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Negociação pendurada Organização internacional quer lei laboral mais justa em Macau Caos nos autocarros FALTA DE MOTORISTAS SEM SOLUÇÃO À VISTA • PÁGINA 7 TEMPO TROVOADAS MIN 26 MAX 30 HUMIDADE 70-95% CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2 hoje AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 macau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 9 DE AGOSTO DE 2011 ANO X Nº 2428 Instauração da República na China MARIA JOÃO E MÁRIO LAGINHA EM CONCERTO ÚNICO EM MACAU • PÁGINA 10 Lavagem de dinheiro ESQUEMAS EM CASINOS FACILITAM OPERAÇÕES ILÍCITAS • PÁGINA 6 PUB José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), ganhou mais um aliado nas suas reivindicações pela implementação da negociação colectiva. A secretária- -geral dos Serviços Públicos Internacionais passou por Macau e apontou o dedo às autoridades locais por ainda não terem feito dos direitos laborais uma prio- ridade na sua agenda. Educação pode ser o caminho para dar a conhecer o problema às pessoas e iniciar a sua discussão pública. > PÁGINA 4 Ter para ler

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Edição do Hoje Macau de 9 de Agosto de 2011 • Ano X • N.º 2428

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Page 1: Hoje Macau 09 AGO 2011 #2428

Negociação penduradaOrganização internacional quer lei laboral mais justa em Macau

Caos nos autocarros

FALTA DEMOTORISTAS SEM SOLUÇÃO À VISTA

• PÁGINA 7

TEMPO TROVOADAS MIN 26 MAX 30 HUMIDADE 70-95% • CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.2

hoje

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10macau

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 9 DE AGOSTO DE 2011 • ANO X • Nº 2428

Instauração da República na China

MARIA JOÃO E MÁRIO LAGINHA EM CONCERTO

ÚNICO EM MACAU• PÁGINA 10

Lavagem de dinheiro

ESQUEMAS EM CASINOS FACILITAM OPERAÇÕES

ILÍCITAS• PÁGINA 6

PUB

José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), ganhou mais um aliado nas suas reivindicações pela implementação da negociação colectiva. A secretária--geral dos Serviços Públicos Internacionais passou por Macau e apontou o dedo às autoridades locais por ainda não terem feito dos direitos laborais uma prio-ridade na sua agenda. Educação pode ser o caminho para dar a conhecer o problema às pessoas e iniciar a sua discussão pública. > PÁGINA 4

Ter para ler

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2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

ESBOÇÁMOS umas pa-lavras em mandarim e tentámos fazer contas num ábaco. O jornal “Público”

foi às compras no supermercado e descobriu uma das poucas livrarias chinesas em Lisboa. Acabou a tarde num restaurante que não aparece nos guias. Tudo sem sair da lisboeta Mouraria.

Na Mouraria já não há apenas rouxinóis nos beirais, a Severa de voz saudosa e as guitarras a soluçar. Há recantos onde se ouve falar mandarim, o aroma no ar é a chá de crisântemo e as capas dos jornais estão escritas em grandes caracteres chineses. Esta Lisboa, recôndita e desconfiada, que passa despercebida mesmo para quem lá anda todos os dias, pode agora ser desvendada.

Para pôr em contacto dois mun-dos que vivem lado a lado mas que raramente se cruzam, a Associação Renovar a Mouraria está a organizar visitas guiadas à China lisboeta. Joana Dias é a guia e intérprete da visita. Começou a calcorrear estas ruas pouco tempo depois de ter re-gressado de Pequim, onde estudou língua e cultura chinesa. Mergulhou na comunidade chinesa da Moura-ria, ganhou a confiança das pessoas. E estas abriram-lhe as portas.

Conheceu Yiliang e a mulher, que têm uma loja no centro comer-cial da Mouraria. Conversou com o professor Wu e a professora Luo, que gerem uma discreta livraria chinesa. E descobriu o salão de beleza onde Liang cuida do cabelo preto e denso das mulheres chine-sas do bairro. A partir daí, conta Joana Dias, passou a ter uma visão diferente sobre estas ruas: ficou a conhecer “um outro mundo”. “Ele está diante de nós, mas é-nos completamente desconhecido e barrado”, diz. Levantemos, então, o véu que cobre a China Lisboeta.

1.ª ETAPA: OS ÚLTIMOS GRITOS DA MODA CHINESAHá uma antiquíssima superstição chinesa ligada ao número 4. Resulta de uma semelhança fonética entre as palavras “quatro” e “morte”. A superstição é levada a sério por alguns: há quem evite ter números de telemóvel com quatros, mas também há prédios onde o quarto andar não é nomeado: passa-se do terceiro para o quinto. Não é de estranhar, por isso, que no centro

Associação de Lisboa organiza visitas guiadas a um lugar pouco turístico

Ir à China sem sair da Mouraria

comercial Mouraria, no Largo Martim Moniz, a grande maioria das lojas chinesas se concentre nos três primeiros andares e, sobretudo, no 3.º andar, mesmo às portas do malfadado 4.º. É aqui, no terceiro andar, que está a loja de Yiliang, a primeira paragem na visita.

O interior da loja, das paredes até o tecto, está repleta de brincos, colares, anéis e ganchos. É daqui que saem muitos produtos de bi-jutaria que são vendidos nas lojas chinesas, e que chegam a Portugal em navios que têm que dar a volta ao mundo.

Yiliang tem 28 anos e chegou a Portugal há cerca de três, acompa-nhado da mulher. Gosta do tempo ameno e das praias mas, se quiser-

mos ver montanhas, recomenda--nos que visitemos a China. “Lá há montanhas altas e bonitas como não há cá”, garante. Gosta de tra-balhar com portugueses, mas nota algumas diferenças na cultura de trabalho: “O português chega à hora de sair e sai mesmo que o trabalho esteja feito ou não. Os chineses só saem quando o trabalho está feito!”.

A maior parte dos chineses que reside e trabalha na zona da Mou-raria são provenientes da região de Zhejiang - Wenzhou, a Sul de Xangai, mas muitos chegaram a Portugal provenientes de outros países europeus. “A maioria chegou há quatro, cinco anos anos e vão ficar cá por um período transitório. Querem fazer algum dinheiro e,

depois, pretendem regressar ao país para fazer uma casa e viver tranquilamente os últimos anos de vida”, conta Joana Dias. Yiliang diz que, para já, está “para ficar”.

2.ª ETAPA: OS CHÁS, AS MEZINHAS E OS TEMPEROSPercorremos a pé a Rua da Mouraria até chegarmos à entrada do super-mercado Hua Tali, já virado para o largo Martim Moniz. Dois ofegan-tes vendedores chineses acabam de chegar. Trazem pesados baldes com berbigão que veio de Almada. Tentam convencer-nos a levar uns quilos, mas os petiscos chineses estão lá dentro, no supermercado.

Numa vitrina, logo à entrada, há pato assado com molho picante, miúdos de aves, pão cozido a va-por. Iguarias prontas para levar e comer e que são muito procuradas pelos chineses. Nas prateleiras há bebidas tradicionais chinesas, como a aguardente de arroz. Algumas garrafas estão embaladas em papel prateado e dourado e, dizem-nos, no interior escondem um segredo: um lagarto.

De seguida, vamos para a zona da fruta, que é muito apreciada pe-los chineses para limpar os sabores da boca entre os diferentes pratos da refeição. “Habitualmente, os chineses comem mais do que um prato à refeição, uns mais ácidos e temperados, outros mais doces.

E a fruta é servida pelo meio”, diz Joana Dias. A melancia é um dos frutos favoritos dos chineses.

Mais à frente, há uma impor-tante área no supermercado exclu-sivamente dedicada às mezinhas e aos chás, que são utilizados para prevenir doenças e constipações, e que são uma parte importante da medicina tradicional chinesa. Depois, seguem-se os temperos, muitos temperos.

Na parte dos refrigerantes está o mais popular chá de ervas da China, o Chá Wang, que é vendi-do em latas. Mas o supermercado Hua Tali não é apenas o local onde comunidade chinesa vem comprar os produtos frescos e a mercearia. Aqui vendem-se jornais e revistas chinesas, mas também se oferece ou procura trabalho: à entrada do esta-belecimento, há dezenas de papéis recortados e escritos em mandarim com ofertas de trabalho dirigidas à comunidade chinesa.

3.ª ETAPA: A LIVRARIA DA PROFESSORA LUOEscondida dentro do Centro Co-mercial Martim Moniz, encontra-mos a livraria do professor Wu e da professora Luo, uma das poucas lojas de livros chineses em Lisboa. Tem clássicos chineses, livros para se aprender mandarim, manga, banda desenhada e artesanato em tons de vermelho: uma cor que os chineses acreditam que afasta as más energias e potencia a fortuna e a boa sorte.

A senhora Luo, de 67 anos, está sentada numa pequena secretária com um leitor de DVD à frente. Conta que veio para Portugal em meados de 2009. Diz que o ambiente “físico e humano do país” é muito bom. Prova disso é que, desde que

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Há uns anos que o trânsito nas ruas e avenidas de Macau se vem aproximando do caos. Com mais umas centenas de autocarros a circular desde o princípio de Agosto, e mais os que aí vêm, obviamente que tudo se complica. Este é um ponto, o outro ponto tem a ver com a necessidade de melhoramento dos transportes públicos. Falta de motoristas, uma série deles não conhece bem os circuitos e chega a andar em contramão. Helder Fernando, P. 15

QUANDO uma consumidora chinesa tentar comprar por

mais de 30 mil patacas uma jaqueta de couro da Maison Martin Margie-la, ou por mais de 40 mil patacas um vestido Alexander McQueen no site de moda de luxo thecorner.com.cn, vai ter uma opção que a empresa não oferece a nenhum outro cliente no resto do mundo. O entregador da FedEx Corp. vai esperar à porta enquanto a cliente inspecciona as suas compras, prova para ver se são do tamanho certo e decide se fica com os produtos ou devolve.

A loja online de artigos de luxo Yoox Group SpA e a FedEx persona-lizaram o serviço, que será lançado em Setembro juntamente com o lançamento da versão chinesa do thecorner.com, uma loja virtual de grife da Yoox. O objectivo da Yoox, empresa com sede em Milão, é atrair os consumidores mais abastados da China, que sustentam o mercado de luxo de mais rápido crescimento do mundo e estão a acostumar-se a serem mimados cada vez que abrem suas carteiras. A meta é gerar mais desses gastos com luxo pela Internet. A estratégia também faz parte de uma tendência mais ampla entre as lojas de oferecer vantagens especiais para convencer os consumidores chineses que eles são a prioridade número um.

“Os compradores de luxo da China começaram décadas mais tarde que o resto do mundo, mas em muitos aspectos, não só estão a recuperar o atraso, mas a superar os outros”, diz Federico Marchetti, fundador e director-presidente da Yoox, que opera a thecorner.com.

A thecorner.com vende colec-ções de designers em ascensão para consumidores em mais de 50 países incluindo os EUA, países da Europa

CONSUMIDOR CHINÊS É NOVO FETICHE PARA LOJAS DE MARCA

Quando o dinheiro compra tudoe, na América Latina, Argentina, Chile e Colômbia. Há a possibili-dade de que ofereça o serviço de espera criado em conjunto com a FedEx em outros países se der certo na China, acrescentou Marchetti. A Yoox.com, outra das lojas on-line da empresa, foi lançada na China em Dezembro.

Os dias em que a abertura de uma loja na China era suficiente para atrair a atenção de grandes consumidores do país ficaram na saudade. Os amantes do luxo na China estão hoje entre os mais sofisticados do mundo, disse Mar-chetti, acrescentando que eles são bem versados no conhecimento de marcas. Eles também estão mais exigentes, diz Chloe Reuter, que dirige a ReuterPR, uma firma de relações públicas com sede em Xangai. “A questão crucial para as empresas é como podem ir além do tradicional e oferecer uma experi-ência inesquecível?”

As marcas de luxo agora pre-cisam investir em eventos repletos de celebridades e ofertas desenha-das exclusivamente para a China para conquistar a lealdade dos clientes de um mercado que está no caminho de se tornar o maior mercado mundial de luxo até 2020. A China representará pelo menos 20% das vendas de luxo previstas para aquele ano, de acordo com estimativas da consultadoria de pesquisa de investimento CLSA Asia-Pacific Markets.

Eventos que antes eram reser-vados para os centros de moda estabelecidos como Nova Iorque, Paris e Tóquio estão a aparecer agora na China. No final de Julho, a designer de jóias Cindy Chao trouxe a actriz de “Sex and the City”, Sarah Jessica Parker, para ajudá-la

a promover as suas pulseiras de 500 mil patacas entre clientes cobiçados e potenciais compradores. Na mesma época, a Ferrari ofereceu a clientes aulas particulares em Xangai, com pilotos profissionais da Fórmula 1.

Também em Julho, a Prada con-vidou um grupo limitado de clientes chineses para um desfile de moda em que modelos apresentaram a colecção de Inverno da outra marca do grupo, a Miu Miu. Os convidados viram o desfile durante um jantar cujo cardápio incluiu cauda de lagosta e panna cotta de maracujá.

Os prestadores de serviços também estão a esforçar-se para distinguir-se num mercado de luxo cada vez mais abarrotado. Na rede de hotéis Hilton Worldwide Inc., os viajantes chineses que gostam e pagam por luxo podem ter acesso a serviços chineses personalizados que incluem recepcionistas fluentes em mandarim, canais de televisão em chinês e um cardápio com pratos chineses típicos. A rede Starwood Hotels Resorts Worldwide agora oferece globalmente chaleiras nos quartos, chinelos e serviços de tradução. “Num país onde tudo foi construído nos últimos cinco a dez anos, apenas ser novo não é sufi-ciente”, disse o director-presidente da Starwood, Frits van Paaschen, recentemente ao Wall Street Journal em Pequim.

O thecorner.com.cn terá uma central de atendimento 24 horas com conselheiros de moda disponíveis através de mensagens instantâneas que podem responder a perguntas sobre tecido, estilo, qualidade e tamanhos. Marchetti espera receber muitas consultas já que o site está a lançar, pela primeira vez no mercado chinês, designers como Alexander Wang, cujos vestidos foram usados pela primeira-dama americana Mi-chelle Obama, e Haider Ackermann, cujos desenhos já foram usados pela estrela pop Lady Gaga.

Mas serviços de luxo podem não ser suficientes para converter clientes sofisticados às compras online, diz Yuval Atsmon, sócio e director da firma de consultoria McKinsey Co., em Xangai. “Embo-ra tudo online esteja a crescer mui-to (...) a maioria dos consumidores continuará ca comprar nas lojas”, diz Atsmon. Uma pesquisa da McKinsey com mais de 1500 con-sumidores em 17 cidades chinesas mostrou que 44% dos compradores de luxo preferem conhecer novos produtos em lojas físicas.

chegou, ainda não teve “uma cons-tipação”. Pouco a pouco, começou a construir uma rotina: todos os dias à noite vai até à zona da Alameda, onde pratica tai chi, a arte chinesa dedicada à meditação em espaços verdes. Nos tempos livres, gosta de passear e ver as lojas - mas, para a antiga professora primária, que sabe falar russo, já é tarde de mais para aprender o português. “A língua é um grande obstáculo para que portugueses e chineses possam conhecer-se melhor. Se eu soubesse falar português poderia fazer tantas coisas! Assim tenho que ficar aqui sentada o dia todo”, conta.

Em cima da mesa, ao lado do leitor de DVD onde vê as novelas chinesas, têm um ábaco, um antigo instrumento de cálculo com que ainda faz algumas contas e onde treina os números em português. “É muito comum na China”, diz Joana Dias.

4.ª ETAPA: NO TEMPLO TAOISTAÀ primeira vista não parece, mas é no rés-do-chão do número 51A da Rua dos Anjos que funciona o tem-plo da Associação Daoista (ou Ta-oista) de Portugal: são portugueses mas, do ponto de vista espiritual e filosófico, seguem os ensinamentos e as práticas do taoismo, uma das mais tradicionais religiões chinesas, criada há mais de dois mil anos. “É um facto que hoje a maior parte dos chineses são budistas mas o taois-mo é uma das primeiras grandes religiões populares da China”, diz Joana Dias.

O símbolo Yin Yang, o círculo metade branco e metade preto, que é o mais conhecido diagrama da religião, não podia faltar neste templo: representa a dualidade de forças com que o taoismo olha para o mundo - acção e inacção, luz e escuridão, quente e frio. Convidam--nos de seguida para uma sessão de meditação, que é uma das práticas mais comuns do taoismo. “Meditar é sonhar acordado, sonhar em cons-

ciência”, diz uma das responsáveis da Associação Daoista.

A sessão começa com exercícios de respiração, que é para os taois-tas uma das formas de trabalhar e regular o ch”i, a energia cósmica vital que permite a todos os seres sobreviverem e ligarem-se ao uni-verso como um todo. Depois dos exercícios de respiração, segue-se um longo período de meditação em silêncio, com música taoista em fundo. Para os taoistas, os rituais de meditação podem ser feitos diariamente e, por isso, o templo da Associação Daoista de Portugal abre as portas todos os dias e tam-bém ao fim-de-semana.

5.ª ETAPA: RESTAURANTES QUE NÃO APARECEM NOS GUIAS

Na zona da Mouraria, há res-taurantes chineses que passam despercebidos. Alguns funcionam em segundos e terceiros andares de edifícios e, à entrada, não têm qualquer indicação. Na Avenida Almirante Reis, conduzem-nos até ao terceiro andar de um prédio. Tocamos à campainha e entramos num apartamento. Logo à entrada há uma sala ampla com duas mesas postas, depois, noutras divisões, salas privadas que podem ser re-servadas. É a estes restaurantes que muitos chineses vêem comer, sejam lojistas ou comerciantes.

Provamos um magnífico chá de crisântemo com mistura de chá verde, um sabor suave e floral. De-pois são servidas umas bolinhas de massa estaladiça com um recheio de sabor agridoce, uma sopa de peixe com picante, tofu salteado com molho vermelho ou couve chinesa com cogumelos.

Escolher o que comer pode ser uma tarefa complicada, uma vez que os menus estão exclusivamente em chinês e quem serve não fala muito bem português. O melhor é pedir três ou quatros pratos para experimentar ou então fazer a visita guiada com guia e intérprete.

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MARCELO BRITES

Marcelo [email protected]

ALGUNS aspectos da Lei laboral de Macau, como a compensação de horas extraordinárias não pa-

gas, trabalho em dias de fim-de-se-mana, e feriados obrigatórios, são alguns aspectos que é importante rever e aplicar em Macau. Quem o afirma é José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Tra-balhadores de Função Pública de Macau (ATFPM).

Ontem, o também deputado es-teve reunido com a secretária-geral dos Serviços Públicos Internacio-

Serviços Públicos Internacionais dizem que negociação colectiva é necessária

Fazer pressão por reformasUma representante de uma federação sindical internacional aponta que Macau precisa de legislação que contemple a negociação colec-tiva e a actividade sindical. Para a secretária--geral dos Serviços Públicos Internacionais (PSI) da Região Ásia-Pacífico, tem de haver mais educação sobre o assunto para que o tema chegue à mesa de negociações

nais (PSI) da Região Ásia-Pacífico, Lakshimi Vaidhiyanathan, numa conferência que se debruçou sobre as lacunas na Lei Laboral do terri-tório e sobre os problemas respei-tantes com a regulação dos direitos dos trabalhadores de Macau.

“Esta [negociação colectiva] é uma matéria que ainda não está na lista de prioridades, mas tem que estar”, frisou Lakshmi Vaidhiyana-than, ao salientar que a organização irá “analisar esta questão no quadro das convenções internacionais”.

Para José Pereira Coutinho, o facto de a lei laboral ser uma geral para todos vem penalizar os trabalhadores domésticos e a

resolução dos problemas “é difícil face à especialidade e natureza do trabalho que realizam”.

Também a falta de uma lei sin-dical se torna um problema grave no território. Pereira Coutinho considera fulcrais as questões deste diploma e da negociação colectiva, que permitiriam aos trabalhadores poder denunciar abusos de que são vítimas. As convenções interna-cionais da Organização Mundial do Trabalho relativas à liberdade sindical e à negociação colectiva “estão em pleno vigor em Macau, bem como o artigo 27.º da Lei Básica, que permite regular esta matéria”, salientou o também de-putado da Assembleia Legislativa.

LACUNANo entanto, a lacuna na regulamen-tação faz com que os trabalhadores se mantenham silenciosos face a abusos dos seus direitos até mu-darem de trabalho, apresentando queixas apenas “a posteriori”. “Os trabalhadores são obrigados a ficar silenciados até ao momento de mudança do seu trabalho. E isto pode acontecer durante oito ou dez anos, até virem depois fazer queixa

à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL)”, frisa o presidente.

Pereira Coutinho utiliza como exemplo os funcionários dos casi-nos. “Os trabalhadores dos casinos fazem horas extraordinárias, [tra-balham] feriados e fins-de-semana sem nenhuma compensação extra por isso. É preciso uma lei específica para essa e outras actividades, para que [estes trabalhadores] sejam de-vidamente representados”, salienta.

Para a secretária do PSI, “o traba-lho da ATFPM deve passar pela pro-moção de mais actividades, onde a educação deverá desempenhar um

papel fundamental, pois todas as pessoas precisam de ser educadas sobre a negociação colectiva”.

No Japão, de onde é originária Yoshiko Inagaki, secretária-geral da Região Este da Ásia dos Ser-viços Públicos Internacionais, a lei sindical já existe mas ainda estão em falta o direito à greve e à negociação. No entanto, salienta a responsável, espera “conseguir-se brevemente regular o direito à gre-ve dos trabalhadores nipónicos e a negociação colectiva”. José Pereira Coutinho espera que este diploma venha a servir de exemplo não só para Macau mas também para ser adoptado por outros países onde estes direitos ainda não existam.

REGALIASO objectivo do PSI é atribuir a todos os trabalhadores regalias, como o direito de organização e a possibilidade de negociação colectiva. O presidente da ATFPM vai mais além e quer que os trabalhadores de Macau tenham melhores acessibilidades, que os serviços públicos tenham melhor qualidade e preços mais baixos e, essencialmente, sirvam a todos.

A ATFPM é a única associada nesta organização que serve de observadora da Organização do Mundial do Comércio (OMC) da Organização das Nações Unidas (ONU). A OMC conta com mais de 20 milhões de pessoas associadas, mais de 160 países e territórios e visa regular os representantes públicos internacionais.

A ATFPM estará representada este ano numa reunião colectiva no Japão onde serão discutidas maté-rias relacionadas com os direitos fundamentais do trabalhadores e em 2012, numa conferência inter-nacional na África do Sul.

Em Abril, Pereira Coutinho já tinha avançado com a ideia de criar uma nova proposta de lei sindical e contratação colectiva. A revelação foi feita pelo próprio deputado no programa “Entrevista” da Rádio Macau portuguesa. “Ainda nesta sessão legislativa vou apresentar o diploma. Não acho que em Macau seja assim tão importante a lei da greve. A negociação colectiva e os sindicatos são a maneira mais cor-recta para resolver os problemas. Sei que não vou de maneira nenhu-ma conseguir os votos necessários para aprovação”, disse na altura Pereira Coutinho.

“Os trabalhadores são obrigados a ficar silenciados até ao momento de mudança do seu trabalho. E isto pode acontecer durante oito ou dez anos, até virem depois fazer queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais”

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Especialista defende necessidade de criar centro de reabilitação para jovens

Muitos jovens e a consumir

CAPITAL SOCIAL DE NOVAS SOCIEDADES AUMENTA 136% Segundo dados oficiais, entre Abril e Junho, Macau ganhou 911 novas sociedades, o que significa um aumento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Houve também um considerável crescimento no capital social das novas sociedades, que atingiu as 321 milhões de patacas e subiu 136% em relação ao período homólogo de 2010. Mais de 250 destas novas sociedades pertencem ao ramo do comércio por grosso e a retalho, destacando-se ainda as quase 170 novas sociedades do sector imobiliário.

PRIMEIRO um cheiro for-te e depois a descoberta

bizarra: um corpo comple-tamente desmembrado foi encontrado distribuído em cinco sacos plásticos na casa de banho de uma oficina de motas. Os actuais, e recentes inquilinos, do rés-do-chão do edifício Pak Lei, na zona da Avenida do Hipódromo, na Areia Preta, estavam incomodados com o mal cheiro e chamaram a polícia para fazer uma investigação.

Na tarde de ontem, os sacos brancos foram descobertos e lá dentro as autoridades encontraram partes do corpo de um homem em avançado es-tado de composição. Uma análise preliminar aponta para que o indivíduo já esteja morto há cerca de seis meses. Quando o “puzzle” começou a ser montado, a Polícia Judiciária detectou que faltava a cabeça e uma das mãos da vítima.

O proprietário da loja foi contactado e informou as autoridades que o local estava arrendado a ou-tro inquilino até há bem pouco tempo. Falta agora localizar os antigos arren-datários do imóvel.

A PJ vai continuar a avançar com as inves-tigações e irá procurar pistas sobre a identidade da vítima no registo de pessoas desaparecidas do território. – V.L.

PJ ENCONTRA CADÁVER EM OFICINA NA AREIA PRETA

Homem desfeito em cinco

Virginia [email protected]

O consumo de droga no território está a ser efectuado por pessoas cada vez mais jovens.

A tendência tende a agravar-se porque os jovens estão confian-tes que conseguem consumir estupefacientes sem se tornarem viciados. Lao Chin Soi, director da Confraternidade Cristã Vida Nova de Macau, sugeriu que de-veria existir legislação para que os viciados em droga fossem força-dos à reabilitação. O responsável disse ser necessário estabelecer um centro de aconselhamento de reabilitação, de forma a “reforçar a motivação para os jovens que têm problemas de abuso de drogas”.

Lao Chin Soi acredita que a

tendência para o abuso de drogas está a tornar-se cada vez mais normal entre os jovens. Um dos jovens entrevistados pelo jornal “Ou Mun” admite mesmo que a primeira vez que consumiu droga tinha apenas dez anos. Para o director, o Governo deve intervir mais cedo para ajudá--los na reabilitação. Ele ressaltou que, actualmente, Macau está dependente da vontade própria de reabilitação dos jovens, e os adolescentes estão pouco mo-tivados para pedir ajuda. Por

isso, sugeriu Lao Chin Soi, o Governo deve de forma legal intervir perante as pessoas que abusam das drogas e força-los à reabilitação para ajudá-los a voltar à sociedade.

Lao Chin Soi apontou que a situação em Macau é grave, de-vido a só existirem os serviços de prevenção de divulgação e casas para o serviço de reabilitação. Ele ressaltou que, devido aos recursos restritos, o serviço de divulgação não pode ser mais desenvolvido.

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Virginia [email protected]

EXISTEM várias formas de proceder à lavagem de dinheiro e Macau tem sabido usar as melhores.

De acordo com as últimas ten-dências internacionais, o câmbio de moeda e as receitas de casinos têm vindo a assumir-se como focos por excelência de operações ilícitas. Além disso, os novos sistemas de pagamento, que têm sido também adoptados pelos casinos por serem mais convenientes, podem tornar difícil a perseguição do dinheiro “lavado”. Só medidas de contro-lo interno mais rígidas podem diminuir o risco e permitir uma prevenção efectiva.

Seguindo uma tendência inter-nacional, os prémios de casinos têm vindo a tornar-se uma forma de disfarçar a ilegalidade na obtenção de grandes quantias de dinheiro. A coisa funciona mais ou menos assim: o dinheiro resultante de operação ilegal é depositado numa conta bancária e identificado como tendo sido um prémio ganho em apostas num casino. Como normal-mente os apostadores contempla-dos com grandes quantias recebem

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SOCIEDADE

OS profissionais do sector imobiliário estão insatis-

feitos com as medidas recentes lançadas pelo Governo para conter a especulação. Depois das restrições nos emprésti-mos bancários e a criação do imposto de selo especial sobre imóveis revendidos, as agências imobiliárias queixam-se de que os clientes estão a desaparecer.

Para tentar reverter a situa-ção, um grupo de representantes

COM o aumento do número de aquisições de malas de grandes

grifes internacionais, está a nascer em Macau a necessidade de negócios de lavagem e manutenção do novo objecto de fascínio dos residentes. A Elizabeth Laundry, especializada no tratamento de malas de luxo, abriu as portas há um ano em Macau e, devido ao crescente sucesso, inau-gurou há menos de dois meses uma “franchising” na Taipa, que está a ter mais clientes do que o esperado. “É um negócio muito bom”, garante Cho Si Wai, director da empresa.

À mesma velocidade que os re-sidentes compram as malas de luxo, também desfazem-se delas. A lavan-daria está de olho nesta tendência e está agora a criar um departamento para restaurar as bolsas usadas e revendê-las como quase novas. “O

nosso objectivo é estabelecer também parcerias com marcas famosas e com outras lojas de segunda mão para criar uma nova indústria em Macau”, referiu Cho.

Além de tratar da limpeza das bol-sas, a Elizabeth Laundry faz reparos e vende produtos para a manuten-ção do couro. Para o responsável, o negócio tem uma forte perspectiva de crescimento “devido ao ritmo desenfreado com que as pessoas compram os objectos de luxo e depois cansam-se deles”. “Neste momento, estamos a receber diariamente oito bolsas e já estamos a recrutar mais empregados.”

Dentro de dois anos, Choi Si Wai espera ter mais cinco lojas de “franchising” em funcionamento. O negócio custa 500 mil patacas para o pontapé de saída. - V.L.

SECTOR IMOBILIÁRIO PEDE LIBERALIZAÇÃO DOS EMPRÉSTIMOS

Encher a bolha“LAVANDARIA” DE MALAS DE GRIFE RENDE DINHEIRO

Negócio de ouroreuniu-se com a administração do Banco da China em Macau para pedir apoio na flexibilização dos requisitos aos empréstimos bancários. O objectivo é fazer o mercado borbulhar e dar um novo fôlego para vender os inú-meros imóveis vazios.

Segundo dados da Autorida-de Monetária de Macau (AMCM), no primeiro trimestre deste ano caíram 18,8% em relação ao perí-odo homólogo de 2010, atingindo

os 8,5 mil milhões de patacas. No último trimestre de 2010, os empréstimos chegaram a 10,5 milhões de patacas.

Chan Wing Lam, presidente da Associação Comercial e Pro-fissional de Desenvolvimento Predial de Macau, e Sou Hao Chan, vice-presidente, explicam que desde a entrada em vigor do imposto de selo especial, em Ju-nho, o sector retraiu-se fortemen-te e que os fracos negócios podem levar a falência de pequenos negócios. Para reverter a situa-ção, acreditam os representantes, uma das opções seria facilitar os empréstimos bancários a um nível razoável, de forma a que tanto o sector imobiliário como o bancário gozem dos benefícios do desenvolvimento. - V.L.

Novos métodos de pagamento de casas de jogo facilitam lavagem de dinheiro

Casinos lavam mais brancoo prémio em cheque, a burla não é detectada. A natureza do sistema abre assim grandes oportunidades para actividades ilegais de lavagem de dinheiro.

As operações de lavagem che-gam a ser por vezes perfeitamente disfarçadas, havendo actualmente algumas pessoas que tentam comprar os prémios de outros apostadores de forma a provar que estiveram a jogar nas máquinas “slot” dos casinos, ou compram fichas de jogo, para provar a sua participação em apostas e assim “diluir” o dinheiro sujo.

Os novos métodos de paga-mento proporcionam ao mercado outra fachada legal para opera-ções ilícitas, por meio do uso de cartões pré-pagos, pagamentos móveis ou serviços de pagamen-to online. Através desses novos métodos de transferência de capital, as operações financeiras dispensam depósitos em contas bancárias ou outras formas de pagamento tradicionais, esca-pando assim à área de controlo existente no combate à lavagem de dinheiro.

Essas formas modernas de transferir dinheiro permite tran-sacções mais rápidas, e em que se

torna difícil provar a identidade dos utilizadores por dispensarem um contacto cara a cara entre os intervenientes, aumentando assim o risco de uso de identi-dades falsas. De acordo com as 10 sugestões do Grupo de Acção Financeira contra a Lavagem de Dinheiro (Gafi), a informação sobre os clientes deveria ser mantida durante mais do que cinco anos, mas não é obrigató-ria a manutenção do registo dos endereços IP dos clientes, pelo que essa falta de registos dificulta as investigações criminais. Seja como for, esses novos métodos de pagamento têm uma vantagem sobre o dinheiro vivo: deixam um rasto electrónico que pode proporcionar pistas extra para os investigadores.

No ano passado, a Polícia Judiciária recebeu 93 casos de branqueamento de capitais, o que representa um aumento de 17% em relação a 2009 e deixa claro que este tipo de crime é um dos mais praticados a RAEM. O ano de 2011 começou já com 115 casos de lavagem de dinheiro pendentes de 2009: no total, a PJ lidou com 208 processos, dos quais concluiu mais de metade (139).

PRAIA DE CHEOC VAN INTERDITA A BANHOSDesde a amanhã de ontem, a água da praia de Cheoc Van, em Coloane, está interditada aos banhistas, devido ao aparecimento do fenómeno natural conhecido como “maré vermelha” – uma aglomeração de micro-algas altamente tóxica para a vida marinha. A Capitania dos Portos anunciou que não irá proceder à limpeza da água por tratar-se de um fenómeno natural e não tem ainda uma data prevista para o desaparecimento dos organismos.

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TERÇA-FEIRA 9.8.2011

7www.hojemacau.com.mo

PUB

Joana [email protected]

“NÃO po-demos ga-rantir que o serviço

esteja a funcionar a 100% a 1 de Setembro, tendo em conta a falta de motoristas”. Foi a afirmação feita ontem por Cedric Rigaud, director--geral da Reolian, uma sema-na após a nova operadora ter entrado em funcionamento.

A falta de motoristas tem sido o maior problema desde que a empresa começou a rodar nas ruas de Macau, integrando o novo sistema de autocarros do território. A funcionar há uma semana, a Reolian tem sido alvo de intensa polémica devido a não estar a conseguir circular com a frequência devida e dentro dos horários estipulados de acordo com o compromisso entre a compa-nhia francesa e o Executivo da RAEM.

Nos primeiros dias, as queixas versavam sobretu-do pelo tempo de espera, mas, tendo em conta os comentários dos cidadãos, os serviços têm melhora-do, especialmente quando a TCM e a Transmac – as outras duas operadoras de Macau – começaram a apoiar a Reolian.

Não obstante, Wong Wan, director da Direcção dos Serviços para os Assun-tos de Tráfego (DSAT) disse aos jornalistas que a Reolian tinha sido alertada que sofre-ria sanções, caso não conse-guisse acompanhar o acordo feito com o Governo de Macau. “Já demos um aviso à companhia. Se as carreiras mais relevantes continuarem a falhar os acordos mais básicos, vamos atribuir-lhe multas”, disse Wong Wan, acrescentando o desejo de que a companhia reorgani-zasse os motoristas para as carreiras que têm serviço insuficiente. As frequências dos autocarros número 3 e 11 é a mais preocupante para a DSAT.

Cedric Rigaud não fez qualquer comentário relati-vamente a ter sido avisado directamente pela entidade, mas fez questão de salientar que “a Reolian quer melho-rar mas não se guia pelas multas que possamos vir

Autocarros | Falta de motoristas continua e solução não está para breve

Análise uma semana depois

a ter, mas sim porque que-remos prestar um melhor serviço”.

O director-geral da Re-olian admite que o serviço da nova operadora não tem tido o sucesso que era es-perado, mas recusa aceitar

que este devesse ter sido adiado. “Claro que lançar o sistema sem toda a equipa de motoristas não foi a melhor solução, mas até agora temos envidado esforços para me-lhorar”, frisou.

Os problemas da Reolian

MACAU QUER ATRAIR MAIS CONGRESSOS E ESTUDANTES DO JAPÃOMacau quer atrair mais congressos e viagens de estudantes do Japão e promoveu o sector turístico em todas as vertentes do negócio naquele que é o quinto mercado emissor de visitantes da região. No evento “Meet in Macau”, que teve lugar em Tóquio na semana passada, os Serviços de Turismo da Região Administrativa Especial da China, em conjunto com a maior agência de viagens japonesa (JTB), deram conta dos últimos desenvolvimentos e produtos de turismo de negócios de Macau a cerca de 120 organizadores de congressos e reuniões e operadores turísticos nipónicos.

deveram-se sobretudo a 20% dos motoristas que estavam a espera de integrar a equipa da operadora terem desis-tido e não terem assinado contrato. Sem tempo para alterar as rotas que já esta-vam fixadas, os motoristas tiveram de ser transferidos à “última da hora”, tendo que se ajustar a novas linhas e horários.

Em reacção aos comen-tários do deputado Lam Heong Seng, que sugeriu que se os salários fossem aumentados, a Reolian não teria tido esse problema, Cedric Rigaud caracterizou esse “como um tópico erra-do”. O responsável da com-panhia afirmou que, mesmo

tendo estes dias subido o salário de 14 mil para 16 mil patacas, “nenhum motorista bateu à porta”.

Cedric Rigaud fez ainda questão de salientar que o ordenado oferecido é “o melhor do mercado” e que a falta de motoristas não é problema exclusivo da com-panhia. “Não estamos em posição de culpar ninguém. Este é um problema comum ao mercado e se recrutarmos motoristas, estes terão de vir das outras empresas, excepto os que estão agora em formação”, frisou.

Como podem ser cha-mados mais motoristas para trabalhar é algo que tem de ser, agora, estudado. “Temos

de ser razoáveis, vamos encontrar solução mas isso tem de ser ponderado entre operadoras, Governo e as-sociações”, defendeu Cedric Rigaud.

Para já, a Reolian sabe apenas que pode contar com entre 30 a 40 moto-ristas nos próximos dois a três meses, que vão sair do curso de formação que está a ser levado a cabo pela Di-recção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL). “É tudo o que se pode dizer uma semana depois, as próximas prioridades são contratar mais motoristas”, disse Rigaud. O esforço é tentar recrutar motoristas a nível local.

SOCIEDADE

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8www.hojemacau.com.mo vida

A China pretende em breve come-çar uma campanha para limitar a

quantidade de gases de efeito estufa que podem ser emitidos por certas indústrias em determinadas regiões.

Dom Zhen, um funcionário do Desenvolvimento Nacional e Reforma da Comissão, disse que a campanha será um passo além do objectivo actual do país em reduzir a sua intensidade de carbono. O res-ponsável também disse que a política

COMEÇA por ser uma his-tória sobre reciclagem de óleo usado, mas acaba por se revelar um submundo

onde há ladrões de oleões, queixas--crime, unidades de produção ilegais e biocombustível a ser comprado livre de impostos, directamente por proprietários de postos de gasolina.

Em 2010, no sector doméstico, recolheram-se 16.853 toneladas de óleos alimentares usados. Só não ir parar à rede de esgotos significa livrar da poluição qualquer coisa como 18 milhões de litros de água. Outra leitura, revelou ao i um proprietário de uma das primeiras empresas no sector, no

Planetaem números

do consumo de energia em Portugal é feito através do gás natural

9,3%

Clickecológico

CHINA QUER IMPOR LIMITES NAS EMISSÕES DE CARBONO A FÁBRICAS

Trabalhar para um ar saudável

vai estabelecer as bases para progra-mas de comércio de carbono. “Em todo o país, adoptamos um plano para reduzir as emissões de carbono, de forma a reduzir substancialmente as nossas emissões de carbono para cada unidade de produção fabril”, disse ao “China Daily”.

As declarações surgem como um dos primeiros indicadores de que a China está a trabalhar para limitar a quantidade total de gases de efeito estufa que podem ser libertados por certas indústrias em determinadas partes do país e não apenas a conso-ante cada unidade do seu PIB.

Em 2020, a China planeia reduzir a quantidade de carbono que emite para cada unidade do PIB em 40 a 45% abaixo do seu nível de 2005.

Empresas de ferro e aço, fábricas de cimento e outras empresas que usam muita energia são as mais susceptíveis de ser submetidas ao programa. Regiões ricas, como o delta do rio Amarelo e o delta do Rio das Pérolas, também são lugares onde as tampas de carbono podem ser adoptadas.

A proposta de limitar as emis-sões de gases de efeito estufa está em consonância com a política do país para reduzir seu consumo de energia, disse Zhang Jianyu, gerente de programa do Fundo de Defesa Ambiental.

40% do óleo é utilizado ilegalmente e serve para produzir biocombustível

O submundo do óleo usado

Norte do país, é pensar no que rende este mesmo óleo no “mercado clan-destino”. M. M., que prefere manter o anonimato, diz que 30% a 40% estará nas mãos de “candongueiros com e sem alvará”. Vendido como biocom-bustível, tratado ou por tratar, vale em média 600 euros a tonelada, menos de metade do preço do gasóleo. Num ano são 4 milhões de euros.

M. M. foi abordado pela última vez há 15 dias pelo proprietário de uma bomba de gasolina numa aldeia a 50 quilómetros do Porto. “Com-prava-me uma tonelada de biodiesel por 800 euros. Chegou aqui com um tractor agrícola e era só carregar.

Sem recibos sem nada.” Recusou. “É um risco muito grande, temos 30 empregados, nome a manter. Mas às vezes dá vontade de aceitar, é uma revolta muito grande.”

A reciclagem do óleo usado come-çou a ser formalizada em Setembro de 2009, com o Decreto-Lei 267/2009. A legislação diz que a reciclagem, “concretamente para produção de biocombustível, constitui uma importante mais-valia no actual contexto das políticas energéticas nacional e comunitária”. Para M. M., estes propósitos revelaram-se um fracasso. “Hoje em dia, o óleo usado em Portugal é para falcatruas. Existe roubo de óleo por operadores licenciados e não licenciados, há car-rinhas identificadas que roubam óleo a outras empresas. Nos oleões de rua o que temos é uma promiscuidade”, acusa. Também um representante da Óleotorres, há 30 anos neste sector, diz ao i que a situação tem vindo a degradar-se. “Perdemos diariamente mil euros em óleo roubado. Já foram instauradas queixas-crime mas acaba

por não haver resposta das autorida-des. Estamos a falar muitas vezes de casos em que as empresas até podem ser licenciadas mas andam a roubar por trás, usam o nosso nome, os nossos contentores.”

É António Pereira, director da empresa de recolha Biosys, quem alerta o i para o problema. Fazem a recolha de 30 oleões em Cascais. Desde Setembro perderam 40% da quota de mercado, diz. “Já tivemos situações de vir recolher e apanhar os contentores vazios ou não haver

contentores.” Em Fevereiro, num ponto de recolha em Tires, foi ques-tionado por uma funcionária sobre a razão por que vinha recolher duas vezes no mesmo dia. “Ligámos para o número que a empresa até tinha deixado, alegando ser a nossa, e dis-semos ao homem que voltasse para trás para recolher mais óleo. Quando

TARTARUGA COM CERCA DE DOIS METROS APARECEU EM PRAIA DA MARINHA GRANDEUma tartaruga com cerca de dois metros apareceu na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande. O comandante da Capitania do Porto de Nazaré, Albuquerque e Silva, explicou que a tartaruga “terá sido arrastada pelas redes da arte xávega” e “ficou em dificuldades para regressar ao mar”. O animal foi avistado por populares na Praia da Vieira, tendo sido alertada de imediato a Polícia Marítima. Albuquerque e Silva adiantou ainda que o animal já regressou ao seu habitat natural, depois da intervenção da Polícia Marítima, de um elemento do Instituto da Conservação e Natureza, de Quiaios, e de quatro surfistas, que “ajudaram a tartaruga a voltar ao mar”. O animal, que segundo a mesma fonte pesaria mais de 200 quilos, não apresentava qualquer ferimento.

Em 2010, no sector doméstico, recolheram-se 16.853 toneladas de óleos alimentares usados. Só não ir parar à rede de esgotos significa livrar da poluição qualquer coisa como 18 milhões de litros de água

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A seca que tem assolado o Texas fez aparecer uma peça do vaivém

Columbia, que se desintegrou em 2003 durante a reentrada terrestre.

A peça é um tanque esférico com um metro de diâmetro que caiu num lago perto da cidade do Texas. O lago perdeu três metros de altura de água devido à seca e às temperaturas quentes que aquela região dos Estados Unidos tem sofrido durante as últimas semanas. “Há uma área anormalmente grande do lago que costuma estar debaixo de água e agora ficou exposta”, disse citado pela Reuters o sargento Greg Sowell, da cidade Nacogdoches, que também dá o nome ao lago.

O tanque fazia parte do sistema eléctrico do vaivém, que continha hidro-génio ou oxigénio líquido. Os restos do Columbia cairam naquela região a 1 de Fevereiro de 2003. A tripulação de sete astronautas morreu durante o desastre.

As autoridades locais vão transpor-tar o pedaço do Columbia para a Base Espacial Kennedy, onde se encontra o resto do material que até agora foi encon-trado e que corresponde a 40% da nave.

UMA patrulha de guardas flo-restais avistou e fotografou

domingo de manhã um animal parecido a uma pantera negra nos arredores da cidade de Massa Ma-rittima, no Sul da Toscânia, Itália.

O felino foi descoberto por uma família nos arredores da sua propriedade em Prata, a alguns quilómetros de Massa Marittima. Há cerca de um mês, essa família começou a ver menos javalis e veados em relação ao que era

habitual nas colinas das proxi-midades.

Riccardo Bini, membro da famí-lia, contou ao jornal local “Il Tirreno” que na terça-feira passada se levan-tou bem cedo e viu um animal de cor escura “adormecido e enrolado sobre si próprio como um gato” num tronco de uma árvore do seu jardim. “O animal acordou e consegui ver os seus olhos amarelados. Não era muito grande, mais ou menos do tamanho de um lobo e quando me

viu subiu para um tronco mais alto da árvore”, citou o jornal.

Depois de ter visto o animal uma segunda vez, a família alertou os guardas florestais que começa-ram a patrulhar a zona, instalando câmaras nos arredores de Massa Marittima. “Só não falei nada para ninguém antes da confirmação dos guardas florestais porque não queria que as pessoas achassem que eu tinha enlouquecido”, explicou ao jornal.

UM PORTA-CHAVES CRUEL

• Chaveiros de plástico com salamandras jovens são vendidos numa barraca em Pequim. Peixes vivos, tartarugas pequenas e salamandras são fechados em bolsas de plástico com água colorida e vendidos como porta-chaves por 10 yuans cada um. O fornecedor diz que um líquido especial dentro do plástico fornece oxigénio e nutrientes aos animais, mas a verdade é que a maioria acaba por morrer.

SECA NO TEXAS FAZ APARECER PEÇA PERDIDA DO VAIVÉM COLUMBIA

Nave debaixo de água

AUTORIDADES ACREDITAM TER AVISTADO ANIMAL EM ZONA TURÍSTICA

Uma pantera negra em Itália?

40% do óleo é utilizado ilegalmente e serve para produzir biocombustível

O submundo do óleo usado

o confrontei pegou no carro e fugiu.” Nos acordos com as câmaras, a Biosys oferece o sistema de recolha e manutenção dos oleões - de imple-mentação obrigatória até ao final do ano em todos os municípios. Em troca recebe a matéria-prima, que vende a 38 cêntimos o litro. “Quem rouba anda a vender a 20/25 cêntimos.”

É na requalificação para biodiesel que o óleo se torna mais apetecível, sobretudo com o aumento dos pre-ços do petróleo. M. M. diz que este destino é quase o único no país. Aqui surge outro obstáculo: “Em Portugal a produção não é viável, só para auto-consumo: por exem-plo para quem tenha camiões.” Em Espanha, diz, consegue-se um ren-dimento três vezes superior. Rende exportar a matéria-prima ou então forjar a transformação e escapar aos impostos, acusa. E pelo meio deitar a mão a todo o óleo que apa-rece. “No Norte há uma unidade de transformação instalada num camião TIR.” O representante da Óleotorres também reconhece que há unidades de produção ilegais, mas diz que a “pirataria” abrange todo o ciclo de valorização. “Devia haver fiscaliza-ção de todas as empresas licenciadas, da recolha ao destino final. Quando alguém chega a um restaurante e diz que é da Óleotorres naturalmente as pessoas acreditam. Só acontece porque há quem compre.”

TARTARUGA COM CERCA DE DOIS METROS APARECEU EM PRAIA DA MARINHA GRANDEUma tartaruga com cerca de dois metros apareceu na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande. O comandante da Capitania do Porto de Nazaré, Albuquerque e Silva, explicou que a tartaruga “terá sido arrastada pelas redes da arte xávega” e “ficou em dificuldades para regressar ao mar”. O animal foi avistado por populares na Praia da Vieira, tendo sido alertada de imediato a Polícia Marítima. Albuquerque e Silva adiantou ainda que o animal já regressou ao seu habitat natural, depois da intervenção da Polícia Marítima, de um elemento do Instituto da Conservação e Natureza, de Quiaios, e de quatro surfistas, que “ajudaram a tartaruga a voltar ao mar”. O animal, que segundo a mesma fonte pesaria mais de 200 quilos, não apresentava qualquer ferimento.

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10www.hojemacau.com.mo CULTURA

Casa de Portugal traz duo a Macau, em Outubro, para assinalar efeméride chinesa

Maria João e Laginha com a República

Quisemos celebrar os cem anos da República na China, e os 101 da República em Portugal, e juntar as duas efemérides neste concerto, nota Carlos Couto, da Casa de Portugal

Carlos [email protected]

A três de Outubro, no Auditório da Universidade de Macau (UMAC), com bilhetes entre as 80 e 150 patacas, o para Mário Laginha e Maria João regressa à RAEM depois de presença intermitentes na região ao longo

da última década.O concerto, único, é organizado pela Casa de Portugal no

âmbito das comemorações do centenário da instauração da República na China, ocorrida a 1 de Outubro de 1911. À bo-leia, o espectáculo aproveita também para celebrar tam-bém os 101 anos do regime republicano português, a 5 de Outubro de 1910. O concerto acontece, por isso, no dia 3, “a meio das duas datas”, observa ao hoje Macau, Carlos Couto da direcção da Casa de Portugal.

“Soubemos que iam estar nesta zona do mundo, nomeadamente no Festival de Música de Hong Kong, e resolvemos aproveitar estas economias de escala e tentar que actuassem aqui em Macau a propósito da celebração dos cem anos da república na China”. Na verdade, “quisemos celebrar também a Re-pública em Portugal e juntar as duas efemérides neste concerto”.

Como entre a data da instauração da República em Portugal e na China há apenas um ano de intervalo “achamos que um espectáculo deste género fazia todo o sentido e cumpria esta fun-ção”. “Nós resolvemos ponderar esta hipótese e através de contactos, e gente conhecida, traze-los aqui a Macau, o que conseguimos concretizar”,

O espectáculo vai decorrer no Auditório da Universidade de Ma-cau porque “foi o único auditório, o único espaço coberto adequado para o espectáculo que conseguimos obter para aquela altura do ano”, adianta ainda Carlos Couto. A organização ainda ponderou organizar o espectáculo ao ar livre. “Lembro, por exemplo, que aqui há uns anos a Maria João deu um espectáculo memorável na Fortaleza do Monte e essa podia ser uma hipótese. Mas não quisemos arriscar”, afirma,”devido às condições climatéricas que são sempre imprevistas”. Além do mais um espectáculo

num espaço desse género “implica sempre o recurso a meios mais dispendiosos e assumir alguma imponde-rabilidade”.

Daí o recurso ao auditó-rio da UMAC, “apesar de muita gente achar que é muito longe, mas”, frisa,

“um bom espectáculo merece sempre o caminho”Juntos, ou a solo, ou ainda integrados noutras for-

mações e projectos como “Os três Pianos”, ao lado de Bernardo Sassetti e Pedro Burmester, em 2009, no caso de Mário Laginha, o duo tem alguns pergaminhos em manifestações culturais e uma presença constante em Macau. Uma das actuações aconteceu em 2004, na Fortaleza do Monte, integrada na programação do Festival Internacional de Música desse ano, que com Yuri Daniel, no contrabaixo, e Alexandre Frazão, na percussão ofereceram um dos mais celebrados concertos dessa edição.

Mário Laginha e Maria João têm mantido um percurso comum no panorama musical português e garantido colaborações com artistas como Gilberto Gil, Aki Takese, Ral-ph Towner, Dino Saluzzi, Trilok Gurtuou ainda com a Orquestra Sinfónica NDR de Hannover.

O escritor francês Albert Ca-mus, que morreu em 1960

num acidente de viação - dois anos depois de receber o prémio Nobel da Literatura - poderá ter sido assassinado pelo KGB por criticar a União Soviética. Trata-se de uma teoria apresentada pelo diário italiano “Corriere della Sera”, que defende que por detrás do acidente que vitimou o escritor francês poderão ter estado espiões soviéticos.

A teoria baseia-se em comen-tários de Giovanni Catelli, um académico e poeta italiano, que chamou a atenção para o facto de estar ausente da tradução italiana do diário do celebrado poeta e tradutor checo Jan Zábrana, pu-blicado com o título “Celý Zivot”, uma passagem específica.

No parágrafo em falta escreveu Zábrana: “Ouvi uma coisa muito estranha da boca de um homem

CAMUS PODE TER SIDO ASSASSINADO PELO KGB

Crítica à URSS custa uma vidaque sabia muitas coisas e tinha fontes muito bem informadas. De acordo com ele, o acidente que custou a vida a Albert Camus, em 1960, foi planeado por espi-ões soviéticos. Eles danificaram um dos pneus do carro usando uma sofisticada ferramenta que o cortou ou furou quando atingiu velocidade”.

“A ordem foi dada pessoal-mente por [Dmitri Trofimovic] Shepilov [o ministro dos Negó-cios Estrangeiros soviético] em reacção ao artigo publicado na [revista francesa] ‘Franc-Tireur’, em março de 1957, no qual Camus atacava [Shepilov], nomeando-o explicitamente nos eventos na

Hungria”. Nesse artigo, Camus condenou aquilo a que chamou os “Massacres Shepilov”, referindo--se à decisão de Moscovo de enviar tropas para esmagar a revolta húngara de 1956.

Um ano depois, Camus enfu-receu ainda mais as autoridades soviéticas, quando apoiou pu-blicamente o escritor russo Boris Pasternak, seu par agraciado com o Nobel e autor do romance “Dou-tor Jivago”, uma obra proibida por Estaline.

O Corriere della Sera conclui que houve razões suficientes para “Moscovo ordenar o assassínio de Camus, no habitual estilo profissional dos seus agentes do

KGB”, o que, a comprovar-se, re-abrirá feridas entre os milhões de admiradores da obra de Camus.

No funeral do autor de “O Estrangeiro”, “A Peste”, e “O Mito de Sísifo”, no cemitério de Lourmarin, perto de Vaucluse, na Côte d’Azur, um dos homens que carregou o caixão foi um conhecido anarquista e a equipa de futebol local também marcou presença, demonstrando tanto o seu estatuto de homem do povo, como de intelectual.

Mesmo no ano passado, o Pre-sidente francês, Nicolas Sarkozy, tentou, sem êxito, que os restos mortais do escritor fossem trasla-dados para o Panteão, reservado

para as grandes figuras da história de França.

No bolso de Camus foi encon-trado um bilhete de regresso da sua terra, na Provence, a Paris. O escritor de 46 anos tencionava voltar de comboio à capital depois do Natal, com a mulher, Francine, e os gémeos filhos de ambos, Ca-therine e Jean. Em vez disso, o seu editor e amigo Michel Gallimard ofereceu-lhe boleia.

Camus teve morte instantânea quando o potente automóvel de Gallimard, um Facel Vega, se despistou numa estrada com gelo e embateu numa árvore. Gallimard morreu uns dias depois.

Além do bilhete de comboio, a polícia encontrou no que restou do automóvel 144 páginas manus-critas de um volume intitulado “O Primeiro Homem”, um romance inacabado baseado na infância de Camus na Argélia.

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FILME SOBRE MARILYN MONROE ABRE FESTIVAL DE NOVA IORQUEO filme britânico “My Week with Marilyn”, que retrata a relação entre Marilyn Monroe e o assistente de realização Colin Clark, tem estreia mundial no Festival de Nova Iorque, entre 30 de Setembro e 16 de Outubro. De acordo com a Film Society Lincoln Centre (FSLC), responsável pela organização do festival, a estreia acontece dia 9 de Outubro. No filme, Marilyn é protagonizada por Michelle Williams, que terá tido acesso aos diários de Colin Clark, interpretado por Eddie Redmayne. “My Week with Marilyn” conta com realização de Simon Curtis e remota ao Verão de 1956, quando a actriz passou uma semana com Clark, enquanto filmava em Londres “The Prince and the Showgirl.

FICAR com uma memória doce e com sabor a ‘ma-

caron’ do território é o que pretende o Sofitel. O hotel celebra o 3º aniversário com ofertas e promoções exclusivas, cuja temática incide total e completamente sobre a cozinha francesa e, mais ainda, sobre os ‘macarons’.

Chegados a França em 1533 pelas mãos de uma princesa italiana, os ‘macarons’ são pe-quenas bolachas que primam pela originalidade da cor e do recheio. Feitos com ovos, açúcar, pó de amêndoa, podem

ser recheados com geleia, doce de manteiga ou amendoim, chocolate, entre outros. As cores variam entre o rosa do morango, mais conhecida, ao verde pistáchio e amarelo limão – as mais modernas.

O doce – caracterizado pela sua suavidade – vai agora dar o mote para o Sofitel festejar o seu 3º aniversário até Outubro. O hotel oferece, assim, o pacote “I love Macarons Room Pa-ckage”, que oferece uma noite para duas pessoas com direito a um lanche de ‘macarons’ e chá no restaurante francês do

hotel. Confeccionada por um pasteleiro da casa, “a árvore de macarons” pode ainda ser saboreada por aqueles que não querem passar a noite, mas preferem um lanche a dois. O menu dá direito a bebidas e ofe-rece aos clientes a possibilidade de escolherem as bolachas e os recheios dos seus ‘macarons’.

A promoção do hotel estende-se ainda a 20 táxis de Macau. Esteja atento – pode ser um dos sortudos a ter um vale de oferta de uma caixa de ‘macarons’, enquanto viaja de táxi. - J.F.

PROMISES Written in Water”, a última longa-metragem de Vincent Gallo, foi

apresentada no Festival de Veneza em 2010. Por vontade do próprio realizador e actor, o filme não che-gará às salas de cinema.

Vincent Gallo é um artista mul-tifacetado. Músico, actor, produtor, realizador. Às vezes o adjectivo “provocador” é-lhe encostado ao apelido. Eis Gallo, realizador e actor de “Buffalo ‘66” (1998) e “The Brown Bunny” (2004) – o primeiro com Christina Ricci, o segundo com Chlöe Sevigny.

Meia dúzia de anos após a estreia polémica de um filme seu em Cannes – “The Brown Bunny” mostrava um plano aproximado e longo de um fellatio de Sevigny a Gallo -, “Pro-mises Written In Water” foi visto no Festival de Veneza, mas, se a vontade de Vincent Gallo vingar, poderá não ser distribuído comercialmente.

ARQUEÓLOGOS marinhos dizem ter descoberto destroços de um na-

vio espanhol da Armada Invencível, ao largo da costa do condado de Donegal, na Irlanda. A embarcação naufragou no século XVI no âmbito da tentativa - frustrada - de invasão da Inglaterra coordenada pelo rei Filipe II.

A expedição com destino a Inglaterra teve início em 1588, com participação portuguesa, numa altura em que Portu-gal se encontrava sob domínio filipino. A missão da célebre Armada Invencível era invadir a Inglaterra através do Canal da Mancha.

Os fortes temporais e a resposta de barcos incendiários ingleses à chamada

Vincent Gallo não quer os seus filmes vistos por qualquer pessoa

Longa-metragem não é para massas

NAVIO DA ARMADA INVENCÍVEL DESCOBERTO NA IRLANDA

Memórias de uma tragédia

SOFITEL FESTEJA TERCEIRO ANIVERSÁRIO DE FORMA ORIGINAL

O melhor dos doces franceses

Numa entrevista recente ao Danish Film Institute, no âmbito de uma retrospectiva em torno da sua obra, Gallo revelou que os fãs não deverão ver este filme ou, pelo menos, os próximos. “Não quero os meus novos trabalhos no mercado ou vistos por uma plateia qualquer”, sentenciou Gallo. O site

da Gray Daisy Films, produtora dos filmes do artista norte-americano, disponibiliza a sinopse e o elenco do filme, mas, ao contrário dos fil-mes anteriores, confirma que “não está actualmente planeada a edi-ção” da última longa-metragem.

Vincent Gallo faz de tudo em “Promises Written In Water”, um

filme a preto e branco, rodado em Los Angeles. Escreveu o argumen-to, produziu, realizou e compôs a banda sonora para o filme. É ainda actor principal, contracenando com Delfine Bafort e Sage Stallone (filho de Sylvester Stallone).

A introdução da sinopse podia dizer respeito, por exemplo, a “The

Brown Bunny”: “Uma história romântica de um homem e uma mulher, ambos em crise”. No novo filme que poderá nunca ser visto numa sala de cinema, Gallo encarna um assassino profissional, que conhece e convive com uma jovem que se confronta com uma doença terminal e a tentação do suicídio.

Gallo, que no ano passado re-alizou ainda as curtas-metragens “The Agent” e “Anea 17”, afirmou ao Danish Film Institute que terminou um novo filme recente-mente e não está preso a nenhum contrato. A propósito do tal filme, acrescentou: “Está destinado a descansar em paz, guardado, sem ser exposto às energias negativas do público”.

Como actor dirigido por outros realizadores, nos últimos dois anos, Gallo entrou em “Tetro”, de Francis Ford Coppola, e “Essential Killing”, de Jerzy Skolimowski.

Armada Invencível estancaram o avanço espanhol, com apenas 53 barcos dos 130 que se fizeram ao mar – inicialmente com dezenas de milhar de soldados, marinheiros e remadores a bordo - a regressarem a Espanha. Centenas de tripulantes morreram no âmbito da operação e várias embarcações de proveniência portuguesa naufragaram.

Um dos navios afundados foi agora encontrado em águas “relativamente pouco profundas” da zona de Rutland Sound, anunciou esta sexta-feira o go-verno irlandês. O ministro da Cultura e do Património da Irlanda, Jimmy Deenihan, já fez saber que o Estado con-cederá um fundo para os arqueólogos explorarem a zona.

O político acredita que estas investi-das submarinas poderão fornecer “mui-tas informações sobre a vida a bordo e sobre a realidade dos recursos militares e navais disponíveis para a campanha da Armada”, disse hoje o ministro à Radiotelevisão Irlandesa (RTE).

Jimmy Deenihan descreve esta des-coberta - não inédita - como significativa “não só para a Irlanda, mas também para as comunidades arqueológicas, históricas e marítimas internacionais”.

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TERÇA-FEIRA 9.8.2011

12www.hojemacau.com.mo DESPORTO

Automobilismo | Parceria entre GP Macau, Supercar Club HK e Motorsport Ásia

Taça GT Macau é final do campeonato Sérgio [email protected]

NA passada sexta--feira, a organiza-ção do “GT Asia Series”, competi-

ção de automobilismo mais conhecida por Campeonato Asiático de GT, anunciou que a última prova da tem-porada será realizada no Grande Prémio de Macau em concomitância com a prova “Taça GT Macau”.

Depois de três anos de colaboração entre o Supercar Club Hong Kong, a Motors-port Asia e o Grande Prémio de Macau, resultou numa mudança ligeira do formato e filosofia daquela que é na hierarquia do evento a quarta corrida mais importante. Não só estará em jogo a vitória à geral, como até aqui aconte-

PORTUGAL ainda está a banhos mas no futebol acabaram-se as

férias. O campeonato começa no próximo fim-de-semana com três candidatos ao título que tentam equilibrar-se em tudo – nas ex-pectativas, nos sistemas e até nos casos de jogadores aparentemente titulares que podem ficar fora das opções. Fernando, Cardozo e Yan-nick são vítimas deles próprios, ou das tácticas dos treinadores, e podem deixar FC Porto, Benfica ou Sporting até afinal de Agosto

FC PORTO FERNANDO. QUANDO A CABEÇA NÃO TEM FC PORTOFernando começou a traçar o des-tino no final da época passada, as-sim que o FC Porto ganhou a Taça de Portugal ao Vitória de Guima-rães (6-2). Aí, o médio defensiva rompeu o código azul-e-branco e afirmou que estava na altura de mudar de ares. Heresia! Aquela ambição soou mais a tentativa de deserção, porque o objectivo patrocinado por Pinto da Costa era tentar segurar a mesma equipa para o ano seguinte, atacando a Liga dos Campeões depois da Liga Europa, à imagem do que tinha sido alcançado na passagem de 2003 para 2004. Mas Fernando lá entendeu que devia aceitar os namoros que lhe surgiam do

LIGA DE FUTEBOL | JOGADORES DOS TRÊS GRANDES PORTUGUESES ENCALHADOS

Os três tristes transferíveis

cia, como também será pro-vavelmente decidido o título de um dos campeonatos mais populares na região.

“Estamos honrados de aceitar convite do Grande Prémio de Macau e sermos reconhecidos como campeo-nato desta forma. Temos que agradecer também ao Super-car Club Hong Kong pelo seu trabalho árduo e aos organi-zadores do Grande Prémio de Macau pela cooperação nos últimos três anos”, disse David Sonenscher, o homem forte da Motorsport Asia, a mais conceituada empresa promotora de eventos de automobilismo na Ásia.

Com este acordo, o for-mato desta corrida irá sofrer alterações para mais se apro-ximar com as regras do cam-peonato. As diferenças mais notórias estão na introdução

de duas sessões de qualifica-ção, um na sexta-feira e outra no sábado, e uma corrida de 40 minutos ou 12 voltas ao “Mónaco do Oriente”. Os concorrentes do campeonato terão também prioridade na selecção dos pilotos con-vidados, sendo que estes têm ostentado ao longo da

temporada 2011 publicida-de obrigatória à corrida de Macau nos seus carros. “Os organizadores do Grande Prémio de Macau também confirmaram que farão parte do ‘GT Annual Presentation Party’, cerimónia de atribui-ção dos prémios do GT Asia Series 2011 às equipas e pi-

lotos campeões” acrescentou Paul Yao, CEO do Supercar Club Hong Kong, e grande impulsionador das corridas de Grande Turismo no con-tinente asiático durante a última década.

Num programa agora constituído por sete provas, a “Taça GT Macau” passa a ser a quarta a pertencer a um campeonato ou troféu, visto que a Corrida da Guia ingressou no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) em 2005, o Grande Prémio de Motoci-clismo passou a contar para o “Duke Road Race Rankings” o ano passado e já este ano o Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 foi incluído no Troféu FIA Internacional de F3. Desde 2008 a ganhar rapidamente maior reputa-ção internacional, a corrida

da Taça GT Macau deverá contar com a participação de um fantástico leque de carros super-desportivos de marcas tão prestigiadas como Aston Martin, Audi, Ferrari, Ford, Ginetta, Lam-borghini e Porsche.

De acordo com os cri-térios de selecção da prova de GT para os pilotos locais, estabelecidos pela Associa-ção Geral Automóvel de Macau-China no início do segundo trimestre deste ano, o piloto português da RAEM, Rodolfo Ávila, e o “compatriota” residente na Austrália, Keith Vong, são, por agora, os únicos piloto autorizados a tomar parte desta corrida. Ambos os pi-lotos garantiram o seu visto de entrada ao participaram na corrida da Taça Porsche Carrera Ásia em Ordos.

estrangeiro (especialmente do mercado italiano) e quando come-çou esta pré-temporada já era um futebolista relaxado: apareceram as lesões, os jogos começaram a correr mal e quando deu por ele já Souza ocupava o seu lugar de trinco. Fernando ainda teve uma última oportunidade no jogo com o Lyon, quando entrou na segunda parte, mas um erro infantil (que deu golo para os franceses) confirmou que não está com a cabeça no FC Porto. A equipa para a nova temporada, portanto, avança com uma baixa importante. Não é um Hulk, um Falcao ou um Moutinho, e se Souza continuar a jogar como até aqui, então o mais provável é que ganhe definitivamente o lugar de trinco no 4x3x3 que transita da temporada passada. E aí Fernan-do, que nem foi convocado para a Supertaça, pode perceber que teve mais olhos do que barriga.

BENFICA CARDOZO. QUANDO O SISTEMA NÃO TEM TACUARAE pronto, tudo se confirmou. Afi-

nal, o Benfica não é o seu melhor marcador e mais dez, antes pelo contrário. Cardozo não foi titular no jogo da pré-eliminatória da Champions, na Turquia, como tam-bém não jogou na segunda parte da Eusébio Cup (2-1 de virada contra o Arsenal). Jorge Jesus colocou a carne toda no assador no segundo tempo e foi aí que apareceu a boa exibição, foi aí que apareceram os golos (Aimar e Nolito, mais um), mas foi aí que desapareceu o Tacu-ara, algures no balneário. O sistema que parece mais forte no novo Benfica é um novo 4x2x3x1 que contempla apenas um avançado na área; e como Jorge Jesus precisa de um futebolista que garanta mobili-dade e sequência a quem o apoia, a primeira escolha só pode passar por Saviola. Resta saber se o treina-dor está decidido a estrear o novo 4x2x3x1 já na próxima sexta-feira (o primeiro jogo do campeonato, com o Gil Vicente, foi antecipado) e vai colocar de lado tudo aquilo que construiu nos últimos dois anos. Pode parecer estranho, mas seria normal se o fizesse, tendo em conta

o benefício para alguns dos reforços contratados (Witsel, Nolito, Enzo Pérez e Bruno César) e ainda a su-bida de rendimento de alguns dos que já cá estavam, como Aimar ou Gaitán. Quanto a Cardozo, é espe-rar que Jorge Jesus não o encoste já, ou então que precise dele para desatar um resultado e, aí, consiga responder com golos importantes que signifiquem pontos. De outra forma, dificilmente conseguirá ter jogo para manter-se na equipa.

SPORTING YANNICK. QUANDO OS EXTREMOS SÃO ESPANHÓIS“O Sporting está de volta”. Ontem andavam aviões pelas praias do país com esta promessa atrelada, numa campanha de publicidade para venda das GameBox . É verdade, há uma nova equipa a aparecer em Alvalade, só ainda ninguém percebeu o seu real valor. A avalanche de elogios deu lugar a um terramoto de dúvidas, espe-cialmente depois das derrotas com Valência e Málaga, e do empate com a Udinese. A vitória 2-1 sobre a Juventus, afinal, já não alimenta a

expectativa de ninguém. Esse jogo, lá longe em Toronto, foi aquele em que Yannick marcou dois golos, mas depois ninguém percebeu se estava ali a confirmação do último extremo formado no Sporting ou se aquilo era apenas mais um fogacho de futebol num atleta irregular. Talvez o mercado ajude a desfazer dúvidas: no esquema de Domingos (4x3x3), Yannick seria principalmente um extremo, mas para esse lugar o Sporting contra-tou dois jogadores com expectativa de serem titulares – Capel e Jeffren. Yannick até pode começar a tem-porada no onze, mas sabe que tem a pressão à perna e é por isso que não se importava de dar já o salto para o estrangeiro, especialmente para Inglaterra, onde tem algum mercado. Godinho Lopes também sabe que este é o jogador que pode render dinheiro a um clube que não anda propriamente a nadar em dinheiro. Mas para vender Yannick, o jogador tem de estar valorizado. E para valorizar, não pode estar no banco a ver Capel ou Jeffren...

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Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

HORIZONTAIS: 1-PAIRAR. LIAR. 2-AIR. FAZ. ATA. 3-VOLAR. L. ETER. 4-I. RECENTE. A. 5-OA. FEMEA. OS. 6-FRES. TLIM. 7-SA. GABAI. OR. 8-I. FARISCO. E. 9-SOAR. B. OCAM. 10-ABC. MEL. ADE. 11-MIAR. SABIAM. VERTICAIS: 1-PAVIO. SISAM. 2-AIO. AGA. OBI. 3-IRAR. R. FACA. 4-R. REFEGAR. R. 5-AF. CESAR. M. 6-RALEM. BIBES. 7-Z. NETAS. LA. 8-L. ETALICO. B. 9-IATE. I. OCAI. 10-ATE. OMO. ADA. 11-RARAS. REMEM.

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Voar sem sair do mesmo sítio. Atar, ligar. 2-Maciço montanhoso do Níger. Produz. Liga, une. 3-Passar, decorrer rapidamente. A atmosfera. 4-Sucedido há pouco. 5-Duas vogais. Cavidade em que entram os machos do leme de uma dobradiça Omis (s.q.). 6-Rocha constituídia por grãos de areia fina. Voz imitativa do som da companhia ou sineta. 7-Apelido. Lisonjeai. Profissão (Suf.). 8-Acto de fariscar. 9-Exprimir pelo som. Esvaziam. 10-Cartilha para aprender a ler. Grande doçura. Junta, soma. 11-Gritar, gemer (Gír.). Tinham conhecimento.

VERTICAIS: 1-Torcida envolvida em cera. Pagam sisa. 2-Pedagogo. Comandante de um corpo turco. Nome da noz da cola, em África. 3-Enraivecer. Instrumento cortante com cabo. 4-Fazer refegos. 5-Afixo (abrev.). Nome de homem. 6-Esmigalhem. Espécie de avental, com mangas, para as crianças (pl.). 7-Redes de arrastar. Nota musical. 8-Relativo ao etal. 9-Navio de pequena lotação. Tornai oco. 10-Indicação de limite. Cru. (Pref.). Nome de mulher. 11-Pouco densas. Movam os remos.

SALA 1KUNG FU PANDA 2 [A] FALADO EM CANTONENSEUm filme de: Jennifer Yuh Nelson14.30, 16.30, 19.30

MR. POPPER’S PENGUINS [A] Um filme de: Mark WatersCom: Jim Carrey21.30

SALA 2THE SMURFS [A] Um filme de: Raja GosnellCom: hank Azaria, Neil Patrick Harris14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3CARS 2 [A] FALADO EM CANTONENSEUm filme de: John Lasseter14.30, 16.30, 19.30

HARRY POTTER AND THEDEATHLY HALLOWS: PART 2 [B] Um filme de: David YatesCom: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint21.30

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OPINIÃOcaderno d iá r i o

Pedro Correia

TERÇA-FEIRA 9.8.2011

14www.hojemacau.com.mo

TERÇA, 2 Os jornalistas devem comba-ter os estereótipos sempre que puderem, como dever profissional. Isto não é um princípio expresso no código deontológico dos jornalistas portugueses, que peca por inúmeras omissões, mas devia constar dele sem demora. Julgo, aliás, que os jornalistas já há muito deviam ter adoptado um código deontológico mais vasto e detalhado, que actualize o documento em vigor há cerca de 20 anos.

Lembrei-me disto, vejam lá, a propósito do Algarve. Reparem como o Algarve é tratado nos principais órgãos de informação portugueses, incluindo os de serviço público: como um destino de praia para os outros habitantes do País. Não há um Algarve agrícola, não há um Algarve serrano, não há um Algarve fora dos postais ilustrados de sol & mar. Não há um Algarve com os problemas específicos da população que lá vive e lá trabalha, fora do sector turístico na época de Verão. Há quase só um Algarve dos forasteiros que lá vão estender a toalha nuns centímetros de areia.

Ainda ontem à noite reparei nisto. Lá vimos a enésima reportagem televisiva a caminho de uma praia - que são quase sempre as mesmas, em Vilamoura ou Albufeira - a perguntar aos “banhistas” o que tencionam fazer se o tempo piorar. Ouviram-se, natu-ralmente, as mais diversas e disparatadas respostas - desde o sujeito que prefere tomar banho de mar à chuva até aos que anseiam pelo céu toldado para poderem arrastar a chinela em centros comerciais.

Há quem chame a isto “informação”. Não é o meu caso. Gostava que os jornalistas de-batessem esta e outras questões. Infelizmente isso não acontece - por vários motivos, desde logo devido à crescente “proletarização” desta classe profissional. Com jornalistas a trabalhar 12 horas por dia e a ganhar cerca de 700 euros líquidos ao fim de vários anos, sem a mínima perspectiva de progressão na carreira, que nível de debate e de espírito crítico pode existir nas redacções?

QUARTA, 3 Uma frase: «Um homem com coragem faz uma maioria.» (Andrew Jackson)

QUINTA, 4 Os espanhóis vão finalmente ver a célebre série televisiva Fawlty Towers - já em exibição no Canal + Comédia - sabendo a verdadeira nacionalidade do empregado Manuel, vítima da prepotência do delirante proprietário do hotel, interpretado por John Cleese: espanhola. Lamento, tíos, pero es verdad.

A raiz da confusão? Quando esta genial série de humor da BBC foi originalmente exibida, nos anos 70, em Espanha (que dobra as séries em vez de as legendar) esse empregado foi apresentado como... portu-guês. O que diz quase tudo da tradicional arrogância espanhola.

Mais de trinta anos depois, a verdade é reposta. Mais vale tarde que nunca.

Gostava que os jornalistas debatessem esta e outras questões. Infelizmente isso não acontece - por vários motivos, desde logo devido à crescente “proletarização” desta classe profissional. Com jornalistas a trabalhar 12 horas por dia e a ganhar cerca de 700 euros líquidos ao fim de vários anos, sem a mínima perspectiva de progressão na carreira, que nível de debate e de espírito crítico pode existir nas redacções?

SEXTA, 5 De súbito, sobe da rua um ruído que me soa a algo muito antigo, vindo dos confins das décadas. Acorro à janela. É o que eu pensava: um amola-tesouras, em-purrando o seu carrinho enquanto faz ouvir a inconfundível gaita de beiços, como um insólito assobio, fazendo-se anunciar a quem precisar de recorrer aos seus bons ofícios.

Vejo-o progredir lentamente no passeio da avenida como se fizesse uma inesperada viagem no tempo: este era um dos sons tra-dicionais da minha infância. Raro era então o dia em que não passava à nossa porta - nou-tras ruas de outras cidades - um amolador, pronto a consertar varetas de guarda-chuvas ou qualquer utensílio doméstico, pronto a devolver o gume de facas à sua condição natural. Isto sucedia antes da era do usa--e-deita-fora, em que nos desabituámos de remendar ou reparar o que quer que fosse: ao mínimo estrago, à menor amolgadela, ao mais ínfimo rasgão, comprava-se logo algo de novo.

Os tempos mudaram. Vivemos dias de crise, desemprego e exclusão social. Tempos que forçam muita gente a ir à luta, a arregaçar as mangas, a fazer-se à estrada, a retomar ofícios aprendidos com pais e avós. Jardins de habitação são de repente transformados em hortas, até nas grandes cidades. Proprie-dades ruraias deixadas ao abandono, onde o mato silvestre crescia sem obstáculo de qualquer espécie, passam a ser cultivadas. Estofadores, marceneiros, limpa-chaminés voltam a ser profissões com grande oferta e procura. Multiplicam-se as pequenas lojas de reparações de fatos, calças, camisas e vestidos: vejo algumas delas, no bairro onde habito, trabalhando noite adiante, já após o horário habitual do fecho do comércio.

Este é o melhor lado da crise: aquele que incentiva o regresso ao engenho de cada um para dar a volta à sorte, para dar

a volta à vida. Mas há o pior. Aumenta o número de pessoas a pedir esmola enver-gonhada nas ruas - gente sem trabalho, que deixou de conseguir pagar a prestação da casa, gente que devido a uma doença ou um divórcio viu tudo tornar-se de repente ainda mais difícil e caminha sem destino, implorando “alguma coisinha” para uma malga de sopa.

A crise está presente noutros quadros do nosso quotidiano. Proliferam as lojas que proclamam em letras garrafais: “Compra-se ouro”. Este metal precioso nunca esteve tão bem cotado no mercado internacional, o que tem levado muitos a desfazer-se de peças de valor pessoal inestimável para obter algum dinheiro vivo em troca. E reabrem outros estabelecimentos mais sombrios, que não via igualmente desde a minha infância (ex-cepto, naturalmente, durante a década em que vivi em Macau): as lojas de penhores, agora também cada vez com maior procura em Lisboa.

Penso nisto tudo enquando escuto a mú-sica do amolador dissipando-se à distância. Só não regressa outro som inconfundível dos meus tempos de menino: o dos pregões dos ardinas, anunciando jornais vespertinos. Ficou célebre o daquele, comunista, que gritava “Lisboa Capital República Popular!” Uma original forma de anunciar a venda de exemplares do Diário de Lisboa, A Capital, a República e o Diário Popular.

Os ardinas não voltam. Deixou de haver vespertinos e a própria palavra caiu tanto em desuso que soa já a português arcaico. Nenhum daquelas jornais que permitiam o trocadilho do engenhoso comunista existe hoje e são cada vez mais insistentes os rumores sobre o possível encerramento de alguns outros. É um efeito adicional da crise: com tão pouco dinheiro disponível, as pessoas começam por cortar no consumo da

imprensa, que aliás por estes dias quase só divulga más notícias.

E para isso bem basta o que já se sabe.

SÁBADO, 6 As tribunas televisivas são tomadas, à vez, por revoadas profissionais. Houve o tempo dos sociólogos, que pareciam ocupar mais tempo de antena do que a Júlia Pinheiro. Seguiu-se a fase dos psicólogos - acompanhados pela subespécie dos pedop-sicólogos - em antena até à náusea. Quando também estes passaram de moda, avançaram os economistas: um batalhão quotidiano na pantalha, cada qual revelando as receitas mais infalíveis para salvar a pátria. Vários deles, curiosamente, ocuparam a pasta das Finanças sem porem em prática as tais recei-tas milagrosas no exercício de tão relevantes funções. Paciência: ninguém é perfeito.

Agora chegou a vez dos politólogos: todas as semanas é revelado ao País um novo talento televisivo nesta área. Acabo de escutar mais um, que não conhecia de parte nenhuma, pronunciando-se vigorosamente contra as medidas “assistencialistas” contidas no Pla-no de Emergência Social ontem anunciado pelo ministro da Solidariedade, Pedro Mota Soares. “Era importante que não houvesse assistencialismo. Estas medidas não seriam necessárias se houvesse crescimento econó-mico”, proclama o politólogo, com vigor.

Impossível discordar dele: “se houvesse crescimento económico” - isto é, se a anémica economia portuguesa funcionasse ao ritmo da alemã, ou mesmo da canadiana, já para não falar da turca - as medidas “assistencia-listas” seriam dispensáveis. Infelizmente, num país com dois milhões de pobres e pelo menos 700 mil desempregados, com as fi-nanças públicas em situação de pré-ruptura, como acorrer de outro modo às situações mais prementes de exclusão, miséria e fome?

Basta termos mais “crescimento económi-co”, proclama o politólogo recém-estreado nas lides mediáticas. A resolução dos problemas parece sempre tão fácil nuns quantos minutos de protagonismo televisivo. Em último recur-so, poder-se-ia sempre anexar Portugal ao Brasil, como recentemente referia o Financial Times, numa rara manifestação de ironia. Se há país que tem registado um espectacular crescimento económico, é precisamente o Brasil. O que não inviabilizou frequentes e emblemáticas medidas “assistencialistas” tomadas pelo presidente Lula da Silva. Um disparate, concluiria o nosso politólogo, sem dúvida metódica de espécie alguma. Enquan-to o escuto, vou-me interrogando sobre que espécie de país seria este sob um governo dos campeões da teoria política. E vem-me à memória, sei lá porquê, aquele diálogo entre Carlos da Maia e João da Ega quando o pri-meiro, visitando a casa do segundo, descobre lá - sem disfarçar a surpresa - um busto do odiado imperador Napoleão: “Para que tens tu aqui Napoleão, John?”, questiona. Resposta pronta do anfitrião: “Como alvo de injúrias. Exercito-me sobre ele a falar dos tiranos...”

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Há uma espécie de gente que nem na sepultura encontra descanso.Padre Manuel Teixeira [1912-2003]

à f l o r da pe leHelder Fernando

TERÇA-FEIRA 9.8.2011

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Marcelo Brites; Patrícia Ferreira: Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Á uns anos que o trânsito nas ruas e avenidas de Macau se vem apro-ximando do caos. Com mais umas

centenas de autocarros a circular desde o princípio de Agosto, e mais os que aí vêm, obviamente que tudo se complica. Este é um ponto, o outro ponto tem a ver com a necessidade de melhoramento dos transpor-tes públicos. Falta de motoristas, uma série deles não conhece bem os circuitos e chega a andar em contramão. Uma companhia de transportes há anos no terreno teve de ceder veículos à recém-chegada. Gosto muito de ver solidariedade em geral e empresarial em particular. Ainda há casos de contas mal feitas nos sistemas de pagamento, de arrelias nos tempos de espera, de engarrafamentos monumentais, de acidentes que se repetem; a crescente perda de paciência dos utentes. Vamos acreditar que o verde continua signi-ficando esperança, mesmo que circulem mais de 200 mil veículos motorizados e o número de acidentes tenha vindo a aumentar. Uma singela questão a considerar: grande parte da região foi imaginada para riquexós.

Lembro-me bem, nem foi há tanto tempo assim, das vozes que reclamavam sobre o excesso de funcionários na administração (actualmente rondam os 22 mil). Como as coisas evoluem e as pessoas também fazem um esforçozinho, sobram aplausos oficiosos e oficiais para a entrada, duma assentada, de centenas de funcionários, entre eles mais um subdirector nos SAFP. Por alguma ra-zão foram criados, só neste serviço, novos departamentos e gabinetes. Há quem não goste. O deputado Pereira Coutinho fala em “empolamento do serviço público” e de que “o problema é a má distribuição dos recursos humanos, pois há departamentos cheios de gente sem fazer nada e outros em que os trabalhadores têm de fazer muitas horas extra por falta de mão-de-obra”.

O que não faltam são exemplos de char-latanices. Muitas centenas de milhar de pes-soas circulando diariamente em cerca de 30 quilómetros quadrados, mas a esmagadora maioria nos 10 quilómetros quadrados da cidade-península, não é difícil aparecerem, normalmente oriundos da gigantesca esta-tística dos “visitantes”, os “chicos espertos”

Turistas de todas as nacionalidades ficam sempre perplexos - até nós, residentes permanentes! - com esta postura aparentemente “mafiosa” de gente que não está preparada para ser profissional competente numa região que se pretende exemplar não apenas no volume de visitantes, na altura dos prédios, no número de mesas de jogo e no brilho dos néones

O hOmem que nãO pertenceaOs demOcratas de hOng KOngH do costume, os carteiristas do costume, os

assaltantes do costume, os xulos e proxenetas do costume; para só falar da ralé do crime. O caso da fabrica de produtos químicos destinada ao fabrico de drogas, descoberta pelas autoridades, tem relevo, pois segun-do a polícia movimentava potencialmente dezenas de milhões de patacas.

Uma das piores imagens que Macau oferece é o serviço de táxis. Naturalmente que não são todos os taxistas que integram a escumalha dos piores alarves e carroceiros com entrada directa no universo da baixaria representada por estes feios porcos e maus; mas há demasiados exemplos. Anos a fio, em todos os meios de comunicação social de Macau, nas línguas portuguesa, chinesa e inglesa, se tem alertado, insistentemente, para que as associações de classe interve-nham e as autoridades oficiais também. Resultados, poucos ou nenhuns. Para além dos defeitos da falta de higiene, pessoal e na viatura, mau comportamento ao volante e na relação com o cliente, há o aspecto da enorme incompetência no conhecimento da cidade e nos nomes dos principais locais, mesmo em língua chinesa, como tantos utentes podem comprovar. Será que ninguém possui auto-ridade para não permitir que grupelhos de taxistas se instalem à porta dos casinos - e até fora dos lugares de paragem de táxis, como é o exemplo diário na nova ala do Hotel Lisboa - recusando-se a levar passageiros que não lhes cheirem a gente desprevenida a quem podem cobrar os preços que enten-dem pelos circuitos que lhes dá mais jeito? Turistas de todas as nacionalidades ficam sempre perplexos - até nós, residentes per-manentes! - com esta postura aparentemente “mafiosa” de gente que não está preparada para ser profissional competente numa re-gião que se pretende exemplar não apenas no volume de visitantes, na altura dos prédios, no número de mesas de jogo e no brilho dos néones. Digo eu. As associações devem insistir na preparação eficaz e actualizada dos seus profissionais, não como se Macau ainda fosse uma vilória chinesa, elevada a cidade, com meia dúzia de portugueses pouco interessados, pouco aptos e pouco municiados para modernidades. Macau

não é hoje nada disso. Quem espera por clientes nas Portas do Cerco, no aeroporto, nos terminais marítimos, seja onde for, tem de saber o nome original dos hotéis, o nome dos Hospitais, a própria palavra “hospital”, que é praticamente igual em tantas línguas, que diabo! E as companhias têm de ter nas centrais, pessoas que em caso de dúvidas, esclareçam o taxista. Acontece que muitos, por muito que o cliente peça, recusam-se a chamar a central, talvez para não serem apontados como ignorantes. Os “amare-los” que, na generalidade, têm sido a parte menos má deste serviço de transportes, não pode baixar os braços e ficar igual às outras companhias.

Ainda a propósito de “visitantes”, vul-go “turistas” ou vice-versa. Há excelentes profissionais guias-turísticos em Macau. E há muita porcaria a trabalhar no impor-tante ramo. Estes, pensam em tudo menos em servir eficazmente os “turistas”. Daí, as queixas que se repetem. Por outro lado, é bom nos lembrarmos que há “turistas” que nunca deviam sair lá da sua rua.

Outro tipo de queixas recebidas, em bom número, pelo Comissariado Contra a Cor-rupção (CCAC) tem como alvos principais as Obras Públicas. E é o próprio CCAC que avalia desta forma a administração pública: “pouco eficiente”. O aumento dos protestos relacionados com os serviços públicos é assim apontado pelo Comissariado num documento tornado público: “Insuficiências ou injustiças no regime da função pública (...) e deficiência no sistema de gestão dos funcionários públi-cos”. Ainda mais: “Quanto mais grave for a doença maior será o custo do tratamento e o risco. Por esta razão, o tratamento da doença deve iniciar-se o mais cedo possível, o mesmo se aplicando à gestão administrativa”.

Então andava por aí um peruano à sol-ta - agora, felizmente, atrás das grades - a esperar por um sujeito que saía do banco com mais de dois milhões de patacas, para se apoderar do saco com as notas? Desta vez falhou, graças à resistência do próprio assaltado e da Judiciária. Essa gente tem ca-dastro? A verdade é que andava alegremente por aí. Bom, provavelmente, não pertence ao partido democrata de Hong Kong.

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TERÇA-FEIRA 9.8.2011www.hojemacau.com.mo

ALGARVE SELECÇÃO DO LUXEMBURGO ASSALTADAA selecção do Luxemburgo, que defronta Portugal na amanhã, foi vítima de roubo, domingo, no hotel em que está instalada no Algarve. Alguns jogadores e dirigentes luxemburgueses foram afectados pelo assalto no Ria Park Hotel, unidade hoteleira que já assumiu todas as perdas dos hóspedes. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) já disponibilizou todo o auxílio e material que a selecção luxemburguesa possa necessitar, mas não revelou o valor dos itens roubados.

LONDRES PILHAGENS DESCONTROLADASA polícia britânica condenou a onda de actos criminosos um pouco por toda Londres que se sucederam na madrugada de segunda-feira por efeito de “imitação” das violências e pilhagens ocorridas no bairro de Tottenham. Mais de 100 pessoas foram detidas, vários agentes foram agredidos, lojas pilhadas e carros de polícia vandalizados. Cerca de 35 agentes da polícia ficaram feridos após duas noites de violências. Ontem de manhã, a polícia metropolitana londrina fez saber que deteve mais de 100 pessoas entre a noite de domingo e a manhã de segunda-feira.

EVITAR RECESSÃO MUNDIAL É IMPOSSÍVELNouriel Roubini, o economista que previu a crise financeira de 2008-2009, diz que evitar uma nova recessão mundial pode ser uma “missão impossível” e que as autoridades precisam de tomar as medidas certas, que incluem estímulos à economia e reestruturações da dívida. Num artigo de opinião publicado no “Financial Times”, Roubini diz que, até ao ano passado, os líderes mundiais podiam sempre “tirar um novo coelho da cartola” para estimular a economia, com taxas de juro próximas de zero, estímulos orçamentais e provisões de liquidez aos bancos e às instituições financeiras em dificuldades. Mas, “agora, já não há coelhos para tirar da cartola”, conclui.

ANGOLA NINGUÉM EXPLICA DESMAIOSA onda de desmaios que atinge sobretudo estudantes em Angola é “um mistério que ninguém consegue explicar” e está a ameaçar o ano lectivo. Os desmaios acontecem desde Abril, “um pouco por todo o país, sobretudo nas escolas, e há já relatos de que também tem acontecido nas faculdades”, segundo um docente angolano. Este é um caso “nacional”, que as autoridades “ainda não conseguiram explicar” e que “preocupa toda a sociedade”. “Há pais que não mandam os filhos para as escolas com receio do que possa acontecer. As famílias e as crianças estão a sofrer”, descreve o professor. O docente esclarece que o problema afecta sobretudo crianças, “na sua maioria adolescentes”, essencialmente do sexo feminino, mas que ninguém consegue explicar as causas do problema.

ATLETISMO ATLETA AMPUTADO FAZ HISTÓRIAOscar Pistorius vai tornar-se o primeiro atleta amputado (perdeu as duas pernas) a participar num mundial de atletismo, integrado na selecção da África do Sul que estará em Daegu, Coreia do Sul. O atleta, que corre com auxílio de duas próteses em fibra de carbono, fez 45,07 segundos nos 400 metros (recorde pessoal) em Julho, em Itália, marca que lhe abriu as portas para o mundial e que cumpre os mínimos “A” para os Jogos Olímpicos de Londres 2012. Pistorius, apelidado de “Blade Runner” (corredor lâmina) devido às próteses em folha de carbono que utiliza nas pernas, foi seleccionado pela federação sul-africana para a prova de 400 metros e para a estafeta 4x400 metros, em Daegu.

VOGUE MENINA DE 10 ANOS CAUSA POLÉMICAQuão cedo é demasiado cedo? A problemática não é recente, mas a presença de crianças em sessões fotográficas sensuais ou “mais adultas” volta a estar na ordem do dia. Em causa está a produção que Thylane Blondeau fez para a Vogue Paris. Nela, a francesa foi fotografada em poses sensuais, com roupa de alta costura, sapatos altos, jóias, maquilhagem carregada e pernas à mostra. Eis o problema: a manequim tem apenas 10 anos.

Mutilação genital feminina cresce em Portugal

Crueldade importada

car toonpor Steff

TIRO NAS COSTAS

O tema é tabu. As histórias contam-se sem dizer nomes mas têm data recente: a Associação de Imigrantes Guineenses e Amigos do Sul do Tejo diz que no Vale da Amoreira, na Moita,

há meninas a sofrer mutilação genital.A associação (AIGAST) trabalha há dez anos para

responder às necessidades da população do Vale da Amoreira, onde vivem mais de 12 mil pessoas – 30%, estima-se, originárias da Guiné. O bairro é cinzento, pobre e tem um número elevado de desempregados.

Susana Piegas, da AIGAST, afirma que a mutilação genital feminina (MGF) “é uma questão muito presente” nos dias do bairro e assegura que “os números reais da prática da excisão de meninas – que ninguém consegue contabilizar – são avassaladores”. “Identificamos na nossa comunidade pessoas que levaram a cabo a prá-tica e outras que pretendem fazê-lo. Aqui há famílias em que todas as mulheres foram excisadas. Tivemos, por exemplo, há uns meses, conhecimento de que três meninas da mesma família foram mutiladas aqui no bairro e sabemos de outras que vão à Guiné para cumprir esse ritual”, acrescenta.

Rosa Tavares, guineense, é também membro da AIGAST e coordena o departamento de saúde da associação, conta que é casada com um muçulmano e que impediu que a sua filha fosse mutilada.

Sobre a situação que se vive no bairro, acrescenta “o problema” de “haver muitas pessoas a ganhar di-nheiro com a prática da MGF”. Não diz quanto pode custar fazê-lo no Vale da Amoreira, mas afirma que a prática “gera muito dinheiro”.

Susana Piegas explica que a AIGAST quer “aju-dar a combater este flagelo”, mas considera que “isso só pode ser feito informando, sensibilizando, trabalhando na prevenção”. “Queremos trabalhar junto da comunidade para desmistificar estas tra-dições inter-geracionais. Temos dado alguns passos nesse sentido mas precisamos de mais recursos. O trabalho exige investimento e demora tempo a dar frutos, mas tem que ser feito. É preciso inverter esta situação”, argumenta.

A mutilação genital feminina é reconhecida inter-nacionalmente como uma grave violação dos direitos humanos. A Organização Mundial de Saúde estima que mais de 140 milhões de mulheres, raparigas e meninas tenham sido já submetidas a esta prática e que cerca de três milhões se encontrem todos os anos em risco.

Embora a prática ocorra sobretudo em países africanos, tem sido importada por comunidades imi-grantes para a Europa, onde o Parlamento Europeu estima que vivam cerca de 500 mil mulheres e jovens mutiladas e 180 mil em risco anualmente.