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Informativo da União Paulista de Espeleologia Revista Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Informativo da União Paulista de Espeleologia www.upecave.com.br Ano 6 - Número 11 Janeiro/Junho de 2009 Ano 6 - Número 11 Janeiro/Junho de 2008

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Informativo da União Paulista de Espeleologiawww.upecave.com.br

Ano 6 - Número 11Janeiro/Junho de 2008

Informativo da União Paulista de EspeleologiaRevista Paulista de Espeleologia

www.upecave.com.br

Ano 6 - Número 11Janeiro/Junho de 2009

Plano de ManejoCrônica Espeleológica50 anos do CAPTutorial 3 do SurvexO uso do Protractor

Plano de ManejoCrônica Espeleológica50 anos do CAPTutorial 3 do SurvexO uso do Protractor

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3

Comissão EditorialRicardo Martinelli; Gabriela Slavec;

Renata Shimura; Eduardo Portella & FabioKok Geribello

União Paulista de EspeleologiaEndereço para correspondência:

Rua Loefgreen 1291, Cj 61 - São Paulo - SPCEP: 04040-031

Desnível é uma publicação eletrônica semestral daUnião Paulista de Espeleologia (UPE).

As opiniões expressas em artigos assinados são deresponsabilidade dos respectivos autores. As maté-rias não assinadas são de responsabilidade dos edi-tores e não refletem necessariamente a opinião daUPE. Artigos publicados no Desnível podem ser re-produzidos na íntegra desde que citados fonte, autor,URL e data de consulta na web. Reproduções parci-ais somente com autorização prévia dos editores. Oinformativo em formato PDF poderá ser repassadopara outras pessoas e listas de discussão.

Para enviar um artigo utilize o e-mail:[email protected]

As datas limite são os meses de junho e novembro.

O Desnível se encontra em regularidade com as leisanti-spam. Se deseja não mais recebê-lo, favor envi-ar um e-mail para: [email protected]

Expediente

5

Veja TambémMemória

Espeleolog

Maillon Rapid

Foto em Destaque

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3

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Foto da Capa:Gruta do MinotauroParque Estadual Intervales

Autor:Ricardo Martinelli

Em defesa dos grupos de espeleologia

A espeleologia e os 50 anos do CAP

Editorial

Plantão Médico15

DiagramaçãoRicardo Martinelli

RevisãoGabriela Slavec / Renata Shimura

Tutoriais do Survex

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Lojinha da UPE36

Foto: Equipe da UPE em “reunião” na Gruta do Temimina II, durante os traba-lhos de mapeamento para os planos de manejo espeleológico.

Parceiros:leia também a revista eletrônica

Lajedos em:http://www.lajedos.com.br

A UPE é filiada à SBE

Topografia - O uso do Protractor 16

Planos de manejo do alto ribeira 19

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Crônicas Espeleológicas

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http://www.anabbrasil.org

Parabéns.... UPE 15 anos!!!!

Boa Leitura!

Texto: Ricardo MartinelliContate o Autor

[email protected]

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Editorial Página 2

Caros leitores e amigos de muitas cavernadas,a UPE está em festa!!! No Brasil, poucas sãoas instituições que atingem tal longevidade,

e isso nos orgulha e dá forças para reinventar o grupoa cada ano, a cada saída à campo. Posso me orgu-lhar de ter participado de praticamente toda a históriada UPE. Apesar de não ser sócio fundador, entrei nosprimeiros anos de sua formação e relembrar fatos e“causos” é uma maneira de comemorar, deixando aslembranças fluírem em fatos marcantes e engraça-dos.

A UPE começou de maneira avassaladora e jáem 1995 realizou uma das maiores expedições deque se tinha notícia até aquele momento. Explorandoo sistema São Vicente, em Goiás, mais de 30 pesso-as entre Brasileiros, Eslovenos e Americanos com-partilharam momentos incrí-veis e fizeram descobertas degrande monta, retornando delá com mais de 20 km de ga-lerias mapeadas. Porém, re-sultados à parte, lembro deum fato que me marcou,uma equipe estavamapeando uma galeria deáguas termais no pórtico daSão Vicente II, já estava noi-te e as outras equipes já es-tavam no acampamento... enada do pessoal voltar! Lá pe-las tantas, os mais experien-tes resolveram enviar umaequipe para “averiguar” o quepoderia ter ocorrido, e assimfoi, 3 espeleólogos entraramno conduto, sobraram pou-cos no acampamento, entreeles eu e Peter Slavec. Pas-sadas mais de 2 horas da segunda equipe, bateu umcerto desespero e resolvemos enviar a terceira equi-pe de resgate... e EU estava nela!!! Já pensava nopior, por ser termal, será que todos encontraram ga-zes venenosos? Será que estão perdidos, sei lá, fi-quei desesperado, coloquei minha roupa de caverna,calcei as botas, estava tremendo! Fomos para a bocada caverna, eu e o Peter... para meu alívio, bem nestemomento a segunda equipe estava voltando, encon-traram a primeira ainda mapeando e decidiram ajudare explorar algumas ramificações, tomaram uma belabronca e tudo acabou bem!

Fato interessante ocorreu no mapeamento daGruta Canhambora, em Cunha - SP, uma caverna emgranito muito interessante, que serviu de abrigo paraescravos. Lá pelas tantas da noite, finalizando os tra-balhos, na última trenada, um integrante do grupo puxaa trena por cima de blocos de granito, tentando atin-gir a “linha de gotejamento” do pórtico da caverna...trena esticada, fazendo a visada, lá de cima dos blo-

cos o ponta e todos nós ouvimos um grande baru-lho... parecia uma onça!!!!!! Neste momento, com ogrande susto, o rapaz veio cambaleando, pulando osblocos, parecia que tinha visto o próprio “sucupira”!Felizmente foi só o susto, um gato do mato nos pre-gou uma bela peça!

Lembro também de Iraquara, quando a UPEmapeou um trecho da Gruta da Torrinha, o chamadocomplexo do minotauro e também descobriu uma gran-de galeria na gruta Lapa Doce, apelidada de “é docemas não é mole”, por necessitar de um extensorastejamento para se chegar até ela. Nesta épocaestávamos auxiliando o “Chico Bill” em sua tese demestrado e não tinhamos ainda muita liberdade parabrincadeiras. Mas isso se resolveu logo que o Coringae o Jerry mandaram a primeira “bomba” de lama nas

costas dele... reação zero...bomba 2... só umabalançadina... bomba 3... evira o Chico e no mais purosotaque nordestino solta“vocés me réspéitem, sou umhomem casado, gélólogo,mestrando da USP...” e semque acabasse a reclamação,a bomba 4 “pousou“ na caradele!!!! Bom, nem precisa fa-lar que a amizade perdura atéhoje.

Poderia ficar aqui lembran-do de histórias engraçadas eque marcaram minha trajetó-ria e a do grupo durante es-tes 15 anos, mas o fato é quesão estas passagens quesempre nos fazem voltar aoambiente das cavernas, àsexpedições, às reuniões

presenciais, a enfrentar a parte política e burocrática,que é tão chata e tão necessária para que possamosno final de semana pegar nosso carro, encontrar osamigos e cair na estrada para mapear este imenso erico subterrâneo brasileiro!

Comemorando seus 15 anos de fundação, aUPE está lançando seu novo site na web. Foi fruto demuito trabalho e dedicação de seus sócios e estámuito mais interativo e dinâmico, esperamos um gran-de feedback.

Quanto ao Desnível, cada número que publica-mos é uma conquista, cada vez mais com “cara derevista”, entramos no sexto ano de publicações, o quenos dá a certeza do sucesso desta importante publi-cação. Um grupo se enfraquece muito se não divulgao que está fazendo, seus mapas, seus resultados, écomo uma prestação de contas à sociedade, umaobrigação, uma contrapartida, pois entramos em am-bientes delicados, frágeis, causando impactoambiental e precisamos gerar resultados!

Acesse o novo site da UPE em:

http://www.upecave.com.br

Em defesa dos grupos de espeleologiaEm defesa dos grupos de espeleologiaEm defesa dos grupos de espeleologiaEm defesa dos grupos de espeleologiaEm defesa dos grupos de espeleologia

A Palavra do PresidenteAutor: Fabio Kok Geribello (Coringa)

Presidente da UPE - [email protected]

Desde os idos de 70, diversos voluntários vêm empenhando seus esforços,seus conhecimentos e seu tempo livre na defesa de nossas cavernas.Inicialmente, através de iniciativas isoladas, que aos poucos foram se

unindo na organização de grupos de espeleologia, até a fundação da SBE, quehoje comemora seus 40 anos de atividades, com o objetivo de fomentar aexploração e o conhecimento das cavernas.

Foi a partir dessas iniciativas, junto com a realização de pesquisascientíficas, principalmente nas áreas de arqueologia, geologia e biologia, que oconhecimento sobre as cavidades brasileiras começou a ser organizado edivulgado, fazendo com que o público em geral demonstrasse curiosidade einteresse pela proteção das mesmas.

Todos os parques hoje existentes para proteger o patrimônio espeleológicobrasileiro foram criados a partir de uma luta isolada, porém constante, de alguns“fuçadores” que conseguiram, através de fotos, estudos, relatos e produção demapas, mobilizar a sociedade e sensibilizar as autoridades.Nos últimos 40 anos muita coisa aconteceu na Espeleologia nacional, grandesdescobertas ocorreram, diversos parques foram criados e as regiões cársticas,que normalmente não possuem um grau de desenvolvimento notável,descobriram o turismo como forma alternativa de renda, beneficiando tambémas comunidades locais.

Hoje, muitos dinossauros da espeleologia se extinguiram. Alguns tiveramsua aposentadoria merecida e outros partiram para a busca de novasexplorações nos terrenos de caça de seus antepassados...Nesta transição apenas alguns poucos Grupos de Espeleologia conseguiramreter o conhecimento técnico gerado e duramente aprendido. Contamos nosdedos os grupos que tem mais de 10 anos de existência e que ainda estão nalabuta. Mas o que aconteceu com os outros? Como nivelar o conhecimentopara os novos grupos? Quais as regiões onde deve ser estimulada a formaçãode novos grupos para exploração e pesquisa?

Sempre criticamos a posição da SBE em dar preferência a sóciosindividuais ao invés de fomentar a criação de grupos sólidos e técnicos, poiscomo entidade nacional, entendemos que o papel da SBE, entre tantos outros,é de apoiar as iniciativas dos grupos, buscar formas de ajudar na organizaçãodos trabalhos realizados, além de intervir em nome de toda a comunidadeespeleológica sempre que for necessário. Entretanto, este não é o únicoproblema, pois o que de fato ocorre é que os grupos nunca foram devidamentevalorizados pelo enorme trabalho que realizam. Temos a tendência de valorizaras pessoas acima das entidades a que pertencem, e isso gera “inveja”, que éum dos piores sentimentos do ser humano moderno e especialmente dobrasileiro. Temos inveja do sucesso do outro, invejamos a conquista alheia epor outro lado tendemos a valorizar a nós mesmos em detrimento de nossosfeitos. E o grupo, onde fica?

A minha opção pela espeleo, como atividade e idealismo,foi feitaexatamente pelo espírito de companheirismo e equipe que reina numa saídatécnica, bem diferente da escalada e outras atividades na natureza. Aespeleologia nos obriga a trabalhar em conjunto, a segurança do grupo dependeda atuação de cada um, a produção de um bom mapa depende da qualidadede todos os integrantes e do comprometimento dos mesmos com o projeto.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 A palavra do Presidente Página 3

Porém, percebemos que algumasvezes, na volta pra casa algumaspessoas se tornam egoístas e seesquecem dos “apuros com osamigos”, tomando somente para si omérito do trabalho de todos... é aí queum grupo desmorona, às vezeslentamente, outras vezes como emuma avalanche...

O setor público, hoje responsávelpela gestão das áreas protegidaspela ação dos Grupos, geralmentenão valoriza o conhecimento porestes armazenado e não consegueenxergá-los como fortes aliados. Por

exemplo, atualmente está em andamento a execução do Plano de Manejo de32 Cavernas no Estado de São Paulo. Para que o trabalho fosse realizado,apenas uma parte dos mapas precisou ter a sua execução contratada, poisgrande parte das cavernas já haviam sido mapeadas pelos grupos deespeleologia e foram doados ao projeto, da mesma forma que são sempredisponibilizados para todos os interessados, através do CNC ou contato diretocom os grupos. Para uma reflexão, se utilizarmos o mesmo valor base paracontratação dos mapas que já estavam prontos, o valor rodaria por volta deR$ 1.000.000,00, ou seja, os GRUPOS ESPELEOLÓGICOS doaram UMmilhão de reais em trabalhos realizados para a Secretaria do Meio Ambientepoder viabilizar os planos de manejo das cavernas. Isso, sem contar o tempoeconomizado para a execução destes, que de outra forma inviabilizaria todoo projeto.

Além disso, os Grupos participaram ativamente e voluntariamente dasoficinas, reuniões e saídas a campo. Os Grupos estão sempre dispostos aoferecer ajuda e apoio a toda atividade que orbite sua área de interesse, queé a proteção e o conhecimento das cavernas e suas adjacências.O caso mais emblemático é o CECAV, órgão federal de atuação autoritária eque pouco conhece e nada valoriza os grupos de atuação regional, dapreferência a refazer trabalhos espeleológicos, duplicando ou até mesmotriplicando o sistema de cadastro de cavernas ao invés de apoiar e fomentara melhoria dos sistemas já existentes. De forma prepotente, prefere tomarpara si o trabalho de mapeamento e exploração, que poderia ser feitovoluntariamente pelos grupos já constituídos. Apesar da importância eresponsabilidade dos assuntos tratados por este órgão, falta uma consultademocrática à sociedade espeleológica, que possui um grande e valiosoconhecimento adquirido ao longo de muitos anos de trabalho.Dessa forma, temos que valorizar cada vez mais a atuação dos Grupos sobreas pessoas, o conjunto sobre o individual e, sobretudo, a amizade sobre oconflito. Somos poucos atuando na Espeleologia, mas são muitas as cavernasque ainda estão por aí para serem descobertas, exploradas, mapeadas,pesquisadas!

Nós, representantes dos poucos Grupos de Espeleologia sobreviventes,continuamos nossa luta diária para entregar produtos de qualidade eestaremos sempre à disposição para apoiar a todos na defesa de nossopatrimônio espeleológico.

Foto: Grupo de espeleologia em ação. Trabalho de qualidade a serviço da sociedade.

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GREGOGRUPO ESPELEOLÓGICO GOIANO

Por: Peter & Gabriela SlavecFotos: Peter SlavecMapas: CAP

ABSTRACT

A Espeleologia e os 50 anos do CAP

Não se conhece comoção mais violentado que aquela que se experimenta ao

penetrar sozinho numa grutadesconhecida, enquanto as gotas deágua que caem das abóbodas são o

único ruído que perturba comopequenas canções, o eterno silêncio

dos mundos subterrâneos... é ainfluência irresistível do mundo

mineral...

Peter Slavec

A HISTÓRIA

Fundado em 1959, pelo alpinista italianoDomingos Giobbi, o Clube AlpinoPaulista – CAP está comemorando

este ano seus 50 anos de atividades, queao longo da sua história, incluíram oalpinismo, a escalada, o montanhismo e aespeleologia.

Já no final de 1959, o espeleólogofrancês Michel Le Bret, que viera morar noBrasil, encontrou o CAP e foi criado dentrodo clube o Departamento de Espeleologia,sob sua direção. Dos membros do CAP, umpequeno grupo se identificou com asatividades subterrâneas, formando um grupocoeso e, curiosamente, de diferentesnacionalidades. Desta época, podemosdestacar o esloveno Peter Slavec, osespanhóis José Luiz Vasques Yuste e JoanJutglar, o búlgaro Salvator Haim, o italianoSergio Andino, Zigurds Dunce, da Letônia, eo brasileiro Luiz Guilherme Assunção(Meca), entre outros.

Over 50 years the Alpine Club of São Paulo (CAP)has made a number of expeditions andachievements in Climbing, Mountaineering andSpeleological areas. From 1959 to 1994 the CAPSpeleology Department was very active andresponsible for the discovering and the surveying ofmore than one hundred caves in Brazil. Today thespeleological activities of CAP is being held by theUPE. This article is about the Speleology history ofCAP which is an important part of the Speleologyhistory in Brazil.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Página 5

O início dos trabalhos de Espeleologiado CAP teve como base o capítulo “AsGrutas Calcárias do Vale do Rio Ribeira doIguape” da Revista do Instituto Geográfico eGeológico – IGG (volume VIII, n. 1 a 4), ondeestão enumeradas as 41 cavernasdescobertas por Ricardo Krone, entre 1891e 1905. Com estes dados em mãos, o CAPfoi a campo, em busca destas e de novascavernas.

Nessa época já existia, em Caboclos,Espírito Santo, no Alto Vale do Ribeira, oParque do IGG, que consistia de duas casascom administrador e guias. Os responsáveiseram José Epitácio Passos Guimarães,diretor do Museu Geológico na época e oProf. Pedro Comério, que mantinhamabertos os caminhos para grutas próximas,sob responsabilidade do IGG, para visitaçãoturística. Foi nesta época que surgiu a idéiade se criar o PETAR, Parque Estadual doAlto do Ribeira, com a finalidade de protegeras grutas, a fauna e a flora nas suasimediações.

Em agosto de 1965, o Clube AlpinoPaulista enviou para a Secretaria de Turismodo Estado de São Paulo uma carta comrelatórios de exploração de grutas naquelaregião e na região da Caverna do Diabo,ressaltando o potencial turístico das mesmase, ao mesmo tempo, pedindo proteção parao Meio Ambiente através da criação doParque Turístico.

AS EXPLORAÇÕES

No período entre 1959 e 1969, aDiretoria do Departamento de Espeleologiado CAP estava sob responsabilidade deMichel Le Bret. Nesta época começaram asgrandes atividades no Vale do Ribeira, SP,com trabalhos de exploração e mapeamentodas cavernas, além de alguns trabalhosconjuntos com Guy Christian Collet, querealizava trabalhos independentes na área dearqueologia, ou Pierre Martin e seu grupo deLondrina, que também exploravam a regiãodo Vale do Ribeira.

Durante dois anos, foram feitasexplorações na Gruta da Tapagem e na Grutadas Ostras, até que em 1962, foi realizada ajunção das duas, somando 4.500 m da hojeconhecida Caverna do Diabo (SP-02). Aprimeira travessia completa da caverna foirealizada em 1964, pelo CAP. Em um dosrelatórios das explorações realizadas, comparticipação de Michel Le Bret, FelippeGoethals e Sra., Luiz Guilherme Assumpção(Meca) e Roberto Ribeiro Pereira, depois de11 horas de permanência na caverna, Mecaconclui: “Concluído o levantamento da gruta,pudemos averiguar que foram por nósexplorados 1860m da gruta, dos quais1040m tiveram, pela primeira vez, desde asua formação há milhares e milhares de anos,sua eterna escuridão violada”.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Memória Página 6

Na região do Bethari, destacaram-sea Gruta e Abismo de Água Suja, Gruta Lajedas Furnas e Laje das Furninhas, Gruta doMorro Preto e Morro do Couto, Gruta doCórrego seco, Abismo de Ouro Grosso, com104m de abismo, e Grutas Areias I e II, todasexploradas pela primeira vez em sua totalextensão pelo CAP.

Na região de Caboclos / EspíritoSantos, foram topografadas a Gruta doMonjolinho e Arataca, Gruta da Pescaria e,em especial, aGruta da Igreja(incluindo a GrutaSanto Antonio e aGruta Krone), comseu pórtico de142m de altura,que hoje éconhecida comoGruta Casa dePedra (SP-09).

Em VilaVelha, no Paraná,Michel Le Bret ePeter Slavecdesceram comescadinha dealumínio os 54m deabismo negativoaté a superfície daágua da Furna I(PR-01), em 1962.Em colaboraçãocom o IGG, foipublicado, em1966, o Boletimn.47 do IGG, ondeLe Bret descreve os trabalhos de pesquisasdas cavernas no Vale do Ribeira. Em 1969,Michel Le Bret retornou à França, deixandouma grande contribuição à Espeleologiabrasileira, além de um grupo deespeleólogos, que deram continuidade aostrabalhos de Espeleologia dentro do CAP.

No período entre 1970 e 1982, quandoo Departamento de Espeleologia ficou sobresponsabilidade de Peter Slavec, ostrabalhos se concentraram cada vez mais naárea de Caboclos. O grupo cresceu bastante,

ficou mais maduro tecnicamente e seespecializou nas pesquisas da região.

Nesta segunda fase, destacaram-se oscolegas que incansavelmente passaram fins-de-semana na mata, explorando grutas:Peter Slavec, Hilda Maria Britto Slavec, JoséLuiz Vasques Yuste, Lao Holland, JonnathanThornton, Adalbert Kolpatzik, Ulla Kolpatzik,Leonel Brites, Peter J. Barry, Álvaro Bentode Jesus Jr. (Spagetti), Peter Moser, BrunoA. Sellmer, Marion Nipper, entre outros.

Na região deCaboclos, foramexplorados oSumidouro do RioBraço daPescaria e Salãoda Pescaria,tentando encontrara comunicaçãocom a Gruta daPescaria, que forac o n f i r m a d aan te r i o rmen teatravés decoloração do rioda Pescaria. Foiencontrada aGruta do Fartinho(SP-07) e a Grutado Farto (SP-06),a m b a sinterligadas com oCórrego doFartinho, num totalaproximado de3.400 m, tambémcomprovados por

coloração. Este córrego é confundido pormuitos com o Córrego do Monjolinho.

No caminho da Gruta do Fartinho,virando-se para direção NO, foramdescobertas ainda grutas como PedraMarcada, Gruta do Jacaré e outras de menorrelevância. Ainda mais perto de Caboclos foicadastrada a Gruta dos Cogumelos.

Outra grande e promissora área paraexploração foi a região do Rio Temimina,onde sem dúvida a mais majestosa gruta éa Temimina II, descoberta por Pierre Martin

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Memória Página 7

e Marinho, mas explorada e topografada peloCAP. Nossa meta era continuar descendo oRio Temimina, onde deveríamos encontrarmais cavernas. Foi assim, mas vindo do sul,ou seja, subindo o Rio Pescaria, que foramdescobertas a Gruta Demoronada, Gruta daÁgua Silenciosa e Gruta Itaoca.

Em julho de 1975, já fazia dois anosque o espeleo-grupo do CAP estudava osmapas aerofotogramétricos da região doAreado Grande e tudo indicava a existênicade pelo menos uma gruta promissora.Entretanto, a região ficava isolada pelo sul,onde estavam sendo feitas as exploraçõesdo CAP na época.

A partir de informações locais da regiãonorte, obtidas em fazendas e aglomeraçõesà beira da estrada entre Guapiara e Apiaí, ogrupo decidiu dedicar uma semana de fériaspara explorar a região do Areado Grande,em busca de novas cavernas.

Na época, era possível chegar até láde jipe, saindo de Guapiara e seguindo cercade 30 km em estradinha de terra. Foramquatro os participantes desta primeirainvestida na região: Peter Slavec, JonathanThornton, Álvaro Bento de Jesus (Spagueti)e Peter Barry.

Por precaução, seguiram com doiscarros, pois o jipe estava em condições queinspiravam certa desconfiança, sendo que oPeter Barry foi nomeado mecânico daexpedição. Ele e John saíram na véspera,para garantir a chegada até Guapiara, nãopassando de 60 km/h no asfalto. No dia 11de julho, 1975, em uma bela manhãensolarada, o grupo se reuniu no posto degasolina de Guapiara, às 10:00h, conformecombinado.

Bagagem no jipe, último cafezinho nobar do posto e adeus à civilização por umasemana. Ao passar pelas moradias doscaboclos, o grupo foi recolhendoinformações sobre grutas que poderiamexistir nas proximidades. Duas vezescruzaram com o carro por dentro do RioPilões, pois não existiam pontes. A estradaficava cada vez mais tortuosa e íngreme,subindo e descendo os morros cobertos demata virgem. De repente um vale maior, umascinco casas e nova parada para perguntas

Foto: O Jipe que foi para o Areado e nunca mais voltou! Seusrestos podiam ser vistos em umas das trilhas da região até pou-co tempo atraz. Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Página 8

aos moradores. Foi um rapaz, que se faziaprocurar qualquer coisa nas imediações,mas cujo interesse real estava no grupo queacabava de chegar, quem forneceu asprimeiras informações:- “Oi, moço, como se chama este lugar?”,perguntou Peter Slavec.- “Areado”, respondeu o rapaz.- “Conhece por aí alguma gruta?”- “Tem uma aí onde some o Rio Areado”.

A resposta foi suficiente para animar ogrupo. Estavam ao lado do Rio Areado, quefazia uma suave curva para fora da estradae, entre ambos, um magnífico gramado plano,

ideal para estabelecimento doacampamento base. Não havia dúvida. Meiahora depois o acampamento estava montadoe o grupo já estava de saída para ver aondeo rio sumia.

O grupo acompanhou o curso da água,seguindo pela picada o novo guia, Bertolino.A cerca de 200 m, a água se infiltra entre aspedras, correndo assim por mais 250 m,voltando à superfície. Mais uns 100 m adiantehá um novo sumidouro, entrando maisprofundamente e atravessando pequenaelevação por 50 m. Até aquele momento,nada que merecesse exploração. Andamosansiosos por mais uns 200 m, onde o RioAreado desaparecia novamente embaixo daterra. Foi aí que o moço parou. Perguntadose adiante o rio não aparecia novamente àluz do dia, o rapaz confirmou, mas disse queele nunca fora ver o local. O grupo seguiu pormais uns 300 m, abrindo uma picada parachegar no fundo de pequena depressão, queficava a uns 15 m abaixo do nível do vale,onde encontraram a saída do rio, uma bocade uns dois por dois metros aberta na rochacalcária. Surpresos, logo adiante avistaramuma entrada similar, por onde entravacalmamente o rio. Não havia dúvida. Era alique deveriam entrar e iniciar a exploração.Como ainda era cedo, o sol brilhava no céuazul e até o acampamento eram apenas vinteminutos de caminhada, o grupo resolveu fazeruma rápida incursão inicial à caverna. Aoentrar, já tiveram que se molhar até quase acintura. O rio corria em forma de um cotoveloe atravessando-o já se encontravam numpequeno salão. Seguiram o curso do rio, quea uns 50 m sumia entre as rochas de umaparede. Mas à direita a galeria continuavasem problemas e de longe se escutavanovamente o rio saltando pedras. Foisuficiente para saber que tinham à sua frenteuma grande caverna.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Memória Página 9

Foto: Sistema de comunicação por telefone em abismo sendotestado

Foto: Equipamentos usados nas explorações do Areado

Durante os dias que se seguiram, foirealizada a exploração e topografia da gruta,com trena, bússola e altímetro, completando1.283 m de caverna, além de registrosfotográficos. A primeira expedição ao AreadoGrande foi um sucesso.

As explorações continuaram nospróximos anos, resultando em importantes

descobertas, como aGruta Areado Grande I eII, Gruta do Baixão,Abismo do Baixão, GrutaQuebra Vento, Gruta doJeep. A mais importante,além do Areado GrandeII (SP-78), foi adescoberta da Gruta daCabana (SP-108), cujocórrego, sem nome,corria dentro da gruta por4.185 m, sempre emdireção sul, indo deencontro à GrutaDesmoronada, entre osrios Temimina e

Pescaria, em Caboclos. Por coloração foicomprovado que realmente que o córrego daGruta da Cabana é afluente do Rio Temimina.Desenhavam-se para o futuro novasexplorações naquela região, assim, umatrilha de ligação entre os bairros Caboclos eAreado Grande foi aberta, onde o percursopodia ser realizado em 4 horas decaminhada.

Na região do Vale do Bethari, ondeatuava a maioria dos outros grupos deespeleologia, as explorações também foramretomadas pelo CAP. Foi descoberta, emsetembro de 1974, a Gruta do CórregoFundo (SP-48). Com seus 1.360 m e seusmaravilhosos travertinos, seu diminutocórrego provavelmente alimenta o córregoda Gruta das Areias I, topografada pelo CAPem 1961.

Outra exploração e topografia do CAPem primeira mão foi do Abismo de Furnas(SP-31), com suas formações maravilhosasde calcita cristalizada, flores e vulcões,lembrando o Salão das Flores da GrutaSantana.

No período de 1982 a 1986, BrunoSellmer assumiu o Departamento deEspeleologia do CAP. Era hora de mudar,inovar e incentivar espeleólogos jovens comoBruno Selmer, Fábio von Thein, Luiz EduardoConsiglio (Baixinho), Max Haim, LuizBernardino, Celso F. Ziglio e muitos outros.As explorações se deslocaram mais emdireção do Bairro Espírito Santo, onde foram

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Página 10

Foto: Vista aérea do pórtico da Gruta Casa de Pedra

descobertas a Gruta Azuías, a únicaconhecida com estalactites de cor azul-esverdeada, coloridas por oxidação desulfato de cobre, Gruta Morro do Chumbo,Cachoeira e Ressurgência 7 Reis, Abismodos Cristais, Poço Pena, Gruta do Castelo,Túnel da Represa.

Na região do Rio Temimina foidescoberto o Abismo João Forte eexplorada a Temimina III, bem como feita atravessia Caboclos-Areado. Foram aindatopografadas as grutas do Meandro e Piraia.Entre 1989 e 1994, foi Roberto Brandi quemassumiu o Departamento de Espeleologiado CAP. Os novos espeleólogos sempreforam incentivados e orientados por PeterSlavec, para dar continuidade às atividadesespeleológicas do CAP. Muitas grutasmereciam novas explorações ou precisavamde continuidade em trabalhos já começados,outras foram descobertas, mas nãotopografadas.

Foi assim que, em fevereiro de 1989,Luiz Ricardo Valli, Roberto Brandi, Marcelo,Veronika B. Slavec, M. Pires Corrêa, Urandir

e José Nelson Barretta Filho se dirigiram àGruta Monjolinho, em Caboclos, maisprecisamente ao Túnel da Esperança, onde,após retirar algumas dezenas de quilos debarro com as mãos e canecas improvisadas,encontraram a conexão com a Galeria doCaracol, 80 anos depois da passagem deKrone pela caverna.

Neste novo período de explorações oCAP concentrou seus esforços a nordestedo Rio Temimina, onde ficava o AreadoGrande. Ficou cada vez mais evidente quehavia muito de interessante naquela regiãoacidentada e virgem por completo,desconhecida até mesmo dos moradoresmais próximos.

Foi numa nova visita à GrutaDesmoronada que o grupo, após atravessarseu imenso salão iluminado pelos raios dosol, se deu conta do vale que se estendia àsua frente. Era o vale no fundo do qual corriao Rio Temimina, cercado por verdadeirasmuralhas de paredões gigantescos decalcário branco. Foi batizado de Vale daIlusão, há muitos anos procurado eprovavelmente nunca antes visitado, nemmesmo por caboclos.

Foto: Explorações em Goiás - Sistema São Vicente

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E assim vieram novas descobertas: Gruta daIlusão, Gruta do Pau Oco, Gruta dos SeteLagos, Abismo do Pôr do Sol...

Em agosto de 1991 foi feita uma visitapara levantamento do potencialespeleológico da região da Serra das Araras,no município de Cáceres, MT, por PeterSlavec, Roberto Brandi e Luiz Bernardino, doCAP, e Elio Padovan, da Comissione Grotte“E. Boegan”, de Trieste. Foram exploradase topografadas as Grutas da Igrejinha I e II,Gruta da Luzia, Gruta Pindorama, Furnas dasPalmeiras e Paredão Grande, todas depequenas proporções.

AS EXPLORAÇÕES EM GOIÁS

Paralelamente àsatividades no Alto Vale do

Ribeira, o Clube Alpino

Paulista se dedicou,entre 1973 e 1991 àexploração da região doRio São Vicente, nomunicípio de São Domingos, GO, fazendoum total de 10 viagens àquela região. Foramsupervisionadas e organizadas por PeterSlavec e Max Haim, junto com osespeleólogos do CAP. Foram convidadosainda espeleólogos de outros gruposbrasileiros e estrangeiros, como o ClubeAlpino Polonês, Organizacion Argentina deInvestigaciones Espeleologicas, EspeleoClub de Paris (Claude Chabert, BrunoChaumeton, Jean Maurizot), ComissioneGrotte “E. Boegan”, da Itália (grupo de 8espeleólogos sob direção de Elio Padovan).Finalmente, chegou a participar dasexplorações em São Vicente, Michel Le Bret,que veio matar saudades, e Paul Courbon.

Os trabalhos continuaram, a partir de1994, também com participação deespeleólogos eslovenos e americanos, sob

coordenação da União Paulista deEspeleologia.A maior gruta da região e com certeza a maisdifícil de ser explorada no Brasil é a GrutaSão Vicente I, que foi vencida com ajuda daequipe italiana, a Gruta São Vicente II, GrutaCouro d’Anta e Gruta Passa Três. No total,foram cadastradas pelo CAP 28 grutas eabismos naquela região.

OUTRAS ATIVIDADES

Em suas explorações o Clube AlpinoPaulista se dedicou sempre também àprocura de vestígios paleontológicos earqueológicos, como ao estudo das geo-características das cavernas e sua fauna eflora.

Na área de Bioespeleologia,convém destacar as pesquisassobre o cascudo branco

(ancistrus cryptophtalmus) na Gruta PassaTrês, feitas pelo Prof. Roberto E. Reis, doMuseu de Ciências da PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grande da Sul- Porto Alegre, convidado do CAP. Éimpressionante a quantidade destaespécime, considerada nova, que foiencontrada na gruta e posteriormente emmais algumas outras do mesmo sistemahidrológico de São Vicente, o que indicaclaramente a interligação hídrica destasgrutas.

Outro destaque se refere a AeglaAeglidadae, despigmentada. Foi encontradana Gruta das Areias II (SP-19) e em maiorquantidade na Gruta Temimina II (SP-61),

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estudada por Eleonora Trajano, do MuseuZoológico da USP.

Foi publicado ainda um “Manual Básicosobre Pesquisas Biológicas em Cavernas”,por Peter Slavec, no Mosquetão - BoletimInformativo do CAP, n.15, pg.35. Trata-se deum manual orientando os espeleólogos comoprocurar e proceder na coleta de animaiscavernícolas.

No campo da Paleontologia, foramencontradas bonitas ossadas de cotia e deuma cobra em sua forma originalcompletamente calcificadas, no Abismo doCAP, destacando-se de outros inúmerosachados.

O maior destaque, entretanto, ficou porconta das ossadas na Gruta da Cabana (SP-108), encontradas cobertas e protegidas porlama. Trata-se de um megatério, ou preguiçagigante, e de um tigre dente-de-sabre,conforme confirmações do InstitutoSmithsoniano, nos EUA, para onde foramenviadas pequenas amostras paraidentificação.

Em matéria de Arqueologia,convidamos nosso colega Guy Collet parafazer algumas pesquisas nos sítios julgadospelo CAP de interesse para essasexplorações. Constam desses sítiosarqueológicos a Gruta Casa de Pedra (SP-09), no salão Santo Antonio, onde foramencontrados vestígios de fogo e cerâmica na

maior profundidade de escavação conhecidanaquela região. Também foram encontradosvestígios de fogueira antiga no AbrigoTemimina.Foram feitos alguns estudos de Meteorologiarelacionada com cavernas pelometeorologista Rubens Junqueira Villela,sócio do CAP. Tentou-se fazer uma previsãodo tempo antes de entrar em cavernas querepresentam perigo de exploração durante

um temporal ou chuva forte,levando-se em consideraçãoaltitude, tipos de nuvens,pressão hidrométrica, ventos,etc.

Por outro lado, foramestudadas as condiçõesclimáticas dentro da caverna, asquais dependem do espaçovolumétrico da mesma, dosventos nos condutos da caverna,presença do rio subterrâneo eoutras fontes, podendo-sedetectar dentro da grutaeventuais mudanças de tempono exterior da caverna.

DIVULGAÇÃO, CURSOS DEESPELEOLOGIA E INTERCÂMBIO

Foi logo no início, quando o CAPcomeçou a fazer as primeiras investidas aocampo, que surgiu a necessidade de atrairmais gente interessada em Espeleologia.Foi assim que surgiram os primeiros artigossobre grutas na imprensa e realizadas asprimeiras palestras.

Michel Le Bret fez a “PrimeiraConferência sobre Espeleologia”, em 21 desetembro de 1960, na sede da CBI, à RuaFormosa, 367, São Paulo, dando todo ohistórico e significado da evolução daEspeleologia no Brasil e na França,convidando os presentes a participar dapróxima excursão do CAP.

Na sede do CAP foram dados muitosCursos de Espeleologia, seguidos de aulaspráticas nas cavernas de Caboclos,especialmente por Bruno Sellmer e RobertoBrandi, sendo os cursos básicos e

Foto: Cabana que originou o nome da caverna no PETAR.

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adiantados, com técnicas de escalada eresgate.

Foi publicado no Mosquetão - BoletimInformativo n.14 - do CAP o artigo“Prospecção e exploração das cavernas”,com intuito de orientar osespeleólogos na procura de novascavernas.

Foi a especialização dosespeleólogos do CAP quepossibilitou em várias ocasiões arealização de resgates de turistasinexperientes, que se aventuravamsozinhos em visitar grutas no Valedo Ribeira, como, por exemplo, aCasa de Pedra.Desde sua fundação, oDepartamento de Espeleologia doCAP manteve intercâmbio comoutros grupos de espeleologiaexistentes, além dospesquisadores em diversas áreas.Graças a esses contatos, quatrodos sócios do CAP foram tambémfundadores da Sociedade Brasileira deEspeleologia - SBE, em 1969, a saber:Michel Le Bret, Peter Slavec, Salvator LiccoHaim e José Luiz Vasques Yuste.O intercâmbio se estendeu muito além dasfronteiras do Brasil, talvez por serem, no iníciodas atividades espeleológicas, a maioria dossócios ativos justamente os estrangeirosradicados neste país. Estes por sua vez,passaram aos brasileiros técnicas deexploração e pesquisa. Merecem, portanto,o reconhecimento de serem os iniciadores

da Espeleologia moderna no Brasil,notadamente no Estado de São Paulo.

A HISTÓRIA CONTINUAEm 1994, a união do espeleo-grupo do CAPa espeleólogos do Espeleo Clube Paulista– ECP, deu origem à União Paulista deEspeleologia – UPE, grupo que deucontinuidade aos trabalhos de espeleologiado CAP desde então.Durante os seus 35 anos de atividadesespeleológicas, o Clube Alpino Paulistacontribuiu imensamente para a Espeleologiabrasileira, tendo explorado e cadastradomais de 100 cavernas nos Estados de SãoPaulo (69), Paraná (2), Bahia (2), DistritoFederal (2), Goiás (23) e Mato Grosso (6), erealizado um total de 57.397 metros detopografia, com desnível de 3.206 metros.

Todas estas grutas foram cadastradas naSBE, ficando à disposição dos interessados.Durante as comemorações oficiais dos 50anos do Clube Alpino Paulista, queaconteceram no final de maio, 2009, entreos homenageados estavam Michel Le Bret,Peter Slavec, Peter Barry e Max Haim, todosfiguras importantes na história daEspeleologia dentro do CAP e também noBrasil.Parabéns ao CAP pelos seus 50 anos dehistórias, expedições e conquistas!

Foto: Festa de aniversário do CAP 1979 - Areado/Buenos.

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Foto: Hilda e Peter Slavec na entrada da Gruta Monjolinho.

Plantão MédicoResponsável: Ricardo Martinelli

Das mais diversas lesões que podemos ter emuma atividade “outdoor”, com certeza as queimadu-ras estão entre as mais assustadoras. Atualmentevivemos uma época de uso limitado das carbureteiras,porém este artefato ainda é largamente utilizado porequipes de topografia ou exploração que necessitamde grande autonomia e segurança.

PrevençãoAlguns acidentes já aconteceram envolvendo

o uso de carbureteiras ou o mau acondicionamentode carbureto, portanto todo cuidado é pouco no mo-mento da troca de cargas dentro da caverna e tam-bém a forma com que se armazena o pó gerado dareação das pedras com a água. Um cuidado básico énunca colocar o pó junto com pedras novas, que de-vem ter recipiente próprio e hermético. No momentoda troca, nunca deixar alguém com uma chama pró-xima, pois ao abrir o reator uma quantidade grandede acetileno é liberada, podendo causar um acidente.Geralmente os problemas ocorrem em momentos dedescontração ou descanso, por exemplo na hora dolanche, quando é normal tirar o capacete e deixá-lode lado. Se este ficar sobre o respiro, pode ocorreracúmulo de gás, podendo causar uma pequena ex-plosão.

Outro equipamento que devemos tomar muitocuidado são os fogareiros de alta montanha, larga-mente usados em caverna por sua praticidade e velo-cidade em aquecer a água. A grande maioria utilizabenzina sob pressão, o que o torna um perigo empotencial. O primordial é realizar manutenção periódi-ca, lubrificando todos os vedamentos e nunca usaroutro tipo de combustível além daqueles recomenda-dos pelo fabricante. Outro cuidado importante é deli-mitar o local onde o fogareiro será utilizado,minimizando assim um possível alastramento do fogo.

ConceitosEntende-se por queimadura o quadro resultante

da ação direta ou indireta do calor sobre o organismohumano. As queimaduras ainda hoje configuramimportante causa de mortalidade e esta se deveprincipalmente à infecção que pode evoluir comsepticemia, assim como à repercussãosistêmica, com possíveis complicaçõesrenais, adrenais, cardiovasculares,pulmonares, musculoesqueléticas,hematológicas e gastrointestinais. Alémdisso as queimaduras resultam emconsiderável morbidade pelodesenvolvimento de sequelas, estandoentre as mais graves a incapacidadefuncional, especialmente quando atinge asmãos, as deformidades inestéticas,sobretudo da face, e também aquelas deordem psicossocial. As queimaduras,dependendo da localização, podem aindacausar complicações neurológicas,oftalmológicas e geniturinárias. Decorre daío fato de a correta abordagem inicial doqueimado ser essencial para o prognósticoa curto e longo prazo.

QueimadurasRemoção da fonte de calor

Como primeira medida a ser tomada deve-seremover a fonte de calor, afastando a vítima da chamaou retirando o objeto quente. Se as vestes estiveremem chamas a vítima deve rolar-se no solo e nuncacorrer ou ser envolvida em cobertores, que podemativar as chamas. As vestes devem ser retiradas,desde que não aderidas à pele; do contrário só devemser removidas sob anestesia no momento dodebridamento da ferida. Em casos de queimaduraselétricas, deve-se providenciar a interrupção dacorrente antes do contato com a vítima ou, se issonão for possível, tentar afastá-la com objeto isolante,como madeira seca.

Resfriamento da área queimadaEm seguida deve-se providenciar o resfriamento

da área queimada com água corrente fria de torneiraou ducha. Nunca deve ser feito com água gelada ououtros produtos refrescantes, como creme dental ouhidratantes. Além de promover a limpeza da ferida,removendo agentes nocivos, a água fria é capaz deinterromper a progressão do calor, limitando oaprofundamento da lesão, se realizado nos primeirossegundos ou minutos, de aliviar a dor, mesmo seaplicado após alguns minutos, assim como podereduzir o edema. Portanto o resfriamento com águacorrente deve ser instituído o mais precocementepossível, durante cerca de 10 minutos, podendochegar a 20 minutos, caso seja necessário. Porémdeve ser mais breve quanto mais extensa for aqueimadura, devido ao risco de hipotermia, não sendorecomendável em queimaduras superiores a 15% dasuperfície corporal (SC). Após o resfriamento, a áreaqueimada, se menor do que 5% da SC, pode serprotegida com gazes, compressas ou toalhas dealgodão, úmidas, em seguida coberta por plásticoou outro material impermeável, e por fim o pacientedeve ser envolvido com manta ou cobertor. Aqui cabea lembrança: “resfriar a queimadura mas aquecer opaciente”.

Para saber mais:h t t p : / / w w w . s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? p i d = S 0 3 6 5 -05962005000100003&script=sci_arttext&tlng=pt

O uso do Protractor para execucao do croquis em Escala!O uso do Protractor para execucao do croquis em Escala!O uso do Protractor para execucao do croquis em Escala!O uso do Protractor para execucao do croquis em Escala!O uso do Protractor para execucao do croquis em Escala!

Texto e esquemas: Gabriela Slavec Contate o Autor: [email protected]

ABSTRACT

Nas atividades demapeamento decavernas, o trabalho

do croquista é sempre o maiscrítico, pois ele é o maiorresponsável pela qualidade dodesenho final. Às vezes, oestilo da caverna simplificabastante o desenho. Se nacaverna prevalecem oscondutos estreitos, sem muitosobstáculos ou formações, comaltura do teto ideal paracaminharmos, o desenho setorna fácil de executar. Já emcavernas com vários níveis,passando um por cima dooutro, abrindo em salõesenormes, com condutosinferiores abaixo de parte dosalão, infinitas estalactites eestalagmites, blocos compassagens escondidas, etc., odesenho se torna bem maiscomplicado e é comumescutarmos do croquista um“silêncio!” ou “agora não”,quando ele está tentando se

concentrar e encaixar aspáginas de desenho caótico emsua caderneta de campo.Sempre buscando minimizar oserros durante o mapeamento,os croquistas da UPE fazem ocroquis em escala. Se o croquisfor bem feito, o desenhorealizado em campo épraticamente o desenho queserá visualizado no mapa final.Isso facilita muito o trabalho emescritório, pois após oprocessamento dos dados,fechamento de loops eavaliação do grau da topografia,basta que a linha de trena sejaplotada e o desenho copiadopor cima.Atualmente, com o uso doprograma Therion, específicopara produção de mapas de

cavernas, o trabalho ficou aindamais simples, pois o croquis éescaneado e os desenhos já sãofeitos no próprio Therion,pulando a etapa de passar odesenho a limpo em papelvegetal, que aconteciaanteriormente.Na UPE, o trabalho docroquista segue basicamente asetapas:

Anotar as bases,distância, azimute einclinação para cadavisada;

Plotar a linha de trenacorrespondente;

Verificar se a visada nopapel está de acordocom a realidade,fazendo assim uma

Figura 1 – as quatro posições principais do protractor, comreferência ao norte da página

In order to make the work of drawing thesketches easier while surveying a cave,the UPE improved the Protractor toolbased on the Therion Protractor. Thearticle explains the use of this tool andhow to make sketches in scale whileworking in the cave. There is also a .pdfdocument with the 1:250 and 1:500scale Protractors ready to be printedand used.

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conferência das leiturasrealizadas;

Desenhar as feições dacaverna.

Anteriormente, este trabalhoera realizado utilizando-se umapequena régua e umtransferidor, plotando a visada.Para facilitar este trabalho, aUPE desenvolveu um protractor,com base em um modelodisponibilizado pelo Therion(Mudrak & Budaj, 2000). Oprotractor permite que a linhade trena seja desenhada, jácorrigindo a inclinação davisada, ou seja, a distânciahorizontal plotada será exatano desenho. Isso facilita muitoa produção do croquis emescala e aqueles maisexperientes poderão inclusiveverificar erros de fechamentode loops a partir do própriocroquis.A Figura 1 mostra as quatroposições principais doprotractor. Ele apresenta todosos ângulos, de 0° até 360° e emcada posição, os ângulos de umquadrante ficam na horizontalcom relação ao norte da página.As quatro escalas foramsobrepostas no protractor parafacilitar o manuseio e poderutilizar uma das laterais comorégua e fazer a correção dasinclinações para a projeçãohorizontal.

Como utilizar o Protractor?Como utilizar o Protractor?Como utilizar o Protractor?Como utilizar o Protractor?Como utilizar o Protractor?

Primeiro, imprima o Protractorem uma transparência, usandoimpressora laser, para que aimpressão dure mais tempo.Recorte o Protractor bem renteàs linhas das margens. Faça umfuro no meio e passe uma linhade nylon, que o fixará à suacaderneta de campo.Antes de iniciar o desenho,verifique qual a melhor escala aser utilizada (em geral, a escala1:500 é a mais indicada), avaliea direção predominante doconduto ou extensão do salãoe defina a direção do norte nasua página (de preferência,utilize o norte sempre namesma direção para todas aspáginas, pois isso minimiza errosde desenho). Quanto melhorfor o seu entendimento dacaverna como um todo, maisfácil será a sua missão derepresentá-la no papel.Para exemplificar o uso doProtractor, considere a visadaentre as bases 1 e 2, apresentadana Figura 2.

Figura 2 – Anotações na caderneta de campo

Os seguintes passosOs seguintes passosOs seguintes passosOs seguintes passosOs seguintes passosdeverão ser seguidosdeverão ser seguidosdeverão ser seguidosdeverão ser seguidosdeverão ser seguidospara a plotagem da linhapara a plotagem da linhapara a plotagem da linhapara a plotagem da linhapara a plotagem da linhade trena em planta:de trena em planta:de trena em planta:de trena em planta:de trena em planta:

a) Direção da visada – serádefinida a partir do ângulo

Figura 3 – Marcação dadireção da visada

b) Distância corrigida pelainclinação – será plotada adistância horizontal:

- Posicione o protractordeforma que a régua lateralesteja posicionada com o zerona base de origem da visada eo 20 no ponto que indica oângulo da visada (Figura 4);

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da leitura do azimute, no caso,334°:

- O zero do protractor devecoincidir com a posição dabase de origem da leitura;

- Posicione o protractor demodo que o ângulo da leiturafique na posição horizontalcom relação ao norte dapágina;

- Marque um ponto namargem externa doprotractor, A na Figura 3,indicando o ângulo da visada(334° para a visada da base 1para a base 2).

Figura 4 – Posicionamento doprotractor e correção da inclinação

- Do ponto B, trace uma linhaimaginária acompanhando ascurvas vermelhas do protractor,até o ângulo de inclinaçãomedido (+38° para visada dabase 1 para a base 2), como noponto C da Figura 4;

- Do ponto C, projete umalinha perpendicular à régua(use as linhas de apoio empreto no protractor), obtendoo D, que é a distânciahorizontal da visada, no caso9,08 m.

Comentários e dicas finais:Comentários e dicas finais:Comentários e dicas finais:Comentários e dicas finais:Comentários e dicas finais:

- Para distâncias pequenas, deaté 8 metros, quando ainclinação é menor que 10°,tanto positiva quanto negativa,a correção da inclinação édesprezível para escalas de1:500;

- A régua foi colocada nas duaslaterais do protractor, parafacilitar na hora da plotagem,pois dependendo do ângulo davisada é mais convenienteutilizar um ou outro lado.Entretanto, note que as linhasperpendiculares à régua sóestão plotadas para utilização

Figura 5 – Utilização do Protractor em visadas invertidas

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- Visualize na régua a distânciade uma base até a outra (11,52para a visada da base 1 para abase 2), sendo este o ponto Bna Figura 4;

c) Marque a base final davisada e desenhe o croquis

Procedimentos para visadaProcedimentos para visadaProcedimentos para visadaProcedimentos para visadaProcedimentos para visadainvertida invertida invertida invertida invertida (no exemplo daFigura 2, base 3 para base 1):

- Para plotar a direção da visada,o zero do protractor deveráestar coincidindo com aposição da base final da leitura(base 1) e ele deve serposicionado de modo que oângulo da leitura fique naposição horizontal, mas deponta cabeça, com relação aonorte da página (Figura 5).

em uma das laterais. Assim,para plotagem de ângulosmaiores, utilize a lateralcorreta;

- Antes de usar o protractor nacaverna, é recomendável queo croquista pratique em casacom dados de topografiasreais, para que encontresozinho as melhores soluçõespara cada situação de visada.Este procedimento vaiminimizar erros que podemacontecer durante o trabalhode campo.Para começar a usar oprotractor nos seus croquis,baixe aqui o arquivo .pdf,imprima em transparência emimpressora a laser e bonscroquis!

Referência Bibliográfica:Referência Bibliográfica:Referência Bibliográfica:Referência Bibliográfica:Referência Bibliográfica:Mudrak, S & Budaj, M, 2000 –Therion Protractor, CaveSurveying Tool.http : / / ther ion.speleo.sk/protractor/index.php

O link para download doO link para download doO link para download doO link para download doO link para download doprotractor é:protractor é:protractor é:protractor é:protractor é:http://www.upecave.com.br/downloads/ProtractorUPE.pdf

Texto: Ricardo Martinelli & Heros LoboFotos: Ricardo Martinelli

ABSTRACT

Planos de Manejo do Alto Ribeira

Contate os Autores: [email protected]

[email protected]

A participação da UPE e da Comunidade espeleológica

Introdução

No extremo sul de São Paulo, asmargens do rio Ribeira de Iguape ea Serra de Paranapiacaba guardam,

através dos parques estaduais PETAR(Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira),Intervales, Mosaico Jacupiranga e CarlosBotelho, a maior faixa contínua de mataatlântica remanescente do Brasil. Local deimportância ímpar seja por sua riquíssimabiodiversidade, por seu potencial hídrico,beleza cênica ou utilização turística.

Conhecida por sua grandeconcentração de cavernas, o Alto Ribeira foio berço da moderna espeleologia brasileira.Mesmo antes da criação dos parques,espeleólogos já acessavam o local pararealizar suas atividades de exploração emapeamento de cavernas. Com o contínuointeresse das pessoas em ambientesnaturais, formou-se na região uma previsíveleconomia baseada justamente nessaatividade, com pousadas, guias e

restaurantes. No entanto, até o ano de 2008pouco havia sido feito no sentido deorganizar os diversos tipos de uso da região,notadamente com grande vocação turística,e tendo como principal atração umgigantesco patrimônio espeleológico.

Pode-se dizer que o turismo emregiões cársticas possui peculiaridades,perigos e um alto impacto ambiental. Algunsacidentes fatais ocorridos no PETAR levaramo Ministério Público Estadual a interditartodas as cavernas com uso turístico no Valedo Ribeira, causando imenso prejuízo paratoda a população que se acostumou a viverdesta atividade. Até mesmo a conhecidaCaverna do Diabo, com modificaçõesextremas feitas há décadas, foi fechada.Após grande comoção e muita conversa, foiliberada parte das atividades frente a umtermo de ajuste de conduta (TAC).Finalmente, no segundo semestre de 2008foi anunciado que 32 cavernas em quatro

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Gruta Alambari de Baixo, uma das mais visitadas do PETAR

During the whole of 2009 a large project wasgoing on to begin the Management Plan for 32caves in the Alto do Ribeira region.Speleologists, Geologists, Biologists,Archeologists and specialists in different areaswere working at these caves to prepare a plan togive direction on how to explore the potential fortourism and visitation in these caves, whichcaves should be closed for preservation andwhich caves could be used for scientificresearch. It was a considerable job involvingmany professionals and caving groups!

A Equipe

Para coordenar ostrabalhos, o Instituto Ekoschamou o espeleólogo eturismólogo Heros Lobo, queposteriormente veio a se filiarà UPE. Iniciava-se um árduotrabalho de recrutamento deequipes e identificação dasdiversas pesquisas que jáhaviam sido feitas na região.Com centenas de cavernascadastradas e grupos deespeleologia atuando hádécadas, o projeto precisavade alguém que soubesse destahistória e tivesse conhecimentoe o discernimento paraidentificar as necessidades,onde estavam os melhorescientistas e técnicos e o quepoderia ser aproveitado emtermos de mapeamentos edados existentes.

A equipe foi composta pormais de 100 integrantes,sendo que todo o processo foitotalmente transparente ecoerente com a história depessoas, grupos e entidadescom atuação pregressa nosparques. As atividades foramdivididas em meio físico(microclima, geologia,geoespeleologia, topografia efotografia), meio biótico

(vegetação, fauna aquática, fauna terrestre,morcegos, fungos e leishmaniose) esocioeconomia (ocupação humana,patrimônio histórico, cultural e arqueológicoe turismo).

A participação da UPE

A UPE teve grande participação emtodo o processo, tanto como grupo,mapeando o Sistema Temimina, as grutasAranhas e Arataca, e também na elaboraçãodo Termo de Referência, com váriassugestões que foram acatadas pela

parques (PETAR, Intervales, Caverna doDiado e Rio do Turvo) seriam contempladascom planos de manejo espeleológico. Oprazo era curto, pouco mais de 1 ano paraoficinas, trabalho de campo, coletas dedados, análises geológicas de deespeleobiologia, elaboração de relatórios eo documento final. A Fundação Florestal doEstado de São Paulo, gestora dos parques,contratou o Instituto Ekos Brasil, que jápossuía experiências anteriores com oParque Nacional Cavernas do Peruaçú e fezum excelente trabalho para comandar aempreitada. Iniciava-se uma experiência semprecedentes!

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Salões superiores da Gruta Santana. Locais restritos podem até vir a sofrer visitação controlada.

coordenação do projeto. Além disso, foiimportante a atuação individual de nossossócios, com integrantes na coordenaçãogeral, nas equipes de meio biótico e nadocumentação fotográfica.

Mesmo antes de assinar o contratopara prestação de serviço, o grupo cedeu,sem nenhum custo, os mapas das cavernasOuro Grosso, Pescaria, Desmoronada eCasa de Pedra, já elaborados e fruto de anosde trabalho e dedicação de seus sócios. Asatividades de mapeamento das grutas doTemimina I e II e Aranhas foram finalizadasem quatro saídas, com diversas equipesatuando em cada uma delas, totalizando 16integrantes, mais de 300 horas de atuaçãoem campo e cerca de 160 horas de trabalhode escritório. Foi um trabalho extenso, maiordo que o estimado inicialmente para oprojeto. A projeção horizontal de todas ascavernas mapeadas sofreu acréscimo, comdestaque para a Temimina II, registradaanteriormente com 750 metros e corrigidapara 1.969 metros com a nova topografia,devido à existência de novos condutos e acontinuação da galeria do rio.

Especialmente para a Temimina II, foifeito um trabalho de recuperação histórica,por ter sido alvo de vários mapeamentosanteriores e por notadamente possuir umtrabalho geológico importantíssimo por partedas equipes da Geologia da USP. Nestesentido, foi recuperado um perfil retificado degrande precisão e grande relevânciaartística, o qual foi considerado e anexadoao trabalho final, assim como alguns cortese indicações de feições geológicas.

Vale salientar que todo o trabalho foientregue dentro dos prazos estipulados e queos sócios da UPE trabalharam para o grupo,elaborando mapas de alto nível, deixandonossa parcela de contribuição para estaregião onde atuamos ha décadas e temostanto apreço.

Documentação Fotográfica

Dentro do meio físico, optou-se pelaelaboração de um “Dossiê Fotográfico” das32 cavernas contempladas com plano de

Mesmo nas grutas com maior visitação turística, a faunacavernícola está presente em abundância, um dos motivos danecessidade de se organizar o turismo e o uso destas cavidades.

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( Continua na página 26......)

manejo espeleológico, com isso acoordenação procurou “trazer à tona” toda abeleza e importância das cavernas queseriam alvo do projeto, exaltando pontos deobservação clássicos, potencial hídrico,pórticos, fauna entre outros.

Quando fui contatado pelo Heros paraassumir a empreitada, não aceitei deimediato, pois o trabalho seria exaustivo eimplicava em imensa responsabilidade,

sabia do tamanho do desafio, dasdificuldades de se fotografar as 32 cavernasno tempo determinado e com a qualidadeque eu gostaria que ficasse. Só depois dealgumas contas e a realização de umplanejamento inicial, vi que era possível,mesmo porque conhecia a maioria das

cavernas, suas trilhas e acessos, o quefacilitou muito na decisão.

Posso dizer que a crise econômicamundial me ajudou, apesar de muitos sóciosda UPE terem me auxiliado em váriasinvestidas a cavernas mais distantes, oMarcelo Gonçalves, vulgo “Lagosta” que foimeu “fiel escudeiro”, desenvolvendoiluminadores e carregando muitos quilos deequipamento por trilhas e cavernas, estava

desempregado na época e este fato o deixoulivre para poder viajar. Com uma equipe fixatudo ficou mais claro, em locais maiscomplicados outros sócios da UPEparticipavam, aumentando a segurança daequipe. A documentação demorou mais de6 meses para ser finalizada, demandando

Acima, imagens representativas dos quatro parques contemplados com planos de manejo espeleológico no alto ribeira.

Gruta da Capelinha - Rio do Turvo Gruta da Santa - Intervales

Gruta Desmoronada - PETAR Gruta da Tapagem - Caverna do Diabo

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Plano de Manejo Página 26

quase 120 horas de trabalho de campo emais 85 de pós tratamento das imagens.Foram gerados mais de 1500 arquivos emRAW, sendo fornecidos à Fundação Florestaldo Estado de São Paulo 640 imagens emalta resolução, contemplando todas ascavernas do projeto. Uma pequena mostrado trabalho você pode conferir nas páginasdesta matéria e todas as imagens no “hotsite” do projeto:

http://www.ekosbrasil.org/cavernas

Outros Grupos

Outros grupos também colaboraramcom os planos de manejo do alto ribeirafornecendo topografias já executadas e/ourealizando trabalhos de mapeamento. OGEGEO, Grupo de Geologia e Espeleologiada USP colaborou enviando topografia dascavernas Santana, Morro Preto, Couto, ÁguaSuja, entre outros. O Grupo Bambuí dePesquisas Espeleológicas colaborourealizando uma nova topografia da GrutaMonjolinho e o GPME, Grupo Pierre Martimde Espeleologia topografou as cavernas doParque Intervales, inclusive, assim como aUPE, trabalhando além do que foram

contratados. Foram usados também mapasda SEE e EGRIC.

Próximos passos

A expectativa final é que os Planos deManejo Espeleológico possam contribuirpara o ordenamento do uso público dascavernas estudadas, de forma a estabelecerlimites e possibilidades para a atuação dediferentes tipos de usuários: espeleólogos,pesquisadores, socorristas, monitoresambientais e turistas, entre outros. Por outrolado, também se espera que o documentofinal seja colocado em prática tão logo sejafinalizado, já que de nada adianta aelaboração de um instrumento norteador seele se limitar à sua elaboração. A efetividadeda conservação e do uso público ordenadosomente será resguardada se os PMEsforem implantados, de modo a resguardar aconservação das cavernas e contribuir parao desenvolvimento das comunidades locaisenvolvidas.

Espera-se que os pla-nos de manejoespeleológico consi-gam nortear o uso pú-blico das cavernas con-templadas. O documen-to final mostrará “o ca-minho das pedras”, masainda será necessárioque as autoridadesimplementem de fatotudo o que estará conti-do no documento final eque a comunidade localfiscalize e cobre taismedidas, só assim te-remos o patrimônioespeleológico do Valedo Ribeira protegido.

Foto: Caminho turís-tico da Caverna doDiado

Há 15 anos, nos idos de94 (não me lembromais ou mês, e muito

menos o dia), eu entrei pela primeira vezna Arataca (SP-004).

Um acontecimento que hojeseria considerado simples, por ser umagruta relativamente fácil de alcançar evisitar, mas que na época foi umverdadeiro marco para mim. Não tantopela gruta em sí, mas sim pelos fatos de“como” essa visita ocorreu, e pelasconseqüências que ela produziu.

Na época, ainda com menosde 1 ano desde que havia “descoberto” aEspeleologia e o PETAR, eu estava cadavez mais fascinado e empolgado com estenovo mundo, que se apresentava comouma fronteira pouco explorada (ou,em muitos casos, até mesmoinexplorada).

Entrar em uma caverna,não importava qual, era sempre umaexperiência única para mim, e muitasvezes inexplicável! Lembro-me bemque era sempre mais fácil dizer “Vocêtem que ir lá, visitar uma caverna,para sentir como é”, do quesimplesmente tentar descrever oambiente ao redor!

Mas, apesar de toda aempolgação, eu ainda era apenas umturista e agia como tal, longe de qualquervínculo com a Espeleologia. Meu“uniforme” para as visitas era uma simplescalça de moleton (!!), camisa de algodãoou lã, e um tenis normal. Claro que tudoacabava em 1 ou 2 visitas ao PETAR, nomáximo!

Quanto à iluminação, haviaacabado de trocar minha surrada lanternade mão, a prova dágua (melhor dizendo:a prova de chuva!), por uma carbureteirade latão, fabricada pelo já falecidoOswaldo “Vermelhinho”, de São Carlos.Uma excelente adaptação dascarbureteiras de mão que ele faziaantigamente, para a companhiaferroviária, e que me atendeu durantemais de 10 anos, nas minhas inúmerasvisitas e explorações “cavernícolas”...

Completavam o“equipamento”, um capacete de pedreiro,com um bico de fogão adaptado (!!), ecom uma concha de sopa como refletor!Sem falar que era necessário tambémcarregar um isqueiro, devidamenteguardando dentro de um tubo de Cebion(para não molhar), para acender esta“proto-carbureteira”! Uma inventiva“gambiarra”, mas que me sustentariaapenas por mais alguns meses, pois logo

Crônicas

espeleológicasArataca - 15 anos

A proximidade dos 15 anos da UPE, e a minha recente visita à Arataca,me fez relembrar dos meus primeiros anos de visitas ao PETAR, hátambém 15 anos atrás. E foi justamente em uma destas visitas, quandoconheci a Arataca pela primeira vez, que eu mudei a minha relação coma Espeleologia e com as cavernas em geral, me associando a gruposque estudam e divulgam este fascinante mundo novo!

ABSTRACT

Texto: Marcelo Fontes Neves (Bucado)

Contate o Autor: [email protected]

Aut

or:

Ric

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Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009Página 27

The celebrations of 15 years of UPE together with myrecent visit to the Arataca cave reminded me of myfirst excursions to the PETAR region, also 15 yearsago.And it was during one of these excursions that I wentto the Arataca cave for the first time, and I changedmy relationship with Speleology and caves in generaland I became a member of the groups who study andexpose this fascinating new world!

viria a necessidade, por segurança, de termais pontos de luz, de acender mesmoquando molhado, etc, etc, o que acaboumotivando a importação, via correio(catálogo Au Vieux Campeur), de umcapacete de Espeleologia.

Mas, enquanto essa“necessidade” não chegava, continueiutilizando minha “gambiarra”, e foi comela que visitei a Arataca, pela primeira vez,há 15 anos. Já estava em vias deanoitecer, e, embora motivados com maisuma caverna, estávamos tambémcansados da longa e exaustiva visita àCasa de Pedra.

Havíamos saído às 7 damanhã, caminhado 6 km até a Casa dePedra (SP-009), numa trilha, não difícil,mas bem cansativa, com vários altos ebaixos. Em seguida efetuamos atravessia, ida e volta, até a Boca daCaveira, e apóslanche e descanso,iniciamos o retornopara Caboclos.Estávamos em 8(sendo 4 maisexperientes e orestante novatos)e, no caminho,quando chegamos,perto da bifurcaçãoque conduzia àArataca, surgiu asugestão para os novatos“aproveitarem”, já que era caminho, paratambém visitar esta caverna.

Assim o grupo se dividiu, com3 experientes e 1 novato, continuandodireto para o núcleo Caboclos, e orestante subindo uma “trilha-pirambeira”,até a entrada do “respiro” da Arataca.Para quem não conhece, o “respiro” éuma pequena entrada (cerca de 1m dealtura, por 1,7 de largura), que funcionaquase como uma entrada de “serviço”para a Arataca.

Através do “respiro” se atingerapidamente, e de forma traquila(passando por dentro de um grandeescorrimento), o leito do rio, querepresenta o limite inferior desta gruta.

Neste meio tempo já haviaanoitecido de vez, e saímos todosvasculhando e “fuçando” em tudo quantoé local, procurando por um acesso paraa boca principal, que ficava bem no alto

(um desnível de uns 60 metros, se nãome engano). Sabíamos que esta entradaestava próxima, mas, já de noite (e comum céu nublado), era impossível devisualizá-la.

E foi numa destas “fuçadas”,onde cada um foi para um lado, que eucomecei a subir num escorrimento e,após uns 3 metros, meu tênis arrebentoude vez o solado (abriu a lateraltotalmente, ficando o solado preso só porum lado), e eu caí. Não deu nem parafalar nada. Só pensei na merda que ia serse caísse em cima de algum blocopontudo de calcário, que havia pelo chão,logo abaixo.

Bom, apesar da quedabarulhenta, tive sorte... Caí num dosúnicos trechos plano e liso do local,coberto com uma lama seca (chão esteque não encontrei na minha visita... As

inúmeras chuvas eenxurradas, aolongo destes 15anos, haviamdeixado marcas...),e somente a minhamochila é queacertou um blocode calcário. Minha“gambiarra” apagoucom o impacto. Eme lembro quealguém falou na

hora, preocupado: “Alguém caiu!”.Logo avisei que eu era o infeliz

que havia despencado, e quandoperguntado se havia machucado algo,respondi: “Não... Só o ego mesmo...”.Tentei me levantar, mas minhas pernasainda tremiam com o susto da queda...

Resolvemos então fazer umdescanso, comer algo, e aí iniciar oretorno. Foi aí que nos demos conta doquão cansados estávamos... A longatrilha, em conjunto com a travessia daCasa de Pedra, havia sido uma atividadebem pesada. Mas, na empolgação e naadrenalina, incluímos a Arataca, sempensar muito no “roteiro”...

Para piorar, nesta pausa,descobrimos que praticamente ninguémtinha mais comida, recarga de carbureto,ou mesmo pilhas extras, para utilizar natrilha a noite. O pouco que restavadificilmente daria até o núcleo, masmesmo assim foi distribuído

Auto

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irmanamente, entre todos. Eu me lembrode uma cena “clássica”, no qual foramdivididas até as uvas passas, e no qualdeu apenas 3 (!!!) para cada um!

Como havíamos chegadonesta situação? Uma visita a uma cavernasimples, relativamente próxima aCaboclos, mas sem nenhumplanejamento ou critério, e que poderiater tido graves conseqüências, com o meu“quase-acidente”!

Bom, o retorno realmente nãofoi fácil... Basta dizer que eu e oexperiente do grupo fomos os únicos achegar de volta ao núcleo, por volta da1am, completamente esgotados, e comapenas um fiapo luz (as pilhaspraticamente esgotadas), via lanterna demão...

Apesar da situação arriscada,tivemos que deixar os 2 outros pelocaminho, praticamente sem luz, poisconsideramos como prioridade máximaque pelo menos 1 de nós chegasse aonúcleo, para pedir ajuda para os demais.

Os que haviam voltado antesforam então ao resgate dos demais que,ao serem encontrados, já estavamtotalmente sem luz, e tambémcompletamente esgotados pelo árduodia.

Por sorte tudo acabou bem,e por volta das 2am já estavam todosde volta, se recuperando da “aventura”...

Mas, foi justamente a partirdaí, desta “aventura”, que eu resolvientender melhor esse ambiente, e passeia me envolver mais com a Espeleologia.Compreendi que não era apenas“interessante” ter um maiorconhecimento sobre este ambiente, massim que era fundamental, até porsegurança! Com o tempo, eu devorarialivros a respeito, compraria equipamentosmelhores, faria cursos adequados, e meassociaria a grupos de Espeleólogos.

Essa visita a Arataca foi ummomento decisivo, que mudou o meurelacionamento com as cavernas e coma Espeleologia, e que eu agradeço atéhoje.

Fico feliz, após 15 anos, emter a oportunidade de revisitá-la, com umgrupo de espeleólogos da UPE. E aindapor cima dentro de um Projeto vinculadoao Plano de Manejo! É realmente umaconquisa para UPE, e para todos quecontribuíram para este grupo, ao longodestes 15 anos de atividade.

Apesar de ter me afastadopor quase 10 anos do grupo, por diversosmotivos (trabalho, família, etc) é bom verque a UPE continuou progredindo eevoluindo, durante todo este tempo! E ébom ver que a Arataca ainda está lá, eque eu não me esqueci do que ela meensinou, mesmo após 15 anos...

Antigo mapa da Arataca, feito por integrantes do CAP.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Crônicas Página 29

tutoriais

Texto: Mauro Zackiewicz e Fabio “Coringa” Geribello

Por que o fechamento das poligonais numa topografia é tão importante?

A resposta é simples: porque é no fechamento das poligonais que conseguimos avaliar a qualidade do

levantamento topográfico e, muitas vezes, corrigirerros.

A linha de trena é obtida pelo posicionamentoseqüencial de bases topográficas, escolhidaspelos espeleólogos no ambiente da caverna. Asbases são escolhidas de modo que a linhaimaginária que as une acompanhe o melhorpossível o desenvolvimento dos salões econdutos da caverna. A linha imaginária que ligacada par de bases é definida por 3 medidas: ocomprimento (C), obtido em metros com umatrena; o azimute (A), obtido em graus com umabússola; e a inclinação (I), também obtido emgraus (positivos ou negativos) com umclinômetro. Com essas três medidas é possívelunir quaisquer dois pontos no espaço, azimute

dá o ângulo horizontal, inclinação dá o ângulo vertical e o comprimento dá a distância. Imaginandoa base de partida como o centro de uma esfera, a base a ser ligada está em um ponto da superfíciedessa esfera que pode ser perfeitamente definido pela distância (raio) e pelos ângulos na horizontale na vertical.

A qualidade do levantamento topográfico depende da precisão do conjunto das medidas realizadas.O problema prático para os espeleólogos é que no trabalho de campo sempre ocorrem erros.Por esse motivo, a prevenção de erros é fundamental na atividade de topografia. Mas o que fazercom os erros que efetivamente acontecerem?

Aí entra o trabalho de escritório de avaliação dos erros. Os trechos da topografia em que as linhasformam poligonais, isto é, quando o caminhamento das visadas volta a uma base pela qual já sepassou, são os pontos do levantamento topográfico em que conseguimos “ver” o tamanho doerro acumulado.

No exemplo a seguir, mostramos um esquema fictício de um caminhamento de visadas “ideal”,ou seja, no qual não ocorreram erros. Como as medidas foram perfeitas, a última visada, da base4 para a base 1, obteve medidas que completam perfeitamente o quadrado topografado.

SURVEX

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Tutoriais do Survex Página 30

Contate o Autor:[email protected]@gmail.com

de/para distância azimute inclinação1/2 10 90º 0º2/3 10 180º 0º3/4 10 270º 0º4/1 10 0º 0º

Acontece que na prática a realidade é sempre outra....

de/para distância azimute inclinação1/2 10,1 91º 0º2/3 9,9 178º 0º3/4 10 268º 0º4/1 10,2 1º 0º

No campo, a medida da base 4 para a base 1 usou o mesmo local para a base 1 nas duasvisadas que passaram por ela, mas na hora de desenhar de fato a poligonal, ela não fecha! Asegunda base 1 cai em um lugar diferente da base 1 onde começaram as medidas.

Isso ocorreu porque erros aconteceram nas várias visadas e acumularam-se de tal modo queuma poligonal que devia ser fechada não fecha! Mas que tipos de erros podem ter causado isso?

Tipos de Erros

Em levantamentos topográficos ocorrem 3 tipos diferentes de erros, os erros aleatórios, oserros sistemáticos e os erros grosseiros.

1) Erros Aleatórios

São erros pequenos que ocorrem durante o processo de levantamento. São resultantes do fatode ser impossível obter uma medida perfeita a cada leitura da bússola, clino e trena. Existeminúmeras variações de causas que podem afetar as medidas. Os próprios instrumentos usadospossuem limitações em relação à precisão em que podem ser lidos. Por exemplo, as bússolasusadas em campo não possuem marcas de medida menores que 0,5 graus. O que significa queo ângulo correto poderia ser 156,7 mas acaba sendo lido 156,5 ou 157,0.

Todos estes efeitos aleatórios na medida causam umapequena variação nos valores lidos e, acumulados, causamimprecisões que aparecem no momento de fechar os loops.Por serem aleatórios, estes erros acumulados formam umpadrão que é chamado de distribuição “normal” cujo gráficopossui um formato típico.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Tutoriais do Survex Página 31

2) Erros Sistemáticos

Esses erros ocorrem quando algum fatorexterno causa um desvio constante econsistente das medidas durante olevantamento dos dados. Por exemplo, umatrena que seja 3 cm menor do que deveria, adeclinação magnética de uma região ou suavariação durante os anos, ou um instrumentistaque faz a leitura da inclinação em porcentagemao invés de em graus. Se você compreende acausa deste erro, ela pode ser facilmenteremovida a cada leitura, ou mesmo diretamentena massa de dados, com simples matemática.

3) Erros Grosseiros

São os erros mais graves ocorridos durante o levantamento da topografia. São erros causadospor fatores humanos, tais como enganos causados durante a leitura, anotação, transcrição ouarmazenamento dos dados. Esse tipo de erro é difícil de ser tratado matematicamente. Nãosendo sistemático nem aleatório, não há base objetiva para corrigi-lo ou controlá-lo.

O problema é que erros grosseiros são bastante comuns em topografias de cavernas, uma vezque estamos expostos a condições adversas de conforto e a situações muitas vezes estressantese cansativas. Na espeleologia, estima-se que ocorre um erro grosseiro a cada 40 visadas.

O tratamento dos erros

Para encontrar erros na topografia é preciso que haja poligonais fechadas (que chamamos tambémde loops). Em condutos lineares, comuns em linhas de rio, não é possível estimar a magnitudedos erros. Nesse caso, as opções são: a) encontrar erros grosseiros ao comparar com o desenhodo croquista (uma galeria foi desenhada para um lado enquanto a linha de trena caminha paraoutro); b) assumir que os erros aleatórios e sistemáticos dos trechos lineares são os mesmosque os encontrados nas poligonais.

Desse modo, assumimos que a qualidade da topografia toda é igual à qualidade do pior loop quefaça parte dela.

A distância residual entre as bases que deveriam fechar o loop é o primeiro indicador do tamanhodo erro.

No exemplo abaixo, de um levantamento feito no Abismo do Gurutuva, o tratamento com o Survexindica que o loop não fechou na base 2r.19 por 79 centímetros. Esse é o valor do “deslocado”, ouerro absoluto do loop.

2r.19 - 2r.18 - 2r.18u - 2r.17 - 2r.16u - 2r.16 - 2r.14 - 2r.14u - 2r.15 - 2r.15u - 2r.p503 - 2r.30 - 2r.29- 2r.29u - 2r.28 - 2r.27x - 2r.27 - 2r.27u - 2r.26 - 2r.25 - 2r.24u - 2r.24 - 2r.23 - 2r.22 - 2r.22u -2r.p504 - 2r.19u - 2r.19

Desenvolvimento Original 95.27m (27 visadas), deslocado 0.79m (0.03m/visada). Erro 0.83%

1.527233H: 2.046852 V: 0.203024

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Tutoriais do Survex Página 32

O Survex ainda indica o comprimento totaldo loop (95,27 metros), o número devisadas e o erro relativo, calculado empercentagem, no caso 0,79/95,27 o que dá0,83%. O bloco de informações sobre oserros ainda fornece três outros parâmetrosadimensionais dependentes do grau BCRAescolhido que vamos explicar em detalhena próxima seção.

Após o tratamento da massa de dados, oSurvex apresenta um bloco de informaçõessimilar ao do exemplo para cada um dosloops existentes na topografia. Essesdados vêm todos reunidos em um arquivocom extensão .err lançado pelo programaapós o tratamento dos dados no mesmodiretório em que ele rodou.

No arquivo com extensão .3d o Survex exporta uma linha de trena corrigida, em que os loopsexistentes são fechados “na marra”. O programa faz isso distribuindo proporcionalmente o erroabsoluto pelas bases e modificando levemente suas posições de modo que o loop inteiro possaconvergir para fechar. Esse método é conhecido como “quadrados mínimos”, um métodonumérico interativo bastante usado na engenharia para calcular aproximações a uma posiçãodesejada modificando o mínimo possível cada variável (no caso, a posição de cada uma dasbases do loop).

O importante é sabermos que o fato do programa nos montar graficamente uma linha de trenaem que todos os loops aparecem fechados não nos garante que a topografia deu certo. Podehaver erros enormes que o programa ajustou à força, mas o Survex não corrige nossos erros!Aqui que entra a análise cuidadosa dos indicadores de erro que estão nos arquivos .err do Survex.

Sabemos que se formos muito cuidadosos podemos eivtar os erros grosseiros e sistemáticos.Mas não podemos controlar os erros aleatórios. Então, dependendo dos instrumentos utilizadose da situação de trabalho, podemos esperar erros dentro de certos limites.

A variação nas medidas dos instrumentos poderiam até ser determinadas experimentalmente,mas em espeleologia o que se convencionou usar são os padrões de referência da BCRA -British Cave Research Association (http://bcra.org.uk/surveying/index.html).

Os graus BCRA, como se costuma dizer, nos dão a referência para a magnitude dos errosesperados (e, portanto, tolerados) para uma topografia. Os graus BCRA3 e BCRA5 são asreferências principais. Os graus BCRA4 e BRCRA6 são intermediários e derivados desses. Aclassificação da BCRA não reconhece oficialmente outras variações como BCRA4+ ou BCRA5-que são tentativas de segmentar ainda mais as já meio difusas classificações intermédiarias.

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O grau BCRA5 pressupõe que toda medida de ângulos verticais (clinômetro) e horizontais(bússula) tenha variação de até 1º, que as distâncias (trena) tenha variação menor que 1cm eque as posições das bases variem menos que 10cm em qualquer direção. É como se usássemoscomo bases “caixas de leite” de 10cm de aresta. No grau BCRA3 os erros tolerados são maiorese nossas bases seriam “caixotes” de 50cm de lado.

Para determinar a precisão de uma massa de dados, o que precisamos fazer é testar se osdados obedecem ou não o nível de erro tolerado por cada um dos graus. Começamos em geralcom o Grau 5, que indica maior precisão. Se todos os loops fecharem dentro do Grau 5 combastante folga podemos dizer que a topografia está no Grau BCRA6. O que é exatamente “combastante folga”, o BCRA não define. Um critério razoável seria exigir que todo loop estivesse comerro menor que 1 desvio-padrão em relação ao erro esperado em BCRA5. Calma, já explicaremosmelhor isto.

No Survex, o padrão BCRA5 precisa ser indicado ao programa em um arquivo .svx em separado.O próprio Survex já fornece os dois padrões básicos (bcra5.svx e bcra3.svx). Basta assegurarque o arquivo correto esteja no mesmo diretório que o arquivo .svc com a massa de dados echamá-lo dentro da massa de dados com o comando

*include bcra5

Olhar o conteúdo dos arquivos bcra5.svx e bcra3.svx ajuda a entender como funciona o teste dequalidade dos dados.

O que esses arquivos estão definindo são os desvios-padrões tolerados para cada medida. Noteque os valores fornecidos são metade dos valores definidos pelo BCRA. A lógica é a seguinte: amedida realizada em campo estará dentro do padrão esperado se ela variar até dois desviospadrões em relação ao valor correto. Então, se o conjunto de medidas não ultrapassar esselimite, há 95,4% de chances dos erros serem mesmo apenas aleatórios (para quem já estudouestatística, lembre-se da distribuição normal mostrada acima...).

O programa usa esses parâmetros de desvio-padrão esperado para cada tipo de medida (bússola,clino, trena e posição da base) para calcular para cada loop qual seria então o desvio padrãotolerável para o erro absoluto. Os cálculos são um pouco sofisticados e vamos deixar para entrarneles num artigo futuro.

Agora, voltando ao exemplo do Gurutuva, o coeficiente adimensional 1,527233 que aparece norelatório de erros é o resultado da divisão entre o erro absoluto (deslocado) e o desvio esperadocalculado em BCRA5 para aquele loop.

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Tutoriais do Survex Página 34

A interpretação é a seguinte:

Se o adimensional estiver muito próximo de zero é porque o erro absoluto está bastante pequeno(parabéns!) em relação ao que seria uma variação aceitável. Estatisticamente falando, se tivermosapenas erros aleatórios em nossas medidas, 68,2% dos loops precisam estar com erro absolutoigual ou menor que 1 e 95,4% (ou seja, praticamente todos) precisam estar com erro abaixo de 2desvios padrões. Nessas condições a topografia é BCRA5.

Nesse caso do Gurutuva, o erro está a 1,5desvios-padrões do esperado. A topografia aindapode ser classificada em BCRA5, desde que amaioria dos demais loops esteja com errosabaixo de 1. Além do desvio geral, o Survex aindafornece o mesmo cálculo para as componenteshorizontal (H) e vertical (V). Desse modo, noexemplo do Gurutuva, o erro acumulado temmuito mais a ver com erros de medidas deazimute do que de inclinação. Ao examinar arelação entre erro absoluto e esperado nacomponente horizontal, vemos que 2,046852 éum valor não só elevado como tambémimprovável. Isso pode ocorrer por causasaleatórias em apenas em 4,1% dos casos (paracalcular isso é preciso usar uma tabela deprobabilidades em distribuições normais). Abusca por erros sistemáticos ou grosseiros, deanotação ou de inversão de leitura, deve entãocomeçar pelos dados de azimute. Essa é a principal utilidade desses indicadores, nos ajudar acorrigir no escritório alguns dos erros grosseiros cometidos em campo. Esses erros, ao seremencontrados e corrigidos, melhoram substancialmente a qualidade dos dados. Por isso, arecomendação é sempre rodar a análise de erros o mais rápido possível após o trabalho decampo, a memória recente dos condutos e das medidas ajuda muito a confirmar a correção deerros grosseiros.

Nos casos em que as correções dos erros grosseiros não forem suficientes para enquadrar osdados em BCRA5, então o acumulado tem que ser tratado mesmo como erro aleatório, e errosaleatórios não podem ser encontrados e corrigidos. A solução é testar os dados com o padrãoBCRA3, menos restritivo e indicativo de que os instrumentos usados eram menos precisos e/ouque as condições de leitura eram precárias (frio, calor, com uso de cordas, em terreno instável,quebra-corpos, dentro da água etc.). Em caso de condições adversas, é aceitável que apenas ostrechos mais complicados da caverna sejam classificados em qualidade BCRA3, ficando o restanteem BCRA5.

Agora, se mesmo em BCRA3, os “loops não fecharem” e persistirem alguns casos com errosmaiores que 2 desvios padrões, a solução final é mesmo voltar a campo e refazer os trechosproblemáticos. E lembre-se que é preciso refazer todo o trecho mapeado pela equipe queapresentou problemas. Os trechos sem loops (rios e outros condutos lineares) também podemestar muito errados e, na dúvida, é preferível topografar novamente.

Referências:

1 - http://survex.com/2- http://bcra.org.uk/3- http://pt.wikipedia.org/

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Tutoriais do Survex Página 35

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Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Lojinha da UPE Página 36

MARCHE!!! Log de Atividades

Tudo o que a UPE fez ou participou no primeiro semestre de 2009Coordenação: Fabio Kok Geribello ([email protected])

22/1/2009 a 25/1/2009Grutas Temimina I e II - Apiaí - SPLocal: PETAR - CaboclosObjetivo: Apoio ao mapeamento eDoc. Fotografica -TemiminasParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliLeandro Valentim MilanezMarcelo GonçalvesElvira Maria Antunes BrancoMauro ZackiewiczLuis Gustavo Pinheiro Machado

20/2/2009 a 23/2/2009Grutas Temimina I e II - Apiaí - SPLocal: PETAR - CaboclosObjetivo: Apoio ao map. E Doc.Fotografica -Aranhas AratacaParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecElvira Maria Antunes BrancoMauro Zackiewicz

20/2/2009 a 24/2/2009Grutas do Plano de Manejo - SPLocal: PETAR - Caboclos - SantanaObjetivo: Doc. Fotografica-Aranhas-Arataca-SantanaParticipantes:Ricardo de Souza MartinelliLeandro Valentim MilanezMarcelo Gonçalves

04/4/2009 a 05/4/2009Grutas do Plano de Manejo - SPLocal: PETAR - CaboclosObjetivo: Doc. Fotográfica-Pescaria-Desmoronada-EspíritoSantoParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecRicardo de Souza MartinelliLeandro Valentim MilanezMarcelo Gonçalves

18/4/2009 a 21/4/2009Sistema Temimina - Apiaí - SPLocal: PETAR - CaboclosObjetivo: ExploraçãoParticipantes:Mauro ZackiewiczJosef Herman PokerLuis Gustavo Pinheiro Machado

01/5/2009 a 03/5/2009PETAR - Iporanga - SPLocal: Núcleos Santana-Casa dePedra-Ouro GrossoObjetivo: Dossiê fotográfico para oplano de manejoParticipantes:Ricardo Luiz TerzianRicardo de Souza MartinelliMarcelo GonçalvesNivaldo Possognolo

16/5/2009 a 17/5/2009Gruta Arataca - Apiaí - SPLocal: Núcleo CaboclosObjetivo: Topografia para o planode manejoParticipantes:Fabio Kok GeribelloGabriela de Britto SlavecMauro ZackiewiczJosef Herman PokerFelipe CostaLuis Gustavo Pinheiro MachadoIvan Stacioni Cerqueira Oliveira

16/5/2009 a 17/5/2009Caverna do Diabo - Eldorado - SPLocal: Parque Estadual Caverna doDiabo e Rio do TurvoObjetivo: Doc. Fotografica-Cavernado Diabo (Travessia)-CapelinhaParticipantes:Ricardo de Souza MartinelliMarcelo Gonçalves

30/5/2009 a 31/5/2009Gruta Fartinho - Apiaí - SPLocal: PETAR - Nícleo CaboclosObjetivo: Finalização de topografiaParticipantes:Eduardo Tastardi PortellaRicardo Ulhôa Cintra de AraújoLeandro Valentim MilanezMarcelo GonçalvesMauro ZackiewiczMichel Sanches FrateNivaldo Possognolo

Sistema Temimina, região foi alvo de intenso trabalho durante o primeiro semestre de2009.

Gruta Arataca, mapeamento e fotogra-fia.

Caverna do Diabo, para retratar melhorsuas feições, foi feita a travessia duran-te os trabalhos dos PME´s

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 LOG de saídas Página 37

Notícias curtas sobre a UPE e a espeleologia nacional

PM do PETAR e Projeto 32 Cavernas

Fazendo parte das iniciativas paraelaboração do plano de manejo do PETAR etambém dos planos de manejo espeleológico das32 cavernas já mencionadas nesta revista, duranteo mês de outubro realizaram-se duas oficinas. Aprimeira, teve a intenção de angariar subsídios parainiciar os trabalhos na elaboração do plano demanejo do PETAR. Integrantes de vários clubes eentidades ligadas à espeleologia estiverampresentes e frente a uma rápida explicação porparte da Fundação Florestal, fez críticas e propôsmudanças no termo de referência. A segunda teveo objetivo de coletar a opinião da comunidadeespeleológica, colocando sua opinião sobrediversos temas ligados aos estudos realizados.

Em ambas as reuniões integrantes da UPEtiveram participação ativa e expuseram o ponto devista pessoal e do grupo sobre os assuntoscolocados.

18º EPELEO - 40 anos da SBE

Durante os dias 14 e 15 de novembro foirealizado o 18º EPELEO, em comemoração aos40 anos da SBE. A UPE participou com umapalestra sobre as áreas de atuação do grupo, oque foi feito até hoje, exibindo mapas e imagens.Também participou de mesa redonda comdiscussão sobre o futuro dos cadastros decavernas no Brasil, com participação de todas asentidades interessadas, inclusive representantesdo IBAMA/CECAV.

UPE em novo endereço

Por algum tempo a UPE se reúne na sede daANAB - Associação Nacional de ArquiteturaBioecológica (http://www.anabbrasil.org/). Por motivode mudança desta entidade, mudamos junto e agorarealizaremos nossas reuniões no endereço abaixo,sempre na última quarta-feira do mês:

Rua Humberto I, 305Vila Mariana - SP (próximo ao metrô ana rosa)Horário: 20hs

Apareça!!!!!

Confirme a reunião pelo email [email protected].

CECAV lança informativo em PDF

O CECAV lançou seu primeiro informativoeletrônico, no intuito de estreitar a comunicaçãoentre a sociedade e o órgão governamental.

Confira em:

h t t p : / / w w w . i c m b i o . g o v . b r / c e c a v /download.php?id_download=893

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Maillon Rapid Página 38

Maillon Rapid

UPE na UIS

Por indicação da SBE, o atual presidente daUPE, Fabio “Coringa” Geribello, foi nomeadodelegado do Brasil na UIS para o Grupo de Trabalhode Topografia e Mapeamento.

Foto : Leandro Valetim Dados Técnicos: velocidade 4 seg; abertura F3.1; ISO 100; distância focal 10,5 mm; Máquina - Fuji Finepix 100

Gruta do PescariaPETAR - SP

Desnível Eletrônico - Ano 6, número 11 - Janeiro - Julho de 2009 Foto em destaque Página 39