critica.atual.a.michels.m.s.braga

Upload: severino-silva

Post on 08-Jul-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    1/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    RESUMO

    DEMOCRACIA E ORG NOS PARTIDOS POREVISITANDO OS MICROFUNDA

    Maria do Socorro Sou

    O objetivo deste artigo é resgatar os pressupostos da tese

    organizacional dos partidos políticos marcada por duas tend

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    2/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    clássico particularmente a respeito do Partido

    Social-Democrata Alemão (SPD)2, embora suatese mais geral se referisse aos organismos sociaisde ins-piração nitidamente democrática,exemplificados tanto pelo Estado quanto pelossindicatos e outras formas associativas.

    Para Michels, o SPD era o exemplo do partidode massa moderno mais complexo, que, emboraconcebido como instrumento privilegiado do

    desenvolvimento da democracia política, tornara-se inevitavelmente uma organização oligárquica.Para inferir sua tese, Michels vai investigar todo o processo e as causas que teriam determinado essa

    alcançar um mínimo

     por um lado, essesnecessidade estratégic político, por outro lalimitações enquanto oIsso é o que podemseguir, quando Miche para o surgimento deum partido políticodirigentes sobre a esA principal causa ddemocráticos é encontécnica das liderançaem consequência da d

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    3/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    como uma concentração de poder ilegítimo nas

    mãos de uma elite entrincheirada [...] que lançamão de seu poder organizacional para impedir qualquer oposição interna à sua autoridade. ParaMichels, nos termos originais da lei férrea daoligarquia, o problema da ilegitimidade do poder éo uso da organização pelos seus líderes de formaa buscar objetivos novos, rejeitados pelos demais; já para Leach, mais importante do que a redefiniçãodos fins da organização pelos dirigentes é comose estabelece o poder (ou a influência) deles.Considerando isto, os tipos de ilegitimidade do poder seriam três: (1) a ilegitimidade das pessoas,que exercem o poder mas não teriam recebido

    mente

    fazereO

    os lídeinteremesm pelo Eciaremlo, de

    intereforma posiçãe dos

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    4/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    as técnicas mobilizadas pelos líderes para manter 

    seu domínio sobre as áreas vitais de um partido,entre as quais estariam a manipulação de suasfinanças, o controle sobre a imprensa partidária, autilização de uma base de poder extrapartidária(como previsto por membros do poder Legislativo)e a “tática de renúncia”.

     Nessas condições, a democracia nos grandes partidos políticos, segundo Michels, não teria

    chances de prevalecer, pois a vida partidária seriadominada pelo antagonismo permanente entre duasgrandes tendências: a ininterrupta concentraçãode poderes no aparato organizacional pela elite

     polí tica di rigente

    organização partidcontribuiria para iss poder centralizadorrepousaria sobre osEstado: autoridade e um governo em minia para sua existência nário.

    Outro problema dirigida segundo primudança dos fins oriarregimentar o ma

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    5/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    É no contexto do pós-guerra, período de

    florescimento da teoria democrática pluralista,especialmente nos Estados Unidos, e da teoria dodesenvolvimento político, em várias regiões doglobo, que surgem as críticas mais contundentesà “lei férrea da oligarquia”. Essas críticas foramdirecionadas a questões tanto metodológicas da pesquisa empírica quanto às unidades conceituaisfundamentais à sua tese principal. Devido aosobjetivos específicos deste artigo, nós vamosfocar este estudo no segundo bloco de inquie-tações: as imprecisões conceituais.

    De acordo com Hands (1971), um dos

    ser m

    averigque eteria desse cro cresà luta Em oucrescifenômqual nmesmorgan

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    6/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    saber o que é uma organização para identificarmos

    qual é a intenção dela em manter a especializaçãode funções e as pessoas que realizam essa intenção.Para ele, seguindo Weber, é preciso identificar qualé a especialização própria da organização analisadae qual a persistência ou continuidade no tempo dessacaraterística. Esse aspecto ainda permitiria verificar que algumas organizações são de curta duração.Cassinelli chega ao seguinte conceito deorganização, visando a superar essa deficiência dotrabalho de Michels: “Uma organização é um grupode atividades humanas ordenadas por um sistemade funções especializadas; um subgrupo dessasatividades tem como objetivo a manutenção dessa

    organização caracteri

    das atividades que a cque têm o maior grauchamadas de ativi‘executiva’), estão lidas atividades organi

    De acordo com Cadefinição é a de liberdque não significa qu

    completamente as açmembros da organizabordagem estruturaatividades serão sem

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    7/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    concessões políticas com o propósito de absorver 

    novos membros. Nessa condições, segundoMidding, o controle oligárquico, conforme defendeMichels, seria muito difícil de ser alcançado.

    Se, por sua vez, o partido permanecer mais preocupado com a manutenção da homogeneidadesocial, pureza doutrinária ou seletividade demembros, ele seria menos adaptável àqueleambiente competitivo e, em consequência, o

    controle oligárquico teria maior probabilidade dese estabelecer. Em outras palavras, para Midding,determinadas características dos partidos, comovoluntariedade associativa e a busca do poder nas

    com b

    aspectdevem prime(1963 propóváriosrepoude garmais preferecapacum sisde um

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    8/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    constrangimento poderoso sobre a elite dirigente,

     podendo ser forçada a abandonar propostas por não contarem com o apoio da coletividade.

    A segunda pressuposição de Michels discutida por Midding refere-se à noção de que, pelo fatode os seguidores não poderem iniciar alternativasde políticas específicas e decidir sobre elas, nãoexerceriam qualquer controle ou influênciasignificativos sobre a tomada de decisão. Para

    Midding, o mais correto seria afirmar que a tarefade exercer o controle acabaria sendo mais difícil,embora não fosse impossível. Isso porque ele pressupõe que as escolhas políticas dos membros

     processo decisório

    diversificada, explica,  para um processo de vários níveis no interioentre grupos de líderesou ainda entre líderes

    As indicações de buscadas, particularmseja, em instituições

    também no padrãcomissões e subcom processos de negociadesacordos políticos

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    9/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    Consequentemente, para efeito da compreensão

    da tomada de decisão, o partido seria composto por uma classe dirigente compacta que enfrentariauma massa homogênea de seguidores. Middingquestiona essa ênfase sobre a divisão entre oslíderes e liderados porque ignoraria o conteúdodas decisões e dos pontos de vista políticos. Mascomo vimos anteriormente, isso não incomodaMichels, cujos pressupostos normativos e cujasteorias de classe simplesmente ignoram outrosaspectos de diferenciação social. Assim, todas asoutras formas de diferenciação funcional (como, por exemplo, representantes parlamentares,sindicalistas burocracia do partido) são

     para a

    váriasos líd polí ticseguid bem saceitados lídMiddiisso tede pesde qudeferêquem

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    10/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    elaborada por Blau (1964), Panebianco definiu o

     poder como sendo relacional ,  assimétrico  masrecíproco. Em outras palavras, o poder manifestar-se-ia numa relação de troca desigual, em que umator ganha mais do que o outro, contudo, o poder nunca é absoluto, mas é limitado pela próprianatureza da interação. Em contrate com a tese deMichels da “lei férrea da oligarquia”, portanto,Panebianco defende que a relação de poder entreos dirigentes e a coletividade deve ser concebidacomo uma relação de troca desigual, na qual osdirigentes ganham mais que os seguidores,contudo devem dar algo em troca. A eficáciadessas trocas por sua vez depende do grau de

    qual a institucionaliz

    substituição dos sobrevivência da orgno entanto, nas orgahaveria um processomeio dos quais os adaptados às exigorganizativas. Essfundamentais partransformações ocorrcomo o SPD alemãSegundo Panebiancodesses partidos a reformista e a lingu

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    11/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    a seleção dos candidatos aos cargos públicos

    eletivos.IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

     Na tentat iva de compreender a naturezacomplexa das relações de poder dentro dos partidos polí ticos de sua época, Michels, emSociologia dos partidos políticos, formulou umadas teses clássicas que vem desde então motivandoimportante debate sobre os problemas enfrentados

     pelas organizações representativas no que tange,especialmente, a como o poder é distribuído noseu interior, como se reproduz, como se modificamessas relações de poder e com quais conseqüências

    o prim

    indispconsid

    Podemonque focom u poderuma e

    férrea polí ti preocuAlém

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    12/16

    DEMOCRACIA E ORGANIZAÇÃO NOS PARTIDOS POLÍTICOS

    as implicações dessa evolução para o sistema

     político, também deve ser notado que a suainterpretação da relação entre a liderança políticae a democracia é muito otimista. Sendo assim,enquanto para Ostrogorski e Michels a ausênciade democracia interna nos partidos minaria todoo sistema democrático, na análise weberiana, umaliderança forte e responsável politicamente seriauma necessidade para o bom funcionamento dademocracia. Isto seria assim porque, a menos queo partido fosse controlado por uma forte liderança polí tica, a burocracia poderia, em virtude daeficiência de sua organização, facilmente obter uma posição política predominante e se tornar o

    democracia é, ela

    ninguém nunca pcontinuando as invincessantemente paranão deixaremos de fecundo pela democ241).

    Contudo, a maioreconhece que as in

    contexto de democ passasse a predominintermediário necesEstado, tornar-se-

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    13/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E PO

    MEDDING, P. Y. 1970. A Framework for the

    Analysis of Power in Political Parties. Political Studies, Malden, v. 18, n. 1, p. 1-17, Mar.

    OFFE, C. 1984. Problemas estruturais do Estadocapitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

    OSTROGORSKI, M. J. 1970.  Democracy and the Organization of Political Parties. NewYork: Haskell.

    PANEBIANCO, A. 2005.  Pol itical Parties:Organization & Power. Cambridge (UK):Cambridge University.

    PIZZO

     pav.

    SARTde Br

    30wwrb

    15WEB

    vo

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    14/16

    200

    DEMOCRACY AND ORGANIZATION WITHIN POLITICAL PARMICRO-BASIS OF MICHELS’ WORK 

     Maria do Socorro Sousa Braga

    My goal here is to return to the premises of Robert Michels’ thesis on the  political parties, marked by two supposedly antagonistic tendencies: concentration of powers in the hands of an oligarchy, on the one hand, aon the part of other party members, on the other. I also look at how sch

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    15/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLÍ

     phenomenon tied to contemporary organizational perspe prognosis for democracy that emerges from his studies.

    KEYWORDS:  Robert Michels;  Political Parties;  Po Participation.

  • 8/19/2019 Critica.atual.a.michels.M.S.braga

    16/16

    REVISTA DE SOCIOLOGIA E POLÍ

    LA DÉMOCRATIE ET L´ORGANISATION DANSANALYSE DES MICRO-FONDEMENTS DE MICHE

     Maria do Socorro Sousa Braga

    L´Objectif de cet article c´est de reprendre les présupprapport à la dynamique organisationnelle des partis politiquantagoniques : l´inclination à la concentration de pouvoirs et, de l´autre, l´aspiration des autres membres du parti poc´est celui de vérifier comment les spécialistes du phéorganisationnelle contemporaine ont évalué la validité de

    de cet auteur sur la démocratie dans ses études.

    MOTS-CLÉS:  Robert Michels;  partis poli tiques ; participation.