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1 . . Instituto Mineiro de Agropecuária Laboratório de Saúde Animal Setor de Neuropatologia Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Biológicas Departamento de Patologia Geral Laboratório de Apoptose Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária Preventiva Coordenação: Prof. Anilton César Vasconcelos Curso: Rotina Básica para o Diagnóstico histopatológico em neuropatologia bovina (incluindo a Encefalopatia Espongiforme Bovina) Belo Horizonte Abril de 2004

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. . Instituto Mineiro de

Agropecuária Laboratório de Saúde Animal

Setor de Neuropatologia

Universidade Federal de Minas GeraisInstituto de Ciências Biológicas

Departamento de Patologia Geral Laboratório de Apoptose

Fundação de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária Preventiva

Coordenação: Prof. Anilton César Vasconcelos

Curso: Rotina Básica para o Diagnóstico

histopatológico em neuropatologia bovina (incluindo a Encefalopatia

Espongiforme Bovina)

Belo Horizonte Abril de 2004

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SUMÁRIO

Página Sumário .................................................................................................................... 2

Informações Gerais...................................................................................................................... 3 Instrutores..................................................................................................................................... 3 Objetivos Gerais........................................................................................................................... 3 Justificativa e Relevância............................................................................................................. 4 Objetivos Específicos................................................................................................................... 5 Metodologia................................................................................................................................. 5 Realização.................................................................................................................................... 5 Períodos....................................................................................................................................... 5 Número de vagas......................................................................................................................... 5 Programa dos cursos.................................................................................................................... 6

1. Neuroanatomia e neurofisiologia, com ênfase em Coleta, remessa de

espécimes e processamento laboratorial ........................................................... 7

2. Encefalopatia Espongiforme Bovina................................................................. 25

3. Raiva ................................................................................................................... 35

4. Botulismo ............................................................................................................. 44

5. Necrose Córtico-Cerebral (PEM)...................................................................... 50

6. Herpes Virus Bovino 5 ...................................................................................... 52

7. Listeriose ............................................................................................................. 55

8. Babesiose ............................................................................................................. 57

9. Acidentes Ofídicos .............................................................................................. 61

10. Plantas tóxicas ..................................................................................................... 64

11. Intoxicação pelo Chumbo.................................................................................. 67

12. Pseudo-raiva....................................................................................................... 69

13. Roteiro da Prática em Sala de Necrópsia – Coleta e Remessa de material

para exame laboratorial...................................................................................... 71

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Curso: "Rotina Básica para o Diagnóstico histopatológico em neuropatologia bovina (incluindo a Encefalopatia Espongiforme Bovina)" - Procedimentos básicos para Necropsia, Coleta e Remessa de Material do Sistema Nervoso Central de Bovinos

Aulas teóricas: Auditório SESI -Betim Aulas práticas: Frigorífico Modelo da Salermo ou Igarapé

Informações Gerais: Instrutores

1 Anilton Cesar Vasconcelos, PhD Coordenador/Docente

Professor Adjunto do Departamento de Patologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Telefone: 0XX31 3499 28 87 (Gabinete) 3499 2881 (Laboratório) ou 9114 78 41 (Celular); E-mail: [email protected].

2 Luciana Moro, D.S Docente, Colaborador nas Aulas Práticas

Professora Adjunta do Departamento de Patologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Telefone: 0XX31 3499 2897 (Gabinete) ou 3499 2881 (Laboratório); E-mail: [email protected]

3 Karina Kelly Oliveira Luquesi Meça, Mestranda, Colaboradora nas Aulas Práticas

Mestranda do Departamento de Patologia Geral do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, Telefone: 0XX31 3499 2881 (Laboratório)

Objetivos Gerais

Oferecer cursos rápidos de atualização com duração de 3 a 5 dias para veterinários do serviço público visando revisar os aspectos etiológicos, patogenéticos e morfológicos (macro e microscópicos) das principais afecções neuropatológicas de importância em saúde publica de bovinos.

O objetivo final destes treinamentos será o de divulgar e praticar alguns protocolos gerais utilizados na colheita, remessa, processamento e análise de amostras visando o diagnóstico histológico das neuropatologias.

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Justificativa (e sua relevância):

O agronegócio representa hoje para o Brasil uma fração extremamente significativa no Produto Interno Bruto. Criar excedentes exportáveis passou não só a ser lucrativo, mas prioritário. O Brasil já é o maior exportador de soja, café, açúcar, suco de laranja, fumo, carne de frango e carne bovina. Estima-se que as exportações de carne neste ano alcancem a US$ 4,6 milhões, representando um aumento de 10 a 15% em relação a 2003. Assim, o momento atual exige por parte dos países exportadores de carne a garantia internacional de que o produto exportado, assim como o produto comercializado internamente, seja considerado como seguro em termos de doenças de importância econômica e de saúde pública.

Em termos de saúde pública uma das preocupações emergentes em todo o mundo refere-se às encefalopatias espongiformes transmissíveis, grupo de doenças neuro-degenerativas causadas por proteínas (prions) capazes de infectar os indivíduos através da cadeia alimentar.

A recente descoberta da “doença da vaca louca” no Canadá e nos Estados Unidos e suas repercussões no comércio internacional abre novos mercados para o Brasil, que aumentou a confiança nos seus produtos após a vitória na disputa comercial entre Brasil e Canadá, com relação à carne bovina e aos aviões produzidos.

Todo este cenário chama a atenção para a importância de se ter, mesmo com a ausência de casos de encefalopatias espongiformes transmissíveis diagnosticados no país, uma estrutura eficiente de vigilância epidemiológica capaz de diagnosticar pronta e rapidamente qualquer caso de doenças de importância em saúde pública.

No início deste ano, o Ministério da Agricultura credenciou o Laboratório de Saúde Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária a participar do processo de vigilância epidemiológica das Encefalopatias espongiformes transmissíveis.

Assim a Secretaria da Agricultura do Estado de Minas Gerais, o próprio Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Universidade Federal de Minas Gerais considera prioridade neste momento a implementação do serviço de diagnóstico em neuropatologia bovina e o treinamento de pessoal técnico, de modo a se contar com uma estrutura plenamente funcional e que permita o diagnóstico pronto e rápido de qualquer caso de doenças neurológicas com potencial zoonótico.

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Objetivos Específicos

Revisar os aspectos etiológicos, patogenéticos e morfológicos (macro e microscópicos) das principais afecções neuropatológicas de importância em saúde publica de bovinos.

Rever e Praticar os protocolos básicos de colheita, remessa de amostras visando o diagnóstico histológico das neuropatologias.

Metodologia

Aulas teóricas com distribuição de textos (apostilas e trabalhos científicos)

Apresentação de slides e em data show Aula prática envolvendo colheita de material (a campo e/ou em

sala de matança e/ou em sala de necrópsia), remessa (acondicionamento adequado das amostras colhidas), Roteiro básico do processamento laboratorial (em laboratório de rotinas histológicas) e da análise das lâminas produzidas durante o curso e de coleção.

Realização: IMA Instituto Mineiro de Agropecuária – Setor de NeuroPatologia do

Laboratório de Saúde Animal Instituto de Ciências Biológicas da UFMG – Departamento de Patologia

Geral – Laboratório de Apoptose Escola de Veterinária da UFMG - Fundação de Ensino e Pesquisa em

Medicina Veterinária e Zootecnia

Períodos: 1: de 06 a 08 de Maio de 2004, 2: de 13 a 15 de Maio de 2004, 3: de 19 a 22 de Maio de 2004

Aulas teóricas: tardes de quintas, manhãs e tardes de sextas Aulas Práticas: manhãs de Sábado. Carga Horária Total: 16 horas

Número de vagas oferecidas: Máximo de 25

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Programas dos Cursos:

Atividade Temas Dia 1 Revisão de Neuroanatomia e neurofisiologia, Encefalopatia

Espongiforme Bovina - Princípios da Coleta e remessa de espécimes para exame laboratorial

Tardes de 5a feira

2 Raiva e outras encefalites, Botulismo Manhãs de 6a feira

3 Outras afecções (Necrose Córtico-Cerebral (PEM), Listeriose, Intoxicação pelo Chumbo, Acidentes Ofídicos, Tumores cerebrais) e Protocolos de coleta, remessa e processamento histológico

Tardes de 6a feira

4 Prática em Sala de Necrópsia – Coleta e Remessa de material para exame laboratorial

Manhãs de sábado

Períodos dos cursos:

Curso # 1: 6, 7 e 8 de maio de 2004

Curso # 2: 13, 14 e 15 de maio de 2004

Curso # 3: 20, 21 e 22 de maio de 2004

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Neuroanatomia &

Neurofisiologia

The CNS is isolated Surrounded by bones so

created Providing protection

From trauma infection The common things for which

we’re slated

Anilton Cesar Vasconcelos, PhD Professor Adjunto

Dept. Patologia Geral Inst. Ciências Biológicas

UFMG, Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected].

Belo Horizonte, MG

Luciana Moro, D.S Professora Adjunta

Dept. Patologia Geral Inst. Ciências Biológicas

UFMG, Telefone: 3499 2897 E-mail: [email protected]

Karina K. O.Luquesi Meça Mestranda Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 3499 2881 Belo Horizonte, MG

Existem aproximadamente 50 a 100 trilhões de células no corpo humano dentre as quais cerca de 100 bilhões são neurônios no cérebro.

Citologia Geral do Sistema Nervoso O sistema nervoso central (SNC) consiste de parênquima contendo neurônios (a célula nobre, parenquimatosa), oligodendrócitos (sustentação, suporte, produção de mielina), astrócitos (sustentação, nutrição, proteção – tipo “Provador”), micróglia (os “Faxineiros”) e vasos sangüíneos (irrigação, oxigenação, nutrição). Os neurônios são os principais componentes, responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos Os primeiros quatro componentes possuem múltiplos processos que formam uma malha tecidual muito complexa, denominada neurópilo. Em secções coradas por hematoxilina. e eosina (H&E), o neurópilo aparece corno uma malha tecidual eosinofílica Os neurônios são mais sensíveis que as células da glia (astrócitos e micróglia).

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Estrutura Topográfica do Sistema Nervoso

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3 folhetos meningeanos recobrem o SNC:

• a pia máter, mais interna, acompanha a entrada dos vasos no neuropilo; • a aracnóide, • a dura mater.

Espaço subaracnóideo - onde circula o LCR, produzido no plexo corióideo dos ventrículos encefálicos

Alguns Fatos da Neuroanatomia e Neurofisiologia de

importância

• 10 dos 12 nervos cranianos fazem conexão no tronco encefálico

oculomotor 3o, troclear 4o, trigêmeo 5o, abducente 6o, facial 7o, vestibulo-coclear 8o, glossofaríngeo 9o, vago 10o

• Exceção: olfatório 1o- no telencéfalo e óptico 2o - no diencéfalo; • O 5º par de nervos cranianos é, juntamente com o seu gânglio, de grande

importância em neuropatologia (A ocorrência de ganglioneurite é um achado precoce e inespecífico, muitas vezes precedendo até mesmo a sintomatologia)

• O Cerebelo é importante na manutenção dos tatos epicrítico (sensações) e protopático (posicionamento do corpo). Ataxias cerebelares são facilmente diagnosticadas pela incoordenação motora e pelo Sinal de Romberg (tapar os olhos causa queda do animal).

• Lesões bulbares afetam geralmente o Hipoglosso (12º – com paralisia da língua no lado da lesão) ou as pirâmides (que decussam no bulbo – com paralisia no hemitério oposto). Entre os Núcleos bulbares de importância destacam-se: • Núcleos:

• do Trato Solitário (Sensitivo/Gustação) • do Trato Espinhal do Nervo Trigeminal (Sensitivo/tato na

cabeça) • Dorsal do Vago (Motor, Parasimpático, no assoalho do 4º

ventrículo) • Vestibular Lateral (Sensitivos/ 8º-vestibular/equilíbrio e

coclear/audição) • Formação Reticular (Centros respiratório, vasomotor e do

vômito)

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• Lesões da base da ponte podem afetar o Trigêmeo (5º - com anestesia e paralisia dos músculos mastigadores no lado da lesão, as vezes com desvio da mandíbula para o lado afetado)

• Lesões do mesencéfalo podem afetar a base do pedúnculo cerebral e o oculomotor (3º - com diplopia, ptose palpebral, estrabismo divergente e midríase)

• O cérebro é composto do diencéfalo (tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo, em contato com o 3º ventrículo) e do telencéfalo (2 hemisférios cerebrais, com sulcos e giros, dispostos em lobos frontais, temporais, parietais e occipitais. Ai também se situa o Hipocampo – “ex Corno de Amon” – que representa uma porção do arquicórtex, com funções importantíssimas na memória e no comportamento – importante também na pesquisa de Corpúsculos de Negri, na Raiva).

Secção do tronco encefálico para

Colher amostras para EEBovina

Secção do encéfalo para

Colher o hipocampo na Raiva bovina

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Processamento Histológico -

Princípios

Ver só não é suficiente, o importante é também

fazer...

Vários são os métodos de estudo utilizados em Patologia. Dentre eles destacam-se os estudos macro e microscópico das doenças, que constituem o meio mais tradicional de análise, tanto no que diz respeito à investigação como à elaboração de diagnósticos. Materiais diversos podem ser estudados à partir de exames citológicos ou anatomopatológicos provenientes de biópsias, peças cirúrgicas ou necropsias. Assim, as principais etapas envolvidas no processamento dos tecidos podem ser esquematizadas como a seguir:

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Rotina do Setor de Neuropatologia do Laboratório de Saúde Animal do IMA

1. Recebimento e catalogação das amostras recebidas 2. Processamento histológico das amostras 3. Estudo histopatológico e definição de diagnósticos 4. Elaboração de Laudos técnicos 5. Encaminhamento dos resultados para alimentar o banco de dados do

Ministério da Agricultura, via DDX – SNC (já devidamente instalado)

Colheita e remessa de material: Os espécimes destinados aos exames podem ter origens variadas (Biópsias cirúrgicas: ablativas ou excisionais, ou incisionais; ou endoscópicas; por agulha (punção); curetagens, por colposcopia e com ou sem ultra-sonografia, e oriundas das Necropsias).

Quando o material obtido é proveniente de animais mortos, a colheita do material e a necropsia devem ser realizados o quanto antes possível após a morte do animal, a fim de diminuir o efeito da autólise sobre os tecidos.

O material a ser colhido deve ser bem representativo e tratado de maneira adequada. Não é necessário que o tamanho seja exagerado. Com o auxílio dos recursos disponíveis atualmente, fragmentos às vezes reduzidos são suficientes para uma eficiente análise diagnóstica, desde que sejam coletados de locais apropriados e processados convenientemente.

Os instrumentos utilizados para obtenção do material devem estar devidamente ajustados. Se a porção cortante do instrumento não estiver em condições adequadas, fatalmente podem ser produzidas lesões nos tecidos, o que pode acabar por prejudicar a análise microscópica. Dessa maneira, as facas a serem utilizadas devem estar bem amoladas e afiadas a fim de evitar efeitos indesejáveis sobre os tecidos.

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Cuidados especiais devem ser adotados com as peças grandes (cirúrgicas) e com aquelas provenientes de necropsias, que devem ser previamente clivadas a fim de reduzir sua espessura para que possa ocorrer a penetração adequada do agente fixador. Os órgãos ocos (Ex: intestinos) devem ser abertos para possibilitar melhor preservação da parte interna (mucosa). O material obtido deve ser colocado em meio fixador o mais rapidamente possível, principalmente quando proveniente de cadáveres, devido ao desenvolvimento rápido de alterações autolíticas nos tecidos. Exceção deve ser feita para o material destinado a exames por congelação ou para procedimentos especiais. O material a ser remetido para o laboratório deve ser acondicionado adequadamente em recipientes de boca larga para que se evite deformidades por vezes irreversíveis nos tecidos. Peças achatadas ou biópsias de certos órgãos podem ser previamente aderidas em placas de cortiça ou de papelão com a finalidade de evitar dobras ou retrações nos tecidos. Os recipientes devem conter uma camada de algodão no fundo e fixador em volume 10 a 20 vezes o volume do material a ser fixado. Pode eventualmente haver necessidade de se colocar uma camada adicional de algodão por sobre o material se este estiver flutuando no fixador (Ex: pulmões, medula óssea, tecido gorduroso, etc.). Todo material destinado a exames citológico ou anatomopatológico deve ser acompanhado de dados relativos ao remetente, procedência, identificação do animal, além de informações clínicas relevantes (quando disponíveis), resultados de exames complementares realizados e suspeitas. É de extrema importância que seja anexada ainda uma cópia do laudo anatomopatológico. Os recipientes contendo o material devem ser rotulados com letra legível e convenientemente fechados a fim de evitar perdas do fixador por evaporação (pode-se pingar parafina derretida ou passar fita adesiva em volta da boca do recipiente).

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FIXAÇÃO: Fixadores são substâncias químicas que mantêm a integridade dos tecidos após a morte, sem que ocorra alteração da estrutura celular. A fixação tem como finalidades principais:

• Evitar ao máximo possível as alterações da constituição química das células;

• Inativação de enzimas proteolíticas o quanto antes pois estas são as responsáveis pelo processo de autólise;

• Preservação dos vários componentes tissulares e celulares; • Fixação de proteínas (coagulação) e endurecimento dos tecidos; • Proteção dos tecidos moles, por meio do endurecimento, no

manuseio e processamento técnico posterior; • Possibilita melhoria da diferenciação óptica dos tecidos; • Possibilita o estudo das células ou tecidos como se estes

estivessem vivos no momento da análise.

A fixação completa e adequada dos tecidos a serem analisados é a base de uma boa preparação histológica. Para que isso aconteça é necessário que sejam obedecidos alguns princípios, alguns dos quais já citados anteriormente.

• Rápida fixação do material após a sua colheita; • Volume adequado de fixador (10 a 20 vezes o volume do material a

ser fixado); • Evitar a adesão de pequenas peças no fundo do recipiente que

contém o fixador (principalmente as provenientes de punção por agulha); • Escolha adequada do fixador ( para que essa escolha seja feita é

preciso que se leve em conta a velocidade de penetração nos tecidos e a natureza do exame a ser realizado). Há fixadores que apenas podem ser utilizados para pequenos fragmentos de tecidos (Ex: álcool, éter, etc.) ao passo que outros podem ser usados para fragmentos maiores (Ex: aldeído fórmico, Zenker, etc.), já que possuem maior poder de penetração. De maneira geral, por melhor que seja o fixador utilizado, sempre ocorre um certo grau de contração com diminuição do volume do tecido (entre 20 a 40%), dependendo do fixador empregado.

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Os fragmentos de tecido devem ter espessura adequada para permitir a penetração rápida do fixador. Assim sendo, é aconselhável que não tenham mais que 5mm de espessura. O tempo mínimo para fixação de uma amostra com essa espessura é de 12 horas. A duração da fixação, além de sofrer influência da espessura do fragmento a ser fixado varia também de acordo com o tipo de fixador, tamanho da peça, constituição do tecido, objetivos a serem pesquisados e temperatura. Na prática, a fixação pode ser feita à temperatura de laboratório mas, quando se eleva essa temperatura para 37° a 40°C, consegue-se maior rapidez no processo pelo aumento do poder de penetração do fixador. Certas preparações requerem, no entanto, penetração lenta para possibilitar melhor preservação estrutural recomendando-se, nesses casos, resfriamento entre 0 e 6°C. O fixador utilizado universalmente é o formaldeído a 4% (ou seja, formol bruto a 10%) mas, dependendo do caso e conforme a necessidade de realização de técnicas especiais, outros fixadores podem ser usados (Ex: álcool, fixador de Zenker, Bouin, glutaraldeído, etc.). É aconselhável que o patologista seja consultado sempre que houver dúvidas quanto ao tipo de fixador a ser utilizado e às condições de fixação. - As fórmulas dos dois mais utilizados e algumas observações são apresentadas a seguir:

Formol tamponado neutro a 10% - fixador de escolha (fixação em doze a vinte e quatro horas)

Formalina comercial (aldeído fórmico 37-40 vol.) 100,0 ml Água destilada 900,0 ml Fosfato de sódio monobásico 4,0 g Fosfato de sódio bibásico 6,5 g

Corrigir o pH para 7,5 utilizando papel indicador e NaOH a 10%.

Formol salino a 10% (fixador substituto para campo)

Formalina comercial (aldeído fórmico 37-40 vol.) 100,0 mlCloreto de sódio (sal comum) 9,0 gÁgua comum filtrada 900,0 ml

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DESIDRATAÇÃO: Chama-se desidratação o processo de retirada de água do interior das células. Toda e qualquer amostra de tecido deve, obrigatoriamente, sofrer uma desidratação progressiva antes de ser tratada pelo álcool absoluto pois, se isso não for feito, poderá ocorrer desidratação rápida e violenta, condicionando danos estruturais às células, às vezes irreversíveis, além de ocorrer precipitação das proteínas da membrana celular, o que poderá impedir a correta penetração dos diferentes corantes e solventes no interior da células. A desidratação completa dos tecidos é essencial para que haja infiltração adequada de parafina na etapa de inclusão do material, tendo em vista que parafina e água não se misturam. A substância mais comumente utilizada nesta etapa é o álcool, sendo este empregado em série crescente (70%⇒80%⇒90%⇒álcool absoluto) para que se possa prevenir a ocorrência de retrações exageradas dos tecidos e danos celulares irreversíveis. O álcool isopropílico pode ser utilizado em substituição ao álcool absoluto quando necessário, no entanto, este último deve ser sempre preferido. A eficiência do processo depende basicamente da quantidade de álcool e do número de banhos. O volume de álcool a ser utilizado deve ser sempre 10 a 20 vezes superior ao volume da peça.. Normalmente são necessários três banhos com álcool absoluto para uma desidratação eficaz dos tecidos. Além do álcoois absoluto e isopropílico, outras substâncias podem ser utilizadas no processo como por exemplo os álcoois butílico, metílico, a acetona, o éter, o clorofórmio ou ainda o óxido propileno. DIAFANIZAÇÃO OU CLARIFICAÇÃO: A diafanização consiste na infiltração dos tecidos por um solvente de parafina que seja desalcoolizante ao mesmo tempo. Tenda em vista que a parafina é imiscível tanto em água como em álcool, é necessário que ambos sejam totalmente removidos do material a fim de que a parafina possa infiltrar adequadamente nos tecidos. O solvente utilizado no processo passa então a preencher os espaços ocupados anteriormente pela água e gordura permitindo, dessa maneira, que a parafina penetre nos interstícios dos tecidos na etapa seguinte do processamento.

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A denominação clarificação, também usada para designar o processo de desalcoolização e infiltração do solvente de parafina, deve-se ao fato de os tecidos ou peças assim tratadas tornarem-se semi-translúcidas ou praticamente transparentes. Para a diafanização deve-se usar o solvente em volume que corresponda 10 a 20 vezes o volume da peça. O processo tem duração aproximada de 1 a 2 horas (até que a peça fique clara), variando conforme as dimensões, constituição do material e temperatura. O solvente utilizado universalmente nas infiltrações em parafina é o xilol, que promove a retirada completa da água, do álcool e ainda da gordura presente no material tornando os tecidos transparentes rapidamente. Além desse, outros solventes indicados para esse processo podem ser citados como o toluol, clorofórmio, óleo de cedro, benzol ou benzeno (também muito utilizado como agente diafanizante nas técnicas de rotina) e salicilato de metila. IMPREGNAÇÃO: A impregnação dos tecidos se faz usualmente por meio de parafina. A finalidade desse processo é a eliminação completa do solvente contido no material (utilizado durante a etapa de diafanização) e a infiltração de parafina nos espaços vazios presentes nos tecidos, os quais eram anteriormente ocupados pela água e gordura. De maneira geral, a parafina é empregada a uma temperatura de 56 a 60°C. Temperaturas superiores devem ser evitadas devido à possibilidade de ocorrência de retração excessiva e danos aos tecidos. As peças são postas em recipientes contendo parafina na temperatura indicada, em estufa, durante 1 hora ou mais, conforme o tipo de tecido. À seguir, transfere-se o material para novo banho de parafina, na mesma temperatura. A esta etapa segue-se aquela de inclusão propriamente dita do material.

A parafina constitui o melhor material para inclusão dos espécimes sendo que esse método oferece muitas vantagens como, por exemplo, a possibilidade de conservação dos blocos por tempo indeterminado.

O processo de inclusão ocorre logo após a impregnação do material da seguinte forma:

• Confecção de moldes para inclusão, ou seja, caixinhas apropriadas de papelão ou papel comum (podem também ser utilizadas formas plásticas de geladeira);

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• Fixação do material com pequena quantidade de parafina aquecida (entre 56 e 60°C) no fundo do molde (a orientação do tecido colocado no fundo do molde é de grande importância porque conforme a sua posição serão orientados os cortes no mesmo sentido);

• Uma vez resfriada a parafina e fixado o tecido no fundo da caixinha ou forma, completa-se o volume do molde com parafina bem derretida (56 a 60°C) até enchê-lo por completo;

• Resfriamento do bloco que deve ser tão rápido quanto possível para impedir a cristalização da parafina. É importante que se transfira o material a ser incluído diretamente do último banho de parafina para o molde de inclusão, o quanto antes possível, para evitar que se forme vácuo em volta do material e que posteriormente este venha a se soltar durante o processo de microtomia. Outras massas de inclusão são também utilizadas tais como as parafinas compostas (parafina + cera de abelha; parafina + cera de carnaúba, etc.), gelatina, celoidina, goma arábica e araldite para microscopia eletrônica. MICROTOMIA: Microtomia compreende a obtenção de cortes dos tecidos sendo executada em aparelhos especiais denominados micrótomos. Esses variam de acordo com os fabricantes mas sempre têm como fundamento duas peças principais: o suporte ou Mandril (local onde o bloco a ser cortado é fixado) e a navalha. Há micrótomos para cortes de blocos de parafina e celoidina, de congelação e criostático. Esses aparelhos, de acordo com sua fabricação, podem funcionar com a peça fixa e a navalha móvel ou com a navalha fixa e a peça móvel (micrótomo para parafina).

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Micrótomo de parafina (Rotativo): Trata-se de um aparelho destinado a cortar blocos de tecidos incluídos em parafina ou celoidina. Os cortes podem ser obtidos a uma espessura mínima de 1µ sendo que rotineiramente opta-se pela espessura de 5µ. Uma vez preparados os blocos nos quais estão incluídos os tecidos, estes devem ser retirados dos moldes, aparados de modo a retirar o excesso de parafina e nivelados para que apresentem as superfícies planas, bem paralelas tornando-se então adequados para serem fixados no micrótomo. À seguir, os blocos são montados sobre os chamados “suportes de blocos”, os quais devem ser previamente aquecidos em bico de Bunsen sendo que posteriormente sua superfície riscada é acoplada à superfície dos blocos de parafina de maneira a fixá-los nesses suportes. Momentos antes de serem cortados, os blocos (acoplados ao suportes) devem ser postos sobre gelo de modo a tornarem-se mais endurecidos, o que facilita o processo. Uma vez gelados, os blocos são então fixados no micrótomo para que se possa proceder a obtenção dos cortes sendo que essa operação pode resumidamente ser esquematizada como a seguir:

• Aproximação do bloco em direção à navalha do micrótomo girando-se lentamente a manivela que aciona as manobras de corte;

• Obtenção de fitas a uma espessura de 10µ até que a superfície de corte adquira aspecto regular, incluindo toda a extensão do segmento de tecido;

• Ajuste da espessura de corte para 5 µ (ou para a espessura que se deseja) e obtenção das fitas de cortes definitivos;

• Recolhimento das fitas e passagem destas para uma vasilha (banho-maria) contendo água quente (temperatura em torno de 40-45°C). Esse procedimento tem a finalidade de promover a distensão dos cortes. Caso ocorra o aparecimento de bolhas nos cortes, estas devem ser retiradas com o auxílio da compressão de um pincel;

• Transferência dos cortes distendidos para lâminas de vidro limpas e desengorduradas.

Após a transferência dos cortes para as lâminas, estas devem ser colocadas em estufa para que possam secar e possibilitar melhor aderência dos cortes. As lâminas devem permanecer em estufa de preferência de um dia para outro ou, caso isso não seja possível, por no mínimo trinta minutos.

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A “albuminização” prévia das lâminas possibilita melhor adesão dos cortes nas mesmas. Isso pode ser feito de maneira simples utilizando-se pó de gelatina adesiva dissolvida à quente em água destilada (1 g de gelatina para 100 ml de água destilada). A solução assim preparada deve ser gotejada no banho onde os cortes serão distendidos e, quando estes forem montados nas lâminas, levarão consigo a gelatina.

Há vários fatores que podem determinar o aparecimento de defeitos nos cortes. Esses fatores podem estar relacionados ao modo de preparação dos blocos, à qualidade da parafina, da navalha, tipo do tecido, etc.

De maneira geral, pode-se dizer que quando os cortes têm tendência para se enrolarem, a parafina está muito dura ou o ambiente é muito frio, ou ainda, os cortes podem estar muito grossos. Se a tendência é para se enrugarem, a infiltração de parafina não foi perfeita ou a navalha está cega, ou ainda a parafina é muito mole. Quando os cortes são riscados ou separados em tiras, pode-se suspeitar de aderência de parafina ou de dentes na navalha.

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COLORAÇÕES: Colorações são técnicas tintoriais utilizadas para facilitar o estudo dos tecidos à lua da microscopia. Apresentam importância especial em histologia, pois os tecidos não tratados têm pouca diferenciação óptica. Os corantes podem, de maneira geral, ser classificados em:

• Ácidos: coram formações básicas (citoplasma celular); • Básicos: coram formações ácidas (núcleo); • Neutros: formados pela associação de um corante ácido com um

básico . Um exemplo de corante neutro é o Eosinato de azul-de-metileno (Giemsa) que cora ao mesmo tempo o citoplasma (eosina) e o núcleo (azul-de-metileno). Coloração metacromática é aquela na qual um mesmo corante (denominado metacromático) confere cores diferentes a estruturas diversas. Como exemplo pode-se citar a coloração por Azul de toluidina, que cora em vermelho a substância amilóide, apesar de ter cor azul. Entende-se por coloração diferencial aquela na qual se opta pela utilização de corantes específicos, ou seja, aqueles que coram especificamente determinados tecidos ou estruturas celulares. Os tecidos restantes ou estruturas não coradas pelos mesmos são coradas por meio de contracorantes. A técnica de coloração universalmente utilizada para as análises de rotina é a de HE (Hematoxilina-Eosina), sendo que a hematoxilina cora os elementos basófilos nucleares e citoplasmáticos e a eosina cora as estruturas citoplasmáticas acidófilas. No entanto, com freqüência há a necessidade de utilização de colorações especiais ou histoquímicas (uma reação é considerada histoquímica quando é específica para determinada substância ou grupo químico). No quadro mostrado à seguir estão listadas as principais colorações utilizadas e as estruturas ou produtos que são por elas corados:

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Colorações e principais estruturas/ substâncias coradas

Colorações Estruturas coradas Hematoxilina-eosina Coloração histológica universal Método de Papanicolau Coloração citológica universal Tricrômicos (Gomori, Masson, Mallory) Fibras colágenas, músculo Verhoeff-van Gieson Fibras elásticas, colágeno, músculo Impregnação pela prata Fibras reticulares, melanina, axônios,

placas neuríticas, emaranhados neurofibrilares

Prata (método de Fontana) Melanina Prata (método de Grocott ou GMS) Fungos, corpúsculos de Donovan, bacilos

diversos Ácido periódico-Schiff (PAS) Glicogênio, mucopolissacárides,

membrana basal, fungos, parasitas Alcian blue Mucopolissacárides Azul-de-toluidina Mucopolissacárides e outras substâncias

metacromáticas Giemsa Células sangüíneas, leishmânia, bacilos

espiralados Wade e Ziehl Neelsen B.A.A.R. Ferrocianato de potássio (Perls) e Azul da Prussia

Hemossiderina

Vermelho-congo, cristal-violeta Amilóide von Kossa Cálcio Sudan Lípides Dopa Melanina (precursor) Orceína Fibras elásticas Levaditi e Warthin-Starry Espiroquetas Carbolfucsina Bactérias espiraladas Grimelius Células APUD Ácido rubeânico Cobre, ácidos graxos Hematoxilina ácida fosfotúngstica Músculo estriado, fibras gliais Azul-de-Tripan ou de-metileno Colorações vitais Cresil-violeta Corpo celular de neurônios Weil-Weigert Mielina Golgi Dendritos

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MONTAGEM DAS LÂMINAS: A montagem das lâminas tem a finalidade de conferir proteção aos tecidos corados mediante a utilização de finas lâminas de vidro (lamínulas) sobre eles. Os cortes corados não suportam a dessecação, fazendo-se necessária a interposição de um meio de montagem entre a lâmina (onde está aderido o corte) e a lamínula. Algumas características devem estar presentes em um bom meio de montagem, entre elas:

• Transparência para satisfazer as condições de observação; • Eficiência para assegurar da melhor maneira possível a conservação

das preparações; • Capacidade de aderir lâmina e lamínula entre si (os meios de

montagem que não se solidificam não apresentam essa propriedade. Ex: glicerina).

O meio de montagem mais comumente utilizado na rotina dos laboratórios é o Bálsamo do Canadá (natural ou sintético).

Em situações em que se deseja uma observação rápida do material sem a necessidade de conservação posterior do mesmo, pode-se optar pela utilização de uma gota de glicerina entre o corte e lamínula. No entanto, de maneira geral, prefere-se a utilização de montagens mais ou menos permanentes.

Após o processo de montagem das lâminas procede-se à secagem (que pode ser feita em estufa), após o que as mesmas estão prontas para serem examinadas à luz da microscopia.

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Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

Encefalopatia Espongiforme

Bovina

Existem pelo menos 25 Doenças que se

caracterizam pela deposição de proteínas

desnaturadas nos tecidos, mas só as EET são

infecciosas

Anilton Cesar Vasconcelos, PhD Professor Adjunto

Dept. Patologia Geral Inst. Ciências Biológicas

UFMG, Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected].

Belo Horizonte, MG

Luciana Moro, DS Professora Adjunta

Dept. Patologia Geral Inst. Ciências Biológicas

UFMG, Telefone: 3499 2897

E-mail: [email protected] Belo Horizonte, MG

Eurípedes Batista Guimarães, DSProfessor Adjunto

Dept. Méd. Veterinária UFMS,

Telefone: 67 345 3615 E-mail: [email protected]

Campo Grande, MS

As encefalopatias espongiformes transmissíveis

Grupo de enfermidades neurodegenerativas de evolução lenta com êxito fatal, de ocorrência esporádica (por mutações no gene PrP) ou familiar (herança de gene mutante) ou ainda transmissível (contato com a proteína infecciosa).

Até recentemente eram classificadas como “viroses não convencionais de evolução lenta” (ou “Unconventional slow viruses”) por causa de seu longo período de incubação e da etiologia ainda não conhecida adequadamente (Kimberlin, 1990).

Uma forma anormal de uma proteína cerebral abundante chamada Prion (PrP) é considerada como o agente etiológico, capaz de transmitir as doenças. Essa forma anormal aparentemente modifica as PrP’s normais para a configuração anormal, criando uma corrente de amplificação que determinará mais tardiamente a doença.

Em 1997, o Dr. Stanley Prusiner ganhou o prêmio Nobel de Medicina, após mais de 30 anos estudando o que hoje se considera um novo tipo de agente infeccioso – o prion (Protein Infectious Only Hipothesis) ou proteína infectante. Derruba-se mais uma vez um dogma da biologia – o de que todos os agentes infecciosos, para ter capacidade de infectar e proliferar, deveriam conter Ácidos Nucléicos onde estaria armazenada a informação necessária...

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Os prions são os mais simples e os menores agentes infecciosos, não possuem ácidos nucleicos (DNA nem RNA). São proteínas infectantes com configuração 3D aberrante que catalizam essa mesma configuração aberrante em proteínas similares normais - PrPc (com a mesma seqüência de Aminoacidos) do hospedeiro. Não induzem resposta imunológica, são resistentes aos métodos de descontaminação ambiental e são altamente infectantes dentro da mesma espécie - 1 mg PrPSc de Hamster mata 1010 Hamsters.

O prion normal é uma glicoproteína captadora de cobre, de 33-35 kD, presa à superfície externa da célula por uma âncora de GPI. Está concentrada em domínios ricos em colesterol e esfingolípides (domínios resistentes a detergentes). É expressa por todos os vertebrados; e seqüência é amplamente conservada sugerindo um papel essencial no metabolismo normal; sendo codificada pelo gene prp.

As funções de PrPc não estão totalmente esclarecidas: Regulação de genes envolvidos na proliferação e sobrevivência celulares - inibe apoptose; Proteção contra desmielinização e degeneração das células de Purkinge; Ligação à caveolina-1 e recrutamento de cinase Fyn (transdução de sinais); Regulação da concentração de cobre; Regulação da concentração pré-sinaptica de cobre e envolvimento na transmissão sinaptica; Atividade da superóxido dismutase; Proteção contra o estresse oxidativo; Ligação a ácidos nucleicos, particularmente RNAm e regulação de seu metabolismo; Envolvimento em reações mnemônicas e em processos cognitivos; A expressão normal do gene prp está envolvida com a quantidade e a qualidade das mitocôndrias; PrPc participa da regulação da homeostasia do cálcio; Importante na função dos receptores de Ach.

Há várias amostras diferentes de prion determinando diferentes período de incubação, lesão e sintomas.

O PrPc (inócuo) quando transforma-se no PrPsc (lesivo, causador de doenças) modifica a sua estrutura 3D, aumentando o pregueamento β de 3% a 30% se tornando mais denso e estável, e muito resistente à altas temperaturas, à irradiação com UV e às proteases e solventes orgânicos.

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O acúmulo de PrPsc leva à agregação de fibrilas semelhantes ao amiloide que desconecta axônios de dendritos, causando apoptose neuronial e perda de celularidade na substância cinzenta do encéfalo (espongiose, inclusive).

O prion se distribui em vários tecidos (Sistema nervoso, Músculo, coração, Útero, testículos, rins, pulmão, baço, Linfócitos, Monócitos, Plaquetas, Células endoteliais, Plasma (2/3 da PrPc do sangue), Células de Langehans, Ceratinócitos, Células dendríticas, Linfócitos (que estão presentes no leite). A pasteurização não destroi a proteína PrP. Mas ainda não há evidencias de transmissão pelo leite. Oesch et al., (1985) Metodologia: Expressão de RNA do PrP.

Várias são as vias de transmissão das encefalopatias espongiformes transmissíveis: Oral, Transplacentária, Pele (roedores) - Cosméticos (?), Iatrogênica, transfusão de sangue, cirurgias (principalmente de SNC, tecidos oftálmico e linfóide), enxertos de dura mater, transplantes de órgãos (?), injeções de extrato hipofisário, administração parenteral de produtos de origem humana, Instrumental médico (tonômetro, endoscopia gastrintestinal) e odontológico (?).

EEnncceeffaallooppaattiiaass EEssppoonnggiiffoorrmmeess TTrraannssmmiissssíívveeiiss nnooss AAnniimmaaiiss

Scrapie ou Paraplegia Enzoótica dos ovinos e caprinos De ocorrência Mundial (mais raramente em caprinos)

Doença da Vaca Louca ou EEB Inicialmente limitada à Europa, até então, decorre da utilização de farinha de carne,

de sangue e de ossos produzidos a partir de resíduos de ovelhas com Scrapie

Escefalopatia transmissível da marta ou vison

Rara, atingindo esporadicamente a América do Norte e Europa

Doença crônica consumptiva dos cervos e Alces

Rara, atingindo esporadicamente a América do Norte (Colorado e

vizinhanças)

Escefalopatia espongiforme dos felinos Já descrito na Inglaterra

Escefalopatia espongiforme de ungulados exóticos Acomete Elande, nyala, etc... Já descrito na Inglaterra

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Os primeiros casos da Encefalopatia Espongiforme Bovina ocorreram em vacas leiteiras suplementadas com proteínas de origem animal (Scrapie!), em abril de 1985. (Wells et al., Vet.Rec.121:419-20, 1987)

A Contaminação provavelmente ocorreu em 1981/82, com a diminuição de solventes no processamento industrial dos produtos de origem animal e com os surtos de Scrapie nas ovelhas...

CCaarraacctteerrííssttiiccaass EEppiizzoooottiioollóóggiiccaass ddaass EEnncceeffaallooppaattiiaass EEssppoonnggiiffoorrmmeess • Longo período de Incubação (3 a 5 anos/bovinos) • Curso clínico relativamente curto (semanas a meses) • Êxito Fatal • Ocorrência esporádica (mutações no gene PrP) ou familiar (herança de

gene mutante) ou ainda transmissível (ingestão ou inoculação da proteína infectante, o PrPsc )

• Controvérsias sobre “barreira entre espécies” • Inexistencia de métodos de triagem

CCaarraacctteerrííssttiiccaass CCllíínniiccaass ddaass EEEETT nnooss BBoovviinnooss • Alterações do comportamento

(Agressividade, nervosia, apreensão).

• Hiperestesia, Hipermetria. • Ataxia Cerebelar Progressiva • Tremores • Instabilidade postural e na

marcha

DDiiaaggnnóóssttiiccoo DDiiffeerreenncciiaall ddaass EEEETT nnooss BBoovviinnooss

Animais muito jovens (Alterações congênitas) – normalmente não afetados pela EEB:

Doença Idade/Faixa Sintomas Lesões

Hidrocefalia Neonato Mogidos contínuos, Incapacidade de se manter em estação.

Abaulamento cranial, ventrículos do SNC

dilatados. Hipoplasia cerebelar

Neonato Incoordenação, visão comprometida, Incapacidade de se

manter em estação.

Cerebelo menor ou ausente

Hipomielinogenese congênita

Neonato Esporádica, Ataxia progressiva, decúbito.

Ausencia de mielina na Subst. branca

Abiotrofia cerebelar

≤ 6 meses Esporádica, Ataxia, decúbito, dismetria, movimentos rítmicos

com a cabeça.

Degeneração neuronial cerebelo

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Alterações metabólicas Doença Idade/Faixa Sintomas Lesões

PolioEncefalo -malacia

Jovens confinados

Diarréia, nistagmo, decúbito, cegueira, opistótono, movendo orelhas, convulsões terminais,

coma.

Necrose da substancia cinzenta do encéfalo (NCC)

Cetose Vacas leiteiras de alta produção com déficit energético

Emagrecimento, lamber-se incessantemente, ranger de

dentes, salivação, incoordenação, andar em círculos, pressão da

cabeça em obstáculos, tremores e tetanias.

Esteatose Hepática

Febre Vitular Vacas leiteiras no periparto

Excitação inicial, espasmos/ tetania, decúbito esternal,

hiporreflexia, midríase, decúbito lateral, inconsciencia, coma.

Não há lesões

Encefalites Doença Idade/Faixa Sintomas Lesões

Raiva Todas idades Paralisia, Mogidos contínuos, sialorréia, tenesmo, constipação.

Panencefalite não supurada, e inclusões intracitoplasmáticas

(Negri) Herpes Bovino 5 Jovens Febre, dor abdominal,

pressão da cabeça em obstáculos, andar em

círculos, paralisia flácida da lingua e depressão.

Meningoencefalite não supurada, com vasculite, necrose neuronial e

inclusões intranucleares acidofílicas em neuronios e

astrocitos. Febre Catarral

Maligna Adultos Esporádica, bovinos

criados com ovinos, principalmente na época

dos partos, febre, edema das pálpebras, opacidade de córneas, úlceras nas

mucosas, dermatite, incoordenação, pressão da

cabeça em obstáculos, paralisia.

Meningoencefalite não supurada fibrinosa, com manguito

perivascular de mononucleares, vasculite, necrose neuronial e

epitelial, proliferação de mononucleares, inclusões

intranucleares acidofílicas em neuronios e astrocitos.

Listeriose Todas idades Sialorréia, paralisia mandibular, hipoalgesia facial, queda na orelha (unilateral), perda de

reflexo palpebral, andar em círculos, ataxia.

Sem lesão ou com microabscessos marron avermelhados no tronco encefálico. Grumos bacterianos

nos tecidos. Encefalite não supurada

Babesiose Todas idades Febre, depressão, prostração e convulsões.

Córtex do SNC avermelhada (patognomônico!). Edema e

congestão do córtex, B. bovis nos esfregaços (nas hemácias).

Coccidiose Bezerros confinados ou estabulados

Disenteria, ataxia, tremores musculares, cegueira, hiperestesia, convulsões, nistagmo,

opistótono.

Ausencia de lesões no SNC, apenas no tubo disgestivo

(toxinas)

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Intoxicações & Neoplasias

Doença Idade/Faixa Sintomas Lesões

Botulismo Adultos Paralisia flácida ascendente progressiva

Restos de carcaça no tubo disgestivo

Encefalopatia hepática

secundária a Cestrum

laevigatum (Coerana)

Adultos Agressividade e incoordenação. Movimentos de pedalagem, midríase,

opistótono e hiperexcitabilidade. Principio tóxico, hemolítico e de ação direta no sistema nervoso central, é encontrado em maior concentração

nas folhas e frutos verdes.

Proteinúria e cilindruria, urina ácida, edema da

vesícula biliar. hemorragias cardíacas, intestinais, abomasais, renais, subcutâneas e

em serosas

Encefalopatia hepática

secundária a Senecio spp,

Sessea brasiliensis e

Echium plantagineum.

Adultos Agressividade, andar em círculos, ataxia, depressão, tenesmo, diarréia

Edema subcutâneo e nas cavidades, Fibrose

hepática com megalocitose de

hepatócitos, hiperplasia de ductos biliares,

espongiose na substancia branca do

SNC Acidentes Ofídicos

(Crotálicos)

Várias idades Apatia, letargia, mioclonias, paralisia flácida, hiporrflexia, incoordenação

motora, dispnéia.

Sangue incoagulável, congestão e petéquas

renais, hepáticas, pulmonares, cardíacas.

Organo fosforados e carbamatos

Todas idades Esporádicos, sialorréia, diarría, miose, tremores musculares, tetania,

sudorese, ataxia, desorientação, convulsões e coma.

Degeneração dos nervos periféricos e de tratos

da medula espinhal.

Leucose Enzoótica Bovina (Linfossarcoma)

Adultos, mais comum em

vacas leiteiras

Incoordenação dos posteriores e paralisia

Massa esbranquiçada macia tumoral

comprimindo medula espinhal e nas vísceras (linfonodos, miocardio,

rins, abomaso, etc) Ateleia

galazioviana (no RS e SC)

Várias idades Apatia, cegueira, cambaleios, fezes secas, orelhas caídas, abortos e

morte súbita.

Fígado em noz moscada, espongiose na

substancia branca SNC Solanum

fastigiatum (no RS)

Adultos Convulsões epileptiformes periódicas, hipermetria, nistagmo,

opistótono, quedas.

Vacuolização, degeneração e

neuronofagia nas células de Purkinge

Micotoxicose - Diplopia maydis

Várias idades Lacrimejamento, sialorréia, Sem lesões específicas

Micotoxicose - Claviceps paspali

Várias idades outono, Sul

Tremores musculares, incoordenação, ataxia.

Sem lesões específicas

Phalaris spp (Br?)

Adultos Excitabilidade, tremores musculares, incoordenação.

SNC esverdeado, azulado ou acinzentado.

Cynodum dactylon (SC ?)

Várias idades Tremores musculares que se agravam com movimentação, ataxia,

hipermetria, quedas.

Sem lesões aparentes.

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Cronologia dos principais eventos em relação à EEB: 1986 => Detectado o primeiro caso no Reino Unido. 1989 => Detectado o primeiro caso em bovinos importados (Ilhas

Malvinas e Emirado de Omán). 1989 => Primeiro caso nativo fora do Reino Unido (Irlanda). 1990 => Primeiro caso nativo no continente Europeu (Suíça). 1996 => Primeiros casos em humanos de vCJD (Reino Unido). 2001 => Primeiro caso em bovinos nativos fora da Europa (Japão). 2003 => Primeiros casos nativos no continente americano (Canadá e

EUA).

EEnncceeffaallooppaattiiaass EEssppoonnggiiffoorrmmeess HHuummaannaass

Kuru

Papua e Nova Guiné

Doença de Creutzfeldt-Jakob Mundial (1:106/ano)

Nova variante DCJ

Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Scheinker

Mundial (0.1:106/ano)

Insônia Fatal Familiar Mundial

Doença de Alpers Mundial

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Colheita de material para EET: • Fazer necrópsia de todo bovino que morrer com sintomatologia nervosa. • Retirar o encéfalo do crânio cuidadosamente, preservando bem os

componentes do tronco encefálico: Bulbo, ponte e mesencéfalo • Remover os hemisférios cerebrais e cerebelo • Metade dos hemisférios cerebrais e do cerebelo assim como um

fragmento da medula - Acondicionar em gelo e remeter para imunofluorescencia e inoculação em cobaio (para Raiva) e para PCR (para HVB 5).

• O tronco encefálico completo e íntegro, mais a outra metade dos hemisférios cerebrais e do cerebelo assim como o ganglio trigeminal, e a rede admirável - Fixar em formol a 10 ou 20% com volume do fixador pelo menos 10 vezes maior que o das peças e remeter para Histopatologia (para as demais afecções...).

Características Histopatológicas das EET nos Bovinos

• Vacuolização e lise neuronial, restrita à Substância cinzenta.

• Espongiose do neuropilo • No Bulbo: Núcleos:

• do Trato Solitário • do Trato Espinhal do Nervo Trigeminal • Dorsal do Vago • Vestibular Lateral • Formação Reticular

• No Mesencéfalo e áreas paraventriculares do hipotálamo, tálamo e área septal

• Mínima no cerebelo, hipocampo e córtex cerebral.• Deposição de material fibrilar semelhante ao

amiloide • Proliferação de astrócitos • Ausência de reação inflamatória

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Comentários Finais:

As verdadeiras causas do conflito Brasil versus Canadá 2 ou 3 anos atrás foram:

• No auge da crise, em 1990, o Canadá importou 21716 Kgs de resíduos de carne da Inglaterra para ração animal...

• Em Outubro de 2000, a própria Comissão Européia para proteção do consumidor recomendou a não entrada de Produtos de Origem Animal do Canadá na Europa...

• O crescimento das exportações de aviões de pequeno e médio porte da Embraer (Best Buy) do Brasil e a perda de competitividade dos aviões da canadense Bombardier

• O crescimento das exportações de carne do Brasil e a perda de competitividade da carne canadense

• A desconfiança internacional (ou européia) da carne canadense...

Hoje o agronegócio representa para o Brasil uma fração extremamente significativa no Produto Interno Bruto. Criar excedentes exportáveis passou não só a ser lucrativo, mas prioritário. O Brasil já é o maior exportador de soja, café, açúcar, suco de laranja, fumo, carne de frango e carne bovina. Estima-se que as exportações de carne neste ano alcancem a US$ 4,6 milhões, representando um aumento de 10 a 15% em relação a 2003. Assim, o momento atual exige por parte dos países exportadores de carne a garantia internacional de que o produto exportado, assim como o produto comercializado internamente, seja considerado como seguro em termos de doenças de importância econômica e de saúde pública.

Em termos de saúde pública uma das preocupações emergentes em todo o mundo refere-se às encefalopatias espongiformes transmissíveis, grupo de doenças neuro-degenerativas causadas por proteínas (prions) capazes de infectar os indivíduos através da cadeia alimentar.

A recente descoberta da “doença da vaca louca” no Canadá e nos Estados Unidos e suas repercussões no comércio internacional abre novos mercados para o Brasil, que aumentou a confiança nos seus produtos após a vitória na disputa comercial entre Brasil e Canadá, com relação à carne bovina e aos aviões produzidos.

Todo este cenário chama a atenção para a importância de se ter, mesmo com a ausência de casos de encefalopatias espongiformes transmissíveis diagnosticados no país, uma estrutura eficiente de vigilância

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epidemiológica capaz de diagnosticar pronta e rapidamente qualquer caso de doenças de importância em saúde pública.

No início deste ano, o Ministério da Agricultura credenciou o Laboratório de Saúde Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária a participar do processo de vigilância epidemiológica das Encefalopatias espongiformes transmissíveis.

Assim a Secretaria da Agricultura do Estado de Minas Gerais, o próprio Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Universidade Federal de Minas Gerais considera prioridade neste momento a implementação do serviço de diagnóstico em neuropatologia bovina e o treinamento de pessoal técnico, de modo a se contar com uma estrutura plenamente funcional e que permita o diagnóstico pronto e rápido de qualquer caso de doenças neurológicas com potencial zoonótico.

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Raiva

RAIVA Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected]. Belo Horizonte, MG

Infection once inside the skullIs like water within leaking hull

It serves no good purposeBut covers the surface

Meninges are thickened and dull

Raiva é uma doença infecciosa aguda de mamíferos, causada por um Rabdovirus (RNA) caracterizada nos casos típicos por distúrbios mentais, com fase de excitação geralmente seguida de fase paralítica e morte rápida. O vírus de raiva infecta o sistema nervoso central e causa encefalite não supurada letal. É plenamente evitável sendo transmitida geralmente pela mordida de um animal infectado. A maioria dos casos de Raiva nos paises mais desenvolvidos decorre do contato com animais selvagens como guaxumim, jaritataca, morcegos, e raposas. Animais domésticos como gatos, gado, e cachorros correspondem a menos de 10% dos casos informados.

Trata-se de uma das doenças mais antigas que se tem conhecimento.

Aristóteles na Grécia foi o primeiro a fazer a associação entre a mordida do cão doente e a doença humana.

Zinke, em 1804, demonstrou a infectividade da saliva do cão raivoso.

Negri em 1903 descreveu as lesões microscópicas causadas pelo vírus, incluindo o Corpúsculo de inclusão peculiar.

Os sintomas mais precoces da raiva em humanos não são específicos e consistem em: febre, enxaqueca, e depressão geral. Com o progresso da doença, sintomas neurológicos aparecem e podem incluir insônia, ansiedade, confusão, paralisia leve ou parcial, excitação, alucinações, agitação,

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sialorréia, dificuldade de deglutir, e hidrofobia (medo de água). A morte normalmente acontece dentro de dias após o início de sintomas. Importância de saúde pública de raiva:

Mais que 90% de todos os casos animais nos paises desenvolvidos decorrem do envolvimento de animais silvestres; enquanto que antes de 1960 a maioria dos casos envolvia somente animais domésticos. Os principais anfitriões de raiva hoje são os carnívoros selvagens e morcegos.

Hoje em dia, as fatalidades humanas associadas com raiva acontecem em pessoas que não buscam ajuda médica, normalmente porque estavam inconscientes ou desavisados do risco da exposição.

A taxa de letalidade desta infecção é de 100%, i.e. toda pessoa ou animal que adoece morre! Não há cura nem tratamento, só prevenção! Ainda assim, estima-se que 60,000 fatalidades humanas ocorram a cada ano no mundo, o que faz da raiva um das doenças mais significantes e terríveis. Achados de necrópsia na Raiva:

Não existem lesões significativas... Feridas decorrentes de mordidas (de morcegos ou de cães),

congestão de meninges, presença de corpos estranhos no tubo digestivo (indicando parorexia), hiperemia e/ou petéquias nas glândulas salivares submandibulares, intestinos vazios e desidratação podem ser considerados indícios Lesões histopatológicas na Raiva:

São extremamente variáveis na sua extensão e intensidade. Pan polioencefalite não supurada difusa, caracterizada por: • Manguito perivascular de mononucleares (linfócitos e plasmócitos no

espaço de Virchow-Robin, entre folheto da pia máter e vaso, no tecido encefálico);

• Nódulos neuronofágicos de Babes ou de Van Gebuchten – Acúmulo de microgliócitos ao redor de neurônios que estão morrendo (microgliose e neuronofagia);

• Hiperemia ativa patológica (inflamação); • Leptomeningite não supurada (pia máter infiltrada por mononucleares

e hiperêmica); • Lesões difusas, que podem ser encontradas em qualquer área do

encéfalo, mas principalmente no pedículo cerebral, hipocampo, medula e cerebelo.

• A degeneração neuronial e a resposta inflamatória podem ser discretas...

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• Corpúsculos de Negri – Inclusões intracitoplasmáticas, circulares ou ovais, acidófilas, de 2 a 8 µm de diâmetro, encontradas mais freqüentemente nos neurônios piramidais do hipocampo, nas células de Purkinge do cerebelo e nos neurônios ganglionares. Consistem num emaranhado de proteínas virais e celulares acompanhando a infecção viral. Só aparecem no 1/3 final da doença (se animal for sacrificado precocemente, pode ocorrer falso negativo nesta prova...). Algumas amostras do rabdovirus não produzem Corpúsculos de Negri. Algumas espécies animais não mostram Corpúsculos de Negri tão consistentemente como outras (Suínos<Bovinos e cães). Colorações utilizadas para a sua evidenciação: Sellers, Shorr, Mann, May Grunwald, Stoval & Black, Gerlach.

Ganglioneurite trigeminal, precoce (antes mesmo do início dos sintomas) e consistente, caracterizada por intensa proliferação de anfícitos (“satelitose”), infiltração linfoplasmocitária discreta ou moderada e degeneração e morte neuronial.

Sialoadenite linfoplasmocitária difusa moderada – localizada principalmente na submandibular. Histologicamente constata-se hiperemia, hemorragia focal, com infiltrado de mononucleares perivasculares e periductais, além de degenerações e necrose do epitélio acinar mucogênico e da presença do Corpúsculo de Negri nos Neurônios ganglionares interglandulares.

Patogenia da Raiva:

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Alguns dados e fatos referentes ao custo de prevenção da raiva

Embora mortes de raiva humanas sejam agora mais raras, os custos de saúde pública associados com o diagnóstico, prevenção e controle da doença subiu progressivamente ao longo dos anos. Estes custos incluem a vacinação de animais de companhia, programas de controle da doença em animais de produção, manutenção de laboratórios de diagnóstico de raiva, e custos médicos devido à exposição humana à raiva (aproximadamente 40,000/ano, ainda que as estimativas precisas não estão disponíveis).

Quando a raiva se torna epizoótica ou enzoótica numa região, a exposição humana à raiva aumenta rapidamente na área.

As vacinas para prevenir a raiva humana e animal já estão disponíveis a mais de 100 anos. A maioria das mortes de raiva acontece em países com recursos inadequados de saúde pública e acesso limitado para tratamento e prevenção. Estes países também têm poucas instalações dedicadas ao diagnóstico e quase nenhuma vigilância de raiva.

Sub notificação (3 casos notificados para cada 10 casos reais no Brasil) é uma característica de quase toda doença infecciosa em países em desenvolvimento, e o aumento da mortalidade humana não se relaciona necessariamente com o aumento da importância na saúde pública epidemiológica da raiva.

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Diagnóstico Clínico da Raiva:

Em Bovinos: Curso Clínico da Doença: 1,5 a 6 dias, raramente 14 dias, média de 3 dias. Período de Incubação: 2 a 10 semanas, raramente maior que 6 meses Período prodrômico com sintomas vagos e confusos Prurido e lambidas constantes na região da inoculação (mordida do morcego ou do cão) Anorexia, queda na produção de leite estão entre os primeiros sintomas. Bovino raramente tenta morder (diferente dos canídeos!), mas fase inicial pode mostrar agressividade que logo evolui para fase tardia de paralisia. Mudança no comportamento, animal ansioso, inquieto, sem descanso na fase inicial. Excitação sexual, vacas podem tentar repetidamente montar umas nas outras... Tenesmo e movimento de cavar o chão com as dianteiras Mugidos diferentes, mais graves (devido à paralisia dos músculos laringeanos) A paralisia dos músculos da deglutição pode causar disfagia, com sintomas de “engasgado”... O exame da garganta pelo proprietário ou pelo veterinário pode expor o indivíduo à infecção! Temperatura normal ou subnormal (febre não é comum!) Paralisia flácida da Cauda e exposição permanente do pênis no boi. Desidratação rápida, com perda de peso e emaciação. Sialorréia (salivação excessiva!), ranger de dentes (“bruxismo”). Cessação de movimentos rumenais, na fase mais avançada. Fraqueza do trem posterior, com queda, paralisia, movimentos de pedalagem e prostração. Opistótomo e nistagmo

Em Ovinos e Caprinos:

Curso Clínico da Doença: 5 a 7 dias. Período de Incubação: 2 a 17 semanas Prurido e lambidas constantes na região da inoculação (mordida do morcego ou do cão) Anorexia

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Ovino raramente tenta morder (diferente dos canídeos!), mas fase inicial pode mostrar agressividade que logo evolui para fase tardia de paralisia. Mudança no comportamento, animal ansioso, inquieto, sem descanso na fase inicial. Excitação sexual, torção de lábios (“beijando o ar”...). Batendo o chão com as dianteiras Mugidos diferentes, mais graves (devido à paralisia dos músculos laringeanos) A paralisia dos músculos da deglutição pode causar disfagia, com sintomas de “engasgado”... O exame da garganta pelo proprietário ou pelo veterinário pode expor o indivíduo à infecção! Desidratação rápida, com perda de peso e emaciação. Fraqueza do trem posterior, com queda, paralisia, movimentos de pedalagem e prostração. Olhar ausente, opistótomo e nistagmo.

Em Cães:

Curso Clínico da Doença: em torno de 10 dias (Cão e Gato que mordeu e foi mantido sob observação por mais de 14 dias não estava infectante quando mordeu... Esta assertiva só é valida para cães e gatos!). Período de Incubação: 3 a 8 semanas, raramente menor que 9 dias e maior que 8,5 meses 3 Fases bem distintas: Estágio prodrômico, Fase Furiosa e Fase Paralítica Estágio prodrômico com duração de 2 a 3 dias:

Mudança no comportamento, animal procura contato ou foge sem razão Temperatura normal ou levemente aumentada Midríase e reflexo corneal anormal

Fase Furiosa com duração de 1 a 7 dias, raramente 10-12 dias... Irritabilidade e excitabilidade crescentes Hiperestesia (resposta intensa ao toque, à luz e ao ruído) Orelhas levantadas, mais distendidas que o normal. Morde mosquitos ou objetos imaginários ou inexistentes... Reflexo corneal diminuído ou ausente, com olhos sempre abertos e córneas secas. Parorexia (apetite depravado), morde paus e pedras (e pernas...)

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Se aprisionado, morde a corrente, barras da cela ou grades, geralmente quebrando dentes Não sente dor quando machucado ou ferido Tendência a fugir de casa e a brigar com outros cães e outros animais Latidos diferentes, mais graves (devido à paralisia dos músculos laringeanos) A paralisia dos músculos da deglutição pode causar disfagia e hidrofobia (sede mas impossibilidade de deglutir a água causa horror à mesma), com sintomas de “engasgado”... O exame da garganta pelo proprietário ou pelo veterinário pode expor o indivíduo à infecção! Sialorréia (salivação excessiva devido à disfagia!), ranger de dentes (“bruxismo”) Mordida “travada”, com espasmo muscular da mandíbula dificultando largar a vítima. Incoordenação

Fase Paralítica, com duração de 1 a 4 dias

Pode iniciar logo após o estágio prodrômico, com fase Furiosa muito curta ou ausente. A paralisia dos músculos da deglutição pode causar disfagia, com sintomas de “engasgado”... O exame da garganta pelo proprietário ou pelo veterinário pode expor o indivíduo à infecção! Paralisia da mandíbula e Sialorréia. Desidratação rápida, com perda de peso e emaciação. Prostração, queda, paralisia generalizada e morte.

Diagnóstico laboratorial da Raiva: Coleta das amostras: Material Necessário:

Luvas Cirúrgicas descartáveis ou mais espessas (de faxina), Proteção facial (visor plástico ou máscara e óculos de proteção), Facas, pinças, tesouras, serras e/ou serrotes, machadinha, escopro e martelo – tudo de aço inox, esterelizável após o uso!

Amostras a serem colhidas: Fragmento do Hipocampo (antigo “Corno de Amon”), facilmente localizado quando se faz uma incisão perpendicular ao plano ventral do

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encéfalo, ao nível do angulo formado entre os planos ventral do encéfalo e cérebro-cerebelar. Fragmento do Cerebelo Fragmento do Cérebro Gânglio Trigeminal

Sugere-se o encaminhamento de um grupo de fragmentos (2 a 5 g) em formol tamponado neutro a 10%, de outro grupo de fragmentos em gelo e outro em Solução Salina Glicerinada (PBS + Glicerina, em quantidades iguais, com pH 7.0 a 7.3). O veterinário e seus ajudantes devem-se se submeter à vacinação anual profilática contra a raiva. A necropsia não deve ser evitada ou substituída apenas pela abertura do crânio e coleta do material, pois: A necropsia, por si só, não implica em maiores riscos para o veterinário. A necropsia ajuda no diagnostico diferencial

A necropsia permite uma colheita do material mais sistemática

Métodos Laboratoriais disponíveis: 1. Imuno Fluorescência (Ac anti Rabdovirus) – Rápido (resultados em 24

horas ou menos) - Alta especificidade (baixa ou nula ocorrência de Falso Negativo) – Laboratório tem que ser credenciado! Não requer que animal esteja em fase avançada ou terminal (diferente da pesquisa de Corpúsculos de Negri), mas requer que material esteja bem conservado (material encaminhado em gelo).

2. Pesquisa de Corpúsculos de Negri – Tanto em esfregaços de cerebelo e/ou de hipocampo, corados a campo pela técnica de Sellers*, quanto em material (fragmentos de cerebelo e/ou de hipocampo, fixados em formol tamponado neutro a 10%, processados rotineiramente em laboratório para histopatologia – Coloração de Shorr), Requer que animal esteja em fase avançada ou terminal, quando da coleta do material (se animal sacrificado antes do terço final da doença haverá alta incidência de falso negativo! Neste caso deve-se coleta o Gânglio Trigeminal para pesquisa de ganglioneurite com satelitose!).

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Corante de Sellers – Protocolo: - Solução 1: Azul de Metileno 10 g + Metanol 1 Litro - Solução 2: Fucsina Básica 5 g + Metanol 0.5 litro - Misturar 2 volumes da Solução 1 em 1 volume da Solução 2, colocar

em vidro escuro (ou envolto em papel alumínio), bem arrolhado. Deixar em repouso por 24 horas.

- Fazer o clap ou imprint (ou mesmo um esfregaço) do hipocampo e do cerebelo, coloca no frasco com o Corante, conta 5 segundos, retira, deixa secar e examina no Microscópio Óptico

3. Inoculação em camundongos – Método trabalhoso e demorado (Período

de Incubação varia de 5 a 23 dias, Período de Observação vai até 28 dias para poder afirmar Negativo), que pode ser utilizado quando animal foi sacrificado antes da fase avançada ou terminal (dificultando a pesquisa de Corpúsculos de Negri), e quando o material não estiver bem conservado (dificultando a pesquisa de Ac anti Rabdovirus na prova de Imuno Fluorescência).

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BOTULISMO Anilton C. Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected].

Belo Horizonte, MG

As toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum estão entre as mais mortais conhecidas pela humanidade. Uma única gota ingerida pode

paralisar o corpo, incluindo os músculos

responsáveis pela respiração, levando à

morte por asfixia.

Botulismo é uma afecção de natureza tóxico específica, de evolução

geralmente aguda, caracterizada por alterações digestivas e principalmente nervosas (Paralisia flácida ascendente progressiva) resultante da absorção, mais comumente pela mucosa digestiva (mas também pode ocorrer nas feridas) de uma exotoxina produzida pelo Clostridium botulinum.

Etimologicamente o termo "botulismo" é derivado do latim botulus (salsicha), e foi usado pela primeira vez para identificar um quadro tóxico consequente à ingestão de salsichas, em Wildbad, Alemanha, em 1793 (Muller, 1870). Das treze pessoas que ingeriram o salsichão contaminado, todas adoeceram e seis morreram, e o termo Botulismo foi inserido no vocabulário médico. Em 1896, Van Ermengen isolou e descreveu o agente etiológico do Botulismo, a partir de uma peça de presunto cru, responsável por um surto de intoxicação alimentar com três óbitos, em Ellezelles, Bélgica, cuja manifestação clínica era idêntica à das intoxicações provocadas pela ingestão de salsichas.

O Clostridium botulinum, bactéria anaeróbia grande que forma endosporos subterminais e tem a capacidade de produzir gás em meios de cultura. As toxinas botulínicas são as mais ativas que se conhecem, podendo determinar a morte, mesmo em quantidades mínimas.

Todos os animais são suscetíveis à intoxicação botulínica e muitos deles são reservatórios do agente para o homem. A intoxicação humana ocorre, preferencialmente, pelos Clostridium botulinum tipo A, que são encontrados na natureza, no solo e no intestino de herbívoros e de peixes.

Os produtos de origem animal são os mais frequentemente envolvidos em surtos de Botulismo, e dentre estes destacam-se os produtos cárneos, tais como salsichas, salames, presuntos, chouriços e patês. Derivados do leite, enlatados e queijos também são possíveis de provocar a intoxicação botulínica. O mesmo sucede com as conservas de peixes (salmão, sardinhas, tuna, atum e arenque defumado) e de vegetais (espinafre, aspargos, azeitonas, ervilhas, feijão, palmito, molhos de tomate, etc.).

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O botulismo bovino é uma doença grave e bastante difundida no Brasil. Foi descrita pela primeira vez no Brasil no final da década de 60 no Piauí por Tokarnia et al.(1970).

Nos últimos quinze anos a doença causou a morte de mais de 5 milhões de bovinos, principalmente no gado de corte.

Existe uma região da molécula da toxina que se liga às células nervosas, bem como a região que bloqueia a liberação de neurotransmissores - mensageiros químicos que as células nervosas utilizam para se comunicarem entre si e com as células musculares.

A dose letal 50% para ratos inoculados intraperitonealmente é de 0,00625 pg.. Achados de necrópsia no Botulismo:

Não existem lesões significativas... Presença de ossos e/ou de carcaças no tubo digestivo (indicando

parorexia e/ou osteofagia), ossos frágeis caracterizando deficiências minerais, intestinos vazios e desidratação podem ser considerados indícios. Lesões histopatológicas no Botulismo:

Não existem lesões significativas... A absorção da toxina ocorre ao nível das porções superiores do

intestino delgado, atingindo o sistema nervoso periférico, via circulação sangüínea. O resultado da ação da toxina botulínica ao nível neuro-muscular é a paralisia de um músculo ou de grupos musculares, sem produzir necessariamente lesão morfológica. O período de incubação varia usualmente de doze a 36 horas, mas pode ser tão curto quanto seis horas e tão longo quanto oito dias. Diagnóstico clínico do Botulismo:

No homem os sintomas mais freqüentes são: vômitos, constipação, sede, paralisia faringeana, sialorréia (saliva viscosa e espessa), afonia e visão dupla. O indivíduo mantém-se consciente e sua sensibilidade permanece inalterada até se estabelecer a fase de delírio ou o estado de coma. A evolução para a morte pode ocorrer em 24 horas após o início dos sintomas ou em até uma semana, por asfixia em consequência da paralisa dos músculos respiratórios. Os indivíduos que evoluem para a cura manterão os distúrbios nervosos, principalmente os oftálmicos, por aproximadamente seis a oito meses. O prognóstico do Botulismo é sempre grave dado o elevado grau de toxicidade da toxina botulínica.

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Nos bovinos A doença acontece em extensas áreas de pastagens

deficientes em fósforo e está ligada ao hábito dos animais de roer ou chupar ossos".

A maior morbidade e mortalidade ocorrem em vacas em gestação ou lactação, por requerem maior quantidade de fósforo e serem sempre as primeiras a manifestar deficiência. Uma vaca com bezerro novo ao pé tem uma demanda de fósforo 50% superior à de um boi em terminação. A incidência do botulismo tende a reduzir-se no período da seca, quando os déficits protéicos e energéticos dos pastos reduzem a demanda de fósforo e aumenta no período chuvoso, quando a deficiência de fósforo se exacerba, em consequência de um suprimento adequado de proteína e energia, propiciando um desempenho satisfatório dos animais. Sintomas Clínicos

Decorrido o prazo de incubação de 12 horas a 14 dias, os sintomas começam a aparecer e incluem:

• Desaparecimento do tônus muscular • Paralisia dos membros posteriores • Andar rígido ou cambaleante • Pupilas dilatadas • Paralisia lingual e maxilar provocando salivação • Apatia total dos animais • Dificuldade respiratória • Diminuição do peristaltismo

A doença se manifesta por paralisia flácida ascendente progressiva dos

membros, tórax, pescoço e cabeça. Nos estágios iniciais, a doença causa fraqueza muscular seguido de

incoordenação motora dos membros posteriores, caracterizada por andar cambaleante. Posteriormente ocorre paresia que evolui para paralisia flácida ascendente progressiva, afetando inicialmente os quartos traseiros, e progredindo para os dianteiros, cabeça e pescoço.

Os animais afetados tendem a manter-se afastados do rebanho, permanecem muito tempo deitados, levantam-se com dificuldade, quando tocados costumam cair.

Com a progressão da paralisia, o animal não consegue mais se levantar, mas pode permanecer consciente (diferente da raiva) e atento, mantendo o apetite e se alimentando e bebendo água durante certo tempo, quando estes lhe são oferecidos.

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Os músculos da língua e do queixo são freqüentemente afetados. Não há presença de febre e o animal mantém a consciência e a

sensibilidade. Na maioria dos casos, vários animais são afetados. As vacas podem babar e mastigar o alimento por longos períodos por não

conseguirem engolir. Elas ficam deprimidas e também desidratadas por não conseguirem beber água normalmente.

Nos estágios finais da doença, o animal deita-se de lado e, finalmente, sobrevem a morte por parada respiratória. A morte por paralisia respiratória, pode ocorrer poucas horas após o início dos sintomas, ou os animais podem sobreviver por vários dias. A recuperação do animal doente é rara, embora possa acontecer.

A incidência da doença tem aumentado paralelamente à prática de preservação de forragens em grandes rolos individuais, selados por filmes plásticos. Na natureza, os germes que produzem a toxina não se multiplicam, a menos que o oxigênio esteja limitado e o pH esteja acima de 4,5. Estas duas condições ocorrem quando silagens não fermentam corretamente. Silagens de capim, ensiladas em rolos encapados individualmente, tem sido incriminadas como causa de vários surtos de botulismo em bovinos.

Em alguns aspectos, lembram vacas com febre do leite e podem melhorar com cálcio, mas não serão curadas por ele. Os fazendeiros e seus funcionários devem lembrar que estes mesmos sinais ocorrem em casos de raiva.

Sempre usem luvas protetoras ao trabalhar perto da cabeça de um animal com estes sintomas.

O curso da doença depende da quantidade de toxina ingerida. Menos de uma grama de matéria orgânica decomposta e contaminada

pode ter toxina suficiente para matar um bovino de 500 Kg. Infelizmente, nem sempre se sabe quanto da toxina estava presente no

alimento e quanto do alimento foi ingerido pelo animal no momento que os primeiros sinais aparecem. Se altos níveis de toxina foram ingeridos, as vacas ficarão paralisadas e morrerão rapidamente (em horas). Se a quantidade de toxina ingerida for baixa, o curso pode se estender a cerca de 4 dias antes que elas caiam, e a morte demorará mais para ocorrer.

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Diagnóstico laboratorial do Botulismo:

Deve-se enviar o conteúdo gastrointestinal (conteúdo rumenal e um pedaço do intestino delgado com conteúdo), fragmento de fígado e soro sangüíneo.

Somente a identificação da toxina no alimento ou no conteúdo estomacal, através de exame laboratorial, tem caráter absolutamente comprobatório. Prognóstico do Botulismo:

Desfavorável. O índice de mortalidade alcançado é de 80 a 90% Tratamento do Botulismo Bovino:

Não existe tratamento prático e economicamente viável para o animal afetado pela toxina botulínica.

No entanto, a administração de laxativos no início da doença pode ser útil; todavia, não é comprovada a eficácia de qualquer tipo de tratamento adotado. Profilaxia do Botulismo Bovino:

A doença pode ser eficientemente controlada no rebanho mediante a adoção imediata e simultânea de quatro medidas: - Vacinação dos animais - A primeira dose de vacina deve ser aplicada

no início da primavera, antecipando-se ao início das chuvas, quando a incidência do botulismo é maior e repetida uma vez por ano.

- Eliminação da fonte de contaminação - cadáveres em decomposição e ossadas nos pastos devem ser incinerados ou enterrados em vala profunda,

- Mineralização adequada - Recomenda-se, nas primeiras semanas, o emprego de uma farinha de ossos de boa qualidade em um dos lados do cocho e um sal mineralizado rico em fósforo do outro lado.

- Atenção para a qualidade dos alimentos fornecidos aos animais. Características do Clostridium botulinum:

É ubíquo e pode ser encontrado na forma de esporo no solo, na água e no trato intestinal dos animais.

As carcaças em decomposição apresentam condições favoráveis de anaerobiose para o desenvolvimento do Clostridium botulinum e para produção da toxina botulínica, devido à putrefação.

A toxina mais potente que se conhece é a toxina botulínica. O C. botulinum se subdivide em 4 grupos (I a IV).

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• Grupo 1 - inclui as cepas proteolíticas produtoras dos tipos de toxina A, B e F.

• Grupo II representa todas as cepas produtoras de toxina tipo E e as cepas não proteolíticas produtoras dos tipos B e F.

• Grupo III se relaciona com os tipos C e D, associados com intoxicações em aves e mamíferos, mas não em humanos.

• Grupo IV inclui as cepas produtoras da toxina tipo G Existem 7 tipos de toxinas botulínicas (A, B, C1, D, E, F e G), mas as do

tipo C e D são as mais importantes para os bovinos. Nos seres humanos, 62% dos casos se relacionam com o tipo A As fontes de contaminação mais comuns são: • Parorexia e Osteofagia - ingestão de ossos das carcaças para saciar

deficiências nutricionais (Fósforo e/ou proteínas) • Feno e silagem estocados juntamente com carcaças e/ou ossos de outros

animais (pássaros, gatos, etc.) • Camas de frango de má qualidade • Águas contaminadas • Farinha de osso de má qualidade • Infecção de feridas Patogenia e biologia molecular do Botulismo:

A toxina é sintetizada como uma proteína linear de 150 kDa, com uma região em forma de asa, que é clivada proteolíticamente para originar uma cadeia pesada, de uns 100 kDa e una cadeia leve, de 50 kDa, que são unidas por uma ponte de dissulfeto constituindo a forma ativa da toxina.

O efeito tóxico é devido à ação de zinco -endopeptidase desta toxina, que cliva proteolíticamente a sinaptobrevina, inibindo a liberação de acetilcolina, causando uma paralisia flácida, usualmente fatal.

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Necrose Córtico Cerebral ou Pólio Encefalomalacia Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected]. Belo Horizonte, MG

Infection once inside the skull

Is like water within leaking hull

It serves no good purposeBut covers the surface

Meninges are thickened and dull

Síndrome neurológica de ruminantes (principalmente ovinos e bovinos) associada à deficiência de Tiamina e caracterizada por tumefação encefálica e necrose laminar da córtex. Foi descrita inicialmente em 1956 (Jensen et al.) no Colorado e então designada Polioencefalomalácia. Posteriormente foi descrita na Inglaterra, sob a designação Necrose cortical cerebral.

Quadro clínico da Polioencefalomalacia:

Apesar de descrita inicialmente em animais confinados, pode ocorrer

também em animais em pastoreio. A maioria dos casos ocorre nos animais mais jovens (2 a 7 meses/ovinos; do desmame aos 6 até os 18 meses/bovinos), mas é também descrita no Brasil em animais adultos, de maneira mais esporádica. Mudanças bruscas na alimentação (de pasto pobre para pasto bom, ou com suplementação, ou súbito aumento de carbohidratos), administração de antibióticos orais e/ou coccidiostáticos (Amprol plus), privação de água e mesmo ingestão de carcaças (parorexia) tem sido incriminadas como fatores desencadeantes.

Pode ocorrer diarréia precedendo os sinais neurológicos, mas não há febre. Andar cambaleante, ataxia, incoordenação motora, apatia, hiperestesia, tremores musculares, trismo mandibular com ranger de dentes, cegueira parcial ou total, nistagmo, opistótomo, andar em círculos e finalmente decúbito esternal e posteriormente lateral seguido de morte, que ocorre 2 a 3 (as vezes até 12) dias após o início dos sinais.

Os sintomas parecem decorrer do aumento da pressão intracraniana, que acompanha o edema do encéfalo e a necrose dos neurônios.

O tratamento com tiamina (vitamina B1) pode surtir efeito, se iniciado precocemente.

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Achados de necrópsia na Polioencefalomalacia:

Variam conforme a intensidade e a duração da doença. Os encéfalos afetados estão tumefeitos devido ao edema que pode

resultar em achatamento dos giros cerebrais, liquefação cortical (aspecto gelatinoso e amarelado) e herniação da porção caudal (parietal e occipital) do cérebro sob a tenda do cerebelo e do cerebelo caudal (dorsal e dorso-lateral) pelo forâme magno.

As lesões cérebrocorticais variam desde uma pequena alteração na cor da substância cinzenta afetada (durante os estágios iniciais. quando a lesão pode ser visualizada por sua autofluorescência ao UV) até a necrose (liquefação cortical com aspecto gelatinoso e amarelado do tecido afetado em 8 a 10 dias).

Encéfalos de animais que sobreviveram por um período maior de tempo têm tamanhos reduzidos e apresentam áreas quase totalmente desprovidas de córtex e as vezes com pequenos cistos. Nessas áreas apenas uma camada fina de córtex ou apenas as leptomeninges fazem contato com a substancia branca.

Lesões histopatológicas na Polioencefalomalacia: Degeneração e necrose neuronial (eosinofilia, cromatólise, picnose,

dilatação dos espaços perineuroniais e perivasculares -freqüentemente com distribuição laminar), caracterizada por lesão celular isquêmica.

Graus variáveis de espongiose tanto no córtex quanto na substancia branca subjacente, com desmielinização e células de Gitter.

Hipertrofia e hiperplasia das células endoteliais e periteliais de capilares existentes no tecido afetado ou no tecido adjacente.

Manguito perivascular composto de linfócitos, monócitos, plasmócitos, eosinófilos e hemácias.

Congestão e infiltração de células inflamatórias de meninges, principalmente sobre as áreas com NCC.

Com o tempo (após 8 a 10 dias) ocorre necrose de liquefação do córtex cerebral com o aparecimento de células de Gitter

Lesões locais adicionais podem ocorrer no cerebelo no mesencéfalo (nos colículos), no tálamo, no hipotálamo e no núcleo caudato A necrose laminar da corte cerebral não é específica da PolioEncefaloMalacia, e pode ocorrer também na Encefalite por HerpesVirus Bovino (HVB-5) e nos envenamentos por cianetos, por chumbo e por cloreto de sódio (NaCl). No ser humano é conhecida como conseqüência do alcoolismo crônico e designada Encefalopatia de Wernicke.

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Herpes Vírus Bovino 5

Herpes Vírus Bovino 5Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected].

Belo Horizonte, MG

Infection once inside the skull

Is like water within leaking hull

It serves no good purposeBut covers the surface

Meninges are thickened and dull

O herpesvírus bovino tipo 5 (BHV-5) é um alfaherpesvírus associado com meningo-encefalite de curso geralmente fatal, que acomete principalmente bovinos jovens (Studdert, 1989). O BHV-5 foi anteriormente classificado como um subtipo do herpesvírus bovino tipo 1 (BHV-1), mas recentemente foi reclassificado com base em algumas características biológicas e moleculares que o distingue dos isolados respiratórios e genitais do BHV-1 (Roizman, 1992).

Surtos de meningo-encefalite pelo BHV-5 têm sido freqüentemente descritos, principalmente no Brasil e Argentina (Schudel et al. 1986, Weiblen et al. 1989, Salvador et al. 1998).

Os herpesvírus bovinos tipo 1 e 5 são muito semelhantes entre si em aspectos estruturais, biológicos, antigênicos e moleculares (French, 1962, Metzler et al. 1986, Studdert, 1989, Bratanich et al. 1991). A principal diferença entre esses vírus parece estar relacionada à sua habilidade de invadir, replicar no sistema nervoso central (SNC) e causar enfermidade neurológica (Bagust & Clark 1972, Studdert, 1989, Belknap et al. 1994).

Proteção da enfermidade neurológica pelo BHV-5 aparentemente pode ser obtida por imunização com o BHV-5 ou BHV-1, provavelmente devido à extensa reatividade sorológica cruzada entre esses vírus.

Amostras de alfaherpesvírus identificadas como BHV-1 têm sido quase que exclusivamente isoladas de casos de doença respiratória ou genital, enquanto os herpesvírus isolados de casos de doença nervosa têm sido identificados como BHV-5 (Studdert 1989, d'Offay et al. 1995, Roehe et al. 1997, Salvador et al. 1998).

Inoculações experimentais de bezerros, ovinos e coelhos têm confirmado o potencial neuropatogênico dos isolados de campo identificados como BHV-5 (Belknap et al. 1994, Cascio et al. 1999; Silva et al. 1998; Chowdhury et al. 1997, Meyer et al. 1997, Silva et al. 1999).

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A infecção com o vírus envolve contato direto ou indireto com animais infectados. A infecção parece ocorrer por ingestão, inalação e infecção de feridas. A patogenia envolvendo a disseminação axonal para o SNC é compatível com as lesões que incluem encefalomielite não-purulenta, acompanhada por ganglioneurite trigeminal. Corpúsculos de inclusão intranucleares, com características tíntoriais eosinofílicas ou basofílicas, têm sido descritos em neurônios e gliócitos do cérebro.

Sugere-se que a via de infecção natural seja neurogenica ascendente através do nervo trigeminal ou via sistema olfatório. Coelhos inoculados via intranasal com herpes-vírus bovino tipo 5 (BHV-5) freqüentemente desenvolvem enfermidade neurológica aguda fatal. Após inoculação intranasal, o vírus foi inicialmente detectado no bulbo olfatório às 48h, seguido do córtex olfatório às 48/72h. Às 72/96h o vírus foi detectado também no gânglio trigêmeo, ponte e córtex cerebral. Coelhos submetidos à ablação cirúrgica do bulbo olfatório e posteriormente inoculados com o BHV-5 pela via intranasal resistem mais à doença neurológica.

Sintomas da Encefalite por HVB 5:

Tremores, andar em círculos, incoordenação, nistagmo, bruxismo, ataxia, convulsões e depressão profunda seguida de morte.

Achados de necrópsia na Encefalite por HVB 5: Não existem lesões significativas... O SNC pode não apresentar lesões macroscópicas exceto congestão

das leptomeninges.

Lesões histopatológicas na Encefalite por HVB 5: São extremamente variáveis na sua extensão e intensidade. As lesões no SNC freqüentemente incluem degeneração neuronial e

Tigrólise com meningoencefalomielite necrosante não-supurada e ganglioneurite, observando-se:

• Manguito perivascular de mononucleares (linfócitos e plasmócitos no espaço de Virchow-Robin, entre folheto da pia máter e vaso, no tecido encefálico);

• Hiperemia ativa patológica (inflamação); • Leptomeningite não supurada (pia máter infiltrada por mononucleares

e hiperêmica); • A degeneração neuronial e a resposta inflamatória podem ser

discretas... • Corpúsculos de Inclusões intranucleares, não são comumente

detectadas em suínos, mas podem ser encontradas nos neurônios

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astrócitos, oligodendrócitos e células endoteliais do SNC e ganglionares, e nas tonsilas e linfonodos - Colorações utilizadas: Sellers, Shorr, Mann, May Grunwald, Stoval & Black, Gerlach.

• Ganglioneurite trigeminal, precoce (antes mesmo do início dos sintomas) e consistente, caracterizada por intensa proliferação de anfícitos (“satelitose”), infiltração linfoplasmocitária discreta ou moderada e degeneração e morte neuronial.

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.

LISTERIOSE Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

Inst. Ciências Biológicas UFMG,

Telefone: 0XX31 3499 28 87 E-mail: [email protected].

Belo Horizonte, MG

Infection once inside the skull

Is like water within leaking hull

It serves no good purposeBut covers the surface

Meninges are thickened and dull

A listeriose é uma doença infecciosa causada por Listeria

monocytogenes, sendo importante em ovinos, caprinos e bovinos. A listeriose pode ocorrer em três formas:

• Infecção com envolvimento do SNC, • Infecção de animais prenhes associada a abortos e natimortos e • Septicemia que se desenvolve principalmente em animais jovens,

provavelmente como resultado de infecção no útero.

As formas encefalítica e genital raramente ocorrem juntas, nem mesmo num único rebanho de ovinos.

Achados de necrópsia na Listeriose: As lesões macroscópicas usualmente não são detectadas no SNC, mas

quando presentes incluem opacidade das leptomeninges, necrose do tronco encefálico caudal, congestão cerebral e aumento do LCR que pode estar também turvo.

Lesões histopatológicas na Listeriose: As lesões microscópicas são caracterizadas por uma

meningoencefalomielite que tipicamente afeta a sustância cinzenta e a substância branca do tronco encefálico (ponte e bulbo), mas que pode estender-se do diencéfalo a porção caudal do bulbo ou rostral da medula cervical. A menor lesão do parênquima e, provavelmente, a. primeira a desenvolver-se, consiste de agregados frouxos de células da micróglia que se tornam maiores e que contêm números variáveis de neutrófilos. Há necrose precoce e podem-se detectar bactérias nos focos celulares. O próximo estágio é caracterizado pelo predomínio de neutrófilos, necrose tecidual e acumulo de células de Gitter.

Numerosas bactérias (bacilos gram positivos) ocorrem nessas lesões e ao redor delas. Embora os neutrófilos sejam um aspecto característico da

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lesão da listeriose, eles não ocorrem em todas as áreas de inflamação e, ás vezes, há predomínio de macrófagos.

Outras alterações incluem degeneração neuronial (particularmente na ponte e no bulbo) e leptomeningite, que está regularmente presente (na maioria das vezes de forma acentuada) e é caracterizada pela acumulação de macrófagos, plasmócitos, linfócitos e neutrófilos.

Além disso, ocorre neurite periférica que afeta especialmente os nervos e o gânglio trigeminais (ganglioneurite).

Parece que a L monocytogenes invade o organismo através do epitélio oral para ramos do nervo trigeminal. Isso é seguido por migração intra axonal até o gânglio trigeminal e ao cérebro (ponte). Desse ponto, a infecção dissemina-se rostral e caudalmente, O mecanismo exato da infecção por L monocytogenes não é completamente entendido, mas há evidências in-dicando uma correlação entre o grau da resposta imunitária mediada por células e o desenvolvimento de lesões no SNC. Outros fatores citados como contribuintes ao desenvolvimento da doença incluem a presença de listeriolisina (uma hemolisina extracelular produzida por todas as cepas patogênicas de L. monocytogenes) e um fator essencial de virulência, necessário para a multiplicação intracelular do microrganismo nos tecidos do hospedeiro. Embora a imunidade mediada por células tenha sido proposta como o principal tipo de imunidade montada contra L. monocytogenes, a participação da resposta humoral foi também recentemente apontada.

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BABESIOSE Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

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A Babesiose (também conhecida como piroplasmose, febre do

carrapato e água vermelha) é uma doença infecciosa febril de mamíferos (zoonose, ainda que bastante específicas a seu hospedeiro!) causada por um protozoário intraeritrocítico do gênero Babesia (ordem: Piroplasma; Família: Babesiidae) - Babesia bovis e B. bigemina, que occorrem mundialmente (em 120 dos 171 paises, nos 5 continentes) nas regiões tropicais e subtropicais. É transmitida principalmente por carrapatos do gênero Boophilus., mas fômites - agulhas contaminadas e picadas de outros insetos também podem ser incriminados.

A Babesia spp é inoculada

pelo carrapato, cai na circulação e multiplica-se

assexualmente por esquizogonia nas hemacias.

O protozoário causa hemólise, e consequente

anemia hemolítica e hemoglobinuria.

O carrapato ao se alimentar com sangue contaminado se

torna infectado. O protozoário infecta os ovos do carrapato e continua a multiplicar-se no interior

das larvas emergentes. Nas larvas, eles se alojam nas

glândulas salivares, de onde serão inoculados no próximo

hospedeiro bovino.

GARDINER CH, FAYER R, DUBEY JP, An Atlas of Protozoan Parasites in Animal Tissues. Armed Forces Institute of Pathology, Washington, DC, 1998, p. 71

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Sintomas da Babesiose bovina:

O animal fica indócil, tenta permanecer deitado e à sombra. Febre, anemia, anorexia e atonia ruminal, emagrecimento, dorso arqueado e o pêlo arrepiado, dispnéia e taquicardia, hemoglobinuria (urina com coloração vermelho-escura) ocasional, icterícia e frequentemente, morte. Os sintomas usualmente iniciam duas a três semanas após a inoculação pelo carrapato

Impacto econômico da Babesiose bovina:

Fatores de custo incluem: Morte, produção diminuída do leite e de carne, danos no couro, custo de tratamento e prevenção. Custos adicionais são relacionados às medidas do quarantena e de controle tais como a limitação do movimento do gado de zonas endemicas às não-endemicas.

Estima-se uma perda anual de cinco dólares por cabeça devido aos carrapatos e às doenças por eles veiculadas. A América latina experimenta uma prejuizo total de 875 milhões de dólares por ano.

Achados de necrópsia na Babesiose:

Icterícia e/ou palidez na carcaça. O sangue "ralo" (pouco viscoso).

Edema pulmonar ou subcutâneo. Fígado pálido devido à anemia ou alaranjado devido à icterícia. Baço aumentado de volume e friável (esplenomegalia) devido à maior hemocaterese. Bexiga distendida contendo urina vermelho-escura (hemoglobinúria + retenção urinária pelo decúbito). Rins de coloração vermelho-escura (cilindros de hemoglobina nos túbulos e hiperemia intensa).

A "Babesiose cerebral" causada por Babesia bovis, deixa o encéfalo de coloração rósea ou róseo-avermelhada (patognomônico!) devido à intensa hiperemia e adesão dos eritrócitos às células endoteliais. A Babesia bovis expressa uma molécula na superfície das hemacias que provoca a adesão dos eritrócitos às células endoteliais dos capilares e vênulas e assim sequestra o protozoário na microcirculação periférica, um comportamento associado com as complicações cerebrais e vasculares da doença. No SNC, isso resulta em intensa hiperemia, alterando a coloração e também provocando sinais neurológicos.

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Lesões histopatológicas na Babesiose: As lesões microscópicas evidenciam a intensa hemólise. O fígado mostra sinusóides dilatados e hiperemicos, esteatose nos

hepatócitos e intensa colestase (com pigmentos alaranjados nos canalículos biliares).

Nefrose hemoglobinúrica. Os túbulos renais estão cheios de cilindros de hemoglobina.

No cérebro, os capilares estão dilatados com intensa hiperemia. Edema perivascular também pode ser observado. Na coloração por Giemsa, as hemacias podem mostrar-se parasitadas pelo protozoário.

A presença de carrapatos é um importante fator para o

estabelecimento do diagnóstico de babesiose. As amostras de sangue podem ser colhidas da veia jugular, da ponta das orelhas ou da cauda. O número de B. bovis encontrado no sangue circulante (jugular) é muito pequeno quando comparado com o sangue periférico (orelhas e cauda).

Diagnóstico da Babesiose:

O diagnóstico é confirmado pela identificação dos protozoários infectando hemacias em esfregaços de sangue ou cérebro de animais com sintomatologia clínica.

Para se obter os melhores resultados, esfregacos finos de sangue

devem ser apropriadamente corados por Giemsa (solução nova, diluída e filtrada).

A forma dos organismos é variável conforme a espécie de Babesia, podendo ser pequenos (B. bovis) ou grandes (B. bigemina), piriformes, arredondados ou anelares. Infecções mistas também podem ocorrer.

Esfregaços finos de cérebro ou rim podem revelar numerosos organismos dentro de capilares dilatados.

A urinálise mostra hemoglobinúria devido a hemólise intravascular. No sedimento urinário, células renais e cilíndros granulosos (devido à necrose tubular) podem ser observados.

Na babesiose ocorre anemia macrocítica hipocrômica com severa anisocitose, policromasia e metacromasia. Muitas hemacias apresentam corpúsculos de Howell-Jolly.

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A hemolise pelas babésias resulta na presença de merozoítos maduros no sangue, embora seja muito difícil visualizá-los com imunoistoquímica.

Testes sorológicos tais como hemaglutinação, fixação do

complemento, imunofluorescência indireta (IFI) e teste de aglutinação também podem ser úteis para o diagnóstico. Os melhores resultados são geralmente obtidos usando IFI, embora recentemente o teste ELISA, PCR, e o cultivo celular também têm sido utilizados para detectar portadores.

No diagnóstico diferencial, a anaplasmose, uma outra doença

transmitida por carrapatos, é causada por uma ricketsia (Anaplasma spp.) e freqüentemente confundida com babesiose em bovinos. Os organismos invadem as hemacias e podem ser confundidos com Babesia spp. Entretanto, O Anaplasma é bem menor e localizado mais perifericamente nas hemacias (A. marginale) ou bem no centro das hemacias (A. centrale). Na anaplasmose ocorre anemia mas não há hemólise intravascular. Conseqüentemente, anaplasmose NÃO É caracterizada por hemoglobinúria.

O Clostridium hemolyticum pode infectar o fígado e provocar extensas áreas de necrose hepática liberando toxinas hemolíticas, após a ocorrência de algum dano local, como a migração do parasita Fasciola hepatica. A doença é acompanhada por hemólise com hemoglobinúria e também pode ser confundida com babesiose.

A Leptospira spp. libera toxinas que causam hemólise, e

conseqüentemente hemoglobinúria, insuficiência hepática e icterícia, mais freqüente em animais ao redor de um mês de idade.

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Acidentes Ofídicos

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Ainda que os acidentes ofídicos

sejam mais comumente do tipo

botrópico (80 a 90%), com lesão

local e coagulopatias, é também

freqüente a ocorrência de

acidentes ofídicos com

sintomatologia nervosa,

causados por cascavéis.

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As cobras corais (Micrurus sp), apesar do efeito neurotrópico de seu

veneno, raramente causam acidentes com bovinos por possuírem boca

pequena, não darem bote e por serem proteróglifa (não terem dentes

anteriores inoculadores como as solenóglifas).

Sintomas no ofidismo com crotalus:

Apatia, letargia, mioclonias, perda ou diminuição do tônus muscular e

dos reflexos, incoordenação motora, decúbito lateral, movimentos de

pedalagem, anestesia, paralisia flácida, dispnéia e morte.

Achados de necrópsia no ofidismo com crotalus:

Congestão e petéquas renais, hepáticas, pulmonares, cardíacas, nos

músculos em geral e no intestino. Pouco significativas.

Sangue incoagulável, Afibrinogenemia, tempo de coagulação e de

protrombina infinito. Mioglobinuria.

Lesões histopatológicas no ofidismo com crotalus:

Nefrose tubular aguda, devido à mioglobinúria; Hialinose e necrose de

coagulação nas fibras musculares e cardíacas.

Hemorragias por difusão, infiltrados inflamatórios inespecíficos

Pouco significativas.

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Material a se coletar:

Sangue (incoagulável) para se retirar o plasma e depois fazer ELISA

(detecção tanto do Antígeno quanto do Anticorpo) na FUNED.

Fragmentos de músculos (fração miotóxica do veneno).

Fragmentos de Rins (mioglobinuria causa nefrose tubular aguda).

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Plantas tóxicas

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Cestrum axiliare, Cestrum laevigatum e Cestrum calycinum

Família: Solanáceas Nomes científicos: Cestrum axillare Vell - coerana, dama-da-noite, maria-pretaNomes populares Cestrum laevigatum Sch - coerana-branca, coerana-de-flor

verde, maria-branca, anilão, dama-da noite Cestrum calycinum HSB

Aspectos botânicos:

C. axillare:

Arbusto de até 3 metros de altura. Folhas simples, medindo de 4 a 6 cm de comprimento, pecioladas, oblongo-

lanceoladas, glabras. Inflorescência em fascículos, flores de coloração esbranquiçada. O fruto é uma pequena baga, medindo cerca de 15 mm de comprimento,

ovóide, coloração parda.

C. laevigatum:

Arbusto de até 3 metros de altura, ramificado, ramos lisos, quebradiços. Folhas membranosas alternas, medindo de 10 a 18 cm de comprimento por 3

a 6 de largura, oblongo-lanceoladas, coloração verde-pálida na face inferior. Inflorescência em fascículos de inserção axilar; flores de coloração

amarelada ou esverdeada, com odor agradável, tubo cilindrico de 1,5 s 2,5 cms O fruto é uma baga ovóide, medindo cerca de 15 mm de comprimento, de

coloração preta quando maduro.

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C. calycinum:

Arbusto de 1 a3 metros de altura, tomentoso, com ramos delgados, cilindricos e aveludados.

Folhas pecioladas membranáceas, medindo de 4 a 15 cm de comprimento, oval oblongas, ligeiramente tomentosas na face inferior.

Flores pequenas, sésseis, amarelo - esverdeadas corola com tubo delgado, medindo 2 cm

O fruto é uma baga ovóide, medindo cerca de 15 mm de comprimento, de coloração preta quando maduro.

Princípio Tóxico

Um glicosídeo do grupo das saponinas, além de alcalóides, que faz com que as plantas sejam tóxicas mesmo quando secas. Esse princípio tóxico, hemolítico e neurtrópico com ação direta no sistema nervoso central, é encontrado em maior concentração nas folhas e frutos verdes. Nos bovinos, a dose letal varia de 10 a 59 g/kg de peso vivo, se ingeridos dentro de 24 horas. É inócuo para eqüinos, suínos, cobaias e aves. Não possui efeito cumulativo.

Palatabilidade São consideradas de má palatabilidade. As folhas, quando verdes,

desprendem cheiro desagradável ao serem esmagadas, além de possuírem. gosto amargo, que é encontrado em todas as partes da planta. Porém, quando a planta se toma seca ou murcha, melhora consideravelmente a palatabilidade.

Manifestações clínicas e Patologia Clínica Geralmente, o bovino muda o comportamento, tornando-se agressivo e

investindo contra pessoas. Salivação, mastiga no vazio. Hiperestesia. O andar é incoordenado e o animal pode trombar ou bater-se contra objetos. Quando deitado, observam-se movimentos de pedalagem, opistótono e hiperexcitabilidade a estímulos externos. Observam-se, também, midríase e tremores musculares localizados, principalmente na face e nas pálpebras. Há paresia ruminal e as fezes tomam-se ressequidas, com a superfície coberta de muco e estrias de sangue. A auscultação, arritmia cardíaca acompanhada de bradicardia ou taquicardia.

Na patologia clínica, a prova de transaminase glutâmica oxalacética estará aumentada e, o hemograma, apresentando leucocitose neutrofílica acompanhada de eosinopenia. O exame de urina pode apresentar proteinúria e cilindruria, além de acidez!.

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Achados anatomopatológicos

Ao exame de necropsia, são os seguintes os achados:

• Sistema circulatório - hemorragia petequial ou equimótica sob o epi e endocárdio.

• Sistema urinário - hemorragia petequial subcapsular. Sistema neural - encéfalo congesto e corri hemorragias petequiais.

• Sistema digestivo - abomaso com mucosa avermelhada, espessa e

hemorragias petequiais. Os intestinos apresentam conteúdo muco - hemorrágico, mucosas avermelhadas e, na região retal, fezes cobertas de muco e sangue. O fígado está aumentado de volume, coloração vermelho - escura, deixando fluir sangue ao corte. A superfície de corte apresenta áreas claras alternadas com áreas escuras fígado de noz moscada. e edema da parede da vesícula biliar, com bile espessa e viscosa.

• Hemorragias subcutâneas e em serosas

• À microscopia, observam-se neutrófilos nos capilares sinusóides, infiltração

linfocitária no espaço porta e necrose centrolobular (periacinar), com “fígado de lóbulo invertido ou de noz moscada”

Lembrar também: O cafezinho (Palicourea marcgravii) contém Ácido monofluoroacético que substitui a CoEnzima A bloqueando a produção de energia nas células, gerando um quadro super agudo (1 a 15`) com dispnéia, distensão dos membros, taquicardia, convulsão, movimentos de pedalagem e tremores musculares. O Fedegoso (Senna ou Cassia accidentalis) afeta bovinos maiores de um ano (atingindo até 10 a 60% do rebanho) com efeito cumulativo e efeitos e sintomas aparecendo até 2 semanas após a ingestão... Diarréia, fraqueza e tremores musculares, ataxia dos posteriores e relutância em se movimentar, mioglobinuria, queda e morte.

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Intoxicação pelo Chumbo

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Bovinos são curiosos e muitas vezes lambem ou mastigam baterias

velhas abandonadas ou tinta velha se desprendendo da parede...

A intoxicação com o Chumbo é geralmente subaguda, decorrente da

ingestão por diversos dias (o que vai permitir o efeito acumulativo de

maneira a alcançar a concentração tóxica).

A absorção do chumbo é quase sempre lenta e incompleta (somente 2

a 10 % do ingerido é absorvido!). Dietas deficientes ou acidas podem

aumentar a absorção do chumbo.

O Chumbo absorvido se deposita nos rins (com inclusões nucleares),

atravessa a placenta e atinge o feto (podendo determinar má formações).

Os mecanismos neurotóxicos do chumbo não são bem conhecidos,

porem sabe-se que ocorre:

• Lesão capilar

• Necrose neuronial

• Desmielinização e diminuição da velocidade de condução do estímulo

nervoso no SNP;

• Interferência com a atividade de Acido Gama amino butirico (GABA);

• Interferência com a função colinérgica, associado com a diminuição

do Cálcio extracelular;

• Interferência com a captação de dopamina pelos sinapsomos

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Sintomas na Intoxicação com o Chumbo:

Proteinuria, anemia, anorexia, cólica, vômitos, constipação, depressão,

tremores, cegueira, cambaleios e quedas

Achados de necrópsia na Intoxicação com o Chumbo:

Musculatura pálida,

Restos de material com chumbo no trato gastro intestinal

Fluorescência plasmática ao UV (excesso de porfirinas) (não nos casos

agudos!).

Lesões histopatológicas na Intoxicação com o Chumbo:

Necrose Cérebro Cortical e polioencefalomalacia

Necrose neuronial

Hialinose nas arteríolas

Nefrose tubular evoluindo rapidamente para necrose dos túbulos renais

Corpúsculos de inclusão intranuclear nos túbulos renais e, mais raramente,

nos hepatócitos

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PseudoRaiva Anilton Cesar Vasconcelos, PhD

Professor Adjunto Dept. Patologia Geral

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PseudoRaiva é uma doença infecciosa (contagiosa em suínos) aguda de mamíferos, causada por um α Herpesvirus (DNA, dupla hélice, envelope) caracterizada nos casos típicos por prurido intenso, agitação, paralisia, convulsões e morte rápida.

A doença, em espécies susceptíveis, outras que não os suínos, é geralmente fatal. Embora os suínos (particularmente leitões) possam morrer da infecção, a maioria de porcos adultos permanece persistentemente infectada e atua como portadora.

O herpesvírus da pseudoraiva infecta o sistema nervoso periférico e central e causa encefalomielite não supurada letal. É também chamada de Paralisia bulbar infecciosa, peste de coçar e Doença de Aujescky.

A via de infecção natural em suínos é a intranasal (por contato direto via aerossol), seguida de replicação do vírus no trato respiratório superior. O vírus é então levado até as tonsilas e linfonodos locais pelos linfáticos. Após a replicação na nasofaringe, o vírus invade neurônios olfativos bipo-lares (e outras terminações nessas) e é então transportado em seus axoplasmas ao cérebro e a medula espinhal. Em porcos infectados de forma latente, o epitélio oronasal pode ser recorrentemente infectado pelo vírus originário do SNC.

A infecção de hospedeiros secundários (por exemplo, bovinos, ovinos, cães, gatos) com o vírus envolve contato direto ou indireto com suínos. A infecção pode ocorrer por ingestão, inalação e infecção de feridas. Cães e gatos usualmente se infectam ao ingerir carcaças de porcos infectados pelo vírus. A patogenia envolvendo a disseminação axonal para o SNC é compatível a que ocorre em suínos, com lesões que incluem encefalomielite não-purulenta, acompanhada por ganglioneurite paravertebral. Corpúsculos de inclusão intranucleares, com características tíntoriais eosinofílicas ou basofílicas, têm sido descritos em neurônios e gliócitos do cérebro.

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Achados de necrópsia na PseudoRaiva:

Não existem lesões significativas... As lesões macroscópicas em suínos ocorrem em vários tecidos

extraneurais, incluindo os do sistema respiratório, linfóide, digestivo e reprodutor. Necrose tecidual focal também ocorre (por exemplo, fígado, baço, adrenal), particularmente em leitões jovens. A mortalidade nesses animais pode ser alta.

O SNC pode não apresentar lesões macroscópicas exceto congestão das leptomeninges.

Lesões histopatológicas na PseudoRaiva: São extremamente variáveis na sua extensão e intensidade. Em suínos as lesões no SNC podem ser acentuadas, com degeneração

neuronial e Tigrólise. A meningoencefalomielite não-supurada e ganglioneurite é composta de:

• Manguito perivascular de mononucleares (linfócitos e plasmócitos no espaço de Virchow-Robin, entre folheto da pia máter e vaso, no tecido encefálico);

• Hiperemia ativa patológica (inflamação); • Leptomeningite não supurada (pia máter infiltrada por mononucleares

e hiperêmica); • A degeneração neuronial e a resposta inflamatória podem ser

discretas... • Corpúsculos de Inclusões intranucleares, não são comumente

detectadas em suínos, mas podem ser encontradas nos neurônios astrócitos, oligodendrócitos e células endoteliais do SNC e ganglionares, e nas tonsilas e linfonodos - Colorações utilizadas: Sellers, Shorr, Mann, May Grunwald, Stoval & Black, Gerlach.

• Ganglioneurite paravertebral, precoce (antes mesmo do início dos sintomas) e consistente, caracterizada por intensa proliferação de anfícitos (“satelitose”), infiltração linfoplasmocitária discreta ou moderada e degeneração e morte neuronial.

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Roteiro para Prática em Sala de

Necrópsia

Coleta e Remessa de material do SNC para exame laboratorial

Prof. Eurípedes Batista Guimarães

Doutor em Ciência Animal Professor Adjunto DMV/CCBS/UFMS

E-mail: [email protected] Campo Grande, MS

Prof. Anilton César VasconcelosPhD em Comparative Pathology

Professor Adjunto DPG/ICS/UFMG

E-mail: [email protected] Belo Horizonte, MG

Em 1976 o Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MAA)

editou a Portaria nº 126 de 18/03/76 (Normas Técnicas para controle da Raiva dos Herbívoros) que estabeleceu obrigatoriedade de exame de raiva no SNC de todos animais mortos com sintomatologia nervosa.

Como consequencia, surgiram grande número de casos negativos que motivaram busca de diagnóstico diferencial para outras encefalopatias. Para tentar esclarecer a causa dessa significativa mortalidade com sintomatologia nervosa sem se tratar de raiva, muitos materiais foram encaminhados para histopatologia.

Diagnosticaram-se outras encefalopatias: - Polioencefalomalacia - Meningoencefalites infecciosas supurativas ou não - Haemophylus somnus - Listeria monocytogenes - Salmonella sp/Escherichia coli - Encefalites não supurativas inespecíficas:

Herpesvírus Bovino tipo 5 (BHV-5) Amostras negativas para raiva e sem lesões histopatológicas

passaram reforçar o diagnostico clínico nos casos de Botulismo. Definiu-se um padrão para colheita de amostras de SNC: Metade do

encéfalo acondicionado em gelo encaminhado à ImunoFluorescencia para Raiva e a outra metade fixado em formol a 10% e destinado à histopatologia para diagnostico diferencial de outras encefalopatias.

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A partir de 1986, o surgimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina

(EEB) foi também incorporado no diagnóstico diferencial. A partir de março de 1996, quando o Comitê Consultivo da BSE (EEB)

comunicou ao Governo do Reino Unido a confirmação de que dez casos de uma variante da Doença de Creutzfeld-Jakob (vCJD) em humanos ocorridos em 1975 tiveram relação com o consumo de carne de bovinos afetados de BSE, tornou-se obrigatório a notificação de casos clinicos e a coleta e remessa de material para exame laboratorial.

Apesar do rebanho brasileiro ter sido classificado como de risco desprezível de contaminação pelo agente da EEB (Risco Geográfico nível 1), a portaria nº 516, de 09 de dezembro de 1997, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento que declarou o Brasil livre de EEB incorporou a EEB, Scrapie e outras encefalopatias no sistema de vigilância da raiva animal.

O país passou a se destacar como fornecedor e exportador de carne bovina para o comércio internacional de carne bovina. Os Membros da União Européia passaram a intensificaram a vigilância em torno da doença e começaram a exigir comprovação da negatividade do rebanho bovino nacional através de resultados negativos de exames laboratoriais e registros epidemiológicos.

Para atender as exigências e garantir o mercado externo, o Ministério da Agricultura, da Pecuária e do Abastecimento (MAPA) estabeleceu a vigilância sanitária da BSE

A Instrução Normativa nº 018, de 15 de fevereiro de 2001 aprovou normas visando incrementar a vigilância epidemiológica para detecção de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis – EETs- em ruminantes. Esta Instrução normatiza as ações previstas na Portaria 516, de 9/12/96, e estabelece que amostras do tronco encefálico de animais (ruminantes) com risco potencial para BSE, e Negativos para raiva devem ser encaminhadas à Histopatologia para vigilância passiva de Encefalopatias Espongiformes

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Transmissíveis (EETs). Os animais com risco potencial para EETs, segundo o MAPA são:

- Ruminantes com sinais clínicos de distúrbios nervosos ou comportamentais de evolução sub-aguda, igual ou superior a 15 dias e negativos para raiva,

- Animais em decúbito sem causa determinada - Animais com doenças depauperantes

Vigilância ativa a nível de campo

Posteriormente a Instrução Normativa SDA nº08/13/02/2001 estabeleceu que todo ruminante importado de países onde foi registrada a ocorrência de EEB ou daqueles considerados de risco dessa doença deverá, quando não mais destinado à finalidade reprodutiva, ser sacrificado e destruído na presença de comissão constituida de Médico veterinário do MAPA, Médico Veterinário da Defesa Sanitária Estadual e Representante da Associação de Criadores.

Posteriormente, a Portaria nº 126 de 18/03/76 foi revogada pela Instrução Normativa nº 5 de 01/03/2002 –MAPA.

A Instrução Normativa nº 018, de 15 de fevereiro de 2002 determinou a necessidade da remessa do tronco encefálico completo. Com isso, a metodologia tradicional deColheita de SNC tornou-se imprópria.

Caracterizou-se a necessidade de padronização da colheita de amostras de SNC destinadas à realização de exames laboratoriais, composição de um banco de dados disponibilizado ao MAPA, para atendimento das exigências de auditorias do mercado internacional de carne bovina.

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Protocolo Básico

Executar a necropsia completa do cadáver, não se limitando ao SNC, o mais imediatamente possível após a morte do animal. Nos casos de doenças com sintomatologia nervosa muitas vezes é recomendável aguardar a evolução da doença até a morte natural do animal para minimizar o risco de se obter resultado falso-negativo no exame laboratorial.

Entretanto, algumas vezes pode ser necessário proceder-se à eutanásia de animais “in extremis”. Esta deve ser feita com mínimo de dor ou estresse para o animal, obedecendo os preceitos das normas de Bem Estar Animal.

Para bovinos, os métodos de eutanásia permitidos são a administração de cloreto de potássio com anestesia geral prévia, a injeção de barbitúrico, ou o emprego de pistola de ar comprimido, de acordo com a Resolução Nº 714, de 20 de junho de 2002 do Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV.

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Lista de materiais necessários para a coleta e remessa do material de

SNC para Laboratório de diagnóstico

É imprescindível dispor de utensílios de proteção pessoal É

essencial possuir ferramentas exclusivas para colheita. Deve-se dar atenção especial aos recipientes. Dispensar atenção especial também aos conservadores.

Utensílios de uso pessoal: Botas de borracha Macacão Luvas Óculos de proteção Máscara Avental de plástico ou borracha

Ferramentas: Tesoura cirúrgica romba-fina Pinça cirúrgica dente de rato Faca média Faca pequena Fusil Machadinha Martelo

Recipientes: Frascos de boca larga limpos, com volume o maior possível Sacos plásticos Caixa de Isopor

Conservadores: Formol a 10% Gelo

Ítens complementares: Etiquetas Fita adesiva Barbante Caneta Formulário e relatório

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Abertura do crânio e exame do encéfalo: - Desarticulação atlanto-occipital: localizar o ponto exato da articulação colocando o dedo na região e mexendo a cabeça do animal. Seccionar os músculos e ligamentos e promover a extensão da articulação empurrando o focinho do cadáver de encontro as suas costas. Uma boa amostra de líquor pode ser obtida neste momento, introduzindo-se uma agulha hipodérmica estéril no espaço entre a dura-máter e a medula espinhal, aspirando cuidadosamente o líquido com uma seringa também estéril; Embalar conservando o material na própria seringa e remeter ao laboratório de microbiologia para auxílio no diagnóstico diferencial de doenças com manifestação nervosa. - Seccionar a pele, no sentido longitudinal, da nuca ao focinho, rebatendo-a lateralmente. Remover os músculos e tecidos moles. - Traçar uma linha imaginária imediatamente após as apófises supra-orbitárias dos ossos frontais, unindo o extremo caudal de um olho ao outro e, utilizando uma machadinha ou escopro e um martelo ou uma serra, seccionar.

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- Seccionar os temporais e o occipital, unindo os extremos da secção anterior ao forame magno. - Retirar a calota craniana, puxando com um pequeno gancho ou fazendo o escorro de alavanca.

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- Utilizando pinça e tesoura, seccionar longitudinalmente e rebater lateralmente a dura-mater, certificando-se de que a porção de meninges entre o cérebro e o cerebelo (foice do cérebro e tentório do cerebelo) tenha sido retirada. - Virar a cabeça do animal, de modo que o encéfalo fique por baixo. Assim, aproveitando a força da gravidade, seccionar cautelosamente a emersão dos nervos cranianos a começar pelo quiasma óptico, retirando o encéfalo da cavidade craniana o mais intacto possível. - Observar atentamente a superfície do encéfalo, atentando para o aumento de volume, aspecto da vascularização meningeana, pontos de amolecimento, hemorragias etc. Separar os hemisférios cerebrais do tronco encefálico e cerebelo, efetuando um corte obliquo profundo na extremidade cranial do tronco encefálico. Separar o cerebelo do tronco encefálico, seccionando os pedúnculos cerebelares - Se existir suspeita de raiva, colher fragmentos do cérebro, cerebelo, e mais especificamente do hipocampo (antigo "corno de Amon"). Para localiza-lo basta prestar atenção no corte transversal que incidir no angulo formado entre os planos ventral e cérebro - cerebelar. - Tronco encefálico íntegro separado do

cérebro e cerebelo mais fragmentos do

cérebro e do cerebelo em formol a

10% para Histopatologia (EEBovina)

Colher o hipocampo e Gânglio

trigeminal na Raiva bovina

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-

Em um dos hemisférios telencefálicos:

Fazendo cortes paralelos entre 1 e 2 cm de espessura, obtenha um

fragmento medial do cortex frontal (1) e um do cortex lateral, incluindo o

hipocampo (2).

-

- Fixar os fragmentos 1 e 2

em formol - a 10%

Reservar os demais (3, 4 e 5) para diagnóstico de Raiva

- Deve-se colher também, na oportunidade, o gânglio Trigeminal (antigo "gânglio de Gasser") e a rede admirável juntamente com a hipófise, localizados na "fosseta de Meckel", recoberto pelo pericrânio e dura mater que envolve o diafragma hipofisário no centro do assoalho da cavidade craniana. Fazem-se cortes circulares, passando pelo vértice do rochedo temporal e contornado a depressão da cela túrcica. Posteriormente utilizando-se de uma pinça, retira se a porção do assoalho que se superpõe à cela túrcica, contendo abaixo o gânglio Trigeminal, a rede admirável e a hipófise. Abertura do canal medular e exame da medula espinhal:

- Desarticular todos os membros. - Posicionar o cadáver em decúbito ventral. (Costelas seccionadas

próximo às vértebras). Retirar os tecidos moles que envolvem a coluna vertebral.

- Seccionar paralela e longitudinalmente as vértebras, de maneira que se retirem o processo espinhoso e o teto do arco vertebral (ideal é utilizar serra elétrica manual neste procedimento).

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- Exame externo da medula. Observar manchas, aumentos de volume, amolecimentos, cor e aspecto. Seccionar cautelosamente a emersão dos nervos espinhais, próximos aos forames intervertebrais. Retirar a medula. - Seccionar transversalmente a medula, observando na sua superfície de corte a ocorrência ou não de manchas, amolecimentos, hemorragias etc.

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RESUMO COLETA E REMESSA DE MATERIAL PARA LABORATÓRIO

IMPORTANTE: Não sacrifique o animal, mas também não deixe passar muito tempo após a morte do mesmo para fazer a necropsia e a coleta de material para o laboratório Não remeter o material às sextas feiras e nem na véspera de feriados. Em um frasco de vidro com tampa de rosca, coloque: Hipocampo (“corno de amom”) Fragmento de cerebelo (uma das metades...) Fragmento de cérebro (uma das metades...) Fragmento de medula Arrolhe bem, e coloque no meio do saco de gelo, dentro do isopor. Em outro frasco de vidro com tampa de rosca, coloque: O tronco encefálico íntegro (não seccione!) O ganglio trigeminal e a rede admirável, Fragmento de cerebelo (a outra metade...) Fragmento de cérebro (a outra metade...) Encha com formol tamponado neutro a 10%, arrolhe bem, e coloque dentro do isopor. Encaminhe os dois frascos em caixa de isopor em boas condições, contendo bastante gelo em saco plástico lacrado, lacrando bem a caixa de isopor e encaminhando em anexo a ficha contendo os dados clinicos do animal, do proprietário e do responsável pela coleta e remessa.

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LABORATÓRIO DE SAÚDE ANIMAL DO IMA Av: Contorno, 1707-A Floresta 30.110-070 Belo Horizonte-MG

Telefone: 3213-8209 Telfax: 3213-4263

LAUDO HISTOPATOLÓGICO DE MATERIAL DO PROGRAMA DXSNC Formulário para Requisição de Exames

Material nº: Laboratório/nº do protocolo/ano____________Município_______________UF____________ Veterinário Remetente: __________________________________________CRMV-UF nº_____________ Endereço:___________________________________________________ Telefone:( )_______________ E-mail:_______________________________________________________Fax: ( )__________________-

Para preenchimento exclusivo quando for bovino importado (IN nº 08, de 13/02/2001)

Nome do animal: _____________________________________ Número do animal: __________________

Com sintomatologia nervosa ? Sim Não Para indenização ? Sim Não

Proprietário:______________________________________ Propriedade:__________________________ Endereço: ________________________________________ Município:__________________ UF _______E-mail:_______________________________Telefone: ( )_____________Fax: ( )_________________

Espécie: Bovina ovina Caprina Raça:__________________ Idade:____________ meses

Havia outras espécies afetadas? Sim Não Categoria afetada:____________________ M F O animal morto já foi vacinado para: Raiva Clostridiose Outras:_________________________

Data do início do surto/doença: ____/____/_______ Duração do surto/doença: ___________________ Tipos de sinais clínicos apresentados:

Morte súbita ; Depressão ; Ataxia ; Com paralisia, mais ainda alerta ; Cegueira Incoordenação ; Tetania ; Agressividade ; Opistótono ; Torneio ; Convulsões ; Dismetria ; Tremores ; Nistágmo ; Paralisia flácida dos membros posteriores ; Paralisia flácida dos membros anteriores Duração dos sinais clínicos (desde o início até a morte): _____________________ horas

Havia animais que se recuperaram dos sinais clínicos? Sim Não Que percentual? ____________%

Dia e hora da morte: ____/____/_______ às ________:________ Tempo decorrido entre a morte e a colheita do material: _______________horas

Tempo decorrido entre a morte e a fixação do material: _______________horas minutos Material conservado em: ____________________________

Anexo I (frente)

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OOuuttrraass iinnffoorrmmaaççõõeess ee mmaanniiffeessttaaççõõeess ccllíínniiccaass::

Achados de necropsia: Colheita de materiais: Material(is) mantido(s) sob refrigeração

Material(is) fixado(s) em formol a 10% e encaminhado(s) para histopatologia

Local/Data:___________________________, _____/_____/_________

Ass: ____________________________________

Anexo I (verso)