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CRISTINA MARI ZANELLA BACK FISIOTERAPIA NA ESCOLA: AVALIAÇÃO POSTURAL Tubarão, 2006.

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CRISTINA MARI ZANELLA BACK

FISIOTERAPIA NA ESCOLA: AVALIAÇÃO POSTURAL

Tubarão, 2006.

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CRISTINA MARI ZANELLA BACK

FISIOTERAPIA NA ESCOLA: AVALIAÇÃO POSTURAL

Monografia apresentada ao Curso de Fisioterapia, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientadora Profª. M.Sc. Inês Alessandra Xavier Lima

Tubarão, 2006.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por estar sempre ao meu lado, guiando-me e protegendo-me,

em todos os momentos da minha vida.

Aos meus pais, Alberto e Marilene, que mesmo longe, sempre estiveram muito perto. Pela

confiança, pelo apoio e incentivo para poder superar mais essa etapa da minha vida e por

acreditarem nos meus objetivos.

Aos meus irmãos Alberto e Ana Claudia, por estarem sempre ao meu lado, auxiliando-me

nos momentos em que precisei.

Ao meu namorado, Anderson Esser, pela paciência, pelo entendimento, por agüentar minhas

crises de “stress”, e principalmente por me ajudar tanto na execução deste trabalho, e por ser

essa pessoa maravilhosa que é.

Aos professores, pelo aprendizado oferecido, em especial a professora, orientadora e amiga

Inês Alessandra Xavier Lima, pela dedicação, paciência, competência e pelas excepcionais

orientações para a realização deste trabalho.

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Agradeço novamente a Prof. Inês Alessandra Xavier Lima, por ter me acolhido no meio do

caminho (risos), no momento em que encontrava-me perdida.

Às minhas amigas “beleiudas”, Mariana, Tanise e Silvane, pela amizade, risos, choros,

festas, conselhos, enfim, quatro anos que serão inesquecíveis na minha memória.

Aos colegas de classe, pela troca de conhecimentos e amizades conquistadas, e a todos os

meus amigos particulares, pelo apoio e incentivo durante todo o curso e ao longo de minha

vida.

À direção da escola, professores, funcionários, pais e alunos, obrigada pela disponibilidade e

participação, sem os quais não seria possível e realização deste trabalho.

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Se querendo partir uma pedra, bateste nela cem

vezes e nada conseguiste, e se, na centésima

primeira vez, a pedra se rompeu, não foi esta

batida que conseguiu o que querias, mas nas

cem primeiras.

(Autor desconhecido)

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RESUMO

As alterações posturais são problemas ortopédicos que podem acarretar prejuízos funcionais ao ser humano. Programas de detecção precoce dos desvios posturais tem sido adotados em escolas, nos últimos anos, sendo importante examinar periodicamente estes escolares, particularmente durante as fases em que o crescimento é mais intenso. Este estudo objetivou analisar a prevalência de alterações posturais em alunos de 1ª à 4ª série do ensino fundamental, da Escola de Educação Básica São Judas Tadeu no município de Tubarão/SC, mais especificamente, traçar o perfil postural da amostra, apontar as alterações posturais mais encontradas com relação ao gênero e faixa etária e identificar a diferença entre os gêneros com relação à situação postural. Foram analisados 44 escolares, com auxílio de imagens fotográficas e de um software gráfico. Na avaliação observou-se os segmentos da cabeça, ombros, coluna, tronco, tórax, abdômen, quadril, joelhos e pés. Os dados foram tratados utilizando a estatística descritiva e o teste de Wilcoxon para amostras independentes. Nos escolares em geral, no plano frontal, houve uma prevalência de alterações nos segmentos de tronco, ombros e joelhos. Comparando os escolares de ambos os gêneros, observou-se que tanto as meninas quanto os meninos apresentaram uma maior incidência de inclinação de tronco para direita. No plano sagital, as meninas apresentaram uma prevalência maior de hiperlordose lombar (34,48%), e os meninos de protusão abdominal (40%). Conclui-se que as alterações posturais apresentaram-se em todas as idades, não havendo diferença significativa entre meninos e meninas. Palavras-chave: Escolares; Avaliação postural; Fisioterapia.

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ABSTRACT

Postural alterations are orthopedic problems that can cause functional damages upon the human being. It programs of early detection of the postural detours have been adopted in schools, in the last years, aiming periodically examine the schoolchild, in particular during the phases that the growth is more intense. This stud was planned to analyze the predominance of postural alterations in students of 1ª to 4ª grades of the fundamental education, of Basic Education São Judas Tadeu’ School, located in Tubarão/SC, more specifically, draw the postural profile of the sample, appoint the most postural alterations found regarding the kind and the age of the group, and identify the difference between the kinds regarding the postural situation. Were analyzed 44 schoolchild, with aid of photographic images and of a graphic software. In the evaluation were observed the segments of the head, shoulders, column, log, chest, abdomen, hip, knees and feet in the frontal and sagital plan. The results were treated utilizing descriptive statistical and the Wilcoxon’s test for independent samples. In general, the school results in the frontal plan, had a predominance of alterations in the segments of the log, shoulders and knees. Comparing the schoolchild of both kinds, it was observed that so much the girls as much the boys presented a bigger log inclination frequency in the right side of the body. In the sagital plan, the girls presented a bigger predominance of low back pain (34,48%), and the boys of abdominal protusion (40%). It is conclued that postural alterations were presented in all ages, not having significant difference between boys and girls. Keywords: School. Postural Evaluation. Physiotherapy.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Gravura representativa da postura considerada normal no plano sagital e o comportamento da unidade funcional da coluna vertebral........................................................... 21 Figura 02 – Gravura que apresenta os pontos de referência para a passagem do fio de prumo, para o alinhamento postural no plano sagital ............................................................................... 23 Figura 03 – Gravura representativa de indivíduo com escoliose.................................................. 25 Figura 04 – Ilustração no plano sagital, vista lateral esquerda, representando indivíduo que apresenta hiperlordose cervical e lombar .................................................................................... 28 Figura 05 – Ilustração no plano sagital,vista lateral esquerda representando indivíduo com protração de cabeça, protração escapular e hipercifose torácica. ................................................. 30 Figura 06 – Gravura representativa de um quadro de joelho valgo ............................................. 31 Figura 07 – Gravura representativa de um quadro de joelho varo.. ............................................. 31 Figura 08 – Imagem representativa de um quadro de joelho em flexão....................................... 32 Figura 09 – Imagem representativa de um quadro de joelho em hiperextensão, vista sagital. .... 32 Figura 10 – Gravura representativa de um quadro com pé plano ................................................ 33 Figura 11 – Imagem representativa de um quadro com pé cavo .................................................. 33 Figura 12 – Imagem fotográfica de sujeito da amostra no plano frontal (vista anterior [A] e posterior [B]) e no plano sagital (vista lateral esquerda [C] e direita [D] .................................... 46 Figura 13 – Foto ilustrando a disposição da instrumentação utilizada no estudo para a aquisição das imagens fotográficas no ambiente escolar durante a coleta de dados.................... 48 Figura 14 – Fotos ilustrando a disposição da grade de sobreposição utilizada como referência para a análise postural de sujeito da amostra no plano frontal (vista posterior [A], vista anterior [B]) e plano sagital (lateral esquerda [C] e lateral direita [D]......................................... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Valores de freqüência e porcentagem de alterações posturais na amostra, no plano frontal (vista posterior e anterior), por série e gênero .................................................................. 51 Tabela 02 – Valores de freqüência e porcentagem de alterações posturais na amostra, no plano sagital (vista lateral), por série e gênero ....................................................................................... 53 Tabela 03 – Valores do teste de Wilcoxon com relação à freqüência de alterações posturais entre as amostras, por plano de análise ........................................................................................ 55 Tabela 04 – Valores de freqüência, média e desvio-padrão referentes à presença de alterações posturais na amostra, por série ..................................................................................................... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição da amostra por série e gênero........................................................... 43

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

2 POSTURA E ALTERAÇÕES POSTURAIS ....................................................................... 17

2.1 Postura corporal .................................................................................................................. 17

2.1.1 Controle postural ................................................................................................................ 19

2.2 Alinhamento postural .......................................................................................................... 20

2.3 Alterações posturais ............................................................................................................ 23

2.3.1 Alterações posturais na Coluna Vertebral .......................................................................... 24

2.3.2 Alterações posturais dos joelhos ........................................................................................ 30

2.3.3 Alterações posturais dos pés ............................................................................................... 32

2.3.4 Alterações posturais em outros segmentos corporais ......................................................... 33

2.4 Postura em escolares ........................................................................................................... 34

2.5 Alterações posturais em escolares ...................................................................................... 36

2.6 Avaliação postural ............................................................................................................... 39

2.7 Intervenção fisioterapêutica no ambiente escolar ............................................................ 39

3 DELINEAMENTO DA PESQUISA ..................................................................................... 41

3.1 Tipo de estudo ....................................................................................................................... 41

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3.1.1 Tipo de pesquisa quanto à abordagem................................................................................. 41

3.1.2 Tipo de pesquisa quanto ao nível ....................................................................................... 42

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados ............................ 42

3.2 População / Amostra ........................................................................................................... 42

3.3 Procedimentos utilizados na coleta de dados .................................................................... 43

3.4 Instrumentos utilizados para coleta de dados ................................................................... 47

3.5 Tratamento dos dados ......................................................................................................... 48

3.6 Tratamento estatístico ......................................................................................................... 50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 51

4.1 Análise Postural ................................................................................................................... 51

4.2.1 Plano frontal; vista anterior e posterior .............................................................................. 51

4.2.2 Plano sagital; vista lateral ................................................................................................... 53

4.3 Perfil postural da amostra ................................................................................................... 55

4.4 Diferença entre os gêneros ................................................................................................... 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................. 62

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 64

APÊNDICES .............................................................................................................................. 71

APÊNDICE A - Carta-convite para a participação dos escolares na amostra enviada aos pais .. 72

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................................. 74

ANEXOS ..................................................................................................................................... 76

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ANEXO A – Termo de Consentimento para Fotografias ............................................................ 77

ANEXO B – Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) ............................................................................................ 79

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1 INTRODUÇÃO

Postura é o estado de equilíbrio dos músculos e ossos, para proteção das demais

estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentada ou deitada. Um

bom controle postural, com a solicitação de poucos músculos e baixo gasto de energia leva à

boa postura.

A postura humana tem sido objeto de estudo biomecânico, uma vez que desvios

estruturais e funcionais causam desequilíbrio no sistema corporal, levando a compensações

que podem gerar alterações em suas estruturas e funções (PEREZ, 2002).

Estudos comprovam que existe uma grande variação fisiológica na postura e na

mobilidade da coluna vertebral durante o crescimento e que o período do estirão do

crescimento na adolescência está correlacionado com o desenvolvimento e acentuação de

desvios posturais (BRACCIALLI; VILLARTA, 2000). A quase totalidade dos problemas

posturais tem sua origem na infância, uma vez que as crianças em idade escolar encontram-se

em período de acomodação das estruturas anatômicas de seus corpos. Entretanto, a maioria

dos desvios posturais na criança em crescimento é classificada como “desvio de

desenvolvimento” e, quando os padrões se tornam habituais, podem resultar em alterações

posturais patológicas.

A postura mantida e os maus hábitos posturais podem influenciar e alterar a

morfologia de algumas estruturas ósseas, durante a infância e a adolescência. Estas alterações

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e esses hábitos posturais geram, na vida adulta, diversas complicações em níveis funcionais,

ortopédicos, respiratórios e outros, além de dores musculares devido a compensações do

organismo (MORO, 2000).

No ambiente escolar, tem-se observado uma grande lacuna para aplicações e

adequações ergonômicas. Um dos fatores que desencadeiam sérios danos à saúde das crianças

em idade escolar é o fato de as mesmas permanecerem sentadas por muitas horas seguidas, na

maioria das vezes em posturas inadequadas. Os prejuízos são visíveis e, se não houver uma

rápida intervenção terapêutica preventiva, o resultado será deformações no nível dos ombros,

dos quadris, joelhos e tornozelos, bem como as deformidades na coluna vertebral, tais como

hiperlordose cervical e/ou lombar, hipercifose torácica e escoliose.

Nos dias atuais, os escolares, os pais e os órgãos inseridos no processo educacional

e da saúde parecem desconhecer a prevalência destas alterações posturais e suas prováveis

conseqüências. Portanto, mostra-se necessário conscientizar os profissionais de educação, os

escolares e os pais, sobre a importância da detecção precoce de alterações posturais nos

estudantes, viabilizando uma mudança de comportamento frente a esta temática por estes

indivíduos.

Segundo Braccialli e Vilarta (2000), uma postura inadequada pode vir a

desenvolver-se entre as idades de 7 a 12 anos e entre as alterações posturais de tronco mais

comuns nesta faixa etária estão as escolioses.

Muitos estudos foram realizados a fim de detectar alterações posturais em

escolares nesta idade. Os autores encontraram resultados com índices significativos de

alterações posturais, principalmente de escoliose, em suas amostras.

Entre estes estudos, o de Lima (2006), o qual teve uma amostra de 256 escolares

de 12 escolas da rede municipal de ensino do município de Florianópolis /SC com idade entre

7 e 10 anos, identificou que as principais alterações posturais encontradas foram nos

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segmentos dorso-lombar e joelhos para ambos os gêneros, sendo hiperlordose lombar mais

prevalente no sexo feminino e a protusão de ombros no sexo masculino. Já Esteves (1993)

identificou que a escoliose é o desvio postural na coluna vertebral mais comum em escolares

de ambos os sexos.

Em estudos internacionais, Penha et al (2005), avaliou 132 crianças do gênero

feminino, onde as principais alterações encontradas foram protusão de ombros, anteversão

pélvica, hiperextensão de joelhos e pés valgos.

Com base no exposto, acredita-se que a inserção da Fisioterapia no ambiente

escolar é de grande importância, pois o período escolar mostra-se adequado para a

intervenção terapêutica em qualquer nível, sendo possível evitar, corrigir ou realinhar

alterações posturais se considerarmos o enorme potencial adaptativo das estruturas

relacionadas à postura durante o período de crescimento.

Logo, a escola apresenta-se como o local ideal para prevenir e orientar os escolares

com relação aos desequilíbrios posturais, informando e conscientizando a comunidade escolar

sobre a importância da prevenção.

Este trabalho foi desenvolvido a partir da participação da autora no Projeto de

Extensão- “Fisioterapia na Escola” da Universidade do Sul de Santa Catarina, no qual são

realizadas palestras para pais e alunos (relativas à Saúde Postural), avaliação postural dos

estudantes e posteriormente, nos casos de presença de fatores de risco para alterações

posturais, é realizada intervenção fisioterapêutica específica.

Sendo assim, este estudo teve como objetivo geral:

- Analisar a prevalência de alterações posturais em alunos de 1ª à 4ª série do

ensino fundamental.

Objetivos específicos:

- Traçar o perfil postural da amostra;

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- Apontar as alterações posturais mais encontradas com relação ao gênero e faixa

etária da amostra;

- Identificar a diferença entre os gêneros da amostra com relação à situação

postural;

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2 POSTURA E ALTERAÇÕES POSTURAIS

2.1 Postura corporal

A postura humana pode ser entendida por meio da análise das suas formas

estruturais e funcionais, sob a influência de vários fatores, a saber: evolução do ser humano,

linha de gravidade, o equilíbrio e o movimento do corpo, as necessidades da biomecânica, as

exigências ambientais e os problemas emocionais que interferem na imagem corporal, entre

outros.

De acordo com Braccialli e Vilarta (2000), a postura não é uma posição estática,

mas sim, dinâmica, pois as partes do corpo se adaptam constantemente, em resposta a

estímulos recebidos, refletindo corporalmente as experiências momentâneas.

A postura é o arranjo que os segmentos corporais mantêm entre si e no espaço, em

determinada posição, de forma a proporcionar conforto, harmonia, economia e sustentação do

corpo, além de preparar o individuo para a realização de um movimento, e promover a

sustentação durante o movimento em si (TANAKA, 1997).

Uma postura correta é a posição na qual o mínimo estresse é aplicado em cada

articulação e exige mínima atividade muscular para sua manutenção, sendo assim, qualquer

posição que aumente o estresse sobre as articulações pode ser considerada postura defeituosa

(MAGEE, 2002).

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Tribastone (2001, p.21) diz que postura é “[...] a posição otimizada, mantida com

característica automática e espontânea, de um organismo em perfeita harmonia com a força

gravitacional e predisposto a passar do estado de repouso ao estado de movimento”.

Para Kendall, McCreary e Provance (1995), a postura é definida como a posição

que o corpo assume na preparação do próximo movimento. A boa postura é o estado de

equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão

ou deformidade progressiva, independentemente da atitude nas quais essas estruturas estejam

trabalhando em repouso. A má postura é uma relação defeituosa entre várias partes do corpo,

que produz uma maior tensão sobre as estruturas de suporte, sobre as quais ocorre um

equilíbrio menos eficiente do corpo.

Segundo Moro (2000), não existe consenso sobre a definição de postura ideal.

Apesar das diferenças individuais acredita-se que, do ponto de vista fisiológico, existe uma

boa postura para cada indivíduo e que esta é caracterizada por um bom alinhamento corporal,

o qual determina uma máxima eficiência fisiológica e biomecânica do organismo.

Uma definição muito utilizada e aceita no meio acadêmico é a da Academia

Americana de Ortopedia, citado por Tribastone (2001), a qual coloca que a postura é definida

como sendo um inter-relacionamento relativo das partes do corpo, portanto o equilíbrio entre

os ossos, músculos, tendões e ligamentos, estruturas que sustentam e protegem o corpo contra

agentes externos ou internos, que de uma forma ou de outra atuam na tentativa de quebrar a

harmonia estática e dinâmica deste equilíbrio.

A postura corporal também pode ser definida como uma atitude ou posição do

corpo no espaço e para ser considerada normal deve haver ausência de forças contrárias sobre

os segmentos corporais e conseqüente inexistência de dor. A postura normal é sensivelmente

afetada no momento de pico de crescimento, ou seja, fase na qual as alterações posturais

ocorrem com maior freqüência (CARENZI et al, 2004).

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O fator principal da postura é o tônus muscular, que não é somente a base da

acomodação postural, mas também a expressão das emoções e dos movimentos ou atitudes

(TRIBASTONE, 2001).

2.1.1 Controle postural

O controle postural envolve o controle da posição do corpo no espaço, para o

objetivo duplo de estabilidade e orientação. A orientação postural é definida como a

capacidade de manter uma relação adequada entre os segmentos do corpo e entre o ambiente,

para uma determinada tarefa (COOK; WOOLLACOTT, 2003).

Em grande parte das tarefas funcionais, a orientação vertical do corpo é mantida.

Nessa orientação são utilizadas referências sensoriais múltiplas, incluindo a gravidade

(sistema vestibular), superfície de apoio (sistema somatossensitivo) e relação corpo/ambiente

(sistema visual).

O controle da postura é resultado de uma interação entre sistemas orgânicos que

trabalham juntos, para controlar a orientação e estabilidade do corpo.

Um equilíbrio se diz mecanicamente econômico quando requer um esforço

mínimo para ser estabelecido e mantido, através de uma modulação particular e precisa do

tônus da posição (TRIBASTONE, 2001).

Na anatomia humana, a musculatura é constituída por músculos perfeitamente

distintos: totalmente fásicos (função dinâmica) ou totalmente tônicos (função estática).

Certos músculos podem ser considerados inteiramente dinâmicos, que são os

grandes músculos do movimento, em geral os dos membros. São constituídos por fibras

musculares de comprimento proporcional à amplitude de movimento. Outros músculos são

tônicos por completo, são os chamados músculos antigravitários, ou seja, lutam contra a

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gravidade, com função de equilibrar as articulações de carga ou suspender os segmentos

pendulares (BIENFAIT, 1995).

As cadeias musculares referem-se a um procedimento preventivo e/ou corretivo,

sendo um método de leitura da postura e de conscientização, para a utilização adequada e

harmoniosa do corpo visando preservar sua mecânica (DENYS-STRUYF, 1995).

A postura depende de um equilíbrio dos segmentos do corpo humano. “O

equilíbrio humano é constituído de uma sucessão ascendente de desequilíbrios controlados

pela musculatura tônica” (BIENFAIT, 1995, p.14). Para uma boa postura, a tonicidade

postural deverá evitar e controlar os desequilíbrios inevitáveis.

2.2 Alinhamento postural

Para Kendall, McCreary e Provance (1995), uma postura padrão é aquela em que a

coluna apresenta as curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em

alinhamento ideal para sustentação do peso. A posição neutra da pelve conduz ao bom

alinhamento do abdômen, tronco e membros inferiores. O tórax e a coluna superior ficam em

uma posição que favorece a função ideal dos órgãos respiratórios e a cabeça fica ereta em

uma posição bem equilibrada, que minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical

(Figura 1).

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Figura 1: Gravura representativa da postura considerada normal no plano sagital e o

comportamento da unidade funcional da coluna vertebral. Fonte: Bricot (2001).

Magee (2002) considera que, para uma postura seja considerada adequada, a

cabeça é mantida ereta, os braços ficam relaxados com as palmas das mãos voltadas para o

corpo, cotovelos levemente flexionados, os ombros estão no mesmo nível nos planos sagital e

coronal, as escápulas estão de encontro à caixa torácica, o abdômen deve ser plano, à frente da

pelve e as coxas estão numa linha reta, os glúteos não são proeminentes, o peso corporal é

suportado uniformemente sobre ambos os pés e o quadril está no mesmo nível, as pernas são

retas para cima e para baixo, o arco longitudinal medial do pé tem a forma de uma

hemicúpula e os dedos dos pés devem estender-se para frente em linha com o pé.

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O corpo está em perfeito equilíbrio quando a vertical traçada a partir de seu centro de gravidade resulta exatamente na sua base de sustentação. O alinhamento postural é estabelecido por estruturas músculo-esqueléticas que interagem por toda a vida, de acordo com as solicitações. No entanto, para que o corpo permaneça em equilíbrio, qualquer alteração é compensada por um desequilíbrio inverso, de mesmo plano e valor (TEIXEIRA;VANÍCULA, 2001, p.12).

Para a manutenção da postura alinhada, é necessário manter o equilíbrio do corpo,

para que este possa realizar determinadas funções. Para manter o equilíbrio é preciso um

controle postural que garanta que o centro de gravidade (CG) caia dentro da área de

estabilidade, e que o peso do corpo se mantenha de forma segura (MARRERO, 2000).

Kendall, Mccreary e Provance (1995) afirmam que o ponto na linha onde o fio de

prumo é suspenso deve ser ponto fixo padronizado. Como o único ponto fixo na postura é na

base onde os pés estão em contato com o solo, o ponto de referência deve ser a base (Figura

2).

Os desvios a partir do alinhamento do prumo são descritos como leves, moderados

ou acentuados, neste caso foram mensurados em deslocamentos utilizando-se da fotometria,

que analisa a postura através da imagem de câmera fotográfica ou de vídeo, em que são

marcados pontos anatômicos na pele dos sujeitos como referência.

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Figura 2: Gravura que apresenta os pontos de referência para a passagem do fio de prumo,

para o alinhamento postural no plano sagital. Fonte: Kendall; Mccreary; Provance (1995).

2.3 Alterações posturais

Alguns fatores podem causar alterações na estrutura óssea do esqueleto,

repercutindo sobre a postura. As alterações ósseas por hereditariedade são decorrentes de

“erros” no desenvolvimento dos ossos da coluna. Existem também as alterações por costumes,

modos de trabalho e gravidez que são ocasionados devido a uma posição inadequada adotada

constantemente. As alterações por doenças ou acidentes, podem deformar a estrutura postural

e causar dores locais (PASQUET; ABANOU; MAJDALANI, 1983).

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Para Magee (2002), o problema postural mais comum é o mau hábito postural, no

qual, por qualquer razão, o indivíduo não mantém um bom alinhamento. Este tipo de postura

é, muitas vezes, observada em pessoas que permanecem de pé ou sentadas durante longos

períodos de tempo e começam a relaxar-se e encurvar-se. Dentre outras causas estão os

desequilíbrios musculares, distúrbios dolorosos, condições respiratórias, e até mesmo as

emoções expressas em atitudes corporais.

2.3.1 Alterações posturais na Coluna Vertebral

• Escoliose

Para Souchard e Ollier (2001) a escoliose é uma curvatura lateral da coluna

vertebral, de pequena sintomatologia clinica, que é vista inicialmente em estudantes, por

professores, pediatras e clínicos gerais (Figura 3).

De acordo com Dangelo e Fattini (2002, p.124):

Para continuar a exercer o seu papel de eixo do corpo, a coluna que, por qualquer motivo apresenta uma curva anormal, numa região, necessariamente apresentará outra em sentido inverso na outra região para compensar. Além da curvatura anormal, pode ocorrer concomitantemente uma rotação de vértebras e com isso os discos e as articulações ficam submetidos a uma série de novas forças que obrigarão a pessoa a evitar certos tipos de esforços ou determinadas espécies de exercícios ou trabalhos.

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Figura 3: Gravura representativa de indivíduo com escoliose.

Fonte: Magee (2002).

Biomecanicamente a escoliose é considerada uma deformação tridimensional da

coluna que compreende, segundo Tribastone (2001):

- uma deformação frontal: a inclinação lateral;

- uma deformação sagital: a hiperlordose ou a hipercifose;

- uma deformação horizontal: a rotação vertebral, que atua sobre o eixo axial;

Para Barros Filho apud BONETTI (1995), do ponto de vista de sua flexibilidade, a

escoliose pode ser classificada em não estrutural e estrutural. A escoliose não estrutural é

aquela em que não ocorrem alterações nas vértebras, ligamentos e discos intervertebrais. Já na

escoliose estrutural ocorrem alterações em seus elementos, como uma rotação no corpo

vertebral e retração dos tecidos moles do lado côncavo da curva. Esse tipo de escoliose é

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progressiva e caracteriza-se pela presença de gibosidade costal ou lombar do lado convexo da

curva.

Na grande maioria dos indivíduos portadores de escoliose, esta tem seu inicio

durante a pré-puberdade ou puberdade, e não está associada a nenhuma anomalia congênita

ou patologia neuromuscular associada. Embora a tendência à progressão da curva esteja

claramente associada ao estirão puberal, o surgimento da escoliose é freqüentemente anterior

à aceleração da velocidade do crescimento, ou mesmo às primeiras manifestações somáticas

da puberdade (BIENFAIT, 1995).

No ponto de vista etiológico podemos classificar as escolioses em idiopáticas e

congênitas.

A escoliose idiopática é o desvio lateral mais freqüente da coluna, sua etiologia é

desconhecida. Pode ser classificada segundo Bonetti (1995), em três categorias:

- idiopática infantil: aparece em crianças de até três anos de idade, geralmente dorsal esquerda

e evolutiva, numa freqüência igual nos dois gêneros.

- idiopática juvenil: aparece de três até dez anos de idade. Geralmente afeta a curva torácica à

direita e esses casos se não tratados evoluem para graves deformidades.

- idiopática de adolescentes: aparece a partir de 10 anos de idade, acomete principalmente

meninas e a curva torácica é à direita.

Bienfait (1995), afirma que a escoliose dita “idiopática” é uma compensação

estática de um desequilíbrio que pode situar-se em qualquer lugar do sistema esquelético, não

sendo uma doença, mas sim, uma deformidade estática que, por isso, evolui rapidamente, não

devendo ser esperada sua instalação para que seja tratada.

Para Tribastone (2001), qualquer que seja o tipo de escoliose, ela geralmente se

desenvolve paralelamente ao crescimento da coluna torácica, agrava-se durante o crescimento

e estabiliza-se quando ocorre a maturação óssea.

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A atitude escoliótica, por sua vez, é descrita por Pires et al (1990), como uma

atitude decorrente de maus hábitos posturais, sendo semelhante aos desvios ântero-posteriores

flexíveis da coluna vertebral, sem alterações ósseas e passível de correção, mas que pode

evoluir para uma escoliose verdadeira.

• Hiperlordose

Para Tribastone (2001), a hiperlordose pode ser definida como a acentuação da

curvatura lordótica fisiológica, podendo ocorrer em nível cervical ou lombar, mas sendo mais

comum neste ultimo seguimento da coluna vertebral (Figura 4).

Rasch e Burke (1977), afirmam que o tipo mais simples de hiperlordose lombar

adquire-se, temporariamente, sempre que uma pessoa carrega um peso nos braços mantidos

na frente do corpo. Os músculos da porção inferior das costas estão encurtados e os músculos

abdominais, alongados. Quando se assume habitualmente essa posição, um peso demasiado é

aplicado nas bordas posteriores dos corpos das vértebras lombares, havendo uma acentuada

tendência a adotar a posição de ombros caídos para compensar o deslocamento do peso

corporal para trás. Nos casos flexíveis, o indivíduo tem apenas que adquirir a habilidade de

assumir a posição correta da coluna e depois, praticar até se habituar. Nos casos em que há

uma ligeira resistência, existem exercícios apropriados que ajudarão a alongar os músculos

das costas e a encurtar o grupo muscular abdominal.

De acordo com Pasquet, Abanou e Majdalani (1983), os adolescentes que

carregam a mochila com excesso de peso tendem a inclinar o corpo para frente, afastando-se

do centro de gravidade que por sua vez, faz com que a criança jogue o corpo para trás na

tentativa de recuperar seu centro de gravidade, provocando esforço lombar repetitivo.

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Figura 4: Ilustração no plano sagital, vista lateral esquerda, representando indivíduo que apresenta hiperlordose cervical e lombar.

Fonte: Bricot (2001).

• Hipercifose

Uma das deformidades mais negligenciadas no tratamento da coluna são as

hipercifoses rotuladas de posturais, na adolescência, mas que podem ser sinal de alguma

patologia mais complexa (KISNER; COLBY, 1998).

Para as mesmas autoras, a hipercifose é definida como um exagero da curvatura

torácica fisiológica, geralmente compensada por uma hiperlordose lombar e/ou cervical. O

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tipo mais comum de hipercifose é a postural. No entanto, não é uma patologia definida da

coluna, mas a posição que o adolescente assume no desenvolvimento de suas atividades

diárias é que pode causar essa curvatura (Figura 5).

O dorso curvo infantil, como é denominado por Tribastone (2001), é caracterizado

por uma postura hipercifótica dorsal com pequena compensação cervical mas acentuada

hiperlordose lombar compensatória, geralmente não demonstrando alterações nos discos e

corpos vertebrais. Este desvio instala-se precocemente entre 8 e 12 anos e pode evoluir

lentamente acabando por estruturar-se. Muitos autores consideram o dorso curvo infantil

como o primeiro estágio da hipercifose juvenil ou Doença de Scheuermann que, geralmente,

tem inicio tardio, dos 12 aos 16 anos para as meninas e dos 13 aos 17 anos para os meninos.

A hipercifose pode ser de dois tipos: flexível e irredutível. É chamada de flexível

quando é passível de correção por ação voluntária e, irredutível, quando existe a

impossibilidade de corrigir-se por esforço muscular voluntário ou mobilização manual

(PIRES et al, 1990).

Normalmente ela regride com o crescimento, não estando indicado à correção pelo

colete. Essas crianças devem ser acompanhadas ate o final da adolescência pela possibilidade

de desenvolverem alterações estruturais mais graves. (BARROS FILHO apud BONETTI,

1995).

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Figura 5: Ilustração no plano sagital, vista lateral esquerda representando indivíduo com

protração de cabeça, protração escapular e hipercifose torácica. Fonte: Bricot (2001)

2.3.2 Alterações posturais dos joelhos

• Joelho valgo: ocorre quando a tíbia está abduzida em relação ao fêmur, de modo

que na posição em pé os joelhos se unem e fica um espaço entre os pés (Figura 6).

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Figura 6: Gravura representativa de um quadro de joelho valgo. Fonte: Bricot (2001)

• Joelho varo: há uma adução da tíbia em relação ao fêmur, ficando ambos, fêmur e tíbia,

curvados (Figura 7).

Figura 7: Gravura representativa de um quadro de joelho varo.

Fonte: Bricot (2001)

• Joelho em flexo: caracteriza-se pela impossibilidade de extensão completa do joelho (Figura

8).

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representativa de um quadro de joelho em

Fonte: Kendall; Mccreary; Provance (1995, p.75).

Figura 8: Imagem flexão, vista sagital.

• Joelh

Figura 9: Imagem hiperextensão, vista sagital.

2.3.3 Alterações posturais dos pés

o recurvatum: caracteriza-se pela hiperextensão do joelho (Figura 9).

representativa de um quadro de joelho em

Fonte: Kendall; Mccreary; Provance (1995, p.75).

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• Pés planos: caracterizado pelo apoio plantar total no solo, sendo o arco longitudinal medial

o pé ausente (Figura 10).

Figura 10: Gr pé plano.

• Pés cavos : ocorre um exagero do do pé (Figura 11).

2.3.4 Alterações posturais em out

d

avura representativa de um quadro comFonte: Marrero (2000).

arco longitudinal medial

Figura 11: Imagem representativa de um quadro com pé cavo.

Fonte: Marrero (2000).

ros segmentos corporais

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• Cabeça: desalinhamento e/ou assimetria no posicionamento no plano sagital

(anteriorização/protração e posteriorização/retração), no plano frontal (inclinação) e no plano

horizontal (rotação);

• Ombros: desalinhamento e/ou assimetria no plano sagital (protração ou retração) e no plano

frontal (elevação ou depressão);

• Quadril: anteversão ou retroversão pélvica.

2.4 Postura em escolares

Nos primeiros meses do período gestacional, o bebê encontra-se submerso no

líquido amniótico, que lhe proporciona um ambiente acolhedor. Esse ambiente é espaçoso,

permitindo-lhe uma movimentação livre sem resistência da gravidade, porém nos últimos

meses, devido ao seu crescimento acelerado, este espaço torna-se menor, obrigando-o a adotar

uma postura flexora global, adotando o formato de uma bola (BRACCIALLI, 2000).

Durante as primeiras semanas de idade concepcional, a atitude postural da coluna

vertebral é constante e somente a curvatura convexa primária das costas está presente. No

entanto da 11ª e 12ª semana de concepção, consegue-se observar a primeira curvatura

secundária, a lordose cervical, a qual atinge um valor de oito a doze graus. Por volta da 30°

semana de gestação, este ângulo amplia para 15° a 20° graus e mantém-se constante até o

nascimento. Ao mesmo tempo a curvatura torácica decresce, e estabiliza entre 48 a 42° ao

nascimento. A lordose lombar aparece entre a 25° semana atingindo valores de 12° a 14° ao

nascimento. Os primeiros anos de vida, devido ao desenvolvimento neuropsicomotor,

juntamente com adaptações posturais e postura ereta parecem ser responsáveis pela

acentuação das curvas secundárias e diminuição da curva primária (BRACCIALI, 2000).

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Com o crescimento o centro de gravidade desce, eventualmente localizando-se ao

nível da 12ª vértebra sacra nos adultos (ligeiramente mais alto nos homens) (MAGEE, 2002).

De um modo geral, a postura típica de uma criança de 2 a 3 anos é um abdômen

saliente e uma lordose bem acentuada, e é deste modo que ela distribui seu peso e consegue

equilíbrio. A criança mantém-se curvada para frente, com os joelhos um pouco fletidos e com

ampla base de apoio. Os braços estão abduzidos e os cotovelos fletidos. Os pés são

geralmente chatos. O grau de inclinação pélvica é variável nestes primeiros anos entre 25 a 40

graus (ASHER, 1976).

Dos três a quatro anos, a criança desenvolve uma postura mais regular e estável,

padrões motores mais rítmicos. No início da fase pré-escolar, a criança necessita de controle

postural adequado e das reações de equilíbrio necessárias para permanecer sentada na cadeira.

Crianças em idade pré-escolar e escolares das primeiras séries apresentam um

abdômen protuso quando na posição em pé, juntamente com uma hiperlordose lombar e

hiperextensão de joelho. E a postura modifica-se durante o período de crescimento,

assumindo um alinhamento mais adulto (BRICOT, 2001).

Uma criança não tem o alinhamento padrão de um adulto, pois a mobilidade e uma

flexibilidade maiores ocorrem durante o desenvolvimento. Um grande aumento do

movimento na criança pode causar desvios provisórios no alinhamento que seriam

considerados anormais nos adultos. Ao mesmo tempo, esta flexibilidade é uma maneira

determinada de proteger o corpo antes que uma má postura se fixe (BRACCIALLI;

VILARTA, 2000).

Outro aspecto característico da postura da criança em idade escolar é descrito por

Pinho e Duarte (1995) e consiste na apresentação de ombros voltados para frente; na maioria

das crianças de ambos os gêneros, durante o curso primário, a extremidade do acrômio está

voltada anteriormente, e com o eixo do antebraço voltado para trás.

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Asher (1976), afirma que os padrões de postura variam constantemente nas

crianças com menos de 10 anos; elas estão sempre testando novas maneiras de reagir à

gravidade. Adolescentes e adultos, por sua vez, já possuem padrões de postura definidos que

podem ou não ser considerado satisfatórios.

2.5 Alterações posturais em escolares

Diversas alterações posturais acometem crianças e adolescentes, e são vários os

possíveis fatores desencadeantes de tais alterações. Além da manutenção da postura sentada e

da inatividade, outras circunstâncias podem facilitar o surgimento e desenvolvimento de

alterações posturais em escolares, como o mobiliário escolar inadequado, a relação

inadequada entre o peso do material escolar transportado pela criança e sua constituição física

ou simplesmente a falta de informação sobre o tema “postura corporal” para a comunidade

escolar (alunos, pais e professores).

Os problemas da postura começam na infância, logo que a criança entra na escola,

sendo que a tendência é o problema postural piorar na adolescência e na fase adulta.

(PASQUET, 1983).

Braccialli e Vilarta (2000) consideram que a postura da pessoa sentada passou a se

alterar com o passar dos anos, devido ao formato da cadeira e da mesa. O fato de uma criança

permanecer numa cadeira mal dimensionada por períodos prolongados de tempo pode levar

ao aparecimento de dores na região lombar.

Os mesmos autores afirmam que as alterações posturais na infância são

consideradas um dos fatores que predispõe às condições degenerativas da coluna no adulto,

manifestada geralmente por um quadro álgico, tornando-se válida uma intervenção precoce na

infância como meio profilático das doenças crônico-degenerativas.

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Em um estudo desenvolvido em escolares de 1ª a 4ª série, Rosa Neto (1991)

menciona que, dos sete aos doze anos, a postura da criança sofre grande transformação na

busca do equilíbrio compatível com as novas proporções do seu corpo e que tais vícios

posturais poderão ser observados quando ela chega à escola carregando suas mochilas,

utilizando calçados inadequados e tendo que se adaptar à altura de carteiras e cadeiras, que na

maioria das vezes não são apropriadas para a sua estatura.

Lapierre (1982), Asher (1976) e Pires et al (1990) afirmam que a presença de

joelho valgo ou varo entre 2 e 6 anos é conseqüência do desenvolvimento fisiológico - no

caso do valgismo fisiológico, este proporciona uma base mais ampla - havendo regressão após

esta faixa etária.

Pinho e Duarte (1995) comentam que a protrusão de ombros é natural no processo

de desenvolvimento da criança, a qual ameniza a partir dos 10 anos. Os mesmos autores

identificaram que as principais alterações posturais encontradas foram hiperlordose e

protrusão de ombros para ambos os sexos. Carenzi et al (2004) encontraram em sua amostra

uma maior prevalência de alterações nos ombros e identificaram uma maior freqüência de

alterações do tipo escoliose, pé valgo e hiperlordose.

Sobre a hiperlordose lombar, Detsch e Candotti (2001) comentam que até os 9

anos de idade a presença da hiperlordose lombar é considerada como uma alteração do

desenvolvimento, uma vez que não há estabilidade postural, gerando a necessidade de busca

pelo equilíbrio corporal através da protusão abdominal e aumento da inclinação pélvica

anterior. A partir dos 9 anos de idade, este processo não é mais necessário e a hiperlordose

lombar passa a ser mesmo uma alteração postural patológica, que deve receber intervenção

terapêutica, a fim de evitar a agravação do problema.

Penha et al (2005) colocam que a anteversão pélvica, a hiperextensão de joelho e a

hiperlordose lombar são alterações posturais que tem como causa comum a deficiência do

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trabalho abdominal. Durante o desenvolvimento da criança, o trabalho abdominal inicia mais

ativo entre os dez e doze anos, com a diminuição da protusão abdominal e, conseqüentemente,

diminuição da hiperlordose lombar.

Uma criança não deveria apresentar um alinhamento postural de um adulto, em

função da grande mobilidade e flexibilidade que acontece durante o desenvolvimento. A

grande extensão de movimento na criança pode causar alterações temporárias no alinhamento

que seriam consideradas anormais no adulto. Ao mesmo tempo, esta flexibilidade é uma

maneira de proteger contra a estruturação do desalinhamento postural (PENHA et al, 2005).

Alonso e Macon (2003) descrevem que o principal fator de risco de alteração

postural em crianças e adolescentes está representado pelo crescimento e pelos hábitos, mais

particularmente durante o período de estirão de crescimento-uma época na qual se desenvolve

fisiologicamente uma hiperlordose lombar com tendência a hipercifose torácica.

Moro (2000) identificou, em seu estudo com 200 escolares do ensino público do

município de Florianópolis/SC, que, dos padrões posturais assumidos em sala de aula, as

crianças sentam-se na maior parte do tempo com o tronco flexionado e que a maioria

apresenta queixas na região do pescoço e da cabeça e utilizam o uso da mão sobre o queixo

durante as atividades na carteira escolar na tentativa de aliviar o peso da cabeça. O autor ainda

observou que o mobiliário utilizado nas escolas públicas brasileiras, em geral, não

proporciona ao aluno um sentar-se favorável para a realização de suas tarefas, principalmente

por não atenderem às normas quanto aos tamanhos diferenciados que deveriam prover; por

outro lado, as normas (NBR 14006) não atendem às necessidades das escolas, em função da

falta de adequação aos tamanhos e à variação das turmas e graus de escolaridade dos escolares

que se utilizam de uma mesma sala de aula nos diferentes turnos do dia.

Lima (2006), em seu estudo, o qual teve uma amostra de 256 escolares de 12

escolas da rede municipal de ensino do município de Florianópolis /SC com idade entre 7 e 10

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anos, identificou que as principais alterações posturais encontradas foram nos segmentos

dorso-lombar e joelhos para ambos os gêneros, sendo hiperlordose lombar mais prevalente no

sexo feminino e a protusão de ombros no sexo masculino.

2.6 Avaliação postural

Kendall, McCreary e Provance (1995) afirmam que para realizar uma avaliação

postural deve haver uma padronização. Na avaliação postural o indivíduo é colocado de frente

(vista anterior), de lado (vista lateral ou perfil) e de costas vista posterior). O paciente dever

estar o mais despido possível, na posição ereta com os braços ao longo do corpo e estar

totalmente relaxado.

Ainda de acordo com Kendall, McCreary e Provance (1995) durante a avaliação os

pontos chaves a serem observados são:

* Vista Posterior: Nível das orelhas; nível dos ombros; escápulas; posição dos

membros superiores em relação ao corpo; posição da coluna vertebral; nível das espinhas

ilíacas; nível da prega glútea; tendão do calcâneo.

* Vista lateral ou perfil: Posição da cabeça o do pescoço; curvas da coluna

vertebral; posição dos membros superiores em relação ao corpo; posição da pelve; abdome;

posição do joelho; posição do tornozelo; pés.

* Vista anterior: Nível das orelhas; alinhamento do nariz, boca, queixo, externo e

umbigo; nível dos ombros; nível dos mamilos; nível das cristas ilíacas; posição do joelho;

Encontrando qualquer assimetria durante a análise dos segmentos corporais acima citados,

pode-se dizer que existe uma má postura ou um desvio postural.

2.7 Intervenção fisioterapêutica no ambiente escolar

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Lapierre (1982) comenta que o período escolar é o mais eficaz para qualquer

intervenção, sendo possível evitar, corrigir ou realinhar alterações posturais se considerarmos

o enorme potencial adaptativo das estruturas relacionadas à postura durante o período de

crescimento. Sendo assim, existe a necessidade da inclusão de avaliações posturais periódicas,

a fim de subsidiar as ações posteriores.

É com base nestes fatos que temos a escola como local ideal para prevenir e

orientar os escolares com relação aos desequilíbrios posturais, informando e conscientizando

a comunidade escolar sobre a importância da prevenção. O papel do fisioterapeuta neste caso

é de contribuir com a sociedade através do levantamento de dados sobre a prevalência de

sinais de alterações posturais entre os escolares, podendo desta maneira tratar a doença no

estágio anterior ao aparecimento dos sintomas e complicações, ou seja, precocemente,

proporcionando melhores chances de controlar, impedir ou até reverter o processo patológico.

Assim, vemos a escola como mais um local de atuação para o fisioterapeuta, onde

possam ser desenvolvidos e aplicados os recursos disponíveis em nossa ciência, como

informação, prevenção, diagnóstico precoce, terapêutica específica, a fim de combater o

aparecimento e evolução das alterações posturais.

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3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

De acordo com Gil (1995), o delineamento da pesquisa refere-se ao planejamento

da mesma em sua dimensão mais ampla, ou seja, o investigador estabelece os meios técnicos

da investigação, prevendo-se o tipo de estudo, a população e sua configuração, os

instrumentos e os procedimentos utilizados na coleta de dados.

3.1 Tipo de estudo

A pesquisa enfatizada nesse contexto caracterizou-se de acordo com sua

abordagem em quantitativa, quanto ao nível em descritiva e quanto aos procedimentos

utilizados na coleta de dados em pesquisa de levantamento.

3.1.1 Tipo de pesquisa quanto à abordagem

Esta pesquisa possui uma abordagem quantitativa, pois avaliou a postura dos

escolares e comparou a freqüência das alterações posturais encontrados entre gênero e idade.

Chizzotti (1998) descreve a pesquisa quantitativa como a pesquisa que prevê a mensuração de

variáveis preestabelecidas, procurando verificar e explicar sua influência sobre outras

variáveis, mediante a análise da freqüência de incidência e de correlações estatísticas.

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3.1.2 Tipo de pesquisa quanto ao nível

A pesquisa enquadra-se como descritiva, pois de acordo com Luciano (2001,

p.13), “busca a descrição das características de determinada população, fenômeno ou o

estabelecimento de relações entre variáveis”.

Essa pesquisa teve como objetivo fundamental à descrição das características de

determinada população, sendo assim classificada como descritiva.

A pesquisa descritiva procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar

os fatos ou fenômenos, sem que o pesquisador interfira neles ou os manipule.

3.1.3 Tipo de pesquisa quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados

A pesquisa se caracterizou em pesquisa de levantamento de freqüência de doenças,

isto é, estudo epidemiológico no qual a relação entre suposta causa e o efeito em estudo é

medida em um dado momento (BIREME, 2005).

As pesquisas de levantamento buscam informações de um grupo significativo de

pessoas acerca do problema que está sendo estudado (GIL, 1995).

3.2 População / Amostra

A população deste estudo foi formada por 140 alunos do ensino fundamental da

Escola Municipal de Educação Básica São Judas Tadeu da cidade de Tubarão/SC, sendo que a

amostra foi constituída por 44 alunos de 1ª á 4ª série (Quadro 1).

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Série Meninos ♂ Meninas♀ 1ª 4 8 2ª 4 6 3ª 2 4 4ª 5 11

TOTAL 15 29 Quadro 1 – Distribuição da amostra por série e gênero

Fatores de inclusão da amostra:

- Matriculados de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da Escola de Educação Básica São

Judas Tadeu.

- crianças que não apresentaram alterações sensoriais ou neurológicas.

3.3 Procedimentos utilizados na coleta de dados

Os procedimentos para a coleta de dados foram realizados conforme Lima (2006)

utilizou em sua Dissertação de Mestrado, seguindo os mesmos métodos para realização das

imagens fotográficas.

Para a realização deste trabalho, primeiramente foi efetuada uma visita à Escola de

Educação Básica São Judas Tadeu na cidade de Tubarão/ SC, onde foi apresentado à direção

o projeto de pesquisa, com as informações referentes aos objetivos e procedimentos do

estudo.

Após a apresentação do projeto e a aceitação da direção da escola em participar,

foram realizadas palestras educativas para os escolares sobre temas relacionados à postura

corporal (alinhamento corporal, alterações posturais, mecânica corporal adequada).

Posteriormente foi entregue, para cada aluno de 1ª a 4ª série, um TCLE, e foi

realizada uma explanação nas salas de aula com o intuito de dar esclarecimento sobre a

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pesquisa e os procedimentos a serem realizados, viabilizando às crianças as informações

básicas para que os pais autorizassem a sua participação – reforçando o texto do TCLE

encaminhado. Na seqüência (2 dias depois), foram recolhidos os TCLEs e agendados os dias

para a aquisição das imagens fotográficas dos sujeitos que trouxeram o documento

devidamente preenchido e assinado.

A coleta de dados foi realizada no período entre agosto a setembro de 2006. Para

tanto foram realizadas aquisições de imagens fotográficas dos alunos no próprio ambiente

escolar, em uma sala adequada liberada pela direção da escola. A área destinada para a

aquisição das fotografias foi preparada, a fim de obter melhor qualidade na imagem,

permanecendo no local somente o sujeito, a pesquisadora, eventualmente os pais da criança, e

os instrumentos necessários à coleta de dados. O registro fotográfico foi realizado com uma

máquina fotográfica digital fixada em um tripé com um nível que permitia o paralelismo entre

o equipamento fotográfico e o solo, a qual ficou posicionada a uma distância fixa de 2,85

metros do escolar, com o centro da lente a 1,16 metros do solo. Um fio de prumo ficou fixado

na parede posterior ao local de análise postural, ao lado do local de posicionamento dos

escolares, para balizar o posicionamento da máquina fotográfica digital, simular a passagem

da linha de ação da gravidade e facilitar a identificação da presença de sinais de

desalinhamento e/ou assimetrias corporais nos sujeitos da pesquisa.

Para facilitar a identificação da presença de desalinhamento ou assimetria postural

nos sujeitos da amostra, utilizou-se as referências anatômicas definidas como pontos chaves

na avaliação postural sugeridas pelo software SAPO ( http://www.sapo.incubadora.fapesp.br),

quais foram identificados pela utilização de círculos adesivos nos seguintes locais:

• Pontos anatômicos:

1- Articulação temporo-mandibular (ATM), lado direito

2- Articulação temporo-mandibular (ATM), lado esquerdo

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3- No ombro sobre o acrômio, lado direito

4- No ombro sobre o acrômio, lado esquerdo

5- Sobre o epicôndilo lateral da articulação do cotovelo, lado direito

6- Sobre o epicôndilo lateral da articulação do cotovelo, lado esquerdo

8- Sobre a proeminência da 7ª vértebra cervical

9- Sobre a proeminência da 12ª vértebra torácica, entre T12/L1

10- Na crista ilíaca ântero-superior (CIAS), lado direito

11- Na crista ilíaca ântero-superior (CIAS), lado esquerdo

12- No quadril sobre o trocânter maior do fêmur, lado direito

13- No quadril sobre o trocânter maior do fêmur, lado esquerdo

14- Tuberosidade anterior da tíbia, lado direito

15- Tuberosidade anterior da tíbia, lado esquerdo

16- No côndilo lateral, lado direito

17- No côndilo lateral, lado esquerdo

18- No tornozelo sobre o maléolo lateral, lado direito

19- No tornozelo sobre o maléolo lateral, lado esquerdo

Os escolares foram orientados a comparecer à escola, no dia agendado para a

aquisição das imagens fotográficas digitais, com biquíni 2 peças (meninas) e sunga (meninos)

por baixo da roupa, a qual foi retirada somente no momento da coleta dentro da sala reservada

para este fim.

Cada aluno teve quatro imagens coletadas individualmente: duas no plano frontal

(vista anterior e vista posterior) e duas no plano sagital (vista lateral esquerda e vista lateral

direita) (Figura 12).

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[A]

[B]

[C]

[D]

Figura 12: Imagem fotográfica de sujeito da amostra no plano frontal (vista anterior [A] e posterior [B]) e no plano sagital (vista lateral esquerda [C] e direita [D] ).

A partir da aquisição das imagens fotográficas, as mesmas foram armazenadas em

computador pessoal e foram analisadas com a utilização do programa Corel DRAW 12®.

Nos casos de identificação da presença de algum tipo de alteração, foi

encaminhado um relatório aos pais ou responsáveis da criança avaliada, com sugestão de

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procura por intervenção fisioterapêutica na Clinica-Escola de Fisioterapia da UNISUL, no

projeto de Extensão “Fisioterapia na Escola”.

3.4 Instrumentos utilizados para coleta de dados

- Marcadores corporais: em forma de círculo para demarcação dos pontos anatômicos.

- Tripé : 1,16 m de altura.

- Tecido preto: utilizado como plano de fundo para aquisição das imagens fotográficas.

- Câmera fotográfica digital: da marca Sony Cyber-Shot DSC-L1 4.1 megapixels, para

aquisição das imagens fotográficas.

- Fio de prumo profissional: para balizar o posicionamento da máquina fotográfica digital,

simular a passagem da linha de ação da gravidade e facilitar a identificação da presença de

sinais de desalinhamento e/ou assimetrias corporais nos sujeitos da pesquisa.

- Prancha para posicionamento dos pés: tábua de madeira compensada de 60cm x 60cm na

qual estão desenhadas as impressões dos pés. Durante a avaliação, o indivíduo fica sobre a

prancha com os pés na posição indicada pelas impressões podálicas.

- Números para registro individual dos alunos, viabilizando a identificação das fotos do

sujeito em diferentes vistas na análise posterior.

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram dispostos na sala

reservadas pela direção da escola para a aquisição das imagens fotográficas conforme a figura

13.

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Figura 13: Foto ilustrando a disposição da instrumentação utilizada no estudo para a aquisição

das imagens fotográficas no ambiente escolar durante a coleta de dados. Legenda:

1 – Número de registro do sujeito;

2 – Tecido preto para fundo de foto;

3 – Plataforma para exame vertical da postura;

4 – Tripé;

5 – Máquina fotográfica digital;

6 – Fio de prumo fixado em base imóvel.

3.5 Tratamento dos dados

A análise das imagens fotográficas foi pautada na contagem de células de uma

grade de sobreposição utilizada como referência para a identificação de sinais de alteração

postural, no software Corel Draw 12®, a qual tinha as seguintes medidas:

• Largura - 1145.472 mm.

• Comprimento - 1145.472 mm.

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A referida grade de sobreposição utilizada nos planos sagital e frontal (Figura 14

[A], [B], [C] e [D], respectivamente) era formada por 330 células, sendo que cada uma

apresentava as seguintes medidas:

• Largura . 2.109 mm;

• Comprimento . 2.109 mm.

Os passos para as análises das imagens fotográficas no CorelDRAW foram

realizadas comparando cada lado do corpo através das células, de maneira horizontal e

vertical.

Obs: na figura 14 [A],[B], [C] e [D] há uma diferença nas medidas das células, em função da

desconfiguração da imagem ocorrida na transferência de um software para outro (do

CorelDRAW para o Microsoft Word).

[A] [B]

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[C] [D] Figura 14: Fotos ilustrando a disposição da grade de sobreposição utilizada como referência

para a análise postural de sujeito da amostra no plano frontal (vista posterior [A], vista anterior [B]) e plano sagital (lateral esquerda [C] e lateral direita [D]).

3.6 Tratamento estatístico

A análise dos dados foi realizada através de uma análise descritiva (freqüência,

média e desvio-padrão) e para analisar as diferenças entre os grupos, utilizou-se o teste de

Wilcoxon para amostras independentes com 95% de significância.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos através da coleta e tratamento de dados, segundo os

objetivos propostos deste estudo, serão apresentados e discutidos neste capítulo,

confrontando-os aos dados encontrados na literatura referente a esta temática.

4.1 Análise Postural

4.1.1 Plano frontal; vista anterior e posterior

A tabela 1 apresenta os valores de freqüência e a porcentagem de alterações

posturais encontradas na amostra, na análise do plano frontal (vista anterior e posterior), por

série e gênero.

Tabela 1: Valores de freqüência e porcentagem de alterações posturais na amostra, no plano

frontal (vista posterior e anterior), por série e gênero.

SÉRIE 1ª 2ª 3ª 4ª f Parcial f Total % Parcial %Total

ALTERAÇÃO ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Cabeça inclinada para direita.............. 0 3 0 0 0 0 0 0 0 3 3 0,00 20,00 6,82 Cabeça com rotação para esquerda.... 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 1 3,45 0,00 2,27 Inclinação de tronco para esquerda..... 3 1 0 0 0 0 0 0 3 1 4 10,34 6,67 9,09 Inclinação de tronco para direita.......... 2 0 3 3 1 2 7 4 13 9 22 44,83 60,00 50,00Elevação de ombro esquerdo.............. 0 0 2 1 0 0 2 2 4 3 7 13,79 20,00 15,91Elevação de ombro direito................... 3 1 0 0 0 0 0 0 3 1 4 10,34 6,67 9,09

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Abdução de braços............................ 2 0 1 0 0 0 0 0 3 0 3 10,34 0,00 6,82 Elevação de escápula esquerda.......... 0 0 1 0 0 0 2 0 3 0 3 10,34 0,00 6,82 Elevação de escápula direita............... 1 1 0 0 0 0 0 0 1 1 2 3,45 6,67 4,55 Abdução de escápulas....................... 2 0 0 1 0 0 0 1 2 2 4 6,90 13,33 9,09 Joelho varo........................................ 0 1 1 2 0 1 1 1 2 5 7 6,90 33,33 15,91Joelho valgo...................................... 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 2 3,45 6,67 4,55 Pé varo............................................. 0 1 0 0 0 1 0 0 0 2 2 0,00 13,33 4,55 Pé valgo............................................ 0 0 1 1 1 0 0 0 2 1 3 6,90 6,67 6,82 Legenda: ♂ - meninos; ♀ - meninas

Dentre as alterações conforme a tabela 1, observa-se que a inclinação de tronco

para direita teve um maior índice (50%), seguido de elevação de ombro para esquerda (15,

91%) e joelho varo (15,91%).

Para a 1ª série (7 anos de idade), houve uma maior freqüência nos segmentos do

tronco e ombros; na 2ª série (8 anos de idade) nos segmentos do tronco, ombro e joelhos; na

3ª série (9 anos de idade) no segmento do tronco e na 4ª série (10 anos de idade) nos

segmentos do tronco, ombro e joelhos. Percebe-se que em todas as séries houve uma maior

freqüência no segmento do tronco e ombros, logo, pode-se dizer que no plano frontal (vista

anterior e posterior) houve uma prevalência de alterações posturais no segmento do tronco e

ombros em ambos os gêneros.

Em relação à ausência de alterações posturais no plano frontal (vista anterior e

posterior), em ambos os gêneros, a maior freqüência encontrada em todas as idades, foi no

segmento da cabeça (2,27%).

Lima (2006), verificou em seu estudo que no plano frontal, houve uma maior

freqüência de alterações nos segmentos dos joelhos para ambos os gêneros.

Com relação ao desalinhamento de ombros, no plano frontal, Penha et al (2005)

dizem que ele está relacionado ao lado dominante do sujeito. O ombro mais baixo

corresponde ao lado dominante; o ombro direito é freqüentemente mais baixo do que o lado

esquerdo. Esta alteração postural pode estar associada com a assimetria muscular, desvio

lateral da coluna ou com inclinação pélvica, tornando-se perigosa quando se acentua.

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4.1.2 Plano sagital; vista lateral

A tabela 2 apresenta os valores de freqüência e a porcentagem de alterações

posturais encontradas na amostra, na análise do plano sagital (vista lateral), por série e gênero.

Tabela 2: Valores de freqüência e porcentagem de alterações posturais na amostra, no plano sagital (vista lateral), por série e gênero.

SÉRIE 1ª 2ª 3ª 4ª f Parcial f Total % Parcial %Total

ALTERAÇÃO ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ ♀ ♂ Cabeça anteriorizada......................... 4 0 1 1 1 0 2 2 8 3 11 27,59 20,00 25,00Protusão de ombros........................... 1 1 3 1 1 0 2 0 7 2 9 24,14 13,33 20,45Flexão de tronco............................... 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0,00 13,33 4,55 Hipercifose torácica........................... 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 2 6,90 0,00 4,55 Hiperlordose lombar........................... 2 0 4 1 2 1 2 2 10 4 14 34,48 26,67 31,82Protusão abdominal........................... 0 2 3 1 1 1 3 2 7 6 13 24,14 40,00 29,55Antervesão pélvica............................. 2 2 2 0 1 0 2 0 7 2 9 24,14 13,33 20,45Joelhos em flexão.............................. 3 1 0 1 0 0 2 2 5 4 9 17,24 26,67 20,45Joelhos hiperextendidos..................... 2 1 1 0 2 1 1 1 6 3 9 20,69 20,00 20,45Legenda: ♂ - meninos; ♀ - meninas

Dentre as alterações encontradas na amostra, conforme a tabela 2, observa-se que a

hiperlordose lombar teve um maior índice (31,82%), seguido de protusão abdominal (29,55%)

e cabeça anteriorizada (25%).

Para a 1ª série (7 anos de idade), houve uma maior freqüência nos segmentos da

cabeça e joelhos; na 2ª série (8 anos de idade) nos segmentos da coluna e abdômen; na 3ª série

(9 anos de idade) no segmento da coluna e joelhos e na 4ª série (10 anos de idade) nos

segmentos do abdômen. Percebe-se que em todas as séries houve uma maior freqüência de

alterações no segmento da coluna, abdômen e cabeça.

Em relação à ausência de alterações posturais no plano sagital, em ambos os

gêneros, a maior freqüência encontrada em todas as idades, foi no segmento do tronco (flexão

anterior de tronco- 4,55%).

O grande número de escolares que apresentaram possíveis alterações posturais

encontradas neste estudo pode ser considerado como uma conseqüência fisiológica e natural

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do desenvolvimento e crescimento, além de também poder estar associado à postura corporal

adotada pelas crianças em seu cotidiano, em função de seus hábitos de vida, das exigências de

suas atividades de vida diária, dos equipamentos e mobiliários que utilizam no dia-a-dia, além

do possível uso inadequado da mecânica corporal e do estilo de vida cada vez mais voltado

para a inatividade.

Lima (2006) verificou que na vista lateral, as meninas apresentaram

significativamente maior prevalência de alterações de cabeça do que os meninos e que os

meninos apresentaram uma prevalência significativamente maior do que as meninas no caso

dos joelhos. Neste estudo, no plano sagital, as meninas tiveram maior prevalência no

segmento da coluna, e os meninos no abdômen.

Sobre a hiperlordose lombar, Detsch e Candotti (2001) comentam que até os 9

anos de idade a presença da hiperlordose lombar é considerada como uma alteração do

desenvolvimento, uma vez que não há estabilidade postural, gerando a necessidade de busca

pelo equilíbrio corporal através da protusão abdominal e aumento da inclinação pélvica

anterior. A partir dos 9 anos de idade, este processo não é mais necessário e a hiperlordose

lombar passa a ser mesmo uma alteração postural patológica, que deve receber intervenção

terapêutica, a fim de evitar a agravação do problema. Penha et al (2005) colocam que a

anteversão pélvica, a hiperextensão de joelho e a hiperlordose lombar são alterações posturais

que tem como causa comum a deficiência do trabalho abdominal. Durante o desenvolvimento

da criança, o trabalho abdominal inicia mais ativo entre os dez e doze anos, com a diminuição

da protusão abdominal e, conseqüentemente, diminuição da hiperlordose lombar.

Lapierre (1982) e Asher (1976) afirmam que cerca de 80% das crianças de uma

população geral apresentam joelho varo / valgo durante a fase de desenvolvimento e que esta

alteração aparece dos 3 aos 6 anos de idade, desaparecendo logo em seguida. Os resultados do

estudo realizado mostraram incidência dessas alterações em faixa etária superior ( 7- 11 anos).

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Em recentes estudos foi observado um aumento significativo na incidência de

problemas posturais na população mundial. Considerando-se as alterações posturais na

infância como um dos fatores que predispõe a condições degenerativas da coluna no adulto,

manifestadas geralmente por um quadro álgico, torna-se necessário estabelecer mecanismos

de intervenção como meio profilático (BRACCIALLI : VILARTA, 2000). Este trabalho

confirma a necessidade de criar-se tais intervenções, uma vez que das 44 crianças avaliadas,

100% apresentaram alguma alteração postural.

4.2 Perfil postural da amostra

Na tabela 3, apresentam-se a média e o desvio-padrão referentes aos valores das

freqüências de alterações posturais totais de cada série avaliada neste estudo.

Tabela 3: Valores de freqüência, média e desvio-padrão referentes à presença de alterações posturais na amostra, por série.

f de alterações posturais

Média Desvio-Padrão

1ª Série 42 2,6250 1,0878 2ª Série 43 2,5294 1,5049 3ª Série 17 1,7000 0,94868 4ª Série 46 3,2857 2,5549

Pode-se observar que a 1ª, 2ª e 4ª séries tiveram praticamente o mesmo número de

alterações, enquanto a 3ª série teve bem menos, devido a pouca quantidade de alunos

avaliados.

No que se refere a estudos realizados com escolares, mas que utilizaram métodos

diferenciados de análise postural, encontramos resultados que corroboram os dados deste

estudo, onde mais de 50% da amostra apresentou pelo menos uma alteração postural

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(CARENZI et al, 2004; BARROS; SOUZA, 2002; MARKWARDT, 2002; DETSCH;

CANDOTTI, 2001; FERRONATO; CANDOTTI; SILVEIRA, 1998; RESENDE; SANCHES,

1992; PINHO; DUARTE, 1995). Em contrapartida, existem estudos nacionais em que os

escolares que apresentaram sinais de alteração postural constituíram um grupo inferior a 50%

da amostra de cada estudo (FERRIANI et al, 2000; SOMAZZ et al, 2000 e PERTILLE et al,

1999)

Um estudo realizado por Lima (2006), a qual avaliou 256 escolares de 12 escolas

do município de Florianópolis/SC, entre 7 e 10 anos de ambos os gêneros, teve como

resultados obtidos uma prevalência de alterações acentuadas e intermediárias no segmento

dos joelhos e o segmento do quadril foi o que mais se mostrou inalterado em ambos os

gêneros, já neste estudo verificou-se uma prevalência maior no segmento do tronco.

Oliveira et al (1998) avaliaram 42 escolares do ensino público do município de

Londrina/PR, de 7 a 12 anos, de ambos os gêneros, e, diante dos resultados obtidos (73,8%

dos sujeitos apresentaram hiperlordose lombar, 54,8% protusão de ombros, 52,3% joelho

valgo/varo/recurvatum, 42,8 inclinação de cabeça, 23,8% atitude escoliótica e 9,5%

hipercifose torácica) concluíram que a maioria das crianças analisadas apresentou algum grau

de alteração postural e que os altos índices de alterações possam advir da falta de

conhecimento de pais e professores, e da inexistência de um trabalho escolar preventivo. Os

mesmo autores afirmam que, as atitudes educativas são bem aceitas pela comunidade escolar,

principalmente nas instituições que apresentam carência das informações básicas e programas

de prevenção, pois ao ministrar as palestras, os pesquisadores verificaram grande interesse por

parte dos alunos, principalmente daqueles com idades entre 7 e 10 anos.

Rosa Neto (1991) analisou a situação postural de escolares do ensino privado do

município de Florianópolis/SC, com idade entre 7 e 12 anos, de ambos os gêneros, e as

alterações posturais identificadas que apresentaram um percentual elevado foram: joelhos

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fletidos (24,8% - 197 alunos), protusão de ombro (17,4% - 138 alunos) e anteversão pélvica

(15,2% - 121 alunos). As alterações posturais identificados para efeito de encaminhamento

médico foram: joelho valgo (11,6% - 92 alunos), inclinação lateral de ombro (3,4% - 28

alunos), joelho varo (1,8% - 15 alunos), padrão hiperlordótico lombar (1,8% - 15 alunos) e

padrão hipercifótico (0,6% - alunos). Analisando os desvios separadamente, por gênero e

idade, houve diferença significativa nos resultados das alterações, onde foi encontrado um

percentual elevado em inclinação lateral de tronco (50%) e hiperlordose lombar (31,82%).

Correa, Pereira e Silva (2005) avaliaram 72 escolares do ensino privado, de ambos

os gêneros, com idades entre 8 e 15 anos, e identificaram que 58,35% apresentaram alterações

posturais. Nesta porção da amostra foram observadas as seguintes alterações: escoliose em

38,88% dos escolares do sexo feminino e 13,88%, no sexo masculino; 5,5% das meninas

apresentaram hipercifose torácica, enquanto que nos meninos o percentual foi de 22,22%; a

hiperlordose lombar evidenciou-se no sexo feminino, sendo esta encontrada em 27,77% das

meninas e 8,33% dos meninos.

Alguns estudos, nacionais e internacionais, se preocuparam em identificar a

prevalência de alterações posturais em crianças em fase escolar, ou seja, com idade entre 7 e

14 anos, em função de nesta faixa etária, onde a morfologia se define para o futuro, a criança

estar suscetível a modificações no sistema ósseo, no sentido de facilitar tanto a má formação

quanto a correção postural (LAPIERRE, 1982).

Rosa Neto (1991) coloca que até os 9 anos de idade não existem diferenças

significativas entre os gêneros. Entretanto, os resultados encontrados neste estudo mostram o

inverso, uma vez que houveram diferenças significativas com relação a presença de alterações

posturais em alguns segmentos corporais, como tronco e ombros na vista frontal e abdômen e

joelhos na vista sagital. Isto pode ser explicado devido ao grande período de tempo em que foi

realizado o estudo, levando a acreditar que novas tendências para o perfil postural estejam

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acontecendo. Os dados da comparação entre os resultados do gênero masculino e feminino no

estudo de Pinho e Duarte (1995) não se equivalem aos encontrados neste estudo, uma vez que

os autores encontraram diferenças significativas no ombro (vista lateral), coluna torácica

(vista lateral), coluna lombar (vista lateral), joelhos (vista posterior) e encurtamento da perna

esquerda.

Entre os estudos internacionais, realizados com a mesma intenção, estão os de

Gurr (1977), Lonstein (1977), Adler, Csongradi e Bleck (1984), Renshaw (1988), Andersen et

al (2000), Souccacos (2000), Sugita (2000), Grivas et al (2002a), Grivas et al, (2002b),

Velezis et al (2002), Lippold et al (2003), entre outros. A maior parte destes estudos foi

desenvolvida com o intuito principal de identificar sinais da presença de escoliose em

escolares, uma vez que esta alteração postural é considerada como problema de saúde pública

em alguns países (RENSHAW, 1988). Os resultados dos estudos concluem que a prevalência

de escoliose é de, aproximadamente, 2 a 3% em grupos de escolares na faixa etária entre 10-

16 anos (VELEZIS et al; 2002).

Segundo Asher (1976) e Souchard (1985), crianças de 6 a 10 anos tendem a

projetar seu abdômem para frente e hiperextender os joelhos para a distribuição do peso

ântero- posterior. Talvez isso explique a elevada ocorrência de hiperlordose lombar (31,82%)

por desconsiderar esta característica normal.

O alto índice de protusão de ombros (20,45%) também foi verificado por Pinho e

Duarte (1995) no seu trabalho de análise postural em escolares de 7 a 10 anos. Esteves (1993)

cita que esta incidência é natural no processo de desenvolvimento da criança começando a ser

amenizada a partir dos 10 anos.

Com relação à prevalência de alterações do segmento da cabeça encontrada em

ambos os gêneros neste estudo, Weis e Muller (1992) afirmam que o alto índice de crianças

com alterações na coluna cervical, geralmente associados a alterações da posição da cabeça

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no plano frontal e sagital (inclinação, rotação e protusão) indicam que muitos alunos em idade

escolar não apresentam uma postura adequada da cabeça durante as atividades,

principalmente em sala de aula, o que provoca uma acentuada curva na região cervical,

prejudicando o equilíbrio corporal.

De acordo com Pinho e Duarte (1995), um maior índice de problemas posturais

nos escolares do gênero masculino, surge na faixa etária dos 7 aos 10 anos e que os principais

desvios ocorrem nos segmentos dorso lombar e joelhos para ambos os sexos.

Com relação ao joelho valgo, Correa, Pereira e Silva (2005) colocam que vários

estudos afirmam que a referida alteração é mais freqüente nas crianças que sentam com o

tronco entre os pés, pois esta posição é capaz de provocar o alongamento dos ligamentos da

face medial do joelho. O grau do valgismo de joelho tende a regredir à medida que a criança

cresce, a partir dos 6 anos de idade, embora seja considerado fisiológico um pequeno grau de

valgo de joelho, em virtude da relação entre o fêmur e a pelve, bem como em função do

ângulo entre o fêmur e a tíbia. É comum que a presença desta alteração preocupe os pais,

entretanto, na maioria dos casos a mesma regride ao longo do tempo, sem nenhuma

intervenção terapêutica. Penha et al (2005) colocam que o joelho valgo fisiológico em

crianças também pode ocorrer para medializar o centro de gravidade e, então, aumentar o

equilíbrio.

Neste estudo, das 44 crianças avaliadas, cerca de 100% da amostra apresentou

sinais de pelo menos uma alteração postural. Este resultado é corroborado pelos estudos de

Ferronato, Candotti e Silveira (1998), no qual 100% apresentou abdução escapular; e o de

Carenzi et al (2004), no qual 80% da amostra apresentou sinais de pelo menos uma alteração

postural.

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Lima (2006), em seu estudo, teve um maior índice de alterações posturais

encontradas, isto pode ser explicado devido ao tamanho de sua amostra ser supeior (256

escolares) e também pelo fato de o estudo ser realizado em várias escolas.

Entre os estudos nacionais envolvendo detecção de sinais indicativos de presença

de alteração postural realizados com escolares com faixa etária entre 6 e 17 anos, além dos

descritos anteriormente, encontramos ainda: Brighetti e Bankoff (1986), Pires et al (1990),

Venancio, Elias e Rodrigues (1990), Elias e Teixeira (1992), Resende e Sanches (1992),

Esteves (1993), Pinho e Duarte (1995), Ferronato, Candotti e Silveira (1998), Pertile et al

(1999), Ferriani et al (2000), Somazz et al (2000), Detsch e Candotti (2001), Melo et al

(2001), Markwardt (2002), Barros e Souza (2002), Carenzi et al (2004), Pantanali, Rosa Neto

e Caon (2005), Penha et al (2005), entre outros.

Bankoff (1993) coloca que as alterações morfológicas são constantes em qualquer

faixa etária, entretanto, deve haver um acompanhamento periódico através de metodologias de

avaliação postural para que seja possível identificar sinais da presença de alteração postural,

diagnosticar e aplicar a prevenção ou reeducação postural.

Grande parte dos estudos realizados com crianças em idade escolar foram feitos a

partir de avaliações subjetivas da postura e comprovaram que os desequilíbrios posturais estão

afetando de maneira crescente e significativa jovens e crianças. Entre esses desvios posturais,

a protusão de ombros, a abdução escapular e a hipercifose dorsal correspondem a um dos

maiores desequilíbrios posturais existentes nas crianças nesta faixa etária (ASHER, 1976;

ESTEVES, 1993; ROSA NETO, 1991).

4.3 Diferença entre os gêneros

A tabela 4, a seguir, apresenta os valores do teste de Wilcoxon com relação à

freqüência total de alterações posturais entre as amostras, separadas pelo plano de análise

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(vista frontal e vista sagital), sendo feita a partir da diferença entre os gêneros (total de

alterações posturais nas amostras parciais nos planos frontal e sagital).

Tabela 4: Valores do teste de Wilcoxon com relação à freqüência de alterações posturais entre as amostras, por plano de análise. Plano de análise Valor de zcal

Plano frontal (vista anterior e posterior) 0,197 Plano sagital (vistas laterais) 0,91931

* Valor de zcal que aponta não haver diferença significativa entre os resultados. ________p < 0,05

Comparando os resultados da análise postural realizada, observou-se que não

houve diferenças siginificativas entre os resultados. O que difere do estudo feito por Lima

(2006), onde observou-se diferenças significativas encontradas no segmento da cabeça e dos

joelhos. As meninas, no que se refere à cabeça, apresentaram uma freqüência maior que os

meninos. Já os meninos apresentaram uma prevalência maior do que as meninas no segmento

dos joelhos. Assim Lima (2006) concluiu que os meninos apresentaram uma melhor postura

corporal do que as meninas.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Diante dos resultados obtidos e analisados, e de acordo com os objetivos pré-

estabelecidos, concluiu-se que existem alterações posturais nos dois gêneros da amostra e que

não existiu diferença entre os meninos e as meninas de 7 a 10 com relação à presença de

alteração postural na amostra deste estudo.

Das 44 crianças avaliadas, aproximadamente 100% delas apresentaram algum tipo

de alteração postural, tendo como maior freqüência à inclinação de tronco para a direita e a

hiperlordose lombar.

Acredita-se que índices de alterações posturais encontrados nestes escolares

advêm, entre outras coisas, da falta de conhecimento e desinteresse dos pais ou responsáveis,

como também da inexistência de um trabalho preventivo no âmbito escolar, caracterizando o

descaso do sistema em que os escolares estão inseridos, pela educação e saúde.

Algumas das alterações encontradas podem ser consideradas como alterações de

desenvolvimento; entretanto a presença de alterações de cabeça e ombro são assimetrias que

podem ser causadas pelas demandas diárias, incluindo as rotinas escolares (o tempo de

manutenção da postura sentada, a participação nas aulas de Educação Física Escolar), o estilo

de vida pouco ativo, o uso de mochilas e de sapatos inadequados para a idade e tipo de

atividade.

Embora, como vimos anteriormente, vários trabalhos já foram realizados com

relação à análise postural de escolares e seus efeitos diretos na integração da criança com o

seu meio, ainda não tenham recebido uma atenção devida, é preciso levar em consideração os

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vários fatores que contribuem para tais problemas. A avaliação postural refletirá na

corporeidade dos escolares, servindo como meio de orientação e incentivo a executarem

corretamente as atividades, contribuindo na prevenção de distúrbios posturais que afetam o

desempenho motriz e conseqüentemente a qualidade de vida. Para tal entendimento, de forma

unificadora e global, a área da atividade física e do movimento humano vem sendo, no meio

científico, abordada com grande interesse interdisciplinar.

Este método de avaliação postural é considerado eficiente e rápido, devido a

facilidade em que são realizadas as imagens fotográficas, e posteriormente a análise sem ser

preciso a presença do participante.

Que outras propostas possam ser iniciadas, e que possam contemplar as várias

necessidades das crianças, contribuindo assim para a busca da melhor qualidade de vida e

bem-estar escolares para a promoção de adultos saudáveis.

Concluiu-se que a avaliação postural, nas escolas, realizada por profissionais

fisioterapeutas interessados em contribuir para o desenvolvimento de bons níveis de saúde

escolar, pode contribuir muito mais para a sociedade em que vivemos, evitando enfermidades

futuras na coluna vertebral, melhorando o rendimento do aluno e promovendo o seu bem-

estar físico e emocional.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Carta-convite para a participação dos escolares na amostra enviada aos pais

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA- UNISUL

CARTA-CONVITE AOS PAIS

Prezados pais,

Sou aluna do Curso de Graduação de Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa

Catarina (UNISUL) e, neste momento, estou iniciando a coleta de dados para a elaboração do

Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado “Fisioterapia na escola: avaliação postural”, sob

orientação da Prof. Msc. Inês Alessandra Xavier Lima.

Neste sentido, venho através desta convidar seu (sua) filho (a) para participar da pesquisa,

a qual será realizada na própria escola. Saliento que a referida pesquisa foi autorizada pela direção da

escola e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISUL.

Para tanto, o Sr. (a) deverá consentir que seu (sua) filho (a) seja fotografado (a) de frente,

de costas e de lado. Por isso, pedimos que ele (ela) venha com short/ sunga (meninos) ou biquíni

(meninas) por baixo da roupa no dia agendado para a avaliação, o qual será avisado antecipadamente

pela direção da escola.

O Sr. (a) está convidado (a) a acompanhar seu (sua) filho (a) durante todo processo, mas

para que ele (ela) possa participar do estudo é necessária a SUA AUTORIZAÇÃO por escrito no

final do termo de consentimento anexo. Peço que leia este termo, pois nele estão descritos os

procedimentos que serão realizados detalhadamente, e que o devolva assinado.

Declaro que os dados coletados serão mantidos em sigilo, de acordo com o que se propõe

a pesquisa, além de garantir que a identidade de seu (sua) filho (a) será preservada.

Certa de contar com o seu apoio, agradeço antecipadamente a atenção dispensada e

coloco-me ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos.

__________________________________________________ Cristina Mari Zanella Back - Pesquisadora Principal

Fone: (48) 36220485 (49) 99161975

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APÊNDICE B

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA- UNISUL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A Universidade do Sul de Santa Catarina, através da acadêmica do Curso de Graduação de

Fisioterapia CRISTINA MARI ZANELLA BACK, sob orientação da professora Inês Alessandra

Xavier Lima, está desenvolvendo uma pesquisa relacionada à avaliação postural em escolares de 1ª à

4ª série da Escola de Ensino Básico São Judas Tadeu na cidade de Tubarão/SC.

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a postura corporal das crianças de 1ª à 4ª série

com idades entre 7 e 10 anos. Não existem riscos associados à pesquisa, uma vez que a coleta de

dados consta apenas de obtenção de fotografias das crianças na posição em pé ( de lado e de costas),

vestidas de short (meninos) e de biquíni (meninas). Será avaliado o alinhamento de partes do corpo, ou

seja, se estas estruturas que compõem o corpo estão em desarmonia, e as suas possíveis relações com

os hábitos posturais.

Este estudo se justifica pela necessidade de se conhecer a situação da saúde postural das

crianças a fim de alertar para problemas futuros e de contribuir para o estabelecimento de condutas de

prevenção de alterações posturais através de palestras educativas.

Se o Sr. (a) estiver de acordo que seu filho (a) participe, garantimos que as informações

fornecidas serão confidenciais e só serão utilizados neste trabalho. Da mesma forma, se houver alguma

dúvida em relação aos objetivos e procedimentos da pesquisa ou se Sr. (a) quiser que seu filho desista

do mesmo, poderá, a qualquer momento, entrar em contato conosco pelos telefones (48) 36220485/

(49) 99161975 ou pessoalmente no referido colégio.

Obrigada!

_______________________ ___________________________

Prof. Msc. Inês Alessandra Xavier Lima CRISTINA MARI Z. BACK

Pesquisador Responsável/ Orientadora Pesquisadora Principal

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ANEXOS

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ANEXO A

Termo de Consentimento para Fotografias

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP UNISUL CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E GRAVAÇÕES

Eu _________________________________________________________________ permito que o grupo de pesquisadores relacionados abaixo obtenha fotografia, filmagem ou gravação de minha pessoa para fins de pesquisa científica, médica e/ou educacional.

Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, eventos científicos, palestras ou periódicos científicos. Porém, a minha pessoa não deve ser identificada, tanto quanto possível, por nome ou qualquer outra forma.

As fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes ao estudo e sob sua guarda.

Nome do sujeito da pesquisa e/ou paciente: ______________________________________________

RG: ______________________________________________

Endereço: ______________________________________________

Assinatura: ______________________________________________

Nome dos pais ou responsáveis: ______________________________________________

RG: ______________________________________________

Endereço: ______________________________________________

Assinatura: ______________________________________________

Se o indivíduo é menor de 18 anos de idade, ou é legalmente incapaz, o consentimento deve ser obtido e assinado por seu representante legal.

Equipe de pesquisadores: Nomes:_______________________________________________________________________

Data e Local onde será realizado o projeto: _______________________________________________

Adaptado de: Hospital de Clínicas de Porto Alegre / UFRGS

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ANEXO B

Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos da Universidade do Sul de

Santa Catarina (UNISUL)

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