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INTERPRETAÇÃO INTERPRETAÇÃO BÍBLICA BÍBLICA (Introdução à (Introdução à  hermenêutica e hermenêutica e  exegese) exegese) 1. INTERPRETAÇÃO BÍBLICA Pregar e ensinar bem traz consigo a necessidade de interpretar de forma correta as san tas escrituras. Mas, o que si gnifica “inter pr etar o texto sagr ado”? Podemos definir “inter pr etação blica” como “o ato de entender corretamente o texto sagrado, ou seja, saber o que de fato o escritor, inspirado pelo Espírito, desejava transmitir para os seus leitores ou ouvintes originais e como o texto se aplica aos nossos dias”. 2. OS PROBLEMAS DA INTERPRETAÇÃ O BÍBLICA Interpretar a Bíblia não é uma tarefa simplória. Por exemplo, como saber se uma passagem foi escrita apenas para o público alvo original ou também se destina às gerações subseqüentes? (1Tm 2.12 “Não permito, porém que a mulher ensine...”), em que situações a passagem pode ter mais de um significado? Nesse caso como descobri-lo? Visto que existem interpretações divergen tes das profecias blicas, como vamos saber qual mais provavelmente é a correta? Segundo ZUCK (1994, p. 16) “Um dos maiores motivos por que a Bíblia é um livro difícil de entender é o fato de ser antigo. Os cinco primeiros livros do Antigo Testamento foram escritos por Moisés em 1400 a C., Apocalipse – o último livro da Bíblia – foi escri to pelo apósto lo João por volt a de 90 d.C.” Tal fato nos revela a necessidade de transpormos alguns “abismos”, dentre os quais: 1. O ABISMO TEMPO RAL - Is 1.1; Jr 1.1-2; Mt 2. 1; Lc 1.5.

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INTERPRETAÇÃOINTERPRETAÇÃO

BÍBLICABÍBLICA(Introdução à(Introdução à hermenêutica ehermenêutica e 

exegese)exegese)1. INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Pregar e ensinar bem traz consigo a necessidade de interpretar de formacorreta as santas escrituras. Mas, o que significa “interpretar o textosagrado”? Podemos definir “interpretação bíblica” como “o ato deentender corretamente o texto sagrado, ou seja, saber o que defato o escritor, inspirado pelo Espírito, desejava transmitir para osseus leitores ou ouvintes originais e como o texto se aplica aosnossos dias”.

2. OS PROBLEMAS DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Interpretar a Bíblia não é uma tarefa simplória. Por exemplo, como saber seuma passagem foi escrita apenas para o público alvo original ou também sedestina às gerações subseqüentes? (1Tm 2.12 “Não permito, porém que amulher ensine...”), em que situações a passagem pode ter mais de umsignificado? Nesse caso como descobri-lo? Visto que existem interpretaçõesdivergentes das profecias bíblicas, como vamos saber qual maisprovavelmente é a correta?

Segundo ZUCK (1994, p. 16) “Um dos maiores motivos por que a Bíblia é umlivro difícil de entender é o fato de ser antigo. Os cinco primeiros livros doAntigo Testamento foram escritos por Moisés em 1400 a C., Apocalipse – oúltimo livro da Bíblia – foi escrito pelo apóstolo João por volta de 90d.C.” Tal fato nos revela a necessidade de transpormos alguns “abismos”,dentre os quais:

1. O ABISMO TEMPORAL - Is 1.1; Jr 1.1-2; Mt 2.1; Lc 1.5.

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2. O ABISMO GEOGRÁFICO - Jo 4.4 - ...passar por Samaria; Lc10.30 - ...desceu de Jerusalém para Jericó

3. O ABISMO CULTURAL - Pv 22.28 (marcos antigos); 2Rs 2.9 (porçãodobrada, ver Dt 21.17); Joel 2.13 (rasgai o vosso coração); Mc

11.12-14 (a figueira amaldiçoada); Mt 3.12 (limpará sua eira); Lc7.36-38 (começou a regar-lhe os pés).

4. O ABISMO LÍNGÜÍSTICO

A Bíblia foi escrita originalmente na língua hebraica, aramaica e grega.Os autógrafos (manuscritos originais) jamais foram encontrados. Oque dispomos são de cópias destes originais. 

• O primeiro NT Grego impresso foi publicado por Erasmo deRoterdã em 1516, compilado a partir de uns poucos manuscritos

do séc. XII ou mais recentes. Após várias revisões tornou-semuito importante, vindo a ser designado de “textus receptus” ou“texto recebido”. No séc. XIX foi descoberto um grande númerode manuscritos mais antigos (séc. IV) e, alguns deles, em melhorestado de conservação. Com isso, em 1898, Eberhard Nestlépublicou um NT Grego sustentado na comparação de umnúmero maior de manuscritos, que recebeu a designação de“texto crítico”. Não existe atualmente uma unanimidade entreos eruditos de qual texto seja o melhor, embora o texto críticoleve alguma vantagem no meio acadêmico.

• O texto hebraico que tornou-se a base das traduções do AT édesignado de “texto massorético”, devido ser fruto do trabalhode alguns doutores judeus (massoretas), durante o período dohebraico rabínico (séc. III a VI d.C.), dotando o texto consonantalhebraico com sinais vocálicos (sinais massoréticos). Desde seuapararecimento em 1977, a Bíblia Hebraica Stuttgartensia(BHS), vem sendo considerada a edição crítica padrão do textomassorético para o mundo erudito e acadêmico, substituindoassim a Bíblia Hebraica 3 de Rudolf Kittel e Paul E. Kahle,editada em 1929-1937, texto crítico mais utilizado pelos eruditosdurante o século XX. A base textual da BHS é o Códice deLeningrado, escrito por Samuel Ben Jacó, no Cairo, Egito, noinício do séc. XI, sendo o mais antigo documento massoréticoque contém a totalidade do texto da Bíblia Hebraica.

5. O ABISMO TEXTUAL OU LITERÁRIO

Texto: Do latim textus (tecido, entrançadura) diz respeito a umconjunto de elementos ligados entre si (palavras, frases, etc).Uma expressão lingüística demonstra ser um texto quando as

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suas partes remetem umas às outras e só podem ser explicadosna sua relação mútua.

A leitura como acesso ao significado do texto: Com aleitura de um texto começa automaticamente a compreensão. Oleitor atribui às palavras o sentido por ele conhecido (subjetivo). Todavia, a primeira leitura não garante que a compreensão seja

exata, havendo o risco de incompreensão total, parcial eequívocos, isto devido a algumas limitações por parte do leitor.

A leitura científica como forma de verificação: A leituracientífica certifica-se do sentido do texto através do maiscompleto possível registro sistemático dos fenômenos do texto,confrontando-os com os motivos a favor e contra umacompreensão inicial ou outras compreensões.

3. VERSÕES E TRADUÇÕES BÍBLICAS

Tradução: Do latim traductione, é o ato de transpor umcomposição literária de uma língua para outra.

Versão: Do latim versione, é uma tradução da língua originalpara outra língua. O termo “versão” é usado simultaneamente,com o vocábulo “tradução”

Revisão: Do latim revisione, é o ato ou efeito de rever atravésde um novo exame do texto, com o objetivo de corrigir erros detradução ou introduzir emendas ou substituições, visando aintegridade e contextualização do mesmo.

4. DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES BÍBLICAS

Nos deteremos analisando alguns exemplos de diferenças em virtude dostextos em grego e hebraico

• Ap 1.5 RC – Lavou• Ap 1.5 RA – Libertou, livrou

• Lc 14.5 RC - ...o jumento

• Lc 14.5 RA - ... o filho

• Mt 12.40 RC – Baleia

• Mt 12.40 RA – Grande peixe

•  Jó 41.22 RC – ... salta de prazer•  Jó 41.22 RA – ... salta o desespero

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• Sl 68.4 RC - ... o seu nome é JÁ• Sl 68.4 RA - ... SENHOR é o seu nome

• Mt 21.28-31 RC – Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi.• Mt 21.28-31 RA – Sim, senhor; porém não foi.

• Lc 1.28 RC – Bendita és tu entre as mulheres• Lc 1.28 RA – Omite a frase

• Rm 8.1 RC - ... que não andam segundo a carne mas segundo oespírito

• Rm 8.1 RA – Omite a frase

A transposição de tais abismos dará ao intérprete e pregador da palavrauma maior segurança no falar, adquirindo dos seus ouvintes uma maior

confiança, despertando-os também para um crescente desejo de conhecermais e melhor a Bíblia, onde isto deverá resultar na transformação,santificação, e consagração de vidas para o serviço cristão.

5. CONCEITUAÇÃO DE HERMENÊUTICA E EXEGESE

O termo “hermenêutica” deriva do verbo grego hermeneuein,usualmente traduzido por “interpretar”, e do substantivo hermeneia(ε ρ µ ε ν ε ι α ), que significa “interpretação”.

A palavra “exegese”, do grego eksegesis (ε ξ η γ η σ ι ς ) deeksegeomai (ε ξ η γ ε ο µ α ι ) significa “explicar, interpretar, contar,descrever, relatar”.

• Hermenêutica Bíblica: é a disciplina da teologia exegética que ensinaas regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-lascorretamente. É a ciência da compreensão de textos bíblicos.

• Exegese: é a aplicação dos princípios hermenêuticos para chegar a umentendimento correto sobre o texto. É o estudo do sentido literal dotexto. É a ciência da interpretação. É a extração dos pensamentos que

assistiam ao escritor ao redigir determinado documento. Na exegese oexame do texto é feito para extrair entendimento e não incutir no texto oseu entendimento (eisegese).

• Hermenêutica Bíblica: Analisa o sentido que o texto tem hoje para nós.• Exegese: Procura estudar o sentido que o autor quis atribuir ao texto

sagrado.

6. O ESPÍRITO SANTO E A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

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Os métodos de interpretação bíblica não anulam a ação do Espírito Santo(iluminação, conf. Ef 1.18; Hb 6.4; 10.32, do grego ϕ ω τ ι ζ ω ,  photizo),antes cooperam com o mesmo para o entendimento das verdades sagradas.

7. MODELO DE METODOLOGIA PARA INTERPRETAÇÃOBÍBLICA (HERMENÊUTICA E ÊXEGESE)

a) ANÁLISE HISTÓRICA/GEOGRÁFICA/CULTURAL

• CONTEXTO POLÍTICO• CONTEXTO ECONÔMICO• CONTEXTO GEOGRÁFICO• CONTEXTO ESPIRITUAL• O AUTOR

• QUANDO ESCREVEU• PARA QUEM ESCREVEU• QUAL O TEMA DO LIVRO• QUAIS OS COSTUMES PRESENTES NO TEXTO E SEU SIGNIFICADO NA

ÉPOCA

b) ANÁLISE GRAMATICAL

• DETERMINAR A ETMOLOGIA E O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS CHAVESNAS LÍNGUAS ORIGINAIS

c) ANÁLISE TEOLÓGICA

• QUE VERDADE OU PRINCÍPIO DOUTRINÁRIO/ESPIRI- TUAL/MORAL O TEXTO ENSINA

• COMO APLICAR ESTAS VERDADES NOS DIAS ATUAIS

8. CONCLUSÃO

  Duas das grandes e fundamentais missões do obreiro, professor ou líder épregar e ensinar a Bíblia. À medida que os anos passam, temos observado ocrescente aumento de interesse dos membros da igreja pelo estudoteológico e secular. O número de estudantes universitários, seminaristas ede graduados têm aumentado de forma significativa em nossascongregações. Esta realidade implica no fato de termos ouvintes cada vezmais críticos e exigentes, desejando ver nos ministros do evangelho,

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professores de EBD e liderança em geral não apenas a unção do Espírito,mas também a habilidade no manejo da palavra da verdade (2Tm 2.15).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENTHO, Esdras Costa. Hermenêutica fácil e descomplicada. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

CARVALHO, Antonio Vieira de. Teologia da educação cristã. São Paulo:Eclesia, 2000.

EGGER, Wilhelm. Metodologia do Novo Testamento. São Paulo: EdiçõesLoyola, 1994.

EKDAHL, Elizabeth Muriel. Versões da Bíblia: por que tantasdiferenças?. São Paulo: Vida Nova, 1993.

FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da Bíblia hebraica: introdução aotexto massorético: guia introdutório para a Bíblia HebraicaStuttgartensia. 2a. ed. São Paulo: Vida Nova, 2005.

ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica. São Paulo: Vida Nova, 1994