplinada na CLT, arts. 578 a 610;

b) contribuição assistencial ou taxa assistencial: normalmente prevista em documento coleti-vo de trabalho e acordada ou convenciona-da nas datas-base entre sindicato(s) da(s) categoria(s) profissional (empregados) e eco-nômica (patronais/empregadores), conforme estabelecido na CLT, art. 513, alínea “e”. Ver comentários no item 5 e no subitem 6.3 des-te texto acerca da inclusão dessa contribuição em documento coletivo de trabalho após a CF/1988;

c) contribuição associativa ou mensalidade sin-dical ou mensalidade estatutária: de caráter meramente associativo daqueles que tenham optado pela filiação e devida às associações sindicais, na forma estabelecida nos estatutos ou pelas assembleias-gerais, conforme dispõe a CLT, art. 548, alínea “b”.

Além das denominações anteriormente citadas, também se encontram as taxas de revigoramento sindical ou de fortalecimento sindical, as quais prati-camente se confundem com a natureza e a finalidade da própria contribuição assistencial mencionada na letra “b”.

4. ContrIBuIção ConfederatIva - dIstInção

A contar da CF/1988, depreende-se que perma-neceram as contribuições descritas no item 3 deste texto, bem como constata-se que a Carta Magna, assegurando o processo de modernização da organização sindical, prevê uma nova contribuição, a saber:

Art. 8º -

[...]

IV - A assembléia-geral fixará a contribuição que, em se tra-tando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; (grifamos)

[...]

Constata-se que a citada contribuição confedera-tiva não se confunde com a “contribuição sindical”, cuja obrigatoriedade resulta do exercício da atividade econômica ou profissional, conforme já comentado no item 2 deste texto, nem com a contribuição assis-

tencial, tampouco com aquela de caráter meramente associativo (mensalidade dos associados). Os acór-dãos adiante demonstram inequivocadamente a dis-tinção da contribuição confederativa da contribuição assistencial:

I. RE: prequestionamento por embargos de declaração (Súmula 356). 1. Se o acórdão recorrido deixou de enfren-tar questão constitucional aventada no processo, a inter-posição dos embargos de declaração a respeito satisfez a exigência do prequestionamento para o recurso extra-ordinário, não importando que, persistindo na omissão, o Tribunal recorrido não se tenha pronunciado sobre os temas aventados (Súmula 356). II. Sindicato: contribuição assistencial estipulada em convenção coletiva: sujeição do desconto em folha à autorização ou à não oposição do trabalhador, que não ofende a Constituição. 2. Não se confundem a contribuição confederativa, prevista no art. 8º, IV, 1ª parte da Constituição e a contribuição assis-tencial estipulada em convenção coletiva ou sentença normativa, de que não cuidou a Lei Fundamental, sequer implicitamente, em nenhum dos preceitos aventados (CF, art. 8º, III, IV e VI e art. 7º, XXVI). 3. É, pois, de alçada infraconstitucional a questão de saber se o desconto em folha da contribuição assistencial se funda no art. 462 CLT e independe da vontade do trabalhador ou ao contrário, no art. 545 CLT, caso em que, como se firmou na jurisprudência, a ela se pode opor o empregado. (Acórdão unânime da 1ª Turma do STF - RE 220.120-5/SP - Rel. Min. Sepúlveda Pertence - j 24.03.1998 - DJU-e 1 22.05.1998, pág. 30)

CONTRIBUIÇÃO - CONVENÇÃO COLETIVA. A Contribui-ção prevista em Convenção Coletiva, fruto do disposto no artigo 513, alínea ‘E’, da Constituição Federal, É devida por todos os integrantes da categoria profissional, não se confundindo com aquela versada na primeira parte do Inciso IV do Artigo 8º da Carta da República (RE 189960/SP - São Paulo - Recurso Extraordinário - Relator(a): Min. Marco Aurélio - Julgamento: 07-11-2000 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação DJ 10-08-2001 pp-00018).

Dessa forma, apesar de haver quem interprete que a contribuição confederativa refere-se à “contri-buição assistencial”, cuja garantia de cobrança esta-belecida na CLT elevou-se em nível constitucional, predomina a tese de que a contribuição prevista no art. 8º, inciso IV, da CF é uma quarta modalidade de receita sindical.

Nesse caso, a assembleia geral tem permissão constitucional para fixar essa nova contribuição, inde-pendentemente daquelas já existentes, conforme item 3 deste texto.

O acórdão a seguir, minoritário, revela que as contribuições assistencial e confederativa equiva-lem a uma mesma contribuição, ou seja, não são consideradas distintas nessa jurisprudência.

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12-03Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

Contribuição assistencial. Art. 8º, IV, da Constituição Fede-ral. Impossibilidade de fixação da cláusula via sentença normativa. A cláusula relativa ao desconto assistencial (contribuição confederativa - prevista no art. 8º, IV, da Constituição Federal), é estranha ao contrato de trabalho, não podendo ser fixada mediante sentença normativa. Se as partes quiserem fixá-la, como assegurado constitucio-nalmente pelo art. 8º, IV, que assim o façam, mas não com a chancela do Poder Judiciário, pois essa foi a vontade do Legislador Constituinte quando assegurou o reconhe-cimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (art. 7º, XXVI, da Constituição Federal), como direito que vise à melhoria de condição social do trabalhador. Recurso ordinário conhecido e provido, excluindo-se a cláusula relativa ao desconto assistencial. (Ac da SDC do TST - RO DC 300.021/96.5-2ª R - Red. Designado Min. José Luiz Vasconcellos - j 04.11.1996 - DJU 1 29.11.1996, pp 47.399/400)

4.1 desconto em folha de pagamento - empregados sindicalizados - disposições

O art. 545 da CLT prevê que os empregadores ficam obrigados a descontar na folha de pagamento dos seus empregados as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados, condicio-nando o desconto, no entanto, à prévia autorização do empregado, salvo quanto à contribuição sindical cujo desconto independe dessas formalidades.

Nota

Vale ressaltar que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) havia edi-tado a Portaria MTE nº 160/2004, que dispunha sobre o desconto em folha de pagamento de salário das contribuições instituídas pelos sindicatos.

Posteriormente, por meio da Portaria MTE nº 180/2004, foi suspensa até 31.05.2005 parte dos dispositivos da citada Portaria MTE nº 160/2004. Em seguida, o Ministério Público Federal ingressou com Ação Civil Públi-ca contra a União Federal para suspender os efeitos concretos da Portaria MTE nº 180/2004, obtendo em 17.09.2004 deferimento de liminar que os suspendeu.

Por fim, a Portaria MTE nº 160/2004 foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por meio da Ação Direta de Inconstituciona-lidade (ADI) nº 3.353, apensada aos autos da nº 3.206, publicada no Diário Oficial da União (DOU) e no Diário da Justiça (DJ) em 13.09.2005.

4.2 Posição do mte sobre as contribuições devidas às entidades sindicais

O MTE, por meio da Nota Técnica SRT/CGRT nº 50/2005, cujo assunto é “Contribuição Sindical - Espécies - Empregador”, conforme pesquisa reali-zada em 24.02.2010 no site do MTE www.mte.gov.br, trazia, entre outras, as seguintes disposições sobre a “contribuição sindical”, a “contribuição estatutária”, a “contribuição assistencial” e a contribuição confede-rativa:

A contribuição sindical, a mais importante delas, encontra--se disciplinada nos artigos 578 a 610 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT e é devida por todos aqueles

que pertençam a uma dada categoria econômica ou pro-fissional, independentemente de serem ou não associados a um sindicato. Isto porque constitui uma prestação com-pulsória, de natureza tributária.

Como já decidido reiteradamente pelos Tribunais, tal contribuição foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. A seguir transcrevemos decisão do E. Supremo Tribunal Federal neste sentido:

“A constituição de 1988, à vista do art. 8º, IV, in fine, recebeu o

instituto da contribuição sindical compulsória, exigível, nos termos

dos arts. 578 e ss. CLT, de todos os integrantes da cate-goria,

independentemente de sua filiação ao sindicato”. (ADIn nº 1.076,

Medida Cautelar, Min. Sepúlveda Pertence, 15/06/94) - gri-fos nossos.

[...]

A contribuição estatutária, como se depreende de sua denominação é prevista no estatuto da entidade e decorre da filiação à mesma. Normalmente é cobrada mensal-mente dos associados.

A contribuição assistencial não possui previsão legal. É aprovada pela assembléia geral da categoria e fixada em convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa e é devida quando da vigência de tais normas, porque sua cobrança está relacionada com o exercício do poder de representação da entidade sindical no processo de negociação coletiva.

Existe, também, a contribuição confederativa, cujo obje-tivo é o custeio do sistema confederativo, do qual fazem parte os sindicatos, federações e confederações, tanto da categoria profissional como da econômica. É fixada em assembléia geral. Tem como fundamento legal o art. 8º, IV, da Constituição Federal que estabelece que ‘a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de catego-ria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respec-tiva, independentemente da contribuição prevista em lei’ (in verbis).

Em relação às contribuições confederativa e assistencial, predomina nos Tribunais Superiores o entendimento de serem obrigatórias somente para os empregados associa-dos ao sindicato. Isso porque determinar ao trabalhador a obrigação de recolhê-las implicaria na filiação obrigatória ao sindicato, em afronta ao art. 8º, inciso V, da Constituição Federal de 1988, que dispõe que ‘ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato’.

[...]”

Vale destacar ainda que o MTE expediu a Nota Técnica CGRT/SRT nº 108/2006, que trata da

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12-04 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

“Contribuição Assistencial”, conforme pesquisa efe-tuada em 24.02.2010 no já citado site do MTE, que, entre outras disposições, trazia o conteúdo adiante transcrito:

Não é demais ressaltar que a própria exigência de oposi-ção, ao invés da autorização, é questionável legalmente. Isto porque o art. 462 da CLT, que dispõe que é vedado ao empregador efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamen-tos, de dispositivos de lei, acordo ou convenção coletiva, deve ser interpretado em consonância com o art. 545, que estabelece que “os empregadores ficam obrigados a descontar na folha de pagamentos dos seus empre-gados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados, salvo quanto à contribuição sindical, cujo desconto independe dessas formalidades”.

Assim, enquanto a autorização é anterior à cobrança, com a plena ciência do trabalhador do valor da contri-buição, a oposição é posterior, e não vem acompanhada de nenhuma certeza de que foi dado ao trabalhador o conhecimento daquela cobrança não prevista em lei. Dessa forma, dependendo do caso, exigir a oposição ao invés da autorização pode ocasionar abusos prejudiciais ao trabalhador.

Depreende-se, portanto, que a questão envolve dois inte-resses opostos e legítimos: de um lado, a preocupação com o cumprimento dos entendimentos jurisprudenciais consolidados e na preservação dos interesses dos traba-lhadores quanto ao correto desconto das contribuições em seus salários; de outro, o interesse público e jurídico na preservação das instituições integrantes do sistema representativo sindical, fundamentais para o equilíbrio das relações coletivas de trabalho.

De posse desse conhecimento, este Ministério tem se empenhado em encontrar uma solução definitiva para o custeio das entidades sindicais, o que já foi, inclusive, objeto de discussão e consenso no âmbito do Fórum Nacional do Trabalho, onde se estabeleceu a extinção das contribuições sindical, confederativa e assistencial e a criação da chamada `contribuição de negociação coletiva´, de periodicidade anual, vinculada à negocia-ção coletiva e à comprovação de representatividade pela entidade, e aprovada em assembléia geral de representados.

Todavia, enquanto a solução encontrada não é sedi-mentada na forma de diplomas legais pelo Congresso Nacional, este Ministério não pode deixar de lado o seu dever institucional de fiscalizar o cumprimento da lei, muito menos deixar de observar o entendimento firmado pelos Tribunais superiores.

Era o que tinha a informar.

Brasília, 08 de agosto de 2006.

Isabele Jacob Morgado

Coordenadora-Geral de Relações do Trabalho

5. súmula nº 666 do stf e PreCedentes normatIvos tst nº 119 - reformulação de texto - e nº 74 - CanCelamento - ImPlICações

Por meio da Súmula nº 666 do STF ficou estabe-lecido que a contribuição confederativa só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. Observa-se ainda que, anteriormente à edição da citada Súmula, foi reformulado e publicado o Precedente Normativo (PN) nº 119 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) com a seguinte redação:

Precedente Normativo nº 119

Contribuições Sindicais - Inobservância de Preceitos Constitucionais (nova redação dada pela SDC em ses-são de 02.06.1998 - homologação Res. 82/1998, DJ 20.08.1998)

A Constituição da República, em seus arts. 5º, XX e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula cons-tante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobser-vem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.

Vale lembrar que, anteriormente, o supracitado Precedente Normativo tinha a seguinte redação:

Fere o direito à plena liberdade de associação e de sin-dicalização cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa fixando contribuição a ser descontada dos salários dos trabalhadores não filiados a sindicato profissional, sob a denominação de taxa assis-tencial ou para custeio do sistema confederativo. A Cons-tituição da República, nos arts. 5º, inciso XX, e 8º, inciso V, assegura ao trabalhador o direito de livre associação e sindicalização.

Nota

Os arts. 5º, inciso XX, e 8º, inciso V, da CF dispõem:

“Art. 5º - [...]

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

[...]

Art. 8º - [...]

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

[...]”

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12-05Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

Legislação Trabalhista e Previdenciária

Manual de Procedimentos

Relativamente ao Precedente Normativo nº 74 do TST (que subordinava o desconto assistencial sindical à não oposição do trabalhador, manifestada perante a empresa até 10 dias antes do 1º paga-mento reajustado), vale ressaltar que, atualmente, se encontra cancelado por meio da Resolução OE/TST nº 82/1998.

Assim, anteriormente ao cancelamento do Precedente Normativo nº 74, havia quem entendesse que, da mesma forma que a cobrança da contribui-ção assistencial se subordinava à não oposição do trabalhador, manifestada perante a empresa em até 10 dias antes do recebimento do primeiro pagamento reajustado, conforme iterativa jurisprudência traba-lhista, também a contribuição confederativa estaria sujeita àquela condição.

Nesse aspecto, apesar do entendimento descrito anteriormente, a jurisprudência esteve controvertida quando vigorava o citado Precedente Normativo nº 74, conforme se pode observar nos acórdãos adiante:

Homologação parcial. Acordo coletivo. Acordo Coletivo que se homologa, exceto em relação à Cláusula relativa à Contribuição Confederativa. O estabelecimento de descon-tos diferenciados para custeio do sistema confederativo da representação sindical, privilegiando os empregados associados em detrimento dos não-associados, encontra resistência nas regras insculpidas nos incisos I e XX do art. 5º e V do art. 8º, todos da Lei Maior. Por outro lado, admitindo-se o desconto em percentuais iguais, este há que estar condicionado à não-oposição do trabalhador, mani-festada perante a Empresa até 10 dias antes do primeiro pagamento reajustado, nos termos da jurisprudência desta Corte, Precedente Normativo nº 74. Acordo Coletivo de Trabalho homologado em parte. (Acórdão da SDC do TST - DC 49.016/92.6 - Rel. Min. Ney Doyle - j 25.08.1992 - DJU I 18.09.1992, pp 15.481/5)

Contribuição confederativa. A contribuição confede-rativa prevista no artigo 8º, inciso IV, da Carta Política, não se identifica com o desconto assistencial, daí ser impossível a aplicação do Precedente Normativo 74 do Tribunal Superior do Trabalho. Criada pela assembléia--geral do órgão de classe, ao desconto em folha de pagamento se obrigam os laboristas em geral, inclusive aqueles que não votaram pela sua instituição, ou que o fizeram infensamente. O desconto assistencial a ele não se obriga o empregado. Recurso provido parcialmente. (Acórdão da SDC do TST - RO DC 244.939/96.8 - Rel. Min. Lourenço Prado - j 16.09.1996 - DJU 1 25.10.1996, pp 41.211/2)

6. Questões jurIsPrudenCIaIs relaCIonadas à CoBrança da ContrIBuIção ConfederatIva anterIores à súmula nº 666 do stf e à reformulação do PreCedente normatIvo tst nº 119

6.1 Critério de fixação do valor e recolhimento - ausência de regulamentação legal

Apesar da previsão constitucional para a fixação da contribuição confederativa, não há qualquer ato legal até o presente momento que discipline sua cobrança.

Não obstante a falta de uma definição clara e precisa dessa contribuição, bem como a ausência de uma norma regulamentadora infraconstitucional, o que há de concreto, apenas, é sua fixação pela assembleia geral, a qual, assim deliberada e docu-mentalmente comprovada, deve conter, entre outros, o valor e os critérios de recolhimento, a fim de que sua cobrança possa ser exigida dos associados ao sindicato, observado o disposto no item 5 e nos subitens 6.2 e 6.3 a seguir e na jurisprudência adiante reproduzida.

Convém notar que os acórdãos adiante tratam da necessidade ou não de regulamentação infraconstitu-cional da contribuição confederativa.

Ementa: Agravo Regimental em Recurso Extraordinário. Constitucional. Sindicato rural. Contribuição confedera-tiva: CF/88, artigo 8º, IV. Regulamentação. Necessidade. Sindicato rural. Contribuição Confederativa. Exigibili-dade. Necessidade de edição da lei regulamentadora prevista no parágrafo único do artigo 8º da Constitui-ção Federal. Precedente. Agravo regimental não pro-vido. (Acórdão unânime da 2ª Turma do STF - AGRRE 289.075 - Rel. Min. Maurício Corrêa - j 26.06.2001 - DJU 1 31.08.2001)

“Contribuição confederativa. Art. 8º, IV, da Constituição. Autoaplicabilidade. Consolidou-se o entendimento, nesta Primeira Turma, de que a contribuição prevista no art. 8º, IV, da Constituição não depende, para ser cobrada, de lei integrativa. Precedentes: RE 191.022, RE 198.092 e RE 189.443.” (RE 199.019, Rel. Min. Octa-vio Gallotti, julgamento em 31-3-1998, Primeira Turma, DJ de 16-10-1998.)

“Sindicato: contribuição confederativa instituída pela assembleia geral: eficácia plena e aplicabilidade ime-diata da regra constitucional que a previu (CF, art. 8º, IV). Coerente com a sua jurisprudência no sentido do caráter não tributário da contribuição confederativa, o STF tem afirmado a eficácia plena e imediata da norma constitu-cional que a previu (CF, art. 8º, IV): se se limita o recurso extraordinário - porque parte da natureza tributária da mesma contribuição - a afirmar a necessidade de lei que a regulamente, impossível o seu provimento.” (RE 161.547,

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12-06 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

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Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 24-3-1998, Primeira Turma, DJ de 8-5-1998.)

Contribuição confederativa. Deverá ser fixada pela assem-bléia e não substituirá o antigo imposto sindical. Não sendo tributo de vez que só poderia ser estabelecido assim pelo Poder Público, como contribuição fixada pela assembléia, dependerá de regulamentação de lei. Recurso a que se nega provimento. (Acórdão da SDC do TST - RO DC 71.540/93.5 - Rel. Min. Marcelo Pimentel - j 15.12.93 - DJU 1 18.02.94, pp 1.882/3)

Contribuição confederativa - A contribuição Confederativa prevista no artigo 8º, inciso IV da Constituição Federal é norma auto-aplicável, eis que não está a depender de regu-lamentação por Lei Ordinária, tratando-se de Contribuição autônoma sujeita apenas à deliberação da Assembléia Sindical. (Acórdão da SDC do TST - RO DC 165.333/95.4-15ª Região - Rel. Min. Lourenço Prado - j 13.11.95 - DJU 1 29.03.96, pp 9.661/3)

Art. 8º, IV, da Constituição Federal. Contribuição para cus-teio do sistema confederativo da representação sindical de categoria profissional. Norma cuja eficácia não depende de lei integrativa, havendo estabelecido, de pronto, a com-petência para fixação da contribuição, a destinação desta e a forma do respectivo recolhimento. Recurso conhecido e provido. (RE 191022 / SP - São Paulo - Recurso Extra-ordinário - Relator(A): Min. Ilmar Galvão - Julgamento: 03.12.1996 - Órgão Julgador: Primeira Turma - Publicação DJ 14.02.1997 PP-01989).

6.2 Cobrança de quem não é associado - Constituição federal - Incompatibilidade

Um dos pontos que têm causado muita polêmica é o desconto da contribuição confederativa daqueles que não são filiados ao sindicato.

Nesse aspecto, com base no Recurso Extraordinário nº 198092-3 - DJ de 11.10.1996 - Seção I, pág. 38.509, o STF expediu a seguinte decisão:

Recurso Extraordinário nº 198092-3

Origem: São Paulo

Relator: Min. Carlos Velloso

[...]

Decisão: Por unanimidade, a Turma não conheceu do recurso extraordinário, nos termos do voto do Relator. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Marco Auré-lio. 2ª Turma, 27.08.96.

Ementa: Constitucional. Sindicato. Contribuição instituída pela assembléia-geral: caráter não tributário. Não compul-soriedade. Empregados não sindicalizados: impossibili-dade do desconto. CF, art. 8º, IV.

I. - A contribuição confederativa, instituída pela assem-bléia-geral - CF, art. 8º, IV - distingue-se da contribuição sindical, instituída por lei, com caráter tributário - CF, art.

149 - assim compulsória. A primeira é compulsória apenas para os filiados do sindicato.

II. - R.E. não conhecido.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRU-MENTO. TRABALHISTA. CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL. MATÉRIA INFRACONSTITUCIONAL. CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. SÚMULA N. 666 DO STF. 1. A controvér-sia relativa à exigibilidade da contribuição assistencial tem caráter infraconstitucional, insuscetível de análise na ins-tância extraordinária. 2. A contribuição confederativa, ins-tituída pela assembléia geral, é inexigível dos empregados não filiados ao sindicato [Súmula n. 666 do STF]. Agravo regimental a que se nega provimento. - AI-AgR 612502 / RS - RIO GRANDE DO SUL - AG.REG.NO AGRAVO DE INS-TRUMENTO - Relator(a): Min. EROS GRAU - Julgamento: 18/12/2006 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publicação - DJ 23-02-2007 PP-00033.

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1. CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. SÚMULA 666 DO STF. 2. CONTRIBUIÇÃO ASSISTEN-CIAL. CONTENCIOSO DE MERA LEGALIDADE. 3. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO INCISO IX DO ART. 93 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INSUBSISTÊNCIA. 4. SUPOSTA AFRONTA ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO. OFENSA REFLEXA. 1. “A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo” (Súmula 666/STF). 2. A contribuição assistencial estipulada em convenção coletiva não transborda os limites do âmbito infraconstitucional. Precedentes. 3. O aresto impugnado, em que pese haver dissentido dos interesses da parte agravante, está fundamentado. Logo, não cabe falar em violação ao inciso IX do art. 93 da Carta Magna. 4. Ofensa às garantias constitucionais do processo, se existente, ocorreria de modo reflexo ou indireto. Agravo regimental desprovido. AI 731640 AgR / SP - SÃO PAULO - AG.REG.NO AGRAVO DE INSTRUMENTO - Relator(a): Min. CARLOS BRITTO - Julgamento: 23/06/2009 - Órgão Julgador: Primeira Turma - Publicação DJe-62 - Divulg. 27-08-2009 - Public. 28-08-2009.

Diante do 1º acórdão transcrito anteriormente, o qual foi utilizado como um dos precedentes da Súmula nº 666 do STF, e do teor do Precedente Normativo nº 119 do TST (item 5 deste texto), conclui--se que a contribuição confederativa é compulsória (obrigatória) apenas para os filiados ao sindicato, não havendo, por conseguinte, a possibilidade da exigência da contribuição por parte daqueles que não o sejam.

Vale destacar também que, em face da ausência de norma regulamentadora da nova contribuição, a Advocacia-Geral da União, por meio do Parecer GQ nº 5/1993, dispõe que a cobrança da chamada contribuição confederativa é exigível, tão somente, dos trabalhadores associados ao sindicato, mediante deliberação da assembleia geral para o custeio do

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12-07Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

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sistema confederativo da respectiva representação profissional.

Lembra-se que o referido parecer vincula toda a administração federal, cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento (Lei Complementar nº 73/1993).

No que tange às chamadas contribuições ou taxas assistenciais, ressaltamos que existem acór-dãos contrários, em sua grande maioria, e favoráveis ao desconto indiscriminado de quem seja ou não filiado à entidade sindical, conforme a jurisprudência a seguir:

Contribuição - Convenção Coletiva. A contribuição prevista em convenção coletiva, fruto do disposto no artigo 513, alínea ”e”, da Constituição Federal, é devida por todos os integrantes da categoria profissional, não se confundindo com aquela versada na primeira parte do inciso IV do artigo 8º da Carta da República. (Acórdão unânime da 2ª Turma do STF - RE 189.960-3-SP - Rel. Min. Marco Aurélio - j 07.11.2000 - DJU 1 10.08.2001)

Dissídio coletivo - acordo - cláusula de contribuição assis-tencial - Fere os princípios da liberdade de filiação sindical e da intangibilidade do salário a cláusula que, mesmo instituída por acordo, fixa contribuição assistencial para ser descontada de todos os integrantes da categoria pro-fissional. (Acórdão da SDC do TST - RO DC 258.307/96.0-4ª R - Rel. Min. Ursulino Santos - j 14.10.1996 - DJU 1 06.12.1996, p 48.956)

6.3 Imposição por meio de documento coletivo de trabalho - acórdãos judiciais

Não obstante o teor da Súmula nº 666 do STF e do Precedente Normativo nº 119 do TST, a inclusão de cláusula de desconto da contribuição confede-rativa em acordo ou convenção coletiva de trabalho ou sentença normativa, antes da publicação dos mencionados atos, vinha sendo repelida pela juris-prudência, conforme se pode observar dos acórdãos a seguir:

A contribuição confederativa só pode ser instituída pela Assembléia-Geral do Sindicato (art. 8º, IV, da Constitui-ção). Dessa forma, inviável impor-se normativamente cláusula com essa finalidade. (Acordão da SDC do TST - RO DC 258.312/96.6-8ª Região - Rel. Min. Orlando Teixeira da Costa - j 19.08.1996 - DJU 1 13.09.1996, pp 33.431/2)

Contribuição confederativa dos empregados - A contri-buição confederativa prevista no inciso IV do artigo 8º da Constituição Federal de 1988, que tem por finalidade o custeio do sistema confederativo da respectiva represen-tação sindical, é estranha ao conteúdo da Convenção, do Acordo Coletivo do Trabalho ou de decisão judicial, por-que não resulta de negociação ou de Sentença Normativa, mas de deliberação da assembléia sindical. (Acordão da SDC do TST - RO DC 256.197/96.4-2ª Região - Rel. Min.

Lourenço Prado - j 26.08.1996 - DJU 1 06.12.1996, pp 48.953/5)

Contudo, vale ressaltar que, após a publicação do Precedente Normativo nº 119 do TST, também houve decisões favoráveis à inclusão em documento coletivo de trabalho de cláusula de contribuição assistencial ou confederativa, conforme acórdãos a seguir transcritos:

Recurso Ordinário em Ação anulatória. Obrigação de não fazer. Inexiste no sistema jurídico pátrio disposição legal que impeça as partes convenentes de inserir cláu-sulas estipuladoras de contribuição confederativa ou assistencial em futuros instrumentos coletivos de trabalho. Recurso Ordinário a que se nega provimento. (Acordão da SDC do TST - RO em Ação Anulatória 604.528/99.9-8ª Região - Rel. Min. Valdir Righetto - j 13.04.2000 - DJU-e 1 12.05.2000, pp 212/3)

EMENTA: I. RE: prequestionamento mediante embargos de declaração (Súmula 356): descabimento para suscitar tema constitucional antes não aventado. II. Convenção coletiva de trabalho: validade de cláusula que obriga os empregadores ao desconto de contribuição confederativa aprovada em assembléia geral da categoria profissional e competência da Justiça do Trabalho para as ações dela decorrentes (RE 287227/SP - São Paulo - Recurso Extraordinário - Relator(A): Min. Sepúlveda Pertence - Julgamento: 18.12.2000 - Órgão Julgador: Primeira Turma - Publicação DJ 02.03.2001 PP-00017).

Descontos sindicais - Empregados sindicalizados. É lícito instituir, em instrumento coletivo, desconto assistencial ou confederativo, a incidir sobre os salários dos empregados associados à entidade sindical beneficiada, por estarem sujeitos às deliberações da assembléia geral. (Acordão da SDC do TST - RO em Ação Anulatória 625.188/2000.2 - 1ª Região - Rel. Min. Ronaldo Leal - j 08.06.2000 - DJU-e 1 04.08.2000, p 446)

Relativamente às contribuições ou taxas assistenciais, além do próprio teor do Precedente Normativo nº 119, a jurisprudência tem sido con-trovertida em legitimar ou não sua estipulação em documento coletivo de trabalho (observar a possi-bilidade nos 3 acórdãos imediatamente anteriores), conforme se pode constatar nos acórdãos a seguir transcritos:

Ementa: Sentença normativa. Cláusula relativa à contribui-ção assistencial. Sua legitimidade, desde que interpretada no sentido de assegurar-se, previamente, ao empregado, a oportunidade de opor-se à efetivação do desconto respec-tivo. (Acórdão unânime da 1ª Turma do STF - RE 220.700-1-RS - Rel. Min. Octavio Gallotti - j 06.10.1998 - DJU-e 1 13.11.1998, p 17)

Cláusula assistencial. Impossibilidade de fixação em instrumento coletivo. Esta egrégia Seção vem decidindo, recentemente, no sentido do não-cabimento de cláusula de contribuição assistencial (ou qualquer outro nome que se queira mascarar a cláusula) em instrumentos coleti-vos de trabalho judiciais. Basta uma análise superficial

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12-08 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

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dos autos para se chegar à ilação de que a cláusula, tal como estabelecida - desconto assistencial - não guarda relação alguma com o pacto laboral em si, não se cir-cunscrevendo no âmbito do estabelecimento de novas condições de trabalho, fim colimado em dissídio cole-tivo. Não está, assim, jungida à esfera de competência desta Especializada, através de seu poder normativo. As normas coletivas têm por escopo compor os conflitos coletivos entre empregados e empregadores, estabele-cendo novas condições de trabalho, criando normas que deverão ser aplicadas aos contratos individuais. Não se compadece, pois, com esta finalidade o estabelecimento de cláusula cujo único interessado é a entidade sindi-cal, devendo haver outros meios para que os sindicatos estipulem sua fonte de custeio, sem sobrecarregar o Ju-diciário com questões que refogem à sua competência. Recurso ordinário conhecido e provido. (Acórdão da SDC do TST - RO DC 400.333/97.8-4ª R - Red. Designado Min. José Luiz Vasconcellos - j 03.02.1998 - DJU 1 06.03.1998, pp 222/3)

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA. COMPULSORIEDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A contribuição confederativa instituída pela assembléia geral somente é devida por aqueles filiados ao sindicato da categoria. É inconstitucional a exigência da referida contribuição de quem a ele não é filiado. 2. Contribuição assisten-cial estipulada em convenção coletiva. Sujeição do desconto em folha à autorização ou à não oposição do trabalhador. Precedente. Agravo regimental não provido (RE-AgR 461451 / SP - São Paulo - Ag.Reg.no Recurso Extraordinário - Relator(A): Min. Eros Grau - Julgamento: 28.03.2006 - Órgão Julgador: Segunda Turma - Publica-ção DJ 05.05.2006 PP-00039)

6.4 mesma base territorial - mais de um lançamento para cobrança

Apesar dos acórdãos anteriores sobre a cobrança da contribuição confederativa, há polêmica quando a referida contribuição é exigida por determinado sindicato, de uma mesma categoria, cuja base terri-torial de atuação já se encontra abrangida por outro sindicato de igual categoria, o qual, por sua vez, também já enviou ao mesmo contribuinte a referida contribuição.

Nessa hipótese, a fim de evitar a existência de mais de um sindicato representativo de uma mesma categoria dentro de uma mesma base territorial, e levando-se em consideração a possibilidade de disputa da cobrança da contribuição confederativa por mais de uma entidade sindical, vale lembrar que o Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Portaria MTE nº 326/2013 e a Portaria MTE nº 186/2008, alterada pela Portaria MTE nº 2.451/2011, que dispõem sobre os novos procedimentos para registro sindical.

Não obstante a publicação da citada Portaria MTE nº 186/2008, ressalta-se que atualmente tramitam no STF as Ações Diretas de Inconstitucionalidade nºs 4139-8, 4128-2, 4126-6 e 4120-7, que tratam do pedido de inconstitucionalidade daquela Portaria.

Vale lembrar que a supracitada Portaria MTE nº 186/2008 revogou expressamente a Portaria MTE nº 343/2000, que dispunha sobre o mesmo assunto.

Ressaltamos que, por meio da Súmula nº 677 do STF, ficou estabelecido que “até que lei venha a dispor a respeito, cabe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade”.

Finalmente, para melhor entendimento da questão de definição da base territorial, inclusive sobre des-membramento da entidade sindical, transcrevemos, a seguir, acórdãos do STF:

Sindicato. Desmembramento. Alegação de afronta ao princípio da unicidade sindical. Improcedência. Caso em que determinada categoria profissional - até então filiada a sindicato que representava diversas categorias, em bases territoriais diferentes - forma organização sindical especí-fica, em base territorial de menor abrangência. Ausência de violação ao princípio da unicidade sindical. Precedente. (RE 433.195-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 20-5-2008, Primeira Turma, DJE de 19-9-2008.) No mesmo sentido: RE 608.304-AgR, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 28-8-2012, Primeira Turma, DJE de 13-9-2012; RE 291.822, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29-11-2011, Primeira Turma, DJE de 9-2-2012.

Sindicato: unicidade e desmembramento. O princípio da unicidade sindical (CF, art. 8º, II) não garante por si só ao sindicato a intangibilidade de sua base territorial; ao con-trário, a jurisprudência do STF está consolidada no sentido da legitimidade constitucional do desmembramento territo-rial de um sindicato para constituir outro, por deliberação dos partícipes da fundação deste, desde que o território de ambos não se reduza a área inferior à de um Município (v.g., MS 21.080, Rezek, DJ de 1º-10-1993; RE 191.231, Pertence, DJ de 6-8-1999; RE 153.534, Velloso, DJ de 11-6-1999; RE 207.910-AgR, Maurício, DJ de 4-12-1998; RE 207.780, Galvão, DJ de 17-10-1997; RE 180.222, Gal-vão, DJ de 29-8-2000). No caso, o tribunal a quo assentou que não houve superposição sindical total, mas apenas um desmembramento que originou novas organizações sindicais regionais cuja área de atuação é menor do que a do agravante, o que não ofende a garantia constitucio-nal da unicidade. (RE 154.250-AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 15-5-2007, Primeira Turma, DJ de 8-6-2007.) No mesmo sentido: RE 573.533-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 14-2-2012, Segunda Turma, DJE de 19-3-2012.

AGRG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 241.935-8

Proced.: Distrito Federal

Relator: Min. Ilmar Galvão

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12-09Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

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[...]

Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regi-mental no recurso extraordinário. Unânime. 1ª Turma, 26.09.2000.

Ementa: Confederação Nacional de Saúde - Hospitais, Estabelecimentos e Serviços - CNS. Desmembramento da Confederação Nacional do Comércio. Alegada ofensa ao Princípio da Unicidade.

Improcedência da alegação, posto que a novel entidade representa categoria específica, até então congregada por entidade de natureza eclética, hipótese em que estava fadada ao desmembramento, concretizado como manifes-tação da liberdade sindical consagrada no art. 8º, II, da Constituição Federal.

Agravo desprovido. (DJU-e de 27.10.2000 - Seção 1, pág. 85)

EDCL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 202.097-4

Proced.: São Paulo

Relator: Min. Ilmar Galvão

[...]

Decisão: A Turma rejeitou os embargos de declaração no recurso extraordinário. Unânime. Presidiu o julgamento o Ministro Sydney Sanches na ausência, ocasional, do Minis-tro Moreira Alves. 1ª Turma, 17.10.2000.

Ementa: Representação Sindical. Unicidade. Alegada omissão quanto à ausência de prequestionamento da questão constitucional e quanto à necessidade de exame de matéria fática.

Acórdão que decidiu com base nos elementos dos autos, reconhecidos pelo Tribunal a quo, e no art. 8º, II, da Consti-tuição Federal, devidamente prequestionado; não havendo falar em aplicação das Súmulas 282 e 279 do Supremo Tribunal Federal.

Embargos rejeitados. (DJU-e de 15.12.2000 - Seção 1, pág. 104)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO Nº 217.328-8

Proced.: Rio Grande do Sul

Relator: Min. Octavio Gallotti

[...]

Decisão: A Turma não conheceu do recurso extraordinário. Unânime. 1ª Turma, 21.03.2000.

Ementa: Cisão de Federações - Licitude, no caso de ficar evidenciada a diferenciação de interesses econômicos entre duas espécies de trabalhadores, mesmo sendo conexas (art. 511, § 1º da CLT).

A diversidade de interesses e a possibilidade de con-flitos entre elas restaram apuradas pelo acórdão, cuja revisão nesta sede encontra óbice na Súmula 279 desta Corte.

Inadmissibilidade da exigência de obediência às prescri-ções estatutárias da Federação mais antiga, tendo em vista a garantia de liberdade de instituição da nova entidade (CF, art. 8º, II).

Recurso extraordinário não conhecido. (DJU-e de 09.06.2000 - Seção 1, pág. 32)

Sindicato - Unicidade - Desmembramento. Não se tra-tando de categoria profissional diferenciada, submetida a um único estatuto, possível é o desmembramento de segmentos agrupados, agindo os integrantes com a liberdade mitigada do inciso II do artigo 8º da Consti-tuição Federal. Precedentes: Recurso em Mandado de Segurança nº 21.305/DF, por mim relatado, e Mandado de Segurança nº 20.829/DF, relatado pelo Ministro Célio Borja, com acórdãos publicados na Revista Trimestral de Jurisprudência nºs 137/1131 e 129/1045, respecti-vamente. (Acórdão unânime da 2ª Turma do STF - RE 172.293-2/RJ - Rel. Min. Marco Aurélio - j 21.09.1998 - DJU-e 1 04.12.1998, p 23)

Sindicato: unicidade e desmembramento: jurisprudência do STF que, no entanto, a formulação do RE não permite aplicar ao caso. 1. O princípio da unicidade sindical (CF, art. 8º, II, da Constituição), ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido, não garante por si só ao sindicato a intangibilidade de sua base territorial: ao contrário, a jurisprudência do STF está consolidada no sentido da legitimidade constitucional do desmembramento terri-torial de um sindicato para constituir outro, por delibe-ração dos partícipes da fundação deste, desde que o território de ambos não se reduza a área inferior à de um município (v.g., MS 21.080, 12.8.93, Rezek, RTJ 150/95; RMS 21.438, 19.4.94, Celso, Lex 191/128; RE 191.231, 14.12.98, Pertence; RE 153.534; Velloso, DJ 29.9.99; AgRgRE 207.910, 28.8.98, Corrêa, DJ 4.12.98; RE 207.780, 15.6.99, Galvão; RE 175.530, 15.6.99, Galvão). 2. Dado, porém, que o âmbito de cognição da causa no juízo de conhecimento do RE é restrito ao das questões suscitadas e aos preceitos constitucionais invocados na sua interposição v.g., RE 79.197, 13.8.75, Moreira, RTJ 74/813; RE 129.392, 15.6.92, Pertence, RTJ 149/201; AgRgAg 138.173, 25.2.92, Marco Aurélio, Lex 164/50; RE 155.945, 31.8.93, Pertence), não será possível aplicar ao caso a jurisprudência do Tribunal, pois o RE, desfocado, se ocupou unicamente com a ociosa discussão sobre a necessidade do registro do sindicato recorrente no Minis-tério do Trabalho, que sequer integrou a fundamentação da decisão recorrida. (Acórdão unânime da 1ª Turma do STF - RE 245.019-7/ES - Rel. Min. Sepúlveda Pertence - j 09.11.1999 - DJU-e 1 17.12.1999, p 32)

7. CoBrança - ação - ComPetênCIa

A Emenda Constitucional nº 45/2004 instituiu a chamada “Reforma do Poder Judiciário”. Assim, entre outras disposições, foi alterada a redação do art. 114 da CF, que dispõe sobre a competência da Justiça do Trabalho.

Nota

O art. 114 da Constituição Federal estabelece:

“Art. 114 - Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

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12-10 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

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I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II - as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindi-catos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quan-do o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorren-tes da relação de trabalho;

VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei.

§ 1º - Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger ár-bitros.

§ 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio cole-tivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o confli-to, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

§ 3º - Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito.”

7.1 acórdãos

Diante da nova redação dada ao art.114, ante-riormente descrito, e da atual jurisprudência sobre o assunto (veja transcrição dos acórdãos adiante), a competência para dirimir controvérsias relativas à ação de cobrança da contribuição sindical é da Justiça do Trabalho.

Conflito negativo de competência. STJ. TST. Contribuição sindical. EC 45/2004. A discussão relativa à legitimidade do sindicato para receber a contribuição sindical representa matéria funcional à atuação sindical, enquadrando-se, diante da nova redação dada pela EC 45/2004 ao art. 114, III, da CF, na competência da Justiça do Trabalho. (CC 7.456, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 7-4-2008, Plenário, DJE de 20-6-2008.) No mesmo sentido: RE 488.446, Rel. Min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, julgamento em 9-5-2012, DJE de 14-5-2012; RE 608.887-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 8-2-2011, Primeira Turma, DJE de 2-3-2011; RE 596.525-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 25-5-2010, Segunda Turma, DJE de 9-6-2011; AI 404.656-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25-8-2009, Segunda Turma, DJE de 18-9-2009.

Ante o disposto no art. 1º da Lei 8.984/1995, à Justiça do Trabalho já competia julgar ação de sindicato de catego-ria econômica contra empregador, visando à contribuição assistencial estabelecida em contrato coletivo. (...) A competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações sobre representação sindical, entre sindica-

tos, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores - inciso III do art. 114 da CF, com a redação da Emenda 45, de 2004 -, abrange demandas propostas por sindicato de categoria econômica contra empregador, objetivando o reconhecimento do direito à contribuição assistencial. (CC 7.221, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 1º-7-2006, Plenário, DJ de 25-8-2006.) No mesmo sentido: RE 500.049, Rel. Min. Luiz Fux, decisão monocrática, julgamento em 15-3-2012, DJE de 23-3-2012.

Questionamento em torno do reconhecimento do direito de recolher a contribuição sindical respectiva. Acolhimento da pretensão pela Justiça do Trabalho. (...) Inexistência de identidade material entre o fundo do direito impugnado e a interpretação consagrada na ADI 3.395-MC/DF. (Rcl 9.836-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 2-3-2011, Plenário, DJE de 28-3-2011.)

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 705.821 - Pr (2004/0167166-6)

RELATOR: MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

EMENTA PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA. ENTI-DADE SINDICAL. CONTRIBUIÇÃO. ART. 114, III, DA CF. ALTERAÇÃO INTRODUZIDA PELA EC Nº 45/2004. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. REMESSA DOS AUTOS AO TST. JULGADO PENDENTE DE PUBLI-CAÇÃO. MOTIVAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA. POSSI-BILIDADE.

Com a promulgação da Emenda Constitucional n. 45, de 8.12.2004, que introduziu o inciso III do art. 114 da Carta vigente, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, julgando, em 25.5.2005, questão de ordem no Recurso Especial n. 727.196-SP (relator Ministro José Delgado), posicionou-se, à unanimidade, no sentido da imediata aplicação da EC n. 45/2004, reconhecendo, conseqüen-temente, a incompetência absoluta deste Tribunal para processar e julgar controvérsia sobre cobrança de con-tribuição sindical, por se tratar de matéria afeta à Justiça do Trabalho. 2. A decisão agravada não se ressente de motivação pelo simples fato de firmar-se em julgado que, conquanto pendente de publicação, é norteador, por si só, da formação da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 3. Agravo regimental não-provido. ACÓRDÃO Vis-tos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Vencido, preliminarmente, o Sr. Ministro Francisco Peçanha Martins. Os Srs Ministros Castro Meira, Francisco Peçanha Martins, Eliana Calmon e Franciulli Netto votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julga-mento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha. Brasília, 15 de setembro de 2005 (data do julgamento).

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 712.915 - Pr (2004/0184917-0)

Relator: Ministro Francisco Falcão

EMENTA AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ES-PECIAL. COBRANÇA DE CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. PROMULGAÇÃO DA EC 45/2004. INCIDÊNCIA IME-DIATA DA NOVA REGRA DE COMPETÊNCIA CONSTI-

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12-11Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

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TUCIONAL. ATRIBUIÇÃO JURISDICIONAL DEFERIDA À JUSTIÇA DO TRABALHO. ART. 114, III, DA CF. REMESSA IMEDIATA DOS AUTOS AO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO.

I. A Constituição Federal no seu art. 114, inciso III, com a nova redação dada pela EC nº 45/2004, suprimiu a compe-tência do Superior Tribunal de Justiça para julgar as ações que versem sobre representação sindical, entre sindicatos e trabalhadores e entre sindicatos e empregadores. II. É cediço na Corte que a modificação de competência cons-titucional tem aplicabilidade imediata, alcançando, desde logo, todos os recursos especiais versando contribuição sindical, ainda em curso no Superior Tribunal de Justiça, quando da promulgação da EC nº 45/2004, raciocínio que se estende às Federações e Confederações. III. A Primeira Seção desta Corte Superior, quando da apreciação de Questão de Ordem, suscitada no REsp nº 727.196/PR, de relatoria do Exmo. Sr. Ministro José Delgado, julgada em 25/05/2005, firmou a mencionada incompetência ratione materiae vinculativa para as suas respectivas Turmas. IV. Agravo regimental improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unani-midade, negar provimento ao agravo regimental, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Denise Arruda e José Delgado votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justi-ficadamente, o Sr. Ministro LUIZ FUX. Custas, como de lei. Brasília (DF), 04 de outubro de 2005 (data do julgamento).

RECURSO ESPECIAL Nº 727.196 - SP (2005/0029204-2)

RELATOR: MINISTRO JOSÉ DELGADO

EMENTA DIREITO SINDICAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA TRABALHISTA. ART. 114, INCISO III, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EC Nº 45 DE 08 DE DEZEMBRO DE 2004. APLI-CAÇÃO IMEDIATA. ART. 87 DO CPC. 1. Recurso especial interposto contra acórdão oriundo de ação objetivando o recebimento de contribuição sindical rural fundada no art. 578 e seguintes da Consolidação das Leis Trabalhistas em c/c o DL no 1.166/71. 2. A EC nº 45 dispõe, conforme redação que deu ao art. 114, III da CF/88, que: ‘Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: ... III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos e trabalha-dores, e entre sindicatos e empregadores.’ 3. As ações ajuizadas por entidades sindicais atinentes à cobrança de contribuição sindical devem ser processadas e julga-das na Justiça Trabalhista em face da carga cogente do art. 114, inciso III, da Constituição Federal. Competência atribuída pela EC nº 45 de 08 de dezembro de 2004. 4. No tocante ao fenômeno da aplicação da Emenda Consti-tucional referida no tempo, tenho que ela se aplica, desde logo, em virtude do disposto na parte final do art. 87 do CPC. Todos os processos, em conseqüência, qualquer que seja a fase em que se encontrem, devem ser envia-dos à Justiça do Trabalho, sob pena de nulidade absoluta. 5. Diante da incompetência absoluta deste Tribunal para conhecer da matéria discutida no presente recurso espe-cial, determino que sejam os autos remetidos ao egrégio Tribunal Superior do Trabalho. ACÓRDÃO Vistos, relata-dos e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, decidir pela competência da Justiça do Trabalho, remetendo os

autos para o Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Denise Arruda e Francisco Peça-nha Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Francisco Falcão, Luiz Fux e João Otávio de Noronha. Licenciado o Sr. Ministro Franciulli Netto. Brasília (DF), 25 de maio de 2005 (Data do Julgamento)

8. PresCrIção

“O direito à ação para cobrança da contribuição sindical prescreve em 5 anos, vez que está vinculada às normas do sistema do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966), conforme previsto no seu art. 217” (Despacho de 14.07.1972 - Parecer nº 238/1972 - Processo MTPS nº 309.093/1971).

9. PenalIdades

Nos termos da CLT, art. 598, a fiscalização do trabalho pode aplicar a multa de 1/5 a 200 valores de referência regionais por infração a dispositivos relacionados à contribuição sindical.

Observar que atualmente os valores de referência regionais estão extintos.

Não obstante a extinção dos valores de refe-rência regionais, o descumprimento do disposto nos arts. 578 a 610 da CLT, que tratam da “Contribuição Sindical”, sujeita o infrator à multa de, no mínimo, 7,5657 e, no máximo, 7.565,6943 (*) Unidades Fiscais de Referência (Ufir), conforme CLT, art. 598, combi-nado com a Portaria MTb nº 290/1997.

Importante

(*) Nos termos da Lei nº 10.522/2002, art. 29, § 3º, está extinta a Ufir, instituída pela Lei nº 8.383/1991, art. 1º.

Vale lembrar que, por meio da Lei nº 10.192/2001, art. 6º, parágrafo único, ficou estabelecido que a reconversão para real dos valores expressos em Ufir, extinta em 27.10.2000, será efetuada com base no valor dessa unidade fixado para o exercício de 2000, ou seja, R$ 1,0641.

Em pesquisa realizada no site do MTE, em 06.02.2015, especificamente no site http://portal.mte.gov.br /data/ f i les /FF8080812B34D4B001 2B35825716021B/tabela_variavel_2009.pdf, encon-tramos a tabela de multas administrativas de valor va-riável, em reais, a qual transcrevemos, parcialmente, a seguir.

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12-12 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

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TAbElA dAs mulTAs AdminisTrATivAs dE vAlor vAriávEl (Em rEAis)

N

a IOB SetorialCOméRCIO EXTERIOR

Atividades relacionadas ao despacho aduaneiro1. Introdução

O despachante aduaneiro, bem como o ajudante de despachante aduaneiro trabalham na prestação

de serviço de despacho aduaneiro a empresas agropecuárias, comerciais, industriais e de serviços, inclusive empresas e órgãos estatais.

Trata-se de ocupações regulamentadas, cujo exercício depende de licença para operar junto à Receita Federal.

Segundo o Código Brasileiro de Ocupações (CBO), os despachantes aduaneiros:

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12-13Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

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desembaraçam mercadorias e bagagens, requisitando vistoria aduaneira, formalizando desistência de vistoria aduaneira, pagando taxas e impostos e apresentando documentos à Receita Federal e demais órgãos perti-nentes. Os despachantes aduaneiros classificam mer-cadorias, analisando amostras, verificando funções, uso e material constitutivo de mercadorias e enquadrando mercadorias em sistemas de classificação e tarifação, tais como: TEC, NESH, NALADI, ICMS e TIPI. Operam sistema de comércio exterior, registrando informações da operação de importação e exportação de mercadorias, assessoram importadores e exportadores, elaboram documentos de importação e exportação e contratam serviços de terceiros.

2. desPaCho aduaneIro

Toda mercadoria procedente do exterior por qual-quer via, destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro, que será processado com base em declaração apresentada à repartição aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.

3. atIvIdades relaCIonadas ao desPaCho aduaneIro

O exercício das profissões de despachante adu-aneiro e de ajudante deste somente será permitido à pessoa física inscrita, respectivamente, no Registro de Despachantes Aduaneiros e no Registro de Ajudantes de Despachante Aduaneiro, mantidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).

São atividades relacionadas ao despacho adua-neiro de mercadorias, inclusive bagagem de viajante, na importação, na exportação ou na internação, trans-portadas por qualquer via, as referentes a:

a) preparação, entrada e acompanhamento da tramitação e apresentação de documentos re-lativos ao despacho aduaneiro;

b) subscrição de documentos relativos ao des-pacho aduaneiro, inclusive termos de respon-sabilidade;

c) ciência e recebimento de intimações, de noti-ficações, de autos de infração, de despachos, de decisões e de outros atos e termos proces-suais relacionados com o procedimento de despacho aduaneiro;

d) acompanhamento da verificação da mercado-ria na conferência aduaneira, inclusive da re-tirada de amostras para assistência técnica e perícia;

e) recebimento de mercadorias desembaraçadas;f) solicitação e acompanhamento de vistoria

aduaneira; eg) desistência de vistoria aduaneira.

Somente mediante cláusula expressa específica do mandato poderá o mandatário subscrever termo de res-ponsabilidade em garantia do cumprimento de obriga-ção tributária, ou pedidos de restituição de indébito, de compensação ou de desistência de vistoria aduaneira.

A RFB poderá dispor sobre outras atividades relacionadas ao despacho aduaneiro de mercadorias.

Nota

O despachante aduaneiro poderá representar o importador, o expor-tador ou outro interessado no exercício das atividades relacionadas ante-riormente.

(Instrução Normativa RFB nº 1.209/2011)

N

a IOB ComentaTransferência provisória - Caracterização

Não há na legislação trabalhista qualquer dispo-sitivo que determine as características de uma trans-ferência provisória. Dada a omissão legal, a matéria comporta controvérsia.

Alguns doutrinadores alegam que é considerada provisória a transferência efetuada para a realização de um trabalho ou serviço específico, independen-

temente do tempo despendido. Assim, encerrado o trabalho ou o serviço, o empregado retorna ao local de origem, findando a transferência provisória.

Outros defendem que, ocorrendo a permanência do trabalhador por mais de 2 anos no local para o qual foi transferido, estaria configurado o caráter permanente da transferência. Portanto, segundo essa corrente de entendimento, provisória seria a transfe-rência com tempo de duração inferior ou de até 2 anos. Outros elastecem esse tempo para até 3 ou 5 anos.

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12-14 CT Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 - Boletim IOB

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Entendemos, salvo melhor juízo, que o tempo de duração da transferência isoladamente consi-derado não constitui característica suficiente para conferir-lhe o caráter provisório ou definitivo. A nosso ver, é necessária a intenção de permanência do trabalhador na nova localidade, fato este que deve ser estabelecido tácita ou expressamente entre empregado e empregador.

Caso não haja esse acordo, o tempo (2 anos ou mais) pode vir a ser considerado como elemento definidor da interinidade; ou seja, um período longo de transferência denota que a intenção não foi a de estabelecer uma situação passageira, e sim definitiva. Por tais razões, sugerimos que sempre que houver a necessidade de transferência do trabalhador para localidade diversa da resultante do contrato, haja acordo expresso entre as partes que estabeleça ser ela provisória ou definitiva.

Para maior compreensão da questão, reproduzi-mos a seguir algumas decisões judiciais.

Adicional de transferência - É preciso alertar para a evi-dência de o § 3º do artigo 468 da CLT não conceituar o que seja transferência provisória ou definitiva. Mesmo assim, para se identificar uma e outra dessas modali-dades de transferência, é imprescindível a utilização do fator tempo. Embora esse posicionamento reflita ampla subjetividade do intérprete, não se pode considerar definitiva transferência que dure menos de três anos, na esteira do que ministra a experiência do dia a dia de que nessa hipótese são fortes os vínculos do empregado com o município onde iniciara o trabalho. Tendo por norte o fato de a transferência para Mariópolis ter durado menos de três anos e a de Palmas mais de três anos, não pairam dúvidas de a primeira se identificar pela provisoriedade e a segunda, pela definitividade. Desse modo, resta evidenciado que a segunda transferência se distingue da primeira pela sua definitividade, implicando no descabimento do adicional, por conta do que preco-niza a OJ 115 da SBDI-I. Recurso parcialmente provido... (TST - RR 31/2002-072-09-00.5 - 4ª Turma - Rel. Min. Barros Levenhagen - DJU 03.02.2006)

Adicional de transferência - Alteração do local da presta-ção de serviços - Condição para a execução do contrato - Definitividade - Não cabimento. O toque de pedra para se verificar o direito ou não ao adicional de transferência, reside em saber se a alteração promovida é precária ou definitiva. Para tanto, irrelevante o tempo que o empre-gado permaneça na nova localidade. O que efetivamente importa é se a alteração foi feita com o escopo de se estender ao longo do tempo, ou se teve um objetivo certo e determinado, ainda que o seu termo final não estivesse previamente previsto. Ademais, sendo que a alteração é condição ínsita da nova função que o laborista passou a exercer por força de promoção, tendo sido respeita-das as vantagens pecuniárias, agiganta-se ainda mais a impertinência do adicional diante da definitividade do novo quadro fático delineado. (Acórdão unânime da 2ª

Turma do TRT da 15ª Região - RO 11.673/1999 - Rel. Juiz Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva - DJ SP II 06.11.2000, pág. 3)

Adicional de transferência - Duração temporal do des-locamento - Análise da provisoriedade. A transferência, que atrai o pagamento do adicional não inferior a 25% do salário, como prescreve a norma legal, há de trazer ínsita a provisoriedade, que não há de perdurar além de um período razoável. No prisma vernacular, provisório é o passageiro, transitório. Abeberando-se ao conceito da relação de emprego com a ótica voltada ao princípio do Direito do Trabalho da presunção de continuidade do con-trato, tem-se que provisoriedade significa curta duração, episódico, fugaz. Este elemento, imprescindível para o acolhimento da pretensão, mostra-se ausente nos autos, ante a própria afirmação inicial, quanto à permanência na localidade diversa da contratação (f. 4). (Acórdão da 5ª Turma do TRT da 3ª Região - RO 1.524/2001 - Rel. Juiz Ricardo Antônio Mohallem - DJ MG 08.06.2001, pág. 9)

Auxílio mudança - Transferência. O fato do empregado haver permanecido um ano e quatro meses no local para onde foi transferido, não é por si só causa eficiente para caracterizar a transferência definitiva. O retorno do empregado para a localidade resultante do contrato de trabalho, como ocorreu no caso vertente, comprova o caráter provisória da transferência efetivada pela empre-gadora. Recurso improvido no particular por unanimidade. (Acórdão do TRT da 24ª Região - RO 2.300/1995 - Rel. Juiz João de Deus Gomes de Souza - DJ MS 11.03.1996, pág. 48)

RESIDÊNCIA SUPERIOR A 01 ANO NO LOCAL DE TRABALHO DA DISPENSA - FORMALIZAÇÃO DE DO-CUMENTO INDICANDO A TRANSFERÊNCIA DO AUTOR - RUPTURA CONTRATUAL ANTES DA SUA EFETIVAÇÃO - ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA - DESCABIMENTO - O legislador não define o que se considera transferência provisória, nem fixa o prazo de sua duração. Diante disso, a doutrina tem lançado mão da analogia, utilizando-se do artigo 478, §1º, da CLT , que dispõe ser o primeiro ano de duração do contrato de trabalho considerado como pe-ríodo de experiência. Assim, se a transferência se estende por período superior a 01 (um) ano, considera-se que ela possui caráter definitivo. Na hipótese em apreço, o autor ficou cerca de 04 (quatro) anos e 06 (seis) meses nesta Capital, o que confirma o seu caráter definitivo. Assim, correta a r. decisão a quo, que decidiu nesse sentido, em virtude de em Belo Horizonte também ter ocorrido a ruptura do pacto contratual. E a mera possibilidade de transferência do reclamante para o RJ, que, na prática, não se realizou, a par da formalização de documento com essa previsão, não tem o condão de impedir este raciocínio, de definitividade da transferência. O mesmo se diga em relação ao contrato de locação de imóvel resi-dencial, acostado dos autos. Isto porque, o simples fato de o autor residir em imóvel alugado não induz, por si só, à conclusão de que a transferência seria transitória, pois pode se tratar de uma opção do empregado, assim como o é a de tantas outras pessoas, que por razões diversas, residem em caráter definitivo no local de trabalho e não moram em residência própria. Recurso a que se nega provimento, na espécie, nos termos acima. (TRT-03ª R. - RO 713/2008-003-03-00.1 - Rel. Juiz Conv. Paulo Mauri-cio R. Pires - DJe 12.04.2010 - p. 367)

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12-15Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Mar/2015 - Fascículo 12 CT

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COnTRIBuIçõES ASSISTEnCIAl, SIndICAl, COnfEdERATIvA E ASSOCIATIvA

Contribuição associativa - Pagamento

1) O pagamento da contribuição assistencial (tam-bém denominada “associativa”) é obrigatório?

Não. A contribuição associativa ou mensalidade sindical ou mensalidade estatutária, de caráter mera-mente associativo, é devida por aqueles que optaram pela filiação às associações sindicais, na forma esta-belecida nos estatutos ou pelas assembleias gerais.

Nesse sentido, o Precedente Normativo nº 119 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) prevê:

119 - Contribuições sindicais - Inobservância de preceitos constitucionais.

A Constituição da República, em seus arts. 5º; XX, e 8º, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo; convenção coletiva ou sentença nor-mativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confedera-tivo; assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Sendo nulas as estipulações que inobser-vem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores irregularmente descontados.

Pelo teor do citado Precedente Normativo, conclui-se que o pagamento da contribuição assis-tencial é obrigatório somente para os associados ao sindicato, em consequência do seu próprio ato de associação, que é voluntário (art. 8º, V, da Constituição Federal).

(Constituição Federal, art. 8º, V; Consolidação das Leis do Trabalho, art. 548, “b”; Precedente Normativo TST nº 119)

Contribuição sindical - Prescrição

2) A ação para cobrança da contribuição sindical prescreve em quantos anos?

O direito à ação para cobrança da contribuição sindical prescreve em 5 anos, vez que está vinculada

às normas do sistema do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966), conforme previsto no seu art. 217

(Despacho de 14.07.1972 - Parecer nº 238/1972 - Proces-so MTPS nº 309.093/1971)

desconto - valor

3) Qual o valor a ser descontado em folha pela em-presa a título de contribuição confederativa?

A legislação não estabelece um valor a ser descontado em folha a título de contribuição con-federativa. O referido valor será fixado por meio da assembleia geral e, no caso de categoria profissional, será descontado em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva. Observe-se que, por intermédio da Súmula nº 666 do Supremo Tribunal Federal (STF), ficou estabelecido que a contribuição confederativa só será exigível dos filiados ao sindicato respectivo.

(Constituição Federal, art. 8º, IV)

distinção

4) Existe diferença entre as contribuições assis-tencial, sindical, confederativa e associativa?

Sim. A contribuição confederativa, prevista na Constituição Federal/1988, art. 8º, inciso IV, não se confunde com a contribuição sindical, cuja obrigato-riedade resulta do exercício da atividade econômica ou profissional, nem com a contribuição assistencial, normalmente prevista em documento coletivo de trabalho e acordada ou convencionada nas datas--base entre o sindicato da categoria profissional (empregados) e o da categoria econômica (patro-nais/empregadores), tampouco com a contribuição associativa ou mensalidade sindical, de caráter meramente associativo.

(Constituição Federal, art. 8º, IV; Consolidação das Leis do Trabalho, arts. 513, “e”, e 578 a 610)

a IOB Perguntas e Respostas